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  • 1

    MOBILIDADE URBANA FUTURA NO BRASIL ESTUDO PRELIMINAR

    Junho de 2008

  • 2

    Mobilidade urbana futura no Brasil estudo preliminar permitida a reproduo total ou parcial deste estudo, desde que a fonte seja citada e que seu uso no tenha fins comerciais Instituto de Energia e Meio Ambiente Diretor presidente Texto Andr Luis Ferreira Eduardo Alcntara de Vasconcellos Diretora administrativa Carmen Silvia Cmara Araujo Direito ambiental Kamyla Borges Cunha Ana Carolina Alfinito Vieira Emisses Veiculares David Shilling Tsai Mobilidade urbana Renato Boareto Qualidade do ar Eduardo Santana Secretaria Patrcia Cabilio Apoio Rosemeire Oliveira Santos

    Instituto de Energia e Meio Ambiente Rua Ferreira de Arajo, 202, 10 andar

    CEP 05428-000, So Paulo SP Telefone 55 11 3476-2850

    www.energiaeambiente.org.br

  • 3

    SOBRE O INSTITUTO

    O Instituto de Energia e Meio Ambiente uma organizao da sociedade civil de interesse pblico (OSCIP) sem fins lucrativos, que tem como misso contribuir para a formulao, implantao e avaliao de polticas pblicas voltadas mobilidade urbana, melhoria da qualidade do ar em centros urbanos e reduo das emisses de gases de efeito estufa. Sua orientao baseada no alinhamento de produo tcnico-cientfica e disseminao da informao por meio de pesquisas cientficas, estudos de legislao, normas especficas e instrumentos de regulao.

    SOBRE O AUTOR Eduardo Alcntara de Vasconcellos engenheiro civil e socilogo, com doutorado em Cincia Poltica pela USP e ps-doutoramento em Planejamento de Transportes pela Universidade Cornell (EUA). Trabalha desde 1976 nas reas de transporte urbano e trnsito, consultor da Associao Nacional de Transportes Pblicos (ANTP) e autor de livros e artigos publicados em revistas nacionais e internacionais.

  • 4

    1. Objetivo O objetivo do presente estudo fazer uma projeo preliminar da alterao no padro de mobilidade urbana no Brasil nos horizontes 2010, 2020 e 2030 para as cidades com mais de 60 mil habitantes. Este clculo permitir estimar os impactos provocados a partir do uso dos modos de transporte pelas pessoas e a partir da emisso de poluentes pelos veculos motorizados.

    2. A mobilidade urbana no Brasil

    2.1 Dados gerais

    Os dados mais abrangentes sobre a mobilidade urbana no Brasil esto representados no Sistema de Informaes da Mobilidade Urbana da ANTP Associao Nacional de Transportes Pblicos (www.antp.org.br). Eles retratam a mobilidade nos municpios com mais de 60 mil habitantes, os quais somavam 437 em 2003, ano em que o sistema entrou em atividade. A tabela 1 resume os dados de viagens de pessoas por dia em 2005. Tabela 1. Viagens realizadas ao dia, por modo, nas cidades com mais de 60 mil habitantes, 2005

    Faixa de populao

    Habitantes (milhes)

    Viagens por dia (milhes)

    A p

    T Pblico T Individual Total

    Pneus

    Trilhos

    Auto

    Moto

    Viagens por dia

    %

    60 a 100 mil 14,65 7,4 3,1 0,0 2,46 0,58 13,6 8,1

    100 a 250 mil 23,95 11,1 4,8 0,0 5,1 0,7 21,7 12,9

    250 a 500 mil 21,67 10,8 5,9 0,0 6,3 0,6 23,6 14,0

    500 a 1 milho 14,76 9,9 5,6 0,0 7,2 0,4 23,1 13,7

    > 1 milho 38,02 30,9 24,9 5,0 24,9 1,0 86,7 51,4

    total 113,05 70,1 44,4 5,0 45,9 3,3 168,7 100,0 Fonte: ANTP (2005), Sistema de informao da mobilidade (www.antp.org.br)

    Observa-se que o conjunto de cidades tem uma populao total de 113 milhes, realizando, por dia, 168,7 milhes de viagens em vrios modos de transporte. A maior parte dos deslocamentos (51,4%) est concentrada nas cidades com mais de um milho de pessoas, as quais, juntas, concentram uma populao total de 38 milhes de habitantes. As cidades com populao entre 60 mil e 100 mil habitantes geram apenas 8,1% das viagens totais. Os deslocamentos feitos pelas pessoas nestas cidades resultam em ndices de mobilidade por pessoa/dia muito diferentes conforme os modos e o tamanho das cidades (tabela 2 e figura 1).

