analise quantitativa cromatografia gasosa

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  • 7/31/2019 Analise Quantitativa Cromatografia Gasosa

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    ANLISE QUANTITATIVA POR CROMATOGRAFIA

    Antnio Luiz Pires Valente (in memoriam),Fabio Augusto e Cssio Ricardo Fares RiedoUniversidade Estadual de Campinas, Instituto de Qumica, CP 6154,13084-862 Campinas, So Paulo - Brasil

    RESUMO

    Este um texto de apoio ao aplicativo multimdia Anlise Quantitativa por Cromatografia (disponvel emAplicativos e Programas). A sua finalidade a de oferecer ao leitor material similar, na forma impressa, ao domultimdia. Este texto mais detalhado do que o apresentado no aplicativo, mas tem um nmero muito menorde figuras. tambm uma forma complementar para a apresentao das informaes e interpretaes, podendo

    servir tanto como material de apoio como resumo do material original.

    Palavras-chave: Cromatografia, Curva Analtica, Tratamento de Dados, Teste de Huber

    Introduo

    A anlise quantitativa em cromatografia baseada em

    estabelecer o valor da rea da banda cromatogrfica. Na

    cromatografia em coluna, isto , gasosa (CG) e em cromatografia

    lquida (comumente de alta eficincia, CLAE) a banda registrada

    como um pico (Figura 1) que, idealmente deve ter formatogaussiano.

    0

    50

    100

    150

    200

    250

    300

    0 2 4 6 8

    O parmetroquantitativofundamental emcromatografia a rea da bandacromatrogrfica.

    Figura 1. Esquema de um cromatgrafo gasoso e de um cromatogramaobtido por cromatografia gasosa.

    1

    mailto:[email protected]:[email protected]
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    Em cromatografia gasosa de alta resoluo, onde so

    usadas colunas capilares, no incomum que os picos tenham perfil

    gaussiano, como demonstrado no detalhe da Figura 2, que o pico

    destacado em azul da Figura 1.

    0

    50

    100

    150

    3,9 3,95 4

    Na prtica dacromatografia soobservados picos

    gaussianos.

    Figura 2. Detalhe do pico destacado em azul na Figura 1, mostrandoque ele tende ao perfil gaussiano.

    Similarmente ao que ocorre na cromatografia em coluna, asmanchas observadas em cromatografia em camada delgada (CCD)

    tambm tendem distribuio gaussiana. Isto mostrado na Figura

    3, em que as quantidades de analito numa mancha foram obtidas

    para seces verticais:

    0

    500

    1000

    1500

    2000

    1 4 710

    13

    16

    19

    22

    As bandascromatogrficastendem ao perfil

    gaussiano.

    Figura 3. Distribuio das quantidades (figura inferior) de analito numamancha (figura superior) de CCD.

    2

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    Portanto, nos casos mostrados nas figuras anteriores, nas

    correspondentes bandas cromatogrficas as quantidades dos

    analitos tendem ao perfil gaussiano, isto , aumentam das bordas

    para o centro da mancha e, simetricamente, diminuem do centro

    para a outra borda.

    Quando a banda cromatogrfica registrada na forma de

    pico, a sua rea pode ser calculada, como mostrado abaixo, como a

    rea do tringulo issceles que engloba o pico cromatogrfico

    (Figura 4).

    Wb

    h

    Clculo da rea de umpico cromatogrfico

    por triangulao:

    A = h Wb

    Figura 4.A = hWb. Clculo da rea de um pico cromatogrficopor triangulao.

    Na cromatografia em camada delgada a rea da mancha

    estabelecida pordensitometria, cujo princpio est representado na

    Figura 5.

    A densitometriafaz a contagem do

    nmero de pontos deuma imagem.

    Figura 5. O princpio da densitometria: o nmero de pontos que define amancha (como vista por um densitmetro ou computador) proporcional rea da mancha.

    3

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    O procedimento e princpio de obter reas em CCD a partir

    de imagens digitalizadas e arquivadas em computador est

    representado na Figura 6: as placas no caso com manchas visveis

    de corantes so digitalizadas e com o arquivo gerado realiza-se a

    contagem dos pontos (pixeis o termo usado na rea de

    computao) que compem cada mancha. A contagem pode ser

    feita manualmente com muita pacincia ou por meio de um

    programa que conte os pixeis. O nmero de pontos proporcional

    rea da correspondente mancha e, conseqentemente, proporcional

    quantidade de analito nela existente. Esta metodologia representa

    o princpio de estabelecimento de reas cromatogrficas.

