VIVER EM CONJUNTO

6º ANO -

FILOSOFIA

Cap. 5 / Vol.3

O ser humano, pode viver sozinho?

Quais são as possibilidades de um ser humano conseguir ter uma vida feliz e satisfatória

vivendo solitariamente?

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VIDA SOCIAL

É uma das marcas da humanidade

Desde que nascemos, estamos inseridos e um grupo social, a família.

No interior da família:

aprendemos os códigos culturais que precisamos

para nos comunicar e viver em sociedade

A partir daí, as relações com os outros grupos acontecem naturalmente e, nessas relações, construímos:

Nossa identidade;

Nossos valores e

Nossos modo de viver no mundo. 3

1. O PRINCÍPIO DO PRAZER E DA AGRESSIVIDADE

Uma necessidade básica dos seres sencientes, como todos os animais, é a busca pelo prazer e a fuga da dor.

Na infância, os seres humanos, :

são movidos pelo princípio do prazer.

a relação com o outro está vinculada à realização das próprias necessidades e interesses, - uma forma de egoísmo.

O mundo gira ao seu redor – exige a atenção imediata de todos que a cercam.

O que acontece, quando a criança não é prontamente atendida ou quando os pais dizem “não” ao seu desejo?

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Nos adultos:

o princípio da busca pelo prazer também é observável;

com o desenvolvimento das faculdades morais e sociais, outros aspectos são levados em consideração que impedem essa busca inconsequente pelo prazer.

A educação assume um papel importante, pois estabelece limites aos interesses particulares que favorecem a vida em comunidade.

O comportamento de uma criança se assemelha ao dos animais.

O que conduz a ação de um animal é seu instinto, uma forma de programação genérica.

Trata-se do reino do determinismo, do mundo fechado, no qual não existe a possibilidade de ser livre.

Os seres humanos, por sua vez, são seres marcados pela consciência e pela liberdade e, por isso, a nossa impulsividade é diferente da impulsividade do instinto animal,

Nossas ações podem ser controladas e orientadas para diferentes direções, visto que somos racionais.

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Vamos ler trechos sobre a relação entre o ser humano, sociedade e individualismo. (ver p. 4 e 5)

O trecho 1 – Thomas Hobbes (1588 – 1679)

o qual os seres humanos são, naturalmente, lobos uns dos outros, marcados pelo individualismo e pela agressividade.

O trecho 2 – Sigmund Freud (1856 – 1939)

Reconhece que as ações humanas, no dia a dia, são governadas não pela razão, mas pela paixão.

Esses dois trechos escritos em épocas bem diferentes, provocam reflexões sobre características que refletem a perspectiva de alguns pensadores sobre o que é o ser humano.

Se a agressividade e o individualismo são aspectos da natureza humana, é preciso haver meios para que essa impulsividade receba um freio e seja orientada para a construção de projetos que cuidem do bem comum.

Nesse sentido, a educação, a política e as leis assumem um importante papel.

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2. AS ALIANÇAS EM FAVOR DA VIDA COLETIVA

Os seres humanos possuem uma tendência natural para buscarem o outro.

Ninguém quer viver isolado,

pois a nossa felicidade está muito relacionada à vida social.

Nascemos necessitando da presença do outro, por isso buscamos o convívio do grupo, uma vez que nossa realização passa, necessariamente,

pela convivência.

Para que a vida em sociedade fosse possível, foi fundamental que os seres humanos construíssem alianças, pactos

Que só foram possíveis devido à sua tendência para a comunicação e para a vida comunitária.

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Sua capacidade para desenvolver a palavra articulada, construir sentidos e atribuir significados para as coisas possibilitou acordos de não agressão, por meio dos quais as pessoas passaram a respeitar o espaço de cada um, aprendendo a conviver em grupo.

Um dos frutos desses acordos é a lei.

Todas as sociedades humanas passou a existir um código de conduta, oral ou escrito.

Nessas leis, os seres humanos têm como objetivo fixar as garantias do bem comum, da justiça e da ordem social.

Para tanto, estabelecem-se certas atitudes como proibidas – roubar e matar.

