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CALL –CURSO DE PORTUGUÊS LITERATURA PROFESSORA: ANA CLAUDIA DUARTE 1-(QUESTÃO BÁSICA) Leia a seguinte propaganda de uma ONG de proteção ambiental. Ignorância é fogo. E cinzas. Neste mundo, ainda tem gente que pensa que o fogo serve para ajuda a devolver força à terra e às pastagens. Jogue um balde de água fria nessa ideia. Associação Verde vida (Mato Grosso do Sul, julho 2010) As figuras de linguagem também podem ocorrer em linguagens não verbais, como cinema, fotografia e código de trânsito, por exemplo. Observe na foto que acompanha o texto as expressões “Ignorância é fogo. E cinzas.” Estas duas frases podem apresentar uma interpretação tanto denotativa quanto conotativa. Se for observada que uma leitura possível sobre o vocábulo “cinzas” e a foto indica o efeito no sentido de uma causa, trata-se da figura de linguagem conhecida como: A) metonímia. B) metáfora. C) eufemismo. D) prosopopeia E) hipérbole 2-(QUESTÃO BÁSICA) Neste mundo é mais rico, o que mais rapa: Quem mais limpo se faz, tem mais carepa: Com sua língua ao nobre o vil decepa: O Velhaco maior sempre tem capa. Levando em consideração que, em sua produção literária, Gregório de Matos dedicou-se também à sátira irreverente, pode-se afirmar que os versos se marcam A) pelo sentimentalismo, fruto da sintonia do eu lírico com a sociedade. B) pela indiferença, decorrente da omissão do eu lírico com a sociedade. C) pelo negativismo, pois o eu lírico condena a sociedade pelo viés da religião.

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CALL –CURSO DE PORTUGUÊS LITERATURAPROFESSORA: ANA CLAUDIA DUARTE

1-(QUESTÃO BÁSICA) Leia a seguinte propaganda de uma ONG de proteção ambiental.

Ignorância é fogo. E cinzas. Neste mundo, ainda tem gente que pensa que o fogo serve para ajuda a devolver força à terra e às pastagens. Jogue um balde de água fria nessa ideia. Associação Verde vida (Mato Grosso do Sul, julho 2010) As figuras de linguagem também podem ocorrer em linguagens não verbais, como cinema, fotografia e código de trânsito, por exemplo. Observe na foto que acompanha o texto as expressões “Ignorância é fogo. E cinzas.” Estas duas frases podem apresentar uma interpretação tanto denotativa quanto conotativa. Se for observada que uma leitura possível sobre o vocábulo “cinzas” e a foto indica o efeito no sentido de uma causa, trata-se da figura de linguagem conhecida como: A) metonímia. B) metáfora. C) eufemismo. D) prosopopeia E) hipérbole

2-(QUESTÃO BÁSICA) Neste mundo é mais rico, o que mais rapa:Quem mais limpo se faz, tem mais carepa:Com sua língua ao nobre o vil decepa:O Velhaco maior sempre tem capa.Levando em consideração que, em sua produção literária, Gregório de Matos dedicou-se também à sátira irreverente, pode-se afirmar que os versos se marcamA) pelo sentimentalismo, fruto da sintonia do eu lírico com a sociedade.B) pela indiferença, decorrente da omissão do eu lírico com a sociedade.C) pelo negativismo, pois o eu lírico condena a sociedade pelo viés da religião.D) pela indignação, advinda de um ideal moralizante expresso pelo eu lírico.E) pela ironia, já que o eu lírico supõe que todas as pessoas são desonestas.

