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Pilar Gómez Cardó, Delfim F. Leão, Maria Aparecida de Oliveira Silva (coords.) Plutarco entre mundos visões de Esparta, Atenas e Roma IMPRENSA DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA COIMBRA UNIVERSITY PRESS ANNABLUME Versão integral disponível em digitalis.uc.pt

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Page 1: Versão integral disponível em digitalis.uc · visões de Esparta, Atenas e Roma IMPRENSA DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA COIMBRA UNIVERSITY PRESS ANNABLUME Versão integral disponível

Pilar Goacutemez Cardoacute Delfim F Leatildeo Maria Aparecida de Oliveira Silva (coords)

Plutarco entre mundosvisotildees de Esparta Atenas e Roma

IMPRENSA DA UNIVERSIDADE DE COIMBRACOIMBRA UNIVERSITY PRESS

ANNABLUME

Versatildeo integral disponiacutevel em digitalisucpt

Nelson
Typewritten Text

Seacuterie Humanitas SupplementumEstudos Monograacuteficos

Versatildeo integral disponiacutevel em digitalisucpt

Estruturas EditoriaisSeacuterie Humanitas Supplementum

Estudos Monograacuteficos

ISSN 2182‑8814

Diretor PrincipalMain Editor

Delfim LeatildeoUniversidade de Coimbra

Assistentes Editoriais Editoral Assistants

Elisabete Caccedilatildeo Joatildeo Pedro Gomes Nelson Ferreira Universidade de Coimbra

Comissatildeo Cientiacutefica Editorial Board

Arnaldo do Espiacuterito SantoUniversidade de Lisboa

Aurelio Peacuterez JimeacutenezUniversidad de Maacutelaga

Claacuteudia TeixeiraUniversidade de Eacutevora

Frederico LourenccediloUniversidade de Coimbra

Israel Muntildeoz GallarteUniversidad de Coacuterdoba

Joseacute Ribeiro FerreiraUniversidade de Coimbra

Joseacute Vela TejadaUniversidad de Zaragoza

Maria do Ceacuteu FialhoUniversidade de Coimbra

Nuno Simotildees RodriguesUniversidade de Lisboa

Todos os volumes desta seacuterie satildeo submetidos a arbitragem cientiacutefica independente

Versatildeo integral disponiacutevel em digitalisucpt

Pilar Goacutemez Cardoacute Delfim F Leatildeo Maria Aparecida de Oliveira Silva (coord)Universitat de Barcelona Universidade de Coimbra Universidade de Satildeo Paulo

Plutarco entre mundosvisotildees de Esparta Atenas e Roma

IMPRENSA DA UNIVERSIDADE DE COIMBRACOIMBRA UNIVERSITY PRESS

ANNABLUME

Versatildeo integral disponiacutevel em digitalisucpt

Conceccedilatildeo Graacutefica GraphicsRodolfo Lopes Nelson Ferreira

Infografia InfographicsNelson Ferreira

Impressatildeo e Acabamento Printed bySimotildees amp Linhares Lda Av Fernando Namora nordm 83 Loja 4 3000 Coimbra

ISSN2182‑8814

ISBN978‑989‑26‑0920‑1

ISBN Digital978‑989‑26‑0921‑8

DOIhttpdxdoiorg1014195978‑989‑26‑0921‑8

Depoacutesito Legal Legal Deposit 38476114

Tiacutetulo Title Plutarco entre mundos visotildees de Esparta Atenas e RomaPlutarch between worlds visions of Sparta Athens and Rome

Coord EdPilar Goacutemez Cardoacute Delfim F Leatildeo Maria Aparecida de Oliveira Silva

Editores PublishersImprensa da Universidade de CoimbraCoimbra University Presswwwucptimprensa_ucContacto Contact imprensaucptVendas online Online Saleshttplivrariadaimprensaucpt

Annablume Editora Comunicaccedilatildeo

wwwannablumecombrContato Contact annablumecombr

Coordenaccedilatildeo Editorial Editorial CoordinationImprensa da Universidade de Coimbra

copy Dezembro 2014

Trabalho publicado ao abrigo da Licenccedila This work is licensed underCreative Commons CC‑BY (httpcreativecommonsorglicensesby30ptlegalcode)

POCI2010

Annablume Editora Satildeo PauloImprensa da Universidade de CoimbraClassica Digitalia Vniversitatis Conimbrigensis httpclassicadigitaliaucptCentro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra

Seacuterie Humanitas SupplementumEstudos Monograacuteficos

Versatildeo integral disponiacutevel em digitalisucpt

Plutarco entre mundos visotildees de Esparta Atenas e Roma Plutarch between worlds visions of Sparta Athens and Rome

Coord EdPilar Goacutemez Cardoacute Delfim F Leatildeo Maria Aparecida de Oliveira Silva

Filiaccedilatildeo AffiliationUniversitat de Barcelona Universidade de Coimbra Universidade de Satildeo Paulo

ResumoA vasta e variada obra de Plutarco permite sempre uma abordagem a partir de distintas perspetivas com diferentes intenccedilotildees e propoacutesitos variados No entanto eacute importante identificar tambeacutem fios comuns nessa abordagem porque permitem demonstrar tanto a niacutevel formal como de conteuacutedo que haacute muitos elementos comuns que permeiam o trabalho de Plutarco Os treze contributos para este volume tecircm como elo comum o nome de trecircs cidades Esparta Atenas e Roma Elas representam espaccedilos poliacuteticos e institucionais diversos dada a sua extensatildeo geograacutefica e cronoloacutegica mas simbolizam igualmente diferentes modelos de organizaccedilatildeo social atraveacutes dos quais a Greacutecia pode ser contrastada com Roma ou Atenas comparada com Esparta mdash ainda que o seu verdadeiro interesse na obra de Plutarco seja que representam sempre locais paradigmaacuteticos onde vivem e convivem pessoas Por isso os estudiosos de Plutarco que contribuiacuteram para este volume procuram analisar em cada uma dessas cidades seja por assimilaccedilatildeo ou por contraste a forma como o autor de Queroneia aborda a ligaccedilatildeo entre indiviacuteduo e comunidade a partir do exerciacutecio do poder e da experiecircncia religiosa qual o papel da educaccedilatildeo e do domiacutenio privado na projeccedilatildeo puacuteblica dos protagonistas retratados por Plutarco ou ateacute que ponto a imagem dos primeiros legisladores e fundadores miacuteticos foi condicionada pela evoluccedilatildeo histoacuterica destas mesmas cidades

Palavras‑chavePlutarco Atenas Esparta Roma educaccedilatildeo religiatildeo poder

Abstract The vast and varied work of Plutarch naturally allows an approach from different perspectives with a variety of intentions and plural purposes However it is also important to identify common lines of approach because they demonstrate both formally and in terms of content that there are many customary elements underlying his work The thirteen contributions to this volume are linked by the names of three cities Sparta Athens and Rome They represent diverse political and institutional spaces because of their geographical extension and chronology and they symbolize as well different models of social organization through which Greece can be contrasted with Rome or Athens compared to Sparta mdash but perhaps their most interesting feature in Plutarchs work is that they are paradigmatic places where men live and coexist together Therefore the Plutarchists who contributed to this volume analyze for each of these cities by assimilation or contrast the way the author from Chaeronea envisages the connection between individual and community as reflected in the exercise of power and the living of religious experiences the role played by education and private affairs in the public image of Plutarchrsquos protagonists or the extent to which the image of the first lawgivers and mythical founders was conditioned by the historical development of these cities

KeywordsPlutarch Athens Sparta Rome education religion power

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Coordenadores

Pilar Goacutemez Cardoacute es profesora titular de Filologiacutea Griega en la Universidad de Barcelona donde imparte docencia e investiga desde 1981 Doctora en Filologiacutea Claacutesica desde 1987 con una tesis sobre la tradicioacuten yaacutembica y la faacutebula (La Vida drsquoIsop entre el iambe la faula i la novelbullla) es autora de numerosos artiacuteculos y capiacutetulos de libros sobre la literatura griega de eacutepoca imperial romana en especial sobre Segunda Sofiacutestica y novela ha estudiado principalmente autores como Luciano (en cuya edicioacuten y traduccioacuten al castellano para la coleccioacuten Alma Mater participa) Plutarco Dioacuten de Prusa o Elio Ariacutestides Es miembro del grupo de investigacioacuten Graecia Capta de la Universidad de Barcelona

Delfim F Leatildeo eacute Professor Catedraacutetico da Instituto de Estudos Claacutessicos e investigador do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a histoacuteria antiga o direito e a teorizaccedilatildeo poliacutetica dos Gregos a pragmaacutetica teatral e a escrita romanesca antiga

Maria Aparecida de Oliveira Silva eacute professora visitante do Programa de Poacutes‑Graduaccedilatildeo em Letras Claacutessicas da Universidade de Satildeo Paulo e Professora Pesquisadora do Programa de Poacutes‑Graduaccedilatildeo em Histoacuteria da Universidade Federal de Satildeo Paulo Liacuteder do Grupo CNPq LABHAN Laboratoacuterio de Histoacuteria Antiga da Universidade Federal do Amapaacute Pesquisadora do Grupo CNPq Linceu ‑ Visotildees da Antiguidade Claacutessica da Universidade Estadual Paulista Pesquisadora do Grupo Retoacuterica Texto y Comunicacioacuten da Univer‑sidad de Caacutediz Membro do Conselho Acadecircmico do Seminaacuterio de Histoacuteria e Filosofia das Religiotildees da Universidad Autoacutenoma de Ciudad Juaacuterez mdash Meacutexico Pesquisa e publica trabalhos sobre Esparta Plutarco e biografia antiga

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Editors

Pilar Goacutemez Cardoacute is Professor of Greek Studies at the University of Barcelona where she has been teaching and conducting research in 1981 She obtained a PhD in Classical Philology in 1987 with a thesis on the iambic tradition and fable (La Vida drsquoIsop entre el iambe la faula i la novelbullla) and is the author of numerous articles and book chapters on the Greek literature of the Roman Imperial period especially on the Second Sophistic and the novel She has studied mainly writers like Lucian (collaborating in the edition and translation of his works into Spanish for the Alma Mater collection) Plutarch Dio of Prusa and Aelius Aristides She is a member of the research group Graecia Capta of the University of Barcelona

Delfim F Leatildeo is Full Professor at the Institute of Classical Studies and researcher at the Centre for Classical and Humanistic Studies at the University of Coimbra His main areas of scientific interest are ancient history law and political theory of the Greeks theatrical pragmatics and the ancient novel

Maria Aparecida de Oliveira Silva is a visiting professor of the Postgraduate Programme in Classics at the University of Satildeo Paulo and Research Professor of the Postgraduate Pro‑gramme in History at the Federal University of Satildeo Paulo Leader of the CNPq LABHAN Group Labotarory of Ancient History at the Federal University of Amapaacute Researcher of the CNPq Linceu Group mdash Visions of Classical Antiquity at Satildeo Paulo State University Researcher of the Group ldquoRetoacuterica Texto y Comunicacioacutenrdquo of the University of Caacutediz Member of the Academic Council of the Seminar in History and Philosophy of Religions at the Autonomous University of Ciudad Juaacuterez mdash Mexico Her research interests are mainly directed to Sparta Plutarch and ancient biography

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Nelson
Text Box
(Paacutegina deixada propositadamente em branco)

Sumaacuterio

Apresentaccedilatildeo de Plutarco entre Mundos visotildees de esparta atenas e roma 11(Presentation of Plutarch between worlds visions of Sparta Athens and Rome)

Introduccioacuten(Introduction) 13

Pilar Goacutemez Cardoacute

O jovem Teseu do reconhecimento paterno ao reconhecimento poliacutetico (Young Theseus from paternal recognition to political recognition) 31

Loraine Oliveira

Legislar teniacutea un precio (The price to pay for legislating) 49

Mordf Teresa Fau Ramos

O legislador e suas estrateacutegias discursivas teatralidade e linguagem metafoacuterica na vida de soacutelon

(The statesman and his discourse strategies theatricality and metaphorical language in the Life of Solon) 71

Delfim F Leatildeo

A figura do legislador em Plutarco Recepccedilatildeo de um mito poliacutetico (The figure of the lawgiver in Plutarch reception of a political myth) 85

Aacutelia Rodrigues

Un mentor limpio de pasiones El filoacutesofo y la actuacioacuten poliacutetica seguacuten el de genio socratis

(A mentor without passions the philosopher and political action according to the De genio Socratis) 103

Joseacute M Candau

O valor da filosofia e da paideia a construccedilatildeo moral e retoacuterica de Plutarco(The value of philosophy and of paideia Plutarchrsquos moral and rhetorical constructions) 119

Joaquim Pinheiro

De Roma a Alejandriacutea y viceversa mimesis del motivo del viaje en la vida de antonio de Plutarco(From Rome to Alexandria and vice versa mimesis of the travel motif in Plutarchrsquos Life of Antony) 137

Ivana S Chialva

A Esparta de Plutarco entre a guerra e as artes(Plutarchrsquos Sparta between war and the arts) 159

Roosevelt Rocha

Muacutesica e educaccedilatildeo em Atenas segundo as biografias de Plutarco(Music and education in Athens according to Plutarchrsquos biographies) 173

Faacutebio Vergara Cerqueira

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Por traacutes de um grande homem haacute sempre uma grande mulher A influecircncia de esposas e amantes sobre homens de Estado

(Is there always a great man behind a great woman The influence of wives and lovers over statesmen) 191

Ana Ferreira

Heteras concubinas y joacutevenes de seduccioacuten la influencia femenina en las vidas plutarqueas de Soloacuten Pericles y Alcibiacuteades

(Hetairai concubines and seducers the influence of women in Plutarchrsquos Lives of Solon Pericles and Alcibiades) 209

Guillermina Gonzaacutelez Almenara

Esparta e os oraacuteculos uma leitura plutarquiana(Sparta and the oracles a Plutarchan reading) 219

Maria Aparecida de Oliveira Silva

Plutarco y la crisis oracular del final del mundo antiguo(Plutarch and the crisis of the oracles at the end of the ancient world) 233

Jesuacutes‑Mordf Nieto Ibaacutentildeez

Index nominvm 251

Index locorvm 259

Notas biograacuteficas dos autores 267

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Apresentaccedilatildeo de Plutarco entre Mundos visotildees de esparta atenas e roma

(Presentation of Plutarch between worlds visions of Sparta Athens and Rome)

Um grego nascido agrave eacutepoca da dominaccedilatildeo romana Plutarco vive entre mun‑dos circulando entre Greacutecia e Roma tecendo reflexotildees sobre gregos e romanos Descendente de uma tradicional famiacutelia beoacutecia nosso autor eacute educado conforme os preceitos da paideia grega a mesma que prescreve em seus tratados e biografias como sendo a mais indicada para a formaccedilatildeo de um homem virtuoso Plutarco entrelaccedila conhecimentos acumulados pela tradiccedilatildeo grega com os da romana re‑gistra suas impressotildees sobre o modo de ser grego em um movimento de partida do seu presente de dominado para retornar ao passado glorioso de seu povo sem negligenciar suas anaacutelises sobre o modo de ser romano Reflexotildees que se fazem perceptiacuteveis principalmente na escrita de suas biografias de gregos e romanos onde vemos as comparaccedilotildees de suas personagens ora criticando a accedilatildeo de um grego ora a de um romano demonstrando os aspectos positivos e negativos de cada um embora deixe clara a sua preferecircncia pela cultura grega

Pela erudiccedilatildeo peculiar a sua extensa obra Plutarco eacute um autor que se in‑sere em diversos periacuteodos da nossa histoacuteria vemos sua influecircncia em escritos bizantinos renascentistas nos produzidos entre os seacuteculos XVI e XVII em que italianos franceses ingleses e espanhoacuteis se dedicam a verter suas biografias e tratados para vernaacuteculos modernos A disseminaccedilatildeo dessas obras concorre para influenciar artistas poetas filoacutesofos historiadores do seacuteculo XVIII em diante

Se por muitos seacuteculos nosso autor se vecirc circunscrito ao espaccedilo geograacutefico da bacia mediterracircnica hoje notamos que suas ideias atravessam o Oceano e alcanccedilam o chamado Novo Mundo Entatildeo a perspectiva de entre mundos para o nosso autor se expande mais sua obra atravessa eacutepocas e espaccedilos e se transforma em um claacutessico como tal atemporal e sem fronteiras Imbuiacutedos desse espiacuterito da obra plutarquiana apresentamos ao leitor este livro com ar‑tigos redigidos por espanhoacuteis latino‑americanos e portugueses revelando a

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Legislar teniacutea un precio

Mas a pesar de su tropiezo laquocon la mayoriacutearaquo (τοῖς πλείστοις) le fueron confiadas al legislador ateniense responsabilidades aun mayores45 y asiacute pudo eliminar buena parte de las leyes promulgadas por Dracoacuten46 reorganizar la poblacioacuten asignaacutendole prerrogativas en base a criterios econoacutemicos47 introducir cambios en las instituciones de la polis48 y establecer otras disposiciones como por ejemplo las que regulan el matrimonio49 los testamentos y donaciones50 la conducta de las mujeres51 el desempentildeo de oficios52 la actividad agriacutecola53 la naturalizacioacuten de extranjeros54 y el calendario55

Promulgadas ya las leyes aguardaba a Soloacuten una nueva contrariedad cada diacutea era abordado por individuos que elogiaban o censuraban su obra le aconse‑jaban antildeadidos o supresiones o simplemente le pediacutean aclaracioacuten sobre alguacuten pasaje que no comprendiacutean Para zafarse de esta presioacuten decide ausentarse de Atenas durante diez antildeos Abandona pues la patria con la esperanza de que su exilio voluntario sirva para que los ciudadanos se habituacuteen a las nuevas leyes56

Pero a su regreso constata que la polis ha vuelto al mal camino y las fac‑ciones vuelven a dominar la escena poliacutetica destacando sobremanera un hombre llamado Pisiacutestrato en torno al cual se apintildeaba una laquoturbaraquo (ὄχλος) de jornaleros radicalmente contraria a los ricos57 Soloacuten intenta poner paz parlamentando con los liacutederes de los partidos58 intuye las verdaderas intenciones del dirigente de la plebe e intenta en vano modificarlas59 Cuando Pisiacutestrato se dispone a erigirse en tirano el anciano legislador se opone pero al no contar con el apoyo de nadie debe cejar en su empentildeo60

estagirita (Pol 1296a) afirma que los μέσοι constituyen un factor sumamente equilibrador de la sociedad y es ndashprosigue‑ por este motivo que los mejores legisladores como Soloacuten y ‑iexclpara nuestra sorpresa‑ Licurgo pertenecieron a este colectivo Sobre la posicioacuten de Plutarco con respecto a las doctrinas supuestamente aristoteacutelicas remito a la reciente aportacioacuten de Becchi (2014)

45 Sol 163‑546 Sol 17147 Sol 181‑348 Sol 191‑249 Sol 202‑650 Sol 213‑451 Sol 21552 Sol 221 y 353 Sol 236‑24254 Sol 24455 Sol 254‑556 Sol 256 En el texto plutarqueo Soloacuten pone como excusa (πρόσχημα) de su partida

un tema relacionado con la navegacioacuten (ναυκληρία) Heroacutedoto (130) apunta el deseo de ver mundo (θεωρία) mientras que Aristoacuteteles (Ath 111) hace referencia a la actividad comercial (ἐμπορία) y tambieacuten al deseo de ver mundo (θεωρία)

57 Sol 29158 Sol 29259 Sol 29560 Sol 301‑4 y 6‑8

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Mordf Teresa Fau Ramos

Sorprendentemente una vez duentildeo de la situacioacuten Pisiacutestrato tratoacute a Soloacuten con gran respeto aceptoacute muchos de sus consejos y conservoacute laquola mayoriacutea de las leyesraquo (τοὺς πλείστους νόμους) que habiacutea establecido61 Y eacutesta es una de las uacutelti‑mas afirmaciones que hace Plutarco con respecto a Soloacuten sobre cuya muerte no nos proporciona dato alguno de intereacutes62

A diferencia de la biografiacutea plutarquea de Licurgo la Vida de Soloacuten no cul‑mina con un heroico acto de auto‑inmolacioacuten para obtener la perdurabilidad de unas leyes que se desean perennes63 Ello no obsta sin embargo para que reconozcamos que tambieacuten a Soloacuten le pasa factura el ejercicio de su funcioacuten como legislador En efecto debe soportar las burlas de unas gentes que hacen befa de eacutel por haberse negado a instaurar un reacutegimen tiraacutenico es falsamente acusado de haber obtenido beneficios fraudulentos gracias a sus leyes y sufre una intensa presioacuten por parte de sus conciudadanos hasta el punto de tener que optar por un exilio voluntario

Numa

Con la Vida de Numa regresamos a un contexto de dignidad regia aunque existe una gran diferencia entre las maneras expeditivas de Licurgo y la suavidad con la que actuacutea el rey Numa64

Tras la desaparicioacuten ndashsupuestamente sobrenaturalndash de Roacutemulo la ciudad de Roma se hallaba sumida en una grave discordia pues sabinos y romanos no se poniacutean de acuerdo sobre quieacuten habiacutea de ser el proacuteximo monarca65 Al fin las dos facciones pactan que la realeza recaiga sobre el sabino Numa Pompilio66 Pero eacuteste que habiacutea sabido mejorar su buen talante natural con un geacutenero de vida

61 Sol 312‑3 En este punto Plutarco sigue la tradicioacuten continuista de otros autores (cf Hdt 1596 y Th 6546) Seguacuten Dioacutegenes Laercio (153‑54) Pisiacutestrato hace saber al νομοθέτης ateniense que mantiene la legislacioacuten por eacutel establecida y le invita a regresar a la polis Aristoacuteteles (Ath 221) por su parte mantiene que la tiraniacutea habiacutea abolido por desuso las leyes solonianas

62 No obstante en el Banquete de los siete sabios (Moralia 151E‑F) encontramos de nuevo a Soloacuten a propoacutesito de quien Quiloacuten afirma que debe ser el primero en hacer uso de la palabra no soacutelo porque asiacute conviene por su edad y por el lugar que ocupa entre los comensales sino porque detenta laquola autoridad mayor y maacutes perfectaraquo (τὴν μεγίστην καὶ τελειοτάτην ἀρχήν) laquopor haber otorgado leyes a los ateniensesraquo (νόμους Ἀθηναίοις θέμενος) Para una visioacuten de Soloacuten como representante de una sabiduriacutea antigua que laquolejos de ser puramente teoacuterica se proyecta hacia la praxis cotidianaraquo cf Peacuterez Jimeacutenez (1991) 688

63 No nos parece irrelevante el hecho de que en la parte final de la Vida de Soloacuten (316‑7) se aluda a su vertiente poeacutetica iquestes eacutesta ‑nos preguntamos‑ una manera de sugerir la pervivencia del νομοθέτης ateniense

64 En este sentido Numa se asemeja mucho maacutes a los laquodulcesraquo personajes griegos que a los rudos romanos cf Martin Jr (1960) y De Romilly (1979) Sobre la dulzura (πρᾳότης) en los personajes plutarqueos veacutease tambieacuten Frazier (1996)

65 Num 22‑866 Num 32‑4

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Legislar teniacutea un precio

austero reflexivo y sosegado67 al recibir a los enviados que le ofreciacutean la corona se mostroacute reacio a aceptarla ya que ndashafirmabandash su manera de ser tan alejada de las praacutecticas guerreras no era apropiada para regir al belicoso pueblo de Roma68 Convencido a la postre por argumentos que le exhortaban a actuar en favor del bien comuacuten69 y confirmada por signos favorables la buena disposicioacuten de la divi‑nidad Numa accede a convertirse en rey de la agitada urbe70 eacutel que laquohabiendoraquo otrora laquoabandonado las ocupaciones propias de la vida en la ciudadraquo (ἐκλείπων τὰς ἐν ἄστει διατριβάς) se complaciacutea en frecuentar parajes solitarios71

Su primera medida de gobierno consiste en la supresioacuten de la guardia perso‑nal creada por el anterior monarca la segunda en la institucioacuten de un sacerdocio en honor de Roacutemulo72 Tras estas dos disposiciones tomadas seguacuten Plutarco laquopara obtener benevolencia y gratitud del puebloraquo (ἐπrsquoεὐνοίᾳ καὶ χάριτι τοῦ δήμου) Numa emprende la difiacutecil tarea de pacificar la ciudad73 Y para lograr su objetivo no vacila en servirse de la religioacuten introduciendo nuevos rituales74 fomentando los temores supersticiosos de la poblacioacuten75 o atribuyeacutendose una particular relacioacuten con divinidades76

Entre sus reformas de aacutembito religioso destacan la prohibicioacuten de repre‑sentar a los dioses por medio de imaacutegenes de hombres o animales77 el fomento

67 Num 37‑41 Sobre el caraacutecter del Numa plutarqueo orientado laquopor naturalezaraquo (φύσει) hacia la virtud cf Peacuterez Jimeacutenez (1994)

68 Num 51‑869 Un argumento muy del agrado de los estoicos Sobre el controvertido tema de la relacioacuten

de Plutarco con el estoicismo creemos que todaviacutea son relevantes las opiniones de Babut (1969) Para una visioacuten actualizada de este tema cf Opsomer (2014)

70 Num 61‑5 73‑7 Sobre la ejemplaridad para Plutarco del acceso del rey Numa al poder cf Peacuterez Jimeacutenez (1995)

71 Num 41 Plutarco (Num 52) subraya el sacrificio de Numa explicando que laquocostoacute seguacuten parece un esfuerzo no pequentildeo y requirioacute muchos argumentos y ruegos persuadir y hacer cambiar de opinioacuten a un hombre que habiacutea vivido en paz y tranquilidadraquo (ἦν δrsquo οὐ μικρόν ὡς ἔοικεν ἔργον ἀλλὰ καὶ λόγων πολλῶν καὶ δεήσεως τὸ πεῖσαι καὶ μεταστῆσαι γνώμην ἀνδρὸς ἐν ἡσυχίᾳ καὶ εἰρήνῃ βεβιωκότος) y ponerle al frente de laquouna poblacioacuten que en cierta manera habiacutea nacido y habiacutea crecido gracias a la guerraraquo (πόλεως τρόπον τινὰ καὶ γεγενημένης πολέμῳ καὶ συνηυξημένης)

72 Num 78‑9 Sobre la actitud del legislador Numa con respecto a la escritura veacutease la nota 20

73 Num 8174 Num 8375 Num 84 Aunque en general Plutarco desaprueba las praacutecticas supersticiosas ‑su tratado

Sobre la supersticioacuten (Moralia 164E‑171E) no permite abrigar dudas al respecto‑ puede sin embargo mostrarse comprensivo cuando un dirigente hace uso de ellas con la intencioacuten de conseguir los objetivos (por supuesto adecuados) que persigue (veacutease p e Dio 241‑3) A propoacutesito precisamente de las obras Sobre la supersticioacuten y Vida de Numa Van Nuffelen (2011) presenta al queronense como un atento observador de las transformaciones que experimentan las tradiciones religiosas

76 Num 810‑11 y 151‑677 Num 813

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Mordf Teresa Fau Ramos

de sacrificios incruentos78 la institucioacuten de los sacerdotes Pontiacutefices79 la de los Feciales80 y la de los Salios81 la consagracioacuten de las Viacutergenes Vestales82 y la regla‑mentacioacuten relativa a usos fuacutenebres83

Pero las innovaciones no podiacutean centildeirse exclusivamente a un contexto reli‑gioso Preocupado por la existencia de una masa de ciudadanos indigentes Numa decide servirse de las tierras que habiacutean sido conquistadas por su antecesor y las reparte entre los desheredados Asiacute inclina al pueblo a la praacutectica de la agricultura con el fin de que estos hombres que cultivancivilizan una tierra que les ha sido otorgada resulten tambieacuten ellos cultivadoscivilizados84 y mediante normas adicionales se aplica a incentivar las labores del campo85

Quedaba todaviacutea por abordar un grave problema pues auacuten subsistiacutea la antigua divisioacuten entre sabinos y romanos Para subsanarla el legislador establece nuevos criterios para clasificar a la ciudadaniacutea y distribuye a los individuos en entidades que dariacuteamos en llamar laquogremialesraquo De este modo agrupados en virtud de los oficios que desempentildean los habitantes de la pujante poblacioacuten iraacuten olvidando los antiguos motivos de desunioacuten86

No acaban ahiacute las reformas de Numa Tambieacuten dicta leyes relacionadas con la institucioacuten familiar87 y el calendario88 Y con todo ello consigue hacer de Roma ndashe incluso de las ciudades del entornondash un remanso de paz la violencia desaparece fiestas y banquetes se celebran por doquier las gentes se relacionan entre si en un ambiente de mutua confianza no hay constancia alguna de laquoguer‑raraquo (πόλεμος) laquodiscordia civilraquo (στάσις) ni laquorevolucioacuten poliacuteticaraquo (νεωτερισμὸς περὶ πολιτείαν) y la figura de Numa goza del respeto general89 Cuando alcan‑zados ya los ochenta antildeos fallece el legislador90 su muerte ndashmuerte naturalndash es

78 Num 815 Plutarco atribuye esta medida al igual que otras a la influencia del espartano Pitaacutegoras (cf Num 14) La influencia de Pitaacutegoras en las costumbres romanas habriacutea sido tratada por Caacutestor de Rodas a quien el queronense hace referencia en sus Cuestiones romanas (Moralia 266E)

79 Num 9180 Num 124‑881 Num 131‑782 Num 910 y 101‑583 Num 121‑384 Num 164 Plutarco hace aquiacute un juego de palabras basaacutendose en el teacutermino

συνεξημεροῦμαι En cuanto al reparto de tierras consignado en este capiacutetulo es posteriormente negado en la comparatio entre Licurgo y Numa (Num 3410)

85 Num 166‑786 Num 171‑487 Num 17588 Num 181‑6 y 198‑9 89 Num 203‑7 Plutarco antildeade (208‑12) unas consideraciones sobre las bondades que se

derivan del mandato de un gobernante filoacutesofo En su argumentacioacuten nuestro autor cita (Num 2010) casi textualmente el pasaje 711e de Las Leyes de Platoacuten

90 Num 217

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Legislar teniacutea un precio

acompantildeada tanto en Roma como en otras ciudades de grandes manifestacio‑nes de duelo91

Asiacute termina la vida del anciano rey que supo renunciar a la apacible vida que tanto le agradaba para regir los destinos de la inquieta Roma poniendo de manifiesto una vez maacutes que para el queronense el ejercicio de la funcioacuten de νομοθέτης va ligado a la ineludible necesidad de pagar un precio por ello Pero no acaba ahiacute la informacioacuten plutarquea sobre Numa pues el bioacutegrafo nos hace saber que tras la muerte del monarca los romanos volvieron a hacer uso de las armas92 y en la comparatio que establece entre Licurgo y Numa Plutarco subraya el fracaso que supone para la constitucioacuten de Numa el regreso de Roma a sus antiguas praacutecticas guerreras93 En cuanto a la causa de tal infortunio el quero‑nense es tajante seguacuten eacutel Numa se equivocoacute gravemente cuando a diferencia de Licurgo no organizoacute un sistema educativo soacutelido disciplinario e igual para todos los ciudadanos94

Publiacutecola

Pasamos acto seguido a ocuparnos de un legislador que aun sin ser de es‑tirpe real tuvo algo que ver con la institucioacuten monaacuterquica pues contribuyoacute a der‑rocarla Se trata de Publio Valerio a quien los romanos dieron el sobrenombre de Publiacutecola95 Eacuteste que se distinguiacutea por su amor a la justicia y su generosidad para con los necesitados pareciacutea destinado al liderazgo si alguacuten diacutea llegaba a instalarse en Roma lo que Plutarco llama laquoun reacutegimen democraacuteticoraquo (δημοκρατία)96 pero al ser depuesto por el pueblo el rey Tarquinio el Soberbio vio frustradas sus aspiraciones a pesar de haber colaborado eacutel personalmente al derrocamiento97

Decepcionado Valerio se retira momentaacuteneamente de la escena poliacutetica98 pero tan pronto como Tarquinio intenta recuperar el poder reacciona y toma parte muy activa en la desactivacioacuten de una conjura que teniacutea por objetivo la rein‑troduccioacuten de la realeza99 En recompensa a sus servicios Valerio es nombrado

91 Num 22192 Num 221193 Num 361094 Num 367 Pensamos que eacutesta es una criacutetica severa que aleja a Numa del prototipo del

Gobernante Ideal Por su parte Boulet (2005) ve en el retrato plutarqueo del monarca romano un claro ndashy premeditadondash distanciamiento del queronense con respecto a la figura platoacutenica del Rey‑Filoacutesofo Si el alejamiento defendido por Boulet se ajusta a la realidad no creemos que deba producirnos extrantildeeza ya que por decirlo en palabras de Hershbell (2004) Plutarco fue un laquoPlatonisthellipunorthodoxraquo Cf Dillon (2014)

95 Publ 1196 Publ 1297 Publ 13‑5 Plutarco da a la actuacioacuten de Valerio un valor claramente superior al que le

otorgan Dionisio de Halicarnaso (467‑72) y Tito Livio (158‑591‑2)98 Publ 21 99 Publ 22‑76

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coacutensul100 mientras el rey destronado busca ndashy obtienendash el apoyo de los etruscos101 Se libra un feroz combate en el que el ejeacutercito romano consigue la victoria y Valerio tiene ocasioacuten de celebrar triunfo siendo ndashsostiene Plutarcondash el primer coacutensul que entra en la urbe montado en una cuadriga102

Pero el flamante vencedor seraacute pronto objeto de criacutetica pues el pueblo cree ver en su conducta atisbos de despotismo concentra en su persona toda la auto‑ridad habita en una mansioacuten maacutes imponente que la del antiguo rey y se presenta escoltado laquopor todas las fasces y hachas juntasraquo (ὑπὸ ῥάβδοις ὁμοῦ πάσαις καὶ πελέκεσι)103 Valerio reacciona con prontitud reuacutene a un buen nuacutemero de al‑bantildeiles y en una noche echa abajo la casa y la destruye hasta los cimientos104 No tardaraacute el pueblo en hacerle donacioacuten de un terreno donde podraacute edificar una nueva morada eso siacute maacutes austera que la anterior105

En cuanto a las insignias suprimioacute las hachas y decretoacute que las fasces se incli‑naraacuten ante el pueblo106 medida que fue muy del agrado de las gentes que dieron a Valerio el sobrenombre de Publiacutecola teacutermino que seguacuten Plutarco equivale a δημοκηδής laquosoliacutecito con el puebloraquo107 Por otra parte concedioacute laquoa quienes quisie‑ranraquo (τοῖς βουλομένοις) la posibilidad de presentar candidatura para compartir el consulado junto a eacutel Pero antes de que se procediera al nombramiento de su colega en el cargo se valioacute de la feliz circunstancia de ser el uacutenico coacutensul en ejercicio para instaurar medidas poliacuteticas de suma importancia108 Asiacute nombroacute nuevos senadores109 otorgoacute mayores derechos al pueblo110 dictoacute pena de muerte sin proceso previo para aquel que pretendiera erigirse en tirano111 y organizoacute la recaudacioacuten de impuestos112

100 Publ 77101 Publ 91102 Publ 92‑9 Sobre el triunfo de Valerio cf Plu Rom 167‑8 y D H 2342 103 Publ 101‑2 Plutarco pone eacutenfasis en la narracioacuten utilizando el estilo directo es el pueblo

quien pronuncia estas palabras de reproche Sobre la desaprobacioacuten de los romanos ante la conducta de Valerio cf las narraciones maacutes comedidas de Dionisio de Halicarnaso (5181) y Tito Livio (276)

104 Publ 105 En las Cuestiones Romanas (Moralia 285F) se hace alusioacuten al hecho de que la casa situada en lo maacutes alto es percibida por las gentes como una amenaza por su elevada situacioacuten Dionisio de Halicarnaso (5192) no menciona la destruccioacuten de la morada seguacuten eacutel Publiacutecola cambioacute de domicilio con el fin ndashdeclaroacute el propio interesadondash de que los romanos pudieran lanzarle piedras desde arriba si le sorprendiacutean cometiendo alguacuten acto injusto Valerio Maacuteximo en cambio siacute alude (411) a la destruccioacuten de la casa y lo hace ademaacutes en un tono grandilocuente

105 Publ 106106 Publ 107 107 Publ 108‑9 En D H 5195 hallamos la misma ndashmaacutes que discutiblendash etimologiacutea108 Publ 111109 Publ 112110 Publ 113‑4111 Publ 121‑2112 Publ 123‑4

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Legislar teniacutea un precio

Tras estas disposiciones designoacute como colega suyo en el cargo a Lucrecio que fallecioacute pocos diacuteas despueacutes del nombramiento siendo sucedido por Marco Horacio113 En cuanto a Publiacutecola sufrioacute a causa de los honores recibidos por su doble condicioacuten de legislador y liacuteder militar la envidia de laquomuchos poderososraquo (πολλοὶ τῶν δυνατῶν) los cuales frustraron su deseo de consagrar el templo de Juacutepiter Capitolino114 Pero ello no fue obstaacuteculo para que Valerio continuara su exitosa carrera pues llegoacute a ser nombrado coacutensul por cuarta vez115 Su muerte acaecida despueacutes de lograr para Roma una gran victoria contra los sabinos causoacute un hondo pesar en la poblacioacuten116

Pero el dolor con que Roma reacciona ante la desaparicioacuten del liacuteder no debe hacernos olvidar las suspicacias que antantildeo despertara en la plebe y la envidia que posteriormente suscitoacute entre los poderosos En un caso la situacioacuten se saldoacute con la destruccioacuten por parte de Valerio de la suntuosa mansioacuten que poseiacutea y en un elocuente gesto de reconocimiento de la voluntad popular en el otro llevoacute las de perder pues no consiguioacute realizar el prestigioso ritual que ambicionaba La disensioacuten con el pueblo fue anterior al ejercicio de la actividad legisladora de hecho es gracias a la reconciliacioacuten con las masas que Publiacutecola tuvo la oportu‑nidad de ejercer como νομοθέτης En cambio el incidente con la eacutelite romana se produjo con posterioridad ndashy a consecuencia dendash su tarea como legislador (Plutarco lo indica con claridad) En este sentido podemos considerar que Publiacutecola pagoacute un doble tributo ndashla peacuterdida de su morada y la imposibilidad de llevar a cabo un ritual de alta relevanciandash por su νομοθεσία

Licurgo Soloacuten Numa y Publiacutecola establecen unas leyes por las que debe regirse la sociedad de la que forman parte y por ello reciben de Plutarco la de‑nominacioacuten de νομοθέτης117 Hay sin embargo entre los personajes biografiados

113 Publ 125‑6114 Publ 141‑7 Sobre φθόνος la envidia caracteriacutestica humana que de ninguacuten modo pasa

inadvertida a Plutarco Verdegem (2005) en una aportacioacuten en torno a les Vidas de estadistas atenienses del siglo v a C establece una clara diferencia entre laquopeer‑envyraquo que salvando la distancia cronoloacutegica seriacutea a nuestro entender el sentimiento que Publiacutecola despertoacute entre los poderosos y laquopopular envyraquo que experimenta la turba con respecto a los liacutederes contra quienes haciacutea aplicar en la Atenas claacutesica la medida llamada ostracismo Sobre el valor que el queronense otorga al ostracismo cf Jufresa Muntildeoz amp Fau Ramos (2011) Por otra parte Frazier (1996) atribuye al φθόνος de los personajes plutarqueos un laquocaractegravere quasi automatiqueraquo (p 109)

115 Publ 211116 Publ 231‑5 y 246 Plutarco (Publ 234) pone de relieve que el pueblo decidioacute que el

cuerpo de Publiacutecola fuera enterrado a expensas puacuteblicas dato que hallamos tambieacuten en Dionisio de Halicarnaso (5482‑3) y Valerio Maacuteximo (441) con la diferencia de que estos dos autores indican que ello se debioacute a la situacioacuten de pobreza extrema en que murioacute el estadista

117 Lyc 11 99 141 Sol 143 165 186 Num 93 1412 2310 2513 Publ 121 143 A un lector atento no le habraacute pasado inadvertido el hecho de que no hayamos mencionado ni a Agis ni a Cleoacutemenes personajes que intentaron en vano restaurar la laquobella y justa constitucioacutenraquo (πολιτείαν καλὴν καὶ δικαίαν) de Licurgo (Agis et Cleom 210) Ciertamente ambos pusieron todo su ahiacutenco en la empresa y ambos sufrieron por ello serias penalidades Agis perdioacute la vida

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por el queronense sujetos a quienes eacuteste no aplica el calificativo de νομοθέτης sino el de οἰκιστήςκτίστης (laquofundadorraquo) o bien les atribuye la accioacuten de οἰκιζεῖνκτιζεῖν (laquofundarraquo) una poblacioacuten Estos individuos fundan (o refundan) una comunidad cosa que les obliga a fijar unas normas Ejercen pues en cierto modo como legisladores y se arriesgan por tanto a contrariar voluntades ajenas Tambieacuten estos personajes de quienes nos ocuparemos ahora sucintamente estaacuten expuestos a pagar un precio por llevar a cabo su cometido

Teseo

Del οἰκιστής Teseo118 nos interesa especialmente su tarea como autor del llamado sinecismo Plutarco nos brinda al respecto una detallada descripcioacuten Seguacuten eacutel tras la muerte del rey Egeo su hijo Teseo se propone laquouna empresa grande y admirableraquo (μέγα καὶ θαυμαστὸν ἔργον) consistente en reunir a todos los habitantes del Aacutetica en una sola ciudad formando con ellos un uacutenico Estado dotado de instituciones comunes119 Pero antes de dar comienzo a su labor re‑corre la regioacuten para informar del proyecto a todos los pobladores Los ciudadanos no relevantes acogen al punto su llamamiento Los ricos en cambio se muestran reticentes y para convencerlos Teseo les ofrece un sistema de gobierno carente de rey y les promete que tan soacutelo reservaraacute para si mismo las funciones de dirigente militar y de laquocustodio de las leyesraquo (νόμων φύλαξ)120

Tras las explicaciones Teseo pone manos a la obra suprime los organismos anteriores y sienta las bases para el establecimiento de una polis a la cual da el

(Agis et Cleom 201) su madre su abuela y su hermano fueron asesinados (Agis et Cleom 202‑7 y 263) y su esposa obligada a contraer matrimonio con el hijo de un enemigo (Agis et Cleom 221‑3) Cleoacutemenes por su parte se vioacute forzado a entregar como rehenes del rey de Egipto a parte de su familia (Agis et Cleom 434‑8) perdioacute a su hermano en combate (Agis et Cleom 496‑7) tuvo que huir de Esparta (Agis et Cleom 503‑4) y fue arrestado en Egipto (Agis et Cleom 567) donde acaboacute suicidaacutendose tras haber intentado provocar un alzamiento contra el rey (Agis et Cleom 576‑5816) y una vez muerto continuaraacuten por asiacute decir las penalidades de Cleoacutemenes ya que el monarca egipcio ordena que su cadaacutever sea ultrajado y que sus hijos su madre y las mujeres del entorno de eacutesta reciban la muerte (Agis et Cleom 594) No obstante he decidido omitir la referencia a estos personajes porque sus esfuerzos por reinstaurar la constitucioacuten de Licurgo no se vieron coronados por el eacutexito y sobre todo porque a diferencia de lo que ocurre con Licurgo Soloacuten Numa y Publiacutecola a Agis y a Cleoacutemenes no les es otorgada por parte de Plutarco la denominacioacuten de νομοθέτης Por lo que a Agis se refiere Roskam (2005) considera que constituye para el queronense el modelo ideal del joven que se dedica a la poliacutetica

118 Thes 15 No entraremos aquiacute a discutir hasta queacute punto podriacutea sentirse Plutarco motivado a biografiar al fundador miacutetico de Atenas ni nos pronunciaremos sobre el no disimulado escepticismo sobre el particular que se le atribuye cf Sirinelli (2000) 301 Por cierto que la obra que acabamos de consignar corresponde a una de las maacutes acreditadas biografiacuteas plutarqueas comparable a las de Jones (1971) Russell (1973) y Lamberton (2001)

119 Thes 241 En la versioacuten plutarquea el sinecismo va maacutes allaacute de la unificacioacuten exclusivamente poliacutetica que describe Tuciacutedides (215)

120 Thes 242

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Legislar teniacutea un precio

nombre de Atenas funda la festividad de las Panateneas para que sea celebrada por el conjunto de la comunidad instaura tambieacuten la fiesta de las Metecias y abdica ndashtal como habiacutea prometido‑ de la corona121

A continuacioacuten se dispone a organizar el nuevo Estado laquoempezando a partir de los diosesraquo (ἀπὸ θεῶν ἀρχόμενος)122 toma medidas para favorecer el crecimiento vegetativo de la polis establece clases entre la ciudadaniacutea asig‑nando un status especiacutefico a cada colectivo acuntildea moneda y fija los liacutemites de Atenas123

Pero al eficiente Teseo tambieacuten le llega la hora de pagar un precio por la tarea realizada124 Un tal Menesteo descendiente de Erecteo emprende una insi‑diosa campantildea contra el fundador soliviantando a laquolos poderososraquo (οἱ δυνατοί) que consideraban que Teseo les habiacutea sustraiacutedo prerrogativas y perturbando asimismo a laquola multitudraquo (οἱ πολλοί) so pretexto de haber perdido seducidos por un espejismo de libertad la patria los templos y los gobernantes que les eran propios yendo a caer bajo la autoridad de un extranjero125 La suerte sonriacutee al alborotador pues los Tindaacuteridas invaden el Aacutetica tal vez ndashapunta Plutarcondash a peticioacuten del propio Menesteo quien se encarga ademaacutes de facilitarles la entrada a la ciudad de Atenas126 De resultas de ello ndashel queronense tiene sus dudas al respectondash Etra la madre de Teseo habriacutea sido hecha prisionera127

El fundador intenta volver a ejercer su autoridadhellip en vano Al fin profun‑damente decepcionado abandona Atenas para siempre no sin antes maldecir a sus habitantes128 Teseo pereceraacute lejos de la patria y su muerte no provocaraacute reaccioacuten alguna en la ciudad129 Mucho tiempo habraacute de transcurrir para que la polis reconozca sus meacuteritos y le rinda los debidos honores que comportaraacuten la

121 Thes 243‑4122 Thes 244 Plutarco no concreta en queacute consiste esta actuacioacuten del fundador123 Thes 251‑4 Por si esta considerable labor fundacional no fuera suficiente somos

informados por Plutarco (Thes 265‑7) de que Teseo es tambieacuten οἰκιστής de la ciudad de Pitoacutepolis de la cual parte despueacutes de haber designado a quienes ejerceraacuten de gobernantes y legisladores

124 Un precio ndashrecordemosndash que ya habiacutea empezado a pagar cuando para persuadir a sus conciudadanos ricos se habiacutea comprometido a renunciar a la corona

125 Thes 321 En este pasaje Plutarco se hace eco de la atribucioacuten a Menesteo del hecho de haber sido laquoel primer hombreraquo (πρῶτος hellip ἀνθρώπων) en laquoejercer de demagogoraquo (δημαγωγεῖν)

126 Thes 322ndash332127 Thes 341128 Thes 353‑5 Esta miacutetica maldicioacuten sirve a Plutarco como αἴτιον para explicar la

etimologiacutea del laquoAraterioraquo o laquolugar de las maldicionesraquo 129 Thes 356‑7 En la descripcioacuten del fracaso que experimenta Teseo al intentar recuperar

el poder Plutarco se sirve de una terminologiacutea poliacutetica (usa en voz pasiva los verbos καταδημαγωγέω y καταστασιάζω) que utiliza tambieacuten en Per 92 y 5 Por otra parte nos parece significativo que la biografiacutea de Teseo no concluya con la alusioacuten a su fallecimiento sino que incorpore (Thes 358ndash365) la mencioacuten de los honores recibidos mucho tiempo despueacutes de su muerte por el fundador de hecho para el queronense el final de una vida no ha de coincidir necesariamente con el final de la biografiacutea cf al respecto Pelling (1997)

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necesidad de laquorecuperarraquo los restos del οἰκιστής y de trasladarlos solemnemente a Atenas130 permitiendo con ello a Cimoacuten el gran adversario de Temiacutestocles apropiarse de la figura del ilustre fundador131

Roacutemulo

La indiferencia que acompantildea al amargo fin de Teseo contrasta con el re‑vuelo que se originoacute en Roma tras la desaparicioacuten de aqueacutel a quien Plutarco considera laquopadreraquo (πατήρ)132 de la urbe que laquofundoacuteraquo (ἔκτισε)133

No es poco ciertamente lo que Roma debe a su οἰκιστής pues ademaacutes de ser el fundador material de la ciudad134 tomoacute unas medidas que seriacutean determi‑nantes para el futuro de la poblacioacuten Asiacute establecioacute los criterios con arreglo a los cuales debiacutean ser clasificados los ya numerosos habitantes de la urbe135 fue corresponsable del pacto crucial sellado entre sabinos y romanos136 introdujo cambios en el armamento137 e instituyoacute nuevos rituales138 El queronense le atri‑buye tambieacuten la promulgacioacuten de algunas leyes ndashἔθηκεhellip νόμους τινάς139 dice textualmentendash como las que hacen referencia al repudio de la esposa140

Pero llegado el liacuteder romano al zeacutenit de la gloria experimentoacute una profunda transformacioacuten en su manera de ser y adoptoacute maneras impropias vistioacute lujosos

130 Thes 358ndash365 Sobre las acciones cultuales relacionadas con el οἰκιστής ateniense cf Plaacutecido (1994) Por otra parte creemos que en la valoracioacuten plutarquea del descalabro sufrido por Teseo tiene un peso considerable la conducta poco edificante del ateniense en relacioacuten con Helena a quien eacuteste que a la sazoacuten contaba cincuenta antildeos habiacutea raptado cuando la muchacha todaviacutea no era nuacutebil (cf Thes 292 y 311‑3) En este contexto consideramos que aunque no se centra en la figura de Teseo es esclarecedora la obra de Beneker (2012) quien asimismo nos brinda datos relevantes en un trabajo posterior cf Beneker (2014) Sobre los valores morales en la obra del queronense cf Duff (1999) y Van Hoof (2010)

131 Thes 362‑3 y Cim 85‑7 En el marco de la poliacutetica ateniense de la primera mitad del siglo V a C no es en modo alguno insoacutelita la utilizacioacuten en beneficio propio de un dios o de un heacuteroe Asiacute mientras Cimoacuten opta por valerse del miacutetico Teseo Temiacutestocles se sirve de la figura de Aacutertemis cf Fau Ramos (2007) Veacutease al respecto Podlecki (1971) y Piccirilli (1987)

132 Thes 15133 Thes 22134 Rom 111‑4135 Rom 131‑8 Cf Id 201‑3 En Rom 137‑8 el queronense nos ofrece una descripcioacuten

tan idealizada como paternalista de los viacutenculos establecidos entre patroni y clientes descripcioacuten que ha sido relacionada con la que nos brinda Dionisio de Halicarnaso (210)

136 Rom 199‑10137 Rom 211138 Rom 211 y 221139 Con esta expresioacuten parece evidente que si bien Plutarco no aplica a Roacutemulo el calificativo

de νομοθέτης siacute que de facto lo tiene por tal140 Rom 223 La informacioacuten plutarquea sobre las leyes de Roacutemulo es ciertamente escueta

Para una visioacuten mucho maacutes amplia que incluye los derechos hereditarios de las mujeres la aplicacioacuten de la pena de muerte a la esposa en caso de adulterio o embriaguez las obligaciones filiales para con los progenitores y la potestad paterna sobre los hijos cf D H 225‑26

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Un mentor limpio de pasiones El filoacutesofo y la actuacioacuten poliacutetica seguacuten el De genio Socratis

semejante oraacuteculo lo que haciacutea el dios en realidad era exhortar a los griegos a que abandonasen las guerras frecuentasen las musas apaciguasen sus pasiones con ayuda de la razoacuten y guardasen entre siacute relaciones paciacuteficas y fecundas39

Los dos sucesos trasladan un mensaje confuso Pues hablan de los griegos no de filoacutesofos de guerras y cuestiones de justicia no de rebeliones liberadoras engloba ademaacutes la filosofiacutea en un conjunto de actividades que parece cifrar la παιδεία griega en general Pero ambos de alguna manera ofrecen una primera justificacioacuten del rechazo de Epaminondas Con ellos se pone en praacutectica la lla‑mada laquoredefinicioacutenraquo teacutecnica literaria practicada por diversos autores antiguos y frecuente en las Vidas paralelas Consiste en formular enunciados vagos y gene‑rales que a lo largo de la obra y en pasajes posteriores se concretan y alcanzan un grado mayor de individualizacioacuten40 Los dos incidentes mencionados no son ademaacutes la uacutenica prefiguracioacuten encaminada a justificar de manera previa y alusiva la inhibicioacuten de Epaminondas La misma funcioacuten cumple el diaacutelogo sobre la pobreza Epaminondas mudo en la discusioacuten demonoloacutegica central toma aquiacute la palabra para entrar en controversia con Teanor

Teanor personaje ficticio es un filoacutesofo pitagoacuterico natural de Crotona En fechas anteriores otro pitagoacuterico Lisis se habiacutea refugiado en Tebas Acogido en la casa de Polimnis padre de Cafisias y Epaminondas habiacutea llevado en esa casa pobre una vejez dichosa Teanor llega comisionado por las ricas comunidades pitagoacutericas de Italia Eacutestas quieren recompensar a Polimnis y sus hijos con una suma que aliviaraacute su pobreza Pero Epaminondas se niega a aceptar tal recom‑pensa negativa que da lugar a la controversia que mantiene con Teanor

El discurso sobre la pobreza es la uacutenica ocasioacuten en que Epaminondas rompe sustancialmente su silencio pues es el uacutenico pasaje en el que el ldquocentro ausenterdquo de la obra Epaminondas expone sus ideas de manera razonada y recurriendo a categoriacuteas filosoacuteficas Pronunciado en diaacutelogo con Teanor puede dividirse en dos secciones la primera (583D‑E) de extensioacuten breve comenta la inutilidad de las riquezas aportadas por Teanor que Polimnis y sus hijos habriacutean de emplear en cosas superfluas La segunda (584C‑585D) maacutes amplia y densa comienza con la defensa de la pobreza como ejercicio frente a aquellas pasiones (ἐπιθυμίαι) que proceden del exterior (ἐπήλυδες) y tienen como fuente las falsas opiniones (κενῶν δοξῶν) el deseo de riquezas (φιλοπλουτία) es una de esas pulsiones accesorias y superfluas como lo es tambieacuten el deseo de gloria (φιλοδοξίαν) Pos‑teriormente Epaminondas ahonda en su planteamiento como adiestramiento para el autodominio (ἐγκρατείας) la contencioacuten frente a los placeres beneficia al alma y de la misma manera beneficia a la praacutectica de la justicia el ejercicio contra

39 Gen Socr 579B‑D40 Cf Pelling (1988) 12‑13 (1990) 230

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Joseacute M Candau

el deseo de riquezas41 El discurso finaliza con la alabanza del hombre que sabe rehusar favores y daacutedivas de amigos y reyes incluyendo los dones de la fortuna (τύχης) tal hombre no ve alterado su juicio (οὐδὲ θορυβεῖ τὴν διάνοιαν) y es capaz de perseverar ufano y sereno en la praacutectica de la excelencia

Es de notar que los argumentos de Epaminondas no aparecen en otra obra de Plutarco dedicada especiacuteficamente a combatir la avaricia el de cupiditate di‑vitiarum (523C‑528B) Es este uno de los tratados clasificados por Ziegler bajo el roacutetulo de ldquofilosoacuteficos‑popularesrdquo y estudiados recientemente por L Van Hoof Frente a lo que sugiere su roacutetulo observa Van Hoof tales tratados tienen como destinatario a la eacutelite econoacutemica poliacutetica y social del mundo grecorromano Son por otra parte tratados de orientacioacuten fundamentalmente praacutectica Con ellos Plutarco no persigue ldquoconvertir a la filosofiacuteardquo ni lograr que sus lectores olviden sus ambiciones poliacuteticas y sociales Maacutes bien intenta ofrecerles una guiacutea que le ayude afrontar los problemas derivados de su posicioacuten dirigente La meta no es por tanto cambiar las expectativas de liderazgo o rebajar las pretensiones de poder e influencia propios y sustanciales de una clase como aquella que conforma la audiencia de los mal llamados ldquotratados filosoacutefico‑popularesrdquo Por el contrario lo que hace Plutarco es poner la filosofiacutea al servicio de sus aspiraciones42

El de cupiditate divitiarum emplea un tono admonitorio sus ideas son sen‑cillas y basadas en la experiencia o si se quiere en motivaciones prefilosoacuteficas y sus consejos no constituyen un obstaacuteculo sino una ayuda para la realizacioacuten de las ambiciones sociales que pueda albergar el lector Despliega en suma el conjunto de teacutecnicas y estrategias usuales en los tratados de ldquoeacutetica praacutectica al servicio de la eacutelite43rdquo No ocurre lo mismo con el discurso sobre la pobreza de Epaminondas Purgar el alma de las opiniones procedentes del exterior desterrar el ansia de riquezas y el deseo de gloria rehusar los favores de amigos y reyes y los dones de la fortuna son preceptos adecuados para un tipo de hombre que como Epaminondas huye de los conflictos inherentes a la lucha poliacutetica Pero es difiacutecil que con estos atributos Plutarco quiera hacer de Epaminondas un modelo para la oligarquiacutea a quien dirige sus tratados de eacutetica praacutectica Resulta significativa la posicioacuten que ocupa el discurso sobre la pobreza en el texto del de genio Una vez que concluye Epaminondas y despueacutes de que todos expresan su admiracioacuten hacia eacutel se expone una de las maacutes movidas peripecias en la que se vieron envueltos los miembros de la conjura Tras grandes sobresaltos y fuertes discusiones entre diversos implicados en la trama el asunto vino a resolverse por siacute solo e inespe‑radamente

41 El texto griego no es en este pasaje enteramente claro Quizaacutes es consecuencia de ello que frente a la lectura de los manuscritos (δικαιοσύνῃ) Russell (2010) proponga leer δικαιοσύνης

42 Van Hoof (2010) 28‑3743 Van Hoof (2010) 55‑56

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Un mentor limpio de pasiones El filoacutesofo y la actuacioacuten poliacutetica seguacuten el De genio Socratis

ldquoUn singular trastorno habiacutea hecho presa en nuestro aacutenimo Llenos poco antes de desazoacuten al ver nuestra empresa frustrada la presioacuten de las circunstancias y la urgencia que no consentiacutean tregua nos sumiacutea de nuevo en ansiedad y temor44rdquo

Con estas palabras describe Plutarco el estado de aacutenimo de los conjurados a raiacutez del episodio expuesto tras la discusioacuten sobre la pobreza Un estado de aacutenimo que no puede permitirse Epaminondas atento a la contencioacuten de las pasiones y la serenidad de su mente pero que es el propio de quienes participan en el complot revolucionario

