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A C ooperação com os Países de Língua Portuguesa www.abc.mre.gov.br A língua portuguesa conta com mais de 200 milhões de falantes nativos es- palhados por quatro continentes. Entre as línguas latinas, é a segunda mais fala- da no mundo, atrás apenas do espanhol. São cerca de 187 milhões de falantes na América do Sul, 16 milhões na África, 12 milhões na Europa, 2 milhões na América do Norte e 330 mil na Ásia. Sete países, além do Brasil, têm a língua portuguesa como idioma oficial: Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste. A co- operação técnica brasileira com esses sete países tem por objetivo promover o estrei- tamento dos laços políticos, econômicos e culturais, seja no âmbito da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa – CPLP, seja no contexto das relações bilaterais (cooperação horizontal). A CPLP foi criada em 17 de julho de 1996, por ocasião da I Conferência de Che- fes de Estado e de Governo em Lisboa, com o objetivo “de consolidar a realidade cultu- ral que confere identidade própria aos paí- ses de língua portuguesa, promover a con- certação político-diplomática e estimular a Via ABC Publicação da Agência Brasileira de Cooperação | Outubro 2005 cooperação, conjugando iniciativas para a promoção do desenvolvimento econômico e social dos povos comunitários (Declara- ção Constitutiva)”. Em julho de 2000, na III Reunião de Cúpula da CPLP, realizada em Maputo, foi aprovada a “Declaração sobre Cooperação, Desenvolvimento e De- mocracia na Era da Globalização”, que rea- firmou o compromisso dos países membros com os valores democráticos, a erradicação da pobreza e a promoção do desenvolvi- mento sustentável. O Timor-Leste, que desde 1998 vinha participando na quali- dade de membro observador convidado, incorporou-se em definitivo à Comunidade em 31 de julho de 2002. A cooperação em geral constitui um dos elementos essenciais das atividades da CPLP, cabendo à cooperação técnica a grande maioria dos projetos comunitários. Se a língua, a convergência de interesses, os elementos históricos e culturais comuns ditaram a criação da Comunidade, a coo- peração representa um dos pilares da in- tegração comunitária, com potencial para reforçar e multiplicar os laços que unem os países de língua portuguesa. A cooperação desenvolvida sob a égide da CPLP, embora possa parecer residual quando comparada em volume com a cooperação bilateral en- tre os Estados membros, tende a ampliar-se e consolidar-se cada vez mais em espaço próprio, o que a torna crescentemente re- conhecida e necessária. Os Estados membros da CPLP vêm empreendendo esforços crescentes no sen- tido de atender eficazmente às necessidades identificadas entre os países comunitários. O Brasil tem tido papel de relevância nes- sa empreitada. Nesse contexto, a Reunião dos Pontos Focais de Cooperação – órgão que congrega as unidades responsáveis, nos Estados membros, pela coordenação da cooperação – assume um papel cada vez mais importante na identificação, no lança- mento e no acompanhamento de projetos multilaterais, sobretudo nas seguintes áreas prioritárias: saúde, educação, administra- ção pública, desenvolvimento empresarial, telecomunicações, desenvolvimento social no âmbito das questões relacionadas com gênero, apoio ao desenvolvimento da Gui- né-Bissau e relações com organismos inter- nacionais e a sociedade civil.

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A Cooperação com os Países de Língua Portuguesa

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A língua portuguesa conta com mais de 200 milhões de falantes nativos es-palhados por quatro continentes. Entre as línguas latinas, é a segunda mais fala-da no mundo, atrás apenas do espanhol. São cerca de 187 milhões de falantes na América do Sul, 16 milhões na África, 12 milhões na Europa, 2 milhões na América do Norte e 330 mil na Ásia. Sete países, além do Brasil, têm a língua portuguesa como idioma ofi cial: Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste. A co-operação técnica brasileira com esses sete países tem por objetivo promover o estrei-tamento dos laços políticos, econômicos e culturais, seja no âmbito da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa – CPLP, seja no contexto das relações bilaterais (cooperação horizontal).

A CPLP foi criada em 17 de julho de 1996, por ocasião da I Conferência de Che-fes de Estado e de Governo em Lisboa, com o objetivo “de consolidar a realidade cultu-ral que confere identidade própria aos paí-ses de língua portuguesa, promover a con-certação político-diplomática e estimular a

ViaABCPublicação da Agência Brasileira de Cooperação | Outubro 2005

cooperação, conjugando iniciativas para a promoção do desenvolvimento econômico e social dos povos comunitários (Declara-ção Constitutiva)”. Em julho de 2000, na III Reunião de Cúpula da CPLP, realizada em Maputo, foi aprovada a “Declaração sobre Cooperação, Desenvolvimento e De-mocracia na Era da Globalização”, que rea-fi rmou o compromisso dos países membros com os valores democráticos, a erradicação da pobreza e a promoção do desenvolvi-mento sustentável. O Timor-Leste, que desde 1998 vinha participando na quali-dade de membro observador convidado, incorporou-se em defi nitivo à Comunidade em 31 de julho de 2002.

A cooperação em geral constitui um dos elementos essenciais das atividades da CPLP, cabendo à cooperação técnica a grande maioria dos projetos comunitários. Se a língua, a convergência de interesses, os elementos históricos e culturais comuns ditaram a criação da Comunidade, a coo-peração representa um dos pilares da in-tegração comunitária, com potencial para reforçar e multiplicar os laços que unem os países de língua portuguesa. A cooperação

desenvolvida sob a égide da CPLP, embora possa parecer residual quando comparada em volume com a cooperação bilateral en-tre os Estados membros, tende a ampliar-se e consolidar-se cada vez mais em espaço próprio, o que a torna crescentemente re-conhecida e necessária.