“Tu choraste em presença da morte?Em presença de estranhos choraste?Não descende o cobarde do forte;Pois choraste, meu filho não és!Possas tu, descendente malditoDe uma tribo de nobres guerreiros,Implorando cruéis forasteiros,

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Seres presa de vis Aimorés.Possas tu, isolado na terra,Sem arrimo e sem pátria vagando,Rejeitado da morte na guerra,Rejeitado dos homens na paz,Ser das gentes o espectro execrado;Não encontres amor nas mulheres,Teus amigos, se amigos tiveres,Tenham alma inconstante e falaz!” (DIAS, Gonçalves. Poesias Românticas) 3-(QUESTÃO OPERACIONAL)O trecho do poema “I-juca pirama” refere-se ao momento em que o filho guerreiro volta para a sua tribo e se encontra com seu pai após ter pedido ao líder da tribo inimiga, pela qual havia sido capturado, que o poupasse da morte para que pudesse cuidar de seu pai amado, muito velho, até este morrer. Pensando nos valores defendidos pelo Indianismo romântico no Brasil, pode-se dizer que a reação do pai ocorre porque o filho:A) considerou-o um velho incapaz, evidenciando que não o amava de forma digna.B) demonstrou fraqueza diante da morte, o que representava falta de dignidade.C) usou-o como desculpa para escapar da morte, ou seja, não possuía nobreza de sentimento.D) havia sido capturado pelos inimigos, tornando-se incapaz de continuar a ser um guerreiro.E) era, na verdade, descendente de outra tribo, o que o tornava impuro para conviver entre eles.

https://www.epochtimes.com.br/o-pintor-caravaggio-luzes-e-sombras-na-vida-e-na-obra.

http://aumagic.blogspot.com.br/2013/11/aleijadinho-via-sacra-do-santuario-do.html

4-( QUESTÃO GLOBAL) Uma obra de arte, em geral funciona como o testemunho de uma época, de uma visão de mundo, uma vez que o artista reflete a sociedade em que se insere ao mesmo tempo em que procura atuar sobre essa mesma sociedade. As obras anteriores, de Caravaggio e Aleijadinho, respectivamente, inserem-se no Barroco, uma vez queA) apresentam um tratamento esquemático dado às figuras e uma rigidez na composição.

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B) são o resultado de uma visão intelectualizada, que transforma as imagens em planos geométricos, a partir de vários pontos de vista simultâneos.C) a simplificação das formas e a ocupação geométrica do espaço conferem a ambas as imagens um caráter racional e estático.D) o apelo ao emocional e a sensação de movimento refletem um rebuscamento típico de um período de conflitos ideológicos.E) ambas as imagens apresentam qualidades estéticas vinculadas à tradição clássica, como a visão objetiva da realidade e a imitação do real.

Texto(QUESTÃO OPERACIONAL)(...)

Será mesmo que a ação ultrapassa a palavra? Mas que ao escrever – que o nome real seja dado às coisas. Cada coisa é uma palavra. E quando não se a tem, inventar-se-á. Esse vosso Deus que nos mandou inventar.

Por que escrevo? Antes de tudo porque captei o espírito da língua e assim às vezes a forma é que faz conteúdo. Escrevo, portanto não por causa da nordestina mas por motivo grave de “força maior”, como se diz nos requerimentos oficiais, por “força da lei”.(...) LISPECTOR, Clarice. “A hora da estrela”.Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984.5-A metalinguagem literária é um procedimento comum em vários autores. A função metalinguística em um texto literário é aquela em que a linguagem é empregada para despertar no leitor a ideia de que a arte é elaboração, é trabalho. Muitas vezes, em intimidade com o receptor, o autor discute o procedimento artístico, questionando-o ou orientando sobre o que fez ou não durante seu processo criativo.O texto em análise, da Clarice Lispector, é um exemplo disso. Nele,A) o narrador discute a importância da palavra para a exposição da ideia.B) problematiza-se a impossibilidade de escrever o que a ideia sugere, devido à pouca expressividade da palavra.C) discute-se o pouco recurso vocabular dos nordestinos.D) a ideia central é a necessidade de escrever em prol da causa da minoria nordestina em grandes centros urbanos da região sudeste brasileira.E) o narrador expõe a falta de inspiração como elemento crucial na elaboração do texto artístico.

