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REDAÇÃO – UEM 2010
A prova de Redação exige do candidato a produção de dois a quatro
textos em determinados gêneros textuais.
A lista dos gêneros textuais é divulgada com antecedência e,
periodicamente, sofre mudança, mantendo parte dos gêneros textuais
solicitados. A prova de redação é o principal instrumento de avaliação da
capacidade de pensar, compreender e de expressar-se por escrito sobre um
determinado assunto, além de avaliar o domínio e o conhecimento dos
mecanismos da língua culta. A seguir, apresentamos a lista dos gêneros
textuais que poderão ser solicitados para a produção da redação neste
vestibular.
1. Artigo de opinião.
Nos gêneros argumentativos, o autor geralmente tem a intenção de
convencer seus interlocutores e, para isso, precisa apresentar bons
argumentos, que consistem em verdades e opiniões.
O artigo de opinião é fundamentado em impressões pessoais do autor do texto
e, por isso, são fáceis de contestar.
Para produzir um bom artigo de opinião é aconselhável seguir algumas
orientações. Observe:
a) Após a leitura de vários pontos de vista, anote num papel os argumentos
que mais lhe agradam, eles podem ser úteis para fundamentar o ponto
de vista que você irá desenvolver.
b) Ao compor seu texto, leve em consideração o interlocutor: quem irá ler
a sua produção. A linguagem deve ser adequada ao gênero e ao perfil
do público leitor.
c) Escolha os argumentos, entre os que anotou, que podem fundamentar
a ideia principal do texto de modo mais consciente, e desenvolva-os.
d) Pense num enunciado capaz de expressar a ideia principal que pretende
defender.
e) Pense na melhor forma possível de concluir seu texto: retome o que foi
exposto, ou confirme a ideia principal, ou faça uma citação de algum
escritor ou alguém importante na área relativa ao tema debatido.
f) Crie um título que desperte o interesse e a curiosidade do leitor.
g) Formate seu texto em colunas e coloque entre elas uma chamada (um
importante e pequeno trecho do seu texto).
h) Após o término do texto, releia e observe se nele você se posiciona
claramente sobre o tema; se a ideia está fundamentada em argumentos
fortes e se estão bem desenvolvidos; se a linguagem está adequada ao
gênero; se o texto apresenta título e se é convidativo e, por fim, observe
se o texto como um todo é persuasivo.
2. Carta de reclamação.
A carta de reclamação é utilizada quando o remetente descreve um
problema ocorrido a um destinatário que pode resolvê-lo. É considerado um
texto persuasivo, pois o interlocutor tenta convencer o receptor da mensagem a
encontrar uma solução para o problema apontado na carta.
Por este motivo, quem reclama deve se utilizar de um discurso
argumentativo: descrevendo de maneira clara o(s) problema(s), motivo(s) pelo
qual pode ter ocorrido, as consequências se não for resolvido. A exposição dos
fatos deve comprovar que o remetente é quem tem razão, o qual pode ainda,
apontar as possíveis soluções para que haja entendimento entre as partes.
É essencial que a carta de reclamação tenha: identificação do remetente e
do destinatário, data e local, assinatura, documentos em anexo (caso
necessário). Lembre-se de expor claramente os antecedentes, pois neles estão
os motivos pelos quais a reclamação está sendo feita.
3. Carta do leitor.
Não há regras estabelecidas para se fazer uma carta no estilo “carta do
leitor”, a não ser as que já são preconizadas, ou seja, recomendadas ao
escrevermos a alguém: especifique o assunto e seja breve; trace previamente
o objetivo da carta (opinar, sugerir, debater); escreva em uma linguagem clara,
precisa e nunca faça uso de palavras de baixo calão, pois sua carta não será
publicada! O objetivo do leitor ao escrever uma carta para um jornal da cidade
ou uma revista de circulação nacional é tornar pública sua ideia e se sentir
parte da informação. A carta do leitor é tão importante que pode ser fonte para
uma nova notícia, uma vez que ao expor suas considerações a respeito de um
assunto, o destinatário pode acrescentar outros fatos igualmente interessantes
que estejam acontecendo e possam ser abordados!
Deve-se ter muito cuidado ao redigir uma carta, pois será lida por muitas
pessoas. Por isso, revise o texto e observe com atenção se há clareza nas
frases, se os períodos não estão muito longos e se não há repetições de ideias
ou palavras, se há erros de pontuação e grafia. Importante: Não se preocupe
apenas em dizer o que pensa, o que acha, mas dê seu ponto de vista sempre
explicando com muito cautela e se expor fatos, tenha certeza que são
verdadeiros.
