violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......violência no namoro: uma...

272
outubro de 2014 Ana Cristina Leite Gonçalves UMinho|2014 Ana Cristina Leite Gonçalves Universidade do Minho Instituto de Educação Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade

Upload: others

Post on 14-Sep-2020

6 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

outubro de 2014

Ana Cristina Leite Gonçalves

UM

inho

|201

4An

a C

ristin

a Le

ite G

onça

lves

Universidade do MinhoInstituto de Educação

Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade

Vio

lên

cia

no

na

mo

ro:

um

a in

vest

iga

ção

co

m a

lun

os/

as

do

an

o d

e e

sco

lari

da

de

Page 2: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

Dissertação de MestradoMestrado em Estudos da CriançaÁrea de Especialização em IntervençãoPsicossocial com Crianças, Jovens e Famílias

Trabalho realizado sob a orientação da

Doutora Maria Teresa Machado Vilaça

Universidade do MinhoInstituto de Educação

outubro de 2014

Ana Cristina Leite Gonçalves

Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade

Page 3: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado
Page 4: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

iii

AGRADECIMENTOS

Os meus agradecimentos vão desde já para os meus pais que me possibilitaram a

frequência deste Mestrado. Agradeço muito à minha mãe por me oferecer sempre o seu apoio e

carinho para que eu pudesse desenvolver este projeto, dando força para que eu nunca desistisse

em momentos mais difíceis e a quem desde já dedico esta dissertação de mestrado. Agradeço

também ao meu sobrinho pelos momentos de alegria ao querer ajudar-me a elaborar o material

para o projeto educativo e ao meu namorado por me apoiar e ajudar em muitas das situações

em que lhe pedi ajuda. Agradeço ainda aos meus familiares pelo apoio ao longo deste percurso.

Agradeço muito à minha orientadora, a Doutora Teresa Vilaça, pelo acompanhamento e

pela ajuda que me deu ao longo da realização deste trabalho, depositando em mim confiança e

coragem para o realizar.

Agradeço à Tânia pelo seu apoio e aos meus amigos pelos momentos de descontração.

Agradeço desde já todas aquelas pessoas que me ajudaram na realização do meu projeto

conseguindo a concretização desta dissertação de mestrado, nomeadamente, aqueles que me

apoiaram e deram força para a concretizar.

Também agradeço à orientadora da escola onde realizei o meu estágio e dissertação,

que não nomeio para manter o anonimato da instituição, pela disponibilidade e ajuda durante

todo o processo e, especialmente, por me ter feito sentir sempre à-vontade na instituição.

Agradeço também à direção da escola, à Doutora Isabel e aos/às alunos/as que contribuíram

para o meu crescimento pessoal e profissional e que colaboraram na realização do meu

trabalho. Um muito obrigada especial às duas docentes que me acompanharam nas sessões

com os/as alunos/as na escola, pela generosidade com que colaboraram neste projeto.

Obrigada também às professoras das turmas que disponibilizaram alguns grupos para

vir terminar numa das suas aulas a entrevista e a outros/as professores/as que os deixavam

ultrapassar os timings de modo a conseguirem estarem presentes até ao final da discussão.

Page 5: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

iv

Page 6: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

v

Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade

Resumo

Este estudo foi realizado numa escola EB 2 e 3 de Braga onde planifiquei, implementei e

avaliei, em quatro turmas do 9º ano de escolaridade, um projeto educativo designado: “Agir para

prevenir: Diz não à violência no namoro!”. O objetivo foi avaliar o impacto de um projeto

educativo orientado para a ação de alunos/as do 9º ano de escolaridade na prevenção da

violência no namoro. Este projeto de intervenção e investigação teve como objetivos i) identificar

os tipos de violência entre adolescentes no recreio na escola; ii) caraterizar como evoluiu o

conhecimento orientado para a ação de alunos/as do 9º ano na prevenção da violência no

namoro durante o desenvolvimento de um projeto educativo orientado para a ação; iii)

caraterizar o tipo de ações desenvolvidas por alunos/as do 9º ano na prevenção da violência no

namoro durante o desenvolvimento de um projeto educativo orientado para a ação na prevenção

da violência no namoro; iv) caraterizar a opinião dos/as alunos/as do 9º ano sobre o projeto

educativo orientado para a ação na prevenção da violência no namoro.

Os participantes neste estudo foram alunos/as do 9º ano de escolaridade (N=91), com

idades compreendidas entre os 13 e os 17 anos. As técnicas de recolha de dados utilizadas

foram a observação participante e não participante, os diários de aula e a entrevista de grupo

focal.

Esta investigação começou com um diagnóstico inicial de necessidades observando os

recreios na escola e entrevistando professoras para identificar os tipos de violência entre

adolescentes. O projeto educativo, baseado na metodologia IVAM (Investigação, Visão, Ação e

Mudança), foi desenvolvido com o objetivo de desenvolver a competência para a ação dos/as

alunos/as na prevenção da violência no namoro. O projeto foi implementado durante cinco

meses em nove/dez sessões de 45 minutos nas aulas de SAE (Saúde, Ambiente e

Empreendorismo), utilizando material didático, tal como panfletos, notícias, powerpoint, vídeos,

fotos, estudos de caso, marcador de pesquisa e entrevista de grupo focal.

Os primeiros resultados, baseados na observação nos recreios, apontam para a

existência de violência física e verbal. Relativamente à violência física foram observados

empurrões, bofetadas e pontapés. Quanto à violência verbal foram observados insultos,

pressões, gozo, inferiorização e chantagem.

Durante o projeto houve um aumento do conhecimento dos/as alunos/as sobre as

consequências e as causas da violência no namoro bem como sobre as estratégias de mudança.

Os/as alunos/as também foram capazes de realizar ações de educação pelos pares para

prevenir a violência no namoro. No geral quer as sessões desenvolvidas no projeto, quer a ação

de formação pelos pares tiveram uma avaliação positiva pelos/as alunos/as.

Os resultados deste estudo mostram como é importante a implementação de projetos

educativos na prevenção da violência no namoro orientadas para a ação, como uma das áreas

prioritárias da intervenção psicossocial com crianças, jovens e famílias.

Page 7: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

vi

Page 8: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

vii

Violence in dating: a research with ninth grade students

Abstract

This study was conducted in a Middle School in Braga where I planned, implemented and assessed, in four ninth grade classes, an educational project with the name: "Act to Prevent: Say no to violence in dating!" The purpose was to assess the impact of an action-oriented educational project to ninth grade students on preventing violence in dating. The purposes of this intervention and research project were: i) to identify the types of violence between teens in the school's playground; ii) to characterise how the ninth grade students action-oriented knowledge evolved towards preventing violence in dating throughout the development of an action-oriented educational project; iii) to characterise the kind of actions developed by ninth grade students towards preventing violence in dating during the development an action-oriented educational project towards preventing violence in dating; iv) to characterise the view of ninth grade students on the action-oriented educational project towards preventing violence in dating. The participants in this study were ninth grade students (N=91) aged between 13 and 17. The data collection techniques used were participant and non-participant observation, class diaries and a focus group interview. This research began with an initial diagnosis of needs by observing the school playgrounds and interviewing teachers to identify the types of violence among teenagers. The educational project, based on the IVAC methodology (Research, Vision, Action and Change) was developed with the purpose of building on the students' ability to act towards the prevention of violence in dating. The project was implemented throughout a period of five months, in nine/ten sessions of 45 minutes each, in the SAE (Health, Environment and Entrepreneurship) classes through the use of teaching materials such as brochures, news, PowerPoint, videos, photos, case studies, marker research and focus group interview. The first results, based on the playground observation, point towards the existence of physical and verbal violence. With regard to physical violence, pushing, slaps and kicks were observed. As to verbal violence, insults, pressures, mockery, belittlement and blackmail were observed. During the project there has been an increase in the students' knowledge with respect to the consequences and causes of violence in dating as well as on the strategies for change. The students were also able to provide training sessions to their peers in order to prevent violence in dating. Overall, both the sessions carried out in the project and the training sessions to the peers, were assessed positively by the students.

The results of this study show how important it is to implement action-oriented educational projects towards the prevention of violence in dating, as one of the priority areas of psychosocial intervention with children, youth and families.

Page 9: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

viii

Page 10: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

ix

ÍNDICE

Agradecimentos

Resumo

Abstract

Lista de Tabelas

Lista de Figuras

Lista de Quadros

Lista de Siglas

Capítulo I – Contextualização do Estudo

1.1. Introdução

1.2. Contextualização geral da investigação

1.3. Problema e objetivos da investigação

1.4. Relevância do tema

1.5. Razões pessoais que conduziram à seleção do tema

1.6. Limitações da investigação

1.7. Organização geral da investigação

Capítulo II – Enquadramento Teórico

2.1. Introdução

2.2. Adolescência e violência no namoro

2.3. A violência no namoro e a influência dos pares, pais e normais sociais

2.4. Prevenção da violência no namoro

Capítulo III – Metodologia

3.1. Introdução

3.2. Descrição geral do estudo

3.3. Projeto educativo orientado para a ação na prevenção da violência no namoro

3.4. Seleção e caracterização dos/as participantes

3.5. Seleção da técnica e instrumentos de recolha de dados

3.6. Elaboração e validação dos instrumentos de investigação

iii

v

vii

xiii

xvii

xvii

xix

1

1

4

4

5

8

8

11

11

23

28

37

37

40

46

49

52

Page 11: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

x

3.7. Recolha de dados

3.8. Estratégias utilizadas para os/as motivar

3.9. Cuidados éticos ou sua salvaguarda

3.10. Tratamento e plano de análise de dados

Capítulo IV – Apresentação e discussão dos resultados

4.1. Introdução

4.2. Diagnóstico de necessidades

4.2.1. Violência nos recreios no recinto escolar

4.2.2. Conceções iniciais sobre a violência no namoro

4.3. Evolução do conhecimento orientado para ação na prevenção da violência no

namoro de alunos/as do 9º ano de escolaridade

4.3.1. O que é o namoro e a violência no namoro

4.3.2. Consequências da violência no namoro

4.3.3. Causas da violência no namoro

4.3.4. Gravidade da violência no namoro e estratégias para eliminar o problema

4.3.5. Visões para o futuro sobre a violência no namoro

4.4. Ações e Mudança

4.5. Avaliação do projeto pelos/as participantes

4.5.1. Avaliação das sessões

4.5.2. Opinião final sobre o projeto

Capítulo V – Conclusões e implicações

5.1. Introdução

5.2. Conclusão da investigação

5.3. Impacto da investigação

5.3.1. Impacto da investigação a nível pessoal

5.3.2. Impacto da investigação a nível institucional

5.3.3. Impacto no conhecimento da área de especialização do mestrado

5.4. Implicações para o futuro

Referências bibliográficas

53

54

55

56

57

57

57

59

63

64

89

99

108

123

124

126

126

127

131

131

142

142

142

143

143

145

Page 12: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

xi

Apêndices

1. Planificação do projeto educativo

2. Material didático

3. Diários de aula

4. Protocolo da entrevista e exemplo de uma entrevista

5. Pedido formal na escola

6. Avaliação do desempenho dos pares educadores (Turma A)

7. Avaliação do desempenho dos pares educadores (Turma B)

8. Avaliação do desempenho dos pares educadores (Turma C)

9. Avaliação do desempenho dos pares educadores (Turma D)

10. O que gostaram mais no projeto

11. O que gostaram menos no projeto

12. O que mudariam no projeto

Anexos

1. Fichas de avaliação elaboradas pelos/as alunos/as

2. Contrato

153

155

163

197

200

225

227

230

233

235

239

242

244

247

251

Page 13: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

xii

Page 14: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

xiii

LISTA DE TABELAS

1. Caracterização dos alunos e alunas que participaram no estudo

2. Tipos de violência entre adolescentes no recreio na escola

3. Conceções iniciais dos/as alunos/as sobre a violência no namoro

4. Conceções iniciais dos grupos sobre as consequências da violência no namoro

5. Conceções iniciais dos/as alunos/as individualmente sobre as consequências da

violência no namoro

6. Conceções iniciais dos grupos sobre as causas da violência no namoro

7. Conceções iniciais dos/as alunos/as individualmente sobre as causas da violência no

namoro

8. O que é o namoro

9. Já ouviram falar sobre diferentes orientações sexuais no namoro

10. O que é o namoro homossexual masculino

11. O que é o namoro homossexual feminino

12. O que é o namoro heterossexual

13. Diferenças entre o namoro homo e heterossexual

14. O que é a violência no namoro

15. Situações de violência no namoro entre gays ou lésbicas que conhece

16. Diferenças na violência no namoro entre homossexuais e heterossexuais

17. Casos de violência física, verbal e social entre namorados que conhecem

18. O que aconteceu na violência física que observaram entre namorados

19. O que aconteceu na violência verbal que observaram entre namorados

20. Casos que conhecem em que o rapaz ameaça contar coisas íntimas da rapariga

21. Casos que conhecem em que a rapariga ameaça contar coisas íntimas do rapaz

22. Adolescentes que conhecem que foram pressionados para terem relações sexuais

23. Situações que viram uma pessoa aproveitar-se do facto de outra estar sobre o uso de

álcool ou drogas para ter relações sexuais

24. Casos em que um/a dos/as namorados/as foi vítima de agressão verbal e

humilhação através da internet

25. O que faz um rapaz para pressionar a rapariga a ter relações sexuais

26. O que faz uma rapariga para pressionar o rapaz a ter relações sexuais

48

57

60

60

61

62

63

64

65

66

67

68

69

71

72

73

74

74

75

77

78

79

80

81

82

83

Page 15: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

xiv

27. Possibilidade de haver casos em que uma pessoa obriga a outra a ter relações sexuais

contra a sua vontade

28. Possibilidades de acontecer a uma pessoa da escola alguém aproveitar-se dela por

estar sobre o uso de álcool ou drogas para ter relações sexuais

29. Possibilidades de acontecer a pessoas que conhecem no local onde vivem alguém

aproveitar-se dela por estar sobre o uso de álcool ou drogas para ter relações sexuais

30. Consequências da violência física entre namorados

31. Consequências da violência verbal entre namorados

32. Consequências para a rapariga por ter relações sexuais forçadas

33. Consequências para o rapaz por ter relações sexuais forçadas

34. Consequências para a pessoa que é ameaçada que vão contar aos outros coisas sobre

a sua intimidade

35. O que costuma fazer a pessoa que é ameaçada que vão contar aos outros coisas

sobre a sua intimidade

36. Consequências para a pessoa que teve relações sexuais porque a outra se aproveitou

do facto de ela estar sobre o efeito do álcool ou de drogas

37. Consequências para uma pessoa que foi vítima de agressões verbais e humilhação

através da internet ou de sms no telemóvel

38. O que leva um dos/as namorados/as a ser fisicamente violento com o/a outro/a

39. Causas da violência verbal

40. O que leva o rapaz a pressionar a rapariga para terem relações sexuais

41. O que leva a rapariga a pressionar o rapaz para terem relações sexuais

42. O que pode levar alguém a abusar sexualmente de outra pessoa

43. O que pode levar alguém a abusar sexualmente de pessoas que estão drogadas ou

bêbadas

44. Razões porque existe violência no namoro entre os jovens heterossexuais

45. Razões porque existe violência no namoro entre jovens homossexuais

46. Gravidade de casos de violência no namoro na escola

47. Gravidade de casos de violência no namoro no local onde vive

48. Se tivessem um/a amigo/a nestas situações o que faziam para o/a ajudar

49. A quem recorriam para pedir ajuda se estivessem numa situação de violência no

namoro

84

84

85

90

91

92

93

94

95

96

97

101

102

102

103

104

104

105

106

108

109

111

112

Page 16: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

xv

50. Razões porque recorriam às diferentes pessoas para pedir ajuda se estivessem numa

situação de violência no namoro

51. Onde se dirigiam na escola para pedir ajuda se estivessem numa situação de violência

no namoro

52. Razões porque não se dirigiam a ninguém na escola para pedir ajuda se estivessem

numa situação de violência no namoro

53. Razões porque se dirigiam na escola a pessoas diferentes para pedir ajuda se

estivessem numa situação de violência no namoro

54. Razões porque falavam, ou não, com os pais para pedir ajuda se estivessem numa

situação de violência no namoro

55. Razões porque falavam com os amigos para pedir ajuda se estivessem numa situação

de violência no namoro

56. Caraterização das estratégias a usar na escola para prevenir a violência física no

namoro adolescente

57. Caraterização das estratégias a usar na escola para prevenir a violência verbal no

namoro adolescente

58. Caraterização das estratégias a usar na escola para acabar com a humilhação através

da internet ou sms no telemóvel na escola

59. O que podemos fazer para prevenir a violência no namoro no local onde vivemos

60. O que podemos fazer para não haver violência na nossa relação de namoro

61. O que gostaram mais sobre o projeto: "Agir para prevenir: diz não à violência no

namoro"

62. O que gostaram menos sobre o projeto: "Agir para prevenir: diz não à violência no

namoro"

63. O que gostavam de mudar no projeto "Agir para prevenir: diz não à violência no

namoro"

64. Opinião sobre a continuidade do projeto na escola

113

114

114

115

116

117

117

118

119

119

120

127

128

129

129

Page 17: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

xvi

Page 18: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

xvii

LISTA DE FIGURAS

1. Metodologia IVAM: perspetivas a trabalhar dentro dos projetos de educação em

sexualidade

2. Visão geral do estudo

34

38

LISTA DE QUADROS

1. Valores nucleares da Rede Europeia de Escolas para a Saúde na Europa

2. Pilares da Rede Europeia de Escolas para a Saúde na Europa

3. Matriz das dimensões, objetivos e questões da entrevista

32

33

52

Page 19: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

xviii

Page 20: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

xix

LISTA DE SIGLAS APAV – Associação Portuguesa de Apoio à Vitima

CDC – Centro de Controlo de Doenças

E.U.A – Estados Unidos da América

GAAF – Gabinete de Apoio ao Aluno e à Família

GAPAE – Gabinete de Apoio à Promoção do Ambiente Escolar

GIAA – Gabinete de Informação e Apoio ao Aluno

IPJ – Instituto Português da Juventude

IVAM – Investigação, Visão, Ação e Mudança

LNES – Linha Nacional de Emergência Social

OMS – Organização Mundial de Saúde

PPOA – Plano de Ocupação de Alunos no Período Escolar

RNEPS – Rede Europeia de Escolas Promotoras de Saúde

SAE – Saúde, Ambiente e Empreendorismo

SHE – Schools for Health in Europe (Escolas para a Saúde na Europa)

VIH – Vírus de Imunodeficiência Humano

UNICEF – Fundo das Nações Unidas para a Infância

Page 21: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

xx

Page 22: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

1

CAPÍTULO I

CONTEXTUALIZAÇÃO DO ESTUDO

1.1. Introdução

Neste primeiro capítulo, depois desta breve introdução (1.1), faz-se uma

contextualização geral da investigação (1.2). Em seguida, apresenta-se o problema e os objetivos

de investigação (1.3), a relevância do tema (1.4), as razões pessoais que conduziram à seleção

do tema (1.5) e as limitações da investigação (1.6). Para terminar, descreve-se a organização

geral desta dissertação (1.7).

1.2. Contextualização geral da investigação

No âmbito da saúde mental, os estudos têm vindo a mostrar que existe violência no

namoro na faixa etária correspondente ao 3º ciclo do ensino básico e também no 11º ano

(Giordano, Soto, Manning, & Longmore, 2010), começando frequentemente os relacionamentos

de namoro no início da adolescência, normalmente entre os 13 e 15 anos (Leen, Sorbring,

Mawer, Holdsworth, Helsing, & Bowen, 2013; Bonomi, Anderson, Nemeth, Bartle-Haring,

Buettner, & Schipper, 2012), no grupo de pares (Connolly, Craig, Goldberg, & Pepler, 2004;

Leen et al., 2013). O estudo de Bonomi et al. (2012) mostra que 64.7% das mulheres e 61.7%

dos homens referiram ter sido vítimas de alguma forma de violência no namoro, sendo que

alguns tipos de violência no namoro acontecem mais cedo do que outros.

De acordo com a Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) (s.d.), a violência no

namoro é definida como um acontecimento que ocorre no contexto das relações de namoro na

adolescência, em que um/a dos/as parceiros/as, ou ambos/as, recorrem à violência com o

objetivo de exercer poder ou controlo sobre o/a outro/a parceiro/a, podendo esta violência ser

exercida através da violência física, verbal, emocional/psicológica, sexual, social e financeira.

Segundo Mpiana (2011), a violência praticada pelo/a parceiro/a na adolescência não

tem sido muito levado em conta pela literatura e pelos adultos em geral. Contudo, os efeitos

dessa violência são catastróficos e prejudiciais para as vítimas, pois os resultados da violência

Page 23: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

2

sexual nos/nas jovens podem ser a gravidez indesejada, a infeção pelo vírus da imunodeficiência

humana (HIV) e outras doenças sexualmente transmissíveis (Mirsky, 2003; Ohnishi, Nakao,

Shibayama, Matsuyama, Oishi, & Miyahara, 2011; Population Council, 2004; Sinclair, Sinclair,

Otieno, Mulinge, Kapphahn, & Golden, 2013; United Nations Population Fund, 2005), o aborto

(Mirsky, 2003; Sinclair et al., 2013), podendo estes ser precoces e repetidos (United Nations

Population Fund, 2005), o abandono escolar precoce (Mirsky, 2003; Sinclair et al., 2013), a

idealização do suicídio (Chiodo, Wolf, Crooks, Hughes, & Jaffe 2009; Sinclair et al., 2013), a

pobreza, disfunções emocionais ao longo da vida, complicações interpessoais, salário reduzido e

desemprego (Sinclair et al., 2013). Além das consequências referidas anteriormente, a violação

não só tem como consequências as doenças sexualmente transmissíveis para a vítima como

também pode ter consequências para o bebé podendo ser transmitidas essas doenças ao feto

em caso de gravidez (Sinclair et al., 2013).

De acordo com O´Keefe (2005) é provável que o uso de violência física e emocional

tenha implicações nas relações íntimas dos/as adolescentes no futuro, em adultos/as. Além

disso, é particularmente importante ter em atenção que as influências, o observar violência em

casa quando eram crianças e o consumo de álcool agravam o risco de violência sendo que a

exposição ou o ser vítima de violência sexual põem em causa o bem-estar psicológico dos/as

adolescentes em idade escolar, a curto e longo prazo, e pode resultar na perda de autoestima,

depressão, medo, raiva e um maior risco de suicídio (Mirsky, 2003), desenvolvendo um maior

risco de ter problemas de saúde (Organização Mundial de Saúde, 1997). Também devido à

violência sexual, ao assédio ou à coerção os/as jovens evitam a escola, não conversam nas

aulas, têm problemas de concentração, não confiam nos/as funcionários/as da escola, isolam-

se, têm um baixo rendimento escolar e provavelmente acabam por abdicar dos estudos (Mirsky,

2003).

Esta investigação vai ao encontro do o objetivo das escolas promotoras de saúde. O seu

objetivo é promover a saúde e o bem-estar de toda a comunidade escolar com o intuito de

acabar com as desigualdades na saúde. Para tal, é necessário o desenvolvimento de planos

educativos que permitam o desenvolvimento social na promoção da saúde de toda a

comunidade escolar e não escolar (Schools for Health in Europe, 2009).

Para permitir atingir os objetivos da educação para a saúde na comunidade escolar, a

Direção Executiva de cada agrupamento/escola designa um/a docente dos 2.º ou 3.º ciclos do

ensino básico para exercer as funções de coordenador/a da educação para a saúde (Despacho

Page 24: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

3

nº 2506/2007, de 20 de fevereiro). O/A diretor/a de turma, o/a professor/a responsável pela

educação para a saúde e educação em sexualidade, bem como outros professores envolvidos na

educação sexual possuem a responsabilidade de elaborar, no início do ano escolar, o projeto de

educação em sexualidade da turma, devendo as escolas disponibilizar aos/às alunos/as um

gabinete de informação e apoio no âmbito da educação para a saúde e educação em

sexualidade, que deverão ser assegurados por profissionais com formação nestas áreas e

funcionar, obrigatoriamente, pelo menos uma manhã e uma tarde por semana (Lei nº 60/2009

de 6 de Agosto).

No âmbito da legislação nacional sobre a Rede de Escolas para a Saúde na Europa, as

escolas devem ter em funcionamento um Gabinete de Informação e Apoio ao Aluno (GIAA)

(Decreto-lei nº 60/2009, de 6 de Agosto, artigo nº 14) que no âmbito da educação para a saúde

e educação sexual deve organizar-se de acordo com os normativos legais seguintes:

1 -Os agrupamentos de escolas e escolas não agrupadas do 2.º e 3.ºciclos do ensino básico e do ensino

secundário devem disponibilizar aos alunos um gabinete de informação e apoio no âmbito da educação

para a saúde e educação sexual;

2 -O atendimento e funcionamento do respetivo gabinete de informação e apoio são assegurados por

profissionais com formação nas áreas da educação para a saúde e educação sexual;

3 -O gabinete de informação e apoio articula a sua atividade com as respetivas unidades de saúde da

comunidade local ou outros organismos do Estado, nomeadamente o Instituto Português da Juventude;

4 -O gabinete de informação e apoio funciona obrigatoriamente pelo menos uma manhã e uma tarde por

semana;

5 -O gabinete de informação e apoio deve garantir um espaço na Internet com informação que assegure,

prontamente, resposta às questões colocadas pelos alunos;

6 -As escolas disponibilizam um espaço condigno para funcionamento do gabinete, organizado com a

participação dos alunos, que garanta a confidencialidade aos seus utilizadores;

7 -Os gabinetes de informação e apoio devem estar integrados nos projetos educativos dos agrupamentos de

escolas e escolas não agrupadas, envolvendo especialmente os alunos na definição dos seus objetivos;

8 -O gabinete de informação e apoio, em articulação com as unidades de saúde, assegura aos alunos o

acesso aos meios contraceptivos adequados. (Art.10º)

O mesmo decreto-lei enumera quais são as competências e habilitações que devem ser

asseguradas pela equipa que coordena os GIAA, nomeadamente:

a) Gerir o gabinete de informação e apoio ao aluno;

b) Assegurar a aplicação dos conteúdos curriculares;

Page 25: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

4

c) Promover o envolvimento da comunidade educativa;

d) Organizar iniciativas de complemento curricular que julgar adequadas. (Art.8º)

Para um melhor funcionamento destes gabinetes é fundamental o apoio e participação

ativa dos encarregados de educação da população estudantil.

Neste contexto, esta investigação visou avaliar o impacto de um projeto educativo no

GIAA orientado para a ação de alunos/as do 9º ano de escolaridade na prevenção da violência

no namoro.

1.3. Problema e objetivos da investigação

Tendo em atenção que a problemática da violência no namoro nos/as adolescentes tem

surgido, cada vez mais, como uma preocupação na promoção da saúde nesta faixa etária, e,

simultaneamente, é pouco reconhecida por eles/as, sendo estes/as, por vezes, vítimas de

violência e não a reconhecem como tal, este estudo visa “avaliar o impacto de um projeto

educativo no GIAA orientado para a ação de alunos/as do 9º ano de escolaridade na prevenção

da violência no namoro”.

Neste sentido, os objetivos desta intervenção/investigação foram os seguintes:

1. Identificar os tipos de violência entre adolescentes no recreio na escola;

2. Caraterizar como evoluiu o conhecimento orientado para a ação de alunos/as do 9º

ano na prevenção da violência no namoro durante o desenvolvimento de um projeto

educativo orientado para a ação;

3. Caraterizar o tipo de ações desenvolvidas por alunos/as do 9º ano na prevenção da

violência no namoro durante o desenvolvimento de um projeto educativo orientado

para a ação;

4. Caraterizar a opinião de alunos/as do 9º ano sobre o projeto educativo orientado para

a ação na prevenção da violência no namoro.

1.4. Relevância do tema

O tema desta investigação é muito atual e de grande pertinência para a promoção da

saúde na sociedade, em geral, e na escola, em particular. A adolescência é o período de

desenvolvimento oportuno para intervir, para educar e informar, por isso, as intervenções de

prevenção da violência no namoro devem ser adequadas às necessidades de desenvolvimento

Page 26: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

5

de cada pessoa (Mpiana, 2011) e grupo. Neste sentido, é necessário uma prevenção e

intervenção nesta faixa etária, que tenha em consideração que neste grupo etário é difícil intervir

no que concerne à violência no namoro (Martin, Houston, Mmari, & Decker, 2012) pois,

constata-se que os/as adolescentes que sofrem de violência no namoro aceitam essa violência,

tendem a permitir comportamentos violentos no contexto de outras relações e utilizam esses

mesmos comportamentos nos seus relacionamentos (McDonell, Ott, & Mitchell, 2010).

Para tal, é necessário que haja o desenvolvimento e a implementação de projetos

educativos em contextos escolares e não escolares que promovam a aquisição de conhecimento

sobre este problema social, não só nos/as adolescentes mas também na sociedade em geral.

1.5. Razões pessoais que conduziram à seleção do tema

As razões que me levaram à elaboração desta dissertação partem de um interesse

pessoal sobre o tema da violência no namoro nestas idades, pois fala-se com mais frequência na

violência doméstica, não dando tanta atenção a este problema social que, por vezes, não é

denunciado e nem levado em conta, tornando-se desconhecido pela sociedade e pelos/as

próprios/as adolescentes, tal como se verificou na revisão de literatura. Além disso, os fatores de

risco e de proteção associados à violência no namoro também são geralmente desconhecidos,

que, por um lado, põe em risco os/as adolescentes e, por outro lado, pode impedir a prevenção

deste problema social.

Segundo Ohnishi et al. (2011) os/as jovens não reconhecem alguns atos de violência

como sendo violência, por exemplo, não reconhecem o assédio verbal como assédio, tal como,

não reconhecem como violência o controlar as atividades ou comportamentos do/a

namorado/a, o forçar a ter relações sexuais desprotegidas contra a sua vontade e o mexer nos

objetos do/a parceiro/a como a bolsa ou carteira ou verificar os registos do seu telemóvel sem

permissão. Apoiando estes dados deste mesmo estudo, aproximadamente metade dos

participantes masculinos não identificou a falta de uso do contracetivo para prevenir a gravidez,

as doenças sexualmente transmissíveis e pegar em dinheiro da sua namorada como forma de

violência.

De acordo com o Centro de Controlo de Doenças (CDC, 2014; CDC, s.d) as relações

com violência podem começar muito cedo e muitas das vezes os/as adolescentes julgam que

alguns comportamentos, como provocar ou chamar nomes, são comportamentos “normais”

num relacionamento e fazem parte da relação. Contudo, estes comportamentos nas relações de

Page 27: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

6

namoro podem transformar-se em abusivos e progredir para outras formas de violência mais

graves, tal como a violação e a violência física (CDC, s.d). Além disso, têm efeitos graves a longo

e a curto prazo tendo um efeito negativo na saúde dos/as adolescentes ao longo do seu

percurso de vida (CDC, 2014) e no seu desenvolvimento emocional (CDC, s.d). Muitas vezes

os/as adolescentes e adultos não têm conhecimento que há violência no namoro entre os/as

adolescentes (CDC, s.d).

É necessário demonstrar aos/às adolescentes e adultos em geral que devem denunciar

a violência e não terem medo de o fazer pois, como é verificado na literatura, as mulheres

consideram que a violência é normal e não a denunciam por vergonha, porque pensam que se

irão prejudicar ou por não estarem preparadas para falar sobre o assunto (Mirsky, 2003).

Também muitos/as adolescentes não acusam os casos de violência por terem medo de contar à

família e aos amigos (CDC, 2014).

Matos, Negreiros, Simões e Gaspar (2009), explicaram que o consumo de tabaco,

álcool ou outras drogas antes dos 12 anos, bem como o historial de agressão precoce, o

insucesso escolar precoce, o reduzido envolvimento familiar, a criminalidade parental e a débil

supervisão parental, encontram-se entre os fatores de risco que conseguirão predeterminar o

envolvimento de crianças e jovens em atos violentos, quer como vítimas, quer como agressores.

Por me estar a especializar numa área de Intervenção Psicossocial com Crianças, Jovens e

Famílias todos estes fatores permitiram que desenvolvesse um projeto educativo que capacitasse

os/as jovens para que estes/as pudessem identificar os fatores de risco e de proteção de modo

a prevenir a violência no namoro. Estes projetos deveriam ser implementados em todas as

escolas para controlarem estes determinantes da violência, alguns deles tão frequentes nas

escolas.

A minha motivação para esta investigação foi ainda reforçada pela minha reflexão sobre

a categorização dos fatores de risco para a violência no namoro referidos pelos vários autores

revistos. Os fatores de risco associados à violência no namoro são: os fatores sociodemográficos,

tal como a idade, etnia, área onde vivem e religião (Malik, Sorenson, & Aneshensel, 1997; Vézina

& Hébert, 2007); os fatores individuais, como a depressão, comportamentos antissociais (Vézina

& Hébert, 2007); baixa autoestima (Ali & Naylor, 2013; Vézina & Hébert, 2007);

comportamentos ou pensamentos suicidas (Chiodo et al., 2009; Vézina & Hébert, 2007); uso de

álcool (Alleyne, Coleman-Cowger, Crown, Gibbons, & Vines, 2011; CDC, s.d; Mirsky, 2003;

Matos et al., 2009; McDonell, Ott, & Mitchell, 2010; Vézina & Hébert, 2007) e drogas (Ali &

Page 28: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

7

Naylor, 2013; Alleyne et al., 2011; CDC, s.d; Malik, Sorenson, & Aneshensel, 1997; McDonell,

Ott, & Mitchell, 2010; Vézina & Hébert, 2007); os fatores ambientais ligados à família ou à

sociedade que incluem, nomeadamente, abuso sexual na infância (Vézina & Hébert, 2007);

observar violência interparental (Caridade, 2008; CDC, s.d; Franklin & Kercher, 2012; Malik,

Sorenson, & Aneshensel, 1997; Mirsky, 2003; Olsen, Parra, & Bennett, 2010; Oliveira & Sani,

2009; Vézina & Hébert, 2007); observar violência na comunidade (CDC, s.d; Malik, Sorenson, &

Aneshensel, 1997; O´Keefe, 2005; OMS, 1997; Vézina & Hébert, 2007), sendo que a exposição

à violência na comunidade pode intensificar a prática de violência nos relacionamentos íntimos e

além disso haver uma maior aceitação dessa violência (O`Keefe, 2005). Ainda acrescentam as

características dos pares (Vézina & Hébert, 2007), ou influência dos pares (Caridade, 2008;

Leen et al., 2013).

Este tipo de fatores pode ter influência no relacionamento, podendo a vítima de agressão

num relacionamento amoroso não dar significado algum às agressões que sofre e considerá-los

irrelevantes e os agressores desconsiderarem a alteração do seu comportamento agressivo

(Caridade, 2008).

Segundo Caridade (2008), “A violência no contexto familiar tem sido um dos elementos

mais referenciados pela literatura enquanto fator de risco para a violência intima” (p. 85).

Estes fatores mostram a importância de implementar e desenvolver projetos educativos

nas escolas que capacitem os/as jovens para os identificar e controlar uma vez que, por vezes,

estes fatores estão presentes no seu dia-a-dia na escola e na comunidade.

O contato com um contexto muito diversificado que esta investigação com intervenção

psicossocial na escola me proporcionou, permitiu-me ter novas oportunidades de aprendizagem,

que proporcionaram novas aquisições de conhecimentos na área de intervenção psicossocial

com jovens, como a seguir se explica.

Em primeiro lugar, permitiu-me conhecer as suas características individuais, as suas

relações de apoio emocional, os seus recursos e qualidades. Em segundo lugar, esta

investigação com intervenção psicossocial na escola foi muito importante para mim pois adquiri

mais conhecimentos e competências para elaborar um projeto educativo para jovens com idades

compreendidas entre os 13-17 anos e fiquei a conhecer um pouco mais sobre o seu dia-a-dia

nos recreios da escola e o seu envolvimento neste tipo de projetos de intervenção, o que me

ajudou a compreender melhor a minha identidade profissional nesta especialização de mestrado.

Page 29: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

8

1.6. Limitações da investigação

Foram alguns os obstáculos que existiram durante a elaboração deste estudo. Em

primeiro lugar, o tempo disponível para a realização das entrevistas, que era de 45 minutos, não

foi suficiente pois com os atrasos dos/as alunos/as a entrevista durava apenas cerca de 30

minutos. Também a nível da transcrição dos resultados tive alguma dificuldade na transcrição

das discussões em grupo focal pois, como foi um estudo com um período de tempo curto de

relacionamento com os/as participantes, na transcrição dessas discussões em áudio, por vezes,

falavam ao mesmo tempo e não identificava a voz da pessoa que estava a falar, o que dificultou

a sua transcrição, tal como também é identificado por investigadores que mencionam que “Um

dos aspectos que torna a transcrição difícil é o reconhecimento de quem fala, quando existem

várias pessoas a falar ao mesmo tempo” (Bogdan & Biklen, 1994, p. 138). Uma alternativa para

ultrapassar este obstáculo seria fazer a gravação vídeo da discussão de grupo focal para que se

conseguisse identificar mais facilmente a voz dos/as participantes.

Em segundo lugar, um outro obstáculo foi o imenso barulho e as brincadeiras de

alguns/mas colegas durante a discussão em grupo focal o que dificultava a sua audição, tal

como o desinteresse por parte de alguns/mas participantes. Não sei se seria devido ao facto de

certos grupos serem maiores do que outros, mas como refere Morgan (1997), os grupos com

menos participantes têm um melhor funcionamento quando os/as participantes se interessam

no tema e respeitam os/as restantes participantes. Segundo o mesmo autor os grupos maiores

podem ter alguma dificuldade no que respeita às discussões, pois pode ser difícil orientá-las e

além disso, corre-se o risco de todos falarem ao mesmo tempo, sendo difícil apanhar dados

importantes da conversa. Outro obstáculo é relativamente aos gravadores, pelo facto de eles

apanharem alguns ruídos de fundo (Krueger, 1998).

Quanto às sessões que foram realizadas foram todas marcadas pelo constante barulho

em sala de aula que demonstrava que os/as alunos/as iam para as aulas de Saúde, Ambiente e

Empreendorismo (SAE) com a predisposição para a brincadeira e a conversa, uma vez que esta

disciplina, é de avaliação qualitativa e não quantitativa e, por isso, talvez, os/as alunos/as

reagissem assim.

1.7. Organização Geral da Dissertação

Esta dissertação está organizada em cinco capítulos. O primeiro capítulo

(Contextualização do Estudo) depois de uma breve introdução (1.1), faz uma contextualização

Page 30: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

9

geral da investigação (1.2), descreve o problema e objetivos da investigação (1.3), a relevância

do tema (1.4), as razões pessoais que conduziram à seleção do tema (1.5), as limitações da

investigação (1.6) e, por fim, a organização geral da dissertação (1.7).

No segundo capítulo (Enquadramento Teórico), depois de uma breve introdução (2.1),

apresenta-se o referencial teórico acerca da adolescência e violência no namoro (2.2), a violência

no namoro e a influência dos pares, pais e normas sociais (2.3) e, por fim, a prevenção da

violência no namoro (2.4).

No terceiro capítulo (Metodologia) após uma introdução (3.1), faz-se uma descrição geral

do estudo (3.2), apresenta-se o projeto educativo orientado para a ação na prevenção da

violência no namoro (3.3) e justifica-se como foi feita a seleção dos participantes no estudo e faz-

se a sua caracterização (3.4). Posteriormente, justifica-se a opção pela técnica e instrumentos de

recolha de dados selecionados (3.5), a forma como foram elaborados e validados os

instrumentos de investigação (3.6), descreve-se como se procedeu à recolha de dados e os

obstáculos encontrados (3.7), as estratégias utilizadas para motivar os/as participantes (3.8), os

cuidados éticos ou sua salvaguarda (3.9) e, para terminar, o tratamento e plano de análise de

dados (3.10).

No quarto capítulo (Apresentação e discussão dos resultados), após uma breve

introdução (4.1), faz-se a apresentação e discussão dos resultados do diagnóstico de

necessidades (4.2), que incluiu a violência nos recreios no recinto escolar (4.2.1) e as conceções

iniciais sobre a violência no namoro (4.2.2). Em seguida apresentam-se os resultados obtidos

durante o projecto educativo relacionados com a evolução do conhecimento orientado para a

ação na prevenção da violência no namoro de alunos/as do 9º ano de escolaridade (4.3),

nomeadamente, os resultados acerca do que é o namoro e a violência no namoro (4.3.1), as

consequências da violência no namoro (4.3.2), as causas da violência no namoro (4.3.3), a

gravidade da violência no namoro e as estratégias para eliminar o problema (4.3.4). Também se

descrevem as visões dos/as alunos/as para o futuro que desejam em relação à violência no

namoro (4.3.5). Posteriormente, descrevem-se as ações realizadas pelos/as alunos/as (4.4) e

as mudanças que ocorreram produzidas por essas ações evidenciadas na avaliação do projeto

pelos/as participantes (4.5), nomeadamente, a avaliação das sessões (4.5.1) e a opinião final

sobre o projeto (4.5.2).

No quinto capítulo (Conclusões e Implicações) faz-se uma breve introdução (5.1) e

descrevem-se as principais conclusões do estudo (5.2). Seguidamente, é analisado o impacto

Page 31: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

10

desta investigação (5.3), tanto a nível pessoal (5.3.1), como a nível da instituição em que se

realizou (5.3.2), e, também, é feita uma análise do impacto deste estudo ao nível do

conhecimento na área de especialização do mestrado (5.3.3). Por último, descrevem-se as

implicações para o futuro (5.4).

Page 32: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

11

CAPÍTULO II

ENQUADRAMENTO TEÓRICO

2.1. Introdução

Neste segundo capítulo, faz-se uma breve introdução onde se descreve os objetivos da

revisão teórica, a sua sequência, as opções na seleção da informação e conteúdos, bem como a

organização do capítulo. Esta revisão teórica tem como objetivo o aprofundamento de saberes

teóricos acerca do tema da violência no namoro, e tudo aquilo que o envolve, tais como, as suas

causas e fatores de risco associados e as suas consequências. Também se procura apresentar

uma visão internacional e nacional do que se tem vindo a investigar relativamente ao tema (2.1),

adolescência e violência no namoro (2.2), a violência no namoro e a influência dos pares, pais e

normas sociais (2.3), prevenção da violência no namoro (2.4).

2.2. Adolescência e violência no namoro

É difícil dar uma definição de adolescência, uma vez que cada indivíduo a vive de

diversas formas, dependendo da sua maturidade física, emocional e cognitiva (UNICEF, 2011).

A adolescência é um período de passagem da infância para a vida adulta caracterizado

pelo desenvolvimento físico, emocional, mental e social do/a adolescente (OMS, 1986), sendo

também descrita como um período de transformações e de transição (Alleyne et al., 2011).

A Organização Mundial de Saúde define a adolescência como o período entre os 10 e os

19 anos, e a Organização das Nações Unidas como o período dos 15 aos 24 anos de idade

(OMS, 1986).

A adolescência é um período marcado pela instabilidade e por conflitos e é,

simultaneamente, o período onde se iniciam as relações de namoro caracterizados pela violência

(Caridade, 2008).

A violência no namoro nos/as adolescentes pode ocorrer em qualquer idade, não

importa o sexo, a raça, a etnia ou a religião. Além disso, também pode ocorrer em

relacionamentos do mesmo sexo (Stader, 2011). Segundo Olsen, Parra e Bennett (2010), “(…) a

violência é um aspeto comum nas relações de namoro adolescente” (p. 414), sendo que muitos

Page 33: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

12

jovens adultos são ao mesmo tempo vítimas e agressores (Olsen, Parra, & Bennett, 2010; Malik,

Sorenson, & Aneshensel, 1997).

Segundo a United Nations Population Fund (2005) a violência de género é talvez a

violência mais permitida socialmente no que diz respeito à violação dos direitos humanos, sendo

esta violência aplicada por homens nas mulheres e raparigas. Esta violência de género, pode

incluir parceiros íntimos, familiares, conhecidos ou estranhos.

A violência de género é um problema social muito grave que ultrapassa a etnia, o nível

económico, social e regional podendo ter consequências a nível do crescimento,

desenvolvimento e saúde das adolescentes (Sinclair et al., 2013).

A violência pelo parceiro íntimo (VPI) ou a violência no namoro é um problema social e

de saúde pública (Ali & Naylor, 2013; Franklin & Kercher, 2012; Howard, Qi Wang, & Yan, 2007;

Malik, Sorenson, & Aneshensel, 1997; Martin et al., 2012; O`Keefe, 2005), que atinge os

homens e mulheres de todo o mundo apesar da sua cultura, religião ou quaisquer outras

características demográficas (Ali & Naylor, 2013). As estimativas revelam que 25% das mulheres

são vítimas de abuso por uma pessoa íntima que conhecem (Franklin & Kercher, 2012). Num

estudo verificou-se que a maioria dos agressores (90%) eram conhecidos da vítima, dos quais

52% eram namorados (Sinclair et al., 2013).

Segundo a OMS (2002) as mulheres podem ser violentas com os seus parceiros do sexo

masculino, também podendo ocorrer violência em parceiros do mesmo sexo, sendo que a

violência cometida pelos homens nas mulheres é superior. Assim, a violência nas relações de

intimidade tanto pode ser cometida por homens como por mulheres.

Segundo Ferreira (2011) os/as adolescentes estão num período de desenvolvimento que

os/as insere num risco maior de abuso físico e emocional, comparativamente com os adultos. A

violência no namoro é uma realidade na qual se deve intervir e prevenir a sua desvalorização

nos/nas adolescentes, pois os/as jovens tem-se oposto em falar sobre os casos pela qual

passam, não dando a conhecer à sociedade a violência que sofrem (Ferreira, 2011).

O conceito de violência é um conceito muito complexo e em constantes mudanças,

sendo que o termo “abuso” e “violência” têm sido, por vezes, vistos como sinónimos (Machado,

2010), não havendo uma definição óbvia de violência sendo um fenómeno complexo (OMS,

2002). Noções do que é admissível ou não, são influenciadas pela cultura (OMS, 2002). A

“agressão”, não é sinónimo de violência não sendo a sua única explicação. Contudo, a violência

no namoro surge como um trajeto para a violência conjugal (Machado, 2010).

Page 34: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

13

A palavra violência provém do latim vis, que representa o uso da força e superioridade

física contra outra pessoa, referindo-se também às noções de constrangimento. Esta violência

pode ser influenciada pelos contextos, pelos locais e realidades (Casique & Furegato, 2006).

Segundo Saltzman, Fanslow, McMahon e Shelley (2002), é considerado vítima a pessoa

que é alvo de violência e agressor a pessoa que exerce ou causa violência ou abuso à vítima.

O Centro de Controlo de Doenças (CDC, 2014) refere que a violência no namoro

acontece entre duas pessoas num relacionamento íntimo podendo ser descrita por outros

termos tais como: abuso no relacionamento, relacionamento violento, abuso no namoro, abuso

doméstico e violência doméstica (CDC, s.d). Segundo Saltzman et al. (2002) na violência

pelos/as parceiros/as íntimos/as também é incluído ou usado o termo violência no namoro,

violência praticada pelo ex-marido, entre outros. No/a parceiro/a íntimo/a estão incluídos os/as

namorados/as quer sejam hetero ou homossexuais, os cônjuges, parceiros/as íntimos/as não

casados, ex-namorados/as, entre outros (Saltzman et al., 2002). Atualmente, a violência pelo

parceiro íntimo adquiriu o termo popular “violência doméstica”, sendo estes dois termos usados

como sinónimos (Ali & Naylor, 2013).

Segundo Caridade (2008) a violência na intimidade não é um problema recente mas há

uma escassez de estudos em Portugal sobre a violência no namoro nos jovens. O estudo da

violência no namoro começou por surguir na América do Norte, nos E.U.A e Reino Unido

havendo uma grande investigação nesta área. Já no nosso país é mais recente e em

desenvolvimento começando com a violência entre casais e depois nos jovens. De acordo com a

mesma autora, a violência no namoro começou a ter mais importância quando foi incluída a

violência entre namorados na Lei nº152 do código Penal. Este artigo inclui o infligir maus tratos

físicos ou psíquicos, incluindo castigos corporais, privações da liberdade e ofensas sexuais a

uma pessoa de outro ou do mesmo sexo com quem tem ou tem mantido uma relação de

namoro (Art. 152º do Código Penal).

Para Saltzman et al. (2002) e para o Centro de Controlo de Doenças (2014), as formas

de violência podem organizar-se em três categorias, nomeadamente, a violência física, a

violência sexual e a violência psicológica e emocional. Sendo referido/a uma quarta por

Saltzman et al. (2002) a ameaça de violência física ou sexual, e pelo CDC (2014) o Stalking -

perseguição. O Stalking é um padrão de assédio ou ameaças de táticas que não são pretendidas

provocando medo à vítima (CDC, 2014).

Page 35: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

14

Na perspetiva de Saltzman et al. (2002) a “violência física” é caracterizada como o uso

propositado da força física com o objetivo de causar morte, incapacidade, lesões ou danos em

outra pessoa. São exemplos da violência física o empurrar (Caridade, 2008; CDC, 2014;

Ferreira, 2011; Saltzman et al., 2002), bofetadas (Caridade, 2008; CDC, 2014; Ferreira, 2011;

Franklin & Kercher, 2012; Howard et al., 2007; Martin et al., 2012; Saltzman et al., 2002),

murros (Caridade, 2008; CDC, 2014; Ferreira, 2011; Martin et al., 2012; Saltzman et al., 2002),

o queimar (Saltzman et al., 2002), o uso de objetos (facas, pistolas) (Ferreira, 2011; Saltzman et

al., 2002) ou atirar com objetos à outra pessoa (Ferreira, 2011; Martin et al., 2012). A violência

física também acontece quando o/a parceiro/a é apertado/a (Caridade, 2008; CDC, 2014) ou

beliscado/a (CDC, 2014), lhe batem (CDC, 2014; Ferreira, 2011; Howard et al., 2007; Martin et

al., 2012; OMS, 2002; Saltzman et al., 2002), dão pontapés (Caridade, 2008; CDC, 2014;

Ferreira, 2011; OMS, 2002), puxões (Caridade, 2008), puxam os cabelos (Ferreira, 2011), dão

cabeçadas (Ferreira, 2011), fazem arranhões (Martin et al., 2012) e causam ferimentos

(Ferreira, 2011; Howard et al., 2007).

No estudo de Franklin e Kercher (2012), verificou-se que existe um consentimento

relativo à violência nas relações interpessoais, onde os participantes concordaram que há

situações em que é adequado levar um estalo. Assim admitir a violência traduz-se num aumento

da possibilidade de cometer violência física nos relacionamentos.

A “violência sexual” consiste no uso da força física para obrigar uma pessoa a ter

relações sexuais contra a sua vontade (APAV, s.d; Saltzman et al., 2002) ou, simplesmente em

obrigar o/a companheiro/a a ter atos sexuais quando não podem ou não aprovam (Caridade,

2008; CDC, 2014; Ferreira, 2011; OMS, 2002); contacto sexual abusivo; a tentativa ou

realização do próprio ato sexual com uma pessoa que não tem consciência de tal ato e não

consegue recusar a participação devido, por exemplo, ao efeito do álcool ou de drogas ou

deficiência (Saltzman et al., 2002). Também podem recorrer à intimidação ou à pressão (APAV,

s.d; Saltzman et al., 2002), através de ameaças, humilhações, chantagem e, também, podem

drogar ou alcoolizar a vítima de forma a que esta não consiga resistir (APAV, s.d). Outros termos

estão relacionados com violência sexual tais como a violação (Caridade, 2008; CDC, s.d; Martin

et al., 2012; OMS, 1997); a violência sexual (OMS, 1997), assédio sexual, contacto indesejado,

esfregar-se noutra pessoa, puxar a roupa e beliscar (Chiodo et al., 2009).

Para Ferreira (2011) a prostituição ou comportamentos sadomasoquistas também são

exemplos de abusos sexuais. A violência sexual pode ser física ou não, são exemplos, o ameaçar

Page 36: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

15

divulgar boatos se o/a parceiro/a rejeitar ter relações sexuais (CDC, 2014). Também para

Caridade (2008) e Chiodo et al. (2009), na violência sexual, pode ser usada também a violência

física e verbal. Tais atos a nível verbal são os comentários sexuais, gozar ou piadas sexuais

(Chiodo et al., 2009).

De acordo com a OMS (1997), uma em cada cinco pessoas do sexo feminino, incluindo

adolescentes, têm sido abusadas sexualmente ou fisicamente por um homem na sua vida.

Quanto à “ameaça de violência física ou sexual”, de acordo com Saltzman et al. (2002)

é definida pela utilização de palavras, gestos ou armas para transmitir o propósito de causar a

morte, incapacidade, lesão ou dano físico a outra pessoa. Igual acontece para transmitir a

intenção de obrigar uma pessoa a envolver-se em atos sexuais quando esta não quer ou é

incapaz de concordar. Segundo estes autores são exemplo deste tipo de violência ameaçar bater

se não tiver relações sexuais.

Por último, a “violência psicológica ou emocional” abrange o trauma causado pelos atos

ou ameaça de atos e táticas coercivas (Saltzman et al., 2002), podendo tais atos ser controlar

(Caridade, 2008; Saltzman et al., 2002), ocultar informações acerca da vítima, irritar-se porque

a vítima não concorda com alguma coisa, negar-lhe o acesso a telefones e transportes (Saltzman

et al., 2002), as proibições (Caridade, 2008), o controlar ou impedir de usar dinheiro (Martin et

al., 2012; Saltzman et al., 2002) ou outros recursos básicos como o limitar o acesso à

informação e assistência (OMS, 2002; Saltzman et al., 2002), isto é, a privação a recursos

físicos, financeiros e pessoais (OMS, 1997). Ou seja, a violência emocional acontece quando o/a

parceiro/a ameaça o/a outro/a ou afeta a sua autoestima tal como ser intimidado e

humilhado/a (CDC, 2014; OMS, 2002; Saltzman et al., 2002), inferiorizado e ignorado

(Caridade, 2008). São também exemplos de violência psicológica, isolar ou manter isolada a

vítima dos familiares e amigos (CDC, 2014; OMS, 2002; Saltzman et al., 2002) ou seja, impedir

o contacto com outras pessoas (Ferreira, 2011), divulgar informações que põe em causa a sua

reputação (Saltzman et al., 2002), embaraçando-a de propósito (CDC, 2014), chamar

nomes/insultos (Caridade, 2008; CDC 2014; Ferreira, 2011), o desrespeito (Martin et al.,

2012), o bullying (CDC 2014), os ciúmes, a obsessão, a chantagem (Caridade, 2008), difamar

ou fazer afirmações graves para humilhar ou “ferir” a pessoa, gritar, ameaçar ou perseguir para

meter medo (Ferreira, 2011), e, também, o abuso verbal e o assédio (OMS, 1997). A

Organização Mundial de Saúde ainda acrescenta o abuso psicológico (OMS, 2002).

Page 37: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

16

A violência pode acontecer pessoalmente ou eletronicamente através de mensagens de

texto ou de colocar fotos sexuais do/a parceiro/a online (CDC, 2014). De acordo com Stader

(2011), a escassa investigação sobre esta problemática também contribui para a sua falta de

reconhecimento. O uso de telefones e das redes sociais para controlar e ameaçar é denominado

de cyberbullying. Há pouca investigação sobre a violência no namoro através de meios

eletrónicos mas, como refere Stader (2011) “ (…) o cyberbullying pode ser mais comum do que

se pensa” (p. 141).

Também para a Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (s.d) a violência social

acontece quando a vítima é envergonhada em público e quando proíbe-o/a de conviver com

os/as amigos/as ou familiares. Além disso, também acontece quando o/a namorado/a mexe no

seu telemóvel, contas de correio eletrónico ou redes sociais sem o seu consentimento.

Em síntese, a violência abrange os comportamentos físicos, emocionais e sexuais

abusivos (Ferreira, 2011).

Para demonstrar algumas das opiniões dos/as jovens acerca da violência no namoro, no

estudo qualitativo de Martin et al. (2012) foram constituídos quatro grupos focais (n=32) com

adolescentes com idades entre os 13 e os 24 anos, em situação de risco de violência no

namoro. Os/as adolescentes descreveram a “relação de drama” como diversas formas de

abuso, tais como abuso verbal, emocional, físico e sexual, e o “desrespeito”. Eles/as identificam

o “desrespeito” como sendo uma forma de abuso emocional e verbal. Quando questionados/as

acerca do que é o abuso sexual e físico os/as adolescentes deram exemplos como bater, socos,

estalos, arranhões, atirar com coisas e violação. Também referiram como abuso o controlo de

dinheiro e a estragos de propriedade.

Segundo a OMS (1997), a violência cometida em mulheres e raparigas pode ter como

consequências as lesões, o homicídio, o trauma mental, a incapacidade crónica. Além disso, as

vítimas de violência no namoro estão mais propensas a ter um rendimento escolar mais baixo, a

consumir mais álcool, a envolver-se em lutas físicas (CDC, s.d) e a suicidar-se (CDC, s.d; OMS,

1997).

Como foi referido no capítulo um a propósito das razões que conduziram à seleção do

tema foi mencionado o consumo de substâncias como fator de risco da violência no namoro.

Segundo McDonell, Ott e Mitchell (2010) o descontrolo pelo consumo de substâncias pode levar

a que os/as jovens não controlem aquilo que dizem e o que fazem, originando conflitos, não

tendo muita consciência dos efeitos que isso tem no seu relacionamento com outras pessoas.

Page 38: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

17

O`Keefe (2005) além dos conflitos ainda acrescenta que é possível que o uso de argumentos

possam originar o uso de violência entre os/as adolescentes.

Além dos fatores de risco referidos no capítulo um, também a mudança frequente de

parceiro ou ter diversos parceiros sexuais (Alleyne et al., 2011; CDC, s.d; McDonell, Ott &

Mitchell, 2010) e o conhecimento de quem é vítima e agressor nas redes de pares que

experienciaram a violência no namoro é um fator de risco para a violência no namoro (McDonell,

Ott, & Mitchell, 2010). Além destas, a idade da primeira relação sexual, a redução do uso de

preservativo, o ter relações sexuais forçadas e consequentes fatores psicossociais que

demonstram sentimentos de tristeza e de desespero, demonstram que a violência no namoro e

as relações sexuais forçadas estão relacionadas com estes comportamentos sexuais de risco e

que esses comportamentos variam conforme o sexo (Alleyne et al., 2011).

Outros fatores de risco são descritos pelo Centro de Controlo de Doenças (CDC, s.d) tais

como: considerar que é correto o uso de ameaças ou de violência para conquistar o que querem

para exprimir a frustração ou a raiva; ser impossível controlar a raiva ou frustração; sair com

colegas violentos; ter um amigo que está numa relação de namoro violenta; estar deprimido ou

ansioso; ter problemas de aprendizagem ou outros problemas na escola; não ter o controlo e

apoio dos pais e ter um historial de comportamento agressivo ou bullying.

Howard et al. (2007) referem que ser vítima de violência física no namoro foi associada

a descrições de sentimentos tristes e sem esperança, ao stress emocional, a múltiplos episódios

de luta física, a tentativa de suicídio e, em práticas sexuais recentes de alto risco com vários

parceiros num curto período de tempo e desprotegidas. Neste estudo com adolescentes

femininas que frequentavam o 9º e 12º ano, cerca de uma em cada dez raparigas referiram que

foram vítimas de violência física no namoro e que o/a namorado/a a feriu, bateu ou deu uma

chapada propositadamente. Os resultados deste estudo também mostraram que 10,3% de

raparigas referiu ter sido vítima de violência física no namoro. As adolescentes neste estudo que

tinham sido feridas fisicamente pelo seu/sua namorado/a tendiam mais a ter sofrimento

emocional, a ter comportamentos relacionados com a violência, uso de substâncias e a envolver-

se em comportamentos sexuais de risco. Além disso, as raparigas negras tinham 50% mais de

probabilidade de relatar violência no namoro do que as raparigas brancas. O estudo mostrou que

é possível que as raparigas que se envolvem em lutas físicas possam também usar esse

comportamento nos seus relacionamentos de namoro (Howard et al., 2007).

Page 39: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

18

Caridade (2008) implementou dois estudos, um quantitativo e um qualitativo com jovens

do ensino universitário, secundário e de cursos profissionais. No estudo quantitativo, há um

número significativo de jovens que praticam atos violentos ou são violentos nas suas relações

íntimas. Com uma amostra de 4667 sujeitos, com idades compreendidas entre os 13 e os 29

anos, sendo 42.2% rapazes e 57.7% raparigas, verificou que existe 30% de perpetração global,

18% de violência física e 23% de violência emocional. Para esta investigadora, os “(…) agressores

e vítimas situam-se maioritariamente nas faixas etárias mais velhas e os estudantes inseridos em

contextos de maior formação académica (ensino universitário) assumem mais frequentemente o

recurso a condutas violentas na sua intimidade relacional (…)” (p.157).

No segundo estudo de investigação qualitativa, Caridade (2008) procurou investigar as

crenças, atitudes e a posição dos jovens face aos diversos tipos de violência (física, psicológica e

sexual). Neste estudo, tal como no projeto educativo que implementei, a investigadora utilizou o

focus group, técnica de pesquisa através da interação entre o grupo sobre um determinado tema

proposto pelo investigador permitindo observar a interação dos/as participantes sobre esse tema

(Morgan, 1997).

Neste estudo qualitativo, foram investigados três tipos de grupos formativos: jovens

universitários, jovens do secundário e jovens que já não estudam. Foram constituídos nove

grupos de discussão onde participaram 49 sujeitos com média de idade de 19.7 anos, nos

quais, 51% eram do sexo feminino e 49% do sexo masculino. Os resultados indicaram que os/as

jovens em geral reconhecem o tema da violência no namoro como muito pertinente e

compreendido como uma realidade cada vez mais comum no namoro jovem.

Quanto às causas que levam à violência no namoro, os/as jovens, apontam para a

exposição à violência familiar, a interação com pares violentos, a dimensão cultural e

educacional e fatores intrapessoais dos agressores, como por exemplo, o ciúme exagerado, a

falta de confiança, impulsividade e a obsessão.

Neste estudo, os/as jovens consideram que as condutas violentas que são praticadas no

namoro, tender-se-ão a repetir no casamento e os atos a serem mais intensos quando o

agressor se sentir mais seguro e com um maior controlo sobre a vítima.

Para os/as jovens deste estudo, a violência física envolve bofetadas, empurrões, puxões,

apertões, socos e pontapés. No que diz respeito à violência psicológica, mencionam o controlo e

as proibições, os insultos, os ciúmes, a chantagem, a obsessão e o ignorar e inferiorizar o/a

companheiro/a. Para estes/as jovens, a violência psicológica tem um maior impacto pelos

Page 40: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

19

danos que causam no dia-à-dia à vítima, considerando-a a mais frequente, sendo os ciúmes e as

discussões entendidos como idênticos. No que diz respeito, à violência física esta será mais fácil

de identificar pela visibilidade do abuso. Por fim, quanto à violência sexual, para estes/as jovens,

consiste na prática de atos sexuais não desejados e violação, podendo ser usada também a

violência física e verbal. Os/as jovens relativamente à violência sexual pouco se pronunciaram e

mostraram algum constrangimento no debate do tema, remetendo-se, por vezes, ao silêncio.

Quanto às causas que levam a este tipo de violência os jovens mencionam a pressão dos pares

como sendo importante, explicações de natureza psicológica ou desenvolvimental.

Os/as jovens neste estudo entendem que as vítimas tendem a não denunciar a violência

de que são vítimas, principalmente porque têm vergonha. Também não abandonam a relação

devido ao demasiado envolvimento emocional que lhes impossibilita identificar os

comportamentos violentos do parceiro.

Neste estudo, as respostas dos/as jovens consoante o género foram diferentes. No que

diz respeito à frequência da violência física, os rapazes referem os empurrões, puxões, abanões,

socos e pontapés e as raparigas estalos e agarrar os braços. Quanto à frequência da violência

psicológica, os rapazes referem os insultos e chantagem e as raparigas referem o controlo,

proibições, os ciúmes e a obsessão pela relação. Por fim, quanto à frequência da violência

sexual, os rapazes referem a violação e forçar o parceiro ao ato sexual, as raparigas referem os

toques indesejáveis e também o forçar o parceiro a atos sexuais. Para terminar, os ciúmes são

vistos pelos/as jovens em geral como válidos quando existem situações de infidelidade,

desculpando a agressão.

Num outro estudo nacional de Ferreira (2011) participaram 668 estudantes do ensino

secundário no qual foram excluídos 495 por não terem tido qualquer tipo de violência no namoro

e 3 por terem preenchido incorretamente o questionário que foi aplicado para realizar a sua

investigação. As idades dos sujeitos eram entre os 15 e 19 anos dos quais 62.9% eram

raparigas e 37.1% rapazes. 170 indivíduos considera que na sua relação de intimidade já teve

algum tipo de violência verificando-se que 51.8% dos inquiridos são ao mesmo tempo vítimas e

agressores, 30% são agressores e 18.2% são vítimas.

Quanto aos diferentes tipos de violência a violência com maior percentagem é a violência

emocional (vítima 57.6% e agressor 60.6%), de seguida a violência física (vítima 33.6%, agressor

48.2%) e em último a violência sexual (vítima 4.8%, agressor 1.8%).

Page 41: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

20

Na violência física, os comportamentos tais como puxar os cabelos (6.5%), dar bofetadas

(14.1%), ameaçar com armas ou uso da força física (1.8%), dar um murro (5.9%), atirar com

objetos à outra pessoa (5.9%), dar pontapés ou cabeçadas (4.1%), empurrões violentos (11.8%),

dar uma sova (1.8%), causar ferimentos sem assistência médica (9.4%) entre outros foram

indicados pelos/as jovens vítimas como exemplos de agressão física.

Quanto à violência emocional, comportamentos como insultar, difamar ou fazer

afirmações graves para humilhar ou “ferir” (21.2%), impedir o contacto com outras pessoas

(44.1%), partir ou danificar coisas (5.3%), gritar ou ameaçar para meter medo (14.7%), perseguir

na rua ou em local de estudo para causar medo (1.2%) entre outros foram identificados pelas

vítimas como exemplos de agressão emocional. Por fim, na violência sexual o comportamento

identificado pelas vítimas foi o forçar a outra pessoa a manter atos sexuais contra a sua vontade

(4.1%) como exemplo de agressão sexual. Neste sentido, o comportamento “impedir o contacto

com outras pessoas” (44.1%) foi o mais referido pelos/as participantes.

Numa outra fase do inquérito ao qual responderam apenas 33% dos/as participantes

(n=56 dos N=170) às reações em relação à violência na intimidade, o tentar conversar/dialogar

com o/a companheiro/a foi o mais referido pelos/as participantes (22.4%) como forma de

resolver o problema entre eles/as. As pessoas a quem recorrem foram identificadas com

preferência os amigos/as (11.8%).

Os/as participantes (n=49), quando questionados/as acerca do motivo da situação pela

qual houve violência, referiram os ciúmes (38.8%) e as discussões (16.3%). Quanto à solução

para resolver o problema de violência no namoro os/as alunos/as referiram o diálogo (22.4%), o

fim à relação (16.3%) e voltar ao relacionamento (4.1%).

Segundo a mesma autora, a violência na intimidade é um acontecimento muito presente

nos/as jovens adolescentes portugueses pelo facto de uma percentagem significativa de

intervenientes ter-se envolvido em situações de violência, sendo os abusos emocionais os mais

comuns.

Neste estudo, é possível ter havido uma banalização da violência pela parte dos/as

participantes devido à “(…) possível dificuldade que os adolescentes, por vezes, apresentam na

identificação de comportamentos violentos” (Ferreira, 2011, p. 42).

O estudo de Ohnishi et al. (2011) mostrou que apesar de haver pouca percentagem de

violência no namoro no Japão, há um aumento da iniciação sexual precoce nos/as alunos/as do

ensino médio e um maior predomínio de infeções sexualmente transmissíveis e de abortos

Page 42: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

21

induzidos entre as adolescentes. Estes autores alertam ainda para o facto de que embora no

Japão haja uma pequena percentagem de violência na intimidade, existe, por outro lado, uma

grande preocupação em perceber como os/as adolescentes determinam e mantêm as relações

com os/as seus parceiros íntimos.

Existem poucos estudos sobre as formas de assédio sexual vivenciadas pelos

adolescentes ou como é que pode afetá-los ao longo do tempo. O estudo realizado por Chiodo et

al. (2009) foi realizado a alunos do 9º ano porque é nesta faixa etária que muitos dos/as

estudantes são vítimas de provocações verbais e físicas por parte dos/as seus/suas colegas ou

de alunos/as mais velhos/as. Os autores referiram o assédio sexual como um fator de risco no

desenvolvimento dos/as adolescentes e para tal investigaram quais os tipos e o predomínio de

assédio sexual vivida pelos rapazes e pelas raparigas.

Neste estudo, 44.1% das raparigas e 42.4% dos rapazes admitiram terem sido

assediados/as sexualmente sendo que as raparigas sofriam mais piadas sexuais, comentários e

contacto indesejado do que os rapazes que estavam mais sujeitos a insultos homossexuais,

mensagens e fotos de cariz sexual. As raparigas apresentaram mais fatores de risco do que os

rapazes, tais como pensamentos suicidas, automutilação, dietas, namoro precoce, uso de

substâncias e escola sem segurança associado à vitimização de assédio sexual. Já os rapazes

apresentaram pensamentos suicidas, namoro precoce, uso de substâncias e escola sem

segurança sendo o impacto inferior nos rapazes.

Os mesmos rapazes e raparigas que tinham referido que eram vítimas de assédio sexual

no 11º ano tinham de dois e meio a três vezes mais possibilidade de ser vítimas novamente dois

anos e meio depois do estudo, o que mostra que estas experiências têm tendência a prolongar-

se. Além disso, o assédio verificado no 9º ano foi associado com uma maior probabilidade de

acontecer outro tipo de formas de violência nos relacionamentos no 11º ano.

Nesta investigação verificou-se que o assédio sexual tem um impacto negativo para

ambos os sexos sendo que para as raparigas é maior. Ser vítima de assédio sexual foi associado

a um risco maior de ter dificuldades de ajustamento psicológico e de outras formas de abuso,

tais como, a violência física entre pares e ser vítima de assédio sexual para ambos os sexos no

9º ano e violência no namoro e agressão entre pares.

Também se verificou neste estudo que a vitimização por assédio sexual no 9º ano teve

efeitos contribuindo para o risco de stress emocional, consumo de substâncias e delinquência

nos dois anos e meios posteriores. Tais comportamentos causam danos psicológicos e físicos

Page 43: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

22

nos/as jovens ao longo dos anos no ensino médio. As raparigas são muitas vezes vítimas dos

rapazes enquanto os rapazes são vítimas também por rapazes (por exemplo, insultos

homofóbicos).

Num outro estudo foi verificado que a automutilação também é uma consequência do

assédio sexual, podendo ser também um fator de risco (Marshall, Faaborg-Andersen, Tilton-

Weaver, & Stattin, 2013).

Tem-se vindo a demonstrar que as mulheres jovens que são vítimas de coerção sexual

tendem a experimentar mais sexo forçado e estão mais vulneráveis a envolverem-se em

comportamentos sexuais de risco, tais como, práticas sexuais com vários parceiros e não usar

preservativos, além disso, estão em maior risco de não terem uma boa saúde mental, um maior

consumo de álcool e abuso de substâncias (Population Council, 2004).

Mpiana (2011) explicou que a violência sofrida pelas adolescentes do Sul de África

decorre da experiência de uma história violenta, de posições sociais baseadas em ideologias

respeitáveis e relações de poder diferentes. Este autor defende que no que concerne às relações

de poder baseadas no género, as adolescentes raparigas têm menos poder devido às

oportunidades e ao seu desenvolvimento e independência serem restritos. Segundo United

Nations Population Fund (2005) o status das mulheres e das raparigas na sociedade, a sua

dependência financeira e a falta de direitos negam o acesso à sua proteção colocando-as em

maior risco de abuso. Consequentemente, as mulheres que foram abusadas tendem a isolar-se

e são impedidas de relacionar-se socialmente ou em atividades como o trabalho.

No estudo de Giordano et al. (2010) os índices de violência mútua nos relacionamentos

de namoro são muito idênticos para ambos os sexos (47% nos rapazes e 52% nas raparigas).

Apesar de a violência nas relações ser muito comum para os/as entrevistados/as deste estudo,

as entrevistadas do sexo feminino referem ser com mais frequência as autoras da violência,

enquanto os entrevistados do sexo masculino tendem a ser o alvo de violência. Pelo contrário, no

estudo de Mpiana (2011) as raparigas adolescentes são mais vulneráveis à violência sexual e ao

assédio, e estes abusos têm impactos severos na sua saúde física e mental, bem como no

desempenho académico das raparigas.

Giordano et al. (2010) referem que o conflito verbal, os ciúmes, a falta de apoio e a

infidelidade pela parte do/a companheiro/a estão relacionados com o uso da violência. Além

disso, receberem recompensas instrumentais na sua relação de namoro pode levar a uma maior

tendência para serem vítimas de violência. Também as relações de namoro com maior

Page 44: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

23

durabilidade estão relacionadas com uma maior possibilidade de haver violência. Estes autores

ainda referem que no que diz respeito à interação entre sexo e conflito verbal, existe uma forte

ligação entre o conflito verbal e a prática da violência nas pessoas do sexo feminino. No entanto,

demonstraram que o conflito verbal continua a ser um preditor significativo tanto para as

pessoas do sexo masculino como feminino.

No estudo de McDonell, Ott e Mitchell (2010), a taxa de perpetração no namoro é

superior nas mulheres do que nos homens, ao contrário de muitas crenças que referem que o

homem tende a exercer mais violência do que as mulheres.

Em síntese, os/as adolescentes mesmo na presença de fatores de risco evidentes não

experienciam inevitavelmente violência nas relações de namoro (Giordano et al., 2010). Assim,

se os adolescentes identificarem a presença de fatores de risco para a violência no namoro,

podem proteger-se e, nesse sentido, a experiência da violência no contexto de namoro pode ser

evitável.

2.3. A violência no namoro e a influência dos pares, pais e normas sociais

influência dos pares

Segundo Giordano et al. (2010), os estudos que se têm focado na violência no namoro

focam-se com mais ênfase na família e nos colegas, mas pouco se referem aos locais/contextos

em que a violência ocorre.

A violência entre os pares acontece com mais frequência na adolescência do que nas

restantes etapas de vida de um individuo (UNICEF, 2011). Segundo Connolly et al. (2004),

os/as adolescentes unem-se a grupos de sexo misto, criando grupos de pares que namoram,

fazendo o namoro parte das atividades de grupo. Ao juntarem-se a esses grupos, a hipótese de

haver relacionamentos amorosos é aumentada pela exposição e observação desses

relacionamentos. Assim, além de observarem o contexto, o grupo de pares também pode ter

influência na sucessão das primeiras fases românticas. Neste seguimento, as atividades

românticas no início da adolescência são integradas nas atividades do grupo, podendo o grupo

de pares influenciar o tempo da relação. Além dos pares, também as relações de namoro

precoces podem ser influenciadas pelo contexto sociocultural das famílias dos/as adolescentes

(Connolly et al., 2004).