Transição E vejam agora com que destreza, com que fina arte faço eu a maior transição deste livro. Vejam:

o meu delírio começou em presença de Virgília; Virgília foi o meu grão-pecado da juventude; não há juventude sem meninice; meninice supõe nascimento; e eis aqui como chegamos nós, sem esforço, ao dia 20 de outubro de 1805, em que nasci. Viram? Nenhuma juntura aparente, nada que divirta a atenção pausada do leitor: nada. De modo que o livro fica assim com todas as vantagens do método, sem a rigidez do método. Na verdade, era tempo. Que isto de método, sendo, como é, uma coisa indispensável, todavia é melhor tê-lo sem gravata nem suspensórios, mas um pouco à fresca e à solta, como quem não se lhe dá da vizinha fronteira, nem do inspetor de quarteirão. E como a eloqüência, que há uma genuína e vibrante, de uma arte natural e feiticeira, e outra tesa, engomada e chocha.

Vamos ao dia 20 de outubro. ASSIS, Machado de. “Memórias póstumas de Brás Cubas”

6-(QUESTÃO BÁSICA)Considerando a proposta da narração em “Memórias póstumas de Brás Cubas”, esse romance aproxima-se de que gênero textual: A) Biografia. B) Autobiografia C) Epopeia. D) Diário íntimo.E) Crônica

Texto A partida de Belém, como Vossa Alteza sabe, foi segunda- -feira, 9 de março. [...] E domingo, 22

do dito mês, às dez horas, pouco mais ou menos, houvemos vista das ilhas de Cabo Verde, ou melhor, da ilha de S. Nicolau [...]. E assim seguimos nosso caminho por este mar de longo, até que, terça-feira das Oitavas de Páscoa, que foram vinte e um dias de abril, estando da dita ilha obra de 660 léguas, segundo os pilotos diziam, topamos alguns sinais de terra, os quais eram muita quantidade de ervas compridas, a que os mareantes chamam botelho [...].

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E quarta-feira seguinte, pela manhã, topamos aves a que chamam fura-buxos. Neste dia, a horas de véspera, houvemos vista de terra! Primeiramente dum grande monte, mui alto e redondo [...]; ao monte alto o capitão pôs o nome de O Monte Pascoal, e à terra, A Terra de Vera Cruz. Carta de Pero Vaz de Caminha ao rei de Portugal 7-( QUESTÃO OPERACIONAL) O texto acima é fragmento da Carta de Caminha cuja leitura permite que conheçamos a visão do europeu a cerca da terra descoberta. Sua importância se deve ao fato de

A) tratar-se de documento histórico que inaugura, em Portugal, um novo gênero literário: a literatura epistolar.B) exemplificar a literatura produzida pelos jesuítas brasileiros na colônia e que teve como objetivo principal a catequese do silvícola.C) apesar de não ter natureza especificamente artística, interessar à história da literatura brasileira na medida em que espelha a linguagem e a respectiva visão de mundo que nos legaram os primeiros colonizadores.D) pertencer à chamada crônica histórica, produzida no Brasil durante a época colonial com objetivos políticos: criar a imagem de um país soberano, emancipado, em condições de rivalizar com a metrópole.E) ser um dos exemplos de registros oficiais escritos por historiadores brasileiros durante o século XVII, nos quais se observam, como característica literária, traços do estilo barroco.

Antes de iniciar este livro, imaginei construí-lo pela divisão do trabalho.Dirigi-me a alguns amigos, e quase todos consentiram de boa vontade em contribuir para o

desenvolvimento das letras nacionais.[...]

O resultado foi um desastre. Quinze dias depois do nosso primeiro encontro, o redator do Cruzeiro apresentou-me dois capítulos datilografados, tão cheios de besteiras que me zanguei:

— Vá para o inferno, Gondim. Você acanalhou o troço. Está pernóstico, está safado, está idiota. Há lá ninguém que fale dessa forma!

