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VIVIANE CRISTINA MELLO ANDARI “Testes genéticos não invasivos no pré-natal: benefícios e limitações dos exames disponíveis” Dissertação apresentada ao Curso de Pós Graduação da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo para obtenção do Titulo de Mestra em Ciências da Saúde. SÃO PAULO 2015

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VIVIANE CRISTINA MELLO ANDARI

“Testes genéticos não invasivos no pré-natal: benefícios e limitações dos exames disponíveis”

Dissertação apresentada ao Curso de Pós Graduação da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo para obtenção do Titulo de Mestra em Ciências da Saúde.

SÃO PAULO

2015

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VIVIANE CRISTINA MELLO ANDARI

“Testes genéticos não invasivos no pré-natal: benefícios e limitações dos exames disponíveis”

Dissertação apresentada ao Curso de Pós Graduação da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo para obtenção do Titulo de Mestra em Ciências da Saúde.

Área de Concentração: Ciências da Saúde

Orientador: Prof. Dr. Tsutomu Aoki

Co-orientador: Prof. Dr. Luiz Claudio de Silva Bussamra

SÃO PAULO

2015

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Dedico este trabalho

À minha amada Vó Tude, que agora nos abençoa do céu.

Saudades.

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Agradecimentos

− À Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo e à Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo pela oportunidade oferecida.

− Ao Serviço de Medicina Fetal da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, por fornecer o apoio necessário para a realização deste trabalho.

− À CAPES pelo apoio financeiro.

− Ao meu orientador, Prof. Dr. Tsutomu Aoki, pela oportunidade e confiança.

− Ao meu co-orientador, Prof. Dr. Luiz Claudio de Silva Bussamra, pelo acolhimento e incentivo.

− Às queridas, Dra. Carolina Chaddud e Dra. Giselle Darahem Tedesco, pela amizade e companheirismo.

− Aos meus amados marido e filho, Reinaldo Jr. e João, por me darem força com apenas um sorriso.

− Aos meus pais, Gabriel e Fátima, por incentivarem os meus sonhos.

− À minha irmã, Tissiane, por me mostrar que na vida a gente tem escolhas e que a superação é uma delas.

− Aos meus sogros, Wanda e Reinaldo, pelo apoio e torcida

− À minha família, pelo amor e união.

− Aos meus grandes amigos, Verena e Antônio, pelo carinho e cuidado.

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Abreviaturas e Símbolos

A/T/C/G – Bases nitrogenadas Adenina/Timina/Citosina/Guanina aCGH – Array-Comparative Genomic Hybridization ACOG - American College of Obstetricians and Gynecologysts BVC – Biópsia de Vilo Corial CAP - College of American Pathologists

cffDNA - Circulating free fetal DNA CLIA - Clinical Laboratory Improvement Amendments CNV - Copy Number Variations DANSR - Digital Analysis of Selected Regions DHRN – Doença Hemolítica do Recém-Nascido DM - Distrofia Miotônica DNA - Ácido desoxirribonucleico DR – taxa de detecção EDTA - Ethylenediamine Tetraacetic Acid FC - Fibrose Cística FISH - Fluorescent in situ hybridization FORTE - Fetal Fraction Optimized Risk of Trisomy Evaluation FPV – Valor Falso-Positivo HAC - Hiperplasia Adrenal Congênita

ISPD - Internacional Society for Prenatal Diagnosis MLPA – Multiplex Ligation Probe-dependent Amplification mRNA - RNA mensageiro NATUS - Next-generation Aneuploidy Test Using SNPs NGS - Next Generation Sequencing NIPT – Noninvasive prenatal testing PAPP-A - Proteina-A plasmática associada a gestação pb - Pares de base PCR - Polymerase chain reaction PPT - Plasma Preparation Tubes PS - Parental Support Q-PCR - PCR quantitativa fluorescente

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RFLP – Restriction Fragment Length Polymorphism RMD - Relative Mutation Dosage RNA - Ácido ribonucleico RT-PCR – Real time PCR SMFM - Society of Maternal-Fetal Medicine

s-MPS - Shotgun Massively Parallel Sequencing SNP - Single Nucleotide Polymorphisms SRY - Gene STR - Short Tandem Repeat t-MPS - Target Massively Parallel Sequencing TN - Translucência Nucal WGA - Wole Genomic Amplification WGS – Whole Genome Sequencing β-HCG - β-gonadotrofina coriônica humana

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Sumário

1.   Introdução ............................................................................................................................ 1  

2.   Objetivos .............................................................................................................................. 7  

2.1.   Objetivo geral:  ..........................................................................................................................  7  

2.2.   Objetivos específicos:  .............................................................................................................  7  

3.   Método ................................................................................................................................. 8  

3.1.   Desenho do estudo  ..................................................................................................................  8  

3.2.   Fonte de busca do estudo  ......................................................................................................  8  

3.3.   Período de busca  .....................................................................................................................  8  

4.   Resultados ........................................................................................................................... 9  

4.1.   Testes genéticos aplicados ao pré-natal: benefícios e limitações dos exames invasivos convencionais .......................................................................................................... 9  4.2.   Células intactas e ácidos nucléicos livres fetais como recursos para os testes genéticos não invasivos no pré-natal ..................................................................................... 12  4.3.   Ferramentas que contornar a baixa concentração de DNA fetal livre no sangue materno .................................................................................................................................. 15  4.4.   Aplicação dos testes genéticos pré-natais não invasivos ............................................ 17  

4.4.1.Determinação do sexo fetal ................................................................................ 17

4.4.2.Fenotipagem do Gene RHD fetal ....................................................................... 19

4.4.3.Doenças Monogênicas ....................................................................................... 21

4.4.4.Teste de Paternidade ......................................................................................... 24

4.4.5.Aneuploidias ....................................................................................................... 25

4.4.6.Sequenciamento Genômico Total ...................................................................... 36

5.   Discussão .......................................................................................................................... 39  

5.1.   Benefícios e limitações das técnicas s-MPS, t-MPS e SNP  ............................................  41  

5.2.   Desempenho dos métodos s-MPS, t-MPS e SNP na detecção de alterações cromossômicas  ..................................................................................................................................  43  

5.3.   Fatores que influenciam a falha de resultados dos NIPT  .................................................  45  

5.4. O Futuro dos testes genéticos pré-natais não invasivos  ..................................................  48  

6.   Conclusões ........................................................................................................................ 52  

7.   Referências Bibliográficas ............................................................................................... 53  

Resumo ...................................................................................................................................... 69

Abstract .....................................................................................................................................70  

Anexos ....................................................................................................................................... 71  

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1. Introdução

O termo “diagnóstico pré-natal” abrange todas as modalidades de

análises destinadas a obter informações acerca do embrião ou feto (Benn,

2002). Os procedimentos pré-natais, de forma geral, possibilitam a detecção

de alterações fetais; fornecem informação a casais com risco de gerar filhos

com alguma anormalidade; permitem o planejamento adequado do parto;

facilitam o acesso a cuidados neonatais específicos; e permitem, dependendo

do caso, o tratamento pré-natal de uma criança afetada por uma doença

específica (Dhallan et al., 2004).

Considera-se que entre 10-15% das gestações reconhecidas

clinicamente terminam em abortos espontâneos e estima-se que esse índice

possa chegar a 50% se consideradas todas as concepções (Zinaman et al.,

1996). O motivo mais frequente para as perdas gestacionais é a ocorrência de

alterações cromossômicas no feto, que podem ser a causa de mais de 80%

dos casos de abortos espontâneos (Choi et al., 2014). Em um estudo brasileiro

de 2002, Barini e colaboradores encontraram a frequência de 9,1% de

anomalias citogenéticas em fetos com alterações morfológicas à

ultrassonografia. As alterações cromossômicas são ainda as causas de 15%

das anomalias congênitas diagnosticadas antes do primeiro ano de vida

(Wellesley et al., 2012).

As anormalidades cromossômicas mais comuns são as aneuploidias,

definidas como alterações no número dos cromossomos (Sayres e Cho, 2011).

Entre elas, as mais frequentes são: trissomias dos cromossomos 21 (síndrome

de Down) – 53%; 18 (síndrome de Edward) – 13%; 13 (síndrome de Patau) –

5%; monossomia do cromossomo X (síndrome de Turner) – 8%; e trissomia

dos cromossomos sexuais (XXX – triplo X; XXY – síndrome de Klinefelter; XYY

– síndrome de Jacob’s) – 4% (Wellesley et al., 2012).

Há algumas décadas, testemunha-se uma série de avanços no

rastreamento de gestações aneuplóides, particularmente na identificação da

síndrome de Down. O primeiro método de rastreamento do risco para

anomalias cromossômicas fetais, introduzido no início dos anos 70, baseava-se

somente na idade materna avançada, definida como sendo superior a 35 anos.

Nessa época, o grupo considerado de risco abrangia 5% da população de

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gestantes, englobava 30% das gestações de fetos com a Síndrome de Down e

apenas 2% daquelas submetidas aos diagnósticos invasivos apresentavam

resultado alterado (Nicolaides, 2011; Driscoll e Gross, 2009)

Na década seguinte, combinou-se a concentração de vários produtos

feto-placentários durante o segundo trimestre de gestação – na forma de testes

duplos, triplos e quádruplos – com a idade materna avançada, aumentando

significativamente a performance do rastreamento para aneuploidias. A triagem

sérica materna (teste QUAD) envolve a medida dos níveis de quatro

marcadores bioquímicos na corrente sanguínea da gestante: α-fetoproteína, β-HCG (β-gonadotrofina coriônica humana), estriol não-conjugado e inibina-A, e

fornece o cálculo ajustado do risco de um feto ser aneuploide associado à

idade da mãe, com uma taxa de detecção de 80% para as trissomias dos

cromossomos 21 e 18 e 5% de taxa de falso-positivo (Wald et al., 1996).

Nos anos 90, introduziu-se o rastreamento da Síndrome de Down pela

combinação da idade materna com a medida sonográfica da TN (translucência

nucal) durante o primeiro trimestre de gestação. Esta ferramenta mostrou-se

eficaz na identificação de 75-80% dos fetos alterados cromossomicamente,

para uma taxa de resultado falso positivo de aproximadamente 5% (Nicolaides,

2004).

Na sequência, os parâmetros idade materna e medida da TN foram

associados ao teste bioquímico de dois analitos maternos - a β-hCG (β-

gonadotrofina coriônica humana) e a PAPP-A (proteína-A plasmática associada

a gestação) na forma de testes combinados para a triagem efetiva da trissomia

do 21 durante o primeiro trimestre de gestação. Baseado nesses resultados a

paciente passou a ter acesso ao valor de risco ajustado de carregar um feto

aneuploide, com uma taxa de detecção de 90% para a síndrome de Down e

mais de 80% para a síndrome de Edward, com um índice de screening falso-

positivo de 5% (Kagan et al., 2008). A inclusão de parâmetros adicionais, como

a medida do osso nasal, ângulo facial, acesso ao Doppler da válvula tricúspide

e ducto venoso, permite que as taxas de identificação da trissomia do 21 sejam

elevadas para 95% com a redução simultânea da taxa de screening falso-

positivo para 2% (Nicolaides, 2007).

Atualmente, o “padrão ouro” para o diagnóstico pré-natal para

aneuploidias é fornecido pela técnica de cariótipo, que possui acurácia elevada,

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mas é dependente de procedimentos invasivos de coleta de amostras de

material fetal diretamente do útero materno, por meio da biópsia de vilo corial

(BVC) durante o primeiro trimestre de gestação ou da coleta de líquido

amniótico, no segundo trimestre. Por serem invasivas, essas ferramentas

carregam risco de 0,5%-1,0% de perda da gestação (Tabor e Alfirevic, 2010).

O interesse no desenvolvimento de ferramentas que possibilitassem o

acesso ao material fetal propriamente dito, sem a necessidade de interferência

à saúde do feto e da mãe por procedimentos invasivos foi impulsionado a partir

de 1969, quando ficou conhecido que células fetais íntegras atravessavam a

barreira placentária e podiam ser encontradas na corrente sanguínea materna

(Walknowska et al., 1969). Em 1997, Lo e colaboradores demonstraram a

presença de cffDNA (DNA fetal livre, do inglês cell free fetal DNA) originário do

cromossomo Y no plasma e soro de gestantes que carregavam fetos

masculinos e estimularam ainda mais o desenvolvimento dessas metodologias

como um atrativo recurso de diagnóstico pré-natal não invasivo (Bianchi, 1999;

Lo et al., 1998a, Chan et al., 2004).

A partir de então, muitos trabalhos sobre a utilização do recurso de

material fetal disponível na circulação materna foram publicados em diversas

áreas do diagnóstico pré-natal não invasivo, visando sempre a sua aplicação

no âmbito clínico, a fim de minimizar os riscos e a necessidade dos

procedimentos invasivos. Inicialmente, os esforços se focaram nas pesquisas

sobre a determinação do sexo fetal e na genotipagem do gene RHD e

resultaram em exames hoje oferecidos por laboratórios acadêmicos e

particulares de muitos países, inclusive do Brasil (Martinhago et al., 2006

Newson, 2008; Hill et al., 2011). Paralelamente, explorou-se a diferenciação da

informação genética fetal na solução e diagnósticos de doenças monogênicas

(Amicucci et al., 2000; Gonzalez-Gonzalez et al., 2003; Lim et al., 2010; Gu et

al., 2014). Outra aplicação dos testes pré-natais não invasivos foi a

possibilidade da exclusão da paternidade por meio do sangue materno, uma

abordagem amplamente investigada que culminou na disponibilização clínica

global dos testes de paternidade com acurácia superior a 99% por empresas

norte-americanas (Ryan et al., 2013).

Desde a demonstração da presença dos ácidos nucléicos, DNA e RNA

(Lo et al., 1997; Lo et al., 1998b) fetais livres no sangue materno observa-se o

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desenvolvimento de uma série de ferramentas sofisticadas de implementação

de diagnóstico fetal não invasivo com o intuito de tornar disponível um método

eficaz, seguro e acessível para o diagnóstico das principais cromossomopatias,

principalmente da síndrome de Down (Lo, 2012). Em 2011, foi apresentado o

primeiro NIPT (Noninvasive prenatal testing) para triagem de aneuploidias para

uso clínico (Palomaki et al., 2011). No ano seguinte, mais três empresas norte-

americanas entraram nesse mercado (Bianchi et al., 2012; Nicolaides et al.,

2012; Zimmermann et al., 2012). Cada teste utiliza uma ferramenta

metodológica diferente. Em alguns casos o s-MPS (Shotgun Massively Parallel

Sequencing) é a metodologia de sequenciamento escolhida, enquanto que o t-

MPS (Targeted Massively Parallel Sequencing) ou o sequenciamento por SNP

(Single Nucleotide Polymorphisms) é utilizado por outras. Além disso, cada

instituição utiliza um algoritmo exclusivo e patenteado para interpretação dos

dados genéticos. Embora a tecnologia exata possa variar, as implicações para

a prática clínica são as mesmas; ou seja, são todos testes de triagem

realizados por meio da análise do DNA fetal livre em amostras de sangue

materno. As taxas de detecção e valores de resultados falso-positivos

alcançados por cada empresa são diferentes, assim como a quantidade de

aneuploidias cromossômicas disponibilizadas por cada teste (Norwitz e Levy,

2013).