No estudo de Connolly et al. (2004), participaram alunos/as com idade média de 12.28

anos (9-14 anos). Neste estudo, os relacionamentos amorosos no grupo de pares no início da

Page 45: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

24

adolescência foram evidentes no surgimento de relacionamentos amorosos. Além disso, tiveram

influência na estimulação do interesse romântico nos/as adolescentes bem como no

envolvimento em relacionamentos amorosos. Os resultados revelam que a participação em

atividades românticas aumenta o interesse em ter também um relacionamento.

As influências dos pares na adolescência são contrastadas pelas influências parentais,

sendo a influência dos pares um fator de risco (Leen et al., 2013). As experiências no grupo de

pares também são influenciadas pelos fatores da família de origem (Olsen et al., 2010). Quanto

ao comportamento dos pares face aos seus/suas amigos/as vítimas ou agressores/as, o estudo

de Leen et al. (2013) mostrou que as raparigas têm mais comportamentos violentos nas

relações de namoro quando têm amigos/as que são vítimas ou autores/as de agressão nas

relações de namoro. No entanto, embora as raparigas sejam mais capazes de ser influenciadas

pelos/as amigos/as, no geral, tanto os rapazes como as raparigas são influenciados/as pelos

grupos de pares no que diz respeito aos comportamentos agressivos no namoro.

Além disso, possivelmente os/as adolescentes tendem a escolher grupos de pares com

origens idênticas às suas, podendo escolher grupos de pares violentos e posteriormente podem

ter mais tendência para ser violentos nos seus relacionamentos amorosos (Olsen et al., 2010).

Segundo Connolly et al. (2004), as escolas que restringem o acesso de pares de outro

sexo pode adiar a sua relação em atividades românticas no começo da adolescência.

Influência dos pais. A família e os pares são influências relevantes na violência no namoro

entre os/as adolescentes (Giordano et al., 2010). Segundo Malik et al. (1997) além da violência

a que estão sujeitos na comunidade, os/as jovens, também se confrontam com a violência em

casa e nas relações íntimas. Assim, para diminuir a violência entre os/as adolescentes é

necessário identificar os fatores de risco nos diversos contextos (Malik et al., 1997). Contudo,

nem todas as crianças ou adolescentes que são expostos/as à violência (Malik et al., 1997;

Franklin & Kercher, 2012) e que são fisicamente castigados/as (Franklin & Kercher, 2012) são

posteriormente violentos/as ou vítimas.

Segundo a OMS (1997), a violência cometida nas mulheres pode ter consequências de

geração em geração. Os rapazes que observam as mães a ser vítimas de violência pelo seu

parceiro têm maior probabilidade de na sua vida adulta também serem violentos. Já as raparigas

que testemunham essa violência têm maior probabilidade que os seus parceiros abusem delas

nos seus relacionamentos. Assim, a violência tende a passar de geração em geração.

Page 46: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

25

Também para Oliveira e Sani (2009), a observação de comportamentos violentos está

relacionada com a transmissão desses comportamentos, havendo uma herança de violência.

Logo, os indivíduos que experienciam comportamentos violentos podem vir a ser indivíduos

violentos. Por exemplo, na família, local onde as crianças aprendem os papéis dos pais, se

viverem num ambiente violento as crianças vão assimilar esses comportamentos, havendo uma

modelação de comportamentos. Segundo estas autoras, a forma como vão expressar os

comportamentos observados não é necessariamente tal como foram observados, isto é, podem

usar os mesmos comportamentos, modificá-los, usar diferentes modelos ou até replicar. Assim,

os comportamentos violentos aprendidos no seio familiar são reproduzidos pelos/as

adolescentes nas suas relações de intimidade. Segundo as mesmas autoras, “Os adolescentes

tornam-se, assim, transmissores culturais dessa conduta, que gera para si mesmos, conflitos

interpessoais e risco de se tornarem tanto agressores quanto vítimas, com a possibilidade de

perpetuar a violência intergeracional” (Oliveira & Sani, 2009, p. 164).

O estudo de Malik et al. (1997) baseia-se na teoria de aprendizagem social, onde se

explica que os comportamentos são vistos como uma aprendizagem feita através do

comportamento das outras pessoas, através das pessoas mais próximas, podendo ser a família,

o grupo de pares ou gangues. Assim, segundo os autores, a exposição à violência familiar, o

abuso a crianças e a violência entre os pais propícia aos/às adolescentes comportamentos que

podem imitar. Da mesma forma, os autores explicam que a exposição à violência na

comunidade também lhes dá a entender que são formas legítimas para solucionar conflitos.

Assim, a exposição à violência pode originar vários resultados podendo tornar os/as

adolescentes em vítimas ou agressores, dependendo dos mediadores que os/as encaminham

para uma destas vertentes. As características sociodemográficas também são identificadas neste

estudo como fatores que influenciam a exposição à violência.

Neste mesmo estudo, mais de metade da amostra revelou ter observado violência entre

os pais, sendo que a exposição à violência na comunidade é superior. Assim, a exposição a

diversas formas de violência é um grande fator de risco para os adolescentes quer na

comunidade quer nas relações de namoro, tanto como vítimas como agressores. Também se

verificou neste estudo que estar exposto à violência familiar está ligada à violência na

comunidade e no namoro. Pelo que, o estar exposto a um contexto de violência parece

influenciar outros contextos, quer seja para as vítimas quer para os agressores. Neste estudo,

também a exposição a armas e os ferimentos na comunidade são os principais fatores comuns

Page 47: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

26

na violência quer para a vítima quer para o/a agressor/a. Segundo os autores deste estudo, os

rapazes adolescentes tendiam a ser os agressores e vítimas de violência na comunidade e, por

outro lado, as raparigas adolescentes tendiam a cometer mais violência no namoro do que os

rapazes adolescentes. No que diz respeito à exposição à violência familiar, os rapazes eram mais

afetados do que as raparigas e estas, eram mais afetadas pelo próprio abuso.

Olsen et al. (2010) também fazem referência à Teoria de Aprendizagem Social de

Bandura, para explicar que a aprendizagem das crianças pode acontecer devido às observações

que fazem dos seus pais, como é que eles se tratam e como tratam as crianças. Nesta

perspetiva defende que os relacionamentos amorosos podem derivar do resultado do

comportamento antissocial que é adquirido no início da vida através dos pais, sendo provável

que alguns fatores dos ambientes familiares possam ter maior ou menor influência, enquanto

outros podem ter uma influência mais estável ao longo do tempo.

Mpiana (2011) verificou que a forma como as adolescentes veem a violência é

influenciada pela família, amigos, comunidade, escola e media. Se estes grupos incutirem na

rapariga a ideia de que a violência praticada contra as raparigas é normal, então ela é aceite

pelas raparigas. Portanto, é necessário capacitar as adolescentes e educá-las para os seus

direitos, revelando relacionamentos violentos e denunciando-os (Mpiana, 2011).

No estudo de Franklin e Kercher (2012), verificou-se que presenciar a violência entre os

pais na infância tem maior probabilidade de em adulto exercer violência psicológica e ser vítima

de castigos físicos na infância aumenta a probabilidade de contar que sofre de abuso

psicológico.

Segundo estes mesmos autores, “(…) as crianças que experimentam formas de castigo

físico podem ser especialmente vulneráveis a internalizar a eficácia da violência como meio de

influência e gestão de conflitos nos relacionamentos íntimos” (Franklin & Kercher, 2012, p.

197).

Influência das normais sociais. As normas sociais também influenciam os comportamentos

nas relações de namoro, havendo situações de violência que são aceites e justificadas, sendo

também consideradas um fator de risco (Leen et al., 2013).

De acordo com Malik et al. (1997) as normas pessoais de cada um também têm um

papel muito importante quando se fala em violência pois, se a violência for aceite como uma

norma pessoal que é aceitável, então a violência é tida como normal, podendo os/as

Page 48: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

27

adolescentes ser agressivos/as. Por outro lado, uma pessoa ao aceitar a violência no seu

relacionamento pode levar essa pessoa a aceitar um relacionamento abusivo, correndo o risco

de se tornar vítima.

O estudo de Machado (2010) mostrou que muitos dos atos violentos que são

legitimados são provenientes de questões sociais, culturais, individuais e da educação. Neste

estudo (N=522) foram caracterizadas as crenças que os/as jovens de Escolas Secundárias e

Profissionais do Porto com idades entre os 15 e os 19 anos, têm acerca da violência. Os/as

alunos/as referiram que a violência acontece quando há razão para que tal aconteça e por que a

vítima fez algo de errado (64.9%). Não defenderam que quem se droga tem motivo para ser

violento, mas 81.2% considerou que o álcool é o responsável pela violência das pessoas e que a

violência tem a ver com o poder de exercer o controlo.

A escola como potencial contexto de risco. O bullying, o cyber-bullying, o lutar, o

desrespeito a professores, o abuso verbal, o chamar nomes, os insultos raciais, entre outros são

de longe os tipos de violência mais predominantes nas escolas, havendo outros tais como, o uso

de armas, tentativa de violação ou violação, roubos, uso de álcool ou drogas, assédio sexual, uso

de explosivos entre outros (Dinkes, Kemp, & Baum, 2009).

Segundo Mirsky (2003) as escolas também podem ser locais de risco para os/as jovens

no que diz respeito às relações de namoro violentas pois, se a própria escola ou universidade

permitir a violência, o assédio sexual ou qualquer outra forma de coerção, esta pode ser uma

forma de aprendizagem que os/as jovens adquirem e que se reflete em casa ou no trabalho.

Assim, segundo o autor, as escolas que permitem a violência sexual ensinam aos/às

adolescentes que a violência é admissível. Na sua perspetiva quando o assédio sexual ou a

violência é desconsiderada nas escolas, os/as jovens como não foram educados/as a identificar

a violência nos seus relacionamentos, estes/as podem estar em maior risco de ter problemas de

saúde sexual e contrair o HIV. Assim, um ambiente escolar que permite a violência sexual nas

escolas pode originar efeitos graves nas relações dos/as jovens na vida adulta.

Segundo o Human Rights Watch (2001) o abuso sexual e o assédio a raparigas por parte

dos professores e outros alunos são muito frequentes na África do Sul. As raparigas, no geral,

são atingidas pela violência sexual na escola. As escolas têm sido locais violentos para as

crianças estando mal equipadas para combater a violência, e não têm um papel eficaz no

combate à violência contra as mulheres devido ao fracasso do Governo em proteger as raparigas

Page 49: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

28

e em responder à violência tendo efeitos no seu desempenho escolar (Human Rights Watch,

2001). Em estudos realizados em África, a agressão sexual passa impune e os constantes

comportamentos masculinos por parte dos alunos e professores não são contestados, dando, a

conhecer aos alunos que os comportamentos violentos são tolerados e vistos assim como

“normais” (Leach, Fiscian, Kadzamira, Lemani, & Machakanja, 2003).

Também no estudo de Mpiana (2011), as raparigas adolescentes aparentam ser física e

sexualmente vítimas dentro e fora da escola. Embora este estudo não se foque só na violência

na escola, para as raparigas envolvidas a escola não é um local seguro, pelo contrário, é

considerado um local privilegiado para a violência sexual. Neste estudo, constata-se que as

meninas do Sul de África são expostas a comentários degradantes, ao toque indesejado, sujeitas

a ameaças de violência e também à violência real. Por outro lado, os meninos através da

violência intimidam e controlam as atividades das meninas, deixando-as com uma autoestima

baixa, com medo e impotentes devido à imagem que transmitem acerca das raparigas.

Neste estudo é referido que 80% das raparigas, do 12º ano, estavam envolvidas em

relacionamentos abusivos, 8 em cada 10 meninas, do 11º ano, foram abusadas no

relacionamento, e muitas jovens, do 12º ano, tentavam encobrir que foram abusadas nos

relacionamentos pois têm consciência de que se o fizerem são outra vez abusadas. As meninas

quando tentavam explicar a violência no seu relacionamento as suas respostas variavam pois

tanto se sentiam responsáveis como não assumiam a culpa. Muitas delas assumem os

comportamentos abusivos como reflexo do amor, como comportamentos normais não refletindo

o quanto perigoso é, enquanto outras meninas o tentam esconder. Para elas a única forma de

acabar com a violência exercida pelos rapazes é ser também violentos com eles.

2.4. Prevenção da violência no namoro

Como tem vindo a ser demonstrado a violência no namoro é um problema social com

variadas consequências e bastante prejudicial na vida dos/as adolescentes. Portanto, projetos de

prevenção e intervenção nesta faixa etária são essenciais para que os/as adolescentes

combatam os fatores de risco associados a esta problemática e assim possam ter um estilo de

vida saudável.

A quem recorriam para pedir ajuda. No estudo de Ohnishi et al. (2011) no que diz respeito

aos pedidos de ajuda, alguns adolescentes referiram que recorriam aos amigos, algumas

Page 50: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

29

raparigas recorreram à mãe, e à irmã ou a profissionais de saúde. Apenas dois estudantes do

sexo masculino recorreram aos irmãos e nenhum recorreu aos pais. Dos participantes neste

estudo nenhum pediu ajuda aos professores ou enfermeiras da escola. No entanto, alguns dos

participantes não procuram qualquer tipo de ajuda após terem sido assediados. Além disso,

mais de 80% dos rapazes e de 50% das raparigas referiram não terminar as relações de namoro

apesar da violência que existe, o que demonstra que cada vez mais tem de incentivar-se os/as

adolescentes e adultos em geral a procurar ajuda e tentar fazê-los/as perceber que a violência

não é uma demonstração de amor e preocupação e sobretudo, que não deveria sequer

acontecer.

De acordo com Martin et al. (2012), no que diz respeito à preferência de ajuda que os

adolescentes procuram, estes elegem os amigos, familiares e serviços mais formais. As

raparigas deste estudo revelaram ter dificuldade em confiar nos amigos e familiares com medo

de voltarem a sofrer violência ou por vergonha, ou pelo motivo de as amigas também poderem

estar a passar pelo mesmo e não poderem ajudar. Nesta investigação as raparigas referem que

por vezes tem alguma preferência pelos serviços formais, já os rapazes opõe-se aos serviços

formais, fundamentados de que procurar ajuda nesses serviços pode ser uma ameaça à sua

masculinidade pondo em causa a sua reputação. Quanto aos rapazes eles preferem os

familiares e amigos como fontes de apoio.

Quando questionados acerca de como gostariam que fossem os serviços de apoio,

os/as adolescentes referiram que deviam ser serviços onde se possa falar livremente, sem ser

julgados, e onde haja segurança e confidencialidade. Além disso, também falar com alguém que

se sintam confortáveis ou com alguém que já tenha passado pela mesma situação e que assim

os/as possa compreender. O papel dos pares na divulgação dos serviços formais também foi

referido pelos/as adolescentes neste estudo. Eles/as referiram a distribuição de panfletos como

forma de divulgação, dizendo que embora rasguem os panfletos estes dão a conhecer às

pessoas o tema. Isto significa que a família e os pares deverão ser envolvidos, obrigatoriamente,

nos projetos educativos de prevenção da violência no namoro.

Também no estudo de Caridade (2008) os/as jovens referiram os/as amigos/as ou

pessoas de confiança, os pais e os/as profissionais, tais como médicos/as ou psicólogos/as.

Quando os/as jovens são questionados/as acerca da razão porque que se mantém a vítima

numa relação violenta, eles/as referem o facto de a vítima ter medo de sofrer represálias, o facto

de acreditarem que o comportamento do/a agressor/a vai mudar, a esperança de que foi um

Page 51: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

30

único ato de violência que não voltará a repetir, a dependência psicológica e/ou económica, o

facto de haver um ciclo de violência onde o/a agressor/a é violento/a e depois pede desculpa,

volta a ser violento/a e pede novamente desculpa, e por fim, o envolvimento em demasia na

relação.

Metodologias de prevenção da violência no namoro. No estudo de Mpiana (2011), as

adolescentes quando questionadas acerca das formas de intervenção que gostariam que fossem

implementadas para prevenção da violência, referiram as intervenções interativas como dramas,

peças ou informações fornecidas por pessoas com vivências pessoais no assunto, envolvendo

ambos os sexos, rapazes e raparigas. Também referiram que a autoridade, os funcionários das

escolas e a escola em geral deveriam fazer mais para proteger as alunas. Referiram ainda os

meios de comunicação, como tendo um papel muito importante para transmitir informação

acerca da violência sexual e os direitos das mulheres.

No estudo Ohnishi et al. (2011) verificou-se que o número de programas de educação

sobre a violência e o assédio no Japão tem aumentado, mas ainda é necessário uma maior

compreensão e consciência sobre estes temas e programas relacionados com a adolescência

que procurem ajudar a lidar com este e outros tipos de violência, tais como, violência sexual,

psicológica, económica e, para além disso, medidas de proteção à vitima. Além dos programas

educacionais específicos para este tipo de casos, estes autores ainda defendem que também é

importante a implementação de programas gerais nas escolas e universidades para melhorar as

habilidades, a saúde e a alfabetização de forma a proteger e promover a saúde dos jovens.

Uma das formas de ter um relacionamento saudável é dialogar com o parceiro sobre

emoções desagradáveis que surjam, tais como ciúme e raiva, e respeitarem-se, sendo que a

violência nunca é aceitável (CDC, s.d).

As etapas propostas pelo Centro de Controlo de Doenças (2014) para resolver os

problemas de saúde, tais como a violência no namoro, são etapas, a meu ver, bem definidas e

que requerem atenção, pois encaixam-se perfeitamente na área de intervenção que este

mestrado proporciona. Essas etapas são: definir o problema; identificar os fatores de risco e de

proteção; desenvolver e testar estratégias de prevenção; garantir uma adoção generalizada para

que a comunidade depois possa utilizar essas estratégias. Assim, a violência no namoro pode

ser prevenida pelos/as próprios/as adolescentes, familiares, organizações e comunidades, de

forma a prevenir este tipo de violência de forma eficaz (CDC, s.d), apesar que, para diminuir a

Page 52: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

31

violência nos/as adolescentes deverá diminuir-se a sua exposição à violência quer na família

quer na comunidade (Malik et al., 1997).

O´Keefe (2005) defende que os programas de prevenção da violência no namoro

deveriam ser implementados em instituições que lidam com jovens tais como escolas, nas

atividades recreativas, nos programas de justiça juvenil e nos sistemas de assistência social

entre outros. Além disso, na sua perspetiva nos programas escolares e de prevenção também se

deveria envolver toda a comunidade, dando apoio às vítimas e tratamento de ajuda aos

agressores. Assim, os programas de educação e formação devem ser adequados às

necessidades de cada grupo e não devem ser realizados só para os/as alunos/as como também

para todo o grupo escolar, incluindo professores/as, funcionários/as, e principalmente para os

próprios pais.

Para O´Keefe (2005) deveria ser desenvolvida uma política que definisse que o bullying,

o assédio sexual e a violência no namoro não são permitidos e que demonstrasse aos

agressores quais as consequências se o fizerem. Exemplos dessas consequências são as ações

disciplinares e serviços de aconselhamento com obrigatoriedade. No que diz respeito às vítimas

deveria haver um grupo de apoio e, programas de grupo para os indivíduos que estão em risco

de ser violentos.

Na escola, algumas normas que podem ser inseridas no contexto escolar para promover

competências saudáveis e reduzir a violência são: o uso de currículo e atividades

extracurriculares; ligações com pessoas e recursos externos e outras organizações; políticas

institucionais e estratégias de apoio; desenvolvimento pessoal e formação inicial de professores;

legislação sobre o sector da educação e disponibilidade de sistemas de referência para todos,

incluindo alunos/as, professores/as e comunidade (Mirsky, 2003).

Programas de legítima defesa também são eficazes na diminuição e prevenção do abuso

sexual podendo reduzir as infeções sexualmente transmissíveis, o número de gravidezes não

desejadas, o abandono escolar e o sofrimento psicológico das vítimas ao longo da sua vida

(Sinclair et al., 2013). O programa de autodefesa de Sinclair et al. (2013) aplicado no Quénia,

pretendeu capacitar as adolescentes raparigas a defenderem-se em situações de risco,

protegendo-se utilizando estratégias de autoproteção verbais e físicas, pretendendo desenvolver a

autoeficácia na resposta a casos de violência sexual e também reduzir nas vítimas o sentimento

de culpa. Assim, o objetivo destes programas é diminuir a incidência do abuso sexual nas

raparigas. Este programa foi eficiente na prevenção da violência sexual através das suas

Page 53: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

32

habilidades de autodefesa que adquiriram no programa. Além disso, as adolescentes sentiram-se

mais confiantes para confidenciar e denunciar agressões sexuais o que tornou mais fácil um

possível apoio.

Por fim, é necessária a implementação de estratégias de prevenção ao assédio sexual

tais como políticas eficazes, estratégias de prevenção nas escolas que permitam educar os/as

jovens sobre os efeitos do assédio sexual e comportamentos a eles relacionados, tais como a

violência no namoro, para que haja relacionamentos saudáveis (Chiodo et al., 2009).

Metodologia IVAM na educação em sexualidade em escolas promotoras de saúde. A

abordagem da promoção da saúde na Rede das Escolas para a Saúde na Europa (SHE), baseia-

se em cinco valores nucleares (Quadro 1).

Quadro 1

Valores nucleares da Rede Europeia de Escolas para a Saúde na Europa

Equidade

As escolas promotoras de saúde asseguram a igualdade de oportunidade no acesso a recursos educativos e a recursos de saúde. A longo prazo, a escola promotora de saúde tem um impacto significativo na redução de desigualdades na saúde e no aumento da qualidade da formação ao longo da vida.

Sustentabilidade As escolas promotoras de saúde reconhecem que a saúde, a educação e desenvolvimento estão estritamente ligados. As escolas atuam como centros de aprendizagem académica. Apoiam e desenvolvem uma visão positiva e responsável do papel dos alunos no futuro da sociedade. As escolas promotoras de saúde desenvolvem-se quando os esforços e as ações são implementados de forma sistémica e por um certo período de tempo, pelo menos 5-7 anos. Os resultados (tanto na saúde como na educação) normalmente ocorrem a médio ou longo prazo.

Inclusão As escolas promotoras de saúde promovem a diversidade e garantem que as escolas são comunidades de aprendizagem, onde todos são valorizados e respeitados. É importante um bom relacionamento entre os alunos, entre estes e o pessoal docente e não docente da escola, entre as escolas, os pais e a comunidade educativa.

Competência para a ação e empowerment [capacitação] As escolas promotoras de saúde capacitam as crianças e os jovens, o pessoal docente e não docente da escola e de toda a comunidade educativa para se envolverem na fixação de objetivos relacionados com a promoção da saúde, levando a cabo ações na escola e na comunidade de forma a atingir esses mesmos objetivos.

Democracia As escolas promotoras de saúde estão assentes em valores e práticas democráticas no exercício dos direitos e na tomada de responsabilidade.

Fonte: Schools for Health in Europe (2009, p. 4)

Esses valores são considerados metas essenciais nas escolas promotoras de saúde que

baseiam o seu trabalho na educação e promoção da saúde na comunidade escolar nos cinco

pilares da Rede de Escolas para a Saúde na Europa (Quadro 2).

Page 54: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

33

Quadro 2

Pilares da Rede Europeia de Escolas para a Saúde na Europa

Abordagem da saúde em toda a escola. Há uma coerência entre as políticas e as práticas das escolas em áreas que são reconhecidas por toda a comunidade educativa. Esta abordagem envolve: - Promover a educação para a saúde orientada para a ação e fazendo parte do currículo; - Considerar o próprio conceito de promoção da saúde e bem-estar dos alunos; - Desenvolver políticas de saúde na escola; - Desenvolver o ambiente físico e social da escola; - Desenvolver competências para a vida; - Fortalecer os laços entre a família e a comunidade; - Fortalecer a parceria com os serviços de saúde. Participação. Os alunos, professores e pais devem promover uma cultura de escola, através da participação e envolvimento significativos, os quais são um pré-requisito para uma efetiva promoção da educação para a saúde na escola. Qualidade da escola. As escolas promotoras de saúde contribuem para melhorar o processo de ensino e aprendizagem. Alunos/as saudáveis aprendem melhor, pessoal docente e não docente saudáveis trabalham melhor e têm uma maior satisfação profissional. O trabalho principal da escola é maximizar os resultados escolares. Evidência. A escola promotora de saúde deve ser informada sobre investigações recentes que comprovem a evidência científica da mais valia de uma intervenção prática e dinâmica, nomeadamente em assuntos da área da promoção da saúde: por exemplo, saúde mental, alimentação saudável, prevenção de consumos. Escola e Comunidade. As escolas promotoras de saúde têm uma relação de compromisso com a comunidade mais alargada. Apoiam a colaboração entre a escola e a comunidade e são agentes ativos no fortalecimento do capital social e da literacia na saúde.

Fonte: Schools for Health in Europe, (2009, p. 5-6)

O instrumento utilizado na planificação do meu projeto foi a metodologia IVAM –

Investigação, Visão, Ação e Mudança (Figura 1) da autoria de Bjarne Bruun Jensen (Vilaça,

2012), que, com base na sua experiência no âmbito das escolas promotoras de saúde,

desenvolveu,

“(…) um instrumento prático que pode ser usado nas escolas para estruturar as atividades de promoção

da saúde e facilitar a participação dos/as alunos/as, com o objetivo de desenvolver a sua “competência

para a ação”, isto é, a habilidade dos alunos para, a nível da educação em sexualidade, realizarem ações

reflexivas, individual ou coletivamente, e provocarem mudanças positivas nos estilos de vida (…)” (p. 98).

De acordo com Vilaça e Jensen (2010), este instrumento apresenta um conjunto de

perspetivas que podem ser tratadas num projeto de educação em sexualidade. O modelo IVAM

representado na figura 1, está dividido em três fases: a investigação do tema, o desenvolvimento

de visões e a ação e mudança.

Primeiro, os/as alunos/as devem escolher o problema de saúde que querem ajudar a

resolver e analisar o quanto o problema é importante para eles/as e para os/as outros/as.

Page 55: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

34

Fonte: Vilaça (2012, p. 98)

Figura 1

Metodologia IVAM: Perspetivas a trabalhar dentro dos Projetos de Educação em Sexualidade

Posteriormente, devem planificar, por si próprios/as, com a ajuda do/a formador/a, o

seu projeto de trabalho para investigar o conhecimento necessário para agirem no sentido de

controlar as causas do problema e, assim, contribuírem para a sua resolução. Isto consegue-se

seguindo a metodologia IVAM.

Explicado mais pormenorizadamente, a primeira fase da metodologia IVAM –

Investigação – consiste na organização pelos/as alunos/as de um conjunto de atividades que

lhes permitam compreender quais são as consequências do problema, as suas causas e as

estratégias que poderão ser usadas para eliminar essas causas e resolver, ou contribuir para

resolver, o problema (Vilaça, 2012).

Na segunda fase do modelo IVAM – Visão – os/as alunos/as devem pensar

criativamente para desenvolverem as suas ideias, perceções e visões sobre aquilo que

ambicionam para o seu futuro e o da sociedade em relação ao problema em estudo (Vilaça &

Jensen, 2010). Por exemplo, devem imaginar como gostariam que fosse a sua vida, a escola e a

comunidade para que não existisse violência no namoro.

Na terceira fase do modelo IVAM – Ação e Mudança – o objetivo é que que os/as

alunos/as usem a sua imaginação e planifiquem ações relacionadas com as visões que tinham

idealizado na segunda fase (Jensen, 2000; Vilaça & Jensen, 2010; Vilaça, 2012). Estas ações

poderão ser orientadas pelos/as próprios/as alunos/as, ou pelos/as alunos/as com a

colaboração de formadores/as, pais ou peritos da comunidade. Por fim, estas ações devem ser

Page 56: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

35

avaliadas e os resultados devem ser analisados, comparando-os com as mudanças de vida que

desejariam atingir (Vilaça, 2012).

Assim, para Jensen (2002), “(…) as instituições de ensino geral e as escolas têm a

responsabilidade de ajudar a equipar os membros da sociedade a seu cargo e os seus alunos,

com o conhecimento necessário e o compromisso de tomarem decisões pessoalmente

significativas para enfrentar os desafios colocados quer pelos estilos de vida quer pelas

condições sociais” (p. 332).

De acordo com Vilaça (2012) os projetos de educação em sexualidade que utilizam esta

metodologia têm efeitos positivos contribuindo na capacitação e desenvolvimento da

competência para ação dos/as alunos/as.

Page 57: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

36

Page 58: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

37

CAPÍTULO III

METODOLOGIA

3.1. Introdução

Neste capítulo faz-se a descrição geral do estudo (3.2), apresenta-se o projeto educativo

orientado para a ação na prevenção da violência no namoro (3.3) e justifica-se como foi feita a

seleção dos/as participantes no estudo e faz-se a sua apresentação (3.4). Posteriormente,

justifica-se a opção pela técnica e instrumentos de recolha de dados selecionados (3.5), a forma

como foram elaborados e validados os instrumentos de recolha de dados (3.6), descreve-se

como se procedeu à recolha de dados e os obstáculos encontrados (3.7), as estratégias

utilizadas para motivar os/as participantes (3.8), os cuidados éticos ou sua salvaguarda (3.9) e,

para terminar, o tratamento e plano de análise de dados (3.10).

3.2. Descrição geral do estudo

O presente estudo começou com o meu interesse em investigar sobre a violência no

namoro principalmente na idade da adolescência. Para tal, tive a contribuição de alguns temas

que foram abordados nas diferentes Unidades Curriculares do Mestrado que me fizeram

debruçar sobre este tema. Após a definição do tema foi feita uma revisão de literatura sobre o

mesmo. Posteriormente selecionou-se uma escola para averiguar se o meu interesse estava de

acordo com um diagnóstico inicial feito pelas docentes da escola.

Antes da primeira deslocação à escola, foi feita uma análise da documentação que

caracterizava a instituição e o website da escola. Posteriormente foram realizadas algumas

reuniões com informantes-chave na instituição, para que fosse possível fazer a caracterização e

o diagnóstico das necessidades da escola. Depois de estar enquadrada nas necessidades da

escola foi feita a caraterização do público-alvo que faria parte deste estudo (Figura 2).

O projeto de investigação foi organizado em quatro fases: 1) diagnóstico das

necessidades em educação para a saúde dos/as alunos/as no tema inicialmente selecionado;

2) elaboração e validação de instrumentos de recolha de dados e da metodologia de formação;

Page 59: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

38

3) aplicação do projeto educativo; 4) avaliação dos resultados de aprendizagem no final do

projeto educativo.

1ª Fase: Seleção inicial sobre o tema a investigar

- Reflexão sobre as motivações e expectativas para a investigação/intervenção - Revisão de literatura sobre o tema

2ª Fase: Contato inicial com a escola e diagnóstico preliminar de necessidades

- Análise do website e documentos estruturantes da escola lá publicados - Contato com a instituição como local de realização do estágio - Reuniões com informantes-chave da escola para apresentar as motivações

para o estágio e fazer o diagnóstico preliminar de necessidades

3ª Fase: Diagnóstico das necessidades de educação para a saúde dentro do tema violência na escola e elaboração do Projeto de Intervenção

- Observação da violência no recreio (Novembro a Dezembro) - Análise dos resultados obtidos e formulação da situação problemática de

partida - Elaboração do projeto de intervenção (Outubro a Março)

4ª Fase: Elaboração e validação da metodologia de formação e dos instrumentos de recolha de dados

Planificação do projeto orientado para a ação dos/as alunos/as de 9º ano na prevenção da violência do namoro na adolescência

- Planificação do projeto educativo (Apêndice 1) - Produção de material didático para apoiar as várias fases de

desenvolvimento do projeto (Apêndice 2) - Validação do material didático

Elaboração e validação dos instrumentos de recolha de dados

- Diários de aula: Elaboração e validação do roteiro do diário de aula do/a aluno/a (Apêndice 3)

- Exemplo de um diário de aula de um grupo de alunos/as e de um diário da investigadora (Apêndice 3)

- Entrevista semiestruturada de grupo focal: elaboração e validação da entrevista sobre o conhecimento orientado para a ação na prevenção da violência no namoro, para aplicar no final do projeto educativo

- Protocolo da entrevista e exemplo de uma entrevista (Apêndice 4) Pedido de autorização na escola para aplicação do projeto de intervenção/ investigação em quatro turmas de 9º ano

5ª Fase: Implementação do projeto “Agir para prevenir: Diz não à violência no namoro!” (Janeiro a Maio)

6ª Fase: Implementação da entrevista de grupo focal no final do projeto educativo

7ª Fase: Conclusão da elaboração da Dissertação

Figura 2 Visão geral do estudo

Page 60: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

39

O diagnóstico de necessidades de educação para a saúde dentro da temática da

violência no namoro, ocorreu ao longo de 2 meses com observações no recreio realizadas

durante toda a semana, exceto às quintas-feiras, das 9h50 às 10h10 da manhã. Durante estas

observações foram registadas, como notas de campo, as ocorrências de violência observadas,

sem nunca intervir ou fazer perguntas aos/às intervenientes na situação. Esta decisão foi

tomada por ser a minha entrada na instituição e não haver possibilidade de incluir todos/as

os/as alunos/as envolvidos/as no projeto educativo. Esta decisão teve a desvantagem de não se

conseguirem recolher dados sobre o contexto que levou às situações de violência. Nunca houve

nenhuma reação negativa dos/as alunos/as da escola à minha presença nos recreios.

Na quarta fase desta investigação, foi planificado o projeto educativo e produzido todo o

material didático necessário para apoiar as várias fases de desenvolvimento do projeto. Quer o

projeto quer o material produzido foram validados por dois especialistas em Educação. Este

projeto foi desenvolvido em aproximadamente nove/dez sessões de SAE, com duração de 45

minutos cada.

Nesta fase, ainda foi elaborada uma entrevista semiestruturada de grupo focal sobre a

violência no namoro, para analisar o que sabem, pensam e sentem os/as alunos/as sobre o

assunto no final do projeto educativo orientado para a ação na prevenção da violência no

namoro. Esta entrevista, depois de validada por dois especialistas em Educação e ser testada

num grupo focal com seis alunos/as de uma turma do 9º ano, foi enviada para o Ministério de

Educação, para que autorizasse a sua aplicação na comunidade escola (Processo

nº0408800001).

Por exigência do Ministério da Educação, teve que ser pedida autorização à Comissão

Nacional de Proteção de Dados para aplicação das respetivas entrevistas, o que exigia um

pagamento à priori de 150 euros. Face a esta despesa acrescida, foi decidido não aplicar a

entrevista e transformá-la em material didático para discussão em trabalho de grupo sobre os

tópicos lá propostos, no final do projeto. Nesta fase, foi pedido aos/às alunos/as para gravar as

suas discussões em grupo.

Para terminar esta fase, foi feito um pedido formal na escola para autorizar a

implementação deste projeto de investigação em quatro turmas do 9º ano de escolaridade e

posterior recolha de dados. O pedido formal foi feito através de uma carta escrita ao diretor da

escola e, posteriormente, fui informada pela minha acompanhante na instituição que foi aceite

em Conselho Pedagógico e integrado nas atividades da escola (Apêndice 5). Também foi

Page 61: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

40

entregue na escola através da acompanhante de estágio uma declaração de consentimento

informado para os pais (Apêndice 5) dando conhecimento do projeto.

A quinta fase do projeto consistiu no desenvolvimento do projeto educativo “Agir para

prevenir: Diz não à violência no namoro!”. Por fim, na sexta fase implementou-se as discussões

em grupo focal no final do projeto educativo.

3.3. Projeto educativo orientado para a ação na prevenção da violência no namoro

Diagnóstico de necessidades inicial. Nas reuniões iniciais com a professora acompanhante

e com a professora informante-chave para perceber a pertinência da implementação do projeto

educativo no âmbito da prevenção da violência no namoro, foi referido pelas professoras como

bastante pertinente e necessária a sua implementação na escola.

A professora acompanhante mencionou que já tinha observado uma situação de

violência entre namorados nas imediações da escola, contando o seguinte episódio:

Eu vinha na rua distraída a pensar na minha vida. De repente vi um rapaz a dar um empurrão a uma

rapariga, a insultá-la e a fazer-lhe ameaças. O curioso é que em seguida a abraçou e começou a acariciar!

Percebi que eram namorados! (Professora acompanhante do estágio).

Nestas reuniões também foram contados vários episódios de violência entre os/as

colegas nos intervalos, nomeadamente, foram-me aconselhados alguns locais em que deveria

fazer preferencialmente as minhas observações, por serem locais mais escondidos e se verificar

lá frequentemente episódios de violência entre colegas, quando não estavam a ser vigiados pelos

profissionais da escola.

O projeto Educativo. O projeto educativo “Agir para prevenir: diz não à violência no namoro”,

foi baseado na metodologia IVAM (Investigação – Visão – Ação e Mudança) (Vilaça & Jensen,

2009, 2010), que tem como objetivo desenvolver a competência para a ação dos/as alunos/as

na prevenção da violência no namoro. Metodologicamente, os/as alunos/as investigaram e

refletiram em grupo sobre o problema da violência no namoro, para agirem no sentido de

contribuir para eliminar as causas do problema, tal como defendido pela Rede de Escolas para a

Saúde na Europa (Vilaça, 2012) (ver secção 2.4.).

Page 62: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

41

Este projeto foi desenvolvido durante três meses em nove/dez sessões de 45 minutos.

Dependendo do tipo de ações1 que os/as alunos/as em conjunto com o professor/a desejaram

realizar, o projeto teve mais ou menos horas por turma.

No final deste projeto, pretendeu-se que os/as alunos/as fossem capazes de:

i) compreender o que é a violência no namoro e quais as suas consequências;

ii) compreender quais são as causas da violência no namoro na adolescência;

iii) conhecer estratégias para eliminar as causas da violência no namoro;

iv) conhecer os recursos da comunidade aos quais as vítimas e os/as agressores/as

podem recorrer;

v) saber planificar, implementar e avaliar estratégias de mudança dos estilos de vida

e/ou condições de vida para eliminar as causas da violência no namoro;

vi) estar comprometidos como cidadãos ativos na prevenção da violência no namoro no

futuro.

As atividades apresentadas aos/às alunos/as para eles/as, em pequenos grupos,

decidirem as que queriam realizar (ou escolherem outras) para investigar o problema da

violência no namoro incluíram:

- a visualização de filmes seguidos de debate e análise de folhetos, notícias de jornal,

pesquisa orientada na Internet (sugestão para casa ou na escola), ou outro material

informativo, e/ou elaboração e aplicação de entrevistas ou questionários para

investigarem o que é a violência no namoro e quais as suas consequências e causas;

- estudos de caso para aprenderem estratégias para eliminar as causas da violência no

namoro, nomeadamente demonstrar que podem existir consequências negativas

resultantes da desigualdade de género dentro das relações de namoro; demonstrar

soluções não violentas para a resolução de conflitos nas relações; desenvolver

comportamentos pro-sociais; desenvolver competências de comunicação que podem

prevenir comportamentos violentos; dar a conhecer os recursos da comunidade aos

quais as vítimas e os agressores podem recorrer.

No final da fase de investigação, cada grupo divulgou à turma o que aprendeu com a

sua investigação através das apresentações dos seus trabalhos. Em seguida, os/as alunos/as

descreveram as visões que tinham para o seu futuro, e o da sua comunidade, em relação ao

1 Atividade realizada, que foi decidida pelos/as alunos/as sozinhos/as ou em conjunto com o professor/a, para

contribuir para eliminar uma ou mais causas do problema.

Page 63: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

42

problema da violência no namoro. Isto é, disseram como gostariam de se comportar e como

gostariam que fosse a sua relação de namoro no futuro para não haver violência no namoro.

Posteriormente, planearam, implementaram e avaliaram a/s ação/ões para prevenir a violência

no namoro.

A/s ação/ões foram realizadas pelos/as alunos/as para a sua própria turma e para

outra/s turma/s, tendo sido sugeridas pelos/as alunos/as e professora. As turmas foram

selecionadas pelos/as alunos/as em conjunto com a professora tendo em conta a

disponibilidade das outras turmas.

Neste projeto, os/as alunos/as de todas as turmas optaram por fazer educação dos

pares selecionando uma turma, tendo em conta a disponibilidade dessa turma e do/a

professor/a que a lecionava, onde apresentaram os seus trabalhos e passaram pelas turmas um

contrato de prevenção da violência no namoro de modo a que todos/as cumprissem para que

não haja violência no namoro nos seus relacionamentos.

É importante referir que se refletiu com os/as alunos/as sobre as barreiras que podiam

encontrar para a realização de cada ação e as barreiras que poderiam impedir que as ações

resultassem nas mudanças desejadas (Vilaça, 2006, 2012).

Na planificação da ação, os/as alunos/as tiveram de pensar numa forma de avaliar a

ação e se essa ação estava de acordo com o que desejaram, para no final da ação fazerem a

sua avaliação (Vilaça, 2006). A planificação das sessões que conduziram o desenvolvimento do

projeto educativo foram as seguintes (Apêndice 1):

1ª Sessão. Teve como objetivo levar os/as alunos/as a compreender a metodologia de

trabalho do projeto “Agir para prevenir: Diz não à violência no namoro”. Primeiro, foi feita a

minha apresentação e a apresentação do projeto e da metodologia a seguir com a distribuição

de um folheto aos/às alunos/as (Folheto nº1). Seguidamente, foi explicado aos/às alunos/as o

número de sessões que iriam ser feitas durante o projeto e a partir daí formou-se grupos, dando

a oportunidade aos/às alunos/as de escolherem com quem queriam trabalhar. Depois, foi

entregue uma ficha de avaliação da sessão aos/às alunos/as onde foi feita a avaliação da

sessão pelos/as alunos/as num diário (Tarefa nº1). Para a elaboração deste diário pediu-se

aos/às alunos/as para responderem oralmente em grupo, no final da aula, a três perguntas que

estavam no Diário das Sessões: 1) O que gostaram mais na sessão? Porquê?; 2) O que gostaram

menos na sessão? Porquê?; 3) O que gostariam de mudar na sessão para gostarem mais dela?

Um dos elementos do grupo levava o diário para casa para fazer o registo das respostas dadas

Page 64: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

43

oralmente na aula pelos/as colegas, em alguns grupos escreveram na própria aula. Esta

avaliação repetiu-se no final de todas as sessões, embora houvesse grupos que não respondiam

nessa sessão e acabaram por escrever no final do projeto.

2ª Sessão. Os objetivos desta sessão foram: compreender o que é a “violência no

namoro”; conhecer as consequências da violência no namoro; aprender a comunicar mais

abertamente no grupo; obter do grupo informação relevante para planificar as atividades

seguintes. Foram visualizados três dos quatro vídeos sobre a violência no namoro da APAV e de

outros autores e, seguidamente, os grupos escreveram numa folha de papel distribuída (Tarefa

nº 2) todas as “palavras” que conheciam sobre a “violência no namoro”. Em seguida, fez-se

uma “Chuva de ideias em Post-it”, isto é distribuiu-se a cada aluno/a duas folhas de “post-it” e

quando lhes fiz uma pergunta tiveram dois minutos para responder. Responderam a cada

pergunta numa folha de “post-it” diferente. As questões foram as seguintes: 1ª - Quais são as

consequências da violência no namoro?; 2ª O que faz com que as pessoas sejam violentas no

namoro? Numa turma não foi possível realizar a atividade dos “post-its”. Para terminar, fizeram

a avaliação da sessão.

3ª Sessão. Esta sessão teve como objetivos compreender a metodologia de trabalho do

projeto “Agir para prevenir: Diz não à violência no namoro”; compreender o que é a “violência no

namoro”; conhecer as consequências e causas da violência no namoro indicadas pela turma;

conhecer as estratégias para prevenir a violência no namoro indicadas pela turma; conhecer os

recursos onde recorrer quando há violência no namoro indicados pela turma; aprender a

planificar a investigação a realizar pela turma e grupos para adquirir o conhecimento orientado

para agir na prevenção da violência no namoro (consequências e causas da violência no namoro

e estratégias de mudança); aprender a regular a sua autoaprendizagem e, por último,

desenvolver competências de seleção das fontes de investigação. Na turma que não foi possível

na sessão anterior realizar a atividade “Chuva de ideias em post-it” foi realizada nesta sessão.

Em primeiro lugar, foi apresentado aos/às alunos/as em powerpoint uma breve definição do que

é a violência no namoro e os tipos de violência no namoro que existem. Seguidamente, foram

apresentadas em powerpoint as respostas à Tarefa nº 2 realizadas na sessão anterior, onde se

demonstrou o que é a violência no namoro e os tipos de violência identificados pela turma,

dando-lhes a conhecer os tipos de violência no namoro que existem e em que tipos de violência

se encaixaram as respostas deles/as. Após este diálogo, foi entregue e lido em conjunto o

folheto nº 2 – O que é a violência no namoro. Em segundo lugar, foi mencionado novamente o

Page 65: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

44

folheto nº 1 para explicar o que iríamos fazer a seguir. De seguida, foi colocado no quadro da

sala de aula as questões de investigação para os/as alunos/as escolherem em grupo o que

investigar (Questão 1 - Quais são as consequências para a vítima da violência no namoro?;

Questão 2 - Porque se mantém uma relação de namoro violenta? Questão nº 3 - A quem recorrer

quando há violência no namoro? Questão 4 – Quais são as causas da violência no namoro?;

Questão 5 – Como se pode prevenir a violência no namoro? Após a escolha foi entregue a Tarefa

nº 3 – Planificação da investigação do grupo juntamente com um envelope com o material

seguinte: a) folhetos: nº 3 – Consequências para as vítimas da violência no namoro; nº 4 –

Porque se mantém uma relação de namoro violenta?; nº 5 – A quem recorrer quando há

violência no namoro; nº 6 – Quais são as causas da violência no namoro?; nº 7 – Como se pode

prevenir a violência no namoro?; b) notícias de jornal sobre a violência no namoro; e c) estudos

de casos para prevenir a violência no namoro. Para terminar, em três turmas também foi lida

uma notícia, por falta de tempo em uma turma, a notícia foi lida numa outra sessão. No final,

preencheram o diário da sessão.

4ª e 5ª Sessão. Estas sessões tiveram como objetivos desenvolver as competências de

investigação dos/as alunos/as; (re)construir conhecimento orientado para a ação na prevenção

da violência no namoro; aprender a trabalhar colaborativamente em grupo e aprender a resumir

os dados de investigação para divulgar o que aprenderam. Na quarta sessão, foi entregue

aos/às alunos/as um marcador de pesquisa que continha sites relacionados com o tema da

“Violência no namoro”. De seguida, preencheram a tarefa nº3 e os/as alunos/as começaram a

fazer a investigação em grupo e elaboração do material para posteriormente apresentarem a

investigação à turma ou a outras turmas. Nestas sessões alguns grupos ficavam na sala de aula

a pesquisar informação no computador e outros iam para a biblioteca fazer a pesquisa acerca do

seu tema. No final, fizeram a avaliação da sessão.

6ª e 7ª Sessão. Os objetivos desta sessão foram: desenvolver competências de

comunicação verbal e não verbal e (re)construir o conhecimento orientado para a ação na

prevenção da violência no namoro. Nestas sessões deu-se início às apresentações dos trabalhos

de grupo dos/as alunos/as, sendo que numa turma não houve a sexta sessão, tendo sido

realizada na sétima sessão. Alguns grupos nomearam um porta-voz, em outros grupos

apresentaram vários elementos do grupo. Os trabalhos foram apresentados em formato de

cartolina, vídeos, powerpoints e em powtoon. Numa turma apresentei um dos temas que não

foram trabalhados. Em três turmas foi iniciada a primeira atividade da sessão seguinte baseada

Page 66: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

45

no desenvolvimento de visões dos/as alunos/as e apresentei um powerpoint com a explicação

da planificação da ação. Estas três turmas iniciaram a decisão sobre as ações que queriam fazer

ou sobre o público-alvo. No final, preencheram o diário da sessão.

8ª Sessão. Esta sessão teve como objetivos: desenvolver a criatividade; desenvolver

competências de planificação de ações para resolver problemas; desenvolver competências de

planificação da avaliação de ações. Na maioria das turmas já tinham iniciado na sessão anterior

a partilha em turma sobre o que gostariam que acontecesse no futuro no namoro entre

adolescentes. Nesta sessão uma turma apresentou as suas visões para o futuro no namoro entre

adolescentes. Também foi apresentado aos/às alunos/as um powerpoint com a explicação da

planificação da ação. Seguidamente, nesta sessão, também se deu continuidade à escolha do

público-alvo. Iniciou-se a planificação da ação e a planificação da avaliação da ação. Além disso,

em algumas turmas explicou-se algumas barreiras no que diz respeito à apresentação da ação,

tais como, não poderem elaborar material novo para apresentar devido à falta de tempo e, não

poderem apresentar a ação à turma escolhida por incompatibilidade de horários. Numa turma

foi lida a notícia que não foi lida em outra sessão. Em duas turmas foram apresentados os

temas que não foram trabalhos e entrega de material sobre o mesmo. Também nesta sessão foi

entregue o material do tema em falta apresentado na sessão anterior a uma turma. Numa turma

foi possível apresentar as visões idealizadas na sessão anterior questionando-os/as se que

queriam acrescentar mais alguma visão. A planificação da ação poderá ser a discussão em

turma sobre o que querem fazer a seguir para contribuir para eliminar o problema da violência

no namoro entre os/as adolescentes e como podem avaliar se essa ação resultou nas

mudanças desejadas; a/s ação/ões a realizar pelos/as alunos/as para a sua própria turma,

para outra/s turma/s ou para a escola inteira, deverão ser sugeridas pelos/as alunos/as e

professor/a, mas têm que ser obrigatoriamente selecionadas pelos/as alunos/as sozinhos/as

ou em conjunto com o/a professor/a. Para terminar, fizeram a avaliação da sessão.

9ª e 10ª Sessão. Tiveram como objetivos desenvolver a capacidade de implementação

de ações para eliminar as causas da violência no namoro; desenvolver competências de

comunicação verbal e não verbal; aumentar a autoconfiança na sua capacidade de resolução de

problemas e desenvolver as competências de avaliação de ações. Em algumas turmas

continuaram a sessão anterior e prepararam a ação a apresentar ao seu público-alvo. Nesta

sessão foram novamente refletidas as barreiras sobre a apresentação da ação com os/as

alunos/as. Em duas turmas foi possível apresentar as visões idealizadas nas sessões anteriores

Page 67: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

46

questionando-os/as se que queriam acrescentar mais alguma visão. Entretanto li-lhes o contrato

para que todos/as se comprometessem a segui-lo para não haver violência no namoro. Na 10ª

sessão as turmas apresentaram a sua ação. Os/as alunos/as optaram por fazer a educação dos

pares e, no fim da ação, passaram pela turma o contrato para que eles/as e a turma a quem

foram apresentar se comprometessem a seguir o que lá foi escrito e uma ficha para avaliar a

ação. Por fim, fez-se a avaliação do projeto educativo.

3.4. Seleção e caraterização dos/as participantes

Caraterização da instituição. A escola EB 2 e 3 em que foi realizada esta investigação é

uma escola pública do Concelho de Braga que pertence a um agrupamento de escolas

constituído por sete escolas. Segundo os dados do ano letivo 2013/2014, o agrupamento tem

1957 alunos/as, sendo, “uma unidade organizacional que integra uma escola com 2.º e 3.º

ciclos, um estabelecimento com pré-escolar e cinco escolas com 1.º ciclo, das quais três

possuem também educação pré-escolar, todas situadas na zona urbana de Braga.”2

A área de influência do presente agrupamento abrange diferentes bairros sociais,

diversas culturas e etnias que caraterizam a heterogeneidade dos/as alunos/as que o

frequentam. Estes bairros são caraterizados por diversos problemas, tais como:

toxicodependência, alcoolismo, desemprego, baixa escolarização, entre outros, o que contribui

para que a população estudantil seja diversificada. De acordo com o projeto educativo e com a

observação realizada no recreio, verificou-se que esta instituição é multicultural.

A escola EB 2 e 3 do agrupamento onde se realizou esta investigação tem 1019 (ou 965

sem contar com o vocacional e PIEF, até ao 9º ano normal) alunos/as, distribuídos por turmas

do 5º ao 9º anos de escolaridade do ensino básico. Embora atualmente esteja em reconstrução,

a escola tem ocupado um edifício antigo, com três pisos. A escola possui, para além de salas,

dois ginásios, dois balneários femininos, uma videoteca/mediateca, uma ludoteca, uma

biblioteca e um centro de informática. No exterior da escola existem dois campos para a prática

da disciplina de Educação Física. A instituição disponibiliza ainda uma papelaria, secretaria,

reprografia, bar-bufete e refeitório.

Esta escola oferece os seguintes recursos à comunidade escolar: biblioteca/centros de

recursos; Rádio FS/Mediateca, Gabinete de Apoio ao Aluno e à Família (GAAF), Gabinete de

2 Projeto Educativo da Escola

Page 68: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

47

Apoio à Promoção do Ambiente Escolar (GAPAE), Gabinete de Informação e Apoio ao Aluno

(GIAA) e Plena Ocupação de Alunos no Período Escolar (PPOA).

O Gabinete de Informação e Apoio ao Aluno (GIAA) é o gabinete onde se inseriu este

projeto de investigação. O GIAA é constituído por uma equipa multidisciplinar de Promoção e

Educação para a Saúde que organizou o gabinete de forma a permitir que os/as alunos/as

possam refletir sobre: comportamentos de risco; a adolescência; a contraceção; infeções

sexualmente transmissíveis; a sexualidade; afetos; namoro; hábitos de vida saudáveis;

alimentação saudável, entre outros temas relacionados com a Educação para a Saúde.

Entre os vários temas trabalhados no GIAA, o tema escolhido para esta investigação,

como já referido, foi o namoro. As atividades planificadas no âmbito do namoro, organizadas no

projeto educativo “Agir para Prevenir: Diz Não à Violência no Namoro!”, inserido na temática

“Educação Sexual” que foi abordada no 2º período deste ano letivo, foram realizadas nas

sessões de “Saúde, Ambiente e Empreendedorismo (SAE)” disponibilizadas pela escola.

Esta escola tem sido muito dinâmica e um exemplo de boas práticas dentro da Rede

Europeia de Escolas para a Saúde na Europa (Schools for Health in Europe – SHE),

anteriormente designada como Rede Europeia de Escolas Promotoras de Saúde (RNEPS), criada

pelo Gabinete Regional para a Europa, da Organização Mundial de Saúde, a que Portugal aderiu

em 1995.

Caracterização dos/as participantes. Foi selecionada a faixa etária do 9º ano de

escolaridade por ser uma idade de risco para a iniciação de comportamentos de violência no

namoro, bem como por ser uma idade em que os/as alunos/as, têm uma maior capacidade em

desenvolver e envolver-se em projetos que envolvam os/as amigos/as, família e comunidade.

Os critérios utilizados na seleção dos/as participantes decorreram de conversas

informais com professoras responsáveis da escola e com as professoras que lecionavam essas

turmas. Em primeiro lugar, foram recolhidos todos os horários das turmas do 9º ano de

escolaridade e juntamente com a professora informante-chave seleccionou-se quatro turmas em

função da compatibilidade de horários. Assim, conciliámos os horários de modo a que fossem

mais ou menos seguidos uns dos outros facilitando assim a implementação do projeto.

Três das quatro turmas onde foi realizado o projeto, eram lecionadas pela mesma

professora o que facilitava muito o desenvolvimento do mesmo. Em duas delas as duas

professoras que me acompanharam durante as sessões do projeto educativo eram as diretoras

Page 69: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

48

de turma, o que possibilitou um conhecimento mais profundo de alguns comportamentos

dos/as alunos/as e uma melhor disponibilização dos/as alunos/as em termos de horários, por

exemplo, quando os grupos tinham de participar na discussão de grupo focal, elas dispensavam-

nos/as nas suas aulas para poderem participar na discussão em grupo.

As turmas são mistas com um total de 91 alunos/as e as atividades foram

desenvolvidas com a colaboração da professora da turma. Estes alunos/as tinham entre os 13 e

17 anos, sendo que a maioria tem 14 anos de idade e em média existem no total 53 raparigas

(58.2%) e 38 rapazes (41.8%) (Tabela 1).

Tabela 1

Caraterização dos alunos e alunas que participaram no estudo (N=91)

Turmas TOTAL

A (n=25) B (n=19) C (n=21) D (n=26)

f % f % f % f % f %

Idade 13 anos 3 15.8 2 9.5 7 26.9 12 13.2 14 anos 20 80 13 68.4 12 57.1 16 61.5 61 67 15 anos 4 16 3 15.8 2 9.5 2 7.7 11 12.1 16 anos 1 4 4 19.1 1 3.9 6 6.6 >17 anos 1 4.8 1 1.1

Sexo Masculino 10 40 7 36.8 8 38.1 13 50 38 41.8 Feminino 15 60 12 63.2 13 61.9 13 50 53 58.2 Número do agregado familiar

2 2 8 1 3.9 3 3.3 3 7 28 4 21.1 5 23.8 9 34.6 25 27.5 4 9 36 14 73.7 10 47.6 8 30.8 41 45.1 5 3 12 1 5.3 6 28.6 4 15.4 14 15.4 6 2 8 1 3.9 3 3.3 No colégio de acolhimento 2 8 2 7.7 4 4.4 Não refere 1 3.9 1 1.1

Grau de escolaridade do pai ou padrasto

3º ano de escolaridade 2 8 2 2.2 4º ano de escolaridade 3 12 1 5.3 3 14.3 7 26.9 14 15.4 6º ano de escolaridade 5 20 2 10.5 4 19 2 7.7 13 14.3 9º ano de escolaridade 7 28 3 15.8 1 4.8 7 26.9 18 19.8 12º ano de escolaridade 1 4 4 21.1 2 9.5 4 15.4 11 12.1 Bacharelato 1 5.3 1 4.8 2 2.2 Licenciatura 2 10.5 1 4.8 3 3.3 Mestrado 1 5.3 1 1.1 Não é referido 7 28 4 21.1 9 42.9 5 19.2 25 27.5 Falecido 1 5.3 1 3.9 2 2.2

Grau de escolaridade da mãe 4º ano de escolaridade 8 32 2 10.5 3 14.3 6 23.1 19 20.9 6º ano de escolaridade 4 16 1 5.3 5 23.8 2 7.7 12 13.2 9º ano de escolaridade 7 28 3 15.8 3 14.3 7 26.9 20 22 12º ano de escolaridade 3 12 6 31.6 4 19 6 23.1 19 20.9 Licenciatura 1 4 6 31.6 3 14.3 10 11 Doutoramento 1 5.3 1 1.1 Não é referido 2 8 3 14.3 5 19.2 10 11

Page 70: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

49

Quanto ao número de elementos no agregado familiar, em quase metade da amostra o

seu agregado familiar era constituído por quatro elementos (45.1%), 27.5% era constituído por

três elementos, havendo também agregados familiares constituídos por dois elementos (3.3%),

cinco elementos (15.4%) e seis elementos (3.3%). Outros/as alunos/as estavam num lar ou

família de acolhimento (4.4%) e 1.1% não referiu o número de elementos do agregado familiar.

Quanto ao grau de escolaridade dos pais/mães dos/as alunos/as verifica-se que a

escolaridade dos pais/mães é mais predominante entre o 4º ano e o 12º ano de escolaridade,

havendo também pais/mães que frequentaram o ensino superior, sendo que as mães têm

habilitações académicas superiores aos pais (11% têm Licenciatura).

3.5. Seleção da técnica e instrumentos de recolha de dados

Esta investigação é uma investigação qualitativa, onde se pretende recolher dados através

dos fenómenos que ocorrem, da história individual e do contexto de cada sujeito, no qual se vai

conhecer a perspetiva dos sujeitos, os seus conhecimentos, as suas crenças, valores e a forma

como se relacionam e comunicam (Almeida & Freire, 2007), por essa razão a investigação

qualitativa foi considerada como a mais adequada para este projeto de intervenção e

investigação.

Observação participante. A observação requer atenção, sendo a atenção um dos sentidos

mais frequentemente utilizados na observação. Na observação como investigadora colhi as

informações importantes a partir de uma larga série de informações possíveis. A minha

observação foi um processo guiado para um objetivo com o propósito de observar um fenómeno

no maior número de aspetos possíveis, neste caso o comportamento e atitudes dos/as

alunos/as ao longo do projeto educativo (De Ketele & Roegiers, 1991). Neste sentido, como

investigadora pude compreender o mundo social do interior do sujeito, pois partilhei a condição

humana dos indivíduos que observei (Lessard-Hébert, Goyette & Boutin, 2008) e fui capaz de

observar os acontecimentos como ocorreram ou funcionaram (Flick, 2005).

Na observação participante, o investigador tem de tentar envolver-se, tornando-se um

participante e ganhando o acesso aos indivíduos e ao terreno em que vai observar, tentando

centrar a observação nos aspetos mais concretos e fundamentais para a investigação (Flick,

2005). Uma das limitações da observação é que não é possível que o investigador capte e

registe todos os momentos da observação, pois, tal como refere Quivy e Campenhoudt (2008)

“(…) a memória é selectiva e eliminaria uma grande variedade de comportamentos (…). Como

Page 71: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

50

nem sempre é possível, nem desejável, tomar notas no próprio momento, a única solução

consiste em transcrever os comportamentos observados imediatamente após a observação” (p.

199).

Nesta investigação também foi realizada observação não participante, quando foi feito o

diagnóstico de necessidades nos recreios.

Diário de aula reflexivos. Nesta investigação foram utilizados os diários de aula com o

objetivo de refletir sobre o processo de ensino e melhorar continuamente as minhas práticas.

Como referem Alarcão e Tavares (2003), “Enquanto adultos, as situações por nós vividas

constituem-se normalmente como pontos de partida para a reflexão” (p. 104). Os diários

seguiram a estrutura proposta por Smyth (1989, cit. por Alarcão & Tavares, 2003) que levam a

descrição a distintos níveis de reflexão, são elas a descrição das práticas e dos sentimentos; a

interpretação (das práticas ou dos sentimentos envolvidos); o confronto (com outras perspetivas

e opções) e a reconstrução (mudança).

Assim, nos diários de aula pretende-se investigar aquilo que o observador nele escreve

sobre a observação e a perspetiva que ele tem sobre o que vê, portanto, o facto de escrever o

quotidiano permite que se aprenda através daquilo que se escreve sobre as práticas do dia-à-dia

levando à reflexão, sendo a reflexão “ (…) condição inerente e necessária à redacção do diário”

(Zabalza, 1994, p. 95).

Por fim, o diário como um documento pessoal, onde a sua história pode ser feita num

período de atividades continuadas, possibilita observar como é que os acontecimentos vão

progredindo, ou através da descrição em cada dia sobre o que se observa (Zabalza, 1994).

A avaliação de cada sessão realizada com os/as alunos/as das quatro turmas do 9º ano

onde foi implementado o projeto educativo “Agir para prevenir: diz não à violência no namoro”,

também foi feita através de um diário de aula elaborado pelo grupo. Nestas sessões, foi entregue

um “Diário das sessões” a cada grupo, onde se pretendeu que os/as alunos/as do grupo

respondessem oralmente às três questões seguintes que avaliam a sessão que foi realizada: 1)

O que gostaram mais na sessão? Porquê? 2) O que gostaram menos na sessão? Porquê? 3) O

que gostariam de mudar na sessão para gostarem mais dela?

Em seguida, pediu-se aos/às alunos/as para escreverem no diário no final de cada aula

de SAE as respostas dadas pelo grupo a essas questões, o levarem para casa e o trazerem em

todas as aulas de SAE. A grande maioria foi responsável e levava e trazia os diários das sessões,

um grupo ou dois pediu para que eu os guardasse. Optou-se por esta metodologia de escrita do

Page 72: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

51

diário para se promover a interação entre os/as alunos/as do grupo e a responsabilização pela

organização de mais uma tarefa colaborativa.

Entrevista de grupo focal. Morgan (1997) definiu os grupos focais como uma técnica de

pesquisa através da interação entre o grupo sobre um determinado tema proposto pelo

investigador permitindo observar a interação dos participantes sobre esse tema, demonstrando

as diversas e idênticas opiniões e experiências dos/as participantes permitindo que os/as

participantes partilhem e comparem as suas ideias e experiências com os/as outros/as

participantes. Segundo o mesmo autor os/as participantes devem-se sentir responsáveis pela

discussão e o local onde as entrevistas são realizadas devem ser locais onde os/as participantes

e moderador se sintam confortáveis. Segundo Krueger (1994) esta técnica permite que o

investigador descubra o que pensam os/as jovens acerca de determinadas questões. Segundo o

mesmo autor, os/as participantes nos grupos focais podem influenciar os/as outros/as podendo

ser influenciados também, influenciando assim a discussão também pela forma como se

relacionam entre eles. Assim, os/as jovens são influenciados/as pelo ambiente e pela pressão

que os pares exercem sobre eles podendo originar várias opiniões (Krueger, 1994).

As entrevistas em grupo podem conduzir o entrevistador para o mundo dos/as

participantes, ao refletir sobre um tema os sujeitos podem incentivar os outros e adquirir novas

ideias (Bogdan & Biklen, 1994).

A entrevista de grupo focal quando comparada com outros métodos, facilitam mais a

participação do público no desenvolvimento da investigação porque permite que haja um

ambiente cativante à participação do público, uma vez que são reuniões sociais, de tempo

limitado e não exigem capacidades técnicas dos participantes (Bloor, Frankland, Thomas, &

Robson, 2001). Assim, segundo Bloor et al. (2001):

“(…) os grupos focais são por vezes ambientes ideais para a pesquisa de temas sensíveis. Os

participantes podem sentir-se mais relaxados e menos inibidos na copresença de amigos e colegas. E eles

podem sentir-se mais capacitados e apoiados na copresença daqueles com situação semelhante a si

mesmos”. (p.16)

Os grupos focais são grupos socialmente dinâmicos e o seu tamanho é idealmente entre

seis a oito elementos por grupo de discussão, embora a decisão do tamanho dos elementos por

grupo seja decidido no contexto em que é aplicado (Bloor et al., 2001).

Também é importante realçar que os participantes devem sentir-se confortáveis com o

moderador e que este é a pessoa adequada para colocar as questões e as suas respostas

Page 73: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

52

podem ser abertamente discutidas. O moderador, por outro lado, deve estar concentrado a ouvir

atentamente o grupo dando-lhes a máxima atenção (Krueger, 1998) e estimular a participação

dos/as entrevistados/as mais reservados para participarem mais e expressarem os seus pontos

de vista, de forma a conseguir ter as respostas de todos os elementos do grupo (Flick, 2005).

Nestas entrevistas, geralmente utiliza-se uma entrevista semiestruturada, onde se pretende

que o/a entrevistado/a fale abertamente (Quivy & Campenhoudt, 2008), conhecendo assim o

seu ponto de vista em relação ao problema em questão. O que se pretende, é que o indivíduo

responda livremente às questões da entrevista (Flick, 2005).

3.6. Elaboração e validação dos instrumentos de investigação

Neste estudo, construiu-se um protocolo de entrevista com questões orientadoras para

se atingir os objetivos inicialmente formulados. O quadro 3, descreve as dimensões investigadas

e os objetivos e questões que lhe correspondem.

Quadro 3

Matriz das dimensões, objetivos e questões da entrevista

Dimensões Objetivos Número questão

I - Tipos de violência no namoro e suas consequências

Caraterizar a conceção sobre o namoro 1

Caraterizar as conceções sobre as diferenças entre o namoro homo e heterossexual

10, 10.1, 10.2

Caraterizar a conceção sobre o que é a violência no namoro 2

Caraterizar os tipos de violência no namoro que conhecem 2.1, 3, 4, 5, 6, 7, 7.1, 8, 8.1, 9

Descrever as consequências da violência no namoro para a vítima

3.1, 4.1, 5.1, 6.1, 8.2, 9.1

Caraterizar a perceção sobre as diferenças entre a violência no namoro entre homossexuais e heterossexuais

10.3

II – Causas da violência no namoro

Descrever as causas da violência física no namoro 11

Descrever as causas da violência emocional no namoro 11.1

Descrever as causas da violência sexual no namoro 12, 13

Comparar as causas associadas à violência no namoro heterossexual e homossexual

14

III – Importância do problema e formas de resolução

Descrever a perceção sobre a gravidade de casos de violência no namoro na escola e na comunidade

15

Caraterizar as estratégias a usar para resolver um problema de violência no namoro já existente nos/as amigos/as ou consigo próprio/a

16, 17, 18, 19, 20

Caraterizar as estratégias a usar na escola, na comunidade e em si próprios/as para eliminar as causas da violência no namoro identificadas

21,22,23

IV – Opinião sobre o projeto

Descrever a opinião dos/as alunos/as acerca do projeto que foi implementado e o que gostariam de mudar

24, 25, 26, 27

Feedback Identificar aspetos da violência no namoro que não emergiram na entrevista e consideram importantes abordar

28

Page 74: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

53

O primeiro protocolo da entrevista foi validado por duas especialistas em educação sexual,

que sugeriram a clarificação de alguns objetivos da entrevista face aos objetivos do projeto de

intervenção/investigação, a introdução de algumas questões e a reformulação de outras. O

protocolo final encontra-se no apêndice 4.

3.7. Recolha de dados

Primeiramente, é de referir que a recolha de dados foi preferencialmente em grupo e

feita pela investigadora, tendo a primeira fase sido feita no recreio da escola. A segunda fase

ocorreu durante o desenvolvimento do projeto educativo e consistiu na escrita de diários de aula

pela investigadora e pelos/as alunos/as em grupo, bem como pela análise documental de todo

o material produzido pelos/as alunos/as, nomeadamente na chuva de ideias em papel e em

“post-it”, numa ficha de planificação da investigação pelos/as alunos/as em grupo e posterior

elaboração dos trabalhos que também me foram entregues. A terceira fase de recolha de dados

foi feita numa sala, através de uma discussão de grupo focal orientada pelos tópicos sugeridos

por uma entrevista de grupo focal.

Seguidamente, descrevo sucintamente como foi feita a recolha de dados e os obstáculos

que foram encontrados. Na primeira sessão, após a apresentação, foi pedido às professoras de

SAE/Diretora de Turma para aceder à ficha de registo de dados biográficos dos/as alunos/as

para fazer a sua caraterização pessoal. Na segunda sessão, foram recolhidos os dados das

chuvas de ideias em papel e em “post-it” para ficar a conhecer as conceções iniciais dos/as

alunos/as sobre o tema. Nas sessões seguintes foi recolhida a ficha de planificação da

investigação e todo o material elaborado pelos/as alunos/as. Em todas as sessões os/as

alunos/as elaboraram o diário da sessão. Por fim, a última recolha de dados foi feita através da

discussão de grupo focal com alunos/as em grupo de 4 a 7 elementos (n=16).

Houve algumas limitações. Em primeiro lugar, foi uma limitação o constante barulho e

desinteresse por parte de alguns/mas alunos/as que interrompia o decorrer das sessões e

consequentemente atrasava o prosseguimento das atividades. Para demonstrar este

desinteresse, havia alunos que desde que entravam na aula mantinham a mochila às costas até

ao final da mesma.

Em segundo lugar, quando foram planificadas as ações surgiu outra limitação. Houve

grupos que escolheram determinadas turmas e público-alvo onde não puderam ser realizadas as

ações devido à incompatibilidade nos horários, pois tinham de coincidir com as aulas de SAE

Page 75: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

54

dos/as participantes. Então, foram escolhidas outras turmas e informou-se os/as alunos/as

acerca dessas limitações e, no geral, todos compreenderam esta situação. Também foi explicado

aos/às alunos/as que não podiam elaborar material novo para apresentar a ação, por falta de

tempo.

Em terceiro lugar, quando foram realizadas as discussões de grupo focal surgiu uma nova

limitação. Estava previsto para cada grupo 45 minutos, correspondente à duração das aulas de

SAE. Pelo facto de termos de nos deslocar para outra sala, a discussão do grupo focal começava

com um atraso de cerca de dez minutos, o que dificultou em grande parte a recolha de dados

devido ao tempo limite que havia para realizá-las. Em alguns casos não foi possível explorar as

respostas dos/as alunos/as.

Um outro obstáculo na realização das entrevistas de grupo focal foi o facto de estarem a

ser realizadas numa época um pouco conturbada para os/as alunos/as (Abril e Maio), marcada

pela realização de testes e preparação para os exames e, também, pelo apoio à orientação

escolar da psicóloga que começara em Maio nas aulas de SAE. Portanto, devido a estes

obstáculos, tive de conciliar a disponibilidade das professoras e dos/as alunos/as em outras

aulas que me foram dispensadas pelas professoras que acompanharam o projeto e por

outros/as professores/as.

3.8. Estratégias utilizadas para os/as motivar

Ao longo do projeto educativo verifiquei que existia em alguns grupos alguns/mas

alunos/as que estavam um pouco desinteressados/as e outros/as alunos/as que estavam

motivados/as e com bastante interesse em participar e que se sentiam chateados/as pelo

constante barulho que se sentia na sala, pois nem eu conseguia comunicar, nem os/as

alunos/as interessados/as conseguiam ouvir e participar.

De modo a contornar este obstáculo, na primeira e terceira sessão quando entreguei o

primeiro e segundo panfleto onde explicava a metodologia de investigação do projeto e o que é a

violência no namoro, resolvi pedir a um/a aluno/a que fosse lendo e trocavam ideias após eu ter

explicado cada tópico. Esta estratégia funcionou bem melhor do que se fosse só eu a ler e a

explicar os panfletos pois assim, cativou o interesse de todos/as os/as alunos/as e além disso

apelou à sua participação.

Na segunda sessão, foram apresentados vídeos demonstrando a problemática da

violência no namoro aos/às alunos/as, pois é uma boa forma de criar impacto chamando a sua

Page 76: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

55

atenção. Desde logo os/as alunos/as demonstraram estar motivados/as e interessados/as.

Seguidamente, depois de preencherem a chuva de ideias em papel, pedi a cada porta-voz do

grupo que ditasse as palavras que escreveram e reescrevi-as no quadro o que permitiu que

todos/as estivessem envolvidos/as e participassem. Na terceira sessão, quando apresentei em

powerpoint as respostas dos/as alunos/as da sessão anterior, eles/as ficaram motivados/as ao

demonstrar-lhes aquilo que disseram e onde se encaixaram as suas respostas. Esta estratégia

teve resultados positivos cativando o interesse dos/as alunos/as e, além disso, demonstrou-se-

lhes que eles/as têm alguma ideia sobre o que é a violência no namoro e, por outro lado, serviu

para mostrar outras formas de violência que eles/as desconheciam.

Numa outra sessão, resolvi ler uma notícia atual sobre a problemática da violência no

namoro, em algumas turmas, por falta de tempo tive de a ler eu. Em outras turmas pedi aos/às

alunos/as para serem eles/as a lerem, tal como, aconteceu com os panfletos que referi

anteriormente.

Uma outra estratégia foi a formação de grupos, onde dei a oportunidade aos/às

alunos/as de escolherem eles/as próprios/as com quem gostariam de trabalhar, não impondo

grupos de trabalho que posteriormente não funcionavam. No entanto, houve um grupo que

inicialmente se juntou para formar um grupo e como não deu resultado disse-lhes para se

separarem e realizarem os trabalhos sozinhos. Foram então divididos em dois grupos e, mesmo

assim, num desses grupos os elementos não gostavam de trabalhar em grupo nem se davam

bem entre eles.

Por fim, a apresentação dos trabalhos à turma foi escolhida pelos próprios grupos e

quem a ia apresentar também, dando autonomia ao grupo para fazer as suas próprias escolhas.

Em suma, toda a planificação do projeto foi pensada para cativar os/as alunos/as.