Os Estados membros da CPLP vêm empreendendo esforços crescentes no sen-tido de atender efi cazmente às necessidades identifi cadas entre os países comunitários. O Brasil tem tido papel de relevância nes-sa empreitada. Nesse contexto, a Reunião dos Pontos Focais de Cooperação – órgão que congrega as unidades responsáveis, nos Estados membros, pela coordenação da cooperação – assume um papel cada vez mais importante na identifi cação, no lança-mento e no acompanhamento de projetos multilaterais, sobretudo nas seguintes áreas prioritárias: saúde, educação, administra-ção pública, desenvolvimento empresarial, telecomunicações, desenvolvimento social no âmbito das questões relacionadas com gênero, apoio ao desenvolvimento da Gui-né-Bissau e relações com organismos inter-nacionais e a sociedade civil.

Centros Regionais de Excelência

2 publicação da agência brasileira de cooperação | outubro 2005ViaABC

O Brasil na CPLP

A proposta para a criação de dois centros regionais de excelência, um na área de de-senvolvimento empresarial e outro na de administração pública, surgiu durante o seminário “Fortalecimento da Capacidade Institucional dos Países Africanos de Lín-gua Ofi cial Portuguesa (PALOP)”, realiza-do em 1998, na Bahia. Os centros teriam por fi nalidade acelerar o processo de capa-citação dos PALOP para a reforma na or-ganização do Estado e para a promoção do empreendedorismo como agente de desen-volvimento. Ou seja, a iniciativa pretendia propiciar crescente autonomia dos PALOP na capacitação do funcionalismo na forma-ção profi ssional para a iniciativa privada.

A criação dos Centros de Excelência foi aprovada na reunião do Conselho de Mi-nistros da CPLP, em Maputo, em julho de 2000. Decidiu-se, na ocasião, que o Centro

Como já mencionado anteriormente, os projetos implementados no âmbito da CPLP são, em sua grande maioria, de cooperação técnica. Assim sendo, a Agência Brasileira de Cooperação (ABC), como parte integrante do Itamaraty e Ponto Focal brasileiro de Cooperação junto à CPLP, atua como principal instrumento da polí-tica externa brasileira junto a essa Comunidade. Entre as principais iniciativas do Governo brasileiro para a prestação de cooperação técnica aos países da CPLP, os seguintes projetos merecem destaque:

produtivas” - Elaboração de diagnósticos setoriais; dinâmicas de relacionamento en-tre elos das cadeias produtivas; análise de oportunidades.• Formação de Empreendedores de Mi-cros e Pequenas Empresas - Capacitação de multiplicadores para apoiar e orientar a formação de novos empreendedores em pequenos negócios. Estudos simplifi cados de mercado; análise de oportunidades; viabilidade econômico-fi nanceira de pe-quenos empreendimentos; gestão da micro empresa.• Gestão de Projetos Educacionais - Me-todologia de identifi cação de necessidades de formação profi ssional; metodologias de formação profi ssional; planejamento de ensino; recursos didáticos e psicologia apli-cada; planejamento e produção de material didático.

Centro de Excelência em Administração Pública, Maputo, Moçambique.O Centro Regional de Excelência em Admi-nistração Pública, a ser construído em Ma-puto, Moçambique, encontra-se ainda em fase de projeto. As obras para a sua constru-ção estão com início previsto para o primeiro bimestre de 2006. Durante missão conjunta ABC/Secretariado Executivo da CPLP a Maputo, em abril último, fi cou acordado com as autoridades moçambicanas que o centro se localizará em área pertencente ao Instituto de Formação em Administração Pública e Autárquica de Maputo, no muní-cipio de Matola, localidade de Machava.

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de Excelência em Desenvolvimento Em-presarial seria implantado em Luanda, An-gola, enquanto que o Centro de Excelência em Administração Pública seria construído em Maputo, Moçambique.

Centro de Excelência em Desenvolvimento Empresarial, Luanda, Angola.O Centro Regional de Excelência em De-senvolvimento Empresarial foi inaugu-rado, em Luanda, no dia 20 de julho de 2005, por ocasião da X Reunião Ordinária do Conselho de Ministros da CPLP. O projeto se encontra, atualmente, na etapa de recrutamento, seleção e contratação de equipe-base. O centro deverá oferecer, en-tre outros, os seguintes cursos:• Formação de multiplicadores para ela-boração de estudos básicos referentes à integração e desenvolvimento de cadeias

Centro de Excelência em Desenvolvimento Empresarial em Luanda, Angola.

Programa de Apoio à Guiné-Bissau

Com vistas a superar a difícil conjuntura sócio-econômica que a Guiné-Bissau atra-vessa atualmente, a CPLP aprovou dois projetos de cooperação técnica nas áreas de produção de arroz, formação de inspe-tores e delegados regionais da Inspeção Geral do Trabalho e Segurança Social, e uma ação pontual para o aparelhamento da Faculdade de Direito de Bissau. Pa-ralelamente às iniciativas anteriores, os países da CPLP efetuaram contribuição para a Assistência Emergencial de apoio à Guiné-Bissau no âmbito do Emergency Economic Management Plan do Progra-ma das Nações Unidas para o Desenvolvi-mento (PNUD).

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Recursos Humanos em Saúde Pública nos PALOP e Timor-LesteEste projeto prevê o apoio da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) aos PALOP (paí-ses africanos de língua portuguesa) e Ti-mor-Leste nas áreas de gestão de saúde pública, vigilância epidemiológica e ad-ministração hospitalar.

Os principais eixos norteadores do projeto são: formar agentes multiplicado-res em áreas específi cas da saúde pública e apoiar a implementação de “Escolas de Saúde Pública” por meio da qualifi cação docente-pedagógica. Nesse sentido, foram realizadas ofi cinas pedagógicas em Luanda e Maputo, quando foram instalados os res-pectivos Núcleos de Apoio à Formação em Saúde Pública.

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Cooperação Técnica em Telecomunicações

Este projeto tem por fi m apoiar os organis-mos governamentais de telecomunicações dos PALOP na melhoria de suas estruturas regulatórias e possibilitar a troca de experiên-cias relativas à privatização e à introdução da competitividade no setor. Foram realizados três encontros regionais no âmbito deste pro-jeto, com a participação de todos os Estados membros da CPLP. Durante os mesmos, fo-ram diagnosticadas as carências e prioridades de cada país que serão levadas em conta nas próximas fases de implementação. Na mais recente Reunião de Pontos Focais da CPLP, em julho último, o Brasil se comprometeu a contribuir com o montante necessário para se dar continuidade ao projeto.