A evolução tecnológica que o NIPT passou até chegar ao advento da

aplicação clínica dos testes para aneuploidias gerou um grande avanço

também na possibilidade de detecção de outras anormalidades genéticas,

como doenças monogênicas, mutações de novo, microdeleções e

microduplicações, menos frequentes e não restritas à variação no número de

cópias cromossômicas (Jensen et al., 2012; Lo et al., 2010). O sequenciamento

genômico total, WGS (Whole Genome Sequencing), aplicado ao diagnostico

pré-natal não invasivo surgiu da necessidade de ampliar o volume e o âmbito

das informações genéticas pré-natais. E hoje, apesar de envolver a

necessidade de abordagens éticas, é visto como o futuro do NIPT (Chen et al.,

2013).

Existem comissões internacionais que orientam e regulamentam as

condições para a implementação dos testes pré-natais não invasivos. Desde

2007, o ACOG (American College of Obstetricians and Gynecologystis)

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recomenda que sejam oferecidos os exames de triagem pré-natal para

aneuploidias para todas as mulheres grávidas (ACOG, 2007). Em 2012, diante

das novas propostas de NIPT para aneuploidias, o ACOG sugeriu que esses

exames fossem oferecidos à população de mulheres grávidas consideradas de

alto-risco e as definiu como sendo aquelas nas quais existe maior chance de

ser gerado um feto com anormalidades genética, ou seja: quando envolve

gestantes com a idade ≥35 anos; quando for constatado risco para aneuploidia

por ultrassom; quando houver uma gestação prévia com caso de alteração

genética, quando houver resultado positivo para os exames bioquímicos de

triagem pré-natal para aneuploidias; diante do conhecimento de translocação,

inversão ou inserção em um dos pais; ou diante do histórico familiar para

alguma outra doença genética (ACOG, 2012).

Em abril de 2013, o ISPD (Internacional Society for Prenatal Diagnosis)

publicou uma regulamentação compartilhando as condições assinaladas pela

ACOG e também concluiu que, deve ser considerada a condição econômica

local, a possibilidade de acesso ao ultrassom, aos testes invasivos e a recursos

de aconselhamento genético no momento da decisão da utilização das

tecnologias oferecidas por meio do plasma materno (ISPD, 2013).

São considerados cinco os fatores que influenciam o acesso das

pacientes aos NIPT: a disponibilidade de profissionais qualificados para

executar e interpretar os testes; o fornecimento de cuidado pré-natal a tempo

da paciente receber os testes; ser levado em conta o conhecimento e as

preferências de médicos e pacientes; a possibilidade de recursos financeiros; e

a implementação e respeito a políticas regulatórias (ACOG, 2012).

Nas ultimas décadas, acompanha-se algumas mudança no padrão

demográfico das gestantes dos países desenvolvidos. A busca por maior

escolaridade e sucesso profissional, aliados à facilidade de acesso a métodos

seguros de controle de natalidade, avanços tecnológicos na área da

reprodução assistida e uniões mais tardias, aumentaram significativamente o

número de mulheres que optam por postergar a primeira gestação. Nos

Estados Unidos, entre os anos de 1970 e 2000, o índice de nascidos vivos de

mulheres com 35 anos ou mais aumentou de aproximadamente 5% para 13%

de todos os partos (Martin et al., 2002). Segundo o IBGE, no Brasil, passou de

7,95%, em 1996, para 9,55% de todos os nascidos vivos em 2006.

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A gestação em mulheres com 35 anos ou mais está associada ao risco

aumentado de complicações à saúde materna (obesidade e pré-eclâmpsia),

fetal (anormalidades cromossômicas e abortamentos espontâneos) e do

recém-nascido (baixo peso, internação em UTI e óbito neonatal) (Andrade et

al., 2004). Além de muitas vezes envolverem situações de infertilidade. Por

esses fatores, as gestações desse grupo de mulheres possui um valor

diferenciado a medida que a necessidade de obtenção de informações a

respeito da saúde genética do feto por meio de exames invasivos pode gerar

riscos e perdas gestacionais em uma gravidez que pode não ter sido alcançada

ou mantida facilmente, intensificando a demanda por exames pré-natais não

invasivos.

O tema “testes genéticos não invasivo no pré-natal” é atual e promissor.

Passou por um importante marco histórico recentemente, entre os anos 2011 e

2013, quando foi disponibilizado para o uso clínico diferentes NIPT para

aneuploidias e para a exclusão da paternidade, além da publicação de um novo

método generalizado de NIPT, que possibilita o sequenciamento genômico fetal

completo. É um assunto alvo de interesse não apenas das comunidades

científicas e médicas, mas também tem sido explorado pela mídia e procurado

e questionado por pacientes interessadas. Os dados gerados pelo grande

volume de publicações envolvendo esses testes modificaram o cenário global

ao seu respeito e motivaram, mundialmente a atualização e busca por

informação. Deste modo, observou-se a importância e relevância da

compilação dos dados literários, que permitissem abordar a evolução, os

avanços técnicos e metodológicos e as perspectivas futuras a respeito dos

testes genéticos não invasivos no pré-natal.

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2. Objetivos

2.1. Objetivo geral:

Realizar uma revisão narrativa sobre o assunto: diagnóstico pré-natal

não invasivo.

2.2. Objetivos específicos:

1- Explicar as principais técnicas envolvidas nos testes pré-natais não

invasivos disponíveis;

2- Reconhecer os benefícios e limitações das técnicas oferecidas

atualmente;

3- Discutir futuras aplicações para os testes pré-natais não invasivos;

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3. Método

3.1. Desenho do estudo

Trata-se de um estudo de revisão narrativa assistemática da literatura

científica.

3.2. Fonte de busca do estudo

A busca por artigos científicos se deu na fonte PubMed/MEDLINE,

serviço da US National Library of Medicine e do National Institutes of Health

dos Estados Unidos.

3.3. Período de busca

A pesquisa por referências não limitou o período de buscas pela data de

publicação dos artigos.

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4. Resultados

4.1. Testes genéticos aplicados ao pré-natal: benefícios e limitações dos exames invasivos convencionais

Os testes pré-natais são parte dos cuidados obstétricos desenvolvidos

em muitos países da Europa, Estados Unidos, China e Brasil (Chan et al.,

2004). Os procedimentos invasivos para obtenção de material fetal possibilitam

a aplicação das técnicas de diagnósticos genéticos nos casos em que são

constatados riscos potenciais para uma desordem fetal específica (Pertl e

Bianchi, 2001). A Tabela 1 compara os principais testes genéticos pré-natais

invasivos disponíveis.

O cariótipo pré-natal é considerado o “padrão ouro” no diagnóstico de

gestações alteradas. É um procedimento confiável, no qual é feita a análise

cromossômica da cultura das células do feto obtidas por meio da BVC e da

coleta de líquido amniótico. Essa técnica de citogenética convencional tem a

finalidade de identificar alterações numéricas (aneuploidias) e estruturais

(translocações, inversões e grandes duplicações ou deleções) nos

cromossomos do feto. Sua sensibilidade depende do número de células

estabelecidas na cultura e está limitada a resolução óptica dos cromossomos,

ou seja, microdeleções e microduplicações não são detectadas. A acurácia do

diagnóstico por cariótipo de cultura de células obtidas por procedimentos

invasivos está entre 97,5%-99.6% para o BVC e 99,4%-99,8% para a cultura

de líquido amniótico (Hahnermann e Vejerslev, 1997).

A análise cromossômica das células da BVC fornece vantagem uma vez

que permite o diagnóstico fetal precoce durante o primeiro trimestre de

gestação. O resultado do diagnóstico preliminar pode ser obtido em 1-2 dias

com a preparação de uma cultura rápida de células do citotrofoblasto do vilo.

Mas na maioria dos casos, o resultado final é obtido em 7-10 dias após o

crescimento de uma cultura longa de células mesenquimais. A grande

desvantagem desse procedimento está no fato das células do vilo corial se

originarem da trofectoderma e não do feto propriamente dito, o que pode

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ocasionar em 1,0%-2,0% dos casos uma ambiguidade de resultados, no que é

chamado de mosaicismo confinado a placenta (Goldberg e Wohlferd, 1997).

Por esse fato e devido à maior possibilidade de contaminação por células

maternas e pela baixa resolução das bandas cromossômicas, a taxa de erro

inerente a análise de células de BVC é mais elevada se comparada à taxa de

erro do cariótipo de células do líquido amniótico, menor que 0,01%-0,02%, por

isso, mais eficiente no diagnóstico genético pré-natal (Benn et al., 2013).

O FISH (Fluorescent in situ Hybridization) é uma técnica de citogenética

molecular que utiliza sondas cromossômicas com fluorescência específica

capazes de detectar as aneuploidias fetais mais comuns durante o período pré-

natal. O painel de teste pré-natal por FISH normalmente inclui sondas para os

cromossomos 13, 18, 21, X e Y. E o resultado da análise gerada por esse

procedimento para os núcleos interfásicos das células de vilo corial ou

amniócitos estão geralmente disponíveis em 24-48 horas. Em um estudo

multicêntrico, Tepperberg e colaboradores (2001) observaram que a

sensibilidade e a especificidade da detecção pré-natal das aneuploidias mais

Tabela  1.  Comparação  entre  os  exames  genéticos  pré-­‐natais  invasivos.     Cariótipo   FISH   MLPA   Array  

Concordância  com  cariótipo  

Acurácia  97,5-­‐99,8%   99,8%   97,7%   100%  

Abrangência   Todo  genoma   Regiões  específicas  

Regiões  específicas   Todo  genoma  

Aplicação  

Aneuploidia  Triploidia  

Mosaicismo  Alterações  balanceadas  

Aneuploidia  Triloidia  

Mosaicismo  

Aneuploidia  Triploidia  Alterações  

submicros-­‐cópicas  

(duplicações/  deleções)  

a-­‐CGH   SNP  

Aneuploidia  Alterações  submicros-­‐cópicas    

Aneuploidia  Triloidia  

Alterações  submicros-­‐  cópicas  

ou  balanceadas  Dissomia  

uniparental  Consanguinidade  

Limitação  Alterações  submicros-­‐cópicas  

Alterações  submicros-­‐cópicas,  

balanceadas  ou  em  outras  

regiões  

Mosaicismo  Alterações  balanceadas  ou  em  outras  

regiões    

Baixo  nível  de  mosaicismo  

Fontes:  Hahnermann  et  al.,1997;  Goldberg  et  al.,  1997;  Benn  et  al.  2013;  Tepperberg  et  al.,  2001;  Yan  et  a.l,  2011;  Wapner  et  al.,  2012.  

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11    

comuns por FISH era >99,6% e >99.98%, respectivamente. E demonstraram

uma elevada concordância (99.8%) entre os resultados obtidos por meio do

FISH e pelas análises de citogenética padrão. No entanto, alterações

citogenéticas menos comuns (eg, translocações Robertsonianas, inversões,

cromossomos marcadores) não podem ser detectadas por essa técnica,

exigindo que o FISH seja acompanhado de uma avaliação citogenética

completa dentro da rotina de diagnostico pré-natal.

O MLPA (Multiplex Ligation Probe-dependent Amplification) é uma

técnica de biologia molecular em que o DNA avaliado é hibridizado a uma

mistura de sondas de regiões cromossômicas especificas. É uma ferramenta

alternativa de diagnóstico genético pré-natal aplicado, não somente ao

diagnóstico para aneuploidias, mas também é considerada eficiente na

detecção de deleções e duplicações de genes como nos casos de distrofia

muscular de Duchenne, ataxia spinocerebelar tipo 15, na esclerose tuberosa e

malformações cerebrais familiares. Yan e colaboradores (2011) foram capazes

de demonstrar uma concordância de 97.7% entre as técnicas de MLPA e

cariótipo em amostras de líquido amniótico. Trata-se de uma técnica simples e

rápida, que permite a análise de muitas amostras ao mesmo tempo. No

entanto, assim como o FISH, é uma ferramenta de diagnóstico destinada a

uma avaliação específica, sendo mais adequada como um teste de triagem e

que necessita do cariótipo para avaliação do diagnóstico.

Em contraste às limitações ópticas do cariótipo, outras ferramentas

moleculares surgiram para melhorar substancialmente a detecção de

desequilíbrios genéticos submicroscópicos clinicamente significativos. São

elas, as análises cromossômicas por microarray, que podem ser realizadas por

meio dos procedimentos aCGH (Array-Comparative Genomic Hybridization) ou

por SNP array (Single Nucleotide Polymorphism), que em sua essência são

técnicas que interrogam o genoma com milhares de sondas fixadas em um chip

durante um único ensaio experimental. As duas técnicas permitem a detecção

comparativa de desequilíbrios genômicos em variações de números de cópias

(CNV – Copy Number Variations) e fornecem, no caso do SNP array, a

possibilidade do diagnóstico de triploidia, dissomia uniparental, e

consanguinidade; além de permitir a detecção de contaminação por células

maternas. Um recente estudo prospectivo multicêntrico foi capaz de indicar

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100% de concordância entre os procedimentos de análise por microarray e a

análise de citogenética convencional na detecção das aneuploidias mais

comuns. Além disso, o uso do microarray resultou na identificação adicional de

desequilíbrios genômicos clinicamente relevantes em 2,5% dos casos com

cariótipo normal (Wapner et al., 2012). No entanto, a limitação de todas as

plataformas disponíveis de aCGH e SNP array está na identificação das

variações com significância incerta.

4.2. Células intactas e ácidos nucléicos livres fetais como recursos para os testes genéticos não invasivos no pré-natal

Durante as últimas décadas, muitos trabalhos exploraram a

possibilidade de desenvolvimento de métodos de diagnósticos pré-natais não

invasivos (NIPT – noninvasive prenatal testing), permitindo a análise do

material genético fetal por meio da coleta de sangue materno durante o

primeiro trimestre de gestação (Lo, 2008). Durante a gravidez, o sistema

circulatório da mãe e do feto é separado pela membrana placentária. No

entanto, evidências apontaram a existência de tráfego bidirecional pela

interface materno-fetal (Lo et al. 1996). Estudos demonstraram que tanto as

células fetais intactas quanto o cffDNA cruzam a placenta e atingem a

circulação materna (Bianchi et al, 1990; Lo et al., 1997).

A existência de células fetais no sangue materno é conhecida desde

1969 (Walknowska et al., 1969). O isolamento de eritrócitos nucleados fetais

intactos para propósitos de diagnóstico pré-natal foi reportado pela primeira vez

em 1990, por Bianchi e colaboradores. A partir de então, o isolamento e

detecção deste tipo de material fetal foi extensamente estudado e se

apresentou como um atrativo recurso de diagnóstico pré-natal não invasivo

(Bianchi, 1999; Samura et al., 2001).

No entanto, fatores limitaram o êxito da aplicação dessa estratégia como

recurso de diagnóstico fetal não invasivo, tais como: a raridade de células fetais

intactas no sangue materno (de uma a duas células por mililitro); a baixa

eficiência dos protocolos de enriquecimento celular; a dificuldade de análise

devido à qualidade do resultado obtido (Bianchi et al., 1997). Além disso, foram

observados que certos tipos celulares – especialmente, eritrócitos nucleados –

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possuem curta duração no sangue materno (Lurie e Mamet, 2000), enquanto

outros tipos persistem no sistema circulatório materno por décadas após a

gravidez, potencializando as causas de resultados falso-positivos em

gestações subsequentes (Bianchi et al., 1996). Essas dificuldades diminuíram

consideravelmente o número de publicações a esse respeito nos últimos anos.

E hoje, ainda não existe um protocolo ou tecnologia confiável, consistente e

eficiente para a captura e aplicação das células fetais no sangue materno para

procedimentos de diagnóstico pré-natal para o uso clínico (Fidder, 2014).

