equações diferenciais parciais elípticas multivalentes...

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U NIVERSIDADE F EDERAL DE G OIÁS I NSTITUTO DE MATEMÁTICA E E STATISTICA MARCOS L EANDRO MENDES C ARVALHO Equações Diferenciais Parciais Elípticas Multivalentes: Crescimento Crítico, Métodos Variacionais Goiânia 2013

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁSINSTITUTO DE MATEMÁTICA E ESTATISTICA

MARCOS LEANDRO MENDES CARVALHO

Equações Diferenciais Parciais ElípticasMultivalentes: Crescimento Crítico,

Métodos Variacionais

Goiânia2013

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MARCOS LEANDRO MENDES CARVALHO

Equações Diferenciais Parciais ElípticasMultivalentes: Crescimento Crítico,

Métodos Variacionais

Tese apresentada ao Programa de Pós–Graduação do Insti-tuto de Matemática e Estatistica da Universidade Federalde Goiás, como requisito parcial para obtenção do título deDoutor em Matemática.Área de concentração: Análise - Equações DiferenciasParciais.Orientador: José Valdo Abreu Gonçalves

Goiânia2013

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

GPT/BC/UFG C331e

Carvalho, Marcos Leandro Mendes.

Equações Diferencias Parciais Elípticas Multivalentes [manuscrito] : Crescimento Crítico, Métodos Variacionais / Marcos Leandro Mendes Carvalho. - 2013.

135 f. Orientador: Prof. Dr. José Valdo Abreu Gonçalves. Tese (Doutorado) – Universidade Federal de Goiás,

Instituto de Matemática e Estatística, 2013. Bibliografia. Apêndices. 1. Minimização (Matemática). 2. Convexidade. 3. Orlicz – Espaços de. 4. Sobolev – Espaços de. I. Título. CDU: 517.956.2

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Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial dotrabalho sem autorização da universidade, do autor e do orientador(a).

Marcos Leandro Mendes Carvalho

Graduou–se em Matemática na UFG - Universidade Federal de Goiás. Du-rante sua graduação, foi Bolsista de inicição científica no departamento deMatemática da UFG. Durante o Mestrado, na UFG - Universidade Federal deGoiás, foi bolsista da CAPES e atuou na área de Sistemas Dinâmicos. Atual-mente é professor no Instituto de Matemática da UFG e desenvolve pesquisaem Equações Diferenciais Parciais Elípticas.

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À minha avó Waldemira e ao meu pai Jeowal (in memorian), escolhas de Deuspara minha origem, que eu reverencio, e que me deram a maior lição: do amor. Tambémao Marquixo (in memorian), pelos exemplos de fé, persistencia e desejo de viver.

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Agradecimentos

A Deus, meu criador, fonte de minha paz, meu guia, minhas verdadeiras forças.Que eu saiba Senhor sempre amar-Te e seguir-Te. Obrigado pelo teu filho Jesus, porMaria, pelo Teu plano para minha vida, enfim, por tudo.

Ao meu orientador Prof. José Valdo Abreu Gonçalves pela amizade, confiança,orientação, calma e conselhos que foram dados a mim em momentos fundamentais destecurso. Saiba que estes servirão para mim não somente agora mais sim por toda minhavida.

Aos professores e funcionários do IME/UFG pela apoio, confiança, seriedade,respeito e motivação.

A minha esposa Cláudia de Jesus Silva Carvalho pelo amor, apoio, compreensão,força e confiança, que foram fundamentais para a conclusão deste trabalho.

A minha mãe Maria das Dores Mendes pelo amor e compreensão, que foram degrande importância no decorrer do curso e de minha vida.

Aos meus tios Telminton Rodrigues Sales e Jeomar Alves de Carvalho Sales peloamor, amizade, compreensão e apoio desde o início da minha vida estudantil.

Aos demais membros da minha família e amigos que torceram e ajudaram narealização deste sonho.

A todos, obrigado por tudo, inclusive pela paciência em minhas ausências. Quea luz do Espírito Santo nos ilumine.

Nossos agradecimentos a CAPES/CNPq - Brasil pelo apoio financeiro.

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Não digas no teu coração: a minha força e o vigor de meu braçoadquiriram-me todos esses bens. Lembra-te de que é o Senhor, teu Deus,quem te dá a força para adquiri-los, a fim de confirmar, como o faz hoje, aaliança que jurou a teus pais.

Bíblia Sagrada,Deuteronômio 8, 17–18.

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Resumo

Carvalho, Marcos Leandro Mendes. Equações Diferenciais Parciais ElípticasMultivalentes: Crescimento Crítico, Métodos Variacionais. Goiânia, 2013.135p. Tese de Doutorado . Instituto de Matemática e Estatistica, UniversidadeFederal de Goiás.

Neste trabalho desenvolvemos argumentos sobre a teoria de pontos críticos para funcio-nais Localmente Lipschitz em Espaços de Orlicz-Sobolev, juntamente com técnicas deconvexidade, minimização e compacidade para investigar a existencia de solução daequação multivalente

!!"u " # j(.,u)+$h em %,

onde % # RN é um domínio limitado com fronteira #% regular, " : R $ [0,&) é umaN-função apropriada, !" é o correspondente "!Laplaciano, $ > 0 é um parâmetro,h : % $ R é uma função mensurável e # j(.,u) é o gradiente generalizado de Clarke dafunção u %$ j(x,u), q.t.p. x " %, associada com o crescimento crítico. A regularidade desolução também será investigada.

Palavras–chave

Minimização, convexidade, Espaços de Orlicz-Sobolev.

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Abstract

Carvalho, Marcos Leandro Mendes. Multivalued Elliptic Partial DifferentialEquations: Critical Growth, Variational Methods. Goiânia, 2013. 135p. PhD.Thesis . Instituto de Matemática e Estatistica, Universidade Federal de Goiás.

In this work we develop arguments on the critical point theory for locally Lipschitz func-tionals on Orlicz-Sobolev spaces, along with convexity, minimization and compactnesstechniques to investigate existence of solution of the multivalued equation

!!"u " # j(.,u)+$h in %,

where % # RN is a bounded domain with boundary smooth #%, " : R $ [0,&) isa suitable N-function, !" is the corresponding "!Laplacian, $ > 0 is a parameter,h : % $ R is a measurable and # j(.,u) is a Clarke’s Generalized Gradient of a functionu %$ j(x,u), a.e. x " %, associated with critical growth. Regularity of the solutions isinvestigated, as well.

Keywords

Minimization, convexity, Orlicz-Sobolev Spaces.

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Sumário

1 Introdução 11

2 Espaços de Orlicz e Orlicz-Sobolev: Uma Revisão 212.1 N-função 212.2 Espaços de Orlicz 232.3 Espaços de Orlicz-Sobolev 262.4 Consequências das Hipóteses ('1)! ('3). 282.5 Consequências das Hipóteses ('1)& ! ('4)& 35

3 Funcionais Localmente Lipschitzianos:Uma Revisão 413.1 O Gradiente de Clarke 413.2 Mais Sobre Cálculo Subdiferencial 433.3 O Teorema de Aubin-Clarke em Espaços de Orlicz 44

4 O Problema de Dirichlet Para !":Resultados Básicos 484.1 Minimização do Funcional Energia de (4!1) 484.2 Existência de Solução de (4!1) via Minimização 504.3 Existência de Solução de (4!1) via Browder-Minty 524.4 Unicidade de Solução de (4!1) 594.5 O Operador Solução Associado a (4!1) 604.6 Regularidade da Solução de (4!1) 66

5 Equações Multivalentes em Domínios Limitados via Minimização em Espaçosde Orlicz-Sobolev:Minimização Global 705.1 Observações e Resultados Preliminares 705.2 Preliminares as Demonstrações dos Teoremas Principais 755.3 Provas dos Teoremas 1.0.1 e 1.0.2. 775.4 Demonstrações dos Teoremas 1.0.3 e 1.0.4 83

6 Problemas Quaselineares Multivalentes com Crescimento Crítico em um Domí-nio Limitado: Princípio Variacional de Ekeland e Concentração-Compacidade 866.1 Estrutura Variacional Associada a (1!26) 876.2 Limitação Local de I: Sequência de Ekeland 896.3 Algumas Propriedades da Sequência de Ekeland 916.4 Convergência da Sequência de Ekeland em Compactos 936.5 Demonstração do Teorema 1.0.5 99

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6.6 Demonstração do Teorema 1.0.6 1056.7 Demonstrações dos Teoremas 1.0.7, 1.0.8 e 1.0.9 115

A Alguns Funcionais em Espaços de Orlicz-Sobolev 119

B Medidas e Concentração-Compacidade 123

C Sobre Regularidade de Soluções de Equações Quasilineares 130

Referências Bibliográficas 132

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CAPÍTULO 1Introdução

Neste trabalho estudamos existência e regularidade de soluções da equaçãoquasilinear elíptica multivalente

!!"u " # j(x,u)+$h(x,u) em % (1-1)

onde % # RN é um domínio limitado com fronteira #% regular, !" é o operador "-Laplaciano, isto é

!"u = div('(|(u|)(u) =N

)i=1

##xi

!'(|(u|) #u

#xi

",

onde ' : (0,&)$ (0,&) é uma função contínua e satisfaz:

('1) (i) lims$0

s'(s) = 0, (ii) lims$&

s'(s) = &,

('2) s %$ s'(s) é não-decrescente em (0,&),

" : R $ R é a função par dada por

"(t) :=! t

0s'(s)ds, t ' 0,

j : % ( R $ R é uma função Carathéodory tal que a função t %$ j(x, t) é localmenteLipschitz q.t.p. em %, $ > 0 é um parâmetro, h : %(R $ R é uma função Carathéodorye # j(x, t) é a derivada generalizada de Clarke, isto é,

# j(x, t) := {µ " R | j0(x, t;r)' µr, r " R}, q.t.p. x " %,

onde j0(x, t;r) denota a derivada direcional generalizada de s %$ j(x,s) em s na direção rdada por

j0(x, t;r) := limsupy$t;$)0

j(x,y+$r)! j(x,y)$

.

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Em nossa primeira classe de resultados, exploramos funcionais energia coercivospara obter solução da equação

!!"u " # j(.,u)+h em %, (1-2)

via minimização (cf. Capítulo 5). Na equação (1!2), h : % $ R , é uma função mensu-rável (consideramos h(x,u) = h(x) em (1!1)), e j : %(R $ R tem crescimento crítico(num sentido que definiremos abaixo), satisfazendo a seguinte condição adicional:

existem números A ' 0, !> 0 e uma função não negativa B " L1(%) tais que

j(x,s)* A|s|!+B(x), s " R, a.e. x " %. (1-3)

Segue que a função

A&(x) := limsup|s|$&

j(x,s)|s|!

satisfazA&(x)* A, q.t.p. x " %. (1-4)

Quando a função ' satisfaz ('1)! ('2), " é uma N-função (cf. Capítulo 2). Afunção complementar de " (que também é uma N-função) é definida por

#"(t) = maxs'0

{st !"(s)}. (1-5)

Para introduzir a função crescimento crítico "+ precisamos que ' satisfaça

('3) existem !,m " (1,N) tais que !* t2'(t)"(t)

* m, t > 0.

A propósito, "+ é definida como sendo a inversa de

t " (0,&) %$! t

0

"!1(s)

sN+1

Nds. (1-6)

Estendemos "+ a R por "+(t) = "+(!t) para t * 0, e observemos que de acordo com acondição ('3) a função "+ é uma N-função (cf. Capítulo 2).

Devido a natureza do operador !" utilizaremos espaços de Orlicz L"(%) ede Orlicz-Sobolev W 1,"

0 (%) (cf. Capítulo 2 para definições e propriedades) e graças acondição ('3) ambos os espaços são reflexivos.

A propósito, a definição de solução fraca de (1!2) é:

Definição 1.0.1 Dizemos que u "W 1,"0 (%) é solução fraca de (1!2) se existe * = *u "

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L"+(%)& = L#"+(%) tal que

*(x) " # j(x,u(x)) q.t.p. x " %, (1-7)!

%'(|(u|)(u(vdx =

!

%*vdx+

!

%hvdx, v "W 1,"

0 (%). (1-8)

Nosso primeiro teorema, enunciado a seguir, é motivado por resultados deMawhin, Ward e Willem (cf. [39, Teo. 1]) e Gonçalves (cf. [27, Teo. 1]).

Teorema 1.0.1 Seja " satisfazendo ('1)! ('3). Suponha que existam c1,c2 ' 0 e umafunção não negativa b " L"+(%)& tal que

|+|* c1#"!1+ ,"+(c2s)+b(x), s " R q.t.p. x " %, + " # j(x,s). (1-9)

Suponha também que j satisfaça (1!3) e

infv"W 1,"

0 (%), -v-"=1

$!

%"(|(v|)dx!

!

{v.=0}A&(x)|v(x)|!dx

%> 0. (1-10)

Então para todo h " L"(%)&, o problema (1!2) possui pelo menos uma solução fracaem W 1,"

0 (%).

Observação 1.0.1 1. A condição (1!10) é motivada pelas condições (5)! (6) emBrézis e Oswald [11], e condição (5) em Gonçalves [27].

2. Se 1 < p < N e '(t) = pt p!2, então

"(t) = t p.

Assim

"!1+ (t) =

! t

0

"!1(s)

sN+1

Nds =

! t

0s1/p!1/N!1ds =

1p+

t1/p+, t > 0

obtendo "+(t) = (p+)p+t p+ , onde p+ = N pN!p . A função "+ desempenha o papel do

expoente crítico de Sobolev no caso de espaços de Sobolev.3. Quando 1 < p < N e '(t) = pt p!2 temos que

(i) W 1,"0 (%) =W 1,p

0 (%) e na condição ('3) temos != m = p;(ii) supondo que s %$ j(x,s) é diferenciável e f (x,s) := # j(x,s)

#s q.t.p. x " %, aequação (1!2) e as condições (1!9) e (1!10) tornam-se respectivamente

!!pu = f (x,u)+h, em %, u = 0 em #%, (1-11)

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| f (x,s)|* a|s|p+!1 +b(x) q.t.p. x " %, s " R, (1-12)

e

infv"W 1,p

0 (%), -v-p=1

$!

%|(v|pdx!

!

{v.=0}A&(x)|v(x)|pdx

%> 0; (1-13)

(iii) O problema (1!11) sob as condições (1!3), onde ! = m = p = 2, (1!12)e (1!13) foi resolvido por Gonçalves (cf. [27]).

4. Para outros comentários e observações confira Capítulo 5.

Nosso segundo teorema, enunciado abaixo, trata sobre regularidade de soluçãofraca da equação (1!2) obtida no Teorema 1.0.1.

Neste sentido, sejam a > 0 e f : %(R $ R uma função satisfazendo:

f (x, .) " C(R!{a}),f (x,a!0)< f (x,a+0), x " %,

(1-14)

ondef (x, t !0) := lim

,$t!f (x,,) e f (x, t +0) := lim

,$t+f (x,,).

Definaj(x,s) :=

! s

0f (x, t)dt.

Se u é solução de (1!2), dada pelo Teorema 1.0.1, considere o conjunto de nível

-a(u) = {x " % | u(x) = a}. (1-15)

Teorema 1.0.2 Sejam " satisfazendo ('1)! ('3) e f : %(R !$ R uma função nãodecrescente na segunda variável satisfazendo (1!3), (1!10), (1!14) e

| f (x,s)|* c1#"!1+ ,"+(c2s)+b(x), (1-16)

onde c1,c2 > 0 e b " L"+(%)&. Então (1!2) admite solução satisfazendo

|-a(u)|= 0,!!"u(x) = f (x,u)+h(x) q.t.p. x " %.

(1-17)

Observação 1.0.2 Uma explicação para a equação (1!17) é da no Capítulo 5.

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Nosso próximo resultado é uma aplicação do Teorema 1.0.1 no caso em que ooperador !" da equação (1!2) é dado por:

!".u = div&

.('

1+ |(u|2 !1).!1'

1+ |(u|2(u

(, (1-18)

onde 1 < . < &. Neste caso a correspondente função ' : (0,&)$ (0,&) é dada por

'.(t) = .(/

1+ t2 !1).!1/

1+ t2t ' 0.

Observação 1.0.3 O operador !". , com . > 1, aparece em problemas de elasticidade(cf. Fukagai & Narukawa [24]). Por outro lado, o caso . = 1 é tratado por Dacoronha[17, Teo. 5.28].

Nosso terceiro resultado é:

Teorema 1.0.3 Suponha que 1 < . < N2 , que

|+|* )a|s|."!1 +b(x), s " R q.t.p. x " %, + " # j(x, t), (1-19)

onde )a ' 0 é uma constante, b " L.+(%) é não negativa, ." = N./(N ! .), e

j(x,s)* A|s|. +B(x), s " R q.t.p. x " %, (1-20)

para alguma constante A ' 0 e alguma função não negativa B " L1(%). Se além disso,

infv"W 1,.

0 , |v|L.=1

$!

%

!*1+ |(v|2 !1

".dx!

!

{v .=0}A&(x)|v(x)|.dx

%> 0, (1-21)

então para cada h " L.

.!1 (%) existe u "W 1,.0 (%) satisfazendo

!!". " # j(.,u)+h em %, (1-22)

no sentido fraco.

Para formular nosso quarto resultado vamos supor a seguinte condição de cres-cimento

| f (x,s)|* )a|s|.+!1 +b(x), t " R, q.t.p. x " % (1-23)

onde )a ' 0 é uma constante, b " L.+ é não negativa, .+ = N./(N ! .).

Observamos que a Condição (1!23) é um caso particular de (1!16).

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Teorema 1.0.4 Suponha 1 < . < N2 . Suponha também (1!14), (1!20), (1!21) e

(1!23). Então, para cada h " L.

.!1 (%), o problema (1!22) admite uma solução fracau "W 1,.

0 (%) satisfazendo (1!17).

Observação 1.0.4 Sejam a > 0 e h " L"+(%)&, h ' 0 e h .0 0. Considere o problema defronteira livre em %:

!!"u = 1+h se u > a;!!"u = h se u * a.

(1-24)

O problema (1!24) pode ser escrito como

!!"u = /u>a +h q.t.p. em %. (1-25)

No Capítulo 5 mostraremos o seguinte resultado:

Proposição 1.0.1 A equação (1!25) admite uma solução fraca u "W 1,"0 (%).

Os resultados acima serão demonstrados no Capítulo 5.Em nossa segunda classe de resultados, exploramos a limitação local de funcio-

nais energia para obter solução da equação

!!"u " # j(.,u)+$h in %, (1-26)

via princípio variacional de Ekeland (cf. Capítulo 6). Na equacão (1!26), $ > 0 é umparâmetro, h : % $ R é uma função mensurável e j : %(R $ R é dada por

j(x, t) = 0(x)["+(t)!"+(a)] /{t>a}(t), (1-27)

onde 0 " L&(%), 0 > 0, e a > 0 é um número. A propósito, o funcional energia associadoa equação (1!26) é dado por

I(u) =!

%"(|(u|)dx!

!

%j(x,u)dx!$

!

%hudx, u "W 1,"

0 (%). (1-28)

Uma solução da equação (1!26) é entendida no seguinte sentido:

Definição 1.0.2 Seja h " L"+(%)&. Uma fução u "W 1,"0 (%) é uma solução do problema

(1!26) se existe um elemento * := *u " L"+(%)& tal que

*(x) " # j(x,u(x)) q.t.p. x " %, (1-29)!

%'(|(u|)(u(vdx =

!

%*vdx+$

!

%hvdx, v "W 1,"

0 (%). (1-30)

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A seguir, enunciamos os principais resultados do Capítulo 6.Esses resultados, bem como as técnicas de demonstração, são motivados por

Alves & Gonçalves [5], Alves, Bertone & Gonçalves [4], Alves & Bertone [3], Santos[45], Alves, Gonçalves & Santos [7] e Alves, Gonçalves & Santos [6].

Teorema 1.0.5 Seja a> 0 e suponha que !+>m. Suponha também que ' : (0,&)$ (0,&)

é contínua e satisfaz ('1)! ('3). Seja h " L"+(%)& não negativa e não nula. Então existe$+ > 0 tal que para cada $ " (0,$+) o problema (1!26) possui pelo menos uma soluçãonão-negativa, digamos u = u$ "W 1,"

0 (%). Além disso,

!!"u = *+$h q.t.p. em %. (1-31)

Observação 1.0.5 No Teorema acima !+ = N!N!! . Além disso, * que aparece em (1!31)

é o * que aparece na Definição 1.0.2.

Antes de enunciarmos nosso próximo resultado, introduziremos algumas nota-ções.

Em primeiro lugar, lembramos que (cf. [23, 43])

"+(t) =! t

0'+(s)ds,

onde '+ : [0,&)$ [0,&) satisfaz

('+)1 '+(0) = 0, '+(s)> 0 for s > 0, lims$&

'+(s) = &,

('+)2 '+ é contínua, não-decrescente,

('+)3 !+ * t'+(t)"+(t)

* m+ for t > 0,

onde p+ := N p/(N ! p) para p " (1,N).Observamos que a função j(x, t) se escreve da seguinte forma

j(x, t) =! t

00(x) /{1>a}(1) '+(1)d1, t " R. (1-32)

As condições adicionais abaixo são necessárias para formular o nosso próximoresultado que trata sobre regularidade da solução obtida no teorema anterior:

('1)& ' " C1(0,&) uma função não-negativa e monótona;('2)& Se ' é não-decrescente, então lim

t$0'(t) = 0 e lim

t$&'(t) = &.

('3)& 0 < a1 := infs>0

('(s)s)&

'(s)* ('(t)t)&

'(t)* sup

s>0

('(s)s)&

'(s)=: a2 < N !1, t > 0;

('4)& ('+(t)t)& é não-decrescente para t ' 0, ou em outros termos '+(t)t é convexa.

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18

Observação 1.0.6 Mostraremos no Seção 6.6 que as condições ('1)& e ('3)& implicam('1)! ('3).

Teorema 1.0.6 Sejam a > 0. Suponha que !+ > m, ' : (0,&) $ (0,&) satisfaça ('1)& !('4)& e h " L"+(%)& é não negativa e não nula. Então existe $+ > 0 tal que para cada$ " (0,$+) a solução u "W 1,"

0 (%) obtida no pelo Teorema 1.0.5 satisfaz:

(i) I(u)< 0;(ii) |-a(u)|= 0;(iii) |{x " % | u(x)> a}|> 0;

Além disso,!!"u = 0 '+(u) /{u>a}+$h q.t.p. em %. (1-33)

Observação 1.0.7 Uma consequência do Teorema 1.0.6, item (iii), é que a soluçãou "W 1,"

0 (%) do problema (1!26) não é solução do problema

!!"u = h em %.

Observação 1.0.8 Sejam a > 0 e h " L"+(%)&, h ' 0 e h .0 0. Considere o problema defronteira livre:

!!"u = $h em {u < a}!!"u = '+(u)+$h em {u > a}

u = 0 em #{u < a}u ' 0 em %.

(1-34)

O problema (1!34) pode ser escrito na forma (1!33).

Ainda no Capítulo 6 examinamos vários exemplos de funções ' em que ocorrespondente operador !" aparece em aplicações.

Em primeiro lugar considere a função

'(t) = 2.(1+ t2).!1, t > 0, (1-35)

onde . "&

1, NN!2

(. Neste caso, !" aparece em problemas de elasticidade não linear, (cf.

[25] e suas referências).Mostraremos no Capítulo 6 que a função expoente crítico de " é "+(t) = t(2.)+ ,

onde (2.)+ = 2.NN!2. .

Neste caso,j(x, t) = 0(x)[t(2.)+ !a(2.)+] /{t>a}(t). (1-36)

O resultado abaixo é baseado no Teorema 1.0.5 e inclui argumentos adicionaisde regularidade.

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19

Teorema 1.0.7 Suponha que N ' 4 e 1 < . < NN!2 . Sejam a > 0 e h " L(2.)+(%)& é

não negativa e não nula. Então existe $+ > 0 tal que para cada $ " (0,$+) a equação(1!26), onde ' é dada por (1!35), admite pelo menos uma solução não negativau = u$ "W 1,2.

0 (%)!{0}.

Observação 1.0.9 O operador !", onde ' é definida em (1!35), aparece em problemasde elasticidade não linear (cf. [25]).

Em segundo lugar considere a função

'(t) = pt p!2(1+ t) ln(1+ t)+ t p!1

1+ t, t > 0, (1-37)

onde 1 < !1+/

1+4N2 < p < N ! 1, N ' 3. Neste caso, !" aparece em problemas de

plasticidade, (cf. [25] e suas referências).O resultado abaixo é baseado no Teorema 1.0.5.

Teorema 1.0.8 Suponha que N ' 3 e !1+/

1+4N2 < p < N!1. Sejam a > 0 e h " L"+(%)&

é não negativa e não nula. Então existe $+ > 0 tal que para cada $ " (0,$+), a equação(1!26), onde ' é definida por (1!37), possui pelo menos uma solução não negativa enão nula.

Observação 1.0.10 O operador !", onde ' é definida em (1!37), aparece em proble-mas de plasticidade (cf. [25]).

Observação 1.0.11 Diferentemente do Teorema 1.0.7, o espaço de Orlicz-SobolevW 1,"

0 (%) considerado no Teorema 1.0.8 não coincide com nenhum espaço de Sobolev.Provaremos isto na Observação 6.7.1.

Por fim, considere a função

'(t) = p0t p0!2 + p1t p1!2, t ' 0, (1-38)

onde 2 < p0 < p1 < N e p1 " (p0, p+0).Mostraremos no Capítulo 6 que a função expoente crítico de ", onde ' é definida

por (1!38), é "+(t) = t p+1p+1

, onde p+1 =p1N

N!p1.

Neste casoj(x, t) :=

0(x)p+1

[t p+1 !ap+1]/{t>a}(t). (1-39)

O teorema a seguir é uma aplicação do Teorema 1.0.6.

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20

Teorema 1.0.9 Suponha que 2 < p0 < p1 < N e p1 " (p0, p+0). Sejam a > 0 e h "Lp+1(%)& é não negativa e não nula. Então existe $+ > 0 tal que para cada $ " (0,$+),a equação (1!26), onde ' é definida por (1!38), possui pelo menos uma soluçãou0 "W 1,p1

0 (%)!{0} não negativa satisfazendo

!!"u = 0up+1!1/u>a +$h q.t.p. em %.

Observação 1.0.12 O operador !", onde ' é definida em (1!38), aparece em proble-mas de Biofísica e Física de Plasmas (cf. [30]).

No Capítulo 2 introduzimos notações e resultados básicos sobre Espaços deOrlicz e Orlicz-Sobolev.

No Capítulo 3 apresentamos notações, observações sobre funcionais LocalmenteLipschitzianos, Gradiente Generalizado de Clarke e pontos críticos de funcionais Liploc.

