vol 02 ciencias da natureza

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CURRÍCULO BÁSICO ESCOLA ESTADUAL Ensino Médio Volume 02 - Área de Ciências da Natureza

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volume 2 ciências da natureza

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  • CURRCULO BSICOESCOLA ESTADUAL

    Ensino MdioVolume 02 - rea de Cincias da Natureza

    CURRCULO BSICO ESCOLA ESTADUAL

    Ensino Mdio Volum

    e 02rea de Cincias da Natureza

    Sedu_Curriculo Basico_caderno_06_capa.indd 1Sedu_Curriculo Basico_caderno_06_capa.indd 1 25/6/2009 12:23:1225/6/2009 12:23:12

  • CURRCULO BSICOESCOLA ESTADUAL

    Ensino MdioVolume 02 - rea de Cincias da Natureza

    VITRIA2010

  • SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAOAv. Csar Hilal, n 1.111, Santa Lcia - Vitria/ES - CEP 29.056-085

    Dados Internacionais de Catalogao-na-Publicao (CIP)(Gesto.Info Consultoria, ES, Brasil)

    E-mail: [email protected]

    Esprito Santo (Estado). Secretaria da EducaoE77e Ensino mdio : rea de Cincias da Natureza / Secretaria da Educao. Vitria : SEDU, 2009.

    128 p. ; 26 cm. (Currculo Bsico Escola Estadual ; v. 02)

    Contedo dos volumes : v. 01 - Ensino fundamental, anos fi nais, rea de Linguagens e Cdigos; v. 02 - Ensino fundamental, anos fi nais, rea de Cincias da Natureza; v. 03 - Ensino fundamental, anos fi nais, rea de Cincias Humanas; v. 01 - Ensino mdio, rea de Linguagens e Cdigos; v. 02 - Ensino mdio, rea de Cincias da Natureza; v. 03 - Ensino mdio, rea de Cincias Humanas.

    Volumes sem numerao : Ensino fundamental, anos iniciais; Guia de implementao.

    ISBN 978-85-98673-06-6

    1. Ensino - Esprito Santo (Estado) - Currculo. 2. Ensino mdio - Currculo. 3. Ensino mdio - Cincias da Natureza. 4. Ensino fundamental - Currculo. I. Ttulo. II. Srie.

    CDD 373.19 CDU 373.5.016

    GOVERNADOR Paulo Hartung

    VICE-GOVERNADOR Ricardo de Rezende Ferrao

    SECRETRIO DE EDUCAO Haroldo Corra Rocha

    Subsecretria de Estado de Educao Bsica e Profi ssional Adriana Sperandio

    Subsecretria de Estado de Planejamento e Avaliao Mrcia Maria de Oliveira Pimentel Lemos

    Subsecretrio de Estado de Suporte Educao Gilmar Elias Arantes

    Subsecretrio de Estado de Administrao e Finanas Jos Raimundo Pontes Barreira

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  • CURRCULO BSICOESCOLA ESTADUAL

    ... nas condies de verdadeira aprendizagem os educandos vo se transformando em reais sujeitos da construo e da reconstruo do saber ensinado, ao lado do educador, igualmente sujeito do processo.

    Paulo Freire

    Sedu_Curriculo Basico_caderno_06.indd 3Sedu_Curriculo Basico_caderno_06.indd 3 25/6/2009 11:02:1725/6/2009 11:02:17

  • COORDENAO GERALAdriana SperandioSubsecretria de Educao Bsica e Pro ssional

    Leonara Margotto Tartaglia Gerncia de Ensino Mdio

    Patricia Silveira da Silva TrazziSubgerncia de Desenvolvimento Curricular do Ensino Mdio

    Janine Mattar Pereira de CastroGerncia de Educao Infantil e Ensino Fundamental

    Valdelina Solomo LimaSubgerncia de Desenvolvimento Curricular do Ensino Fundamental

    Maria do Carmo Starling de OliveiraGerncia de Educao, Juventude e Diversidade

    COMISSO CURRICULAR - SEDUAna Beatriz de C. Dalla Passos, Aparecida Agostini Rosa Oliveira, Conciana N. Lyra, Danilza A. Rodrigues, Denise Moraes e Silva, Eliane Carvalho Fraga, Hulda N. de Castro, Jane Ruy Penha, Josimara Pezzin, Lcia Helena Maroto, Luciane S. Ronchetti, Luiza E. C. de Almeida, Malba Lucia Gomes Delboni, Mrcia Gonalves Brito, Mrcia M. do Nascimento, Maria Cristina Garcia T. da Silva, Maria da Penha C. Benevides, Maria Geovana M. Ferreira, Maria Jos Teixeira de Brito, Mirtes ngela Moreira Silva, Nadina Barbieri, Neire Longue Diirr, Rita de Cssia Santos Silva, Rita Nazareth Cuquetto Soares, Rosemar Alves de Oliveira Siqueira, Sandra Fernandes Bonatto, Sidinei C. Junqueira, Snia A. Alvarenga Vieira, Tania Mara Silva Gonalves, Tnia Maria de Paiva Zamprogno, Telma L. Vazzoler, Teresa Lcia V.C. Barbosa, Valria Zumak Moreira, Verginia Maria Pereira Costa, Zorailde de Almeida Vidal

    Equipe de ApoioAna Amlia Quinopi Tolentino de Faria, Eduarda Silva Sacht, Luciano Duarte Pimentel, Mrcia Salles Gomes

    Assessora Especial Marluza de Moura Balarini

    CONSULTORASNajla Veloso Sampaio BarbosaViviane Mos

    ESPECIALISTASCincias Humanas Andr Luiz Bis Pirola e Juara Luzia Leite - HistriaEberval Marchioro e Marisa Teresinha Rosa Valladares - Geografi aLus Antnio Dagis - Ensino ReligiosoMarcelo Martins Barreira - Filosofi aMaria da Conceio Silva Soares - Sociologia

    Cincias da Natureza e Matemticangela Emlia de Almeida Pinto e Leonardo Cabral Gontijo - FsicaClaudio David Cari - Biologia/CinciasGerson de Souza Mol - QumicaMaria Auxilidora Vilela Paiva - Matemtica

    Linguagens e Cdigos Ana Flvia Souza Sofi ste - Educao FsicaCarlos Roberto Pires Campos - Lngua Portuguesa Adriana Magno, Maria Gorete Dadalto Gonalves e Moema Lcia Martin Rebouas - ArteRita de Cssia Tardin - Lngua Estrangeira

    DIVERSIDADE

    Andressa Lemos Fernandes e Maria das Graas Ferreira Lobino - Educao AmbientalIns de Oliveira Ramos Martins e Maringela Lima de Almeida - Educao Especial Leomar dos Santos Vazzoler e Nelma Gomes Monteiro - Educao tnico RacialKalna Mareto Teao - Educao IndgenaErineu Foerste e Gerda M. S. Foerste - Educao no Campo

    Elieser Toretta Zen e Elizete Lucia Moreira Matos - Educao de Jovens e Adultos

    PROFESSORES REFERNCIACincias Humanas Adlia M. Guaresqui Cruz, Agnes Belmonci Malini, Alade Trancoso, Alarcio Tadeu Bertollo, Alan Clay L. Lemos, Alcimara Alves Soares Viana, Alecina Maria Moraes, Alexandre Nogueira Lentini, Anelita Felcio de Souza, ngela Maria Freitas, Anglica Chiabai de Alencar, Angelita M. de Quadros P. Soprani, Antnio Fernando Silva Souza, Cristina Lcia de Souza Curty, Dileide Vilaa de Oliveira, Ediane G. Morati, Edlson Alves Freitas, Edimar Barcelos, Eliana Aparecida Dias, Eliana C. Alves, Eliethe A. Pereira, Elisangela de Jesus Sousa, Elza Vilela de Souza, Epitcio Rocha Quaresma, Erilda L. Coelho Ambrozio, Ernani Carvalho Nascimento, Fabiano Boscaglia, Francisco Castro, Gilcimar Manhone, Gleydes Myrna Loyola de Oliveira, Gracielle Bongiovani Nunes, Hebnezer da Silva, Ilia Crassus Pretralonga, Ires Maria Pizetta Moschen, Israel Bayer, Ivanete de Almeida Pires, Jane Pereira, Jaqueline Oliozi, Joo Carlos S. Fracalossi, Joo Luiz Cerri, Jorge Luis Verly Barbosa, Jos Alberto Laurindo, Lea Silvia P. Martinelli, Leila Falqueto Drago, Lcia H. Novais Rocha, Luciene Maria Brommenschenkel, Luiz Antonio Batista Carvalho, Luiz Humberto A. Rodrigues, Lurdes Maria Lucindo, Marcia Vnia Lima de Souza, Marcos Andr de Oliveira Nogueira Goulart, Marcelo Ferreira Delpupo, Margarida Maria Zanotti Delboni, Maria Alice Dias da Rosa, Maria da Penha E. Nascimento, Maria da Penha de Souza, Maria de Lourdes S. Carvalho Morais, Maria Elizabeth I. Rodrigues, Maria Margaretti Perini Fiorot Coradini, Marlene M. R. Patrocnio, Marluce Furtado de Oliveira Moronari, Marta Margareth Silva Paixo, Mohara C. de Oliveira, Mnica V. Fernandes, Neyde Mota Antunes, Nilson de Souza Silva, Nilza Maria Zamprogno Vasconcelos, Paulo Roberto Arantes, Pedro Paulino da Silva, Raquel Marchiore Costa, Regina Jesus Rodrigues, Rodrigo Nascimento Thomazini, Rodrigo Vilela Luca Martins, Rosangela Maria Costa Guzzo, Rosiana Guidi, Rosinete Aparecida L. P. Manzoli, Sabrina D. Larmelina, Salette Coutinho Silveira Cabral, Sandra Renata Muniz Monteiro, Sebastio Ferreira Nascimento, Srgio Rodrigues dos Anjos, Sulne Aparecida Cupertino, Tnea Berti, Terezinha Maria Magri Rampinelli, ltima da Conceio e Silva, Valentina Hetel I. Carvalho, Vaneska Godoy de Lima, Vera Lcia dos Santos Rodrigues, Zelinda Scalfoni Rodrigues.