Apesar da maior parte do DNA humano estar localizado dentro de

células, existe uma pequena quantidade de DNA extracelular na circulação de

todos os indivíduos, saudáveis ou não (Mandel e Metais, 1948 apud Pertl et al.,

2000). As bases biológicas desse material genômico extracelular e suas

potenciais funções permanecem incertas; são, possivelmente, produto de

apoptose (morte celular programada), resultado da fragmentação e ejeção do

DNA cromossômico presente nas células (Jahr et al., 2001). A liberação de

DNA fetal livre no plasma materno, possivelmente, ocorre devido ao contínuo

escape de células fetais através da placenta, que são rapidamente destruídas

pelo sistema imune da mãe (Pertl et al., 2000).

Em 1977, Leon e colaboradores reportaram uma grande concentração

de DNA livre circulante no soro de pacientes com câncer. Em 1996, Chen e

colaboradores detectaram mutações em oncogenes associados a tumores no

DNA do plasma de mulheres com câncer. O interesse gerado por essas

pesquisas impulsionou Lo e colaboradores (1997) a demostrarem a presença

de cffDNA masculino no plasma e soro de gestantes que carregavam fetos

desse sexo, abrindo novas possibilidades para o desenvolvimento de

ferramentas de diagnóstico pré-natal não invasivo.

Lo e colaboradores, em 1997, demostraram ainda que a concentração

absoluta de cffDNA era similar no plasma e soro maternos. No entanto, por ser

a porção acelular do sangue, o plasma apresentava menor quantidade de DNA

materno, consequentemente, gerava menores interferências nos resultados,

sendo mais apropriado para a maioria das pesquisas da área.

Essas moléculas fetais livres são detectadas no sangue materno, com

segurança, a partir da 7ª semana de gestação, mas já podem ser identificadas

na corrente sanguínea materna desde a 4a semana gestacional (Illanes et al.,

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2007). Sua concentração aumenta com a idade gestacional, chegando ao pico

nas últimas oito semanas de gestação (Lo et al., 1998a). Apresenta uma rápida

eliminação na circulação materna, com meia-vida de 16,3 minutos, sendo

indetectáveis duas horas após o parto (Lo et al., 1999).

A maior parte do DNA livre no sangue de gestantes é materna. Lo e

colaboradores (1998a) descreveram que o cffDNA compunha em média 3,4%

(de 0,39-11,9%) do total de DNA do plasma materno em gestações de primeiro

e segundo trimestres e 6,2% (de 2,33-11,4%) em gestações de terceiro

trimestre. Um estudo posterior, de Lun e colaboradores (2008), utilizou uma

técnica mais precisa e demonstrou que a concentração média da fração do

cffDNA para o primeiro, segundo e terceiro trimestres era de 9,7%; 9,0% e

20,4% do total de DNA do plasma materno, respectivamente.

Além de estarem em menor concentração no sangue materno, as

moléculas de cffDNA são menores do que as moléculas derivadas do DNA da

mãe. Ao analisar amostras de DNA livre no sangue de mulheres não gestantes,

Chan e colaboradores (2004) concluíram que essas moléculas são

relativamente pequenas em comprimento, <200 pb (pares de base). E que as

moléculas derivadas do cffDNA são constituídas, predominantemente, de

pequenos fragmentos de DNA livres <300pb. Mais recentemente, os avanços

tecnológicos permitiram o estudo da distribuição das moléculas de DNA

materno e fetal por distinção de comprimento. A maior diferença reportada

entre o DNA circulante materno e fetal é que o DNA do feto apresenta uma

reduzida proporção de moléculas de 166 pb e uma elevada proporção de

moléculas de menos de 150 pb (Lo et al., 2010).

Um terceiro recurso de material genético fetal para o diagnóstico pré-

natal não invasivo surgiu quando, além do emprego do cffDNA (ácido

desoxirribonucléico), Poon e colaboradores (2000) demostraram a presença de

RNA fetal (ácido ribonucleico) específico masculino em plasma de mulheres

que carregavam fetos deste sexo. Neste trabalho, o mRNA (RNA mensageiro)

fetal livre pôde ser identificado em 22% das gestações de primeiro e segundo

trimestres e em 63% das gestações de terceiro trimestre. A dinâmica natural

das moléculas de mRNA foi aplicada às pesquisas sobre expressão de genes

fetais e àquelas relacionadas a saúde materna durante a gestação (Lo et al.,

2007; Tong et al., 2010; Go et al., 2011). A grande dificuldade no emprego do

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RNA como ferramenta de diagnóstico é devido a instabilidade de suas

moléculas e à sua variável transcrição durante o desenvolvimento fetal, são

moléculas suscetíveis a degradação e como resultado estão em quantidade

ainda menores no plasma materno se comparadas às moléculas de DNA

(Maron et al., 2007).

Em geral, as aplicações clínicas de diagnóstico pré-natal pelo sangue

materno focam na medida quantitativa da concentração de cffDNA e na

detecção qualitativa de sequências ou genes específicos dessas moléculas.

Existem desafios associados à aplicação do diagnósticos pré-natais não

invasivos pelo sangue materno, pois: a concentração de todo DNA livre é

relativamente baixa no sangue materno; a quantidade total de cffDNA varia

entre indivíduos; existem 20 vezes mais moléculas de DNA materno livre do

que moléculas de cffDNA no sangue materno; além disso, o feto herda e

compartilha metade do genoma da mãe (Wright e Burton, 2009),

A concentração do cffDNA no sangue materno é um importante

parâmetro que afeta a acurácia dos testes genéticos pré-natais não invasivos,

principalmente, porque resultados falso-negativos podem aparecer em

amostras nas quais há uma fração baixa da molécula fetal (McCullough et al.,

2014).

4.3. Ferramentas que contornar a baixa concentração de DNA fetal livre no sangue materno

Os exames pré-natais não invasivos por meio do sangue materno

surgiram como propostas capazes de substituir ou diminuir os procedimentos

fetais invasivos (Wright e Burton, 2009). No entanto, o diagnóstico pré-natal,

seja ele invasivo ou não, tem melhor aproveitamento clínico quando aplicado

durante o início da gestação, no primeiro trimestre (Lo, 2012), quando, porém,

a quantidade relativa de cffDNA no sangue materno é mais baixa (Lo et al.

1998a).

A fim de contornar esta questão, na literatura são propostas algumas

ferramentas alternativas de incremento da quantidade relativa de cffDNA em

amostras de sangue de gestantes. Alternativas estas, que associadas a outras

técnicas moleculares, são capazes de melhorar a acurácia e segurança dos

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procedimentos de detecção do cffDNA no sangue materno (Jorgez & Bischoff,

2009).

Chan e colaboradores (2005) propuseram um estudo sobre o efeito dos

fatores pré-analíticos no tamanho das moléculas de cffDNA no sangue

materno. Nele, concluíram que a concentração e integridade do cffDNA são

mantidas quando o plasma é rapidamente separado do sangue materno e

aliquotado em pequenas amostras, que devem ser congeladas, além disso,

observaram que repetidos descongelamentos geram a fragmentação dessas

pequenas moléculas. Uma recente pesquisa realizada no Brasil não encontrou

relevância estatística ao comparar a concentração de cffDNA circulante no

sangue de gestantes de primeiro trimestre quando coletados em tubos comuns

EDTA (Ethylenediamine Tetraacetic Acid) e em tubos com separadores

plasmáticos PPT (Plasma Preparation Tubes) (Chadud et al., 2014).

O enriquecimento seletivo do DNA fetal, baseado na diferença de

tamanho dos fragmentos de DNA fetal e materno, utiliza o recurso de

fracionamento para separação do DNA do plasma materno por tamanho, por

meio da eletroforese em gel de agarose, seguida da extração independente

dos fragmentos <300 pb, ou seja, dos fragmentos de cffDNA (Li et al., 2004a).

Este método é aplicado a estudos de detecção de mutações herdadas

paternalmente em plasma materno (Li et al., 2005). No entanto, relata-se que

além se ser uma metodologia trabalhosa, também é propensa a contaminação

(Lo e Chiu, 2008).

No que diz respeito à supressão do background de DNA materno,

Dhallan e colaboradores (2004) sugeriram que a adição de formaldeído ao

sangue materno pudesse estabilizar os leucócitos da mãe e reduzir a liberação

do DNA da gestante no plasma, evitando a maior diluição do DNA fetal no

sangue materno. No entanto, para esta proposta foram alcançados resultados

variáveis, não reproduzidos entre grupos independentes (Chung et al., 2005;

Chinnapapagari et al., 2005).

A Amplificação Genômica Total (WGA - Wole Genomic Amplification) é

outro método de enriquecimento da quantidade de DNA, que combinada à

eletroforese em gel de agarose, tem a capacidade de melhorar a qualidade e a

quantidade das moléculas de DNA recuperadas para análise (Jorgez &

Bischoff, 2009). É uma técnica capaz de contornar a questão de baixa

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quantidade de cópias de DNA, pois utiliza oligos degenerados (sequências

aleatórias de DNA) e amplifica o DNA genômico em pelo menos 30 vezes

(Hanson et al, 2005).

4.4. Aplicação dos testes genéticos pré-natais não invasivos

4.4.1. Determinação do sexo fetal

A determinação do sexo fetal é a aplicação clínica mais comum de

diagnóstico pré-natal não invasivo utilizando cffDNA no sangue materno. Na

China, por razões éticas, este teste é proibido, ao menos que ofereça

possibilidade de tratamento intrauterino (Newson, 2008). Em alguns países da

Europa, ele é oferecido gratuitamente no sistema público de saúde para

investigação de doenças ligadas ao sexo (Hill et al., 2011). No Brasil, foi

descrito pela primeira vez por Levi e colaboradores (2003), que relataram um

índice de acerto de 100% dos casos com idade gestacional acima de 8

semanas.

A detecção e quantificação do DNA fetal no plasma materno envolvem

normalmente sistemas de quantificação que usam sequências derivadas do

cromossomo Y, ausentes no genótipo materno e, portanto, herdadas

paternalmente pelo feto. Esses sistemas são sensíveis o suficiente para

detectar o DNA fetal equivalente ao de uma única célula (Martinhago et al.,

2006). Na maioria das pesquisas, as sequencias do cromossomo Y utilizadas

foram o gene de cópia única SRY ou a sequência de múltiplas cópias DYS14

do gene TSPY. Picchiassi e colaboradores (2008) ao comparar a performance

da detecção do sexo fetal entre o SRY e o DSY14 concluíram que a eficiência

na detecção foi de 97,9% para o DYS14 contra 80% para o SRY. A mesma

constatação foi observada por Zimmermann e colegas (2005). Apesar de ser

um sistema de detecção de DNA fetal livre mais sensível, acurado e eficiente,

particularmente durante o primeiro trimestre, quando a concentração da

molécula fetal é mais baixa, a sequência DYS14 apresenta considerável

homologia com outras sequências que não são do cromossomo Y, o que pode

gerar resultados falso positivos (Zimmermann et al., 2005). Um recente estudo

com gestantes entre 7-31 semanas gestacionais utilizou a combinação dessas

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18    

mesmas sequências - DYS14 e SRY – a fim de melhorar a detecção de fetos

masculinos, o que possibilitou a redução dos índices de resultados falso-

positivos (Scheffer et al., 2010)

A acurácia desta técnica é sempre elevada nas publicações que fazem

uso da PCR (fluorescente convencional ou real-time) como método de

detecção. Sekizawa e colaboradores, 2001, demonstraram num estudo

representativo com pacientes entre 7-16 semanas de gestação, uma

sensibilidade de 97.2% e especificidade de 100%. Em 2006, um grupo

brasileiro demonstrou o diagnóstico do sexo fetal a partir da 5ª semana de

gestação pela técnica de PCR em tempo real (RT-PCR), com boa sensibilidade

e especificidade (87% e 92,6%, respectivamente). E recomendaram que, nos

casos em que o resultado fosse do sexo feminino e a idade gestacional

estivesse entre 5 e 6 semanas, o exame deveria ser repetido a partir da 7a

semana gestacional para uma maior precisão diagnóstica (Martinhago et al.,

2006).

Akolekar e colaboradores (2010) examinaram a performance da

detecção do sexo fetal por meio de uma plataforma baseada em

espectrometria, utilizando três sequências do cromossomo Y (SRY, DBY e

TTTY2) ao mesmo tempo, durante o primeiro trimestre de gestação e

encontraram uma acurácia de 99,1%; sensibilidade de 98,9% e especificidade

de 99,2%.

Além de responder à curiosidade dos pais em saber qual o sexo do feto,

o diagnóstico para determinação do sexo fetal é, predominantemente, utilizado

quando existe o risco do feto masculino ser afetado por doenças genéticas

ligadas ao sexo, como: a Distrofia Muscular de Duchenne, Hemofilia, retardo

mental ligado ao X, Adrenoleucodistrofia, síndrome de Alport, imunodeficiência

ligada ao X, Retinite Pigmentosa, hidrocefalia ligado ao X, síndrome de Hunter,

síndrome de Menke e síndrome de Lesch-Nyhan (Costa et al., 2002). Esta

proposta diagnostica também é aplicada ao estudo da Hiperplasia Adrenal

Congênita (HAC), na qual há desenvolvimento externo ambíguo da genitália,

gerando masculinização de fetos femininos. Nos casos em que a família tem

risco para a doença, a determinação do feto feminino permite a administração

de dexamethasona para a gestante antes da 9ª semana e pode prevenir a

consequente virilização fetal (Sayres e Cho, 2011).

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Nesse sentido, a determinação do sexo do feto tem a capacidade de

reduzir pela metade o número de diagnósticos invasivos para doenças

específicas, uma vez que poupa muitos fetos femininos do diagnóstico invasivo

desnecessário (Hyett et al., 2005).

4.4.2. Fenotipagem do Gene RHD fetal

Algumas doenças relacionadas à gestação podem, rotineiramente, ser

inferidas pelo do uso de técnicas não invasivas de detecção do cffDNA no

sangue materno, uma vez que são geradas a partir de uma sequência de DNA

que o feto herdou do pai, mas que não está presente na mãe. A doença

hemolítica do recém-nascido (DHRN) é uma delas, uma doença

potencialmente fatal, caracterizada por anemia grave (Wright e Burton, 2009).

O fator sanguíneo positivo ou negativo é determinado pelo gene

dominante RHD. Se as células fetais que carregam o antígeno RHD herdado

paternalmente entram em contato com a circulação materna (seja durante o

parto ou após um procedimento invasivo) a mãe, que é Rh negativa, produz

uma resposta imune contra o feto. Esses anticorpos maternos cruzam a

placenta e iniciam a destruição das células vermelhas fetais positivas,

colocando o feto em risco da DHRN (Wright e Burton, 2009). Na população

caucasiana, 10% das gestações envolvem mães Rh-negativas e fetos Rh-

positivos, colocando a grávida sobre o risco da aloimunização e o feto sobre o

risco da doença (Freeman et al., 2009).

Atualmente, a resposta imune materna é tratada, profilaticamente, pela

administração de anticorpos anti-D durante o terceiro trimestre de gestação ou

imediatamente após o parto (Bowman, 2003). No entanto, pressupõem-se que

40% da população caucasiana de mulheres Rh negativas recebam

desnecessariamente a medida profilática anti-D durante o pré-natal, pois

carregam fetos Rh negativos (Van der Schoot et al., 2006).

O diagnóstico pré-natal não invasivo para determinação do genótipo

RhD fetal em mulheres Rh negativas foi demonstrado pela primeira vez por Lo

e colaboradores (1998b). É um procedimento capaz de minimizar a imunização

profilática desnecessária, além de diminuir riscos de contaminação envolvidos

na técnica (Van der Schoot et al., 2006).