4. Conto.
“O tamanho não é o que faz mal a este gênero de histórias. É naturalmente a
qualidade; mas há sempre uma qualidade nos contos que os torna superiores
aos grandes romances, se uns e outros são medíocres: é serem curtos.”
Machado de Assis
O conto é um texto narrativo centrado em um relato referente a um fato ou
determinado acontecimento. Sendo que este pode ser real, como é o caso de
uma notícia jornalística, um evento esportivo, dentre outros. Podendo também
ser fictício, ou seja, algo resultante de uma invenção. Revestiu-se de inúmeras
classificações ao longo dos anos, resultando nas chamadas antologias, as
quais reúnem os contos por nacionalidade: brasileiro, russo, francês e por
categorias relacionadas ao gênero, denominando-se em contos maravilhosos,
policiais, de amor, ficção científica, fantásticos, de terror, mistério, dentre outras
classificações, tais como tradicional, moderno e contemporâneo. Perfaz-se de
todos os elementos que compõem a narrativa, ou seja, tempo, espaço, poucos
personagens, foco narrativo de 1ª ou 3ª pessoa, corroborando em uma
sequência de fatos que constituem o enredo, também chamado de trama.
E um dos fatores de total relevância, é que o enredo apresenta-se de forma
condensada e sintética, centrado em um único conflito. Tal característica tende
a criar o que chamamos de unidade de impressão, elemento que norteia toda a
narrativa, criando um efeito no próprio leitor, manifestado pela admiração,
espanto, medo, desconcerto, surpresa, entre outros.
Fazendo referência a toda estética textual, observaremos alguns fragmentos
inerentes a uma das criações de um importante contista de nossa
contemporaneidade, Dalton Trevisan:
Apelo
Amanhã faz um mês que a Senhora está longe de casa. Primeiros dias, para
dizer a verdade, não senti falta, bom chegar tarde, esquecido na conversa de
esquina. Não foi ausência por uma semana: o batom ainda no lenço, o prato na
mesa por engano, a imagem de relance no espelho.
Com os dias, Senhora, o leite primeira vez coalhou. A notícia de sua perda veio
aos poucos: a pilha de jornais ali no chão, ninguém os guardou debaixo da
escada. Toda a casa era um corredor deserto, até o canário ficou mudo. Não
dar parte de fraco, ah, Senhora, fui beber com os amigos. Uma hora da noite
eles se iam. Ficava só, sem o perdão de sua presença, última luz na varanda, a
todas as aflições do dia.
Sentia falta da pequena briga pelo sal no tomate — meu jeito de querer bem.
Acaso é saudade, Senhora? Às suas violetas, na janela, não lhes poupei água
e elas murcham. Não tenho botão na camisa. Calço a meia furada. Que fim
levou o saca-rolha? Nenhum de nós sabe, sem a Senhora, conversar com os
outros: bocas raivosas mastigando. Venha para casa, Senhora, por favor.
5. Fábula.
Analisando a estrutura da fábula, percebemos que ela narra uma história
curta, tendo animais como personagens. Um fato bastante interessante é que
esses animais adquirem características humanas, agindo como se fossem
pessoas, inclusive em algumas fábulas há trechos até com diálogos. As fábulas
geralmente trabalham a ideia de características relacionadas ao
comportamento humano, como, por exemplo, a inveja, a preguiça, a
competição, entre outros.
Com isso, a história, que sempre possui um final surpreendente, nos faz
refletir sobre essas atitudes que, para nós, devem ser desprezadas, não é
mesmo? E por falar no final da história, é bom que você nunca se esqueça
disto: toda fábula encerra-se com um fundo moral, justamente para apontar a
importância de sempre valorizarmos nossas virtudes, como amor, compaixão,
lealdade, compreensão, honestidade, e muitos outros.
6. Notícia, Relato ou Reportagem.
A reportagem é um tipo de texto que participa do nosso dia a dia, tem como
objetivo principal transmitir uma informação sobre um determinado
acontecimento. Nós a encontramos em jornais escritos, em revistas, na
Internet, ou em telejornais. Tanto na reportagem escrita quanto na oral, a
linguagem utilizada deve ser clara, objetiva e direta, proporcionando um bom
entendimento para o leitor ou o ouvinte.
