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Informativo nº 8 • 2012 Vivendo Anunciando & Vivendo Anunciando & O CUIDADO DA VIDA. Missão das Pastorinhas

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VivendoAnunciando&VivendoAnunciando&

O CUIDADO DA VIDA.Missão das Pastorinhas

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spelhar-se em Jesus Bom Pastor e viver em sintonia com o seu ser e agir é o caminho indicado pelo beato Tiago Alberione, para a

fecundidade e eficácia da missão pastoral das Irmãs Pastorinhas. Segundo seu Fundador, “participar da missão pastoral de Cristo” implica em, “estar atentas aos mais fracos e ser no meio do povo de Deus sinal de sua bondade paciente e solícita” (RdV 6).

Os evangelhos trazem abundantes relatos da ação de Jesus em favor da restauração da saúde e da dig-nidade junto aos oprimidos e excluídos da sociedade. A título de ilustração, em Mateus (cap. 8-9) há muitas curas apresentadas como sinais do Reino. Afirma: “Je-sus percorria as cidades e povoados ensinando em suas sinagogas, pregando a Boa Notícia do Reino e curando todo tipo de doença e enfermidade” (9,35). Ainda, Ele “curou todos os doentes” (cf. 8,16). Ao apresentar os que foram curados, inclui o perdão do paralítico, o cha-mado de Mateus seguido do convívio com os pecado-res. Conclui com a palavra de Jesus que os doentes é que precisam de médico. Revela o sentimento de Jesus frente ao sofrimento do povo: “Vendo as multidões Je-sus teve compaixão, porque estavam cansadas e abati-das como ovelhas que não têm pastor” (9,36).

Jesus tomou sob seus cuidados todas as carên-cias das ovelhas, que vão além da dimensão física, e se revela verdadeiro Pastor no ensino (Mt 8,35; 13,1ss.), na acolhida (Jo 8, 3-11), provocando o cui-dado e a preocupação pelo sofredor (Lc 10, 25-37), a partilha (Mc 8, 1-9) e o serviço-doação (Mc 10,32-45).

Ele chama e envia continuadores da sua missão (Lc 10,11-16) e reconhece serem poucos os operá-

rios para tão sério compromisso: “Pedi ao Senhor da messe que envie trabalhadores” (10, 2).

Aceitando o desafio de seguir as pegadas de Jesus que se fez bom Pastor, as Pastorinhas assumem, o cui-dado da vida como primeira expressão da cura pastoral que lhe é confiada. O bem aventurado Alberione diz:

“A Pastorinha vive como Jesus bom Pastor: é esta a sua vocação” (PrP IX, 13).“O vosso coração deve ser impregnado de bondade, que chega até o extremo como o de Jesus” (PrP XIII, 237).

Destacar o “CUIDADO DA SAÚDE” como tema desta revista nos permite adentrar o cerne da missão das Irmãs Pastorinhas que contempla o cuidado da vida em todas as dimensões. Parte-se da considera-ção do carisma como dom recebido para revelar hoje o cuidado do bom Pastor. Em sintonia com a Campanha da Fraternidade deste ano, aborda o cuidado da saúde na dimensão bíblica, social e a partilha de experiências de atuação junto aos ameaçados pela doença. Desta-ca-se o empenho à prevenção para que na integração física, psíquica, espiritual e social, a pessoa viva com dignidade e autonomia, promovendo a VIDA na família, na comunidade, na Igreja e na sociedade.

Todos e, com especial mandato cada Pastorinha, são chamados a se tornarem cuidadores da saúde, um caminho para viver em plenitude o sonho de Deus para cada um dos seus filhos.

Irmã Elenir AgustiniSuperiora Provincial

O CUIDADO DA VIDAMISSÃO DAS PASTORINHAS

Chamadas pelo Pai a seguir Jesus Bom Pastor,as Irmãs Pastorinhas acolhemcomo dom do Espírito o carisma pastoral.Seu nome é “memorial” de Cristo morto e ressuscitado...e apelo a viver em comunhão com Eleà disposição do seu Reino (cf. RdV 3. 4).

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uidar da vida é parte inerente à vocação das Irmãs Pasto-rinhas como ser humano,

como mulher e como pastora.

Em latim, a palavra cuidar é co-gitare, e significa imaginar, meditar, aplicar a atenção, o pensamento. A prática do cuidado existe desde as origens da vida onde a figura femi-nina está associada à manutenção da sobrevivência. Tem várias di-mensões, e perspectivas. Envolve percepção, conhecimento, intui-ção, sentimentos, afetos, ternura, carinho, entrega de si, dedicação incondicional. Atinge a pessoa por

inteiro, na visão alberioniana: mente, vontade, coração e for-

ças físicas. Tudo isso é muito próprio da mulher que gera

a vida e, mais ainda da mulher pastora que, na

gratuidade do amor, faz de sua vida uma

entrega. Pe. Albe-

CUIDAR DA VIDA,UM DOM CARISMÁTICO

rione afirmava que, “nas paróquias as Irmãs Pastorinhas são mães, mestras, irmãs, amigas, um raio de luz e de consolo” (So, 1947, 58).