3.9. Cuidados éticos ou sua salvaguarda

Antes de se iniciar o projeto, como já foi referido, foi pedida autorização à Direção da

escola. Ao longo de toda a investigação os/as alunos/as foram informados/as que o material

realizado por eles/as e a entrevista que foi transformada em material didático para discussão

em grupo, seriam anónimos, por isso nunca seriam identificados/as. Quanto aos/às alunos/as

que fizeram vídeos foi-lhes informado que era necessária uma autorização dos pais para divulgar

os seus vídeos apenas para fins académicos nesta dissertação. Além disso, pediu-se aos/às

Page 77: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

56

alunos/as para que retirassem os seus nomes dos vídeos ou em material de modo a não os/as

identificar.

3.10. Tratamento e plano de análise de dados

Um investigador quando regressa de qualquer tipo de investigação retira notas sobre o

que aconteceu, dando uma descrição do que observa, tais como as pessoas, dos objetos, locais,

ocorrências, atividades e diálogos (Bogdan & Biklen, 1994). Além destas notas, o investigador

“(…) registará ideias, estratégias, reflexões e palpites, bem como os padrões que emergem”

(Bogdan & Biklen, 1994, p.150). Ao organizar os dados, há dados que se repetem, e como tal

tem de criar-se um sistema de categorização, criando categorias de codificação, classificando os

dados recolhidos em categorias para posteriormente os organizar e compreender (Bogdan &

Biklen, 1994). Assim, os resultados descritivos obtidos foram analisados recorrendo à análise de

conteúdo.

A discussão dos/as alunos/as em grupo dos tópicos da entrevista semiestruturada,

foram transcritas na íntegra, e, analisados os seus pontos em comum, tal como refere Bardin

(1995), “Clarificar elementos em categorias, impõe a investigação do que cada um deles tem

em comum com outros. O que vai permitir o seu agrupamento, é a parte comum existente entre

eles” (p.118), assim, através da análise de conteúdo criou-se categorias e subcategorias de

resposta onde se verificou os pontos comuns entre eles.

As categorias e subcategorias identificadas foram resumidas comparativamente por

turma, indicando-se a frequência e percentagem com que emergiram. A análise foi feita por

aluno/a, não por grupo, como defendem alguns autores que trabalham nesta área (Vilaça,

2006). Quando os/as alunos/as foram mudando ou aprofundando a sua opinião durante a

discussão de grupo focal, foi analisada a ideia final do/a aluno/a. Para clarificar essas

categorias, foram selecionados alguns extratos da discussão.

Os documentos produzidos pelos/as alunos/as, bem como os diários de bordo que

elaboraram, também foram submetidos a uma análise de conteúdo seguindo os mesmos

pressupostos. Da mesma maneira, as notas de campo resultantes da observação dos recreios

pela investigadora, bem como a análise dos seus diários de aula, também seguiram o mesmo

tipo de tratamento de dados.

Page 78: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

57

CAPÍTULO IV

APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

4.1. Introdução

Neste capítulo faz-se a apresentação e discussão dos resultados desta investigação em

três secções. A segunda secção, diagnóstico de necessidades (4.2), refere a violência nos

recreios no recinto escolar (4.2.1) e as conceções iniciais sobre a violência no namoro (4.2.2). A

terceira secção, a evolução do conhecimento orientado para a ação na prevenção da violência no

namoro de alunos/as do 9º ano (4.3), inclui como evoluiu o conhecimento sobre o que é o

namoro e a violência no namoro (4.3.1), as consequências da violência no namoro (4.3.2), as

causas da violência no namoro (4.3.3), a gravidade da violência no namoro e estratégias para

eliminar o problema (4.3.4) e visões para o futuro sobre a violência no namoro (4.3.5). Por fim,

são apresentadas as ações desenvolvidas pelos/as alunos/as (4.4). Para terminar é referida a

avaliação do projeto pelos/as participantes (4.5), a nível de avaliação das sessões (4.5.1) e da

sua opinião sobre o projeto (4.5.2).

4.2. Diagnóstico de necessidades

4.2.1. Violência nos recreios no recinto escolar

No recreio da escola onde foi realizado o estágio foram observadas 38 situações de

violência no período de Novembro a Dezembro. A tabela 2 sintetiza os tipos de violência que

foram identificados.

Tabela 2 Tipos de violência entre adolescentes no recreio na escola (N=38)

Tipo de violência f f

Preferencialmente física Preferencialmente verbal Empurrões 9 Insultos 11 Bofetadas 3 Gozar 3 Pontapés 6 Inferiorizar 2

Chantagear 3 Pressionar 1

Page 79: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

58

Num conjunto de 38 ocorrências, a violência foi preferencialmente física (n=18), e verbal

(n=20) e não foi observado qualquer tipo de violência sexual.

As situações de violência física observadas incluíram empurrões (n=9), bofetadas (n=3)

e pontapés (n=6). Observei, por exemplo, as seguintes situações:

Num grupo de rapazes no recreio, o João, Ricardo e Fernando começaram aos empurrões e xutos ao Luís

que não reagia. O Luís dizia “Parem! Parem com isso! (Diário de Bordo, dia 13 de Novembro)

A Joana e o Flávio estavam aos chutos. Chega a Catarina que os separa e diz-lhes: “Parem quietos! Parem

com isso!” Separou os amigos. (Diário de Bordo, dia 3 de Dezembro)

Quando estava a fazer observações no corredor, observei um conjunto de rapazes de

cada lado do corredor em fila. Sempre que algum miúdo passava davam-lhe uma bofetada no

pescoço, um “cachaço", como eles diziam. Então, passou um rapaz, o Fernando, e também

levou um “cachaço”. O Fernando enervado disse: “Pára! Pára quieto pá!” (Diário de Bordo, dia 4

de Dezembro)

Muitas vezes quando há violência física também há em conjunto insultos, tal como

aconteceu num outro grupo de três rapazes que observei:

O Miguel e o Luís estavam aos chutos. O Luís diz: “Pára quieto!” O Miguel responde-lhe: “Repete lá o que

disseste!” Diz o Luís: “O Miguel é uma mulher, e é!” Continuaram aos chutos. O Miguel fugiu e o Luís foi

atrás dele. (Diário de Bordo, dia 10 de Dezembro)

Num outro grupo, observei uma cena semelhante à anterior:

Três raparigas, a Joana, a Luísa e a Filipa estavam no recreio quando a Filipa dá um estalo com força à

Joana. A Joana aos berros diz: “Porca, badalhoca!”. A Filipa responde: “Ora repete lá outra vez?”. A Joana

foge e a Filipa vai a correr atrás dela. (Diário de Bordo, dia 10 de Dezembro)

Num casal de namorados observei uma situação em que a namorada não queria ser

abraçada e o rapaz insistia em abraçar:

Um casal de namorados, o Ricardo e a Elsa estavam no recreio abraçados. O Ricardo abraçava-a e a Elsa

dizia “Pára! Deixa-me!” Ela saía da beira dele e ele voltava a aproximar-se e abraçava-a e ela voltava a

dizer “Estou farta! Deixa-me, a sério! Pára! Ricardo pára! Vais parar?” (Diário de Bordo, dia 2 de

Dezembro)

Page 80: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

59

As situações de violência verbal observadas foram baseadas em insultos (n= 11), gozar

(n=3), inferiorizar (n=2), chantagear (n=3), e em pressionar (n=1) os colegas, tal como se pode

observar também nas situações abaixo:

Num grupo de rapazes, o Fábio insulta o Luís e diz-lhe: “Dá a bola oh camelo! (Diário de Bordo, dia 2 de

Dezembro)

Estou a observar um grupo de três rapazes: o Carlos, o Miguel, e o Alexandre. Outros dois rapazes, o

Nuno e o Fernando, passaram pelo grupo. O Nuno, ao passar, vira-se para o Alexandre e diz: “Estás a

olhar para onde corno?” Vira costas e vai se embora. (Diário de Bordo, dia 2 de Dezembro)

Também foram observados alguns tipos de violência verbal e psicológica, como descrevi

nos seguintes Diários de Bordo:

No recreio o João e o Rómulo ameaçavam-se mutuamente. O João diz: “Bater o quê? Parto-te a boca

toda!” O Rómulo responde: “Pára!”. (Diário de Bordo, dia 26 de Novembro)

O Rafael, Bruno, Carlos e Alexandre estavam a conversar num grupo. De repente, o Alexandre chama

mentiroso ao Carlos e pressiona-o sobre qualquer assunto. Chega a Catarina que diz: “Afastem-se!” E vira-

se para o Carlos: “Sai daí! Daqui a pouco estás a chorar!”. (Diário de Bordo, dia 13 de Novembro)

Nas trinta e oito cenas de violência no recreio observadas, o tipo de violência foi muito

semelhante aos exemplos descritos. Estes resultados mostram como é importante identificar

os/as mediadores/as de pares que surgem das interações na escola para que estes/as possam

ajudar na resolução de conflitos.

4.2.2. Conceções iniciais sobre a violência no namoro

O que é o namoro e a violência no namoro. No início do projeto pediu-se aos/às

alunos/as para escrevem numa folha de papel “Todas as palavras relacionadas com a violência

no namoro”. Os resultados que a seguir se apresentam resultam da análise desses trabalhos de

grupo (N=16) nas quatro turmas que participaram neste projeto. A análise de conteúdo feita a

essas palavras, fez emergir três categorias: tipos de violência no namoro; consequências da

violência no namoro e causas da violência no namoro. A tabela 3 mostra as conceções iniciais

dos/as alunos/as sobre os tipos de violência no namoro.

Observou-se que os/as alunos/as identificaram quatro tipos de violência no namoro

distintas: violência física (n=28), violência verbal (n=15), violência psicológica (n=29) e a

violência sexual (n=7).

Page 81: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

60

Tabela 3

Conceções iniciais dos/as alunos/as sobre a violência no namoro

(N=16)

Na violência física identificaram principalmente a “porrada” (n=5), as agressões físicas

(n=5) e os estalos (n=4). Na violência verbal, identificaram principalmente as discussões (n= 5),

os insultos (n=5) e a agressão verbal (n=5). Na violência psicológica, a maior parte utilizou a

expressão “violência psicológica” (n=6) e ainda falaram da perseguição (n=3), chantagem (n=3)

e ameaças (n=3). Para terminar, na violência sexual referiram a violação (n=5) e o abuso sexual

(n=2). Como respostas ambíguas foram referidas a violência (n=5), a agressão (n=3), o abuso

(n=2), os riscos (n=2), o facebook (n=1) e a violência sexual (n=1).

Consequências da violência no namoro. A tabela 4, descreve as consequências da

violência no namoro que foram identificadas na chuva de ideias feita pelos/as alunos/as nos

grupos.

Tabela 4

Conceções iniciais dos grupos sobre as consequências da violência no namoro

(N=16)

Tipos de violência f Tipos de violência f Violência física 28 Violência psicológica 29

Porrada 5 Violência psicológica 6 Agressão física 5 Perseguição 3 Estalos 4 Ameaças 3 Socos 2 Chantagem 3 Facadas 2 Bullying 2 Pontapés 2 Invasão de privacidade 2 Outras 8 Tortura 2

Violência verbal 15 Discriminação 2 Discussões 5 Outras 6 Insultos 5 Violência sexual 7 Agressão verbal 5 Violação 5

Abuso sexual 2 Respostas ambíguas 14

Consequências da violência no namoro f Consequências da violência no namoro f

Físicas Psicológicas Ferimentos 1 Perdão 2 Suicídio 2 Perda 2 Morte 2 Frustração 1 Gravidez indesejada 3 Culpa 1

Psicológicas Sociais Depressões 3 Solidão 6 Insegurança 4 Pedir ajuda 2 Vergonha 2 Outras 1 Sofrimento 2 Respostas ambíguas 5 Medo 3

Page 82: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

61

As principais consequências para a vítima da violência no namoro identificadas pelos

grupos de alunos/as a nível físico foram: a gravidez indesejada (n=3), o suicídio (n=2) e a morte

(n=2). A nível psicológico: a insegurança (n=4), as depressões (n=3), o medo (n=3), a vergonha

(n=2), o sofrimento (n=2), o perdão (n=2) e os sentimentos de perda (n=2). A nível social a

solidão (n=6) e os pedidos de ajuda (n=2).

A tabela 5 descreve as conceções iniciais dos/as alunos/as sobre as consequências da

violência no namoro que foram identificadas na chuva de ideias em “post-its” feita pelos/as

alunos/as individualmente.

Tabela 5 Conceções iniciais dos/as alunos/as individualmente sobre as consequências da violência no namoro

(N=169)

Consequências f Consequências f

Consequências para a vítima Psicológicas Físicas Sentir medo 10

Marcas físicas 25 Baixa autoestima 5 Facadas e baleamentos 1 Desejo de vingança 5 Suicídio 20 Sente ódio 4 Homicídio 8 Sentir-se discriminada/o 2 Morte 21 Sentir-se frágil/desconfortável 3 Hospitalização da vítima 4 Sociais Gravidez indesejada 5 Isolamento /solidão 9 Asfixia 1 Discussões 3

Psicológicas Querer controlar o/a namorado/a 2 Trauma Psicológico 6 Há mau estar na relação 2 Perturbações psicológicas 9 Terminar o namoro 19 Depressão 27 Bullying 2 Falta de confiança noutras pessoas e em si

próprios/as 7 Receio em desabafar com outras pessoas 1

Insegurança 13 Sexual Consumo de drogas 5 Violação 5 Vergonha 2 Consequência para o/a agressor/a Tristeza 29 Pode ser preso 7 Receio de namorar outra vez ou não conseguir

outro relacionamento 4 Ambíguas 12

Os resultados indicam que os/as alunos/as referiram as seguintes consequências para

a vítima a nível físico: marcas físicas (n=25); facadas e baleamentos (n=1); suicídio (n=20);

homicídio (n=8); morte (n=21); hospitalização da vítima (n=4); gravidez indesejada (n=5) e a

asfixia (n=1).

A nível psicológico identificaram: o trauma psicológico (n=6); perturbações psicológicas

(n=9); a depressão (n=27); falta de confiança noutras pessoas e em si próprios/as (n=7); a

insegurança (n=13); vergonha (n=2); tristeza (n=29); sentir medo (n=10); baixa autoestima

(n=5); receio de namorar outra vez ou não conseguir outro relacionamento (n=4), entre outras.

Page 83: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

62

A nível social as consequências identificadas pelos/as alunos/as da violência no namoro

foram: isolamento/solidão (n=9) e terminar o namoro (n=19), entre outras. Por fim, a nível

sexual identificaram a violação (n=5).

Causas da violência no namoro. A tabela 6 descreve as conceções iniciais dos/as

alunos/as sobre as causas no namoro em grupo.

Tabela 6

Conceções iniciais dos grupos sobre as causas da violência no namoro

(N=16)

As principais causas da violência no namoro identificadas na chuva de ideias em grupo

foram a nível psicológico os ciúmes (n=15), a desconfiança (n=9), as drogas (n=4), o álcool

(n=3), a mentira (n=7), a obsessão do agressor (n=4), a vingança (n=4) e a raiva (n=4). A nível

social a traição (n=7) e a falta de respeito (n=6). Tendo sido referido por um grupo a falta de

afeto (n=1), a frieza (n=1), o recusar a ter relações sexuais (n=1) e os desentendimentos (n=1).

Estes resultados mostram que os/as alunos/as antes de qualquer investigação sobre o

tema, já trouxeram para a sala de aula muitos dos conceitos que foram trabalhados mais tarde

no projeto educativo.

Da atividade “chuva de ideias em post-its” os resultados à questão “O que faz com que

as pessoas sejam violentas no namoro?” estão apresentadas na tabela 7.

A tabela 7 mostra as conceções iniciais dos/as alunos/as sobre as causas da violência

no namoro individualmente.

Os resultados indicam que os/as alunos/as referiram que as principais causas em geral

a nível psicológico são os ciúmes (n=76), seguido da desconfiança (n=35), insegurança (n=28),

o consumo de álcool (n=24) ou drogas (n=23) e a mentira (n=15).

Causas f Causas f

Psicológicas Psicológicas

Ciúmes 15 Raiva 4 Desconfiança 9 Egoísmo 2 Drogas 4 Incompreensão 2 Álcool 3 Sociais Mentira 7 Falta de respeito 6 Obsessão 4 Traição 7 Inveja 2 Outras 4 Vingança 4 Respostas ambíguas 9

Page 84: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

63

Tabela 7 Conceções iniciais dos/as alunos/as individualmente sobre as causas da violência no namoro

(N=169)

Causas f Causas f

Psicológicas Psicológicas

Ciúme 76 Mágoas 1 Desconfiança 35 Má educação 3 Insegurança 28 Sente-se incompreendido 3 Consumo de drogas 23 Sente prazer em ser violento/a 2 Consumo de álcool 24 Ser independente 1 Mentira 15 Mudanças de humor 1 Baixa autoestima 1 Sente-se discriminado/a 1 Perturbações psicológicas 10 Invasão de privacidade 2 Inveja 6 Pouca atenção à relação 2 Raiva 1 Querer romper a relação 2 Vingança 5 Medo de perder a pessoa de quem gosta 4 Sociais Egoísmo 4 Sente-se traído 19 Chantagem 3 Insultos 12 O/a namorado/a não quer ter relações sexuais 4 Querer controlar o/a namorado/a 2 É violento/a pelo/a namorado/a sair à noite 2 Discussões 3 Sente-se culpada pelo que está a acontecer 1 Ser antissocial 1 Imaginar que aconteceu algo que não gostam 1 Más influências dos pares e família 4 Falta de comunicação entre os namorados 1 Problemas em casa 1 Passar mais tempo com os amigos do que com o

namorado/a 1 Ambíguas 23

A nível social as principais causas mencionadas foram a traição (n=19), os insultos

(n=12), as discussões (n=3), as más influências dos pares e da família (n=4) e o querer

controlar o/a namorado/a (n=2).

É importante assinalar que algumas das causas identificadas pelos/as alunos/as têm

um significado ambíguo.

4.3. Evolução do conhecimento orientado para a ação na prevenção da violência no

namoro de alunos/as do 9º ano de escolaridade

Nesta secção, apresenta-se a evolução do conhecimento orientado para a ação durante

a fase de investigação realizada pelos/as alunos/as sobre o que é o namoro, tipos de violência

no namoro, consequências e causas da violência no namoro e estratégias para eliminar as

causas dessa violência. Em cada um desses tipos de conhecimento é apresentado também o

conhecimento que os/as alunos/as evidenciaram no final do projeto na discussão de grupo

focal. O objetivo é mostrar a evolução desde as ideias iniciais até às finais, compreendendo

como foram reconstruídas durante o processo de aprendizagem.

Page 85: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

64

4.3.1. O que é o namoro e a violência no namoro

O que é o namoro. Durante as suas investigações em grupo os/as alunos/as

referiram que um namoro saudável é quando existe confiança, respeito (TCG1; TBG4), conquista e

carinho (TBG2), partilha, igualdade, responsabilidade, diálogo/comunicação (TCG1), sendo que

nenhum dos namorados manda no outro e ambos mostram afetos e apoio mútuo (TBG4), ou seja,

namorar ou gostar da pessoa não é controlar (TBG4; TDG2). Namorar é andar de mão dada, contar

tudo um ao outro, gostar de sair juntos e partilhar todas as alegrias e tristezas (TBG3). Por fim, o

namoro não implica violência (TAG3).

No final do projeto, também começou por perguntar-se aos/às alunos/as o que era para

eles/as namorar (N= 86). A tabela 8 sintetiza os resultados obtidos.

Tabela 8

O que é o namoro (N=86)

Categorias Turmas TOTAL

A (n=23) B (n=18) C (n=19) D (n=26)

f % f % f % f % f %

Comportamentos no namoro Dar beijinho 5 21.7 3 15.8 8 9.3 Ter relações sexuais 2 8.7 3 11.5 5 5.8 Partilhar sentimentos 13 56.5 11 61.1 11 57.9 13 50 48 55.8 Desabafar sobre os problemas 4 17.4 5 26.3 9 10.5 Ajudar a pensar 4 21.1 4 4.7 Tratar bem 2 8.7 4 21.1 6 7 Ser fiel/lealdade 4 17.4 4 4.7 Ter respeito um pelo outro no namoro 12 52.2 4 21.1 8 30.8 24 27.9 Estar sempre disponível quando o/a outro/a

precisa 4 22.2 5 26.3 7 26.9 16 18.6

Partilhar o que lhes acontece no dia a dia 6 33.3 6 7 Andar juntos 1 5.3 3 11.5 4 4.7 Aproveitar o tempo/a vida 4 15.4 4 4.7

Sentimentos no namoro É gostar um do outro 10 43.5 8 44.4 5 26.3 17 65.4 40 46.5 É estar apaixonado 3 13 3 3.5 É ser feliz 10 43.5 2 10.5 7 26.9 19 22.1 É ter momentos de tristeza 4 15.4 4 4.7 É ter algumas desilusões 3 11.5 3 3.5 É confiar no/a namorado/a 14 60.9 7 38.9 9 47.4 8 30.8 38 44.2 É compreender o namorado/a 5 19.2 5 5.8 Companheirismo 3 15.8 3 11.5 6 7 É ter cumplicidade com o namorado/a 4 15.4 4 4.7 É querer estar juntos até ao fim da vida 1 3.8 1 1.2 Uma preparação para o casamento 3 16.7 3 3.5

Orientação sexual dos namorados Heterossexual 5 21.7 5 5.8 Homossexual 4 17.4 4 4.7 Bissexual 3 13 3 3.5

Não sei 1 5.3 1 1.2 Não responde 3 13 3 16.7 3 15.8 8 30.8 17 19.8 Resposta ambígua 10 43.5 17 94.4 5 26.3 10 38.5 42 48.8

Page 86: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

65

Na análise feita às respostas dos/as alunos/as (N=86) distinguem-se três tipos de

categorias que são: os comportamentos no namoro, os sentimentos no namoro e a orientação

sexual dos/as namorados/as.

Quanto aos comportamentos no namoro mais de metade dos/as alunos/as referiu que

o namoro é uma partilha de sentimentos (55.8%), e uma percentagem menor afirmou que é ter

respeito um pelo outro (27.9%), é estar sempre disponível quando o/a outro/a precisa (18.6%), e

poder desabafar sobre os problemas (10.5%). Quanto aos sentimentos no namoro quase metade

mencionou que namorar é gostar um do outro (46.5%), é ter confiança no/a namorado/a

(44.2%), tendo sido também referido que é ser feliz (22.1%). No que diz respeito à orientação

sexual dos/as namorados/as, apenas foi mencionada por uma turma referindo que a orientação

sexual pode ser heterossexual (5.8%), homossexual (4.7%) e bissexual (3.5%). A esta questão não

responderam cerca de 19.8% dos/as alunos/as, sendo que 48.8% as suas respostas tinham

significado ambíguo.

Para aprofundar esta resposta, perguntou-se aos/às alunos/as se já tinham ouvido falar

sobre diferentes orientações sexuais no namoro (Tabela 9).

Tabela 9 Já ouviram falar sobre diferentes orientações sexuais no namoro

(N=86)

Categorias Turmas TOTAL

A (n=23) B (n=18) C (n=19) D (n=26)

f % f % f % f % f %

Sim 14 60.9 12 66.7 11 57.9 16 61.5 53 61.6 Não responde 9 39.1 6 33.3 8 42.1 10 38.5 33 38.4

Cerca de 60% dos/as alunos/as das quatro turmas, afirmou que já tinham ouvido falar

sobre isso. Posteriormente, os/as alunos/as foram questionados/as acerca do namoro

homossexual masculino (Tabela 10).

Em relação ao namoro homossexual masculino os/as alunos/as consideraram que é

um homem sentir-se atraído por uma pessoa do mesmo sexo (47.7%), que tem uma orientação

sexual normal (22.1%) e têm sentimentos e gostos diferentes da maioria das pessoas na atração

sexual (19.8%).

Page 87: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

66

Tabela 10 O que é o namoro homossexual masculino

(N=86)

Categorias Turmas TOTAL

A (n=23) B (n=18) C (n=19) D (n=26)

f % f % f % f % f %

O que é uma pessoa homossexual masculina

É um homem que se sente atraído por uma pessoa do mesmo sexo

6 26.1 12 66.7 9 47.4 14 53.8 41 47.7

É um homem que tem uma opção sexual diferente

4 17.4 5 19.2 9 10.5

É ter sentimentos e gostos diferentes da maioria das pessoas na atração sexual

5 21.7 4 22.2 3 15.8 5 19.2 17 19.8

É assumir-se como homossexual 6 23.1 6 7 Perceções sobre a homossexualidade masculina

É uma orientação sexual normal 9 39.1 2 11.1 2 10.5 6 23.1 19 22.1 É uma orientação sexual normal embora

impressione 1 5.3 1 1.2

É uma orientação sexual anormal 2 8.7 1 5.6 3 15.8 6 7 Respeita mas não gosta de ver

homossexuais 4 21.1 4 4.7

Respeita mas é contra a homossexualidade

1 5.3 1 3.8 2 2.3

Odeia ou não gosta de homossexuais 2 10.5 2 2.3 Têm um comportamento nojento 1 3.8 1 1.2

Comportamento Gosta de ter relações sexuais anais 5 21.7 5 5.8 Não gosta de mamas 2 8.7 2 2.3 São melhor companhia que os

heterossexuais 2 8.7 2 2.3

Os homens são “machos” 5 19.2 5 5.8 Ambígua 1 4.3 1 1.2 Não responde 5 21.7 5 27.8 5 26.3 12 46.2 27 31.4

Na tabela 11 são apresentadas as respostas dos/as alunos/as relativamente ao namoro

homossexual feminino.

No que diz respeito ao namoro homossexual feminino consideraram que é uma mulher

que se sente atraída por uma pessoa do mesmo sexo (47.7%), com orientação sexual normal

(20.9%) e têm sentimentos e gostos diferentes da maioria das pessoas na atração sexual

(17.4%), tal como mencionaram para o namoro homossexual masculino (Tabela 10).

Page 88: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

67

Tabela 11

O que é o namoro homossexual feminino (N=86)

Categorias Turmas TOTAL

A (n=23) B (n=18) C (n=19) D (n=26)

f % f % f % f % f %

O que é uma pessoa homossexual feminina É uma mulher que se sente atraída por

uma pessoa do mesmo sexo 10 43.5 7 38.9 9 47.4 15 57.7 41 47.7

É uma mulher que tem uma opção sexual diferente

3 13 6 23.1 9 10.5

É ter sentimentos ou gostos diferentes da maioria das pessoas na atração sexual

9 39.1 6 23.1 15 17.4

Perceções sobre homossexualidade feminina

É uma orientação sexual normal 12 52.2 6 23.1 18 20.9 É uma orientação sexual anormal 2 10.5 2 2.3 É um casal igual aos heterossexuais 3 13 3 3.5 Respeita mas não gosta de ver

homossexuais 1 4.3 3 15.8 4 4.7

É contra a homossexualidade 2 10.5 1 3.8 3 3.5 Têm um comportamento nojento 2 8.7 2 2.3 É menos comum que o namoro

homossexual masculino 5 19.2 5 5.8

É igual ao namoro homossexual masculino

1 3.8 1 1.2

Os homossexuais masculinos são mais discriminados que as lésbicas

7 26.9 7 8.1

Os homossexuais masculinos são mais maltratados que as lésbicas e os heterossexuais

2 7.7 2 2.3

Os homossexuais masculinos são mais fáceis de reconhecer que as lésbicas

5 19.2 5 5.8

Comportamento Tem ar de homem 2 8.7 2 2.3 Tem gestos masculinos 1 4.3 1 1.2 Gosta de mamas 2 8.7 2 2.3 São melhor companhia que os

heterossexuais 2 8.7 2 2.3

Não responde 8 34.8 11 61.1 7 36.8 11 42.3 37 43

Na tabela 12 são apresentadas as respostas dos/as alunos/as quando lhes foi

questionado o que é o namoro heterossexual.

Para os/as alunos/as ser heterossexual é uma pessoa que gosta de outra do sexo

oposto (41.9%), com orientação sexual normal (19.8%), sendo também mencionado que pode

gostar de outra pessoa do sexo oposto ou do mesmo sexo (14%).

Page 89: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

68

Tabela 12 O que é o namoro heterossexual

(N=86)

Categorias Turmas TOTAL

A (n=23) B (n=18) C (n=19) D (n=26)

f % f % f % f % f %

O que é uma pessoa heterossexual É uma pessoa que gosta de outra do

sexo oposto 8 34.8 7 38.9 7 36.8 14 53.8 36 41.9

É uma pessoa que pode gostar de outra do sexo oposto ou do mesmo sexo

4 17.4 4 22.2 2 10.5 2 7.7 12 14

Perceções sobre a heterossexualidade Tem uma orientação sexual normal 10 43.5 7 36.8 17 19.8 É ter sentimentos/gostos diferentes dos

homossexuais 1 4.3 1 1.2

Comportamento sexual Gosta de órgãos sexuais do sexo oposto 2 10.5 2 2.3 É ser “macho” 3 15.8 3 3.5

Ambígua 1 5.3 1 1.2 Não responde 6 26.1 7 38.9 5 26.3 10 38.5 28 32.6

Seguidamente, questionou-se quais são as diferenças que existem para eles/as no

namoro entre homossexuais e heterossexuais (Tabela 13).

Mais de metade dos/as alunos/as referiu que há diferenças entre o namoro

homossexual e heterossexual, havendo uma minoria de 7% que disse que não há diferenças,

sendo que 20.9% não respondeu a esta questão. As diferenças foram categorizadas no

comportamento sexual, comportamento interpessoal e em perceções sociais sobre os gays e

lésbicas. Quanto ao comportamento, quase metade dos/as alunos/as mencionaram que as

relações sexuais são diferentes (44.2%), tendo sido referido que os/as homossexuais não podem

ter filhos próprios (22.1%).

No que diz respeito ao comportamento interpessoal cada turma tem uma opinião

diferente dizendo a turma D que as diferenças entre os homo e os heterossexuais são

psicológicas (4.7%), sendo que na turma A disseram que os homossexuais têm uma maneira de

andar (4.7%) e de falar (2.3%) diferente, além de que têm gestos afeminados e usam roupa

afeminada (4.7%). Na turma B, referiram que os homossexuais têm vergonha em mostrar os

seus sentimentos (3.5%). Para terminar, a turma C mencionou que tanto os heterossexuais

(3.5%) como os homossexuais (2.3%) são mais carinhosos, sensíveis, frágeis e pode-se confiar

neles no seu apoio. Por último, nas perceções sociais sobre os/as homossexuais, 20.9% dos/as

alunos/as referiram que os/as homossexuais são vistos pelas pessoas de maneira negativa.

Page 90: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

69

Tabela 13 Diferenças entre o namoro homo e heterossexual

(N=86)

Categorias Turmas TOTAL

A (n=23) B (n=18) C (n=19) D (n=26)

f % f % f % f % f %

Há diferenças Sim 18 78.3 15 83.3 14 73.7 14 53.8 61 70.9 Não 2 8.7 1 5.3 3 11.5 6 7 Não sabe 1 3.8 1 1.2 Não responde 3 13 3 16.7 4 21.1 8 30.8 18 20.9

Tipo de diferenças Comportamento sexual

As relações sexuais são diferentes 14 60.9 6 33.3 8 42.1 10 38.5 38 44.2 Os homossexuais masculinos têm relações

sexuais anais 4 17.4 4 4.7

As homossexuais femininas usam pénis artificiais nas relações sexuais

4 17.4 2 7.7 6 7

As homossexuais femininas usam os dedos nas relações sexuais

8 34.8 8 9.3

Os sentimentos no amor são diferentes 2 11.1 3 15.8 5 5.8 Os homossexuais não podem ter filhos

próprios 12 52.2 3 16.7 2 10.5 2 7.7 19 22.1

As homossexuais femininas podem fazer inseminação artificial

3 11.5 3 3.5

Comportamento interpessoal Há diferenças psicológicas entre os homo

e heterossexuais 4 15.4 4 4.7

Os homossexuais são mais carinhosos, sensíveis, frágeis, confiança, apoio

2 10.5 2 2.3

Os heterossexuais são mais carinhosos, sensíveis, frágeis, confiança, apoio

3 15.8 3 3.5

Os homossexuais têm vergonha de mostrar os seus sentimentos

3 16.7 3 3.5

Homossexuais têm uma maneira de falar diferente

2 8.7 2 2.3

Homossexuais têm uma forma de andar diferente

4 17.4 4 4.7

Os homossexuais masculinos têm gestos afeminados

4 17.4 4 4.7

Homossexuais masculinos usam roupa afeminada

4 17.4 4 4.7

As homossexuais femininas têm a casa mais arrumada e valorizam mais as crianças

2 8.7 2 2.3

Perceções sociais sobre os/as homossexuais

São vistos pelas pessoas de maneira negativa

10 55.6 8 30.8 18 20.9

Os homossexuais são gozados 2 10.5 2 2.3 Os homossexuais não têm as mesmas

regalias sociais que os heterossexuais 2 8.7 2 2.3

A família aceita menos os/as homossexuais

3 11.5 3 3.5

Resposta ambígua 2 8.7 3 15.8 4 15.4 9 10.5

Page 91: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

70

Discussão. Quando os/as alunos/as realizaram as suas investigações, referiram que o

namoro saudável é quando existe confiança, respeito, carinho, apoio mútuo e a partilha de

alegrias e tristezas, entre outras. Na discussão em grupo focal, no final do projeto, as ideias que

adquiram na sua investigação mantiveram-se. As ideias adquiridas neste estudo estão de acordo

com o que a Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (s.d) considera o que é uma relação

saudável. Alguns/mas alunos/as de uma turma também mencionaram as diferentes orientações

sexuais que podem existir num relacionamento de namoro, descrevendo quais as suas

perceções sobre o que é um namoro homossexual masculino e feminino, dizendo que são

pessoas que se sentem atraídas por outra pessoa do mesmo sexo, com uma orientação sexual

normal mas com sentimentos e gostos diferentes da maioria na atração sexual. Também

descreveram o que é o namoro heterossexual, dizendo que é uma pessoa que tem uma

orientação sexual normal e que gosta de outra do sexo oposto, tendo sido referido por

alguns/mas alunos/as que também pode gostar de pessoas do mesmo sexo.

No final do projeto também descreveram quais as diferenças que existem no namoro

entre homossexuais e heterossexuais, tendo sido referido que as relações sexuais são diferentes

e que existem diferenças psicológicas entre os homo e os heterossexuais, acrescentando que os

homossexuais não podem ter filhos e que são vistos pelas pessoas de maneira negativa.

O que é a violência no namoro. Durante as suas investigações em grupo os/as

alunos/as referiram que a violência no namoro é um ato de violência, pontual ou contínua,

cometida por um dos parceiros ou por ambos, numa relação de namoro, com o objetivo de

controlar, dominar e ter mais poder que o outro (TA G1; TB G1; TB G2; TB G4; TC G2; TC G3; TD G1; TD G4),

não respeitando as suas ideias e opiniões (TB G4). Além disso, acontece quando isola, fragiliza e

causa insegurança à vítima, causando malefícios à outra pessoa devido a estes

comportamentos, negando-lhe a autonomia e colocando em risco a integridade física ou

psicológica do/a parceiro/a (TD G4). A violência no namoro pode ser física, verbal, sexual,

psicológica/emocional e social (TBG4; TD G1; TD G4) e económica (TD G4) e, acontece quando o rapaz

acha que tem o poder de tomar decisões pela namorada, que ela tem de o respeitar e, como é

homem tem de agir de forma agressiva e usar a sua força física (TB G2).

A violência no namoro é considerada um crime público punível por lei (TA G1; TA G4) e

integra-se no quadro legal da violência doméstica, sendo identificada através dos maus-tratos

físicos e psicológicos, abusos e violência sexual, intimidações e humilhações (TA G1).

Page 92: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

71

Na discussão em grupo focal, questionados/as sobre o que é a violência no namoro,

identificaram, tal como no início do projeto (ver Tabela 3), quatro tipos de violência: física, verbal,

psicológica e sexual (Tabela 14).

Tabela 14 O que é a violência no namoro

(N=86)

Categorias Turmas TOTAL

A (n=23) B (n=18) C (n=19) D (n=26)

f % f % f % f % f %

Tipos de violência Violência física

Agressão física 12 52.2 3 16.7 7 36.8 10 38.5 32 37.2 Pancadaria 8 34.8 7 36.8 4 15.4 19 22.1 Estalos 7 30.4 11 57.9 18 20.9

Violência verbal Agressão verbal 6 26.1 3 16.7 6 31.6 6 23.1 21 24.4 Discussões 3 13 3 3.5 Insultos 5 21.7 3 16.7 4 21.1 1 3.8 13 15.1

Violência psicológica Agressão psicológica 7 30.4 4 22.2 5 26.3 10 38.5 26 30.2 Desconfianças 9 39.1 4 22.2 4 15.4 17 19.8 Ter ciúmes 6 33.3 6 31.6 6 23.1 18 20.9 Não gostar do/a namorado/a 4 21.1 4 4.7 Não apoiar o/a namorado/a 3 15.8 3 3.5 Chantagem 4 22.2 4 4.7 Invasão de privacidade 4 17.4 4 22.2 7 26.9 15 17.4 Controlar o que o/a namorado/a

faz 1 5.6 2 10.5 3 3.5

Obrigar o/a outro/a a fazer o que não quer

3 13 9 50 4 21.1 16 18.6

Humilhar o/a namorado/a 4 21.1 3 11.5 7 8.1 Desrespeitar o/a namorado/a 4 17.4 3 16.7 5 26.3 3 11.5 15 17.4 É sentir medo do/a namorado/a 4 17.4 4 4.7

Violência sexual Obrigar o/a namorado/a ter/fazer

relações 2 10.5 2 2.3

Resposta ambígua 5 21.7 8 44.4 13 15.1 Não responde 6 26.1 3 16.7 3 15.8 11 42.3 23 26.7

Os/as alunos/as identificaram como violência física a agressão física (37.2%), a

pancadaria (22.1%) e os estalos (20.9%). No que diz respeito à violência verbal, a agressão

verbal (24.4%), os insultos (15.1%) e as discussões (3.5%). Na violência psicológica referiram a

agressão psicológica (30.2%), os ciúmes (20.9%), as desconfianças (19.8%) e obrigar o/a

outro/a a fazer o que não quer (18.6%).

Quanto à violência sexual, acontece quando obriga o/a namorado/a a ter/fazer relações

sexuais (2.3%).

Page 93: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

72

Sobre as situações de violência no namoro entre gays ou lésbicas e as diferenças na

violência no namoro entre gays ou lésbicas e heterossexuais os resultados obtidos encontram-se

na tabela 15.

Tabela 15 Situações de violência no namoro entre gays ou lésbicas que conhece (N=86)

Categorias Turmas TOTAL

A (n=23) B (n=18) C (n=19) D (n=26)

f % f % f % f % f %

Onde viu as situações de violência Já viu na vida real 1 5.6 1 3.8 2 2.3 Já viu em filmes/séries ou novelas 1 4.3 3 15.8 3 11.5 7 8.1 Já viu em familiares ou vizinhos 1 4.3 1 1.2 Viu mas não refere onde 2 8.7 2 2.3 Nunca viu 10 43.5 9 50 9 47.4 10 38.5 38 44.2 Não responde 9 39.1 8 44.4 7 36.8 12 46.2 36 41.9

Diferenças na violência no namoro entre gays ou lésbicas e heterossexuais

Há diferenças 11 47.8 5 27.8 15 78.9 3 11.5 34 39.5 Não há diferenças 6 26.1 5 27.8 1 5.3 10 38.5 22 25.6 Não sabe 1 5.6 1 1.2 Não responde 6 26.1 7 38.9 3 15.8 13 50 29 33.7

Tipo de diferenças Há mais violência/força física nos gays

do que nas lésbicas 1 4.3 4 21.1 5 5.8

Há mais violência nos gays com aparência masculina do que afeminada

4 17.4 4 4.7

Há a mesma força física entre gays e lésbicas

1 4.3 2 11.1 3 3.5

Não há a mesma força física entre gays e lésbicas

1 4.3 1 1.2

Ambígua 2 8.7 2 2.3

Apenas doze alunos/as viram situações de violência no namoro entre gays e/ou

lésbicas, sendo que, dois destes/as alunos/as não referiram onde viram, 39.5% disseram que

há diferenças na violência no namoro entre gays ou lésbicas e heterossexuais e 25.6% disseram

que não há diferenças. As diferenças no namoro entre gays e lésbicas são baseadas na força,

sendo referido pelos/as alunos/as que há mais violência/força física nos gays do que nas

lésbicas (5.8%) e que existe mais violência entre gays com aparência masculina do que

afeminada (4.7%), sendo que alguns/mas alunos/as disseram que há a mesma força física

entre gays e lésbicas (3.5%).

Para demonstrar alguns casos que os/as alunos/as conhecem seguem-se alguns

extratos da discussão em grupo focal:

Page 94: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

73

Cristiano – eu já vi no Inspetor Max. Luísa – ah eah tipo eu vejo. Ent – então diz lá Cristiano. Cristiano – uma lésbica mantéu outra gaja em cativeiro e depois bateu-lhe.

(Turma C)

Segue-se um outro extrato de outra turma.

Cátia – ele não aceitava que era, um não aceitava que era gay e outro queria que o outro aceitasse. Daniel – que ele era. Rosa – que ele era. Cátia – exato, porque se senão não podiam continuar a relação mas eles gostavam um do outro. Então. Daniel – ou seja aceitaram-se. Cátia - depois agrediram-se, separaram-se e depois um deles suicidou-se.

(Turma D)

Também foram identificadas as diferenças na violência no namoro entre homossexuais e

heterossexuais (Tabela 16).

Tabela 16 Diferenças na violência no namoro entre homossexuais e heterossexuais (N=86)

Categorias Turmas TOTAL

A (n=23) B (n=18) C (n=19) D (n=26)

f % f % f % f % f %

Diferenças entre homossexuais e heterossexuais

Os homossexuais são menos violentos que os heterossexuais

2 8.7 3 16.7 9 47.4 14 16.3

Os gays têm mais força física que os heterossexuais

3 11.5 3 3.5

O homem heterossexual e o que faz o papel de homem na relação gay têm mais força física que o/a parceiro/a

4 17.4 3 15.8 7 8.1

Ambígua 2 10.5 2 2.3

Os/as alunos/as mencionaram que os homossexuais são menos violentos que os hétero

(16.3%) e que o homem heterossexual e o que faz o papel de homem na relação gay têm mais

força física que o/a parceiro/a (8.1%).

Casos que conhecem de violência no namoro. A maior parte destes/as alunos e

alunas não conhece casos de violência no namoro (Tabela 17).

Apenas 16.3% dos/as alunos/as referiram que conhecem casos de violência no namoro

na vida real ou nos mass media. Os casos que contaram são casos preferencialmente físicos e

consistiam num rapaz a bater na namorada (10.5%) e verbais onde o namorado chamou nomes

à namorada (1.2%). Duas alunas da amostra não quiseram contar os casos que conheciam.

Page 95: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

74

Tabela 17

Casos de violência física, verbal e social entre namorados que conhecem

(N=86)

Categorias Turmas TOTAL

A (n=23) B (n=18) C (n=19) D (n=26)

f % f % f % f % f %

Conhece casos de violência no namoro Sim 7 30.4 2 11.1 3 15.8 2 7.7 14 16.3 Não 7 30.4 12 66.7 11 57.9 10 38.5 40 46.5 Não responde 9 39.1 4 22.2 5 26.3 14 53.8 32 37.2

Onde viu as situações de violência Já viu na vida real (inclui famosos) 6 26.1 1 5.6 1 3.8 8 9.3 Já viu em filmes ou séries ou novelas 2 8.7 1 3.8 3 3.5 Já viu na televisão (notícias ou casos) 1 5.3 1 1.2 Não quer contar 2 10.5 2 2.3 Não responde 1 5.6 1 1.2

Casos que conhece Um rapaz bate na namorada 7 30.4 1 5.6 1 5.3 9 10.5 O namorado chamou nomes à

namorada 1 3.8 1 1.2

Não se lembra 1 3.8 1 1.2

Posteriormente questionou-se os/as alunos/as se presenciaram violência física e o que

observaram (Tabela 18).

Tabela 18

O que aconteceu na violência física que observaram entre namorados (N=86)

Categorias Turmas TOTAL

A (n=23) B (n=18) C (n=19) D (n=26)

f % f % f % f % f %

Já presenciaram violência física Sim 3 15.8 3 11.5 6 7 Não 14 60.9 11 61.1 10 52.6 14 53.8 49 57 Não responde 9 39.1 7 38.9 6 31.6 9 34.6 31 36

O que aconteceu Viu o rapaz a dar estalos à namorada 2 7.7 2 2.3 Viu o rapaz a puxar o cabelo à namorada 1 5.3 1 3.8 2 2.3 Viu o rapaz a dar com uma garrafa na

namorada 1 5.3 1 1.2

Não conta o que viu 1 5.3 1 3.8 2 2.3 Ambígua 1 3.8 1 1.2

Que idade tinham os namorados 13-15 1 3.8 1 1.2 16-18 1 5.3 1 3.8 2 2.3 Mais de 18 1 5.3 1 3.8 2 2.3 Não refere a idade 1 5.3 1 3.8 2 2.3

De onde eram os namorados Escola 1 3.8 1 1.2 Conhecidos – amigos/colegas 1 5.3 1 1.2 Rua (inclui centros comerciais) 1 5.3 2 7.7 3 3.5 Local onde vivem 1 5.3 1 3.8 2 2.3

Page 96: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

75

Mais de metade dos/as alunos/as não presenciou violência física, apenas seis

alunos/as presenciaram. A violência física observada consistiu no rapaz a dar estalos à

namorada (2.3%), em puxar o cabelo à namorada (2.3%), e viram um rapaz a dar com uma

garrafa na namorada (1.2%). Dois/duas alunos/as não contaram o que viram.

Os namorados tinham idades entre os 13-15 anos (1.2%), 16-18 anos (2.3%) e mais de

18 anos (2.3%), sendo que dois/duas alunos/as não referiram a idade. Para ilustrar estes casos

segue-se um extrato da discussão:

Ent – queres contar Helena? Helena – foi no meio da rua ele devia ter 21, ela devia ter 18 ou 19, não tenho a certeza, ela, eles tavam a discutir no meio da rua ela começou a berrar, a certa altura ela começou a afastar-se da beira dele e ele puxou-lhe os cabelos, puxou-a pa trás e ela caiu de cú no chão. Depois nós fomos embora não íamos tar a olhar. Flávio – eu já vi também, foi aqui na escola. A rapariga, a irmã duma rapariga daqui da escola. A irmã da [nome]. Helena – sim. Flávio – que namorava com um cigano no bairro. Prontos, o rapaz fazia tudo o que queria com ela. Ela queria ir embora, ele não deixava, dava-lhe cada chapadão, só que ninguém podia-se meter porque ele era cigano. (Turma D)

Também se questionou os/as alunos/as se presenciaram violência verbal entre

namorados e o que observaram (Tabela 19).

Tabela 19

O que aconteceu na violência verbal que observaram entre namorados (N=86)

Categorias Turmas TOTAL

A (n=23) B (n=18) C (n=19) D (n=26)

f % f % f % f % f %

Violência verbal Sim 11 47.8 6 33.3 9 47.4 5 19.2 31 36 Não 3 13 6 33.3 8 42.1 9 34.6 26 30.2 Não responde 8 34.8 6 33.3 2 10.5 12 46.2 28 32.6 Não sabe 1 4.3 1 1.2

O que aconteceu Viu um casal de namorados a insultar-se 5 21.7 3 16.7 6 31.6 4 15.4 18 20.9 Viu um casal de namorados a discutir 4 17.4 5 27.8 6 31.6 1 3.8 16 18.6 Não quer contar 3 13 3 3.5

Que idade tinham os namorados Menos de 13 anos 1 5.3 1 1.2 13-15 anos 1 4.3 4 22.2 2 10.5 3 11.5 10 11.6 16-18 anos 1 4.3 1 5.6 1 5.3 2 7.7 5 5.8 Mais de 18 anos 3 13 2 10.5 5 5.8 Não se lembra 1 5.6 1 1.2 Não refere a idade 7 30.4 4 21.1 2 7.7 13 15.1

De onde eram os namorados Escola 1 5.6 2 10.5 4 15.4 7 8.1 Rua/arredores (outra escola) 5 21.7 1 5.6 3 15.8 1 3.8 10 11.6 Eles próprios 3 16.7 1 3.8 4 4.7 Local onde vivem/Vizinhos 2 8.7 2 10.5 4 4.7 Não referem o local onde viram 4 17.4 1 5.6 2 10.5 1 3.8 8 9.3

Page 97: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

76

Verifica-se que 36% dos/as alunos/as presenciaram violência verbal. Os casos que

conheciam basearam-se em ter observado insultos (20.9%) e discussões (18.6%), sendo que três

alunos/as não quiseram contar o que viram. As idades com mais ênfase foram entre os 13-15

anos (11.6%), sendo que 15.1% não referiu a idade. O local onde viram foi, preferencialmente,

na rua ou arredores (11.6%).

Segue-se um extrato para comprovar os casos que conhecem.

Helena – aqui na escola acontece muitas vezes. Eles chateiam-se depois é “meu burra! Minha esta!” é o normal. O verbal é o que acontece todos os dias praticamente. Flávio – é. Quanto mais me bates mais eu gosto de ti. Ent – e vocês querem referir algum? Helena – “és uma criança! Imatura! Infantil!” essas é com as que eu levo, mas pronto, não interessa. Ent – o que é que sente a vítima. Não queres contar isso? Helena – não! [risos] Helena – não vale apena. Flávio – como é que te sentes a ti própria? Helena – eu? Sinto-me muito bem!

(Turma D)

Neste seguimento, questionou-se os/as alunos/as se conheciam casos em que o rapaz

ameaça contar coisas íntimas da rapariga (Tabela 20).

Alguns/mas alunos/as conheciam casos em que o rapaz ameaçou contar coisas íntimas

da rapariga (24.4%), sendo que 32.6% não conheciam.

Os casos que conheciam basearam-se na rapariga a enviar fotos nuas para o namorado

ou a tirar fotos íntimas e quando terminam o namoro ou não faz o que ele quer, o namorado

publica-as na internet ou mostra a outras pessoas (12.8%). Também conheciam casos que

ameaçam que se não casar ou não ficar com ele que ele divulga segredos íntimos dela (3.5%) e,

também, caso ela não faça o que ele quer divulga coisas que ela não quer que se saiba (3.5%).

Segue-se um extrato da discussão que mostra um dos casos.

Raquel – havia um casal não é? Que namorava e eles depois acabaram e enquanto namoravam ela

enviava-lhe fotos nuas pelo telemóvel e quando eles acabaram o rapaz ficou furioso e era estúpido e pôs

as fotografias no facebook e ela suicidou-se.

(Turma A)

Page 98: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

77

Tabela 20

Casos que conhecem em que o rapaz ameaça contar coisas íntimas da rapariga

(N=86)

Categorias Turmas TOTAL

A (n=23) B (n=18) C (n=19) D (n=26)

f % f % f % f % f %

Conhece casos Sim 5 21.7 3 16.7 4 21.1 9 34.6 21 24.4 Não 10 43.5 8 44.4 7 36.8 3 11.5 28 32.6 Não responde 7 30.4 7 38.9 8 42.1 14 53.8 36 41.9 Não sabe 1 4.3 1 1.2

Tipo de ameaça Ameaça que se não casar ou ficar com ele

divulgava segredos íntimos dela 1 4.3 2 11.1 3 3.5

A namorada envia fotos nuas para o namorado ou tiram fotos íntimas. Quando acabam, ou não faz o que ele quer, o namorado publica-as na Internet ou mostra a outras pessoas

4 17.4 3 15.8 4 15.4 11 12.8

A rapariga envia vídeos íntimos para conhecido que a seduz na Internet. Posteriormente, por ela não continuar a fazer o que ele quer, ele pública o vídeo na Internet

1 3.8 1 1.2

Conta aos amigos que a namorada tem mau desempenho sexual para ela se sentir rebaixada

1 5.6 1 1.2

A rapaz ameaça que se ela não fizer o que ele quer divulga coisas que ela não quer que se saiba

3 11.5 3 3.5

Ameaça a namorada de mandar fotos íntimas deles à mãe dela, por ter ciúmes por ela se dar bem com toda a gente e vestir bem

1 5.3 1 1.2

Resposta ambígua 2 7.7 2 2.3 Onde viram

Séries/TV/Novelas/Filmes/notícias de famosos

2 11.1 2 10.5 4 4.7

Local onde vive 2 8.7 2 2.3 Escola 5 19.2 5 5.8 Internet/redes sociais 2 8.7 1 5.3 3 3.5 Vídeos 1 5.6 1 1.2 Outra localidade 1 4.3 1 1.2 Em conhecidos 1 5.3 1 1.2 Não refere o local 2 7.7 2 2.3 Falam de si próprios 1 3.8 1 1.2

Na tabela 21 apresentam-se os casos que conheciam em que a rapariga ameaça contar

coisas íntimas do rapaz.

Metade dos/as participantes conhecia casos em que a rapariga ameaça contar coisas

íntimas do rapaz. Contudo, 41.9% das suas respostas foram ambíguas.

Page 99: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

78

Tabela 21

Casos que conhecem em que a rapariga ameaça contar coisas íntimas do rapaz

(N=86)

Categorias Turmas TOTAL

A (n=23) B (n=18) C (n=19) D (n=26)

f % f % f % f % f %

Casos que conhece Sim 15 65.2 8 44.4 13 68.4 7 26.9 43 50 Não 2 11.1 2 2.3 Não sei 2 8.7 2 2.3 Não responde 6 26.1 8 44.4 6 31.6 19 73.1 39 45.3

Tipo de ameaça Ameaça o rapaz que se ele não fizer o que

ela quer diz aos amigos que ele é impotente 1 4.3 1 1.2

A rapariga ameaça que se ele não fizer o que ela quer divulga coisas que ele não quer que se saiba

2 7.7 2 2.3

A rapariga descobre o rapaz a filmar as suas relações sexuais, agride-o e publica no Youtube o momento da agressão para divulgar o que ele queria fazer

4 21.1 4 4.7

Resposta ambígua 14 60.9 8 44.4 9 47.4 5 19.2 36 41.9 Local onde viram

Filmes 1 4.3 1 1.2 Falam de si próprios 1 3.8 1 1.2 Internet - youtube 4 21.1 4 4.7 Não referem onde viram 1 3.8 1 1.2

Quatro alunos/as descreveram que conheciam um caso em a rapariga descobre o rapaz

a filmar as suas relações sexuais, posteriormente agride-o e publica no Youtube o momento da

agressão para divulgar o que ele queria fazer (4.7%). Dois/duas alunos/as contaram que

rapariga ameaça que se ele não fizer o que ela quer divulga coisas que ele não quer que se

saiba, sendo que um/a destes/as alunos/as falaram de si próprios/as, tal como se pode

perceber no extrato que se segue:

Flávio – ah. Como é que elas ameaçam? Ameaçam.

Helena – “se não fazemos isso eu mostro isto. Ou vou contar que fizemos isto”.

Flávio – eah! já me aconteceu isso.

Helena – “se não vens comigo ali eu conto a toda a gente”.

Flávio – pois é! É mesmo assim!

Ent – queres contar Flávio?

Flávio – tive umas conversas, prontos, se eu contasse ela também ia contar, tipo se eu contasse umas

cenas que eu soubesse ela ia contar de mim. E eu ia enterrar a ela e ela ia enterrar-me a mim. E prontos.

(Turma D)

Também perguntou-se aos/às alunos/as se conheciam alguém que foi pressionado/a

para ter relações sexuais (Tabela 22).

Page 100: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

79

Tabela 22 Adolescentes que conhecem que foram pressionados para terem relações sexuais

(N=86)

Categorias Turmas TOTAL

A (n=23) B (n=18) C (n=19) D (n=26)

f % f % f % f % f %

Casos que conhece Sim 1 4.3 1 5.6 1 5.3 1 3.8 4 4.7 Não 8 34.8 12 66.7 9 47.4 13 50 42 48.8 Não responde 14 60.9 5 27.8 9 47.4 12 46.2 40 46.5

O que aconteceu Obrigou a namorada a ter relações sexuais 1 4.3 1 5.6 1 5.3 3 3.5 O rapaz ameaçou contar coisas sobre ela

que ela não quer que se saiba para ter relações sexuais. Depois do ato sexual contou a toda a gente os pormenores.

1 3.8 1 1.2

Que idade tinham 13-15anos 1 4.3 1 5.6 2 2.3 16-18 anos 1 4.3 1 5.6 1 5.3 3 3.5 Mais de 18 anos 1 3.8 1 1.2

De onde eram Outra localidade 1 4.3 1 1.2 Outra escola 1 5.6 1 1.2 Local onde vive 1 5.3 1 1.2 Não refere o local 1 3.8 1 1.2

Somente quatro alunos/as conheciam alguém que foi pressionado/a para ter relações

sexuais. Três desses/as alunos/as contaram que um rapaz obrigou a namorada a ter relações

sexuais e um/a outro/a aluno/a conhecia um caso em que o rapaz ameaçou contar coisas

sobre uma rapariga, que ela não queria que se soubesse, para ter relações sexuais e depois do

ato sexual contou a toda a gente os pormenores. Para demonstrar o seu conhecimento sobre um

dos casos segue-se um extrato da discussão.

Helena – conheço. Cala-te! [mandou calar o Hugo] Conheço uma rapariga que pressionou e uma rapariga que foi pressionada, por isso. Ent – e queres contar? Helena – eles tavam, tavam sempre a discutir e ele acho que sabia coisas da vida dela que mais ninguém sabia ou muita pouca gente sabia, e ele tava, tava sempre a insistir com ela pa fazerem e ameaçou contar tudo o que ele sabia se eles não fizessem e eles depois coisa. E ele depois andou a contar os pormenores todos a toda a gente.

(Turma D)

Seguidamente, perguntou-se-lhes se tinham conhecimento de uma pessoa se aproveitar

do facto da outra estar sobre o uso de álcool ou drogas para ter relações sexuais (Tabela 23).

Metade dos/as alunos/as disseram que tinham visto casos destes, contudo, vinte e nove

desses/as casos eram casos ambíguos. A maior parte dos casos que conheciam foram

observados em novelas ou filmes sendo que três viram na vida real.

Page 101: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

80

Tabela 23

Situações que viram uma pessoa aproveitar-se do facto da outra estar sobre o uso de álcool ou drogas para ter relações sexuais

(N=86)

Categorias Turmas TOTAL

A (n=23) B (n=18) C (n=19) D (n=26)

f % f % f % f % f %

Casos que conhece Sim 12 52.2 8 44.4 11 57.9 12 46.2 43 50 Não 1 4.3 4 22.2 3 11.5 8 9.3 Não responde 9 39.1 6 33.3 8 42.1 10 38.5 33 38.4 Não se lembra 1 4.3 1 3.8 2 2.3

Viram em novelas ou filmes Um rapaz colocou droga na bebida ou

drogou uma rapariga e tiveram relações sexuais/ violou

2 8.7 1 5.3 2 7.7 5 5.8

Um rapaz colocou droga na bebida de uma rapariga e houve uma violação em grupo

1 5.6 1 1.2

Um homem/rapaz embebedou uma mulher/rapariga e tiveram relações sexuais/ violou

1 5.3 1 3.8 2 2.3

Uma rapariga/mulher drogou ou colocou droga na bebida de um rapaz/homem e tiveram relações sexuais

1 4.3 3 11.5 4 4.7

Aproveitou-se do facto da rapariga estar bêbada para ter relações sexuais

3 15.8 3 3.5

Aproveitou-se do facto do rapaz estar bêbado ou drogado para ter relações sexuais

1 4.3 1 3.8 2 2.3

Viram na vida real Um homem mais velho meteu os dedos na

vagina de uma rapariga alcoolizada em público

1 4.3 1 1.2

Uma rapariga estava sob o efeito de álcool e drogas e foi violada

1 5.3 1 1.2

Uma rapariga/mulher colocou droga na bebida de um rapaz/homem e tiveram relações sexuais

1 3.8 1 1.2

Ambíguas 8 34.8 7 38.9 7 36.8 7 26.9 29 33.7

Das situações observadas em novelas ou filmes, consistiam num rapaz a colocar droga

na bebida de uma rapariga ou drogou-a e tiveram relações sexuais/violou-a (5.8%), uma

mulher/rapariga drogou ou colocou droga na bebida de um rapaz/homem e tiveram relações

sexuais (4.7%) e aproveitaram-se do facto da rapariga estar bêbada para terem relações sexuais

(3.5%). Na vida real, sabiam de casos em que um homem mais velho meteu os dedos na vagina

de uma rapariga alcoolizada em público (1.2%), de uma rapariga que estava sob o efeito de

álcool e drogas e foi violada (1.2%) e de uma rapariga/mulher que colocou droga na bebida de

um rapaz/homem e tiveram relações sexuais (1.2%). Seguidamente, apresenta-se um extrato da

discussão sobre um dos casos que conheciam.

Page 102: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

81

Cátia – eu vi mas foi na vida real. Eu saio à noite e sei lá talvez em bares e discotecas e vejo várias

raparigas, os rapazes chegam oferecem uma bebida, oferecem duas, oferecem três e quando ela já tá

naquele estado dizem “eu vou-te levar a casa ou levo-te para minha casa” e levam. Eu não! sou uma boa

menina mas, mas já vi vários, vários, vários mesmo. E tenho uma, uma pessoa próxima de mim que tem

uma irmã nesta escola, por acaso, que ela estava muito bêbada e tava sob o efeito de droga também e

eles tavam pois, em vez de irem para casa foram fazer uma paragem. Tava ela, três rapazes e mais uma

rapariga e eles pararam não sei onde e depois saiu toda a gente e ficou só essa rapariga que eu conheço

e um rapaz. E eu, ela diz que não se lembra bem mas que sentiu dores, porque ela era virgem e quando

acordou tava cheia de dores, tinha sangue, tinha prontos, ficou super mal e ela não se lembra, que é pior.

Para além de ela ter sofrido a humilhação de provavelmente ser violada, ela não se lembra, tem dores e

ela nem o conhecia. Não se lembra, normalmente a primeira vez as pessoas querem que seja uma coisa

especial. E, nem sequer saber o nome dele é um bocado. Deu para ela aprender acho eu.

(Turma C)

Na tabela 24 são descritos casos que os/as participantes conheciam em que um/a

dos/as namorados/as foi vítima de agressão verbal e humilhação através da internet.

Tabela 24

Casos em que um/a dos/as namorados/as foi vítima de agressão verbal e humilhação através da Internet

(N=86)

Categorias Turmas TOTAL

A (n=23) B (n=18) C (n=19) D (n=26)

f % f % f % f % f %

Conhece casos Sim 11 47.8 3 16.7 5 26.3 2 7.7 21 24.4 Não 5 21.7 6 33.3 7 36.8 10 38.5 28 32.6 Não responde 7 30.4 9 50 7 36.8 14 53.8 37 43

O que se passou O rapaz insulta a rapariga através das

redes sociais ou da internet ou em público

6 26.1 2 11.1 2 10.5 10 11.6

O rapaz postou uma foto íntima da rapariga nas redes sociais (facebook) e telemóvel

1 4.3 1 5.6 1 3.8 3 3.5

A rapariga mostrava-se no skype e depois o namorado postou no facebook

3 13 2 10.5 5 5.8

A rapariga quis acabar com o namorado e ele insultou-a nas redes sociais

1 5.3 1 1.2

O rapaz e a rapariga discutiram e insultaram-se mutuamente através das redes sociais ou em público

2 8.7 2 2.3

Ambíguas 1 3.8 1 1.2 Não responde 12 52.2 15 83.3 14 73.7 24 92.3 65 75.6

Vinte e um/a alunos/as conheciam casos. Dos casos que conheciam contaram que

viram o rapaz a insultar a rapariga através das redes sociais, da internet ou em público (11.6%),

que uma rapariga mostrava-se no skype e depois o namorado postou no facebook, imprimiu e

Page 103: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

82

partilhou para toda a gente ver (5.8%), que postaram uma foto íntima de uma rapariga nas redes

sociais e telemóvel (3.5%) e que observaram o rapaz e a rapariga a discutir e a insultarem-se

mutuamente através das redes sociais ou em público (2.3%). Por fim, um/a aluno/a contou que

uma rapariga quis acabar com o namorado e ele insultou-a nas redes sociais.

Como é exercida a violência no namoro. Durante as suas investigações os/as

alunos/as demonstraram que a violência no namoro é exercida através do controlo (TAG3; TBG2;

TCG1; TCG4), agressão física (estalos, beliscões, empurrões, arranhões) (TAG3; TBG2;TCG4) e

perseguição (TBG2), proibindo ou não querendo que saia com os/as amigos/as (TBG2; TCG1; TCG4).

Também, demonstraram que recorrem à agressão física pelo facto do/a namorado/a ter

recusado ter relações sexuais, insultando e humilhando-o/a à frente das outras pessoas (TBG3).

Um outro grupo refere que numa relação de namoro violenta o/a namorado/a dá ordens ou

toma as decisões pelo outro; não valoriza as suas opiniões; humilha-o/a através de insultos; fica

com medo da reação do/a namorado/a; culpabiliza-o/a pelos comportamentos violentos dele/a;

pressiona para terem relações sexuais sem proteção (TCG1; TCG4) e pressiona a consumir álcool ou

drogas de forma a desinibir o/a outro/a sexualmente (TCG1). A violência também é exercida

quando o/a agressor/a assusta, causa medo (TCG1; TCG3; TCG4) ou isola a vítima (TCG3). Além disso,

dizem que os rapazes recorrem mais à força física e as raparigas ao abuso psicológico (TDG2).

No final do projeto, perguntou-se aos/às alunos/as o que faz um rapaz para pressionar

a rapariga para ter relações sexuais (Tabela 25).

Tabela 25

O que faz um rapaz para pressionar a rapariga a ter relações sexuais

(N=86)

Categorias Turmas TOTAL

A (n=23) B (n=18) C (n=19) D (n=26)

f % f % f % f % f %

Batem ou ameaçam bater para ter relações sexuais com ele

3 13 3 16.7 2 10.5 8 9.3

Diminuem a autoestima da rapariga para ela querer ter relações sexuais

3 13 3 16.7 5 19.2 11 12.8

É romântico, dizendo-lhe o que ela quer ouvir para a convencer a ter rel. sexuais

1 5.3 1 1.2

Ameaça contar coisas íntimas reais ou inventadas da namorada

3 16.7 2 7.7 5 5.8

Ameaça acabar o namoro se ela não tiver relações sexuais com ele

2 8.7 8 44.4 9 47.4 14 53.8 33 38.4

Diz que se não tem relações sexuais é porque não gosta dele

5 21.7 6 33.3 5 26.3 3 11.5 19 22.1

Diz-lhe que já todas as raparigas da idade dela já teve relações sexuais

3 16.7 4 15.4 7 8.1

Não a deixa falar ao telemóvel com as amigas para ela se sentir isolada

3 16.7 3 3.5

Page 104: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

83

Tabela 25

O que faz um rapaz para pressionar a rapariga a ter relações sexuais (cont.)

(N=86)

Categorias Turmas TOTAL

A (n=23) B (n=18) C (n=19) D (n=26)

f % f % f % f % f %

Oferece dinheiro ou prendas para ela querer ter relações sexuais

4 17.4 1 5.3 5 5.8

Faz chantagem ou ameaça-a de que se ela não tiver relações sexuais com ele lhe acontece algo

4 17.4 4 4.7

O rapaz diz na escola que ela é virgem para ela se sentir pressionada e ter relações sexuais

5 19.2 5 5.8

Ambígua 2 8.7 1 5.6 4 21.1 2 7.7 9 10.5 Não sabe 1 5.6 1 1.2 Não responde 10 43.5 3 16.7 8 42.1 10 38.5 31 36

O rapaz pressiona ameaçando acabar o namoro se a namorada não tiver relações

sexuais com ele (38.4%), dizendo-lhe que se ela não tiver relações sexuais com ele é porque não

gosta dele (22.1%) e diminui a sua autoestima para ela ter relações sexuais com ele (12.8%).

Na tabela 26 está a opinião dos/as alunos/as acerca do que faz a rapariga para

pressionar o rapaz para ter relações sexuais.

Tabela 26

O que faz uma rapariga para pressionar o rapaz a ter relações sexuais

(N=86)

Categorias Turmas TOTAL

A (n=23) B (n=18) C (n=19) D (n=26)

f % f % f % f % f %

Bate ao rapaz para ter relações sexuais 4 22.2 2 10.5 6 7 Diz ao rapaz que se não tiver rel. sexuais

com ela diz aos amigos que é impotente 3 13 3 16.7 6 7

Ameaça acabar o namoro se ele não quiser ter relações sexuais

3 13 8 30.8 11 12.8

Seduzem o rapaz para terem rel. sexuais 5 21.7 2 11.1 7 36.8 3 11.5 17 19.8 Diz que se não tem relações sexuais é

porque não gosta dela 2 11.1 2 7.7 4 4.7

Diminuem a autoestima do rapaz para ele querer ter relações sexuais

7 26.9 7 8.1

A rapariga ameaça contar que é virgem para humilhar o rapaz

3 11.5 3 3.5

Diz-lhe que já todos os rapazes da idade dele ou toda a gente já teve rel. sexuais

1 3.8 1 1.2

Ambígua 8 34.8 3 16.7 3 11.5 14 16.3 Não responde 11 47.8 7 38.9 12 63.2 15 57.7 45 52.3

A rapariga para conseguir ter relações sexuais seduz o rapaz (19.8%) e também ameaça

acabar o namoro se ele não quiser ter relações sexuais com ela (12.8%), tal como os rapazes

fazem.

Page 105: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

84

Posteriormente, perguntou-se se é possível haver casos em que uma pessoa obrigue a

outra a ter relações sexuais contra a sua vontade e como é que isso pode acontecer (Tabela 27).

Tabela 27 Possibilidade de haver casos em que uma pessoa obriga a outra a ter relações sexuais contra a sua vontade

(N=86) Categorias Turmas TOTAL

A (n=23) B (n=18) C (n=19) D (n=26)

f % f % f % f % f %

É possível haver casos Sim 17 73.9 10 55.6 13 68.4 14 53.8 54 62.8 Não sei 3 15.8 3 3.5 Não responde 6 26.1 8 44.4 3 15.8 12 46.2 29 33.7

Como pode acontecer Recorrem à agressão física para terem

relações sexuais 16 69.6 7 38.9 15 78.9 11 42.3 49 57

Drogam-nos/nas/alcoolizam-nos/nas para terem rel. sexuais inconscientemente

9 39.1 8 42.1 5 19.2 22 25.6

Ambígua 11 47.8 15 83.3 12 63.2 11 42.3 49 57 Não responde 3 13 3 16.7 3 15.8 8 30.8 17 19.8

Mais de metade dos/as alunos/as responderam que é possível haver casos recorrendo

à agressão física para terem relações sexuais (57%) ou drogando ou alcoolizando a pessoa para

terem relações sexuais inconscientemente (25.6%).

Também lhes foi perguntado se poderia acontecer a pessoas que conhecem na sua

escola se aproveitarem de uma pessoa pelo facto de ele/a estar sob o efeito de álcool ou drogas

para ter relações sexuais (Tabela 28).

Tabela 28

Possibilidades de acontecer a uma pessoa da escola alguém aproveitar-se dela por estar sobre o uso de álcool ou drogas para ter relações sexuais

(N=86)

Categorias Turmas TOTAL

A (n=23) B (n=18) C (n=19) D (n=26)

f % f % f % f % f %

Sim 12 52.2 12 66.7 9 47.4 9 34.6 42 48.8 Não 3 13 1 5.3 1 3.8 5 5.8 Não sei 1 5.6 1 5.3 1 3.8 3 3.5 Não responde 8 34.8 5 27.8 8 42.1 15 57.7 36 41.9

Razões por que pode acontecer (causas) Porque pode acontecer em qualquer lado 5 21.7 5 27.8 7 36.8 7 26.9 24 27.9 Porque há ciganos 1 4.3 1 1.2 Porque na adolescência os jovens podem

beber e drogar-se e depois aproveitam-se da sua inconsciência para ter rel. sexuais

1 4.3 9 50 1 3.8 11 12.8

Devido às influências dos amigos 3 16.7 3 3.5 Porque não estão informados dos perigos

não tendo cuidados com o que bebem e a quem pedem a bebida

5 19.2 5 5.8

Porque na escola não há segurança 2 10.5 2 2.3 Ambíguas 12 52.2 2 7.7 14 16.3

Page 106: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

85

Para os/as alunos/as é possível acontecer casos desses (48.8%), pois pode acontecer

em qualquer lado a qualquer pessoa (27.9%), também porque na adolescência os/as jovens

podem beber e drogar-se e depois aproveitam-se da sua inconsciência para ter relações sexuais

(12.8%). Uma minoria referiu que pode acontecer devido às influências dos/as amigos/as

(3.5%).

Também se perguntou se pode acontecer a pessoas que conhecem no local onde vivem

(Tabela 29).

Tabela 29

Possibilidades de acontecer a pessoas que conhecem no local onde vivem alguém aproveitar-se dela por estar sobre o uso de álcool ou drogas para ter relações sexuais (N=86)

Categorias Turmas TOTAL

A (n=23) B (n=18) C (n=19) D (n=26)

f % f % f % f % f %

Sim 7 30.4 5 27.8 6 31.6 11 42.3 29 33.7 Não 3 13 5 27.8 1 5.3 2 7.7 11 12.8 Não sei 1 4.3 1 5.3 2 2.3 Não responde 12 52.2 8 44.4 11 57.9 13 50 44 51.2

Razões por que pode acontecer (causas) Porque há ciganos 1 4.3 1 5.3 2 2.3 Porque há drogados ou bêbados 2 8.7 2 2.3 Porque havia traficantes 1 4.3 1 1.2 Porque pode acontecer a toda a gente em

qualquer lado 1 4.3 1 5.6 4 21.1 8 30.8 14 16.3

Porque vive num bairro e são pessoas perigosas em quem não se pode confiar

1 4.3 1 1.2

Porque conheço um rapaz que por estar bêbado se aproveitou de uma rapariga

1 5.6 1 1.2

Porque conhece um vizinho que violou a mulher

1 3.8 1 1.2

Porque não conhece as pessoas 3 16.7 1 5.3 4 4.7 Porque na adolescência os jovens podem

beber e drogar-se e depois aproveitam-se da sua inconsciência para ter relações sexuais

1 5.6 1 3.8 2 2.3

Porque não estão informados não têm cuidado com o que bebem e a quem pedem a bebida

5 19.2 5 5.8

Ambíguas 3 13 1 3.8 4 4.7

Alguns/mas alunos/as disseram que pode acontecer no local onde vivem (33.7%).

Fundamentaram a sua resposta afirmando que pode acontecer a toda a gente em qualquer lado

(16.3%) e porque as pessoas não estão informadas não tendo cuidado com o que bebem e a

quem pedem a bebida (5.8%).

Discussão. Tendo em conta as conceções iniciais, a investigação que os/as alunos/as

fizeram e os resultados da discussão em grupo focal, verificou-se uma evolução no

Page 107: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

86

conhecimento sobre os tipos de violência no namoro que existem, tendo atingido as conceções

veiculadas pela Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (s.d.). Também referiram que na

violência no namoro estão incluídos os/as namorados/as heterossexuais e homossexuais tal

como defendido noutros estudos (Costa, Machado, & Antunes, 2009; Saltzman et al., 2002;

Stader, 2011).