El de genio se mueve seguacuten han observado diversos estudios modernos en dos planos el humano y el de los deacutemones el de la contemplacioacuten filosoacutefica y la praacutectica poliacutetica el mortal y el sobrenatural el de los que conocen y el de los que ignoran45 Y en correspondencia sus personajes se ubican en dos niveles Los unos estaacuten instalados en el mundo de la accioacuten y la peripecia son Cafisias el narrador y con eacutel todos los conjurados Otros se ubican en un plano superior el de la filosofiacutea y el contacto con las realidades transcendentes Epaminondas es la muestra maacutes clara pero el ejemplo uacuteltimo es Soacutecrates La incertidumbre el azar y el conflicto parecen preponderantes en el mundo de la accioacuten Asiacute lo indica el ruego que Arquedamo dirige a Cafisias al inicio de la obra la lucha de la virtud y la razoacuten contra las contingencias atrae por lo accidentado de su desarrollo la precariedad impliacutecita en la actuacioacuten humana y la peripecia que ello desencadena es precisamente lo que hace del acontecer histoacuterico un espectaacuteculo digno de intereacutes para el amante del honor y la belleza46 Ahora bien la manera de ver las cosas de Arquedamo se queda en la superficie de los hechos Ciertamente el relato concerniente a la liberacioacuten de la Cadmea se urde a partir de iniciativas y motivaciones humanas sin que el autor del relato Cafisias reclame expresamente la intervencioacuten divina Pero en el de genio la atmoacutesfera estaacute impregnada de un aura sobrenatural A ello contribuyen tanto las alusiones indirectas47 como la acumu‑lacioacuten de episodios y contenidos relacionados con la divinidad y el maacutes allaacute En muchas de sus obras consigna Plutarco su creencia de que el curso de la historia obedece al disentildeo de una fuerza transcendente48 El relato de la liberacioacuten de la Cadmea confirma dicha idea Pues el lector no puede eludir el pensamiento insi‑nuado por diversos procedimientos aunque no explicitado de que la ayuda divina respalda la actuacioacuten de los conjurados49 Ocurre sin embargo que ni Cafisias ni los demaacutes partiacutecipes de la conjura pueden acceder a esa visioacuten de las fuerzas

44 Gen Socr 588A45 Desideri (1984) 581 Hershbell (1988) 374‑378 Babut (1988) 384‑389 Brenk (1996)

41‑44 Georgiadou (1996) 114 Hardie (1996) 13346 Gen Socr 575B‑D47 Babut (1988) 385‑38648 Tratamiento del tema en Barigazzi (1984) y Swain (1989)49 Babut (1988) 386‑389

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sobrenaturales rectoras de los sucesos Y no acceden precisamente por estar in‑mersos en el mundo de la actuacioacuten y la peripecia Las pulsiones procedentes del exterior embargan su aacutenimo de manera que en expresioacuten de Brenk laquothey see only the apparent succession of chance occurrencesraquo50 Arquedamo tampoco tiene acceso al plano donde operan las fuerzas sobrenaturales Y evidentemente la misma ceguera afecta a esos laquoamantes del honor y la bellezaraquo ante los cuales invita a hablar a Cafisias Un puacuteblico ilustre cuya presentacioacuten hace Arquedamo subrayando su pertenencia a familias poliacuteticamente insignes51 Puacuteblico por tanto equiparable a esa eacutelite social a quien Plutarco dirige sus tratados de eacutetica praacutectica Los dos puacuteblicos el de Cafisias y el del Plutarco podriacutean identificarse con los heacuteroes que liberan la Cadmea Pero difiacutecilmente se identificariacutean con Epaminon‑das que en dos ocasiones rechaza tomar parte en la empresa52

En ambas el rechazo se justifica mediante un argumento ndashla negativa a derramar sangre de sus conciudadanos‑ que situacutea a Epaminondas a un nivel de exigencia eacutetica superior al de los conjurados53 Ahora bien la diferencia entre Epaminondas y los liberadores no radica en la eacutetica Pues al fin y al cabo ningu‑na ofensa eacutetica cabe reprochar a los protagonistas de la heroica liberacioacuten de la Cadmea Radica en el nivel Asiacute lo sugiere la discusioacuten sobre la pobreza Y asiacute lo vuelve a sentildealar el gran debate sobre el daimon de Soacutecrates que da tiacutetulo a al obra

Se debate sobre lo que Soacutecrates mismo llamaba su daimon el principio que lo guioacute a lo largo de su vida e iluminaba sus decisiones en materias inciertas e impenetrables para la inteligencia humana54 El daimon socraacutetico sugiere que Soacutecrates conociacutea de alguna manera los acontecimientos futuros algo que dos personajes del de genio acreditan55 En este sentido el debate versa sobre la adivi‑nacioacuten Las intervenciones de los diferentes personajes configuran tomadas en conjunto un extenso discurso filosoacutefico y religioso Plutarco no se alinea expresa‑mente con ninguna de las opiniones emitidas el tratamiento del tema presenta pues ese final abierto que es tan comuacuten en este autor Las cuestiones que se tocan son variadas pero todas parten de una cuestioacuten baacutesica La adivinacioacuten supone un conocimiento inalcanzable al menos en apariencia a la razoacuten humana Y el debate versa sobre coacutemo es posible acceder a ese nivel superior de inteligencia Miradas desde este punto de vista las opiniones formuladas por los distintos personajes pueden dividirse en dos grandes bloques De un lado Galaxidoro que

50 Brenk (1996) 4251 Gen Socr 575E‑F52 Gen Socr 576D‑E 594B‑C53 En la segunda ocasioacuten se antildeade un motivo maacutes conveniacutea que consumada la liberacioacuten

quedasen hombres a quienes nada pudiese reprocharse por no haber participado en la accioacuten Epaminondas se reserva este papel

54 Gen Socr 580C‑D55 Teoacutecrito (580D‑F) y Polimnis (581D‑E)

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Un mentor limpio de pasiones El filoacutesofo y la actuacioacuten poliacutetica seguacuten el De genio Socratis

inicia el debate propone una explicacioacuten maacutes proacutexima a los paraacutemetros raciona‑les56 en ella se ha querido ver una muestra de la llamada laquoadivinacioacuten teacutecnicaraquo (τεχνικὸς μαντική artificiosa divinatio)57 Del otro Simias Timarco y Teanor interpretan las premoniciones de Soacutecrates como un caso de comunicacioacuten direc‑ta entre el hombre y la divinidad defienden por tanto la llamada laquoadivinacioacuten naturalraquo (ἄτεχνος μαντική naturalis divinatio)58 Ya se ha dicho que Plutarco no se declara expresamente partidario de ninguna opcioacuten Pero su texto privilegia de manera indirecta los discursos de Simias Timarco y Teanor Asiacute lo sugiere un paacuterrafo del de genio que subraya el papel de Galaxidoro como mero introductor del problema59 Y asiacute lo recogen distintos estudios modernos Galaxidoro seriacutea el oponente racionalista casi siempre estoico habitual en los diaacutelogos religiosos de Plutarco su explicacioacuten se ve devaluada tanto por sus contradicciones internas como por la presencia de procedimientos textuales que rebajan su veracidad y en suma Galaxidoro y el resto de las intervenciones insertas en la seccioacuten dominada por eacutel tendriacutean como funcioacuten principal la de plantear el tema a debatir60

Las propuestas de Simias Timarco y Teanor son evidentemente distintas Actuacutea aquiacute quizaacutes el deseo de presentar el problema bajo luces diversas61 o quizaacutes el complejo planteamiento dramaacutetico que forma parte de las estrategias persuasivas de Plutarco62 Las tres sin embargo coinciden en una idea central la singularidad de aquellos hombres que como Soacutecrates pueden contactar con una realidad por encima del mundo material Para Simias el alma de la mayoriacutea de los hombres se halla embargada por el tumulto de las pasiones y la voraacutegine de las servidumbres vitales de manera que su entendimiento no puede captar las indica‑ciones de los seres superiores en el caso de Soacutecrates por el contrario su intelecto limpio y exento de pasiones (ὁ νοῦς καθαρὸς ὢν καὶ ἀπαθής) percibiacutea faacutecilmente las sentildeales enviadas por los seres divinos63 Seguacuten el mito de Timarco (expuesto por Simias) en el alma (ψυχή) conviven dos partes una inmersa en el cuerpo recibe el nombre mismo de ldquoalmardquo (ψυχή) la otra inaccesible a la corrupcioacuten se llama laquointelectoraquo (νοῦν) estaacute en el exterior del hombre y los entendidos le dan

56 Gen Socr 579F‑582C57 Corlu (1970) 49‑50 Doumlring (1984) 376 Schroumlder (2010) 161 58 Para la distincioacuten entre ambos tipos de maacutentica veacutease Cic div 111ndash12 134 172

1109ndash131 (con el comentario de Wardle (2006))59 Gen Socr 588A ζητήσεως οὐκ ἀγεννοῦς ἀλλ ἧς ὀλίγον ἔμπροσθεν οἱ περὶ Γαλαξίδωρον

καὶ Φειδόλαον ἥψαντο διαποροῦντες τίνος οὐσίας καὶ δυνάμεως εἴη τὸ Σωκράτους λεγόμενον δαιμόνιον

60 Corlu (1970) 19‑20 y 51‑52 Hani (1980) 53 Doumlring (1984) 376‑377 Schroumlder (2010) 161‑162 Donini (2011) 415‑416

61 Sobre el reparto de papeles filosoacuteficos que aquiacute parece efectuar Plutarco veacutease Donini (2011) 412‑419 (2011 [2004]) 442‑443

62 Veacutease Van Hoof (2010) 67‑68 a propoacutesito de determinados laquotratados de eacutetica praacutecticaraquo63 Gen Socr 588D‑E

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Joseacute M Candau

el nombre de daimon64 La parte irracional e inmersa en el cuerpo se halla sujeta a la racional e incorruptible Si la sujecioacuten es deacutebil el alma se dejaraacute doblegar por las pasiones soacutelo cuando se fortalece gracias a la educacioacuten aparece el alma capaz de percibir con prontitud las indicaciones de su daimon Algunos hombres sin embargo estaacuten especialmente dotados de suerte que en ellos predomina de forma innata la obediencia a la razoacuten y a su daimon A ellos estaacute reservada la capacidad de percibir la llamada divina65 Teanor afirma que las almas libres de lazos con el cuerpo se convierten en daacuteimones Tales daacuteimones guiacutean los asuntos del hombre Pero no todos los hombres reciben su atencioacuten pues se desentienden de cuantos estaacuten inmersos en los avatares del acontecer soacutelo aquellos que tras mil esfuerzos ascienden a una esfera elevada son recompensados con la ayuda del daimon66

Las tres intervenciones explican las dotes excepcionales de Soacutecrates mediante la existencia de hombres excepcionales Y en las tres esa excepcionalidad requiere una especial disposicioacuten del alma La liberacioacuten de las pasiones y el alejamiento del traacutefago iacutensito en el mundo humano se presentan como condicioacuten necesaria para que haya un Soacutecrates Paradigma del filoacutesofo Soacutecrates es tambieacuten el modelo de Epaminondas El discurso sobre la pobreza al mostrar coacutemo Epaminondas limpia su alma de pasiones e impulsos procedentes del mundo exterior acredita su condicioacuten de filoacutesofo Asiacute se reconoce cuando termina dicho discurso por boca de Simias67

laquoGran hombre grande es Epaminondas y responsable de ello es el aquiacute pre‑sente Polimnis que ha criado a sus hijos desde temprano en la mejor filosofiacutearaquo

Epaminondas tambieacuten es consecuente con su condicioacuten de filoacutesofo cuando rehuacutesa someter su alma al torbellino del acontecer humano y las pasiones aso‑ciadas esto es cuando se niega a participar en la conjura El filoacutesofo parece ser la conclusioacuten no debe participar al menos de manera directa en el torbellino de la vida poliacutetica

El Epaminondas del de genio es una creacioacuten histoacutericamente discutible68 Ciertamente su no participacioacuten en la liberacioacuten de la Cadmea y su formacioacuten filosoacutefica estaacuten suficientemente documentadas Pero Epaminondas es conocido ante todo por su dimensioacuten poliacutetica que aquiacute relega Plutarco para subrayar su

64 Gen Socr 591E65 Gen Socr 592A‑E66 Gen Socr 593D‑594A67 Gen Socr 585D68 Ya Von Stern (1884) 55‑57 sentildealoacute las debilidades del relato que ofrece Plutarco en el

de genio Los estudios posteriores (veacutease por ejemplo Corlu [1970] 19‑20 Barigazzi [1988] 414‑424Georgiadou [1996]) han insistido en el Epaminondas del de genio presenta una factura obediente sobre todo a razones compositivas y de disentildeo

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Un mentor limpio de pasiones El filoacutesofo y la actuacioacuten poliacutetica seguacuten el De genio Socratis

calidad de filoacutesofo Asiacute construida la figura de Epaminondas traslada un mensaje ndashla no implicacioacuten directa del filoacutesofo en las luchas poliacuteticas‑ que puede tener calado teoacuterico pero tambieacuten sirve a Plutarco para trasladar su posicionamiento ante cuestiones concernientes a su propia persona y al horizonte cultural de su eacutepoca Comparado a otros contemporaacuteneos que por condicioacuten social e incluso actividad literaria estaban a su mismo nivel Plutarco no protagonizoacute una carrera poliacutetica particularmente brillante69 Asumioacute en cambio el papel de consejero y guiacutea de la eacutelite La autoridad necesaria para ello se la confiere la filosofiacutea Pues Plutarco se presenta a siacute mismo como filoacutesofo La exaltacioacuten de Epaminondas es una exaltacioacuten de su propia identidad como filoacutesofo y mentor Epaminondas se mueve a una altura la de la filosofiacutea superior a la de sus afines y compantildeeros los conjurados Esta altura le prohiacutebe descender al plano de la accioacuten directa descenso que contaminariacutea su alma con pulsiones sobrevenidas pero tambieacuten le permite acceder a una realidad inalcanzable para sus compantildeeros Epaminondas eleva asiacute la posicioacuten del filoacutesofo y justifica incluso hace ineludible su alejamiento de la lucha poliacutetica Gracias a ello lo que podriacutea ser una debilidad del propio Plutarco la falta de una carrera puacuteblica brillante se transforma en una eleccioacuten deliberada y necesaria

Tal mensaje adquiere maacutes fuerza si se lo contempla sobre el transfondo cultural de la eacutepoca El auge de las composiciones de exitu illustrium virorum corre en paralelo a la admiracioacuten hacia el filoacutesofo que se enfrenta al poder y sufre castigo por ello Ya se ha dicho que el fenoacutemeno acreditado en diversas fuentes contemporaacuteneas a Plutarco fue propiciado particularmente por el final del rei‑nado de Diocleciano y que el modelo uacuteltimo del filoacutesofo‑maacutertir es Soacutecrates En este contexto adquiere un significado especial la exaltacioacuten del ldquoSoacutecrates tebanordquo Epaminondas Epaminondas se aleja del conflicto puacuteblico para cuidar su alma se distingue por su silencio y pese a ello constituye el ldquocentro ausenterdquo del de genio una composicioacuten articulada en torno a un conflicto civil la liberacioacuten de la Cadmea No resulta inverosiacutemil ver en todos estos datos una respuesta de Plu‑tarco ante el fenoacutemeno del ldquofiloacutesofo‑maacutertir poliacuteticordquo y la admiracioacuten aglutinada en torno a esa figura Respuesta que reivindica rotundamente el papel asumido por el propio Plutarco de filoacutesofo mentor del poliacutetico pero fuera eacutel mismo del traacutefago de la poliacutetica

69 Veacuteanse las observaciones y referencias que ofrece al respecto Van Hoof (2010) 66‑67

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Joseacute M Candau

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Joseacute M Candau

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A Esparta de Plutarco entre a guerra e as artes

de um seguidor das leis de Licurgo Nesse sentido Plutarco diz que o dinheiro e o ouro deveriam ser mandados embora de Esparta porque eles eram flagelos importados que despertavam a cobiccedila e promoviam a degeneraccedilatildeo dos costumes (c 17) Desse ponto de vista Lisandro prejudicou Esparta justamente porque promoveu seu enriquecimento e contribuiu para a dissoluccedilatildeo da frugalidade e da simplicidade que caracterizavam o cotidiano dos lacocircnios antes das vitoacuterias espartanas na Guerra do Peloponeso6

Na Vida de Agesilau Plutarco nos conta que o biografado foi o segundo filho de Arquidamo (o primeiro tinha sido Aacutegis) e que por isso ele natildeo seria o herdeiro direto do trono de Esparta De qualquer modo Agesilau foi educado de acordo com a agoge lacedemocircnia e nosso autor faz questatildeo de frisar que em decorrecircncia disso o liacuteder espartano sempre respeitou e praticou as leis de sua cidade (c 1) Mesmo apresentando uma pequena diferenccedila de tamanho de uma perna para a outra ele tinha outras qualidades espartanas como a honestidade a mansidatildeo e a beleza fiacutesica (c 2) Sua formaccedilatildeo foi tatildeo bem sucedida que diferente de Alexandre o grande e de Haniacutebal Agesilau foi um general que conquistou importantes vitoacuterias e mesmo assim nunca deixou de obedecer agraves leis espartanas (c 15) Mesmo depois de tornar‑se um lendaacuterio vencedor ele voltou a Esparta e continuou o mesmo homem de antes sem apresentar nenhuma novidade no seu comportamento diferente de outros estrategos quando voltavam de longas expediccedilotildees a terras estrangeiras (c 19)

Plutarco nos conta que Lisandro ndashque dizem ter sido amante de Agesilau na juventude (c 2)ndash pretendia introduzir muitas inovaccedilotildees e mudanccedilas no governo da Lacocircnia (c 20) Embora outros liacutederes de Esparta como Antaacutelcidas tenham feito acordos com os Persas e tenham abandonado laquocovarde e maldosamenteraquo os gregos da Aacutesia sob o domiacutenio dos baacuterbaros como nos diz Plutarco (c 23) Agesilau sempre foi um defensor da justiccedila Entre os capiacutetulos 29 e 30 da Vida de Agesilau nosso autor nos conta que os espartanos que perderam parentes na bata‑lha de Leuctra (em 371 a C) se alegraram e os que natildeo perderam ficaram tristes De certa forma eles responsabilizaram Agesilau pela derrota e lamentaram ter aceito um rei coxo Contudo Agesilau tinha boa reputaccedilatildeo e era muito virtuoso Prova disso eacute que sem promover nenhuma inovaccedilatildeo ele disse que era preciso fazer as leis dormirem para que retomassem a autoridade que tiveram no passado

Entretanto Plutarco natildeo faz apenas elogios a Agesilau Cartledge (1987 418) observa que ele faz criacuteticas a Agesilau por causa de sua ingratidatildeo em relaccedilatildeo a Lisandro (c 8) e condena seu comportamento porque ele teria hon‑rado mais os amigos do que a justiccedila (c 13 ver tambeacutem Moralia 807d) Aleacutem disso Plutarco via uma relaccedilatildeo direta entre a decadecircncia de Esparta e a ascenccedilatildeo

6 Sobre isso ver Duff (2002) 161‑204 e a introduccedilatildeo de Flaceliegravere e Chambry em Plutarque (1971) 158‑173

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Roosevelt Rocha

ilegiacutetima de Agesilau ao trono (c 21) Poreacutem no geral nosso autor eacute tatildeo favoraacutevel e simpaacutetico a Agesilau quanto Xenofonte que tambeacutem escreveu uma biografia do rei espartano a qual certamente serviu de base para a Vida composta pelo poliacutemata de Queroneia Segundo Cartledge (1987 418) para Plutarco Agesilau foi a encarnaccedilatildeo das virtudes peculiarmente espartanas simplicidade piedade e autocontrole7

Depois na Vida de Aacutegis e na Vida de Cleocircmenes Plutarco narra os uacuteltimos momentos da histoacuteria da Esparta independente ou seja o ponto mais baixo da decadecircncia daquela cidade Os reis Aacutegis e Cleocircmenes que reinaram no seacuteculo III a C tentaram restaurar os antigos valores dos tempos de Licurgo Eles tinham os dons naturais para levar essa tarefa a cabo Aacutegis tinha grandeza de alma e se insurgia contra os prazeres desde antes dos vinte anos (c 4) natildeo gostava de rou‑pas luxuosas e baniu toda suntuosidade para aderir aos antigos haacutebitos lacocircnios caracterizados pela simplicidade de vida Mas seu exemplo e sua energia natildeo foram suficientes para restaurar os costumes tradicionais e ele foi assassinado ainda muito jovem (cc 19‑21) Aquela Esparta incorrupta e valorosa dos tempos de Licurgo dava seus uacuteltimos suspiros

Cleocircmenes natildeo era parente de Aacutegis mas foi obrigado a se casar com a vi‑uacuteva do rei assassinado ou seja Agiaacutetis Segundo Plutarco (c 1) Cleocircmenes era ambicioso e tinha grandeza de alma Era temperante e simples como Aacutegis Ele tambeacutem quiz restaurar os antigos costumes espartanos (c 11) Primeiro depois de longa disputa poliacutetica abriu matildeo de seus bens Depois distribuiu as terras entre os cidadatildeos Restabeleceu a educaccedilatildeo dos jovens e a disciplina espartana Ele proacuteprio levou uma vida simples e frugal para dar o exemplo aos outros la‑cedemocircnios sem insolecircncia nem orgulho excessivo ou seja como um modelo de temperanccedila (c 13) Mesmo quando perdeu sua esposa Agiaacutetis por quem se enamorara verdadeiramente Cleocircmenes manteve a firmeza e seu caraacuteter elevado e tomou as providecircncias necessaacuterias para garantir a seguranccedila de seus soldados e aliados (c 22) Depois de reinar por dezesseis anos Cleocircmenes morreu (cc 37‑38) e assim terminou a histoacuteria de Esparta como cidade politicamente autocircnoma

Ateacute aqui vimos que podemos encontrar nas Vidas dos liacutederes espartanos escritas por Plutarco aquela imagem caracterizada por um conjunto de valores que parecem ter ganhado forccedila numa eacutepoca lendaacuteria e foram se enfraquecendo conforme o tempo foi passando e Esparta foi estendendo seu poder para fora da Lacedemocircnia Nesse quadro vemos uma cidade altamente militarizada de guerreiros corajosos disciplinados e afeitos a uma vida sem luxos e sem confortos Isso poderia indicar que os espartanos eram um povo rude pouco sofisticado e fechado para as artes

7 Cf tambeacutem a introduccedilatildeo de Flaceliegravere e Chambry em Plutarque (1973) 85‑88 e Shipley (1998) 1‑46

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A Esparta de Plutarco entre a guerra e as artes

Poreacutem vaacuterias fontes arqueoloacutegicas vasculares e mesmo literaacuterias nos mostram o contraacuterio Apesar de Tuciacutedides (1102) ter dito que os edifiacutecios em Esparta eram modestos e natildeo correspondiam ao tamanho do poder militar e poliacutetico da cidade dos lacedemocircnios em seu apogeu a avaliaccedilatildeo dos monumentos arquitetocircnicos espartanos precisa ser feita com cuidado Eacute preciso lembrar que Esparta natildeo foi destruiacuteda nas Guerras Meacutedicas como Atenas foi A capital da Aacutetica foi reconstruiacuteda e uma grande soma de dinheiro afluiu para ela por causa das contribuiccedilotildees dos aliados da Liga de Delos Isso natildeo aconteceu com a princi‑pal cidade da Lacocircnia Desse modo nela foram conservados edifiacutecios antigos do seacuteculo VI a C que apresentavam outro estilo de construccedilatildeo mais arcaizante do que claacutessico Dependendo do ponto de vista um estilo pode ser mais valorizado do que o outro

De qualquer modo Pausacircnias (3113) viajante do seacuteculo II d C que fez uma descriccedilatildeo de vaacuterias cidades da Greacutecia daquela eacutepoca nos informa que havia em Esparta vaacuterios monumentos que despertavam a admiraccedilatildeo daqueles que por ali passavam tal como o Poacutertico Persa construiacutedo inicialmente com o butim amealhado na guerra contra os persas Outros exemplos de edifiacutecios que nos uacuteltimos anos vecircm sendo estudados satildeo o templo de Apolo em Amiclas o templo de Aacutertemis Oacutertia e o Menelaion onde eram cultuados Menelau e Helena8

Cartledge (2002 111) nos informa que depois de 690 a C pintores de vasos da Lacocircnia sofreram influecircncia de artistas do Egeu e adotaram o chamado estilo lsquoorientalizantersquo o que mostra que na praacutetica Esparta natildeo estava isolada do resto do mundo helecircnico Ainda segundo Cartledge nessa eacutepoca artesatildeos lacocircnios que trabalhavam com bronze comeccedilaram a se interessar pela representaccedilatildeo de figuras humanas em suas obras e por volta de 650 a C comeccedilou a se desenvolver na regiatildeo de Esparta o uso do marfim para produccedilatildeo de objetos gravados Vemos entatildeo que o ambiente artiacutestico na Lacedemocircnia entre 775 e 650 a C natildeo era de modo algum esteacuteril ou sem importacircncia9

Como Burn (1960 275‑276) explica Esparta natildeo virou suas costas para a arte e a poesia Prova disso eacute que vasos com detalhes refinados foram fabricados ali e exportados para outras regiotildees da Heacutelade ateacute 550 a C mais ou menos Por volta de 600 a C Gitiadas poeta escultor e arquiteto projetou o Templo de Atena tambeacutem conhecido como Casa de Bronze por causa das placas feitas com esse metal para decorar o edifiacutecio E em 585 a C o segundo templo de Oacutertia foi construiacutedo Ou seja havia artesatildeos trabalhando em Esparta no periacuteodo arcaico que produziram obras dignas de admiraccedilatildeo10

8 Para mais informaccedilotildees sobre a arqueologia e a arquitetura espartanas ver Walker (1998) Kaltsas (2007) e Cavanagh (2009)

9 Sobre isso ver tambeacutem Burn (1960) 180‑184 e Stibbe (1996) passim10 Ver tambeacutem Burn (1960) 280‑282 e Cartledge (2002) 133‑136

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No que diz respeito agrave muacutesica Plutarco nos daacute significativos testemunhos da sua importacircncia em ambiente espartano tanto nas Vidas quanto nos Moralia Na Vida de Licurgo no c 4 por exemplo encontramos a informaccedilatildeo segundo a qual o legislador lendaacuterio teria convidado um poeta‑legislador de Creta para ir a Esparta com ele Esse poeta se chamava Tales Mas talvez tenha havido alguma confusatildeo na tradiccedilatildeo manuscrita e esse Tales poderia ser o Taletas de Gortina mencionado algumas vezes no livro Sobre a Muacutesica tambeacutem de Plutarco Ele teria sido o responsaacutevel por curar os espartanos de uma peste com o seu canto11 Aleacutem disso no mesmo c 4 nos eacute dito que Licurgo teria sido o responsaacutevel por levar os poemas de Homero da Jocircnia para sua cidade

Depois no c 21 da mesma Vida Plutarco nos diz que os lacedemocircnios apreciavam se dedicar agrave poesia meacutelica porque as canccedilotildees estimulavam seus espiacuteritos e lhes davam coragem para enfrentar os inimigos nas batalhas Seu estilo era simples e seus temas eram seacuterios com o objetivo de promover uma boa formaccedilatildeo dos caraacuteteres Nelas eram louvados os heroacuteis de Esparta e condenados os covardes que natildeo lutaram ateacute o fim para defender sua cidade Nos festivais eram organizados trecircs coros de acordo com as idades um de velhos outro de adultos e outro de jovens Cada um cantava sobre a sua bravura uns falavam dos seus feitos no passado os outros tratavam das suas accedilotildees no presente e os uacuteltimos cantavam sobre o seu desejo de realizar grandes proezas no futuro Esses seriam os temas baacutesicos das canccedilotildees em Esparta e por isso segundo Plutarco Terpandro e Piacutendaro estavam corretos ao associar bravura e muacutesica e ao mostrar que os espartanos eram o povo mais aguerrido e mais musical

Por isso natildeo era por acaso que os jovens cantavam o nomo de Caacutestor e o peatilde da marcha (c 22) e em todo lugar havia danccedilas festas e banquetes quando natildeo havia expediccedilotildees militares (c 24) Contudo o gosto pela boa muacutesica e pela boa poesia natildeo era caracteriacutestico de todos os habitantes da Lacocircnia tendo em vista que os hilotas danccedilavam e cantavam canccedilotildees vulgares e grotescas diferentes das composiccedilotildees de Aacutelcman Terpandro e Especircndon (c 28) Isso na verdade estava associado ao fato de eles serem escravos e por isso era compreensiacutevel que eles apreciassem canccedilotildees vis como eles proacuteprios

Na Vida de Lisandro encontramos algumas informaccedilotildees que reforccedilam a impressatildeo de que os espartanos tinham sim grande sensibilidade para a muacutesica No c 15 ficamos sabendo que os lacocircnios depois de conquistar Atenas em 404 a C queriam destruir aquela cidade mas apoacutes ouvir um coro da Electra de Euriacutepides desistiram Em seguida no c 18 Plutarco nos conta que Lisandro estava sempre acompanhado do poeta Queacuterilo encarregado de celebrar os feitos do general E outros poetas tambeacutem celebraram Lisandro segundo nosso autor

11 Ver Plu Mus 42 (1146B‑C) e Gostoli (1990) 12‑13 e

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A Esparta de Plutarco entre a guerra e as artes

Na Vida de Agesilau c 14 lemos que os espartanos apreciavam uma parte da poesia de Timoacuteteo de Mileto poeta que teria tido algumas cordas de sua ciacutetara cortadas quando de uma sua visita a Esparta porque os eacuteforos julgavam que natildeo seriam necessaacuterias mais do que sete cordas e o instrumento do poeta tinha onze12 Essa anedota indica que os lacocircnios natildeo apreciavam inovaccedilotildees Poreacutem a informaccedilatildeo do c 14 da Vida de Agesilau mostra que eles poderiam aceitar pelo menos uma parte da obra de um poeta inovador desde que essa parte se adequas‑se ao gosto e agraves tradiccedilotildees do local Tambeacutem nessa mesma Vida c 21 Plutarco nos diz que o rei Agesilau apreciava os cantos e as danccedilas mesmo natildeo sendo um lsquoespecialistarsquo nas artes

Por fim na Vida de Aacutegis c 10 encontramos um elogio a Terpandro a Ta‑les (Taletas) e a Fereacutecides porque mesmo sendo estrangeiros professavam o que Licurgo instituiu e por isso foram muito honrados em Esparta Na Vida de Cleocircmenes c 2 somos informados que o rei Leocircnidas elogiou Tirteu algo facilmente compreensiacutevel tendo em vista o caraacuteter estimulante e guerreiro das elegias daquele poeta Aleacutem disso nessa mesma Vida citada por uacuteltimo c 12 Plutarco nos conta que Cleocircmenes certa vez teria encontrado alguns artistas de Dioniso muacutesicos e atores profissionais que iam de cidade em cidade para se apresentar e construiu um teatro Isso mostra que esse rei estimulou de alguma maneira as atividades artiacutesticas mesmo que ele natildeo tivesse o costume de levar artistas com seu exeacutercito de acordo com Plutarco e nem apreciasse apresentaccedilotildees musicais nos seus banquetes (c 13)

Tudo isso mostra que Esparta era uma cidade onde a muacutesica tinha um papel importe na educaccedilatildeo e na guerra e que os lacocircnios natildeo eram um povo obtuso e indiferente ao poder das melodias De acordo com Plutarco tendo em vista agora algumas passagens dos Moralia os espartanos passavam por treinamento rigoroso no que diz respeito agrave muacutesica e agrave poesia e suas canccedilotildees estimulavam os espiacuteritos e faziam com que os homens se sentissem entusiasmados e se esfor‑ccedilassem para ser bem sucedidos Em vaacuterias passagens das suas Obras Morais ele elogia o estilo da muacutesica deles porque ela era simples e natildeo afetada e seus temas eram seacuterios e edificantes Se algueacutem estudasse a poesia e as canccedilotildees de marcha de Esparta acompanhadas pelo aulo essa pessoa concordaria que Terpandro e Piacutendaro estavam certos ao associar valor (andreia) e muacutesica Como vimos acima nos trechos citados das Vidas Plutarco tambeacutem diz que os Espartanos eram o povo ao mesmo tempo mais musical (mousikotatous) e o mais afeito agrave guerra (polemikotatous)13

No livro sobre os Antigos Costumes dos Espartanos Plutarco tambeacutem elogia os ritmos das canccedilotildees de marcha (embaterioi rhythmoi) porque eles despertavam

12 Ver Plu Agis 1013 Cf Lyc 211‑4

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a coragem a audaacutecia e o desdeacutem pela morte requisitos indispensaacuteveis para o guerreiro valoroso Os espartanos usavam esses ritmos para danccedilar mas tambeacutem quando avanccedilavam contra os inimigos ao som do aulo Plutarco lembra que Li‑curgo associava o amor pela muacutesica agrave praacutetica militar para que o espiacuterito guerreiro combinado com a melodia tivesse concordacircncia e harmonia (symphonia kai har‑monia) Por isso em tempos de guerra os reis espartanos ofereciam sacrifiacutecios agraves Musas antes de ir para a batalha como Plutarco nos conta nos Instituta Laconica 16 (238B‑C)

E para manter a pureza da sua muacutesica e dos seus costumes os espartanos agraves vezes recorriam a atos violentos Como Plutarco reporta nos Instituta Laconica 17 (238C‑D) eles natildeo permitiriam que ningueacutem desrespeitasse de modo algum as regras da muacutesica do passado Nem mesmo Terpandro um dos mais antigos e melhores citaredos (aqueles que cantavam acompanhados da ciacutetara ou da lira) teria a permissatildeo para acrescentar uma corda extra ao seu instrumento para que suas melodias fossem mais variadas Ele tentou fazer isso mas os eacuteforos pregaram sua lira numa parede por causa do seu ato iacutempio contraacuterio agrave tradiccedilatildeo Em outra ocasiatildeo um dos eacuteforos teria procedido com mais violecircncia quando Timoacuteteo o famoso muacutesico inovador que floresceu na segunda metade do seacuteculo V a C estava competindo no festival das Carneias ele pegou uma faca e perguntou ao muacutesico de que lado ele deveria cortar as cordas supeacuterfluas cujo nuacutemero ultra‑passava o tradicional de sete cordas Outras variantes dessa histoacuteria satildeo contadas por Plutarco em outros textos mas nessas outras passagens Friacutenis outro muacutesico inovador da segunda metade do seacuteculo V a C eacute o protagonista14

Mas para aleacutem da sua importacircncia na educaccedilatildeo e nos contextos de bata‑lha a muacutesica tinha grande significado tambeacutem nas momentos das celebraccedilotildees religiosas Dentre as festividades religiosas realizadas na Lacedemocircnia uma das mais importantes era a das Carneias realizada em Esparta e intimamente ligada agrave histoacuteria de Terpandro As origens desse festival eram muito antigas anteriores ao seacuteculo VIII a C tendo em vista que no seacuteculo VII os colonizadores espartanos da cidade italiana de Tarento jaacute tinham o costume de celebraacute‑la15 As Carneias eram dedicadas ao deus Apolo Carneu Em Esparta havia concursos musicais e atleacuteti‑cos uma corrida de jovens e um banquete ritual que contava com a participaccedilatildeo dos homens adultos que representavam as fratrias O festival era organizado por cidadatildeos solteiros e era o momento adequado para que os jovens que jaacute haviam completado seu periacuteodo de formaccedilatildeo ingressassem na vida adulta16

O que nos interessa aqui eacute o papel que a muacutesica desempenhava no contexto dessas festividades Um elemento importante nesses momentos de comemoraccedilatildeo

14 Cf Prof virt 84A Apophth Lac 220C e Agis 107 jaacute citada na nota 9 Cf Rocha (2008) 654‑655

15 Brelich (1969) 181‑18216 Brelich (1969) 149‑150

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A Esparta de Plutarco entre a guerra e as artes

eram os concursos A realizaccedilatildeo de concursos musicais no acircmbito do festival das Carneias natildeo teria acontecido desde o iniacutecio A introduccedilatildeo de agones provavel‑mente ocorreu quando Terpandro migrou de Metimna (Lesbos) para Esparta na primeira metade do seacuteculo VII a C Nesse contexto eacute importante considerar o testemunho de Helacircnico17 segundo o qual Terpandro teria sido o primeiro a vencer o concurso musical nas Carneias Esse fato parece estar diretamente relacionado agrave fundaccedilatildeo da primeira escola musical (katastasis) em Esparta por obra do mesmo Terpandro Segundo Brelich (1969 186‑191) eacute muito provaacutevel que a introduccedilatildeo do concurso musical nas Carneias tenha sido influenciada pela proacutepria katastasis18 Essa hipoacutetese ganha forccedila se consideramos o capiacutetulo 9 do tratado Sobre a Muacutesica como um todo Ali Plutarco fala da primeira katastasis fundada por Terpandro e menciona tambeacutem a segunda katastasis liderada por Taletas de Gortina Xenoacutedamo de Citera Xenoacutecrito de Locres Polimnesto de Coacutelofon e Saacutecadas de Argos muacutesicos que teriam instituiacutedo as Gimnopeacutedias em Esparta as Apodeixeis na Arcaacutedia e as Endimaacutetias em Argos Jaacute que os membros da segunda escola musical foram fundadores de festivais19 em diferentes cidades do Peloponeso Terpandro tambeacutem pode ter desempenhado o mesmo papel no contexto das Carneias

No que diz respeito agraves Gimnopeacutedias contudo encontramos uma situaccedilatildeo diferente Possuiacutemos uma grande variedade de informaccedilotildees sobre esse festival que inclusive muitas vezes satildeo contraditoacuterias Mas tratando apenas daquilo que nos interessa aqui sabemos que no periacuteodo das festividades aconteciam apresentaccedilotildees de coros de adolescentes e adultos instituiacutedos em honra a Apolo que cantavam hinos compostos por poetas como Taletas Aacutelcman e Dionisodoto Depois da batalha de Tireia em 544 aC na qual Esparta lutou contra Argos pela posse da Tireaacutetida tornou‑se costumeiro cantar um peatilde em honra dos soldados que morreram naquela ocasiatildeo Por causa desse elemento ritual e da comparaccedilatildeo com as Apodeixeis e as Endimaacutetias as Gimnopeacutedias foram consideradas festas que indicavam o momento no qual os jovens receacutem‑iniciados eram integrados agrave vida militar20

Tendo tudo isso em vista podemos concluir que eacute preciso colocar a miragem espartana em perspectiva Esparta natildeo era tatildeo lsquoespartanarsquo assim e natildeo foi sempre lsquoespartanarsquo Havia espaccedilo naquela cidade para o cultivo das artes tais como a arquitetura a escultura a pintura vascular a muacutesica (que incluiacutea a poesia) e a danccedila Nela floresceram poetas como Aacutelcman Terpandro e Tirteu Nela surgiram escolas poeacuteticomusicais Nela viveram poetas estrangeiros tais como Taletas de

17 FGrHist 4 F 85 = Ateneu 635e = Terpander Test 1 Gostoli18 Cf tambeacutem Gostoli (1990) 84‑8519 Mais do que fundadores de festivais eacute mais verossiacutemil pensar que esses autores foram os

responsaacuteveis pela introduccedilatildeo dos concursos musicais como parte das celebraccedilotildees 20 Cf Gostoli (1990) 85‑86

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Gortina (Creta) e Saacutecadas de Argos E sendo assim houve um ambiente feacutertil e favoraacutevel para o desenvolvimento e o cultivo de atividades artiacutesticas Os esparta‑nos foram sim grandes guerreiros que contribuiacuteram decisivamente para a vitoacuteria dos helenos sobre os persas Eles cultivaram sim suas habilidades guerreiras a ponto de derrotar os atenienses na Guerra do Peloponeso Poreacutem Esparta natildeo foi somente uma comunidade de soldados que dedicavam suas vidas somente agrave guerra Esparta foi tambeacutem uma cidade onde as pessoas cantavam danccedilavam e apreciavam a beleza dos edifiacutecios e dos objetos do cotidiano Eacute preciso reconhecer isso e na obra de Plutarco jaacute encontramos essa imagem multifacetada dessa cul‑tura Basta direcionar os olhos para outras direccedilotildees

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A Esparta de Plutarco entre a guerra e as artes

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Index nominum

Timoacuteteo 167‑168 178 183Timoacutexena 195Tindaacuteridas 63Tireaacutetida 169Tireia 169Tireacutesias 236Tirteu 167 169 221Titatildes 245Trajano 121Trezena 31 32‑35 38 Tricoacuterito 39Troia 81 124Tuciacutedides 122 160 181Ulisses 81 192Valeacuterio (vd Puacuteblio Valeacuterio)Vestais 58 204Viacutenio 200Xantipo 191 201Xenoacutecrito 169Xenoacutedamo 169Xenofonte 160 164Zaleuco 88Zeus 36 40‑41 220 226 243

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Index nominum

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Notas biograacuteficas dos autores

Aacutelia Rodrigues eacute doutorada em Estudos Claacutessicos (Literatura Grega) e inves‑tigadora do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse satildeo a histoacuteria das ideias poliacuteticas desde os Gregos ateacute agrave modernidade histoacuteria legal e a recepccedilatildeo de temas claacutessicos na contemporaneidade

Ana Ferreira eacute Professora Auxiliar do Departamento de Estudos Portugueses e Ro‑macircnicos da Faculdade de Letras da Universidade do Porto e investigadora do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a histoacuteria antiga a literatura greco‑romana bem como a didaacutectica das liacutenguas claacutessicas

Delfim F Leatildeo eacute Professor Catedraacutetico da Instituto de Estudos Claacutessicos e investiga‑dor do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a histoacuteria antiga o direito e a teorizaccedilatildeo poliacutetica dos Gregos a pragmaacutetica teatral e a escrita romanesca antiga

Faacutebio Vergara Cerqueira eacute Professor Adjunto do Instituto de Ciecircncias Humanas da Universidade Federal de Pelotas pesquisador PQ‑2 do CNPq Professor Visitante na Universidade de Heidelberg Bolsista Fundaccedilatildeo Humboldt ldquoPesquisador Experienterdquo Principais aacutereas de interesse satildeo histoacuteria e arqueologia da Greacutecia antiga e sua recepccedilatildeo enfocando muacutesica iconografia ceramologia gecircnero memoacuteria social identidade e patrimocircnio cultural

Guillermina Gonzaacutelez Almenara es Profesor Contratado Doctor Tipo 1 vinculada con el Aacuterea de Filologiacutea Griega del Departamento de Filologiacutea Claacutesica Francesa Aacuterabe y Romaacutenica de la Universidad de La Laguna Sus principales liacuteneas de investi‑gacioacuten son la mujer y el aacutembito femenino en la Grecia antigua Historiografiacutea griega Historia y civilizacioacuten de la Grecia antigua

Ivana S Chialva es Doctora en Letras Investigadora Asistente del Conicet y Profesora de Griego y Literaturas griega y latina de la Facultad de Humanidades y Ciencias de la Universidad Nacional del Litoral (Santa Fe Argentina) Sus tra‑bajos sobre el mundo antiguo se focalizan en la relacioacuten entre primera y segunda sofiacutestica y en la influencia de este uacuteltimo fenoacutemeno en la prosa narrativa griega de eacutepoca imperial especialmente la retoacuterica la biografiacutea y la novela en sus diferentes formas

Jesuacutes-Mordf Nieto Ibaacutentildeez es Catedraacutetico de Filologiacutea Griega de la Universidad de Leoacuten Sus liacuteneas de investigacioacuten son la literatura judiacutea en lengua griega los primeros textos cristianos el Humanismo y la Tradicioacuten claacutesica Actualmente dirige un Proyecto de

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investigacioacuten sobre el Humanismo la Tradicioacuten claacutesica y patriacutestica y la exeacutegesis biacuteblica en los siglos XVI y XVII

Joaquim Pinheiro eacute Professor Auxiliar da Universidade da Madeira e investigador do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a biografia antiga a Segunda Sofiacutestica a retoacuterica claacutessica e o pensamento poliacutetico dos Gregos

Joseacute M Candau es Catedraacutetico de Filologiacutea Griega en la Universidad de Sevilla Sus principales aacutereas de investigacioacuten son la historiografiacutea griega y Plutarco

Loraine Oliveira eacute professora de Filosofia da Universidade de Brasiacutelia Publicou o livro Plotino escultor de mitos pela Imprensa da Universidade de CoimbraAnnablume em 2014 Vem se dedicando principalmente a estudar os mitos em Plotino Plutarco e Porfiacuterio assim como o vegetarianismo em Plutarco e Porfiacuterio

Maria Aparecida de Oliveira Silva eacute professora visitante do Programa de Poacutes‑Gradu‑accedilatildeo em Letras Claacutessicas da Universidade de Satildeo Paulo e Professora Pesquisadora do Programa de Poacutes‑Graduaccedilatildeo em Histoacuteria da Universidade Federal de Satildeo Paulo Liacuteder do Grupo CNPq LABHAN Laboratoacuterio de Histoacuteria Antiga da Universidade Federal do Amapaacute Pesquisadora do Grupo CNPq Linceu ‑ Visotildees da Antiguidade Claacutessica da Universidade Estadual Paulista Pesquisadora do Grupo Retoacuterica Texto y Comunicacioacuten da Universidad de Caacutediz Membro do Conselho Acadecircmico do Seminaacuterio de Histoacuteria e Filosofia das Religiotildees da Universidad Autoacutenoma de Ciudad Juaacuterez mdash Meacutexico Pesquisa e publica trabalhos sobre Esparta Plutarco e biografia antiga

M Teresa Fau Ramos es Profesora Titular del Departament de Filologia Grega de la Universitat de Barcelona y miembro del Grup de Recerca Graecia Capta que investiga la pervivencia de la identidad griega bajo el imperio romano Sus principales aacutereas de intereacutes cientiacutefico son la historia e instituciones de la Grecia claacutesica y post‑claacutesica la religioacuten helena (paganismo) y diversos aspectos del cristianismo primitivo

Pilar Goacutemez Cardoacute es profesora titular de Filologiacutea Griega en la Universidad de Barcelona donde imparte docencia e investiga desde 1981 Doctora en Filologiacutea Claacutesica desde 1987 con una tesis sobre la tradicioacuten yaacutembica y la faacutebula (La Vida drsquoIsop entre el iambe la faula i la novella) es autora de numerosos artiacuteculos y capiacutetulos de libros sobre la literatura griega de eacutepoca imperial romana en especial sobre Segunda Sofiacutestica y novela ha estudiado principalmente autores como Luciano en cuya edicioacuten y traduccioacuten al castellano para la coleccioacuten Alma Mater participa Plutarco Dioacuten de Prusa o Elio Ariacutestides Es miembro del grupo de investigacioacuten Graecia Capta de la Universidad de Barcelona

Roosevelt Rocha eacute Professor Adjunto do curso de Letras da Universidade Federal do Paranaacute (Brasil) e pesquisador ligado ao Programa de Poacutes‑Graduaccedilatildeo em Letras da

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mesma Universidade As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a poesia grega arcaica (elegia jambo e meacutelica) a muacutesica grega antiga e o estudo da performance da poesia grega dos periacuteodos arcaico e claacutessico

Vicente Ramoacuten es Profesor Tiular de Filologiacutea Griega de la Universidad de Zara‑goza Sus intereses cientiacuteficos pueden sintetizarse en las siguientes liacuteneas Plutarco de Queronea y la biografiacutea poliacutetica historiografiacutea griega retoacuterica y oratoria griegas tradicioacuten claacutesica teatro griego la irreligiosidad en la Atenas Claacutesica

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Volumes publicados na Colecccedilatildeo Humanitas Supplementum

1 Francisco de Oliveira Claacuteudia Teixeira e Paula Barata Dias Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 1 ndash Liacutenguas e Literaturas Greacutecia e Roma (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

2 Francisco de Oliveira Claacuteudia Teixeira e Paula Barata Dias Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 2 ndash Liacutenguas e Literaturas Idade Meacutedia Renascimento Recepccedilatildeo (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

3 Francisco de Oliveira Jorge de Oliveira e Manuel Patriacutecio Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 3 ndash Histoacuteria Arqueologia e Arte (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2010)

4 Maria Helena da Rocha Pereira Joseacute Ribeiro Ferreira e Francisco de Oliveira (Coords) Horaacutecio e a sua perenidade (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

5 Joseacute Luiacutes Lopes Brandatildeo Maacutescaras dos Ceacutesares Teatro e moralidade nas Vidas suetonianas (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

6 Joseacute Ribeiro Ferreira Delfim Leatildeo Manuel Troumlster and Paula Barata Dias (eds) Symposion and Philanthropia in Plutarch (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

7 Gabriele Cornelli (Org) Representaccedilotildees da Cidade Antiga Categorias histoacutericas e discursos filosoacuteficos (Coimbra Classica DigitaliaCECHGrupo Archai 2010)

8 Maria Cristina de Sousa Pimentel e Nuno Simotildees Rodrigues (Coords) Sociedade poder e cultura no tempo de Oviacutedio (Coimbra Classica DigitaliaCECHCECCH 2010)

9 Franccediloise Frazier et Delfim F Leatildeo (eds) Tychegrave et pronoia La marche du monde selon Plutarque (Coimbra Classica DigitaliaCECH Eacutecole Doctorale 395 ArScAn‑THEMAM 2010)

10 Juan Carlos Iglesias‑Zoido El legado de Tuciacutedides en la cultura occidental (Coimbra Classica DigitaliaCECH ARENGA 2011)

11 Gabriele Cornelli O pitagorismo como categoria historiograacutefica (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2011)

12 Frederico Lourenccedilo The Lyric Metres of Euripidean Drama (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2011)

13 Joseacute Augusto Ramos Maria Cristina de Sousa Pimentel Maria do Ceacuteu Fialho Nuno Simotildees Rodrigues (coords) Paulo de Tarso Grego e Romano Judeu e Cristatildeo (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

14 Carmen Soares amp Paula Barata Dias (coords) Contributos para a histoacuteria da alimentaccedilatildeo na antiguidade (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

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272

15 Carlos A Martins de Jesus Claudio Castro Filho amp Joseacute Ribeiro Ferreira (coords) Hipoacutelito e Fedra ‑ nos caminhos de um mito (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

16 Joseacute Ribeiro Ferreira Delfim F Leatildeo amp Carlos A Martins de Jesus (eds) Nomos Kosmos amp Dike in Plutarch (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

17 Joseacute Augusto Ramos amp Nuno Simotildees Rodrigues (coords) Mnemosyne kai Sophia (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

18 Ana Maria Guedes Ferreira O homem de Estado ateniense em Plutarco o caso dos Alcmeoacutenidas (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

19 Aurora Loacutepez Andreacutes Pocintildea amp Maria de Faacutetima Silva De ayer a hoy influencias claacutesicas en la literatura (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

20 Cristina Pimentel Joseacute Luiacutes Brandatildeo amp Paolo Fedeli (coords) O poeta e a cidade no mundo romano (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

21 Francisco de Oliveira Joseacute Luiacutes Brandatildeo Vasco Gil Mantas amp Rosa Sanz Serrano (coords) A queda de Roma e o alvorecer da Europa (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

22 Luiacutesa de Nazareacute Ferreira Mobilidade poeacutetica na Greacutecia antiga uma leitura da obra de Simoacutenides (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica DigitaliaCECH 2013)

23 Faacutebio Cerqueira Ana Teresa Gonccedilalves Edalaura Medeiros amp JoseacuteLuiacutes Brandatildeo Saberes e poderes no mundo antigo Vol I ndash Dos saberes (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia2013) 282 p

24 Faacutebio Cerqueira Ana Teresa Gonccedilalves Edalaura Medeiros amp Delfim Leatildeo Saberes e poderes no mundo antigo Vol II ndash Dos poderes (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013) 336 p

25 Joaquim J S Pinheiro Tempo e espaccedilo da paideia nas Vidas de Plutarco (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013) 458 p

26 Delfim Leatildeo Gabriele Cornelli amp Miriam C Peixoto (coords) Dos Homens e suas Ideias Estudos sobre as Vidas de Dioacutegenes Laeacutercio (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013)

27 Italo Pantani Margarida Miranda amp Henrique Manso (coords) Aires Barbosa na Cosmoacutepolis Renascentista (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2013)

28 Francisco de Oliveira Maria de Faacutetima Silva Tereza Virgiacutenia Ribeiro Barbosa (coords) Violecircncia e transgressatildeo uma trajetoacuteria da Humanidade (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

29 Priscilla Gontijo Leite Eacutetica e retoacuterica forense asebeia e hybris na caracterizaccedilatildeo dos adversaacuterios em Demoacutestenes (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

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273

30 Andreacute Carneiro Lugares tempos e pessoas Povoamento rural romano no Alto Alentejo ‑ Volume I (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2014)

31 Andreacute Carneiro Lugares tempos e pessoas Povoamento rural romano no Alto Alentejo ‑ Volume II (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2014)

32 Pilar Goacutemez Cardoacute Delfim F Leatildeo Maria Aparecida de Oliveira Silva (coords) Plutarco entre mundos visotildees de Esparta Atenas e Roma (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

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Resumo da obra

A vasta e variada obra de Plutarco permite sempre uma abordagem a partir de distintas

perspetivas com diferentes intenccedilotildees e propoacutesitos variados No entanto eacute importante

identificar tambeacutem fios comuns nessa abordagem porque permitem demonstrar tanto a

niacutevel formal como de conteuacutedo que haacute muitos elementos comuns que permeiam o trabalho

de Plutarco

Os treze contributos para este volume tecircm como elo comum o nome de trecircs cidades

Esparta Atenas e Roma Elas representam espaccedilos poliacuteticos e institucionais diversos dada

a sua extensatildeo geograacutefica e cronoloacutegica mas simbolizam igualmente diferentes modelos

de organizaccedilatildeo social atraveacutes dos quais a Greacutecia pode ser contrastada com Roma ou Atenas

comparada com Esparta mdash ainda que o seu verdadeiro interesse na obra de Plutarco seja

que representam sempre locais paradigmaacuteticos onde vivem e convivem pessoas Por

isso os estudiosos de Plutarco que contribuiacuteram para este volume procuram analisar em

cada uma dessas cidades seja por assimilaccedilatildeo ou por contraste a forma como o autor de

Queroneia aborda a ligaccedilatildeo entre indiviacuteduo e comunidade a partir do exerciacutecio do poder

e da experiecircncia religiosa qual o papel da educaccedilatildeo e do domiacutenio privado na projeccedilatildeo

puacuteblica dos protagonistas retratados por Plutarco ou ateacute que ponto a imagem dos primeiros

legisladores e fundadores miacuteticos foi condicionada pela evoluccedilatildeo histoacuterica destas mesmas

cidades

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Page 2: Versão integral disponível em digitalis.uc · visões de Esparta, Atenas e Roma IMPRENSA DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA COIMBRA UNIVERSITY PRESS ANNABLUME Versão integral disponível

Seacuterie Humanitas SupplementumEstudos Monograacuteficos

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Estruturas EditoriaisSeacuterie Humanitas Supplementum

Estudos Monograacuteficos

ISSN 2182‑8814

Diretor PrincipalMain Editor

Delfim LeatildeoUniversidade de Coimbra

Assistentes Editoriais Editoral Assistants

Elisabete Caccedilatildeo Joatildeo Pedro Gomes Nelson Ferreira Universidade de Coimbra

Comissatildeo Cientiacutefica Editorial Board

Arnaldo do Espiacuterito SantoUniversidade de Lisboa

Aurelio Peacuterez JimeacutenezUniversidad de Maacutelaga

Claacuteudia TeixeiraUniversidade de Eacutevora

Frederico LourenccediloUniversidade de Coimbra

Israel Muntildeoz GallarteUniversidad de Coacuterdoba

Joseacute Ribeiro FerreiraUniversidade de Coimbra

Joseacute Vela TejadaUniversidad de Zaragoza

Maria do Ceacuteu FialhoUniversidade de Coimbra

Nuno Simotildees RodriguesUniversidade de Lisboa

Todos os volumes desta seacuterie satildeo submetidos a arbitragem cientiacutefica independente

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Pilar Goacutemez Cardoacute Delfim F Leatildeo Maria Aparecida de Oliveira Silva (coord)Universitat de Barcelona Universidade de Coimbra Universidade de Satildeo Paulo

Plutarco entre mundosvisotildees de Esparta Atenas e Roma

IMPRENSA DA UNIVERSIDADE DE COIMBRACOIMBRA UNIVERSITY PRESS

ANNABLUME

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Conceccedilatildeo Graacutefica GraphicsRodolfo Lopes Nelson Ferreira

Infografia InfographicsNelson Ferreira

Impressatildeo e Acabamento Printed bySimotildees amp Linhares Lda Av Fernando Namora nordm 83 Loja 4 3000 Coimbra

ISSN2182‑8814

ISBN978‑989‑26‑0920‑1

ISBN Digital978‑989‑26‑0921‑8

DOIhttpdxdoiorg1014195978‑989‑26‑0921‑8

Depoacutesito Legal Legal Deposit 38476114

Tiacutetulo Title Plutarco entre mundos visotildees de Esparta Atenas e RomaPlutarch between worlds visions of Sparta Athens and Rome

Coord EdPilar Goacutemez Cardoacute Delfim F Leatildeo Maria Aparecida de Oliveira Silva

Editores PublishersImprensa da Universidade de CoimbraCoimbra University Presswwwucptimprensa_ucContacto Contact imprensaucptVendas online Online Saleshttplivrariadaimprensaucpt

Annablume Editora Comunicaccedilatildeo

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Coordenaccedilatildeo Editorial Editorial CoordinationImprensa da Universidade de Coimbra

copy Dezembro 2014

Trabalho publicado ao abrigo da Licenccedila This work is licensed underCreative Commons CC‑BY (httpcreativecommonsorglicensesby30ptlegalcode)

POCI2010

Annablume Editora Satildeo PauloImprensa da Universidade de CoimbraClassica Digitalia Vniversitatis Conimbrigensis httpclassicadigitaliaucptCentro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra

Seacuterie Humanitas SupplementumEstudos Monograacuteficos

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Plutarco entre mundos visotildees de Esparta Atenas e Roma Plutarch between worlds visions of Sparta Athens and Rome

Coord EdPilar Goacutemez Cardoacute Delfim F Leatildeo Maria Aparecida de Oliveira Silva

Filiaccedilatildeo AffiliationUniversitat de Barcelona Universidade de Coimbra Universidade de Satildeo Paulo

ResumoA vasta e variada obra de Plutarco permite sempre uma abordagem a partir de distintas perspetivas com diferentes intenccedilotildees e propoacutesitos variados No entanto eacute importante identificar tambeacutem fios comuns nessa abordagem porque permitem demonstrar tanto a niacutevel formal como de conteuacutedo que haacute muitos elementos comuns que permeiam o trabalho de Plutarco Os treze contributos para este volume tecircm como elo comum o nome de trecircs cidades Esparta Atenas e Roma Elas representam espaccedilos poliacuteticos e institucionais diversos dada a sua extensatildeo geograacutefica e cronoloacutegica mas simbolizam igualmente diferentes modelos de organizaccedilatildeo social atraveacutes dos quais a Greacutecia pode ser contrastada com Roma ou Atenas comparada com Esparta mdash ainda que o seu verdadeiro interesse na obra de Plutarco seja que representam sempre locais paradigmaacuteticos onde vivem e convivem pessoas Por isso os estudiosos de Plutarco que contribuiacuteram para este volume procuram analisar em cada uma dessas cidades seja por assimilaccedilatildeo ou por contraste a forma como o autor de Queroneia aborda a ligaccedilatildeo entre indiviacuteduo e comunidade a partir do exerciacutecio do poder e da experiecircncia religiosa qual o papel da educaccedilatildeo e do domiacutenio privado na projeccedilatildeo puacuteblica dos protagonistas retratados por Plutarco ou ateacute que ponto a imagem dos primeiros legisladores e fundadores miacuteticos foi condicionada pela evoluccedilatildeo histoacuterica destas mesmas cidades

Palavras‑chavePlutarco Atenas Esparta Roma educaccedilatildeo religiatildeo poder

Abstract The vast and varied work of Plutarch naturally allows an approach from different perspectives with a variety of intentions and plural purposes However it is also important to identify common lines of approach because they demonstrate both formally and in terms of content that there are many customary elements underlying his work The thirteen contributions to this volume are linked by the names of three cities Sparta Athens and Rome They represent diverse political and institutional spaces because of their geographical extension and chronology and they symbolize as well different models of social organization through which Greece can be contrasted with Rome or Athens compared to Sparta mdash but perhaps their most interesting feature in Plutarchs work is that they are paradigmatic places where men live and coexist together Therefore the Plutarchists who contributed to this volume analyze for each of these cities by assimilation or contrast the way the author from Chaeronea envisages the connection between individual and community as reflected in the exercise of power and the living of religious experiences the role played by education and private affairs in the public image of Plutarchrsquos protagonists or the extent to which the image of the first lawgivers and mythical founders was conditioned by the historical development of these cities