    Cincias da Natureza e MatemticaAdamar de Oliveira Silva, Amrico Alexandre Satler, Aminadabe de Farias Aguiar Queiroz, Ana Paula Alves Bissoli, Anderson Soares Ferrari, Anglica Chiabai de Alencar, Bruna Wencioneck de Souza Soares, Carlos Sebastio de Oliveira, Ctia Aparecida Palmeira, Chirlei S. Rodrigues Soyer, Claudinei Pereira da Silva, Cristina Louzada Martins da Eira, Delcimar da Rosa Bayerl, Edilene Costa Santana, Edson de Jesus Segantine, Edy Vinicius Silverol da Silva, Elizabeth Detone Faustini Brasil, Elzimeire Abreu Arajo Andrade, rika Aparecida da Silva, Giuliano Csar Zonta, Irineu Gonalves Pereira, Janana Nielsen de Souza Corassa, Jarbas da Silva, Jomar Apolinrio Pereira, Linderclei Teixeira da Silva, Luciane Salaroli Ronchetti, Mara Cristina S. Ribeiro, Marcio Vieira Rodrigues, Maria Alice Dias da Rosa, Maria Aparecida Rodrigues Campos Salzani, Maria Nilza Corra Martins, Maria de Glria Sousa Gomes, Marlene Athade Nunes, Organdi Mongin Rovetta, Patrcia Maria Gagno F. Bastos, Paulo Alex Demoner, Paulo Roberto Arantes, Pedro Guilherme Ferreira, Renan de Nardi de Crignis, Renata da Costa Barreto Azine, Renato Khler Zanqui, Renato Santos Pereira, Rhaiany Rosa Vieira Simes, Sandra Renata M. Monteiro e Wagna Matos Silva.

    Linguagens e Cdigos Alessandra Senna Prates de Mattos, Ana Cludia Vianna Nascimento Barreto, Ana Helena Sfalsim Soave, Antnio Carlos Rosa Marques, Carla Moreira da Cunha, Carmenca Nunes Bezerra, Christina Arajo de Nino, Cludia Regina Luchi, Edilene Klein, Eliane dos Santos Menezes, Eliane Maria Lorenzoni, Giselle Peres Zucolotto, Ilza Reblim, Izaura Clia Menezes, Jaqueline Justo Garcia, Johan Wolfgang Honorato, Jomara Andris Schiavo, Ktia Regina Zuchi Guio, Lgia Cristina Magalhes Bettero, Luciene Tosta Valim, Magna Tereza Delboni de Paula, Mrcia Carina Marques dos Santos Machado, Maria Aparecida Rosa, Maria do Carmo Braz, Maria Eliana Cuzzuol Gomes, Marta Gomes Santos, Nbia Lares, Raabh Pawer Mara Adriano de Aquino, Renata Garcia Calvi, Roberto Lopes Brando, Rosngela Vargas D. Pinto, Sebastiana da Silva Valani, Snia Maria da Penha Surdine Medeiros, Vivian Rejane Rangel.

    DiversidadeAdalberto Gonalves Maia Junior, Adna Maria Farias Silva, Ana Paula Alves Bissoli, Anderson Soares Ferrari, Anglica Chiabai de Alencar, Antnio Fernando Silva Souza, Aurelina Sandra Barcellos de Oliveira, Ctia Aparecida Palmeira, Crlia Silva de Oliveira, Christina Arajo de Nino, Edna dos Santos Carvalho, Elenivar Gomes Costa Silva, Eliane dos Santos Menezes, Elzimeire Abreu Arajo Andrade, Evelyn Vieira, Hebnzer da Silva, Ires Maria Pizzeta Moschen, Irineu Gonalves Pereira, Ivonete Ribeiro de Oliveira Pereira, Joo Luiz Cerri, Joo Firmino, La Silvia P. Martinelli, Luciene Tosta Valim, Luciete de Oliveira Cerqueira, Marcos Leite Rocha, Margareth Zorzal Faf, Maria Adlia R. Braga, Maria Aparecida Rodrigues Campos Salzani, Maria da Ressurreio, Patrcia Maria Gagno F. Bastos, Paulo Roberto Arantes, Pedro Paulino da Silva, Rachel Miranda de Oliveira, Renan de Nardi de Crignis, Sebastio Ferreira Nascimento, Simone Carvalho, Terezinha Maria Magri Rampinelli, Vera Lcia dos Santos Rodrigues.

    Sries IniciaisAdna Maria Farias Silva, Anglica Regina de Souza Rodrigues, Dilma Demetrio de Souza, Divalda Maria Gonalves Garcia, Gleise Maria Tebaldi, Idalina Aparecida Fonseca Couto, Ktia Elise B. da Silva Scaramussa, Maria Lcia Cavati Cuquetto, Maria Vernica Espanhol Ferraz, Maura da Conceio, Rosiane Schuaith Entringer, Vera Lcia dos Santos Rodrigues.

    PROFESSORES COLABORADORESAldaires Souto Frana, Alade Schinaider Rigoni, Antonia Regina Fiorotti, Everaldo Simes Souza, Giovana Motta Amorim, Jos Christovam de Mendona Filho, Karina Marchetti Bonno Escobar, Mrcio Correa da Silva, Marilene Lcia Merigueti, Nourival Cardozo Jnior, Rafaela Teixeira Possato de Barros, Rogrio de Oliveira Arajo, Rony Cludio de Oliveira Freitas, Roseane Sobrinho Braga, Sara Freitas de Menezes Salles, Tarcsio Batista Bobbio.

    SUPERINTENDNCIAS REGIONAIS DE EDUCAO - TCNICOSSRE Afonso Cludio: Iracilde de Oliveira, Lcia Helena Novais Rocha, Luzinete de Carvalho e Terezinha M. C. Davel. SRE Barra de So Francisco: Ivonete Ribeiro de Oliveira Pereira, Luciana Oliveira, Maria Adelina Vieira Clara, Marlene Martins Roza Patrocnio e Mnica Valria Fernandes. SRE Cachoeiro de Itapemirim: Janet Madalena de Almeida N. Cortez, Regina Zumerle Soares, Silma L. Perin e Valria Perina. SRE Carapina: Lucymar G. Freitas, Marluce Alves Assis e Rita Pellecchia. SRE Cariacica: Ivone Maria Krger Volkers, Iza klipel, Madalena A. Torres, Maria Aparecida do Nascimento Ferreira, Neusimar de Oliveira Zandonaide e Silvana F. Cezar. SRE Colatina: Ktia Regina Zuchi Guio, Magna Maria Fiorot, Maria Angela Cavalari e Maria Teresa Lins Ribeiro da Costa. SRE Guau: Alcides Jesuna de Souza e Elizaldete Rodrigues do Valle. SRE Linhares: Carmenca Nunes Bezerra, Geovanete Lopes de Freitas Belo, Luzinete Donato e Mnica Jorge dos Reis. SRE Nova Vencia: Cirleia S. Oliveira, Edna Milanez Grechi, Maristela Contarato Gomes e Zlio Bettero. SRE So Mateus: Bernadete dos Santos Soares, Gina Maria Lecco Pessotti, Laudicia Coman Coutinho e Sebastiana da Silva Valani. SRE Vila Velha: Aleci dos Anjos Guimares, Ilza Reblim, Ivone Braga Rosa, Luciane R. Campos Cruz, Maria Aparecida Soares de Oliveira e Marilene O. Lima.

    A Secretaria da Educao do Estado do Esprito Santo autoriza a reproduo deste material pelas demais secretarias de educao, desde que mantida a integridade da obra e dos crditos.

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  • Prezado Educador,

    O Governo do Estado do Esprito Santo acredita que a educao fundamental na democratizao do acesso de todos os cidados a qualidade de vida e alcance de objetivos, quer sejam individuais ou coletivos.

    Questes como a melhoria da qualidade das aprendizagens, a necessidade de maior envolvimento das famlias com a escola, a complexidade que envolve a infncia e a juventude, alm do avano que precisamos consolidar na gesto das escolas, das superintendncias e da unidade central, so alguns dos desa os postos hoje e cincia da rede estadual de ensino.

    Para enfrent-los, a Secretaria de Estado da Educao elaborou e est implantando o Plano Estratgico Nova Escola, que consiste numa agenda de projetos e aes prioritrios para o perodo de 2008-2011.

    A construo do Novo Currculo da Educao Bsica, como um plano nico e consolidado, neste contexto, sem dvida, um dos projetos considerados mais importantes e de impacto inigualvel para o alcance da melhoria da qualidade do ensino pblico estadual e das oportunidades de aprendizagem oferecidas aos alunos.

    Com grande satisfao a rmo que a etapa de elaborao do documento est cumprida e com o mrito de ter contado com expressiva participao e envolvimento de educadores de nossa rede em sua elaborao.

    Temos certamente que comemorar, mas com a responsabilidade de saber que a fase mais complexa inicia-se agora e, na qual, seu apoio e dedicao so to importantes quanto na fase anterior.

    Como equipe, conto com voc e quero que conte conosco no que precisar em prol da oferta de uma educao de qualidade incomparvel sociedade capixaba.

    Haroldo Corra RochaSecretrio de Estado da Educao

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  • 7Sumrio

    APRESENTAO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9

    CAPTULO INICIAL

    1 O PROCESSO DE CONSTRUO DO DOCUMENTO CURRICULAR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21

    2 PRESSUPOSTOS TERICOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 222.1 Princpios norteadores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22

    2.2 Conceituando currculo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26

    2.3 O sujeito da ao educativa: o aluno . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30

    3 A DIVERSIDADE NA FORMAO HUMANA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 353.1 Educao de jovens e adultos: saberes, experincia de vida e de trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37

    3.2 A educao especial na perspectiva da incluso escolar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38

    3.3 Educao do Campo: o campo como lcus de produo de saberes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39

    3.4 A Educao Ambiental como perspectiva de uma sociedade sustentvel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41

    3.5 Educao das relaes tnico-raciais: afro-brasileiros e povos indgenas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42

    3.6 A temtica indgena no currculo escolar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43

    4 DINMICA DO TRABALHO EDUCATIVO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45

    5 REFERNCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52

    CAPTULO ENSINO MDIO

    6 REA DE CINCIAS DA NATUREZA - ENSINO MDIO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 576.1 Qumica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 636.1.1 Contribuio da disciplina para a formao humana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 636.1.2 Objetivos da disciplina . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 636.1.3 Principais alternativas metodolgicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 646.1.4 Contedo Bsico Comum Qumica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 676.1.5 Referncias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73

    6.2 Fsica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 776.2.1 Contribuio da disciplina para a formao humana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 776.2.2 Objetivos da disciplina . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 806.2.3 Principais alternativas metodolgicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 816.2.4 Contedo Bsico Comum Fsica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 836.2.5 Referncias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86

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  • 86.3 Biologia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 916.3.1 Contribuio da disciplina para a formao humana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 916.3.2 Objetivos da disciplina . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 926.3.3 Principais alternativas metodolgicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 946.3.4 Contedo Bsico Comum Biologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 966.3.5 Referncias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 102

    6.4 Matemtica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1076.4.1 Contribuio da disciplina para a formao humana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1096.4.2 Objetivos da disciplina . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1106.4.3 Principais alternativas metodolgicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1116.4.4 Contedo Bsico Comum - Matemtica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1176.4.5 Referncias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 124

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  • 11

    O Governo do Estado do Esprito Santo, por

    meio da Secretaria de Estado da Educao

    SEDU, assume o desa o de garantir o direito

    educao para toda a populao capixaba.