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Em 2006 foi publicada uma meta-análise com 37 trabalhos e 44

protocolos de diagnósticos não invasivos para genotipagem do gene RHD fetal

em sangue materno, incluindo tanto pesquisas com células fetais intactas,

como aquelas com cffDNA. Foi estimada a sensibilidade e especificidade

gerais do diagnóstico como sendo 95,4% e 98,6%, respectivamente. A técnica

empregada ao cffDNA no plasma e soro maternos apresentou-se como

procedimento diagnóstico de maior acurácia (96,1% de sensibilidade e 96,5%

de especificidade), com destaque para a detecção no primeiro trimestre

(Geifman-Holzman et al., 2006).

Rouillac-Le Sciellour e colaboradores (2007) destacaram a existência de

uma variante silenciosa do gene RHD denominada RHDΨ (pseudogene),

capaz de gerar resultados falso-positivos quando fornece a amplificação dos

exons gênicos fora dos parâmetros padronizados para a técnica.

Devido a alta complexidade do sistema Rh e à possibilidade de

resultados falsos, foi sugerido examinar mais de uma região do gene RHD para

se obter a tipagem Rh (Avent, 1999). Aykut e colegas (2013) analisaram duas

regiões especifica do gene RHD, os exons 7 e 10 no sangue de grávidas Rh-

negativo entre 9-39 semanas de gestação e relataram 100% de sensibilidade e

especificidade. Em 2011, um grupo brasileiro (Amaral et al., 2011) publicou

uma pesquisa utilizando três regiões do gene RHD (exons 4, 5 e 10) e

relataram uma acurácia de 100%, com a possibilidade de detecção a partir da

11ª semana gestacional.

Hoje este teste é oferecido no sistema de saúde pública de diversos

centros da Europa (Bélgica, Reino Unido, França, Holanda, Alemanha,

Espanha) com alta precisão (sensibilidade de 100% e especificidade de 98,6%)

(Macher et al., 2012). No entanto, no Brasil o teste tem sido estudado por

alguns grupos (Machado et al., 2006; Chinen et al., 2010; Amaral et al., 2011,

Schimidt et al., 2014) e poucos laboratórios particulares o disponibilizam

comercialmente. A determinação genética do Rh fetal pelo sangue materno

como profilaxia pré-natal é considerado um procedimento caro e inviável para o

sistema publico de saúde brasileiro (Schimidt et al., 2014).

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4.4.3. Doenças Monogênicas

Doenças monogênicas são as doenças genéticas causadas por

mutações em um único gene (locus) (Gonzalez-Gonzalez et al., 2003). Estima-

se ocorrer com uma frequência de 3,6 a cada 1000 nascidos vivos (Baird et al.,

1988 apud Gonzalez-Gonzalez et al., 2003). O uso de NIPT para avaliação de

desordens monogênicas é parte da prática clínica em genética médica,

principalmente quando há histórico familiar de alguma doença específica (Li et

al., 2004b). Até o momento, o NIPT tem se direcionado para a análise de

mutações de novo (novas) ou herdada paternalmente para garantir a origem

fetal (Bustamante-Aragonés et al., 2012). Neste contexto, observa-se na

literatura grande interesse dos pesquisadores em desenvolverem ferramentas

não invasivas para detecção de mutações específicas pelo sangue materno.

Em 2000 um grupo italiano, aplicando a técnicas de PCR e eletroforese,

utilizou pela primeira vez o DNA fetal livre no sangue materno para detectar

durante o primeiro trimestre de gestação uma mutação para a Distrofia

Miotônica (DM), uma doença monogênica dominante associada a expansão de

uma sequência de repetição de trinucleotídeos CTG no gene DMPK (Amicucci

et al., 2000). O diagnostico não invasivo da doença foi possível pois a mutação

era conhecida e herdada do pai, portanto, o alelo alterado (mutado) estava

ausente no genoma da mãe (sangue materno).

Posteriormente, outras técnicas moleculares (RFLP–Restriction

Fragment Length Polymorphism, touchdown PCR, fracionamento de DNA, PCR

quantitativa fluorescente – Q-PCR) possibilitaram a detecção pré-natal não

invasiva de uma mutação de ponto conhecida e presente em mais de 98% dos

casos de acondroplasia, outra doença com herança dominante (Saito et al.,

2000; Li et al., 2004b, Lim et al., 2010).

O NIPT para doenças monogênicas também foi aplicado à detecção da

doença de Huntington, uma doença autossômica dominante degenerativa,

gerada por uma expansão de trinucleotídeos (CAG) no gene IT-15 (Gonzalez-

Gonzales et al., 2003). O mesmo grupo espanhol reportou uma nova estratégia

diagnóstica com o uso de um sistema de detecção indireta da mutação,

baseada na aplicação de marcadores polimórficos STR (Short Tandem

Repeats) próximos ao gene HD, utilizando a análise do DNA de pais e parentes

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afetados pela doença. A vantagem desse modelo está no fato de, segundo

experiência do autor, a análise direta da mutação, apesar de mais segura,

poder fornecer um resultado não informativo quando, por exemplo, a mutação

for gerada por uma expansão muito longa, incapaz de ser detectada no

fragmentado DNA fetal (Gonzalez-Gonzalez et al., 2008).

As doenças monogênicas de herança autossômicas recessivas são

difíceis de serem detectadas, pois nesses casos a mãe e o pai são portadores

de mutações e o feto será afetado se herdar dos pais ambas as mutações.

Quando estas mutações são idênticas entre o casal, o diagnóstico torna-se

complexo, uma vez que o feto e a mãe apresentam os mesmos alelos,

indistinguíveis pelo plasma (Wright e Burton, 2009).

Em 2002, Gonzalez-Gonzalez e colaboradores reportaram sua

experiência no diagnóstico não invasivo pré-natal da Fibrose Cística (FC), uma

doença autossômica recessiva, após analisarem a mutação Q890X herdada

paternalmente no plasma de uma grávida com 13 semanas de gestação. Eles

concluíram serem capazes de detectar a mutação e a condição portador do

feto, desta forma, fez-se possível excluir a chance do feto ser afetado pela

doença quando ele não apresentasse a mutação herdada paternalmente.

A mesma estratégia foi aplicada ao NIPT de outras doenças com

herança recessiva. A Hiperplasia Adrenal Congênita (HAC) foi estudada por

Chiu e colaboradores (2002a) em gestantes entre a 11ª e a 17ª semanas de

gestação e possibilitou, por meio de sistemas de PCR alelo-específicos, a

exclusão da doença e redução da terapia com dexametasona desnecessárias

para fetos femininos não afetados. No mesmo ano, esse grupo descreveu a

possibilidade de exclusão da β-talassemia major pelo exame do sangue

materno utilizando a técnica de PCR em tempo real alelo-específica (Chiu et

al., 2002b).

Os grandes desafios relacionados ao diagnóstico genético pré-natal não

invasivo para as doenças monogênicas são: a distinção da informação genética

fetal nos casos em que a herança dominante for transmitida pela mãe ou nos

casos em que ambos os pais são portadores da mesma mutação recessiva. A

solução para essa dificuldade foi proposta por Lun e colegas (2008), por meio

de uma estratégia molecular de PCR digital, que ele denominou de RMD

(Relative Mutation Dosage), na qual é quantificado o número relativo de alelos

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23    

(sequência de DNA em um locus específico) presentes no DNA livre, então, é

estabelecido que existe um excesso estatisticamente significante de um tipo de

alelo (mutado) sobre o outro (selvagem), consistente com a presença de uma

ou duas mutações no feto.

Essa ferramenta foi empregada ao diagnóstico pré-natal pelo sangue

materno para identificar direta e acuradamente os alelos mutantes ou

selvagens herdados por fetos masculinos com risco para hemofilia a partir da

11ª semana gestacional (Tsui et al., 2011).

Recentemente, Gu e colaboradores (2014) reportaram sua experiência

no diagnostico pré-natal de um feto que apresentava 25% de chance de herdar

duas mutações para acidemia metilmalônica, iguais em ambos os pais. Nesse

estudo, a PCR digital foi empregada para quantificar a fração de DNA fetal

utilizando a contagem de SNPs (Single Nucleotide polymorphisms) herdados

paternalmente e também, a contagem estatisticamente significante do excesso

de fragmentos mutados ou selvagens. O emprego de SNPs ligados à mutação

forneceu suporte adicional para o diagnóstico e a distinção entre os alelos

maternos e paternos, que apresentavam a mesma mutação. Além disso, o

autor concluiu que esse procedimento pode ser aplicado ao diagnóstico de

outras doenças genéticas de forma confiável, relativamente fácil, rápido e

barato.

Na literatura observa-se a exploração de procedimentos

consideravelmente precisos, que teoricamente permitem que a análise seja

aplicada ao diagnóstico das doenças monogênicas, pois não fornecem

meramente a exclusão. No entanto, a análise dessas doenças é caso-

específica e, por isso, limita a aplicação do NIPT para um maior número de

gestações de alto-risco, além de requerer a utilização de equipamentos caros e

não disponíveis na maioria dos laboratórios (Wright e Burton, 2009).

Atualmente, essas abordagens são oferecidas e pesquisadas por

laboratórios acadêmicos da Europa e da China. Nos Estados Unidos, uma

empresa disponibiliza clinicamente o NIPT para doenças monogênicas,

incluindo a fibrose cística e a anemia falciforme (Columbia, SC, USA). No Brasil

ainda não existem relatos da utilização de DNA fetal livre no sangue materno

para o diagnóstico pré-natal não invasivo de doenças monogênicas, sejam elas

de herança dominante ou recessiva.

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24    

4.4.4. Teste de Paternidade

Outra aplicação dos testes pré-natais não invasivos é a

possibilidade da exclusão da paternidade por meio do sangue materno. A

detecção de alelos (sequência de DNA em um locus específico) fetais herdado

paternalmente, pelo plasma materno, foi pela primeira vez sugerida utilizando-

se sistemas de marcadores polimórficos STRs. Tang e colaboradores (1999)

demonstraram a detecção de microssatélites (STRs) do cromossomo X, em um

sistema independente do sexo, no plasma de gestantes de fetos femininos.

Enquanto Pertl e colaboradores (2000) descreveram a detecção de sequências

de DNA fetais herdadas do pai para STRs dos cromossomos 13, 18 e 21 em 12

gestantes com mais de 37 semanas de gestação. Estes resultados precederam

a aplicação do DNA fetal livre no plasma materno como recurso de exclusão de

paternidade por métodos não invasivos.

Mais de dez anos se passaram, desde a demonstração da presença de

DNA fetal livre no sangue materno, até o desenvolvimento de um teste de

paternidade pré-natal não invasivo confiável (Lo et al., 1997). Em 2009,

Wagner e colaboradores reportaram a primeira experiência no desenvolvimento

de um teste de paternidade pré-natal não invasivo pelo sangue materno. Este

trabalho demonstrou a amplificação e detecção de 6-16 alelos específicos

fetais para um locus homólogo dos cromossomos X e Y. No entanto, não

incluiu quantidade suficiente de alelos para determinar acuradamente a

paternidade avaliada.

Recentemente, Guo e colaboradores (2012) publicaram um estudo com

30 casos, no qual utilizaram marcadores SNPs e identificaram corretamente os

alelos específicos herdados paternalmente. No entanto, este estudo comparou

o suposto pai a apenas um homem não relacionado.

Ryan e colaboradores (2013) reportaram o que eles mesmos

denominaram de primeiro - altamente acurado - teste de paternidade pré-natal

não invasivo disponível clinicamente. No qual, testaram a paternidade de 21

casos contra uma população de 5.000 homens aleatórios. E foram capazes de

detectar os alelos herdados paternalmente com 100% de acurácia em

gestações de primeiro trimestre.

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25    

Atualmente, os testes pré-natais não invasivos para a exclusão da

paternidade são oferecidos por alguns laboratórios do Brasil, mas os exames

são realizados por laboratórios nos EUA. Duas empresas norte-americanas

oferecem esse exame a partir da 8ª e 9ª semana de gestação,

respectivamente, com uma acurácia de >99% (Columbia, SC, USA e San

Carlos, CA, USA).

4.4.5. Aneuploidias

O termo Aneuploidia refere-se à mudança no número de cromossomos

presentes nas células. É, frequentemente, causada por não disjunção dos

cromossomos na meiose durante a produção dos gametas. Afeta um em cada

300 recém-nascidos, é responsável por pelo menos 35% das perdas

gestacionais, sendo a causa mais comum de retardo mental (Sayres e Cho,

2011). As Aneuploidias mais comuns são: trissomia dos cromossomos 21

(síndrome de Down), 13 (síndrome de Patau) e 18 (síndrome de Edwards);

trissomia dos cromossomos sexuais (XXX – triploX; XXY – síndrome de

Klinefelter; e XYY – síndrome de Jacob’s); e Monossomia do cromossomo X

(Wellesley et al., 2012), responsáveis por até 95% das Aneuploidias ao

nascimento (Martinhago, 2006b)

O padrão ouro para o diagnóstico genético pré-natal de qualquer

aneuploidia é atualmente fornecido por procedimentos invasivos, como a coleta

de vilosidade corial ou líquido amniótico; seguidos da aplicação das técnicas de

cariotipagem, FISH (Fluorescent in situ Hybridization) ou Arrays (Wright e

Burton, 2009).

A disponibilidade de um método de diagnóstico pré-natal não invasivo

para aneuploidias sempre foi de grande interesse da prática e pesquisa

clínicas. E desde a demonstração da presença do DNA e RNA fetal livre no

sangue materno (Lo et al., 1997; Lo et al., 1998a) observa-se o

desenvolvimento de uma série de ferramentas sofisticadas de implementação

de diagnóstico fetal não invasivo com o intuito de tornar disponível um método

de diagnóstico eficaz, seguro e acessível para o diagnóstico das principais

cromossomopatias (Lo, 2012).

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O grande desafio no diagnóstico pré-natal não invasivo para

aneuploidias pelo sangue materno está em mensurar quantas cópias de um

determinado cromossomo estão presentes no sangue materno e distinguir as

cópias maternas e fetais, uma vez que o feto compartilha, pelo menos, metade

de seu genoma com a mãe, além de poder herdar dela ou do pai a cópia

cromossômica aneuploide (Jorgez et al., 2007).

Em 1999, foi demonstrado que mulheres grávidas de fetos que

apresentavam a síndrome de Down possuíam uma concentração absoluta de

cffDNA (circulating free fetal DNA) maior em seus plasma e soro do que em

gestações de fetos euplóides (Lo et al., 1999). O mesmo foi observado nas

gestações de fetos com trissomia do cromossomo 13, mas não com as

gestações de fetos que apresentavam a trissomia do cromossomo 18

(Wataganara et al., 2003). Essa variação foi mais tarde atribuída a diferentes

protocolos experimentais, não havendo significante correlação entre o nível de

cffDNA ou da quantidade total de DNA livre no sangue materno e as trissomias

dos cromossomos 21, 18 e 13 (Gerovassili et al., 2007).

Posteriormente, as estratégias de diagnóstico se voltaram para a

detecção e quantificação de marcadores específicos dos cromossomos

envolvidos nas aneuploidias mais comuns. Em 2000, Poon e colaboradores

demonstraram a detecção de mRNA transcrito do cromossomo Y no plasma de

gestantes de fetos do sexo masculino. Desde então, estudos subsequentes

foram capazes de sugerir que a placenta seria o tecido de maior recurso de

RNA fetal circulante no plasma materno (Ng et al., 2003). Em 2004 foi

desenvolvida uma ferramenta de identificação sistemática de marcadores de

mRNA fetais do plasma materno baseada em microarrays (Tsui et al., 2004).

