você está me ouvindo - nancy van pelt

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possível melhorar sua comunicação com o cônjuge? Nancy Van Pelt acredita que sim. Segundo ela, embora este seja um processo complexo, não se trata de algo complicado. Através deste livro você descobrirá como alcançar mais realização no casamento, usando regras simples da arte de se comunicar. A autora, que tem um lar feliz, especializou-se em relacionamentos familiares e tem feito inúmeras palestras sobre o tema, em vários países. Escreveu várias obras, dentre as quais Felizes no Amor e Filhos - Educando com Sucesso, também publicadas por esta editora. ISBN 85-345-0452-0 \ \\\\ 9 788534 504522 j

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Page 1: Você está me ouvindo - Nancy Van Pelt

possível melhorar sua comunicaçãocom o cônjuge? Nancy Van Pelt acredita

que sim. Segundo ela, embora este sejaum processo complexo, não se trata de algo complicado.Através deste livro você descobrirá como alcançarmais realização no casamento, usando regras simples daarte de se comunicar.A autora, que tem um lar feliz, especializou-se emrelacionamentos familiares e tem feito inúmeras palestrassobre o tema, em vários países.Escreveu várias obras, dentre as quais Felizes no Amore Filhos - Educando com Sucesso, também publicadaspor esta editora.

ISBN 85-345-0452-0

\ \\\\9 788534 504522

j

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Título do original em inglês:

HOW TO COMMUNICATE WITH YOUR MATE

Direitos de tradução e publicação emlíngua portuguesa reservados àCasa Publicadora Brasileira

Rodovia SP 127 - km 106

Caixa Postal 34 - 18270-970 - Tatuí, SP

Te!.: (15) 3205-8800 - Fax: (15) 3205-8900

Atendimento ao cliente: (15) 3205-8888www.cpb.com.br

5' edição

2' impressão - 4 mil exemplaresTiragem acumulada: 28 milheiros

2005

Editoração: Neila D. OliveiraProjeto Gráfico: Manoel A. SilvaCapa: Heber Pintos

IMPRESSO NO BRASILlPrinted in Brazil

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Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução toral ouparcial, por qualquer meio, sem prévia autorização escrita doautor e da Editora.

Tipologie: Cenrury, 11/12 - 6342/14891 - ISBN 8~-34~·04~2·0

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A COMUNICAÇÃONO CASAMENTO

"Não sei o que houve conosco", explica Jor-ge. "Antes de nos casarmos tínhamos tanto so-bre o que conversar! Agora, nunca conversa-mos.janete diz que eu nunca lhe conto nada, esei que não me escutaria se o fizesse. Elanão seinteressa por nada que seja do meu interesse,"

Especialistas afirmam que um dos problemasmais sérios no casamento, e causa primáriapara o divórcio, consiste na falta de habilidadeou na relutância dos casais em se comunica-rem. Muitos desses casais sabem que estão fa-lhando em sua comunicação, mas não estãobem certos quanto ao que devem ou não fazer.Apesar de ser um processo complexo, a comu-nicação não apresenta complicações,

A comunicação no casamento é completaquando um casal é capaz de pôr em prática, comfreqüência, estes três princípios: (1) Quando po-dem utilizar de forma eficaz as regras fundamen-tais que regem a conversação, tanto quando sefala, como quando se ouve; (2) quando podemresolver conflitos através de métodos construti-vos; e (3) quando gastam tempo diariamente,partilhanSo seus sentimentos íntimos,

O que é ComunicaçãoL.A_ Com freqüência supomos que só pelo fato deos lábios de alguém estarem se movendo, estáhavendo comunícação.A conversação, porém, éuma atividade levada a efeito entre duas pessoas,

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e implica em dar e receber informações. Alémdisso, ela abrange um círculo que vai além desimplesmente expressar-se através de palavras. Étambém o processo de receber ou ouvir.'Deve-ríamos acrescentar uma terceira dimensão a esteduplo processo - a compreensão. Costumamospensar que entendemos o que nosso cônjugeestá dizendo, mas o que ouvimos nem sempre é.o que se tenciona dizer. Nosso desejo é que a ou-tra pessoa não apenas ouça o que queremos di-zer, mas também entenda a mensagem.

Os Cinco Níveis da Comunicaçãojohn Powell, em seu livro Por que Tenho'

Medo de Dizer-lhe Quem Eu Sou, descreve cin-co níveis nos quais podemos nos comunicar, eé muito importante que os compreendamos. .

Nível 5: Conversação Trivial. Neste nível' àconversação é superficial. Por exemplo: "Comoívai você?" "O que tem feito?""Como vão indo ascoisas?" Este tipo de conversação chega às bor-das da insignificância, mas às vezes pode sermelhor que o silêncio embaraçoso. Quando elapermanece neste nível, torna-se maçante e levaà frustração e ao ressentimento no matrimônio.

Nível 4: Conversação Afetiua. Neste nível háuma troca de informações, que não são segui"das de comentários pessoais. Você conta o quehouve, mas não revela como se sente acerca doocorrido. A esposa pode notar que seu maridoestá saindo de casa após o jantar e pergunta:"Aonde você vai?"e sua resposta pode !ser:"Veusair."Este nível é mais comum entre os homenssendo que estes sentem freqüentemente mai~dificuldade em expressar seus sentimentos.

Nível 3: Idéias e Opiniões. Aqui tem inícid à'verdadeira intimidade, pois neste nível vocêrar-risca expor seus próprios pensamentos, senti-

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mentos e opiniões. Pelo fato de sentir-se livrepara expressar-se e verbalizar suas idéias pes-soais, seu cônjuge tem maiores chances de co-nhecê-Io(a) intimamente.. Nível 2: Sentimentos e Emoções. A comuni-

cação neste nível descreve o que está aconte-cendo dentro de você - como se sente em rela-ção, ao cônjuge ou a uma situação. Você verba-liza sentimentos de frustração, zanga, ressenti-mento ou felicidade. Se você compartilhar sin-ceramente suas experiências com seu cônjuge,e demonstrar tanto interesse nos sentimentosdele, quanto se interessar em expressar os seuspróprios, este nível enriquecerá e ampliará seurelacionamento. Você se sentirá valorizado(a);notado(a), amado(a), apreciado(a) e seguro(a)no afeto de seu cônjuge. Compreenderá melhoro caráter de seu(sua) parceiro(a), o que lhe pro-'porcionará uma idéia mais ampla da formacomo ele(a) pensa e sente. Uma boa combina-ção consiste em alternar os níveis de idéias/opi-niões com o de sentimentos/emoções.. Nível 1:Discernimento Profundo. O casal

fruírá de preciosos momentos repletos de dis-cernimento, quando ambos alcançarem perfei-ta,harmonia em compreensão, profundidade esatisfação emocional. Normalmente existe umaexperiência culminante ou algo profundamen-te. pessoal relacionado com este nível.A comu-nicação de tais experiências é freqüentementemuito marcante para os dois lados e enriquecetremendamente o relacionamento. A participa-ção mútu1 de idéias e sentimentos pessoais é oobjetivo máximo na comunicação matrimonial.