KeywordsPlutarch Athens Sparta Rome education religion power

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Coordenadores

Pilar Goacutemez Cardoacute es profesora titular de Filologiacutea Griega en la Universidad de Barcelona donde imparte docencia e investiga desde 1981 Doctora en Filologiacutea Claacutesica desde 1987 con una tesis sobre la tradicioacuten yaacutembica y la faacutebula (La Vida drsquoIsop entre el iambe la faula i la novelbullla) es autora de numerosos artiacuteculos y capiacutetulos de libros sobre la literatura griega de eacutepoca imperial romana en especial sobre Segunda Sofiacutestica y novela ha estudiado principalmente autores como Luciano (en cuya edicioacuten y traduccioacuten al castellano para la coleccioacuten Alma Mater participa) Plutarco Dioacuten de Prusa o Elio Ariacutestides Es miembro del grupo de investigacioacuten Graecia Capta de la Universidad de Barcelona

Delfim F Leatildeo eacute Professor Catedraacutetico da Instituto de Estudos Claacutessicos e investigador do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a histoacuteria antiga o direito e a teorizaccedilatildeo poliacutetica dos Gregos a pragmaacutetica teatral e a escrita romanesca antiga

Maria Aparecida de Oliveira Silva eacute professora visitante do Programa de Poacutes‑Graduaccedilatildeo em Letras Claacutessicas da Universidade de Satildeo Paulo e Professora Pesquisadora do Programa de Poacutes‑Graduaccedilatildeo em Histoacuteria da Universidade Federal de Satildeo Paulo Liacuteder do Grupo CNPq LABHAN Laboratoacuterio de Histoacuteria Antiga da Universidade Federal do Amapaacute Pesquisadora do Grupo CNPq Linceu ‑ Visotildees da Antiguidade Claacutessica da Universidade Estadual Paulista Pesquisadora do Grupo Retoacuterica Texto y Comunicacioacuten da Univer‑sidad de Caacutediz Membro do Conselho Acadecircmico do Seminaacuterio de Histoacuteria e Filosofia das Religiotildees da Universidad Autoacutenoma de Ciudad Juaacuterez mdash Meacutexico Pesquisa e publica trabalhos sobre Esparta Plutarco e biografia antiga

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Editors

Pilar Goacutemez Cardoacute is Professor of Greek Studies at the University of Barcelona where she has been teaching and conducting research in 1981 She obtained a PhD in Classical Philology in 1987 with a thesis on the iambic tradition and fable (La Vida drsquoIsop entre el iambe la faula i la novelbullla) and is the author of numerous articles and book chapters on the Greek literature of the Roman Imperial period especially on the Second Sophistic and the novel She has studied mainly writers like Lucian (collaborating in the edition and translation of his works into Spanish for the Alma Mater collection) Plutarch Dio of Prusa and Aelius Aristides She is a member of the research group Graecia Capta of the University of Barcelona

Delfim F Leatildeo is Full Professor at the Institute of Classical Studies and researcher at the Centre for Classical and Humanistic Studies at the University of Coimbra His main areas of scientific interest are ancient history law and political theory of the Greeks theatrical pragmatics and the ancient novel

Maria Aparecida de Oliveira Silva is a visiting professor of the Postgraduate Programme in Classics at the University of Satildeo Paulo and Research Professor of the Postgraduate Pro‑gramme in History at the Federal University of Satildeo Paulo Leader of the CNPq LABHAN Group Labotarory of Ancient History at the Federal University of Amapaacute Researcher of the CNPq Linceu Group mdash Visions of Classical Antiquity at Satildeo Paulo State University Researcher of the Group ldquoRetoacuterica Texto y Comunicacioacutenrdquo of the University of Caacutediz Member of the Academic Council of the Seminar in History and Philosophy of Religions at the Autonomous University of Ciudad Juaacuterez mdash Mexico Her research interests are mainly directed to Sparta Plutarch and ancient biography

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Nelson
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(Paacutegina deixada propositadamente em branco)

Sumaacuterio

Apresentaccedilatildeo de Plutarco entre Mundos visotildees de esparta atenas e roma 11(Presentation of Plutarch between worlds visions of Sparta Athens and Rome)

Introduccioacuten(Introduction) 13

Pilar Goacutemez Cardoacute

O jovem Teseu do reconhecimento paterno ao reconhecimento poliacutetico (Young Theseus from paternal recognition to political recognition) 31

Loraine Oliveira

Legislar teniacutea un precio (The price to pay for legislating) 49

Mordf Teresa Fau Ramos

O legislador e suas estrateacutegias discursivas teatralidade e linguagem metafoacuterica na vida de soacutelon

(The statesman and his discourse strategies theatricality and metaphorical language in the Life of Solon) 71

Delfim F Leatildeo

A figura do legislador em Plutarco Recepccedilatildeo de um mito poliacutetico (The figure of the lawgiver in Plutarch reception of a political myth) 85

Aacutelia Rodrigues

Un mentor limpio de pasiones El filoacutesofo y la actuacioacuten poliacutetica seguacuten el de genio socratis

(A mentor without passions the philosopher and political action according to the De genio Socratis) 103

Joseacute M Candau

O valor da filosofia e da paideia a construccedilatildeo moral e retoacuterica de Plutarco(The value of philosophy and of paideia Plutarchrsquos moral and rhetorical constructions) 119

Joaquim Pinheiro

De Roma a Alejandriacutea y viceversa mimesis del motivo del viaje en la vida de antonio de Plutarco(From Rome to Alexandria and vice versa mimesis of the travel motif in Plutarchrsquos Life of Antony) 137

Ivana S Chialva

A Esparta de Plutarco entre a guerra e as artes(Plutarchrsquos Sparta between war and the arts) 159

Roosevelt Rocha

Muacutesica e educaccedilatildeo em Atenas segundo as biografias de Plutarco(Music and education in Athens according to Plutarchrsquos biographies) 173

Faacutebio Vergara Cerqueira

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Por traacutes de um grande homem haacute sempre uma grande mulher A influecircncia de esposas e amantes sobre homens de Estado

(Is there always a great man behind a great woman The influence of wives and lovers over statesmen) 191

Ana Ferreira

Heteras concubinas y joacutevenes de seduccioacuten la influencia femenina en las vidas plutarqueas de Soloacuten Pericles y Alcibiacuteades

(Hetairai concubines and seducers the influence of women in Plutarchrsquos Lives of Solon Pericles and Alcibiades) 209

Guillermina Gonzaacutelez Almenara

Esparta e os oraacuteculos uma leitura plutarquiana(Sparta and the oracles a Plutarchan reading) 219

Maria Aparecida de Oliveira Silva

Plutarco y la crisis oracular del final del mundo antiguo(Plutarch and the crisis of the oracles at the end of the ancient world) 233

Jesuacutes‑Mordf Nieto Ibaacutentildeez

Index nominvm 251

Index locorvm 259

Notas biograacuteficas dos autores 267

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11

Apresentaccedilatildeo de Plutarco entre Mundos visotildees de esparta atenas e roma

(Presentation of Plutarch between worlds visions of Sparta Athens and Rome)

Um grego nascido agrave eacutepoca da dominaccedilatildeo romana Plutarco vive entre mun‑dos circulando entre Greacutecia e Roma tecendo reflexotildees sobre gregos e romanos Descendente de uma tradicional famiacutelia beoacutecia nosso autor eacute educado conforme os preceitos da paideia grega a mesma que prescreve em seus tratados e biografias como sendo a mais indicada para a formaccedilatildeo de um homem virtuoso Plutarco entrelaccedila conhecimentos acumulados pela tradiccedilatildeo grega com os da romana re‑gistra suas impressotildees sobre o modo de ser grego em um movimento de partida do seu presente de dominado para retornar ao passado glorioso de seu povo sem negligenciar suas anaacutelises sobre o modo de ser romano Reflexotildees que se fazem perceptiacuteveis principalmente na escrita de suas biografias de gregos e romanos onde vemos as comparaccedilotildees de suas personagens ora criticando a accedilatildeo de um grego ora a de um romano demonstrando os aspectos positivos e negativos de cada um embora deixe clara a sua preferecircncia pela cultura grega

Pela erudiccedilatildeo peculiar a sua extensa obra Plutarco eacute um autor que se in‑sere em diversos periacuteodos da nossa histoacuteria vemos sua influecircncia em escritos bizantinos renascentistas nos produzidos entre os seacuteculos XVI e XVII em que italianos franceses ingleses e espanhoacuteis se dedicam a verter suas biografias e tratados para vernaacuteculos modernos A disseminaccedilatildeo dessas obras concorre para influenciar artistas poetas filoacutesofos historiadores do seacuteculo XVIII em diante

Se por muitos seacuteculos nosso autor se vecirc circunscrito ao espaccedilo geograacutefico da bacia mediterracircnica hoje notamos que suas ideias atravessam o Oceano e alcanccedilam o chamado Novo Mundo Entatildeo a perspectiva de entre mundos para o nosso autor se expande mais sua obra atravessa eacutepocas e espaccedilos e se transforma em um claacutessico como tal atemporal e sem fronteiras Imbuiacutedos desse espiacuterito da obra plutarquiana apresentamos ao leitor este livro com ar‑tigos redigidos por espanhoacuteis latino‑americanos e portugueses revelando a

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Legislar teniacutea un precio

Mas a pesar de su tropiezo laquocon la mayoriacutearaquo (τοῖς πλείστοις) le fueron confiadas al legislador ateniense responsabilidades aun mayores45 y asiacute pudo eliminar buena parte de las leyes promulgadas por Dracoacuten46 reorganizar la poblacioacuten asignaacutendole prerrogativas en base a criterios econoacutemicos47 introducir cambios en las instituciones de la polis48 y establecer otras disposiciones como por ejemplo las que regulan el matrimonio49 los testamentos y donaciones50 la conducta de las mujeres51 el desempentildeo de oficios52 la actividad agriacutecola53 la naturalizacioacuten de extranjeros54 y el calendario55

Promulgadas ya las leyes aguardaba a Soloacuten una nueva contrariedad cada diacutea era abordado por individuos que elogiaban o censuraban su obra le aconse‑jaban antildeadidos o supresiones o simplemente le pediacutean aclaracioacuten sobre alguacuten pasaje que no comprendiacutean Para zafarse de esta presioacuten decide ausentarse de Atenas durante diez antildeos Abandona pues la patria con la esperanza de que su exilio voluntario sirva para que los ciudadanos se habituacuteen a las nuevas leyes56

Pero a su regreso constata que la polis ha vuelto al mal camino y las fac‑ciones vuelven a dominar la escena poliacutetica destacando sobremanera un hombre llamado Pisiacutestrato en torno al cual se apintildeaba una laquoturbaraquo (ὄχλος) de jornaleros radicalmente contraria a los ricos57 Soloacuten intenta poner paz parlamentando con los liacutederes de los partidos58 intuye las verdaderas intenciones del dirigente de la plebe e intenta en vano modificarlas59 Cuando Pisiacutestrato se dispone a erigirse en tirano el anciano legislador se opone pero al no contar con el apoyo de nadie debe cejar en su empentildeo60

estagirita (Pol 1296a) afirma que los μέσοι constituyen un factor sumamente equilibrador de la sociedad y es ndashprosigue‑ por este motivo que los mejores legisladores como Soloacuten y ‑iexclpara nuestra sorpresa‑ Licurgo pertenecieron a este colectivo Sobre la posicioacuten de Plutarco con respecto a las doctrinas supuestamente aristoteacutelicas remito a la reciente aportacioacuten de Becchi (2014)

45 Sol 163‑546 Sol 17147 Sol 181‑348 Sol 191‑249 Sol 202‑650 Sol 213‑451 Sol 21552 Sol 221 y 353 Sol 236‑24254 Sol 24455 Sol 254‑556 Sol 256 En el texto plutarqueo Soloacuten pone como excusa (πρόσχημα) de su partida

un tema relacionado con la navegacioacuten (ναυκληρία) Heroacutedoto (130) apunta el deseo de ver mundo (θεωρία) mientras que Aristoacuteteles (Ath 111) hace referencia a la actividad comercial (ἐμπορία) y tambieacuten al deseo de ver mundo (θεωρία)

57 Sol 29158 Sol 29259 Sol 29560 Sol 301‑4 y 6‑8

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Mordf Teresa Fau Ramos

Sorprendentemente una vez duentildeo de la situacioacuten Pisiacutestrato tratoacute a Soloacuten con gran respeto aceptoacute muchos de sus consejos y conservoacute laquola mayoriacutea de las leyesraquo (τοὺς πλείστους νόμους) que habiacutea establecido61 Y eacutesta es una de las uacutelti‑mas afirmaciones que hace Plutarco con respecto a Soloacuten sobre cuya muerte no nos proporciona dato alguno de intereacutes62

A diferencia de la biografiacutea plutarquea de Licurgo la Vida de Soloacuten no cul‑mina con un heroico acto de auto‑inmolacioacuten para obtener la perdurabilidad de unas leyes que se desean perennes63 Ello no obsta sin embargo para que reconozcamos que tambieacuten a Soloacuten le pasa factura el ejercicio de su funcioacuten como legislador En efecto debe soportar las burlas de unas gentes que hacen befa de eacutel por haberse negado a instaurar un reacutegimen tiraacutenico es falsamente acusado de haber obtenido beneficios fraudulentos gracias a sus leyes y sufre una intensa presioacuten por parte de sus conciudadanos hasta el punto de tener que optar por un exilio voluntario

Numa

Con la Vida de Numa regresamos a un contexto de dignidad regia aunque existe una gran diferencia entre las maneras expeditivas de Licurgo y la suavidad con la que actuacutea el rey Numa64

Tras la desaparicioacuten ndashsupuestamente sobrenaturalndash de Roacutemulo la ciudad de Roma se hallaba sumida en una grave discordia pues sabinos y romanos no se poniacutean de acuerdo sobre quieacuten habiacutea de ser el proacuteximo monarca65 Al fin las dos facciones pactan que la realeza recaiga sobre el sabino Numa Pompilio66 Pero eacuteste que habiacutea sabido mejorar su buen talante natural con un geacutenero de vida

61 Sol 312‑3 En este punto Plutarco sigue la tradicioacuten continuista de otros autores (cf Hdt 1596 y Th 6546) Seguacuten Dioacutegenes Laercio (153‑54) Pisiacutestrato hace saber al νομοθέτης ateniense que mantiene la legislacioacuten por eacutel establecida y le invita a regresar a la polis Aristoacuteteles (Ath 221) por su parte mantiene que la tiraniacutea habiacutea abolido por desuso las leyes solonianas

62 No obstante en el Banquete de los siete sabios (Moralia 151E‑F) encontramos de nuevo a Soloacuten a propoacutesito de quien Quiloacuten afirma que debe ser el primero en hacer uso de la palabra no soacutelo porque asiacute conviene por su edad y por el lugar que ocupa entre los comensales sino porque detenta laquola autoridad mayor y maacutes perfectaraquo (τὴν μεγίστην καὶ τελειοτάτην ἀρχήν) laquopor haber otorgado leyes a los ateniensesraquo (νόμους Ἀθηναίοις θέμενος) Para una visioacuten de Soloacuten como representante de una sabiduriacutea antigua que laquolejos de ser puramente teoacuterica se proyecta hacia la praxis cotidianaraquo cf Peacuterez Jimeacutenez (1991) 688

63 No nos parece irrelevante el hecho de que en la parte final de la Vida de Soloacuten (316‑7) se aluda a su vertiente poeacutetica iquestes eacutesta ‑nos preguntamos‑ una manera de sugerir la pervivencia del νομοθέτης ateniense

64 En este sentido Numa se asemeja mucho maacutes a los laquodulcesraquo personajes griegos que a los rudos romanos cf Martin Jr (1960) y De Romilly (1979) Sobre la dulzura (πρᾳότης) en los personajes plutarqueos veacutease tambieacuten Frazier (1996)

65 Num 22‑866 Num 32‑4

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Legislar teniacutea un precio

austero reflexivo y sosegado67 al recibir a los enviados que le ofreciacutean la corona se mostroacute reacio a aceptarla ya que ndashafirmabandash su manera de ser tan alejada de las praacutecticas guerreras no era apropiada para regir al belicoso pueblo de Roma68 Convencido a la postre por argumentos que le exhortaban a actuar en favor del bien comuacuten69 y confirmada por signos favorables la buena disposicioacuten de la divi‑nidad Numa accede a convertirse en rey de la agitada urbe70 eacutel que laquohabiendoraquo otrora laquoabandonado las ocupaciones propias de la vida en la ciudadraquo (ἐκλείπων τὰς ἐν ἄστει διατριβάς) se complaciacutea en frecuentar parajes solitarios71

Su primera medida de gobierno consiste en la supresioacuten de la guardia perso‑nal creada por el anterior monarca la segunda en la institucioacuten de un sacerdocio en honor de Roacutemulo72 Tras estas dos disposiciones tomadas seguacuten Plutarco laquopara obtener benevolencia y gratitud del puebloraquo (ἐπrsquoεὐνοίᾳ καὶ χάριτι τοῦ δήμου) Numa emprende la difiacutecil tarea de pacificar la ciudad73 Y para lograr su objetivo no vacila en servirse de la religioacuten introduciendo nuevos rituales74 fomentando los temores supersticiosos de la poblacioacuten75 o atribuyeacutendose una particular relacioacuten con divinidades76

Entre sus reformas de aacutembito religioso destacan la prohibicioacuten de repre‑sentar a los dioses por medio de imaacutegenes de hombres o animales77 el fomento

67 Num 37‑41 Sobre el caraacutecter del Numa plutarqueo orientado laquopor naturalezaraquo (φύσει) hacia la virtud cf Peacuterez Jimeacutenez (1994)

68 Num 51‑869 Un argumento muy del agrado de los estoicos Sobre el controvertido tema de la relacioacuten

de Plutarco con el estoicismo creemos que todaviacutea son relevantes las opiniones de Babut (1969) Para una visioacuten actualizada de este tema cf Opsomer (2014)

70 Num 61‑5 73‑7 Sobre la ejemplaridad para Plutarco del acceso del rey Numa al poder cf Peacuterez Jimeacutenez (1995)

71 Num 41 Plutarco (Num 52) subraya el sacrificio de Numa explicando que laquocostoacute seguacuten parece un esfuerzo no pequentildeo y requirioacute muchos argumentos y ruegos persuadir y hacer cambiar de opinioacuten a un hombre que habiacutea vivido en paz y tranquilidadraquo (ἦν δrsquo οὐ μικρόν ὡς ἔοικεν ἔργον ἀλλὰ καὶ λόγων πολλῶν καὶ δεήσεως τὸ πεῖσαι καὶ μεταστῆσαι γνώμην ἀνδρὸς ἐν ἡσυχίᾳ καὶ εἰρήνῃ βεβιωκότος) y ponerle al frente de laquouna poblacioacuten que en cierta manera habiacutea nacido y habiacutea crecido gracias a la guerraraquo (πόλεως τρόπον τινὰ καὶ γεγενημένης πολέμῳ καὶ συνηυξημένης)

72 Num 78‑9 Sobre la actitud del legislador Numa con respecto a la escritura veacutease la nota 20

73 Num 8174 Num 8375 Num 84 Aunque en general Plutarco desaprueba las praacutecticas supersticiosas ‑su tratado

Sobre la supersticioacuten (Moralia 164E‑171E) no permite abrigar dudas al respecto‑ puede sin embargo mostrarse comprensivo cuando un dirigente hace uso de ellas con la intencioacuten de conseguir los objetivos (por supuesto adecuados) que persigue (veacutease p e Dio 241‑3) A propoacutesito precisamente de las obras Sobre la supersticioacuten y Vida de Numa Van Nuffelen (2011) presenta al queronense como un atento observador de las transformaciones que experimentan las tradiciones religiosas

76 Num 810‑11 y 151‑677 Num 813

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de sacrificios incruentos78 la institucioacuten de los sacerdotes Pontiacutefices79 la de los Feciales80 y la de los Salios81 la consagracioacuten de las Viacutergenes Vestales82 y la regla‑mentacioacuten relativa a usos fuacutenebres83

Pero las innovaciones no podiacutean centildeirse exclusivamente a un contexto reli‑gioso Preocupado por la existencia de una masa de ciudadanos indigentes Numa decide servirse de las tierras que habiacutean sido conquistadas por su antecesor y las reparte entre los desheredados Asiacute inclina al pueblo a la praacutectica de la agricultura con el fin de que estos hombres que cultivancivilizan una tierra que les ha sido otorgada resulten tambieacuten ellos cultivadoscivilizados84 y mediante normas adicionales se aplica a incentivar las labores del campo85

Quedaba todaviacutea por abordar un grave problema pues auacuten subsistiacutea la antigua divisioacuten entre sabinos y romanos Para subsanarla el legislador establece nuevos criterios para clasificar a la ciudadaniacutea y distribuye a los individuos en entidades que dariacuteamos en llamar laquogremialesraquo De este modo agrupados en virtud de los oficios que desempentildean los habitantes de la pujante poblacioacuten iraacuten olvidando los antiguos motivos de desunioacuten86

No acaban ahiacute las reformas de Numa Tambieacuten dicta leyes relacionadas con la institucioacuten familiar87 y el calendario88 Y con todo ello consigue hacer de Roma ndashe incluso de las ciudades del entornondash un remanso de paz la violencia desaparece fiestas y banquetes se celebran por doquier las gentes se relacionan entre si en un ambiente de mutua confianza no hay constancia alguna de laquoguer‑raraquo (πόλεμος) laquodiscordia civilraquo (στάσις) ni laquorevolucioacuten poliacuteticaraquo (νεωτερισμὸς περὶ πολιτείαν) y la figura de Numa goza del respeto general89 Cuando alcan‑zados ya los ochenta antildeos fallece el legislador90 su muerte ndashmuerte naturalndash es

78 Num 815 Plutarco atribuye esta medida al igual que otras a la influencia del espartano Pitaacutegoras (cf Num 14) La influencia de Pitaacutegoras en las costumbres romanas habriacutea sido tratada por Caacutestor de Rodas a quien el queronense hace referencia en sus Cuestiones romanas (Moralia 266E)

79 Num 9180 Num 124‑881 Num 131‑782 Num 910 y 101‑583 Num 121‑384 Num 164 Plutarco hace aquiacute un juego de palabras basaacutendose en el teacutermino

συνεξημεροῦμαι En cuanto al reparto de tierras consignado en este capiacutetulo es posteriormente negado en la comparatio entre Licurgo y Numa (Num 3410)

85 Num 166‑786 Num 171‑487 Num 17588 Num 181‑6 y 198‑9 89 Num 203‑7 Plutarco antildeade (208‑12) unas consideraciones sobre las bondades que se

derivan del mandato de un gobernante filoacutesofo En su argumentacioacuten nuestro autor cita (Num 2010) casi textualmente el pasaje 711e de Las Leyes de Platoacuten

90 Num 217

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Legislar teniacutea un precio

acompantildeada tanto en Roma como en otras ciudades de grandes manifestacio‑nes de duelo91

Asiacute termina la vida del anciano rey que supo renunciar a la apacible vida que tanto le agradaba para regir los destinos de la inquieta Roma poniendo de manifiesto una vez maacutes que para el queronense el ejercicio de la funcioacuten de νομοθέτης va ligado a la ineludible necesidad de pagar un precio por ello Pero no acaba ahiacute la informacioacuten plutarquea sobre Numa pues el bioacutegrafo nos hace saber que tras la muerte del monarca los romanos volvieron a hacer uso de las armas92 y en la comparatio que establece entre Licurgo y Numa Plutarco subraya el fracaso que supone para la constitucioacuten de Numa el regreso de Roma a sus antiguas praacutecticas guerreras93 En cuanto a la causa de tal infortunio el quero‑nense es tajante seguacuten eacutel Numa se equivocoacute gravemente cuando a diferencia de Licurgo no organizoacute un sistema educativo soacutelido disciplinario e igual para todos los ciudadanos94

Publiacutecola

Pasamos acto seguido a ocuparnos de un legislador que aun sin ser de es‑tirpe real tuvo algo que ver con la institucioacuten monaacuterquica pues contribuyoacute a der‑rocarla Se trata de Publio Valerio a quien los romanos dieron el sobrenombre de Publiacutecola95 Eacuteste que se distinguiacutea por su amor a la justicia y su generosidad para con los necesitados pareciacutea destinado al liderazgo si alguacuten diacutea llegaba a instalarse en Roma lo que Plutarco llama laquoun reacutegimen democraacuteticoraquo (δημοκρατία)96 pero al ser depuesto por el pueblo el rey Tarquinio el Soberbio vio frustradas sus aspiraciones a pesar de haber colaborado eacutel personalmente al derrocamiento97

Decepcionado Valerio se retira momentaacuteneamente de la escena poliacutetica98 pero tan pronto como Tarquinio intenta recuperar el poder reacciona y toma parte muy activa en la desactivacioacuten de una conjura que teniacutea por objetivo la rein‑troduccioacuten de la realeza99 En recompensa a sus servicios Valerio es nombrado

91 Num 22192 Num 221193 Num 361094 Num 367 Pensamos que eacutesta es una criacutetica severa que aleja a Numa del prototipo del

Gobernante Ideal Por su parte Boulet (2005) ve en el retrato plutarqueo del monarca romano un claro ndashy premeditadondash distanciamiento del queronense con respecto a la figura platoacutenica del Rey‑Filoacutesofo Si el alejamiento defendido por Boulet se ajusta a la realidad no creemos que deba producirnos extrantildeeza ya que por decirlo en palabras de Hershbell (2004) Plutarco fue un laquoPlatonisthellipunorthodoxraquo Cf Dillon (2014)

95 Publ 1196 Publ 1297 Publ 13‑5 Plutarco da a la actuacioacuten de Valerio un valor claramente superior al que le

otorgan Dionisio de Halicarnaso (467‑72) y Tito Livio (158‑591‑2)98 Publ 21 99 Publ 22‑76

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coacutensul100 mientras el rey destronado busca ndashy obtienendash el apoyo de los etruscos101 Se libra un feroz combate en el que el ejeacutercito romano consigue la victoria y Valerio tiene ocasioacuten de celebrar triunfo siendo ndashsostiene Plutarcondash el primer coacutensul que entra en la urbe montado en una cuadriga102

Pero el flamante vencedor seraacute pronto objeto de criacutetica pues el pueblo cree ver en su conducta atisbos de despotismo concentra en su persona toda la auto‑ridad habita en una mansioacuten maacutes imponente que la del antiguo rey y se presenta escoltado laquopor todas las fasces y hachas juntasraquo (ὑπὸ ῥάβδοις ὁμοῦ πάσαις καὶ πελέκεσι)103 Valerio reacciona con prontitud reuacutene a un buen nuacutemero de al‑bantildeiles y en una noche echa abajo la casa y la destruye hasta los cimientos104 No tardaraacute el pueblo en hacerle donacioacuten de un terreno donde podraacute edificar una nueva morada eso siacute maacutes austera que la anterior105

En cuanto a las insignias suprimioacute las hachas y decretoacute que las fasces se incli‑naraacuten ante el pueblo106 medida que fue muy del agrado de las gentes que dieron a Valerio el sobrenombre de Publiacutecola teacutermino que seguacuten Plutarco equivale a δημοκηδής laquosoliacutecito con el puebloraquo107 Por otra parte concedioacute laquoa quienes quisie‑ranraquo (τοῖς βουλομένοις) la posibilidad de presentar candidatura para compartir el consulado junto a eacutel Pero antes de que se procediera al nombramiento de su colega en el cargo se valioacute de la feliz circunstancia de ser el uacutenico coacutensul en ejercicio para instaurar medidas poliacuteticas de suma importancia108 Asiacute nombroacute nuevos senadores109 otorgoacute mayores derechos al pueblo110 dictoacute pena de muerte sin proceso previo para aquel que pretendiera erigirse en tirano111 y organizoacute la recaudacioacuten de impuestos112

100 Publ 77101 Publ 91102 Publ 92‑9 Sobre el triunfo de Valerio cf Plu Rom 167‑8 y D H 2342 103 Publ 101‑2 Plutarco pone eacutenfasis en la narracioacuten utilizando el estilo directo es el pueblo

quien pronuncia estas palabras de reproche Sobre la desaprobacioacuten de los romanos ante la conducta de Valerio cf las narraciones maacutes comedidas de Dionisio de Halicarnaso (5181) y Tito Livio (276)

104 Publ 105 En las Cuestiones Romanas (Moralia 285F) se hace alusioacuten al hecho de que la casa situada en lo maacutes alto es percibida por las gentes como una amenaza por su elevada situacioacuten Dionisio de Halicarnaso (5192) no menciona la destruccioacuten de la morada seguacuten eacutel Publiacutecola cambioacute de domicilio con el fin ndashdeclaroacute el propio interesadondash de que los romanos pudieran lanzarle piedras desde arriba si le sorprendiacutean cometiendo alguacuten acto injusto Valerio Maacuteximo en cambio siacute alude (411) a la destruccioacuten de la casa y lo hace ademaacutes en un tono grandilocuente

105 Publ 106106 Publ 107 107 Publ 108‑9 En D H 5195 hallamos la misma ndashmaacutes que discutiblendash etimologiacutea108 Publ 111109 Publ 112110 Publ 113‑4111 Publ 121‑2112 Publ 123‑4

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Legislar teniacutea un precio

Tras estas disposiciones designoacute como colega suyo en el cargo a Lucrecio que fallecioacute pocos diacuteas despueacutes del nombramiento siendo sucedido por Marco Horacio113 En cuanto a Publiacutecola sufrioacute a causa de los honores recibidos por su doble condicioacuten de legislador y liacuteder militar la envidia de laquomuchos poderososraquo (πολλοὶ τῶν δυνατῶν) los cuales frustraron su deseo de consagrar el templo de Juacutepiter Capitolino114 Pero ello no fue obstaacuteculo para que Valerio continuara su exitosa carrera pues llegoacute a ser nombrado coacutensul por cuarta vez115 Su muerte acaecida despueacutes de lograr para Roma una gran victoria contra los sabinos causoacute un hondo pesar en la poblacioacuten116

Pero el dolor con que Roma reacciona ante la desaparicioacuten del liacuteder no debe hacernos olvidar las suspicacias que antantildeo despertara en la plebe y la envidia que posteriormente suscitoacute entre los poderosos En un caso la situacioacuten se saldoacute con la destruccioacuten por parte de Valerio de la suntuosa mansioacuten que poseiacutea y en un elocuente gesto de reconocimiento de la voluntad popular en el otro llevoacute las de perder pues no consiguioacute realizar el prestigioso ritual que ambicionaba La disensioacuten con el pueblo fue anterior al ejercicio de la actividad legisladora de hecho es gracias a la reconciliacioacuten con las masas que Publiacutecola tuvo la oportu‑nidad de ejercer como νομοθέτης En cambio el incidente con la eacutelite romana se produjo con posterioridad ndashy a consecuencia dendash su tarea como legislador (Plutarco lo indica con claridad) En este sentido podemos considerar que Publiacutecola pagoacute un doble tributo ndashla peacuterdida de su morada y la imposibilidad de llevar a cabo un ritual de alta relevanciandash por su νομοθεσία

Licurgo Soloacuten Numa y Publiacutecola establecen unas leyes por las que debe regirse la sociedad de la que forman parte y por ello reciben de Plutarco la de‑nominacioacuten de νομοθέτης117 Hay sin embargo entre los personajes biografiados

113 Publ 125‑6114 Publ 141‑7 Sobre φθόνος la envidia caracteriacutestica humana que de ninguacuten modo pasa

inadvertida a Plutarco Verdegem (2005) en una aportacioacuten en torno a les Vidas de estadistas atenienses del siglo v a C establece una clara diferencia entre laquopeer‑envyraquo que salvando la distancia cronoloacutegica seriacutea a nuestro entender el sentimiento que Publiacutecola despertoacute entre los poderosos y laquopopular envyraquo que experimenta la turba con respecto a los liacutederes contra quienes haciacutea aplicar en la Atenas claacutesica la medida llamada ostracismo Sobre el valor que el queronense otorga al ostracismo cf Jufresa Muntildeoz amp Fau Ramos (2011) Por otra parte Frazier (1996) atribuye al φθόνος de los personajes plutarqueos un laquocaractegravere quasi automatiqueraquo (p 109)

115 Publ 211116 Publ 231‑5 y 246 Plutarco (Publ 234) pone de relieve que el pueblo decidioacute que el

cuerpo de Publiacutecola fuera enterrado a expensas puacuteblicas dato que hallamos tambieacuten en Dionisio de Halicarnaso (5482‑3) y Valerio Maacuteximo (441) con la diferencia de que estos dos autores indican que ello se debioacute a la situacioacuten de pobreza extrema en que murioacute el estadista

117 Lyc 11 99 141 Sol 143 165 186 Num 93 1412 2310 2513 Publ 121 143 A un lector atento no le habraacute pasado inadvertido el hecho de que no hayamos mencionado ni a Agis ni a Cleoacutemenes personajes que intentaron en vano restaurar la laquobella y justa constitucioacutenraquo (πολιτείαν καλὴν καὶ δικαίαν) de Licurgo (Agis et Cleom 210) Ciertamente ambos pusieron todo su ahiacutenco en la empresa y ambos sufrieron por ello serias penalidades Agis perdioacute la vida

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por el queronense sujetos a quienes eacuteste no aplica el calificativo de νομοθέτης sino el de οἰκιστήςκτίστης (laquofundadorraquo) o bien les atribuye la accioacuten de οἰκιζεῖνκτιζεῖν (laquofundarraquo) una poblacioacuten Estos individuos fundan (o refundan) una comunidad cosa que les obliga a fijar unas normas Ejercen pues en cierto modo como legisladores y se arriesgan por tanto a contrariar voluntades ajenas Tambieacuten estos personajes de quienes nos ocuparemos ahora sucintamente estaacuten expuestos a pagar un precio por llevar a cabo su cometido

Teseo

Del οἰκιστής Teseo118 nos interesa especialmente su tarea como autor del llamado sinecismo Plutarco nos brinda al respecto una detallada descripcioacuten Seguacuten eacutel tras la muerte del rey Egeo su hijo Teseo se propone laquouna empresa grande y admirableraquo (μέγα καὶ θαυμαστὸν ἔργον) consistente en reunir a todos los habitantes del Aacutetica en una sola ciudad formando con ellos un uacutenico Estado dotado de instituciones comunes119 Pero antes de dar comienzo a su labor re‑corre la regioacuten para informar del proyecto a todos los pobladores Los ciudadanos no relevantes acogen al punto su llamamiento Los ricos en cambio se muestran reticentes y para convencerlos Teseo les ofrece un sistema de gobierno carente de rey y les promete que tan soacutelo reservaraacute para si mismo las funciones de dirigente militar y de laquocustodio de las leyesraquo (νόμων φύλαξ)120

Tras las explicaciones Teseo pone manos a la obra suprime los organismos anteriores y sienta las bases para el establecimiento de una polis a la cual da el

(Agis et Cleom 201) su madre su abuela y su hermano fueron asesinados (Agis et Cleom 202‑7 y 263) y su esposa obligada a contraer matrimonio con el hijo de un enemigo (Agis et Cleom 221‑3) Cleoacutemenes por su parte se vioacute forzado a entregar como rehenes del rey de Egipto a parte de su familia (Agis et Cleom 434‑8) perdioacute a su hermano en combate (Agis et Cleom 496‑7) tuvo que huir de Esparta (Agis et Cleom 503‑4) y fue arrestado en Egipto (Agis et Cleom 567) donde acaboacute suicidaacutendose tras haber intentado provocar un alzamiento contra el rey (Agis et Cleom 576‑5816) y una vez muerto continuaraacuten por asiacute decir las penalidades de Cleoacutemenes ya que el monarca egipcio ordena que su cadaacutever sea ultrajado y que sus hijos su madre y las mujeres del entorno de eacutesta reciban la muerte (Agis et Cleom 594) No obstante he decidido omitir la referencia a estos personajes porque sus esfuerzos por reinstaurar la constitucioacuten de Licurgo no se vieron coronados por el eacutexito y sobre todo porque a diferencia de lo que ocurre con Licurgo Soloacuten Numa y Publiacutecola a Agis y a Cleoacutemenes no les es otorgada por parte de Plutarco la denominacioacuten de νομοθέτης Por lo que a Agis se refiere Roskam (2005) considera que constituye para el queronense el modelo ideal del joven que se dedica a la poliacutetica

118 Thes 15 No entraremos aquiacute a discutir hasta queacute punto podriacutea sentirse Plutarco motivado a biografiar al fundador miacutetico de Atenas ni nos pronunciaremos sobre el no disimulado escepticismo sobre el particular que se le atribuye cf Sirinelli (2000) 301 Por cierto que la obra que acabamos de consignar corresponde a una de las maacutes acreditadas biografiacuteas plutarqueas comparable a las de Jones (1971) Russell (1973) y Lamberton (2001)

119 Thes 241 En la versioacuten plutarquea el sinecismo va maacutes allaacute de la unificacioacuten exclusivamente poliacutetica que describe Tuciacutedides (215)

120 Thes 242

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Legislar teniacutea un precio

nombre de Atenas funda la festividad de las Panateneas para que sea celebrada por el conjunto de la comunidad instaura tambieacuten la fiesta de las Metecias y abdica ndashtal como habiacutea prometido‑ de la corona121

A continuacioacuten se dispone a organizar el nuevo Estado laquoempezando a partir de los diosesraquo (ἀπὸ θεῶν ἀρχόμενος)122 toma medidas para favorecer el crecimiento vegetativo de la polis establece clases entre la ciudadaniacutea asig‑nando un status especiacutefico a cada colectivo acuntildea moneda y fija los liacutemites de Atenas123

Pero al eficiente Teseo tambieacuten le llega la hora de pagar un precio por la tarea realizada124 Un tal Menesteo descendiente de Erecteo emprende una insi‑diosa campantildea contra el fundador soliviantando a laquolos poderososraquo (οἱ δυνατοί) que consideraban que Teseo les habiacutea sustraiacutedo prerrogativas y perturbando asimismo a laquola multitudraquo (οἱ πολλοί) so pretexto de haber perdido seducidos por un espejismo de libertad la patria los templos y los gobernantes que les eran propios yendo a caer bajo la autoridad de un extranjero125 La suerte sonriacutee al alborotador pues los Tindaacuteridas invaden el Aacutetica tal vez ndashapunta Plutarcondash a peticioacuten del propio Menesteo quien se encarga ademaacutes de facilitarles la entrada a la ciudad de Atenas126 De resultas de ello ndashel queronense tiene sus dudas al respectondash Etra la madre de Teseo habriacutea sido hecha prisionera127

El fundador intenta volver a ejercer su autoridadhellip en vano Al fin profun‑damente decepcionado abandona Atenas para siempre no sin antes maldecir a sus habitantes128 Teseo pereceraacute lejos de la patria y su muerte no provocaraacute reaccioacuten alguna en la ciudad129 Mucho tiempo habraacute de transcurrir para que la polis reconozca sus meacuteritos y le rinda los debidos honores que comportaraacuten la

121 Thes 243‑4122 Thes 244 Plutarco no concreta en queacute consiste esta actuacioacuten del fundador123 Thes 251‑4 Por si esta considerable labor fundacional no fuera suficiente somos

informados por Plutarco (Thes 265‑7) de que Teseo es tambieacuten οἰκιστής de la ciudad de Pitoacutepolis de la cual parte despueacutes de haber designado a quienes ejerceraacuten de gobernantes y legisladores

124 Un precio ndashrecordemosndash que ya habiacutea empezado a pagar cuando para persuadir a sus conciudadanos ricos se habiacutea comprometido a renunciar a la corona

125 Thes 321 En este pasaje Plutarco se hace eco de la atribucioacuten a Menesteo del hecho de haber sido laquoel primer hombreraquo (πρῶτος hellip ἀνθρώπων) en laquoejercer de demagogoraquo (δημαγωγεῖν)

126 Thes 322ndash332127 Thes 341128 Thes 353‑5 Esta miacutetica maldicioacuten sirve a Plutarco como αἴτιον para explicar la

etimologiacutea del laquoAraterioraquo o laquolugar de las maldicionesraquo 129 Thes 356‑7 En la descripcioacuten del fracaso que experimenta Teseo al intentar recuperar

el poder Plutarco se sirve de una terminologiacutea poliacutetica (usa en voz pasiva los verbos καταδημαγωγέω y καταστασιάζω) que utiliza tambieacuten en Per 92 y 5 Por otra parte nos parece significativo que la biografiacutea de Teseo no concluya con la alusioacuten a su fallecimiento sino que incorpore (Thes 358ndash365) la mencioacuten de los honores recibidos mucho tiempo despueacutes de su muerte por el fundador de hecho para el queronense el final de una vida no ha de coincidir necesariamente con el final de la biografiacutea cf al respecto Pelling (1997)

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necesidad de laquorecuperarraquo los restos del οἰκιστής y de trasladarlos solemnemente a Atenas130 permitiendo con ello a Cimoacuten el gran adversario de Temiacutestocles apropiarse de la figura del ilustre fundador131

Roacutemulo

La indiferencia que acompantildea al amargo fin de Teseo contrasta con el re‑vuelo que se originoacute en Roma tras la desaparicioacuten de aqueacutel a quien Plutarco considera laquopadreraquo (πατήρ)132 de la urbe que laquofundoacuteraquo (ἔκτισε)133

No es poco ciertamente lo que Roma debe a su οἰκιστής pues ademaacutes de ser el fundador material de la ciudad134 tomoacute unas medidas que seriacutean determi‑nantes para el futuro de la poblacioacuten Asiacute establecioacute los criterios con arreglo a los cuales debiacutean ser clasificados los ya numerosos habitantes de la urbe135 fue corresponsable del pacto crucial sellado entre sabinos y romanos136 introdujo cambios en el armamento137 e instituyoacute nuevos rituales138 El queronense le atri‑buye tambieacuten la promulgacioacuten de algunas leyes ndashἔθηκεhellip νόμους τινάς139 dice textualmentendash como las que hacen referencia al repudio de la esposa140

Pero llegado el liacuteder romano al zeacutenit de la gloria experimentoacute una profunda transformacioacuten en su manera de ser y adoptoacute maneras impropias vistioacute lujosos

130 Thes 358ndash365 Sobre las acciones cultuales relacionadas con el οἰκιστής ateniense cf Plaacutecido (1994) Por otra parte creemos que en la valoracioacuten plutarquea del descalabro sufrido por Teseo tiene un peso considerable la conducta poco edificante del ateniense en relacioacuten con Helena a quien eacuteste que a la sazoacuten contaba cincuenta antildeos habiacutea raptado cuando la muchacha todaviacutea no era nuacutebil (cf Thes 292 y 311‑3) En este contexto consideramos que aunque no se centra en la figura de Teseo es esclarecedora la obra de Beneker (2012) quien asimismo nos brinda datos relevantes en un trabajo posterior cf Beneker (2014) Sobre los valores morales en la obra del queronense cf Duff (1999) y Van Hoof (2010)

131 Thes 362‑3 y Cim 85‑7 En el marco de la poliacutetica ateniense de la primera mitad del siglo V a C no es en modo alguno insoacutelita la utilizacioacuten en beneficio propio de un dios o de un heacuteroe Asiacute mientras Cimoacuten opta por valerse del miacutetico Teseo Temiacutestocles se sirve de la figura de Aacutertemis cf Fau Ramos (2007) Veacutease al respecto Podlecki (1971) y Piccirilli (1987)

132 Thes 15133 Thes 22134 Rom 111‑4135 Rom 131‑8 Cf Id 201‑3 En Rom 137‑8 el queronense nos ofrece una descripcioacuten

tan idealizada como paternalista de los viacutenculos establecidos entre patroni y clientes descripcioacuten que ha sido relacionada con la que nos brinda Dionisio de Halicarnaso (210)

136 Rom 199‑10137 Rom 211138 Rom 211 y 221139 Con esta expresioacuten parece evidente que si bien Plutarco no aplica a Roacutemulo el calificativo

de νομοθέτης siacute que de facto lo tiene por tal140 Rom 223 La informacioacuten plutarquea sobre las leyes de Roacutemulo es ciertamente escueta

Para una visioacuten mucho maacutes amplia que incluye los derechos hereditarios de las mujeres la aplicacioacuten de la pena de muerte a la esposa en caso de adulterio o embriaguez las obligaciones filiales para con los progenitores y la potestad paterna sobre los hijos cf D H 225‑26

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Un mentor limpio de pasiones El filoacutesofo y la actuacioacuten poliacutetica seguacuten el De genio Socratis

semejante oraacuteculo lo que haciacutea el dios en realidad era exhortar a los griegos a que abandonasen las guerras frecuentasen las musas apaciguasen sus pasiones con ayuda de la razoacuten y guardasen entre siacute relaciones paciacuteficas y fecundas39

Los dos sucesos trasladan un mensaje confuso Pues hablan de los griegos no de filoacutesofos de guerras y cuestiones de justicia no de rebeliones liberadoras engloba ademaacutes la filosofiacutea en un conjunto de actividades que parece cifrar la παιδεία griega en general Pero ambos de alguna manera ofrecen una primera justificacioacuten del rechazo de Epaminondas Con ellos se pone en praacutectica la lla‑mada laquoredefinicioacutenraquo teacutecnica literaria practicada por diversos autores antiguos y frecuente en las Vidas paralelas Consiste en formular enunciados vagos y gene‑rales que a lo largo de la obra y en pasajes posteriores se concretan y alcanzan un grado mayor de individualizacioacuten40 Los dos incidentes mencionados no son ademaacutes la uacutenica prefiguracioacuten encaminada a justificar de manera previa y alusiva la inhibicioacuten de Epaminondas La misma funcioacuten cumple el diaacutelogo sobre la pobreza Epaminondas mudo en la discusioacuten demonoloacutegica central toma aquiacute la palabra para entrar en controversia con Teanor

Teanor personaje ficticio es un filoacutesofo pitagoacuterico natural de Crotona En fechas anteriores otro pitagoacuterico Lisis se habiacutea refugiado en Tebas Acogido en la casa de Polimnis padre de Cafisias y Epaminondas habiacutea llevado en esa casa pobre una vejez dichosa Teanor llega comisionado por las ricas comunidades pitagoacutericas de Italia Eacutestas quieren recompensar a Polimnis y sus hijos con una suma que aliviaraacute su pobreza Pero Epaminondas se niega a aceptar tal recom‑pensa negativa que da lugar a la controversia que mantiene con Teanor

El discurso sobre la pobreza es la uacutenica ocasioacuten en que Epaminondas rompe sustancialmente su silencio pues es el uacutenico pasaje en el que el ldquocentro ausenterdquo de la obra Epaminondas expone sus ideas de manera razonada y recurriendo a categoriacuteas filosoacuteficas Pronunciado en diaacutelogo con Teanor puede dividirse en dos secciones la primera (583D‑E) de extensioacuten breve comenta la inutilidad de las riquezas aportadas por Teanor que Polimnis y sus hijos habriacutean de emplear en cosas superfluas La segunda (584C‑585D) maacutes amplia y densa comienza con la defensa de la pobreza como ejercicio frente a aquellas pasiones (ἐπιθυμίαι) que proceden del exterior (ἐπήλυδες) y tienen como fuente las falsas opiniones (κενῶν δοξῶν) el deseo de riquezas (φιλοπλουτία) es una de esas pulsiones accesorias y superfluas como lo es tambieacuten el deseo de gloria (φιλοδοξίαν) Pos‑teriormente Epaminondas ahonda en su planteamiento como adiestramiento para el autodominio (ἐγκρατείας) la contencioacuten frente a los placeres beneficia al alma y de la misma manera beneficia a la praacutectica de la justicia el ejercicio contra

39 Gen Socr 579B‑D40 Cf Pelling (1988) 12‑13 (1990) 230

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Joseacute M Candau

el deseo de riquezas41 El discurso finaliza con la alabanza del hombre que sabe rehusar favores y daacutedivas de amigos y reyes incluyendo los dones de la fortuna (τύχης) tal hombre no ve alterado su juicio (οὐδὲ θορυβεῖ τὴν διάνοιαν) y es capaz de perseverar ufano y sereno en la praacutectica de la excelencia

Es de notar que los argumentos de Epaminondas no aparecen en otra obra de Plutarco dedicada especiacuteficamente a combatir la avaricia el de cupiditate di‑vitiarum (523C‑528B) Es este uno de los tratados clasificados por Ziegler bajo el roacutetulo de ldquofilosoacuteficos‑popularesrdquo y estudiados recientemente por L Van Hoof Frente a lo que sugiere su roacutetulo observa Van Hoof tales tratados tienen como destinatario a la eacutelite econoacutemica poliacutetica y social del mundo grecorromano Son por otra parte tratados de orientacioacuten fundamentalmente praacutectica Con ellos Plutarco no persigue ldquoconvertir a la filosofiacuteardquo ni lograr que sus lectores olviden sus ambiciones poliacuteticas y sociales Maacutes bien intenta ofrecerles una guiacutea que le ayude afrontar los problemas derivados de su posicioacuten dirigente La meta no es por tanto cambiar las expectativas de liderazgo o rebajar las pretensiones de poder e influencia propios y sustanciales de una clase como aquella que conforma la audiencia de los mal llamados ldquotratados filosoacutefico‑popularesrdquo Por el contrario lo que hace Plutarco es poner la filosofiacutea al servicio de sus aspiraciones42

El de cupiditate divitiarum emplea un tono admonitorio sus ideas son sen‑cillas y basadas en la experiencia o si se quiere en motivaciones prefilosoacuteficas y sus consejos no constituyen un obstaacuteculo sino una ayuda para la realizacioacuten de las ambiciones sociales que pueda albergar el lector Despliega en suma el conjunto de teacutecnicas y estrategias usuales en los tratados de ldquoeacutetica praacutectica al servicio de la eacutelite43rdquo No ocurre lo mismo con el discurso sobre la pobreza de Epaminondas Purgar el alma de las opiniones procedentes del exterior desterrar el ansia de riquezas y el deseo de gloria rehusar los favores de amigos y reyes y los dones de la fortuna son preceptos adecuados para un tipo de hombre que como Epaminondas huye de los conflictos inherentes a la lucha poliacutetica Pero es difiacutecil que con estos atributos Plutarco quiera hacer de Epaminondas un modelo para la oligarquiacutea a quien dirige sus tratados de eacutetica praacutectica Resulta significativa la posicioacuten que ocupa el discurso sobre la pobreza en el texto del de genio Una vez que concluye Epaminondas y despueacutes de que todos expresan su admiracioacuten hacia eacutel se expone una de las maacutes movidas peripecias en la que se vieron envueltos los miembros de la conjura Tras grandes sobresaltos y fuertes discusiones entre diversos implicados en la trama el asunto vino a resolverse por siacute solo e inespe‑radamente

41 El texto griego no es en este pasaje enteramente claro Quizaacutes es consecuencia de ello que frente a la lectura de los manuscritos (δικαιοσύνῃ) Russell (2010) proponga leer δικαιοσύνης

42 Van Hoof (2010) 28‑3743 Van Hoof (2010) 55‑56

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ldquoUn singular trastorno habiacutea hecho presa en nuestro aacutenimo Llenos poco antes de desazoacuten al ver nuestra empresa frustrada la presioacuten de las circunstancias y la urgencia que no consentiacutean tregua nos sumiacutea de nuevo en ansiedad y temor44rdquo

Con estas palabras describe Plutarco el estado de aacutenimo de los conjurados a raiacutez del episodio expuesto tras la discusioacuten sobre la pobreza Un estado de aacutenimo que no puede permitirse Epaminondas atento a la contencioacuten de las pasiones y la serenidad de su mente pero que es el propio de quienes participan en el complot revolucionario

El de genio se mueve seguacuten han observado diversos estudios modernos en dos planos el humano y el de los deacutemones el de la contemplacioacuten filosoacutefica y la praacutectica poliacutetica el mortal y el sobrenatural el de los que conocen y el de los que ignoran45 Y en correspondencia sus personajes se ubican en dos niveles Los unos estaacuten instalados en el mundo de la accioacuten y la peripecia son Cafisias el narrador y con eacutel todos los conjurados Otros se ubican en un plano superior el de la filosofiacutea y el contacto con las realidades transcendentes Epaminondas es la muestra maacutes clara pero el ejemplo uacuteltimo es Soacutecrates La incertidumbre el azar y el conflicto parecen preponderantes en el mundo de la accioacuten Asiacute lo indica el ruego que Arquedamo dirige a Cafisias al inicio de la obra la lucha de la virtud y la razoacuten contra las contingencias atrae por lo accidentado de su desarrollo la precariedad impliacutecita en la actuacioacuten humana y la peripecia que ello desencadena es precisamente lo que hace del acontecer histoacuterico un espectaacuteculo digno de intereacutes para el amante del honor y la belleza46 Ahora bien la manera de ver las cosas de Arquedamo se queda en la superficie de los hechos Ciertamente el relato concerniente a la liberacioacuten de la Cadmea se urde a partir de iniciativas y motivaciones humanas sin que el autor del relato Cafisias reclame expresamente la intervencioacuten divina Pero en el de genio la atmoacutesfera estaacute impregnada de un aura sobrenatural A ello contribuyen tanto las alusiones indirectas47 como la acumu‑lacioacuten de episodios y contenidos relacionados con la divinidad y el maacutes allaacute En muchas de sus obras consigna Plutarco su creencia de que el curso de la historia obedece al disentildeo de una fuerza transcendente48 El relato de la liberacioacuten de la Cadmea confirma dicha idea Pues el lector no puede eludir el pensamiento insi‑nuado por diversos procedimientos aunque no explicitado de que la ayuda divina respalda la actuacioacuten de los conjurados49 Ocurre sin embargo que ni Cafisias ni los demaacutes partiacutecipes de la conjura pueden acceder a esa visioacuten de las fuerzas

44 Gen Socr 588A45 Desideri (1984) 581 Hershbell (1988) 374‑378 Babut (1988) 384‑389 Brenk (1996)

41‑44 Georgiadou (1996) 114 Hardie (1996) 13346 Gen Socr 575B‑D47 Babut (1988) 385‑38648 Tratamiento del tema en Barigazzi (1984) y Swain (1989)49 Babut (1988) 386‑389

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sobrenaturales rectoras de los sucesos Y no acceden precisamente por estar in‑mersos en el mundo de la actuacioacuten y la peripecia Las pulsiones procedentes del exterior embargan su aacutenimo de manera que en expresioacuten de Brenk laquothey see only the apparent succession of chance occurrencesraquo50 Arquedamo tampoco tiene acceso al plano donde operan las fuerzas sobrenaturales Y evidentemente la misma ceguera afecta a esos laquoamantes del honor y la bellezaraquo ante los cuales invita a hablar a Cafisias Un puacuteblico ilustre cuya presentacioacuten hace Arquedamo subrayando su pertenencia a familias poliacuteticamente insignes51 Puacuteblico por tanto equiparable a esa eacutelite social a quien Plutarco dirige sus tratados de eacutetica praacutectica Los dos puacuteblicos el de Cafisias y el del Plutarco podriacutean identificarse con los heacuteroes que liberan la Cadmea Pero difiacutecilmente se identificariacutean con Epaminon‑das que en dos ocasiones rechaza tomar parte en la empresa52

En ambas el rechazo se justifica mediante un argumento ndashla negativa a derramar sangre de sus conciudadanos‑ que situacutea a Epaminondas a un nivel de exigencia eacutetica superior al de los conjurados53 Ahora bien la diferencia entre Epaminondas y los liberadores no radica en la eacutetica Pues al fin y al cabo ningu‑na ofensa eacutetica cabe reprochar a los protagonistas de la heroica liberacioacuten de la Cadmea Radica en el nivel Asiacute lo sugiere la discusioacuten sobre la pobreza Y asiacute lo vuelve a sentildealar el gran debate sobre el daimon de Soacutecrates que da tiacutetulo a al obra

Se debate sobre lo que Soacutecrates mismo llamaba su daimon el principio que lo guioacute a lo largo de su vida e iluminaba sus decisiones en materias inciertas e impenetrables para la inteligencia humana54 El daimon socraacutetico sugiere que Soacutecrates conociacutea de alguna manera los acontecimientos futuros algo que dos personajes del de genio acreditan55 En este sentido el debate versa sobre la adivi‑nacioacuten Las intervenciones de los diferentes personajes configuran tomadas en conjunto un extenso discurso filosoacutefico y religioso Plutarco no se alinea expresa‑mente con ninguna de las opiniones emitidas el tratamiento del tema presenta pues ese final abierto que es tan comuacuten en este autor Las cuestiones que se tocan son variadas pero todas parten de una cuestioacuten baacutesica La adivinacioacuten supone un conocimiento inalcanzable al menos en apariencia a la razoacuten humana Y el debate versa sobre coacutemo es posible acceder a ese nivel superior de inteligencia Miradas desde este punto de vista las opiniones formuladas por los distintos personajes pueden dividirse en dos grandes bloques De un lado Galaxidoro que

50 Brenk (1996) 4251 Gen Socr 575E‑F52 Gen Socr 576D‑E 594B‑C53 En la segunda ocasioacuten se antildeade un motivo maacutes conveniacutea que consumada la liberacioacuten

quedasen hombres a quienes nada pudiese reprocharse por no haber participado en la accioacuten Epaminondas se reserva este papel

54 Gen Socr 580C‑D55 Teoacutecrito (580D‑F) y Polimnis (581D‑E)

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inicia el debate propone una explicacioacuten maacutes proacutexima a los paraacutemetros raciona‑les56 en ella se ha querido ver una muestra de la llamada laquoadivinacioacuten teacutecnicaraquo (τεχνικὸς μαντική artificiosa divinatio)57 Del otro Simias Timarco y Teanor interpretan las premoniciones de Soacutecrates como un caso de comunicacioacuten direc‑ta entre el hombre y la divinidad defienden por tanto la llamada laquoadivinacioacuten naturalraquo (ἄτεχνος μαντική naturalis divinatio)58 Ya se ha dicho que Plutarco no se declara expresamente partidario de ninguna opcioacuten Pero su texto privilegia de manera indirecta los discursos de Simias Timarco y Teanor Asiacute lo sugiere un paacuterrafo del de genio que subraya el papel de Galaxidoro como mero introductor del problema59 Y asiacute lo recogen distintos estudios modernos Galaxidoro seriacutea el oponente racionalista casi siempre estoico habitual en los diaacutelogos religiosos de Plutarco su explicacioacuten se ve devaluada tanto por sus contradicciones internas como por la presencia de procedimientos textuales que rebajan su veracidad y en suma Galaxidoro y el resto de las intervenciones insertas en la seccioacuten dominada por eacutel tendriacutean como funcioacuten principal la de plantear el tema a debatir60

Las propuestas de Simias Timarco y Teanor son evidentemente distintas Actuacutea aquiacute quizaacutes el deseo de presentar el problema bajo luces diversas61 o quizaacutes el complejo planteamiento dramaacutetico que forma parte de las estrategias persuasivas de Plutarco62 Las tres sin embargo coinciden en una idea central la singularidad de aquellos hombres que como Soacutecrates pueden contactar con una realidad por encima del mundo material Para Simias el alma de la mayoriacutea de los hombres se halla embargada por el tumulto de las pasiones y la voraacutegine de las servidumbres vitales de manera que su entendimiento no puede captar las indica‑ciones de los seres superiores en el caso de Soacutecrates por el contrario su intelecto limpio y exento de pasiones (ὁ νοῦς καθαρὸς ὢν καὶ ἀπαθής) percibiacutea faacutecilmente las sentildeales enviadas por los seres divinos63 Seguacuten el mito de Timarco (expuesto por Simias) en el alma (ψυχή) conviven dos partes una inmersa en el cuerpo recibe el nombre mismo de ldquoalmardquo (ψυχή) la otra inaccesible a la corrupcioacuten se llama laquointelectoraquo (νοῦν) estaacute en el exterior del hombre y los entendidos le dan

56 Gen Socr 579F‑582C57 Corlu (1970) 49‑50 Doumlring (1984) 376 Schroumlder (2010) 161 58 Para la distincioacuten entre ambos tipos de maacutentica veacutease Cic div 111ndash12 134 172