Azevedo Gondim apagou o sorriso, engoliu em seco, apanhou os cacos da sua pequenina vaidade e replicou amuado que um artista não pode escrever como fala.

— Não pode? Perguntei com assombro. E por quê?Azevedo Gondim respondeu que não pode porque não pode.— Foi assim que sempre se fez. A literatura é a literatura, seu Paulo. A gente discute, briga, trata

de negócios naturalmente, mas arranjar palavras com tinta é outra coisa. Se eu fosse escrever como falo, ninguém me lia. Graciliano Ramos, S. Bernardo

8-(QUESTÃO BÁSICA) Uma das características da linguagem literária é a expressividade, que pode resultar, por exemplo, do uso metafórico de imagens concretas para a representação de aspectos abstratos da realidade. É o que se verifica em:A) Antes de iniciar este livro, imaginei construí-lo pela divisão do trabalho(linhas 01 e 02).B) Azevedo Gondim apagou o sorriso, engoliu em seco, apanhou os cacos da sua pequenina vaidade (linhas 12 e 13).C) Dirigi-me a alguns amigos, e quase todos consentiram de boa vontade em contribuir para o desenvolvimento das letras nacionais (linhas 03 e 04).D) Azevedo Gondim respondeu que não pode porque não pode (linha 16).E) — Foi assim que sempre se fez. A literatura é a literatura, seu Paulo (linhas 17 e 18).

9-(QUESTÃO GLOBAL) Observe a imagem e leia o texto:

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VICTOR MEIRELLES: Primeira missa no Brasil, 1860. Óleo sobre tela. 268X356 cm. Rio de Janeiro, Museu Nacional de Belas Artes.

Não se esqueça de por algumas embaíbas, que são formosas e enfeitam o bosque pelo caráter especial de suas folhas (...). Lembre-se bem das nossas árvores e troncos retos, carregados de plantas diversas, altas e com coqueiros e com palmitos pelo meio, pois estes crescem à sombra dos grandes madeiros. Pouco, mas característico, mas genuinamente brasileiro.

Carta de Araújo Porto Alegre para Victor Meirelles, 4/2/1859. Apud. COLI, Jorge. Primeira Missa e a invenção da descoberta. In: NOVAES, Adauto (org). A descoberta do homem e do mundo. São Paulo: Cia das Letras, 1998, p. 120.

As recomendações de Araújo Porto Alegre, então diretor da Academia Imperial de Belas Artes, a Victor Meirelles, no trecho da carta transcrita, por ocasião da pintura do quadro Primeira missa no Brasil, expressam, no que se refere à identidade nacional brasileira, em meados do século XIX, a preocupação deA) associar natureza e barbárie.B) caracterizar a paisagem local.C) enaltecer as heranças ibéricas.D) domesticar o habitante nativo.E) destacar a miscigenação do povo.

Desde que a febre de possuir se apoderou dele totalmente, todos os seus atos, todos, fosse o mais simples, visavam um interesse pecuniário. [...] Aquilo já não era ambição, era uma moléstia nervosa, uma loucura, um desespero de acumular, de reduzir tudo a moeda. Aluísio Azevedo, O cortiço10-(QUESTÃO BÁSICA)No excerto acima, a percepção do narrador traz marcas do estilo naturalista, pelo fato deA) caracterizar o modo de ser da personagem como uma patologia.B) trazer ao leitor, com objetividade e parcimônia, o lado cômico do comportamento humano.C) criar analogia entre homem e animal, imagem resultante da projeção subjetiva do observador sobre o observado.D) criticar explicitamente a ambição desmesurada da alta burguesia.E) apresentar sintaxe e léxico inovadores e temática cientificista.

