da investigação e da exclusão da paternidade

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UNIVERSIDADE REGIONAL DO CARIRI URCA CENTRO DE ESTUDOS SOCIAIS APLICADOS CESA CURSO DE DIREITO TURNO VESPERTINO X SEMESTRE 2014.1 DISCIPLINA MEDICINA LEGAL PROFESSOR GLAUBERTO DA SILVA QUIRINO DA INVESTIGAÇÃO E DA EXCLUSÃO DA PATERNIDADE EQUIPE: ALINE COSTA BRUNO AQUINO DANIELE RIBEIRO LÍVIA BEZERRA LUA PINHEIRO SARA VITORIANO THIAGO LUNA CRATO CE 2014

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Título: Da Investigação e Da Exclusão Da PaternidadeEquipe: ALINE COSTA, BRUNO AQUINO, DANIELE RIBEIRO, LÍVIA BEZERRA, LUA PINHEIRO. SARA VITORIANO, Thiago de Figueiredo LunaDisciplina – Medicina Legal

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  • UNIVERSIDADE REGIONAL DO CARIRI URCA

    CENTRO DE ESTUDOS SOCIAIS APLICADOS CESA

    CURSO DE DIREITO TURNO VESPERTINO

    X SEMESTRE 2014.1

    DISCIPLINA MEDICINA LEGAL

    PROFESSOR GLAUBERTO DA SILVA QUIRINO

    DA INVESTIGAO E DA EXCLUSO DA PATERNIDADE

    EQUIPE:

    ALINE COSTA

    BRUNO AQUINO

    DANIELE RIBEIRO

    LVIA BEZERRA

    LUA PINHEIRO

    SARA VITORIANO

    THIAGO LUNA

    CRATO CE

    2014

  • ALINE COSTA

    BRUNO AQUINO

    DANIELE RIBEIRO

    LVIA BEZERRA

    LUA PINHEIRO

    SARA VITORIANO

    THIAGO LUNA

    DA INVESTIGAO E DA EXCLUSO DA PATERNIDADE

    Trabalho apresentado como requisito

    para obteno de nota na disciplina de

    Medicina Legal, do curso de Direito da

    Universidade Regional do Cariri.

    Orientador: Glauberto da Silva Quirino

    CRATO CE 2014

  • SUMRIO

    TPICO PGINA

    1. INTRODUO 04

    2. HISTORICO DE INVESTIGAO DE PATERNIDADE NO BRASIL 05

    3. PRINCIPAL OBJETIVO DA AO DE INVESTIGAO DE PATERNIDADE E

    EXCLUSO DE PATERNIDADE

    07

    4. PROCEDIMENTOS DA INVESTIGAO DE PATERNIDADE 08

    4.1 PROCEDIMENTO EXTRAJUDICIAL 09

    4.2 PROCEDIMENTO JUDICIAL 09

    5. DA AO NEGATRIA DE PATERNIDADE 14

    6. ESTUDO PRTICO 16

    6.1 PRIMEIRA DIMENSO 16

    6.2 SEGUNDA DIMENSO 18

    7. CONSIDERAES FINAIS 19

    8. BIBLIOGRAFIA 20

  • 1. INTRODUO

    O presente estudo tem por objetivo analisar questo que envolve o estado da pessoa,

    mais especificamente, a paternidade e a filiao, em conjunto com a influncia do advento do

    exame de DNA, dando enfoque aos procedimentos judicial e extrajudicial das aes de

    investigao e excluso da paternidade, fazendo referncia ao histrico dos institutos, dos seus

    meios processuais, assim como breve anlise da legislao aplicvel.

    O direito Civil ao tratar das normas que regulam as relaes da sociedade define

    como entidade familiar aquela proveniente do casamento e que constituda por pai, mes e

    filhos. Tal entendimento baseado na Constituio, e continuou a evoluo comeada pelos

    tribunais brasileiros, cujo desenvolvimento foi lento e progressivo, fugindo ao patriarcalismo

    tpico do sculo passado.

    Ficar demonstrado no decorrer deste estudo que os institutos do reconhecimento da

    filiao e da excluso da paternidade, alm de logicamente interligados, tm caractersticas

    processuais bastante semelhantes.

  • 5

    2. HISTORICO DE INVESTIGAO DE PATERNIDADE NO BRASIL

    A famlia caracterizando-se como o conjunto de pai, me e filhos, pessoas do mesmo

    sangue, descendncia e linhagem, em sua acepo original a famlia seria o grupo de pessoas

    que estavam sujeitas ao poder patriarcal ou paterfamilias. A Carta Magna de 1988, afirma que

    a famlia, como base da sociedade tem especial proteo do Estado.

    Art. 226. A famlia, base da sociedade, tem especial proteo do Estado. [....] 3 Para efeito da proteo do Estado, reconhecida a unio estvel entre homem e mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua converso em casamento.

    4 Entende-se, tambm, como entidade familiar a comunidade formada por

    qualquer dos pais e seus descendentes.