As alianças são

imprescindíveis

para a vida em sociedade. 8

Por meio das leis, os indivíduos renunciam à liberdade de fazer oque quiserem e abrem mão de fazer tudo o que tiverem vontade de fazer.

Um dos objetivos das leis é defender os valores – o valor da vida política e o da vida da comunidade.

É necessário educar o espírito humano para aprender a conviver em sociedade.

Nesse sentido, a educação assume esse papel principal de educar para o espírito de coletividade.

Se não houvesse educação, o ser humano não teria as condições para caminhar

na direção de sua humanização.

Como resultado dessa escolha,

pessoas adquirem a liberdade da vida em sociedade,

que é a liberdade limitada pelas leis.

Não bastam as leis

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vida em comunidade requer sacrifícios individuais.

O bem de todo o corpo social exige que cada indivíduo, membro desse corpo, atue em favor do bem comum.

Na prática, devemos sempre pensar nas consequências de nossas ações.

Devemos evitar fazer certas coisas que, embora possam ser prazerosas, trazem consequências negativas para a vida em

sociedade.

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O individualismo está sempre presente como uma ameaça à justiça e à paz social.

Não basta existir uma lei para punir e inibir.

É preciso haver educação para cultivar um novo jeito de ser e de viver com os outros.

É fundamental, nesse caso, aprender a controlar os impulsos que brotam do nosso natural egoísmo, ou seja, é necessário aprender a ter solidariedade – dela depende a continuidade da vida.

É preciso haver educação para cultivar um novo

leito de ser e de viver com os outros.

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3. ÉTICA E POLÍTICA: INDIVÍDUO E COMUNIDADE

De acordo com Aristóteles, a ética está relacionada ao caráter do indivíduo. A ética se refere às condutas individuais, aos princípios que orientam a ação do indivíduo. A política está relacionada a tudo o que se refere à vida em comunidade, correspondendo à dimensão coletiva, enquanto a ética corresponde à dimensão individual. Quanto maior for o cultivo do caráter individual, maiores e melhores serrão as decorrências para a cidade.

A política, segundo Aristóteles, corresponde à dimensão coletiva,

relaciona-se à vida em comunidade. 12

Em seu livro A Política, Aristóteles escreve sobre a natureza política do ser humano.

O homem é, por natureza, um animal feito para a sociedade civil.

Assim, mesmo que não tivéssemos necessidade uns dos outros,

não deixaríamos de desejar viver juntos. Na verdade, o interesse

comum também nos une, pois cada um aí encontra meios de viver

melhor. Eis, portanto, o nosso fim principal, comum a todos e a

cada um em particular. Reunimo-nos mesmo que seja só para pôr a

vida em segurança. [...]. Mas não apenas para viver juntos, mas

sim, para viver juntos que se fez o Estado.

ARISTÓTELES. A política. Livro II. Trad, Roberto Leal Ferreira. São Paulo: Martins Fontes,

2002. p.53.

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Em termos biológicos, no corpo humano, um membro deve exercer sua função e só consegue se estiver ligado a um corpo.

De modo análogo, no corpo político, em que o indivíduo é o membro e a cidade (a polis), o corpo, cada cidadão tem funções específicas, que devem ser exercidas para que o todo funcione bem, harmonicamente.

Se algum membro não funciona bem, todo o corpo é prejudicado.

O mesmo acontece com na vida política, em que tanto a ética do indivíduo repercute na política quanto a política alimenta a ética.

Tanto a forma como a cidade funciona tem grandes influências sobre o comportamento do indivíduo, quanto a forma de pensar do indivíduo e o seu caráter têm influências na vida social.

Para Aristóteles, o bem da cidade “é mais belo e mais divino”, porque esse bem se amplia, ultrapassando a dimensão individual e alcançando a dimensão social.

No pensamento filosófico de Aristóteles, o indivíduo existe para comunidade e não a comunidade para o indivíduo.

Ver texto p. 9

Para a filosofia aristotélica, o maior bem da vida, o bem supremo que odos buscamos, é a felicidade.