No Capítulo 4 estudamos o problema

!!"u = h em %, u = 0 em #%,

incluindo existência, regularidade e unicidade de solução, estudo do operador solução epropriedades de monotonicidade.

Finalmente, reunimos em um apêndice vários resultados técnicos a que nosreferimos ao longo deste trabalho.

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CAPÍTULO 2Espaços de Orlicz e Orlicz-Sobolev: UmaRevisão

Neste capítulo revisaremos conceitos básicos sobre espaços de Orlicz e apre-sentaremos refenrências específicas para cada resultado e observação. Como referênciasbásicas citamos [1, 31, 32, 43, 44].

2.1 N-função

Definição 2.1.1 Dizemos que " é uma N-função (ou função Young) se

"(t) =! t

02(s)ds, t ' 0,

onde 2 : [0,&[!$ R tal que

1. 2(0) = 0;2. 2(s)> 0 para s > 0;3. 2 é contínua à direita em qualquer ponto s ' 0;4. 2 é não decrescente em ]0,&[;5. lims$& 2(s) = &.

Observação 2.1.1 Estendemos " a R fazendo "(!t) = "(t), t ' 0, isto é, " : R $ R épar.

Exemplo 2.1.1 Incluímos a seguir alguns exemplos de N-funções:

1. "1(t) = |t|p, onde p " (1,+&) e t " R;2. "2(t) = (

/1+ t2 !1)., onde . " (1,+&) e t " R;

3. "3(t) = t p ln(1+ |t|), onde p " (0,+&) e t " R.

Definição 2.1.2 (Função complementar de ") Seja " uma N-função. A função definidapor

#"(t) = maxs'0

{st !"(s)}

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2.1 N-função 22

é chamada a função complementar de ".

Observação 2.1.2 (cf. [32]) #" é uma N-função.

Apresentaremos no lema a seguir várias propriedades de N-funções.

Lema 2.1.1 (cf. [1, 23, 32]) Uma N-função " é contínua, não negativa, estritamentecrescente e convexa em [0,&). Além disso, vale:

1. limt$0

"(t)t

= 0 e limt$&

"(t)t

= &;

2. a função t %$ "(t)t é crescente em (0,+&);

3. "(3t)* 3"(t), 3 " [0,1] e t ' 0;4. "(4t)' 4"(t), 4 > 1 e t ' 0;5. (Desigualdade de Young) Dados s, t " R, então

st * "(s)+ #"(t),

a igualdade vale se, e somente se, s = #2(t) ou t = 2(s), onde 2 e #2 satisfazem

"(s) =! s

02(r)dr e #"(t) =

! t

0#2(r)dr.

6. Se 2 é contínua e crescente, então

#"(t) =! t

02!1(s)ds;

7. #"(2(t))* "(2t), para t ' 0;8. #"

&"(t)

t

(* "(t), para t > 0.

Definição 2.1.3 Seja " uma N-função. Dizemos que " satisfaz a condição !2 (" " !2),se existe K > 0 tal que

"(2t)* K"(t), t ' 0.

Dizemos que " satisfaz a condição !2 no infinito (" " !2(&)), se existem T ' 0 e K > 0tais que

"(2t)* K"(t), t ' T.

Observação 2.1.3 (cf. [1]) Uma N-função " satisfaz a condição !2 no infinito se, esomente se, existe t0 ' 0 tal que

t2(t)"(t)

* m, t ' t0,

para alguma constante m > 1. No caso em que " " !2 teremos que t0 = 0.

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2.2 Espaços de Orlicz 23

Todas as N-funções do exemplo 2.1.1 satisfazem a condição !2. Já a N-função

"4(t) = [et ! t !1] ." !2.

De fato,t2'(t)"(t)

=tet ! t

et ! t !1= t +

t2

et ! t !1t$&!$ &,

e pela Observação 2.1.3 "4 ." !2.

2.2 Espaços de Orlicz

Definição 2.2.1 Sejam % # RN um domínio e " uma N-função. O espaço de Orlicz édefinido por

L"(%) :=$

u : % $ R mensurável+++!

%"(3u)dx < &, para algum 3 > 0

%.

Observação 2.2.1 (cf. [32, 43])

(i) A expressão

-u-" := inf$

$ > 0 |!

%"!|u(x)|

$

"dx * 1

%,

define uma norma em L"(%), chamada norma de Luxemburg;(ii) (L"(%),-.-") é um espaço de Banach;(iii) (Desigualdade Integral de Young) Dados u " L"(%), v " L#"(%), então

uv " L1(%) e!

%uvdx *

!

%"(u)dx+

!

%#"(u)dx.

Lema 2.2.1 (cf. [1, 32]) Sejam % # RN um domínio limitado e " uma N-função tal que" " !2. Então:

1. L"(%) é separável;2. L"(%) = C&

0 (%)-.-";

3. L#"(%) = L"(%)& e L"(%) = L#"(%)&;4. L"(%) é reflexivo se, e somente se, ", #" " !2;5. (Teorema da Representação de Riesz) Seja F " L"(%)&, então existe um único

v " L#"(%) tal que

F(u) =!

%uvdx, u " L"(%).

Teorema 2.2.1 (Desigualdade de Hölder) (cf. [1]) Dados u " L"(%), v " L#"(%), então

!

%uvdx * 2-u-"-v-#".

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2.2 Espaços de Orlicz 24

Observação 2.2.2 (cf. [43]) Se "(1)+ #"(1) = 1, então!

%uvdx * -u-"-v-#".

Formularemos abaixo um resultado técnico que será útil em aplicações envol-vendo o Teorema de Lebesgue, no contexto de Espaços de Orlicz.

Lema 2.2.2 Sejam % # RN um domínio limitado, " uma N-função satisfazendo !2 e(un)1 L"(%) uma sequência tal que un $ u em L"(%). Então existem uma subsequência(unk)1 (un) e h " L"(%) tais que

1. unk(x)$ u(x) q.t.p. x " %;2. |unk(x)|* h(x) q.t.p. x " %.

Demonstração: Como |%|<&, segue por [1] que L"(%) #$ L1(%). Assim, considerandouma subsequência se necessário, temos que

un(x)$ u(x) q.t.p. x " %.

Além disso, como un $ u em L"(%), temos!

%"(un !u)dx $ 0, quando n $ &,

donde"(un !u)dx $ 0, quando n $ &,

em L1(%). Assim, existe #h " L1(%) tal que

"(un(x)!u(x))* #h(x), q.t.p. x " %.

Como " é convexa, crescente e satisfaz a condição !2, temos

"(|un|) * K"!|un !u|+ |u|

2

"

* K2["(|un !u|)+"(|u|)]

* K2[#h+"(|u|)], q.t.p. x " %,

donde|un|* "!1

!K2(#h+"(|u|))

"

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2.2 Espaços de Orlicz 25

Defina h = "!1&

K2 (#h+"(|u|))

(e note que h " L"(%). De fato, #h " L1(%),

"(|u|) " L1(%) e

!

%"(h)dx =

!

%"!

"!1!

K2(#h+"(|u|))

""dx

=!

%

!K2(#h+"(|u|))

"dx

< &,

Agora, basta aplicar o Teorema de Lebesgue.Enunciaremos a seguir uma variante, para o caso de Espaços de Orlicz, do Lema

de Brézis-Lieb (cf. [9]) que será bastante utilizado no Capítulos 6.

Lema 2.2.3 (Brézis-Lieb) Sejam " : R $ R uma N-função, (un)1 L"(%) e u " L"(%)

tal que un $ u q.t.p. em %. Então!

%|"(un)!"(un !u)!"(u)|dx $ 0.

Lema 2.2.4 (cf. [29]) Sejam " uma N-função tal que ", #""!2 e (un)1 L"(%) limitada.Suponha que un $ u q.t.p. em %. Então u " L"(%) e un $ u.

Definição 2.2.2 Uma sequência (un)1 L"(%) converge em média para u " L"(%) se!

%"(|un !u|)dx n$&!$ 0. (2-1)

Observação 2.2.3 (cf. [32])

(i) Se (un)1 L"(%) converge para u em L"(%), então (un) converge em média para u .(ii) Se " " !2, então as duas convergências, referidas em (i), são equivalentes.

Definição 2.2.3 Sejam "1 e "2 N-funções. Se existem duas constantes positivas c e Ttais que

"1(t)* "2(ct), t ' T

denotaremos por"1 2 "2.

Dizemos que "1 é equivalente a "2 se

"1 2 "2 e "2 2 "1.

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2.3 Espaços de Orlicz-Sobolev 26

Teorema 2.2.2 (cf. [32]) Sejam "1 e "2 N-funções. Então

L"1(%) #$ L"2(%)

se, e somente se, "2 2 "1.

Definição 2.2.4 Sejam "1 e "2 N-funções. Dizemos que "1 cresce essencialmente maislentamente que "2, denotamos "1 22 "2, se para qualquer k > 0

limt$&

"1(t)"2(kt)

= 0.

Lema 2.2.5 (cf. [1]) Sejam % # RN um conjunto limitado e "1,"2 N-funções tais que"1 " !2 e "1 cresce essencialmente mais lentamente que "2. Então

L"2(%) #$ L"1(%).

2.3 Espaços de Orlicz-Sobolev

Se % # RN é um domínio e " uma N-função,

W 1,"(%) := {u " L"(%) | #iu " L"(%), i = 1, ...,N}

é chamado espaço de Orlicz-Sobolev.

Observação 2.3.1 (cf. [1]) A expressão

-u-1," := -u-" +N

)i=1

-#iu-"

define uma norma em W 1,"(%) e (W 1,"(%),-.-1,") é um espaço de Banach.

Observação 2.3.2 (cf. [8, 29]) Se ", #" " !2, então

a) O espaço W 1,"(%) é homeomorfo ao conjunto

,(w0,w1, ...,wN) " 5L"(%) | wi = #iu " L"(%), i = 0,1, ...,N

-,

onde #0u := u;

b) W 1,"(%)f ech1 5L"(%);

c) W 1,"(%) é fechado na topologia fraca de 5L"(%);

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2.3 Espaços de Orlicz-Sobolev 27

DefinimosW 1,"

0 (%) := C&0 (%)

-.-1,".

Observação 2.3.3 (cf. [29]) Se ", #" " !2, então

a) W 1,"0 (%) é o kernel do operador traço.

b) (Desigualde de Poincaré) Se d = |%|< &, então!

%"(u)dx *

!

%"(2d|(u|)dx e -u-" * 2d-(u-".

c) Usando a desigualdade de Poincaré,

-u- := -(u-"

define uma norma em W 1,"0 (%) que é equivalente à norma -.-1,".

Teorema 2.3.1 (cf. [1])

1. W 1,"(%) é separável se " " !2;2. W 1,"(%) é reflexivo se, e somente se, ", #" " !2;3. Dado L "W 1,"(%)& :=W!1,#"(%), existem v0, ...,vN " L#"(%) tais que

L(u) =!

%uv0dx+

N

)i=1

!

%

#u#xi

vidx, u "W 1,"(%);

4. W 1,"(%) = C&(%)3W 1,"(%)-.-1,";

5. Se % satisfaz propriedade do seguimento, então W 1,"(%) = C&(%)-.-1,"

.

Seja " uma N-função e defina

g"(t) :="!1(t)

t1+ 1N

, t > 0. (2-2)

Observação 2.3.4 (cf. [32]) Dada uma N-função " existe uma N-função "1, equivalentea ", satisfazendo ! 1

0g"1(t)dt < &. (2-3)

Definição 2.3.1 Seja " uma N-função satisfazendo (2!3) e que

! &

1g"(t)dt = &. (2-4)

A função "+ definida como sendo a inversa da função

("+)!1(t) =

! t

1g"(s)ds

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2.4 Consequências das Hipóteses ('1)! ('3). 28

é chamada a conjugada de Sobolev de ".

Teorema 2.3.2 (cf. [32]) Sejam % # RN um domínio limitado regular e " satisfazendo(2!3). Então

1. se 6 22 "+ e (2!4) vale, tem-se

W 1,"(%)cont#$ L"+(%) e W 1,"(%)

comp#$ L6(%),

2. Se (2!4) não vale, tem-se

W 1,"(%)comp#$ C(%)3L&(%);

Corolário 2.3.1 (cf. [26]) Sejam % # RN um domínio limitado regular e " satisfazendo(2!3) e (2!4). Então

W 1,"0

comp#$ L"(%).

Demonstração: Afirmamos que " 22 "+. Com efeito, conforme [1, pg. 265] istoequivale a mostrar que

limt$&

"!1+ (t)

"!1(t)= 0.

Por outro lado, para t ' t0

"!1+ (t) = "!1

+ (t0)+! t

t0

"!1(s)s1+1/N ds

assim, integrando por partes e dividindo por "!1(t), encontramos

"!1+ (t)

"!1(t)=

"!1(t0)"!1(t)

!Nt!1/N +N

"!1(t)

! t

t0("!1)&(s)s!1/Nds.

Usando a regra de L’Hospital deduzimos

limt$&

"!1+ (t)

"!1(t)= lim

t$&("!1)&(t)t!1/N

("!1)&(t)= 0,

mostrando a afirmação. A conclusão do Corolário segue do Teorema 2.3.2.

2.4 Consequências das Hipóteses ('1)! ('3).

Seja ' : (0,&)$ (0,&) uma função contínua satisfazendo ('1)! ('3). Estendaa função s %$ s'(s) a R como ímpar e defina " por

"(t) :=! t

0s'(s)ds, t " R.

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2.4 Consequências das Hipóteses ('1)! ('3). 29

Afirmamos que " é uma N-função. Com efeito, defina

2(t) =

.t'(t) , t > 00 , t = 0

Claramente 2(t) > 0 para t > 0, por ('1) concluímos que 2 é contínua em [0,+&), quelimt$& 2(t) = & e por ('2) é não-decrescente em (0,+&).

Lema 2.4.1 (cf. [25]) Seja ' satisfazendo ('1)! ('3). Defina 70(t) = min{t!, tm} e71(t) = max{t!, tm}, t ' 0, Então

70(*)"(t)* "(*t)* 71(*)"(t), *, t > 0 e (2-5)

70(-u-")*!

%"(u)dx * 71(-u-"), para u " L"(%). (2-6)

Demonstração: Dado * > 0, considere os seguintes casos:

Caso 1: s ' 1Como

dds

(ln"(*s)) ='(*s)*s2

"(*s).

De ('3)!

s* d

ds(ln"(*s))* m

s,

donde!! t

1

dss*

! t

1

dds

(ln"(*s))ds * m! t

1

dss,

assimt! * "(*t)

"(*)* tm, t ' 1,

e portanto"(*)t! * "(*t)* "(*)tm, t ' 1, * > 0

Caso 2: 0 < s * 1Neste caso

!! 1

t

dss*

! 1

t

dds

(ln"(*s))ds * m! 1

t

dss,

assimln t! ' ln

!"(*s)"(*)

"' ln tm,

consequentemente

"(*)tm * "(*t)* "(*)t!, 0 < t * 1, * > 0.

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2.4 Consequências das Hipóteses ('1)! ('3). 30

De ambos os casos

70(*)"(t)* "(*t)* 71(*)"(t), *, t > 0.

Agora dado u " L"(%) faça

* =|u|

-u-"e t = -u-".

em (2!5). Assim,

"!

|u|-u-"

"70(-u-")* "(|u|)* "

!|u|

-u-"

"71(-u-").

Integrando em % e usando que

!

%

!|u(x)|-u-"

"dx = 1,

obtemos (2!6), como queríamos demonstrar.

Corolário 2.4.1 (cf. [38]) Seja ' satisfazendo ('1)! ('3). Então

-u-" * max

.!!

%"(u)dx

" 1!

,

!!

%"(u)dx

" 1m/, u " L"(%).

Corolário 2.4.2 Seja ' satisfazendo ('1)! ('3). Então

Lm(%)cont#$ L"(%)

cont#$ L!(%).

Demonstração: Seja u " L"(%) tal que -u-" = 1, então pelo Lema 2.4.1

1 = -u-" =!

%"(u)dx ' "(1)

!

|u|*1|u|mdx+"(1)

!

|u|>1|u|!dx,

assim !

|u|>1|u|!dx * 1

"(1),

consequentemente

|u|!! =!

%|u|!dx =

!

|u|>1|u|!dx+

!

|u|*1|u|!dx * 1

"(1)+ |%|

donde L"(%) #$ L!(%). De maneira análoga mostra-se que Lm(%) #$ L"(%).

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2.4 Consequências das Hipóteses ('1)! ('3). 31

Lema 2.4.2 (cf. [25]) Seja ' satisfazendo ('1)! ('3). Defina 72(t) = min{t!

!!1 , tm

m!1} e73(t) = max{t

!!!1 , t

mm!1}, t ' 0, Então

mm!1

* t #"&(t)#"(t)

* !

!!1(2-7)

72(*)#"(t)* #"(*t)* 73(*)#"(t), *, t > 0 e (2-8)

72(-u-#")*!

%#"(u)dx * 73(-u-#"), para u " L#"(%). (2-9)

Demonstração: ([45]) Como a função 2 é crescente e contínua, temos que

+(s)'(+(s)) = s, s ' 0,

onde + é a função inversa da função t %$ t'(t). Fazendo t = +(s) em ('3) obtemos

!"(+(s))* s+(s)* m"(+(s)), s > 0.

Pela desigualdade de Young temos que "(+(s)) = s+(s)! #"(s), então

!(s+(s)! #"(s))* s+(s)* m(s+(s)! #"(s)), s > 0

dondem

m!1* s+(s)

#"(s)* !

!!1, s > 0.

Procedendo como no Lema 2.4.1, concluímos a demonstração.

Corolário 2.4.3 Seja ' satisfazendo ('1)! ('3). Então

L!

!!1 (%)cont#$ L#"(%)

cont#$ L

mm!1 (%).

Observação 2.4.1 Pelos Lemas 2.4.1 e 2.4.2 e a Observação 2.1.3 segue que ", #" " !2.Recorrendo ao Lema 2.2.1, concluímos que L#"(%) é reflexivo.

Lema 2.4.3 Suponha que " satisfaça ('1)! ('3). Então "+ é uma N-função.

Demonstração: Basta mostrarmos (2!3) e (2!4), e conforme Donaldson & Trudinger[20] teremos que "+ é uma N-função. Para tal, afirmamos que

min$

1"(1)1/! s1/!,

1"(1)1/m s1/m

%*"!1(s)*max

$1

"(1)1/! s1/!,1

"(1)1/m s1/m%, s' 0.

(2-10)

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2.4 Consequências das Hipóteses ('1)! ('3). 32

De fato, no Lema 2.4.1 fazendo * = "!1(s) e t = 1 encontramos

"(1)min{"!1(s)!,"!1(s)m}* s.

Se 0 * "!1(s)* 1, então

"!1(s)* 1"(1)1/m s1/m

e se "!1(s)> 1 então

"!1(s)* 1"(1)1/! s1/!.

Assim,

"!1(s)* max$

1"(1)1/! s1/!,

1"(1)1/m s1/m

%, s ' 0.

De igual forma obtemos que

min$

1"(1)1/! s1/!,

1"(1)1/m s1/m

%* "!1(s).

Como consequência de (2!10) temos

min$

1"(1)1/! s1/!+!1,

1"(1)1/m s1/m+!1

%* "!1(s)

s1+1/N *max$

1"(1)1/! s1/!+!1,

1"(1)1/m s1/m+!1

%

para s ' 0, onde !+ = N!N!! e m+ = Nm

N!m . Lembrando que !,m " (0,N) e integrando em sobtemos que

min$

!+

"(1)1/! s1/!+,m+

"(1)1/m s1/m+%*

! t

0

"!1(s)s1+1/N ds*max

$!+

"(1)1/! s1/!+,m+

"(1)1/m s1/m+%

consequentemente

! 1

0

"!1(s)s1+1/N ds < & e

! &

1

"!1(s)s1+1/N ds = &,

como queríamos demonstrar.

Observação 2.4.2 De acordo com o Lema 2.4.3 "+ é uma N-função, assim pela definiçãode N-função

"+(t) =! t

0'+(s)ds,

onde '+ : [0,&)$ [0,&) satisfazendo

('+)1 '+(0) = 0, '+(s)> 0 para s > 0, lims$&

'+(s) = &,

('+)2 '+ é contínua e não decrescente.

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2.4 Consequências das Hipóteses ('1)! ('3). 33

onde ('+)2 é provada via Teorema da Função Implícita.

Lema 2.4.4 Suponha ('1)! ('3). Sejam

74(t) = min{t!+, tm+} e 75(t) = max{t!

+, tm+}, t ' 0.

Então!+ * t"&

+(t)"+(t)

* m+, (2-11)

74(*)"+(t)* "+(*t)* 75(*)"+(t), *, t > 0, (2-12)

74(-u-"+)*!

%"+(u)dx * 75(-u-"+), u " L"+(%). (2-13)

Demonstração: ([45]) Inicialmente provaremos (2!12). Com efeito, dados 1,0, tomet,00,01 > 0 tais que

1 = "(t) e 0 = 70(*0) = 71(*1).

De (2!5) temos

70(*0)"(t)* "(*0t) e "(*1t)* 71*1"(t),

consequentemente

"(7!11 (0)"!1(1))* 01 * "(7!1

0 (0)"!1(1)),

donde7!1

1 (0)"!1(1)* "!1(01)* 7!10 (0)"!1(1), 1 > 0,

e portanto7!1

1 (0)"!1(1)(01)1+1/N * "!1(01)

(01)1+1/N *7!1

0 (0)"!1(1)(01)1+1/N , 0,1 > 0.

Integrando de 0 à t com relação a variável 1, temos

7!11 (0)

01+1/N

! t

0

"!1(1)11+1/N d1 *

! t

0

"!1(01)(01)1+1/N d1 *

7!10 (0)

01+1/N

! t

0

"!1(1)11+1/N d1, t,0 > 0.

Por mudança de variável obtemos

7!11 (0)01/N "!1

+ (t)*! 0t

0

"!1(1)11+1/N d1 *

7!10 (0)01/N "!1

+ (t), t,0 > 0. (2-14)

como7!1

0 (0)01/N = 74(0) e

7!11 (0)01/N = 75(0)

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2.4 Consequências das Hipóteses ('1)! ('3). 34

se (2!14) obtemos

74(0)"!1+ (t)* "!1

+ (0t)* 75(0)"!1+ (t), t,0 > 0. (2-15)

Fixe s,r1,r2 > 0 e t,0 > 0 tais que

t = "+(s) e 0 = 74(r1) = 75(r2).

Segue de (2!15)

r2s * "!1+ ("+(s)75(r2)) e "!1

+ ("+(s)74(r2))* r1s,

portanto"+(r2s)* "+(s)75(r2) e 74(r1)"+(s)* "+(r1s),

donde a relação (2!12) vale. De maneira análoga ao que foi feito no Lema 2.4.1 prova-sea relação (2!13).

Para verificar (2!11), observe que

74(1)"+(t) = "+(t) = 75(1)"+(t).

Isto junto com (2!12) obtemos

74(*)!74(1)*!1

"+(t)*t("+(t*)!"+(t))

t(*!1)* 75(*)!75(1)

*!1"+(t), * > 1, t > 0.

Passando ao limite quando * $ 1+, obtemos que

!+"+(t) = 74+(1)"+(t)* t"&+(t)* 75+(1)"+(t) = m+"+(t),

donde a relação (2!11).

Corolário 2.4.4 Seja ' satisfazendo ('1)! ('3). Então

Lm+(%)

cont#$ L"+(%)

cont#$ L!+(%).

Lema 2.4.5 Suponha ('1)! ('3). Sejam

76(t) = min{t!+

!+!1 , tm+

m+!1} e 77(t) = max{t!+

!+!1 , tm+

m+!1}, t ' 0.

Entãom+

m+ !1* t #"&

+(t)#"(t)

* !+

!+ !1,

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2.5 Consequências das Hipóteses ('1)& ! ('4)& 35

76(*)#"+(t)* #"+(*t)* 77(*)#"+(t), *, t > 0,

76(-u-#"+)*

!

%#"+(u)dx * 77(-u-#"+

), u " L#"+(%).

Corolário 2.4.5 Seja ' satisfazendo ('1)! ('3). Então

L!+

!+!1 (%)cont#$ L"(%)

cont#$ L

m+m+!1 (%).

Demonstração: A demonstração deste é análoga à feita no Corolário 2.4.2.

2.5 Consequências das Hipóteses ('1)& ! ('4)&

Iniciaremos observando algumas situações em que as hipóteses ('1)& ! ('4)&,introduzidas no Capítulo 1, são satisfeitas.

Observação 2.5.1 Se '(t) = t p!2, 1 < p < N, então as condições ('1)& ! ('4)& sãoválidas.

Observação 2.5.2 Se " é uma N-função equivalente a "p(t)= t p, para algum p" (1,N),então "+(t) = t p+ é uma conjugada de Sobolev de ". Neste caso, a condição ('4)& éválida. Por exemplo, a N-função "(t) = (1+ t2). ! 1 é equivalente a "2.(t) = t2. (cf.demonstração do Teorema 1.0.7).

Lema 2.5.1 (Cf. [47]) Suponha que ' satisfaça ('3)&. Então

(i) ta2!1'(u)* '(tu)* ta1!1'(u), u " R, se 0 < t * 1;(ii) ta1!1'(u)* '(tu)* ta2!1'(u), u " R, se 1 * t < &.

Demonstração: Basta observar que

a1 !1 * sdds

[ln'(*s)] ='&(*s)*s

'(*s)* a2 !1

e proceder como na demonstração do Lema 2.4.1.

Proposição 2.5.1 Suponha que ' satisfaça ('1)& e ('3)&, então ' também satisfaz ('1)!('3).

Demonstração: Pelo Lema 2.5.1 temos que

limt$0

t'(t)* limt$0

ta1'(1) = 0

e também& = lim

t$&ta1'(1)* lim

t$&t'(t).

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2.5 Consequências das Hipóteses ('1)& ! ('4)& 36

Portanto, vale ('1). Agora, pela condição ('3)&

0 < a1 *(t'(t))&

'(t)4 (t'(t))& > 0,

ou seja, t %$ t'(t) é crescente para t > 0. Por fim, segue de ('3)& que

a1'(t)t * t('(t)t)& * a2'(t)t,

via integração, obtemos

(a1 +1)"(t)* '(t)t2 * (a2 +1)"(t).

Basta fazer ! := a1 +1 e m := a2 +1.