    O direito Civil ao tratar das normas que regulam as relaes da sociedade define como

    entidade familiar aquela proveniente do casamento e que constituda por pai, mes e filhos.

    Atualmente o conceito de famlia vem passando por modificaes e o casamento perdeu a sua

    caracterstica padro para definir famlia permitindo o reconhecimento da unio estvel, j que

    o instituto prev que cada membro deve preservar a personalidade do outro.

    importante ressaltar que apenas em 1916 o instituto famlia passa a ser codificada, e

    traz na sua legislao n 3.071, de 1 de janeiro de 1916, uma classificao severa quanto aos

    filhos, sendo considerado legtimos aqueles provenientes do casamento e ilegtimos os que eram

    advindos de relaes extramatrimoniais. A adoo surge na finalidade de introduzir na famlia

    aqueles filhos tido como ilegtimos.

    O Cdigo Civil de 1916 que subdividia os filhos ilegtimos em incestuosos e ou

    adulterinos estabelece ainda em seus dispositivos que o reconhecimento dos filhos ilegtimos

    poderia ser feito pelo pai, me ou ambos, sendo vedado o reconhecimento daqueles filhos e ou

    adulterinos.

    Art. 355. O filho ilegtimo pode ser reconhecido pelos pais, conjunta ou

    separadamente.

    Art. 358. Os filhos incestuosos e os adulterinos no podem ser reconhecidos.

    Este mesmo cdigo ainda estabelecia que a impugnao de paternidade cabia

    exclusivamente ao marido, podendo precluir no perodo de dois meses a partir da data do

    nascimento da criana (art. 178, 3) e em trs meses quando o marido estivesse ausente ou o

    nascimento do menor tivesse sido escondido ou ocultado (art. 178, 4, I).

  • 6

    Art. 344. Cabe privativamente ao marido o direito de contestar a legitimidade dos filhos nascidos de sua mulher.

    Art. 178. Prescreve:

    3 Em 02 (dois) meses, contados do nascimento, se era presente o marido, a ao

    para este contestar a legitimidade do filho de sua mulher.

    4 Em 03 (trs)meses:

    I a mesma ao do pargrafo anterior, se o marido se achava ausente, ou lhe ocultaram o nascimento; contando o prazo do dia de sua volta casa conjugal, no

    primeiro caso, e da data do conhecimento do fato no segundo.

    O reconhecimento de filiao para aquele filho que teria nascido durante o casamento

    vlida ou de pessoas que faleceram na posse de estado de casadas era possvel buscar o

    reconhecimento de paternidade por meio da ao de filiao. Esta ao permite garantir direitos

    imediatos e mediatos ao estado filho legitimo. Enquanto os ilegtimos poderiam ter o seu

    reconhecimento de paternidade atravs de ato voluntario ou pelo Judicirio, sendo o

    reconhecimento voluntrio ser feito pelos pais, conjunta ou separadamente, na certido de

    nascimento, testamento ou escritura pblica.

    Art. 357. O reconhecimento voluntrio do filho ilegtimo pode fazer-se ou no prprio termo do nascimento, ou mediante escritura pblica, ou por testamento.

    Art. 184. A afinidade resultante de filiao espria poder provar-se por confisso espontnea dos ascendentes da pessoa impedida, os quais, se o quiserem, tero o

    direito de faz-la em segredo de justia.

    Pargrafo nico: O reconhecimento pode preceder o nascimento do filho, ou suceder-

    lhe ao falecimento, se deixar descendentes.

    Para que houvesse Ao de Investigao de Paternidade era necessrio obedecer aos

    requisitos estabelecidos no art. 363 do Cdigo Civil de 1916, sendo eles os seguintes:

    concubinato dos pais; rapto da me pelo suposto pai ou a relao sexual coincidente com a data

    da concepo, existncia de escrito do suposto pai que reconhece a paternidade.

    A Constituio Federal de 1988, apresentando um Estado Democrtico de Direito e

    tendo como preceito fundamental a dignidade da pessoa humana, buscou a excluso de qualquer

    meio discriminatrio quanto filiao como existia no Cdigo Civil de 1916, garantido aos

    filhos de relaes extramatrimoniais, os mesmos direitos dos demais, como previsto no art. 227,

    6 da CF/88.

    Art. 227. dever da famlia, da sociedade e do Estado assegurar criana, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito vida, sade,

    alimentao, educao, ao lazer, profissionalizao, cultura, dignidade, ao

    respeito, liberdade e convivncia familiar e comunitria, alm de coloc-los a

    salvo de toda forma de negligncia, discriminao, explorao, violncia, crueldade e opresso.

    6 - Os filhos, havidos ou no da relao do casamento, ou por adoo, tero os

    mesmos direitos e qualificaes, proibidas quaisquer designaes discriminatrias

    relativas filiao.