    1074 pontos

    664 pontos

    641 pontos

    554 pontos

    O nmero de pontosque compem umamancha escaneada

    proporcional sua rea.

    Escanear.

    Figura 6. Princpio do estabelecimento de rea de uma mancha deCCD por meio de escaneamento da placa cromatogrfica.

    Apesar do mtodo de determinar reas ser diferente para

    CG e CLAE, o princpio o mesmo do usado em CCD.

    O uso das reas cromatogrficas a curva analtica

    medindo-se as reas cromatogrficas que se estabelecem

    as quantidades de analitos em amostras analisadas e a melhor

    forma de realizar quantificaes a baseada numa Curva Analtica1.

    A Curva Analtica (Figura 7) a relao entre sinais no caso as

    reas e quantidades do analito a ser quantificado.

    4

    1 Curva Analtica o nome sugerido pela IUPAC para substituir o termo Curva de Calibrao.

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    rea

    Toda anliseefetivamente

    quantitativa exige ouso da curva analtica.

    Quantidade

    A = a + b Q

    Figura 7. Esboo de uma Curva Analtica linear (representada pelaequao de uma reta).

    Obtendo uma Curva Analtica

    O primeiro passo para obter a curva analtica preparar um

    conjunto de solues com um padro do analito que se deseja

    quantificar em amostras. Portanto, necessrio conhecer a

    identidade do analito e dispor dele na forma de padro (puro ou, se

    isso no for possvel, com pureza exatamente conhecida e

    determinada independentemente).

    Cinco a seis solues costumam ser suficientes para este

    trabalho. Estas solues so aplicadas lado a lado na placa

    cromatogrfica e realizada a corrida cromatogrfica. Como no

    incomum que numa anlise tenha-se que quantificar vrios analitos,

    as solues podem conter todos eles, do que resultar uma

    cromatoplaca como a mostrada nas Figuras 5 e 6. Ento as reas

    das manchas so obtidas (Figura 6) e tabeladas, como mostrado na

    Tabela 1.

    Tabela 1. Concentraespreparadas e reas obtidas para

    as correspondentes manchascromatogrficas o analito o

    corante Vermelho 40 (V40).

    C (g/L) rea

    2,8 1175,7 1358,4 162

    11,2 19414,1 207

    Dispondo de dados como o da Tabela 1 aplica-se a eles uma

    Regresso Linear para obter a equao da curva analtica, isto , a

    relao funcional entre Sinais e Quantidades. Para o caso dos dados

    da Tabela 1, a equao de reta que relaciona as reas com as

    concentraes do V402 :

    5

    2 O V40 um corante artificial usado em alimentos.

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    A = 91,7 + 8,5 C (Equao 1)

    Note-se que a curva analtica definida como a relao

    entre sinais e quantidades; no entanto, na Equao 1 as

    quantidades so representadas pelas concentraes das solues.

    Isto implica que os volumes de amostra aplicados na placa

    cromatogrfica foram iguais, pois, C = Q / V (C= concentrao; Q =

    quantidade; V =volume).

    Usando a curva analtica

    Dispondo da equao da curva analtica pode-se calcular as

    quantidades do analito em amostras. As amostras so aplicadas em

    outra placa (mesmo volume usado das solues-padro), a corrida

    realizada sob as mesmas condies usadas para o conjunto de

    padres e as reas do analito nas amostras so determinadas.Suponhamos que para uma amostra esta rea foi estabelecida como

    de 184 pixeis. Este valor substituido na equao (1) da curva

    analtica e obtm-se a quantidade do analito na amostra (no caso a

    sua concentrao):

    184 = 91,7 + 8,5 C;

    C = (184 91,7) / 8,5;

    C = 10,9 g L-1 Numa curva analticainterpolam-se

    resultados.

    As extrapolaes norefletem resultadosefetivamentequantitativos.

    0

    50

    100

    150

    200250

    0,0 5,0 10,0 15,0

    A = 91,7 + 8,5 C

    Concentrao (g/L)

    rea

    14,12,8

    Figura 8. Grfico da curva analtica obtida para os dados da Tabela 1.