Observação 2.5.3 ' é não-decrescente (não-crescente) em (0,&) se, e somente se, a1 ' 1(a2 * 1). Com efeito, se ' é não-decrescente (não-crescente) então

a1 = infs>0

('(s)s)&

'(s)= inf

s>0

'&(s)s'(s)

+1

concluindo que 1 * a1 (1 ' a2). Por outro lado, se a1 ' 1 (a2 * 1)

('(t)t)&

'(t)=

'&(t)t'(t)

+1 ' a1 ' 1 (* a2 * 1) 4 '&(t)' 0 ('&(t)* 0),

ou seja, ' é não-decrescente (não-crescente). Além disso, a1 = a2 se, e somente se,'(t) = ta1!1 (isto independe de ' ser não-crescente ou não-decrescente).

Observação 2.5.4 Se a1 > 1, então vale a condição ('2)&. De fato, pelo Lema 2.5.1

limt$0+

'(t)* limt$0+

ta1!1'(1) = 0.

Por outro lado,& = lim

t$&ta1!1'(1)* lim

t$&'(t).

Observação 2.5.5 Segue da hipótese ('1)& e do Teorema da Função Inversa que '+ é declasse C1(R).

Observação 2.5.6 Se ('+(t)t)&, t " R, é não decrescente, então '+(t)t é convexa. De fato,

[('+(t)t)& ! ('+(s)s)&][t ! s] = ['&+(t)t !'&+(s)s][t ! s]+ ['+(t)!'+(s)][t ! s]' 0.

A seguir alguns resultados técnicos.

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2.5 Consequências das Hipóteses ('1)& ! ('4)& 37

Proposição 2.5.2 Suponha ('3). Então existe C > 0 tal que

'(a+b)*C['(a)+'(b)],

onde a,b ' 0 e a+b .= 0.

Demonstração: Sejam a,b ' 0. Como " é convexa, " " !2

"(a+b) = "02a+b

21

conv* 1

2"(2a)+ 12"(2b)

!2* K

2!a2'(a)+ K2!b2'(b)

* K2!(a+b)2['(a)+'(b)],

onde a penúltima desigualdade usamos ('3). Por outro lado,

1m(a+b)2'(a+b)* "(a+b),

donde'(a+b)* mK

2!['(a)+'(b)].

Isso conclui a demonstração.

Proposição 2.5.3 Suponha que ' é não-decrescente e satisfaz ('1)& ! ('3)&. Então

"1(t) :=! t

0'(s)ds

é uma N-função, "1 " !2 e L"(%) #$ L"1(%), sempre que % # RN for limitado.

Demonstração: É fácil ver que "1 é uma N-função. Para mostrarmos que "1 " !2,provaremos inicialmente que t"1(t)' "(t). De fato, "&

1(t) = '(t). Assim,

"&(t) = t'(t) = t"&1(t),

consequentemente

"(t) =! t

0s"&

1(s)ds = t"1(s)!! t

0"1(s)ds * t"1(t), t ' 0.

Agora,t2'(t)* m"(t)* mt"1(t),

ou seja,t'(t)* m"1(t), t ' 0.

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2.5 Consequências das Hipóteses ('1)& ! ('4)& 38

Segue da Observação 2.1.3 que "1 " !2.Por fim, segue de ('3)&

"1(t) =! t

0'(s)ds * t'(t)* t2'(t)* m"(t), t ' 1.

Assim, pelo Teorema 2.2.2 L"(%) #$ L"1(%), o que prova o Lema 2.5.3.

A seguir estudaremos algumas condições de elipticidade de !".Notação: ai(+) = '(|+|)+i, i = 1, ...,N, onde + = (+1, ...,+N) " RN .

Proposição 2.5.4 Suponha que " satisfaça ('1)& ! ('3)&, então existe -1 > 0 tal que

N

)i, j=1

#ai

#+ j(+)8i8 j ' -1'(|+|)|8|2, +,8 " RN , + .= 0. (2-16)

Demonstração: Dados +,8 " RN, + .= 0 temos

#ai

#+ j(+) = '&(|+|)

+i+ j

|+| +'(|+|),i, j,

Se '&(|+|)' 0, então

N

)i, j=1

#ai

#+ j(+)8i8 j = '&(|+|) |5+,86|

2

|+| +'(|+|)|8|2 ' '(|+|)|8|2.

Por outro lado, se '&(|+|)* 0 então '&(|+|)|5+,86|2 ' '&(|+|)|+|2|8|2. Segue de ('3)&

N

)i, j=1

#ai

#+ j(+)8i8 j ' '(|+|)|8|2 +(a1 !1)'(|+|)|8|2 = a1'(|+|)|8|2.

Considerando -1 = min{1,a1}, concluímos a demonstração.

Proposição 2.5.5 Suponha que ' seja diferenciável satisfazendo ('3)&, então existe -2 >

0 tal que +++++

N

)i, j=1

#ai

#+ j(+)

+++++* -2'(|+|), + " RN !{0}. (2-17)

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2.5 Consequências das Hipóteses ('1)& ! ('4)& 39

Demonstração: Com efeito, dados +,8 " RN, + .= 0 segue de

N

)i, j=1

++++#a j

#+i(+)

++++ *N

)i, j=1

$|'&(|+|)|

|+i+ j||+| +'(|+|),i, j

%

* '(|+|)N

)i, j=1

$12

max{|a1 !1|, |a2 !1|}|+i+ j||+|2 +,i, j

%

* '(|+|)N

)i, j=1

$12

max{|a1 !1|, |a2 !1|}+,i, j

%

= -2'(|+|)

provando a Proposição.A seguir, enunciaremos e demonstraremos um Lema devido a Tan & Fang [47].

Lema 2.5.2 Se ' é não-crescente para t > 0, então existe d > 0 tal que

|'(|+|)+!'(|8|)8|* d'(|+!8|)|+!8|, +,8 " RN .

Demonstração: Suponha, sem perda de generalidade, que |8|> |+|.

|'(|+|)+!'(|8|)8| =

++++! 1

0

ddt['(|8+ t(+!8)|)(8+ t(+!8))]dt

++++

=

++++! 1

0'&(|8+ t(+!8)|)(8+ t(+!8),+!8)

|8+ t(+!8)| (8+ t(+!8))dt

+! 1

0'(|8+ t(+!8)|)(+!8)dt

++++

* |+!8|! 1

0['&(|8+ t(+!8)|)|8+ t(+!8)|+'(|8+ t(+!8)|)]dt

* |+!8|! 1

0[|a2 !1|'(|8+ t(+!8)|)+'&(|8+ t(+!8)|)]dt

= (|a2 !1|+1)|+!8|! 1

0'(|8+ t(+!8)|)dx.

(2-18)Afirmamos que ! 1

0'(|8+ t(+!8)|)dt *C'(|+|+ |8|). (2-19)

De fato, se |+!8|* |8|2 , usando que |8|> |+|

|8+ t(+!8)|' |8|! |+!8|' |8|2

=|8|4

+|8|4

' |8|+ |+|4

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2.5 Consequências das Hipóteses ('1)& ! ('4)& 40

junto com Lema 2.5.1 temos

! 1

0'(|8+ t(+!8)|)dt * '

!|8|+ |+|

4

"*!

14

"a1!1'(|+|+ |8|),

ou seja, (2!19) é válida.Se |+!8|> |8|

2 > 0, temos que t0 := |8||+!8| " (0,2) e também

|8+ t(+!8)| ' ||8|! t|+!8||= |t ! t0||+!8|' |t ! t0| |8|2

= |t ! t0|&|8|4 + |8|

4

(

' |t ! t0|&|8|+|+|

4

(.

(2-20)

Como t0 " (0,2) e ' é não-crescente

! 1

0'(|8+ t(+!8)|)dt *

! 1

0'!|t ! t0|

4(|+|+ |8|)

"dt

*! 1

0

!|t ! t0|

4

"a1!1'(|+|+ |8|)dt

* '(|+|+ |8|)!

12

"a1!1

Assim, vale (2!19), onde c =01

21a1!1, provando a afirmação.

Por fim, como |+!8|* |+|+ |8| e ' é não-crescente segue de (2!18) e (2!19)que

|'(|+|)+!'(|8|)8|* d'(|+!8|)|+!8|,

o que prova o Lema 2.5.2.

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CAPÍTULO 3Funcionais Localmente Lipschitzianos:Uma Revisão

Neste capítulo reuniremos alguns conceitos e resultados da teoria de pontoscríticos para funcionais localmente Lipschitz desenvolvida por Chang [13] e Clarke [14].Em particular, apresentaremos uma versão para espaços de Orlicz, devida a Le et al. [34],do Teorema de Aubin-Clarke desenvolvida originalmente para espaços Lp(%), 1< p<&.

Neste capítulo X é um espaço de Banach real munido da norma -.-. O espaçodual de X é denotado por X & e 5., .6 significa o par de dualidade entre X & e X .

3.1 O Gradiente de Clarke

A seguir, introduziremos algumas definições e resultados básicos.

Definição 3.1.1 Um funcional f : X $ R é dito localmente Lipschitz ( f " Liploc(X ;R))se para cada x " X existe uma vizinhança V de x e uma constante K = Kx > 0 tal que

| f (y)! f (z)|* K-y! z-, y,z "V.

Exemplo 3.1.1 A função f : R $ R definida por f (t) = |t| é uma função localmenteLipschitz (cf. [14]).

Definição 3.1.2 Sejam f " Liploc(X ;R) e u,v " X. A derivada direcional generalizadade f em u na direção v é definida por:

f 0(u;v) = limsupx$u, t)0

f (x+ tv)! f (x)t

.

Observação 3.1.1 Como f " Liploc(X ;R), dados u,v " X existem uma vizinhança V deu e uma constante K > 0 tal que

| f (x+ tv)! f (x)|* K-tv-, x "V, t " (0,1).

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3.1 O Gradiente de Clarke 42

Proposição 3.1.1 (Cf. [14]) Se f " Liploc(X ;R), então:

i) dado u " X, o funcional f 0(u, .) : X $ R é subaditivo, positivamente homogêneo,convexo e satisfaz a desigualdade

| f 0(u;v)|* K-v-, v " X .

ii) f 0(u;v) = (! f )0(u;!v), u,v " X;iii) A função (u,v) " X (X %$ f 0(u,v) " R é semicontínua superiormente.

Definição 3.1.3 O gradiente generalizado de Clarke de um funcional localmente Lips-chitz f " Liploc(X ;R) em um ponto u " X é o subconjunto de X & definido por

# f (u) = {8 " X & | f 0(x;v)' 58,v6, 7v " X}.

Observação 3.1.2 Mostra-se, usando o Teorema de Hahn-Banach (cf. [8]), que # f (u) .=/0.

A seguir estabelecemos várias propriedades do gradiente generalizado.

Proposição 3.1.2 (Cf. [13, 14]) Sejam f " Liploc(X ;R) e u " X então:

i) Se f for convexa e contínua, então # f (u) = #( f 0(u; .))(0);ii) # f (u)# X & é convexo, fraco+-compacto e

-8-X & * K, 8 " # f (u);

iii) f 0(u,v) = max{58,v6 | 8 " # f (u)}, v " X;iv) inf{-8-X & | 8 " # f (u)}= min{-8-X & | 8 " # f (u)};v) # f (u)# X & é fraco+-compacta, em particular fraco+-fechada;vi) a multifunção u %$ # f (u) é fraco+-fechada, no seguinte sentido:

se (un,8n)1 X (X & é uma sequência satisfazendo

8n " # f (un), unX!$ u e 8n

+$ 8,

então 8 " # f (u).

Proposição 3.1.3 (cf. [13]) Seja f : % ( R $ R uma função Baire mensurável, nãodecrescente na segunda variável. Então a função

j(x, t) =! t

0f (x,s)ds

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3.2 Mais Sobre Cálculo Subdiferencial 43

é localmente Lipschitz e

#t f (x, t) = [ f (x, t), f (x, t)] q.t.p. x " %, para todo t " R,

onde

f (x, t) := min{ f (x, t !0), f (x, t +0)} e f (x, t) := max{ f (x, t !0), f (x, t +0)}

e f (x, t ±0) := lim,$0+ f (x, t ±,).

3.2 Mais Sobre Cálculo Subdiferencial

Nesta seção enunciaremos resultados relativos ao gradiente generelizado, comopor exemplo a regra da cadeia e o Teorema do Valor Médio de Lebourg (cf. [12]).

Definição 3.2.1 Um elemento u " X é dito um ponto crítico de um funcional f "Liploc(X ;R) se

0 " # f (u).

Definição 3.2.2 Um número real c é um valor crítico de f se existe um ponto crítico u0

de f tal que f (u0) = c.

Apresentamos a seguir algumas propriedades sobre o gradiente generalizado queserão usadas no decorrer deste trabalho.

Proposição 3.2.1 Sejam f ,g " Liploc(X ;R), $ " R e u " X, então:

(P1) Se f " C1(X ;R), então # f (u)={f’(u)};(P2) #($ f )(u) = $# f (u), em particular #(! f )(u) =!# f (u);(P3) Se f " C1(X ;R), então #( f +g)(u) = # f (u)+#g(u);(P4) Se u " X é ponto de mínimo ou de máximo local de f , então u é ponto crítico.

Apresentamos abaixo uma generalização do Teorema do Valor Médio parafuncionais f " Liploc(X ;R). Por completicidade, incluiremos abaixo uma demonstração(cf. [12]).

Teorema 3.2.1 (Lebourg) Sejam f " Liploc(X ;R) e x,y " X. Então existem u nosegmento (x,y) e 8 " # f (u) tais que

f (y)! f (x) = 58,y! x6.

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3.3 O Teorema de Aubin-Clarke em Espaços de Orlicz 44

Demonstração: Considere a função 9 : [0,1]$ R definida por

9(t) = f (x+ t(y! x))+ t( f (x)! f (y)), t " [0,1].

Note que 9 é contínua e que 9(0) = 9(1) = f (x), então existe t0 " (0,1) tal que 9 realizao mínimo ou o máximo. Pela Proposição 3.2.1 e [14, lema 2.3.7]) concluímos que

0 " #9(t0)1 5# f (x+ t0(y! x)),y! x6+[ f (x)! f (y)],

provando o Teorema.A seguir enunciaremos uma versão não diferenciável da Regra da Cadeia.

Teorema 3.2.2 (Cf. [12]) Seja F " C1(X ;Y ), onde X ,Y são espaços de Banach e g "Liploc(Y ;R). Então g,F " Liploc(X ;R) e

#(g,F)(u)1 #g(F(u)),F &(u), u " X

no sentido de que dado qualquer elemento z " #(g,F)(u) pode ser escrito como

z = F &(u)"8, para algum 8 " #g(F(u)),

onde F &(u)" denota o operador adjunto associado com a deferencial de Fréchet de F emu.

Corolário 3.2.1 Se existe uma aplicação linear contínua i : X $ Y , onde X ,Y sãoespaços de Banach, então dado g " Liploc(Y ;R) temos

#(g, i)(u)1 i"#g(i(u)), u " X .

Além disso, se i(X)1 Y é denso, então

#(g, i)(u) = i"#g(i(u)), u " X .

3.3 O Teorema de Aubin-Clarke em Espaços de Orlicz

Nesta seção apresentaremos um demonstração do Teorema de Aubin-Clarke emEspaços de Orlicz reflexivo. Esse resultado foi demonstrado originalmente em Lp(%),1 < p < &, cf. [12, 14].

Teorema 3.3.1 (Cf. [34]) Sejam % # RN um domínio limitado, " uma N-função ej : %(R $ R uma função Carathéodory tal que j(x, .) " Liploc(R;R) q.t.p. x " % ej(x,0) " L1(%) satisfazendo a seguinte condição:

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3.3 O Teorema de Aubin-Clarke em Espaços de Orlicz 45

existem h " L#"(%), h ' 0, e constantes c1,c2 > 0 tais que

|+(x)|* h(x)+ c1#"!1 ,"(c2t), x " %, t " R, + " # j(x, t). (3-1)

Então o funcional J : L"(%)$ R definido por

J(u) :=!

%j(x,u)dx

é localmente Lipschitz e seu gradiente generalizado satisfaz

#J(u)1 {w " L"(%)& | w(x) " # j(x,u(x)) q.t.p. x " %}. (3-2)

Demonstração: Inicialmente mostraremos que o funcional J é bem definido. De fato,pelo Teorema do Valor Médio de Lebourg dado t " R existem 1 " (0, t), ou 1 " (t,0) casot < 0, e + " # j(x,1) tal que

j(x, t)! j(x,0) = +t

e como #"!1 ," é crescente, segue da condição (3!1) que

| j(x, t)| * | j(x,0)|+ |+||t|* | j(x,0)|+[|h(x)|+ c1#"!1 ,"(c21)]|t|* | j(x,0)|+[|h(x)|+ c1#"!1 ,"(c2t)]|t|,

(3-3)

q.t.p. x " % e para todo t " R. Por outro lado, para u " L"(%), temos que c2u " L"(%) eentão !

%#"[#"!1 ,"(c2u)]dx =

!

%"(c2u)dx < &, (3-4)

donde #"!1 ,"(c2u) " L#"(%). Isso implica que j(.,u) " L1(%) e que J(u) é bem definidaem L"(%).

Agora verificaremos que J " Liploc(L"(%),R). Com efeito, seja w " L"(%) edenote por B:(w) a bola fechada em L"(%) centrada em w e de raio : > 0. Note que oconjunto

W := {c2(|u|+ |v|) | u,v " B:(w)}# B2c2:(2c2|w|).

Escolhendo : suficiente pequeno, teremos que diam(W )* 1/2. Afirmamos que

$!

%"(u)dx | u "W

%é limitado em R. (3-5)

Para este fim, vemos que para qualquer u "W segue da convexidade " que

!

%"(2(u!w))dx * -2(u!w)-#"

!

%"!

2(u!w)-2(u!w)-#"

"dx * -2(u!w)-#" * 1

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3.3 O Teorema de Aubin-Clarke em Espaços de Orlicz 46

haja visto que -u!w-#" * 1/2. Portanto

!

%"(u)dx * 1

2

!

%"(2w)dx+

12

!

%"(2(u!w))dx * 1

2

!

%"(2w)dx+

12< &, 7u "W,

provando a afirmação.Para provar que J " Liploc(L"(%);R), considere u,v " B:(w). Graças ao Teo-

rema 3.2.1, existe 9(x) " (0,1) e +(x) " # j(x,9(x)u(x)+ [1!9(x)]v(x)) tal que

| j(x,v(x))! j(x,u(x))| = |+(x)||v(x)!u(x)|* [|h(x)|+ c1#"!1 ,"(c2(9(x)u(x)+ [1!9(x)]v(x)))]

|v(x)!u(x)|* [|h(x)|+ c1#"!1 ,"(c2(|u(x)|+ |v(x)|)]|v(x)!u(x)|

q.t.p. x " %, onde usamos a condição (3!1) e que #"!1 , " é crescente. Como em(3!1) e usando (3!5) obtemos que {#"!1 ,"(c2(|u(x)|+ |v(x)|) | u,v " B:(w)} é umsubconjunto limitado em L#"(%). Assim, aplicando a desigualdade de Hölder obtemos

|J(u)! J(v)|*!

%| j(x,v(x))! j(x,u(x))|dx *C-v!u-#", u,v " B:(w),

onde C = -h-#" + c1 supu,v"B:(w)

-#"!1 ,"(c2(|u(x)|+ |v(x)|)-#" < &.

Por fim, mostraremos a inclusão (3!2). Para este fim, observemos que aaplicação x %$ j0(x,u(x);v(x)) é mensurável em % (cf. [14, Teo 2.7.2]). De fato, comoj(x, .) é contínua, podemos representar j0(x,u(x);v(x)) como o limite superior de

j(x,y+$v(x))! j(x,y)$

quando $ ) 0 por valores racionais e y $ u(x) por valores em um subconjunto contáveldenso em RN . Assim, j0(x,u(x);v(x)) é mensurável pois é igual ao "limsup"de funçõesmensuráveis em x.

Afirmamos que

J0(u;v)*!

%j0(x,u(x);v(x))dx, v " L"(%). (3-6)

A saber, dado $ " (0,1), segue do pelo Teorema 3.2.1 que

j(x,y+$v(x))! j(x,y)$

= 8xv(x)

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3.3 O Teorema de Aubin-Clarke em Espaços de Orlicz 47

para algum 8x " # j(x,u+(x)) e algum u+(x) " [u(x),u(x)+$v(x)]. Assim, pela condição(3!1)++++

j(x,y+$v(x))! j(x,y)$

++++= |8x||v(x)|* [|h(x)|+ c1#"!1 ,"(c2(|u(x)|+ |v(x)|))]|v(x)|,

que pertence a L1(%) haja visto a desigualdade de Hölder. Portanto, pelo Lema de Fatoua afirmação (3!6) está verificada. Agora, pelo que vimos em (3!6), dado w " #J(u)temos

!

%w(x)v(x)dx =: 5w,v6 * J0(u;v)*

!

%j0(x,u(x);v(x))dx, v " L"(%). (3-7)

Em particular, como a aplicação r %$ j(x,u(x);r) é positivamente homogênea, segue de(3!7) que !

%[w(x)! j(x,u(x);1)]v(x)dx * 0, 7v " C&

0 (%), v ' 0

donde w(x)r * j(x,u(x);r), quando r " R e r ' 0. Por outro lado,!

%[!w(x)! j(x,u(x);!1)]|v(x)|dx * 0, 7v " C&

0 (%), v * 0

donde w(x)(!r) * j(x,u(x);!r), r " R e r > 0. Isso mostra que z(x) " # j(x,u(x)) q.t.p.x " %, concluindo a demonstração do Teorema 3.3.1.

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CAPÍTULO 4O Problema de Dirichlet Para !":Resultados Básicos

Neste capítulo estudaremos existência, unicidade e regularidade de solução parao problema de contorno

!!"u = h em %, u = 0 em #% (4-1)

lembrando que !"u := div ('(|(u|)(u) é o operador "-Laplaciano, com " no contextodas condições ('1)! ('3) e h "W 1,"

0 (%)&.

4.1 Minimização do Funcional Energia de (4!1)

Nesta seção desenvolveremos argumentos de convexidade e minimização defuncionais em espaços de Orlicz-Sobolev para investigar exitência e unicidade de soluçãodo problema (4!1). Considere o funcional energia I : W 1,"

0 (%)$ R definido por

I(u) =!

%"(|(u|)dx!5h,u6, u "W 1,"

0 (%), (4-2)

onde 5., .6 designa o par de dualidade entre W 1,"0 (%)& e W 1,"

0 (%).

Proposição 4.1.1 Suponha ('1)! ('3). Então o funcional I é limitado inferiormente.

Demonstração: Seja u " W 1,"0 (%). Conforme [28, Lema 3.14] existe M > 0 de tal

maneira que se -(u-" > M teremos!

%"(|(u|)dx

-(u-"> 2-h-,

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4.1 Minimização do Funcional Energia de (4!1) 49

dondeI(u) '

!

%"(|(u|)dx!-h--(u-"

' K-h-.

Por outro lado, segue do Lema A.0.3 que o funcional

E(z) =!

%"(|(z|)dx, z "W 1,"

0

é fracamente sequencialmente semicontínuo inferiormente (fssci). Assim,

I(u) * liminfn

!

%"(|(un|)dx! lim

n$&5h,un6

* liminfn I(un)

= I&,

ou seja, I é fssci. Além disso, BM(0) = {u " W 1,"0 (%) | -u-" * M} é fracamente

compacta, portanto o funcional I possui mínimo em BM(0), digamos em u0. Donde,

I(u)' min{I(u0),K-h-},

concluindo que I é limitado inferiormente.

Proposição 4.1.2 Suponha que ' satisfaça ('1)! ('3). Então existe u "W 1,"0 (%) tal que

I(u) = infv"W 1,"

0 (%)I(v) := I&.

Demonstração: Pela Proposição 4.1.1 I é limitada inferiormente. Seja (un) 1 W 1,"0 (%)

uma sequência minimizante para I. Afirmamos que (un) é limitada em W 1,"0 (%). Com

efeito, existe n0 > 0 tal que para todo n > n0

I& +1 ' I(un) ' I&

e como o funcional I é coercivo (cf. Lema 3.14, [28]), temos que (un) é limitada.Podemos supor, sem perda de generalidade, que

un $ u, em W 1,"0 (%).

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4.2 Existência de Solução de (4!1) via Minimização 50

Lembrando que I é fssci, então existe u "W 1,"0 (%) tal que

I(u) = minv"W 1,"

0 (%)I(v),

concluindo a demonstração.

4.2 Existência de Solução de (4!1) via Minimização

Teorema 4.2.1 Suponha ('1)! ('3). Então o mínimo u "W 1,"0 (%) de I é solução fraca

de (4!1), isto é, !

%'(|(u|)(u(vdx = 5h,v6, v "W 1,"

0 (%).

Demonstração: Sejam u " W 1,"0 (%), garantido pela Proposição 4.1.2, 0 < t < 1 e

v "W 1,"0 qualquer. Então

I(u+ tv)! I(u)t

' 0

isto é !

%

"(|(u+ t(v|)!"(|(u|)t

dx ' 5h,v6. (4-3)

Afirmamos que

limt$0+

!

%

"(|(u+ t(v|)!"(|(u|)t

dx =!

%'(|(u|)(u(vdx.

De fato, pelo Teorema do Valor Médio

"(|(u+ t(v|)!"(|(u|) = '(9t)9t [|(u+ t(v|! |(u|] , (4-4)

onde!|(u|! |(v| * min{|(u+ t(v|, |(u|}

* 9t

* max{|(u+ t(v|, |(u|}

* |(u|+ |(v| q.t.p. em %.

(4-5)

De (4!5) temos que 9t(x) $ |(u(x)| q.t.p. x " %, quando t $ 0+. Disto e de (4!4)concluímos que

limt$0+

"(|(u+ t(v|)!"(|(u|)t

= '(|(u|)(u(v q.t.p. x " %. (4-6)

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4.2 Existência de Solução de (4!1) via Minimização 51

Agora note que

"(|(u+ t(v|)!"(|(u|)t

= '(9t)9t

2|(u+ t(v|! |(u|

t

3

* '(9t)9t

2|(u|+ t|(v|! |(u|

t

3

= '(9t)9t |(v|

* '(|(u|+ |(v|)(|(u|+ |(v|)|(v|,

(4-7)

onde a última desigualdade segue de t'(t)' 0, t'(t) é crescente para t ' 0 e (4!5). Poroutro lado,

"(|(u+ t(v|)!"(|(u|)t

' '(9t)9t

2|(u|! t|(v|! |(u|

t

3

= !'(9t)9t |(v|

' !'(|(u|+ |(v|)(|(u|+ |(v|)|(v|.

(4-8)

Concluímos de (4!7) e (4!8) que++++"(|(u+ t(v|)!"(|(u|)

t

++++* '(|(u|+ |(v|)(|(u|+ |(v|)|(v|. (4-9)

Além disso, como #"(t'(t))* "(2t) para todo t " R, temos que

'(|(u|+ |(v|)(|(u|+ |(v|) " L#"(%).