A função do repórter é apenas transmitir o fato ou o comunicado, sem
apresentar nenhum tipo de comentário, nenhuma opinião sobre o que pensa
em relação ao assunto apresentado.
A reportagem costuma apresentar as seguintes partes:
* A manchete ou o título principal – Sempre aparece em destaque, com letras
grandes, às vezes até coloridas, para chamar a atenção do leitor.
* O título auxiliar, que também podemos chamar de subtítulo - É uma
complementação do título principal, que fornece maiores detalhes sobre o
assunto em destaque.
* O primeiro parágrafo, também chamado de Lide – A informação trazida por
ele deverá obedecer a uma sequência de perguntas, como: O que aconteceu?
Com quem ocorreu o fato? Onde? Como aconteceu? Quando foi? E por quê?
Como podemos perceber, estas perguntas colaboram para que haja clareza
nas informações transmitidas.
* Por último, vem o que denominamos de “corpo” da reportagem – É o
detalhamento de tudo aquilo que se pretende dizer, sempre procurando facilitar
a compreensão por parte de todos.
7. Resposta argumentativa e Resposta interpretativa = Dissertação
Simplicidade
Talvez essa seja a dica mais importante. Tentar impressionar a banca
escrevendo “difícil” pode ser um tiro pela culatra. Afinal, seu texto pode ficar tão
“difícil” a ponto de ser cômico e, como é de praxe, virar piada na internet. Além
disso, por se tratar de um exame de avaliação de estudantes do Ensino Médio,
os responsáveis pela correção das redações já imaginam um vocabulário
simples, de quem ainda está estudando e que pouco lê. Portanto, lembre-se
deste conselho: em se tratando de palavras “difíceis”, menos é mais.
Começando
Por onde começar? Pelo título pode ser um mau caminho. Afinal, para tentar se
manter naquilo que o seu título indica, você pode acabar limitando seu texto.
Então, comece pelo texto e deixe o título por último. No caso da dissertação-
argumentativa ou interpretativa, não se esqueça de adiantar o assunto logo no
primeiro parágrafo.
Se quiser fazer alguma citação, atenção para alguns detalhes:
- Citar frases ou bordões de novelas, filmes ou programas de entretenimento
pode parecer fútil e vazio aos olhos da banca corretora.
- Prefira frases, declarações ou expressões de personalidades da educação, da
literatura ou das artes, que estão mais ligadas ao seu cotidiano estudantil e
mostram vínculo cultural.
- Cuidado na hora de citar esses autores. Se não se lembrar ao certo o que ele
(a) disse, prefira uma citação indireta, dizendo com suas palavras a citação em
questão (como paráfrase) dando os créditos ao dono da “idéia”. Se lembrar da
frase por completo, coloque aspas do início ao fim e também cite o nome do
autor, sem mudar sua declaração.
Língua portuguesa
Os corretores são severos neste ponto: não admitem erros de português. A
norma culta é indispensável e isto está claro nas instruções.
Veja algumas dicas do que deve ser evitado:
- Não utilize gírias
A não ser que esteja absolutamente dentro do contexto (se estiver sendo
usada para exemplar a fala dos jovens atualmente, em um texto sobre a
adolescência, por exemplo), as gírias não são aconselhadas.
- Sem coloquialismo
A escrita não funciona exatamente do modo como falamos. Portanto, cuidado
ao tentar escrever de maneira “simples”, como dito acima, para não exceder na
simplicidade. A formalidade deve estar acima do coloquialismo.
- Nada de versos
O texto exigido na prova de Redação do Enem deve ser escrito em prosa. E
texto em prosa é todo aquele que não está escrito em versos. Sendo assim,
nada de utilizar versos e escrever sua Redação como uma “ode” ou poesia.
Isso também está nas instruções da prova.
- Evite ser prolixo
Utilizar mil verbos para dizer algo que poderia ser dito com um ou dois torna a
leitura cansativa e prolixa. Mostrar poder de sintaxe, sendo o mais coeso
possível, lhe dará pontos no final. Evite também períodos muito longos.
- Fique longe dos modismos
A TV é a grande culpada da disseminação de alguns modismos lingüísticos
que são errados. Exemplos desses “acidentes” são expressões como “a nível
de”, “no sentido de” ou mesmo os gerúndios, como “estar falando”. Essas
expressões são consideradas “vazias”, por serem apenas “muletas”, que
empobrecem o texto. Utilizá-las pode ser um atestado de reprovação na
redação.