Que nível de comunicação existe em seu ma-trimônio neste momento? Tem você o desejo esente a necessidade de uma comunicação maisíntima e profunda?

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o Ângulo Inverso da ComunicaçãoCalcula-se que gastamos aproximadamente 70

por cento do dia em alguma forma de comunica-ção - falando ou ouvindo, lendo ou escrevendo.Trinta e três por cento deste tempo é dedicado àconversação. Este elemento de nosso tempo tor-na-se muito importante, pois ele une as pessoas.

Conversar significa algo mais que um merointercâmbio de palavras ou informações. Me-diante este ato, expressamos nossos sentimen-tos, transmitimos nossas emoções, esclarece-mos nossos pensamentos, reforçamos nossasidéiase estabelecemos contato com outras pes-soas. E uma maneira agradável de passar o tem-po, conhecer um ao outro, relaxar as tensões, eexpressar opiniões. Portanto, a função essen-cialmente básica da conversação não é a sim-ples transmissão de informações, mas o estabe-lecimento de um relacionamento com outros.A qualidade desse relacionamento dependeráem grande medida da habilidade de cada pes-soa em expressar-se verbalmente.

Barreiras que Impedem umaConversação Eficaz

Muitas são as barreiras que bloqueiam a con-versação.

Há o tipo que descarrega sua linguagem comordens e instruções: "Venha cá!" "Pendure suasroupas!" "Ande logo!" Ou aparece com adver-tências e anieaças. "Se você fizer isto outra vez,eu " Outro é moralista: "Você não sabeque ?"Amaioria das pessoas se ressente quan-do ouve "você precisa", ou "você deveria", ou"é melhor que vocêfaça".

Muitos há que utilizam a humilhação, apesarde saberem perfeitamente como uma pessoa sesente quando é humilhada. Estes costumam jul-

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gar, criticar e culpar: "Até que a idéia não é tãomá, levando em conta que partiu de você." Lan-çam insultos, ridicularizam e envergonham:"Você não passa. de um palerma!" Eles interpre-tam, dão o diagnóstico e psicanalisam: "Você sódiz isto porque ... " Querem ensinar e instruir:"Querida, não deveríamos deixar nossas toalhaspelo chão."

O Dr. james Dobson conta de um jogo, noqual marido e mulher costumam se engajar. Eleo denomina "Assassine seu cônjuge". Nessejogo destrutivo, o jogador (geralmente o mari-do, salienta o psicólogo) intenta castigar a espo-sa, ridicularizando-a e embaraçando-a diante deseus amigos. Ele pode magoá-Ia quando estão asós, mas diante dos amigos, pode realmente ar-rasá-Ia. Se quiser ser excepcionalmente cruel,fará com que os convidados saibam quão tola efeia ela é - os dois aspectos mais vulneráveis deuma mulher. Receberá pontos extras se conse-guir fazê-Ia chorar.

Então existe o "retificador" .Por exemplo: en-quanto o esposo conta uma história aos ami-gos, sua mulher ajuda a manter os fatos na linhada realidade absoluta.

"Saímos no domingo à noite ... ""Oh, querido, não foi na quinta-feira, justa-

mente antes do feriado?""Bem, saímos na quinta-feira, logo que as

crianças chegaram da escola, e ... ". "Não, meu bem! Já estava anoitecendo quan-

do saímos. Lembra-se? As crianças voltaram enós aínda'[antamos antes de sair:'

"Bem, de qualquer forma, saímos e viajamosdireto até Belo Horizonte, e ... "

"Amor,tem certeza que fomos para lá primei-ro? Eu pensei que ... "

O retificador sente um impulso irresistível de9

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se concentrar numa narração petfeita. Com fre-qüência, essas observações são tentativas dechamar a atenção sobre si, e denotam uma faltade sensibilidade, por não permitir que a outra .pessoa conte uma história como achar melhore na medida em que for se lembrando dos fatos:

O "juiz" é aquele que está sempre tentandoadivinhar o que virá em seguida. Digamos quea esposa faz esta afirmativa: "Quarta-feira à noi-te haverá um filme muito bom na igreja ... "

Seu marido, sem esperar que ela complete opensamento, interrompe-a dizendo: "É, só quenos nao vamos." "

O "monopolizador" sente-se impelido a falar ein~iste com freqüência em dar a última palavra:Nao suporta ser corrigido, e por isso, mantémuma atitude de "sabe-tudo". E comum que osmonopolizadores sintam uma tremenda neces-sidade de ser populares, mas quanto mais mono-polizam a conversa, tanto mais aborrecem osoutros e se privam da possibilidade de formaramizades duradouras.

O "silencioso" usa o silêncio como arma oumaneira de controlar. Tanto o homem quanto amulher fazem uso desse método, porém, nor-malmente, de formas diferentes. Quando o ho-mem se cala, é sinal de que estão crescendodentro dele emoções fortes, tais como o medo,ou a ira. A mulher geralmente usa o silêncio afim de vingar-se de alguma injustiça que lhe fóífeita, ou quando ela alcança o estágio máximodo desespero. Existem duas razões pelas quaisessas pessoas aplicam o tratamento do silêncio:(1) Um dos cônjuges recusou-se a ouvir, da últi-ma vez; (2) o cônjuge calado está profundamen-te magoado. Alguns cristãos acham que não:iécerto falar o que estão pensando. Outros ade-rem ao silêncio por amor aos filhos. Entretanto,

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essa repressão de emoções afeta a pessoa física,mental e espiritualmente.