Pela Desigualdade de Hölder

'(|(u|+ |(v|)(|(u|+ |(v|)|(v| " L1(%). (4-10)

Segue de (4!6), (4!9) e do Teorema de Lebesgue

limt$0+

!

%

"(|(u+ t(v|)!"(|(u|)t

dx =!

%'(|(u|)(u(vdx.

Portanto, passando ao limite em (4!3) com t $ 0 e observando que a inequaçãoé válida para todo v "W 1,"

0 (%), concluímos a demonstração.

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4.3 Existência de Solução de (4!1) via Browder-Minty 52

4.3 Existência de Solução de (4!1) via Browder-Minty

Apresentamos a seguir alguns conceitos para enunciar o Teorema de Browder-Minty.

Definição 4.3.1 Sejam X um espaço de Banach reflexivo e A : X $ X & um operador.Dizemos que A é:

(i) monotônico se 5Au!Av,u! v6 ' 0 para todos u,v " X;(ii) coercivo se

lim-u-X$&

5Au,u6-u-X

= &.

A seguir uma versão simplificada do Teorema de Browder-Minty.

Teorema 4.3.1 (cf. [8]) Sejam E um espaço de Banach reflexivo,

A : E !$ E &

um operador contínuo, monotônico e coercivo. Então para cada f " E & o problema

Au = f

possui uma solução u " E.

Dado u "W 1,"0 (%) considere

5Lu,v6=!

%'(|(u|)(u(vdx, v "W 1,"

0 (%).

Segue pela desigualdade de Hölder que

|5Lu,v6|* 2-'(|(u|)|(u|-#"-(v-".

Fica definido L : W 1,"0 (%)!$W 1,"

0 (%)& e vale

-Lu-w1,"0 (%)&

* 2-'(|(u|)|(u|-#".

A seguir formularemos e demonstraremos vários resultados sobre propriedadesde L.

Lema 4.3.1 O operador L é contínuo.

Demonstração: Seja (un)1W 1,"0 (%) tal que

un !$ u, em W 1,"0 (%).

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4.3 Existência de Solução de (4!1) via Browder-Minty 53

Note que

-Lun !Lu-W 1,"0 (%)&

= sup-(v-"*1

|5Lun !Lu,v6|

= sup-(v-"*1

++++!

%('(|(un|)(un !'(|(u|)(u,(v)dx

++++

* sup-(v-"*1

!

%|'(|(un|)(un !'(|(u|)(u||(v|dx

* 2-'(|(un|)(un !'(|(u|)(u-#".

Portanto, mostrando que!

%#"(|'(|(un|)(un !'(|(u|)(u|)dx !$ 0,

teremos-Lun !Lu-W 1,"

0 (%)&!$ 0.

Para tal, observe que!

%"(|(un !(u|)dx !$ 0,

e pelo Lema 2.2.2, considerando uma subsequência se necesssário, teremos que

1. (un(x)!$ (u(x) q.t.p. x " % e2. Existe 9 " L"(%) tal que

|(un(x)|* 9(x) q.t.p. x " %.

Graças a continuidade da função x %$ '(|x|)x, x " RN , temos

|'(|(un|)(un !'(|(u|)(u|!$ 0 q.t.p. x " %,

e pela continuidade de #" teremos que

#"(|'(|(un|)(un !'(|(u|)(u|)!$ 0 q.t.p. x " %.

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4.3 Existência de Solução de (4!1) via Browder-Minty 54

Note também que

#"(|'(|(un|)(un !'(|(u|)(u|) * #"('(|(un|)|(un|+'(|(u|)|(u|)

* #"('(9)9+'(|(u|)|(u|).

Como #"('(9)9+'(|(u|)|(u|) " L1(%), o resultado segue do Teorema da ConvergênciaDominada.

Lema 4.3.2 L é coercivo.

Demonstração: Seja u "W 1,"0 (%). Pela condição ('3) junto com o Lema 2.4.1 temos

5Lu,u6-(u-"

=

!

%'(|(u|)|(u|2dx

-(u-"

' !

!

%"(|(u|)dx

-(u-"

' !min4-(u-!!1

" ,-(u-m!1"

5$ &

quando -(u-" $ &.

Lema 4.3.3 L é monotônico.

Para demonstrar o Lema 4.3.3 utilizaremos o seguinte resultado.

Lema 4.3.4 Seja ' : (0,&)$ (0,&) uma função contínua satisfazendo ('1) e ('2). Então

('(-x-)x!'(-y-)y,x! y)' 0, 7 x,y " Rn. (4-11)

Demonstração: Sejam x,y " RN . Se x = y a relação é trivialmente verificada. Suponhaque x .= y. Temos as seguintes possibilidades:

1. -x-= -y- (Claramente não nulos)Neste caso,

'(-x-) = '(-y-).

Então('(-x-)x!'(-y-)y,x! y) = '(-x-)-x! y-2 > 0

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4.3 Existência de Solução de (4!1) via Browder-Minty 55

2. -x-< -y-

('(-x-)x!'(-y-)y,x! y) ' '(-x-)-x-(-x-!-y-)+'(-y-)-y-(-y-!-x-)

= ('(-x-)-x-!'(-y-)-y-)(-x-!-y-)

' 0,(4-12)

haja visto que t'(t) é não decrescente.

Demonstração do Lema 4.3.3: Sejam u,v "W 1,"0 (%). Pelo Lema 4.3.4 temos que

('(|(u|)(u!'(|(v|)(v)((u!(v)' 0 q.t.p. em %.

Portanto,

5Lu!Lv,u! v6=!

%('(|(u|)(u!'(|(v|)(v)((u!(v)dx ' 0,

provando o Lema 4.3.3.

Observação 4.3.1 Segue pelo Teorema de 4.3.1 (Browder-Minty) que: dado f "W 1,"

0 (%)& existe u "W 1,"0 (%) tal que Lu = f , isto é,

!

%'((u)(u(vdx =

!

%f vdx, v "W 1,"

0 (%).

Neste trabalho utilizaremos algumas propriedades adcionais de L as quais sãodemonstradas a seguir.

Definição 4.3.2 Sejam E um espaço de Banach real reflexivo e

A : E !$ E &

um operador. Dizemos que A é:

(i) do tipo (S+) se para toda sequência (un)1 E tal que

1. un $ u em E,2. limsup

n5Aun,un !u6 * 0,

tem-seun !$ u em E;

(ii) pseudomonotônico se para toda sequência (un)1 E tal que

1. un $ u em E,

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4.3 Existência de Solução de (4!1) via Browder-Minty 56

2. limsupn

5Aun,un !u6 * 0,

tem-seAun $ Au e 5Aun,un6 $ 5Au,u6.

Lema 4.3.5 L é pseudomonotônico.

Demonstração: De fato, pelo Lema 4.3.1 L é contínua, em particular hemicontínua.Além disso, pelo Lema 4.3.3 L é monotônica, então pelo Lema 2.98 (cf. [12]) L épseumonotônico.

Lema 4.3.6 L é um operador do tipo (S+).

A seguir, alguns conceitos e resultados que serão utilizados na demonstração doLema 4.3.6.

Definição 4.3.3 Sejam % # RN e função 4 : % $ RN. Dizemos que 4 é estritamentemonotônica se

(4(x)!4(y),x! y)> 0, x,y " %, x .= y.

Apresentaremos a seguir uma versão simplificada de um resultado devido a DalMaso & Murat em [18].

Lema 4.3.7 Seja 4 : RN !$ RN estritamente monotônica e (vn)1 RN tal que

(4(vn)!4(v),vn ! v) n$&!$ 0, em R.

Entãovn

n$&!$ v, em RN .

Demonstração: Suponha, por contradição, que vn não converge para v, então, conside-rando uma subsequência se necessário, existe , > 0 tal que

|vn ! v|' ,, para todo n.

Sejamtn := ,|vn ! v|!1 e un := tnvn +(1! tn)v.

Como|un ! v|= tn|vn ! v|= ,,

a sequência (un) é limitada, donde, considerando uma subsequência se necessário, (un)

converge para algum u com |v!u|= ,. É possível provar que

limn$&

(4(un)!4(v),un ! v) = 0.

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4.3 Existência de Solução de (4!1) via Browder-Minty 57

Por outro lado, temos que un $ u, então

limn$&

(4(un)!4(v),un ! v) = (4(u)!4(v),u! v),

donde(4(u)!4(v),u! v) = 0

o que é uma contradição pois |u! v|= , > 0 e 4 é estritamente monotônica.

Observação 4.3.2 Em várias ocasiões exigiremos no lugar ('2) a seguinte condição maisforte:

('&2) t %$ t'(t) é estritamente crescente.

Assim, concluímos da relação (4!12) que

('(|x|)x!'(|y|)y,x! y)> 0, x,y " RN , x .= y,

ou seja, a função x %$ '(|x|)x, x " RN, é estritamente monotônica.

Demonstração do Lema 4.3.6: Seja (un)1W 1,"0 (%) tal que

1. un $ u em W 1,"0 (%) e

2. limsupn

5Lun,un !u6 * 0.

Pelo Lema 4.3.4 o operador L é monotônico, isto é

5Lun !Lu,un !u6=!

%('(|(un|)(un !'(|(u|)(u,(un !(u)dx ' 0,

consequentemente5Lu,un !u6 * 5Lun,un !u6

assim0 = lim

n$&5Lu,un !u6

* liminfn$&

5Lun,un !u6

* limsupn$&

5Lun,un !u6

* 0.

Dondelimn$&

5Lun,un !u6= 0,

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4.3 Existência de Solução de (4!1) via Browder-Minty 58

o que implica5Lun !Lu,un !u6 n$&!$ 0.

isto é,('(|(un|)(un !'(|(u|)(u,(un !(u) n$&!$ 0, em L1(%),

daí('(|(un|)(un !'(|(u|)(u,(un !(u) n$&!$ 0 q.t.p. em %.

Pela condição ('&2) e o Lema 4.3.7 obtemos que

(un(x)n$&!$ (u(x) q.t.p. x " %

e pela continuidade de "

"(|(un(x)!(u(x)|)$ 0 q.t.p. em x " %. (4-13)

Afirmamos queun !$ u, em W 1,"

0 (%).

Para tal usaremos o Teorema da Convergência Dominada Generalizado. Nesta direção,graças a (4!13) temos

fn := "(|(un !(u|) n$&!$ 0 q.t.p. x " %.

Além disso,fn * m

26'(|(un|)|(un|2 +"(|(u|)

7

:= gn.

Claramentegn

n$&!$ g q.t.p. x " %,

ondeg :=

m26'(|(u|)|(u|2 +"(|(u|)

7

e !

%g(x)dx < &.

Para mostrar que

limn$&

!

%gn(x)dx =

!

%g(x)dx,

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4.4 Unicidade de Solução de (4!1) 59

basta verificar que!

%'(|(un|)|(un|2dx !$

!

%'(|(u|)|(u|2dx. (4-14)

Pelo lema 4.3.5 L é pseudomonotônico, daí

limn$&

!

%'(|(un|)|(un|2dx = lim

n$&5Lun,un6

= 5Lu,u6

=!

%'(|(u|)|(u|2dx.

(4-15)

Portanto, pelo Teorema da Convergência Dominada Generalizado concluímosque !

%"(|(un !(u|)dx !$ 0,

concluindo a demonstração.

4.4 Unicidade de Solução de (4!1)

A seguir mostraremos que o problema (4!1) possui uma única solução. Paraisto, mostraremos que o operador L, substituindo a condição ('2) por ('&2), é estritamentemonotônico, ou seja,

5Lu!Lv,u! v6> 0, u,v "W 1,"0 (%), u .= v.

Lema 4.4.1 L é estritamente monotônico.

Demonstração: Pelo Lema 4.3.3 segue que L é monotônico. Agora, sejam u,v"W 1,"0 (%)

com u .= v. Então existe %0 # % de medida positiva tal que u .= v e pelo Lema 4.3.4 temos

('(|(u|)(u!'(|(v|)(v)((u!(v)> 0 q.t.p. em %0.

Portanto,

5Lu!Lv,u! v6 '!

%0('(|(u|)(u!'(|(v|)(v)((u!(v)dx > 0,

o que prova o Lema 4.4.1.

Proposição 4.4.1 Suponha ('1),('&2) e ('3). Então para cada h "W 1,"0 (%)& o problema

(4!1) tem no máximo uma solução.

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4.5 O Operador Solução Associado a (4!1) 60

Demonstração: Sejam u1,u2 "W 1,"0 (%) soluções de (4!1), isto é,

!

%('(|(ui|)(ui(vdx = 5h,v6, v "W 1,"

0 (%) e i = 1,2.

Daí,

5Lu1 !Lu2,v6=!

%('(|(u1|)(u1 !'(|(u2|)(u2,(v)dx = 0, v "W 1,"

0 (%).

Fazendo v = u1 !u2 obtemos

5Lu1!Lu2,u1!u26=!

%('(|(u1|)(u1!'(|(u2|)(u2)((u1!(u2)dx= 0, v"W 1,"

0 (%).

Mas pelo Lema 4.4.1 L é estritamente monotônica, donde u1 = u2.

Observação 4.4.1 Pelo Teorema 4.3.1 (Browder-Minty) e o Lema 4.4.1 o problema

Lu = f

tem uma única solução.

4.5 O Operador Solução Associado a (4!1)

De acordo com Teorema 4.2.1 e o Lema 4.4.1 fica definido o operador (solução)

S : W 1,"0 (%)& !$ W 1,"

0 (%)

h %!$ Sh := u,(4-16)

onde u é a única solução de (4!1).

Observação 4.5.1 O operador S é bijetor e L!1 = S. Basta mostrarmos que L!1 = S.Com efeito, dado h "W 1,"

0 (%)& segue do Teorema 4.2.1 que existe um único u "W 1,"0 (%)

tal que Sh = u, isto éL(Sh) = h.

Por outro lado, dado u "W 1,"0 (%), fica definido

h := Lu,

de modo que Sh = u e aplicando S obtemos

S(Lu) = Sh = u.

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4.5 O Operador Solução Associado a (4!1) 61

A seguir, formularos e demonstraremos várias propriedades sobre S.

Lema 4.5.1 O operador S é contínuo.

Demonstração: Sejam (hn)1W 1,"0 (%)& tal que

hn !$ h, em W 1,"0 (%)&,

un := Shn e u := Sh, isto é

5hn,v6=!

%'(|(un|)(un(vdx e

5h,v6=!

%'(|(u|)(u(vdx,

v "W 1,"0 (%).

Afirmamos que (-(un-") é limitada. Suponha, por contradição, que não sejalimitada. Então existe uma subsequência (un j)1 (un) tal que

-(un j-" $ & e un j .= 0.

Então da relação t2'(t) = "(t)+ #"(t'(t)) obtemos!

%"(|(un j |)dx * 5hn j ,un j6

* -hn j--(un j-",

donde !

%"(|(un j |)dx

-(un j-"* -hn j-,

o que contradiz [28, Lema 3.14], haja visto que (hn j) é convergente.Observe também que

0 *!

%('(|(un|)(un !'(|(u|)(u,(un !(u)

= 5hn !h,un !u6

* -hn !h--(un !(u-" $ 0.

Dondean := ('(|(un|)(un !'(|(u|)(u,(un !(u)$ 0, em L1(%),

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4.5 O Operador Solução Associado a (4!1) 62

dondean(x)$ 0 q.t.p. x " %

e considerando 4(v) := '(|v|)v, v " RN , no Lema 4.3.7 obtemos que

(un(x)$ (u(x) q.t.p. x " %.

Por fim mostraremos que

un !$ u, em W 1,"0 (%),

o que equivale a mostrar que!

%"(|(un !(u|)dx !$ 0,

haja visto que " " !2. Para tal utilizaremos o Teorema da Convergência DominadaGeneralizado de Lebesgue.

1. Inicialmente"(|(un(x)!(u(x)|)!$ 0 q.t.p. x " %,

haja visto que(un(x)!$ (u(x) q.t.p. x " %.

2. Como " é crescente, satisfaz !2 e é convexa temos

"(|(un !(u|) * "!

2|(un|+ |(u|

2

"

* K2("(|(un|)+"(|(u|))

e como "(t)* '(t)t2, t ' 0,

"(|(un !(u|) * K20'(|(un|)|(un|2 +"(|(u|)

1

:= gn

3. Da continuidade de t2'(t)

limn$&

K20'(|(un|)|(un|2 +"(|(u|)

1=

K20'(|(u|)|(u|2 +"(|(u|)

1:= g,

q.t.p. em %.

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4.5 O Operador Solução Associado a (4!1) 63

4. Observando que !

%g(x)dx < &

e quehn $ h, un $ u, quando n $ &,

assim5hn,un6 =

!

%'(|(un|)|(un|2dx

= 5hn !h,un6+ 5h,un6

$ 5h,u6

=!

%'(|(u|)|(u|2dx,

dondelimn$&

!

%gn(x)dx =

!

%g(x)dx

Dos Itens 1-4 e do Teorema da Convergência Dominada Generalizado obtemosque !

%"(|(un !(u|)dx !$ 0,

isto éun !$ u, em W 1,"

0 (%),

como queríamos demonstrar.

Corolário 4.5.1 O operador S é um homeomorfismo.

Demonstração: Segue diretamente da Observação 4.5.1 e dos Lemas 4.3.1 e 4.5.1.

No que se segue, verificaremos propriedades de monotonicidade do operador S.

Lema 4.5.2 O operador S é monotônico, isto é,

5h1 !h2,Sh1 !Sh26 ' 0, h1,h2 "W 1,"0 (%)&.

Demonstração: Sejam h1,h2 "W 1,"0 (%)&. Então

5hi,v6=!

%'(|((Shi)|)((Shi)(vdx, v "W 1,"

0 (%), i = 1,2.

Faça ui := Shi, i = 1,2, e considerando v = u1 !u2 obtemos

5h1 !h2,u1 !u26=!

%('(|(u1|)(u1 !'(|(u2|)(u2,(u1 !(u2)dx. (4-17)

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4.5 O Operador Solução Associado a (4!1) 64

De (4!17) e do Lema 4.3.4 obtemos que

5h1 !h2,Sh1 !Sh26 ' 0,

provando o Lema 4.5.2.

Observação 4.5.2 Se no lugar da condição ('2) considerarmos a condição ('&2) prova-se, de maneira análoga ao Lema 4.4.1, que S é estritamente monotônico.

Lema 4.5.3 O operador S é coercivo.

Demonstração: Mostraremos que dado h "W 1,"0 (%)& e considerando u = Sh

1) -h- * 2-'(|(u|)|(u|-#";

2)!

%"(|(u|)dx * 5h,u6;

3)

!

%"(|(u|)dx

-'(|(u|)|(u|-#"$ &, quando -h-$ &.

Prova de 1) Como W 1,"0 (%) é reflexivo, então existe wh "W 1,"

0 (%) tal que -(wh-" * 1e pela Desigualdade Triangular para RN teremos e para Espaços de Orlicz

-h- = 5h,wh6

=!

%'(|(u|)(u(whdx

*!

%'(|(u|)|(u||(wh|dx

* 2-'(|(u|)|(u|-#"-(wh-"

* 2-'(|(u|)|(u|-#".

Prova de 2) Observe quet2'(t) = "(t)+ #"(t'(t)). (4-18)

Donde5h,Sh6 = 5h,u6

=!

%'(|(u|)|(u|2dx

'!

%"(|(u|)dx

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4.5 O Operador Solução Associado a (4!1) 65

Prova de 3) Como " " !2, então existe K ' 2 tal que

#"('(s)s)* K"(s), s ' 0,

donde1K

!

%#"('(|(u|)|(u|)dx *

!

%"(|(u|)dx (4-19)

De (4!19) e do Lema 2.4.2, fazendo v= '(|(u|)|(u|, obtemos que existe C > 0tal que

C min$-'(|(u|)|(u|-

!!!1#"

,-'(|(u|)|(u|-m

m!1#"

%*

!

%#"('(|(u|)|(u|)dx.

Agora recorrendo a 1), 2) e usando que #"(t'(t))* "(2t)* K"(t)

min4-h-

1m!1 ,-h-

1!!1

5* C1

!

%#"('(|(u|)|(u|)dx

-h-

* C2

!

%"(|(u|)dx

-h-

* C25h,u6-h-

= C25h,Sh6-h- ,

para algumas constantes C1,C2 > 0. Donde

5h,Sh6-h- $ &, quando -h-$ &,

provando o Lema 4.5.3.

Lema 4.5.4 O operador S é Pseudomonotônico.

Demonstração: Análoga a demonstração do Lema 4.3.5.

Lema 4.5.5 Suponha que ' satisfaça ('1), ('&2) e ('3), então S é um operador do tipo(S+).

Demonstração: Seja (hn)1W 1,"0 (%)& tal que

1. hn $ h em W 1,"0 (%)& e

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4.6 Regularidade da Solução de (4!1) 66

2. limsupn

5hn !h,Shn6 * 0.

Pelo Lema 4.5.2 S é monotônica. Então, de maneira análoga ao que foi feito noLema 4.3.6 mostra-se que

limn$&

5hn !h,Shn !Sh6= 0,

que(un(x)

n$&!$ (u(x) q.t.p. x " %,

onde un := Shn e u := Sh, e que

un !$ u, em W 1,"0 (%).

Mas, pelo Lema 4.3.1 o operador L é contínuo, donde

hn = Lun !$ Lu = h, quando n !$ &,

concluindo a demonstração do lema 4.5.5.

4.6 Regularidade da Solução de (4!1)

Nesta seção, discorreremos sobre a regularidade da solução do problema (4!1).Para tal, vamos supor que % # RN é um domínio limitado com fronteira #% regular eh " L&(%). Casos mais gerais que o problema (4!1) são tratados em [22] e [35].

O principal resultado desta seção é um caso particular de um resultado devidoa Lieberman (cf. Apêndice C). Antes de enunciar o nosso resultado precisamos dasseguintes hipóteses:suponha que ' : (0,&)$ (0,&) é de classe C1(0,&) e sejam a j : RN $ R, j = 1, ...,N,definidas por

a j(+) =

.'(|+|)+ j , + = (+1, ...,+N ) " RN !{0}

0 , + = (0, ...,0).

com j = 1, ...,N. Além disso, suponha que existam -1,-2 > 0 tais que

('4)N

)i, j=1

#a j

#+i(+)8i8 j ' -1'(|+|)|8|2;

('5)

+++++

N

)i, j=1

#a j

#+i(+)

+++++* -2'(|+|).

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4.6 Regularidade da Solução de (4!1) 67

Observação 4.6.1 Tomando + = (t,0, ...,0) e 8 = (1,0, ...,0) em ('4) e ('5), obtemos

-1t'(t)* t(t'(t))& * -2t'(t), (4-20)

e integrando

! := 1+-1 *t2'(t)"(t)

* 1+-2 =: m (4-21)

que é a condição ('3).

Teorema 4.6.1 Suponha que ' " C 1(0,&) e satifaz ('1), ('&2), ('4) e ('5). Suponha queh " L&(%), então o problema (4!1) possui uma única solução u " C 1,3(%), para algum3 > 0.

A demonstração do Teorema 4.6.1 depende do Lema a seguir e será feita no finaldesta seção.

Lema 4.6.1 Suponha que ' satisfaz ('1)! ('3) e que h " L&(%). Seja u uma solução de(4!1), então u " L&(%).

Para demonstrar o Lema 4.6.1 usaremos o seguinte resultado (cf. [33, lemma 5.1,pg. 71]).

Lema 4.6.2 Sejam k0 > 0,. > 0,: > 0 e 3 " [0,1+ :]. Suponha que u " L1(%) satisfa aestimativa !

Ak

(u! k)dx * .k3|Ak|1+:,

para todo k ' k0 onde Ak := {x " % | u(x)> k}. Então

sup%

u *C,

onde C =C(.,:,3,k0,-u-L1(Ak0)) é uma constante positiva.

Demonstração do Lema 4.6.1: Verificaremos as hipóteses do Lema 4.6.2. Considerandok0 = 1, mostraremos que

!

Ak

'(|(u|)|(u|2dx * const(N,-h-&, |%|,")|Ak|, k > 1. (4-22)

De fato, considere 2 := max{u! k,0} " W 1,"0 (%) = W 1,1

0 (%)3W 1L"(%) (cf. Fuchs &Gongbao [22]), obtemos assim que

!

Ak

'(|(u|)|(u|2dx =!

Ak

h(u! k)dx. (4-23)

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4.6 Regularidade da Solução de (4!1) 68

O lado direito de (4!23) é estimado usando a desigualdade de Hölder, como se segue

!

Ak

h(u! k)dx * -h-&|Ak|1N

!!

Ak

|u! k|N

N!1 dx"N!1

N

* c(N)-h-&|Ak|1N

!

Ak

|(u|dx

*!

Ak

$#"&

2c(N)-h-&|Ak|1N

(+"

!12|(u|

"%dx

* #"&

2c(N)-h-&|Ak|1N

(|Ak|+

12

!

Ak

"(|(u|)dx

* #"&

2c(N)-h-&|Ak|1N

(|Ak|+

12

!

Ak

'(|(u|)|(u|2dx,

provando assim a estimativa (4!22).Agora mostraremos que

!

Ak

|(u|dx * const(N,-h-&, |%|,")|Ak|, k ' 1 (4-24)

Com efeito,!

Ak

|(u|dx =!

Ak3{|(u|*1}|(u|dx+

!

Ak3{|(u|>1}|(u|dx

* |Ak|+1

"(1)

!

Ak

'(|(u|)|(u|2dx

e (4!24) segue de (4!22).Por fim, observemos que da desigualdade de Hölder e de (4!24)

!

Ak

(u! k)dx * |Ak|1N

!!

Ak

|u! k|N

N!1 dx"N!1

N

* c(N)|Ak|1N

!

Ak

|(u|dx

* const(N,-h-&, |%|,")|Ak|1+1N , k > 1.

Aplicando o Lema 4.6.2, concluímos que

sup%

u * const(N,-h-&, |%|,",-u-L1(A1)).

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4.6 Regularidade da Solução de (4!1) 69

De maneira análoga mostra-se que

inf%

u ' const(N,-h-&, |%|,",-u-L1(A1)),

donde u " L&(%).Prova do Teorema 4.6.1: Verificaremos que as hipóteses do Teorema C.0.4 (cf. ApêndiceC) são válidas.

Inicialmente, pelo Lema 4.6.1 u " L&(%), neste caso M0 = -u-& e portanto|u|* M0 q.t.p. em %.

No Teorema C.0.4 faça

A(x,z, p) = '(|p|)p, B(x,z, p) = h(x), x " %, z " R, p " RN !{0}.

