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INSTITUTO BRASILEIRO DE TERAPIA INTENSIVA IBRATI SOCIEDADE BRASILEIRA DE TERAPIA INTENSIVA SOBRATI MESTRADO PROFISSIONALIZANTE EM TERAPIA INTENSIVA TALYSSON RAFAEL BESSA ARRUDA VENTILAÇÃO MECÂNICA NÃO INVASIVA EM EMERGÊNCIA HOSPITALAR NA INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA AGUDA: uma análise revisional

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INSTITUTO BRASILEIRO DE TERAPIA INTENSIVA – IBRATISOCIEDADE BRASILEIRA DE TERAPIA INTENSIVA – SOBRATIMESTRADO PROFISSIONALIZANTE EM TERAPIA INTENSIVA

TALYSSON RAFAEL BESSA ARRUDA

VENTILAÇÃO MECÂNICA NÃO INVASIVA EM EMERGÊNCIA HOSPITALAR NA INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA AGUDA: uma análise revisional

JUAZEIRO DO NORTE- CE

2018

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TALYSSON RAFAEL BESSA ARRUDA

VENTILAÇÃO MECÂNICA NÃO INVASIVA EM EMERGÊNCIA HOSPITALAR NA INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA AGUDA: uma análise revisional

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Terapia Intensiva, do Instituto Brasileiro de Terapia Intensiva, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Terapia Intensiva.

Orientadora: Prof. Dra. Diala Alves de Sousa.

JUAZEIRO DO NORTE- CE

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2018

TALYSSON RAFAEL BESSA ARRUDA

VENTILAÇÃO MECÂNICA NÃO INVASIVA EM EMERGÊNCIA HOSPITALAR NA INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA AGUDA: uma análise revisional

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Terapia Intensiva, do Instituto Brasileiro de Terapia Intensiva, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Terapia Intensiva.

Orientadora: Prof. Dra. Diala Alves de Sousa.

Aprovada em: ___/___/2018

BANCA EXAMINADORA

____________________________________________________

(Orientadora)

__________________________________________________Examinador 1

____________________________________________________Examinador 2

JUAZEIRO DO NORTE-CE2018

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RESUMO

A insuficiência respiratória aguda (IRpA) trata-se de uma das complicações respiratórias comumente encontradas nos serviços de emergência hospitalar, onde a dispneia, taquipneia, ou mesmo hipoventilação são as principais causas de procura por atendimento em emergências. Objetivou-se com o desenvolvimento desse trabalho estabelecer análises a partir de evidências cientificas acerca do uso da ventilação mecânica não invasiva na emergência hospitalar. Como processo de estruturação das reflexões e abordagens temáticas, estruturou-se uma revisão de literatura, de caráter quantitativo e descritivo, com a utilização de bases de dados eletrônicos indexados. A partir das considerações observadas cm a revisão bibliográfica pode-se constatar que aplicação da ventilação mecânica não invasiva, quando bem indicada, é sem sombra de dúvidas benéfica para pacientes com insuficiência respiratória aguda, principalmente em casos de patologias como DPOC, edema agudo de pulmão cardiogênicos e asma.

Palavras-chave: ventilação mecânica não invasiva; insuficiência respiratória aguda; ventilação mecânica não invasiva na emergência.

ABSTRACT

Acute respiratory failure (IRpA) is one of the respiratory complications commonly found in hospital emergency services, where dyspnea, tachypnea, or even hypoventilation are the main causes of demand for emergency care. The objective of this work was to establish analyzes based on scientific evidence about the use of non-invasive mechanical ventilation in the hospital emergency. As a process of structuring the reflections and thematic approaches, a quantitative and descriptive literature review was structured with the use of indexed electronic databases. From the considerations observed in the literature review, it can be observed that the application of non-invasive mechanical ventilation, when well indicated, is undoubtedly beneficial for patients with acute respiratory failure, especially in cases of pathologies such as COPD, acute pulmonary edema cardiogenic and asthma.

Keywords: non-invasive mechanical ventilation; accute breathing insufficiency; non-invasive mechanical ventilation in the emergency room.

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1 INTRODUÇÃO

A insuficiência respiratória aguda (IRpA) trata-se de uma das

complicações respiratórias comumente encontrada nos serviços de emergência

hospitalar, onde a dispneia, taquipneia, ou mesmo hipoventilação são as

principais causas de procura por atendimento no pronto socorro. O manejo da

IRpA, requer diagnóstico rápido e preciso, assim como tratamento efetivo. Em

casos de retardo no diagnóstico e tratamento da IRpA, constata-se para uma

parada cardiorrespiratória. (MORAIS e LIMA, 2010).

