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R$ zagoarte design COLÉGIO ESTADUAL DA POLÍCIA MILITAR DE GOIÁS – HUGO DE CARVALHO RAMOS ANO LETIVO 2020 1º BIMESTRE ATIVIDADE COMPLEMENTAR Série Turma (s) Turno 3º do Ensino Médio A B C D E F G H I J MATUTINO Professor: Me. Gustavo Resende Disciplina: SOCIOLOGIA Aluno (a): Nº da chamada: Data: / / 2020 Visto do Professor Nota da Atividade Rafael Gonçalves Figueiredo A Escola de Chicago, também chamada de Teoria da Ecologia Criminal ou Teoria da Desorganização Social é uma vertente criminológica que buscou, através da análise empírica da cidade de Chicago, explicar o surgimento da criminalidade. Tentou, com base na observação, apontar os locais com maior densidade criminal e a razão de isso acontecer. Explica-se. A mencionada cidade recebeu movimento migratório intenso, fazendo com que, em 1900, tivesse mais da metade de sua população formada por estrangeiros, os quais buscavam melhores oportunidades. Diante desse cenário, foram feitos estudos tanto por meio de inquéritos sociais, quanto acompanhamentos individuais. Para isso, a cidade foi divida em círculos concêntricos. Página 1 de 4 LEITURA COMPLEMENTAR – ESCOLA DE CHICAGO Escola de Civismo e Cidadania

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COLÉGIO ESTADUAL DA POLÍCIA MILITAR DE GOIÁS – HUGO DE CARVALHO RAMOSANO LETIVO 2020 1º BIMESTRE ATIVIDADE COMPLEMENTAR

Série Turma (s) Turno3º do Ensino Médio A B C D E F G H I J MATUTINO

Professor: Me. Gustavo Resende Disciplina: SOCIOLOGIAAluno (a): Nº da chamada:

Data: / / 2020Visto do Professor Nota da Atividade

Rafael Gonçalves Figueiredo

A Escola de Chicago, também chamada de Teoria da Ecologia Criminal ou Teoria da Desorganização Social é uma vertente criminológica que buscou, através da análise empírica da cidade de Chicago, explicar o surgimento da criminalidade. Tentou, com base na observação, apontar os locais com maior densidade criminal e a razão de isso acontecer.Explica-se.A mencionada cidade recebeu movimento migratório intenso, fazendo com que, em 1900, tivesse mais da metade de sua população formada por estrangeiros, os quais buscavam melhores oportunidades.Diante desse cenário, foram feitos estudos tanto por meio de inquéritos sociais, quanto acompanhamentos individuais. Para isso, a cidade foi divida em círculos concêntricos.

 As indústrias estavam nas regiões centrais. Também, nessas regiões, se encontravam as residências dos trabalhadores mais pobres, vez que não dispunham do privilégio de viver distante do trabalho. Por outro lado, nos círculos mais periféricos, se localizavam as residências das pessoas mais abastadas.Na hipótese, percebeu-se que o centro era menos organizado, inclusive com menos preocupação por parte do poder público. Os estrangeiros, ávidos por melhores condições de vida, se aglomeraram – não por opção, mas por necessidade – nos centros, ou seja,