De acordo com alguns conselheiros matrimo-niais, a metade dos casamentos problemáticosque chegam ao seu conhecimento têm sua raizno "marido silencioso". Muitas mulheres se quei-xam de que seus maridos não conversam comelas e não há como conseguir que o façam. Essetipo de marido se comunica primariamente nonível de "conversa curta" ou "objetiva".

São numerosas as atitudes que motivam o si-lêncio do esposo. Alguns homens, em particularos que consideram o trabalho a coisa mais impor-tante da vida, vêem poucas coisas como tendoreal valor, a não ser a produtividade. Sua respostaa todos os problemas da vida é ação, não conver-sa.Outros homens são tão dogmáticos e autoritá-rios que se recusam a continuar falando sobreum assunto, uma vez que sua opinião já foi dada.Outros ainda detestam conversar sobre coisasque consideram "triviais".

Quando a mulher enfrenta um problema, ouse sente nervosa e irritada, ela quer falar,desaba-far seus sentimentos. O homem, por sua vez,quando sob pressão emocional, via de regra, secala, tranca as portas, e se enclausura dentro desi mesmo, porque desde o nascimento foi trei-nado a manter rígido controle sobre suas emo-ções. Rechaça qualquer coisa,que difira do siste-ma de vida lógico e imparcial ao qual foi acostu-mado. E à medida que avança em anos, torna-semais irredutível, a fim de que seu grupo não per-ceba qualquer sinal de brandura ou de emoção.

Quando quer que os sentimentos se avolu-mem dentro de si, a resposta automática destetipo de pessoa consiste' em rechaçá-Ios, espe-cjalmentr se estiver na presença de uma pes-soa do sexo feminino. Quando se zanga e ex-

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plode com a mulher, não é um cavalheiro. Sechora, está demonstrando fraqueza. Conse-qüentemente, usa o silêncio para escapar' deseus sentimentos, falhando em compreender oquanto isto deixa sua esposa irritada, sendo queo-que ela quer é 'esclarecer as coisas.

Contudo, poucos homens querem, realmente,permanecer no silêncio. Quase todos gostam deconversar tanto quanto suas esposas, se bem que,em geral, sobre coisas diferentes. Porém, se re-preendido ou censurado, até mesmo o homemmais bem-intencionado fechar-se-á ainda mais de-cididamente no silêncio. Ele deseja e necessita deuma companheira com a qual se sinta seguro e asalvo do ridículo. O homem responderá à mulherem quem confia.

Métodos Eficazes de Conversação "Existe um velho adágio que diz: "Trata tua fa,

milia como tratarias teus amigos, e a teus amigos!como a tua família:'A maioria de nós precisa fa-zer um esforço concentrado no sentido de falarao nosso cônjuge com a mesma fineza e educa;ção com as quais tratamos nossos amigos. Fre-qüentemente a intimidade da vida familiar nosleva à negligência e à desconsideração, e logo 'descartamos todos os sinais de "pare" eachamosque podemos dizer e fazer o que bem entendesmos. "Afinalde contas", racionalizamos, "é só mí-nha família mesmo!"

De que maneira está você se comunicandocom seu cônjuge? ,('

São suas palavras temperadas com o sabor piocante do sarcasmo? É capaz de especificar o que:quer dizer? Demonstra interesse por seu cônju-ge, permitindo que ele(ela) perceba que VOGç

se interessa por sua pessoa? Tem você usadoopronome eu em sua conversação, de modo que

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ele(ela) compreenda sua mensagem? Este siste-ma identifica seus reais sentimentos para comseu cônjuge, e os expõe aberta, honesta e bon-dosamente. Mensagens dadas na primeira pes-soa (eu), são especialmente úteis quando vocêse irrita com algo que seu cônjuge faz. Ao invésde responder com palavras hostis, diga:"Isto meirrita, porque ... "

Compare as diferentes reações às mensagensemitidas por duas esposas depois de seus maridosterem se recusado a levá-Iaspara almoçar fora.

Esposa nº 1:"Você não tem consideração! Tra-balho o dia todo feito uma escrava, e você nun-ca pensa em ninguém a não ser em si mesmo.Você só quer saber de assistir televisão. Já estoufarta!"

ESP9sa nº 2: "Estou realmente precisando deuma folga:hoje. Não saio de casa a semana intei-ra. Preciso ficar um pouco a sós com você, parapodermos conversar num nível mais adulto."

A esposa nº 2 diz apenas como se sente, fatoque seu marido não pode discutir. A esposa nº 1culpa, julga e arrasa seu marido. Esta atitude ser-virá de munição para uma discussão acirrada efá-lo-á tornar-se ainda mais decidido que antes., As mensagens emitidas na primeira pessoaeliminam rapidamente a possibilidade de ata-que e defesa de ambos os lados, evitando quese xinguem e culpem um ao outro. Se a esposafaz seu marido lembrar-se, de maneira acusado-ra, que ele dispõe de tempo suficiente para tra-balhar em seus próprios negócios, mas nuncaencontra ~mpo para manter o quintal em or-dem, é provável que sua reação seja mais oumenos assim: "Êêêêêêê ... ! já começou! Seráque você não sabe fazer outra coisa, senão meamolar com esta história de quintal?"

Uma comunicação direta dos sentimentos da13

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esposa, mediante uma mensagem pessoal, alivia-ria a situação: "Este quintal sujo e desorganizado.estâ me irritando cada vez mais. Eu gostaria deconversar com você a este respeito, enquantoainda tenho condições de controlar meus ner-vos." Ela o fez conhecer seus sentimentos, semarrasá-lo ou dizer-lhe o que fazer.Agora ele estálivre para aceitar ou rejeitar sua opinião.,

Eis mais alguns exemplos de como utilizarmensagens pessoais: ,

A esposa está assistindo televisão na cama,quando seu marido quer dormir. "Tive um diacheio e estou cansado demais para assistir televi--são com você. Vou ver se consigo dormir agora:'

O marido se esconde detrás do jornal assimque chega do trabalho, mas a esposa lhe diz:"Es-tou precisando de uma conversa íntima. estanoite, porque estou me sentindo tão irritada! Se-ria tão gostoso conversar um pouco com você!"