X Reunião Ordinária do Conselho de Ministros, em Luanda, de 19 a 20 de julho de 2005.

XI Reunião dos Pontos Focais de Cooperação da CPLP, em Lu-anda, de 15 e 16 de julho de 2005.

Ministro angolano da área social, Antonio Pitra Neto (à es-querda), na cerimônia de inauguração do Centro de Excelência em Desenvolvimento Empresarial, em Luanda.

Projeto 1Concepção e Elaboração de Projetos para o Desenvolvimento

O ProCTI tem como objetivo aperfeiçoar e elevar o nível de conhecimento do pessoal técnico dos países membros da CPLP no tocante à metodologia relativa ao processo da cooperação para o desenvolvimento. O Programa é composto de três projetos: os dois primeiros já foram realizados, pro-porcionando o treinamento de 286 repre-sentantes de países membros da CPLP; e o terceiro está previsto para ter início ainda neste ano.

Os cursos foram realizados em Praia, Ma-puto, Luanda e Díli, possibilitando a for-mação de 103 especialistas, atuantes em cooperação internacional, dos Países Afri-canos de Língua Ofi cial Portuguesa (Palop) e de Timor-Leste.

Além das cidades já contempladas no pri-meiro projeto, esta etapa do ProCTI in-cluiu ainda as cidades de São Tomé e Bis-sau. Esta etapa possibilitou a formação de 180 técnicos.

Os temas a serem tratados nesta última etapa visam a tirar o máximo proveito das oportunidades da cooperação recebida. Nesse sentido, enfatizam o planejamento e controle das ações de cooperação, o qua-dro institucional e os aspectos operacionais de sua implementação nos PALOP e Ti-mor-Leste.

Programa de Treinamento em Cooperação Técnica Internacional (ProCTI)

Projeto 2Análise e enquadramento de projetos de CTI

Estudos Lusitanistas na Biblioteca Nacional de Lisboa

Os “Estudos Lusitanistas na Biblioteca Na-cional de Lisboa” constituem outro impor-tante projeto para a integração dos PALOP e Timor-Leste. O projeto, que conta com o apoio de Portugal e Brasil, prevê o apoio para acadêmicos daqueles países destinadas à realização de estudos em história, ciên-cias sociais, direito, literatura, língua por-tuguesa, entre outras áreas. Desses estudos deverão resultar publicações destinadas a instituições culturais e de ensino da língua portuguesa.

I Encontro de Especialistas da CPLP sobre Malária

A realização do I Encontro de Especialis-tas da CPLP sobre Malária, em São Tomé, em março de 2004, permitiu a defi nição de linhas de ação para o combate a essa en-demia e a elaboração de recomendações quanto ao encaminhamento que a Comu-nidade pode dar ao assunto. Nesse sentido, foi aprovada proposta de Acordo de Coo-peração entre os Estados membros sobre a matéria no âmbito da IX Reunião dos Pontos Focais de Cooperação. A proposta foi fi rmada na V Reunião do Conselho de Ministros, em São Tomé e Príncipe.

Fortalecimento do Secretariado Executivo da CPLP

O projeto “Fortalecimento do Secretariado Executivo da CPLP”, além dos benefícios de ordem administrativa que deverá gerar, adquire ainda importante signifi cado po-lítico na medida em que refl ete a disposi-ção dos Estados membros de fortalecer a Comunidade, dotando-a de instrumentos mais efi cazes para a implementação de suas ações. O projeto concentra esforços na reestruturação do sistema de informática, na complementação dos serviços de comu-nicação social e na organização do sistema de arquivos do Secretariado Executivo.

Projeto 3Gerenciamento de Projetos de CTI

O Ministro das Relações Exteriores, Embaixador Celso Amorim, na cerimônia de lançamento do Telecentro, parte integrante do Centro de Excelência em Desenvolvimento Empresarial, Luanda, Angola.

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A cooperação técnica bilateral com os países de língua portuguesa: cooperação horizontal

O ponto de partida da cooperação entre Brasil e Angola foi a assinatura do Acordo de Cooperação Econômica, Científica e Técnica, no dia 11 de junho de 1980. Várias iniciativas no campo da cooperação técnica marcaram as relações bilaterais com Angola desde então, particularmente nas áreas de formação profissional, administração pública, agricultura, meio ambiente e esporte. A visita do Presidente Lula, em novembro de 2003, também merece destaque, uma vez que na ocasião foram assinados diversos acordos que se encontram em fase de implementação.

Angola

Formação Profi ssionalUma das iniciativas mais bem-sucedidas na cooperação horizontal com Angola foi o projeto “Centro de Formação Profi ssional Brasil-Angola”, em Cazenga (Luanda), com capacidade para formar até 1500 profi ssio-nais por ano em diversas áreas. Implantado há mais de 6 anos, o centro encontra-se atualmente em pleno funcionamento, con-tribuindo, de forma inequívoca, para a rein-serção social e a reconstrução do país por meio da formação e reciclagem de mão-de-obra desmobilizada. Conforme previsto no projeto original, o Governo brasileiro trans-feriu, recentemente, com sucesso, a gestão do centro para o Governo angolano.

Administração PúblicaCoerentemente com sua política de contri-

A cooperação horizontal vem ocupando, cada vez mais, lugar de destaque na agen-da diplomática brasileira. Este fato pode ser comprovado pelo crescente número de projetos e atividades desenvolvidos em países da América Latina, Caribe, Ásia e,

buir para a modernização das instituições públicas nos países em desenvolvimento, o Governo brasileiro assinou, em maio últi-mo, Protocolo de Intenções sobre Coope-ração Técnica na Área de Administração Pública, visando à formação e capacitação de servidores públicos em Angola nas áreas de gestão e fi nanças públicas. Foram ainda defi nidos, na ocasião, como temas de inte-resse para a cooperação entre os dois países, o desenvolvimento de pesquisas e o inter-câmbio de publicações.