Esta ferramenta tornou capaz a detecção e quantificação do mRNA fetal

PLAC4, expresso unicamente na placenta, localizado no cromossomo 21 e

aplicado à detecção pré-natal da síndrome de Down (Lo et al., 2007). Go e

colaboradores (2007) e Chim e colaboradores (2008), detectaram outros genes

expressos exclusivamente no tecido placentário, oferecendo uma ampla

variedade de recursos de RNA fetais livres pelo sangue materno. Porém, esse

método apresentava limitada aplicação, uma vez que requeria marcadores

polimórficos informativos em fetos heterozigotos para a informação gênica (Lo

et al., 2007).

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27    

Outra alternativa explorada foi a utilização de marcadores epigenéticos.

A Epigenética é o estudo de fenômenos que afetam a expressão gênica, mas

não envolvem a modificação da sequência do DNA (Poon et al., 2002). Um

importante exemplo de estudos epigenéticos é o processo de metilação do

DNA. É conhecido que o padrão de metilação do DNA é tecido-específico. Em

2002, Poon e colaboradores demostraram, por meio da identificação do gene

SERPINB5, localizado no cromossomo 18, a possibilidade de desenvolver

marcadores de DNA fetais baseados na diferença do padrão de metilação entre

o tecido materno e fetal. Em 2006, Tong e colaboradores, explorando o

diferencial epigenético entre o DNA do feto e da mãe, demonstraram o

diagnóstico da trissomia do cromossomo 18 (síndrome de Edward) por meio da

razão alélica fornecida pela PCR metilação-específica do promotor gênico

placentário maspin. Chim e colaboradores, 2008, por sua vez, formularam um

estudo sistemático e foram capazes de sugerir marcadores de metilação de

DNA como recurso pré-natal não invasivo pelo sangue materno para o

diagnóstico da trissomia do cromossomo 21. No entanto, essa ferramenta

apresenta a desvantagem de estar sujeita a resultados falso-positivos devido à

digestão incompleta (e vieses na diferença no padrão de metiliação) do DNA

materno, além de apresentar aplicação limitada e barreiras técnicas (Tong et

al., 2006).

Dhallan e colaboradores (2007) demonstraram a detecção simultânea de

milhares de SNPs dos cromossomos 13 e 21 herdados paternalmente, usando

formaldeído para suprimir as células maternas do sangue. Os genótipos

materno e paterno foram comparados e quantificados, e a razão entre os

diferentes alelos do casal foi determinada para especificar o número de

cromossomos do feto.

Uma ferramenta similar foi aplicada à pesquisa de Ghanta e

colaboradores (2010), que identificaram combinações de SNPs pareados, eles

focaram em regiões altamente polimórficas e informativas do genoma e, pela

técnica de eletroforese capilar, avaliaram a dosagem e a fração do DNA fetal,

fornecendo uma metodologia aplicável a situações em que a fração fetal era

tão baixa quanto 2%.

As metodologias citadas anteriormente baseiam-se na limitada precisão

dos métodos convencionais de detecção do cffDNA. Em 2007, Lo e

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colaboradores propuseram uma abordagem técnica baseada na contagem

molecular por PCR Digital para a detecção da trissomia do cromossomo 21. O

conceito básico por trás desta abordagem é que quanto maior for o número de

moléculas contadas, maior será o poder de discriminação da técnica analítica.

Além disso, o número de moléculas de DNA no plasma materno que precisam

ser contadas para detectar um feto com Síndrome de Down, por exemplo, é

inversamente correlacionada com a porcentagem de cffDNA. Parte da

explicação para o sucesso desta técnica resulta da constatação de que a

proporção de DNA livre que é fetal é mais elevada do que se pensava

inicialmente (Fan e Quake, 2007). No entanto, a proporção do DNA da amostra

ainda tem um forte efeito sobre a confiabilidade dos NIPT para aneuploidias

(Lun et al., 2008). Em 2008, foi demostrado pela primeira vez a detecção das

trissomias dos cromossomos 21, 18 e 13 por sequenciamento (Chiu et al.,

2008).

Atualmente, três diferentes ferramentas de teste são aplicadas ao NIPT

para aneuploidias.

O s-MPS (Shotgun Massively Parallel Sequencing), baseado no método

de sequenciamento por MPS (Figura 1), sequencia fragmentos de DNA de todo

o genoma. É uma técnica baseada na identificação e contagem de um grande

número de fragmentos de DNA das amostras de plasma maternos. Milhões de

fragmentos de DNA fetais e maternos (com o tamanho de ∼25pb) podem ser

sequenciados simultaneamente e, uma vez que o genoma humano completo é

conhecido, cada sequência que mapeia um locus específico desse genoma

pode ser atribuída ao cromossomo a partir do qual se originou (Fan et al.,

2008). Se existir alguma aneuploidia, haverá um excesso ou déficit relativos do

cromossomo de interesse, comparado ao esperado como padrão para casos

euplóides. Uma grande quantidade de fragmentos precisa ser contada devido a

pequena diferença existente entre gestações aneuplóides e euplóides,

especialmente quando a fração fetal do DNA livre no sangue materno é baixa,

uma consideração particularmente importante em gestações de primeiro e

segundo trimestres. Por exemplo, para o cromossomo 21, estima-se ser

necessária a contagem de >95.000 fragmentos para que a habilidade de

distinção entre as sequências tenha elevado grau de confiança. A análise e

interpretação dos dados do sequenciamento são avaliados com base na

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escolha de plataformas de bioinformática (eg. z-score). E o refinamento na

análise estatística inclui, muitas vezes, ajustes do conteúdo de bases guanina-

citosina (GC) das sequencias de DNA (Fan e Quake, 2010).

Figura 1. Esquema ilustrativo do sequenciamento por MPS. (a) No

sangue da mãe existem os fragmentos de DNA livres de origem fetal e

materna; (b) todos os fragmentos são sequenciados simultaneamente; (c) cada

sequência é atribuída ao cromossomo que a originou e o excesso ou déficit na

quantidade de fragmentos, com relação a um limitar esperado para gestações

euplóide, é considerado uma aneuploidia. Adaptado do portfólio de Redwood

City, CA, USA.

A segunda metodologia disponível é o t-MPS (Target Massively Parallel

Sequencing), que ao contrário do s-MPS, que sequencia aleatoriamente

fragmentos genômicos de todos os cromossomos, o t-MPS sequencia

seletivamente sequências marcadas de regiões genômica especifica de

interesse (eg. cromossomos 21, 18, 13, X e Y), então conta apenas essas

sequências e avalia quando existe um excesso relativo de um cromossomo

sobre outro. O t-MPS também faz uso de metodologia de contagem de reads,

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mas incliu um passo inicial de sequenciamento-alvo, no qual aproximadamente

400 locus gênicos de cada cromossomo de interesse é seletivamente

amplificado. A Figura 2 representa a diferença entre os métodos por s-MPS e

t-MPS. As vantagens dessa ferramenta mais seletiva são: o baixo custo do

sequenciamento (até 10 vezes menor), pois nem todas as regiões do genoma

precisam ser sequenciadas; e o aumento na eficiência, pois realiza-se a

contagem alternativa de um maior número de fragmentos de DNA, que

correspondem às regiões específicas dos cromossomos de interesse (Sparks

et al., 2012a).

Figura 2. Esquema ilustrativo da diferença entre as técnicas de s-MPS e

t-MPS. (a) a metodologia s-MPS analisa os fragmentos de cffDNA de todos os

cromossomos; (b) a metodologia t-MPS analisa apenas os fragmentos de

cffDNA dos cromossomos de interesse, pois inclui um passo inicial de

sequenciamento-alvo, no qual regiões específicas de cada cromossomo de

interesse é seletivamente amplificada. Adaptado do portfólio de San Jose, CA,

USA.

O terceiro método desenvolvido para o NIPT para aneuploidias se

fundamenta na análise de SNPs (Figura 3) - polimorfismos de base única - e

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determina a contribuição quantitativa relativa dos DNAs fetal e materno

circulantes no sangue materno. É o único capaz de distinguir o DNA livre fetal e

materno. Essa ferramenta envolve a amplificação simultânea de cerca de

20.000 sequências de SNPs em uma única reação de PCR realizada com o

DNA do plasma da mãe seguido de sequenciamento. Cada produto da PCR é

avaliado tendo-se como base a hipótese de que o feto é monossômico,

dissômico ou trissômico. Após considerar a posição dos SNPs nos

cromossomos e a possibilidade de recombinação entre eles, são calculadas as

probabilidades dos fetos serem euplóides, aneuplóides ou triploides. Pode

ainda identificar regiões de homologia dos cromossomos fetais que indicam

consanguinidade ou dissomia uniparental. A tecnologia que utiliza SNP permite

fornecer informação sobre a origem da aneuploidia, sobre eventos de

recombinação e mutações herdadas (Samango-Sprouse et al., 2013).

Figura 3. Esquema representativo do funcionamento do NIPT para

aneuploidias por SNP. (a) SNPs são polimorfismos em uma única base

nitrogenada; (b) são sequenciados os DNAs livres do plasma materno, ou seja,

do feto e da mãe; e separadamente, é sequenciado apenas o DNA das células

brancas maternas; (c) após considerar a posição dos SNPs nos cromossomos

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e a possibilidade de recombinação entre eles, é determinada a contribuição

quantitativa relativa dos DNAs fetal e materno, pelo cruzamento de informações

entre os dois sequenciamentos e, então, são calculadas as probabilidades dos

fetos serem euplóides, aneuplóides ou triploides. Adaptado do portfólio de San

Carlos, CA, USA.

O interesse no desenvolvimento dessas tecnologias cresceu

rapidamente e pelo menos quatro empresas introduziram o NIPT para

aneuploidias no mercado nos últimos três anos. As quatro empresas sediadas

nos Estados Unidos comercializam testes baseados em PCR e métodos de

sequenciamento para reunir a informação genética contida no DNA fetal livre.

Cada instituição utiliza uma metodologia diferente e algoritmos exclusivo e

patenteado para interpretação dos dados genéticos (Norwitz e Levy, 2013). A

Tabela 2 compara os NIPT para aneuploidias disponíveis para uso clínico.

A primeira empresa lançou, em outubro de 2011, o teste T1, que é

baseado no método s-MPS e no algoritmo de correção de bases z-score GC,

possibilita a detecção das aneuploidias mais comuns: trissomias dos

cromossomos 21, 18, 13 e cromossomos sexuais (XXY - síndrome de

Klinefelter; XXX - Triplo X; e XYY), monossomia do cromossomo X - síndrome

de Turner; além das trissomia dos cromossomos 16, 22 e microdeleções (22q –

síndrome DiGeorge; 15q - síndrome Prader-Willi/Angelman; 11q – síndrome

Jacobsen; 8q - síndrome Langer-Giedion; 5p – síndrome Cri-du-chat; 4p –

síndrome Wolf-Hirschhorn; e síndrome da deleção 1p36). Este teste está

disponível a partir da 10ª semana gestacional e fornece o resultado 5 dias após

o recebimento das amostras. Os laboratórios de teste são certificados pela

CLIA (Clinical Laboratory Improvement Amendments) e creditados pela CAP

(College of American Pathologists) (San Diego, CA, USA).

Estudos de validação independentes deste primeiro NIPT demonstram

que a sensibilidade e especificidade de detecção para a trissomia do

cromossomo 21 são de 99,1%/99.9%; para a trissomia do cromossomo 18 são

>99,9%/99,6%; e para a trissomia do cromossomo 13 são 91,7%/99,7%. As

taxas de resultados falso-positivo para os cromossomos 21, 18 e 13 são

respectivamente, 0,1%; 0,3%; e 0,9%. E a taxa de detecção para as três

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aneuploidias ao mesmo tempo é reportada como sendo de 98,9%, com a

redução do índice de resultado falso-positivo para 0,1%. A acurácia da

determinação sexual do feto é de 99,4% e na detecção das aneuploidias dos

cromossomos sexuais o exame tem 96,2% de sensibilidade e 99,7% de

especificidade. No estudo das microdeleções, o teste possui uma acurácia de

60-90% dependendo da síndrome avaliada (Palomaki et al., 2011; Ehrich et al.,

2011; Chiu et al., 2011; Palomaki et al., 2012; McCullough et al., 2014).

O segundo NIPT para aneuploidias entrou no mercado em março de

2012, com o teste T2 e também faz uso da ferramenta s-MPS, mas de outro

algoritmo próprio, o SAFeR. Detecta as aneuploidias dos cromossomos 21, 18,

13 e sexuais e fornece a opção de inclusão do gênero do feto no resultado. O

laboratório do grupo é certificado e creditado pela CLIA e CAP. É indicado às

gestantes com risco para aneuploidias a partir da 10ª semana gestacional e

apresenta o resultado do exame de 7 a10 dias (Redwood City, CA, USA).

Estudos do grupo de pesquisadores responsáveis por esse teste

concluem que ele apresenta sensibilidade e especificidade de >99,9%/99,8%

para a detecção da síndrome de Down; de 97,4%/99,6% para a detecção da

síndrome de Edward; e de 87,5%/>99,9% para a detecção da síndrome de

Patau. O teste ainda fornece a detecção de fetos masculinos com 99% de

acurácia e de fetos femininos com 98,4% de acurácia. E a detecção da

síndrome de Turner é possível com 95,0% de sensibilidade e 99,0% de

especificidade (Fan e Quake, 2010; Sehnert et al., 2011; Bianchi et al., 2012;

Bianchi et al., 2014)

A terceira empresa passou a oferecer o NIPT para aneuploidias teste T3

a partir de maio de 2012. Esse teste pré-natal utiliza a metodologia t-MPS,

denominada DANSR (Digital Analysis of Selected Regions) aliado ao algoritmo

de bioinformática FORTE (Fetal Fraction Optimized Risk of Trisomy

Evaluation), que seleciona locus cromossômicos e detecta aneuploidias dos

cromossomos 21, 18, 13 e sexuais, além de também possibilitar a

determinação sexual do feto. Assim como os outros testes, é oferecido a partir

da 10ª semana gestacional e o resultado é disponibilizado para a paciente de 8

a 10 dias após a coleta do sangue (San Jose, CA, USA).

Ele possui sensibilidade de >99,9% e taxa de falso-positivo de 0,1% na

detecção da trissomia do cromossomo 21; para a trissomia do cromossomo 18,

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a sensibilidade e taxa de falso-positivo são reportadas como 98,0% e 0,07%; e

para o cromossomo 13 a taxa de detecção é de 80% e o valor falso-preditivo

(FPV) é de 0,05%. Juntas, para as três trissomias o teste tem a acurácia de

>99,0% e índice de falso-positivo de 0,15%. Tem 99,0% de acurácia na

determinação do sexo fetal e para a detecção das aneuploidias dos

cromossomos sexuais as taxas de detecção e valores dos índices de falso-

positivos são de 96,7%/0,5% para a monossomia do cromossomo X;

100%/0,5% para XXX (triplo X); e 100%/0% para XXY (síndrome de Klinefelter)

(Sparks et al., 2012a; Sparks et al., 2012b; Ashoor et al., 2012; Ashoor et al.,

2013; Nicolaides et al., 2012; Norton et al., 2012, Gil et al., 2013; Fairbrother et

al., 2013; Hooks at al., 2014; Quezada et al., 2014).