    Comprometida com o DIREITO DE APRENDER

    DE TODOS E DE CADA UM, empenha-se

    para garantir no apenas a gratuidade e a

    obrigatoriedade escolar como um direito

    fundamental e legtimo, mas, sobretudo,

    para viabilizar o acesso com permanncia

    e qualidade das aprendizagens, conforme

    os termos constitucionais, garantindo ainda

    pluralismo e democracia no processo de

    de nio das polticas educacionais.

    Para a tomada de conscincia dos problemas

    educacionais do Estado, ao longo dos anos,

    foi realizada intensa avaliao interna das

    aes at ento desenvolvidas pela SEDU.

    Como sntese desse processo, identi cou-

    se a necessidade de articular os projetos

    educacionais propostos com uma poltica

    educacional estadual com unidade de ao,

    no se limitando a ter como referncia apenas

    os documentos nacionais. Essa iniciativa vem

    destacar a necessria vinculao das aes

    pertencentes ao sistema, cuja unidade deve

    conter o diverso e contemplar a realidade

    local, buscando superar a compartimentali-

    zao e fragmentao das aes da SEDU.

    A construo de um currculo estadual para

    a educao bsica busca garantir que os

    estudantes capixabas tenham acesso de

    escolarizao nos nveis Fundamental e

    Mdio, reconhecendo ainda as diversidades

    humanas que caracterizam as modalidades

    de Educao de Jovens e Adultos EJA,

    Educao Especial e Educao do Campo,

    que sero contempladas com diretrizes cur-

    riculares prprias. Um currculo que promova

    a equidade como oportunidade a todos de

    alcanar e manter um nvel desejvel de

    aprendizagem.

    A necessidade de produo de um docu-

    mento curricular do Estado no signi ca o

    isolamento do Estado das polticas nacionais

    por considerarmos que todo sistema estadual

    de ensino precisa estar sintonizado com as di-

    retrizes emanadas do Ministrio da Educao

    (MEC), estabelecendo uma relao horizontal

    em que ambos devem propor alternativas

    viveis para a educao. necessrio assegu-

    rar a elaborao de um documento curricular

    para o Estado que atenda s especi cidades

    regionais, tendo como base um projeto de

    nao. O Estado, como unidade autnoma,

    por meio de mecanismos participativos,

    formula e implementa polticas pblicas para

    a promoo do desenvolvimento intelectual

    Sedu_Curriculo Basico_caderno_06.indd 11Sedu_Curriculo Basico_caderno_06.indd 11 25/6/2009 11:02:1825/6/2009 11:02:18

  • 12

    e social de sua populao, conectado com

    a dimenso universal.

    Entre os anos de 2004 e 2006, a Secretaria

    de Educao promoveu seminrios com

    o objetivo de debater democraticamente

    uma poltica pblica para a educao como

    direito, com qualidade social, para todos os

    capixabas. De forma intensa nos anos de

    2007 e 2008 foram vividos momentos muito

    ricos de discusso, contando

    com a participao de cerca

    de 1.500 educadores, entre

    professores referncia, consul-

    tores, professores convidados,

    pedagogos e representantes

    de movimentos sociais orga-

    nizados. Todos esses atores

    envolvidos em elaborar e

    propor alternativas poltico-pedaggicas

    com vistas promoo do educando e,

    consequentemente, da educao pblica.

    Neste documento apresenta-se o novo

    Currculo Bsico da Escola Estadual como

    instrumento que visa a dar maior unidade

    ao atendimento educacional, fortalecendo a

    identidade da rede estadual de ensino, que

    se concretiza na prxis docente consonante

    com os princpios de valorizao e a rma-

    o da VIDA em todas as suas dimenses;

    mediante o resgate de princpios histricos

    construdos na rea da educao, como a

    relao entre trabalho, cincia e cultura,

    tendo-se os estudantes na centralidade dos

    processos educativos.

    sabido que a maior transformao da

    dinmica escolar acontecer por meio do

    currculo. O currculo a materializao do

    conjunto de conhecimentos

    necessrios para o desenvol-

    vimento de crianas, jovens e

    adultos intelectualmente au-

    tnomos e crticos. Portanto,

    o currculo forma identidades

    que vo sendo progressiva-

    mente construdas, por meio

    dos conhecimentos formal-

    mente estabelecidos no espao escolar,

    por meio de atitudes, valores, hbitos e

    costumes historicamente produzidos que,

    muitas vezes, passam de forma subliminar

    nas prticas pedaggicas.

    A construo do novo currculo escolar de

    grande complexidade, pois so imensos os

    desafios que precisamos enfrentar, dentre

    eles a necessidade de definio de qual

    conhecimento se considera importante

    O novo Currculo Bsico da Escola Estadual como instrumento

    que visa a dar maior unidade ao atendimento educacional, fortalecendo

    a identidade da rede estadual de ensino.

    Sedu_Curriculo Basico_caderno_06.indd 12Sedu_Curriculo Basico_caderno_06.indd 12 25/6/2009 11:02:1825/6/2009 11:02:18

  • 13

    Na formulao e execuo do novo

    currculo que traduzisse identidades mais elevadas moral e intelectualmente, buscamos superar

    prticas de conhecimentos

    construdos sem o estabelecimento de uma

    refl exo com a prxis social.

    ser desenvolvido

    pela escola para

    a formao de

    seres humanos

    comprometidos

    c o m a c o n s -

    truo de uma

    sociedade mais

    justa e igualitria.

    Essa tarefa no

    simples tendo em vista a escola estar inse-

    rida nessa sociedade caracterizada como

    desigual e injusta e, consequentemente,

    restringindo a percepo da realidade em

    sua complexidade.

    Na formulao e execuo do novo currculo

    que traduzisse identidades mais elevadas

    moral e intelectualmente, buscamos superar

    prticas de conhecimentos construdos sem

    o estabelecimento de uma re exo com a

    prxis social; conhecimentos estanques e

    conservadores, no sentido de serem sele-

    cionados porque se encontram em livros de

    mais fcil acesso pelo professor. Certamente,

    consideramos nesta elaborao a efetiva

    participao dos educadores que atuam na

    rede estadual e que j superam os limites

    estruturais dos antigos currculos e conse-

    guem dar um salto de qualidade.

    Mas o fato de participar de uma rede de en-

    sino impele o empreendimento de prticas

    comuns, resguardando as especi cidades

    das escolas. Isto , uma rede de ensino no

    pode operar a partir de prticas de sucesso

    isoladas, mas deve atuar para integrar um

    trabalho que tenha uma determinada uni-

    dade no atendimento. Para tanto, a estrutura

    do novo currculo contendo os Contedos

    Bsicos Comuns CBC pretende contemplar

    essa meta.

    A elaborao do novo currculo tem como

    foco inovador a de nio do Contedo B-

    sico Comum - CBC para cada disciplina da

    Educao Bsica. O CBC considera uma parte

    do programa curricular de uma disciplina

    cuja implementao obrigatria em todas

    as escolas da rede estadual. Essa proposta traz

    implcita a ideia de que existe um contedo

    bsico de cada disciplina que necessrio e

    fundamental para a formao da cidadania

    e que precisa ser aprendido por todos os

    estudantes da

    Educao Bsica

    da rede estadual,

    correspondendo

    a 7 0 % . A l m

    do CBC, outros

    contedos com-

    A elaborao do novo currculo tem

    como foco inovador a definio do Contedo

    Bsico Comum (CBC) para cada disciplina da

    Educao Bsica.

    Sedu_Curriculo Basico_caderno_06.indd 13Sedu_Curriculo Basico_caderno_06.indd 13 25/6/2009 11:02:1825/6/2009 11:02:18

  • 14

    plementares devero ser acrescentados de

    acordo com a realidade sociocultural da

    regio onde a unidade escolar est inserida,

    correspondendo aos 30% restantes.

    O CBC ser a base de referncia para a ava-

    liao sistmica das unidades escolares da

    rede pblica estadual e para avaliao de

    desempenho profissional dos docentes,

    dentre outros.

    Importa destacar que o CBC foi

    elaborado tendo como cate-

    gorias norteadoras do currcu-

    lo cincia, cultura e trabalho.

    O conceito de cincia remete a conhecimentos produzidos

    e legitimados ao longo da histria, como

    resultados de um processo empreendido

    pela humanidade na busca da compreenso

    e transformao dos fenmenos naturais e

    sociais. A cultura deve ser compreendida no seu sentido mais ampliado, ou seja, como

    a articulao entre o conjunto de repre-

    sentaes e comportamentos e o processo

    dinmico de socializao, constituindo o

    modo de vida de uma populao determi-

    nada. O trabalho aqui concebido como dimenso ontolgica, como forma pela qual

    a humanidade produz sua prpria existncia

    na relao com a natureza e com seus pares

    e, assim, produz conhecimentos. Do ponto

    de vista organizacional, as categorias esto

    apresentadas apenas de forma didtica, mas

    integradas constituem a essncia da prpria

    dimenso curricular que se quer contemplar

    neste documento.

    Os programas e projetos propostos pela

    SEDU tm como ponto de

    partida e chegada a prxis

    escolar. Aes inovadoras

    identi cadas no mbito das

    unidades escolares so poten-

    cializadas na medida em que

    so institucionalizadas como

    aes estruturantes da SEDU

    e passam a ser compartilhadas com toda a

    rede estadual de ensino e, em alguns casos,

    chegam at a rede pblica municipal.