AgriculturaNa área de agricultura, o Governo brasi-leiro está desenvolvendo duas importantes iniciativas em Angola. São elas os projetos “Reorganização, Fortalecimento Institucio-nal e Inovação Metodológica da Extensão

particularmente, da África. Enquanto no período 1998-2003, o Brasil implementou em todo o mundo, por meio da cooperação prestada, um total de 119 projetos e ativi-dades, no ano de 2005, somente na África, 54 projetos brasileiros encontram-se em

fase de implementação. Dentre estes, 35 referem-se a países de língua portuguesa. Acrescentando-se a esse número os 5 proje-tos em andamento no Timor-Leste, ter-se-á uma idéia da presença marcante do Brasil no mundo lusófono.

Centro de Formação Profi ssional Brasil-Angola em Cazenga, Luanda.

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Almanaque Abril 2005

Rural como Estratégia de Desenvolvimen-to Rural Sustentável em Angola” e “For-talecimento Institucional dos Institutos de Investigação Agronômica e Veterinária de Angola”, com o objetivo de contribuir, respectivamente, para a inovação meto-dológica das atividades de extensão rural como um instrumento de desenvolvimento sustentável e para a capacitação de recursos humanos no setor agropecuário.

Meio AmbienteNa área do meio ambiente, existe um im-portante projeto brasileiro em fase de elabo-ração. Trata-se do “Fortalecimento da Edu-cação Ambiental em Angola”, destinado a capacitar técnicos angolanos que possam retransmitir os conhecimentos adquiridos, atuando como agentes multiplicadores para as questões inerentes à educação ambiental. O projeto também deverá apoiar a elabora-ção do Programa Nacional de Educação Ambiental de Angola, contribuindo desse modo para a melhoria da qualidade de vida, equidade social e conservação ambiental.

EsporteOutra importante iniciativa do Governo brasileiro na cooperação técnica prestada a Angola é o projeto “Inserção Social pela Prática Esportiva”, ainda em fase de imple-mentação. O projeto visa apoiar a implan-tação de um programa de complemen-tação educacional nas escolas angolanas, por meio da transferência de metodologia de desenvolvimento da prática esportiva ao ambiente escolar. Tendo em vista que An-gola não conta com unidade industrial para produção de bolas, o projeto prevê a insta-lação de uma fábrica de material esportivo em uma penitenciária angolana, de modo a permitir a participação dos reclusos no pro-cesso de produção do país.

Cabo Verde

A cooperação Brasil-Cabo Verde teve início em abril de 1977 com a assinatura do Acordo Básico de Cooperação Técnica e Científi ca. A partir de 2003, as relações entre os dois países se intensifi caram, tendo sido assinados diversos documentos visando à implementação de projetos nas áreas de formação profi ssional, educação, tecnologias de informação, meio ambiente e saúde (combate ao HIV/AIDS).

Formação Profi ssionalA formação profi ssional é tida como priori-dade e atividade estratégica pelo Governo de Cabo Verde, que busca o aperfeiçoa-mento da força de trabalho nacional e a in-clusão social de jovens e adultos na econo-mia formal. O Governo caboverdiano espe-ra, com isso, propiciar a elevação da renda da população e a melhoria da qualidade de vida do trabalhador.

Nesse contexto, o Governo brasileiro assinou, em setembro de 2004, o importan-te projeto “Fortalecimento e Capacitação Técnica de Recursos Humanos para o Sis-tema de Formação Profi ssional” em Cabo Verde. O local da construção do centro já foi defi nido e as obras têm início previsto ainda para este ano.

EducaçãoNo ano de 2002, os Governos do Brasil e de Cabo Verde iniciaram a implantação do projeto “Alfabetização Solidária em Cabo Verde”, que, em sua fase-piloto, promoveu a instalação de 15 salas de alfabetização e a capacitação dos coordenadores e professo-res envolvidos nessa primeira etapa. Poste-riormente, o número de salas foi expandido para 100 e foram capacitados 120 profes-

sores e 12 coordenadores locais. Após mis-são realizada em 2004, em decorrência da avaliação positiva dos resultados pelas par-tes envolvidas no projeto, decidiu-se pela continuidade do mesmo. A terceira fase de-verá consolidar a formação dos professores já atuantes, bem como apoiar a adaptação do material didático cabo-verdiano às novas necessidades e promover o fortalecimento dos conhecimentos técnicos da equipe de gestão do projeto.

Outra iniciativa brasileira importante na área de educação é a referente ao Programa de Trabalho em Matéria de Educação Su-perior e Ciência, que tem por objetivo fi nal apoiar a criação da Universidade de Cabo Verde. O programa será desenvolvido por meio de projetos de cooperação técnica e cursos de pós-graduação e pesquisa nas áreas de Estruturação do Sistema de Ensino Supe-rior, Formação de Professores Gestores, Ci-ência e Tecnologia e Educação à Distância.

Tecnologias de InformaçãoO Governo brasileiro assinou, em 2004, Protocolo de Intenções para prestação de cooperação técnica a Cabo Verde no do-mínio das tecnologias de informação e co-municação, particularmente nas seguintes

Futuras instalações do Centro de Formação Profi ssional em Praia, Cabo Verde.

Alunos do Centro de Formação Profi ssional de Angola.

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Guiné-BissauEmbora o Acordo Básico de Cooperação Técnica e Científi ca Brasil-Guiné-Bissau, que dá amparo legal a todas as ações de cooperação técnica entre os dois países, tenha sido assinado em maio de 1975, a Guiné-Bissau vem atraindo cada vez mais a atenção do Brasil, em face da difícil situação em que se encontra atualmente o país africano. O Brasil tem-lhe prestado cooperação técnica principalmente nas áreas formação profi ssional, agricultura e saúde.

Formação Profi ssionalComo se sabe, a Guiné-Bissau foi palco, recentemente, de grave confl ito político e militar. A crise afetou sensivelmente o inci-piente dispositivo de formação profi ssional do país, ocasionando inclusive a perda do Centro de Formação Industrial (CENFI) e do Instituto Nacional de Formação Pro-fi ssional (INAFOR), instituições responsá-veis, até então, pelo atendimento à deman-da de preparação profi ssional e promoção de empregos. Desta forma, reveste-se de especial importância a cooperação técnica direcionada a essa área. Nesse sentido, o Projeto “Centro de Formação Profi ssional e Promoção Social em Bissau”, em fase de negociação, prevê, além da construção do centro, o desenvolvimento de programas de qualifi cação profi ssional voltados para jovens e adultos.