As mensagens pessoais trazem resultados real-mente assombrosos. Muitos cônjuges ficam sur-presos quando descobrem çomo o outro se sen-te acerca das coisas. Suas respostas costumamsoar mais ou menos assim: "Eu nem sabia.queisto o estava perturbando:', ou "Por que você nãodisse isso antes?" É fácil subestimarmos a. boavontade de nosso cônjuge. Se você quer real-mente que seus sentimentos. sejam reconheci-dos, deve cornunícá-los constantemente de ma-neira direta, até que seja compreendido(a) ..

Regras Para uma Conversação Eficaz }• ?,

1. Escolha o momento adequado para co-municar-se com seu cônjuge. Pode ser, que. seuassunto seja apropriado, porém, o _momentopode ser inoportuno. Se você tiver algo pesso;p.dos níveis um e dois para lhe dizer,não descarre-gue justo no momento em que ele. entra Qe,!a

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porta, depois de um dia cheio no escritório, dequarenta e cinco minutos no tráfego pesado, ounum ônibus superlotado. Se quer conversar comsua esposa acerca da necessidade de cortar umpouco as despesas com comida, não faça isto jus-tamente quando ela estiver servindo uma refei-ção, cujapreparação lhe tomou muito tempo eesforço. Escolha Um tempo quando sua esposativer condições de responder favoravelmente.

2. Desenvolva um tom 'de voz agradável.Nem sempre é o que voc~ diz que é levado emconta, mas como o diz. E reconfortante estarperto de alguém que tem voz calma e suave. Sevocê quer que seu cônjuge aprecie seu tom devoz, certifique-se de que ela seja agradável.

3. Seja c/aro(a) e especificota), Muitos mal-entendidos surgem de uma conversa confusa.Tente pensar enquanto fala, e exponha clara-mente o que quer dizer. Por exemplo: "Gostariade convidar os Silva para virem jantar conoscono próximo domingo. Você se importa?"

4. Seja positivo. Em muitos lares, 80 por cen-.to de toda a comunicação é negativa: Essas fa-mílias acostumam-se tanto a ouvir criticas, re-provações, mau juízo, palavrões, e outros ele-mentos negativos, que tal, comportamento aca-ba se tornando .normal. E necessário atuar deforma mais positiva e manifestar mais apreço.

5. Seja cortês e respeite a opinião de seu côn-juge. Isto pode ser feito mesmo que você discor-de. Preocupe-se tanto pelo conforto dele quantose preocl;l'pa com o seu. E interesse-se por ouvir.Você nãõ deve passar mais de cinqüenta porcento do tempo da conversação falando.

.) 6. Leve em conta as necessidades e senti-~mentos de seu cônjuge. Desenvolva paciência esensibilidade ao responder ao que seu cônjuge

Jdiz. Se de estiver magoado, você pode com-lS

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preender sua mágoa e até sentir-se magoado(a)com ele. Sintonize-se nas necessidades e senti-mentos de temor, zanga, desespero e ansiedadeda pessoa amada. Da mesma maneira, se elaestí-ver feliz acerca de algum novo empreendimen-to, participe de sua felicidade.

7. Desenvolva a arte da conversação. Umestudo realizado na Universidade Cornell, NovaIorque, demonstrou que quanto mais tempoum casal passa conversando um com o outro,tanto mais alto será seu nível de satisfação ma-trimonial. Marido e mulher felizes têm natural-mente mais a dizer um ao outro que os ínfelí-zes.A conversação é uma arte, e deve-se enco-rajar as oportunidades para desenvolvê-Ia. Dis-cussões sobre temas interessantes enriquecemum relacionamento.

A Arte de Ouvir"A falta de atenção", diz um psicanalista, "é

geralmente a raiz da maioria dos problemasmatrimoniais de comunicação. Algumas vezes,causa apenas aborrecimento ou irritação. Po-rém, quando alguém está falando de algo im-portante, tentando resolver um problema, ouprocurando o apoio emocional, a falta de aten-ção pode provocar resultados desastrosos."

No entanto, a maioria de nós prefere falar a ou-vir.Gostamos de expressar nossas idéias e dizer oque sabemos e como nos sentimos acerca das coi-sas.Despendemos mais energia expressando nos-sos pensamentos do que ouvindo atentamentequando outros expressam os seus. Parece umacoisa tão simples ouvir as pessoas, todavia,a maio-ria de nós somos ouvintes desatentos, porque ou-vir requer concentração.

Quais são alguns dos problemas na arte deouvir?

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Certo casal buscou aconselhamento profis-sional, porque sua conversação havia se trans-formado numa constante discussão. Cada tarde,ao chegar em casa, o marido queria descarregaros acontecimentos de seu tenso dia de traba-lho.A esposa, por sua vez, queria contar comoteve que suportar as traquinagens de suas trêsativas crianças. Cada um deles esperava sercompreendido, apoiado e ter seus problemasresolvidos. Contudo, nenhum deles queria terpaciência de ouvir com espírito compreensivo,mas lançavam ansiosamente suas próprias re-clamações um sobre o outro.

Barreiras na Arte de Ouvir

O "ouvinte entediado" é aquele que já ouviuaquela conversa antes. Quando o Sr.J. repeteaquelas mesmas reclamações do trabalho, a Sra.J. diz para si mesma: "Lá vem ele outra vez", eentão, coloca a mente em "ponto morto". Noentanto, quando o Sr. J. disser algo novo e espe-rar apoio e encorajamento da parte da esposa,dificilmente os conseguirá -".

O "ouvinte seletivo" é aquele que selecionapartes da conversação, que são de seu interesse,e rejeita o resto. Por exemplo: o marido está as-sistindo ao noticiário das 20 horas, enquanto suaesposa está conversando. A maior parte do queela diz,entra por um ouvido e sai pelo outro, masquando ela menciona algum gasto extra nascompras de supermercado, ele se toma todo ou-vidos. Outras pessoas não querem ouvir o quelhes desa~da, ou que seja alarmante ou diferen-te - o comportamento de Eduardo na escola, oumais despesas com o carro. Não há lucro' ne-nhum em se rejeitar o que não se quer ouvir.Emmuitas situações precisamos pôr todos os fatosem ordem a fim de tomar uma decisão.

