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Clipping de notícias do dia 06/09/2016
CORREIO BRAZILIENSE (DF)
06/09/2016
SAÚDE
Vida longa, e simples, em Acciaroli
Estudo mostra como o pequeno vilarejo italiano tem 11,5% da população com mais de
100 anos. Peculiaridades genéticas e produção dos próprios alimentos estão entre os
fatores identificados
O segredo da longevidade pode estar na rotina simples de um pequeno povoado
encravado entre o mar e montanhas ao sul de Salerno, na Itália. Com 700 habitantes,
Acciaroli abriga 81 centenários, o equivalente a 11,5% dos moradores. Para se ter
uma ideia, no Brasil — que, segundo especialistas, passa por um processo de
envelhecimento populacional —, as pessoas com mais de 100 anos representavam
0,01% da população contabilizada no último Censo, em 2010. Depois de seis meses
acompanhando os longevos italianos, cientistas identificaram ao menos três fatores
que explicam tamanha divergência estatística: eles levam uma vida ativa, inclusive a
sexual, seguem uma dieta equilibrada nutricionalmente e são beneficiados por alguns
ajustes genéticos.
Uma equipe da Universidade de San Diego, nos Estados Unidos, ajudada por colegas
da Universidade La Sapienza de Roma, desembarcou em Acciaroli na última
primavera italiana para estudar os habitantes locais. Dos 80 centenários que
participaram do estudo, 25 deles com mais de 100 anos de idade, nenhum tinha
Alzheimer — segundo o Manual Merck de Informação Médica, a doença
neurodegenerativa acomete 30% das pessoas com 85 anos ou mais. Os estudiosos
também detectaram que esses moradores do povoado apresentavam propensão a
quase nunca sofrer de doenças cardíacas e outros males cognitivos.
A ausência de um marcador biológico seria, segundo os cientistas, uma das razões da
velhice saudável em Acciaroli. Os italianos estudados têm uma concentração menor
do vasodilator adrenomedulina no corpo, que “parece agir como um poderoso fator de
proteção, favorecendo um desenvolvimento ótimo da microcirculação”, explicaram os
autores, em comunicado. A adrenomedulina participa de uma infinidade de funções
fisiológicas do metabolismo, desde o controle da frequência cardíaca aos mecanismos
de transmissão nervosa. Há, porém, a constatação de taxas altas dessa substância
em casos de doenças. O nível pode dobrar, por exemplo, em pacientes com câncer,
insuficiência renal e diabetes.
Os pesquisadores também analisaram a alimentação dos idosos italianos, conhecidos
por seguir a famosa dieta mediterrânea. A baixa ausência de industrializados e o foco
em alimentos produzidos pelos próprios moradores chamaram a atenção. “Comemos
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um monte de peixe, produtos agrícolas que nós mesmos produzimos. Temos nossos
coelhos, nossas galinhas. Todos são produtos da terra”, conta Amina Fedollo, 93,
casada com Antonio Vassallo, que recentemente comemorou os seus 100 anos.
“Basta comer coisas saudáveis”, resume o italiano, ressaltando que o cuidado vale
para um dos principais produtos das refeições de Acciaroli: o azeite de oliva. “Nós
consumimos o que produzimos”, garante.
Além das boas escolhas alimentares, há, segundo os pesquisadores, a possibilidade
de a genética potencializar a dieta desses idosos. Eles teriam um gene que
conseguiria extrair as propriedades benéficas de alguns produtos consumidos
regularmente. “É o caso do alecrim, que melhora as capacidades do cérebro”, ilustra
Alan S. Maisel, professor de medicina cardiovascular na Universidade de San Diego e
integrante do estudo. O cientista também ressaltou que o estudo se baseou em
avançadas análises sanguíneas, envolvendo o DNA e o metabolismo dos
participantes, controle cardíaco e neurológico.
Ativos
Com relação aos hábitos, não há espaço para o sedentarismo. Todos os participantes
do estudo praticavam ao menos uma atividade física diariamente — quase sempre
relacionada aos cuidados alimentares, como pesca e manutenção da horta ou do
jardim. “Muitas dessas pessoas, aparentemente, mantêm uma atividade sexual”,
complementou Maisel. Atividades livres, como caminhadas, também foram
registradas. E com a vantagem de a prática ocorrer em um ambiente calmo e longe da
poluição.
A equipe pretende dar continuidade ao estudo dos idosos de Acciaroli com o intuito de
identificar fatores que favorecem a longevidade e possam ser repetidos em outras
partes do mundo. “O que gostaria de fazer no final é criar um quadro clínico que
estabeleça uma espécie de pontuação que deva ser mantida”, disse Salvatore Di
Somma, professor de medicina da Universidade de La Sapienza. “O projeto não só vai
ajudar a revelar alguns segredos para envelhecer bem, como também vai servir para
unir cientistas de todo o mundo para alcançar um melhor cuidado clínico do
envelhecimento da população.”
Para saber mais
Sorria também
A compatriota Sardenha é classificada como a campeã mundial da longevidade. A
média dos centenários em países desenvolvidos é de 19 a 20 por 100 mil habitantes.
Nessa ilha italiana chega a 24. Um estudo divulgado em 2014 na revista Applied
research in qualifity of life mostra que, além de fatores genéticos e dos hábitos
saudáveis, o bom humor reinante no local interfere na quantidade de anos vividos.
Para chegar à conclusão, Maria Chiara Fastame, pesquisadora da Universidade de
Cagliari, na Itália, e Paul Hitchcott, da Universidade de Southampton Solent, na
Inglaterra, analisaram moradores de Sardenha e de cidades do norte da Itália.
Ao todo, foram entrevistados 191 nativos de Sassari, Bargagia e Ogliastra, na ilha
mediterrânea, e de vilas rurais de Lombardia. Os participantes tinham entre 60 e 99
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anos e estavam mentalmente saudáveis. Foram ajustados fatores como gênero, estilo
de vida, hábitos alimentares e prática de exercícios. Os cientistas descobriram, então,
que a felicidade era uma característica comum entre os longevos habitantes de
Sardenha. Já em Lombardia, onde o percentual de centenários é três vezes menor, os
idosos tendiam a ser mais deprimidos.
À época da divulgação do estudo, a dupla ressaltou que, pelos resultados do trabalho,
não era possível apontar a felicidade como um caminho para a longevidade. Mas há,
segundo eles, fatores a serem considerados. “Acho que uma importante lição que eles
ensinam, e que nossa pesquisa reforça, é que o fortalecimento da autoimagem e da
autoestima pode ser uma importante intervenção psicológica para idosos”, disse
Fastame.
CORREIO BRAZILIENSE (DF)
06/09/2016
SAÚDE
Vermífugo pode frear a propagação do zika
Um medicamento usado para tratar a tênia pode se transformar em uma ferramenta de
combate à propagação do zika. Comercializada há meio século contra o verme
popularmente chamado de solitária, a niclosamida conseguiu bloquear a propagação
do vírus em células humanas infectadas em laboratório. O estudo foi divulgado
recentemente na revista Nature Medicine. “É uma primeira etapa em direção a um
tratamento capaz de frear a transmissão da doença”, comemorou Hengli Tang,
professor da Universidade do Estado da Flórida, nos EUA, e líder da pesquisa.
A equipe começou o estudo fazendo uma seleção rigorosa entre 6 mil moléculas já
aprovadas nos EUA e que são objeto de testes científicos. “Nos concentramos nas
moléculas mais próximas a uma utilização clínica”, contou Tang. Os estudiosos
chegaram a duas classes de substâncias com resultados animadores: a niclosamida e
a emricasan — usada em tratamentos experimentais para fibrose hepática, ela
impediu a morte das células infectadas. As duas classes de substâncias se mostraram
eficazes antes e depois da exposição ao zika, e com benefícios importantes quando
utilizadas de maneira conjunta.
A niclosamida é bem tolerada pelo organismo humano e não apresenta riscos aos
fetos. As características a tornam um potencial medicamento para evitar a
microcefalia, malformação congênita que pode ser desencadeada pela infeção de
mulheres durante a gravidez. “A niclosamida poderia ser utilizada não só em grávidas,
mas também para reduzir a carga viral entre os homens e as mulheres não grávidas, o
que reduziria a transmissão do zika e poderia, além disso, evitar casos de síndrome de
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Guillain-Barré e de outras complicações entre os humanos”, defenderam os
pesquisadores.
Mais estudos
Mesmo assim, eles não recomendam o uso do vermífugo por grávidas com o intuito de
evitar as complicações do zika vírus. “Ainda não há provas de que a niclosamida seja
eficaz. Estudos com animais seguidos de testes clínicos são necessários”, alertou
Hongjun Song, coautor do estudo. Não prescrita por médicos, a emricasan precisa
seguir as etapas de desenvolvimento de medicamentos até chegar ao uso clínico. “E
isso ainda vai levar algum tempo”, ressaltaram os autores.
Não existe vacina nem tratamento contra o zika, que, em 80% dos casos, provoca
sintomas que passam despercebidos. Quando há complicações, porém, elas podem
ser graves.“Nossas descobertas e as ferramentas que provemos devem fazer avançar
de maneira significativa a pesquisa atual sobre o zika e ter um efeito imediato sobre o
desenvolvimento de tratamentos”, apostam os autores.
CORREIO BRAZILIENSE (DF)
06/09/2016
CIDADES
Em busca de mais envolvidos
Pelo menos 50 pessoas denunciaram suspeitos na Operação Mister Hyde.
Investigadores apuraram participação de outros médicos, empresários e hospitais
O esquema de fraude de cirurgias articulado por médicos e empresários de órteses e
próteses revelado pela Operação Mister Hyde não descarta o envolvimento de outros
hospitais, empresas e profissionais da saúde, segundo a Polícia Civil e o Ministério
Público do DF. A rede faturou altas cifras, colocando em risco a vida de pacientes —
até ontem, pelo menos 50 pessoas procuraram a polícia. O superfaturamento de
equipamentos, a realização de cirurgias sem necessidade e o uso de produtos
vencidos foram confirmados em escutas telefônicas feitas pela Divisão Especial de
Repressão ao Crime Organizado (Deco). Muitas trazem sequelas irreversíveis por
causa dos procedimentos realizados pela quadrilha. No fim da tarde, policiais e
técnicos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) cumpriram novas buscas
na TM Medical — empresa citada no escândalo.
“Minha mãe tem dores intratáveis. Essa máfia trouxe muita dor, revolta e frustração
para a família. Desde que ela ficou assim, ficou depressiva. Eu estou sem trabalhar há
quatro anos para cuidar dela”. O depoimento é de uma bacharel em direito de 30 anos,
filha de uma paciente de 65, operada pelo médico Leandro Pretto Flores, flagrado
como interlocutor de Micael Bezerra Alves em uma conversa para fraudar um
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procedimento. Micael é sócio da TM Medical e é apontado como articulador
operacional do esquema. Ele aparece na maioria das conversas, sempre em contato
com os médicos, vendedores da TM e os hospitais (Leia trechos dos áudios).
Aposentada por invalidez em razão do caso, a servidora pública federal ficou
paraplégica.
Um dos comportamentos adotados pela máfia, de acordo com a investigação do MP,
era o de falsificar os códigos de barra das próteses. Eles colocavam nos prontuários e
relatórios um código referente a um material mais caro, de maior qualidade, quando,
na verdade, implantavam no paciente o mais barato. “Eles sequer falam no nome do
paciente, tratam como objeto. Temos que ver até quem são esses pacientes. Essa
situação, contudo, não pode depender só de denúncia. Punição, crime e norma
administrativa já existem, mas falta que as autoridades responsáveis por essa
regulagem atuem com mais eficiência”, cobrou o promotor de Defesa da Vida (Pró-
vida) Maurício Miranda. Ele completa: “Isso é muito maior do que a gente imagina.”
O delegado adjunto da Deco, Adriano Valente, informou que as vítimas podem
procurar qualquer unidade policial para prestar depoimento. “Trata-se de um esquema
amplo e os investigados não são os únicos”, declarou. Até agora, 13 pessoas foram
presas, sete delas médicos. No último sábado, a Justiça liberou cinco dos envolvidos.
São eles os médicos Henry Campos, Leandro Flores, Rogério Gomes Damasceno e
Wenner Costa Catanhêde e a empresária Mariza Martins. Eles conseguiram habeas
corpus e devem responder ao processo em liberdade.
Fraudes
O médico Leandro Pretto Flores responde a outra ação na 16ª Vara Cível. Para
analisar o processo de uma biópsia no cérebro, o juiz Roque Fabrício Antônio de
Oliveira Viel nomeou Johnny Wesley Gonçalves Martins para o caso. Johnny é
suspeito de ser o gerenciador da organização. Segundo o advogado de Leandro,
Wendell Santana, a indicação não foi do cliente dele. “Em momento algum, o Leandro
indicou Johnny como perito. Ele atua em neurocirurgia e tem um cadastro na Justiça
como perito. O médico que responde ao processo não tem influência sobre isso. Não
tem nenhuma ação, influência nem qualquer outra relação com Leandro”, ressaltou.
A Secretaria de Saúde está em alerta para o desenrolar das investigações da Polícia
Civil e do MP, sobretudo aos indícios de fraudes semelhantes no sistema único de
saúde (SUS). O corregedor da pasta, Rogério Batista Seixas, garante que, por
enquanto, não há confirmações de ilicitudes na rede pública. “Apuramos em
colaboração com a Polícia Civil, apesar de ser um processo sigiloso”, explicou. Após
deflagrar a operação, o órgão buscou o histórico do servidor público citado. Rondinelly
Ropsa Ribeiro, segundo Seixas, não tem “nada que desabone a conduta” na
Secretaria. Rogério ressalta que a equipe está de “sobreaviso” para apurações futuras.
O Correio não localizou as defesas de Micael, Juliano e Edson citados nos áudios. A
assessoria da TM Medical não atendeu as ligações da reportagem.
Governo articula verba para o setor
A carestia nos cofres da Secretaria de Saúde chega a R$ 600 milhões. Em tempos de
crise na saúde e da Operação Drácon, o Executivo articula aportes com a Câmara
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Legislativa para atenuar o deficit. Na semana passada, os distritais destinaram
emendas para o Fundo de Contingência do GDF. Para a saúde, o complemento atinge
R$ 98 milhões. A receita será aplicada em três áreas sensíveis: aquisição de
medicamentos, pagamento de empresas terceirizadas e manutenção de
equipamentos. O recurso faz parte de 146 emendas aprovadas pelos deputados no
último dia 30, como parte do Projeto de Lei nº 1.193/2016, de autoria do Palácio do
Buriti.
O foco do Executivo é garantir a continuidade de serviços básicos. Estão em falta 93
dos 850 medicamentos fornecidos pelo governo — 11% do total. O valor para o
abastecimento total é de cerca de R$ 270 milhões. Para a realização total dos
equipamentos, que hoje possui 21% de cobertura contratual, o governo necessita de
cerca R$ 80 milhões por ano. A Secretaria de Saúde não soube precisar a dívida atual
com empresas terceirizadas de serviços como limpeza, alimentação e segurança.
O diretor do Fundo de Saúde do DF, Arthur Luis Pinho de Lima, diz que o recurso,
apesar de insuficiente para cobrir os gastos, diminui o deficit da pasta. “Qualquer
recurso vai facilitar o fechamento do ano”, comemora. O Executivo tem até 15 dias
para analisar tecnicamente o projeto e sancionar a matéria. Durante esse período, a
Secretaria de Planejamento, Orçamento e Gestão verifica “se a proposta está em
conformidade com o Plano Plurianual (PPA) de 2016 a 2019 e com a legislação
vigente”.
A realocação será feita por meio de decreto de orçamento suplementar de áreas
específicas, ou seja, o Executivo é quem decide onde o dinheiro será aplicado,
diferentemente do que ocorreu com as sobras orçamentárias de 2015, usadas no
pagamento de dívidas do GDF com empresas de UTIs — o que desencadeou a
Operação Drácon, que apura suposta cobrança de propina após as denúncias da
deputada Liliane Roriz (PTB). Interlocutores do Palácio do Buriti tentam convencer os
distritais a destinarem mais dinheiro para o Fundo de Contingência. Entretanto, os
parlamentares estão arredios devido à instabilidade política agravada pelo escândalo
UTIgate. (OA)
CORREIO BRAZILIENSE (DF)
06/09/2016
CIDADES
A suspeita sessão da emenda
Notas taquigráficas apreendidas por investigadores mostram como os distritais se
comportaram durante a reunião que definiu a liberação do aditivo para pagamento de
dívidas do governo com UTIs e que teria sido negociada em troca de propinas
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Na segunda etapa da Operação Drácon, realizada na última sexta-feira, os
investigadores apreenderam notas taquigráficas e o áudio da sessão da Câmara
Legislativa realizada em 8 de dezembro de 2015. Na data, os deputados distritais
aprovaram o Projeto de Lei nº 811/2015, com a apresentação da emenda que teria
sido supostamente negociada com empresários em troca de propina. O Correio teve
acesso às declarações dos parlamentares durante essa sessão. O documento está
nas mãos de promotores do Ministério Público e de policiais da Delegacia de
Repressão aos Crimes contra a Administração Pública e deve ser usado como prova
nas investigações.