  • 5

    Tabela 2. ndice de mobilidade das pessoas, por modo, nas cidades com mais de 60 mil habitantes, 2005

    Faixa de populao

    Habitantes (milhes)

    Viagens por habitante/dia

    A p

    T Pblico T Individual Total

    Pneus

    Trilhos

    Auto

    Moto

    60 a 100 mil 14,65 0,51 0,21 0,00 0,17 0,04 0,93

    100 a 250 mil 23,95 0,46 0,20 0,00 0,21 0,03 0,91

    250 a 500 mil 21,67 0,50 0,27 0,00 0,29 0,03 1,09

    500 a 1 milho 14,76 0,67 0,38 0,00 0,49 0,02 1,56

    > 1 milho 38,02 0,81 0,66 0,13 0,65 0,03 2,28

    Total 113,05 0,62 0,39 0,04 0,41 0,03 1,49

    ndice de mobilidade individual e

    populao urbana, 2005

    0,93 0,911,09

    1,56 1,49

    2,28

    0,00

    0,50

    1,00

    1,50

    2,00

    2,50

    60 a 100 100 a 250 250 a 500 500 a 1

    mlho

    > 1 milho total

    Populao da cidade

    Mo

    bil

    idad

    e i

    nd

    ivid

    ual

    (via

    gen

    s/p

    esso

    a/d

    ia)

    Fonte: ANTP (2005)

    Figura 1. ndice de mobilidade individual por porte de cidade, municpios com mais de 60 mil habitantes, 2005 Pode-se observar pela tabela 2 que a mobilidade individual mdia do conjunto de cidades de 1,49 viagens por habitante/dia. Esta mobilidade cresce com o aumento da populao, variando de um mnimo de 0,93 nas cidades menores a um mximo de 2,28 nas cidades maiores. Tal variao semelhante verificada na maioria dos estudos de mobilidade realizados no mundo, uma vez que, quando a rea urbana cresce, aumentam as distncias e as oportunidades de atividades

  • 6

    das pessoas. Em muitos casos como em varias regies do Brasil , o aumento da populao vem acompanhado de aumento da renda mdia, o que eleva a mobilidade individual. Outro aspecto essencial na anlise da mobilidade diz respeito variao no uso dos modos de transporte nas cidades. A figura 2 mostra que a participao das viagens a p diminui quando a populao aumenta, uma vez que cresce o uso de meios motorizados de transporte. Assim, tanto a participao das viagens em transporte coletivo quanto aquela do transporte individual crescem com o aumento da populao.

    Brasil, diviso modal nas cidades com mais de 60 mil

    habitantes, 2006.

    55,7 53,7 48,642,1

    33,5

    21,1 19,722,4

    24,436,2

    23,2 26,6 29,0 33,4 30,2

    0%

    10%

    20%

    30%

    40%

    50%

    60%

    70%

    80%

    90%

    100%

    60 a 100

    mil

    100 a 250

    mil

    250 a 500

    mil

    500 a 1

    mlho

    > 1 milho

    % d

    as v

    iag

    en

    s p

    or

    mo

    do

    TI

    TP

    a p

    Fonte: ANTP (2005)

    Figura 2. Diviso modal por tamanho de cidade, 2005

    3. Metodologia

    3.1 Informaes gerais

    Para estimar a mobilidade urbana nos municpios com mais de 60 mil habitantes nos anos 2010, 2020 e 2030, foi adotada uma metodologia que combina o crescimento da populao urbana com o aumento das viagens realizadas pelas pessoas. Neste ltimo caso, entende-se que o crescimento das viagens estar relacionado elevao da renda, fator comprovado em todos os estudos realizados no mundo (Diaz-Olvera, 1997; Kranton, 1991; Vasconcellos, 2000; Zahavi, 1976).

