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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 020.439/2009-8 GRUPO I – CLASSE II – 2ª Câmara TC 020.439/2009-8 Natureza: Tomada de Contas Especial. Unidade: Prefeitura de Itajubá/MG. Responsáveis: Jose Francisco Marques Ribeiro (165.982.026-04); Lealmaq Leal Maquinas Ltda. (25.181.298/0001-04). Interessados: Fundo Nacional de Saúde – MS (00.530.493/0001-71); Prefeitura de Itajubá – MG (18.025.940/0001-09). Advogados constituídos nos autos: José Nilo Castro – OAB-MG 14.656 e Graziela de Castro Lino – OAB-MG 123.012. Sumário: TOMADA DE CONTAS ESPECIAL. OPERAÇÃO SANGUESSUGA. AQUISIÇÃO DE UNIDADE MÓVEL DE SAÚDE – UMS. CITAÇÃO SOLIDÁRIA DE TODOS OS RESPONSÁVEIS PELO SUPERFATURAMENTO. ELEMENTOS DE DEFESA INSUFICIENTES PARA AFASTAR AS IRREGULARIDADES. CONTAS IRREGULARES. DÉBITO. MULTA. ARQUIVAMENTO. RELATÓRIO Adoto como Relatório a instrução da 4ª Secretaria de Controle Externo – Secex/4, às fls. 391/403, do Volume 1, que obteve anuência de seus dirigentes, à fl. 354, e do Ministério Público junto ao TCU, à fl. 404. “Cuidam os autos de Tomada de Contas Especial (TCE) instaurada contra o Sr. José Francisco Marques Ribeiro, ex- Prefeito do Município de Itajubá/MG e a empresa Lealmaq – Leal Máquinas Ltda., a qual foi constituída a partir da conversão de Representação encaminhada ao TCU referente ao convênio abaixo discriminado, objeto de auditoria realizada pela Controladoria Geral da União – CGU em conjunto com o Departamento Nacional de Auditoria do Sistema Único de Saúde – DENASUS, com vistas a apurar a ocorrência de irregularidades na aquisição de unidade móvel de saúde (UMS), em decorrência da ‘Operação Sanguessuga’, deflagrada pela Polícia Federal, que investigou o esquema de fraude e corrupção na execução de convênios do Fundo Nacional de Saúde – FNS. Processo Original: Auditoria DENASUS 4836 (fls. 4-32 – 1

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 020.439/2009-8

GRUPO I – CLASSE II – 2ª CâmaraTC 020.439/2009-8Natureza: Tomada de Contas Especial.Unidade: Prefeitura de Itajubá/MG.Responsáveis: Jose Francisco Marques Ribeiro (165.982.026-04); Lealmaq Leal Maquinas Ltda. (25.181.298/0001-04).Interessados: Fundo Nacional de Saúde – MS (00.530.493/0001-71); Prefeitura de Itajubá – MG (18.025.940/0001-09).Advogados constituídos nos autos: José Nilo Castro – OAB-MG 14.656 e Graziela de Castro Lino – OAB-MG 123.012.

Sumário: TOMADA DE CONTAS ESPECIAL. OPERAÇÃO SANGUESSUGA. AQUISIÇÃO DE UNIDADE MÓVEL DE SAÚDE – UMS. CITAÇÃO SOLIDÁRIA DE TODOS OS RESPONSÁVEIS PELO SUPERFATURAMENTO. ELEMENTOS DE DEFESA INSUFICIENTES PARA AFASTAR AS IRREGULARIDADES. CONTAS IRREGULARES. DÉBITO. MULTA. ARQUIVAMENTO.

RELATÓRIO

Adoto como Relatório a instrução da 4ª Secretaria de Controle Externo – Secex/4, às fls. 391/403, do Volume 1, que obteve anuência de seus dirigentes, à fl. 354, e do Ministério Público junto ao TCU, à fl. 404.

“Cuidam os autos de Tomada de Contas Especial (TCE) instaurada contra o Sr. José Francisco Marques Ribeiro, ex-Prefeito do Município de Itajubá/MG e a empresa Lealmaq – Leal Máquinas Ltda., a qual foi constituída a partir da conversão de Representação encaminhada ao TCU referente ao convênio abaixo discriminado, objeto de auditoria realizada pela Controladoria Geral da União – CGU em conjunto com o Departamento Nacional de Auditoria do Sistema Único de Saúde – DENASUS, com vistas a apurar a ocorrência de irregularidades na aquisição de unidade móvel de saúde (UMS), em decorrência da ‘Operação Sanguessuga’, deflagrada pela Polícia Federal, que investigou o esquema de fraude e corrupção na execução de convênios do Fundo Nacional de Saúde – FNS.

Processo Original: 25003.004313/2007-12 Auditoria DENASUS 4836 (fls. 4-32 – Volume Principal).

Convênio Original FNS: 2753/2001 (fls. 52-59 – Volume Principal).

Convênio Siafi: 432097

Início da vigência: 27/12/2001 Fim da vigência: 4/3/2003 (fl. 85 – Volume Principal).

Município Convenente: Prefeitura Municipal de Itajubá UF: MG

Objeto Pactuado: dar apoio financeiro para aquisição de uma Unidade Móvel de Saúde.

Valor Total Conveniado: R$ 130.000,00

Valor Transferido pelo Concedente: R$ 104.000,00 Percentual de Participação: 80,84

Valor da Contrapartida do Convenente: R$ 26.000,00 Percentual de Participação: 19,16

Liberação dos Recursos ao Convenente

Ordem Bancária – OB Data da OB Depósito na Conta Específica Valor (R$)2002OB403421 (fl. 67 – Volume 9/3/2002 14/3/2002 (fl. 114 – Volume R$ 104.000,00

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 020.439/2009-8

Principal). Principal).2. Por meio do Acórdão 2.451/2007-Plenário, o Tribunal, entre outras providências,

determinou ao DENASUS e à CGU que encaminhassem os resultados das auditorias diretamente ao TCU, para serem autuados como representação, e autorizou sua conversão em tomada de contas especial, nos casos em que houvesse indícios de superfaturamento, desvio de finalidade ou de recursos ou qualquer outra irregularidade que resultasse prejuízo ao erário federal (subitens 9.4.1. e 9.4.2.1 do referido Acórdão).

3. O Sr. José Francisco Marques Ribeiro foi citado pelo Tribunal, com base na instrução de fls. 342-357 (Volume 1), pelo valor total dos recursos repassados pelo Ministério da Saúde ao Municipio de Itajuba/MG, em razão da ausência de nexo de causalidade entre os recursos financeiros e a UMS adqurida, tendo em vista as inconsistências descritas no ofício citatório de fls. 359-362 (Volume 1).