O PL 811/2015, de autoria do Poder Executivo, foi protocolado na Câmara em 7 de
dezembro de 2015. O texto previa a abertura de crédito suplementar ao orçamento no
valor de R$ 18 milhões, para o pagamento de atividades de limpeza urbana. Era
considerado importante para garantir o salário de funcionários do Serviço de Limpeza
Urbana. No dia seguinte, o projeto foi lido em plenário e aprovado em dois turnos.
O projeto não estava na pauta e a inclusão do PL na lista de propostas a serem
votadas naquela sessão veio do deputado distrital Júlio César (PRB). Na época, ele
era líder do governo. O parlamentar é um dos investigados no esquema, assim como a
presidente afastada da Casa, Celina Leão (PPS), e os distritais Bispo Renato (PR),
Raimundo Ribeiro (PPS) e Cristiano Araújo (PSD).
A votação do texto ocorreu com a presença de funcionários do SLU, que
acompanharam a sessão para pressionar os deputados pela aprovação do texto. O
projeto de lei recebeu a apresentação de oito emendas durante a sessão. Uma delas,
a emenda aditiva 8, é o principal alvo da Operação Drácon. Com esse dispositivo
incluído na proposta, os distritais realocaram R$ 31 milhões de sobras orçamentárias
da Câmara para o pagamento de dívidas com empresas de UTI.
O deputado Agaciel Maia (PR), presidente da Comissão de Economia, Orçamento e
Finanças, pediu aos colegas que não apresentassem emendas para agilizar a redação
final do projeto do SLU. “Gostaria de contar com a compreensão dos nobres
deputados no que diz respeito à apresentação de emendas a este projeto do SLU.
Então, eu pediria a compreensão dos parlamentares para que deixassem para
apresentar as emendas em outro crédito que temos aí. Ao apresentar emendas a esse
projeto, vamos (...) atrasar o encaminhamento à sanção do governador”, justificou
Agaciel.
O deputado Cristiano Araújo não gostou do entendimento do colega. “Respeito a
posição do relator, mas são detalhes. A gente vai dispensar a redação final, não vai
atrasar a votação. É para acomodar os interesses políticos”, argumentou Cristiano, em
defesa da inclusão de emendas. Diante da controvérsia, a então presidente da Casa,
Celina Leão, optou por votar o texto em primeiro turno sem emendas e deixou para
incluir os apêndices no segundo turno. O deputado Wasny de Roure (PT) reclamou do
fato de a proposta não ter tramitado nas comissões. “Ajudaria muito que o governo
encaminhasse os próximos com certa antecedência.”
Presidente
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No momento da votação do PL 811/2015 em primeiro turno, quem presidia a sessão
era a então vice-presidente, Liliane Roriz (PTB). A parlamentar denunciou o episódio
da suposta cobrança de propina pela inclusão da emenda e, em 8 de dezembro, já
tinha conhecimento de possíveis irregularidades na inclusão. “Os deputados que
aprovam o projeto permaneçam como estão. Os que forem contrários queiram
manifestar-se”, disse Liliane. “O projeto está aprovado com a presença de 22
deputados”, declarou a parlamentar naquela sessão.
No mesmo dia, às 19h15, foi aberta uma sessão extraordinária, durante a qual o PL foi
votado em segundo turno. Os distritais apresentaram oito emendas, entre elas, a que
destinou R$ 31 milhões para o pagamento de dívidas de UTIs. Em nenhum momento
da votação, a finalidade da emenda foi detalhada. A única explicação dada na sessão
foi a de que a medida cancelava recursos da Câmara Legislativa e suplementava
“rubricas da mesma instituição”. O parecer veio pelo acolhimento de todas as
emendas e o texto teve a aprovação dos 18 deputados presentes no segundo turno.
Para saber mais
Arquivos apagados
A segunda fase da Operação Drácon, realizada na última sexta-feira, foi autorizada
pelo relator do processo no Tribunal de Justiça, desembargador José Divino. Os
agentes da Delegacia de Repressão aos Crimes contra a Administração Pública e os
promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco)
do Ministério Público cumpriram mandatos de busca e apreensão em vários gabinetes
da Câmara Legislativa. Eles apuram o sumiço de provas e tentativas de ocultar crimes.
Ao menos 54,2 mil arquivos foram apagados de computadores da Casa.
JORNAL DE BRASÍLIA (DF)
06/09/2016
POLÍTICA & PODER
Ministério da Saúde quase dobra valor de licitação
com aditivos
A licitação para organizar a 15ª Conferência Nacional da Saúde não deveria ter
continuado após a desistência da empresa vencedora, que já tinha assinado o
contrato. Conforme mostrou o Jbr. ontem, a Kaza Prestação de Serviços e Eventos
Eireli voltou atrás uma semana antes do início do evento, realizado entre 1º e 4 de
dezembro de 2015.
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Tanto participantes do certame quanto especialistas acreditam que o correto era o
Ministério da Saúde, responsável pelo pregão, ter cancelado a concorrência e
convocado outra em caráter emergencial.
“Se isso não aconteceu, eu vejo como uma irregularidade”, aponta o advogado
especializado em direito administrativo, Leonardo Chagas, da Raul Canal Advocacia.
Ele ressalva, porém, que isso ainda não seria o suficiente para caracterizar crime de
improbidade administrativa. “Pode ser o bastante para punir o servidor responsável.
Talvez o TCU até pudesse anular”, explica.
Como agravante, um empresário que participou da concorrência reclamou de ter sido
enganado por representantes do Ministério. Como a nova empresa responsável pela
realização do evento teria de organizar tudo em questão de uma semana, os preços
cobrados pelas prestadoras de serviço ficariam mais caros devido à urgência.
Segundo o empresário, que preferiu não se identificar, ao consultar o Ministério ele
ouviu a resposta de que não haveria reequilíbrio financeiro, prerrogativa da lei 8.666
que cobre justamente situações como esta.
“Eu perguntei se haveria esse reequilíbrio por conta disso, e eles disseram que não.
Coloquei meu lance lá na casa dos R$ 6 milhões, já prevendo os gastos maiores, mas
a empresa que ganhou colocou um valor bem abaixo do meu e depois ganhou o
reequilíbrio, recebendo quase o mesmo, senão mais, do que eu havia proposto”,
indigna-se.
Sem equilíbrio
A empresa Fullbless, que ganhou a licitação após a desistência da Kaza, recebeu R$
1,8 milhão a título de reequilíbrio financeiro do Ministério da Saúde em 17 de fevereiro
deste ano.
Ela levou a concorrência em novembro com lance de R$ 4,5 milhões. Com o
reequilíbrio, o valor saltou, então, para R$ 6,3 milhões, similar ao proposto pelo
empresário que preferiu não se identificar. Com os outros aditivos pagos pela pasta
este ano, o total recebido pela Fullbless foi cerca de R$ 7,7 milhões, quase o valor
inicial do pregão, lançado a R$ 8,1 milhões.
Saiba mais
A 15ª Conferência Nacional da Saúde (CNS) aconteceu entre 1º e 4 de dezembro no
Centro de Convenções Ulysses Guimarães. O evento reuniu cerca de 5 mil pessoas
ligadas à área de Saúde.
A proposta vencedora da primeira concorrência foi de R$ 3,8 milhões, bem abaixo dos
R$ 8,1 milhões iniciais lançados pelo Ministério para começar a licitação. Com a
desistência da vencedora, a Kaza, a Fullbless assumiu o posto com uma proposta de
R$ 4,5 milhões.
Existem punições e multas previstas em lei para desistências como a da Kaza, mas
apenas a impossibilidade de participar de outros certames da pasta parece ter sido
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aplicada à empresa. Ministério Público Federal, Cade e Polícia Federal informaram
não ter conhecimento do caso.
Informações confundem participantes
Durante a reunião de reconvocação entre as empresas participantes do pregão e o
Ministério da Saúde, em 24 de novembro, a coordenadora-geral de Patrimônio e
Eventos da pasta, Marilusa Cunha da Silveira, veiculou algumas informações, vistas a
princípio, como inverídicas .
Segundo a coordenadora, a Polícia Federal e o Ministério Público Federal
acompanhavam a realização do certame devido à desistência de última hora da Kaza.
A reportagem do JBr. entrou em contato com ambos os órgãos e eles informaram
desconhecer qualquer pedido de abertura de inquérito ou investigação a respeito do
pregão.
A reconvocação deveria servir para as empresas “readequarem suas propostas”,
dando a impressão de que seria uma nova concorrência. Na prática, porém, apenas foi
seguida a ordem dos lances mais baixos, estabelecida ainda no primeiro certame.
“Como a gente atropela uma licitação? Isso é ato ilegal. Atualizem suas propostas. É
isso que dá para fazer dentro do que o TCU está nos orientando”, afirmou, na ocasião.
Ela ainda reafirma que os valores praticados seriam os mesmos da primeira
concorrência, sem mencionar a possibilidade de reequilíbrio. O Ministério da Saúde se
absteve de comentar a situação.
FOLHA DE SÃO PAULO (SP)
06/09/2016
COLUNISTAS
Por que os casos de microcefalia seguem
concentrados no Brasil?
Cláudia Collucci
Por que o Brasil, mais especificamente a região Nordeste, continua líder absoluto nos
casos de microcefalia e outras alterações cerebrais? Quais outros fatores estão
contribuindo para esse cenário além do vírus da zika? Um ano depois do início da
epidemia de má-formações ligados ao zika, essas perguntas seguem sem respostas.
Em encontro do comitê emergencial da OMS (Organização Mundial da Saúde), que
terminou sexta em Genebra, as autoridades de saúde se mostraram intrigadas e
dizem que as explicações ainda precisam se desvendadas.
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Vários estudos estão em andamento para estabelecer se existem ou não outros
aspectos envolvidos. "Há enormes variações e precisamos responder à pergunta: isso
ocorreu simplesmente porque o vírus atingiu a população em um outro momento, e há
apenas um lapso de tempo? Estamos apenas aguardando que as complicações
apareçam? Ou outros fatores contribuem fazendo com que, em uma parte do mundo,
a doença resulte em maiores complicações do que em outra?", indagou o diretor do
comitê, o médico David Heymann.
Segundo o último boletim da Opas (Organização Pan-Americana de Saúde), até
agosto foram confirmados 1.845 casos de bebês nascidos com más-formações no
Brasil, em uma população de 206 milhões. A Colômbia, segundo país a registrar maior
incidência de más-formações congênitas, tem 29 casos confirmados em uma
população de 47 milhões.
Em uma conta simples, o Brasil tem população cerca de 4,3 vezes maior do que a do
vizinho, mas registra 63 vezes mais casos de más-formações. Diversas teorias
procuram explicar a razão dos altos índices de microcefalia observados
particularmente no Brasil, mas até o momento nenhuma é conclusiva.
Até o início deste ano, o argumento mais usado se resumia a uma questão de tempo.
Logo, a microcefalia atingiria altos números no Brasil todo e em outros países. Isso
não aconteceu.
Entre as hipóteses para a discrepância estão a cepa (linhagem) do vírus, o lapso do
tempo desde o início da epidemia, a interação com outras doenças e as condições
socioeconômicas. Na reunião da OMS debateu-se, por exemplo, se a versão do zika
que provocou a epidemia no Brasil (de origem asiática) seria mais perigosa do que a
cepa africana. Isso está agora sendo investigado.
Também é saber quantas pessoas foram de fato infectadas pelo zika. Por exemplo, se
80% da população do Nordeste já tiver sido infectada, os números de microcefalia
fariam sentido. "Mas, se menos de 2 milhões tiverem sido infectados, ainda haveria
muitos milhões (de pessoas vulneráveis). Aí a doença ficaria muito mais complicada
do que parece", explicou o virologista Paulo Zanotto, em entrevista ao G1.
Há estudos investigando aspectos genéticos, alimentares e de contaminação
ambiental. O desafio dos cientistas não é apenas definir quais cofatores impactaram a
má-formação dos bebês, mas também avaliar a interação entre eles. Por exemplo, no
Nordeste, há uma prevalência de dengue muito mais alta do que no resto do Brasil,
cerca de 80% da população já teve a doença. Alguns estudos mostraram que isso
pode ser um fator de risco.
A pobreza também está sendo estudada como possível cofator. A maioria das famílias
com bebês com microcefalia vivem em regiões com índice de desenvolvimento
humano (IDH) muito baixo. Isso significa que podem estar expostas à má nutrição ou à
exposição a outras doenças.
Essas respostas são urgentes e os governos não devem medir esforços para buscá-
las. Logo o verão estará aí de novo e, com ele, uma provável nova onda de
nascimentos de bebês com microcefalia e outros danos cerebrais. Em termos de
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prevenção, pouco avançamos. Nos bolsões de pobreza, as mulheres continuam sem
repelente, sem saneamento e sem métodos anticoncepcionais eficazes.
O GLOBO
06/09/2016
SAÚDE
Poluição do ar afeta o cérebro e pode contribuir para
o Alzheimer
Pela primeira vez, pesquisa encontra nanopartículas de poluentes em tecido cerebral
RIO — A poluição do ar é apontada como vilã para doenças doenças cardíacas e
respiratórias, mas seus efeitos sobre o organismo humano podem ser ainda mais
profundos, incluindo o desenvolvimento do Alzheimer. Pela primeira vez,
pesquisadores encontraram pequenas partículas metálicas, oriundas de poluentes, no
cérebro humano.
— Nossos resultados indicam que nanopartículas de magnetita na atmosfera podem
entrar no cérebro humano, onde elas podem apresentar riscos para a saúde humana,
incluindo condições como a doença de Alzheimer — afirmou a professora Barbara
Maher, da Universidade Lancaster, no Reino Unido, e coautora de estudo publicado
nesta segunda-feira na “Proceedings of the National Academy of Sciences“.
Os pesquisadores analisaram tecidos de 37 indivíduos, entre 3 e 92 anos, que viveram
em Manchester, na Inglaterra, ou na Cidade do México, capital mexicana conhecida
pelos altos níveis de poluição atmosférica. De acordo com Barbara, as nanopartículas
de magnetita são tóxicas e implicadas na produção de radicais livres no cérebro, o que
está associado ao surgimento de doenças neurodegenerativas, como o Alzheimer.
As nanopartículas foram identificadas por meio de análise espectroscópica. Diferente
de partículas angulares, que poderiam ser formadas naturalmente, a maior parte delas
era esférica, com diâmetro de até 150 nanômetros e superfícies fundidas,
características de formação em altas temperaturas, como na combustão de motores e
queimadas.
As nanopartículas esféricas de magnetita normalmente eram acompanhadas por
outros metais, como platina, níquel e cobalto.
— As partículas que encontramos são muito semelhantes àquelas abundantes na
poluição atmosférica de espaços urbanos, especialmente perto de ruas
movimentadas, formada pela combustão ou aquecimento por fricção de motores e
freios de veículos — disse Barbara.
13
Relatório divulgado em maio deste ano pela Organização Mundial da Saúde (OMS)
aponta que 80% da poluição urbana global está exposta a poluentes em quantidade
superior ao recomendado. E partículas menores que 200 nanômetros são pequenas o
suficiente para entrar no cérebro diretamente pelo nervo olfatório, que capta o ar
respirado.
— Esta descoberta abre caminho para um novo ramo de pesquisas sobre a
possibilidade de fatores de riscos ambientais para diferentes doenças no cérebro —
disse David Allsop, pesquisador sobre Alzheimer da Universidade Lancaster e coautor
da pequisa.
G1
06/09/2016
CIÊNCIA E SAÚDE
Menstruar e ter menopausa mais tarde aumentam
chance de viver até os 90
Estudo avaliou dados de 16 mil mulheres, acompanhadas por 21 anos. Menstruar com
12 e ter menopausa com 50 ou mais aumentam longevidade.
Mulheres que têm o início da menstruação e da menopausa mais tarde na vida têm
mais chances de chegar aos 90 anos, segundo um estudo da Universidade da
Califórnia em San Diego.
Para chegar à conclusão, os pesquisadores avaliaram dados de cerca de 16 mil
mulheres que participam da pesquisa Women's Health Initiative (WHI), iniciativa para
estudar mulheres na fase pós-menopausa. Elas foram acompanhadas por 21 anos.
A pesquisa concluiu que as mulheres que começaram a menstruar mais tarde tiveram
menos risco de desenvolver alguns problemas de saúde, como doenças coronarianas.
Além disso, aquelas que entraram na menopausa mais tarde tiveram mais chances de
apresentar uma saúde excelente.
Mulheres com esse perfil também apresentaram menor probabilidade de serem
fumantes ou terem um histórico de diabetes. "Fatores como o fumo podem danificar o
sistema cardiovascular e os ovários, o que pode resultar em uma menopausa precoce.
Mulheres com menopausa tardia e uma vida reprodutiva mais longa podem ter um
risco diminuído de doenças cardiovasculares, diz Aladdin Shadyab, um dos autores do
estudo.
"Nosso estudo descobriu que mulheres que começaram a menstruar com 12 anos ou
mais e entraram na menopausa, tanto naturalmente quanto cirurgicamente, com 50
14
anos ou mais e tiveram mais de 40 anos de vida reprodutiva tiveram chances maiores
de viver até os 90 anos", afirmou Shadyab.
Os resultados da análise foram publicados no fim de julho na revista médica
"Menopause".