As condição ('3) e ('4) são, respecitvamente, casos particulares dos itens (i) e(ii) da condição (C!2) do Apêndice C.

Lembrando (cf.C ) que g(t) = "&(t) = t'(t), t " R, o item (iii) é válido pois,

|A(x,z, p)!A(y,w, p)|= |'(|p|)p!'(|p|)p|= 0 * ;1(1+g(|p|))[|x! y|3 + |z!w|3],

para todos x,y " %, z,w " [!M0,M0] p " RN !{0}, e quaisquer constantes 0 < 3 * 1 e;1 ' 0.

Por fim, o item (iv) é facilmente verificado, pois

|B(x,z, p)|= |h(x)|* |h|& * |h|&!

1+g(|p|)|p|

",

p " RN !{0}.

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CAPÍTULO 5Equações Multivalentes em Domínios Limitadosvia Minimização em Espaços de Orlicz-Sobolev:Minimização Global

Neste capítulo desenvolveremos argumentos de minimização sobre funcionais localmenteLipschitz definidos em espaços de Orlicz-Sobolev junto com técnicas de convexidadepara investigar a existência de solução da equação multivalente (1!2). A regularidadeda solução também será discutida.

5.1 Observações e Resultados Preliminares

Em primeiro lugar, lembramos que a definição de solução fraca de (1!2) é aseguinte:

Definição 5.1.1 Dizemos que u "W 1,"0 (%) é solução fraca de (1!2) se existe * = *u "

L"+(%)& = L#"+(%) tal que

*(x) " # j(x,u(x)) q.t.p. x " %, (5-1)!

%'(|(u|)(u(vdx =

!

%*vdx+

!

%hv, v "W 1,"

0 (%). (5-2)

Consideraremos o problema de autovalor.

!!"u = $'(u)u em %u = 0 em #%.

(5-3)

García-Huidobro et al. [26] e Mustonen & Tienari [42], sob hipóteses mais geraisque ('1)! ('3), consideram o problema de minimização

$1,r := inf$!

%"(|(u|)dx : u "W 1,"

0 (%) e!

%"(u)dx = r

%, (5-4)

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5.1 Observações e Resultados Preliminares 71

para cada r > 0. Eles provam que existe ur "W 1,"0 (%) não-negativa tal que ur é solução

do problema (5!4). Além disso, ur é solução fraca da correspondente equação de Euler-Lagrange (5!3), ou seja,

!

%'(|(ur|)(ur(2dx = $

!

%'(ur)ur2dx, 2 "W 1,"

0 (%), (5-5)

para algum $ > 0, como pode ser visto no teorema a seguir:

Teorema 5.1.1 (Cf. [26, 42]) Seja " uma N-função. Então existe $ > 0 tal que oproblema (5!3) possui uma solução fraca. Se " satisfaz ('1)! ('3), então ur é nãonegativa.

Quando r = 1 denotaremos $1 = $1,1. A proposição a seguir compara os valores$1 com $.

Proposição 5.1.1 Suponha que ' : (0,&)$ (0,&) é contínua e satisfaz ('1)!('3). Então

!

m$1 * $ * m

!$1.

Demonstração: Considerando 2 = u1 em (5!5), usando ('3) e"

% "(u1) = 1 obtemos

$ =

!

%'(|(u1|)|(u1|2dx!

%'(u1)u2

1dx* m

!

!

%"(|(u1|)dx =

m!

$1.

Por outro lado,

$ =

!

%'(|(u1|)|(u1|2dx!

%'(u1)u2

1dx' !

m

!

%"(|(u1|)dx =

!

m$1,

o que prova a Proposição.

Observação 5.1.1 No caso '(t) = t p!2, 1 < p < &, temos que ! = m = p e portanto$1 = $.

A proposição abaixo relaciona a condição (1!10) com o autovalor $1 dooperador !". Relembramos algumas notações. Por Clement et al. [15, lema D2]

L"(%)cont#$ L!(%) (5-6)

e denotando por C! > 0 a melhor constante tal que

C!|u|!! * -u-!", u " L"(%). (5-7)

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5.1 Observações e Resultados Preliminares 72

Proposição 5.1.2 Suponha ('1)! ('3). Então (1!10) vale se existem um função 3 "L&(%) e um subconjunto %0 de % com |%0|> 0 tal que

A& *C! 3 q.t.p. em %, 3 * $1 q.t.p. em %, 3 < $1 q.t.p. em %0. (5-8)

Demonstração: Caso 1: Tome v " W 1,"0 (%) tal que -v-" = 1 e $1 =

!

%"(|(v|)dx.

Então!

%"(|(v|)dx!

!

v.=0C!3(x)|v|!dx = $1 !

!

v(x).=0C!3(x)"(v)dx

= $1 !!!

%0+!

%!%0

"C!3(x)|v|!dx

> $1 !$1

!

%0C!|v|!dx!

!

%!%0C!3(x)|v|!dx

' $1 !$1-v-!"

= 0.

Caso 2: Seja v "W 1,"0 (%) tal que -v-" = 1 e $1 <

!

%"(|(v|)dx. Então

!

%"(|(v|)dx!

!

v.=0C!3(x)|v|!dx > $1 !

!

v(x) .=0C!3(x)|v|!dx

' $1 !$1-v-"

' 0.

Dos Casos 1 e 2, concluímos que!

%"(|(v|)dx!

!

v(x) .=0C!3(x)|v|!dx > 0, v "W 1,"

0 (%), -v-" = 1.

Agora sejam

i(C!3) = infv"W 1,"

0 , -v-"=1

$!

%"(|(v|)dx!

!

v(x).=0C!3(x)|v|!dx

%

e (vn)1W 1,"0 (%) uma sequência minimizante para i(3), isto é

!

%"(|(vn|)dx!

!

vn(x) .=0C!3(x)|vn|!dx !$ i(C!3), -vn-" = 1.

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5.1 Observações e Resultados Preliminares 73

Mostraremos que (-(vn-") é limitada. Com efeito, dado : > 0

i(C!3)*!

%"(|(vn|)dx!

!

vn(x) .=0C!3(x)|vn|!dx * i(C!3)+ : (5-9)

para n suficientemente grande. Como 3(x)* $1 e -vn-" = 1 obtemos!

%"(|(vn|)dx * i(3)+ :+

!

vn(x).=0C!3(x)|vn|!dx

* i(3)+ :+$1.

(5-10)

Se, por contradição, -(vn-" $ &, teremos que -(vn-" ' 1 e portanto

-(vn-!" *!

%"(|(vn|)dx * i(3)+ :+$1,

o que é um absurdo, donde (-(vn-") é limitada. Considerando uma subsequência senecessário, existe v "W 1,"

0 (%) tal que

1. vn $ v e!

%"(|(v|)dx * liminf

n

!

%"(|(vn|)dx;

2. vn $ v em L"(%) e portanto -v-" = 1;3. vn(x)$ v(x) q.t.p. x " %;4. Existe 91 " L"(%) tal que

|vn(x)|* 91(x) q.t.p. x " %.

Logo pelo Teorema de Lebesgue

0 <!

%"(|(v|)dx!

!

v(x) .=0C!3(x)|v|!dx

* liminfn

$!

%"(|(vn|)dx!

!

vn(x).=0C!3(x)|vn|!dx

%

* i(C!3)+ :,

donde0 <

!

%"(|(v|)dx!

!

v(x) .=0C!3(x)|v|!dx * i(C!3)

junto com (5!9), teremos que

0 <!

%"(|(v|)dx!

!

v(x).=03(x)|v|!dx = i(C!3).

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5.1 Observações e Resultados Preliminares 74

É fácil ver que i(A&)' i(C!3)> 0, concluindo a demonstração.

A observação abaixo é importante para entender o significado de equações dotipo

!!"u = f (x,u) q.t.p. em %.

Observação 5.1.2 (Cf. [3]) A equação (1!17) é entendida como se segue. Defina

5!!"u,v6 :=!

%'(|(u|)(u(vdx, u,v "W 1,"

0 (%).

Por [23, p. 263], !

%#"('(|(u|)|(u|)dx *

!

%"(2|(u|)dx < &,

que nos dá '(|(u|)|(u| " L#"(%). Se u " W 1,"0 (%) é uma solução do problema (1!2),

então!!"u = J1 + J2 em W 1,"

0 (%)&

onde J1,J2 : W 1,"0 (%)$ R são funcionais lineares limitados:

J1(v) = $!

%hvdx e J2(v) =

!

%*vdx.

Note que J1,J2 " L"+(%)& # W 1,"0 (%)&. Assim, pelo Teorema de Riesz para espaços de

Orlicz, J1,J2 " L#"+(%). Donde !"u " L#"+

(%).

Demonstração da Proposição 1.0.1: Sejam

f (x, t) := /{t>a}(t) e j(u) :=!

%f (x, t)dt = (u!a)+.

Consideraremos o problema multivalente:

!!"u " # j(u)+h. (5-11)

Afirmamos que (5!11) possui solução. Para este fim, verificaremos que ashipóteses do Teorema 1.0.2 são válidas.

Com efeito,(u!a)+ * |u|!+(1+a),

e também| f (x,u)|* 1 * c1#"!1

+ ,"+(c2u)+1.

Além disso,

A&(x) = limsup|s|$&

(s!a)+

|s|!= 0,

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5.2 Preliminares as Demonstrações dos Teoremas Principais 75

dondeinf

v"W 1,"0 (%), -v-"=1

$!

%"(|(v|)dx!

!

{v.=0}A&(x)|v(x)|!dx

%> 0.

Comolim

t$a!/t>a(t) = 0 < 1 = lim

t$a+/t>a(t).

segue do Teorema 1.0.2 que existe u " W 1,"0 (%) tal que |-a(u)| = 0 e é solução de

(1!25).Logo u é solução de (1!25). Concluindo a demonstração da Proposição 1.0.1.

5.2 Preliminares as Demonstrações dos Teoremas Princi-pais

Para demonstrarmos os Teoremas 1.0.1 e 1.0.2 precisamos de alguns resultadospreliminares que provaremos a seguir.

O funcional energia associado ao problema (1!2) é

I(u) =!

%"(|(u|)dx!

!

%j(x,u)dx!

!

%hudx, u "W 1,"

0 (%). (5-12)

Verificaremos no Apêndice A que I está bem definido.Fazendo

Q(u) =!

%"(|(u|)dx!

!

%uhdx e J(u) =

!

%j(x,u)dx, (5-13)

temosI(u) = Q(u)! J(u).

Pelo Lema A.0.2 temos

Q " C1(W 1,"0 (%),R) e 5Q&(u),v6=

!

%'(|(u|)(u(vdx!

!

%hvdx. (5-14)

O resultado a seguir é um corolário do Teorema de Aubin-Clarke (cf. Teorema3.3.1).

Corolário 5.2.1 Sobre as hipóteses do Teorema 3.3.1, temos que

J " Liploc(W1,"0 (%);R) e

#J(u)1 {w " L#"+(%) | w(x) " # j(x,u(x)) q.t.p. x " %}. (5-15)

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5.2 Preliminares as Demonstrações dos Teoremas Principais 76

Demonstração: Pelo Lema A.0.1 J(u) está definido para todo u " L"+(%). Além disso,

como C&0 (%) 1 W 1,"

0 (%) #$ L"+(%), segue que W 1,"0 (%)

L"+= L"+(%). Pelo Teorema

de Aubin-Clarke (cf. Teorema 3.3.1) J " Liploc(L"+(%),R) e satisfaz a relação (3!2),então por [13, Teo. 2.2] concluímos que J é localmente Lipschitz em W 1,"

0 (%) e satisfaz

#J(u)1 {w " L#"+(%) | w(x) " # j(x,u(x)) q.t.p. x " %}

para u "W 1,"0 (%), provando o Corolário.

Assim, pelo Corolário 5.2.1 e a Proposição 3.2.1

I " Liploc(W1,"0 (%),R) e #I(u) = Q&(u)!#J(u). (5-16)

Portanto, u é um ponto crítico de I se 0 " #I(u), isto é, existe algum * " L#"+(%) tal que

5Q&(u),v6!5*,v6= 0, for v "W 1,"0 (%).

Observação 5.2.1 Nos argumentos abaixo, C denotará uma constante positiva (cumula-tiva).

Abaixo estabeleceremos e provaremos alguns resultados técnicos.

Lema 5.2.1 Suponha ('1)! ('3) e (1!3). Então I é fracamente sequencialmente semi-contínua inferiormente (fssci).

Demonstração: Em primeiro lugar, segue do Lema A.0.3 (cf. Apêndice A) que ofuncional

u %$!

%"(|(u|)dx, u "W 1,"

0 (%)

é fssci.Agora, seja (un) 1 W 1,"

0 (%) tal que un $ u em W 1,"0 (%). Então un $ u em

L"(%) e, considerando uma subsequência se necessário, un $ u q.t.p. em % e existe92 " L!(%) tal que |un|* 92 q.t.p. em %. Por (1!3) temos

j(x,un)* A|un|!+B(x)* A|92|!+B(x).

Como s %$ j(x,s) é uma função localmente Lipschtz, em particular contínua, temos que jé uma função Carathéodory e portanto

j(x,un(x))!$ j(x,u(x)) q.t.p. x " %.

Pelo Lema de Fatou,limsup

!

%j(x,un)dx *

!

%j(x,u)dx.

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5.3 Provas dos Teoremas 1.0.1 e 1.0.2. 77

Assim,

I(u) * liminf!

%"(|(un|)dx! limsup

!

%j(x,un)dx! lim

!

%hundx

* liminf$!

%"(|(un|)dx!

!

%j(x,un)dx!

!

%hundx

%

= liminf I(un)

mostrando que I é fssci.

5.3 Provas dos Teoremas 1.0.1 e 1.0.2.

O objetivo desta seção é demonstrar o Teorema 1.0.1 e 1.0.2. Começaremos peloTeorema 1.0.1.

Demonstração do Teorema 1.0.1 Inicialmente mostraremos que I é coercivo. De fato,suponha por contradição que exista (un)1W 1,"

0 (%) tal que

-(un-" $ & e I(un)*C.

Usando (1!3) e a desigualdade de Hölder temos!

%"(|(un|)dx *

!

%j(x,un)dx+

!

%hundx+C

* A!

%|un|!dx+2-h-#"-un-" +C

(5-17)

Afirmamos que!

%|un|!dx $ &. De fato, suponha o contrário, que

!

%|un|!dx *C.

Pela imersão W 1,"0 (%) #$ L"(%) #$ L!(%), (5!17) e a Desigualdade de Poincaré (cf.

[28]) temos !

%"(|(un|)dx *C(1+-(un-"),

o que é impossível, pois conforme [28, lemma 3.14]!

%"(|(un|)dx

-(un-"$ &,

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5.3 Provas dos Teoremas 1.0.1 e 1.0.2. 78

mostrando que!

%|un|!dx $ &. Observando que L"(%)

cont#$ L!(%) concluímos também

que -un-" $ &.

Por (5!17), Lema 2.4.1 e a imersão L"(%)cont#$ L!(%) temos

-(un-!" *!

%"(|(un|)dx *C-un-!" +2-h-#"-un-" +C. (5-18)

Dividindo (5!18) por -un-!" chegamos a

-(vn-!" *C+2-h-#"-un-!!1

"+

C-un-!"

,

onde vn =un

-un-". Donde (-(vn-") é limitada. Passando a uma subsequência se necessá-

rio, temos

vn $ v in W 1,"0 (%) e

!

%"(|(v|)dx * liminf

!

%"(|(vn|)dx,

vn $ v in L"(%) e existe 93 " L!(%) tal que |vn|* 93 q.t.p. em %,

v .= 0, pois W 1,"0 (%)

comp#$ L"(%) e portanto -v-" = 1.

Afirmamos que

limsup!

%

j(x,-un-"vn)

-un-!"dx *

!

{v.=0}A&(x)|v(x)|!dx. (5-19)

Com efeito, usando (1!3) estimamos

j(x,un(x))-un-!"

=j(x,-un-"vn(x))

-un-!"

* 1-un-!'

&A(-un-"vn(x))!+B(x)

(

* A9!3(x)+B(x).

(5-20)

Além disso,

limsupj(x,-un-"vn)

-un-!"* limsup

j(x,-un-"vn)

-un-!"|vn(x)|!|vn(x)|!/{vn .=0}

dondelimsup

j(x,-un-"vn)

(-un-"vn(x))!|vn(x)|!/{vn .=0} * A&(x)|v(x)|!, v(x) .= 0. (5-21)

Por (5!20), (5!21) e o Lema de Fatou, concluímos (5!19) . Usando o fato que " é

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5.3 Provas dos Teoremas 1.0.1 e 1.0.2. 79

convexa e contínua, o Lema 2.4.1, I(un)*C e (5!19) segue que!

%"(|(v|)dx * liminf

!

%"(|(vn|)dx

* liminf1

- un-!"

!

%"(|(un|)dx

* liminf

.!

%

8j(x,-un-"vn)

-un-!"+

2-h-#"-un-!!1

"

9dx+

C-un-!"

/

* limsup!

%

j(x,-un-"vn)

-un-!"dx

*!

{v.=0}A&(x)|v(x)|!dx,

que contradiz (1!10). Portanto, I é coercivo. Pelo Lema 5.2.1, existe u " W 1,"0 (%) tal

queI(u) = min

v"W 1,"0 (%)

I(v)

consequentemente u é um ponto crítico, isto é, 0 " #I(u). Donde, existe * " #J(u) tal que!

%'(|(u|)(u(vdx =

!

%*vdx+

!

%hvdx, v "W 1,"

0 (%)

e pelo Corolário 5.2.1*(x) " # j(x,u(x)) a.e. x " %,

ou seja, u é uma solução para o problema (1!2).

Para demonstrarmos o Teorema 1.0.2 precisamos de alguns resultados técnicos,os quais serão apresentados a seguir. Iniciamos relembrando uma proposição cuja de-monstração encontra-se em Chang [13] (cf. também a Proposição 3.1.3).

Proposição 5.3.1 Seja f : %(R !$ R uma função Baire mensurável tal que s %$ f (x,s)seja não decrescente q.t.p. x " % e satisfaça (1!16). Então a função

j(x, t) :=! t

0f (x,s)ds, (5-22)

é localmente Lipschitz q.t.p. x " % e

# j(x, t) = [ f (x, t !0), f (x, t +0)]. (5-23)

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5.3 Provas dos Teoremas 1.0.1 e 1.0.2. 80

Demonstração: Mostraremos que a função t %$ j(x, t) é localmente Lipschtz, q.t.p. x"%.De fato, sejam t " R e : > 0. Considere s1,s2 " (t ! :, t + :) e suponha, sem perda degeneralidade, que s1 < s2, segue de (1!16) e de #"!1

+ ,"+ ser crescente

| j(x,s2)! j(x,s1)| *! s2

s1| f (x,s)|ds

*! s2

s1

:c1#"!1

+ ,"+(c2s)+b(x);

ds

*:c1#"!1

+ ,"+(c2(t + :))+b(x);|s2 ! s1|

= C(x)|s2 ! s1|,

(5-24)

onde C(x) :=:c1#"!1

+ ,"+(c2(t + :))+b(x);, donde j(x, .) " Liploc(R,R). Da desigual-

dade (5!24) vemos que j é localmente Lipschitziana. A demonstração da relação(5!23) é encontrada em Chang [13].

O seguinte resultado é baseado no Teorema 2.3 (cf. [13]) o qual determinacondições para que se tenha a igualdade na relação (5!15).

Corolário 5.3.1 Sejam " satisfazendo ('1)!('3) e f : %(R!$R é uma função Baire-mensurável, não decrescente na segunda variável satisfazendo (1!16). Então a funçãoJ é convexa e

#J(u)(x) = [ f (x,u(x)!0), f (x,u(x)+0)]

para todo u " L"+(%) ou u "W 1,"0 (%).

Demonstração: Para verificar que J é convexa, basta mostrarmos que a função s %$ j(x,s)é convexa, para isto, observemos que esta é não decrescente e também localmenteLipschitz, portanto contínua, e proceder como no Lema 3.2.2 (cf. [32]).

Como f é Baire mensurável, segue da Proposição 5.3.1 que

# j(x, t) = [ f (x, t !0), f (x, t +0)], t " R q.t.p. x " %.

Recorrendo ao Teorema 3.3.1 e ao Corolário 5.2.1 obtemos que

#J(u)(x)1 [ f (x,u(x)!0), f (x,u(x)+0] q.t.p. x " %

sempre que u " L"+(%) ou u "W 1,"0 (%).

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5.3 Provas dos Teoremas 1.0.1 e 1.0.2. 81

Por outro lado, seja w" L"+(%) tal que w(x)" [ f (x,u(x)!0), f (x,u(x)+0] q.t.p.x " %. Então (basta avaliar graficamente)

w(x)(v(x)!u(x)) *! v(x)

u(x)f (x, t)dt

=

!! v(x)

0!! u(x)

0

"f (x, t)dt

= j(x,v(x))! j(x,u(x)).

Integrando

(w,v!u) =!

%w(x)(v(x)!u(x))dx *

!

%j(x,v(x))dx!

!

%j(x,u(x))dx * J(v)! J(u),

e lembrando que#J(u) = {w " L#"+

| (w,v!u)* J(v)! J(u)}

concluimos que w " #J(u), sempre que u " L"+(%). Pelo Corolário 5.2.1 o mesmo valeem W 1,"

0 (%).

A seguir provaremos o Teorema 1.0.2, que é baseado no Teorema 4 de Corrêa &Gonçalves em [16], o qual trata sobre a medida do conjunto de nível -a(u).Prova do Teorema 1.0.2: Afirmamos que f é Baire mensurável. De fato, defina

f1(x, t) =

.f (x, t) , t < a

f (x,a!0) , t ' a

e

f2(x, t) =

.f (x, t) , t > a

f (x,a!0) , t * a

que são Baire mensuráveis, pois são contínuas na segunda variável. Como os conjuntos(!&,a) e [a,&) são Baire mensuráveis então

f (x, t) = /(!&,a)(t). f1(x, t)+/[a,&)(t). f2(x, t)

é Baire mensuável, provando a afirmação.Agora, como f (x, t) é não decrescente em t, segue do Corolário 5.3.1 que

#J(v)(x) = # j(x,v(x)) = [ f (x,v(x)!0), f (x,v(x)+0)], v "W 1,"0 (%) q.t.p. x " %.

Seja u "W 1,"0 (%) uma solução de (1!2) que minimiza o funcional energia I, então

!!"u(x) " # j(x,u(x))+h(x) q.t.p. x " %

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5.3 Provas dos Teoremas 1.0.1 e 1.0.2. 82

eI(u)* I(u+ :2), : > 0 e 2 "W 1,"

0 (%),

donde!

%

j(x,u+ :2)! j(x,u):

dx *!

%

"(|((u+ :2)|)!"(|(u|):

dx!!

%h2dx. (5-25)

Consideremos os seguintes casos:Caso 1: Considere 2 ' 0 e 2 " C&

0 (%). Pelo Teorema do Valor Médio de Lebourg existe*: tal que

j(x,u+ :2)! j(x,u):

= 8:2

ondeu < *: < u+ :2 e 8: " # j(x,*:) = [ f (x,*: !0), f (x,*: +0)].

Usando isto e a condição (1!16) obtemos

|8:| * | f (x,*: !0)|+ | f (x,*: +0)* 2c1#"!1

+ ,"+(c2*:)+2b(x).

Além disso, como |*:|* |u|+ |2| obtemos++++

j(x,u+ :2)! j(x,u):

++++ = |8:|2

* [2c1#"!1+ ,"+(c2*:)+2b(x)]2

* [2c1#"!1+ ,"+(c2|u|+ c2|2|)+2b(x)]2 " L1(%).

Por outro lado, é fácil ver que

lim:$0+

j(x,u+ :2)! j(x,u):

= f (x,u(x)+0)2(x) q.t.p. x " %.

Aplicando o Teorema de Lebesgue em (5!25) obtemos!

%f (x,u(x)+0)2(x)dx *

!

%'(|(u|)(u(2dx!

!

%h2dx

assim,!!"u ' f (x,u(x)+0)+h(x) q.t.p. x " %,

portanto,!!"u = f (x,u(x)+0)+h(x) q.t.p. x " %. (5-26)

Caso 2: Considere 2 * 0 e 2 " C&0 (%). De maneira análoga ao que foi feito no Caso 1

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5.4 Demonstrações dos Teoremas 1.0.3 e 1.0.4 83

mostra-se que!!"u = f (x,u(x)!0)+h(x) q.t.p. x " %. (5-27)

Suponha, por contradição, que |-a(u)| .= 0. Por (5!26) e (5!27) obtemos que

f (x,a!0) = f (x,a+0) q.t.p. x " -a(u),

o que contradiz (1!14). Donde |-a(u)|= 0.Como u é solução de (1!2) existe * " #J(u) tal que

!

%[!!"u!*!h]2dx = 0, 2 "W 1,"

0 (%).

Donde!!"u(x) = *(x)+h(x) q.t.p. x " %

e como f " C(R!{a}) e |-a(u)|= 0 concluímos que

!!"u(x) = f (x,u(x))+h(x) q.t.p. x " %.

5.4 Demonstrações dos Teoremas 1.0.3 e 1.0.4

Para demonstrarmos o Teorema 1.0.3 precisamos de alguns resultados prelimi-nares. Seja

'.(t) = .(/

1+ t2 !1).!1/

1+ t2t ' 0.

Lema 5.4.1 A função " satisfaz ('1)! ('2), e

. * t2'(t)"(t)

* 2., t > 0. (5-28)

Além disso, quando 1 < . < N,

L"(%) = L.(%),

|u|" * |u|., u " L"(%), (5-29)

eW 1,"

0 (%) =W 1,.0 (%).

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5.4 Demonstrações dos Teoremas 1.0.3 e 1.0.4 84

Demonstração: Naturalmente ' "C(0,&). Por cálculos diretos mostra-se que

limt$0

t'(t) = 0, limt$&

t'(t) = &, (t'(t))& > 0 e . * t2'(t)"(t)

* 2.,

mostrando ('1) e ('2). Agora observemos que

t2'(t)"(t)

=.t2(

/1+ t2 !1).!1

/1+ t2(

/1+ t2 !1).

=.t2

/1+ t2(

/1+ t2 !1)

= .!

1+1/

1+ t2

"

de onde prova-se facilmente (5!28). Para provar que L"(%) = L.(%), basta observarque

"(t)* t., t ' 0 e "(t)' 12. t., t ' 2

e usar [32, thm. 3.17.3]. Como consequência, W 1,"0 (%) =W 1,.

0 (%),

Para provar (5!29), considere u " L.(%) e k > 0 e note que

!

%

|u(x)|.

k. = 1 se, e somete se, k = |u|..

Como "(t)* t. para t ' 0 temos

!

%"&u

k

(dx *

|u|..k. .

Fazendo k = |u|. segue da definição de -u-" a relação (5!29). Isto prova o Lema 5.4.1.

Proposição 5.4.1 Suponha (1!21). Então (1!10) vale.

Demonstração: Por (1!21) e W 1,"0 (%) =W 1,.

0 (%),

infu"W 1,"

0 (%), |u|L.=1

4!

%(*

1+ |(u|2 !1).dx!!

{u .=0}A&(x)|u(x)|.dx

5> 0,

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5.4 Demonstrações dos Teoremas 1.0.3 e 1.0.4 85

Seja u " W 1,"0 (%) tal que -u-" = 1. Recordando que "(t) = (

/1+ t2 ! 1). e fazendo

v = u|u|. existe , > 0 tal que

, *!

%"!|(u||u|.

"dx! 1

|u|..

!

{u.=0}A&(x)|u(x)|.dx.

Usando a desigualdade 1 = -u-" * |u|. dada pelo Lema 5.4.1 e aplicando o Lema 2.4.1temos

, * max

.1|u|..

,1

|u|2..

/!

%"(|(u|)dx! 1

|u|..

!

{u.=0}A&(x)|u(x)|.dx

* 1|u|..

$!

%"(|(u|)dx!

!

{u.=0}A&(x)|u(x)|.dx

%

*!

%"(|(u|)dx!

!

{u.=0}A&(x)|u(x)|.dx

Isto prova a Proposição 5.4.1.

Proposição 5.4.2 Suponha que 1 < . < N2 e (1!19). Então (1!9) vale.

Demonstração: Seja "(t) = t.. Pelo Lema 2.4.4,

"+(1) t.+ * "+(t), t ' 1.

Usando a desigualdade acima e (1!19) temos que (1!9). Isto prova a Proposição 5.4.2.

Prova do Teorema 1.0.3 Basta aplicarmos o Lema 5.4.1, as Proposições 5.4.1 e 5.4.2 eo Teorema 1.0.1.

Prova do Teorema 1.0.4 Basta observarmos que a condição (1!23) é equivalente acondição (1!16) do Teorema 1.0.2, pois L"+(%) = L.+(%). Por fim, basta aplicar oTeorema 1.0.2.

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CAPÍTULO 6Problemas Quaselineares Multivalentes comCrescimento Crítico em um Domínio Limitado:Princípio Variacional de Ekeland eConcentração-Compacidade

Neste capítulo utilizaremos o Princípio Variacional de Ekeland e argumentosda teoria de pontos críticos para funcionais Localmente Lipschitzianos em espaços deOrlicz-Sobolev, juntamente com convexidade e técnicas de compacidade para investigara existência de solução da equação multivalente (1!26), isto é,

!!"u " # j(.,u)+$h in %,

onde %#RN é um domínio limitado regular, " : R!$ [0,&) é uma N-função apropriada,!" é o correspondente "!Laplaciano, $ > 0 é um parâmetro, h : % $ R é uma funçãomensurável,

j(x, t) = 0(x)["+(t)!"+(a)] /{t>a}(t)

e # j(.,u) é o subdiferencial de uma função j associada com o crescimento crítico.

Observamos que nossos resultados funcionam (acompanhe as demonstraçõesabaixo) para funções j(x, t) mais gerais, por exemplo

j(x, t) =k

)i=1

0i(x)["+(t)!"+(ai)]/{t>ai}(t),

onde 0i " L&(%), 0i > 0, i = 1,2, ...,k, e 0 < a1 < a2 < ... < ak.

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6.1 Estrutura Variacional Associada a (1!26) 87

6.1 Estrutura Variacional Associada a (1!26)

O funcional Energia associado a (1!26) é I := I$,a definido em (1!28), isto é,

I(u) =!

%"(|(u|)dx!

!

%j(x,u)dx!$

!

%hudx, u "W 1,"

0 (%).

Exploraremos abaixo algumas propriedades de I. Em primeiro lugar escrevemos

I(u) = Q$(u)! J(u),

ondeQ$(u) =

!

%"(|(u|)dx!$

!

%hudx

eJ(u) =

!

%j(x,u)dx.

Mostra-se que (cf. Lema A.0.2 no Apêndice A)

Q$ "C1(W 1,"0 (%),R) e 5Q&

$(u),v6=!

%'(|(u|)(u(vdx!$

!

%hvdx.

No resultado abaixo, usamos o Teorema de Aubin-Clarke (cf. Teorema 3.3.1)para obter uma expressão para # j(x, t), (x, t) " %(R.

Lema 6.1.1 Seja j como em (1!27). Então

# j(x, t) =

<=>

=?

0, t < a,[0,0(x)'+(a)] , t = a,0(x)'+(t), t > a,

e o funcionalJ(u) :=

!

%j(x,u(x))dx, u "W 1,"

0 (%)

satisfaz

J " Liploc(W1,"0 (%),R) e #J(u)1

4*" L@"+

(%) | *(x)" # j(x,u(x)) q.t.p. x"%5. (6-1)

Observação 6.1.1 Notemos que J(u) está definido para u " L"+(%). Para isto, bastaobservar que

j(x, t) := 0(x)["+(t)!"+(a)] /{t>a}(t), (x, t) " %(R

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6.1 Estrutura Variacional Associada a (1!26) 88

satisfaz a condição (1!9). De fato, pelo Lema 2.1.1 item 7 temos

'+(t)* #"!1+ ,"+(2t).

Pelo Lema 6.1.1 obtemos

0 * * * |0|&'+(t)* |0|&#"!1+ ,"+(2t), * " # j(x, t).

Portanto, pelo Lema A.0.1 concluímos que J(u) está definido para u " L"+(%).

Demonstração do Lema 6.1.1: Pela definição de j, j(x, .) é diferenciável para cada t .= ae

# j(x, t) = { j&(x, t)}= {0(x)'+(t)/{t>a}}.

Por outro lado, como j " L&loc(%(R) temos por [41, Prop. 1.7] que

# j(x,a) =2

limt$a!

/{t>a}0(x)'+(t), limt$a+

/{t>a} 0(x)'+(t)3= [0,0(x)'+(a)].

Seja * = *(x) " # j(x, t), t ' 0. Usando a relação (2!11) temos

0 * t* * 0(x)t'+(t)* m+0(x)"+(t) a.e. x " %.

Na realidade, se t > a, então

!+0(x)"+(t)* t* * m+0(x)"+(t) q.t.p. x " %. (6-2)

Note que se * := *(x) " # j(x, t) então

0 * * * 0(x)'+(t)* |0|&'+(t).

Lembrando que #"+('+(t))* "+(2t), (cf. [23, p. 263]) temos

0 * * * |0|&#"!1+ ,"+(2t),

que é a condição (3!1) do Teorema de Aubin-Clarke (cf. Teorema 3.3.1). Daí J "Liploc(L"+(%),R) e J satisfaz a condição (3!2). Por fim, por [13, Teo. 2.2] obtemosa condição (6!1). Isto prova o Lema 6.1.1.

Com base em (6!1) e o Lema A.0.2, concluímos que

I " Liploc(W1,"0 (%),R) e #I(u) = Q&

$(u)!#J(u).

Relembramos que u é um ponto crítico de I se 0 " #I(u) isto é, existe algum * " #J(u) tal

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6.2 Limitação Local de I: Sequência de Ekeland 89

que5Q&

$(u),v6!5*,v6= 0 para v "W 1,"0 (%).

Por conseguinte, se u é um ponto crítico de I então u é solução da equação (1!26) nosentido da definição 1.0.2.

6.2 Limitação Local de I: Sequência de Ekeland

O lema seguinte tem o objetivo de verificar que o funcional I, restrito a uma bolade centro na origem, satisfaz as hipóteses do Princípio variacional de Ekeland.

Lema 6.2.1 Existem $0,r > 0 tais que para cada $ " (0,$0) e a > 0

(i) inf#Br(0)

I(v)> 0;

(ii) !& < c := infBr(0)

I < 0.

Observação 6.2.1 Graças a imersão W 1,"0 (%)

cont#$ L"+(%) denotaremos por S a melhor

constante positiva tal que

S = infu"W 1,"

0 (%),u.=0

-u-!

-u-!"+

. (6-3)

Demonstração do Lema 6.2.1 Inicialmente mostraremos (i). De fato, usando o Lema2.4.1 e a desigualdade de Hölder temos

I(u)' min{-u-!,-u-m}!!

%j(x,u)dx!2$-h-#"+

-u-"+ (6-4)

Segue da definição de j que j(x, t) * |0|&"+(t), (x, t) " % ( R. Pelo Lema 2.4.2 e aObservação 6.2.1 temos

!

%j(x,u)dx+2$-h-#"+

-u-"+ * |0|&!

%"+(u)dx+2$-h-#"+

-u-"+ *

|0|& max{-u-!+"+,-u-m+

"+}+2$-h-#"+

-u-"+ *

|0|& max$

1

S!+!-u-!+, 1

Sm+!-u-m+

%+ 2$

S1!-h-#"+

-u-.

(6-5)

Juntando (6!4) e (6!5) encontramos

I(u)' min{-u-!,-u-m}! |0|& max$

1

S!+!

-u-!+, 1

Sm+!

-u-m+%! 2$

S1!

-h-#"+-u-.

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6.2 Limitação Local de I: Sequência de Ekeland 90

Fazendo 0 < -u- * 1 segue da desigualdade acima que

I(u)' -u-m&

1!4-u-!+!m !3$-u-1!m(,

onde 3 := 2/S1! -h-#"+

e 4 := |0|&/S!+! . Seja P(s) := 1! 4s!

+!m, s > 0. Como !+ > m

segue que P(s)' 1/2 se, e somente se, s * s0 :=&

124

(1/!+!m. Além disso,

P(s0)!$3s1!m0 ' 1

4portando $ * $0 :=

143

sm!10 .

Escolhendo r := min{1,s0} segue que

I(u)' rm

4> 0 para u "W 1,"

0 (%) com -u-= r.

Isto mostra (i). Agora mostraremos (ii). Usando o Lema 2.4.1, a imersão contínuaW 1,"

0 (%) #$ L"+(%) e a desigualdade de Hölder obtemos que

I(u)'!|0|& max{ 1

S!+!

r!+,

1

Sm+!

rm+}! 2$S

1!

-h-#"r >!&, -u- * r.

Por outro lado, dados 2 " C1(%)3W 1,"0 (%) positiva em % e t " (0,1) temos que

I(t2) * max{t!, tm}!

%"(|(2|)dx! t$

!

%h2dx

= t!!

%"(|(2|)dx! t$

!

%h2dx < 0

para t > 0 suficientemente pequeno, mostrando (ii).

Observação 6.2.2 Pelo que foi visto acima o funcional energia I dado em (1!28)satisfaz

(i) I " Liploc(W1,"0 (%);R);

(ii) I : Br(0)$ R é limitado inferiormente.

Pelo Princípio Variacional de Ekeland (cf. Apêndice A, Teorema A.0.1), dado: > 0 existe u: " Br(0) tal que

I(u:)< infBr

I + :, (6-6)

I(u:)< I(u)+ :-u!u:-, u .= u:. (6-7)

Segue que existe uma sequência (un)1 Br(0) tal que

I(un)< infBr(0)

I$,a +1n

e (6-8)

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6.3 Algumas Propriedades da Sequência de Ekeland 91

I(un)< I(u)+1n-u!un-, u .= un. (6-9)

Observação 6.2.3 A sequência (un) é chamada Sequência de Ekeland.

6.3 Algumas Propriedades da Sequência de Ekeland

Lema 6.3.1 A sequência de Ekeland (un)1 Br(0) satisfaz

I(un)n!$ c e m(un) := min

w"#I(un)-w-W!1,#"

n!$ 0. (6-10)

Demonstração: Pelo Lema A.0.2 temos que Q$ " C1(W 1,"0 (%),R) e pelo Lema 6.1.1

concluímos que J " Liploc(W1,"0 (%),R), então I é contínua, em particular semicontínuo

inferiormente (na topologia da norma).Pelo Lema 6.2.1 temos que inf

#BrI > 0 e considerando um inteiro positivo n suficientemente

grande de modo que (cf. Lema 6.2.1)

1n< inf

#BrI ! inf

Br

I.

Isto junto com (6!8) nos dá

I(un)<1n+ inf

Br

I < inf#Br

I,

mostrando que un " Br. Tomemos . > 0 e v " W 1,"0 (%) tais que u. = un + .v " Br. Por

(6!9),

I(un + .v)! I(un)+ .1n-v- ' 0,

implicando em

!1n-v- * limsup

.)0

I(un + .v)! I(un)

.

* I0(un,v).

Pela Proposição 3.1.2 iii) concluímos que

I0(u;v) = maxµ"#I(u)

5µ,v6, u,v "W 1,"0 (%).

Para v "W 1,"0 (%) obtemos

!1n-v- * I0(un,v) = max

µ"#I(un)5µ,v6, v "W 1,"

0 (%)

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6.3 Algumas Propriedades da Sequência de Ekeland 92

e por isso, para v "W 1,"0 (%) obtemos

!1n-v- * I0(un;!v)

= maxµ"#I(un)

5µ,!v6

= ! minµ"#I(un)

5µ,v6.

Assim,min

µ"#I(un)5µ,v6 * 1

n-v-, v "W 1,"

0 (%)

que nos dá

sup-v-*1

minµ"#I(un)

5µ,v6 * 1n. (6-11)

A seguir, aplicaremos o Teorema de Minimax de Ky Fan (cf. Teorema A.0.2) à aplicaçãoK : #I(un)(B1(0)$ R definida por:

K(µ,v) := 5µ,v6, (µ,v) " #I(un)(B1(0).

As condições (A!5)! (A!6) são facilmente verificadas.Para verificar a condição (A!7), considere v " B1(0), c " R e

Mv := {µ " #I(un)|5µ,v6 * c}1W!1,#"(%).

É fácil ver que para cada v " B1(0), Mv é convexo e fortemente fechado. Como con-sequência Mv é fracamente fechado (cf. [8, Teo. 3.7]). Segue que o funcional µ %$ K(µ,v)é fracamente semicontínuo inferiormente.

Para verificar a condição (A!8), considere µ " #I(un) e observe que a funçãov %$ !K(µ,v) =!5µ,v6 é contínua, e portanto semicontínua inferiormente.

Por fim, considere #v = 0 " B1(0) e $ = 1. Pela Proposição 3.1.2 o conjunto

{µ " #I(un)|5µ,06 * 1}= #I(un)

é fracamente compacto, verificando a condição (A!9).Pelo Teorema A.0.2 e (6!11) temos

sup-v-*1

minµ"#I(un)

5µ,v6 = minµ"#I(un)

sup-v-*1

5µ,v6

= minµ"#I(un)

-µ-W!1,#"

* 1n.

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6.4 Convergência da Sequência de Ekeland em Compactos 93

Segue de (6!8) que existe uma sequência (un)1 Br tal que

I(un)!$ c e minµ"#I(un)

-µ-W!1,#" !$ 0.

Isto prova o Lema 6.3.1.

Observação 6.3.1 A sequência de Ekeland (un) 1 W 1,"0 (%) satisfaz (6!10). Na reali-

dade, existe wn " #I(un) tal que

-wn-W!1,#" = minw"#I(un)

-w-W!1,#"

(cf. Proposição 3.1.2 iv)) e assim existe *n " #J(un) tal que wn = Q&$(un)!*n. Por isso,

5wn,v6 $ 0, v "W 1,"0 (%)

de modo que

!

%'(|(un|)(un(vdx = $

!

%hvdx+

!

%*nvdx+on(1). (6-12)

Observação 6.3.2 Como (un)1 Br(0)1W 1,"0 (%), existe u " Br(0) tal que

un $ u em W 1,"0 (%).

6.4 Convergência da Sequência de Ekeland em Compac-tos

O objetivo desta seção é provar o seguinte resultado:

Lema 6.4.1 Seja (un) 1 W 1,"0 (%) a sequência obtida em (6!10). Estenda un a RN

definindo un = 0 em RN\%. Então existem x1, · · · ,xr " RN tais que

unL"+(K)!$ u (6-13)

para cada conjunto compacto K # RN\{x1, · · · ,xr}.

A demonstração do Lema 6.4.1 usa uma variante, devido a Fukagai, Ito &Narukawa [23] (cf. também o Apêndice A), das Técnicas de Concentração-Compacidadede Lions [36].

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6.4 Convergência da Sequência de Ekeland em Compactos 94

Inicialmente introduziremos algumas notações e observações (cf. Willem [49] eo Apêndice A). Dado v "C&

0 (%) nós a estenderemos a RN definindo v(x) = 0 caso x " %c

e ainda denotaremos tal estensão por v. Então v "C&0 (RN) e supp(v)# %. Além disso,

-v-W 1,"(RN) = -v-W 1,"(%)

eW 1,"

0 (%) = {v "C&0 (RN) | supp(v)# %}W 1,"(RN)

.

Desta forma, se v " W 1,"0 (%) então v " W 1,"(RN). Notações similares serão admitidas

em L#"+(%).

Seguindo Willem [49], introduzimos dois espaços vetoriais normados:

(i) C0 = {u "C(RN) | supp(u)cpt1 RN}

|·|&,

com norma|u|& = sup

x"RN|u(x)|,

(ii) M = M (RN) = o espaço das medidas finitas em RN

munido da norma

-µ-M = sup$!

RNudµ | u "C0, |u|& = 1

%.

Considere µn,<n : C0 $ R definidas por

5µn,v6=!

RN"(|(un|)vdx e 5<n,v6=

!

RN"+(|un|)vdx, v "C0.

Então existe uma constante C > 0 tal que

|5µn,v6|*C|v|& e |5<n,v6|*C|v|&

isto é (µn),(<n)1 M são limitadas. Segue que

"(|(un|)$ µ, "+(|un|)$ < em M . (6-14)

Sejam J, {x j} j"J 1 RN , {< j} j"J e {µ j} j"J dados pelo Lema B.0.5. Ainda peloLema B.0.5 temos

< = "+(u)+ )j"J

< j,x j

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6.4 Convergência da Sequência de Ekeland em Compactos 95

eµ ' "(|(u|)+ )

j"Jµ j,x j .

Lema 6.4.2 O conjunto #J = { j " J | < j > 0} é finito.

Demonstração: Afirmamos que {x j} j" #J 1 %. Caso contrário, se x j " %c para algumj " #J, existe : > 0 tal que B:(x j)1 %c. Considere 2: "C&

0 (RN) tal que

supp(2:)# B:(x j), 2::$0!$ /{x j} q.t.p. RN .

Agora, estendamos un a RN definindo un(x) = 0 para x " RN ! %. Usando (6!14),obtemos

0 =!

RN"(|(un|)2:dx n!$

!

RN2:dµ,

e passando ao limite com : $ 0 deduzimos

0 =!

RN2:dµ =

!

B:(x j)2:dµ $

!

{x j}dµ = µ j.

Donde, µ j = 0 e pelo Lema B.0.5 inferimos que < j = 0, o que é um absurdo, pois j " #J,provando a afirmação .

Agora, considere = " C&0 (RN) tal que 0 * = * 1, =(x) = 1 se |x| * 1 e

=(x) = 0 se |x|' 2. Escolha x j com j " #J, : > 0 e defina

=:(x) := =!

x! x j

:

", x " RN .

Note que (=:un)1W 1,"0 (%) é limitada. De acordo com a Observação 6.3.1

wn = Q&$(un)!*n para algum *n " #J(un). (6-15)

e por (6!12)!

%'(|(un|)(un((=:un) = $

!

%hun=:dx+

!

%*nun=:dx+on(1). (6-16)

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6.4 Convergência da Sequência de Ekeland em Compactos 96

Além disso, pelo Lema 6.1.1, *n " L#"+(%) e *n(x)" # j(x,un(x)) para x"%. Por (6!16),

Lema 6.1.1 e (6!2)

!

%'(|(un|)(un((=:un) =

!!

{un<a}+!

{un'a}

"*nun=:dx+$

!

%hun=:dx+on(1)

=!

{un'a}*nun=:dx+$

!

%hun=:dx+on(1)

* m+!

{un'a}0(x)"+(un)=:dx+$

!

%hun=:dx+on(1)

* m+|0|&!

%"+(un)=:dx+$

!

%hun=:dx+on(1)

(6-17)Por outro lado, usando o fato que t2'(t)' "(t) temos,

!

%'(|(un|)(un((=:un)dx =

!

%un'(|(un|)(un(=:dx+

!

%=:'(|(un|)|(un|2dx

'!

%un'(|(un|)(un(=:dx+

!

%=:"(|(un|)dx

(6-18)Afirmamos que

('(|(un|)|(un|) é limitada em L#"(%).

De fato, como #"('(t)t)* "(2t), t " R, e " " !2

!

%#"('(|(un|)|(un|)dx *

!

%"(2|(un|)dx * K

!

%"(|(un|)dx < &.

provando a afirmação. Consequentemente, ('(|(un|)#un/#xi) também é limitada emL#"(%) e portanto

'(|(un|)#un

#xi$ wi em L#"(%), i = 1, ...,N. (6-19)

Definindo w = (w1, ...,wN), afirmamos que!

%(un'(|(un|)(un(=: !u w.(=:)dx = on(1). (6-20)

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6.4 Convergência da Sequência de Ekeland em Compactos 97

De fato, somando e subtraindo um termo conveniente, usando a desigualdade de Hölder eaplicando (6!19) na função teste #=:

#xiu, temos

+++!

%'(|(un|)

#un

#xi

#=:#xi

un !wi#=:#xi

udx+++ *

!

%

+++'(|(un|)#un

#xi

#=:#xi

(un !u)+++dx+

+++!

%'(|(un|)

#un

#xi

#=:#xi

u!wi#=:#xi

udx+++ *

2AAAA'(|(un|)

#un

#xi

#=:#xi

AAAA#"-un !u-" +on(1)

Como W 1,"0 (%)

comp#$ L"(%) obtemos que -un !u-" $ 0, e assim deduzimos

!

%'(|(un|)

#un

#xi

#=:#xi

undx n!$!

%wi

#=:#xi

udx, i = 1, ...,N,

o que leva a (6!20), provando a afirmação. Substituindo (6!20) em (6!18) chegamosa

!

%=:"(|(un|)dx+

!

%uw.(=:dx *

!

%'(|(un|)(un((=:un)+on(1). (6-21)

Segue de (6!17) e (6!21) que!

%=:"(|(un|)dx+

!

%uw.(=:dx * m+|0|&

!

%"+(un)=:dx+$

!

%hun=:dx+on(1).

Passando ao limite na desigualdade acima com n $ &, recordando que!

%"(|(un|)=:dx n$&!$

!

%=:dµ,

!

%"+(un)=:dx n$&!$

!

%=:d<,

e que !

%unh=:dx n$&!$

!

%uh=:dx,

chegamos a!

%=:dµ+

!

%uw.(=:dx * m+|0|&

!

%=:d<+$

!

%hu=:dx. (6-22)

Afirmamos que (*n) é limitada em L#"+(%). De fato, usando o Lema 6.1.1 inferimos que

!

%#"+(*n)dx *

!

%#"+(0(x)'+(un))dx *

!

%#"+(|0|&'+(un))dx

* C|0|&

!

%#"+('+(un))dx *C|0|&

!

%"+(2un)dx *C,

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6.4 Convergência da Sequência de Ekeland em Compactos 98

provando a afirmação. Assim, existe * " L#"+(%) tal que

*n $ * in L#"+(%). (6-23)

Seja v "W 1,"0 (%). Passando ao limite na expressão

5wn,v6=!

%('(|(un|)(un(v!$hv!*nv)dx,

e usando (6!19) chegamos a!

%(w.(v!$hv!*v)dx = 0. (6-24)

Considerando v = u=: em (6!24) obtemos!

%uw.(=:dx =

!

%($hu+*u!w.(u)=:dx.

Mas|($hu+*u!w.(u)=:|* |$hu|+ |*u|+ |w.(u| " L1(%)

e($hu+*u!w.(u)=:

:$0!$ 0 q.t.p. em %.

Assim, pelo Teorema de Lebesgue!

%uw.(=:dx :$0!$ 0 e

!

%hu=:dx :$0!$ 0.

Notando que

=::$0!$ /{x j} q.t.p. em RN e =:(x)* /B1(x j)(x) para x " RN e : > 0 pequeno

chegamos a!

RN=:dµ :$0!$

!

{x j}dµ = µ({x j}) = µ j e

!

RN=:d< :$0!$

!

{x j}d< = <({x j}) = < j.

Passando ao limite em (6!22) com : $ 0+ concluimos que

µ j * m+|0|&< j, j " #J. (6-25)

Pelo Lema B.0.5 chegamos a µ j * c1µ3j , onde 1 < 3 * max{!+/!,m+/!,!+/m,m+/m}.

Portanto, µ j ' c2 para alguma constante positiva c2. Daí e de (6!25) concluímos que< j ' c3, para j " #J e para alguma constante positiva c3. Neste ponto, se supormos que

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6.5 Demonstração do Teorema 1.0.5 99

#( #J) = &, então

)j" #J

< j ' )j" #J

c3 = &,

o que é impossível, pois < é uma medida finita e

< = "+(u)+ )j" #J

< j,x j .

Isto prova o Lema 6.4.2.Encerraremos esta seção demonstrando o Lema 6-13.

Demonstração do Lema 6.4.1: Como #J é um conjunto finito, é possível escolher , > 0tal que B,(x j)3B,(x j) = /0 para i .= j com i, j " #J. Agora considere K, # RN\8 j" #J B,(x j)

e / "C&0 tais que

0 * / * 1, / = 1 em K,, supp(/)3&8 j" #JB ,

2(x j)

(= /0.

Note que"+(un !u)$ < = "+(0)+ )

j" #J< j,x j em M .

Por outro lado,0 *

!

K,"+(un !u)dx *

!

RN"+(un !u)/dx,

!

RN"+(un !u)/dx $

!

RN/d<,

!

RN/d< = )

j" #J< j/(x j) = 0.

Donde !

K,"+(un !u)dx $ 0.

Como os argumentos acima valem para todo , > 0 concluímos que (6!13) vale paracada conjunto compacto K # RN !{x j} j" #J .

6.5 Demonstração do Teorema 1.0.5

A seguir demonstraremos alguns lemas técnicos, porém fundamentais para de-monstrarmos o Teorema 1.0.5.

Em primeiro lugar, seja * " L#"+(%) definido em (6!23).

Lema 6.5.1 *n(x)!$ *(x) e *(x) " # j(x,u(x)) q.t.p. x " %.

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6.5 Demonstração do Teorema 1.0.5 100

Demonstração: Inicialmente provaremos que

*(x) " # j(x,u(x)) q.t.p. x " %.

De fato, seja K # RN\{x j} j" #J um conjunto compacto e considere 2 " L"+(K). Defina2(x) = 0 para x " %!K. Lembremos que

*n " #J(un), *n $ * em L#"+(%) e *(x) = *n(x) = 0 para x " K !%.

Daí, !

K(*n !*)2dx =

!

%(*n !*)2|%dx $ 0, quando n $ &.

Donde,*n $ * em L#"+

(K)

e como L#"+(K) é reflexivo, a condição acima equivale a

*n+$ *, em L#"+

(K).

Por outro lado, pelo Lema 6.4.1,

unL"+(K)!$ u

e pelo item vi) da Proposição 3.1.2, * " #J(u). Pelo Lema 6.1.1 acima,

* " L#"+(K) e *(x) " # j(x,u(x)) q.t.p. x " K.

Como

RN !{x j} j" #J =&#

<=1K<, (6-26)

onde {K<}&<=1 é uma familia de conjuntos compactos, segue que *(x) " # j(x,u(x)) q.t.p.

x " %.Por fim, mostraremos que

*n(x)!$ *(x) q.t.p. x " %.

Com efeito, pelo Lema 6.4.1

un !$ u em L"+(K),

onde K #RN !{x j} j" #J é um conjunto compacto. Então, considerando uma subsequência

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6.5 Demonstração do Teorema 1.0.5 101

se necessário, pelo Lema 2.2.2

un !$ u q.t.p. em K

e existe h " L"+(K) tal que|un|* h q.t.p. em K.

Pelo Lema 6.1.1

0 * *n(x)* 0(x)'+(|un|)* 0(x)'+(h(x)) q.t.p. x " %. (6-27)

Assim, existe *0 = *0(x) tal que

*n(x)!$ *0(x)

e por (6!27) temos que *0 " L"+(K). Pelo Lema 2.2.4

*n $ *0 em L"+(K)

e graças a unicidade do limite *0 = * q.t.p. em K, ou seja,

*n $ * q.t.p. em K,

para cada compacto K # RN !{x j} j" #J . Disso e (6!26) temos

*nn$&!$ * q.t.p. em RN .

Como *n = 0 em RN !%, segue que

*nn$&!$ * q.t.p. em %.

Isto finaliza a demonstração do Lema 6.5.1.A demonstração do próximo lema é baseada no [23, Lema 4.5].

Lema 6.5.2 (un(x)n$ (u(x) q.t.p. x " %.

Demonstração: Seja {K<}&<=1 uma família de conjuntos compactos tal que (6!26) vale.

Escolha um inteiro < ' 1 e uma função / " C&0 (RN) tais que 0 * / * 1, / = 1 em K< e

supp(/)3{x j} j" #J .= /0. Como " é convexa,

('(|(un|)(un !'(|(u|)(u,(un !(u)' 0, em RN .

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6.5 Demonstração do Teorema 1.0.5 102

Assim,

0 *!

K<('(|(un|)(un !'(|(u|)(u,(un !(u)dx

*!

RN('(|(un|)(un !'(|(u|)(u,(un !(u)/dx

*!

RN('(|(un|)(un,(un !(u)/dx!

!

RN('(|(u|)(u,(un !(u)/dx

(6-28)

Seja vn = /(un!u). Segue que vn é limitada em W 1,"0 (RN) e como 5wn,vn6 $ 0

(cf. Observação 6.3.1) obtemos!

RN'(|(un|)(un(vndx!$

!

RNhvndx!

!

RN*nvndx = on(1), (6-29)

ou seja,!

RN'(|(un|)(un((un !(u)/dx+

!

RN(un !u)'(|(un|)(un(/dx

= $!

RNhvndx+

!

RN*nvndx+on(1).

(6-30)

Note que!

RN|'(|(un|)(un(/(un!u)|dx*-'(|(un|)|(un|-L#"(R

N)|(/|&-(un!u)-L"(RN) = on(1),

!

RNhvndx = on(1),

e como (*n) é limitada em L#"+(%), segue do Lema 6-13

!

RN|*nvn|dx * -*n-L#"+(supp/)|/|&-(un !u)-L"+(supp/) = on(1),

mostrando, via (6!30), que!

RN'(|(un|)(un((un !(u)/dx n$ 0. (6-31)

Agora, mostraremos que!

RN'(|(u|)(u((un !(u)/dx $ 0. (6-32)

De fato, sabemos que un $ u em W 1,"0 (%) e /'(|(u|)|(u| " L#"(%). Assim, definindo

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6.5 Demonstração do Teorema 1.0.5 103

un = u = 0 em RN !% temos (6!32).Por fim, de (6!31)! (6!32) segue que

!

K<('(|(un|)(un !'(|(u|)(u,(un !(u)dx n$&!$ 0,

ou seja,('(|(un|)(un !'(|(u|)(u,(un !(u) n$&$ 0 em L1(K<)

e, considerando uma subsequência se necessário

('(|(un|)(un !'(|(u|)(u,(un !(u) n$&$ 0 q.t.p. em K<.

Daí e de (6!26) chegamos a

('(|(un|)(un !'(|(u|)(u,(un !(u) n$&$ 0 q.t.p. em RN .

Pelo Lema 4.3.7(un $ (u q.t.p. em RN .

Recordando que un(x) = 0 para x " RN\%, concluímos

(un $ (u q.t.p. em %,

finalizando a demonstração do Lema 6.5.2.

Lema 6.5.3 '(|(un|)(un $ '(|(u|)(u em 5L#"(%).

Demonstração: Pelo Lema 6.5.2,

(un $ (u q.t.p. em %.

Como + %$ '(|+|)+, + " RN , é contínua,

'(|(un|)(un !$ '(|(u|)(u q.t.p. %.

Além disso,#"('(|(un|)|(un|)* "(2|(un|)

provando que ('(|(un|)|(un|) é limitada em 5L#"(%). Aplicando o Lema 2.2.4, finaliza-mos a demonstração do Lema 6.5.3.

Finalmente demonstraremos o Teorema 1.0.5.

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6.5 Demonstração do Teorema 1.0.5 104

Prova do Teorema 1.0.5: Pelo Lema 6.5.3,!

%'(|(un|)(un(vdx !$

!

%'(|(u|)(u(vdx, v "W 1,"

0 (%).

Por outro lado, (cf. demonstração do Lema 6.4.2)!

%*nvdx !$

!

%*vdx, v "W 1,"

0 (%),

e de acordo com o Lema 6.5.1

* " L#"+(%) e *(x) " # j(x,u(x)) q.t.p. x " %.

Passando ao limite em (6!12) chegamos a!

%'(|(u|)(u(vdx!$

!

%hvdx!

!

%*vdx = 0, v "W 1,"

0 (%).

Portanto u " W 1,"0 (%) é uma solução de (1!26), no sentido da definição 1.0.2 e como

h .= 0, concluímos que u .0 0.Afirmação. u ' 0. De fato, note que

un = u+n !u!n , (un = (u+n !(u!n e |(un|2 = |(u+n |2 + |(u!n |2.

Como " é crescente!

%"(|(u!n |)dx *

!

%"([|(u!n |2 + |(u+n |2]

12 )dx

=!

%"(|(un|)dx

donde (u!n ) é limitada em W 1,"0 (%). Notando que 5wn,!u!n 6= on(1) temos

on(1) = !!

%'(|(un|)(un(u!n dx+$

!

%hu!n dx+

!

%*nu!n dx

=!

%'(|(u!n |)|(u!n |2dx+$

!

%hu!n dx+

!

%*nu!n dx

' !!

%"(|(u!n |)dx.

Portanto, !

%"(|(u!n |)dx $ 0,

e como u!n $ 0 em W 1,"0 (%), temos que u ' 0.

Prova de (1!31): Como u é uma solução de (1!26), existe * := *u " L#"+(%) tal que

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6.6 Demonstração do Teorema 1.0.6 105

*(x) " # j(x,u(x)) q.t.p. x " % (cf. Lema 6.5.1) e!

%'(|(u|)(u(vdx =

!

%*vdx+$

!

%hvdx, v "C&

0 (%).

Pela Observação 5.1.2, !"u " L#"+(% ). Como h " L#"+

(% ) segue que

!

%[!!"u !*!$h]vdx = 0, v "C&

0 (%).

Donde,!!"u = *+$h q.t.p. em %,

encerrando a demonstração do Teorema 1.0.5.

6.6 Demonstração do Teorema 1.0.6

Nesta seção, demonstraremos o Teorema 1.0.6. Para tal, consideraremos ashipóteses ('1)& ! ('4)&. Essas hipóteses são necessárias para demonstrarmos uma versãopara N-funções do Lema 3 de Alves [2] (!p com p ' 2) e do Lema 3.1 de Mercuri &Willem [40] (!p com 1 < p < 2).

O lema a seguir generaliza [2, Lema 3] devido a Alves e [40, Lema 3.1] deMercuri & Willem e usa argumentos em Brézis & Lieb [9].

Lema 6.6.1 Suponha que ('1)&!('3)&. Seja +n : %$RN com +n " L"(%)( ...(L"(%),+n(x)

n$&!$ 0 q.t.p. x " % e a(y) := '(|y|)y, y " RN. Se -+n-" *C para todo n " N, então!

%#"(|a(+n +w)!a(+n)!a(w)|)dx = on(1),

para todo w " L"(%)( ...(L"(%).

Demonstração: Dividiremos a demonstração em dois casos:Caso I: Suponha que ' é não-decrescente. Dado w " L"(%)( ...( L"(%) segue daProposição 2.5.3 que |w|, |+n| " L"1(%). Observemos também que

ddt(ai(+n + tw)) =

N

)j=1

#ai

#+ j(+n + tw)w j,

onde ai(x) = '(|x|)xi, x = (x1, ...,xN) " R, i = 1, ...N. Pela Proposição 2.5.5, ('1)& e a

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6.6 Demonstração do Teorema 1.0.6 106

Proposição 2.5.2

|ai(+n +w)!ai(+n)| =

++++! 1

0

ddt(ai(+n + tw))dt

++++ *! 1

0

N

)j=1

++++#ai

#+ j(+n + tw)

++++ |w j|dt

* |w|! 1

0

N

)j=1

++++#ai

#+ j(+n + tw)

++++dt * -|w|! 1

0'(|+n + tw|)dt

* -|w|'(|+n|+ |w|) * C[|w|'(|w|)+ |w|'(|+n|)].

Assim, considerando : > 0 suficientemente pequeno, segue da desigualdade de Young econvexidade junto com condição !2 de "1

C|w|'(|+n|) = kC: |w|

0 :k '(|+n|)

1

Young* "1

0 kC: |w|

1+ #"1

0 :k '(|+n|)

1

conv* C(:)"1 (|w|)+ :

k#"1 ('(|+n|))

#"1('(t))*"1(2t)* C(:)"1 (|w|)+ :

k "1 (2|+n|)"1"!2* C(:)"1 (|w|)+ :"1 (|+n|)

"1(t)*'(t)t* C(:)'(|w|) |w|+ :'(|+n|) |+n|,

onde k é tal que "1(2t)* k"1(t), t ' 0. Portanto,

|a(+n+w)!a(+n)|*C[|w|'(|w|)+ |w|'(|+n|)*C1(:)|w|'(|w|)+:'(|+n|) |+n|. (6-33)

Fixado :, defina

G:,n(x) := max{|a(+n +w)!a(+n)!a(w)|(x)! :|+n|'(|+n|),0}.

ClaramenteG:,n(x)

n$&!$ 0 q.t.p. x " %.

Além disso, considerando x " % tal que G:,n(x)> 0, segue de (6!33)

G:,n(x) * |a(+n +w)!a(+n)|(x)+ |a(w)|(x)! :|+n|'(|+n|)* C1(:)|w|'(|w|)+ :'(|+n|) |+n|+ |a(w)|(x)! :|+n|'(|+n|)* [C1(:)+1]|w|'(|w|) " L#"(%),

e quando x " % é tal que G:,n(x) = 0 a desigualdade acima é trivialmente satisfeita.

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6.6 Demonstração do Teorema 1.0.6 107

Portanto,0 * G:,n * [C1(:)+1]|w|'(|w|) q.t.p. em %.

Por Lebesgue !

%#"(G:,n(x))dx n$&!$ 0.

Por outro lado, dado x " % tal que G:,n(x) = 0 temos que

|a(+n +w)!a(+n)!a(w)|(x)! :|+n|'(|+n|)* 0,

o que equivale a

|a(+n +w)!a(+n)!a(w)|(x)* :|+n(x)|'(|+n(x)|) = :|+n(x)|'(|+n(x)|)+G:,n(x).

Além disso, se x " % tal que G:,n(x)> 0 então

0 < G:,n(x) = |a(+n +w)!a(+n)!a(w)|(x)! :|+n(x)|'(|+n(x)|)

o que equivale a

|a(+n +w)!a(+n)!a(w)|(x) = G:,n(x)+ :|+n(x)|'(|+n(x)|).

De ambos os casos

|a(+n +w)!a(+n)!a(w)|* G:,n(x)+ :|+n|'(|+n|) q.t.p. em %.

Assim, segue da convexidade de ", da condição !2 e de #"(t'(t))* "(2t)

#"(|a(+n +w)!a(+n)!a(w)|) * #"(G:,n + :|+n|'(|+n|))conv e #""!2

* C1[:#"(|+n|'(|+n|))+ #"(G:,n)]#"(t'(t))*"(2t)

* C1[:"(2|+n|)+C1#"(G:,n)]""!2* C2[:"(|+n|)+ #"(G:,n)],

Como!!

%"(|+n|)dx

"é limitada, segue que

limsupn

!

%#"(|a(+n +w)!a(+n)!a(w)|)dx

* :C2 limsupn

!

%"(|+n|)dx+C2 limsup

n

!

%#"(G:,n)dx * :C3,

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6.6 Demonstração do Teorema 1.0.6 108

para todo : > 0 suficientemente pequeno. Donde

limsupn

!

%#"(|a(+n +w)!a(+n)!a(w)|)dx = 0.

Caso II: Suponha que ' é não-crescente. Como #" é crescente e convexa, considerandoC > 0 uma constante cumulativa,

#"(|a(+n +w)!a(+n)!a(w)|) * #"(|a(+n +w)!a(+n)|+ |a(w)|)* C[#"(|a(+n +w)!a(+n)|)+ #"(|a(w)|)].

Aplicando o Lema 2.5.2 e observando que #" " !2 e #"(t'(t))* "(2t) obtemos

#"(|a(+n +w)!a(+n)!a(w)|) * C[#"(d|a(w)|)+ #"(|a(w)|)]* C[#"(|a(w)|)+ #"(|a(w)|)]= C#"('(|w|)|w|)= C"(2|w|) " L1(%).

Assim, pelo Teorema de Lebesgue!

%#"(|a(+n +w)!a(+n)!a(w)|)dx = on(1)

concluindo a demonstração.A seguir, trataremos sobre a convergência forte da sequência (un) para a solução

u do problema (1!26).

Lema 6.6.2 Suponha ('1)& ! ('4)& e $ > 0 suficientemente pequeno. Então a sequênciade Ekeland (un) satisfaz

un !$ u, W 1,"0 (%).

Demonstração: Suponha, por contradição, que un .$ u em W 1,"0 (%). Seja vn := un ! u.

Assim, existem Ki > 0, i = 1,2,3, tais que:

1.!

%'(|(vn|)|(vn|2dx n$&!$ K1;

2.!

%"(|(vn|)dx n$&!$ K2;

3. -vn-n$&!$ K3.

Como !"(t)* t2'(t)* m"(t) então

!K2 * K1 * mK2. (6-34)

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6.6 Demonstração do Teorema 1.0.6 109

Além disso, temos que

min{-vn-!,-vn-m}*!

%"(|(vn|)* max{-vn-!,-vn-m},

dondemin{K!

3,Km3 }* K2 * max{K!

3,Km3 }

o que implicaK3 * max{K1/!

2 ,K1/m2 }. (6-35)

Como (vn) é limitada em W 1,"0 (%)

5wn,vn6=!

%'(|(un|)(un(vndx!$

!

%hvndx!5*n,vn6= on(1). (6-36)

Afirmamos que!

%('(|(un|)(un !'(|(vn|)(vn !'(|(u|)(u)(vndx = on(1). (6-37)

De fato, segue da desigualdade de Hölder e do Lema 6.6.1

!

%('(|(un|)(un !'(|(vn|)(vn !'(|(u|)(u)(vndx

* 2-'(|(un|)(un !'(|(vn|)(vn !'(|(u|)(u-#"-vn-= on(1).

o que prova a afirmação. Assim, substituindo (6!37) em (6!36) obtemos que

5wn,vn6=!

%'(|(vn|)|(vn|2dx+

!

%'(|(u|)(u(vndx!$

!

%hvndx!5*n,vn6= on(1),

e passando ao limite concluímos que limn$&

5*n,vn6= K1.

Recorde que j " L&loc(%(R), então

1|0|&

5*n,vn6 * 1|0|&

!

%0(x)'+(un)vn+dx+

!

%0(!vn!)dx

=1

|0|&

!

%0(x)'+(un)vn+dx

=1

|0|&

!

un>u0(x)'+(un)(un !u)dx

*!

un>u'+(un)(un !u)dx

=!

%'+(un)undx!

!

un*u'+(un)undx!

!

%'+(un)udx+

!

un*u'+(un)udx.

(6-38)Sabemos que W 1,"

0 (%)comp#$ L1(%). Assim, considerando uma subsequência se

necessário, un(x) $ u(x) q.t.p. x " % e de acordo com a Observação 2.5.6 temos que

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6.6 Demonstração do Teorema 1.0.6 110

'+(t)t, t " R, é convexa, então usando o Lema de Brézis-Lieb em (6!38) (devido a('4)&) obtemos

1|0|&

5*n,vn6 *!

%'+(vn)vndx+

!

%['+(u)!'+(un)]udx+

!

un*u'+(un)(u!un)dx+on(1).

(6-39)

Mas, '+(un(x))$ '+(u(x)) q.t.p. x " % e L#"+(%), então pelo Lema 2.2.4 '+(un)$ '+(u)

em L#"+(%), assim !

%['+(u)!'+(un)]udx n$&!$ 0.

Além disso, como '+ é crescente

0 *!

un*u'+(un)(u!un)dx *

!

un*u'+(u)(u!un)dx *

++++!

%'+(u)(u!un)dx

++++= on(1).

Assim, por (6!39)

1|0|&

5*n,vn6 *!

%'+(vn)vndx+on(1)

* m+!

%"+(vn)dx+on(1)

* m+max$

1S!+/!

-vn-!+,

1Sm+/!

-vn-m+%+on(1)

* m+max$

1S!+/!

,1

Sm+/!

%max

4-vn-!

+,-vn-m+

5+on(1),

e passando ao limite quando n $ &, segue de (6!38)

!K2

|0|&* K1

|0|&* m+max

$1

S!+/!,

1Sm+/!

%max{K!+

3 ,Km+3 },

donde,

!

|0|&m+max4

1S!+/!

, 1Sm+/!

5 * max

.K!+

3K2

,Km+

3K2

/

* max4

K!+/!!12 ,K!+/m!1

2 ,Km+/!!12 ,Km+/m!1

2

5.

Mas,!+

m!1 * !+

!!1 * m+

m!1 * m+

!!1,

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6.6 Demonstração do Teorema 1.0.6 111

assim, se K2 * 1, então

B

C !

|0|&m+max4

1S!+/!

, 1Sm+/!

5

D

E

m!+!m

* K2,

e se K2 > 1, então B

C !

|0|&m+max4

1S!+/!

, 1Sm+/!

5

D

E

!m+!!

* K2.

consequentemente,

C0 :=min

<=>

=?

B

C !

|0|&m+max4

1S!+/!

, 1Sm+/!

5

D

E

m!+!m

,

B

C !

|0|&m+max4

1S!+/!

, 1Sm+/!

5

D

E

!m+!!

F=G

=H*K2,

ou seja, K2 'C0 =C(N,!,m, |0|&,S)> 0.

Por outro lado, como (un(x) $ (u(x) q.t.p. x " %, segue do Lema de Brézis-Lieb

I(un)!1!+5wn,un6 '

&1! m

!+

(!

%"(|(un|)dx!$

!1! 1

!+

"!

%hundx+on(1)

=&

1! m!+

(!

%["(|(vn|)+"(|(u|)]dx!$

!1! 1

!+

"!

%hudx+on(1)

Passando ao limite obtemos

0 > c '&

1! m!+

(K2 +

&1! m

!+

(!

%"(|(u|)dx!$

!1! 1

!+

"!

%hudx

'&

1! m!+

(C0 +

&1! m

!+

(min{-u-!,-u-m}!2$

!1! 1

!+

"-u-"-h-#"+

'&

1! m!+

(C0 +

&1! m

!+

(min{-u-!,-u-m}!$C1-u-.

Mas g$(t) = Amin{t!, tm}!$C1t, t ' 0, onde A := 1! m!+ , satisfaz

g$(s)' min

.A!$C1,$

!!!1

!C1

A1/!!

" !!!1

(1! !),$m

m!1

!C1

A1/mm

" mm!1

(1!m)

/:= f$.

Assim, para $ suficientemente pequeno

0 > c ' AC0 +g$(-u-)' 0,

o que é uma contradição. Portanto un $ u em W 1,"0 (%).

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6.6 Demonstração do Teorema 1.0.6 112

Observação 6.6.1 A demonstração do Lema 6.6.2 vale para todo c " (!&,AC0 + f$).

Prova do Teorema 1.0.6: Prova de i) Pelo Lema 6.6.2 un $ u em W 1,"0 (%). Como I é

contínua I(un)$ I(u), donde I(u) = c < 0.Prova de ii) Sabemos que u é um mínimo local. Então

!!"u(x) " # j(x,u(x))+$h(x) q.t.p. x " %.

Tome 2 " C&0 (%). Escolhendo : > 0 suficientemente pequeno temos

I(u)* I(u+ :2),

donde!

%

j(x,u+ :2)! j(x,u):

dx *!

%

"(|((u+ :2)|)!"(|(u|):

dx!$!

%h2dx. (6-40)

Consideremos os seguintes casos:Caso 1: Considere 2 ' 0 e 2 " C&

0 (%). Pelo Teorema do Valor Médio de Lebourg (cf.Teorema 3.2.1) existem *:, com u < *: < u+ :2, e

8:(x) " # j(x,*:(x)) = [ f (x,*:(x)!0), f (x,*:(x)+0)] =

<=>

=?

0, *:(x)< a,[0,0(x)'+(a)] , *:(x) = a,0(x)'+(*:(x)), *:(x)> a,

tais quej(x,u+ :2)! j(x,u)

:= 8:2

Como '+ é crescente

0 * 8: * 0(x)'+(*:)

* 0(x)'+(u+ :2)* 0(x)'+(u+2)

Consequentemente,++++

j(x,u+ :2)! j(x,u):

++++ = 8:2 * 0(x)'+(u+2)2 " L1(%).

Por outro lado, é fácil ver que (pois j " L&loc(%(R))

lim:$0+

j(x,u+ :2)! j(x,u):

= f (x,u(x)+0)2(x) q.t.p. x " %,

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6.6 Demonstração do Teorema 1.0.6 113

onde f (x, t) := 0(x) /{t>a} '+(t). Aplicando Lebesgue em (6!40) obtemos

!

%f (x,u(x)+0)2(x)dx *

!

%'(|(u|)(u(2dx!$

!

%h2dx

e de acordo com a Observação 5.1.2

0 *!

%[!!"u!$h! f (x,u(x)+0)]2dx, 2 " C&

0 (%), 2 * 0.

Donde!!"u(x)' f (x,u(x)+0)+$h(x) q.t.p. x " %,

e como

!!"u(x) " [ f (x,u(x)+0)!$h(x), f (x,u(x)+0)+$h(x)] q.t.p. x " %,

concluímos que

!!"u(x) = f (x,u(x)+0)+$h(x) q.t.p. x " %. (6-41)

Caso 2: Considere 2 * 0 e 2 " C&0 (%). De maneira análoga ao que foi feito no Caso 1

mostra-se que!!"u(x) = f (x,u(x)!0)+$h(x) q.t.p. x " %. (6-42)

Porém, para x " -a(u) temos que

f (x,u(x)!0) = 0 e f (x,u(x)+0) = 0(x)'+(a) .= 0.

Se |-a(u)|> 0, então por (6!41) e (6!42) teremos que

0(x)'+(a) = 0 q.t.p. x " -(u),

o que é um absurdo. Portanto, |-a(u)|= 0.Prova de iii) Suponha, por absurdo, que u * a q.t.p. em %. Pelo Lema 6.1.1,

* := *u(x) " # j(x,a)# [0,0(x)'+(a)] q.t.p. em %.

Além disso, como |-a(u)| = 0 segue que *(x) = 0 q.t.p. x " % e por (1!31) a soluçãou = ua de (1!26) satisfaz

!!"u = $h em %, u = 0 em #%. (6-43)

Como h é não nula, a única solução u do problema (6!43) é não nula e não depende de

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6.6 Demonstração do Teorema 1.0.6 114

a. Usando ('3), que é consequência de ('3)& como vimos acima, temos que

0 <!

%"(|(u|)dx *

!

%'(|(u|)|(u|2dx = $

!

%hudx * $|h|1a.

Fazendo a $ 0+ chegamos a uma contradição.Por fim, segue do item ii) que |-a(u)| = 0 e neste caso * = 0'+(u)/{u>a} q.t.p.

em %. Pelo Teorema 1.0.5 temos

!!"u = 0'+(u)/{u>a}+$h q.t.p. em %,

o que encerra a demonstração do Teorema 1.0.6.

Observação 6.6.2 Se '(|(u|)|(u| "W1, m+

m+!1loc (%) e h > 0 q.t.p. em %, então |-a(u)|= 0,

para qualquer ponto crítico de I (cf. [37]). De fato, temos que |(('(|(u|)|(u|) | "

Lm+

m+!1loc (%). Assim,

(!

'(|(u|)|(u|:+'(|(u|)|(u|

"=

(('(|(u|)|(u|)[:+'(|(u|)|(u|]!(('(|(u|)|(u|)'(|(u|)|(u|[:+'(|(u|)|(u|]2

=:(('(|(u|)|(u|)[:+'(|(u|)|(u|]2

* 1:

(('(|(u|)|(u|),

provando a afirmação. Façamos f (x) := *(x)+$h(x), então para todo 2 " C&0 (%) temos

!

%

'(|(u|)|(u|:+'(|(u|)|(u|2 f dx =

!

%'(|(u|)(u(

!'(|(u|)|(u|

:+'(|(u|)|(u|2"

dx

=!

%'(|(u|) '(|(u|)|(u|

:+'(|(u|)|(u|(u(2dx

+!

%'(|(u|)2 :

[:+'(|(u|)|(u|]2 (('(|(u|)|(u|)(udx

(6-44)Mas

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6.7 Demonstrações dos Teoremas 1.0.7, 1.0.8 e 1.0.9 115

++++'(|(u|)2 :[:+'(|(u|)|(u|]2 (('(|(u|)|(u|)(u

++++

* |2|'(|(u|)|(u| :[:+'(|(u|)|(u|]2 |(('(|(u|)|(u|)|

* |2|:2 +('(|(u|)|(u|)2

2[:+'(|(u|)|(u|]2 |(('(|(u|)|(u|)|

* 12|2(('(|(u|)|(u|)| " L1(%).

Aplicando o Teorema de Lebesgue em (6!44) obtemos

!

%/{(u.=0}f 2dx =

!

%/{(u.=0}'(|(u|)(u(2dx

=!

%'(|(u|)(u(2dx

=!

%f 2dx.

Portanto, f (x) = 0 q.t.p. em {x " % | (u = 0}. Por outro lado, f (x) > 0 q.t.p. x " %.Donde,

|{x " % | (u = 0}|= 0.

Agora observe que pelo Teorema de Morey-Stampacchia (u = 0 em -a(u) :={x " % | u(x) = a}. Assim,

-a(u)1 {x " % | (u = 0}

concluindo que |-a(u)|= 0.

6.7 Demonstrações dos Teoremas 1.0.7, 1.0.8 e 1.0.9

Nesta seção apresentamos as demonstrações dos Teoremas 1.0.7, 1.0.8 e 1.0.9.Demonstração do Teorema 1.0.7: Em primeiro lugar, afirmamos que ' satisfaz

('1)! ('2) e 2 * t2'(t)"(t)

* 2., t > 0. (6-45)

De fato, ' "C(0,&) elimt$0

t'(t) = 0 e limt$&

t'(t) = &.

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6.7 Demonstrações dos Teoremas 1.0.7, 1.0.8 e 1.0.9 116

Observando que

"(t) =! t

0s'(s)ds = (1+ t2). !1,

obtemost2'(t)"(t)

=2.t2(1+ t2).!1

(1+ t2). !1, t > 0.

Faça z = 1+ t2 e defina

f (z) =2.(z!1)z.!1

z. !1, z > 1.

Note que f é crescente para z > 1, pois,

f &(z) =2.z.!2(z. ! .z+ .!1)

(z. !1)2 > 0, z > 1.

Agora, pela regra de L’Hospital

limz$1+

f (z) = 2 e limz$&

f (z) = 2.,

donde2 * f (z)* 2., z > 1,

ou seja,

2 * t2'(t)"(t)

* 2., t > 0.

Em segundo lugar, afirmamos que

2. < 2+, L"(%) = L2.(%) e W 1,"0 (%) =W 1,2.

0 (%). (6-46)

De fato, para mostrar que L"(%) = L2.(%), observe que

"(t)* (1+ t2). * 2.t2. e "(t)' 12

t2. para t ' 1.

Por [43, pg. 156], L"(%) = L2.(%). Consequentemente, W 1,"0 (%) =W 1,2.

0 (%).Por fim, note que a condição . < N

N!2 é equivalente a 2. < 2+.Como " é equivalente a t2., t ' 0, temos que uma função expoente crítico de

" é "+(t) = t(2.)+. Portanto, j é dada pela relação (1!36). Assim, pelo Teorema 1.0.5 aequação (1!26) possui pelo menos uma solução não negativa e não nula.

Demonstração do Teorema 1.0.8: Inicialmente, afirmamos que ' definida por (1!37)satisfaz ('1)! ('2) e

p * t2'(t)"(t)

* p+1.

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6.7 Demonstrações dos Teoremas 1.0.7, 1.0.8 e 1.0.9 117

De fato, ' " C(0,&) elimt$0

t'(t) = 0 e limt$&

t'(t) = &,

ou seja, ('1) é valida.É fácil ver que

t'(t) = pt p!1 ln(1+ t)+t p

1+ t, t > 0,

é crescente, isto é, vale ('2).Agora, observe que

"(t) :=! t

0s'(s)ds = t p ln(1+ t).

Assim,t2'(t)"(t)

= p+t

(1+ t) ln(1+ t), t > 0

e comof (t) =

t(1+ t) ln(1+ t)

, t > 0

é decrescente

p * t2'(t)"(t)

* p+ limt$0+

f (t) = p+1. (6-47)

Note também que !1+/

1+4N2 < p é equivalente a p+1 < p+.

Além disso, por (6!47) temos que "+ é definido. Assim, podemos definir

j(x, t) := 0(x)["+(t)!"+(a)] /{t>a}(t).

Por fim, basta aplicarmos o Teorema 1.0.5.

Observação 6.7.1 Um fato peculiar da última aplicação com relação a primeira é queL"(%) .= Lr(%) para todo r ' 1 e consequentemente W 1,"

0 (%) .= W 1,r0 (%). Com efeito,

suponha, por absurdo, que L"(%)= Lr(%) para algum r ' 1. Então existem C1,C2,T > 0,(cf. Teorema 3.17.5 em [32]), tais que

C1tr * t p ln(1+ t)*C2tr, t ' T

e dividindo-a por t p obtemos

C1tr!p * ln(1+ t)*C2tr!p, t ' T.

Da desigualdadeln(1+ t)*C2tr!p, t ' T

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6.7 Demonstrações dos Teoremas 1.0.7, 1.0.8 e 1.0.9 118

concluímos que r > p. Por outro lado, temos a desigualdade

C1 *ln(1+ t)

tr!p , t ' T,

o que é uma absurdo.

Demonstração do Teorema 1.0.9: Afirmamos que ' satisfaz ('1)& !('4)&. De fato, comop0 > 2 vale ('1)&.

É fácil ver que'(0) = 0 e lim

t$&'(t) = &.

Para verificar ('3)&, observe que p0 !1 < p1 !1 e assim

(t'(t))&

'(t)=

(p0 !1)p0t p0!2 +(p1 !1)p1t p1!2

p0t p0!2 + p1t p1!2

=(p0 !1)p0 +(p1 !1)p1t p1!p0

p0 + p1t p1!p0

* (p1 !1)p0 + p1t p1!p0

p0 + p1t p1!p0

= p1 !1

(6-48)

De igual forma mostra-se que(t'(t))&

'(t)' p0 !1 (6-49)

De (6!48)! (6!49) obtemos

p0 !1 * ('(t)t)&

'(t)* p1 !1

Observando que

t p1 * t p0 + t p1 * 2t p1 , t ' 1,

concluímos que " é equivalente a 6(t) = t p1 . Assim, uma função expoente crítico de "é "+(t) = t p+1

p+1. Donde,

t'&+(t) = (p+1 !1)t p+1!1, t ' 0,

é crescente, provando ('4)&.Por fim, como p1 < p+0 e h " L"+(%) = Lp+1(%) o Teorema 1.0.9 segue do

Teorema 1.0.6.

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APÊNDICE AAlguns Funcionais em Espaços deOrlicz-Sobolev

Este Apêndice tem o objetivo de provar algumas propriedades relativas a fun-cionais usados neste trabalho.

A seguir, examinaremos algumas propriedades do funcional

I(u) =!

%"(|(u|)dx!

!

%j(x,u)dx!

!

%hudx, u "W 1,"

0 (%), (A-1)

onde j : %(R $ R é mensurável, j(x, .) " Liploc(R,R) q.t.p. x " %, j(.,0) " L1(%) esatisfaça (1!9), e é usado no Capítulo 5.

Lema A.0.1 Suponha que j : %(R $ R seja mensurável, j(x, .) " Liploc(R,R) q.t.p.x " %, j(.,0) " L1(%) e satisfaça (1!9), então funcional

J(u) =!

%j(x,u)dx, u " L"+(%)

é bem definido.

Demonstração: De fato, pelo Teorema do Valor Médio de Lebourg (Teorema 3.2.1)existem 1 " (0, t) e +1(x) " # j(x,1) tal que j(x, t)! j(x,0) = +1(x)t q.t.p. x " %.

Como s %$ #"!1+ ,"+(c2s) é crescente, segue de (1!9) que

| j(x, t)| = | j(x,0)++1(x)t|* | j(x,0)|+[c1#"!1

+ ,"+(c21)+b(x)]|t|* | j(x,0)|+[c1#"!1

+ ,"+(c2t)+b(x)]|t|.

Assim, segue da desigualdade de Hölder que++++!

%j(x,u)dx

++++*!

%| j(x,0)|dx+2-c1#"!1

+ ,"+(c2|u|)+b(x)-#"+-u-"+ < &.

Isto prova o Lema A.0.1.

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Apêndice A 120

Lema A.0.2 O funcional

E(u) =!

%"(|(u|)dx, u "W 1,"

0 (%)

satisfaz:

E " C1(W 1,"0 (%),R) e 5E &(u),v6=

!

%'(|(u|)(u(vdx, v "W 1,"

0 (%). (A-2)

Demonstração: Na demonstração o Teorema 4.2.1 provamos que o funcional E é Gate-aux diferenciável e que sua derivada de Gateaux

dGE : W 1,"0 (%)$ L(W 1,"

0 (%),R),

onde L(W 1,"0 (%),R) é o espaço de todos os funcionais lineares contínuos de W 1,"

0 (%) emR, é dada por

5dGE(u),v6=!

%'(|(u|)(u(vdx, u,v "W 1,"

0 (%).

A seguir, mostraremos que dGE : W 1,"0 (%) $ L(W 1,"

0 (%),R) é contínua. Defato, sejam u "W 1,"

0 (%) e (un)1W 1,"0 (%) tal que un $ u. Afirmamos que

!

%#"(|'(|(un|)(un !'(|(u|)(u|)dx $ 0, quando n $ &. (A-3)

Com efeito, considerando uma subsequencia se necessário (cf. Lema 2.2.2),

(un $ (u, q.t.p. %,

e como t %$ t'(t) e s %$ #"(|s|) são contínuas, temos

#"(|'(|(un|)(un !'(|(u|)(u|)$ 0, q.t.p. %.

Além disso, existe h " L"(%) tal que |(un|* h (cf. Lema 2.2.2) e como #" é crescente

#"(|'(|(un|)(un !'(|(u|)(u|)* #"('(h)h+ |'(|(u|)(u|).

Aplicando o Teorema de Lebesgue, a afirmação está provada. Como #" " !2, a condição(A!3) equivale a

-'(|(un|)(un !'(|(u|)(u-#" $ 0.

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Apêndice A 121

Por fim, considere v "W 1,"0 (%) tal que -(v-" = 1. Assim,

|5dGE(un)!dGE(u),v6| =

++++!

%('(|(un|)(un !'(|(u|)(u,(v)dx

++++

* 2-'(|(un|)(un !'(|(u|)(u-#"-(v-"

= 2-'(|(un|)(un !'(|(u|)(u-#".

Daí,-dGE(un)!dGE(u)- = sup-(v-"=1 |5dGE(un)!dGE(u),v6|

* 2-'(|(un|)(un !'(|(u|)(u-#" $ 0,

quando n $ &. Pela Proposição 1.3 (cf. Willem [49]) E é Fréchet diferenciável emu "W 1,"

0 (%). Isto prova o Lema A.0.2.

O lema abaixo é crucial.

Lema A.0.3 O funcional

E(u) =!

%"(|(u|)dx, u "W 1,"

0 (%)

é fssci.

Demonstração: Pelo Lema A.0.2, E é Fréchet diferenciável. Além disso, como t %$"(|t|), t " R, é convexa então E é convexa.

Sejam un $ u em W 1,"0 (%) e E &(u) " W!1,"(%) a derivada de Fréchet de E

aplicada em u. Como E é convexa, temos

E(un)' E(u)+ 5E &(u),un !u6

e passando ao limite inferior quando n $ & obtemos que

liminfE(un) ' liminf{E(u)+ 5E &(u),un !u6}' E(u)+ liminf5E &(u),un !u6= E(u).

Isto prova o Lema A.0.3.

Observação A.0.2 O funcional

H(u) =!

%hudx, u "W 1,"

0 (%),

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Apêndice A 122

satisfaz: e

H " C1(W 1,"0 (%),R) e 5H &(u),v6=

!

%hvdx, u,v "W 1,"

0 (%).

De fato, segue da desigualdade de Hölder (cf. Teorema 2.2.1) e da imersão W 1,"0 (%) #$

L"+(%) ++++!

%hudx

++++*C-u--h-#"+,

onde C > 0. Como H é linear e contínua, a afirmação segue.

Observação A.0.3 Segue dos resultados e obeservação acima que o funcional Q$(u) =E(u)!$H(u), u "W 1,"

0 (%), é de classe C1 e

5Q&$(u),v6=

!

%'(|(u|)(u(vdx!$

!

%hvdx, u,v "W 1,"

0 (%). (A-4)

A seguir, enunciamos casos particulares do Princípio Variacional de Ekeland edo Teorema de Minimax de Ky Fan (cf. Brézis et al. [10, Prop. 1]) que utilizamos nestetrabalho.

Teorema A.0.1 (Ekeland) Sejam r > 0, B = Br(0) 1 W 1,"0 (%) a bola fechada de raio

r e centro na origem, e I : B $ R um funcional semicontínuo inferiormente e limitadoinferiormente. Sejam c = infB I, : > 0 e u " B tais que I(u) * c+ :. Então, dado $ > 0existe v " B tal que

I(v)* I(u)d(v,u)* $I(v)* I(w)+(:/$)d(v,w), w .= v.

Teorema A.0.2 (Ky Fan) Sejam X um espaço de Banach, A # X &, onde X & é munido datopologia fraca+, e B # X conjuntos convexos. Se K : A(B $ R satisfaz:

{v " B : !K(u,v)< c} é convexo para todo u " A e c " R; (A-5)

{u " A : K(u,v)< c} é convexo para todo v " B e c " R; (A-6)

K(.,v) é semicontínua inferiormente em A, para todo v " B; (A-7)

!K(u, .) é semicontínua inferiormente em B3Xn

para todo u " A, onde Xn # X e dimXn < &;(A-8)

Existem #v " B e $ > supA infB K(u,v) tal que {u " A|K(u,#v)* $} é fraco+-compacto.(A-9)

Entãosup

BinfA

K(u,v) = infA

supB

K(u,v).

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APÊNDICE BMedidas e Concentração-Compacidade

Em primeiro lugar, lembramos alguns conceitos sobre medidas.

Definição B.0.1 Seja (X ,1) um espaço topológico.(a) A 0-álgebra gerada pelos abertos de X é dita 0-álgebra de Borel e será denotada porB(X ,1).(b) A 0-álgebra tal que toda função f : X $ R contínua é mensurável é dita 0-álgebrade Baire e será denotada por Ba(X ,1).

A demonstração do Teorema a seguir é encontrada em Dudley [21, pg. 223].

Teorema B.0.3 Se X é um espaço métrico, então Ba(X ,1) = B(X ,1).

Com base em Lions [36] e Fukagai, Ito & Narukawa [23], introduzimos a seguirvárias notações e resultados sobre Concentração-Compacidade no contexto de espaços deOrlicz-Sobolev.

Lembramos que

(i) C0 = {u "C(RN) | supp(u)cpt1 RN}

|·|&,

com norma|u|& = sup

x"RN|u(x)|,

(ii) M (RN) = o espaço das medidas finitas em RN

com a norma-µ-M = sup

$!

RNudµ | u "C0, |u|& = 1

%.

Seja " uma N-função satisfazendo !2, o espaço D1,"(RN) é definido como sendo ocompletamento do espaço de C&

0 (RN) com relação a norma

-u-D1,"(RN) = -u-"+ +-(u-".

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Apêndice B 124

É imediato verificar queD1,"(RN)

cont#$ L"+(RN).

Observação B.0.4 Recordemos algumas notações e resultados:

(i) M =C+0 e 5µ,u6=

"udµ,

(ii) Denotaremos µnM$ µ sempre que

"udµn

n$&!$"

udµ, u "C0,

(iii) Se (µn)1 M limitada então µnM$ µ, considerando uma subsequencia se necessário.

Seja (un)1D1,"(RN) uma sequencia limitada. Consequentemente

un $ u em L"+(RN), (B-1)

(un $ (u em L"(RN), (B-2)

"+(|un|)$ < em M (RN), (B-3)

"(|(un|)$ µ em M (RN). (B-4)

Devido a imersão W 1,"(%)comp#$ L"(%) concluímos que

un $ u em L"(%), (B-5)

para qualquer domínio limitado % 1 RN e consequentemente

un $ u q.t.p. em RN . (B-6)

Lema B.0.4 (Cf. [23]) Suponha que u 0 0 em (B!1)! (B!6). Então!

RN"(|((2un)|)dx =

!

RN"(|2(un|)dx+on(1) quando n $ & (B-7)

para qualquer 2 " C&0 (RN).

Demonstração: Pela desigualdade de Hölder temos que

!

RN"(|2(un +un(2|)dx!

!

RN"(2|(un|)dx

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Apêndice B 125

=!

RN

! 1

0

ddt

"(|2(un + tun(2|)dtdx

=!

RN

! 1

0'(|2(un + tun(2|)(2(un + tun(2).(un(2)dtdx

*!

RN'(|2(un|+ |un(2|)(|2(un|+ |un(2|)|un(2|dx

* 2-'(|2(un|+ |un(2|)(|2(un|+ |un(2|)-#"-un(2-"

* 2-'(|2(un|+ |un(2|)(|2(un|+ |un(2|)-#"-un(2-"

(B-8)

pois #"('(t)t)* "(2t). Devido a imersão W 1,"0 (%)

comp#$ L"(%) temos que -un(2-" $ 0

quando n $ &. Portanto, por (B!8) chegamos a (B!7).

Lema B.0.5 (Cf. [23]) Existem um conjunto enumerável J, uma família {x j} j"J 1 RN

com xi .= x j e uma família de números positivos {< j} j"J e {µ j} j"J tais que

< = "+(u)+ )j"J

< j,x j (B-9)

eµ ' "(|(u|)+ )

j"Jµ j,x j , (B-10)

onde ,x j é a medida de Dirac com massa 1 concentrada em x j. Além disso,

0 < < j * max$

S!!+! µ

!+!j ,S!

m+! µ

m+!

j ,S!!+! µ

!+mj ,S!

m+! µ

m+mj

%, j " J. (B-11)

Demonstração: Sejam {x j} j"J # RN as singularidades da medida µ e faça

µ = µ f ree + )j"J

µ j,x j (B-12)

onde µ f ree " M (RN) é livre de singularidades. Como µ ' 0 temos que µ f ree ' 0 eµ j = µ({x j})> 0. Além disso,

µ(RN)* limsupn$&

!

RN"(|(un|)dx < &,

donde J é um conjunto contável.

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Apêndice B 126

Suponha que u = 0. Seja 2 " C&0 (RN). Assim, pelo Lema 2.4.4, (6!3), Lema

2.4.1 e (B!7) temos

!

RN"+(2|un|)dx * 75(-2un-"+) * 75

!1

S1/!-((2un)-"

"

* 75

!1

S1/!7!10

!!

RN"(|((2un)|)dx

""

* 75

!1

S1/!7!10

!!

RN"(2|(un|)dx+on(1)

"".

(B-13)

Pelo Lema 2.4.1!

RN"(2|(un|)dx *

!

RN71(2)"(|(un|)dx *

!

RN2!"(|(un|)dx (B-14)

e pelo Lema 2.4.4!

RN"+(2|un|)dx '

!

RN74(2)"+(|un|)dx =

!

RN2m+

"+(|un|)dx. (B-15)

Combinando (B!13)! (B!15), temos que

!

RN2m+

"+(|un|)dx * 75

!1

S1/!7!10

!!

RN"(2|(un|)dx+on(1)

"". (B-16)

Passando ao limite n $ & e usando (B!3)! (B!4) chegamos a

!

RN2m+

d< * 75

!1

S1/!7!10

!!

RN2!dµ

"".

Por aproximação,

<(A)* 75

!1

S1/!7!10 (µ(A))

", para qualquer conjunto de Borel A # RN . (B-17)

Assim, < é absolutamente contínua com relação a µ e

<(A) =!

ADµ<dµ (B-18)

ondeDµ<(x) = lim

:$0+

<(B:(x))µ(B:(x))

para µ!q.t.p. x " RN

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Apêndice B 127

e B:(x) é uma bola com raio : e centro x. Por (B!17)

<(B:(x))µ(B:(x))

*75

&1

S1/! 7!10 (µ(B:(x)))

(

µ(B:(x)),

desde que µ(B:(x)) .= 0. Como 7!10 (t) = max{t1/!, t1/m} e 75(t) = max{t!

+, tm+} obtemos

75

!1

S1/!7!10 (t)

"= max

$1

S!+/!t!

+/!,1

Sm+/!tm+/!,

1S!+/!

t!+/m,

1Sm+/!

tm+/m%,

assim,

limt$0+

75

&1

S1/! 7!10 (t)

(

t= 0,

dondeDµ<(x) = 0 para µ!q.t.p. x " RN !{x j} j"J. (B-19)

Faça < j = Dµ<(x j)µ j. Então, por (B!18), (B!19) e (B!12)

< = )j"J

< j,x j e µ ' )j"J

µ j,x j .

Além disso, por (B!17),

<(B:(x j))* 75

!1

S1/!7!10 (µ(B:(x)))

".

Passando ao limite quando : $ 0+, concluímos

0 * < j * 75

!1

S1/!7!10 (µ j)

"= max

$1

S!+/!µ!

+/!j ,

1Sm+/!

µm+/!j ,

1S!+/!

µ!+/m

j ,1

Sm+/!µm+/m

j

%.

Finalmente, excluindo os índices j tais que < j = 0 do conjunto de índices J, o Lema estáprovado para o caso u = 0.

Agora consideraremos o caso u .= 0. Seja vn = un !u "D1,"(RN). Então

• vn $ 0 fracamente em L"+(RN);• |(vn|$ 0 fracamente em L"(RN);• vn $ 0 em L"(%) para qualquer % # RN ;• vn $ 0 q.t.p. em RN

quando n $ &. Como

-(vn-" * -(un-" +-(u-" e -vn-"+ * -un-"+ +-u-"+,

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Apêndice B 128

as sequencias {-(vn-"} e {-vn-"+} são limitadas, segue dos Lemas 2.4.1 e 2.4.4 queas sequencias {

"RN "(|(vn|)dx} e {

"RN "+(|vn|)dx} também o são. Passando a uma

subsequencia se necessário, podemos assumir que existem medidas de Radon )<,)µ "M (RN) tais que

"+(vn)$ )< fracamente em M (RN) (B-20)

"(|(vn|)$ )µ fracamente em M (RN) (B-21)

quando n $ &. Pelo caso acima em que u = 0, exitem um conjunto contável J, umafamília {x j} j"J de pontos distintos em RN e pesos positivos {< j} j"J , {µ j} j"J tais que

)< = )j"J

< j,x j e )µ ' )j"J

µ j,x j .

Como "+(t), "(t) são funções convexas e un $ u q.t.p., segue do Lema de Brézis-Liebque !

RN{"+(un)!"+(un !u)!"+(u)}2dx $ 0

para 2 " C0(RN), 2 ' 0. Assim, por (B!3), (B!4), (B!20) e (B!21) temos!

RN2d< =

!

RN2d)<+

!

RN"+(|u|)2dx,

para qualquer 2 = 2+!2! " C0(RN). Isto prova (B!9). Para qualquer 2 " C0(RN),

!

RN["(|(un|)!"(|(vn|)]2dx =

!

RN

! 1

0'(|(un ! t(u|)((un ! t(u).(u2dtdx.

Pelos Lemas 2.1.1 e 2.4.1, e os fatos de " ser estritamente crescente e convexa temos!

RN#"('(|(un ! t(u|)|(un ! t(u|)dx * 71(2)

!

RN"(|(un ! t(u|)dx

* 71(2)2

2

!!

RN"(|(un|)dx+

!

RN(|(u|)dx

"

para qualquer 0 < t < 1. Portanto, {" 1

0 '(|(un! t(u|)((un! t(u).(u2dt} é limitada emL#"(R

N ,RN), e existe uma subsequencia que converge para algum w em L#"(RN ,RN).

Passando ao limite, chegamos a!

RN2dµ!

!

RN2d)µ =

!

RNw.(u2dx

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Apêndice B 129

para qualquer 2 " C0(RN). Assim, as singularidades de µ coincidem com as singularida-des de )µ. Pela semicontinuidade inferior fraca, chegamos a

µ f ree ' "(|(u|).

Donde (B!10) vale, concluindo a demonstração do Lema.

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APÊNDICE CSobre Regularidade de Soluções de EquaçõesQuasilineares

A seguir, apresentaremos um resultado sobre regularidade de soluções da equa-ção

divA(x,u,(u)+B(x,u,(u) = 0 (C-1)

onde % é um domínio regular, A : %(R(RN $ RN e B : %(R(RN $ R são tais queA " C1(%(R( (RN !{0}))3C0(%(R(RN) e B é Carathéodory.

Os principais resultados abaixo são devidos a Liberman [35]. Para resultadosadicionais confira DiBenedetto [19], Serrin & Zou [46] e Tolksdorf [48].

Seja " uma N-função.

Definição C.0.2 Uma solução fraca de (C!1) é uma função u "W 1,"(%) tal que!

%A(x,u,(u)(2dx+

!

%B(x,u,(u)2dx = 0, 2 "W 1,"

0 (%).

Suponha que " é duas vezes diferenciável e que existam ,,g0 > 0 tais que

, * tg&(t)g(t)

* g0, t > 0,

onde g(t) := "&(t), t " R. Além disso, suponha que para todos x,y " %, z,w " R ep " RN/{0}

(i)N

)i, j=1

#Ai

#p j(x,z, p)8i8 j '

g(|p|)|p| |8|2, 8 " RN ;

(ii)

+++++

N

)i, j=1

#Ai

#p j(x,z, p)

+++++* ;g(|p|)|p| ;

(C-2)

(iii) |A(x,z, p)!A(y,w, p)|* ;1(1+g(|p|))[|x! y|3 + |z!w|3];

(iv) |B(x,z, p)|* ;1

!1+

g(|p|)|p|

",

(C-3)

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Apêndice C 131

onde ;,;1 ' 0.

Teorema C.0.4 Suponha que as condições (C!2) sejam válidas para algumas constan-tes positivas 3 * 1, ;, ;1 sempre que x,y " %, z,w " [!M0,M0], para alguma constantepositiva M0, e p " RN/{0}. Então qualquer solução u "W 1,"(%) de

divA(x,u(x),(u(x))+B(x,u(x),(u(x)) = 0 em %,

com |u| * M0 em %, pertence a C1,4(%) para alguma constante positiva 4 dependendode 3, ;, ,, g0, N, e

|u|1+4;%& *C(3,;,,,g0,N,g(1),dist(%&,#%),M0),

onde %& ## % é um conjunto aberto.

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