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Workshop Ambiental 10/11/2005

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Workshop Ambiental

10/11/2005

ILÍCITO AMBIENTAL

• Administrativo.

• Penal.

• Civil.

CONSTITUIÇÃO FEDERAL

• § 3 do art. 225:

“As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados”.

RESPONSABILIDADE ADMINISTRATIVA

• Art. 70 da Lei Federal nº 9.605/98:

“ Considera-se infração administrativa ambiental toda ação ou omissão que viole regras de uso, gozo, promoção, proteção e recuperação do meio ambiente”.

• Apuração da culpa. Doutrina. Previsão legal.

RESPONSABILIDADE PENAL

• Princípio da Legalidade. Art. 5º, XXXIX da Constituição Federal: “Não há crime sem lei anterior que o defina”.

• Efeitos da reparação do dano na seara civil e administrativa.

• Responsabilidade com culpa.

RESPONSABILIDADE CIVIL

• Dano ambiental.

• Responsabilidade subjetiva e objetiva. Previsões do Código Civil.

RESPONSABILIDADE CIVIL

• Responsabilidade objetiva ou sem culpa.– § 1º do art. 14 da Lei Federal nº 6.038/81:

“Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o poluidor obrigado, independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros afetados por sua atividade”.

RESPONSABILIDADE CIVIL

• Fundamentos da responsabilidade objetiva.

• Nexo de causualidade.

• Teorias e excludentes de responsabilidade.

RESPONSABILIDADE CIVIL

• Solidariedade. Aplicação do Código Civil.

LICENCIAMENTO AMBIENTAL

• Competências administrativas. Distribuição Constitucional. Critério Territorial.

• Órgão competente.

• Licenciamento complexo. Participação das diferentes esferas de poder e de órgãos de uma mesma unidade da federação no processo decisório.

LICENCIAMENTO AMBIENTAL

• Avaliação Prévia de Impactos. Previsão constitucional.

• Licença e autorização.

• Licenciamento tríplice: licença prévia, de instalação e funcionamento/operação

LICENCIAMENTO AMBIENTAL

• O licenciamento no Estado de São Paulo.

• CETESB.

• DAIA.

• DEPRN.

LICENCIAMENTO AMBIENTAL

• DUSM.

• As formas de avaliação de impacto.

WORKSHOP ABRACI - LEGISLAÇÃO AMBIENTAL

Patrocínio:

Alfacleaner, Atotech, Aweta e Formiline.

Realização:

ABRACI - Associação Brasileira de Circuitos Impressos

[email protected]

Palestrante: Rodrigo Brandão Lex

[email protected]

I. Da Competência Ambiental.

As regras jurídicas que versam sobre a competência ambiental emanam do texto constitucional federal sendo dividida em legislativa e administrativa, a primeira relativa à elaboração de normas e a segunda ao desempenho dos entes públicos para dar-lhes aplicação. Destaque-se que “na proteção ambiental, cada um dos Poderes terá um papel a desempenhar. Ao Executivo estão afetadas as tarefas de licenciamento e controle das atividades utilizadoras de recursos ambientais. Ao Legislativo compete a elaboração de leis, a fixação dos orçamentos das agências ambientais e controle das atividades desempenhadas pelo Executivo. Ao Judiciário compete a revisão de todos os atos praticados pelo Executivo que tenham repercussão sobre o meio ambiente e controle da constitucionalidade das normas elaboradas por ambos os demais Poderes” (Paulo de Bessa Antunes. Direito Ambiental. Rio de Janeiro: Lúmen Júris, 6ª Edição, p. 70). A competência legislativa em matéria ambiental é dada nos termos do art. 24, I, VI, VII e VIII, da Constituição Federal, competindo concorrentemente à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar sobre: (i) direito urbanístico; (ii) florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição; (iii) proteção ao patrimônio histórico, cultural, turístico e paisagístico; (iv) proteção e defesa da saúde; e (v) responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico. Significa a competência concorrente que a União deverá estabelecer normas gerais, enquanto os Estados e o Distrito Federal traçarão normas suplementares, chegando às minúcias que a norma federal não poderia alcançar. Porém, tais normas estaduais deverão sempre respeitar os limites impostos pela legislação federal (art. 24, § 1º e § 2º da Constituição Federal). Igualmente, na ausência de lei federal sobre a matéria os Estados e o Distrito Federal podem exercer sua competência legislativa plena, mas na superveniência de lei federal em sentido contrário a norma estadual ou distrital perderá vigência naquilo que lhe for contrário.

Se por um lado as competências legislativas da União serão privativas (art. 22 da Constituição Federal) ou concorrentes, as dos Estados e do Distrito Federal, concorrentes e suplementares, os Municípios, nos termos do art. 30, I da Constituição Federal, podem legislar sempre que haja interesse local. Os municípios exercem competência, suplementar nos termos do art. 30, II da Constituição Federal, realizando tal prerrogativa em face da legislação federal e estadual. Desta forma, “está claro que o meio ambiente está incluído dentre o conjunto de atribuições legislativas e administrativas municipais e, em realidade os Municípios forma um elo fundamental na complexa cadeia de proteção ambiental” (Paulo de Bessa Antunes. Direito Ambiental. Rio de Janeiro: Lúmen Júris, 6ª Edição, p.80).

