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São Carlos 2016 Universidade de São Paulo - USP Escola de Engenharia de São Carlos Departamento de Engenharia Elétrica e de Computação WÉLERSON CASADEI FILTRO PASSA-FAIXA PARA REJEIÇÃO DE RUÍDO E TRIGGER PARA AQUISIÇÃO DE SINAIS DE MEDIDAS ACÚSTICAS PROVENIENTES DE DESCARGAS PARCIAIS

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São Carlos 2016

Universidade de São Paulo - USP

Escola de Engenharia de São Carlos

Departamento de Engenharia Elétrica e de Computação

WÉLERSON CASADEI

FILTRO PASSA-FAIXA PARA REJEIÇÃO DE RUÍDO E

TRIGGER PARA AQUISIÇÃO DE SINAIS DE MEDIDAS

ACÚSTICAS PROVENIENTES DE DESCARGAS PARCIAIS

São Carlos 2016

WÉLERSON CASADEI

FILTRO PASSA-FAIXA PARA REJEIÇÃO DE RUÍDO E

TRIGGER PARA AQUISIÇÃO DE SINAIS DE MEDIDAS

ACÚSTICAS PROVENIENTES DE DESCARGAS PARCIAIS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado

ao Programa de Engenharia Elétrica da Escola de

Engenharia de São Carlos como parte dos requisitos

para a obtenção do título de Engenheiro Eletricista.

Área de concentração: Sistemas Elétricos de Potência

Orientador: Prof. Tit. Ruy Alberto Corrêa Altafim

Dedico este trabalho à minha família e amigos.

Agradecimentos

Agradeço à Deus, pela saúde e presença em todos os passos decisivos que

sempre me direcionaram ao melhor caminho.

À minha família, pelo apoio incondicional, segurança e força, sem a qual essa

graduação não seria possível, em especial aos meus pais, Arnaldo e Adélia e ao meu

irmão, Eduardo.

À minha avó Rosa, pela fé inabalável e por sempre acreditar no meu sucesso.

Agradeço à Camila Moreira, por toda a cumplicidade, amor, incentivo e sua

grande fé em todos os inúmeros momentos difíceis deste caminho que e esteve ao meu

lado.

Aos meus amigos, que foram essenciais e que guardo a bela amizade e parceria

construída, em especial ao Arthur Lunardi (grande CH), Caio Fanti (saudoso Palmito),

Gabriel Cacciatore (o Virjão) e Renê Bonfá (o velho Bônfa). Gostaria também de

agradecer ao Álvaro Augusto Volpato, pelo seu conhecimento técnico e prático.

Pelo suporte, atenção e transmissão do conhecimento científico e acadêmico do

M.Sc. Daniel Augusto Pagi Ferreira, registro aqui meu saudoso reconhecimento e

sinceros agradecimentos.

Finalmente agradeço à Universidade de São Paulo pelas oportunidades

concedidas e à todos mestres que muito me ensinaram, com destaque ao Prof. Tit. Ruy

Alberto Corrêa Altafim, profissional com conhecimento além da teoria que muito admiro

e que me acompanhou neste projeto.

“A verdadeira viagem de descobrimento não consiste em procurar

novas paisagens, mas em ter novos olhos”.

(Marcel Proust)

Resumo

Casadei, Wélerson Filtro passa-faixa para rejeição de ruído e trigger para

aquisição de sinais de medidas acústicas provenientes de descargas parciais.

62 p. Trabalho de Conclusão de Curso – Escola de Engenharia de São Carlos,

Universidade de São Paulo, 2016.

Este trabalho apresenta uma sucinta revisão bibliográfica sobre descarga parcial

(DP), passando desde os conceitos básicos, condições de ocorrência e alguns tipos de

descargas até formas de detecção e medição. Uma vez introduzido o conceito do

fenômeno e sua contextualização no setor elétrico brasileiro, é proposto um filtro passa-

faixa utilizado para filtragem na detecção de DPs a partir de medidas realizadas com o

uso do método acústico através de um sensor de efeito piezoelétrico. Este circuito foi

projetado em softwares de simulação, como o LTSpice XVII. O presente trabalho faz

parte de um projeto maior que desenvolve um sistema de detecção de descargas

parciais pelo método acústico e será usado para rejeição de ruído e acionamento de um

sistema de aquisição de dados, mais conhecido como trigger.

Palavras-Chave: Descargas Parciais, Filtro, Método acústico, Microfone, Passa-faixa,

Piezoeletreto, Termoformado, Trigger.

Abstract

Casadei, Wélerson Bandpass filter for noise rejection and trigger for

acquisition of acoustic signals from partial discharges. 62 p. Monograph – São

Carlos School of Engineering, University of São Paulo, 2016.

This work presents a brief review on partial discharge (PD) activity regarding

basic concepts, how it occurs in dielectrics, types of PD and its detection methods.

Furthermore, piezoelectrets sensors used in this work are also presented. Once both

concepts are reviewed and inserted in brazilian power systems, an electronic circuit for

filtering the signal picked up in the detection of PD using the acoustic method is

presented. This circuit was designed and simulated using LTSpice XVII. This work is part

of a larger project regarding PD detection system and will be used for noise rejection and

to trigger a signal acquisition system.

Keywords: Acoustic Method, Bandpass, Filter, Microfone, Partial Discharges,

Piezoelectret, Thermoformed, Trigger.

Sumário

1 Introdução ....................................................................................... 19

1.1 Objetivos .............................................................................. 20

1.2 Estrutura do Trabalho ............................................................ 21

2 Descargas Parciais ......................................................................... 23

2.1 Conceitos básicos ................................................................. 23

2.2 Condições de ocorrência ....................................................... 25

2.3 Métodos de detecção ............................................................ 26

2.3.1 Método elétrico .......................................................... 27

2.3.2 Método químico ......................................................... 30

2.3.3 Método óptico ............................................................ 30

2.3.4 Método acústico ......................................................... 31

2.4 Microfone de piezoeletreto ..................................................... 32

2.5 Sinal de referência ................................................................ 35

3 Circuito eletrônico .......................................................................... 37

3.1 Metodologia ........................................................................... 37

3.2 Circuito eletrônico .................................................................. 38

3.2.1 Filtro passa-faixa ........................................................ 38

3.2.2 Detector de envoltória ................................................ 43

3.2.3 Comparador de tensão ............................................... 45

3.2.4 Alimentação ............................................................... 47

3.3 Resultados ............................................................................ 49

3.3.1 Filtros ........................................................................ 49

3.3.2 Detector de envoltória ................................................ 55

4 Conclusão ...................................................................................... 57

4.1 Considerações finais .............................................................. 57

4.2 Sugestão para trabalhos futuros ............................................. 58

Referências Bibliográficas ........................................................................ 59

19

Capítulo 1 Introdução

Este trabalho consiste em parte integrante das pesquisas desenvolvidas pelo

Grupo de Alta Tensão e Materiais (GATM) na produção de uma nova metodologia

acústica com transdutores por piezoeletretos (projeto P&D ELEKTRO – ANEEL – USP),

onde aqui se busca desenvolver um circuito eletrônico capaz de filtrar o sinal provindo

de uma descarga parcial em meio à diversos outros sinais e/ou ruído captados pelo

sensor acústico.