Os/as alunos/as nas suas investigações e na discussão em grupo focal referiram que a

violência no namoro pode ser física, sexual, psicológica/emocional tal como referem vários

autores (APAV, s.d; CDC, 2014; Saltzman et al., 2002) e verbal (APAV, s.d). Nas suas

investigações em grupo acrescentaram a violência social e financeira (APAV, s.d).

Os tipos de violência física descritas pelos/as alunos/as neste estudo foram os mesmos

no início e no fim do projeto (estalos ou bofetadas, socos e pontapés), tal como foi referido nos

estudos de Caridade (2008) e Ferreira (2011). Também mencionaram a agressão física, tal

como defende a OMS (2002) e a porrada, tal como em alguns estudos (Ferreira, 2012; Martin et

al., 2012; Howard et al., 2007).

Na violência verbal, os/as alunos/as no início do projeto e no final do projeto

identificaram os insultos tal como se verifica no estudo de Caridade (2008) e Ferreira (2011).

Ainda mantiveram as suas ideias iniciais ao mencionar as discussões, que são descritas também

em outros estudos (Caridade, 2008; Giordano et al., 2010). Também mencionaram a agressão

verbal, podendo os insultos e as discussões estar relacionados com a agressão verbal.

No que diz respeito à violência psicológica, nas conceções iniciais e no final do projeto

mencionaram a chantagem tal como no estudo de Caridade (2008). Nas ideias iniciais ainda

acrescentaram a perseguição e as ameaças como se pode verificar no estudo de Ferreira

(2011). Também identificaram a violência psicológica (OMS, 2002), tendo esta sido mantida no

final do projeto. Contudo, o conhecimento dos/as alunos/as evoluiu surgindo novos tipos de

violência nomeadamente, os ciúmes e as desconfianças que vão ao encontro dos resultados do

estudo de Caridade (2008). Também o desrespeitar o/a outro/a tal como refere a APAV (s.d) e

obrigar o/a outro/a a fazer o que não quer, não gostar e não apoiar foram identificados.

Nas suas investigações em grupo e no final do projeto mencionaram o controlo sobre o

outro/a, sendo isso referido também por outros investigadores (Caridade, 2008). Ainda

refereriram o sentir medo do/a namorado/a assim como, na investigação é defendido o sentir

medo como consequência da violência sexual (Mirsky, 2003) e também a humilhação como a

investigação indica que acontece (CDC, 2014; OMS, 2002; Saltzman et al., 2002), mantendo

Page 108: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

87

assim a sua aprendizagem no final do projeto. Os/as alunos/as na sua investigação ainda

acrescentaram que a violência no namoro também pode ser exercida através da imposição de

ordens, da tomada decisões pelo/a outro/a não valorizando as suas opiniões, assustando e

culpando a vítima pelos seus comportamentos violentos. Além disso isolam-na, proibindo-a de

relacionar-se com os/as amigos/as, tal como verificado na literatura (APAV, s.d; CDC, 2014;

Ferreira, 2011; OMS, 2002; Saltzman et al., 2002).

Por fim, quanto à violência sexual, no início do projeto disseram a violação como é

descrito na literatura (Caridade, 2008; CDC, 2014; Martin et al., 2012; OMS, 1997) e o abuso

sexual como dizem outras investigações (OMS, 1997), tendo a sua resposta evoluído na

discussão em grupo focal onde os/as alunos/as deram uma definição mais específica, dizendo

que acontece quando o/a namorado/a obriga o/a outro/a a ter relações sexuais, assim como

se pode verificar em vários estudos (Caridade, 2008; CDC, 2014; Ferreira, 2011; OMS, 2002).

Os/as alunos na discussão em grupo focal descreveram que existe mais violência física

nos gays do que nas lésbicas e outros/as disseram que têm a mesma força física.

Acrescentaram ainda que há mais violência nos gays com aparência masculina do que

afeminada. Além disso, disseram que o homem heterossexual e o que faz de homem na relação

gay são os que têm mais força física na relação. No entanto, disseram que os homossexuais são

menos violentos que os heterossexuais o que não é verificado no estudo de Costa, Machado e

Antunes (2009).

Os/as alunos/as nas suas investigações, bem como no final do projeto descreveram

casos de violência física no namoro baseados em estalos, resultado este que vai ao encontro da

literatura (Caridade, 2008; CDC, 2014; Ferreira, 2011; Franklin & Kercher, 2012; Howard et al.,

2007; Martin et al., 2012; Saltzman et al., 2002). Os casos que descreveram no final do

projecto também eram baseados no bater, como se verifica noutros estudos (CDC, 2014;

Ferreira, 2011; Howard et al., 2007; Martin et al., 2012; OMS, 2002; Saltzman et al., 2002), e

em puxar o cabelo à namorada.

Os casos de violência verbal relatados pelos/as participantes basearam-se em insultos,

como referem alguns autores acerca da violência emocional/psicológica (Caridade, 2008; CDC,

2014; Ferreira, 2011), e em discussões tal como é identificado por alguns investigadores

(Caridade, 2008; Giordano et al., 2010).

Os/as alunos/as contaram casos em que o rapaz ou a rapariga ameaçaram contar

coisas sobre a sua intimidade. Contaram que o namorado possuía fotos íntimas da namorada e

Page 109: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

88

publicou-as na internet ou telemóvel mostrando a outras pessoas. Também contaram situações

que viram o rapaz a ameaçar se ela não casasse, não ficasse com ele ou que se não fizesse o

que ele queria divulgava segredos íntimos que ela não queria que se soubesse. Além disso,

descreveram situações em que o namorado insultou a namorada através das redes sociais ou

em público ou ambos discutiram e insultaram-se mutuamente nas redes sociais ou em público.

Contudo, houve uma situação em que a rapariga descobriu o rapaz a filmar a intimidade deles e

assim que descobriu agrediu o rapaz e publicou no youtube o momento da agressão. Estas

situações são enquadradas na violência social tal como descrevem vários investigadores (APAV,

s.d; CDC, 2014; Stader, 2011).

Nos casos de violência sexual que contaram, o namorado obrigou a namorada a ter

relações sexuais, tal como aprenderam nas suas investigações em grupo e identificadas na

literatura como forma de exercer a violência sexual (Caridade, 2008; CDC, 2014; Ferreira,

2011). Também mencionaram casos em que o rapaz ameaçou contar coisas sobre a namorada

que ela não queria que se soubesse para conseguir ter relações sexuais e após o ato contou a

toda a gente os pormenores, estratégia que a APAV (s.d) e o CDC (s.d) consideram como forma

de conseguir ter relações sexuais.

Nas suas investigações também aprenderam que os/as agressores/as recorrem aos

insultos ou humilham o/a namorado/a se ele/a se recusar a ter relações sexuais, tal como é

referido pela APAV (s.d) como estratégia para conseguir ter relações sexuais. Além disso, pode

ser também usada a força física (APAV, s.d; Saltzman et al., 2002). Também aprenderam que o

álcool ou as drogas podem ser usadas de forma a desinibir o/a outro/a sexualmente, tal como

aconteceu nas situações que viram em filmes ou novelas ou na vida real, onde se aproveitaram

do facto da rapariga estar bêbada ou drogada para terem relações sexuais/violar ou para tocar-

lhe, sendo também referido que o rapaz ou rapariga colocou droga na bebida ou drogou a outra

pessoa para terem relações sexuais ou para violar. Estas situações são descritas como forma de

exercer a violência sexual tal como refere a literatura (APAV, s.d; Saltzman et al., 2002).

Numa outra dimensão dos resultados, na discussão em grupo focal, disseram que o

rapaz para pressionar a rapariga a ter relações sexuais diminui a autoestima da rapariga ou diz-

lhe que ela não gosta dele. Já a rapariga seduz o rapaz, contudo, ambos ameaçam acabar o

namoro se não tiverem relações sexuais, tal como a APAV (s.d) indica que recorrem às ameaças,

sendo mencionado em alguns estudos que as raparigas têm relações sexuais para não perder o

namorado (Vilaça, 2007). Acrescentaram ainda que para obrigar uma pessoa a ter relações

Page 110: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

89

sexuais podem recorrer à agressão física ou drogam ou alcoolizam a pessoa, tal como refere a

APAV (s.d) e Saltzman et al. (2002).

Os/as alunos/as mencionaram as razões pela qual o/a agressor/a pode aproveitar-se

do facto de uma pessoa estar sobre o efeito de álcool ou drogas para ter relações sexuais na

escola ou no local onde vivem, dizendo que pode acontecer em qualquer lado e porque não

estão informados não tendo cuidado com o que bebem e a quem pedem a bebida. Além disso,

os/as jovens na adolescência podem beber e drogar-se e depois aproveitam-se da sua

inconsciência para terem relações sexuais, tal como no estudo de Vilaça (2007) sobre as causas

da gravidez na adolescência. Uma minoria acrescentou ainda que pode ser devido às influências

dos/as amigos/as assim como estudos indicam que podem ter efeito nos comportamentos

dos/as jovens (Connolly et al., 2004; Leen et al., 2013; Vilaça, 2007).

4.3.2. Consequências da violência no namoro

Quais as consequências da violência no namoro. Nas investigações em grupo

realizadas pelos/as alunos/as, um grupo referiu que as consequências da violência no namoro

podem ser físicas, psicológicas, emocionais e estas consequências podem afetar direta ou

indiretamente a sociedade (TBG1). As consequências mencionadas pelos vários grupos foram:

perda de apetite; nervosismo; gravidez indesejada; doenças sexualmente transmissíveis (TAG1;

TBG1); baixa autoestima; baixo rendimento ou abandono escolar (TAG1; TBG1; TCG3); suicídio;

depressão (TAG1; TAG3; TBG1; TCG3; TDG4); tristeza (TAG1; TAG3; TAG4; TBG1; TCG3); isolamento ou sentir-se

sozinho/a (TAG1; TAG4; TBG1; TCG3; TDG4); sentimentos de culpa (TAG1; TAG4; TBG1; TCG3; TDG3); ansiedade

(TAG1; TAG4; TBG1; TDG4); a agressão física (estalos); mudanças no comportamento (TAG3); traumas ou

perturbações (TAG3; TCG3); sentir-se assustado/a (TAG4); confuso/a (TAG4; TCG3); vergonha (TAG4;

TDG3); desconfiança; insegurança; (TAG4; TCG3); confusão mental; paranoia; fobias; tensão; sente-

se deslocada (TCG3); distúrbios alimentares; raiva (TCG3; TDG4); marcas físicas (TAG1; TBG1; TCG3;

TDG4;); medo (TCG3; TDG3; TDG4) e baixa qualidade de vida (TDG4).

Ao longo da discussão em grupo focal os/as alunos/as foram questionados/as acerca

dos diferentes tipos de consequências da violência no namoro, sendo categorizadas dentro de

cada tipo de violência em consequências de nível físico, psicológico e social.

Page 111: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

90

Consequências da violência física. As consequências da violência física estão

descritas na tabela 30.

Tabela 30

Consequências da violência física entre namorados (N=86)

Categorias Turmas TOTAL

A (n=23) B (n=18) C (n=19) D (n=26)

f % f % f % f % f %

Consequências Físicas Marcas físicas (inclui maus tratos, nódoas

negras, ferimentos, hematomas) 14 60.9 12 66.7 6 31.6 8 30.8 40 46.5

Facadas 5 21.7 5 5.8 Suicídio 14 60.9 4 22.2 8 42.1 26 30.2 Homicídio 3 13 4 21.1 20 23.3 Morte 5 21.7 3 16.7 3 15.8 11 12.8 Ida ao hospital/vai parar ao hospital 6 26.1 6 33.3 12 14 Hemorragias internas 6 26.1 6 7 Gravidez indesejada 3 13 3 3.5 Abortos 3 13 3 3.5

Consequências psicológicas Trauma psicológico 11 47.8 7 38.9 8 42.1 4 15.4 30 34.9 Pode ficar com a vida estragada 4 17.4 4 4.7 Perturbações psicológicas 6 26.1 9 50 11 57.9 3 11.5 29 33.7 Depressão 18 78.3 4 22.2 8 42.1 30 34.9 Falta de confiança noutras pessoas e em

si própria 3 13 3 16.7 4 21.1 10 11.6

Sente vergonha 6 26.1 3 11.5 9 10.5 Sente-se triste 1 5.6 1 1.2 Sente-se humilhado/a 2 11.1 2 2.3 Sente medo do/a agressor/a 7 30.4 3 16.7 4 21.1 4 15.4 18 20.9 Baixa autoestima 9 39.1 4 21.1 6 23.1 19 22.1 Sente-se culpado/a 4 21.1 4 4.7 Receio de namorar outra vez ou não

conseguir outro relacionamento 2 8.7 3 16.7 4 21.1 7 26.9 16 18.6

Consequências sociais Solidão/isolamento 1 4.3 3 15.8 4 15.4 8 9.3 Continua a deixar-se ser agredido/a por

medo de terminar a relação 3 13 3 11.5 6 7

Termina o namoro 8 34.8 8 9.3 Receio em pedir ajuda e desabafar com

outras pessoas 3 11.5 3 3.5

Não responde 2 8.7 3 16.7 4 21.1 12 46.2 21 24.4

Os/as alunos/as identificaram como consequências da violência física a nível físico,

preferencialmente as marcas físicas (46.5%), o suicídio (30.2%) e o homicídio (23.3%). A nível

psicológico, o trauma psicológico (34.9%), a depressão (34.9%), as perturbações psicológicas

(33.7%) e a baixa autoestima (22.1%), entre outras. A nível social referiram o terminar o namoro

e a vítima isolar-se (9.3%).

Page 112: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

91

Consequências da violência verbal. A tabela 31 mostra as consequências da

violência verbal referidas pelos/as alunos/as.

Tabela 31 Consequências da violência verbal entre namorados (N=86)

Categorias Turmas TOTAL

A (n=23) B (n=18) C (n=19) D (n=26)

f % f % f % f % f %

Consequências Físicas Sente náuseas 1 4.3 1 1.2 Sentimento de querer matar o outro ou de

se matar a ele/a próprio/a 4 21.1 4 4.7

Homicídio 1 5.3 1 1.2 Consequências psicológicas

Trauma psicológico 3 16.7 3 3.5 Depressão 3 16.7 3 3.5 Insegurança 4 17.4 4 4.7 Sente vergonha 12 52.2 8 42.1 20 23.2 Sente-se triste 14 60.9 12 66.7 10 52.6 11 42.3 47 54.7 Sente-se humilhado/a 3 16.7 10 52.6 3 11.5 16 18.6 Sente medo do agressor/a 5 21.7 4 21.1 7 26.9 16 18.6 Baixa autoestima 2 11.1 2 10.5 4 15.4 8 9.3 Sente-se culpado/a 3 13 4 22.2 4 21.1 11 12.8 Sente-se ofendida 5 21.7 3 16.7 5 19.2 13 15.1 Sente-se desiludido/a com o agressor/a 3 16.7 3 11.5 6 7 Sente ódio 4 17.4 3 16.7 6 31.6 13 15.1 Não consegue ter relações sexuais com

o/a parceiro/a nem com outra pessoa 3 16.7 3 3.5

Consequências sociais Solidão/ isolamento 3 13 4 22.2 4 15.4 11 12.8 Sente-se traído/a 3 11.5 3 3.5 Receio de pedir ajuda e de desabafar com

outras pessoas 2 8.7 2 2.3

Não responde 6 26.1 3 16.7 5 26.3 12 46.2 26 30.2

A consequência da violência verbal mais destacada nível físico foi o sentimento de

querer matar o outro ou de se matar a ele/a próprio/a (4.7%), tendo sido referido também o

homicídio e as náuseas (1.2%). A nível psicológico, as consequências identificadas

preferencialmente, foram a vítima sentir-se triste (54.7%), com vergonha (23.2%) e sentir-se

humilhada ou com medo do/a agressor/a (18.6%). Por fim, a nível social, identificaram a solidão

e o isolamento (12.8%), o sentimento de traição (3.5%) e o receio em procurar ajuda e de

desabafar com outras pessoas (2.3%).

Consequências da violência sexual. A tabela 32 mostra as consequências da

violência sexual para a rapariga.

Page 113: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

92

Tabela 32 Consequências para a rapariga por ter relações sexuais forçadas (N=86)

Categorias Turmas TOTAL

A (n=23) B (n=18) C (n=19) D (n=26)

f % f % f % f % f %

Consequências Físicas Suicídio 6 26.1 4 21.1 10 11.6 Homicídio 4 21.1 4 4.7 Gravidez indesejada 17 73.9 16 88.9 16 84.2 9 34.6 58 67.4 Aborto 4 17.4 5 27.8 4 21.1 13 15.1 Infeções sexualmente transmissíveis 15 65.2 16 88.9 6 23.1 37 43 Perde a virgindade 3 15.8 3 3.5

Consequências psicológicas Trauma psicológico 5 21.7 3 16.7 9 47.4 8 30.8 25 29.1 Perturbações psicológicas 3 15.8 3 3.5 Depressão 3 13 3 3.5 Sente vergonha 4 17.4 2 11.1 4 21.1 6 23.1 16 18.6 Sente-se triste 3 13 3 3.5 Sente medo do agressor 7 30.4 7 26.9 14 16.3 Baixa autoestima 2 10.5 4 15.4 6 7 Receia namorar outra vez 4 21.1 4 15.4 8 9.3 Sente-se “suja” 5 27.8 9 34.6 14 16.3 Sente-se violada 5 19.2 5 5.8 Não quer ter mais relações sexuais 1 4.3 5 27.8 2 10.5 4 15.4 12 14

Consequências sociais Solidão/ isolamento 4 21.1 4 4.7 Os pais deixam de a respeitar 2 11.1 2 2.3 Sofre pressão psicológica por parte da

família 2 11.1 2 2.3

Os pais põe-na fora de casa se estiver grávida

4 22.2 4 4.7

É mal vista pela sociedade 3 16.7 3 3.5 Não responde 6 26.1 2 11.1 3 15.8 7 26.9 18 20.9

A nível físico, cerca de mais de metade dos/as alunos/as referiu a gravidez indesejada

(67.4%). Também mencionaram as infeções sexualmente transmissíveis (43%), o aborto (15.1%)

e o suicídio (11.6%). A nível psicológico, disseram que as vítimas ficam com trauma psicológico

(29.1%) e sentem vergonha (18.6%). A nível social, referiram que a vítima isola-se (4.7%), que os

pais quando sabem do que lhes aconteceu expulsam-nas de casa se estiverem grávidas (4.7%) e

que, após de terem sido forçadas a ter relações sexuais, são mal vistas pela sociedade (3.5%).

Consequências por terem relações sexuais forçadas. Seguidamente,

apresentam-se as consequências para os rapazes por ter relações sexuais forçadas (Tabela 33).

A nível físico, os/as alunos/as identificaram as infeções sexualmente transmissíveis

(32.6%) e o ser pais sem querer (7%). A nível psicológico, as consequências mais evidenciadas

foram o trauma psicológico (24.4%) e o medo de ter relações sexuais (7%). A nível social, os/as

Page 114: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

93

alunos/as referiram que a vítima isola-se (4.7%) e, tal como para as raparigas, são mal vistos

pela sociedade (3.5%).

Tabela 33 Consequências para os rapazes por ter relações sexuais forçadas (N=86)

Categorias Turmas TOTAL

A (n=23) B (n=18) C (n=19) D (n=26)

f % f % f % f % f %

Consequências Físicas Suicídio 2 8.7 3 15.8 5 5.8 Morte 3 15.8 3 3.5 Ser pais sem querer 3 15.8 3 11.5 6 7 Infeções sexualmente transmissíveis 12 52.2 13 72.2 3 11.5 28 32.6

Consequências Psicológicas Trauma psicológico 5 21.7 3 16.7 3 15.8 10 38.5 21 24.4 Perturbações psicológicas 2 10.5 2 2.3 Depressão 3 16.7 3 3.5 Vergonha de admitir que foram forçados 4 15.4 4 4.7 Sente-se triste 3 11.5 3 3.5 Sente medo da agressora 3 15.8 3 3.5 Receia namorar outra vez 3 11.5 3 3.5 Medo de ter relações sexuais 3 13 3 11.5 6 7 Não quer ter mais relações sexuais 1 5.6 1 1.2 Gosta de ter relações sexuais de qualquer

forma 2 8.7 3 15.8 5 5.8

Não se sente tão pressionado como a rapariga, porque não tem a mesma responsabilidade

4 22.2 4 4.7

Pode ser rebaixado pelos colegas 1 3.8 1 1.2 Consequências Sociais

Solidão/ isolamento 4 15.4 4 4.7 É mal visto pela sociedade 3 16.7 3 3.5

Não há consequências 1 5.3 1 1.2 Não sei 1 4.3 1 1.2 Não responde 6 26.1 4 22.2 6 31.6 12 46.2 28 32.6

Consequências para a pessoa que é ameaçada. Na tabela 34 estão descritas as

consequências para uma pessoa que foi ameaçada de contar aos outros coisas sobre a sua

intimidade.

Apenas foi identificada uma consequência a nível físico, as insónias (2.3%). A nível

psicológico, as mais evidenciadas foram o ter medo (59.3%), a vergonha (32.6%), sentir-se na

obrigação de ceder à chantagem, tendo de fazer o que o/a namorada quer (20.9%), e a tristeza

(17.4%). A nível social, a solidão/isolamento (3.5%) e o medo de socializar e de se aproximar de

alguém (3.5%).

Page 115: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

94

Tabela 34

Consequências para a pessoa que é ameaçada que vão contar aos outros coisas sobre a sua intimidade (N=86)

Categorias Turmas TOTAL

A (n=23) B (n=18) C (n=19) D (n=26)

f % f % f % f % f %

Consequências Físicas Insónias 2 8.7 2 2.3

Consequências Psicológicas Depressão 3 16.7 3 3.5 Falta de confiança em si própria 3 13 3 3.5 Sente-se insegura 1 4.3 2 7.7 3 3.5 Sente vergonha 8 34.8 6 33.3 9 47.4 5 19.2 28 32.6 Sente-se triste 8 34.8 3 15.8 4 15.4 15 17.4 Sente-se humilhada 5 26.3 5 5.8 Sente medo 15 65.2 12 66.7 10 52.6 14 53.8 51 59.3 Baixa autoestima 4 15.4 4 4.7 Sente-se culpado/a 1 4.3 3 16.7 4 4.7 Receio de namorar outra vez 2 8.7 2 2.3 Sente-se desiludida 4 17.4 4 4.7 Sente-se traída/o 3 13 3 16.7 6 7 Sente-se mais tímida 3 13 3 3.5 Sente-se na obrigação de ceder à

chantagem 7 38.9 1 5.3 10 38.5 18 20.9

Sente-se arrependida por ter divulgado a sua intimidade

1 3.8 1 1.2

Sente-se com raiva 2 10.5 2 7.7 4 4.7 Sente-se que não pode fazer nada para

impedir a chantagem 2 7.7 2 2.3

Consequências Sociais Solidão/ isolamento 3 15.8 3 3.5 Medo de socializar e de se aproximar de

alguém 3 13 3 3.5

Não sabe 1 5.3 Não responde 6 26.1 4 22.2 8 42.1 11 42.3 29 33.7

Na tabela 35 estão as opiniões dos/as alunos/as sobre o que é que costuma fazer a

pessoa que é ameaçada de contar coisas sobre a sua intimidade.

Analisadas as suas respostas verifica-se que a nível físico, o suicídio (30.2%) foi o mais

evidenciado, seguindo-se o magoar-se a si próprio/a, cortando-se ou automutilando-se (14%). A

nível psicológico, referiram que a pessoa que é ameaçada sente-se na obrigação de ceder à

chantagem, ou seja, faz o que o/ameaçador/a quer (33.7%). Além disso, também sente medo

(16.3%). A nível social, pode isolar-se (36%), ou vai falar com os pais ou polícia, amigos ou com

outra pessoa (24.4%).

Page 116: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

95

Tabela 35

O que costuma fazer a pessoa que é ameaçada que vão contar aos outros coisas sobre a sua intimidade (N=86)

Categorias Turmas TOTAL

A (n=23) B (n=18) C (n=19) D (n=26)

f % f % f % f % f %

Dimensão Física Magoa-se a si próprio/a, corta os pulsos,

automutilação 9 39.1 3 16.7 12 14

Deixam de comer, distúrbios alimentares 4 17.4 4 4.7 Suicídio 14 60.9 3 16.7 9 47.4 26 30.2

Dimensão psicológica Tenta ir a um psicólogo 4 17.4 3 16.7 7 8.1 Depressão 1 5.3 1 1.2 Falta de confiança noutras pessoas 7 30.4 7 8.1 Sente vergonha 5 21.7 2 7.7 7 8.1 Sente medo 6 33.3 3 15.8 5 19.2 14 16.3 Sente-se na obrigação de ceder à

chantagem 8 34.8 8 44.4 7 36.8 6 23.1 29 33.7

Dimensão social Solidão/ isolamento 15 65.2 8 44.4 4 21.1 4 15.4 31 36 Faz de tudo para resolver o problema 1 5.3 1 1.2 Fala com os pais ou polícia, amigos ou

outra pessoa 4 17.4 11 61.1 2 10.5 4 15.4 21 24.4

Termina o namoro 1 5.6 1 1.2 Foge 4 21.1 4 4.7

Não responde 5 21.7 2 11.1 5 26.3 13 50 25 29.1

Consequências das relações sexuais forçadas sob o efeito do álcool ou

drogas. A tabela 36 descreve as consequências para uma pessoa que teve relações sexuais

porque se aproveitaram do facto de ela estar sobre o efeito do álcool ou de drogas.

Verifica-se que a nível físico a gravidez indesejada e ser pai sem querer foi a mais

apresentada pelos/as alunos/as (34.9%), seguindo-se as infeções sexualmente transmissíveis

(23.3%). A nível psicológico, o trauma psicológico (25.6%) foi o mais referido, seguindo-se a

tristeza (22.1%), a vergonha (15.1%) e as perturbações psicológicas (14%) que a vítima adquire.

A nível social, referiam o facto de a vítima isolar-se (7%) e ficar com medo de sair à noite (4.7%).

Page 117: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

96

Tabela 36

Consequências para uma pessoa que teve relações sexuais porque a outra se aproveitou do facto de ela estar sobre o efeito do álcool ou de drogas

(N=86)

Categorias Turmas TOTAL

A (n=23) B (n=18) C (n=19) D (n=26)

f % f % f % f % f %

Consequências Físicas Suicídio 4 17.4 3 15.8 7 8.1 Homicídio 2 8.7 3 15.8 5 5.8 Morte 3 15.8 3 3.5 Gravidez indesejada / Ser pai sem querer 8 34.8 8 44.4 6 31.6 8 30.8 30 34.9 Aborto 2 8.7 4 21.1 6 7 Infeções sexualmente transmissíveis 4 17.4 11 61.1 5 19.2 20 23.3 Perde a virgindade 2 10.5 1 3.8 3 3.5

Consequências Psicológicas Trauma psicológico 4 17.4 4 22.2 7 36.8 7 26.9 22 25.6 Perturbações psicológicas 5 21.7 2 11.1 5 19.2 12 14 Depressão 7 36.8 7 8.1 Falta de confiança noutras pessoas 4 17.4 4 4.7 Sente vergonha 5 21.7 2 11.1 4 21.1 2 7.7 13 15.1 Sente-se triste 8 34.8 5 27.8 3 15.8 3 11.5 19 22.1 Remorsos por se ter alcoolizado ou

drogado 4 17.4 2 11.1 3 11.5 9 10.5

Medo 1 4.3 3 15.8 5 19.2 9 10.5 Receia namorar outra vez 4 15.4 4 4.7 Sente-se violada/o 3 16.7 3 11.5 6 7 Evita contacto físico e sexual 1 5.3 1 1.2 Continua a consumir drogas 4 17.4 4 4.7 Deixa de consumir bebidas alcoólicas 3 11.5 3 3.5 Sentem culpa mútua 1 5.6 1 1.2 Sente-se nervoso/a 2 11.1 2 2.3 Ameaça o/ a agressor/a 2 11.1 2 2.3 Não se lembra de nada/Perde os sentidos 7 38.9 2 10.5 3 11.5 12 14 Sente ódio 2 7.7 2 2.3

Consequências Sociais Solidão/ isolamento 1 4.3 5 26.3 6 7 Tem medo de sair à noite 4 15.4 4 4.7

Não responde 5 21.7 4 22.2 4 21.1 9 34.6 22 25.6

Consequências para as vítimas de agressões através da internet e telemóvel.

As consequências para uma pessoa que foi vítima de agressões verbais e humilhação através da

internet ou se sms no telemóvel são apresentadas na tabela 37.

A nível físico, o suicídio ou tentativa de suicídio (17.4%) e a morte (3.5%) foram as únicas

consequências identificadas. A nível psicológico mencionaram a tristeza (32.6%), a vergonha

(26.7%) e a humilhação (23.3%) que a vítima sente. A nível social, a vítima isola-se (20.9%) e

quando sofre de violência através das redes sociais apaga ou desativa a conta do facebook

(11.6%).

Page 118: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

97

Tabela 37

Consequências para uma pessoa que foi vítima de agressões verbais e humilhação através da internet ou de sms no telemóvel (N=86)

Categorias Turmas TOTAL

A (n=23) B (n=18) C (n=19) D (n=26)

f % f % f % f % f %

Não há consequências 1 4.3 1 1.2 Consequências Físicas

Suicídio ou tentativa 7 30.4 4 22.2 4 21.1 15 17.4 Morte 3 15.8 3 3.5

Consequências Psicológicas Perturbações psicológicas 1 4.3 4 21.1 2 7.7 7 8.1 Depressão 13 56.5 2 7.7 15 17.4 Falta de confiança noutras pessoas 6 26.1 6 7 Sente vergonha 7 30.4 3 16.7 9 47.4 4 15.4 23 26.7 Sente-se triste 15 65.2 8 44.4 5 19.2 28 32.6 Sente-se humilhado/a 5 21.7 10 55.6 1 5.3 4 15.4 20 23.3 Sente medo do agressor 2 11.1 4 21.1 6 7 Sente ódio 1 3.8 1 1.2 Receia namorar outra vez 2 10.5 4 15.4 6 7 Deseja vingar-se 5 27.8 5 5.8 Sair do país 1 5.3 1 1.2 Começar a consumir álcool ou drogas 4 21.1 4 4.7 Sente-se arrependido/a por ter divulgado a

sua intimidade 1 3.8 1 1.2

Sente-se desiludido/a com o agressor/a 4 15.4 4 4.7 Consequências Sociais

Solidão/ isolamento 6 26.1 4 22.2 6 31.6 2 7.7 18 20.9 Os pais quando sabem batem 4 21.1 4 4.7 Toda a gente fica a saber sobre a vida

dele/a 3 15.8 1 3.8 4 4.7

É mal visto/a pela sociedade 2 8.7 3 16.7 5 5.8 Apaga/desativa a conta do Facebook ou

outras redes sociais 6 26.1 2 10.5 2 7.7 10 11.6

Termina o namoro 2 7.7 2 2.3 Baixa o rendimento escolar 4 17.4 4 4.7

Não sabe 1 4.3 1 1.2 Não responde 3 13 6 33.3 4 21.1 14 53.8 27 31.4

Discussão. Na análise feita aos resultados das conceções iniciais, das investigações

realizadas pelos/as alunos/as e na discussão em grupo focal pode verificar-se que os/as

alunos/as nas suas ideias iniciais já tinham algum conhecimento sobre o tema dando a

conhecer que sabiam muitas das consequências derivadas da violência no namoro. Contudo, ao

longo da discussão em grupo focal e nas suas investigações acrescentaram mais algumas.

Nas conceções iniciais, nas suas investigações, e na discussão em grupo focal, as

consequências a nível físico mais evidenciadas pelos/as alunos/as foram as marcas físicas tal

como o estudo de Chiodo et al. (2009) e a OMS (1997) indicam, a gravidez indesejada também

mencionada na literatura (Mirsky, 2003; Ohnishi et al., 2011; Population Council, 2004; Sinclair

Page 119: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

98

et al., 2013; United Nations Population Fund, 2005) e o suicídio, tal como alguns investigadores

também referem, incluindo os pensamentos e tentativa de suicídio (CDC, s.d; Chiodo et al.,

2009; Howard et al., 2007; Mirsky, 2003; OMS, 1997; Sinclair et al., 2013), mantendo-se estas

ideias desde o início até ao fim do projeto.

Nas ideias iniciais e no final do projeto as suas ideias mantiveram-se, mencionando

novamente o homicídio como a OMS (1997) também assinala. Mencionaram também as

facadas podendo estas estar relacionadas com uso de armas para ameaçar a outra pessoa

como é referido no estudo de Ferreira (2011) e, também, a hospitalização da vítima e a morte,

podendo esta estar relacionada com o homicídio e suicídio anteriormente referidos, tal como o

sentimento de querer matar o/a outro/a ou a ele/a próprio/a que surgiu como ideia nova na

discussão em grupo.

Nas investigações realizadas aprenderam que são consequências da violência no

namoro os distúrbios alimentares que podem estar relacionados com as dietas, identificadas

como fatores de risco no estudo de Chiodo et al. (2009) e, também, as doenças sexualmente

transmissíveis, tal como, referido em várias investigações (Mirsky, 2003; Ohnishi et al., 2011;

Population Council, 2004; Sinclair et al., 2013; United Nations Population Fund, 2005). Esta

aprendizagem manteve-se no final do projeto.

No final do projeto ainda mencionaram o ser pais sem querer, que pode estar

relacionado com a gravidez indesejada (Mirsky, 2003; Ohnishi et al., 2011; Population Council,

2004; Sinclair et al., 2013; United Nations Population Fund, 2005). Acrescentaram ainda a

automutilação, indicada também em alguns estudos (Chiodo et al., 2009; Marshall et al., 2013),

as insónias, que podem estar relacionadas com as disfunções emocionais ao longo da vida

referidas por Sinclair et al. (2013). Por fim, ainda acrescentaram mais algumas, tais como as

náuseas e as hemorragias internas originando o desenvolvimento de problemas de saúde (OMS,

1997), o aborto, também identificado por Mirsky (2003), Sinclair et al. (2013) e pela United

Nations Population Fund (2005), e ainda a perda da virgindade, podendo estar ligada à violação

indicada pelos/as alunos/as nas conceções iniciais.

A nível psicológico, nas ideias iniciais, nas investigações feitas em grupo e na discussão

em grupo as suas ideias mantiveram-se, voltando a referir no final do projeto os traumas

psicológicos tal como refere a OMS (1997), as perturbações psicológicas como é identificado no

estudo de Chiodo et al. (2009), a baixa autoestima como é indicado na literatura (Mpiana,

2011), a tristeza ou sofrimento tal como indicam alguns estudos (Alleyne, et al., 2011; APAV,

Page 120: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

99

s.d; Howard et al., 2007) e a depressão. Também referiram o sentimento de culpa como é

referido por Mpiana (2011); a vergonha tal como refere a APAV (s.d); o sentir medo incluindo

do/a agressor que pode estar relacionado também com o medo em geral, indicado no estudo de

Mpiana (2011), além disso, também pode estar incluído o medo de ter relações sexuais e o

medo em relacionar-se outra vez, como indicaram os/as alunos/as nas ideias iniciais e no final

do projeto. Por fim, indicaram a falta de confiança nas outras pessoas tal como referido pela

APAV (s.d).

Também resultaram das suas aprendizagens o sentir-se nervoso/a e com raiva, ideias

que se mantiveram na discussão em grupo, sendo que a raiva também pode estar relacionada

com o ódio identificado nas suas ideias iniciais. Na discussão em grupo ainda acrescentaram o

facto de a vítima sentir-se na obrigação de ceder à chantagem e a humilhação podendo esta

afetar a autoestima da vítima (CDC, 2014).

A nível social, nas ideias, no processo de aprendizagem e no final do projeto

mencionaram o isolamento tal como refere Mirsky (2003) a propósito das consequências da

violência sexual. Nas ideias iniciais também referiram que a relação de namoro pode terminar,

tal como aconteceu em Ferreira (2011), e a vítima pode ter receio em pedir ajuda e desabafar

com outras pessoas, podendo com o medo não acusar os casos de violência e não contar à

família e amigos/as (CDC, 2014). Estas ideias mantiveram-se no final do projeto.

Durante a investigação em grupo e na discussão em grupo focal referiram que a vítima

pode baixar o seu rendimento escolar, tal como indica CDC (s.d). No final do projeto

acrescentaram que a vítima tem medo de socializar com alguém e tem medo de sair à noite. Tal

como referido anteriormente, pode enquadrar-se no medo referido por Mpiana (2011). Também

acrescentaram que as vítimas sentem-se traídas, que são mal vistas pela sociedade e, no caso

da rapariga, se os pais descobrem que ela está grávida põe-na fora de casa. Contudo, disseram

que podem falar ou fazer queixa aos pais, à policia, aos/às amigos/as ou a outra pessoa e, se

estiverem a sofrer de violência através das redes sociais eliminam a sua conta na rede social.

Estes resultados mostram que os/as alunos/as adquiriram mais conhecimento acerca

das consequências da violência no namoro após a implementação do projeto educativo “Agir

para prevenir: diz não à violência no namoro”.

4.3.3. Causas da violência no namoro

Quais as causas da violência no namoro. Na investigação sobre o tema realizado

pelos/as alunos/as identificaram fatores de risco associados à violência no namoro tal como, o

Page 121: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

100

uso de álcool ou drogas; ter um/a amigo/a envolvido numa relação de namoro violenta; ter

múltiplos parceiros sexuais e estar deprimido e ansioso (TDG1). Foram várias as causas indicadas

por eles/as, nomeadamente os ciúmes (TAG1; TAG3; TBG2; TCG1; TCG3; TCG4; TDG1; TDG2; TDG4); as

perturbações psicológicas; uso de álcool e drogas (TAG1; TBG2); a desconfiança (TAG3; TBG2; TDG2;

TDG4); as crianças crescerem a observar comportamentos de violência ou agressão através dos

pais (TBG2); um dos namorados pensar que tem o direito de decidir determinadas coisas pelo

outro; terem a perceção que o ser masculino é ser agressivo e usar força (TCG1; TCG3; TDG1);

sentimento de posse (TCG1; TCG3; TAG3; TBG2); pensarem que são os responsáveis pelos problemas

na relação; sentirem-se culpados (TCG1; TCG3; TBG2; TBG3; TCG3; TCG4); proteção (TCG3); medos (TCG3;

TDG1); medo de perder o/a namorado/a ou terminar a relação (TAG3; TBG4; TCG3; TCG4); insegurança

(TCG3; TDG4); não haver respeito na relação; acreditarem que é melhor estar numa relação de

namoro violenta do que estar sozinho/a; acreditar que uma bofetada ou um insulto não é

violência; acreditar que a agressão é uma demonstração de amor; o/a agressor/a ser violento é

normal; a pressão do grupo; contínua na relação violenta porque há um ciclo de violência que o

explica, constituído por três fases: acumulação de tensão; explosão violenta e “Lua-de-Mel”

(TDG1); a mentira (TDG2); controlo (TAG3; TDG2; TDG4); toleram a agressão (TBG4; TDG3); desculpabilizam

(TBG3; TBG4; TDG3); traumas do passado; poder (TDG4); acredita que o episódio de violência foi devido

a ter um “mau dia”, problemas com os pais ou na escola ou porque se descontrolou; acredita

em “crenças e mitos” que condicionam comportamentos; acredita que apesar do/a agressor/a

o/a tratar mal gosta dele/a (TBG4); escondem a violência, mentindo; invasão de privacidade

(TAG3); pensam que não podem recusar a ter relações sexuais (TBG2); o/a agressor/a dá

presentes, acaricia para a vítima se esquecer e perdoar; acredita que o/a agressor/a vai mudar;

tem medo de se relacionar outra vez; sente que não suscita interesse noutra pessoa (TBG3); o

respeito impõe-se (TCG1;TDG1); acha que foi um incidente e não haverá uma segunda vez; foi um

ato irracional (TCG3); para o/a agressor/a controlar é normal (TAG3); acredita que o amor muda o

caráter da outra pessoa (TCG4); acredita que se o/a fizer feliz não voltará a ser violento/a;

acredita que o amor ultrapassa tudo (TBG3; TCG4); sente vergonha (TBG3; TCG4; TDG1); gosta dele/a

(TBG3; TDG1); sente-se humilhado/a e não consegue partilhar o seu sentimento com outras

pessoas (TCG4); devido ao sentimento pelo/a agressor/a não o/a quer culpabilizar (TCG3); tem

medo do/a namorado/a; receio em ser julgado/a; estar apaixonado/a e o amor é cego; estar na

relação por obrigação (TAG2), por fim, não se apercebe da gravidade da situação não

reconhecendo a violência que está a sofrer (TAG2; TAG3).

Page 122: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

101

No final, na discussão em grupo focal os/as alunos/as foram questionados/as acerca

dos diferentes tipos de causas da violência no namoro sendo categorizadas dentro de cada tipo

de violência em causas de nível psicológico e social, não sendo identificadas pelos/as alunos/as

causas de nível físico.

Causas da violência física. A tabela 38 mostra as causas da violência física

apresentadas pelos/as alunos/as.

Tabela 38

O que leva um dos/as namorados/as a ser fisicamente violento com o/a outro/a

(N=86)

Categorias Turmas TOTAL

A (n=23) B (n=18) C (n=19) D (n=26)

f % f % f % f % f %

Causas psicológicas Ciúmes 14 60.9 9 50 14 73.7 7 26.9 44 51.2 Desconfiança 12 52.2 2 11.1 5 26.3 8 30.8 27 31.4 Insegurança 4 17.4 4 21.1 4 15.4 12 14 Consumo de drogas 4 17.4 3 15.8 7 8.1 Consumo de álcool 3 13 3 15.8 6 7 Mentira 3 13 3 3.5 Perturbações psicológicas 2 8.7 3 16.7 3 15.8 4 15.4 12 14 Medo 2 11.1 2 10.5 4 4.7 Medo de perder a pessoa de quem gosta 2 7.7 2 2.3 O/a namorado/a não quer ter rel. sexuais 5 21.7 5 26.3 10 11.6 Reproduzir a violência pela qual já passou 2 8.7 2 7.7 4 4.7 A vítima deixa-se ser agredida 3 16.7 3 3.5

Causas sociais Quer controlar o/a companheiro/a 6 33.3 5 26.3 3 11.5 14 16.3 Insultos 5 21.7 5 5.8 Sente-se traído/a 6 26.1 2 11.1 9 47.4 17 19.8 Discussões 8 34.8 1 5.6 9 10.5

Não responde 4 17.4 6 33.3 4 21.1 14 53.8 28 32.6

Analisadas as suas respostas conclui-se que a nível psicológico, as causas mais

evidentes são os ciúmes (51.2%), a desconfiança (31.4%), a insegurança (14%) e as

perturbações psicológicas (14%), tais como a obsessão ou o ter sido vítima de violência pelos

pais. A nível social, o sentimento de traição (19.8%) e o querer controlar o/a namorado/a

(16.3%) foram as principais causas da violência física ditas pelos/as alunos/as.

Causas da violência verbal. Como se pode verificar, as causas da violência verbal

comparativamente às causas da violência física, a nível psicológico voltaram a mencionar as

perturbações psicológicas (11.6%), a insegurança (10.5%) e os ciúmes (7%) (Tabela 39). A nível

social, os insultos (17.4%) e o controlar o/a namorado/a (15.1%).

Page 123: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

102

Tabela 39

Causas da violência verbal (N=86)

Categorias Turmas TOTAL

A (n=23) B (n=18) C (n=19) D (n=26)

f % f % f % f % f %

Causas psicológicas Ciúmes 3 15.8 3 11.5 6 7 Desconfiança 2 7.7 2 2.3 Insegurança 9 34.6 9 10.5 Perturbações psicológicas 4 17.4 3 16.7 3 15.8 10 11.6 O namorado/a não quer ter rel. sexuais 4 17.4 4 4.7 Não ter bom desempenho sexual 1 4.3 1 1.2 Querer vingar-se do/a namorado/a 2 10.5 2 2.3 Reproduzir a violência pela qual já passou 3 15.8 3 3.5

Causas sociais Quer controlar o/a namorado/a 4 22.2 3 15.8 6 23.1 13 15.1 Insultos 5 21.7 7 38.9 3 11.5 15 17.4 Sente-se traído 3 15.8 3 3.5 Discussões 4 17.4 3 16.7 7 8.1 Falta de educação 4 17.4 5 27.8 9 10.5 Stress do trabalho 3 13 3 3.5 Querer terminar o namoro 3 11.5 3 3.5

Não sabe (não está por dentro do assunto) 1 4.3 1 3.8 2 2.3 Não responde 8 34.8 5 27.8 7 36.8 13 50 33 38.4

Causas da violência sexual. A tabela seguinte apresenta as causas da violência

sexual (Tabela 40).

Tabela 40

O que leva o rapaz a pressionar a rapariga para terem relações sexuais (N=86)

Categorias Turmas TOTAL

A (n=23) B (n=18) C (n=19) D (n=26)

f % f % f % f % f %

Causas psicológicas Querer ter prazer 13 56.5 6 23.1 19 22.1 Querer ter relações sexuais 11 47.8 7 38.9 11 57.9 6 23.1 35 40.7 Querer perder a virgindade 5 21.7 4 22.2 3 15.8 12 14

Causas sociais Querer exibir a sua “masculinidade”

perante os amigos 6 26.1 3 16.7 3 11.5 12 14

Por os amigos pressionarem para ele ter relações sexuais

3 16.7 1 3.8 4 4.7

Para ter a mesma experiência sexual dos amigos

3 16.7 2 10.5 6 23.1 11 12.8

Por já ter idade e um namoro “estável” 3 15.8 3 3.5 Humilhar a rapariga 1 4.3 1 1.2 Querer fixar a relação 4 22.2 5 19.2 9 10.5 Querer ter filhos 2 11.1 2 2.3

Não sabe 1 5.3 1 3.8 2 2.3 Não responde 5 21.7 7 38.9 7 36.8 12 46.2 31 36

Page 124: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

103

Quando questionados/as sobre o que leva o rapaz a pressionar a rapariga para ter

relações sexuais, eles/as referiram, a nível psicológico, que o fazem porque querem ter relações

sexuais (40.7%), porque querem ter prazer (22.1%) ou porque querem perder a virgindade (14%).

A nível social, disseram que os rapazes fazem-no para exibir a sua “masculinidade” aos amigos

(14%) e para ter a mesma experiência que eles (12.8%).

A tabela 41 mostra os resultados face à mesma questão mas para as raparigas.

Tabela 41

O que leva a rapariga a pressionar o rapaz para terem relações sexuais (N=86)

Categorias Turmas TOTAL

A (n=23) B (n=18) C (n=19) D (n=26)

f % f % f % f % f %

Causas psicológicas Querer ter prazer 3 13 3 11.5 6 7 Querer ter relações sexuais 8 34.8 5 26.3 13 15.1 Perturbações psicológicas 4 17.4 2 10.5 6 7 Falta de carácter 4 17.4 4 4.7

Causas sociais Querer exibir a sua experiência sexual

perante os amigos 5 21.7 5 19.2 10 11.6

Humilhar o rapaz 3 13 3 3.5 Querer fixar a relação 3 16.7 1 5.3 4 4.7 Para ter a mesma experiência sexual das

amigas 4 22.2 8 30.8 12 14

Por os amigos pressionarem para ela ter relações sexuais

1 5.6 13 50 14 16.3

É menos usual a rapariga pressionar/não é tanto isso

7 38.9 7 8.1

A rapariga não pressiona 3 15.8 3 3.5 Não responde 8 34.8 7 38.9 8 42.1 13 50 36 41.9

A nível psicológico os/as alunos/as também mencionaram o querer ter relações sexuais

(15.1%), e o querer ter prazer (7%), acrescentando que pode ser devido a ter perturbações

psicológicas (7%). A nível social, referiram que a rapariga pressiona porque os/as amigos/as

pressionam para ela ter relações sexuais (16.3%), porque quer ter a mesma experiência sexual

das amigas (14%) ou porque quer exibir a sua experiência sexual aos/às amigos/as (11.6%), tal

como também identificaram para os rapazes que pressionam.

Seguidamente, foi-lhes perguntado o que leva alguém a abusar sexualmente de outra

pessoa (Tabela 42).

As respostas dos/as alunos/as, a nível psicológico, incidiram principalmente no facto de

querer ter relações sexuais (34.9%), seguido de sofrer de perturbações psicológicas (18.6%).

Page 125: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

104

Tabela 42

O que pode levar alguém a abusar sexualmente de outra pessoa (N=86)

Categorias Turmas TOTAL

A (n=23) B (n=18) C (n=19) D (n=26)

f % f % f % f % f %

Causas psicológicas Querer ter relações sexuais 16 69.6 3 16.7 7 36.8 4 15.4 30 34.9 A rapariga ser atraente 2 7.7 2 2.3 Perturbações psicológicas 8 34.8 3 16.7 1 5.3 4 15.4 16 18.6 Falta de caráter 6 26.1 3 11.5 9 10.5 Ser pedófilo/violador 5 21.7 4 15.4 9 10.5 Estar drogado ou alcoolizado 3 13 3 11.5 6 7 Sentir raiva dessa pessoa 1 4.3 1 1.2 Não aceitar o facto da outra pessoa não

querer ter relações sexuais 3 15.8 3 3.5

Obrigar alguém a ter rel. sexuais por não conseguir ter um relacionamento

1 5.3 1 1.2

Causas sociais Violar um rapaz para se vingar do ex-

namorado/a provocando-lhe ciúmes 5 21.7 5 5.8

Querer fixar a relação 3 16.7 3 3.5 Por já ter idade para ter relações sexuais 3 16.7 3 3.5 Os amigos pressionam para ter rel. sexuais 3 16.7 3 3.5 Querer exibir a sua experiência sexual

perante os amigos 2 11.1 3 15.8 1 3.8 6 7

Não sabe 1 3.8 1 1.2 Não responde 7 30.4 7 38.9 8 42.1 12 46.2 34 39.5

A nível social, disseram que as pessoas o fazem por querer exibir a sua experiência

sexual aos/às amigos/as (7%) e cinco alunos/as afirmaram que violam um rapaz para se vingar

do/a ex-namorado/a provocando-lhe ciúmes.

Causas da violência sexual sob o efeito de álcool ou drogas. A tabela 43 revela

quais as causas da violência sexual em pessoas que estão drogadas ou bêbadas.

Tabela 43

O que pode levar alguém a abusar sexualmente de pessoas que estão drogadas ou bêbadas

(N=86)

Categorias Turmas TOTAL

A (n=23) B (n=18) C (n=19) D (n=26)

f % f % f % f % f %

Causas psicológicas Querer ter prazer 3 11.5 3 3.5 Querer ter relações sexuais 6 26.1 4 22.2 5 26.3 1 3.8 16 18.6 A rapariga ser atraente 5 21.7 6 23.1 11 12.8 Perturbações psicológicas 6 26.1 3 16.7 1 3.8 10 11.6 Falta de carácter 11 47.8 3 16.7 14 16.3 Querer perder a virgindade 3 13 3 3.5 Obrigar alguém a ter rel. sexuais por não

conseguir ter um relacionamento 9 39.1 9 10.5

Não consegue convencer essa pessoa a ter rel. sexuais quando está consciente

12 52.2 10 55.6 7 36.8 6 23.1 35 40.7

Reproduzir a violência pela qual já passou 4 21.1 4 4.7

Page 126: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

105

Tabela 43

O que pode levar alguém a abusar sexualmente de pessoas que estão drogadas ou bêbadas (cont.) (N=86)

Categorias Turmas TOTAL

A (n=23) B (n=18) C (n=19) D (n=26)

f % f % f % f % f %

Causas sociais Querer exibir a sua experiência sexual 4 15.4 4 4.7 Ninguém querer ter relações sexuais com

ele/a por ter SIDA 3 13 3 3.5

Considerar que depois a vítima não se vai lembrar

5 26.3 5 5.8

Não responde 6 26.1 8 44.4 8 42.1 15 57.7 37 43

A nível psicológico, acontece pelo facto da pessoa não conseguir convencer a outra a ter

relações quando ele/a está consciente (40.7%) e por querer ter relações sexuais (18.6%),

havendo uma minoria que disse que acontece devido à violência pela qual já passou e quer

reproduzir essa violência (4.7%). A nível social, as pessoas fazem-no porque consideram que a

vítima não se irá lembrar (5.8%) ou também o fazem para exibir a sua experiência sexual (4.7%).

Causas da violência no namoro entre jovens heterossexuais. A tabela seguinte

indica-nos quais as causas da violência no namoro entre os/as jovens heterossexuais (Tabela

44).

Tabela 44

Razões porque existe violência no namoro entre os jovens heterossexuais (N=86)

Categorias Turmas TOTAL

A (n=23) B (n=18) C (n=19) D (n=26)

f % f % f % f % f %

Causas psicológicas Ciúmes 7 30.4 8 44.4 3 15.8 5 19.2 23 26.7 Desconfiança 1 4.3 4 22.2 3 15.8 11 42.3 19 22.1 Insegurança 3 15.8 3 3.5 Mentiras 2 7.7 2 2.3 Raiva 3 15.8 3 3.5 Perturbações psicológicas 5 21.7 5 5.8 Baixa autoestima 2 8.7 2 2.3 Falta de carácter 3 13 1 3.8 4 4.7 Medo de perder o /a namorado/a 6 33.3 1 3.8 7 8.1 Reproduzir a violência pela qual já passou 3 16.7 3 3.5

Causas sociais Quer controlar o/a namorado/a 5 21.7 4 22.2 9 10.5 Desrespeito 4 22.2 7 36.8 11 12.8 Infidelidade 3 13 2 10.5 5 5.8 Discussões 4 17.4 7 36.8 6 23.1 17 19.8 Falta de comunicação 1 5.6 3 15.8 4 15.4 8 9.3 Falta de dinheiro 3 13 3 3.5 Não tem os mesmos sentimentos 3 13 2 11.1 2 10.5 7 8.1

Não responde 11 47.8 5 27.8 7 36.8 15 57.7 38 44.2

Page 127: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

106

A nível psicológico, as principais causas da violência no namoro entre os/as jovens

heterossexuais são os ciúmes (26.7%) e a desconfiança (22.1%). A nível social, são as

discussões (19.8%), o desrespeito entre o casal (12.8%) e o querer controlar o/a namorado/a

(10.5%), exercendo controlo sobre ele/a. Ainda acrescentaram, também a falta de diálogo e

comunicação entre o casal (9.3%).

Causas da violência no namoro entre jovens homossexuais. Seguidamente,

questionou-se os/as alunos/as porquê que existe violência no namoro entre os/as jovens

homossexuais (Tabela 45).

Tabela 45

Razões porque existe violência no namoro entre os jovens homossexuais (N=86)

Categorias Turmas TOTAL

A (n=23) B (n=18) C (n=19) D (n=26)

f % f % f % f % f %

Causas psicológicas Ciúmes 6 26.1 8 44.4 2 10.5 3 11.5 19 22.1 Desconfiança 2 8.7 4 15.4 6 7 Mentira 2 7.7 2 2.3 Perturbações psicológicas 4 17.4 4 4.7 Raiva 2 10.5 2 2.3 Baixa autoestima 5 21.7 5 5.8 Não aceitar a sua orientação sexual 5 19.2 5 5.8 Falta de carácter 2 8.7 2 2.3 Medo de perder o/a namorado/a 3 15.8 2 7.7 5 5.8

Causas sociais Desentendimentos 5 21.7 2 10.5 7 8.1 Infidelidade 1 4.3 5 26.3 6 7 Vergonha de assumir a homossexualidade 1 5.6 2 7.7 3 3.5 Os amigos, família, sociedade não

aceitarem a sua orientação sexual 3 16.7 5 19.2 8 9.3

Falta de dinheiro 5 21.7 5 5.8 Querer controlar o/a namorado/a 4 17.4 5 19.2 9 10.5 Não tem os mesmos sentimentos 1 4.3 1 5.3 2 2.3

Não responde 12 52.2 7 38.9 9 47.4 16 61.5 44 51.2

Tal como para os/as jovens heterossexuais, também identificaram a nível psicológico, os

ciúmes (22.1%) e a desconfiança (7%). A nível social, assim como para os/as jovens hétero,

indicaram o querer controlar o/a namorado/a (10.5%) e os desentendimentos (8.1%).

Acrescentaram ainda o facto de os/as amigos/as, a família e a sociedade não aceitarem

a sua orientação sexual e eles/as ficam revoltados/as acabando por descarregar a sua revolta

no/a namorado/a (9.3%).

Page 128: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

107

Discussão. Após a análise aos resultados das conceções iniciais, das suas

aprendizagens durante as investigações e na discussão em grupo focal, os/as alunos/as

mantiveram as suas ideias, identificando como principais causas da violência no namoro a nível

psicológico, os ciúmes como indica a investigação (APAV, s.d; Caridade, 2008; Ferreira, 2011;

Giordano et al., 2010), a desconfiança considerada no estudo de Caridade (2008) e a

insegurança. Também mencionaram o consumir álcool, tal como indicam vários estudos

(Alleyne, et al., 2011; Machado, 2010; McDonell et al., 2010; Mirsky, 2003; Matos et al., 2009).

O uso de drogas aqui referido também foi referido noutros estudos (Ali & Naylor, 2013; Alleyne,

et al., 2011; Matos et al., 2009; McDonell et al., 2010). As perturbações psicológicas, por

exemplo, a obsessão aqui referida, foi também identificada no estudo de Caridade (2008).

Nas suas investigações também aprenderam que a violência no namoro pode ser devida

à violência que observou na infância nos pais, tal como referido noutros estudos (Caridade,

2008; CDC, s.d; Franklin & Kercher, 2012; Malik et al., 1997; Mirsky, 2003; OMS, 1997;

Oliveira e Sani, 2009; Vézina & Hébert, 2007). Mantendo esta aprendizagem no final do projeto.

A nível social referiram controlar o/a namorado/a, tal como no estudo de Machado

(2010) e os insultos, podendo estes estarem relacionados com o conflito verbal (Giordano et al.,

2010). Contudo, na discussão em grupo focal mantiveram-se as suas ideias iniciais quando

referiram as discussões, tal como se encontrou no estudo de Ferreira (2011); o sentimento de

traição ou infidelidade, tal como no estudo de Giordano et al. (2010) e a falta de diálogo entre os

namorados.

No final do projeto também explicaram porque existe violência no namoro entre jovens

hétero, explicando que acontece porque não se respeitam, tal como refere a APAV (s.d). Nos

jovens homossexuais, existe violência no namoro pelo facto dos amigos, a família, e a sociedade

não aceitarem a sua orientação sexual.

No final do projeto, relativamente às razões porque pressionam as pessoas para terem

relações sexuais, acrescentaram algumas causas a nível psicológico, tais como o querer ter

prazer; querer ter relações sexuais; querer perder a virgindade; não convencer uma pessoa a ter

relações sexuais quando está consciente e aproveitam-se da sua inconsciência, entre outras,

podendo estas causas estar na base da pressão para iniciar a vida sexual (APAV, s.d) ou

acontecer devido a explicações de natureza psicológica ou desenvolvimental (Caridade, 2008). A

nível social, a violência acontece porque querem exibir a sua experiência sexual, querem ter a

mesma experiência sexual dos/as amigos/as ou porque os/as amigos/as pressionam para

Page 129: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

108

terem relações sexuais. Isto vai ao encontro de estudos que indicam que a influência dos pares

pode ser um fator de risco para a violência no namoro (Giordano et al., 2010; Leen et al., 2013;

Vilaça, 2007), tal como a pressão dos pares (Caridade, 2008).

Os/as alunos/as também disseram quais as causas dos abusos sexuais em pessoas

conscientes e em pessoas sob o efeito do álcool ou drogas, dizendo que acontece porque

também querem exibir a sua experiência sexual, para se vingar do ex-namorado/a provocando-

lhe ciúmes ou porque consideram que a vítima não se vai lembrar do que aconteceu.

Como se verifica, o seu conhecimento sobre as causas da violência no namoro evoluiu

após a implementação do projeto educativo “Agir para prevenir: diz não à violência no namoro”,

pois identificaram causas novas no final do projeto.

4.3.4. Gravidade da violência no namoro e estratégias para eliminar o problema

Gravidade da violência. Nas investigações em grupo, alguns grupos referiram que

um em cada quatro jovens em Portugal é vítima de violência no namoro (TAG1; TAG3; TBG2; TDG2;

TDG3), tendo sido mencionado por outro grupo que uma em cada cinco pessoas já passou por

alguma forma de violência no namoro, e quando inclui o abuso verbal a estimativa sobe para

quatro em cada cinco pessoas sendo que nem todas as vítimas são mulheres (TDG2). Ao longo da

discussão em grupo focal os/as alunos/as foram questionados/as acerca da gravidade de

violência no namoro na escola (Tabela 46).

Tabela 46

Gravidade de casos de violência no namoro na escola (N=86)

Categorias Turmas TOTAL

A (n=23) B (n=18) C (n=19) D (n=26)

f % f % f % f % f %

Grau de gravidade da violência no namoro É pouco grave 2 8.7 2 11.1 4 21.1 6 23.1 14 16.3 Não há violência 14 60.9 6 33.3 8 42.1 4 15.4 32 37.2 Não responde 7 30.4 10 55.6 7 36.8 16 61.5 40 46.5

Razões por que há casos de violência grave no namoro na escola Porque as pessoas escondem 7 26.9 7 8.1 Porque já presenciou violência verbal 1 5.6 1 1.2

Razões por que não há casos de violência grave no namoro na escola Porque a escola é pacífica 3 13 3 3.5 Porque os adolescentes são sensatos 2 8.7 2 11.1 3 15.8 7 8.1 Porque há adultos que podem ajudar 2 11.1 1 5.3 3 3.5 Porque se tiverem que bater é fora da

escola 1 5.6 1 1.2

Porque há mais segurança 1 5.6 1 1.2 Porque pouca gente namora 1 5.3 7 26.9 8 9.3 Não têm idade para ser violentos 2 10.5 3 11.5 5 5.8

Page 130: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

109

Cerca de 17% dos/as alunos/as referiram que a gravidade da violência no namoro na

escola é pouca, sendo que 37.2% disse que não há violência no namoro na escola. Dos/as que

disseram que há pouca gravidade, justificaram que pode existir porque as pessoas podem

esconder e não contar a violência que estão a sofrer (8.1%) e, um/a aluno/a disse que pode

acontecer porque já presenciou violência verbal (1.2%). Dos/as alunos/as que afirmaram que

não há violência no namoro, explicaram que é porque pouca gente namora na escola (9.3%), e

porque os/as adolescentes são sensatos/as (8.1%).

A tabela 47 demonstra a gravidade de violência no namoro no local onde vivem.

Tabela 47

Gravidade de casos de violência no namoro no local onde vive (N=86)

Categorias Turmas TOTAL

A (n=23) B (n=18) C (n=19) D (n=26)

f % f % f % f % f %

Grau de gravidade da violência no namoro É pouco grave 2 8.7 3 16.7 6 31.6 5 19.2 16 18.6 Gravidade média 2 8.7 3 16.7 2 10.5 7 8.1 Não há violência 6 26.1 2 11.1 1 5.3 3 11.5 12 14 Não sabe 3 15.8 1 3.8 4 4.7 Não responde 13 56.5 10 55.6 7 36.8 17 65.4 47 54.7

Razões por que há casos de violência grave no namoro no local onde vivem Porque há etnia cigana 1 4.3 1 5.6 1 5.3 3 3.5 Há mais pessoas na rua do que na escola 1 4.3 1 1.2 Porque há muitos bares 1 5.3 1 1.2 Porque as pessoas escondem 1 3.8 1 1.2 Porque já presenciou violência verbal 1 5.6 1 1.2

Mais de metade dos/as participantes não respondeu, 18.6% dos/as alunos/as referiu

que a gravidade é pouca, 8.1% disse que há muita gravidade, sendo que 14% disse que não há

violência no namoro no local onde vivem. Dos/as que referiram que existe violência no namoro,

explicaram que pode haver porque há etnia cigana (3.5%), porque há mais pessoas na rua do

que na escola (1.2%), porque é uma zona com muitos bares (1.2%) e porque as pessoas

também podem esconder a violência que sofrem (1.2%). Além destas justificações também

um/a aluno/a disse que já presenciou violência verbal.

Estratégias para eliminar a violência no namoro. No decorrer das investigações

em grupo os/as alunos/as indicaram algumas estratégias que podem ser utilizadas para

prevenir a violência no namoro, que podem ser: visualização de filmes; análise de folhetos;

debates sobre o tema; análise de notícias de jornal; pesquisas orientadas na internet; jogos de

factos e mitos ou outro material informativo; elaboração e aplicação de entrevistas ou

Page 131: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

110

questionários para investigar o que é a violência no namoro e quais as suas causas e

consequências; estudos de caso para aprenderem estratégias para eliminar as causas do

problema; dar a conhecer os recursos da comunidade aos quais as vítimas e agressores podem

recorrer (TAG2); demonstrar soluções não violentas na resolução de conflitos desenvolvendo

comportamentos pro-sociais; desenvolver competências de comunicação (TAG2; TCG1); não deixar

que o/a namorado/a exerça poder, controle, isole, fragilize ou cause insegurança; não acreditar

que as crises de ciúmes e o sentimento de posse significa que ama; não se sentir

culpabilizado/a; recusar ter relações sexuais quando não quer; ter consciência de que a

violência física não é a única forma de violência num namoro (TBG2). Os conflitos resolvem-se

através do diálogo (TBG4; TDG2); e da procura em conjunto de soluções e, por isso, é importante

distinguir um conflito de uma situação de violência (TBG4). Também é necessário o respeito

mútuo e a ajuda dos familiares e de psicólogos (TDG2).

Além das estratégias referidas, investigaram a quem podiam recorrer para pedir ajuda.

Nos seus trabalhos de grupo referiram que pediam ajuda a psicólogos (TAG3; TCG4); APAV; polícia;

(TAG4; TBG4; TCG2; TDG3); adultos que confiem (TAG4; TCG2; TDG3); familiares (TAG4; TBG2; TCG4; TDG3);

amigos (TAG4; TBG2; TDG3); apoio e orientação psicológica; centros de saúde (TAG4); Instituto

Português da Juventude (TBG4; TDG3); Linha Nacional de Emergência Social (LNES) (TBG4); deve

falar com alguém que auxilie e informe tal como diretor/a de turma (TCG4);

associações/organizações de apoio (TAG4; TCG4; TDG3).

Para ajudar as vítimas de violência no namoro é necessário fazê-las sentirem-se

apoiadas e mostrar-lhes que não estão sós e que têm quem se preocupe com elas; mostrar-lhe

que não é responsável pela violência (TAG4; TDG3); os ciúmes não são justificação; encorajar a

denunciar o ato de violência (TAG4); deve ser respeitado/a (TAG4; TCG4; TDG3); para apoiar e

encorajar mostrar-lhe que a violência no namoro é um crime punível por lei; (TAG4; TCG4); deve-se

mostrar que está a viver uma relação de namoro violenta; tem o direito a viver sem violência e

sem medo; tem o direito à liberdade de escolha e de tomada de decisão, quer seja de

amigos/as, de como gastar o seu dinheiro, se quer ou não ter relações sexuais; tem direito a

exprimir as suas ideias, sentimentos, convicções, competências e talentos; de ter tempo para si;

de ser apoiado/a pela família e amigos/as; se a vítima não conseguir falar com ninguém

procura-se a ajuda de alguém de confiança; tem o direito a não ter namorado/a (TCG4); deve-se

mostrar-lhes que nada justifica o uso de violência e que é possível ultrapassar a situação de

violência (TAG4; TDG3); não deve viver o problema sozinho/a e em silêncio; a violência nunca é

Page 132: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

111

uma forma de expressar o amor e a paixão (TDG3), ou seja, a violência não é um ato normal

(TBG2).

Ao longo da discussão em grupo focal os/as alunos/as foram questionados/as acerca

das estratégias que podem ser usadas para eliminar a violência no namoro.

Em primeiro lugar, perguntou-se-lhes o que faziam para ajudar um/a amigo/a que

estivesse numa situação de violência no namoro (Tabela 48).

Tabela 48

Se tivessem um/a amigo/a nestas situações o que faziam para o/a ajudar (N=86)

Categorias Turmas TOTAL

A (n=23) B (n=18) C (n=19) D (n=26)

f % f % f % f % f %

Ações diretas Falava com os pais para me dizerem como

agir para ajudar a vítima 1 4.3 1 5.3 2 2.3

Falava com os pais da vítima para a tentar ajudar

9 39.1 5 27.8 2 7.7 16 18.6

Falava com um professor ou alguém especializado para me dizerem como agir e para ajudar a vítima

3 16.7 4 15.4 7 8.1

Levava a vítima para um ginásio para aprender a defender-se

2 8.7 2 2.3

Dava conselhos e conversava com a vítima para ajudá-la a proteger-se

16 69.6 12 66.7 6 31.6 10 38.5 44 51.2

Convencia a vítima a ir ao psicólogo 4 17.4 1 3.8 5 5.8 Fazia queixa na polícia do/a agressor/a 12 52.2 12 63.2 4 15.4 28 32.6 Levava a vítima a fazer queixa na polícia

do/a agressor/a 6 33.3 6 7

Fazia queixa do/a agressor/a se a vítima aceitasse

4 15.4 4 4.7

Levava a vítima à APAV 3 16.7 3 3.5 Deixava de ser amigo do/a agressor/a 5 21.7 5 5.8 Esperava o/a agressor/a para falar com

ele/a 11 47.8 8 44.4 4 15.4 23 26.7

Batia no/a agressor/a 9 39.1 2 11.1 2 10.5 4 15.4 17 19.8 Ações indiretas

Palestras 5 21.7 5 5.8 Não me metia se não fosse meu/minha

amigo/a 3 15.8 3 3.5

Não responde 4 17.4 3 16.7 7 36.8 12 46.2 26 30.2

A nível das ações diretas, mais de metade dos/as alunos/as optavam por dar conselhos

e conversar com a vítima para ajudá-la a resolver o problema e a proteger-se (51.2%).

Seguidamente, faziam queixa na polícia do/a agressor/a (32.6%), e também falavam com o/a

agressor/a sobre o problema (26.7%). Já nas ações indiretas, mencionaram as palestras (5.8%),

Page 133: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

112

enquanto três alunos/as afirmaram que se não fosse seu/sua amigo/a não se metiam para

resolver a situação.

Seguidamente, perguntou-se-lhes a quem recorriam se estivessem eles/as a passar por

essa situação (Tabela 49).

Tabela 49

A quem recorriam para pedir ajuda se estivessem numa situação de violência no namoro

(N=86)

Categorias Turmas TOTAL

A (n=23) B (n=18) C (n=19) D (n=26)

f % f % f % f % f %

Melhor amigo/amigos 15 65.2 14 77.8 9 47.4 16 61.5 54 62.8 Pais 13 56.5 4 22.2 5 26.3 14 53.8 36 41.9 Pai 3 13 1 5.6 3 11.5 7 8.1 Mãe 3 13 4 22.2 7 36.8 4 15.4 18 20.9 Irmão 5 21.7 4 22.2 1 5.3 10 11.6 Familiares mais próximos e avós 3 13 3 16.7 2 10.5 7 26.9 15 17.4 Polícia 7 30.4 1 5.6 11 57.9 1 3.8 20 23.3 Instituições/associações (APAV) 3 13 4 22.2 3 11.5 10 11.6 Psicólogos 2 8.7 3 16.7 1 5.3 4 15.4 10 11.6 Pessoa mais velha/ mais experiente 3 11.5 3 3.5 Advogados 1 3.8 1 1.2 A ninguém (defendiam-se eles próprios -

rapazes) 1 4.3 1 1.2

Não responde 2 11.1 3 11.5 5 5.8

Mais de metade dos/as alunos/as recorriam aos/às melhores amigos/as e quase

metade deles/as aos pais (41.9%), havendo também alguma percentagem significativa de

alunos/as que pediam ajuda à policia (23.3%) e à mãe (20.9%).

Seguidamente justificam as razões porque pediam ajuda a essas pessoas (Tabela 50).

Os/as alunos/as explicaram que pediam ajuda ao pai porque protege (2.3%) e tem mais

poder (2.3%). À mãe porque tem mais experiência de vida, apoiam-nos/as e percebem-nos/as

(9.3%) e que podem confiar nela (7%). Aos pais, porque têm mais experiência de vida e podem

ajudá-los/as (5.8%) e porque estão mais informados e percebem melhor em como resolver o

assunto (3.5%). Além dos pais, os/as amigos são uma forte preferência de apoio, pois para

eles/as é mais fácil desabafar com os/as amigos/as do que com os pais (15.1%) e, também,

porque estão mais informados e podem ajudar (9.3%).

Os familiares também são eleitos, pois podem confiar neles (4.7%). A polícia, os

psicólogos e as instituições seriam um bom local onde podiam pedir ajuda pois estão mais

informados e podiam ajudar.

Page 134: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

113

Tabela 50

Razões porque recorriam às diferentes pessoas para pedir ajuda se estivessem numa situação de violência no namoro (N=86)

Categorias Turmas TOTAL

A (n=23) B (n=18) C (n=19) D (n=26)

f % f % f % f % f %

Pai Protege 1 4.3 1 3.8 2 2.3 Porque têm mais poder 2 8.7 2 2.3 Dá-nos segurança 1 4.3 1 1.2

Mãe Pode-se confiar sempre 4 17.4 1 5.6 1 5.3 6 7 Porque tem mais experiência de vida e

ajudam/apoiam-nos mais e percebem-nos

3 13 1 5.6 2 10.5 2 7.7 8 9.3

Tem uma forte ligação emocional 2 10.5 2 2.3 Simultaneamente ao pai e à mãe Porque tem mais experiência de vida e

podem ajudar 2 11.1 3 11.5 5 5.8

São os melhores amigos e confidentes 2 10.5 2 2.3 São defensores e protetores dos filhos 1 3.8 1 1.2 Porque têm mais poder 1 4.3 1 1.2 Conhecem-nos bem 2 7.7 2 2.3 Iam-nos compreender 1 3.8 1 1.2 Estão mais informados e percebem melhor 1 4.3 2 11.1 3 3.5

Amigos Porque têm mais poder 1 4.3 1 1.2 Dá-nos segurança 1 4.3 1 1.2 Podemos confiar neles 3 16.7 4 15.4 7 8.1 Porque tem mais experiência de vida 1 5.6 1 1.2 Estão mais informados e podem ajudar 3 16.7 1 5.3 4 15.4 8 9.3 É mais fácil desabafar com eles do que

com os pais 3 16.7 3 15.8 7 26.9 13 15.1

Apoiam-nos sempre 1 3.8 1 1.2 Familiares

Porque têm mais poder 1 4.3 1 1.2 Podemos confiar neles 2 11.1 1 5.3 1 3.8 4 4.7 É mais fácil desabafar com eles 1 5.6 1 1.2 Estão mais informados e podem ajudar 1 5.6 2 7.7 3 3.5 Estão mais próximos e conhecem-nos bem 2 7.7 2 2.3

Polícia Têm poder judicial 2 10.5 2 2.3 Estão mais informados e podem ajudar 1 5.6 4 21.1 5 5.8 A polícia podia culpabilizar-nos 1 5.3 1 1.2 Como não nos conhecem temos mais à

vontade para falar com eles 2 10.5 2 2.3

Psicólogos Podemos confiar neles 1 4.3 1 1.2 Estão mais informados e podem ajudar 2 11.1 2 7.7 4 4.7 Porque tem mais experiência de vida 1 5.6 1 3.8 2 2.3 Porque têm mais poder 1 4.3 1 1.2 Estão mais próximos e conhecem-nos bem 2 7.7 2 2.3

Razões por que recorriam a instituições Conseguem ajudar 3 13 1 5.6 4 4.7 Porque têm mais informação 1 4.3 2 11.1 3 3.5 Porque se pode confiar 2 11.1 2 2.3

Não responde 13 56.5 6 33.3 7 36.8 14 53.8 40 46.5

Page 135: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

114

Também se perguntou a quem pediam ajuda na escola caso estivessem numa situação

de violência no namoro (Tabela 51).