1109ndash131 (con el comentario de Wardle (2006))59 Gen Socr 588A ζητήσεως οὐκ ἀγεννοῦς ἀλλ ἧς ὀλίγον ἔμπροσθεν οἱ περὶ Γαλαξίδωρον

καὶ Φειδόλαον ἥψαντο διαποροῦντες τίνος οὐσίας καὶ δυνάμεως εἴη τὸ Σωκράτους λεγόμενον δαιμόνιον

60 Corlu (1970) 19‑20 y 51‑52 Hani (1980) 53 Doumlring (1984) 376‑377 Schroumlder (2010) 161‑162 Donini (2011) 415‑416

61 Sobre el reparto de papeles filosoacuteficos que aquiacute parece efectuar Plutarco veacutease Donini (2011) 412‑419 (2011 [2004]) 442‑443

62 Veacutease Van Hoof (2010) 67‑68 a propoacutesito de determinados laquotratados de eacutetica praacutecticaraquo63 Gen Socr 588D‑E

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el nombre de daimon64 La parte irracional e inmersa en el cuerpo se halla sujeta a la racional e incorruptible Si la sujecioacuten es deacutebil el alma se dejaraacute doblegar por las pasiones soacutelo cuando se fortalece gracias a la educacioacuten aparece el alma capaz de percibir con prontitud las indicaciones de su daimon Algunos hombres sin embargo estaacuten especialmente dotados de suerte que en ellos predomina de forma innata la obediencia a la razoacuten y a su daimon A ellos estaacute reservada la capacidad de percibir la llamada divina65 Teanor afirma que las almas libres de lazos con el cuerpo se convierten en daacuteimones Tales daacuteimones guiacutean los asuntos del hombre Pero no todos los hombres reciben su atencioacuten pues se desentienden de cuantos estaacuten inmersos en los avatares del acontecer soacutelo aquellos que tras mil esfuerzos ascienden a una esfera elevada son recompensados con la ayuda del daimon66

Las tres intervenciones explican las dotes excepcionales de Soacutecrates mediante la existencia de hombres excepcionales Y en las tres esa excepcionalidad requiere una especial disposicioacuten del alma La liberacioacuten de las pasiones y el alejamiento del traacutefago iacutensito en el mundo humano se presentan como condicioacuten necesaria para que haya un Soacutecrates Paradigma del filoacutesofo Soacutecrates es tambieacuten el modelo de Epaminondas El discurso sobre la pobreza al mostrar coacutemo Epaminondas limpia su alma de pasiones e impulsos procedentes del mundo exterior acredita su condicioacuten de filoacutesofo Asiacute se reconoce cuando termina dicho discurso por boca de Simias67

laquoGran hombre grande es Epaminondas y responsable de ello es el aquiacute pre‑sente Polimnis que ha criado a sus hijos desde temprano en la mejor filosofiacutearaquo

Epaminondas tambieacuten es consecuente con su condicioacuten de filoacutesofo cuando rehuacutesa someter su alma al torbellino del acontecer humano y las pasiones aso‑ciadas esto es cuando se niega a participar en la conjura El filoacutesofo parece ser la conclusioacuten no debe participar al menos de manera directa en el torbellino de la vida poliacutetica

El Epaminondas del de genio es una creacioacuten histoacutericamente discutible68 Ciertamente su no participacioacuten en la liberacioacuten de la Cadmea y su formacioacuten filosoacutefica estaacuten suficientemente documentadas Pero Epaminondas es conocido ante todo por su dimensioacuten poliacutetica que aquiacute relega Plutarco para subrayar su

64 Gen Socr 591E65 Gen Socr 592A‑E66 Gen Socr 593D‑594A67 Gen Socr 585D68 Ya Von Stern (1884) 55‑57 sentildealoacute las debilidades del relato que ofrece Plutarco en el

de genio Los estudios posteriores (veacutease por ejemplo Corlu [1970] 19‑20 Barigazzi [1988] 414‑424Georgiadou [1996]) han insistido en el Epaminondas del de genio presenta una factura obediente sobre todo a razones compositivas y de disentildeo

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calidad de filoacutesofo Asiacute construida la figura de Epaminondas traslada un mensaje ndashla no implicacioacuten directa del filoacutesofo en las luchas poliacuteticas‑ que puede tener calado teoacuterico pero tambieacuten sirve a Plutarco para trasladar su posicionamiento ante cuestiones concernientes a su propia persona y al horizonte cultural de su eacutepoca Comparado a otros contemporaacuteneos que por condicioacuten social e incluso actividad literaria estaban a su mismo nivel Plutarco no protagonizoacute una carrera poliacutetica particularmente brillante69 Asumioacute en cambio el papel de consejero y guiacutea de la eacutelite La autoridad necesaria para ello se la confiere la filosofiacutea Pues Plutarco se presenta a siacute mismo como filoacutesofo La exaltacioacuten de Epaminondas es una exaltacioacuten de su propia identidad como filoacutesofo y mentor Epaminondas se mueve a una altura la de la filosofiacutea superior a la de sus afines y compantildeeros los conjurados Esta altura le prohiacutebe descender al plano de la accioacuten directa descenso que contaminariacutea su alma con pulsiones sobrevenidas pero tambieacuten le permite acceder a una realidad inalcanzable para sus compantildeeros Epaminondas eleva asiacute la posicioacuten del filoacutesofo y justifica incluso hace ineludible su alejamiento de la lucha poliacutetica Gracias a ello lo que podriacutea ser una debilidad del propio Plutarco la falta de una carrera puacuteblica brillante se transforma en una eleccioacuten deliberada y necesaria

Tal mensaje adquiere maacutes fuerza si se lo contempla sobre el transfondo cultural de la eacutepoca El auge de las composiciones de exitu illustrium virorum corre en paralelo a la admiracioacuten hacia el filoacutesofo que se enfrenta al poder y sufre castigo por ello Ya se ha dicho que el fenoacutemeno acreditado en diversas fuentes contemporaacuteneas a Plutarco fue propiciado particularmente por el final del rei‑nado de Diocleciano y que el modelo uacuteltimo del filoacutesofo‑maacutertir es Soacutecrates En este contexto adquiere un significado especial la exaltacioacuten del ldquoSoacutecrates tebanordquo Epaminondas Epaminondas se aleja del conflicto puacuteblico para cuidar su alma se distingue por su silencio y pese a ello constituye el ldquocentro ausenterdquo del de genio una composicioacuten articulada en torno a un conflicto civil la liberacioacuten de la Cadmea No resulta inverosiacutemil ver en todos estos datos una respuesta de Plu‑tarco ante el fenoacutemeno del ldquofiloacutesofo‑maacutertir poliacuteticordquo y la admiracioacuten aglutinada en torno a esa figura Respuesta que reivindica rotundamente el papel asumido por el propio Plutarco de filoacutesofo mentor del poliacutetico pero fuera eacutel mismo del traacutefago de la poliacutetica

69 Veacuteanse las observaciones y referencias que ofrece al respecto Van Hoof (2010) 66‑67

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A Esparta de Plutarco entre a guerra e as artes

de um seguidor das leis de Licurgo Nesse sentido Plutarco diz que o dinheiro e o ouro deveriam ser mandados embora de Esparta porque eles eram flagelos importados que despertavam a cobiccedila e promoviam a degeneraccedilatildeo dos costumes (c 17) Desse ponto de vista Lisandro prejudicou Esparta justamente porque promoveu seu enriquecimento e contribuiu para a dissoluccedilatildeo da frugalidade e da simplicidade que caracterizavam o cotidiano dos lacocircnios antes das vitoacuterias espartanas na Guerra do Peloponeso6

Na Vida de Agesilau Plutarco nos conta que o biografado foi o segundo filho de Arquidamo (o primeiro tinha sido Aacutegis) e que por isso ele natildeo seria o herdeiro direto do trono de Esparta De qualquer modo Agesilau foi educado de acordo com a agoge lacedemocircnia e nosso autor faz questatildeo de frisar que em decorrecircncia disso o liacuteder espartano sempre respeitou e praticou as leis de sua cidade (c 1) Mesmo apresentando uma pequena diferenccedila de tamanho de uma perna para a outra ele tinha outras qualidades espartanas como a honestidade a mansidatildeo e a beleza fiacutesica (c 2) Sua formaccedilatildeo foi tatildeo bem sucedida que diferente de Alexandre o grande e de Haniacutebal Agesilau foi um general que conquistou importantes vitoacuterias e mesmo assim nunca deixou de obedecer agraves leis espartanas (c 15) Mesmo depois de tornar‑se um lendaacuterio vencedor ele voltou a Esparta e continuou o mesmo homem de antes sem apresentar nenhuma novidade no seu comportamento diferente de outros estrategos quando voltavam de longas expediccedilotildees a terras estrangeiras (c 19)

Plutarco nos conta que Lisandro ndashque dizem ter sido amante de Agesilau na juventude (c 2)ndash pretendia introduzir muitas inovaccedilotildees e mudanccedilas no governo da Lacocircnia (c 20) Embora outros liacutederes de Esparta como Antaacutelcidas tenham feito acordos com os Persas e tenham abandonado laquocovarde e maldosamenteraquo os gregos da Aacutesia sob o domiacutenio dos baacuterbaros como nos diz Plutarco (c 23) Agesilau sempre foi um defensor da justiccedila Entre os capiacutetulos 29 e 30 da Vida de Agesilau nosso autor nos conta que os espartanos que perderam parentes na bata‑lha de Leuctra (em 371 a C) se alegraram e os que natildeo perderam ficaram tristes De certa forma eles responsabilizaram Agesilau pela derrota e lamentaram ter aceito um rei coxo Contudo Agesilau tinha boa reputaccedilatildeo e era muito virtuoso Prova disso eacute que sem promover nenhuma inovaccedilatildeo ele disse que era preciso fazer as leis dormirem para que retomassem a autoridade que tiveram no passado

Entretanto Plutarco natildeo faz apenas elogios a Agesilau Cartledge (1987 418) observa que ele faz criacuteticas a Agesilau por causa de sua ingratidatildeo em relaccedilatildeo a Lisandro (c 8) e condena seu comportamento porque ele teria hon‑rado mais os amigos do que a justiccedila (c 13 ver tambeacutem Moralia 807d) Aleacutem disso Plutarco via uma relaccedilatildeo direta entre a decadecircncia de Esparta e a ascenccedilatildeo

6 Sobre isso ver Duff (2002) 161‑204 e a introduccedilatildeo de Flaceliegravere e Chambry em Plutarque (1971) 158‑173

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Roosevelt Rocha

ilegiacutetima de Agesilau ao trono (c 21) Poreacutem no geral nosso autor eacute tatildeo favoraacutevel e simpaacutetico a Agesilau quanto Xenofonte que tambeacutem escreveu uma biografia do rei espartano a qual certamente serviu de base para a Vida composta pelo poliacutemata de Queroneia Segundo Cartledge (1987 418) para Plutarco Agesilau foi a encarnaccedilatildeo das virtudes peculiarmente espartanas simplicidade piedade e autocontrole7

Depois na Vida de Aacutegis e na Vida de Cleocircmenes Plutarco narra os uacuteltimos momentos da histoacuteria da Esparta independente ou seja o ponto mais baixo da decadecircncia daquela cidade Os reis Aacutegis e Cleocircmenes que reinaram no seacuteculo III a C tentaram restaurar os antigos valores dos tempos de Licurgo Eles tinham os dons naturais para levar essa tarefa a cabo Aacutegis tinha grandeza de alma e se insurgia contra os prazeres desde antes dos vinte anos (c 4) natildeo gostava de rou‑pas luxuosas e baniu toda suntuosidade para aderir aos antigos haacutebitos lacocircnios caracterizados pela simplicidade de vida Mas seu exemplo e sua energia natildeo foram suficientes para restaurar os costumes tradicionais e ele foi assassinado ainda muito jovem (cc 19‑21) Aquela Esparta incorrupta e valorosa dos tempos de Licurgo dava seus uacuteltimos suspiros

Cleocircmenes natildeo era parente de Aacutegis mas foi obrigado a se casar com a vi‑uacuteva do rei assassinado ou seja Agiaacutetis Segundo Plutarco (c 1) Cleocircmenes era ambicioso e tinha grandeza de alma Era temperante e simples como Aacutegis Ele tambeacutem quiz restaurar os antigos costumes espartanos (c 11) Primeiro depois de longa disputa poliacutetica abriu matildeo de seus bens Depois distribuiu as terras entre os cidadatildeos Restabeleceu a educaccedilatildeo dos jovens e a disciplina espartana Ele proacuteprio levou uma vida simples e frugal para dar o exemplo aos outros la‑cedemocircnios sem insolecircncia nem orgulho excessivo ou seja como um modelo de temperanccedila (c 13) Mesmo quando perdeu sua esposa Agiaacutetis por quem se enamorara verdadeiramente Cleocircmenes manteve a firmeza e seu caraacuteter elevado e tomou as providecircncias necessaacuterias para garantir a seguranccedila de seus soldados e aliados (c 22) Depois de reinar por dezesseis anos Cleocircmenes morreu (cc 37‑38) e assim terminou a histoacuteria de Esparta como cidade politicamente autocircnoma

Ateacute aqui vimos que podemos encontrar nas Vidas dos liacutederes espartanos escritas por Plutarco aquela imagem caracterizada por um conjunto de valores que parecem ter ganhado forccedila numa eacutepoca lendaacuteria e foram se enfraquecendo conforme o tempo foi passando e Esparta foi estendendo seu poder para fora da Lacedemocircnia Nesse quadro vemos uma cidade altamente militarizada de guerreiros corajosos disciplinados e afeitos a uma vida sem luxos e sem confortos Isso poderia indicar que os espartanos eram um povo rude pouco sofisticado e fechado para as artes

7 Cf tambeacutem a introduccedilatildeo de Flaceliegravere e Chambry em Plutarque (1973) 85‑88 e Shipley (1998) 1‑46

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A Esparta de Plutarco entre a guerra e as artes

Poreacutem vaacuterias fontes arqueoloacutegicas vasculares e mesmo literaacuterias nos mostram o contraacuterio Apesar de Tuciacutedides (1102) ter dito que os edifiacutecios em Esparta eram modestos e natildeo correspondiam ao tamanho do poder militar e poliacutetico da cidade dos lacedemocircnios em seu apogeu a avaliaccedilatildeo dos monumentos arquitetocircnicos espartanos precisa ser feita com cuidado Eacute preciso lembrar que Esparta natildeo foi destruiacuteda nas Guerras Meacutedicas como Atenas foi A capital da Aacutetica foi reconstruiacuteda e uma grande soma de dinheiro afluiu para ela por causa das contribuiccedilotildees dos aliados da Liga de Delos Isso natildeo aconteceu com a princi‑pal cidade da Lacocircnia Desse modo nela foram conservados edifiacutecios antigos do seacuteculo VI a C que apresentavam outro estilo de construccedilatildeo mais arcaizante do que claacutessico Dependendo do ponto de vista um estilo pode ser mais valorizado do que o outro

De qualquer modo Pausacircnias (3113) viajante do seacuteculo II d C que fez uma descriccedilatildeo de vaacuterias cidades da Greacutecia daquela eacutepoca nos informa que havia em Esparta vaacuterios monumentos que despertavam a admiraccedilatildeo daqueles que por ali passavam tal como o Poacutertico Persa construiacutedo inicialmente com o butim amealhado na guerra contra os persas Outros exemplos de edifiacutecios que nos uacuteltimos anos vecircm sendo estudados satildeo o templo de Apolo em Amiclas o templo de Aacutertemis Oacutertia e o Menelaion onde eram cultuados Menelau e Helena8

Cartledge (2002 111) nos informa que depois de 690 a C pintores de vasos da Lacocircnia sofreram influecircncia de artistas do Egeu e adotaram o chamado estilo lsquoorientalizantersquo o que mostra que na praacutetica Esparta natildeo estava isolada do resto do mundo helecircnico Ainda segundo Cartledge nessa eacutepoca artesatildeos lacocircnios que trabalhavam com bronze comeccedilaram a se interessar pela representaccedilatildeo de figuras humanas em suas obras e por volta de 650 a C comeccedilou a se desenvolver na regiatildeo de Esparta o uso do marfim para produccedilatildeo de objetos gravados Vemos entatildeo que o ambiente artiacutestico na Lacedemocircnia entre 775 e 650 a C natildeo era de modo algum esteacuteril ou sem importacircncia9

Como Burn (1960 275‑276) explica Esparta natildeo virou suas costas para a arte e a poesia Prova disso eacute que vasos com detalhes refinados foram fabricados ali e exportados para outras regiotildees da Heacutelade ateacute 550 a C mais ou menos Por volta de 600 a C Gitiadas poeta escultor e arquiteto projetou o Templo de Atena tambeacutem conhecido como Casa de Bronze por causa das placas feitas com esse metal para decorar o edifiacutecio E em 585 a C o segundo templo de Oacutertia foi construiacutedo Ou seja havia artesatildeos trabalhando em Esparta no periacuteodo arcaico que produziram obras dignas de admiraccedilatildeo10

8 Para mais informaccedilotildees sobre a arqueologia e a arquitetura espartanas ver Walker (1998) Kaltsas (2007) e Cavanagh (2009)

9 Sobre isso ver tambeacutem Burn (1960) 180‑184 e Stibbe (1996) passim10 Ver tambeacutem Burn (1960) 280‑282 e Cartledge (2002) 133‑136

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No que diz respeito agrave muacutesica Plutarco nos daacute significativos testemunhos da sua importacircncia em ambiente espartano tanto nas Vidas quanto nos Moralia Na Vida de Licurgo no c 4 por exemplo encontramos a informaccedilatildeo segundo a qual o legislador lendaacuterio teria convidado um poeta‑legislador de Creta para ir a Esparta com ele Esse poeta se chamava Tales Mas talvez tenha havido alguma confusatildeo na tradiccedilatildeo manuscrita e esse Tales poderia ser o Taletas de Gortina mencionado algumas vezes no livro Sobre a Muacutesica tambeacutem de Plutarco Ele teria sido o responsaacutevel por curar os espartanos de uma peste com o seu canto11 Aleacutem disso no mesmo c 4 nos eacute dito que Licurgo teria sido o responsaacutevel por levar os poemas de Homero da Jocircnia para sua cidade

Depois no c 21 da mesma Vida Plutarco nos diz que os lacedemocircnios apreciavam se dedicar agrave poesia meacutelica porque as canccedilotildees estimulavam seus espiacuteritos e lhes davam coragem para enfrentar os inimigos nas batalhas Seu estilo era simples e seus temas eram seacuterios com o objetivo de promover uma boa formaccedilatildeo dos caraacuteteres Nelas eram louvados os heroacuteis de Esparta e condenados os covardes que natildeo lutaram ateacute o fim para defender sua cidade Nos festivais eram organizados trecircs coros de acordo com as idades um de velhos outro de adultos e outro de jovens Cada um cantava sobre a sua bravura uns falavam dos seus feitos no passado os outros tratavam das suas accedilotildees no presente e os uacuteltimos cantavam sobre o seu desejo de realizar grandes proezas no futuro Esses seriam os temas baacutesicos das canccedilotildees em Esparta e por isso segundo Plutarco Terpandro e Piacutendaro estavam corretos ao associar bravura e muacutesica e ao mostrar que os espartanos eram o povo mais aguerrido e mais musical

Por isso natildeo era por acaso que os jovens cantavam o nomo de Caacutestor e o peatilde da marcha (c 22) e em todo lugar havia danccedilas festas e banquetes quando natildeo havia expediccedilotildees militares (c 24) Contudo o gosto pela boa muacutesica e pela boa poesia natildeo era caracteriacutestico de todos os habitantes da Lacocircnia tendo em vista que os hilotas danccedilavam e cantavam canccedilotildees vulgares e grotescas diferentes das composiccedilotildees de Aacutelcman Terpandro e Especircndon (c 28) Isso na verdade estava associado ao fato de eles serem escravos e por isso era compreensiacutevel que eles apreciassem canccedilotildees vis como eles proacuteprios

Na Vida de Lisandro encontramos algumas informaccedilotildees que reforccedilam a impressatildeo de que os espartanos tinham sim grande sensibilidade para a muacutesica No c 15 ficamos sabendo que os lacocircnios depois de conquistar Atenas em 404 a C queriam destruir aquela cidade mas apoacutes ouvir um coro da Electra de Euriacutepides desistiram Em seguida no c 18 Plutarco nos conta que Lisandro estava sempre acompanhado do poeta Queacuterilo encarregado de celebrar os feitos do general E outros poetas tambeacutem celebraram Lisandro segundo nosso autor

11 Ver Plu Mus 42 (1146B‑C) e Gostoli (1990) 12‑13 e

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Na Vida de Agesilau c 14 lemos que os espartanos apreciavam uma parte da poesia de Timoacuteteo de Mileto poeta que teria tido algumas cordas de sua ciacutetara cortadas quando de uma sua visita a Esparta porque os eacuteforos julgavam que natildeo seriam necessaacuterias mais do que sete cordas e o instrumento do poeta tinha onze12 Essa anedota indica que os lacocircnios natildeo apreciavam inovaccedilotildees Poreacutem a informaccedilatildeo do c 14 da Vida de Agesilau mostra que eles poderiam aceitar pelo menos uma parte da obra de um poeta inovador desde que essa parte se adequas‑se ao gosto e agraves tradiccedilotildees do local Tambeacutem nessa mesma Vida c 21 Plutarco nos diz que o rei Agesilau apreciava os cantos e as danccedilas mesmo natildeo sendo um lsquoespecialistarsquo nas artes

Por fim na Vida de Aacutegis c 10 encontramos um elogio a Terpandro a Ta‑les (Taletas) e a Fereacutecides porque mesmo sendo estrangeiros professavam o que Licurgo instituiu e por isso foram muito honrados em Esparta Na Vida de Cleocircmenes c 2 somos informados que o rei Leocircnidas elogiou Tirteu algo facilmente compreensiacutevel tendo em vista o caraacuteter estimulante e guerreiro das elegias daquele poeta Aleacutem disso nessa mesma Vida citada por uacuteltimo c 12 Plutarco nos conta que Cleocircmenes certa vez teria encontrado alguns artistas de Dioniso muacutesicos e atores profissionais que iam de cidade em cidade para se apresentar e construiu um teatro Isso mostra que esse rei estimulou de alguma maneira as atividades artiacutesticas mesmo que ele natildeo tivesse o costume de levar artistas com seu exeacutercito de acordo com Plutarco e nem apreciasse apresentaccedilotildees musicais nos seus banquetes (c 13)

Tudo isso mostra que Esparta era uma cidade onde a muacutesica tinha um papel importe na educaccedilatildeo e na guerra e que os lacocircnios natildeo eram um povo obtuso e indiferente ao poder das melodias De acordo com Plutarco tendo em vista agora algumas passagens dos Moralia os espartanos passavam por treinamento rigoroso no que diz respeito agrave muacutesica e agrave poesia e suas canccedilotildees estimulavam os espiacuteritos e faziam com que os homens se sentissem entusiasmados e se esfor‑ccedilassem para ser bem sucedidos Em vaacuterias passagens das suas Obras Morais ele elogia o estilo da muacutesica deles porque ela era simples e natildeo afetada e seus temas eram seacuterios e edificantes Se algueacutem estudasse a poesia e as canccedilotildees de marcha de Esparta acompanhadas pelo aulo essa pessoa concordaria que Terpandro e Piacutendaro estavam certos ao associar valor (andreia) e muacutesica Como vimos acima nos trechos citados das Vidas Plutarco tambeacutem diz que os Espartanos eram o povo ao mesmo tempo mais musical (mousikotatous) e o mais afeito agrave guerra (polemikotatous)13

No livro sobre os Antigos Costumes dos Espartanos Plutarco tambeacutem elogia os ritmos das canccedilotildees de marcha (embaterioi rhythmoi) porque eles despertavam

12 Ver Plu Agis 1013 Cf Lyc 211‑4

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a coragem a audaacutecia e o desdeacutem pela morte requisitos indispensaacuteveis para o guerreiro valoroso Os espartanos usavam esses ritmos para danccedilar mas tambeacutem quando avanccedilavam contra os inimigos ao som do aulo Plutarco lembra que Li‑curgo associava o amor pela muacutesica agrave praacutetica militar para que o espiacuterito guerreiro combinado com a melodia tivesse concordacircncia e harmonia (symphonia kai har‑monia) Por isso em tempos de guerra os reis espartanos ofereciam sacrifiacutecios agraves Musas antes de ir para a batalha como Plutarco nos conta nos Instituta Laconica 16 (238B‑C)

E para manter a pureza da sua muacutesica e dos seus costumes os espartanos agraves vezes recorriam a atos violentos Como Plutarco reporta nos Instituta Laconica 17 (238C‑D) eles natildeo permitiriam que ningueacutem desrespeitasse de modo algum as regras da muacutesica do passado Nem mesmo Terpandro um dos mais antigos e melhores citaredos (aqueles que cantavam acompanhados da ciacutetara ou da lira) teria a permissatildeo para acrescentar uma corda extra ao seu instrumento para que suas melodias fossem mais variadas Ele tentou fazer isso mas os eacuteforos pregaram sua lira numa parede por causa do seu ato iacutempio contraacuterio agrave tradiccedilatildeo Em outra ocasiatildeo um dos eacuteforos teria procedido com mais violecircncia quando Timoacuteteo o famoso muacutesico inovador que floresceu na segunda metade do seacuteculo V a C estava competindo no festival das Carneias ele pegou uma faca e perguntou ao muacutesico de que lado ele deveria cortar as cordas supeacuterfluas cujo nuacutemero ultra‑passava o tradicional de sete cordas Outras variantes dessa histoacuteria satildeo contadas por Plutarco em outros textos mas nessas outras passagens Friacutenis outro muacutesico inovador da segunda metade do seacuteculo V a C eacute o protagonista14

Mas para aleacutem da sua importacircncia na educaccedilatildeo e nos contextos de bata‑lha a muacutesica tinha grande significado tambeacutem nas momentos das celebraccedilotildees religiosas Dentre as festividades religiosas realizadas na Lacedemocircnia uma das mais importantes era a das Carneias realizada em Esparta e intimamente ligada agrave histoacuteria de Terpandro As origens desse festival eram muito antigas anteriores ao seacuteculo VIII a C tendo em vista que no seacuteculo VII os colonizadores espartanos da cidade italiana de Tarento jaacute tinham o costume de celebraacute‑la15 As Carneias eram dedicadas ao deus Apolo Carneu Em Esparta havia concursos musicais e atleacuteti‑cos uma corrida de jovens e um banquete ritual que contava com a participaccedilatildeo dos homens adultos que representavam as fratrias O festival era organizado por cidadatildeos solteiros e era o momento adequado para que os jovens que jaacute haviam completado seu periacuteodo de formaccedilatildeo ingressassem na vida adulta16

O que nos interessa aqui eacute o papel que a muacutesica desempenhava no contexto dessas festividades Um elemento importante nesses momentos de comemoraccedilatildeo

14 Cf Prof virt 84A Apophth Lac 220C e Agis 107 jaacute citada na nota 9 Cf Rocha (2008) 654‑655

15 Brelich (1969) 181‑18216 Brelich (1969) 149‑150

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eram os concursos A realizaccedilatildeo de concursos musicais no acircmbito do festival das Carneias natildeo teria acontecido desde o iniacutecio A introduccedilatildeo de agones provavel‑mente ocorreu quando Terpandro migrou de Metimna (Lesbos) para Esparta na primeira metade do seacuteculo VII a C Nesse contexto eacute importante considerar o testemunho de Helacircnico17 segundo o qual Terpandro teria sido o primeiro a vencer o concurso musical nas Carneias Esse fato parece estar diretamente relacionado agrave fundaccedilatildeo da primeira escola musical (katastasis) em Esparta por obra do mesmo Terpandro Segundo Brelich (1969 186‑191) eacute muito provaacutevel que a introduccedilatildeo do concurso musical nas Carneias tenha sido influenciada pela proacutepria katastasis18 Essa hipoacutetese ganha forccedila se consideramos o capiacutetulo 9 do tratado Sobre a Muacutesica como um todo Ali Plutarco fala da primeira katastasis fundada por Terpandro e menciona tambeacutem a segunda katastasis liderada por Taletas de Gortina Xenoacutedamo de Citera Xenoacutecrito de Locres Polimnesto de Coacutelofon e Saacutecadas de Argos muacutesicos que teriam instituiacutedo as Gimnopeacutedias em Esparta as Apodeixeis na Arcaacutedia e as Endimaacutetias em Argos Jaacute que os membros da segunda escola musical foram fundadores de festivais19 em diferentes cidades do Peloponeso Terpandro tambeacutem pode ter desempenhado o mesmo papel no contexto das Carneias

No que diz respeito agraves Gimnopeacutedias contudo encontramos uma situaccedilatildeo diferente Possuiacutemos uma grande variedade de informaccedilotildees sobre esse festival que inclusive muitas vezes satildeo contraditoacuterias Mas tratando apenas daquilo que nos interessa aqui sabemos que no periacuteodo das festividades aconteciam apresentaccedilotildees de coros de adolescentes e adultos instituiacutedos em honra a Apolo que cantavam hinos compostos por poetas como Taletas Aacutelcman e Dionisodoto Depois da batalha de Tireia em 544 aC na qual Esparta lutou contra Argos pela posse da Tireaacutetida tornou‑se costumeiro cantar um peatilde em honra dos soldados que morreram naquela ocasiatildeo Por causa desse elemento ritual e da comparaccedilatildeo com as Apodeixeis e as Endimaacutetias as Gimnopeacutedias foram consideradas festas que indicavam o momento no qual os jovens receacutem‑iniciados eram integrados agrave vida militar20

Tendo tudo isso em vista podemos concluir que eacute preciso colocar a miragem espartana em perspectiva Esparta natildeo era tatildeo lsquoespartanarsquo assim e natildeo foi sempre lsquoespartanarsquo Havia espaccedilo naquela cidade para o cultivo das artes tais como a arquitetura a escultura a pintura vascular a muacutesica (que incluiacutea a poesia) e a danccedila Nela floresceram poetas como Aacutelcman Terpandro e Tirteu Nela surgiram escolas poeacuteticomusicais Nela viveram poetas estrangeiros tais como Taletas de

17 FGrHist 4 F 85 = Ateneu 635e = Terpander Test 1 Gostoli18 Cf tambeacutem Gostoli (1990) 84‑8519 Mais do que fundadores de festivais eacute mais verossiacutemil pensar que esses autores foram os

responsaacuteveis pela introduccedilatildeo dos concursos musicais como parte das celebraccedilotildees 20 Cf Gostoli (1990) 85‑86

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Gortina (Creta) e Saacutecadas de Argos E sendo assim houve um ambiente feacutertil e favoraacutevel para o desenvolvimento e o cultivo de atividades artiacutesticas Os esparta‑nos foram sim grandes guerreiros que contribuiacuteram decisivamente para a vitoacuteria dos helenos sobre os persas Eles cultivaram sim suas habilidades guerreiras a ponto de derrotar os atenienses na Guerra do Peloponeso Poreacutem Esparta natildeo foi somente uma comunidade de soldados que dedicavam suas vidas somente agrave guerra Esparta foi tambeacutem uma cidade onde as pessoas cantavam danccedilavam e apreciavam a beleza dos edifiacutecios e dos objetos do cotidiano Eacute preciso reconhecer isso e na obra de Plutarco jaacute encontramos essa imagem multifacetada dessa cul‑tura Basta direcionar os olhos para outras direccedilotildees

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Index nominum

Timoacuteteo 167‑168 178 183Timoacutexena 195Tindaacuteridas 63Tireaacutetida 169Tireia 169Tireacutesias 236Tirteu 167 169 221Titatildes 245Trajano 121Trezena 31 32‑35 38 Tricoacuterito 39Troia 81 124Tuciacutedides 122 160 181Ulisses 81 192Valeacuterio (vd Puacuteblio Valeacuterio)Vestais 58 204Viacutenio 200Xantipo 191 201Xenoacutecrito 169Xenoacutedamo 169Xenofonte 160 164Zaleuco 88Zeus 36 40‑41 220 226 243

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Index nominum

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(Paacutegina deixada propositadamente em branco)

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Notas biograacuteficas dos autores

Aacutelia Rodrigues eacute doutorada em Estudos Claacutessicos (Literatura Grega) e inves‑tigadora do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse satildeo a histoacuteria das ideias poliacuteticas desde os Gregos ateacute agrave modernidade histoacuteria legal e a recepccedilatildeo de temas claacutessicos na contemporaneidade

Ana Ferreira eacute Professora Auxiliar do Departamento de Estudos Portugueses e Ro‑macircnicos da Faculdade de Letras da Universidade do Porto e investigadora do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a histoacuteria antiga a literatura greco‑romana bem como a didaacutectica das liacutenguas claacutessicas

Delfim F Leatildeo eacute Professor Catedraacutetico da Instituto de Estudos Claacutessicos e investiga‑dor do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a histoacuteria antiga o direito e a teorizaccedilatildeo poliacutetica dos Gregos a pragmaacutetica teatral e a escrita romanesca antiga

Faacutebio Vergara Cerqueira eacute Professor Adjunto do Instituto de Ciecircncias Humanas da Universidade Federal de Pelotas pesquisador PQ‑2 do CNPq Professor Visitante na Universidade de Heidelberg Bolsista Fundaccedilatildeo Humboldt ldquoPesquisador Experienterdquo Principais aacutereas de interesse satildeo histoacuteria e arqueologia da Greacutecia antiga e sua recepccedilatildeo enfocando muacutesica iconografia ceramologia gecircnero memoacuteria social identidade e patrimocircnio cultural

Guillermina Gonzaacutelez Almenara es Profesor Contratado Doctor Tipo 1 vinculada con el Aacuterea de Filologiacutea Griega del Departamento de Filologiacutea Claacutesica Francesa Aacuterabe y Romaacutenica de la Universidad de La Laguna Sus principales liacuteneas de investi‑gacioacuten son la mujer y el aacutembito femenino en la Grecia antigua Historiografiacutea griega Historia y civilizacioacuten de la Grecia antigua

Ivana S Chialva es Doctora en Letras Investigadora Asistente del Conicet y Profesora de Griego y Literaturas griega y latina de la Facultad de Humanidades y Ciencias de la Universidad Nacional del Litoral (Santa Fe Argentina) Sus tra‑bajos sobre el mundo antiguo se focalizan en la relacioacuten entre primera y segunda sofiacutestica y en la influencia de este uacuteltimo fenoacutemeno en la prosa narrativa griega de eacutepoca imperial especialmente la retoacuterica la biografiacutea y la novela en sus diferentes formas

Jesuacutes-Mordf Nieto Ibaacutentildeez es Catedraacutetico de Filologiacutea Griega de la Universidad de Leoacuten Sus liacuteneas de investigacioacuten son la literatura judiacutea en lengua griega los primeros textos cristianos el Humanismo y la Tradicioacuten claacutesica Actualmente dirige un Proyecto de

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investigacioacuten sobre el Humanismo la Tradicioacuten claacutesica y patriacutestica y la exeacutegesis biacuteblica en los siglos XVI y XVII

Joaquim Pinheiro eacute Professor Auxiliar da Universidade da Madeira e investigador do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a biografia antiga a Segunda Sofiacutestica a retoacuterica claacutessica e o pensamento poliacutetico dos Gregos

Joseacute M Candau es Catedraacutetico de Filologiacutea Griega en la Universidad de Sevilla Sus principales aacutereas de investigacioacuten son la historiografiacutea griega y Plutarco

Loraine Oliveira eacute professora de Filosofia da Universidade de Brasiacutelia Publicou o livro Plotino escultor de mitos pela Imprensa da Universidade de CoimbraAnnablume em 2014 Vem se dedicando principalmente a estudar os mitos em Plotino Plutarco e Porfiacuterio assim como o vegetarianismo em Plutarco e Porfiacuterio

Maria Aparecida de Oliveira Silva eacute professora visitante do Programa de Poacutes‑Gradu‑accedilatildeo em Letras Claacutessicas da Universidade de Satildeo Paulo e Professora Pesquisadora do Programa de Poacutes‑Graduaccedilatildeo em Histoacuteria da Universidade Federal de Satildeo Paulo Liacuteder do Grupo CNPq LABHAN Laboratoacuterio de Histoacuteria Antiga da Universidade Federal do Amapaacute Pesquisadora do Grupo CNPq Linceu ‑ Visotildees da Antiguidade Claacutessica da Universidade Estadual Paulista Pesquisadora do Grupo Retoacuterica Texto y Comunicacioacuten da Universidad de Caacutediz Membro do Conselho Acadecircmico do Seminaacuterio de Histoacuteria e Filosofia das Religiotildees da Universidad Autoacutenoma de Ciudad Juaacuterez mdash Meacutexico Pesquisa e publica trabalhos sobre Esparta Plutarco e biografia antiga

M Teresa Fau Ramos es Profesora Titular del Departament de Filologia Grega de la Universitat de Barcelona y miembro del Grup de Recerca Graecia Capta que investiga la pervivencia de la identidad griega bajo el imperio romano Sus principales aacutereas de intereacutes cientiacutefico son la historia e instituciones de la Grecia claacutesica y post‑claacutesica la religioacuten helena (paganismo) y diversos aspectos del cristianismo primitivo

Pilar Goacutemez Cardoacute es profesora titular de Filologiacutea Griega en la Universidad de Barcelona donde imparte docencia e investiga desde 1981 Doctora en Filologiacutea Claacutesica desde 1987 con una tesis sobre la tradicioacuten yaacutembica y la faacutebula (La Vida drsquoIsop entre el iambe la faula i la novella) es autora de numerosos artiacuteculos y capiacutetulos de libros sobre la literatura griega de eacutepoca imperial romana en especial sobre Segunda Sofiacutestica y novela ha estudiado principalmente autores como Luciano en cuya edicioacuten y traduccioacuten al castellano para la coleccioacuten Alma Mater participa Plutarco Dioacuten de Prusa o Elio Ariacutestides Es miembro del grupo de investigacioacuten Graecia Capta de la Universidad de Barcelona

Roosevelt Rocha eacute Professor Adjunto do curso de Letras da Universidade Federal do Paranaacute (Brasil) e pesquisador ligado ao Programa de Poacutes‑Graduaccedilatildeo em Letras da

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mesma Universidade As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a poesia grega arcaica (elegia jambo e meacutelica) a muacutesica grega antiga e o estudo da performance da poesia grega dos periacuteodos arcaico e claacutessico

Vicente Ramoacuten es Profesor Tiular de Filologiacutea Griega de la Universidad de Zara‑goza Sus intereses cientiacuteficos pueden sintetizarse en las siguientes liacuteneas Plutarco de Queronea y la biografiacutea poliacutetica historiografiacutea griega retoacuterica y oratoria griegas tradicioacuten claacutesica teatro griego la irreligiosidad en la Atenas Claacutesica

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Nelson
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Volumes publicados na Colecccedilatildeo Humanitas Supplementum

1 Francisco de Oliveira Claacuteudia Teixeira e Paula Barata Dias Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 1 ndash Liacutenguas e Literaturas Greacutecia e Roma (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

2 Francisco de Oliveira Claacuteudia Teixeira e Paula Barata Dias Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 2 ndash Liacutenguas e Literaturas Idade Meacutedia Renascimento Recepccedilatildeo (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

3 Francisco de Oliveira Jorge de Oliveira e Manuel Patriacutecio Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 3 ndash Histoacuteria Arqueologia e Arte (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2010)

4 Maria Helena da Rocha Pereira Joseacute Ribeiro Ferreira e Francisco de Oliveira (Coords) Horaacutecio e a sua perenidade (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

5 Joseacute Luiacutes Lopes Brandatildeo Maacutescaras dos Ceacutesares Teatro e moralidade nas Vidas suetonianas (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

6 Joseacute Ribeiro Ferreira Delfim Leatildeo Manuel Troumlster and Paula Barata Dias (eds) Symposion and Philanthropia in Plutarch (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

7 Gabriele Cornelli (Org) Representaccedilotildees da Cidade Antiga Categorias histoacutericas e discursos filosoacuteficos (Coimbra Classica DigitaliaCECHGrupo Archai 2010)

8 Maria Cristina de Sousa Pimentel e Nuno Simotildees Rodrigues (Coords) Sociedade poder e cultura no tempo de Oviacutedio (Coimbra Classica DigitaliaCECHCECCH 2010)

9 Franccediloise Frazier et Delfim F Leatildeo (eds) Tychegrave et pronoia La marche du monde selon Plutarque (Coimbra Classica DigitaliaCECH Eacutecole Doctorale 395 ArScAn‑THEMAM 2010)

10 Juan Carlos Iglesias‑Zoido El legado de Tuciacutedides en la cultura occidental (Coimbra Classica DigitaliaCECH ARENGA 2011)

11 Gabriele Cornelli O pitagorismo como categoria historiograacutefica (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2011)

12 Frederico Lourenccedilo The Lyric Metres of Euripidean Drama (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2011)

13 Joseacute Augusto Ramos Maria Cristina de Sousa Pimentel Maria do Ceacuteu Fialho Nuno Simotildees Rodrigues (coords) Paulo de Tarso Grego e Romano Judeu e Cristatildeo (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

14 Carmen Soares amp Paula Barata Dias (coords) Contributos para a histoacuteria da alimentaccedilatildeo na antiguidade (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

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15 Carlos A Martins de Jesus Claudio Castro Filho amp Joseacute Ribeiro Ferreira (coords) Hipoacutelito e Fedra ‑ nos caminhos de um mito (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

16 Joseacute Ribeiro Ferreira Delfim F Leatildeo amp Carlos A Martins de Jesus (eds) Nomos Kosmos amp Dike in Plutarch (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

17 Joseacute Augusto Ramos amp Nuno Simotildees Rodrigues (coords) Mnemosyne kai Sophia (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

18 Ana Maria Guedes Ferreira O homem de Estado ateniense em Plutarco o caso dos Alcmeoacutenidas (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

19 Aurora Loacutepez Andreacutes Pocintildea amp Maria de Faacutetima Silva De ayer a hoy influencias claacutesicas en la literatura (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

20 Cristina Pimentel Joseacute Luiacutes Brandatildeo amp Paolo Fedeli (coords) O poeta e a cidade no mundo romano (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

21 Francisco de Oliveira Joseacute Luiacutes Brandatildeo Vasco Gil Mantas amp Rosa Sanz Serrano (coords) A queda de Roma e o alvorecer da Europa (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

22 Luiacutesa de Nazareacute Ferreira Mobilidade poeacutetica na Greacutecia antiga uma leitura da obra de Simoacutenides (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica DigitaliaCECH 2013)

23 Faacutebio Cerqueira Ana Teresa Gonccedilalves Edalaura Medeiros amp JoseacuteLuiacutes Brandatildeo Saberes e poderes no mundo antigo Vol I ndash Dos saberes (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia2013) 282 p

24 Faacutebio Cerqueira Ana Teresa Gonccedilalves Edalaura Medeiros amp Delfim Leatildeo Saberes e poderes no mundo antigo Vol II ndash Dos poderes (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013) 336 p

25 Joaquim J S Pinheiro Tempo e espaccedilo da paideia nas Vidas de Plutarco (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013) 458 p

26 Delfim Leatildeo Gabriele Cornelli amp Miriam C Peixoto (coords) Dos Homens e suas Ideias Estudos sobre as Vidas de Dioacutegenes Laeacutercio (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013)

27 Italo Pantani Margarida Miranda amp Henrique Manso (coords) Aires Barbosa na Cosmoacutepolis Renascentista (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2013)

28 Francisco de Oliveira Maria de Faacutetima Silva Tereza Virgiacutenia Ribeiro Barbosa (coords) Violecircncia e transgressatildeo uma trajetoacuteria da Humanidade (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

29 Priscilla Gontijo Leite Eacutetica e retoacuterica forense asebeia e hybris na caracterizaccedilatildeo dos adversaacuterios em Demoacutestenes (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

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30 Andreacute Carneiro Lugares tempos e pessoas Povoamento rural romano no Alto Alentejo ‑ Volume I (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2014)

31 Andreacute Carneiro Lugares tempos e pessoas Povoamento rural romano no Alto Alentejo ‑ Volume II (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2014)

32 Pilar Goacutemez Cardoacute Delfim F Leatildeo Maria Aparecida de Oliveira Silva (coords) Plutarco entre mundos visotildees de Esparta Atenas e Roma (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

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Resumo da obra

A vasta e variada obra de Plutarco permite sempre uma abordagem a partir de distintas

perspetivas com diferentes intenccedilotildees e propoacutesitos variados No entanto eacute importante

identificar tambeacutem fios comuns nessa abordagem porque permitem demonstrar tanto a

niacutevel formal como de conteuacutedo que haacute muitos elementos comuns que permeiam o trabalho

de Plutarco

Os treze contributos para este volume tecircm como elo comum o nome de trecircs cidades

Esparta Atenas e Roma Elas representam espaccedilos poliacuteticos e institucionais diversos dada

a sua extensatildeo geograacutefica e cronoloacutegica mas simbolizam igualmente diferentes modelos

de organizaccedilatildeo social atraveacutes dos quais a Greacutecia pode ser contrastada com Roma ou Atenas

comparada com Esparta mdash ainda que o seu verdadeiro interesse na obra de Plutarco seja

que representam sempre locais paradigmaacuteticos onde vivem e convivem pessoas Por

isso os estudiosos de Plutarco que contribuiacuteram para este volume procuram analisar em

cada uma dessas cidades seja por assimilaccedilatildeo ou por contraste a forma como o autor de

Queroneia aborda a ligaccedilatildeo entre indiviacuteduo e comunidade a partir do exerciacutecio do poder

e da experiecircncia religiosa qual o papel da educaccedilatildeo e do domiacutenio privado na projeccedilatildeo

puacuteblica dos protagonistas retratados por Plutarco ou ateacute que ponto a imagem dos primeiros

legisladores e fundadores miacuteticos foi condicionada pela evoluccedilatildeo histoacuterica destas mesmas

cidades

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Estruturas EditoriaisSeacuterie Humanitas Supplementum

Estudos Monograacuteficos

ISSN 2182‑8814

Diretor PrincipalMain Editor

Delfim LeatildeoUniversidade de Coimbra

Assistentes Editoriais Editoral Assistants

Elisabete Caccedilatildeo Joatildeo Pedro Gomes Nelson Ferreira Universidade de Coimbra

Comissatildeo Cientiacutefica Editorial Board

Arnaldo do Espiacuterito SantoUniversidade de Lisboa

Aurelio Peacuterez JimeacutenezUniversidad de Maacutelaga

Claacuteudia TeixeiraUniversidade de Eacutevora

Frederico LourenccediloUniversidade de Coimbra

Israel Muntildeoz GallarteUniversidad de Coacuterdoba

Joseacute Ribeiro FerreiraUniversidade de Coimbra

Joseacute Vela TejadaUniversidad de Zaragoza

Maria do Ceacuteu FialhoUniversidade de Coimbra

Nuno Simotildees RodriguesUniversidade de Lisboa

Todos os volumes desta seacuterie satildeo submetidos a arbitragem cientiacutefica independente

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Pilar Goacutemez Cardoacute Delfim F Leatildeo Maria Aparecida de Oliveira Silva (coord)Universitat de Barcelona Universidade de Coimbra Universidade de Satildeo Paulo

Plutarco entre mundosvisotildees de Esparta Atenas e Roma

IMPRENSA DA UNIVERSIDADE DE COIMBRACOIMBRA UNIVERSITY PRESS

ANNABLUME

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Conceccedilatildeo Graacutefica GraphicsRodolfo Lopes Nelson Ferreira

Infografia InfographicsNelson Ferreira

Impressatildeo e Acabamento Printed bySimotildees amp Linhares Lda Av Fernando Namora nordm 83 Loja 4 3000 Coimbra

ISSN2182‑8814

ISBN978‑989‑26‑0920‑1

ISBN Digital978‑989‑26‑0921‑8

DOIhttpdxdoiorg1014195978‑989‑26‑0921‑8

Depoacutesito Legal Legal Deposit 38476114

Tiacutetulo Title Plutarco entre mundos visotildees de Esparta Atenas e RomaPlutarch between worlds visions of Sparta Athens and Rome

Coord EdPilar Goacutemez Cardoacute Delfim F Leatildeo Maria Aparecida de Oliveira Silva

Editores PublishersImprensa da Universidade de CoimbraCoimbra University Presswwwucptimprensa_ucContacto Contact imprensaucptVendas online Online Saleshttplivrariadaimprensaucpt

Annablume Editora Comunicaccedilatildeo

wwwannablumecombrContato Contact annablumecombr

Coordenaccedilatildeo Editorial Editorial CoordinationImprensa da Universidade de Coimbra

copy Dezembro 2014

Trabalho publicado ao abrigo da Licenccedila This work is licensed underCreative Commons CC‑BY (httpcreativecommonsorglicensesby30ptlegalcode)

POCI2010

Annablume Editora Satildeo PauloImprensa da Universidade de CoimbraClassica Digitalia Vniversitatis Conimbrigensis httpclassicadigitaliaucptCentro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra

Seacuterie Humanitas SupplementumEstudos Monograacuteficos

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Plutarco entre mundos visotildees de Esparta Atenas e Roma Plutarch between worlds visions of Sparta Athens and Rome

Coord EdPilar Goacutemez Cardoacute Delfim F Leatildeo Maria Aparecida de Oliveira Silva

Filiaccedilatildeo AffiliationUniversitat de Barcelona Universidade de Coimbra Universidade de Satildeo Paulo

ResumoA vasta e variada obra de Plutarco permite sempre uma abordagem a partir de distintas perspetivas com diferentes intenccedilotildees e propoacutesitos variados No entanto eacute importante identificar tambeacutem fios comuns nessa abordagem porque permitem demonstrar tanto a niacutevel formal como de conteuacutedo que haacute muitos elementos comuns que permeiam o trabalho de Plutarco Os treze contributos para este volume tecircm como elo comum o nome de trecircs cidades Esparta Atenas e Roma Elas representam espaccedilos poliacuteticos e institucionais diversos dada a sua extensatildeo geograacutefica e cronoloacutegica mas simbolizam igualmente diferentes modelos de organizaccedilatildeo social atraveacutes dos quais a Greacutecia pode ser contrastada com Roma ou Atenas comparada com Esparta mdash ainda que o seu verdadeiro interesse na obra de Plutarco seja que representam sempre locais paradigmaacuteticos onde vivem e convivem pessoas Por isso os estudiosos de Plutarco que contribuiacuteram para este volume procuram analisar em cada uma dessas cidades seja por assimilaccedilatildeo ou por contraste a forma como o autor de Queroneia aborda a ligaccedilatildeo entre indiviacuteduo e comunidade a partir do exerciacutecio do poder e da experiecircncia religiosa qual o papel da educaccedilatildeo e do domiacutenio privado na projeccedilatildeo puacuteblica dos protagonistas retratados por Plutarco ou ateacute que ponto a imagem dos primeiros legisladores e fundadores miacuteticos foi condicionada pela evoluccedilatildeo histoacuterica destas mesmas cidades

Palavras‑chavePlutarco Atenas Esparta Roma educaccedilatildeo religiatildeo poder

Abstract The vast and varied work of Plutarch naturally allows an approach from different perspectives with a variety of intentions and plural purposes However it is also important to identify common lines of approach because they demonstrate both formally and in terms of content that there are many customary elements underlying his work The thirteen contributions to this volume are linked by the names of three cities Sparta Athens and Rome They represent diverse political and institutional spaces because of their geographical extension and chronology and they symbolize as well different models of social organization through which Greece can be contrasted with Rome or Athens compared to Sparta mdash but perhaps their most interesting feature in Plutarchs work is that they are paradigmatic places where men live and coexist together Therefore the Plutarchists who contributed to this volume analyze for each of these cities by assimilation or contrast the way the author from Chaeronea envisages the connection between individual and community as reflected in the exercise of power and the living of religious experiences the role played by education and private affairs in the public image of Plutarchrsquos protagonists or the extent to which the image of the first lawgivers and mythical founders was conditioned by the historical development of these cities

KeywordsPlutarch Athens Sparta Rome education religion power

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Coordenadores

Pilar Goacutemez Cardoacute es profesora titular de Filologiacutea Griega en la Universidad de Barcelona donde imparte docencia e investiga desde 1981 Doctora en Filologiacutea Claacutesica desde 1987 con una tesis sobre la tradicioacuten yaacutembica y la faacutebula (La Vida drsquoIsop entre el iambe la faula i la novelbullla) es autora de numerosos artiacuteculos y capiacutetulos de libros sobre la literatura griega de eacutepoca imperial romana en especial sobre Segunda Sofiacutestica y novela ha estudiado principalmente autores como Luciano (en cuya edicioacuten y traduccioacuten al castellano para la coleccioacuten Alma Mater participa) Plutarco Dioacuten de Prusa o Elio Ariacutestides Es miembro del grupo de investigacioacuten Graecia Capta de la Universidad de Barcelona

Delfim F Leatildeo eacute Professor Catedraacutetico da Instituto de Estudos Claacutessicos e investigador do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a histoacuteria antiga o direito e a teorizaccedilatildeo poliacutetica dos Gregos a pragmaacutetica teatral e a escrita romanesca antiga

Maria Aparecida de Oliveira Silva eacute professora visitante do Programa de Poacutes‑Graduaccedilatildeo em Letras Claacutessicas da Universidade de Satildeo Paulo e Professora Pesquisadora do Programa de Poacutes‑Graduaccedilatildeo em Histoacuteria da Universidade Federal de Satildeo Paulo Liacuteder do Grupo CNPq LABHAN Laboratoacuterio de Histoacuteria Antiga da Universidade Federal do Amapaacute Pesquisadora do Grupo CNPq Linceu ‑ Visotildees da Antiguidade Claacutessica da Universidade Estadual Paulista Pesquisadora do Grupo Retoacuterica Texto y Comunicacioacuten da Univer‑sidad de Caacutediz Membro do Conselho Acadecircmico do Seminaacuterio de Histoacuteria e Filosofia das Religiotildees da Universidad Autoacutenoma de Ciudad Juaacuterez mdash Meacutexico Pesquisa e publica trabalhos sobre Esparta Plutarco e biografia antiga

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Editors

Pilar Goacutemez Cardoacute is Professor of Greek Studies at the University of Barcelona where she has been teaching and conducting research in 1981 She obtained a PhD in Classical Philology in 1987 with a thesis on the iambic tradition and fable (La Vida drsquoIsop entre el iambe la faula i la novelbullla) and is the author of numerous articles and book chapters on the Greek literature of the Roman Imperial period especially on the Second Sophistic and the novel She has studied mainly writers like Lucian (collaborating in the edition and translation of his works into Spanish for the Alma Mater collection) Plutarch Dio of Prusa and Aelius Aristides She is a member of the research group Graecia Capta of the University of Barcelona

Delfim F Leatildeo is Full Professor at the Institute of Classical Studies and researcher at the Centre for Classical and Humanistic Studies at the University of Coimbra His main areas of scientific interest are ancient history law and political theory of the Greeks theatrical pragmatics and the ancient novel

Maria Aparecida de Oliveira Silva is a visiting professor of the Postgraduate Programme in Classics at the University of Satildeo Paulo and Research Professor of the Postgraduate Pro‑gramme in History at the Federal University of Satildeo Paulo Leader of the CNPq LABHAN Group Labotarory of Ancient History at the Federal University of Amapaacute Researcher of the CNPq Linceu Group mdash Visions of Classical Antiquity at Satildeo Paulo State University Researcher of the Group ldquoRetoacuterica Texto y Comunicacioacutenrdquo of the University of Caacutediz Member of the Academic Council of the Seminar in History and Philosophy of Religions at the Autonomous University of Ciudad Juaacuterez mdash Mexico Her research interests are mainly directed to Sparta Plutarch and ancient biography

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Sumaacuterio

Apresentaccedilatildeo de Plutarco entre Mundos visotildees de esparta atenas e roma 11(Presentation of Plutarch between worlds visions of Sparta Athens and Rome)

Introduccioacuten(Introduction) 13

Pilar Goacutemez Cardoacute

O jovem Teseu do reconhecimento paterno ao reconhecimento poliacutetico (Young Theseus from paternal recognition to political recognition) 31

Loraine Oliveira

Legislar teniacutea un precio (The price to pay for legislating) 49

Mordf Teresa Fau Ramos

O legislador e suas estrateacutegias discursivas teatralidade e linguagem metafoacuterica na vida de soacutelon

(The statesman and his discourse strategies theatricality and metaphorical language in the Life of Solon) 71

Delfim F Leatildeo

A figura do legislador em Plutarco Recepccedilatildeo de um mito poliacutetico (The figure of the lawgiver in Plutarch reception of a political myth) 85

Aacutelia Rodrigues

Un mentor limpio de pasiones El filoacutesofo y la actuacioacuten poliacutetica seguacuten el de genio socratis

(A mentor without passions the philosopher and political action according to the De genio Socratis) 103

Joseacute M Candau

O valor da filosofia e da paideia a construccedilatildeo moral e retoacuterica de Plutarco(The value of philosophy and of paideia Plutarchrsquos moral and rhetorical constructions) 119

Joaquim Pinheiro

De Roma a Alejandriacutea y viceversa mimesis del motivo del viaje en la vida de antonio de Plutarco(From Rome to Alexandria and vice versa mimesis of the travel motif in Plutarchrsquos Life of Antony) 137

Ivana S Chialva

A Esparta de Plutarco entre a guerra e as artes(Plutarchrsquos Sparta between war and the arts) 159

Roosevelt Rocha

Muacutesica e educaccedilatildeo em Atenas segundo as biografias de Plutarco(Music and education in Athens according to Plutarchrsquos biographies) 173

Faacutebio Vergara Cerqueira

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Por traacutes de um grande homem haacute sempre uma grande mulher A influecircncia de esposas e amantes sobre homens de Estado

(Is there always a great man behind a great woman The influence of wives and lovers over statesmen) 191

Ana Ferreira

Heteras concubinas y joacutevenes de seduccioacuten la influencia femenina en las vidas plutarqueas de Soloacuten Pericles y Alcibiacuteades

(Hetairai concubines and seducers the influence of women in Plutarchrsquos Lives of Solon Pericles and Alcibiades) 209

Guillermina Gonzaacutelez Almenara

Esparta e os oraacuteculos uma leitura plutarquiana(Sparta and the oracles a Plutarchan reading) 219

Maria Aparecida de Oliveira Silva

Plutarco y la crisis oracular del final del mundo antiguo(Plutarch and the crisis of the oracles at the end of the ancient world) 233

Jesuacutes‑Mordf Nieto Ibaacutentildeez

Index nominvm 251

Index locorvm 259

Notas biograacuteficas dos autores 267

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11

Apresentaccedilatildeo de Plutarco entre Mundos visotildees de esparta atenas e roma

(Presentation of Plutarch between worlds visions of Sparta Athens and Rome)

Um grego nascido agrave eacutepoca da dominaccedilatildeo romana Plutarco vive entre mun‑dos circulando entre Greacutecia e Roma tecendo reflexotildees sobre gregos e romanos Descendente de uma tradicional famiacutelia beoacutecia nosso autor eacute educado conforme os preceitos da paideia grega a mesma que prescreve em seus tratados e biografias como sendo a mais indicada para a formaccedilatildeo de um homem virtuoso Plutarco entrelaccedila conhecimentos acumulados pela tradiccedilatildeo grega com os da romana re‑gistra suas impressotildees sobre o modo de ser grego em um movimento de partida do seu presente de dominado para retornar ao passado glorioso de seu povo sem negligenciar suas anaacutelises sobre o modo de ser romano Reflexotildees que se fazem perceptiacuteveis principalmente na escrita de suas biografias de gregos e romanos onde vemos as comparaccedilotildees de suas personagens ora criticando a accedilatildeo de um grego ora a de um romano demonstrando os aspectos positivos e negativos de cada um embora deixe clara a sua preferecircncia pela cultura grega

