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PROGRAMA SÉRIE GESTÃO AMBIENTAL MUNICIPAL PARA A ÁREA RURAL VOLUME I Organizando a área de controle ambiental do município

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PROGRAMA

SÉRIE GESTÃO AMBIENTAL MUNICIPAL PARA A ÁREA RURAL

VOLUME I

Organizando a áreade controle ambiental

do municípiodo município

Programa Municípios Verdes

O Programa Municípios Verdes (PMV) é um programa do Governo do Pará desenvolvido em parceria com municípios, sociedade civil, iniciativa privada, Ibama e Ministério Público Federal, com o objetivo de combater o desmatamento e fortalecer a produção rural sustentável por meio de ações estratégicas de ordenamento ambiental e fundiário e gestão ambiental, com foco em pactos locais, monitoramento do des-matamento, implantação do Cadastro Ambiental Rural (CAR) e estruturação da gestão municipal.

O Programa Municípios Verdes foi lançado em março de 2011, por meio do Decreto Estadual nº 54/2011, sob a coordenação da Casa Civil, especificamente na figura do Secretário Extraordinário de Estado para a Coordenação do Programa Municípios Verdes (SEPMV).

O PMV conta com um Comitê Gestor responsável pelas decisões estratégicas e plano de ação do programa, composto por 21 integrantes, sendo dez representantes do governo e onze representantes da sociedade civil, além do Ministério Público Federal, Ibama e Ministério Púbico do Estado do Pará. As ações são feitas por um conjunto de instituições governamentais e não governamentais que compõem o Conselho Executivo do PMV.

Em dezembro de 2013, foi criado o Núcleo Executor do Programa Municípios Verdes (NEPMV), respon-sável pela execução das atividades do PMV, criado pela Lei Estadual 7.756 de 3/12/2013.

Equipe SEPMV

Alessandra Zagallo (Assessora de Gabinete), Ana Lucia Vilhena Muniz (Assessora de Ordenamento Am-biental e Territorial), Bruno Marianno de Oliveira (Consultor Imazon/ apoio ao PMV), Camilla Miranda (Coordenadora de Articulação Institucional), Denys Pereira (Coordenador de Produção Sustentável), Felipe de Azevedo Nunes Lopes (Assessor Jurídico), Gustavo Furini (Coordenador de Ordenamento Ambiental e Territorial), Julianne Moutinho Marta (Coordenadora de Gestão Ambiental), Justiniano de Queiroz Netto (Secretário Extraordinário), Karlla Julianna Marruás Almeida (Chefe de Gabinete), Maíra Maués (Assessora Jurídica/Orçamento), Marussia Whately (Consultora Imazon/apoio ao PMV), Raimundo Amaral Junior (Assessor de Atendimento dos Municípios), Raphael Pacheco Silva Neto (Assessor de Comunicação), Wen-dell Andrade (Sema/PA).

Equipe NEPMV

Dyjane Amaral (Diretora), Lucas Carvalho (Assessor Jurídico).

Projeto PMV/IMAZON/CLUA

O projeto iniciado em 2012 e desenvolvido pelo PMV e IMAZON com apoio da CLUA – Climate and Land Use Alliance, tem como objetivos apoiar o PMV em escala estadual e desenvolver ação piloto de fortalecimento da gestão ambiental municipal em 11 municípios paraenses: Altamira, Brasil Novo, Dom Eliseu, Marabá, Novo Progresso, Novo Repartimento, Paragominas, Santana do Araguaia, Santarém, São Felix do Xingu e Tailândia.

PROGRAMA

VOLUME I

Organizando a área de controle ambiental

do município

SÉRIE GESTÃO AMBIENTAL MUNICIPAL PARA A ÁREA RURAL

Organização

Marussia Whately

Maura Campanili

PROGRAMA

Núcleo de Gerenciamento do Pará Rural

© Série Gestão Ambiental Municipal para a Área Rural

© Volume I. Organizando a área de controle ambiental do município

OrganizaçãoMarussia Whately e Maura Campanili

Autores de textoEstela Maria Neves, Marussia Whately, Julianne Moutinho Marta e Camilla Miranda

ColaboradoresAdalberto Veríssimo (Imazon), Ana Lucia Muniz, Bruno Marianno, Daniel Santos (Imazon), Erich Guimarães Nenartavis, Estela Neves de Souza Albuquerque, Raphael Pacheco Silva Neto, Justiniano de Queiroz Netto e Maíra Maués, Coger/Diplam.

Edição e revisão de textosMaura Campanili

MapasPMV – Ordenamento Ambiental e Territorial

Design editorialAna Cristina Silveira/AnaCê Design

IlustraçõesRicardo Howards

Apoio

Climate and Land Use Alliance (Clua)Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon)Programa Pará RuralSecretaria de Estado do Meio Ambiente do Pará (Sema/PA)Skoll Foundation

Programa Municípios Verdes.

P221o Organizando a área de controle ambiental do município / orga-nizado por Marussia Whately, Maura Campanili; ilustrações de Ricar-do Howards. -- Belém : Núcleo de Gerenciamento Pará Rural, Progra-ma Municípios Verdes, 2014.

117 p. : il., mapas; 21 x 29,7 cm. (Série Gestão Ambiental Municipal para a Área Rural, 1) ISBN 978-85-64183-03-2 1. Gestão ambiental municipal – Pará 2. Gestão ambiental muni-cipal rural I. Whately, Marussia (Org.) II. Campanili, Maura (Org.) III. Título

As opiniões expressas nesta publicação são de responsabilidade de seus respectivos autores e não expressam necessariamente a opinião dos seus apoiadores.

Ficha catalográfica: Andrea Godoy Herrera CRB 8/6589

AgradecimentosAos secretários, secretárias, técnicos e técnicas das secretarias municipais de Meio

Ambiente que participaram das oficinas de capacitação para fortalecimento da gestão ambiental realizadas pelo PMV durante o ano de 2013, no âmbito do projeto

PMV/IMAZON/CLUA nos municípios de Altamira, Brasil Novo, Dom Eliseu, Marabá, Novo Progresso, Novo Repartimento, Paragominas, Santana do Araguaia, Santarém,

São Félix do Xingu e Tailânda. À SEMA/PA e à Diplam, pelo apoio na elaboração do conteúdo sobre habilitação dos municípios para licenciamento de impacto local. Ao

Imazon, ao Programa Pará Rural, à Clua e à Skoll Foundation pelo apoio para a realização da publicação.

Sumário

Modelo de defesa ambiental brasileiro 21

Interesse local e competência municipal na área ambiental 26

A importância da ação local 30

Questões chaves da agenda ambiental municipal 30

Resumo: competências municipais 31

Categorias de recursos e capacidades 65

Atividades associadas ao licenciamento ambiental 54

Distribuição de responsabilidades 55

Gestão e licenciamento ambiental nos municípios paraenses 56

Como funciona a habilitação municipal no Pará 60

Delegação de competência 60

Instrumentos da política ambiental 35

Proposta de agenda ambiental municipal 41

Linha do Tempo 8

Siglário 12

Apresentação 15

Introdução 17

CAPÍTULO 1. Gestão ambiental no Brasil e o papel do município 19

CAPÍTULO 4. Recursos e capacidades para o exercício do controle ambiental municipal 63

CAPÍTULO 2. Atuação municipal na área ambiental: temas, instrumentos e estratégias 33

CAPÍTULO 3. Licenciamento ambiental na perspectiva do município 51

Novo Código Florestal 93

Cadastro Ambiental Rural 94

Licença de Atividade Rural (LAR) 96

Programa de Regularização Ambiental 97

Instrumentos econômicos 97

Programa Municípios Verdes: aliado da gestão municipal no Pará 98

Legislação de referência 105

Fontes e Referências 111

Participantes das ofi cinas de fortalecimentoda gestão ambiental realizadas pelo PMV durante 2013 113

Fluxograma Simplifi cado de Licenciamento Ambiental 116

Deveres do município no licenciamento ambiental 75

Sobre os prazos das licenças 79

Documentação administrativa e técnica 84

Cadastro dos processos 85

Infrações e sanções administrativas 86

Como aplicar sanções 87

CAPÍTULO 5. Organizando a área de controle ambiental: procedimentos, fl uxos e rotinas 73

CAPÍTULO 6. Gestão ambiental da área rural 91

ANEXOS 103

8

APROVADA A POLÍTICA NACIONAL DE MEIO AMBIENTE (LEI FEDERAL 6.938/1981):

Atribuiu aos estados a competência de licenciar as atividades localizadas em seus limites regionais;

Instrumentos para gestão ambiental: criação de áreas protegidas, estudos de impacto ambiental, sistema de licenciamento ambiental, entre outros;

Criação do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), do Sistema Nacional de Meio Ambiente (Sisnama), do Fundo Nacional de Meio Ambiente (FNMA).

LICENCIAMENTO AMBIENTAL instituído para áreas crítica de poluição pela Lei 6.803/1980.

EM 1985, a área de atuação do Ministério Público Federal (MPF) foi ampliada com a Lei 7.347, de Ação Civil Pública, que atribuiu a função de defesa dos interesses difusos e coletivos.

CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988:

Capítulo próprio e autônomo sobre tutela ao meio ambiente (Capítulo VI, art. 225);

Destaca os papéis do Legislativo, Executivo e Judiciário na proteção do meio ambiente;

De� ne atribuições municipais para defesa do meio ambiente (art. 23, 24 e 30).

CRIAÇÃO do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama - Lei 7.735/1989).

EM 1987, foi criado um órgão estadual responsável pelo tema ambiental, a Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente (Sectam).

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DEFESA AMBIENTALNO BRASIL

COMBATE AODESMATAMENTO

DEFESA AMBIENTALNO PARÁ

GESTÃO AMBIENTALDESCENTRALIZADA

NO PARÁ

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DEFINIÇÃO DE DIRETRIZES E ATIVIDADES que devem fazer EIA-Rima são listadas em Resoluções Conama.

LEI 5.727/93 reorganiza a Sectam e institui o Conselho Estadual de Meio Ambiente.

LEI ESTADUAL 5.887/1995:

Política Estadual de Meio Ambiente do Pará; Fundo Estadual; Sisema.

LEI DE CRIMES AMBIENTAIS:De� ne sanções penais e administrativas lesivas ao meio ambiente e infrações e penalidades relativas ao licenciamento ambiental (Lei 9.605/1998).

RESOLUÇÃO CONAMA 237/1997:

Estados podem delegar competência ao município em casos de atividades com impactos ambientais locais;

Determina que o licenciamento deve ser solicitado em uma única esfera de ação;

Conselhos de meio ambiente deliberativos e representativos;

Dispõe sobre procedimento e critérios para o licenciamento ambiental;

Trouxe relação de empreendimentos ou atividades sujeitas ao licenciamento ambiental (Anexo 1);

De� ne as fases e prazos do procedimento de licenciamento (licenças ambientais prévia, de instalação e de operação).

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Linha do Tempo

PRIMEIRA FASE DO PPCDAM (2004/2007):Criação de UC (480 mil Km2); lançamento do Deter e do SAD; redução do desmatamento de 19,6 mil Km2 (média 1996-2005) para 12,6 mil Km2 (agosto 2005-julho 2008).

SETE MUNICÍPIOS PARAENSES na lista crítica de desmatamento do Ministério do Meio Ambiente em 2008. Milhares de imóveis rurais foram embargados.

A DESCENTRALIZAÇÃO da gestão ambiental no Pará foi aprovada em 2002, no contexto do Programa Piloto para a Proteção das Florestas Tropicais (PPG7), promovido pelo governo federal.

APROVAÇÃO DO ESTATUTO DA CIDADE

2005: GOVERNO DO ESTADO promove a primeira estratégia de compartilhamento das atividades de licenciamento ambiental com os municípios. Mediante o atendimento de exigências de� nidas pelo estado, municípios foram autorizados a licenciar empreendimentos considerados de porte local, sendo celebrados acordos através de convênios, mais tarde substituídos por Termos de Gestão Compartilhada.

NOMEAÇÃO DO PRIMEIRO SECRETÁRIODE MEIO AMBIENTE

LEI 6.745/2005, institui o Macrozoneamento Ecológico-Econômico do Pará.LEI 7.243 - ZEE porção oeste do Pará (BR-163 e Transamazônica).

2007: CRIAÇÃO da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema). Lei Estadual 7.026/2007.

DECRETO 2.593/2006:institui o CAR.DECRETO 1.148/2008: regulamenta política estadual de meio ambiente e estabelece o regramento do CAR.DECRETO ESTADUAL 857/2004: dispõe sobre o licenciamento ambiental

POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS institui o princípio do protetor-recebedor, conferindo benefícios para aqueles que preservam o meio ambiente (Lei 12.305/2010).

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SEGUNDA FASE PPCDAM (2008/2012):Diminuição do desmatamento para 6,3 mil Km2 (média 2009-2012); restrição ao crédito (Resolução Bacen 3.545/2008); lista municípios; lista áreas embargadas; TAC da Pecuária; � scalização.

GOVERNO DO ESTADO DO PARÁ ASSINA COMPROMISSO COM MPF:Políticas públicas associadas à gestão ambiental, como o aparelhamento e a capacitação dos órgãos públicos ambientais e fundiários;Disponibiliza montante de até R$ 5 milhões anuais para a contratação de uma auditoria independente para a veri� cação do cumprimento dos TAC.

2010: PARAGOMINAS é o primeiro município a deixar a lista do MMA, adotando a agenda de pactos locais, monitoramento do desmatamento.

2013: SEIS MUNICÍPIOS saíram da lista no Pará. PMV aprova projeto junto ao Fundo Amazônia.

CRIAÇÃO DO PMV (Decreto Estadual 54/2011)

LEI 7.398/2010: ZEE Porção Leste e Calha Norte;LEI 7.389/2010: de� ne atividades de impacto local.

RESOLUÇÃO 107/2013: critérios para dispensa de licenciamento (DLA).

DECRETO 216/2011: licenciamento de atividades agrossilvipastoris.

DEFESA AMBIENTALNO BRASIL

COMBATE AODESMATAMENTO

DEFESA AMBIENTALNO PARÁ

GESTÃO AMBIENTALDESCENTRALIZADA

NO PARÁ

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SÉRIE GESTÃO AMBIENTAL MUNICIPAL PARA A ÁREA RURAL

AD área desmatada

AF autorização de funcionamento

AFAR autorização de funcionamento de atividade rural

APA área(s) de proteção ambiental

APP área(s) de preservação permanente

APPD área de app desmatada

APPTD área de preservação permanente total desmatada

APRT área da propriedade total

APRTD área da propriedade rural desmatada

ART anotação de responsabilidade técnica

AUAS área para uso alternativo do solo

BNDES banco nacional de desenvolvimento econômico e social

CAR cadastro ambiental rural

CCIR certificado de cadastro de imóvel rural

CNFP cadastro nacional de florestas públicas

CNPJ cadastro nacional de pessoas jurídicas

COEMA conselho estadual do meio ambiente

CONAMA conselho nacional do meio ambiente

CONJUR consultoria jurídica

CPF cadastro de pessoas físicas

CRA cota de reserva ambiental

CTDAM cadastro técnico de atividade de defesa ambiental

DAE documento de arrecadação estadual

DIA declaração de informações ambientais

DIPLAM diretoria de planejamento ambiental da sema/pa

DCC declaração de corte e colheita

DLA dispensa de licenciamento ambiental

EIA estudo de impacto ambiental

FEMA fundo estadual de meio ambiente

GECON gerência de convênios

GEE gases de efeito estufa

ICMS imposto sobre circulação de mercadorias e serviços

IBAMA instituto brasileira do meio ambiente e dos recursos naturais renováveis

ICMBIO instituto chico mendes de conservação da biodiversidade

IMAZON instituto do homem e meio ambiente da amazônia

IN instrução normativa

INCRA instituto nacional de colonização e reforma agrária

INPE instituto nacional de pesquisas espaciais

IPTU imposto predial e territorial urbano

ITERPA instituto de terras do pará

Siglário

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VOLUME 1: ORGANIZANDO A ÁREA DE CONTROLE AMBIENTAL DO MUNICÍPIO

ITR imposto territorial rural

LAR licença de atividade rural

LAS licença ambiental simplificada

LI licença de instalação

LP licença prévia

LO licença de operação

MMA ministério do meio ambiente

MP ministério público

OMMA órgão municipal de defesa do meio ambiente

PAM política ambiental municipal

PAS plano amazônia sustentável

PBA projeto básico ambiental

PCA plano de controle ambiental

PMV programa municípios verdes

PNMA política nacional de meio ambiente

PNMC plano nacional sobre mudança do clima

PPCAD plano de prevenção, controle e alternativas ao desmatamento do estado do pará

PPCDAM plano de ação para a prevenção e o controle do desmatamento na amazônia legal

PPG7 programa piloto para a proteção das florestas tropicais

PRA programa de regularização ambiental

PRAD plano de recuperação de áreas degradadas

PRODES projeto monitoramento da floresta amazônica brasileira

RAS relatório ambiental simplificado

RCA relatório de controle ambiental

RGI registro geral de imóveis

RIMA relatório de impacto sobre o meio ambiente

RL reserva legal

SEMA secretaria de estado de meio ambiente

SFB serviço florestal brasileiro

SICAR sistema de cadastro ambiental rural

SIMLAM sistema integrado de monitoramento e licenciamento ambiental

SISEMA sistema estadual de meio ambiente

SISNAMA sistema nacional de meio ambiente

SIVAM sistema de vigilância da amazônia

SNCR sistema nacional de cadastro rural

SNUC sistema nacional de unidades de conservação

TAC termo de ajustamento de conduta

TCA termo de compromisso ambiental

TRMFM termo de responsabilidade de manutenção de floresta manejada

UC unidade(s) de conservação

ZEE zoneamento ecológico-econômico

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VOLUME 1: ORGANIZANDO A ÁREA DE CONTROLE AMBIENTAL DO MUNICÍPIO

Um dos maiores desafios da política ambiental brasileira é concretizar a gestão compartilhada entre União, estados e municípios.

Na Amazônia, em geral, e no Pará, em particular, esse desafio é ainda mais complexo, em função da vastidão do seu território e dos problemas ambientais existentes, em especial o desmatamento da floresta.

Mais do que nunca, é preciso envolver – e comprometer - os atores e os gestores locais com as questões ambientais. E, para que isso ocorra, faz-se necessário fortalecer o pro-cesso de descentralização da gestão para os municípios, principalmente naquilo que é considerado atividade de impacto local.

No Estado do Pará, esse processo tem sido uma prioridade do atual governo e da polí-tica estadual de meio ambiente gerida pela Sema, fazendo com que saltássemos de 26 para 62 municípios habilitados para a gestão local no período entre início de 2010 até a presente data.

A descentralização da gestão também é um dos eixos de atuação do Programa Municí-pios Verdes, lançado em 2011 com o propósito de reduzir o desmatamento e fortalecer a produção rural sustentável.

Para fortalecer a produção sustentável, é preciso facilitar o acesso dos produtores à adequação ambiental dos seus imóveis e atividades, inclusive porque esta é hoje uma exigência inescapável dos mercados e do setor financeiro.

Mas não conseguiremos avançar nessa pauta se a estrutura do licenciamento ambien-tal estiver centralizada no órgão estadual, principalmente para tratar de empreendi-mentos cujo impacto ambiental é eminentemente local.

É absolutamente irracional e injusto exigir que um produtor rural se desloque trezen-tos, quinhentos ou até mil quilômetros para pedir uma licença que poderia ser concedi-da pelo órgão municipal, como, por exemplo, uma licença para atividade pecuária ou agrícola, até determinado porte. A distância física entre o produtor e o órgão licencia-dor, por si só, inibe o processo de ordenamento e regularização ambiental.

Por outro lado, sabemos que boa parte dos municípios ainda carece de estrutura, capa-citação e informação para realizar uma gestão ambiental adequada e compartilhada, conforme demonstrou o estudo “Diagnóstico da Gestão Ambiental no Estado do Pará”, realizado pela profa. Estela Neves em 20132. Essa realidade ocorre não apenas no Pará, mas na grande maioria dos municípios brasileiros, particularmente os da região amazônica.

Apresentação

1 Estudo realizado por Estela Maria Souza Costa Neves durante 2013 para o Programa Municípios Verdes, no âmbito do projeto PMV/IMAZON/CLUA. O estudo está disponível em www.municipiosverdes.com.br.

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SÉRIE GESTÃO AMBIENTAL MUNICIPAL PARA A ÁREA RURAL

Visando a enfrentar essa situação, o Estado do Pará iniciou, a partir de 2011, um pro-cesso de apoio e fortalecimento da gestão ambiental municipal, através da estruturação física de várias secretarias (projeto Sema/Fundo Amazônia), da capacitação dos agen-tes municipais e, mais recentemente, da criação do ICMS Verde, cujos recursos devem ser repassados aos municípios para o fortalecimento da gestão ambiental municipal.

Para suprir a lacuna da informação, em especial na área da gestão ambiental rural, Sema e PMV, em parceria com o Imazon e a Clua, apresentam a publicação Gestão Ambiental Municipal para Área Rural.

Este primeiro volume é voltado para a organização da área de controle ambiental nos municípios. Em seguida, lançaremos os volumes referente ao Licenciamento das Ativi-dades Rurais (LAR), Cadastro Ambiental Rural (CAR) e o Programa de Regularização Ambiental (PRA).

Nossa expectativa é que este volume e os demais que serão publicados contribuam para a construção de um sistema de gestão ambiental compartilhada no Estado do Pará, trazen-do ganhos aos três pilares da sustentabilidade: meio ambiente, população e produção.

José Alberto da Silva Colares, Secretário Estadual de Meio Ambiente do ParáJustiniano de Queiroz Netto, Secretário Extraordinário do Programa Municípios Verdes

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VOLUME 1: ORGANIZANDO A ÁREA DE CONTROLE AMBIENTAL DO MUNICÍPIO

O modelo de defesa ambiental brasileiro tem como premissa a responsabilidade compartilhada entre União, estados e municípios, que devem cooperar e exer-cer suas competências comuns e exclusivas para garantir a eficácia da Política

Nacional de Meio Ambiente. No Pará, estado de grandes dimensões e com desafios ambientais proporcionais ao tamanho de seu território, contar com municípios ca-pacitados para exercer o seu papel dentro do Sistema Nacional do Meio Ambiente é essencial para garantir o desenvolvimento sustentável em uma realidade singular que é a Amazônia brasileira.

A série Gestão Ambiental Municipal para a Área Rural tem o objetivo de ser um ins-trumento que colabora com a implantação de sistemas de meio ambiente municipais eficientes e capacitados para somar esforços ao Programa Municípios Verdes (PMV), do governo do Estado do Pará, no combate ao desmatamento e incentivo à produção rural sustentável.

Organizando a área de controle ambiental do município é o volume 1 desta série e traz, em forma de guia, um conjunto de informações relacionadas a legislação, atuação, organização e gestão municipal para licenciamento, fiscalização e monitoramento de empreendimentos, sobretudo na área rural.

A publicação traz, logo em seu início, uma linha do tempo da gestão ambiental no Bra-sil e no Pará, que vai da instituição do licenciamento ambiental no país, no início dos anos 1980, até a aprovação, pelo Fundo Amazônia, do projeto do PMV para combate ao desmatamento e fortalecimento da gestão ambiental municipal no Pará, no final de 2013. Esse histórico é detalhado no capítulo 1, Gestão ambiental no Brasil e o papel do município, que ajuda a entender as atribuições e os instrumentos que podem ser utili-zados para gestão ambiental. Nele, são apresentadas as competências municipais, que se traduzem nos aspectos nos quais há predominância do interesse local (ou seja, no território do município) sobre o estadual e o federal.

O capítulo 2, Atuação municipal na área ambiental: temas, instrumentos e estratégias, mostra de que forma o município pode ser protagonista na gestão ambiental em seu território. Para tanto, aborda os principais instrumentos de política ambiental e as estratégias que podem ser adotadas pelo município, que resultam em uma agenda de política ambiental. Trata, ainda, dos principais aspectos para estruturar o Sistema Mu-nicipal de Meio Ambiente.

O conjunto de procedimentos normativos e suas aplicações destinadas ao controle dos impactos negativos das intervenções humanas em um determinado território é o que chamamos de controle ambiental. Suas atividades envolvem o ordenamento territorial, o licenciamento, o monitoramento e a fiscalização.

O Licenciamento ambiental na perspectiva do município é o tema do capítulo 3, que traz as atividades a ele relacionadas, assim como a distribuição de responsabilida-des e como funciona nos municípios paraenses. Neste capítulo, é mostrado também

Introdução

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SÉRIE GESTÃO AMBIENTAL MUNICIPAL PARA A ÁREA RURAL

como é feita a habilitação dos municípios para poder licenciar e a delegação de competência pelo estado.

Para exercer suas funções na gestão ambiental, os municípios devem estruturar-se em termos políticos, técnicos, tecnológicos e operacionais. No capítulo 4, são descritos quais são os Recursos e capacidades para o exercício do controle ambiental municipal, que começam com a criação de um órgão municipal de meio ambiente que seja respon-sável por essas atividades.

O capítulo 5, Organizando a área de controle ambiental: procedimentos, fluxos e rotinas, traz os deveres do município no licenciamento ambiental, detalhando os passos tan-to do empreendedor como do órgão municipal para chegar a ele. Contempla, ainda, informações detalhadas sobre os prazos das licenças, a documentação administrativa e técnica, o cadastro dos processos, além das infrações e sanções administrativas cabí-veis, com informações, inclusive, de como aplicá-las.

Para que o município possa atuar em prol da adequação ambiental, o capítulo 6, Gestão ambiental da área rural, contém informações sobre as normas e instrumentos mais recentes que devem ser observados, entre os quais o novo Código Florestal, o Ca-dastro Ambiental Rural, a Licença de Atividade Rural e o Programa de Regularização Ambiental. Também aborda os instrumentos econômicos que podem ser utilizados para incentivar a adequação. Por fim, mostra como o Programa Municípios Verdes pode ser um aliado da gestão ambiental no Pará.

A publicação traz, ainda, uma relação da legislação de referência e fontes de informa-ção sobre o tema, assim com um fluxograma simplificado de licenciamento ambiental.

Capítulo 1Gestão ambiental no Brasil

e o papel do município

NESTE CAPÍTULO:

Modelo de defesa ambiental brasileiro ..............................................21

Interesse local e competência municipal na área ambiental ................ 26

A importância da ação local ..............................................................30

Questões chaves da agenda ambiental municipal ...............................30

Resumo: competências municipais .................................................... 31

21

VOLUME 1: ORGANIZANDO A ÁREA DE CONTROLE AMBIENTAL DO MUNICÍPIO

FAÇA SUAS ANOTAÇÕESOs municípios são corresponsáveis pela proteção do meio ambiente em con-junto com as demais esferas governamentais e a sociedade. Para exercer esse papel, é importante entender as atribuições e os instrumentos de política am-

biental que podem ser utilizados para o exercício da gestão ambiental.