Por isso, a política deve assegurar as condições sociais para que todos tenham acesso a esse bem comum.

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4. A FAMÍLIA: APRENDENDO A SER GENTE COM OS OUTROS.

Após o nascimento, o ser humano é o animal mais dependente dos adultos, até que aprenda a manter-se vivo por conta própria.

A família assume um papel importante:

Preparar os indivíduos que nascem para que estes possam

viver em sociedade de modo autônomo, processo que

chamamos de socialização.

Com a família inicia a humanização e a

socialização do ser humano. Por meio da vida

familiar, a criança assimila os valores da

sociedade. 15

A FAMÍLIA... é uma pequena comunidade, que também necessita de organização.

todos têm direitos e devem exercer deveres, aprendendo a conviver com a divisão de tarefas e a com a obediência à autoridade dos pais.

Por ser um fenômeno social, a família reproduz, em escala menor, avida em sociedade, como as relações de poder que se manifestam da seguinte maneira:

Quando o pai é a figura central da autoridade, podemos falar em família patriarcal;

Quando a mãe é a figura central da autoridade, podemos falar em família matriarcal.

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Historicamente, a instituição familiar foi constituída por vínculos biológicos, ou seja, por laços de sangue.

Na sociedade moderna, os laços afetivos não biológicos representam parte significativa das novas constituições familiares nas quais os filhos podem ser biológicos ou adotivos.

O casamento também passou por transformações.

Atualmente é possível notar o aumento gradativo das uniões informais, o que pode ser observado, inclusive, na legislação brasileira, que passou a conceder direitos a esse tipo de vínculo.

Esses parceiros se reconhecem como conectados por direitos e deveres que um deve ter em relação ao outro.

Como toda instituição social, a família tem sua estrutura modificada de acordo com a cultura na qual está inserida, bem como de acordo com a época em que foi instituída.

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Houve época em que a formação familiar era formada por muitos integrantes, denominamos de família extensa – época dos avós e bisavós.

Nesse tipo de família, a autoridade patriarcal era predominante, sendo a mulher majoritariamente responsável pelos afazeres domésticos. Com o passar de tempo, sobretudo a partir do século XIX, com a industrialização e a decorrente intensificação da urbanização, a estrutura patriarcal passou a entrar em declínio, sendo possível observar também uma queda no número de integrantes que formavam as famílias.

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Diante desse novo contexto cultural e econômico, um novo arranjo familiar passou a ser predominante: a família nuclear, formada pela união do casal e seus filhos. Nessa constituição familiar, a autoridade passou a ser distribuída entre o pai e mãe de maneira mais equilibrada

a mulher começou a ter importante papel de decisão, influenciando as escolhas da família, como o número de filhos, o

modelo do carro da família, as reservas financeiras, etc. Os homens passaram assumir novas funções, como:

O cuidado dos filhos As tarefas domésticas.

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4.1. AS NOVAS FAMÍLIAS BRASILEIRAS

IBGE realiza no Brasil, de 10 em 10 anos, o Censo Demográfico.

O último censo foi realizado em 2010.uma das maiores demonstrações da mudança gradual da instituição familiar brasileira encontra-se no aumento do número de mulheres responsáveis pelo sustento da casa.

Em 2000 – representava 24,9% dos lares brasileiros.

Em 2010 – esse percentual subiu para 38,7%

Esse crescimento também é significativo nas famílias monoparentais femininas – configuradas por mãe e filho(s).

Ver texto do IBGE /2010.

Ver gráfico IBGE/

2010 – apostila p. 13 20

Outro aspecto importante que demonstra a diversidade de famílias que vêm compondo lares brasileiros encontra-se na união estável de casais homossexuais.

A partir do reconhecimento legal da união homoafetiva, em maio de 2011, pelo Supremo Tribunal Federal, tornou-se legítima uma nova modalidade de família, que também merece e necessita da proteção do Estado.

Ver apostila p. 14 e

15.

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5. A FAMÍLIA NA CULTURA DO INDIVIDUALISMO

A família se encontra inserida em um contexto mais amplo e acaba sendo um reflexo do estilo de vida de toda a sociedade.