Todavia, a norma jurídica municipal não poderá contrariar aquilo que prevêem as legislações federal e estadual, devendo conformar-se com as mesmas. A competência administrativa ambiental é traçada nos moldes do art. 23, III, VI e VII, da Constituição Federal, competindo de forma comum à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: (i) proteger as paisagens naturais notáveis; (ii) proteger o meio ambiente e combater a poluição em todas as suas formas; (iii) preservar as florestas, a fauna e a flora; e (iv) proteger os bens de valor histórico. Significa a competência comum que os entes públicos sejam estes federais, estaduais, distritais ou municipais estão no mesmo plano, não há hierarquia entre os mesmos, devendo haver cooperação entre eles e só haverá sobreposição de ações se, de fato, possível tal circunstância. A atuação das distintas esferas de poder deveria ser regulada por Lei Complementar nos termos do parágrafo único, do art. 23, da Constituição Federal, mas até a presente data esta inexiste. II. Do Licenciamento Ambiental e da Avaliação de Impactos.

Novamente com amparo no texto constitucional destacamos seu art. 225, § 1º, IV, pelo qual incumbe ao Poder Público exigir para a instalação de atividade ou obra potencialmente

causadora de significativa degradação ambiental, a apresentação de Estudo Prévio de Impacto Ambiental (EPIA). Assim, “o Estudo Prévio de Impacto Ambiental é pressuposto constitucional da efetividade do direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado” (José Afonso da Silva. Direito Ambiental Constitucional. São Paulo: Malheiros, 3ª Edição, p. 253). A Avaliação de Impacto Ambiental, foi inicialmente introduzida na legislação nacional pela Lei Federal nº 6.803/80. Já a posterior Lei Federal nº 6.938/81, regulamentada pelo Decreto Federal nº 99.274/90, fala expressamente em Estudo de Impacto Ambiental (EIA), em seu art. 8º, II.

O Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), criado pelo supra-referido diploma federal, na forma do inciso I, do art. 8º, tem atribuições para traçar regras relativas ao licenciamento ambiental, do qual é parte integrante a avaliação de impacto ambiental.

Paralelamente ao EIA pode-se destacar a existência do

Relatório de Impacto ao Meio Ambiente (RIMA), instrumento integrante do EIA e que se destina basicamente a dar ciência à população sobre determinado empreendimento ou atividade caracterizando-se pela linguagem acessível e conteúdo das principais informações do EIA. Neste sentido, as Resoluções CONAMA nº 1/86 e 237/97 são os instrumentos normativos que, nos termos da Lei Federal nº 6.938/81, instrumentalizam o EIA e o RIMA. A Resolução CONAMA nº 1/86, em seu art. 1º, define aquilo que deva ser entendido como impacto ambiental e sujeita as atividades que sejam assim consideradas à execução de EIA e de RIMA. O art. 2º, da Resolução CONAMA nº 1/86 exemplifica diversas atividades que dependerão de elaboração de EIA e de RIMA para que possam ser licenciadas pelo órgão ambiental.

Os requisitos técnicos para elaboração do EIA são dados pelo art. 6º, da Resolução CONAMA nº 1/86 e os relativos ao RIMA decorrem do que versa seu art. 9. Uma das exigências é a indicação das medidas mitigadoras dos empreendimentos, a qual

pode se dar sob a forma de compensação do dano ambiental provável.

A compensação ambiental consoante dispõe a Lei Federal

nº 9.985/00, em seu art. 36, será exigida nos empreendimentos de significativo impacto ambiental, a critério do órgão licenciador, estando então o empreendedor obrigado a apoiar a implantação e a manutenção de unidade de conservação de proteção integral.

Insistimos que para fins de compensação ambiental “a

conceituação final de que o empreendimento será classificado como ‘empreendimento de significativo impacto ambiental’ é do órgão licenciador, com base no EIA/RIMA” (Paulo Affonso Leme Machado. Direito Ambiental Brasileiro. São Paulo: Malheiros, 11ª Edição, p. 224).

A legislação do Estado de São Paulo também regula dentro

de sua competência constitucional matérias relativas à avaliação de impacto ambiental.

Partem as exigências da Constituição Estadual, que em

seu art. 192, § 2º, versa que a licença ambiental será sempre precedida de aprovação do EPIA e respectivo relatório, do qual se deverá fazer publicidade.

No mesmo sentido há previsões legais relativas ao EIA e ao RIMA na Lei Estadual nº 9.509/97, que institui a Política Estadual do Meio Ambiente.

Compete a Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São

Paulo (SMA), que por força do Decreto Estadual nº 30.555/89, art. 2º, é definida na qualidade órgão seccional do Sistema Nacional do Meio Ambiente, nos termos do art. 4º, V da Lei Federal nº 6.938/81, avaliar e aprovar o RIMA.

Por outro lado, o Conselho Estadual do Meio Ambiente (CONSEMA), criado pelo Decreto Estadual nº 20.903/83, tem atribuição para apreciar o RIMA e dar subsídios à SMA quanto à expedição das licenças ambientais, nos moldes do art. 115, VIII, do Decreto Estadual nº 30.555/83.