Partindo da premissa de que a indústria de potência, não restringindo às

fabricantes de equipamentos elétricos mas também empresas de equipamentos de

medição e as próprias distribuidoras que os utilizam, participa de um cenário mais

focado à eficiência, dá-se a produção deste e de outros trabalhos que vem sendo

desenvolvidos pela comunidade científica. Considerando que existem indicadores de

referência de qualidade e interrupção do fornecimento de energia e que estes estão

aliados a qualidade de entrega de energia e menor interrupção do fornecimento, fortes

tendências no sentido de gerar mais confiabilidade dos equipamentos elétricos de

potência vêm sendo procuradas. Isto tem provocado mudanças na infraestrutura de

medição e obtenção de dados que convergem para ações mais precisas e direcionadas

considerando o custo - benefício destas aplicações no sistema de distribuição brasileiro,

de grandes dimensões territoriais.

Expandir redes de serviços, como diagnóstico, medições remotas e

monitoramento, leva a uma melhor qualidade de operação, maior vida útil dos

componentes do sistema e a redução nos custos de manutenção dos equipamentos,

este último muito desejado pelas empresas concessionárias pois tem a finalidade de

melhorar sua confiabilidade e reduzir o número de paradas não programadas e

eventuais, ações bastante custosas para estas empresas.

Os níveis de manutenção se tornaram indicadores de reestruturação e qualidade

gerencial nas empresas concessionárias de energia elétrica. A redução da manutenção

a níveis ótimos é o desafio que as empresas têm que buscar continuamente. Para este

propósito, estender o tempo de serviço (vida útil) e o tempo entre manutenções dos

equipamentos de alta tensão (geradores, transformadores, etc.) são imposições para

novas condições de serviço [1].

20

Com o aumento da demanda de energia elétrica, verificado nas últimas décadas,

as novas condições de serviço citadas no parágrafo anterior podem estar vinculadas à

trabalho em sobrecargas dos equipamentos de potência por longos períodos de tempo

– já que não há muitos recursos para identificação do problema – aumentando assim,

juntamente com outros fatores, a possibilidade de ocorrência de falhas e, por fim,

contribuindo para ocorrência de descargas parciais e consequente perda econômica.

Descargas parciais podem ser sintetizadas como sinais elétricos pulsantes

incompletos, intermitentes e rápidos, da ordem dos nanosegundos, que ocorrem pela

proximidade entre duas partes condutoras de eletricidade e o meio isolante, através do

efeito de ionização em cavidades gasosas, no interior dos materiais isolantes e nas

interfaces condutor-isolante ou isolante-isolante [2].

Os futuros problemas de isolação e consequentes falhas nos equipamentos vêm

dos efeitos após a ocorrência das descargas, pois a intensidade e constância dessas

descargas parciais podem originar carbonizações dos dielétricos e criar trilhas

condutoras reduzindo a suportabilidade das isolações elétricas. O conhecimento prévio

da evolução deste fenômeno tem feito com que as concessionárias dediquem

considerável atenção ao monitoramento e detecção dessas descargas parciais em

transformadores de potência, cabos de alta tensão, transformadores, capacitores e

disjuntores.

1.1. Objetivo do trabalho

Neste trabalho são realizadas revisões de bibliografias referentes à descargas

parciais, no que compete ao fenômeno físico, assim como técnicas que vem sendo

utilizadas e estudadas atualmente para detecção das descargas, buscando uma ênfase

no método acústico, que será apresentado na seção 2.3.4. Conectado à bagagem

teórica gerada sobre descargas parciais é desenvolvido um estudo de um circuito para

filtragem do sinal gerado por um microfone – sugerindo o método acústico – seguido de

um circuito usado para disparar a aquisição de dados, mais conhecido na engenharia

elétrica como Trigger, sinalizado com um LED aceso a captura de um sinal com boa

probabilidade de ser proveniente de uma descarga parcial.

21

1.2. Estrutura deste trabalho

O trabalho prossegue com o capítulo 2, que será responsável por introduzir o

conceito de descargas parciais, exibindo as condições de ocorrência, alguns tipos de

descargas e os métodos utilizados para detecção e medição. Além disso é apresentado

o microfone utilizado para aquisição do sinais, citando seu funcionamento e composição.

No capítulo 3 é apresentada a metodologia para o projeto e confecção do circuito

eletrônico para rejeição de ruídos e liberação do sinal de trigger, dividindo o circuito

completo em blocos para melhor entendimento. Por fim, no capítulo 4 são consolidadas

as considerações finais e conclusões do trabalho.

22

23

Capítulo 2 Descargas Parciais

Neste capítulo, no intuito de contextualizar a produção deste projeto, assim como

fornecer ferramentas para entendimento da conexão do circuito eletrônico – que será

exibido no capítulo 3 - são apresentados os conceitos básicos de descargas parciais,

assim como as condições de ocorrência, métodos de detecção existentes e técnicas de

medição utilizadas.

2.1. Conceitos básicos

O termo descarga parcial (DP) é definido como sendo uma descarga elétrica

localizada que provoca um curto circuito parcial em um meio isolante entre dois meios

condutores, podendo ou não ocorrer adjacentemente ao eletrodo, ou a outra parte de

isolação, segundo as normas International Electrotechnical Commission - IEC [3] e

Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT [4]. Ainda, podem ser consideradas

como rupturas elétricas que podem ocorrer em falhas existentes em uma isolação sólida

ou líquida e que normalmente são preenchidos por gases (a exemplo do ar), quando

estes são submetidos à intensos campos elétricos não uniformes IEC - [3], [5].

Utilizando-se de tópicos, é válido ressaltar alguns pontos importantes sobre o

fenômeno físico das DPs, tais como:

- são descargas internas que ocorrem nos espaços vazios ou cavidades dentro

dielétricos sólidos ou líquidos. Porém, o ambiente onde se desenvolvem é de natureza

gasosa;

- possuem o efeito de impulsos como fontes muito íngremes e discretas no tempo

sobre os circuitos elétricos, dado sua característica intermitente;

- são de curta duração e caracterizados em elevadas frequências (relacionado

ao padrão brasileiro de 60 Hz).