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O "ouvinte defensivo" é aquele que torcetudo o que se diz, transformando uma afirma-ção num ataque pessoal. Certa esposa disse ca-sualmente ao marido que o novo comprimentodos vestidos deixou-a sem roupa de passeio.Apesar de nunca ter mencionado o desejo dereformar seu guarda-roupa, o marido ficou fu-rioso, porque sentiu que aquela afirmação insi-nuava que ele não estava dando conta de ga-nhar o suficiente para satisfazer suas necessida-des de vestuário. Uma esposa magoada aplicou

.o "tratamento do silêncio" em seu marido a noi-te inteira, porque achou que seu desgostoquanto aos modos das crianças à mesa era umataque pessoal à sua habilidade de educâ-losadequadamente.

Os "interruptores" são aqueles que, ao invés. deprestar atenção ao que está sendo dito, gas-tam o tempo preparando argumentos para con-tradizer o que se diz. Interessados apenas emsuas próprias idéias, dão pouca atenção às pala-vras dos outros e esperam apenas uma fraçãode segundo para poderem interromper a con-versa com: "Oh, isto não é nada! Você deveriater visto o que aconteceu comigo!" ou "Isto mefaz lembrar de ... "

Existe também o "ouvinte indiferente" - estenão é capaz de perceber o sentimento ou aemoção por trás das palavras. Uma jovem espo-sa pede ao marido que a leve para jantar fora.Elanão está precisando tanto de ser levada parajantar fora, quanto está de sentir-se seguraquanto ao amor do esposo e de saber que eleestá disposto a esforçar-se para agradá-Ia.Se elelhe diz bruscamente que não tem condições fi-nanceiras para esse luxo, ou que está cansadodemais para sair, é evidente que não ouviu osignificado detrás daquele pedido.

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VOCÊ ESTÁ ME OUVINDO?Métodos Eficazes na Arte de Ouvir

A ênfase na necessidade de dispor de méto-dos eficazes que permitam ouvir melhor não éalgo novo. Porém, até recentemente havia-se in-sistido mais na habilidade e disposição de falarlivremente do que na de ouvir com atenção.Contudo, atualmente existem algumas escolasque ensinam métodos para aprender a ouvir.Algumas companhias estão incentivando seusempregados a fazerem cursos que lhes permi-tam melhorar suas habilidades na arte de ouvir.Os conselheiros familiares estão enfatizando aimportância de ouvir com atenção no círculofamiliar.A seguir apresentamos algumas técni-cas, sugeridas por uma variedade de especialis-tas, para ajudar o casal a aprimorar suas habili-dades na técnica de ouvir.

Esteja atento à linguagem do corpo. Comu-nícamo-nos através da linguagem falada, mas ofazemos também por meio do que não dize-mos. Cinqüenta e cinco por cento do que co-municamos exterioriza-se através de expres-sões faciais - fazer beicinho, fazer .caretas, ousemicerrar os olhos.Tal linguagem corporal falamais alto que palavras. Outras mensagens mu-das podem ser captadas por meio da posturado corpo, ou de gestos - o bater ritmado do pé,dentes cerrados, ou um gesto de irritação. Taismoldes de comportamento oferecem a chavepara os sentimentos escondidos detrás das pa-lavras, e erguem barreiras antes do início deuma conversação.

Abri11lllo portas. Encontra-se uma boa técni-ca na arte de ouvir, quando a resposta é do tipo.que oferece condições para a pessoa falar mais,abrindo as portas para unl diálogo franco e ho-nesto. Estas respostas não sugerem nenhumade suas próprias idéias, e no entanto convidam

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seu cônjuge a compartilhar das suas. Algumasdas maneiras mais simples de "abrir portas" são:"Oh, compreendo!", ou "Não diga!", ou "Conte-me mais" ,ou "Gostaria de saber o seu ponto devista" , ou "Conte-me a história toda", etc. Dessamaneira você encoraja a outra pessoa a falar, enão dá a idéia de que mal consegue esperar por .uma chance para apoderar-se da conversação.Suas palavras transmitem respeito quando vocêdiz:"Posso aprender alguma coisa de você. Suasidéias são importantes para mim. Interesso-meno que você tem para dizer."

Ouvindo ativamente. O ato de ouvir de ma-neira deliberada é a capacidade de processar a in-formação, de analisá-Ia,de recordar-se dela numaocasião posterior, e de extrair dela suas própriasconclusões; porém, o ato de "ouvir ativamente"consegue, em primeiro lugar, "escutar" os senti-mentos da pessoa que está falando, e em segun-do lugar,processar a informação. Ambas as técni-cas de ouvir - a deliberada e a ativa - são habili-dades necessárias na comunicação eficaz,porém,ouvir com sentimento é muito mais importantedentro do casamento.

A técnica ativa de ouvir é particularmenteútil, quando você percebe que seu cônjuge estáenfrentando um problema - nervosismo, res-sentimento, solidão, desânimo, frustração, má-goa. É provável que sua primeira reação a taissentimentos seja negativa. Poderá querer argu-mentar, defender-se, recuar ou brigar. Mas ou-vindo ativamente, você capta o que foi dito eentão expõe, sob outro prisma, qual supõe sero sentimento, e não o que foi dito, em si.

Carlos: "O novo administrador, João Silvério,me põe maluco. Implica com as mínimas coisas ..Está sempre no meu pé. Não sei quanto tempovou conseguir suportar aquele camarada."

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VOCÊ ESTÁ ME OUVINDO?

Helena, usando a técnica ativa de ouvir, diz:"Você quer dizer que é muito difícil trabalharcom o João Silvério, não é?" ou "É muito difícilmesmo trabalhar com alguém que fica apo-quentando a gente o tempo todo." Essas respos-tas permitem que Carlos se sinta compreendi-do quanto às dificuldades que enfrenta no tra-balho. Ele carecia de alguém com quem abrir-seacerca deste problema, e agora sente-se livrepara contar a história toda. Helena ouve com asvariações adequadas de uma ouvinte ativa, etambém emprega expressões que ajudam aabrir portas, e desta maneira converte-se na ou-vinte ideal. Algumas vezes é preciso que se dêuma cutucadinha, a fim de descobrir a verda-deira emoção por trás das palavras. Quandovocê achar ter compreendido a mensagem, re-pita o que foi dito para certificar-se de que nãohouve qualquer mal-entendido.