  • 7

    No foi includa na avaliao nenhuma hiptese de alterao estrutural na organizao fsica das cidades, na tecnologia veicular, no tipo de energia empregada ou nos preos relativos de uso dos vrios modos de transporte. Isto significa que a estimativa representa uma fotografia hipottica instantnea do que aconteceria na mobilidade das pessoas caso elas, repentinamente, passassem por um alto crescimento econmico, mas mantivessem seus hbitos atuais de uso dos modos de transporte, conforme seu nvel de renda.

    3.2 Pressupostos especficos

    3.2.1 Aumento da populao

    O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE, 2004) projeta para o Brasil uma populao de 237 milhes de pessoas em 2030, representando um crescimento de 29% em relao a 2005. A estimativa para a Regio Metropolitana de So Paulo/RMSP (Secretaria de Transportes Metropolitanos de So Paulo, STM, 2006) mostra um crescimento total da populao no mesmo perodo de 20%. Como o presente estudo trata da mobilidade no grupo de maiores cidades do pas (acima de 60 mil habitantes), optou-se por adotar uma taxa de crescimento mais conservadora, igual da RMSP. As projees de crescimento so as seguintes: 1,2% ao ano no perodo 2005-2010, 0,89% no perodo 2010-2020 e 0,7% no perodo 2020-2030. A populao final projetada para as cidades com mais de 60 mil habitantes pode ser vista na tabela 3. Tabela 3. Populao estimada para as cidades com mais de 60 mil habitantes, Brasil, 2005 a 2030

    Faixa de populao

    Populao estimada (milhes)

    2005 2010 2020 2030

    60 a 100 mil 14,65 15,55 16,99 17,59

    100 a 250 mil 23,95 25,43 27,77 28,76

    250 a 500 mil 21,67 23,01 25,12 26,02

    500 a 1 milho 14,76 15,67 17,11 17,72

    > 1 milho 38,02 40,37 44,08 45,65

    Total 113,05 120,02 131,07 135,74

    Pode-se ver que a populao do conjunto de cidades com mais de 60 mil habitantes aumenta de 113 milhes em 2005 para quase 136 milhes em 2030.

    3.2.2 Renda e mobilidade

    O aumento da renda conduz ao aumento da mobilidade porque as pessoas passam a usar mais os meios motorizados de transporte, coletivos ou privados,

  • 8

    para aumentar a eficincia e o conforto dos deslocamentos necessrios realizao das atividades cotidianas. O ritmo desta incorporao de modos motorizados depende do ritmo de aumento da renda e do custo do uso destes meios em relao renda mdia das pessoas ou das famlias nas quais elas esto inseridas. Isto ocorre porque a estratgia de definio dos deslocamentos cotidianos da famlia leva em conta as necessidades de todos os indivduos que a ela pertencem (embora haja hierarquia de prioridades entre as pessoas). Na falta de dados detalhados, a distribuio da populao por faixa de renda para todos os tamanhos de cidade foi estimada adotando o perfil verificado na RMSP, que rene 39 cidades com perfis muito variados, tendentes a refletir a distribuio desigual de renda no pas (tabela 4). A tabela 5 mostra a distribuio futura estimada da populao por faixa de renda. Tabela 4. Distribuio da populao da RMSP por faixa de renda, 2005

    Faixa de renda

    Salrios mnimos

    % populao

    1 At 4 19,9

    2 4 a 8 28,1

    3 8 a 15 24,6

    4 15 a 30 18,0

    5 > 30 9,40 Fonte: STM (2006)

    Tabela 5. Distribuio da populao por faixa de renda nas cidades com mais de 60 mil habitantes, 2005

    Faixa de populao

    R$/ms*

    Habitantes (milhes)

    Populao por faixa de renda (milhes)

    1 2 3 4 5

    60 a 100 mil 650 14,65 2,9 4,1 3,6 2,6 1,4

    100 a 250 mil 750 23,95 4,8 6,7 5,9 4,3 2,3

    250 a 500 mil 900 21,67 4,3 6,1 5,3 3,9 2,0

    500 a 1 milho 950 14,76 2,9 4,1 3,6 2,7 1,4

    > 1 milho 1370 38,02 7,6 10,7 9,4 6,8 3,6

    Mdia geral 1090 113,05 22,5 31,8 27,8 20,3 10,6 * chefe de famlia Fonte: ANTP (2005)