  • 7

    3. PRINCIPAL OBJETIVO DA AO DE INVESTIGAO DE PATERNIDADE E

    EXCLUSO DE PATERNIDADE

    A Ao de Investigao de Paternidade tem como finalidade o reconhecimento da

    filiao por meio da motivao ou reclamao judicial. Trata-se, portanto, de uma ao judicial

    que busca o reconhecimento forado ou involuntrio, promovido pelo filho ou seu representante

    legal, se no caso em tela ele for incapaz, em face de seu genitor ou herdeiros, buscando

    regularizar uma situao de fato e garantindo alguns direitos como, por exemplo, pedido de

    alimentos, herana e anulao de Registro Civil.

    uma ao personalssima de Estado imprescritvel e declaratria, podendo o autor da

    ao, no caso o filho, a qualquer tempo prop-la mesmo que prescreva o seu direito patrimonial,

    como a herana. A ao poder ser ajuizada contra o pai, me ou ambos desde que analisados

    e considerados as presunes de fato.

    Em uma ao de investigao de paternidade, todos os meios so admissveis como

    prova, sendo o exame de DNA, ou percia gentica o mais recomendado. Ocorre que quando o

    autor por algum motivo desconfia que no o pai da criana, poder recorrer a uma Ao

    Negatria de Paternidade, tendo como finalidade a excluso de paternidade, exigindo que seja

    feito um exame pericial gentico para assim dirimir a dvida.

    A ao negatria de paternidade dever ser feita apenas pelo pai no podendo ser feita

    pelos herdeiros, somente no caso de falecimento do pai quando este j havia ajuizado a ao.

    Neste tipo de ao o autor sustenta a ideia de no ser o pai biolgico. A presuno de

    paternidade caracteriza-se como Juris Tantum ou relativa, a ao negatria de paternidade

    concernente ao pai (C.C, art. 1601, caput) poder ser feita a qualquer tempo, porm para que o

    autor possa mover uma ao necessrio que se prove algumas circunstncias dispostas no

    Cdigo Civil.

    Art. 1.599. A prova da impotncia do cnjuge para gerar, poca da concepo, ilide a presuno da paternidade.

    Art. 1.600. No basta o adultrio da mulher, ainda que confessado, para ilidir a

    presuno legal da paternidade.

  • 8

    importante destacar que com a vigncia do novo Cdigo Civil, no existe mais o prazo

    de decadncia para se contestar a paternidade, sendo uma ao, como dito anteriormente,

    imprescritvel.

    Art. 1.599. A prova da impotncia do cnjuge para gerar, poca da concepo, ilide a presuno da paternidade; Art. 1.601. Cabe ao marido o direito de contestar

    a paternidade dos filhos nascidos de sua mulher, sendo tal ao imprescritvel.

    4. DOS PROCEDIMENTOS DA INVESTIGAO DA PATERNIDADE

    Uma das maiores preocupaes da sociedade brasileira contempornea dar efetividade

    ao art. 227 da Constituio Federal, no que toca ao desenvolvimento integral da criana e do

    adolescente, tendo por principal responsvel, para atingir este objetivo a famlia. Alis, o 6

    do referido dispositivo garante os mesmos direitos e qualificaes a toda prole, a fim de evitar,

    sob o ponto de vista formal ou material, discriminao em relao filiao.

    de cincia comum que o Cdigo Civil, muito embora vigente desde janeiro de 2003,

    portanto, instrumento com mais de uma dcada, nasceu severamente desatualizado no que toca

    ao Direito de Famlia. Essa desatualizao exigiu imenso esforo por parte da comunidade

    jurdica, inclusive do legislador, que foi obrigado a editar uma srie de normas, a fim de

    minimizar os problemas ocasionados pela adoo do referido diploma.

    importante ressaltar que, entre tais normas, editadas aps a entrada em vigor do

    Cdigo Civil de 2002, h a Lei Federal n 8.560, de 1992, que desjudicializou o procedimento

    da averiguao oficiosa de paternidade. Esta lei foi, durante muitos anos, deixada de lado pela

    comunidade jurdica, a mesma que trabalhou na atualizao do tomo civilista, e, somente em

    2013, com a atuao do Conselho Nacional de Justia, que foram adotadas medidas

    administrativas com vistas a preservar os princpios da indisponibilidade do estado familiar, da

    continuidade do vnculo parental, da isonomia, do melhor interesse do menor e,

    fundamentalmente, da dignidade da pessoa em desenvolvimento.

    O procedimento da investigao de paternidade pode se dar em duas vias: a extrajudicial

    e a judicial. Vejamos as duas maneiras:

  • 9

    4.1 PROCEDIMENTO EXTRAJUDICIAL:

    O procedimento da investigao de paternidade de maneira extrajudicial ou

    administrativa se d em virtude do que diz a Lei Federal n 8.560/1992, citada anteriormente

    neste trabalho, assim como pelo que foi determinado pelo Conselho Nacional de Justia em

    seus Provimentos, notadamente os de n 12/10, 13/10, 16/12, 17/12 e 26/12.

    importante destacar que, alm da me ou do filho maior e no reconhecido, possvel,

    conforme art. 2 da Lei 8.560/92, ao Oficial do Cartrio do Registro de Pessoas Fsicas, ao

    emitir Certido de Registro de Nascimento em que no haja pai declarado, encaminhar tal

    documento ao Juiz, acompanhado do nome, prenome, profisso, identidade e residncia do

    suposto pai, a fim de que a autoridade judiciria, de ofcio, averigue a procedncia da alegao.