    Nesta Figura 8 esto destacados os valores inferior (2,8 g L-1)

    e superior (14,1 g L-1) das concentraes usadas para obter a curva

    analtica. O valor acima calculado C = 10,9 g L-1 intermedirio entre

    estes extremos. Portanto, ele foi interpolado usando-se a Equao

    1. Como somente se conhece o comportamento da curva entre

    6

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    aqueles extremos, somente interpolaes so vlidas para fins

    efetivamente quantitativos. Extrapolaes no so aceitveis. Isto

    uma regra geral em Qumica Analtica.

    A confiabilidade dos dados (e da Curva Analtica)

    A curva analtica obtida com dados experimentais, que

    sempre esto sujeitos a erros e desvios. Por isto, os dados

    costumam oscilar e pode ser difcil ou impossvel obter uma equao

    que os represente com confiabilidade. Um dos motivos a inevitvel

    flutuao dos volumes aplicados na placa cromatogrfica. Um

    recurso para contornar esta dificuldade alm do cuidado com

    operaes experimentais tecnicamente corretas trabalhar com

    dados em replicatas.Tabela 2. reas medidas em

    triplicatas para as cincoconcentraes.

    Em CCD isto corresponde a, por exemplo, preparar trsplacas cromatogrficas e aplicar em cada uma delas as solues de

    concentraes variadas dos padres. A Tabela 2 mostra que, em

    cada placa aplicam-se amostras com cinco concentraes: 0,3; 0,6;

    0,9; 1,2 e 1,5 g L-1. Assim, por concentrao, dispe-se de triplicata

    das reas cromatogrficas.

    comum que aps obter as triplicatas calculem-se as

    mdias das reas correspondentes a cada concentrao, para se

    aplicar a regresso linear sobre estas mdias e concentraes. Sem

    um critrio adequado isto pode levar a erros.Tomemos como exemplo a menor concentrao e suas

    reas 462, 416 e 462, cuja mdia igual a 447. No entanto, uma

    simples inspeo visual da Tabela 2, torna evidente que a rea 416

    no deve ser usada no clculo da mdia; desprezando este valor

    obtem-se uma mdia mais representativa, que igual a 462. O valor

    416 claramente oriundo de algum erro, possivelmente devido ao

    volume aplicado de amostra e, se usado no clculo, descaracteriza o

    significado da mdia. Diz-se que ele um valoranmalo, o qual,

    conseqentemente, no deve ser considerado. Ocorre que naTabela 2 existem outros anmalos, e como um conjunto de 15

    dados fica difcil identificar todos eles por inspees visuais como a

    acima referida. No entanto existe um conjunto de critrios bastante

    seguro para identificar e desprezar anmalos, que baseado na

    Curva de Linearidade.

    22312305207923101,5

    18391827184818431,2

    14171340152513860,9

    9269249249290,6

    4474624164620,3

    Mdirea3rea2reaC(g/L)

    placa 3placa 2

    so cinco reas por placa

    placa 1

    A representatividadede mdias sempredeve ser verificada.

    7

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    A Curva de Linearidade

    A Curva de Linearidade origina-se de um princpio bastante

    simples: admite-se que os dados ajustam-se a uma equao de reta

    do tipo

    y = a + b x (Equao 2),

    a qual tem um coeficiente angular, b, constante. Experimentalmente

    o que isto significa? Significa que idealmente os quocientes entre as

    reas medidas e correspondentes concentraes seriam constantes,

    como mostrado na Figura 9 (A / Q).

    Com a curva delinearidade pode-se

    identificar dadosanmalos.

    QnQ2Q1 Q

    A/Q

    Q2Q1 Q

    A

    Figura 9. A Curva de Linearidade ( direita): razes A/Q (correspondentes)vs Q resultaria (idealmente) numa reta paralela com o eixo X.

    Portanto, usando os dados da Tabela 3 calculam-se os valores A/C,

    que so plotados em relao s correspondentes concentraes.

    Disto resulta o grfico da Figura 10.

    1,2(A/C) 1

    0,9

    Tabela 3. Valores deconcentrao e quocientes derea or Concentra o A/C .