Alcança-se, então, a Resolução SMA nº 42/94 que estabelece os procedimentos para a análise do EIA e do RIMA e determina que nos casos citados no art. 2º, da Resolução CONAMA nº 1/86, dentre estes o dos aterros sanitários, o

empreendedor deverá requerer a licença ambiental instruída de RAP, conforme roteiro fornecido pela própria SMA. O RAP constitui-se em estudo realizado nos moldes do EIA, porém é instrumento de menor complexidade que dará as principais considerações a respeito do empreendimento.

Recebido o RAP este será analisado pelo Departamento de Avaliação de Impacto Ambiental (DAIA) da SMA, o qual poderá indeferir o pedido de licença, bem como exigir ou dispensar que sejam realizados o EIA e o RIMA.

Cabe ainda apontar recente alteração sofrida pela

legislação de licenciamento ambiental da SMA por força da Resolução SMA nº 54/04.

Esta norma infralegal, além de revogar tacitamente

alguns dos dispositivos de licenciamento ambiental da Resolução SMA nº 42/94 introduziu novos instrumentos de avaliação de impacto ambiental, inclusive trazendo sua definição. Entretanto, as previsões acima citadas da Resolução SMA nº 42/94 não foram alteradas como foram repetidas pela nova norma.

No que tange ao licenciamento ambiental, este é ato

típico e indelegável do Poder Público, constituindo-se de importante instrumento de gestão do meio ambiente.

Some-se que: “Dentro desse contexto de evitar a

degradação ambiental, o licenciamento exerce controle prévio das atividades que, de modo geral, tendem a causar essa degradação” (Daniel Roberto Fink, Hamilton Alonso Jr., Marcelo Dawalibi. Aspectos Jurídicos do Licenciamento Ambiental. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2000, p. 3).

A licença ambiental será exigida sempre que haja

localização, instalação, ampliação, modificação e operação de empreendimentos ou atividades capazes de causar degradação ambiental (Resolução CONAMA nº 237/97, art. 2º, “caput”).

O procedimento para obtenção de licença ambiental pode

ser resumido em ao menos 5 (cinco) fases: (i) o requerimento da licença e solicitação do EIA e do RIMA, (ii) a apresentação do EIA e do RIMA (que poderá ser dispensada conforme o caso específico), (iii) a análise do EIA e do RIMA e possível realização de audiências públicas, (iv) a

aprovação ou não dos estudos apresentados e (v) o licenciamento ambiental propriamente dito.

“Em resumo, o licenciamento ambiental não se limita a um

simples ato, mas, sim, a uma série de atos encadeados com vistas à verificação de que certa atividade está dentro dos padrões ambientais permitidos” (Daniel Roberto Fink, Hamilton Alonso Jr., Marcelo Dawalibi. Aspectos Jurídicos do Licenciamento Ambiental. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2000, p. 3).

No caso do licenciamento no Estado de São Paulo haverá

mais uma fase anterior ao requerimento da licença mediante elaboração e apresentação do RAP para que se instrua o requerimento da licença ambiental prévia.

A Resolução CONAMA nº 237/97, por sua vez, no art. 2º, § 1º, estipula que as atividades previstas em seu Anexo 1, estão sujeitas ao licenciamento ambiental.

Mas norma jurídica que não pode ser posta à parte e que se aplica diretamente à questão é a Lei Federal nº 6.938/81.

O art. 8º, I, da Lei Federal nº 6.938/81, confere ao

CONAMA competência para estabelecer normas e critérios para o licenciamento de atividade potencialmente poluidora a ser realizado pelos Estados com supervisão do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA).

Não se olvide que o art. 10º, da Lei Federal nº

6.938/81, estipula que o empreendimento considerado efetiva ou potencialmente poluidor ou ainda, capaz de causar degradação ambiental dependerá de prévio licenciamento do órgão ambiental estadual integrante do Sistema Nacional do Meio Ambiente e do IBAMA em caráter supletivo.

O órgão ambiental competente para o licenciamento, de

acordo com a legislação estadual apontada anteriormente quando se versou sobre a avaliação de impacto ambiental é a SMA, mas tal competência é mais bem delineada pela Resolução CONAMA nº 237/97, em seu art. 5º.

Esta última dá aos órgãos estaduais a atribuição para o

licenciamento de empreendimentos: (i) localizados ou desenvolvidos em mais de um Município; (ii) localizados ou desenvolvidos nas áreas de preservação permanente definidas

pelo art. 2º da Lei Federal nº 4.771/65 e nas que assim forem consideradas por normas de todas as esferas de poder; (iii) cujos impactos ultrapassem os limites territoriais de um Município; e (iv) os delegados pela União. O licenciamento estadual dependerá também de exame técnico dos órgãos ambientais municipais e federais no que lhes couber.

Já o Decreto Federal nº 99.274/90, que regulamenta a Lei

Federal nº 6.938/81, possui capítulo dedicado exclusivamente ao licenciamento de atividades e prevê, em seu art. 19, o desdobramento da licença ambiental em 3 (três): (i) licença prévia (LP), (ii) licença de instalação (LI) e (iii) licença de operação (LO). Saliente-se que esta sistemática tríplice é também citada na Resolução CONAMA nº 237/97.