O diagnóstico da IRpA é feito através de uma investigação da causa

baseando-se em uma história clínica informativa, exame físico de forma

detalhada e exames complementares. A confirmação da IRpA só é realizada

pela análise dos gases sanguíneos, quando a PaO2 é menor que 60mmHg, ou,

ainda, quando a PaCO2 ultrapassa 45mmHg. Uma indicação rápida das

condições das trocas gasosas é dada através da oximetria de pulso, uma SaO2

inferior a 90% é fortemente indicativa do diagnóstico, considera-se uma troca

gasosa inadequada (MUNÕZ, 2010).

Diversas patologias podem causar desconforto respiratório tais como:

infarto agudo do miocárdio (IAM), sepse, politrauma, afogamento, lesões por

perfurações, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), asma, edema agudo

de pulmão (EAP), miastenia gravis, distrofia musculares e dentre outros. Os

sinais clínicos são bastantes variados mais predominam-se a sudorese,

dispneia, taquipneia, bradpneia, cianose, uso de musculatura acessória,

batimento de asa nasal, padrão respiratório paradoxal (MUNÕZ, 2010).

De acordo com Pinheiro et al (2015) no tratamento da IRpA dependerá

das condições da patologia que desencadeou. No entanto, até que a resolução,

ou pelo menos a compensação, da doença causadora ocorra, algumas

medidas são necessárias para a manutenção dos gases arteriais em níveis

adequados. A correção da hipoxemia é o objetivo mais importante, visto que

ela é uma condição ameaçadora da vida. A depender do nível de gravidade,

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pode-se ofertar oxigênio por meio de sistemas de baixos fluxos (ex. cateter

nasal) ou de altos fluxos (ex. máscara de Venturi, e, mais recentemente,

sistemas de altos fluxos administrados por prongas nasais). A hipercapnia, até

determinados níveis, é bem tolerada. Sendo assim, monitoramos a PaCO2 em

conjunto com pH e com parâmetros clínicos da ventilação, como a frequência

respiratória, o esforço do paciente e a utilização de musculatura acessória, o

desconforto clínico indica a necessidade de suporte ventilatório, que poderá ser

não invasivo (com emprego de máscaras como interface entre o paciente e o

ventilador) ou invasivo (com intubação traqueal).

O uso da ventilação mecânica não invasiva (VMNI) tem recebido

atenção especial na emergência, uma vez que o atendimento inicial pode ser

decisivo no desfecho do quadro clínico de um paciente com IRpA. Deve ser

feita com base nos exames clínicos do doente, já que em muitos casos não há

tempo hábil para coleta e realizações de exames complementares

(SUASSUNA et al 2016).

Segundo Bonet e Betancourt (2010) , a VMNI é uma um suporte

ventilatório através de interfaces que permite incrementar a ventilação alveolar,

mantendo as vias aéreas respiratórias intactas, sem haver necessidade de

intubação endotraqueal, nem traqueostomia, evitando riscos de pneumonia

associada a ventilação mecânica (PAV), diminuído a necessidade de sedação

do paciente, redução da mortalidade hospitalar, proporciona maior conforto ao

paciente, mantendo sua capacidade de comunicação e deglutição.

De acordo com as diretrizes brasileiras de ventilação mecânica (2013),

pacientes com incapacidade de manter ventilação espontânea (Volume minuto

> 4 lpm, PaCO2 < 50 mmHg e pH > 7,25) devem iniciar uso da VMNI com dois

níveis de pressão, com a pressão inspiratória suficiente para manter um

processo de ventilação adequada, visando impedir a progressão para fadiga

muscular e/ou parada respiratória.

O sucesso da VMNI na IRpA se dá a partir da escolha criteriosa dos

pacientes que são elegíveis e para isso faz-se necessário o conhecimento de

suas contraindicações como: parada cardiorrespiratória, instabilidade

hemodinâmica, arritmias cardíacas, trauma, queimadura ou qualquer lesão na

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face, risco de broncoespasmo, pneumotórax não drenado, infarto agudo do

miocárdio recente, encefalite grave, hipersecretividade, hemorragia digestiva

alta, tosse ineficaz (SHETTINO, 2007).

2 OBJETIVOS

Com o desenvolvimento do presente trabalho objetivou-se traçar uma

ampla análise a partir de evidências científicas acerca do uso da ventilação

mecânica não invasiva na emergência hospitalar, caracterizando as principais

patologias envolvidas na evolução de um quadro de insuficiência respiratória

aguda, tendo como base uma sistémica revisão de literatura.

