viabilidade da Água de chuva

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Estudo de Viabilidade de Utilização de Água da Chuva em Sistemas Residenciais

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  • VIABILIDADE DE UTILIZAO DE GUA PLUVIAL EM EDIFICAES

    DALLA SANTA, Camila (1); CARTANA, Vera Maria (2); FERNANDES, Luiza (3) FERNANDES, Julia (4); CAVAGNI, Marcos (5); FIORI, Simone (6);

    SCORTEGAGNA, Vinicius (7).

    (1) Universidade de Passo Fundo, (54)(3316-8233), [email protected] (2) Universidade de Passo Fundo, [email protected], (3) Universidade de Passo Fundo, [email protected], (4)

    Universidade de Passo Fundo, [email protected], (5) Universidade de Passo Fundo, [email protected],; (6) Universidade de Passo Fundo, [email protected], (7) Universidade de

    Passo Fundo, [email protected].

    RESUMO A escassez de gua potvel no mundo cada vez mais real e no respeita raa, local, credo e nem condio social. Os fatores climticos, o aumento da densidade populacional principalmente nos centros urbanos e a poluio dos mananciais colaboram para que a disponibilidade de gua potvel destinada s necessidades humanas esteja cada vez mais escassa. A gesto do uso da gua tem sido pauta de reunies internacionais e nacionais das organizaes relacionadas aos recursos hdricos, nas quais cada vez mais o uso de gua no potvel vem sendo apontado como a soluo para os problemas de escassez. No entanto o uso generalizado da gua pluvial torna-se preocupante medida que, muitos desses sistemas no se encontram adequados s legislaes vigentes, no conseguem abastecer os usos pretendidos para a gua pluvial, acarretando assim, insuficincia no abastecimento, ineficincia econmica e o mais grave, contaminao dessa gua por agentes patolgicos, gerando srios danos sade do usurio. Dessa forma, o presente trabalho analisou a viabilidade de implantao de sistemas de aproveitamento de guas pluviais de quatro tipos de edificaes residenciais. As anlises foram baseadas no consumo que pode ser substitudo por gua pluvial, como descarga de bacias sanitrias, rega de jardins e lavagem de pisos e caladas, nas intensidades pluviomtricas de algumas regies brasileiras e nas dimenses das reas de coleta. O dimensionamento foi baseado na ABNT- NBR 15527/07, focado basicamente no clculo das demandas e dos volumes dos reservatrios. Com estes dados foram montados diversos cenrios, os quais foram analisados a sua viabilidade de implantao. O trabalho demonstrou que para alguns cenrios ficou invivel a implantao de sistema para aproveitamento de gua pluvial. A principal contribuio deste trabalhou a de poder auxiliar os futuros projetos de sistemas prediais que pretendam utilizar sistemas de aproveitamento de guas pluviais.

    Palavras-chave: gua no potvel, Precipitaes, rea de coleta, Reservatrios.

    ABSTRACT The Shortage of potable water is getting increasingly real, and doesnt distinguish race, local, creed neither social conditions. The Climatic conditions , the population density raise, mainly in urban centers, and the pollution of watercourses used for public water supply, all combined, cause the shortage of potable water used for humans needs. The management of water use has been subject in international and national meetings of organizations related with water resource, in which the use of non-potable water its been indicated as a solution for the shortage issue. Though, the generalized use of rainwater becomes a problem once, many of rainwater systems arent at the framework of the current legislation, cant provide enough rainwater for its aimed function, causing, thus, insufficiency in the supply, economic inefficiency and ,most severely, contamination of this water for pathogens, implying in serious healthy damage for the users. Therefore, in the present work, the viability of the implementation of rainwater systems for four types of residential buildings is analyzed. The analysis were based in the consumption of potable water that can be exchanged for rainwater, as in water closet flush, watering lawns and washing sidewalks and floors, in rainfall rates of some Brazilian regions and in dimensions of collect areas. The dimensioning was based on ABNT- NBR 15527/07, focused basically in the calculation of demands and reservatories volumes. With this data, several scenarios were assembled, which the viability of implementation was analyzed. The present study shown that, for some scenarios, the implementation of rainwater systems was impracticable. The major contribution of this work is the capacity to help future projects of buildings systems that intend to use systems to reuse rainwater.

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    Keywords: Non-potable water, Rain, Collection area, Reservatories.