Conforme mencionado, as cavidades gasosas favorecem a ocorrência

das DPs e, dessa forma, são responsáveis pelas falhas mais comuns dos materiais

dielétricos. Descargas parciais são consequências de imperfeições em materiais

isolantes, tais como bordas afiadas no ar ambiente e vazios gasosos em dielétricos

24

líquidos e sólidos [6], e são, na maioria das vezes, introduzidas durante as várias etapas

de fabricação dos materiais isolantes e também dos equipamentos de alta tensão, tais

como transformadores, cabos, geradores, motores, etc., além de sucessivas

solicitações exigentes durante o envelhecimento dos equipamentos. Essas imperfeições

levam a uma concentração de campo elétrico local que pode exceder a força dielétrica

do material isolante.

A tensão inicial em que acontecem as descargas parciais é definida como sendo a

tensão aplicada, a partir da qual começa a ocorrer repetitividade de DPs. Analogamente,

a tensão na qual ocorre a extinção das DPs é definida como sendo aquela em que a

repetitividade da descarga parcial é interrompida. Procedem dessas tensões, esforços

de campos elétricos, sobre o dielétrico, que podem ser definidos como campos iniciais

e de extinção [7], [8]. Em sistemas isolantes, as DPs resultam em uma grande variedade

de fenômenos físicos, podendo ser de baixa, média ou alta intensidade [8].

Existem alguns fenômenos de DPs, que ocorrem em ar ambiente, como o glow, o

streamer, treeing e a leader discharge, porém também podem acontecer em

compartimentos gasosos fechados. A figura 1 mostra fotografias da descarga streamer

no ar, leader discharge em óleo e treeing em PMMA (acrílico).

Figura 1: Fotografias de a) descarga streamer no ar; b) leader discharge em óleo; c) treeing em PMMA (acrílico)

Fonte: [6].

25

2.2. Condições de ocorrência

Há uma visão errada e bastante comum sobre DP que enxerga a ocorrência

deste fenômeno apenas em eletrodos metálicos, seja ponta-ponta ou ponta-plano –

muito provavelmente por serem as mais utilizadas em laboratórios de alta tensão.

Descargas parciais podem ocorrer em qualquer ponto do material dielétrico; na junção

de dois materiais dielétricos diferentes ou adjacentes ao eletrodo, seguidamente em

vários pontos do dielétrico e até mesmo sem eletrodos, em uma cavidade do material

dielétrico. Podem ocorrer também entre dois isolantes agindo como eletrodos; essas

descargas sem eletrodos são problemáticas em alguns veículos espaciais, por exemplo.

O termo descargas parciais envolve um amplo grupo de fenômenos de descarga tal

como descargas internas, superficiais e descargas corona [3].

A ocorrência de uma descarga parcial depende, a princípio, que duas condições

sejam satisfeitas. Uma delas, é que haja um campo elétrico intenso o suficiente para

acelerar as cargas livres com energia necessária para iniciar um processo de avalanche.

E a outra, é que haja cargas livres (elétrons e/ou íons positivos) em um vazio preenchido

com algum tipo de gás [9].

A condição de que o campo elétrico local deve ultrapassar certo valor de campo

elétrico crítico pode ser vista de forma similar ao caso de descargas entre eletrodos

metálicos, dada pela curva de Paschen [10], ilustrada na figura 2. Nesse caso, a

ocorrência da descarga depende do produto entre a pressão (𝑝) e a separação dos

eletrodos (𝑑) para um determinado gás e material, bem como da temperatura, geometria

e tamanho da cavidade e do mecanismo específico da descarga [11], [12], [13], [14],

[15].

Satisfeita a condição do campo elétrico, a segunda condição para ocorrência das

descargas é a disponibilidade de elétrons livres na região da cavidade onde o campo

elétrico local está acima do campo elétrico crítico. Estes elétrons são necessários para

dar início à formação de uma avalanche eletrônica e, consequentemente, o início do

processo de descarga. Existem dois mecanismos de geração de elétrons inicias, são

eles: a fotoionização do gás no interior da cavidade e a emissão de elétrons a partir da

superfície interna da cavidade.

26

Figura 2: Curva de Paschen: relação tensão x pd

Fonte: Adaptado de [10].

2.3. Métodos de detecção

Conforme tratado até agora, é nítido que a ocorrência de descargas parciais

apontam para diversos problemas que podem já estar ocorrendo nos equipamentos

assim como indicar futuras falhas e/ou danos. Porém, para que isso ocorra é necessário

detectar, medir e localizar os fenômenos.

Há diferentes técnicas de detecção de descargas parciais, sendo que diferem

pelo fenômeno físico originado na ocorrência das descargas como radiação

eletromagnética, aquecimento, emissão de sinais acústicos e ópticos e transformações

químicas [16]. Portanto, DP podem ser detectadas através da análise desses sinais. As

técnicas de detecção de DP podem ser classificados de acordo com seu método de

detecção, assim sendo surgem quatro maiores categorias, que são:

a) Método elétrico;

b) Método Químico;

c) Método Óptico;

d) Método Acústico.

27

Normalmente, os métodos de detecção são categorizados em elétricos e não

elétricos [9]. O método elétrico é o único onde é possível medir e calibrar a carga

aparente da DP. No caso dos outros métodos, estes podem fornecer informações sobre

o local da fonte da DP e não são sensíveis à radiação eletromagnética [16].

A figura 3 mostra, após a ocorrência de uma descarga parcial, os efeitos físicos

derivados deste fenômeno, seus métodos de medição e detecção. As seções seguintes

devem apresentar brevemente cada método de detecção de DP, suas vantagens e

desvantagens. Será dada uma explicação mais detalhada sobre o método acústico, uma

vez que é o método de detecção de DP mais relevante para este trabalho.

Figura 3: Métodos de detecção de descargas parciais

Fonte: Adaptado de [9].

2.3.1. Método elétrico

Pode-se afirmar, sem questionamentos ou incertezas, que o método elétrico é o

mais utilizado para quantificar descargas parciais em geradores, transformadores,

cabos de alta tensão, capacitores, entre outros [17]. As normas IEC [3] e Institute of

Electrical and Electronics Engineers - IEEE [18] buscam unificar e consolidar

28

procedimentos para medição de DPs. Ademais, elas fornecem várias alternativas de

circuitos de ensaio e terminologia apropriada para realizar medição de DPs.