Uma das principais características da sociedade moderna e da contemporânea é a concentração no cultivo dos direitos individuais.

tudo se volta para a realização

desse objetivo

produz o espírito de nossa época:

liberdade e individualismo

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Se a família for esse espaço de aprendizagem, ela poderá ser o núcleo da formação de

uma nova sociedade

Fundamentada em valores mais coletivos, em uma vida na qual o direito e o dever caminham juntos.

Nessa visão, o direito individual entra em comunhão com o dever de

cuidar das coisas que pertencem a todos.

A família prepara o indivíduo para a

vida em sociedade.

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6. A ESCOLA E A EDUCAÇÃO PARA A COLETIVIDADE

Depois da socialização, que acontece na família, a criança passa a interagir com outros grupos sociais.

Grupo escolar – talvez o mais importante da vida infantil.

Nesse momento, a criança passa a conhecer e vivenciar outros tipos de organizações sociais, precisando se adaptar a outras normas e códigos de conduta, por exemplo.

Esse momento é fundamental para possibilitar o desenvolvimento das habilidades sociais necessárias para a vida social.

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A Instituição Escolar brasileira é marcada por disciplinas que incluem diversas áreas de conhecimento.

Linguagens e, Códigos e suas tecnologias;

Matemática e suas tecnologias;

Ciências da Natureza e suas tecnologias Ciências Humanas – possibilita a aprendizagem dos valores que a humanidade busca construir.

O aprendizado de todas as áreas do conhecimento deve

possibilitar que o aluno seja capaz de tomar consciência de tudo

aquilo que tem sido obstáculo para a construção de uma humanidade melhor,

Um dos objetivos da vida escolar é tornar o aluno um cidadão.

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Obstáculos que dificultam a construção de sociedades justas, encontram-se:

o fanatismo, a intolerância e a violência contra pessoas e culturas diferentes.

A falta de habilidade para lidar e conviver com as diferenças mostra que as civilizações ainda evoluíram muito pouco em termos humanitários.

Embora os homens já tenham desenvolvido bem o poder da ciência e das tecnologias, tendo condições de ir à Lua e tirar petróleo do fundo do mar, por exemplo, a

ainda não aprenderam a respeitar as diferenças que existem entre as pessoas e ainda não conseguiram organizar sociedades que garantam o acesso universal aos direitos e à prática dos deveres.

A importância das disciplinas como Filosofia e Sociologia, que

alimentam a atitude reflexiva e crítica, ao mesmo tempo cultivam a análise das estruturas sociais e dos comportamentos

individuais.

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A escola é o tempo e o lugar privilegiados para aprender e cultivar os valores que promovem a humanidade.

Será que...

a escola está sendo esse lugar no qual se cultiva

a ética do cuidado com a vida?

Ou será que...

na escola está sendo cultivado o espírito individualista?

Será que ...

a escola está sendo espaço para a aprendizagem

da cultura da solidariedade e da paz entre as pessoas e os

povos?

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A educação e o cultivo do espírito solidário são os caminhos necessários para aprender a

pensar e a criar as soluções para os maiores problemas da humanidade.

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A UNESCO, em seu relatório sobre a educação para o século XXI, afirma os quatro pilares da educação:

Aprender a conhecer, Aprender a fazer, Aprender a ser, Aprender a viver juntos.

A escola deve ser uma grande oficina, na qual se aprende a viver e a construir humanidade.

a construção de conhecimentos,

a permanente atualização

utilização desses conhecimentos para resolver

situações

melhorar a qualidade de vida pessoal e coletiva.

IMPORTANT

E

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A escola deverá contribuir para a formação integral da pessoa.

Ou seja, não deverá priorizar somente a aquisição de conhecimentos, devendo não se preocupar em encher a cabeça dos estudantes de informações.

Acima de tudo, a escola deverá ter como objetivos principais:

a formação de pessoas conscientes de seus deveres e direitos,

a educação de cidadãos participativos e a

aprendizagem de competências e habilidades relacionadas à solução de problemas,

tendo-se em vista uma sociedade mais justa e solidária.

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