No vídeo, a ginecologista Ana Lúcia Beltrame comenta sobre o impacto da
menstruação na saúde da mulher.
SES/DF
06/09/2016
NOTÍCIAS
Vacinação antirrábica na área urbana do DF começa
esta semana
A campanha ocorrerá nos dias 10 e 17 de setembro.Expectativa é de aplicar 240 mil
doses da vacina
BRASÍLIA (6/10/16) - Depois do recorde de vacinação antirrábica alcançado nas zonas
rurais do Distrito Federal em agosto desse ano, com mais de 32 mil animais
vacinados, a Secretaria de Saúde do DF está com tudo preparado para a área urbana.
Serão duas etapas, nos dias 10 e 17 de setembro, com a meta de aplicar 240 mil
doses de vacina contra a raiva, em cães e gatos a partir de 3 meses. As vacinas serão
disponibilizadas em mais de 1.640 postos, das 9 às 17 horas, com a mobilização de
2.500 pessoas, entre profissionais de saúde e militares.
"Podem ser vacinados cães e gatos mesmo que estejam prenhes ou amamentando.
Os animais devem ser levados por pessoas adultas, sempre conduzidos na guia, com
focinheira no caso dos mais agressivos, ou em caixa de transporte apropriada", orienta
Laurício Monteiro da Cruz, médico veterinário da Vigilância Ambiental em Saúde, que
conclama a população "a continuar comparecendo aos postos e manter a raiva longe
do DF", que teve os últimos casos registrados em cães e gatos nos anos 2000 e 2001,
respectivamente.
No dia 10 a vacinação acontecerá na Asa Norte, Asa Sul, Candangolândia, Cruzeiro,
Jardim Botânico, Itapoã, Lago Norte, Lago Sul, Núcleo Bandeirante, Paranoá, Park
Way, Planaltina, São Sebastião, Sobradinho I e II, Sudoeste, Varjão, Águas Claras,
Vicente Pires e área urbana da Fercal. No dia 17 será a vez de Ceilândia, Brazlândia,
Gama, Recanto das Emas, Riacho Fundo I e II, Samambaia, Santa Maria, Taguatinga,
Estrutural, Guará I e II.
Na vacinação antirrábica de 2016 a SES/DF está promovendo uma grande
mobilização e, para a realização das duas etapas da área urbana, buscou parcerias
15
com a Secretaria de Agricultura do DF, as Forças Armadas, Universidade de Brasília
(Unb), faculdades de medicina veterinária, como Uniceub, Faciplac, Icesp, Upis e
Unidesc, que apoiaram com a cessão de profissionais do setor. Os postos fixos de
vacinação estarão localizados em centros de saúde, núcleos de inspeção sanitária,
escolas, comércios, postos policiais e outros estabelecimentos.
DOENÇA – A raiva pode ser transmitida para o homem pela introdução do vírus
presente na saliva e secreções do animal infectado, principalmente por meio de
mordida. A doença tem 100% de letalidade. "Existem apenas seis casos de cura da
raiva no mundo", frisou Laurício Monteiro.
Os cães, gatos e os mamíferos silvestres, como morcegos e raposas, são
considerados os animais de alto risco para transmissão do vírus da raiva humana.
ESTATÍSTICA – Estima-se que, anualmente, a rede pública de saúde do DF atenda
15 mil vítimas de agressão de animais domésticos, como cães e gatos. A orientação
do veterinário da Vigilância Ambiental, Laurício Medeiros, é que a pessoa mordida lave
imediatamente o ferimento com água e sabão em barra, procure o centro de saúde
mais próximo e comunique ao Disque Saúde (160).
No caso do animal com suspeita de raiva ou infectado, ele deverá ficar em observação
por dez dias, em local seguro, recebendo água e comida normalmente. Durante este
período, verificar se apresenta algum sinal suspeito de raiva.
Em seres humanos, o tempo entre a infecção e o aparecimento da doença varia entre
7 e 10 dias. Entre os sintomas, estão convulsão, febre baixa, perda de função
muscular, excitabilidade, agitação e ansiedade.
SES/DF
06/09/2016
NOTÍCIAS
Cerpis de Planaltina promove Oficina de Saúde
Evento integra programa Virada do Cerrado com foco em ações sustentáveis
O Centro de Referência em Práticas Integrativas (Cerpis) de Planaltina está
participando ativamente do programa Virada do Cerrado 2016 – uma ação
colaborativa para mobilizar a sociedade na promoção de atividades socioambientais,
educativas, esportivas e culturais. Com a realização da Oficina de Promoção a Saúde,
dia 8 de setembro, na Tenda do Cerpis, ao lado do Hospital Regional de Planaltina,
será incentivado o uso sustentável dos parques da cidade e ensinadas práticas
integrativas e de automassagem.
16
"Os recursos naturais, sua preservação e desfrute fazem parte das determinantes
sociais da saúde. Planaltina tem nove parques distritais e mais a Estação Ecológica
das Águas Emendadas, com grande potencial de contribuir para a melhoria da saúde
da população. De modo semelhante, a cultura e a história dos territórios também são
importantes fatores para a promoção da qualidade de vida", avaliam os organizadores
do evento.
Nesse ano, o Cerpis estabeleceu ampla parceria com a Secretaria do Meio Ambiente,
Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), Secretaria de Educação, Instituto Federal de
Brasília, Administração Regional de Planaltina, Secretaria de Estado do Trabalho,
Desenvolvimento Social, Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos do Distrito
Federal (Sedestmidh) e entidades comunitárias.
PROGRAMAÇÃO:
Oficina de Promoção da Saúde
8 h - Práticas Integrativas com Automassagem e Danças Circulares.
9 h - Verso e lanche saudável compartilhado. Trazer frutas e copo permanente para
chá e água.
9:15 h - O mapeamento dos 9 Parques Distritais no território de Planaltina, com
William Araújo, Agente de Unidade de Conservação do Parque Sucupira.
9:30 h - Ecomuseu da Pedra Fundamental, com o Professor Robson Eleutério.
9:45 h - Roda de Conversa.
10:30 h - Encerramento.
Local: Tenda do CERPIS (ao lado do Hospital Regional de Planaltina)
Informações: 3388-9678
Entrada Franca
OUTROS EVENTOS DA VIRADA DO CERRADO EM PLANALTINA:
Dia 07/09/2016
Visita ao Ecomuseu da Pedra Fundamental - Concentração a partir das 8 horas na
praça do Museu Salviano Guimarães, com diversas atividades.
Às 15 horas, haverá um ônibus saindo do CERPIS para o Ecomuseu, com volta
prevista para as 18 horas.
Dia 10/09/2016
Encontro no Parque Sucupira, das 8 horas ao meio-dia.
17
METRÓPOLES
06/09/2016
SAÚDE
Máfia das Próteses orientava pacientes a mentir
para planos de saúde
Intercepção telefônica mostra que secretária presa na Operação Mister Hyde ligou
para paciente sugerindo que ela confirmasse ao convênio que havia passado por um
procedimento que não tinha sido feito. Em outro áudio, sócio e vendedora da TM
Medical ficam preocupados depois que um dos planos passou a exigir a apresentação
dos lacres que vedam as caixas dos materiais
Pressionar pacientes e a administração de hospitais para faturar cada vez com a
venda de materiais usados em cirurgias. As investigações feitas pela Polícia Civil e
pelo Ministério Público do Distrito Federal (MPDFT) mostram que essa era forma que
a Máfia das Próteses agia para alavancar o esquema que pode ter rendido R$ 30
milhões aos envolvidos.
Em interceptações telefônicas feitas pela Polícia Civil durante as investigações que
deram origem à Operação Mister Hyde, pessoas ligadas à empresa TM Medical, que
estaria envolvida no esquema criminoso, usam subterfúgios para escoar Órteses,
Próteses e Materiais Especiais (OPMEs) desnecessários.
Em um dos áudios, a secretária de um médico é flagrada orientando uma paciente a
mentir para o plano de saúde sobre um procedimento que não havia sido feito. Em
outro, um dos sócios da TM Medical, Micael Bezerra Alves conversa com Danielle de
Oliveira, uma das vendedoras da empresa, sobre como iriam burlar a auditoria de um
dos planos de saúde.
Na interceptação, os dois ficam preocupados depois que um dos planos passou a
exigir a apresentação dos lacres que vedam as caixas dos materiais. "Eles (o plano)
querem saber o que a gente tá abrindo. Um adesivo qualquer eles não estão
aceitando, sabe por que? Como você vai abrir uma caixa da Razek e colocar o lacre
da Esculápio (símbolo da medicina)?", questiona Micael. O grampo revela que a Máfia
das Próteses faz a cotação de um determinado material, mas outro completamente
diferente - e mais barato - é usado nas cirurgias.
Orientação para mentir
Em outro áudio, a polícia flagrou a conversa de Naura Rejane Pinheiro, secretária do
médico Henry Campos - que foi preso e libertado na última sexta-feira (2/9) -, tentando
convencer uma paciente a mentir sobre um procedimento médico que nunca havia
sido feito.
Naura, uma das pessoas presas na operação deflagrada na última quinta-feira (1º/9),
liga para a paciente alertando que ela deveria receber uma ligação do plano de saúde.
18
"Se o plano ligar, a senhora deve dizer que fez uma infiltração no consultório", diz a
secretária. Em seguida, a paciente rebate: "Eu não minto, não". Pressionada, Naura
ameaça a paciente dizendo que, caso não simule que havia feito o procedimento, o
processo para a realização da cirurgia iria zerar e todas as etapas precisariam ser
feitas novamente.
A intercepção mostra que, mesmo com toda dificuldade, a paciente não iria mentir
para o plano de saúde, caso alguém ligasse para confirmar a informação. Sem
alternativa, Naura acaba orientando a mulher ligar para o médico Henry Campos para
avisá-lo de que não falaria sobre a realização de uma infiltração que não fora feita.
Henry conseguiu habeas corpus na Justiça na sexta-feira (2), um dia depois de
deflagrada a operação pela Polícia Civil e o MPDFT. Também foram colocados em
liberdade os médicos Rogério Gomes Damasceno, Wenner Costa Catanhêde e
Leandro Flores, além de Mariza Martins, que seria sócia da TM Medical .
Material recolhido na TM Medical nesta segunda-feira
Nesta segunda-feira (5), a Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Deco) ouviu
três pessoas que podem ser vítimas da Máfia das Próteses. Foram recolhidos mais
materiais na TM Medical, que serão analisados. A Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (Anvisa) deu apoio à ação, para ver se encontrava na empresa materiais
vencidos. Desde quinta, pelo menos 50 pessoas procuraram a delegacia para fazer
denúncias contra os envolvidos no suposto esquema . A Polícia Civil não descarta a
participação de mais hospitais.
A TARDE (BA)
06/09/2016
SAÚDE
Teste rápido para a febre chikungunya é liberado
pela Anvisa
Um teste rápido, barato e prático para detectar febre chikungunya obteve ontem
registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Desenvolvido pela Fundação Baiana de Pesquisa Científica e Desenvolvimento
Tecnológico, Fornecimento e Distribuição de Medicamentos (Bahiafarma), laboratório
público do estado, o teste já está liberado para produção e distribuição.
Em 2016,46.778 casos suspeitos da doença foram notificados na Bahia. De acordo
com o secretário da Saúde do Estado da Bahia (Sesab), Fábio Vila-Boas, o dado
revelou a importância de um exame que pudesse ser distribuído gratuitamente.
19
"Já havia testes de empresas privadas, mas esse é o primeiro de laboratório oficial,
com a possibilidade de distribuição ao Sistema Único de Saúde (SUS)", disse.
O secretário informou que, até dezembro, o SUS poderá identificar as três principais
arboviroses que acometem o país: zika, chikungunya e dengue.
Com uma ou duas gotas de sangue, soro ou plasma do paciente, é gerada uma
reação capaz de detectar a doença com 95% de precisão em 20 minutos. Além disso,
o teste pode ser feito nos primeiros dias de infecção, o que auxilia no diagnóstico
rápido da enfermidade.
Para o diretor-presidente da Bahiafarma, Ronaldo Dias, o custo do exame é um fator
positivo. "Para adquirir por vias privadas, o gasto seria por volta de R$ 50 por reação.
O custo do nosso teste varia de RS 25 a R$ 35", disse. Segundo ele, seria complicado
para o estado fornecer o exame à população devido ao alto valor.
Registro Com registro publicado ontem no Diário Oficial da União, o teste já pode ser
adquirido por qualquer ente público do país. Além do exame de zika e chikungunya, já
aprovados pela Anvisa, tramita na agência a aprovação e liberação de
comercialização do exame rápido para dengue.
Em nota, a agência informou que o processo de registro inclui diversas etapas, e m
que a empresa deve apresentar documentos comprobatórios da eficácia do produto e
outros que atestem a capacidade do laboratório de produzir, com qualidade, 0 exame
proposto.
O prazo para concessão dos registro é variável. Após 0 envio da documentação, a
Anvisa realiza uma análise, podendo fazer novas exigências. O diretor-presidente da
Bahiafarma destacou o protagonismo que o laboratório vem conquistando no mercado
da saúde.
"Em menos de um ano, a Bahiafarma terá testes para as três arboviroses", frisou.
Cerca de 315 municípios baianos já registraram casos de chikungunya. Itabuna,
Itaberaba, Jaguarari e Cansanção concentram 41,75% das notificações.
Indivíduos que residem ou visitaram áreas atingidas devem prestar atenção aos
sintomas. Em caso de febre maior que 38,5° C, dor aguda nas articulações,
acompanhada ou não de edemas (inchaços), é necessário buscar auxílio médico.
O ESTADO DO MARANHÃO (MA)
06/09/2016
SAÚDE
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32 milhões de crianças podem ter problema de
audição
Pais e professores são fundamentais na identificação de mudanças de comportamento
e dificuldades ainda na infância para detecção precoce da perda da audição
São Paulo - O baixo rendimento escolar, a troca de sílabas durante a pronúncia das
palavras e a aparente timidez nem sempre querem dizer que a criança não quer
estudar. Talvez, ela pode não estar escutando perfeitamente. Segundo dados mais
recentes da Organização Mundial de Saúde (OMS), 32 milhões de crianças vivem com
alguma perda auditiva incapacitante.
Ainda na infância alguns sinais podem surgir, porém são ignorados por alguns pais e
professores devido a falta de informação. Ao observarem o comportamento e a falta
de respostas dos pequenos, os cuidadores contribuem para um diagnóstico mais
rápido, evitando assim o comprometimento do aprendizado intelectual e cognitivo.
A OMS afirma que 60% das perdas auditivas em crianças são prevenidas. Dentre os
principais problemas, 40% são fatores genéticos, 31% surgem por infecções (rubéola,
meningite, sarampo, otites, caxumba) e 17% são causas relacionadas ao parto
(prematuridade, baixo peso ou complicações durante o nascimento). Em pesquisa
recente, realizada pela MED-EL, empresa austríaca líder mundial no mercado de
soluções auditivas, em cinco capitais identificou-se que 12% dos entrevistados
acredita que as otities sejam responsáveis pela perda auditiva, 11% acham que pode
ser problemas hereditários e 6% atribuem às infecções.
Para o Fayez Bahmad Jr., Médico Otorrinolaringologista e Professor da Faculdade de
Ciências da Saúde da Universidade de Brasília, a observação deve ser constante e,
ao primeiro sinal, é preciso buscar auxílio médico. "Desde recém-nascido até a fase
escolar, recomendamos que os pais vejam como seus filhos respondem aos estímulos
durante as conversas, brincadeiras e interações, porque o retorno indicará se existe ou
não alguma anormalidade. Em relação aos professores, é importante que fiquem
atentos quando o aluno demonstra uma distração recorrente, não responde, aparenta
tristeza e fica muito sozinho. Algumas vezes, o isolamento social passa a ser encarado
como timidez e as baixas notas como desinteresse, e na verdade, é um sinal que o
aluno não está ouvindo bem e por isso assimilando as informações".
A pesquisa MED-EL mostrou ainda que 48% dos participantes saberia reconhecer os
sintomas em crianças devido à falta de contato visual, o isolamento, o volume alto da
TV/outros dispositivos e dificuldades de aprendizagem. Identificou-se que quando o
adulto possui conhecimento sobre a perda auditiva, ele observa mais o
comportamento da criança.
Contudo, o resultado aparentemente positivo, ainda é um índice muito baixo se
comparado com o número de casos sem diagnóstico. Um modo para agir de forma
preventiva é a realização do exame da orelhinha que identifica anormalidades em
estágio inicial. No Brasil, desde 2010, todos os hospitais e maternidades são
obrigados a realizar o exame gratuitamente em recém-nascidos.
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No caso de crianças maiores, um vilão da perda auditiva tem sido o uso demasiado de
fones de ouvido em alto volume, recorrente devido aos tablets e smartfones. O
especialista alerta ainda que, o grau de perda auditiva pode ser desde leve a profundo
e quanto maior a gravidade, maior será o impacto.
Os estágios da falta de audição na infância podem ser:
Leve - dificuldade para ouvir e entender quando se fala baixo ou a uma certa distância;
Moderado - não consegue ouvir a fala normal e a curta distância;
Intenso - ouve somente conversas mais fortes e sons mais intensos no ambiente;
Profundo - percebe os sons fortes como se fossem apenas vibrações.