    (A/C))) 3(A /C) 2C (g/L)

    1537

    1522

    1489

    1540

    1386

    1540

    1694

    1540

    1540

    1536

    1540

    1549

    13861540 1540

    1,5

    1,2

    0,9

    0,6

    0,3

    1386 1537

    1520

    1530

    1540

    1550

    0,0 1,0 2,0

    A/C

    Concentrao

    Figura 10. Curva de linearidade para os dados da Tabela 3. Os valores deA/C superiores a 1546 e inferiores a 1534 indicados com camposombreado na Tabela 3 foram rejeitados.

    Nas consideraes da Tabela 3 e da Figura 10 no

    indicamos porque os pontos superiores a 1546 e inferiores a 1534

    foram rejeitados. Isto pormenorizado a seguir.

    8

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    A rejeio sistemtica de anmalos

    Para rejeitar anmalos com base na curva de linearidade,

    usando o procedimento chamado Teste de Huber, necessrio: (1)

    estabelecer um valor central (linha preta na Figura 10) e, acima e

    abaixo dela, intervalos de confiana (linhas vermelhas) que definem

    quais os dados aceitveis isto , os que pertencem ao intervalo de

    confiana. necessrio um critrio para estabelecer o valor central

    de forma que ele no dependa dos dados anmalos. Isto feito

    obtendo-se a mediana dos dados.

    Para estabelecer o valor central a mediana (md) prefervel

    mdia, porque o valor da mediana no afetado pelos anmalos.

    Para obter a md ordenam-se os dados (rea/concentrao) e, no

    presente exemplo, como so 15 dados, a md o oitavo deles, isto

    1540. Portanto, o valor central deste conjunto de A/C md = 1540,como realado na Tabela 4. O prximo passo estabelecer os

    intervalos de confiana. Antes, porm, uma observao: a mdia

    deste conjunto 1525 (marcado em vermelho na Tabela 4), um valor

    bastante menor do que o da md, e claramente inadequado para

    representar o conjunto.

    Tabela 4. Valores ordenados emquocientes de rea por

    Concentrao (A/C).

    1525

    Estabelecendo os intervalos de confiana

    O primeiro passo calcular as diferenas absolutas entre

    cada valor de A/C e a md. Por exemplo, para o primeiro valor deA/C:

    | A/C1 md| = |1522 1540| = 18 (Equao 3).

    O intervalo deconfiana

    representa a faixade variao que

    voc deve esperarpara o seu

    experimento.

    A seguir obtido o chamado desvio absoluto da mediana (mad) dos

    quinze valores |A/Ci md| e o intervalo de confiana (IC) calculado

    como:

    IC = k mad (Equao 4)

    onde k um fator que pode variar de 2 a 8. Para os dados em

    considerao mad = 3,1; usando-se k = 2 os valores do intervalo

    superior e do inferior, que so os limites para desprezar resultados

    anmalos, so obtidos por:

    9

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    ICs,i = md k mad = 1540 2 3,1 (Equao 5)

    Tabela 5. Reproduo da Tabela 3indicando os dados rejeitados.ou seja,

    1537138615401,5

    1522154015361,2

    1489169415400,9

    1540154015490,6

    1540138615400,3(A/C)2(A/C)1 (A/C)3

    C (g/L)IC s = 1546; IC i = 1534;

    de forma que os dados rejeitados so destacados pelos sombreados

    mostrados na Tabela 5.

    Naturalmente esta definio de intervalos de confiana - e do

    critrio para rejeies de anmalos - deve ser comentada. Em

    primeiro lugar, o critrio parece ser excessivamente subjetivo pois,

    afinal, quem decide o valor de k e, portanto, da rigidez com que os

    dados so desprezados o analista. Mas, de fato, com bom senso o

    critrio deixa de ser absolutamente subjetivo. Este bom senso

    implica, entre outras coisas, em adicionar mais um parmetro naavaliao do resultado final (que a equao da curva analtica).

    Este outro parmetro chama-se resduo, rs.

    Observe que, noteste de Huber,o estabelecimento

    do valor docoeficiente k no

    totalmentearbitrrio.

    Quais so os dados rejeitados?

    Antes de discutir os resduos necessrio estabelecer quais

    os dados a serem rejeitados. Na Tabela 4 esto os dados A/C

    rejeitados, mas no com estes que se constri a curva analtica.

    No entanto, aos valores indicados na Tabela 5 correspondem a

    reas que esto na Tabela 2, que so, respectivamente,(considerando colunas-linhas): 416, 929, 1525, 2079, 1340 e 1827.

    Portanto, estas so as reas a serem rejeitadas.