Como consequência da ocorrência da DP, uma determinada quantidade de

carga elétrica é transferida em uma corrente impulsiva através do vazio onde ocorreu a

descarga. Este impulso é detectado através de um processo de recarga a partir de uma

capacitância de acoplamento [16], [19].

A norma IEC [3] recomenda os circuitos básicos para medição de DP pelo

método elétrico, os quais são mostrados na figura 4. Analisando estes circuitos é

possível notar que a diferença entre eles está na disposição da impedância de medição

Zm. No circuito (a), Zm está conectado em série com o capacitor de acoplamento Ck e no

circuito (b) Zm está conectado em série com a ligação à terra do objeto de teste. Para

todos os circuitos de medição mostrados, a indutância AT é um filtro de bloqueio de

ruído destinado à rejeição de ruídos eletromagnéticos provenientes da alimentação de

teste AT. O ruído eletromagnético externo pode ser eliminado a uma certa extensão se

uma ponte equilibrada é empregada, como mostrado no circuito (c). Ajustando as

impedâncias Zm1 e Zm2 a ponte pode ser balanceada adequadamente e os ruídos

externos são rejeitados por um amplificador diferencial. Apesar dos benefícios da

supressão de ruído no último circuito, o circuito (a) é o mais comumente utilizado na

prática [21].

29

Figura 4: Circuitos para medição de DP de acordo com IEC - [3]

Fonte: Adaptado de [20].

30

2.3.2. Método químico

A detecção de descargas parciais por métodos químicos baseia-se na análise

cromatográfica dos subprodutos gerados durante um impulso de DP. Detecção de

substâncias químicas é predominantemente utilizada em aplicações com materiais

isolantes, líquido ou gasoso, que é o caso de transformadores, máquinas, subestações

isoladas a gás (Gas Insulated Substations - GIS) e linhas isoladas a gás (Gas Insulated

Lines - GIL) [16]. A análise química pode também ser usada para estimar a degradação

do isolamento causada pela ocorrência de DPs [1].

A Análise de Gás Dissolvido (DGA) é o método químico mais importante para

detectar não só DP, mas também um número de possíveis falhas em equipamentos de

alta tensão. De acordo com [22], cada tipo de falha gera gases-chave e, por sua análise,

é possível identificar o tipo de falha. Dentro dos gases gerados em transformadores os

mais importantes que são utilizados para avaliar sua condição são:

a) Gases combustíveis: H2 (hidrogénio), CH4 (metano), C2H6 (Etano), C2H4

(Etileno) e C2H2 (acetileno);

b) Gases não combustíveis: O2 (oxigénio), N2 (azoto), CO (monóxido de carbono)

e CO2 (dióxido de carbono).

2.3.3. Método óptico

Como vantagens do método óptico pode-se citar que toda a medição é isolada

galvanicamente, ou seja, não há influência eletromagnética nas medições e todo o

sistema de detecção óptica é quase imune a sinais indesejados. Quanto às

desvantagens, menciona-se a possibilidade de perda de calibração, a área de cobertura

limitada e os problemas com acessibilidade [16].

Para a detecção óptica de DP são utilizados geralmente dois métodos

fundamentais, são eles: óptico direto e opto-acústico. O método óptico direto consiste

na detecção visual dos sinais que são produzidos durante um impulso de DP. Já o

método opto-acústico, baseia-se nos efeitos ópticos e acústicos causados por uma DP.

Neste caso, as ondas acústicas, causadas pela DP, influenciam as fibras ópticas que

estão localizadas no interior do equipamento. Assim, o sinal óptico que é transmitido

31

através da fibra, é comparado com um sinal de referência de modo que se torne possível

a obtenção do sinal de DP [16].

2.3.4. Método acústico

Baseada no ruído audível ou ultrassônico gerado por DPs, a técnica acústica

identifica o ruído no ar ou vibrações em materiais adjacentes à fonte de descarga.

Consiste na utilização de sensores ou transdutores piezoelétricos, que podem ser

instalados dentro ou fora dos equipamentos, de preferência em ambientes com baixo

nível de ruído. Sensores acústicos, corretamente projetados, são imunes a ruídos

eletromagnéticos e, por esta razão, são bastante úteis para a verificação da existência

de uma descarga elétrica. A possibilidade de localizar a fonte da DP é uma grande

vantagem do método acústico [23].

O método acústico trata-se de uma técnica de teste não destrutiva que pode ser

usada para avaliar a atividade da DP em equipamentos de alta tensão [16], [23]. Além

disso, pode tornar-se imune a interferências eletromagnéticas, o que é uma vantagem

para o método elétrico em que as interferências externas podem comprometer as

leituras de DP [23].

Os sistemas de detecção acústica podem ser classificados em duas categorias:

sistemas internos e externos. No primeiro, são colocados sensores no interior do

equipamento para detectar a onda sonora diretamente enquanto os sistemas externos

os sensores são instalados fora dele [24]. Para detectar estes sinais acústicos, os

sensores piezoelétricos podem ser utilizados como transdutores. Um sistema de

detecção acústica geral é mostrado na figura 5. A forma que envolve os dois primeiros

blocos do diagrama representa o encapsulamento do microfone utilizado, dentro do qual

contempla o sensor de efeito piezoelétrico e o pré-amplificador, ambos resultado do

trabalho desenvolvido pelo GATM em vários anos de pesquisa. O bloco sugerido como

“Filtro” é o objeto deste trabalho, o qual receberá o sinal enviado pelo microfone,

responsável pela captação e pré-amplificação do sinal da DP.

32

Figura 5: Sistema para detecção acústica de DP

Fonte: O Autor.

Apesar da imunidade eletromagnética, um ruído pode ser adicionado ao sinal de

som devido a reflexões de ondas dentro de um equipamento de potência, vibrações

mecânicas e ruído externo. O sinal acústico pode ser atenuado: por distribuição

geométrica da onda, divisão de ondas entre caminhos múltiplos, perdas de transmissão

na propagação de um meio para outro e em descontinuidades no meio ou estrutura e

absorção em materiais [23].

De acordo com [16], em contraste com o método elétrico, a carga aparente em

pico-Coulomb (pC) não pode ser determinada pelo método acústico, uma vez que não

pode ser calibrada. No entanto, se ambos os métodos são utilizados em conjunto, pode

haver uma melhoria da precisão e o método elétrico pode ser usado para disparar a

medição acústica.