AgriculturaImportante iniciativa brasileira nessa área foi a realização do “Projeto Cultivo de Ar-roz Irrigado na Guiné-Bissau”, no período de outubro de 2002 a setembro de 2003. O projeto teve como objetivo principal aprimorar os métodos de cultivo de arroz e aumentar a produtividade, por intermédio

áreas: governo eletrônico e sociedade de informação; elaboração de portais para a prestação eletrônica de serviços ao cidadão; reforço das TIC (Tecnologia da Informação e Comunicação) no sistema educativo e de formação profi ssional; instalação técnica e institucional de um sistema de autentica-ção e certifi cação digital; e inclusão digital, com a doação de onze computadores para a instalação de um telecentro, que se já se encontra em funcionamento.

Meio AmbienteCabo Verde ressente-se de escassez hídrica de uma forma bem mais acentuada que o Polígono das Secas no Brasil. As chuvas são raras e mal repartidas no espaço e no tempo, além de concentradas em cur-to período. No país não há rios perenes, ocorrendo torrentes ocasionais. No que se refere aos recursos hídricos subterrâneos, sobretudo nas zonas costeiras, os recursos exploráveis estão em avançado processo de salinização devido às intrusões marinhas. Atualmente, trabalha-se localmente com a purifi cação da água do mar com tecno-logia que consome muita energia e torna mais elevado o custo da água para a maio-ria da população

Diante desse quadro, o Brasil está em-penhado em cooperar com as autoridades caboverdianas mediante a transferência de tecnologia de dessalinização da água de poços com a participação da comunidade local. A experiência do Estado da Bahia, no Brasil, é extremamente oportuna tanto no que se refere a sistemas de dessalinização de poços em áreas rurais, quanto na participa-ção direta dos usuários na operação e manu-tenção dos sistemas de baixo custo. O “Pro-jeto Piloto de Dessalinização em Ribeira da Barca” está sendo redesenhado para entrar na fase de implementação em 2006.

da capacitação de técnicos e de experimen-tos utilizando novas técnicas de plantio. A execução do projeto resultou na capacita-ção de três técnicos guineenses no Brasil, em atividades de extensão rural na área de produção de arroz irrigado, e de um téc-nico de nível superior também no Brasil, em técnicas de análise de solos, de análise de sementes e conhecimentos básicos para montagem de laboratório. A idéia é que os referidos técnicos atuem como agentes multiplicadores em seu país dos conheci-mentos adquiridos no Brasil.

SaúdeOutra iniciativa digna de nota do Governo brasileiro é o Projeto “Ações de Prevenção e Controle do Vírus da Imunodefi ciência Humana e a Síndrome de Imunodefi ciên-cia Adquirida (HIV/Aids)” na Guiné-Bis-sau, que se encontra em fase de elaboração pelo Ministério da Saúde do Brasil. O pro-jeto visa a fortalecer a capacidade de respos-ta nacional do programa de Guiné-Bissau ante a grave epidemia de HIV/Aids que as-sola o continente africano, particularmen-te por meio do tratamento universal com terapia anti-retroviral de primeira linha e a prevenção da transmissão materno-infantil.

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Almanaque Abril 2005

Almanaque Abril 2005

Um dos PALOP mais comprometidos com a idéia da cooperação prestada brasileira é Moçambique, que, com a assinatura do Acordo Geral de Cooperação entre os Governos brasileiro e moçambicano em 15 de setembro de 1981, passou a desenvolver parcerias nas mais diversas áreas, dentre as quais se destacam educação, agricultura, saúde e esporte.

Moçambique

EducaçãoPara reverter os altos índices de analfabe-tismo e evasão escolar em Moçambique, o Governo brasileiro propôs, em 2002, a im-plementação da metodologia do Programa Bolsa Escola, desenvolvida com sucesso no Brasil. O projeto “Bolsa-Escola em Mo-çambique” tem apresentado resultados po-sitivos. O pagamento de 100 bolsas-auxílio a famílias carentes moçambicanas, no valor individual de US$ 20, garantiu a assidui-dade das crianças às escolas e, também, a melhoria da qualidade de vida das famílias atendidas. Revisado e reformulado neste ano, o projeto foi prorrogado até novembro, com atualização do valor da bolsa-auxílio, que passará a US$25.

Também merece destaque o “Progra-ma de Alfabetização de Jovens e Adultos em Moçambique”, formulado pelo Itama-

raty (ABC) em parceria com os Ministérios da Educação do Brasil e de Moçambique, e a ONG Alfasol. A partir da experiência do programa brasileiro de Alfabetização Soli-dária, pretende-se implantar turmas de al-fabetização e capacitar alfabetizadores em Moçambique e auxiliar na elaboração de material didático.

AgriculturaA agricultura e pecuária, praticadas por mais de 80% da população de Moçambi-que, são caracterizadas por baixo nível de utilização de insumos, baixa produtivida-de e falta de orientação do produto para o mercado, sendo este essencialmente uti-lizado para a subsistência familiar. Há no país uma capacidade limitada de geração de novos conhecimentos e tecnologia.

O “Projeto de Apoio ao Desenvolvi-mento e Fortalecimento do Setor de Pes-quisa Agropecuária da República de Mo-çambique”, que está sendo executado pela EMBRAPA, visa ao estabelecimento institu-cional e operacional do Instituto de Investi-gação Agrária de Moçambique – IIAM, que terá por objetivo buscar soluções sustentá-veis para o agronegócio moçambicano. O Instituto deverá proporcionar a melhoria da segurança alimentar e da renda dos agri-cultores, a redução dos índices de desnu-trição e a manutenção da população rural mediante a elevação dos índices sociais e a diminuição dos desníveis regionais.