Tabela 51

Onde se dirigiam na escola para pedir ajuda se estivessem numa situação de violência no namoro (N=86)

Categorias Turmas TOTAL

A (n=23) B (n=18) C (n=19) D (n=26)

f % f % f % f % f %

Na escola onde se dirigiam Funcionário/a da escola 3 13 2 11.1 4 21.1 2 7.7 11 12.8 Professor/a 8 34.8 3 16.7 1 5.3 10 38.5 22 25.6 Direção da escola 5 21.7 3 16.7 4 21.1 3 11.5 15 17.4 Polícia 1 4.3 2 10.5 1 3.8 4 4.7 Diretor/a de turma 5 21.7 1 5.3 2 7.7 8 9.3 Gabinete de Apoio à Promoção do Ambiente Escolar (GAPAE)

4 17.4 4 4.7

Psicólogo/a 4 17.4 5 27.8 2 10.5 11 42.3 22 25.6 Amigos/as 4 22.2 4 15.4 8 9.3 Enfermaria 1 5.3 1 1.2 Não procuravam ninguém 2 11.1 4 21.1 3 11.5 9 10.5 Não responde 6 26.1 4 22.2 4 21.1 8 30.8 22 25.6

Os/as alunos/as elegeram os/as professores/as (25.6%), a/o psicólogo/a (25.6%) e a

direção da escola (17.4%). Seguidamente, justificaram as razões pelas quais não se dirigiam a

ninguém na escola (Tabela 52).

Tabela 52

Razões por que não se dirigiam a ninguém na escola para pedir ajuda se estivessem numa situação de violência no namoro (N=86)

Categorias Turmas TOTAL

A (n=23) B (n=18) C (n=19) D (n=26)

f % f % f % f % f %

Porque o funcionário/professor não faz nada

2 8.7 2 2.3

Porque a direção não faz nada 3 16.7 3 3.5 Porque a direção não pode fazer nada/não

servia de nada 1 5.3 1 1.2

Porque não conhece e não têm confiança nas pessoas da escola

3 16.7 3 3.5

Porque na escola não se mantem a confidência

4 21.1 4 4.7

Porque fazer queixa ou falar a um professor implica falar com os pais

3 16.7 3 3.5

Não se sentem à vontade para falar com os professores

2 7.7 2 2.3

Não há onde recorrer 4 15.4 4 4.7

Na opinião destes/as alunos/as não recorriam à direção, aos funcionários e

professores/as porque não fazem nada, além de que na escola não mantêm a confidência

(4.7%) e porque não há onde recorrer (4.7%).

Page 136: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

115

Posteriormente, também explicaram as razões porque se dirigiam às diferentes pessoas

na escola (Tabela 53).

Tabela 53

Razões por que se dirigiam na escola a pessoas diferentes para pedir ajuda se estivessem numa situação de violência no namoro (N=86)

Categorias Turmas TOTAL

A (n=23) B (n=18) C (n=19) D (n=26)

f % f % f % f % f %

Funcionários São autoridade e segurança 2 8.7 4 21.1 6 7 Protegem e ajudam a resolver o problema 1 3.8 1 1.2 Temos mais afinidades com eles 2 11.1 2 2.3

Diretores de turma Podem ajudar a resolver o problema 2 8.7 2 2.3

Professores São autoridade 3 13 3 3.5 São justos 4 4 4.7 Podemos confiar de que tratam bem dos

assuntos 1 4.3 1 5.3 3 11.5 5 5.8

Temos mais afinidades com eles 2 11.1 2 7.7 4 4.7 Protegem e ajudam a resolver o problema 1 3.8 1 1.2 Compreende os/as alunos/as 1 3.8 1 1.2

Direção Tem o dever de ajudar a resolver o

problema 3 13 1 3.8 4 4.7

Têm autoridade e tratam melhor do assunto

2 8.7 2 11.1 2 10.5 6 7

Podem falar com aos pais sobre o assunto 2 8.7 1 5.3 3 3.5 É um bom local para desabafar 1 5.3 1 1.2 É o local adequado para fazer queixa 1 5.3 1 5.3 Porque protege 1 3.8 1 5.3

Psicóloga Pode fazer algo para os ajudar a resolver o

problema 3 13 3 16.7 5 19.2 11 12.8

Porque tem mais experiência de vida 1 5.6 2 7.7 3 3.5 Sentem mais segurança 2 11.1 2 2.3 Porque protege 1 3.8 1 1.2 Trata de psicopatas 1 5.3 1 1.2 Podem confiar 1 3.8 1 1.2 Compreende os/as alunos/as 1 3.8 1 1.2

Gabinetes (GAPAE) Podiam fazer algo para os ajudar a resolver

o problema 2 8.7 2 2.3

Enfermaria Porque tratam das feridas 1 5.3 1 1.2

Amigos Podem confiar 1 5.6 1 1.2 Não têm vergonha 1 5.6 1 1.2 Compreendem-nos 1 3.8 1 1.2

Não responde 8 34.8 5 27.8 3 15.8 14 53.8 30 34.9

Como se pôde verificar na tabela 51, as pessoas mais preferidas pelos/as alunos/as

para pedir ajuda seriam os/as professores/as, a direção e o/a psicólogo/a. Na tabela 53

Page 137: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

116

justificaram as suas opções, dizendo que recorreriam aos/às professores/as porque confiam,

tratam bem do assunto (5.8%) e são justos (4.7%), além de que têm mais afinidade com eles/as

(4.7%). À direção porque tem o dever de ajudar (4.7%) e tem autoridade e tratavam melhor do

assunto (7%). Para terminar, ao/à psicólogo/a porque pode fazer algo para os/as ajudar a

resolver o problema (12.8%).

Seguidamente, explicaram as razões porque pediam, ou não, ajuda aos pais (Tabela 54).

Tabela 54

Razões por que falavam, ou não, com os pais para pedir ajuda se estivessem numa situação de violência no namoro (N=86)

Categorias Turmas TOTAL

A (n=23) B (n=18) C (n=19) D (n=26)

f % f % f % f % f %

Porque recorriam aos pais Tem mais força e batiam no/a agressor/a 3 13 3 3.5 Os pais são as pessoas em quem mais

confiam para ajudar e confidentes 10 43.5 1 5.6 2 7.7 13 15.1

Confiam na mãe para ajudar a tomar decisões

1 4.3 1 5.6 2 10.5 4 4.7

Tem mais experiência de vida e conhecem-nos desde que nasceram

3 13 2 7.7 5 5.8

Porque não recorriam aos pais Porque têm vergonha de contar aos pais

ou não se sentem tão à vontade 1 4.3 1 5.6 1 5.3 3 11.5 6 7

Os pais culpavam-nos por se deixarem ser vítimas

1 5.3 1 1.2

Têm outra maneira de pensar e queriam resolver os problemas à maneira deles

2 11.1 2 2.3

Podiam reagir mal 1 5.3 1 1.2 Falava com o irmão ou irmã porque sente-

se mais à vontade do que com os pais 3 16.7 3 3.4

Falava com o irmão ou irmã porque confia mais neles e percebem-nos mais do que os pais

2 11.1 2 2.3

O irmão batia no/a agressor/a 2 8.7 2 2.3 Não responde 8 34.8 10 55.6 15 78.9 20 76.9 53 61.6

Os/as alunos/as dirigiam-se aos pais porque são as pessoas em quem mais confiam

para ajudar (15.1%), porque têm mais experiência de vida e conhecem-nos desde que nasceram

(5.8%). Por outro lado, não recorriam aos pais porque têm vergonha de lhes contar por não se

sentirem à vontade (7%). Outros falavam com o/a irmão/a, porque se sentem mais à vontade do

que com os pais (3.4%).

Na tabela seguinte explica-se o porquê que os/as alunos/as se dirigiam aos/às

amigos/as (Tabela 55).

Page 138: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

117

Tabela 55

Razões porque falavam com os amigos para pedir ajuda se estivessem numa situação de violência no namoro

(N=86)

Categorias Turmas TOTAL

A (n=23) B (n=18) C (n=19) D (n=26)

f % f % f % f % f %

Porque recorriam aos amigos Confiam neles 12 52.2 8 44.4 5 26.3 3 11.5 28 32.6 Podem apoiá-los e ajudar 8 34.8 3 16.7 1 5.3 1 3.8 13 15.1 Podem bater no agressor/a 8 34.8 1 5.3 9 10.5 Têm mais afinidades com eles 7 38.9 1 5.3 4 15.4 12 14

Porque não recorriam aos amigos Não se pode confiar neles 3 13 1 5.6 2 10.5 6 7 Não recorreria porque tem mais confiança

nos familiares (pais e irmã) 1 4.3 1 5.3 4 15.4 6 7

Nunca se recorre aos amigos 1 4.3 1 1.2 Não responde 9 39.1 7 38.9 11 57.9 18 69.2 45 52.3

Os/as alunos/as recorriam aos/às amigos/as porque confiam neles/as (32.6%), porque

podem ajudar e apoiá-los/as (15.1%). Por outro lado, alguns/as alunos/as referiram que não

pediam ajuda aos/às amigos/as porque não se pode confiar (7%) e porque têm mais confiança

nos familiares do que nos/as amigos/as (7%).

Estratégias utilizadas na escola. Foi perguntado aos/às alunos/as quais seriam

para eles/as as estratégias que podem ser utilizadas na escola para prevenir a violência física no

namoro (Tabela 56).

Tabela 56

Caraterização das estratégias a usar na escola para prevenir a violência física no namoro adolescente (N=86)

Categorias Turmas TOTAL

A (n=23) B (n=18) C (n=19) D (n=26)

f % f % f % f % f %

Separar os rapazes das raparigas 4 17.4 2 10.5 6 7 Usar uniformes, porque evitava a discussão

por causa da roupa 4 17.4 4 4.7

Câmaras de segurança e seguranças 4 17.4 6 31.6 10 11.6 Não namorar 3 13 1 3.8 4 4.7 Colocar cartazes de sensibilização 4 17.4 4 22.2 2 10.5 10 11.6 Fazer campanhas de sensibilização 7 38.9 6 23.1 13 15.1 Fazer palestras de sensibilização 10 43.5 3 16.7 11 42.3 24 27.9 Aulas de educação sexual 3 16.7 3 3.5 Haver mais atenção por parte dos/as

professores/as, funcionários/as e alunos/as sobre a violência

4 15.4 4 4.7

Aconselhar/levar a um psicólogo 2 7.7 2 2.3 Avisar os/as alunos/as para denunciarem

os casos de violência no namoro 4 22.2 4 4.7

Não fazer nada 1 5.6 4 21.1 5 5.8 Não sabe 2 7.7 2 2.3 Não responde 8 34.8 6 33.3 7 36.8 11 42.3 32 37.2

Page 139: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

118

As estratégias que podem ser utilizadas para prevenir a violência física no namoro na

escola são a realização de palestras ou ações de sensibilização (27.9%) ou a realização de

campanhas de sensibilização (15.1%), entre outras. Contudo, alguns/mas alunos/as referiram

que não faziam nada (5.8%).

A tabela 57 descreve as estratégias que os/as alunos/as utilizariam para prevenir a

violência verbal no namoro adolescente.

Tabela 57

Caraterização das estratégias a usar na escola para prevenir a violência verbal no namoro adolescente (N=86)

Categorias Turmas TOTAL

A (n=23) B (n=18) C (n=19) D (n=26)

f % f % f % f % f %

Castigos e multas quando dissessem um palavrão

7 30.4 7 8.1

Palestras/ações de sensibilização 2 11.1 2 2.3 Ensinar a saber dizer “não” mantendo o

respeito 3 16.7 3 3.5

Mais segurança na escola 1 4.3 1 1.2 Campanhas de sensibilização 2 11.1 4 15.4 6 7 Aumentar a educação na escola e em casa 4 21.1 1 3.8 5 5.8 Aconselhar a falar com o psicólogo ou com

alguém 4 15.4 4 4.7

Aumentar o carinho diminuindo a agressividade

1 5.6 1 3.8 2 2.3

Não somos capazes de eliminar 8 34.8 2 11.1 8 42.1 6 23.1 24 27.9 Não sabe 2 10.5 2 2.3 Não responde 11 47.8 9 50 7 36.8 14 53.8 41 47.7

Para alguns/mas alunos/as eles/as não são capazes de eliminar a violência verbal

(27.9%). As estratégias por eles/as indicadas foram os castigos e multas (8.1%) e as campanhas

de sensibilização (7%) através, por exemplo, de vídeos para sensibilizar os/as jovens a não

exercer violência. Também se devia aumentar a educação das pessoas na escola e em casa

(5.8%) e também aconselhar os/as jovens a conversar com um psicólogo ou com outra pessoa

(4.7%).

Na tabela 58 estão descritas as estratégias que os/as alunos/as utilizariam para acabar

com a humilhação através da internet ou sms no telemóvel na escola.

Para acabar com a humilhação através da internet ou de sms no telemóvel na escola

seria eliminar o facebook e outras redes sociais (37.2%), proibir o acesso a séries, sites e redes

sociais (11.6%) e denunciar na polícia ou a outra pessoa este tipo de violência (8.1%). Contudo,

cerca de oito alunos/as afirmaram que não são capazes de eliminar.

Page 140: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

119

Tabela 58

Caraterização das estratégias a usar na escola para acabar com a humilhação através da internet ou sms no telemóvel na escola

(N=86)

Categorias Turmas TOTAL

A (n=23) B (n=18) C (n=19) D (n=26)

f % f % f % f % f %

Proibir o acesso a séries/sites e redes sociais

5 21.7 5 26.3 10 11.6

Controlo parental e escolar 2 8.7 2 7.7 4 4.7 Eliminar o facebook/redes sociais 12 52.2 9 50 6 31.6 5 19.2 32 37.2 Fazer queixa à polícia ou a outra

pessoa/denunciar sites 2 11.1 1 5.3 4 15.4 7 8.1

Acabar com os telemóveis ou muda-se de número

3 15.8 3 3.5

As pessoas serem mais respeitadoras 3 13 3 3.5 Mostrar os perigos da internet e os

cuidados a ter para se protegerem 6 23.1 6 7

Não somos capazes de eliminar 1 4.3 4 22.2 3 15.8 8 9.3 Não responde 6 26.1 3 16.7 8 42.1 11 42.3 28 32.6

Estratégias a utilizar no local onde vivem. Também se perguntou aos/às

alunos/as quais as estratégias a utilizar para prevenir a violência no namoro no local onde vivem

(Tabela 59).

Tabela 59

O que podemos fazer para prevenir a violência no namoro no local onde vivemos

(N=86)

Categorias Turmas TOTAL

A (n=23) B (n=18) C (n=19) D (n=26)

f % f % f % f % f %

Reforçar a guarda policial 7 30.4 7 8.1 Denunciar 13 56.5 4 22.2 3 11.5 20 23.3 Pedir ajuda 4 22.2 4 4.7 Pedir ajuda aos vizinhos 6 26.1 2 11.1 8 9.3 Mobilizar o condomínio para anunciar o

problema 4 22.2 4 4.7

Aconselhar/informar as pessoas 2 8.7 5 27.8 7 26.9 14 16.3 Haver no local um psicólogo 2 8.7 2 2.3 Campanhas de sensibilização 2 11.1 6 23.1 8 9.3 Palestra 1 3.8 1 1.2 Não somos capazes de prevenir 1 4.3 2 11.1 10 52.6 1 3.8 14 16.3

Não sabe 1 3.8 1 1.2 Não responde 8 34.8 5 27.8 9 47.4 13 50 35 40.7

A estratégia mais evidente seria denunciar os casos de violência no namoro (23.3%),

seguindo aconselhar e informar as pessoas sobre o problema (16.3%), embora, alguns/mas

alunos/as tivessem referido que não são capazes de eliminar a violência no namoro no local

onde vivem (16.3%).

Page 141: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

120

Por fim, perguntou-se-lhes o que eles/as e todos nós podemos fazer para não haver

violência na nossa relação de namoro (Tabela 60).

Tabela 60

O que podemos fazer para não haver violência na nossa relação de namoro (N=86)

Categorias Turmas TOTAL

A (n=23) B (n=18) C (n=19) D (n=26)

f % f % f % f % f %

Impor limites – ter consciência até onde se pode ir

3 13 1 5.6 3 15.8 3 11.5 10 11.6

Respeitar o outro 14 60.9 8 44.4 7 36.8 8 30.8 37 43 Ser fiel 3 13 3 15.8 6 7 Não deixar exercer poder 6 33.3 3 15.8 9 10.5 Não namorar 2 8.7 1 5.3 3 3.5 Se for uma relação violenta terminar a

relação ou terminar antes que se torne violenta

3 13 6 31.6 2 7.7 11 12.8

Denunciar à polícia 2 8.7 2 2.3 Dialogar sobre os problemas e resolvê-los

a bem percebendo o ponto de vista da outra pessoa

4 17.4 3 16.7 4 21.1 14 53.8 25 29.1

Confiar no outro/a 3 13 8 44.4 10 52.6 16 61.5 37 43 Controlar os ciúmes 8 44.4 6 23.1 14 16.3 Partilhar sentimentos 1 5.6 2 7.7 3 3.5 Ser compreensivos 4 22.2 7 26.9 11 12.8 Ser amigo um do outro 3 15.8 3 3.5 Ser sincero 5 19.2 5 5.8

Não responde 7 30.4 1 5.6 5 26.3 5 19.2 18 20.9

Para não haver violência no namoro os/as alunos/as defenderam que deve haver

respeito (43%) e confiança num relacionamento (43%), numa relação baseada no diálogo de

forma a resolver os problemas tendo em conta o ponto de vista da outra pessoa (29.1%). Além

disso, devemos controlar os ciúmes (16.3%) e ser compreensivos (12.8%). Por último, disseram

que se alguém estiver numa relação violenta deve terminar essa relação ou terminar antes que

se torne violenta (12.8%).

Discussão. Os/as participantes neste estudo referiram através das suas investigações

que em Portugal existe violência no namoro nos/as jovens, tal como foi verificado em estudos

realizados por Caridade (2008) e Ferreira (2011). Os estudos internacionais também

comprovam as investigações realizadas pelos/as alunos/as que referiram que uma em cada

cinco pessoas do sexo feminino, incluindo adolescentes, têm sido abusadas sexualmente ou

fisicamente por um homem na sua vida (OMS, 1997).

Page 142: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

121

Na discussão em grupo focal deram a sua opinião sobre a gravidade da violência no

namoro na escola e no local onde vivem. A maioria dos/as alunos/as que responderam a esta

questão referiram que existe pouca ou não há violência quer na escola quer no local onde vivem.

Os/as alunos/as que disseram que existe pouca violência justificaram-na dizendo que pode

haver porque já presenciaram violência verbal, e porque as pessoas a escondem não dando a

conhecer a violência que sofrem, tal como refere Caridade (2008) e Mirsky (2003). Também

acrescentaram que na escola não há violência porque pouca gente namora e os/as adolescentes

são sensatos/as. No local onde vivem pode haver porque já presenciaram violência verbal, há

etnia cigana, existem mais pessoas, é um local com bares e também porque as pessoas podem

esconder e não contar.

Os/as alunos também descreveram o que faziam caso tivessem um/a amigo/a numa

situação de violência no namoro, mencionando que para o/a ajudar davam-lhes conselhos e

conversavam com a vítima, faziam queixa do/a agressor/a ou até mesmo falavam com o/a

agressor/a. Acrescentaram que também podiam realizar palestras ou então não se metiam se

não fosse amigo/a deles/as.

Como foi demonstrado, os/as alunos/as nas suas investigações em grupo e na

discussão em grupo focal mencionaram algumas estratégias que podem ser adotadas para

prevenir a violência no namoro. Nas suas investigações em grupo o diálogo foi indicado como

uma forma de resolver e prevenir os conflitos, assim como é defendido pelo CDC (s.d) e por

Ferreira (2011) e, o respeitarem-se mutuamente também mencionado pelo CDC (s.d). Esta

aprendizagem manteve-se no final do projeto.

Nas investigações em grupo mencionaram a análise de folhetos, debates sobre o tema,

análise de notícias de jornal, entre outras que vão de encontro às ideias que lhes foram

fornecidas no material didático que selecionaram para a sua investigação. Contudo, no final do

projeto referiram estratégias a usar na escola que podiam ser palestras/ações de sensibilização,

campanhas de sensibilização com material, como vídeos ou panfletos, para informar as pessoas

e desta forma prevenir a violência no namoro como se verifica em estudos semelhantes (Viegas

& Vilaça, 2011; Vilaça, 2007), sendo os panfletos uma forma de dar a conhecer o tema (Martin

et al., 2012). Também referiram que se deve aconselhar a pessoa a ir falar com um/a

psicólogo/a, tal como já tinham dito os/as alunos/as no estudo de Viegas e Vilaça (2011) e

aumentar a educação em casa e na escola, tal como é defendida na educação dos/as jovens

(Chiodo et al., 2009), desenvolvendo assim estratégias de prevenção que possam ser adotadas

Page 143: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

122

por toda a comunidade (CDC, s.d). Também mencionaram que para eliminar a violência social

através da internet devia eliminar-se o facebook, proibir o acesso a sites e redes sociais ou

denunciar os casos de violência.

Para prevenir a violência no local onde vivem também devia denunciar-se os casos de

violência no namoro e aconselhar e informar as pessoas. Contudo, quer na escola quer no local

onde vivem, alguns/mas alunos/as disseram que não havia nada a fazer ou que não eram

capazes de prevenir pois as pessoas gozam, não vão mudar de ideias pois só com os erros é

que aprendem e também porque é difícil de eliminar.

Por fim, para não haver violência nos seus relacionamentos mencionaram que deve

haver respeito e diálogo sobre os problemas, como referido anteriormente, havendo confiança,

controlo dos ciúmes e mais compreensão entre casal. No caso de estar numa relação de

namoro violenta, terminar o namoro tal como é também verificado na literatura (Ferreira, 2011)

ou terminá-lo antes que se torne violento.

No que diz respeito a quem recorriam caso sofressem de violência no namoro, quer na

investigação que fizeram quer na discussão em grupo focal mencionaram os/as melhores

amigos/as, tal como se verifica em vários estudos (Caridade, 2008; Ferreira, 2011; Martin et al.,

2012; Ohnishi et al., 2011) e os pais ou familiares (Caridade, 2008; Martin et al., 2012).

Também mencionaram a polícia como um serviço mais formal (Martin et al., 2012) ou

psicólogos (Caridade, 2008; Ohnishi et al., 2011). Na discussão em grupo focal ainda

acrescentaram a mãe ou irmão/irmã (Ohnishi et al., 2011).

Justificaram a sua escolha dizendo que na mãe, nos pais e familiares pode confiar-se e

porque os pais e a mãe têm mais experiência de vida, podendo ajudá-los/as/apoiá-los/as e

percebê-los. Os pais, a polícia, psicólogos e amigos/as têm mais informação e podem os ajudar.

Acrescentaram ainda que com os/as amigos/as é mais fácil desabafar do que com os pais.

Sendo os pais e os/as amigos/as a fonte de apoio mais referida, também alguns/mas

alunos/as explicaram porque é que não recorriam a cada um deles. No que diz respeito aos pais

justificaram que não recorreriam porque têm vergonha de lhes contar ou não se sentem à

vontade recorrendo então ao/à irmão/irmã. Aos/às amigos/as, não recorriam porque não se

pode confiar recorrendo aos familiares porque têm mais confiança neles.

Quanto aos pedidos de ajuda na escola, os/as alunos/as na discussão em grupo focal

elegeram os professores, a psicóloga e a direção da escola como preferência no pedido de ajuda

mas, no estudo de Ohnishi et al. (2011) o resultado é o oposto, sendo referido que nenhum dos

Page 144: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

123

participantes pediu ajuda aos professores. Na investigação em grupo também mencionaram o/a

diretor/a de turma tendo sido referido também no final do projeto.

Uma quarta parte dos/as alunos/as elegeram os professores porque confiam, são justos

e têm mais afinidade com eles, e a direção porque tem autoridade na escola e tem o dever de

ajudar a resolver o problema. Por último, escolhiam a psicóloga porque também podia ajudá-los

a resolver o problema. No entanto, houve uma minoria de alunos/as que não se dirigiam a

professores/funcionários ou à direção da escola porque consideraram que não fazem nada para

os ajudar, porque não há confidência na escola e porque também não há onde possam recorrer.

4.3.5. Visões para o futuro sobre a violência no namoro

Turma A. A visão da turma sobre o que desejavam para o namoro no futuro foi:

Para o futuro queremos que no namoro entre os adolescentes haja felicidade, prosperidade, confiança,

lealdade, liberdade. Queremos que o namoro seja uma relação descontraída e verdadeira, séria e fiel, com

carinho e afetividade sem qualquer tipo de violência física, verbal, psicológica ou sexual. Além disso, no

namoro deve haver respeito um pelo outro nas tomadas de decisão, não pressionando o/a parceiro/a para

ter relações sexuais (Turma A).

Turma B. Nesta turma B acrescentaram que antes de namorarem deve haver uma boa

amizade conhecendo-se bem um ao outro, onde ambos partilhem tudo em conjunto. Ainda

acrescentaram que os rapazes e raparigas deviam ter aulas de autodefesa como se pode ver a

seguir:

Para o futuro gostaríamos que o namoro entre os adolescentes fosse baseado no respeito pelas ideias e sua

equidade, que haja confiança um no outro e respeito na relação, onde ambos partilhem em conjunto tudo,

mas antes de serem namorados devem ter uma boa amizade e conhecerem-se bem um ao outro. Por fim,

numa relação de namoro as raparigas deviam ter aulas de autodefesa sendo que os rapazes também

(Turma B).

Turma C. A turma C organizou assim as suas visões:

A turma gostaria que o namoro entre os adolescentes no futuro fosse baseado na liberdade, confiança e no

respeito, havendo respeito nas opiniões. No relacionamento o/a namorado/a não sufoque dando espaço na

relação, partilhando coisas. No relacionamento deve haver uma melhor comunicação e conversa entre os

parceiros sendo o namoro baseado no amor e carinho (Turma C).

Page 145: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

124

Esta visão tem de novo em relação à turma B a liberdade, o amor e carinho e em relação

à turma A a partilha. Acrescentaram ainda que deve haver comunicação e diálogo entre os/as

namorados/as, sendo que no relacionamento o/a namorado/a deve dar espaço na relação, não

sendo referidas na turma A e B.

Turma D. Segue-se as visões apresentadas à turma:

A turma gostaria que o namoro entre os adolescentes no futuro fosse baseado na cumplicidade, que

houvesse mais sinceridade, houvesse exclusividade no namoro e respeito. Queremos que no futuro o/a

namorado/a pense no/a companheiro/a e não só nele/a próprio/a, que o namoro seja por amor e não por

interesse e que sejam fiéis um ao outro. Não queremos que as relações sexuais sejam forçadas, queremos

que aconteçam naturalmente. Havendo algum problema no relacionamento, queremos que os namorados

dialoguem sobre os problemas um com o outro e não com outras pessoas (Turma D).

As visões acrescidas que não foram identificadas nas três turmas anteriores foram a

sinceridade, a exclusividade e que o namoro não deve ser por interesse, sendo que o/a

namorado/a não deve pensar só nele/a próprio/a.

Discussão. As turmas no geral perspetivaram um namoro adolescente onde houvesse

respeito, confiança, partilha de sentimentos e liberdade. Neste estudo, os/as alunos/as foram

capazes de desenvolver visões utilizando esta metodologia de ensino, tal como já tinha sido

conseguido noutros estudos semelhantes (Rodrigues & Vilaça, 2011; Vilaça, 2006; Vilaça &

Jensen, 2010).

4.4. Ações e mudança

Todas as turmas escolheram como ação contribuir para o aumento de conhecimento

dos seus pares sobre a violência no namoro e, no final, estabelecer um contrato com os

comportamentos e atitudes que todos/as se comprometiam a seguir para prevenir a violência no

namoro. O que mudou de turma para turma foi o material selecionado para educar e a avaliação

da ação.

Turma A. Para realizar a sua ação à turma apresentaram os seus trabalhos em

powerpoint, cartolina e em vídeo. Os resultados das fichas das avaliações feitas por estes/as

alunos/as aos seus pares encontram-se no apêndice 6.

Page 146: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

125

Turma B. Na turma B foram realizados cinco trabalhos de grupo que foram

apresentados em powerpoints, cartolinas e vídeos. Os resultados das fichas das avaliações feitas

por estes/as alunos/as aos seus pares encontram-se no apêndice 7.

Turma C. Na turma C foram realizados quatro trabalhos de grupo que foram

apresentados em powerpoints e num software de apresentação chamado powtoon. Os

resultados das fichas das avaliações feitas por estes/as alunos/as aos seus pares encontram-se

no apêndice 8.

Turma D. Na turma D foram realizados quatro trabalhos de grupo que foram

apresentados em powerpoints, em cartolina e apresentaram vídeos de sensibilização. Os

resultados das fichas das avaliações feitas por estes/as alunos/as aos seus pares encontram-se

no apêndice 9.

Discussão. Os/as alunos/as para atingir as suas visões e agir de forma a eliminar a

causa do problema da violência no namoro escolheram a educação pelos pares para ensinar às

turmas o que aprenderam sobre a problemática e assim prevenir a violência no namoro,

provocando a mudança. Para realizar a ação a cada turma os/as alunos/as juntamente com a

formadora planificaram a ação tendo delineado quem ia representar o grupo na apresentação da

ação. As ações foram apresentadas a quatro turmas, umas do 7º ano e outras do 8º ano, que

não participaram no projeto. Nas ações as turmas apresentaram os trabalhos resultantes da fase

de investigação realizada durante o projeto educativo, assim como no estudo de Rodrigues e

Vilaça (2011). As apresentações dos trabalhos foram realizadas através de powerpoints, vídeos,

cartolinas e powtoon.

No final da ação os/as alunos/as entregaram uma ficha de avaliação para averiguar se

a sua ação resultou na mudança desejada, tal como no estudo de Rodrigues & Vilaça (2011).

No geral, verificou-se que os/as alunos/as de todas as turmas gostaram da ação

realizada. A avaliação da ação mostrou que a turma conseguiu identificar as principais causas da

violência no namoro tais como o desrespeito, o controlo e os ciúmes. Também demonstraram

conhecimento acerca das consequências da violência no namoro dizendo que podem ser as

marcas físicas, o suicídio, as perturbações psicológicas, a depressão, o consumo de álcool e

drogas, perda de apetite, sentir-se triste, o isolamento, o medo e terminar o namoro.

Na ficha de avaliação também avaliaram o seu conhecimento acerca das estratégias e

das fontes de apoio a quem se pode recorrer em casos de violência no namoro. As estratégias

Page 147: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

126

mais identificadas pelas turmas foram os pedidos de ajuda, falar com alguém e pedir conselhos,

conversar com a família ou amigos, o diálogo com o/a namorado/a ou ligar à polícia.

As pessoas mais mencionadas pelos/as alunos/as para o apoio foram os/as

psicólogos/as, familiares, os pais, melhores amigos/as, polícia e as associações.

Estes resultados demonstraram que a ação teve um impacto positivo nos pares

verificando-se que tinham conhecimento acerca do tema apresentado.

4.5. Avaliação do projeto pelos/as participantes

4.5.1. Avaliação das sessões

Seguidamente são apresentadas as avaliações das sessões que surgiram da análise de

conteúdo dos diários. No apêndice 10 estão as respostas à questão “O que gostaram mais nas

sessões?”.

Após a análise feita aos diários das sessões dos/as alunos/as conclui-se que a grande

maioria dos/as alunos/as gostaram das sessões realizadas. Na primeira sessão o que gostaram

mais foi o tema em si e a apresentação do projeto. Na segunda sessão, foi ver os vídeos que a

formadora apresentou. Na terceira sessão, foi partilhar as suas ideias em turma e novamente o

tema. Na quarta sessão, foi fazer a investigação sobre o tema e do marcador de pesquisa que

ajudou na investigação. Na quinta sessão, gostaram de planificar o trabalho de grupo e trabalhar

em grupo. Na sexta sessão, o que mais gostaram foi a apresentação dos trabalhos dos outros e

de apresentar o seu próprio trabalho de grupo. Na sessão sete, também mencionaram ter

gostado da apresentação dos trabalhos dos outros grupos da turma. Na oitava sessão, gostaram

de planificar a ação e de terem aumentado o seu conhecimento. Por último, na nona sessão o

que gostaram mais foi da dinâmica da sessão e de planificar a ação para os pares.

No apêndice 11 estão apresentadas as repostas dos/as alunos/as à questão “O que

gostaste menos nas sessões?”.

Como pode verificar-se na primeira sessão o que gostaram menos foi o barulho da sala.

Na segunda sessão, foi identificado por um grupo a música do vídeo observado, o grupo e o

tema, o último vídeo apresentado na sessão, as condições de visualização e audição da sala e as

interrupções da professora acompanhante. Na terceira sessão e quarta sessão, mencionaram o

barulho da turma. Na quinta sessão, foi identificado por um grupo que não gostaram do grupo

de trabalho e do tema, ter havido poucos computadores, o barulho da sala e as interrupções da

professora acompanhante. Na sexta, sétima e oitava sessão, novamente o barulho da sala, o

Page 148: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

127

grupo e o tema. Por último, na nona sessão foi mencionado novamente o barulho da sala.

Contudo, em todas as sessões vários grupos mencionaram que gostaram de tudo no projeto.

Por fim, apresenta-se os resultados da última questão dos diários das sessões dos/as

alunos/as “O que gostariam de mudar na sessão para gostarem mais dela?” (Apêndice 12).

A maior parte dos grupos gostaram das sessões como foram apresentadas. No entanto,

acrescentaram que gostavam que houvesse mais vídeos, mais prática incluindo trabalhos

práticos, que houvesse menos barulho nas sessões, entre outras. Acrescentaram também que

gostavam de mudar de grupo e que a professora acompanhante não estivesse presente durante

as sessões.

4.5.2. Opinião final sobre o projeto

No final da discussão em grupo focal foi perguntado aos/às alunos/as o que gostaram

mais, o que gostaram menos, o que gostariam de mudar e sobre a continuidade do projeto “Agir

para prevenir: diz não à violência no namoro”. A tabela 61 descreve a opinião dos/as alunos/as

sobre o que gostaram mais no projeto.

Tabela 61

O que gostaram mais sobre o projeto: “Agir para prevenir: diz não à violência no namoro”

(N=86)

Categorias Turmas TOTAL

A (n=23) B (n=18) C (n=19) D (n=26)

f % f % f % f % f %

Gostamos de tudo no projeto 5 21.7 4 22.2 5 26.3 8 30.8 22 25.6 Trabalhar nos computadores porque foi

mais interativo 1 4.3 6 31.6 7 8.1

Ter aprendido mais sobre o assunto através das informações investigadas

10 43.5 6 33.3 5 26.3 6 23.1 27 31.4

Informar os outros sobre como prevenir a violência no namoro

5 27.8 5 5.8

Trabalhar em grupo 6 26.1 1 3.8 7 8.1 Dinâmica do projeto 6 23.1 6 7 Das informações sobre prevenção da

violência no namoro trabalhadas 7 30.4 4 21.1 11 12.8

De desenvolver capacidades de trabalho em grupo

2 8.7 2 2.3

Ter realizado e observado vídeos 3 13 2 11.1 5 19.2 10 11.6 Realizar e apresentar o trabalho de grupo 4 17.4 6 33.3 2 10.5 4 15.4 16 18.6 De estudar as consequências da violência

no namoro porque fala da realidade das coisas, o que pode acontecer/o que acontece

2 10.5 2 2.3

Da ação realizada com outra turma 1 4.3 2 11.1 1 5.3 2 7.7 6 7 Não responde 5 21.7 8 44.4 5 26.3 13 50 31 36

Page 149: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

128

Todos/as os/as alunos/as que responderam a esta questão (n=55) deram uma opinião

positiva acerca do projeto. Vinte e dois deles/as afirmam ter gostado de tudo no projeto. Houve

alunos/as que gostaram de ter aumentado o seu conhecimento sobre o tema da violência no

namoro através das informações investigadas (31.4%) e 12.8% das informações sobre a

prevenção da violência no namoro trabalhadas durante as sessões. Além disso, também

gostaram de realizar e apresentar o trabalho de grupo (18.6%).

A tabela 62 descreve a opinião dos/as alunos/as sobre o que gostaram menos no

projeto.

Tabela 62

O que gostaram menos sobre o projeto: Agir para prevenir: diz não à violência no namoro (N=86)

Categorias Turmas TOTAL

A (n=23) B (n=18) C (n=19) D (n=26)

f % f % f % f % f %

Não gostaram do projeto, do grupo e do tema da violência no namoro

4 22.2 4 4.7

Trabalhar em grupo 4 17.4 4 22.2 8 9.3 Visualizar powerpoints informativos nas

primeiras sessões 1 5.3 1 1.2

Escrever os diários das sessões e responder às questões

3 13 1 5.6 3 15.8 7 8.1

Barulho da sala 2 11.1 1 3.8 3 3.5 Duração das sessões ser curta 6 23.1 6 7 Da ação realizada com a outra turma 5 26.3 5 5.8 A professora acompanhante estar presente

no projeto 5 21.7 2 11.1 7 26.9 14 16.3

Projeto ocupar muitas aulas 2 8.7 1 5.3 3 3.5 O projeto ter acabado 4 17.4 4 4.7

Não sabe 1 5.3 1 1.2 Não responde 9 39.1 11 61.1 10 52.6 12 46.2 42 48.8

Os/as alunos/as das turmas A, B e D apontaram para o facto de não gostarem da

presença da professora acompanhante no projeto (16.3%). Além disso, referiram que não

gostaram de trabalhar em grupo (9.3%) e de escrever os diários das sessões (8.1%), justificando

que davam muito trabalho. Um grupo da turma B disse que não gostou do projeto, do tema nem

do grupo (4.7%).

A tabela 63 mostra as opções de mudança que os/as alunos/as gostavam que fosse

alterado no projeto.

Vinte e um alunos/as não alteravam nada no projeto. Alguns/mas deles/as gostavam

que a professora acompanhante saísse da sala (10.5%). Acrescentaram ainda que retiravam os

diários das sessões (8.1%).

Page 150: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

129

Tabela 63

O que gostavam de mudar no projeto: Agir para prevenir: diz não à violência no namoro (N=86)

Categorias Turmas TOTAL

A (n=23) B (n=18) C (n=19) D (n=26)

f % f % f % f % f %

A professora acompanhante sair da sala 3 13 6 23.1 9 10.5 Mais interação 2 8.7 1 5.6 3 3.5 Não ter de escrever os diários 3 13 3 16.7 1 5.3 7 8.1 Fazer numa só aula a planificação do

trabalho 3 16.7 3 3.5

Apresentar o trabalho a várias pessoas fora da escola

1 5.6 1 1.2

O grupo 4 22.2 4 4.7 O tema 4 22.2 4 4.7 O tipo de colaboração dos colegas da

turma 1 3.8 1 1.2

Nada 5 21.7 4 22.2 6 31.6 6 23.1 21 24.4 Não responde 11 47.8 6 33.3 12 63.2 14 53.8 43 50

O mesmo grupo que referiu na questão anterior que não gostou do projeto, do tema e do

grupo voltou a referir que não gostaram do grupo e do tema de trabalho (4.7%).

Para terminar, questionou-se os/as alunos/as sobre a continuidade do projeto na escola

(Tabela 64).

Tabela 64 Opinião sobre a continuidade do projeto na escola

(N=86)

Categorias Turmas TOTAL

A (n=23) B (n=18) C (n=19) D (n=26)

f % f % f % f % f %

O projeto devia continuar Sim 18 78.3 13 72.2 16 84.2 21 80.8 68 79.1 Não 1 5.6 1 1.2

Razões pelas quais o projeto devia continuar Alterar mentalidades 3 13 3 3.5 Informar e sensibilizar sobre a violência no

namoro 15 65.2 10 55.6 15 78.9 17 65.4 57 66.3

Para ajudar os adolescentes que sofrem violência no namoro

9 39.1 5 27.8 4 21.1 18 20.9

Para ajudar os adolescentes a agir para prevenir a violência no namoro

9 39.1 3 16.7 5 26.3 13 50 30 34.9

Para a formadora continuar aqui 2 8.7 2 2.3 Para que um dia os filhos possam viver

num mundo sem violência no namoro 1 4.3 1 1.2

Estes temas merecem atenção e devem sempre continuar

8 42.1 8 30.8 16 18.6

Razões pelas quais o projeto não devia continuar

Porque as pessoas têm a noção de como parar com a violência no namoro

1 5.6 1 1.2

Não responde 5 21.7 4 22.2 3 15.8 5 19.2 17 19.8

Page 151: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

130

Mais de metade dos/as alunos/as mencionaram que o projeto deveria continuar pelo

facto de proporcionar informação e sensibilizar as pessoas sobre a violência no namoro (66.3%),

ajudando os/as adolescentes a agir para prevenir a violência no namoro (34.9%). Além disso,

pode ajudar os/adolescentes que sofrem deste problema nos seus relacionamentos (20.9%).

Contudo, um elemento de uma turma referiu que o projeto não deveria continuar pois, na sua

opinião, as pessoas têm noção de como parar com a violência no namoro.

Concluindo, no geral todas as turmas deram uma opinião positiva acerca do projeto.

Apenas um grupo de uma turma mencionou que não gostou muito do tema nem de trabalhar

em grupo.

Page 152: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

131

CAPÍTULO V

CONCLUSÕES E IMPLICAÇÕES

5.1. Introdução

Este capítulo, depois desta breve introdução (5.1), descreve as principais conclusões

deste estudo (5.2). Seguidamente, é analisado o impacto desta investigação (5.3), tanto a nível

pessoal (5.3.1), como a nível da instituição em que este se realizou (5.3.2). Por último, é feita

também uma análise do impacto deste estudo ao nível do conhecimento na área de

especialização do mestrado (5.3.3) e as implicações da investigação (5.4).

5.2. Conclusão da investigação

Este foi um estudo que visou avaliar o impacto de um projeto educativo orientado para a

ação de alunos/as do 9º ano de escolaridade na prevenção da violência no namoro, com

duração de aproximadamente cinco meses, durante nove/dez sessões.

Em primeiro lugar, começou por fazer-se um diagnóstico inicial que responde ao

primeiro objetivo: “Identificar os tipos de violência entre adolescentes no recreio na escola”.

Relativamente a este primeiro objetivo, os resultados apontam para a existência de

violência física e verbal nos recreios entre adolescentes. No que concerne à violência física foram

observados pontapés, bofetadas e empurrões. Quanto à violência verbal foram observados

insultos, pressões, gozo, inferiorização e chantagem.

Em segundo lugar, foi implementado um projeto educativo orientado para a ação de

alunos/as do 9º ano de escolaridade que teve como primeiro objetivo: “Caraterizar como evoluiu

o conhecimento orientado para a ação de alunos/as do 9º ano na prevenção da violência no

namoro durante o desenvolvimento de um projeto educativo orientado para a ação”.

Os resultados mostraram que no início do projeto os/as alunos/as já tinham algum

conhecimento acerca da violência no namoro, tendo sido identificados pelos grupos quatros

tipos de violência nomeadamente, a violência física, a violência psicológica, a violência sexual e a

violência verbal. Em cada tipo de violência descrevo as mais referidas pelos/as alunos/as. No

que concerne à violência física foi referida a porrada, a agressão física e os estalos. Na violência

Page 153: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

132

verbal mencionaram as discussões, os insultos e a agressão verbal. No que diz respeito à

violência psicológica mencionaram a expressão “violência psicológica”, a perseguição, as

ameaças e a chantagem. Por último, na violência sexual foi mencionada a violação e o abuso

sexual.

Estes resultados já tinham sido referidos em estudos anteriores (por exemplo, APAV, s.d;

CDC, 2014; Caridade, 2008; Ferreira, 2011; Giordano et al., 2010; Howard at al., 2007; Martin

et al., 2012; Saltzman et al., 2002; OMS, 1997).

Também surgiram das ideias em grupo consequências e causas da violência no namoro

tendo sido agrupadas em consequências de nível físico, psicológico e sociais. A nível físico as

principais consequências identificadas foram o suicido, a gravidez indesejada e a morte. A nível

psicológico as depressões, a insegurança, a vergonha, o sofrimento, o medo, o perdão e a

perda. Por último, a nível social a solidão e os pedidos de ajuda. A nível físico as principais

causas identificadas foram os ciúmes, a desconfiança, o consumo de álcool ou drogas, a

obsessão, a mentira, a vingança e a raiva. A nível social foi a falta de respeito e a traição.

Os resultados obtidos nas chuvas de ideias em “post-it”, também foram divididos em

causas e consequências a nível físico, psicológico, social e sexual, não tendo sido identificadas

causas de nível físico e sexual. As principais consequências a nível físico foram as marcas

físicas, as facadas e baleamentos, o suicídio, o homicídio, a morte, a hospitalização da vítima, a

gravidez indesejada e a asfixia. A nível psicológico identificaram o trauma psicológico, as

perturbações psicológicas, a depressão, a falta de confiança noutras pessoas e em si

próprios/as, a insegurança, a vergonha, a tristeza, o sentir medo, a baixa autoestima e o receio

de namorar outra vez ou não conseguir outro relacionamento. A nível social foram o

isolamento/solidão e terminar o namoro. Por fim, a nível sexual identificaram a violação.

Quanto às causas, a nível psicológico, identificaram os ciúmes, seguido da desconfiança,

da insegurança, do consumo de álcool ou drogas e a mentira. A nível social as principais causas

mencionadas foram a traição, os insultos, as discussões, as más influências dos pares e da

família e o querer controlar o/a namorado/a.

Vários estudos revistos mostraram os mesmos resultados (Ali & Naylor, 2013; Alleyne et

al., 2011; APAV, s.d; Caridade, 2008; CDC, 2014; Ferreira, 2011; Giordano et al., 2010;

Howard et a., 2007; OMS, 1997; Sinclair et al., 2013).

Estes primeiros resultados do projeto educativo indicam que os/as alunos/as já tinham

algum conhecimento acerca da violência no namoro, as suas consequências e causas.

Page 154: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

133

Os resultados obtidos no final do projeto sobre o que é o namoro e os tipos de violência

no namoro, as consequências, as causas, a gravidade da violência no namoro e as estratégias

para eliminar o problema, apresentam-se em seguida.

1) a) O que é o namoro

Para os/as alunos/as a nível do comportamento é uma partilha de sentimentos, é ter

respeito um pelo outro, é estar sempre disponível quando o/a outro/a precisa e é desabafar

sobre os problemas. A nível dos sentimentos é gostar um do outro, é confiar no/a namorado/a e

é ser feliz. Estas ideias vão ao encontro do que a APAV (s.d) considera um relacionamento

saudável. Também referiram que a orientação sexual dos namorados pode ser hetero, homo e

bissexual, tal como mencionado por alguns investigadores (Costa, Machado, & Antunes, 2009;

Saltzman et al., 2002; Stader, 2011). Como já foi referido na secção 4.3.1 os/as alunos/as

descreveram o que é o namoro homo e heterossexual e as suas diferenças no namoro.

b) O que é a violência no namoro.

Na descrição sobre o que é a violência no namoro incluíram os/as namorados/as

homossexuais.

Para os/as alunos/as a violência pode ser física, sexual, psicológica/emocional e verbal.

Os tipos de violência física descritas pelos/as alunos/as neste estudo foram os mesmos no

início e no fim do projeto (estalos ou bofetadas, socos e pontapés). Também mencionaram a

agressão física e a porrada. Estes resultados também se verificam em vários estudos (Caridade,

2008; Ferreira, 2012; Martin et al., 2012; Howard et al., 2007; OMS, 2002). Na violência verbal,

os/as alunos/as no início do projeto e no final do projeto identificaram os insultos, as discussões

e a agressão verbal, podendo os insultos e as discussões estar relacionados com a agressão

verbal, tal como se verificam noutros estudos (Caridade, 2008; Ferreira, 2011; Giordano et al.,

2010).

A nível psicológico o conhecimento dos/as alunos/as evoluiu surgindo novos tipos de

violência nomeadamente, os ciúmes, as desconfianças, o desrespeitar o/a outro/a e obrigar o/a

outro/a a fazer o que não quer e não gostar e não apoiar. Estes resultados estão de acordo com

a APAV (s.d) e Caridade (2008).

Por último, na violência sexual o seu conhecimento evoluiu dizendo que a violência

sexual acontece quando o/a namorado/a obriga o outro a ter ou fazer relações sexuais como

Page 155: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

134

referido em vários estudos (Caridade, 2008; CDC, 2014; Ferreira, 2011; OMS, 2002). Estes

resultados mostram que algumas das suas ideias iniciais mantiveram-se no final do projeto,

tendo surgido novas ideias que demonstram a evolução do seu conhecimento.

Casos de violência que conhecem

Neste tópico os/as alunos/as descreveram casos que conheciam de violência física no

namoro, tal como bater, dar estalos ou puxar o cabelo. Estes resultados vão ao encontro de

vários estudos (Caridade, 2008; CDC, 2014; Ferreira, 2011; Franklin & Kercher, 2012; Howard

et al., 2007; Martin et al., 2012; OMS, 2002; Saltzman et al., 2002).

Os casos de violência verbal que contaram basearam-se nos insultos e nas discussões.

Também contaram situações em que o rapaz ou a rapariga ameaçou contar coisas sobre a sua

intimidade. Os resultados basearam-se em publicar fotos íntimas da namorada na internet ou

em público ou ameaçar a rapariga de divulgar segredos íntimos dela. Contaram ainda um caso

em que a rapariga descobre que o rapaz a filmar as suas relações sexuais e agride-o, publicando

na internet o momento da agressão. A nível social, as situações observadas basearam-se em

insultos, discussões e em postar fotos da outra pessoa na internet. Estes resultados podem

verificar-se em outros estudos (APAV, s.d; Caridade, 2008; CDC, 2014; Ferreira, 2011; Giordano

et al., 2010; Stader, 2011).

A nível sexual descreveram situações em que obrigam a ter relações sexuais ou

ameaçam contar coisas íntimas para ter relações sexuais. Também descreveram situações que

envolvem o álcool ou drogas, tendo sido baseadas no uso de álcool ou drogas em outra pessoa

ou de se aproveitarem pelo facto de a pessoa estar alcoolizada ou drogada para terem relações

sexuais. Estas situações estão de acordo com a investigação (APAV, s.d; Saltzman et al., 2002).

Neste seguimento ainda mencionaram que este tipo de casos pode acontecer na escola

e no local onde vivem porque pode acontecer em qualquer lado a qualquer pessoa, porque

os/as adolescentes não estão informados/as dos perigos e porque na adolescência os/as jovens

podem beber e drogar-se e aproveitam-se da sua inconsciência. Também pode acontecer devido

às influências dos/as amigos/as. Estes resultados estão de acordo com vários estudos (Connolly

et al., 2004; Leen et al., 2013; Vilaça, 2007).

Ainda acrescentaram que para pressionar uma pessoa para ter relações sexuais dizem

ao rapaz/rapariga que se não tem relações sexuais é porque não gosta dele, ameaçam terminar

o namoro, seduzem ou diminuem a autoestima dessa pessoa. No entanto, para obrigar uma

Page 156: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

135

pessoa a ter relações sexuais recorrem à agressão física, drogam-nos/as ou alcoolizam-nos/as.

Estes resultados estão de acordo com outros estudos (APAV, s.d; Saltzman et al., 2002; Vilaça,

2007).

Nesta secção ainda mencionaram as diferenças no namoro entre homo e heterossexuais

tendo sido referido que o homem heterossexual e o que faz de homem na relação gay são os

que têm mais força física na relação. Também acrescentaram que os homossexuais são menos

violentos que os heterossexuais o que não é verificado no estudo de Costa, Machado e Antunes

(2009).

2) Consequências da violência no namoro.

As principais consequências da violência física, identificadas a nível físico foram as

marcas físicas, o suicídio e o homicídio, mantendo as suas ideias desde o início do projeto até ao

fim. A nível psicológico mencionaram o trauma psicológico, a depressão as perturbações

psicológicas e a baixa autoestima, tendo mantido as suas ideias ao longo de todo o projeto

educativo. A nível social, nas ideias iniciais e no final do projeto descreveram que a relação pode

terminar, e que a vítima pode-se isolar, mantendo estas ideias no início, nas investigações e no

fim do projeto. As principais consequências da violência verbal, a nível físico, foram o homicídio

e o sentimento de querer matar o/a outro/a pessoa, tendo evoluído o seu conhecimento no final

do projeto ao referir como consequência as náuseas. A nível psicológico, referiram a tristeza, a

vergonha e o sentir medo do/a agressor/a mantendo-se estas ideias desde o início até ao fim do

projeto, tendo no final do projeto acrescentado a humilhação. A nível social, identificaram a

solidão/isolamento e o receio em procurar ajuda e de desabafar com outras pessoas. No final do

projeto acrescentaram ainda o sentimento de traição.

As consequências da violência sexual para as raparigas, identificadas a nível físico

pelos/as alunos/as foram a gravidez indesejada, as infeções sexualmente transmissíveis e

suicídio, aumentando o seu conhecimento ao acrescentar o aborto.

A nível psicológico, mencionaram o trauma psicológico e a vergonha sendo mantido o

seu conhecimento desde o início até ao fim do projeto. A nível social, a vítima isola-se. No final

do projeto, acrescentaram que os pais quando sabem do que lhes aconteceu expulsam-nas de

casa se estiverem grávidas e que são mal vistas pela sociedade, tendo o seu conhecimento

evoluído. Para os rapazes, a nível físico, mencionaram as infeções sexualmente transmissíveis e,

no final do projeto, acrescentaram ainda o ser pais sem querer. A nível psicológico, as

Page 157: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

136

consequências mais evidenciadas foram o trauma psicológico e o medo de ter relações sexuais.

Embora desde o início do projeto até ao fim tivessem referido o medo em geral, aqui

especificaram-no. A nível social, a vítima isola-se e, tal como para as raparigas, são mal vistos

pela sociedade.

Também mencionaram as consequências para a pessoa que é ameaçada de contarem

coisas sobre a sua intimidade. A nível físico, referiram as insónias tendo evoluído o seu

conhecimento. A nível psicológico, referiram o medo, a vergonha e a tristeza, tendo no final do

projeto acrescentado que a vítima sente-se na obrigação de ceder à chantagem, tendo de fazer o

que o/a namorada querer. A nível social, mencionaram a solidão/isolamento, acrescentando

nas suas ideias finais o medo de socializar e de se aproximar de alguém. Na discussão em

grupo focal, também mencionaram o que costuma fazer uma pessoa que é ameaçada de

contarem coisas sobre a sua intimidade. A nível físico, mencionaram o suicídio, tendo evoluído o

seu conhecimento ao acrescentar a automutilação. A nível psicológico, a pessoa que é

ameaçada sente medo e, tal como referido anteriormente, o conhecimento dos/as alunos/as

evoluiu quando acrescentaram que a vítima sente-se na obrigação de ceder à chantagem. A nível

social, a vítima pode isolar-se. No final do projeto acrescentaram que a vítima vai falar com os

pais ou polícia, amigos ou com outra pessoa.

Na discussão em grupo focal ainda descreveram as consequências das relações sexuais

forçadas sob o efeito do álcool ou drogas, tendo sido referida a gravidez indesejada/ser pai sem

querer e as infeções sexualmente transmissíveis. O ser pai sem querer, tal como já referido a

propósito das consequências da violência sexual nos rapazes, foi um conhecimento novo que

aprenderam. A nível psicológico, o seu conhecimento manteve-se desde o início do projeto ao

mencionarem o trauma psicológico, a tristeza e as perturbações psicológicas. A nível social, a

vítima isola-se e fica com medo de sair à noite, tendo esta consequência emergido na discussão

em grupo.

Por último, também referiram as consequências da violência social. A nível físico,

mencionaram o suicídio ou tentativa de suicídio e a morte. A nível psicológico mencionaram a

tristeza, a vergonha e, acrescentaram ainda a humilhação demonstrando a evolução do seu

conhecimento. A nível social, a vítima isola-se. Na discussão em grupo acrescentaram que a

vítima quando sofre de violência através das redes sociais apaga ou desativa a conta do

facebook.

Page 158: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

137

Na discussão dos resultados desta secção são confrontados estes resultados com a

investigação que tem vindo a ser realizada acerca deste tema. Além disso, mostra a evolução do

conhecimento dos/as alunos/as havendo ideias que se mantiveram até ao final do projeto

educativo e havendo outras ideias que aprenderam através das investigações aumentando o seu

conhecimento acerca do problema.

Muitos destes resultados estão de acordo com vários estudos (APAV; s.d; CDC, s.d;

Chiodo et al., 2009; Howard et al., 2007; Marshall et al., 2013; Mirsky, 2003; Mpiana, 2011;

OMS, 1997; Ohnishi et al., 2011; Population Council, 2004; Sinclair et al., 2013; United Nations

Population Fund, 2005).

3) Causas da violência no namoro

Na discussão em grupo focal também foram identificadas as causas da violência física,

verbal, sexual, no namoro hetero e homossexual. Os ciúmes foram identificados como causa da

violência física, verbal, no namoro heterossexual e homossexual, a nível psicológico. Na violência

física, no namoro hetero e homossexual também identificaram, a nível psicológico, como causa a

desconfiança. Por último, também foram mencionadas a nível psicológico, a insegurança e as

perturbações psicológicas como causas da violência física e verbal. Este conhecimento manteve-

se desde o início até ao fim do projeto.

Na violência sexual, a nível psicológico, o seu conhecimento evoluiu ao identificar causas

novas tais como o facto de quererem ter relações sexuais e ter prazer, e o querer perder a

virgindade. As perturbações psicológicas foram novamente mencionadas mantendo-se o seu

conhecimento desde o início do projeto. Também na violência sexual, a nível psicológico,

identificaram as causas de abusarem sexualmente de uma pessoa sob o efeito do álcool ou das

drogas que foram o querer ter relações sexuais e porque não conseguem convencer a pessoa a

ter relações sexuais quando está consciente. O conhecimento dos/as alunos/as progrediu em

relação às causas que tinham identificado no início do projeto.

Os/as alunos/as identificaram como causa da violência física, verbal, no namoro hetero

e homossexual, a nível social, o controlar o/a companheiro/a tendo sido mantida as suas ideias

desde o início até ao fim do projeto. Também mencionaram os insultos/desrespeito como causa

da violência verbal e no namoro heterossexual tendo sido mantidas as suas ideias. Na violência

física, a nível social, mencionaram o sentimento de traição tal como nas ideias iniciais do

projeto. Também mencionaram as causas que leva o rapaz e a rapariga a terem relações

Page 159: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

138

sexuais, a nível social, mencionando que ambos o fazem porque querem exibir a sua experiência

sexual perante os/as amigos/as, para ter a mesma experiência sexual deles/as e porque os/as

amigos/as pressionam para ter relações sexuais. Estas ideias surgiram na discussão em grupo

focal demonstrando a sua aprendizagem.

No violência sexual, a nível social, também mencionaram que uma pessoa abusa

sexualmente de outra porque quer exibir a sua experiência sexual aos/às amigos/as e viola para

vingar-se do/a ex-namorado/a provocando-lhe ciúmes. Também explicaram porquê que fazem a

pessoas que estão sob o efeito de álcool ou drogas, justificando que também querem exibir a

sua experiência sexual e porque consideram que a vítima não se vai lembrar. Estas ideias

também surgiram na discussão em grupo focal demonstrando a sua aprendizagem.

Os/as alunos/as também descreveram as causas da violência no namoro heterossexual,

a nível social, mencionando os desentendimentos e a falta de comunicação. No namoro

homossexual disseram que também acontece devido aos desentendimentos. Acrescentam ainda

no final do projeto que acontece porque os amigos, a família e a sociedade não aceitam a sua

orientação sexual.

Algumas das causas referidas pelos/as alunos/as estão de acordo com alguns estudos

(APAV, s.d; Caridade, 2008; Ferreira, 2011; Giordano et al., 2010; Leen et al., 2013; Machado,

2010; Vilaça, 2007).

4) Gravidade da violência no namoro e estratégias de mudança

Na discussão em grupo focal deram a sua opinião sobre a gravidade da violência no

namoro na escola e no local onde vivem dizendo que existe pouca ou não há violência quer na

escola quer no local onde vivem. Dos/as alunos/as que disseram que existe pouca violência

justificaram-na dizendo que pode haver porque já presenciaram violência verbal e porque as

pessoas escondem. Também acrescentaram que na escola não há violência porque pouca gente

namora e os/as adolescentes são sensatos/as. No local onde vivem pode haver porque já

presenciaram violência verbal, é um local com etnia cigana, também porque existem mais

pessoas, com bares nas redondezas e também porque as pessoas podem esconder e não

contar.

Page 160: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

139

Estratégias

Os/as alunos também descreveram o que faziam caso tivessem um/a amigo/a numa

situação de violência no namoro, mencionando que para o/a ajudar dava-lhe conselhos e

conversavam com a vítima, faziam queixa do/a agressor/a ou até mesmo falavam com o/a

agressor/a. Acrescentaram também que podiam realizar-se palestras ou então nem se metiam

se não fosse amigo/a deles/as.

Os/as alunos/as disseram algumas estratégias que podem ser adotadas para prevenir a

violência no namoro, tendo sido mencionado o diálogo, o respeito e confiança pelo/a outro/a, o

controlo dos ciúmes e a partilha de sentimentos. E em último caso terminar uma relação

violenta ou que se pode vir a tornar violenta.

Os/as alunos/as no final do projeto mencionaram algumas estratégias a usar na escola

para prevenir a violência física tendo sido referidas as palestras/ações de sensibilização e as

campanhas de sensibilização. Para prevenir a violência verbal mencionaram os castigos e as

multas como forma de punição da violência verbal. Acrescentaram ainda que se deve aconselhar

a pessoa a ir falar com um/a psicólogo/a e aumentar a educação em casa e na escola. Para

acabar com a humilhação através a internet ou sms devia-se eliminar o facebook, proibir o

acesso a sites e redes sociais ou denunciar os casos de violência.

Para prevenir a violência no local onde vivem também devia-se denunciar os casos de

violência no namoro e aconselhar e informar as pessoas. Contudo, quer na escola ou no local

onde vivem alguns/mas alunos/as disseram que não há nada a fazer ou que não são capazes

de prevenir pois as pessoas gozam, não vão mudar de ideias pois só com os erros é que

aprendem e também porque é difícil de eliminar.

A quem recorrer

Os/as alunos/as na discussão em grupo disseram a quem recorriam para pedir ajuda

se estivessem numa situação de violência no namoro, tendo sido mencionados os/as melhores

amigos/as, os pais, a mãe e a polícia.

Justificaram estas escolhas, dizendo que na mãe e nos pais pode-se confiar e porque, os

pais e a mãe tem mais experiência de vida podendo ajudá-los/as/apoiá-los/as e percebendo-os.

Os pais, a polícia e amigos/as têm mais informação e podem os ajudar. Acrescentaram ainda

que com os/as amigos/as é mais fácil desabafar do que com os pais. Ainda acrescentaram que

dirigiam-se aos pais porque são quem mais confiam para ajudar e porque têm mais experiência

Page 161: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

140

de vida e conhecem-nos desde que nasceram. Outros/as alunos/as disseram que não recorriam

aos pais por vergonha de lhes contar ou por não se sentirem à vontade recorrendo então ao/à

irmão/irmã.

Por um lado, justificaram que recorriam aos/às amigos/as porque confiam neles/as,

porque podem ajudá-los/as e apoiá-los/as. Por outro lado, não recorriam os/às amigos/as

porque não se pode confiar recorrendo então aos familiares uma vez que têm mais confiança

neles.

No que diz respeito aos pedidos de ajuda na escola, os/as alunos/as na discussão em

grupo focal elegeram os professores, a psicóloga e a direção da escola. Justificaram que

recorriam aos professores porque podem confiar, são justos e têm mais afinidade. Também

recorriam à direção porque tem autoridade e têm o dever de ajudar a resolver o problema. Por

fim, a psicóloga pois pode ajudá-los/as a resolver o problema.

No entanto, houve alunos/as que não recorriam à escola justificando que a direção, os

funcionários e professores/as não fazem nada, além de que na escola não mantêm a

confidência e porque não há onde recorrer.

As estratégias e as fontes de apoio referidas pelos/as alunos/as também podem ser

encontradas na literatura (Caridade, 2008; CDC, s.d; Chiodo et al., 2009; Ferreira, 2011; Martin

et al., 2012; Ohnishi et al., 2011; Viegas & Vilaça, 2011; Vilaça, 2007).

O segundo objetivo do projeto educativo foi “Caraterizar o tipo de ações desenvolvidas

por alunos/as do 9º ano na prevenção da violência no namoro durante o desenvolvimento de um

projeto educativo orientado para a ação”.

No final das sessões, cada turma foi capaz de escolher outra turma da escola para

realizar a sua ação e assim contribuir para o aumento de conhecimento dos seus pares sobre a

violência no namoro e, no final, foi capaz de estabelecer um contrato com os comportamentos e

atitudes que todos se comprometiam a seguir para prevenir a violência no namoro. O que

mudou de turma para turma foi o material selecionado para educar e a avaliação da ação. As

quatro turmas conseguiram apresentar nas suas ações os trabalhos já investigados e realizados

durante o desenvolvimento do projeto educativo, tal como já se tinha conseguido no estudo de

Rodrigues e Vilaça (2011). Os trabalhos apresentados basearam-se em temas relacionados com

a violência no namoro tais como as consequências, as causas, porque se mantém a vítima

numa relação de namoro violenta, a quem se pode recorrer nestes casos e como se pode

prevenir, isto é, estratégias que podem ser utilizadas na prevenção da violência no namoro. Os

Page 162: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

141

trabalhos foram apresentados em powerpoint, cartolinas, em vídeos e num software de

apresentação chamado powtoon.

Todas as turmas foram capazes de elaborar e implementar um instrumento de avaliação

para analisar se a ação resultou na mudança desejada. Este resultado está de acordo com o

estudo de Rodrigues e Vilaça (2011).

No final do projeto o objetivo foi “Caraterizar a opinião de alunos/as do 9º ano sobre o

projeto educativo orientado para a ação na prevenção da violência no namoro”.

A maior parte dos/as alunos/as gostou de tudo no projeto, de ter aumentado o seu

conhecimento sobre o tema da violência no namoro através das informações investigadas e das

informações sobre a prevenção da violência no namoro trabalhadas durante as sessões. Além

disso, também gostaram de realizar e apresentar o trabalho de grupo.

Quanto à sua opinião sobre o que gostaram menos as turmas A, B e D apontaram para

o facto de não gostarem da presença da professora acompanhante no projeto. Além disso,

mencionaram o facto de não gostarem de trabalhar em grupo e de escrever os diários das

sessões. No entanto, um grupo da turma B disse que não gostou do projeto, do tema nem do

grupo.

Relativamente ao que mudariam, vinte e um alunos/as não alteravam nada no projeto,

no entanto, gostavam que a professora acompanhante saísse da sala. Acrescentaram ainda que

retiravam os diários das sessões. O mesmo grupo da turma B que não gostou do tema nem do

projeto mencionou que mudaria de grupo e de tema de trabalho.

Por fim, quanto à continuidade do projeto mais de metade dos/as alunos/as

mencionaram que o projeto deveria continuar pelo facto de proporcionar informação e

sensibilizar as pessoas sobre a violência no namoro, ajudando os/as adolescentes a agir para

prevenir a violência no namoro. Além disso, pode ajudar os/adolescentes que sofrem deste

problema nos seus relacionamentos. Contudo, um elemento de uma turma referiu que o projeto

não deveria continuar pois, na sua opinião, as pessoas têm noção de como parar com a

violência no namoro.

No geral todas as turmas deram uma opinião positiva acerca do projeto.

Page 163: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

142

5.3. Impacto da investigação

Nesta secção será analisado o impacto do projeto educativo ao nível pessoal (5.3.1), ao

nível institucional (5.3.2) e também o seu impacto no conhecimento da área de especialização

do mestrado (5.3.3).

5.3.1. Impacto do projeto educativo e posterior investigação a nível pessoal

A nível pessoal cresci muito e adquiri muitas competências para elaborar o projeto

educativo que implementei e que posteriormente permitiu-me o desenvolvimento desta

investigação. O projeto educativo permitiu-me conhecer a realidade e o mundo do trabalho, o

que foi muito gratificante e enriquecedor. Além disso fez-me perceber que existem muitas áreas

onde posso intervir e áreas essas que nos permitem fazer mudanças proporcionando um estilo

de vida melhor.

Além disso a experiência que obtive fez-me sentir útil e com capacidade para ajudar

os/as alunos/as demonstrando-lhes que podem ter relacionamentos saudáveis, ajudando-os/as

a prevenir e a intervir em situações de violência no namoro.

Também o facto de o material didático ser realizado por mim, foi muito enriquecedor e

senti-me realizada por o ter feito, permitindo que no futuro com as competências que fui

adquirindo possa trabalhar com adolescentes e outras faixas etárias.

Toda a investigação e a experiência de lidar com os/as jovens permitiu-me adquirir

hábitos de reflexão que me ajudarão a integrar-me em contextos futuros ao longo do meu

percurso profissional e pessoal. Assim, em qualquer contexto serei capaz de analisar o contexto,

pensar e depois implementar conforme as necessidades desse mesmo contexto. Durante a

investigação foi-me possível conhecer melhor os/as adolescentes e como lidar com eles/as o

que foi muito importante e me fez crescer muito pessoal e profissionalmente.

A elaboração desta dissertação além de permitir o meu crescimento pessoal e

profissional também teve um impacto positivo ao adquirir uma bagagem de experiências e de

conhecimento que anteriormente não possuía e pela qual consegui a realização da mesma,

apesar de todos os obstáculos que fui defrontando ao longo da sua realização.

5.3.2. Impacto ao nível institucional

A implementação do projeto educativo para além de ser pensado para atingir os

objetivos da investigação também foi inserido no projeto educativo da escola na área de

Page 164: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

143

Educação para a Saúde que trabalha muitos temas relacionados com a Educação Sexual. O

tema da “Violência no Namoro” teve, desde logo, um parecer muito positivo pela parte de

alguns/mas professores/as que abraçaram com muito positivismo e agrado o tema que iria ser

trabalhado com os/as alunos/as.

O projeto educativo implementado foi muito bem aceite pelos/as alunos/as que, no

geral, se mostraram interessados/as e motivados/as pelo tema e pelas professoras das

respetivas turmas tornando-se uma mais-valia para todos.

Em síntese, pode verificar-se que teve um impacto positivo tendo em conta a evolução

do seu conhecimento, como é demonstrado no capítulo dos resultados e, além disso, pela

opinião positiva que os/as alunos/as na discussão em grupo focal fizeram acerca do projeto

implementado.

5.3.3. Impacto no conhecimento da área de especialização do mestrado

A investigação realizada e respetivo projeto educativo foram adequados e perfeitamente

inseridos na área de especialização deste Mestrado em Estudos da Criança - Intervenção

Psicossocial com Crianças, Jovens e Famílias pois, possibilitou a implementação de estratégias e

programas de prevenção e intervenção indo ao encontro das necessidades dos indivíduos,

objetivo este que esta especialização pretende que se desenvolva, como ações que melhorem os

contextos de vida dos indivíduos e que sejam adequados ao contexto.

O projeto educativo, o desenvolvimento de ações e a investigação realizada permitiram o

aprofundamento dos saberes teórico-práticos no domínio da educação e da investigação com

adolescentes.

5.4. Implicações da investigação

As conclusões decorrentes desta investigação mostram como é importante desenvolver

este tipo de projeto educativo orientado para acção nas escolas, pois a sua implementação pode

ter resultados muito positivos na saúde dos/as adolescentes ao capacitá-los/as para prevenirem

situações constrangedoras e prejudiciais que os/as afeta ao longo do seu percurso de vida,

tendo implicações na sua saúde. Além disso, permite que os/as adolescentes possam agir sobre

o problema provocando mudanças no seu estilo de vida e condições de vida.

Page 165: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

144

Outra implicação dos resultados deste estudo é chamar a atenção para a importância

que os/as alunos/as atribuem ao desenvolvimento de redes de suporte na comunidade,

especialmente quando não existem na família, embora o suporte familiar seja crucial.

Por último, as escolas deviam adotar projetos que utilizassem a metodologia IVAM

(Investigação, Visão, Ação e Mudança) de modo a capacitar os/as alunos/as para acção na

promoção da saúde e, mais especificamente na prevenção da violência no namoro no seu

próprio percurso de vida e na sua comunidade.

A nível da investigação sobre a prevenção da violência no namoro, este estudo também

tem algumas implicações, enumerando-se, em seguida algumas investigações que seria

interessante realizar, nomeadamente:

- reproduzir este estudo noutras escolas para analisar se surgiam resultados

semelhantes;

- investigar se os resultados alcançados neste estudo tem estabilidade temporal (fazer

um estudo longitudinal com os mesmos alunos)

- trabalhar com alunos/as de outra faixa etária a problemática em estudo;

- investigar, tal como aconteceu em alguns estudos revistos, se na população

adolescente em Braga os factores de risco e de proteção para a violência no namoro

já identificados são semelhantes;

- investigar a influência de pares educadores/as na prevenção da violência no namoro

nas escolas;

- investigar qual é o impacto da formação de professores em prevenção da violência no

namoro no desenvolvimento de projectos educativos eficazes nas escolas.

Page 166: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

145

Referências bibliográficas

Alarcão, I., & Tavares, J. (2003). Supervisão da prática pedagógica: uma perspectiva de

desenvolvimento e aprendizagem. Coimbra: Livraria Almedina.

Ali, P. A., & Naylor, P. B. (2013). Intimate partner violence: A narrative review of the biological

and psychological explanations for its causation. Agression and Violent Behavior, 18, 373-

382. http://dx.doi.org/10.1016/j.avb.2013.01.003

Alleyne, B., Coleman-Cowger, V. H., Crown, L., Gibbons, M. A., & Vines, L. N. (2011). The effects

of dating violence, substance use and risky sexual behavior among a diverse sample of

Illinois youth. Journal of Adolescence, 34, 11-18.

Doi:10.1016/j.adolescence.2010.03.006

Almeida, L., & Freire, T. (2007). Metodologia da investigação em psicologia e educação. Braga:

Psiquilíbrios.

Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (s.d). Violência no Namoro. Retirado de

http://www.apavparajovens.pt

Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (s.d). Violência Sexual. Retirado de

http://www.apavparajovens.pt

Bardin, L. (1995). Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70.

Bloor, M., Frankland, J., Thomas, M., & Robson, K. (2001). Focus Groups in Social Research.

London: Sage Publications.

Bogdan, R., & Biklen, S. (1994). Investigação qualitativa em educação. Uma introdução à teoria

e aos métodos. Porto: Porto Editora.