2.4. Microfone de piezoeletreto

As ondas sonoras (mecânicas) geradas pelas descargas parciais ou por ruídos

mecânicos atingem o microfone (responsável pela aquisição do sinal acústico), que

convertem essas ondas sonoras em pulsos elétricos, os quais são devidamente

amplificados e transmitidos para serem filtrados pelo circuito eletrônico. O microfone

usado nos projetos recentes do GATM é construído usando um piezoeletreto

termoformado como elemento transdutor e um invólucro metálico com pré-amplificador

33

integrado. A figura 6 mostra o desenho dos componentes que formam o microfone em

uma vista explodida. Na figura 7 são apresentadas fotografias do transdutor.

O invólucro metálico é responsável pela blindagem elétrica do dispositivo e pelo

acondicionamento do amplificador e sensor piezoelétrico, dos eletrodos metálicos e da

placa do circuito pré-amplificador. O conector do tipo Mike de quatro vias foi utilizado

como um canal para alimentação do circuito eletrônico e para a saída do sinal elétrico,

proporcional ao campo acústico. O material de retaguarda, fabricado em nylon,

compreende a camada subjacente ao elemento piezoelétrico e é responsável pelo

amortecimento da vibração do filme eletromecânico, o que impede reflexões na parte

de trás do elemento ativo e, consequentemente, evita gerar interferência no sinal de

recepção do transdutor. Complementa o transdutor acústico outro compartimento

metálico, responsável por alojar a alimentação do pré-amplificador e fazer a interface da

conexão Mike e BNC (Bayonet Neil Concelman) [9].

O piezoeletretos de canais tubulares é o resultado de anos de pesquisas do

GATM, e seu processo de fabricação e principais características tanto de funcionamento

como de seus materiais, podem ser encontrados com maiores detalhes em [33], [39].

Figura 6: Projeto do microfone a base de sensor de piezoeletreto termoformado

Fonte: Adaptado de [9].

34

Figura 7: Fotografias do (a) microfone em alumínio com sensor de efeito piezoelétrico e pré-amplificador encapsulados e (b) caixa plástica com o microfone embutido

Fonte: O Autor.

O circuito de pré-amplificação utilizado no transdutor ultrassônico tem como base

a operação de um amplificador de instrumentação modelo INA129P. Esse circuito

integrado (CI) foi escolhido, principalmente, por apresentar características de baixo

ruído e uma resposta em frequência “plana” (amplificação constante) até 500kHz.

Adicionalmente ao CI INA129P foi implementado um primeiro estágio de controle do

sinal para propiciar um melhor casamento de impedância entre a amostra piezoelétrica

e a entrada do circuito integrado [9]. Uma fotografia do circuito do pré-amplificador é

ilustrada na figura 8.

Figura 8: Circuito eletrônico do amplificador embutido no encapsulamento do microfone

Fonte: [9].

35

2.5. Sinal de referência

O sinal de DP utilizado para referência deste projeto foi gerado em laboratório,

com amplitude de descarga de 6 kV, captação do sinal utilizando o transdutor de

piezoeletreto e aquisição de dados com o osciloscópio como mostrado na figura 9. O

sinal captado possui diversas frequências em seu espectro, porém o interesse deste

trabalho se restringe à uma pequena faixa apenas, compreendida entre 130 a 170 kHz,

aproximadamente.

Figura 9: FFT do sina de DP com um sinal de 6 kV gerado em laboratório

Fonte: O Autor.

O sensor utilizado comercialmente é o R15I-AST, com frequência de operação

entre 70 e 200kHz, com pré-amplificador integrado e são fabricados de cristal

piezoelétrico, com pré-amplificador de 40 dB, cuja sensibilidade se situa na faixa de

frequência entre 100 e 400 kHz e tem o seu pico de resposta, ou seja, tem ressonância,

na frequência de 150 kHz. A curva de calibração do transdutor é apresentada na figura

10, onde pode-se observar a ressonância da resposta na mesma frequência de

interesse deste trabalho, ou seja, entre 130 e 170 kHz.

36

Figura 10: Curva de calibração do transdutor R15i-ast

Fonte: disponível em http://www.physicalacoustics.com/content/literature/sensors/Model_R15I-AST.pdf

Acesso em 05 de Dez. 2016

37

Capítulo 3 Circuito eletrônico

Neste capítulo será introduzido o circuito eletrônico atuando como filtro passa-

faixa e acionamento para captação de dados, alvo deste trabalho, apresentando a

metodologia de desenvolvimento, circuitos testados e análises envolvidas.

3.1. Metodologia

O arranjo no qual este trabalho se insere faz parte de diversas outra linhas de

pesquisa que compõem o GATM e que encontram-se em cada processo do diagrama

de blocos apresentado na figura 11. Este projeto considerou requisitos para seu

desenvolvimento que consideram sua futura conexão com outros projetos que atuam na

captação de descargas parciais utilizando o método acústico.

A aquisição do sinal acústico, entrada para o circuito em questão, foi realizada

por meio de dados coletados com o microfone, abordado na seção 2.4, perante uma DP

real gerada pelo método desenvolvido por [9] e inseridas nos simuladores LTSpice e

MATLAB para fins de teste do circuito durante o seu desenvolvimento.

Figura 11: Diagrama de blocos exibindo a metodologia desde a geração até avaliação de DPs.

Fonte: Adaptado de [9].

38

3.2. Circuito eletrônico

Nesta seção é apresentado o circuito final para seleção de sinais provindos do

microfone de piezoeletreto. A figura 12 ilustra o circuito obtido, sendo o sinal enviado

pelo microfone representado pela fonte de tensão V1.

Figura 12: Circuito detector de sinal de DP

Fonte: O Autor.

Para simplificar a explicação das partes que compõe o circuito bem como

entendimento geral, segue a figura 13 que corresponde a função de cada bloco

pontilhado na imagem do circuito elétrico apresentado na figura 12.

Figura 13: Diagrama de blocos referenciando cada parte do circuito detector

Fonte: O Autor.

3.2.1. Filtro passa-faixa

De uma forma geral, filtros são circuitos cujo ganho ou atenuação podem ser

ajustados para selecionar uma determinada frequência ou uma faixa de frequências,

dependendo do tipo, configuração e especificação do projetista. Existem quatro tipos

básicos de filtros, sendo eles:

39

a) Filtro passa-baixa: Permite que os sinais com frequência abaixo de um

determinado valor passem para a saída, eliminando os sinais com

frequências superiores.

b) Filtro passa-alta: Funciona de maneira inversa ao passa-baixa. Deixando

passar para a saída apenas os sinais cujas frequências estejam acima de

um certo valor estabelecido em projeto.

c) Filtro passa-faixa: Permite a seleção uma faixa de frequências, ou seja, o

intervalo de frequência selecionado passará para a saída do filtro.

d) Filtro rejeita-faixa: Atua de forma inversa ao filtro passa-faixa, atenuando os

sinais contidos em um determinado intervalo de frequências definido.

