abes Água da chuva
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Artigo sobre utilização de água da chuva.TRANSCRIPT
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PARMETROS DE CONTROLE DE QUALIDADE DE GUA DE CHUVA REVISO PARA USO EM EDIFICAES
Karine Bassanesi [email protected] Universidade Federal de So Carlos
Centro de Cincias Exatas e de Tecnologia
Programa de Ps-Graduao em Estruturas e Construo Civil
Rod. Washington Lus, km 235
13.565-905 So Carlos So Paulo
Douglas Barreto [email protected] Universidade Federal de So Carlos
Centro de Cincias Exatas e de Tecnologia
Programa de Ps-Graduao em Estruturas e Construo Civil
Rod. Washington Lus, km 235
13.565-905 So Carlos So Paulo
Resumo: Esse artigo aborda o tema de qualidade de gua de chuva em edificaes, com dados retirados de pesquisa
bibliogrfica de estudos anteriores sobre captao pluvial, nacionais e internacionais, que abordaram sistemas de captao
distintos entre si em escala real. O presente artigo consiste em um estudo sobre a anlise da qualidade de gua de chuva em
diferentes pontos do sistema de captao, em alguns casos antes mesmo de entrar em contato com a superfcie que ir
canalizar a gua. O objetivo geral desse trabalho propor parmetros de qualidade de gua de chuva com seus respectivos
valores de aceitao para alguns usos dentro da edificao.
Palavras-chave: aproveitamento pluvial, qualidade da gua, edificaes.
PARAMETERS OF QUALITY CONTROL OF RAINWATER - REVIEW FOR USE IN BUILDINGS
This abstract addresses the issue of quality of rainwater in buildings, with data taken from literature survey of previous
studies on rain, national and international fundraising that addressed funding disparate systems together in real scale. This
paper presents a study on the analysis of the quality of rainwater at different points of the feedback system, in some cases
even before contact with the surface which will channel water. The general objective of this work is to propose parameters of
quality of rainwater with their respective values of acceptance for some uses within the building.
Keywords: rainwater use, water quality buildings.
1. INTRODUO
A conservao da gua consiste em estabelecer aes para aperfeioamento do consumo de gua e consequentemente a
reduo do volume a partir do conceito do uso racional.
Em 1958, o Conselho Econmico e Social das Naes Unidas, estabeleceu uma poltica de gesto
para reas carentes de recursos hdricos, que suporta este conceito: a no ser que exista grande disponibilidade, nenhuma gua de boa qualidade deve ser utilizada para usos que toleram guas de
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qualidade inferior. (Conservao e Reuso da gua em Edificaes, 2005). O mesmo conceito pode ser transportado para as edificaes como princpio para gesto da conservao da gua,
considerando que para cada uso possvel utilizar guas com qualidades distintas. Utilizando assim fontes alternativas, como
reuso poos artesianos, captao pluvial para obter guas com qualidades diferentes da potvel.
Segundo Tomaz (2003) alguns estudos conduzidos no pas identificam redues considerveis do consumo de gua potvel
atravs de fontes alternativas. possvel estimar uma economia de 30% da gua pblica com a utilizao de gua da chuva.
Por sua vez, a deteno, tratamento e reteno da gua pluvial com o posterior aproveitamento tambm contribuem
para a reduo do consumo de gua potvel, alm de constituir uma medida para o controle de inundaes, devido reduo
do escoamento superficial.
Nesse contexto, um ponto importante no aproveitamento da gua da chuva a qualidade captada e tratada. Para
REBELLO (2004), alguns fatores locais podem alterar essa gua como o grau de poluio atmosfrica e o tipo de material
utilizado para captao assim como a manuteno do sistema de aproveitamento de gua da chuva. Neste caso se faz
necessrio definio do uso desta gua assim como o seu tratamento aps captao.
2. OBJETIVO E METODOLOGIA DO ARTIGO
O objetivo principal desse artigo apresentar uma comparao dos parmetros fsicos, qumicos e biolgicos da gua
proveniente de precipitao a partir de uma pesquisa bibliogrfica em fontes de referncia, identificando os parmetros que
devem ser atendidos para permitir o uso de gua de chuva dentro das edificaes, tais como rega de jardins, descargas,
lavagens de ptios e de veculos, sem que prejudiquem os usurios assim como os equipamentos utilizados durante o
processo.
A metodologia deste trabalho consiste na abordagem terica sobre a captao de gua de chuva de maneira qualitativa,
atravs de fontes de referncia de dissertaes, teses e artigos de outros autores envolvidos no assunto.
Neste contexto a pesquisa bibliogrfica teve como foco trabalhos anteriores que envolviam a qualidade da gua
pluvial, assim como legislaes, guias e normas nacionais e estrangeiras com a inteno de identificar quais parmetros
podem ser adotados para o uso seguro da gua da chuva dentro das edificaes.
Para cada artigo ou dissertao/tese foi analisado o objetivo da pesquisa, assim como os parmetros analisados, incluindo o
mtodo de anlise e a metodologia adotada na pesquisa. Alm dos parmetros foram pesquisados os tipos de tratamento
aplicados para a gua de chuva. Posteriormente foi feita uma classificao dos resultados obtidos permitindo a comparao
dos ndices utilizados para diagnosticar se a qualidade da gua de chuva atende o uso para o qual se destina.
3. REVISO BIBLIOGRFICA
O gerenciamento do uso da gua e a procura por novas alternativas de abastecimento como o aproveitamento de guas
pluviais, a dessalinizao da gua do mar, a reposio das guas subterrneas e o reuso da gua esto inseridos no contexto
do desenvolvimento sustentvel, o qual prope o uso dos recursos naturais de maneira equilibrada e sem prejuzos para as
futuras geraes (AGENDA 21, 2001).
3.1. Aproveitamento de gua de chuva
O aproveitamento de guas pluviais em edificaes no um conceito recente. No Brasil, ele foi introduzido pelos norte americanos, 1943, com a construo de um sistema de captao na Ilha de Fernando de Noronha. (MAY, 2004).
Tabela 1. Sistema de Aproveitamento das guas de chuva para fins no potveis.