Bonomi, A. E., Anderson, M. L., Nemeth, J., Bartle-Haring, S., Buettner, C., & Schipper, D.

(2012). Dating violence victimization across the teen years: Abuse frequency, number of

abusive partners, and age at first occurrence. Bonomi et al. BMC Public Health, 12, 1-10.

Retirado de http://www.biomedcentral.com/1471-2458/12/637

Caridade, S. (2008). Violência nas Relações de Intimidade: Comportamentos e Atitudes dos

Jovens. Tese de doutoramento não publicada, Universidade do Minho, Braga, Portugal.

Casique, L. C., & Furegato, A. R. F. (2006). Violence against women: Theoretical reflections.

Revista Latino-Americana de Enfermagem, 14, 950-956.

Centers for Disease Control and Prevention (2014). Understanding Teen Dating Violence: Fact

Sheet. Retirado de

Page 167: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

146

http://www.cdc.gov/violenceprevention/intimatepartnerviolence/teen_dating_violence.ht

ml

Centers for Disease Control and Prevention (s.d). Retirado de

http://www.cdc.gov/violenceprevention/intimatepartnerviolence/teen_dating_violence.ht

ml

Connolly, J., Craig, W., Goldberg, A., & Pepler, D. (2004). Mixed-Gender Groups, Dating, and

Romantic Relationships in Early Adolescence. Journal of Research on Adolescence, 14,

185-207.

Costa, L. G., Machado, C., & Antunes, R. (2009). Violência nas relações homossexuais: A face

oculta da agressão na intimidade. Braga: Universidade do Minho. Retirado de

https://www.rea.pt/imgs/uploads/doc-estudos-2009-violencia-relacoes-homossexuais-

face-oculta-agressao-intimidade.pdf

Chiodo, D., Wolfe, D. A., Crooks, C., Hughes, R., & Jaffe, P. (2009). Impact of Sexual

Harassment Victimization by Peers on Subsequent Adolescent Victimization and

Adjustment: A Longitudinal Study. Journal of Adolescent Health, 45, 246–252.

Doi:10.1016/j.jadohealth.2009.01.006

De Ketele, J., & Roegiers, X. (1991). Methodologie du recueil d’informations: Fondements des

méthodes d’observation, de questionnaires, d’interviews et d’études de documents.

Bruxelles: De Boeck-Wesmael.

Dinkes, R., Kemp, J., & Baum, K. (2009). Indicators of School Crime and Safety: 2009.

Washington, DC: National Center for Education Statistics, Institute of Education Sciences,

U.S. Department of Education, and Bureau of Justice Statistics, Office of Justice Programs,

U.S. Department of Justice. Retirado de www.bjs.gov/content/pub/pdf/iscs09.pdf

Ferreira, M. (2011). A violência no namoro: um estudo exploratório de caracterização das

reacções dos adolescentes face à violência. Dissertação de mestrado não publicada,

Universidade do Minho, Braga, Portugal.

Flick, U. (2005). Métodos Qualitativos na Investigação Científica. Lisboa: Monitor.

Franklin, C. A., & Kercher, G. A. (2012). The Intergenerational Transmission of Intimate Partner

Violence: Differentiating Correlates in a Random Community Sample. J Fam Viol, 27, 187-

199. DOI 10.1007/s10896-012-9419-3

Page 168: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

147

Giordano, P. C., Soto, D. A., Manning, W. D., & Longmore, M. A. (2010). The characteristics of

romantic relationships associated with teen dating violence. Social Science Research, 39,

863–874. doi:10.1016/j.ssresearch.2010.03.009

Howard, D. E., Qi Wang, M., & Yan, F. (2007). Psychosocial factors associated with reports of

physical dating violence among U.S. adolescent females. Adolescence, 42, 311-324.

Human Rights Watch (2001). Scared at school: Sexual violence against girls in South African

Schools. Retirado em http://www.hrw.org/reports/2001/safrica/

Jensen, B. (2000). Participation, commitment and knowledge as components of pupil’s action

competence. In B. Jensen, K. Schnack & V. Simovska (Eds.), Critical Environmental and

Health Education. Research Issues and Challenges (pp. 219-238). Copenhagen: Research

Centre for Environmental and Health Education. The Danish University of Education.

Jensen, B. (2002). Knowledge, Action and Pro-environmental Behaviour. Environmental

Education Resarch, 8, 325-334.

Krueger, R. A. (1994). Focus Groups: A practical guide for applied research. Thousand Oaks:

Sage Publications.

Krueger, R. A. (1998). Moderating Focus Groups. Thousand Oaks: Sage Publications.

Leach, F., Fiscian, V., Kadzamira, E., Lemani, E., & Machakanja, P. (2003). An investigative

Study of The Abuse of Girls in African Schools. Retirado de

ageconsearch.umn.edu/bitstream/12849/1/er030054.pdf

Leen, E., Sorbring, E., Mawer, M., Holdsworth, E., Helsing, B., & Bowen, E. (2013). Prevalence,

dynamic risk factors and the efficacy of primary interventions for adolescent dating

violence: An international review. Aggression and Violent Behavior, 18, 159–174.

http://dx.doi.org/10.1016/j.avb.2012.11.015

Lessard-Hérbert, M., Goyette, G., & Boutin, G. (2008). Investigação qualitativa. Fundamentos e

práticas. Lisboa: Instituto Piaget.

Machado, L. (2010). Crenças e Representações Sociais dos Adolescentes sobre a Violência

Interpessoal. Porto: Universidade Fernando Pessoa.

Malik, S., Sorenson, S. B., & Aneshensel, C. S. (1997). Community and Dating Violence Among

Adolescents: Perpetration and Victimization. Journal of Adolescent Health, 21, 291-302.

Marshall, S.K., Faaborg-Andersen, P., Tilton-Weaver, L.C., & Stattin, H. (2013). Peer Sexual

Harassment and Deliberate Self-Injury: Longitudinal Cross-Lag Investigations in Canada

Page 169: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

148

and Sweden. Journal of Adolescent Health, 53, 717-722.

http://dx.doi.org/10.1016/j.jadohealth.2013.06.009

Martin, C. E., Houston, A. M., Mmari, K. N., & Decker, M. R. (2012). Urban Teens and Young

Adults Describe Drama, Disrespect, Dating Violence and Help-Seeking Preferences.

Maternal and Child Health Journal, 16, 957-966. DOI 10.1007/s10995-011-0819-4

Matos, M., Negreiros, J., Simões, C., & Gaspar, T. (2009). Violência, Bullying e Delinquência (1ª

ed.). Lisboa: Coisas de Ler Edições

McDonell, J., Ott, J., & Mitchell, M. (2010). Predicting dating violence victimization and

perpetration among middle and high school students in a rural southern community.

Children and Youth Services Review, 32, 1458-1463.

doi:10.1016/j.childyouth.2010.07.001

Mirsky, J. (2003). Panos: Beyond Victims and Villains: Addressing sexual violence in the

education sector. London: The Panos Intitute. Retirado de

http://panos.org.uk/resources/beyond-victims-and-villains/

Morgan, D. (1997). Focus groups as qualitative research. Qualitative Research Methods

Series.16. Thousand Oaks: Sage Publications.

Mpiana, K. (2011). The perceptions that grade twelve learners have about sexual violence

against girls in the school context. African Journal of Business Management, 5, 9992-

9997. DOI: 10.5897/AJBM10.279

Ohnishi, M., Nakao, R., Shibayama, S., Matsuyama, Y., Oishi, K., & Miyahara, H. (2011).

Knowledge, experience, and potential risks of dating violence among Japanese university

students: a cross-sectional study. Ohnishi et al. BMC Public Health, 11 (339), 1-9.

O’Keefe, M. (2005). Teen Dating Violence: A review of Risk Factors and Prevention Efforts.

National Electronic Network on Violence Against Women, 1-13. Retirado de

http://www.unajauladeoro.com/cd/documentos/AR_TeenDatingViolence.pdf

Oliveira, M. S., & Sani, A. I. (2009). A Intergeracionalidade da Violência nas relações de namoro.

Revista da Faculdade de Ciência Humanas e Sociais. Porto: Edições Universidade

Fernando Pessoa, 162-170.

Olsen, J. P., Parra, G. R., & Bennett, S. A. (2010). Predicting violence in romantic relationships

during adolescence and emerging adulthood: A critical review of the mechanisms by which

familial and peer influences operate. Clinical Psychology Review, 30, 411-422.

Doi:10.1016/j.cpr.2010.02.002

Page 170: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

149

Population Council (2004). The Adverse Health and Social Outcomes of Sexual Coercion:

Experiences of young women in developing countries. Retirado de

www.popcouncil.org/.../PopulationSynthesis3.pdf

Quivy, R., & Campenhoudt, L. V. (2008). Manual de Investigação em Ciências Sociais. Lisboa:

Gradiva.

Rodrigues, C. De J., & Vilaça, T. (2011). Responder às necessidades em educação sexual dos

adolescentes: influência do género no desenvolvimento da competência de acção. In A. B.

Lozano, M. P. Uzquiano, A. P. Rioboo, J. C. B. Blanco, B. B, da Silva, L. S. Almeida (Org.),

Atas do XI Congresso Internacional Galego‐Português de Psicopedagogia (pp. 457 – 467).

Corunha: Universidade de Corunha, Universidade do Minho.

Saltzman, L. E., Fanslow, J. L., McMahon, P. M., & Shelley, G. A. (2002). Intimate Partner

Violence Surveillance: Uniform Definitions and Recommended Data Elements. Atlanta,

Georgia: Centers for Disease Control and Prevention. Retirado de

http://www.cdc.gov/ncipc/pub-res/ipv_surveillance/intimate%20partner%20violence.pdf

Sinclair, J., Sinclair, L., Otieno, E., Mulinge, M., Kapphahn, C., & Golden, N. H. (2013). A Self-

Defense Program Reduces the Incidence of Sexual Assault in Kenya Adolescent Girls.

Journal of Adolescent Health, 1-7. http://dx.doi.org/10.1016/j.jadohealth.2013.04.008

Schools For Health In Europe (2009). Resolução de Vilnius: melhores escolas, escolas mais

saudáveis. Terceira Conferência Europeia de Escolas Promotoras de Saúde. Vilnius,

Lituânia, 15-17 de Junho. Retirado de: http://www.schools-for-health.eu/pages-

resources/conference-statements-additional-information/read-more-vilnius-resolution

Stader, D.L. (2011). Dating Violence. The Clearing House, 84, 139-143. DOI:

10.1080/00098655.2011.564980

United Nations Population Fund (2005). Gender-Based Violence: A Price Too High. Retirado de

http://www.unfpa.org/swp/2005/english/ch7/

UNICEF (2011). Adolescência: uma fase de oportunidades. Retirado de

https://www.unicef.pt/18/Relatorio_SOWC_2011.pdf

Vézina, J., & Hébert, M. (2007). Risk Factors for Victimization in Romantic Relationships of Young

Women: A Review of Empirical Studies and Implications for Prevention. TRAUMA,

VIOLENCE, & ABUSE, 8, 33-66. DOI: 10.1177/152483800629

Viegas, A., & Vilaça, T. (2011). Educação em ciências e desenvolvimento da competência de

acção em educação sexual. In L. Leite, A. S. Afonso, L. Dourado, T. Vilaça, S. Morgado, &

Page 171: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

150

S. Almeida (Org.), Actas do XIV Encontro Nacional de Educação em Ciências: Educação

em Ciências para o Trabalho, o Lazer e a Cidadania (pp. 319 – 331). Braga: Universidade

do Minho, Instituto de Educação.

Vilaça, T. (2006). Acção e competência de acção em educação sexual: uma investigação com

professores e alunos do 3o ciclo do ensino básico e do ensino secundário. Tese de

Doutoramento não publicada, Universidade do Minho, Braga, Portugal.

Vilaça, T. (2007). Eficácia do Paradigma Democrático de Educação para a Saúde no

Desenvolvimento da Acção e Competência de Acção dos Adolescentes em Educação

Sexual. In A. Barca, M. Peralbo, A. Porto, B. Duarte da Silva & L. Almeida (Eds.), Actas do

IX Congreso Internacional Galego‐Portugués de Psicopedagoxía (pp. 971‐982). Corunha:

Universidade da Coruña, Revista Galego‐Portuguesa de Psicoloxia e Educación.

Vilaça, T. (2012). Metodologia de ensino para uma sexualidade positiva e responsável, ELO –

Revista do Centro de Formação Francisco de Holanda,19, 91-102.

Vilaça, T., & Jensen, B. B. (2009). Potentials of Action-Oriented Sex Education Projects in the

Development of Action Competence. In G. Buijs, A. Jociutė, P. Paulus, & V. Simovska

(Eds.), Better Schools Through Health: Learning from Practice. Case studies of practice

presented during the third European Conference on Health Promoting Schools, held in

Vilnius, Lithuania, 15–17 June 2009 (pp.89-91). Vilnius, Lithuania: Netherlands Institute

for Health Promotion NIGZ, State Environmental Health Centre of Lithuania.

Vilaça, T., & Jensen, B. B. (2010). Applying the S‐IVAC Methodology in Schools to Explore

Students' creativity to solve sexual health problems.In M. Montané & J. Salazar (Eds.).ATEE

2009 Annual Conference Proceedings (pp. 215‐227). Brussels, Belgium: ATEE‐Association

for Teacher Education in Europe, Retirado de

http://www.atee1.org/uploads/atee_2009_conference_proceedings_final_version.pdf

World Health Organization (1986). Young People´s Health – a Challenge for Society. Report of a

WHO Study Group on Young People and “Health for All by the year 2000”. Technical

Report Series 731. Geneva: WHO.

World Health Organization (1997). Violence against women: A priority health issue. Geneva:

World Health Organization. Retirado de

http://www.who.int/violence_injury_prevention/media/en/154.pdf

World Health Organization (2002). World report on violence and health: Summary. Geneva: World

Health Organization. Retirado de

Page 172: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

151

http://www.who.int/violence_injury_prevention/violence/world_report/en/summary_en.

pdf

Zabalza, M.A. (1994). Diários de Aula. Contributo para o estudo dos dilemas práticos dos

professores. Porto: Porto Editora.

Lei n.º60/2009 de 6 de Agosto. Retirado de dre.pt/pdf1s/2009/08/15100/0509705098.pdf

Artigo nº 152º do DL n.º 48/95, de 15 de Março. Retirado de

http://www.pgdlisboa.pt/leis/lei_mostra_articulado.php?artigo_id=109A0152&nid=109&tabela

=leis&pagina=1&ficha=1&nversao=

Despacho n.º 2506/2007 retirado de http://www.dgidc.min-

edu.pt/educacaosaude/index.php?s=directorio&pid=107

Page 173: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

152

Page 174: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

153

APÊNDICES

Page 175: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

154

Page 176: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

155

APÊNDICE 1

Planificação do Projeto Educativo

1ª Sessão

Objetivos

Compreender a metodologia de trabalho do projeto “Agir para prevenir: Diz não à

violência no namoro”

1ª Atividade - Apresentação do projeto e da metodologia a seguir

Duração: 35 minutos

Material: Folheto nº 1 – Apresentação do Projeto

Descrição: Distribuição do folheto aos/às alunos/as e apresentação da metodologia a

seguir no projeto. Organização da turma em grupos mistos de 5-6 alunos.

2ª Atividade - Avaliação da sessão

Duração:10 minutos

Material: Diário das Sessões

Descrição

- Os/as alunos/as devem responder oralmente em grupo, no final da aula, a três perguntas

que estão no Diário das Sessões: 1) O que gostaram mais na sessão? Porquê?; 2) O que

gostaram menos na sessão? Porquê?; 3) O que gostariam de mudar na sessão para

gostarem mais dela? Um elemento do grupo deve levar o Diário para casa para fazer o

registo das respostas dadas oralmente na aula pelos colegas (Tarefa nº 1).

2ª Sessão

Objetivos

Compreender o que é a “violência no namoro”

Conhecer consequências da violência no namoro

Aprender a comunicar mais abertamente no grupo

Obter do grupo informação relevante para planificarem as atividades seguintes

Page 177: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

156

1ª Atividade - Visualização de um filme sobre violência no namoro e chuva de

ideias

Duração: 30 minutos

Material: Filme da APAV e outros (http://www.youtube.com/watch?v=wgwS2-I08E8),

(http://www.youtube.com/watch?v=kK0zQONmaqk)

(http://www.youtube.com/watch?v=55Fd8zcG5M0)

(http://www.youtube.com/watch?v=cvAmaznSOeQ) (6 min)), projetor multimédia, folha,

caneta.

- Tarefa nº 2- Chuva de ideias sobre a violência no namoro.

Descrição

- Visualização de quatro vídeos sobre a violência no namoro. Seguidamente, pedir aos

grupos para escreverem na folha de papel distribuída (Tarefa nº 2) todas as “palavras” que

conhecem sobre “violência no namoro”.

- Em seguida, fazer uma “Chuva de ideias em Post-it”: distribuir a cada aluno/a duas folhas

de “post-it” e dizer-lhe que quando o professor fizer uma pergunta terão 2 minutos para lhe

responder. Deve responder a cada pergunta numa folha de “post-it” diferente. As questões

são: 1ª - Quais são as consequências da violência no namoro?; 2ª O que faz com que as

pessoas sejam violentas no namoro?

2ª Atividade – Avaliação da sessão

Duração: 10 minutos

Material: Diário das sessões

Descrição: Seguir a metodologia da 1ª sessão (tarefa nº1).

3ª Sessão

Objetivos

Compreender a metodologia de trabalho do projeto “Agir para prevenir: Diz não à

violência no namoro”

Compreender o que é a “violência no namoro”

Page 178: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

157

Conhecer consequências e causas da violência no namoro indicadas pela turma

Conhecer as estratégias para prevenir a violência no namoro indicadas pela turma

Conhecer os recursos onde recorrer quando há violência no namoro indicados pela

turma

Aprender a planificar a investigação a realizar pela turma e grupos para adquirir o

conhecimento orientado para agir na prevenção da violência no namoro (consequências

e causas da violência no namoro e estratégias de mudança)

Aprender a regular a sua autoaprendizagem.

Desenvolver competências de seleção das fontes de investigação.

1ª Atividade – O que é a violência no namoro

Duração: 20 minutos

Material: PowerPoint nº1; Folheto nº 2 – O que é a violência no namoro?

Descrição

- Discussão em turma sobre o que é a violência no namoro e sobre as consequências,

causas e estratégias de mudança identificadas pelos/as alunos/as na tarefa nº 2 chuva de

ideias (PowerPoint nº1). Distribuição do folheto aos/às alunos/as sobre o que é a violência

no namoro.

2ª Atividade - Planificação da investigação a realizar pela turma

Duração: 15 minutos

Material:

- Tarefa nº 3 – Planificação da investigação do grupo.

- Folhetos: nº 3 – Consequências para as vítimas da violência no namoro; nº 4 – Porque se

mantém uma relação de namoro violenta?; nº 5 – A quem recorrer quando há violência no

namoro; nº 6 – Quais são as causas da violência no namoro?; nº 7 – Como se pode

prevenir a violência no namoro?

- Notícias de jornal sobre violência no namoro;

- Informações para pesquisa orientada na Internet sobre a violência no namoro (sugestão

para continuar a investigação em casa ou na escola);

- Estudo de caso sobre estratégias para prevenir a violência no namoro;

Page 179: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

158

- Entrevista/ ou questionário elaborada em turma para investigar o que é a violência no

namoro, quais as suas consequências e causas e o que se pode fazer para não haver

violência no namoro;

-Outro material informativo recolhido pelos/as alunos/as.

Descrição

- Distribuição em turma pelos grupos das questões de investigação: (Questão 1 - Quais são

as consequências para a vítima da violência no namoro?; Questão 2 - Porque se mantém

uma relação de namoro violenta? Questão nº 3 - A quem recorrer quando há violência no

namoro? Questão 4 – Quais são as causas da violência no namoro?; Questão 5 – Como se

pode prevenir a violência no namoro?

- Distribuição da grelha de planificação da investigação do grupo a cada grupo,

juntamente com o material que podem escolher para fazer a sua investigação. Entrega de

uma notícia, um estudo de caso e um panfleto com informações relacionadas com cada

questão.

- Trabalho de grupo para planificação da investigação.

3ª Atividade - Avaliação da sessão

Duração: 10 minutos

Material: Diário das Sessões

Descrição: Seguir a metodologia da 1ª sessão (tarefa nº1).

4 e 5ª Sessões

Objetivos

Desenvolver competências de investigação.

(Re)Construir conhecimento orientado para a ação na prevenção da violência no

namoro.

Aprender a trabalhar colaborativamente em grupo

Aprender a resumir os dados de investigação para divulgar o que aprenderam

Page 180: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

159

1ª Atividade – Investigação em pequeno grupo

Duração: 30 minutos

Material: Selecionado pelos grupos na sessão anterior. Entrega de um marcador de

pesquisa.

Descrição: investigação em grupo com elaboração de material (cartaz, folheto,

PowerPoint, filme, teatro, etc.) para apresentar a investigação realizada à turma (numa

mesa redonda constituída pelo porta-voz de cada grupo).

2ª Atividade - Avaliação da sessão

Duração: 10 minutos

Material: Diário das Sessões

Descrição: Seguir a metodologia da 1ª sessão.

6ª e 7ª Sessões

Objetivos

Desenvolver competências de comunicação verbal e não verbal.

(Re)Construir conhecimento orientado para a ação na prevenção da violência no

namoro.

Duração: 30 minutos

Material: elaborado pelos grupos na sessão anterior; projetor multimédia; outro material a

indicar pelos/as alunos/as.

Descrição: Organização de uma mesa redonda constituída pelo porta-voz de cada grupo e

moderada por cada aluno/a. O moderador deverá dar 10 minutos para cada grupo

apresentar o que investigou.

2ª Atividade - Avaliação da sessão

Duração: 10 minutos

Material: Diário das Sessões

Descrição: Seguir a metodologia da 1ª sessão.

Page 181: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

160

8ª Sessões

Objetivos

Desenvolver a criatividade.

Desenvolver competências de planificação de ações para resolver problemas.

Desenvolver competências de planificação da avaliação de ações.

1ª Atividade – Desenvolvimento de visões sobre o namoro

Duração: 10 minutos

Material: nenhum

Descrição: Partilha em turma sobre o que gostariam que acontecesse no futuro no

namoro entre adolescentes.

2ª Atividade – Planificação de uma ação sobre o namoro

Duração: 20 minutos

Material: nenhum

Descrição:

- Discussão em turma sobre o que querem fazer a seguir para contribuir para eliminar o

problema da violência no namoro entre os/as adolescentes e como podem avaliar se essa

ação resultou nas mudanças desejadas.

- A/s ação/ões a realizar pelos/as alunos/as para a sua própria turma, para outra/s

turma/s ou para a escola inteira, deverão ser sugeridas pelos/as alunos/as e professor/a,

mas têm que ser obrigatoriamente selecionadas pelos/as alunos/as sozinhos ou em

conjunto com o/a professor/a. As ações, poderão ser, por exemplo:

* Mesas redondas em que alguns/algumas alunos/as fazem uma apresentação do

que sabem sobre o problema e como o resolver e um/a especialista finaliza com

uma apresentação que complementa a dos/as alunos/as, seguindo-se a

elaboração de um contrato com um conjunto de regras para todos os presentes se

comprometerem a seguir para não haver violência no namoro. Este contrato deve

ser assinado por todos os presentes para estabelecer o compromisso;

Page 182: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

161

* Dramatização de um teatro, seguido de um debate com a presença de um

especialista e elaboração e assinatura por todos os presentes do contrato;

* Elaboração de um vídeo ou documentário sobre a violência no namoro, seguido

de debate e elaboração e assinatura por todos os presentes do contrato;

* Elaboração de folhetos pelos/as alunos/as e sua distribuição ou uma exposição

de trabalhos;

* Educação dos pares repetindo com eles/as algumas das estratégias de mudança

que aprenderam, ou outras semelhantes.

- Refletir com os/as alunos/as sobre as barreiras que podem encontrar para a realização de

cada ação e as barreiras que poderão impedir que as ações resultem nas mudanças

desejadas.

3ª Atividade - Avaliação da sessão

Duração: 10 minutos

Material: Diário das Sessões

Descrição: Seguir a metodologia da 1ª sessão.

Número de Sessões e atividades a nível da escola variável (em

função da motivação de alunos e professores

Objetivos

Desenvolver a capacidade de implementação de ações para eliminar as causas da

violência no namoro

Desenvolver competências de comunicação verbal e não verbal.

Aumentar a autoconfiança na sua capacidade de resolução de problemas.

Desenvolver competências de avaliação de ações.

Atividade – Implementação e avaliação de ações

Duração: A definir por professores e alunos/as.

Material: A definir por professores e alunos/as.

Descrição: A definir por professores e alunos/as/as.

A avaliação do projeto educativo planificada coincide com a avaliação prevista para esta

intervenção/ investigação.

Page 183: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

162

Page 184: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

163

PROJETO

“AGIR PARA PREVENIR: DIZ NÃO À VIOLÊNCIA NO NAMORO”

Ana Gonçalves - [email protected]

Estudo de Caso – A quem recorrer quando há violência no namoro?

A Marta e o André têm 16 anos. Namoram há um ano e embora estudem em escolas

diferentes, passam muito tempo juntos. Contrariamente ao costume, nas férias de verão ficaram

muito tempo sem se ver, pois a Marta teve de ir para os avós que moravam noutra cidade.

Para a Marta este tempo afastada do namorado foi um alívio. O André era muito

agressivo com ela, controlava todos os seus passos e queria que tudo fosse à maneira dele. Até

a obrigava a mostrar as mensagens no seu telemóvel! Controlava com quem falava e chegava a

proibi-la de andar vestida com certas roupas! Um dia até chegou a rasgar-lhe a roupa por cheirar

a um perfume que ele desconhecia! Mesmo em férias ele não parava de mandar mensagens e

de ligar constantemente a perguntar o que ela fazia ou com quem estava.

A Marta tinha uma grande amiga a Filipa, que era vizinha dos avós. Esta amiga era o

grande apoio da Marta. A ela a Marta conseguia confidenciar todas as suas zangas com o André

e de como ele a tratava. A Filipa, como conhecia bem o seu relacionamento no namoro apoiava-

a, fazendo com que ela sentisse que não estava sozinha e que não era responsável pelo

comportamento agressivo e controlador do namorado.

Um dia, a Filipa aconselhou a Marta a conversar com alguém para a ajudar a resolver

este problema. Explicou-lhe que o controlo é uma forma de violência e que a violência nunca é

uma forma de expressar amor ou paixão por outra pessoa. Disse-lhe que tinha de acabar com

aquela agressão do André. Pediu à Marta para falar com os pais ou com alguém de confiança

que a pudesse ajudar. Também lhe ensinou como contactar algumas instituições tais como a

Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV—707 200 077); a escola (psicóloga,

professores, funcionários); o Instituto Português da Juventude (IPJ) entre outras, onde podia

aconselhar-se melhor e compreender melhor o que era a violência no namoro e como podia

acabar com ela.

Discussão

1 - Que tipo de violência no namoro está presente neste caso?

2 - Qual foi o impacto do que aconteceu na vítima?

3 - Que parte desta história foi mais prejudicial para a vítima?

4 - O que farias se fosses a vítima?

5 - Como é que esta história contribuiu para te ajudar a prevenir a violência no namoro?

Apêndice 2

Material didático

Page 185: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

164

PROJETO

“AGIR PARA PREVENIR: DIZ NÃO À VIOLÊNCIA NO NAMORO”

Ana Gonçalves - [email protected]

Estudo de Caso – Causas da Violência no Namoro

Certo dia nas férias de verão três amigas, a Alexandra, a Marta e a Catarina foram juntas

à praia e conheceram três rapazes, o João, o Miguel e o Fernando. A Catarina e o Miguel

começaram a conhecer-se tornando-se namorados.

No seu relacionamento, a Catarina começou por impor algumas regras no namoro,

impedindo o Miguel de se relacionar com os amigos. Decidiu sozinha, sem o consultar, várias

questões no namoro, como, por exemplo, quando iam ao cinema, que filme iam ver ou a que

festas iam. Além disso era muito ciumenta e proibiu-o de falar com outras raparigas.

O Miguel acredita que estas atitudes e os ciúmes da Catarina são uma demonstração de

amor. Por essa razão respeita as suas atitudes. O Miguel acredita que é preferível viver assim

numa relação do que estar sozinho.

O relacionamento da Catarina e do Miguel foi piorando. Um dia a Catarina cometeu um

grande erro, deu uma bofetada ao Miguel por vê-lo a conversar com uma amiga. O Miguel ficou

chateado com o que tinha acontecido, mas como gosta muito da Catarina perdoou-a e não quis

terminar a relação. Também sentia vergonha em assumir que abandonou a relação por ser

vítima de violência. Além disso, sentia-se culpado pelo que aconteceu.

O Miguel continuou junto de Catarina e acredita que ela vai mudar. Acredita que aquela

bofetada foi única e, por isso, não é preocupante. Acredita que aquela situação não vai voltar-se

a repetir! O problema é que se sente inseguro. Na escola já ouviu dizer que por vezes isto não

acontece só uma vez!

Discussão

1 - Esta história é de violência no namoro ou não? Porquê?

2 - Que tipo de violência está presente neste caso?

3 - Qual foi o impacto do que aconteceu na vítima?

4 - O que farias se fosses a vítima?

5 - Que parte desta história foi mais prejudicial para a vítima?

6 - Se fosses amigo/a da vítima o que farias?

7 - Como é que esta história contribuiu para te ajudar a prevenir a violência no namoro?

Page 186: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

165

PROJETO

“AGIR PARA PREVENIR: DIZ NÃO À VIOLÊNCIA NO NAMORO”

Ana Gonçalves - [email protected]

Estudo de Caso – Consequências da Violência no Namoro

O Ricardo e a Maria ambos com 15 anos conheceram-se num encontro com amigos nas

férias da páscoa. Curiosamente nunca se tinham encontrado apesar de estudarem na mesma

escola. No final do 2º período começaram a namorar. Certo dia, a Maria saiu com os seus

colegas de turma para ir almoçar e entre eles estavam presentes duas raparigas e três rapazes.

A Maria disse ao Ricardo que ia almoçar com umas amigas mas não referiu que

também iam rapazes. O Ricardo nesse dia também foi almoçar. Quando chegou ao restaurante

deparou-se com Maria e com os seus colegas sentados numa mesa a jantar. Ficou zangado por

Maria não lhe ter dito que também iam rapazes.

Quando estiveram juntos na escola, o Ricardo gritou com ela, denegrindo a sua imagem.

Insultou-a à frente de toda a escola, chamou-lhe nomes e acusou-a de mentirosa e traidora.

A Maria sentiu-se envergonhada e triste pelo sucedido. Além disso, sentiu-se culpada

pelo que tinha acontecido. Para piorar a situação deixou de se alimentar direito, isolou-se e

deixou de sair com amigas com medo de alguma represália por parte do namorado. A partir

desse dia submeteu-se apenas à vontade dele.

Discussão

1 - Que tipo de violência no namoro está presente neste caso?

2 - Qual foi o impacto do que aconteceu na vítima?

3 - Que parte desta história foi mais prejudicial para a vítima?

4 - O que farias se fosses a vítima?

5 - Como é que esta história contribuiu para te ajudar a prevenir a violência no namoro?

Page 187: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

166

PROJETO

“AGIR PARA PREVENIR: DIZ NÃO À VIOLÊNCIA NO NAMORO”

Ana Gonçalves - [email protected]

Estudo de Caso – Como se pode prevenir a violência no namoro

A Rita e o Luís, namorados há algum tempo, tinham no seu grupo de amigos um casal

de namorados, o Pedro e Joana, que namoravam desde a mesma altura que eles. O Pedro e a

Joana tinham quase sempre conflitos entre si. O Pedro era muito ciumento e achava que o

controlo sobre a Joana era normal e que faz parte de qualquer relação.

A Rita e o Luís não achavam o que se passava entre eles correto e achavam que o Pedro

estava a tornar-se obsessivo, controlando todos os passos da Joana e, até, proibindo-a de estar

com a família e amigas.

A Rita, preocupada com a Joana, que era a sua melhor amiga, tentou conversar com ela

sobre a sua relação com o Pedro e aconselhou-a a informar-se sobre sites importantes como o

da APAV (Associação Portuguesa de Apoio à Vítima – www.apavparajovens.pt), onde ela podia

verificar se está ou não numa relação de namoro violenta. Caso estivesse, o site poderia ensiná-

la sobre o que fazer.

A Rita, também a aconselhou a integrar-se e a participar em programas de prevenção da

violência no namoro que estavam a decorrer na escola que frequentavam. Ela participava nesses

projetos e, por isso, sabia que lá se demonstravam “soluções não violentas” para a resolução de

conflitos nas relações de namoro. Sabia que esse projeto a podia ajudar muito e ela não

precisava de se expor. Ninguém precisava saber que ela estava a ser vítima de violência no

namoro.

A Rita ainda lhe contou que nesses programas os participantes tinham de planificar,

implementar e avaliar estratégias de mudança dos estilos de vida e/ou condições de vida para

eliminar as causas da violência no namoro, descrevendo as visões que têm para o seu futuro e o

da sua comunidade em relação ao problema da violência no namoro. Disse que o fundamental

desses projetos era aprenderem a comportar-se e a viver na escola e na sociedade que

gostariam de ter. Disse-lhe que um dos sonhos mais importantes dos colegas que estavam no

projeto era que deixasse de haver violência no namoro e na sociedade, em geral.

A Joana seguiu os conselhos da amiga. Começou a frequentar esses projetos e

convenceu o Pedro a participar também. O seu relacionamento melhorou e o Pedro começou a

controlar os ciúmes. O controlo que ele lhe fazia no passado também começou a desaparecer.

Agora o seu relacionamento começava a ser, cada vez mais, um relacionamento baseado na

confiança e no respeito mútuo, onde o amor verdadeiro começava a surgir.

Discussão

1 - Que tipo de violência no namoro está presente neste caso?

2 - Qual foi o impacto do que aconteceu na vítima?

3 - Que parte desta história foi mais prejudicial para a vítima?

4 - O que farias se fosses a vítima?

5 - Que estratégias encontrou a Rita para ajudar a Joana?

6 - Como é que esta história contribuiu para te ajudar a prevenir a violência no namoro?

Page 188: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

167

PROJETO

“AGIR PARA PREVENIR: DIZ NÃO À VIOLÊNCIA NO NAMORO”

Ana Gonçalves - [email protected]

Estudo de Caso – porque se mantêm numa relação violenta

A Mariana e o Tiago já namoram há dois anos e no início da sua relação tudo parecia

estar bem. Andavam sempre de mão dada, contavam tudo um ao outro, gostavam de sair juntos

e de partilhar todas as alegrias e tristezas.

Atualmente tudo piorou. Um dia o Tiago agrediu verbalmente a Mariana e deu-lhe um

encontrão por ela não querer ter relações sexuais com ele. Nesse mesmo dia, o Tiago na escola

insultou e humilhou a Mariana. No final do dia, arrependido, pediu-lhe desculpas e garantiu que

não voltaria a ter aquele comportamento. Deu-lhe um presente, acariciou-a manifestando-lhe

afeto, e pediu-lhe para ela esquecer o que ele lhe fez. Em seguida pediu-lhe perdão.

A Mariana depois das humilhações que viveu estava a pensar terminar a relação. No

entanto, sentia vergonha e tinha medo de não conseguir construir uma nova relação. Ela sentia

que não ia suscitar interesse em outro rapaz, por causa do que o Tiago lhe disse na escola.

Além disso gostava muito do Tiago e não sabia se tinha culpa no que aconteceu.

A Mariana perdoou o Tiago e acredita que o amor ultrapassa todos estes episódios de

violência. Acredita que o Tiago vai mudar. Acredita que se fizer o Tiago feliz ele não voltará a

tratá-la assim.

Discussão

1 - Esta história é de violência no namoro ou não? Porquê?

2 - Que tipo de violência está presente neste caso?

3 - Qual foi o impacto do que aconteceu na vítima?

4 - O que farias se fosses a vítima?

5 - Que parte desta história foi mais prejudicial para a vítima?

6 - Se fosses amigo/a da vítima o que farias?

7 - Como é que esta história contribuiu para te ajudar a prevenir a violência no namoro?

Page 189: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

168

PROJETO

“AGIR PARA PREVENIR: DIZ NÃO À VIOLÊNCIA NO NAMORO”

Ana Gonçalves - [email protected]

Notícia

Violência no namoro: são poucos os jovens que apresentam queixa

Estudo mostra que os jovens estão mais sensibilizados para a violência no namoro, mas ainda apenas nove por

cento das vítimas apresentam queixa às autoridades

Texto de Lusa • 13/02/2013 - 11:01 - http://p3.publico.pt/actualidade/sociedade/6639/violencia-no-namoro-sao-

poucos-os-jovens-que-apresentam-queixa

Os jovens estão mais sensibilizados para a violência no namoro, mas ainda são poucos os que procuram

ajuda e apenas nove por cento das vítimas apresentam queixa às autoridades, disse à Lusa a investigadora Sónia

Caridade.

“Constituindo a violência no namoro uma experiência pessoal caracterizada por sentimentos de vergonha,

embaraço, a grande maioria dos jovens não procura ajuda”, adiantou a autora de um estudo sobre este tema.

O medo de serem culpabilizados, de que o segredo não seja preservado, que os adultos os pressionem

para terminar a relação, acharem que não vão ser ajudados, temerem punições parentais (muitas relações são

proibidas pelos pais), faz com que os jovens não contem o que estão a passar.

Amigos são os principais confidentes Os seus “principais confidentes” costumam ser os amigos, mas, na grande maioria, “não reúnem

condições” para dar o “devido apoio”, ou porque também estão envolvidos em relações abusivas ou porque “legitimam um conjunto de crenças perpetuadoras do fenómeno”, explicou a investigadora da Universidade do Minho, que falava à Lusa a propósito do Dia dos Namorados.

Para despertar os jovens para esta problemática, a Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) tem realizado campanhas que alertam para a importância de valorizar todos os atos de violência, comportamentos puníveis criminalmente. “É fundamental investir na aproximação a estes jovens para os sensibilizar e promover neles uma postura de maior pró-acção quando estas situações lhe chegam”, disse Manuela Santos, da APAV.

A decisão de um jovem apresentar queixa ou expor esta experiência a um agente de autoridade “não é fácil de tomar”, preferindo dirigir-se a uma instituição de apoio. “A APAV recebe alguns pedidos de ajuda de jovens que partilham connosco as suas experiências de vitimação e nos pedem apoio e encaminhamento sobre o que podem fazer do ponto de vista legal”, contou Manuela Santos, adiantando que essas solicitações têm vindo a crescer.

Para a investigadora Susana Lucas, do Instituto Piaget, as campanhas de prevenção têm contribuído para “mudar o paradigma” da violência no namoro ser “uma coisa encoberta e mostrar às pessoas que não estão sozinhas”. “Felizmente já começa a existir alguma procura [por parte dos jovens] das autoridades e das associações de apoio à vítima que depois os encaminha para os trâmites legais”, disse Susana Lucas, adiantando que os maus-tratos começam por volta dos 13 anos.

O estudo nacional sobre a prevalência da violência do namoro envolveu 4.667 jovens com idades entre os 13 e os 29 anos, dos quais 25,4% relataram ter sido vítimas de, pelo menos, um acto abusivo no último ano e 30,6% admitiu ter sido agressor. Em termos de vitimação, os comportamentos emocionalmente abusivos lideram (19,5%), seguindo-se os fisicamente abusivos (13.4%) e a violência física severa (7,6%).

A legitimação da violência surge “mais elevada” entre os participantes mais novos, com menor formação e rapazes, que são educados para “serem mais fortes, emocionalmente pouco expressivos, competitivos e dominadores face às suas parceiras”. Uma “cultura de prevenção”, que envolva a promoção de relacionamentos saudáveis, a consciencialização dos jovens e modificação de comportamentos violentos é, para Sónia Caridade, a melhor forma de combater este fenómeno. Para isso, defendeu, terá de haver uma “articulação concertada” entre os jovens, entidades e agentes educativos (pais, professores, funcionários), os pares e a comunidade.

Page 190: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

169

PROJETO

“AGIR PARA PREVENIR: DIZ NÃO À VIOLÊNCIA NO NAMORO”

Ana Gonçalves - [email protected]

Notícia

Violência no namoro: metade das vítimas perdoa agressor

Convicção de que não voltará a acontecer pode ser a explicação, adianta autora de

estudo

http://www.tvi24.iol.pt/sociedade/tvi24-violencia-domestica-estudo-ultimas-namoro/1218526-

4071.html

Por: tvi24 / CLC | 2010-12-15 19:52

Um estudo que a investigadora da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação

da Universidade de Coimbra (FPCEUC) Suzana Lucas está a desenvolver revela que «50 por

cento das vítimas de agressão no namoro perdoam o agressor».

Suzana Lucas considera, de acordo com o mesma investigação, que aquela atitude resulta, em

grande parte dos casos, do facto de «o amor se sobrepor à própria violência». Há, no entanto,

outros factores, afirmou hoje Suzana Lucas à agência Lusa, à margem de uma conferência

sobre «violência no namoro», promovida pela Associação Académica de Coimbra (AAC).

A convicção, por parte da vítima, que a agressão que sofreu resultou de um acto isolado, que «o

outro vai mudar» o seu comportamento ou «o medo de represálias» são as razões mais

frequentemente apontadas pelas vítimas para justificaram o perdão ao agressor, acrescenta a

investigadora. Embora acredite que aquela atitude reflete, de algum modo, a realidade, o estudo

incide «apenas sobre 274 adolescentes vítimas de violência no relacionamento amoroso»,

adverte Suzana Lucas, sublinhando que a investigação que está a desenvolver, no âmbito do seu

doutoramento na FPCEUC, abrangerá mais de dois mil casos.

«Não são só os casais heterossexuais que vivem a violência», alertou, por outro lado, durante a

sua intervenção na conferência, Suzana Lucas, que também é autora do primeiro estudo sobre

violência no namoro realizado em Portugal, em 2003.

«Tanto a mulher como o homem são vítimas de violência», mas o tipo de agressão é,

normalmente, diferente, frisa a investigadora, referindo que o agressor masculino pratica, na

maior parte das situações, «violência física», enquanto a mulher adopta mais a agressão «verbal

e psicológica» e/ou «provoca ciúmes».

Page 191: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

170

PROJETO

“AGIR PARA PREVENIR: DIZ NÃO À VIOLÊNCIA NO NAMORO”

Ana Gonçalves - [email protected]

Notícia

Um em quatro jovens já sofreu violência no namoro

por ALFREDO MENDES

16 fevereiro 2009

http://www.dn.pt/inicio/interior.aspx?content_id=1172860#AreaComentarios

Alerta. Agressões físicas e psicológicas numa relação são crimes públicos

Afinal, a velha máxima de que "quanto mais me bates mais gosto de ti" ainda subsiste

durante a fase do namoro. Um estudo da Universidade do Minho revela que os jovens

"interpretam os actos de violência como sendo provas de amor".

Para além deste dado surpreendente, a investigação revelou outra realidade: um em cada quatro

jovens já experimentou violência no namoro, física ou psicológica. Numa festa-acção de

sensibilização realizada ontem em Matosinhos, Elza Pais, presidente da Comissão para a

Cidadania e Igualdade de Género (CIG), aludiu ao facto de vivermos numa sociedade com

algumas "desestruturações" ao nível dos afetos. E os jovens, precisou, "vivem as relações

afetivas cada vez mais cedo".

Elza Pais alertou para a necessidade de os jovens terem de estar atentos aos sinais de

violência, construindo uma relação saudável, que passe pela confiança, respeito e construção de

um projecto de vida. Na acção de sensibilização realizada em Matosinhos pela GIC, foi

distribuído um documento no qual constam os 13 mitos ou pecados mortais da violência no

namoro que devem ser evitados.

Um deles, realçou Elza Pais, trata-se do mito de que, com o tempo ou através do

casamento, o ciúme ou controle do parceiro podem passar ou atenuar. Porém, os estudos

referem de novo o inverso: tendem a agravar-se. Quanto ao dito "entre marido e mulher ninguém

mete a colher", nada de mais errado. A violência nas relações amorosas também é um crime

público. Para esclarecer os jovens sobre estas questões, a CIG disponibiliza uma linha verde

(800202148) e o sítio www.amorverdadeiro.com.pt.|

Page 192: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

171

PROJETO “AGIR PARA PREVENIR: DIZ NÃO À VIOLÊNCIA NO NAMORO”

Ana Gonçalves - [email protected]

Notícia

A violência no namoro

Quinta, 24 de Novembro de 2011

http://www.acomuna.net/index.php/contra-corrente/3567-a-violencia-no-namoro

A violência no namoro, tem sido progressivamente considerada um problema social muito relevante, merecendo a atenção por parte de alguns dos/as investigadores/as (Ver Callahan; Tolman; Saunders, 2003). No entanto não lhe é dada ainda a devida importância, nos discursos sociais e educativos, comparando com a violência doméstica. Estes investigadores/as, justificam esta disparidade a partir de um conjunto de fatores que têm condicionado a investigação neste domínio: as dificuldades associadas à própria definição de violência no namoro e à operacionalização desse conceito, a dificuldade de acesso dos investigadores a esta população (a necessária autorização dos pais e mães) e a inexistência de um estatuto legal, autónomo, alusivo à violência fora dos contextos domésticos. (Ver Hickman, Jaycox e Aronoff (2004).

Um estudo feito em Espanha com mulheres vítimas, comprovou que em 18,2% dos casos de agressões, estas se iniciaram antes de existir coabitação (Gómez; Méndez-Valdivia; Izquierdo; Muñiz; Díaz; Herrero; Coto, 2002).

Sabemos, no entanto, que a violência durante as relações de namoro não é um problema raro, alguns estudos têm revelado a existência de níveis preocupantes de violência nas relações de namoro, incluindo violência física (Straus, 2004). Em termos internacionais, estima-se uma prevalência situada entre os 21,8% e os 60% (Katz; Kuffel; Coblentz, 2002; Kaura; Allen, 2004; Magdol; Moffit; CaspiI; Newman; Fagan; Silva, 1997; Straus, 2004). Um estudo realizado em Portugal 2002, em contexto universitário, procurou caracterizar a prevalência do fenómeno da violência no namoro assim como, os valores culturais que o legitimam. (Ver Machado; Matos; Moreira, 2003). Concluindo que uma percentagem significativa de estudantes adotava comportamentos violentos no contexto das suas relações de intimidade: 15,5% referiu ter sido vítima de pelo menos um ato abusivo durante o último ano e 21,7% admitiram já ter adotado este tipo de comportamentos em relação aos seus/suas parceiros/as. Noutros estudos internacionais, verificou-se que, os comportamentos normalmente praticados, são considerados de “atos menos graves” de violência: insultar, difamar ou fazer afirmações graves para humilhar ou ferir, gritar ou ameaçar com intenção de meter medo, partir ou danificar objetos intencionalmente e dar bofetadas. Num estudo de Kaura; Allen, (2004), a taxa de violência física, sexual, era bastante reduzida, embora esses atos estivessem presentes (apertar o pescoço, atos sexuais contra vontade, murros, pontapés ou cabeçadas, bater com a cabeça na parede ou contra o chão, ameaças com armas).

A Violência no Namoro pode assumir-se como um prelúdio de violência conjugal, tornando-se crucial a intervenção e a prevenção deste tipo de violência nas camadas mais jovens. Uma vez que é nesta fase de desenvolvimento que se formam: a personalidade, a identidade e os padrões de relacionamento afetivo e interpessoal (Caridade & Machado, 2006; Duarte & Lima, 2006). As relações de namoro violentas caracterizadas pela restrição e controlo da autonomia da mulher usualmente originam um casamento abusivo. (ver Caridade e Machado (2006) e Matos (2000)). Tendo em conta todo este contexto, não faz sentido falar de violência conjugal sem focar a violência ocorrida numa etapa pré conjugal.

A violência expressa-se sob formas diversas, sendo a de maior visibilidade a física, sexual, psicológica, de discriminação sociocultural, e também de um certo mal-estar social, insegurança e incerteza. Algumas perspetivas e investigadores/as atribuem este tipo de violência a uma reprodução e repetição das relações familiares violentas que é perpetuado pelos jovens e crianças já em idade adulta.

Por isso, a violência no namoro é aceite por grande parte de rapazes e raparigas. O ciúme é naturalizado e “se o namorado não for ciumento é sinal que não gosta da rapariga”. O controlo que é feito tanto por rapazes como por raparigas, do telemóvel, é naturalizado. Temos reparado que as

Page 193: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

172

raparigas na sua grande maioria “obedecem” sem questionar o namorado. O agressor isola a vítima e para além da violência psicológica que exerce frequentemente, a violência física não é frequentemente exercida. Sendo o mais comum o insulto, os empurrões, a violência emocional, verbal e económica, em casos extremos temos tido homicídios no namoro.

Este tipo de violência é quase sempre o início de um ciclo que se vai perpetuando. Sendo mais fácil, nesta primeira fase, as jovens abandonarem os agressores, uma vez que não têm compromissos formais, ou seja não são casadas e não têm filhos/as.

As jovens justificam sempre a violência como algo que é intrínseco aos rapazes não considerando as atitudes violentas destes como violência. O elas estarem sempre ao pé do namorado, quer dizer, que estes estão muito apaixonados e por isso querem estar sempre junto, sem ninguém. Não consideram estranho, o/a namorado/a não “autorizar” que elas/es falem ou andem com os/as colegas.

As discussões acontecem frequentemente por ciúmes, e consideram que quando se reconciliam é muito melhor, eles estão muito mais românticos.

A violência entre os pais muitas das vezes é reproduzida pelos filhos/as que assistem e a normalizam e naturalizam interiorizando estes modelos de vida em que a violência-amor é parte essencial para uma vida a dois.

Alguns jovens consideram normal obrigar as namoradas a ter relações sexuais durante o namoro contra a vontade das mesmas, e as raparigas pensam que só estão felizes se tiverem a proteção e segurança do namorado. Estas questões aparecem devido ao sistema patriarcal sexista que utiliza instrumentos de dominação e controle para manter o poder masculino e perpetuá-lo.

As jovens vítimas de violência dificilmente podem participar em todas as dimensões da vida social, cultural e politica uma vez que não têm as mesmas condições de outras jovens que não são vítimas de violência. As consequências são gravíssimas, alterações de comportamento, irritáveis, desobedientes, agressivos, baixa do rendimento escolar, falta de concentração, falta de hábitos de estudo, falta de autonomia e iniciativa.

As raparigas vítimas de violência de género ficam com marcas para o resto da vida que para recuperar devem ter acompanhamento e tratamento especializado.

Segundo Rêgo ”habituamo-nos a viver assim e não damos por nada. Disseram-nos que era assim. Sempre vimos que era assim. Começa nas primeiras roupas e nos brinquedos: “ É menino ou menina?” E, em conformidade, azul ou cor-de-rosa, carrinho ou boneca” (Rêgo, 2008:43).

As questões dos estereótipos de género estão presentes na educação que é dada a rapazes e raparigas na família e posteriormente na escola e sociedade “basta parar um pouco para ouvir, longínquas e presentes, as vozes de encorajamento e interditos a distinguir, a limitar, a marcar para a vida, quais os poderes de um homem e os poderes de uma mulher” (idem).

Os manuais escolares são transmissores das representações dominantes em torno da feminilidade e da masculinidade, levando os/as jovens a construções de identidade de género e à normalização de comportamentos. Mas também como “veículo ideológico, afigura-se hegemónico, evidenciando um elevado grau de convergência entre conceitos e valores que estruturam o seu discurso e as representações sociais que o senso comum incorporou e cristalizou” (Nunes, 2008:105).

Estas são algumas das questões que levam à violência doméstica e que foram incorporadas e cristalizadas. Muitas jovens ainda não denunciam a violência de que são vitimas, estão fragilizadas e precisam de apoio, mas também de perceber a construção social do fenómeno da violência doméstica, como se manifesta nos discursos, das atitudes e comportamentos. A prevenção primária e a sensibilização devem ser feita a jovens rapazes e raparigas desde muito cedo, para que possam mudar atitudes e comportamentos.

Ana Paula Canotilho

Page 194: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

173

PROJETO

“AGIR PARA PREVENIR: DIZ NÃO À VIOLÊNCIA NO NAMORO”

Ana Gonçalves - [email protected]

Notícia

Apenas 9% dos jovens apresentam queixa por violência no namoro

http://www.jn.pt/PaginaInicial/Sociedade/Interior.aspx?content_id=3050445&page=4

Publicado em 2013-02-13 Os jovens estão mais sensibilizados para a violência no namoro, mas ainda são poucos os que procuram

ajuda e apenas 9% das vítimas apresentam queixa às autoridades. Constituindo a violência no namoro uma experiência pessoal caracterizada por sentimentos de vergonha, embaraço, a grande maioria dos jovens não procura ajuda", adiantou a investigadora Sónia Caridade, autora de um estudo sobre este tema. O medo de serem culpabilizados, de que o segredo não seja preservado, que os adultos os pressionem para terminar a relação, acharem que não vão ser ajudados, temerem punições parentais (muitas relações são proibidas pelos pais), faz com que os jovens não contem o que estão a passar. Os seus "principais confidentes" costumam ser os amigos, mas, na grande maioria, "não reúnem condições" para dar o "devido apoio", ou porque também estão envolvidos em relações abusivas ou porque "legitimam um conjunto de crenças perpetuadoras do fenómeno", explicou a investigadora da Universidade do Minho, que falava à Lusa a propósito do Dia dos Namorados, que se assinala quinta-feira.

30% admitiu ter sido agressor

O estudo nacional sobre a prevalência da violência do namoro envolveu 4667 jovens com idades entre os 13 e os 29 anos, dos quais 25,4% relataram ter sido vítimas de, pelo menos, um ato abusivo no último ano e 30,6% admitiu ter sido agressor. Em termos de vitimação, os comportamentos emocionalmente abusivos lideram (19,5%), seguindo-se os fisicamente abusivos (13,4%) e a violência física severa (7,6%).

A legitimação da violência surge "mais elevada" entre os participantes mais novos, com menor formação e rapazes, que são educados para "serem mais fortes, emocionalmente pouco expressivos, competitivos e dominadores face às suas parceiras". Uma "cultura de prevenção", que envolva a promoção de relacionamentos saudáveis, a consciencialização dos jovens e modificação de comportamentos violentos é, para Sónia Caridade, a melhor forma de combater este fenómeno. Para isso, defendeu, terá de haver uma "articulação concertada" entre os jovens, entidades e agentes educativos (pais, professores, funcionários), os pares e a comunidade. Maus-tratos começam por volta dos 13 anos

Para despertar os jovens para esta problemática, a Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) tem realizado campanhas que alertam para a importância de valorizar todos os atos de violência, comportamentos puníveis criminalmente.

"É fundamental investir na aproximação a estes jovens para os sensibilizar e promover neles uma postura de maior pró ação quando estas situações lhe chegam", disse Manuela Santos, da APAV.

A decisão de um jovem apresentar queixa ou expor esta experiência a um agente de autoridade "não é fácil de tomar", preferindo dirigir-se a uma instituição de apoio.

"A APAV recebe alguns pedidos de ajuda de jovens que partilham connosco as suas experiências de vitimação e nos pedem apoio e encaminhamento sobre o que podem fazer do ponto de vista legal", contou Manuela Santos, adiantando que essas solicitações têm vindo a crescer.

Para a investigadora Susana Lucas, do Instituto Piaget, as campanhas de prevenção têm contribuído para "mudar o paradigma" da violência no namoro ser "uma coisa encoberta e mostrar às pessoas que não estão sozinhas". "Felizmente já começa a existir alguma procura [por parte dos jovens] das autoridades e das associações de apoio à vítima que depois os encaminha para os trâmites legais", disse Susana Lucas, adiantando que os maus-tratos começam por volta dos 13 anos.

Page 195: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

174

PROJETO

“AGIR PARA PREVENIR: DIZ NÃO À VIOLÊNCIA NO NAMORO”

Ana Gonçalves - [email protected]

Notícia

Maioria dos jovens acha normal a violência no namoro

por Rute Coelho21 maio 2013

http://www.dn.pt/inicio/portugal/interior.aspx?content_id=3230117

Oitocentos e oitenta e cinco alunos, com idades dos 11 aos 18 anos, consideram

legítimos comportamentos abusivos com as namoradas ou namorados, segundo inquérito feito

pela UMAR. Mais de metade dos rapazes e das raparigas acham que é normal proibir a

namorada/o de vestir certas roupas e de sair com determinados amigos/as. Entre os rapazes,

5% considera que agredir a namorada ao ponto de deixar marcas não é ser violento. 25% dos

rapazes e 13,3% das raparigas entendem que humilhar a namorada/o é legítimo e que ameaçar

a namorada ou o namorado é normal (15,65% dos rapazes acha que sim e 5% das raparigas

também). Estas respostas foram obtidas nas respostas a um questionário feito a uma amostra

de 885 alunos de escolas de Porto e de Braga no âmbito do Projeto Mudanças com Arte da

UMAR (União de Mulheres Alternativa e Resposta).

Page 196: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

PR

OJE

TO

“A

GIR

PA

RA

PR

EV

EN

IR:

DIZ

O À

VIO

NC

IA N

O N

AM

OR

O”

Ana

Gonç

alve

s -

an

a.c

.l.g

@h

otm

ail.c

om

TA

RE

FA

1 –

Diá

rio d

as

sess

ões

Nom

es

dos

alu

nos

do g

rupo:

_____________________________________________________________________________________________________

O

que

gost

ara

m

mais

nas

sess

ões?

Porq

uê?

O

que

gost

ara

m

menos

nas

sess

ões?

Porq

uê?

O que gost

ari

am

de m

udar

na se

ssão

para

gost

are

m m

ais

dela

?

Page 197: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

PR

OJE

TO

“A

GIR

PA

RA

PR

EV

EN

IR:

DIZ

O À

VIO

NC

IA N

O N

AM

OR

O”

Ana

Gonç

alve

s -

an

a.c

.l.g

@h

otm

ail.c

om

TA

RE

FA

2 –

Chuva d

e ideia

s so

bre

a v

iolê

nci

a n

o n

am

oro

Nom

es

dos

alu

nos

do g

rupo:

__________________________________________________________________________________________

Esc

revam

abaix

o t

odas

as

pala

vra

s que c

onheça

m s

obre

a v

iolê

nci

a n

o n

am

oro

Page 198: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

PR

OJE

TO

“A

GIR

PA

RA

PR

EV

EN

IR:

DIZ

O À

VIO

NC

IA N

O N

AM

OR

O”

Ana

Gonç

alve

s -

an

a.c

.l.g

@h

otm

ail.c

om

TA

RE

FA

3 -

PL

AN

IFIC

ÃO

D

A I

NV

ES

TIG

ÃO

D

O G

RU

PO

Nom

es

dos

alu

nos

do g

rupo:

_____________________________________________________________________________________________________

Pro

ble

ma que o

gru

po v

ai in

vest

igar:

______________________________________________________________________________________________

Com

o v

am

os

apre

senta

r a n

oss

a invest

igaçã

o à

turm

a:

_______________________________________________________________________________

O

que

sabem

os

sobre

o

noss

o

pro

ble

ma

Pla

nif

icaçã

o para

as

pró

xim

as

duas

aula

s (e

em

casa

se c

onsi

dera

rem

inte

ress

ante

)

Mate

rial

que s

ele

cionam

os p

ara

invest

igar

Dat

a e

loca

l

Page 199: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

Agir para prevenir:diz não à Violênciano Namoro*http://www.cdc.gov/violenceprevention/intimatepartnerviolence/teen_dating_violence.html

* www.igualdade.gov.pt/INDEX_PHP/PT/ACCOES/PRATICAS_BEM_SUCEDIDAS/CAMPANHAS_E_PREMIOS/265_CAMPANHA_CONTRA_A_VIOLENCIA.HTM

* www.amcv.org.pt/pt/amcv-jovens

Ana GonçalvesMestranda do Mestrado em Estudos da Criança - Intervenção Psicossocial com Crianças, Jovens e Famílias.

Vamos pesquisar?

Agir para prevenir:diz não à Violênciano Namoro

*http://www.slideshare.net/guest18a5ad/palestra-violncia-no-namoro

*http://naoaviolencianamoro.blogspot.pt/

*sosgirls.blogs.sapo.pt/3457.html

*www.graal.org.pt/files/EA_Guia_para_accao.pdf

*www.apavparajovens.pt/pt

*http://www.gaf.pt/intervencao/prevencaoeintervencaonaviolenciadomestica/informacoes/violencianamoro.php

Page 200: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

Ana

Go

nça

lves

Mes

tran

da

do

Mes

trad

o e

m E

stud

os

da

Cri

ança

- I

nte

rven

ção

Psi

coss

oci

al c

om

Cri

ança

s, J

oven

s e

Fam

ília

s

Ag

ir p

ara

pre

venir

:

Diz

o à

Vio

lên

cia

no

Na

moro

Univ

ersi

dad

e d

o M

inho

A m

eto

dolo

gia

IV

AM

(In

ves

tig

ação

, V

isão

, A

ção

e

Mudan

ça)

da

auto

ria

de

Bja

rne

Bru

un J

ense

n (

Vil

aça,

2012)

,

des

env

olv

ida

no â

mbit

o d

a R

ede

Eu

rop

eia

das

Esc

ola

s P

rom

oto

ras

de

Saú

de,

atu

alm

ente

des

ignad

as

Esc

ola

s P

ara

a S

aúd

e n

a E

uro

pa,

tem

co

mo o

bje

tivo

des

envolv

er a

“co

mp

etên

cia

par

a a

ação

” dos

alu

no

s.

A c

om

pet

ênci

a par

a a a

ção é

a

hab

ilid

ade

dos

alun

os

par

a re

ali-

zare

m a

ções

ref

lexiv

as,

indiv

i-

du

al o

u c

ole

tivam

ente

, e

pro

voca

-

rem

mu

dan

ças

posi

tivas

nos

esti

-

los

de

vid

a e

condiç

ões

de

vid

a

qu

e le

vem

, no

mea

dam

ente

, à

pre

-

ven

ção

da

vio

lênci

a no n

amoro

.

Met

od

olo

gia

do

P

roje

to

1

Page 201: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

“ (…

) um

a aç

ão d

eve

ser

dir

igid

a par

a a

solu

ção d

e um

pro

ble

ma

e dev

e se

r dec

i-

did

a por

aquel

es q

ue

se p

repar

aram

par

a

real

izar

a a

ção.

(…)

um

a aç

ão é

ori

enta

da

par

a um

a m

udan

ça:

um

a m

udan

ça n

a p

ró-

pri

a vid

a, n

a es

cola

, no l

oca

l ou n

a so

cie-

dad

e glo

bal

Jen

sen (

2002, p. 326)

Mo

del

o I

VA

M

Inve

sti

ga

ção

do

Tem

a

Des

envo

lvi

men

to

de

visõ

es

Açã

o e

mud

ança

?

Inves

tigação d

o t

em

a

Q

ual

é o

pro

ble

ma

qu

e q

uer

emos

ajudar

a r

esolv

er?

P

orq

ue

é que

esse

pro

ble

ma

é im

port

ante

par

a nós

e par

a os

outr

os,

a c

urt

o e

a m

édio

pra

zo?

Q

uai

s sã

o a

s su

as c

onse

quên

cias

?

Q

uai

s sã

o a

s su

as c

ausa

s ?

Q

uai

s sã

o a

s es

trat

égia

s a

seguir

par

a el

imin

ar a

s

causa

s do p

roble

ma?

Des

env

olv

imen

to d

e v

isõ

es

Q

uai

s sã

o a

s noss

as v

isões

(so

nhos/

obje

tivos)

par

a

o f

utu

ro e

m r

elaç

ão a

ess

e pro

ble

ma?

Açã

o e

mu

dan

ça

Q

ue

açõ

es q

uer

emos

real

izar

par

a el

imin

ar a

s ca

u-

sas

do p

roble

ma

e re

solv

ê-lo

?

C

om

o v

amos

pla

nif

icar

ess

as a

ções

?

C

om

o v

amos

aval

iar

se a

s aç

ões

res

ult

aram

nas

mudan

ças

de

esti

lo d

e vid

a e

condiç

ões

de

vid

a

des

ejad

as?

Fa

ses

do

pro

jeto

Va

mo

s

pla

nif

ica

r

Page 202: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

Un

ive

rsid

ad

e d

o M

inh

o

Qu

and

o o

/a p

arce

iro/a

inte

rfer

e n

a in

tegri

dad

e

psi

coló

gic

a e

emoci

onal

da

vít

ima,

lim

itan

do

a s

ua

liber

dad

e e

o s

eu d

esen

volv

imen

to p

esso

al. P

or

exem

plo

:

p

arte

ou

est

raga

os

obje

tos

ou

ro

upa;

c

on

tro

la a

man

eira

de

ves

tir;

c

on

tro

la o

que

o o

utr

o f

az n

os

tem

po

s li

vre

s e

ao

lon

go

do

dia

;

c

on

tro

la o

tem

po c

om

qu

em f

alas

;

l

iga

const

ante

men

te o

u e

nvia

men

sagen

s;

a

mea

ça

term

inar

a

rela

ção

co

mo

es

trat

égia

de

man

ipu

laçã

o;

i

nsu

lta,

hum

ilha,

agri

de

ver

bal

men

te, in

feri

ori

za;

f

az c

om

que

a vít

ima

se s

inta

cu

lpab

iliz

ada

pel

os

pro

ble

mas

da

rela

ção,

tran

sfer

indo-l

he

a re

spo

n-

sab

ilid

ade

das

agre

ssões

;

i

gn

ora

os

senti

men

tos

do

ou

tro;

p

erse

gue,

pro

íbe,

exig

e su

bm

issã

o e

ob

ediê

nci

a.

Q

uan

do o

/a

par

ceir

o/a

:

hum

ilha,

enver

gonha

ou t

enta

den

egri

r a

ima-

gem

da

vít

ima

em p

úbli

co,

espec

ialm

ente

junto

do

s

seus

fam

ilia

res

e am

igos;

mex

e,

sem

co

nse

nti

men

to,

no

tele

móvel

, n

as

conta

s de

corr

eio e

letr

ónic

o o

u n

a co

nta

do F

ace-

book;

pro

íbe

de

conviv

er c

om

os

amig

os

e/ou c

om

a

fam

ília

.

U

m

outr

o

modo

de

vio

lênci

a é

a per

segu

ição

,

quan

do o

par

ceir

o a

ssed

ia o

outr

o a

trav

és d

e am

ea-

ças

causa

ndo m

edo à

vít

ima

(CD

C,

s.d.)

.

Vio

lên

cia

Psic

oló

gic

a

Vio

lên

cia

So

cia

l

O q

ue

é a

vio

lên

cia

no

na

moro

?

Ag

ir p

ara

pre

venir

: d

iz n

ão

à

Vio

lên

cia

no

Na

moro

Ana

Go

nça

lves

Mes

tran

da

do

Mes

trad

o e

m E

stud

os

da

Cri

ança

-

Inte

rvençã

o P

sico

sso

cial

co

m C

rian

ças,

Jo

ven

s e

Fam

ília

s

2

Page 203: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

D

e a

co

rdo

co

m a

Ass

ocia

ção

Po

rtu

gu

e-

sa d

e A

po

io à

Vít

ima (

AP

AV

, s.

d.)

, a v

io-

lên

cia

no

nam

oro

é d

efi

nid

a c

om

o u

m a

co

n-

tecim

en

to q

ue o

co

rre n

o c

on

tex

to d

as

rela

-

çõ

es

de n

am

oro

na a

do

lesc

ên

cia

, em

qu

e u

m

do

s p

arc

eir

os,

ou

am

bo

s, r

eco

rre à

vio

lên

cia

co

m o

ob

jeti

vo

de e

xerc

er

po

der

ou

co

ntr

o-

lo s

ob

re o

ou

tro

parc

eir

o,

po

den

do

est

a v

io-

lên

cia

ser

ex

erc

ida a

trav

és

da v

iolê

ncia

fís

i-

ca,

verb

al,

em

ocio

nal/

psi

co

lóg

ica e

sex

ual.

Tal

vio

lên

cia

, p

od

e a

co

nte

cer

pess

oalm

en

te

ou

atr

av

és

da t

ecn

olo

gia

. M

uit

as

vezes,

o

s

ad

ole

scen

tes

e a

du

lto

s d

esc

on

hecem

qu

e h

á

vio

lên

cia

no

nam

oro

(C

DC

, s.

d).

Vio

lên

cia

no

Na

moro

Q

uan

do

o/a

parc

eir

o/a

tem

a i

nte

nção

de f

eri

r

o o

utr

o,

co

locan

do

em

ris

co

a i

nte

gri

dad

e

físi

ca d

o o

utr

o:

mag

oa;

bate

;

em

pu

rra;

ch

uta

;

am

eaça u

sar

forç

a f

ísic

a o

u a

ag

ress

ão.

Quan

do o

/a p

arce

iro/a

:

Cham

a no

mes

e/o

u g

rita

;

Hum

ilha,

atr

avés

de

crít

icas

e c

om

entá

rios

ne-

gat

ivos

(ex.:

“Não

val

es n

ada.

”);

Inti

mid

a e

amea

ça.

Nas

re

laçõ

es d

e nam

oro

n

ão se

vis

ual

izam

dif

eren

ças

de

gén

ero

e e

xis

te u

m p

ou

co d

e tu

do

,

tal

com

o i

nsu

ltos,

bo

feta

das

, p

ux

ões

de

cab

elo

s

e am

eaça

s. C

on

tud

o,

esta

s ag

ress

ões

, p

or

falt

a de

form

ação

, p

or

vez

es n

ão s

ão v

ista

s co

mo

ab

usi

-

vas

. P

or

exem

plo

, a

pro

ibiç

ão d

e co

nta

ctar

co

m

os

cole

gas

ou

não

dei

xar

usa

r d

eter

min

ada

roup

a

po

r vez

es n

ão é

reco

nhec

ida

com

o ab

usi

va,

é

vis

ta c

om

o u

ma

man

ifes

taçã

o d

e ci

úm

es e

co

n-

fun

did

a co

m u

ma

dem

on

stra

ção

d

e am

or.

V

a-

mo

s ap

ren

der

par

a ev

itar

que

isto

nos

aco

nte

ça!

Qu

and

o o

/a p

arce

iro

/a t

em a

inte

nçã

o d

e p

rati

-

car

um

ato

sex

ual

sem

o c

on

sen

tim

ento

do

ou

tro

,

qu

e p

ode

ir d

esd

e co

nta

cto

s co

rpora

is a

té m

esm

o

à vio

laçã

o s

exu

al:

o

bri

ga

a p

rati

car

ato

s se

xuai

s, q

uan

do

o o

utr

o

não

qu

er;

a

cari

cia,

qu

and

o n

ão q

uer

es;

r

idic

ula

riza

o d

esem

pen

ho

sex

ual

;

u

tili

za d

rogas

ou

ch

anta

gei

a.

Vio

lên

cia

fís

ica

Vio

lên

cia

ver

ba

l

Vio

lên

cia

Sex

ua

l

Page 204: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

Vio

lênci

a n

o Nam

oro:

Co

nseq

uênc

ias

para a

víti

ma

de

violên

cia

no

namoro

A v

iolê

nci

a pra

tica

da

pel

o/a

par

ceir

o/a

na

adole

scên

cia

não

tem

sid

o m

uit

o l

evad

o e

m

conta

pel

a li

tera

tura

e p

elos

adult

os

em g

eral

.

Contu

do, os

efei

tos

des

sa v

iolê

nci

a sã

o c

atas

-

trófi

cos

e pre

judic

iais

par

a as

vít

imas

pois

o

resu

ltad

o d

essa

vio

lên

cia

pode

ser,

por

exem

-

plo

, gra

vid

ez n

a a

dole

scên

cia

, in

feçã

o d

e

HIV

, d

oen

ças

sexu

alm

en

te t

ran

smis

sívei

s e

o a

ban

don

o e

scola

r.

Un

ive

rsid

ad

e d

o M

inh

o

Va

mo

s p

reve

nir

esse

pro

blem

a?

Ag

ir p

ara

pre

venir

: d

iz n

ão

à V

iolên

cia

no

Na

moro

An

a G

on

çalv

es

Mes

tran

da

do

Mes

trad

o e

m E

stu

do

s d

a C

rian

ça -

Inte

rven

ção

Psi

coss

oci

al c

om

Cri

ança

s, J

oven

s e

Fam

ília

s

3

Seg

undo B

lum

, G

alla

gher

, R

esnic

k, e

Tol-

man

(1999, ci

t. p

or

How

ard e

t al

., 2

007)

as/o

s

adole

scen

tes

qu

e se

sen

tem

tri

stes

e s

em e

spe-

rança

pod

em v

ir a

ter

rel

ações

afe

tivas

onde

podem

ser

des

resp

eita

das

/os

ou

abusa

das

/os.

Page 205: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

Outr

as c

onseq

uên

cia

s d

a v

iolên

cia

no

na

moro

:

As

rela

ções

de

nam

oro

vio

lenta

s nos

ado-

lesc

ente

s tê

m c

onse

quên

cias

neg

ativ

as g

raves

par

a el

es a

o l

on

go d

o t

empo, te

ndo u

m e

feit

o

neg

ativ

o n

o s

eu d

esen

volv

imen

to e

moci

onal

.

Alé

m d

isso

, as

vít

imas

de

vio

lênci

a no n

amo-

ro, es

tão m

ais

pro

pen

sas

a te

r:

rendim

ento

esc

ola

r m

ais

bai

xo;

déf

ice

de

aten

ção;

consu

mir

mai

s ál

cool

e d

rogas

;

suic

idar

-se;

envo

lver

em-s

e em

com

bat

es f

ísic

os.

(C

DC

, s.

d)

Qua

is a

s

conseq

uên

cia

s p

ara

a

víti

ma

de

vio

lên

cia

no

na

moro

?

dis

túrb

ios

alim

enta

res;

dan

os

físi

cos

(dir

etam

ente

: nódoas

neg

ras,

oss

os

par

tidos,

et

c e

indir

etam

ente

: dore

s d

e

cabeç

a, i

nsó

nia

s);

per

turb

ações

em

oci

on

ais;

com

port

amen

tos

sex

uai

s de

risc

o e

com

vár

ios

par

ceir

os;

med

o;

raiv

a;

isola

men

to;

tensã

o;

sofr

imen

to;

dep

ress

ão;

ansi

edad

e;

fobia

s;

stre

ss p

ós-

trau

mát

ico;

tendên

cia

par

a o s

uic

ídio

;

bai

xa

auto

esti

ma

e bai

xa

qual

idad

e de

vid

a.

Va

mo

s a

gir

pa

ra p

reve

nir

?

Co

mo

se

sen

te a

vít

ima

?

A v

ítim

a pode

senti

r-se

:

sozi

nha;

assu

stad

a;

enver

gonhad

a;

culp

ada;

des

confi

ada;

inse

gura

;

confu

sa;

tris

te;

ansi

osa

;

tem

esp

eran

ça q

ue

ele/

a m

ude;

des

culp

a ou e

nte

nd

e o c

om

port

amen

to

del

e/a

por

causa

do c

iúm

e ou p

elo f

acto

de

gost

ar d

a vít

ima.

A

PA

V (

s.d)

Page 206: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

Porq

ue

se

ma

ntê

m

num

a r

ela

ção

de

na

moro

vio

len

ta?