Uma assimilação simples de filtro é o procedimento de sintonizar a frequência

da estação de rádio desejada, onde a antena capta todos os sinais emitidos pelas

emissoras dentro da área de cobertura e um filtro é utilizado para selecionar a estação

(frequência) desejada.

Existem ainda duas outras categorias, os filtros passivos e ativos. O primeiro

utiliza somente de componentes passivos, como resistores, capacitores e indutores; já

o segundo inclui em seus projetos elementos ativos, como amplificadores operacionais,

transistores, etc. Desse modo, ao passar pelo filtro o sinal pode ser amplificado,

apresentando um ganho com relação à entrada.

O projeto do circuito eletrônico usará um filtro ativo do tipo passa-faixa, como

ilustrado na figura 14. Para que se tenha uma melhor ideia de como cada filtro funciona,

é interessante estudar seus comportamentos através de gráficos que relacionam

frequência e ganho, chamados Digramas de Bode. Nesses gráficos a linha contínua

representa o comportamento do filtro real, enquanto a linha tracejada representa o

comportamento de um filtro ideal. O filtro passa-faixa pode ser compreendido como um

filtro passa-baixa em composição com um filtro passa-alta como é ilustrado no Diagrama

da figura 15.

40

Figura 14: Circuito de um filtro passa-faixa de um estágio

Fonte: Adaptado de [37].

Figura 15: Diagramas de Bode exemplificando composição do filtro passa-faixa

Fonte: Adaptado de [37].

As equações para confecção do projeto deste filtro são apresentadas a seguir:

𝐴𝑣 =−𝑅3

2𝑅1

𝑄 = 0,5√𝑅3

𝑅1||𝑅2

𝑓0 =1

2𝜋𝐶√(𝑅1||𝑅2)𝑅3

41

Em que: Av refere-se ao ganho obtido pelo circuito, ou seja, trata-se de quanto a

amplitude do sinal de saída do filtro será maior que sua entrada; Q é o fator de qualidade

da resposta do filtro, ele remete à largura da curva de ressonância e é definido como a

razão entre a frequência de ressonância e a largura de banda; f0 é a frequência central

da faixa a qual é amplificada após a passagem pelo filtro que, neste projeto foi

considerado 140 kHz, valor este de acordo com as faixa de operação do microfone e a

faixa na qual pretende-se ler o sinal proveniente da DP propriamente dito [38].

Para o projeto do filtro do detector, foi utilizado o amplificador operacional modelo

TL051, além dos seguintes valores de componentes comerciais:

R1 = 390 Ω

R2 = 1k Ω

R3 = 3,3k Ω

C = 1 nF

Desta forma, obtemos os seguintes parâmetros para o filtro:

𝐴𝑣 =−3,3𝑘

2 ∗ 390= −4,23

𝑄 = 0,5√3,3𝑘

390||1𝑘= 1,72

𝑓0 =1

2𝜋(1𝑛𝐹)√(1𝑛𝐹)||1𝑘 ∗ 3,3𝑘= 140,3 𝑘𝐻𝑧

O circuito do filtro projetado, conforme os dados e equações anteriores é

ilustrado no primeiro e segundo blocos da figura 13. Para que o fator de qualidade Q do

filtro fosse maior, assim como o ganho obtido com a filtragem do sinal na faixa

especificada, optou-se pela implementação de um filtro de segunda ordem, que nada

mais é do que a duplicação do circuito do filtro de primeiro estágio estudado até agora

e ilustrado na figura 14 e conexão em série, como apresentado nos dois primeiros blocos

do circuito final apresentado na figura 12.

Como é possível verificar pelo resultado das equações, a frequência central

resultou em 140,3 kHz. Este valor foi adequado em projeto pois de acordo com os testes

realizados com o circuito foi possível constatar que para um melhor desempenho na

faixa de frequências escolhida esta seria a melhor configuração, considerando a

composição para segunda ordem e o uso de valores comerciais - disponíveis facilmente

em lojas especializadas - de componentes eletrônicos. Para o caso de adotar-se a

42

frequência central em 150 kHz, basta realizar a troca do resistor R1 para 330 Ω, ou seja,

é de fácil ajuste conforme necessidade de adaptação do projeto. Na figura 16 é

apresentado o comportamento de ambos os filtros pela resposta em frequência gerada

pelo simulador Multisim 11.0, onde a curva na cor verde se refere à saída do filtro de

primeiro estágio e a curva na cor preta ao segundo estágio, ilustrando o ganho e fator

de qualidade Q superiores para o filtro de segunda ordem.

Figura 16: Resposta em frequência dos filtros

Fonte: O Autor.

O gráfico da figura 17 ilustra a saída do filtro projetado considerando-se o sinal

de captação de uma descarga real pelo microfone de piezoeletreto mencionado na

seção 2.5. É possível verificar que a faixa de interesse para este projeto foi amplificada

na faixa de 130 a 170 kHz conforme pretendido anteriormente, além de ficar clara a

amplificação e qualidade do sinal com o uso do filtro de segundo ordem.

43

Figura 17: Espectro de frequências na saída dos filtros com o sinal real de DP carregado no MATLAB

Fonte: O Autor.

3.2.2. Detector de envoltória

Além da filtragem dos sinais para a faixa de frequência especificada, sentiu-se a

necessidade – para uma melhor seleção do sinal da DP – de alguma função que

permitisse a leitura apenas dos sinais com tensão acima de 20 mV, para uma melhor

filtragem do sinal e/ou regulagem adicional para o funcionamento do circuito de trigger.

Então, após vários testes com circuitos do tipo Schmitt Trigger, comparadores em

configuração com histerese dentre outros, optou-se por um comparador de tensão em

configuração de janela de tensão, ou window voltage detector.

Para que o comparador conseguisse ler os sinais de tensão da forma correta,

após a filtragem, foi necessária a inclusão do circuito detector de envoltória, mostrado

isoladamente na figura 18.

44

Figura 18: Detector de envoltória projetado

Fonte: O Autor.

A função do detector de envoltória é extrair a informação que chega em sua

entrada, ou seja, a informação da DP (que passou pelos filtros) em forma de um sinal

composto por várias frequências. O sinal de saída é sempre igual ao sinal de pico das

ondas de entrada, ou seja, que envolve as ondas de diversas frequências (envoltória da

informação), como pode ser entendido pela figura 19, referente às simulações com o

software LTSpice XVII e MATLAB com o sinal da descarga real captada pelo microfone

de piezoeletreto utilizado como entrada.