    Na investigao oficiosa, sempre importante que o magistrado colha oralmente as alegaes

    da me, determinando a notificao do pai para manifestar-se sobre o que lhe atribudo, no

    prazo de 30 dias. Caso no haja reposta, o Juiz dever remeter os autos ao Ministrio Pbico

    para que o mesmo, havendo elementos suficientes, intente o processo judicial de investigao

    de paternidade. Os autos tambm devero ser remetidos caso o suposto pai se recuse a

    reconhecer a criana ou a fazer o exame de DNA.

    De outra forma, conforme o Provimento 16/12 do CNJ, possvel me (art. 1) ou ao

    filho maior (art. 2), apontar o suposto pai. O Provimento determina ainda que os legitimados

    para apontar o pai podem dar incio ao procedimento extrajudicial da investigao,

    independentemente de domiclio ou de onde foi lavrado o assento no Registro, exigindo-se

    apenas uma via da certido ou cpia da mesma para que possa ser extrada e anexada aos autos

    do procedimento.

    4.2 PROCEDIMENTO JUDICIAL:

    O procedimento da investigao de paternidade na esfera judicial se inicia atravs da

    remessa dos autos ao Ministrio Pblico, aps a recusa ou silncio do suposto pai quando

    notificado pelo Juiz, de maneira oficiosa. A ao de investigao de paternidade tambm pode

    se iniciar atravs de petio assinada por advogado contratado ou por intermdio de Defensor

    Pblico, sendo a criana ou filho maior o autor da causa, figurando a me como representante

    legal da criana ou adolescente totalmente ou relativamente incapaz, na forma da lei.

  • 10

    Segundo os doutrinadores Orlando Fida e Torres de Albuquerque,

    o procedimento de investigao de paternidade sempre o ordinrio, pois se trata de ao de estado, tendo como principal objeto uma sentena declaratria do status

    familiae, com principal fundamento no art. 1.606 do Cdigo Civil ao dispor que a ao de prova de filiao compete ao filho, enquanto viver, passando aos herdeiros,

    se ele morrer menor ou incapaz.

    A ao iniciada em conformidade com o disposto nos artigos 282 e seguintes do

    Cdigo de Processo Civil, e sendo a ao de investigao de paternidade pessoal, o foro

    competente o domiclio do ru e, na hiptese deste ter vrios domiclios, ou quando for incerto

    ou desconhecido o domiclio do mesmo, o ru ser demandado onde for encontrado ou no

    domiclio do filho. Quando o suposto pai no tiver domiclio ou residncia no Brasil, a ao

    ser proposta no foro do domiclio do autor, mas caso este tambm resida fora do Brasil, a ao

    ser oferecida em qualquer foro, exceto quando houver dvida quanto identidade do pai e

    existir mais de um ru, de diferentes domiclios, hiptese na qual sero demandados no foro de

    qualquer deles, escolha do autor. Nas aes em que o suposto pai for ausente, o feito correr

    no foro do seu ltimo domiclio. Nas aes em que o incapaz for ru, processar-se- no foro do

    domiclio de seu representante.

    Vale ressaltar que o promovido dever ser representado em juzo por advogado

    legalmente habilitado, porm, lcito postular em causa prpria, quando tiver habilitao legal

    ou, no a tendo, no caso de falta de advogado no lugar ou recusa ou impedimento dos que

    houver.

    Como dito anteriormente, a ao de investigao de paternidade revestida de carter

    personalssimo, cabendo ao filho o direito de postular. No entanto, na maioria das vezes o filho

    civilmente incapaz, cabendo a representao me ou a outro representante legal, conforme

    dispe o art. 81 do Cdigo de Processo Civil.

    Apesar da legitimidade para propositura ser exclusiva do filho, a contestao pode ser

    feita por qualquer pessoa, que justo interesse tenha, assim, interessados so todos aqueles que

    possam ser afetados pela deciso judicial, a saber: o genitor biolgico, o genitor registrado, se

    houver, o genitor socioafetivo (hiptese comum no cnjuge ou companheiro da me), o cnjuge

    ou companheiro do suposto genitor e os herdeiros deste.

    Para o procedimento da investigao, assim como para o da excluso da paternidade, o

    exame de DNA o meio mais costumeiro de prova. At bem pouco tempo, a prova era feita de

  • 11

    depoimentos de testemunhas escritos do suposto pai, depoimento pessoal, presunes e

    indcios, alm de alguns exames periciais.

    O exame mais comum era a percia mdico-legal. Esta era feita atravs da anlise de

    certos caracteres morfolgicos externos dos pais e do suposto filho, principalmente da cabea

    e suas partes isoladamente: cabelo, fronte, orelhas, nariz, olhos, boca, queixo e dentes; cor da

    pele e seus pigmentos; impresses digitais e todas anomalias anatmicas individuais de carter

    genealgico.