    Os programas e projetos estaduais so

    instrumentos dinamizadores do currculo,

    dentre os quais podemos destacar:

    Mais Tempo na Escola Reorganiza os tempos e espaos escolares, ampliando a

    jornada escolar e consequentemente as

    oportunidades de aprendizagem, possibi-

    litando aos estudantes conhecimentos e

    Importa destacar que o CBC foi elaborado

    tendo como categorias norteadoras do

    currculo cincia, cultura e trabalho.

    Sedu_Curriculo Basico_caderno_06.indd 14Sedu_Curriculo Basico_caderno_06.indd 14 25/6/2009 11:02:1825/6/2009 11:02:18

  • 15

    vivncias curriculares, utilizando linguagens

    artsticas e culturais e de iniciao cient-

    ca. As atividades desenvolvidas no Mais

    Tempo na Escola dinamizam o currculo na

    perspectiva do fortalecimento das aprendi-

    zagens em Lngua Portuguesa, Matemtica

    e Cincias.

    Cultura na Escola Trata do resgate da histria e da cultura capixaba, contemplando

    aes que utilizam como recurso didtico

    o registro do folclore por meio de vdeos

    e acervo bibliogr co, alm de Itinerrios

    Educativos onde os educandos da rede esta-

    dual estaro realizando visita tcnica a stios

    culturais, roteiros tursticos e ambientais, a

    partir de estudos sistemticos. O projeto con-

    templa ainda, a implementao das lnguas

    pomerana e italiana nas escolas localizadas

    nas comunidades com essas tradies, aliada

    aos estudos da histria e da cultura africana

    e indgena como razes estruturantes da

    formao do povo capixaba.

    Cincia na Escola - Destaca-se o forta-lecimento do ensino das cincias com a

    instalao de laboratrios de fsica, qumica

    e biologia, trabalhando o conhecimento

    numa dinmica que supera o modelo de

    decorar conceitos, para a compreenso da

    cincia prxima realidade do educando,

    subsidiando a investigao e transformando

    a comunidade local. Dessa forma, a criao

    da Bolsa Cient ca para educandos do En-

    sino Mdio, por meio da Lei N. 8963 de

    21/07/2008, materializa esse conceito.

    Esporte na Escola Objetiva desen-volver um amplo programa de atividades

    fsicas e esportivas integradas proposta

    curricular, tornando a escola mais atrativa,

    intensi cando o contato dos jovens com

    os contedos educacionais, atendendo

    s novas demandas socioeducacionais da

    sociedade contempornea. O projeto Esporte

    na Escola se estrutura a partir de quatro

    aes articuladas: Redimensionar o ensino/

    aprendizagem da Educao Fsica Escolar

    ao fomentar o ensino e a aprendizagem

    na disciplina de Educao Fsica por meio

    do aumento da oferta de atividades peda-

    ggicas relacionadas s prticas da cultura

    corporal de movimento; Esporte, Educao

    e Incluso Social pela Implementao de

    projetos que utilizem o esporte como fator

    de incluso social e de exerccio de cidadania;

    Realizao de olimpadas escolares e, por

    fim, a Modernizao dos equipamentos

    esportivos para melhorar as condies de

    trabalho educativo em todas as escolas.

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  • 16

    Sala de Aula Digital Visa a suprir as es-colas pblicas estaduais com equipamentos

    de alta tecnologia aliados prtica pedag-

    gica, buscando melhorar o desempenho

    dos nossos alunos, a sua incluso digital e a

    atualizao da escola. Objetiva ainda disse-

    minar as melhores estratgias pedaggicas

    identificadas com o uso das tecnologias

    digitais no cotidiano escolar. O projeto com-

    posto por vrias aes que possibilitaro o

    sucesso esperado: estagirios,

    professor dinamizador, capaci-

    tao, pesquisa, transdiscipli-

    naridade, PC do professor, TV

    Multimdia, pendrives, quadro

    digital interativo e UCA - um

    computador por aluno. Os

    professores recebero forma-

    o pela importncia da aproximao do

    mundo informatizado com o trabalho escolar,

    remetendo aplicao de instrumentos

    diversi cados para ns didtico-pedaggicos

    e, com isso, resultando em acrscimos no

    xito da prtica docente de interao com

    os alunos durante o processo de construo

    do conhecimento.

    Ler, Escrever e Contar Foca o direito das crianas aprendizagem da leitura, escrita e

    do conhecimento matemtico, como ativi-

    dades socioculturais, envolvendo de forma

    integrada aes de avaliao diagnstica por

    aluno, interveno pedaggica, formao

    de professores e mobilizao de famlia e

    comunidade.

    Leia ES Com o objetivo de contribuir para a formao de uma sociedade leitora, a partir

    da implementao de aes de incentivo

    leitura e pesquisa na escola, com desta-

    que para a revitalizao das

    bibliotecas escolares, e a partir

    da escola, ampliando para a

    comunidade local, por meio

    da realizao de parcerias

    pblicas e privadas.

    O conjunto de programas/pro-

    jetos dinamizadores do currculo contempla

    com destaque aes de formao. A formao

    continuada do educador mais que uma ne-

    cessidade, pois o educador precisa aliar tarefa

    de ensinar a de estudar. As transformaes que

    ocorrem no trabalho docente, especialmente

    nas relaes sociais que ele envolve, as novas

    tecnologias e suas implicaes didticas, as

    reformas educativas e seus desdobramentos,

    bem como o desa o do cotidiano das prticas

    pedaggicas, re etem a complexidade do

    processo ensino aprendizagem, de modo a

    A formao continuada do educador mais

    que necessidade, pois o educador precisa aliar

    tarefa de ensinara de estudar.

    Sedu_Curriculo Basico_caderno_06.indd 16Sedu_Curriculo Basico_caderno_06.indd 16 25/6/2009 11:02:1825/6/2009 11:02:18

  • 17

    indicar mudanas nos per s dos pro ssionais

    da educao e de sua necessidade constante

    de busca e troca de conhecimentos. Os proces-

    sos de formao continuada devem centrar-se

    em um desenvolvimento profissional que

    envolva a construo e a valorizao de uma

    identidade epistemolgica, que legitima a

    docncia como campo de conhecimentos

    especficos e uma identidade profissional

    para que o trabalho docente seja validado

    poltica e socialmente, de modo a contribuir

    para o desenvolvimento e a transformao

    das prticas pedaggicas, das condies de

    trabalho e do desenvolvimento pessoal e

    pro ssional do educador.

    Espera-se, com tudo isso, apontar uma di-

    reo para a educao pblica a partir dos

    saberes produzidos pelas escolas, onde os

    educandos tenham condies de vivenciar

    um currculo integrador e promotor do de-

    senvolvimento humano.

    Para 2009 prope-se a implementao e

    adequao deste documento curricular, sis-

    tematizado no Guia de Implementao do Novo Currculo, que prev o dilogo entre este Documento Curricular e o Projeto Pol-

    tico Pedaggico das escolas, alm de outras

    pautas de estudo do referido documento.

    Destaca-se ainda, como componentes do

    Guia, o processo de avaliao do Documento

    Curricular para que, a partir do movimento

    de ao-reflexo-ao, ao final de 2009,

    novas sugestes possam ser incorporadas a

    este Documento Curricular. A dinamicidade

    da implementao do currculo na rede

    estadual pressupe a produo pelo cole-

    tivo de educadores estaduais de Cadernos

    Metodolgicos, os quais iro enriquecer a

    prtica docente.

    A elaborao deste novo documento curri-

    cular reflete um processo de construo de

    conhecimento atualizado e contemporneo,

    alinhado a um processo participativo e

    dialtico de construo, que incorporou o

    saber de quem o vivencia, atribuindo-lhe

    o papel de ator e tambm de autor. Uma

    trilha que referenciar a gesto pedag-

    gica, portanto, uma trilha experienciada

    coletivamente.

    Nesse sentido, apresentamos um breve

    histrico da construo do documento

    curricular do Estado do Esprito Santo, sa-

    lientando o compromisso de construo de

    um documento que re etisse o ideal de uma

    sociedade e de uma escola democrtica e

    emancipadora.

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    tulo

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    ial

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  • 21

    1 O PROCESSO DE CONSTRUO DO DOCUMENTO CURRICULAR

    As iniciativas da Sedu em elaborar de forma

    coletiva e dialogada o novo currculo para a

    rede estadual de ensino iniciaram-se em 2003,

    a partir da realizao de Seminrios e Grupos

    de Estudo para a elaborao de ementas de

    cada disciplina. A construo dessas ementas

    foi realizada por grupos de educadores das

    redes estadual, municipal e federal, que,

    reunidos por disciplina e posteriormente

    por reas de conhecimento, elaboraram as

    ementas contendo viso de rea, objetivos,

    contedos e orientaes didticas.

    Ao longo de 2004 as ementas encaminhadas

    para toda a rede estadual, e utilizadas como

    instrumento orientador na elaborao dos

    Planos de Ensino, constituram-se objetos

    de dilogo, estudo e debate vivenciados

    no interior das unidades escolares quer seja

    nos momentos de formao em servio

    quer seja em sala de aula, de acordo com a

    prtica pedaggica do professor. Destaca-se

    tambm como produo do ano de 2004

    a publicao do livro Poltica Educacional

    do Estado do Esprito Santo: A Educao

    um Direito, que se constituiu referencial de

    estudo para formao dos professores da

    rede estadual.

    As sugestes e anlises feitas nas esco-

    las foram trazidas para os Seminrios

    Regionais de Avaliao das Ementas Cur-

    riculares, com representantes da Sedu/

    Superintendncias Regionais de Educao

    (SRE) e de todas as escolas, nos quais,

    por meio de dinmicas de socializao

    dos estudos e avaliao, se chegou a

    um relatrio final que aponta sugestes

    para a reestruturao das diretrizes cur-

    riculares.

    Em 2005, a Sedu identi cou e cadastrou

    professores referncia de cada disciplina e

    por SRE, considerando situao funcional,

    formao acadmica e atualizao perma-

    nente, exerccio constante de uma prtica

    pedaggica inovadora, alm de atuao

    na elaborao de itens para as avaliaes

    nacionais (SAEB) e estadual (PAEBES).

    Em 2006 a Sedu, por meio de seminrios

    com participao dos professores referncia,

    props aes com objetivo de construo

    do documento de diretrizes curriculares do

    Esprito Santo, considerando a necessidade

    de elaborao de um referencial introdutrio

    ao documento.