Em suma, pela LP o administrador atesta a viabilidade

ambiental do empreendimento estabelecendo os requisitos mínimos para a continuidade do licenciamento; pela LI é expresso o consentimento para início da implementação do empreendimento; e pela LO permite-se a operação do empreendimento. A Constituição Estadual de São Paulo versa a respeito do licenciamento ambiental, respectivamente em seu art. 192, citando que o licenciamento ambiental deverá observar além das normas e padrões estabelecidos pelo Poder Público, a preservação daquilo estabelecido no planejamento e zoneamento ambiental. Igualmente, há previsão para que a licença ambiental seja renovável e precedida de EPIA sempre que houver significativa degradação do meio ambiente. Já em nível infraconstitucional, a Lei Estadual nº 997/76 estabelece a necessidade de licenças ambientais para empreendimentos que o Decreto Estadual nº 8.468/76 qualifica como fontes de poluição.

A exigência das licenças ambientais também é citada na Lei Estadual nº 9.509/97, que adiciona requisitos para expedição das licenças ambientais de competência da SMA e foi regulamentada pelo Decreto Estadual nº 47.400/02.

Finalmente, tem-se a Resolução SMA nº 54/04 traçando as

minúcias do processo administrativo de licenciamento ambiental, sobre a qual já se colocou anteriormente.

II. A Responsabilidade Administrativa Ambiental.

A base legal da aplicação de sanções administrativas pelo Poder Público emana também da Constituição Federal, que em seu art. 225, § 3º, estipula que os atos lesivos ao ambiente terão cumulativamente sanções administrativas, penais e civis. Já a Lei Federal nº 9.605/98 é a norma geral ambiental em matéria de infração administrativa, além de trazer vasta previsão criminal. No corpo da Lei Federal nº 9.605/98 são descritas as sanções aplicáveis e forma de tramitação dos processos administrativos instaurados para a respectiva apuração.

A mais importante contribuição da norma em questão à responsabilidade administrativa decorre do art. 70 “caput” da Lei Federal nº 9.605/98, assim:

“Art. 70. Considera-se infração administrativa ambiental toda ação ou omissão que viole as regras jurídicas de uso, gozo, promoção, proteção e recuperação do meio ambiente”. A base legal para as sanções administrativas decorre dos incisos do art. 72, da Lei Federal nº 9.605/98, enquanto em nível federal as infrações administrativas e sanções aplicáveis são definidas no Decreto nº 3.179/99.

Na material processual administrativa federal aplica-se também a Lei Federal nº 9.784/99, que na forma de seu art. 69, ela se aplica subsidiariamente aos processos administrativos com regramento específico.

A doutrina no mesmo sentido “Uma lei geral de processo

administrativo não regula apenas os chamados processos administrativos em sentido estrito, mas toda a atividade decisória da Administração” (Carlos Ari Sundfeld. Processo e Procedimento Administrativo no Brasil in As Leis de Processo Administrativo. São Paulo: Malheiros, 2000, p. 19. Marcações nossas).

O IBAMA visando regulamentar os processos de apuração das infrações administrativas editou a Instrução Normativa nº 08/03, a qual traça as minúcias de tramitação, apesar de possuir dispositivos de legalidade questionável no que diz respeito ao cabimento dos recursos administrativos.

Sobretudo, art. 70, § 4º Lei Federal nº 9.605/98, assegura ao autuado direito à ampla defesa e ao contraditório nos processos administrativos ambientais.

A conseqüência primeira do mandamentos apontado é que

com relação ao infrator ambiental: “Não poderá a administração restringir-lhe o direito de defesa, sob pena de infringir a norma constitucional do ‘devido processo legal’ e com isto acarretar a nulidade do procedimento administrativo” (Vladimir Passos de Freitas. Direito Administrativo Ambiental. Curitiba: Juruá, 2002, p. 126. Marcações Nossas).

Pela ampla defesa e pelo contraditório garante-se ao

interessado a oportunidade de contestar a acusação que eventualmente esteja sofrendo, produzir prova de seu direito, utilizando dos recursos cabíveis, entre outros.

III. Da Responsabilidade Civil.

Face à existência de danos ambientais a responsabilidade dos degradadores deve ser apurada do ponto de vista da desnecessidade de discussão da culpa, ou seja, sob à ótica da responsabilidade objetiva.