3 METODOLOGIA

Como processo de estruturação das reflexões e abordagens temáticas

desse trabalho, estruturou-se uma revisão de literatura, de caráter quantitativo

e descritivo, com a utilização de bases de dados eletrônicos indexados;

analisando publicações entre os anos de 2007 até 2017, nas bases de dados

da BIREME- Centro Latino Americano e do Caribe de informações em Ciências

da Saúde (LILACS) BVS- Biblioteca virtual em saúde, e na base Scientific

Eletronic Library Online (SciELO) e PubMed e outras produções atualizados,

através dos seguintes descritores: ventilação mecânica não invasiva, ventilação

mecânica não invasiva na emergência e insuficiência respiratória aguda, em

idiomas: português, inglês e espanhol.

Para seleção das evidências científicas foram estabelecidos os

seguintes critérios: informações sobre a ventilação mecânica não invasiva,

principais patologias e procedimentos que levaram a insuficiência respiratória

aguda na emergência. Como critérios de exclusão, publicações científicas

anteriores à 2007 e estudos de casos.

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Frente a necessidade de discussão sobre o tema, foram inclusos “22”

(vinte e dois) artigos dos “44” (quarenta e quatro) encontrados na literatura

devido a especificidade do assunto.

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA AGUDA

A insuficiência respiratória aguda (IRpA) é definida como a incapacidade

do sistema respiratório de cumprir sua função básica, que é a troca gasosa do

oxigênio e o dióxido de carbônico entre o ar ambiente e o sangue circulante, ou

seja, promover a oxigenação e eliminar o gás carbônico (PINHEIRO et al,

2015).

A classificação da insuficiência respiratória aguda pode ser de acordo

com a área de comprometimento do sistema respiratório (pulmonar ou

extrapulmonar) ou de acordo com a fisiopatologia (desequilíbrio nas trocas

gasosas - IRpA hipoxêmica ou tipo I; da ventilação – IRpA hipercápnica ou do

tipo II; ou ambas (mista) (OLIVEIRA, 2008).

IRpA de origem pulmonar

Vias aéreas – a disfunção das vias aéreas pode ocorrer por obstrução

interna como por exemplo presença de secreção, corpo estranho ou

broncoaspiração, perda da sustentação de suas paredes (traqueomalácea), ou

perda de sustentação pelo parênquima pulmonar (DPOC, asma).

Parênquima pulmonar – as disfunções de parênquima pulmonar

geralmente se apresentam como IRpA hipoxêmica, que tem como causas mais

freqüentes: atelectasias, pneumonia e SARA.

Circulação pulmonar – o tromboembolismo pulmonar é a causa mais

comum de IRpA por disfunção na circulação pulmonar (OLIVEIRA, 2008).

IRpA de origem extrapulmonar

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Alterações do Sistema Nervoso Central- acidente vascular cerebral,

intoxicação exógena, depressão anestésica, hipoventilação central e tumor,

que diminuem o drive respiratório e deixam de estimular a musculatura

respiratória.

Alterações do Sistema Nervoso Periférico, da placa muscular ou da

musculatura respiratória - Guillain –Barré, miastenia gravis, tétano, botulismo,

lesões da medula espinhal, poliomielite, que diminuem a eficiência da

musculatura respiratória.

Alterações da parede torácica e diafragma - a cifoescoliose grave

paralisia do nervo frênico, hiperinsuflação pulmonar, trauma torácico,

pneumotórax, derrame pleural, cirurgias torácicas e abdominais altas,que

diminuem a expansibilidade da caixa torácica (OLIVEIRA, 2008).

Os mecanismos de hipoxemia ou IRpA tipo I é definida por uma PaO2 <

55 a 60mmHg, em ar ambiente, ou caracteristicamente, na vigência de

oxigenoterapia, a principal alteração é o aumento da D (A-a) O2 decorrente de

lesão parenquimatosa pulmonar e dos variados graus de desequilíbrio

ventilação/perfusão (V/Q), como também fatores não pulmonares podem

causar hipoxemia. E o mecanismo de hipercapnia ou IRpA tipo II se caracteriza

por uma elevação da PaCO2 acima de 45 a 50mmHg com acidemia resultante,

ou seja, pH<7,34. A hipercápnica está invariavelmente associada à

hipoventilação alveolar sendo a hipoxemia dela resultante, de grau

leve. Entretanto, aumento do espaço morto e produção de gás carbônico pelo

aumento do metabolismo pode contribuir para hipercapnia. O tipo misto está

presente quando ocorre hipoxemia grave associada à retenção de CO2 com

acidose respiratória. Como vem descrito no quadro 1 abaixo as principais

diferenças dos tipos da IRpA (HOLANDA, 2017).

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Quadro 1: Tipos de insuficiências respiratórias agudas Adaptado: Holanda, 2017.