    Utilizava-se, outrossim, do exame antropocintico, ou dos caracteres funcionais

    externos, como expresso fisionmica ou mmica facial, a atitude, a maneira de caminhar, a

    letra, a gesticulao, o timbre de voz; exames psicolgico e semiolgico, ou dos caracteres

    patolgicos transmissveis hereditariamente, e, finalmente, atravs do exame biolgico do

    sangue.

    Pode-se facilmente chegar concluso de tais mtodos cientficos de outrora

    (antropomrficos, antropocinticos, semiolgicos e psicolgicos) eram extremamente falhos.

    A tendncia para encontrar nas semelhanas entre o pai e o suposto filho uma das provas da

    paternidade data de tempos remotos.

    Com o avano cientfico e a inveno do teste de DNA, a paternidade pode ser decidida

    com total certeza, tendo em vista, que a comparao gentica atravs do DNA indiscutvel,

    assim como as impresses digitais que se obtm na datiloscopia, chegando a um resultado

    matemtico superior a 99,9999%. Sendo assim, o exame de DNA de suma importncia nas

    aes de investigao de paternidade, podendo excluir de modo absoluto ou afirm-la com

    elevadssimo grau de probabilidade.

    O DNA o elemento que contm todas as informaes genticas de cada indivduo,

    pois tem caractersticas nicas, contudo, segundo Croce e Croce Jr.,

    a nica e remota possibilidade de erro no caso de comparao das estruturas genticas de gmeos idnticos. Afora isso, a probabilidade de indivduos que no so

    parentes terem a mesma impresso digital do DNA apenas um para cinco quatrilhes, ou seja, praticamente zero; para irmos, essa qualidade de provvel

    de um para cem milhes.

    Dessa forma, para comprovar a paternidade feito uma anlise das impresses genticas

    dos pais e do filho, com propores iguais de material gentico do pai e da me, sendo assim,

    cada caracterstica do DNA do filho deve ser encontrada em um dos pais, porm, se existirem

  • 12

    na impresso do DNA do filho pelo menos dois fragmentos que no aparecem nos pais, um

    deles no legtimo, ocasionando a excluso da paternidade ou maternidade.

    O exame de DNA para efeito de prova processual, deve ser realizado com alguns

    cuidados, como a escolha de um laboratrio idneo dotado de profissionais com habilitao

    especfica, como tambm a coleta do material, que deve ser acompanhada pelos assistentes

    tcnicos indicado pelas partes e o material bem conservado e identificado, sendo assim,

    conforme Croce e Croce Jr., os exames que visam investigao de paternidade devem ser

    realizados por imuno-hematologistas, por farmacuticos-bioqumicos habilitados e por

    quaisquer profissionais (mdicos legistas, geneticistas, etc.) que, isoladamente ou em equipe

    tenham qualificao e responsabilidade para desempenhar a funo que tais laudos exigem.

    Ademais, conforme Gonalves, todos os meios de prova admitidos no diploma civil so

    vlidos para determinar a paternidade, desde que, no seja possvel realizar o exame

    hematolgico.

    interessante observar o que dispe a Smula 301 do Superior Tribunal de Justia: em

    ao de investigatria, a recusa do suposto pai a submeter-se ao exame de DNA induz

    presuno juris tantum de paternidade. Em consonncia com tal entendimento, o art. 231 do

    Cdigo Civil diz que aquele que se nega a submeter-se a exame mdico necessrio no poder

    aproveitar-se de sua recusa.

    Diante do exposto, fica evidente que ningum obrigado a fornecer amostras de seu

    sangue para realizao de prova pericial, contudo, a recusa do ru pode levar o juiz a decidir de

    forma desfavorvel ao mesmo, desde que, existam outros elementos indicirios.

    A Lei N 12.004/09, que alterou a de N 8.560/92 apresentou mudanas importantes

    para a investigao de paternidade dos filhos havidos fora do casamento:

    Art.1. Esta Lei estabelece a presuno de paternidade no caso de recusa do suposto pai em submeter-se ao exame de cdigo gentico - DNA;

    Art. 2. A Lei n 8.560, de 29 de dezembro de 1992, passa a vigorar acrescida do

    seguinte art. 2-A;

    Art. 2-A. Na ao de investigao de paternidade, todos os meios legais, bem como

    os moralmente legtimos, sero hbeis para provar a verdade dos fatos;

    Pargrafo nico. A recusa do ru em submeter-se ao exame de cdigo gentico DNA

    gerar a presuno de paternidade, a ser apreciada em conjunto com o contexto

    probatrio.

  • 13

    Fica evidente que na recusa do pai em submeter-se ao exame de DNA, ser gerada a

    presuno da paternidade, desde que apreciada juntamente com o conjunto probatrio, desse

    modo, temos que ressaltar, que nem sempre a recusa do ru em submeter-se ao exame

    hematolgico, pode resultar na presuno da paternidade, pois se ficar comprovado nos autos

    que o mesmo no teve relaes sexuais com a me do investigante e a mesma vive em zona de

    meretrcio, neste caso no h como presumir essa paternidade.