    O uso dos resduos

    Aps eliminar os dados anmalos supe-se que os

    remanescentes representem adequadamente a relao existente

    entre rea e Concentrao com reas e concentraes que se

    constri a curva analtica. Portanto, a regresso linear aplicada s

    reas no rejeitadas da Tabela 5, obtendo-se a seguinte equao

    para apossvelcurva analtica:

    Os resduosrepresentam o

    grau de confiabilidadede interpolao dedados com a sua

    curva analtica.

    A = 2,10 + 1537,7 C; r = 1,000 (Equao 6)

    10

  • 7/31/2019 Analise Quantitativa Cromatografia Gasosa

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    Nesta equao (6) pode-se substituir os valores das

    concentraes (0,3 g L-1 a 1,5 g L-1) para obter valores interpolados

    de reas (Aint). Ento so calculadas as diferenas relativas (%)

    entre estes Aint e as mdias das correspondentes reas

    experimentais (exp

    ). Por exemplo, para a concentrao de 0,3 g L-1

    a exp = 462 e a Aint = 463, de forma que:

    rs = 100 (Aint - exp)/100 = + 0,3% (Equao 7).

    Os valores rs (calculados para todas as concentraes) so

    os resduos, isto , as medidas de quanto as reas interpoladas se

    afastam das experimentais. Para o exemplo considerado os resduos

    esto relacionados na Tabela 6.

    Tabela 6. Valores de reasinterpoladas e resduos.

    0,02308,6

    - 0,11847,3

    0,01386,0

    - 0,1924,7

    + 0,3463,4

    rs ( %)A int

    Agora dispe-se de mais informaes para decidir se aescolha de k = 2 foi adequada para o critrio de rejeio.

    Os resduos mostrados na Tabela 6 sugerem que o erro

    mximo a ser cometido em interpolaes com a equao obtida para

    a curva analtica estariam em torno de 0,3 %. Para cromatografia em

    camada delgada pode-se considerar este como um resultado muito

    bom. Por outro lado, considerando os sinais dos resduos existe

    suficiente compensao entre resduos positivos e negativos.

    Ademais, o coeficiente de correlao obtido r = 1,000 indicativo de

    tima preciso da curva obtida. Portanto, pelo conjunto deargumentos acima pode-se concluir que a seleo de k = 2 foi um

    critrio adequado para a rejeio de resultados. O contrrio ocorreria

    se, por exemplo, dos 15 dados fossem rejeitados 7 ou 8; neste caso

    seria necessrio repetir o procedimento com k = 3 e reanalisar os

    resultados. Outra possibilidade seria dos resduos serem

    excessivamente elevados e apresentarem uma distribuio

    claramente no-aleatria entre valores positivos e negativos (caso

    onde o modelo linear de calibrao no aplicvel). Estes casos

    poderiam sugerir erros experimentais e, inevitavelmente, a repetiode todo o procedimento cromatogrfico.

    11

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    12/18

    Um resumo do procedimento

    Dispondo das reas cromatogrficas o que se faz (as

    etapas de 1 a 6 constituem o chamado Teste de Huber, baseado em

    medianas para rejeio de anmalos):

    1. Dividir as reas pelas correspondentes concentraes, para

    plotar um esboo de curva de linearidade: A/C vs C.

    2. Calcular a md das razes A/C.

    3. Calcular as diferenas absolutas entre as A/C e md.

    4. Obter a mediana mad dessas diferenas absolutas.

    5. Calcular os IC = k mad e estabelecer os limites superior e

    inferior ICS,I = md k md.

    6. Rejeitar as A/C de valor acima ou abaixo dos ICS,I e,

    conseqentemente, as correspondentes reas.

    7. Aplicar a regresso linear s mdias das reas no rejeitadas e

    concentraes para obter uma equao para a curva analtica.

    8. Substituir os valores das concentraes nesta equao para

    obter reas interpoladas e calcular os resduos.

    Uma generalizao da curva de linearidade e um critrio maisgenrico para a aplicao do teste de Huber

    As discusses anteriores foram baseadas no fato de que se

    a curva analtica obedece a uma equao do primeiro grau,

    A = a + b C ou, como mostrado na equao 2, y = a + b x, ela

    tem um coeficiente angular, ou a sua primeira derivada, constante.