  • 9

    Em seguida, iniciou-se o estudo do comportamento futuro da mobilidade nestas cidades. Foram imaginados dois cenrios de desenvolvimento moderado e pleno , os quais tm crescimentos diferentes da renda per capita e nveis distintos de transferncia de pessoas de uma faixa de renda para a faixa seguinte (alterando, portanto, sua mobilidade e o uso dos modos de transporte). Os valores bsicos das taxas de crescimento foram obtidos no estudo realizado pela Secretaria de Transportes Metropolitanos de So Paulo (STM), denominado PITU 2025 (Plano Integrado de Transportes Urbanos). O cenrio moderado aquele em que a economia tem um crescimento lquido (descontado o crescimento populacional) de 1% ao ano e ocasiona um movimento ascendente pequeno entre as pessoas das diferentes faixas de renda. O cenrio de crescimento pleno aquele em que a economia tem um crescimento lquido de 3% ao ano e ocasiona um movimento ascendente maior. Para estes dois cenrios, foram aplicados os parmetros de transferncia entre faixas de renda definidos no estudo PITU 2025 (STM, 2006). Os dois cenrios foram acompanhados do cenrio de crescimento zero, ou seja, meramente vegetativo (sem causar transferncia de pessoas entre faixas de renda), para possibilitar comparaes com os acrscimos trazidos pelos cenrios de crescimento positivo.

    3.2.3 Posse e uso dos veculos.

    No perodo considerado, tanto a frota de automveis quanto a frota de motocicletas devero crescer significativamente, sendo necessrio estimar at que ponto aumentar seu uso pelas pessoas. Na metodologia adotada, obtida a estimativa futura do nmero de pessoas em cada faixa de renda, o uso destes modos foi feito em duas etapas:

    a) Crescimento do uso segundo taxas atuais de utilizao: neste caso, as pessoas de cada faixa de renda (j incorporando as novas pessoas que entraro em cada faixa) usaro o automvel e a motocicleta conforme as taxas de uso atual (consideradas tpicas de cada faixa de renda). Assim, as pessoas que migram da faixa 2 para a 3 passam a usar mais o automvel (segundo as taxas de mobilidade tpicas da faixa 3), e assim por diante.

    b) No caso especfico da motocicleta, dado o seu crescimento exponencial recente (e que dever continuar nos prximos anos), foi feito um clculo adicional de aumento da frota e aumento das viagens por ela realizadas. Assumiu-se que estas viagens adicionais substituiro viagens a p, de transporte coletivo e de automvel.

    O crescimento da frota de motocicletas no perodo 2005-2030 foi estimado analisando as tendncias atuais do mercado e assumindo que o nmero de motocicletas por habitante tende a ter um limite inferior ao do automvel, pois este ltimo uma forma superior de transporte. Hoje (2008), h no Brasil um automvel para cada oito habitantes e uma motocicleta para cada 18,5 habitantes. A hiptese deste estudo que no horizonte de 2030 ambos ndices de motorizao

  • 10

    crescero, sendo que o ndice de posse de motocicleta crescer mais rapidamente (embora no venha a ultrapassar o do automvel). A tabela 6 mostra o crescimento recente das vendas de motocicletas no Brasil. Observa-se que no perodo entre 1990 e 2007 as vendas internas foram multiplicadas por 13, chegando a 1,6 milho de unidades. A projeo para 2008 de uma venda de dois milhes de motos no pas. A mesma tabela mostra que a frota cresceu de um milho de unidades para 10,7 milhes no perodo e que o nmero de motos por cem habitantes passou de 0,8 em 1990 para 5,6 em 2007. Esta tendncia de crescimento acelerado deve continuar nos prximos anos e ir arrefecendo depois, tendendo ao final a um crescimento vegetativo, de substituio da frota existente que se torna idosa. Assumindo que em 2030 o ndice de propriedade de motocicleta ser de 20 veculos para cada 100 habitantes, a frota estimada para 2030 de 48 milhes de unidades. Tabela 6. Vendas de motocicletas no mercado interno e frota no Brasil

    Ano

    Vendas internas

    ndice Frota estimada (milhes)

    Motos/ 100

    habitantes

    1990 123.169 1 1,2 0,8

    2000 574.149 4,7 4,0 2,3

    2005 1.024.000 8,3 8,0 4,4

    2006 1.268.041 10,3 9,1 4,9

    2007 1.600.157 13,0 10,7 5,6 Fonte (vendas de motos): Abraciclo (www.abraciclo.com.br) Fonte (frota de motos): DENATRAN (2005, 2006, 2007); estimativa do autor (1990 e 2000)