Quando joana diz:"Estou morrendo de cansa-ço" .joão poderia dizer: "Pare de dizer que estácansada e tome algumas vitaminas." ou "Vocêsempre está cansada a esta hora da noite quandopensa que quero algo mais que apenas um beijode boa-noite:' Porém, sendo ouvinte ativo, Joãodiria:"Você está mesmo mal, hein? Alguma razãoespecial?" Esta pergunta abre as portas para quejoana busque sua compreensão quanto a certosproblemas que teve com as crianças, ou a discus-são com uma vizinha, ou preocupações com asaúde da mãe. Agora ela sabe que João se interes-sa por suas atividades e problemas do dia-a-dia.Torna-seêhe mais fácil dizer algo mais, aprofun-dar-se no problema, e desenvolver seus pensa-mentos. Cuidado: Uma vez que pensamentos pri-vados são expostos, é necessário resistir ao dese-jo de dar conselhos, criticar, culpar ou julgar.Estenão é o momento apropriado.

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VOCÊ ESTÁ ME OUVINDO?Regras Para Ouvir com Eficácia

Talvezvocê seja um ouvinte desatento. Não bas-ta decidir escutar com atenção. É necessário quevocê se discipline e que se comprometa consigomesmo a melhorar essa habilidade. Aqui estão seismaneiras pelas quais poderá praticar a arte de ou-vir,analisando os sentimentos, numa base diária.

1. Olhe seu cônjuge nos olhos e dedique-lhetoda a sua atenção. (Desligue a televisão ouabaixe o jornal.)

2. Sente-se de maneira a demonstrar interes-se. Por alguns minutos, aja como se não houves-se nada mais importante no mundo a não serouvir o que seu cônjuge tem a dizer. Bloqueiequalquer distração de sua mente. Incline-separa a frente em sua cadeira. ,

3.Aja com interesse acerca do que esta paraouvir. Erga as sobrancelhas, confirme com a ca-beça, sorria, ou dê uma boa risada quando forapropriado.

4. Faça comentários que demonstrem con-cordância, interesse e compreensão. Seu cônju-ge precisa saber que você entende as idéiasque ele está apresentando. Ponha-se no lugardele, imaginando as cenas que ele descreve.

5. Faça perguntas apropriadas e bem formu-ladas. Encoraje-o com perguntas que demons-trem seu interesse.

6. Ouça um pouco mais. Permaneça aindauns trinta segundos atento(a), como que espe-rando que ele(a) diga mais alguma coisa.

Você tem algum problema de comunícaçãoõDurante a próxima semana focalize sua aten-ção, não nos defeitos de seu cônjuge, mas nosseus próprios. Precaver-se é apenas o primeiropasso. A seguir, ponha-se a corrigir o problema.E por fim, siga adiante, numa tentativa de supe~rar seu grau de comunicação com seus queri-

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dos. Se você não tiver certeza se existe algumproblema, pergunte ao seu cônjuge o que elenão gosta em sua maneira de ouvir ou falar.

Solucionando ConflitosÉ inevitável que haja conflitos no casamento.

Marido e mulher vêem as coisas sob ângulos di-ferentes, e o casamento seria algo muito semgraça se não fosse assim. No entanto, as diferen-ças podem provocar discórdias, e estas, por suavez, podem provocar conflitos que são capazesde suscitar estados emocionais altamente frus-trantes.

Com freqüência os casais encaram os confli-tos com certo temor, crendo que são motivo deameaça ao seu relacionamento. Este conceitoerrôneo leva alguns a evitarem os conflitos pormeio de teimosa recusa em reconhecer sua pre-sença, fugindo deles, e forçando os sentimentosno sentido de não permitir que venham à tona.Ignorá-Ios,porém, não os soluciona. Na verdade,algumas vezes surgem sérios problemas quandoos sentimentos não são liberados. Algumas re-gras simples podem levar a uma solução cons-trutiva dos problemas.

1. Escolha o momento e lugar mais apropria-dos. É melhor que os conflitos sejam resolvidosassim que surgem. Porém, se um dos dois estázangado demais ou revela uma atitude irrazoá-vel, é melhor que a discussão seja adiada. Contu-do, não a adie por muito tempo. Se seu cônjugenão voltar a tocar no assunto, seria conveniente,então, q& você tomasse a iniciativa. Não permi-ta interrupções desnecessárias durante a discus-são. Se achar conveniente, tire o telefone do gan-cho e·não atenda a campainha. Se as criançasnão estiverem fazendo parte da discussão, expli-que-lhes que estão tentando resolver uma im-

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portante questão, e peça-lhes que não os inter-rompam. Se forem capazes de tratar do proble-ma de maneira construtiva, não há nada de erra-do em permitir que elas estejam presentes ob-servando e, desta forma, aprendendo métodossadios de lidar com desentendimentos.

Evitem discutir questões importantes tardeda noite. As decisões tomadas a essa hora, quan-do o corpo está fisica, mental e espiritualmentecansado, podem ser motivadas pelo nervosis-mo, e não pela razão. O melhor plano seria dei-tar-se na hora costumeira e deixar a discussãopara a manhã seguinte, quando o casal poderálevantar-se uma hora mais cedo. Muitas famíliasbem organizadas dedicam uma noite por sema-na para tratar de suas queixas. Isto elimina aconversação desagradável durante as refeiçõese em outras ocasiões inadequadas, ao mesmotempo que permite o estudo de situações antesque estas escapem ao controle.

2. Seja direto. Esclareça seus sentimentosaberta e respeitosamente, usando as mensagenspessoais (eu). Fale direta, clara e resumidamen-te, sem deixar-se levar pela ira. Inclua razõesque apóiem sua opinião. Explique como achaque o problema pode ser resolvido e o que estáem jogo. Fale da maneira mais calma e contro-lada possível, baixando o volume da voz.

3. Fique dentro do assunto. Apegue-se aoproblema até que esteja resolvido. Quanto maisproblemas forem trazidos à tona de uma só vez,tanto menor a probabilidade de solucionarqualquer um deles. Estabeleça uma regra queevite que problemas adicionais sejam trazidos àbaila, antes de ter solucionado o primeiro.

4. Demonstre respeito. É provável que vocênão concorde com a posição de seu cônjuge, e seoponha terminantemente a ela. Entretanto, ainda

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pode respeitar seu direito de ter suas própriasopiniões. Certas coisas jamais devem ser feitasnuma discussão amadurecida, como por exemploinsultos, ameaças de divórcio ou suicídio,observa-ções ferinas a respeito dos sogros ou parentes,emprego de expressões que diminuam a aparên-cia ou inteligência do cônjuge, violência fisica,gri-tos ou interrupções. Palavrasditas com ira não po-derão ser apagadas, e não há nada que possa des-fazer seu efeito. Fale e ouça com respeito.