Basta a aferição do dano e do nexo de causualidade para ensejar o deve de reparação, a jurisprudência que acompanha tal entendimento:

“DANO AMBIENTAL. CORTE DE ÁRVORES NATIVAS EM ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. 1. Controvérsia adstrita à legalidade da imposição de multa, por danos causados ao meio ambiente, com respaldo na responsabilidade objetiva, consubstanciada no corte de árvores nativas. 2. A Lei de Política Nacional do Meio Ambiente (Lei 6.938/81) adotou a sistemática da responsabilidade civil objetiva (art.14, parágrafo 1º.) e foi integralmente recepcionada pela ordem jurídica atual, de sorte que é irrelevante e impertinente a discussão da conduta do agente (culpa ou dolo) para atribuição do dever de indenizar. 3. A adoção pela lei da responsabilidade civil objetiva, significou apreciável avanço no combate a devastação do meio ambiente, uma vez que, sob esse sistema, não se leva em conta, subjetivamente, a conduta do causador do dano, mas a ocorrência do resultado prejudicial ao homem e ao ambiente. Assim sendo, para que se observe a obrigatoriedade da reparação do dano é suficiente, apenas,

que se demonstre o nexo causal entre a lesão infligida ao meio ambiente e a ação ou omissão do responsável pelo dano. 4. O art. 4º, VII, da Lei nº 6.938/81 prevê expressamente o dever do poluidor ou predador de recuperar e/ou indenizar os danos causados, além de possibilitar o reconhecimento da responsabilidade, repise-se, objetiva, do poluidor em indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente ou aos terceiros afetados por sua atividade, como dito, independentemente da existência de culpa, consoante se infere do art. 14, § 1º, da citada lei. 6. A aplicação de multa, na hipótese de dano ambiental, decorre do poder de polícia - mecanismo de frenagem de que dispõe a Administração Pública para conter ou coibir atividades dos particulares que se revelarem nocivas, inconvenientes ao bem-estar social, ao desenvolvimento e à segurança nacional, como só acontecer na degradação ambiental.7. Recurso especial provido” (STJ. RESP. nº 578797. Rel. Min. Luiz Fux. Jul. 05.08.2004. http://www.cjf.gov.br/Jurisp/Juris.asp. Marcações nossas).

Tal sistema de responsabilização tem previsão em dispositivo constitucional: “A Constituição recepcionou, portanto, o sistema já vigente da responsabilidade objetiva para os danos ambientais, fundado na teoria do risco da atividade, ou seja, é o poluidor obrigado, independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade” (Hugo Nigro Mazzili. A Defesa dos Interesses Difusos em Juízo. São Paulo: Saraiva, 13ª Edição, 2001, p. 417. Marcações nossas).

Insistimos que nos casos de dano ao meio ambiente, a regra é a responsabilidade civil objetiva, ou seja, independente de existência de culpa, sob a modalidade do risco integral, isto é, que não admite quaisquer excludentes de responsabilidade.

Tal assertiva já estava assegurada pelo § 1º, do art.

14, da Lei Federal nº 6.938/81, assim:

“§ 1º. – Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o poluidor obrigado, independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade...”

Enfim, a princípio é irrelevante, na responsabilidade objetiva, a licitude da atividade, o caso fortuito, a força maior e o fato de terceiro.

LEI 6938 DE 31/08/1981 - DOU 02/09/1981 Regulamentada pelo Decreto n. 99.274, de 06/06/1990. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus Fins e Mecanismos de Formulação e Aplicação, e dá outras Providências.

Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus Fins e Mecanismos de Formulação e Aplicação, e dá outras Providências.

art.1 - Esta Lei, com fundamento nos incisos VI e VII do ART.23 e no ART.235 da Constituição, estabelece a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, constitui o Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA e institui o Cadastro de Defesa Ambiental. * Artigo com redação determinada pela Lei número 8.028, de 12 de abril de 1990. Da Política Nacional do Meio Ambiente art.2 - A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no País, condições ao desenvolvimento sócio econômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana, atendidos os seguintes princípios: I - ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológico, considerando o meio ambiente como um patrimônio público a ser necessariamente assegurado e protegido, tendo em vista o uso coletivo; II - racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar; III - planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais; IV - proteção dos ecossistemas, com a preservação de áreas representativas; V - controle e zoneamento das atividades potencial ou efetivamente poluidoras; VI - incentivos ao estudo e à pesquisa de tecnologias orientadas para o uso racional e a proteção dos recursos ambientais; VII - acompanhamento do estado da qualidade ambiental; VIII - recuperação de áreas degradadas; IX - proteção de áreas ameaçadas de degradação; X - educação ambiental a todos os níveis do ensino, inclusive a educação da comunidade, objetivando capacitá-la para participação ativa na defesa do meio ambiente. art.3 - Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por: I - meio ambiente, o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas; II - degradação da qualidade ambiental, a alteração adversa das características do meio ambiente; III - poluição, a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente: a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população; b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas; c) afetem desfavoravelmente a biota; d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos; IV - poluidor, a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável, direta ou indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental; V - recursos ambientais: a atmosfera, as águas interiores, superficiais e subterrâneas, os estuários, o mar territorial, o solo, o subsolo, os elementos da biosfera, a fauna e a flora. * Inciso V com redação determinada pela Lei número 7.804, de 18 de julho de 1989.