4.2 DIAGNÓSTICO DA IRpA

O diagnóstico pode ser realizado através da oximetria de pulso de O2

(normal: 90-93%) e a gasometria arterial para a sua confirmação, classificação,

avaliação da gravidade e escolha da terapêutica. Além desses exames devem

realizar: raio x de tórax, eletrocardiograma (ECG), provas bioquímicas e

hemograma. Os sinais e sintomas engloba: alteração do estado mental,

agitação e/ou sonolência, sinais de aumento do trabalho respiratório (batimento

de asa de nariz, musculatura acessória, retração, tiragem, taquipneia,

respiração paradoxal), cianose central, sudorese, taquicardia, hipertensão

(MUNÕZ, 2010).

4.3 TRATAMENTO

O tratamento pode ser amplo, dependendo de fatores que levou a

insuficiência respiratória, doenças preexistentes e quadro clínico apresentado.

A terapêutica deve ser voltada para causa da hipoxemia e/ou hipercapnia,

buscando a resolução do desequilíbrio gasoso e a redução do trabalho

respiratório. Está indicado o suporte ventilatório com o uso de oxigênio

adicional, com o intuito de manter a SpO2 > 90% e PaO2 > 60mmHg, bem como

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o emprego de pressão positiva através da ventilação mecânica não invasiva

que é padrão ouro para algumas patologias e a ventilação mecânica invasiva

para pacientes que foram intubados (ABADESSO et al, 2012; La TORRE et al,

2011).

5 VENTILAÇÃO MECÂNICA NÃO INVASIVA

A VMNI é definida como um suporte ventilatório de pressão positiva

realizado sem a utilização de prótese endotraqueal, ou traqueostomia, através

de interfaces ou máscaras. O maior interesse em utilizar tal método é a

prevenção das complicações da ventilação invasiva, como aspiração de

conteúdo gástrico, traumas de orofaringe, pneumonias associadas à ventilação

mecânica (PAV), estenose traqueal e pneumotórax (PASSARINI et al, 2012).

Os benefícios fisiológicos da ventilação mecânica não invasiva otimizam

uma boa troca gasosa e um bom padrão ventilatório, redução do trabalho

respiratório, o aumento do volume e da capacidade pulmonar, reabertura das

unidades alveolares colapsadas ou atelectasiadas, redistribuição do liquido

extravascular, diminuição do shunt pulmonar (ULTRA, 2017).

Existe grande evidência científica sobre o uso da VMNI no tratamento da

doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) exacerbada e no edema agudo de

pulmão (EAP), nos quais se observa a diminuição no tempo de permanência

hospitalar e na taxa de intubação, além da redução nas taxas de infecção

hospitalar e das complicações relacionadas à ventilação mecânica invasiva,

motivos pelos quais o uso da VMNI vem-se tornando cada vez mais frequente,

porém ainda há unidades de emergência que não conta com a técnica de VMNI

devido à falta de equipamentos e de experiência de seus profissionais.

(FERREIRA et al, 2012; PASSARINI et al, 2012).

5.1 TIPOS DE VENTILADORES E MODALIDADES NA VENTILAÇÃO MECÂNICA NÃO INVASIVA

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Os equipamentos utilizados para realização da VMNI no âmbito

hospitalar são: ventilador mecânico, ventilador específico para VMNI e o

gerador de fluxo. Atualmente o ventilador mecânico pode apresentar melhores

resultados por possuir maior tecnologia e variabilidade de modos ventilatórios,

mais opção de ajuste de sensibilidade e ferramenta de variação de fluxo para

compensação de fuga quando conectado a interface. Os modos ventilatórios,

tanto a volume quanto pressão, seja assistido-controlado ou espontâneo,

podem ser aplicados na VMNI por pressão positiva, onde a preferência são

pelos os modos espontâneos, entre eles, o PSV (pressão de suporte

ventilatório) + PEEP (pressão positiva no final da expiração) e CPAP

(continuous positive airways pressure - pressão positiva continua) (PROFISIO,

2012).

De acordo com Ferreira (2009), os ventiladores portáteis específicos

para VMNI como o Bi- level fornece uma ventilação por pressão positiva com

dois níveis de pressão, um nível de suporte inspiratório (IPAP – inspiratory

positive airways pressure) e um nível de pressão no fim da expiração (EPAP ou

PEEP – expiratory positive airways pressure) permitindo vantagens na

aplicação de EPAP, como a prevenção da reinalação de CO2, estabilização das

vias aéreas superiores durante o sono, recrutamento de alvéolos, diminuição

da formação de atelectasias e redução do trabalho inspiratório necessário para

disparar o trigger inspiratório em doentes com auto -PEEP (PEEP intrínseca).

O CPAP aplica uma pressão contínua durante todo o ciclo respiratório

(inspiração e expiração), sendo a sua principal utilização no SAOS (síndrome

da apneia obstrutiva do sono) e em alguns casos de edema agudo do pulmão.