Pela erudiccedilatildeo peculiar a sua extensa obra Plutarco eacute um autor que se in‑sere em diversos periacuteodos da nossa histoacuteria vemos sua influecircncia em escritos bizantinos renascentistas nos produzidos entre os seacuteculos XVI e XVII em que italianos franceses ingleses e espanhoacuteis se dedicam a verter suas biografias e tratados para vernaacuteculos modernos A disseminaccedilatildeo dessas obras concorre para influenciar artistas poetas filoacutesofos historiadores do seacuteculo XVIII em diante

Se por muitos seacuteculos nosso autor se vecirc circunscrito ao espaccedilo geograacutefico da bacia mediterracircnica hoje notamos que suas ideias atravessam o Oceano e alcanccedilam o chamado Novo Mundo Entatildeo a perspectiva de entre mundos para o nosso autor se expande mais sua obra atravessa eacutepocas e espaccedilos e se transforma em um claacutessico como tal atemporal e sem fronteiras Imbuiacutedos desse espiacuterito da obra plutarquiana apresentamos ao leitor este livro com ar‑tigos redigidos por espanhoacuteis latino‑americanos e portugueses revelando a

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Legislar teniacutea un precio

Mas a pesar de su tropiezo laquocon la mayoriacutearaquo (τοῖς πλείστοις) le fueron confiadas al legislador ateniense responsabilidades aun mayores45 y asiacute pudo eliminar buena parte de las leyes promulgadas por Dracoacuten46 reorganizar la poblacioacuten asignaacutendole prerrogativas en base a criterios econoacutemicos47 introducir cambios en las instituciones de la polis48 y establecer otras disposiciones como por ejemplo las que regulan el matrimonio49 los testamentos y donaciones50 la conducta de las mujeres51 el desempentildeo de oficios52 la actividad agriacutecola53 la naturalizacioacuten de extranjeros54 y el calendario55

Promulgadas ya las leyes aguardaba a Soloacuten una nueva contrariedad cada diacutea era abordado por individuos que elogiaban o censuraban su obra le aconse‑jaban antildeadidos o supresiones o simplemente le pediacutean aclaracioacuten sobre alguacuten pasaje que no comprendiacutean Para zafarse de esta presioacuten decide ausentarse de Atenas durante diez antildeos Abandona pues la patria con la esperanza de que su exilio voluntario sirva para que los ciudadanos se habituacuteen a las nuevas leyes56

Pero a su regreso constata que la polis ha vuelto al mal camino y las fac‑ciones vuelven a dominar la escena poliacutetica destacando sobremanera un hombre llamado Pisiacutestrato en torno al cual se apintildeaba una laquoturbaraquo (ὄχλος) de jornaleros radicalmente contraria a los ricos57 Soloacuten intenta poner paz parlamentando con los liacutederes de los partidos58 intuye las verdaderas intenciones del dirigente de la plebe e intenta en vano modificarlas59 Cuando Pisiacutestrato se dispone a erigirse en tirano el anciano legislador se opone pero al no contar con el apoyo de nadie debe cejar en su empentildeo60

estagirita (Pol 1296a) afirma que los μέσοι constituyen un factor sumamente equilibrador de la sociedad y es ndashprosigue‑ por este motivo que los mejores legisladores como Soloacuten y ‑iexclpara nuestra sorpresa‑ Licurgo pertenecieron a este colectivo Sobre la posicioacuten de Plutarco con respecto a las doctrinas supuestamente aristoteacutelicas remito a la reciente aportacioacuten de Becchi (2014)

45 Sol 163‑546 Sol 17147 Sol 181‑348 Sol 191‑249 Sol 202‑650 Sol 213‑451 Sol 21552 Sol 221 y 353 Sol 236‑24254 Sol 24455 Sol 254‑556 Sol 256 En el texto plutarqueo Soloacuten pone como excusa (πρόσχημα) de su partida

un tema relacionado con la navegacioacuten (ναυκληρία) Heroacutedoto (130) apunta el deseo de ver mundo (θεωρία) mientras que Aristoacuteteles (Ath 111) hace referencia a la actividad comercial (ἐμπορία) y tambieacuten al deseo de ver mundo (θεωρία)

57 Sol 29158 Sol 29259 Sol 29560 Sol 301‑4 y 6‑8

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Mordf Teresa Fau Ramos

Sorprendentemente una vez duentildeo de la situacioacuten Pisiacutestrato tratoacute a Soloacuten con gran respeto aceptoacute muchos de sus consejos y conservoacute laquola mayoriacutea de las leyesraquo (τοὺς πλείστους νόμους) que habiacutea establecido61 Y eacutesta es una de las uacutelti‑mas afirmaciones que hace Plutarco con respecto a Soloacuten sobre cuya muerte no nos proporciona dato alguno de intereacutes62

A diferencia de la biografiacutea plutarquea de Licurgo la Vida de Soloacuten no cul‑mina con un heroico acto de auto‑inmolacioacuten para obtener la perdurabilidad de unas leyes que se desean perennes63 Ello no obsta sin embargo para que reconozcamos que tambieacuten a Soloacuten le pasa factura el ejercicio de su funcioacuten como legislador En efecto debe soportar las burlas de unas gentes que hacen befa de eacutel por haberse negado a instaurar un reacutegimen tiraacutenico es falsamente acusado de haber obtenido beneficios fraudulentos gracias a sus leyes y sufre una intensa presioacuten por parte de sus conciudadanos hasta el punto de tener que optar por un exilio voluntario

Numa

Con la Vida de Numa regresamos a un contexto de dignidad regia aunque existe una gran diferencia entre las maneras expeditivas de Licurgo y la suavidad con la que actuacutea el rey Numa64

Tras la desaparicioacuten ndashsupuestamente sobrenaturalndash de Roacutemulo la ciudad de Roma se hallaba sumida en una grave discordia pues sabinos y romanos no se poniacutean de acuerdo sobre quieacuten habiacutea de ser el proacuteximo monarca65 Al fin las dos facciones pactan que la realeza recaiga sobre el sabino Numa Pompilio66 Pero eacuteste que habiacutea sabido mejorar su buen talante natural con un geacutenero de vida

61 Sol 312‑3 En este punto Plutarco sigue la tradicioacuten continuista de otros autores (cf Hdt 1596 y Th 6546) Seguacuten Dioacutegenes Laercio (153‑54) Pisiacutestrato hace saber al νομοθέτης ateniense que mantiene la legislacioacuten por eacutel establecida y le invita a regresar a la polis Aristoacuteteles (Ath 221) por su parte mantiene que la tiraniacutea habiacutea abolido por desuso las leyes solonianas

62 No obstante en el Banquete de los siete sabios (Moralia 151E‑F) encontramos de nuevo a Soloacuten a propoacutesito de quien Quiloacuten afirma que debe ser el primero en hacer uso de la palabra no soacutelo porque asiacute conviene por su edad y por el lugar que ocupa entre los comensales sino porque detenta laquola autoridad mayor y maacutes perfectaraquo (τὴν μεγίστην καὶ τελειοτάτην ἀρχήν) laquopor haber otorgado leyes a los ateniensesraquo (νόμους Ἀθηναίοις θέμενος) Para una visioacuten de Soloacuten como representante de una sabiduriacutea antigua que laquolejos de ser puramente teoacuterica se proyecta hacia la praxis cotidianaraquo cf Peacuterez Jimeacutenez (1991) 688

63 No nos parece irrelevante el hecho de que en la parte final de la Vida de Soloacuten (316‑7) se aluda a su vertiente poeacutetica iquestes eacutesta ‑nos preguntamos‑ una manera de sugerir la pervivencia del νομοθέτης ateniense

64 En este sentido Numa se asemeja mucho maacutes a los laquodulcesraquo personajes griegos que a los rudos romanos cf Martin Jr (1960) y De Romilly (1979) Sobre la dulzura (πρᾳότης) en los personajes plutarqueos veacutease tambieacuten Frazier (1996)

65 Num 22‑866 Num 32‑4

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Legislar teniacutea un precio

austero reflexivo y sosegado67 al recibir a los enviados que le ofreciacutean la corona se mostroacute reacio a aceptarla ya que ndashafirmabandash su manera de ser tan alejada de las praacutecticas guerreras no era apropiada para regir al belicoso pueblo de Roma68 Convencido a la postre por argumentos que le exhortaban a actuar en favor del bien comuacuten69 y confirmada por signos favorables la buena disposicioacuten de la divi‑nidad Numa accede a convertirse en rey de la agitada urbe70 eacutel que laquohabiendoraquo otrora laquoabandonado las ocupaciones propias de la vida en la ciudadraquo (ἐκλείπων τὰς ἐν ἄστει διατριβάς) se complaciacutea en frecuentar parajes solitarios71

Su primera medida de gobierno consiste en la supresioacuten de la guardia perso‑nal creada por el anterior monarca la segunda en la institucioacuten de un sacerdocio en honor de Roacutemulo72 Tras estas dos disposiciones tomadas seguacuten Plutarco laquopara obtener benevolencia y gratitud del puebloraquo (ἐπrsquoεὐνοίᾳ καὶ χάριτι τοῦ δήμου) Numa emprende la difiacutecil tarea de pacificar la ciudad73 Y para lograr su objetivo no vacila en servirse de la religioacuten introduciendo nuevos rituales74 fomentando los temores supersticiosos de la poblacioacuten75 o atribuyeacutendose una particular relacioacuten con divinidades76

Entre sus reformas de aacutembito religioso destacan la prohibicioacuten de repre‑sentar a los dioses por medio de imaacutegenes de hombres o animales77 el fomento

67 Num 37‑41 Sobre el caraacutecter del Numa plutarqueo orientado laquopor naturalezaraquo (φύσει) hacia la virtud cf Peacuterez Jimeacutenez (1994)

68 Num 51‑869 Un argumento muy del agrado de los estoicos Sobre el controvertido tema de la relacioacuten

de Plutarco con el estoicismo creemos que todaviacutea son relevantes las opiniones de Babut (1969) Para una visioacuten actualizada de este tema cf Opsomer (2014)

70 Num 61‑5 73‑7 Sobre la ejemplaridad para Plutarco del acceso del rey Numa al poder cf Peacuterez Jimeacutenez (1995)

71 Num 41 Plutarco (Num 52) subraya el sacrificio de Numa explicando que laquocostoacute seguacuten parece un esfuerzo no pequentildeo y requirioacute muchos argumentos y ruegos persuadir y hacer cambiar de opinioacuten a un hombre que habiacutea vivido en paz y tranquilidadraquo (ἦν δrsquo οὐ μικρόν ὡς ἔοικεν ἔργον ἀλλὰ καὶ λόγων πολλῶν καὶ δεήσεως τὸ πεῖσαι καὶ μεταστῆσαι γνώμην ἀνδρὸς ἐν ἡσυχίᾳ καὶ εἰρήνῃ βεβιωκότος) y ponerle al frente de laquouna poblacioacuten que en cierta manera habiacutea nacido y habiacutea crecido gracias a la guerraraquo (πόλεως τρόπον τινὰ καὶ γεγενημένης πολέμῳ καὶ συνηυξημένης)

72 Num 78‑9 Sobre la actitud del legislador Numa con respecto a la escritura veacutease la nota 20

73 Num 8174 Num 8375 Num 84 Aunque en general Plutarco desaprueba las praacutecticas supersticiosas ‑su tratado

Sobre la supersticioacuten (Moralia 164E‑171E) no permite abrigar dudas al respecto‑ puede sin embargo mostrarse comprensivo cuando un dirigente hace uso de ellas con la intencioacuten de conseguir los objetivos (por supuesto adecuados) que persigue (veacutease p e Dio 241‑3) A propoacutesito precisamente de las obras Sobre la supersticioacuten y Vida de Numa Van Nuffelen (2011) presenta al queronense como un atento observador de las transformaciones que experimentan las tradiciones religiosas

76 Num 810‑11 y 151‑677 Num 813

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de sacrificios incruentos78 la institucioacuten de los sacerdotes Pontiacutefices79 la de los Feciales80 y la de los Salios81 la consagracioacuten de las Viacutergenes Vestales82 y la regla‑mentacioacuten relativa a usos fuacutenebres83

Pero las innovaciones no podiacutean centildeirse exclusivamente a un contexto reli‑gioso Preocupado por la existencia de una masa de ciudadanos indigentes Numa decide servirse de las tierras que habiacutean sido conquistadas por su antecesor y las reparte entre los desheredados Asiacute inclina al pueblo a la praacutectica de la agricultura con el fin de que estos hombres que cultivancivilizan una tierra que les ha sido otorgada resulten tambieacuten ellos cultivadoscivilizados84 y mediante normas adicionales se aplica a incentivar las labores del campo85

Quedaba todaviacutea por abordar un grave problema pues auacuten subsistiacutea la antigua divisioacuten entre sabinos y romanos Para subsanarla el legislador establece nuevos criterios para clasificar a la ciudadaniacutea y distribuye a los individuos en entidades que dariacuteamos en llamar laquogremialesraquo De este modo agrupados en virtud de los oficios que desempentildean los habitantes de la pujante poblacioacuten iraacuten olvidando los antiguos motivos de desunioacuten86

No acaban ahiacute las reformas de Numa Tambieacuten dicta leyes relacionadas con la institucioacuten familiar87 y el calendario88 Y con todo ello consigue hacer de Roma ndashe incluso de las ciudades del entornondash un remanso de paz la violencia desaparece fiestas y banquetes se celebran por doquier las gentes se relacionan entre si en un ambiente de mutua confianza no hay constancia alguna de laquoguer‑raraquo (πόλεμος) laquodiscordia civilraquo (στάσις) ni laquorevolucioacuten poliacuteticaraquo (νεωτερισμὸς περὶ πολιτείαν) y la figura de Numa goza del respeto general89 Cuando alcan‑zados ya los ochenta antildeos fallece el legislador90 su muerte ndashmuerte naturalndash es

78 Num 815 Plutarco atribuye esta medida al igual que otras a la influencia del espartano Pitaacutegoras (cf Num 14) La influencia de Pitaacutegoras en las costumbres romanas habriacutea sido tratada por Caacutestor de Rodas a quien el queronense hace referencia en sus Cuestiones romanas (Moralia 266E)

79 Num 9180 Num 124‑881 Num 131‑782 Num 910 y 101‑583 Num 121‑384 Num 164 Plutarco hace aquiacute un juego de palabras basaacutendose en el teacutermino

συνεξημεροῦμαι En cuanto al reparto de tierras consignado en este capiacutetulo es posteriormente negado en la comparatio entre Licurgo y Numa (Num 3410)

85 Num 166‑786 Num 171‑487 Num 17588 Num 181‑6 y 198‑9 89 Num 203‑7 Plutarco antildeade (208‑12) unas consideraciones sobre las bondades que se

derivan del mandato de un gobernante filoacutesofo En su argumentacioacuten nuestro autor cita (Num 2010) casi textualmente el pasaje 711e de Las Leyes de Platoacuten

90 Num 217

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acompantildeada tanto en Roma como en otras ciudades de grandes manifestacio‑nes de duelo91

Asiacute termina la vida del anciano rey que supo renunciar a la apacible vida que tanto le agradaba para regir los destinos de la inquieta Roma poniendo de manifiesto una vez maacutes que para el queronense el ejercicio de la funcioacuten de νομοθέτης va ligado a la ineludible necesidad de pagar un precio por ello Pero no acaba ahiacute la informacioacuten plutarquea sobre Numa pues el bioacutegrafo nos hace saber que tras la muerte del monarca los romanos volvieron a hacer uso de las armas92 y en la comparatio que establece entre Licurgo y Numa Plutarco subraya el fracaso que supone para la constitucioacuten de Numa el regreso de Roma a sus antiguas praacutecticas guerreras93 En cuanto a la causa de tal infortunio el quero‑nense es tajante seguacuten eacutel Numa se equivocoacute gravemente cuando a diferencia de Licurgo no organizoacute un sistema educativo soacutelido disciplinario e igual para todos los ciudadanos94

Publiacutecola

Pasamos acto seguido a ocuparnos de un legislador que aun sin ser de es‑tirpe real tuvo algo que ver con la institucioacuten monaacuterquica pues contribuyoacute a der‑rocarla Se trata de Publio Valerio a quien los romanos dieron el sobrenombre de Publiacutecola95 Eacuteste que se distinguiacutea por su amor a la justicia y su generosidad para con los necesitados pareciacutea destinado al liderazgo si alguacuten diacutea llegaba a instalarse en Roma lo que Plutarco llama laquoun reacutegimen democraacuteticoraquo (δημοκρατία)96 pero al ser depuesto por el pueblo el rey Tarquinio el Soberbio vio frustradas sus aspiraciones a pesar de haber colaborado eacutel personalmente al derrocamiento97

Decepcionado Valerio se retira momentaacuteneamente de la escena poliacutetica98 pero tan pronto como Tarquinio intenta recuperar el poder reacciona y toma parte muy activa en la desactivacioacuten de una conjura que teniacutea por objetivo la rein‑troduccioacuten de la realeza99 En recompensa a sus servicios Valerio es nombrado

91 Num 22192 Num 221193 Num 361094 Num 367 Pensamos que eacutesta es una criacutetica severa que aleja a Numa del prototipo del

Gobernante Ideal Por su parte Boulet (2005) ve en el retrato plutarqueo del monarca romano un claro ndashy premeditadondash distanciamiento del queronense con respecto a la figura platoacutenica del Rey‑Filoacutesofo Si el alejamiento defendido por Boulet se ajusta a la realidad no creemos que deba producirnos extrantildeeza ya que por decirlo en palabras de Hershbell (2004) Plutarco fue un laquoPlatonisthellipunorthodoxraquo Cf Dillon (2014)

95 Publ 1196 Publ 1297 Publ 13‑5 Plutarco da a la actuacioacuten de Valerio un valor claramente superior al que le

otorgan Dionisio de Halicarnaso (467‑72) y Tito Livio (158‑591‑2)98 Publ 21 99 Publ 22‑76

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coacutensul100 mientras el rey destronado busca ndashy obtienendash el apoyo de los etruscos101 Se libra un feroz combate en el que el ejeacutercito romano consigue la victoria y Valerio tiene ocasioacuten de celebrar triunfo siendo ndashsostiene Plutarcondash el primer coacutensul que entra en la urbe montado en una cuadriga102

Pero el flamante vencedor seraacute pronto objeto de criacutetica pues el pueblo cree ver en su conducta atisbos de despotismo concentra en su persona toda la auto‑ridad habita en una mansioacuten maacutes imponente que la del antiguo rey y se presenta escoltado laquopor todas las fasces y hachas juntasraquo (ὑπὸ ῥάβδοις ὁμοῦ πάσαις καὶ πελέκεσι)103 Valerio reacciona con prontitud reuacutene a un buen nuacutemero de al‑bantildeiles y en una noche echa abajo la casa y la destruye hasta los cimientos104 No tardaraacute el pueblo en hacerle donacioacuten de un terreno donde podraacute edificar una nueva morada eso siacute maacutes austera que la anterior105

En cuanto a las insignias suprimioacute las hachas y decretoacute que las fasces se incli‑naraacuten ante el pueblo106 medida que fue muy del agrado de las gentes que dieron a Valerio el sobrenombre de Publiacutecola teacutermino que seguacuten Plutarco equivale a δημοκηδής laquosoliacutecito con el puebloraquo107 Por otra parte concedioacute laquoa quienes quisie‑ranraquo (τοῖς βουλομένοις) la posibilidad de presentar candidatura para compartir el consulado junto a eacutel Pero antes de que se procediera al nombramiento de su colega en el cargo se valioacute de la feliz circunstancia de ser el uacutenico coacutensul en ejercicio para instaurar medidas poliacuteticas de suma importancia108 Asiacute nombroacute nuevos senadores109 otorgoacute mayores derechos al pueblo110 dictoacute pena de muerte sin proceso previo para aquel que pretendiera erigirse en tirano111 y organizoacute la recaudacioacuten de impuestos112

100 Publ 77101 Publ 91102 Publ 92‑9 Sobre el triunfo de Valerio cf Plu Rom 167‑8 y D H 2342 103 Publ 101‑2 Plutarco pone eacutenfasis en la narracioacuten utilizando el estilo directo es el pueblo

quien pronuncia estas palabras de reproche Sobre la desaprobacioacuten de los romanos ante la conducta de Valerio cf las narraciones maacutes comedidas de Dionisio de Halicarnaso (5181) y Tito Livio (276)

104 Publ 105 En las Cuestiones Romanas (Moralia 285F) se hace alusioacuten al hecho de que la casa situada en lo maacutes alto es percibida por las gentes como una amenaza por su elevada situacioacuten Dionisio de Halicarnaso (5192) no menciona la destruccioacuten de la morada seguacuten eacutel Publiacutecola cambioacute de domicilio con el fin ndashdeclaroacute el propio interesadondash de que los romanos pudieran lanzarle piedras desde arriba si le sorprendiacutean cometiendo alguacuten acto injusto Valerio Maacuteximo en cambio siacute alude (411) a la destruccioacuten de la casa y lo hace ademaacutes en un tono grandilocuente

105 Publ 106106 Publ 107 107 Publ 108‑9 En D H 5195 hallamos la misma ndashmaacutes que discutiblendash etimologiacutea108 Publ 111109 Publ 112110 Publ 113‑4111 Publ 121‑2112 Publ 123‑4

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Tras estas disposiciones designoacute como colega suyo en el cargo a Lucrecio que fallecioacute pocos diacuteas despueacutes del nombramiento siendo sucedido por Marco Horacio113 En cuanto a Publiacutecola sufrioacute a causa de los honores recibidos por su doble condicioacuten de legislador y liacuteder militar la envidia de laquomuchos poderososraquo (πολλοὶ τῶν δυνατῶν) los cuales frustraron su deseo de consagrar el templo de Juacutepiter Capitolino114 Pero ello no fue obstaacuteculo para que Valerio continuara su exitosa carrera pues llegoacute a ser nombrado coacutensul por cuarta vez115 Su muerte acaecida despueacutes de lograr para Roma una gran victoria contra los sabinos causoacute un hondo pesar en la poblacioacuten116

Pero el dolor con que Roma reacciona ante la desaparicioacuten del liacuteder no debe hacernos olvidar las suspicacias que antantildeo despertara en la plebe y la envidia que posteriormente suscitoacute entre los poderosos En un caso la situacioacuten se saldoacute con la destruccioacuten por parte de Valerio de la suntuosa mansioacuten que poseiacutea y en un elocuente gesto de reconocimiento de la voluntad popular en el otro llevoacute las de perder pues no consiguioacute realizar el prestigioso ritual que ambicionaba La disensioacuten con el pueblo fue anterior al ejercicio de la actividad legisladora de hecho es gracias a la reconciliacioacuten con las masas que Publiacutecola tuvo la oportu‑nidad de ejercer como νομοθέτης En cambio el incidente con la eacutelite romana se produjo con posterioridad ndashy a consecuencia dendash su tarea como legislador (Plutarco lo indica con claridad) En este sentido podemos considerar que Publiacutecola pagoacute un doble tributo ndashla peacuterdida de su morada y la imposibilidad de llevar a cabo un ritual de alta relevanciandash por su νομοθεσία

Licurgo Soloacuten Numa y Publiacutecola establecen unas leyes por las que debe regirse la sociedad de la que forman parte y por ello reciben de Plutarco la de‑nominacioacuten de νομοθέτης117 Hay sin embargo entre los personajes biografiados

113 Publ 125‑6114 Publ 141‑7 Sobre φθόνος la envidia caracteriacutestica humana que de ninguacuten modo pasa

inadvertida a Plutarco Verdegem (2005) en una aportacioacuten en torno a les Vidas de estadistas atenienses del siglo v a C establece una clara diferencia entre laquopeer‑envyraquo que salvando la distancia cronoloacutegica seriacutea a nuestro entender el sentimiento que Publiacutecola despertoacute entre los poderosos y laquopopular envyraquo que experimenta la turba con respecto a los liacutederes contra quienes haciacutea aplicar en la Atenas claacutesica la medida llamada ostracismo Sobre el valor que el queronense otorga al ostracismo cf Jufresa Muntildeoz amp Fau Ramos (2011) Por otra parte Frazier (1996) atribuye al φθόνος de los personajes plutarqueos un laquocaractegravere quasi automatiqueraquo (p 109)

115 Publ 211116 Publ 231‑5 y 246 Plutarco (Publ 234) pone de relieve que el pueblo decidioacute que el

cuerpo de Publiacutecola fuera enterrado a expensas puacuteblicas dato que hallamos tambieacuten en Dionisio de Halicarnaso (5482‑3) y Valerio Maacuteximo (441) con la diferencia de que estos dos autores indican que ello se debioacute a la situacioacuten de pobreza extrema en que murioacute el estadista

117 Lyc 11 99 141 Sol 143 165 186 Num 93 1412 2310 2513 Publ 121 143 A un lector atento no le habraacute pasado inadvertido el hecho de que no hayamos mencionado ni a Agis ni a Cleoacutemenes personajes que intentaron en vano restaurar la laquobella y justa constitucioacutenraquo (πολιτείαν καλὴν καὶ δικαίαν) de Licurgo (Agis et Cleom 210) Ciertamente ambos pusieron todo su ahiacutenco en la empresa y ambos sufrieron por ello serias penalidades Agis perdioacute la vida

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por el queronense sujetos a quienes eacuteste no aplica el calificativo de νομοθέτης sino el de οἰκιστήςκτίστης (laquofundadorraquo) o bien les atribuye la accioacuten de οἰκιζεῖνκτιζεῖν (laquofundarraquo) una poblacioacuten Estos individuos fundan (o refundan) una comunidad cosa que les obliga a fijar unas normas Ejercen pues en cierto modo como legisladores y se arriesgan por tanto a contrariar voluntades ajenas Tambieacuten estos personajes de quienes nos ocuparemos ahora sucintamente estaacuten expuestos a pagar un precio por llevar a cabo su cometido

Teseo

Del οἰκιστής Teseo118 nos interesa especialmente su tarea como autor del llamado sinecismo Plutarco nos brinda al respecto una detallada descripcioacuten Seguacuten eacutel tras la muerte del rey Egeo su hijo Teseo se propone laquouna empresa grande y admirableraquo (μέγα καὶ θαυμαστὸν ἔργον) consistente en reunir a todos los habitantes del Aacutetica en una sola ciudad formando con ellos un uacutenico Estado dotado de instituciones comunes119 Pero antes de dar comienzo a su labor re‑corre la regioacuten para informar del proyecto a todos los pobladores Los ciudadanos no relevantes acogen al punto su llamamiento Los ricos en cambio se muestran reticentes y para convencerlos Teseo les ofrece un sistema de gobierno carente de rey y les promete que tan soacutelo reservaraacute para si mismo las funciones de dirigente militar y de laquocustodio de las leyesraquo (νόμων φύλαξ)120

Tras las explicaciones Teseo pone manos a la obra suprime los organismos anteriores y sienta las bases para el establecimiento de una polis a la cual da el

(Agis et Cleom 201) su madre su abuela y su hermano fueron asesinados (Agis et Cleom 202‑7 y 263) y su esposa obligada a contraer matrimonio con el hijo de un enemigo (Agis et Cleom 221‑3) Cleoacutemenes por su parte se vioacute forzado a entregar como rehenes del rey de Egipto a parte de su familia (Agis et Cleom 434‑8) perdioacute a su hermano en combate (Agis et Cleom 496‑7) tuvo que huir de Esparta (Agis et Cleom 503‑4) y fue arrestado en Egipto (Agis et Cleom 567) donde acaboacute suicidaacutendose tras haber intentado provocar un alzamiento contra el rey (Agis et Cleom 576‑5816) y una vez muerto continuaraacuten por asiacute decir las penalidades de Cleoacutemenes ya que el monarca egipcio ordena que su cadaacutever sea ultrajado y que sus hijos su madre y las mujeres del entorno de eacutesta reciban la muerte (Agis et Cleom 594) No obstante he decidido omitir la referencia a estos personajes porque sus esfuerzos por reinstaurar la constitucioacuten de Licurgo no se vieron coronados por el eacutexito y sobre todo porque a diferencia de lo que ocurre con Licurgo Soloacuten Numa y Publiacutecola a Agis y a Cleoacutemenes no les es otorgada por parte de Plutarco la denominacioacuten de νομοθέτης Por lo que a Agis se refiere Roskam (2005) considera que constituye para el queronense el modelo ideal del joven que se dedica a la poliacutetica

118 Thes 15 No entraremos aquiacute a discutir hasta queacute punto podriacutea sentirse Plutarco motivado a biografiar al fundador miacutetico de Atenas ni nos pronunciaremos sobre el no disimulado escepticismo sobre el particular que se le atribuye cf Sirinelli (2000) 301 Por cierto que la obra que acabamos de consignar corresponde a una de las maacutes acreditadas biografiacuteas plutarqueas comparable a las de Jones (1971) Russell (1973) y Lamberton (2001)

119 Thes 241 En la versioacuten plutarquea el sinecismo va maacutes allaacute de la unificacioacuten exclusivamente poliacutetica que describe Tuciacutedides (215)

120 Thes 242

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nombre de Atenas funda la festividad de las Panateneas para que sea celebrada por el conjunto de la comunidad instaura tambieacuten la fiesta de las Metecias y abdica ndashtal como habiacutea prometido‑ de la corona121

A continuacioacuten se dispone a organizar el nuevo Estado laquoempezando a partir de los diosesraquo (ἀπὸ θεῶν ἀρχόμενος)122 toma medidas para favorecer el crecimiento vegetativo de la polis establece clases entre la ciudadaniacutea asig‑nando un status especiacutefico a cada colectivo acuntildea moneda y fija los liacutemites de Atenas123

Pero al eficiente Teseo tambieacuten le llega la hora de pagar un precio por la tarea realizada124 Un tal Menesteo descendiente de Erecteo emprende una insi‑diosa campantildea contra el fundador soliviantando a laquolos poderososraquo (οἱ δυνατοί) que consideraban que Teseo les habiacutea sustraiacutedo prerrogativas y perturbando asimismo a laquola multitudraquo (οἱ πολλοί) so pretexto de haber perdido seducidos por un espejismo de libertad la patria los templos y los gobernantes que les eran propios yendo a caer bajo la autoridad de un extranjero125 La suerte sonriacutee al alborotador pues los Tindaacuteridas invaden el Aacutetica tal vez ndashapunta Plutarcondash a peticioacuten del propio Menesteo quien se encarga ademaacutes de facilitarles la entrada a la ciudad de Atenas126 De resultas de ello ndashel queronense tiene sus dudas al respectondash Etra la madre de Teseo habriacutea sido hecha prisionera127

El fundador intenta volver a ejercer su autoridadhellip en vano Al fin profun‑damente decepcionado abandona Atenas para siempre no sin antes maldecir a sus habitantes128 Teseo pereceraacute lejos de la patria y su muerte no provocaraacute reaccioacuten alguna en la ciudad129 Mucho tiempo habraacute de transcurrir para que la polis reconozca sus meacuteritos y le rinda los debidos honores que comportaraacuten la

121 Thes 243‑4122 Thes 244 Plutarco no concreta en queacute consiste esta actuacioacuten del fundador123 Thes 251‑4 Por si esta considerable labor fundacional no fuera suficiente somos

informados por Plutarco (Thes 265‑7) de que Teseo es tambieacuten οἰκιστής de la ciudad de Pitoacutepolis de la cual parte despueacutes de haber designado a quienes ejerceraacuten de gobernantes y legisladores

124 Un precio ndashrecordemosndash que ya habiacutea empezado a pagar cuando para persuadir a sus conciudadanos ricos se habiacutea comprometido a renunciar a la corona

125 Thes 321 En este pasaje Plutarco se hace eco de la atribucioacuten a Menesteo del hecho de haber sido laquoel primer hombreraquo (πρῶτος hellip ἀνθρώπων) en laquoejercer de demagogoraquo (δημαγωγεῖν)

126 Thes 322ndash332127 Thes 341128 Thes 353‑5 Esta miacutetica maldicioacuten sirve a Plutarco como αἴτιον para explicar la

etimologiacutea del laquoAraterioraquo o laquolugar de las maldicionesraquo 129 Thes 356‑7 En la descripcioacuten del fracaso que experimenta Teseo al intentar recuperar

el poder Plutarco se sirve de una terminologiacutea poliacutetica (usa en voz pasiva los verbos καταδημαγωγέω y καταστασιάζω) que utiliza tambieacuten en Per 92 y 5 Por otra parte nos parece significativo que la biografiacutea de Teseo no concluya con la alusioacuten a su fallecimiento sino que incorpore (Thes 358ndash365) la mencioacuten de los honores recibidos mucho tiempo despueacutes de su muerte por el fundador de hecho para el queronense el final de una vida no ha de coincidir necesariamente con el final de la biografiacutea cf al respecto Pelling (1997)

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necesidad de laquorecuperarraquo los restos del οἰκιστής y de trasladarlos solemnemente a Atenas130 permitiendo con ello a Cimoacuten el gran adversario de Temiacutestocles apropiarse de la figura del ilustre fundador131

Roacutemulo

La indiferencia que acompantildea al amargo fin de Teseo contrasta con el re‑vuelo que se originoacute en Roma tras la desaparicioacuten de aqueacutel a quien Plutarco considera laquopadreraquo (πατήρ)132 de la urbe que laquofundoacuteraquo (ἔκτισε)133

No es poco ciertamente lo que Roma debe a su οἰκιστής pues ademaacutes de ser el fundador material de la ciudad134 tomoacute unas medidas que seriacutean determi‑nantes para el futuro de la poblacioacuten Asiacute establecioacute los criterios con arreglo a los cuales debiacutean ser clasificados los ya numerosos habitantes de la urbe135 fue corresponsable del pacto crucial sellado entre sabinos y romanos136 introdujo cambios en el armamento137 e instituyoacute nuevos rituales138 El queronense le atri‑buye tambieacuten la promulgacioacuten de algunas leyes ndashἔθηκεhellip νόμους τινάς139 dice textualmentendash como las que hacen referencia al repudio de la esposa140

Pero llegado el liacuteder romano al zeacutenit de la gloria experimentoacute una profunda transformacioacuten en su manera de ser y adoptoacute maneras impropias vistioacute lujosos

130 Thes 358ndash365 Sobre las acciones cultuales relacionadas con el οἰκιστής ateniense cf Plaacutecido (1994) Por otra parte creemos que en la valoracioacuten plutarquea del descalabro sufrido por Teseo tiene un peso considerable la conducta poco edificante del ateniense en relacioacuten con Helena a quien eacuteste que a la sazoacuten contaba cincuenta antildeos habiacutea raptado cuando la muchacha todaviacutea no era nuacutebil (cf Thes 292 y 311‑3) En este contexto consideramos que aunque no se centra en la figura de Teseo es esclarecedora la obra de Beneker (2012) quien asimismo nos brinda datos relevantes en un trabajo posterior cf Beneker (2014) Sobre los valores morales en la obra del queronense cf Duff (1999) y Van Hoof (2010)

131 Thes 362‑3 y Cim 85‑7 En el marco de la poliacutetica ateniense de la primera mitad del siglo V a C no es en modo alguno insoacutelita la utilizacioacuten en beneficio propio de un dios o de un heacuteroe Asiacute mientras Cimoacuten opta por valerse del miacutetico Teseo Temiacutestocles se sirve de la figura de Aacutertemis cf Fau Ramos (2007) Veacutease al respecto Podlecki (1971) y Piccirilli (1987)

132 Thes 15133 Thes 22134 Rom 111‑4135 Rom 131‑8 Cf Id 201‑3 En Rom 137‑8 el queronense nos ofrece una descripcioacuten

tan idealizada como paternalista de los viacutenculos establecidos entre patroni y clientes descripcioacuten que ha sido relacionada con la que nos brinda Dionisio de Halicarnaso (210)

136 Rom 199‑10137 Rom 211138 Rom 211 y 221139 Con esta expresioacuten parece evidente que si bien Plutarco no aplica a Roacutemulo el calificativo

de νομοθέτης siacute que de facto lo tiene por tal140 Rom 223 La informacioacuten plutarquea sobre las leyes de Roacutemulo es ciertamente escueta

Para una visioacuten mucho maacutes amplia que incluye los derechos hereditarios de las mujeres la aplicacioacuten de la pena de muerte a la esposa en caso de adulterio o embriaguez las obligaciones filiales para con los progenitores y la potestad paterna sobre los hijos cf D H 225‑26

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Un mentor limpio de pasiones El filoacutesofo y la actuacioacuten poliacutetica seguacuten el De genio Socratis

semejante oraacuteculo lo que haciacutea el dios en realidad era exhortar a los griegos a que abandonasen las guerras frecuentasen las musas apaciguasen sus pasiones con ayuda de la razoacuten y guardasen entre siacute relaciones paciacuteficas y fecundas39

Los dos sucesos trasladan un mensaje confuso Pues hablan de los griegos no de filoacutesofos de guerras y cuestiones de justicia no de rebeliones liberadoras engloba ademaacutes la filosofiacutea en un conjunto de actividades que parece cifrar la παιδεία griega en general Pero ambos de alguna manera ofrecen una primera justificacioacuten del rechazo de Epaminondas Con ellos se pone en praacutectica la lla‑mada laquoredefinicioacutenraquo teacutecnica literaria practicada por diversos autores antiguos y frecuente en las Vidas paralelas Consiste en formular enunciados vagos y gene‑rales que a lo largo de la obra y en pasajes posteriores se concretan y alcanzan un grado mayor de individualizacioacuten40 Los dos incidentes mencionados no son ademaacutes la uacutenica prefiguracioacuten encaminada a justificar de manera previa y alusiva la inhibicioacuten de Epaminondas La misma funcioacuten cumple el diaacutelogo sobre la pobreza Epaminondas mudo en la discusioacuten demonoloacutegica central toma aquiacute la palabra para entrar en controversia con Teanor

Teanor personaje ficticio es un filoacutesofo pitagoacuterico natural de Crotona En fechas anteriores otro pitagoacuterico Lisis se habiacutea refugiado en Tebas Acogido en la casa de Polimnis padre de Cafisias y Epaminondas habiacutea llevado en esa casa pobre una vejez dichosa Teanor llega comisionado por las ricas comunidades pitagoacutericas de Italia Eacutestas quieren recompensar a Polimnis y sus hijos con una suma que aliviaraacute su pobreza Pero Epaminondas se niega a aceptar tal recom‑pensa negativa que da lugar a la controversia que mantiene con Teanor

El discurso sobre la pobreza es la uacutenica ocasioacuten en que Epaminondas rompe sustancialmente su silencio pues es el uacutenico pasaje en el que el ldquocentro ausenterdquo de la obra Epaminondas expone sus ideas de manera razonada y recurriendo a categoriacuteas filosoacuteficas Pronunciado en diaacutelogo con Teanor puede dividirse en dos secciones la primera (583D‑E) de extensioacuten breve comenta la inutilidad de las riquezas aportadas por Teanor que Polimnis y sus hijos habriacutean de emplear en cosas superfluas La segunda (584C‑585D) maacutes amplia y densa comienza con la defensa de la pobreza como ejercicio frente a aquellas pasiones (ἐπιθυμίαι) que proceden del exterior (ἐπήλυδες) y tienen como fuente las falsas opiniones (κενῶν δοξῶν) el deseo de riquezas (φιλοπλουτία) es una de esas pulsiones accesorias y superfluas como lo es tambieacuten el deseo de gloria (φιλοδοξίαν) Pos‑teriormente Epaminondas ahonda en su planteamiento como adiestramiento para el autodominio (ἐγκρατείας) la contencioacuten frente a los placeres beneficia al alma y de la misma manera beneficia a la praacutectica de la justicia el ejercicio contra

39 Gen Socr 579B‑D40 Cf Pelling (1988) 12‑13 (1990) 230

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el deseo de riquezas41 El discurso finaliza con la alabanza del hombre que sabe rehusar favores y daacutedivas de amigos y reyes incluyendo los dones de la fortuna (τύχης) tal hombre no ve alterado su juicio (οὐδὲ θορυβεῖ τὴν διάνοιαν) y es capaz de perseverar ufano y sereno en la praacutectica de la excelencia

Es de notar que los argumentos de Epaminondas no aparecen en otra obra de Plutarco dedicada especiacuteficamente a combatir la avaricia el de cupiditate di‑vitiarum (523C‑528B) Es este uno de los tratados clasificados por Ziegler bajo el roacutetulo de ldquofilosoacuteficos‑popularesrdquo y estudiados recientemente por L Van Hoof Frente a lo que sugiere su roacutetulo observa Van Hoof tales tratados tienen como destinatario a la eacutelite econoacutemica poliacutetica y social del mundo grecorromano Son por otra parte tratados de orientacioacuten fundamentalmente praacutectica Con ellos Plutarco no persigue ldquoconvertir a la filosofiacuteardquo ni lograr que sus lectores olviden sus ambiciones poliacuteticas y sociales Maacutes bien intenta ofrecerles una guiacutea que le ayude afrontar los problemas derivados de su posicioacuten dirigente La meta no es por tanto cambiar las expectativas de liderazgo o rebajar las pretensiones de poder e influencia propios y sustanciales de una clase como aquella que conforma la audiencia de los mal llamados ldquotratados filosoacutefico‑popularesrdquo Por el contrario lo que hace Plutarco es poner la filosofiacutea al servicio de sus aspiraciones42

El de cupiditate divitiarum emplea un tono admonitorio sus ideas son sen‑cillas y basadas en la experiencia o si se quiere en motivaciones prefilosoacuteficas y sus consejos no constituyen un obstaacuteculo sino una ayuda para la realizacioacuten de las ambiciones sociales que pueda albergar el lector Despliega en suma el conjunto de teacutecnicas y estrategias usuales en los tratados de ldquoeacutetica praacutectica al servicio de la eacutelite43rdquo No ocurre lo mismo con el discurso sobre la pobreza de Epaminondas Purgar el alma de las opiniones procedentes del exterior desterrar el ansia de riquezas y el deseo de gloria rehusar los favores de amigos y reyes y los dones de la fortuna son preceptos adecuados para un tipo de hombre que como Epaminondas huye de los conflictos inherentes a la lucha poliacutetica Pero es difiacutecil que con estos atributos Plutarco quiera hacer de Epaminondas un modelo para la oligarquiacutea a quien dirige sus tratados de eacutetica praacutectica Resulta significativa la posicioacuten que ocupa el discurso sobre la pobreza en el texto del de genio Una vez que concluye Epaminondas y despueacutes de que todos expresan su admiracioacuten hacia eacutel se expone una de las maacutes movidas peripecias en la que se vieron envueltos los miembros de la conjura Tras grandes sobresaltos y fuertes discusiones entre diversos implicados en la trama el asunto vino a resolverse por siacute solo e inespe‑radamente

41 El texto griego no es en este pasaje enteramente claro Quizaacutes es consecuencia de ello que frente a la lectura de los manuscritos (δικαιοσύνῃ) Russell (2010) proponga leer δικαιοσύνης

42 Van Hoof (2010) 28‑3743 Van Hoof (2010) 55‑56

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ldquoUn singular trastorno habiacutea hecho presa en nuestro aacutenimo Llenos poco antes de desazoacuten al ver nuestra empresa frustrada la presioacuten de las circunstancias y la urgencia que no consentiacutean tregua nos sumiacutea de nuevo en ansiedad y temor44rdquo

Con estas palabras describe Plutarco el estado de aacutenimo de los conjurados a raiacutez del episodio expuesto tras la discusioacuten sobre la pobreza Un estado de aacutenimo que no puede permitirse Epaminondas atento a la contencioacuten de las pasiones y la serenidad de su mente pero que es el propio de quienes participan en el complot revolucionario

El de genio se mueve seguacuten han observado diversos estudios modernos en dos planos el humano y el de los deacutemones el de la contemplacioacuten filosoacutefica y la praacutectica poliacutetica el mortal y el sobrenatural el de los que conocen y el de los que ignoran45 Y en correspondencia sus personajes se ubican en dos niveles Los unos estaacuten instalados en el mundo de la accioacuten y la peripecia son Cafisias el narrador y con eacutel todos los conjurados Otros se ubican en un plano superior el de la filosofiacutea y el contacto con las realidades transcendentes Epaminondas es la muestra maacutes clara pero el ejemplo uacuteltimo es Soacutecrates La incertidumbre el azar y el conflicto parecen preponderantes en el mundo de la accioacuten Asiacute lo indica el ruego que Arquedamo dirige a Cafisias al inicio de la obra la lucha de la virtud y la razoacuten contra las contingencias atrae por lo accidentado de su desarrollo la precariedad impliacutecita en la actuacioacuten humana y la peripecia que ello desencadena es precisamente lo que hace del acontecer histoacuterico un espectaacuteculo digno de intereacutes para el amante del honor y la belleza46 Ahora bien la manera de ver las cosas de Arquedamo se queda en la superficie de los hechos Ciertamente el relato concerniente a la liberacioacuten de la Cadmea se urde a partir de iniciativas y motivaciones humanas sin que el autor del relato Cafisias reclame expresamente la intervencioacuten divina Pero en el de genio la atmoacutesfera estaacute impregnada de un aura sobrenatural A ello contribuyen tanto las alusiones indirectas47 como la acumu‑lacioacuten de episodios y contenidos relacionados con la divinidad y el maacutes allaacute En muchas de sus obras consigna Plutarco su creencia de que el curso de la historia obedece al disentildeo de una fuerza transcendente48 El relato de la liberacioacuten de la Cadmea confirma dicha idea Pues el lector no puede eludir el pensamiento insi‑nuado por diversos procedimientos aunque no explicitado de que la ayuda divina respalda la actuacioacuten de los conjurados49 Ocurre sin embargo que ni Cafisias ni los demaacutes partiacutecipes de la conjura pueden acceder a esa visioacuten de las fuerzas

44 Gen Socr 588A45 Desideri (1984) 581 Hershbell (1988) 374‑378 Babut (1988) 384‑389 Brenk (1996)

41‑44 Georgiadou (1996) 114 Hardie (1996) 13346 Gen Socr 575B‑D47 Babut (1988) 385‑38648 Tratamiento del tema en Barigazzi (1984) y Swain (1989)49 Babut (1988) 386‑389

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sobrenaturales rectoras de los sucesos Y no acceden precisamente por estar in‑mersos en el mundo de la actuacioacuten y la peripecia Las pulsiones procedentes del exterior embargan su aacutenimo de manera que en expresioacuten de Brenk laquothey see only the apparent succession of chance occurrencesraquo50 Arquedamo tampoco tiene acceso al plano donde operan las fuerzas sobrenaturales Y evidentemente la misma ceguera afecta a esos laquoamantes del honor y la bellezaraquo ante los cuales invita a hablar a Cafisias Un puacuteblico ilustre cuya presentacioacuten hace Arquedamo subrayando su pertenencia a familias poliacuteticamente insignes51 Puacuteblico por tanto equiparable a esa eacutelite social a quien Plutarco dirige sus tratados de eacutetica praacutectica Los dos puacuteblicos el de Cafisias y el del Plutarco podriacutean identificarse con los heacuteroes que liberan la Cadmea Pero difiacutecilmente se identificariacutean con Epaminon‑das que en dos ocasiones rechaza tomar parte en la empresa52

En ambas el rechazo se justifica mediante un argumento ndashla negativa a derramar sangre de sus conciudadanos‑ que situacutea a Epaminondas a un nivel de exigencia eacutetica superior al de los conjurados53 Ahora bien la diferencia entre Epaminondas y los liberadores no radica en la eacutetica Pues al fin y al cabo ningu‑na ofensa eacutetica cabe reprochar a los protagonistas de la heroica liberacioacuten de la Cadmea Radica en el nivel Asiacute lo sugiere la discusioacuten sobre la pobreza Y asiacute lo vuelve a sentildealar el gran debate sobre el daimon de Soacutecrates que da tiacutetulo a al obra

Se debate sobre lo que Soacutecrates mismo llamaba su daimon el principio que lo guioacute a lo largo de su vida e iluminaba sus decisiones en materias inciertas e impenetrables para la inteligencia humana54 El daimon socraacutetico sugiere que Soacutecrates conociacutea de alguna manera los acontecimientos futuros algo que dos personajes del de genio acreditan55 En este sentido el debate versa sobre la adivi‑nacioacuten Las intervenciones de los diferentes personajes configuran tomadas en conjunto un extenso discurso filosoacutefico y religioso Plutarco no se alinea expresa‑mente con ninguna de las opiniones emitidas el tratamiento del tema presenta pues ese final abierto que es tan comuacuten en este autor Las cuestiones que se tocan son variadas pero todas parten de una cuestioacuten baacutesica La adivinacioacuten supone un conocimiento inalcanzable al menos en apariencia a la razoacuten humana Y el debate versa sobre coacutemo es posible acceder a ese nivel superior de inteligencia Miradas desde este punto de vista las opiniones formuladas por los distintos personajes pueden dividirse en dos grandes bloques De un lado Galaxidoro que

50 Brenk (1996) 4251 Gen Socr 575E‑F52 Gen Socr 576D‑E 594B‑C53 En la segunda ocasioacuten se antildeade un motivo maacutes conveniacutea que consumada la liberacioacuten

quedasen hombres a quienes nada pudiese reprocharse por no haber participado en la accioacuten Epaminondas se reserva este papel

54 Gen Socr 580C‑D55 Teoacutecrito (580D‑F) y Polimnis (581D‑E)

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inicia el debate propone una explicacioacuten maacutes proacutexima a los paraacutemetros raciona‑les56 en ella se ha querido ver una muestra de la llamada laquoadivinacioacuten teacutecnicaraquo (τεχνικὸς μαντική artificiosa divinatio)57 Del otro Simias Timarco y Teanor interpretan las premoniciones de Soacutecrates como un caso de comunicacioacuten direc‑ta entre el hombre y la divinidad defienden por tanto la llamada laquoadivinacioacuten naturalraquo (ἄτεχνος μαντική naturalis divinatio)58 Ya se ha dicho que Plutarco no se declara expresamente partidario de ninguna opcioacuten Pero su texto privilegia de manera indirecta los discursos de Simias Timarco y Teanor Asiacute lo sugiere un paacuterrafo del de genio que subraya el papel de Galaxidoro como mero introductor del problema59 Y asiacute lo recogen distintos estudios modernos Galaxidoro seriacutea el oponente racionalista casi siempre estoico habitual en los diaacutelogos religiosos de Plutarco su explicacioacuten se ve devaluada tanto por sus contradicciones internas como por la presencia de procedimientos textuales que rebajan su veracidad y en suma Galaxidoro y el resto de las intervenciones insertas en la seccioacuten dominada por eacutel tendriacutean como funcioacuten principal la de plantear el tema a debatir60

Las propuestas de Simias Timarco y Teanor son evidentemente distintas Actuacutea aquiacute quizaacutes el deseo de presentar el problema bajo luces diversas61 o quizaacutes el complejo planteamiento dramaacutetico que forma parte de las estrategias persuasivas de Plutarco62 Las tres sin embargo coinciden en una idea central la singularidad de aquellos hombres que como Soacutecrates pueden contactar con una realidad por encima del mundo material Para Simias el alma de la mayoriacutea de los hombres se halla embargada por el tumulto de las pasiones y la voraacutegine de las servidumbres vitales de manera que su entendimiento no puede captar las indica‑ciones de los seres superiores en el caso de Soacutecrates por el contrario su intelecto limpio y exento de pasiones (ὁ νοῦς καθαρὸς ὢν καὶ ἀπαθής) percibiacutea faacutecilmente las sentildeales enviadas por los seres divinos63 Seguacuten el mito de Timarco (expuesto por Simias) en el alma (ψυχή) conviven dos partes una inmersa en el cuerpo recibe el nombre mismo de ldquoalmardquo (ψυχή) la otra inaccesible a la corrupcioacuten se llama laquointelectoraquo (νοῦν) estaacute en el exterior del hombre y los entendidos le dan

56 Gen Socr 579F‑582C57 Corlu (1970) 49‑50 Doumlring (1984) 376 Schroumlder (2010) 161 58 Para la distincioacuten entre ambos tipos de maacutentica veacutease Cic div 111ndash12 134 172

1109ndash131 (con el comentario de Wardle (2006))59 Gen Socr 588A ζητήσεως οὐκ ἀγεννοῦς ἀλλ ἧς ὀλίγον ἔμπροσθεν οἱ περὶ Γαλαξίδωρον

καὶ Φειδόλαον ἥψαντο διαποροῦντες τίνος οὐσίας καὶ δυνάμεως εἴη τὸ Σωκράτους λεγόμενον δαιμόνιον

60 Corlu (1970) 19‑20 y 51‑52 Hani (1980) 53 Doumlring (1984) 376‑377 Schroumlder (2010) 161‑162 Donini (2011) 415‑416

61 Sobre el reparto de papeles filosoacuteficos que aquiacute parece efectuar Plutarco veacutease Donini (2011) 412‑419 (2011 [2004]) 442‑443

62 Veacutease Van Hoof (2010) 67‑68 a propoacutesito de determinados laquotratados de eacutetica praacutecticaraquo63 Gen Socr 588D‑E

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el nombre de daimon64 La parte irracional e inmersa en el cuerpo se halla sujeta a la racional e incorruptible Si la sujecioacuten es deacutebil el alma se dejaraacute doblegar por las pasiones soacutelo cuando se fortalece gracias a la educacioacuten aparece el alma capaz de percibir con prontitud las indicaciones de su daimon Algunos hombres sin embargo estaacuten especialmente dotados de suerte que en ellos predomina de forma innata la obediencia a la razoacuten y a su daimon A ellos estaacute reservada la capacidad de percibir la llamada divina65 Teanor afirma que las almas libres de lazos con el cuerpo se convierten en daacuteimones Tales daacuteimones guiacutean los asuntos del hombre Pero no todos los hombres reciben su atencioacuten pues se desentienden de cuantos estaacuten inmersos en los avatares del acontecer soacutelo aquellos que tras mil esfuerzos ascienden a una esfera elevada son recompensados con la ayuda del daimon66

Las tres intervenciones explican las dotes excepcionales de Soacutecrates mediante la existencia de hombres excepcionales Y en las tres esa excepcionalidad requiere una especial disposicioacuten del alma La liberacioacuten de las pasiones y el alejamiento del traacutefago iacutensito en el mundo humano se presentan como condicioacuten necesaria para que haya un Soacutecrates Paradigma del filoacutesofo Soacutecrates es tambieacuten el modelo de Epaminondas El discurso sobre la pobreza al mostrar coacutemo Epaminondas limpia su alma de pasiones e impulsos procedentes del mundo exterior acredita su condicioacuten de filoacutesofo Asiacute se reconoce cuando termina dicho discurso por boca de Simias67

laquoGran hombre grande es Epaminondas y responsable de ello es el aquiacute pre‑sente Polimnis que ha criado a sus hijos desde temprano en la mejor filosofiacutearaquo

Epaminondas tambieacuten es consecuente con su condicioacuten de filoacutesofo cuando rehuacutesa someter su alma al torbellino del acontecer humano y las pasiones aso‑ciadas esto es cuando se niega a participar en la conjura El filoacutesofo parece ser la conclusioacuten no debe participar al menos de manera directa en el torbellino de la vida poliacutetica

El Epaminondas del de genio es una creacioacuten histoacutericamente discutible68 Ciertamente su no participacioacuten en la liberacioacuten de la Cadmea y su formacioacuten filosoacutefica estaacuten suficientemente documentadas Pero Epaminondas es conocido ante todo por su dimensioacuten poliacutetica que aquiacute relega Plutarco para subrayar su

64 Gen Socr 591E65 Gen Socr 592A‑E66 Gen Socr 593D‑594A67 Gen Socr 585D68 Ya Von Stern (1884) 55‑57 sentildealoacute las debilidades del relato que ofrece Plutarco en el

de genio Los estudios posteriores (veacutease por ejemplo Corlu [1970] 19‑20 Barigazzi [1988] 414‑424Georgiadou [1996]) han insistido en el Epaminondas del de genio presenta una factura obediente sobre todo a razones compositivas y de disentildeo

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calidad de filoacutesofo Asiacute construida la figura de Epaminondas traslada un mensaje ndashla no implicacioacuten directa del filoacutesofo en las luchas poliacuteticas‑ que puede tener calado teoacuterico pero tambieacuten sirve a Plutarco para trasladar su posicionamiento ante cuestiones concernientes a su propia persona y al horizonte cultural de su eacutepoca Comparado a otros contemporaacuteneos que por condicioacuten social e incluso actividad literaria estaban a su mismo nivel Plutarco no protagonizoacute una carrera poliacutetica particularmente brillante69 Asumioacute en cambio el papel de consejero y guiacutea de la eacutelite La autoridad necesaria para ello se la confiere la filosofiacutea Pues Plutarco se presenta a siacute mismo como filoacutesofo La exaltacioacuten de Epaminondas es una exaltacioacuten de su propia identidad como filoacutesofo y mentor Epaminondas se mueve a una altura la de la filosofiacutea superior a la de sus afines y compantildeeros los conjurados Esta altura le prohiacutebe descender al plano de la accioacuten directa descenso que contaminariacutea su alma con pulsiones sobrevenidas pero tambieacuten le permite acceder a una realidad inalcanzable para sus compantildeeros Epaminondas eleva asiacute la posicioacuten del filoacutesofo y justifica incluso hace ineludible su alejamiento de la lucha poliacutetica Gracias a ello lo que podriacutea ser una debilidad del propio Plutarco la falta de una carrera puacuteblica brillante se transforma en una eleccioacuten deliberada y necesaria

Tal mensaje adquiere maacutes fuerza si se lo contempla sobre el transfondo cultural de la eacutepoca El auge de las composiciones de exitu illustrium virorum corre en paralelo a la admiracioacuten hacia el filoacutesofo que se enfrenta al poder y sufre castigo por ello Ya se ha dicho que el fenoacutemeno acreditado en diversas fuentes contemporaacuteneas a Plutarco fue propiciado particularmente por el final del rei‑nado de Diocleciano y que el modelo uacuteltimo del filoacutesofo‑maacutertir es Soacutecrates En este contexto adquiere un significado especial la exaltacioacuten del ldquoSoacutecrates tebanordquo Epaminondas Epaminondas se aleja del conflicto puacuteblico para cuidar su alma se distingue por su silencio y pese a ello constituye el ldquocentro ausenterdquo del de genio una composicioacuten articulada en torno a un conflicto civil la liberacioacuten de la Cadmea No resulta inverosiacutemil ver en todos estos datos una respuesta de Plu‑tarco ante el fenoacutemeno del ldquofiloacutesofo‑maacutertir poliacuteticordquo y la admiracioacuten aglutinada en torno a esa figura Respuesta que reivindica rotundamente el papel asumido por el propio Plutarco de filoacutesofo mentor del poliacutetico pero fuera eacutel mismo del traacutefago de la poliacutetica

69 Veacuteanse las observaciones y referencias que ofrece al respecto Van Hoof (2010) 66‑67

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A Esparta de Plutarco entre a guerra e as artes

de um seguidor das leis de Licurgo Nesse sentido Plutarco diz que o dinheiro e o ouro deveriam ser mandados embora de Esparta porque eles eram flagelos importados que despertavam a cobiccedila e promoviam a degeneraccedilatildeo dos costumes (c 17) Desse ponto de vista Lisandro prejudicou Esparta justamente porque promoveu seu enriquecimento e contribuiu para a dissoluccedilatildeo da frugalidade e da simplicidade que caracterizavam o cotidiano dos lacocircnios antes das vitoacuterias espartanas na Guerra do Peloponeso6

Na Vida de Agesilau Plutarco nos conta que o biografado foi o segundo filho de Arquidamo (o primeiro tinha sido Aacutegis) e que por isso ele natildeo seria o herdeiro direto do trono de Esparta De qualquer modo Agesilau foi educado de acordo com a agoge lacedemocircnia e nosso autor faz questatildeo de frisar que em decorrecircncia disso o liacuteder espartano sempre respeitou e praticou as leis de sua cidade (c 1) Mesmo apresentando uma pequena diferenccedila de tamanho de uma perna para a outra ele tinha outras qualidades espartanas como a honestidade a mansidatildeo e a beleza fiacutesica (c 2) Sua formaccedilatildeo foi tatildeo bem sucedida que diferente de Alexandre o grande e de Haniacutebal Agesilau foi um general que conquistou importantes vitoacuterias e mesmo assim nunca deixou de obedecer agraves leis espartanas (c 15) Mesmo depois de tornar‑se um lendaacuterio vencedor ele voltou a Esparta e continuou o mesmo homem de antes sem apresentar nenhuma novidade no seu comportamento diferente de outros estrategos quando voltavam de longas expediccedilotildees a terras estrangeiras (c 19)