    Assumiu-se que de cada cem viagens adicionais ao crescimento vegetativo produzidas pelo aumento do nmero de motos, 30% viro de viagens a p, 50% de viagens de nibus e 20% de viagens de automveis. Paralelamente, assumiu-se que o grau de uso das novas motocicletas (viagens por veculo/dia) diminui com o tempo, nas taxas de 10% entre 2005 e 2010, de 20% entre 2010 e 2020 e de 20% entre 2020 e 2030. Finalmente, assumiu-se que a ocupao das motocicletas (pessoas por viagem) no mudar no tempo.

    3.2.4 Renda e uso dos modos de transporte

    Na ausncia de informaes detalhadas sobre o uso dos modos de transporte em cada grupo populacional (por faixa de renda), foi construda uma matriz de mobilidades que segue as caractersticas mostradas na RMSP em 2005 e que respeita as mobilidades mdias gerais para cada grupo populacional (a mobilidade aumenta quando o tamanho da cidade cresce). A figura 3 mostra o conjunto das mobilidades assumidas no estudo, sendo que a linha mais escura representa a mobilidade mdia por tamanho de cidade, segundo os dados da ANTP (2005).

  • 11

    Mobilidade individual adotada nas estimativas feitas,

    por populao e faixa de renda

    0,93

    2,28

    0,00

    0,50

    1,00

    1,50

    2,00

    2,50

    3,00

    3,50

    4,00

    60-100 100-250 250-500 500-1 milh > 1 milh

    Pop cidade (mil hab)

    Va

    ig/p

    es

    so

    a/d

    ia

    Renda 1

    Renda 2

    Renda 3

    Renda 4

    Renda 5

    Mdia

    Figura 3. Mobilidade individual por faixa de renda e tamanho populacional

    4. Resultados

    4.1 Viagens totais por ano e cenrio

    A seguir, so mostradas as estimativas das viagens futuras nos trs cenrios adotados. Observa-se pelas tabelas 7 e 8 que o total de viagens nas cidades com mais de 60 mil habitantes, no horizonte de 2030, aumenta de 168,7 milhes para 203 milhes (cenrio vegetativo 20%), para 216 milhes (cenrio moderado 28%) e para 243 milhes (crescimento pleno 44%). A mobilidade mdia por habitante cresce de 1,49 viagens/dia para 1,79 viagens/dia em 2030 (crescimento pleno) (tabela 9). Tabela 7. Viagens por dia, por cenrio e data, em cidades com mais de 60 mil habitantes

    Cenrio

    Viagens por dia (milhes)

    2005 2010 2020 2030

    Vegetativo 168,7 179,1 195,6 202,6

    Moderado 168,7 181,6 203,4 215,8

    Pleno 168,7 187,0 219,1 243,6

  • 12

    Tabela 8. ndice de crescimento das viagens dirias, por cenrio e data, em cidades com mais de 60 mil habitantes

    Cenrio

    ndice de crescimento das viagens

    2005 2010 2020 2030

    Vegetativo 1 1,06 1,16 1,20

    Moderado 1 1,08 1,21 1,28

    Pleno 1 1,11 1,30 1,44

    Tabela 9. ndice de mobilidade, por cenrio e data, em cidades com mais de 60 mil habitantes

    Cenrio

    Viagens por pessoa, por dia

    2005 2010 2020 2030

    Vegetativo 1,49 1,49 1,49 1,49

    Moderado 1,49 1,51 1,55 1,59

    Pleno 1,49 1,56 1,67 1,79

    Crescimento de viagens de pessoas, vrios cenrios, 2005-2030

    169 169 169

    203216

    244

    0,0

    50,0

    100,0

    150,0

    200,0

    250,0

    300,0

    Vegetativo Moderado Pleno

    Cenrio de crescimento

    milh

    es d

    e v

    iag

    en

    s/d

    ia

    2005

    2010

    2020

    2030

    Figura 4. Viagens por dia em cidades com mais de 60 mil habitantes

  • 13

    Crescimento das viagens de pessoas, vrios cenrios (ndice), 2005-2030

    1,20

    1,44

    1,28

    0

    0,2

    0,4

    0,6

    0,8

    1

    1,2

    1,4

    1,6

    Vegetativo Moderado Pleno

    Cenrio

    nd

    ice (

    2005=

    1)