SaúdeNa área de saúde, o combate à AIDS cons-titui ação prioritária da cooperação técnica prestada pelo Brasil a Moçambique, que já deu origem a dois importantes projetos. O projeto “PCI-Ntwanano”, concluído em 2004, propiciou o tratamento de 100 pa-cientes moçambicanos com medicamentos doados pelo Brasil, além da capacitação de médicos e da implantação do sistema logís-tico para o referido tratamento.

O projeto “Estudo de Viabilidade para a Instalação de Fábrica de Anti-Retrovi-rais”, assinado em maio de 2005, encon-tra-se em fase de execução. O projeto tem como objetivo analisar a possibilidade de produção de medicamentos destinados ao tratamento de DST/AIDS e outras doenças epidêmicas, com vistas ao fortalecimento da indústria farmacêutica moçambicana.

EsporteO Ministério do Esporte do Brasil elaborou o projeto “Inserção Social pela Prática Es-portiva”, que será complementado por dois programas. O “Programa Segundo Tempo” deverá transferir metodologia de desenvol-vimento da prática esportiva integrada ao ambiente escolar, atendendo a 1.000 jo-vens e adolescentes entre 7 e 17 anos, nas áreas de maior carência econômico-social, e treinando cerca de 40 multiplicadores que serão responsáveis pela implementação do programa.

O segundo programa complementar, “Pintando a Liberdade”, tem um importante papel de reinserção social em Moçambique. O programa prevê a instalação de uma fábri-ca de bolas no Centro Juvenil de Artesanato Mozart, onde membros da comunidade, que cumprem penas alternativas impostas pela Justiça moçambicana, poderão trabalhar de forma remunerada. A produção estimada é de 7.500 bolas, em diversas modalidades esportivas, devendo atingir cerca de 150.000 mil jovens em vários pontos do país.

Família benefi ciada pelo Programa Bolsa Escola.

Programa de Alfabetização de Jovens e Adultos.

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São Tomé e Príncipe

Desde a assinatura do Acordo Básico de Cooperação Científi ca e Técnica entre Brasil e São Tomé e Príncipe, em 26 de junho de 1984, várias iniciativas de cooperação entre os dois países foram implementadas, tanto por demandas apresentadas por aquele país como por missões realizadas pela ABC àquele país. As perspectivas da cooperação técnica brasileira-santomense são promissoras, especialmente mediante a continuidade dos projetos existentes na área de educação, que já lograram ampliar signifi cativamente os índices de alfabetização e freqüência à rede escolar em São Tomé e Príncipe.

EducaçãoNos últimos anos, o setor educacional em São Tomé e Príncipe vinha enfrentando di-fi culdades com a escassez de salas de aula, professores insufi cientemente treinados e níveis inadequados de materiais escolares e livros. O programa de alfabetização de adultos havia sido suspenso, havia carência de planejamento e o fi nanciamento para a educação dependia de ajuda externa. Nes-se contexto, em 2002, iniciou-se o projeto de cooperação “Alfabetização Solidária em São Tomé e Príncipe”. O Governo brasi-leiro, em parceria com a ONG Alfabetiza-ção Solidária, auxiliou o Governo de São Tomé e Príncipe em ações emergenciais de alfabetização de adultos, implantando 110 salas, e atendendo aproximadamente 2.750 pessoas, em duas fases distintas: um projeto piloto com 10 turmas e uma fase de expansão de 100 turmas. A terceira fase do projeto, iniciada neste ano, implantará 100 novas salas de aula, com o intuito de am-pliar e fortalecer os grupos envolvidos com o trabalho de alfabetização.

Outro importante projeto em execução na área de educação é o “Bolsa-Escola em São Tomé e Príncipe”, que tem por obje-tivo aumentar a taxa de escolarização das crianças santomenses. Apesar de já ser bas-tante elevada, esta taxa pode melhorar com o apoio às famílias que vivem em condições de pobreza. Segundo o relatório de desen-volvimento humano de São Tomé e Prín-cipe de 1998 (PNUD), as principais razões apresentadas para justifi car o abandono escolar referem-se às difi culdades econô-micas e à necessidade de entrar no mundo

de trabalho. Na primeira fase serão contem-pladas 400 famílias santomenses.

AgriculturaO setor agrícola continua a ser prioritário em São Tomé e Príncipe, em termos de utilização de mão-de-obra e da produção alimentar destinada sobretudo ao consumo interno. Um dos desafi os do Governo local é garantir a alimentação mínima à população crescente, mediante a duplicação da produ-ção atual nos próximos 20 anos. Nesse sen-tido, o Governo brasileiro desenvolveu com o Governo santomense o projeto de “Apoio ao Desenvolvimento da Área Agrícola de São Tomé e Príncipe”, que deverá dar su-porte ao desenvolvimento sustentável do setor, compreendendo as culturas do milho e mandioca, com melhoria da segurança ali-mentar, redução dos índices de desnutrição e aumento da renda dos agricultores.

Outra importante iniciativa da coopera-ção técnica bilateral nessa área é o projeto “Construção Institucional e Metodológi-ca da Extensão Rural como Instrumento

de Desenvolvimento Sustentável em São Tomé e Príncipe”, que se encontra em fase de implantação. Ele tem por objetivo otimizar a organização da extensão rural e capacitar recursos humanos para a esfera institucional. Para tanto, serão realizados cursos para técnicos de órgãos governa-mentais de apoio ao setor agropecuário em diversas áreas, incluindo desenvolvimento institucional, desenvolvimento sustentável e interação institucional. Além disso, qua-tro técnicos santomenses receberão capaci-tação no Brasil nas áreas de organização institucional, metodologia da extensão ru-ral e plano de retorno elaborado.

SaúdeO combate à epidemia de HIV/SIDA em São Tomé e Príncipe constitui, atualmen-te, um dos principais problemas de saúde pública e uma prioridade nacional em ter-mos de políticas públicas. Apenas no ano de 2003 foram diagnosticados 124 casos de AIDS. Há, ainda, um contingente de casos “ignorados” que não permite a conclusão sobre formas de transmissão.