Plutarco nos conta que Lisandro ndashque dizem ter sido amante de Agesilau na juventude (c 2)ndash pretendia introduzir muitas inovaccedilotildees e mudanccedilas no governo da Lacocircnia (c 20) Embora outros liacutederes de Esparta como Antaacutelcidas tenham feito acordos com os Persas e tenham abandonado laquocovarde e maldosamenteraquo os gregos da Aacutesia sob o domiacutenio dos baacuterbaros como nos diz Plutarco (c 23) Agesilau sempre foi um defensor da justiccedila Entre os capiacutetulos 29 e 30 da Vida de Agesilau nosso autor nos conta que os espartanos que perderam parentes na bata‑lha de Leuctra (em 371 a C) se alegraram e os que natildeo perderam ficaram tristes De certa forma eles responsabilizaram Agesilau pela derrota e lamentaram ter aceito um rei coxo Contudo Agesilau tinha boa reputaccedilatildeo e era muito virtuoso Prova disso eacute que sem promover nenhuma inovaccedilatildeo ele disse que era preciso fazer as leis dormirem para que retomassem a autoridade que tiveram no passado

Entretanto Plutarco natildeo faz apenas elogios a Agesilau Cartledge (1987 418) observa que ele faz criacuteticas a Agesilau por causa de sua ingratidatildeo em relaccedilatildeo a Lisandro (c 8) e condena seu comportamento porque ele teria hon‑rado mais os amigos do que a justiccedila (c 13 ver tambeacutem Moralia 807d) Aleacutem disso Plutarco via uma relaccedilatildeo direta entre a decadecircncia de Esparta e a ascenccedilatildeo

6 Sobre isso ver Duff (2002) 161‑204 e a introduccedilatildeo de Flaceliegravere e Chambry em Plutarque (1971) 158‑173

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ilegiacutetima de Agesilau ao trono (c 21) Poreacutem no geral nosso autor eacute tatildeo favoraacutevel e simpaacutetico a Agesilau quanto Xenofonte que tambeacutem escreveu uma biografia do rei espartano a qual certamente serviu de base para a Vida composta pelo poliacutemata de Queroneia Segundo Cartledge (1987 418) para Plutarco Agesilau foi a encarnaccedilatildeo das virtudes peculiarmente espartanas simplicidade piedade e autocontrole7

Depois na Vida de Aacutegis e na Vida de Cleocircmenes Plutarco narra os uacuteltimos momentos da histoacuteria da Esparta independente ou seja o ponto mais baixo da decadecircncia daquela cidade Os reis Aacutegis e Cleocircmenes que reinaram no seacuteculo III a C tentaram restaurar os antigos valores dos tempos de Licurgo Eles tinham os dons naturais para levar essa tarefa a cabo Aacutegis tinha grandeza de alma e se insurgia contra os prazeres desde antes dos vinte anos (c 4) natildeo gostava de rou‑pas luxuosas e baniu toda suntuosidade para aderir aos antigos haacutebitos lacocircnios caracterizados pela simplicidade de vida Mas seu exemplo e sua energia natildeo foram suficientes para restaurar os costumes tradicionais e ele foi assassinado ainda muito jovem (cc 19‑21) Aquela Esparta incorrupta e valorosa dos tempos de Licurgo dava seus uacuteltimos suspiros

Cleocircmenes natildeo era parente de Aacutegis mas foi obrigado a se casar com a vi‑uacuteva do rei assassinado ou seja Agiaacutetis Segundo Plutarco (c 1) Cleocircmenes era ambicioso e tinha grandeza de alma Era temperante e simples como Aacutegis Ele tambeacutem quiz restaurar os antigos costumes espartanos (c 11) Primeiro depois de longa disputa poliacutetica abriu matildeo de seus bens Depois distribuiu as terras entre os cidadatildeos Restabeleceu a educaccedilatildeo dos jovens e a disciplina espartana Ele proacuteprio levou uma vida simples e frugal para dar o exemplo aos outros la‑cedemocircnios sem insolecircncia nem orgulho excessivo ou seja como um modelo de temperanccedila (c 13) Mesmo quando perdeu sua esposa Agiaacutetis por quem se enamorara verdadeiramente Cleocircmenes manteve a firmeza e seu caraacuteter elevado e tomou as providecircncias necessaacuterias para garantir a seguranccedila de seus soldados e aliados (c 22) Depois de reinar por dezesseis anos Cleocircmenes morreu (cc 37‑38) e assim terminou a histoacuteria de Esparta como cidade politicamente autocircnoma

Ateacute aqui vimos que podemos encontrar nas Vidas dos liacutederes espartanos escritas por Plutarco aquela imagem caracterizada por um conjunto de valores que parecem ter ganhado forccedila numa eacutepoca lendaacuteria e foram se enfraquecendo conforme o tempo foi passando e Esparta foi estendendo seu poder para fora da Lacedemocircnia Nesse quadro vemos uma cidade altamente militarizada de guerreiros corajosos disciplinados e afeitos a uma vida sem luxos e sem confortos Isso poderia indicar que os espartanos eram um povo rude pouco sofisticado e fechado para as artes

7 Cf tambeacutem a introduccedilatildeo de Flaceliegravere e Chambry em Plutarque (1973) 85‑88 e Shipley (1998) 1‑46

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Poreacutem vaacuterias fontes arqueoloacutegicas vasculares e mesmo literaacuterias nos mostram o contraacuterio Apesar de Tuciacutedides (1102) ter dito que os edifiacutecios em Esparta eram modestos e natildeo correspondiam ao tamanho do poder militar e poliacutetico da cidade dos lacedemocircnios em seu apogeu a avaliaccedilatildeo dos monumentos arquitetocircnicos espartanos precisa ser feita com cuidado Eacute preciso lembrar que Esparta natildeo foi destruiacuteda nas Guerras Meacutedicas como Atenas foi A capital da Aacutetica foi reconstruiacuteda e uma grande soma de dinheiro afluiu para ela por causa das contribuiccedilotildees dos aliados da Liga de Delos Isso natildeo aconteceu com a princi‑pal cidade da Lacocircnia Desse modo nela foram conservados edifiacutecios antigos do seacuteculo VI a C que apresentavam outro estilo de construccedilatildeo mais arcaizante do que claacutessico Dependendo do ponto de vista um estilo pode ser mais valorizado do que o outro

De qualquer modo Pausacircnias (3113) viajante do seacuteculo II d C que fez uma descriccedilatildeo de vaacuterias cidades da Greacutecia daquela eacutepoca nos informa que havia em Esparta vaacuterios monumentos que despertavam a admiraccedilatildeo daqueles que por ali passavam tal como o Poacutertico Persa construiacutedo inicialmente com o butim amealhado na guerra contra os persas Outros exemplos de edifiacutecios que nos uacuteltimos anos vecircm sendo estudados satildeo o templo de Apolo em Amiclas o templo de Aacutertemis Oacutertia e o Menelaion onde eram cultuados Menelau e Helena8

Cartledge (2002 111) nos informa que depois de 690 a C pintores de vasos da Lacocircnia sofreram influecircncia de artistas do Egeu e adotaram o chamado estilo lsquoorientalizantersquo o que mostra que na praacutetica Esparta natildeo estava isolada do resto do mundo helecircnico Ainda segundo Cartledge nessa eacutepoca artesatildeos lacocircnios que trabalhavam com bronze comeccedilaram a se interessar pela representaccedilatildeo de figuras humanas em suas obras e por volta de 650 a C comeccedilou a se desenvolver na regiatildeo de Esparta o uso do marfim para produccedilatildeo de objetos gravados Vemos entatildeo que o ambiente artiacutestico na Lacedemocircnia entre 775 e 650 a C natildeo era de modo algum esteacuteril ou sem importacircncia9

Como Burn (1960 275‑276) explica Esparta natildeo virou suas costas para a arte e a poesia Prova disso eacute que vasos com detalhes refinados foram fabricados ali e exportados para outras regiotildees da Heacutelade ateacute 550 a C mais ou menos Por volta de 600 a C Gitiadas poeta escultor e arquiteto projetou o Templo de Atena tambeacutem conhecido como Casa de Bronze por causa das placas feitas com esse metal para decorar o edifiacutecio E em 585 a C o segundo templo de Oacutertia foi construiacutedo Ou seja havia artesatildeos trabalhando em Esparta no periacuteodo arcaico que produziram obras dignas de admiraccedilatildeo10

8 Para mais informaccedilotildees sobre a arqueologia e a arquitetura espartanas ver Walker (1998) Kaltsas (2007) e Cavanagh (2009)

9 Sobre isso ver tambeacutem Burn (1960) 180‑184 e Stibbe (1996) passim10 Ver tambeacutem Burn (1960) 280‑282 e Cartledge (2002) 133‑136

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No que diz respeito agrave muacutesica Plutarco nos daacute significativos testemunhos da sua importacircncia em ambiente espartano tanto nas Vidas quanto nos Moralia Na Vida de Licurgo no c 4 por exemplo encontramos a informaccedilatildeo segundo a qual o legislador lendaacuterio teria convidado um poeta‑legislador de Creta para ir a Esparta com ele Esse poeta se chamava Tales Mas talvez tenha havido alguma confusatildeo na tradiccedilatildeo manuscrita e esse Tales poderia ser o Taletas de Gortina mencionado algumas vezes no livro Sobre a Muacutesica tambeacutem de Plutarco Ele teria sido o responsaacutevel por curar os espartanos de uma peste com o seu canto11 Aleacutem disso no mesmo c 4 nos eacute dito que Licurgo teria sido o responsaacutevel por levar os poemas de Homero da Jocircnia para sua cidade

Depois no c 21 da mesma Vida Plutarco nos diz que os lacedemocircnios apreciavam se dedicar agrave poesia meacutelica porque as canccedilotildees estimulavam seus espiacuteritos e lhes davam coragem para enfrentar os inimigos nas batalhas Seu estilo era simples e seus temas eram seacuterios com o objetivo de promover uma boa formaccedilatildeo dos caraacuteteres Nelas eram louvados os heroacuteis de Esparta e condenados os covardes que natildeo lutaram ateacute o fim para defender sua cidade Nos festivais eram organizados trecircs coros de acordo com as idades um de velhos outro de adultos e outro de jovens Cada um cantava sobre a sua bravura uns falavam dos seus feitos no passado os outros tratavam das suas accedilotildees no presente e os uacuteltimos cantavam sobre o seu desejo de realizar grandes proezas no futuro Esses seriam os temas baacutesicos das canccedilotildees em Esparta e por isso segundo Plutarco Terpandro e Piacutendaro estavam corretos ao associar bravura e muacutesica e ao mostrar que os espartanos eram o povo mais aguerrido e mais musical

Por isso natildeo era por acaso que os jovens cantavam o nomo de Caacutestor e o peatilde da marcha (c 22) e em todo lugar havia danccedilas festas e banquetes quando natildeo havia expediccedilotildees militares (c 24) Contudo o gosto pela boa muacutesica e pela boa poesia natildeo era caracteriacutestico de todos os habitantes da Lacocircnia tendo em vista que os hilotas danccedilavam e cantavam canccedilotildees vulgares e grotescas diferentes das composiccedilotildees de Aacutelcman Terpandro e Especircndon (c 28) Isso na verdade estava associado ao fato de eles serem escravos e por isso era compreensiacutevel que eles apreciassem canccedilotildees vis como eles proacuteprios

Na Vida de Lisandro encontramos algumas informaccedilotildees que reforccedilam a impressatildeo de que os espartanos tinham sim grande sensibilidade para a muacutesica No c 15 ficamos sabendo que os lacocircnios depois de conquistar Atenas em 404 a C queriam destruir aquela cidade mas apoacutes ouvir um coro da Electra de Euriacutepides desistiram Em seguida no c 18 Plutarco nos conta que Lisandro estava sempre acompanhado do poeta Queacuterilo encarregado de celebrar os feitos do general E outros poetas tambeacutem celebraram Lisandro segundo nosso autor

11 Ver Plu Mus 42 (1146B‑C) e Gostoli (1990) 12‑13 e

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Na Vida de Agesilau c 14 lemos que os espartanos apreciavam uma parte da poesia de Timoacuteteo de Mileto poeta que teria tido algumas cordas de sua ciacutetara cortadas quando de uma sua visita a Esparta porque os eacuteforos julgavam que natildeo seriam necessaacuterias mais do que sete cordas e o instrumento do poeta tinha onze12 Essa anedota indica que os lacocircnios natildeo apreciavam inovaccedilotildees Poreacutem a informaccedilatildeo do c 14 da Vida de Agesilau mostra que eles poderiam aceitar pelo menos uma parte da obra de um poeta inovador desde que essa parte se adequas‑se ao gosto e agraves tradiccedilotildees do local Tambeacutem nessa mesma Vida c 21 Plutarco nos diz que o rei Agesilau apreciava os cantos e as danccedilas mesmo natildeo sendo um lsquoespecialistarsquo nas artes

Por fim na Vida de Aacutegis c 10 encontramos um elogio a Terpandro a Ta‑les (Taletas) e a Fereacutecides porque mesmo sendo estrangeiros professavam o que Licurgo instituiu e por isso foram muito honrados em Esparta Na Vida de Cleocircmenes c 2 somos informados que o rei Leocircnidas elogiou Tirteu algo facilmente compreensiacutevel tendo em vista o caraacuteter estimulante e guerreiro das elegias daquele poeta Aleacutem disso nessa mesma Vida citada por uacuteltimo c 12 Plutarco nos conta que Cleocircmenes certa vez teria encontrado alguns artistas de Dioniso muacutesicos e atores profissionais que iam de cidade em cidade para se apresentar e construiu um teatro Isso mostra que esse rei estimulou de alguma maneira as atividades artiacutesticas mesmo que ele natildeo tivesse o costume de levar artistas com seu exeacutercito de acordo com Plutarco e nem apreciasse apresentaccedilotildees musicais nos seus banquetes (c 13)

Tudo isso mostra que Esparta era uma cidade onde a muacutesica tinha um papel importe na educaccedilatildeo e na guerra e que os lacocircnios natildeo eram um povo obtuso e indiferente ao poder das melodias De acordo com Plutarco tendo em vista agora algumas passagens dos Moralia os espartanos passavam por treinamento rigoroso no que diz respeito agrave muacutesica e agrave poesia e suas canccedilotildees estimulavam os espiacuteritos e faziam com que os homens se sentissem entusiasmados e se esfor‑ccedilassem para ser bem sucedidos Em vaacuterias passagens das suas Obras Morais ele elogia o estilo da muacutesica deles porque ela era simples e natildeo afetada e seus temas eram seacuterios e edificantes Se algueacutem estudasse a poesia e as canccedilotildees de marcha de Esparta acompanhadas pelo aulo essa pessoa concordaria que Terpandro e Piacutendaro estavam certos ao associar valor (andreia) e muacutesica Como vimos acima nos trechos citados das Vidas Plutarco tambeacutem diz que os Espartanos eram o povo ao mesmo tempo mais musical (mousikotatous) e o mais afeito agrave guerra (polemikotatous)13

No livro sobre os Antigos Costumes dos Espartanos Plutarco tambeacutem elogia os ritmos das canccedilotildees de marcha (embaterioi rhythmoi) porque eles despertavam

12 Ver Plu Agis 1013 Cf Lyc 211‑4

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a coragem a audaacutecia e o desdeacutem pela morte requisitos indispensaacuteveis para o guerreiro valoroso Os espartanos usavam esses ritmos para danccedilar mas tambeacutem quando avanccedilavam contra os inimigos ao som do aulo Plutarco lembra que Li‑curgo associava o amor pela muacutesica agrave praacutetica militar para que o espiacuterito guerreiro combinado com a melodia tivesse concordacircncia e harmonia (symphonia kai har‑monia) Por isso em tempos de guerra os reis espartanos ofereciam sacrifiacutecios agraves Musas antes de ir para a batalha como Plutarco nos conta nos Instituta Laconica 16 (238B‑C)

E para manter a pureza da sua muacutesica e dos seus costumes os espartanos agraves vezes recorriam a atos violentos Como Plutarco reporta nos Instituta Laconica 17 (238C‑D) eles natildeo permitiriam que ningueacutem desrespeitasse de modo algum as regras da muacutesica do passado Nem mesmo Terpandro um dos mais antigos e melhores citaredos (aqueles que cantavam acompanhados da ciacutetara ou da lira) teria a permissatildeo para acrescentar uma corda extra ao seu instrumento para que suas melodias fossem mais variadas Ele tentou fazer isso mas os eacuteforos pregaram sua lira numa parede por causa do seu ato iacutempio contraacuterio agrave tradiccedilatildeo Em outra ocasiatildeo um dos eacuteforos teria procedido com mais violecircncia quando Timoacuteteo o famoso muacutesico inovador que floresceu na segunda metade do seacuteculo V a C estava competindo no festival das Carneias ele pegou uma faca e perguntou ao muacutesico de que lado ele deveria cortar as cordas supeacuterfluas cujo nuacutemero ultra‑passava o tradicional de sete cordas Outras variantes dessa histoacuteria satildeo contadas por Plutarco em outros textos mas nessas outras passagens Friacutenis outro muacutesico inovador da segunda metade do seacuteculo V a C eacute o protagonista14

Mas para aleacutem da sua importacircncia na educaccedilatildeo e nos contextos de bata‑lha a muacutesica tinha grande significado tambeacutem nas momentos das celebraccedilotildees religiosas Dentre as festividades religiosas realizadas na Lacedemocircnia uma das mais importantes era a das Carneias realizada em Esparta e intimamente ligada agrave histoacuteria de Terpandro As origens desse festival eram muito antigas anteriores ao seacuteculo VIII a C tendo em vista que no seacuteculo VII os colonizadores espartanos da cidade italiana de Tarento jaacute tinham o costume de celebraacute‑la15 As Carneias eram dedicadas ao deus Apolo Carneu Em Esparta havia concursos musicais e atleacuteti‑cos uma corrida de jovens e um banquete ritual que contava com a participaccedilatildeo dos homens adultos que representavam as fratrias O festival era organizado por cidadatildeos solteiros e era o momento adequado para que os jovens que jaacute haviam completado seu periacuteodo de formaccedilatildeo ingressassem na vida adulta16

O que nos interessa aqui eacute o papel que a muacutesica desempenhava no contexto dessas festividades Um elemento importante nesses momentos de comemoraccedilatildeo

14 Cf Prof virt 84A Apophth Lac 220C e Agis 107 jaacute citada na nota 9 Cf Rocha (2008) 654‑655

15 Brelich (1969) 181‑18216 Brelich (1969) 149‑150

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eram os concursos A realizaccedilatildeo de concursos musicais no acircmbito do festival das Carneias natildeo teria acontecido desde o iniacutecio A introduccedilatildeo de agones provavel‑mente ocorreu quando Terpandro migrou de Metimna (Lesbos) para Esparta na primeira metade do seacuteculo VII a C Nesse contexto eacute importante considerar o testemunho de Helacircnico17 segundo o qual Terpandro teria sido o primeiro a vencer o concurso musical nas Carneias Esse fato parece estar diretamente relacionado agrave fundaccedilatildeo da primeira escola musical (katastasis) em Esparta por obra do mesmo Terpandro Segundo Brelich (1969 186‑191) eacute muito provaacutevel que a introduccedilatildeo do concurso musical nas Carneias tenha sido influenciada pela proacutepria katastasis18 Essa hipoacutetese ganha forccedila se consideramos o capiacutetulo 9 do tratado Sobre a Muacutesica como um todo Ali Plutarco fala da primeira katastasis fundada por Terpandro e menciona tambeacutem a segunda katastasis liderada por Taletas de Gortina Xenoacutedamo de Citera Xenoacutecrito de Locres Polimnesto de Coacutelofon e Saacutecadas de Argos muacutesicos que teriam instituiacutedo as Gimnopeacutedias em Esparta as Apodeixeis na Arcaacutedia e as Endimaacutetias em Argos Jaacute que os membros da segunda escola musical foram fundadores de festivais19 em diferentes cidades do Peloponeso Terpandro tambeacutem pode ter desempenhado o mesmo papel no contexto das Carneias

No que diz respeito agraves Gimnopeacutedias contudo encontramos uma situaccedilatildeo diferente Possuiacutemos uma grande variedade de informaccedilotildees sobre esse festival que inclusive muitas vezes satildeo contraditoacuterias Mas tratando apenas daquilo que nos interessa aqui sabemos que no periacuteodo das festividades aconteciam apresentaccedilotildees de coros de adolescentes e adultos instituiacutedos em honra a Apolo que cantavam hinos compostos por poetas como Taletas Aacutelcman e Dionisodoto Depois da batalha de Tireia em 544 aC na qual Esparta lutou contra Argos pela posse da Tireaacutetida tornou‑se costumeiro cantar um peatilde em honra dos soldados que morreram naquela ocasiatildeo Por causa desse elemento ritual e da comparaccedilatildeo com as Apodeixeis e as Endimaacutetias as Gimnopeacutedias foram consideradas festas que indicavam o momento no qual os jovens receacutem‑iniciados eram integrados agrave vida militar20

Tendo tudo isso em vista podemos concluir que eacute preciso colocar a miragem espartana em perspectiva Esparta natildeo era tatildeo lsquoespartanarsquo assim e natildeo foi sempre lsquoespartanarsquo Havia espaccedilo naquela cidade para o cultivo das artes tais como a arquitetura a escultura a pintura vascular a muacutesica (que incluiacutea a poesia) e a danccedila Nela floresceram poetas como Aacutelcman Terpandro e Tirteu Nela surgiram escolas poeacuteticomusicais Nela viveram poetas estrangeiros tais como Taletas de

17 FGrHist 4 F 85 = Ateneu 635e = Terpander Test 1 Gostoli18 Cf tambeacutem Gostoli (1990) 84‑8519 Mais do que fundadores de festivais eacute mais verossiacutemil pensar que esses autores foram os

responsaacuteveis pela introduccedilatildeo dos concursos musicais como parte das celebraccedilotildees 20 Cf Gostoli (1990) 85‑86

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Gortina (Creta) e Saacutecadas de Argos E sendo assim houve um ambiente feacutertil e favoraacutevel para o desenvolvimento e o cultivo de atividades artiacutesticas Os esparta‑nos foram sim grandes guerreiros que contribuiacuteram decisivamente para a vitoacuteria dos helenos sobre os persas Eles cultivaram sim suas habilidades guerreiras a ponto de derrotar os atenienses na Guerra do Peloponeso Poreacutem Esparta natildeo foi somente uma comunidade de soldados que dedicavam suas vidas somente agrave guerra Esparta foi tambeacutem uma cidade onde as pessoas cantavam danccedilavam e apreciavam a beleza dos edifiacutecios e dos objetos do cotidiano Eacute preciso reconhecer isso e na obra de Plutarco jaacute encontramos essa imagem multifacetada dessa cul‑tura Basta direcionar os olhos para outras direccedilotildees

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Index nominum

Timoacuteteo 167‑168 178 183Timoacutexena 195Tindaacuteridas 63Tireaacutetida 169Tireia 169Tireacutesias 236Tirteu 167 169 221Titatildes 245Trajano 121Trezena 31 32‑35 38 Tricoacuterito 39Troia 81 124Tuciacutedides 122 160 181Ulisses 81 192Valeacuterio (vd Puacuteblio Valeacuterio)Vestais 58 204Viacutenio 200Xantipo 191 201Xenoacutecrito 169Xenoacutedamo 169Xenofonte 160 164Zaleuco 88Zeus 36 40‑41 220 226 243

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Index nominum

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(Paacutegina deixada propositadamente em branco)

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Notas biograacuteficas dos autores

Aacutelia Rodrigues eacute doutorada em Estudos Claacutessicos (Literatura Grega) e inves‑tigadora do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse satildeo a histoacuteria das ideias poliacuteticas desde os Gregos ateacute agrave modernidade histoacuteria legal e a recepccedilatildeo de temas claacutessicos na contemporaneidade

Ana Ferreira eacute Professora Auxiliar do Departamento de Estudos Portugueses e Ro‑macircnicos da Faculdade de Letras da Universidade do Porto e investigadora do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a histoacuteria antiga a literatura greco‑romana bem como a didaacutectica das liacutenguas claacutessicas

Delfim F Leatildeo eacute Professor Catedraacutetico da Instituto de Estudos Claacutessicos e investiga‑dor do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a histoacuteria antiga o direito e a teorizaccedilatildeo poliacutetica dos Gregos a pragmaacutetica teatral e a escrita romanesca antiga

Faacutebio Vergara Cerqueira eacute Professor Adjunto do Instituto de Ciecircncias Humanas da Universidade Federal de Pelotas pesquisador PQ‑2 do CNPq Professor Visitante na Universidade de Heidelberg Bolsista Fundaccedilatildeo Humboldt ldquoPesquisador Experienterdquo Principais aacutereas de interesse satildeo histoacuteria e arqueologia da Greacutecia antiga e sua recepccedilatildeo enfocando muacutesica iconografia ceramologia gecircnero memoacuteria social identidade e patrimocircnio cultural

Guillermina Gonzaacutelez Almenara es Profesor Contratado Doctor Tipo 1 vinculada con el Aacuterea de Filologiacutea Griega del Departamento de Filologiacutea Claacutesica Francesa Aacuterabe y Romaacutenica de la Universidad de La Laguna Sus principales liacuteneas de investi‑gacioacuten son la mujer y el aacutembito femenino en la Grecia antigua Historiografiacutea griega Historia y civilizacioacuten de la Grecia antigua

Ivana S Chialva es Doctora en Letras Investigadora Asistente del Conicet y Profesora de Griego y Literaturas griega y latina de la Facultad de Humanidades y Ciencias de la Universidad Nacional del Litoral (Santa Fe Argentina) Sus tra‑bajos sobre el mundo antiguo se focalizan en la relacioacuten entre primera y segunda sofiacutestica y en la influencia de este uacuteltimo fenoacutemeno en la prosa narrativa griega de eacutepoca imperial especialmente la retoacuterica la biografiacutea y la novela en sus diferentes formas

Jesuacutes-Mordf Nieto Ibaacutentildeez es Catedraacutetico de Filologiacutea Griega de la Universidad de Leoacuten Sus liacuteneas de investigacioacuten son la literatura judiacutea en lengua griega los primeros textos cristianos el Humanismo y la Tradicioacuten claacutesica Actualmente dirige un Proyecto de

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investigacioacuten sobre el Humanismo la Tradicioacuten claacutesica y patriacutestica y la exeacutegesis biacuteblica en los siglos XVI y XVII

Joaquim Pinheiro eacute Professor Auxiliar da Universidade da Madeira e investigador do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a biografia antiga a Segunda Sofiacutestica a retoacuterica claacutessica e o pensamento poliacutetico dos Gregos

Joseacute M Candau es Catedraacutetico de Filologiacutea Griega en la Universidad de Sevilla Sus principales aacutereas de investigacioacuten son la historiografiacutea griega y Plutarco

Loraine Oliveira eacute professora de Filosofia da Universidade de Brasiacutelia Publicou o livro Plotino escultor de mitos pela Imprensa da Universidade de CoimbraAnnablume em 2014 Vem se dedicando principalmente a estudar os mitos em Plotino Plutarco e Porfiacuterio assim como o vegetarianismo em Plutarco e Porfiacuterio

Maria Aparecida de Oliveira Silva eacute professora visitante do Programa de Poacutes‑Gradu‑accedilatildeo em Letras Claacutessicas da Universidade de Satildeo Paulo e Professora Pesquisadora do Programa de Poacutes‑Graduaccedilatildeo em Histoacuteria da Universidade Federal de Satildeo Paulo Liacuteder do Grupo CNPq LABHAN Laboratoacuterio de Histoacuteria Antiga da Universidade Federal do Amapaacute Pesquisadora do Grupo CNPq Linceu ‑ Visotildees da Antiguidade Claacutessica da Universidade Estadual Paulista Pesquisadora do Grupo Retoacuterica Texto y Comunicacioacuten da Universidad de Caacutediz Membro do Conselho Acadecircmico do Seminaacuterio de Histoacuteria e Filosofia das Religiotildees da Universidad Autoacutenoma de Ciudad Juaacuterez mdash Meacutexico Pesquisa e publica trabalhos sobre Esparta Plutarco e biografia antiga

M Teresa Fau Ramos es Profesora Titular del Departament de Filologia Grega de la Universitat de Barcelona y miembro del Grup de Recerca Graecia Capta que investiga la pervivencia de la identidad griega bajo el imperio romano Sus principales aacutereas de intereacutes cientiacutefico son la historia e instituciones de la Grecia claacutesica y post‑claacutesica la religioacuten helena (paganismo) y diversos aspectos del cristianismo primitivo

Pilar Goacutemez Cardoacute es profesora titular de Filologiacutea Griega en la Universidad de Barcelona donde imparte docencia e investiga desde 1981 Doctora en Filologiacutea Claacutesica desde 1987 con una tesis sobre la tradicioacuten yaacutembica y la faacutebula (La Vida drsquoIsop entre el iambe la faula i la novella) es autora de numerosos artiacuteculos y capiacutetulos de libros sobre la literatura griega de eacutepoca imperial romana en especial sobre Segunda Sofiacutestica y novela ha estudiado principalmente autores como Luciano en cuya edicioacuten y traduccioacuten al castellano para la coleccioacuten Alma Mater participa Plutarco Dioacuten de Prusa o Elio Ariacutestides Es miembro del grupo de investigacioacuten Graecia Capta de la Universidad de Barcelona

Roosevelt Rocha eacute Professor Adjunto do curso de Letras da Universidade Federal do Paranaacute (Brasil) e pesquisador ligado ao Programa de Poacutes‑Graduaccedilatildeo em Letras da

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mesma Universidade As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a poesia grega arcaica (elegia jambo e meacutelica) a muacutesica grega antiga e o estudo da performance da poesia grega dos periacuteodos arcaico e claacutessico

Vicente Ramoacuten es Profesor Tiular de Filologiacutea Griega de la Universidad de Zara‑goza Sus intereses cientiacuteficos pueden sintetizarse en las siguientes liacuteneas Plutarco de Queronea y la biografiacutea poliacutetica historiografiacutea griega retoacuterica y oratoria griegas tradicioacuten claacutesica teatro griego la irreligiosidad en la Atenas Claacutesica

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Nelson
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Volumes publicados na Colecccedilatildeo Humanitas Supplementum

1 Francisco de Oliveira Claacuteudia Teixeira e Paula Barata Dias Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 1 ndash Liacutenguas e Literaturas Greacutecia e Roma (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

2 Francisco de Oliveira Claacuteudia Teixeira e Paula Barata Dias Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 2 ndash Liacutenguas e Literaturas Idade Meacutedia Renascimento Recepccedilatildeo (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

3 Francisco de Oliveira Jorge de Oliveira e Manuel Patriacutecio Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 3 ndash Histoacuteria Arqueologia e Arte (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2010)

4 Maria Helena da Rocha Pereira Joseacute Ribeiro Ferreira e Francisco de Oliveira (Coords) Horaacutecio e a sua perenidade (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

5 Joseacute Luiacutes Lopes Brandatildeo Maacutescaras dos Ceacutesares Teatro e moralidade nas Vidas suetonianas (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

6 Joseacute Ribeiro Ferreira Delfim Leatildeo Manuel Troumlster and Paula Barata Dias (eds) Symposion and Philanthropia in Plutarch (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

7 Gabriele Cornelli (Org) Representaccedilotildees da Cidade Antiga Categorias histoacutericas e discursos filosoacuteficos (Coimbra Classica DigitaliaCECHGrupo Archai 2010)

8 Maria Cristina de Sousa Pimentel e Nuno Simotildees Rodrigues (Coords) Sociedade poder e cultura no tempo de Oviacutedio (Coimbra Classica DigitaliaCECHCECCH 2010)

9 Franccediloise Frazier et Delfim F Leatildeo (eds) Tychegrave et pronoia La marche du monde selon Plutarque (Coimbra Classica DigitaliaCECH Eacutecole Doctorale 395 ArScAn‑THEMAM 2010)

10 Juan Carlos Iglesias‑Zoido El legado de Tuciacutedides en la cultura occidental (Coimbra Classica DigitaliaCECH ARENGA 2011)

11 Gabriele Cornelli O pitagorismo como categoria historiograacutefica (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2011)

12 Frederico Lourenccedilo The Lyric Metres of Euripidean Drama (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2011)

13 Joseacute Augusto Ramos Maria Cristina de Sousa Pimentel Maria do Ceacuteu Fialho Nuno Simotildees Rodrigues (coords) Paulo de Tarso Grego e Romano Judeu e Cristatildeo (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

14 Carmen Soares amp Paula Barata Dias (coords) Contributos para a histoacuteria da alimentaccedilatildeo na antiguidade (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

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15 Carlos A Martins de Jesus Claudio Castro Filho amp Joseacute Ribeiro Ferreira (coords) Hipoacutelito e Fedra ‑ nos caminhos de um mito (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

16 Joseacute Ribeiro Ferreira Delfim F Leatildeo amp Carlos A Martins de Jesus (eds) Nomos Kosmos amp Dike in Plutarch (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

17 Joseacute Augusto Ramos amp Nuno Simotildees Rodrigues (coords) Mnemosyne kai Sophia (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

18 Ana Maria Guedes Ferreira O homem de Estado ateniense em Plutarco o caso dos Alcmeoacutenidas (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

19 Aurora Loacutepez Andreacutes Pocintildea amp Maria de Faacutetima Silva De ayer a hoy influencias claacutesicas en la literatura (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

20 Cristina Pimentel Joseacute Luiacutes Brandatildeo amp Paolo Fedeli (coords) O poeta e a cidade no mundo romano (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

21 Francisco de Oliveira Joseacute Luiacutes Brandatildeo Vasco Gil Mantas amp Rosa Sanz Serrano (coords) A queda de Roma e o alvorecer da Europa (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

22 Luiacutesa de Nazareacute Ferreira Mobilidade poeacutetica na Greacutecia antiga uma leitura da obra de Simoacutenides (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica DigitaliaCECH 2013)

23 Faacutebio Cerqueira Ana Teresa Gonccedilalves Edalaura Medeiros amp JoseacuteLuiacutes Brandatildeo Saberes e poderes no mundo antigo Vol I ndash Dos saberes (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia2013) 282 p

24 Faacutebio Cerqueira Ana Teresa Gonccedilalves Edalaura Medeiros amp Delfim Leatildeo Saberes e poderes no mundo antigo Vol II ndash Dos poderes (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013) 336 p

25 Joaquim J S Pinheiro Tempo e espaccedilo da paideia nas Vidas de Plutarco (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013) 458 p

26 Delfim Leatildeo Gabriele Cornelli amp Miriam C Peixoto (coords) Dos Homens e suas Ideias Estudos sobre as Vidas de Dioacutegenes Laeacutercio (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013)

27 Italo Pantani Margarida Miranda amp Henrique Manso (coords) Aires Barbosa na Cosmoacutepolis Renascentista (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2013)

28 Francisco de Oliveira Maria de Faacutetima Silva Tereza Virgiacutenia Ribeiro Barbosa (coords) Violecircncia e transgressatildeo uma trajetoacuteria da Humanidade (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

29 Priscilla Gontijo Leite Eacutetica e retoacuterica forense asebeia e hybris na caracterizaccedilatildeo dos adversaacuterios em Demoacutestenes (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

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30 Andreacute Carneiro Lugares tempos e pessoas Povoamento rural romano no Alto Alentejo ‑ Volume I (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2014)

31 Andreacute Carneiro Lugares tempos e pessoas Povoamento rural romano no Alto Alentejo ‑ Volume II (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2014)

32 Pilar Goacutemez Cardoacute Delfim F Leatildeo Maria Aparecida de Oliveira Silva (coords) Plutarco entre mundos visotildees de Esparta Atenas e Roma (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

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Resumo da obra

A vasta e variada obra de Plutarco permite sempre uma abordagem a partir de distintas

perspetivas com diferentes intenccedilotildees e propoacutesitos variados No entanto eacute importante

identificar tambeacutem fios comuns nessa abordagem porque permitem demonstrar tanto a

niacutevel formal como de conteuacutedo que haacute muitos elementos comuns que permeiam o trabalho

de Plutarco

Os treze contributos para este volume tecircm como elo comum o nome de trecircs cidades

Esparta Atenas e Roma Elas representam espaccedilos poliacuteticos e institucionais diversos dada

a sua extensatildeo geograacutefica e cronoloacutegica mas simbolizam igualmente diferentes modelos

de organizaccedilatildeo social atraveacutes dos quais a Greacutecia pode ser contrastada com Roma ou Atenas

comparada com Esparta mdash ainda que o seu verdadeiro interesse na obra de Plutarco seja

que representam sempre locais paradigmaacuteticos onde vivem e convivem pessoas Por

isso os estudiosos de Plutarco que contribuiacuteram para este volume procuram analisar em

cada uma dessas cidades seja por assimilaccedilatildeo ou por contraste a forma como o autor de

Queroneia aborda a ligaccedilatildeo entre indiviacuteduo e comunidade a partir do exerciacutecio do poder

e da experiecircncia religiosa qual o papel da educaccedilatildeo e do domiacutenio privado na projeccedilatildeo

puacuteblica dos protagonistas retratados por Plutarco ou ateacute que ponto a imagem dos primeiros

legisladores e fundadores miacuteticos foi condicionada pela evoluccedilatildeo histoacuterica destas mesmas

cidades

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Page 4: Versão integral disponível em digitalis.uc · visões de Esparta, Atenas e Roma IMPRENSA DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA COIMBRA UNIVERSITY PRESS ANNABLUME Versão integral disponível

Pilar Goacutemez Cardoacute Delfim F Leatildeo Maria Aparecida de Oliveira Silva (coord)Universitat de Barcelona Universidade de Coimbra Universidade de Satildeo Paulo

Plutarco entre mundosvisotildees de Esparta Atenas e Roma

IMPRENSA DA UNIVERSIDADE DE COIMBRACOIMBRA UNIVERSITY PRESS

ANNABLUME

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Conceccedilatildeo Graacutefica GraphicsRodolfo Lopes Nelson Ferreira

Infografia InfographicsNelson Ferreira

Impressatildeo e Acabamento Printed bySimotildees amp Linhares Lda Av Fernando Namora nordm 83 Loja 4 3000 Coimbra

ISSN2182‑8814

ISBN978‑989‑26‑0920‑1

ISBN Digital978‑989‑26‑0921‑8

DOIhttpdxdoiorg1014195978‑989‑26‑0921‑8

Depoacutesito Legal Legal Deposit 38476114

Tiacutetulo Title Plutarco entre mundos visotildees de Esparta Atenas e RomaPlutarch between worlds visions of Sparta Athens and Rome

Coord EdPilar Goacutemez Cardoacute Delfim F Leatildeo Maria Aparecida de Oliveira Silva

Editores PublishersImprensa da Universidade de CoimbraCoimbra University Presswwwucptimprensa_ucContacto Contact imprensaucptVendas online Online Saleshttplivrariadaimprensaucpt

Annablume Editora Comunicaccedilatildeo

wwwannablumecombrContato Contact annablumecombr

Coordenaccedilatildeo Editorial Editorial CoordinationImprensa da Universidade de Coimbra

copy Dezembro 2014

Trabalho publicado ao abrigo da Licenccedila This work is licensed underCreative Commons CC‑BY (httpcreativecommonsorglicensesby30ptlegalcode)

POCI2010

Annablume Editora Satildeo PauloImprensa da Universidade de CoimbraClassica Digitalia Vniversitatis Conimbrigensis httpclassicadigitaliaucptCentro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra

Seacuterie Humanitas SupplementumEstudos Monograacuteficos

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Plutarco entre mundos visotildees de Esparta Atenas e Roma Plutarch between worlds visions of Sparta Athens and Rome

Coord EdPilar Goacutemez Cardoacute Delfim F Leatildeo Maria Aparecida de Oliveira Silva

Filiaccedilatildeo AffiliationUniversitat de Barcelona Universidade de Coimbra Universidade de Satildeo Paulo

ResumoA vasta e variada obra de Plutarco permite sempre uma abordagem a partir de distintas perspetivas com diferentes intenccedilotildees e propoacutesitos variados No entanto eacute importante identificar tambeacutem fios comuns nessa abordagem porque permitem demonstrar tanto a niacutevel formal como de conteuacutedo que haacute muitos elementos comuns que permeiam o trabalho de Plutarco Os treze contributos para este volume tecircm como elo comum o nome de trecircs cidades Esparta Atenas e Roma Elas representam espaccedilos poliacuteticos e institucionais diversos dada a sua extensatildeo geograacutefica e cronoloacutegica mas simbolizam igualmente diferentes modelos de organizaccedilatildeo social atraveacutes dos quais a Greacutecia pode ser contrastada com Roma ou Atenas comparada com Esparta mdash ainda que o seu verdadeiro interesse na obra de Plutarco seja que representam sempre locais paradigmaacuteticos onde vivem e convivem pessoas Por isso os estudiosos de Plutarco que contribuiacuteram para este volume procuram analisar em cada uma dessas cidades seja por assimilaccedilatildeo ou por contraste a forma como o autor de Queroneia aborda a ligaccedilatildeo entre indiviacuteduo e comunidade a partir do exerciacutecio do poder e da experiecircncia religiosa qual o papel da educaccedilatildeo e do domiacutenio privado na projeccedilatildeo puacuteblica dos protagonistas retratados por Plutarco ou ateacute que ponto a imagem dos primeiros legisladores e fundadores miacuteticos foi condicionada pela evoluccedilatildeo histoacuterica destas mesmas cidades

Palavras‑chavePlutarco Atenas Esparta Roma educaccedilatildeo religiatildeo poder

Abstract The vast and varied work of Plutarch naturally allows an approach from different perspectives with a variety of intentions and plural purposes However it is also important to identify common lines of approach because they demonstrate both formally and in terms of content that there are many customary elements underlying his work The thirteen contributions to this volume are linked by the names of three cities Sparta Athens and Rome They represent diverse political and institutional spaces because of their geographical extension and chronology and they symbolize as well different models of social organization through which Greece can be contrasted with Rome or Athens compared to Sparta mdash but perhaps their most interesting feature in Plutarchs work is that they are paradigmatic places where men live and coexist together Therefore the Plutarchists who contributed to this volume analyze for each of these cities by assimilation or contrast the way the author from Chaeronea envisages the connection between individual and community as reflected in the exercise of power and the living of religious experiences the role played by education and private affairs in the public image of Plutarchrsquos protagonists or the extent to which the image of the first lawgivers and mythical founders was conditioned by the historical development of these cities

KeywordsPlutarch Athens Sparta Rome education religion power

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Coordenadores

Pilar Goacutemez Cardoacute es profesora titular de Filologiacutea Griega en la Universidad de Barcelona donde imparte docencia e investiga desde 1981 Doctora en Filologiacutea Claacutesica desde 1987 con una tesis sobre la tradicioacuten yaacutembica y la faacutebula (La Vida drsquoIsop entre el iambe la faula i la novelbullla) es autora de numerosos artiacuteculos y capiacutetulos de libros sobre la literatura griega de eacutepoca imperial romana en especial sobre Segunda Sofiacutestica y novela ha estudiado principalmente autores como Luciano (en cuya edicioacuten y traduccioacuten al castellano para la coleccioacuten Alma Mater participa) Plutarco Dioacuten de Prusa o Elio Ariacutestides Es miembro del grupo de investigacioacuten Graecia Capta de la Universidad de Barcelona

Delfim F Leatildeo eacute Professor Catedraacutetico da Instituto de Estudos Claacutessicos e investigador do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a histoacuteria antiga o direito e a teorizaccedilatildeo poliacutetica dos Gregos a pragmaacutetica teatral e a escrita romanesca antiga

Maria Aparecida de Oliveira Silva eacute professora visitante do Programa de Poacutes‑Graduaccedilatildeo em Letras Claacutessicas da Universidade de Satildeo Paulo e Professora Pesquisadora do Programa de Poacutes‑Graduaccedilatildeo em Histoacuteria da Universidade Federal de Satildeo Paulo Liacuteder do Grupo CNPq LABHAN Laboratoacuterio de Histoacuteria Antiga da Universidade Federal do Amapaacute Pesquisadora do Grupo CNPq Linceu ‑ Visotildees da Antiguidade Claacutessica da Universidade Estadual Paulista Pesquisadora do Grupo Retoacuterica Texto y Comunicacioacuten da Univer‑sidad de Caacutediz Membro do Conselho Acadecircmico do Seminaacuterio de Histoacuteria e Filosofia das Religiotildees da Universidad Autoacutenoma de Ciudad Juaacuterez mdash Meacutexico Pesquisa e publica trabalhos sobre Esparta Plutarco e biografia antiga

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Editors

Pilar Goacutemez Cardoacute is Professor of Greek Studies at the University of Barcelona where she has been teaching and conducting research in 1981 She obtained a PhD in Classical Philology in 1987 with a thesis on the iambic tradition and fable (La Vida drsquoIsop entre el iambe la faula i la novelbullla) and is the author of numerous articles and book chapters on the Greek literature of the Roman Imperial period especially on the Second Sophistic and the novel She has studied mainly writers like Lucian (collaborating in the edition and translation of his works into Spanish for the Alma Mater collection) Plutarch Dio of Prusa and Aelius Aristides She is a member of the research group Graecia Capta of the University of Barcelona

Delfim F Leatildeo is Full Professor at the Institute of Classical Studies and researcher at the Centre for Classical and Humanistic Studies at the University of Coimbra His main areas of scientific interest are ancient history law and political theory of the Greeks theatrical pragmatics and the ancient novel

Maria Aparecida de Oliveira Silva is a visiting professor of the Postgraduate Programme in Classics at the University of Satildeo Paulo and Research Professor of the Postgraduate Pro‑gramme in History at the Federal University of Satildeo Paulo Leader of the CNPq LABHAN Group Labotarory of Ancient History at the Federal University of Amapaacute Researcher of the CNPq Linceu Group mdash Visions of Classical Antiquity at Satildeo Paulo State University Researcher of the Group ldquoRetoacuterica Texto y Comunicacioacutenrdquo of the University of Caacutediz Member of the Academic Council of the Seminar in History and Philosophy of Religions at the Autonomous University of Ciudad Juaacuterez mdash Mexico Her research interests are mainly directed to Sparta Plutarch and ancient biography

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Sumaacuterio

Apresentaccedilatildeo de Plutarco entre Mundos visotildees de esparta atenas e roma 11(Presentation of Plutarch between worlds visions of Sparta Athens and Rome)

Introduccioacuten(Introduction) 13

Pilar Goacutemez Cardoacute

O jovem Teseu do reconhecimento paterno ao reconhecimento poliacutetico (Young Theseus from paternal recognition to political recognition) 31

Loraine Oliveira

Legislar teniacutea un precio (The price to pay for legislating) 49

Mordf Teresa Fau Ramos

O legislador e suas estrateacutegias discursivas teatralidade e linguagem metafoacuterica na vida de soacutelon

(The statesman and his discourse strategies theatricality and metaphorical language in the Life of Solon) 71

Delfim F Leatildeo

A figura do legislador em Plutarco Recepccedilatildeo de um mito poliacutetico (The figure of the lawgiver in Plutarch reception of a political myth) 85

Aacutelia Rodrigues

Un mentor limpio de pasiones El filoacutesofo y la actuacioacuten poliacutetica seguacuten el de genio socratis

(A mentor without passions the philosopher and political action according to the De genio Socratis) 103

Joseacute M Candau

O valor da filosofia e da paideia a construccedilatildeo moral e retoacuterica de Plutarco(The value of philosophy and of paideia Plutarchrsquos moral and rhetorical constructions) 119

Joaquim Pinheiro

De Roma a Alejandriacutea y viceversa mimesis del motivo del viaje en la vida de antonio de Plutarco(From Rome to Alexandria and vice versa mimesis of the travel motif in Plutarchrsquos Life of Antony) 137

Ivana S Chialva

A Esparta de Plutarco entre a guerra e as artes(Plutarchrsquos Sparta between war and the arts) 159

Roosevelt Rocha

Muacutesica e educaccedilatildeo em Atenas segundo as biografias de Plutarco(Music and education in Athens according to Plutarchrsquos biographies) 173

Faacutebio Vergara Cerqueira

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Por traacutes de um grande homem haacute sempre uma grande mulher A influecircncia de esposas e amantes sobre homens de Estado

(Is there always a great man behind a great woman The influence of wives and lovers over statesmen) 191

Ana Ferreira

Heteras concubinas y joacutevenes de seduccioacuten la influencia femenina en las vidas plutarqueas de Soloacuten Pericles y Alcibiacuteades

(Hetairai concubines and seducers the influence of women in Plutarchrsquos Lives of Solon Pericles and Alcibiades) 209

Guillermina Gonzaacutelez Almenara

Esparta e os oraacuteculos uma leitura plutarquiana(Sparta and the oracles a Plutarchan reading) 219

Maria Aparecida de Oliveira Silva

Plutarco y la crisis oracular del final del mundo antiguo(Plutarch and the crisis of the oracles at the end of the ancient world) 233

Jesuacutes‑Mordf Nieto Ibaacutentildeez

Index nominvm 251

Index locorvm 259

Notas biograacuteficas dos autores 267

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11

Apresentaccedilatildeo de Plutarco entre Mundos visotildees de esparta atenas e roma

(Presentation of Plutarch between worlds visions of Sparta Athens and Rome)

Um grego nascido agrave eacutepoca da dominaccedilatildeo romana Plutarco vive entre mun‑dos circulando entre Greacutecia e Roma tecendo reflexotildees sobre gregos e romanos Descendente de uma tradicional famiacutelia beoacutecia nosso autor eacute educado conforme os preceitos da paideia grega a mesma que prescreve em seus tratados e biografias como sendo a mais indicada para a formaccedilatildeo de um homem virtuoso Plutarco entrelaccedila conhecimentos acumulados pela tradiccedilatildeo grega com os da romana re‑gistra suas impressotildees sobre o modo de ser grego em um movimento de partida do seu presente de dominado para retornar ao passado glorioso de seu povo sem negligenciar suas anaacutelises sobre o modo de ser romano Reflexotildees que se fazem perceptiacuteveis principalmente na escrita de suas biografias de gregos e romanos onde vemos as comparaccedilotildees de suas personagens ora criticando a accedilatildeo de um grego ora a de um romano demonstrando os aspectos positivos e negativos de cada um embora deixe clara a sua preferecircncia pela cultura grega

Pela erudiccedilatildeo peculiar a sua extensa obra Plutarco eacute um autor que se in‑sere em diversos periacuteodos da nossa histoacuteria vemos sua influecircncia em escritos bizantinos renascentistas nos produzidos entre os seacuteculos XVI e XVII em que italianos franceses ingleses e espanhoacuteis se dedicam a verter suas biografias e tratados para vernaacuteculos modernos A disseminaccedilatildeo dessas obras concorre para influenciar artistas poetas filoacutesofos historiadores do seacuteculo XVIII em diante

Se por muitos seacuteculos nosso autor se vecirc circunscrito ao espaccedilo geograacutefico da bacia mediterracircnica hoje notamos que suas ideias atravessam o Oceano e alcanccedilam o chamado Novo Mundo Entatildeo a perspectiva de entre mundos para o nosso autor se expande mais sua obra atravessa eacutepocas e espaccedilos e se transforma em um claacutessico como tal atemporal e sem fronteiras Imbuiacutedos desse espiacuterito da obra plutarquiana apresentamos ao leitor este livro com ar‑tigos redigidos por espanhoacuteis latino‑americanos e portugueses revelando a

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Legislar teniacutea un precio

Mas a pesar de su tropiezo laquocon la mayoriacutearaquo (τοῖς πλείστοις) le fueron confiadas al legislador ateniense responsabilidades aun mayores45 y asiacute pudo eliminar buena parte de las leyes promulgadas por Dracoacuten46 reorganizar la poblacioacuten asignaacutendole prerrogativas en base a criterios econoacutemicos47 introducir cambios en las instituciones de la polis48 y establecer otras disposiciones como por ejemplo las que regulan el matrimonio49 los testamentos y donaciones50 la conducta de las mujeres51 el desempentildeo de oficios52 la actividad agriacutecola53 la naturalizacioacuten de extranjeros54 y el calendario55

Promulgadas ya las leyes aguardaba a Soloacuten una nueva contrariedad cada diacutea era abordado por individuos que elogiaban o censuraban su obra le aconse‑jaban antildeadidos o supresiones o simplemente le pediacutean aclaracioacuten sobre alguacuten pasaje que no comprendiacutean Para zafarse de esta presioacuten decide ausentarse de Atenas durante diez antildeos Abandona pues la patria con la esperanza de que su exilio voluntario sirva para que los ciudadanos se habituacuteen a las nuevas leyes56

Pero a su regreso constata que la polis ha vuelto al mal camino y las fac‑ciones vuelven a dominar la escena poliacutetica destacando sobremanera un hombre llamado Pisiacutestrato en torno al cual se apintildeaba una laquoturbaraquo (ὄχλος) de jornaleros radicalmente contraria a los ricos57 Soloacuten intenta poner paz parlamentando con los liacutederes de los partidos58 intuye las verdaderas intenciones del dirigente de la plebe e intenta en vano modificarlas59 Cuando Pisiacutestrato se dispone a erigirse en tirano el anciano legislador se opone pero al no contar con el apoyo de nadie debe cejar en su empentildeo60

estagirita (Pol 1296a) afirma que los μέσοι constituyen un factor sumamente equilibrador de la sociedad y es ndashprosigue‑ por este motivo que los mejores legisladores como Soloacuten y ‑iexclpara nuestra sorpresa‑ Licurgo pertenecieron a este colectivo Sobre la posicioacuten de Plutarco con respecto a las doctrinas supuestamente aristoteacutelicas remito a la reciente aportacioacuten de Becchi (2014)

45 Sol 163‑546 Sol 17147 Sol 181‑348 Sol 191‑249 Sol 202‑650 Sol 213‑451 Sol 21552 Sol 221 y 353 Sol 236‑24254 Sol 24455 Sol 254‑556 Sol 256 En el texto plutarqueo Soloacuten pone como excusa (πρόσχημα) de su partida

un tema relacionado con la navegacioacuten (ναυκληρία) Heroacutedoto (130) apunta el deseo de ver mundo (θεωρία) mientras que Aristoacuteteles (Ath 111) hace referencia a la actividad comercial (ἐμπορία) y tambieacuten al deseo de ver mundo (θεωρία)

57 Sol 29158 Sol 29259 Sol 29560 Sol 301‑4 y 6‑8

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Mordf Teresa Fau Ramos

Sorprendentemente una vez duentildeo de la situacioacuten Pisiacutestrato tratoacute a Soloacuten con gran respeto aceptoacute muchos de sus consejos y conservoacute laquola mayoriacutea de las leyesraquo (τοὺς πλείστους νόμους) que habiacutea establecido61 Y eacutesta es una de las uacutelti‑mas afirmaciones que hace Plutarco con respecto a Soloacuten sobre cuya muerte no nos proporciona dato alguno de intereacutes62

A diferencia de la biografiacutea plutarquea de Licurgo la Vida de Soloacuten no cul‑mina con un heroico acto de auto‑inmolacioacuten para obtener la perdurabilidad de unas leyes que se desean perennes63 Ello no obsta sin embargo para que reconozcamos que tambieacuten a Soloacuten le pasa factura el ejercicio de su funcioacuten como legislador En efecto debe soportar las burlas de unas gentes que hacen befa de eacutel por haberse negado a instaurar un reacutegimen tiraacutenico es falsamente acusado de haber obtenido beneficios fraudulentos gracias a sus leyes y sufre una intensa presioacuten por parte de sus conciudadanos hasta el punto de tener que optar por un exilio voluntario

Numa

Con la Vida de Numa regresamos a un contexto de dignidad regia aunque existe una gran diferencia entre las maneras expeditivas de Licurgo y la suavidad con la que actuacutea el rey Numa64

Tras la desaparicioacuten ndashsupuestamente sobrenaturalndash de Roacutemulo la ciudad de Roma se hallaba sumida en una grave discordia pues sabinos y romanos no se poniacutean de acuerdo sobre quieacuten habiacutea de ser el proacuteximo monarca65 Al fin las dos facciones pactan que la realeza recaiga sobre el sabino Numa Pompilio66 Pero eacuteste que habiacutea sabido mejorar su buen talante natural con un geacutenero de vida

61 Sol 312‑3 En este punto Plutarco sigue la tradicioacuten continuista de otros autores (cf Hdt 1596 y Th 6546) Seguacuten Dioacutegenes Laercio (153‑54) Pisiacutestrato hace saber al νομοθέτης ateniense que mantiene la legislacioacuten por eacutel establecida y le invita a regresar a la polis Aristoacuteteles (Ath 221) por su parte mantiene que la tiraniacutea habiacutea abolido por desuso las leyes solonianas

62 No obstante en el Banquete de los siete sabios (Moralia 151E‑F) encontramos de nuevo a Soloacuten a propoacutesito de quien Quiloacuten afirma que debe ser el primero en hacer uso de la palabra no soacutelo porque asiacute conviene por su edad y por el lugar que ocupa entre los comensales sino porque detenta laquola autoridad mayor y maacutes perfectaraquo (τὴν μεγίστην καὶ τελειοτάτην ἀρχήν) laquopor haber otorgado leyes a los ateniensesraquo (νόμους Ἀθηναίοις θέμενος) Para una visioacuten de Soloacuten como representante de una sabiduriacutea antigua que laquolejos de ser puramente teoacuterica se proyecta hacia la praxis cotidianaraquo cf Peacuterez Jimeacutenez (1991) 688

63 No nos parece irrelevante el hecho de que en la parte final de la Vida de Soloacuten (316‑7) se aluda a su vertiente poeacutetica iquestes eacutesta ‑nos preguntamos‑ una manera de sugerir la pervivencia del νομοθέτης ateniense

64 En este sentido Numa se asemeja mucho maacutes a los laquodulcesraquo personajes griegos que a los rudos romanos cf Martin Jr (1960) y De Romilly (1979) Sobre la dulzura (πρᾳότης) en los personajes plutarqueos veacutease tambieacuten Frazier (1996)

65 Num 22‑866 Num 32‑4

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Legislar teniacutea un precio

austero reflexivo y sosegado67 al recibir a los enviados que le ofreciacutean la corona se mostroacute reacio a aceptarla ya que ndashafirmabandash su manera de ser tan alejada de las praacutecticas guerreras no era apropiada para regir al belicoso pueblo de Roma68 Convencido a la postre por argumentos que le exhortaban a actuar en favor del bien comuacuten69 y confirmada por signos favorables la buena disposicioacuten de la divi‑nidad Numa accede a convertirse en rey de la agitada urbe70 eacutel que laquohabiendoraquo otrora laquoabandonado las ocupaciones propias de la vida en la ciudadraquo (ἐκλείπων τὰς ἐν ἄστει διατριβάς) se complaciacutea en frecuentar parajes solitarios71

Su primera medida de gobierno consiste en la supresioacuten de la guardia perso‑nal creada por el anterior monarca la segunda en la institucioacuten de un sacerdocio en honor de Roacutemulo72 Tras estas dos disposiciones tomadas seguacuten Plutarco laquopara obtener benevolencia y gratitud del puebloraquo (ἐπrsquoεὐνοίᾳ καὶ χάριτι τοῦ δήμου) Numa emprende la difiacutecil tarea de pacificar la ciudad73 Y para lograr su objetivo no vacila en servirse de la religioacuten introduciendo nuevos rituales74 fomentando los temores supersticiosos de la poblacioacuten75 o atribuyeacutendose una particular relacioacuten con divinidades76

Entre sus reformas de aacutembito religioso destacan la prohibicioacuten de repre‑sentar a los dioses por medio de imaacutegenes de hombres o animales77 el fomento