A agenda de responsabilidades do poder público sobre a questão ambiental é muito ampla. Seu objetivo é tutelar o meio ambiente, entendido como o conjunto formado pelos elementos bióticos e abióticos, bens, relações entre bens e entre estes e a ação humana, responsáveis e capazes de interferir com a qualidade da manutenção e repro-dução da vida.

Fazem parte da agenda ambiental bens e atividades como: fl ora e fl oresta; fauna, caça e pesca; água; atmosfera; controle da poluição atmosférica; solo; biodiversidade; terri-tório e desenvolvimento urbano; áreas verdes, praças e praias; ecossistemas especiais; atividades potencialmente degradadoras; poluição industrial; poluição sonora; resídu-os domésticos e rejeitos perigosos; geração e transmissão de energia; tráfego e trânsito; recursos minerais, mineração e garimpagem.

Apresentamos a seguir, de forma sucinta, o modelo de defesa ambiental no Brasil e as competências do município para exercer a gestão ambiental.

Modelo de defesa ambiental brasileiro

O modelo de defesa ambiental no Brasil começou a ser construído em 1981 com a Política Nacional de Meio Ambiente (PNMA), que antecipou inovações incor-poradas à Constituição Federal em 1988. A PNMA criou o Conselho Nacional do Meio Ambiente – Conama (1981), o Sistema Nacional de Meio Ambiente – Sisna-ma (1981), o Fundo Nacional de Meio Ambiente – FNMA (1989), objetivos e um conjunto de instrumentos de política ambiental passíveis de utilização por todos os entes federados.

Entre os instrumentos criados pela PNMA estão: criação de áreas protegidas, a avaliação e os estudos de impacto ambiental (EIA), zoneamento ambiental, pa-drões de qualidade ambiental, sistema de licenciamento ambiental, audito-ria ambiental, responsabilidade civil por dano ao meio ambiente e exigência de reparação, entre outros. VER Linha do tempo, pág. 8, e Instrumentos de política ambiental, pág. 35.

IMPORTANTE: O licenciamento ambiental foi instituído em áreas críticas de poluição pela Lei 6.803/80 e, em 1981 (Lei 6.938), como instrumento de política ambiental.

O sistema de licenciamento ambiental (junto com a fi scalização e o monitoramento) é a essência da gestão ambiental. Por ser um instrumento chave para o controle ambiental da implantação de atividades e estabelecimentos, tem sido historicamente a atividade central exercida pelas três esferas de governo: federal, estaduale municipal.

22

SÉRIE GESTÃO AMBIENTAL MUNICIPAL PARA A ÁREA RURAL

FAÇA SUAS ANOTAÇÕES Com base no princípio da responsabilidade compartilhada entre União, estados e mu-nicípios definido pela Constituição Federal (artigos 23 e 225), o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) editou, em 1997, a Resolução 237, que reafirmou os princí-pios de cooperação da política ambiental e buscou determinar e explicitar os critérios de competência correspondentes às esferas de governo federal, estadual e municipal para o exercício do licenciamento ambiental. Em 2011, a Lei Complementar 140 regu-lamentou a distribuição de competências e as condições de cooperação entre os entes federados para exercício do controle ambiental.

SISTEMA NACIONAL DE MEIO AMBIENTE

O Sistema Nacional de Meio Ambiente (Sisnama) foi estabelecido pela Lei 6.938/81 e é formado pelos órgãos e entidades da União, dos estados, do

Distrito Federal e dos municípios, além de fundações instituídas pelo poder público para responder pela defesa do meio ambiente. Sua estrutura é com-posta por um órgão superior, um órgão consultivo e deliberativo, um órgão central, um órgão executor, órgãos seccionais e órgãos locais.

O órgão superior é formalmente o Conselho de Governo, mas esse lugar tem sido ocupado na prática pelo Conama, órgão consultivo e deliberativo, considerado o órgão maior do sistema e presidido pelo ministro do Meio Ambiente. O órgão executor é o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Re-nováveis (Ibama). Os órgãos seccionais são os das administrações públicas fede-ral e estaduais relacionados à proteção ambiental, considerados por muitos os verdadeiros esteios do sistema, devido à extensão territorial brasileira.

Os municípios participam do Sisnama por meio dos órgãos e entidades municipais de defesa do meio ambiente criados por lei com responsabi-lidade ambiental.

MINISTÉRIO PÚBLICO

Além das organizações diretamente integrantes do Sisnama, há mais uma instituição essencial para a compreensão do modelo de defesa

ambiental no Brasil: o Ministério Público (MP), instituído nas esferas fe-deral e estadual. O MP é uma instituição pública autônoma, encarregada de defender a ordem jurídica, o regime democrático e os interesses sociais e individuais indisponíveis. Seus membros (promotores e procuradores de Justiça) têm as mesmas garantias asseguradas aos integrantes do Poder Judi-ciário, embora não tenham qualquer vinculação com esse poder nem com os poderes Executivo ou Legislativo. É uma instância independente.

O MP é um dos protagonistas na defesa ambiental por induzir o cumprimento das leis, impor a implementação de normas ambientais, representar a socieda-de na defesa de seus interesses e promover ações para punir comportamentos dolosos, omissos e ímprobos na administração pública.

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VOLUME 1: ORGANIZANDO A ÁREA DE CONTROLE AMBIENTAL DO MUNICÍPIO

FAÇA SUAS ANOTAÇÕES

SISTEMA ESTADUAL DE MEIO AMBIENTE NO PARÁ

A Política Estadual de Meio Ambiente do Pará foi criada em 1995, em conjun-to com o Fundo Estadual de Meio Ambiente (Fema) e o Sistema Estadual

de Meio Ambiente (Sisema). A primeira referência institucional relacionada à questão ambiental no Pará, no entanto, ocorreu em 1977, com a criação de um departamento para ações de controle ambiental na Secretaria de Estado de Saúde. Uma década depois, em 1987, foi criado um órgão estadual respon-sável pelo tema ambiental, a Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente (Sectam), e o Conselho Estadual do Meio Ambiente (Coema). A Sectam foi efetivamente implantada três anos depois, com a nomeação do primeiro secretário, e transformada, em 2007, na atual Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema).

QUADRO 1. Sisema/PA

Componentes do Sisema Unidades político-administrativas

Órgão normativo, consultivo e deliberativo

Conselho Estadual de Meio Ambiente (Coema)

Órgão central executor

Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema), com a função de planejar, coordenar, executar, supervisionar e controlar as políticas estaduais do meio ambiente e recursos hídricos.

Órgãos setoriais

Órgãos ou entidades da administração públi-ca estadual, direta e indireta, bem como as fundações instituídas pelo poder público que atuam na elaboração e execução de progra-mas e projetos relativos à proteção da quali-dade ambiental ou que tenham por fi nalida-de disciplinar o uso dos recursos ambientais (exemplo: Idefl or).

Órgãos locaisOrganismos ou entidades municipais respon-sáveis pela gestão ambiental nas suas respec-tivas jurisdições.

Fonte: Neves (2013), a partir de MMA (2001), com as modifi cações trazidas pela Lei 7.026/2007.

IMPORTANTE: Para o município exercer o controle ambiental, é necessário prever em lei municipal as atribuições relacionadas a fi scalização, monitoramento e licenciamento ambiental.

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SÉRIE GESTÃO AMBIENTAL MUNICIPAL PARA A ÁREA RURAL

FAÇA SUAS ANOTAÇÕES

SISTEMA MUNICIPAL DE MEIO AMBIENTE

De forma genérica, os sistemas municipais de meio ambiente têm como base o tripé: órgão municipal de Meio Ambiente (OMMA), Fundo Municipal de

Meio Ambiente (FMMA) e Conselho Municipal de Meio Ambiente (CMMA).

Para estruturá-lo, é necessário considerar: tamanho do município, vocação, atores, recursos humanos da prefeitura, orçamento, infraestrutura física e capacidade de arrecadação.

OMMA: É o executor da política ambiental local. Deve ser criado por lei, que defi nirá suas atribuições, competências (em especial em relação ao exercício de poder de polícia e fi scalização) e as regras de tramitação de pro-cessos administrativos na apuração das infrações ambientais.

Estão entre suas principais atribuições:

• Coordenar a política municipal de meio ambiente;• Fiscalizar o cumprimento da legislação em vigor;• Promover o licenciamento de impacto local;• Realizar zoneamento ambiental do município;• Prover infraestrutura e apoiar as ações do CMMA;• Promover educação ambiental;• Construir sistemas de informação e monitoramento ambiental.

Como vimos, as atividades de controle ambiental são uma importante área de atuação dos municípios, o que confere ao OMMA um caráter técnico, que necessita de recursos humanos capacitados para exercer suas funções e atender às demandas do município.

CMMA: É o fórum de diálogo e participação da sociedade, de resolução de confl itos e proposição de soluções para as questões municipais. Não tem função de criar leis, mas pode propor a criação e adequação de normas e, quando cabível, regulamentar, por meio de resoluções, leis ambientais cria-das pela Câmara de Vereadores. O CMMA deve ser criado por meio de lei mu-nicipal, podendo exercer funções deliberativas, consultivas e normativas. Os conselhos devem ser deliberativos e representativos, com participação social (Resolução Conama 237/1997, art. 20), para que o município possa habilitar--se para exercer suas responsabilidades de licenciamento ambiental. É reco-mendável que a distribuição das representações no CMMA seja equilibrada,

ORGÃOMUNICIPAL

DE MEIOAMBIENTE

FUNDOMUNICIPAL

DE MEIOAMBIENTE

CONSELHO MUNICIPAL

DE MEIO AMBIENTE

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VOLUME 1: ORGANIZANDO A ÁREA DE CONTROLE AMBIENTAL DO MUNICÍPIO

FAÇA SUAS ANOTAÇÕES

com distribuição paritária de representantes governamentais, da sociedade civil e do setor privado. Seus representantes devem ser nomeados.

Estão entre suas atribuições:

• Assessorar o poder executivo municipal nos assuntos ambientais;• Propor política ambiental municipal e fi scalizar o seu cumprimento;• Apoiar a concessão de licenças ambientais;• Analisar recursos quanto a aplicação de multas e outras penalida-

des, desde que estabelecida essa função em lei municipal;• Aprovar ou referendar uso dos recursos e ações do FMMA;• Acompanhar a implementação de áreas protegidas; • Opinar sobre políticas estaduais e federais que tenham impacto so-

bre o município; • Receber e apurar denúncias; • Criar câmaras técnicas ou grupos de trabalho.

FMMA: É o instrumento financiador da política ambiental municipal. Pode receber recursos extra-orçamentários (públicos, privados, nacionais e internacionais) e apoiar projetos e ações de órgãos municipais e da so-ciedade civil.

Assim como o CMMA, o Fundo deve ser criado por lei municipal, que deve pre-ver o OMMA como gestor e um colegiado, que pode ser o próprio CMMA.

Como gestor do Fundo, caberá ao OMMA:

• Elaborar proposta orçamentária;• Organizar plano anual e cronogramas físico-fi nanceiros; • Celebrar convênios, acordos ou contratos; • Ordenar despesas; • Prestar contas e monitorar execução de contratos.

Ao órgão colegiado do FMMA, caberá:

• Defi nir critérios e prioridades;• Fiscalizar a aplicação, apreciar e aprovar propostas orçamentárias

e prestações de contas.

Base legal para a gestão ambiental municipal

O município tem uma série de atribuições exclusivas e outras complementa-res com as demais instâncias de governo. Para implantar a gestão ambiental, porém, é necessário construir uma base legal, em especial em relação a fi s-calização e licenciamento, bem como prever capítulos e diretrizes sobre meio am-biente no Plano Diretor e na Lei Orgânica do município.

VOCÊ SABIA? Conforme a Lei de Crimes Ambientais (9.605/98, artigo 73), os recursos acumulados com multas por crimes ambientais devem custear as ações municipais de defesa do meio ambiente por meio do FMMA.

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SÉRIE GESTÃO AMBIENTAL MUNICIPAL PARA A ÁREA RURAL

FAÇA SUAS ANOTAÇÕES Interesse local e competência municipal na área ambiental

As competências ambientais dos entes federados formam um conjunto de responsabili-dades sobre o meio ambiente, abrangendo a competência para legislar e a competência material, ou seja, “a prestação de serviços referentes a essas matérias, à tomada de pro-vidências para sua realização” (Silva, 2009). Essas competências podem ser exclusivas (ou privativas), comuns e concorrentes.

No modelo de gestão ambiental brasileiro, o município possui poderes autônomos e um conjunto de competências ou atribuições, tanto no plano das competências legisla-tivas quanto materiais, definidas em uma expressão-chave, tanto no plano das compe-tências legislativas quanto materiais: o interesse local. Ou seja, aspectos nos quais há predominância do interesse municipal sobre o estadual e o federal.

A definição de interesse local, no entanto, é variável de município a município e está diretamente relacionada a fatores territoriais como a localização e a extensão terri-torial; o processo de criação e ocupação do território onde o município se insere; as atividades econômicas; as condições sociais e culturais, entre outros.

Em relação ao poder de legislar, cabe ao município instituir normas sobre matérias de interesse local e suplementar às legislações federal e estadual no que couber. É o que caracteriza a competência concorrente em matéria legislativa, prevista nos artigos 24 e 30 da Constituição Federal.

Em relação às atribuições materiais, as competências são definidas em três partes da Constituição Federal: na definição das competências comuns a todos os entes federa-dos (art. 23), na especificação das atribuições municipais exclusivas (art. 30) e no tema desenvolvimento urbano (art. 182)1.

Algumas atribuições municipais são tarefas mandatórias tradicionais dos municípios e historicamente ligadas ao interesse local, tais como:

• Prestação de serviços básicos de habitabilidade e qualidade de vida: lim-peza pública, resíduos domésticos e atividades de saneamento básico (re-síduos sólidos, abastecimento de água, esgotamento sanitário e microdre-nagem urbana);

• Gestão das áreas públicas, parques e jardins;• Atividades de controle de vetores e vigilância sanitária;• Controle da ocupação territorial;

Há outras atividades de responsabilidade exclusiva municipal que não são diretamente ligadas à área ambiental, mas têm impacto direto nas condições ambientai, tais como:

• Ordenamento da ocupação urbana;• Serviços de transportes e de tráfego;• Estabelecimento e planejamento do desenvolvimento local.

1 Regulamentado pela Lei 10.257/2001, conhecida como Estatuto da Cidade.

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VOLUME 1: ORGANIZANDO A ÁREA DE CONTROLE AMBIENTAL DO MUNICÍPIO

FAÇA SUAS ANOTAÇÕESAlém dessas, as competências municipais na área de urbanização e gestão dos espaços urbano e rural têm grande infl uência na qualidade ambiental. Entre elas:

• Ordenamento do território;• Controle do parcelamento, uso e ocupação do solo urbano;• Defi nição do perímetro urbano;• Execução da política nacional de desenvolvimento urbano.

VOCÊ SABIA?

O poder e o empenho dos municípios em relação às questões ambientais têm provocado grandes mudanças, com avanços na qualidade de vida em todos os níveis, do local ao mundial.

Um exemplo é o município de Extrema (MG), que tem todo o seu território em área de proteção

aos mananciais onde estão as nascentes do rio Jaguari, um dos formadores do Sistema Cantareira, principal fonte de abastecimento de água da Região Metropolitana de São Paulo. Em 2006, o município iniciou a primeira iniciativa de Pagamento por Serviços Ambientais baseado na proteção das fl orestas por meio de lei municipal que autoriza o poder executivo a prestar auxílio fi nanceiro aos proprietários rurais. Atualmente benefi cia 150 imóveis rurais no município.

No Pará, a cidade de Paragominas foi a primeira a implantar o projeto Município Verde. O prefeito da cidade conseguiu a assinatura de 51 entidades locais para o Pacto pelo Desmatamento Zero, implantou a educação ambiental para 30 mil alunos das escolas e inseriu grande parte dos imóveis rurais no Cadastro Ambiental Rural (CAR), resultando em drástica diminuição do desmatamento. Com isso, Paragominas foi o primeiro município da Amazônia a sair da lista do Ministério do Meio Ambiente dos municípios que mais desmatam na Amazônia.

Conheça outras experiências em: http://www.cidadessustentaveis.org.br http://www.kas.de/brasilien/pt/publications/31346/.Municípios Verdes: caminhos para a sustentabilidade, disponível em www.imazon.org.br /publicacoes/livros

“Os Municípios têm à sua frente um grande desa� o: implementar em seu território os princípios do desenvolvimento sustentável, o que signi� ca compatibilizar as várias dimensões do desenvolvimento econômico, social, institucional, político e ambiental.” IBAM Manual do Prefeito

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SÉRIE GESTÃO AMBIENTAL MUNICIPAL PARA A ÁREA RURAL

FAÇA SUAS ANOTAÇÕESTIRE SUAS DÚVIDAS

O que é o poder de polícia ambiental exercido pelo município?

Entre as atribuições municipais está o exercício do poder de polícia, ou seja, atividade que limita ou disciplina o direito individual em função do

interesse público e que pode ser exercida de forma preventiva (por meio do controle ambiental) e repressiva (por meio de autuações, multas, interdição, embargos, entre outros instrumentos).

O poder de polícia ambiental é usualmente exercido por meio das atividades de regulação, fi scalização e estabelecimento de sanções ambientais municipais.

Na área ambiental, cabe aos órgãos municipais responsáveis pelo controle ambiental (licenciamento, fi scalização e monitoramento) exercer esse poder, incluindo, entre outras ações, lavrar auto de infração ambiental e instaurar processo administrativo para a apuração de infrações à legislação ambiental. Entre as atividades que demandam o poder de polícia ambiental está, por exemplo, o combate à poluição sonora nas áreas urbanas, comum em praticamente todos os municípios brasileiros, inclusive no Pará. Para adotar as medidas administrativas relacionadas ao poder de polícia, o município precisa ter lei municipal sobre o tema e nomear cargos da administração pública para este fi m. VER Infrações e sanções administrativas, pág. 86.

O que acontece quando o município nãoassume suas responsabilidades?

A Constituição Federal, art. 225, parágrafo 3o, prevê que condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados.

Nas três esferas – administrativa, civil e penal –, a responsabilidade ambiental é atribuída àquele que viola o interesse público e, devido à natureza do dano ambiental ser de difícil reparação, qualquer ocorrência de violação obrigará a atuação da administração pública no sentido de defender os interesses da coletividade.

Em casos de danos ao meio ambiente, o município deve responder objetivamente2 e desenvolver ações de fi scalização diante do dano ambiental.

2 Nas situações decorrentes da omissão de seus agentes, não se aplica a teoria da responsabili-dade subjetiva do poder público.

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VOLUME 1: ORGANIZANDO A ÁREA DE CONTROLE AMBIENTAL DO MUNICÍPIO

FAÇA SUAS ANOTAÇÕESCaso contrário, poderá ser responsabilizado por danos ambientais decorrentes da conduta omissa, independentemente da existência (assim como da comprovação) da culpa ou dolo por parte do agente público.

Isso ocorre porque a omissão na fiscalização e na aplicação de sanções administrativas em relação a crimes e danos ambientais3 pode ser considerada improbidade administrativa, sujeitando os gestores ou servidores omissos às penalidades previstas em lei. Entre as penalidades, estão suspensão dos direitos políticos, perda da função pública, indisponibilidade dos bens e ressarcimento ao erário, sem prejuízo da ação penal cabível4.

QUEM RESPONDE EM NOME DO MUNICÍPIO?

O agente público, que é todo aquele que exerce mandato, cargo, em-prego ou função junto ao poder público, mesmo que transitoria-

mente ou sem remuneração. O agente público poderá sofrer sanções de improbidade administrativa, uma vez que, ao ser omisso no dever de fi scalizar, incorre na falta de probidade no exercício de suas funções de zelar pelo interesse público. Podem fi gurar como sujeitos, inclusive, prefeitos e vices, além dos auxiliares imediatos dos chefes do executivo, como os secretários municipais.

IMPORTANTE: Para regulamentar a apuração dos atos de improbidade, foi editada a Lei de Improbidade Administrativa (8.429/1992).

3 Auto de infração, embargo e interdição de estabelecimentos ou atividades, apreensão de equi-pamentos ou produtos irregulares etc.

4 Constituição Federal, art. 225, parágrafo 4o.

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SÉRIE GESTÃO AMBIENTAL MUNICIPAL PARA A ÁREA RURAL

FAÇA SUAS ANOTAÇÕES A importância da ação local

Os municípios são corresponsáveis pela defesa ambiental por meio de um conjunto de competências exclusivas para garantir a qualidade ambiental e de vida dos seus cidadãos. Muitas são as vantagens da ação local, como maior eficiência e acesso dos munícipes a serviços públicos, redução da corrupção, favorecimento de prática da de-mocracia direta, mais controle social, transparência e maior capacidade de atendimen-to às peculiaridades e preferências locais.

A participação da sociedade e o acesso à informação são fundamentais para a gestão ambiental municipal de qualidade. Cabe ao município, por meio do sistema de gestão ambiental, criar diferentes canais de produção, acesso e divulgação de informações, es-truturar o sistema municipal de informações, estruturar e incentivar a participação da sociedade no conselho municipal de meio ambiente, na gestão dos recursos do fundo municipal de meio ambiente, entre outros.

Gestores municipais de diferentes partes do mundo vêm criando redes, assumindo com-promissos públicos em âmbito intergovernamental e promovendo ações para enfrentar os desafios. Exemplo disso é a campanha internacional Cidades pela Proteção do Cli-ma, iniciativa da organização Governos Locais pela Sustentabilidade (Iclei). Lançada em 1993 com a adesão de 14 cidades, a campanha conta hoje com mais de mil municípios ao redor do mundo que desenvolvem ações para redução de emissão de GEE, implantam inovações tecnológicas e arranjos cooperativos para impulsionar a Economia Verde.

Essas e milhares de outras experiências conferem à ação local um papel decisivo nas soluções para grandes desafios ambientais da atualidade, como a proteção do clima, o combate ao desmatamento, a garantia de água potável e segurança alimentar.

Questões chaves da agenda ambiental municipal

Singularidade do campo de ação do município

O poder-dever municipal no campo ambiental abrange tanto atividades comuns a outras esferas governamentais (temas da agenda ambiental) como competên-cias que lhes são exclusivas (papel do município na federação), tornando o mu-nicípio “duplamente responsável” pela defesa ambiental.

Questões ambientais de interesse local (diversidade de situações)

As atribuições municipais são definidas por meio de uma expressão chave: inte-resse local, caracterizado por aspectos nos quais há predominância do interesse municipal sobre o estadual e o federal. A definição do interesse local é variável de município a município, segundo as trajetórias de ocupação e desenvolvimen-to, face à natureza e à finalidade da ação estatal.

Transversalidade

A qualidade ambiental pressupõe a transversalidade. Por isso, a política am-biental deve buscar romper com as compartimentações típicas da administração

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VOLUME 1: ORGANIZANDO A ÁREA DE CONTROLE AMBIENTAL DO MUNICÍPIO

FAÇA SUAS ANOTAÇÕESpública tradicional, dialogando e estabelecendo laços com os demais setores da administração municipal, como agricultura, obras, turismo e finanças.

Papel da cooperação

A cooperação entre atores é um tema chave para as políticas públicas. O êxito de iniciativas municipais depende não apenas do reconhecimento da importância da cooperação intergovernamental, vertical e horizontal, mas também de regimes coo-perativos envolvendo governos estaduais e federal, bem como a sociedade civil local.

Recursos e capacidades para defesa e gestão ambiental

O entendimento das capacidades municipais focalizado apenas nos recursos fi-nanceiros conduz ao fracasso de decisões de política, por desconsiderar recursos igualmente decisivos para o sucesso de políticas públicas ambientais, como: re-cursos institucionais (“de território”, organizacionais e normativos), humanos, de conhecimento e informação, tecnológicos/operacionais, financeiros e de coo-peração. VER Categorias de recursos e capacidades, pág. 65.

Resumo: Competências municipais*

Competência privativa ou exclusiva (Constituição Federal, arts. 29, 30 e 182)

• Organizar o território em distritos;

• Instituir e arrecadar tributos, aplicar rendas e elaborar peças orçamentárias;

• Manter programas de saúde, educação infantil e de ensino fundamental com a cooperação técnica do estado e da União;

• Promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local;

• Promover ordenamento territorial e urbanístico mediante planejamento e controle do uso, parcelamento e ocupação do solo urbano;

• Executar política de desenvolvimento urbano/estabelecer zona urbana;

• Prestar serviços públicos de interesse local e obras correlatas. São expres-samente mencionados os serviços de transporte coletivo, de atendimento à saúde e os programas de educação pré-escolar e de ensino fundamental, os dois últimos com a cooperação técnica e financeira da União e do estado. São serviços implícitos, tradicionalmente providos pelos municípios, ainda que não mencionados na Constituição: arruamento, alinhamento e calçamento, limpeza pública e coleta de lixo, iluminação pública, praças e áreas públicas, saneamento básico e microdrenagem.

*Fonte: Neves (2012), elaborado a partir de Brasil (1989), Machado (2011), Meirelles (2001) e Silva (2009).

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SÉRIE GESTÃO AMBIENTAL MUNICIPAL PARA A ÁREA RURAL

FAÇA SUAS ANOTAÇÕES Competência comum com os estados, a União e o Distrito Federal (CF, art. 23)

• Guarda da Constituição, das leis das instituições democráticas e patrimônio público;

• Saúde e assistência pública da proteção e garantia de pessoas portadoras de deficiências;

• Proteção de documentos, obras e bens de valor histórico, artístico e cultural, dos monumentos e paisagens notáveis e dos sítios arqueológicos;

• Impedir a evasão, destruição e descaracterização de obras de arte e de outros bens de valor histórico, artístico e cultural;

• Proporcionar meios de acesso à cultura, à educação e à ciência;

• Proteger o meio ambiente e combater a poluição;

• Preservar as florestas, a fauna e a flora;

• Fomentar a produção agropecuária e organizar o abastecimento alimentar;

• Promover programas de construção de moradias e a melhoria de condições habitacionais e de saneamento básico;

• Combater as causas da pobreza e fatores de marginalização;

• Registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos de pesquisa e exploração de recursos minerais e hídricos;

• Estabelecer e implantar política de educação para segurança no trânsito.

Competência legislativa (CF, arts. 24, 29 e 30)

• Legislar sobre assuntos de interesse local, inclusive Plano Diretor e Lei Or-gânica;

• Legislar supletivamente nos temas de competência federal e estadual. São competências concorrentes de União, estados e Distrito Federal, as florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção ao meio ambiente e controle da poluição, proteção ao património histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico, responsabi-lidade por dano ao meio ambiente.

Capítulo 2Atuação municipal na área ambiental:

temas, instrumentos e estratégias

NESTE CAPÍTULO:

Instrumentos da política ambiental ...................................................35

Proposta de agenda ambiental municipal ..........................................41

35

VOLUME 1: ORGANIZANDO A ÁREA DE CONTROLE AMBIENTAL DO MUNICÍPIO

FAÇA SUAS ANOTAÇÕESEste capítulo mostra de que forma o município pode ser protagonista na gestão ambiental em seu território. Para tal, aborda os principais instrumentos de po-lítica ambiental e as estratégias que podem ser adotadas pelo município, que

resultam em uma agenda de política ambiental. Finalmente, trata dos principais aspec-tos para estruturar o Sistema Municipal de Meio Ambiente.