    Conforme leciona Carlos Roberto Gonalves, embora a prova pericial gentica seja de

    suma importncia, esta no o nico meio hbil para comprovao da filiao, mesmo porque

    nem sempre possvel a sua realizao. Diante da ausncia do exame de DNA, admitem-se

    outros tipos probatrios, como o documental e o testemunhal. Esta ltima admitida com

    cautela e restries nas aes de investigao de paternidade, dada sua falibilidade.

    Segundo o art. 405, 2, I, do Cdigo de Processo Civil, so impedidos de depor

    o cnjuge, bem como o ascendente e o descendente em qualquer grau, ou colateral, at o terceiro grau, de alguma das partes, por consanguinidade ou afinidade, salvo

    se o exigir o interesse pblico, ou, tratando-se de causa relativa ao estado da pessoa,

    no se puder obter de outro modo a prova, que o juiz repute necessria ao julgamento

    do mrito.

    O magistrado ainda pode, na investigao de paternidade analisar as presunes e

    indcios que sejam capazes de gerar uma certeza relativa, como por exemplos, se existirem

    provas suficientes da amizade entre a me do autor e seu pretendido pai, ou mesmo do

    relacionamento exclusivo entre eles, etc., resultando numa convico de que o investigado o

    pai do investigante, servindo de provas no processo, desde que o investigado no esteja

    contestando essa paternidade.

    Uma vez julgado procedente o pedido, o Juiz de Direito expedir um mandado de

    averbao para que o Oficial de Registro Civil do Cartrio onde foi feito o registro de

    nascimento do filho possa fazer a averbao e entregar certido constando o nome do pai.

  • 14

    5. DA AO NEGATRIA DE PATERNIDADE

    Como pudemos ver, a questo da paternidade, desde os romanos at nossa poca, girou

    em torno da prova. Como, at o advento dos exames genticos, no era possvel precisar uma

    paternidade com toda a certeza, adotou-se um jogo de presunes e probabilidades, ao qual se

    atribuiu um valor absoluto em determinadas situaes.

    Destarte, o saber jurdico utilizou determinadas frmulas legais, objetivando pr fim s

    incertezas que pairavam sobre a paternidade na sociedade patriarcal, que teve seu sustentculo

    maior no imprio romano.

    Os romanos criaram uma presuno legal de paternidade (pater is est quem nuptia

    demonstrant), o que, ainda, adotada, e tem muita fora, sendo utilizada por muitos anos pelas

    legislaes de vrios povos, e defendida por afamados doutrinadores.

    Como no poderia deixar de ser, a boa doutrina nacional, com os incontestveis avanos

    alcanados pelos exames genticos, entende estarem superados e, portanto, tacitamente

    revogados, os artigos 338, 339 e 340 do Cdigo Civil brasileiro, principalmente quando se

    cogite em impedir a declarao negativa de paternidade aspirada pelo pai registral.

    Acertadamente, a doutrina entende que o desenvolvimento social deve ser acompanhado

    de um desenvolvimento da cincia jurdica, no sendo mais possvel sustentar uma aparente

    verdade, decorrente de simples presunes legais relativas, em confronto com uma verdade

    biolgica demonstrada atravs da impresso gentica.

    Para tentar corrigir esta distoro, alguns dispositivos legais foram editados. Dessa

    forma, a lei 8.069/90, em seu artigo 27, permite a investigao incondicional do estado de

    filiao, bem como a lei 8.560/92, em seu artigo 8., no sendo mais aplicvel em matria de

    ao de declarao de negativa de paternidade o prazo estabelecido no artigo 178, pargrafos

    3. e 4, inciso I, do Cdigo Civil, uma vez que a lei deve acatar a verdadeira paternidade.

    A ao negatria de paternidade aquela que compete exclusivamente ao

    marido/companheiro, de rito ordinrio, tal como a de investigao de paternidade, que permite

    seja contestada a paternidade dos filhos de mulher ou companheira, ainda que tal paternidade

    conste do registro civil das pessoas naturais.

  • 15

    A ao de investigao de paternidade propende a uma sentena de contedo meramente

    declaratrio, pois visa por termo existncia ou inexistncia da paternidade, operando efeitos

    "ex tunc", ou seja, os efeitos da investigao retroagem data da concepo, ou do nascimento,

    conforme a teoria adotada.

    J a ao negatria de paternidade enquadra-se na definio de aes constitutivas

    negativas, ou descontitutivas, pois visa extinguir a relao jurdica de filiao estabelecida entre

    o filho e o contestante. As aes constitutivas operam efeito "ex nunc", retroagindo somente

    at a data da sentena, restando vlida toda a relao jurdica estabelecida at a data da criao,

    modificao ou extino dessa mesma relao.