67 Num 37‑41 Sobre el caraacutecter del Numa plutarqueo orientado laquopor naturalezaraquo (φύσει) hacia la virtud cf Peacuterez Jimeacutenez (1994)

68 Num 51‑869 Un argumento muy del agrado de los estoicos Sobre el controvertido tema de la relacioacuten

de Plutarco con el estoicismo creemos que todaviacutea son relevantes las opiniones de Babut (1969) Para una visioacuten actualizada de este tema cf Opsomer (2014)

70 Num 61‑5 73‑7 Sobre la ejemplaridad para Plutarco del acceso del rey Numa al poder cf Peacuterez Jimeacutenez (1995)

71 Num 41 Plutarco (Num 52) subraya el sacrificio de Numa explicando que laquocostoacute seguacuten parece un esfuerzo no pequentildeo y requirioacute muchos argumentos y ruegos persuadir y hacer cambiar de opinioacuten a un hombre que habiacutea vivido en paz y tranquilidadraquo (ἦν δrsquo οὐ μικρόν ὡς ἔοικεν ἔργον ἀλλὰ καὶ λόγων πολλῶν καὶ δεήσεως τὸ πεῖσαι καὶ μεταστῆσαι γνώμην ἀνδρὸς ἐν ἡσυχίᾳ καὶ εἰρήνῃ βεβιωκότος) y ponerle al frente de laquouna poblacioacuten que en cierta manera habiacutea nacido y habiacutea crecido gracias a la guerraraquo (πόλεως τρόπον τινὰ καὶ γεγενημένης πολέμῳ καὶ συνηυξημένης)

72 Num 78‑9 Sobre la actitud del legislador Numa con respecto a la escritura veacutease la nota 20

73 Num 8174 Num 8375 Num 84 Aunque en general Plutarco desaprueba las praacutecticas supersticiosas ‑su tratado

Sobre la supersticioacuten (Moralia 164E‑171E) no permite abrigar dudas al respecto‑ puede sin embargo mostrarse comprensivo cuando un dirigente hace uso de ellas con la intencioacuten de conseguir los objetivos (por supuesto adecuados) que persigue (veacutease p e Dio 241‑3) A propoacutesito precisamente de las obras Sobre la supersticioacuten y Vida de Numa Van Nuffelen (2011) presenta al queronense como un atento observador de las transformaciones que experimentan las tradiciones religiosas

76 Num 810‑11 y 151‑677 Num 813

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de sacrificios incruentos78 la institucioacuten de los sacerdotes Pontiacutefices79 la de los Feciales80 y la de los Salios81 la consagracioacuten de las Viacutergenes Vestales82 y la regla‑mentacioacuten relativa a usos fuacutenebres83

Pero las innovaciones no podiacutean centildeirse exclusivamente a un contexto reli‑gioso Preocupado por la existencia de una masa de ciudadanos indigentes Numa decide servirse de las tierras que habiacutean sido conquistadas por su antecesor y las reparte entre los desheredados Asiacute inclina al pueblo a la praacutectica de la agricultura con el fin de que estos hombres que cultivancivilizan una tierra que les ha sido otorgada resulten tambieacuten ellos cultivadoscivilizados84 y mediante normas adicionales se aplica a incentivar las labores del campo85

Quedaba todaviacutea por abordar un grave problema pues auacuten subsistiacutea la antigua divisioacuten entre sabinos y romanos Para subsanarla el legislador establece nuevos criterios para clasificar a la ciudadaniacutea y distribuye a los individuos en entidades que dariacuteamos en llamar laquogremialesraquo De este modo agrupados en virtud de los oficios que desempentildean los habitantes de la pujante poblacioacuten iraacuten olvidando los antiguos motivos de desunioacuten86

No acaban ahiacute las reformas de Numa Tambieacuten dicta leyes relacionadas con la institucioacuten familiar87 y el calendario88 Y con todo ello consigue hacer de Roma ndashe incluso de las ciudades del entornondash un remanso de paz la violencia desaparece fiestas y banquetes se celebran por doquier las gentes se relacionan entre si en un ambiente de mutua confianza no hay constancia alguna de laquoguer‑raraquo (πόλεμος) laquodiscordia civilraquo (στάσις) ni laquorevolucioacuten poliacuteticaraquo (νεωτερισμὸς περὶ πολιτείαν) y la figura de Numa goza del respeto general89 Cuando alcan‑zados ya los ochenta antildeos fallece el legislador90 su muerte ndashmuerte naturalndash es

78 Num 815 Plutarco atribuye esta medida al igual que otras a la influencia del espartano Pitaacutegoras (cf Num 14) La influencia de Pitaacutegoras en las costumbres romanas habriacutea sido tratada por Caacutestor de Rodas a quien el queronense hace referencia en sus Cuestiones romanas (Moralia 266E)

79 Num 9180 Num 124‑881 Num 131‑782 Num 910 y 101‑583 Num 121‑384 Num 164 Plutarco hace aquiacute un juego de palabras basaacutendose en el teacutermino

συνεξημεροῦμαι En cuanto al reparto de tierras consignado en este capiacutetulo es posteriormente negado en la comparatio entre Licurgo y Numa (Num 3410)

85 Num 166‑786 Num 171‑487 Num 17588 Num 181‑6 y 198‑9 89 Num 203‑7 Plutarco antildeade (208‑12) unas consideraciones sobre las bondades que se

derivan del mandato de un gobernante filoacutesofo En su argumentacioacuten nuestro autor cita (Num 2010) casi textualmente el pasaje 711e de Las Leyes de Platoacuten

90 Num 217

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Legislar teniacutea un precio

acompantildeada tanto en Roma como en otras ciudades de grandes manifestacio‑nes de duelo91

Asiacute termina la vida del anciano rey que supo renunciar a la apacible vida que tanto le agradaba para regir los destinos de la inquieta Roma poniendo de manifiesto una vez maacutes que para el queronense el ejercicio de la funcioacuten de νομοθέτης va ligado a la ineludible necesidad de pagar un precio por ello Pero no acaba ahiacute la informacioacuten plutarquea sobre Numa pues el bioacutegrafo nos hace saber que tras la muerte del monarca los romanos volvieron a hacer uso de las armas92 y en la comparatio que establece entre Licurgo y Numa Plutarco subraya el fracaso que supone para la constitucioacuten de Numa el regreso de Roma a sus antiguas praacutecticas guerreras93 En cuanto a la causa de tal infortunio el quero‑nense es tajante seguacuten eacutel Numa se equivocoacute gravemente cuando a diferencia de Licurgo no organizoacute un sistema educativo soacutelido disciplinario e igual para todos los ciudadanos94

Publiacutecola

Pasamos acto seguido a ocuparnos de un legislador que aun sin ser de es‑tirpe real tuvo algo que ver con la institucioacuten monaacuterquica pues contribuyoacute a der‑rocarla Se trata de Publio Valerio a quien los romanos dieron el sobrenombre de Publiacutecola95 Eacuteste que se distinguiacutea por su amor a la justicia y su generosidad para con los necesitados pareciacutea destinado al liderazgo si alguacuten diacutea llegaba a instalarse en Roma lo que Plutarco llama laquoun reacutegimen democraacuteticoraquo (δημοκρατία)96 pero al ser depuesto por el pueblo el rey Tarquinio el Soberbio vio frustradas sus aspiraciones a pesar de haber colaborado eacutel personalmente al derrocamiento97

Decepcionado Valerio se retira momentaacuteneamente de la escena poliacutetica98 pero tan pronto como Tarquinio intenta recuperar el poder reacciona y toma parte muy activa en la desactivacioacuten de una conjura que teniacutea por objetivo la rein‑troduccioacuten de la realeza99 En recompensa a sus servicios Valerio es nombrado

91 Num 22192 Num 221193 Num 361094 Num 367 Pensamos que eacutesta es una criacutetica severa que aleja a Numa del prototipo del

Gobernante Ideal Por su parte Boulet (2005) ve en el retrato plutarqueo del monarca romano un claro ndashy premeditadondash distanciamiento del queronense con respecto a la figura platoacutenica del Rey‑Filoacutesofo Si el alejamiento defendido por Boulet se ajusta a la realidad no creemos que deba producirnos extrantildeeza ya que por decirlo en palabras de Hershbell (2004) Plutarco fue un laquoPlatonisthellipunorthodoxraquo Cf Dillon (2014)

95 Publ 1196 Publ 1297 Publ 13‑5 Plutarco da a la actuacioacuten de Valerio un valor claramente superior al que le

otorgan Dionisio de Halicarnaso (467‑72) y Tito Livio (158‑591‑2)98 Publ 21 99 Publ 22‑76

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coacutensul100 mientras el rey destronado busca ndashy obtienendash el apoyo de los etruscos101 Se libra un feroz combate en el que el ejeacutercito romano consigue la victoria y Valerio tiene ocasioacuten de celebrar triunfo siendo ndashsostiene Plutarcondash el primer coacutensul que entra en la urbe montado en una cuadriga102

Pero el flamante vencedor seraacute pronto objeto de criacutetica pues el pueblo cree ver en su conducta atisbos de despotismo concentra en su persona toda la auto‑ridad habita en una mansioacuten maacutes imponente que la del antiguo rey y se presenta escoltado laquopor todas las fasces y hachas juntasraquo (ὑπὸ ῥάβδοις ὁμοῦ πάσαις καὶ πελέκεσι)103 Valerio reacciona con prontitud reuacutene a un buen nuacutemero de al‑bantildeiles y en una noche echa abajo la casa y la destruye hasta los cimientos104 No tardaraacute el pueblo en hacerle donacioacuten de un terreno donde podraacute edificar una nueva morada eso siacute maacutes austera que la anterior105

En cuanto a las insignias suprimioacute las hachas y decretoacute que las fasces se incli‑naraacuten ante el pueblo106 medida que fue muy del agrado de las gentes que dieron a Valerio el sobrenombre de Publiacutecola teacutermino que seguacuten Plutarco equivale a δημοκηδής laquosoliacutecito con el puebloraquo107 Por otra parte concedioacute laquoa quienes quisie‑ranraquo (τοῖς βουλομένοις) la posibilidad de presentar candidatura para compartir el consulado junto a eacutel Pero antes de que se procediera al nombramiento de su colega en el cargo se valioacute de la feliz circunstancia de ser el uacutenico coacutensul en ejercicio para instaurar medidas poliacuteticas de suma importancia108 Asiacute nombroacute nuevos senadores109 otorgoacute mayores derechos al pueblo110 dictoacute pena de muerte sin proceso previo para aquel que pretendiera erigirse en tirano111 y organizoacute la recaudacioacuten de impuestos112

100 Publ 77101 Publ 91102 Publ 92‑9 Sobre el triunfo de Valerio cf Plu Rom 167‑8 y D H 2342 103 Publ 101‑2 Plutarco pone eacutenfasis en la narracioacuten utilizando el estilo directo es el pueblo

quien pronuncia estas palabras de reproche Sobre la desaprobacioacuten de los romanos ante la conducta de Valerio cf las narraciones maacutes comedidas de Dionisio de Halicarnaso (5181) y Tito Livio (276)

104 Publ 105 En las Cuestiones Romanas (Moralia 285F) se hace alusioacuten al hecho de que la casa situada en lo maacutes alto es percibida por las gentes como una amenaza por su elevada situacioacuten Dionisio de Halicarnaso (5192) no menciona la destruccioacuten de la morada seguacuten eacutel Publiacutecola cambioacute de domicilio con el fin ndashdeclaroacute el propio interesadondash de que los romanos pudieran lanzarle piedras desde arriba si le sorprendiacutean cometiendo alguacuten acto injusto Valerio Maacuteximo en cambio siacute alude (411) a la destruccioacuten de la casa y lo hace ademaacutes en un tono grandilocuente

105 Publ 106106 Publ 107 107 Publ 108‑9 En D H 5195 hallamos la misma ndashmaacutes que discutiblendash etimologiacutea108 Publ 111109 Publ 112110 Publ 113‑4111 Publ 121‑2112 Publ 123‑4

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Legislar teniacutea un precio

Tras estas disposiciones designoacute como colega suyo en el cargo a Lucrecio que fallecioacute pocos diacuteas despueacutes del nombramiento siendo sucedido por Marco Horacio113 En cuanto a Publiacutecola sufrioacute a causa de los honores recibidos por su doble condicioacuten de legislador y liacuteder militar la envidia de laquomuchos poderososraquo (πολλοὶ τῶν δυνατῶν) los cuales frustraron su deseo de consagrar el templo de Juacutepiter Capitolino114 Pero ello no fue obstaacuteculo para que Valerio continuara su exitosa carrera pues llegoacute a ser nombrado coacutensul por cuarta vez115 Su muerte acaecida despueacutes de lograr para Roma una gran victoria contra los sabinos causoacute un hondo pesar en la poblacioacuten116

Pero el dolor con que Roma reacciona ante la desaparicioacuten del liacuteder no debe hacernos olvidar las suspicacias que antantildeo despertara en la plebe y la envidia que posteriormente suscitoacute entre los poderosos En un caso la situacioacuten se saldoacute con la destruccioacuten por parte de Valerio de la suntuosa mansioacuten que poseiacutea y en un elocuente gesto de reconocimiento de la voluntad popular en el otro llevoacute las de perder pues no consiguioacute realizar el prestigioso ritual que ambicionaba La disensioacuten con el pueblo fue anterior al ejercicio de la actividad legisladora de hecho es gracias a la reconciliacioacuten con las masas que Publiacutecola tuvo la oportu‑nidad de ejercer como νομοθέτης En cambio el incidente con la eacutelite romana se produjo con posterioridad ndashy a consecuencia dendash su tarea como legislador (Plutarco lo indica con claridad) En este sentido podemos considerar que Publiacutecola pagoacute un doble tributo ndashla peacuterdida de su morada y la imposibilidad de llevar a cabo un ritual de alta relevanciandash por su νομοθεσία

Licurgo Soloacuten Numa y Publiacutecola establecen unas leyes por las que debe regirse la sociedad de la que forman parte y por ello reciben de Plutarco la de‑nominacioacuten de νομοθέτης117 Hay sin embargo entre los personajes biografiados

113 Publ 125‑6114 Publ 141‑7 Sobre φθόνος la envidia caracteriacutestica humana que de ninguacuten modo pasa

inadvertida a Plutarco Verdegem (2005) en una aportacioacuten en torno a les Vidas de estadistas atenienses del siglo v a C establece una clara diferencia entre laquopeer‑envyraquo que salvando la distancia cronoloacutegica seriacutea a nuestro entender el sentimiento que Publiacutecola despertoacute entre los poderosos y laquopopular envyraquo que experimenta la turba con respecto a los liacutederes contra quienes haciacutea aplicar en la Atenas claacutesica la medida llamada ostracismo Sobre el valor que el queronense otorga al ostracismo cf Jufresa Muntildeoz amp Fau Ramos (2011) Por otra parte Frazier (1996) atribuye al φθόνος de los personajes plutarqueos un laquocaractegravere quasi automatiqueraquo (p 109)

115 Publ 211116 Publ 231‑5 y 246 Plutarco (Publ 234) pone de relieve que el pueblo decidioacute que el

cuerpo de Publiacutecola fuera enterrado a expensas puacuteblicas dato que hallamos tambieacuten en Dionisio de Halicarnaso (5482‑3) y Valerio Maacuteximo (441) con la diferencia de que estos dos autores indican que ello se debioacute a la situacioacuten de pobreza extrema en que murioacute el estadista

117 Lyc 11 99 141 Sol 143 165 186 Num 93 1412 2310 2513 Publ 121 143 A un lector atento no le habraacute pasado inadvertido el hecho de que no hayamos mencionado ni a Agis ni a Cleoacutemenes personajes que intentaron en vano restaurar la laquobella y justa constitucioacutenraquo (πολιτείαν καλὴν καὶ δικαίαν) de Licurgo (Agis et Cleom 210) Ciertamente ambos pusieron todo su ahiacutenco en la empresa y ambos sufrieron por ello serias penalidades Agis perdioacute la vida

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por el queronense sujetos a quienes eacuteste no aplica el calificativo de νομοθέτης sino el de οἰκιστήςκτίστης (laquofundadorraquo) o bien les atribuye la accioacuten de οἰκιζεῖνκτιζεῖν (laquofundarraquo) una poblacioacuten Estos individuos fundan (o refundan) una comunidad cosa que les obliga a fijar unas normas Ejercen pues en cierto modo como legisladores y se arriesgan por tanto a contrariar voluntades ajenas Tambieacuten estos personajes de quienes nos ocuparemos ahora sucintamente estaacuten expuestos a pagar un precio por llevar a cabo su cometido

Teseo

Del οἰκιστής Teseo118 nos interesa especialmente su tarea como autor del llamado sinecismo Plutarco nos brinda al respecto una detallada descripcioacuten Seguacuten eacutel tras la muerte del rey Egeo su hijo Teseo se propone laquouna empresa grande y admirableraquo (μέγα καὶ θαυμαστὸν ἔργον) consistente en reunir a todos los habitantes del Aacutetica en una sola ciudad formando con ellos un uacutenico Estado dotado de instituciones comunes119 Pero antes de dar comienzo a su labor re‑corre la regioacuten para informar del proyecto a todos los pobladores Los ciudadanos no relevantes acogen al punto su llamamiento Los ricos en cambio se muestran reticentes y para convencerlos Teseo les ofrece un sistema de gobierno carente de rey y les promete que tan soacutelo reservaraacute para si mismo las funciones de dirigente militar y de laquocustodio de las leyesraquo (νόμων φύλαξ)120

Tras las explicaciones Teseo pone manos a la obra suprime los organismos anteriores y sienta las bases para el establecimiento de una polis a la cual da el

(Agis et Cleom 201) su madre su abuela y su hermano fueron asesinados (Agis et Cleom 202‑7 y 263) y su esposa obligada a contraer matrimonio con el hijo de un enemigo (Agis et Cleom 221‑3) Cleoacutemenes por su parte se vioacute forzado a entregar como rehenes del rey de Egipto a parte de su familia (Agis et Cleom 434‑8) perdioacute a su hermano en combate (Agis et Cleom 496‑7) tuvo que huir de Esparta (Agis et Cleom 503‑4) y fue arrestado en Egipto (Agis et Cleom 567) donde acaboacute suicidaacutendose tras haber intentado provocar un alzamiento contra el rey (Agis et Cleom 576‑5816) y una vez muerto continuaraacuten por asiacute decir las penalidades de Cleoacutemenes ya que el monarca egipcio ordena que su cadaacutever sea ultrajado y que sus hijos su madre y las mujeres del entorno de eacutesta reciban la muerte (Agis et Cleom 594) No obstante he decidido omitir la referencia a estos personajes porque sus esfuerzos por reinstaurar la constitucioacuten de Licurgo no se vieron coronados por el eacutexito y sobre todo porque a diferencia de lo que ocurre con Licurgo Soloacuten Numa y Publiacutecola a Agis y a Cleoacutemenes no les es otorgada por parte de Plutarco la denominacioacuten de νομοθέτης Por lo que a Agis se refiere Roskam (2005) considera que constituye para el queronense el modelo ideal del joven que se dedica a la poliacutetica

118 Thes 15 No entraremos aquiacute a discutir hasta queacute punto podriacutea sentirse Plutarco motivado a biografiar al fundador miacutetico de Atenas ni nos pronunciaremos sobre el no disimulado escepticismo sobre el particular que se le atribuye cf Sirinelli (2000) 301 Por cierto que la obra que acabamos de consignar corresponde a una de las maacutes acreditadas biografiacuteas plutarqueas comparable a las de Jones (1971) Russell (1973) y Lamberton (2001)

119 Thes 241 En la versioacuten plutarquea el sinecismo va maacutes allaacute de la unificacioacuten exclusivamente poliacutetica que describe Tuciacutedides (215)

120 Thes 242

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nombre de Atenas funda la festividad de las Panateneas para que sea celebrada por el conjunto de la comunidad instaura tambieacuten la fiesta de las Metecias y abdica ndashtal como habiacutea prometido‑ de la corona121

A continuacioacuten se dispone a organizar el nuevo Estado laquoempezando a partir de los diosesraquo (ἀπὸ θεῶν ἀρχόμενος)122 toma medidas para favorecer el crecimiento vegetativo de la polis establece clases entre la ciudadaniacutea asig‑nando un status especiacutefico a cada colectivo acuntildea moneda y fija los liacutemites de Atenas123

Pero al eficiente Teseo tambieacuten le llega la hora de pagar un precio por la tarea realizada124 Un tal Menesteo descendiente de Erecteo emprende una insi‑diosa campantildea contra el fundador soliviantando a laquolos poderososraquo (οἱ δυνατοί) que consideraban que Teseo les habiacutea sustraiacutedo prerrogativas y perturbando asimismo a laquola multitudraquo (οἱ πολλοί) so pretexto de haber perdido seducidos por un espejismo de libertad la patria los templos y los gobernantes que les eran propios yendo a caer bajo la autoridad de un extranjero125 La suerte sonriacutee al alborotador pues los Tindaacuteridas invaden el Aacutetica tal vez ndashapunta Plutarcondash a peticioacuten del propio Menesteo quien se encarga ademaacutes de facilitarles la entrada a la ciudad de Atenas126 De resultas de ello ndashel queronense tiene sus dudas al respectondash Etra la madre de Teseo habriacutea sido hecha prisionera127

El fundador intenta volver a ejercer su autoridadhellip en vano Al fin profun‑damente decepcionado abandona Atenas para siempre no sin antes maldecir a sus habitantes128 Teseo pereceraacute lejos de la patria y su muerte no provocaraacute reaccioacuten alguna en la ciudad129 Mucho tiempo habraacute de transcurrir para que la polis reconozca sus meacuteritos y le rinda los debidos honores que comportaraacuten la

121 Thes 243‑4122 Thes 244 Plutarco no concreta en queacute consiste esta actuacioacuten del fundador123 Thes 251‑4 Por si esta considerable labor fundacional no fuera suficiente somos

informados por Plutarco (Thes 265‑7) de que Teseo es tambieacuten οἰκιστής de la ciudad de Pitoacutepolis de la cual parte despueacutes de haber designado a quienes ejerceraacuten de gobernantes y legisladores

124 Un precio ndashrecordemosndash que ya habiacutea empezado a pagar cuando para persuadir a sus conciudadanos ricos se habiacutea comprometido a renunciar a la corona

125 Thes 321 En este pasaje Plutarco se hace eco de la atribucioacuten a Menesteo del hecho de haber sido laquoel primer hombreraquo (πρῶτος hellip ἀνθρώπων) en laquoejercer de demagogoraquo (δημαγωγεῖν)

126 Thes 322ndash332127 Thes 341128 Thes 353‑5 Esta miacutetica maldicioacuten sirve a Plutarco como αἴτιον para explicar la

etimologiacutea del laquoAraterioraquo o laquolugar de las maldicionesraquo 129 Thes 356‑7 En la descripcioacuten del fracaso que experimenta Teseo al intentar recuperar

el poder Plutarco se sirve de una terminologiacutea poliacutetica (usa en voz pasiva los verbos καταδημαγωγέω y καταστασιάζω) que utiliza tambieacuten en Per 92 y 5 Por otra parte nos parece significativo que la biografiacutea de Teseo no concluya con la alusioacuten a su fallecimiento sino que incorpore (Thes 358ndash365) la mencioacuten de los honores recibidos mucho tiempo despueacutes de su muerte por el fundador de hecho para el queronense el final de una vida no ha de coincidir necesariamente con el final de la biografiacutea cf al respecto Pelling (1997)

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necesidad de laquorecuperarraquo los restos del οἰκιστής y de trasladarlos solemnemente a Atenas130 permitiendo con ello a Cimoacuten el gran adversario de Temiacutestocles apropiarse de la figura del ilustre fundador131

Roacutemulo

La indiferencia que acompantildea al amargo fin de Teseo contrasta con el re‑vuelo que se originoacute en Roma tras la desaparicioacuten de aqueacutel a quien Plutarco considera laquopadreraquo (πατήρ)132 de la urbe que laquofundoacuteraquo (ἔκτισε)133

No es poco ciertamente lo que Roma debe a su οἰκιστής pues ademaacutes de ser el fundador material de la ciudad134 tomoacute unas medidas que seriacutean determi‑nantes para el futuro de la poblacioacuten Asiacute establecioacute los criterios con arreglo a los cuales debiacutean ser clasificados los ya numerosos habitantes de la urbe135 fue corresponsable del pacto crucial sellado entre sabinos y romanos136 introdujo cambios en el armamento137 e instituyoacute nuevos rituales138 El queronense le atri‑buye tambieacuten la promulgacioacuten de algunas leyes ndashἔθηκεhellip νόμους τινάς139 dice textualmentendash como las que hacen referencia al repudio de la esposa140

Pero llegado el liacuteder romano al zeacutenit de la gloria experimentoacute una profunda transformacioacuten en su manera de ser y adoptoacute maneras impropias vistioacute lujosos

130 Thes 358ndash365 Sobre las acciones cultuales relacionadas con el οἰκιστής ateniense cf Plaacutecido (1994) Por otra parte creemos que en la valoracioacuten plutarquea del descalabro sufrido por Teseo tiene un peso considerable la conducta poco edificante del ateniense en relacioacuten con Helena a quien eacuteste que a la sazoacuten contaba cincuenta antildeos habiacutea raptado cuando la muchacha todaviacutea no era nuacutebil (cf Thes 292 y 311‑3) En este contexto consideramos que aunque no se centra en la figura de Teseo es esclarecedora la obra de Beneker (2012) quien asimismo nos brinda datos relevantes en un trabajo posterior cf Beneker (2014) Sobre los valores morales en la obra del queronense cf Duff (1999) y Van Hoof (2010)

131 Thes 362‑3 y Cim 85‑7 En el marco de la poliacutetica ateniense de la primera mitad del siglo V a C no es en modo alguno insoacutelita la utilizacioacuten en beneficio propio de un dios o de un heacuteroe Asiacute mientras Cimoacuten opta por valerse del miacutetico Teseo Temiacutestocles se sirve de la figura de Aacutertemis cf Fau Ramos (2007) Veacutease al respecto Podlecki (1971) y Piccirilli (1987)

132 Thes 15133 Thes 22134 Rom 111‑4135 Rom 131‑8 Cf Id 201‑3 En Rom 137‑8 el queronense nos ofrece una descripcioacuten

tan idealizada como paternalista de los viacutenculos establecidos entre patroni y clientes descripcioacuten que ha sido relacionada con la que nos brinda Dionisio de Halicarnaso (210)

136 Rom 199‑10137 Rom 211138 Rom 211 y 221139 Con esta expresioacuten parece evidente que si bien Plutarco no aplica a Roacutemulo el calificativo

de νομοθέτης siacute que de facto lo tiene por tal140 Rom 223 La informacioacuten plutarquea sobre las leyes de Roacutemulo es ciertamente escueta

Para una visioacuten mucho maacutes amplia que incluye los derechos hereditarios de las mujeres la aplicacioacuten de la pena de muerte a la esposa en caso de adulterio o embriaguez las obligaciones filiales para con los progenitores y la potestad paterna sobre los hijos cf D H 225‑26

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semejante oraacuteculo lo que haciacutea el dios en realidad era exhortar a los griegos a que abandonasen las guerras frecuentasen las musas apaciguasen sus pasiones con ayuda de la razoacuten y guardasen entre siacute relaciones paciacuteficas y fecundas39

Los dos sucesos trasladan un mensaje confuso Pues hablan de los griegos no de filoacutesofos de guerras y cuestiones de justicia no de rebeliones liberadoras engloba ademaacutes la filosofiacutea en un conjunto de actividades que parece cifrar la παιδεία griega en general Pero ambos de alguna manera ofrecen una primera justificacioacuten del rechazo de Epaminondas Con ellos se pone en praacutectica la lla‑mada laquoredefinicioacutenraquo teacutecnica literaria practicada por diversos autores antiguos y frecuente en las Vidas paralelas Consiste en formular enunciados vagos y gene‑rales que a lo largo de la obra y en pasajes posteriores se concretan y alcanzan un grado mayor de individualizacioacuten40 Los dos incidentes mencionados no son ademaacutes la uacutenica prefiguracioacuten encaminada a justificar de manera previa y alusiva la inhibicioacuten de Epaminondas La misma funcioacuten cumple el diaacutelogo sobre la pobreza Epaminondas mudo en la discusioacuten demonoloacutegica central toma aquiacute la palabra para entrar en controversia con Teanor

Teanor personaje ficticio es un filoacutesofo pitagoacuterico natural de Crotona En fechas anteriores otro pitagoacuterico Lisis se habiacutea refugiado en Tebas Acogido en la casa de Polimnis padre de Cafisias y Epaminondas habiacutea llevado en esa casa pobre una vejez dichosa Teanor llega comisionado por las ricas comunidades pitagoacutericas de Italia Eacutestas quieren recompensar a Polimnis y sus hijos con una suma que aliviaraacute su pobreza Pero Epaminondas se niega a aceptar tal recom‑pensa negativa que da lugar a la controversia que mantiene con Teanor

El discurso sobre la pobreza es la uacutenica ocasioacuten en que Epaminondas rompe sustancialmente su silencio pues es el uacutenico pasaje en el que el ldquocentro ausenterdquo de la obra Epaminondas expone sus ideas de manera razonada y recurriendo a categoriacuteas filosoacuteficas Pronunciado en diaacutelogo con Teanor puede dividirse en dos secciones la primera (583D‑E) de extensioacuten breve comenta la inutilidad de las riquezas aportadas por Teanor que Polimnis y sus hijos habriacutean de emplear en cosas superfluas La segunda (584C‑585D) maacutes amplia y densa comienza con la defensa de la pobreza como ejercicio frente a aquellas pasiones (ἐπιθυμίαι) que proceden del exterior (ἐπήλυδες) y tienen como fuente las falsas opiniones (κενῶν δοξῶν) el deseo de riquezas (φιλοπλουτία) es una de esas pulsiones accesorias y superfluas como lo es tambieacuten el deseo de gloria (φιλοδοξίαν) Pos‑teriormente Epaminondas ahonda en su planteamiento como adiestramiento para el autodominio (ἐγκρατείας) la contencioacuten frente a los placeres beneficia al alma y de la misma manera beneficia a la praacutectica de la justicia el ejercicio contra

39 Gen Socr 579B‑D40 Cf Pelling (1988) 12‑13 (1990) 230

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el deseo de riquezas41 El discurso finaliza con la alabanza del hombre que sabe rehusar favores y daacutedivas de amigos y reyes incluyendo los dones de la fortuna (τύχης) tal hombre no ve alterado su juicio (οὐδὲ θορυβεῖ τὴν διάνοιαν) y es capaz de perseverar ufano y sereno en la praacutectica de la excelencia

Es de notar que los argumentos de Epaminondas no aparecen en otra obra de Plutarco dedicada especiacuteficamente a combatir la avaricia el de cupiditate di‑vitiarum (523C‑528B) Es este uno de los tratados clasificados por Ziegler bajo el roacutetulo de ldquofilosoacuteficos‑popularesrdquo y estudiados recientemente por L Van Hoof Frente a lo que sugiere su roacutetulo observa Van Hoof tales tratados tienen como destinatario a la eacutelite econoacutemica poliacutetica y social del mundo grecorromano Son por otra parte tratados de orientacioacuten fundamentalmente praacutectica Con ellos Plutarco no persigue ldquoconvertir a la filosofiacuteardquo ni lograr que sus lectores olviden sus ambiciones poliacuteticas y sociales Maacutes bien intenta ofrecerles una guiacutea que le ayude afrontar los problemas derivados de su posicioacuten dirigente La meta no es por tanto cambiar las expectativas de liderazgo o rebajar las pretensiones de poder e influencia propios y sustanciales de una clase como aquella que conforma la audiencia de los mal llamados ldquotratados filosoacutefico‑popularesrdquo Por el contrario lo que hace Plutarco es poner la filosofiacutea al servicio de sus aspiraciones42

El de cupiditate divitiarum emplea un tono admonitorio sus ideas son sen‑cillas y basadas en la experiencia o si se quiere en motivaciones prefilosoacuteficas y sus consejos no constituyen un obstaacuteculo sino una ayuda para la realizacioacuten de las ambiciones sociales que pueda albergar el lector Despliega en suma el conjunto de teacutecnicas y estrategias usuales en los tratados de ldquoeacutetica praacutectica al servicio de la eacutelite43rdquo No ocurre lo mismo con el discurso sobre la pobreza de Epaminondas Purgar el alma de las opiniones procedentes del exterior desterrar el ansia de riquezas y el deseo de gloria rehusar los favores de amigos y reyes y los dones de la fortuna son preceptos adecuados para un tipo de hombre que como Epaminondas huye de los conflictos inherentes a la lucha poliacutetica Pero es difiacutecil que con estos atributos Plutarco quiera hacer de Epaminondas un modelo para la oligarquiacutea a quien dirige sus tratados de eacutetica praacutectica Resulta significativa la posicioacuten que ocupa el discurso sobre la pobreza en el texto del de genio Una vez que concluye Epaminondas y despueacutes de que todos expresan su admiracioacuten hacia eacutel se expone una de las maacutes movidas peripecias en la que se vieron envueltos los miembros de la conjura Tras grandes sobresaltos y fuertes discusiones entre diversos implicados en la trama el asunto vino a resolverse por siacute solo e inespe‑radamente

41 El texto griego no es en este pasaje enteramente claro Quizaacutes es consecuencia de ello que frente a la lectura de los manuscritos (δικαιοσύνῃ) Russell (2010) proponga leer δικαιοσύνης

42 Van Hoof (2010) 28‑3743 Van Hoof (2010) 55‑56

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ldquoUn singular trastorno habiacutea hecho presa en nuestro aacutenimo Llenos poco antes de desazoacuten al ver nuestra empresa frustrada la presioacuten de las circunstancias y la urgencia que no consentiacutean tregua nos sumiacutea de nuevo en ansiedad y temor44rdquo

Con estas palabras describe Plutarco el estado de aacutenimo de los conjurados a raiacutez del episodio expuesto tras la discusioacuten sobre la pobreza Un estado de aacutenimo que no puede permitirse Epaminondas atento a la contencioacuten de las pasiones y la serenidad de su mente pero que es el propio de quienes participan en el complot revolucionario

El de genio se mueve seguacuten han observado diversos estudios modernos en dos planos el humano y el de los deacutemones el de la contemplacioacuten filosoacutefica y la praacutectica poliacutetica el mortal y el sobrenatural el de los que conocen y el de los que ignoran45 Y en correspondencia sus personajes se ubican en dos niveles Los unos estaacuten instalados en el mundo de la accioacuten y la peripecia son Cafisias el narrador y con eacutel todos los conjurados Otros se ubican en un plano superior el de la filosofiacutea y el contacto con las realidades transcendentes Epaminondas es la muestra maacutes clara pero el ejemplo uacuteltimo es Soacutecrates La incertidumbre el azar y el conflicto parecen preponderantes en el mundo de la accioacuten Asiacute lo indica el ruego que Arquedamo dirige a Cafisias al inicio de la obra la lucha de la virtud y la razoacuten contra las contingencias atrae por lo accidentado de su desarrollo la precariedad impliacutecita en la actuacioacuten humana y la peripecia que ello desencadena es precisamente lo que hace del acontecer histoacuterico un espectaacuteculo digno de intereacutes para el amante del honor y la belleza46 Ahora bien la manera de ver las cosas de Arquedamo se queda en la superficie de los hechos Ciertamente el relato concerniente a la liberacioacuten de la Cadmea se urde a partir de iniciativas y motivaciones humanas sin que el autor del relato Cafisias reclame expresamente la intervencioacuten divina Pero en el de genio la atmoacutesfera estaacute impregnada de un aura sobrenatural A ello contribuyen tanto las alusiones indirectas47 como la acumu‑lacioacuten de episodios y contenidos relacionados con la divinidad y el maacutes allaacute En muchas de sus obras consigna Plutarco su creencia de que el curso de la historia obedece al disentildeo de una fuerza transcendente48 El relato de la liberacioacuten de la Cadmea confirma dicha idea Pues el lector no puede eludir el pensamiento insi‑nuado por diversos procedimientos aunque no explicitado de que la ayuda divina respalda la actuacioacuten de los conjurados49 Ocurre sin embargo que ni Cafisias ni los demaacutes partiacutecipes de la conjura pueden acceder a esa visioacuten de las fuerzas

44 Gen Socr 588A45 Desideri (1984) 581 Hershbell (1988) 374‑378 Babut (1988) 384‑389 Brenk (1996)

41‑44 Georgiadou (1996) 114 Hardie (1996) 13346 Gen Socr 575B‑D47 Babut (1988) 385‑38648 Tratamiento del tema en Barigazzi (1984) y Swain (1989)49 Babut (1988) 386‑389

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sobrenaturales rectoras de los sucesos Y no acceden precisamente por estar in‑mersos en el mundo de la actuacioacuten y la peripecia Las pulsiones procedentes del exterior embargan su aacutenimo de manera que en expresioacuten de Brenk laquothey see only the apparent succession of chance occurrencesraquo50 Arquedamo tampoco tiene acceso al plano donde operan las fuerzas sobrenaturales Y evidentemente la misma ceguera afecta a esos laquoamantes del honor y la bellezaraquo ante los cuales invita a hablar a Cafisias Un puacuteblico ilustre cuya presentacioacuten hace Arquedamo subrayando su pertenencia a familias poliacuteticamente insignes51 Puacuteblico por tanto equiparable a esa eacutelite social a quien Plutarco dirige sus tratados de eacutetica praacutectica Los dos puacuteblicos el de Cafisias y el del Plutarco podriacutean identificarse con los heacuteroes que liberan la Cadmea Pero difiacutecilmente se identificariacutean con Epaminon‑das que en dos ocasiones rechaza tomar parte en la empresa52

En ambas el rechazo se justifica mediante un argumento ndashla negativa a derramar sangre de sus conciudadanos‑ que situacutea a Epaminondas a un nivel de exigencia eacutetica superior al de los conjurados53 Ahora bien la diferencia entre Epaminondas y los liberadores no radica en la eacutetica Pues al fin y al cabo ningu‑na ofensa eacutetica cabe reprochar a los protagonistas de la heroica liberacioacuten de la Cadmea Radica en el nivel Asiacute lo sugiere la discusioacuten sobre la pobreza Y asiacute lo vuelve a sentildealar el gran debate sobre el daimon de Soacutecrates que da tiacutetulo a al obra

Se debate sobre lo que Soacutecrates mismo llamaba su daimon el principio que lo guioacute a lo largo de su vida e iluminaba sus decisiones en materias inciertas e impenetrables para la inteligencia humana54 El daimon socraacutetico sugiere que Soacutecrates conociacutea de alguna manera los acontecimientos futuros algo que dos personajes del de genio acreditan55 En este sentido el debate versa sobre la adivi‑nacioacuten Las intervenciones de los diferentes personajes configuran tomadas en conjunto un extenso discurso filosoacutefico y religioso Plutarco no se alinea expresa‑mente con ninguna de las opiniones emitidas el tratamiento del tema presenta pues ese final abierto que es tan comuacuten en este autor Las cuestiones que se tocan son variadas pero todas parten de una cuestioacuten baacutesica La adivinacioacuten supone un conocimiento inalcanzable al menos en apariencia a la razoacuten humana Y el debate versa sobre coacutemo es posible acceder a ese nivel superior de inteligencia Miradas desde este punto de vista las opiniones formuladas por los distintos personajes pueden dividirse en dos grandes bloques De un lado Galaxidoro que

50 Brenk (1996) 4251 Gen Socr 575E‑F52 Gen Socr 576D‑E 594B‑C53 En la segunda ocasioacuten se antildeade un motivo maacutes conveniacutea que consumada la liberacioacuten

quedasen hombres a quienes nada pudiese reprocharse por no haber participado en la accioacuten Epaminondas se reserva este papel

54 Gen Socr 580C‑D55 Teoacutecrito (580D‑F) y Polimnis (581D‑E)

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inicia el debate propone una explicacioacuten maacutes proacutexima a los paraacutemetros raciona‑les56 en ella se ha querido ver una muestra de la llamada laquoadivinacioacuten teacutecnicaraquo (τεχνικὸς μαντική artificiosa divinatio)57 Del otro Simias Timarco y Teanor interpretan las premoniciones de Soacutecrates como un caso de comunicacioacuten direc‑ta entre el hombre y la divinidad defienden por tanto la llamada laquoadivinacioacuten naturalraquo (ἄτεχνος μαντική naturalis divinatio)58 Ya se ha dicho que Plutarco no se declara expresamente partidario de ninguna opcioacuten Pero su texto privilegia de manera indirecta los discursos de Simias Timarco y Teanor Asiacute lo sugiere un paacuterrafo del de genio que subraya el papel de Galaxidoro como mero introductor del problema59 Y asiacute lo recogen distintos estudios modernos Galaxidoro seriacutea el oponente racionalista casi siempre estoico habitual en los diaacutelogos religiosos de Plutarco su explicacioacuten se ve devaluada tanto por sus contradicciones internas como por la presencia de procedimientos textuales que rebajan su veracidad y en suma Galaxidoro y el resto de las intervenciones insertas en la seccioacuten dominada por eacutel tendriacutean como funcioacuten principal la de plantear el tema a debatir60

Las propuestas de Simias Timarco y Teanor son evidentemente distintas Actuacutea aquiacute quizaacutes el deseo de presentar el problema bajo luces diversas61 o quizaacutes el complejo planteamiento dramaacutetico que forma parte de las estrategias persuasivas de Plutarco62 Las tres sin embargo coinciden en una idea central la singularidad de aquellos hombres que como Soacutecrates pueden contactar con una realidad por encima del mundo material Para Simias el alma de la mayoriacutea de los hombres se halla embargada por el tumulto de las pasiones y la voraacutegine de las servidumbres vitales de manera que su entendimiento no puede captar las indica‑ciones de los seres superiores en el caso de Soacutecrates por el contrario su intelecto limpio y exento de pasiones (ὁ νοῦς καθαρὸς ὢν καὶ ἀπαθής) percibiacutea faacutecilmente las sentildeales enviadas por los seres divinos63 Seguacuten el mito de Timarco (expuesto por Simias) en el alma (ψυχή) conviven dos partes una inmersa en el cuerpo recibe el nombre mismo de ldquoalmardquo (ψυχή) la otra inaccesible a la corrupcioacuten se llama laquointelectoraquo (νοῦν) estaacute en el exterior del hombre y los entendidos le dan

56 Gen Socr 579F‑582C57 Corlu (1970) 49‑50 Doumlring (1984) 376 Schroumlder (2010) 161 58 Para la distincioacuten entre ambos tipos de maacutentica veacutease Cic div 111ndash12 134 172

1109ndash131 (con el comentario de Wardle (2006))59 Gen Socr 588A ζητήσεως οὐκ ἀγεννοῦς ἀλλ ἧς ὀλίγον ἔμπροσθεν οἱ περὶ Γαλαξίδωρον

καὶ Φειδόλαον ἥψαντο διαποροῦντες τίνος οὐσίας καὶ δυνάμεως εἴη τὸ Σωκράτους λεγόμενον δαιμόνιον

60 Corlu (1970) 19‑20 y 51‑52 Hani (1980) 53 Doumlring (1984) 376‑377 Schroumlder (2010) 161‑162 Donini (2011) 415‑416

61 Sobre el reparto de papeles filosoacuteficos que aquiacute parece efectuar Plutarco veacutease Donini (2011) 412‑419 (2011 [2004]) 442‑443

62 Veacutease Van Hoof (2010) 67‑68 a propoacutesito de determinados laquotratados de eacutetica praacutecticaraquo63 Gen Socr 588D‑E

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el nombre de daimon64 La parte irracional e inmersa en el cuerpo se halla sujeta a la racional e incorruptible Si la sujecioacuten es deacutebil el alma se dejaraacute doblegar por las pasiones soacutelo cuando se fortalece gracias a la educacioacuten aparece el alma capaz de percibir con prontitud las indicaciones de su daimon Algunos hombres sin embargo estaacuten especialmente dotados de suerte que en ellos predomina de forma innata la obediencia a la razoacuten y a su daimon A ellos estaacute reservada la capacidad de percibir la llamada divina65 Teanor afirma que las almas libres de lazos con el cuerpo se convierten en daacuteimones Tales daacuteimones guiacutean los asuntos del hombre Pero no todos los hombres reciben su atencioacuten pues se desentienden de cuantos estaacuten inmersos en los avatares del acontecer soacutelo aquellos que tras mil esfuerzos ascienden a una esfera elevada son recompensados con la ayuda del daimon66

Las tres intervenciones explican las dotes excepcionales de Soacutecrates mediante la existencia de hombres excepcionales Y en las tres esa excepcionalidad requiere una especial disposicioacuten del alma La liberacioacuten de las pasiones y el alejamiento del traacutefago iacutensito en el mundo humano se presentan como condicioacuten necesaria para que haya un Soacutecrates Paradigma del filoacutesofo Soacutecrates es tambieacuten el modelo de Epaminondas El discurso sobre la pobreza al mostrar coacutemo Epaminondas limpia su alma de pasiones e impulsos procedentes del mundo exterior acredita su condicioacuten de filoacutesofo Asiacute se reconoce cuando termina dicho discurso por boca de Simias67

laquoGran hombre grande es Epaminondas y responsable de ello es el aquiacute pre‑sente Polimnis que ha criado a sus hijos desde temprano en la mejor filosofiacutearaquo

Epaminondas tambieacuten es consecuente con su condicioacuten de filoacutesofo cuando rehuacutesa someter su alma al torbellino del acontecer humano y las pasiones aso‑ciadas esto es cuando se niega a participar en la conjura El filoacutesofo parece ser la conclusioacuten no debe participar al menos de manera directa en el torbellino de la vida poliacutetica

El Epaminondas del de genio es una creacioacuten histoacutericamente discutible68 Ciertamente su no participacioacuten en la liberacioacuten de la Cadmea y su formacioacuten filosoacutefica estaacuten suficientemente documentadas Pero Epaminondas es conocido ante todo por su dimensioacuten poliacutetica que aquiacute relega Plutarco para subrayar su

64 Gen Socr 591E65 Gen Socr 592A‑E66 Gen Socr 593D‑594A67 Gen Socr 585D68 Ya Von Stern (1884) 55‑57 sentildealoacute las debilidades del relato que ofrece Plutarco en el

de genio Los estudios posteriores (veacutease por ejemplo Corlu [1970] 19‑20 Barigazzi [1988] 414‑424Georgiadou [1996]) han insistido en el Epaminondas del de genio presenta una factura obediente sobre todo a razones compositivas y de disentildeo

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calidad de filoacutesofo Asiacute construida la figura de Epaminondas traslada un mensaje ndashla no implicacioacuten directa del filoacutesofo en las luchas poliacuteticas‑ que puede tener calado teoacuterico pero tambieacuten sirve a Plutarco para trasladar su posicionamiento ante cuestiones concernientes a su propia persona y al horizonte cultural de su eacutepoca Comparado a otros contemporaacuteneos que por condicioacuten social e incluso actividad literaria estaban a su mismo nivel Plutarco no protagonizoacute una carrera poliacutetica particularmente brillante69 Asumioacute en cambio el papel de consejero y guiacutea de la eacutelite La autoridad necesaria para ello se la confiere la filosofiacutea Pues Plutarco se presenta a siacute mismo como filoacutesofo La exaltacioacuten de Epaminondas es una exaltacioacuten de su propia identidad como filoacutesofo y mentor Epaminondas se mueve a una altura la de la filosofiacutea superior a la de sus afines y compantildeeros los conjurados Esta altura le prohiacutebe descender al plano de la accioacuten directa descenso que contaminariacutea su alma con pulsiones sobrevenidas pero tambieacuten le permite acceder a una realidad inalcanzable para sus compantildeeros Epaminondas eleva asiacute la posicioacuten del filoacutesofo y justifica incluso hace ineludible su alejamiento de la lucha poliacutetica Gracias a ello lo que podriacutea ser una debilidad del propio Plutarco la falta de una carrera puacuteblica brillante se transforma en una eleccioacuten deliberada y necesaria

Tal mensaje adquiere maacutes fuerza si se lo contempla sobre el transfondo cultural de la eacutepoca El auge de las composiciones de exitu illustrium virorum corre en paralelo a la admiracioacuten hacia el filoacutesofo que se enfrenta al poder y sufre castigo por ello Ya se ha dicho que el fenoacutemeno acreditado en diversas fuentes contemporaacuteneas a Plutarco fue propiciado particularmente por el final del rei‑nado de Diocleciano y que el modelo uacuteltimo del filoacutesofo‑maacutertir es Soacutecrates En este contexto adquiere un significado especial la exaltacioacuten del ldquoSoacutecrates tebanordquo Epaminondas Epaminondas se aleja del conflicto puacuteblico para cuidar su alma se distingue por su silencio y pese a ello constituye el ldquocentro ausenterdquo del de genio una composicioacuten articulada en torno a un conflicto civil la liberacioacuten de la Cadmea No resulta inverosiacutemil ver en todos estos datos una respuesta de Plu‑tarco ante el fenoacutemeno del ldquofiloacutesofo‑maacutertir poliacuteticordquo y la admiracioacuten aglutinada en torno a esa figura Respuesta que reivindica rotundamente el papel asumido por el propio Plutarco de filoacutesofo mentor del poliacutetico pero fuera eacutel mismo del traacutefago de la poliacutetica

69 Veacuteanse las observaciones y referencias que ofrece al respecto Van Hoof (2010) 66‑67

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A Esparta de Plutarco entre a guerra e as artes

de um seguidor das leis de Licurgo Nesse sentido Plutarco diz que o dinheiro e o ouro deveriam ser mandados embora de Esparta porque eles eram flagelos importados que despertavam a cobiccedila e promoviam a degeneraccedilatildeo dos costumes (c 17) Desse ponto de vista Lisandro prejudicou Esparta justamente porque promoveu seu enriquecimento e contribuiu para a dissoluccedilatildeo da frugalidade e da simplicidade que caracterizavam o cotidiano dos lacocircnios antes das vitoacuterias espartanas na Guerra do Peloponeso6

Na Vida de Agesilau Plutarco nos conta que o biografado foi o segundo filho de Arquidamo (o primeiro tinha sido Aacutegis) e que por isso ele natildeo seria o herdeiro direto do trono de Esparta De qualquer modo Agesilau foi educado de acordo com a agoge lacedemocircnia e nosso autor faz questatildeo de frisar que em decorrecircncia disso o liacuteder espartano sempre respeitou e praticou as leis de sua cidade (c 1) Mesmo apresentando uma pequena diferenccedila de tamanho de uma perna para a outra ele tinha outras qualidades espartanas como a honestidade a mansidatildeo e a beleza fiacutesica (c 2) Sua formaccedilatildeo foi tatildeo bem sucedida que diferente de Alexandre o grande e de Haniacutebal Agesilau foi um general que conquistou importantes vitoacuterias e mesmo assim nunca deixou de obedecer agraves leis espartanas (c 15) Mesmo depois de tornar‑se um lendaacuterio vencedor ele voltou a Esparta e continuou o mesmo homem de antes sem apresentar nenhuma novidade no seu comportamento diferente de outros estrategos quando voltavam de longas expediccedilotildees a terras estrangeiras (c 19)

Plutarco nos conta que Lisandro ndashque dizem ter sido amante de Agesilau na juventude (c 2)ndash pretendia introduzir muitas inovaccedilotildees e mudanccedilas no governo da Lacocircnia (c 20) Embora outros liacutederes de Esparta como Antaacutelcidas tenham feito acordos com os Persas e tenham abandonado laquocovarde e maldosamenteraquo os gregos da Aacutesia sob o domiacutenio dos baacuterbaros como nos diz Plutarco (c 23) Agesilau sempre foi um defensor da justiccedila Entre os capiacutetulos 29 e 30 da Vida de Agesilau nosso autor nos conta que os espartanos que perderam parentes na bata‑lha de Leuctra (em 371 a C) se alegraram e os que natildeo perderam ficaram tristes De certa forma eles responsabilizaram Agesilau pela derrota e lamentaram ter aceito um rei coxo Contudo Agesilau tinha boa reputaccedilatildeo e era muito virtuoso Prova disso eacute que sem promover nenhuma inovaccedilatildeo ele disse que era preciso fazer as leis dormirem para que retomassem a autoridade que tiveram no passado

Entretanto Plutarco natildeo faz apenas elogios a Agesilau Cartledge (1987 418) observa que ele faz criacuteticas a Agesilau por causa de sua ingratidatildeo em relaccedilatildeo a Lisandro (c 8) e condena seu comportamento porque ele teria hon‑rado mais os amigos do que a justiccedila (c 13 ver tambeacutem Moralia 807d) Aleacutem disso Plutarco via uma relaccedilatildeo direta entre a decadecircncia de Esparta e a ascenccedilatildeo

6 Sobre isso ver Duff (2002) 161‑204 e a introduccedilatildeo de Flaceliegravere e Chambry em Plutarque (1971) 158‑173

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ilegiacutetima de Agesilau ao trono (c 21) Poreacutem no geral nosso autor eacute tatildeo favoraacutevel e simpaacutetico a Agesilau quanto Xenofonte que tambeacutem escreveu uma biografia do rei espartano a qual certamente serviu de base para a Vida composta pelo poliacutemata de Queroneia Segundo Cartledge (1987 418) para Plutarco Agesilau foi a encarnaccedilatildeo das virtudes peculiarmente espartanas simplicidade piedade e autocontrole7

Depois na Vida de Aacutegis e na Vida de Cleocircmenes Plutarco narra os uacuteltimos momentos da histoacuteria da Esparta independente ou seja o ponto mais baixo da decadecircncia daquela cidade Os reis Aacutegis e Cleocircmenes que reinaram no seacuteculo III a C tentaram restaurar os antigos valores dos tempos de Licurgo Eles tinham os dons naturais para levar essa tarefa a cabo Aacutegis tinha grandeza de alma e se insurgia contra os prazeres desde antes dos vinte anos (c 4) natildeo gostava de rou‑pas luxuosas e baniu toda suntuosidade para aderir aos antigos haacutebitos lacocircnios caracterizados pela simplicidade de vida Mas seu exemplo e sua energia natildeo foram suficientes para restaurar os costumes tradicionais e ele foi assassinado ainda muito jovem (cc 19‑21) Aquela Esparta incorrupta e valorosa dos tempos de Licurgo dava seus uacuteltimos suspiros

Cleocircmenes natildeo era parente de Aacutegis mas foi obrigado a se casar com a vi‑uacuteva do rei assassinado ou seja Agiaacutetis Segundo Plutarco (c 1) Cleocircmenes era ambicioso e tinha grandeza de alma Era temperante e simples como Aacutegis Ele tambeacutem quiz restaurar os antigos costumes espartanos (c 11) Primeiro depois de longa disputa poliacutetica abriu matildeo de seus bens Depois distribuiu as terras entre os cidadatildeos Restabeleceu a educaccedilatildeo dos jovens e a disciplina espartana Ele proacuteprio levou uma vida simples e frugal para dar o exemplo aos outros la‑cedemocircnios sem insolecircncia nem orgulho excessivo ou seja como um modelo de temperanccedila (c 13) Mesmo quando perdeu sua esposa Agiaacutetis por quem se enamorara verdadeiramente Cleocircmenes manteve a firmeza e seu caraacuteter elevado e tomou as providecircncias necessaacuterias para garantir a seguranccedila de seus soldados e aliados (c 22) Depois de reinar por dezesseis anos Cleocircmenes morreu (cc 37‑38) e assim terminou a histoacuteria de Esparta como cidade politicamente autocircnoma

Ateacute aqui vimos que podemos encontrar nas Vidas dos liacutederes espartanos escritas por Plutarco aquela imagem caracterizada por um conjunto de valores que parecem ter ganhado forccedila numa eacutepoca lendaacuteria e foram se enfraquecendo conforme o tempo foi passando e Esparta foi estendendo seu poder para fora da Lacedemocircnia Nesse quadro vemos uma cidade altamente militarizada de guerreiros corajosos disciplinados e afeitos a uma vida sem luxos e sem confortos Isso poderia indicar que os espartanos eram um povo rude pouco sofisticado e fechado para as artes

7 Cf tambeacutem a introduccedilatildeo de Flaceliegravere e Chambry em Plutarque (1973) 85‑88 e Shipley (1998) 1‑46

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Poreacutem vaacuterias fontes arqueoloacutegicas vasculares e mesmo literaacuterias nos mostram o contraacuterio Apesar de Tuciacutedides (1102) ter dito que os edifiacutecios em Esparta eram modestos e natildeo correspondiam ao tamanho do poder militar e poliacutetico da cidade dos lacedemocircnios em seu apogeu a avaliaccedilatildeo dos monumentos arquitetocircnicos espartanos precisa ser feita com cuidado Eacute preciso lembrar que Esparta natildeo foi destruiacuteda nas Guerras Meacutedicas como Atenas foi A capital da Aacutetica foi reconstruiacuteda e uma grande soma de dinheiro afluiu para ela por causa das contribuiccedilotildees dos aliados da Liga de Delos Isso natildeo aconteceu com a princi‑pal cidade da Lacocircnia Desse modo nela foram conservados edifiacutecios antigos do seacuteculo VI a C que apresentavam outro estilo de construccedilatildeo mais arcaizante do que claacutessico Dependendo do ponto de vista um estilo pode ser mais valorizado do que o outro

De qualquer modo Pausacircnias (3113) viajante do seacuteculo II d C que fez uma descriccedilatildeo de vaacuterias cidades da Greacutecia daquela eacutepoca nos informa que havia em Esparta vaacuterios monumentos que despertavam a admiraccedilatildeo daqueles que por ali passavam tal como o Poacutertico Persa construiacutedo inicialmente com o butim amealhado na guerra contra os persas Outros exemplos de edifiacutecios que nos uacuteltimos anos vecircm sendo estudados satildeo o templo de Apolo em Amiclas o templo de Aacutertemis Oacutertia e o Menelaion onde eram cultuados Menelau e Helena8

Cartledge (2002 111) nos informa que depois de 690 a C pintores de vasos da Lacocircnia sofreram influecircncia de artistas do Egeu e adotaram o chamado estilo lsquoorientalizantersquo o que mostra que na praacutetica Esparta natildeo estava isolada do resto do mundo helecircnico Ainda segundo Cartledge nessa eacutepoca artesatildeos lacocircnios que trabalhavam com bronze comeccedilaram a se interessar pela representaccedilatildeo de figuras humanas em suas obras e por volta de 650 a C comeccedilou a se desenvolver na regiatildeo de Esparta o uso do marfim para produccedilatildeo de objetos gravados Vemos entatildeo que o ambiente artiacutestico na Lacedemocircnia entre 775 e 650 a C natildeo era de modo algum esteacuteril ou sem importacircncia9

Como Burn (1960 275‑276) explica Esparta natildeo virou suas costas para a arte e a poesia Prova disso eacute que vasos com detalhes refinados foram fabricados ali e exportados para outras regiotildees da Heacutelade ateacute 550 a C mais ou menos Por volta de 600 a C Gitiadas poeta escultor e arquiteto projetou o Templo de Atena tambeacutem conhecido como Casa de Bronze por causa das placas feitas com esse metal para decorar o edifiacutecio E em 585 a C o segundo templo de Oacutertia foi construiacutedo Ou seja havia artesatildeos trabalhando em Esparta no periacuteodo arcaico que produziram obras dignas de admiraccedilatildeo10

8 Para mais informaccedilotildees sobre a arqueologia e a arquitetura espartanas ver Walker (1998) Kaltsas (2007) e Cavanagh (2009)

9 Sobre isso ver tambeacutem Burn (1960) 180‑184 e Stibbe (1996) passim10 Ver tambeacutem Burn (1960) 280‑282 e Cartledge (2002) 133‑136

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No que diz respeito agrave muacutesica Plutarco nos daacute significativos testemunhos da sua importacircncia em ambiente espartano tanto nas Vidas quanto nos Moralia Na Vida de Licurgo no c 4 por exemplo encontramos a informaccedilatildeo segundo a qual o legislador lendaacuterio teria convidado um poeta‑legislador de Creta para ir a Esparta com ele Esse poeta se chamava Tales Mas talvez tenha havido alguma confusatildeo na tradiccedilatildeo manuscrita e esse Tales poderia ser o Taletas de Gortina mencionado algumas vezes no livro Sobre a Muacutesica tambeacutem de Plutarco Ele teria sido o responsaacutevel por curar os espartanos de uma peste com o seu canto11 Aleacutem disso no mesmo c 4 nos eacute dito que Licurgo teria sido o responsaacutevel por levar os poemas de Homero da Jocircnia para sua cidade