    Sedu_Curriculo Basico_caderno_06.indd 21Sedu_Curriculo Basico_caderno_06.indd 21 25/6/2009 11:02:1825/6/2009 11:02:18

  • 22

    Todos foram mobilizados a pensar e propor

    alternativas poltico-pedaggicas com vistas promoo do educando e, consequentemente,da educao pblica.

    Assegurando a continuidade do debate

    em toda a rede, nos anos de 2007 e 2008,

    foi priorizada a elaborao dos Contedos

    Bsicos Comuns CBC. Para essa etapa de

    reformulao contou-se ainda com duas

    consultoras, alm de 26 especialistas de cada

    disciplina, modalidades e transversalidades.

    Como principais autores desta elaborao

    foram envolvidos 112 professores referncia

    da rede estadual que, em dois grandes ciclos

    de colquios, intercolquios e seminrio

    de imerso, num processo formativo e dia-

    lgico, produziram os CBC por disciplina.

    Toda produo foi mediada tambm nas

    unidades escolares por Dinamizadores do

    Currculo (pedagogo ou coordenador), que

    organizaram os debates com os demais

    pro ssionais da rede estadual.

    Foram vividos momentos muito ricos

    de discusso, contando com a partici-

    pao de cerca

    de 1 .500 edu-

    cadores, entre

    professores re-

    ferncia, tcni-

    cos da unidade

    c e n t r a l e d a s

    SRE, consulto-

    res, professores

    convidados, pedagogos e representantes

    de movimentos sociais organizados.

    Todos esses atores foram mobilizados

    a pensar e propor alternativas poltico-

    pedaggicas com vistas promoo

    do educando e, consequentemente, da

    educao pblica.

    2 PRESSUPOSTOS TERICOS

    2.1 Princpios norteadores

    Os princpios representam a base e o funda-

    mento que subsidiam a poltica educacional

    de escolarizao de crianas, jovens e adultos

    capixabas. Esses princpios colocam o edu-

    cando como referncia e foco de todo o

    processo educativo.

    Valorizao e afi rmao da vida

    Esse princpio expressa que a educao

    deve, acima de tudo, estar a servio da

    vida. A vida a dimenso integradora das

    relaes na escola e, em sua fragilidade,

    exige o auto-cuidado e o respeito ao outro.

    So necessrias mudanas fundamentais

    em nossos valores, instituies e modos de

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  • 23

    vida, de modo que a preponderncia do ser

    supere a limitao do ter.

    Compartilhar a responsabilidade pelo presen-

    te e pelo futuro bem-estar da vida humana

    e de todos os outros seres vivos desperta

    o esprito da solidariedade, reverencia o

    mistrio da existncia, a gratido pela vida

    e a humildade em relao ao lugar que

    ocupamos no planeta.

    A escola precisa estimular os diversos atores

    educacionais a desenvolverem uma cons-

    cincia de si, do outro e do mundo, por

    meio da constante elaborao da relao ser

    humano-natureza-sociedade. Nesse sentido,

    a vida requer convivncia na promoo da

    paz interior, paz social e paz ambiental.

    No ambiente escolar essa convivncia pressu-

    pe a formao de sujeitos ticos, solidrios,

    cooperativos e comprometidos com o rme

    propsito de alcanar a sustentabilidade,

    intensi cando os esforos pela justia, pela

    paz e pela vida em toda a sua diversidade.

    O reconhecimento da diversidade na formao humana

    por meio da valorizao e da a rmao

    da vida que podemos garantir o respeito

    dignidade humana, pelo reconhecimento da

    diversidade como trao da realidade social.

    Apresentar a diversidade como princpio

    norteador de uma proposta curricular implica

    compreender o processo de formao huma-

    na, que se realiza em um contexto histrico,

    social, cultural e poltico. A diversidade um

    componente do desenvolvimento biolgico

    e cultural da humanidade e, por isso, o lu-

    gar que ocupa no currculo escolar precisa

    contemplar a inter-relao entre ambos,

    pois um prescinde do outro medida que

    a diversidade biolgica no existe isolada

    de um contexto cultural.

    Superar as diversas formas de excluso, de

    dominao e discriminao oportunizar

    que a diversidade seja vivida, experienciada

    por e com todos os sujeitos por meio do

    acesso e da troca de informaes, pela com-

    preenso dos direitos e deveres do cidado

    e pelo exerccio da autonomia necessria

    para a vida social. O desa o que se coloca

    na escola adotar uma postura tica na

    relao entre grupo humano e social, que

    so apenas diferentes.

    A educao como bem pblico

    A educao, direito de todos e dever do Estado

    e da famlia, um bem pblico que deve servir

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  • 24

    aos propsitos da emancipao humana e,

    consequentemente, do desenvolvimento

    social e econmico da nao. A educao

    como obra de mudana, de movimento de

    uma dada situao a outra diferente, mediante

    um determinado caminho.

    A educao como servio pblico, exercido

    pelo poder pblico ou privado, dever aten-

    der aos interesses da coletividade, assumindo,

    portanto, uma dimenso mais ampla, na

    medida em que contribui para o bem co-

    mum, uma obra de legtimo interesse social. A

    unidade escolar o lcus onde se concretiza

    o objetivo mximo do sistema educacional:

    a garantia do direito de aprender.

    A escola pblica com compromisso social,

    espao de visibilidade, onde liberdade com

    responsabilidade legitima a participao

    de todos e de cada um. E um lugar de

    esperana, por ser um ambiente essencial-

    mente humano, criado e mantido por seres

    humanos concretos em constante processo

    de transformao.

    A aprendizagem como direito do educando

    Aprender , antes de tudo, um direito. Todos

    os alunos tm condies de conhecer e

    aprender, possuem capacidades intrnse-

    cas de auto-organizao e de autogesto,

    envolvendo a percepo, a interpretao, a

    construo, a re exo e a ao. No entanto,

    conhecer e aprender so processos que

    emergem a partir das relaes entre sujeito e

    objeto e entre diferentes sujeitos do processo

    de ensino aprendizagem, numa perspectiva

    dialgica e dialtica. na relao entre os

    sujeitos, com toda a sua complexidade, que

    a aprendizagem se constitui e nela se expres-

    sam emoes, sentimentos e atitudes.

    Na escola, o aluno o centro do processo

    educativo e, em funo dele, as aes edu-

    cativas devem ser planejadas e executadas.

    Cabe ao educador comprometer-se com a

    dinamizao desse processo, assumindo o

    lugar de mediador.

    No direito de aprender se insere o direito a

    um ambiente e contextos de aprendizagens

    adequados s necessidades e expectativas

    do educando, em que a prtica educativa

    seja sustentada: por um currculo aberto

    vida, que promova a conquista da autonomia

    intelectual do sujeito aprendiz; pela promo-

    o da capacidade do aluno de aprender a

    aprender e aprender a desaprender (quando

    necessrio); pelo desenvolvimento de com-

    petncias e atitudes criativas; pela promoo

    do aprender a dialogar como condio

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  • 25

    fundamental do processo de construo

    do conhecimento, cuja base se expressa na

    aquisio da leitura, da escrita e dos conheci-

    mentos matemticos; pelo reconhecimento

    de que toda ao envolve interao num

    contexto dinmico e relacional; e, acima de

    tudo, pela promoo da aprendizagem da

    cooperao e da solidariedade como con-

    dio de superao dos fatores de excluso,

    preparo para o exerccio da cidadania e

    aprendizagem ao longo da vida.

    A cincia, a cultura e o trabalho como eixos estruturantes do currculo

    A proposta de assumirmos um projeto edu-

    cacional cuja formao humana promova

    a construo do conhecimento, a partir da

    articulao dos princpios trabalho, cincia e

    cultura, anuncia um movimento permanente

    de inovao do mundo material e social em

    que estamos inseridos. A pedagogia aqui

    apontada ser promotora de uma escola

    verdadeiramente viva e criadora, na medida

    em que constri uma relao orgnica com

    e a partir do dinamismo social, que vivencia

    pela autodisciplina e autonomia moral e

    intelectual de seus alunos.

    Essa proposta no concebe a educao para

    a conformao do ser humano realidade

    material e social, ela deve dar condies para

    enfrent-la a partir da compreenso dessa

    mesma realidade, apropriando-se dela e

    transformando-a.

    Consideram-se essas categorias para alm

    dos clssicos sentidos comuns da cincia

    como coisa de cientista, cultura com acesso

    exclusivo pelas camadas privilegiadas e o

    trabalho que digni ca o homem. Busca-se

    compreender a cincia como ferramenta do cotidiano que cumpre o papel de contribuir

    para o ser humano compreender e organizar

    o seu trabalho, gerando a sua prpria cultura.

    Cincia como conhecimento produzido e

    legitimado ao longo da histria, resultante de

    um processo empreendido pela humanidade

    na busca da compreenso e transformao

    dos fenmenos naturais e sociais; cultura numa perspectiva antropolgica, como forma

    de criao humana, portanto, algo vivo e din-

    mico que articula as representaes, smbolos

    e comportamentos, como processo dinmico

    de socializao, constituindo o modo de vida

    de uma populao determinada; e trabalho como princpio educativo, forma pela qual a

    humanidade produz sua prpria existncia

    na relao com a natureza e com seus pares

    e, assim, produz conhecimentos.

    Nesse sentido, essas categorias integradas

    constituem a prpria essncia da dimenso

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  • 26

    curricular apresentada neste documento. Ao

    concebermos o espao escolar como am-

    biente de aprendizagem, promotor de uma

    educao emancipadora, essa perspectiva

    se concretiza ao materializarmos, no interior

    da unidade educacional, a organizao fsica,

    a exemplo dos laboratrios de estudo, que

    asseguram o conhecimento dos fenmenos,

    tornando-os visveis e com consistncia

    terico-prtica; os ambientes de sala de aula

    e de convivncia como espaos de criao

    onde se articulam arte e cincia; a biblioteca

    escolar como celeiro de acesso ao mundo

    das letras e de exerccio da imaginao e da

    inventividade.

    2.2 Conceituando currculo

    Parece ser consenso, entre os curriculistas

    contemporneos, que h di culdade de se

    oferecer uma de nio vlida de currculo

    que seja aceita universalmente. At porque

    todo conceito de ne-se dentro de um esque-

    ma de conhecimento, e a compreenso de

    currculo depende de marcos variveis para

    concretizar seu signi cado1. Isso acontece

    1 SACRISTN, J.G. O currculo: os contedos de ensino ou uma anlise da prtica? In: SACRISTN, J.G; GMEZ, A.I.P. Compreender e transformar o ensino. Porto Alegre: Artmed, 1998.