Soluções
A pesquisa MED-EL mostrou ainda que 63% dos pais procurariam um especialista se
identificasse alguma anormalidade em seus filhos recém-nascidos. Além da ida
ao médico, o restante sinalizou que teria o sentimento de pena, superproteção, tristeza
e susto após a descoberta.
Os especialistas alertam que quando não há uma ação rápida no tratamento podem
ocorrer situações como atraso no desenvolvimento da linguagem, maus resultados
escolares, isolamento social, depressão e até mesmo impacto no convívio familiar.
Embora a perda auditiva seja um obstáculo para a educação e integração social, em
casos inevitáveis à prevenção, existem soluções que contribuem para o
desenvolvimento pleno quando as crianças recebem o tratamento precoce.
Dentre as soluções disponíveis, estão os sistemas implantáveis que possibilitam uma
experiência acústica quase que natural. Para cada grau de perda auditiva existe uma
indicação específica e, entre as tecnologias oferecidas gratuitamente no Sistema
Único de Saúde (SUS), estão desde implantes cocleares de última geração até o
Bonebridge, primeiro implante ativo de condução óssea do mundo.
Como funciona a nossa audição
Os ouvidos são órgãos realmente excepcionais. Eles captam as ondas sonoras e as
convertem em informações que podem ser interpretadas pelo cérebro. Saber como
funciona a audição natural, pode ajudar a entender as causas da perda auditiva e
também saber que existem diferentes tipos de tratamento de acordo com a
necessidade de cada paciente.
O ouvido humano está dividido em três partes:
- Ouvido externo - formado pelas partes visíveis do ouvido e do canal auditivo.
- Ouvido médio - consiste principalmente no tímpano e nos três ossos pequenos que
formam a cadeia ossicular.
- Ouvido interno - é o órgão da audição propriamente dito e chama-se cóclea.
Como funciona a audição natural:
22
1. O som é captado pelo ouvido e transmitido através do canal auditivo para o
tímpano.
2. O tímpano converte o som recebido em vibrações.
3. As vibrações movimentam a cadeia ossicular e transmitem a estimulação acústica
para a cóclea.
4. O fluido na cóclea é então colocado em movimento e estimula as chamadas células
ciliadas.
5. As células ciliadas geram sinais elétricos que são transmitidos pelo nervo auditivo
para o cérebro.
6. O cérebro interpreta os sinais elétricos como som
VÍDEOS
REDE GLOBO
06/09/2016
BOM DIA BRASIL
Pacientes ficam sem remédios fornecidos pelo
estado em PE
Desde o ano passado, muitos medicamentos estão em falta e os pacientes não têm
outra opção senão esperar.
Vídeo disponível aqui.
REDE GLOBO
06/09/2016
BOM DIA BRASIL
Teste do pezinho em SC tem atraso na entrega do
resultado
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As mães ficaram aflitas, pois o exame pode detectar doenças congênitas. O governo
admite o atraso, mas garante que os resultados vão ser entregues.
Vídeo disponível aqui.
Outras de dias anteriores
CORREIO BRAZILIENSE (DF)
05/09/2016
CIDADES
Escutas telefônicas confirmam esquema de fraudes
na máfia das próteses
Em quase 4 minutos de conversa, o médico Juliano Almeida e Silva e o empresário
Micael Bezerra Alves, um dos sócios da TM Medical, empresa que fornecia as
próteses, falam sobre como melhorarum pedido de uma cirurgia de retirada de hérnia
Escutas telefônicas da polícia confirmam o esquema deflagrado na operação Mister
Hyde, que atuou contra uma investigação criminosa formada por médicos e
empresários do ramo de prótese acusada de superfaturamento de equipamentos,
troca fraudulenta de próteses e até mesmo a realização de cirurgias desnecessárias
em pacientes com o uso de material vencido nos procedimentos.
Em quase 4 minutos de conversa, o médico Juliano Almeida e Silva e o empresário
Micael Bezerra Alves, um dos sócios da TM Medical, empresa que fornecia as
próteses, falam sobre como “melhorar” um pedido de uma cirurgia de retirada de
hérnia. Os dois articulam quais procedimentos e equipamentos podem ser usados na
cirurgia.
O médico fala com Micael e diz que está pedindo uma discectomia aberta e quer saber
o que “pode colocar a mais” e pergunta se tem “aquele” de irrigação contínua, que
“joga e aspira”, sem saber exatamente qual aparelho seria o ideal para o
procedimento. Ao fim da conversa, Micael diz que está vendo se tem mais algo a
acrescentar e tranquiliza o médico: “A Unimed paga R$ 8 mil, fica ruim não. Vamos
tentar, né?”.
Fornecedor: Oi, Dr.
24
Médico: Micael, bom dia, tudo bom? To pedindo uma discectomia aqui, aberta, e o que
dá pra gente colocar mais aqui? Vocês tem aquele de irrigação contínua, que joga e e
aspira…
Fornecedor: Aspiração? Bomba de irrigação você fala?
Médico: Um aspirador que parece que joga o soro e aspira ao mesmo tempo...
Fornecedor: Tem irrigação aquele igual da ortopedia.
Médico: Acho que é isso mesmo, como é o nome, Equipo de irrigação?
Fornecedor: Equipo de irrigação, só isso mesmo que a gente pede. O mesmo que
pede na discectomia fechada. Você vai fazer aberta né, vai tirar a hérnia, né?
Médico: É que to tentando melhorar aqui, que mais que a gente pode por aqui? Botei
bipolar, botei brill, dois drill, botei mostático, botei motorização, equipo de ligação. O
que mais?
Fornecedor: E se pedir a cânola para debridação, vale a pena?
Médico: O que é? Essa cânola. O que que é? Debridação?
Fornecedor: É a canolazinha que vem no kit da discectomia. Aí é só para enrolar
mesmo.
Desde o início da manhã, 15 vítimas procuraram a Divisão Especial de Repressão ao
Crime Organizado (Deco). Pacientes preenchem um formulário sigiloso para,
posteriormente, prestarem depoimento. Do total, duas foram ouvidas formalmente por
delegados que trabalham nas investigações. Em razão da alta procura de denúncias, a
Deco tenta com a Direção Geral da Polícia Civil autorização para que unidades
circunscricionais possam, também, colher depoimentos de vítimas.
Um paciente de 41 anos que recebeu atendimento do médico Jhony Wesley, o
neurocirurgião apontado pela polícia como líder do esquema, também compareceu à
Deco para fazer a denúncia. O homem relata que passou por um procedimento
cirúrgico, em maio de 2013, onde colocaram seis pinos e uma placa na coluna. Após o
período de recuperação, as dores se tornaram frequentes. "Até hoje não consigo ficar
muito tempo na mesma posição, sinto muito desconforto", alega. Mesmo antes da total
recuperação, ainda foi sugerido outra cirurgia ao paciente. "Resolvi por conta própria
não fazer. Mas nunca suspeitei de um esquema deste tipo, a gente acaba confiando
nos médicos", frisa. O homem ficou quase 20 dias internado depois do atendimento.
De acordo com o paciente, a cirurgia realizada custa R$ 120 mil.
A operação Mister Hyde teve início na última quinta-feira. Promotores do Ministério
Público do DF e agentes da Polícia Civil cumpriram 21 mandados de busca e
apreensão e 12 mandados de prisão contra a organização criminosa, após iniciarem a
investigação em março deste ano. Médicos e empresários do ramo de órtese e
prótese agiam em Brasília realizando superfaturamento de equipamentos, troca
fraudulenta de próteses e até mesmo uso de materiais vencidos nos procedimentos
realizados em pacientes.
25
CORREIO BRAZILIENSE (DF)
05/09/2016
CIDADES
Vítimas da máfia das próteses procuram delegacia
para denunciar fraudes
O número é tão grande que os agentes da Delegacia de Repressão ao Crime
Organizado (Deco) estão orientando os pacientes à realizarem um cadastro para
serem ouvidos posteriormente
Pacientes que receberam atendimento no Hospital Home compareceram na manhã
desta segunda-feira (5/9) à Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Deco) para
relatar casos de maus atendimentos prestados pelos médicos que trabalham na
clínica, citada na operação Mister Hyde. O número de vítimas é tão grande que os
agentes da Deco estão orientando os pacientes à realizarem um cadastro para serem
ouvidos posteriormente.
O vigilante Amarildo de Castro, 45 anos, passou por duas cirurgias no joelho no
hospital Home com o médico José Humberto e reclama das complicações pos-
cirúrgicas. O vigilante realizou um procedimento no dia 26 de janeiro e dois meses
depois precisou repetir a intervenção. Após realizada as operações, foi solicitada cinco
aplicações de um remédio no valor de R$ 2 mil. "Fiz tudo que me foi pedido e não
apresentei nenhuma melhora, então comecei a suspeitar", conta.
Amarildo procurou o hospital Anchieta para ter uma segunda opinião e o procedimento
realizado pelo Home foi criticado. "Tive que passar por mais três cirurgias pra corrigir o
erro. Pelo menos agora me sinto melhor", afirma. Ele relata que até perdeu o emprego
por ter se afastado muito tempo do cargo. "Pelo menos agora tudo está esclarecido,
vou correr atrás dos meus direitos", promete.
Uma jovem de 27 anos, que preferiu não se identificar, também relata um mau
procedimento realizado pelo médico Henry Greidinger Campos, outro investigado na
operação. De acordo com a vítima, foi solicitado pelo médico a realização de uma
cirurgia em 2011, para implantar três parafusos no joelho direito.
Entretanto, somente em 2015, a paciente descobriu que apenas um dos parafusos
tinha sido colocado. "Tentei retornar várias vezes ao médico, mas ele nunca estava
disponível para me atender. Aí quando mudei de hospital, descobri o que estava
errado. Sempre senti dor na perna, realizei a operação para corrigir o problema e
acabou intensificando", afirma.
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A jovem conta que teve que parar de trabalhar e estudar por conta do procedimento e
só descobriu o erro quatro anos depois, quando teve de realizar outra cirurgia para
tentar corrigir o problema. "Agora tenho que fazer um preenchimento todo ano no osso
do meu joelho. Vou levar as sequelas pro resto da vida", desabafa. Até mesmo o
parafuso implantado pelo médico foi de forma errada: a cabeça do objeto está dentro
do osso e a ponta está na carne. "Meu atual médico disse que não pode remover o
parafuso, porque posso ter complicações ainda maiores", lamenta.
FOLHA DE SÃO PAULO (SP)
05/09/2016
COTIDIANO
Com baixa procura, governo do Paraná estende
vacinação contra dengue
Devido à baixa procura pela vacina, o governo do Paraná resolveu estender, por mais
três semanas, a campanha de vacinação contra a dengue. O Paraná é o único Estado
brasileiro que oferece gratuitamente a vacina.
Apesar disso, a procura pelo medicamento foi bastante baixa : até o último sábado (3),
data final da campanha, apenas 25% da meta havia sido cumprida. Foram 125 mil
pessoas vacinadas.
O governo atribui a dificuldade ao público-alvo da campanha (jovens de 15 a 27 anos,
que não costumam frequentar postos de saúde), além da desconfiança em relação ao
novo medicamento, recém-aprovado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância
Sanitária).
Agora, o objetivo é atingir pelo menos 400 mil pessoas até o dia 24. A campanha
ocorre em 30 municípios, que tiveram o maior número de casos da doença. No total,
foram compradas 500 mil doses, a um custo de R$ 50 milhões.
O governo pretende reforçar a comunicação, especialmente pelas redes sociais, e
centrar esforços nas quatro maiores cidades que participam da campanha: Londrina,
Maringá, Foz do Iguaçu e Paranaguá.
Regiões endêmicas do mosquito Aedes aegypti, as três primeiras cidades atingiram
apenas 14%, 17% e 18% da meta. Paranaguá, que teve 29 mortes por dengue neste
ano, vacinou 35% do público-alvo.
Segundo o governo do Paraná, apenas 0,03% das pessoas vacinadas tiveram reações
leves à vacina, como dores musculares ou febre. Nenhuma reação moderada ou grave
foi reportada.
27
G1
05/09/2016
DISTRITO FEDERAL
Após prisões no DF, 30 vítimas já denunciaram
'máfia das próteses'
Investigação estima 60 pacientes prejudicados; 13 suspeitos foram presos. Grupo
lucrava ao fazer cirurgias 'desnecessárias' no DF, diz Polícia Civil.
A Polícia Civil do Distrito Federal informou nesta segunda-feira (5) que já contabiliza
30 denúncias de pacientes que teriam sido lesados pela organização criminosa que
lucrava com a prescrição de cirurgias sem necessidade. Treze supostos membros da
"máfia" de órteses e próteses foram presos na última quinta (1º), em uma operação
conjunta da polícia com o Ministério Público.
A TV Globo teve acesso às gravações dos diálogos entre médicos e empresários
suspeitos, além de depoimentos das vítimas. Uma paciente afirmou à Polícia Civil que,
durante o tratamento, os médicos chegaram a fazer cirurgias sem pedir o
consentimento dela.
"Várias dessas cirurgias, eu nem fiquei sabendo. Era simplesmente assim, eu estava
com quadro infeccioso na UTI ou internada. 'Olha, hoje você vai fazer tal
procedimento'. E eu ia para o centro cirúrgico, fazia o procedimento cirúrgico e
voltava", diz.
Nesta segunda, mais vítimas foram chamadas a prestar depoimento na Delegacia
Especial de Repressão ao Crime Organizado, que comanda as investigações. Na
estimativa da Polícia Civil, o grupo pode ter causado prejuízos a 60 pacientes apenas
neste ano.
Entre a noite de sexta (2) e a madrugada de sábado (3), 5 dos 13 médicos e
empresários presos foram soltos pela Justiça, após conseguirem habeas corpus. Os
médicos Henry Campos, Leandro Flores, Rogério Gomes Damasceno e Wenner Costa
Catanhêde e a empresária Mariza Martins devem responder ao processo em
liberdade.
Articulação
Escutas telefônicas obtidas pela Polícia Civil do Distrito Federal e reveladas pelo
Fantástico mostram a conversa entre um médico e um fornecedor de órteses e
próteses sobre como continuar "enrolando" um paciente e faturar mais. De acordo com
a polícia, o esquema movimentou mais de R$ 30 milhões nos últimos cinco anos.
28
A conversa é entre o médico Juliano Almeida e Silva e o empresário Micael Bezerra
Alves, um dos sócios da TM Medical, empresa que fornecia as próteses. A companhia
é suspeita de oferecer materiais superfaturados, vencidos ou de baixa qualidade
(confira a resposta dos citados no fim desta reportagem).
Médico: Eu estou tentando melhorar aqui, entendeu? O que mais a gente pode colocar
aqui?
Fornecedor: É...
Médico: O que mais a gente pode colocar aqui? Botei bipolar, botei brill, dois drill, botei
mostático, botei motorização, equipo de ligação. O que mais?
Fornecedor: Essa cânula. O que que é? Debridação?
Médico: É a canulazinha que vem no kit da assectomia. Aí é só para enrolar mesmo.
De acordo com as investigações, os médicos envolvidos no esquema encaminhavam
os pacientes para fazer as cirurgias principalmente no hospital Home, na Asa Sul. Um
dos funcionários, Antônio Márcio Catingueiro Cruz, fazia contato com um
representante da fornecedora, Micael Alves. Segundo a polícia, o dinheiro pago pelos
planos de saúde era dividido entre o grupo.
Após uma série de denúncias divulgadas pelo Fantástico desde janeiro de 2015, os
suspeitos foram obrigados a mudar de estratégia, diz a polícia. "A partir de então,
passaram a utilizar o pagamento em espécie para tentar de alguma forma evitar o
rastreamento", contou o delegado que investiga o caso, Adriano Valente.
Mais vítimas
Entre as vítimas que já prestaram depoimento à Polícia Civil está uma paciente que
diz "quase ter morrido" por causa de um fio-guia (por onde passam cateteres) deixado
no pescoço dela. A polícia investiga se ela foi alvo de tentativa de homicídio. Ao G1,
ela tinha relatado que se sentia "usada" pelos médicos. "Não me viram como uma
paciente. Não me tratavam como uma vida e sim como algo que estava gerando
lucro."
Outra vítima, que perdeu os movimentos do corpo, afirma que o grupo "tem brincado
com a vida das pessoas". "Isso é muito triste porque a gente não pode contar com
uma pessoa que diz que se formou para poder ajudar, para poder estar ali,
melhorando a vida de uma pessoa com dores ou com outros tipos de problema",
lamentou. "Para mim, são monstros."
Repercussão
Presidente do Sindicato dos Médicos do DF, Gutemberg Fialho disse que, se as
denúncias forem comprovadas, os médicos devem ser punidos severamente. "Essa
prática de indicar procedimentos desnecessários e superfaturados expõe pacientes a
risco e aumenta os custos de operação. Isso é ruim quando acontece no sistema
público e também é quando ocorre no sistema privado, na medicina suplementar, pois
o usuário acaba pagando um preço elevado."
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O Conselho Regional de Medicina informou que vai abrir sindicância para apurar a
denúncia do ponto de vista ético e profissional. Se confirmados os indícios, um
processo contra os médicos envolvidos pode ser instaurado.