Quando falamos em cuidar da vida, logo nos vem à mente Jesus o Bom Pastor que diz: “Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância.” (Jo 10,10b). Al-berione recomenda às Pastori-nhas: “Olhai Jesus Bom Pastor e vivei como Ele!” (So, 1947, p. 68). Sem cuidado não existe vida e muito menos vida em abundância.

Cuidar é uma necessidade humana, todos somos cuidados e cuidadores.

Quem não experimentou ser cuidado não sabe cuidar. Sem cui-dado o ser humano deixa de ser humano, se desestrutura, definha, perde o sentido da vida e morre. Isso explica porque existem tantas pessoas desintegradas, à margem da vida como rebanho sem pastor.

Cuidar envolve relação, pas-sa pela aceitação do outro assim como ele é, isso constitui uma rela-ção de respeito. O cuidador se tor-na uma referência: “pois bem, eu o

C Mestre e Senhor vos lavei os pés, por isso vocês devem lavar os pés uns dos outros” (Jo 13,14).

Cuidar é um gesto de amor. Sem amor não existe cuidado. Cuidar resgata e aprimora os sen-timentos uns dos outros. Quando cuidamos geramos na outra pessoa sentimentos de retribuição, carinho, compreensão, equilíbrio para a vida. Estamos sempre em busca de sen-tido para a vida e este não está no exterior, mas emerge da participa-ção, da fraternidade, do amor.

Cuidar é uma atitude que en-volve interesse pelo outro, preocu-pação, diálogo, responsabilidade, atenção, zelo, carinho e respeito. Há uma relação de confiança entre quem cuida e quem é cuidado.

Cuidar é uma força motiva-dora. É uma arte, ao cuidar trans-mitimos emoções, sentimentos, vida. É uma ciência, exige co-nhecimentos e habilidades. É estar presente e disponível, a exemplo do bom samaritano, que cuida da-quele que está à beira do caminho, independente de raça, condições sociais, de onde vem ou para onde vai (cf. Lc 10,29-37).

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No cuidar, a ética é funda-mental pelas normas e princípios que norteiam o comportamento, mantendo assim uma conduta aceitável, visando o bem pessoal e coletivo. A ação de cuidar passa a ser ética a partir do momento em que envolve relações interpesso-ais começando pela valorização da própria vida para respeitar a do outro. Ética é identificação de res-ponsabilidade e deve ser mobiliza-da pelo amor e compaixão. O amor impõe limites, é inteligente, previsí-vel e comprometido com as conse-quências de seus atos. “Ninguém me tira a vida eu a dou livremente” (Jo 10,18). O perigo é ser apenas um mercenário que trabalha por di-nheiro e o cuidado se torna traba-lho, profissão. Cuidar é próprio de quem ama e dá a vida gratuitamen-te, como o Bom Pastor.

Já no antigo oriente médio, tan-to no Egito como na Mesopotâmia desde o terceiro milênio a.C., encon-tramos a imagem do pastor que cui-da. Na concepção mesopotâmica, o sucesso da vida de alguém não depende de sua inteligência ou de sua herança, mas do fato de deus cuidar dele. A partir do 2º. Milênio a.C. desenvolveu-se no Egito a refle-xão sapiencial que tinha por objeto a pretensão do homem de ser cuida-do, defendido e guiado pelo próprio deus. Também mais tarde nos hinos ao deus Sol, a imagem do pastor é

desenvolvida em sentido teológico e o Sol é chamado bom pastor da humanidade, cujos raios são como mãos carinhosas que aquecem e cuidam de todo ser humano, afir-mando assim o tema da providência e do cuidado.

Examinando os textos bíblicos é evidente o comportamento solidário de Deus Pastor que cuida de seu rebanho. Faz de Abrão pai, de Moi-sés libertador, de Davi rei, de tantos outros juízes, profetas e sacerdo-tes, tudo para cuidar de seu povo. Aí descobrimos também mulheres fortes e corajosas que expressam o lado materno de Deus. A partir dos verbos que manifestam a ação de Deus na Bíblia vemos que expres-sam a idéia de: conduzir, guiar, cui-dar, alimentar, defender, vigiar, estar presente. “O Senhor é meu Pastor e nada me falta ... guia-me pelos ca-minhos da justiça... leva-me a des-cansar e prepara-me uma mesa far-ta à vista dos inimigos”. (Sl 23). Por outro lado a falta de pastores deixa as ovelhas vagarem sem rumo pelos montes. «Maus pastores num dia de sombra não cuidaram e o rebanho se perdeu» (canto do Sl 23); exige a presença do Deus-Pastor: “Eu mes-mo vou procurar minhas ovelhas e as reunirei de todas as regiões da terra e eu próprio cuidarei delas como Pastor, diz o Senhor Javé” (Ez 34,1-31).

No Novo Testamento Jesus se encarnou e assumiu a condi-ção humana para conduzir como Bom Pastor. “Eu sou o Bom Pas-tor. O Bom Pastor dá a vida pelas ovelhas!” (Jo 10,1-18). Proteger a vida é a principal atividade do Bom Pastor, dos Pastores e Pastori-nhas que continuam sua missão. A recomendação do apóstolo Pe-dro continua atual: “apascentai o rebanho de Deus que vos foi con-fiado, cuidando dele...” não por coação, mas com liberdade, amor e generosidade, como quem ser-ve a exemplo do Pastor Supremo Jesus Cristo (cf. 1Pd 5,1-5).