Dos Objetivos da Política Nacional do Meio Ambiente. art.4 - A Política Nacional do Meio Ambiente visará: I - à compatibilização do desenvolvimento econômico-social com a preservação da qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico; II - à definição de áreas prioritárias de ação governamental relativa à qualidade e ao equilíbrio ecológico, atendendo aos interesses da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios; III - ao estabelecimento de critérios e padrões da qualidade ambiental e de normas relativas ao uso e manejo de recursos ambientais; IV - ao desenvolvimento de pesquisas e de tecnologias nacionais orientadas para o uso racional de recursos ambientais; V - à difusão de tecnologias de manejo do meio ambiente, à divulgação de dados e informações ambientais e à formação de uma consciência pública sobre a necessidade de preservação da qualidade ambiental e do equilíbrio ecológico; VI - à preservação e restauração dos recursos ambientais com vistas à sua utilização racional e disponibilidade permanente, concorrendo para a manutenção do equilíbrio ecológico propício à vida; VII - à imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causados e, ao usuário, da contribuição pela utilização de recursos ambientais com fins econômicos. art.5 - As diretrizes da Política Nacional do Meio Ambiente serão formuladas em normas e planos, destinados a orientar a ação dos governos da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios no que se relaciona com a preservação da qualidade ambiental e manutenção do equilíbrio ecológico, observados os princípios estabelecidos no ART.2 desta Lei. Parágrafo único. As atividades empresariais públicas ou privadas serão exercidas em consonância com as diretrizes da Política Nacional do Meio Ambiente. Do Sistema Nacional do Meio Ambiente art.6 - Os órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios, bem como as fundações instituídas pelo Poder Público, responsáveis pela proteção e melhoria da qualidade ambiental, constituirão o Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA, assim estruturado: I - órgão superior: o Conselho de Governo, com a função de assessorar o Presidente da República na formulação da política nacional e nas diretrizes governamentais para o meio ambiente e os recursos ambientais; * Inciso I com redação determinada pela Lei número 8.028, de 12 de abril de 1990. II - órgão consultivo e deliberativo: o Conselho Nacional do Meio Ambiente CONAMA, com a finalidade de assessorar, estudar e propor ao Conselho de Governo, diretrizes de políticas governamentais para o meio ambiente e os recursos naturais e deliberar, no âmbito de sua competência, sobre normas e padrões compatíveis com o meio ambiente ecologicamente equilibrado e essencial à sadia qualidade de vida; * Inciso II com redação determinada pela Lei número 8.028, de 12 de abril de 1990. III - órgão central: a Secretaria do Meio Ambiente da Presidência da República, com a finalidade de planejar, coordenar, supervisionar e controlar, como órgão federal, a política nacional e as diretrizes governamentais fixadas para o meio ambiente; * Inciso III com redação determinada pela Lei número 8.028, de 12 de abril de 1990.

IV - órgão executor: o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, com a finalidade de executar e fazer executar, como órgão federal, a política e diretrizes governamentais fixadas para o meio ambiente; * Inciso IV com redação determinada pela Lei número 8.028, de 12 de abril de 1990. V - órgãos seccionais: os órgãos ou entidades estaduais responsáveis pela execução de programas, projetos e pelo controle e fiscalização de atividades capazes de provocar a degradação ambiental; * Inciso V com redação determinada pela Lei número 7.804, de 18 de julho de 1989. VI - órgãos locais: os órgãos ou entidades municipais, responsáveis pelo controle e fiscalização dessas atividades, nas suas respectivas jurisdições. * Inciso VI com redação determinada pela Lei número 7.804, de 18 de julho de 1989. § 1 - Os Estados, na esfera de suas competências e nas áreas de sua jurisdição, elaborarão normas supletivas e complementares e padrões relacionados com o meio ambiente, observados os que forem estabelecidos pelo CONAMA. § 2 - Os Municípios, observadas as normas e os padrões federais e estaduais, também poderão elaborar as normas mencionadas no parágrafo anterior. § 3 - Os órgãos central, setoriais, seccionais e locais mencionados neste artigo deverão fornecer os resultados das análises efetuadas e sua fundamentação, quando solicitados por pessoa legitimamente interessada. § 4 - De acordo com a legislação em vigor, é o Poder Executivo autorizado a criar uma fundação de apoio técnico e científico às atividades do IBAMA. Do Conselho Nacional do Meio Ambiente art.7 - (Revogado pela Lei número 8.028, de 12/04/1990). art.8 - Compete ao CONAMA: * Caput com redação determinada pela Lei número 8.028, de 12 de abril de 1990. I - estabelecer, mediante proposta do IBAMA, normas e critérios para o licenciamento de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras, a ser concedido pelos Estados e supervisionado pelo IBAMA; II - determinar, quando julgar necessário, a realização de estudos das alternativas e das possíveis conseqüências ambientais de projetos públicos ou privados, requisitando aos órgãos federais, estaduais e municipais, bem assim a entidades privadas, as informações indispensáveis para apreciação dos estudos de impacto ambiental, e respectivos relatórios, no caso de obras ou atividades de significativa degradação ambiental, especialmente nas áreas consideradas patrimônio nacional; * Inciso II com redação determinada pela Lei número 8.028, de 12 de abril de 1990. III - decidir, como última instância administrativa em grau de recurso, mediante depósito prévio, sobre as multas e outras penalidades impostas pelo IBAMA; IV - homologar acordos visando à transformação de penalidades pecuniárias na obrigação de executar medidas de interesse para a proteção ambiental: (Vetado); V - determinar, mediante representação do IBAMA, a perda ou restrição de benefícios fiscais concedidos pelo Poder Público, em caráter geral ou condicional, e a perda ou suspensão de participação em linhas de financiamento em estabelecimentos oficiais de crédito; VI - estabelecer, privativamente, normas e padrões nacionais de controle da poluição por veículos automotores, aeronaves e embarcações, mediante audiência dos Ministérios competentes; VII - estabelecer normas, critérios e padrões relativos ao controle e à manutenção da qualidade do meio ambiente com vistas ao uso racional dos recursos ambientais, principalmente os hídricos.