Há pouco mais de um ano, a quarta empresa desenvolveu para o teste

T4 uma plataforma de sequenciamento de última geração baseada na

ferramenta molecular SNP – NATUS (Next-generation Aneuploidy Test Using

SNPs) - e no algoritmo patenteado PS (Parental Support) que detecta, de

forma não invasiva, as trissomias dos cromossomos 21, 18, 13 e alteração nos

cromossomos sexuais. Possibilita ainda a detecção de microdeleções (22q –

síndrome DiGeorge; 15q - síndrome Prader-Willi/Angelman; 5p – síndrome Cri-

du-chat; e síndrome da deleção 1p36) e, adicionalmente aos outros testes,

fornece resultado nos casos de triploidia e nos casos de Gêmeos

desaparecidos. É o exame com a detecção mais precoce na gestação, a partir

da 9ª semana. E seus laboratórios têm a certificação da CLIA e são creditados

pela CAP (San Carlos, CA, USA).

Este NIPT para aneuploidias oferece >99,0% de sensibilidade e 0% de

taxa de falso-positivo na detecção das trissomias dos cromossomos 21 e 13 e

96,4% de sensibilidade e <0,1% de taxa de falso-positivo para a detecção da

trissomia do cromosso 18. Esse teste tem >99,9% de acurácia na determinação

do sexo do feto e as aneuploidias relacionadas aos cromossomos sexuais são

detectáveis com 92,9% de sensibilidade e <0,1% de taxa de falso-positivo no

caso da monossomia do cromossomo X e >99,0% de acurácia para as outras

trissomias sexuais. Como diferencial, o exame detecta os casos de triploidia

com >99,0% de acurácia. A taxa de detecção desse teste para as

microdeleções ou duplicações varia de 93,8%-99% dependendo da alteração

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35    

cromossômica submicroscópica avaliada (Zimmermann et al., 2012; Nicolaides

et al., 2013; Wapner et al., 2014; Dar et al., 2014; Rabnowitz et al., 2014a;

Rabnowitz et al., 2014b; Hall et al., 2014; Pergament et al., 2014).

Tabela 2. Desempenho dos métodos s-MPS, t-MPS e SNP na detecção de alterações cromossômicas Métodos   s-­‐MPS   t-­‐MPS   SNP  Testes   T1   T2   T3   T4  Nome  da  técnica   -­‐   -­‐   DANSR   NATUS  Algorítmo   z-­‐score  GC   SAFeR   FORTE   PS  Tempo  gestacional   >10  semanas   >10  semanas   >  10  semanas   >9  semanas  T21   99,1%    

(0,1%)  >99,9%    (0,2%)  

>99,9%    (0,1%)  

>  99,9%    (0%)  

T18    

>99,9%    (0,3%)  

97,4%    (0,4%)  

>98,0%    (<0,1%)  

96,4%    (<0,1%)  

T13   91,7%    (0,9%)  

87,5%    (0,1%)  

80,0%    (<0,1%)  

>99,9%    (0%)  

45X   94,4%    (0,6%)  

95,0%    (1,0%)  

96,7%    (0,5%)  

92,9%    (<0,1%)  

TX/Y   96,2%   67-­‐100%   >99,0%   >99,0%  Triploidia   -­‐-­‐-­‐   -­‐-­‐-­‐   -­‐-­‐-­‐   >99,9%  Microdeleção   60-­‐90%   -­‐-­‐-­‐   -­‐-­‐-­‐   93,8-­‐99,0%  Referências   Chiu  et  al.  2011  

Ehrich  et  al.  2011  Palomaki  et  al.  2011  Palomaki  et  al.  2012  Chen  et  al.  2011    

Sehnert  et  al.  2011  Bianchi  et  al.  2012  Bianchi  et  al.  2014        

Sparks  et  al.  2012a  Sparks  et  al.  2012b  Ashoor  et  al.  2012  Ashoor  et  al.  2013  Nicolaides  et  al.  2012  Norton  et  al.  2012  Fairbrother  et  al.  2013  Hooks  et  al.  2014  Quezada  et  al.  2014  

Zimmermann  et  al.  2012  Nicolaides  et  al.  2013  Wapner  et  al.  2014  Dar  et  al.2014  Rabnowtz  et  al.  2014a  Rabnowtz  et  al.  2014b  Hall  et  al.  2014  Pergament  et  al.  2014    

Desempenho  mostrado  como  valor  da  acurácia  e,  entre  parênteses,  a   taxa  de   falso-­‐positivo.  DANSR   (Digital  Analysis  of   Selected  Regions);  NATUS   (Next-­‐generation  Aneuploidy  Test  Using  SNPs);  FORTE  (Fetal  Fraction  Optimized  Risk  of  Trisomy  Evaluation);  PS  (Parental  Support);  T21  (trissomia   do   cromossomo   21);   T18   (trissomia   do   cromossomo   18);   T13   (trissomia   do  cromossomo   13);   45X   (monossomia   do   cromossomo   X);   TX/Y   (trissomia   dos   cromossomos  sexuais).    

Segundo um levantamento realizado por Agarwal e colaboradores

(2013), pelo menos mais três empresas dos Estados Unidos têm expressado

interesse no desenvolvimento de NIPT para aneuploidias cromossômicas: uma

delas é a empresa que hoje oferece o NIPT para a exclusão de paternidade e

testes para algumas doenças monogênicas; a outra busca desenvolver um

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36    

teste baseado em microarray para detecção da trissomia do 21 e outros

cromossomos; além de uma empresa que pesquisa, na urina materna, a

análise de fragmentos do DNA por meio da técnica MPS. Fora dos Estados

Unidos, alguns laboratórios comerciais e acadêmicos oferecem e desenvolvem

NIPT para aneuploidias e outras condições genéticas.

4.4.6. Sequenciamento Genômico Total

O genoma do feto é consequência da combinação de quatro linhagens

cromossômicas ou haplótipos (duas maternas e duas paternas), resultado de

arranjos aleatórios e recombinações durante a divisão celular (Fan et al., 2012).

No plasma materno existe uma mistura de moléculas de DNA da mãe e do feto,

sendo que a fração fetal compreende cerca de 10% de todo DNA livre (Lun et

al., 2008). Nesse plasma, existem três haplótipos por região genômica: o

haplótipo materno; o haplótipo materno transmitido para o feto; e o haplótipo

paterno herdado pelo feto.

O recente advento de técnicas mais robustas (MPS e SNP) aplicadas às

diversas áreas do diagnóstico pré-natal não invasivo permitiu que a análise do

cffDNA fosse realizada com sensibilidade e precisão sem precedentes (Lo,

2013). Durante a evolução dessas metodologias observou-se a possibilidade

de expansão da quantidade de informações obtidas a partir do material fetal,

permitindo que fosse incorporado conteúdo adicional ao NIPT, como no estudo

de síndromes envolvendo microdeleções e duplicações e na pesquisa de

doenças monogênicas (Jensen et al., 2012; Lo et al., 2010). Assim, o grande

avanço gerado a partir das pesquisas sobre o NIPT para aneuploidias tornou

possível que outras anormalidades, menos frequentes e não restritas a

mudanças no número de cópias genéticas pudessem ser detectadas com

confiança.

A implementação de tecnologias de sequenciamento de última geração

NGS (Next Generation Sequencing) no desenvolvimento de NIPT contribuíram

para o incremento de novos conhecimentos na área pré-natal. Em 2010, Lo e

colaboradores reportaram a utilização de técnicas de NGS para vasculhar o

genoma fetal completo pela primeira vez. Neste estudo, os autores concluíram

que o genoma fetal está inteiramente representado por pequenos fragmentos

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37    

de cffDNA no plasma materno, presentes em uma proporção relativa constante

e sugeriram que sua reconstrução técnica era viável, inclusive possibilitando a

detecção de desordens genéticas. No entanto, requeria procedimentos

invasivos em sua pesquisa.

Em 2012, outro grupo de pesquisadores combinou o sequenciamento

genômico total dos pais (WGS – Whole Genome Sequencing) e a pesquisa por

haplótipos genômicos maternos para demonstrar o WGS de um feto de 18

semanas gestacionais com 98,1% de acurácia (Kitzman et al., 2012).

Posteriormente, Fan e Quake (2012) descreveram que o princípio da contagem

cromossômica planejado para a detecção de aneuploidias poderia também ser

aplicada à investigação não invasiva completa do genoma fetal. Ambos os

estudos inferiram o genótipo fetal, primeiramente sequenciaram o genoma

materno com a finalidade de identificar alelos que pudessem ser transferidos

para o feto e posteriormente, analisaram o DNA livre do plasma materno para,

então, determinar quais alelos foram de fato herdados pelo feto.

Chen e colaboradores, no ano seguinte (2013), desenvolveram uma

nova estratégia de NIPT para expandir a cobertura do genoma fetal, inferindo o

genótipo e o fenótipo do feto em um único passo. Eles utilizaram, pela primeira

vez, uma estratégia combinada de trios e indivíduos não relacionados para

construir os haplótipos paternos. Esse estudo permitiu a caracterização mais

robusta e acurada dos alelos dos pais, mostrando que 98,57% dos alelos

autossômicos paternos, 95,37% dos alelos autossômicos maternos e 98,45%

do haplótipo fetal do cromossomo X materno foram avaliados.

Mais recentemente, Lau e colaboradores (2014) revisaram a aplicação

de uma plataforma de WGS de baixa cobertura ao NIPT para a detecção das

aneuploidias frente a uma experiência clínica real. Nessa publicação ficou

demonstrado que esse procedimento tem 100% de acurácia na detecção das

trissomias comuns e permite a detecção de outras aneuploidias e

anormalidades cromossômicas estruturais com elevado valor preditivo positivo

(PPV), foi reportado ainda que a concordância dos dados da pesquisa com os

resultados dos cariótipos dos fetos analisados foi de 100%.

O NIPT aplicado ao WGS difere das outras aplicações de NIPT no que

diz respeito aos aspectos éticos, uma vez que amplia consideravelmente o

volume e o âmbito das informações genéticas pré-natais, é visto como o futuro

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38    

do NIPT e, também, como um assunto polêmico que exige regulamentação.

Sua prática clínica requer o desenvolvimento de novos projetos experimentais

e o incremento de ferramentas analíticas. Atualmente, sua aplicação restringe-

se ao escopo de publicações dos laboratórios acadêmicos de fora do Brasil.

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39    

5. Discussão

Nas últimas décadas, acompanha-se a explosão de uma série de

avanços tecnológicos, que influenciaram tanto as ciências médicas, com o

desenvolvimento de metodologias mais seguras e precisas; como a sociedade

em seu cotidiano, com o acesso mais fácil à informação. Atualmente, no âmbito

pré-natal, nota-se uma geração de gestantes mais maduras e interessadas,

que procura maior esclarecimento e melhores possibilidades de cuidados

obstétricos. Fomentando esse interesse, vemos a existência de exames que

possibilitam o acesso de uma quantidade maior de informação sobre a saúde

genômica do feto.

Até recentemente, gestantes do grupo de risco que desejassem

informação a respeito da saúde genética de seus fetos tinham a sua

disposição: a ultrassonografia fetal, que não tem a capacidade de detectar

alterações cromossômicas que não geram malformações; as triagens para

aneuploidias por marcadores bioquímicos maternos, que são métodos não

invasivos, mas com elevadas taxas de falso-positivos e negativos e que

apresentam limitada aplicação entre as doenças genéticas; e os exames

genéticos aplicados aos procedimentos invasivos de punção de vilo corial e

líquido amniótico, que apresentam elevada acurácia, mas acrescem risco de

perda gestacional (Malone et al., 2005, Kagan et al., 2008; Tabor e Alfirevic,

2010; Nicolaides et al., 2011).

Ao longo dos anos, vê-se que as condutas de cuidados obstétricos

modificaram-se à medida que foram capazes de combinar parâmetros e

informações a respeito da gestação e do feto e reduziram o número de

procedimentos invasivos para a obtenção de diagnósticos –

consequentemente, diminuindo as chances de perdas fetais em decorrência

dos métodos invasivos.

Os NIPT surgiram da intenção de identificar com mais eficiência as

gestações de risco, a fim de facilitar as decisões no momento da escolha por

procedimentos invasivos (Gil et al., 2013). A Tabela 3 faz a comparação entre

os testes pré-natais para aneuploidias oferecidos durante o primeiro trimestre

de gestação. Durante o primeiro trimestre de gestação, período mais crítico e

de maior interesse de médicos e pacientes em identificar as gestações de fetos

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40    

alterados, o NIPT se diferencia dos também não invasivos testes bioquímicos

combinados (realizado entre 11ª e 14ª semanas gestacionais) por poderem ser

realizados a partir da 9ª semana gestacional, com elevada acurácia (98,2%-

99,2%) e baixa taxa de falso-positivo (0,03%-0,21%) para o cálculo do risco de

trissomias dos cromossomos 21, 18 e 13 (Benn, 2013). Essas taxas se

aproximam daquelas do procedimento “padrão” cariótipo de vilo corial, que

inclui ainda a desvantagem do erro de diagnóstico de 1% a 2% devido a

ocorrência de casos de mosaicismo confinado à placenta. Além disso, os NIPT

viabilizam a pesquisa de um maior número de alterações fetais, além das

aneuploidias comuns, como as doenças ligadas ao sexo, as doenças

monogênicas, alterações em outros cromossomos e triploidia; possibilitam

ainda a fenotipagem do Rh e exclusão da paternidade. Por fim, viabilizam a

detecção de outras anormalidades genéticas, como as síndromes de

microdeleções, que podem ter a prevalência mais elevada do que as trissomias

dos cromossomos 18 e 13 juntas e que não apresentam correlação com a

idade materna (Jensen et al., 2012).

Tabela 3. Comparação dos testes pré-natais para aneuploidias oferecidos durante o primeiro trimestre de gestação.

  Cariótipo  vilo  corial   Teste  combinado   NIPT  

Semana  gestacional   10ª  –  13ª     11ª  –  14ª     9ª  –  10ª    

       

Tipo  de  teste   Diagnóstico    Invasivo  (risco<1/100)  

Triagem  Não  invasivo  

Triagem  Não  Invasivo  

       Tempo  de  resultado    7–10  dias  (final)   1-­‐5  dias   7–10  dias  

       Acurácia   97,5%-­‐99.6%   90%   98,2%-­‐99,2%  

       

Falso-­‐positivo  Mínimo  

1  –  2%  de  mosaicismo  placentário    

5%   0,03%-­‐0,21%  

       

Aplicação  

Alteração  em  todos  os  cromossomos    Exceto  as    

submicroscópicas  

Trissomia  21/18  

Aneuploidias  comuns  Síndromes  de    microdeleção  Triploidia  

Fontes:  Hahnermann  e  Vejerslev,  1997;  Kagan  et  al.,  2008;  Benn,  2013  

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41    

5.1. Benefícios e limitações das técnicas s-MPS, t-MPS e SNP

A Tabela 4 mostra os benefícios e limitações de cada um dos métodos

utilizados nos NIPT para aneuploidias.