Era uma tarde triste, mas límpida e suave...Eu — pálido poeta — seguia triste e graveA estrada, que conduz ao campo solitário,Como um filho, que volta ao paternal sacrário,

E ao longe abandonando o múrmur da cidade— Som vago, que gagueja em meio à imensidade, —No drama do crepúsculo eu escutava atentoA surdina da tarde ao sol, que morre lento.

A poeira da estrada meu passo levantava,Porém minh’alma ardente no céu azul marchavaE os astros sacudia no voo violento

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— Poeira, que dormia no chão do firmamento.

A pávida andorinha, que o vendaval fustiga,Procura os coruchéus da catedral antiga.Eu — andorinha entregue aos vendavais do inverno,Ia seguindo triste p’ra o velho lar paterno. (Castro Alves, “Boa vista”. In: Espumas Flutuantes)

Vocabuláriomúrmur: ruído, burburinhocoruchéu: torre pontiaguda11- Embora tenha se notabilizado pela poesia de caráter social, Castro Alves também se destacou por sua obra lírico-amorosa, na qual se encontram resquícios da chamada segunda geração romântica.

(QUESTÃO BÁSICA) Recorrente no contexto cultural do Romantismo, a temática que se encontra nesse soneto é A) o bucolismo, através da busca da aproximação do poeta à vida simples do campo. B) a crítica à postura escapista de buscar na natureza a solução para o sofrimento. C) a busca da liberdade, através do rompimento dos laços afetivos com a família. D) o envolvimento subjetivo dos elementos da natureza, ecoando o estado de espírito do poeta. E) a evasão da realidade, buscando na morte o remédio para os dramas existenciais do poeta.

O excerto abaixo, de autoria de José de Alencar, consiste em uma fala da personagem D. Antônio de Mariz, no interior do romance O Guarani.

É para mim uma das coisas mais admiráveis que tenho visto nesta terra, o caráter desse índio. Desde o primeiro dia que aqui entrou, salvando minha filha, a sua vida tem sido um só ato de abnegação e heroísmo. Crede-me, Álvaro, é um cavalheiro português no corpo de um selvagem! Fonte: ALENCAR, José de. O Guarani. São Paulo: Ateliê, 1999. p. 28.

12-(QUESTÃO OPERACIONAL) Considerando o excerto, percebe-se queA) a estética romântica explora as contradições humanas e demonstra a convivência entre o bem e o mal, manifestadas na expressão “cavalheiro português no corpo de um selvagem”.B) o Romantismo dedicou-se ao projeto nacionalista, buscando um “tipo puro” e legítimo que pudesse representar a alma do povo brasileiro.C) Alencar deseja, ao criar o herói indígena, principalmente, posicionar-se a favor do preconceito que o português nutre em relação ao índio.D) o índio, na perspectiva romântica, é representado com objetividade, rigor e cientificismo.E) o Romantismo propõe um destaque à “cor local”, enfatizando a cultura popular, como representativa de uma coletividade, na qual não há lugar para o exótico.

Que Stendhal confessasse haver escrito um de seus livros para cem leitores, cousa é que admira e consterna. O que não admira, nem provavelmente consternará é se este outro livro não tiver os cem leitores de Stendhal, nem cinquenta, nem vinte, e quando muito, dez. Dez? Talvez cinco. Trata-se, na verdade, de uma obra difusa, na qual eu, Brás Cubas, se adotei a forma livre de um Sterne, ou de um Xavier de Maistre, não sei se lhe meti algumas rabugens de pessimismo. Pode ser. Obra de finado. Escrevi-a com a pena da galhofa e a tinta da melancolia, e não é difícil antever o que poderá sair desse conúbio. Acresce que a gente grave achará no livro umas aparências de puro romance, ao passo que a gente frívola não achará nele o seu romance usual;, ei-lo aí fica privado da estima dos graves e do amor dos frívolos, que são as duas colunas máximas da opinião.