    1 INTRODUO A gua um bem indispensvel para a conservao da vida. Em alguns locais, a disponibilidade de gua potvel grande, e a populao ainda acredita que um bem infinito, por isso h tanto desperdcio e descuidado. A falta de gua potvel j um problemas e com o crescimento desenfreado da populao nas cidades houve um agravamento da situao devido ao aumento de demanda. Os usos indevidos da gua potvel, em regas de jardins e lavagem de caladas, por exemplo, tambm contribui para a construo de uma nova proposta para usos no potveis, onde a qualidade da gua pode ser inferior quela que usada para beber ou tomar banho. Muito mais que uma tendncia o reso de guas cinzas proveniente de lavatrios e chuveiros, e o aproveitamento de gua pluvial esto sendo alternativas para diminuir estes usos. Para haver um equilbrio entre conservao do meio ambiente e economia por parte da populao, deve haver um sistema que harmonize as duas situaes, como o aproveitamento das guas pluviais para usos menos nobres. As grandes cidades, que tem o solo praticamente todo impermeabilizado, sofrem quando ocorrem grandes volumes de chuva em pouco tempo, causando assim enormes enchentes. Com isso, so inmeros os pontos positivos do sistema de aproveitamento de gua pluvial. Conforme Simioni (2004), o aproveitamento de gua pluvial traz baixo impacto ambiental, complementa o sistema convencional, tem gua com qualidade aceitvel para vrios fins que necessitam de pouco tratamento e ainda consegue ter uma reserva de gua para situaes de emergncia ou interrupo do abastecimento pblico. Aliado a este fato algumas cidades brasileiras incorporaram em seus planos diretores a obrigatoriedade da realizao de reservatrios de retardo das guas pluviais o que tem levado aos usurios e projetistas a pensar em um possvel aproveitamento desses volumes reservados. H tambm grande importncia econmica com a implantao deste sistema, que gera reduo de gastos para as empresas, populao em geral e governos, pois preserva a gua potvel para fins nobres e diminui prejuzos com inundaes e alagamentos que podem ocorrer quando h grandes volumes de chuva. Assim, o objetivo deste trabalho estudar a viabilidade do aproveitamento de guas pluviais em duas residncias unifamiliares e dois edifcios residenciais multifamiliares. As anlises foram baseadas na demanda que pode ser substitudo por gua pluvial, descarga de bacias sanitrias, rega de jardins e lavagem de pisos, nas intensidades pluviomtricas de algumas regies brasileiras com sries histricas dos ltimos 10 anos e nas dimenses das reas de coleta. Neste trabalho sero apresentadas relaes entre as variveis citadas de modo que seja mais fcil para os usurios e projetistas pensar e projetar sistemas de aproveitamento de guas pluviais.

    2 FUNDAMENTAO O aproveitamento de gua pluvial possui caractersticas prprias e individuais em cada sistema e em todas elas atingem o princpio de saneamento ecolgico. Quando esse sistema utilizado, a edificao est sendo autossuficiente e contribuindo para a preservao da gua (GONALVES, 2006).

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    Possuir um sistema para coleta de gua pluvial no serve somente para preservar a gua potvel, mas tambm para economizar energia nas estaes de tratamento e nos bombeamentos de gua nas edificaes. Os sistemas de aproveitamento de guas pluviais devem obedecer alguns critrios como proteo ambiental, viabilidade econmica, higiene e esttica do conjunto. Para correto uso e funcionamento do sistema de aproveitamento devem ser identificados e caracterizados qualquer tipo de interferncia nas etapas do sistema como entrada de luz no reservatrio, que pode produzir algas e microrganismos, realizar limpeza anual dos reservatrios, colocao de grades ou tela para evitar a entrada de pequenos animais e galhos, colocao de tubos de diferentes cores para gua potvel e gua no potvel.