4. Contudo, após a análise das alegações de defesa apresentadas pelo ex-prefeito (cf. instrução de fls. 366-372), foi proposta a citação solidária do responsável com a empresa Lealmaq – Leal Máquinas Ltda. (CGC – 25.181.298.0001-04), nos seguintes termos, in verbis (fls. 371-372 – Volume 1):

apresentem alegações de defesa ou recolham aos cofres do Fundo Nacional de Saúde - FNS, o valor de R$ 27.904,91, atualizado monetariamente e acrescido de juros de mora, calculados a partir de 20/11/2001 até a data do recolhimento, nos termos da legislação vigente,esclarecendo aos responsáveis que a metodologia adotada para o cálculo dos valores referenciais e do superfaturamento encontra-se disponível para consulta no portal do TCU

(http://portal2.tcu.gov.br/portal/page/portal/TCU/comunidades/contas/tce/operacao_sangue ssuga/metodologia_calculo_superfaturamento.doc):

I. Identificação da UMSTipo UMS:Consultório Médico-Odontológico

Código Sefaz:410802

Código Fipe:

Veículo “0” Km:NÃO

Renavam:701824417

Modelo:OF 1620

Marca:Mercedes-Benz

Placa:LCJ-3609

Chassi:9BM384073WB166991

Ano de aquisição:2002

Ano de Fabricação:1998

Ano Modelo:1998

Tipo de Transformação:2

i. O débito a seguir decorre do indício de superfaturamento na aquisição do veículo, na adaptação e no fornecimento de equipamentos para unidade móvel de saúde, objeto dos Convites 42/2002 e 51/2002, com recursos recebidos por força do Convênio 2753/2001 (Siafi 432097), firmado entre o Ministério da Saúde e a Prefeitura Municipal de Itajubá/MG:

VALORES REFERENCIAIS (R$) VALORES EXECUTADOS (R$) DÉBITOS (R$)

Valor Mercado Veículo 48.128,30

95.483,30

Valor Pago pelo Veículo, Transformação eEquipamentos

130.000,00 34.516,70Valor Mercado Transformação 31.277,00

Valor Mercado Equipamentos 16.078,00

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 020.439/2009-8

Total do débito 34.516,70

Prejuízo à União (80,84%) 27.904,91 Prejuízo à Convenente

(19,16%) 6.611,79

5. Efetivação das Citações e AudiênciasResponsável Ofício de Citação Aviso de Recebimento (AR)

Sr. José Francisco Marques Ribeiro (CPF: 165.982.026-04), ex-Prefeito do Município de Itajubá/MG.

Ofício 2689/2010-TCU-Secex/7 (fls. 373-375 – Volume 1).

fl. 379 – Volume 1.

Lealmaq – Leal Máquinas Ltda. (CNPJ – 25.181.298.0001-04).

Ofício 2870/2010-TCU-Secex/7 (fls. 385-387 – Volume 1).

fl. 389 – Volume 1.

5.1. Ressalta-se que, com a edição da Resolução TCU 240/2010, a 7ª Secex foi extinta e as atividades então desenvolvidas, relativamente aos processos que tratem sobre aquisição de unidades móveis de saúde, passaram a ser afetas à 4ª Secex.

6. Das Razões de Justificativas e Alegações de Defesa6.1. Lealmaq – Leal Máquinas Ltda. (CNPJ – 25.181.298.0001-04):6.1.1.Com relação à empresa Lealmaq – Leal Máquinas Ltda., após o decurso do prazo

regimental, constatou-se que a responsável, não apresentou defesa à citação do Tribunal (cf. fl. 390). Dessa forma, é de se concluir que a referida empresa permaneceu silente, fazendo-se operar contra ela os efeitos da revelia, reputando-se verdadeiros os fatos afirmados (art. 319 do CPC), prosseguindo-se o feito até final julgamento, consoante os termos do art. 12, § 3º, da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992.

6.2. Sr. José Francisco Marques Ribeiro (CPF: 165.982.026-04): a seguir, será relacionada síntese das razões de justificativas e alegações de defesa apresentadas pelo responsável (cf. documentos de fls. 116/139 – Anexo 1) e a correspondente análise.

Argumentos às fls. 119-123 – Anexo 1 – Da natureza formal de irregularidades – fundamentos.

6.2.1. O defendente inicialmente, discorreu sobre os fatos que envolveram as citações promovidas pelo Tribunal, pelo valor total dos recursos repassados pelo Ministério da Saúde ao Municipio de Itajuba/MG (cf. fls. 359-362 – Volume 1), bem como sobre o indício de superfaturamento (cf. fls. 373-375 – Volume 1). Sobre as irregularidades constadas, alegou-se que, na execução do convênio, o interesse público foi resguardado e que o mesmo não deve ser abalado por irregularidades formais ocorridas. Aduziu-se que estas não passam de miçangas, sem força anulatória. Segundo o ex-prefeito, o Ministério da Saúde comprovou que os objetivos propostos foram alcançados, conforme previsto no Plano de Trabalho aprovado (cf. Relatório de Verificação in loco 184-2/2003 – fls. 151-171 – Anexo 1).

Análise6.2.2. A competência de apuração de irregularidades na gestão de recursos públicos por

parte do Tribunal de Contas da União decorre do estabelecido no art. 70 da Constituição Federal e na Lei 8.443/1992. A tomada de contas especial tem como pressuposto a ocorrência de dano ao Erário, a apuração dos fatos, identificação dos responsáveis e quantificação do débito.

6.2.3. A atuação desta Corte de Contas, no exercício de suas atribuições constitucionais e legais, não é obstada pela constatação de que a matéria sob apuração está sendo tratada de modo diverso no âmbito do Ministério ou do Poder Judiciário. Nesse sentido, a aprovação das contas pelo FNS não interfere na análise da despesa efetuada pelo TCU, vez que, até aquele momento do exame das contas por parte do órgão concedente, não havia metodologia adequada para avaliação dos custos dos veículos, adaptações e equipamentos.

6.2.4. Há de se considerar, ainda, que a presente TCE é resultado da conversão de Representação autuada no TCU a partir de Relatório de Fiscalização decorrente da Auditoria 4836, realizada em conjunto pelo Departamento Nacional de Auditoria do SUS – Denasus e pela

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Controladoria Geral da União – CGU na Prefeitura Municipal de Itajubá/MG, com a finalidade de verificar a execução do Convênio 2753/2001 (Siafi 432097).

6.2.5. Quanto à alegação de que os objetivos propostos foram alcançados, conforme previsto no Plano de Trabalho aprovado por parte do órgão concedente, ressalta-se que este Tribunal não está obrigado a seguir eventual entendimento de outros órgãos da Administração Pública, permitindo-se concluir de forma diferente, porém, fundamentada. Como manifestado no Acórdão 2.105/2009–TCU-1ª Câmara, “O TCU possui atribuição constitucional para realizar de forma autônoma e independente a apreciação da regularidade das contas dos gestores de bens e direitos da União”. Foram também nesse sentido os seguintes Acórdãos desta Corte: 2.331/2008-1ª Câmara, 892/2008-2ª Câmara e 383/2009-Plenário.

6.2.6. Logo, a jurisdição e a competência do Tribunal, no que tange ao julgamento das contas, são privativas e, por conseguinte, independe de outras instâncias, como já assentou a doutrina e jurisprudência desta Corte, a exemplo das Decisões 44/99-Plenário; 58/96-2ª Câmara; 251/2001-Plenário e 1.499/2002-Plenário e do Acórdão 73/2002-1ª Câmara.

Argumentos às fls. 123-125 – Anexo 1 – Realização de procedimentos licitatórios sem a presença de no mínimo 3(três) participantes.