Para se fazer face a essa situação, o Go-verno brasileiro levou a São Tomé e Prín-cipe o “Programa de Cooperação Interna-cional em HIV/AIDS”. O programa prevê a capacitação de recursos humanos em manejo clínico, a doação de medicamentos anti-retrovirais e a logística para sua distri-buição. Propõe, ainda, apoiar o fortaleci-mento de organizações da sociedade civil no sentido de uma participação mais ativa no combate à epidemia. A prorrogação do programa vem sendo negociada pelas par-tes, estando inclusive prevista a ampliação do número de pacientes a serem tratados.

Atividade do Programa Alfabetização Solidária.

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Almanaque Abril 2005

Timor-Leste

A primeira missão brasileira ao Timor-Leste aconteceu em 1999, logo após o plebiscito que determinou a independência do país. Na ocasião, foram defi nidas as áreas com potencial para a prestação de cooperação técnica pelo Brasil. Em julho de 2000, dois anos antes da própria constituição da República Democrática de Timor-Leste, o Governo brasileiro já assinava protocolo de cooperação técnica com a administração transitória das Nações Unidas, a fi m de oferecer toda ajuda possível ao novo país em formação. Recentemente, em janeiro de 2005, foi promulgado o Acordo Básico de Cooperação Técnica entre o Brasil e a República Democrática de Timor, que dá atualmente sustentação aos projetos de cooperação bilateral.

Formação Profi ssionalO primeiro projeto de cooperação brasilei-ra iniciado em Timor-Leste foi a criação do “Centro de Promoção Social, Formação Profi ssional e Desenvolvimento Empresa-rial de Becora”, com o objetivo maior de contribuir para a reconstrução do país. O centro, que se encontra em pleno funcio-namento, dedica-se à formação de mão-de-obra nas áreas de construção civil, marce-naria, costura industrial, hidráulica, eletri-cidade, panifi cação e informática. Aproxi-madamente 700 alunos já se benefi ciaram dos cursos de formação oferecidos. O proje-to encontra-se atualmente em sua segunda fase, cujos objetivos são a consolidação do apoio gerencial ao corpo diretivo do centro, o reforço pedagógico das diversas áreas de ensino e a introdução da área de pequenos negócios.

JustiçaO desenvolvimento do setor de Justiça de Timor-Leste é considerado elemento essen-cial à formação do novo Estado, especial-mente no momento em que se consolidam as bases da estrutura social e institucional. Com vistas a contribuir para os esforços de consolidação do Estado democrático timo-rense, o Governo brasileiro desenvolveu o projeto “Apoio ao Fortalecimento do Setor da Justiça de Timor-Leste”. O projeto visa à execução de um grupo de atividades con-sideradas fundamentais para a criação da base institucional necessária ao funciona-mento do Poder Judiciário em Timor-Leste. As seguintes atividades integram o projeto brasileiro: treinamento de defensores públi-cos, promotores de justiça e juízes, além de elaboração e divulgação de material didáti-co sobre noções de cidadania.

EducaçãoEm termos gerais, a população timorense encontra grande difi culdade para ter acesso à educação. Essa situação é agravada ainda mais pela formação insufi ciente de profes-sores para a rede de ensino do país. Exis-tem em Timor-Leste cerca de 900 escolas, das quais mais de 80% são primárias, aten-dendo do 1º ao 6º ano. Todas funcionam em condições extremamente precárias no tocante a recursos humanos e materiais. Aproximadamente 185.000 alunos estão matriculados nas escolas primárias, com

um corpo docente em número insufi ciente e sem habilitação adequada para o exercí-cio do magistério.

O projeto de “Formação de Professores em Exercício na Escola Primária de Timor-Leste”, em fase de execução, tem como pon-to de partida a experiência brasileira com o Programa de Formação de Professores (PROFORMAÇÃO). O projeto privilegia o domínio dos conteúdos do ensino médio (equivalente à escola secundária em Timor-Leste) e a formação pedagógica com vistas à melhoria da qualidade de ensino e à prática docente. Deverá oferecer, de início, certifi -cação literária secundária a 100 (cem) pro-fessores da escola primária timorense. No Brasil, essa certifi cação eqüivale ao ensino médio com habilitação em magistério.

Além disso, o projeto prevê a formação de uma equipe de especialistas brasileiros, selecionados e formados no Brasil nas áreas de língua portuguesa, história, geografi a, química, biologia, física, matemática, peda-gogia e psicologia, para o desenvolvimento das seis áreas temáticas que compõem o PROFORMAÇÃO. Os profi ssionais brasi-leiros trabalharão em conjunto com uma equipe de professores timorenses que de-verá fi car responsável pela multiplicação e continuidade das ações do projeto em Timor-Leste. Além disso, 12 tutores serão preparados para acompanhar sistematica-mente um grupo de professores cursistas, oferecendo apoio técnico, orientação peda-gógica e desenvolvendo diversas atividades de avaliação.Primeira missão brasileira ao Timor-Leste, em 1999.

Centro de Promoção Social, Formação Profi ssional e Desenvol-vimento Empresarial de Becora, em Díli.

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Almanaque Abril 2005

Missão à AfricaDando continuidade à política exter-na do Governo Lula de intensifi car a cooperação prestada aos países de lín-gua portuguesa, o Ministro de Estado, Embaixador Celso Amorim, esteve em visita a Luanda (Angola), na última quinzena de julho, para participar da X Reunião Ordinária do Conselho de Ministros da CPLP, acompanhado do Subsecretário-geral de Cooperação e Comunidades Brasileiras no Exterior do Itamaraty, Embaixador Ruy Noguei-ra, e do Diretor da ABC, Embaixador Lauro Moreira. Foi apresentado, no âmbito da reunião, o Conselho Deli-berativo do recém-inaugurado Centro Regional de Excelência em Desenvol-vimento Empresarial.

Antencedendo a reunião dos Minis-tros de Estado, teve lugar, também em Luanda, a XI Reunião Ordinária dos Pontos Focais de Cooperação da CPLP, da qual participou missão da ABC che-

fi ada pelo seu diretor. O principal item da agenda dessa reunião foi a avaliação do quadro geral da cooperação no seio da Comunidade durante o período de julho de 2004 a julho deste ano. Os resultados alcançados foram avaliados pelos países-membros como positivos, com destaque para a implementação dos Centros Regionais de Excelência de Maputo e Luanda. No decorrer do referido período foi disponibilizado o montante de US$ 1.635.735,42 dos recursos do Fundo Especial da CPLP para a implementação de projetos e ações pontuais.

