violência, juventude e polícia por carlos rabelo

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Algumas considerações sobre a violência, a juventude e a polícia... subsídio de uma palestra sobe Exterminio de Jovens da Pastoral da Juventude do Amazonas a ser realizado no dia 28/04/2012

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VIOLÊNCIA,

JUVENTUDE E

POLÍCIA: algumas

considerações

Carlos Eduardo Rabelo Graduado em Filosofia - FSDB

Especialista em Ética e Politica-SARES-UNICAP

Pós-graduando em Segurança Publica e Direitos Humanos - FAMETRO

Professor da Rede Publica de Ensino – SEDUC/AM

Investigador de Polícia Civil do Estado do Amazonas

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INTRODUÇÃO

A violência, em suas inúmeras modalidades e expressões, vem se tornando, em anos recentes, um dos problemas que mais angustia esta sociedade, quer seja devido à divulgação de fatos do cotidiano ou dados estatísticos, ou a uma sensação difusa de insegurança e desconfiança que se propaga;

O fenômeno da violência vem associado sobretudo à Juventude. Os Jovens ao se envolverem com a violência, quer na condição de vítimas ou na de perpetradores, terminam por sofrer alguma forma de exclusão. Quando vitimados, ocorre a exclusão da própria vida ou do “estado de completo bem-estar físico, mental e social”. Quando agressor, o Jovem é excluído da possibilidade de viver em exercício da cidadania, por meio da qual pode reconhecer-se e ser reconhecido como sujeito de direitos e deveres.

A Polícia representa o aparelho repressivo do Estado que tem sua atuação pautada no uso da violência legítima. É essa a característica principal que distingue o policial do marginal. Mas essa violência legítima está ancorada no modelo de “ordem sob a lei”, ou seja, a polícia tem a função de manter a ordem, prevenindo e reprimindo crimes, mas tem que atuar sob a lei, dentro dos padrões de respeito aos direitos fundamentais do cidadão – como direito à vida e à integridade física.

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O que é violência?

Ainda que existam dificuldades para definir o que se nomeia como violência, alguns elementos consensuais sobre o tema podem ser delimitados: a noção de coerção ou força; o dano que se produz em indivíduo ou grupo de indivíduos pertencentes a determinada classe ou categoria social, gênero ou etnia. Concorda-se, neste trabalho, com o conceito de que “há violência quando, em uma situação de interação, um ou vários atores agem de maneira direta ou indireta, maciça ou esparsa, causando danos a uma ou a mais pessoas em graus variáveis, seja em sua integridade física, seja em sua integridade moral, em suas posses, ou em suas participações simbólicas e culturais”.

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O QUE É JUVENTUDE?

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A definição de juventude pode adquirir conotações diversas e passíveis de serem identificadas segundo os interesses de cada área do conhecimento, culturas, contexto histórico;

Seguiremos as definições da Organização Pan-americana da Saúde e da Organização Mundial da Saúde – OPS/OMS, nas quais adolescência e juventude se diferenciariam pelas suas especificidades fisiológicas, psicológicas e sociológicas. Assim temos:

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OS DADOS Fontes: Mapa da Violência, 2011; Progama Justiça

ao Jovem- CNJ, 2012

Em geral se usa como indicador a quantidade de

mortes por violência, embora, como vimos, nem

toda violência resulta em mortes. Isto por que: a) a

morte revela, per se, a violência levada a seu grau

Extremo; b) A baixa procura pela polícia. Em

Brasília somente 6,4% do jovens denunciaram à

Polícia algum tipo de violência física;

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“A priori podemos dizer que a violência como fato social demonstra que a

prática de um crime e suas diversas formas, longe de serem produtos

aleatórios de atores isolados, configuram “tendências” que encontram sua

explicação nas situações sociais, políticas e econômicas que o país atravessa”.

(Mapa da Violência, p. 11)

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O JOVEM COMO VÍTMA

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FAIXA ETÁRIA

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A RAÇA

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O SEXO

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O JOVEM COMO AUTOR

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DADOS SOBRE JOVENS

INFRATORES

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OS APARELHOS DO ESTADO O Estado se utiliza de alguns mecanismos

para manter a ordem e garantir sua

sobrevivência....

APARELHOS IDEOLÓGICOS: Escola, Família, Igreja,

Meios de Comunicação;

APARELHOS REPRESSIVOS: POLÍCIA (Civis

Federais, Civis Estaduais e Militares), Forças Armadas,

Sistema Prisional, Leis....

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Os Estado modernos e democráticos são marcados pelo

afrouxamento e pelo exercício compartilhado do poder...

Bem diverso das Ditaduras;

Mesmo após a instauração das democracias ou a

promulgação de novos textos constitucionais, as

instituições legais não foram alvo de reformas e as práticas

arbitrárias dos agentes estatais da polícia continuam.

Apesar dos avanços na sociedade civil e na governabilidade

democrática, os pobres continuam a ser as vítimas

preferenciais da violência ilegal do Estado, do crime e das

graves violações de direitos humanos.

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Onde não chegam as Políticas

Públicas implementadas pelo

Estado, chega a POLICIA!

O Estado não pode pretender-se

democrático se as práticas do

governo e de seus agentes não

respeitam os requisitos da

democracia.

O Estado não pode pretender

ser democrático se não consegue

implementar o acesso efetivo da

população aos direitos

fundamentais.

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VIOLÊNCIA POLICIAL: reflexões...