Tabela 4. Benefícios e limitações dos métodos aplicados aos testes genéticos pré-natais não invasivos para aneuploidias. Métodos   s-­‐MPS   t-­‐MPS   SNP  

Benefícios  

-­‐  todos  os  cromossomos  são  

avaliados    -­‐  aneuploidias    -­‐  microdeleções  

-­‐  mais  fragmentos    são  avaliados  por    cromossomo  

-­‐  mais  amostras  são  analisadas  por  ensaio  

-­‐  custo  da  avaliação  é  menor    

-­‐  técnica  baseada  no  padrão  de  distribuição    

dos  alelos  -­‐  a  partir  da  9ª  semana  -­‐  risco  individualizado  -­‐  origem  da  alteração      (consanguinidade  e  dissomia  uniparental)  

-­‐microdeleções  -­‐aneuploidias  -­‐-­‐triploidias  

 -­‐  gêmeo  desaparecido  

Limitações  

-­‐  técnica  de  contagem  de  fragmento  

-­‐  ajuste  de  bases  GC    -­‐  menos  amostras  são  avaliadas  por  ensaio  -­‐  custo  da  avaliação  é  

maior  

-­‐  técnica  de  contagem  de  fragmentos  

-­‐  apenas  cromossomos  envolvidos  nas  principais  síndromes  são  avaliados  

 

-­‐  não  distingue  triploidia  de  gêmeo  desaparecido    

Fontes:   Chiu   et   al.,   2008;   Bianchi   et   al.,   2012;   Sparks   et   al.,   2012b;   Nicolaides   et   al.,   2012;  Zimmermann  et  al.,  2012  

Dos quatro NIPT para aneuploidias oferecidos hoje para uso comercial,

dois deles, o teste T1 e o teste T2, fazem uso da ferramenta s-MPS, que

diferencia-se por avaliar o genoma por completo. No entanto, requer,

aproximadamente, 25 milhões de fragmentos (reads) de DNA de cada amostra

avaliada, o que limita o rendimento da técnica a 4-6 amostras por ensaio (Chiu

et al., 2008; Bianchi et al., 2012). Apesar da mesma metodologia, os testes

utilizam diferentes algoritmos patenteados para a análise dos dados: o teste T1

utiliza o z-score e o teste T2 utiliza o SAFeR. A técnica de contagem de

fragmentos de DNA da metodologia MPS e os recursos de bioinformática

empregados nesses testes são influenciados pela baixa variabilidade

cromossômica (relacionado ao conteúdo de bases GC), o que pode limitar a

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42    

acurácia dos resultados para alguns cromossomos. O teste T1 caracteriza-se

por ser mais abrangente do que o teste T2, por incluir opcionalmente a adição

da avaliação de algumas síndromes de microdeleção.

O terceiro teste, T3, utiliza a ferramenta de sequenciamento por t-MPS

denominada DANSR, que também faz uso de metodologia de contagem de

reads e por isso, limita-se pela variabilidade da amplificação dos fragmentos de

DNA. Entretanto, esse teste inclui um passo inicial de sequenciamento-alvo, no

qual aproximadamente 400 loci gênicos de cada cromossomo de interesse são

seletivamente amplificados. Esse passo permite o aumento na eficiência do

sequenciamento, com 100-300 mil reads por cromossomo. Outra vantagem

desse procedimento é seu melhor rendimento, pois permite a detecção de

aneuploidias usando aproximadamente um milhão de reads por amostra,

possibilitando a análise de 96 amostras por ensaio, resultando em diminuição

do custo do procedimento (Sparks et al., 2012b). Apesar de refletir em melhora

de eficiência e rendimento, a análise somente dos cromossomos envolvidos

nas principais síndromes cromossômicas limita a abrangência desse teste.

O quarto NIPT, T4, utiliza a nova ferramenta de sequenciamento por

SNP, chamada NATUS, que combina passos de sequenciamento-alvo com

uma sofisticada análise estatística (PS). Essa técnica utiliza entre 500 mil e 2

milhões de reads por cromossomos para selecionar cerca de 2 mil loci

polimórficos em cada um, o que garante a esse teste grandes vantagens sobre

os outros NIPT para aneuploidias (Nicolaides et al., 2012; Zimmermann et al.,

2012). Esse método é baseado no padrão de distribuição dos alelos e não na

contagem de fragmentos cromossômicos específicos: sendo assim, não está

sujeito à variabilidade da amplificação cromossômica. É um NIPT mais sensível

– possibilita a realização do exame a partir da 9ª semana gestacional – e é

ainda capaz de determinar, com quase a mesma acurácia, o número de cópias

fetais dos cromossomos 21, 18, 13, X e Y. Outro benefício é que a metodologia

de análise associada a essa ferramenta, o PS, faz o cálculo da acurácia por

amostra e por cromossomo, fornecendo o resultado do risco individualizado

para cada paciente e para cada aneuploidia investigada, levando em conta

outras variáveis, como a idade materna e a fração fetal do cffDNA. Além disso,

é uma ferramenta capaz de indicar a origem da alteração genética,

consanguinidade e dissomia uniparental, pois acessa o haplótipo materno e o

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haplótipo que o feto herdou do pai. A metodologia de teste por SNP é a única

que possibilita a detecção de casos de gestações triploides ou envolvendo

“gêmeos desaparecidos” e tem potencial para detectar alterações em todos os

outros cromossomos, incluindo microdeleções, além das aneuploidias mais

comuns.

5.2. Desempenho dos métodos s-MPS, t-MPS e SNP na detecção de alterações cromossômicas

Ao comparar o desempenho dos quatro testes disponíveis

comercialmente para a detecção das principais trissomias (Tabela 1), observa-

se que a acurácia e a taxa de falso-positivos para a detecção dos

cromossomos 21 e 18 são muito próximas entre eles, ao redor de 97,0%-99,0%

e 0,0%-0,2%, respectivamente (Erich et al., 2011; Palomaki et al., 2011;

Bianchi et al., 2012; Sparks et al., 2012; Zimmemann et al., 2012). Em

contrapartida, os testes baseados em MPS (T1, T2 e T3) apresentam o

desempenho mais fraca na detecção para a trissomia do cromossomo 13 (por

volta da acurácia de 80,0%-92,0% e taxa de falso-positivo entre 0,0%-1,0%)

em relação à detecção das síndromes de Down e Edwards (Chen et al., 2011,

Sehnert et al., 2011; Palomaki et al., 2012; Bianchi et al., 2012; Ashoor et al.,

2013). Esse acontecimento pode ser atribuído à limitação do método de

contagem de fragmentos utilizado pelos três NIPT, pois a eficiência desses

métodos é dependente da variação na amplificação dos fragmentos de DNA do

cromossomo indagado. Por sua vez, o NIPT que utiliza a ferramenta SNP, com

o sistema NATUS, calcula o risco específico da amostra para a aneuploidia

indagada, dando mais confiabilidade à técnica, principalmente nas amostras

com baixa fração de cffDNA, como é o caso das amostras alteradas para o

cromossomo 13, segundo Hall e colaboradores (2014).

O método de contagem dos testes baseados na ferramenta MPS, sejam

por s-MPS ou t-MPS, também parece limitar a eficiência para a detecção das

alterações nos cromossomos sexuais. A acurácia da detecção da monossomia

do cromossomo X, por exemplo, é variável entre as publicações, reportando-

se: taxa de detecção (DR) de 75%, taxa de falso-positivo (FPR) de 0,2% e

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44    

10,2% de amostras não classificadas (incluindo 4 afetados e 45 controles)

(Bianchi et al., 2012); DR de 81%, FPR de 0,3%, com 5,1% de amostras não

classificadas (3 afetados e 18 controles) (Mazloom et al. 2013); DR 91,5%,

FPR 0,0% e 2,8% de amostras não classificadas (Nicolaides et al., 2013); DR

92%, FPR de 0,1% e taxa de não classificação de 8,3% (Samango-Sprouse et

al., 2013; Pergament et al., 2014).

Pequenas duplicações e deleções clinicamente relevantes podem ser

potencialmente detectadas por NIPT: duas empresas oferecem esse exame

atualmente. O teste T1 oferece a detecção de microdeleções e microduplicação

pelo aprofundamento do método padrão de contagem de fragmentos, com uma

acurácia entre 80-86% dependendo da região avaliada. O teste T4, por sua

vez, possibilita a identificação dos mesmos desequilíbrios analisados pelo teste

T1, mas empregando a metodologia de SNP, que analisa uma quantidade

suficiente de informação genética dentro da região de interesse com uma

acurácia entre 93,0%-99,0%. A diferença de performance dos dois testes está

na metodologia utilizada: as regiões envolvidas nas microdeleções são

consideravelmente menores do que aquelas avaliadas para o diagnóstico de

aneuploidias (Peters et al., 2011). A metodologia baseada em s-MPS é mais

limitada, pois a única forma de acessar o número de informação suficiente para

dar confiabilidade ao exame é aumentando de 20-50x a quantidade de

fragmentos de DNA avaliados, o que resulta também em aumento de tempo e

custo da técnica (Jensen et al., 2012; Srinivansan et al., 2013).

O método baseado em SNP, do teste T4, diferencia-se também por ser

o único que possibilita inferir sobre os casos que envolvem gestação triploide

ou nos casos de “gêmeos desaparecidos”, pois é capaz de detectar haplótipos

fetais adicionais nas amostras maternas. Esse exame apenas detecta as duas

possibilidades, mas é a investigação por ultrassom que permitirá a distinção

entre os casos (Curnow et al., 2014). Os casos que envolvem material

genômico fetal adicional originário de fetos triplóides resultam em severas

anormalidades e elevado risco de abortos espontâneos, preeclâmpsia,

sangramento excessivo pós-parto e neoplasia trofoblástica gestacional (Secki

et al., 2010). Por isso, a detecção oportuna da triploidia pode alterar o manejo

clínico da gestação.

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45    

Alguns NIPT baseados em métodos de contagem de fragmentos de

DNA oferecem a avaliação para aneuploidias também para gestações

gemelares. A incidência de gestações múltiplas cresceu nos últimos 20 anos

em decorrência do aumento da idade materna e da maior procura por métodos

de reprodução assistida (Gil et al., 2014). Em consequência disso, a proporção

de gestações múltiplas com resultado positivo para os testes tradicionais de

triagem é consideravelmente maior se comparado aos casos com gestações

únicas (Lau et al., 2013). Em gestações gemelares, os testes por cffDNA são

mais complexos do que em gestações únicas: os fetos podem ser

monozigóticos e, nesse caso, ambos serão afetados – ou não – para uma

doença específica, e a concentração do cffDNA no sangue materno será

aproximadamente o dobro se comparado ao de gestações únicas (Attilakos et

al., 2011). Nesse caso, o acesso ao risco para as aneuploidias poderá ser

desenvolvido da mesma maneira que em gestações de um único feto. No

entanto, quando os fetos são dizigóticos eles podem ser discordantes, isto é,

apenas um deles poderá ter a alteração genética. Nessa situação, cada feto

contribui diferentemente com a quantidade de moléculas de cffDNA na

circulação materna e essa diferença pode ocorrer em até 2 vezes (Leung et al,

2013). O NIPT, nesses casos, será capaz de identificar a alteração, mas não

poderá especificar qual feto será afetado. Teoricamente, o método baseado em

SNP teria a capacidade de identificar múltiplos fetos, mas essa ferramenta

ainda não é oferecida.

5.3. Fatores que influenciam a falha de resultados dos NIPT

A baixa concentração da fração fetal do DNA livre é a causa mais

comum de falhas na obtenção de resultado dos NIPT. Os fatores

correlacionados com a quantidade de cffDNA no sangue materno são: idade

gestacional, peso materno e marcadores séricos PAPP-A e β-HCG (Wegrzyn et

al., 2005; Palomaki et al., 2011; Ashoor et al., 2012; Wang et al., 2013). O

critério do controle de qualidade da fração fetal varia entre as empresas: há

aquela que não mede e não informa a fração fetal; a que mede a fração para

cada amostra, mas não reporta este resultado; e as que medem e reportam os

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resultados encontrados de frações fetais e incorporam essa fração ao escore

de predição de risco.

Desde o início das pesquisas na área do diagnóstico pré-natal não

invasivo, é conhecido que a concentração de cffDNA aumenta com a idade

gestacional (Lo et al., 1998; Lum et al., 2008; Wang et al., 2013). Os NIPT

baseados em MPS disponíveis comercialmente realizam os testes a partir da

10ª semana gestacional e o baseado em SNP, que utiliza uma metodologia

cromossomo-específica e, por isso, é mais sensível, oferece o benefício de

realizar o NIPT para aneuploidias uma semana gestacional mais cedo.

A fração fetal do cffDNA diminiu com o aumento do peso materno: tem

média de 12% em gestantes com 60kg e 6% em gestantes com 120kg (Ashoor

et al., 2012). As explicações ainda são incertas, mas um estudo com mais de

22 mil gestantes relatou que o aumento do número de adipócitos maternos na

circulação pode elevar a concentração de DNA materno livre ou ainda, que

esse excesso de células de gordura acresce volume às amostras de sangue

maternas, diluindo o cffDNA (Wang et al, 2013).

Os marcadores séricos PAPP-A e β-HCG são produzidos na placenta e

as suas concentrações permitem presumir o volume placentário. Um estudo

com ultrassom 3D reportou que em gestações com trissomia do 21, o volume

da placenta entre 11-13 semanas gestacionais não é significantemente

diferente de gestações euploides. Na trissomia do 18, a fração fetal foi

significantemente mais baixa, havendo correlação com a concentração dos

metabólitos placentários (Wegrzyn et al., 2005). Como já citado, o mesmo

acontece para gestações triploides e com trissomia do 13 (Nicolaides et al.,

2014; Hall et al., 2014). Portanto, uma amostra inicial com baixa fração fetal

terá grande chance de ter o mesmo resultado após ser coletada pela segunda

vez, principalmente se a gestação apresentar resultado positivo para os

exames de triagem convencionais ou alteração pelo ultrassom (Wang et al,

2013).

Apesar de ser possível a avaliação para aneuploidias em gestações

múltiplas, tratam-se de casos em que a confiança do teste é abalada pela

maior probabilidade de resultados falso-positivos. No caso de gêmeos

discordantes para aneuploidias, a fração de cffDNA do feto afetado é menor do

que o cut-off estimado para o sucesso da técnica, que para a maioria dos NIPT

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está em torno de 3-4% em gestações de um único feto (Ashoor et al., 2012;

Ehrich et al., 2011; Palomaki et al., 2011; Sparks et al., 2012). Por isso, é

sugerida uma concentração da fração fetal mínima de 6% em gestações

gemelares para que a aplicação do NIPT para aneuploidias possa ter confiança

(Canick et al., 2012). Além disso, quando um dos fetos, aneuplóide e inviável,

não é reconhecido (“gêmeo desaparecido”), pode haver discrepância de

resultados com os testes invasivos como consequência. Recentemente, dois

estudos com a metodologia de contagem, MPS, atribuíram a significativa taxa

de resultados falso-positivos à ocorrência de casos de “gêmeos

desaparecidos”. No primeiro, Futch e colaboradores (2013) relataram uma taxa

de falso-positivo de 15%, enquanto que no segundo, Porreco e colaboradores

(2014) atribuíram 33% de resultados falso-positivos – em um estudo sobre o

risco para a trissomia do cromossomo 21 – ao excesso de material genômico

fetal originário de “gêmeo desaparecido”.

A ocorrência de mosaicismos fetais e maternos também pode confundir

a acurácia da detecção das síndromes dos cromossomos sexuais. Mais de

90% das mulheres com cariótipo 47,XXX não estão cientes de que carregam

uma cópia extra do cromossomo X, pois são férteis. Menos comum de não ser

identificado, mulheres com mosaicismo para a monossomia do cromossomo X

também podem ser férteis. Além disso, em mulheres com cariótipo normal, é

conhecido que existe a perda do cromossomo X nas células sanguíneas

brancas relacionada à idade (Russell et al., 2007). As análises dos NIPT para

aneuploidias de mulheres com essas alterações vão indicar um ganho ou perda

de cópias de DNA do cromossomo X, que será atribuído ao feto e resultarão

em diagnóstico falso-positivo quando, no entanto, a alteração é materna

(Hooks et al., 2014). Quando o mosaicismo é de fato fetal – em 50% dos casos

diagnosticados de monossomia do cromossomo X, 15% dos casos de XXY e

10% dos casos de XXX – também pode haver confusão na análise, pois os

exames não são validados para a detecção e determinação do grau de

mosaicismo, uma vez que não existe uniformização na distribuição dos

cromossomos X e Y (Nicolaides et al., 2014).