5. Faça uma lista das soluções possíveis.Quando os sentimentos tiverem sido descritosaberta e construtivamente, será mais fácil en-tender as questões em jogo e apresentar alter-nativas razoáveis. Analise toda solução possível,mesmo que pareça pouco prática, pois do con-junto surgirá uma solução defmitiva.

6. Avalie as soluções. Uma vez que todo tipode informação disponível tenha sido analisado,ambos poderão fazer uma escolha inteligentedo procedimento mais conveniente para en-contrar a solução.

7. Escolha a solução mais aceitável. Dedi-quem-se a escolher a solução que mais se apro-xime da necessidade dos dois ou daquele quese sente mais ofendido. Esta escolha poderá seruma boa medida de negociação e compromis-so. Nesta batalha não deve haver vencedor, poisonde há um vencedor, há também um perde-dor, e ninguém gosta de perder. A solução podeser possível quando um dos cônjuges cede vo-luntariamente, ou ambos chegam a um acordocomum, ~u um deles cede ante as exigênciasdo outro. Será necessário cuidar para que nãoseja um dos cônjuges só que ceda todas as ve-zes. Para haver um conflito é necessário quehaja duas. pessoas, e para solucíoná-lo deve serda mesma maneira. Ceder diante de outra pes-

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soa durante um conflito, requer verdadeira ma-turidade, porque na verdade você está admitin-do que sua análise da situação estava errada eque agora está pronto para mudar de idéia.

8. Ponha sua decisão em prática. Decidamquem vai fazer o que, onde e quando. Uma vezque ambos tenham tomado uma decisão, lem-brem-se de que, com freqüência, duas pessoasvêem o acordo de maneiras diferentes. Quandoisto acontece tente anotar as especificaçõesnum caderno separado para este fim, que deve-rá ser' assinado por ambos. Esta técnica tambémsurte bom efeito quando empregada com crian-ças, especialmente com adolescentes.

Unicamente as negociações amistosas po-dem solucionar alguns conflitos. Com freqüên-cia, se um cede, o outro fica ressentido e demau humor pelo resto do dia, recusando-se aconversar, dormindo pouco, e prolongando adiscussão até o dia seguinte. O outro cônjuge j

pode ser igualmente teimoso. Cada um acha,que seu próprio ponto de vista estava certo. j

Mas interessa, realmente saber quem está certoe quem está errado? O cônjuge que se preocu-,pa com o outro deveria ter condições de resol-ver a situação com base na importância quecada um atribui às necessidades do outro nessemomento. É mais fácil encontrar uma solução.quando ambos os cônjuges estão dispostos aver o problema do ponto de vista do outro.

Quando seu Cônjuge Quebra as Regras! I

Por mais que se procure evitar as discussões, 'uma ou outra vez será impossível conseguiristo. No entanto, é possível preveni-Ias seguin-do uma simples fórmula: Em vez de retrucar-,com palavras que oCa) levem diretamente aofragor da batalha, decida-se a não argumentar. '

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Se seu marido interpretar um pedido perfei-tamente lógico de sua parte, como uma ofensaà sua pessoa, decida-se a não argumentar, masafirme calma e sensatamente: "Sinto muito queo que disse lhe tenha dado essa impressão. Oque eu quis dizer, era que ... "

Se seu cônjuge tem um jeitinho especial deser sarcástico, diga-lhe c1aramente:"Fico magoa-do(a) ao ouvir esse tipo de observações a meurespeito. Eu sei que faço coisas que ora) ma-goam também, mas vamos tentar evitar essasafirmações no futuro."

Se você vive com um marido que está sem-pre encontrando defeitos em tudo que faz, nãotente defender-se. Ao invés disto, tome notados "pecados" que ele enumera. Assim que eleterminar com as acusações, diga algo mais oumenos assim: "Tudo bem. Voltemos agora aoprimeiro ponto que você mencionou. Se eu es-tiver realmente em falta nesse aspecto, estoudisposta a conversar sobre o assunto. Mas tam-bém pedirei que discuta comigo os seus erros.". Quando um cônjuge comete um exagero ri-

dículo como este: "Você nunca chega cedo emcasa", ao invés de corrigir a afirmativa, tente:"Sei que isto chateia você e que parece estaracontecendo com demasiada freqüência. Maseu vou tentar evitar que isto se repita."

Se seu marido quebra o acordo de não gritarcom você porque você gastou demais nas com-pras, vigie sua resposta irritadíça e diga-lhe queele tem ra~o neste ponto, e que você tentará sermais economica da próxima vez.Então,numa ou-tra hora, quando ele já tiver se acalmado,apresen-te-lhe o assunto do orçamento familiar,e procurechegar a um acordo que satisfaça a ambos., A agressão de maneira irracional pode destruir

um relacionamento; porém, quando seu cônjuge27

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se esquece e quebra as regras, você pode apren-der a manter-se sensatota), Decida-se a não argu-mentar, mas enfrente o outro quieta e calmamen-te, mantendo-se dentro da realidade da situação.Expresse seus pensamentos, sentimentos e con-vicções, mantendo sua agressividade sob contro-le. Quando você se decidir a não discutir, e a res-ponder com modos sensatos, corteses e cheios detato, terá então condições de evitar muitas discus-sões e argumentos em potencial.

Comunicação ÍntimaAté aqui este livro apresentou as melhores

técnicas na arte de falar, ouvir e lidar com con-flitos. Mas ainda é possível que depois de seguircorretamente todas essas sugestões, você conti-nue desconhecendo seu cônjuge. A verdade éque muitos casais deixam de desfrutar de umconhecimento mais aprofundado um do outro,devido ao excesso de cautela em compartilharseus sentimentos mais íntimos.