Pe. Alberione dizia às Pasto-rinhas: “A Pastorinha ama e na palavra amor está contido um programa de vida” (So pg. 9). Cuidar exige conhecer, quem conhece ama e quem ama cui-da. A Irmã Pastorinha cuida da vida espiritual, da liturgia, da co-munidade, das crianças, jovens, adultos, famílias. O rebanho é de Jesus Bom Pastor e elas partici-pam deste ministério de CURA D’ ANIME (cuidado Pastoral), em colaboração com os pastores da Igreja, pelo dom da vocação, com que a Igreja as reconhece: “Irmãs de Jesus Bom Pastor – Pastorinhas”.

Hoje há uma multidão de po-bres, excluídos, desesperados, de mãos estendidas pedindo os mais diversos tipos de cuidado, desde o alimento até o sentido da vida. O grande mal que ameaça a vida é o egoísmo que não permite es-cutar os clamores de quem pre-cisa ser cuidado. Ser fecundas e criativas no cuidar exige liberdade interior, abertura de mente, dispo-nibilidade para sair de si e acolher o outro. O cuidado que as Pasto-rinhas oferecem é, em síntese, a experiência de terem sido cuida-das pelo Bom Pastor e por tantas pessoas que, ao longo da história, foram e são expressões e media-ções da bondade e da ternura de Deus. São chamadas a testemu-nhar a beleza do Cuidar da Vida.

Irmã Maria de Lourdes Lara

Fontes de inspiração:- MATURANA, pg. 24;

POTTER PERRY, pg.91; CAPRA, 1996, pg. 234; MORIN 1999, pg. 10;

- BOSETTI, Elena e PANIMOLLE, A. Salvatore. Deus Pastor na Bíblia. São Paulo: Paulinas, 1986.

- Textos Bíblicos especialmente Sl 23; Ez 34,1-31; Jo 10,1-18; 1Pd 5,1-5

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que dizer hoje sobre a saúde diante de tantas possibilidades para curar

e restabelecer a vida? Há tantas revistas no mercado para preser-var e cultivar a saúde corporal. A dinâmica da caminhada não é fá-cil. Graças a nossa boa vontade de dar passos largos, levantar--nos e dar a volta por cima, con-seguimos vencer as batalhas do dia a dia. Deste modo acumula-mos muitas experiências positivas e negativas. O que faz a diferença para se obter uma vida saudável é a capacidade de adaptação às di-ferentes situações. Sabendo lidar com elas, a gente tem oxigênio e células novas para fazer aconte-

cer o novo no percurso que so-mos chamados a fazer, pois a vida não depende de nós. Basta ob-servar pessoas que a deixam com um ano, outras com cem anos! O sopro da vida vem de Deus.

Vamos considerar o tema “saú-de” a partir da experiência de Israel.

Na Bíblia, encontramos proje-tos bem traçados sobre a saúde. Cada pessoa da cultura judaica tem função primordial para garan-tir sua saúde e a do vizinho. Todos são co-responsáveis pela dinâmi-ca da vida. Isso porque o povo de Israel observava os dez manda-mentos da lei de Deus (cf. Ex 20,1-17), respeitando a própria vida e a do próximo (5º mandamento).

Sem dúvida, uma pessoa que vive em sintonia com a Palavra de Deus que é Viva, defende a vida e vive para servir o Deus Criador. Prova disso é a bela narrativa do Paraíso no livro do Gênesis onde Adão e Eva caminham com Deus. O sonho de Deus se une com o sonho do ser humano e juntos querem caminhar. Adão e Eva até escutam os passos de Deus que vem até eles. Mas, por causa da fragilidade humana e o pecado de não reconhecer esta magnífica ex-periência iluminada por Deus, eles se esquivam e são convidados a se retirar desta atmosfera saudá-vel. Jesus “Ieschua” vem re-fazer a Aliança e devolver ao homem o dom de poder penetrar novamente nesta dimensão da Vida como alia-do e cooperador de Deus.

Por que mencionar o paraíso se nosso tema é saúde? É por-que precisamos voltar ao nosso interior, ao nosso habitat (alma e espírito) e deixar-nos iluminar pela vida que vem de Deus. Alimen-tamos uma boa saúde quando comemos o Pão da Vida e pe-netramos neste mundo misterio-so de Vida eterna. Então vamos além de uma saúde corporal.

A VIDA é DOM De DeUS.O CUIDADO DA VIDA NA DIMeNSÃO bíblICA

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e ação contínua: caminhar, traba-lhar, amar, sonhar, ir à direita e à esquerda na liberdade de ir e vir, visitando as pessoas carentes... Nós cristãos, somos chamados a evangelizar e ser evangelizados. Então como ir ao povo se nossas pernas não nos ajudam? Como preparar ou participar de uma reunião de formação pastoral se estamos com febre ou a malária que obriga a tudo deixar e “estar de molho”? Ou uma dor de estô-mago? A saúde é a alma que nos faz viver disponíveis para servir sem limites. Santa Hildegarda de Bilgen diz: “devemos lidar com nosso corpo de tal maneira que a alma goste de habitar nele”.