Figura 19: Atuação do detector de envoltória perante o sinal de saída dos filtros

Fonte: O Autor.

45

3.2.3. Comparador de tensão

Neste ponto, é pretendido realizar uma seleção do sinal baseado em seu valor

de tensão. Como mencionado na seção 3.2.2, o sinal de informação considerado

referente à DP neste projeto está acima de 20 mV. O comparador foi projetado para

atuar como uma janela, parecido com a atuação dos filtros selecionando uma faixa de

frequência, ou seja, dentre vários níveis de tensão, entre zero e 9 V, por exemplo,

pretende-se liberar a passagem apenas de valores de tensão acima de 20 mV e abaixo

3 V, conforme será comentado a seguir.

Em princípio, apenas filtrando sinais com tensão menor que 20 mV seria

suficiente, porém como este projeto tem conexão com outros em desenvolvimento no

GATM, antecipadamente pretendeu-se solucionar alguns possíveis problemas nos

circuitos de entrada de outros projetos, onde o sinal de saída deste detector é inserido

na entrada de uma placa eletrônica do tipo Arduino Due que possui uma limitação

máxima de 3,3 V para os sinais em seus pinos de entrada. Para o projeto deste

comparador utilizou-se do circuito integrado (CI) LM319, o qual possui dois

comparadores em sua composição e possui uma rápida resposta, além de trabalhar

confortavelmente em frequências mais altas.

Considerando o ganho do blocos de filtro e detector de envoltória anteriores a

entrada do comparador, os níveis de tensão utilizados para comparação são outros,

pois já consideram esta amplificação. Assim, para o valor mínimo na entrada de 20 mV,

no comparador a correspondência é de 360 mV e para limitação de 2,5 V (considerando

uma margem de segurança de 0,8 V para o máximo permitido na entrada do Arduino)

na saída, tem-se 138 mV na entrada do primeiro filtro. Dentro das faixas especificadas,

ou seja, entre aproximadamente 20 e 138 mV a saída do circuito detector é fixa, no nível

de 5V, alimentando um LED, para referência visual da ocorrência de aquisição de dados

provenientes de uma DP, similar a um trigger. Os dados de funcionamento do

comparador seguem resumidos na tabela 1.

46

Tabela 1: Referências de tensão para o funcionamento do comparador

Fonte: O Autor.

O gráfico da figura 20 mostra o acionamento do LED durante a leitura da

descarga parcial mencionada na seção 2.5, ou seja, a ocorrência do sinal de trigger para

dar início a aquisição de dados. Indica-se assim, a ocorrência de uma DP e evita-se, por

exemplo, a coleta de uma grande quantidade de dados quando não há a ocorrência de

uma DP e que não serão aproveitados, sobrecarregando o funcionamento de um

possível circuito utilizado para detecção de descargas parciais.

Figura 20: Presença de corrente no LED indicando acionamento do circuito de trigger

Fonte: O Autor.

47

3.2.4. Alimentação

Para alimentação dos componentes eletrônicos, bem como referências de

tensão para o comparador (CI LM319) foi necessária a utilização de vários níveis de

tensão, ora pela especificidade da janela de tensão do comparador, ora pelo requisito

dos componentes. Porém, o circuito completo possui apenas uma entrada de

alimentação que, segue parâmetros de projetos já em desenvolvimento pelo GATM e

utiliza uma fonte de tensão simétrica de 9 V - usualmente composta por duas baterias

alcalinas de 9 V comumente encontradas nos comércios, dada a necessidade de

portabilidade e baixo custo do circuito.

Para que se conseguisse as tensões desejadas, foram utilizadas referências de

tensão programáveis, com circuitos integrados do modelo TL431, os quais apresentam

um nível de tensão fixo de 2,5 V na saída para uma faixa de tensão de entrada que pode

chegar a 36 V. Para os ajustes finos divisores resistivos, como o da figura 21 foram

empregados.

Figura 21: Circuito geral para divisor de tensão resistivo

Fonte: O Autor.

A equação para calcular os valores dos resistores para confecção do divisor na

tensão deseja é dada por:

𝑉𝑠𝑎í𝑑𝑎 =𝑅2

𝑅1 + 𝑅2 𝑉𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎

Portanto, para a fonte de tensão de 360 mV (referência inferior para o

comparador), temos os seguintes valores de resistores:

R1 = 3,3 kΩ

R2 = 560 Ω

48

Completando a equação obtém-se:

𝑉𝑠𝑎í𝑑𝑎 =560

3,3𝑘 + 560 9 = 363 𝑚𝑉

O circuito da figura 22 ilustra o resultado. O resistor de 1 kΩ é utilizado como

segurança, limitando a corrente no regulador TL431.

Figura 22: Referência de tensão de 360 mV para o comparador

Fonte: O Autor.

Para obtenção dos 2,5 V para a referência superior do comparador o circuito

torna-se mais fácil, pois já é característica do regulador TL431 uma saída fixa neste

nível de tensão na configuração padrão recomendada no manual do componente. A

fonte de 2,5 V é mostrada na figura 23.

Figura 23: Referência de tensão de 2,5 V para o comparador

Fonte: O Autor.

49

No caso da fonte de 5 V, foi necessário acrescentar o LM317, um regulador de

tensão variável com saídas na faixa de 1,25 a 37 V, como ilustra a figura 24.

Figura 24: Regulador de tensão com saída de 5 V

Fonte: O Autor.

3.3. Resultados

Nesta seção serão apresentados os resultados obtidos com o circuito eletrônico,

apresentado na seção 3.2. Pretende-se ilustrar o que foi apresentado ao longo do

capítulo 3, com maior ênfase ao funcionamento doa filtros, assim como comprovar a

eficácia do circuito com gráficos de alguns pontos. Foram gerados alguns gráficos

estratégicos, mostrando a eficácia do circuito perante diferentes situações.

3.3.1. Filtros

Com relação aos filtros, foram introduzidas as respostas do circuito captadas

com o osciloscópio variando-se a frequência de entrada e mantendo a tensão constante

com 100 mV de pico, considerando a saída do filtro de segunda ordem. Nas imagens

desta seção, utilizando a frequência de entrada – ilustradas pela forma de onda na cor

amarela – como referência é possível analisar o comportamento dos filtros baseando-

se nos valores de tensão pico-a-pico da entrada com relação à saída, na cor verde.

50

Figura 25: Entrada com frequência de 80 kHz

Fonte: O Autor.

Na figura 25, com uma entrada na frequência de 80 kHz, observa-se a pequena

atuação do filtro no sinal de saída, ainda acontecendo uma amplificação do sinal, porém

com ganho pequeno relacionado à frequência de interesse.

