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Direito Tributário p/ ICMS-RS - teoria e questões Prof. George Firmino AULA 00 ATENÇÂO! Essa obra é protegida por direitos autorais. O material é de uso restrito do seu adquirente, sendo expressamente proibida a sua distribuição ou o fornecimento a terceiros sem a prévia autorização do autor ou do Concurseiro Fiscal. A reprodução, distribuição, venda ou utilização em grupo por meio de rateio sujeita os infratores às sanções da Lei nº 9.610/1998. Os grupos de rateio são ilegais! Valorize o trabalho dos professores e somente adquira materiais diretamente no site Concurseiro Fiscal. O Concurseiro Fiscal dispõe de descontos exclusivos para compras em grupo. Adquira de forma legal.

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  • Direito Tributrio p/ ICMS-RS - teoria e questes

    Prof. George Firmino

    AULA 00

    ATENO!Essa obra protegida por direitos autorais. O material de uso restrito do seu adquirente, sendoexpressamente proibida a sua distribuio ou o fornecimento a terceiros sem a prvia autorizao do autorou do Concurseiro Fiscal. A reproduo, distribuio, venda ou utilizao em grupo por meio de rateio sujeitaos infratores s sanes da Lei n 9.610/1998.Os grupos de rateio so ilegais! Valorize o trabalho dos professores e somente adquira materiaisdiretamente no site Concurseiro Fiscal.O Concurseiro Fiscal dispe de descontos exclusivos para compras em grupo. Adquira de forma legal.

  • Direito Tributrio p/ ICMS-RS Teoria e questes comentadas Prof. George Firmino Aula 00

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    AULA 00 Aula Demonstrativa

    Conceito e classificao dos tributos.

    SUMRIO PGINA

    Apresentao do professor 03

    Informaes sobre o curso 04

    1. Diviso da aulas 04

    2. Metodologia utilizada 05

    3. Legislao aplicvel 05

    4. Abordagem 06

    5. Suporte 06

    1. Receitas pblicas 07

    2. Conceito de Tributo 10

    3. Classificao dos tributos 22

    4. Espcies tributrias 30

    4.1. A natureza jurdica do tributo 33

    4.2. Impostos 39

    4.2.1. O princpio da capacidade contributiva 40

    4.3. Taxas 49

    4.3.1. Taxa de servio 50

    4.3.2. Taxa de polcia 58

    4.3.3. A base de clculo das taxas 62

    4.3.4. Taxas de servio x preos pblicos 66

    4.4. Contribuio de melhoria 67

    Questes propostas 73

    Gabarito 79

    Questes comentadas 80 Ol, concurseiros fiscais!

    Sejam bem-vindos ao curso de Direito Tributrio para o concurso da SEFAZ/RS.

    hora de cair matando nos estudos!!! Edital publicado com 100 vagas para um dos melhores fiscos do Brasil!!!

    Uma delas tem que ser sua!!!

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    As provas j esto marcadas para os dias 09 e 10/08. Temos exatamente 4 meses at l. Ou seja, d para se preparar de forma completa para chegar arrebentando.

    Direito Tributrio representa, sem dvida, um dos diferenciais da prova. Das 260 questes, 30 so de Tributrio. Isso representa mais de 10% do total de questes.

    Mas no s isso. O Direito Tributrio ir acompanh-lo durante toda a sua carreira. A sua aprovao ser apenas o incio. Aps a posse, o Direito Tributrio ser sua ferramenta de trabalho, como servidor da carreira fiscal.

    Nessa linha, buscaremos aqui detalhar todo o contedo programtico da matria, numa linguagem simples e objetiva, sem, contudo, ser superficial.

    Nosso curso atender tanto aos concurseiros do nvel mais bsico, ou seja, aqueles que esto vendo a matria pela primeira vez, como queles mais avanados, que desejam fazer uma reviso completa e detalhada da matria.

    Mas como isso possvel?

    Uma das dificuldades que percebo na preparao para concursos encontrar um material que possa atender por completo, acompanhando o candidato do nvel bsico ao avanado.

    Tenho percebido essa dificuldade entre os concurseiros. Acompanhando os fruns especializados, possvel perceber indicaes do tipo: se voc for iniciante, utilize o livro tal e quando estiver mais avanado, recomendo o livro tal...

    Diante dessa dificuldade, nosso objetivo oferecer um curso completo, que atenda aos mais variados nveis de candidatos, abordando tudo de forma bem detalhada, inclusive com posicionamentos doutrinrios e jurisprudenciais.

    Alm disso, resolveremos aqui centenas de questes, de tal forma que voc ficar bastante afiado na matria, ao ponto de chegar prova com bastante segurana.

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    Apresentao do professor Antes de iniciar os comentrios sobre o funcionamento do nosso curso, gostaria de fazer uma breve apresentao pessoal.

    Sou Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil desde 2010. Atuei inicialmente como parecerista em processos de restituio e compensao tributria, bem como na orientao aos contribuintes em questes que envolviam a interpretao da legislao tributria. Aps um perodo como parecerista, passei a exercer minhas atividades na malha fiscal e na fiscalizao do Imposto de Renda Pessoa Fsica.

    Porm, antes de tomar posse no meu atual cargo, passei por uma verdadeira jornada como concurseiro. Iniciei minha experincia em concursos no ano de 2000, quando fui aprovado na Caixa Econmica Federal, onde trabalhei por 8 anos.

    Ainda trabalhando na CEF, iniciei meus estudos rumo ao sonho de ser Auditor Fiscal da Receita Federal, perodo em que participei de alguns concursos. Nesse intervalo, obtive aprovao nos seguintes certames:

    Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil 2009, classificado na 68 posio e obtendo a 5 maior nota nacional na prova discursiva;

    Agente Fiscal de Rendas da SEFAZ/SP (ICMS/SP) 2009;

    Analista Tributrio da Receita Federal do Brasil (ATRF) 2009;

    Auditor Fiscal de Ipojuca/PE 2009;

    Auditor Fiscal de Abreu e Lima/PE 2008 (1 lugar);

    Gestor da Secretaria de Administrao/PE 2009;

    Assistente Tcnico Administrativo do Ministrio da Fazenda 2009.

    Me dedicarei na busca incansvel para disponibilizar o melhor material de Direito Tributrio para concursos da rea fiscal, tanto na qualidade do curso como no suporte aos alunos.

    Essa o diferencial que quero trazer para a sua preparao.

    Espero, assim, dividir com voc a experincia adquirida ao longo da minha preparao, pois sei exatamente o que se passa do outro lado: as expectativas, as dificuldades, os sonhos.

    Bom, feitas as apresentaes iniciais, passemos proposta do nosso curso.

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    Informaes sobre o curso

    1. Diviso das aulas

    Nosso curso ser ministrado ao longo de 10 aulas, incluindo esta aula demonstrativa, de acordo com o cronograma abaixo:

    AULA 00 Conceito e classificao dos tributos.

    11/04/2014

    AULA 01 Limitaes constitucionais do poder de tributar. Competncia

    Tributria. 15/05/2014

    AULA 02 Tributos de competncia da Unio. Impostos de competncia dos

    Municpios. 25/05/2014

    AULA 03 Impostos de competncia dos Estados. Repartio das receitas

    tributrias. ICMS nas operaes interestaduais e nas exportaes

    e importaes. Convnios para concesses de isenes do ICMS. 05/06/2014

    AULA 04 Legislao tributria: vigncia, aplicao, interpretao e

    integrao. 15/06/2014

    AULA 05 Obrigao tributria. Fato gerador da obrigao tributria.

    Domiclio tributrio. 25/06/2014

    AULA 06 Sujeio ativa e passiva. Responsabilidade tributria.

    05/07/2014

    AULA 07 Crdito tributrio. Constituio do crdito tributrio.

    15/07/2014

    AULA 08 Suspenso da exigibilidade do crdito tributrio. Extino do

    crdito tributrio. Excluso do crdito tributrio. 25/07/2014

    AULA 09 Garantias e privilgios do crdito tributrio. Administrao

    tributria. 05/08/2014

    No obstante a previso do calendrio inicial, buscarei adiantar ao mximo a liberao das aulas, para que haja tempo suficiente para uma preparao adequada. As datas acima representam os prazos mximos para a liberao.

    Conforme exposto, abordaremos cada tpico do contedo programtico, analisando detalhadamente toda a matria.

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    2. Metodologia utilizada

    A nossa metodologia ser o desenvolvimento da teoria intercalado com questes comentadas medida que os temas forem sendo apresentados, de modo a unir a teoria e a prtica de prova, fazendo com que voc tenha uma viso completa do assunto.

    Isso ajuda muito na preparao, eis que o estudo somente da teoria pode se tornar cansativo, com muitos detalhes que acabam por confundir o aluno.

    No intuito de facilitar o aprendizado, as questes sero selecionadas de modo que a teoria seja bem entendida aps a sua resoluo.

    Durante a exposio da teoria, todas as questes apresentadas sero comentadas.

    Alm disso, no final de cada aula, sero propostas 20 questes para que voc as resolva, proceda correo pelo gabarito e revise atravs dos comentrios apresentados no final.

    Ou seja, nosso curso ser composto de teoria + 200 questes propostas e comentadas. Isso significa que teremos algo em torno de 1.000 assertivas com comentrios completos.

    um verdadeiro arsenal de questes, capaz de deix-lo preparadssimo para a prova!

    3. Legislao aplicvel

    Como base do nosso estudo, utilizaremos frequentemente a Constituio Federal e o Cdigo Tributrio Nacional (CTN Lei 5.172, de 25 de outubro de 1966). Por isso, recomendado que voc os tenha sempre que for acompanhar as aulas, de preferncia impressos, pois podem ser feitas anotaes e destaques para consultas posteriores.

    Voc pode acess-los e imprimi-los nos seguintes links:

    Constituio Federal de 1988 www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm

    Cdigo Tributrio Nacional http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l5172.htm

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    4. Abordagem

    Estudar Direito Tributrio para um concurso da rea fiscal no pode mais ser restrito leitura da Constituio e do CTN.

    As provas evoluram bastante e exigem do candidato, muitas vezes, entendimentos que no constam nas leis, mas firmados em discusses judiciais ou defendidos por doutrinadores de escol.