ASSIS, Machado. “Memórias Póstumas de Brás Cubas”. São Paulo: Martin Claret, 2009, “Ao leitor”, pp. 15-16

13-(QUESTÃO BÁSICA) Predomina nesse texto a função de linguagemA) emotiva, uma vez que o narrador expressa o que sente pelo seu público.B) metalinguística, já que o narrador explica a produção das suas memórias.C) conativa, porque o narrador apela para que o leitor leia as suas memórias.D) referencial, pois o narrador informa sobre em que condições fez essas memórias.E) metalinguística, pois o narrador critica o próprio estilo usado na sua biografia

Vagabundo

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Eu durmo e vivo ao sol como um cigano,Fumando meu cigarro vaporoso;Nas noites de verão namoro estrelas;Sou pobre, sou mendigo e sou ditoso!Ando roto, sem bolsos nem dinheiro;Mas tenho na viola uma riqueza:Canto à lua de noite serenatas,E quem vive de amor não tem pobrezas.(...) (Álvares de Azevedo)14-(OPERACIONAL)A visão de mundo expressa pelo eu lírico nos versos de Álvares de Azevedo revela o(a)A) desequilíbrio do poeta adolescente e indeciso, que não é capaz de amar uma mulher nem a si próprio.B) valorização da vida boêmia que proporciona um outro tipo felicidade, desvinculada de valores materiais.C) postura acrítica que o poeta tem diante da realidade, seja em relação ao amor, seja em relação à vida social.D) lamento do poeta que leva a vida peregrina e pobre, sem bens materiais e nenhuma forma de felicidade.E) constatação de que a música é o único expediente capaz de levá-lo à obtenção de recursos materiais.

15-(QUESTÃO OPERACIONAL) Leia o trecho do conto “À beira do mar aberto” de Caio Fernando Abreu. “[...] tornarei sempre a voltar porque preciso desse osso, dos farelos que me têm alimentado ao

longo deste tempo, e choro sempre quando os dias terminam porque sei que não procuraremos pelas noites, quando o meu perigo aumenta e sem me conter te assaltaria feito um vampiro faminto para te sangrar e te deixar mudo, sem nenhuma história a te esconder de mim, enquanto meus dentes penetrando nas veias da tua garganta arrancassem do fundo essa vida que me negas delicadamente [...]”

Apesar de um texto pertencente ao gênero narrativo, o trecho do conto apresenta características de textos pertencentes ao gênero lírico, como por exemploA) a divisão por vírgulas que substituem a ordenação por versos dos poemas comuns.B) o uso extremo de figuras de linguagem para embelezar o texto, uma característica clara de textos pertencentes ao gênero lírico que não tem intenção de contar uma história.C) a presença do narrador em primeira pessoa, o que faria dele um “eu-lírico” por se voltar exclusivamente para si e não para qualquer característica exterior.D) demonstrar características épicas no personagem para quem o narrador se dirige como sendo ele um ser humano especial, com virtudes que os outros de sua raça não dispõem; e, como os textos do gênero épico eram escritos com versos e rimas, logo podemos ligar o conto também ao gênero lírico.E) a expressão extrema e profunda do sentimento do narrador personagem pela outra pessoa, utilizando imagens fortes como a do vampiro tirando a vida de sua vítima.

Eu e o sertão Patativa do Assaré Sertão, arguém te cantô Eu sempre tenho cantado E ainda cantando tô, Pruquê, meu torrão amado, Munto te prezo, te quero E vejo qui os teus mistero Ninguém sabe decifrá. A tua beleza é tanta, Qui o poeta canta, canta, E inda fica o qui cantá. [...] (Cante lá que eu canto cá. Petrópolis: Vozes, 1982)

16-(QUESTÃO OPERACIONAL)O segmento do poema acima apresentaA) um testemunho de quem conhece o ambiente retratado. B) humor e ironia numa linguagem simples típica do sertanejo. C) uma descrição detalhada do espaço. D) a percepção do poeta de que seu canto é a melhor das interpretações. E) perceptível distanciamento entre o poeta e o objeto do seu canto.