6.2.7. A defesa argumenta que foram convidadas para participar do Convite 42/2002 as empresas Leal Máquinas Ltda., UMS – Unidade Móvel de Saúde e Platina Ônibus Ltda. Com relação ao Convite 51/2002, foram convidadas as empresas Leal Máquinas Ltda., Cirúrgica Savassi Ltda., Santa Maria Comércio e Representação Ltda. e Turistreiller Comercial Ltda. (cf. fls. 182-185 – Anexo 1). Aduziu-se que os convites foram distribuídos via fax, conforme fls. 187-197 – Anexo 1.

Análise6.2.8. As razões de justificativas em apreço não devem ser acolhidas pelo Tribunal,

haja vista que, embora tenham sido convocadas para participarem do Convite 42/2002 três empresas (Leal Máquinas Ltda., UMS – Unidade Móvel de Saúde e a Platina Ônibus Ltda.), a equipe de fiscalização da CGU/Denasus constatou o seguinte (cf. subitem 3.2.5 – fl. 15 – Volume Principal):

a) a empresa Platina Ônibus Ltda. foi inabilitada pela Comissão Permanente de Licitação – CPL por apresentar a Certidão Negativa de Débito Municipal sem autenticação, sendo que outros documentos também não foram autenticados;

b) as empresas Lealmaq e UMS foram habilitadas mesmo tendo sido apresentadas as Certidões Negativas de Débitos com o INSS e FGTS sem autenticação;

c) a empresa UMS apresentou a Certidão Negativa de Débito/ISS vencida;d) a CPL prosseguiu o certame com as duas empresas licitantes, contrariando o que

determina o § 7º do art. 22 da Lei 8.666/93.6.2.9. Cabe ressaltar que, no âmbito do Tribunal de Contas da União, o entendimento

sobre o tema em apreço sempre foi no sentido de que, não se obtendo o número legal mínimo de três propostas aptas à seleção, na licitação sob a modalidade Convite, impõe-se a repetição do ato, com a convocação de outros possíveis interessados, ressalvadas as hipóteses previstas no parágrafo 7º, do art. 22, da Lei nº 8.666/1993 (cf. Acórdãos 101/2004; 1355/2004; 292/2008; 5615/2008, todos do Plenário, entre inúmeros outros).

Argumentos às fls. 125-127 – Anexo 1 – Falta de comprovação da fixação do instrumento convocatório em local apropriado.

6.2.10. O defendente alega que o instrumento convocatório do certame foi afixado no saguão da Prefeitura, bem como na Câmara Municipal. Aduziu-se que não há como comprovar o cumprimento de tal requisito se os fatos correram em 2002 e somente em 2009 foi instaurada a TCE e que tal fato viola o princípio do contraditório e da ampla defesa, pois, é impossível o ex-prefeito demonstrar que houve a fixação da carta convite em 2002 tempus regit actum.

Análise6.2.11. Em respeito aos princípios do contraditório e da ampla defesa, consagrados

na Constituição Federal, entende-se descabida ao ex-prefeito, nos dias atuais, a apresentação de 4

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razões de justificativas para a irregularidade em análise, considerando o longo tempo decorrido (2002). Ressalta-se que a irregularidade em comento pode ser considerada pelo Tribunal como de baixa materialidade, haja vista que a mesma refere-se à não constatação, por parte da equipe de fiscalização da CGU/Denasus, nos processos licitatórios, de documento ou carimbo aposto nos editais que comprovasse a fixação dos instrumentos convocatórios em local apropriado (cf. Relatório de Auditoria 4836 – CGU/Denasus – fl. 14 – Volume Principal).

Argumentos às fls. 127-128 – Anexo 1 – Ausência de parecer jurídico.6.2.12. A defesa alega que a Procuradoria Jurídica do Município de Itajubá/MG apôs

visto, pela aprovação, nos procedimentos relacionados aos certames. Aduziu-se, ainda, que a Lei 8.666/93 não exige a emissão de parecer em cada certame, bastando a aprovação do órgão jurídico. No presente caso, o edital e demais documentos foram “vistados”.

Análise6.2.13. Em que pese a alegação de que em todos os procedimentos foi aposto

carimbo com “visto” de aprovação da Procuradoria Jurídica, cabe assinalar que tal fato não encontra amparo na Lei 8.666/93, tendo em vista a constatação de ausência de análise prévia para que pudesse embasar a aprovação. Ressalta-se que o parágrafo único do art. 38 da referida lei preceitua que as minutas de editais de licitação, bem como dos contratos, acordos, convênios ou ajustes, devem ser previamente examinadas e aprovadas por assessoria jurídica da Administração.

Argumentos à fl. 128 – Anexo 1 – Não apresentação da documentação necessária para comprovação da regularidade fiscal das empresas vencedoras da licitação e existência de vínculo entre as empresas participantes da licitação.

6.2.14. O defendente alega que a empresa Leal Máquinas Ltda. apresentou as CND’s do INSS e FGTS emitidas pela internet. A empresa Santa Maria Comércio e Representação Ltda. apresentou cópia da CND autenticada ao procedimento original, perdendo, deste modo, o valor da autenticação. Quanto ao suposto conluio existente entre as empresas licitantes, o ex-prefeito alegou que tal fato não é de responsabilidade do gestor público, que em nada sabia nem contribuiu para tal ato.

Análise6.2.15. As razões de justificativas não tem como serem acolhidas pelo Tribunal,

posto que se apresentou comprovante apenas referente à empresa Leal Máquinas Ltda. (cf. fls. 199-200 – Anexo 1). Ademais, foi constatado pela equipe de fiscalização da CGU/Denasus:

a) não comprovação da regularidade fiscal das empresas vencedoras da licitação, Leal Máquinas Ltda. e U.M.S, pois foram apresentadas Certidões Negativas de Débito com o INSS e o FGTS sem autenticação, ou vencida, infringindo o art. 29, inciso IV da Lei 8.666/93 (cf. fls. 15-16 – Volume Principal);

b) existência de vínculo entre os sócios das empresas participantes da licitação, fato ensejador de falta de competitividade no processo licitatório, contrariando as disposições do art. 3º, § 1º da Lei 8.666/93, o que caracteriza conluio entre os dois participantes, já que a empresa vencedora estava comprometida com a outra participante do convite, a saber: a empresa Leal Máquinas Ltda. tem como sócio Acyr Gomes Leal, que é pai de Acy Gomes Leal filho, sócio da empresa UMS, ambos residentes no mesmo endereço (cf. fl.16 – Volume Principal).