Figura 26: Entrada com frequência de 100 kHz

Fonte: O Autor.

Na figura 26, o sinal de saída começa a ser amplificado por aproximar-se da faixa

de frequência pré-determinada. É valido ressaltar que quanto mais a frequência se

aproxima dos valores de projeto, a defasagem entre as duas ondas vai diminuindo,

quase ficando em fase na frequência de 140 kHz.

51

Figura 27: Entrada com frequência de 120 kHz

Fonte: O Autor

Na figura 27, o ganho de tensão começa a ser maior e na eminência de entrar

na faixa requerida.

Figura 28: Entrada com frequência de 130 kHz

Fonte: O Autor.

Na figura 28, já dentro da faixa projetada, pode-se verificar a grande amplificação

do sinal, com o ganho se aproximando de 16 vezes a tensão de entrada e com

defasagem menor do que a figura 26, que mostra uma defasagem quase três vezes

maior.

52

Figura 29: Entrada com frequência de 140 kHz

Fonte: O Autor.

Na figura 29, verifica-se a maior amplificação do sinal e a menor defasagem entre

as formas de onda, praticamente estão em fase. O ganho de tensão fica um pouco maior

que 19 vezes.

Figura 30: Entrada com frequência de 150 kHz

Fonte: O Autor.

Na figura 30, ainda dentro da faixa estabelecida em projeto, o ganho de tensão

da saída mantém-se alto, próximo de 19. A diferença mais notável neste ponto para a

frequência anterior (de 140 kHz) mostra-se na defasagem entre as ondas, com 37,6º de

diferença.

53

Figura 31: Entrada com frequência de 160 kHz

Fonte: O Autor.

Na figura 31, ainda dentro da faixa, o comportamento do sinal não se mostra

muito diferente da figura 30, apesar da defasagem um pouco maior, o ganho na saída

fica próximo de 16 vezes a tensão na entrada.

Figura 32: Entrada com frequência de 180 kHz

Fonte: O Autor.

A partir da figura 32, o sinal de entrada já não se encontra mais dentro da faixa

de frequência e o sinal começa a diminuir consideravelmente seu ganho e defasagem.

Aqui o ganho de tensão fica em torno de 10 vezes.

54

Figura 33: Entrada com frequência de 200 kHz

Fonte: O Autor.

Neste ponto, a figura 33 mostra uma considerável atenuação do sinal, ainda

menor em comparação aos limites inferiores de mesma proporção em distância as

frequências centrais, porém plausível para o funcionamento do circuito, que ainda

considera uma janela de tensão com possibilidade de regulagem fina de acordo com a

especificações de projeto.

Para concluir a análise dos testes realizados em bancada com o filtro de segunda

ordem, realizou-se um sweep (emissão de sinais durante um período de tempo com

crescentes valores, e neste caso a variação foi da frequência) no gerador de funções, o

qual foi adicionado à entrada do circuito eletrônico (filtro).

Figura 34: Saída do filtro de segunda ordem para o sweep de frequências

Fonte: O Autor.

55

3.3.2. Detector de envoltória

Conforme mencionado na seção 3.2.2, foi necessária a implementação de um

detector de envoltória para o correto funcionamento do comparador, abaixando a

frequência e mantendo-se um nível DC para melhor interpretação do sinal pelo

comparador.

Figura 35: Comportamento do detector de envoltória nos teste em bancada

Fonte: O Autor.

Observa-se o incremento na tensão pelo carregamento dos capacitores durante

os picos de onda da saída dos filtros, estabilizando a tensão para posterior leitura do

comparador de tensão mencionado na seção 3.2.3.

56

57

Capítulo 4 Conclusões

4.1. Considerações finais

A proposta deste trabalho inicialmente consistiu em demonstrar o conhecimento

do fenômeno de descargas parciais por meio de uma revisão bibliográfica sucinta,

caracterizando primeiramente o cenário elétrico e econômico em que elas estão

inseridas e os conceitos básicos como tempo de duração, frequência e meios que

favorecem a ocorrência, além de especificar os tipos, como o glow, streamer, treeing e

a leader discharge, e ilustrar três deles. Prosseguindo com as condições de ocorrência

e métodos de detecção. Neste foram apresentados os quatro métodos mais utilizados,

salientando a ênfase aplicada neste trabalho para o método acústico. Posteriormente

foi introduzido o microfone com sensor de piezoeletreto utilizado para detecção dos

sinais, informando sua procedência e explicando o funcionamento, aplicações e

geometria interna.

Terminada a contextualização do fenômeno da DP, foi iniciada a proposta

principal, que atua no sinal proveniente da ocorrência de uma DP, captado pelo método

acústico. O circuito eletrônico é constituído por um filtro do tipo passa-faixa de segunda

ordem que amplifica uma faixa de passagem entre 130 e 170 kHz. A frequência

escolhida está de acordo com as características ótimas de funcionamento do transdutor

apresentado na seção 2.4. Ainda, após a filtragem, foi implementado um comparador

de tensão com a função de permitir a passagem de sinais com uma tensão

compreendida entre 0,02 V e 2,5 V, sendo esta última uma limitação de tensão para a

entrada do Arduino Due, utilizado nos projetos em desenvolvimento do GATM. Os níveis

de tensão de referência podem ser ajustados de acordo com a necessidade de projeto.

De acordo com a seção 3.3.3, há uma pequena variação com relação aos limites

estabelecidos em projeto, porém de uma maneira geral o comportamento do circuito

eletrônico foi satisfatório, podendo inclusive ser ajustado.

Por fim, o objetivo central deste trabalho, o filtro passa-faixa e trigger para

aquisição de sinais provenientes de descargas parciais, mostraram-se satisfatórios,

tanto na rejeição de ruído quanto no acionamento de um sistema de aquisição de dados,

58

além de proporcionar todo o contexto teórico no qual aponta sua aplicabilidade prática

e conexão com outros projetos em desenvolvimento.

4.2. Sugestão para trabalhos futuros

Com o aprendizado desenvolvido durante a confecção deste trabalho, algumas

ideias surgiram e inclusive começaram a ser desenvolvidas, como é o caso da

implementação do circuito eletrônico em placas de circuitos impresso, conferindo

robustez ao circuito assim como facilitando sua introdução em invólucros blindados.

Sugere-se também, dada a visualização da possibilidade pelos dados coletados, a

inclusão de um circuito para detectar a defasagem entre as formas de onda de entrada

e saída, permitindo mais uma regulagem para o circuito e favorecendo uma melhor

filtragem do sinal, inclusive diminuindo ainda mais a faixa de frequências.

59

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