    Isto tambm aplica-se quando o coeficiente angular, b, diferente de

    zero, pois: ento,

    C

    aAb

    = (Equao 8).

    A equao 8 permite generalizar o critrio de quais dados

    aplicar o teste de Huber. Consideremos um segundo exemplo de

    obteno de curva analtica.

    12

  • 7/31/2019 Analise Quantitativa Cromatografia Gasosa

    13/18

    Obtendo a Curva Analtica quando o coeficiente linear muitodiferente de zero

    Tabela 7. reas em triplicata obtidaspara as concentraes da coluna 1.Na Tabela 7 est outro conjunto de dados obtidos por

    cromatografia em camada delgada. Ao calcular as razes A/C com

    estes dados e plota-las na forma de uma curva de linearidadeobtem-se o grfico da Figura 11.

    2714244827201,5

    2232225822521,2

    1737197617960,9

    1334133413410,6

    8727858720,3

    rearea 2rea 1C

    0

    2000

    4000

    0,0 0,5 1,0 1,5 2,0

    Linearidade ?

    C

    A / C

    A curva de linearidadetem um aspecto de

    curva de segundo grauquando o coeficiente

    linear da curva analtica

    muito diferente de zero.

    Figura 11. Grfico obtido com os dados de rea e concentrao da Tabela7.

    visvel na Figura 11 que inexiste uma curva de

    linearidade. Isto ocorre porque a correspondente curva analtica tem

    (como se ver a seguir) um coeficiente linear bastante diferente de

    zero.

    Em outros termos, todas as reas obtidas experimentalmente tm

    embutido o valor correspondente ao coeficiente linear. Isto cadarea experimental tem um componente Ai proporcional

    correspondente concentrao, mais um valor constante a, de forma

    que os quocientes A/C so sucessivamente menores,

    n

    n

    2

    ii

    1

    i

    C

    aA

    C

    aA

    C

    aA

    o que faz com que o grfico de A/C vs C tenha o aspecto no linear

    e decrescente mostrado na Figura 11.

    A generalizao vista na equao 8:

    C

    aAb ,

    auxilia no contorno a esta dificuldade.

    13

  • 7/31/2019 Analise Quantitativa Cromatografia Gasosa

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    Se as quinze reas Ai, as concentraes Ci e o coeficiente

    linear a so substitudos nesta equao obtm-se quinze valores

    para o coeficiente lineara.

    No entanto, qual o valor de a para tais clculos, j que ele est

    embutido nas reas experimentais?

    O fato que este valor pode ser estimado aplicando-se uma

    regresso linear sobre os dados da Tabela 6. Esta regresso

    exploratria resulta na equao:

    A = 434,0 + 1493,4 C; r = 0,9981 (Equao 9)

    de forma que o provisrio a = 434,0 pode ser substitudo na

    Equao 9 para obterem-se valores bi correspondentes s

    concentraes Ci.

    Tabela 8. Valores do coeficientes

    angulares (b) obtidos pelassubstituies de A e C (Tabela 7)

    na Equao 9.Quando isto feito obtm-se os valores bi 1-3 listados na

    Tabela 8. Os valores bi da Tabela 8 (que idealmente seriam

    constantes), so submetidos ao teste de Huber (com k = 2)

    resultando na rejeio de bi = 1169, 1713, 1343 e 1447 e

    correspondentes valores de reas (785, 1976, 2448 e 1737) na

    Tabela 7. Ento, s mdias das reas remanescentes e

    correspondentes concentraes aplica-se a regresso linear,

    obtendo-se a equao da curva analtica:1520134315241,5

    1498152015151,2

    1447171315130,9

    1500150015120,6

    1460116914600,3

    bi 3bi 2bi 1C(g/L)

    O critrio geral baseado no fato deque uma reta tem

    coeficiente angular

    constante.

    A = 416,5 + 1533,8 C; r = 1,0000 (Equao 10).

    Os resduos % calculados a partir desta Equao 9 so

    (respectivamente da menor para a maior concentrao): + 0,5; 0,0; -

    0,1; - 0,4 e 0,0, indicando que o critrio de aplicar o teste de Huber

    aos valores bi (obtidos com a Equao 9 a partir de um valor

    estimado de b conforme a Equao 10) adequado para obter uma

    curva analtica com coeficiente linear diferente de zero. Este critrio

    geral, de forma que tambm se aplica quando este coeficientelinear pode ser considerado como estatisticamente nulo.