    Colocar em prtica o currculo na escola

    signifi ca discutir a formao humana

    por meio do trabalho pedaggico; e, sobretudo,

    evidenciar a qualidade dessa ao.

    por ser um conceito bastante elstico e,

    muitas vezes, impreciso, dependendo do

    enfoque que o desenvolva. No entanto, sua

    polissemia revela sua riqueza e amplitude,

    que precisam sempre ultrapassar a con-

    cepo mais restrita e, certamente, mais

    difundida, de currculo como programa ou

    lista de contedos de ensino.

    Portanto, reconhece-se o currculo como um

    conjunto sistematizado de elementos que com-

    pem o processo

    educativo e a for-

    mao humana2.

    E, nesse sentido, o

    currculo, no con-

    texto histrico em

    que est inserido,

    necessita promo-

    ver entre estudan-

    tes e professores a

    re exo sobre as relaes humanas e sociais

    que fazem parte do cotidiano escolar. Colocar

    em prtica o currculo na escola significa

    discutir a formao humana por meio do

    trabalho pedaggico; e, sobretudo, evidenciar

    a qualidade dessa ao.

    2 MOTA, C.R. e BARBOSA, N.V.S. O currculo para alm das grades - construindo uma escola em sintonia com seu tempo. MEC/TV Escola/Salto para o futuro. Braslia, junho de 2004.

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  • 27

    Essa perspectiva de currculo nos permite

    ver como uma sociedade se reproduz e

    como se perpetuam suas condies de

    existncia pela seleo e transmisso de

    conhecimentos. Assim, o currculo com-

    preendido como ferramenta imprescindvel

    na compreenso dos interesses que atuam

    e esto em permanente jogo na escola e

    na sociedade.

    De modo geral, os conhe-

    cimentos mais valorizados

    incluem tradies culturais

    de classes e grupos domi-

    nantes. Por isso, a seleo do

    conhecimento escolar no

    um ato desinteressado e

    neutro. Ele resultado de lutas, conflitos

    e negociaes, de modo que se torna

    culturalmente determinado, historicamente

    situado e no pode ser desvinculado da to-

    talidade social3.

    Portanto, quando a escola se rene e

    discute objetivos, aes, metas, estratgias

    e procedimentos cotidianos, est defi-

    nindo seu currculo e sua posio diante

    do mundo. Fazem parte do currculo as

    relaes no interior da escola, seu modo

    3 SILVA, T.T. Documentos de identidade - uma introduo s teorias do currculo. Belo Horizonte: autntica, 2000.

    Fazem parte do currculo as relaes no interior

    da escola, seu modo de organizao e gesto,

    a participao da comunidade, a identidade

    dos estudantes e etc.

    de organizao e gesto, a participao da

    comunidade, a identidade dos estudantes

    e etc. Deve ser assegurada que toda e

    qualquer discusso, seja no campo de me-

    todologia, avaliao, polticas e alternativas

    educacionais, seja no de questes que en-

    volvam as relaes humanas no processo

    escolar, esteja assistida como questes que

    realmente importam e tm

    espao concreto no trabalho

    cotidiano da escola.

    Assim, pensar o currculo

    nessa perspectiva adotar

    uma postura terico-meto-

    dolgica que valoriza os sa-

    beres e as prticas cotidianas

    concretas. Considerando isso, possvel

    encontrar na literatura educacional as

    ideias de currculo em ao, currculo no

    cotidiano (Alves), currculo real (Sacristn),

    currculo praticado (Oliveira), currculo

    realizado (Ferrao), e outras que conside-

    ram o cotidiano das escolas como pontos

    de partida e chegada para se discutir o

    currculo4.

    Pensar o currculo na escola a partir da valo-

    rizao dos saberes e das prticas cotidianas

    4 FERRAO, C.E. O currculo escolar. In: Poltica Educacional do Estado do Esprito Santo: a educao um direito. Vitria: SEEB/SEDU, 2004.

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  • 28

    no exclui a perspectiva dos programas e/

    ou contedos de ensino no currculo esco-

    lar. Pelo contrrio, esses dois elementos se

    completam. O primeiro por representar a

    prpria essncia do processo pedaggico na

    escola e o segundo por ser o meio pelo qual

    alunos e professores encon-

    tram uma base de contedos

    para utilizar como ferramenta

    de ensino e pesquisa.

    Desse modo, a segunda parte

    deste documento curricular,

    contendo os Contedos Bsi-

    cos Comuns de cada disciplina,

    foi pensada e organizada de

    forma a aliar competncias,

    habilidades e contedos de

    ensino. Essa proposta vai ao

    encontro de necessidades e interesses da

    rede pblica estadual de ensino do Estado

    do Esprito Santo e de diretrizes nacionais

    apresentadas nos principais documentos

    norteadores do Ministrio da Educao.

    Competncias e habilidades

    As orientaes contidas nos principais

    documentos de referncia do Ministrio

    da Educao (MEC), como o caso do PCN

    + e do Exame Nacional do Ensino Mdio

    (Enem)5, contemplam uma organizao por

    competncias e habilidades.

    As competncias so entendidas como a

    capacidade de agir em situaes previstas e

    no previstas, com rapidez e e cincia, articu-

    lando conhecimentos tcitos

    e cient cos a experincias de

    vida e laborais vivenciadas ao

    longo das histrias de vida6.

    As habilidades so entendidas

    como desdobramentos das

    competncias, como parte que

    as constituem. Comumente,

    expressam a forma de o aluno

    conhecer, fazer, aprender e

    manifestar o que aprendeu.

    Para Macedo a competncia

    uma habilidade de ordem geral,

    enquanto a habilidade uma competncia de

    ordem particular, espec ca7.

    Nessa perspectiva, no h uma relao hierr-

    quica entre competncias e habilidades. No

    h gradao, ou seja, habilidades no seriam

    consideradas uma competncia menor.

    5 BRASIL. ENEM - exame nacional do ensino mdio: Fun-damentao terico-metodolgica, MEC/INEP, 2005.

    6 KUENZER, A. Z. Competncia como Prxis: os dilemas da relao entre teoria e prtica na educao dos traba-lhadores. Boletim tcnico do SENAC, Rio de Janeiro, v. 30, p. 81-93, 2004.

    7 BRASIL. ENEM - exame nacional do ensino mdio: Fun-damentao terico-metodolgica, MEC/INEP, 2005.

    As competncias so entendidas como a capacidade de agir em

    situaes previstas e no previstas, com rapidez

    e efi cincia, articulando conhecimentos tcitos e cientfi cos a experincias

    de vida e laborais vivenciadas ao longo das

    histrias de vida.

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  • 29

    Trata-se mais exatamente de abrangncia,

    o que signi ca ver uma habilidade como

    uma competncia espec ca8.

    A ideia de competncias evidencia trs

    ingredientes bsicos9:

    Competncia como condio prvia do sujeito, herdada ou adquirida: com-petncia, nesse sentido, signi ca, muitas

    vezes, o que se chama de talento, dom ou

    extrema facilidade para alguma atividade.

    como se fosse uma con-

    dio prvia, herdada ou

    aprendida;

    Co m p e t n c i a c o m o condio do objeto, in-dependente do sujeito que o utiliza: refere-se competncia da mquina ou do objeto.

    Na escola, essa forma de competncia est

    presente, por exemplo, quando julgamos

    um professor pela competncia do livro

    que adota ou da escola que leciona;

    Competncia relacional: essa terceira forma de competncia interdependen-

    te, ou seja, no basta ser muito entendi-

    8 BRASIL. PCN+ Ensino Mdio: orientaes educacionais complementares aos parmetros curriculares nacionais, MEC, 2002.

    9 BRASIL. ENEM - exame nacional do ensino mdio: Fun-damentao terico-metodolgica, MEC/INEP, 2005.

    No se trata de defi nir o que o professor ir

    ensinar ao aluno e sim o que o aluno vai aprender.

    do em uma matria, no basta possuir

    objetos potentes e adequados, pois o

    importante aqui como esses fatores

    interagem. A competncia relacional

    expressa esse jogo de interaes.

    Assim, as trs formas de competncia,

    anteriormente descritas, na prtica no se

    anulam necessariamente, pois se referem a

    dimenses diferentes e complementares de

    uma mesma realidade.

    Ao partir da ideia de compe-

    tncia relacional, o desenvol-

    vimento de competncias na

    escola exige dos educadores

    e demais partcipes da ao

    educacional, uma maior preo-

    cupao com as mltiplas facetas do trabalho

    educativo, o que pressupe uma organizao

    da dinmica do trabalho que implicar em

    um novo processo de aprendizagem na

    escola. Dentre elas, destacamos: a progra-

    mao das atividades e as metodologias

    adotadas para que essas estejam de acordo

    com o que se pretende desenvolver. Nesse

    contexto, extremamente importante que

    os pro ssionais da educao, pedagogos,

    coordenadores e tcnicos estejam atentos

    para a elaborao do plano de ensino e o

    planejamento das atividades. No se trata

    de de nir o que o professor ir ensinar ao

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  • 30

    aluno e sim o que o aluno vai aprender. Nesse

    sentido, para que o aluno aprenda, se forme e

    informe, necessrio o desenvolvimento de

    competncias e habilidades que ele precisar

    dispor na vida em sociedade.

    Desse modo, o trabalho pedaggico deve

    ter como foco o investimento na formao

    da pessoa e na sua prtica de cidadania e se

    estender s mltiplas dimenses do indivduo

    (cognitivas, afetivas, sociais e psicomotoras).

    Assim, pode-se inferir que um currculo dessa

    natureza, juntamente com a

    cincia e a cultura, est aliado

    ao mundo do trabalho. At

    porque a articulao das com-

    petncias e habilidades com os

    contedos de ensino precisa estar conectada

    com a realidade social, cultural, econmica e

    histrica na qual o indivduo est inserido.

    A perspectiva das competncias e habilidades

    aqui defendida difere da concepo tecnicis-

    ta das dcadas de 60 e 70 na qual se queria

    formar trabalhadores especializados para

    atuar em setores espec cos da sociedade. Ao

    contrrio disso, trabalhar nessa concepo,

    neste documento curricular, visa a investir

    na formao do cidado. Cidado esse que

    busca na escola adquirir, por meio do ensino

    e da pesquisa, as bases para uma formao

    de qualidade e um lugar na sociedade.

    preciso dar nfase ao principal sujeito da

    ao educativa: o aluno.