    2005

    2010

    2020

    2030

    Figura 5. ndice de crescimento das viagens, por cenrio e data, em cidades com mais de 60 mil habitantes

    ndice de mobilidade pessoal, vrios cenrios, 2005-2030

    1,59

    1,49

    1,79

    0,00

    0,20

    0,40

    0,60

    0,80

    1,00

    1,20

    1,40

    1,60

    1,80

    2,00

    Vegetativo Moderado Pleno

    Cenrios

    Mo

    bilid

    ad

    e (

    via

    g/p

    esso

    a/d

    ia)

    2005

    2010

    2020

    2030

    Figura 6. ndice de mobilidade, por cenrio e data, em cidades com mais de 60 mil habitantes

  • 14

    4.2 Diviso modal, cenrio de crescimento pleno, uso crescente da motocicleta

    A diviso modal foi estimada para o cenrio de crescimento pleno, o qual considerado provvel e poder alterar significativamente a emisso de poluentes. A estimativa foi feita por meio das mudanas no uso dos modos de transporte, provocadas pelas transferncias das pessoas entre as faixas de renda e assumindo um crescimento adicional elevado no nmero de motocicletas em uso (conforme item 3.2.3). As tabelas 10 e 11 e a figura 7 mostram os resultados.

    Tabela 10. Viagens por dia por modo de transporte em cidades com mais de 60 mil habitantes, com crescimento pleno

    Ano

    Viagens/ dia (milhes)

    A p

    Transporte pblico Transporte privado Total Pneus Trilhos Auto Moto

    2005 70,1 44,4 5,0 45,9 3,32 168,7

    2010 72,8 46,8 5,7 55,1 6,3 186,7

    2020 76,0 48,4 7,0 72,2 14,8 218,4

    2030 77,4 49,8 8,3 90,7 16,6 242,6

    Tabela 11. Diviso modal em cidades com mais de 60 mil habitantes, com crescimento pleno

    Ano

    Diviso modal (%)

    A p

    Transporte pblico Transporte privado

    Total Pneus Trilhos Auto Moto

    2005 41,5 26,3 3,0 27,2 2,0 100,0

    2010 39,0 25,1 3,1 29,5 3,3 100,0

    2020 34,8 22,1 3,2 33,1 6,8 100,0

    2030 31,9 20,5 3,4 37,4 6,8 100,0

  • 15

    Diviso modal total, crescimento pleno,

    2005-2030

    37,4

    2,03,0

    41,5

    27,226,3

    3,4 6,8

    20,5

    31,9

    0,0

    5,0

    10,0

    15,0

    20,0

    25,0

    30,0

    35,0

    40,0

    45,0

    a p pneus trilhos auto moto

    Modo de transporte

    Via

    gen

    s (

    %)

    2005

    2010

    2020

    2030

    Figura 7. Diviso modal em cidades com mais de 60 mil habitantes, com crescimento pleno

    4.3 Distncias rodadas em veculos motorizados por ano, por cenrio

    Para poder estimar a alterao na emisso de poluentes (a ser feita em outro estudo), projetou-se a distncia a ser rodada no futuro em veculos poluentes (nibus, automveis e motos). Para esta estimativa, assumiu-se que a viagem mdia de automvel no conjunto das cidades com mais de 60 mil habitantes de 7,7 km e a viagem mdia de moto, de 5,6 km (distncias mdias ponderadas pelo nmero de viagens em cada grupo populacional). No caso dos nibus, assumiu-se que a distncia mdia percorrida em um dia por um veculo de 245 km, transportando em mdia 459 passageiros (ANTP, 2005). Com os dados de deslocamentos mostrados anteriormente, foram estimadas as distncias a serem rodadas. As viagens de pessoas em automvel foram divididas pela ocupao mdia de 1,4 passageiro, ao passo que os deslocamentos de pessoas em motos foram divididos por uma ocupao mdia de 1,1 passageiro. Esta diviso originou a quantidade de viagens feitas pelos veculos, que foram ento multiplicadas pelas distncias mdias citadas anteriormente. No caso dos nibus, cada 459 viagens de pessoas a mais foram agrupadas em um nibus adicional, o qual percorre 250 km por dia, conforme citado anteriormente.