Un

iver

sid

ad

e d

o M

inh

o

Porq

ue

é q

ue

um

ad

oles

cente

se

ma

nté

m

nu

ma

rel

açã

o v

iolen

ta?

V

ergon

ha -

a v

ítim

a se

nte

-se

enver

gonhad

a e

hum

ilhad

a e

não

conse

gue

par

tilh

ar c

om

outr

as p

es-

soas

o q

ue

viv

enci

a p

ara

ped

ir a

juda

par

a sa

ir d

a re

laçã

o. P

ara

muit

as d

as

vít

imas

é m

uit

o d

ifíc

il a

dm

itir

e c

on-

tar

que

é vít

ima

de

vio

lên

cia

no

nam

oro

;

C

ulp

ab

iliz

açã

o -

muit

as d

as v

íti-

mas

sen

tem

-se

culp

abil

izad

as p

elas

agre

ssões

fís

icas

, psi

coló

gic

as e

sex

uai

s que

sofr

em. P

or

isso

des

res-

ponsa

bil

izam

quem

as

agri

-

de

e le

git

imam

os

abuso

s.

Nin

gu

ém

tem

o d

irei

to d

e

ser

vio

len

to/a

co

nti

go

!

Qu

alq

uer

qu

e se

ja o

mo

tivo

, a

vio

lên

cia

o

é ace

itá

vel

.

Tu n

ão

és r

esp

onsá

vel p

ela

vio

lên

cia

!

Tam

bém

por:

Ana

Go

nça

lves

Mes

tran

da

do

Mes

trad

o e

m E

stud

os

da

Cri

ança

- I

nte

rven

ção

Psi

coss

oci

al c

om

Cri

ança

s, J

oven

s e

Fam

ília

s

Ag

ir p

ara

pre

venir

: D

iz

o à

Vio

lên

cia

no

Na

moro

4

Page 207: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

Acu

mu

laçã

o d

e te

nsã

o

Nes

ta f

ase

expre

ssa-

se o

s se

nti

men

tos

neg

ativ

os,

seg

uid

os

de

insu

ltos,

hum

ilhaç

ões

e

recr

imin

ações

.

Exp

losã

o v

iole

nta

Nes

ta f

ase,

tal

com

o o

no

me

indic

a, h

á

um

a “e

xplo

são”

da

tensã

o a

cum

ula

da.

Os

com

port

amen

tos

vio

lento

s sã

o m

uit

o i

nte

nso

s

e de

mai

or

gra

vid

ade,

po

den

do h

aver

conse

-

quên

cias

tai

s co

mo:

agre

ssões

fís

icas

, am

ea-

ças,

uso

de

arm

as, ab

uso

s se

xuai

s, v

iola

ção,

etc.

“Lua

-de-Mel”

Nes

ta f

ase

um

a re

con

cili

ação

am

oro

-

sa, o/a

agre

ssor/

a des

culp

a-se

à v

ítim

a, m

os-

tran

do-s

e ar

rep

endid

o/a

pro

met

endo q

ue

não

volt

a a

ser

vio

lento

/a. O

/a a

gre

sso

r/a

pre

sen-

teia

a v

ítim

a co

m p

rese

nte

s, p

ede-

lhe

des

cul-

Seg

undo a

Gra

al (

Movim

ento

Inte

rnac

io-

nal

de

Mulh

eres

) há

um

cic

lo q

ue

expli

ca por-

que

é que

a vít

ima

não

se

des

pre

nde

da

rela

ção

vio

lenta

que

viv

enci

a. E

ste

cicl

o t

em 3

fas

es:

acum

ula

ção d

e te

nsã

o,

a ex

plo

são v

iole

nta

e a

“lua-

de-

mel

”.

Porq

ue

se

ma

ntê

m

nu

ma

rel

açã

o v

iolen

ta?

Acu

mu

laçã

o

de

ten

são

Ex

plo

são

vio

len

ta

“Lua

-de-Mel”

Porq

ue

é q

ue

um

ad

oles

cente

se

ma

nté

m n

um

a r

ela

ção

vio

len

ta?

Porq

ue

alim

enta

a c

onvic

ção d

e qu

e o a

mor

ult

ra-

pas

sa t

odos

os

obst

áculo

s;

Acr

edit

a qu

e o “

amo

r re

sist

e a

tudo”;

Acr

edit

a qu

e o a

mor

pod

e m

udar

o c

arác

ter

da

pes

soa

amad

a;

Acr

edit

a qu

e o c

iúm

e é

um

a dem

onst

raçã

o d

e

amor;

Acr

edit

a qu

e co

ntr

ola

r é

amar

;

o c

iúm

e co

mo m

anif

esta

ções

norm

ais

de

des

-

contr

olo

em

oci

onal

;

Tem

med

o d

e re

pre

sáli

as, de

per

seguiç

ões

, de

ser

ainda

mai

s m

altr

atad

o/a

, d

e o/a

agre

ssor/

a cu

m-

pri

r as

am

eaça

s d

e su

icíd

io o

u m

ort

e ca

so h

aja

separ

ação

;

Tem

med

o p

or

senti

r-se

ansi

oso

/a e

inse

gu

ro/a

em

term

inar

a r

elaç

ão q

uan

do p

ensa

em

const

ruir

um

a

nova

rela

ção;

Acr

edit

a qu

e não

vai

susc

itar

afe

to e

inte

ress

e

noutr

a pes

soa;

Tem

med

o d

e se

nti

r-se

só d

evid

o à

dep

end

ênci

a

que

tinha

com

o/a

agre

ssor/

a;

Acr

edit

a q

ue

se o

/a c

onse

guir

faz

er f

eliz

ele

/a n

ão

volt

ará

a se

r ag

ress

ivo/a

;

Gost

a del

e/a

e n

ão q

uer

ter

min

ar a

rel

ação

.

Page 208: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

A q

uem

rec

orre

r

qua

ndo

há v

iolê

nci

a n

o

nam

oro?

Estr

até

gia

s para

aju

dar

!

Univ

ersi

dad

e do M

inho

Ana

Gonça

lves

Mes

tran

da

do M

estr

ado e

m E

studos

da

Cri

ança—

Inte

rven

ção P

sico

ssoci

al

com

Cri

ança

s, J

oven

s e

Fam

ília

s

Não t

e es

queç

as

que:

Nad

a ju

stif

ica

o u

so d

a vio

lênci

a !

Não

és

culp

ado/a

das

agre

ssões

!

Todas

as

pes

soas

têm

o d

irei

to a

ser

resp

eita

das

!

Não

viv

as e

ste

pro

ble

ma

sozi

nho/a

e

em s

ilên

cio!

Conver

sa c

om

alg

uém

par

a en

contr

ar

solu

ções

par

a o t

eu p

roble

ma!

A v

iolê

nci

a é

um

cri

me

públi

co p

uni-

do p

or

lei!

A v

iolê

nci

a nunca

é u

ma

form

a de

expre

ssar

am

or

ou p

aix

ão p

or

outr

a

pes

soa!

Os

ciúm

es n

ão s

erv

em d

e ju

stif

icaç

ão

par

a qual

qu

er c

om

port

amen

to v

iole

n-

to!

É p

oss

ível

ult

rapas

sar

a si

tuaç

ão d

e

vio

lênci

a!

Tu n

ão é

s re

sponsá

vel

pel

a vio

lênci

a!

Ag

ir p

ara

pre

venir

:

diz

o à

vio

lên

cia

no

Na

moro

5

Page 209: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

A q

uem

po

dem

rec

orr

er o

s a

do

les

cente

s

qua

nd

o s

ão

vít

ima

s d

e vi

olên

cia

no

na

moro

?

A q

uem

rec

orr

em g

era

lm

ente

os a

do

-

les

cente

s q

ua

nd

o s

ão

vít

ima

s d

e vi

o-

lên

cia

no

na

moro

?

No q

ue

diz

res

pei

to à

pre

ferê

nci

a de

ajuda

que

os/

as a

dole

scen

tes

pro

cura

m,

este

s/as

ele

gem

os

amig

os

ou f

amil

iare

s e

serv

iços

mai

s fo

rmai

s. O

s/as

adole

scen

tes

iden

tifi

cam

a v

iolê

nci

a n

o n

amoro

com

o

sendo u

m d

esre

spei

to e

quan

do s

ão a

busa

-

dos/

as r

ecorr

em p

rim

eiro

aos

amig

os

e fa

mi-

liar

es p

ara

os

ajudar

em (

Mar

tin e

t al

., 2

012).

Co

mo

aju

da

r o

s a

do

les

cente

s q

ue

so

frem

de

vio

lên

cia

no

na

mo

ro?

Nem

sem

pre

é f

ácil

aju

dar

um

a pes

soa

qu

e

está

num

a re

laçã

o a

moro

sa v

iole

nta

. T

emos

de

esta

r

consc

iente

s que

sair

de

um

a re

laçã

o v

iole

nta

é m

ui-

to d

ifíc

il e

pode

não

hav

er r

esult

ados

imed

iato

s.

Entã

o c

om

o s

e pode

aju

dar?

É i

mport

ante

faz

er c

om

que

a vít

ima

se s

inta

apoia

da,

sin

ta q

ue

não

est

á so

zinha

e é

muit

o

import

ante

que

sinta

que

não

é r

esponsá

vel

pel

o

com

port

amen

to a

gre

ssiv

o d

o/a

com

pan

hei

ro/a

.

A v

iolê

nci

a é

inad

mis

sível

Nin

gu

ém m

erece

ser

malt

rata

do/a

Evit

ar

dis

curs

os

culp

ab

iliz

ad

ore

s

(Eu

bem

te

dis

se!

Porq

ue

não o

/a

dei

xas?

)

Dar

tem

po p

ara

tom

ar

as

suas

pró

pri

as

dec

isões

Não d

evem

os

ab

an

do-

nar

a v

ítim

a s

e el

a n

ão

term

inar

a r

elaçã

o

Quan

do s

ão v

ítim

as d

e vio

lênci

a no n

amoro

os/

as a

dole

scen

tes

dev

em

rec

orr

er:

adult

os

de

confi

ança

;

fam

ilia

res;

amig

os;

org

aniz

ações

que

apoia

m v

ítim

as d

e vio

lênci

a;

apoio

e o

rien

taçã

o p

sico

lógic

a;

PS

P/G

NR

/PJ;

linha

Nac

ional

de

Em

ergên

cia

Soci

al -

144

Ass

oci

ação

Port

ugu

esa

de

Apoio

à V

ítim

a

(AP

AV—

707 2

00 0

77);

esco

la (

psi

cólo

ga,

pro

fess

ore

s, f

unci

onár

ios)

;

Inst

ituto

Port

uguês

da

Juven

tude

(IP

J);

centr

os

de

saú

de.

Page 210: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

Qua

is s

ão

as

causa

s d

a

vio

lên

cia

no

na

moro

?

A v

ítim

a não

ab

andona

a re

laçã

o

porq

ue:

q

uan

do q

uer

ter

min

ar a

rel

ação

,

os

mau

s tr

atos

podem

se

inte

nsi

fi-

car,

fa

zendo

com

que

a vít

ima

recu

e na

sua

dec

isão

co

m m

edo

de

mai

s re

pre

sáli

as.

g

ost

a m

uit

o d

o c

om

pan

hei

ro e

não

quer

ter

min

ar a

rel

ação

;

t

em

ver

gonha

em

adm

itir

que

está

num

a re

laçã

o v

iole

nta

e n

ão

quer

ter

min

ar.

Ana

Gonça

lves

Mes

tran

da

em E

studos

da

Cri

ança—

Inte

rven

ção

Psi

coss

oci

al c

om

Cri

ança

s,

Joven

s e

Fam

ília

s

Un

ive

rsid

ad

e d

o M

inh

o

Porq

ue

o d

eixa

a

víti

ma

a r

ela

ção

? A

culp

a d

e q

uem

é?

Do

/a a

gre

sso

r/a

po

rqu

e:

p

ensa

que

pod

e dec

idir

tudo o

que

quer

!

p

ensa

que

pod

e im

por

resp

eito

!

s

er m

ascu

lino é

ser

agre

ssiv

o e

usa

r a

forç

a!

Da

vít

ima

porq

ue:

a

cha

qu

e o c

iúm

e e

agre

ssão

é d

emonst

raçã

o

de

amor!

s

ente

que

ele/

a te

m r

azão

em

bat

er-l

he

pois

ele/

a é

a ca

usa

dora

dos

pro

ble

mas

.

a

cha

qu

e é

norm

al s

er v

iole

nto

.

n

ão p

ode

diz

er n

ão q

uan

do e

le q

uer

faz

er

amor.

Ag

ir p

ara

pre

venir

: d

iz

o à

vio

lên

cia

no

Na

moro

6

?

Page 211: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

As

pri

nci

pais

cau

sas

da v

iolê

nci

a n

o n

am

oro

são:

n

ão h

aver

res

pei

to m

útu

o n

a re

laçã

o!

p

ensa

rem

qu

e tê

m o

dir

eito

a d

ecid

ir d

eter

-

min

adas

cois

as p

elo/a

nam

ora

do/a

;

a

cred

itam

qu

e os

ciúm

es é

um

a dem

onst

ra-

ção d

e am

or;

a

cred

itar

em q

ue

são o

s ca

usa

dore

s d

a vio

-

lênci

a;

n

ão p

oder

em r

ecusa

r te

r re

laçõ

es s

exuai

s

quan

do

o/a

com

pan

hei

ro/a

quer

;

a

cred

itar

em q

ue

um

a bofe

tada

ou i

nsu

lto

não

é v

iolê

nci

a!

a

cred

itar

em q

ue

é m

elho

r es

tar

num

a re

la-

ção v

iole

nta

do q

ue

esta

r so

zinho/a

!

a

cred

itar

em q

ue

bat

er s

ó u

ma

vez

não

é

pre

ocu

pan

te p

orq

ue

não

vai

volt

ar-s

e a

rep

etir

!

(e p

or

vez

es n

ão é

um

a vez

).

Os

adole

scen

tes,

por

vez

es, ac

redit

am d

e fo

rma

erra

da

que:

a vio

lênci

a nas

rel

açõ

es n

ão é

sér

ia;

as v

ítim

as g

ost

am d

e se

r tr

atad

as d

e fo

rma

vio

lenta

;

entr

e hom

em e

mulh

er n

ão s

e m

ete

a co

lher

!

o/a

agre

ssor/

a bat

e no/a

com

pan

hei

ro/a

por-

que

gost

a del

e/a;

quan

to m

ais

me

bat

es m

ais

eu g

ost

o d

e ti

!

a cu

lpa

foi

do á

lcool

ou d

as d

rogas

.

Pri

nci

pa

is C

ausa

s

Mit

os

Fa

tore

s d

e ri

sco

asso

cia

do

s à

vio

lên

cia

no

na

moro

A

cred

itar

que

o c

orr

eto é

o u

so d

e am

eaça

s ou

vio

lênci

a par

a co

nse

guir

o

que

quer

em

ou

expre

ssar

a f

rust

raçã

o o

u r

aiva;

U

sar

álco

ol

ou d

rogas

;

N

ão é

poss

ível

contr

ola

r a

raiv

a ou f

rust

raçã

o;

S

air

com

par

es v

iole

nto

s;

T

er m

últ

iplo

s par

ceir

os

sex

uai

s;

T

er

um

am

igo

en

volv

ido

em

vio

lênci

a no

nam

oro

;

E

star

dep

rim

ido o

u a

nsi

oso

;

T

er

dif

iculd

ades

de

apre

ndiz

agem

ou

outr

os

pro

ble

mas

na

esco

la;

N

ão t

er s

uper

vis

ão e

apoio

dos

pai

s;

T

este

munhar

vio

lên

cia

em c

asa

ou

na

com

uni-

dad

e;

T

er u

ma

his

tóri

a de

com

port

amen

to a

gre

ssiv

o

ou b

ull

yin

g.

(CD

C, s.

d)

Page 212: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

Com

o s

e p

od

e

pre

venir

a v

iolê

nci

a n

o

na

moro

? E

stra

tégia

s

para

a a

ção

7

Univ

ersi

dad

e d

o M

inho

Estr

até

gia

s d

e p

reve

nçã

o

estu

do

s d

e ca

so p

ara

apre

nder

em e

stra

té-

gia

s p

ara

elim

inar

as

cau

sas

da

vio

lênci

a no

nam

oro

, n

om

ead

amen

te d

emonst

rar

que

po

dem

ex

isti

r co

nse

quên

cias

neg

ativ

as

resu

ltan

tes

da

des

igual

dad

e de

gén

ero d

en-

tro

das

rel

açõ

es d

e n

amoro

;

d

emo

nst

rar

solu

ções

não

vio

lenta

s par

a a

reso

luçã

o d

e co

nfl

itos

nas

rel

ações

, des

en-

volv

end

o c

om

po

rtam

ento

s pro

-soci

ais;

d

esen

vo

lver

co

mpet

ênci

as d

e co

munic

a-

ção

que

po

dem

pre

ven

ir c

om

port

amen

tos

vio

lento

s;

d

ar a

co

nh

ecer

os

recu

rsos

da

com

unid

ade

aos

qu

ais

as v

ítim

as e

os

agre

ssore

s podem

reco

rrer

.

d

escr

ever

as

vis

ões

qu

e tê

m p

ara

o s

eu f

utu

ro

e o

da

sua

com

un

idad

e em

rel

ação

ao

pro

ble

ma

da

vio

lên

cia

no

nam

oro

. Is

to é

, dev

erão

diz

er

com

o g

ost

aria

m d

e se

co

mp

ort

ar e

com

o g

ost

a-

riam

qu

e fo

sse

a so

cied

ade

par

a n

ão h

aver

vio

-

lên

cia

no

nam

oro

;

p

lan

ear,

im

ple

men

tar

e av

alia

r a/

s aç

ão/õ

es

qu

e vão

rea

liza

r par

a p

reven

ir a

vio

lên

cia

no

nam

oro

.

O q

ue

faze

r?

Ag

ir p

ara

pre

venir

:

Diz

o à

Vio

lên

cia

no

Na

mo

ro

An

a G

on

çalv

es

Mes

tran

da

do

Mes

trad

o e

m E

stu

do

s d

a

Cri

ança

- I

nte

rven

ção

Psi

coss

oci

al c

om

Cri

ança

s, J

oven

s e

Fam

ília

s

Page 213: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

Co

mo

pre

venir

a v

iolên

cia

no

na

moro

?

A v

iolên

cia

no

na

moro

educa

r p

ara

os

dir

eito

s hum

anos;

faze

r pre

ven

ção d

a vio

lênci

a no n

amoro

;

aum

enta

r o c

onh

ecim

ento

e i

nfo

rmaç

ão

no c

onte

xto

esc

ola

r;

div

ulg

ar

pel

os

mei

os

de

com

unic

ação

soci

al pro

gra

mas

re

laci

onad

os

com

a

vio

-

lênci

a no n

amoro

;

den

unci

ar r

elac

ionam

ento

s vio

lento

s;

p

rogra

mas

de

auto

-def

esa;

des

acre

dit

ar e

não

seg

uir

alg

uns

pro

vér

-

bio

s, “

Entr

e m

arid

o e

m

ulh

er n

ão s

e m

ete

a

colh

er”

ou “

Quan

to m

ais

me

bat

es m

ais

eu

gost

o d

e ti

”;

p

olí

tica

s ef

icaz

es;

p

rogra

mas

esc

ola

res

que

per

mit

am a

cons-

truçã

o d

e re

laci

onam

ento

s sa

udáv

eis.

vis

ual

izaç

ão d

e fi

lmes

;

anál

ise

de

folh

eto

s;

deb

ates

so

bre

o t

ema

da

vio

lên

cia

no

nam

oro

;

anál

ise

de

no

tíci

as d

e jo

rnal

;

pes

qu

isa

ori

enta

da

na

Inte

rnet

;

jogo

de

fact

os

e m

ito

s o

u o

utr

o m

ater

ial

info

rmat

ivo

;

elab

ora

ção

e a

pli

caçã

o d

e en

trev

ista

s

ou

qu

esti

onár

ios

par

a in

ves

tigar

em o

qu

e é

a vio

lênci

a n

o n

amoro

e q

uai

s as

suas

co

nse

qu

ênci

as e

cau

sas.

Va

mo

s p

reve

nir

?

p

lan

ific

ar,

imp

lem

enta

r e

aval

iar

estr

atég

ias

de

mu

dan

ça d

os

esti

los

de

vid

a e/

ou

co

nd

içõ

es

de

vid

a p

ara

elim

inar

cau

sas

da

vio

lênci

a n

o

nam

oro

;

es

tar

com

pro

met

ido

s co

mo

cid

adão

s at

ivo

s

na

pre

ven

ção

da

vio

lên

cia

no

nam

oro

no

fu

tu-

ro;

c

on

hec

er e

stra

tégia

s p

ara

elim

inar

as

cau

sas

da

vio

lên

cia

no

nam

oro

.

Va

mo

s p

reve

nir

?

Estr

até

gia

s d

e p

reve

nçã

o

Page 214: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

30-10-2014

1

Universidade do Minho

Mestranda: Ana Gonçalves

Braga, Janeiro de 2014

Violência

no namoro

O que é a violência no namoro?

De acordo com a Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) (s.d.), a

violência no namoro é definida como um acontecimento que ocorre no contexto das

relações de namoro na adolescência, em que um dos parceiros, ou ambos, recorre à

violência com o objetivo de exercer poder ou controlo sobre o outro parceiro, podendo

esta violência ser exercida através da violência física, verbal, emocional/psicológica e

sexual.

Tipos de violência:

Violência Física;

Violência Verbal;

Violência sexual;

Violência Psicológica/Emocional;

Violência social.

Violência Física

Uso da força com a intenção de ferir ou provocar ferimento à outra pessoa,

colocando em risco a sua integridade física. Tem como objetivo causar dano físico

que pode causar a morte, invalidez e ferimentos.

Exemplos:

Empurrões

Bofetadas

Socos

Pontapés

Tentativas

de asfixia

Agressões

com armas

ou objetos

Agarrar ou

prender

Violência Sexual

Acontece quando o namorado/a obriga a praticar atos sexuais (sexo anal,

sexo oral e/ou vaginal), mesmo quando não queres ou quando acaricia (ou força

carícias), sem que o outro queira!

Exemplos:

Ridicularização

do Desempenho

sexual

Pressão para

realizar atos

sexuais contra

vontade

Utilização de

drogas ou

chantagem

“Se gostasses

realmente de

mim…

fazias…”

Te chama nomes ou

grita.

Violência Verbal Violência Social

Quando o teu/ tua namorado/a:

Te intimida e ameaça

Te humilha, através de críticas

e comentários negativos (ex.:

“Não vales nada.”)

Quando o teu/ tua namorado/a:

Te humilha, envergonha ou tenta

denegrir a tua imagem em público,

especialmente junto dos teus

familiares e amigos.

Mexe, sem o teu consentimento, no teu

telemóvel, nas tuas contas de correio

eletrónico ou na tua conta do

Facebook.

Te proíbe de conviver com os

teus amigos e/ou com a tua

família .

Violência Psicológica/Emocional

Quando ocorrem atos que prejudicam a integridade psicológica e emocional

da vítima, limitando a sua liberdade e o seu desenvolvimento pessoal.

Exemplos:

Intimida ou

ameaça terminar a

relação como

estratégia de

manipulação

Controla o

tempo com

quem falas

Controla a

tua maneira

de vestir Liga

constantemente

ou envia

mensagens

Parte ou

estraga os

teus objetos

ou roupa

Controla o que

fazes nos

tempos livres e

ao longo do dia

Persegue,

proíbe, exige

submissão e

obediência

Faz com que a vítima se

sinta culpabilizada pelos

problemas da relação,

transferindo-lhe a

responsabilidade das

agressões

Insulta-te, humilha, agride

verbalmente, inferioriza-te e

desvaloriza-te à frente dos outros

Ignora os teus

sentimentos

Page 215: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

27-10-2014

1

QUAIS SÃO AS CAUSAS DA

VIOLÊNCIA NO NAMORO?

Agir para prevenir: diz não à violência no Namoro

Universidade do Minho

Ana Gonçalves Mestranda em Estudos da Criança—Intervenção Psicossocial com Crianças, Jovens e Famílias

Principais causas

As principais causas da violência no namoro são:

Þ não haver respeito mútuo na relação!

Þ pensarem que têm o direito a decidir determinadas coisas pelo/a namorado/a;

Þ acreditam que os ciúmes é uma demonstração de amor;

Þ acreditarem que são os causadores da violência;

Þ não poderem recusar ter relações sexuais quando o/a companheiro/a quer;

Þ acreditarem que uma bofetada ou insulto não é violência!

Þ acreditarem que é melhor estar numa relação violenta do que estar sozinho/a!

Þ acreditarem que bater só uma vez não é preocupante porque não vai voltar-se a

repetir! (e por vezes não é só uma vez).

FATORES DE RISCO ASSOCIADOS À VIOLÊNCIA NO NAMORO

¨ Acreditar que o correto é o uso de ameaças ou violência para conseguir o que querem ou

expressar a frustração ou raiva;

¨ Usar álcool ou drogas;

¨ Não é possível controlar a raiva ou frustração;

¨ Sair com pares violentos;

¨ Ter múltiplos parceiros sexuais;

¨ Ter um amigo envolvido em violência no namoro;

¨ Estar deprimido ou ansioso;

¨ Ter dif iculdades de aprendizagem ou outros problemas na escola;

¨ Não ter supervisão e apoio dos pais;

¨ Testemunhar violência em casa ou na comunidade;

¨ Ter uma histór ia de comportamento agressivo ou bullying.

(CDC, s.d)

Mitos

Os adolescentes, por vezes, acreditam de forma errada que:

¨ a violência nas relações não é séria;

¨ as vítimas gostam de ser tratadas de forma violenta;

¨ entre homem e mulher não se mete a colher!

¨ o/a agressor/a bate no/a companheiro/a porque gosta dele/a;

¨ quanto mais me bates mais eu gosto de ti!

¨ a culpa foi do álcool ou das drogas.

PORQUE NÃO DEIXA A VÍTIMA A RELAÇÃO?

A vítima não abandona a relação porque:

¨ quando quer terminar a relação, os maus tratos podem se intensificar,

fazendo com que a vítima recue na sua decisão com medo de mais

represálias.

¨ gosta muito do companheiro e não quer terminar a relação;

¨ tem vergonha em admitir que está numa relação violenta e não quer

terminar.

A culpa de quem é?

Do agressor porque:

Þ pensa que pode decidir tudo o que quer!

Þ pensa que pode impor respeito!

Þ ser masculino é ser agressivo e usar a força!

Da vít ima porque:

Þ acha que o ciúme e agressão é demonstração de amor!

Þ sente que ele/a tem razão em bater -lhe pois ele/a é a causadora dos problemas.

Þ acha que é normal ser violento.

Þ não pode dizer não quando ele quer fazer amor.

Page 216: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

27-10-2014

1

Planificação de uma ação sobre o namoro

ANA GONÇALVES

8ª SESSÃO

OBJETIVOS

DESENVOLVER A CRIATIVIDADE.

DESENVOLVER COMPETÊNCIAS DE PLANIFICAÇÃO DE AÇÕES PARA RESOLVER PROBLEMAS.

DESENVOLVER COMPETÊNCIAS DE PLANIFICAÇÃO DA AVALIAÇÃO DE AÇÕES.

1ª ATIVIDADE – DESENVOLVIMENTO DE VISÕES SOBRE O NAMORO

DURAÇÃO

10 MINUTOS

MATERIAL

NENHUM

DESCRIÇÃO:

PARTILHA EM TURMA SOBRE O QUE GOSTARIAM QUE ACONTECESSE NO FUTURO NO NAMORO ENTRE ADOLESCENTES.

2ª ATIVIDADE – PLANIFICAÇÃO DE UMA AÇÃO SOBRE O NAMORO

DURAÇÃO

20 MINUTOS

MATERIAL

NENHUM

DESCRIÇÃO:

- DISCUSSÃO EM TURMA SOBRE O QUE QUEREM FAZER A SEGUIR PARA CONT RIBUIR

PARA ELIMINAR O PROBLEMA DA VIOLÊNCIA NO NAMORO ENTRE OS ADOLESCENTES

E COMO PODEM AVALIAR SE ESSA AÇÃO RESULTOU NAS MUDANÇAS DESEJADAS.

A/s ação/ões a realizar pelos/as alunos/as para a sua própria turma, para outra/s turma/s ou para a escola inteira, deverão ser sugeridas pelos/as alunos/as e professor/a, mas têm que ser obrigatoriamente selecionadas pelos/as alunos/as sozinhos ou em conjunto com o/a professor/a. As ações, poderão ser, por exemplo: • Mesas redondas em que alguns/algumas alunos/as fazem uma apresentação do que

sabem sobre o problema e como o resolver e um/a especialista finaliza com uma apresentação que complementa a dos/as alunos/as, seguindo-se a elaboração de um contrato com um conjunto de regras para todos os presentes se comprometerem a seguir para não haver violência no namoro. Este contrato deve ser assinado por todos os presentes para estabelecer o compromisso;

• Dramatização de um teatro, seguido de um debate com a presença de um especialista e elaboração e assinatura por todos os presentes do contrato;

• Elaboração de um vídeo ou documentário sobre a violência no namoro, seguido de debate e elaboração e assinatura por todos os presentes do contrato;

• Elaboração de folhetos pelos alunos e sua distribuição ou uma exposição de trabalhos;

• Educação dos pares repetindo com eles/as algumas das estratégias de mudança que aprenderam, ou outras semelhantes.

- Refletir com os/as alunos/as sobre as barreiras que podem encontrar para a realização de cada ação e as barreiras que poderão impedir que as ações resultem nas mudanças desejadas.

Planificação de uma ação sobre o namoro

ANA GONÇALVES

Page 217: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

27-10-2014

1

Como se pode prevenir a violência no namoro? Estratégias para a ação

Agir para prevenir: diz não à violência no Namoro

Universidade do Minho

Ana Gonçalves Mestranda em Estudos da Criança—Intervenção Psicossocial com Crianças, Jovens e Famílias

A violência no namoro

educar para os direitos humanos;

fazer prevenção da violência no namoro;

aumentar o conhecimento e informação no contexto escolar;

divulgar pelos meios de comunicação social programas relacionados com a

violência no namoro;

denunciar relacionamentos violentos;

programas de autodefesa;

desacreditar e não seguir alguns provérbios, “Entre marido e mulher não se mete

a colher” ou “Quanto mais me bates mais eu gosto de ti”;

políticas eficazes;

programas escolares que permitam a construção de relacionamentos saudáveis.

Como prevenir a violência no namoro?

• planificar, implementar e avaliar estratégias de mudança dos estilos de vida e/ou

condições de vida para eliminar causas da violência no namoro;

• estar comprometidos como cidadãos ativos na prevenção da violência no

namoro no futuro;

• conhecer estratégias para eliminar as causas da violência no namoro.

Estratégias de prevenção

visualização de filmes; análise de folhetos; debates sobre o tema da violência no namoro; análise de notícias de jornal; pesquisa orientada na Internet; jogo de factos e mitos ou outro material informativo; elaboração e aplicação de entrevistas ou questionários para investigarem o que é

a violência no namoro e quais as suas consequências e causas. estudos de caso para aprenderem estratégias para eliminar as causas da

violência no namoro, nomeadamente demonstrar que podem existir consequências negativas resultantes da desigualdade de género dentro das relações de namoro;

demonstrar soluções não violentas para a resolução de conflitos nas relações, desenvolvendo comportamentos pro-sociais;

desenvolver competências de comunicação que podem prevenir comportamentos violentos;

dar a conhecer os recursos da comunidade aos quais as vítimas e os agressores podem recorrer.

O que fazer?

descrever as visões que têm para o seu futuro e o da sua comunidade em

relação ao problema da violência no namoro. Isto é, deverão dizer como

gostariam de se comportar e como gostariam que fosse a sociedade para

não haver violência no namoro;

planear, implementar e avaliar a/s ação/ões que vão realizar para

prevenir a violência no namoro.

Como se pode prevenir a violência no namoro? Estratégias para a ação

Agir para prevenir: diz não à violência no Namoro

Universidade do Minho

Ana Gonçalves Mestranda em Estudos da Criança—Intervenção Psicossocial com Crianças, Jovens e Famílias

Page 218: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

197

Apêndice 3

Diário de aula da investigadora

3ª Sessão

Hoje dia 29 de Janeiro, terceira sessão, comecei por apresentar o powerpoint nº 1, onde

lhes apresentei uma breve definição do que é a violência no namoro, e os tipos de violência que

podem existir numa relação de namoro violenta. Neste powerpoint estavam agrupadas as

palavras que surgiram da tarefa nº2 – “Chuva de Ideias” e coloquei-as no respetivo tipo de

violência dando a conhecer aos/às alunos/as onde se inseriam e apresentei-lhes outros atos

violentos que eles não referiram.

De seguida, entreguei a todos os/as alunos/as o folheto nº 2 – O que é a violência no

namoro? onde está incluída uma definição de violência no namoro e todos os tipos de violência

que podem existir. Lemos em conjunto algumas partes do folheto pois o conteúdo era igual ao

que expliquei no powerpoint. Depois de ter terminado a apresentação do powerpoint e folheto

os/as alunos/as estavam interessados e uma aluna, a Cátia, questionou acerca da idade em

que começa a violência no namoro (“Em que idade começa a violência no namoro?”) e o

Cristiano questionou se é violência quando o namorado obriga a namorada a prostituir-se. (“É

violência no namoro quando o namorado obriga a namorada a prostituir-se?”). Depois destas

questões criou-se uma conversa onde a professora da turma também interveio explicando

aos/às alunos/as que há situações, tais como proibir de andar vestida de determinada forma,

que são também violência.

Seguidamente, após ter perguntado aos/às alunos/às se tinham alguma questão ou

dúvida, pedi-lhes que pegassem no folheto nº 1 – a metodologia IVAM, para lhes explicar o que

se irá fazer nas sessões seguintes, que incidirá na primeira fase do projeto, que é a investigação

do tema. De seguida, entreguei a tarefa nº 3 – Planificação da investigação do grupo, explicando

o que se irá fazer nas próximas duas sessões. Escrevi no quadro as questões de investigação

que se pretende que os/as alunos/as trabalhem - Questão 3 - Quais são as consequências para

a vítima da violência no namoro?; Questão 4 - Porque se mantém uma relação de namoro

violenta?; Questão 5 -A quem recorrer quando há violência no namoro? Questão 6 – Quais são

as causas da violência no namoro?; Questão 7 – Como se pode prevenir a violência no namoro?

(a questão 1 – metodologia IVAM e 2 – O que é a violência no namoro foram apresentadas por

mim).

Page 219: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

198

Pedi aos/às alunos/as para escolherem em grupo (dando lhes liberdade de escolha) o

tema que vão querer investigar. Os grupos escolheram os temas que vão investigar, foram

escolhidas as questões nº 3, 4, 5, 7 não sendo escolhida a questão nº6. Nesta escolha do tema

houve discussão entre dois grupos pois queriam o mesmo tema, e se não fosse o tema que

queriam não faziam nada. Eu e a professora tivemos de intervir e decidir fazer sorteio entre

esses dois grupos. As alunas “pegaram-se” chateando-se a Cátia que pertencia a um grupo com

a Luísa que pertencia a outro grupo. Estes dois elementos pareceu-me que já não se davam bem

pela forma como falaram uma para a outra “Tu deves ter a mania, eu não tenho medo de ti”

(penso que foi deste género, não percebi muito bem). A professora teve de intervir pois não

cediam na escolha do tema, e chateou-se devido às “birras” que as alunas estavam a fazer e

pelo facto de essas alunas influenciarem o grupo na decisão dos temas, pois os restantes

elementos do grupo não se decidiam, calavam-se esperando pela decisão da Cátia e da Luísa.

Por fim, como sobrou uma notícia – a maioria dos jovens acha normal a violência -

distribui uma por grupo à turma e perguntei a alguém se queria ler. Lemos a notícia e por fim

pedi aos/às alunos/as que preenchessem o diário das sessões.

Page 220: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado
Page 221: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

200

Apêndice 4

Protocolo da entrevista e exemplo de uma entrevista

Entrevista

Introdução: Esta entrevista pretende saber o que pensam e sentem sobre a violência no

namoro. Só as vossas respostas sinceras interessam, pois só assim poderemos contribuir para

prevenir a violência no namoro entre os/as adolescentes. Esta entrevista é anónima, por isso,

nunca ninguém saberá o que cada um respondeu.

I - Tipos de violência no namoro e suas consequências

1. O que é para vocês namorar?

2. Na vossa opinião, o que é a violência no namoro?

2.1.Contam-me, por favor, casos de violência no namoro que conheçam?

3. Já alguma vez presenciaram violência física entre namorados? (ex., empurrões, bater). (Se

sim) Podem contar-me o que aconteceu? (que idade tinham, eram da escola/ do local onde

vivem)

3.1. Quais são as consequências dessa violência?

4. Já alguma vez presenciaram violência verbal entre namorados? (ex., chamar-lhe nomes,

dizer que é feia, burra). (Se sim) Podem contar-me o que aconteceu? (que idade tinham,

eram da escola/ do local onde vivem)

4.1. O que sente a vítima quando é tratada assim?

5. O que é que alguns rapazes fazem para pressionar a namorada a ter relações sexuais sem

ela querer? Também há raparigas a pressionar os rapazes para terem relações sexuais? (Se

sim) o que fazem?

5.1. Quais são as consequências para as raparigas por terem relações sexuais sem

quererem? (Se disseram que os rapazes também são pressionados) E para os rapazes?

6. Alguma vez ouviram contar algum caso em que o rapaz ameaça a rapariga de contar aos

outros “coisas íntimas dela”? (ex. que teve relações sexuais com ela, que tem fotos dela

meia despida, que tem segredos dela). (Se sim) O que se passou? Também há raparigas

que fazem este tipo de ameaças aos rapazes? (Se sim) Como os ameaçam?

6.1. O que sente e pensa a pessoa que é ameaçada? O que é que costuma fazer?

7. Na vossa opinião, é possível haver casos em que uma pessoa obrigue a outra a ter relações

sexuais contra a sua vontade? (Se sim) Como é que isso pode acontecer?

7.1.Conhecem alguém a quem isso já aconteceu? (Se sim) O que aconteceu? (que idade

tinha, era da escola/ era do local onde vivem)

8. Podem contar-me situações que viram em filmes, ou na vida real, em que uma pessoa se

aproveitou do facto da outra estar sobre o efeito do álcool ou de drogas para ter relações

sexuais?

8.1.Na vossa opinião, isso pode acontecer com as pessoas que conhecem aqui na escola? E

no local onde vivem? Porquê?

8.2. Quais são as consequências para a pessoa a quem isso aconteceu?

9. Conhecem algum caso em que a namorada ou namorado foram vítimas de agressões

verbais e humilhação através da internet ou de sms no telemóvel? (Se sim) O que aconteceu

nesses casos?

9.1.Quais foram as consequências para a vítima?

Page 222: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

201

10. (Se não falaram do namoro homossexual) Já alguma vez ouviram falar de gays ou lésbicas?

10.1. (Se sim) O que é para vocês um homossexual masculino ou gay? E uma homossexual

feminina ou lésbica? E um/a heterossexual?

10.2. Há alguma diferença no namoro entre homossexuais e heterossexuais? (Se sim)

Quais são essas diferenças?

10.3. Contam-me, por favor, situações de violência no namoro entre gays ou lésbicas que já

tenham visto em filmes, na escola ou no local onde vivem? Há diferenças entre a

violência no namoro entre homossexuais e heterossexuais? (Se sim) Quais?

II - Causas da violência no namoro

11. O que leva um dos/as namorados/as a ser fisicamente violento com o outro/a?

11.1. E a ser verbalmente desagradável com ele/a, desvalorizá-lo/a ou humilha-lo/a?

12. O que leva o rapaz a pressionar a rapariga para terem relações sexuais? (Se disseram que a

rapariga também pressiona) E a rapariga a pressionar o rapaz?

13. O que pode levar alguém a abusar sexualmente de outra pessoa? E a abusar de pessoas

que estão drogadas ou bêbadas?

14. Na vossa opinião, porque existe violência no namoro entre os jovens heterossexuais? E

entre os jovens homossexuais?

III – Importância do problema e formas de resolução

15. Na vossa opinião, qual é a gravidade aqui na escola da violência no namoro? Porquê? E onde

vivem? Porquê?

16. Se tivessem um (a) amigo(a) nestas situações o que poderiam fazer para o tentar ajudar?

17. A quem recorreriam para pedir ajuda se um dia estiverem numa destas situações? Porquê?

18. (Se não falaram da escola) Nesta escola, se lhes acontecesse ou estivessem a passar por

um episódio destes, sabiam onde podiam dirigir-se? (Se sim) Onde? Porquê?

19. (Se não falaram dos pais) Se estivessem a sofrer violência no namoro falavam com os

vossos pais? Porquê?

20. (Se não falaram dos amigos) Se fossem vítimas de violência no namoro recorriam aos

amigos? Porquê?

21. O que podemos fazer aqui na escola para prevenir a violência física no namoro entre os

adolescentes? E para eliminar a violência verbal? E para acabar com a humilhação através

da internet ou de sms no telemóvel?

22. O que podemos fazer para prevenir a violência no namoro no local onde vivemos?

23. O que é que cada um de nós pode fazer para não haver violência na nossa relação de

namoro?

IV – Opinião sobre o projeto

24. O que gostaram mais no projeto? Porquê?

25. O que gostaram menos no projeto? Porquê?

26. O que gostavam de mudar neste projeto?

27. Na vossa opinião, este projeto deveria continuar? Porquê?

28. Feedback: Há algum assunto sobre a violência no namoro que gostavam de acrescentar

nesta entrevista? (se sim) Qual?

Page 223: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

202

Exemplo de uma entrevista – grupo 3 Turma C

Introdução: Esta entrevista pretende saber o que pensam e sentem sobre a violência no namoro. Só as vossas respostas sinceras interessam, pois só assim poderemos contribuir para prevenir a violência no namoro entre os/as adolescentes. Esta entrevista é anónima, por isso, nunca ninguém saberá o que cada um respondeu. Ent – então vamos começar pelos nomes. Começa assim por aqui. Vamos lá, digam. Flávia – Flávia. Marta – Marta. Cátia – Cátia. Alexandra – Alexandra. Nuno – Nuno. Ent – ok. I - Tipos de violência no namoro e suas consequências 1. O que é para vocês namorar? Ent – podem falar, podem falar todos mas um de cada vez. Está bem? Eu gostava que todos falassem. Flávia – eu não tenho namorado, não sei responder a isso. [risos] Ent – mas o que é para vocês namorar? Marta – sei lá, é uma pessoa em quem confiamos. [risos] Marta – a sério? Eu já respondi, tá! Ent – vamos lá, estejam à vontade para falar. Cátia – ter uma pessoa em quem confiamos, em quem conseguimos, com quem conseguimos desabafar e a pessoa tá lá para nós, apoia-nos. Nuno – às vezes. Cátia – prontos, pra mim sim, senão não há razão para namorar com uma pessoa assim. Se não nos der apoio. A gente não vai namorar né? Uma pessoa que nos ama, que nos trata bem. Marta – que nos dá carinho, etc. Cátia – e que também está lá para nos fazer ver a razão. Para mim. Agora és tu. Alexandra – sei lá! Marta – a sério? Alexandra - que gosta uma da outra. Marta – é para mim é isso tipo, uma pessoa gostar uma da outra e sentir confiança, não ter vergonha de falar com certas coisas né? Que às vezes temos. Cátia – companheirismo. Flávia – ajudar. Marta - e pronto, penso que é isso. 2. Na vossa opinião, o que é a violência no namoro? Cátia – é quando uma pessoa é agressiva. Tem atos violentos, tem. Flávia – não tem respeito. Cátia – exato. Marta – eu acho que quando há violência no namoro quer dizer que a outra pessoa não gosta da outra pessoa porque se gostasse não lhe batia, nem [não se percebe o que diz]. Nuno – pode ser ciumenta. Alexandra – e não a respeita. Marta – sim, falta de respeito. Cátia – mas isso não é um ato de amor. Nuno – pode ser ciumenta. Marta – não interessa. Cátia – isso não é um ato de amor. Nuno – isso não. Marta – e se não gosta e se vai agora tipo o namorado bater à namorada acho que isso não gosta da namorada. Cátia – não se trata só de bater, trata-se de às vezes não apoiar. Nuno – não tem respeito.

Page 224: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

203

Marta – psicológica, etc. Cátia – não respeitar. Marta – acho que isso não é gostar de uma pessoa né?

2.1.Contam-me, por favor, casos de violência no namoro que conheçam? Marta – eu não conheço. Flávia – eu não conheço. Alexandra – também não. Nuno – também acho que não. Ent – ninguém conhece? Marta – não. Nuno – graças a deus. Marta – eu por acaso não conheço. Ent – e tu Cátia conheces ou não? Cátia – conheço mas não vou falar. E não tem nada a ver comigo. Ent – não queres falar então? Cátia – não, não é da minha vida, portanto. Ent – ok. 3. Já alguma vez presenciaram violência física entre namorados? (ex., empurrões, bater). (Se sim) Flávia – como assim? Tipo no meio da rua? Marta - eu já. Ent – se já alguma vez presenciaram? Cátia – já. Marta – se calhar. Flávia – também já. Marta - eu tava a passear na avenida. Flávia – sim. Marta - e prontos vi, mas. Ent – e podes contar o que é que aconteceu? Marta – tipo tava a discutir e ele deu-lhe, tipo assim um estalo na cara à rapariga. Tipo foi naquela ruinha. Cátia – no meu caso não. Marta - quem vai pra, ok eu não vou dizer o nome. Ent – não interessa. Cátia – tavamos na casa dela e era verão e ela queria usar uns calções de ganga muito curtos e ele não queria e, então, tentou puxar-lhe o cabelo para ela sair do quarto e não vestir os calções. Só que depois ela trancou-se no quarto e depois ligou à mãe e entretanto quando ligou à mãe ele foi embora. Marta – eu não. Eu só vi isso na rua porque tava a passar na rua e tipo presenciei isso. Ent – também tinhas dito? Flávia – eu vi num supermercado, não conhecia de lado nenhum, mas acho que ele era vinho ou qualquer coisa assim. Marta – bêbado? Flávia – sim, acho que sim. Ent – e o que viste? Flávia – ele queria levar vinho e a rapariga não deixava. E então ele começou a falar bué de alto para ela. Foi no minipreço. Cátia – mas eles namoravam? Flávia – acho que sim. Tavam juntos. Marta – os que eu vi namoravam, porque eles tavam tipo a discutir, etc. Cátia – sim, os que eu conheço namoram há anos. Marta - e de repente ele pregou-lhe assim tipo um estalo. Cátia – ainda hoje namoram. Marta - ele pregou-lhe assim um estalo. Flávia – mas tavam juntos os que eu vi. Cátia – mas os que eu referi ainda hoje namoram. Ent - que idade tinham sabem mais ou menos? Marta – os que eu vi deviam ter prai trintas. Cátia – na altura em que aconteceu ou a idade que têm agora?

Page 225: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

204

Ent – como vocês quiserem. Que idade tinham na altura. Cátia – na altura ela tinha dezasseis e ele tinha dezoito. Marta – eu pelo que eu percebi na, na, tipo nas feições e etc, por volta de, ele devia ter prai uns trinta e cinco e ela prai uns trinta. Por aí. Flávia – eu também. Marta – é por aí. Flávia – vinte e tal, trintas. Ent – ok, e vocês não viram nada? Nuno – que eu me lembre. Ent – ok.

3.1. Quais são as consequências dessa violência? Marta – acho que. Flávia – medo. Marta – tanto como se fosse namorado ou namorada acho que ficam. Nuno – desentendimentos. Marta – com problemas tipo ficam com medo. Flávia – traumas. Marta – traumas. Cátia – auto-estima baixa. Marta – sim. Cátia – ficam a sentir-se mal com elas próprias a achar que têm a culpa. Flávia – falta de confiança. Falta de confiança nelas próprias. Marta - ficam perturbadas porque depois se acabam a relação querem começar outra relação, não têm tanta confiança por. Flávia – medo. Marta – sim. Têm medo do que se possa acontecer mesmo. Nuno – ganham depressões. Ent – mais alguma coisa? Cátia – e em último caso matam-se. Mais nada acho eu. 4. Já alguma vez presenciaram violência verbal entre namorados? (ex., chamar-lhe nomes, dizer que é feia, burra). (Se sim) Cátia – já. Flávia – ai já. Marta – já. Alexandra – dessa vez sim. Ent – todos? Flávia – sim. Marta – eu já. Sim. Ent – e então contam um de cada vez. Podem contar-me o que aconteceu então? (que idade tinham, eram da escola/ do local onde vivem). Marta – ok, o que eu presenciei foi aqui na escola. Foi aqui na escola prai no 8º ano a que a rapariga, coitada, tava a falar pó namorado e ele começou-lhe a dizer, “ai não sei quê és feia, e não sei quê e não sei que mais”. Pá mas a rapariga tava a falar normal, tava a falar tipo de coisas de sair e etc. E ele “ah, não tens nada que sair porque tu pá és uma pessoa horrível” e não sei quê e não sei que mais. Mas eram namorados mesmo tipo. Ent – e que idade tinham? Marta – deviam andar no 8º ano também. Ent – eram aqui da escola então? Marta – eram, eram aqui da escola. Ent – outro? Cátia – oh, vários. O casal que eu conheço. Eles ainda hoje estão juntos. As horas que estão juntos vai fazer acho que seis anos e eles num mês tão três semanas mal e uma semana bem mas não se largam. E é mesmo, é um relacionamento mesmo muito agressivo, não só violência física como verbal a toda hora. Já chegou ao ponto de ele ir a casa dela chamar nomes à mãe dela e a ela. Tocar na campainha e depois estava cá fora a berrar e os vizinhos todos a ouvir, coisas assim. Ent – e que idade têm? Cátia – agora? Agora ela tem 19 e ele tem 21 se não me engano, vinte, vinte e um.

Page 226: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

205

Ent – são então do local onde vives? Não são aqui da escola? Cátia – daqui da escola não mas são de Braga. Ent – ok. Alexandra – o que eu vi também é de cá da escola. E tavam, eram um casal a discutir. Ent – e que idade tinham? Alexandra – prai doze. E depois ele começou-lhe a chamar nomes. Marta – e agora que falei em vizinhos também já reparei num tava, não era do meu prédio né, mas é do prédio ao lado. Por exemplo, também já vi o homem tipo tinha prai quarenta e tal anos, a dizer nomes, a chamar nomes à mulher e a dizer “pá não prestas! Não sabes fazer nada, odeio-te”. Etc. Flávia – os meus vizinhos do lado discutem muito. Eles devem ter pai vinte não? Devem ter pai vinte anos. Uma vez tava a rapariga a sair do carro, ele desceu o prédio foi lá fora agarrou-a, a rapariga não queria subir ele obrigou-a. Sempre a discutir, tão sempre a discutir ao meu lado. Só que, acho que chamar a polícia uma vez. Ent – e tu Nuno queres dizer? Nuno – aquilo banal, passar na rua e ver. Casais a discutirem, a chamar nomes.

4.1. O que sente a vítima quando é tratada assim? Nuno – humilhada. Alexandra – medo. Flávia – vergonha. Alexandra – medo. Cátia – vergonha, humilhação. Marta – culpa. Culpa muitas vezes sente culpa do que tá a acontecer. Cátia – se calhar um pouco raiva dela mesmo porque pensa que podia ter evitado a situação. Fica mais, se calhar, sensível, mais em baixo, mais… sei lá. Marta – talvez o que a vítima deve sentir em muitos casos, se calhar, é que só lhe apetecia desaparecer do mundo. Cátia – e triste porque se calhar agora quer ter uma vida mais social e não consegue por causa disso. De resto não sei. 5. O que é que alguns rapazes fazem para pressionar a namorada a ter relações sexuais sem ela querer? Marta – muitos casos agarram-nas e prontos acontece. Nuno – violam-nas. Flávia – ou então fazem chantagem emocional. Marta – não mas é verdade. Em muitos casos. Flávia – ameaçam acabar com a relação. Nuno – [não se percebe o que diz] mas é verdade. Marta – em muitos casos, em muitos casos agarram as vítimas e prontos e não há quem pare não é? Porque. [risos] Marta – oh, fogo. Tipo se ele tá a agarrar não pode chegar lá e dizer “olha pára” porque tão os dois sozinhos. Ela não tem força! Flávia – ameaça acabar com a relação. Marta – a sério vocês não percebem pá! Ent – ameaça acabar com relação, disseste Flávia? Marta – oh setora mas não é verdade? Há alguém que pode, imagine tão os dois. Há alguém que possa parar por acaso? Não, não pode né? [falavam ao mesmo tempo] Cátia – não, é um assunto sério só que. Marta – é verdade! Cátia – foi a maneira como tu disseste que meteu piada. Mas é um assunto sério. Marta - porque, por exemplo, se o namorado pode agarrá-la e não vai chegar ali se os. Flávia – eles são mais fortes. Marta – dois estão sozinhos ninguém pode chegar lá “olha pára com isso”. Que ela pode não ter força né? Oh prontos foi a maneira que eu disse, ok! Nuno – nós tavamos a rir disso não foi, não é da situação. Ent – então o que é que fazem? Cátia – chantagiam um pouco. Se calhar ameaçam. Marta – batem. Cátia – sim às vezes recorrem à agressão.

Page 227: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

206

Marta – ameaçam que batem [não se percebe o resto]. Cátia – ou então. Como é dizer aquilo tipo convencem com outras palavras, falinhas mansas, digamos assim. De resto não sei. Ent - Também há raparigas a pressionar os rapazes para terem relações sexuais? Marta – deve haver. Flávia – há. Nuno – cada vez pior. [risos] Marta – não. Pode haver sim. Nuno – é verdade. Ent - (Se sim) e o que é que fazem? Marta – devem fazer o mesmo que os rapazes talvez. Cátia – eu acho que não. Eu acho que é. Eu nem sei que vou dizer isto e vou ser gravada. Não. Mas acho que as mulheres conseguem muito mais facilmente convencer um homem a ter relações sexuais do que um homem uma mulher. Nuno – isso é verdade. Cátia – pois tipo. Uma mulher basta chegar lá e. Flávia – fazer-se. Cátia – exato. Marta – eah, eah. Cátia – acho que é muito mais fácil e quer depois ele, queira ou não, de início não queria portanto foi convencido, não foi por vontade, não foi iniciativa própria. Marta – mas também há muitas mulheres que batem nos homens. Cátia – sim. Ent – ok.

5.1. Quais são as consequências para as raparigas por terem relações sexuais sem quererem? Marta – talvez. Nuno – podem engravidar. Cátia – traumas. Traumas muito grandes. Marta – talvez, sim pois. Porque depois imagina se elas encontrarem o rapaz ideal depois. Alexandra – vão ter medo. Marta – vão ter medo de. Nuno – vergonha. Marta – eah. Medo, vergonha disso. Ent – o que é que disseste Flávia? Flávia – nada, setora, nada. Ent – não, mas não disseste? Flávia – não, depois por exemplo para, têm medo de começar uma relação com alguém e depois têm medo que a outra pessoa queira. Nuno – tem sempre receio. Flávia - faça o mesmo que a outra. Ent – o que é que disseste Nuno? Nuno – continuam a ter receio depois por passar por uma situação dessas. Marta – têm medo, vergonha do que possa vir a acontecer. Cátia – ou pior porque há. Cada, em vez de estar a desaparecer cada vez há mais. Certas tradições de família em que a mulher só pode ter relações sexuais com um homem mesmo que não seja, agora já nem é casar mas tem que ser o homem com quem a pessoa vai ficar. Eu por exemplo, como moro num bairro de, que tem alguns ciganos, digo que há raparigas que foram obrigadas a fazer e que agora não podem se quer tar lá. Tão, os pais compram um apartamento, tão num sítio e eles ficam lá isolados. Não podem tar em contacto. Marta – eu vi foi. Cátia – e nós tamos a falar de nós como senhores como eles nos chamam mas esquecemo-nos que infelizmente há outras pessoas que também passam por isso. Marta – eu vi numa reportagem foi. Cátia – e para eles ainda é pior. Marta – que há um país assim longe daqui que a rapariga, é a primeira vez da rapariga é com o pai. Com o pai dela. Nuno – fogo!

Page 228: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

207

Marta – a sério. Não deixam de tipo. Essa reportagem tipo só o pai é que pode tirar a virgindade à rapariga e depois é que vai ela vai casar com outro homem. Ent – e em que país? Marta – oh pá é aqueles assim tipo da Indonésia ou lá o que é isso. Aquelas. Ent – e tu tavas a falar da etnia cigana, não era Cátia? Cátia – sim. Eu conheço muitos e dou-me com muitos porque eu moro perto do bairro [nome] e ou eles, alguns ainda têm aquela tradição mais rígida em que só, só tem relações sexuais depois do casamento e não pode divorciar-se tem que ficar sempre com a pessoa e não é quando ela quer que eles tem relações sexuais. É quando ele quer. Quando ele quer, ela tem de estar ao dispor dela e mais nada. Nuno – se for preciso se calhar todos os dias [não se compreende bem]. Cátia - mas há outros que agora são um pouco, se calhar, digamos que mais modernos em que pode ter relações sexuais mas tem que comprometer-se, ou seja, depois no futuro vão casar e vai ficar com ele para toda a vida. Não pode depois, um cigano não quer uma cigana que já não seja virgem. Não quer. E eles, eles fazem mesmo do tipo, eles têm relações sexuais e se não sangrar é porque já não é virgem, é porque já não é pura e é isolada do bairro. Flávia – acho que toda a gente se lembra, mas aquelas meninas que mal têm pai oito anos têm que casar com homens muito mais velhos. Ai, isso aí também. Marta – não, mas eu só queria que, na Indonésia acho que foi um bocado estúpido porque a rapariga pode escolher com quem quer perder a virgindade, agora o pai fazer ela perder acho que isso é estúpido. Ent - (Se disseram que os rapazes também são pressionados) E para os rapazes quais são as consequências de ter relações sexuais sem quererem? Cátia – isso não sei, mas não sei mesmo. Marta – eu também não sei. Nuno – também acho que não há nenhuma. Marta – talvez os rapazes, talvez os rapazes. Cátia – há rapazes mais sensíveis que outros. Há rapazes que se calhar também ficam com traumas. Marta – talvez os rapazes mais sensíveis. Cátia – ficam com algum receio, algum medo porque há rapazes mais sensíveis que outros. Marta – acho que talvez os rapazes mais sensíveis ficam. Nuno – pode haver depois é arrependimento. Marta – os rapazes mais sensíveis também ficam assim com, podem ficar até com mesmo com medo e etc de voltar a acontecer.

6. Alguma vez ouviram contar algum caso em que o rapaz ameaça a rapariga de contar aos outros “coisas íntimas dela”? (ex. que teve relações sexuais com ela, que tem fotos dela meia despida, que tem segredos dela). (Se sim) Marta – eu nunca ouvi isso. Alexandra – eu também não. Flávia - não. Marta – não presenciei isso. Ent – e vocês os dois? Flávia – não. Ent – e vocês os dois a Cátia e o Nuno? Nuno – acho que não. Marta – a única coisa que vi prontos, oh pá, podem se rir mas a única coisa que vi foi na televisão. Em séries e qualquer coisa. Flávia – o Justin Bieber e Selena Gomez [fala ao mesmo tempo] Marta – eah. Ent – tem de ser um de cada vez. Marta – por exemplo em série ou muitas vezes notícias de famosos e isso mas assim realmente nunca vi. Realmente nunca vi, porque por exemplo, o Justin Bieber ameaçou a Selena disso. Flávia – eah. Marta - Que ia contar, que ia meter nas redes sociais fotos íntimas deles e etc. Ent – não conhecem então? Se quiserem falar de alguma série ou filme ou. Marta – realidade nunca vi nada disso. Flávia – eu também não. Cátia – oh na realidade já. Aquele casal ele, ele ameaçou mandar as fotos pa a mãe dela só. Fotos íntimas deles. Ent – e o que é que se passou nesse caso?

Page 229: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

208

Cátia – já não me lembro porque eles tavam sempre a discutir mas, sei que quase sempre ou tinha a ver com os ciúmes por ela se dar bem com toda a gente ou pela roupa. Era sempre. Ent – e chegou a postar ou não? Cátia – não. Depois não. Ent - Também há raparigas que fazem este tipo de ameaças aos rapazes? (Se sim) Cátia – deve haver. Marta – eu nunca vi, mas deve haver. Flávia – deve haver. Ent – e como é que os ameaçam? Nuno – da mesma forma. Cátia – dizendo. Marta – ai, isso já ouvi. Cátia – pode ser pra várias coisas. Podem ameaçar tipo se não fizeres isso, ou se não voltares para mim, ou se não tivermos relações outra vez, ou qualquer coisa eu posto as nossas fotos. Ou mostro as nossas fotos a esta pessoa ou mando para os teus pais, ou. Marta – havia um vídeo muito visto no youtube, não tinha nada de mal, calma. Só que ele ia gravar e a namorada apanhou-o e depois agrediu-o e etc. Nuno – ah. Flávia – eu vi. Cátia – eu também vi. Vi a filmá-la. Marta – eah. Cátia - a ter relações sexuais. Marta – para amostrar. Cátia - mas ela viu a câmara. Marta - Eah. Cátia – e bateu-lhe mas continuou a filmar e bateu-lhe, mas bateu-lhe mesmo. Marta – mesmo. Cátia - e depois postou no facebook e disse “vou mostrar a toda a gente agora a canalha de homem que és” e assim. Tentar filmar um homem, um homem e uma mulher a terem relações sexuais. Nuno – isso não era brasileiro? Marta – é. É. Ele tipo queria filmar que a ia apanhar, é desta que a vou apanhar. Depois ela descobriu a câmara. Ent – mas isso foi no? Marta – no youtube. Cátia – tava no youtube. Ent – ok.

6.1. O que sente e pensa a pessoa que é ameaçada? Flávia – medo. E pensa como é que eu vou sair disto. Marta – eu acho. Flávia – vergonha. Nuno – como é que as pessoas vão reagir. Marta – eu acho que ela se vai sentir com vergonha, tipo sozinha. Nuno – humilhada. Marta – sim humilhada. Ent - O que é que costuma fazer? Cátia – normalmente diz que sim. Normalmente quando é ameaçada acaba por fazer o que a pessoa que está a ameaçar quer. Marta – ou então. Nuno – porque tem sempre medo. Marta – ou então. Cátia – exato. Marta – ou então. Cátia – por receio, por medo de ser exposta de alguma forma. Marta – ou então pode fazer naquele próprio dia e depois tentar suicidar-se ou qualquer coisa do género. Cátia – porque as ameaças não param a partir do momento em que aceitou uma, ele vai faz outra vez. Nuno – vai a segunda, vai a terceira. Cátia – vira rotina. Ent – querem referir mais alguma coisa?

Page 230: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

209

7. Na vossa opinião, é possível haver casos em que uma pessoa obrigue a outra a ter relações sexuais contra a sua vontade? (Se sim) Marta – sim. Flávia – sim. Nuno – sim. Cátia – não percebi a pergunta. Ent – Na vossa opinião, é possível haver casos em que uma pessoa obrigue a outra a ter relações sexuais contra a sua vontade? Cátia – sim. Marta – sim. Flávia – sim. Marta – e cada vez mais, acho que cada vez mais pessoas fazem isso. Ent – e como é que isso pode acontecer? Flávia – já falamos antes. Cátia – sim já dissemos. Ent – como é que uma pessoa pode obrigar a outra a ter relações sexuais contra a sua vontade? Marta – aquilo que eu disse. Nuno – forçar. Marta - mas de uma forma mais coisa. Cátia – sim ameaçar, convencer. Marta – agarrá-lo. Cátia - com falinhas mansas. Marta – agarrá-lo e depois fazer. E não pode haver ninguém que vá lá impedir. Flávia – ameaçar acabar a relação. Alexandra – sim. Nuno – não pode? Marta – não porque se tiver sozinho, duas pessoas assim sozinhas. Nuno – mas se, por exemplo, se alguém vir e se aperceber chega lá. Marta – mas se ninguém vir. Se ninguém vir. Nuno – sim, isso. Marta – não podem parar né? Não podem impedir. [risos] Marta – não podem impedir. Não podem impedir isso. Cátia – sim. Sim, tá certo, prontos.

7.1.Conhecem alguém a quem isso já aconteceu? (Se sim) Flávia – eu não. Alexandra – também não. Nuno – ser obrigado? Cátia – ser obrigado. Nuno – ser obrigado ou outras? Marta – ah eu vi isso foi numa série de televisão. Cátia – ser obrigado ou ser convencido? Nuno – para ver se me lembro de. Marta – eu vi isso. Ent – se conhecem alguém que uma pessoa obrigue a outra a ter relações sexuais contra a sua vontade? Marta – eu só vi isso no I Love It. Em que ele drogou-a. Ent – onde? Cátia – drogou-a. Marta – no I Love It. Ent – ah. Marta - e tipo eles tavam a ver. Nuno – acho que conheço. Marta – e prontos. O Tomás obrigou-a, filmou e tudo que era para mostrar depois ao outro namorado dela e prontos. Ent – e o que é que aconteceu então nesses casos? Nesse caso. Marta – ele descobriu e acabou com ela.

Page 231: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

210

Ent – disseste que conhecias Nuno e então queres contar? Nuno – dois gémeos. Dois gémeos que são do pior. Ent – são do pior? E então queres contar o que é que aconteceu? [risos] Cátia – duas gémeas? Nuno – dois gémeos. Cátia – ah! eu pensei que eras tu e duas gémeas [risos]. Nuno – fogo! Flávia – não, como assim dois gémeos. Tipo? Nuno – não podem conhecer rapariga nenhuma. Tentam sempre levá-las para a cama, forçam-nas. Cátia – os dois? Nuno – sim. Cátia – tipo ao mesmo tempo? Ou cada um na sua vida? Nuno – cada um na. Marta – ah tava a ver fogo! Cátia – há casos assim só tava a perguntar. Marta – pois tipo já tava a ver que uma rapariga dava para os dois. Nuno – mas sei lá se já aconteceu isso. Ent – e que idade têm? Nuno – têm a minha idade. Cátia – dezasseis. Nuno – dezasseis. Ent – e são do local onde vives ou aqui da escola? Nuno – são do local. Ent – do local onde vives. Nuno – onde eu vivo. Ent – ok. 8. Podem contar-me situações que viram em filmes, ou na vida real, em que uma pessoa se aproveitou do facto da outra estar sobre o efeito do álcool ou de drogas para ter relações sexuais? Marta – no I Love It. Flávia – eu vi no Sol de Inverno. Ent – então podem começar uma de cada vez. Marta – eu vi no I Love It. Foi como eu disse, por exemplo, o Tomás era obcecado pela Bia prontos e é obcecado. E depois faz sempre. E ela tinha um namorado, que era o Nuno, e depois. [alguém a interrompe] Não és tu cala-te! Depois tipo ele, ele tinha bué de ciúmes disso né? E então andava sempre a fazer cenas e então ele, o Tomás, drogou-a. Cátia – drogou-a. Marta – drogou-a numa bebida e tipo eles fizeram os dois e ele filmou e prontos aconteceu. Ent – e tu Flávia? Flávia – no Sol de Inverno tipo a Margarida ia a muitas festas, daquelas festas onde tem muita gente para fazer coisas em grupo e então ela tomava bebidas com droga. Depois o Luís que era mau filmou ela a ter relações sexuais. Porque ela, ela tava drogada não é? Marta - mas tipo não era só com uma pessoa. Flávia – era com várias e então o Luís filmou ela a fazer relações sexuais e depois ameaçou pôr na internet e a Margarida ficou muito mal e tentou-se suicidar. E depois a Marta disse para desistir da escola e ela desistiu, mas agora ela quer que volte à escola. Mas não é esta Marta, é Marta do Sol de Inverno. Cátia – eu vi mas foi na vida real. Eu saio à noite e sei lá talvez em bares e discotecas e vejo várias raparigas, os rapazes chegam oferecem uma bebida, oferecem duas, oferecem três e quando ela já tá naquele estado dizem “eu vou-te levar a casa ou levo-te para minha casa” e levam. Eu não! sou uma boa menina mas, mas já vi vários, vários, vários mesmo. E tenho uma, uma pessoa próxima de mim que tem uma irmã nesta escola, por acaso, que ela estava muito bêbada e tava sob o efeito de droga também e eles tavam pois, em vez de irem para casa foram fazer uma paragem. Tava ela, três rapazes e mais uma rapariga e eles pararam não sei onde e depois saiu toda a gente e ficou só essa rapariga que eu conheço e um rapaz. E eu, ela diz que não se lembra bem mas que sentiu dores, porque ela era virgem e quando acordou tava cheia de dores, tinha sangue, tinha prontos, ficou super mal e ela não se lembra, que é pior. Para além de ela ter sofrido a humilhação de provavelmente ser violada, ela não se lembra, tem dores e ela nem o conhecia. Não se lembra, normalmente a primeira vez as pessoas querem que seja uma coisa especial. E, nem sequer saber o nome dele é um bocado. Deu para ela aprender acho eu.

Page 232: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

211

Ent – sim. Na vossa opinião. Vocês querem contar alguma? Nuno – o que eu já vi foi em bares meterem drogas no copo. Marta – eu pensei que isso só dava nos filmes. Alexandra – também eu. Ent – na vossa opinião. [risos] Cátia – nota-se mesmo que não sais à noite.

8.1.Na vossa opinião, isso pode acontecer no local onde vivem? Marta – como assim? Cátia – em casa? Ent – no local onde vivem no, na vossa rua… [risos] Ent – na vossa rua… Marta – na nossa casa? Ent – não, na vossa rua. Marta – ah! [falavam ao mesmo tempo] Ent – ou aqui na escola? Marta – é assim, por exemplo. [falavam ao mesmo tempo sem se perceber]. Ent – vamos lá então. Marta - lá por vivermos numa rua, não quer dizer que. Desculpa. Flávia – toda a gente vive numa rua. Cátia – tas a falar mal do meu bairro? Marta – não! Cátia – fala, fala. Marta – não! Lá por vivermos numa rua não quer dizer que todas as pessoas da rua possam ir lá, também pode ir gente de fora né? De outros sítios e outra coisa. Pode acontecer sim. Ent – então na vossa opinião, pode acontecer com as pessoas que conhecem aqui na escola? Cátia – sim. Marta – sim. Nuno – pode acontecer com qualquer um. Ent – então todos dizem que sim, não é? Cátia – sim. Ent – ok. E no local onde vivem? Cátia – sim. Marta – pois é o que eu tou a dizer. Não é. [falavam ao mesmo tempo]. Ent – e então porquê? Uma de cada vez. Marta – por exemplo, na rua que eu vivo, por exemplo, não vão andar só pessoas dos prédios, podem andar outras pessoas quais queres. Sim pode acontecer. Ent – e vocês? Porque é que acham que? Cátia – porque eu moro perto de uma área assim um bocadinho… Marta – o quê? Cátia - A minha casa não mas mesmo pertíssimo tem uma área muito conflituosa e sim. Ent – ok.

8.2. Quais são as consequências para a pessoa a quem isso aconteceu? Cátia – das relações sexuais enquanto tá alcoólica? Ent – sim de se terem aproveitado de ela estar com? Cátia – trauma. Alexandra – sente vergonha. Marta – acho que sente tristeza por não ter sido com a pessoa ideal. Nuno – e não terem… [falavam ao mesmo tempo] Nuno - incertezas também. Não saberem com quem é que foi. Cátia – não há pessoa ideal.

Page 233: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

212

Marta – prontos vai ficar tipo. Nuno – ficam sempre na dúvida. Marta – eah e se ainda por cima depois não conhecerem a pessoa ficam tipo. 9. Conhecem algum caso em que a namorada ou namorado foram vítimas de agressões verbais e humilhação através da internet ou de sms no telemóvel? (Se sim) Cátia – eu só, o único casal que eu conheço que seja agressivo de todas as formas. Marta – eu já vi foi no facebook. Alexandra – eu não. Ent – sim. Marta – tipo o namorado a postar. Cátia – acho que sim também indiretas. Marta – eah. Não, e mesmo o namorado postou mesmo no, tipo no perfil dela a dizer que. Cátia – isso também já vi. Marta – que era uma estúpida e o que aconteceu. Pá, coisas mesmo más. Cátia – eu vi com uma rapariga aqui da escola. Marta – coisas mesmo más. Alexandra – eu nunca vi. Ent – e então o que aconteceu nesses casos? Começa uma de cada vez. Marta – como assim o que aconteceu nesses casos? Cátia – o que aconteceu pra haver essa… Ent – o que é que aconteceu? Marta – eu não sei. Eu sei que tipo de um momento para o outro, por exemplo, tava no facebook e aquilo apareceu do nada. Flávia – na página inicial. Marta – eah na página inicial e tipo fiquei parva porque ele dizia que, que ela era uma estúpida que, que não queria fazer nada com ele, e que não gostava da relação que eles tinham porque que ela era muito, que não gostava de fazer isso. E então ele, ela tipo depois, as pessoas, eu acho que se isso me acontecesse a mim acho que era envergonhativo porque toda a gente a ver aquilo acho que, pá, também tinha de ter dois dedos de testa né? Não vamos publicar coisas no facebook ainda por cima da nossa vida privada. Ent – e tu Cátia? Cátia – eu é, uma rapariga aqui da escola, que namorou com um rapaz que andava na minha escola antiga de [nome] e toda a gente o conhecia de vista e ele postava no facebook coisas do género “não sei porquê que saíste à noite ontem e não me disseste. Foste uma porca” mas mesmo no mural para toda a gente ver. E depois era, ela mandava para ele, mas no mural em vez de falarem no chat, “eu faço o que quiser, eu juro que não tive com ninguém” e depois ele respondia pó mural dela “foste uma porca e ainda por cima foste de vestido e não sei quê. E tiveste com este e com aquele. Disseram-me e têm fotos. És uma porca, és uma” prontos, coisas assim. Marta – e num grupo, por exemplo, há um grupo no facebook que é - Vamos fazer mais um grupo de raparigas no facebook - aparece lá muitas, muitas raparigas a desabafarem com as outras raparigas, que aquilo é mesmo só de raparigas, a dizerem que os namorados postam coisas no facebook delas, no mural delas e que têm fotos íntimas deles e etc. Assim muitos casos. Flávia - eah lá no grupo tem muitas raparigas assim. Cátia – eu até tenho essa coisa, mas nunca lá fui. Marta - é mas tem coisas. Flávia – pois tem, por acaso também já vi. Marta - aparecem lá raparigas que ficam grávidas assim do nada. Flávia - raparigas que pedem ajuda porque o namorado pressiona a ter relações sexuais. Marta - outras raparigas que tiveram a primeira vez relações sexuais e depois dizem que se arrependeram porque já estão grávidas. E etc. Flávia – não tavam preparadas. Cátia – novas mães. Marta – e outras porque dizem que. Cátia – não trabalham, não têm sustento próprio. Marta – outras dizem que. Cátia – não têm responsabilidade. Marta – tipo uma rapariga de treze anos disse que, que fez com o namorado dela que tinha pai dezasseis e disse que não usou preservativo e que tem medo que tenha alguma doença e etc. Cátia – mas isso a idade não importa. Eu tenho, eu tenho, vou fazer dezasseis.

Page 234: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

213

Marta – sim. Não tou a dizer que, da idade mas tipo raparigas assim novas e tipo que vão lá postar cenas assim. Cátia – sim. Marta - portanto tou a dizer tipo pode acontecer em qualquer idade, que não há idades para isso. Ent – ok.