Argumentos às fls. 131-137 – Anexo 1 – Superfaturamento.6. 2.16. Quanto ao indício de superfaturamento da Unidade Móvel de Saúde foram

apresentadas as seguintes alegações de defesa:a) afirmam suposta ocorrência de superfaturamento com base em metodologia de

cálculo de débito, mas não houve qualquer justificativa, parâmetro, prova da realidade monetária mencionada. Ora, como considerar tal montante, se não se conhecem as premissas utilizadas para se chegar àquela conclusão? A cotação de preço atual do ônibus, equiparado ao adquirido pelo município, em sítios de venda de ônibus usados é de R$ 55.000,00, sem garantia de 12 meses e sem certificado do Inmetro (CD à fl. 202, Anexo 1). Sendo assim, não há cabimento de o Tribunal fixar que o veículo deveria custar R$ 48.128,30 para aquisição em junho/2002, sendo que o referido

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veículo, em janeiro/2010, custa R$ 55.000,00. Nenhum veículo tem seu preço aumentado com o passar dos anos, ao contrário, seu preço é reduzido ano a ano. Não obstante, o Plano de Trabalho exigiu 01 ano de garantia e o certificado do Inmetro, o que valoriza o veículo adquirido (fls. 132/133 – Anexo1);

b) o relatório técnico aponta que o valor para o serviço de adaptação, montagem e equipamentos seria de R$ 47.355,00. No entanto, a metodologia de cálculo não é clara nesse ponto, pois não demonstra de onde foram retirados os valores de referência e nem para qual tipo de transformação deverá ser aplicada à metodologia. Ademais, saliente-se que a planilha é inepta, ou seja, apresenta cálculos e base de cálculos de hoje, o que está totalmente equivocado. Os valores devem ser os da época, com correção, e não com aproximações, deduções ou porcentagens criadas no dia de hoje, passados 8 anos (fl. 133 – Anexo 1);

c) o defendente não participou de nenhum ato do procedimento licitatório, tendo apenas assinado o convênio com a União por ser à época o prefeito. Logo, não pode ser responsabilizado por atos de funcionários da prefeitura (fl. 133 – Anexo 1);

d) não há que se dizer de qualquer irregularidade ou superfaturamento, principalmente quando se verifica que a prestação de contas foi devidamente aprovada pelo Ministério da Saúde. Ademais, foi equivocado o modo genérico como foram realizados os cálculos e aplicados a todas as cidades que adquiriram ônibus ou vans e seus equipamentos. (fls. 134/136 – Anexo 1);

e) os apontamentos feitos pelos técnicos do TCU não passam de mero formalismo exacerbado, pois em nada prejudicou o Erário, muito menos a execução do Convênio nº 2753/2001. Assim, tendo em vista a ausência de dano ao Erário, dolo e má-fé na conduta do agente, descabida é a penalização imposta ao defendente, qual seja, a devolução integral dos recursos repassados pelo Ministério da Saúde. Se ele devolver tais recursos, o bem inesperado ao patrimônio municipal seria dele, defendente, pela lógica das coisas e em razão da teoria de débito-crédito. Caso contrário, ocorreria o enriquecimento ilícito por parte da Administração Pública (fls. 136/137 – Anexo 1).

Análise6.2.17. As alegações de defesa não tem como serem acolhidas pelo Tribunal,

considerando que, ao contrário do alegado, os autos comprovam o prejuízo imputado ao responsável e demonstram a quantificação do dano, uma vez que o prejuízo ao Erário foi identificado mediante comparação entre o preço praticado e o preço de referência definido com base em ampla pesquisa de mercado que buscou demonstrar o real valor dos bens. Embora o responsável tenha apresentado duas tabelas com supostas pesquisas de preço (cf. fl. 202 – Anexo 1), não comprovou a sua autenticidade, nem mesmo citando os respectivos endereços na internet que serviram como base para a pesquisa. Dessa forma, não é possível aceitá-las como comprovação de preço de mercado.

6.2.18. Os critérios utilizados encontram-se definidos na “Metodologia de Cálculo do Débito”, disponível no sítio eletrônico do TCU, e informada ao ex-prefeito no ofício citatório (fls. 373/375) e na instrução da 7ª Secex (fls. 366/372), mediante o seguinte endereço eletrônico:

http://portal2.tcu.gov.br/portal/page/portal/TCU/comunidades/contas/tce/operacao_sanguessuga/metodologia_calculo_superfaturamento.doc

6.2.19. Resumidamente, a metodologia utilizada consistiu em estabelecer, por meio de pesquisa de mercado empreendida pela CGU e pelo Denasus, os preços de mercado ou de referência a serem utilizados como base de comparação para o cálculo do superfaturamento, bem como definir critérios objetivos que possibilitassem a comparação desses preços com os praticados em cada caso concreto. Definiu-se o preço de mercado de uma unidade móvel de saúde (UMS) como a soma de três componentes: o preço do veículo, o custo de transformação do veículo em UMS e o custo dos equipamentos a ela incorporados.

6.2.20. No TCU, a metodologia foi aprimorada. Para os preços dos veículos, passou-se a utilizar, sempre que possível, aqueles fornecidos pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas – Fipe. Na apuração dos custos das transformações e dos equipamentos, utilizados

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como referência, foram também levados em consideração, além dos valores da pesquisa de mercado, os custos praticados em 1.180 convênios celebrados pelo Ministério da Saúde com 655 municípios para a aquisição de ambulâncias, incluídos os custos operados pelas próprias empresas da Família Vedoin e demais empresas envolvidas. Como o presente caso trata de superfaturamento na aquisição de um ônibus usado, não disponível diretamente na tabela da Fipe, busca-se o valor do veículo segundo tabela de preços de referência do Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) da Secretaria de Fazenda do Estado de Rondônia (Sefaz/RO), adotando-se como preço de mercado o preço da tabela do IPVA no ano de aquisição do veículo. A utilização desse referencial, sem dúvida, beneficia o responsável na medida em que apresenta preços cuja base de cálculo apresenta-se superior à média nacional de preços de veículos, considerando, para tanto, a distância dos grandes centros urbanos, o que eleva consideravelmente o valor do frete. Cabe destacar que tal tabela também utiliza as pesquisas da FIPE como referência, o que garante preços de referência decorrentes de ampla pesquisa de mercado.

6.2.21. Para conferir ainda mais conservadorismo aos critérios adotados, a fim de se avaliar com bastante segurança a existência ou não de superfaturamento, considerou-se a prática de sobrepreço apenas nos casos em que os valores praticados excedessem os valores médios de mercado das unidades móveis de saúde em mais do que 10%, patamar esse aprovado pelo Plenário do TCU mediante Questão de Ordem da Sessão de 20/05/2009.

6.2.22. Cabe destacar que, de acordo com o Denasus/CGU, “em várias licitações, foram adquiridos ônibus sucateados, realizadas transformações de péssima qualidade e instalados equipamentos desconhecidos – o que configura montagens do tipo fundo de quintal” (Voto do Relator no Acórdão nº 2451/2007-Plenário). A esse respeito, a equipe do Denasus/CGU destacou que os valores utilizados como referência dos custos de veículo, transformação e montagem foram baseados em serviços de alto padrão, com materiais de qualidade satisfatória e equipamentos de marcas tradicionais, enquanto as montagens realizadas pelas empresas vencedoras das licitações careciam, muitas vezes, de qualidade aceitável.

6.2.23. O cálculo do débito ora imputado ao responsável apresenta-se demonstrado às fls. 370/371 (subitem 5.3.), mediante a comparação dos preços de referência com os preços praticados no convênio em estudo, de acordo com a metodologia descrita. Sobre este valor, calculou-se o valor a ser restituído aos cofres do Fundo Nacional de Saúde, com base no percentual de participação financeira da União no convênio.

6.2.24. Ressalta-se que, para os preços de transformação e de equipamentos, foram utilizados os preços de 2006, tendo sido feita a devida deflação pelo IPCA.

6.2.25. Vê-se, dessa forma, que o defendente equivoca-se ao anunciar que não houve o tratamento adequado das informações, uma vez que todos os débitos foram quantificados individualmente em cada processo de TCE autuado. O superfaturamento e demais irregularidades verificadas nos autos encontram respaldo nos documentos relacionados a cada processo, como notas fiscais, extratos bancários, processos licitatórios, além de outras evidências identificadas pela equipe do Denasus/CGU quando realizou visita in loco aos respectivos municípios.