Policial retira malote com material apreendido durante operação nesta quinta-feira (1º)
para apurar máfia de órteses e próteses (Foto: Alexandre Bastos/G1)
Policial retira malote com material apreendido durante operação nesta quinta-feira (1º)
para apurar máfia de órteses e próteses (Foto: Alexandre Bastos/G1)
VERSÃO DOS ENVOLVIDOS
Rogério Damasceno: o advogado do médico, Pedro Ivo Veloso, diz que as suspeitas
são "completamente infundadas".
Juliano Almeida e Silva: em nota, o médico afirma que os trechos divulgados na
escuta estão descontextualizados e que não participa de qualquer procedimento
duvidoso.
Johnny Wesley Martins: a defesa do médico declara que ele não operou nenhum dos
pacientes vinculados à denúncia e que não é sócio da TM Medical.
Hospital Home: a defesa do hospital afirma que o estabelecimento age dentro da
legalidade, que não tem qualquer pagamento de forma ilícita, seja partindo do hospital
ou para o hospital.
TM Medical: a fornecedora informa que não foram utilizados materiais da empresa em
nenhuma das cirurgias denunciadas.
O advogado do sócio da TM Medical Micael Bezerra Alves não foi localizado.
G1
05/09/2016
CIÊNCIA E SAÚDE
Cientistas criam vacina contra hepatite B
administrada por spray nasal
Produto já foi testado com sucesso em animais. Técnica é solução para locais com
falta de enfermeiros para fazer aplicação.
Pesquisadores da Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra, em Portugal,
desenvolveram um spray nasal para administrar vacinas genéticas contra a hepatite B,
mais eficazes e menos custosas que as injetáveis.
30
O projeto, de especial interesse para países subdesenvolvidos e até o momento
testado de forma positiva em ratos, é dirigido pelo Centro de Neurociências e Biologia
Celular (CNC) da Universidade de Coimbra e poderia se extender à prevenção de
doenças sexualmente transmissíveis.
O objetivo, segundo informou a própria universidade, é criar uma vacina genética que
seja mais vantajosa para países em desenvolvimento nos quais há falta de
profissionais da saúde, como enfermeiros, que possam aplicar a vacina injetável.
Além disso, se eliminariam as complicações que podem ser geradas a partir da
injeção, assim como as infecções que se originam pela reutilização das seringas.
O projeto, coordenado pela pesquisadora portuguesa da Universidade de Coimbra,
Olga Borges, foi publicado recentemente na revista científica "Molecular
Pharmaceutics".
Como funciona
Segundo Borges, as moléculas terapêuticas desta vacina genética seriam
transportadas da mucosa nasal ao interior das células, o que ficou comprovado nos
testes desenvolvidos com ratos.
Esta futura vacina se basearia nas moléculas denominadas "plasmídeos" que, em
teoria, são muito mais resistentes às variações de temperatura que as vacinas
comercializadas na atualidade, baseadas nos antígenos que estimulam o sistema
imunológico.
Neste caso, segundo a Universidade de Coimbra, os plasmídeos são pequenas
moléculas que transmitem informação genética para as células do corpo, motivo pelo
qual são capazes de ativar mecanismos de defesa no organismo humano e, assim,
conseguiriam combater o vírus que origina a hepatite B.
Olga Borges assegurou que "as nanopartículas desenvolvidas também poderão ser
usadas para prevenir doenças sexualmente transmissíveis, já que induzem a produzir
anticorpos na mucosa vaginal, de forma mais eficaz que as vacinas injetáveis".
O projeto, que conta com a colaboração da Universidade de Genebra, faz parte de
uma linha de pesquisa iniciada na Faculdade de Farmácia de Coimbra no ano 2003.
Além disso, estes tipos de nanopartículas foram desenvolvidas durante outros quatro
anos através do projeto de doutorado na Faculdade de Farmácia da Universidade de
Coimbra, executado pela pesquisadora Filipa Lebre.
A hepatite B é uma doença infecciosa do fígado, causada por um vírus que se propaga
principalmente pela saliva, o sangue, o sêmen ou por qualquer líquido corporal de uma
pessoa infectada.
G1
31
05/09/2016
CIÊNCIA E SAÚDE
Cistites frequentes podem prejudicar a saúde dos
rins
A uretra do homem tem 20 cm, já a da mulher tem apenas 4 cm. Ou seja, as bactérias
invasoras percorrem um caminho menor e mais fácil.
Quando você tem vontade de fazer xixi, você vai ao banheiro ou fica segurando? Se
fica segurando, a ginecologista Dra. Ana Lúcia Beltrame explica porque você deve
mudar este hábito.
A nefrologista Dra. Cristina Coelho Rocha também participa do programa explicando
como as cistites frequentes podem prejudicar a saúde dos rins.
Para entender melhor o problema, é importante saber as diferenças entre a uretra do
homem e a uretra da mulher. A da mulher tem apenas 4 cm e a do homem 20 cm. Em
resumo, as bactérias invasoras têm que percorrer um caminho menor e mais fácil para
entrar no corpo feminino.
As infecções baixas na mulher normalmente atingem a uretra e a bexiga. Elas são
causadas por bactérias invasoras que se aproveitam das condições propícias para
atingir estas regiões.
O excesso de higiene íntima ou higiene errada também podem ser alguns causadores
do problema. A ducha de água que invade a uretra pode carregar água e bactérias
para dentro do corpo. O mesmo vale para a higiene incorreta, de trás para frente.
Outros fatores são as alterações hormonais ou imunológicas. Elas alteram a flora das
bactérias já existentes, permitindo a entrada das invasoras.
As infecções altas podem atingir o ureter e os rins. Nos rins, atingem os nefrons,
unidade filtrantes do sangue, causando a pielonefrite. Em casos graves, essas
unidades filtrantes podem ser desativadas até os rins pararem de funcionar. Além da
dor e da urgência em fazer xixi, quando a infecção é alta, febre, calafrios e vômitos
podem ser sinais da doença.
SES/DF
05/09/2016
NOTÍCIAS
HAB cria projeto de sustentabilidade
32
Projeto Reviverde Apoio está sendo implantado nas áreas verdes da unidade
BRASÍLIA (05/09/16) – O Hospital de Apoio de Brasília (HAB) iniciou, neste ano, um
projeto de sustentabilidade nas áreas internas da unidade com o objetivo de
proporcionar, aos pacientes e funcionários, o contato com a natureza, as formas de
preservação do cerrado, além de estimular o trabalho coletivo e sustentável no HAB. A
iniciativa é conhecida como Projeto Reviverde Apoio.
Catarina Bastos é a coordenadora do projeto e revela que ele surgiu a partir do desejo,
dos diretores e funcionários da unidade, de aproveitar de forma eficaz as áreas verdes
do hospital. "Nosso principal foco é oferecer mais qualidade de vida no trabalho a
todos, mas, principalmente, aos pacientes e é por este motivo que todos estão
engajados em fazer o Reviverde crescer", completa.
A diretora do HAB, Anelise Pulschen, ressalta que, quando a saúde é pensada no
ambiente hospitalar, muitas vezes, os elementos naturais, como a energia solar e o ar,
não são levados em consideração.
"O projeto Reviverde foi a resposta que encontramos de pensar a saúde no âmbito
global e, para nós, a sustentabilidade tem que ser pensada de três formas: social,
econômica e ambiental. Essa iniciativa é a nossa forma de tornar o ambiente
hospitalar mais saudável", diz Anelise.
O QUE É - O Projeto Reviverde Apoio propõe a introdução de princípios e práticas da
permacultura, como também, o cultivo de alimentos e plantas medicinais a serem
usados no hospital, o manejo sustentável da água e atividades de terapia com a terra.
A permacultura é um método de design que planeja e cria ambientes sustentáveis e
produtivos.
Atualmente, o projeto conta com a ajuda de 20 pessoas. Entre elas, funcionários,
voluntários e pacientes do hospital.
A partir da iniciativa, as áreas verdes do Hospital de Apoio serão organizadas a
tomando como base os quatro elementos: ar, água, terra e fogo. Catarina explica que
a ideia é permitir experiências sensoriais às pessoas que frequentam o local e a
aproximação com a natureza. "O HAB tem muitos espaços verdes que estão sem uso
e que, se trabalhados, podem oferecer mais conforto e satisfação tanto para quem
trabalha, quanto para aqueles que se tratam aqui", afirma a coordenadora.
COLABORADOR - Iago Perrone é estudante e voluntário no projeto há um mês. Ele
conta que sempre teve interesse por iniciativas que gerem aumento do bem-estar de
quem mais precisa e por meio da sustentabilidade.
"Fiquei sabendo da proposta quando realizei uma pesquisa num site que mostrava
quais os trabalhos voluntários que existem aqui no Distrito Federal. O Reviverde
chamou a atenção por permitir a realização de projetos sustentáveis de diferentes
frentes, desde o plantio, revitalização de jardins, até a correta destinação e uso da
água pluvial", afirma o estudante ao dizer qual motivo o incentivou a participar do
projeto.
33
PARCERIAS – Neste mês, o Reviverde Apoio irá participar do Programa "Virada do
Cerrado", que acontece anualmente em Brasília. O programa é uma parceria entre o
poder público, organizações da sociedade civil e setor privado, com o intuito de
promover a mobilização e educação ambiental e a partir de atividades
socioambientais, educativas, esportivas e culturais em todo a capital.
Este ano, a "Virada do Cerrado" acontece entre os dias 07 e 11 de setembro e o
Hospital de Apoio estará presente no evento nos dias 07, 08 e 09 deste mês com
diversas atividades no local e abertas à comunidade, como oficinas, palestras sobre
jardins sustentáveis, música, fotografia, circo e cinema. O evento é gratuito, mas para
participar é necessário se inscrever aqui.
SES/DF
05/09/2016
NOTÍCIAS
ETESB terá nova turma do curso de Administração
de Medicamentos
As inscrições podem ser feitas até o dia 20 de setembro
BRASÍLIA (05/09/16) - A Escola Técnica de Saúde de Brasília (ETESB) abriu, nesta
segunda-feira (05), as inscrições para nova turma do curso de Administração de
Medicamentos voltado para auxiliares e técnicos em enfermagem do Distrito Federal.
As matrículas podem ser feitas até o dia 20 de setembro, na Secretaria de Cursos da
ETESB das 08h30 às 11h30 e, à tarde, das 14h30 às 17h.
Ao todo, serão ofertadas 45 vagas a serem preenchidas por ordem de inscrição. As
aulas serão ministradas, na ETESB (SMHN Conjunto A, Bloco 1), das 08h às 12h e
começam no dia 26 de setembro e vão até o dia 05 de outubro. Ao se inscrever, o
candidato receberá a lista com os itens necessários para compor o kit a ser utilizado
nas aulas práticas de laboratório.
Os participantes terão acesso a novos conhecimentos na área, desenvolverão
habilidades e atitudes para o exercício de práticas na assistência à saúde.
SERVIÇO:
Público: auxiliares e técnicos em enfermagem
Inscrições: 05 a 20/09/2016
Local: Secretaria de Cursos da ETESB/FEPECS
34
Documentos necessários: RG, CPF, comprovante de residência atualizado, uma foto
3x4, certificado de conclusão do curso de auxiliar ou técnico em enfermagem, título
eleitoral e quitação eleitoral (levar original e cópia).
SES/DF
05/09/2016
NOTÍCIAS
Começa V Jornada de Prevenção do Suicídio no DF
No mundo, são mais de 800 mil casos consumados por ano; DF teve 130 registros
apenas em 2015
BRASÍLIA (5/9/16) – Com o tema "Conectar. Comunicar. Cuidar: Fortalecendo a Rede
na Prevenção do Suicídio", foi aberta a V Jornada de Prevenção do Suicídio, nesta
segunda-feira (5). O evento é promovido em alusão ao Dia Mundial de Prevenção do
Suicídio, comemorado em 10 de setembro, e foi marcado pela presença de servidores,
profissionais da saúde, bem como estudantes. A programação vai até esta terça-feira
(6).
De acordo com dados oficiais apresentados no evento, em 2015, 130 pessoas
retiraram a própria vida no Distrito Federal. Segundo a Organização Mundial da Saúde
(OMS), no mundo, são cerca de 800 mil casos por ano, ou seja, a cada 40 segundos
um suicídio é consumado. Além disso, a OMS acredita que 90% dos casos poderiam
ser evitados, porque, na maioria das vezes, estão relacionados a transtornos mentais,
como a depressão, que poderiam ser tratados.
"O suicídio é um tema extremamente difícil e complicado para o profissional de saúde,
porque muitas vezes o paciente já chega em um estágio psíquico tão avançado que
temos a sensação de que podemos contribuir pouco. Por isso, temos que debater este
tema para mostrar que é possível ajudar, esta é a melhor atitude que podemos ter",
disse a diretora de Saúde Mental, da Secretaria de Saúde, Ana Luisa Lamounier
Costa.
Ao avaliar que o suicídio é um problema de saúde pública não atrelado apenas aos
profissionais, mas a toda a sociedade, a diretora executiva da Fundação de Ensino e
Pesquisa em Ciências da Saúde (Fepecs), Maria Dilma Teodoro, avalia que o mundo
contemporâneo tem contribuído muito para essa situação.
"Hoje, o afeto não é valorizado. As emoções são pouco expressadas e as pessoas
vivem na solidão. Por isso, todos temos que assumir a responsabilidade em relação ao
suicídio", destacou.
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Já o professor coordenador do Núcleo de Intervenção em Crise e Prevenção do
Suicídio do Instituto de Psicologia da UnB, Marcelo Tavares classificou que hoje há
uma grave perda de habilidades sociais e emocionais. Segundo ele, "estamos vivendo
em uma era perigosa, porque há transformações radicais e as pessoas não percebem
o impacto disso também na vida dos jovens, que serão o futuro".
"Quando o psicólogo ou psiquiatra é acionado, as pessoas já estão em um quadro de
sofrimento muito grande. Hoje as famílias, em um mesmo ambiente de restaurante,
ficam sem se falar. Em um parque, também avistamos aglomerados de pessoas que
não se comunicam", disse.
A psicóloga Beatriz Montenegro, responsável pela política distrital de prevenção ao
suicídio no DF, explica que a forma de conectar, comunicar e cuidar pode ferir, alienar,
impor, submeter, constranger, humilhar e silenciar o outro.
"Temos que lembrar que a comunicação com outros grupos, onde podem existir
pessoas mais vulneráveis, pode causar diversos impactos. Quanto maior risco ela
apresenta de cometer um suicídio, mas ela se silencia e se retrai", explicou.
O estudante do quinto semestre de Enfermagem, Lucas Gualberto, que participou da
abertura do evento, acredita que discutir o tema é importante para todo a sociedade.
"O assunto suicídio muitas vezes é um tabu. As pessoas que tem depressão não
revelam a situação, nem buscam ajuda. Por isso, o profissional de saúde é um
importante de ator para identificar esses casos e prevenir certas situações", finalizou.
UOL
05/09/2016
CIÊNCIA E SAÚDE
Vai juntar as escovas? Melhor pensar duas vezes
pelo bem da sua saúde
É comum usarmos a expressão "juntar as escovas de dentes" quando duas pessoas
vão morar na mesma casa. Mas, segundo médicos e dentistas, é melhor deixar essa
ideia só na teoria mesmo.
As escovas são objetos pessoais e devem ser mantidos em locais secos e protegidos,
para evitar contato com objetos contaminados, inclusive outras escovas. É o que
explica o biomédico Roberto Figueiredo, conhecido como Dr. Bactéria:
Devemos evitar o contato com outras escovas, porque cada pessoa possui a sua
própria microbiota [flora] bucal, que é transferida para a escova.
Mas e beijar na boca?
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No beijo na boca, há troca de fluidos e transmissão de bactérias --o que faz algumas
pessoas pensarem que casais podem compartilhar escovas de dentes ou mesmo
deixá-las juntas. Mas há também transmissão de doenças, como mononucleose e
herpes, por exemplo.
O médico de família, Alfredo Salim Helito, do Hospital Sírio-Libanês, alerta:
Independentemente de haver contato íntimo, é preciso bom senso. A escova entra em
contato com a flora bacteriana, que é diferente de um corpo para o outro, e tira
elementos inapropriados dos dentes, coisas que um beijo não transmite
Entre as doenças que podem ser transmitidas estão cárie, gengivite, periodontite,
diarreia, faringite, infecções de ouvido, problemas respiratórios e até mesmo doenças
cardíacas.
Outra preocupação dos médicos é o local onde as escovas são guardadas.
Por ficarem muito próximas ao vaso sanitário, elas podem receber coliformes fecais
que vêm com os respingos da descarga.
"O banheiro é um local muito contaminado, recomenda-se que a escova fique o mais
distante possível do vaso", explica Helenice Biancalana, professora de
ondontopediatria da Associação Paulista de Cirurgiões-Dentistas:
As descargas liberam diferentes tipos de bactérias e coliformes fecais que podem
atingir até 6 metros de altura e permanecer por horas circulando no ambiente
Segundos os especialistas, as melhores opções para guardar as escovas, depois que
elas estão secas, são os armários com espaços individuais.
Mas é preciso ficar atento para que elas não tenham contato com outros objetos, como
pentes e escovas de cabelo.