    A questo mais polmica sobre a ao negatria de paternidade gira em torno do prazo

    para o seu ajuizamento. Parte da doutrina e da jurisprudncia nacional entende no estar

    revogado o artigo 178, pargrafos 3. e 4, inciso I, do Cdigo Civil. Existem, portanto, trs

    correntes doutrinrias acerca do prazo para aforamento da contestao de paternidade, sendo

    duas mais conservadores, que ainda entendem pela utilizao de tais prazos decadenciais,

    extremamente curtos, sendo a diferena bsica entre elas o termo inicial da contagem de teu

    prazo.

    A corrente mais recente, em ascenso, corretamente entende estarem revogados todos

    os dispositivos do Cdigo Civil que vedam a investigao e a contestao da paternidade. A

    Lei N 8.069/90, em seu artigo 27, permite a investigao incondicional do estado de filiao,

    o que tambm ocorre no mbito da Lei N 8.560/92, que afirma, em seu artigo 8, no sendo

    mais aplicvel em matria de ao de declarao de negativa de paternidade os prazos

    estabelecidos no artigo 178, pargrafos 3. e 4, inciso I, do Cdigo Civil, uma vez que a vige

    em nosso ordenamento jurdico o princpio da paternidade real, que exige seja perquirida a

    verdadeira paternidade.

    Assim, a terceira corrente a mais coerente, alm de estar em consonncia com os

    dispositivos constitucionais e infraconstitucionais que dispem sobre as relaes familiares,

    atendendo, ainda, aos interesses da criana que tem o direito de obter a verdade sobre a sua

    paternidade. Os nossos tribunais, embora no sejam mais to vacilantes quanto possibilidade

    de aforamento da ao negatria de paternidade fora dos prazos estabelecidos no artigo 178

    pargrafos 3. e 4, inciso I, do Cdigo Civil, ainda no chegaram a um consenso sobre a matria

    em exame.

  • 16

    6. ESTUDO PRTICO

    6.1 PRIMEIRA DIMENSO:

    Investigao de Paternidade;

    Procedimentos Extrajudiciais Atravs da Defensoria Pblica.

    O procedimento de investigao de paternidade extrajudicial realizado pela Defensoria

    Pblica de Crato ocorre com base nos princpios da mediao que so princpio da boa-f e

    princpio da confiana e se realiza na Casa de Mediao.

    O procedimento se inicia com a procura de uma ou das duas partes para que se realize

    uma mediao e nessa seja marcado um exame de DNA pblico. Quando apenas uma das partes

    procura a Casa de Mediao essa informa o seu desejo de realizar um exame de DNA e o nome

    do suposto pai/me/avs aps o atendimento (no qual se marca uma mediao) a parte deve se

    encarregar de levar um convite solicitando a outra parte para comparecer a Casa de Mediao

    no dia e hora marcados. Nos casos em que ambas as partes procuram a Defensoria Pblica a

    mediao j realizada de imediato. Durante a mediao as partes conversam para chegarem a

    um acordo no qual ser marcado um dia para supostos pais e a criana compadecerem ao

    laboratrio LACEN onde ser realizado o exame de DNA.

    Quando as partes comparecem ao laboratrio e o exame realizado com xito o

    resultado enviado para a Casa de Mediao. Nessa o exame s ser aberto com a presena das

    partes envolvidas e devidamente identificadas. Em casos que envolvem menores esses devem

    comparecer acompanhados dos responsveis que tambm devem estar identificados.

    Quando o resultado positivo realizada uma nova mediao na busca de se fixar

    visitas, penso alimentcia, regular registros no qual no consta o pai ou tem como outro que

    no o biolgico. Nos procedimentos extrajudiciais se busca a diminuio da judicializao das

    demandas na busca de desafogar o judicirio e amenizar os conflitos entre as partes e com os

    menores envolvidos. No entanto, nem sempre isso possvel restando a parte que procurou a

    Defensoria (na maioria das vezes) dar entrada com a demanda no judicirio.

    Nos casos que o resultado negativo existem duas solues possveis o primeiro

    questionar a certeza da me sobre a paternidade, pois caso ela no tenha dvidas solicita-se

    novo exame conhecido como contra prova. No entanto, quando a me assume uma possvel

    janela (no h certeza da paternidade por parte da me, pois mantinha relao com mais de um

  • 17

    homem) ser realizado novo exame com o outro possvel pai, pois o objetivo desse

    procedimento a proteo do menor e regulamentao da sua condio.

    So essas a possveis etapas percorridas durante o procedimento extrajudicial. Deve-se

    ressaltar que nem sempre o procedimento chega ao fim, pois em alguns casos uma das partes

    ou ambas as partes no comparecem ao laboratrio para a realizao do exame ou realizam o

    exame, mas no retornam a Casa de Mediao para receber o resultado.

    Dessa forma, embora o procedimento seja o mais simplificado possvel, nem sempre ele

    exitoso e termina por gerar demandas judiciais, aumentando as pilhas de processos do

    judicirio.

    Na busca de demonstrar na prtica o acima explanado se realizou uma pesquisa nos

    arquivos da Casa de Mediao para demonstrar as estatsticas dos exames realizados nos anos

    de 2012 a 2014.