    2.3 O sujeito da ao educativa: o aluno

    No trabalho de construo deste documento

    curricular privilegiamos o principal sujeito

    da ao educativa: o aluno. Como ponto de

    partida para nossa re exo necessrio con-

    siderar a condio de aluno, problematizan-

    do-a na medida em que no

    o naturalizemos no interior da

    escola. Ningum nasce aluno,

    algum se torna aluno. Quem

    esse sujeito que se encontra

    imerso em um mundo contemporneo e

    vem de diferentes origens sociais e culturais?

    Quais so os alunos e quais so, hoje, suas

    relaes com a sociedade e com a instituio

    escolar? Esse sujeito est aprendendo na

    escola? Utilizamos a linguagem correta para

    cada tempo da vida humana, para fazer do

    ambiente fsico e social da escola um local

    de aprendizagem?

    A vida escolar exige um conhecimento mais

    profundo sobre os tempos de vida, em que

    os recortes biolgico (das transformaes e

    desenvolvimento orgnico) e demogr co

    (das faixas etrias) mostram-se insu cientes

    Ningum nasce aluno, algum se torna aluno.

    Sedu_Curriculo Basico_caderno_06.indd 30Sedu_Curriculo Basico_caderno_06.indd 30 25/6/2009 11:02:1825/6/2009 11:02:18

  • 31

    e imprecisos. necessrio reconhecer os

    aportes histrico e socioculturais, que con-

    templam o pertencimento de classes, gnero,

    ou etnia, os valores presentes em cada famlia

    e na comunidade, a caracterizao da con-

    temporaneidade, especialmente no que se

    refere crise de autoridade, a fragilidade da

    instituio famlia, a violncia urbana, dentre

    outros, que gradativamente tm signi cado

    a negao do direito infncia e a precoce

    insero na vida adulta. A escola, no exerccio

    de sua funo educadora, promove a inser-

    o e possibilidade de ascenso social, sem,

    contudo, constituir-se como

    nica instituio responsvel

    por esse desa o, uma vez que

    a compartilha com a fam-

    lia e as demais instituies

    sociais.

    A ao de reconhecimento

    dos tempos da vida: a infncia, a juventude e

    a vida adulta, so elementos essenciais para

    o fortalecimento da dinmica da ao educa-

    tiva. Esses tempos de vida, numa sociedade

    ocidental como a nossa, vm carregados

    de signi cados distintos, criaes culturais

    simblicas espec cas e prprias. Portanto,

    necessrio compreendermos a infncia,

    a juventude e a vida adulta ao organizar-se

    todo o processo pedaggico da complexa

    dinmica da ao educativa.

    As crianas de hoje no so exatamente iguais s do sculo passado,

    nem sero idnticas s que viro nos prximos

    sculos.

    Infncia e crianas so noes que se dife-

    renciam, pois reconhece-se que, no Brasil

    e no diferentemente no Esprito Santo, h

    crianas que no tm direito infncia. A

    infncia um momento singular na vida

    de um indivduo, tempo de constante

    construo e permanente descoberta do

    mundo, de dominar fsica e mentalmente

    os ambientes e inserir-se neles.

    A Psicologia, a Sociologia, a Psicanlise, a

    Histria, a Antropologia, a Filoso a, en m,

    muitas cincias tm contribudo para o

    estudo e a compreenso da

    infncia. Os dilogos com

    as teorias de um lado e as

    lutas polticas em defesa

    dos direitos da criana, ora

    empurrando para frente o

    momento da maturidade, os

    adultiza, ora jogando para traz

    a curta etapa da infncia, os infantiliza.

    A infncia que conhecemos hoje a criao

    de um tempo histrico e de condies

    socioculturais determinadas, sendo um

    erro querer analisar todas as infncias e as

    crianas com o mesmo referencial. Sendo

    assim, podemos considerar que a infncia

    muda com o tempo e com os diferentes

    contextos sociais, econmicos, geogrfi-

    cos, e at mesmo com as peculiaridades

    Sedu_Curriculo Basico_caderno_06.indd 31Sedu_Curriculo Basico_caderno_06.indd 31 25/6/2009 11:02:1825/6/2009 11:02:18

  • 32

    individuais. Portanto, as crianas de hoje

    no so exatamente iguais s do sculo

    passado, nem sero idnticas s que viro

    nos prximos sculos.

    marca desse tempo da vida o processo

    de apropriao da linguagem que, como

    parte do sistema de sinais adquirido num

    discurso com sentido, se constitui em sujeito

    da linguagem ao dizer eu. Podemos a rmar

    que infncia e linguagem coexistem. Na

    infncia importantes apren-

    dizagens so sistematizadas

    no espao escolar, como a

    leitura, a escrita, a constru-

    o do pensamento lgico

    matemtico, sendo bsicas

    para outras.

    Assim como a infncia, a juven-

    tude tambm compreendida

    hoje como uma categoria his-

    trica que gera e geradora

    de signi caes e signi cados

    que somente podem ser analisados luz da

    prpria sociedade. Deve ser pensada para

    alm da idade cronolgica, da puberdade e

    das transformaes fsicas que ela acarreta

    (conjunto de transformaes fisiolgicas

    ligadas maturao sexual). uma categoria

    que se constri, se exercita e se reconstri

    dentro de uma histria e tempo espec cos.

    Os estudiosos do desenvolvimento huma-

    no consideram a adolescncia tempo de

    mudanas fsicas, cognitivas e sociais que,

    juntas, ajudam a traar o per l da populao.

    A adolescncia uma ponte entre a infncia e

    a idade adulta, compreendida como um per-

    odo atravessado por crises, que encaminham

    o jovem na construo de sua subjetividade.

    Consideram que a juventude se forma no

    estgio de transio entre a dependncia

    infantil e a maturidade do adulto, sendo que

    o sentido de conquista e reco-

    nhecimento de si parece ser

    o sinal prprio desse tempo.

    Essa uma construo iniciada

    com o nascimento, e que se

    encaminha para a comple-

    tude do homem, nalizando

    somente com a morte, que,

    como o nascimento, delimita

    os dois extremos da vida.

    A juventude marcada pela

    busca da diferena e origina-

    lidade, o desejo de impactar, de provocar

    contrastes. Marcas de nidoras da existncia

    social parecem mobilizar, de forma visvel,

    a ateno e a tenso dos adolescentes.

    Organizando-se em tribos, passam a utilizar

    vocabulrios e vesturios prprios, estilos

    variados, construindo, assim, sua identidade

    nas relaes estabelecidas tambm e no

    A juventude marcada pela busca

    da diferena e originalidade, o desejo

    de impactar, de provocar contrastes. Marcas

    defi nidoras da existncia social parecem

    mobilizar, de forma visvel, a ateno e a

    tenso dos adolescentes.

    Sedu_Curriculo Basico_caderno_06.indd 32Sedu_Curriculo Basico_caderno_06.indd 32 25/6/2009 11:02:1825/6/2009 11:02:18

  • 33

    somente na escola, mas em outras esferas

    sociais, como a famlia, a igreja e o trabalho.

    A juventude um tempo marcado pela

    participao nos movimentos juvenis, que

    despertaram vises diferenciadas na socieda-

    de, como desordeiros ou transgressores.

    Na escola, comum presenciarmos as situa-

    es de con ito vividas pelos adolescentes.

    Seguir, burlar ou obedecer as regras? Sentem-

    se inseguros e ao mesmo tempo donos de

    si. Reivindicam liberdade mais ainda no

    sabem lidar com a responsabilidade que a

    liberdade proporciona. Querem ser rebeldes,

    mas buscam proteo.

    A adolescncia o prisma pelo qual os adultos olham os adolescentes e pelo qual os prprios adolescentes se contemplam. Ela uma das formaes culturais mais poderosas de nossa poca. Objeto de inveja e de medo, ela d forma aos sonhos de liberdade ou de evaso dos adultos e, ao mesmo tempo, a seus pesadelos de violncia e desordem. Objeto de admirao e ojeriza, ela um poderoso argumento de marke-ting e, ao mesmo tempo, uma fonte de desconfiana e represso preventiva. (CALLIGARIS, 2008).

    Na contemporaneidade, a nfase no mercado

    e no consumo, as questes tecnolgicas e as

    culturas de massa tm colocado a juventude

    em intensa situao de vulnerabilidade,

    muitas vezes encurralando-a. O apelo em

    atender aos modelos estereotipados de com-

    portamento, especialmente apresentados

    pela mdia, apontado para os adolescentes,

    e o consumo exacerbado no fornecem

    condies para que o adolescente planeje e

    articule aes como uma forma de superao

    da condio ou situao vivida.

    Ser jovem na periferia ou no campo, e ser

    mulher jovem ou ser jovem negro, da classe

    mdia e trabalhadora, so todas identidades

    possveis e relacionais, resultantes da compe-

    tio de smbolos por parte dos movimentos

    e grupos sociais. H tambm uma distino

    entre o que o jovem espera da escola como

    espao de convivncia e sua percepo sobre

    o papel da escolaridade na vida adulta.

    inegvel a importncia do momento pre-

    sente na percepo dos jovens, a ponto de ser

    compreendido como alienao, ausncia de

    utopias, falta de perspectiva de vida, diante de

    uma sociedade em intensa mudana, no qual

    o futuro incerto, duvidoso ou at prescrito

    pela condio econmica e a realidade social

    em que vive. Reside a a grande diferenciao

    entre os jovens: as camadas populares e as

    mdia e alta, em que os ltimos tm acesso

    a bens, direito cidadania social e civil e

    experincias de socializao.

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  • 34

    Os problemas que mais afetam a juventude

    hoje esto na defasagem escolar, na perspec-

    tiva de trabalho, na vulnerabilidade violn-

    cia e ao crime, e na gravidez na adolescncia,

    constituindo-se em importantes elementos

    de debate no ambiente escolar.

    Na fase de vida adulta, o indivduo j tem

    formada sua personalidade e identidade,

    possui uma srie de conhecimentos e acu-

    mula experincias adquiridas ao longo de sua

    histria de vida. Esto abertos

    ao dilogo e vo escola com

    clareza de seus objetivos. A

    vida adulta constitui-se na

    fase mais ativa e longa dentro

    da sociedade.