6.2.26. O argumento de que os preços encontravam-se dentro do que havia sido estipulado pelo Ministério da Saúde também não pode prosperar. O Ministério Público, a Polícia Federal e a Comissão Mista Parlamentar de Inquérito concluíram que havia a participação efetiva de servidores do Ministério da Saúde no esquema que levou às fraudes verificadas. Tanto que a principal envolvida, Srª Maria da Penha Lino, foi exonerada do cargo em comissão, onde assessorava o então Ministro da Saúde. Ademais, os preços calculados pelo órgão repassador visam a estabelecer o valor a ser repassado e não o valor a ser utilizado na licitação que vier a ser realizada, o qual, de acordo com a Lei nº 8.666/93, deverá não somente ser levantado de acordo com os preços praticados pelo mercado como servir de balizador para avaliar a adequação da respectiva proposta de cada futuro licitante (arts. 15, V, e 43, IV). Esse entendimento é corroborado pelo fato de o próprio instrumento do convênio prever como proceder no caso de haver sobra de

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recursos do convênio, especificando a obrigatoriedade de sua devolução (Cláusula Quarta, Parágrafo Quarto, à fl. 54/55).

6.2.27. No que se refere à alegação de que o defendente não teria participado de nenhum ato do procedimento licitatório, tendo apenas assinado o convênio com a União por ser à época o prefeito (fl. 133 – Anexo 1), tal argumento não tem como prosperar, haja vista que, além de assinar o convênio, o ex-prefeito ficou responsável, perante a União, pela execução do ajuste, fato esse que realmente ocorreu, tendo em vista que o defendente homologou as respectivas licitações (cf. fls. 245 e 333 – Volume 1).

6.2.28. A esse respeito, apresenta-se, a seguir, excertos de recentes julgados do TCU, todos envolvendo processos da Operação Sanguessuga (Relator: Exmo Sr. Ministro Aroldo Cedraz):

a) “além de haver assinado o convênio e, assim, ser responsável pela correta aplicação dos recursos, o ex-prefeito, ao homologar as licitações realizadas, convalidou os atos praticados pela comissão de licitação” (in Acórdão 3349/2011-2ª Câmara);

b) “13. Especificamente com relação à responsabilidade pela licitação, cabe à autoridade superior competente pela homologação, no caso do município ao prefeito, verificar a legalidade dos atos praticados na licitação, bem como avaliar a conveniência da contratação do objeto licitado pela Administração, uma vez que a homologação equivale à aprovação do certame. Por esse motivo, o procedimento deve ser precedido por um exame criterioso dos atos que integraram o processo licitatório, para que, verificada a existência de algum vício de ilegalidade, anule o processo ou determine seu saneamento.

14. Segundo o doutrinador Hely Lopes Meirelles (Direito Administrativo Brasileiro, 24ª ed. São Paulo, p. 281), a autoridade homologadora tem diante de si três alternativas: confirmar o julgamento homologando-o; sanear o procedimento e retificar a classificação se verificar irregularidade corrigível no julgamento; anular o julgamento ou toda a licitação, se deparar com irregularidade insanável e prejudicial ao certamente em qualquer fase da licitação. Uma vez homologada a licitação e determinada a adjudicação, a respectiva autoridade passa a responder por todos os efeitos e conseqüências da licitação, pois com a homologação ocorre a superação da decisão inferior pela superior e, consequentemente, a elevação da instância administrativa.

15. Dessa forma, não há como o ex-prefeito se furtar à responsabilidade pela regularidade dos procedimentos licitatórios questionados.” (in Acórdão 3349/2011-2ª Câmara);

c) “diante das irregularidades apontadas na alínea anterior, a responsabilidade da comissão de licitação aparece de forma residual e em nada aproveitaria ao ex-prefeito. Ademais, a responsabilidade desse agente independe de existirem ou não outros culpados” (in Acórdão 1295/2011-2ª Câmara).

6.2.29. Com relação ao argumento derradeiro da defesa, de que havia sido imposta a devolução integral dos recursos repassados pelo Ministério da Saúde ao município, tal fato não procede. Por meio do ofício citatório de fls. 373/375 – Volume 1, informou-se ao responsável que o débito a ser ressarcido, no valor de R$ 27.904,91, refere-se ao indício de superfaturamento verificado tanto em relação à aquisição da UMS, quanto em relação à transformação do veículo e ao fornecimento de equipamentos. Não se trata, portanto, da devolução integral dos valores transferidos pelo órgão concedente, não acarretando, portanto, o alegado enriquecimento ilícito da Administração Pública.

6.2.30. Considerando que as irregularidades apuradas nos autos não foram ilididas pela defesa, entende-se que as razões de justificativas e alegações de defesa apresentadas pelo Sr. José Francisco Marques Ribeiro não devem ser acolhidas pelo Tribunal.

7. Comunicações Processuais7.1. Ao Congresso Nacional7.1.1.O subitem 9.2.4, conjugado com o 9.2.1, do Acórdão 158/2007–TCU–Plenário,

exarado no TC 021.835/2006-0, deliberou no sentido de o Tribunal remeter os resultados das

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tomadas de contas especiais decorrentes dos processos incluídos na “operação sanguessuga” ao Congresso Nacional, à medida que forem concluídas.

7.1.2.Tendo em vista o expressivo número de processos autuados nessa condição, entende-se não ser producente enviar uma a uma as deliberações correlatas ao tema. Nesse sentido, de forma a operacionalizar o feito, a 2ª Câmara deste Tribunal, por meio do Acórdão 5664/2010, determinou a então 7ª Secex que:

doravante, encaminhe trimestralmente à Secretaria de Planejamento do TCU – Seplan informações consolidadas acerca dos julgamentos das tomadas de contas especiais relativas à chamada “Operação Sanguessuga”, para serem incluídas nos relatórios trimestrais de atividades do TCU a serem encaminhados ao Congresso Nacional, como forma de dar cumprimento ao subitem 9.2.4, conjugado com o subitem 9.2.1, do acórdão 158/2007 – Plenário.

7.1.3.Posteriormente, mediante o Acórdão 1.295/2011, a 2ª Câmara deste Tribunal resolveu efetuar a mesma determinação à unidade técnica responsável pela instrução dos processos relativos à chamada “Operação Sanguessuga”. Considerando que, consoante disposto na Portaria Segecex 4, de 11/1/2011, a Secex/4 ficou responsável pelos processos referentes à aquisição de UMS, esta Secretaria dará cumprimento à mencionada determinação.

7.2 Aos Tribunais de Contas dos Estados e dos Municípios e Ministério Público Estadual:

7.2.1.Conforme demonstrado à fl. 371 – Volume 1, além do prejuízo à União restou configurado dano ao erário municipal no valor de R$ 6.671,79, calculado com base na proporcionalidade de participação financeira do concedente e do convenente. Desse modo, e considerando que a competência do Tribunal, no que concerne à fiscalização de transferências voluntárias, está adstrita aos recursos federais, faz-se necessário encaminhar cópia integral da deliberação que o Tribunal vier a adotar ao Tribunal de Contas responsável pelo controle externo do município em questão, como também ao Ministério Público Estadual competente, para as providências a cargo desses órgãos.