Esse exercício é feito com foco na gestão ambiental da área rural nos municípios para-enses e não pretende esgotar a ação municipal na área ambiental.

O campo da atuação municipal na área ambiental é modelado por três planos (dois deles abordados no primeiro capítulo): o das responsabilidades definidas pela matriz ambiental (Política Nacional de Meio Ambiente e demais instrumentos); as compe-tências definidas explícita ou implicitamente como de interesse local; e, finalmente, a agenda de temas locais de interesse para cada município.

TEMAS DE INTERESSE

LOCAL

RESPONSABILIDADES DEFINIDAS PELA

MATRIZ AMBIENTAL

AGENDA LOCAL

DE CADAMUNICÍPIO

Instrumentos de política ambiental

Há vários instrumentos disponíveis aos municípios para a gestão ambiental. Eles estão presentes na Política Nacional de Meio Ambiente (PNMA), no Estatuto das Cidades, na Lei do Sistema Nacional de Unidades de Conservação, entre outros. Há, ainda, instrumentos que podem ser previstos nas normativas (leis, resoluções, instruções nor-mativas) do órgão gestor municipal, a fim de garantir o seu exercício. A seguir, são apresentados instrumentos que podem ser utilizados para a gestão ambiental de áreas rurais pelos municípios paraenses.

Criação de unidades de conservação

Há doze categorias de unidades de conservação (UC), divididas em dois grandes gru-pos: as unidades de proteção integral e as unidades de uso sustentável, como as APA. Os espaços territoriais protegidos só podem ser suprimidos através de lei. As UC de-vem ter um plano de manejo que estabeleça as atividades e usos permissíveis, os condi-cionantes de seu exercício, dispondo sobre o território abrangido dentro de seus limites e também sobre seu zoneamento, incluindo a zona de amortecimento, usos restritos e permissíveis, bem como os corredores ecológicos a ela relacionados.

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SÉRIE GESTÃO AMBIENTAL MUNICIPAL PARA A ÁREA RURAL

FAÇA SUAS ANOTAÇÕES

Padrões de qualidade ambiental

Estabelecidos por resoluções do Conama, dizem respeito às emissões de poluentes e contaminan-tes na atmosfera e nos corpos hídricos. Servem para representar o valor limite de um parâmetro de qualidade.

Zoneamento ambiental

Definição e delimitação de zonas com caracte-rísticas comuns, dentro de um espaço territorial, nas quais são indicados usos e estabelecidas fun-ções e aptidões. São importantes para o plane-jamento do território, visando a um futuro mais sustentável. Esse instrumento é comumente uti-lizado pelo município no plano diretor.

Avaliação de impactos ambientais

Essencial para a instalação e operação de em-preendimentos que geram impactos ambientais. Desse instrumento resultam o Estudo e o Relató-rio de Impacto Ambiental, os quais estão correla-cionados ao licenciamento ambiental.

Licenciamento e revisão de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras

Procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental licencia a localização, instalação, am-pliação e operação de empreendimentos e ativi-dades utilizadoras de recursos ambientais. Tem por objetivo o controle e a garantia da qualidade ambiental. É de competência e responsabilidade comum de todos os entes federados.

Criação de espaços territoriais especialmente protegidos pelo poder público federal, estadual e municipal

Objetiva a preservação garantida dos recursos ambientais, através da instituição de áreas pro-tegidas. É uma atribuição de todos os entes da federação. Esse instrumento teve nova redação na Lei 7.804/1989, com áreas de proteção am-biental, de relevante interesse ecológico e reser-vas extrativistas.

Sistema Nacional de Informações sobre o Meio Ambiente

Instrumento de gestão compartilhada, respon-sável pela organização, integração, compartilha-mento, acesso e disponibilização de informação ambiental no Brasil.

Incentivos a produção e instalação de equipamentos, e a criação ou absorção de tecnologias voltadas para a melhoria da qualidade ambiental

Visa à melhoria da qualidade de vida, por meio da implementação de métodos tecnológicos, como os de planejamento, adoção de equipa-mentos para controle da poluição atmosférica e das águas, modelos de valoração ambiental, pro-cessos tecnológicos alternativos etc.

QUADRO 2. Instrumentos previstos na PNMA (objetivo e aplicabilidade)

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VOLUME 1: ORGANIZANDO A ÁREA DE CONTROLE AMBIENTAL DO MUNICÍPIO

FAÇA SUAS ANOTAÇÕES

Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentos de Defesa Ambiental

Controle, pelo registro de informações, de ativi-dades potencialmente poluidoras. Inclui ativi-dades de consultoria técnica ambiental e pro-fissionais das áreas técnicas responsáveis por projetos, indústria e comércio de equipamentos, aparelhos e instrumentos destinados ao controle de atividades efetiva ou potencialmente polui-doras. Está sob responsabilidade do Ibama. Esse registro é obrigatório para ter acesso a qualquer serviço do Ibama.

Penalidades disciplinares ou compensatórias ao não cumprimento das medidas necessárias à preservação ou correção da degradação ambiental

Disciplinar e garantir a aplicabilidade das nor-mas estabelecidas para a defesa ambiental. As medidas compensatórias previstas por esse ins-trumento visam à reparação do dano ambiental, quando não puderem ser mitigados.

Relatório de Qualidade do Meio Ambiente

Instrumento de informação ambiental cujo ob-jetivo é informar à sociedade sobre a qualidade ambiental dos diversos ecossistemas brasileiros ou dos seus compartimentos ambientais. Sua di-vulgação anual é responsabilidade do Ibama.

Garantia da prestação de informações relativas ao meio ambiente

Instrumento de responsabilidade de todos os entes federados, incluído na PNMA pela Lei 7.804/1989. Obriga o poder público a produzir es-ses dados, caso sejam inexistentes. Esses dados podem ser obtidos por meio de pesquisas técni-co-científicas e em parceria com instituições pú-blicas e privadas.

Cadastro Técnico Federal de Atividades Potencialmente Poluidoras e/ou Utilizadoras dos Recursos Ambientais

Incluído pela Lei 7.804/1989, é um registro obri-gatório, para pessoas físicas ou jurídicas, res-ponsáveis por atividades potencialmente po-luidoras ou a extração, produção, transporte e comercialização de produtos potencialmente perigosos ao meio ambiente, assim como de produtos e subprodutos da fauna e da flora. A gestão desse cadastro também é responsabili-dade do Ibama.

Instrumentos econômicos, como concessão florestal, servidão ambiental, seguro ambiental e outros

Instrumento incluído na PNMA pela Lei 11.284/2006 que tem por objetivo principal estabelecer incenti-vos às práticas de conservação ambiental, em suas diferentes modalidades.

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SÉRIE GESTÃO AMBIENTAL MUNICIPAL PARA A ÁREA RURAL

FAÇA SUAS ANOTAÇÕES

A criação de UC é uma das estratégias mais efetivas para a conservação da biodiversi-dade e diminuição do desmatamento na Amazônia brasileira. O Estado do Pará tem um dos maiores conjuntos de UC do mundo, com 67 unidades que somam quase 41,7 milhões de hectares ou cerca de um terço do seu território. Desse total, pouco mais da metade (21,3 milhões de hectares ou 21 UC) é estadual, enquanto o restante (outros 20,3 milhões de hectares ou 46 UC) é federal (Imazon, 2013).

Os municípios podem e devem identificar áreas que mereçam ser protegidas de-vido a suas características e importância para a manutenção da biodiversidade, seja por abrigar espécies da fauna e da flora de relevante importância ou por sua localização estratégica em relação a recursos naturais, como mananciais e áreas de preservação permanentes (APP). VER Mapa 1, Áreas protegidas (UC e TI) no Estado do Pará, pág.39.

Zoneamento ambiental

Zoneamento é uma denominação genérica para métodos de organização do terri-tório por meio da diferenciação de áreas segundo regras e critérios associados ao objetivo a alcançar.

O zoneamento ambiental fi gura entre os instrumentos defi nidos pela PNMA (art. 9). A noção de zoneamento considerando aspectos ambientais, porém, aparece na legislação brasileira em 1964, quando o Estatuto da Terra determinou a realização de zoneamen-to agroecológico em circunstâncias determinadas.

Em 1975, o primeiro zoneamento com objetivo ambiental foi criado para áreas críticas de poluição. Na década de 1980, uma norma federal criou duas categorias de áreas especiais, as áreas de proteção ambiental (APA) e as estações ecológicas, para as quais se estabeleceu a necessidade de elaboração de zoneamento.

VOCÊ SABIA?

O Pará lançou o ICMS Verde em 27 de junho de 2013 inovou ao usar a distribuição da arrecadação entre os municípios como medida contra o desmatamento ilegal e o fortalecimento da gestão e do ordenamento ambiental. Do total arrecadado com ICMS, 25% são destinados aos municípios. O decreto estabelece que o

ICMS Verde chegue a 8% desses 25% até 2016. A implantação será gradual, com repasse de 2% em 2013 (R$ 35 milhões) e, a cada ano, a porcentagem aumentará até chegar ao teto de 8%, distribuindo R$ 140 milhões em 2016. O cálculo do repasse é feito de acordo com três critérios: 50% do montante de acordo com a porcentagem de propriedades rurais com Cadastro Ambiental Rural nos municípios; 25% irão para os municípios que cumprirem metas de redução de desmatamento; e 25% para municípios que tenham unidades de conservação.

39

VOLUME 1: ORGANIZANDO A ÁREA DE CONTROLE AMBIENTAL DO MUNICÍPIO

FAÇA SUAS ANOTAÇÕES

O Sistema Nacional de Unidades de Conservação (Snuc) prevê o zoneamento interno de UC para fins de manejo e o estabelecimento de zonas de amortecimento no entorno de unidades de conservação e corredores ecológicos.

No âmbito municipal, o zoneamento ambiental é um dos principais instrumentos da política urbana, segundo o Estatuto das Cidades e, assim, é parte importante dos pla-nos diretores, por delimitar zonas e macrozonas para diferentes usos (rural e urbano, áreas de especial interesse social e de especial interesse ambiental).

MAPA 1. Áreas protegidas (UC e TI) no Estado do Pará

Mato Grosso

Maranhão

48°0'0"W

48°0'0"W

54°0'0"W

54°0'0"W

0°0'

0"

0°0'

0"

6°0'

0"S

6°0'

0"S

²

Amazonas

Oceano Atlântico

Amapá

Tocantins

GuianaFrancesaSuriname

Guiana

Fonte: Imazon

0 120 240 36060km

Escala gráfica

Legenda

Hidrografia

Terras Indígenas

UC Uso Sustentável

UC Proteção Integral

40

SÉRIE GESTÃO AMBIENTAL MUNICIPAL PARA A ÁREA RURAL

FAÇA SUAS ANOTAÇÕES Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE)

VER Mapa 2, Macrozoneamento do Estado do Pará (Lei 6.745/2005), pág. 42 e Mapa 3, Zoneamento Ecológico do Estado do Pará (BR-163, Zona Leste e Calha Norte), pág. 43.

Instituído como instrumento da PNMA em 1981 e regulamentado em 2002, o zonea-mento ecológico-econômico tem o objetivo de viabilizar o desenvolvimento sustentável a partir da compatibilização do desenvolvimento socioeconômico com a conservação ambiental. O ZEE consiste, assim, na delimitação de zonas ambientais e atribuição de usos e atividades compatíveis segundo as características de cada uma. O zoneamento ecológico-econômico direciona diversas ações de preservação e desenvolvimento de âmbito nacional e regional, tais como: os Planos de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento, o Plano Nacional sobre Mudança do Clima (PNMC), o Programa de Regularização Fundiária da Amazônia Legal (Terra Legal), entre outros. O ZEE é uma competência compartilhada das três esferas governamentais. De acordo com a Lei Complementar 140/2011, cabe à União elaborar o ZEE de âmbito nacional e regional, aos estados elaborar o ZEE de âmbito estadual e, aos municípios, a elaboração do plano diretor, observando os ZEE existentes nas demais esferas.

No Pará, o macrozoneamento foi instituído pela Lei 6.745/2005 e por meio de ZEE regionais (BR-163, Zona Leste e Calha Norte), que entre outros aspectos preveem a possibilidade de redução da reserva legal (RL) para 50% para fins de recomposição, nos casos em que o passivo ambiental tenha sido gerado antes de 6 de maio de 2005.

Padrões de qualidade ambiental

Há três tipos de padrão ambiental: padrões de emissão, que estabelecem valores para níveis máximos de lançamentos permitidos; padrões de qualidade, que indicam as condições de normalidade do ambiente; e os padrões de desempenho. O estabeleci-mento de normas e padrões pela autoridade federal não impede que estados e municí-pios também o façam, desde que não revoguem as disposições federais.

Sistema de licenciamento ambiental Um dos principais instrumentos para exercício da gestão ambiental é o sistema de licenciamento. Segundo a Lei Complementar 140/2011, compete ao município o licen-ciamento de empreendimentos e atividades que possam causar impacto ambiental de âmbito local, conforme estabelecido pelos conselhos estaduais de meio ambiente, além daqueles localizados em UC municipais (exceto APA) e dos empreendimentos delega-dos formalmente por outras instâncias governamentais. VER Capítulo 4, Recursos e capacidades para o exercício do controle ambiental municipal, pág. 63.

TAC e responsabilidade civil por dano ao meio ambiente O Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) consiste em um documento de acordo e compromisso entre órgãos públicos relacionados à defesa ambiental e agentes (pessoa física ou jurídica, de Direito privado ou Direito público) que descumpram alguma exigência legal, estabelecendo condicionantes para resolver o problema e

41

VOLUME 1: ORGANIZANDO A ÁREA DE CONTROLE AMBIENTAL DO MUNICÍPIO

FAÇA SUAS ANOTAÇÕEScompensar danos e prejuízos. Esse instrumento tem sido utilizado em muitos esta-dos brasileiros graças à criação de órgãos do MP, tais como promotorias regionais, temáticas, volantes, câmaras técnicas e grupos de trabalho dos Ministérios Públicos estaduais e federal.

Atividades e temas da agenda ambiental municipal

É possível elencar um conjunto de atividades comumente exercidas pelos municí-pios, entre as quais destacam-se o controle ambiental, licenciamento, fiscalização e monitoramento (que serão abordados de forma detalhada no Capítulo 3); sanea-mento ambiental e gestão de resíduos sólidos; ordenamento do território; e disci-plinamento do uso e ocupação do solo urbano.

Temas e prioridades, porém, variam de município para município. As características socioeconômicas, históricas e ambientais, juntamente com os padrões de ocupação, condição urbano-rural, patrimônio ambiental e fatores de pressão sobre os recursos naturais têm forte influência na definição da agenda local de cada município.

A diversidade temática tem forte influência nas atividades, estratégias e instrumentos que cada município irá utilizar. Além disso, municípios podem combinar o uso de es-tratégias e instrumentos de vários regimes regulatórios, entre os quais instrumentos de uso exclusivo dos municípios. O quadro 1 apresenta alguns exemplos de estratégias e instrumentos que podem ser utilizados para diferentes temas da agenda ambiental na área rural. VER Quadro 1, Temas, estratégias e instrumentos, pág. 45.

Proposta de agenda ambiental municipal

Com base nas atividades que passaram a ser atribuição municipal com a Constituição Federal e as atribuições consagradas por regulações pós-88 ou bem exercidas desde o período anterior à Constituição, é possível delinear uma agenda estratégica de política ambiental municipal (PAM) composta por seis categorias de objetos e atividades.

Objetos e atividades

1 Provisão de sistemas básicos de qualidade de vida local:

• Abastecimento de água potável e industrial;• Coleta e destino final de lixo doméstico, urbano e hospitalar;• Coleta de esgotos domésticos, tratamento e destino final;• Microdrenagem urbana;• Combate a vetores;• Acessibilidade, transporte e trânsito.

Ordenamento ambiental do território:

• Disciplina do território segundo diretrizes da abrangência nacional (Có-digo Florestal, Lei de Parcelamento do Solo, Estatuto das Cidades);

42

SÉRIE GESTÃO AMBIENTAL MUNICIPAL PARA A ÁREA RURAL

FAÇA SUAS ANOTAÇÕES MAPA 2. Macrozoneamento do Estado do Pará (Lei 6.745/2005)

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UC Proteção Integral

Zona Ambientalmente Sensível

Zona de Expansão

Zona de Recuperação

Área Militar

Área de Quilombos

Sedes municipais Estradas principais

Zona de Uso Sustentável

Zona de Proteção Integral

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VOLUME 1: ORGANIZANDO A ÁREA DE CONTROLE AMBIENTAL DO MUNICÍPIO

FAÇA SUAS ANOTAÇÕESMAPA 3. Zoneamento Ecológico do Estado do Pará (BR-163, Zona Leste e Calha Norte)

Mato Grosso

Maranhão

48°0'0"W

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Amapá

Tocantins

GuianaFrancesaSuriname

Guiana

Fonte: Imazon

0 120 240 36060km

Legenda

Zona de Consolidação

Zonas

Zona de Uso Sustentável (proposta)

Escala gráfica

Hidrografia

Terras Indígenas

UC Uso Sustentável

UC Proteção Integral

Zona Ambientalmente Sensível

Zona de Expansão

Área Militar

Área de Quilombos

Zona de Uso Sustentável

Zona de Proteção Integral

LesteOesteCalha Norte

44

SÉRIE GESTÃO AMBIENTAL MUNICIPAL PARA A ÁREA RURAL

FAÇA SUAS ANOTAÇÕES• Zoneamento ambiental;• Cadastro Ambiental Rural (CAR);• Padrões de qualidade ambiental para ar, água, solo, ruído;• Padrões de construção e de urbanização/capacidade de suporte.

Controle ambiental:

• Licenciamento ambiental;• Alvarás de funcionamento e autorizações;• Fiscalização de atividades e de território e polícia administrativa;• Monitoramento e controle do desmatamento em escala local;• Cadastro de atividades passíveis de licenciamento ambiental municipal;• Padrões de emissão e de qualidade ambiental;• Exigência de prevenção e reparação de dano ambiental;• Instituição e aplicação de sanções;• Adequação ambiental de imóveis e propriedades rurais em parceria com

o governo estadual.

Prestação de serviços na área ambiental:

• Proteção a recursos ambientais, manejo de ecossistemas e de áreas sensíveis;

• Recuperação de áreas degradadas;• Criação e gestão de áreas protegidas;• Gestão de áreas verdes e praças, e arborização de vias públicas.

Atividades estratégicas e intersetoriais:

• Estudos e diagnósticos, produção de indicadores e de normas ambientais;• Sistema de informações ambientais;• Atividades de monitoramento ambiental;• Promoção de práticas sustentáveis;• Atividades de interface com outros setores (transporte, obras, planeja-

mento urbano, fazenda, desenvolvimento rural, outros);• Plano Diretor e instrumentos de desenvolvimento urbano associados (de-

sapropriação, direito de superfície e outros);• Ouros planos de médio-longo prazo (ZEE, plano local de gerenciamento

costeiro);• Atividades relacionadas a questões globais (mudanças climáticas, conser-

vação da biodiversidade, outras);• Captação de recursos e cooperação ambiental;• Educação ambiental.

Promover Incentivos econômicos:

• IPTU verde/progressivo;• Pagamento por serviços ambientais.

45

VOLUME 1: ORGANIZANDO A ÁREA DE CONTROLE AMBIENTAL DO MUNICÍPIO

FAÇA SUAS ANOTAÇÕES

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46

SÉRIE GESTÃO AMBIENTAL MUNICIPAL PARA A ÁREA RURAL

FAÇA SUAS ANOTAÇÕESVOCÊ SABIA?

O Ministério Público Federal começou, em 2009, a investigar as cadeias produtivas vinculadas ao desmatamento ilegal na Amazônia. O resultado foram ações judiciais com bloqueio de bens e responsabilização da cadeia produtiva da pecuária em Mato Grosso e no Pará, que foi chamada a se adequar por meio de TAC. Com isso, os frigorífi cos

assumiram o compromisso de comprar gado apenas de fazendas legalizadas. Além disso, se comprometeram em ingressar no CAR e a obter licenciamento ambiental. No caso do Pará, o governo do estado assumiu as seguintes obrigações: permitir acesso e repassar informações ao MPF sobre CAR e LAR; concluir o Zoneamento Ecológico-Econômico da Calha Norte e Zona Leste; implantar CAR informatizado, Guia de Transporte Animal (GTA) eletrônica e garantir que notas fi scais de comercialização de gado sejam emitidas para imóveis rurais com CAR.

Os municípios, por sua vez, se comprometeram com um conjunto de metas, como pacto local de controle do desmatamento, criar grupo de trabalho e estrutura de monitoramento para verifi car em campo o desmatamento. O cumprimento das metas permitiria a ampliação de prazos para adequação ambiental de imóveis e atividades rurais existentes no município. Esses acordos possibilitaram o surgimento de uma agenda positiva que culminou com a criação do Programa Municípios Verdes, que tem como primeira condição de adesão a assinatura pelo município de Termo de Compromisso com MPF. Em 2013, os prazos para solicitação de LAR para pequenas e médias propriedades foram dilatados, conforme entendimentos feitos entre Sema/PA, PMV e MPF. Atualmente, os prazos são:

• Imóveis rurais acima de 3 mil hectares: até 30 de novembro de 2012;• Imóveis rurais acima de 500 hectares até 3 mil hectares: até 30 de

novembro de 2014;• Imóveis rurais até 500 hectares: até 31 de maio de 2015.

DIVERSIDADE DOS MUNICÍPIOS PARAENSES

O Pará é o segundo maior estado brasileiro em território, com 1.248 mil Km2, menor apenas que o Amazonas. Sua superfície é maior do que a da África

do Sul ou da Colômbia. Essa imensa área abriga uma diversidade de paisagens e populações, além de 144 municípios, que vão de Altamira, com seus 159 mil Km2 (maior município do mundo e maior do que países como Grécia ou Bangladesh), até a pequena Marituba, na Região Metropolitana de Belém, com seus 103 Km2. A diversidade dos municípios paraenses pode ser vista, ainda, pelo número de suas populações, que vai dos 1,4 milhão de habitantes da capital Belém, além de três cidades entre 200 e 500 mil habitantes, até os mais de 100 municípios com menos de 50 mil habitantes, onde o poder público municipal precisa atuar, em muitos casos, em regiões longínquas, pouco povoadas e de difícil acesso.

47

VOLUME 1: ORGANIZANDO A ÁREA DE CONTROLE AMBIENTAL DO MUNICÍPIO

FAÇA SUAS ANOTAÇÕES

No caso de Belém, a agenda ambiental sofre forte influência do porte popu-lacional e do grau de urbanização, que exercem pressão sobre os recursos na-turais e resultam em poluição das águas, enchentes, contaminação e prolife-ração de vetores, entre outros. A dinâmica de expansão da cidade demanda projetos de mobilidade, saneamento e habitação, entre outros, que resultam em um amplo leque de atividades e empreendimentos a serem licenciados, como é o caso do BRT (Bus Rapid Transit em inglês, que é um sistema de trans-porte coletivo de média capacidade com veículos articuladas e com estações de parada rápida) e do Programa de Saneamento da Bacia da Estrada Nova.

Já no município de Dom Eliseu, que tem pouco mais de 50 mil habitantes e é um dos seis municípios paraenses que conseguiu reverter as altas taxas de desmatamento e sair da lista de municípios prioritários estabelecida pelo MMA, os principais temas da agenda ambiental são o controle e monitora-mento do desmatamento e adequação ambiental, com demanda crescente de licenciamento de atividade rural.

CONHECENDO O TERRITÓRIO DO MUNICÍPIO

Mesmo em um pequeno município, a gestão ambiental é tarefa complexa. Quase todas as ações humanas interferem no meio ambiente. Para iden-

tificar e, principalmente, priorizar os temas, é importante conhecer o território, seus problemas e seus potenciais. Outro aspecto importante é identificar os atores envolvidos com os problemas e construir mecanismos de participação.

Conhecer o território é fundamental, em especial, para a gestão ambiental das áreas rurais. O primeiro passo para conhecer o território é a organização dos indicadores disponíveis e de informações sobre o uso e a ocupação do solo do município. Com eles, é possível produzir diagnósticos sobre o município e traçar cenários. Essas informações são muito úteis para a mobilização e engajamento dos atores municipais e podem ser utilizadas para definir metas e prioridades para a gestão ambiental municipal. A articulação de parcerias com organiza-ções da sociedade civil e outras instâncias de governo pode ajudar bastante.

ESTATUTO DAS CIDADES, PLANO DIRETOR E GESTÃO DA ÁREA RURAL DO MUNICÍPIO

O Estatuto das Cidades (Lei 10.257/2001) estabelece as diretrizes gerais da política urbana, entre elas várias recomendações e instrumentos para o

desenvolvimento e o ordenamento do município como um todo e não ape-nas de sua área urbana, tais como plano diretor, zoneamento ambiental, li-cenciamento ambiental de empreendimentos urbanos, estudos de impacto ambiental (EIA) e estudos de impacto de vizinhança (EIV).

O plano diretor é o instrumento básico para a política de desenvolvimento e expansão urbana, previsto na Constituição Federal e com seu papel reforça-

48

SÉRIE GESTÃO AMBIENTAL MUNICIPAL PARA A ÁREA RURAL

FAÇA SUAS ANOTAÇÕES

do pelo Estatuto das Cidades. A partir de 2001, passa a ser pré-condição para que os municípios possam utilizar os instrumentos do Estatuto das Cidades, como outorga onerosa e transferência do direito de construir. Os planos de-vem ser revistos a cada dez anos, tratar de todo o território do município e são obrigatórios para municípios:

• Com mais de 20 mil habitantes;• Localizados em regiões metropolitanas e aglomerações urbanas;• Integrantes de áreas de especial impacto ambiental;• Inseridos em área de infl uência de signifi cativo impacto ambiental.

Um bom plano diretor está normalmente associado a um pacto local e refl ete um projeto de desenvolvimento do município. Para isso, é importante que o plano conte com a participação dos diferentes segmentos da sociedade lo-cal durante sua elaboração e implantação. Além disso, deve ser precedido de um bom diagnóstico e, em especial para área rural, contemplar questões específi cas regionais, como bacia hidrográfi ca, bioma, áreas protegidas pelo estado ou pela União, atividade mineradora, grandes empreendimentos.

Entre os instrumentos do plano, o macrozenamento é o principal instrumen-to de ordenação do território, porque delimita macrozonas e zonas de inte-resse (ambiental, social) e defi ne os critérios de uso e ocupação do solo para essas zonas, permitindo colocar “no mapa” as políticas e programas propos-tos. Outros instrumentos que podem constar dos planos ou serem propostos por eles para futura regulamentação são: código ambiental; plano munici-pal de meio ambiente; zoneamento ecológico-econômico; isenção de IPTU; exigência de licenciamento; sistema municipal de unidades de conservação; elaboração de Agenda 21 Local, entre outros.

VOCÊ SABIA?