O ser humano seja ele homem ou mulher, é o centro da realidade criacional de Deus. Por isso são interpelados a cultivar a defesa

da vida e da saúde! A saúde nos faz viver em harmonia, integração, equilíbrio perfeito! Sem saúde o corpo desfalece e a alma deixa de brilhar. (Ler: Pr 3,8; 4,22; Eclo 38,1-15; 39,26).

Chama-me atenção a leitura da Parábola do Pai misericordio-so em Lc 15,11-32. No v. 27 há um diálogo entre o servente da casa e o filho mais velho: “é seu irmão que voltou são e salvo e seu pai matou o boi gordo, pois ele encontrou-o em boa saúde.” Essa frase é maravilhosa na boca deste servente. Ele entendeu que o seu patrão tudo fez para mos-trar a necessidade de celebrar a festa. O valor de encontrá-lo vivo, vai além de todas as capacidades humanas. É preciso fazer uma grande festa com música, ves-te nova, sandália nos pés e um anel no dedo. É a demonstração da carinhosa acolhida na casa paterna. Tudo volta a agir em co-munhão, harmonia, equilíbrio na casa, no planeta quando olhamos o outro como fruto desta aliança! A reintegração faz parte essencial e vital do universo. A Bíblia tem mil exemplos. Leia e descubra os benefícios saudáveis para você e sua família!

Oxalá possamos viver ple-namente servindo com alegria, contagiando-nos uns aos outros pelo segredo de bem viver como a profetisa Ana, de 84 anos (Lc 2,37); Judite com 105 anos (Jt 16,23) e o rei David que disseram dele: faleceu numa feliz velhice (1Cr 29,28).

Irmã Sônia de Fátima Batagin

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Convido você a ler a carta aos Rm 7-8. Se nossa alma, a ânima, é sem vida, nosso corpo respira também desconforto. Se nossa alma é iluminada, nosso corpo tem entusiasmo e teimosia, por isso caminhamos com vivacidade e projetamos entrar na terra prome-tida como o povo hebreu. Isso sig-nifica viver no paraíso, na vida em abundância, prometida por Jesus (cf. Jo 10, 10).

Uma pessoa saudável sabe controlar-se à mesa; sabe esco-lher entre tantas delícias, fazer a opção pelos legumes frescos e saudáveis, beber cinco a seis co-pos de água por dia para manter o organismo em ordem. A saúde é uma necessidade básica para bem viver. Se você e eu optar-mos pela saúde é para estar de bem com a vida em uma relação

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uando se fala de Saúde hoje, devemos entendê-la no seu sentido global, pois

ela envolve o religioso, o espiritual, o político, o social, o humano, o ambiental...

Quando Deus criou o mundo, o homem, a mulher, “viu que tudo era bom” (Gn 1, 31). Viu que homem, mulher e natureza poderiam viver em harmonia. Mas não foi isso que aconteceu. O ser humano descon-certou essa relação e isso perpassa a história até os dias de hoje.

Os responsáveis pela Saúde Pública não podem tratar as pes-soas somente quando estão doen-tes. Ter SAÚDE é antes de tudo:

§ ter uma vida saudável§ ter acesso às Políticas

Públicas: salário compa-tível com o custo de vida, boa alimentação, moradia digna, saneamento básico, educação, trabalho, lazer... § conhecer o SUS (Sistema

Único de Saúde) e exigir atendimento digno, pois ele é um patrimônio do cidadão brasileiro.

CUIDADO DA VIDA NA DIMeNSÃO SOCIAl

§ ser presença evangélica para as pessoas que se encontram doentes. § ter consciência de que a so-

ciedade e o planeta estão doentes, e, em decorrência disso, produzem relações e alimentos doentios.

“A SAÚDE é direito de to-dos e dever do Estado, garan-tido mediante políticas sociais e econômicas que visem à re-dução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação” (Art. 196 da Constituição Federal).

“Um conceito de SAÚDE que desconsidere as condições de mo-radia, saneamento e transporte li-mita-se à doença e ao remédio. Por isso é que a SAÚDE começa com uma decisão política, com uma po-lítica pública de diretrizes transpa-rentes e participativas. Acontece na secretaria de SAÚDE, mas também nas escolas, nas Igrejas e nas famí-lias. Do contrário é “política” de doença, não de SAÚDE. Quando não existe SAÚDE na relação, nem

no ambiente de trabalho a vida e as pessoas adoecem”. (João Santiago - Teólogo e Militante)

A Saúde Pública brasileira teve um longo percurso até a consoli-dação do SUS. O que o SUS tem a ver com a vida do povo? O fato é que todo cidadão brasileiro tem como direito a SAÚDE. (Seção II da Constituição Federal). O SUS é resultado de uma grande discussão sobre a seguridade desse direito, entre diversos setores da socieda-de brasileira, inclusive da Igreja, nas décadas de 1970 e 1980.

O que presenciamos no Bra-sil, sobretudo em relação às

pessoas de baixa renda, é que o descaso em relação à SAÚ-DE é total. As pessoas passam horas na fila para marcar uma consulta, para fazer um exame e muitas vezes, quando con-seguem fazê-lo nem sempre recebem o resultado. Há pes-soas que esperam até um ano para marcação de uma con-sulta. Há pessoas que mor-rem por falta de atendimento. Esta é a política da SAÚDE em muitas regiões do Brasil.