    Na adultez, o ser humano

    busca uma valorao pes-

    soal, objetivando um desejo

    intrnseco da avaliao positiva de sua pessoa

    pelos conhecimentos at ento adquiridos

    e construdos, sempre numa expectativa

    de alcanar uma avaliao positiva frente

    ao social, a respeito de si mesmo.

    Muitos adultos que frequentam a escola

    cursando o Ensino Fundamental ou Mdio

    buscam reparar o tempo de escolarizao

    que no puderam usufruir na infncia e na

    adolescncia. Em geral, so sujeitos que

    Na fase de vida adulta, o indivduo j tem formada

    sua personalidade e identidade, possui uma srie de conhecimentos e acumula experincias adquiridas ao longo de

    sua histria de vida.

    vivem em contextos de desfavorecimento

    social ainda no empregados, ou em ocu-

    paes precrias ou no.

    O ser humano adulto vivencia em suas pr-

    prias situaes de vida caractersticas que

    lhe so particulares. J produz e trabalha;

    do trabalho vive e sobrevive, em qualquer

    circunstncia de realidade social, econmica

    e cultural. O fenmeno da vida adulta, em

    cada ser humano, entendido no processo

    de desenvolvimento, com

    suas aprendizagens e singu-

    laridades.

    Nesse momento da vida adulta

    ca evidente a necessidade de

    ressigni car todas as condutas

    sociais e buscar modos signi -

    cativos de viver pessoalmente.

    Talvez pela disponibilidade

    de tempo, ou por motivaes externas de

    sentir-se bem e elevar as condies de vida

    em famlia. Deve-se procurar entender o que

    esses sujeitos na condio de alunos vm

    tentando demonstrar, explcita ou implici-

    tamente, seja por abandono, reprovao e

    di culdade de permanncia, seja por formas

    com que organizam suas necessidades e

    anseios maiores e melhores oportunidades

    de tornar a escolarizao uma oportunidade

    de emancipar-se.

    Sedu_Curriculo Basico_caderno_06.indd 34Sedu_Curriculo Basico_caderno_06.indd 34 25/6/2009 11:02:1825/6/2009 11:02:18

  • 35

    Estejam na infncia, juventude ou idade

    adulta, compreendemos, como ponto de

    partida e chegada do processo educacional,

    que os alunos da escola pblica estadual

    so sujeitos concretos, predominantemente

    jovens, em sua maioria de classe popular,

    lhos de trabalhadores formais e informais,

    Seres humanos so diversos em suas

    experincias culturais, so nicos em suas

    personalidades e so tambm diversos em

    suas formas de perceber o mundo.

    que vivem no campo, na cidade, regies

    diversas com particularidades socioculturais

    e tnicas. E fundamental compreend-los e

    consider-los ao produzir referenciais novos,

    que retomem democraticamente a ao

    socializadora da escola, na especi cidade

    de seus saberes e prticas.

    3 A DIVERSIDADE NA FORMAO HUMANA

    ... mais que um ser no mundo, o ser

    humano se tornou presena no mundo,

    com o mundo e os outros....

    Paulo Freire

    A presena do ser humano no mundo e

    suas relaes entre pares e com os outros

    seres mantm-se como constante desa o

    humanizao da sociedade e

    sustentabilidade do planeta.

    O grande desa o da escola,

    em especial da pblica, est

    em constituir-se como ambi-

    ncia de construo de uma

    nova humanidade, em que

    homens e mulheres, sujeitos

    da histria e de suas prprias

    histrias, tornam-se co-responsveis pela

    vida como valor fundamental da existncia

    dos seres que habitam a Terra.

    Podemos dizer que a diversidade cons-

    titutiva da espcie humana, sobretudo se

    entendida como a construo histrica,

    cultural e social que faz parte do acontecer

    humano. De acordo com Lima (2006),

    a diversidade norma da espcie humana: seres humanos so diversos em suas expe-

    rincias culturais, so nicos em suas personalidades e so tambm diversos em suas formas de per-ceber o mundo. Seres humanos apresentam, ainda, diversidade biolgica. Algumas dessas diver-sidades provocam impedimentos de natureza distinta no processo de desenvolvimento das pessoas (as comumente chamadas de portadoras de necessidades especiais") (p.17).

    Como toda forma de diversidade hoje

    recebida na escola, h a demanda bvia

    Sedu_Curriculo Basico_caderno_06.indd 35Sedu_Curriculo Basico_caderno_06.indd 35 25/6/2009 11:02:1825/6/2009 11:02:18

  • 36

    por um currculo que atenda a essa uni-

    versalidade.

    Quando falamos de diversidade e currculo,

    torna-se comum pensar a diversidade como

    sendo a simples aceitao do diferente ou

    das diferenas. So complexos os aspectos

    acerca da diversidade que precisam ser con-

    siderados, tais como: o tico, o esttico, o

    biolgico, o poltico, o sociocultural, dentre

    outros.

    De igual forma, no campo do conhecimento

    tambm necessrio enfrentar o debate

    epistemolgico e poltico,

    em relao ao lugar que

    ocupam algumas cincias

    em detrimento de outras

    ou de saberes constitudos

    como diversos. Certamente

    os currculos mais avanados

    consideram esses saberes, o

    que tem contribudo signi ca-

    tivamente para a formao dos

    educandos numa perspectiva

    de cidadania mais plena.

    A diversidade presente no currculo e na

    escola permite avanar para o campo da

    tica como processo de formao humana,

    que exige a busca por valores, solidariedade

    e justia, cultura de paz e cidadania, respeito

    s diferenas. O que se espera da educao

    que ela promova a emancipao dos sujeitos,

    para que sejam capazes de fazer escolhas

    ao longo de sua existncia e efetivamente

    se assumam como autores da histria da

    humanidade. Reconhece-se o direito

    diversidade no currculo como processo

    educativo-pedaggico, como ato poltico

    pela garantia do direito de todos.

    A qualidade social na educao conquistada

    na medida em que resguardada e valoriza-

    da a diversidade. A diversidade que aponta

    para uma educao inclusiva, que prope

    o rompimento do ciclo de

    excluso, permite a convivn-

    cia entre diferentes pessoas

    na escola e na comunidade,

    transforma pr-conceito e dis-

    criminao em acolhimento

    da diferena e valoriza a vida

    em todas as suas dimenses,

    a compreenso do processo

    civilizatrio, e a constituio

    de oportunidades de cresci-

    mento pessoal e coletivo.

    O currculo deve, portanto, contemplar o ser

    humano em sua complexidade e dimenses

    que compem sua realidade objetiva de

    vida tanto dentro quanto fora da escola

    destacando-se as questes ambientais,

    A diversidade presente no currculo e na escola

    permite avanar para o campo da tica como processo de formao

    humana, que exige a busca por valores,

    solidariedade e justia, cultura de paz e

    cidadania, respeito s diferenas.

    Sedu_Curriculo Basico_caderno_06.indd 36Sedu_Curriculo Basico_caderno_06.indd 36 25/6/2009 11:02:1925/6/2009 11:02:19

  • 37

    A EJA no deve ser pensada como oferta

    menor, nem menos importante, mas como um modo prprio de

    fazer educao.

    as relaes tnico-raciais, a cultura de paz,

    os direitos humanos, a sexualidade, a tica

    e cidadania, dentre outras, como questes

    inerentes ao currculo escolar, contribuindo

    de fato para a formao humana.

    3.1 Educao de jovens e adultos: saberes, experincia de vida e de trabalho

    A Educao de Jovens e Adultos (EJA) uma

    modalidade10 espec ca da Educao Bsica

    que se prope a atender um pblico ao qual

    foi negado o direito educao, durante a

    infncia e/ou adolescncia, seja pela oferta

    irregular de vagas, seja pelas inadequaes

    do sistema de ensino ou pelas condies

    socioeconmicas desfavorveis.

    Como modalidade de Educao Bsica, a EJA

    no deve ser pensada como oferta menor,

    nem menos importante, mas como um modo

    prprio de fazer educao, determinado pelos

    sujeitos que a recebem: jovens e adultos. A

    legislao recomenda a necessidade de busca

    de condies e alternativas, e de currculos

    adequados a esses sujeitos, levando em conta

    10 A modalidade de Educao de Jovens e Adultos ter um documento curricular espec co.

    seus saberes, seus conhecimentos e suas expe-

    rincias de vida e de trabalho. Nelas, os sujeitos

    jovens e adultos se formam no somente

    na escola; por elas aprenderam contedos

    que condicionam seus modos de ser e estar

    no mundo, de aprender e de reaprender, de

    certi car-se, de progredir e de se constiturem

    enquanto seres

    humanos (cf. arts.

    37 e 38 da LDBEN

    e Parecer CNE n.

    11/2000).

    Os sujeitos da

    EJA, em sua sin-

    gularidade, apre-

    sentam uma especi cidade sociocultural:

    so, geralmente, marginalizados e excludos

    das esferas socioeconmicas e educacionais,

    privados do acesso cultura letrada e aos

    bens culturais e sociais, comprometendo

    uma participao mais efetiva no mundo do

    trabalho, da poltica e da cultura. De modo

    geral, so trabalhadores assalariados, do mer-

    cado informal, que lutam pela sobrevivncia

    na cidade ou no campo, trabalhando, quase

    sempre, em ocupaes no quali cadas.

    Possuem trajetrias escolares descontnuas,

    que incluem reprovaes e repetncias,

    marcadas por retornos escola noturna na

    EJA, na condio de alunos trabalhadores

    ou de quem busca o trabalho.

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  • 38

    A concepo de currculo que defendemos

    para a EJA tem como foco a formao huma-

    na, em que o trabalho transversaliza todo o

    currculo, considerando a especi cidade dos

    sujeitos jovens e adultos, ou seja, sua caracte-

    rstica fundamental de serem trabalhadores.

    Isso implica formar (no treinar, adestrar, de

    forma aligeirada e restrita ao mercado de

    trabalho) os sujeitos (cidados-trabalhadores)

    para compreenderem a realidade e nela

    intervirem.

    Nesse sentido, o currculo da EJA como parte

    do currculo estadual considera os eixos

    cincia, cultura e trabalho, no processo de

    aprendizagem, nos conhecimentos vividos-

    praticados pelos alunos na prtica social,

    numa perspectiva de uma pedagogia crtica.

    E uma concepo de escola como instituio

    poltica, espao propcio a emancipar o aluno