8. Autorização Antecipada de Parcelamento do Débito8.1. Em prestígio a economia e celeridade processual e com lastro na jurisprudência

recente deste Corte de Contas, é oportuno propor ao Tribunal que autorize antecipadamente, para caso o responsável venha a requerer, o parcelamento do débito em até 24 parcelas mensais, com fundamento no art. 26 da Lei Orgânica do TCU c/c o art. 217 do RI/TCU.

9. Considerações Finais9.1. Como já ressaltado ao longo da instrução inicial, por meio da apuração efetivada

pelos órgãos federais competentes, que culminou na chamada “Operação Sanguessuga”, levada a termo pela Polícia Federal, foram caracterizadas as responsabilidades e os crimes processados em esquema de fraude a licitações para compra de ambulâncias em diversos municípios do país. As conclusões constantes da Denúncia do Ministério Público Federal – MPF e do Relatório Final da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito – CPMI apontam que o grupo organizado para fraudar as licitações realizadas pelos convenentes do Ministério da Saúde era composto, na sua base, por empresas da família Vedoin. Os principais responsáveis identificados, tanto pela Polícia Federal, quanto pela CPMI das ambulâncias, foram o Sr. Darci José Vedoin e seu filho Luiz Antônio Trevisan Vedoin, que confessaram o esquema de fraudes nos depoimentos prestados à Justiça Federal.

9.2. Enfatiza-se neste tópico que esse processo, assim como os demais autuados em razão das fiscalizações efetuadas pelo Denasus/CGU, apura fatos gravíssimos, cujos indícios identificados pelos órgãos de controle em centenas de processos caminham no mesmo sentido de confirmar o que foi apurado pela Polícia Federal e, mais tarde, confirmado pelos principais operadores do esquema em depoimentos e interrogatórios judiciais.

9.3. Nesse diapasão, cabe relembrar as principais consequências, externas e internas a este Tribunal, do que se convencionou denominar “Operação Sanguessuga”:

a) prisão preventiva de 48 pessoas e execução de 53 mandados de busca e apreensão;9

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apenas em Mato Grosso, foram instaurados 136 inquéritos que resultaram em 435 indiciamentos por diversos crimes, como corrupção passiva, tráfico de influência, fraude em licitação, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha;

b) oferecimento de Denúncia do Ministério Público Federal, e acatada pela Justiça Federal do Estado do Mato Grosso, contra 88 responsáveis;

c) criação de Comissão Parlamentar Mista de Inquérito para investigação dos fatos (CPMI das ambulâncias);

d) execução de fiscalizações realizadas pelo Denasus/CGU em 1.454 convênios federais firmados com o objetivo de adquirir unidades móveis de saúde;

e) encaminhamento desses 1.454 processos provenientes das fiscalizações mencionados a este Tribunal.

9.4. Como resultado das medidas acima e com fundamento nas conclusões contidas no Relatório da CPMI das ambulâncias, podem ser firmadas as seguintes conclusões acerca do esquema de fraudes verificado:

a) monitoração e manipulação das emendas apresentadas por parlamentares;b) encaminhamento, por parte dos envolvidos no esquema, dos projetos sem os quais

não seria possível a descentralização dos recursos públicos pelo Ministério da Saúde;c) participação de uma rede extensa e complexa de empresas (algumas apenas de

fachada e/ou operadas por “laranjas”) que, de alguma forma, participavam das licitações no intuito de fraudar os processos e garantir o resultado almejado;

d) participação dos então prefeitos, parlamentares e servidores no Ministério da Saúde na operação do esquema;

e) superfaturamento e/ou inexecução total ou parcial dos objetos contratados.9.5. É evidente que nos processos de fiscalização do Denasus/CGU autuados nesta Corte,

como Representação ou TCE, as irregularidades acima se apresentam, muitas das vezes, por meio de evidências, como ausência de determinados documentos ou de procedimentos determinados em lei e mediante a ocorrência de “coincidências” que excedem os limites da razoabilidade (bom senso). Tais descumprimentos de norma revelam restrição à competitividade, superfaturamento, direcionamento de objeto, simulação de competitividade, aceitação de propostas sem atendimento às exigências editalícias, indícios de apresentação de propostas fraudulentas, inexecução total ou parcial dos objetos contratuais, entre outras irregularidades.

9.6. Ademais, é de se concluir que o grupo que se constituiu a fim de se beneficiar da venda fraudulenta de ambulâncias, durante os anos em que atuou, adquiriu know-how suficiente para conferir aos procedimentos realizados a aparência mais regular possível, o que exige dos órgãos de controle maior diligência em suas análises e inovações em sua atuação.

9.7. Deseja-se, pois, deixar claro que estes processos não podem ser analisados individualmente, sem se levar em conta todo o conjunto fático-probatório em que estão inseridos, sob o risco de se avaliar indícios que, se analisados individual e ocasionalmente, poderiam não adquirir o relevo necessário.

9.8. Diante do todo o exposto, é de se concluir que o Sr. José Francisco Marques Ribeiro não logrou afastar as irregularidades e indícios de superfaturamento apurados nos autos. Já a empresa Leal Máquinas Ltda., devidamente citada permaneceu revel fazendo-se operar contra ela os efeitos da revelia, reputando-se verdadeiros os fatos afirmados (art. 319 do CPC), prosseguindo-se o feito até final julgamento, consoante os termos do art. 12, § 3º, da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992.

9.9. Visto que não existem nos autos elementos que possibilitem reconhecer a boa-fé na conduta dos responsáveis, entende-se, pois, que o gestor deve, desde logo, ter suas contas julgadas irregulares. Tanto o ex-prefeito quanto a empresa Lealmaq – Leal Máquinas Ltda. devem ser condenados, solidariamente, ao pagamento do débito imputado e, ainda, de forma individual, à multa prevista no art. 57 da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992.

Propostas de Encaminhamento10

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10. Em vista do exposto,10.1. Considerando que a empresa Leal Máquinas Ltda. permaneceu revel à citação do

Tribunal;10.2. Considerando a rejeição das alegações de defesa e razões de justificativas

interpostas pelo Sr. José Francisco Marques Ribeiro;10.3. Submetem-se os autos à consideração superior, para em seguida remetê-los, via

Ministério Público junto ao Tribunal, ao Ministro Aroldo Cedraz, relator sorteado em face da Questão de Ordem aprovada na Sessão Plenária de 20/5/2009, com a seguinte proposta de mérito:

I – sejam julgadas irregulares as contas do Sr. José Francisco Marques Ribeiro (CPF – 165.982.026-04), ex-Prefeito do Município de Itajubá/MG, nos termos dos arts. 1º, inciso I, 16, inciso III, alínea c, da Lei 8.443/1992, c/c o art. 209, incisos III, do Regimento Interno;

III – sejam condenados solidariamente os responsáveis abaixo nominados ao pagamento da importância indicada atualizada monetariamente e acrescida de juros de mora, calculados a partir do fato gerador até o efetivo recolhimento, na forma da legislação em vigor, fixando-lhes o prazo de 15 (quinze) dias, a contar da ciência, para que comprovem, perante o recolhimento da dívida aos cofres do Fundo Nacional de Saúde, nos termos do art. 23, inciso III, alínea a, da citada Lei, c/c o art. 214, inciso III, alínea a, do Regimento Interno/TCU;

Responsáveis Solidários Valor (R$) Data

Sr. José Francisco Marques Ribeiro (CPF – 165.982.026-04);Lealmaq – Leal Máquinas Ltda. (CNPJ – 25.181.298/0001-04). R$ 27.904,91 20/11/2002

IV – seja aplicada à empresa Lealmaq – Leal Máquinas Ltda., a multa prevista no art. 57 da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992, e ao Sr. José Francisco Marques Ribeiro as multas previstas nos artigos 57 e 58, inciso II, da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992, fixando-lhes o prazo de 15 (quinze) dias, a contar da notificação, para que comprovem, perante o Tribunal (art. 214, inciso III, alínea a, do Regimento Interno), o recolhimento da referida quantia aos cofres do Tesouro Nacional, atualizada monetariamente desde a data do Acórdão até a do efetivo recolhimento, se forem pagas após o vencimento, na forma da legislação em vigor;

V – seja autorizado, antecipadamente, caso seja requerido, o pagamento das dívidas decorrentes em até vinte e quatro parcelas mensais e consecutivas, nos termos do art. 26 da Lei 8.443/1992, c/c o art. 217 do Regimento Interno/TCU, fixando-se o vencimento da primeira parcela em quinze dias, a contar do recebimento da notificação, e o das demais a cada trinta dias, devendo incidir sobre cada uma os encargos devidos, na forma prevista na legislação em vigor, alertando os responsáveis de que a falta de comprovação do recolhimento de qualquer parcela importará o vencimento antecipado do saldo devedor, nos termos do art. 217, § 2º, do Regimento Interno/TCU;

VI – seja autorizada, desde logo, a cobrança judicial da dívida, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992, caso não atendida a notificação;

VII – seja remetida cópia integral da deliberação (relatório, voto e acórdão) que o Tribunal vier a adotar aos seguintes órgãos:

a) Procuradoria da República no Estado de Minas Gerais, para adoção das medidas que entender cabíveis, com base no art. 16, § 3º, da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992;

b) Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais e ao Ministério Público daquele Estado, considerando haver indícios de prejuízo aos cofres do Município de Itajubá/MG;

c) Fundo Nacional de Saúde – FNS, para as providencias julgadas pertinentes; d) Departamento Nacional de Auditoria do SUS – DENASUS; e e) Secretaria-Executiva da Controladoria-Geral da União da Presidência da

República – CGU/PR.”

É o Relatório.11

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VOTO

Trago à apreciação desta 2ª Câmara tomada de contas especial, instaurada nos termos do Acórdão 2.451/2007-TCU-Plenário. O processo originou-se de representação autuada a partir de auditoria realizada pelo Departamento Nacional de Auditoria do SUS – Denasus e pela Controladoria-Geral da União – CGU, nos convênios celebrados para aquisição de Unidades Móveis de Saúde – UMS, em razão de irregularidades graves apontadas pela Polícia Federal na Operação Sanguessuga.2. Este processo trata do convênio FNS 2753/2001, Siafi 432097, celebrado com o Município de Itajubá/MG, com recursos da União no valor de R$ 104.000,00.3. Ao examinar a TCE, a 4ª Secretaria de Controle Externo: adotou a metodologia de avaliação de preços de UMSs desenvolvida pelo TCU em conjunto com a CGU e o Denasus; constatou superfaturamento da aquisição de veículo; e aplicou a tese da desconsideração da personalidade jurídica, uma vez que foi verificada a participação de empresas de fachada e de “laranjas” nas fraudes averiguadas na Operação Sanguessuga.4. José Francisco Marques Ribeiro, ex-prefeito, foi inicialmente citado pelo valor total transferido, em razão da não comprovação da utilização dos recursos federais na aquisição do objeto do convênio e de irregularidades verificadas no procedimento licitatório.

Cabe registrar que mesmo tendo sido citado para que apresentasse justificativas acerca das irregularidades apontadas na condução dos convites, em vez de ter sido ouvido em audiência, foi garantida ao responsável, naquela oportunidade, a possibilidade de defesa.4.1 Quanto à formalização do procedimento licitatório, foram listadas as seguintes impropriedades: publicidade insuficiente da licitação; chamamento de empresas em número menor do que o previsto para a modalidade convite, sem repetição do ato; ausência de parecer jurídico acerca da legal do edital; não comprovação da regularidade fiscal das empresas participantes, inclusive da vencedora que apresentou Certidões Negativas de Débito com INSS e FGTS sem autenticação ou vencida; e, existência de vínculo entre as empresas participantes da licitação.4.2 Em relação à execução das despesas, observou-se: ausência de referência do convênio nas notas fiscais de aquisição, transformação e adaptação do veículo; e movimentação irregular da conta corrente vinculada ao convênio, que registrou saques e depósito no mesmo montante.5. Analisadas as alegações de defesa, verificou-se superfaturamento, no valor de R$ 27.904,91, em 20/11/2002, relativo à aquisição do veículo, à sua adaptação e ao fornecimento de equipamentos para UMS, objeto dos Convites 42/2002 e 51/2002. Em consequência, procedeu-se à citação solidária do ex-gestor e da empresa Lealmaq – Leal Máquinas Ltda.6. De plano, acolho as análises e as conclusões da unidade técnica como minhas razões de decidir, em razão dos fatos apontados abaixo.7. As justificativas apresentadas pelos responsáveis não foram suficientes para afastar nenhuma das irregularidades.

Em sua defesa, o ex-prefeito alega, em suma, que:a) não teria participado do procedimento licitatório, sendo responsável apenas pela assinatura do convênio.

O argumento não pode prosperar, visto que perante a União tornou-se responsável pela gestão dos recursos públicos federais transferidos. Ademias, foi ele próprio quem homologou as licitações.b) as falhas observadas no procedimento licitatório e, posteriormente, na execução do convênio, listadas nos itens 4.1 e 4.2 deste Voto, tiveram caráter meramente formal, inclusive aos olhos do Ministério da Saúde, que aprovou suas contas. É importante esclarecer que a análise da prestação de contas pelo órgão concedente e sua aprovação não retiram deste Tribunal de Contas da União sua competência constitucional para verificar a boa e regular aplicação dos recursos públicos federais, bem como não o vincula ao parecer de outros órgãos.

As irregularidades verificadas na condução e execução da licitação, inclusive em relação à documentação necessária à prestação de contas, foram de encontro à legislação vigente, Lei 8.666/93,

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cujos ditames têm objetivo de tornar o processo legal, isonômico, impessoal, público, visando à contratação mais vantajosa para a administração pública, possibilitando a fiscalização do feito.

O que se observou dos fatos trazidos aos autos foi a condução do certame de forma irregular, beneficiando aquele que não preenchia os requisitos exigido para contratação, dando causa inclusive à ocorrência do débito.c) os preços se encontravam dentro do que havido sido estipulado pelo MS, sendo adquirida a UMS sob sua orientação.

O argumento não prospera, uma vez que o preço indicado pelo MS no plano de trabalho deveria ter servido apenas como referência para quantificar os recursos a serem transferidos para o convenente. O gestor do convênio deveria ter feito cotação de preços no mercado, para que fosse possível realizar a melhor compra para a administração pública, tanto em relação ao veículo quanto à transformação e aos seus equipamentos médicos. Agregue-se a isto o fato de que foi comprovada a participação de servidores do órgão no esquema que levou às fraudes verificadas na Operação Sanguessuga, o que torna esse valor ainda mais questionável.d) não ficou evidenciado o dano ao erário, questionando a metodologia utilizada para calcular o valor do débito.

Cabe registrar, uma vez mais, a exemplo do que já foi feito no ofício citatório, que os critérios utilizados para cálculo do superfaturamento encontram-se definidos na “Metodologia de Cálculo do Débito”, desenvolvida por esta Casa em conjunto com a CGU e Denasus e aprovada por esta Corte em 21/11/2007, por meio do Acórdão 2.451/2007-TCU-Plenário, disponível no sítio eletrônico do TCU.

A definição do valor médio de mercado para veículos novos foi obtida com base nos preços da Fundação de Pesquisas Econômicas – Fipe, em vigor no ano da aquisição. Para veículos antigos, buscou-se o valor do veículo segundo tabela de preços de referência do Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores – IPVA, do ano de aquisição do veículo.

Em relação às transformações e adaptações de equipamentos, foram considerados materiais de qualidade satisfatória e equipamentos de marcas tradicionais, cotados a preços de 2006, deflacionado pelo IPCA.

Quanto às demais variáveis, como frete, margem de lucro e diferenças tributárias, foram considerados os preços ofertados pelas próprias empresas envolvidas na estimativa de preço médio de mercado, coletados nas fiscalizações do Denasus/CGU.

Foi assim, utilizando-se desta metodologia, que se pode comprovar o valor do débito.8. A empresa Lealmaq – Leal Máquinas Ltda. não apresentou suas alegações de defesa, caracterizando sua revelia para todos os efeitos, dando-se continuidade ao processo nos termos do art. 12, §3º, da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992.9. Considerando, então, a ausência de demonstração da regular aplicação dos recursos transferidos, devem estas contas ser julgadas irregulares, sendo cobrado o débito pelo superfaturamento solidariamente entre os responsáveis, além de aplicada multa, vez que suas condutas contribuíram para a concretização do dano ao Erário.10. Especificamente em relação à multa a ser aplicada ao ex-prefeito, deve ser observada não só sua contribuição para existência do débito como também as irregularidades observadas na condução dos convites.

Ante o exposto, VOTO por que este Tribunal adote a minuta de Acórdão que submeto a este Colegiado.

Sala das Sessões, em 20 de março de 2012.

AROLDO CEDRAZRelator

ACÓRDÃO Nº 1782/2012 – TCU – 2ª Câmara13

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1. Processo TC 020.439/2009-8.2. Grupo I – Classe II – Tomada de Contas Especial3. Responsáveis: Jose Francisco Marques Ribeiro (165.982.026-04); Lealmaq Leal Maquinas Ltda. (25.181.298/0001-04).4. Unidade: Prefeitura de Itajubá-MG.5. Relator: Ministro Aroldo Cedraz.6. Representante do Ministério Público: Procurador-Geral Lucas Rocha Furtado.7. Unidade Técnica: 7ª Secretaria de Controle Externo (Secex/7).8. Advogados constituídos nos autos: José Nilo Castro – OAB-MG 14.656 e Graziela de Castro Lino – OAB-MG 123.012.

9. Acórdão:VISTOS, relatados e discutidos estes autos de tomada de contas especial, instaurada em

razão de irregularidades graves na execução do convênio FNS 2753/2001, Siafi 432097, celebrado entre o Fundo Nacional de Saúde – FNS e o Município de Itajubá/MG, para aquisição de unidade móvel de saúde – UMS.

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da Segunda Câmara, ante as razões expostas pelo Relator, e com fundamento nos arts. 1º, inciso I; 16, inciso III, alínea c; 19, caput; 23, inciso III; e 57 da Lei 8.443, de 16 de julho de 1992, em:

9.1. julgar irregulares as contas de Jose Francisco Marques Ribeiro e Lealmaq Leal Maquinas Ltda.;

9.2 condenar, solidariamente, Jose Francisco Marques Ribeiro e Lealmaq Leal Maquinas Ltda., ao pagamento da quantia de R$ 27.904,91 (vinte e sete mil novecentos e quatro reais e noventa e um centavos), atualizada monetariamente e acrescida dos juros de mora, calculados a partir de 20/11/2002, até a efetiva quitação do débito, fixando-lhes o prazo de 15 (quinze) dias para que comprovem, perante o Tribunal (art. 214, inciso III, alínea a, do Regimento Interno/TCU), o recolhimento da referida quantia a favor do Fundo Nacional de Saúde – FNS nos termos da legislação em vigor;

9.3 aplicar a multa prevista no art. 57 da Lei 8.443, de 16 de julho de 1992, a Jose Francisco Marques Ribeiro, no valor de R$ 5.400,00 (cinco mil e quatrocentos reais), e a Lealmaq Leal Maquinas Ltda., no valor de R$ 4.900,00 (quatro mil e novecentos reais), fixando-lhes o prazo de 15 (quinze) dias, a contar da notificação, para comprovarem, perante o Tribunal (art. 214, III, alínea a do Regimento Interno), o recolhimento dos valores ao Tesouro Nacional, atualizados monetariamente desde a data do presente acórdão até a do efetivo pagamento, na forma da legislação em vigor;

9.4. autorizar, antecipadamente, caso seja requerido, o pagamento das dívidas decorrentes em até 36 (trinta e seis) parcelas mensais e consecutivas, nos termos do art. 26 da Lei 8.443/1992, c/c o art. 217 do Regimento Interno/TCU, fixando-se o vencimento da primeira parcela em 15 (quinze) dias, a contar do recebimento da notificação, e o das demais a cada 30 (trinta) dias, devendo incidir sobre cada uma os encargos devidos, na forma prevista na legislação em vigor, alertando os responsáveis que a falta de comprovação do recolhimento de qualquer parcela importará o vencimento antecipado do saldo devedor, nos termos do art. 217, § 2º, do Regimento Interno/TCU;

9.5. autorizar, desde logo, a cobrança judicial da dívida, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei 8.443, de 16 de julho de 1992, caso não atendida a notificação;

9.6. encaminhar cópia do presente acórdão, bem como do Relatório e Voto que o fundamentam à Procuradoria da República, ao Ministério Público e ao Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais, ao Fundo Nacional de Saúde (FNS), ao Departamento Nacional de Auditoria do SUS (Denasus) e à Controladoria-Geral da União da Presidência da República (CGU/PR);

9.7. após as comunicações devidas, arquivar o presente processo.

10. Ata n° 8/2012 – 2ª Câmara.14

Page 15:  · Web viewTanto que a principal envolvida, Srª Maria da Penha Lino, foi exonerada do cargo em comissão, onde assessorava o então Ministro da Saúde. Ademais, os preços calculados

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 020.439/2009-8

11. Data da Sessão: 20/3/2012 – Ordinária.12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1782-08/12-2.13. Especificação do quorum: 13.1. Ministros presentes: Augusto Nardes (Presidente), Aroldo Cedraz (Relator), Raimundo Carreiro e José Jorge.13.2. Ministros-Substitutos presentes: Marcos Bemquerer Costa e André Luís de Carvalho.

(Assinado Eletronicamente)AUGUSTO NARDES

(Assinado Eletronicamente)AROLDO CEDRAZ

Presidente Relator

Fui presente:

(Assinado Eletronicamente)CRISTINA MACHADO DA COSTA E SILVA

Subprocuradora-Geral

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