    Partindo dessa constatao, se faz necessria uma abordagem completa, que contemple esses entendimentos. Sendo assim, sempre que o assunto exigir, traremos os posicionamentos dos tribunais superiores (jurisprudncia do STF e do STJ) e entendimentos doutrinrios que ilustrem o tema em discusso.

    Ademais, quando estivermos diante de temas mais polmicos, buscarei explorar qual o entendimento aceito pelas bancas, para que voc no tenha dvida na hora da prova.

    5. Suporte

    Por fim, informo que nosso estudo no se limita apresentao das aulas ao longo do curso. mais do que natural que voc tenha dvidas, mas elas no podem permanecer at o dia da prova, no mesmo? Ento, estarei sempre disposio para responder aos seus questionamentos atravs do frum de cada aula.

    Todos tm dvidas. Errar comum quando se est tentando aprender. O que no pode acontecer voc guardar sua dvida ao invs de expor a sua dificuldade.

    Conte comigo!

    Nada ser mais gratificante para mim do que receber uma mensagem trazendo a notcia da sua aprovao. Vamos juntos at l!

    Assim, dada a importncia da nossa matria e feitas as consideraes sobre o nosso curso, vamos ao que interessa!!!

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    Conceito e classificao dos tributos

    1. Receitas pblicas Governo anuncia investimentos para obras de pavimentao e saneamento

    A presidente da Repblica, Dilma Rousseff anuncia nesta quinta-feira, ao lado do ministro das Cidades, Aguinaldo Ribeiro, investimentos do Programa de Acelerao do Crescimento (PAC 2) para obras de pavimentao urbana e saneamento bsico.

    Os recursos sero para pavimentao de 7,5 mil quilmetros de vias e recapeamento e implantao de ciclovias, alm de 15 mil quilmetros de caladas, sinalizao, guias rebaixadas para acessibilidade e faixas de pedestres.

    Na rea de saneamento, os recursos sero para obras de sistemas de drenagem de guas pluviais, rede de abastecimento de gua e esgotamento sanitrio.

    Fonte: Portal Brasil com informaes do Ministrio das Cidades

    Quando nos deparamos com notcias como essa, bem claro percebermos que o Governo precisa arrecadar. Para satisfazer o bem comum, ou seja, atender o interesse pblico, se faz necessrio o ingresso de recursos nos cofres pblicos.

    Os tributos representam, sem dvida, a fonte mais expressiva de receita para o Estado.

    bastante bvio, at mesmo para aqueles que nunca estudaram Direito Tributrio, que os tributos, ou seja, aqueles valores que saem do nosso bolso como contribuintes, constituem um enorme ingresso de recursos para os cofres pblicos. Quem nunca ouviu algum reclamando: eu pago meus impostos em dia, mas o Governo no faz nada para melhorar minha vida...?

    Contudo, importante sabermos que, no obstante representar uma parcela significativa da arrecadao, os tributos no constituem a nica receita do Estado.

    Isso porque o Estado se vale de duas formas distintas para captar recursos e, assim, poder conferir coletividade o atendimento das suas necessidades. Para entend-las, vamos recorrer ao que aprendemos no estudo do Direito Administrativo. Vejamos:

    O Estado existe para o atendimento do interesse pblico (interesse primrio). No entanto, como garantir o atingimento desse objetivo quando os interesses particulares divergem do interesse pblico?

    justamente para conferir Administrao a garantia de atuar em prol do interesse coletivo que o ordenamento jurdico lhe atribui uma srie de prerrogativas (privilgios). Trata-se do regime jurdico-

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    administrativo, regido pelas normas de Direito Pblico, onde o Estado ocupa posio de superioridade em relao ao particular.

    Podemos entender melhor com o seguinte exemplo: em um bairro da periferia h uma grande necessidade da populao em relao a servios de sade. Imagine que h um terreno pertencente Prefeitura numa das vias principais desse bairro e de fcil acesso para todos os moradores. A localizao ideal para a construo de um posto de sade. A rea, porm, no suficiente para a construo do posto, havendo necessidade de adquirir uma casa que fica ao lado do terreno, para que seja possvel o atendimento da comunidade. Os moradores dessa residncia tm o direito propriedade, mas em decorrncia do princpio da supremacia do interesse pblico sobre o privado, o Estado reveste-se de poderes que tornam possvel o atendimento do fim comum, qual seja: a construo do posto de sade. Para isso, pode desapropriar esse imvel, a fim de promover a construo e atender ao interesse de toda a coletividade.

    Por outro lado, o Estado tambm pratica atos em que no se reveste de tais poderes, pois no atua em nome do interesse pblico primrio, mas no interesse da prpria Administrao (interesses secundrios).

    Imagine que a Prefeitura de Salvador pretenda alugar um imvel para o funcionamento de um de seus rgos. Nesse caso, a Prefeitura no atua em posio de superioridade em relao ao proprietrio do imvel. Assim, no poderia obrig-lo a alugar o imvel, caso no fosse do seu interesse. Trata-se, portanto, de um ato regulado preponderantemente pelas normas de Direito Privado, caracterizado pela isonomia entre as partes. Resumindo, o Estado, nesses atos, despe-se da sua condio de superioridade e atua como se particular fosse.

    Feita essa breve reviso de Direito Administrativo, podemos perceber que dos atos praticados pelo Estado, seja agindo em posio de superioridade (poder de imprio), seja como se particular fosse, pode resultar o ingresso de receitas nos cofres pblicos.

    Partindo desse ponto, surgiu a classificao das receitas pblicas em receitas originrias e receitas derivadas.

    As RECEITAS ORIGINRIAS tm origem nas relaes regidas preponderantemente pelo Direito Privado, nas quais o Estado no se reveste do poder de imprio e age em condies de igualdade com o particular, obtendo valores por meio da explorao do seu prprio patrimnio. o caso do aluguel de um prdio pblico. Nesse caso, o Estado no pode obrigar ningum a optar pelo seu imvel. O particular o faz por vontade prpria, por meio de contrato firmado em condies de igualdade entre as partes. Da concretizao desse ato resulta uma receita de aluguel para o Estado, classificada como receita originria.

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  • Direito Tributrio p/ ICMS-RS

    Teoria e questes comentadas

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    Da mesma forma, seria classificada uma receita financeira, resultante de uma aplicao.

    J as RECEITAS DERIVADAS derivam do poder de imprio do Estado, ou seja, das relaes de Direito Pblico, onde a Administrao atua em posio de superioridade, buscando o atendimento do interesse pblico. o caso dos tributos que, como veremos logo mais, resultam de uma imposio, no havendo qualquer opo dos contribuintes. Trata-se de obrigao, necessria para que o Estado possa arrecadar e fazer face s demandas populares e manuteno da mquina estatal. Outro exemplo de receita derivada seria uma multa aplicada por infrao legislao, situao em que o infrator no pode se recusar ao pagamento.

    Para guardar bem esses conceitos, vamos esquematizar o que vimos at aqui:

    Apesar de ser uma classificao de fcil entendimento, no raro ser cobrada em concurso. Seno, vejamos como j caiu em prova:

    (ESAF) APOF SEFAZ SP/2009

    Constituem modalidade de receita derivada, exceto:

    a) tributos b) penalidades pecunirias c) multas administrativas d) taxas e) preos pblicos

    Comentrios

    Aqui a ESAF exigiu simplesmente o que acabamos de estudar. A questo pede para marcar a nica opo que contm uma receita originria, j que as outras quatro constituem as chamadas receitas derivadas.

    Relaes de Direito Pblico

    Explorao do patrimnio particular

    Poder de impero do Estado

    Desigualdade entre as partes

    Ex.: tributos

    RECEITAS DERIVADAS

    Relaes de Direito Privado

    Explorao do prprio patrimnio

    Isonomia entre as partes

    Ex.: rendimento de aplicaes

    RECEITAS ORIGINRIAS

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    Como estudaremos mais frente (ainda nesta aula), as alternativas A e D trazem tributos (na A, temos o gnero e na D, a espcie taxa), portanto receitas derivadas, j que obtidas por meio do poder de imprio do Estado.

    As alternativas B e C tambm contm exigncias que decorrem de imposio legal pelo Estado. Tanto as penalidades pecunirias como as multas administrativas constituem uma exigncia que surgiu em funo do descumprimento de determinada norma. Sendo assim, o Estado se vale da sua posio de superioridade para impor ao infrator as referidas exaes.

    J os preos pblicos surgem em decorrncia da manifestao de vontade do particular, apresentando natureza contratual e no impositiva, como veremos mais adiante.

    Gabarito: E.

    Com isso, j podemos destacar uma importante informao para ser guardada:

    Os tributos, apesar de contriburem para o ingresso significativo de recursos nos

    cofres pblicos, no so a nica fonte de receita do Estado.

    No h como negar a grande participao dos tributos (e demais receitas derivadas) na arrecadao dos entes federados, sendo responsveis pela manuteno da imensa maioria dos gastos do governo. Contudo, outras formas de ingresso, mais precisamente as receitas originrias, ainda que em volume bem menor, tambm abastecem os cofres pblicos.

    2. Conceito de tributo

    De acordo com o que estudamos acima, os tributos compem as receitas derivadas, sendo, portanto, institudos em funo do poder de imprio do Estado para custear os gastos pblicos.

    A definio de tributo est expressa no Cdigo Tributrio Nacional. Da, verificamos que a definio de tributo legal, ou seja, expressa em lei. Ento, vamos nossa primeira consulta ao CTN.

    Em seu art. 3, o Cdigo assim define tributo:

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    Art. 3 Tributo toda prestao pecuniria compulsria, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que no constitua sano de ato ilcito, instituda em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada.

    Observamos na definio legal de tributo um conjunto de termos que precisam ser analisados individualmente para que possamos entender melhor o alcance do seu conceito. Dessa forma, vamos separar as expresses e estud-las de forma particular. Ento, assim ficar o nosso art. 3 do CTN:

    Tributo toda prestao:

    1 pecuniria

    2 compulsria

    3 - em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir

    4 - que no constitua sano de ato ilcito

    5 - instituda em lei

    6 - cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada.