    2.1 Sistemas de aproveitamento de gua pluvial Os sistemas de aproveitamento de gua pluvial devem contar com algumas precaues como limpeza do reservatrio ao menos uma vez por ano, evitar a luz do sol, a gua pluvial coletada deve ser somente para consumo no potvel, a tubulao deve ser de outra cor realando que so de uso no potvel, prever para grandes estiagens o abastecimento com gua potvel no reservatrio de gua pluvial e ainda analisar se precisa haver tratamento para as guas pluviais. O sistema deve possuir um dispositivo para descarte da primeira chuva, a qual serve para limpar a rea coletora. As guas pluviais podem ser usadas para descarga de bacias sanitrias, lavagem de carros, rega de jardins. Nas instalaes de maiores dimenses, como indstrias e edificaes de grande porte, o destino final da gua pluvial pode ser para descarga de bacias sanitrias, servios de limpeza e reserva de incndio. Embora haja um impacto significativo na reduo de gua potvel, nem sempre o custo de instalao de um sistema de aproveitamento baixo, pois deve haver uma rede de abastecimento dupla potvel e outra no potvel, reservatrios para o seu armazenamento, mais o sistema para tratamento da gua no potvel. Dependendo do tamanho da rea de coleta est pode no ser suficiente para suprir a demanda por gua no potvel dentro da edificao o que pode acarretar em uma reduo insignificante no consumo de gua potvel o que pode inviabilizar a aplicao do sistema. Sendo assim, um sistema de aproveitamento de gua pluvial diminui o consumo de gua potvel, em alguns casos, e reduz o gasto com estaes de tratamento de gua ou bombas, pois se tem como base um processo ecolgico, sem grandes investimentos e sem uso de tratamentos complexos para limpeza da gua. A figura 1 mostra o desenho esquemtico de um sistema de coleta e armazenamento de gua pluvial.

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    Figura 1 Desenho Esquemtico do sistema de coleta de gua pluvial

    Fonte: Valle, Pinheiro, Ferrari (2007)

    2.2 Dimensionamento do reservatrio de gua pluvial Dentro de um sistema de aproveitamento de guas pluviais a principal preocupao deve ser sempre com o dimensionamento dos reservatrios, que o componente com maior custo do sistema. A ABNT-NBR 15527/07 apresenta diversos mtodos de dimensionamento de reservatrios, os quais apresentam para uma mesma condio valores muito diversos. Isso pode ser constato no trabalho desenvolvido por Faresin (2012), onde para uma mesma rea de coleta os valores calculados pelos diversos mtodos apresentados na NBR 15527 obtiveram uma variao de 3m3 no caso do Mtodo de Rippl at 106,98 m3 para o Mtodo Prtico Alemo. O mesmo pode ser observado no trabalho realizado por Cohim (2008) onde na aplicao de diversos mtodos de dimensionamento de reservatrios para sistemas de aproveitamento de gua pluvial os valores apresentaram muitas variaes desde um valor de 2,2 m3 para o Mtodo Ingls at um valor de 36,9 m3 para o Mtodo baseado no maior perodo de estiagem. Entre os diversos mtodos apresentados na ABNT-NBR 15527 o mais utilizado tem sido o Mtodo de Ripll, pela sua facilidade de aplicao e por possibilitar a utilizao das mdias dirias ou mensais nas suas anlises. No caso da utilizao de mdias dirias estas tendem a fornecer volumes maiores para os reservatrios ao passo que com as mdias mensais os valores se aproximam mais dos valores obtidos por outros mtodos. Assim, neste trabalho a base para anlise dos volumes dos reservatrios ser o Mtodo de Rippl.

    2.3 Mtodo de Rippl Conforme ABNT -NBR 15.527/07, a frmula a ser adotada para o clculo dos reservatrios pelo Mtodo Rippl e a apresentada na equao 1. Neste mtodo podem-se usar as sries histricas mensais ou dirias.

    S (t) = D (t) Q (t) (1) Onde: S (t) = Volume de gua no reservatrio no tempo t;

    Q (t) = Volume de chuva aproveitvel no tempo t; D (t) = Demanda ou consumo no tempo t;

    Sendo que o volume de chuva aproveitvel obtido pela equao 2. Q (t) = C x precipitao da chuva x rea de captao (2)

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    Onde: Q (t) = Volume de chuva aproveitvel no tempo t; C = coeficiente de escoamento superficial.