Parágrafo único. O secretário do Meio Ambiente é, sem prejuízo de suas funções, o Presidente do CONAMA. * Parágrafo único acrescentado pela Lei número 8.028, de 12 de abril de 1990. Dos Instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente art.9 - São Instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente: I - o estabelecimento de padrões de qualidade ambiental; II - o zoneamento ambiental; III - a avaliação de impactos ambientais; IV - o licenciamento e a revisão de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras; V - os incentivos à produção e instalação de equipamentos e a criação ou absorção de tecnologia, voltados para a melhoria da qualidade ambiental; VI - a criação de espaços territoriais especialmente protegidos pelo Poder Público federal, estadual e municipal, tais como áreas de proteção ambiental, de relevante interesse ecológico e reservas extrativistas; * Inciso VI com redação determinada pela Lei número 7.804, de 18 de julho de 1989. VII - o sistema nacional de informações sobre o meio ambiente; VIII - o Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentos de Defesa Ambiental; IX - as penalidades disciplinares ou compensatórias ao não cumprimento das medidas necessárias à preservação ou correção da degradação ambiental; X - a instituição do Relatório de Qualidade do Meio Ambiente, a ser divulgado anualmente pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis - IBAMA; * Inciso X acrescentado pela Lei número 7.804, de 18 de julho de 1989. XI - a garantia da prestação de informações relativas ao Meio Ambiente, obrigando-se o Poder Público a produzi-las, quando inexistentes; * Inciso XI acrescentado pela Lei número 7.804, de 18 de julho de 1989. XII - o Cadastro Técnico Federal de atividades potencialmente poluidoras e/ou utilizadoras dos recursos ambientais. * Inciso XII acrescentado pela Lei número 7.804, de 18 de julho de 1989. art.10 - A construção, instalação, ampliação e funcionamento de estabelecimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais, considerados efetiva e potencialmente poluidores, bem como os capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental, dependerão de prévio licenciamento de órgão estadual competente, integrante do Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA, e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em caráter supletivo, sem prejuízo de outras licenças exigíveis. * Artigo com redação determinada pela Lei número 7.804, de 18 de julho de 1989. § 1 - Os pedidos de licenciamento, sua renovação e a respectiva concessão serão publicados no jornal oficial do Estado, bem como em um periódico regional ou local de grande circulação. § 2 - Nos casos e prazos previstos em resolução do CONAMA, o licenciamento de que trata este artigo dependerá de homologação do IBAMA. § 3 - O órgão estadual do meio ambiente e o IBAMA, este em caráter supletivo, poderão, se necessário e sem prejuízo das penalidades pecuniárias cabíveis, determinar a redução das atividades geradoras de poluição, para manter as emissões gasosas, os efluentes líquidos e os resíduos sólidos dentro das condições e limites estipulados no licenciamento concedido. § 4 - Compete ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis - IBAMA o licenciamento previsto no caput deste artigo, no caso de atividades e obras com significativo impacto ambiental, de âmbito nacional ou regional. * § 4 com redação determinada pela Lei número 7.804, de 18 de julho de 1989.