Como higienizar a escova
Ao finalizar a escovação, lave bem a escova com água corrente e remova totalmente
os restos de alimentos e creme dental que podem ficar nos espaços entre as cerdas.
Remova essa água batendo de leve com o cabo, mas evite enxugar a escova em
toalha ou papel. As escovas também podem ser lavadas com enxaguantes bucais.
Então, guarde a escova na vertical, com a cabeça para cima, em local
preferencialmente ventilado, para prevenir formação de fungos que surgem com a
umidade, explica Biancalana.
Nunca empreste!
A maioria dos estudos concorda que as escovas devem ser trocadas a cada três
meses ou quando as cerdas deformarem, mas é importante lembrar que ela é
individual e nunca deve ser compartilhada.
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"O hábito de escovar os dentes deve ser único e individual, o local que você escolhe
para guardar a escova também", ressalta a professora Dagmar de Paula Queluz, da
Faculdade de Odontologia da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).
IG
05/09/2016
SAÚDE
Especialistas argentinos fazem recomendações
sobre o controle da leishmaniose
Doença faz parte do grupo de males considerados negligenciados, que afetam mais a
população que vive em condições de vulnerabilidade
Relatório do Instituto Nacional de Medicina Tropical da Argentina alerta para a
necessidade de controlar a leishmaniose, doença infeciosa causada por um parasita e
que pode levar à morte. O documento foi publicado na Revista Pan-Americana de
Saúde Pública da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS).
De acordo com a organização, a leishmaniose atinge mais de 60 mil pessoas por ano
só nas Américas. A doença faz parte do grupo de males considerados negligenciados,
que afetam mais a população que vive em condições de vulnerabilidade ou em áreas
remotas.
Principal pesquisador do estudo argentino, Oscar Salomón afirmou que o trabalho tem
o objetivo de buscar alternativas para uma doença ainda sem estratégias suficientes
para ser controlada. A pesquisa faz parte de um projeto mais amplo e liderado também
por especialistas do Paraguai e Brasil.
Os autores afirmam que é necessário estabelecer um monitoramento de possíveis
tendências de aumento da circulação do parasita. A partir disso, elaborar estudos para
verificar a transmissão e sua intensidade. A doença seria sensível a condições
climáticas e consequências provocadas por mudanças no meio ambiente e uso da
terra, como desflorestamento e construção de rodovias, que afetam diretamente os
insetos vetores do parasita.
Sobre a doença
A leishmaniose é transmitida pela picada do mosquito-palha e é a segunda doença
parasita que mais mata no mundo. Pode se desenvolver de duas formas: visceral, que
pode levar à morte se não for tratada, e cutânea, que é mais difícil de se chegar à cura
e se manifesta com lesões na pele, podendo evoluir para úlceras e desfiguração.
38
Entre 2001 e 2013, dos 743 mil casos de leishmaniose cutânea registrados nas
Américas, 42% concentraram-se no Brasil, 20% na Colômbia e 13% no Peru. Já os 45
mil casos da forma visceral foram registrados quase que somente no Brasil (96%).
Apenas Chile e Uruguai não continuam registrando o problema.
IG
05/09/2016
SAÚDE
Falta de hormônio pode causar ganho de peso
expressivo após cirurgia bariátrica
Pesquisa do HC revelou que pacientes com menos hormônio responsável pela
diminuição do apetite voltaram a ganhar peso três anos após operação
Estudo feito pelo Hospital das Clínicas (HC) aponta que os pacientes que recuperam
peso expressivo após passar por uma cirurgia bariátrica apresentam diferença na
produção do hormônio gastrointestinal GLP-1, responsável pela diminuição do apetite.
A pesquisa realizada por profissionais do Serviço de Cirurgia Bariátrica e Metabólica
do HC foi publicada na revista especializada Obesity Surgery. Ao todo, 24 pessoas
que foram submetidas a uma cirurgia bariátrica foram acompanhadas por cinco anos.
Aqueles que se mantiveram obesos e reganharam mais da metade do peso perdido
apresentaram diminuição nos níveis do GLP-1. Por outro lado, os pacientes que
conseguiram emagrecer tinham níveis mais elevados de produção do hormônio.
O GLP-1 diminui o apetite através do aumento da sensação de saciedade no cérebro,
e sua produção é estimulada pela cirurgia. De acordo com o autor do estudo, Marco
Aurélio Santo, a descoberta abre novas perspectivas de tratamento para aqueles com
problemas para emagrecer.
Estudo
Os pacientes foram divididos em grupos A e B, com idades e Índice de Massa
Corpórea (IMC) semelhantes. Segundo o responsável pelo Serviço de Cirurgia
Bariátrica, nos primeiros dois anos do estudo todos emagreceram muito e chegaram a
um peso semelhante, porém, a partir do terceiro, os dez pacientes do grupo B
voltaram a engordar.
“É como se o organismo cansasse de produzir esse hormônio”, explicou Marco Aurélio
em nota divulgada pelo HC. As causas da baixa produção, entretanto, ainda não foram
descobertas pelos pesquisadores.
Sobre a cirurgia
39
Conhecida popularmente como redução do estômago, a cirurgia bariátrica reúne
técnicas destinadas ao tratamento da obesidade e das doenças associadas ao
excesso de gordura corporal.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica, existem três
tipos de procedimentos básicos, que podem diminuir a quantidade de alimentos que o
estômago é capaz de comportar, que reduzem a capacidade de absorção do intestino
ou, então, reúne características dessas duas técnicas.
POLÍTICA DISTRITAL
05/09/2016
SAÚDE PÚBLICA
Vítimas da Máfia das Próteses fazem relatos de dor
e horror
Pacientes começam a depor nesta segunda-feira (5/9) na Delegacia de Combate ao
Crime Organizado (Deco). Pelo menos 15 pessoas procuraram a polícia e todas serão
ouvidas. Elas denunciam que foram operadas pelos médicos que integram o esquema.
Além de não serem curadas, trazem sequelas
As vítimas da Máfia das Próteses começaram a prestar depoimento nesta segunda-
feira (5/9) na Delegacia de Combate ao Crime Organizado (Deco). De acordo com a
Polícia Civil, pelo menos 15 pacientes dos sete médicos alvos da operação Mister
Hyde serão ouvidos a partir de hoje. As histórias contadas têm enredos semelhantes:
cirurgias caras, mal-sucedidas, com equipamentos de baixa qualidade que precisaram
ser trocados por outros, sem falar na dor e na indignação, já que muitos ficaram
incapacitados por conta de sequelas físicas e psicológicas que levarão por toda a vida.
Entre as vítimas, está um promotor de vendas de 41 anos. Sem querer se identificar,
ele contou que em 2007 procurou o médico Rogério Gomes Damasceno com muitas
dores nas costas. O profissional disse que os discos da lombar estavam desgastados
e que ele precisava ser operado para a colocação de oito pinos.
Seis meses depois, dois pinos quebraram. Uma nova cirurgia foi realizada, com o
mesmo médico. “Só que o médico tirou todos os pinos e esqueceu o pedaço de um, o
que causou uma infecção e eu quase morri”, disse. As cicatrizes nas costas não são o
único motivo de revolta do vendedor: “Eu me assustei quando vi na televisão que ele
estava envolvido no esquema. Para mim, era um bom médico e tudo tinha sido um
acidente. Eu nunca mais consegui trabalhar direito e sofro com dores constantes”.
O primeiro a chegar foi o servidor público aposentado Edson Barbosa, 71 anos. Ele
colocou seis próteses na coluna há cinco anos, operado por um dos médicos
40
envolvidos no esquema que superfaturava e realizava cirurgias sem necessidade,
Johny Wesley Gonçalves Martins: “Não consigo encostar o dedão no chão. Confiei
nele. Ele me disse que era acostumado a fazer aquilo. Mas nunca melhorei. Convivo
com dores constantes na perna, não ando direito, minha vida ficou completamente
prejudicada.”
O aposentado contou que tinha um problema na coluna que afetava a perna. Fez a
cirurgia pelo plano de saúde. Disse que na época o procedimento custou cerca de 200
mil. Porém, 15 dias após a cirurgia ele começou a passar mal. Sentia fortes dores na
outra perna, que nem tinha problema. O médico receitou remédios para aliviar a dor,
mas as doses eram tão fortes que ele chegou a desmaiar três vezes. “Ele me
recomendou fisioterapia, RPG, disse que ia passar, mas nunca passou”, lamentou.
Johny Wesley é neurocirurgião e foi apontado pela polícia como líder do esquema.
Proprietário da TM Medical, abandonou os consultórios para administrar o negócio.
Segundo a polícia, o esquema envolvia os médicos que atendiam no Hospital Home,
na 613 Sul, os donos e revendedores da TM Medical, empresa especializada na venda
de órteses, próteses e equipamentos especiais, e um operador que seria Antônio
Márcio Catingueiro Cruz.
Também atuando no Home, ele fazia o contato comercial entre médicos, planos de
saúde e fornecedores. Seria o responsável por orientar cirurgiões e a TM Medical
sobre como fraudar auditorias para incluir procedimentos desnecessários. O hospital
nega qualquer envolvimento no esquema.
Uma outra paciente, de 27 anos, foi operada pelo médico Henry Greidinger Campos,
em 2011. Ela denunciou à polícia que o profissional teria pedido a compra de três
pinos, mas só implantou um, “que ficou torto”. “Após a cirurgia, ele se recusou a dar
atendimento ou esclarecimentos, dizendo que havia mudado de departamento”, disse.
A jovem perdeu a cartilagem do joelho e precisa fazer infiltração com frequência, um
procedimento que custa R$ 2 mil.
“Eu acreditei nele como profissional, me passou credibilidade. Acabou com os sonhos
da minha filha, ela não pode fazer os concursos que deseja, atividades que gostava”,
mãe da jovem que perdeu a cartilagem.
No vídeo, a paciente conta a sua história:
“Dor insuportável”
Uma outra paciente, que preferiu não dar o nome, ficou muito nervosa ao chegar à
polícia, ao reviver o drama desde que foi operada por um dos integrantes da máfia. Ela
relatou que ficou com a perna dormente e teve que fazer uma nova cirurgia. “O pino
que colocaram na minha coluna estava torto. Suspeito que fizeram isso para me forçar
a fazer uma nova cirurgia. De tão torto, o pino ficou pinçando o nervo. A dor é
insuportável”, desabafou. Ela afirmou que fez a cirurgia com o médico Juliano Almeida
e Silva, um dos alvos da operação Mister Hyde. Juliano nega fazer parte do esquema.
O vigilante Amarildo Castro, 45 anos, também esteve na Deco nesta manhã. Explicou
que fez duas cirurgias no menisco, 60 sessões de fisioterapia, tomou várias injeções
de corticoides e precisou recorrer a outros médicos para tentar resolver o problema.
41
Por conta disso, ficou encostado pelo INSS e acabou demitido da empresa em que
trabalhava. “Perdi meu emprego, estou com um problema grave na perna e perdi meu
plano de saúde”, reclamou indignado.
Cerca de 60 pacientes, de acordo com a polícia, foram lesados em 2016 somente por
uma empresa, a TM Medical. O esquema teria movimentado milhões de reais em
cirurgias, equipamentos e propinas. Há casos de pessoas que foram submetidas a
procedimentos desnecessários, como sucessivas cirurgias, com o objetivo de gerar
mais lucro para os suspeitos. Em outros, conforme revelado pelas investigações, eram
utilizados produtos vencidos e feita a troca de próteses mais caras por outras baratas.
POLÍTICA DISTRITAL
05/09/2016
SAÚDE PÚBLICA
Privatização de serviços essenciais como saúde e
educação não garante melhoria
Estados como Goiás e Minas Gerais já abriram áreas essenciais, o que agilizou
contratos e obras. Mas a rotatividade de profissionais, por exemplo, aumentou
A privatização de serviços essenciais pode ganhar fôlego nos próximos meses, seja
em tentativas de tirar cidades e estados da crise econômica, ou pela justificativa de
que o modelo de gestão permite agilidade e eficiência. Em Goiás, desde 2011, o
governo estadual vem entregando os principais hospitais públicos à iniciativa privada.
Até 2015, o número de leitos do Hospital de Urgências de Goiânia aumentou 73%. De
acordo com um levantamento encomendado pelo Sindsaúde-GO, entre 2011 e 2015, o
valor gasto com pessoal em Goiás aumentou de 6 milhões para mais de 9 milhões de
reais após as privatizações. Médicos e especialistas, no entanto, afirmam que a
escalada de investimentos não garantiu a melhoria na qualidade do atendimento e dos
insumos comprados. Segundo a presidente do Sindicato dos Trabalhadores do
Sistema Único de Saúde de Goiás, Flaviana Alves, houve reformas e a demanda
cresceu, mas o quadro de funcionários não acompanhou. O relatório revela que o
atendimento ambulatorial caiu 13,2% em quatro anos em um dos principais hospitais
do estado, o Hospital de urgências de Goiânia. No Hospital Alberto Rassi, a queda foi
de 2,8% nesse período. Para Flaviana, o aumento dos gastos públicos com a
privatização não é justificável.
“Porque as reformas que foram feitas foram pequenas, não houve construção de nada
novo. A capacidade da compra de materiais aumentou um pouco, mas não estão
comprando material com qualidade. Então, de uma forma geral, você não tem uma
melhora expressiva pelo que se investe”.
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A professora do Instituto de Estudos em Saúde Coletiva da Universidade Federal do
Rio de Janeiro Lígia Bahia acredita que o modelo de Organizações Sociais para a
gestão da saúde já se mostrou ineficiente. Segundo ela, grande parte dos candidados
aos cargos municipais deste ano não promete mais OSs, num reconhecimento de que
terceirizar a área não deu certo.
“As OSs saíram da moda. Elas não são mais aquela bala de prata que os prefeitos
usaram para dizer que iriam resolver o problema da saúde e tal. Primeiro as UPAs,
depois as OSs, e agora eu diria que o rei está nu. Vamos ter que resolver o problema,
que é a contratação de pessoal, a compra, a transparência”.
Já especialistas na área de saneamento veem no modelo do capital privado a única
solução. Menos da metade das cidades do país tem acesso a coleta e tratamento de
esgoto, segundo o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento Básico. O
governo afirma que não tem condições de arcar com os custos e o BNDES já informou
que vai abrir uma linha de crédito para viabilizar a privatização de empresas de
saneamento de todo o país. Cinco por cento das cidades brasileiras têm hoje essa
área privatizada, em 18 estados diferentes. Em municípios como Niterói, na Região
Metropolitana do Rio de Janeiro, a abastecimento atingiu 100% dos lares após a
privatização. O presidente executivo do instituto Trata Brasil, Édison Carlos, destaca,
no entanto, que entre as dez melhores cidades do país no quesito, há boas gestões
tanto privadas quando públicas.
“Depende muito do foco e da eficiência com que a empresa opera na cidade,
independente de ser pública ou privada. O que diferencia a iniciativa privada é que ela
precisa mostrar resultado e gerar lucro, então forçosamente avança mais rápido”.
Privatizar a educação pública também está nos planos do atual governo. Belo
Horizonte, em Minas Gerais, foi a primeira cidade do país a entregar a gestão das
escolas municipais à iniciativa privada. Segundo um estudo da ONG Ação Educativa
com a USP, Unicamp e Unesp, pelo menos 339 municípios brasileiros adotam
sistemas privados no ensino público. O economista responsável por gerenciar as
parcerias público-privadas na gestão de BH, Luciano Cordeiro, afirma que o modelo
desburocratiza e agiliza a prestação dos serviços.
“Antes eu tinha que ter, por exemplo, uma empresa que prestava serviço de
lavanderia, outra que fazia vigilância, outra para merenda, transporte… Então a gente
congrega, cria sinergia e economia juntando tudo num contrato único de longo prazo e
você torna a gestão mais eficiente”.
Especialistas pedem, por outro lado, a maior regulação do modelo de gestão nos
serviços públicos, em especial na educação. O Comitê da ONU para os Direitos da
Criança mostrou em seu último relatório preocupação com o aumento da participação
do setor privado no ensino brasileiro.
POLÍTICA DISTRITAL
43
05/09/2016
SAÚDE PÚBLICA
“Medicamentos que curam não são rentáveis e,
portanto, não são desenvolvidos”, diz Nobel de
Medicina
A indústria farmacêutica na realidade não quer curar ninguém, e por um motivo muito
simples e direto: a cura é menos rentável que a doença. Quem diz isso não é nenhum
teórico da conspiração ou profeta do apocalipse, mas sim um vencedor do prêmio
Nobel de medicina, o bioquímico e biólogo molecular inglês Sir Richard J. Roberts.
Sir Richard, em entrevista, denuncia o que parece evidente para todos, mas raramente
é dito em alto e bom som por uma autoridade: é a própria indústria quem detêm o
progresso científico. Sua principal questão é o quão ético e correto pode ser uma
indústria com a importância da farmacêutica ser regida pelos mesmos princípios e
valores que o mercado capitalista. O hábito de gastar centenas de milhões de dólares
anualmente para em pagamentos à médicos para que promovam seus medicamentos
torna a prática da indústria algo semelhante às práticas da máfia.