    Fez-se, tambm, a solicitao ao Defensor Pblico responsvel pela Casa de Mediao

    dos documentos produzidos em um caso no qual a me buscou a Defensoria Pblica para

    realizar o procedimento de investigao de paternidade e o exame de DNA deu positivo sendo

    o caso inteiramente resolvido pela via extrajudicial. No foi possvel a reproduo de tais

    documentos em virtude do dever destes estudantes em proteger a intimidade dos envolvidos no

    caso concreto.

    Tabela das estticas dos exames de DNA realizados com a assistncia da Defensoria

    Pblica da cidade de Crato/CE.

    ANO 2012 2013 AT JULHO DE 2014

    QUANTIDADE EXAMES

    SOLICITADOS 55 74 57

    RESULTADOS POSITIVOS 31 44 35

    RESULTADOS NEGATIVOS 14 20 16

    NO REALIZADOS POR FALTA

    DE UMA DAS PARTES 8 7 5

    RESULTADO DESCONHECIDO -

    EXAME ENVIADO PARA

    ABERTURA DE PROCESSO

    JUDICIAL

    2 3 1

  • 18

    6.2 SEGUNDA DIMENSO:

    Investigao de Paternidade;

    Procedimentos Judiciais Iniciados Atravs do Anexo de Prticas Jurdicas da URCA.

    Entre o ano de 2012 at meados de Julho de 2014, houveram no Anexo de Prtica

    Jurdica da Universidade Regional do Cariri, a proposio de 27 processos judiciais. Tal

    demanda encontra-se tmida, j que a Ao de Investigao de Paternidade, mesmo tramitando

    em segredo de justia, afeta diretamente aquele que acredita deter laos sanguneos com o

    suposto filho (a).

    A petio inicial embasada nos Artigos 1.607 a 1.617 do Cdigo Civil Brasileiro de

    2002, que perfazem o Captulo III do Subttulo II, Ttulo I do Livro IV, inserido na Parte

    Especial do supracitado tomo legal civilista.

    Tabela das estticas das aes judiciais intentadas inicialmente junto ao Anexo de

    Prticas Jurdicas da Universidade Regional do Cariri URCA, na cidade de Crato/CE.

    ANO 2012 2013 AT JULHO DE 2014

    QUANTIDADE AES

    INICIADAS 10 9 8

  • 19

    7. CONSIDERAES FINAIS

    O grupo, ao iniciar as pesquisas para realizao deste estudo sobre a investigao e a

    excluso da paternidade, possua ideia errnea, e infelizmente recorrente entre os estudantes de

    Direito, de que procedimentos de to elevada importncia para a vida das pessoas seriam melhor

    regulados, principalmente ao nvel do Cdigo Civil de 2002, devido a este corpo legal servir

    como base lgica para a generalidade das aes cveis em nosso pas.

    Ledo engano.

    Infelizmente, o legislador foi extremamente omisso ao tratar de tais institutos,

    principalmente ao analisarmos a sua preponderncia sobre tantos outros aspectos da vida civil

    da populao brasileira. A situao s tende a piorar quando paramos para pensar em uma das

    constataes de maior clareza da vida forense: a quantidade de pessoas que no conhecem seus

    pais, mesmo suas mes, e, em alguns casos, nenhum dos seus genitores assustadora, ou,

    melhor afirmando, ABSURDA!

    O ordenamento jurdico brasileiro, ao tratar das aes de investigao e excluso da

    paternidade, encontrou solo frtil para melhorar o que j estava descrito na norma civilista. Isto

    fica evidente na quantidade de Smulas, posies doutrinrias, conflitantes ou no, mas

    principalmente ao estudarmos a participao de rgo no jurisdicional ligado ao Poder

    Judicirio, neste caso o Conselho Nacional de Justia, e a edio de diversos Provimentos

    regulando a atuao dos magistrados no que concernentes matria.

    Foi interessante, apesar de no muito animador, observar, atravs dos estudos de casos

    prticos, a escassez ou, no mnimo, a pequena quantidade, de pedidos extrajudiciais de

    realizao de exames de DNA, e a parcela ainda menor de casos levados ao escrutnio mais

    detalhado por parte do Poder Judicirio. Analisando calmamente as informaes sobre tais

    dados, a equipe chegou concluso de que h, realmente, um certo nmero de supostos pais

    que acabam por reconhecer seus filhos, no chegando a nossa esfera de conhecimento a

    informao sobre a prestao de alimentos. Alm disso, observamos que o conhecimento sobre

    a realizao dos exames de DNA com a assistncia da Defensoria Pblica parece encontrar-se

    de certa maneira popularizado entre a populao cratense, o que no ocorre quanto

    possibilidade de judicializar tal demanda.

    O que fica subentendido disto? Se o descrdito do Poder Judicirio, a falta de

    conhecimento por parte da populao, ou mais provavelmente ambos, tal pergunta esta equipe

    no pde responder com este estudo.

  • 20

    8. BIBLIOGRAFIA

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    estabelecida, bem como sobre o reconhecimento espontneo de filhos perante os referidos

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  • 21

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