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“EU vim para que todos te-nham vida e vida em abundân-cia” (Jo 10,10)

A Comunidade tem um papel de suma importância no contro-le social, sobretudo em relação à SAÚDE. Uma das formas desse controle é a participação da socie-dade nos Conselhos de Saúde, so-bretudo nos Conselhos Municipais.

Os Conselhos Municipais de Saúde devem ter represen-tantes dos usuários, ou seja, 50% de pessoas que utilizam o SUS; 25% de trabalhadores, profissio-nais de Saúde; 25% de gestores e prestadores de serviço.

Os direitos à SAÚDE estão ga-rantidos pela Constituição Federal, mas como nem sempre são leva-dos em consideração pelos res-ponsáveis legais, a organização comunitária é de suma importân-cia, para exigir que o atendimento seja humano, fraterno e de qualida-de a todas as pessoas que usam o SUS. Diante disso é dever da po-pulação participar dos Conselhos Municipais de Saúde, das Con-

InForMAçõES ÚtEISO levantamento “Diretrizes de

Vigilância do Câncer Relaciona-do ao Trabalho”, divulgado, pelo Instituto Nacional do Câncer, identificou 19 tipos de tumores malignos que podem estar rela-cionados ao trabalho.

Além dos vilões já conhecidos como amianto, radiação solar e agrotóxicos, o estudo inclui 112 substâncias cancerígenas identifi-cadas no ambiente de trabalho. O estudo mostra que os casos mais comuns da doença relacionada ao trabalho são leucemia, câncer de pulmão, nariz, pele, bexiga, pleura, laringe.

CArtão nACIonALDA SAÚDE

Todo cidadão brasileiro de-verá ter em mãos o Cartão Na-cional da Saúde (CNS) para ser atendido nos locais que prestam serviço pelo Sistema Único de Saúde. Até mesmo aqueles que possuem plano de saúde ou ha-bitualmente realizam consultas e outros procedimentos de forma particular devem possuir o Car-tão. O cadastramento é feito pe-las prefeituras e remetido ao go-verno federal.

ferências sobre Saúde e de todas as iniciativas comunitárias que bus-cam um melhor atendimento.

Para viver como filhos e filhas de Deus, além de exigir que o SUS cumpra seu papel, a pessoa tem que buscar uma vida saudável, ou seja, procurar os recursos que es-tão a seu alcance juntamente com aqueles que o Sistema de Saúde tem o dever de oferecer.

§ buscar uma vida saudável que respeite os limites da natureza humana e do planeta;§ vida saudável requer harmonia

entre o corpo e o espírito, en-tre pessoa e meio ambiente;§ relacionar a SAÚDE com ou-

tros temas: alimentação, edu-cação, trabalho, remuneração, promoção da mulher, da crian-ça, do idoso, de pessoas com necessidades especiais, da ecologia, do meio ambiente;§ uma vida saudável ajuda a

manter o corpo em forma e a mente alerta. Ajuda a prote-ger de doenças e impedir que doenças crônicas se tornem mais graves.

Irmã Ângela BiagioniComunidade de Eldorado/SP

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este ano de 2012 a CF trouxe como tema a ser vivido: Frater-nidade e Saúde e lema “Que

a saúde se difunda sobre a terra” (Eclo 38,8).

Nós Pastorinhas, fiéis seguidoras de nosso fundador, o bem aventurado Tiago Alberione, estamos sempre acompanhan-do a Igreja, por isso, o cuidado da saúde é para nós um princípio vital “para que todos tenham vida em abundância” (Jo 10,10).

Empenhamo-nos em refletir sobre a re-alidade da saúde tendo em vista uma vida saudável, especialmente para os mais em-pobrecidos. Queremos também suscitar entre os cristãos um espírito fraterno e co-munitário indo ao encontro dos enfermos e nos organizando para que haja melhoria no sistema de saúde pública.

Numa integração entre fé e vida, olhando não só para o Cristo Crucifica-do, mas também para o povo que junto com Ele são crucificados todos os dias, a Igreja como mãe, quer ajudar as pes-soas a conhecerem seus direitos para ter saúde de qualidade; discernir o conceito de bem viver e despertar para práticas e hábitos de vida saudável; sensibilizar para

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O CUIDADO DAO CUIDADO DA

SAÚDeSAÚDe

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o serviço aos enfermos e sua in-tegração na sociedade; organizar e dinamizar a Pastoral da Saúde nas comunidades.

A saúde e a doença exigem uma abordagem ampla, sugere proposta elaborada pela Confe-rência Episcopal Latino-Americano (CELAM) e apresentada pelo “Guia para a Pastoral da Saúde”. Este Guia, depois de dizer que a saú-de é afirmação da vida e um direito fundamental que os Estados são obrigados a garantir, define assim:

“Saúde é um processo harmonioso de bem-estar físico, psíquico, social e es-piritual, e não apenas a au-sência de doença, processo que capacita o ser humano a cumprir a missão que Deus lhe destinou, de acordo com a etapa e a condição de vida em que se encontra”.

A saúde é direito humano fun-damental e deve ser garantido a todos. Antes de tudo, é resultado das condições de alimentação, habitação, educação, renda, meio ambiente, trabalho, transporte, la-zer, liberdade e acesso ao serviço de saúde.

A mídia faz festa diariamente com o “caos” da assistência hos-pitalar pública brasileira. A saúde do povo brasileiro não vai bem, a mortalidade infantil no país ainda é alta em comparação com outros países. Hospitais lotados, filas de espera enormes, planos de saúde que excluem os idosos no mo-

mento em que mais precisam de cuidados; quase nada é coberto pelo convênio. Promover a saúde significa intervir socialmente na ga-rantia dos direitos e nas estruturas econômicas que perpetuam as de-sigualdades.

Refletir sobre este contexto sócio-econômico e social, e per-ceber também as não raras con-dições de desigualdade a que o povo é submetido. Esta situação é fruto da pós-modernidade e globalização econômica exclu-dente. A necessidade de edu-cação, e o resgate do direito à saúde para todos, se torna uma urgência social para combater as injustiças no Brasil.

A preocupação com a saú-de e com o bem-estar de todos deve estar associada a práticas saudáveis de vida, mas a luta por políticas públicas de saúde de boa qualidade, não deve parar. O resgate de práticas da solidarie-dade e da humanização no mun-do da saúde significa também manifestações responsáveis e cristãs de verdadeira fraternidade com todos os nossos irmãos, em busca de um mundo mais justo, fraterno, solidário e, porque não, saudável, para que verdadeira-mente a “saúde se difunda sobre a terra”.

Irmã Joana D’Arc de Assunção

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omo é bom e agradável a Deus aliviar a dor de al-guém que está sofrendo.

Temos inúmeros recursos que fa-vorecem uma vida mais saudável, valorizando o que a natureza nos oferece, pois a sabedoria do Pai já os disponibilizou para que pudés-semos desfrutá-los.

Chamamos de tratamento na-tural o uso das ervas, hoje conhe-cido como Práticas Integrativas e Complementares as quais, ajudam em todo e qualquer tipo de doença para a sua eliminação e cura. É sempre bom comunicar ao médico, o uso dos chás, a fi-toterapia (tratamento com ervas), os fitoterápicos (tratamento com remédios manipulados com ervas), a geoterapia (tratamento com argi-la), e outros tantos que se conhece para o bem estar e a saúde espiri-tual, mental e física.

PROjeTO bIO SAÚDe,COMO fORMA CONCReTA De CUIDAR DA VIDA“Que a saúde se difunda sobre a terra” (Eclo 38,8)

C

munidade Mãe do Bom Pastor, es-paço conhecido como Jardim das Pastorinhas, à Rua Marco Gianini, 91, Jardim Gilda Maria em São Paulo, trabalhamos na Bio Saúde, com o tratamento natural, sobretu-do utilizando as ervas.

Em 1993 a Bio Saúde chegou ao Brasil por meio do sacerdote jesuíta Padre Renato Barth, que é o responsável por esta grande benção de Deus doada ao povo empobrecido do país. O Brasil in-teiro já conhece a Bio Saúde. Em São Paulo já se comemorou o 10º aniversário de sua existência, com ótimos resultados. Sendo um projeto abençoado já se expandiu pela América Latina e em muitos países da África.

Nós, Irmãs Pastorinhas, há doze anos atuamos no Norte, no Nordeste em outros Estados e também na África, constatando o beneficio que a natureza oferece à vida de cada ser humano. Na co-munidade São José, anexa à co-

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A Bio Saúde adota o método Bio Energético para fazer a ava-liação da saúde. Este é muito sensível para detectar problemas já avançados ou ainda no início, ativos, refugiados ou incubados, os quais nem sempre são acusa-dos nos exames de laboratório. Através da energia que flui do campo magnético de cada pes-soa, a dupla que trabalha perce-be tudo o que causa mal estar e gera as doenças, nada lhe passa despercebido.

Bio Energético é um método simples e o resultado muito eficaz. A realidade é constatada na hora, por isso é sugerido o tratamento à base da fitoterapia e geoterapia, como complemento. O processo é lento, mas com efeito duradouro. Quando a pessoa acredita e as-sume, a recuperação ou a cura se dá mais rápida, sobretudo em ca-sos mais difíceis. A constância no tratamento é a chave para o bom êxito nos resultados.

Assessoradas por uma equipe há seis anos, em nosso Projeto Bio Saúde, utilizamos as plantas,

conhecimento das plantas e do espaço disponível para cuidar da saúde. Portanto, nos enriquece-mos mutuamente. Nossa equipe está sempre se reciclando e apro-fundando seus conhecimentos e promove cursos em etapas.

É gratificante poder colocar--se como dom, ajudando pessoas a serem mais felizes, vivendo em contato com a natureza, usufruindo dela, pois na Bíblia encontramos: “... os frutos servirão de alimento e suas folhas serão remédios...” (Ez 47,12b). Água, terra, sol, ar e plantas são fontes seguras para restituir a saúde e alimentar a vida.

Você também pode conhecer e descobrir novos meios e espaços onde somar forças em favor da di-fusão da cultura da saúde “para que todos tenham vida e vida em abun-dância” (Jo 10,10).

p/ equipe da Bio Saúde Irmã Luiza dos Santos

fitoterápicos e argila para comple-mentar o tratamento das pessoas que nos procuram, e já iniciamos uma parceria com a UBS (Unida-de Básica de Saúde) do Jardim D’Abril, São Paulo. Grupos de estudantes de medicina e enfer-magem da USP (Universidade de São Paulo) sempre nos visitam, junto com seus professores, para

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TestemunhosO SeNHORMe CHAMOU

Ao avaliar os doze anos de vi-vência no Gabão e minha experiência junto à Pastoral da Saúde em Lastor-ville e Libreville sin-to que: § é uma missão

pastoral que ajuda a salvar a vida de muitas pessoas (cf. Jo 10,10). Na verdade fui para o Gabão sentin-do que o Pastor Jesus estava con-

tando comigo para ajudar o seu povo a ter mais vida e saúde.§ esta pastoral me ajudou a conhecer

e penetrar mais na realidade do povo com seus costumes e crenças. Com isso fui ga-nhando a confiança do povo e conquistan-do um chão aberto para evangelizar.§ sinto que esta pastoral responde a

uma necessidade básica do povo e ajuda--o a se voltar a Jesus, Pastor que conduz e salva.§ ajudou-me a assumir com maior pro-

fundidade o compromisso com as pessoas como Jesus que passou no meio do povo fazendo o bem (cf. At 10,38).

Sou feliz por ser enviada pela Igreja e pela Congregação a continuar a missão de Jesus Bom Pastor em terra Gabonesa no continen-te africano.

Obrigada, ó Deus, por me chamar para a Vida Religiosa a serviço do seu povo.

Ir. Carmelita Pereira de JesusPastorinha, Missionária na África

TeSTeMUNHO De VIDA NA ÁReA DA SAÚDe - IDP

É um momento muito oportuno des-crever o meu trabalho no Instituto Divi-na Pastora (IDP), uma vez que neste ano a Campanha da Fraternidade abordou o tema: “Fraternidade e Saúde Pública”. Esta temática encontra ressonância em tudo que é proposto e vivido em nossa escola: cuidar e acolher os nossos alunos e pro-porcionar o bem estar a todos.

O cuidar com amor, um olhar diferente é mais que oferecer uma simples medica-ção. É servir com o coração, com uma de-dicação incondicional que dispensa o uso de um receituário médico. Um gesto de carinho, uma palavra amiga, um sorriso, desperta a confiança de quem depende de nós.

A minha proximidade com as crianças torna-me cada vez mais realizada na medi-da em que posso contribuir para um mun-do melhor com pessoas saudáveis, felizes e prontas para amar e serem amados e guiados por Deus.

Dora LimaEnfermeira do IDP

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O PeRDÃO

Deus atua na liberdade de cada ser hu-mano, quando encontra espaço para fazer morada tornando-o livre para amar. Falar sobre o perdão não é tão simples se usar-mos apenas a inteligência, pois é necessá-rio passar pelo psico-afetivo-espiritual que nos transcende. Nenhum sofrimento, seja qual for, passa despercebido aos olhos mi-sericordiosos de Deus. Momentos de pro-vação, muitas vezes deixam em nós feridas que, humanamente falando, são difíceis de ser curadas. É exatamente aí que a graça de Deus age.

Dentro de mim, há três pontos que valorizo demais: a família (tudo o que ela comporta – pais, irmãos e condi-ções para viver bem), o caminho de fé, e o amor à missão que Deus me confia. Num determinado momento, Deus per-mitiu tremendas perdas, uma após outra em âmbito familiar.

Deus como sempre, interveio com seu amor imenso, levando-me a participar de um retiro personalizado. O orientador, Pe. Paulo Pedreira, ssj, sacerdote iluminado, percebendo meu drama interno, sabia-mente soube me conduzir de volta ao colo de Deus. Por alguns minutos tive a graça de ver passar pela mente minhas dores e a presença de Deus me carre-gando no colo. Uma paz invadiu meu ser e desde então tenho certeza dessa força que me impulsiona a ter paciência dian-te de tudo o que possa vir a acontecer. Deus é minha fortaleza e quando sou fra-ca é Ele que me fortalece.

Irmã Maria de Fátima Piai

CUIDANDO De fAMIlIAReS

É dom, é graça cui-dar da vida do outro e ainda mais quando são os próprios pais.

O amor, a fé e a fide-lidade ao Senhor, faz--nos permanecer Nele, e assim revelar o Espíri-to do Bom Pastor: “liga-rei os membros às que têm algum quebrado e fortalecerei as que es-tão fracas e conservarei as que estão fortes e apascentarei com justi-ça” (Ez 34,15-16).

Testemunho o que ouvi por diversas vezes: “A Irmã cuida dos pobres, dos ne-cessitados, como não cuidar dos próprios

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familiares que necessitam!”. Este é um ser-viço como na pastoral, que exige doação constante, paciência e renúncia.

Sempre, nos momentos de oração, trago presente as necessidades da Igreja, as voca-ções, as Irmãs, os doentes, os que cuidam dos doentes, os profissionais dessa área e que se empregue melhor as verbas destina-das à Saúde para que os pobres sejam trata-dos com dignidade.

Sou profundamente agradecida a Deus e à Congregação por me permitir essa ex-periência.

Irmã Maria de Lourdes Bonetti

CUIDAR DA PRóPRIA SAÚDe e DA SAÚDe DOS OUTROS

Em 2010 descobri que estava com câncer. Uma notícia normalmente não tran-qüila para ninguém. A primeira reação foi perguntar: eu com câncer?! Acolhi a no-tícia até com muita serenidade. Dei início ao tratamento alternativo, antes mesmo da cirurgia.

Para mim cuidar da própria saúde é de-safiador, primeiro porque nunca me imagi-nei com uma doença dessa. Segundo, o tratamento é muito intenso e exigente. É preciso ser perseverante. Fiz o tratamen-to alopata necessário e continuo sob cui-dados médicos e mantendo o tratamento alternativo, a geoterapia e outros recursos naturais.

Agradeço pela serenidade, esperança, fé e confiança em Deus Pai que me criou tão saudável e me dá coragem de lutar pela vida. Agradeço à minha família religiosa - Ir-mãs Pastorinhas - pelo intenso cuidado e oração; à minha família que apesar da dis-tância, foi tão presente; aos meus amigos/as e ao povo a quem servi na missão pela oração, apoio e dedicação. Deus seja lou-vado por tudo e pelo apoio de cada um/a de vocês. Tudo isso é necessário para que um tratamento faça o seu completo efeito.

Sinto-me muito bem já podendo contri-buir para o cuidado da saúde de outros e também no trabalho pastoral. Experimentei fortemente a presença de Jesus e Maria nesses momentos difíceis da minha vida.

Irmã Maria Lusimar da Penha

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O beM AVeNTURADOTIAgO AlbeRIONe NOS fAlA...

DESIgn, EDItorAção E IMPrESSão: Servidéias Comunicação Ltda - E-mail: [email protected]

rEALIZAção: Irmãs de Jesus Bom Pastor – PastorinhasProvíncia Padre AlberioneRua Pepiguari, 302 – Alto da LapaCEP 05059-010 / São Paulo/SPFone (11) 3834-5906site: www.irmaspastorinhas.com.br e-mail: [email protected]

“É dever de justiça ter cuidado das pessoas, endireitar os caminhos tortos, educar, colocar no bom caminho.” PrP IV 1949, 107

“[...] A vossa vocação é bela, por quantos motivos? Antes de tudo porque é a mesma vocação, a mesma missão de Jesus. [...] O Filho de Deus tomou as formas de Bom Pastor pelos homens e para a saúde e salvação deles! Eis a que vos enviou o Senhor, eis o lindo chamado!” AAP 1958, 155.

“Como apóstolas vocês têm principalmente o apostolado do bom exemplo, da oração para todos, do sofrimento, da palavra, do ensino, da assistência aos jovens, às crianças, preparar aos sacramentos, catequese, ajudar os doentes. Vocês têm um apostolado completo. Tudo isto entra no querer de Deus.” PrP VIII 1956, 84

Tudo é pastoral, o alimento que se toma, o repouso

que se faz, tudo, também o lazer, para manter-nos

no serviço de Deus e do apostolado. Tudo é pastoral

se for orientado para as pessoas, para a sua

salvação. cf. AAP 1965, 108

“Dizer que queremos ser de Deus, totalmente consagradas a Deus: seja na saúde, na inteligência, na vontade, na situação atual[...] usar tudo o que se pode e encaminhar tudo para o objetivo final. Portanto o apostolado, o apostolado pastoral.” AAP 1968, 730

“Tudo o que se faz para preparar as Irmãs é tudo pela pastoral. [...] para que se possa depois cumprir o ministério, o trabalho pastoral. Começando do menino que vai ao jardim de infância, ou então que recebe o batismo até ao momento em que se assiste o doente grave, ajudando-o para que possa ter uma boa morte.” AAP 1966, 50

“A educação tem como finalidade formar

o homem para usar bem de sua liberdade:

para o tempo e para a eternidade.” AD, 150

“Progredir no conhecimento geral: na catequese,

no Evangelho, nas matérias escolares, no próprio

trabalho [...] fazer melhor o que se refere ao nosso

apostolado (jardim da infância, a juventude, os

enfermos). Sempre se pode aprender, até a morte. […]

Todo o dia se torna uma aprendizagem, quanto mais

soubermos maior bem faremos.” PrP VII 1955, 29

Citações da Congregação: RdV = Regra de VidaDos escritos de Pe. Alberione: AD = Abundantes divitiae gratiae suae; AAP = Alle Suore di Gesù Buon Pastore; PrP = Prediche alle Suore Pastorelle; So = Alla SorgenteBíblicas: At = Atos; 1Cr = 1° Crônicas; Ecl = Eclesiástico; Ex = Êxodo; Ez = Ezequiel; Gn = Gênesis; Jt = Judite; Jo = Evangelho segundo João; Lc = Evangelho segundo Lucas; Mc = Evangelho segundo Marcos; Mt = Evangelho segundo Mateus; 1Pd = 1ª Pedro; Pr = Provérbios