Outra forma de aplicação de CPAP é através de um gerador de fluxo

conectado a uma válvula redutora de fluxo que funciona com um sistema de

venturi que utiliza uma alimentação de oxigênio conjuntamente ao ar ambiente

para gerar uma saída de fluxo alta. Podem ser semelhantes ao ventilador

específico para VMNI, com o benefício de ter menor custo do que os

ventiladores específicos e a desvantagem de aumentar o consumo hospitalar

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de oxigênio pela necessidade de alta demanda de fluxo (MORAIS e LIMA,

2010).

5.2 INTERFACES OU MÁSCARAS

Mesmo quando bem indicada, a VMNI pode não apresentar efetividade,

isto é, pode não evitar a intubação em até 40% dos casos. Uma das principais

razões que levam a falência da VMNI é a intolerância do paciente à máscara,

que é frequentemente ruidosa, com pressão excessiva de ar na face,

claustrofobia, dor, reinalação de CO2 pode levar a ferimentos na pele ao ser

ajustada à face por longos períodos além da assincronia às vezes apresentada

com o ventilador mecânico (REGO et al, 2012 e HOLANDA et al, 2009).

As interfaces mais utilizadas para realização da VMNI são: máscara

nasal (cobre o nariz mais não a boca), oronasal (cobre o nariz e a boca), facial

total (cobre nariz, boca e olhos) ou um capacete (cobre toda cabeça e parte do

pescoço). A máscara oronasal é a interface mais utilizado para pacientes com

insuficiência respiratória aguda, proporcionado maior volume corrente quando

comparado com a máscara nasal, consequentemente maior troca gasosa,

como sugerindo utilizar em paciente com IRpA leve e moderada (DIRETRIZES

BRASILEIRAS DE VENTILAÇÃO MECÂNICA, 2013).

Apesar dessa grande vantagem, não existe evidências suficientes para

recomendar o uso de máscara oronasal ao invés da nasal na IRpA. Interfaces

que possui orifícios de exalação na própria máscara podem diminui a

reinalação de CO2 comparando-se com orifícios de exalação no circuito único

dos ventiladores de VMNI. (REGO et al, 2012; III CONSENSO BRASILEIRO

DE VENTILAÇÃO MECÂNICA, 2007).

A máscara facial total surgiu na tentativa de melhorar o conforto e a

tolerância dos pacientes durante a realização da VMNI. A máscara facial total

apresenta vantagem de diminuir o vazamento e possibilitar o uso de maiores

pressões inspiratória. Uma maior área de contato podendo diminuir as lesões

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de pele deixando o seu uso mais confortável (III CONSENSO DE

VENTILAÇÃO MECÂNICA, 2007).

Schettino e colaboradores demonstraram que apesar do maior volume

interno de ar nessa máscara, a reinalação de CO2 durante o uso da máscara

facial total é semelhante à das máscaras oronasais.

O capacete (Helmet) possibilita ao paciente total liberdade de

movimentos da cabeça e pescoço, sem que exista qualquer ponto de pressão

na cabeça. Esta interface isola o utente permitindo uma clara visão e

comunicação. É confortavelmente adaptado através de uma camada de

silicone ao nível dos ombros que é insuflada para maior conforto e fixado com

duas bandas axilares, não tem contato da interface com a face do paciente,

porém apresenta um grande espaço morto e suas paredes mais complacentes,

levando a reinalação de CO2 e a necessidade de maiores pressões inspiratórias

para garantir uma boa troca gasosa. Entretanto em um estudo fisiológico,

Vargas et al demostraram que o uso da pressão de suporte e PEEPs mais

altas podem contrabalancear os vazamentos que ocorre nos capacetes,

eliminando o CO2 e o alívio na sobrecarga da musculatura respiratória (III

CONSENSO BRASILEIRO DE VENTILAÇÃO MECÂNICA, 2007; REGO et al,

2012; MORAIS e LIMA, 2010).

É recomendado a utilização da máscara facial total nas situações de

Insuficiência Respiratória hipoxêmica mais graves por permitir uma

pressurização maior das vias aéreas; por pegar todo o rosto, distribui a pressão

da máscara exercida na pele evitando pontos de pressão em torno do nariz e

reduzindo o risco de lesões cutâneas. E o capacete utilizar em casos de IRpA

menos grave. Porém, o fato de apresentar um grande espaço morto gera uma

limitação para sua aplicação em pacientes com distúrbio de ventilação,

devendo ser corrigida com aplicação de maiores níveis de suporte pressórico

(DIRETRIZES BRASILEIRAS DE VENTILAÇÃO MECÂNICA, 2013).

Na figura 01 abaixo, demonstra-se os tipos de interfaces mais utilizadas

para realizar VMNI, com sua visualização frontal e lateral, onde A1 e A2 é a

máscara facial total; B1 e B2 é a máscara oronasal; e C1 e C2 a máscara

nasal.

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Figura 01: Interfaces mais utilizadas para realizar VNMI. Adaptado de: Holanda et al, 2009.

5.3 INDICAÇÕES PARA VENTIALÇÃO MECÂNICA NÃO INVASIVA

Os objetivos principais da utilização da pressão positiva baseiam -se em

reverter as principais alterações que os diferentes tipos de enfermos

apresentam como: aumento da PaCO2, aumento do volume- minuto e,

consequentemente do trabalho respiratório, o que pode evoluir em alguns

pacientes, com diminuição do volume- minuto, rebaixamento do nível de

consciência levando necessidade de intubação. Para tanto, torna-se necessário

um conhecimento mais amplo sobre a fisiopatologia de cada doença e

identificar a respostas dos doentes em relação a VMNI, o que pode ser obtido

através do trabalho respiratório e da observação das alterações do volume

corrente e volume- minuto (SARMENTO, 2016).

Para se ter êxito na aplicabilidade da ventilação mecânica não invasiva

precisamos conhecer os fatores preditivos para sucesso da VMNI, como pode

ser observado no quadro 2 abaixo.

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Quadro 2- preditivos para sucesso da VNI.Adaptado: Ferreira, 2009.

5.4 VMNI NA EXACERBAÇÃO DE PACIENTES COM DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA (DPOC)

O III consenso de ventilação mecânica (2007), recomenda utilizar a

VMNI como primeiro tratamento de escolha para pacientes agudizados de

DPOC, especialmente para aqueles pacientes com exacerbação grave,

caracterizada com presença de acidose respiratória (ph < 7,35), diminuindo a

necessidade de intubação o que possibilita a redução de mortalidade desses

pacientes.

Conforme a publicação das Diretrizes Brasileiras de Ventilação

Mecânica (2013), orienta o uso da VMNI no tratamento da DPOC agudizada

para redução da necessidade de intubação, diminuindo assim o tempo de

internação hospitalar e mortalidade.

A maioria dos estudos sugere a utilização da modalidade binível,

provavelmente por ser mais tolerável pelos pacientes e fornecer maior suporte

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ventilatório na inspiração. O uso do CPAP é mais utilizado em pacientes com

DPOC associada a apneia obstrutiva do sono (SUASSUNA, 2016).

Quanto aos parâmetros ventilatórios, preconiza-se iniciar com 10 a 15

cmH2O e em seguida ajustar de acordo com a tolerância do paciente e/ou

atingir um volume corrente de 6 a 8mL/kg e a frequência respiratória menor ou

igual a 25 respirações por minuto e a EPAP pode ser iniciada em 5 a 6 cmH 2O

conforme a tolerância, conforto, saturação de oxigênio e correção do auto –

PEEP (SUASSUNA, 2016).

Em estudo realizado por Maceo et al (2015), com 18 pacientes

diagnosticados com DPOC de forma exarcebada, com aplicação de um

protocolo de VMNI de uma UTI do Hospital Provincial “Dr. Ambrosio Grillo

Portuond” em Santigo de Cuba, com 24h de tratamento diminuíram a

frequência respiratória e cardíaca, a pressão arterial média, com elevação da

escala de Glasgow e os valores gasométricos obtidos evidenciaram mudanças

favoráveis.

A eficácia do tratamento da exarcebação aguda da DPOC foi investigado

em um estudo aleatório, multicêntrico, realizado com 85 pacientes,

comparando o tratamento padrão (oxigenoterapia e fármaco) com VMNI. Os

dois grupos tinham características similares no processo de admissão

hospitalar. O uso da VMNI reduziu significativamente a necessidade de

intubação traqueal e a mortalidade hospitalar (ROCHA e CARNEIRO, 2008).

5.5 VENTILAÇÃO MECÂNICA NÃO INVASIVA EM EDEMA PULMONAR DE ORIGEM CARDÍACA

O III Consenso de Ventilação Mecânica (2007), relata que o uso do

CPAP deve ser aplicado precocemente em pacientes com edema agudo de

pulmão em conjunto com a terapia medicamentosa convencional, pois o

mesmo é seguro e diminui a necessidade de intubação endotraqueal.

Recebendo grau de recomendação A. O uso da pressão expiratória de 10

cmH2O parece ser o ponto chave do benefício respiratório e hemodinâmicos

para paciente com edema agudo de pulmão de origem cardíaca.