Tipo de Edificao Custo de Implantao Economia de gua
Condomnio Vertical Baixo Menor
Condomnios Horizontais e Residncias
Unifamiliares
Menor se projetado antes da
construo Depende do tamanho do reservatrio
Galpes e Armazns Retorno aceitvel Depende da intensidade de uso
Loteamentos indstrias e residncias e Relativamente baixo Boa
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aeroportos
Fonte: SICKERMANN (2002)
SICHERMANN (2002) afirma de maneira qualitativa que um sistema de captao instalado possvel balizar o custo de
implantao e a economia gerada conforme o tipo de edificao escolhido para a implantao. Ele ressalta que cada caso
nico, mas podem-se definir algumas regras gerais, como na Tabela 1.
Outra viso de uma metodologia bsica para projeto de sistemas de coleta, tratamento e uso de gua de chuva pode ser
encontrado no manual da ANA/FIESP & SindusCon - SP (2005), que envolvem as seguintes etapas: Determinao da
precipitao mdia local (mm/ms); Determinao da rea de coleta; Determinao do coeficiente de escoamento; Projeto
dos sistemas complementares (grades, filtros, tubulaes, etc.); Projeto do reservatrio de descarte; Escolha do sistema de
tratamento necessrio; Projeto da cisterna; Caracterizao da qualidade da gua pluvial; Identificao dos usos da gua
(demanda e qualidade). Para melhor visualizao das etapas de envolvem o sistema de captao pluvial, possvel
esquematizar atravs de um fluxograma os componentes como mostra a Figura1.
Figura 1. Esquema do sistema de captao pluvial. Fonte: Adaptado de ANA, 2005.
Depois de definir o tipo de sistema de captao utilizado imprescindvel determinar a qualidade da gua para os usos
pretendidos. Segundo a Agncia Nacional de guas ANA, a qualidade da gua de chuva influenciada por: Localizao, regime de chuvas, condies climticas da regio, zona urbana ou rural; Caractersticas da bacia, densidade demogrfica, rea impermeabilizada, declividade, tipo de solo, rea recoberta por vegetao e seu tipo;
Tipo e intensidade de trfego; Superfcie drenada e tipo de material constituinte: concreto, asfalto, grama, etc; Lavagem da superfcie drenada, frequncia e qualidade da gua de lavagem; Os exemplos de perfis j estabelecidos (THACKRAY et al. 1978; DeOREO, 2006) mostram que eles so bastante
dependentes de fatores culturais que se refletem da forma de construir o edifcio e os sistemas de abastecimento ao
comportamento pessoal ditado por hbitos, tradies e religio, entre outras caractersticas. Para a realizao de estudos
visando determinao do perfil do consumo considera-se, em carter preliminar, que os seguintes fatores devem ser levados
em conta:
numero de habitantes da residncia e tempo de permanncia durante os dias da semana; rea construda e nmero de aparelhos sanitrios disponveis; caractersticas tcnicas do servio pblico e predial de abastecimento com especial ateno para as diferenas entre abastecimento direto e indireto;
clima da regio; caractersticas culturais da comunidade; perdas e desperdcios nas instalaes prediais e nos usos; renda familiar;
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valor da tarifa de gua; estrutura e forma de gerenciamento do sistema de abastecimento.
3.2. Consumo de gua nos diferentes pontos de consumo
O conhecimento do consumo total de gua, desagregado segundo os diversos pontos de utilizao em uma residncia de
fundamental importncia para conhecimento das priorizaes da conservao da gua em edificaes. O consumo de gua
analisado separadamente denomina-se perfil de consumo residencial de gua. Esses usos tm sido denominados tambm usos
finais (DEOREO, 2000) para enfatizar que se trata da utilizao no ponto de uso interno a residncia como, por exemplo,
gua usada para tomar banho de chuveiro, gua usada para lavagem de roupas em tanques e gua para preparao de
alimentos. (Alves, W.C. et. al, 2009 - PROSAB).
Para determinao do sistema preciso conhecer a demanda para utilizao de gua de chuva em alguns pontos da
edificao, em uma das publicaes do PROSAB (Programa de Pesquisa e Saneamento Bsico), Uso da gua e da Energia Volume 5, a definio de demanda exemplificada como consumo efetivo. Que a quantidade de gua utilizada na
consecuo de determinado uso, frequentemente expressa em termos de volume ou vazo. No consumo efetivo somente se
quantifica o volume necessrio para perfazer o uso considerando as condies ditadas pelas circunstancias do momento ou
perodo do uso. Entre essas circunstancias destacam-se o tipo e condies das tecnologias disponveis associados ao uso em
questo, bem como as condies culturais relativas ao usurio. (Alves, W.C. et. al, 2009).
Para May (2009) consumo de gua residencial constitui mais da metade do consumo total de gua nas reas urbanas.
Segundo Rodrigues (2005), na regio metropolitana de So Paulo, por exemplo, o consumo residencial de gua corresponde
a 84,4% do consumo total urbano (incluindo o consumo em pequenas indstrias).
O consumo de gua residencial inclui tanto o uso interno quanto o uso externo nas residncias.
Para Terpstra (1999), esse consumo pode ser classificado em quatro categorias:
higiene pessoal; descarga de banheiros; ingesto; limpeza.
Segundo Alves (2009) as atividades de limpeza e higiene so as principais responsveis pelo consumo interno,
enquanto que o externo deve-se a irrigao de jardins, lavagem de reas externas, lavagem de veculos, piscinas, entre outros.
De acordo com essa classificao, a gua destinada ao consumo humano pode ter dividida em:
potvel higiene pessoal, ingesto e preparao de alimentos (usos de gua com rigoroso padro de potabilidade, conforme estabelecido na legislao aplicvel);
no potvel lavagem de roupas, carros, calcadas, irrigao de jardins, descarga de vasos sanitrios, piscinas, entre outros. Da mesma publicao realizada pelo PROSAB, foram apresentados alguns dados de consumo efetivo, que podem ser uma
orientao no clculo da demanda para utilizao de gua de chuva dentro das edificaes:
6,8 L por descarga de uma bacia sanitria disponvel no mercado brasileiro, sob diversos modelos e marcas e que observe a norma brasileira NBR 15.097/2004;
30 L.pessoa.dia para o banho em chuveiro eltrico com durao de 10 minutos a vazo de 0,05 L.s; 0,3 L.m2.dia para rega de plantas de um jardim. Trata-se da quantidade necessria e aproveitada pelas plantas em condies especificas de ocupao do solo pelos vegetais e em condies climticas determinadas. O consumo
efetivo no considera a permeao pelo solo que no e utilizada pelas razes e a evaporao direta da superfcie do
solo;
110 L.hab.dia de gua potvel em usos diversos em uma residncia. O nmero corresponde soma dos consumos efetivos desses usos, em termos mdios, por pessoa ao longo do tempo. No esto computadas as perdas por
vazamento no sistema predial, por evaporao evitvel ou desperdcios associados a negligencia ou deficincia de
conhecimento e formao;
Outra fonte para determinao dos valores de consumo mdio a norma tcnica da Sabesp NST 181 contm alguns dados
que contribuem para a caracterizao do consumo de gua em edifcios, identificados na Tabela 2. Esses dados so
importantes para referenciar que tipo de edificao esta em anlise.
Tabela 2. Estimativa de Consumo Predial Mdio Dirio.
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Edificao Consumo (L/dia)
Apartamentos 200 per capita
Garagens 50 por automvel
Jardins 1,5 por m
Lavanderias 30 por kg de roupas
Fonte: Norma Tcnica NST 181
3.3. Legislao, normas e guias sobre aproveitamento pluvial e qualidade da gua
Existem algumas legislaes nacionais que podem auxiliar na tomada de deciso e nas diretrizes que precisam ser
consideradas para o aproveitamento pluvial nas edificaes. Este tpico discorrer sobre esse assunto. Algumas delas ainda
so generalistas e no proporcionam uma base slida no que se refere qualidade da gua pluvial. Neste contexto sero
apresentadas algumas legislaes, normas e guias internacionais que podem auxiliar como base de dados para escolha dos
parmetros e ndices de qualidade da gua pluvial abordados nos prximos captulos. No Brasil, at o momento existe
somente uma norma que aborda aspectos da qualidade da gua pluvial, a NBR 15.527/2007 (Aproveitamento de coberturas
em reas urbanas para fins no potveis Requisitos).
3.3.1. Legislao Municipal
Em Curitiba com a criao em 2003 da n Lei 10.785, de 18 de setembro, que regulamenta o Programa de
Conservao e Uso Racional de guas em Edificaes, institui medidas de conservao de gua, do uso racional de gua e da
utilizao de fontes alternativas para a captao de gua em novas edificaes. O programa tem como objetivo a
conscientizao dos usurios sobre a importncia do uso racional da gua potvel.
No Art. 7, exemplifica que a captao pluvial deve ser coletada da cobertura das edificaes e encaminhada a uma
cisterna ou tanque, para serem utilizadas em atividades que no requerem o uso de guas no tratadas, provenientes da Rede
Pblica de Abastecimento, como:
1. Rega de jardins e hortas; 2. Lavagem de roupas; 3. Lavagem de veculos; 4. Lavagem de vidros, caladas e pisos.
Nesse contexto pode se ressaltar que o uso de guas pluviais para fins no potveis reduzindo o desperdcio de gua
potvel nos casos onde ela no necessria, como na limpeza de jardins, gramados, descargas, lavagens de carros, sem que
prejudique o usurio.
No ano de 2007 em So Paulo, foi aprovada a lei de nmero 12.526 que torna obrigatrio a implantao de sistema
para captao e reteno de guas pluviais coletadas por telhados, coberturas, terraos e pavimentos descobertos, em lotes
edificados ou no, que tenham rea impermeabilizada superior a 500 m no Estado de So Paulo. (Artigo 1 da Lei n
12.526). Os objetivos principais da lei so:
Reduzir a velocidade de escoamento de guas pluviais para as bacias hidrogrficas em reas urbanas com alto coeficiente de impermeabilizao do solo e dificuldade de drenagem;
Controlar a ocorrncia de inundaes, amortecer e minimizar os problemas das vazes de cheias e, consequentemente, a extenso dos prejuzos;
Contribuir para a reduo do consumo e o uso adequado da gua potvel tratada. E ressalta tambm quais as finalidades principais da contida presente no reservatrio aps o evento pluviomtrico:
infiltrar-se no solo, preferencialmente; ser despejada na rede pblica de drenagem, aps uma hora de chuva; ser utilizada em
finalidades no potveis, caso as edificaes tenham reservatrio especfico para essa finalidade.
Projeto de Lei 129/2007 cria o sistema de reuso de gua de chuva no municpio de Campinas/SP, para utilizao no
potvel em condomnios, clubes, entidades, conjuntos habitacionais e demais edificaes. O ponto importante desta lei
conceder incentivo fiscal aos proprietrios dos imveis que optarem pela utilizao do programa.
Na cidade de So Jos do Rio Preto, So Paulo, no ano de 2008 criado o Programa Permanente de Gesto das
guas Superficiais da Bacia Hidrogrfica do Rio Preto (Lei 10.290). No artigo segundo a lei cita os objetivos do programa,
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para o interesse do trabalho em questo o terceiro objetivo que visa viabilizar a realizao das melhoras de interesse da
sociedade, visando o controle das cheias, de modo a minimizar situaes de riscos ambientais, econmicos, sociais e
humanos delas decorrentes, em funo da situao atual e da tendncia futura da ocupao do solo da bacia do Rio Preto.
No quinto artigo desta mesma lei, complementa que toda edificao cuja superfcie impermevel resulte em rea
superior a 100 m dever contemplar em seu projeto a construo de dispositivos de reteno/deteno das guas pluviais que
retardem o escoamento para a rede publica de drenagem.
Quando houver a inteno do reuso da gua pluvial para fins no potveis, mesmo na lavagem de veculos ou reas
externas, devero ser atendidas as normas sanitrias vigentes e as condies tcnicas especificam estabelecias pelo rgo
municipal responsvel pela vigilncia sanitria, como relata o artigo 11, visando:
Evitar o consumo indevido, definindo sinalizao de alerta padronizada a ser colocada em local visvel junto ao ponto de gua no potvel e determinando os tipos de utilizao admitidos para gua no potvel;
Garantir padres de qualidade da gua apropriadas ao tipo de utilizao previsto, definindo os dispositivos, processos e tratamentos necessrios para a manuteno desta qualidade;
Impedir a contaminao do sistema predial destinado a gua potvel proveniente da rede publica, sendo terminantemente vedada qualquer comunicao entre este sistema e o sistema predial destinado a gua no potvel.
Em Sorocaba foi aprovado um projeto de lei que institui o IPTU Ecolgico, Lei n 9571, incentivando o uso de polticas sustentveis em edificaes residenciais. Podem ser adotadas algumas medidas como:
Sistema de captao da gua da chuva;
Sistema de reuso de gua;
Sistema de aquecimento hidrulico solar;
Sistema de aquecimento eltrico solar;
Construes com material sustentvel, em caso da utilizao de madeira esta dever ter sua origem comprovada;
Caladas verdes e plantadas espcies arbreas nativas com no mnimo 2 metros de altura e dimetro do caule a um metro e trinta do solo de no mnimo cinco centmetros.
Neste caso como relata o artigo quinto da lei:
A ttulo de incentivo ser concedido o desconto de 10% no Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) aos novos imveis, que adotarem as medidas previstas..
2.1.1. Legislao Federal
Ainda existem poucos documentos legais para utilizar como base para conhecimentos da qualidade da gua
necessria nos diversos usos do aproveitamento pluvial. Alm da NBR 15527/2007 que regulamenta os parmetros de
qualidade da gua para usos no potveis a legislao brasileira tambm estabelece os procedimentos e responsabilidades
relativos ao controle e vigilncia da qualidade da gua para consumo humano e seu padro de potabilidade, e d outras
providncias, atravs da Portaria n 518/04 do Ministrio da Sade (MS). Existe tambm outro instrumento legal que pode
servir de base para esta avaliao, a Resoluo do CONAMA n 274/00, que define os padres de balneabilidade.
2.1.2. Normas Atualmente, somente a NBR 15527 (ABNT, 2007) fornece requisitos para o aproveitamento pluvial em reas urbanas,
como parmetros de qualidade (Tabela 3) assim como algumas diretrizes que podem ser seguidas quando se pretende utilizar
esse tipo de sistema:
Os padres de qualidade devem ser definidos pelo projetista de acordo com a utilizao prevista;
Para desinfeco, a critrio do projetista, pode-se utilizar derivado clorado, raios ultravioleta, oznio e outros. Em aplicaes onde necessrio um residual desinfetante, deve ser usado derivado clorado.
Quando utilizado o cloro residual livre, deve estar entre 0,5 mg/L e 3,0 mg/L. A norma recomenda ainda que as tubulaes e demais componentes sejam claramente diferenciados das tubulaes
de gua potvel como a utilizao de duas cores distintas para as tubulaes. Que o sistema de distribuio de gua de chuva
seja independente do sistema de gua potvel, no permitindo a conexo cruzada de acordo com NBR 5626/1998 (Instalao
predial de gua fria). Assim como os pontos de consumo, como, por exemplo, uma torneira de jardim seja de uso restrito e
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identificado com placa de advertncia com a seguinte inscrio "gua no potvel" e identificao grfica. E tambm que os
reservatrios de gua de distribuio de gua potvel e de gua de chuva sejam separados.
A Portaria 518/2004 estabelece os procedimentos e responsabilidades relativos qualidade da gua para consumo humano, assim como seu padro de portabilidade. Considerando a possibilidade do uso potvel para a gua da chuva, pode-se
considerar como parmetros de qualidade necessrios os valores dos Quadros 5 e 6. A portaria no foi elaborada
especificamente para o aproveitamento pluvial nas edificaes, mas considerando que para presente trabalho umas das
possibilidades de uso da gua da chuva seria para fins potveis, uma base possvel para a anlise da qualidade da gua e os
riscos para o usurio a Portaria 518.
Tabela 4. Padres microbiolgicos de Potabilidade para consumo humano.
Parmetros Valores
Escherichia coli ou Coliformes Termotolerantes (NMP/100 ml) Ausncia
Coliformes Totais Ausncia
Fonte: Portaria MS N 518/2004
A portaria subdivide em para os padres de potabilidade em trs fases, a gua para consumo, a gua na sada do
tratamento e a gua tratada no sistema de distribuio (reservatrios e rede) e em todos os casos os coliformes
termotolerantes em 100 ml precisam estar ausentes nas amostras analisadas. Recomenda ainda que para os coliformes totais
no caso da anlise do sistema com 40 amostras ou mais por ms, pode apresentar 95% de ausncia em 100 ml, j no caso se o
sistema analisa menos de 40 amostras por ms apenas uma amostra poder apresentar resultado positivo em 100 ml.
O capitulo IV da portaria refere-se aos padres de potabilidade necessrios para consumo humano, recomenda que
em 20% das amostras mensais para anlise de coliformes totais, deve ser efetuada a contagem de bactrias heterotrficas e
uma vez excedida 500 unidades formadores de colnia (UFC), deve ser feita nova anlise e inspeo do local. Assim como
os organismos patognicos que devem ter o mesmo carter de ausncia em 100 ml, como Enterovrus, cistos de Girdia spp.
e oocistos de Cyptosporidium sp.
Recomenda tambm que para garantia da qualidade microbiolgica da gua seja considerado valores de turbidez em trs
estgios de tratamento, desinfeco (1,0 UT em 95% das amostras), filtrao rpida (tratamento completo ou filtrao 1,0 UT) e filtrao lenta (2,0 UT em 95% das amostras). Assim como, recomenda que aps desinfeco a gua contenha um teor
mnimo de cloro residual de 0,5 mg/L e obrigatoriamente uma manuteno de 0,2 mg/L em qualquer ponto de distribuio. A
aplicao deve ser realizada com um pH inferior a 8,0 e com tempo de contato mnimo de 30 minutos.
A Resoluo CONAMA N 274/00 define os critrios de balneabilidade das guas brasileiras. Segundo a Companhia
Ambiental do Estado de So Paulo (CETESB) a balneabilidade a qualidade das guas destinadas recreao de contato
primrio, sendo este entendido como um contato direto e prolongado com a gua (natao, mergulho, esqui-aqutico e outros
usos), onde a possibilidade de ingerir quantidades considerveis de gua elevada.
Tabela 6. Padres de Balneabilidade.
Parmetros Qualidade da gua Valores
Coliformes Termotolerantes
(NMP/100 ml) (1)
guas Excelentes 250
guas Muito Boas 500
guas Satisfatrias 1000
Escherichia coli (NMP/100 ml) (1)
guas Excelentes 200
guas Muito Boas 400
guas Satisfatrias 800
pH 6 a 9
Fonte: Portaria MS N 274/2000
A resoluo considera necessria a criao de instrumentos que avaliem a evoluo da qualidade das guas, em
relao aos nveis estabelecidos para a balneabilidade, de forma a assegurar as condies necessrias recreao de contato
primrio. Para isso estipula alguns parmetros e valores para garantia da qualidade dessa gua. (Quadro 8).
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3.4. Legislaes e Guias Internacionais
As legislaes e guias de boas prticas internacionais tambm estabelecem parmetros qualitativos para gua da chuva, a
maioria dos documentos apresentado a seguir so relativos a aproveitamento pluvial. Durante a etapa de pesquisa e busca dos
dados para reviso bibliogrfica encontrou-se normas e guias em alguns pases que propunham parmetros mnimos
necessrios para garantia da qualidade da gua em diversos usos, potveis e no potveis. Neste caso cada pas possui
parmetros relativos realidade de sua populao e consideram o aproveitamento pluvial como uma forma alternativa de
abastecimento de gua tanto para usos menos nobres, assim como para a potabilidade. Nesse contexto, sero expostos alguns
guias de pases que possuem atravs de normas ou guias parmetros da qualidade da gua pluvial para diversos usos.
Entende-se por boas prticas as medidas de controle que possibilitem a eficcia de cada uma das barreiras, com o
objetivo de prevenir risco. So procedimentos adotados nas fases de concepo, projeto, construo e, sobretudo, na operao
e manuteno de um sistema ou soluo alternativa de abastecimento de gua, que minimizem os riscos sade humana
(BASTOS et al., 2006).
O guia do Estado do Texas escabele medidas mnimas de qualidade que devem ser levadas em considerao. Umas
das primeiras afirmaes que embora a gua da chuva seja uma das formas mais puras de gua, ainda assim necessrio estabelecer diretrizes mnimas de qualidade da gua para o seu uso, porque a gua pode tornar-se contaminada durante o processo de captao (Quadro 9). Nesse contexto adotam-se parmetros mnimos tanto para qualidade da gua pluvial
potvel como para uso no potvel.
Tabela 7. Rainwater Harvesting potential and Guidelines for Texas - Parmetros
Categoria de Uso Qualidade da gua pluvial para uso no potvel Periodicidade de teste
Famlias Unifamiliares Coliformes Totais 1,0 mg/L O2 para todos os
usos Todos os sistemas
Slidos Suspensos Visualmente clara e livre de detritos flutuantes para
todos os usos Todos os sistemas
Cor No desagradvel para todos os usos Todos os sistemas
Turbidez < 10 NTU para todos os usos e < 1 NTU para
desinfeco com UV Todos os sistemas
pH 5,0 a 9,0 para todos os usos Local nico e sistema domstico
Cloro residual < 0,50 mg/L para rega de jardins
< 2,00 mg/L para demais usos Todos os sistemas
Bromo residual < 2,00 mg/L para todos os usos Todos os sistemas
Fonte: BS 8215/2009
Tabela 9. BS 8215 - Rainwater Harvesting Systems - Code of Practice - 2009 (Reino Unido) parmetros biolgicos.
Parmetros Valores de uso Tipos de Sistema
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Sprinkles Rega de Jardins e
Descargas
Escherichia Coli em 100 ml 1 250 Local nico e sistema domstico
Intestinal enterocacci em 100 ml 1 100 Local nico e sistema domstico
Legionella por Litro 100 - Anlise necessria quando indicada ver
capitulo 8
Coliformes Totais em 100 ml 10 1000 Local nico e sistema domstico
Fonte: BS 8215/2009
O Cdigo de boas prticas do Reino Unido destaca alguns pontos importantes sobre o aproveitamento pluvial como,
os sistemas de captao que devem ser projetados de uma maneira que assegure aptido da gua produzida e que no causem
qualquer risco indevido para sade. Assim como ressalta que a frequncia das amostras de gua no so necessrias, no
entanto, as observaes para a qualidade da gua devem ser feitas durante as visitas de manuteno para verificar o
desempenho do sistema. E que os testes devem ser realizados para investigar a causa de qualquer sistema que no funcione
de forma satisfatria ou qualquer queixa de doena associada ao uso de gua do sistema. A amostragem para os testes devem
ser realizados em conformidade com alguns pontos.
De modo a testar a qualidade da gua, uma amostra de deve ser coletada a partir do tanque ou cisterna de acordo com
BS7592. Quando mais de um tanque ou cisterna utilizado no sistema, as amostras devem ser tomadas a partir de:
O depsito de armazenamento mais a montante, para testar a qualidade da gua pluvial coletada;
Qualquer reservatrio posterior / cisternas se a gua da chuva armazenada provvel que for ou afetados por variaes de temperatura (por exemplo, em um loft) ou misturado com a gua a partir do fornecimento auxiliar.
Tabela 10. RAIN Water Quality Guidelines - Guidelines and practical tools on rainwater quality (Pases Baixos) 2009.
Parmetros Valores
Amnia < 1,5 mg/L
Alumnio Sem relevncia
Cloro > 0,20 a 0,50 e
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contado com alguma superfcie de captao e considera que o usurio utilizara um sistema pronto e neste caso a manuteno
depender das recomendaes do fabricante. E uma restrio da norma que o sistema deve conter uma telha para no
contaminao do sistema de 8 mm com folhas e outra de 1mm para insetos, assim como um filtro para eliminao dos
primeiros milmetros de chuva. E tambm os parmetros mnimos que devem ser atendidos como mostra a tabela 11.
O guia australiano sobre aproveitamento de gua pluvial (Guidance on use Rainwater tanks 2010) no relata os ndices de qualidade pluvial necessrios para o uso seguro, mas mostra algumas diretrizes que podem contribuir para um bom
funcionamento do sistema.
Segundo este guia testes de qualidade da gua tanto qumico como microbiolgico nos reservatrios de gua pluvial no
so necessrios para uso residencial, mas a gua da chuva usada para qualquer fim comercial ou para fins de abastecimento
comunitrio necessitar de analise de amostras. E neste caso, quando forem realizados os testes o guia indica que sejam
comparados com o Guia: Australian Drinking Water Guidelines (ADWG).
O guia de ADWG organizado em possveis fontes de gua para uso potvel e quando se refere gua pluvial considera
como pequenos sistemas de abastecimento. E consideram os sistemas de descartam os primeiros milmetros de chuva
seguros, quando usados para gua no potvel.
Os sistemas de gua da chuva, particularmente aqueles que envolvem o armazenamento em tanques acima do solo, em geral, proporcionam uma fonte segura de gua. As principais fontes de contaminao so aves, pequenos animais e detritos
recolhidos em telhados. O impacto destas fontes pode ser minimizado por algumas medidas simples: limpeza regular das
calhas, retirada de galhos, uso de peneiras na tubulao e na entrada dos tanques. Assim como descartar o primeiros 20-25
litros de precipitao. Outro ponto interessante deste guia sobre a qualidade pluvial, ele indica que no se utilize a gua bruta, pois no atende
as condies mnimas de uso seguro, e como alternativa, uma famlia em particular, deve considerar que a gua deve ser
testada para quaisquer caractersticas essenciais de sade identificados como sendo de interesse local. E indica que se utilize
um dispositivo nos pontos de consumo. E sugere que por fim utilize os parmetros e ndices do Water Quality Research
Australia (Tabela 17).
Tabela 16. S.I. n 278 Statutory Instruments European Communities (drinking water) n2 Regulations 2007 (Unio Europia)
PARMETROS Valores
Amnia 0,28 mg/L
Cdmio Total 50 g/L
Clcio Ausente
Chumbo Total 10 g/L **
Cloro 250 mg/L
Ferro Total 200 g/L
Nitrato 50 mg/L
Nitrito 0,50 mg/L
pH 6,5 9,5
Sdio 200 mg/L
Sulfato 250 mg/ L
Turbidez NAC & ATC *
Fonte: S.I. 278/2007
Tabela 17. Australian Drinking Water Guidelines (WQRA Water Quality research Australia).
PARMETROS Valores
pH 6,5 8,5
STD (Slidos Totais Dissolvidos) 500/1000 mg/L e 1800 mg/L(1)
Turbidez 1 NTU
Cloro 0,50 a 2,00 mg/L
Dureza 60 mg/L a 200 mg/L
-
Fluoreto 0,7 a 1,0 mg/L
Arsnico < 0,007 mg/L
Chumbo < 0,005 mg/L a 0,01 mg/L
Urnio < 0,02 mg/L
Ferro < 0,3 mg/L
Nitrato 50 mg/L a 100 mg/L(2)
Escherichia Coli (E. Coli) No detectvel em 100 ml
Fonte: WQDA / 2011
4. RESULTADOS E DISCUSSES
Os resultados obtidos dessa pesquisa mostram os dados referentes a dados coletados de referencias bibliogrficos
encontrados e uma comparao dos parmetros encontrados nas diferentes anlises desses mesmos trabalhos, que se
diferenciam pelos pontos onde foram coletas essas amostras e sobre quais legislaes foram usados para comparar os dados
obtidos com os limites propostos por essas mesmas legislaes.
1.1. Trabalhos Estudados
Foram estudados dois trabalhos internacionais sobre qualidade da gua pluvial. O objetivo foi selecionar artigos que
analisassem a qualidade da gua em pontos diferentes da captao, mas em um dos trabalhos em que isso seria possvel, por
alguma razo os autores no analisaram a qualidade nos pontos de uso, o que seria um resultado interessante, pois aps
captao foram usados dois tratamentos. Os estudos avaliados foram:
Pilot Rainwater Harvesting Study Ireland (Liam McCarton, Sean O'Hogain, Anna Reid, Niamh McIntyre e Jenny Pender) 2009;
Water quality monitoring and hydraulic evaluation of a household roof runoff harvesting system in France (C. Vialle & C.
Sablayrolles & M. Lovera & M.-C. Huau &S. Jacob & M. Montrejaud-Vignoles) 2012. No quadro abaixo caracterizasse os pontos mais importantes sobre cada artigo.
Tipo de Captao Parmetros mtodo de anlise frequncia de
anlise
tratamento aps
captao
1 Captao modelo um
(1)
Fsico, qumico e
biolgico.
INAB (2) Mensal Tratamento um (3)
2 Captao modelo dois
(4)
Fsico, qumico e
biolgico.
VWR (5) Semanal Tratamento dois (6)
Notas:
(1) Telha de barro vitrificada (rea de captao 75m), calhas de plstico, sem descarte da primeira gua, filtro subterrneo e reservatrio
de concreto pr-moldado de 9 m.
(2) Irish National Accreditation Body (laboratrio)
(3) Filtro junto com a bomba para gua fria e um tratamento experimental para tratamento dos agentes microbiolgicos com aquecimento
da gua, para testar a possibilidade da gua da chuva para as instalaes de gua quente.
(4) rea de captao de telhas (204 m) sistema comercial, calhas de zinco, filtro, reservatrio subterrneo (5m),filtro de 25m, filtro de
carvo ativado e tratamento de gua com radiao UV, dados de qualidade sem tratamento.
(5) Standard solutions CertiPUR.
(6) Filtro de carvo ativado e tratamento com radiao UV.
-
Foram estudados tambm cinco trabalhos nacionais sobre qualidade da gua pluvial. O objetivo foi selecionar
artigos/dissertaes/teses que analisassem a qualidade da gua em pontos diferentes da captao, desde os diferentes tipos de
telhados at tratamentos da gua, anlise nos pontos de consumo. Os estudos avaliados foram:
1. Qualidade da gua proveniente da chuva coletada em diferentes tipos de telhados (Zerbinatti, Oberdan Everton et. al.) 2011.
2. Diretrizes para o gerenciamento da gua pluvial nas edificaes escolares municipais da cidade de Ribeiro Preto (Andr Teixeira Hernandes) 2006.
3. Avaliao da qualidade de gua da chuva e da viabilidade de sua captao e uso (Sabrina Elicker Hagemann) 2009.
4. Caracterizao, tratamento e reuso de guas cinzas e aproveitamento de guas pluviais em edificaes (Simone May) 2009
5. Avaliao do aproveitamento de gua pluvial em complexos aeroporturios (Ronan Fernandes Moreira) 2011.
No quadro abaixo caracterizasse os pontos mais importantes sobre cada trabalho.
TIPO DE CAPTAO PARMETROS
MTODO
DE
ANLISE
FREQUNCIA DE
ANLISE
TRATAMENTO
APS CAPTAO
1 Diferentes tipos de telhas (1)
Fsico e qumico - Um evento -
2 Prottipo (2)
Fsico, qumico e
biolgico. - Quinzenal -
3
Dois pontos de coleta
com trs tipos de
captao (3)
Fsico, qumico e
biolgico.
Vrios +
USEPA (7)
Ocorrncia de
precipitao -
4 Modelo um (4)
Fsico, qumico e
biolgico. -
Ocorrncia de
precipitao Tratamento 1
(5)
1 Modelo dois (6)
Fsico, qumico e
biolgico. USEPA
(7) 9 amostras em um ano Tratamento 2
(8)
(1) Telha de barro nova, telha de barro velha, telha de fibrocimento e gua captada direto da chuva.
(2) Dispositivo de descarte, cisterna e ponto de consumo (sem tratamento) e tambm gua precipitada.
(3) Ponto 1 (Rodovia RST 287): captao com reservatrio de fibrocimento e captao atravs de telhas de fibrocimento, calhas de
zinco e cinco reservatrios de concreto de 80 litros cada.
Ponto 2 captao com telhado de cimento amianto e reservatrios de fibras de vidro (cinco com 88 litros cada.
(4) Sistema de captao: telhado de 82 m peneira, tanque de armazenamento (2 de 500 litros) de polietileno e amortecedor de
ondulaes.
(5) Filtro de areia rpido de presso com escoamento ascendente e desinfeco com hipoclorito de sdio.
(6) UPC (Unidade Piloto de Caracterizao) captao atravs de telhado (150 m - no descrito o material), com dois reservatrios
de 500 litros, um de descarte e outro de armazenamento.
(7) Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater.
(8) UPT (Unidade Piloto de Tratamento), captao com 150 m (telhado no descrito o material da cobertura), dois reservatrios
de 3.000 litros (R1 e R2), dois filtros lentos (F1 e F2), uma unidade de desinfeco, um reservatrio de armazenamento de 1.000 litros
(R3) e dois reservatrios de distribuio de 5.000 litros (R4 e R5).
Os quadros em anexo apresentam alguns indicadores, parmetros fsicos, qumicos e biolgicos, de estudos sobre
qualidade ida gua e seus respectivos valores. Assim como para comparao os ndices permitidos por algumas normas e
guias internacionais. O que pode se notar a diferena da qualidade dependendo do local, ponto do sistema em que a gua foi
coletada. Como foram coletados dados de algumas dissertaes e teses e como em cada um contm anlise da
qualidade da gua da chuva em vrias etapas do processo de captao, a comparao dos parmetros ser feita atravs dos
quadros em anexo. No item 3.5 - Marcos legais sobre aproveitamento pluvial e qualidade da gua foram apontados algumas
referncias internacionais de normas sobre aproveitamento de gua da chuva, somente algumas possuem ndices de qualidade
-
da gua para uso no potveis. Nesse contexto, atravs dos trabalhos estudados, primeiramente os parmetros sero
comparados com as normas que atribuem ndices para usos no potveis e posteriormente para as que atribuem gua pluvial
para usos potveis, no caso de dos trabalhos que utilizaram tratamento aps a captao.
Outra caracterstica a presena de E. coli na gua antes de entrar em contato com alguma superfcie. Apesar de
algumas normas serem um pouco mais restritivas sobre este parmetro, ela atenderia a BS 8215 em relao ao uso em de
descargas e irrigao de jardins com mangueiras, se fosse possvel gua no entrar em contato com nenhuma superfcie
contaminada.
O trabalho de Hagemann objetivava o estudo da gua bruta sem passar por nenhum tipo de tratamento para avaliar a
qualidade inicial da gua pluvial. E para todos os parmetros analisados no trabalho dela, nenhum atendeu os ndices
recomendados por norma ou mesmo pelos guias de boas prticas. O que confirma a impossibilidade do uso da gua pluvial
sem qualquer tipo de interveno, pois poder causar tanto risco para sade dos usurios como degradao de algumas partes
do sistema de aproveitamento ao longo do perodo de uso.
Um parmetro interessante que se pode observar a turbidez da tabela 16 que representa o grau de alterao
passagem da luz atravs da gua. Os slidos suspensos so os principais responsveis pela turbidez causando difuso e a
absoro da luz. Valores elevados podem reduzir a ao do cloro em processos de desinfeco e servir de abrigo para
microrganismos. Neste caso, se a inteno o uso seguro da gua pluvial, assim como a no deteriorao dos equipamentos,
faz-se necessrio a instalao de algum tipo de tratamento. Como foi relatado no Captulo 3, subitem 3.5 atravs do guia
produzido pela Texas Water Development Board (Rainwater Harvesting potencial and Guidelines for Texas, 2006), que
alguns dispositivos so indispensveis, como grelhas, filtros, descarte da primeira chuva, etc.
Outra caracterstica importante que pode se perceber de um dos componentes do sistema de aproveitamento a
superfcie de captao, que pode alterar os valores dos parmetros de qualidade da gua, no estudo de Zerbinatti, que
comparou trs superfcies de captao distintas, telhas de barro novo, telhas de barro antigas e telhas de fibrocimento. Nos
parmetros de condutividade, pH, OD e turbidez os ndices das telhas de barro antigas apontaram os maiores valores, 49,37
S/cm, 6,0, 9,92 mg O2/L e 41,97 NTU (ultrapassa significativamente os valores estipulados por norma), respectivamente. Neste estudo (Zerbinatti) foram descartados os primeiros dez minutos de precipitao, o que ocasionou uma reduo dos
slidos totais comparados com o trabalho de Hagemann que no descartou os primeiros milmetros de chuva. Em Zerbinatti,
para as coberturas de barro novo, barro antigo e fibrocimento o valores de slidos totais foram de respectivamente, 14 mg/L,
26,40 mg/L e 27,48 mg/L. J na dissertao da Hagermann, foram coletadas amostras em dois pontos distintos em Santa
Maria, um perto da rodovia (VCF - escola) e outro dentro do campus da Universidade (UFSM), os valores de slidos totais
obtidos foram 89,25 mg/L e 82,40 mg/L, respectivamente. Infelizmente, s foi citado no presente trabalho ndice de slidos
totais para gua potvel, mas mesmo assim possvel perceber a importncia do descarte da primeira chuva. Como relata a
prpria autora os slidos so todas as impurezas presentes na gua.
Destacando atravs desses dados que a escolha dos elementos do sistema de aproveitamento so necessrios, como a
superfcie de captao, assim como um dispositivo que descarte os primeiros milmetros de chuva. Outro parmetro que pode
comprovar esta afirmao a condutividade (capacidade da gua de transmitir corrente eltrica, os slidos dissolvidos so os
constituintes responsveis). No trabalho da Hagemann, os valores so de 105,30 S/cm e 80,40 S/cm para VCF e UFSM, bem acima dos apresentados por Zerbinatti.
Em outro ponto do sistema, o reservatrio de acumulao, h vrios estudos citados na tabela dos ANEXOS 05 e 06,
somente sobre anlise da qualidade da gua neste ponto do sistema. Atravs deles podemos observar que mesmo o
reservatrio de acumulao sendo considerado uma parte do tratamento, devido sua funo de sedimentao, alguns trabalhos
apontam que alguns ndices no foram atingidos, como cor Aparente, 3,13 uH (Andr), 25,20 uH (May), 8,70 uH (Adhtiyan)
e 37,10 uH (Philippi), sendo o valor mximo para cor aparente de 15 uH, das normas consultadas.
Outro parmetro que isso pode ser observado pH, como citado no trabalho de Hagemann representa a concentrao
de ons hidrognio H+ (em escala antilogartmica). Os slidos dissolvidos e gases dissolvidos so os principais constituintes
que alteram o pH. Sua faixa de variao de 0 a 14. O valor do pH indica a condio de acidez ou alcalinidade da gua.
Valores baixos de pH (menores que 7) no pH indicam potencial corrosividade e agressividade da gua, o que pode levar
deteriorao das tubulaes e peas por onde essa gua passa. Valores elevados de pH podem levar ao surgimento de
incrustaes em tubulaes. Os parmetros encontrados foram 7,78 (Andr), 6,70 (May), 4,50 (Paiva), 5,20 (Rocha), 4,7
(Rocha), 4,1 (Adhityan), 4,1 (Appan), 7,7 (Fonini) e 7,9 (Philippi), sendo que os valores minimios e mximos variam entre
5,0 a 9,0 (BS8215).
-
J a turbidez para os trabalhos descritos na tabela tiveram valores satisfatrios comprovando a eficincia do
reservatrio de acumulao na sedimentao dos slidos suspensos.
O que no ocorreu para coliformes termotolerantes em alguns estudos que este parmetro foi medido no reservatrio
de acumulao, segundo a NBR 15527 e E 2727, em cada 100 ml analisados no pode se encontrar nenhum ncleo do
microrganismo, o que no ocorreu em alguns trabalhos, como May que encontrou a presena de coliformes termotolerantes,
217 NMP/100 ml (C. Vialle), 96 NMP/100 ml (McCarton), 92 NMP/100 ml (Adhityan), 7,80 NMP/100 ml (Appan) e 23,90
NMP/100 ml (Philippi).
Como ultima parte do sistema de aproveitamento pluvial se constatou que para os dois trabalhos que realizaram
tratamento aps o reservatrio de acumulao, May e Ronan, todos os parmetros comparados com as normas e guias
existentes foram satisfatrios.
Atravs de todos os parmetros encontrados em normas e com a comparao entre todos esses estudos sobre qualidade da
gua pluvial apresentados neste trabalho, provou-se que com a instalao de certo tipo de sistema possvel ter uma gua de
qualidade para usos no potveis, no uso descargas sanitrias, irrigao de jardins e lavagem de automveis. Acredito com os
parmetros descritos abaixo, assim como a periodicidade e manuteno adequada se pode utilizar a gua da chuva para fins
menos nobres e gerar uma economia da gua potvel.
Parmetros Valores Valores Anlise
Amnia Rega de Jardins e Carros Descargas Semestral
Bromo residual < 2,00 mg/L < 2,00 mg/L Semestral
Col. termotolerantes Ausncia em 100 ml Ausncia em 100 ml Semestral
Coliformes totais Ausncia em 100 ml 10 NFU/100 ml Semestral
Cloro residual livre < 0,50 mg/ < 2,00 mg/L Anual
Cor Aparente < 15,00 uH < 15,00 uH Anual
DBO 10 mg/L 10 mg/L Semestral
Enterovrus Ausncia em 100 mL Ausncia em 100 mL Semestral
E. coli 1 NFU/100 ml 250 NFU/100 ml Semestral
OD no reservatrio > 1,0 mg/L O2 > 1,0 mg/L O2 Semestral
pH 6,00 a 9,00 6,00 a 9,00 Anual
Sdio Ausncia em 100 mL Ausncia em 100 mL Semestral
Slidos Suspensos Visualmente clara Visualmente clara Semestral
Turbidez
-
2012.
C. Vialle et. al. Water quality monitoring and hydraulic evaluation of a household roof runoff harvesting system in France.
Disponvel em: http://rd.springer.com/article/10.1007/s11269-012-0012-6/fulltext.html. Acesso em: 02 de dezembro de 2012.
Hagemann, Sabrina Elicker. Avaliao da qualidade de gua da chuva e da viabilidade de sua captao e uso. Disponvel em:
http://w3.ufsm.br/ppgec/wp-content/uploads/Sabrina_Elicker_Hagemann_Disserta%C3%A7%C3%A3o_de_Mestrado.pdf.
Acesso em: 02 de dezembro de 2012.
Hernandes, Andr Teixeira. Diretrizes para o gerenciamento da gua pluvial nas edificaes escolares municipais da cidade
de Ribeiro Preto. Fonte:
May, SIMONE. Caracterizao, tratamento e reuso de guas cinzas e aproveitamento de guas pluviais em edificaes.
Disponvel em: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/3/3147/tde-17082009-082126/pt-br.php. Acesso em: 02 de
dezembro de 2012.
McCarton, Liam et. al. Pilot Rainwater Harvesting Study Ireland. Disponvel em: http://arrow.dit.ie/engschcivcon/27/.
Acesso em: 02 de dezembro de 2012.