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17-Leia o trecho a seguir.(QUESTÃO OPERACIONAL)E assim ia correndo o domingo no cortiço até às três da tarde, horas em que chegou mestre

Firmo, acompanhado pelo seu amigo Porfiro […].[Firmo] Era oficial de torneiro, oficial perito e vadio; ganhava uma semana para gastar num dia; às

vezes, porém, os dados ou a roleta multiplicavam-lhe o dinheiro, e então ele fazia como naqueles últimos três meses: afogava-se numa boa pândega com a Rita Baiana. A Rita ou outra. “O que não faltava por aí eram saias para ajudar um homem a cuspir o cobre na boca do diabo!” AZEVEDO, Aluísio. O cortiço. 20. ed. São Paulo: Ática, 1997. p. 62.As aspas são um recurso gráfico que dão destaque a determinada parte de um texto. No trecho transcrito de O cortiço, elas realçamA) um pensamento do narrador, que exemplifica a reputação de desregrado atribuída a Firmo.B) uma fala de Firmo, que comprova seu relacionamento pândego com Rita Baiana.C) um pensamento dos moradores do cortiço sobre Firmo, que concorda com sua imagem de mulato vadio.D) uma fala de Rita Baiana, que reafirma a ideia do narrador a respeito da fama de mulherengo de Firmo.E) uma fala de Porfiro, que valida a perspectiva determinista de ociosidade do elemento mestiço.

Leia os poemas a seguir.(QUESTÃO GLOBAL)A POESIA

Ah se não houvesse a poesia,se não houvesse a poesia, não haveria água,nem madeira, nem caminho, nem céu, nem corpoatraindo outro corpo. Ah, se não houvesse a poesiaeu simplesmente não seria um zé garcia atravessadona garganta de deus e do diabo, eu não seria um zé,um Zé Garcia Chuva de Manga, não um camaradaatravessado de nuvens e de tantas mulheres felizes,eu não seria, engraçada, uma tempestade muda. GARCIA, José Godoy. Poesias. Brasília: Thesaurus, 1999. p. 25.

UM CADÁVER DE POETAII[...]A poesia é de certo uma loucura;Sêneca o disse, um homem de renome.É um defeito no cérebro... Que doidos!É um grande favor, é muita esmolaDizer-lhes bravo! à inspiração divina...E, quando tremem de miséria e fome,Dar-lhes um leito no hospital dos loucos...Quando é gelada a fronte sonhadoraPor que há de o vivo que despreza rimasCansar os braços arrastando um morto,Ou pagar os salários do coveiro?A bolsa esvaziar por um misérrimo,Quando a emprega melhor em lodo e vício! AZEVEDO, Álvares de. Lira dos vinte anos. São Paulo: FTD, 1994. p. 127.

18-Os poemas transcritos tratam do mesmo tema, o fazer poético, mas apresentam diferentes concepções a respeito dessa temática. Tal diferença se expressa na contraposição entre as ideias de que a poesia éA) produto da observação da natureza, no primeiro poema; e fruto da inspiração divina, no segundo.B) decorrente dos temas explorados pelo poeta, no primeiro poema; e resultado da insanidade de quem a produz, no segundo.C) inspirada nos sentimentos amorosos, no primeiro poema; e responsável pelas dores vividas pelo poeta, no segundo.D) forma de conhecimento para o poeta, no primeiro poema; e motivo de sofrimento para quem a cria, nosegundo.E) gênese da criação, no primeiro poema; e resultado de distúrbios emocionais do poeta, no segundo.

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GABARITO

1-A

2-D

3-B

4-D

5-A

6-B

7-C

8-B

9-B

10-A

11-D

12-B

13-B

14-B

15-E

16-A

17-B

18-D

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