A missão da ABC também propor-cionou avanços no âmbito da coopera-ção bilateral. Em cerimônia realizada no dia 21 de julho, ainda em Luanda, foi efetuada a transferência da gestão do Centro de Formação Profi ssional do Cazenga para o Governo angolano. O centro, inaugurado em 1999, com

capacidade para formar até 1500 profi s-sionais por ano em diversas áreas, foi o resultado de um projeto da cooperação técnica que vem sendo prestada pelo Brasil a países em desenvolvimento (cooperação horizontal). A transferên-cia da gestão do centro constituiu a úl-tima etapa do bem-sucedido projeto.

A missão chefi ada pelo Embaixador Lauro Moreira visitou ainda Cabo Ver-de, com o objetivo de discutir com as autoridades caboverdianas detalhes téc-nico-operacionais relativos à instalação do Centro de Formação Profi ssional de Praia, fruto também da cooperação prestada pelo Brasil a países africanos. Uma vez que a construção do centro já foi concluída, defi niu-se na ocasião o perfi l dos capacitandos e os cursos a serem por ele ministrados. As autorida-des locais aguardam com expectativa o início das atividades do centro previsto para outubro deste ano.

Da esquerda para a direita, Secretário Carlos Cuenca, Embaixador Lauro Moreira (Diretor da ABC), Embaixador Ruy Nogueira (Subsecretário-Geral de Cooperação e Comunidades Brasilei-ras no Exterior) e Ministro João Inácio Padilha (Chefe da Divisão da África II).

O Ministro de Estado das Relações Exteriores, Embaixador Celso Amorim, na inauguração do Centro de Excelência em Desenvolvimento Empresarial em Luanda, Angola.

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ViaABCViaABC é uma publicação produzida e editada pela Coordenação Geral de Comunicação e Informação - CGCI / ABC / MRE

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Brasil presta cooperação a São Tomé e Príncipe na área do desenvolvimento urbano

A ABC e a Caixa Econômica Federal (CEF) realizaram missão a São Tomé e Príncipe, em setembro, para negociar e defi nir ações bilaterais de cooperação para a transferência de conhecimentos técnicos e o treinamento de recursos humanos no campo do desen-volvimento urbano. Durante os encontros, puderam ser identifi cadas e detalhadas as bases para o desenvolvimento das atividades previstas em projeto bilateral, destacando-se as seguintes linhas de ação: (a) elaboração do Programa Nacional do Ordenamento do Território e Urbanismo; (b) formulação de políticas de habitação para população de baixa renda; (c) transferência de metodo-logias de construção não-convencionais que se adeqüem à realidade santomense; e (d) formulação de um projeto-piloto na área de gerenciamento de resíduos sólidos e sanea-mento básico.[Mais informações pesquise em notícias no sítio www.abc.mre.gov.br]

Errata

Foi informado no ViaABC de julho de 2005 que a Coordenação-geral de Cooperação Recebida Bilateral, nos últimos 12 anos, re-cebeu cerca de 1,2 bilhões destinados a 162 projetos e 179 atividades. Este montante, na realidade, foi destinado a 972 projetos e 1059 atividades. Os números anteriormen-te publicados eram referentes à carteira da CTRB apenas no ano de 2004.

Brasil propõe cooperação com Suíça para manejo sustentável na Mata Atlântica

Estiveram reunidos no Itamaraty, recente-mente, representantes da Embaixada da Su-íça, da Confederação Nacional de Coope-rativas da Reforma Agrária do Brasil (CON-CRAB) e do Ministério das Relações Exte-riores, com o intuito de examinar as grandes

Notícias

linhas do projeto da CONCRAB para o manejo sustentável do maciço fl orestal da Fazenda de Araupel, no Paraná. O projeto consiste no assentamento de cerca de 1.100 famílias na fazenda paranaense, que possui 9 mil hectares plantados de pinheiros e arau-cárias, 2 mil hectares de eucalipto e 5 mil hectares remanescentes de Mata Atlântica. Além da importante atividade de manejo fl orestal, o assentamento desenvolverá tam-bém atividades relacionadas à agricultura familiar e à produção de leite orgânico em áreas adjacentes às reservas fl orestais.

No Brasil, o projeto da CONCRAB conta principalmente com apoio do Minis-tério do Desenvolvimento Agrário, do Meio Ambiente e do IBAMA, fundamentado-se em duas vertentes básicas: (a) a criação da Escola da Madeira (em parceria com várias entidades nacionais), que oferecerá cursos técnicos para os assentados e seus fi lhos; e (b) a criação de uma empresa associativa entre os assentados com vistas a promover o uso coletivo da área refl orestada, a fi m de permitir o manejo mais sustentável da fl oresta. Paralelamente, busca proporcionar uma alternativa de renda para os assenta-dos por meio da adição de valor agregado à exploração da madeira. A Embaixada da Suíça demonstrou interesse no projeto, sugerindo algumas linhas de ação à parte brasileira.[Mais informações pesquise em notícias no sítio www.abc.mre.gov.br]

A Juíza brasileira Dora Aparecida Martins Moraes tomou posse, em seis de setembro, no Tribunal de Recurso do Timor Leste. A magistrada integra equipe de quatro coope-rantes da Justiça Brasileira enviados ao país asiático com a missão de fortalecer o siste-ma judiciário local, no âmbito de programa de cooperação técnica prestada pelo Brasil.

Além da Dra. Dora Moraes, integram a equipe brasileira o Promotor Público An-tonio Carlos Osório Nunes e os Defensores Públicos Orlando Viana Jr. e Vânia Renault Bechara Gomes. A missão terá duração de um ano e os brasileiros atuarão também na formação de recursos humanos locais. [Mais informações pesquise em notícias no sítio www.abc.mre.gov.br]

Juíza brasileira empossada em Tribunal de Recurso do Timor-Leste

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Cerimônia de posse da Juíza Dora Aparecida Martins Moraes.