A Pesquisa de Informações Básicas Municipais (Munic 2012/IBGE) mostrou um aumento expressivo no número de municípios com planos diretores nos últimos anos. Em 2005, apenas 805 ou 14,5% dos municípios brasileiros contavam com planos diretores;

em 2012, eram 2.658 ou 47,8%. O Pará foi um dos estados que apresentou maior crescimento e conta com 118 municípios com planos diretores.

POR QUE É IMPORTANTE O ESTADO APOIAR O FORTALECIMENTO MUNICIPAL PARA A GESTÃO AMBIENTAL?

GERA EFEITOS benéfi cos imediatos sobre a demanda dirigida ao sistema de gestão ambiental estadual, já que hoje o estado precisa cumprir responsabi-

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VOLUME 1: ORGANIZANDO A ÁREA DE CONTROLE AMBIENTAL DO MUNICÍPIO

FAÇA SUAS ANOTAÇÕES

lidades decorrentes da demanda reprimida nos municípios que ainda não são capazes de licenciar.

CADA MUNICÍPIO tem uma agenda ambiental singular, definida pelo inte-resse local, definido por fatores históricos, econômicos, sociais e característi-cas ambientais diferenciadas. Assim, a gestão ambiental municipal contem-plará distintas situações, problemas e capacidades locais.

OS MUNICÍPIOS possuem também demandas semelhantes de licencia-mento de atividades de impacto local que podem ser melhor atendidas por meio de capacitação por parte do estado, resultando em maior agilidade, pa-dronização e eficiência na prestação do serviço.

O FORTALECIMENTO da gestão ambiental municipal traz benefícios eco-nômicos e de qualidade de vida aos empreendedores locais e tem o poten-cial de irradiar efeitos positivos nas demais áreas de gestão ambiental.

COMO O GOVERNO DO PARÁ APOIA O FORTALECIMENTO MUNICIPAL PARA A GESTÃO AMBIENTAL?

APOIA a capacitação dos municípios para licenciar a agenda ambiental que é comum a todos.

APOIA a implantação de sistemas de gestão de rotinas e fluxos de modo a dar consistência, segurança, padronização, transparência e efetividade ao processo de controle ambiental municipal.

ADEQUAÇÃO da revisão da legislação pertinente, devido à Lei complementar 140/2011 e à existência de disposições conflitantes nas normas em vigor.

REVISÃO da política de gestão compartilhada, tendo em vista a intensifica-ção do apoio à construção de sistema eletrônico para apoiar a gestão am-biental municipal.

PMV/FUNDO AMAZÔNIA

Em dezembro de 2013, o Programa Municípios Verdes aprovou projeto jun-to ao Fundo Amazônia/BNDES da ordem de R$ 80 milhões e duração de 30 meses. O projeto tem como objetivo combater o desmatamento e fortalecer a produção rural sustentável por meio de ações estratégicas de ordenamento ambiental e fundiário e gestão ambiental, com foco em pactos locais, moni-toramento do desmatamento, implantação do CAR e estruturação da gestão municipal. Com previsão de início em março de 2014, o projeto beneficiará diretamente 100 municípios com a inserção de imóveis rurais no Cadastro Ambiental Rural; capacitação de prefeituras para verificação em campo do desmatamento, validação do CAR e gestão ambiental; e o desenvolvimento de sistema eletrônico municipal para auxiliar os municípios no exercício do controle ambiental (fiscalização, licenciamento e ordenamento).

Capítulo 3Licenciamento ambiental

na perspectiva do município

NESTE CAPÍTULO:

Atividades associadas ao licenciamento ambiental ............................ 54

Distribuição de responsabilidades.....................................................55

Gestão e licenciamento ambiental nos municípios paraenses ............. 56

Como funciona a habilitação municipal no Pará ................................. 60

Delegação de competência .............................................................. 60

53

VOLUME 1: ORGANIZANDO A ÁREA DE CONTROLE AMBIENTAL DO MUNICÍPIO

FAÇA SUAS ANOTAÇÕESO conjunto de procedimentos normativos e suas aplicações destinadas ao controle dos impactos negativos das intervenções humanas em um deter-minado território é o que chamamos de controle ambiental. Suas ativi-

dades envolvem o ordenamento territorial, o licenciamento, o monitoramento e a fiscalização.

O ordenamento territorial é o primeiro passo para o controle ambiental e con-siste no planejamento das atividades humanas e do potencial do aproveitamento das infraestruturas, e em assegurar a preservação de recursos limitados. Entre os principais instrumentos públicos de ordenamento territorial estão o Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE) e, mais recentemente, o Cadastro Ambiental Rural.

A base das estratégias do controle ambiental no país, porém, é o licenciamento ambiental, instituído desde a década de 1980. Por meio da avaliação dos impac-tos a serem gerados pelos empreendimentos, do estabelecimento de balizas e condi-cionalidades para sua implantação, e a emissão e renovação de licenças ambientais, o poder público acompanha a implantação e a operação das atividades durante toda sua vida útil.

O licenciamento é responsabilidade dos órgãos que compõem o Sisnama, mas cabe ao empreendedor providenciar o licenciamento junto ao órgão competente. Historica-mente, a maior parte dos licenciamentos tem sido feita na esfera estadual. Entretanto, há casos em que o licenciamento está a cargo da esfera federal, como a implantação de hidrelétricas, ou municipal, no caso de atividades de impacto local.

O licenciamento ambiental é baseado no princípio da prevenção, o qual visa a minimizar o potencial de risco ao meio ambiente e mitigar os impactos existen-tes. Por isso, é um processo que acompanha os empreendimentos potencialmente impactantes durante toda sua vida útil, demandando sistemas de informação e monitoramento permanentes.

TIRE SUAS DÚVIDAS

O que signifi ca licenciamento ambiental?

É o procedimento administrativo no qual o poder público, representado por órgãos ambientais, autoriza e acompanha a localização,

implantação e operação de atividades que utilizam recursos naturais ou que sejam consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras. É obrigação do empreendedor buscar o licenciamento ambiental junto ao órgão competente, desde as etapas iniciais de seu planejamento e instalação até a sua efetiva operação.

TIRE SUAS DÚVIDAS

O que signifi ca licenciamento ambiental?

É o procedimento administrativo no qual o poder público, representado por órgãos ambientais, autoriza e acompanha a localização,

O licenciamento ambiental é, ao mesmo tempo, instrumento de controle e de política ambiental de caráter preventivo, para a execução dos objetivos da Política Nacional de Meio Ambiente. Além disso, é uma política pública que requer a estruturação de recursos e capacidades especiais, e prestação de serviços públicos que requer a normatização de procedimentos por meio de rotinas, fl uxos e registros.

54

SÉRIE GESTÃO AMBIENTAL MUNICIPAL PARA A ÁREA RURAL

FAÇA SUAS ANOTAÇÕES FIGURA 1. Quatro dimensões do licenciamento:

FIGURA 2.

FiscalizaçãoMonitoramento

Licenciamento

Atividades associadas ao licenciamento ambiental

Dentro dos instrumentos de controle ambiental, o licenciamento é indissociável da fiscalização e do monitoramento ambiental. Isso acontece porque o licenciamento am-biental não é um ato jurídico definitivo: mesmo depois de concedida, a licença de ope-ração do empreendimento deve ser periodicamente renovada.

FISCALIZAÇÃO: Objetiva o cumprimento das condicionantes emitidas nas li-cenças para as atividades e empreendimentos. O descumprimento das medidas necessárias à preservação ou correção dos inconvenientes e danos causados pela degradação da qualidade ambiental sujeita os transgressores às penalidades pre-vistas em normas tais como a Lei de Crimes Ambientais.

MONITORAMENTO: É um instrumento de geração de informação, confiável e regular, sobre atividades, processos e bens ambientais. Tem ainda a importan-

conjunto de práticas

organizacionais que se traduzem

em rotinas e procedimentos

política pública que requer a estruturação de recursos e capacidades

especiais

instrumento de controle ambiental

instrumento de política ambiental

de caráter preventivo

55

VOLUME 1: ORGANIZANDO A ÁREA DE CONTROLE AMBIENTAL DO MUNICÍPIO

FAÇA SUAS ANOTAÇÕESte função de verifi car se as previsões de impacto e medidas de controle previstas durante o licenciamento foram efetivas.

O licenciamento ambiental está associado, ainda, a outro instrumento de política am-biental, que é o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e o respectivo Relatório de Impac-to Ambiental (Rima). O EIA é exigido para a instalação de empreendimentos e obras dotados de signifi cativa capacidade impactante.

Além dele, há outros estudos associados ao licenciamento, tais como o Projeto Básico Ambiental (PBA), o Plano de Controle Ambiental (PCA), Relatório de Controle Am-biental (RCA) e o Plano de Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD) e análises de risco, que cumprem as mesmas funções do EIA para situações específi cas. Os estudos necessários devem ser realizados por profi ssionais legalmente habilitados, às expensas do empreendedor.

Distribuição de responsabilidades

As responsabilidades de licenciamento ambiental, segundo a Política Nacional do Meio Ambiente, têm sido predominantemente dos estados, cabendo à União, por meio do Ibama, papel suplementar, fi cando os municípios com responsabilidade sobre em-preendimentos e atividades de impacto local, entendidos como aqueles cujos impactos ambientais diretos não ultrapassam os limites municipais.

TIRE SUAS DÚVIDAS

Por que licenciar atividades?

1É através da licença que o empreendedor inicia seu contato com o órgão ambiental e passa a

conhecer suas obrigações quanto ao adequado controle ambiental de suas atividades. A concessão

da licença ambiental é precedida de uma série de restrições ambientais que devem ser seguidas pelo interessado.

2 O licenciamento ambiental é obrigatório em todo o território nacional e as atividades efetiva ou potencialmente impactantes e/ou poluidoras não

podem funcionar sem o devido licenciamento. Empresas que funcionem sem a licença ambiental estão sujeitas às sanções previstas em lei, incluindo as punições relacionadas na Lei de Crimes Ambientais: advertências, multas, embargos, paralisação temporária ou defi nitiva das atividades.

3 O mercado cada vez mais exige empresas licenciadas e que cumpram a legislação ambiental. Além disso, as agências bancárias e os órgãos de

fi nanciamento e de incentivos governamentais, como o BNDES, condicionam a aprovação dos projetos à apresentação da licença ambiental.

56

SÉRIE GESTÃO AMBIENTAL MUNICIPAL PARA A ÁREA RURAL

FAÇA SUAS ANOTAÇÕES

Os tipos de empreendimentos a serem licenciados pela União, pelos estados e pelos municípios são discriminados na Resolução Conama 237/1997 e na Lei Complemen-tar 140/2011. Cabe aos municípios licenciar:

• Empreendimentos que causem ou possam causar impacto ambiental de âmbito local, conforme tipologia definida pelos Conselhos Estaduais de Meio Ambiente, considerados os critérios de porte potencial poluidor e natureza da atividade;

• Empreendimentos localizados em áreas de conservação municipais, exce-to em áreas de proteção ambiental (APA);

• Supressão e manejo de vegetação, florestas e formação de florestas suces-soras em áreas de florestas públicas municipais e unidades de conservação instituídas pelo município, exceto APA, e nos empreendimentos licencia-dos pelo município.

Gestão e licenciamento ambiental nos municípios paraenses

Atualmente, 61 municípios paraenses estão habilitados para realizar licenciamento ambiental de atividades de impacto local. A distribuição de atribuições entre estado e municípios paraenses para licenciamento ambiental é disciplinada por diversos regimes, que estabelecem diferentes relações com os diferentes poderes.

Em 2005, o governo do estado promoveu a primeira estratégia de compartilhamento das atividades de licenciamento ambiental com os municípios. Mediante o atendimen-to de exigências definidas pelo estado, municípios foram autorizados a licenciar em-preendimentos considerados de porte local, sendo celebrados acordos através de con-vênios, mais tarde substituídos por Termos de Gestão Compartilhada. O caráter local dos empreendimentos potencialmente impactantes foi definido caso a caso, através do indicador de porte. Os empreendimentos considerados de porte local deveriam ser, a partir de então, gerenciados pelos municípios, entendendo-se como gerenciamento ambiental o conjunto de atividades de licenciamento, fiscalização e monitoramento.

As exigências estabelecidas para os municípios pelo Estado do Pará são:

• Promulgar lei de política ambiental;• Ter órgão municipal de defesa do meio ambiente (Omma) estruturado;• Ter um quadro técnico mínimo para a área.

Em 2009, foi instituído pelo estado um segundo mecanismo para o exercício do li-cenciamento ambiental pelos municípios, o da habilitação para licenciamento, ins-tituída pela Resolução Coema 79/2009 (posteriormente modificada pela Resolução Coema 89/2011, que amenizou a exigência de alguns requisitos). Foram definidos requisitos-padrão para todos os municípios paraenses, sendo discriminados em lista todos os empreendimentos passíveis de licenciamento pelos municípios.

Em 2010, foi editada uma nova lista de empreendimentos passíveis de licenciamento, desta vez pela Lei 7.389/2010. Nela, os empreendimentos estão classificados por sua

Ambas as listas passaram a ser usadas concomitantemente. As divergências existentes entre porte de empreendimentos mencionados em ambas as listas têm sido contornadas com a adoção da definição mais exigente.

A Lei Complementar 140/2011 pretende equacionar a distribuição de competências no processo de licenciamento ambiental, que apresentava aspectos polêmicos, tendo sido motivo de parte significativa das ações civis públicas promovidas pelo Ministério Público Federal. A lei também reforçou a possibilidade de delegação de competências entre os entes federativos.

VER Delegação de competência, pág. 60.

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VOLUME 1: ORGANIZANDO A ÁREA DE CONTROLE AMBIENTAL DO MUNICÍPIO

FAÇA SUAS ANOTAÇÕESnatureza (tipologia), porte (definido por meio de parâmetros-limite) e potencial polui-dor/degradador (classificado em três categorias).

Requisitos para município poder licenciar:

• Fundo Municipal de Meio Ambiente implantado;

• Conselho Municipal de Meio Ambiente deliberativo, tendo em sua com-posição, no mínimo, 50% de entidades não governamentais, implantado e funcionando;

• Possuir nos quadros do órgão municipal do meio ambiente, ou à sua dispo-sição, profissionais legalmente habilitados para a realização do licenciamen-to ambiental, com a devida Anotação de Responsabilidade Técnica (ART);

• Possuir servidores municipais com competência e habilidade para exercí-cio da fiscalização ambiental;

• Possuir legislação própria disciplinando o licenciamento ambiental e as sanções administrativas pelo seu cumprimento;

• Possuir Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano (para município com população superior a 20.000 habitantes) ou Lei de Diretrizes Urbanas (município com população igual ou inferior a 20.000 habitantes);

• Possuir Plano Ambiental, aprovado pelo Conselho Municipal de Meio Ambiente, de acordo com as características locais e regionais.

Apesar de não ser requisito legal obrigatório para seu funcionamento, recomenda-se que o órgão ambiental tenha dotação orçamentária própria, prevista no orçamento municipal, independente de ser secretaria exclusiva ou não. Outro aspecto importante é a existência de infraestrutura e equipamentos para atender às demandas que serão de responsabilidade do órgão ambiental municipal após a habilitação.

DEMANDAS COMUNS PARA LICENCIAMENTO AMBIENTAL LOCAL

Além das atividades típicas de meio rural, estão sujeitas ao licenciamento ambiental variadas atividades presentes em todos os assentamentos huma-nos, que são comuns a todos os municípios, independente de tamanho ou vocação econômica.

Entre essas atividades estão: cerâmica, extração mineral para construção civil (areia e argila), portos para extração mineral, atividades de construção civil, lava-a-jatos, loteamentos, supermercados, piscicultura, depósitos, carvoarias, serrarias, bares, hotéis, oficinas mecânicas, postos de gasolina, artefatos de concreto (tubos, manilhas), empreendimentos habitacionais fi-nanciados pelo programa federal Minha Casa Minha Vida, depósitos de gás, frigoríficos, depósitos de ração, armazenamento de grãos, entre outros.

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SÉRIE GESTÃO AMBIENTAL MUNICIPAL PARA A ÁREA RURAL

FAÇA SUAS ANOTAÇÕES

O QUE É E QUAIS SÃO OS TIPOS DE LICENÇA AMBIENTAL

LICENÇA AMBIENTAL É o documento (ato administrativo), com prazo de validade definido, em que o órgão ambiental estabelece regras, condições, restrições e medidas de controle ambiental a serem seguidas por um de-terminado empreendimento. Entre as principais características avaliadas no processo estão: potencial de geração de líquidos poluentes (despejos e efluentes), resíduos sólidos, emissões atmosféricas, ruídos e o potencial de riscos de explosões e incêndios, assim como a perda de biodiversidade e contaminação de solo, água e ar. Ao receber a licença ambiental, o em-preendedor assume os compromissos para a manutenção da qualidade am-biental do local em que se instala. O processo de licenciamento ambiental é constituído de três tipos de licenças, cada uma exigida em uma etapa es-pecífica do licenciamento: Licença Prévia (LP); Licença de Instalação (LI); e Licença de Operação (LO).

As licenças ambientais podem ser expedidas isolada ou sucessivamente, de acordo com a natureza, características e fase do empreendimento ou ativi-dade. O órgão ambiental competente poderá ainda definir os critérios de exi-gibilidade e o detalhamento de procedimentos de licenciamento, levando em consideração as especificidades, os riscos ambientais, o porte e outras características do empreendimento ou atividade, que devem ser licenciados em um único nível de competência.

Dessa forma, compete ao órgão ambiental municipal, ouvidos os órgãos competentes da União e dos estados, quando couber, o licenciamento am-biental de empreendimentos e atividades de impacto ambiental local e da-quelas que lhe forem delegadas por instrumento legal ou convênio.

LICENÇA PRÉVIA (LP) É a primeira etapa do licenciamento, em que o órgão licenciador avalia a localização e a concepção do empreendimento, atestan-do a sua viabilidade ambiental e estabelecendo os requisitos básicos para as próximas fases. São definidos todos os aspectos referentes ao controle am-biental do empreendimento. De início, o órgão licenciador determina se a área sugerida para a instalação é tecnicamente adequada. Esse estudo de viabilidade é baseado no Zoneamento Municipal ou Zoneamento Ecológico Econômico estadual. Podem ser requeridos estudos ambientais complemen-tares, tais como EIA/Rima e RCA, a serem apresentados na fase de LI. O órgão licenciador, com base nesses estudos, define as condições nas quais a ativi-dade deverá se enquadrar.

LICENÇA DE INSTALAÇÃO (LI) Autoriza o início da construção do empreen-dimento e a instalação dos equipamentos. A execução do projeto deve ser feita conforme o modelo apresentado. Qualquer alteração no projeto deve ser formalmente enviada ao órgão licenciador para avaliação.

LICENÇA DE OPERAÇÃO (LO) Autoriza o funcionamento do empreendi-mento. Deve ser requerida quando o projeto estiver instalado e após a verifi-cação das medidas de controle ambiental estabelecidas nas condicionantes

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VOLUME 1: ORGANIZANDO A ÁREA DE CONTROLE AMBIENTAL DO MUNICÍPIO

FAÇA SUAS ANOTAÇÕESdas licenças anteriores. Nas restrições da LO, estão determinados os méto-dos de controle e as condições de operação.

LICENÇA DE ATIVIDADE RURAL (LAR) No Pará, a licença foi criada pelo decreto 2.593/2006 como instrumento de controle prévio da realização de atividade agrossilvipastoril, em suas fases de planejamento, implantação e operação. VER Capítulo 6, Gestão ambiental da área rural, pág. 91.

LICENÇA AMBIENTAL SIMPLIFICADA (LAS) No Pará, está disciplinada pela IN Sema 4/2013 e disciplina o licenciamento ambiental para regulariza-ção de empreendimentos e atividades aquícolas que já estejam em opera-ção e novos empreendimentos desde de que observadas as restrições e limi-tes de porte. Por trata-se de uma licença única, é um instrumento de controle da instalação e operação, equiparando-se, para efeitos legais, à LO.

Estudos para concessão de licenças

ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL E RELATÓRIO DE IMPACTO AM-BIENTAL (EIA/RIMA) Exigência legal na implantação de projetos com signi-ficativo impacto ambiental. Consiste em um estudo realizado no local do em-preendimento (solo, ar, água), para verificar se a área contém algum passivo ambiental, além de prever como o meio sócio-econômico-ambiental será afetado pela implantação do empreendimento. É exigido para as atividades listadas nas Resoluções Conama 1/1986, 11/1986, 5/1987, 9/1990 e 10/1990, sempre que houver significativo potencial de degradação ambiental.

RELATÓRIO DE CONTROLE AMBIENTAL (RCA) Documento com informa-ções de caracterização do empreendimento a ser licenciado. Deve conter: descrição do empreendimento; do processo de produção; caracterização das emissões geradas nos diversos setores do empreendimento (ruídos, efluen-tes líquidos, atmosféricos e sólidos). O órgão ambiental pode requerer o RCA sempre que houver a dispensa do EIA/Rima. Estabelecido na Resolução Co-nama 10/1990, é exigido para obtenção da LP para minerais da classe II.

PLANO DE CONTROLE AMBIENTAL (PCA) Exigido nas Resoluções Cona-ma 9/1990 e 10/1990 para a concessão de LI de atividade de extração mineral.

PLANO DE RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS (PRAD) Previsto na Constituição Federal, para recuperação das áreas mineradas, e no Decreto 97.632/1989. Diretrizes fixadas pela NBR-13.030 da ABNT.

PROJETO BÁSICO AMBIENTAL (PBA) Previsto na Resolução Conama 06/1987, que trata do licenciamento dos empreendimentos do setor elétrico.

RELATÓRIO AMBIENTAL SIMPLIFICADO (RAS) Originalmente disciplina-do pela Resolução Conama 279/2001, para licenciamento de atividades de pe-queno potencial de impacto ambiental do setor elétrico. Atualmente, é utilizado por vários órgãos licenciadores para atividades de baixo potencial degradador/poluidor. No Pará, subsidia a concessão de LAR em atividades agrossilvipastoris.

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SÉRIE GESTÃO AMBIENTAL MUNICIPAL PARA A ÁREA RURAL

Como funciona a habilitação municipal no Pará

Junto com os documentos comprobatórios dos requisitos legais e administrativos, es-tabelecidos nas Resoluções Conama 237/97, Coema 079/2009 e na Lei Complementar 140/2011, os municípios interessados protocolam na Sema processo requerendo a habilitação para gestão ambiental local.

O cumprimento dos requisitos é analisado pela Sema, que realiza visitas técnicas, visando verificar a capacidade instalada do órgão ambiental municipal. No caso de pendências, o município é notificado por ofício para adoção de medidas pertinentes.

Verificada a adequação das condições municipais, a Coger/DIPLAM elabora parecer técnico e minuta de habilitação,que são enviados para a Diretoria e, posteriormente, à Consultoria Jurídica. Ao ser confirmado pela instância jurídica, a Diretoria de Planejamento (Diplam) encami-nha ao secretário para assinatura da habilitação.

Uma vez habilitado, a Sema/Diplam promove no município capacitação em licen-ciamento, fiscalização, ordenamento ambiental, procedimentos administrativos e educação ambiental. Nessas capacitações, são também compartilhados modelos de requerimentos, de licenças e de termos de referência utilizados nos processos de li-cenciamento ambiental.

Após habilitação, são previstas aproximadamente três visitas de supervisão a cada município por ano. Nessas visitas, são elaborados diagnósticos dos procedimentos, equipes e visitas aos autos dos processos. Os processos de habilitação permanecem arquivados na Sema/Diplam em registros impressos do processo e dos diagnósticos e relatórios de visitas.

Delegação de competência

À parte os dois regimes de municipalização do processo de licenciamento (Termos de Gestão Compartilhadas e o sistema de habilitação de municípios), existe ainda a possibilidade de delegação de atribuições estaduais para licenciar empreendimentos de porte extra-local para municípios, por meio de celebração de Convênio de Delegação de Competência, regulamentado pela Sema em 2013 (IN 5/2013).

É o caso do município de Dom Eliseu, que possui delegação para licenciar atividades de agricultura (silos para armazenamento de loteamento de grãos), bovinocultura, bu-balinocultura e cultura de ciclo longo e curto, bem como para reflorestamento, agri-cultura e pecuária de áreas já consolidadas de até 3 mil hectares. Já o município de Paragominas possui a delegação para licenciar manejo florestal, shopping e frigorífico.

A diretoria responsável pelo licenciamento, após a celebração da delegação, será encarre-gada da análise dos relatórios apresentados. À Diplam, compete acompanhar a apresen-tação dos relatórios semestrais pelo município para fins de consolidação, preferencial-mente de forma eletrônica, dos dados referentes às delegações firmadas e seu andamento. A delegação de competência não prevê a transferência de recursos financeiros.

A habilitação é feita pela Coordenadoria de Gestão Compartilhada e Regionalizada – Coger da Diretoria de Planejamento Ambiental – Diplam, Sema/PA.

61

VOLUME 1: ORGANIZANDO A ÁREA DE CONTROLE AMBIENTAL DO MUNICÍPIO

FAÇA SUAS ANOTAÇÕES

COMO OBTER A DELEGAÇÃO DE COMPETÊNCIA

Para solicitar a Delegação de Competência, devem ser apresentados os se-guintes documentos pelo município interessado:

• Cópia da carteira de identidade, Cadastro de Pessoas Físicas (CPF), Termo de Posse e Diploma do prefeito e do secretário de Meio Ambiente Municipal;

• Cópia do Cadastro Nacional das Pessoas Jurídicas (CNPJ);

• Declaração assinada pelo prefeito e pelo secretário de Meio Am-biente Municipal, na qual declaram que o município preenche os requisitos contidos no art. 5 da Lei Complementar 140/2011 (órgão ambiental capacitado e conselho de meio ambiente) e que observarão as normas estaduais, inclusive do Coema e o termo de referência da Sema para o licenciamento;

• Ofício solicitando a formalização do Convênio de Delegação de Competência para o Licenciamento Ambiental com a identifica-ção de atividade(s) e/ou empreendimento(s), quando a iniciativa for municipal.

FIGURA 3. Trâmite do processo de delegação de competência

Diretoria responsável pelo licenciamento da

atividade que se pretende delegação para avaliação dos documentos e análise

técnica

Consultoria Jurídica (Conjur) para análise e

elaboração da minuta do instrumento

Ofício solicitando delegação

Gerência da Central de

Atendimento (Gecat)

Gabinete do secretário para celebração do

instrumento de delegação, caso seja técnica e

juridicamente viável

Gerência de Convênios (Gecon)

para tombamento e publicação

Diretoria de Planejamento (Diplam)

para ciência

Diretoria responsável pelo licenciamento para

ciência

Capítulo 4Recursos e capacidades para o

exercício do controle ambiental municipal

NESTE CAPÍTULO:

Categorias de recursos e capacidades ............................................... 65

65

VOLUME 1: ORGANIZANDO A ÁREA DE CONTROLE AMBIENTAL DO MUNICÍPIO

FAÇA SUAS ANOTAÇÕESPara exercer o seu papel constitucional de gestor ambiental, os municípios devem estruturar-se para implementar seus sistemas de gestão ambiental em termos políticos, técnicos, tecnológicos e operacionais. Para tanto, precisam criar um

órgão municipal de meio ambiente (secretaria, departamento), que seja responsável pelas atividades de gestão ambiental e que contemple um quadro técnico capacitado para responder, e normativas para disciplinar as questões ambientais.

