· web view(foto: mariana gil/wri brasil | embarq brasil) a racionalização do uso do automóvel...

8
Nossa Cidade: os 7 princípios do Desenvolvimento Orientado pelo Transporte Sustentável By Luísa Zottis 3 de June de 2015 5 Comments Edição Especial: Nossa Cidade + #CTBR2015 O projeto Nossa Cidade , do TheCityFix Brasil, explora questões importantes para a construção de cidades sustentáveis. O Desenvolvimento Orientado pelo Transporte Sustentável – DOTS é um dos temas abordados no Congresso Internacional Cidades & Transportes . O encontro, nos dias 10 e 11 de setembro no Rio de Janeiro, reunirá gestores públicos e especialistas que desenvolvem projetos em temáticas-chave para moldar o futuro das nossas cidades – clima, mobilidade, segurança viária, governança, entre outros. Até lá, o Nossa Cidade traz edições especiais para aprofundar o debate nestes importantes temas. Acompanhe! Os 7 princípios do Desenvolvimento Orientado pelo Transporte Sustentável A expansão urbana mal planejada está afastando, cada vez mais , pessoas dos empregos, serviços e oportunidades para viver com qualidade de vida nas cidades. Somos 170 milhões de brasileiros em áreas urbanas lidando com as consequências de décadas de desenvolvimento orientado pelo carro. Para inverter esta lógica e moldar um futuro mais eficiente e melhor para todos, integrar políticas de ocupação do solo ao planejamento do transporte sustentável é essencial.

Upload: others

Post on 27-May-2020

0 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1:  · Web view(Foto: Mariana Gil/WRI Brasil | EMBARQ Brasil) A racionalização do uso do automóvel e as políticas de estacionamentos têm importante papel para gerar ambientes urbanos

Nossa Cidade: os 7 princípios do Desenvolvimento Orientado pelo Transporte SustentávelBy Luísa Zottis    3 de June de 2015    5 Comments   

Edição Especial: Nossa Cidade + #CTBR2015

O projeto Nossa Cidade, do TheCityFix Brasil, explora questões importantes para a construção de cidades sustentáveis.

O Desenvolvimento Orientado pelo Transporte Sustentável – DOTS é um dos temas abordados no Congresso Internacional Cidades & Transportes. O encontro, nos dias 10 e 11 de setembro no Rio de Janeiro, reunirá gestores públicos e especialistas que desenvolvem projetos em temáticas-chave para moldar o futuro das nossas cidades – clima, mobilidade, segurança viária, governança, entre outros.

Até lá, o Nossa Cidade traz edições especiais para aprofundar o debate nestes importantes temas. Acompanhe!

Os 7 princípios do Desenvolvimento Orientado pelo Transporte Sustentável 

A expansão urbana mal planejada está afastando, cada vez mais, pessoas dos empregos, serviços e oportunidades para viver com qualidade de vida nas cidades. Somos 170 milhões de brasileiros em áreas urbanas lidando com as consequências de décadas de desenvolvimento orientado pelo carro. Para inverter esta lógica e moldar um futuro mais eficiente e melhor para todos, integrar políticas de ocupação do solo ao planejamento do transporte sustentável é essencial.

O Brasil é o quinto maior país do mundo em população e extensão territorial, mas seu modelo de ocupação se dá no que chamamos de “3D”, disperso, desordenado e desconectado. O que demanda viagens motorizadas, gera congestionamentos e degradação ambiental, além de onerar cidadãos, em especial com menor renda, que despendem significativa parte de seu tempo produtivo com transporte.

Page 2:  · Web view(Foto: Mariana Gil/WRI Brasil | EMBARQ Brasil) A racionalização do uso do automóvel e as políticas de estacionamentos têm importante papel para gerar ambientes urbanos

Felizmente, existem diretrizes para levar as cidades a um caminho mais sustentável. É o Desenvolvimento Urbano Orientado pelo Transporte Sustentável – DOTS. Trata-se de um modelo de planejamento urbano que propõe bairros compactos, de alta densidade populacional e com uma diversidade de usos no piso térreo da rua para atividades comerciais, serviços. Contempla ainda espaços públicos seguros, que fomentam a interação social.

O DOTS é a chave para comunidades mais eficientes, sustentáveis e fortalecidas, porque fomenta a ocupação territorial “3C”, compacta, coordenada e conectada. Ao abraçar o DOTS, tomadores de decisão, planejadores urbanos e comunidades saem fortalecidos.