“O ESTADO portanto será uma comunidade humana que detém, com sucesso, o

monopólio do uso legítimo da força física sobre um território dado”. (Kelsen)

O Estado exerce assim a coerção por intermédio de

homens, que são considerados como órgãos do Estado.

(Órgãos de Segurança);

Mas há também atos de coerção cometidos por

indivíduos que não tem a qualidade de órgãos do

Estado. (Ex: legítima defesa) mas têm respaldo legal...

A POLÍCIA COMO BRAÇO ARMADO DO ESTADO

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A percepção pelas elites dos pobres como parte das “classes

perigosas” está incrustada nas práticas do sistema judicial que

processa e condena os crimes praticados pelos pobres como

membros das “classes perigosas”: em contrapartida muitos crimes das

elites continuaram até há pouco tempo fora do alvo do sistema

judicial;

A polícia da “Elite”

brasileira que vê o

pobre como o inimigo...

A POLÍCIA A SERVIÇO DAS ELITES

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Polícia militar: força auxiliar do exército...

Somos um dos poucos

países no mundo em

que a polícia ainda é

militarizada... Em verdade, a proximidade das PMs com os

meios de força combatente, sobretudo após a

criação do estado republicano, não se

restringiu apenas à adoção do sobrenome

"Militar". Elas nasceram, em 1809, como

organizações paramilitares subordinadas

simultaneamente aos Ministérios da Guerra e

da Justiça portugueses, e gradativamente sua

estrutura burocrática foi tornando-se idêntica

a do Exército brasileiro.

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As relações de disciplina, hierarquia e obediência são

introjetas no trato com a população; “soldado não pergunta,

soldado obedece”.

Na época conhecida como os anos de chumbo da ditadura

militar, fazer o "serviço sujo" de repressão política incluía,

além do controle de multidões e as operações de

choque nas situações de distúrbios civis, as atividades de

"caça às bruxas“.

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A POLÍCIA E A CULTURA DA

AGRESSÃO...a linguagem da violência...

Na família: A aceitação da agressão, como ameaça e uso da

força, remete para a fragilidade das concepções e práticas de

negociação de conflitos no interior das famílias;

O desemprego contribui para a instabilidade das relações

familiares, limitando as prerrogativas masculinas ligadas aos papéis

de marido, provedor e socializador da prole;

Muitos pais de família perdem a auto-estima, entregando-

se à ociosidade ou ao “desespero” de não poder sustentar a

família e adotando posturas compensatórias como o alcoolismo,

que estimulam agressões.

Assim há conivência da população com a violência policial –

“Pobre só aprende na porrada mesmo”

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Déficit entre Formação nas academias e a

vivência policial...

Dentre as questões mais candentes que mobilizam o debate público sobre a

reforma das polícias brasileiras, destaca-se o processo formativo dos policiais

militares, que ocasiona um “despreparo” no trato com os cidadãos e a “baixa

qualificação profissional”;

Existe um consenso, dentro e fora das agências policiais, de que os processos

de formação e instrução estão defasados e inadequados não só em relação

às exigências postas na ordem do dia pela população, mas também em

relação às próprias necessidades internas das organizações.

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Desvalorização salarial e a falta de

perspectiva de crescimento... A baixa remuneração dos policiais brasileiros , faz com que fiquem

vulneráveis à corrupção passiva e ativa, extorsão, milícias, tráfico

de drogas...

Um agente da Polícia Federal ganha em média: R$ 9.000,00;

Um agente de Polícia Civil ganha em média: R$ 3.500,00

Um soldado da Polícia Militar ganha em média: R$ 1.600, 00

Um soldado da Polícia Militar em Brasília ganha em média: R$ 4.500, 00

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Nível de estresse da profissão...

A profissão de policial é uma atividade de alto risco, uma vez que

esses profissionais lidam, no seu cotidiano, com a violência, a

brutalidade e a morte. A literatura aponta que os policiais estão

entre os profissionais que mais sofrem de estresse, pois estão

constantemente expostos ao perigo e à agressão, devendo

freqüentemente intervir em situações de problemas humanos de

muito conflito e tensão .

Doenças mais comuns: síndrome de Burnout, Alcoolismo,

Síndrome do Pânico, Agressividade, Doenças

Cardiovasculares, Consumo de drogas...

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Desânimo com o judiciário....

No cotidiano é comum um policial prender mais de 4 vezes a mesma pessoa, levando muitos agentes da lei ao descrédito e desânimo com o Judiciário e a agressão ao delinquente!!!.

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O que tem sido feito para minimizar

esse problema?

Corregedoria de Polícia Unificada;

Polícia Comunitária;

Policiamento Comunitário- Ronda nos Bairros;

Exigência de Nível Superior para as Policias Civis Federais e

Estaduais;

Introdução de Disciplinas como Direitos Humanos

Relacionamento Interpessoal nas Academias de Polícias;

Cursos de Reciclagem

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REFERÊNCIAS BRASIL, Ministerio da Justiça. Mapa da Violência no Brasil 2011.

UNESCO. Juventude, Violência e Vulnerabilidade Social na América Latina:

desafios para Políticas Públicas.;

MILANI, Feizi. Adolescência e violência:mais uma forma de exclusão;

CNJ. Panorama Nacional: A execução de medidas socioeducativas de

internação

MUNIZ , Jaqueline. A crise de identidade das Policias Militares Brasileiras.