O processo de licenciamento ambiental municipal deve ser entendido como o cum-primento do seu mandato ambiental federativo de competência comum, ou seja, em regime de cooperação. A cooperação é exercida de diferentes maneiras:

• Entre as esferas federal, estadual e municipal, como competência subsidi-ária ou delegação de competências;

• Entre municípios, por meio de consórcios públicos, convênios e acordos de cooperação, entre outros instrumentos;

• Entre os órgãos setoriais em cada município, articulando a licença ambiental a outros processos de autorizações e licenças, como, por exemplo, alvarás.

Categorias de recursos e capacidades

O sistema de licenciamento ambiental é integrado por processos a cargo de agentes das diversas esferas governamentais, que atendem ao conjunto de empreendedores e visam a proteger a qualidade ambiental. O licenciamento ambiental (como visto no Capítulo 2) é uma das atividades principais do controle ambiental, mas é indissociável das ativi-

O PAPEL DO PREFEITO

O prefeito, chefe do poder executivo municipal, desempenha funções polí-ticas e administrativas. Um exemplo do papel determinante do prefeito

foi a construção do pacto para o desmatamento zero realizado entre o então prefeito Adnan Demachki e os diversos setores da sociedade local, em 2008, que permitiu a Paragominas, em dois anos, ser o primeiro município a sair da lista dos maiores desmatadores do Ministério do Meio Ambiente.

Ao perceber que estar nessa lista era prejudicial para o município, Dema-chki liderou o projeto Paragominas: Município Verde, onde o prefeito tomou decisões corajosas e originais para cumprir com a meta de redução de des-matamento, tais como a cassação de alvarás de carvoarias e serrarias ilegais, apreensão de caminhões transportando carvão.

Durante sua gestão, foi aprovada lei municipal que proíbe a supressão de floresta nativa no território do município, estabelece necessidade de mitiga-ção de impactos para os casos de supressão relacionados com construção de estradas e ramais de eletrificação, mineração e implantação de novos bair-ros na área urbana, e define regras para a fabricação de carvão vegetal (Lei Municipal 722/2010).

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SÉRIE GESTÃO AMBIENTAL MUNICIPAL PARA A ÁREA RURAL

FAÇA SUAS ANOTAÇÕES dades de monitoramento e de fi scalização ao longo de toda a vida útil do empreendi-mento. Assim, as atividades prévias à concessão de licenças são tão importantes quan-to o monitoramento e supervisão pós-concessão, nos períodos entre sua renovação.

Nesse sentido, o licenciamento é um sistema de prestação de serviços aos responsáveis por empreendimentos potencialmente impactantes que deve ser feito de forma efetiva, efi ciente e transparente, associando as atividades de licenciamento, controle e moni-toramento ambiental.

Além da vontade política do prefeito, para que o município exerça seu papel no sistema de controle ambiental, é necessário desenvolver recursos e capacidades demandados por políticas ambientais municipais. A seguir é apresentado um conjunto de oito cate-gorias de recursos e capacidades que devem ser considerado para estruturar a área de controle ambiental municipal.

1. Recursos institucionais

Abrangem o conjunto de atribuições e instrumentos relativo ao poder-dever mu-nicipal sobre o meio ambiente, que inclui: a autoridade e a legitimidade para atuar em determinadas áreas e atividades; o poder-dever e o poder de polícia ambien-tal a ele relacionado. No que se refere ao licenciamento ambiental, é essencial que

a lei de criação do órgão municipal de meio ambiente defi na claramente suas atribuições e área de atuação e que os responsáveis pelas atividades de controle ambiental que envol-vam a fi scalização estejam nomeados para esse fi m em ato administrativo, por exemplo, por meio de uma portaria do órgão de meio ambiente.

2. Recursos organizacionais

Compreendem as estruturas estatais para a formula-ção, execução, acompanhamento e coordenação das ações e suas rotinas. Podem tomar a forma de secreta-rias de governo, departamentos, assessorias, centros de pesquisa e fundações de caráter técnico.

Em todos os municípios, o exercício do licenciamento depende da existência de órgão ambiental exclusivo ou compartilhado, devidamente capa-citado, e conselho de meio ambiente ativo (conforme estipulado pela Lei Complementar 140). O órgão municipal pode ter responsabilidade pelo meio ambiente de forma exclusiva ou compartilhar a atribuição ambiental com outras atribuições. É o caso do município de Tailândia, onde a pasta responde pelas áreas de ciência, tecnologia e meio ambiente, e de São Félix do Xingu, onde a pasta responde também pela área de saneamento.

O processo de licenciamento ambiental requer uma divisão de trabalho, com seções especí-fi cas para seus procedimentos administrativos, tais como uma unidade de atendimento ao público e protocolo, um setor responsável pela análise técnica e outro pela análise jurídica.

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VOLUME 1: ORGANIZANDO A ÁREA DE CONTROLE AMBIENTAL DO MUNICÍPIO

FAÇA SUAS ANOTAÇÕES3. Recursos normativos

São compostos pelas normas formais consolidadas em le-gislação necessárias para a implementação da PAM. É es-sencial que as normas ambientais dialoguem com a realida-de local e tratem de forma clara das obrigações, direitos e instrumentos dessa política. No caso do licenciamento am-biental, é indispensável que o município edite normas – leis, decretos, portarias e resoluções - que disciplinem os múlti-

plos aspectos do licenciamento, tais como a defi nição dos prazos para os procedimentos, as regras para o licenciamento e as correspondentes sanções em caso de descumprimento, os valores dos custos a serem arcados pelo empreendedor, entre outros.

IMPORTANTE: As normas municipais devem seguir o disposto nas leis federais e estaduais e também dialogar com as demais leis e instrumentos municipais, como o Plano Diretor, Código de Obras e Lei de Parcelamento do Solo Urbano.

IMPORTANTE: A transição entre uma gestão e outra pode acarretar mudanças na equipe técnica com impactos nos procedimentos e andamento dos processos de licenciamento, por isso é importante garantir parte da equipe técnica concursada, em especial os responsáveis pela assinatura de ART e pelo exercício do poder de polícia ambiental e fi scalização.

4. Recursos humanos

São os quadros técnicos, gerenciais, operativos e auxiliares, assim como o pessoal envolvido em atividades de PAM não remuneradas (como os conselhos de meio ambiente) e o pertencente a outras organizações (estatais não municipais e não governamentais), alocados em ações de PAM.

Nos quadros estatais é importante garantir equipes permanentes e com remuneração adequada, que resultará, entre outras vantagens, em ganho de cultura institucional, melhoria na prestação de serviços e apropriação dos esforços de capacitação.

O licenciamento depende de suporte técnico e científi co para a análise da capacidade impactante dos empreendimentos, normalmente provido pelos estudos ambientais e

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SÉRIE GESTÃO AMBIENTAL MUNICIPAL PARA A ÁREA RURAL

FAÇA SUAS ANOTAÇÕES por parâmetros de qualidade ambiental. É indispensável contar com equipe técnica habilitada para tais análises, interdisciplinar e capaz de assinar Anotações de Res-ponsabilidade Técnica.

5. Recursos de conhecimento,informação e tecnológicos

Compreendem as informações, estatísticas, conhecimentos sistematizados em pesquisas sobre o ambiente e sobre as respostas de po-lítica. Estes conhecimentos abrangem tanto análises de base científi ca quanto do aporte do conhecimento de comunidades locais.

O conhecimento sobre o município pode ser organizado por meio de indicadores sobre uso e ocupação do solo e qualidade ambiental, bem como por meio de cadastro de atividades poluidoras e processos de licenciamento, entre outros.

Os recursos tecnológicos englobam diversos instrumentos de armazenamento e proces-samento de informações e de elaboração de análises, tais como modelo de simulação, sistemas de monitoramento remoto, registro em meio digital e georreferenciado da base territorial de informações da PAM. Envolvem investimentos em softwares, sistemas e equi-pamentos, e sua operação depende de recursos humanos qualifi cados e de conhecimento.

No caso de licenciamento ambiental, é essencial que os gestores e técnicos tenham acesso a informações atualizadas e qualifi cadas para preparar os termos de referên-cia dos diferentes empreendimentos, assim como para avaliar a qualidade e proces-sar as informações a serem entregues pelos empreendedores. Para isso, é necessário contar com programas de processamento de informações para cadastro dos em-preendedores, integração on-line dos processos de licenciamento, laboratórios para análise de amostras, georreferenciamento dos empreendimentos, processamento de imagens, entre outros.

IMPORTANTE: O conhecimento sobre as prioridades ambientais e atividades sujeitas a licenciamento são fundamentais para dimensionar a demanda, defi nir composição da equipe técnica e estimar recursos necessários para o exercício do controle ambiental.

6. Recursos operacionais

São equipamentos e estruturas como imóveis para sediar os órgãos ambientais, laboratórios, equipa-mentos de informática, veículos e instrumentos para inspeções (como, por exemplo, máquinas fotográfi -cas e equipamentos de comunicação), entre outros.

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VOLUME 1: ORGANIZANDO A ÁREA DE CONTROLE AMBIENTAL DO MUNICÍPIO

FAÇA SUAS ANOTAÇÕES7. Recursos fi nanceiros

Incluem dotações orçamentárias municipais, verbas provenientes de outras esferas do poder público por meio de convênios e outros repasses, como a TCFA ( VER Taxa de controle e fi scalização ambiental (TCFA), pág. 70), além dos recursos gerados pela prestação de serviços por meio da emissão de auto-rizações e licenças ambientais, e pela aplicação de

sanções pecuniárias, como multas. Os recursos podem ainda ser provenientes de com-pensação ambiental e de fi nanciamentos a fundo perdido de instituições privadas ou públicas mediante a apresentação de projetos, como o Fundo Amazônia do BNDES.

Recursos fi nanceiros são fundamentais para a contratação de profi ssionais especializa-dos, cujo tipo de especialização é apenas ocasionalmente requerido, não se justifi can-do sua contratação em regime permanente; para custeio das atividades de controle e manutenção de equipamentos; programas e compras de imagens e softwares, contrata-ção de estudos técnicos e científi cos, consultorias especializadas, implementação e ma-nutenção de áreas verdes públicas, bem como para o provimento de aperfeiçoamento técnico dos servidores, como é o caso de cursos de capacitação.

8. Capacidade de cooperaçãoe articulação institucional

A cooperação refere-se à capacidade de associar atores e organizações em coalizões estáveis para a promoção e implementação de objetivos comuns da agenda ambiental – envolven-do, portanto, identifi car interesses

comuns, aportar recursos complementares e aprender a trabalhar junto. Regimes cooperativos podem ser adotados não apenas entre atores governamentais em uma mesma esfera de governo (Secretarias de Meio Ambiente e Urbanismo, por exemplo), quanto entre atores governamentais e de organizações da sociedade civil, e também entre as três esferas governamentais – União, estado e município. A cooperação entre esferas de governo é essencial para facilitar o entendimento sobre as questões am-bientais em um mesmo território, promover o apoio e o fortalecimento institucional, acesso simultâneo on-line aos processos de licenciamento pelas três esferas em um mesmo território municipal etc.

IMPORTANTE: Os consórcios intermunicipais são bons meios de se atingir esse objetivo, uma vez que uma equipe técnica multidisciplinar bem treinada pode ser útil a vários municípios da mesma região.

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SÉRIE GESTÃO AMBIENTAL MUNICIPAL PARA A ÁREA RURAL

FAÇA SUAS ANOTAÇÕES

TAXA DE CONTROLE E FISCALIZAÇÃO AMBIENTAL (TCFA)

A Taxa de Controle e Fiscalização Ambiental foi instituída pelo Ibama (Lei 10.165/2000) com o objetivo de fortalecer o Sistema Nacional de Meio

Ambiente (Sisnama). Desde o início da década de 2000, portanto, o Ibama tem arrecadado recursos. Até 60% do valor da TCFA pode ser pleiteado pelos estados e municípios, desde que estabelecido em lei e acordada a coopera-ção técnica. Esses recursos já têm sido repassados a alguns estados, como Minas Gerais, Goiás, Bahia, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, nos quais foi instituída a taxa estadual de fiscalização.

CONSÓRCIO PÚBLICO

Os consórcios públicos, bem como os convênios e acordos de cooperação técnica, entre outros instrumentos de cooperação entre os entes fede-

rados, estão previstos desde a promulgação da Constituição, em 1988. Sua regulamentação, contudo, veio com a Lei Complementar 140/2011.

Esses instrumentos podem auxiliar na obtenção de equipamentos, am-pliação da equipe técnica e orçamento para formular e implementar as políticas ambientais.

A pactuação regional é importante para as questões ambientais porque o planejamento ambiental requer escalas maiores do que o território muni-cipal, como políticas de recursos hídricos, conservação da biodiversidade, gestão florestal, desenvolvimento territorial sustentável, entre outras.

Os consórcios regionais também facilitam a execução de diversas políticas por economia de escala, como gestão de resíduos sólidos, tratamento de água e esgoto e contratação de profissionais para o licenciamento ambiental. Existem diversas iniciativas de ações consorciadas para as políticas ambientais, incenti-vadas e apoiadas pela Lei 11.107/2005 (Lei de Consórcios Públicos).

Articulação institucional, por sua vez, é a participação em fóruns, colegiados e ou-tros tipos de arena nos quais o papel do município é estabelecer relações (de nego-ciação/convivência) com outros atores, se fazer ouvir e defender seus interesses. Um exemplo de colegiado é o Comitê Gestor do Programa Municípios Verdes, onde os municípios são convidados permanentes e interagem com órgãos estaduais e federais e sociedade civil.

No caso do licenciamento ambiental, inclui cooperação interagências para as ativi-dades de controle, fiscalização e monitoramento, tanto no interior de um mesmo mu-nicípio, quanto entre diversos municípios, para, por exemplo, compartilhar equipes técnicas para vistorias, fiscalização e análises de processos de licenciamento.

71

VOLUME 1: ORGANIZANDO A ÁREA DE CONTROLE AMBIENTAL DO MUNICÍPIO

FAÇA SUAS ANOTAÇÕES

VOCÊ SABIA?

Há exemplo de consórcio público para gestão ambiental no Pará?

Criado em 2011, o Consórcio Intermunicipal de Desenvolvimento Sustentável da Transamazônica e Xingu (CIDS) tem como objetivo motivar a

adoção de medidas legais pelo poder público para a redução de emissões de gases de efeito estufa causadas por desmatamento e queimadas. A iniciativa integra os municípios de Placas, Uruará, Medicilândia, Brasil Novo, Anapu, Pacajá, Vitória do Xingu e Senador José Porfírio (PA), e busca viabilizar alternativas econômicas que garantam a conservação de estoques fl orestais e promovam, ao mesmo tempo, maior rentabilidade de atividades agrícolas nas áreas já desmatadas.

No fi nal de 2013, o Consórcio conseguiu aprovação, pelo Comitê Gestor do Plano de Desenvolvimento Sustentável do Xingu (CGDEX), de dois projetos de desenvolvimento sustentável no valor de R$ 4,5 milhões. Os projetos visam ao fortalecimento das secretarias de meio ambiente para o cumprimento das políticas públicas na região Transamazônica e Xingu e a recuperação de áreas para a produção de alimentos.

Capítulo 5Organizando a área de controle ambiental:

procedimentos, fl uxos e rotinas

NESTE CAPÍTULO:

Deveres do município no licenciamento ambiental .............................75

Sobre os prazos das licenças .............................................................79

Documentação administrativa e técnica ............................................ 84

Cadastro dos processos.................................................................... 85

Infrações e sanções administrativas ................................................. 86

Como aplicar sanções ...................................................................... 87

75

VOLUME 1: ORGANIZANDO A ÁREA DE CONTROLE AMBIENTAL DO MUNICÍPIO

FAÇA SUAS ANOTAÇÕESManter o empreendedor bem informado sobre todos os passos e requisitos para o seu licenciamento é fundamental para um processo bem feito. Para tanto, o empreendedor deve ter acesso à ampla informação sobre

os procedimentos administrativos e técnicos, principalmente com a definição cla-ra e objetiva de toda a documentação necessária à análise e à emissão da licença ambiental.

O setor técnico deve formular exigências pertinentes e necessárias e os empreende-dores devem reunir toda a documentação exigida, juntando-as ao processo, prefe-rencialmente de uma única vez, para evitar “idas e vindas” desnecessárias.

É importante lembrar que o processo de licenciamento implica, para o empreende-dor, não apenas no custo relacionado ao pagamento da taxa vinculada à emissão de uma licença, mas também nos custos decorrentes da elaboração de estudos am-bientais e das medidas de controle, mitigadoras e compensatórias requeridos pelo órgão ambiental.

O custo total também é influenciado pelo tempo que pode demorar a emissão de uma Licença Ambiental. Por isso, o processo de licenciamento pelo órgão licencia-dor deve ser estruturado para que não ocorram exigências desnecessárias à avalia-ção do impacto ambiental e seja o mais breve possível.

A análise deve ser focada estritamente nas questões ambientais. Adquirir ou de-senvolver um software de controle e trâmite do processo pode ajudar no fluxo de informação.

Essas informações podem ser divulgadas na internet e, se possível, disponibilizadas também de forma impressa. É imprescindível, ainda, oferecer atendimento pessoal do técnico ao empreendedor, com agendamento de reuniões para consultas pré-vias, para abertura de processos, juntada de documentos e, principalmente, para esclarecimentos necessários ao correto e ágil atendimento às exigências do órgão licenciador. VER Dez passos que o empreendedor deve seguir para o licenciamento ambiental , pág. 76.

Deveres do município no licenciamento municipal

O órgão municipal responsável pelo licenciamento ambiental deve observar todas as normas e procedimentos previstos nas legislações federal e estadual e ter uma regulamentação municipal para os procedimentos administrativos relacionados ao trâmite processual, com definição de responsabilidades e prazos, preferencialmente com apresentação do fluxograma do processo.

Essa normatização dá maior segurança aos técnicos que analisam o pedido de licen-ça e, principalmente, ao empreendedor, que poderá incluir corretamente o licencia-mento ambiental no cronograma de seu projeto.

Para tanto, regulamentação do licenciamento ambiental no nível municipal é a pri-meira providência a ser tomada e deve ser feita por meio de todos os instrumentos disponíveis ao município e de acordo com a hierarquia normativa de cada assunto.

O órgão responsável pelo licenciamento deve fornecer orientação sobre o preenchimento de formulários, instruções técnicas, modelos de estudos ambientais, legislação de referência, entre outras, que ajudem o empreendedor a cumprir corretamente os requisitos necessários.

10 passos que o empreendedor deve seguir para o licenciamento ambiental

Veri� car se o empreendimento está sujeito ao licenciamento ambiental, por meio de consulta ao órgão ambiental estadual e/ou municipal. No caso de empreendimento de impacto local, veri� car se o município onde o empreendimento será implantado está habilitado junto ao órgão estadual. Caso não esteja, o licenciamento deve ser feito pelo estado. VER Como saber quais municípios licenciam?, pág. 78.

IMPORTANTE: O licenciamento deve ser realizado por um único órgão ambiental. De acodo com os impactos da atividade, a competência pode ser do Ibama, da Sema ou do município.

Realizar consulta prévia ao órgão responsável pelo licenciamento ambiental para:Identi� car qual o tipo de licença mais adequada

ao empreendimento. Para alguns casos de empreendimentos de pequeno porte e baixo potencial de impacto ambiental, a legislação permite que sejam adotados procedimentos simpli� cados.

Obter informações sobre a documentação administrativa e técnica para início do processo de licenciamento. VER pág. 84.

Dar entrada do processo no setor de protocolo do órgão ambiental, com a apresentação de formulário especí� co devidamente preenchido, acompanhado de toda a documentação administrativa e técnica pertinente.

Realizar o pagamento da taxa para despesas realizadas pelo órgão ambiental para a análise e emissão da licença.

Reunir toda a documentação administrativa e técnica necessária e realizar, por meio de pro� ssionais legalmente habilitados, os estudos ambientais pertinentes.

IMPORTANTE: Os estudos ambientais devem ser custeados pelo empreendedor. Tanto o empreendedor quando os profi ssionais envolvidos que subscrevem os estudos requeridos são responsáveis pelas informações apresentadas, sujeitando-se às sanções administrativas, civis e penais cabíveis nos casos de omissão ou distorção da realidade pela falsa descrição de informações relevantes para a expedição da licença.

Aguardar a conclusão da análise pelo órgão ambiental, que, no caso de deferimento do pedido, emitirá a licença ambiental, e dar publicidade a todo o processo de licenciamento e à decisão � nal do órgão ambiental. VER Sobre os prazos das licenças, pág. 79.

IMPORTANTE: A publicidade se aplica aos casos de concessão da licença ambiental e de renovação.

Atender, nos prazos estipulados, as restrições e condicionantes e as providências exigidas pelo órgão ambiental.

IMPORTANTE: As restrições e condicionantes da licença ambiental estão relacionadas ao tipo de licença emitida e abrangem também as exigências para obtenção das licenças subsequentes.

Solicitar renovação da licença, no máximo, 120 dias antes do seu vencimento ou conforme estabelecido por normativas especí� cas do estado ou município.

VER Sobre os prazos das licenças, pág. 79.

Dar publicidade do pedido de licença ambiental no Diário O� cial ou jornal de grande circulação.

IMPORTANTE: No Pará, para a emissão de Licença de Atividade Rural, cabe à Sema e não ao empreendedor dar publicidade aos pedidos e emissões. É possível verifi car essa situação no sistema público Simlam (IN Sema 11/2012).

Acompanhar a tramitação do processo para atendimento de qualquer exigência de esclarecimentos, correções ou complementações no prazo estabelecido.

IMPORTANTE: Para os processos protocolados junto à Sema/PA, o acompanhamento pode ser feito via Simlam por meio do número do protocolo ou ainda mediante o agendamento com o setor técnico responsável. Nas secretarias municipais que ainda não tenham sistema eletrônico disponível para consulta pública, o acompanhamento é feito na própria secretaria de meio ambiente mediante o número do protocolo/processo.

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SÉRIE GESTÃO AMBIENTAL MUNICIPAL PARA A ÁREA RURAL

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TIRE SUAS DÚVIDAS

Como saber quais municípios licenciam?

A consulta sobre municípios habilitados pode ser feita no endereço www.sema.pa.gov.br/2013/05/13/municipios-com-gestao-ambiental.

Alguns empreendimentos e atividades são dispensados de licenciamento ambiental. No Pará, essas atividades foram disciplinadas pela Resolução Coema 107/2013 e a dispensa pode ser feita por meio de Declaração de Dispensa de Licenciamento Ambiental, a partir do formulário disponível em www.sema.pa.gov.br/dla.

Entre as atividades passíveis de dispensa estão: construção e reforma de cerca de arame, cercas vivas e outras; reforma de curral; construção de tulhas e galpões; bebedouros; cochos cobertos; aquisição de animais (cria, recria e engorda); aquisição de aves, peixes e alevinos; roço; poda de árvores; aração; gradagem, adubação e correção do solo; nivelamento de solo e curva de nível; semeadura; entre outros citados no Anexo II da resolução.

Como é a hierarquia normativa municipal?

Lei municipal: Aprovada pela Câmara Municipal. Pode ser proposta pelo legislativo (vereadores) e pelo executivo.

Decreto municipal: prefeitura ou por iniciativa popular.Aprovado pelo prefeito. Regulamenta leis municipais.

Resoluções: Aprovadas por colegiados, desde que criados por lei, de caráter deliberativo e com expressa atribuição de aprovar resoluções.

Instruções normativas: Atos administrativos expedidos pelos órgãos municipais (secretarias e afi ns) para regulamentar procedimentos externos.

Portarias: Atos administrativos expedidos pelos órgãos municipais (secretarias e afi ns) para regulamentar procedimentos internos.

IMPORTANTE: A DLA se aplica à dispensa por parte do estado, mas o licenciamento pode ser exigido pelo município. Por isso, é importante checar junto à prefeitura se a atividade deve ou não ser licenciada.

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VOLUME 1: ORGANIZANDO A ÁREA DE CONTROLE AMBIENTAL DO MUNICÍPIO

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Sobre os prazos das licenças

O órgão ambiental responsável pelo licenciamento pode estabelecer prazos para ava-liar o pedido de licenciamento e prazos de validade específi cos para cada licença, desde que respeitadas as regulamentações federal e estadual:

As Licenças Prévia (LP) e de Instalação (LI) poderão ter prazos de valida-de prorrogados, desde que não ultrapassem os prazos máximos de cinco a seis anos respectivamente.

O estabelecimento de taxa para indenizar os custos de análise para o licenciamento ambiental deve ser tratado por LEI ESPECÍFICA,caso a legislação municipal não contemple esta remuneração.

A defi nição de critérios de enquadramento, procedimentosadministrativos envolvendo mais de um órgão municipal pode sertratada em DECRETO MUNICIPAL.

A defi nição de procedimentos administrativos e técnicos afetos a um único órgão municipal, inclusive em relação aos procedimentos de consulta a outros órgãos, deve ser tratada por meio de RESOLUÇÕES, INSTRUÇÕES NORMATIVAS E PORTARIAS, desde que assim seja previsto nos atos do executivo municipal.

Modelos do formulário de requerimento de licença, de sua renovação, da publicação e notifi cação de exigências, do relatório de vistoria, do parecer técnico e instrumentos documentais relacionados ao processo de licenciamento podem ser objetos de RESOLUÇÕES, INSTRUÇÕES NORMATIVAS E PORTARIAS.

IMPORTANTE: É recomendável consultar a assessoria jurídica e/ou Procuradoria do município para determinar quais os instrumentos devem ser editados e qual a melhor forma de fazê-los, considerando todo o arcabouço legal e administrativo já existente no município.

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SÉRIE GESTÃO AMBIENTAL MUNICIPAL PARA A ÁREA RURAL

FAÇA SUAS ANOTAÇÕES Prazos especiais de Licença de Operação (LO) podem ser dados no caso de empreendimentos ou atividades que estejam sujeitos a encerramento ou modifi cações em prazos inferiores ao mínimo previsto para a LO, que é de quatro anos.

Na renovação da LO, o órgão ambiental poderá aumentar ou diminuir o seu prazo de validade, após avaliação do desempenho ambiental da ativi-dade ou empreendimento no período de vigência anterior, respeitados o limite máximo de dez anos.

Para a renovação de LO, o requerimento deve ser protocolado com ante-cedência mínima de 120 dias da expiração de seu prazo de validade fi xado na licença, e fi ca automaticamente prorrogado até a manifestação defi ni-tiva do órgão ambiental competente.

QUADRO 4. Prazos das licenças

Regulamentação federal (Resolução Conama 237, art. 18)

Regulamentação estadual (Decreto 1120/2008)

LPNo mínimo, o estabelecido pelo cronograma de elaboração dos planos, programas e proje-tos do empreendimento e, no máximo, 5 anos.

Mínimo de 3 anos

LINo mínimo, o estabelecido no cronograma de instalação do empreendimento, não po-dendo ser superior a 6 anos.

Mínimo de 3 anos

LO No mínimo, 4 anos e, no máximo, 10 anos. Mínimo de 4 anos

LIOOrganismos ou entidades municipais res-ponsáveis pela gestão ambiental nas suas respectivas jurisdições.

Organismos ou entidades mu-nicipais responsáveis pela ges-tão ambiental nas suas respec-tivas jurisdições.

IMPORTANTE: As licenças poderão ser emitidas de forma isolada ou sucessivamente, conforme a natureza, as características e a fase do empreendimento ou atividade. Em alguns casos, não há necessidade de que uma ou outra licença seja emitida, cabendo ao órgão ambiental avaliar. Conforme as características da atividade, outros instrumentos jurídicos poderão ser criados,

exemplo disso no Pará é a Licença Ambiental Rural (LAR), a Autorização de Funcionamento (AF) e a Autorização de Funcionamento de Atividade Rural (Afar). O órgão ambiental poderá estabelecer prazo de análise (até deferimento ou não) diferenciado para cada tipo de licença, em função da atividade ou empreendimento: no máximo seis meses para outros estudos e 12 meses no caso de EIA/Rima e/ou audiência pública, contado a partir do protocolo do requerimento.

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VOLUME 1: ORGANIZANDO A ÁREA DE CONTROLE AMBIENTAL DO MUNICÍPIO

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NATUREZA JURÍDICA DA LICENÇA AMBIENTAL

A licença ambiental é um ato administrativo não vinculado, ou seja, tem um caráter de autorização e, mesmo que sejam cumpridas todas as exigências

do processo, a decisão é discricionária - depende do discernimento do poder concedente. Isso significa que a licença ambiental pode ser indeferida pelo po-der público, via órgão ambiental, caso o empreendimento não esteja de acordo com a legislação vigente, mas também nos casos em que não seja considerado conveniente do ponto de vista da manutenção da qualidade ambiental ou este-ja em desacordo com planos e projetos estabelecidos pelo poder público.

O indeferimento de um pedido de licença, porém, pode acarretar conse-quências jurídicas relacionadas ao direito do empreendedor, gerando a possibilidade de indenização de direitos específicos não observados, como de propriedade, lucros cessantes etc. Assim, é imprescindível que o ato dis-cricionário pelo indeferimento a um pedido de licença esteja solidamente embasado em argumentos técnicos e jurídicos.

O órgão ambiental competente pode, ainda, modificar qualquer condicio-nante da licença ambiental e medida de controle e adequação ambiental, assim como suspender ou cancelar uma licença expedida, quando ocorrer:

• Violação ou inadequação de condicionantes ou normas legais;• Omissão ou falsa descrição de informação relevante que subsidie

a expedição da licença;• Ocorrerem fatos novos que levem a riscos ambientais e de saúde.

LICENÇAS ESPECÍFICAS

A legislação prevê que o órgão ambiental competente pode definir, se neces-sário, procedimentos específicos para as licenças ambientais, observadas

a natureza, características e peculiaridades da atividade ou empreendimento. Baseados nessa premissa, podem ser estabelecidos procedimentos simplifi-cados para atividades e empreendimentos de pequeno potencial de impacto ambiental, que devem ser aprovados pelo Conselho de Meio Ambiente.

A regulamentação municipal poderá admitir um único processo de licencia-mento ambiental para pequenos empreendimentos e atividades similares e vizinhos, ou integrantes de planos de desenvolvimento aprovados pelo órgão governamental competente, desde que definida a responsabilidade legal pelo conjunto de empreendimentos ou atividades, por meio de asso-ciações, consórcios ou outra forma jurídica que garanta essa responsabilida-de. Essa prerrogativa pode levar ao estabelecimento de licenças ambientais específicas, como a Licença de Atividade Rural, adotada no Estado do Pará. Além disso, podem ser previstos critérios para agilizar e simplificar procedi-mentos de licenciamento ambiental de atividades e empreendimentos que implementem planos e programas voluntários de gestão ambiental visando à melhoria contínua e o aprimoramento do desempenho ambiental.

10 passos que o órgão municipal licenciador deve seguir para o licenciamento ambiental

De� nir em norma e de forma objetiva todo o procedimento necessário ao início do processo de licenciamento correspondente à licença a ser requerida, incluindo documentos, requerimentos, termos de referência, projetos e estudos ambientais.

IMPORTANTE: Caso os procedimentos não estejam publicados ou defi nidos para uma determinada atividade, podem ser elaborados para um empreendimento específi co, sempre tendo como referência a legislação vigente.

Fazer o “check-list” no atodo protocolo do processo,ou seja, analisar o requerimento formal de licença ambientalprotocolado pelo empreendedor, que deve estar acompanhado dos documentos, projetos e estudos ambientais pertinentes.

IMPORTANTE: Caso o empreendedor não tenha

Analisar os documentos, projetos e estudos ambientais apresentados e seu enquadramento na legislação e na normatização vigentes, incluído o enquadramento da atividade a ser licenciada no zoneamento de uso e ocupação do solo do município.

Agendar vistoria ao local para veri� car in loco as informações fornecidas no processo e, eventualmente, complementar as informações.

IMPORTANTE: A vistoria prévia deve gerar um relatório que descreva todos os aspectos importantes para a análise requerida. Atividades de baixo potencial de impacto, desde que sejam previstas na legislação, podem ser dispensadas de vistoria técnica.

Noti� car o empreendedor, no caso de ausência de informações para prosseguimento da análise.

A área de protocolo é a porta de entrada do licenciamento e deve ser bem estruturada e capacitada para dar agilidade aos processos.que deve estar acompanhado dos

realizado a consulta prévia (itens 1 a 3 do passo a passo do empreendedor), pode ser necessário confi rmar se a atividade é passível de licenciamento, o que evita que seja dado início a procedimentos desnecessários.

Elaborar e emitir parecer técnico conclusivo, que deve:Trazer a descrição dos aspectos e impactos

ambientais do empreendimento/atividade, sem qualquer juízo de valor, concluindo sobre sua adequação e atendimento às normas técnicas pertinentes;

Se for deferir o pedido, descrever todas as restrições e condicionantes necessárias para evitar e/ou atenuar os impactos ambientais negativos;

Conter as exigências necessárias ao requerimento das licenças que o empreendimento está sujeito (por exemplo, LP e LI);

Estabelecer condicionantes e prazos para seu cumprimento;

Encaminhar, sempre que possível, o processo para obtenção de parecer jurídico.

Emitir a licença (ou indeferir o pedido) e comunicar o interessado para que dê publicidade sobre a emissão da licença.

IMPORTANTE: Além da notifi cação ao empreendedor, é desejável que o órgão ambiental divulgue todas as licenças emitidas em seu site, o que contribui com uma gestão ambiental transparente.

Encaminhar o processo para o setor de � scalização e monitorar o cumprimento de restrições e condicionantes.

IMPORTANTE: O licenciamento é indissociável da fi scalização e monitoramento e cabe ao órgão ambiental acompanhar o empreendimento durante toda sua vida útil.

Veri� car se a legislação prevê a necessidade de consulta, autorização ou parecer de outro órgão, seja municipal, estadual ou federal.

IMPORTANTE: A consulta será necessária quando houver necessidade de autorização de supressão de vegetação (que é atribuição do estado, conforme IN 3/2011), outorga de água econsulta a órgãos gestores de unidades de conservação, em cuja área de amortecimento esteja localizado o empreendimento.

Noti� car o empreendedor sobre necessidade de correções ou complementação, decorrentes da vistoria técnica e da análise dos documentos, projetos e estudos ambientais apresentados.

IMPORTANTE: Esse procedimento deve ser feito de uma única vez. A formulação de novas exigências só deve acontecer quando houver informação nova que requeira esclarecimentos ou modifi cações no projeto.

Se a autorização for concedida, providenciar a realização de audiências ou reuniões públicas, consulta ao Conselho de Meio Ambiente ou outro fórum destinado à participação da sociedade civil no processo.

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SÉRIE GESTÃO AMBIENTAL MUNICIPAL PARA A ÁREA RURAL

FAÇA SUAS ANOTAÇÕES Documentação administrativa e técnica

Toda documentação administrativa e técnica relativa ao licenciamento ambiental deve estar prevista na regulamentação municipal. Caso algum empreendimento ou ativida-de não esteja abrangido pela regulamentação, o empreendedor deve ser informado e orientado com relação aos documentos e estudos ambientais não contemplados pela regulamentação vigente por meio de despachos da própria instrução do processo ad-ministrativo, dando-se a devida publicidade.

A documentação administrativa mínima que deve ser exigida refere-se a:

1. Documentos para qualificação do empreendedor, de seu representante legal e dos técnicos que assinam os projetos e estudos ambientais perante o órgão licenciador:

• Pessoa jurídica: CNPJ e ata da constituição e da eleição da última dire-toria, quando Sociedades Anônimas, ou do contrato social registrado e última alteração, para Sociedades por Responsabilidade Limitada, ou ato de posse ou nomeação do representante legal para outros casos, quando pertinente;

• Pessoa física: CPF, identidade (RG) ou registro profissional;• Procuração com firma reconhecida; CPF e identidade (RG) ou registro

profissional do representante legal, quando for o caso;• Anotação de Responsabilidade Técnica ou documento similar, CPF,

identidade (RG) e registro profissional dos técnicos que subscrevem os projetos e os estudos ambientais requeridos.

2. Documentos para qualificação do local do empreendimento ou atividade:

• Registro Geral de Imóveis (RGI) com data de expedição inferior a seis meses ou Certidão de Aforamento e/ou Cessão de Uso e/ou Contrato de Locação ou Comodato ou Arrendamento, ou documento similar que comprove a possibilidade legal de uso da área para o empreendimento/atividade objeto do pedido de licença ambiental;

• Licença ambiental anterior (caso exista e nos casos de renovação de licença);

• Planta de localização, preferencialmente planta cadastral (aerofotogra-métrica) de órgão competente, caso exista para o município, demarcan-do a área objeto da análise com referências geográficas para a correta identificação da legislação incidente para o local, bem como para orien-tar a realização de vistoria;

• Certidão da prefeitura que comprove a adequação do empreendimento pretendido à legislação de uso e ocupação do solo, se assim determina-do pela regulamentação municipal, quando for a forma mais rápida de comprovação desse quesito e o órgão responsável por essa informação não for o mesmo responsável pelo licenciamento ambiental;

• Alvarás, licenças, consultas prévias, autorizações, outorgas e demais do-cumentos emitidos por órgãos competentes para o empreendimento e/ou atividade.

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VOLUME 1: ORGANIZANDO A ÁREA DE CONTROLE AMBIENTAL DO MUNICÍPIO

FAÇA SUAS ANOTAÇÕES3. Documentos técnicos mínimos para análise ambiental:

Planta(s) de situação em escala adequada indicando:

• Situação atual do local, com edificações existentes, vias de acesso e infra-estrutura de serviços públicos;

• Topografia com cotas topográficas marcadas;• Quadros de áreas com legenda indicativa;• Corpos hídricos;• Identificação da vegetação existente no local com grau de precisão de

acordo com o tipo de projeto e licenciamento pretendido. Em caso de supressão/conversão de uso de solo, por exemplo, é necessário identifi-car espécie, DAP, altura;

• No caso de atividade ou empreendimento na área rural, os itens acima já constam no Cadastro Ambiental Rural do imóvel ou propriedade, que deve estar inserido no Simlam.

• Localização de unidades de conservação, áreas de preservação perma-nentes nas proximidades do empreendimento;

Projeto pretendido com plantas e memorial descritivo em que conste:

• Fluxograma de processos, indicando matérias-primas, produtos, efluen-tes e emissões (em caso de indústria de manufatura);

• Descrição de todos os equipamentos e métodos utilizados para o con-trole ambiental;

• Programas de monitoramento e gestão ambiental, se houver;• Medidas mitigadoras e compensatórias a serem implementadas, se houver;• Descrição de tipo e metodologia de execução da atividade;• Produtos perigosos ou controlados a serem utilizados, bem como forma

de utilização, como no caso de defensivos agrícolas e adubos.

O escopo básico de qualquer estudo ambiental abrange: diagnóstico ambiental; análi-se de impactos positivos e negativos; definição de restrições, condicionantes, medidas de controle e mitigadoras, que devem ser parte de um programa de acompanhamento e monitoramento constante, com a periodicidade específica para cada caso.

Cadastro dos processos

O município deve manter o registro de todos os processos e licenças ambientais emiti-das. O objetivo é facilitar a consulta e possibilitar o planejamento das ações do órgão responsável pelo controle ambiental. O cadastro é também uma forma eficiente de tro-ca de informações entre o órgão licenciador municipal e os demais órgãos municipais, estaduais e federais.

Um cadastro ambiental é um registro organizado e sistemático das informações im-portantes sobre determinada atividade. As informações básicas, como a qualifica-ção do empreendedor e do local e as licenças emitidas para o empreendimento com os respectivos prazos de validade, são fundamentais e podem ser incrementadas de dados específicos.

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SÉRIE GESTÃO AMBIENTAL MUNICIPAL PARA A ÁREA RURAL

FAÇA SUAS ANOTAÇÕES Informações importantes para o planejamento da gestão ambiental no município devem ser agregadas a essas informações básicas para que o cadastro seja útil a esse propósi-to. No caso de uma estação de tratamento, por exemplo, além dos dados básicos, pode conter informações como a população atendida pelo equipamento, carga orgânica do efl uente a ser tratado, tipo de tratamento e tecnologia utilizada, entre outras informações.

O cadastro ambiental georreferenciado torna ainda mais poderoso esse instrumento de controle ambiental, permitindo avaliações e estudos que facilitam o planejamento e a ges-tão ambiental do município. Em algumas secretarias mais estruturadas, existem depar-tamentos de georreferenciamento específi cos. A capacidade de cooperação com órgãos como Inpe ou Sivam também gera excelentes produtos de diagnóstico e monitoramento.

Além do Cadastro Ambiental Municipal, o órgão licenciador deve utilizar outros cadastros exigidos legalmente para o empreendimento, como o Cadastro Ambiental Rural (CAR), que é a etapa inicial para a emissão de Licença Ambiental Rural (LAR), e o Cadastro Técni-co de Atividade de Defesa Ambiental (CTDAM), o qual trata do registro de pessoas físicas e jurídicas responsáveis pela elaboração e acompanhamento de estudos ambientais.

IMPORTANTE: A existência de uma base de informações sobre as demandas e tipologias de licenciamento de um município é um importante subsídio para a defi nição da composição de equipe mais adequada para o controle ambiental.

Infrações e sanções administrativas

O poder de polícia é a atividade da administração pública que limita ou disciplina o di-reito individual em função do interesse público e pode ser exercido de forma preventiva (por meio do controle ambiental) e repressiva (autuação, multa, interdição, embargo etc.).

O poder de polícia ambiental é atividade do órgão responsável pelo controle ambiental e deve ser estabelecido em legislação pertinente e indicar quais os cargos da adminis-tração pública estão investidos desse poder.

O controle ambiental, por meio de licenciamento, fi scalização e monitoramento, é um dos instrumentos do poder de polícia ambiental que deve ser exercido por servidores preparados e designados para a função, por meio de ato do poder executivo. Esses ser-vidores, por sua vez, devem estar cientes de que qualquer afi rmação falsa ou enganosa, omissão da verdade, sonegação de informação ou dado técnico-científi co os sujeita às penalidades civis e criminais.

Além disso, conforme dispõe a Lei Complementar 140/2011, qualquer pessoa legal-mente identifi cada pode dirigir representação ao órgão ambiental ao constatar infra-ção ambiental decorrente de empreendimento ou atividade. Por conta disso, é muito

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VOLUME 1: ORGANIZANDO A ÁREA DE CONTROLE AMBIENTAL DO MUNICÍPIO

FAÇA SUAS ANOTAÇÕESimportante que o órgão ambiental municipal disponha de um canal de comunicação com a sociedade para receber denúncias sobre danos ambientais.

A competência para o exercício da fiscalização ambiental é compartilhada pela União, pelos estados, pelo Distrito Federal e pelos municípios e qualquer órgão am-biental pode e deve atuar no sentido de coibir ações em desacordo com o regramento ambiental. O órgão licenciador, porém, é o responsável pela fiscalização das ativi-dades e empreendimentos por ele licenciados. Cabe a ele a adoção de procedimentos administrativos de caráter punitivo quando necessário, por exemplo, nos casos de autuações, embargos etc.

Isso significa que qualquer órgão do Sisnama com poder de polícia que constatar irre-gularidade em algum empreendimento ou atividade licenciada por outro ente federa-tivo deve comunicar formalmente o fato ao órgão licenciador, para que este adote as providências necessárias para sanar o problema. Compete ao órgão responsável pelo licenciamento lavrar auto de infração ambiental e instaurar processo administrativo para a apuração de infrações à legislação ambiental cometidas por empreendimento ou atividade licenciado.

Essa determinação não impede o exercício pelos entes federativos da atribuição co-mum de fiscalização do atendimento à legislação ambiental e, no caso de haver mais de um auto de infração para o mesmo dano ambiental, prevalecerá aquele lavrado por órgão que detenha a atribuição de licenciamento.

O município pode adotar sanções administrativas específicas em legislação própria. No entanto, a legislação ambiental municipal não deve estabelecer conflito com a Lei de Crimes Ambientais e sua regulamentação (Lei 9.605/1998 e Decreto 6.514/2008) e, de preferência, adotar essa legislação federal como referência na regulamentação dos atos e sanções da fiscalização, observando:

• A gravidade do fato, tendo em vista os motivos da infração e suas conse-quências para a saúde pública e para o meio ambiente;

• Os antecedentes do infrator quanto ao cumprimento da legislação de interesse ambiental;

• A situação econômica do infrator, no caso de multa.

Como aplicar sanções

A legislação municipal pode estabelecer sanções específicas, desde que não apresen-tem conflito com as legislações federal e estadual de referência. O agente, ao lavrar o auto de infração, deve observar todos os procedimentos administrativos previstos na legislação, principalmente com relação à notificação do autuado, e indicar cla-ramente as sanções estabelecidas, observando a gravidade dos fatos, os motivos da infração e suas consequências para a saúde pública e para o meio ambiente, além dos antecedentes do infrator quanto ao cumprimente da legislação de interesse ambien-tal e sua situação econômica.

O agente público deve aplicar as sanções cumulativamente, no caso do infrator come-ter, simultaneamente, duas ou mais infrações.

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SÉRIE GESTÃO AMBIENTAL MUNICIPAL PARA A ÁREA RURAL

FAÇA SUAS ANOTAÇÕES A advertência é utilizada para infrações administrativas de menor lesividade ao meio ambiente, que são aquelas cuja multa máxima não ultrapassa o valor de mil reais, ga-rantindo a ampla defesa e o contraditório. Nesse caso, o agente público que constatar a existência de irregularidades a serem sanadas, lavrará o auto com a indicação da respectiva sanção de advertência. Quando as irregularidades forem sanadas no prazo concedido, o agente certifi cará o ocorrido nos autos. No caso do autuado, por negli-gência ou dolo, não sanar as irregularidades, o agente certifi cará o ocorrido e aplicará a sanção de multa e demais sanções cabíveis.

A multa simples pode ser convertida em serviços de conservação, melhoria e recupera-ção da qualidade do meio ambiente, por meio da execução de obras ou atividades de recuperação de danos decorrentes da própria infração, ou aquelas destinadas à recupe-ração de áreas degradadas, bem como de preservação e melhorias da qualidade do meio ambiente. Pode ser convertida também em custeio ou execução de programas e projetos ambientais desenvolvidos por entidades públicas de proteção e conservação do meio ambiente e manutenção de espaços públicos, que tenham como objetivo a preservação do meio ambiente, sem prejuízo da reparação dos danos praticados pelo infrator.

O valor dos custos dos serviços de preservação, melhoria e recuperação da qualidade do meio ambiente não poderá ser inferior ao valor da multa convertida. Essas medidas devem estar em conformidade com as disposições da legislação de referência e referen-dadas por meio de assinatura de termo de compromisso, que deverá conter obrigato-riamente as seguintes cláusulas:

IMPORTANTE

A celebração do termo de compromisso não põe fi m ao processo administrativo, devendo a autoridade competente monitorar e avaliar, no máximo a cada dois anos, se as obrigações assumidas estão sendo cumpridas.

O termo de compromisso tem efeitos na esfera civil e administrativa e seu descumprimento implica em inscrição imediata do débito em Dívida Ativa para cobrança da multa resultante do auto de infração em seu valor integral e execução judicial das obrigações assumidas, tendo em vista seu caráter de título executivo extrajudicial.

Assim como nos demais atos do processo de licenciamento ou fi scalização, os termos de compromisso devem ter seu extrato publicado no Diário Ofi cial.

A conversão de multa não poderá ser concedida novamente ao mesmo infrator durante o período de cinco anos, contados da data da assinatura do termo de compromisso.

O autuado tem o direito de interpor recurso às sanções. Caso o município não disponha de legislação referente ao assunto, deve observar o disposto nas legislações federal e estadual, no que compete ao direito de ampla defesa e ao contraditório.

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VOLUME 1: ORGANIZANDO A ÁREA DE CONTROLE AMBIENTAL DO MUNICÍPIO

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SANÇÕES CABÍVEIS ÀS INFRAÇÕES AMBIENTAIS ADMINISTRATIVAS

As sanções administrativas são ações consequentes de atos contraditórios às normas jurídico-administrativa e são aplicáveis pelo próprio adminis-

trador. No âmbito ambiental, são responsáveis por coibir as atividades con-trárias à manutenção do meio ambiente equilibrado e a responsabilidade de sua aplicação é do órgão ambiental competente.

Assim, as sanções administrativas decorrem do poder de polícia de que são dotados os órgãos estatais para zelar pelos bens coletivos. E é decorrente desse poder de polícia, que as sanções administrativas devem estar previs-tas em lei, sob pena de recair em desvio do poder. Entre as medidas punitivas utilizáveis pelos órgãos competentes, pode-se citar:

• Advertência, que deve ser aplicada pela inobservância das dispo-sições da legislação ou de preceitos regulamentares, sem prejuízo das demais sanções previstas;

• Multa simples, aplicada sempre que o agente, por negligência ou dolo, advertido por irregularidades que tenham sido praticadas, deixar de saná-las no prazo assinalado pelo órgão competente ou opuser embaraço ou dificuldade aos procedimentos de fiscalização;

• Multa diária, quando o fato gerador da infração se prolongar sem as devidas providências para fazer cessar e sanar o dano;

• Apreensão dos animais, produtos e subprodutos da fauna e da flora e demais produtos e subprodutos objetos da infração, ins-trumentos, petrechos, equipamentos ou veículos de qualquer natureza utilizados na infração. Na ação, deve-se adotar todos os procedimentos administrativos e técnicos pertinentes, que pre-ferencialmente devem estar previstos em regulamentação espe-cífica, como, por exemplo, que trate dos autos de apreensão e destinação adequada dos animais apreendidos;

• Destruição, inutilização, leilão ou doação dos produtos, como madeiras, que podem ser avaliadas e doadas a instituições cien-tíficas, hospitalares, penais, com fins beneficentes ou destinados para uso do órgão de controle ambiental. É possível, ainda, a venda dos instrumentos utilizados na prática da infração, desde que garantida a sua descaracterização por meio da reciclagem, com os valores revertidos para a fiscalização;

• Suspensão de venda e fabricação do produto e a suspensão parcial ou total de atividades, quando o produto, a obra, a atividade ou o esta-belecimento não obedecerem às prescrições legais ou regulamentares;

• Embargo da atividade e/ou obra, bem como sua demolição, nos casos em que seja constatada iminência de perigo à saúde pública ou à integridade ambiental;

• Restrição de direitos, que significa a suspensão e o cancelamento de registro, licença ou autorização e a suspensão da participação em incentivos e benefícios fiscais, em linhas de financiamento em estabelecimentos oficiais de crédito, além da proibição de contra-tar com a administração pública pelo período de três anos.

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SÉRIE GESTÃO AMBIENTAL MUNICIPAL PARA A ÁREA RURAL

FAÇA SUAS ANOTAÇÕES

ATENUANTES E AGRAVANTES

Ao proceder a fiscalização, o órgão responsável deve observar também cir-cunstâncias atenuantes como:

• Baixo grau de instrução ou escolaridade do agente causador do dano;• O arrependimento do infrator, manifestado pela reparação es-

pontânea do dano;• A limitação significativa da degradação ambiental causada;• A comunicação prévia pelo agente do perigo iminente de degra-

dação ambiental;• A colaboração com os agentes encarregados da vigilância e do

controle ambiental.

Existem também aspectos que devem ser observados como agravantes para efeitos de aplicação de sanções administrativas:

• Reincidência do agente que comete a infração;• Ato realizado com objetivo de obtenção de vantagem pecuniária

ou com coação de outrem para a execução material da infração;• Ação que coloque em perigo, de maneira grave, a saúde pública

ou o meio ambiente; resulte em danos à propriedade alheira; atin-ja áreas de unidades de conservação ou sujeitas a regime especial de uso, assim como espaço territorial especialmente protegido ou áreas urbanas ou qualquer tipo de assentamento humano;

• Infração cometida em período de defeso da fauna; em domin-gos ou feriados, à noite, em épocas de seca ou inundação; com o emprego de métodos cruéis para abate ou captura de animais; mediante fraude ou abuso de confiança do direito de licença, per-missão ou autorização ambiental; no interesse de pessoa jurídica, total ou parcialmente, por verbas públicas ou beneficiadas por incentivos fiscais; atingindo espécies ameaçadas, listadas em rela-tórios oficiais das autoridades competentes; e quando facilitada por funcionário público no exercício de suas funções.

• Nome, qualificação e endereço das partes compromissadas e dos respec-tivos representantes legais;

• Prazo de vigência do compromisso, que, em função da complexidade das obrigações fixadas, poderá variar entre o mínimo de 90 dias e o máximo de três anos, com possibilidade de prorrogação por igual período;

• Descrição detalhada do objeto, valor do investimento previsto e crono-grama físico de execução e de implantação das obras e serviços exigidos, com metas a serem atingidas;

• Multa a ser aplicada em decorrência do não cumprimento das obriga-ções pactuadas, que não poderá ser inferior ao valor da multa convertida nem superior ao dobro desse valor;

• Foro competente para dirimir litígios entre as partes.

Capítulo 6Gestão ambiental da área rural

NESTE CAPÍTULO:

Novo Código Florestal .......................................................................93

Cadastro Ambiental Rural ................................................................ 94

Licença de Atividade Rural (LAR) ....................................................... 96

Programa de Regularização Ambiental ..............................................97

Instrumentos econômicos .................................................................97

Programa Municípios Verdes: aliado da gestão municipal no Pará ....... 98

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VOLUME 1: ORGANIZANDO A ÁREA DE CONTROLE AMBIENTAL DO MUNICÍPIO

FAÇA SUAS ANOTAÇÕESO controle ambiental para a adequação e o licenciamento dos imóveis e ativida-des rurais ganha importância em um estado como o Pará, pois tais ações têm enorme peso na vida socioeconômica dos municípios e na prevenção e com-

bate ao desmatamento. Conciliar produção agropecuária com conservação ambiental não é mais assunto apenas de ambientalistas ou produtores alternativos.

Além da adequação ambiental rural ser hoje obrigatória para obter fi nanciamento, certifi cações e acesso ao mercado internacional (e também nacional), a fl oresta é mais uma opção entre as atividades rentáveis dentro do imóvel rural. O novo Código Flores-tal trouxe novidades nos procedimentos para adequação, como a regulamentação do Cadastro Ambiental Rural. No Pará, o Programa Municípios Verdes é um importante aliado dos municípios na busca de uma gestão ambiental rural que propicie o acesso de seus produtores a esses benefícios.

TIRE SUAS DÚVIDAS

O que é adequação ambiental rural?

É o conjunto de atividades e procedimentos, que visam a promover, de forma planejada, a conservação e recuperação do solo, dos recursos hídricos e da vegetação nativa, com a fi nalidade de garantir a sustentabilidade e a melhoria da

produtividade agrícola. Há uma série de normas que tratam da adequação ambiental do imóvel rural, as quais regulam desde o uso e descarte de agrotóxicos até a proteção da vegetação nativa, passando pelas que exigem o licenciamento de atividades que possam causar poluição do solo ou da água (criação de suínos ou instalação de granjas, por exemplo). A Lei Federal 12.651/2012 (novo Código Florestal) é a principal delas, pois se aplica a todos os imóveis rurais, independente do tipo de uso que os proprietários façam deles.

Novo Código Florestal

Depois de mais de uma década de discussões, o Congresso Nacional aprovou a Lei Federal 12.651/2012, chamada de novo Código Florestal. A sanção da presidência da República veio acompanhada de vetos a 12 pontos da lei e seguida pela adoção da Medida Provisória 571, depois convertida na Lei Federal 12.727/2012, que instituiu diversas alterações ao texto da lei fl orestal.

Essa legislação trouxe diversas alterações ao regime jurídico de proteção da vegetação nativa, que deram início a um processo de discussão e construção de políticas públicas, regulamentações, legislações infranacionais, desenvolvimento de aparato tecnológico e capacitação técnica e operacional.

Considerando o contexto paraense, são cruciais as alterações implementadas pelo novo Código Florestal em relação à recomposição de reserva legal (RL) e área de pre-

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SÉRIE GESTÃO AMBIENTAL MUNICIPAL PARA A ÁREA RURAL

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TIRE SUAS DÚVIDAS

As regras para regularização dos passivos de RL e APP já estão defi nidas?

Essa é uma das mais importantes defi nições a serem enfrentadas pela regulamentação do Código Florestal no Pará, com profundos refl exos

na adequação ambiental dos imóveis rurais.

Vejamos o seguinte exemplo: Um imóvel com 80% de vegetação em janeiro de 2007, ainda que situado em área de consolidação da produção do ZEE, onde a RL é reduzida para 50% (para fi ns de regularização), teria sua RL fi xada em 80%.

Caso esse imóvel tenha sofrido desmatamento de 30% da sua área em janeiro de 2008, qual a RL deverá prevalecer?

Se considerarmos o marco temporal da Lei estadual do ZEE, a RL permanece em 80% e o produtor pode evitar a multa administrativa, caso assuma o ônus pela recomposição da área desmatada (Decreto 216/2011) ou faça a adesão ao Programa de Regularização Ambiental (ainda pendente de regulamentação estadual). Porém, se considerarmos o conceito de área consolidada do novo Código Florestal, prevalece a vegetação existente em julho de 2008, o que signifi caria que a RL, para fi ns de regularização, seria fi xada em 50%.

Qual norma o município deve aplicar?

Por enquanto, deve prevalecer a legislação que mais benefi cia o meio ambiente, no caso, a estadual, que sempre pode ser mais restritiva que a federal. Caso a regulamentação estadual do Código Florestal fi xe o marco temporal em alinhamento com a Lei 12.651/2012, a situação se alterará e valerá a RL de 50%.

Em qualquer caso, novos desmatamentos ocorridos a partir de julho de 2008 são proibidos e sujeitam o infrator às penalidades previstas em lei.

servação permanente (APP). A instituição de percentuais reduzidos de RL e APP a se-rem recompostos por produtores rurais que tenham realizado supressão de vegetação nessas áreas antes de 22 de julho de 2008 deve ser trabalhada pela legislação e política estaduais de maneira que não seja compreendida pela população como uma promessa de anistia futura e, portanto, estímulo ao desmatamento ilegal.

Cadastro Ambiental Rural

O Cadastro Ambiental Rural é o instrumento central no novo Código Florestal. O CAR é o sistema eletrônico de registro de dados dos imóveis rurais, posse ou propriedade, junto às secretarias estaduais de Meio Ambiente. Ele foi instituí-

TIRE SUAS DÚVIDAS

As regras para regularização dos passivos de RL e APP já estão defi nidas?

Essa é uma das mais importantes defi nições a serem enfrentadas pela regulamentação do Código Florestal no Pará, com profundos refl exos

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VOLUME 1: ORGANIZANDO A ÁREA DE CONTROLE AMBIENTAL DO MUNICÍPIO

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TIRE SUAS DÚVIDAS

Do que é composto o CAR?

Na inscrição do imóvel no Cadastro Ambiental Rural, o proprietário ou detentor de posse rural deve incluir:• Sua identifi cação;• Comprovação de propriedade ou posse;• Identifi cação do imóvel por meio de planta e

memorial descritivo contendo a indicação das coordenadas geográfi cas;

• Informar no mapa georreferenciado a localização de remanescentes de vegetação nativa, APP, RL e áreas consolidadas.

do pelo governo federal por meio do Programa Mais Ambiente (Decreto Federal 7.029/2009) e, depois, consolidado no ordenamento jurídico pela Lei 12.651/2012, no âmbito do Sisnama.

A inscrição no CAR é obrigatória para todos os imóveis rurais, independente da ati-vidade nele desenvolvida, e tem a fi nalidade de integrar as informações ambientais referentes às situações de APP, RL, dos remanescentes de vegetação nativa e das áreas consolidadas nas propriedades e imóveis rurais.

O Decreto 7.830/2012 criou o Sistema de Cadastro Ambiental Rural (Sicar), que inte-grará o CAR de todas as unidades da federação. Os órgãos ambientais estaduais deve-rão disponibilizar na internet o programa para inscrição no CAR, que também servirá para consulta e acompanhamento da situação de regularização ambiental dos imóveis rurais pelos próprios proprietários.

O CAR é uma base de dados estratégica para controle, monitoramento e combate ao des-matamento das fl orestas e demais formas de vegetação nativa no Brasil e, como tem escala nacional, deve facilitar o controle da regularidade de fornecedores pelos compradores.

Para proprietários, é uma ferramenta para planejamento ambiental e econômico dos imóveis rurais, pois permite localizar as áreas com restrições de uso, as que requerem recomposição e as passíveis de supressão de vegetação para uso alternativo do solo (como a produção agropecuária) e, dessa forma, poder defi nir a utilização dos espaços de acordo com sua aptidão, proporcionando melhor aproveitamento da propriedade e maior produtividade das atividades. É, ainda, a porta de entrada para a regularidade e outros serviços públicos.

O novo Código Florestal condiciona diversos procedimentos e processos administrati-vos à inscrição do imóvel no CAR:

• Autorização da supressão de novas áreas de fl oresta ou outras formas de vegetação nativa;

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SÉRIE GESTÃO AMBIENTAL MUNICIPAL PARA A ÁREA RURAL

FAÇA SUAS ANOTAÇÕES • Cômputo de APP no cálculo do percentual de RL;• Acesso a incentivos e instrumentos econômicos para proteção e recupe-

ração do meio ambiente.

Licença de Atividade Rural (LAR)

O licenciamento de atividade rural foi instituído no Pará em 2004, por meio do Decreto 857. Em 2006, passou a ser disciplinado pela Licença de Atividade Rural (Decreto 2.596). O mesmo decreto criou o Cadastro Ambiental Rural no estado, como um instrumento prévio e obrigatório para o licenciamento de atividades realizadas em imóveis rurais.

Com o objetivo de incentivar a regularização ambiental e simplifi car os procedimentos de licenciamento ambiental rural para as atividades agrossilvipastoris em áreas alteradas e/

TIRE SUAS DÚVIDAS

Quais são as atividades agrossilvipastoris?

Segundo o Decreto Estadual 216/2011, atividade agrossilvopastoril foi defi nida como:

1. Atividades agropecuárias: relativas a agricultura, aquicultura, fruticultura, pecuária ou outra atividade similar, mantidas no imóvel rural com o objetivo de produção, geração de renda ou subsistência do produtor rural. Exemplos: criação de animais (pecuária) - pequeno, médio e grande porte, como coelhos, aves, suínos, equinos, bovinos e bubalinos, caprinos, ovinos, apicultura etc.; cultivo (agricultura) de culturas de ciclo curto, como grãos em geral, horticultura, mandioca, entre outros, e culturas de ciclo longo, como fruticulturas (cacau, cítrus etc.) e industriais, como é o caso do dendê.

2. Atividade de silvicultura: atividade que tem por fi nalidade a cultura de árvores fl orestais, nativas ou exóticas, em todas as suas fases, desde o plantio, condução, colheita até a pós-colheita. Exemplos: manejo fl orestal, refl orestamento e manejo de alguns tipos de palmeiras, como o açaí.

Quais atividades rurais não se enquadramcomo agrossilvipastoris?

As seguintes atividades não são disciplinadas pela LAR, mas podem ser desenvolvidas no imóvel rural: agroindústrias (matadouros, frigorífi cos, laticínios, silos etc.); mineração; viveiros; criadouros de fauna silvestre;madeireiras e serrarias; depósitos de agrotóxicos, entre outros.

Apesar da aquicultura estar enquadrada nessa norma, em 2013, foi lançada a IN 4, pela Sema, disciplinando o licenciamento dessas atividades por meio de Licença Ambiental Simplifi cada (LAS), para aquicultura de pequeno porte, e Licença Prévia (LP), Licença de Instalação (LI) e Licença de Operação (LO), para as de grande porte. Exemplos: criação de peixes, rãs, ostras, camarões, mexilhões etc.).

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VOLUME 1: ORGANIZANDO A ÁREA DE CONTROLE AMBIENTAL DO MUNICÍPIO

FAÇA SUAS ANOTAÇÕESTIRE SUAS DÚVIDAS

Quem pode emitir a LAR?

A LAR poderá ser emitida tanto pela Sema como pelo órgão municipal devidamente qualificado, desde que observados os dispositivos legais relacionados à sua competência para o exercício

do licenciamento ambiental.

Os municípios podem licenciar as atividades que constam no Anexo único da Resolução Coema 79/2009 e do Anexo 1 da Lei Estadual 7.389/2010. Em casos de ausência ou falta de estrutura do órgão ambiental municipal, a Sema poderá assumir, de forma supletiva, o licenciamento das atividades de impacto local até que o órgão municipal tenha condições de assumir seu papel licenciador.

Para a emissão da LAR, órgãos ambientais devem obedecer as diretrizes do Decreto 216/2011 e da IN Sema 14/2011.

ou subutilizadas fora da RL e da APP, foi editado, em 2011, o Decreto 216. Nele, a LAR é defi nida como instrumento de controle, monitoramento e comprovação da regularidade ambiental das atividades nos imóveis rurais no Estado do Pará. Com esse decreto, o órgão ambiental ganhou a atribuição de impor condicionantes, conceder prazo para apresenta-ção de projetos técnicos ou documentos necessários e limitações ao exercício da atividade.

Programa de Regularização Ambiental

O Programa de Regularização Ambiental (PRA) é um dos instrumentos criados pelo novo Código Florestal e pelo Decreto Estadual 7.830/2012. Tem o objetivo de promover a regularização ambiental das propriedades e posses rurais em que tenha sido verifi cada a existência de passivos relativos a APP ou RL no Cadastro Ambiental Rural do Pará.

Proprietários ou possuidores de imóveis rurais nessa situação devem aderir ao PRA. Po-derão também aderir ao PRA proprietários ou possuidores que tenham passivos atinen-tes a desmatamento ilegal, inclusive para os que efetuaram desmatamentos posteriores a 22 de julho de 2008.

Instrumentos econômicos

O novo Código Florestal autoriza, ainda, a criação de instrumentos para compensar as ações de conservação ambiental previstas na lei, bem como para fi nanciar a aceleração de medidas de recuperação ambiental e uso sustentável da vegetação nativa. Esses incentivos são uma forma de premiar a boa relação entre produção e performance ambiental, permitindo, em alguns casos, que o produtor rural passe a ter retorno fi nanceiro sobre a fl oresta em pé.

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SÉRIE GESTÃO AMBIENTAL MUNICIPAL PARA A ÁREA RURAL

FAÇA SUAS ANOTAÇÕES Um desses instrumentos é a Cota de Reserva Ambiental (CRA), definida como “título nominativo representativo de área com vegetação nativa, existente ou em processo de recuperação”. A CRA poderá ser doada, transferida, vendida ou comprada e poderá ser utilizada para compensar reserva legal de imóvel rural situado “no mesmo bioma da área à qual o título está vinculado”. Ou seja, em alguns casos, o proprietário obrigado a recompor RL em sua propriedade poderá comprar o equivalente em CRA de outro proprietário que tenha preservado RL acima do obrigatório em suas terras. Para poder ser usada com essa finalidade, a cota deve representar a mesma quantidade de terra.

Programa Municípios Verdes: aliado da gestão municipal no Pará

O Estado do Pará foi fortemente afetado pelas ações de combate ao desmatamento na Amazônia por parte do governo federal e do Ministério Público Federal durante a primeira década dos anos 2000. Essas medidas resultaram na inclusão de 17 municí-pios na lista crítica de desmatamento pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA) e na assinatura de Termos de Ajustamento de Conduta por parte de frigoríficos, produtores de gado e municípios.

Além disso, milhares de imóveis rurais foram embargados e houve impactos sociais em função da paralisação das atividades econômicas irregulares.

Em resposta a essa situação, o governo do estado lançou, em março de 2011, o Progra-ma Municípios Verdes (Decreto Estadual 54/2011), iniciativa desenvolvida em parceria com municípios, sociedade civil, iniciativa privada e Ministério Público. Os objetivos gerais do PMV são combater o desmatamento e fortalecer a produção rural sustentável por meio de ações estratégicas de ordenamento e gestão ambiental e fundiária. Isso é feito a partir de pactos locais nos municípios, monitoramento do desmatamento, im-plantação do CAR e fortalecimento da gestão ambiental municipal.

Em 2013, o Estado do Pará foi o que mais retirou municípios da lista (seis muni-cípios), contava com mais de 60% do território inserido no CAR e 57 municípios habilitados para exercer o licenciamento de atividades de impacto local, entre eles as atividades agrossilvopastoris.

MUNICÍPIOS PARAENSES E A LISTA DO MMA (FEVEREIRO DE 2014)

Municípios na lista do MMA de maiores desmatadores da Amazônia:Altamira, Cumaru do Norte, Novo Progresso, Novo Repartimento, Rondon do Pará, Santa Maria das Barreiras, São Félix do Xingu (Portaria MMA 28/2008); Itupiranga, Marabá, Pacajá (Portaria MMA 102/2009); e Moju (Portaria MMA 175/2011).

Municípios que saíram da lista do MMA: Paragominas (2010), Santana do Araguaia, Dom Eliseu, Ulianópolis (2012), Brasil Novo e Tailândia (2013).

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VOLUME 1: ORGANIZANDO A ÁREA DE CONTROLE AMBIENTAL DO MUNICÍPIO

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POLÍTICAS PÚBLICAS FEDERAIS E ESTADUAIS DE COMBATE AO DESMATAMENTO

Plano Amazônia Sustentável: Lançado pelo governo federal em maio de 2008, o PAS propõe um conjunto de diretrizes para orientar o desenvolvi-

mento sustentável da Amazônia com valorização da diversidade sociocultu-ral e ecológica e redução das desigualdades regionais. Assim, o PAS enfatiza a necessidade e importância da adoção de estratégicas locais e/ou regionais em prol do desenvolvimento sustentável, afirmando que “devem ser elabora-das e aplicadas de acordo com as particularidades ambientais, econômicas, sociais e culturais dos territórios aos quais se destinarem, evitando incorrer no erro da generalização e da padronização, responsáveis, em grande medi-da, pelos fracassos do passado”.

PPCDAM: Enquanto o PAS atua no âmbito estratégico, o PPCDAM funcio-na como o programa operativo de combate ao desmatamento do governo federal em parceria com os estados. Em vigor desde 2004 e coordenado pela Casa Civil, está organizado em três eixos: ordenamento territorial e fundiário, monitoramento e controle ambiental e fomento a atividades produtivas sustentáveis. PPCAD: Os mesmos eixos estratégicos do PPCDAM foram adotados pelo Plano de Prevenção, Controle e Alternativas ao Desmatamento do Estado do Pará lançado em 2009 (Decreto Estadual 1.697). O PPCAD constitui um abrangente conjunto de ações pactuadas, que contempla aspectos que vão desde melhoria de sistemas produtivos nas zonas de consolidação a ações de comando e controle no território, passando por atualização/adequação da legislação ambiental estadual, bem como pelo incentivo a alternativas de desenvolvimento econômico e social, a exemplo do Manejo Florestal Comu-nitário, do Pagamento por Serviços Ambientais e de outros mecanismos.

A primeira versão do PPCAD (triênio 2010-2012) foi composta de 55 ações dis-tribuídas em seus três eixos norteadores. No novo conjunto de ações para o triênio 2013-2015, o governo do estado tem buscado a convergência dessa nova fase com as diretrizes estabelecidas pelo PMV.

Como funciona o PMV

Uma das principais metas do Programa Municípios Verdes é a redução em 80% do desmatamento ilegal no Estado do Pará até 2020, comparado à média anual de 6.255 Km2 (1996-2005), e obter, a partir dessa data, o desmatamento líquido zero. Também estabeleceu um crescimento de, no mínimo, 50% de inscrições no Cadastro Am-biental Rural em 2012, meta alcançada no prazo. Para atingir essas metas, o PMV estruturou quatro eixos ou linhas de ação: controle e monitoramento do desma-tamento; ordenamento territorial, ambiental e fundiário; produção sustentável; e fortalecimento da gestão ambiental municipal com foco na área rural. A adesão dos municípios ao PMV é voluntária e traz aos participantes vantagens competitivas e de longo prazo como:

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SÉRIE GESTÃO AMBIENTAL MUNICIPAL PARA A ÁREA RURAL

FAÇA SUAS ANOTAÇÕES Segurança jurídica: O cumprimento das leis ambientais garante tranquilidade aos produtores, que não sofrerão com sanções como multas e embargos econômicos.

Valorização no mercado: Os consumidores têm optado por produtos com pro-cedência socioambiental correta e alguns países importadores têm restringido o comércio de produtos que causam danos ao meio ambiente. No Brasil, grandes redes varejistas, como Walmart, Carrefour e Pão-de-Açúcar, declararam que não compram mais produtos oriundos de desmatamento ilegal e de trabalho em condições análogas à de escravo. Além disso, alguns frigoríficos (como JBS e Marfrig) assinaram Termo de Ajustamento de Conduta comprometendo-se a comprar apenas de fornecedores regulares ambientalmente.

Atração de investimentos: Ser um município verde é um diferencial de merca-do e pode atrair bons investimentos, pois há maior segurança jurídica para os investidores.

Mais crédito, fomento e assistência técnica: O governo federal, mediante a mu-dança de postura do município em relação às questões ambientais e sociais, tem priorizado o acesso a crédito, fomento e assistência técnica rural.

Outras vantagens: O governo estadual planeja a redução de impostos para os produ-tores com regularidade ambiental, além de prioridade na regularização fundiária.

Como aderir ao PMV

O primeiro passo para a adesão ao PMV é a assinatura pelo município do Termo de Compromisso com o Ministério Público Federal, para dar estabilidade jurídica e política ao programa. Em novembro de 2013, 100 municípios paraenses haviam assinado o termo, no qual se comprometem com um conjunto de sete metas, a serem monitoradas pela co-ordenação do PMV e validadas pelo Comitê Gestor, que habilita o município a receber benefícios como o desembargo ambiental, incentivos fiscais e prioridade na alocação dos recursos públicos estaduais, nos termos da Resolução 14/2013 do Comitê Gestor do PMV.

As sete metas são:

I. Celebrar o pacto local contra o desmatamento e desenvolvimento sustentá-vel com a sociedade e governos locais;

II. Criar grupo de trabalho municipal de combate ao desmatamento ilegal e promoção do desenvolvimento sustentável, preferencialmente vinculado ao Conselho Municipal de Meio Ambiente;

III. Possuir mais de 80% da área municipal cadastrada no Cadastro Ambiental Rural (CAR), excluindo as áreas protegidas (terras indígenas e unidades de conservação);

IV. Realizar as verificações em campo dos focos de desmatamento ilegal e repor-tar ao programa;

V. Não fazer parte da lista dos municípios que mais desmatam na Amazônia;

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VOLUME 1: ORGANIZANDO A ÁREA DE CONTROLE AMBIENTAL DO MUNICÍPIO

FAÇA SUAS ANOTAÇÕESVI. Manter a taxa anual de desmatamento abaixo de 40 Km² com base nos cri-térios do Prodes/Inpe);

VII. Estruturar a gestão ambiental municipal.

As quatro primeiras metas são consideradas estratégicas, uma vez que, aliadas ao fortalecimento da gestão ambiental municipal, resultam em avanços para atingir os objetivos do PMV. Isso pode ser comprovado por ações desenvolvidas por diferentes parceiros do PMV, como sindicatos, ONGs e prefeituras. Entre os destaques, estão a formalização e fortalecimento de pactos locais, a verificação em campo dos focos de desmatamento e a crescente adesão de propriedades rurais ao CAR.

Anexos

Legislação de referência ................................................................. 105

Fontes e Referências ........................................................................111

Participantes das ofi cinas de fortalecimentoda gestão ambiental realizadas pelo PMV durante 2013 ......................113

Fluxograma Simplifi cado de Licenciamento Ambiental ...................... 116

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VOLUME 1: ORGANIZANDO A ÁREA DE CONTROLE AMBIENTAL DO MUNICÍPIO

FAÇA SUAS ANOTAÇÕES

LEGISLAÇÃO FEDERAL

Constituição Federal de 1988

Institui o meio ambiente como bem comum e essencial à sadia qualidade de vida e ainda faz a exigência de aprova-ção, por parte do poder público, de estudo prévio de impac-to ambiental para instalação de atividades potencialmente causadoras de significativa degradação do meio ambiente.

Lei 6.766/1979Dispõe sobre o parcelamento do solo urbano e dá outras providências.

Lei 6.803/1980Dispõe sobre as diretrizes básicas para o zoneamento indus-trial nas áreas críticas de poluição e dá outras providências.

Lei 6.938/1981Estabelece a Política Nacional do Meio Ambiente e no-meia o licenciamento ambiental como um dos instrumen-tos de política ambiental.

Lei 7.347/1985

Disciplina a ação civil pública de responsabilidade por da-nos causados ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico e dá outras providências.

Lei 7.797/1989

Cria o Fundo Nacional de Meio Ambiente com a missão de contribuir, como agente financiador, por meio da partici-pação social, para a implementação da Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA).

Lei 7.735/1989Cria o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recur-sos Naturais Renováveis (Ibama).

Lei nº 7.804/1989

Altera a Lei 6.938, de 31 de agosto de 1981, que dispõe so-bre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e me-canismos de formulação e aplicação, a Lei 7.735, de 22 de fevereiro de 1989, a Lei 6.803, de 2 de julho de 1980, e dá outras providências.

Lei 8.429/1992(Improbidade Administrativa)

Dispõe sobre as sanções aplicáveis aos agentes públicos nos casos de enriquecimento ilícito no exercício de man-dato, cargo, emprego ou função na administração pública direta, indireta ou fundacional e dá outras providências.

Anexo 1. Legislação de referência

A seguir são apresentadas as ementas das principais normas infraconstitucionais fede-rais e do Estado do Pará relacionadas ao licenciamento ambiental, estudos de impacto ambiental e assuntos correlatos abordados nesta publicação. O objetivo dessa relação é dar referências ao leitor dos marcos legais pertinentes aos assuntos tratados ao longo do trabalho, sem pretender elaborar uma relação exaustiva ou esgotar o assunto.

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SÉRIE GESTÃO AMBIENTAL MUNICIPAL PARA A ÁREA RURAL

FAÇA SUAS ANOTAÇÕESLEGISLAÇÃO FEDERAL

Lei 9.433/1997Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos, cria o Sis-tema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos.

Lei 9.605/1998(Lei de Crimes Ambientais)

Dispõe sobre sanções penais e administrativas lesivas ao meio ambiente, define infrações e penalidades relativas ao licenciamento ambiental.

Lei 9.785/1999 Cria a Política Nacional de Educação Ambiental.

Lei 9.985/2000(Lei do Snuc)

Criou o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (Snuc), que instituiu a compensação ambiental e a ne-cessidade de autorização do órgão responsável pela tutela da unidade de conservação a ser afetada pelo empreendimento.

Lei 10.257/2001 (Estatuto das Cidades)

Estabelece normas de ordem pública e interesse social que regulam o uso da propriedade urbana em prol do bem coletivo, da segurança e do bem-estar dos cidadãos, bem como do equilíbrio ambiental.

Lei 10.650/2003Dispõe sobre o acesso público aos dados e informações existentes nos órgãos e entidades integrantes do Sinama.

Lei 11.284/2006

Dispõe sobre a gestão de florestas públicas para a produ-ção sustentável; institui, na estrutura do Ministério do Meio Ambiente, o Serviço Florestal Brasileiro (SFB); cria o Fundo Nacional de Desenvolvimento Florestal (FNDF).

Lei 11.455/2007 Estabelece diretrizes nacionais para o saneamento básico.

Lei 11.516/2007Cria o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodi-versidade.

Lei 12.305/2010Dispões sobre a Política Nacional de Resíduos Sólidos e institui o princípio do protetor-recebedor, conferindo be-nefícios para aqueles que preservam o meio ambiente.

Lei 12.527/2011 (Lei de Acesso à Informação

Regula o acesso a informações previsto na Constituição Federal, altera a Lei 8.112/1990 e revoga a Lei 11.111/2005, e dispositivos da Lei 8.159/1991; e dá outras providências.

Lei Complementar 140/2011

Regulamenta e delimita, de forma constitucional, as atri-buições do licenciamento ambiental dos entes federados. Fixa normas, nos termos dos incisos III, VI e VII do caput e do parágrafo único do art. 23 da Constituição Federal, para a cooperação entre a União, os estados, o Distrito Federal e os municípios nas ações administrativas decorrentes do exercício da competência comum relativa à proteção das paisagens naturais notáveis, à proteção do meio ambien-te, ao combate à poluição em qualquer de suas formas e à preservação das florestas, da fauna e da flora; e altera a Lei 6.938, de 31 de agosto de 1981.

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VOLUME 1: ORGANIZANDO A ÁREA DE CONTROLE AMBIENTAL DO MUNICÍPIO

FAÇA SUAS ANOTAÇÕESLEGISLAÇÃO FEDERAL

Lei 12.651/2012(novo Código Florestal)

Atribui, entre outras, a necessidade de licenciamento da exploração de florestas nativas e formações sucessoras e a determinação da faixa marginal a ser considerada Área de Preservação Permanente no processo de licenciamen-to de reservatórios artificiais de água.

LEGISLAÇÃO RELACIONADA COM ESTUDOS AMBIENTAIS PARA CONCESSÃO DE LICENÇAS

Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental (EIA/Rima)

É exigido para as atividades listadas nas Resoluções Conama 1/86, 11/86, 5/87, 9/90,10/90, sempre que houver significativa degradação ambiental (CF/88, Lei 6.938/81 e art. 3º - 237/97).

Relatório de Controle Ambiental (RCA)

Resoluções Conama 1/86, 11/86, 5/87, 9/90,10/90, sempre que houver significativa degradação am-biental (CF/88, Lei 6.938/81 e art. 3º - 237/97).

Plano de Controle Ambiental (PCA)

Originalmente estabelecido na Resolução Conama 10/90 e exigido para obtenção da LP para minerais da classe II, na dispensa de EIA/Rima.

Plano de Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD)

Exigido nas Resoluções Conama 9/90 e 10/90 para a concessão de LI de atividade de extração mineral, devendo conter os projetos executivos de prevenção e mitigação dos impactos previstos no EIA/Rima.

Projeto Básico Ambiental (PBA)

Previsto inicialmente na Constituição Federal de 1988 (art. 225), para a recuperação das áreas mine-radas, bem como no Decreto 97.632/89. Diretrizes fixadas pela NBR-13.030 da ABNT. Possui atualmente seu uso ampliado.

Relatório Ambiental Simplificado (RAS)

Previsto na Resolução Conama 6/87, que trata do licenciamento dos empreendimentos do setor elé-trico. Originalmente disciplinado pela Resolução Conama 279/2001, para licenciamento de ativida-des de pequeno potencial de impacto ambiental do porte do setor elétrico. Atualmente, é utilizado em vários órgãos licenciadores para atividades de baixo potencial degradador/poluidor. No Pará, subsidia a conceção de LAR em atividades agrossilvipastoris. O Conama possui resoluções para licenciamentos de tipos específicos de empreendimentos que devem ser consultadas sempre que necessário no site do Ministério do Meio Ambiente (www.mma.gov.br).

108

SÉRIE GESTÃO AMBIENTAL MUNICIPAL PARA A ÁREA RURAL

FAÇA SUAS ANOTAÇÕESLEGISLAÇÃO DO ESTADO DO PARÁ

Lei 5.752/1993

Dispõe sobre a reorganização e cria cargos na Secre-taria de Estado de Ciência, Tecnologia e Meio Am-biente (Sectam), cria o Conselho Estadual de Meio Ambiente e dá outras providências.

Lei 5.887/1995Dispõe sobre a Política Estadual do Meio Ambiente e dá outras providências.

Lei 5.977/1996Dispõe sobre a proteção à fauna silvestre no Estado do Pará.

Lei 6.462/2002Dispõe sobre a Política Estadual de Florestas e de-mais Formas de Vegetação e tem o Cadastro Ambien-tal Rural entre os seus instrumentos.

Lei 6.745/2005Institui o Macrozoneamento Ecológico-Econômico do Estado do Pará e dá outras providências.

Lei 7.243/2009

Dispõe sobre o Zoneamento Ecológico-Econômi-co (ZEE) da Área de Influência das Rodovias BR-163 (Cuiabá-Santarém) e BR-230 (Transamazônica) no Estado do Pará (Zona Oeste).

Lei 7.398/2010Dispõe sobre o Zoneamento Ecológico-Econômico da Zona Leste e Calha Norte do Estado do Pará.

Lei 7.389/2010Define as atividades de impacto ambiental local no Estado do Pará e dá outras providências.

Decreto Estadual 2033/2009

Disciplina e adequa a compensação ambiental por em-preendimentos com significativo impacto ambiental.

Decreto Estadual 1.120/2008

Dispõe sobre o prazo de validade das Licenças Am-bientais, sua renovação, e dá outras providências.

Decreto Estadual 857/2004.

Dispõe sobre o licenciamento ambiental, no territó-rio sob jurisdição do Estado do Pará, das atividades que discrimina.

Decreto Estadual 2.593/2006

Altera o Decreto Estadual 857/2004 e institui o Cadas-tro Ambiental Rural (CAR) como instrumento prévio e obrigatório para o licenciamento, de qualquer natu-reza, de atividades realizadas em imóveis rurais, não autorizando, no entanto, o exercício das mesmas.

Decreto 1.148/2008Regulamenta a Política Estadual de Florestas e da Política Estadual de Meio Ambiente e estabelece re-gramento do CAR.

109

VOLUME 1: ORGANIZANDO A ÁREA DE CONTROLE AMBIENTAL DO MUNICÍPIO

FAÇA SUAS ANOTAÇÕESLEGISLAÇÃO DO ESTADO DO PARÁ

Decreto Estadual 2.436/2010

Regulamenta as ações ligadas, direta ou indireta-mente, às atividades agrossilvipastoris, executadas dentro das áreas de uso alternativo do solo, conside-radas como sendo de baixo impacto ambiental.

Decreto Estadual 216/2011

Dispõe sobre o licenciamento ambiental das ativida-des agrossilvipastoris realizadas em áreas alteradas e/ou subutilizadas fora da área de reserva legal e área de preservação permanente nos imóveis rurais no Estado do Pará.

Resolução Coema 079/2009

Dispõe sobre o Programa Estadual de Gestão Am-biental Compartilhada e define as atividades de im-pacto ambiental local para fins do exercício da com-petência do licenciamento ambiental municipal.

Resolução Coema 107/2013

Define os critérios para Dispensa de Licenciamento Ambiental (DLA), de obra ou empreendimentos/ati-vidades de baixo potencial poluidor/degradador e dá outras providencias.

IN Sema 3/2006Define os procedimentos e critérios para a instrução de processos de licenciamento ambiental.

IN Sema 51/2010Dispõe sobre a Autorização de Queima Controlada no âmbito do Estado do Pará e dá outras providencias.

IN Sema 52/2010

Estabelece normas e procedimentos para o plano de conservação de fauna silvestre em áreas que neces-sitem de prévia supressão vegetal em processos de licenciamento ambiental, no âmbito do estado, e dá outras providências.

IN Sema 5/2011Dispõe sobre a Política Estadual de Florestas e de-mais formações de vegetação no Estado do Pará.

IN Sema 8/2011

Disciplina a regularização de atividades estratégicas para o Estado do Pará em reflorestamento e cultura de dendê consolidados ou a serem implantados em áreas alteradas e/ou subutilizadas, fora da Reserva Legal e de área de preservação permanente, nos ter-mos da legislação vigente e dá outras providências.

IN Sema 10/2011

Estabelece procedimentos administrativos na con-dução do Licenciamento ambiental e da regulariza-ção do uso dos recursos hídricos no âmbito da Secre-taria de Estado de Meio Ambiente.

110

SÉRIE GESTÃO AMBIENTAL MUNICIPAL PARA A ÁREA RURAL

FAÇA SUAS ANOTAÇÕESLEGISLAÇÃO DO ESTADO DO PARÁ

IN Sema 14/2011

Estabelece os procedimentos administrativos para a regularização e o licenciamento ambiental das ativi-dades agrossilvipastoris realizadas em áreas altera-das e/ou subutilizadas fora da área de Reserva Legal (RL) e Área de Preservação Permanente (APP) nos imóveis rurais no Estado do Pará.

IN Sema 15/2011

Institui o modelo da Declaração de Corte e Colheita (DCC) e estabelece os procedimentos administrati-vos para a colheita, transporte e industrialização dos produtos oriundos de florestas plantadas no Es-tado do Pará.

IN Sema 6/2012

Altera a Instrução Normativa 53 de 27/09/2010, que institui o fluxo de atos administrativos no âmbito da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema), para os processos que visam à limpeza de açaizais, com o objetivo de fortalecer a produção de frutos dos açai-zeiros, em conformidade com que estabelecem os padrões técnicos, instituídos pela Instrução Norma-tiva 5/1999/Ibama e dá outras providências.

IN Sema 2/2013

Dispõe os critérios técnicos a serem observados no li-cenciamento das atividades relativas ao carvoejamen-to no âmbito do Estado do Pará, regulamenta a Resolu-ção Coema 25/2002 e dá outras providências.

IN Sema 4/2013Dispõe sobre o licenciamento ambiental de em-preendimentos e atividades aquícolas no Estado do Pará e dá outras providências.

IN Sema 5/2013(Delegação de competência)

Define os critérios para Dispensa de Licenciamento Ambiental (DLA), de obra ou empreendimento/ati-vidade de baixo potencial poluidor/degradador e dá outras providencias.

IN Sema 6/2013Dispõe sobre o licenciamento para a atividade de la-vra garimpeira de ouro no Estado do Pará.

IN Sema 7/2013

Institui o Calendário Florestal, no âmbito da Secre-taria de Estado de Meio Ambiente do Pará (Sema/PA), que define os períodos para a apresentação, a análise e a aprovação dos Planos de Manejo Flores-tal Sustentável (PMFS) e dos Planos Operacionais Anuais (POA), bem como para a safra da exploração de madeira em florestas de terra firme e o embargo das atividades de exploração florestal, no Estado do Pará, e dá outras providências.

A legislação ambiental completa do Pará pode ser consultada no site da Sema: http://www.sema.pa.gov.br

111

VOLUME 1: ORGANIZANDO A ÁREA DE CONTROLE AMBIENTAL DO MUNICÍPIO

FAÇA SUAS ANOTAÇÕESAnexo 2. Fontes e Referências

COIMP. Manual de Licenciamento Ambiental. Guia de procedimento passo a passo. Consórcio Integrado dos Municípios Paraenses.

COIMP. Manual de Orientação para Formação dos Condemas. Consórcio Integrado dos Municípios Paraenses.

Globo Natureza. Projeto em Extrema, MG, reconhece e paga por serviços ambientais. Exibido em 17/03/2013. Disponível em http://g1.globo.com/natureza/noticia/2013/03/projeto-em-extrema-mg-reconhece-e-paga-por-servicos-ambientais.html.

Guerin, Natalia; Isernhagen, Ingo (org.). Plantar, criar e conservar: unindo produtivi-dade e meio ambiente. Instituto Socioambiental. São Paulo, 2013.

IBGE. Pesquisa de Informações Básicas Municipais. Perfil dos Municípios Brasileiros 2012. IBGE, 2013.

MMA. Política Nacional de Meio Ambiente/Ministério do Meio Ambiente. Cadernos de formação volume 1. Ministério do Meio Ambiente. Brasília, 2006.

MMA. Como estruturar o sistema municipal de meio ambiente/Ministério do Meio Am-biente. Cadernos de formação volume 2. Ministério do Meio Ambiente. Brasília, 2006.

MMA. Planejando a intervenção ambiental no município/Ministério do Meio Ambien-te. Cadernos de formação volume 3. Ministério do Meio Ambiente. Brasília, 2006.

MMA. Instrumentos de gestão ambiental municipal/Ministério do Meio Ambiente. Cadernos de formação volume 4. Ministério do Meio Ambiente. Brasília, 2006.

Neves, Estela Maria Souza Costa. A Política Ambiental e os Municípios Brasileiros. Tese (doutorado - Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Instituto de Ci-ências Humanas e Sociais). UFRRJ/CPDA. Rio de Janeiro, 2006. Disponível em http://r1.ufrrj.br/cpda/wp-content/uploads/2011/09/d_estela_neves_2006.pdf.

Neves, Estela Maria Souza Costa. Diagnóstico da gestão ambiental municipal no Esta-do do Pará. Projeto PMV/Imazon/Clua. Pará, 2013.

Neves, Estela Maria Souza Costa. Política ambiental, municípios e cooperação inter-governamental no Brasil. Revista do Instituto de Estudos Avançados, USP, no 74. São Paulo, 2012.

Pinto, I. C.; Vedoveto, M.; Veríssimo, A. Compensação ambiental: oportunidades para a consolidação das Unidades de Conservação no Pará. Imazon. Pará, 2013.

Santos Junior, Orlando Alves; Montandon, Daniel Todtmann (orgs.). Os planos dire-tores municipais pós-estatuto da cidade: balanço crítico e perspectivas. Letra Capi-tal: Observatório das Cidades: IPPUR/UFRJ. Rio de Janeiro, 2011.

Silva Júnior, Jeconias Rosendo da; Passos, Luciana Andrade dos. O negócio é parti-

112

SÉRIE GESTÃO AMBIENTAL MUNICIPAL PARA A ÁREA RURAL

FAÇA SUAS ANOTAÇÕES cipar: a importância do plano diretor para o desenvolvimento municipal. CNM, Sebrae. Brasília, 2006.

Silva, José Afonso. Direito Ambiental Constitucional. Malheiros, 7a edição. São Pau-lo, 2009.

Trigueiro, André. Mundo Sustenável 2 – Novos rumos para um planeta em crise. Glo-bo Livros. Rio de Janeiro, 2005.

Whately, Marussia; Hercowitz, Marcelo. Serviços Ambientais: conhecer, valorizar e cui-dar. Instituto Socioambiental. São Paulo, 2009. Disponível em http://www.socioam-biental.org/pt-br/o-isa/publicacoes/autor/marussia-whately-e-marcelo-hercowitz.

Whately, Marussia (coord.); Campanili, Maura. Programa Municípios Verdes: lições aprendidas e desafios para 2013/2014. Governo do Estado do Pará. Programa Mu-nicípios Verdes. Belém, 2013.

Zakia, Maria José; Pinto, Luis Fernando Guedes. Guia para aplicação da nova lei em propriedades rurais. Imaflora. Piracicaba: 2013.

Fontes de informação úteis para o município:

IBGE CIDADEShttp://www.cidades.ibge.gov.br/xtras/uf.php?lang=&coduf=15&search=para

PROGRAMA CIDADES SUSTENTÁVEIS INDICADORES MUNICIPAIShttp://indicadores.cidadessustentaveis.org.br/

PROGRAMA MUNICÍPIOS VERDES BASE DE DADOS DE METAS E INDICADORES MUNICIPAIShttp://municipiosverdes.com.br/base_de_dados

IMAZON GEO SISTEMA DE ALERTA DE DESMATAMENTO POR MUNICÍPIOwww.imazongeo.org.br/

PRODES INPE DESMATAMENTO, ÁREA DE FLORESTA POR MUNICÍPIOhttp://www.dpi.inpe.br/prodesdigital/prodesmunicipal.php

UNIDADES DE CONSERVAÇÃO POR MUNICÍPIOhttp://uc.socioambiental.org/

TERRAS INDÍGENAShttp://ti.socioambiental.org/pt-br/#

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VOLUME 1: ORGANIZANDO A ÁREA DE CONTROLE AMBIENTAL DO MUNICÍPIO

Município: Novo ProgressoLocal da oficina: Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma)Data de realização da Oficina: 6 a 8 de março de 2013Participantes da oficinaAdileusa WobetoErica Batista de SouzaEverton BreusFiorelha BringnannJoão PedroKelly Batista de SousaLucas Antonio SilvaManoel Malinski (secretário)Márcia ReinheimeSara Milhomens

Município: Dom EliseuLocal da oficina: Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma)Data de realização da Oficina: 18 e 19 de março de 2013Participantes da oficinaAna PaulaDaynEdilberto Poggi (secretário)FranciscoGilianLetíciaRomildo

Município: Novo RepartimentoLocal da oficina: Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma)Data de realização da Oficina: 8 a 10 de abril de 2013Participantes da oficinaAlex GonçalvesAlexandre Pinheiro

Carlos Eduardo GonçalvesClaudia HeringElves da Costa LiraFlávio PortoFrancisca R. da SilvaGizele Luciana Cabral Ramos (secretária)João Carlos FerreiraJoaquim NascimentoLeandro Santos CostaMárcio BicalhoMarilene Félix MouraQueile PereiraSamuel Amorim

Município: TailândiaLocal da oficina: Secretaria Municipal de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente (Sectma)Data de realização da Oficina: 10 a 12 de abril de 2013Participantes da oficinaAntônia do Socorro da Silva GomesCaio Flavio Nunes BastosCartiane R. H. RochaCelson Batista VieiraCleiton Ribeiro de SousaCleuciane Luz RodriguesEdson Trindade Eliel Vasconcelos OliveiraFernando de BenGerisvaldo da Costa Sampaio SaraivaJuan Geraldo Oliveira RibeiroLenil Rodrigues TrindadeLeonardo Miranda Biancardi (secretário)Maria Sinaria Lavareda de OliveiraRenata de Oliveira Araújo

Município: SantarémLocal da oficina: Secretaria Municipal de

Anexo 3. Participantes das oficinas de fortalecimento da gestão ambiental realizadas pelo PMV durante 2013

As oficinas de capacitação sobre PMV e fortalecimento da gestão ambiental municipal foram realizadas durante o ano de 2013 nos 11 municípios listados abaixo. Essas ati-vidades foram realizadas no âmbito de projeto desenvolvido pelo PMV e Imazon com apoio da CLUA – Climate and Land Use Alliance.

114

SÉRIE GESTÃO AMBIENTAL MUNICIPAL PARA A ÁREA RURAL

Meio Ambiente (Semma)Data de realização da Oficina: 8 e 9 de maio de 2013Participantes da oficinaAdaias Cardoso GonçalvesBenedita de Sousa Dos SantosClara Cídia Nogueira da GamaDeolinda Moyarina Pinheiro MachadoFátima de Nazaré Diniz CamposFrancileuza L. FonsecaFrancisca Genésia LeiteGerson Luis do Rego CamposHeiby da Costa SerrazinIverton Pimentel Bernardes Izabel Cristina Martins RabeloJoão Carlos Bemerguy Camerini,João Erivan CorrêaJoão SantosLana Cristina Rebelo de SousaMárcia Sabrina Lima de AguiarMaruza Waldeck DiasPaulo Roberto de Mendonça MeloPedro Nogueira Amazonas Jr.Podalyro Lobo de Sousa Neto (secretário)Sebastião Ronildo AmorimTânia Mara Moraes AmazonasVerenice Rodrigues Da SilvaVicente Cândido TorresWellton Sousa da CostaZeila Andrade Diniz

Município: ParagominasLocal da oficina: Secretaria Municipal do Verde e Meio Ambiente (Semma)Data de realização da Oficina: 14 a 15 de maio de 2013Participantes da oficinaCiro RodriguesEdnelson MonteiroEstela NevesFelipe Zagalo (secretário)Fernando MendesIzael Costa SilvaJaqueline de Carvalho PeçanhaMaria Oneide dos ReisMax A. R. de SousaSâmio SousaSirlene da SilvaTatiele O. MaurícioZenaide da Silva

Município: MarabáLocal da oficina: Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma)Data de realização da Oficina: 3 e 4 de junho de 2013Participantes da oficinaAna Cláudia Cunha BrasilAndré Kazuhiro Alves LidaAracy Helena MarquesBárbara Edwards de LimaCarlos Eduardo da Silva FernandesCarlos Vinícius A. Brito (secretário)Cirlândia Ferreira da C. BritoDomisley Sompré SenaEdivam Santos de AbreuEdla TavaresEdson Carlos P. SilvaFrancione dos Reis FerreiraPaulo Edilson de L. Chaves

Município: Brasil NovoLocal da oficina: Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma)Data de realização da Oficina: 3 de julho de 2013Participantes da oficinaAntonio Marcos Passos DavidBertilo SchuelterEdemberg Pereira da SilvaEder Alves FelizardoElvis Antonio Sales AlvesErika Kelliane Gonçalves da SilvaGabriela Karla Gentil de Rezende da CostaGleice Gomes de AlmeidaJairo de Sousa Neres Nilson Dias GlixinskiSinobaldo Ribas PereiraZelma Luzia da Silva Campos (secretária)

Município: AltamiraLocal da oficina: Secretaria Municipal do Verde e Meio Ambiente (Semma)Data de realização da Oficina: 4 de julho de 2013Participantes da oficinaAdriano da Costa PaivaAna Claudia Moraes e SilvaAna Paula da Silva BarrosBarbara Alves de Sousa (secretária)Carlos Eduardo Oliveira Felizardo

115

VOLUME 1: ORGANIZANDO A ÁREA DE CONTROLE AMBIENTAL DO MUNICÍPIO

Carlos Evandro GuderClaudenyse Moreira da RochaEdineide Almeida dos SantosEdmara de Jesus PedrosaEliania Cunha de OliveiraElvira de Oliveira NogueiraFrancimara A. Damasceno CarneiroFrancisco Alves Pereira CamposIvonete Ferreira SobrinhoJean Felipe DottoKleice GroffLindomar Andrade da SilvaLucio Francisco de Paula CostaLuiz Alberto de AraujoLuzenvelto da Silva PaixaoMarcélia Santos SousaMarcilene Ne P. de MagalhãesMaria Heleonildes Alves Dias da SilvaMaria Sofia Lima VelascoMarilua Aurea Damasceno BarbosaMaristela Correia DuarteMayson Peterson P. C. UmbuzeiroNeurielle Cruz de BarrosPaula Raquel Fima MacielPaulo Célio Batista NevesRenan Rodrigues MirandaRui Alves de SousaSimão Viana Almeida e AlmeidaStefany Kiara Costa GelakValmir Moreira de SouzaVanessa DottoVeridiana Wagner SilvaWesley Storch

Município: São Félix do XinguLocal da oficina: Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Saneamento (Semmas)Data de realização da Oficina: 26 a 29 de agosto de 2013Participantes da oficinaAda Katharine Bessa BuenoBruno Yoheiji Kono Ramos (secretário)Camila de Paula Da RochaChristian Ray Lima PereiraCristiane da Silva AmaralDavir Alves de OliveiraDiego Parlandim BarrosoFabricia Patricia Moura de FreitasGilberto Santos SouzaJanilson de Melo Araujo

João Inacio de AssunçãoJose Carlos Lima MonteiroLuiz da Silva MacedoMaria Elanir Soares NevesRanilton Alves da SilvaRaphael Guido MilhomensRosa Laine Couto de OliveiraSuelene do Espirito Santo de SousaTânia Maria Martins AlvesThiago Gomes MachadoValdemir Gonçalves da SilvaZildomar Junior Mendes Arrais

Município: Santana do AraguaiaLocal da oficina: Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma)Data de realização da Oficina: 29 e 30 de outubro de 2013Participantes da oficinaAdorisvaldo Santos Pereira (secretário)Aristoteles Alves Cleiton da Luz CarveliDinalva Alves de SouzaGessivaldo Ribeiro da FonsecaJoncya Noleto RibeiroLicibaldo Guimaraes FrancoLuana Pereira da Silva e SilvaLuiz Henrique Cavalcante LimaPaulo Andre Dias SilvaRaimunda SilvaRoney Flavio Lopes SilvaTelma Milhomem do NascimentoValdivino OliveiraWagner Antonio Dias SantiagoWalber Antonio Dias SantiagoWelison Fabio Xistra da Silva

116

SÉRIE GESTÃO AMBIENTAL MUNICIPAL PARA A ÁREA RURAL

EMPREENDEDOR ÓRGÃO LICENCIADOR

CONSULTAWWW.SEMA.PA.GOV.BR

CONSULTAWWW.SEMA.PA.GOV.BR/DLA

finaliza

verificar se o empreendimento precisa

de licença ambiental

CONSULTAWWW.SEMA.PA.GOV.BR

e identifica órgão licenciador

CONSULTAórgão e identifica

modalidade de licença e documentos adequados ao

empreendimentoDLA

preenche formulários e atende requisitos

providencia publicação requerida

providencia e reúne os documentos, preenche

requisitos de acordo com o empreendimento e etapa do processo de licenciamento

precisa publicação de requerimento, de deferimento ou

indeferimento?

documentos estão em conformidade?

existe processo em andamento?

publica, notifica e orienta empreendedor

precisa complementar informações e documentos?

publica decisão, notifica o

empreendedor e encaminha para

fiscalização

encaminha para manter sob fiscalização das

condicionantes e adoção das sanções

cabíveis no caso de indeferimento

ou constatação de irregularidades

autua processo com a documentação

encaminha para análise técnica

análise dos documentos, projetos e estudos ambientais apresentados e seu

enquadramento na legislação e

normatização vigente e agenda vistoria

verificar se está enquadrado na resolução

coema 107/2013

início

Anexo 4. Fluxograma Simplificado de Licenciamento Ambiental

SIM

SIM

SIM

NÃO

NÃO

NÃO

NÃONÃO

SIM

NÃO

SIM

117

VOLUME 1: ORGANIZANDO A ÁREA DE CONTROLE AMBIENTAL DO MUNICÍPIO

ÓRGÃO EXTERNOÓRGÃO LICENCIADOR

está de acordo com legislação

de uso e adequação do

solo?precisa

consultar outros

órgãos?

encaminha para indeferimento e providências necessárias à

fiscalização, caso necessário

realiza vistoria técnica

manifestação com opinamento técnico ou jurídico sobre o empreendimento e /ou emissão de documentos necessários

para o empreendedor

Observações importantes

Este fluxograma resume as etapas básicas e imprescindíveis de um processo de licenciamento ambiental.

O fluxograma deve ser ajustado e complementado de acordo com o rito administrativo adotado em cada caso como, por exemplo, a cobrança de taxa que pode ser feita no início, no final ou em ambas as etapas do processo.

No caso de indeferimento do pedido, o empreendedor deverá ser orientado com relação a seu direito de interpor recurso ou adequaro empreendimento e atividade às normas que ensejaram o indeferimento.

O processo de licenciamento não finaliza na expedição da licença requerida, devendo o empreendedor ser orientado para cumprir todas as restrições e condicionantes nos prazos previstos, dentre as quais deve constar a necessidade de requerimento de outra modalidade de licença nos casos específicos como, por exemplo, na licença prévia, que deve prever a exigência para o requerimento de licença de instalação e na qual deve constar os requisitos para o requerimento da licença de operação, quando for o caso.

opinamento no processo ou documento emitido pelo empreendedor

a consulta a outros órgãos pode ser feita através do encaminhamento do processo ou através de orientação

ao empreendedor para providenciar os documentos necessários (autorizações, outorgas etc.)

emite a licença com restrições e condicionantes

elabora parecer técnico conclusivo com avaliação do

impacto ambiental, enquadramento

legal, restrições e condicionantes e

submete à autoridade municipal para decisão

informações do processo conferem

com o local?

existe algum motivo para indeferimento?

Anexo 4. Fluxograma Simplificado de Licenciamento Ambiental

SIM

SIM

SIM

NÃO

NÃO

NÃO

SIM

NÃO

Tiragem2 mil exemplares

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