Na sala de emergência, é necessário ressaltar que antes de qualquer

terapêutica proposta é de extrema importância o posicionamento adequando

do paciente, onde na maioria das vezes o próprio paciente adote a posição

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sentada. O decúbito dorsal sem elevação da cabeceira é mal tolerado

(SUASSUNA, 2016).

O uso da oxigenoterapia não vem sendo utilizado como tratamento

inicial, visto que nos últimos anos alguns trabalhos têm demostrando

superioridade no uso da VMNI. De acordo com Park et al (2004), além da

melhora clínica e dos sinais vitais nos grupos do CPAP e binível, houve

melhora nitidamente superior em relação ao grupo da oxigenoterapia (a taxa de

intubação diminuiu de 42% no grupo tratado de oxigenoterapia e para 7% em

ambos os grupos que utilizaram VMNI). Já em uma metanálise publicada por

Potts (2009), evidenciou benefício significativo na mortalidade do paciente que

utilizaram a VMNI, o que assegura de não utilizar apenas a oxigenoterapia sem

o uso da pressão positiva nos pacientes com EAP na emergência

(SUASSUNA, 2016).

De acordo com as Diretrizes Brasileiras de Ventilação Mecânica (2013),

recomenda-se usar VMNI (BIPAP com EPAP 5-10 cmH2O e IPAP até 15 cm

H2O) e ou CPAP de 5 a 10 cmH2O nos pacientes com edema agudo de pulmão

de origem cardiogênica visando diminuir a necessidade de intubação

endotraqueal e reduzir a mortalidade.

Foi realizado um estudo, através de um levantamento de ensaios

clínicos randomizados publicados em lingual inglesa que analisaram a

utilização do BIPAP em paciente com edema agudo de pulmão cardiogênico.

Obteve-se 11 estudos realizado em serviços de emergência com esses

requisitos. Dentre os estudos conclui-se que o BIPAP se mostrou útil do

tratamento de EAP, apresentando eficácia clínica similar à CPAP, sem

aumentar a taxa de IAM (infarto agudo do miocárdio). Os pacientes que

apresentaram hipercapnia, o BIPAP surge com importante estratégia de

suporte ventilatório no incremento da ventilação e consequentemente na

redução do trabalho respiratório (SANTOS, et al, 2008).

Quando utilizado a pressão positiva engloba os benefícios respiratórios e

hemodinâmicos. Entre os principais benefícios respiratórios, destaca-se a

melhoria da hipoxemia, da complacência pulmonar , diminuição da resistência

das vias aéreas e do trabalho respiratório. Em relação aos benefícios

hemodinâmicos observados, notam-se a redução da pré- carga e da pós- carga

Page 19: ibrati.org · Web viewA insuficiência respiratória aguda (IRpA) é definida como a incapacidade do sistema respiratório de cumprir sua função básica, que é a troca gasosa do

do ventrículo esquerdo, aumento do débito cardíaco e diminuição do retorno

venoso (MARCIA et al, 2009).

De acordo com Passarini (2012), foi realizado um estudo descritivo,

analítico prospectivo, onde foi incluso 152 pacientes de ambos gêneros, com

idade maior ou igual a 18 anos que utilizaram VMNI em um quadro de IRpA

secundária e EAP ou DPOC agudizada atendidas na unidade de emergência

do Hospital Estadual de Sumaré – SP. A média do tempo de VMNI foi de 6

horas para pacientes com DPOC e de 5 horas para pacientes com EAP; 75,7%

evoluíram com sucesso. Foram observados pior escore de prognóstico

APACHEII e menor saturação periférica de oxigênio nos pacientes com

diagnóstico de DPOC que evoluíram para intubação após a retirada da

máscara e também que não apresentaram melhora após 2 horas de VMNI. O

uso do BIPAP relacionou-se a 2,3 vezes mais chances de ocorrência de

intubação endotraqueal que a do CPAP. Nos pacientes com EAP e com

pontuação mais elevada na ECG (escala de coma de Glasgow) e SpO2 também

apresentaram mais chance de sucesso. Dos 152 pacientes atendidos, 11

receberam alta, 44 foram encaminhadas para UTI e 91 para enfermaria. Um

terço deles faleceram sendo 6 na emergência e 43 em outros setores

(enfermaria e UTI) e dos 152 pacientes, 37 evoluíram para intubação. Concluiu-

se que os paciente com diagnóstico de EAP e DPOC submetidos a VMNI na

unidade de urgência e emergência evoluíram com sucesso.

Em um estudo observacional longitudinal com 22 pacientes realizado no

serviço de emergência do hospital das clínicas da faculdade de medicina da

universidade de São Paulo, formam submetidos além do tratamento

convencional (medicamento e oxigenoterapia), foi administrada a VMNI com a

pressão continua nas vias aéreas (CPAP) através do gerador de fluxo,

utilizando a máscara oronasal. As hipóteses diagnósticas encontradas formam:

pulmonares 86% e extra- pulmonares 14 %. A patologia pulmonar

predominante foi EAP 36%, seguidos de DPOC 14%, asma 14% e gripe 1%.

