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1 TRAFICO INTERNACIONAL DE PESSOAS PARA FINS DE EXPLORAÇAO SEXUAL E O CONSENTIMENTO Ives Nahama Gomes dos Santos 1 Fortaleza-2014 1 Graduanda em Direito pela Faculdade sete de setembro (ives- [email protected])

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1

TRAFICO INTERNACIONAL DE PESSOAS PARA FINS DE

EXPLORAÇAO SEXUAL E O CONSENTIMENTO

Ives Nahama Gomes dos Santos1

Fortaleza-2014

RESUMO1Graduanda em Direito pela Faculdade sete de setembro ([email protected])

2

A presente dissertação discorre sobre Tráfico Internacional de Seres Humanos, com

especial ênfase na problemática do consentimento, e se norteará pela disciplina de Direito

internacional e princípios básicos de Direito Penal. O trafico de pessoas mostra-se neste inicio

de século como a “escravidão moderna”, este que consiste no recrutamento, transporte,

transferência, abrigo, recebimento de pessoas por meio de ameaça ou uso de uma posição de

vulnerabilidade ou de dar e receber pagamentos ou benefícios para obter seu consentimento. E

pouco se fala a respeito do consentimento da vitima. O estudo se iniciará com uma analise

histórica do tráfico internacional, desde os primórdios das relações humanas em conjunto até

a atualidade. Após faremos uma abordagem acerca dos acordos internacionais afeitos à

matéria, dentre eles o Protocolo de Palermo e traz também a legislação nacional para uma

abordagem mais diversa acerca da prostituição e escravidão sexual. Por fim, será analisada a

questão do consentimento da vítima para sua própria exploração, uma característica marcante

e que foge à regra. As teorias contra e a favor a legislação pátria, e a validade de tal “liberdade

de escolha”, cabendo analisar, a relação entre a autonomia da vitima no exercício do seu

consentimento e os reflexos dessa conduta nas relações sociais e definições chaves, como a

indisponibilidade de bens como a vida e a incógnita no tocante a liberdade sexual.

Palavras-chave: Tráfico Internacional de Seres Humanos. Direito internacional. Protocolo de

Palermo. Vulnerabilidade. Consentimento

3

ASBTRACT

This dissertation discusses the International Human Trafficking , with special emphasis on

the issue of consent , and will guide the discipline of international law and basic principles of

criminal law . The trafficking of people showing up early this century as the " modern day

slavery " , that this is the recruitment , transportation , transfer, harboring , receipt of persons

by means of threat or use of a position of vulnerability or of the giving and receiving

payments or benefits to achieve consent . And little is said about the consent of the victim .

The study will begin with a historical analysis of international trade since the dawn of human

relationships together until today . After we will approach on the matter accustomed to ,

including the Palermo Protocol and also brings national legislation for a more diverse

approach on prostitution and sexual slavery international agreements . Finally , we will

analyze the issue of consent of the victim to his own farm , and a striking feature that

exception. Theories in favor and against the country law, and the validity of this " freedom of

choice " , leaving analyze the relationship between the autonomy of the victim in the exercise

of the consent and the consequences of that behavior in social relationships and key

definitions , such as unavailability of goods such as life and the unknown sexual freedom with

respect .

KEY WORDS : International Trafficking in Human Beings . International law. Palermo

Protocol . Consent Vulnerability.

4

LISTA DE ABREVIATURAS

TSH– Tráfico De Seres Humanos

CNJ – Corte Nacional de Justiça

EUA- Estados Unidos da América

CBO- Classificação brasileira de ocupações

ONU – Organização das Nações Unidas

CPB- Código Penal brasileiro

UNODC- Escritório das Nações Unidas sobre drogas e crime

5

Sumário

INTRODUÇÃO 6

1.Analise histórica do trafico internacional 8

1.1 A Problemática na definição exata de trafico 9

1.2 O tráfico e a questão da prostituição 10

1.3 Exploração sexual 12

2. Principais instrumentos legais pátrios e internacionais acerca da matéria 13

2.1 A legislação pátria 14

2.1.2 Outros dispositivos referentes aos crimes de exploração da

prostituição alheia e tráfico internacional de seres humanos para fins de

prostituição 14

3. A questão do consentimento para a tipificação do trafico de pessoas.

18

CONCLUSÃO 22

REFERENCIAS 23

6

INTRODUÇÃO

O comportamento humano sempre foi algo enigmático, deriva de mudanças diárias,

pautadas no contexto social, ético, e econômico que estão inseridos no dado momento.

Todavia, em virtude dessa mutação constante tem-se por diversas vezes o aparecimento de

condutas ilícitas, que ferem os costumes morais e as relações harmônicas do convívio em

sociedade.

O tráfico de seres humanos surge como parte do contexto das mudanças nas relações

sociais. No avanço da globalização, a busca por novos mercados consumidores e um alto

índice de lucros oriundo das praticas constituem um atrativo para a prática.

Passado os séculos, ainda nos deparamos com tal situação que causa perplexidade, o

“comércio”, a transformação do ser humano em uma mera coisa tem varias vertentes:

exploração do trabalho, sexual, ou para a venda de órgãos.