9.1.Quais foram as consequências para a vítima? Que é humilhada através da internet ou de mensagens. Cátia – toda a gente fica a saber um pouco sobre própria, da sua privacidade, intimidade. Marta – eu acho, desculpa. Podes falar. Cátia – fala. Já está. Já acabei. Alexandra - vergonha. Marta – eu acho que se isso me acontecesse, eu acho que apagava o facebook, não deixava ali tar para toda a gente ver. Alexandra – apagavas. Marta – apagava. Cátia – tu podes ter aquilo durante trinta segundos, hoje em dia já toda a gente conhece o print, por exemplo. Marta – eah. Cátia – pode tar trinta segundos e alguém faz um print. Flávia – eu não conheço. Cátia - e passados quinze minutos está em todas as redes sociais de toda a gente, a ser divulgado, a ser partilhado, etc. Marta – ou então. Flávia – eu não conheço. Cátia – e não só no facebook, no Ask, no Instagram, em todas. Marta – ou então apagava o status ou então tipo apagava o facebook, tipo. Cátia – eu conheço uma rapariga que na brincadeira pôs no facebook “estou grávida”. E ela pôs durante dois minutos nem digo tanto. Marta – lá no grupo apareceu. Cátia – quando tirou aquele bocado, foi cortado, fizeram print, cortaram. Já tava no facebook pai de vinte pessoas e depois já iam com aquele link ao Ask dela perguntar “Tás mesmo grávida?” e não sei quê. Em dois minutos as pessoas conseguem logo aquela informação. Portanto, quem é humilhado pela internet é humilhado a vida toda ou pelo menos durante bastante, bastante tempo mesmo. Não é alguma coisa que se apague e acabou. Ent – ok. 10. (Se não falaram do namoro homossexual) Já alguma vez ouviram falar de gays ou lésbicas? Flávia - claro. Marta – claro que sim. Nuno – quem é que não ouviu. [risos]

10.1. (Se sim) O que é para vocês um homossexual masculino ou gay? Marta – é assim, eu não, eu não pá, não sou contra nada disso né? Ent – mas o que é para vocês? Marta – oh pá, para mim tipo. Flávia – tem gostos diferentes. Marta – eah tem gostos diferentes. A única coisa que me mete impressão é, por exemplo, eles tarem no meio da rua, a beijarem-se. Isso mete-me um bocado de, não é nojo, mas impressão prontos. Cátia – eu sou contra. Respeito mas sou contra. Ent – ok. Mas o que é para vocês um homossexual masculino ou gay? Cátia – é uma pessoa que tem uma atração pelo mesmo sexo. Ou seja por homens. Marta – eah. Ent - E uma homossexual feminina ou lésbica? Cátia – o mesmo, que gosta do mesmo sexo. Marta – que não gosta de homens, pronto. Ent – e uma hetero… Nuno – [não se percebe] a imaginar. Marta – na cama. Nuno – gays ou lésbicas a fazer.

Page 235: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

214

[risos] Flávia – na cama. Ent - E um/a heterossexual? Cátia – um heterossexual somos nós. Acho eu. Marta – eah. Nuno – gosta das duas. Flávia – das duas. Cátia – não! Nuno – não? Cátia – hétero não! Isso é bissexual. Bissexual gosta dos dois sexos. Heterossexual é gosta do sexo oposto. Eu gosto de homens, tu gostas de mulheres. [falavam ao mesmo tempo sem se perceber] Marta – ah pronto.

10.2. Há alguma diferença no namoro entre homossexuais e heterossexuais? (Se sim) Marta – pode haver. Flávia – há. Na cama. Ent – vamos lá. Um de cada vez então. Marta – oh setora não percebi. Ent – então é assim. Há alguma diferença entre, no namoro, entre homossexuais e heterossexuais? Há ou não? Marta – há. Cátia – há coisas que não podem fazer com tipo dois homens e uma mulher fazem. Marta – há. Ent – então quais são diferenças? Cátia – nas relações sexuais. Marta – tipo o homem. Cátia – e acho que também, se calhar, na maneira de estar porque, por exemplo, quando a gente está com o nosso namorado a gente sente protegida, sente-se, é um carinho diferente que uma mulher não consegue dar a uma mulher. Acho eu! Quer dizer, eu não sei né? Mas o carinho que eu sinto vindo de um homem é muito diferente daquilo que sinto vindo de uma mulher. Pra mim! Marta – eu acho que mesmo prontos nas relações sexuais é impossível fazer alguma coisa com uma mulher. Flávia – tipo uma mulher não tem nada para dar. Marta – penso eu! Acho que é. Oh pá, e acho que não. Por exemplo, enquanto tivermos um homem com o nosso namorado ou qualquer coisa tipo, podemos, tipo sei lá ser um momento só nosso né? Enquanto se for duas raparigas tipo acho que elas não podem fazer nada. Cátia – podem fazer. Ent – e vocês querem referir alguma coisa? Flávia – mas não têm nada. Olha só se for. [falavam entre si sem se perceber] Nuno – há auxilio de. Ent – querem referir alguma coisa? Cátia – não.

10.3. Contam-me, por favor, situações de violência no namoro entre gays ou lésbicas que já tenham visto em filmes, na escola ou no local onde vivem? Nuno – isso acho que nunca vi. Cátia – eu vi que. Marta – eu só vejo filmes também. Cátia – mas é diferente porque era, ele era gay, por exemplo, ele trabalhava, ele era soldado ou qualquer coisa, tinha qualquer coisa a haver com guerras e isso, militar uma coisa assim. E ele tinha x tempo, x meses durante o ano de férias para ele e, ele dizia ao resto dos companheiros que ia passar um cruzeiro só com mulheres e etc mas, na realidade ele era homossexual, mas não era assumido. E então, ele ia para um bar, para uma rua só com bares gays e ele era gay mas ele tinha vergonha disso. Então, ele traiu um homem e depois quando o homem se começava a fazer com ele, eles já estavam mais a sós, quando se começava a fazer mais a ele, ele ficava com aquele nojo de estar a gostar e matava-o. Foi a única coisa que eu vi. Marta – eu não. Eu já vi foi tipo assim no Físico-química. Nuno – na vida real? Cátia – não, não no CSI.

Page 236: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

215

Nuno – ah ok. Marta – num programa que se chama Físico-química que dá na Sic Radical. Em que, em que ele, ele era gay também tinha medo de assumir e depois ele tipo não queria, não queria, não queria ser gay, prontos. Mas ele gostava de homens e então ele descobriu um amigo dele, que depois era gay e esse amigo obrigou-o a fazer tipo de uma forma mesmo violenta. E então. Ele ficou tipo com trauma e matou-se depois. Cátia – próxima. Ent - Há diferenças entre a violência no namoro entre homossexuais e heterossexuais? (Se sim) Flávia – deve haver. Alexandra – eu acho que não. Cátia – acho que sim. Acho que sim. Acho que a violência que há entre duas mulheres e a violência que há entre dois homens. Marta – é bem diferente. Cátia – e um homem e uma mulher é completamente diferente. Marta – eah. Ent – então quais são as diferenças na violência no namoro? Flávia – os homens sabem os pontos fracos. Marta - E não só, e os homens tipo. Cátia – nada a ver. As mulheres se calhar têm menos força, menos. Marta – e acho que. Eah. Cátia – os homens normalmente são mais decididos, ou seja, se calhar conseguem pôr um fim aquilo mais rápido. Marta – enquanto que as mulheres não. Cátia – do que fosse, por exemplo, dois gays. Um deles eventualmente consegue parar mais rápido, enquanto a relação tá no inicio, enquanto tá a começar a ser violento e etc. do que um homem e uma mulher. A mulher se calhar é o. Nuno – tem menos força. Cátia – o elo mais. Marta – mais fraco. Cátia – fraco. Nuno – frágil. Cátia – mais frágil. Exato, não é fraco, é frágil. Ent – querem referir mais alguma coisa? II - Causas da violência no namoro 11. O que leva um dos/as namorados/as a ser fisicamente violento com o outro/a? Alexandra – ciúmes. Marta – ciúmes. Cátia – tá a falar de gays ainda ou de normais? Ent – não. Marta – é normais. Cátia – para mim. Ent – agora no geral não é? Para vocês… Marta – talvez. Ent - o que leva um dos/as namorados/as a ser fisicamente? Alexandra – os ciúmes. Marta – talvez, prontos, vamos voltar ao mesmo sítio. Ciúmes, não querer ter relações. Cátia – às vezes a roupa, se calhar o facto de ser um pouco possessivo do género “és minha não tens que estar com mais ninguém”. Marta – como a Cátia disse ao bocado tipo ser. Alexandra – ser agressivo. Marta – ela ser social com as outras pessoas e ele não gostar que ela converse com outras pessoas etc. Cátia – é um ser possessivo. Marta – sim. Cátia – desconfianças. 11.1. E a ser verbalmente desagradável com ele/a, desvalorizá-lo/a ou humilha-lo/a? Marta – se calhar. Cátia – acho que os mesmos.

Page 237: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

216

Marta – eah. Cátia – acho que tanto pode dar para violência verbal como para física. Marta – ou então digamos que ele, ele ou ela sente-se líder da relação. Tipo. Cátia – sim. Marta – líder. Nuno – eu é que mando. Marta – que ele é que tem que mandar, que ele é que tem que mandar, que ele é que tem que fazer. Ela tem que fazer tudo o que ele manda, por exemplo. Cátia – ou ele tem que fazer tudo o que ela manda. Marta – ou ele ou ela. Sim ou ele ou ela. Ent – o que é que disseste Nuno? Nuno – prontos, ele é que… Cátia – sim. Nuno - tem. Pensa que ele é que manda. Marta – ou ela sim. Nuno – ele ou ela. Ent – ok. 12. O que leva o rapaz a pressionar a rapariga para terem relações sexuais? (Se disseram que a

rapariga também pressiona) Cátia – se calhar a idade. Flávia – desejo. Cátia – já conheci vários que, por exemplo, ele ia fazer dezasseis e queria que a namorada tivesse relações sexuais com ele no dia dos anos porque queria perder aos dezasseis e prontos a idade, o facto de acharem “bom já tenho idade, já tenho maturidade já posso fazer, já posso começar. Os meus amigos todos começaram com esta idade também vou fazer com esta idade”. Marta – eah talvez. Cátia – e depois prontos. Marta - Tipo ele pensa que já por, por exemplo, namorarem sei lá pai há três meses ou mais, ou menos, ele pensa que já pode fazer o que quer com a rapariga e tipo ou com o rapaz, se for uma ela, e pensa que já pode ter relações sexuais quando quer e quando lhe apetece, etc. Ent – ok. E a rapariga a pressionar o rapaz? Cátia – se calhar porque com o passar do tempo digamos que as hormonas. [falavam ao mesmo tempo sem se perceber]. Nuno – aos saltos. Cátia – tou a falar a sério. Marta – aos saltos. Cátia – não, mas tou a falar a sério. Marta – sim. Cátia - chega ao ponto que a mulher simplesmente sente necessidade de fazer e prontos. Nuno – pode levar aquilo. Cátia – e pressiona o homem. Quer e pronto, precisa de companheiro não é? Marta – e acontece. E acontece, e acontece. Ent – querem referir mais alguma coisa? Marta – não. 13. O que pode levar alguém a abusar sexualmente de outra pessoa? Cátia – o facto de a outra pessoa não querer. O facto de. Marta – tamos. Cátia – de ter força psicológica o suficiente para dizer que não. E então a outra pessoa não aceita o não como resposta e obriga-a. Marta – tamos a falar tipo… Ent – o que é que pode, no geral. Marta – sim mas entre namorados? Ou. Ent – sim, sim, sim. Flávia – isso é violação. Marta – por exemplo, eu ouvi dizer, ouvi um caso no Goucha que, por exemplo, ele, oh pá a sério, vocês! Cátia – continua, continua.

Page 238: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

217

Marta – que tipo ele diz que tavam a pensar legalizar a pedofilia. Acho que essas pessoas que abusam dos outros. Ent – onde? Flávia – no você na tv. Marta – no você na tv. Ent – não. Onde é que queriam legalizar? Alexandra – aqui. Marta - queriam aqui em Portugal, legalizar a pedofilia. Chegou-lhe aos ouvidos, prontos. E eu acho que, quando uma pessoa, oh pá, ou legaliza a pedofilia ou é pedófilo, acho que num, num tem tipo. Cátia – mas eu acho que devia haver um limite de pedofilia. Do género pedofilia para mim é quando um homem já feito viola uma criança. Marta – sim. Cátia – ou um adolescente. Mas eu acho e conheço várias relações de em que o rapaz tem, por exemplo, dezoito, dezanove anos, namora com uma rapariga de dezasseis, dezassete, e isso para mim, eu não considero pedofilia. Flávia – isso não. Cátia - porque por exemplo, o meu namorado tem dezoito anos mas a minha mãe conhece-o e aceitou isso. E isso para mim não é pedofilia. Marta – eu tou a falar de cerca de. Cátia – sim, sim eu percebi. Flávia – de crianças pequenas. Marta – um homem pai de quarenta anos violar já uma rapariga pai de dezasseis ou qualquer coisa. E é assim, acho que isso é estupido porque essas pessoas não devem ter algum, pá, não devem ter assim sei lá sabedoria ou qualquer coisa. E acho que quem quer legalizar a pedofilia é pior que o próprio pedófilo. Cátia – claro. Marta - porque acho que isso não tem pés nem cabeça. Por amor de deus. Agora. Cátia – ainda por cima em crianças. Marta – e é assim. Cátia – pedofilia com crianças, e as crianças normalmente têm mais dificuldade depois de crescer. Marta – eah. Cátia – crescem mais traumatizadas com aquela imagem na cabeça. Marta – e depois é tipo. Cátia – e é muito mais difícil depois de se associarem a pessoas. Nuno – e depois não podem sequer ver um homem. [falavam ao mesmo tempo] Marta – e se legalizassem isso. Flávia – ou uma mulher. Marta – e se legalizassem isso. Nuno – sim. Marta – acho que toda a gente aqui, por exemplo em Portugal, se legalizassem a pedofilia. Flávia – eu tinha medo de viver aqui. Marta - tinham medo de andar na rua. Era uma coisa que, pá. Cátia – se já temos agora, imagina se isso fosse legal. Marta – eah, exato. Por, exemplo, já ouve casos. Nuno – em qualquer canto. [falavam ao mesmo tempo] Ent – um de cada vez. Marta – contaram-nos a nós na turma das raparigas, penso que todas ouviram, que naquele país da Índia ou qualquer coisa, que um homem arrebentou uma miúda. Nuno – ai isso foi a setora que contou não foi? Marta – eah. Cátia – um homem de quarenta anos que casou. Marta – sim. Cátia - com uma rapariga de cinco anos e na noite núpcias ela [não se percebe]. Marta – arrebentou-a toda. Acho que isso é estúpido. Cátia – morreu. Marta - eu acho que isso nem devia existir né? Ainda por cima é contra a vontade da criança, a criança não. [falavam ao mesmo tempo sem se perceber] Nuno – ela se calhar nem sabia o que.

Page 239: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

218

Marta – é assim, uma criança de, por exemplo, dos zero anos até, até ter uma maturidade para decidir, para ter uma maturidade para decidir, acho que não devia ser obrigada a casar. Só se quisesse casar porque ela aí já tinha maturidade para decidir se quer ou não. Cátia – sabes que isso não é decisão dela, isso também é das tradições. Marta – sim. Cátia - da família, da etnia. Marta - pois eah. Cátia – da raça. Marta – eu sei. Cátia - Isso difere de muitas coisas infelizmente. Ent – então vamos lá. E a abusar de pessoas que estão drogadas ou bêbadas? O que é que pode levar alguém a abusar de pessoas que estão drogadas ou bêbadas? Flávia – traumas, arrependimento. Marta – não. Cátia – não. Ent – o que é que pode levar? Cátia - o que pode levar. Às vezes também é problemas em casa. Marta – ou então. Cátia – às vezes a pessoa. Nuno – só veem uma. Cátia - vê o que acontece em casa e tenta fazer. Flávia – ah quer fazer igual. Cátia - por exemplo, quando o pai é agressivo a. Nuno – os filhos vão. Cátia - ele tem tendência a ser também, porque ele também quer ter uma mulher que o respeite como se calhar a mãe respeita o pai. Como tem medo ao pai e ele quer ser igual e leva, e as mulheres igual. As mulheres às vezes é o contrário, as mulheres às vezes quando não têm o pai presente na vida delas, que é o caso de muitas, de muitas raparigas de hoje em dia, quando não têm o pai devidamente presente na vida delas são mais frágeis e não se querem dar por uma relação, querem ser o elo dominante da relação, querem fazer tudo como elas querem e acontecem essas coisas. Marta – ou então aproveitam-se mesmo do facto da pessoa estar drogada ou bêbada e pronto. Cátia – exato. Tá com vontade, a pessoa tá bêbada, tá drogada é mais fácil de conseguir o que se quer. Marta – eah. Nuno – por exemplo, de outra forma não consegue e aproveita. Cátia – exato. Ent – ok. 14. Na vossa opinião, porque existe violência no namoro entre os jovens heterossexuais? Flávia – heterossexuais é tipo nós? Cátia – somos nós. Porque não há conversa, não há diálogo na relação. Alexandra – não se respeitam. Marta – e no meio daquilo, e no meio daquilo tudo acho. Cátia – não há comunicação. Marta – no meio daquilo tudo acho que não há amor porque se houvesse amor acho que não acontecia nada disso. Cátia – eah. Ent – ok. E entre os jovens homossexuais? Marta – também a mesma coisa. Se calhar não há amor entre eles e aproveitam pa andar ali. [risos] Marta – oh pá! para andar ali à porrada né? Cátia – fala direito meu. Ent – ok. III – Importância do problema e formas de resolução 15. Na vossa opinião, qual é a gravidade aqui na escola da violência no namoro? Cátia – aqui na escola? Ent – sim. Marta – aqui na escola não vejo assim muito. Vi foi no 8º ano aquela situação. Cátia – quer dizer, se calhar eles até são agressivos.

Page 240: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

219

Flávia – sem nós sabermos. Cátia - ao menos não se dão aqui ao. Marta – ou se calhar. Flávia – quase de certeza só que nós não sabemos. Marta – sim ou se calhar são agressivos e se calhar ninguém sabe e só a vítima e ele é que sabe. Cátia – exato. E se soubéssemos também não podias fazer grande coisa. Ent – então aqui a gravidade é baixa ou é? Marta – como assim? Cátia – baixa. Nuno – acho que é baixa. Ent - Porquê? Alexandra – eu também acho que é baixa. Cátia – porque a gente não a vê. [risos] Ent - E no local onde vivem? Flávia – também baixa. Alexandra – também. Marta – também é baixa mas como eu digo lá por andarmos na nossa rua não quer dizer. Cátia – baixa não né? Pelo menos na minha não. Ent – então porquê que é baixa e porquê que não é? Marta – é assim, por exemplo, eu digo que é baixa porque é assim, eu não vejo. E como eu digo, por exemplo, lá por eu morar, lá por meu morar na minha rua não quer dizer que outras pessoas das outras ruas não possam vir lá aquela rua né? Aquilo o ar é de todos ninguém tem que andar ai a coisar. Cátia – na minha porque normalmente na etnia cigana, como eu já disse, o homem é quem manda e tem tendência a ser violento quando a mulher não quer fazer ou quando tenta dar a opinião própria, quando tenta ser ela a dizer alguma coisa, a mandar em alguma coisa tem tendência a ficar violento. Ent – ok. 16. Se tivessem um (a) amigo(a) nestas situações o que poderiam fazer para o tentar ajudar? Cátia – se fosse meu amigo ou minha amiga, primeiro falaria com a minha mãe e perguntava o que é que ela acha que eu devo fazer, se eu devo falar com os pais, se devo primeiro ir à polícia e depois isso dependendo do conselho da minha mãe era o que eu faria. Marta – eu tipo se tivesse assim uma amiga nesta situação primeiro falava com ela, apoiava e prontos e dizia também o que, o que eu acho que faria se tivesse nessa situação. E depois dependendo, é assim, há gente que num, não quer denunciar. Mas acho que se ela tivesse mesmo num caso muito, muito sei lá, assim num caso mesmo muito mau que tivesse a ser espancada todos os dias, eu acho que para o bem da minha amiga se ela tipo, se não fosse muito contra a minha opinião eu acho que a ajudava e denunciava. Cátia – mas se não fosse meu amigo eu não me metia. Alexandra – eu também denunciava [não se ouve bem]. Marta – sim, eu também se não fosse meu amigo também não me metia. Cátia – eu se soubesse de um caso de violência mas se não conhecesse não me metia. Ent – também denunciavas Alexandra? Ok. 17. A quem recorreriam para pedir ajuda se um dia estiverem numa destas situações? Marta – eu recorro à minha mãe. Cátia - à minha mãe. [falavam ao mesmo tempo] Ent – vamos lá, uma de cada vez. Marta – eu recorro à minha mãe. Cátia – eu também. Alexandra – eu também à minha mãe. Marta – aos meus pais, prontos à minha mãe ao meu pai. Cátia - à minha mãe, eu. Marta – mais à minha mãe do que. Ent – então. Mãe. Marta – mãe. Alexandra - mãe. Flávia – mãe e amigos. Cátia – mãe.

Page 241: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

220

Nuno – se nós passamos por essa situação? Marta – se eu tivesse nessa situação. Ent – se tivessem sim. Marta – eu recorreria à minha mãe mas depois a minha mãe também preocupada falava com o meu pai né? Ent – ok. Marta – prontos. Ent – e porquê que recorreriam, portanto, neste caso à mãe e aos amigos? Flávia – oh eu recorreria aos amigos porque prontos são da minha idade. Marta – sim. Eu recorreria por exemplo. Flávia – é à minha mãe porque é minha mãe. Nuno – e tens mais à vontade se calhar. Marta – eu se tivesse que recorrer recorreria, prontos, não vou dizer que tipo recorria à Cátia prontos, porque acho que ela tem mais mentalidade para essas coisas e me ajudava na situação né? Mas também recorreria à minha mãe porque prontos é minha mãe sinto confiança nela e ela ajudava-me sim nessa situação. Ent – então se tivessem a sofrer de violência no namoro recorreriam aos pais por causa de, porquê? Cátia – mãe é mãe. Dá aqueles conselhos. Marta – eah. Cátia – sabe sempre o que fazer. Já passou por, se calhar, já passou pela mesma situação ou sabe de situações semelhantes, sabe como se resolve. Marta – eu recorria à minha mãe porque também. Cátia – experiência. Marta – por o que a Cátia disse e porque eu tenho uma grande ligação com a minha mãe. Cátia – também eu. Marta – e recorreria também, por exemplo, à Cátia porque acho que ela tem tipo pá, pode ter dezasseis anos mas acho que já tem, prontos já tem uma mente adulta e ajudava-me nessa situação. Ent – ok. E tu Nuno? Queres referir a quem querias recorrer? A quem recorrerias? Nuno – se calhar recorria primeiro aos meus amigos e depois aos meus pais. Depende não sei. Ent – ok. Nuno – nunca me aconteceu isso. Ent – e porquê que recorrerias a eles? Nuno – porque se calhar tenho mais à vontade. Não é que não tenha à vontade com os meus pais. Ent – ok. Nuno - mas. Ent – não falaram aqui da. Queres dizer mais alguma coisa? Nuno – não. Ent – não falaram aqui da escola. 18. (Se não falaram da escola) Nesta escola, se lhes acontecesse ou estivessem a passar por um

episódio destes, sabiam onde podiam dirigir-se? (Se sim) Cátia – como assim, se tivéssemos a passar na escola e víssemos isso a acontecer? Ent – não. Se vocês estivessem, estão a viver isso não é? Cátia – ah ok. Ent - Violência no namoro. Cátia - A passar pela situação. Ok. Ent – sabem onde é que poderiam dirigir-se? Nuno – aqui na escola? Ent – sim. Flávia – não há aquele coiso? Marta – eu não sei. Cátia – ao GAAF, ao GAAF não é? Flávia – é isso GAAF gabinete de qualquer coisa de família. Ent – então a onde Flávia? Cátia – GAAF. Flávia - GAAF, Gabinete de apoio à família acho eu. Ent – e porquê que recorreriam ao GAAF? Flávia – eu não recorreria. Marta – eu também não. Alexandra – também não.

Page 242: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

221

Ent – então ninguém recorreria? Cátia – sabemos onde mas não recorreríamos. Marta – eu não recorreria. Ent – e tu Nuno? Flávia – também eles não fazem. Marta – é assim, eu não vou dizer que. É assim eu não recorreria porque também é assim, não vou tar a dizer a minha vida a toda a gente né? Mas acho que não. Cátia – e também porque eles dizem que é confidencial. Marta – eah. Cátia - mas não é. Marta – não é porque depois toda a gente sabe. Cátia – porque por exemplo, eu não nesta escola mas em [nome] tive que por uma situação que andar em psicólogo e diziam que eram confidencial supostamente mas os setores depois na semana seguinte “Olha se precisares de alguma ajuda por causa desta situação, desta situação, desta situação” e eu só tinha contado à psicóloga portanto e foi por isso que mudei de escola até para aqui, porque prontos. Marta – toda a gente sabia da tua vida. Cátia – queriam que eu fosse este ano, por exemplo, pó, pó psicólogo mas só por ir só para ter a certeza se está tudo bem porque como a minha mãe emigrou também agora há pouco tempo e eu reprovei no ano passado por faltas, se calhar para me sentir mais à vontade se precisasse para falar com alguém mas eu recusei-me a ir, não consigo. Marta – acho que isso é estupido. Então se uma pessoa diz que é confidencial uma pessoa vai saber da vida de toda a gente. Cátia – sim, e se tivéssemos. Nuno – eu tenho uma opinião das psicólogas. Flávia – eu acho que se estão meter na vida das pessoas. Nuno – eu penso que as psicólogas é para saber da vida dos outros. Cátia – exatamente. Marta – é assim, por exemplo, acho que não há melhor psicóloga que, por exemplo, quem tiver uma relação, por exemplo, a Cátia já disse que tem uma relação boa com a mãe, e eu também. Acho que não há melhor psicóloga. Nuno – isso é. Marta - do que alguém da nossa família, por exemplo, a minha mãe. Nuno – em alguém que tu confies. Marta – é tipo, quem tiver uma relação forte com a mãe acho que não há melhor psicóloga do que a nossa própria mãe, porque é da nossa família e compreende-nos. Cátia – na nossa vida, tamos a passar por uma fase má com o nosso namorado íamos falar com uma pessoa que não conhecemos? Nuno – que não conhecemos de lado nenhum. Marta – eah pois. Cátia – não faz sentido para mim pelo menos. 19. (Se não falaram dos pais) Se estivessem a sofrer violência no namoro falavam com os vossos pais? Porquê?

[responderam na questão 17] 20. (Se não falaram dos amigos) Se fossem vítimas de violência no namoro recorriam aos amigos? Porquê?

[responderam na questão 17] 21. O que podemos fazer aqui na escola para prevenir a violência física no namoro entre os

adolescentes? Marta – como assim não percebi desculpe? Ent - O que podemos fazer aqui na escola para prevenir a violência física no namoro entre os adolescentes? Flávia – eu acho que eles não vão ouvir. Marta – é assim, não vale apena fazer, por exemplo, flyers nem nada porque a maioria das pessoas não ouve. Cátia – não vão ler. E se fizermos. Nuno – deitam fora, gozam. Cátia - apresentação eles não vão ouvir. Marta – ou literalmente gozam com as pessoas que tamos a falar daqui. Cátia – portanto não há nada. Flávia – têm que aprender com os erros. Cátia – só quando as pessoas sentem na pele é que aprendem, mais nada.

Page 243: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

222

Marta – acho que é mais isso. Ent - E para eliminar a violência verbal? Flávia – o mesmo. Marta – mas não vale apena fazer. Cátia – é igual. Nuno – acho que não há nada que a elimine. Marta – é igual porque, digo por experiência própria, quando fomos aquela turma acho que eles não tavam a ouvir nada. Ent - E para acabar com a humilhação através da internet ou de sms no telemóvel? Cátia – o mesmo é tudo igual. Flávia – só quando tiver o coiso. [risos] Marta – é mesmo. Só quando a pessoa sentir na própria pele ali o que é. Eles vão, vão parar. 22. O que podemos fazer para prevenir a violência no namoro no local onde vivemos? Flávia – nada. Marta – nada. Cátia – nada também. 23. O que é que cada um de nós pode fazer para não haver violência na nossa relação de namoro? Marta – ah isso já somos nós. Acho que isso. Flávia – conversar. Marta - já temos que conversar e pôr. Cátia – tem que haver comunicação, tem que haver confiança. Marta – e temos que pôr ali respeito. Nuno – respeito. Cátia – muito respeito. Marta – e se continuar. Cátia – acima de tudo, companheirismo. Marta – e se houvesse esse tipo de violência e continuasse a haver acho que tínhamos pôr ali um ponto final e acabava-se a história né? Penso eu. Cátia – tem que haver limites. Marta – é. Cátia - tem de saber os limites um do outro e respeitá-los. Marta – porque nós não somos nenhuns bonecos. Nuno – saber quando tão a brincar e quando tão a falar a sério. Marta – nós não somos nenhum, nós não somos nenhum saco de box nem tipo robôs para tar a ouvir coisas que não gostamos muito menos para levar porrada de uma pessoa que pá, entrou na nossa vida porque gostamos dessa pessoa, acho eu. Ent – ok. Agora sobre o projeto. IV – Opinião sobre o projeto 24. O que gostaram mais no projeto? Marta – o quê que gostamos mais no projeto? Cátia – neste projeto? Ent – sim. Cátia – ficamos a aprender muitas coisas. Marta – sim. Cátia – ficamos a aprender que, que até uma simples conversa onde haja um insulto pode ser considerado violência e que se não for parado naquela hora ou naquele dia. Marta - pode progredir. Cátia – ou naquele momento. Marta – coisas piores. Cátia – pode, exato, progredir para coisas piores como. Marta – e a acho que. Cátia - a violência física. Marta – sim. Nuno – também por uma conversa.

Page 244: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

223

Marta – e acho que. Nuno - não vamos logo denunciar. Marta – e acho que aprendi também, aprendi. Cátia – não vais denunciar! Mas se tiveres a ter uma conversa com a tua namorada em que ela te diz algo que não deve não vais denunciar mas vais dizer “Olha tens cuidado. Isto que não se repita porque para a próxima não fica assim”. Nuno – falamos. Cátia – exato. Marta – e acho que aprendi que, por exemplo tamos, por exemplo, fizemos aqui um projeto né? Aprendi que há poucas pessoas ainda que sabem que. Nuno – que existe violência no namoro. Marta – não. E que sabem que a violência no namoro é grave e não sabem parar, nem sabem denunciar nem e nem fazem queixa nem nada. É mesmo. Alexandra – porque têm medo. Marta – sim. Flávia – têm que levar porque amam a pessoa. 25. O que gostaram menos no projeto? Porquê? Cátia – nada. Eu gostei de tudo. Eu pelo menos gostei de tudo. Marta – eu também gostei de tudo. Flávia – eu também. Cátia – não foi pesado. Nuno – eu também. Marta – não foi uma coisa assim que tivéssemos que fazer. Cátia – foi simples e foi super educativo. A gente aprendeu imenso. 26. O que gostavam de mudar neste projeto? Marta – nada. Cátia – no projeto? Ent – sim. Marta – acho que não mudava nada. Cátia - nadinha. Marta – nada. 27. Na vossa opinião, este projeto deveria continuar? Cátia – sim. Alexandra – sim. Marta – acho que deviam, tipo, este projeto acho devia passar. Cátia – e acho que devia passar pelos mais novos também. Flávia – devia passar na via, como é que se diz? Marta – devia passar. Alexandra – na via pública. Marta – não. Acho que este projeto. Nuno – de mão para mão. Marta – este projeto devia passar não só nas escolas também como em palestras assim com. Flávia – não só este como outros iguais. Marta – adultos e com mesmo com pessoas do 5º ano também para aprenderem. Cátia – eu acho que não devia ser só feito aos dos nonos ou terceiro ciclo. Flávia – violência doméstica em adultos e tudo. Cátia – acho que até deviam fazê-lo logo no primeiro ciclo porque, por exemplo, o meu sobrinho chega a casa com coisas da alimentação e tem o cuidado de ler aquilo para a minha mãe e tem, é quando eles são mais novos é que eles captam mais estas coisas e acho que fica sempre bom porque, por exemplo, tem coisas que a gente aprende sobre a alimentação, por exemplo, em miúdos que hoje a gente lembra-se às vezes e é por termos aprendido em miúdos porque se fosse agora provavelmente a gente não ligava nenhuma. Marta – eah. Eu acho que se fosse agora. Cátia – quando são novos eles querem saber dessas coisas porque “bom se eu tiver uma relação no futuro eu prometo que não deixo ninguém bater!”. Marta – eah.

Page 245: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

224

Cátia - e eles são muito assim e eu acho que isso devia ser feito quando eles são mais miúdos. Marta – por exemplo, eu acho que se agora, por exemplo, se nós aprendêssemos agora uma coisa nova que eles aprenderam em miúdos, acho que nós não íamos ligar porque prontos pensamos que já sabemos tudo e não precisámos de saber mais nada. Ent – ok. Na vossa opinião, este projeto deveria continuar? Marta – sim. Alexandra – sim. Ent – porquê? Marta – porque dá a conhecer. Flávia – não dissemos isso agora? Alexandra – pois foi. Cátia – acho que sim. Nuno – foi. Flávia – Acho que já tinha dito. Ent – ah então. Marta – pois porquê, mas não disse o porquê. Cátia – dissemos. Marta – ah ok. Ent – mas fui eu que pus na pergunta o que gostavam de mudar. Flávia – corta. Ent – não foi? Ok. Marta – prontos mas mais uma coisa acho que devia andar, tipo passar por mais pessoas para também aprenderem que. Flávia – fora de escolas e tudo. Marta – acho que também para aprenderem. Alexandra – e pelos adultos também. Nuno – redes sociais. Marta – eah. Acho que também para aprender que não existe nenhuma relação. Cátia – sim posso criar um grupo nas redes sociais que as pessoas agora ligam mais às redes sociais do que a bocados de papel e etc. Marta – e acho que também não existe uma relação sem amor tipo só com violência. Flávia – e não só na violência no namoro porque há muita gente adulta casada. Nuno – há muito tipo de violência. Flávia – homens e mulheres que, porque a relação já dura há muito tempo admitem tudo. Ent – ok. 28. Feedback: Há algum assunto sobre a violência no namoro que gostavam de acrescentar nesta entrevista? (se sim) Qual? Flávia – não. Abordámos tudo. Ent – ok.

Page 246: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

225

Apêndice 5

Ex.mo Senhor Diretor da Escola Doutor…

Ana Cristina Leite Gonçalves, Licenciada em Educação, número de telemóvel , email

[email protected], aluna do Mestrado em Estudos da Criança, Especialização em Intervenção

Psicossocial com Crianças, Jovens e Família, encontra-se a desenvolver o projecto de investigação

“Violência no namoro: uma intervenção com alunos do 9º ano de escolaridade”, realizado no

âmbito da dissertação de Mestrado em curso no Instituto de Educação, na Universidade do Minho, sob a

orientação da Doutora Maria Teresa Vilaça, Professora Auxiliar do Instituto de Educação da referida

Universidade.

Este estudo tem como principal objetivo investigar os efeitos de um projeto de educação para a

saúde orientado para a ação na prevenção da violência no namoro, no desenvolvimento da competência

para a ação dos alunos neste âmbito. Neste sentido, vem muito respeitosamente, requerer que V.

Excelência se digne autorizar a realização deste projeto e a a recolha de dados do referido estudo em

quatro turmas do 9º ano de escolaridade nas aulas de SAE, na instituição que preside, para o que junta

os documentos abaixo assinalados. Os dados serão recolhidos através da observação da autora deste

estudo das atividades a desenvolver e de uma entrevista de grupo no início e no fim do projeto educativo.

A entrevista será anónima, respeitará todos os princípios éticos da investigação, será validada por duas

especialistas em Educação Sexual e será pedida autorização ao Ministério da Educação.

Declaro, sob o compromisso de honra, que não tornarei públicos dados que permitam a

identificação dos alunos, que me disponibilizo a fornecer prévio ao deferimento, todos os esclarecimentos

solicitados pelo Responsável da instituição que preside ou pelo Ministério da Educação, que entregarei à

Escola um exemplar do trabalho qualquer que seja o destino que lhe seja dado e que apenas iniciarei a

investigação após ter conhecimento formal do deferimento.

Documentos:

X Resumo/projeto de investigação;

X Entrevista a usar;

X Modelo de consentimento a utilizar;

X Parecer da orientadora científica;

Pede deferimento,

Braga, _____ de ________________ de 2013

_______________________________________

(Ana Cristina Leite Gonçalves)

Page 247: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

226

VIOLÊNCIA NO NAMORO UMA INVESTIGAÇÃO COM ALUNOS DO 9º ANO DE ESCOLARIDADE

DECLARAÇÃO DE CONSENTIMENTO INFORMADO

Exmo(a). Encarregado(a) de Educação

Eu, Ana Cristina Leite Gonçalves, encontro-me a desenvolver o projeto de investigação “Violência

no namoro: uma investigação com alunos do 9º ano de escolaridade” realizado no âmbito da dissertação de Mestrado em Estudos da Criança – Área de Especialização em Intervenção Psicossocial com Crianças, Jovens e Famílias, em curso no Instituto de Educação, na Universidade do Minho, sob a orientação da Doutora Maria Teresa Machado Vilaça, que tem como principais objetivos: (1) identificar os tipos de violência no namoro entre adolescentes no recreio na escola e as formas como as vítimas lidam com a situação de violência no namoro; (2) caraterizar como evoluiu o conhecimento orientado para a ação de alunos do 9º ano na prevenção da violência no namoro durante o desenvolvimento de um projeto educativo e (3) analisar como evolui a participação de alunos do 9º ano durante a planificação, desenvolvimento e avaliação do projeto orientado para a ação na prevenção da violência no namoro.

Pretende-se que o estudo inclua quatro turmas do 9º ano de escolaridade. Os alunos de cada turma

irão trabalhar em pequenos grupos de quatro elementos nas aulas de SAE. Os dados serão recolhidos através da observação da autora deste estudo e de uma entrevista de grupo no início e no fim do projeto educativo. A entrevista será anónima, respeitará todos os princípios éticos da investigação e será validada por duas especialistas em Educação Sexual e pelo Ministério da Educação.

Assim, solicita-se a V. Exa., como Encarregado/a de Educação de um/a aluno/a de uma das

turmas onde se pretende desenvolver este projeto educativo, autorização para a participação do seu/sua educando/a no projeto educativo, bem como para a recolha dos dados acima referida.

Neste sentido, pedimos autorização para a participação do/a seu/sua educando/a no estudo. O seu

contributo é muito importante porque nos permitirá identificar se existe violência no namoro neste grupo etário e como lidam os jovens com este problema social.

No caso de decidir deixar o seu educando participar agradecemos, desde já, a sua colaboração e

pedimos-lhe que assine a declaração abaixo.

(Cortar pelo picotado) ................................................................................................................

Declaro que me foi explicado o que era o estudo e retirei todas as dúvidas que me surgiram sobre ele, sobre a participação do meu educando no projeto e sobre a forma como os dados da entrevista irão ser recolhidos e tratados. Fiquei consciente que a informação recolhida é estritamente confidencial e será apenas utilizada para fins de investigação.

Mais uma vez, agradecemos a colaboração. Eu, ________________________________________________________________ tomei conhecimento do estudo acima descrito e aceito que o/a meu/minha educando/a ___________________________________, n.º ____ da turma do 9.º _____, participe no mesmo. Assinatura: ________________________________________________________________

______________________,_____ Novembro de 2013

Page 248: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

227

Apêndice 6

Avaliação do desempenho dos pares educadores (Turma A)

A tabela 1 apresenta o conhecimento adquirido sobre as causas da violência no namoro.

Tabela 1

Causas da violência no namoro identificadas pelos pares

(N=24)

Causa f % Porque se mantém numa relação de namoro violenta

f %

Físicas Não têm respeito 2 8.3 Querer ter relações sexuais 3 12.5 Tem medo do/a namorado/a 5 20.8 O/a namorada recusa ter rel. sexuais 10 41.7 Por ciúmes e ter medo de perder o/a

namorado/a 1 4.2

Obriga o/a namorado/a ter rel. sexuais 4 16.7 Pensa que pode vir a melhorar a relação

1 4.2

Psicológicas Gostam do/a namorado/a 11 45.8 Ciúmes 7 29.2 Não gostam um do outro 1 4.2 Acredita que os ciúmes é uma

demonstração de amor 6 25 Sente-se culpado/a 1 4.2

Desconfiança 1 4.2 Porque escondem a violência 1 4.2 Invasão de privacidade 2 8.3 Não responde 5 20.8

Sociais Controlar a maneira de vestir 12 50 Controla o/a namorado/a 7 29.2 Não haver respeito mútuo 16 66.7 Desentendimentos 1 4.2 Ser machista 2 8.3

Para os/as alunos/as a causa mais referida é não haver respeito mútuo na relação

seguindo o controlar a maneira de vestir do/a namorado/a. No que diz respeito às razões

porque que se mantêm numa relação de namoro violenta, justificaram dizendo que acontece

porque gostam muito do/a namorado/a ou até por terem medo dele/a.

Na tabela 2 descreve-se as consequências que os pares identificaram.

Tabela 2

Consequências da violência no namoro identificadas pelos pares

(N=24)

Consequências f % Consequências f %

Físicas Sociais Marcas físicas 9 37.5 Isolamento 4 16.7 Suicídio 4 16.7 Terminar o namoro 2 8.3

Psicológicas Abandono escolar 1 4.2 Perturbações psicológicas 3 12.5 Desentendimentos 1 4.2 Depressão 2 8.3 Não responde 6 25 Infelicidade 1 4.2 Baixa auto-estima 1 4.2 Consumo de álcool e drogas 2 8.3 Falta de apetite 4 16.7 Nervosismo 2 8.3 Ansiedade 2 8.3

Page 249: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

228

As consequências mais referidas pelos pares foram a nível físico, as marcas físicas e o

suicídio. A nível psicológico referiram as perturbações psicológicas, a depressão e a vítima

começar a consumir álcool e drogas. Por último, a nível social, mencionaram o isolamento e

terminar a relação de namoro.

A tabela 3 descreve a quem pode recorrer-se em casos de violência no namoro.

Tabela 3

A quem recorrer se estiver a ser vítima de violência no namoro

(N=24)

A quem recorrer f %

Melhores amigos 6 25 Pais 8 33.3 Pai 1 4.2 Mãe 1 4.2 Família 5 20.8 Associações (APAV) 4 16.7 Psicólogo/a 10 41.7 Profissionais de saúde 2 8.3 Adultos 1 4.2 Professores 1 4.2 Não responde 2 8.3

As pessoas mais referidas pelos/as alunos/as foram os/as psicólogos/as, os pais,

os/as melhores amigos/as e a família.

Na tabela 4 apresentam as suas estratégias para prevenir a violência no namoro.

Tabela 4

O que se deve fazer e as estratégias para prevenir a violência no namoro identificadas pelos pares

(N=24)

O que se deve fazer f % Estratégias f %

Pedir ajuda 24 100 Não deixar que exerça violência 2 8.3 Estratégias Falar com um psicólogo 1 4.2

Ler notícias/revistas/jornais 3 12.5 Falar com a mãe 1 4.2 Ver filmes/documentários 1 4.2 Falar com alguém e pedir conselhos 5 20.8 Assistir a debates 1 4.2 Conversar com o/a namorado/a 1 4.2 Pedir ajuda 2 8.3 Manter o respeito e a confiança 1 4.2 Pesquisas na internet 1 4.2 Fazer queixa 2 8.3 Não namorar 4 16.7 Não sabe 1 4.2 Terminar o namoro 3 12.5 Não responde 2 8.3

Quanto ao que se deve fazer caso esteja a ser vítima de violência no namoro, toda a

turma respondeu que deve pedir-se ajuda. Quanto às estratégias a utilizar, mencionaram que

deve falar-se com alguém e pedir conselhos e ler notícias sobre o tema. Além disso

acrescentaram que deve terminar-se o namoro ou então não namorar.

A tabela 5 apresenta a opinião dos/as alunos/as acerca da ação.

Page 250: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

229

Tabela 5

Opinião sobre a ação identificadas pelos pares

(N=24)

O que gostaste mais f % O que gostaram menos f %

Visualizar o vídeo 15 62.5 Powerpoint 4 16.7 Cartolina 2 8.3 Vídeo 8 33.3 Powerpoint do tema das consequências 2 8.3 Gostaram de tudo 3 12.5 Aumento do conhecimento (interessante) 1 4.2 Apresentação do tema das

estratégias 2 8.3

Gostaram de tudo 2 8.3 Cartolina 3 12.5 Não responde 1 4.2 Não gostou de nada 1 4.2

Não respondeu 4 16.7

No final da ação os pares deram a sua opinião sobre a ação dizendo que o que

gostaram mais foi de visualizar o vídeo (62,5%), no entanto, outros disseram que não gostaram

de ver o vídeo (33.3%).

Page 251: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

230

Apêndice 7

Avaliação do desempenho dos pares educadores (Turma B)

Na tabela 1 estão as opiniões dos pares acerca da ação.

Tabela 1

Opinião sobre a ação identificadas pelos pares

(N=18)

Gostaram da apresentação f %

Sim 18 100 Pontos fracos

Computador 2 11.1 Falarem em tom baixo 2 11.1 Não responde 14 77.8

Pontos fortes Demonstraram que não é bom estar numa relação violenta 1 5.6 Boa apresentação dos trabalhos 6 33.3 Aumento do conhecimento 8 44.4 Vídeos 4 22.2 Não responde 1 5.6

Como se pode verificar todos os/as alunos/as gostaram da ação. No entanto

identificaram pontos fortes e fracos da ação, dizendo como pontos fortes o aumento do

conhecimento e que gostaram da apresentação dos trabalhos pelos/as colegas. De negativo,

mencionaram que os/as alunos/as a apresentar falaram em tom de voz baixa e o computador.

Contudo, 77.8% dos pares não referiram qualquer ponto fraco.

A tabela 2 apresenta as consequências identificadas pelos pares.

Tabela 2

Consequências da violência no namoro identificadas pelos pares

(N=18)

Consequências f % Consequências f %

Psicológicas Sociais Perturbações psicológicas 1 5.6 Isolamento 4 22.2 Depressão 5 27.8 Terminar o namoro 5 27.8 Perda de apetite 7 38.9 Ter problemas sociais 1 5.6 Sente-se triste 8 44.4 Ambígua 2 11.1 Falta de confiança 2 11.1 Não responde 5 27.8 Sente medo 1 5.6 A vítima fica tímida 1 5.6 Nervosismo 1 5.6 Sente-se humilhada 1 5.6

As consequências mais identificadas pelos pares foram, a nível psicológico, a tristeza, a

perda de apetite e a depressão. A nível social, terminar o namoro e isolar-se.

A tabela 3 mostra porque que se mantêm as vítimas numa relação de namoro violenta.

Page 252: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

231

Tabela 3

Porque se mantém a vítima numa relação violenta identificadas pelos pares

(N=18)

Porque se mantém numa relação de namoro violenta f %

Tem medo do/a namorado/a 8 44.4 Acredita que a relação e o/a namorado/a irão mudar/melhorar 8 44.4 Gosta do/a namorado/a 4 22.2 Quer manter a relação 1 5.6 Sente-se culpabilizado/a 1 5.6

Para os/as alunos/as a vítima mantém-se numa relação de namoro violenta porque têm

medo do/a namorado/a e porque acreditam que a relação e o/a namorado irão mudar ou

melhorar.

Seguidamente, descreve-se a quem se pode recorrer numa situação de violência no

namoro (Tabela 4).

Tabela 4

A quem recorrer em casos de violência no namoro identificadas pelos pares

(N=18)

A quem recorrer f %

Amigos 1 5.6 Pais 2 11.1 Família 1 5.6 Polícia (PJ/PSP) 17 94.4 APAV 10 55.6 Linha Nacional de Emergência Social (LNES) 7 38.9 Instituto Português da Juventude (IPJ) 8 44.4 Pessoas de confiança 1 5.6 Adultos 1 5.6

Como pode verificar-se quase toda a turma elegeu a polícia, e mais de metade a

Associação Portuguesa de Apoio à Vítima.

A tabela 5 apresenta as causas da violência no namoro referidas pelos pares.

Tabela 5

Causas da violência no namoro identificadas pelos pares

(N=18)

Causas f % Causas f %

Psicológicas Sociais Ciúmes 6 33.3 Exercer controlo sobre o/a outro/a 6 33.3 Falta de confiança 5 27.8 Não responde 4 22.2 Perturbações psicológicas 2 11.1 Não querer ter relações sexuais 2 11.1 Recusar um pedido ao/à namorado/a 1 5.6

Page 253: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

232

A nível psicológico as causas da violência no namoro identificadas pelos pares foram os

ciúmes e a falta de confiança. A nível social mencionaram o controlo sobre o/a namorado/a.

A tabela 6 descreve as opiniões dos pares acerca de como se pode prevenir a violência

no namoro.

Tabela 6

Como prevenir a violência no namoro identificadas pelos pares

(N=18)

Como prevenir a violência no namoro f %

Terminar a relação se for violenta ou antes que se torne violenta 4 22.2 Conversar com o/a namorado/a 6 33.3 Falar com os/as amigos/as 5 27.8 Falar com os pais 1 5.6 Falar com familiares 10 55.6 Ligar para a PSP 2 11.1 Ligar para a APAV 2 11.1 Ligar para LNES (144) 2 11.1 Ligar para a IPJ 2 11.2 Não deixar que mande na relação, não se culpabilizando 1 5.6

Para os/as alunos/as a melhor forma de prevenir a violência no namoro será falar com

os familiares e amigos/as e com o/a namorado/a para resolver o problema.

Page 254: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

233

Apêndice 8

Avaliação do desempenho dos pares educadores (Turma C)

Na tabela 1 está a opinião dos pares acerca da ação.

Tabela 1

Opinião sobre a ação e apresentação da ação identificadas pelos pares

(N=23)

Opinião sobre a ação f % Opinião sobre a ação f %

Gostaram da sessão Gostaram dos apresentadores Sim 15 65.2 Sim 12 52.2 Mais ou menos 8 36.8 Mais ou menos 7 30.4

O tema foi interessante Não 4 17.4 Sim 18 78.3 Aprenderam alguma coisa Mais ou menos 5 21.7 Sim 14 60.9

Acharam importante Mais ou menos 9 39.1 Sim 22 95.7 Mais ou menos 1 4.3

Mais de metade da turma gostou da ação apresentada pelos/as colegas, achando-a

interessante e importante, tendo gostado também dos apresentadores. Por fim, toda a turma

aumentou o seu conhecimento.

A tabela 2 revela se os/as alunos/as conheciam ou não as causas e consequências da

violência no namoro.

Tabela 2

Conheciam as causas e consequências da violência no namoro identificadas pelos pares

(N=23)

Conheciam as causas e as consequências da violência no namoro f %

Sim 13 56.5 Mais ou menos (algumas) 3 13 Não 5 21.7 Já conhecia algumas pessoas 1 4.3 Não conhecia as causas mas conhecia as consequências 1 4.3 Conhecia as causas e não conhecia as consequências 1 4.3

Como pode verificar-se mais de metade dos/as alunos/as disseram que conheciam as

causas e as consequências, contudo não podemos verificar se realmente conheciam pois não

lhes foi questionado quais são as causas e as consequências.

Na tabela 3 é mencionada a opinião dos pares acerca de manterem-se, ou não, numa

relação de namoro violenta.

Mais de metade dos/as alunos/as referiu que não se mantinham numa relação de

namoro violenta. Contudo, quatro alunos/as disseram que sim, justificando que mantinham-se

se gostassem da pessoa e porque podia mudar o/a namorado/a.

Page 255: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

234

Tabela 3

Mantinham a relação de namoro se fosse vítima de violência no namoro

(N=23)

Mantinham a relação de namoro se fossem vítimas de violência no namoro f %

Sim 4 17.4 Não 16 69.6 Não sei 3 13

Mantinha a relação de namoro porque Se gostasse muito dessa pessoa 3 13 Porque poderia mudar o/a namorado/a 1 4.3

Não mantinha a relação de namoro porque Uma relação violenta não é amor 1 4.3 Deve haver respeito 1 4.3

A tabela 4 descreve as fontes de apoio a quem se pode recorrer em situações de

violência no namoro. Nesta turma os/as alunos/as dirigiam-se de preferência aos/às melhores

amigos/as, aos pais, à família e à polícia.

Tabela 4

A quem recorrer em casos de violência no namoro identificadas pelos pares

(N=23)

A quem recorrer f %

Melhores amigos 9 39.1 Pais 7 30.4 Família 7 30.4 Polícia 7 30.4 Instituições 1 4.3 Professores 2 8.7 Alguém que confiasse 1 4.3 Não sei 1 4.3 Não responde 2 8.7

No final da ação também lhes foi perguntado se tinham alguma medida de prevenção a

acrescentar (Tabela 5).

Tabela 5

Alguma medida de prevenção a acrescentar identificadas pelos pares

(N=23)

Têm alguma medida de prevenção a acrescentar f %

Sim 1 4.3 Não 19 82.6 Não sei 2 8.7 Não responde 1 4.3

A maior parte da turma não acrescentou qualquer tipo de medida para prevenir a

violência no namoro. Apenas uma pessoa disse que tinha uma medida para acrescentar, mas

não a revelou.

Page 256: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

235

Apêndice 9

Avaliação do desempenho dos pares educadores (Turma D)

Na tabela 1 apresentam-se as opiniões sobre a ação identificadas pelos pares.

Tabela 1

Opinião sobre a ação e apresentação da ação identificadas pelos pares

(N=23)

Gostaram da apresentação f %

Sim 16 69.6 Mais ou menos 7 30.4

Ficaram esclarecidos Sim 20 87 Mais ou menos 3 13

Vão ajudar a prevenir a violência no namoro Sim 19 82.6 Mais ou menos 1 4.3 Não 2 8.7 Não responde 1 4.3

Gostaram da forma como foram apresentados os trabalhos Sim 15 65.2 Mais ou menos 8 34.8

Mais de metade da turma gostou da apresentação da ação e dos trabalhos

apresentados, tendo ficado esclarecidos acerca do tema. Quase toda a turma admitiu ajudar a

prevenir a violência no namoro, excepto dois/duas alunos/as.

A tabela 1 apresenta a continuidade da opinião da turma acerca da ação.

Tabela 1

Opinião sobre a ação e apresentação da ação identificadas pelos pares (cont.) (N=23)

O que mudariam na apresentação f % Gostaram menos f %

Nada 14 60.9 A cartolina apresentada 2 8.7 Apagavam as luzes para se ver

melhor as apresentações 3 13 Os/as apresentadores/as não terem

falado, só leram 1 4.3

A organização da apresentação da ação

2 8.7 Vídeo 2 8.7

Os/as apresentadores podiam interagir mais com os pares

1 4.3 Apresentação do tema das estratégias para prevenir a violência no namoro

1 4.3

Apresentação 1 4.3 Gostamos de tudo 16 69.6 Não sei 2 8.7 Não sei 1 4.3

Gostaram mais Vídeos 3 13 Da apresentação dos trabalhos 6 26.1 Da interação dos apresentadores 1 4.3 Do tema das consequências 1 4.3 Do tema como prevenir a violência

no namoro 2 8.7

Do tema porque se mantém a vítima numa relação de namoro violenta

1 4.3

Gostamos de tudo 8 34.8 Não sei 2 8.7

Page 257: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

236

Como pode verificar-se mais de metade da turma não mudaria nada na apresentação da

ação. Cerca de oito alunos/as referiram que gostaram de tudo, tendo alguns/mas especificado

que gostaram mais da forma como foram apresentados os trabalhos e os vídeos.

Quando questionados/as acerca do que gostaram menos, mais de metade não teve

opinião negativa, apenas, alguns/mas referiram que não gostaram da apresentação em cartolina

e do vídeo.

Seguidamente, apresentam-se as consequências da violência no namoro identificadas

pela turma (Tabela 2).

Tabela 2

Consequências da violência no namoro identificadas pelos pares

(N=23)

Consequências f % Consequências f %

Físicas Psicológicas Marcas físicas 1 4.3 Sente vergonha 2 8.7 Suicídio 5 21.7 Sente-se triste 6 26.1 Anorexia 1 4.3 Perseguição 1 4.3

Psicológicas Raiva 1 4.3 Trauma psicológico 1 4.3 Perturbações psicológicas 1 4.3 Sociais Depressão 3 13 Solidão 1 4.3 Ansiedade 1 4.3 Não partilha os seus sentimentos com os

outros 1 4.3

Sente medo 4 17.4 Não sei 2 8.7 Medo de iniciar uma nova relação 1 4.3 Não responde 4 17.4

A consequência a nível físico mais referida pelos/as alunos/as foi o suicídio. A nível

psicológico foi a vítima sentir-se triste e com medo. A nível social a vítima isola-se e não partilha

os seus sentimentos com os outros.

Seguidamente perguntou-se-lhes a opinião sobre manter-se numa relação de namoro

violenta quando se ama de verdade (Tabela 3).

Tabela 3

Opinião sobre manter-se numa relação de namoro violenta quando se ama de verdade

(N=23)

Acham que mantém numa relação de namoro violenta f %

Sim 2 8.7 Não 20 87 Não sei 1 4.3

Não mantinham porque Terminava o namoro 3 13 Não se aceita que alguém de quem se goste os magoe 1 4.3 Tem medo do/a agressor/a 2 8.7

Page 258: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

237

Mais de metade da turma disse que não se deve manter numa relação de namoro

violenta, justificando que a vítima tem medo do/a agressor/a e termina o namoro.

Seguidamente, referem a quem pode-se recorrer em casos de violência no namoro

(Tabela 4).

Tabela 4

A quem recorrer em casos de violência no namoro identificadas pelos pares

(N=23)

A quem recorrer f %

Melhores amigos 8 34.8 Pais 2 8.7 Pai 1 4.3 Mãe 2 8.7 Família 9 39.1 Polícia 4 17.4 Associações (APAV) 3 13 Psicólogo 1 4.3 Centros de saúde 1 4.3 Não responde 3 13

As fontes de apoio mais evidentes são a família, os/as melhores amigos/as e a polícia.

A tabela 5 apresenta as causas da violência no namoro identificadas pela turma.

Tabela 5

Causas da violência no namoro identificadas pelos pares

(N=23)

Causas f % Causas f %

Psicológicas Sociais Ciúmes 9 39.1 Controlar o/a namorado/a 4 17.4 Desconfiança 1 4.3 Desrespeito 2 8.7 Consumo de álcool ou drogas 1 4.3 Não sei 2 8.7 Perturbações psicológicas 1 4.3 Não responde 8 34.8 Depressões 1 4.3 Deixarem-se de se amar 1 4.3 O/a agressor/a pensa que sabe tudo e

não quer os sentimentos da namorada 1 4.3

As principais causas a nível psicológico identificadas pela turma foram os ciúmes. A nível

social foi o controlo que o/a namorado/a exerce.

A tabela 6 descreve as estratégias que podem ser usadas para prevenir a violência no

namoro. As principais estratégias identificadas pelos/as alunos/as foram o diálogo com o/a

namorado/a ou então denunciar à polícia ou falar com alguém.

Page 259: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

238

Tabela 6

Estratégias para prevenir a violência no namoro identificadas pelos pares

(N=23)

Estratégias f % Estratégias f %

Dialogar com o/a namorado/a 5 21.7 Terminar o namoro 2 8.7 Pagar multas 1 4.3 Não ter ciúmes 1 4.3 Denunciar/ligar à polícia 4 17.4 Não ser violento/a 2 8.7 Falar com familiares e amigos 1 4.3 Haver respeito 1 4.3 Falar com alguém 3 13 Bater no/a agressor/a 1 4.3 Ligar à APAV 2 8.7 Não sei 2 8.7 Ter um relacionamento sério 1 4.3 Não responde 1 4.3 Ser verdadeiro/a 2 8.7

Page 260: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

239

Apêndice 10

O que gostaram mais

Tabela 1

O que gostaram mais nas sessões

O que gostaram

mais

Turma A (n= 4) Turma B (n= 4) Turma C (n= 4) Turma D (n= 4)

G1 G2 G3 G4 G1 G2 G3 G4 G1 G2 G3 G4 G1 G2 G3 G4

Sessão 1 Apresentação do

projeto √ √ √ √ √ √

O tema √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ Trabalhar em

grupo √ √

Não responde √ √ Sessão 2 Ver os vídeos √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ O tema √ Dinâmica da

apresentação √ √ √

Apresentação do powerpoint

Atividade “post-it” √ Partilhar ideias em

turma √

Aumento do conhecimento

Gostamos de tudo √ Sessão 3 Tema √ √ √ √ Dinâmica da

apresentação √ √ √

Partilhar ideias em turma

√ √ √ √ √

Atividade “post-it” √ √ Aumento do

conhecimento √

Gostamos de tudo √ √ √ Não responde √ √ Sessão 4 Marcador de

pesquisa √ √ √ √

Dinâmica da apresentação

Planificar a investigação

√ √

Fazer a investigação

√ √ √ √ √ √

Usar os computadores

√ √ √

Aumento de conhecimento

Conviver com o grupo

Gostamos de tudo √ √

Page 261: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

240

Tabela 1

O que gostaram mais nas sessões (cont.)

O que gostaram

mais

Turma A (n= 4) Turma B (n= 4) Turma C (n= 4) Turma D (n= 4)

G1 G2 G3 G4 G1 G2 G3 G4 G1 G2 G3 G4 G1 G2 G3 G4

Sessão 5 Planificar o trabalho de grupo

√ √ √ √ √ √ √ √

Trabalhar em grupo

√ √ √ √ √

Usar os computadores

√ √

Discussão em grupo

Acabar a tarefa √ √ Ter compreendido

a dinâmica do projeto e as tarefas

Gostamos de tudo √ Sessão 6 Dinâmica da

apresentação √ √

Aumento de conhecimento

Trabalhar em grupo

Apresentação dos trabalhos dos colegas

√ √ √ √ √ √

Apresentar o seu trabalho de grupo

√ √ √

Gostamos de tudo √ Não responde √ √ √ √ √ √ Sessão 7 Dinâmica da

apresentação √ √

Apresentação da sessão pela formadora

Planificar a ação √ √ Trabalhar em

grupo √

Apresentação dos trabalhos dos colegas

√ √ √ √ √

Apresentar o trabalho de grupo

Pensar nas visões para o futuro

Gostamos de tudo √ √ Não responde √ √ √

Page 262: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

241

Tabela 1

O que gostaram mais nas sessões (cont.)

O que gostaram

mais

Turma A (n= 4) Turma B (n= 4) Turma C (n= 4) Turma D (n= 4)

G1 G2 G3 G4 G1 G2 G3 G4 G1 G2 G3 G4 G1 G2 G3 G4

Sessão 8 Planificar a ação √ √ √ √ Dinâmica da

apresentação √

Treinar a apresentação para os colegas

Aumentar o conhecimento

√ √ √

Ideia de apresentar a ação

Abordagem de tópicos em falta pela formadora

√ √

Trabalhar em grupo

Ideia de realizar as fichas para avaliar a sessão

Gostamos de tudo √ √ Não responde √ Sessão 9 Tema √ Dinâmica da

sessão √ √ √

Planificar a ação √ √ √ Apresentação dos

trabalhos √ √

Assinar o contrato √ Aumentar o

conhecimento √ √

Ser a última sessão

Trabalhar em grupo

√ √

As explicações da formadora

Gostamos de tudo √ √ √

Page 263: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

242

Apêndice 11

O que gostaram menos

Tabela 1

O que gostaram menos nas sessões

O que gostaram menos Turma A (n= 4) Turma B (n= 4) Turma C (n= 4) Turma D (n= 4)

G1 G2 G3 G4 G1 G2 G3 G4 G1 G2 G3 G4 G1 G2 G3 G4

Sessão 1 Não ter desenvolvido o

tema na 1ª sessão √

Estar em grupo grande √ A apresentação não ser em

powerpoint √

Barulho da sala √ √ √ Falta de tempo para aprofundar o tema

Interrupções da professora acompanhante

Gostamos de tudo √ √ √ √ Não responde √ √ √ √

Sessão 2 A música dos vídeos não

era adequada √

O grupo e o tema √ Último vídeo √ As condições visuais e

auditivas dos vídeos √

Interrupções da professora acompanhante

Gostamos de tudo √ √ √ √ Não responde √ √ √ √ √ √ √

Sessão 3 A sessão ter acabado √ O powerpoint ser pequeno √ Barulho da turma √ √ O grupo e o tema √ Ficar sentado a olhar para

a professora √

Distribuição dos trabalhos de grupo

As condições de visualização do powerpoint

As interrupções da professora acompanhante

Gostamos de tudo √ Não responde √ √ √ √ √ √ √

Sessão 4 O grupo e o tema √ Haver poucos

computadores √

Barulho da sala √ √ Interrupções da professora

acompanhante √

Gostamos de tudo √ √ √ Não responde √ √ √ √ √ √ √ √

Page 264: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

243

Tabela 1

O que gostaram menos nas sessões (cont.)

O que gostaram menos Turma A (n= 4) Turma B (n= 4) Turma C (n= 4) Turma D (n= 4)

G1 G2 G3 G4 G1 G2 G3 G4 G1 G2 G3 G4 G1 G2 G3 G4

Sessão 5 O grupo e o tema √ Haver poucos

computadores √

Barulho da sala √ Interrupções da professora

acompanhante √

Gostamos de tudo √ √ √ √ Não responde √ √ √ √ √ √ √ √

Sessão 6 O grupo e o tema √ Barulho da sala √ Gostamos de tudo √ √ Não responde √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ √

Sessão 7 O grupo e o tema √ Barulho da sala √ Gostamos de tudo √ √ √ √ √ Não responde √ √ √ √ √ √ √ √ √

Sessão 8 O grupo e o tema √ Barulho da sala √ Gostamos de tudo √ √ √ √ √ Não responde √ √ √ √ √ √ √ √ √

Sessão 9 O grupo √ Barulho da sala √ √ √ Falta de ordem dos

colegas √

Falta de concentração dos colegas

Estar sentado a olhar para a professora

Preencher os “diários das sessões”

Condições da sala a nível visual e sonoro

Interrupções da professora acompanhante

Gostamos de tudo √ √ √ Não responde √ √ √ √ √

Page 265: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

244

Apêndice 12

O que mudariam no projeto

Tabela 1

O que gostariam de mudar nas sessões

O que gostariam de mudar Turma A (n= 4) Turma B (n= 4) Turma C (n= 4) Turma D (n= 4)

G1 G2 G3 G4 G1 G2 G3 G4 G1 G2 G3 G4 G1 G2 G3 G4

Sessão 1 O panfleto ser a cores √ Mais filmes, fotos e outros

projetos que suscitem interesse

√ √

Comportamento dos grupos √ Mudar de tema √ Acrescentar powerpoints √ Falar mais durante as

sessões √

A formadora falasse mais alto

Ser mais prática √ A professora acompanhante

sair da sala √

Nada, porque gostaram de tudo

√ √ √ √ √

Não responde √ √ Sessão 2

Mais ação no vídeo √ Comportamento dos

grupos √

Ver mais vídeos √ √ O grupo √ Ser mais prática √ Condições audiovisuais da

sala √

A professora acompanhante sair da sala

Nada, porque gostaram de tudo

√ √ √ √

Não responde √ √ √ √ Sessão 3

Vídeos maiores com situações verídicas

Comportamento dos grupos

O grupo √ Mais diversão e menos

trabalho √

Ser mais prática √ A professora

acompanhante sair da sala √

Nada, porque gostaram de tudo

√ √ √ √ √ √

Não responde √ √ √ √ √

Page 266: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

245

Tabela 1

O que gostariam de mudar nas sessões (cont.)

O que gostariam de mudar Turma A (n= 4) Turma B (n= 4) Turma C (n= 4) Turma D (n= 4)

G1 G2 G3 G4 G1 G2 G3 G4 G1 G2 G3 G4 G1 G2 G3 G4

Sessão 4 Ver mais vídeos √ Diminuir o barulho √ √ √ O grupo √ Mais diversão e menos

trabalho √

Continuar com este tipo de aulas

Mais tempo de sessão √ A professora

acompanhante sair da sala √

Nada, porque gostaram de tudo

√ √ √

Não responde √ √ √ √ √ Sessão 5

Ver mais vídeos √ Diminuir o barulho √ √ O grupo √ Continuar com este tipo

de aulas √

Os inconvenientes da professora acompanhante

A professora acompanhante sair da sala

Nada, porque gostaram de tudo

√ √ √ √ √

Não responde √ √ √ √ Sessão 6

Ver mais vídeos √ O grupo √ A professora

acompanhante sair da sala √

Nada, porque gostaram de tudo

√ √ √ √

Não responde √ √ √ √ √ √ √ √ √ Sessão 7

Mais vídeos √ Mais trabalhos práticos √ √ O grupo √ A professora

acompanhante sair da sala √

Nada, porque gostaram de tudo

√ √ √ √ √ √

Não responde √ √ √ √ √ √

Page 267: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

246

Tabela 1

O que gostariam de mudar nas sessões (cont.)

O que gostariam de mudar Turma A (n= 4) Turma B (n= 4) Turma C (n= 4) Turma D (n= 4)

G1 G2 G3 G4 G1 G2 G3 G4 G1 G2 G3 G4 G1 G2 G3 G4

Sessão 8 Conseguir trabalhar mais

e organizar melhor √

O grupo √ Diminuir o barulho √ A professora chamar à

atenção os/as alunos/as √

A professora acompanhante sair da sala

Nada, porque gostaram de tudo

√ √ √ √ √ √

Não responde √ √ √ √ √ Sessão 9

Falar mais sobre o trabalho e fazer mais trabalhos

Grupo e tema √ Ser mais divertido √ Estar mais atentos √ Diminuir o barulho √ Melhores condições

audiovisuais √

As sessões serem só com a formadora

Nada, porque gostaram de tudo

√ √ √ √ √ √

Não responde √ √ √ √

Page 268: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

247

Anexo 1

Fichas de avaliação elaboradas pelos/as alunos/as

Violência no Namoro

1. Depois de teres visualizado um vídeo sobre as causas da violência no namoro, decerto que conseguirás indicar-nos algumas dessas causas. Assinala com uma cruz as opções que consideras corretas.

Não haver respeito mútuo na relação;

Poderem recusar ter relações sexuais quando o/a companheiro quiser;

Acreditar que os ciúmes é uma demonstração de amor;

Controlar a maneira de vestir.

2. Escreve dentro do retângulo abaixo outras causas da violência no namoro.

3. Na apresentação dos trabalhos:

3.1.O que gostaste mais? Porquê?

3.2. O que gostaste menos? Porquê?

4. O que deves fazer se estiveres a ser vítima de violência no namoro?

Esconder a verdade

Pedir ajuda

Não fazer nada para que a situação melhore

5. Quais são as consequências da violência no namoro?

6. Na tua opinião, porque é que as pessoas se mantêm numa relação violenta?

7. A quem podem recorrer os adolescentes quando são vítimas de violência no namoro?

8. Quais as estratégias para prevenir a violência no namoro?

Obrigada pela atenção!

Turma A

Page 269: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

248

Avaliação da sessão - Violência no Namoro

Nome:____________________________________________________________________

Turma/Ano : ____________ Data : ______________

Sim

Gostaram da apresentação?

Não

Pontos Fracos Pontos Fortes

Algumas questões sobre a apresentação:

1) Quais são as consequências de uma relação violenta?

________________________________________________________________

________________________________________________________________

________________________________________________________________

2) Porque se mantém a vítima numa relação violenta?

________________________________________________________________

________________________________________________________________

________________________________________________________________

3) A quem recorrer nestas situações?

________________________________________________________________

________________________________________________________________

4) Quais são as causas destas relações violentas?

________________________________________________________________

________________________________________________________________

________________________________________________________________

5) Como se pode prevenir estas situações?

________________________________________________________________

________________________________________________________________

________________________________________________________________

Apresentado pela turma B

Obrigado pela atenção!

Page 270: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

249

Projeto: “A violência no namoro”

Trabalho elaborado por: Turma C

Avaliação da sessão

Questão

Gostaste da sessão? Achaste o tema interessante? Achaste importante? Gostaste dos apresentadores? Aprendeste alguma coisa?

Algumas questões sobre o tema:

1. Antes de visualizares os slides apresentados e o vídeo sabias quais eram as causas da

violência no namoro? e das consequências?

2. Se fosses vítima de violência no namoro, mantinhas essa relação? Se sim, porquê?

3. Se fosses vítima de violência num namoro a quem recorrerias?

4. Têm alguma medida de prevenção a acrescentar?

Obrigada pela colaboração

Page 271: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

250

Violência no Namoro

Para concluir esta apresentação vamos entregar um formulário para sabermos se ficaram

esclarecidos sobre o assunto “Violência no Namoro”. Na seguinte tabela assinalada com uma X o smile

que tu escolherias para cada alínea.

1. O que mudariam na apresentação?

2. O que gostaram mais?

3. O que gostaram menos?

4. Quais as consequências para as vítimas de violência no namoro?

5. Acham que se mantém uma relação violenta quando se ama de verdade?

6. Se sofresses de violência no namoro a quem recorrias?

7. Quais são as causas da violência no namoro?

8. Diz algumas estratégias para prevenir a violência no namoro.

Trabalho realizado pela turma D

Obrigado pela atenção!

a) Gostaram da apresentação

b) Ficaram esclarecidos

c) Vão ajudar a prevenir a violência no namoro

d) Gostaram da forma como foi apresentado o trabalho

Page 272: Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ......Violência no namoro: uma investigação com alunos/as do 9º ano de escolaridade Resumo Este estudo foi realizado

251

Anexo 2

Contrato PROJETO

“AGIR PARA PREVENIR: DIZ NÃO À VIOLÊNCIA NO NAMORO”

Ana Gonçalves - [email protected]

Contrato

1. Sempre que tivermos ciúmes falamos com o/a namorado/a.

2. Não vou deixar que o/a meu/minha namorado/a me magoe, bata, empurre, chute ou

ameace agredir!

3. Não vou deixar que o/a meu/minha namorado/a me chame nomes, grite, humilhe,

intimide e me ameace!

4. Não vou deixar que o/a meu/minha namorado/a me obrigue a praticar atos sexuais

contra a minha vontade, que acaricie quando eu não quero, que goze com o meu

desempenho sexual, ou que chantageie para ter relações sexuais.

5. Não vou deixar que o/a meu/minha namorado/a controle a minha maneira de vestir!

6. Não vou deixar que o/a meu/minha namorado/a controle os meus tempos livres, com

quem falo ou com quem saio!

7. Não vou deixar que o/a meu/minha namorado/a me faça sentir culpabilizado/a pelos

problemas da nossa relação!

8. Não vou deixar que o/a meu/minha namorado/a ignore os meus sentimentos!

9. Não vou deixar que o/a meu/minha namorado/a me persiga!

10. Não vou deixar que o/a meu/minha namorado/a me humilhe em público!

11. Não vou deixar que o/a meu/minha namorado/a mexa nas minhas coisas sem

consentimento!

Comprometo-me a seguir o contrato que elaboramos na minha vida futura: