visita técnica ao aterro sanitário

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UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO ESCOLA POLITÉCNICA DE PERNAMBUCO CURSO DE ENGENHARIA CIVIL GEOTECNIA AMBIENTAL Visita Técnica ao Aterro Sanitário Recife, Outubro de 2011

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Page 1: Visita Técnica ao Aterro Sanitário

UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO

ESCOLA POLITÉCNICA DE PERNAMBUCO

CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

GEOTECNIA AMBIENTAL

Visita Técnica ao

Aterro Sanitário

Recife, Outubro de 2011

Page 2: Visita Técnica ao Aterro Sanitário

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UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO

ESCOLA POLITÉCNICA DE PERNAMBUCO

CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

GEOTECNIA AMBIENTAL

Visita Técnica ao Aterro Sanitário

Integrantes do Grupo:

Emmanuel Nascimento

Luane Lins

Luciana Silva

Rosiane Lopes

Relatório acadêmico referente a visita técnica ao Aterro Sanitário, para obtenção de nota parcial da disciplina de Geotecnia Ambiental, ministrada no curso de Engenharia Civil da Universidade de Pernambuco pela professora Stela Fucale.

Page 3: Visita Técnica ao Aterro Sanitário

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Índice

Pág.

1. Introdução ................................................. 04

2. Características Físicas do Aterro Sanitário ................................................. 04

3. Implantação ................................................. 05

4. Impermeabilização de Bases ................................................. 05

5. Monitoramento Ambiental e de Resíduos ................................................. 06

6. Estação de Tratamento de Chorume (ETC) ................................................. 07

7. Beneficiamento dos Resíduos da Construção e Demolição (RCD)

................................................. 11

8. Conclusões ................................................. 12

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1. Introdução

A Central de Tratamento de Resíduos Sólidos (CTR) é um aterro sanitário para

disposição final de resíduos de incentivo privado que se localiza nas imediações do antigo

Aterro Controlado da Muribeca, em Jaboatão dos Guararapes.

Os municípios atendidos pelo aterro sanitário são: Cabo de Santo Agostinho, Jaboatão

dos Guararapes, Recife, Moreno e Paulista.

2. Características Físicas do CTR

Possui área útil de 70 hectares (700.000 m²), mas atualmente estão licenciados apenas

40 hectares, com capacidade total de 10.560.000 toneladas de resíduos, oferecendo uma

capacidade média diária de 2.100 toneladas. Seu tempo de vida útil é de 20 anos, mas caso se

estabeleça sua capacidade total antes do tempo, o CTR tem a responsabilidade de zelar por

esta área até o cumprimento de sua vida útil. Para a sua implantação foi aproveitada as

encostas existentes, sendo utilizado o método de área.

Foto 01: Vista Panorâmica de parte do CTR Fonte: Autores

Seu espaço físico dispõe de unidades de apoio, como o bloco administrativo, uma

oficina mecânica, balança de pesagem de caminhões, uma estação meteorológica, uma

pequena estufa para desenvolvimento de mudas, etc.

Sua infraestrutura é licenciada para receber resíduos de Classe II (Materiais não

perigosos), entre estes estão os resíduos domiciliares. Há pouco tempo recebem também, em

nível reduzido, resíduos da Construção Civil para beneficiamento. Possui também uma estação

de tratamento do chorume que é captado e tratado para o reaproveitamento deste em várias

áreas do aterro e o excedente é tratado e despejado no Rio Jaboatão por gravidade. A estação

de tratamento de chorume possui uma capacidade de tratar 7m³/hora, e uma lagoa de

equalização – caso o volume de chorume gerado ultrapasse a capacidade, ele é escoado para

este local.

Page 5: Visita Técnica ao Aterro Sanitário

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Foi adquirido um sistema de aproveitamento energético do biogás, onde os gases que

são produzidos (CH4) serão absorvidos pelos drenos para que sejam queimados,

transformando-se em CO2 e liberados no ar, ou captado para conversão se gases em energia

elétrica.

3. Implantação

O CTR foi desenvolvido para aproveitar-se das encostas naturais existentes no terreno,

por isso foi construído pelo método de área a ser desenvolvida em uma única célula. Esta

célula foi dividida em várias partes, de modo que posa trabalhar isoladamente nestas partes

para que não haja uma grande movimentação dos solos que serão removidos.

Os taludes serão desenvolvidos com a mesma altura para aproveitamento posterior.

4. Impermeabilização de Bases

No Aterro Sanitário, a base do aterro é impermeabilizada com uma manta de PEAD

(Polietileno de Alta Densidade). Estas mantas são desenvolvidas para suportar situações

severas de solicitação física e química, como no caso de impermeabilização do chorume.

Para a ligação e a vedação entre as mantas, é realizado um processo de vedação

através de vulcanização (a vulcanização consiste geralmente na aplicação de calor e pressão a

manta, a fim de proporcionar isolamento do solo natural, os resíduos sólidos e o chorume).

Para a verificação desta impermeabilização, utiliza-se um vacuômetro para indicar, por entre

as junções das mantas se há uma queda de pressão variando os padrões, podendo vir a indicar

possíveis falhas no procedimento.

Para evitar que a manta sofra algum tipo de degradação pelo lixo e pela própria

passagem do maquinário no aterro, antes desta área receber os resíduos sólidos, coloca-se

uma camada de argila para evitar que haja o corte ou o rasgamento da manta.

Foto 02: Aplicação de manta PEAD no Aterro Sanitário Fonte: Autores

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5. Monitoramento Ambiental e de Resíduos

O Aterro Sanitário possui um laboratório para a realização constante de

monitoramento dos resíduos que chegam ao aterro sanitário e para controle ambiental do

lençol freático e do solo.

Com relação a águas superficiais e do lençol freático, é coletado amostras para

realização de análise de Ph (provavelmente diretamente do Rio Jaboatão), para verificar a

qualidade destas águas e se o chorume tratado está de acordo com a norma. No caso do solo,

é feito uma coleta para verificar se há contaminação significativa deste. A análise do chorume

é realizada pela resolução do CONAMA, que regula desde a captação até o despejo do

chorume tratado nos efluentes. Este efluente tratado vai diretamente, por gravidade, para o

Rio Jaboatão. Os rejeitos lançados no rio são controlados pela resolução CONAMA 430 que

define os valores máximos permitidos na concentração de sustâncias em águas e solos.

O monitoramento e controle dos resíduos que chegam são realizados pela

caracterização destes, de modo que o aterro possui licenciamento para receber resíduos não-

perigosos: domiciliares, resíduos de poda e varrição, e da construção civil.

O primeiro controle está na entrada, onde cada caminhão que já possui contrato com

o CTR será pesado pela balança, onde deverá ser informado a procedência e o tipo do resíduo.

Caso o material estiver fora do contrato firmado ou possui resíduo diferente das

especificações do aterro sanitário, este será devolvido.

Foto 03: Caminhões para pesagem no CTR Fonte: Autores

Sendo identificado o caminhão, este segue para a área de despejo dos resíduos, onde

há um fiscal que verifica se estão conformes com o tipo que fora estabelecido. Após o

descarregamento, o caminhão segue para a saída para uma nova pesagem, descobrindo assim

o quanto de material foi recebido pelo CTR.

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Foto 04: Caminhões no trajeto do despejo de resíduos. Fonte: Autores

6. Estação de Tratamento de Chorume

A drenagem de chorume bruto vai por gravidade para a lagoa de evacuação, que ficam

na parte mais baixa do aterro serve como reservatório de captação de todo líquido gerado

pelo aterro com a capacidade de 10 000m³.

(a) (b)

Foto 05: (a) Panorâmica da Lagoa de Evacuação de Chorume; (b) Chorume sendo despejado na lagoa.

Fonte: Autores

O sistema de tratamento de efluentes da CTR é composto por três etapas:

I. Tratamento primário – físico-químico;

II. Tratamento secundário – lodo ativado;

III. Tratamento terciário – nanofiltração.

Etapa Preliminar:

É a retirada de materiais grosseiros, onde pode ser misturado algum material

coagulante ou floculante. Na CTR, é utilizada a cal para decantar para a retirada de sólidos de

materiais pesado como amônia do processo. O processo é executado da seguinte maneira: o

material sai da lagoa de evacuação e vai para o reservatório de chorume bruto onde iniciará o

processo de tratamento.

Page 8: Visita Técnica ao Aterro Sanitário

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Primeiramente o chorume que possui um pH ácido, é incorporado a uma solução de

cal, para aumentar o pH, chegando a uma solução alcalina, no reservatório de leite de cal é

feito a mistura da água do efluente a ser tratado com a cal. Este material segue para a calha

Parshal onde será misturado com o chorume bruto no tanque vertedouro. Depois essa mistura

seguirá para os Tanques de Alcalinazação (pH de 12 a 12,5), para a remoção de amônia, e

depois passando para os tanques de correção de PH. Nesta etapa ocorrerá o processo físico-

químico. Esses processos são monitorados por sondas e controlador de pH.

(a) (b) (c)

Foto 06: (a) Reservatório de Chorume Bruto; (b) Reservatório de Leite de Cal; (c) Vertedouro Cal e Chorume Bruto.

Fonte: Autores

Com a mistura do chorume e cal, uma lama é formada e na fase de decantador, fica

sedimentada, o sobrenadante, segue para a próxima fase. É adicionada uma solução de ácido

sulfúrico, formando o sulfato de amônia que é retirado do sistema, a mistura é

homogeneizada e segue para a etapa secundária.

Segunda Etapa:

É a etapa de Lodos Ativados - sendo a principal etapa, e bastante complicada, pois nela

se trabalha com microorganismos, fazendo o controle de lodo e controle das comunidades

microbianas.

Após o material ser decantado, a parte sólida que ficou no fundo será analisada para

ser dado um novo fim, podendo ser devolvida novamente para o aterro ou dado um novo

destino. O material inerte seguirá para os tanques de Aeração onde será adicionado o lodo. O

controle nessa etapa é muito importante para que não ocorra a morte dos microorganismos.

O efluente é lançado no tanque de aeração onde os microorganismos vão ser

responsáveis por degradar a matéria orgânica contida no efluente. Na lagoa de aeração conta

com a atuação de aeradores mecânicos que tem a função de promover a oxigenação do meio

e também facilitar a mistura. Além destas funções os aeradores mecânicos facilitam o contato

entre os microorganismos e evitam a deposição do lodo no fundo do tanque, ainda se adiciona

o acido fosfórico que serve para que os microorganismos atuem de forma mais eficiente. Após

isto, o lodo sedimenta e o sobrenadante segue para o tanque de recalque, o lodo é recirculado

para o tanque de aeração.

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Foto 07: Atuação dos aeradores mecânicos Fonte: Autores

Depois seguirá para o tanque de decantação de lodo e tanque de recalque, onde

ocorrerá a separação do líquido do Lodo.

(a) (b)

Foto 08: (a) Tanque de Decantação de Lodo; (b) taque de recalque.

Fonte: Autores

Assim se processa a etapa secundaria. Após esta etapa o efluente pode ser lançado ao

meio ambiente, pois ele já está livre de elementos contaminantes, mas a CTR Candeias

promove uma etapa terciária no tratamento que consiste em um filtro de areia e uma

nanofiltração.

Terceira Etapa:

É uma tecnologia que o Aterro Sanitário adotou para a purificação do líquido, passado

por filtros e adicionamentos de minerais dando um melhor aspecto para o líquido.

Primeiramente o material seguirá para os tanques de areias onde iniciará a limpeza,

depois seguirá para o tanque pulmão, onde ocorrera a mistura de ácido Clorídrico e ácido

Fosfórico para o tratamento do líquido. Seguindo para os filtros e finalmente o material sairá

com a cor límpida.

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(a) (b) (c)

Foto 09: (a) Tanque de Aeração; (b) Tanque de Decantação de Lodo; (c) taque de recalque.

Fonte: Autores

Os filtros de areia retiram os sólidos mais finos que tenham ficado no efluente. Os

filtros são compostos por quatro camadas de areia na ordem e na proporção mostrada na

figura, o efluente tem fluxo descendente devido a retrolavagem que é em fluxo ascendente.

Ao sair dos filtros de areia, o efluente fica acumulado até atingir um certo nível que aciona a

nanofiltração.

Foto 10: Composição do filtro de areia Fonte: Autores

O sistema de nanofiltração é formado por três vasos, cada um formado por

membranas sintéticas. O efluente para por elas radialmente.

Foto 11: Membranas constituintes dos vasos do sistema de nanofiltração Fonte: Autores

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A água tratada parte seguirá para reservatório e parte seguira para o Rio Jaboatão.

Essa aguar é reutilizado no processo de tratamento de efluentes, também é utilizada para

molhar o terreno da CTR para diminuir a quantidade de poeiras.

Foto 12: Água residuária reutilizada dentro do aterro. Fonte: Autores

7. Beneficiamento de RCD (Resíduos da Construção e Demolição)

Recentemente, o CTR adquiriu um sistema para beneficiamento dos resíduos da

construção e demolição (RCD), onde já se deram início, de forma reduzida, as operações.

Foto 13: Área de beneficiamento de RCD. Fonte: Autores

Por estar no estágio inicial, o RCD chega de forma heterogênea, obrigando que os

operadores tenham que separar os resíduos que não podem ser aproveitados, como madeira e

gesso. Este material que é aproveitável é inerte, passará pelo britador e por várias peneiras

que, por granulometria, separam os resíduos tratados.

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Sua utilização vai para a própria construção civil, reduzindo os custos como agregados

reciclados, pode ser utilizado como pavimentação de estradas para a base e sub-base,

cascalhamento de estradas (realizado no próprio aterro), material de enchimento em

construções e terraplanagem, reforço de aterros e reduz o custo da destinação final do RCD.

Foto 14: Utilização do RCD para a passagem de veículos. Fonte: Autores

8. Conclusões

O Aterro Sanitário apresenta eficiência e consciência no que diz respeito ao

tratamento de efluentes, com a finalização de todas as etapas de tratamento, obtem-se águas

livres de contaminação e com aspecto aceito pela população.

Foto 15: O chorume após cada etapa do tratamento Fonte: Autores

Para a finalização do aterro está previsto o reflorestamento da área com espécies

nativas da região e estas estão sendo produzidas no viveiro encontrado no local. Desta forma

podemos concluir que o aterro sanitario está em consonância com a legislação ambiental

vigente e que a visita técnica foi bastante proveitosa para observarmos os aspectos de

engenhaira e meio ambiente necessários para este tipo de construção.