Os sintomas mais encontrados foram: 45% de taquidispneia, 27% de dispneia.

O sucesso da VMNI ocorreu em 55% dos pacientes, onde 36% foram de alta

para enfermaria e 36% receberam alta direto da emergência. O profissional que

mais aplicou a VMNI foi o enfermeiro 86% e o médico e o fisioterapeuta com

13% e 1% respectivamente. O tempo de utilização da VMNI foi de no mínimo

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de 30 minutos e no máximo de 6 horas. Neste estudo, a VMNI mostrou-se uma

alternativa segura e praticável no serviço de emergência possibilitado a

diminuição da intubação orotraqueal e a internação em UTI (MORAIS e LIMA,

2010).

5.6 VENTILAÇÃO MECÂNICA NÃO INVASIVA NA ASMA

Dos pacientes admitidos na emergência em broncoespasmo resistentes

a beta2- agonistas, 20 a 30 % revertem o quadro entre 36 a 48 horas.

Entretanto, alguns pacientes não respondem ao tratamento inicial e outras

terapias podem ser indicadas, como a VMNI, como foi descrito por Meduri et al

(1996) o uso da VMNI em 17 pacientes com diagnóstico de exacerbação aguda

de asma e relataram que intubação foi necessária em apenas 3 casos,

reduzindo a taxa de intubação (SUASSUNA, 2016).

De acordo com Schettino (2007), recomenda-se a utilização da VMNI em

conjunto com o tratamento medicamentoso convencional para os pacientes

com exarcebação aguda e grave da asma. Sorosksky e Tunner (2003),

realizaram um estudo randomizado em 30 pacientes com asma grave, que

incluía o uso de uma manobra de VMNI- placebo no grupo controle (que

consistia na utilização de VMNI com pressões inspiratórias e expiratórias de

1cmH2O), para avaliar o benefício da VMNI nessa condição. Esses autores

demostraram que os pacientes que receberam VMNI por 3 horas consecutivas

apresentaram melhora rapidamente dos sintomas, aumento do VEF1 (volume

expiratório forçado no primeiro segundo) e diminuição da necessidade de

internação em relação ao grupo controle.

Sugere-se que a VMNI pode ser utilizada em conjunto com terapia

medicamentosa para melhorar à obstrução ao fluxo aéreo e diminuir esforço

respiratório em pacientes em crise asmática moderada e acentuada

(DIRETRIZES BRASILEIRAS DE VENTILAÇÃO MECÂNICA, 2013).

Dentre as indicações para utilização da VMNI na emergência descritas

acima, também podemos citar: doenças neuromusculares, deformidade da

caixa torácicas, alterações respiratórias por hipoxemias, lesão pulmonar aguda,

desmame precoce (SARMENTO, 2016).

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Para se ter sucesso na realização da VMNI em uma unidade de

emergência precisa-se selecionar adequadamente os pacientes, conhecendo

primordialmente suas contraindicações, mostrado no quadro 3 abaixo.

Quadro 3: contraindicações absolutas e relativas da VMNI.Adaptado: Diretrizes Brasileiras da Ventilação Mecânica (2013).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir das considerações observadas durante a revisão bibliográfica

proposta por esse trabalho observa-se que aplicação da ventilação mecânica

não invasiva, quando bem indicada, é sem sombra de dúvidas benéfica para

pacientes com insuficiência respiratória aguda, principalmente em casos de

patologias como DPOC, edema agudo de pulmão cardiogênicos e asma.

Diante de evidências cientificas consolidadas, observa-se uma

considerável redução de casos como: tempo de internação hospitalar, taxa de

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morbi- mortalidade e intubações endotraqueais, reduzindo assim, custos com

admissões em UTI´s.

No contexto das salas de urgências e emergências no Brasil ainda não é

uma ampla realidade. Faz-se de suma importância uma equipe treinada e

experiente para intervir caso haja falência desta terapêutica, não atrasando a

intubação orotraqueal e agravamento do quadro de falência respiratória do

paciente (VILAÇA, 2015).

Além de uma equipe multidisciplinar bem treinada para receber esses

pacientes na emergência, é importante a existência de equipamentos

adequados e de profissionais qualificados a espera desse paciente, na

manipulação e aplicação das técnicas da VMNI, como o fisioterapeuta

respiratório, sendo parte permanente dessas equipes, traria maior agilidade e

eficácia de procedimentos em espaços de emergências hospitalares.

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