    14

  • 7/31/2019 Analise Quantitativa Cromatografia Gasosa

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    O uso do mtodo da padronizao interna

    Os dois exemplos anteriores de obteno de curva analtica

    foram baseados no Mtodo da Padronizao Externa (MPE), isto

    , preparam-se vrias solues com concentraes diferentes do

    analito e aplica-se na placa volumes iguais destas solues (Figura

    12).

    C = Q / V , de onde,

    Q = V CV tem de ser constante

    Figura 12. Representao esquemtica do princpio do Mtodo daPadronizao Externa (MPE).

    O Mtodo da Padronizao Externa tem, dentre outras, uma

    condio rgida: os volumes aplicados devem ser iguais, o que

    dificilmente se consegue na prtica, de forma que as reas

    cromatogrficas podem oscilar substancialmente, levando a

    resultados como os apresentados na Tabela 9 e Figura 13.

    Tabela 9. Conjunto de dados dereas e Concentraes. Os dados

    com sombreado foram rejeitadosaps o teste de Huber. A

    correspondente curva analtica mostrada na Figura 13.

    0

    400

    800

    0 0,5 1 1,5 2

    A = 0,22 + 461,1 C ; r = 0,9999

    6926246931,5

    5485545531,2

    3104574160,9

    2583792770,6

    1351801380,3

    A3A2A1C(g/L)

    Figura 13. Grfico e equao da curva analtica obtida para os dados daTabela 9.

    A curva analtica acima s tem aparncia de boa qualidade,

    pois ela foi obtida depois que oito dos quinze dados originais foram

    rejeitados pelo teste de Huber. Isto certamente demasiado, pois

    foram rejeitadas mais de 50 % da informao. Este problema, que

    ocorreu por excessiva flutuao dos volumes de amostra aplicados,

    15

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    pode ser contornado com o Mtodo da Padronizao Interna

    (MPI).

    O mtodo da padronizao interna

    O MPI consiste em adicionar s solues usadas para obter

    a curva analtica um composto, de forma que sua concentrao seja

    a mesma em todas as solues (Figura 14). Este composto

    denominado de padro interno (PI).

    Figura 14. MPI: cinco solues do analito com concentraes variadas, squais adicionado o PI em concentrao nica.

    Depois de preparadas as solues do analito mais o PI elas

    so aplicadas na placa, efetua-se a corrida cromatogrfica e medem-

    se as reas. As reas do analito (variveis) so divididas pela rea

    do PI (que deveria ser constante), obtendo-se as razes de rea, Rz(A). As concentraes do analito so divididas pela concentrao

    (valor nico) do PI, obtendo-se as razes de concentrao Rz (C).

    Para o exemplo em questo estes dados esto na Tabela 10.

    Agora a curva analtica do tipo Rz (A) vs Rz (C),

    supostamente uma reta. Portanto, o teste de Huber aplicado sobre

    os quocientes Rz (A) / Rz (C) que correspondem inclinao da

    curva Rz (A) vs Rz (C). Com isto so rejeitados os dados destacados

    em sombreado na Tabela 11.

    Aos dados no rejeitados aplica-se a regresso linearobtendo-se a seguinte equao de reta:

    1,651,461,6015

    1,261,301,3112

    0,961,090,979

    0,590,860,646

    0,320,400,333

    Rz(A3)Rz(A2)Rz(A1)Rz (C)

    0,1100,0970,10615

    0,1050,1090,10912

    0,1070,1210,1089

    0,0980,1440,1066

    0,1070,1330,1103

    Rz (A3)/ Rz(C)

    Rz (A2)/ Rz(C)

    Rz (A1)/ Rz(C)

    Rz(C)

    Tabela 11. Rz (C) e Rz (A)(triplicata) s quais aplicado o

    teste de Huber. Os dadosdestacados foram rejeitados.

    Tabela 10. Triplicatas dasRazes de Concentrao

    e Razes de rea.

    O mtodo dapadronizao

    interna atenua osproblemas oriundos

    da incerteza dovolume de amostra

    aplicado.

    C = 0,1

    C = 1,2 1,50,90,60,3

    Rz (A) = - 0,006 + 0,1083 Rz (C) (Equao 11)

    r = 0,9999

    16

  • 7/31/2019 Analise Quantitativa Cromatografia Gasosa

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    Esta equao permite interpolar razes de reas (a partir

    das correspondentes razes de concentrao com os seguintes

    resduos: -1,9; +0,6; +0,4; +0,3; -0,4.