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48    

5.4. O Futuro dos testes genéticos pré-natais não invasivos

Muitos estudos demonstram a necessidade de confirmar os resultados

positivos para aneuploidias dos NIPT por cariótipo, pois são reportados casos

suspeitos para alterações cromossômicas com resultado de cariótipo normal

(Chiu et al., 2011; Palomaki et al., 2011; Bianchi et al., 2012; Sparks et al.,

2012a; Ashoor et al., 2012; Gil et al., 2013). Recentemente, o ACOG e o SMFM

(Society of Maternal-Fetal Medicine), dos Estados Unidos, emitiram um

comunicado destacando o papel do NIPT para aneuploidias como um teste de

triagem e não de diagnóstico (ACOG, 2012; Fairbrother et al., 2013). Os quatro

NIPT disponíveis comercialmente são ferramentas creditadas e certificadas por

órgãos competentes dos Estados Unidos, mas não são aprovadas pela OMS

(Organização Mundial de Saúde) (Agarwal et al., 2013).

Uma vez que se tratam de metodologias novas, disponibilizadas para

uso clínico há pouco mais de três anos, os NIPT agrupam alguns

questionamentos a respeito de sua introdução no cenário de cuidados pré-

natais. São discutidas no âmbito clínico, acadêmico e também por comissões

regulamentadoras (ACOG e ISPD) as opções de implementação dos NIPT para

aneuploidias dentro do panorama atual. Poderiam ser introduzidos como uma

ferramenta de triagem gradual, no qual os testes combinados continuariam a

ser oferecidos à população de gestantes de alto risco e os NIPT seriam

destinados a um subgrupo de maior risco, a fim de diminuir o número e os

custos com procedimentos invasivos. Poderiam ainda ser incluídos nos testes

combinados, possibilitando uma troca das informações obtidas a partir dos

valores das proteínas maternas pela informação fornecida pelo NIPT. Por fim,

os NIPT poderiam ser empregados como o primeiro teste de triagem para

aneuploidias, o que geraria o benefício da continuidade do decréscimo no

número de procedimentos invasivos e perdas gestacionais decorrentes desses

procedimentos, mas com acréscimo do custo da aplicação dessas recentes

tecnologias (ACOG, 2012; ISPD, 2013; Sparks et al., 2012a; Sparks et al.,

2012b).

Ainda nesse contexto, um grande número de testes clínicos

estabelecem que os NIPT para aneuploidias podem ser oferecidos à população

de gestantes em geral, incluindo as grávidas que não estão sob alto risco de

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uma gestação aneuploide, pois os dois grupos (baixo e alto risco) apresentam

a mesma eficiência para os testes e porque não existe diferença significante

entre a fração fetal dos dois grupos (Nicolaides et al., 2012; Lau et al., 2012;

Dan et al., 2012; Gil et al., 2013; Bar et al., 2013; Fairbrother et al., 2013).

O maior entrave para a aplicação do NIPT no sistema de saúde pública

de muitos países ou o seu oferecimento para a população de gestantes em

geral é o custo. Muitos estudos demonstram a antecipação, segurança,

sensibilidade e abrangência dos NIPT, o que justifica seu uso pela população

de gestantes de alto risco genético. No entanto, reconhece-se que modalidades

tradicionais de triagem para aneuploidia, como a ultrassonografia, oferecem

vantagens na detecção de anormalidades fetais e gestacionais que não são

identificadas pelos NIPT, a um custo mais baixo.

Os avanços das tecnologias de detecção, quantificação e análise do

cffDNA voltadas à triagem para aneuploidias permitiram, ao longo dos anos,

que mais informação a respeito do material fetal pudesse ser acessada em um

mesmo exame pré-natal (Lo, 2013). A partir de então, o sequenciamento do

genoma completo tornou-se o futuro do diagnóstico genético pré-natal não

invasivo, um método generalizado, robusto e acurado de NIPT, que permitirá

solucionar diferentes níveis de questionamento genético, como: microdeleções,

microduplicações e mutações de ponto, no nível do DNA; a metilação, no nível

das modificações epigenéticas; e o mRNA e microRNA, no nível da expressão

gênica (Chen et al., 2013). O WGS vai possibilitar mais do que diagnosticar

outras anormalidades fetais, incluindo doenças mendelianas, o rastreio de

doenças complexas e a identificação de CNV de novo; vai produzir variantes

com significância clínica desconhecida, marcadores genéticos sem relevância

médica, status de portador, genes de susceptibilidade e genes que expressam

condições graves tardiamente (Lo et al., 2013). Conhecer o genótipo fetal antes

do nascimento, por exemplo, nos casos de diagnóstico de doenças metabólicas

e imunológicas, possibilitará fornecer para o feto tratamento imediatamente

após o parto (Fan e Quake et al., 2012). Se por um lado a possibilidade de

acesso a mais informações sobre a saúde genética dos fetos parece favorecer

a tomada de decisão a respeito da gestação, do outro, o excesso de

informações, muitas delas sem relevância médica conhecida, pode aumentar a

ansiedade e a confusão no momento da tomada de decisões reprodutivas.

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Existem substanciais aspectos éticos envolvidos na aplicação do WGS como

NIPT, que precisam ser debatidos e regulamentados por comissões

competentes. Atualmente, esta é uma ferramenta que ainda não está

disponível para uso comercial – sua aplicação restringe-se ao escopo de

publicações dos laboratórios acadêmicos dos Estados Unidos e China – e sua

aplicação clínica ainda requer o desenvolvimento de novos projetos

experimentais e o incremento de ferramentas analíticas.

O desenvolvimento de testes genéticos não invasivos gerou grandes

avanços dentro do cenário de cuidados pré-natais. A disponibilidade de

exames mais precisos e abrangentes, aliada aos progressos das áreas do

diagnóstico fetal e da genética reprodutiva, como o desenvolvimento do

sequenciamento completo do exoma e de testes de rastreamento para o status

de portador, agrupam o potencial de diminuir significativamente o estresse

envolvido na tomada de decisão por gestantes com risco de gerar fetos

alterados. Pode ser considerado que a área de desenvolvimento de terapias

fetais também foi influenciada positivamente pelos benefícios oferecidos pelos

avanços dos testes genéticos pré-natais não invasivos, com a possibilidade de

identificação mais precoce de anormalidades fetais. Além disso, os avanços

das técnicas e metodologias de reprodução assistida associadas ao

desenvolvimento recente dos NIPT, tornam mais seguras e confortáveis as

escolhas a favor das mulheres que optam por buscar a gestação depois de se

estabelecerem pessoal ou profissionalmente.

O grande desafio diante dos recentes progressos dessa área está em

estabelecer a introdução clínica dos NIPT pela comunidade médica. A decisão

de incluir os exames dentro dos cuidados clínicos da gestante deve ser dos

médicos e não dos laboratórios. Existe a dificuldade em separar o conteúdo de

promoção comercial do exame, do objetivo da avaliação fornecida pelo teste.

Com frequência, os NIPT são oferecidos às gestantes sem que exista uma

regulamentação, o entendimento ou, ainda, a existência de um guia de

esclarecimento sobre suas implicações.

Os NIPT, assim como a maior parte dos exames genéticos, envolvem

metodologias aprimoradas, que ao contrário do que se pensa, podem ser

aplicadas para diminuir os custos com a quantidade de exames e tratamentos

necessários para um diagnóstico preciso e seguro, como é o caso dos testes

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não invasivos de determinação do sexo e Rh fetais, que podem reduzir os

gastos com a profilaxia Rh desnecessária em gestantes Rh negativas e a

terapia para HAC em fetos do sexo masculino.

Em genética, especialmente na genética médica, é comum a existência

de casos nos quais é possível identificar e localizar precisamente uma

alteração no material genético responsável por uma patologia específica e

complexa, normalmente por meio de tecnologias caras, e não ser possível

fazer nada para reverter ou contornar a doença. Na genética pré-natal, os NIPT

atuais têm potencial de melhorar e beneficiar a vida da paciente, pois não são

exames que apenas apontam a existência ou a origem da doença, mas

também facilitam decisões reprodutivas e o planejamento das gestações, com

acesso a cuidados, terapias ou tratamentos específicos pré-natais ou

imediatamente após o parto. Além disso, amenizam os transtornos da

continuidade de uma gestação de fetos inviáveis, nos países em que a

interrupção da gravidez é permitida. Nesse sentido, é necessário, no entanto,

que exames de triagem ou diagnóstico de doenças que tenham um programa

de cuidado e acompanhamento bem estabelecidos, como é o caso da

síndrome de Down, ou ainda, um protocolo de tratamento bem estruturado,

recebam os devidos esforços financeiros para o seu desenvolvimento e que

sejam aplicados ao setor público de saúde.

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6. Conclusões

- Foram expostas as principais técnicas empregadas aos exames genéticos pré-natais não invasivos. Além das técnicas baseadas em RT-PCR aplicadas à determinação do sexo e Rh fetais e dos instrumentos de PCR alelo-específicos dirigidos ao estudo de doenças monogênicas e exclusão de paternidades, existem três ferramentas metodológicas para a avaliação do risco para aneuploidias: o s-MPS e o t-MPS, que são métodos de contagem de fragmentos de DNA e o sequenciamento por SNP, que é um método embasado no padrão de distribuição dos alelos.

- De forma geral, os testes genéticos pré-natais não invasivos destacam-se por serem realizados mais precocemente na gestação, com elevada acurácia, baixa taxa de falso positivo e abrangem um espectro amplo de aplicações clínicas, porém são limitados pelo seu elevado custo.

- Dentre as técnicas recentes aplicadas ao risco para aneuploidias, o t-MPS apresenta melhor rendimento e custo mais baixo do que o s-MPS, mas limita-se por ser aplicado apenas às aneuploidias mais comuns. E a técnica de SNP possibilita a pesquisa por mais condições genéticas, além de apresentar melhor acurácia.

- O sequenciamento genômico total representa, para um futuro próximo, um método generalizado de diagnóstico genético fetal não invasivo, no qual mais informação sobre a saúde fetal poderá ser acessada e aplicada, não somente na detecção de aneuploidias, mas também em um número maior de condições genéticas.

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Resumo  

Andari, VCM “Testes genéticos não invasivos no pré-natal: benefícios e limitações dos exames disponíveis” 2015. Dissertação de Mestrado. Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. Há algumas décadas, testemunha-se uma série de avanços no diagnóstico e rastreamento de gestações alteradas, particularmente na identificação da síndrome de Down. O “padrão ouro” para o diagnóstico pré-natal para aneuploidias é fornecido pela técnica de cariótipo, que possui acurácia elevada, mas é dependente de procedimentos invasivos, que geram risco de perdas fetais. Nos anos 90, os ácidos nucléicos fetais circulantes no sangue materno foram reportados como recurso para o desenvolvimento de testes genéticos pré-natais não invasivos (NIPT). Recentemente, em 2011, esta área passou por um importante marco histórico, quando foi disponibilizado para o uso clínico diferentes metodologias de NIPT para aneuploidias e para a exclusão da paternidade, além da publicação de um novo método generalizado de NIPT, que possibilita o sequenciamento genômico fetal completo. Esses novos avanços despertaram o interesse das comunidades médicas e científicas mundialmente. Por isso, este trabalho objetivou a compilação dos dados literários, que permitissem abordar a evolução e os avanços técnicos e metodológicos dos exames disponíveis, para o reconhecimento de seus benefícios e limitações e das perspectivas futuras a respeito dos NIPT. Trata-se de uma revisão assistemática da literatura científica, que buscou como fonte de pesquisa o PubMed/MEDLINE. Os NIPT aplicam-se ao estudo das doenças ligadas ao sexo, da doença hemolítica do recém-nascido, algumas doenças monogênicas de herança dominante e recessiva, à exclusão da paternidade e na triagem de gestações com risco para as aneuploidias mais comuns, inclusive envolvendo os cromossomos sexuais, para algumas microdeleções e triploidia. Estão disponíveis para uso clínico quatro NIPT para a avaliação do risco para aneuploidias. Estes exames fazem uso de três ferramentas metodológicas: o s-MPS, o t-MPS e o SNP. Os testes genéticos apresentam a vantagem de poderem ser realizados precocemente, com elevada acurácia, baixa taxa de falso positivo, além de abrangerem um espectro maior de aplicações clínicas. Mas limitam-se pelo seu elevado custo. A técnica de SNP é a mais acurada, por ser baseada no padrão de distribuição dos alelos, enquanto que as técnicas que utilizam MPS limitam-se por serem dependentes da amplificação e da contagem de fragmentos de DNA. O sequenciamento genômico total representa o futuro dos NIPT, é um método generalizado de diagnóstico, no qual mais informação sobre a saúde fetal poderá ser acessada e aplicada, não somente na detecção de aneuploidias, mas também em um número maior de condições genéticas. Palavras chave: Diagnóstico pré-natal, Teste genético, DNA/sangue, Doenças fetais/diagnóstico.

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Abstract Andari, VCM "   Non-invasive prenatal genetic testing: benefits and limitations of the available tests " 2015. Dissertação de Mestrado. Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. Over the past decades a series of advances in diagnosis and screening of abnormal pregnancies have been witnessed by the medical area, especially in the identification of Down syndrome. The gold standard for prenatal aneuploidy diagnosis is provided by karyotype, which has high accuracy, but it is dependent on invasive procedures which rise the risk of fetal loss. In the 1990s, circulating fetal nucleic acids in maternal blood was first reported as a resource for development of non-invasive prenatal genetic tests (NIPT). Recently, in 2011, the area underwent a major milestone when different NIPT methodologies for aneuploidies and misattributed paternity were available for clinical use, besides the publication of a new generalized method of NIPT, which enables whole-genome sequencing for human fetus. These new advances fomented the interest of medical and scientific worldwide communities. Therefore, this study is aimed at compiling the literary data which enable to approach the evolution and the technical and methodological advances of the available tests for the recognition of its benefits and limitations and future prospects regarding NIPT. This is an unsystematic review of scientific literature which was based on PubMed / MEDLINE research sources. NIPT is applied to the study of sex-linked diseases, hemolytic disease of the fetus and newborn (HDFN), some monogenic diseases from dominant or recessive inheritance, misattributed paternity, and the screening for high-risk pregnancies for the most common aneuploidies, including sex chromosomal aneuploidies, some microdeletion syndromes and triploid. There are four NIPT for aneuploidy available for clinical use. These tests use three methodological tools: the s-MPS, T-MPS and the SNP. The advantage of NIPT tests is that they can be performed earlier in pregnancy with high accuracy, low false-positive rate and covering a broader range of clinical applications. However, they are limited by their high cost. The SNP technique is the most accurate and it is based on the pattern of distribution of the alleles, while MPS techniques are limited and they depend on amplifying and counting of DNA fragments. The whole-genome sequencing NIPT represents the future, it is a widespread diagnostic method in which more information about fetal health can be accessed and applied, not only in detection of aneuploidies, but also in a larger number of genetic conditions. Keywords: Prenatal diagnosis, Genetic testing, DNA/blood, Fetal diseases/diagnosis.  

         

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Anexos  

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