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próximo aos seus locais de trabalho. As classes sociais mais abastadas, por outro lado, dada sua condição social, podiam viver em um ambiente mais confortável (extremos), longe da poluição e das indústrias.As análises concluíram que os locais de maior desorganização social, em situação de abandono público, eram mais suscetíveis à atuação criminosa. A falta de iluminação, saneamento básico, ruas pavimentadas, etc. eram fatores criminógenos. Constataram haver “cidades dentro das cidades”. Logo, pode-se dizer que o conceito tradicional de cidade não se aplica ao caso, vez ser perfeitamente possível que num dos círculos haja altos índices de criminalidade, ao passo que noutro, baixos. Por óbvio, não se pode concluir que quem vive nos círculos centrais cometerá crime, mas a ocorrência criminosa se mostrou mais acentuada nesses locais.Interessante notar que os estrangeiros que outrora, em seus países, nunca tiveram histórico criminal, passaram a apresentar comportamento contraventor. Isso se deu, também, pelo fato da diminuição do chamado controle social informal, por haver grande mobilidade. Há, em situações tais, uma perda do “eu”; uma mitigação/destruição da identidade de cada sujeito, em decorrência da multidão em que se encontra, o que contribui para o cometimento do crime; verdadeira sensação de não pertencimento1.Aliás, calha distinguir controle social informal de controle social formal. Ambos têm relação com o modo como a sociedade interage e, até mesmo, resolve seus conflitos. Numa hipótese de controle social informal, pode-se imaginar uma cidade do interior, em que todos se conhecem, frequentam as mesmas reuniões comunitárias, a mesma igreja, têm famílias amigas, dentre outras coisas. Nesse contexto, as pessoas sentem fazer parte de algo; mantêm, em suma, laços sociais, o que, via de consequência, evita o caminho da ilegalidade. O controle social informal, portanto, é uma espécie de controle construído de forma lenta – ao longo da vida –, mas muito mais eficaz. Em contraponto, o controle social formal é aquele realizado pelo Estado. O sujeito que descumpre uma lei sofre uma pena que visa – ao menos na teoria – também ressocializá-lo. Esse é abrupto, repentino e, por esse motivo, menos eficaz.Retomando: os estrangeiros, num outro momento, em suas terras natais, sofriam influência do controle social informal. Por perdê-lo, em Chicago, tornam-se mais suscetíveis ao cometimento de delitos.Intuitivo arrematar, portanto, que a implementação do controle social informal em detrimento do formal é saudável para a sociedade. Essa foi a conclusão extraída por Clifford Shaw e Henry Mackay, em 1934.Um dos problemas da realização de políticas como essa é o alto custo, o descaso político e, por vezes, a falta de sensibilidade. É que, primeiro, investimentos consideráveis devem ser feitos (exemplo: arborização, criação de parques e espaços comunitários); e segundo, o poder público muito deve cuidar para não romper, em suas ações, os laços sociais criados e, por conseguinte, a eficácia do controle social informal. Ademais, tentativas de reestruturações urbanas não podem se olvidar daqueles que, por exemplo, habitam as ruas (Decreto nº 7.053/09 – Instituiu a Política Nacional para a População de Rua2). A intenção de melhoria não justifica violação, dentre outros, da dignidade humana, moradia e saúde.Deve ser dito que a doutrina tece críticas a essa Escola, pois limita o criminoso ao pobre; àquele que se encontra à margem da sociedade.Recentemente houve alguns incidentes bastante criticados na cidade de São Paulo. Um deles em que, com a função declarada de melhoria e combate à desorganização social, a Prefeitura desalojou diversos moradores de rua da região da Cracolândia3, aparentemente sem preocupações humanitárias – inclusive com medidas

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de internação, em desrespeito à Lei 10.216/014. Na oportunidade, houve atuação da Defensoria Pública e do Ministério Público daquele estado, com o fito de minorar as consequências do ocorrido.Outro caso que ganhou bastante repercussão foi o de pintar da cor cinza diversos pontos em que havia grafite5. Finalmente, não se pode esquecer do Decreto nº 57.581/17, em que autorizou a zeladoria urbana a apreender cobertores e colchões de moradores de rua, mesmo que fossem os únicos bens a eles pertencentes6.Logo, de se notar que nos três exemplos houve clara preocupação de limpeza, de construção de uma imagem de melhoria e organização social – o que se coaduna, em parte, com os ensinamentos da Escola de Chicago –, sem, contudo, respeitar alguns direitos humanos, como acima dito. 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASLIMA JÚNIOR, José César Naves de, Manual de Criminologia, 2ª edição, Editora Juspodivm, 2015.SHECAIRA, Sérgio Salomão, Criminologia, 6ª edição, Editora Revista dos Tribunais, 2014.VIANA, Eduardo, Criminologia, 4ª edição, Editora Juspodivm, 2016.[1] Segundo Freud (p. 2565, apud SHECAIRA, 2014, p. 148): Em uma multidão apagam-se as aquisições individuais, desaparecendo assim a personalidade de cada um daqueles que a integram. O inconsciente social surge em primeiro lugar e o heterogêneo se funda com o homogêneo. Diremos, pois, que a superestrutura psíquica, tão diversamente desenvolvida em cada indivíduo, acaba destruída, aparecendo despida uma uniforme base inconsciente comum a todos. (FREUD, Sigmund. Psicología de las masas y análisis del yo. Obras completas).[2] Art. 5º São princípios da  Política Nacional para a População em Situação de Rua, além da  igualdade e equidade: I – respeito à dignidade da pessoa humana; II – direito à convivência familiar e comunitária; III – valorização e respeito à vida e à cidadania; IV – atendimento humanizado e universalizado; e V – respeito às condições sociais e diferenças de origem, raça, idade, nacionalidade, gênero, orientação sexual e religiosa, com atenção especial às pessoas com deficiência.

[3] Vídeo de um dos momentos de ação na Cracolância: https://www.facebook.com/caio.castor/videos/10206588778996422/[4] http://justificando.cartacapital.com.br/2017/05/26/defensoria-e-mp-rebatem-pedido-de-doria-para-internar-pessoas-forca/ e http://justificando.cartacapital.com.br/2017/05/23/mp-e-defensoria-do-estado-vao-apurar-acao-da-policia-de-doria-na-cracolandia/.[5] http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2017/01/grafites-em-muros-de-avenida-de-sao-paulo-sao-pintados-de-cinza.html.

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[6] Notícia a respeito: http://www.migalhas.com.br/Quentes/17,MI252285,61044-Decreto+permite+apreensao+de+camas+de+moradores+de+rua+em+SP; e vídeo de abordagem exagerada por parte da guarda municipal, com o fito de cumprir o reportado Decreto https://www.youtube.com/watch?v=8fM3ffQ9bDI.

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