    Estes resultados so melhores do que os obtidos sem o

    recurso do MPI, isto para os dados de reas e concentraes da

    Tabela 6, quando oito de quinze dados foram rejeitados. Resta

    Compreender o porque da melhora, o que simples: como o PI est

    junto com o analito em todas as solues cromatografadas, a

    oscilao de volume de uma aplicao para outra afeta, na mesma

    proporo, as reas de ambos. Portanto, quando elas so divididas

    o efeito da variao do volume aplicado atenuado.

    Finalmente, para quantificar o analito na amostra, adiciona-

    se a ela o PI na mesma concentrao usada anteriormente e, com a

    razo de reas obtidas para a amostra interpola-se a correspondenterazo de concentraes e calcula-se a concentrao desconhecida

    do analito.

    Concluses

    A anlise quantitativa implica na obteno de uma curva

    analtica para o analito a ser quantificado. Dificilmente pode-se usar

    outro composto para obter a curva, porque a sensibilidade de

    resposta do detector (a inclinao da curva analtica) pode, alis

    costuma, ser tpica do composto. Com a equao da curvainterpolam-se valores de quantidade (que pode ser concentrao

    quando o volume aplicado constante) do analito em amostras

    desconhecidas.

    Extrapolaes no so vlidas, porque o comportamento

    linear (s avaliamos curvas descritas por equaes do primeiro grau,

    que so as mais comuns) s foi estabelecido na faixa estudada.

    Para determinar a regio de linearidade usa-se o princpio da curva

    de linearidade, apoiado num mtodo de identificao e rejeio de

    dados anmalos os que desviam-se da linearidade por razesexperimentais. Caso a curva analtica tenha coeficiente linear igual

    ou muito prximo de zero, a rejeio com o teste de Huber pode ser

    realizada com sucesso diretamente sobre os quocientes de rea por

    Concentrao (A/C - de fato, generalizando, Sinal/Quantidade).

    Existindo coeficiente linear diferente de zero mais conveniente

    17

  • 7/31/2019 Analise Quantitativa Cromatografia Gasosa

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    aplicar o teste sobre valores do coeficiente angular. Para tal

    submete-se os pares rea, Concentrao a uma regresso linear

    para obter uma equao tentativa, com a qual interpolam-se os

    coeficientes angulares a serem inspecionados para rejeio como

    este um mtodo geral, o mais conveniente seria tambm

    aplic-lo para os casos de coeficiente linear igual ou muito

    prximo de zero. A inspeo final da qualidade e confiabilidade da

    curva analtica obtida envolve o clculo dos resduos, avaliando-se

    seus valores e sinais (pois, por exemplo, excesso de resduos

    negativos ou positivos sugere algum erro experimental e,

    consequentemente, repetio do experimento); claro que o total de

    dados rejeitados tambm um fator importante. Uma faixa de

    resduos compatvel com os recursos qumico analticos disponveis

    e um coeficiente de correlao prximo da unidade sugerem que oprocedimento para obteno da curva analtica foi adequado.

    No processo acima descrito o teste de rejeio de anmalos

    fundamental. Propomos o uso do teste de Huber, porque ele

    baseado na rejeio em relao a medianas um mtodo robusto,

    pois independente dos anmalos. O teste de Huber implica na

    definio do valor do fatork pelo analista, o que no deixa de ser

    subjetivo. Contudo, a subjetividade baseada em conhecimentos da

    metodologia analtica e pode ser avaliada para vrios valores de k,

    buscando-se coerncia entre incertezas conseguidas com a curvaanaltica e as esperadas para metodologia analtica. Alm deste

    procedimento eliminar uma subjetividade absoluta, ele tem como

    grande vantagem a interao do analista com seus dados, o que

    certamente aumenta a sua viso da metodologia analtica que tem

    em mos. Finalmente, curvas analticas tem de ser obtidas com

    muitos dados, o que torna impraticvel rejeies por inspees

    visuais, assim como torna muito tedioso aplicar o teste de Huber

    com clculos manuais, o que sugere o uso de recursos como uma

    planilha eletrnica que, quando adequadamente estruturada,recalcula todos os dados quando se altera o valor de k.

    18