    Resultando que o volume do reservatrio (V) ser o obtido na equao 3. V = S (t) somente para valores S (t) > 0 (3)

    Sendo que: D (t) < Q (t) No entanto neste mtodo no existe qualquer recomendao quanto ao procedimento que deve ser adotado quando o somatrio do volume de gua no reservatrio S (t) for menor do que zero, ou seja, quando em todos os meses o valor da demanda for inferior ao volume de gua no reservatrio. Considerando-se ainda que os mtodos atuais, para clculo de reservatrio de aproveitamento de guas pluviais, inclusive o de Ripll esto associados ao acmulo de gua para os dias de seca, ou seja, preocupam-se em armazenar volumes para utilizao ao longo do ano. Isto exige a construo de reservatrios com grande capacidade de armazenagem, o que pode inviabilizar a sua construo em situaes especficas. Assim, os usurios e projetistas de sistemas de aproveitamento de guas pluviais quando se deparam com esse problema, ficam com a incerteza da viabilidade de implantao dos sistemas, seja ela tcnica ou econmica.

    3 PROCEDIMENTOS METODOLGICOS O presente trabalho foi baseado na anlise de outros trabalhos enfocando o tema da coleta e aproveitamento de gua pluvial desenvolvidos em nvel nacional de onde foram retirados os ndices pluviomtricos utilizados nas anlises. Para a realizao do trabalho foram aplicados os seguintes procedimentos metodolgicos, divididos em quatro etapas, descritas a seguir.

    3.1 Etapa 1: Escolha dos locais de estudo e levantamento dos ndices pluviomtricos

    Para desenvolver este estudo foram escolhidos cinco estados brasileiros, por serem os estados que possuem estudos publicados relativo ao aproveitamento de guas pluviais. Para identificao dos ndices pluviomtricos dos estados e cidades escolhidas para anlise, as informaes necessrias foram obtidas do site da Agncia Nacional de guas (ANA), mais especificamente no Portal SNIRH (Sistema Nacional de Informaes sobre Recursos Hdricos).

    3.2 Etapa 2: Escolha das edificaes para anlise Para esta anlise foram escolhidas quatro tipologias de edificaes residenciais, quais sejam: - Tipologia 1: Edificao unifamiliar de padro alto com dois pavimentos, rea de cobertura de 245 m, com 4 dormitrios sociais e um dormitrio de servio. Com um total de 7 bacias sanitrias. rea de jardim de 50 m2 e rea de calada de 35m2. - Tipologia 2: Edificao unifamiliar de padro baixo trrea com dois dormitrios, rea de cobertura de 57 m2, com duas bacias sanitrias, rea de jardim de 18 m2 e 25 m2 de calada. - Tipologia 3: Edificao multifamilar com padro alto, nove pavimentos, com quatro apartamentos por pavimento e cada apartamento de 3 dormitrios e dependncia de

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    servio, com rea de cobertura de 535 m2, com 108 bacias sanitrias. rea de jardim de 230 m2, rea de calada de 147 m2. - Tipologia 4: Edificao multifamilar com padro baixo com onze pavimentos, com quatro apartamentos por pavimento, cada apartamento com 2 dormitrios scias e sem dormitrio de servio. rea total de cobertura de 230 m. Com 44 bacias sanitrias. rea de jardim de 95 m2 e calada de 85 m2.

    3.3 Etapa 3: Clculo das demandas de gua potvel e no potvel das edificaes: Nesta etapa foi realizado o clculo das demandas de gua potvel e de gua no potvel, com base no que preconiza a ABNT-NBR5626/98 e a ABNT-NBR15527/07, para cada uma das edificaes escolhidas para anlise. A demanda de gua potvel foi estimado para possibilitar a comparao e anlise da economia gerada com a utilizao do sistema de aproveitamento de gua pluvial. Para possibilitar o clculo da demanda de gua no potvel foi necessrio a definio dos usos pretendidos para a gua no potvel, os quais foram definidos como sendo para a descarga das bacias sanitrias, rega e jardins e lavagem de pisos e caladas. A da demanda de gua potvel foi realizado levando-se em considerao a populao usuria da edificao e o consumo per capita. Para o clculo da populao foi adotado que:

    - dormitrios sociais fosse considerado 2 pessoas; - dormitrios de servios fosse considerado 1 pessoa.

    Quanto ao consumo per capita foi adotado 200 L/p.dia. A demanda de gua potvel foi obtida pela equao 4.

    DAP = Pxqx30dias (4) Onde: DAP = Demanda de gua potvel (L/ms)

    P = Populao usuria da edificao; q = Consumo per capita.