Estudos revelam que a comunicação atíngeseu auge entre os casais durante o primeiro anodo casamento, tempo em que o casal exploraseus sentimentos íntimos e estabelece seus al-vos para o futuro. Entretanto, com a chegadados filhos, as coisas mudam e a atenção é desvia!da do esposo e da esposa para o lar e as críanlças. O romance do início esfria e o relaciona;mento assume um aspecto de sociedade comer-ciaI. A conversação gira em torno dos proble-mas financeiros, da encrenca que o joãozínlroarranjou na escola e das notas baixas de Susanai

Nesse meio-tempo, marido e mulher estívetram em busca de interesses diferentes. Ele, €X-pandindo seus negócios e protegendo o futuro-da família.Ela,por sua vez, tendo sua vida centra-lizada no lar,nas crianças e em seus passatempos

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favoritos. Em alguns anos as crianças deixam oninho, e o casal, agora já de meia-idade, acabadescobrindo que não construiu uma base sólidapara uma comunicação mais profunda.

Grande é o número de casais que partilhame comunicam, mas apenas coisas puramente su-perficiais - seu trabalho, seu carro, a casa, ascrianças, a igreja. Era assim que vocês se comu-nicavam no tempo do namoro e do noivado?Duvido. Tudo o que queriam era estar juntos econversar um com o outro. Pouco importava oque estivessem fazendo, desde que pudessemestar juntos. As palavas eu, você, nós, conosco,eram constantes em sua conversação. Não sepreocupavam tanto com coisas, quanto em seconhecerem um ao outro.

Durante todos os estágios da vida matrimo-nial, o casal precisa de métodos pelos quaispossa estar em íntimo contato, e manter conta-to com os sentimentos um do outro. Talvezvocê esteja ciente de que sua comunicaçãoconsiste mormente de troca de idéias, concei-tos e esperanças para o futuro, mas pouco co-nhece os sentimentos íntimos de seu cônjuge.

A "conversação recíproca" é um plano peloqual os casais podem recuperar a intimidàdeperdida ou esquecida com o passar do tempo.Neste programa, podem escolher um tema paraconversação. Os assuntos são inúmeros, masapresentamos aqui algumas sugestões: Minhamaior necessidade emocional é ... ; A melhormaneira 1r você satisfazer minha necessidadede amor e ; O que sinto acerca de nossas fi-nanças é ; O que eu gostaria de fazer commeu tempo livre é ... ;O que sinto quanto à edu-eação de nossos filhos ... ; O momento mais fe-liz de minha vida com você, foi quando ... ;Gos-to de você porque ....

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o mais importante aqui não é o assunto, maso fato de partilharem os sentimentos nele en-volvidos. Decidido o tema, reflitam e tirem ape-nas dez minutos para porem seus pensamentosnuma folha de papel. Esta é a parte mais difícildo método, porém, essencial, caso haja real in-teresse de que a conversação recíproca funcio-ne. Várias são as vantagens existentes neste sis-tema. Permite que examinemos nossos pensa-mentos e assim prestemos mais atenção ao'queestamos dizendo. Também modera nossas pala-vras, permitindo que as corrijamos se houvernecessidade. '

Não importa o estilo.Não se preocupe se seuspensamentos parecem insignificantes ou desco- 'nexos. O importante é pôr seus sentimentos no}papel. Descreva-os, buscando sentimentos que';não havia notado antes. Penetre profundamente':em si mesmo e descreva o que existe lá dentro ~de você até o último detalhe. O objetivo é ajudar .seu cônjuge a saber,por experiência, como você"se sente; é ajudâ-lo a ver e compreender corno 'você vê e compreende; é ajudá-lo a tornar-se, por!~algum tempo, uma parte de você.

Separe um tempo durante o dia, quando pos~··sam estar a sós, e partilhem o que escreveram.'sendo que a leitura deve ser silenciosa. Após à: Iprimeira leitura, que ora) leva ao conhecírnen I

to dos fatos, leia novamente em busca dos seri-;timentos. Absorva todas as emoções e senti i

mentos ocultos que foram expressos. Esposa:"tente sentir como ele sente. Marido, encare 0~:1fatos como sua esposa os vê e compreenda GIâ.: Imesma forma que ela compreende. lt:':

Continuando, responda ao que foi escrito.':Peça ao seu cônjuge que lhe diga mais acerc-á'de como se sente. Descreva-lhe a idéia que'você fazia de seus sentimentos, e alimente ma-"

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neiras pelas quais ele/a) possa continuar se ex-pressando. Sente-se tão perto quanto possívelde seu cônjuge, para que possam experimentarda maneira mais nítida possível os sentimentosum do outro. Preste atenção às expressões fa-ciais, .lágrimas, mãos suadas ou frias, ou aosgestos. Uma coisa é ver uma lágrima rolar dosolhos de seu cônjuge, outra é senti-ia cair. Co-munique-se através do tato ..

Pratiquem a comunicação recíproca diaria-mente. A princípio isto parecerá apenas maisum trabalho acrescentado ao dia já cheio deatividades. No entanto, diariamente, é a pala-vra-chave, pois não é o ato de heroísmo prati-cado uma vez na vida que deve ser levado emconta, mas as ações praticadas dia a dia.A per-feita interpretação de um músico concertista éo resultado de prática diária. O patinador degelo, o ginasta, ou qualquer pessoa que faz umtrabalho bem feito, deve seu sucesso à prática.Semelhantemente o casal que pratica a conver-sação recíproca, colherá grandes recompensasdo seu relacionamento.

Embora este livro tenha focalizado a comu-nicação entre marido e mulher, ele não seriacompleto se não mencionássemos a comuni-cação com Deus. Marido, mulher e Deus for-mam um triângulo sagrado. Se a comunica-ção entre marido e mulher é interrompida,seu relacionamento com Deus também é afe-tado. Se houver interferência na comunica-ção com o' Céu, a comunicação entre o casaltambém ~ofrerá interrupção. Alguém dissecom muito acerto: "Uma pessoa não pode sergenuinamente aberta para com Deus, e fecha-da ,para com seu cônjuge." Quando a linha decomunicação está em perfeitas condições defuncionamento, Deus tem maiores condições

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de cumprir Seu propósito para com o maridoe a mulher.

Não há experiência no campo da comunica-ção que torne um casamento perfeito ou que.crie receptividade e respeito, onde essas quali-dades não estavam previamente presentes. Po-rém, a comunicação honesta alivia tensões emo-cionais, esclarece pensamentos e provê uma vál-vula de escape para as pressões diárias. Ela dácondições para um casal lutar junto por umideal comum, e prepara o caminho para que seestabeleça um relacionamento verdadeiramenteíntimo entre o marido, a mulher e Deus.

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