art.11 - Compete ao IBAMA propor ao CONAMA normas e padrões para implantação, acompanhamento e fiscalização do licenciamento previsto no artigo anterior, além das que forem oriundas do próprio CONAMA. § 1 - A fiscalização e o controle da aplicação de critérios, normas e padrões de qualidade ambiental serão exercidos pelo IBAMA, em caráter supletivo da atuação do órgão estadual e municipal competentes. § 2 - Inclui-se na competência da fiscalização e controle a análise de projetos de entidades, públicas ou privadas, objetivando a preservação ou a recuperação de recursos ambientais, afetados por processos de exploração predatórios ou poluidores. art.12 - As entidades e órgãos de financiamento e incentivos governamentais condicionarão a aprovação de projetos habilitados a esses benefícios ao licenciamento, na forma desta Lei, e ao cumprimento das normas, dos critérios e dos padrões expedidos pelo CONAMA. Parágrafo único. As entidades e órgãos referidos no caput deste artigo deverão fazer constar dos projetos a realização de obras e aquisição de equipamentos destinados ao controle de degradação ambiental e à melhoria da qualidade do meio ambiente. art.13 - O Poder Executivo incentivará as atividades voltadas ao meio ambiente, visando: I - ao desenvolvimento, no País, de pesquisas e processos tecnológicos destinados a reduzir a degradação da qualidade ambiental; II - à fabricação de equipamentos antipoluidores; III - a outras iniciativas que propiciem a racionalização do uso de recursos ambientais. Parágrafo único. Os órgãos, entidades e programas do Poder Público, destinados ao incentivo das pesquisas científicas e tecnológicas, considerarão, entre as suas metas prioritárias, o apoio aos projetos que visem a adquirir e desenvolver conhecimentos básicos e aplicáveis na área ambiental e ecológica. art.14 - Sem prejuízo das penalidades definidas pela legislação federal, estadual e municipal, o não-cumprimento das medidas necessárias à preservação ou correção dos inconvenientes e danos causados pela degradação da qualidade ambiental sujeitará os transgressores: I - à multa simples ou diária, nos valores correspondentes, no mínimo, a 10 (dez) e, no máximo, a 1.000 (mil) Obrigações do Tesouro Nacional - OTNs, agravada em casos de reincidência específica, conforme dispuser o Regulamento, vedada a sua cobrança pela União se já tiver sido aplicada pelo Estado, Distrito Federal, Territórios ou pelos Municípios; II - à perda ou restrição de incentivos e benefícios fiscais concedidos pelo Poder Público; III - à perda ou suspensão de participação em linhas de financiamento em estabelecimentos oficiais de crédito; IV - à suspensão de sua atividade. § 1 - Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o poluidor obrigado, independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade. O Ministério Público da União e dos Estados terá legitimidade para propor ação de responsabilidade civil e criminal, por danos causados ao meio ambiente. § 2 - No caso de omissão da autoridade estadual ou municipal, caberá ao Secretário do Meio Ambiente a aplicação das penalidades pecuniárias previstas neste artigo. § 3 - Nos casos previstos nos incisos II e III deste artigo, o ato declaratório da perda, restrição ou suspensão será atribuição da autoridade administrativa ou financeira que concedeu os benefícios, incentivos ou financiamento, cumprindo resolução do CONAMA. § 4 - Nos casos de poluição provocada pelo derramamento ou lançamento de detritos ou óleo em águas brasileiras, por embarcações e terminais marítimos ou fluviais, prevalecerá o disposto na Lei número 5.357, de 17 de novembro de 1967.

art.15 - O poluidor que expuser a perigo a incolumidade humana, animal ou vegetal, ou estiver tornando mais grave situação de perigo existente, fica sujeito à pena de reclusão de 1 (um) a 3 (três) anos e multa de 100 (cem) a 1.000 (mil) MVR. * Artigo com redação determinada pela Lei número 7.804, de 18 de julho de 1989. § 1 - A pena é aumentada até o dobro se: I - resultar: a) dano irreversível à fauna, à flora e ao meio ambiente; b) lesão corporal grave; II - a poluição é decorrente de atividade industrial ou de transporte; III - o crime é praticado durante a noite, em domingo ou em feriado. * § 1 com redação determinada pela Lei número 7.804, de 18 de julho de 1989. § 2 - Incorre no mesmo crime a autoridade competente que deixar de promover as medidas tendentes a impedir a prática das condutas acima descritas. * § 2 com redação determinada pela Lei número 7.804, de 18 de julho de 1989. art.16 - (Revogado pela Lei número 7.804, de 18/07/1989). art.17 - Fica instituído, sob a administração do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis - IBAMA: * Artigo com redação determinada pela Lei número 7.804, de 18 de julho de 1989. I - Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentos de Defesa Ambiental, para registro obrigatório de pessoas físicas ou jurídicas que se dedicam à consultoria técnica sobre problemas ecológicos e ambientais e à indústria e comércio de equipamentos, aparelhos e instrumentos destinados ao controle de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras; * Inciso I acrescentado pela Lei número 7.804, de 18 de julho de 1989. II - Cadastro Técnico Federal de Atividades Potencialmente Poluidoras ou Utilizadoras de Recursos Ambientais, para registro obrigatório de pessoas físicas ou jurídicas que se dedicam a atividades potencialmente poluidoras e/ou a extração, produção, transporte e comercialização de produtos potencialmente perigosos ao meio ambiente, assim como de produtos e subprodutos da fauna e flora. * Inciso II acrescentado pela Lei número 7.804, de 18 de julho de 1989. art.18 - São transformadas em reservas ou estações ecológicas, sob a responsabilidade do IBAMA, as florestas e as demais formas de vegetação natural de preservação permanente, relacionadas no ART.2 da Lei número 4.771, de 15 de setembro de 1965 - Código Florestal, e os pousos das aves de arribação protegidas por convênios, acordos ou tratados assinados pelo Brasil com outras nações. Parágrafo único. As pessoas físicas ou jurídicas que, de qualquer modo, degradarem reservas ou estações ecológicas, bem como outras áreas declaradas como de relevante interesse ecológico, estão sujeitas às penalidades previstas no art.14 desta Lei. art.19 - Ressalvado o disposto nas Leis números 5.357, de 17 de novembro de 1967, e 7.661, de 16 de maio de 1988, a receita proveniente da aplicação desta Lei será recolhida de acordo com o disposto no ART.4 da Lei número 7.735, de 22 de fevereiro de 1989. * Artigo acrescentado pela Lei número 7.804, de 18 de julho de 1989. art.20 - Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação. art.21 - Revogam-se as disposições em contrário.