  • 16

    Observa-se nas tabelas 12 e 13 que as distncias rodadas pelos nibus permanecem estveis, ao passo que as distncias percorridas em automveis dobram e aquelas rodadas em motos so multiplicadas por cinco (embora permaneam muito inferiores s rodadas em automveis). Tabela 12. Distncias a serem percorridas por veculos poluentes, com crescimento pleno

    Ano

    Veculo-km/dia (milhes)

    nibus Auto Moto

    2005 23,74 253,04 16,77

    2010 25,02 304,15 31,62

    2020 25,84 398,41 74,93

    2030 26,58 500,37 83,72

    Tabela 13. ndice de crescimento das distncias rodadas em veculos poluentes, com crescimento pleno.

    Ano

    ndice de crescimento das distncias

    nibus Auto Moto

    2005 1,00 1,00 1,00

    2010 1,05 1,20 1,89

    2020 1,09 1,57 4,47

    2030 1,12 1,98 4,99

  • 17

    ndice de variao nas distncias veiculares rodadas em modos

    poluentes, crescimento pleno, 2005-2030

    5,0

    2,0

    1,12

    -

    1

    2

    3

    4

    5

    6

    nibus auto moto

    Modo de transporte

    Va

    ria

    o (

    20

    05

    =1

    )

    2005

    2010

    2020

    2030

    Figura 8. Distncias futuras em veculos poluentes, com crescimento pleno

    5. Concluses

    Este estudo preliminar avaliou o impacto do crescimento econmico na mobilidade das pessoas que vivem nas cidades brasileiras com mais de 60 mil habitantes, para o perodo que compreende 2005 a 2030. Foram assumidos um crescimento populacional de 20% e um crescimento econmico lquido de 3% ao ano no perodo. No foi includa na avaliao nenhuma hiptese de alterao estrutural na organizao fsica das cidades, na tecnologia veicular, no tipo de energia utilizada ou nos preos dos vrios modos de transporte. Isto significa que a estimativa representa uma fotografia instantnea do que aconteceria na mobilidade das pessoas caso elas, repentinamente, passassem por um alto crescimento econmico, mas mantivessem seus hbitos atuais de uso dos modos de transporte, conforme seu nvel de renda. Tal estimativa mostrou que, nas condies assumidas, a quantidade de viagens feitas pelas pessoas nas cidades com mais de 60 mil habitantes crescer 44% at 2030. Devido ao aumento da renda, as pessoas mudaro para faixas superiores de renda, passando a usar mais os modos motorizados, principalmente o automvel e a motocicleta. Assumiu-se tambm um crescimento excepcional do uso da motocicleta (acima da tendncia histrica), que de fato j est acontecendo. Assim, a participao dos automveis passar de 27% para 37% do

  • 18

    total de viagens nestas cidades, ao passo que a participao das motos aumentar de 2% para 7%. Por sua vez, a participao dos nibus diminuir de 26% para 20%. Em conseqncia, as distncias percorridas em automveis e motocicletas aumentaro consideravelmente respectivamente, 100% e 400%. Estes aumentos podero ter impacto significativo na emisso de poluentes, o que ser avaliado em outro estudo do Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA).

  • 19

    Referncias Abraciclo Associao Brasileira de Ciclomotores. Estatsticas de produo e

    vendas, 2007 (www.abraciclo.com.br).

    ANTP (2005). Mobilidade urbana no Brasil, Sistema de informaes da mobilidade

    urbana, So Paulo (www.antp.org.br).

    Denatran Departamento Nacional de Trnsito (2005). Estatsticas da Frota de

    veculos no Brasil (www.denatran.gov.br), Braslia.

    Diaz Olvera, L.; Plat, D. e Pochet, P (1997). Les mobilits quotidiennes deux

    pauvres Bamako et Ouagadougou in Mobilit et politiques de transport dans les

    villes en dveloppement, INRETS, Paris, pp119134.

    IBGE (2004) Estatisticas gerais de populao no Brasil (www.ibge.gov.br).

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    STM Secretaria de Transportes Metropolitanos (2006). PITU Plano Integrado de

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    Vasconcellos, E. A. (2000). Transporte urbano, espao e equidade anlise das

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