E sua denúncia prossegue: a indústria prefere investir em pesquisas que venham a ser
rentáveis, muitas vezes não pela cura, mas para remédio que realizam espécie de
manutenção da cronicidade de uma doença. “O que é bom para os dividendos das
empresas nem sempre é bom para as pessoas”, ele diz. “Nós estamos falando sobre
nossa Saúde, nossas vidas e as dos nossos filhos e de milhões de seres humanos.
Mas se eles são rentáveis investigarão melhor”.
“Se só pensarem em lucros, deixam de se preocupar com servir os seres humanos. Eu
verifiquei a forma como, em alguns casos, os investigadores dependentes de fundos
privados descobriram medicamentos muito eficazes que teriam acabado
completamente com uma doença. Mas as empresas farmacêuticas muitas vezes não
estão tão interessadas em curar as pessoas como em tirar-lhes dinheiro e, por isso, a
investigação, de repente, é desviada para a descoberta de medicamentos que não
curam totalmente, mas que tornam crónica a doença e fazem sentir uma melhoria que
desaparece quando se deixa de tomar a medicação”, ele acusa.
“Ao capital só interessa multiplicar-se. Quase todos os políticos, e eu sei do que falo,
dependem descaradamente dessas multinacionais farmacêuticas que financiam as
campanhas deles. O resto são palavras”, afirma o Nobel, dizendo que todos suspeitam
mas não possuem conhecimento – ou coragem – para de fato afirmar.
POLÍTICA DISTRITAL
44
05/09/2016
SAÚDE PÚBLICA
Pediatria do HRG pode sofrer restrições e pede
socorro
Inicialmente os funcionários souberam de boca que a internação da pediatria seria
fechada, o que não se confirmou por completo com a chegada do memorando
232/2016 – GENF/DHRG/SRSS, assinado pela Gerência de Enfermagem, Gerência
de Emergência e o Chefe de Pediatria, informando que:
“Devido à baixa demanda de pacientes internados na pediatria, no qual não justifica o
quantitativo de serviços de enfermagem, optamos pelo fechamento da Unidade de
Internação em Pediatria com remanejamento dos servidores”.
O Diretor do Hospital Regional do Gama informou que houve um equívoco e na
verdade, não se trata do fechamento da unidade, mas sim de uma restrição na
quantidade de leitos disponíveis, uma vez que não há médicos o suficiente para.
Atualmente a unidade de internação da pediatria tem 24 leitos, sendo que apenas 4
estão ocupados, ele justificou o remanejamento de servidores explicando que estão
sobrando profissionais de enfermagem no setor de internação e faltando na
Obstetrícia e na Neonatologia.
Em busca de soluções
O Presidente do Sindate-DF João Cardoso questionou a falta de demanda na unidade
de internação, lembrando que a pediatria do hospital funciona há 40 anos e recebe
muitas pessoas das regiões do entorno. Ao final da reunião, as entidades presentes,
apresentaram a proposta de se alongar o prazo da mudança de pessoal, enquanto os
sindicatos representantes das categorias, recorrem ao Colégio de Líderes para realizar
uma audiência pública (ainda nesta semana), na tentativa de se conseguir emendas
para a nomeação de novos pediatras.
O Diretor do HRG, afirmou que não irá assinar nenhum documento de realocação de
servidores e estenderá o prazo na esperança de que servidores e sindicatos consigam
as emendas e pediu ajuda dos funcionários para que as crianças que estão no HMIB
sejam atendidas no HRG. Ele afirmou ainda que o Secretário de Saúde Humberto
Lucena garantiu que os pediatras que assumirem serão lotados no Hospital Regional
do Gama.
METRÓPOLES
05/09/2016
45
SAÚDE
Máfia das Próteses: envolvimento de mais hospitais
não é descartado
Pacientes citam outras unidades de saúde nas quais foram submetidos a cirurgias
feitas por médicos envolvidos no esquema. Delegado da Deco diz que tudo será
investigado no esquema, que pode ser antigo
Pelo menos mais três hospitais do Distrito Federal foram citados por pessoas que
teriam sido vítimas da Máfia das Próteses. Nesta segunda-feira (5/9), o Metrópoles
conversou com pacientes que procuraram a Delegacia de Repressão ao Crime
Organizado (Deco) e declararam terem sido operados por médicos envolvidos no
escândalo revelado pela Operação Mister Hyde em outras unidades de saúde, fora o
Hospital Home, um dos alvos da investigação.
Pelo menos 50 pessoas procuraram a Deco desde a quinta-feira (1º/9), quando foi
deflagrada a operação pela Polícia Civil e pelo Ministério Público do Distrito Federal e
Territórios (MPDFT). Há relatos de pessoas que dizem ter ficado com sequelas após
cirurgias feitas pelos médicos acusados em 2007, o que dá pistas de que o esquema
pode ser antigo.
Os pacientes citaram os hospitais Santa Helena, Daher e das Forças Armadas (HFA).
A Polícia Civil não descarta o envolvimento de outras unidades de saúde no
escândalo. “A gente vai investigar tudo. O processo será longo, até porque não
estamos conseguindo ouvir todo mundo devido à Operação Legalidade (da Polícia
Civil)”, explicou o delegado-adjunto da Deco, Adriano Valente.
Uma das possíveis vítimas, ainda não ouvida pela polícia, contou à reportagem que,
na primeira consulta que reclamou de dores nas costas, o médico Leandro Flores, que
foi preso na quinta e liberado um dia depois, indicou a cirurgia no Santa Helena. “Eu
não sei mais o que não é sentir dor. Ele colocou vários parafusos, um deles soltou.
Agora, tenho várias sequelas, não consigo trabalhar e vou precisar passar por outra
cirurgia para tentar melhorar”, explicou.
Outra mulher, de 65 anos, teria ficado sem andar depois que o mesmo médico a
operou de artrose. Ele colocou vários parafusos na coluna da paciente. Depois, ela diz
que passou a sentir muita dor, procurou o médico e ele teria abandonado o caso. De la
pra cá, precisou passar por mais duas cirurgias, mas não foi possível reparar o osso. A
aposentada está paraplégica.
Procurado pela reportagem, o advogado Wendell Santana, que defende o médico
Leandro Flores, informou que o seu cliente afirma que todas as cirurgias que realizou
foram “adequadas, necessárias e que nunca usou nenhuma prótese ou órtese sem
necessidade ou fora da literatura médica”.
Agora, a Polícia Civil vai convocar essas vítimas para seguir a investigação do caso.
Por enquanto, não há nenhuma denúncia formal contra as três unidades de saúde.
Procurados pela reportagem, os hospitais Daher e das Forças Armadas ficaram de se
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posicionar nesta terça-feira (6/9). O Metrópoles não conseguiu contato com o Hospital
Santa Helena. Em nota, o Home rechaça qualquer envolvimento com o esquema e diz
que os médicos cirurgiões citados no escândalo não fazem parte do corpo clínico da
instituição.
Memória
O esquema da Máfia das Próteses foi relevado pela Operação Mister Hyde, que
recebeu esse nome em alusão ao filme de terror “O médico e o monstro”. Segundo os
investigadores, teria movimentado pelo menos R$ 30 milhões em cirurgias,
equipamentos e propinas. Há casos de pessoas que foram submetidas a
procedimentos desnecessários, como sucessivas cirurgias, com o objetivo de gerar
mais lucro para os suspeitos. Em outros, conforme revelado pelas investigações, eram
utilizados produtos vencidos e feita a troca de próteses mais caras por outras baratas.
Cerca de 60 pacientes, de acordo com a polícia, foram lesados em 2016 somente por
uma empresa, a TM Medical. Nesta segunda, os agentes da Deco fizeram novas
buscas na TM e recolheram mais materiais. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(Anvisa) deu apoio à ação.
METRÓPOLES
05/09/2016
SAÚDE
Médico pede adiantamento à Máfia das Próteses
para pagar dívida
Interceptações telefônicas a que o Metrópoles teve acesso mostram, com detalhes, a
relação promíscua motivada apenas pelo dinheiro e que alimentava o esquema
criminoso. Mais de 60 pacientes foram alvo do grupo
Outros hospitais, um número maior de médicos e novas empresas participavam do
esquema criminoso alimentado pela Máfia das Próteses no Distrito Federal. Nenhum
deles foi alcançado na primeira fase da operação Mister Hyde, mas já estão na mira
dos investigadores. O Metrópoles teve acesso a uma das interceptações telefônicas
em que um médico chega a pedir adiantamento de propina aos donos da empresa TM
Medical. As gravações mostram, com detalhes, a relação promíscua motivada apenas
pelo dinheiro e que alimentava uma verdadeira fábrica de cirurgias superfaturadas e
desnecessárias.
A conversa gravada entre um urologista e um dos donos da TM, Micael Bezerra Alves,
deixa claro como o esquema se desenrolava para lesar os planos de saúde e
pacientes com o uso de órteses, próteses e materiais especiais (OPMEs), como pinos,
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sondas, cânulas. Os dois chegam a combinar um local para que o dinheiro fosse
entregue em espécie, para não deixar rastros de movimentação bancária.
Ouça o áudio na íntegra:
O médico, que não foi preso na primeira fase da Hyde e possui um consultório na
região do Lúcio Costa, no Guará, começa a conversa perguntando como os convênios
estão se comportando quanto aos pedidos de cirurgia de urgência. “Quando a gente
coloca (o pedido) em regime de urgência, eles estão aceitando? “, pergunta o médico.
Micael responde que os casos de urgência estão dando certo.
“Antes, estavam segurando os processos porque estavam cobrando um valor muito
caro. Estamos com uma equipe de olho só para esses casos de urgência”, explicou o
empresário preso na Hyde.
Em seguida, o médico conta a Micael que montou um grande consultório médico, com
três salas e que gostaria de receber um “adiantamento” por duas cirurgias que ainda
iriam ocorrer. “Comprei uns equipamentos pro consultório e estou com uma prestação
pesada para pagar. Tem como você me fazer uma transferência?”, pergunta o médico.
Em seguida Micael diz que não costuma fazer isso para todo mundo, mas que irá dar
o adiantamento. O empresário afirma que não é possível fazer a transferência pois
seria preciso emitir nota fiscal. “Entrego pessoalmente para o senhor”, confirmou o
empresário na conversa interceptada pela Divisão Especial de Combate ao Crime
Organizado (Deco).
As gravações reforçam a linha de investigação da polícia de que, além das 13 pessoas
presas na última quinta-feira (1/9), há fortes indícios de que outros profissionais estão
envolvidos no esquema. Além das interceptações, os depoimentos de pacientes nesta
segunda-feira (5/9) dirigiram os holofotes da apuração para outros hospitais além do
Home, na 613 Sul. Vítimas operadas pelos sete médicos presos no primeiro dia da
operação Mister Hyde relataram que foram operadas em unidades do Anchieta, em
Taguatinga, e no Daher, no Lago Sul.
O esquema teria movimentado pelo menos R$ 30 milhões em cirurgias, equipamentos
e propinas. Há casos de pessoas que foram submetidas a procedimentos
desnecessários, como sucessivas cirurgias, com o objetivo de gerar mais lucro para os
suspeitos. Em outros, conforme revelado pelas investigações, eram utilizados produtos
vencidos e feita a troca de próteses mais caras por outras baratas.
Cerca de 60 pacientes, de acordo com a polícia, foram lesados em 2016 somente por
uma empresa, a TM Medical. O esquema teria movimentado milhões de reais em
cirurgias, equipamentos e propinas. Há casos de pessoas que foram submetidas a
procedimentos desnecessários, como sucessivas cirurgias, com o objetivo de gerar
mais lucro para os suspeitos. Em outros, conforme revelado pelas investigações, eram
utilizados produtos vencidos e feita a troca de próteses mais caras por outras baratas.
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G1
03/09/2016
DISTRITO FEDERAL
Justiça libera 5 dos 13 suspeitos de integrar 'máfia
das próteses' no DF
Operação na sexta prendeu médicos e empresários por supostos crimes. Esquema
envolvia cirurgias desnecessárias e fez 60 vítimas, diz polícia.
A Justiça do Distrito Federal liberou 5 dos 13 médicos e empresários presos nesta
sexta-feira (2), suspeitos de integrar uma organização criminosa que lucrava com a
instalação de órteses e próteses sem necessidade. A operação "Mr. Hyde" da Polícia
Civil foi resultado de uma investigação iniciada em março, em parceria com o
Ministério Público.
Entre a noite de sexta e a madrugada deste sábado (3), foram liberados os médicos
Henry Campos, Leandro Flores, Rogério Gomes Damasceno e Wenner Costa
Catanhêde, além da empresária Mariza Martins. Eles conseguiram habeas corpus e
devem responder ao processo em liberdade.
Segundo a polícia, estima-se que cerca de 60 pacientes tenha sido lesados só neste
ano, por uma única empresa. De acordo com as investigações, o esquema envolvendo
cirurgias desnecessárias, superfaturamento de equipamentos, troca fraudulenta de
próteses e uso de material vencido em pacientes é "milionário".
Os alvos da operação são sete médicos, dois empresários da empresa TM Medical
(que faz manutenção e reparos de aparelhos hospitalares), um coordenador da
Secretaria de Saúde, um diretor do hospital Home e funcionários. O diretor foi um dos
quatro alvos de mandados de condução coercitiva (quando o indivíduo é obrigado a
comparecer à delegacia para depor). Um dos médicos tinha cheirado cocaína pouco
antes de ser preso, informou a polícia.
Presidente do Sindicato dos Médicos do DF, Gutemberg Fialho disse que, se as
denúncias forem comprovadas, os médicos devem ser punidos severamente. "Essa
prática de indicar procedimentos desnecessários e superfaturados expõe pacientes a
risco e aumenta os custos de operação. Isso é ruim quando acontece no sistema
público e também é quando ocorre no sistema privado, na medicina suplementar, pois
o usuário acaba pagando um preço elevado."
Próteses e órteses
Próteses são dispositivos usados para substituir total ou parcialmente um membro,
órgão ou tecido. Órteses são utilizadas para auxiliar as funções de um membro, órgão
ou tecido do corpo. De uso temporário ou permanente, as órteses evitam
deformidades ou o avanço de uma deficiência médica. Um marca-passo, por exemplo,
é considerado uma órtese implantada.
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O processo de compra de marca-passos faz parte da série de denúncias apresentadas
pela presidente do sindicato dos servidores na Saúde (SindSaúde), Marli Rodrigues,
sobre um suposto esquema de desvio de verba na área.
Em um trecho do material encaminhado por Marli ao Ministério Público, ela relata ter
recebido a informação de que o atual subsecretário de Infraestrutura e Logística,
Marcello Nóbrega, rasgou uma nota de empenho (espécie de garantia de pagamento)
sobre a aquisição do material.
O gesto ocorreu porque "o resultado da concorrência não teria agradado aos grupos
políticos que gerenciam a área". Em depoimento à CPI da Saúde, Nóbrega negou as
acusações.
Esquema nacional
A fraude envolvendo órteses e próteses nacionalmente foi denunciada pelo Fantástico,
da TV Globo (veja vídeo abaixo). O assunto virou tema de uma CPI na Câmara dos
Deputados. Em janeiro do ano passado, o programa mostrou que médicos indicavam
cirurgias e o uso de próteses a pacientes mesmo quando não era necessário. Em
troca, recebiam comissões de até R$ 100 mil das empresas fornecedoras.
“Na maior parte das vezes, os dispositivos médicos implantados são usados em
situação de urgência e emergência. Muitas vezes o paciente não tem condição de
avaliar o melhor caminho", disse o então ministro da Saúde, Arthur Chioro, em julho de
2015.
Um grupo de trabalho criado pelo ministério apurou que o mercado de produtos
médicos movimentou 19,7 bilhões em 2014. Desse total, R$ 4 bilhões são relativos
aos chamados dispositivos médicos implantados, que englobam órteses e próteses. A
venda desses aparelhos aumentou 249% entre 2007 e 2014.
Chioro disse que a ausência de padronização, protocolos e um banco de preços criava
margem para "comportamentos oportunistas" de especialistas, que têm total controle
da escolha dos aparelhos.
O relatório encontrou diferenças de preços de implantes em regiões do Brasil e
também no comparativo com outros países. Um marca-passo na região Norte, por
exemplo, custa R$ 65 mil. No Sul, o preço cai para R$ 34 mil. Entre o Brasil e a
Alemanha, a diferença no valor de implantes de cóclea é de quase seis vezes.
Nos hospitais, foi percebido que o médico ganha com comissão paga pelas empresas
de dispositivos médicos. A prática é proibida pelos conselhos de medicina. Também
foi apontado que hospitais comercializam esses produtos com margem de faturamento
de 10% a 30%.
G1
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03/09/2016
CIÊNCIA E SAÚDE
Por que há mais casos de microcefalia no Brasil do
que em outros países afetados por zika?
Autoridades médicas estão intrigadas com o alto número de ocorrências de má-
formação congênita em fetos no país; assunto foi debatido n-o 4º encontro do comitê
emergencial da OMS.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) e autoridades médicas se dizem intrigadas
com o fato de os casos de microcefalia aparentemente serem muito mais numerosos
no Brasil do que em outros países afetados pela epidemia de zika.
A questão esteve no centro dos debates do 4º encontro do comitê emergencial da
OMS sobre o tema, que terminou na última sexta-feira em Genebra.