    Tributo prestao pecuniria

    A expresso prestao pecuniria significa que o tributo algo pago em dinheiro. Basta imaginarmos quando cumprimos o nosso papel de contribuintes.

    Alguma vez voc j pagou o ICMS das suas compras no supermercado com parte das mercadorias? Imagine s no momento do pagamento o operador do caixa, ao registrar 1kg de feijo, lhe informar que 170 gramas ficaro retidos para pagar o ICMS...

    Seria invivel no mesmo? Por isso, a prpria definio de tributo prev sua quitao em dinheiro.

    E, ainda que no tivssemos acabado de ler essa disposio do CTN, no seria difcil chegar a essa concluso a respeito do carter pecunirio do tributo. J que o Estado precisa arrecadar para abastecer os cofres pblicos e, assim, atingir o interesse da coletividade, certo que precisa de recursos dotados de liquidez, vale dizer, que estejam livres e disponveis em caixa para fazer face aos gastos pblicos.

    Como veremos mais frente no nosso curso, o CTN prev que o pagamento do tributo pode ser efetuado em cheque. Isso no significa que o tributo deixa de ser prestao pecuniria. Primeiro porque o cheque uma ordem de pagamento vista, possuindo a mesma aceitao do pagamento em moeda. Em segundo lugar, o prprio Cdigo se apressa em definir que quando o tributo for pago em cheque apenas ser considerado extinto (quitado) quando ele for compensado.

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    Tributo prestao compulsria

    A Constituio Federal determina em seu art. 5, II, que ningum ser obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa seno em virtude de lei.

    Por conseguinte, verifica-se que o carter compulsrio do tributo decorre da sua instituio em lei. Ou seja, a lei capaz de inovar no ordenamento jurdico, criando direitos e obrigaes para os administrados. Sendo assim, a compulsoriedade nada mais do que a confirmao do vnculo obrigacional a que o contribuinte se submete por fora de lei.

    Temos, com isso, que a imposio do tributo no resulta da vontade do contribuinte, mas, como visto, do poder de imprio do Estado, que o exerce por meio das leis.

    A Administrao Pblica precisa arrecadar para custear suas despesas e, para isso, institui os tributos, obrigando aqueles previstos em lei (os contribuintes) ao pagamento.

    Voc j foi questionado alguma vez se gostaria de pagar o imposto de renda? Ou j chegou alguma correspondncia da sua Prefeitura lhe pedindo, por favor, que ajude com alguma doao para o IPTU?

    No, meu amigo! Isso porque o Estado no precisa pedir por favor para voc contribuir, pois uma vez institudo o tributo, que pela prpria definio legal uma prestao compulsria e independente da vontade do contribuinte, este deve pagar.

    As obrigaes em geral podem surgir de duas formas: por expressa determinao legal ou por uma manifestao de vontade da pessoa.

    Quando algum obrigado a fazer algo em virtude de lei temos a obrigao ex lege, ou seja, que decorre diretamente da lei, independente da vontade. o caso dos tributos. Ningum paga tributo porque quer, mas porque obrigado a contribuir para a consecuo do bem comum.

    J na situao em que algum se obriga por manifestao de vontade, a obrigao no decorre de forma direta da lei, mas porque a pessoa aceitou a obrigao. Seria o caso de um contrato de aluguel, por exemplo. inegvel que quem assumiu a responsabilidade de pagar o aluguel tem a obrigao de pagar. Essa obrigatoriedade, contudo, no decorre diretamente da lei, mas diretamente do contrato. Ora, ningum obrigado a firmar contrato de aluguel. Se o fez foi por fora da prpria vontade. Por isso, as obrigaes contratuais ou aquelas assumidas pela vontade do agente so chamadas de obrigaes ex voluntate.

    Alguns autores, como Paulo de Barros Carvalho, entendem que todas as obrigaes decorrem de lei e que no deveria existir a classificao em duas espcies. Vejamos os argumentos do autor:

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    ... no h que se imaginar obrigaes, no direito brasileiro, que no sejam ex lege. Algumas requerem, de fato, a presena do elemento vontade na configurao tpica do acontecimento, enquanto outras no. (CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de Direito Tributrio. 24 ed., 2012, p. 59)

    H que se ressaltar, porm, que em se tratando de provas para concursos, no prevalece esse entendimento. As bancas tm seguido a doutrina dominante, capitaneada por Hugo de Brito Machado:

    Certo, porm, que a palavra compulsria est utilizada na definio legal de tributo para qualificar a obrigao jurdica que nasce independentemente da vontade (...)

    A distino essencial h de ser vista no momento do nascimento da obrigao, e no no momento de seu adimplemento. Por isto que se explica a clssica diviso das obrigaes jurdicas em legais, ou ex-lege, e contratuais, ou decorrentes de vontade.

    certo que as prestaes contratuais tambm so obrigatrias, mas a obrigatoriedade, neste caso, nasce diretamente do contrato, e s indiretamente deriva da lei. Na prestao tributria a obrigatoriedade nasce diretamente da lei, sem que se interponha qualquer ato de vontade daquele que assume a obrigao. (MACHADO, Hugo de Brito. Comentrios ao Cdigo Tributrio Nacional, vol. I, 2 ed. 2007, p. 89)

    Tributo prestao em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir

    No se pode deixar de verificar que h uma redundncia nessa expresso.

    Acabamos de estudar que o tributo prestao pecuniria. Logo, no seria necessrio destacar que uma prestao em moeda. Nota-se certo exagero do legislador nesse ponto.

    Alm disso, definir que tributo prestao cujo valor pode ser expresso em moeda j foi motivo de controvrsias. Afinal, voc conhece algo que no possa ter seu valor expresso em moeda nos dias atuais?

    Se pararmos para pensar, chegaremos concluso de que praticamente todos os bens podem ser avaliados monetariamente. At o nosso trabalho avaliado em expresso monetria, basta lembramos que ele quantificado pelo salrio que recebemos, ou seja, expresso em moeda.

    Analisar as situaes sob esta tica poderia nos levar concluso equivocada de que o tributo poderia ser pago em bens (in natura) ou em trabalho (in labor).

    Mas no bem assim. Imagine um mdico que possui um consultrio prprio e nele trabalha, de segunda a sbado, das 08:00h s 18:00h, auferindo, obviamente, seus rendimentos. Ser que a Unio, ao cobrar

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    o imposto de renda desse mdico, poderia exigir que o pagamento ocorresse por meio da prestao de servios em instituies pblicas de sade, atendendo pacientes do SUS aos domingos?

    Ora, essa situao seria invivel por dois motivos. Primeiro, apesar da grande necessidade de profissionais de sade para atender no SUS, o governo precisa de recursos financeiros para cobrir seus gastos. De outro lado, o mdico no poderia se sujeitar a mais uma jornada, dessa vez aos domingos, seu nico dia de folga, para pagar seus tributos. Isso acabaria se transformando em uma pena de trabalho forado.

    Definitivamente, no foi esse o conceito trazido pelo CTN. Caso contrrio, deveramos classificar a prestao do servio militar obrigatrio como tributo, o que inaceitvel no nosso ordenamento.

    A interpretao deste item aponta para a possibilidade de se adotar indexadores para quantificar os tributos. Vamos analisar o que ocorreu em nosso pas h algum tempo e j fixaremos o entendimento.

    Do final da dcada de 80 at meados da dcada de 90, a inflao atingia nveis altssimos. Assim, C$500,00 um dia j no valiam a mesma coisa no dia seguinte. Suponha agora um tributo lanado em um determinado dia com vencimento para 15 dias. O valor do tributo na data do pagamento seria apenas uma sombra do que realmente era devido na data do lanamento. Com isso, o governo teria uma grande perda na arrecadao, o que geraria um verdadeiro rombo nos cofres pblicos.

    A fim de amenizar os efeitos dos altos ndices inflacionrios, foram criados alguns indexadores. A UFIR, por exemplo, que foi criada pela Lei 8.383/91, com o seguinte enunciado:

    Art. 1. Fica instituda a Unidade Fiscal de Referncia-UFIR, como medida de valor e parmetro de atualizao monetria de tributos e de valores expressos em cruzeiros na legislao tributria federal, bem como os relativos a multas e penalidades de qualquer natureza.

    Assim, o tributo era calculado em UFIR e o valor era pago convertendo o valor para a moeda. Como a UFIR era atualizada diariamente ou mensalmente, dependendo do perodo, o valor do tributo no sofria com o impacto inflacionrio.

    Depreende-se da o sentido da expresso cujo valor nela se possa exprimir, a saber: a utilizao de ndices ou indexadores a fim de quantificar o tributo, j que sua converso em moeda instantnea, sendo necessria uma simples multiplicao.

    Com o advento da lei complementar 104/2001, outra controvrsia foi levantada. Ocorre que esta lei acrescentou o inciso XI ao art. 156 do CTN, permitindo a dao em pagamentos em bens imveis como forma de extino do crdito tributrio (veremos esse assunto em mais detalhes quando abordarmos o tema crdito tributrio).

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    A grande discusso girou em torno do conflito entre esta nova forma de quitao do tributo (atravs de bens imveis) e a previso do art. 3 do CTN de que o tributo pago em moeda.

    Teria, ento, a LC 104 derrogado a parte do art. 3 do CTN de que tributo prestao em moeda?

    Negativo!

    A segunda parte da expresso (ou cujo valor nela se possa exprimir) permite o uso de algo que possa ter seu valor expresso em moeda. Logicamente, como vimos, no se pode valer dessa previso para quitar o tributo com a dao de bens ou servios. Contudo, como existe a previso do prprio CTN, vlida a quitao do tributo por meio da dao em bens imveis.

    Vale destacar que apenas o prprio CTN pode dispor sobre as formas de extino do crdito tributrio (quitao do tributo) e que no houve, com o surgimento dessa nova hiptese, a revogao de qualquer expresso do art. 3 do Cdigo.

    Tributo prestao que no constitua sano de ato ilcito

    O tributo, como veremos mais adiante com a devida profundidade, surge com a ocorrncia de uma situao prevista em lei (fato gerador) e no por ter o contribuinte cometido alguma infrao. Tributo no punio.

    Na ocorrncia de alguma infrao legislao, h diversas maneiras de o Estado penalizar o infrator, tais como multas, perdimento de bens, entre outras.

    Essa expresso do art. 3 de fundamental importncia para entender que tributo e multa no se confundem. So dois institutos distintos.

    As multas, inclusive as tributrias, surgem em virtude do descumprimento da legislao, o que as caracteriza como sano (punio) ao ato ilcito (descumprimento da lei). Ou seja, a multa exatamente aquilo que o tributo no pode ser: sano por ato ilcito.

    A fim de ilustrar a diferenciao entre tributo e multa, analisemos um trecho de deciso do Supremo Tribunal Federal, no julgamento do RE 94.001/SP. Eis o voto do relator, Ministro Moreira Alves:

    O art. 3 do CTN no admite que se tenha como tributo prestao pecuniria compulsria que constitua sano de ato ilcito. O que implica dizer que no permitido, em nosso sistema tributrio, que se utilize de um tributo com a finalidade extrafiscal de se penalizar a ilicitude. Tributo no multa, nem pode ser usado como se o fosse. Se o municpio quer agravar a punio de quem constri irregularmente, cometendo ilcito administrativo, que crie ou agrave multas com essa finalidade. O que no pode por ser contrrio ao art. 3 do CTN, e, consequentemente, por no se incluir no poder de

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    tributar que a Constituio Federal lhe confere criar adicional de tributo para fazer as vezes de sano pecuniria de ato ilcito.

    Se a ao do contribuinte ato lcito e se enquadra na norma de incidncia do tributo, sofrer a tributao, j que apenas os atos lcitos podem figurar como fato gerador de tributo. Entretanto, pode ocorrer a tributao at mesmo sobre rendimentos obtidos em atividades ilcitas.

    O que isso, professor? Agora complicou!?! Estamos estudando que tributo no sano por ato ilcito. Como pode afirmar que os rendimentos decorrentes de atividades ilcitas podem ser tributados?

    Permita-me explicar.

    A conduta ilcita em si jamais poder ser tributada, vale dizer, nenhuma conduta ilcita poder corresponder ao fato gerador de um tributo. Por exemplo, fazer circular entorpecentes (traficar drogas) no pode ser fato gerador do ICMS. Um matador de aluguel no pode ser considerado contribuinte do ISS, ainda que tenha prestado um servio ao contratante.

    Isso se explica pelo fato de que o Estado no pode ser conivente com a prtica de atos que ele mesmo combate. Tributar o ilcito seria promover a ilicitude e ainda arrecadar com isso.

    Entretanto, h que se observar que, a partir de uma conduta ilcita, o praticante do ato pode auferir rendimentos.

    Utilizemos os mesmos casos que acabamos de ver. O traficante com certeza aufere rendimentos advindos do trfico, e como aufere! O matador de aluguel tambm recebe pelo seu servio. Os atos de traficar e de matar por encomenda, analisados em si, no podem ser tributados, eis que constituem atos ilcitos.

    Por outro lado, auferir rendimentos, analisado como ato isolado e consequente do primeiro ato (traficar ou matar), no um ato ilcito.

    Sendo assim, a norma de incidncia tributria vislumbra, to somente, os aspectos econmicos da situao que configura o fato gerador.

    Logo, a tributao da renda que tenha origem em ato ilcito no representa punio por esse ato. Ao cobrar imposto de renda do traficante, a Unio no estar punindo o trfico. A punio pela atividade ilcita vir na esfera correspondente (penal). O tributo surge pela ocorrncia do fato gerador (obter rendimentos).

    Com efeito, podemos constatar que ocorrem dois atos concomitantes nessas atividades: um ilcito (traficar, matar, etc.), cuja consequncia a punio na esfera penal, e outro lcito (auferir rendimentos), cuja consequncia a tributao dos rendimentos.

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    Agindo assim o Estado no estaria abastecendo os cofres pblicos com recursos oriundos de atividades criminosas, combatidas pelo prprio Estado? Isso no seria ilegal?

    Como explicamos, o ato de auferir rendimentos no ilegal, lcito, ainda que tenha decorrido de uma atividade ilcita praticada anteriormente.

    No obstante a eventual dvida que possa pairar sobre uma suposta ilegalidade dessa tributao, o tema h que ser analisado sob a tica da isonomia.

    Imagine s: voc que estuda anos para passar num concurso, consegue a to sonhada aprovao e quando recebe o primeiro salrio de fiscal percebe que o leo comeu uma boa parcela. Agora pense naquele traficante que recebeu 3 vezes mais que seu salrio em apenas um dia de trabalho.

    Seria justo no exigir o imposto de renda dele? Sem dvida iria configurar uma afronta ao princpio constitucional da isonomia, segundo o qual, em linhas gerais, no se pode conferir tratamento desigual entre contribuintes.

    Nesse sentido, j se posicionou o STF e o que a doutrina costuma chamar de ilicitude subjacente. Guarde bem essa expresso!

    Toda essa explicao tem fundamento legal. Trata-se do conhecido princpio tributrio do pecunia non olet, ou simplesmente non olet, previsto no art. 118 do CTN:

    Art. 118. A definio legal do fato gerador interpretada abstraindo-se:

    I - da validade jurdica dos atos efetivamente praticados pelos contribuintes, responsveis, ou terceiros, bem como da natureza do seu objeto ou dos seus efeitos;

    II - dos efeitos dos fatos efetivamente ocorridos.

    A origem deste princpio nos remete aos primrdios da tributao, mais especificamente ao Imprio Romano. A expresso significa: dinheiro no cheira. Havia sido institudo em Roma tributo exigido pelo uso das latrinas pblicas. Inconformado com aquela forma humilhante de abastecer os cofres pblicos, o filho do imperador Vespasiano teria lhe questionado acerca dos motivos daquela imposio. Prontamente, o pai apresentou uma moeda de ouro e perguntou-lhe se cheirava. O filho lhe respondeu no cheira (non olet). Com isso, demonstrou o imperador que o dinheiro arrecadado com determinada situao no trazia consigo o mau cheiro da sua origem.

    Em termos atuais, o tributo no traz consigo a ilicitude adjacente do ato que deu origem aos rendimentos.

    muito comum ver esse assunto ser cobrado em prova. Veja s:

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    (ESAF) AFTN 94.2 O art. 3 do Cdigo Tributrio Nacional define tributo como uma prestao que no constitua sano de ato ilcito. De tal assertiva podemos inferir que a) os rendimentos advindos do jogo do bicho e da explorao do lenocnio no so tributveis, sujeitando-se, contudo, a pesadas multas em decorrncia da prtica de atividade ilcita b) os rendimentos advindos da explorao do lenocnio so tributveis, porquanto no se confunde a atividade ilcita do contribuinte com o fato tributrio de auferir rendas c) os rendimentos advindos do jogo do bicho e da explorao do lenocnio no so tributveis, em conformidade do que reza o princpio do non olet d) as atividades ilcitas no devem ser tributadas, pois de outro modo o Estado estar locupletando-se com aes que ele mesmo probe e, assim, ferindo o princpio da estrita legalidade e) atividades ilcitas como a explorao do jogo do bicho podem ser tributadas, posto que a sano de ato ilcito converte-se, pelo simples fato de sua inobservncia, em obrigao tributria principal

    Comentrios

    Essa questo, apesar de antiga, ilustra de forma bem clara tudo o que acabamos de ver.

    Conforme exposto, a tributao dos rendimentos ocorre independentemente da licitude ou ilicitude do ato praticado pelo contribuinte. Trata-se do princpio do non olet, previsto no art. 118 do CTN.

    Dessa forma, est perfeita a assertiva B ao definir que os rendimentos advindos da explorao do lenocnio so tributveis, porquanto no se confunde a atividade ilcita do contribuinte com o fato tributrio de auferir rendas.

    o que a doutrina tem chamado de ilicitude subjacente.

    Gabarito: B.

    Tributo prestao instituda em lei

    Esse item do conceito de tributo confirma seu carter compulsrio que estudamos h pouco. Em outras palavras, para que seja compulsrio, se faz necessria a instituio mediante lei, visto que apenas a lei veculo normativo apto para inovar no ordenamento jurdico, criando direitos e obrigaes para os administrados, vale dizer, instrumento dotado de abstrao e generalidade.

    importante destacar que a expresso lei aqui faz referncia a ato normativo com fora de lei, o que inclui as medidas provisrias. Essa disciplina do CTN encontra guarida no art. 150, I, da Constituio Federal:

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    Art. 150. Sem prejuzo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, vedado Unio, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municpios:

    I - exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabelea;

    Por conseguinte, a instituio do tributo pode ocorrer mediante lei ordinria ou lei complementar, a depender do tributo, ou, ainda, ato normativo com fora de lei, que o caso das medidas provisrias, conforme disposio do art. 62, da CF, caput e 2:

    Art. 62. Em caso de relevncia e urgncia, o Presidente da Repblica poder adotar medidas provisrias, com fora de lei, devendo submet-las de imediato ao Congresso Nacional.

    (...)

    2 Medida provisria que implique instituio ou majorao de impostos, exceto os previstos nos arts. 153, I, II, IV, V, e 154, II, s produzir efeitos no exerccio financeiro seguinte se houver sido convertida em lei at o ltimo dia daquele em que foi editada.

    Sendo assim, vedada a instituio de tributos por atos infralegais, aqueles que se encontram hierarquicamente abaixo das leis, como caso dos decretos.

    A FCC tem adotado em suas provas uma nomenclatura bastante interessante para afirmar esse item do art. 3 do CTN. Tem sido comum nas provas dessa banca aparecer nas alternativas a expresso tributo est submetido reserva legal.

    Est perfeita essa colocao da banca! Mas o que isso significa?

    Isso confirma tudo o que estudamos sobre o tema. Estar submetido reserva legal significa que para ser institudo o tributo precisa estar previsto em lei em sentido estrito, ou seja, lei propriamente dita (ordinria ou complementar) ou ato normativo com fora de lei, capaz de inovar no ordenamento jurdico, criando para os administrados direitos e obrigaes.

    Sendo assim, meu amigo, quando se deparar com uma questo que apresente essa expresso no tenha dvida: marque-a como correta!

    Tributo prestao cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada

    De acordo com o que estudamos no Direito Administrativo, os atos administrativos podem ser classificados em vinculados ou discricionrios, de acordo com a margem que a lei confere ao servidor para decidir certos elementos.

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    Na lio de Celso Antnio Bandeira de Mello, temos que atos vinculados seriam aqueles em que, por existir prvia e objetiva tipificao legal do nico possvel comportamento da administrao em face de situao igualmente prevista em termos de objetividade absoluta, a administrao ao expedi-los no interfere com apreciao subjetiva alguma.

    Para o renomado autor, atos discricionrios seriam os que a administrao pratica com certa margem de liberdade de avaliao ou deciso segundo critrios de convenincia e oportunidade formulados por ela mesma, ainda que adstrita lei regulamentadora da expedio deles. (Elementos de Direito Administrativo. 1980, p. 61)

    A cobrana do tributo vinculada, conforme determinao do CTN. Ou seja, no resta qualquer margem de deciso para a autoridade que ir efetuar o lanamento do tributo. Todos os aspectos do tributo (fato gerador, alquota, base de clculo, contribuintes) so definidos na legislao e cabe autoridade que efetuar o lanamento obedecer lei.

    Ademais, no pode o servidor, na atividade de cobrana do tributo, decidir qual o valor vai cobrar e de quem vai cobrar. Ele est estritamente vinculado determinao legal.

    Analisadas as partes que compem o conceito de tributo, vamos resumir de forma grfica:

    pecunirio

    compulsrio

    em moeda ou cujo valor nela se

    possa exprimir

    no constitui sano de ato

    ilcito

    institudo em lei

    atividade administrativa

    plenamente vinculada

    TRIBUTO

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    Uma informao importante que podemos abstrair do esquema acima que para se inserir no espectro do tributo a prestao deve cumprir TODAS as exigncias do CTN em seu art. 3: 1) pecuniria; 2) compulsria; 3) em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir; 4) que no constitua sano de ato ilcito; 5) instituda em lei; e 6) cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada.

    No fosse assim, muitas prestaes poderiam, equivocadamente, ser classificadas como tributo, atendendo apenas parte do art. 3 do Cdigo Tributrio Nacional, o que no suficiente.

    Como exemplo, poderamos tomar o servio militar obrigatrio, os trabalhos nas eleies e o FGTS.

    Sobre os dois primeiros, conforme j estudamos, no representam prestao pecuniria. No h que se falar em natureza tributria para prestaes em servios (in labor) ou em bens (in natura).

    Isso j foi cobrado em prova:

    (ESAF) Tcnico da Receita Federal/2000 - adaptada

    Julgue a seguinte assertiva.

    A prestao de servio militar compulsria e no constitui sano a ato ilcito, porm no tem a natureza de tributo porque no prestao pecuniria.

    Comentrios

    Item CORRETO. Como acabamos de destacar, para ser considerada tributo a prestao deve se enquadrar em todas as exigncias previstas na definio do art. 3 do CTN. Apesar do servio militar obrigatrio atender a alguns preceitos do art. 3 do CTN, elimina-se do conceito de tributo eis que no se trata de prestao pecuniria.

    Quanto ao FGTS, podemos perceber que para as empresas representa uma prestao pecuniria, compulsria, instituda em lei, cobrada de forma vinculada e no constitui sano por ato ilcito. Seria o FGTS pago pelas empresas uma espcie de tributo?

    A resposta negativa, mas j houve muita controvrsia sobre o tema.

    Apesar de se enquadrar quase que perfeitamente no conceito de tributo previsto no art. 3 do CTN, o FGTS recolhido pelas empresas a favor dos seus empregados e os valores compem um fundo, cuja destinao acaba sendo individualizada em conta exclusiva para cada empregado.

    Sendo assim, a prestao excluda do conceito de tributo eis que no representa receita pblica, mas depsito em conta vinculada do trabalhador. O Supremo Tribunal Federal j havia firmado

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    entendimento nesse sentido, mesmo antes da atual Constituio, no RE 100.249/SP, citado pelo TRF da 4 Regio:

    As contribuies para o FGTS no tm natureza tributria. O FGTS, originalmente concebido como substitutivo da estabilidade no emprego, tem natureza social trabalhista e destina-se a constituir um peclio para o trabalhador. O fato de as contribuies serem cobradas e sua aplicao ser administrada pelo Estado no as transforma em receita pblica, como j afirmou, enfaticamente o Supremo Tribunal Federal (Pleno, RE 100.294/SP, Min. Oscar Correa, Rel. p/ acordo Min. Neri da Silveira, DJ de 01-07-1988, p. 16903). (excerto do voto do Des. Fed. Antnio Albino nos autos do AI 2005.04.01.054558-8/RS, 2 T do TRF4, ago/06)

    Pacificando definitivamente o tema, o Superior Tribunal de Justia (STJ) editou em 2008 a Smula n 353:

    Smula 353 do STJ

    As disposies do Cdigo Tributrio Nacional no se aplicam s contribuies para o FGTS.

    3. Classificao dos tributos Agora que j estudamos em detalhes a definio de tributo, vamos verificar como eles podem ser classificados a partir de vrios aspectos.

    Legalmente no h uma classificao dos tributos, ou seja, a lei no estabelece a diviso dos tributos em classes. O CTN at apresenta uma diviso dos impostos pelo aspecto econmico da sua incidncia, mas de pouca importncia em se tratando de prova para concursos.

    O cdigo classifica os impostos em: impostos sobre o comrcio exterior, impostos sobre o patrimnio e a renda, impostos sobre a produo e a circulao e impostos especiais.

    Essa classificao est em desuso. Alm disso, h que se observar que divide apenas os impostos e no os tributos em geral.

    A separao dos tributos em funo de determinados aspectos tem origem na doutrina, tanto do prprio Direito Tributrio como de outros ramos do Direito, como o Direito Financeiro, por exemplo, que estuda, dentre outros temas, as receitas pblicas.

    de grande importncia entender essa classificao, pois a compreenso das normas relativas a vrios temas aqui estudados depende do tipo de tributo sobre o qual incidir a norma, como por exemplo a progressividade e a seletividade, temas que sero estudados mais adiante.

    Vejamos, ento, como podem ser classificados os tributos.

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    Quanto ao objetivo da instituio

    Vimos que os tributos constituem a fonte de receita mais expressiva do Estado. Logicamente, se pararmos para pensar, podemos perceber que o principal objetivo da instituio de um tributo arrecadar, abastecer os cofres pblicos, a fim de satisfazer o interesse pblico.

    Isso mesmo! o principal objetivo, mas no o nico.

    Nem sempre os tributos so criados com a finalidade exclusiva de arrecadar. A tributao interfere, muitas vezes, no comportamento dos contribuintes, principalmente naqueles tributos que incidem sobre o consumo.

    Vimos recentemente a reduo das alquotas do IPI que levou milhares de consumidores s lojas para aproveitar os preos reduzidos. Quem aqui no viu a propaganda: aproveite os ltimos dias de IPI reduzido e leve seu carro 0km por R$20.000,00?

    Sem dvida, a instituio de um tributo ou a alterao das suas alquotas interferem no comportamento dos consumidores. Os estudiosos das Finanas Pblicas defendem que o ideal seria a tributao neutra, ou seja, um sistema em que a carga tributria no interferisse nas escolhas dos contribuintes. Mas, infelizmente, no o que ocorre em nosso pas.

    Vamos, ento, entender como funciona a classificao dos tributos nesse aspecto.

    Quanto ao objetivo da instituio os tributos podem ser fiscais, extrafiscais ou parafiscais.

    TRIBUTOS FISCAIS: os tributos so considerados fiscais quando seu principal objetivo arrecadar, gerar renda para que o Estado possa abastecer os cofres pblicos e assim cobrir seus gastos. Como exemplo podemos destacar o imposto de renda, que garantiu o ingresso de R$161.138.000.000 de janeiro a outubro de 2013. Um valor bastante expressivo, no mesmo?

    TRIBUTOS EXTRAFISCAIS: podem ser classificados nesta categoria os tributos cuja finalidade principal no arrecadar, mas regular algum setor econmico ou social, influenciando no comportamento do mercado. o caso do imposto de importao que, muitas vezes, serve para proteger a indstria nacional.

    Vamos pegar um exemplo, desconsiderando a incidncia de princpios tributrios que estudaremos na prxima aula, como o no-confisco. Suponhamos que houve um aumento gigantesco das importaes de tnis da China, em decorrncia do baixo valor. A indstria nacional no tem condies de competir com os preos baixos dos produtos chineses, j que paga muitos encargos trabalhistas, tributos, insumos caros, etc. Com essa oferta de produtos a preos baixos no mercado

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    nacional, a indstria brasileira no teria condies de se manter em operao, suas vendas certamente iriam cair muito.

    A fim de proteger a indstria nacional, garantindo a manuteno de empregos e a aplicao de recursos na economia do pas, a Unio pode elevar a alquota do imposto de importao incidente sobre esses produtos.

    Imaginemos que um calado nacional custe R$100 para o consumidor final e que os chineses custem R$40, com mais R$20 de imposto de importao (desconsidere os demais encargos). Teramos, ento, uma alquota de 50% para o imposto de importao. Com o impacto das importaes para a indstria nacional, o governo federal resolve elevar a alquota do imposto para 200%.

    Assim, o valor do produto chins passaria a ser de R$120 (R$40 do produto e R$80 de imposto).

    Ora, quem estava optando por adquirir os calados chineses apenas pelo preo, certamente vai mudar de atitude, j que o nacional passou a ser mais em conta.

    Verifica-se que o intuito do governo com a elevao da alquota do imposto de importao no foi aumentar a arrecadao. Essa, inclusive, pode at diminuir, tendo em vista a reduo significativa na quantidade de importaes de calados chineses.

    O objetivo foi claramente proteger a indstria nacional e manter os recursos circulando na nossa economia. Esse o carter extrafiscal do tributo.

    Ressaltamos que o carter fiscal ou extrafiscal de um determinado tributo define sua finalidade principal, mas no caracteriza a sua plenitude. O que isso significa? Que nenhum tributo ser completamente fiscal ou completamente extrafiscal.

    Como vimos, no existe tributo neutro por inteiro. Eles acabam interferindo de alguma forma no comportamento dos contribuintes, dependendo da carga suportada e da situao econmica de cada um.

    Assim, ainda que um tributo tenha sido criado com o objetivo de arrecadar, no deixar de ter uma parcela de extrafiscalidade. Da mesma forma, um tributo extrafiscal resulta em valores arrecadados para os cofres pblicos. o que ensina Paulo de Barros Carvalho:

    No existe, porm, entidade tributria que se possa dizer pura, no sentido de realizar to s a fiscalidade, ou, unicamente, a extrafiscalidade. Os dois objetivos convivem harmnicos, na mesma figura impositiva, sendo lcito apenas verificar que um predomina sobre o outro. (CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de Direito Tributrio. 21 edio. Saraiva, 2009, p.256)

    Podemos ento concluir que um tributo preponderantemente fiscal ou preponderantemente extrafiscal.

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    TRIBUTOS PARAFISCAIS: ocorre a parafiscalidade quando o ente que detm a competncia para instituir determinado tributo delega a outra entidade a capacidade para fiscalizar e cobrar, alm de destinar a esta entidade os recursos arrecadados para o desempenho das suas atividades institucionais. o caso dos rgos de fiscalizao dos conselhos de classe: CREA, CRC, CRM, etc., que cobram as contribuies dos profissionais cujo produto da arrecadao revertido para o desenvolvimento das suas atividades institucionais.

    Essa expresso parece estar em desuso pela doutrina majoritria. Alguns entendem que a parafiscalidade no seria uma finalidade. A finalidade seria arrecadar, ainda que distribuindo o resultado da arrecadao. Com isso, o objetivo seria fiscal, no havendo que se falar em parafiscalidade como objetivo.

    De qualquer modo, crticas doutrinrias parte, a parafiscalidade ainda tem sido objeto de questes de prova, bastando que o candidato conhea as duas caractersticas marcantes: delegar a capacidade tributria ativa e destinar o produto da arrecadao entidade.

    Quanto atuao estatal na ocorrncia do fato gerador

    Esta classificao leva em considerao a atuao estatal na situao que d origem ao surgimento do tributo, ou seja, o fato gerador. Nessa linha, temos os tributos vinculados e os no-vinculados.

    TRIBUTOS VINCULADOS: so aqueles cujo fato gerador ocorre em funo de alguma ao estatal relativa ao contribuinte. o caso das taxas pela prestao de algum servio pblico, como a taxa de coleta de lixo, por exemplo. Note que, nesse caso, houve uma ao do Estado para fazer surgir o tributo, sendo, portanto, classificado como vinculado.

    Grande parcela da doutrina costuma chamar os tributos vinculados de contraprestacionais, em virtude da contraprestao estatal que gera a sua cobrana. Classificam-se nesta categoria as taxas e as contribuies de melhoria.

    Nos tributos vinculados, dada a atuao do Estado na situao que faz nascer a obrigao tributria, podemos afirmar que seu fato gerador um FATO DO ESTADO, vale notar, o contribuinte demanda uma atuao estatal e, a partir dela, tem-se a ocorrncia do fato gerador do tributo.

    TRIBUTOS NO-VINCULADOS: so os que surgem devido a alguma ao do prprio contribuinte, independente de qualquer ao do Estado. o caso dos impostos. Tomemos como exemplo o imposto de renda. Voc recebe o seu suado salrio j com o desconto do imposto retido

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    FATO DO ESTADOTRIBUTOS VINCULADOS

    FATO DO CONTRIBUINTETRIBUTOS NO-VINCULADOS

    na fonte. Mas o que o governo fez em troca para que voc conseguisse obter aquela renda? Absolutamente, nada!

    O que o Estado fez para que voc conseguisse adquirir seu veculo? Coisa alguma! Mas a propriedade de veculo automotor enseja o nascimento da obrigao de pagar o IPVA.

    Nos tributos no-vinculados, dada a ausncia de qualquer ligao entre o fato gerador e a atuao estatal, podemos afirmar que o fato gerador um FATO DO CONTRIBUINTE.

    Ento, guarde bem esses conceitos:

    Quanto aos aspectos pessoais do contribuinte

    Estudaremos mais adiante a figura do contribuinte, ou seja, aquele que, segundo o CTN, tem relao pessoal e direta com a situao que representa o fato gerador da obrigao tributria.

    Assim, contribuinte do IPVA o proprietrio do veculo, contribuinte do ISS o prestador do servio, contribuinte do IPI o industrial ou a ele equiparado.

    A classificao em relao aos aspectos pessoais do contribuinte tem aplicao mais direcionada aos impostos. A doutrina utiliza o art. 145, 1, da Constituio Federal como fundamentao para essa classificao. Segundo o dispositivo, sempre que possvel, os impostos tero carter pessoal. Por isso, bastante comum encontrarmos essa classificao aplicada aos impostos e no aos tributos em geral. Com isso, temos os impostos pessoais e reais.

    IMPOSTOS PESSOAIS so aqueles em que, de acordo com os preceitos constitucionais, devem ser levados em considerao os aspectos pessoais do contribuinte, mais especificamente o patrimnio, os rendimentos e a atividade econmica. o caso do imposto de renda, que leva em considerao, por exemplo, a quantidade de dependentes, as despesas com educao e sade, entre outros aspectos.

    Nessa linha, duas pessoas que obtenham o mesmo rendimento (fato gerador do imposto de renda) podem ser tributadas de formas diferentes, j que sero levados em considerao os aspectos pessoais dos contribuintes.

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    Seria o caso de dois trabalhadores de uma mesma empresa e ocupantes do mesmo cargo, com salrios absolutamente iguais. O primeiro possui esposa e dois filhos, paga plano de sade e escola. O outro solteiro e vive com os pais, sem arcar com qualquer despesa.

    A legislao permite que o primeiro possa deduzir os gastos com educao e sade, alm de um desconto fixo por dependente. Desse modo, apesar de auferir o mesmo rendimento, o primeiro trabalhador ir pagar menos imposto, j que seus aspectos pessoais foram levados em conta na tributao.

    Entretanto, como a prpria CF/88 define, nem sempre possvel adotar critrios pessoais na cobrana do imposto. Vamos imaginar um concurseiro fiscal que se preparou durante trs anos e conseguiu ser aprovado no concurso to sonhado. Que alegria! Nomeado e com um bom salrio na conta, nosso amigo vai ao shopping comprar uma TV LCD 3D de 84, por mdicos R$40.000,00. Chegando ao caixa, feliz da vida, ser que o atendente iria fazer perguntas ao nosso colega, do tipo: Voc tem filhos? Paga plano de sade? para poder calcular qual seria o ICMS cobrado naquela TV? bvio que no!!!

    Conclumos ento que, para apurar o ICMS daquela venda, nenhum aspecto pessoal do consumidor foi levado em considerao. O ICMS pago naquela TV o mesmo para um rico empresrio e para um trabalhador que juntou anos aquele valor.

    Estamos diante de um IMPOSTO REAL, pois incide sobre bens e no leva em considerao aspectos pessoais do contribuinte.

    H muitas crticas da doutrina acerca dessa classificao, principalmente em se chamar de reais os impostos que incidem sobre bens. Uma parcela entende que essa nomenclatura inadequada e deveria ser alterada de impostos reais para impostos objetivos, j que neles apenas levado em conta o objeto da tributao. Concluem esses doutrinadores que os impostos pessoais tambm podem ser considerados de impostos subjetivos, eis que neles so considerados os aspectos do sujeito passivo da relao tributria.

    No obstante essa crtica, em prova de concurso pblico amplamente explorada a nomenclatura usual, a saber: impostos reais e impostos pessoais, assim como esclarece Luiz Felipe Difini:

    Como noo, pode-se dizer que impostos reais so aqueles que incidem sobre um objeto material, uma coisa (res, em latim); impostos pessoais, aqueles em que a tributao incide devido a certas caractersticas da pessoa do sujeito passivo. [...] Exemplo de imposto pessoal o imposto de renda. De impostos reais, o IPI, o ICMS e os impostos sobre o patrimnio (IPTU, ITR, etc.). (DIFINI, Luiz Felipe Silveira. Manual de Direito Tributrio. So Paulo: Saraiva, 2003, p. 28)

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    DEFINIDO EM LEICONTRIBUINTE DE DIREITO

    ASSUME O NUS DA TRIBUTAOCONTRIBUINTE DE FATO

    Quanto pessoa que suporta o nus do tributo

    Vimos, de forma bem resumida, que o contribuinte aquele que, segundo o CTN, tem relao pessoal e direta com a situao que representa o fato gerador da obrigao tributria. Ou seja, contribuinte do IPVA o proprietrio do veculo, contribuinte do ISS o prestador do servio, contribuinte do IPI o industrial ou a ele equiparado.

    Ocorre que nem sempre o contribuinte definido em lei quem suporta o nus da tributao. Muitas vezes, o tributo repassado para uma pessoa (seja fsica ou jurdica) que, no sendo contribuinte, acaba arcando com o valor do tributo.

    A partir da, os tributos podem ser classificados como diretos ou indiretos.

    TRIBUTOS DIRETOS so aqueles em que o contribuinte definido em lei aquele que arca com o nus da tributao. Como exemplo temos o IPVA, no qual o proprietrio do veculo quem tem o dever legal de efetuar o pagamento e, de fato, ele quem o faz.

    J os TRIBUTOS INDIRETOS so aqueles em que esse nus pode ser transferido para terceiro, que, apesar de no ser contribuinte, acaba suportando a carga tributria. o caso do ICMS. Nele o contribuinte aquele que fez circular a mercadoria, a empresa comercial. Quando voc compra uma roupa, por exemplo, no seu preo est embutido o valor referente a 17% de ICMS e quem arcou com esse custo foi voc. O lojista, que o contribuinte de direito, acabou repassando o valor do tributo para o consumidor.

    Perceba que a partir da podemos identificar duas espcies de contribuinte, que acabam definindo o tipo de tributo nessa classificao: o contribuinte de direito e o contribuinte de fato.

    O contribuinte de direito aquele previsto em lei, ou seja, aquele que tem a obrigao legal de pagar o tributo. O contribuinte de fato aquele que arca com o nus da tributao.

    Podemos concluir que nos tributos diretos o contribuinte de direito e o contribuinte de fato so a mesma pessoa. Por outro lado, nos tributos indiretos o contribuinte de fato e o de direito so pessoas distintas.

    Assim, temos:

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    Quanto ao destino legal do produto da arrecadao

    Estudamos h pouco que os tributos podem ser vinculados ou no vinculados, a depender da atuao estatal na ocorrncia do fato gerador. Outra classificao, essa oriunda do Direito Financeiro, divide os tributos pela destinao do produto da arrecadao.

    O destino da arrecadao, ou seja, onde sero aplicados os recursos arrecadados, ou em linguagem mais simples e direta: o que o Estado vai fazer com o dinheiro, no importa mais para o Direito Tributrio. Trata-se de objeto de estudo do Direito Financeiro.

    Sob a tica desse ramo do Direito, os tributos podem ser de arrecadao vinculada ou no-vinculada.

    Por isso, devemos distinguir os tributos vinculados e no-vinculados dos tributos de arrecadao vinculada e no-vinculada.

    Vale destacar mais uma vez para evitar confuso:

    A classificao dos tributos em vinculados e no-vinculados leva em considerao a influncia ou no do Estado no fato que deu origem cobrana do tributo.

    J a classificao em tributos de arrecadao vinculada e no-vinculada observa o destino da receita arrecadada. No se trata mais de tributo, pois o destino da arrecadao objeto do Direito Financeiro e no Tributrio.

    TRIBUTOS DE ARRECADAO VINCULADA: so aqueles cujos recursos arrecadados tm uma destinao especfica e no podem ser utilizados livremente pelo ente tributante. Temos como exemplo os emprstimos compulsrios, cujos detalhes veremos mais adiante.

    TRIBUTOS DE ARRECADAO NO-VINCULADA: so aqueles em que o ente tributante livre para aplicar os recursos arrecadados da forma que melhor entender. o caso dos impostos.

    TRIBUTOS DIRETOS

    CONTRIBUINTE DE DIREITO = CONTRIBUINTE DE FATO

    TRIBUTOS INDIRETOS

    CONTRIBUINTE DE DIREITO CONTRIBUINTE DE FATO

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    4. Espcies de tributos O art. 5 do Cdigo Tributrio Nacional define que:

    Art. 5 Os tributos so impostos, taxas e contribuies de melhoria.

    Para o CTN essa lista taxativa.

    O que isso significa? Que para o Cdigo essa lista no comporta modificao. No existe outra espcie tributria a no ser as expressamente relacionadas: impostos, taxas e contribuies de melhoria.

    Essa classificao do CTN foi denominada de teoria tripartida, ou tripartio das espcies tributrias.

    Ocorre, meus amigos, que o CTN foi publicado em 1966, bem antes da atual disciplina constitucional. Pelo novo regramento, a partir de 1988 com a promulgao da atual Constituio, vamos perceber que esse dispositivo do CTN perdeu fora.

    A Constituio Federal de 88 estabelece em seu art. 145:

    Art. 145. A Unio, os Estados, o Distrito Federal e os Municpios podero instituir os seguintes tributos:

    I impostos;

    II taxas, em razo do exerccio do poder de polcia ou pela utilizao, efetiva ou potencial, de servios pblicos especficos e divisveis, prestados ao contribuinte ou postos sua disposio;

    III contribuio de melhoria, decorrente de obras pblicas.

    Mas, professor! O art. 145 da Constituio Federal confirmou o art. 5 do CTN, de que as nicas espcies tributrias so impostos, taxas e contribuio de melhoria. O que foi que mudou?

    A leitura do artigo acima de forma isolada pode levar a uma concluso precipitada de que o rol de espcies seria taxativo como prope o CTN, ou seja, de que so essas trs as nicas espcies tributrias. No est correta esta concluso.

    O art. 145 visto acima, que define impostos, taxas e contribuio de melhoria como espcies tributrias, est inserido no Captulo denominado DO SISTEMA TRIBUTRIO NACIONAL. Nesse mesmo Captulo, a Carta Magna prev nos arts. 148 e 149:

    Art. 148. A Unio, mediante lei complementar, poder instituir emprstimos compulsrios:

    I - para atender a despesas extraordinrias, decorrentes de calamidade pblica, de guerra externa ou sua iminncia;

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    II - no caso de investimento pblico de carter urgente e de relevante interesse nacional (...)

    Art. 149. Compete exclusivamente Unio instituir contribuies sociais, de interveno no domnio econmico e de interesse das categorias profissionais ou econmicas, como instrumento de sua atuao nas respectivas reas, (...).

    No difcil perceber que no faria sentido a meno a outras espcies (emprstimos compulsrios e contribuies) no Captulo denominado SISTEMA TRIBUTRIO NACIONAL se essas no fossem espcies tributrias. Seria uma grande incoerncia do constituinte originrio.

    Percebe-se que, com o novo regramento constitucional, passamos a ter cinco espcies tributrias e no apenas trs. o que chamamos de teoria pentapartida, ou pentapartio das espcies tributrias.

    J houve muita discusso acerca da aceitao da pentapartio. Doutrinadores de escol, como Hugo de Brito Machado, por exemplo, no classificam os emprstimos compulsrios como espcie tributria autnoma.

    Discusses doutrinrias parte, o tema foi pacificado pelo Supremo Tribunal Federal aps reiteradas decises e esse entendimento o que prevalece em se tratando de prova de concurso. Vejamos a fundamentao da Corte Suprema no julgamento do RE 146.733-9/SP, no voto condutor do Min. Moreira Alves:

    De efeito, a par das trs modalidades de tributos (os impostos, as taxas e as contribuies de melhoria) a que se refere o art. 145 para declarar que so competentes para institu-los a Unio, os Estados, o Distrito Federal e os Municpios, os artigos 148 e 149 aludem a duas outras modalidades tributrias, para cuja instituio s a Unio competente: o emprstimo compulsrio e as contribuies sociais, inclusive as de interveno no domnio econmico e de interesse das categorias profissionais ou econmicas.

    Podemos resumir as espcies tributrias por meio de esquemas, para ficar mais claro.

    Primeiramente, vamos lembrar a diviso das espcies tributrias segundo o Cdigo Tributrio Nacional:

    TRIPARTIO OU TEORIA TRIPARTIDA

    DIVISO DAS ESPCIES TRIBUTRIAS SEGUNDO O CTN

    IMPOSTOS

    TAXAS

    CONTRIBUIES DE MELHORIA

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    De acordo com a disciplina constitucional inaugurada em 1988, temos:

    Vamos fazer uma questo para avaliar se ficou claro o que acabamos de estudar.

    FGV Fiscal de Rendas/RJ (2007)

    O art. 5 do Cdigo Tributrio Nacional determina que os tributos se dividem em: a) impostos, contribuies sociais, contribuies de melhoria e emprstimos compulsrios. b) impostos, taxas, contribuies sociais e contribuies de melhoria. c) impostos, taxas, contribuies sociais, contribuies de melhoria e emprstimos compulsrios. d) impostos, taxas, contribuies sociais e emprstimos compulsrios. e) impostos, taxas e contribuies de melhoria. Comentrios

    Nessa questo, o enunciado bem taxativo: O art. 5 do Cdigo Tributrio Nacional determina. Observe que o candidato remetido definio do CTN.

    Quando a questo exigir dessa forma, temos que nos desprender do que diz a doutrina ou a jurisprudncia. Devemos, ento, seguir risca o que diz a lei.

    Numa primeira anlise, um candidato que conhece as teorias tripartida e pentapartida e sabe que em nosso ordenamento atual predomina esta ltima, poderia marcar de forma precipitada a alternativa C.

    No entanto, a questo pede de acordo com o CTN e, segundo o seu art. 5, as espcies tributrias so apenas os impostos, as taxas e as contribuies de melhoria.

    PENTAPARTIO OU TEORIA PENTAPARTIDA

    DIVISO DAS ESPCIES TRIBUTRIAS SEGUNDO A CF/88

    IMPOSTOS

    TAXAS

    CONTRIBUIES DE MELHORIA

    EMPRSTIMOS COMPULSRIOS

    CONTRIBUIES ESPECIAIS (sociais, de interveno e corporativas)

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    Logo, guarde isso: quando uma questo vier de forma expressa citando segundo a lei ou segundo a jurisprudncia ou, ainda segundo a orientao dos tribunais superiores ou expresses semelhantes, a resposta deve seguir a pista que foi dada no enunciado.

    Gabarito: E.

    4.1 A natureza jurdica do tributo

    Acabamos de estudar que so cinco as espcies tributrias, de acordo com a teoria pentapartida, decorrente da disciplina constitucional atual. Mas como identificar em que espcie se enquadra um determinado tributo? Como saber se estamos diante de uma taxa ou de um imposto, por exemplo?

    preciso, portanto, identificar a natureza jurdica do tributo, vale dizer, enquadr-lo em uma de suas espcies.

    Esse tema ainda muito discutido e para entend-lo por completo, precisamos passar por dispositivos legais, pela disciplina constitucional e pela jurisprudncia dos tribunais superiores.

    Vamos analisar detalhadamente o assunto para que o entendimento fique bem claro e possamos, ao final, saber como o tema pode ser cobrado em prova e qual o entendimento das bancas.

    A disciplina do artigo 4 do CTN

    O CTN estabelece em seu art. 4 a forma como determinamos a natureza jurdica do tributo. Vejamos:

    Art. 4. A natureza jurdica especfica do tributo determinada pelo fato gerador da respectiva obrigao, sendo irrelevantes para qualific-la:

    I a denominao e demais caractersticas formais adotadas pela lei.

    II a destinao legal do produto da sua arrecadao.

    Na inteligncia do CTN, pouco importa o nome, as formalidades ou o destino do produto da arrecadao. O que vale para identificar a espcie tributria o fato gerador do tributo.