    Para a descarga das bacias sanitrias foi escolhido que a sua demanda fosse obtida a partir da equao 5:

    DBS = NBxVBSxNUx30 dias (5) Onde: DBS = Demanda de gua para a bacia sanitria (L/ms);

    NB = Nmero de bacias sanitrias existente na edificao; VBS = Volume de descarga da bacia sanitria (adotado: 6,8 L/descarga); NU = Nmero de usos da bacia sanitria por dia.

    Para estimar a demanda mensal para rega de jardins foi utilizado a equao 6: DRJ = VRJxAJx30dias (6)

    Onde: DRJ = Demanda de gua para a rega de jardim (L/ms); VRJ = volume de gua considerado para a rega de jardim (adotado 0,8

    L/dia/m); AJ = rea de jardim a ser regada (m2).

    No caso da demanda para a lavagem de pisos e caladas foi utilizada a equao 7: DLP = VLPxAPxNL (7)

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    Onde: DLP = Demanda de gua para a lavagem de pisos ou caladas (L/ms); VLP = Volume de gua considerado em cada lavagem (adotado 3,5 L/dia/m2); AP = rea de piso ou calada a ser lavada (m2); NL = Nmero de lavagens por ms (adotado 2 lavagens por ms).

    Os clculo utilizados para a demanda foram baseados em trabalhos j desenvolvidos que enfocavam o clculo de demanda para gua no potvel e em levantamentos realizados para este trabalho.

    3.4 Etapa 4: Desenvolvimento da anlise da eficincia dos sistemas Para o desenvolvimento da anlise da eficincia dos sistemas de aproveitamento de gua pluvial nas tipologias escolhidas de edificaes unifamiliar e multifamiliar, foram montados cenrios para avaliao da demanda necessria e da disponibilidade de gua pluvial. Foram montados trs cenrios para cada uma das duas cidades em cada um dos estados estudados. O primeiro foi montado considerando toda a demanda para todos os usos pretendidos, descarga de bacias sanitrias, rega de jardim e lavagem de pisos e caladas, a segunda foi considerando apenas a descarga de bacias sanitrias e a terceira somente a rega de jardim e lavagem de pisos e caladas. A partir da montagem dos cenrios foi calculada a demanda de gua potvel e de gua no potvel para cada edificao estudada. Para a anlise da viabilidade do sistema de aproveitamento das guas pluviais os cenrios foram analisados considerando-se o dimensionamento do reservatrio e para isso foi utilizado um mtodo baseado no mtodo de Rippl com algumas variaes. As variaes foram baseadas em um conceito bsico que o oposto ao dos mtodos tradicionais, pois procurou-se determinar o volume dos reservatrios com base no aproveitamento da gua de chuva na poca em que ela est ocorrendo e no o de armazenar grandes volumes para as pocas de seca. Assim, a reduo do consumo de gua potvel ir ocorrer nas pocas de chuva e no de seca. A partir da aplicao do mtodo Rippl foi possvel determinar para cada ms se a demanda de gua no potvel era superada pelo volume de chuva ou quando o volume de chuva superava a demanda. No caso da demanda de gua no potvel ser superior ao volume de chuva o volume do reservatrio foi considerando como o maior valor positivo obtido no clculo ao longo do ano somado a demanda de gua potvel. Tal considerao foi realizada porque estamos procurando reduzir os volumes armazenados pois pretende-se armazenar somente os perodos de chuva e no para os de seca. Tambm foi realizada a uma anlise do percentual de economia de gua potvel que pode ser obtido com a substituio por gua no potvel para as quatro edificaes analisadas com finalidade de fornecer aos projetistas uma ideia melhor da real economia de gua potvel que os sistemas de aproveitamento de gua pluvial podem trazer para uma edificao.

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    4 RESULTADOS E DISCUSSES Os resultados e discusses foram organizados seguindo as etapas da metodologia.

    4.1 Resultados da escolha dos locais de estudo e levantamento dos ndices pluviomtricos

    Os estados brasileiros usados como base para o estudo foram Pernambuco, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, So Paulo e Mato Grosso. Em cada estado foram escolhidas duas cidades que possussem dados pluviomtricos disponveis. As cidades escolhidas foram as seguinte:

    - Estado de Pernambuco: Pesqueira e Salgueiro; - Estado de Mato Grosso: Cuiab e Chapada dos Guimares; - Estado de So Paulo: Guaruj e Santos; - Estado de Santa Catarina: Florianpolis e Urubici; - Estado do Rio Grande do Sul: Passo Fundo e Trs Passos.

    As sries histricas pluviomtricas adotadas foram de um perodo de 10 anos e esto apresentadas no quadro 1.

    Quadro 1 Mdia das Precipitaes mensais e anuais para cada cidade (mm/ms)

    Fonte: Autores, 2014.

    Analisando-se o quadro 1 pode-se ver que existe uma grande variabilidade nas precipitaes analisadas, as quais vo de 0,46 mm/ms na cidade de Salgueiro em PE no ms de agosto a um valor de 362,54 mm/ms na cidade de Santos SP no ms de Janeiro. O que possibilitou a obteno de valores muito diferenciados de volume de gua pluvial possveis de serem aproveitados para as situaes analisadas.

    4.2 Resultados para o clculo das demandas de gua potvel e no potvel das edificaes

    Com base nas formulaes e consideraes realizadas no item dos procedimentos metodolgicos foi possvel determinar as demandas de gua potvel e no potvel para cada uma das quatro edificaes analisadas, como mostra o quadro 2.

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    Quadro 2 Demandas de gua potvel e no potvel para as edificaes (m3/ms).

    Fonte: Autores, 2014.

    Pela anlise do quadro 2 pode-se perceber que as maiores percentagens de reduo da demanda total de gua potvel ocorreram para as edificaes unifamiliares que possuem menores demandas, ou seja, a maior reduo foi alcanada para a edificao unifamiliar de padro alto que foi de 15,9%, enquanto que a menor reduo foi atingida para a edificao multifamiliar de padro baixo com o valor de 4,5%. Considerando-se as demandas parciais com os usos separados para descarga de bacias sanitrias, rega de jardim e lavagem de pisos e caladas, os maiores valores de reduo foram alcanados para a descarga de bacias sanitrias que foi de 13,2%, enquanto que o menor valor de reduo foi para lavagem de pisos e caladas que foi de 0,1%. Mas o que isso demonstra principalmente que para os casos estudados a maior reduo alcanou 15,9%. 4.3 Resultados para o desenvolvimento da anlise da eficincia dos sistemas Para a anlise da eficincia dos sistemas analisados, considerando-se as quatro tipologias adotadas, e as dez variaes de precipitaes, foram mantados diversos quadros os quais foram agrupados por tipo de tipologia. - Tipologia 1: Edificao unifamiliar de padro alto com dois pavimentos, rea de cobertura de 245 m, com 4 dormitrios sociais e um dormitrio de servio. Com um total de 7 bacias sanitrias. rea de jardim de 50 m2 e rea de calada de 35m2. Os seus resultados esto apresentados nos quadros 3 a 5, onde aparecem os valores dos volumes dos reservatrios para cada um dos trs cenrios analisadas.

    Quadro 3 Edificao unifamiliar padro alto com a demanda total de gua no potvel

    Fonte: Autores (2014)

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    Quadro 4 Edificao unifamiliar padro alto com a demanda somente das bacias sanitrias.

    Legenda: ND Valor no determinado pelo Mtodo de Rippl Fonte: Autores (2014)

    Quadro 5 Edificao unifamiliar padro alto com a demanda somente para rega de jardim e lavagem de caladas de pisos

    Legenda: ND Valor no determinado pelo Mtodo de Rippl Fonte: Autores (2014)

    Nos quadros 3 e 4 onde as demandas analisadas foram maiores, pode-se ver que os maiores valores de reservatrios foram para as cidades com menores ndices de precipitaes, mas mesmo assim os valores resultantes so aceitveis, pois o maior volume foi de 14,2 m3. J no quadro 5 onde a demanda bem menor os valores resultantes foram tambm menores. Mas em todos eles a grande maioria dos volumes foram iguais a demanda o que significa que os volumes de precipitaes so suficientes para abastecer as demandas. - Tipologia 2: Edificao unifamiliar de padro baixo trrea com dois dormitrios, rea de cobertura de 57 m2, com duas bacias sanitrias, rea de jardim de 18 m2 e 25 m2 de calada. Os seus resultados esto apresentados nos quadros 6 a 8, onde aparecem os valores dos volumes dos reservatrios para cada um dos trs cenrios analisadas.

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    Quadro 6 Edificao unifamiliar padro baixo com a demanda total de gua no potvel

    Legenda: ND Valor no determinado pelo Mtodo de Rippl Fonte: Autores (2014)

    Quadro 7 Edificao unifamiliar padro baixo com a demanda somente das bacias sanitrias

    Legenda: ND Valor no determinado pelo Mtodo de Rippl Fonte: Autores (2014)

    Quadro 8 Edificao unifamiliar padro baixo com a demanda somente para rega de jardim e lavagem de caladas e pisos

    Legenda: ND Valor no determinado pelo Mtodo de Rippl Fonte: Autores (2014)

    Nos quadro de 7 a 8 percebe-se um comportamento semelhante aos anteriores, no entanto pelo fato desta tipologia ser para edificaes de baixo padro a colocao de um reservatrio de 1200 L pode resultar em um custo elevado para o padro de edificao. Neste caso seria necessrio uma avaliao econmica antes da implantao do sistema. - Tipologia 3: Edificao multifamilar com padro alto, nove pavimentos, com quatro apartamentos por pavimento e cada apartamento de 3 dormitrios e dependncia de servio, com rea de cobertura de 535 m2, com 108 bacias sanitrias. rea de jardim de

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    230 m2, rea de calada de 147 m2. Os seus resultados esto apresentados nos quadros 9 a 11, onde aparecem os valores dos volumes dos reservatrios para cada um dos trs cenrios analisadas. Quadro 9 Edificao multifamiliar padro alto com a demanda total de gua no

    potvel

    Legenda: ND Valor no determinado pelo Mtodo de Rippl. Fonte: Autores (2014)

    Quadro 10 Edificao multifamiliar padro alto com a demanda somente das bacias sanitrias

    Legenda: ND Valor no determinado pelo Mtodo de Rippl. Fonte: Autores (2014)

    Quadro 11 Edificao multifamiliar padro alto com a demanda somente para rega de jardim e lavagem de caladas e pisos

    Legenda: ND Valor no determinado pelo Mtodo de Rippl. Fonte: Autores (2014)

    Pela anlise dos quadros 9 a 11 percebe-se que para esta tipologia a demanda de gua potvel com maior possibilidade de aproveitamento a de rega de jardim e lavagem de pisos, pois foi onde os resultados foram mais satisfatrios ficando os maiores volumes para as cidades de menores precipitaes e sendo o maior deles de 12,9 m3. Para as demais demandas os volumes resultaram muito elevados o que pode inviabilizar a implantao dos sistemas de aproveitamento de gua pluvial.

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    - Tipologia 4: Edificao multifamilar com padro baixo com onze pavimentos, com quatro apartamentos por pavimento, cada apartamento com 2 dormitrios scias e sem dormitrio de servio. rea total de cobertura de 230 m. Com 44 bacias sanitrias. rea de jardim de 95 m2 e calada de 85 m2. Os seus resultados esto apresentados nos quadros 12 a 14, onde aparecem os valores dos volumes dos reservatrios para cada um dos trs cenrios analisadas.

    Quadro 12 Edificao multifamiliar padro baixo com a demanda total de gua no potvel

    Legenda: ND Valor no determinado pelo Mtodo de Rippl. Fonte: Autores (2014)

    Quadro 13 Edificao multifamiliar padro baixo com a demanda somente das bacias sanitrias

    Legenda: ND Valor no determinado pelo Mtodo de Rippl. Fonte: Autores (2014)

    Quadro 14 Edificao multifamiliar padro baixo com a demanda somente para rega de jardim e lavagem de caladas e pisos

    Legenda: ND Valor no determinado pelo Mtodo de Rippl. Fonte: Autores (2014)

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    Pela anlise dos quadro 12 a 14 percebe-se um comportamento semelhante ao que ocorreu nos quadros anteriores (10 a12), onde para as maiores demandas os resultados dos volumes dos reservatrios foram muito elevados, o que pode inviabilizar o uso dos sistemas.

    5 CONSIDERAES FINAIS A gua vital para sobrevivncia humana, sua conservao e aproveitamento correto deve ser objetivo de todos. Uma das maneiras de se conservar a gua potvel a captao e aproveitamento das guas pluviais. Assim, o propsito deste trabalho foi o de avaliar a possibilidade de implantao de sistemas de aproveitamento de gua pluvial para fins no potveis em quatro tipologias de edificaes em cinco estados do pas. A partir dos resultados obtidos foi possvel fazer algumas consideraes como as seguintes: - Os valores de reduo das demandas de gua potvel podem alcanar 15,9% nas tipologias com maior demanda por gua no potvel, independente dos ndices pluviomtricos, no entanto pela anlise dos volumes dos reservatrios percebe-se que para esse ndice ser alcanado os volumes resultam muito elevados, chegando em alguns casos a valores de 230 m3, mesmo com as consideraes realizadas neste trabalho, o que pode inviabilizar a implantao dos sistemas de aproveitamento de gua pluvial; - Percebe-se que os valores de volumes dos reservatrios com a utilizao do mtodo de Rippl ficaram muito elevados em comparao com os obtidos nas consideraes feitas neste trabalho, o que demonstra que talvez este no seja o mtodo mais adequado para se calcular os volumes de reservatrios para sistemas prediais de aproveitamento de guas pluviais; - Com os resultados obtidos foi possvel constatar que a melhor utilizao para as guas pluviais para a rega de jardim e lavagem de pisos, pois foram as demandas que resultaram nos menores valores de volume dos reservatrios, independente da tipologia analisada e dos ndices pluviomtricos; - Baseado nas anlises realizadas tambm foi possvel verificar que as tipologias multifamiliares, onde as demandas por gua no potvel so maiores, foram as que resultaram nos maiores volumes de reservatrios, pois so as reas de coletas so proporcionalmente menores do que para edificaes unifamiliares. Ento, com o desenvolvimento deste trabalho pode-se perceber que a implantao de sistemas de aproveitamento de guas pluviais deve ser sempre precedida de um estudo de viabilidade tcnica e econmica para ver a real possiblidade de sua implantao, pois pode ocorrer que o custo do sistema e os aspectos tcnicos de sua implantao inviabilize o seu uso.

    REFERNCIAS ASSOCIAO BRASILEIRA DE NORMAS TCNICAS. NBR 15527: gua de chuva Aproveitamento de coberturas em reas urbanas para fins no potveis Requisitos. Rio de Janeiro, 2007. ______. NBR 5626: Instalao predial de gua fria. Rio de Janeiro, 1998.

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    VALLE, J.A.B.; PINHEIRO; A., FERRARI, A. Captao e avaliao da gua de chuva para uso industrial. REA Revista de estudos ambientais v.9, n.2, p. 62-72, jul./dez. 2007. SIMIONI, W.;GHISI, E.;GMEZ, L.A. Potencial de economia de gua tratada atravs do aproveitamento de guas pluviais em postos de combustveis: Estudos de caso. Encontro Nacional de Tecnologia do Ambiente Construdo, So Paulo-SP, Anais..., 2004 Gonalves, R. F. (Coord.). Uso racional da gua em edificaes. Rio de Janeiro: ABES, 2006. FARESIN, Andria Eugenia. Conservao de gua em escolas com nfase em aproveitamento de gua de chuva: estudo de caso nas escolas da rede municipal de Erechim RS. 2008. Dissertao (Mestrado em Engenharia. Curso/ rea de atuao) Faculdade de Engenharia e Arquitetura, Universidade de Passo Fundo, Passo Fundo, 2007. COHIM, E.;GARCIA, A.; KIPERSTOK, A, Captao e aproveitamento de gua de chuva: dimensionamento de reservatrios. IX Simpsio de Recursos Hdricos do Nordeste. Salvador, BA, 2008.

    resumoabstract1 INTRODUO2 FUNDAMENTAO2.1 Sistemas de aproveitamento de gua pluvial

    A figura 1 mostra o desenho esquemtico de um sistema de coleta e armazenamento de gua pluvial.2.2 Dimensionamento do reservatrio de gua pluvial2.3 Mtodo de Rippl

    3 PROCEDIMENTOS METODOLGICOS3.1 Etapa 1: Escolha dos locais de estudo e levantamento dos ndices pluviomtricos3.2 Etapa 2: Escolha das edificaes para anlise3.3 Etapa 3: Clculo das demandas de gua potvel e no potvel das edificaes:3.4 Etapa 4: Desenvolvimento da anlise da eficincia dos sistemas

    4 RESULTADOS E DISCUSSES4.1 Resultados da escolha dos locais de estudo e levantamento dos ndices pluviomtricos4.2 Resultados para o clculo das demandas de gua potvel e no potvel das edificaes4.3 Resultados para o desenvolvimento da anlise da eficincia dos sistemas

    5 Consideraes finaisReferncias