Na prática, para estar dentro dos princípios DOTS, um bairro precisa ter sete elementos básicos, que vamos explorar a seguir:

1. Transporte coletivo de qualidade

(Foto: Mariana Gil/WRI Brasil | EMBARQ Brasil)

O transporte coletivo está fortemente ligado ao desenvolvimento urbano. A viabilidade de sistemas de transporte depende de bairros densos e conectados, que permitam viagens mais convenientes entre pontos de origem e destino. O objetivo de oferecer um transporte de alta qualidade é incrementar o número de viagens de transporte público, mediante conexões adequadas e serviço cômodo, eficiente e acessível.

 

2. Mobilidade não motorizada

Page 3:  · Web view(Foto: Mariana Gil/WRI Brasil | EMBARQ Brasil) A racionalização do uso do automóvel e as políticas de estacionamentos têm importante papel para gerar ambientes urbanos

(Mariana Gil/WRI Brasil | EMBARQ Brasil)

Pedestres e ciclistas devem estar no centro do planejamento urbano, que deve motivar os moradores, especialmente usuários de carro, a realizar viagens não motorizadas. Já existem tipicamente dois trechos de viagens não motorizadas e associadas ao transporte coletivo, que são a ida e volta do ponto onde ele passa. Há que fomentar a cultura não motorizada de forma holística.

 

3. Gestão do uso do automóvel

Page 4:  · Web view(Foto: Mariana Gil/WRI Brasil | EMBARQ Brasil) A racionalização do uso do automóvel e as políticas de estacionamentos têm importante papel para gerar ambientes urbanos

(Foto: Mariana Gil/WRI Brasil | EMBARQ Brasil)

A racionalização do uso do automóvel e as políticas de estacionamentos têm importante papel para gerar ambientes urbanos seguros e agradáveis. A partir dos anos 80, o carro assumiu papel preponderante nas cidades brasileiras. Apesar das viagens por automóvel individual representarem 27,4% do total de viagens urbanas (ou 36% em cidades com mais de um milhão de habitantes), ganharam quatro vezes mais investimentos em infraestrutura do que para o transporte coletivo. É uma inversão que onera a maioria da população – que não utiliza o automóvel.

 

4. Uso misto e edifícios eficientes

Page 5:  · Web view(Foto: Mariana Gil/WRI Brasil | EMBARQ Brasil) A racionalização do uso do automóvel e as políticas de estacionamentos têm importante papel para gerar ambientes urbanos

(Foto: Paul Krueger/Flickr)

Mistura de edifícios residenciais com comerciais, o uso misto do solo potencializa a atividade econômica e habitacional mediante a densificação e diversificação das funções do ambiente construído com um bom desenho urbano. É uma característica que favorece deslocamentos curtos, não motorizados. Da mesma forma, os edifícios inseridos na comunidade urbana podem minimizar o consumo de energia e água para sua construção e manutenção.

 

5. Centros de Bairros e Pisos Térreos Ativos

Page 6:  · Web view(Foto: Mariana Gil/WRI Brasil | EMBARQ Brasil) A racionalização do uso do automóvel e as políticas de estacionamentos têm importante papel para gerar ambientes urbanos

(Foto: City Clock Magazine/Flickr)

Qualificam a relação do espaço público com o ambiente construído, promovendo a interação social entre as pessoas. Uma comunidade urbana sustentável deve prover uma densidade e uma variedade de atividades não habitacionais que se complementem com a moradia e espaço público – ativado, por sua vez, por redes de mobilidade não motorizada e conexões com a rede de transporte coletivo.

 

6. Espaços Públicos e Recursos Naturais

Page 7:  · Web view(Foto: Mariana Gil/WRI Brasil | EMBARQ Brasil) A racionalização do uso do automóvel e as políticas de estacionamentos têm importante papel para gerar ambientes urbanos

(Foto: Marta Heinemann Bixby/Flickr)

O motivo de criá-los é incrementar a vida pública e a interação social oferecendo ambientes acessíveis para pedestres e ciclistas. O espaço público é o lugar de encontro, de trocas e de circulação de uma comunidade. É definido como um local onde qualquer indivíduo tem o direito de entrar ou permanecer sem ser excluído, independente da sua condição pessoal, social ou econômica.

 

7. Participação e Identidade Comunitária

Page 8:  · Web view(Foto: Mariana Gil/WRI Brasil | EMBARQ Brasil) A racionalização do uso do automóvel e as políticas de estacionamentos têm importante papel para gerar ambientes urbanos

(Foto: Fabio Goiveia/Flickr)

A participação comunitária é essencial à construção de um tecido social com identidade e integrado ao bairro, promovendo ambientes seguros e equitativos. Ao dar impulso à participação comunitária, busca-se a coesão dos diferentes grupos sociais que vivem no mesmo território, para que convivam de forma harmônica. A criação de uma identidade para a comunidade resulta numa maior participação de seus moradores em atividades cívicas, culturais e econômicas, gerando um sentimento de pertencimento que contribui para o cuidado e a vida pública do lugar que habitam