- Cuidado com a letra
Sabe aquele caderninho de caligrafia que você tanto odiava? Pois é, ele
poderia ser um grande aliado no quesito legibilidade. Como as redações do
Enem são escritas à mão (e de caneta, o que torna a escrita mais escorregadia
e menos aderente do que com um lápis ou lapiseira), subentende-se que quem
vai ler o que você escreveu precisa entender sua letra. Se sua letra é ilegível, a
leitura pode tornar-se cansativa e de difícil compreensão, deixando o corretor
(que, no mesmo dia, lerá dezenas de redações semelhantes) um pouco
irritado.
- Esqueça o “internetês”!
A não ser que, como no caso das gírias, você esteja exemplando a escrita dos
jovens na internet, por exemplo, em hipótese alguma, escreva da mesma forma
com a qual se comunica pela rede. A língua portuguesa acaba de receber
algumas reformas, mas, por enquanto, incorporar abreviações como “pq”, “vc”,
ou expressões como “naum” e substituir o acento agudo pelo “h” ou o “o” pelo
“u” ainda não está nos planos da Academia Brasileira de Letras.
- Modere no estrangeirismo
Palavras como “ranking” ou “show” foram incorporadas à nossa língua e podem
ser usadas tranquilamente. Você precisa ter cuidado é com o exagero de
palavras em outros idiomas, elas podem empobrecer sua redação.
Argumentação
É na construção de seus argumentos que o candidato mostra ter ou não
conhecimento. Como a dissertação é um gênero opinativo, você terá de
apontar argumentos convincentes e que façam sentido. É com a leitura de
jornais, revistas e livros que você adquire domínio argumentativo e consegue,
ao escrever, “convencer” o leitor, ao menos, de que tem embasamento.
A proposta de redação do Enem vem, geralmente, acompanhada de uma
coletânea. Essa coletânea pode ser composta de letras de música,
declarações, frases, poesias, textos e/ou imagens. Com base nessas
informações, você pode começar a construir sua argumentação, mas, não deve
limitá-la à coletânea. Isso quer dizer que, além de retomar idéias da coletânea
(o que mostra que você leu atentamente o material oferecido), você deve
acrescentar informações externas, que sejam de seu conhecimento, adquiridas
por meio de leitura. Essa é uma maneira de deixar claro para a banca que você
é bem informado (a).
E, claro, não fuja do tema. Viajar demais e partir para outros assuntos
(tentando mostrar conhecimento) pode acabar lhe prejudicando.
A Redação é, sem dúvida, uma das provas mais importantes de qualquer
processo seletivo que se preze. Vestibulares, concursos e outros exames
geralmente exigem dos candidatos que redijam textos, de gêneros e temas
variados, para, desta forma, selecionar quem conseguiu a vaga em disputa.
Então, faça textos semanais, treine a escrita, mantenha a leitura em dia e
esteja preparado para a prova de Redação, não só a do Enem. Ler é a melhor
forma de aprender a escrever e, ter domínio da escrita lhe ajudará em muitas
ocasiões de sua vida profissional ou social, para o resto da vida!
8. Resumo.
Passado nas aulas anteriores, mas em todo caso: resumir é o ato de ler,
analisar e traçar em poucas linhas o que de fato é essencial e mais importante
para o leitor.
9. Texto instrucional.
Todos nós, em algum momento de nossas vidas, já tivemos a oportunidade de
recorrermos a algum manual de instrução, a uma bula de remédio, não é
mesmo?
Diante disso, daremos ênfase aos aspectos estruturais dos chamados textos
instrucionais, os quais pertencem aos gêneros textuais, cuja finalidade do
discurso é de instruir, orientar sobre algo.
Fazendo parte desta modalidade estão: regras de jogos, folhetos explicativos,
instruções de provas, receitas culinárias, guias de cidades, entre outros.
Analisando os verbos, percebemos que os mesmos encontram-se no
imperativo, pois é uma maneira de induzir o leitor a fazer algo. Desta forma,
uma das características relevantes é a persuasão. Quanto à linguagem, a
mesma possui uma função apelativa, restringindo-se à objetividade e à clareza
de ideias, assemelhando-se aos textos informativos de um modo geral.