De acordo com o diretor do comitê, o médico David Heymann, explicações para o alto
número de incidência de más-formações ainda precisam ser desvendadas, e estudos
em diversas direções procuram entender causas além das especuladas até o
momento.
"Há enormes variações e precisamos responder à pergunta: isso ocorreu
simplesmente porque o vírus atingiu a população em um outro momento, e há apenas
um lapso de tempo? Estamos apenas aguardando que as complicações apareçam?
Ou outros fatores contribuem fazendo com que, em uma parte do mundo, a doença
resulte em maiores complicações do que em outra?", indagou.
De acordo com o último boletim epidemiológico da Organização Pan-Americana de
Saúde (Opas), até agosto foram confirmados 1.845 casos de bebês nascidos com
más-formações no Brasil, em uma população de 206 milhões.
O segundo país a registrar maior incidência de más-formações congênitas é a
Colômbia, com 29 casos confirmados em uma população de 47 milhões.
Em uma comparação simplificada, o Brasil tem população cerca de 4,3 vezes maior do
que a do vizinho, mas registra 63 vezes mais casos de más-formações.
Ao todo, infecções por zika foram observadas em 72 países desde 2007, porém
apenas 20 desses reportaram más-formações no sistema nervoso de bebês
associadas ao vírus. Entre eles, quatro foram episódios de infecção ocorridos fora do
território.
Possibilidades
Diversas teorias procuram explicar a razão dos altos índices de microcefalia
observados particularmente no Brasil, mas até o momento nenhuma é conclusiva.
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O argumento mais aceito era de que os surtos haviam iniciado anteriormente no Brasil
e se alastrado para o resto da América Latina, portanto seria apenas uma questão de
tempo até a microcefalia atingir altos números na região como um todo.
Essa profecia, porém, ainda não se concretizou, deixando o Brasil numa indesejável e
solitária liderança estatística.
Para o virologista da USP Paolo Zanotto, a cepa (linhagem) do vírus, o lapso do tempo
desde o início da epidemia, a interação com outras doenças e as condições
socioeconômicas são os fatores mais prováveis por trás da discrepância.
Na reunião da OMS debateu-se extensamente se a versão do zika que provocou a
epidemia no Brasil - de origem asiática e comprovadamente associada à microcefalia -
seria mais perigosa do que sua gêmea, a cepa africana.
"As epidemias com a cepa africana vêm ocorrendo há vários anos, mas ninguém
realmente as observou. Então a pergunta é: estaria a africana também causando
microcefalia?", questionou Peter Salama, diretor-executivo para surtos e emergências
da organização.
"Estamos analisando as diferenças entre as cepas. Isso está sendo investigado",
reforçou Heymann.
Zanotto ressalta que a desproporcionalidade de casos nos Brasil depende da
compreensão do fenômeno como um todo. O lapso do tempo desde o início da
epidemia e o nível de prevalência do vírus seriam os parâmetros corretos para essa
aferição.
"A gente precisaria ter estudos de sorologia retroativos nas populações para entender
em que ponto estamos, quantas pessoas de fato foram infectadas. Um milhão?
Cinquenta milhões? Precisamos saber isso para poder calcular os casos de
microcefalia com um denominador de fato."
"Imagine se no Nordeste (do Brasil) 80% da população já tiver sido infectada? Aí os
números de microcefalia fariam sentido. Mas, se menos de 2 milhões tiverem sido
infectados, ainda haveria muitos milhões (de pessoas vulneráveis). Aí a doença ficaria
muito mais complicada do que parece", explicou.
Cofatores
"É necessário que haja estudos completos, com grupos de controle, para estabelecer
se existem ou não outros aspectos envolvidos. Isso é principalmente por conta da
diferença entre as manifestações (do vírus) em diversos países", afirmou Heymann.
O diretor-executivo destacou que a particularidade brasileira é "uma questão em
aberto". "Há muitos estudos em andamento, inclusive com grupos de controle,
especialmente no Nordeste do Brasil, para explicar as variações entre as incidências
de complicações."
Ele enumerou aspectos genéticos, alimentares e de contaminação ambiental como
exemplos. "Há uma extensa gama de fatores que precisa ser avaliada para
entendermos exatamente a causa", agregou.
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O desafio dos cientistas não é apenas definir quais cofatores impactaram a má-
formação dos bebês, mas também avaliar a interação entre eles, já que possivelmente
ocorrem simultaneamente.
"No Nordeste, há uma prevalência de dengue muito mais alta do que no resto do
Brasil. Cerca de 80% da população já teve dengue. Pesquisas já mostraram que isso
pode ser um intensificador do problema", exemplificou Zanotto.
Outro ponto destacado por Zanotto é o índice de desenvolvimento humano (IDH),
referência utilizada para avaliar a condição socioeconômica da população. De acordo
com o professor, a maioria dos bebês afetados nasceu em comunidades cujo IDH é
baixo.
"Temos evidência de que o fator socioeconômico está relacionado também - pode ser
relacionado à má nutrição ou à exposição a outras doenças."
"Há várias coisas que podem ser a razão (da alta incidência de microcefalia) e
estamos tentando produzir pesquisas em várias linhas pra tentar ficar sensível às
respostas que venham dessas diferentes hipóteses", concluiu.
SINDSAÚDE
02/09/2016
NOTÍCIAS
Denúncia do SindSaúde tem desdobramento
Renilson Rehem comanda Hospital da Criança, única parceria atual do Buriti. Suspeita
é de 'defesa de interesse particular'; CPI apura desvios na Saúde.
O Ministério Público de Contas, ligado ao Tribunal de Contas do Distrito Federal, pediu
que a Corte determine ao Conselho de Saúde que afaste o médico Renilson Rehem
de seu quadro. O órgão aponta possíveis irregularidades nos contratos do Palácio do
Buriti com o Hospital da Criança de Brasília, dirigido por Rehem por meio de uma
organização social, e pede a apuração dessas suspeitas.
As relações de Rehem com o GDF são investigadas pela CPI da Saúde e pelo MP de
Contas. A procuradora do MP de Contas Cláudia Pereira também pediu autorização
para fazer um "pente-fino" nas contas e nos contratos do Instituto de Câncer Infantil e
Pediatria Especializada (Icipe).
O Icipe foi criado para administrar o Hospital da Criança, e é citado pelo GDF como
"exemplo de boa gestão" – o governo quer expandir os contratos com OSs para
gerenciar UPAs e unidades básicas de saúde. As pessoas e órgãos citados no pedido
do MP negam irregularidades (veja os posicionamentos no fim desta reportagem).
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As medidas propostas pelo MP se baseiam em um relatório parcial da CPI da Saúde
ao qual o G1 teve acesso. Elaborado por policiais civis que ajudaram na comissão, o
texto aponta uma série de suspeitas envolvendo a Abrace (entidade de assistência a
jovens pacientes com câncer, responsável pela construção do Hospital da Criança), a
direção do Hospital da Criança e o Icipe.
Em um dos trechos mais críticos do relatório preliminar, a CPI da Saúde afirma que
"acreditar nisso [que as OSs poderiam resolver a saúde pública do DF] é o mesmo que
acreditar em Papai Noel". Segundo o documento, o governo é movido por "interesses
nefastos e escusos" ao apresentar o modelo como solução para o "caos que impera
na saúde".
Investigações
O Icipe é objeto de outras sete investigações em curso no Tribunal de Contas – o
próprio surgimento da entidade é questionado. O instituto foi fundado em 2009 e
passou a ser considerado organização social em 2011. Entre os assuntos apurados,
está o fato de o Icipe ter sido credenciado como OS sem cumprir exigências legais,
como apresentação de balanços dos patrimônios dos dois anos anteriores.
Desde 2011, o Icipe recebeu mais de R$ 200 milhões do GDF e do governo federal
sem licitação. Segundo o relatório, a contratação do instituto “não poderia ter ocorrido
pelo fato de que o Icipe não preenchia os requisitos formais de estabelecimentos nos
chamamentos públicos”. Os contratos com a entidade foram assinados à época
mesmo sem o aval da Procuradoria-Geral do DF.
LEIA ABAIXO AS SUSPEITAS LEVANTADAS PELO RELATÓRIO:
Grupo de Trabalho e Conselho de Saúde
Médico sanitarista de 65 anos, Renilson Rehem é um dos sete integrantes de um
grupo de trabalho formado pelo governo para analisar a "descentralização da gestão
em saúde" – ou seja, a contratação das organizações sociais.
O grupo foi criado em agosto de 2015 e lista Rehem como servidor. Segundo a CPI, o
diretor do hospital não faz parte do quadro do GDF. Além disso, ele preside o Instituto
Brasileiro de Organizações Sociais de Saúde (Ibross), que representa 19 OSs pelo
país.
Se o modelo for alterado e as OSs forem contratadas, cada acordo firmado terá de
passar pelo Conselho de Saúde. A CPI questiona o fato de Rehem representar as
organizações e, ao mesmo tempo, estar envolvido na avaliação desses contratos.
Além de pedir o afastamento de Renilson Rehem, o MP pede que o Tribunal de
Contas mande anular a criação do grupo de trabalho, ou cobre explicações do Buriti
sobre a composição desse grupo.
Vínculos suspeitos
Ainda de acordo com o relatório, os dirigentes do Icipe "guardam uma íntima relação
com os dirigentes da Abrace, mantendo ainda uma relação 'promíscua' com os
dirigentes do HCB [Hospital da Criança de Brasília]".
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O texto aponta que servidores da Secretaria de Saúde têm dificuldade até para
diferenciar hospital, entidade e OS, porque as três instâncias têm membros em
comum.
"Outro detalhe que merece atenção é que a maioria dos integrantes do Icipe, HCB e
Abrace possuem várias empresas com 'animus lucrandi' registradas em seu nome.
São pessoas que se dedicam muito à 'filantropia', mas não se esquecem de lucrar em
suas empresas", dizem os policiais que assinam o relatório. As dezenas de empresas
referidas são de serviços e consultoria na área da saúde. Pela denúncia, Rehem é
"sócio de cinco empresas", incluindo o Ibross.
Por causa dos vínculos entre os integrantes das entidades investigadas, o relatório
indica a “real possibilidade da ocorrência de crimes contra a administração pública,
não sendo fantasiosa a cogitação do cometimento de crimes de lavagem de dinheiro”.
O relatório, no entanto, não dá mais detalhes sobre a suspeita.
Ligações suspeitas
No texto, os policiais lembram que Renilson Rehem já foi acusado de tentativa de
extorsão contra uma fornecedora de medicamentos anticâncer enquanto era secretário
no Ministério da Saúde, em 2001. À época, foi absolvido. Segundo o relatório, Rehem
operava com um lobista que chegou a ser preso na operação Zelotes.
O documento também “puxa” a ficha do presidente do Icipe e vice-presidente da
Abrace, Newton Alarcão. Segundo o texto, ele é sócio de um conglomerado de
empresas do ramo de informática e de TI chamado Politec/Indra, que tem contratos
com o GDF. Só da Secretaria de Saúde, foram repassados R$ 926.385 para o grupo.
A Politec foi alvo da operação Custo Brasil – um desdobramento da Lava Jato que
apura supostas fraudes cometidas no Ministério do Planejamento em operações de
crédito consignado a servidores federais.
Ainda de acordo com o documento, Newton Alarcão é parente do ex-secretário de
Obras Jaime Alarcão, que chegou a ser preso em 2001 por crimes contra o
consumidor. A passagem dele no GDF foi durante o governo de José Roberto Arruda.
Endereço em comum
Segundo o relatório da CPI, a sede do Icipe funciona no mesmo local que a sede do
Ibross, no Guará. No local, Rehem e Alarcão dividem a mesma sala. “A utilização
conjunta da sala não seria estranha, não fosse o fato de que Renilson Rehem de um
lado defende o interesse de 19 OSs, sendo que de outro lado, Newton Alarcão,
presidente do Icipe, recebe uma enormidade de recursos públicos.”
Os investigadores que assessoram a CPI chegaram à conclusão de que há risco de
existirem “relações escusas” com as empresas vinculadas aos membros das
entidades investigadas. “Não seria estranho afirmarmos que a Abrace, Icipe e HCB,
embora pessoas totalmente distintas, fossem tratadas como uma única pessoa, dada
a evidente confusão patrimonial entre elas”, cita o texto.
Liberação de verbas
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O documento enviado pela CPI a promotores e procuradores alerta para o fato de que
a médica Dea Carvalho agiu a favor do Icipe e do Hospital da Criança enquanto
servidora na Secretaria de Saúde. Mesmo fazendo parte do quadro do GDF, ela
aparece como uma das pessoas que assinaram a ata de assembleia que constituiu o
Icipe.
Em um ofício de junho de 2010, Dea pede que sejam liberados R$ 80 milhões com
urgência para o instituto referente a um contrato com a pasta. À época, ela era
subsecretária interina de Programação, Avaliação, Regulação e Controle. Em junho de
2013, Dea se tornou diretora do Icipe. A aposentadoria dela só ocorreu em agosto
daquele ano.
Para os investigadores que colaboraram com a CPI, não há dúvidas de que Dea
“praticou no mínimo o crime de advocacia administrativa, atando em favor do Icipe,
quando ainda estava lotada como subsecretária”.
VERSÃO DOS CITADOS
Secretaria de Saúde
De acordo com a Secretaria de Saúde, o grupo de trabalho instaurado para criar a
minuta do projeto de lei que permite a ampliação da participação das OS concluiu os
trabalhos em dezembro de 2015. O grupo foi desfeito naquela ocasião.
Ainda segundo a pasta, há dois assentos de titulares e suplentes no Conselho de
Saúde para representantes de prestadores de serviços. Como diretor do Hospital da
Criança, Rehem ocupa uma vaga de suplente, cujo titular é o diretor do Instituto de
Cardiologia do Distrito Federal, Jorge Bruno Rosário de Souza, diz a secretaria.
O Conselho de Saúde também é composto por representantes do governo, servidores
e usuários da saúde. Ele atua na formulação de estratégias e políticas de saúde.
Renilson Rehem
Ele diz não participar de nenhuma comissão sobre OS. Segundo ele, o Ibross "tem
como um dos seus objetivos destacar as organizações sociais mais comprometidas
com uma gestão competente e responsável dos recursos públicos".
"Acrescento ainda que não há nada o que possa motivar suspeitas sobre o trabalho
que é realizado na administração do Hospital da Criança de Brasília cujas contas
relativas aos anos de 2011, 2012 e 2013 já foram analisadas minuciosamente e
aprovadas pelo TCDF", declarou.
Rehem negou fazer parte de acordo quem destinam verbas para qualquer unidade.
Sobre o episódio em que foi acusado de extorsão, o médico diz ter sido a própria
vítima do lobista e que partiram dele as denúncias sobre o caso à Polícia Federal.
"O modelo de OS é apenas uma das várias possibilidades existentes no SUS. Mas
não acho que seja um modelo mágico, que por si só é perfeito. Para que a parceria dê
certo, a OS precisa ser séria, o governo precisa se preparar, se organizar, para
acompanhar e fazer sua parte no controle e na avaliação da execução do Contrato de
Gestão", afirmou.
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Déa Carvalho
A ex-servidora relatou ter ocupado o cardo de diretora de Programação e Políticas de
Saúde entre novembro de 2008 e dezembro de 2010. Em janeiro de 2011, entregou o
cargo "por motivo de mudança de governo".
Entre junho de 2009 e julho de 2010, atuou como subsecretária interina de
Programação e Políticas de Saúde. "Quando o Icipe foi contratado, eu atuava na
Secretaria de Saúde sem cargo comissionado, como técnica [..], condição que
perdurou até minha aposentadoria em 2013. O Icipe não recebeu recursos da
Secretaria de Saúde, a qualquer título, até sua contratação em agosto de 2011."
Segundo ela, nenhum dos cargos que ocupou teve como atribuição ou prerrogativa a
autorização ou ordenação de despesas ou de celebração de contratos e convênios.
"Na verdade, como caracteriza a área de planejamento, as divisões em que trabalhei
eram só o ponto de partida desses processos, após solicitacao de áreas técnicas
finalísticas, geralmente da Subsecretaria de Atenção a Saúde."
Icipe e Newton Alarcão
O G1 não recebeu retorno do Icipe ou de seu presidente, Newton Alarcão, até a
publicação desta reportagem.
VÍDEOS
REDE GLOBO
05/09/2016
DFTV 1ª EDIÇÃO
Suposto esquema de equipamentos cirúrgicos
movimentou mais de R$ 30 milhões em 5 anos
A TV Globo teve acesso a diálogos de integrantes da máfia das próteses. Trinta
vítimas procuraram a polícia. O médico considerado chefe do esquema é advogado e
atuava contra os planos de saúde. A organização movimentou mais de R$ 30 milhões
em 5 anos
Vídeo disponível aqui.
REDE GLOBO
57
05/09/2016
DFTV 2ª EDIÇÃO
Polícia começa a ouvir pacientes operados por
médicos citados em esquema de fraudes no DF
Muitas pessoas já procuraram a polícia dizendo ser vítimas dos médicos que
participavam do esquema.
Vídeo disponível aqui.
REDE GLOBO
05/09/2016
DFTV 2ª EDIÇÃO
Crise na saúde afeta pacientes que precisam de
leitos na UTI
Muitos pacientes precisam acionar a Justiça para ter uma solução.
Vídeo disponível aqui.