Para o cidadão comum, falar no presente século de tal pratica, parece ser um mero

devaneio, uma lembrança dos tempos de colonização. Os avanços -reais- no tocante a matéria

de Direitos Humanos, como uma imposição natural do Estado Democrático de Direito, nosso

constitucionalismo pautado na dignidade da pessoa humana na boa-fé como norteadora de

nossas relações nos fizeram voltar ao “véu da ignorância”.

Na verdade, o trafico de pessoas foi o comercio ilícito que maus cresceu nos últimos anos.

Ele se apresenta de forma interdisciplinar e tem suas particularidades. Não há um modelo

padrão de aliciamento, existe uma adequação a cada situação e a cada lugar.

A dificuldade na delimitação do fenômeno do fenômeno não pode se tornar um obstáculo

imperativo de oferecimento de respostas jurídicas efetivas. O presente trabalho pretende

trazer, utilizando a metodologia do levantamento bibliográfico em trabalhos nacionais,

internacionais, da doutrina, jurisprudência e legislação brasileira sobre o tema, uma

abordagem crítica do fenômeno.

7

O estudo está divido em três capítulos. Inicia-se com a análise histórica do trafico de

pessoas, desde a história dos escravizados dos tempos de guerras colonizadoras ate as

“escravas brancas”.

Em seguida será analisada a questão da prostituição, depois adentrando nos acordos sobre a

matéria, tanto no âmbito internacional como na legislação pátria.

Por fim, é proposta uma análise acerca do consentimento, tanto no âmbito social como para

o operador do direito.

O intuito desse trabalho é promover uma reflexão acerca desse tema que por vezes é

esquecido e sua importância mitigada, uma vez que só conhecendo a fundo o problema se

conseguirá combatê-lo de maneira efetiva.

8

1. ANALISE HISTÓRICA DO TRAFICO INTERNACIONAL

O ser humano como objeto de negociação remota aos primórdios da história da evolução

das sociedades. Na Antiguidade Clássica que o tráfico de seres humanos teve

inicio,primeiramente na Grécia e depois em Roma. Esse tráfico surgia nas guerras, que tinham

como finalidade obter prisioneiros para desempenhar trabalhos braçais. Na Grécia, a própria

polis possuía escravos, pois o trabalho não era considerado digno.2

Os escravizados ao longo da história tornavam-se objetos de seus donos, que, como bem

entendiam dispunha inclusive sobre sua vida ou morte. A própria Igreja Católica demonstrava

que esse tipo de comércio era lícito e autorizado, que afirmando a sua legitimidade contribuía

para a sua manutenção.

No período renascentista (por volta dos séculos XIV ao XVII) que o tráfico passou a ser

uma pratica de cunho econômico e comercial. Com o período das grandes navegações e

descobertas surge uma nova modalidade de trafico: o trafico negreiro, pratica esta que

consistia no transporte forçado de pessoas do continente africano para as colonas européias,

dentre eles o Brasil, perdurando essa exploração por séculos.

Todavia, no século XIX, o foco da finalidade especifica para a escravidão foi retirado,

dentro do contexto das revoluções industriais e a necessidade de mão de obra e sobre ascensão

do pensamento capitalista surge uma nova faceta do trafico: mulheres brancas,

européias(principalmente oriundas da França, Rússia e Itália) tornando-se objeto de

mercantilização.

Thalita Carneiro Ary3 nos informa mais acerca dessas mulheres:

2Na Grécia Antiga, a sociedade era dividida entre cidadãos, não-cidadãos e escravos. Os não-cidadãos e escravos eram considerados inferiores, cabendo-lhes tarefas braçais, tidas como indignas para os cidadãos. Com herança na tradição grega, os romanos denominaram ócio (otium) as ocupações com o trabalho intelectual, em oposição ao negócio (nec-otium, negação do otium), destinado a atender às necessidades de subsistência da sociedade. A dedicação ao ócio era, nessas sociedades, a atividade própria do ser humano, embora poucos tivessem acesso a ela.3Ary, Thalita Carneiro. O trafico de pessoas em três dimensões: evolução, globalização e rota Brasil-Europa. http: / /hdl.handle.net/10482/4359

9

Os fluxos migratórios de fins do século XIX, pautaram-se pela mobilidade de inúmera

pessoas com o intuito de escapar de doenças, miséria, pogroms,etc. Muitas destas eram

mulheres, as quais não necessariamente eram vitimas do trafico. Vislumbram-se muitas

facilidades na oferta de emprego e falsificação de documentos de viagem, visando à

exploração de seu trabalho como prostitutas em bordeis no exterior. Esse contexto retrata,

de maneira mais firedgna, as fontes relacionadas ao trafico de mulheres nesse

período(....)Em fins do século XIX, iniciam-se os debates e campanhas relacionadas com

essa nova espécie de seres humanos: o trafico de escravas brancas. Deve–se incorporar toda

essa retórica na conjuntura dos discursos europeus e norte-americanos do século XIX, no

tocante à prostituição, já que, nesse contexto descrito, as duas praticas afiguravam-se

intrinsecamente conectadas.Duas correntes distintas tratavam a questão da prostituição

mediante visões divergentes, sendo estes os “regulacionistas” e os” abolicionistas”.

1.1 A PROBLEMÁTICA NA DEFINIÇÃO EXATA DE

TRAFICO

Nos dias atuais, ultrapassam as fronteiras milhares de pessoas em busca da inclusão na

sociedade de consumo, fugindo de guerras que tomaram conta de partes do planeta. Deixando

seus países de origem quase sempre sem volta, caindo nas mãos de quadrilhas internacionais

interessa das somente na exploração sexual, na venda ilegal de órgãos ou no tráfico ilegal de

crianças para adoção.

Atualmente não se tem uma conceituação legal completa do que seria tráfico de pessoas, a

primeira tentativa nesse sentido foi inscrita no Protocolo para Prevenir, Suprimir e Punir o

Tráfico de Pessoas, especialmente Mulheres e Crianças – mais conhecido como Protocolo de

Palermo4 – o Tráfico de Seres Humanos (TSH)em seu artigo 3°, alínea”a”:

“o recrutamento, o transporte, a transferência, o alojamento ou o acolhimento de pessoas,

recorrendo à ameaça ou ao uso da força ou a outras formas de coação, ao rapto, à fraude,

ao engano, ao abuso de autoridade ou de situação de vulnerabilidade ou à entrega ou

aceitação de pagamentos ou benefícios para obter o consentimento de uma pessoa que tem

autoridade sobre outra, para fins de exploração. A exploração deverá incluir, pelo menos, a

4Instrumento legal internacional que trata do tráfico de pessoas, em especial de mulheres e crianças, o Protocolo de Palermo foi elaborado em 2000, tendo entrado em vigor em 2003 e ratificado pelo Brasil por meio do Decreto nº 5.017, de 12/03/2004, que promulgou esse Protocolo, oficialmente conhecido como “Protocolo Adicional à Convenção das Nações Unidas contra o Crime Organizado Transnacional Relativo à Prevenção, Repressão e Punição do Tráfico de Pessoas, em Especial Mulheres e Crianças”.

10

exploração da prostituição de outrem ou outras formas de exploração sexual, o trabalho ou

serviços forçados, a escravatura ou práticas similares à escravatura, a servidão ou

a extração de órgãos”

No portal CNJ5, encontra-se uma tipificação dos elementos do trafico de pessoas, a saber:

O ATO Ação de captar, transportar, deslocar, acolher ou receber pessoas, as quais serão

usadas para exploração econômica como objetos/recursos.

 

OS MEIOS

Ameaça ou uso da força, coação, rapto, fraude, ardil, abuso de poder ou de uma situação de

vulnerabilidade, ou a concessão de benefícios pagos em troca do controle da vida da vitima

OBJETIVO

Para fins de exploração, que inclui prostituição, exploração sexual, trabalhos forçados,

escravidão, retirada de órgãos e práticas semelhantes.

1.2 O TRÁFICO E A QUESTÃO DA PROSTITUIÇÃO.

Faz-se necessário o estudo dos pressupostos que norteiam o trafico internacional de

pessoas parta fins de exploração sexual, pois tal conduta deprecia tanto o espírito humano

como o corpo físico.

Pode-se afirmar que o ponto chave para a problemática da questão do trafico é o sentido

muito amplo dado apalavra. Os próprios entes estatais não têm um consenso na tipificação do

crime, uns tratam o delito como uma maneira de imigração ilegal (Reino Unido), outros

acreditam que o tráfico de pessoas é uma modalidade do crime organizado e a vitima, não

deve receber proteção, pois seria participante ativo, não vitima.

A controvérsia sobre a definição do tráfico de seres humanos está intimamente relacionada

com a visão que é tida da prostituição.6

Na definição de Bento de Faria7, prostituição é a conduta de quem concede o gozo de seu

corpo, em regra habitualmente, a qualquer pessoa, sendo o pagamento prescindível.

5Portal CNJ. http://www.cnj.jus.br6 Nathalia Justo. Tráfico De Pessoas, Valores e Prostituição7FARIA, Bento. Código Penal brasileiro comentado, p.96.

11

Por toda a comunidade global há uma diversidade no tratamento àquele que exerce a

profissão. Em sua maioria mulheres, ainda lidam com os estereótipos de inferiores,

meretrizes, de vida fácil, imorais e mundanas. Países como os EUA, optam pela proibição e

criminalização da prostituição, tanto seu exercício como sua exploração,

A partir das idéias liberais do Estado Democrático de Direito, surgiu uma nova vertente a

da regulamentação que teve seu inicio na França em 1803. Esse sistema considera a

prostituição um mal necessário, sendo inquestionável a exigibilidade de tutela por parte do

Estado, com medidas políticas visando resguardar a saúde e a ordem publica. Ainda existem

países que vão alem, preocupando-se com questões previdenciárias, um suposto “direito

prostitucional” (sistema adotado pela Holanda, por exemplo).

No Brasil, o profissional do sexo, esta catalogado no item 5198 da CBO, porém é uma

mera identificação, pois no país não existe lei que regulamente tal prática. Vários

doutrinadores dentre eles Guilherme Nucci, alertam para a relevância de uma regulamentação

urgente, pois já que se convive com a prostituição, se deve imperar o bom senso.

Devido à arbitrariedade do sistema de regulamentação, e as diversas criticas e ações

contrarias recebidas8, esse sistema foi superado, dando a profissional o direito de a ela ser

aplicado os direitos sociais, como para qualquer outra cidadã. Trata-se de um sistema que

pune não a prostituta, mas sim quem a explora: Rufião ou traficante9

1.3 EXPLORAÇÃO SEXUAL

Quando delimitamos: “trafico internacional de pessoas para fins de exploração sexual”

estamos nos referindo ao elemento normativo, nas palavras de Guilherme Nucci10 depende de

uma valoração cultural. Quando se fala em exploração, atingem-se os fatores tirar vantagem

de algo ou alguém, ludibriar, abusar da ingenuidade alheia, enfim, obter algum proveito em

detrimento de outrem. Afirma ainda que esse termo não se confunde com qualquer forma de

satisfação ou violência sexual.

8 Josephine Butler, feminista, personagem mais importante na a luta em prol das prostitutas da Grã Bretanha. Líder da Associação Nacional De Senhoras em 1870.9 Sistema adotado hoje pela política criminal brasileira. 10 NUCCI, Guilherme. Jornal Carta forense. 04/01/2010

12

No site da campanha Carinho de verdade 11encontramos que a exploração pressupõe uma

relação de mercantilização, onde o sexo é fruto de uma troca, seja ela financeira, de favores

ou presentes. Remetendo assim a uma definição voltada para a relação da criança ou do

adolescente com a prática.

Ou seja, para que se tenha exploração é necessária uma conduta fraudulenta, com nítida

intenção de se obter vantagem econômica. Percebemos uma ênfase a esse aspecto com a Lei

12.015/2009 em que legislador alterou o nomen juris do crime, inserindo uma finalidade “para

o fim de exploração sexual”.

11Carinho de Verdade é uma estratégia de mobilização da sociedade brasileira para promover a conscientização das pessoas, instituições, empresas e organizações sobre o problema da exploração sexual de crianças e adolescentes. http://www.carinhodeverdade.org.br

13

2. PRINCIPAIS INSTRUMENTOS LEGAIS PÁTRIOS E

INTERNACIONAIS ACERCA DA MATÉRIA

Nesse tópico serão abordadas as convenções, acordos e esforços tanto da comunidade

internacional12 como da sociedade brasileira em prol de combater o crime de trafico de

pessoas. O marco inicial da efetivação de tais esforços foi o Acordo Internacional para

a Supressão do Tráfico de mulheres brancas de 1904, todavia, era limitado pois restringia a sua

aplicabilidade ao contexto europeu 13. Complementando o Acordo de 1904, foi formulada a

Convenção Internacional para a Supressão do Tráfico de mulheres brancas, cujo adicional foi a

tipificação do crime de tráfico para fins de exploração sexual como sendo punível com privação de

liberdade e passível de Extradição.

Em 1921, é elaborada a próxima convenção, a Convenção internacional para supressão do

trafico de mulheres e crianças14 (30 de setembro de 1921) em decorrência das funções da Liga

das Nações que constava no seu artigo 23, a saber:

Art.23. Sob a reserva e em conformidade com às disposições das Convenções

internacionais atualmente existentes ou que serão ulteriormente concluídas, os membros da

Sociedade:

a) Esforçar-se-ão por assegurar e manter condições de trabalho equitativas e humanas para o

homem, a mulher e a criança nos seus próprios territórios, assim como em todos os países

aos quais se estendam suas relações de comércio e indústria e, com esse fim, por fundar e

sustentar as organizações internacionais necessárias;

b) Comprometem-se a garantir o tratamento equitativo das populações indígenas dos

territórios submetidos à sua administração;

c) Encarregam a Sociedade da fiscalização geral dos acordos relativos ao tráfico de mulheres

e crianças, ao comércio do ópio e de outras drogas nocivas;

d) Encarregam a Sociedade da fiscalização geral do comércio de armas e munições com o país

em que a fiscalização desse comércio é indispensável ao interesse comum;

12 Comunidade internacional aqui no sentido harmônico das relações internacionais, todos em prol da resolução do problema.13 Assunto já explanado no presente artigo.14 Foi complementada pela convenção de 11 de outubro de 1993 relativa ao trafico de mulheres maiores.

14

e) Tomarão às disposições necessárias para assegurar a garantia e manutenção da liberdade do

comércio e de trânsito, assim com equitativo tratamento comercial a todos os membros da

Sociedade, ficando entendido que as necessidades especiais das regiões devastadas durante

a guerra de 1914 a 1918 deverão ser tomadas em consideração;

f) Esforçar-se-ão por tomar medidas de ordem internacional afim de prevenir e combater

moléstias.

Quando a Liga se desfez, dando origem a ONU, teve-se a impressão de um retrocesso

nesse assunto, visto que a Carta das Nações Unidas nada diz a respeito. Todavia, em 1946 a

Assembléia Geral, transfere para a Organização o encargo do combate ao trafico.

É valido ressaltar que não existe somente o fim de exploração sexual, a globalização,

quando inseriu um novo contexto econômico-social na sociedade internacional, despertou

condutas que propiciam essa degradação dos DH’s. O que percebemos na analise de tais

praticas é uma “coisificação” do ser humano, o outro seria um mero objeto, de manipulação

para que se atinja o fim almejado.

A comissão de Direitos Humanos da ONU introduziu o tema em sua pauta de analise,

recomendando ações de prevenção e repressão aos Estados, uma responsabilidade

internacional aos Estados que tem sob seu território indivíduos sob tais praticas degradantes.

Os Estados têm o dever de cooperar, prevenir, eliminar e punir tais condutas clandestinas.

Em 2000, foram elaborados o Protocolo pela supressão e punição do trafico de pessoas

especialmente mulheres e crianças, mais conhecido como Protocolo de Palermo e o Protocolo

contra o trafico de imigrantes. Protocolo pela supressão e punição do trafico de pessoas define

tal pratica como qualquer ato de recrutamento, transporte ou recebimento de pessoas,

utilizando-se da ameaça, uso da força, abuso de poder ou qualquer outra forma de coerção ou

fraude, com proveito de sua vulnerabilidade, para fins de exploração15. Esses dois protocolos

demonstram os esforços da comunidade internacional de combater o trafico de pessoas.16

2.1 A LEGISLAÇÃO PÁTRIA15 Definição elencada no artigo 3° já citado nesse artigo16 O trafico de pessoas é considerado pela comunidade internacional como violação dos direitos fundamentais e foi tutelado pelo Tribunal Penal Internacional como crime contra a humanidade , nos termos do art° 7 do Estatuto de Roma.

15

O legislador, no CPB, Capitulo V, Titulo VI, artigo 231(231-A), descreve o tipo penal e

determina a pena para que os que praticam Trafico Internacional de Pessoas e no 231-A,

tutela o trafico interno, no âmbito territorial brasileiro.

Art. 231.  Promover ou facilitar a entrada, no território nacional, de alguém que nele

venha a exercer a prostituição ou outra forma de exploração sexual, ou a saída de

alguém que vá exercê-la no estrangeiro.17

Nucci, na analise do núcleo do tipo afirma que promover significa ser a causa geradora de

algo e facilitar seria tornar acessível. A lei 12.015/2009 introduziu a expressão “outra forma

de exploração sexual” ampliando as possibilidades de chamativos para os envolvidos no

trafico de pessoas18

O professor Rogério Greco19, faz o seguinte comentário acerca do assunto:

Temos tomado conhecimento com uma freqüência assustadora, pelos meios de comunicação em

massa, sobre o grande número, principalmente de mulheres, que parte do Brasil para o exterior,

especialmente para países da Europa, iludidas com promessas de trabalho, ou até mesmo, de propostas

de casamento para na verdade, exercerem prostituição. O contrário também ocorre, ou seja, mulheres

estrangeiras aliciadas para se prostituírem no Brasil, mesmo que em menor freqüência A Lei 11.106

de 28 de março de 2005 modificou a redação original do art. 231 do CP a começar pela sua rubrica.

Inicialmente, a previsão legal dizia respeito tão somente ao tráfico de mulheres, sendo que o tipo penal

indicava como sujeito passivo. Depois da mencionada modificação legislativa, a infração penal em

estudo passou a ser chamada de tráfico internacional de pessoas significando que tanto mulheres como

homens podem figurar como sujeitos passivos do delito sub examen. Há uma preocupação em nível

internacional no que diz respeito ao tráfico de pessoas com o fim de serem exploradas sexualmente,

mediante o exercício da prostituição. Em 21 de março de 1950, foi concluída, em Nova York, a

convenção das Nações Unidas, destinadas a repressão do tráfico de pessoas e do lenocínio, assinada

pelo Brasil em 05 de outubro de 1951 e aprovada pelo DECRETO Legislativo N. 06, de 1958.

2.1.2 OUTROS DISPOSITIVOS REFERENTES AOS CRIMES DE

EXPLORAÇÃO DA PROSTITUIÇÃO ALHEIA E TRÁFICO

INTERNACIONAL DE SERES HUMANOS PARA FINS DE

PROSTITUIÇÃO.

Declaração Universal de Direitos Humanos (1948)20 17 http://www.jusbrasil.com.br18 NUCCI, Guilherme de Souza. Código Penal comentado. 14° edição 19

20CAVADAS, Divo Augusto.Mundo proibido: histórico, vertentes e soluções para o tráfico de seres humanos e prostituição, sob a égide do Direito Internacional Público.

16

Basilar diploma internacional fundamenta toda a atuação da Organização das Nações

Unidas (ONU) na defesa dos Direitos Fundamentais da Pessoa Humana, e serve de paradigma

a todos os governos dos Estados que compõem a Sociedade Internacional para que os mesmos

observem atentamente ao princípio de qualquer Estado Democrático de Direito. A exploração

da prostituição alheia mediante ameaças, intimidações e redução à condição de escravidão da

vítima pode ser considerada uma afronta a todos os valores do Direito Internacional no que

concerne às instituições de Direitos Humanos, representadas essencialmente pela Declaração

Universal de Direitos Humanos, de 1948.

Convenção das Nações Unidas Contra o Crime Organizado Transnacional Relativo à

Prevenção, Repressão e Punição ao Tráfico de Pessoas21

Tratado realizado no seio da ONU, destaca pormenorizadamente a problemática da

prostituição internacional ilegal, cujas vítimas são especialmente mulheres e crianças, e

tenciona estabelecer uma política repressiva nos Estados componentes da Sociedade

Internacional que sofrem com a ocorrência dessa espécie delituosa, cujo gênero é o dos

Crimes Sexuais, promulgado no Brasil sob a forma do Decreto Nº 5017, de 12 de Março de

2004.

Estatuto do estrangeiro

O estatuto do estrangeiro22 prevê como conduta criminosa o ato de introduzir e de

permanecer clandestinamente no Brasil, sabe-se que para permanecer são necessários

documentos oficiais, como visto e passaporte. O que não exclui porem outros preceitos legais

e espécies normativas infralegais voltados à regulamentação de matérias especificas, como o

ministério do trabalho e emprego (MTE)23

<http://www.perse.com.br/novoprojetoperse/BSU_Data/Books/N1365865099468>21Idem 22 Artigo 125. ESTATUTO DO ESTRANGEIRO. Lei 6.815. de 19/08/198023 PORTELA. Paulo Henrique Gonçalves. Direito internacional publico e privado. 3° edição

17

QUADRO COMPARATIVO24- CPB x Protocolo de Palermo

24 RODRIGUES, Thais de Camargo. O Trafico Internacional de Pessoas e a questão do consentimento

18

3. A QUESTÃO DO CONSENTIMENTO PARA A

TIPIFICAÇÃO DO TRAFICO DE PESSOAS.

A definição de consentimento25, o ato de consentir é:

Estar de acordo com a realização de alguma coisa por alguém; dar permissão; licença. Ação de

manifestar aprovação em relação a (alguma coisa); concordância: o professor deu consentimento

ao novo trabalho.

Em que há ou demonstra tolerância, condescendência.

Que possui concordância entre partes; demonstração de opiniões similares; concordância Entre

pessoas que buscam o mesmo propósito (Etm. consentir + mento)

A questão do consentimento, ou seja, a indagação se o trafico deveria ser ou definido pela

natureza do trabalho ou pelo uso do engano, que na maioria das vezes é um elemento crucial

para a submissão do indivíduo a tais praticas.

O Protocolo de Palermo estabelece no artigo 3, alínea “b”, que o consentimento dado pela

vítima de tráfico de pessoas tendo em vista qualquer tipo de exploração descrito neste artigo

será considerado irrelevante se tiver sido utilizado qualquer um dos meios 26referidos no

mesmo.

Todavia, esse dispositivo deve ser interpretado com razão na questão da vulnerabilidade,

há de se indagar acerca da capacidade das vitimas de avaliarem a situação como ela realmente

é.

O citado protocolo preza pelo exercício do direito a liberdade e a autonomia da vontade

seria uma forma de exteriorizar essa autonomia. Mas é valido entrar no mérito da questão do

porque da anuência mesmo sabendo no que irão trabalhar, o que irão praticar e como irá

permanecer no dado período. 25Dicionário online de português<http://www.dicio.com.br>26“recorrendo à ameaça ou uso da força ou a outras formas de coação, ao rapto, à fraude, ao engano, ao abuso de autoridade ou à situação de vulnerabilidade ou à entrega ou aceitação de pagamentos ou benefícios para obter o consentimento de uma pessoa”.

19

O posicionamento da International Human Rigths Network27é taxativo, não é possível

consentir a uma atividade tão exploradora quanto à prostituição, ou seja, nenhum verdadeiro

consentimento é possível.

Um elemento comum aos explorados é o da vulnerabilidade. Vulnerável é a pessoa a

quem o Estado precisa dar maior atenção para que tenha uma vida mais digna, sua fragilidade

a impede de fazê-lo por conta própria. Quando nos contextualizamos com as vitimas, temos o

perfil da pessoa traficada. Homens e mulheres, travestis e transgêneros, crianças e

adolescentes, em condição de vulnerabilidade, seja pelas condições socioeconômicas, seja

pela presença de conflitos familiares, seja pela violência sofrida na família de origem.28 Sendo

assim, percebemos que o consentimento não pode ser dado de forma totalmente livre,

autônoma e consciente, sendo este fruto de uma ação viciada.

Cabe analisar preliminarmente, a dicotomia entre a autonomia e o principio da dignidade

humana29. No tocante a esse assunto, a filosofia Kantiana é de suma importância, a saber, 30

Immanuel Kant aborda a dignidade a partir da autodeterminação ética do ser humano, sendo a

autonomia o alicerce da dignidade. Segundo a teoria da autonomia da vontade o ser humano é

capaz de autodeterminar-se e agir conforme as regras legais, qualidade encontrada apenas em

criaturas racionais. Logo, todo ser racional existe como um fim em si mesmo e não como um meio

para a imposição de vontades arbitrárias.

Nesse sentido, “todas as suas ações, tanto nas que se dirigem a ele mesmo como nas que se

dirigem a outros seres racionais, ele tem sempre de ser considerado simultaneamente como um

fim”.

Com base nessa premissa, seria válida a anuência da vitima que assim passaria a ser

culpada-. Todavia, Rogério Sanches da cunha afirma que a indisponibilidade do bem jurídico

tutelado, a moral sexual publica não retira a responsabilidade do sujeito ativo.31

É valido salientar, que o vicio de consentimento não se assenta no desconhecimento do

individuo da atividade de exploração sexual, é bastante comum que tenham o conhecimento

27 http://ihrnetwork.org/28 Portal Brasil http://www.brasil.gov.br/29O princípio da dignidade da pessoa humana (art. 1º, inc. III) é o valor supremo-o fundamento da República-.30Cibele Kumagai, Taís Nader Marta. Princípio da dignidade da pessoa humana. <http://www.ambito-juridico.com.br/site/index. php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=7830>

31 CUNHA, Rogerio Sanches. Direito penal parte especial. 2° edição

20

quanto ao exercício da prostituição. Todavia, no que diz respeito em que condições ela se

dará. Chegando ao destino final, são submetidas a situações que se tivessem tido o

conhecimento prévio certamente não se prestariam.

Não há nenhuma medida efetiva para combater a vulnerabilidade das vitimas. Há um

desconfortável silencio com relação a ele, afrontando assim o principio da dignidade da

pessoa humana. O que percebemos é um “abrir mão” das garantias fundamentais em nome do

capitalismo que cria cada vez mais a pobreza material e cultural.

No delito de trafico existem duas facetas, a dos consumistas e a dos comercializados. Os

primeiros pouco se importam se há ou não relevância no consentimento da vitima em estar ali,

é indiferente, o homem adulto médio parece desaparecer, dando origem a um consumidor de

um mero produto descartável.

Não obstante toda a discussão acerca do consentimento da vitima, a questão parece

encontrar sua resolução pelo menos na doutrina brasileira na Política Nacional de

Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, que no seu artigo2, parágrafo, inciso 7, nos fala: 32

§ 3o  A expressão “escravatura ou práticas similares à escravatura” deve ser entendida como:

I - a conduta definida no art. 149 do Decreto-Lei no 2.848, de 1940, referente à redução à condição

análoga a de escravo; e

II - a prática definida no art. 1o da Convenção Suplementar sobre a Abolição da Escravatura, do

Tráfico de Escravos e das Instituições e Práticas Análogas à Escravatura, como sendo o casamento

servil.

§ 4o  A intermediação, promoção ou facilitação do recrutamento, do transporte, da transferência, do

alojamento ou do acolhimento de pessoas para fins de exploração também configura tráfico de

pessoas.

§ 5o  O tráfico interno de pessoas é aquele realizado dentro de um mesmo Estado-membro da

Federação, ou de um Estado-membro para outro, dentro do território nacional.

§ 6o  O tráfico internacional de pessoas é aquele realizado entre Estados distintos.

§ 7o  O consentimento dado pela vítima é irrelevante para a configuração do tráfico de pessoas.

32http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Decreto/D5948.htm

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Logo, temos uma política pátria da irrelevância do consentimento. Porem, esse assunto não

esta exaurido, muito menos longe de controvérsias. Ainda existem os dois grupos de posições

epistemológicas distintas. A sociedade internacional ainda precisa evoluir nesse sentido de

tutela e indisponibilidade, posto que há um “vácuo moral” em assuntos que tangem sobre a

coisificação do ser humano.

Uma grande diferença entre a legislação brasileira e o Protocolo de Palermo refere-se

justamente ao consentimento valido. Entendido como aquele em que está presente a

capacidade de discernimento e a liberdade para agir autonomamente de acordo com a

vontade.

Na lição de Nucci33, quando há o consentimento do ofendido, fica superada a lesão a

liberdade sexual, restando os bons costumes e a moral sexual da coletividade. Entretanto, o

bem protegido pelo direito penal é a liberdade sexual.

É afirmado pelos que defendem34 a teoria unitária (exclusão da tipicidade) que seria

inadmissível o Estado considerar uma pessoa adulta não capaz de atuar livremente quanto as

suas praticas sexuais. Que é paternalismo, moralismo e o juízo de moralidade sempre é

relativo, se adéqua as circunstancias. Defendem o repudio a restrição da liberdade de adultos

pela mera suposição de não serem aptos à livre escolha sobre como agir.

Para eles, a própria definição de bens jurídicos disponíveis e indisponíveis não pode ser

dada taxativamente, pois existe um critério de subjetividade, uma carga valorativa moral, e

como já dito, a moral não poderia ser um parâmetro de validade. Por fim, afirmam ainda que a

pessoa que consente, não tem outra opção viável se não a de ir para o exterior com esse fim.

Contudo, percebe-se uma contradição e até mesmo uma falta de adequação real da teoria,

pois, o consentimento só seria válido se dado de forma totalmente livre, mas como pode haver

liberdade sem outra opção? Liberdade é o poder de escolha, ao menos se pressupõe que há

algo para ser escolhido.

A teoria unitária, “esbarra” em outro problema, para tal, haveria a anulação do

consentimento no momento que a coação por parte do traficante fosse manifestada. Porem,

quem estaria a postos para identificar o exato momento e retirar a vitima da situação que se 33 NUCCI, Guilherme de Souza. Crimes contra a dignidade sexual. 34 Seguem nessa teoria: Renato Silveira. Adriana piscitelli, e a UNODC no seu “modelo de lei contra o trafico de pessoas” nos faz concluir que a prostituição voluntária é valida, pois é um exercício de autonomia.

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encontra? Poderia haver uma frieza por parte do operador do direito pelo fato de ter sido dado

anteriormente a manifestação de concordância, mesmo sendo “livre” e consciente, seria assim

um caminho sem volta.

Seguindo a mesma linha temos ainda que as definições de bens jurídicos disponíveis e

indisponíveis seriam meros conceitos abstratos, e que a autonomia da vontade deveria ser o

real parâmetro para dispor ou não de seus bens. Desta forma, politicamente adequado, por

exemplo, que se respeite a decisão do outro de usar drogas até que morra de overdose ou se

degrade a níveis impensáveis. Ainda que esta decisão seja fruto do estado de vulnerabilidade e

dependência, a autonomia do indivíduo para destruir-se, deve ser tida como direito

intangível.35

Por fim, a última contraposição é na idéia da pessoa que aceita não ter outra opção viável,

logo, vulnerável, mesmo assim o seu consentimento ainda será valido se as circunstancias não

demonstrarem extrema vulnerabilidade. Como mensurar um ser vulnerável? E como viver em

uma sociedade que aceita a licitude da exploração própria por falta de outras oportunidades

para a sobrevivência? Estaríamos aceitando um retrocesso, abrindo mão da tutela do Estado

Democrático e migrando para o Estado de natureza, onde o homem tem sua inclinação para a

satisfação de seus próprios interesses, as relações harmônicas e a solidariedade estariam

fadadas ao fim.

CONCLUSÃO

35 MINAHIM. Maria Auxiliadora. Autonomia e Bens jurídicos indisponíveis.

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O problema é grave, e a temática do consentimento é sensível, requer um olhar voltado

para o bem comum, a manutenção da paz e do convívio harmônico pautados nos Direitos

Humanos, o trabalho pretendeu trazer à luz uma degradante violação a vida e a dignidade da

pessoa humana, com uma alerta a questão do consentimento como uma exclusão de

tipicidade, pois há a fatos e teorias, os dois não subsistem autonomamente, é necessário um

nexo, somente analisando todo o contexto para poder chegar a uma conclusão sem um

“liberalismo excessivo”.

No tocante a legislação por toda a sociedade internacional percebeu-se haver ainda muitas

lacunas, uma falta de especificação, para que se possa haver uma efetivação nas políticas de

combate e aperfeiçoamento de registros para fins de pesquisa.

De certo, pode-se dizer que pouco se sabe sobre o trafico de pessoas. Ignora-se a dimensão

desse instrumento de deterioração do ser humano.

Um trabalho efetivo de combate ao trafico é o meio mais eficaz para seu combate. Retirar

da submissão a traficantes milhares de pessoas que todos os dias os têm como seus senhores, é

o que almejamos em nome do progresso moral da humanidade.

REFERÊNCIAS

24

LIVROS, TESES E DISSERTAÇOES.

ARY, Thalita Carneiro. O trafico de pessoas em três dimensões: evolução, globalização e a

rora Brasil-Europa. 2009

Direitos humanos e trafico de pessoas: um Manual. Aliança global contra o trafico de pessoas

(GAATW)

Disponível em:

< http://www.dhnet.org.br/dados/manuais/a_pdf/manual_trafico_pessoas.pdf>

CUNHA, Rogerio Sanches. Direito penal parte especial. 2° edição

GRECO, Rogério. Curso de direito penal. Parte especial, v. III 8° edição. Impetus

HILDEBRANDO, Accioly. SILVA e nascimento G.E. CASELLA. Norba Paulo Manual de

Direito internacional público. 20° edição. Saraiva

MIRABETE, Julio Fabbrini. FABRRINI. Renato. Código penal interpretado. 7° edição. Atlas

NUCCI, Guilherme de Souza. Crimes contra a dignidade sexual. 2° edição. Revista dos

tribunais.

NUCCI, Guilherme de Souza. Código penal comentado 14° edição. Forense.

PORTELA. Paulo Henrique Gonçalves. Direito internacional publico e privado. 3° edição .

PODVM

RODRIGUES. Thais de Camargo. Trafico internacional de pessoas para fins de exploração

sexual e a questão do consentimento. Universidade de são Paulo. 2012

Disponível em:

<file:///C:/Users/N/Downloads/REDACAO_FINAL_Thais_de_Camargo_Rodrigues.pdf>

VARELLA, d. Marcelo. Direito internacional público. 4° edição

REVISTAS

25

Revistas dos tribunais. Ano 97-abril de 2008- vol. 870 paginas - 718 a 723

ARTIGOS

CASTILHO. Ela Wiecko V. de. Tráfico de pessoas: da Convenção de Genebra ao Protocolo

de Palermo. 2008 Disponível em:

<http://blogdanielaalves.files.wordpress.com/2008/05/artigo_trafico_de_pessoas.pdf >

SITES

< http://era.org.br/2012/04/trafico-de-seres-humanos-parte-1/>

< http://www.cnj.jus.br/busca-portal?termo=tr%C3%A1fico+de+pessoas>