    Fato gerador o evento previsto na lei instituidora do tributo que, uma vez ocorrendo no caso em concreto, gera para o contribuinte o dever de pagar. Por exemplo, o fato gerador do imposto de importao a entrada no territrio nacional de produtos estrangeiros. Assim, quando algum importa uma mercadoria, est ocorrendo no mundo real aquela hiptese prevista em lei, o fato gerador do imposto.

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    A disciplina do art. 4 do CTN traduz, na realidade, um princpio universal e que muito explorado na contabilidade: o princpio da prevalncia da essncia sobre a forma.

    No so os aspectos formais que iro definir a espcie tributria, mas o aspecto material.

    verdade que a prpria lei que institui o tributo j lhe d um nome: imposto sobre servios de qualquer natureza, taxa de coleta de lixo, etc. Entretanto, no podemos considerar que o nome, sendo aspecto formal, traduza a natureza jurdica do tributo. Essa a inteligncia do CTN.

    Imagine que um Municpio institua a taxa de coleta de lixo, definindo que o fato gerador ser proprietrio de imvel urbano. Ora, esse tributo j existe. Trata-se do IPTU. Logo, essa taxa na realidade um imposto disfarado de taxa.

    Com efeito, podemos verificar que o nome no define a natureza jurdica do tributo. Tampouco o destino do valor arrecadado, eis que, como vimos, objeto do Direito Financeiro, no estando mais vinculado relao tributria.

    Conforme estudamos, o CTN adota a teoria tripartida. Por isso, essa regra plenamente vlida para determinar a natureza jurdica do tributo se estivermos diante de apenas trs possibilidades. Ou seja, para diferenciar um imposto de uma taxa ou de uma contribuio de melhoria, basta olharmos para o fato gerador.

    Isso porque esses trs tributos, originariamente previstos no CTN como nicas espcies tributrias, tm fatos geradores bem caractersticos, conforme veremos mais frente.

    Sendo assim, analisando apenas o fato gerador possvel diferenci-las e determinar a sua natureza jurdica.

    A pentapartio e a inaplicabilidade do art. 4 do CTN

    Com o advento da pentapartio, os emprstimos compulsrios e as contribuies acabaram impedindo a aplicao plena do art. 4 do CTN. Isso ocorre porque o fato gerador desses tributos no tem caractersticas prprias, ora se apresentam como fatos tpicos de impostos, ora se parecem com taxas.

    Sendo assim, fica impossvel identificar a natureza jurdica apenas pelo fato gerador. Faz-se necessrio analisar o destino legal da arrecadao.

    Professor, agora complicou! O CTN no diz que o destino legal do produto da arrecadao irrelevante para determinar a natureza jurdica do tributo?

    Isso mesmo! E a que est o problema.

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    A discusso toda acerca da validade ou no das disposies do art. 4 do CTN por conta do destino legal da arrecadao. Enfim, ele deve ser verificado ou no?

    Considerando que os emprstimos compulsrios e as contribuies especiais so espcies tributrias, cujos fatos geradores podem assumir natureza de imposto na grande maioria dos casos, de extrema importncia analisar o destino legal do produto da arrecadao para determinar a sua natureza jurdica.

    Ademais, o prprio regramento constitucional traa como elemento caracterstico desses tributos justamente a destinao dos recursos arrecadados. Por exemplo, a CF define em seu art. 195:

    Art. 195. A seguridade social ser financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos oramentos da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios, e das seguintes contribuies sociais:

    I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre:

    a) a folha de salrios e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer ttulo, pessoa fsica que lhe preste servio, mesmo sem vnculo empregatcio;

    (...)

    Podemos perceber que a contribuio do empregador sobre a folha de salrios vinculada ao financiamento da Seguridade Social. Logo, importa verificar o destino legal da arrecadao.

    Essas espcies tributrias tm por caracterstica fundamental a aplicao dos recursos vinculada a determinado fim. Por isso, destinar legalmente os recursos arrecadados para algo que no atenda ao fim previsto na Constituio, tornaria invlido o tributo.

    Destarte, o destino legal da arrecadao requisito constitucional para a validade das contribuies especiais e para os emprstimos compulsrios. Por conseguinte, a instituio desses tributos deve observar essa diretriz constitucional, sob pena de qualquer desvio por parte do legislador tornar o tributo inconstitucional.

    Observe, que o destino legal que importa, vale notar, o legislador, na instituio do tributo, que dever observar a diretriz constitucional e vincular a destinao dos recursos. Se o tributo for institudo em plena consonncia com a Constituio Federal, mas o gestor aplicar os recursos em atividade diversa do previsto, o tributo no ser inconstitucional. Nesse caso, a falta foi do gestor pblico, sendo-lhe imputada a responsabilidade na gesto.

    Por fim, podemos concluir com a lio de Leandro Paulsen, que resume de forma bem esclarecedora tudo o que vimos at aqui:

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    A destinao legal ou finalidade , atualmente, critrio importantssimo para identificar determinadas espcies tributrias como as contribuies especiais e emprstimos compulsrios, pois constitui seu critrio de validao constitucional. A competncia atribuda em funo das finalidades a serem perseguidas. (PAULSEN, Leandro. Direito Tributrio: Constituio e Cdigo Tributrio luz da doutrina e da jurisprudncia. 15 ed. Livraria do Advogado, 2013, p. 670)

    Possibilidades de cobrana em prova

    As disposies do art. 4 do CTN so amplamente cobradas em prova. Quase que a totalidade das questes da ESAF exigiu a literalidade do Cdigo, onde o candidato deveria responder que a natureza jurdica especfica do tributo determinada pelo fato gerador da respectiva obrigao, sendo irrelevantes para qualific-la a denominao e demais caractersticas formais adotadas pela lei ou a destinao legal do produto da sua arrecadao.

    Vejamos a forma clssica de se cobrar a matria:

    (ESAF) Gestor - MG/2005 Assinale a opo correta. A natureza jurdica do tributo determinada: a) pela denominao legal. b) pelo critrio quantitativo da norma que o criou. c) pela finalidade de sua arrecadao. d) pelo fato gerador. e) pela previso ou no de obrigaes acessrias. Comentrios

    importante verificar que o enunciado ou as alternativas no fazem meno a nenhuma espcie tributria. Isso j um indicativo de que est sendo pedida a regra geral estabelecida no art. 4 do CTN.

    Conclui-se que a natureza jurdica do tributo determinada pelo fato gerador.

    Gabarito: D.

    (ESAF) ATA MF/2009 A determinao da natureza jurdica especfica do tributo, de acordo com o Cdigo Tributrio Nacional, decorre, especificamente: a) do fato gerador da respectiva obrigao b) da destinao legal do produto da arrecadao c) da denominao d) da fixao do agente arrecadador e) das peculiaridades dos sujeitos ativo e passivo da obrigao

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    Comentrios

    Podemos verificar que o prprio enunciado amarrou a resposta s disposies do CTN, ao pedir de acordo com o Cdigo Tributrio Nacional.

    Sendo assim, a resposta obedece ao disposto no art. 4, segundo o qual a determinao da natureza jurdica do tributo decorre do fato gerador da respectiva obrigao.

    Gabarito: A.

    A FCC tambm costuma exigir a literalidade do art. 4 do CTN em praticamente todas as suas provas. Porm, j chegou a inovar, cobrando o entendimento mais recente:

    (FCC) Auditor de Contas Pblicas TCE PB/2006 luz da Constituio Federal vigente, a destinao do produto da arrecadao do tributo : a) irrelevante em qualquer hiptese b) relevante, em se tratando de taxa de segurana pblica c) relevante, em se tratando de emprstimo compulsrio d) relevante, em se tratando de imposto e) irrelevante, em se tratando de contribuio confederativa Comentrios

    Observe que o enunciado no faz referncia ao CTN, e sim CF/88, questionando apenas sobre o destino da arrecadao. Indo para as alternativas, podemos ver que elas citam vrias espcies de tributos, sem citar todos os elementos contidos no art. 4 do CTN (denominao e demais caractersticas formais).

    Isso leva concluso de que a questo cobra o regramento constitucional, segundo o qual os emprstimos compulsrios e contribuies especiais diferenciam dos impostos e das taxas no apenas pelo fato gerador, mas pelo destino legal da arrecadao. Gabarito: C.

    J o CESPE sempre busca exigir em suas provas um aprofundamento maior, trazendo as discusses recentes do judicirio. Por isso, os candidatos devem conhecer todas as possibilidades. O normal do CESPE exigir o regramento constitucional.

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    Uma questo que ilustra de forma perfeita esta interpretao que vem sendo adotada foi elaborada justamente pelo CESPE, no concurso para Juiz Federal- TRF/5, em 2006:

    Consoante o CTN, a natureza jurdica especfica do tributo determinada pelo fato gerador da respectiva obrigao, sendo irrelevantes, para qualific-la, tanto a denominao e demais caractersticas formais adotadas pela lei quanto a destinao legal do produto da arrecadao. Todavia, com o advento da Constituio de 1988, os emprstimos compulsrios e as contribuies sociais assumiram o status de espcies tributrias. Algumas dessas exaes, todavia, tm fato gerador idntico ao dos impostos, o que torna inaplicvel a citada regra do CTN. Item correto.

    Esse mesmo entendimento foi exigido numa questo bastante interessante:

    (CESPE) Analista - SEBRAE/2010 Julgue a assertiva. Para se distinguir um imposto de uma taxa ou de uma contribuio, fundamental examinar o fato gerador do tributo, bem como a destinao legal do produto da sua arrecadao. Comentrios

    Questo interessantssima do CESPE.

    Vimos que a tendncia direcionar para o entendimento de que os emprstimos compulsrios e contribuies especiais diferenciam dos impostos e das taxas no apenas pelo fato gerador, mas pelo destino da arrecadao.

    No entanto, para diferenciar impostos, taxas e contribuies de melhoria, vale a regra geral do art. 4 do CTN, ou seja, examinar o fato gerador. O erro da assertiva est em definir que para diferenciar impostos de taxas deve-se examinar o destino da arrecadao.

    , meus amigos! Apesar da tendncia em exigir o novo regramento, as questes ainda no so uniformes. Ainda tem se cobrado muito a literalidade do art. 4 do C