Depois no c 21 da mesma Vida Plutarco nos diz que os lacedemocircnios apreciavam se dedicar agrave poesia meacutelica porque as canccedilotildees estimulavam seus espiacuteritos e lhes davam coragem para enfrentar os inimigos nas batalhas Seu estilo era simples e seus temas eram seacuterios com o objetivo de promover uma boa formaccedilatildeo dos caraacuteteres Nelas eram louvados os heroacuteis de Esparta e condenados os covardes que natildeo lutaram ateacute o fim para defender sua cidade Nos festivais eram organizados trecircs coros de acordo com as idades um de velhos outro de adultos e outro de jovens Cada um cantava sobre a sua bravura uns falavam dos seus feitos no passado os outros tratavam das suas accedilotildees no presente e os uacuteltimos cantavam sobre o seu desejo de realizar grandes proezas no futuro Esses seriam os temas baacutesicos das canccedilotildees em Esparta e por isso segundo Plutarco Terpandro e Piacutendaro estavam corretos ao associar bravura e muacutesica e ao mostrar que os espartanos eram o povo mais aguerrido e mais musical

Por isso natildeo era por acaso que os jovens cantavam o nomo de Caacutestor e o peatilde da marcha (c 22) e em todo lugar havia danccedilas festas e banquetes quando natildeo havia expediccedilotildees militares (c 24) Contudo o gosto pela boa muacutesica e pela boa poesia natildeo era caracteriacutestico de todos os habitantes da Lacocircnia tendo em vista que os hilotas danccedilavam e cantavam canccedilotildees vulgares e grotescas diferentes das composiccedilotildees de Aacutelcman Terpandro e Especircndon (c 28) Isso na verdade estava associado ao fato de eles serem escravos e por isso era compreensiacutevel que eles apreciassem canccedilotildees vis como eles proacuteprios

Na Vida de Lisandro encontramos algumas informaccedilotildees que reforccedilam a impressatildeo de que os espartanos tinham sim grande sensibilidade para a muacutesica No c 15 ficamos sabendo que os lacocircnios depois de conquistar Atenas em 404 a C queriam destruir aquela cidade mas apoacutes ouvir um coro da Electra de Euriacutepides desistiram Em seguida no c 18 Plutarco nos conta que Lisandro estava sempre acompanhado do poeta Queacuterilo encarregado de celebrar os feitos do general E outros poetas tambeacutem celebraram Lisandro segundo nosso autor

11 Ver Plu Mus 42 (1146B‑C) e Gostoli (1990) 12‑13 e

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Na Vida de Agesilau c 14 lemos que os espartanos apreciavam uma parte da poesia de Timoacuteteo de Mileto poeta que teria tido algumas cordas de sua ciacutetara cortadas quando de uma sua visita a Esparta porque os eacuteforos julgavam que natildeo seriam necessaacuterias mais do que sete cordas e o instrumento do poeta tinha onze12 Essa anedota indica que os lacocircnios natildeo apreciavam inovaccedilotildees Poreacutem a informaccedilatildeo do c 14 da Vida de Agesilau mostra que eles poderiam aceitar pelo menos uma parte da obra de um poeta inovador desde que essa parte se adequas‑se ao gosto e agraves tradiccedilotildees do local Tambeacutem nessa mesma Vida c 21 Plutarco nos diz que o rei Agesilau apreciava os cantos e as danccedilas mesmo natildeo sendo um lsquoespecialistarsquo nas artes

Por fim na Vida de Aacutegis c 10 encontramos um elogio a Terpandro a Ta‑les (Taletas) e a Fereacutecides porque mesmo sendo estrangeiros professavam o que Licurgo instituiu e por isso foram muito honrados em Esparta Na Vida de Cleocircmenes c 2 somos informados que o rei Leocircnidas elogiou Tirteu algo facilmente compreensiacutevel tendo em vista o caraacuteter estimulante e guerreiro das elegias daquele poeta Aleacutem disso nessa mesma Vida citada por uacuteltimo c 12 Plutarco nos conta que Cleocircmenes certa vez teria encontrado alguns artistas de Dioniso muacutesicos e atores profissionais que iam de cidade em cidade para se apresentar e construiu um teatro Isso mostra que esse rei estimulou de alguma maneira as atividades artiacutesticas mesmo que ele natildeo tivesse o costume de levar artistas com seu exeacutercito de acordo com Plutarco e nem apreciasse apresentaccedilotildees musicais nos seus banquetes (c 13)

Tudo isso mostra que Esparta era uma cidade onde a muacutesica tinha um papel importe na educaccedilatildeo e na guerra e que os lacocircnios natildeo eram um povo obtuso e indiferente ao poder das melodias De acordo com Plutarco tendo em vista agora algumas passagens dos Moralia os espartanos passavam por treinamento rigoroso no que diz respeito agrave muacutesica e agrave poesia e suas canccedilotildees estimulavam os espiacuteritos e faziam com que os homens se sentissem entusiasmados e se esfor‑ccedilassem para ser bem sucedidos Em vaacuterias passagens das suas Obras Morais ele elogia o estilo da muacutesica deles porque ela era simples e natildeo afetada e seus temas eram seacuterios e edificantes Se algueacutem estudasse a poesia e as canccedilotildees de marcha de Esparta acompanhadas pelo aulo essa pessoa concordaria que Terpandro e Piacutendaro estavam certos ao associar valor (andreia) e muacutesica Como vimos acima nos trechos citados das Vidas Plutarco tambeacutem diz que os Espartanos eram o povo ao mesmo tempo mais musical (mousikotatous) e o mais afeito agrave guerra (polemikotatous)13

No livro sobre os Antigos Costumes dos Espartanos Plutarco tambeacutem elogia os ritmos das canccedilotildees de marcha (embaterioi rhythmoi) porque eles despertavam

12 Ver Plu Agis 1013 Cf Lyc 211‑4

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a coragem a audaacutecia e o desdeacutem pela morte requisitos indispensaacuteveis para o guerreiro valoroso Os espartanos usavam esses ritmos para danccedilar mas tambeacutem quando avanccedilavam contra os inimigos ao som do aulo Plutarco lembra que Li‑curgo associava o amor pela muacutesica agrave praacutetica militar para que o espiacuterito guerreiro combinado com a melodia tivesse concordacircncia e harmonia (symphonia kai har‑monia) Por isso em tempos de guerra os reis espartanos ofereciam sacrifiacutecios agraves Musas antes de ir para a batalha como Plutarco nos conta nos Instituta Laconica 16 (238B‑C)

E para manter a pureza da sua muacutesica e dos seus costumes os espartanos agraves vezes recorriam a atos violentos Como Plutarco reporta nos Instituta Laconica 17 (238C‑D) eles natildeo permitiriam que ningueacutem desrespeitasse de modo algum as regras da muacutesica do passado Nem mesmo Terpandro um dos mais antigos e melhores citaredos (aqueles que cantavam acompanhados da ciacutetara ou da lira) teria a permissatildeo para acrescentar uma corda extra ao seu instrumento para que suas melodias fossem mais variadas Ele tentou fazer isso mas os eacuteforos pregaram sua lira numa parede por causa do seu ato iacutempio contraacuterio agrave tradiccedilatildeo Em outra ocasiatildeo um dos eacuteforos teria procedido com mais violecircncia quando Timoacuteteo o famoso muacutesico inovador que floresceu na segunda metade do seacuteculo V a C estava competindo no festival das Carneias ele pegou uma faca e perguntou ao muacutesico de que lado ele deveria cortar as cordas supeacuterfluas cujo nuacutemero ultra‑passava o tradicional de sete cordas Outras variantes dessa histoacuteria satildeo contadas por Plutarco em outros textos mas nessas outras passagens Friacutenis outro muacutesico inovador da segunda metade do seacuteculo V a C eacute o protagonista14

Mas para aleacutem da sua importacircncia na educaccedilatildeo e nos contextos de bata‑lha a muacutesica tinha grande significado tambeacutem nas momentos das celebraccedilotildees religiosas Dentre as festividades religiosas realizadas na Lacedemocircnia uma das mais importantes era a das Carneias realizada em Esparta e intimamente ligada agrave histoacuteria de Terpandro As origens desse festival eram muito antigas anteriores ao seacuteculo VIII a C tendo em vista que no seacuteculo VII os colonizadores espartanos da cidade italiana de Tarento jaacute tinham o costume de celebraacute‑la15 As Carneias eram dedicadas ao deus Apolo Carneu Em Esparta havia concursos musicais e atleacuteti‑cos uma corrida de jovens e um banquete ritual que contava com a participaccedilatildeo dos homens adultos que representavam as fratrias O festival era organizado por cidadatildeos solteiros e era o momento adequado para que os jovens que jaacute haviam completado seu periacuteodo de formaccedilatildeo ingressassem na vida adulta16

O que nos interessa aqui eacute o papel que a muacutesica desempenhava no contexto dessas festividades Um elemento importante nesses momentos de comemoraccedilatildeo

14 Cf Prof virt 84A Apophth Lac 220C e Agis 107 jaacute citada na nota 9 Cf Rocha (2008) 654‑655

15 Brelich (1969) 181‑18216 Brelich (1969) 149‑150

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eram os concursos A realizaccedilatildeo de concursos musicais no acircmbito do festival das Carneias natildeo teria acontecido desde o iniacutecio A introduccedilatildeo de agones provavel‑mente ocorreu quando Terpandro migrou de Metimna (Lesbos) para Esparta na primeira metade do seacuteculo VII a C Nesse contexto eacute importante considerar o testemunho de Helacircnico17 segundo o qual Terpandro teria sido o primeiro a vencer o concurso musical nas Carneias Esse fato parece estar diretamente relacionado agrave fundaccedilatildeo da primeira escola musical (katastasis) em Esparta por obra do mesmo Terpandro Segundo Brelich (1969 186‑191) eacute muito provaacutevel que a introduccedilatildeo do concurso musical nas Carneias tenha sido influenciada pela proacutepria katastasis18 Essa hipoacutetese ganha forccedila se consideramos o capiacutetulo 9 do tratado Sobre a Muacutesica como um todo Ali Plutarco fala da primeira katastasis fundada por Terpandro e menciona tambeacutem a segunda katastasis liderada por Taletas de Gortina Xenoacutedamo de Citera Xenoacutecrito de Locres Polimnesto de Coacutelofon e Saacutecadas de Argos muacutesicos que teriam instituiacutedo as Gimnopeacutedias em Esparta as Apodeixeis na Arcaacutedia e as Endimaacutetias em Argos Jaacute que os membros da segunda escola musical foram fundadores de festivais19 em diferentes cidades do Peloponeso Terpandro tambeacutem pode ter desempenhado o mesmo papel no contexto das Carneias

No que diz respeito agraves Gimnopeacutedias contudo encontramos uma situaccedilatildeo diferente Possuiacutemos uma grande variedade de informaccedilotildees sobre esse festival que inclusive muitas vezes satildeo contraditoacuterias Mas tratando apenas daquilo que nos interessa aqui sabemos que no periacuteodo das festividades aconteciam apresentaccedilotildees de coros de adolescentes e adultos instituiacutedos em honra a Apolo que cantavam hinos compostos por poetas como Taletas Aacutelcman e Dionisodoto Depois da batalha de Tireia em 544 aC na qual Esparta lutou contra Argos pela posse da Tireaacutetida tornou‑se costumeiro cantar um peatilde em honra dos soldados que morreram naquela ocasiatildeo Por causa desse elemento ritual e da comparaccedilatildeo com as Apodeixeis e as Endimaacutetias as Gimnopeacutedias foram consideradas festas que indicavam o momento no qual os jovens receacutem‑iniciados eram integrados agrave vida militar20

Tendo tudo isso em vista podemos concluir que eacute preciso colocar a miragem espartana em perspectiva Esparta natildeo era tatildeo lsquoespartanarsquo assim e natildeo foi sempre lsquoespartanarsquo Havia espaccedilo naquela cidade para o cultivo das artes tais como a arquitetura a escultura a pintura vascular a muacutesica (que incluiacutea a poesia) e a danccedila Nela floresceram poetas como Aacutelcman Terpandro e Tirteu Nela surgiram escolas poeacuteticomusicais Nela viveram poetas estrangeiros tais como Taletas de

17 FGrHist 4 F 85 = Ateneu 635e = Terpander Test 1 Gostoli18 Cf tambeacutem Gostoli (1990) 84‑8519 Mais do que fundadores de festivais eacute mais verossiacutemil pensar que esses autores foram os

responsaacuteveis pela introduccedilatildeo dos concursos musicais como parte das celebraccedilotildees 20 Cf Gostoli (1990) 85‑86

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Gortina (Creta) e Saacutecadas de Argos E sendo assim houve um ambiente feacutertil e favoraacutevel para o desenvolvimento e o cultivo de atividades artiacutesticas Os esparta‑nos foram sim grandes guerreiros que contribuiacuteram decisivamente para a vitoacuteria dos helenos sobre os persas Eles cultivaram sim suas habilidades guerreiras a ponto de derrotar os atenienses na Guerra do Peloponeso Poreacutem Esparta natildeo foi somente uma comunidade de soldados que dedicavam suas vidas somente agrave guerra Esparta foi tambeacutem uma cidade onde as pessoas cantavam danccedilavam e apreciavam a beleza dos edifiacutecios e dos objetos do cotidiano Eacute preciso reconhecer isso e na obra de Plutarco jaacute encontramos essa imagem multifacetada dessa cul‑tura Basta direcionar os olhos para outras direccedilotildees

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Index nominum

Timoacuteteo 167‑168 178 183Timoacutexena 195Tindaacuteridas 63Tireaacutetida 169Tireia 169Tireacutesias 236Tirteu 167 169 221Titatildes 245Trajano 121Trezena 31 32‑35 38 Tricoacuterito 39Troia 81 124Tuciacutedides 122 160 181Ulisses 81 192Valeacuterio (vd Puacuteblio Valeacuterio)Vestais 58 204Viacutenio 200Xantipo 191 201Xenoacutecrito 169Xenoacutedamo 169Xenofonte 160 164Zaleuco 88Zeus 36 40‑41 220 226 243

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Index nominum

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Nelson
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Notas biograacuteficas dos autores

Aacutelia Rodrigues eacute doutorada em Estudos Claacutessicos (Literatura Grega) e inves‑tigadora do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse satildeo a histoacuteria das ideias poliacuteticas desde os Gregos ateacute agrave modernidade histoacuteria legal e a recepccedilatildeo de temas claacutessicos na contemporaneidade

Ana Ferreira eacute Professora Auxiliar do Departamento de Estudos Portugueses e Ro‑macircnicos da Faculdade de Letras da Universidade do Porto e investigadora do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a histoacuteria antiga a literatura greco‑romana bem como a didaacutectica das liacutenguas claacutessicas

Delfim F Leatildeo eacute Professor Catedraacutetico da Instituto de Estudos Claacutessicos e investiga‑dor do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a histoacuteria antiga o direito e a teorizaccedilatildeo poliacutetica dos Gregos a pragmaacutetica teatral e a escrita romanesca antiga

Faacutebio Vergara Cerqueira eacute Professor Adjunto do Instituto de Ciecircncias Humanas da Universidade Federal de Pelotas pesquisador PQ‑2 do CNPq Professor Visitante na Universidade de Heidelberg Bolsista Fundaccedilatildeo Humboldt ldquoPesquisador Experienterdquo Principais aacutereas de interesse satildeo histoacuteria e arqueologia da Greacutecia antiga e sua recepccedilatildeo enfocando muacutesica iconografia ceramologia gecircnero memoacuteria social identidade e patrimocircnio cultural

Guillermina Gonzaacutelez Almenara es Profesor Contratado Doctor Tipo 1 vinculada con el Aacuterea de Filologiacutea Griega del Departamento de Filologiacutea Claacutesica Francesa Aacuterabe y Romaacutenica de la Universidad de La Laguna Sus principales liacuteneas de investi‑gacioacuten son la mujer y el aacutembito femenino en la Grecia antigua Historiografiacutea griega Historia y civilizacioacuten de la Grecia antigua

Ivana S Chialva es Doctora en Letras Investigadora Asistente del Conicet y Profesora de Griego y Literaturas griega y latina de la Facultad de Humanidades y Ciencias de la Universidad Nacional del Litoral (Santa Fe Argentina) Sus tra‑bajos sobre el mundo antiguo se focalizan en la relacioacuten entre primera y segunda sofiacutestica y en la influencia de este uacuteltimo fenoacutemeno en la prosa narrativa griega de eacutepoca imperial especialmente la retoacuterica la biografiacutea y la novela en sus diferentes formas

Jesuacutes-Mordf Nieto Ibaacutentildeez es Catedraacutetico de Filologiacutea Griega de la Universidad de Leoacuten Sus liacuteneas de investigacioacuten son la literatura judiacutea en lengua griega los primeros textos cristianos el Humanismo y la Tradicioacuten claacutesica Actualmente dirige un Proyecto de

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investigacioacuten sobre el Humanismo la Tradicioacuten claacutesica y patriacutestica y la exeacutegesis biacuteblica en los siglos XVI y XVII

Joaquim Pinheiro eacute Professor Auxiliar da Universidade da Madeira e investigador do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a biografia antiga a Segunda Sofiacutestica a retoacuterica claacutessica e o pensamento poliacutetico dos Gregos

Joseacute M Candau es Catedraacutetico de Filologiacutea Griega en la Universidad de Sevilla Sus principales aacutereas de investigacioacuten son la historiografiacutea griega y Plutarco

Loraine Oliveira eacute professora de Filosofia da Universidade de Brasiacutelia Publicou o livro Plotino escultor de mitos pela Imprensa da Universidade de CoimbraAnnablume em 2014 Vem se dedicando principalmente a estudar os mitos em Plotino Plutarco e Porfiacuterio assim como o vegetarianismo em Plutarco e Porfiacuterio

Maria Aparecida de Oliveira Silva eacute professora visitante do Programa de Poacutes‑Gradu‑accedilatildeo em Letras Claacutessicas da Universidade de Satildeo Paulo e Professora Pesquisadora do Programa de Poacutes‑Graduaccedilatildeo em Histoacuteria da Universidade Federal de Satildeo Paulo Liacuteder do Grupo CNPq LABHAN Laboratoacuterio de Histoacuteria Antiga da Universidade Federal do Amapaacute Pesquisadora do Grupo CNPq Linceu ‑ Visotildees da Antiguidade Claacutessica da Universidade Estadual Paulista Pesquisadora do Grupo Retoacuterica Texto y Comunicacioacuten da Universidad de Caacutediz Membro do Conselho Acadecircmico do Seminaacuterio de Histoacuteria e Filosofia das Religiotildees da Universidad Autoacutenoma de Ciudad Juaacuterez mdash Meacutexico Pesquisa e publica trabalhos sobre Esparta Plutarco e biografia antiga

M Teresa Fau Ramos es Profesora Titular del Departament de Filologia Grega de la Universitat de Barcelona y miembro del Grup de Recerca Graecia Capta que investiga la pervivencia de la identidad griega bajo el imperio romano Sus principales aacutereas de intereacutes cientiacutefico son la historia e instituciones de la Grecia claacutesica y post‑claacutesica la religioacuten helena (paganismo) y diversos aspectos del cristianismo primitivo

Pilar Goacutemez Cardoacute es profesora titular de Filologiacutea Griega en la Universidad de Barcelona donde imparte docencia e investiga desde 1981 Doctora en Filologiacutea Claacutesica desde 1987 con una tesis sobre la tradicioacuten yaacutembica y la faacutebula (La Vida drsquoIsop entre el iambe la faula i la novella) es autora de numerosos artiacuteculos y capiacutetulos de libros sobre la literatura griega de eacutepoca imperial romana en especial sobre Segunda Sofiacutestica y novela ha estudiado principalmente autores como Luciano en cuya edicioacuten y traduccioacuten al castellano para la coleccioacuten Alma Mater participa Plutarco Dioacuten de Prusa o Elio Ariacutestides Es miembro del grupo de investigacioacuten Graecia Capta de la Universidad de Barcelona

Roosevelt Rocha eacute Professor Adjunto do curso de Letras da Universidade Federal do Paranaacute (Brasil) e pesquisador ligado ao Programa de Poacutes‑Graduaccedilatildeo em Letras da

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mesma Universidade As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a poesia grega arcaica (elegia jambo e meacutelica) a muacutesica grega antiga e o estudo da performance da poesia grega dos periacuteodos arcaico e claacutessico

Vicente Ramoacuten es Profesor Tiular de Filologiacutea Griega de la Universidad de Zara‑goza Sus intereses cientiacuteficos pueden sintetizarse en las siguientes liacuteneas Plutarco de Queronea y la biografiacutea poliacutetica historiografiacutea griega retoacuterica y oratoria griegas tradicioacuten claacutesica teatro griego la irreligiosidad en la Atenas Claacutesica

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Nelson
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Volumes publicados na Colecccedilatildeo Humanitas Supplementum

1 Francisco de Oliveira Claacuteudia Teixeira e Paula Barata Dias Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 1 ndash Liacutenguas e Literaturas Greacutecia e Roma (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

2 Francisco de Oliveira Claacuteudia Teixeira e Paula Barata Dias Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 2 ndash Liacutenguas e Literaturas Idade Meacutedia Renascimento Recepccedilatildeo (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

3 Francisco de Oliveira Jorge de Oliveira e Manuel Patriacutecio Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 3 ndash Histoacuteria Arqueologia e Arte (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2010)

4 Maria Helena da Rocha Pereira Joseacute Ribeiro Ferreira e Francisco de Oliveira (Coords) Horaacutecio e a sua perenidade (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

5 Joseacute Luiacutes Lopes Brandatildeo Maacutescaras dos Ceacutesares Teatro e moralidade nas Vidas suetonianas (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

6 Joseacute Ribeiro Ferreira Delfim Leatildeo Manuel Troumlster and Paula Barata Dias (eds) Symposion and Philanthropia in Plutarch (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

7 Gabriele Cornelli (Org) Representaccedilotildees da Cidade Antiga Categorias histoacutericas e discursos filosoacuteficos (Coimbra Classica DigitaliaCECHGrupo Archai 2010)

8 Maria Cristina de Sousa Pimentel e Nuno Simotildees Rodrigues (Coords) Sociedade poder e cultura no tempo de Oviacutedio (Coimbra Classica DigitaliaCECHCECCH 2010)

9 Franccediloise Frazier et Delfim F Leatildeo (eds) Tychegrave et pronoia La marche du monde selon Plutarque (Coimbra Classica DigitaliaCECH Eacutecole Doctorale 395 ArScAn‑THEMAM 2010)

10 Juan Carlos Iglesias‑Zoido El legado de Tuciacutedides en la cultura occidental (Coimbra Classica DigitaliaCECH ARENGA 2011)

11 Gabriele Cornelli O pitagorismo como categoria historiograacutefica (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2011)

12 Frederico Lourenccedilo The Lyric Metres of Euripidean Drama (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2011)

13 Joseacute Augusto Ramos Maria Cristina de Sousa Pimentel Maria do Ceacuteu Fialho Nuno Simotildees Rodrigues (coords) Paulo de Tarso Grego e Romano Judeu e Cristatildeo (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

14 Carmen Soares amp Paula Barata Dias (coords) Contributos para a histoacuteria da alimentaccedilatildeo na antiguidade (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

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15 Carlos A Martins de Jesus Claudio Castro Filho amp Joseacute Ribeiro Ferreira (coords) Hipoacutelito e Fedra ‑ nos caminhos de um mito (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

16 Joseacute Ribeiro Ferreira Delfim F Leatildeo amp Carlos A Martins de Jesus (eds) Nomos Kosmos amp Dike in Plutarch (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

17 Joseacute Augusto Ramos amp Nuno Simotildees Rodrigues (coords) Mnemosyne kai Sophia (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

18 Ana Maria Guedes Ferreira O homem de Estado ateniense em Plutarco o caso dos Alcmeoacutenidas (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

19 Aurora Loacutepez Andreacutes Pocintildea amp Maria de Faacutetima Silva De ayer a hoy influencias claacutesicas en la literatura (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

20 Cristina Pimentel Joseacute Luiacutes Brandatildeo amp Paolo Fedeli (coords) O poeta e a cidade no mundo romano (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

21 Francisco de Oliveira Joseacute Luiacutes Brandatildeo Vasco Gil Mantas amp Rosa Sanz Serrano (coords) A queda de Roma e o alvorecer da Europa (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

22 Luiacutesa de Nazareacute Ferreira Mobilidade poeacutetica na Greacutecia antiga uma leitura da obra de Simoacutenides (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica DigitaliaCECH 2013)

23 Faacutebio Cerqueira Ana Teresa Gonccedilalves Edalaura Medeiros amp JoseacuteLuiacutes Brandatildeo Saberes e poderes no mundo antigo Vol I ndash Dos saberes (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia2013) 282 p

24 Faacutebio Cerqueira Ana Teresa Gonccedilalves Edalaura Medeiros amp Delfim Leatildeo Saberes e poderes no mundo antigo Vol II ndash Dos poderes (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013) 336 p

25 Joaquim J S Pinheiro Tempo e espaccedilo da paideia nas Vidas de Plutarco (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013) 458 p

26 Delfim Leatildeo Gabriele Cornelli amp Miriam C Peixoto (coords) Dos Homens e suas Ideias Estudos sobre as Vidas de Dioacutegenes Laeacutercio (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013)

27 Italo Pantani Margarida Miranda amp Henrique Manso (coords) Aires Barbosa na Cosmoacutepolis Renascentista (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2013)

28 Francisco de Oliveira Maria de Faacutetima Silva Tereza Virgiacutenia Ribeiro Barbosa (coords) Violecircncia e transgressatildeo uma trajetoacuteria da Humanidade (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

29 Priscilla Gontijo Leite Eacutetica e retoacuterica forense asebeia e hybris na caracterizaccedilatildeo dos adversaacuterios em Demoacutestenes (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

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30 Andreacute Carneiro Lugares tempos e pessoas Povoamento rural romano no Alto Alentejo ‑ Volume I (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2014)

31 Andreacute Carneiro Lugares tempos e pessoas Povoamento rural romano no Alto Alentejo ‑ Volume II (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2014)

32 Pilar Goacutemez Cardoacute Delfim F Leatildeo Maria Aparecida de Oliveira Silva (coords) Plutarco entre mundos visotildees de Esparta Atenas e Roma (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

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Resumo da obra

A vasta e variada obra de Plutarco permite sempre uma abordagem a partir de distintas

perspetivas com diferentes intenccedilotildees e propoacutesitos variados No entanto eacute importante

identificar tambeacutem fios comuns nessa abordagem porque permitem demonstrar tanto a

niacutevel formal como de conteuacutedo que haacute muitos elementos comuns que permeiam o trabalho

de Plutarco

Os treze contributos para este volume tecircm como elo comum o nome de trecircs cidades

Esparta Atenas e Roma Elas representam espaccedilos poliacuteticos e institucionais diversos dada

a sua extensatildeo geograacutefica e cronoloacutegica mas simbolizam igualmente diferentes modelos

de organizaccedilatildeo social atraveacutes dos quais a Greacutecia pode ser contrastada com Roma ou Atenas

comparada com Esparta mdash ainda que o seu verdadeiro interesse na obra de Plutarco seja

que representam sempre locais paradigmaacuteticos onde vivem e convivem pessoas Por

isso os estudiosos de Plutarco que contribuiacuteram para este volume procuram analisar em

cada uma dessas cidades seja por assimilaccedilatildeo ou por contraste a forma como o autor de

Queroneia aborda a ligaccedilatildeo entre indiviacuteduo e comunidade a partir do exerciacutecio do poder

e da experiecircncia religiosa qual o papel da educaccedilatildeo e do domiacutenio privado na projeccedilatildeo

puacuteblica dos protagonistas retratados por Plutarco ou ateacute que ponto a imagem dos primeiros

legisladores e fundadores miacuteticos foi condicionada pela evoluccedilatildeo histoacuterica destas mesmas

cidades

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Page 5: Versão integral disponível em digitalis.uc · visões de Esparta, Atenas e Roma IMPRENSA DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA COIMBRA UNIVERSITY PRESS ANNABLUME Versão integral disponível

Conceccedilatildeo Graacutefica GraphicsRodolfo Lopes Nelson Ferreira

Infografia InfographicsNelson Ferreira

Impressatildeo e Acabamento Printed bySimotildees amp Linhares Lda Av Fernando Namora nordm 83 Loja 4 3000 Coimbra

ISSN2182‑8814

ISBN978‑989‑26‑0920‑1

ISBN Digital978‑989‑26‑0921‑8

DOIhttpdxdoiorg1014195978‑989‑26‑0921‑8

Depoacutesito Legal Legal Deposit 38476114

Tiacutetulo Title Plutarco entre mundos visotildees de Esparta Atenas e RomaPlutarch between worlds visions of Sparta Athens and Rome

Coord EdPilar Goacutemez Cardoacute Delfim F Leatildeo Maria Aparecida de Oliveira Silva

Editores PublishersImprensa da Universidade de CoimbraCoimbra University Presswwwucptimprensa_ucContacto Contact imprensaucptVendas online Online Saleshttplivrariadaimprensaucpt

Annablume Editora Comunicaccedilatildeo

wwwannablumecombrContato Contact annablumecombr

Coordenaccedilatildeo Editorial Editorial CoordinationImprensa da Universidade de Coimbra

copy Dezembro 2014

Trabalho publicado ao abrigo da Licenccedila This work is licensed underCreative Commons CC‑BY (httpcreativecommonsorglicensesby30ptlegalcode)

POCI2010

Annablume Editora Satildeo PauloImprensa da Universidade de CoimbraClassica Digitalia Vniversitatis Conimbrigensis httpclassicadigitaliaucptCentro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra

Seacuterie Humanitas SupplementumEstudos Monograacuteficos

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Plutarco entre mundos visotildees de Esparta Atenas e Roma Plutarch between worlds visions of Sparta Athens and Rome

Coord EdPilar Goacutemez Cardoacute Delfim F Leatildeo Maria Aparecida de Oliveira Silva

Filiaccedilatildeo AffiliationUniversitat de Barcelona Universidade de Coimbra Universidade de Satildeo Paulo

ResumoA vasta e variada obra de Plutarco permite sempre uma abordagem a partir de distintas perspetivas com diferentes intenccedilotildees e propoacutesitos variados No entanto eacute importante identificar tambeacutem fios comuns nessa abordagem porque permitem demonstrar tanto a niacutevel formal como de conteuacutedo que haacute muitos elementos comuns que permeiam o trabalho de Plutarco Os treze contributos para este volume tecircm como elo comum o nome de trecircs cidades Esparta Atenas e Roma Elas representam espaccedilos poliacuteticos e institucionais diversos dada a sua extensatildeo geograacutefica e cronoloacutegica mas simbolizam igualmente diferentes modelos de organizaccedilatildeo social atraveacutes dos quais a Greacutecia pode ser contrastada com Roma ou Atenas comparada com Esparta mdash ainda que o seu verdadeiro interesse na obra de Plutarco seja que representam sempre locais paradigmaacuteticos onde vivem e convivem pessoas Por isso os estudiosos de Plutarco que contribuiacuteram para este volume procuram analisar em cada uma dessas cidades seja por assimilaccedilatildeo ou por contraste a forma como o autor de Queroneia aborda a ligaccedilatildeo entre indiviacuteduo e comunidade a partir do exerciacutecio do poder e da experiecircncia religiosa qual o papel da educaccedilatildeo e do domiacutenio privado na projeccedilatildeo puacuteblica dos protagonistas retratados por Plutarco ou ateacute que ponto a imagem dos primeiros legisladores e fundadores miacuteticos foi condicionada pela evoluccedilatildeo histoacuterica destas mesmas cidades

Palavras‑chavePlutarco Atenas Esparta Roma educaccedilatildeo religiatildeo poder

Abstract The vast and varied work of Plutarch naturally allows an approach from different perspectives with a variety of intentions and plural purposes However it is also important to identify common lines of approach because they demonstrate both formally and in terms of content that there are many customary elements underlying his work The thirteen contributions to this volume are linked by the names of three cities Sparta Athens and Rome They represent diverse political and institutional spaces because of their geographical extension and chronology and they symbolize as well different models of social organization through which Greece can be contrasted with Rome or Athens compared to Sparta mdash but perhaps their most interesting feature in Plutarchs work is that they are paradigmatic places where men live and coexist together Therefore the Plutarchists who contributed to this volume analyze for each of these cities by assimilation or contrast the way the author from Chaeronea envisages the connection between individual and community as reflected in the exercise of power and the living of religious experiences the role played by education and private affairs in the public image of Plutarchrsquos protagonists or the extent to which the image of the first lawgivers and mythical founders was conditioned by the historical development of these cities

KeywordsPlutarch Athens Sparta Rome education religion power

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Coordenadores

Pilar Goacutemez Cardoacute es profesora titular de Filologiacutea Griega en la Universidad de Barcelona donde imparte docencia e investiga desde 1981 Doctora en Filologiacutea Claacutesica desde 1987 con una tesis sobre la tradicioacuten yaacutembica y la faacutebula (La Vida drsquoIsop entre el iambe la faula i la novelbullla) es autora de numerosos artiacuteculos y capiacutetulos de libros sobre la literatura griega de eacutepoca imperial romana en especial sobre Segunda Sofiacutestica y novela ha estudiado principalmente autores como Luciano (en cuya edicioacuten y traduccioacuten al castellano para la coleccioacuten Alma Mater participa) Plutarco Dioacuten de Prusa o Elio Ariacutestides Es miembro del grupo de investigacioacuten Graecia Capta de la Universidad de Barcelona

Delfim F Leatildeo eacute Professor Catedraacutetico da Instituto de Estudos Claacutessicos e investigador do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a histoacuteria antiga o direito e a teorizaccedilatildeo poliacutetica dos Gregos a pragmaacutetica teatral e a escrita romanesca antiga

Maria Aparecida de Oliveira Silva eacute professora visitante do Programa de Poacutes‑Graduaccedilatildeo em Letras Claacutessicas da Universidade de Satildeo Paulo e Professora Pesquisadora do Programa de Poacutes‑Graduaccedilatildeo em Histoacuteria da Universidade Federal de Satildeo Paulo Liacuteder do Grupo CNPq LABHAN Laboratoacuterio de Histoacuteria Antiga da Universidade Federal do Amapaacute Pesquisadora do Grupo CNPq Linceu ‑ Visotildees da Antiguidade Claacutessica da Universidade Estadual Paulista Pesquisadora do Grupo Retoacuterica Texto y Comunicacioacuten da Univer‑sidad de Caacutediz Membro do Conselho Acadecircmico do Seminaacuterio de Histoacuteria e Filosofia das Religiotildees da Universidad Autoacutenoma de Ciudad Juaacuterez mdash Meacutexico Pesquisa e publica trabalhos sobre Esparta Plutarco e biografia antiga

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Editors

Pilar Goacutemez Cardoacute is Professor of Greek Studies at the University of Barcelona where she has been teaching and conducting research in 1981 She obtained a PhD in Classical Philology in 1987 with a thesis on the iambic tradition and fable (La Vida drsquoIsop entre el iambe la faula i la novelbullla) and is the author of numerous articles and book chapters on the Greek literature of the Roman Imperial period especially on the Second Sophistic and the novel She has studied mainly writers like Lucian (collaborating in the edition and translation of his works into Spanish for the Alma Mater collection) Plutarch Dio of Prusa and Aelius Aristides She is a member of the research group Graecia Capta of the University of Barcelona

Delfim F Leatildeo is Full Professor at the Institute of Classical Studies and researcher at the Centre for Classical and Humanistic Studies at the University of Coimbra His main areas of scientific interest are ancient history law and political theory of the Greeks theatrical pragmatics and the ancient novel

Maria Aparecida de Oliveira Silva is a visiting professor of the Postgraduate Programme in Classics at the University of Satildeo Paulo and Research Professor of the Postgraduate Pro‑gramme in History at the Federal University of Satildeo Paulo Leader of the CNPq LABHAN Group Labotarory of Ancient History at the Federal University of Amapaacute Researcher of the CNPq Linceu Group mdash Visions of Classical Antiquity at Satildeo Paulo State University Researcher of the Group ldquoRetoacuterica Texto y Comunicacioacutenrdquo of the University of Caacutediz Member of the Academic Council of the Seminar in History and Philosophy of Religions at the Autonomous University of Ciudad Juaacuterez mdash Mexico Her research interests are mainly directed to Sparta Plutarch and ancient biography

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Sumaacuterio

Apresentaccedilatildeo de Plutarco entre Mundos visotildees de esparta atenas e roma 11(Presentation of Plutarch between worlds visions of Sparta Athens and Rome)

Introduccioacuten(Introduction) 13

Pilar Goacutemez Cardoacute

O jovem Teseu do reconhecimento paterno ao reconhecimento poliacutetico (Young Theseus from paternal recognition to political recognition) 31

Loraine Oliveira

Legislar teniacutea un precio (The price to pay for legislating) 49

Mordf Teresa Fau Ramos

O legislador e suas estrateacutegias discursivas teatralidade e linguagem metafoacuterica na vida de soacutelon

(The statesman and his discourse strategies theatricality and metaphorical language in the Life of Solon) 71

Delfim F Leatildeo

A figura do legislador em Plutarco Recepccedilatildeo de um mito poliacutetico (The figure of the lawgiver in Plutarch reception of a political myth) 85

Aacutelia Rodrigues

Un mentor limpio de pasiones El filoacutesofo y la actuacioacuten poliacutetica seguacuten el de genio socratis

(A mentor without passions the philosopher and political action according to the De genio Socratis) 103

Joseacute M Candau

O valor da filosofia e da paideia a construccedilatildeo moral e retoacuterica de Plutarco(The value of philosophy and of paideia Plutarchrsquos moral and rhetorical constructions) 119

Joaquim Pinheiro

De Roma a Alejandriacutea y viceversa mimesis del motivo del viaje en la vida de antonio de Plutarco(From Rome to Alexandria and vice versa mimesis of the travel motif in Plutarchrsquos Life of Antony) 137

Ivana S Chialva

A Esparta de Plutarco entre a guerra e as artes(Plutarchrsquos Sparta between war and the arts) 159

Roosevelt Rocha

Muacutesica e educaccedilatildeo em Atenas segundo as biografias de Plutarco(Music and education in Athens according to Plutarchrsquos biographies) 173

Faacutebio Vergara Cerqueira

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Por traacutes de um grande homem haacute sempre uma grande mulher A influecircncia de esposas e amantes sobre homens de Estado

(Is there always a great man behind a great woman The influence of wives and lovers over statesmen) 191

Ana Ferreira

Heteras concubinas y joacutevenes de seduccioacuten la influencia femenina en las vidas plutarqueas de Soloacuten Pericles y Alcibiacuteades

(Hetairai concubines and seducers the influence of women in Plutarchrsquos Lives of Solon Pericles and Alcibiades) 209

Guillermina Gonzaacutelez Almenara

Esparta e os oraacuteculos uma leitura plutarquiana(Sparta and the oracles a Plutarchan reading) 219

Maria Aparecida de Oliveira Silva

Plutarco y la crisis oracular del final del mundo antiguo(Plutarch and the crisis of the oracles at the end of the ancient world) 233

Jesuacutes‑Mordf Nieto Ibaacutentildeez

Index nominvm 251

Index locorvm 259

Notas biograacuteficas dos autores 267

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11

Apresentaccedilatildeo de Plutarco entre Mundos visotildees de esparta atenas e roma

(Presentation of Plutarch between worlds visions of Sparta Athens and Rome)

Um grego nascido agrave eacutepoca da dominaccedilatildeo romana Plutarco vive entre mun‑dos circulando entre Greacutecia e Roma tecendo reflexotildees sobre gregos e romanos Descendente de uma tradicional famiacutelia beoacutecia nosso autor eacute educado conforme os preceitos da paideia grega a mesma que prescreve em seus tratados e biografias como sendo a mais indicada para a formaccedilatildeo de um homem virtuoso Plutarco entrelaccedila conhecimentos acumulados pela tradiccedilatildeo grega com os da romana re‑gistra suas impressotildees sobre o modo de ser grego em um movimento de partida do seu presente de dominado para retornar ao passado glorioso de seu povo sem negligenciar suas anaacutelises sobre o modo de ser romano Reflexotildees que se fazem perceptiacuteveis principalmente na escrita de suas biografias de gregos e romanos onde vemos as comparaccedilotildees de suas personagens ora criticando a accedilatildeo de um grego ora a de um romano demonstrando os aspectos positivos e negativos de cada um embora deixe clara a sua preferecircncia pela cultura grega

Pela erudiccedilatildeo peculiar a sua extensa obra Plutarco eacute um autor que se in‑sere em diversos periacuteodos da nossa histoacuteria vemos sua influecircncia em escritos bizantinos renascentistas nos produzidos entre os seacuteculos XVI e XVII em que italianos franceses ingleses e espanhoacuteis se dedicam a verter suas biografias e tratados para vernaacuteculos modernos A disseminaccedilatildeo dessas obras concorre para influenciar artistas poetas filoacutesofos historiadores do seacuteculo XVIII em diante

Se por muitos seacuteculos nosso autor se vecirc circunscrito ao espaccedilo geograacutefico da bacia mediterracircnica hoje notamos que suas ideias atravessam o Oceano e alcanccedilam o chamado Novo Mundo Entatildeo a perspectiva de entre mundos para o nosso autor se expande mais sua obra atravessa eacutepocas e espaccedilos e se transforma em um claacutessico como tal atemporal e sem fronteiras Imbuiacutedos desse espiacuterito da obra plutarquiana apresentamos ao leitor este livro com ar‑tigos redigidos por espanhoacuteis latino‑americanos e portugueses revelando a

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Legislar teniacutea un precio

Mas a pesar de su tropiezo laquocon la mayoriacutearaquo (τοῖς πλείστοις) le fueron confiadas al legislador ateniense responsabilidades aun mayores45 y asiacute pudo eliminar buena parte de las leyes promulgadas por Dracoacuten46 reorganizar la poblacioacuten asignaacutendole prerrogativas en base a criterios econoacutemicos47 introducir cambios en las instituciones de la polis48 y establecer otras disposiciones como por ejemplo las que regulan el matrimonio49 los testamentos y donaciones50 la conducta de las mujeres51 el desempentildeo de oficios52 la actividad agriacutecola53 la naturalizacioacuten de extranjeros54 y el calendario55

Promulgadas ya las leyes aguardaba a Soloacuten una nueva contrariedad cada diacutea era abordado por individuos que elogiaban o censuraban su obra le aconse‑jaban antildeadidos o supresiones o simplemente le pediacutean aclaracioacuten sobre alguacuten pasaje que no comprendiacutean Para zafarse de esta presioacuten decide ausentarse de Atenas durante diez antildeos Abandona pues la patria con la esperanza de que su exilio voluntario sirva para que los ciudadanos se habituacuteen a las nuevas leyes56

Pero a su regreso constata que la polis ha vuelto al mal camino y las fac‑ciones vuelven a dominar la escena poliacutetica destacando sobremanera un hombre llamado Pisiacutestrato en torno al cual se apintildeaba una laquoturbaraquo (ὄχλος) de jornaleros radicalmente contraria a los ricos57 Soloacuten intenta poner paz parlamentando con los liacutederes de los partidos58 intuye las verdaderas intenciones del dirigente de la plebe e intenta en vano modificarlas59 Cuando Pisiacutestrato se dispone a erigirse en tirano el anciano legislador se opone pero al no contar con el apoyo de nadie debe cejar en su empentildeo60

estagirita (Pol 1296a) afirma que los μέσοι constituyen un factor sumamente equilibrador de la sociedad y es ndashprosigue‑ por este motivo que los mejores legisladores como Soloacuten y ‑iexclpara nuestra sorpresa‑ Licurgo pertenecieron a este colectivo Sobre la posicioacuten de Plutarco con respecto a las doctrinas supuestamente aristoteacutelicas remito a la reciente aportacioacuten de Becchi (2014)

45 Sol 163‑546 Sol 17147 Sol 181‑348 Sol 191‑249 Sol 202‑650 Sol 213‑451 Sol 21552 Sol 221 y 353 Sol 236‑24254 Sol 24455 Sol 254‑556 Sol 256 En el texto plutarqueo Soloacuten pone como excusa (πρόσχημα) de su partida

un tema relacionado con la navegacioacuten (ναυκληρία) Heroacutedoto (130) apunta el deseo de ver mundo (θεωρία) mientras que Aristoacuteteles (Ath 111) hace referencia a la actividad comercial (ἐμπορία) y tambieacuten al deseo de ver mundo (θεωρία)

57 Sol 29158 Sol 29259 Sol 29560 Sol 301‑4 y 6‑8

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Sorprendentemente una vez duentildeo de la situacioacuten Pisiacutestrato tratoacute a Soloacuten con gran respeto aceptoacute muchos de sus consejos y conservoacute laquola mayoriacutea de las leyesraquo (τοὺς πλείστους νόμους) que habiacutea establecido61 Y eacutesta es una de las uacutelti‑mas afirmaciones que hace Plutarco con respecto a Soloacuten sobre cuya muerte no nos proporciona dato alguno de intereacutes62

A diferencia de la biografiacutea plutarquea de Licurgo la Vida de Soloacuten no cul‑mina con un heroico acto de auto‑inmolacioacuten para obtener la perdurabilidad de unas leyes que se desean perennes63 Ello no obsta sin embargo para que reconozcamos que tambieacuten a Soloacuten le pasa factura el ejercicio de su funcioacuten como legislador En efecto debe soportar las burlas de unas gentes que hacen befa de eacutel por haberse negado a instaurar un reacutegimen tiraacutenico es falsamente acusado de haber obtenido beneficios fraudulentos gracias a sus leyes y sufre una intensa presioacuten por parte de sus conciudadanos hasta el punto de tener que optar por un exilio voluntario

Numa

Con la Vida de Numa regresamos a un contexto de dignidad regia aunque existe una gran diferencia entre las maneras expeditivas de Licurgo y la suavidad con la que actuacutea el rey Numa64

Tras la desaparicioacuten ndashsupuestamente sobrenaturalndash de Roacutemulo la ciudad de Roma se hallaba sumida en una grave discordia pues sabinos y romanos no se poniacutean de acuerdo sobre quieacuten habiacutea de ser el proacuteximo monarca65 Al fin las dos facciones pactan que la realeza recaiga sobre el sabino Numa Pompilio66 Pero eacuteste que habiacutea sabido mejorar su buen talante natural con un geacutenero de vida

61 Sol 312‑3 En este punto Plutarco sigue la tradicioacuten continuista de otros autores (cf Hdt 1596 y Th 6546) Seguacuten Dioacutegenes Laercio (153‑54) Pisiacutestrato hace saber al νομοθέτης ateniense que mantiene la legislacioacuten por eacutel establecida y le invita a regresar a la polis Aristoacuteteles (Ath 221) por su parte mantiene que la tiraniacutea habiacutea abolido por desuso las leyes solonianas

62 No obstante en el Banquete de los siete sabios (Moralia 151E‑F) encontramos de nuevo a Soloacuten a propoacutesito de quien Quiloacuten afirma que debe ser el primero en hacer uso de la palabra no soacutelo porque asiacute conviene por su edad y por el lugar que ocupa entre los comensales sino porque detenta laquola autoridad mayor y maacutes perfectaraquo (τὴν μεγίστην καὶ τελειοτάτην ἀρχήν) laquopor haber otorgado leyes a los ateniensesraquo (νόμους Ἀθηναίοις θέμενος) Para una visioacuten de Soloacuten como representante de una sabiduriacutea antigua que laquolejos de ser puramente teoacuterica se proyecta hacia la praxis cotidianaraquo cf Peacuterez Jimeacutenez (1991) 688

63 No nos parece irrelevante el hecho de que en la parte final de la Vida de Soloacuten (316‑7) se aluda a su vertiente poeacutetica iquestes eacutesta ‑nos preguntamos‑ una manera de sugerir la pervivencia del νομοθέτης ateniense

64 En este sentido Numa se asemeja mucho maacutes a los laquodulcesraquo personajes griegos que a los rudos romanos cf Martin Jr (1960) y De Romilly (1979) Sobre la dulzura (πρᾳότης) en los personajes plutarqueos veacutease tambieacuten Frazier (1996)

65 Num 22‑866 Num 32‑4

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Legislar teniacutea un precio

austero reflexivo y sosegado67 al recibir a los enviados que le ofreciacutean la corona se mostroacute reacio a aceptarla ya que ndashafirmabandash su manera de ser tan alejada de las praacutecticas guerreras no era apropiada para regir al belicoso pueblo de Roma68 Convencido a la postre por argumentos que le exhortaban a actuar en favor del bien comuacuten69 y confirmada por signos favorables la buena disposicioacuten de la divi‑nidad Numa accede a convertirse en rey de la agitada urbe70 eacutel que laquohabiendoraquo otrora laquoabandonado las ocupaciones propias de la vida en la ciudadraquo (ἐκλείπων τὰς ἐν ἄστει διατριβάς) se complaciacutea en frecuentar parajes solitarios71

Su primera medida de gobierno consiste en la supresioacuten de la guardia perso‑nal creada por el anterior monarca la segunda en la institucioacuten de un sacerdocio en honor de Roacutemulo72 Tras estas dos disposiciones tomadas seguacuten Plutarco laquopara obtener benevolencia y gratitud del puebloraquo (ἐπrsquoεὐνοίᾳ καὶ χάριτι τοῦ δήμου) Numa emprende la difiacutecil tarea de pacificar la ciudad73 Y para lograr su objetivo no vacila en servirse de la religioacuten introduciendo nuevos rituales74 fomentando los temores supersticiosos de la poblacioacuten75 o atribuyeacutendose una particular relacioacuten con divinidades76

Entre sus reformas de aacutembito religioso destacan la prohibicioacuten de repre‑sentar a los dioses por medio de imaacutegenes de hombres o animales77 el fomento

67 Num 37‑41 Sobre el caraacutecter del Numa plutarqueo orientado laquopor naturalezaraquo (φύσει) hacia la virtud cf Peacuterez Jimeacutenez (1994)

68 Num 51‑869 Un argumento muy del agrado de los estoicos Sobre el controvertido tema de la relacioacuten

de Plutarco con el estoicismo creemos que todaviacutea son relevantes las opiniones de Babut (1969) Para una visioacuten actualizada de este tema cf Opsomer (2014)

70 Num 61‑5 73‑7 Sobre la ejemplaridad para Plutarco del acceso del rey Numa al poder cf Peacuterez Jimeacutenez (1995)

71 Num 41 Plutarco (Num 52) subraya el sacrificio de Numa explicando que laquocostoacute seguacuten parece un esfuerzo no pequentildeo y requirioacute muchos argumentos y ruegos persuadir y hacer cambiar de opinioacuten a un hombre que habiacutea vivido en paz y tranquilidadraquo (ἦν δrsquo οὐ μικρόν ὡς ἔοικεν ἔργον ἀλλὰ καὶ λόγων πολλῶν καὶ δεήσεως τὸ πεῖσαι καὶ μεταστῆσαι γνώμην ἀνδρὸς ἐν ἡσυχίᾳ καὶ εἰρήνῃ βεβιωκότος) y ponerle al frente de laquouna poblacioacuten que en cierta manera habiacutea nacido y habiacutea crecido gracias a la guerraraquo (πόλεως τρόπον τινὰ καὶ γεγενημένης πολέμῳ καὶ συνηυξημένης)

72 Num 78‑9 Sobre la actitud del legislador Numa con respecto a la escritura veacutease la nota 20

73 Num 8174 Num 8375 Num 84 Aunque en general Plutarco desaprueba las praacutecticas supersticiosas ‑su tratado

Sobre la supersticioacuten (Moralia 164E‑171E) no permite abrigar dudas al respecto‑ puede sin embargo mostrarse comprensivo cuando un dirigente hace uso de ellas con la intencioacuten de conseguir los objetivos (por supuesto adecuados) que persigue (veacutease p e Dio 241‑3) A propoacutesito precisamente de las obras Sobre la supersticioacuten y Vida de Numa Van Nuffelen (2011) presenta al queronense como un atento observador de las transformaciones que experimentan las tradiciones religiosas

76 Num 810‑11 y 151‑677 Num 813

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de sacrificios incruentos78 la institucioacuten de los sacerdotes Pontiacutefices79 la de los Feciales80 y la de los Salios81 la consagracioacuten de las Viacutergenes Vestales82 y la regla‑mentacioacuten relativa a usos fuacutenebres83

Pero las innovaciones no podiacutean centildeirse exclusivamente a un contexto reli‑gioso Preocupado por la existencia de una masa de ciudadanos indigentes Numa decide servirse de las tierras que habiacutean sido conquistadas por su antecesor y las reparte entre los desheredados Asiacute inclina al pueblo a la praacutectica de la agricultura con el fin de que estos hombres que cultivancivilizan una tierra que les ha sido otorgada resulten tambieacuten ellos cultivadoscivilizados84 y mediante normas adicionales se aplica a incentivar las labores del campo85

Quedaba todaviacutea por abordar un grave problema pues auacuten subsistiacutea la antigua divisioacuten entre sabinos y romanos Para subsanarla el legislador establece nuevos criterios para clasificar a la ciudadaniacutea y distribuye a los individuos en entidades que dariacuteamos en llamar laquogremialesraquo De este modo agrupados en virtud de los oficios que desempentildean los habitantes de la pujante poblacioacuten iraacuten olvidando los antiguos motivos de desunioacuten86

No acaban ahiacute las reformas de Numa Tambieacuten dicta leyes relacionadas con la institucioacuten familiar87 y el calendario88 Y con todo ello consigue hacer de Roma ndashe incluso de las ciudades del entornondash un remanso de paz la violencia desaparece fiestas y banquetes se celebran por doquier las gentes se relacionan entre si en un ambiente de mutua confianza no hay constancia alguna de laquoguer‑raraquo (πόλεμος) laquodiscordia civilraquo (στάσις) ni laquorevolucioacuten poliacuteticaraquo (νεωτερισμὸς περὶ πολιτείαν) y la figura de Numa goza del respeto general89 Cuando alcan‑zados ya los ochenta antildeos fallece el legislador90 su muerte ndashmuerte naturalndash es

78 Num 815 Plutarco atribuye esta medida al igual que otras a la influencia del espartano Pitaacutegoras (cf Num 14) La influencia de Pitaacutegoras en las costumbres romanas habriacutea sido tratada por Caacutestor de Rodas a quien el queronense hace referencia en sus Cuestiones romanas (Moralia 266E)

79 Num 9180 Num 124‑881 Num 131‑782 Num 910 y 101‑583 Num 121‑384 Num 164 Plutarco hace aquiacute un juego de palabras basaacutendose en el teacutermino

συνεξημεροῦμαι En cuanto al reparto de tierras consignado en este capiacutetulo es posteriormente negado en la comparatio entre Licurgo y Numa (Num 3410)

85 Num 166‑786 Num 171‑487 Num 17588 Num 181‑6 y 198‑9 89 Num 203‑7 Plutarco antildeade (208‑12) unas consideraciones sobre las bondades que se

derivan del mandato de un gobernante filoacutesofo En su argumentacioacuten nuestro autor cita (Num 2010) casi textualmente el pasaje 711e de Las Leyes de Platoacuten

90 Num 217

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Legislar teniacutea un precio

acompantildeada tanto en Roma como en otras ciudades de grandes manifestacio‑nes de duelo91

Asiacute termina la vida del anciano rey que supo renunciar a la apacible vida que tanto le agradaba para regir los destinos de la inquieta Roma poniendo de manifiesto una vez maacutes que para el queronense el ejercicio de la funcioacuten de νομοθέτης va ligado a la ineludible necesidad de pagar un precio por ello Pero no acaba ahiacute la informacioacuten plutarquea sobre Numa pues el bioacutegrafo nos hace saber que tras la muerte del monarca los romanos volvieron a hacer uso de las armas92 y en la comparatio que establece entre Licurgo y Numa Plutarco subraya el fracaso que supone para la constitucioacuten de Numa el regreso de Roma a sus antiguas praacutecticas guerreras93 En cuanto a la causa de tal infortunio el quero‑nense es tajante seguacuten eacutel Numa se equivocoacute gravemente cuando a diferencia de Licurgo no organizoacute un sistema educativo soacutelido disciplinario e igual para todos los ciudadanos94

Publiacutecola

Pasamos acto seguido a ocuparnos de un legislador que aun sin ser de es‑tirpe real tuvo algo que ver con la institucioacuten monaacuterquica pues contribuyoacute a der‑rocarla Se trata de Publio Valerio a quien los romanos dieron el sobrenombre de Publiacutecola95 Eacuteste que se distinguiacutea por su amor a la justicia y su generosidad para con los necesitados pareciacutea destinado al liderazgo si alguacuten diacutea llegaba a instalarse en Roma lo que Plutarco llama laquoun reacutegimen democraacuteticoraquo (δημοκρατία)96 pero al ser depuesto por el pueblo el rey Tarquinio el Soberbio vio frustradas sus aspiraciones a pesar de haber colaborado eacutel personalmente al derrocamiento97

Decepcionado Valerio se retira momentaacuteneamente de la escena poliacutetica98 pero tan pronto como Tarquinio intenta recuperar el poder reacciona y toma parte muy activa en la desactivacioacuten de una conjura que teniacutea por objetivo la rein‑troduccioacuten de la realeza99 En recompensa a sus servicios Valerio es nombrado

91 Num 22192 Num 221193 Num 361094 Num 367 Pensamos que eacutesta es una criacutetica severa que aleja a Numa del prototipo del

Gobernante Ideal Por su parte Boulet (2005) ve en el retrato plutarqueo del monarca romano un claro ndashy premeditadondash distanciamiento del queronense con respecto a la figura platoacutenica del Rey‑Filoacutesofo Si el alejamiento defendido por Boulet se ajusta a la realidad no creemos que deba producirnos extrantildeeza ya que por decirlo en palabras de Hershbell (2004) Plutarco fue un laquoPlatonisthellipunorthodoxraquo Cf Dillon (2014)

95 Publ 1196 Publ 1297 Publ 13‑5 Plutarco da a la actuacioacuten de Valerio un valor claramente superior al que le

otorgan Dionisio de Halicarnaso (467‑72) y Tito Livio (158‑591‑2)98 Publ 21 99 Publ 22‑76

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coacutensul100 mientras el rey destronado busca ndashy obtienendash el apoyo de los etruscos101 Se libra un feroz combate en el que el ejeacutercito romano consigue la victoria y Valerio tiene ocasioacuten de celebrar triunfo siendo ndashsostiene Plutarcondash el primer coacutensul que entra en la urbe montado en una cuadriga102

Pero el flamante vencedor seraacute pronto objeto de criacutetica pues el pueblo cree ver en su conducta atisbos de despotismo concentra en su persona toda la auto‑ridad habita en una mansioacuten maacutes imponente que la del antiguo rey y se presenta escoltado laquopor todas las fasces y hachas juntasraquo (ὑπὸ ῥάβδοις ὁμοῦ πάσαις καὶ πελέκεσι)103 Valerio reacciona con prontitud reuacutene a un buen nuacutemero de al‑bantildeiles y en una noche echa abajo la casa y la destruye hasta los cimientos104 No tardaraacute el pueblo en hacerle donacioacuten de un terreno donde podraacute edificar una nueva morada eso siacute maacutes austera que la anterior105

En cuanto a las insignias suprimioacute las hachas y decretoacute que las fasces se incli‑naraacuten ante el pueblo106 medida que fue muy del agrado de las gentes que dieron a Valerio el sobrenombre de Publiacutecola teacutermino que seguacuten Plutarco equivale a δημοκηδής laquosoliacutecito con el puebloraquo107 Por otra parte concedioacute laquoa quienes quisie‑ranraquo (τοῖς βουλομένοις) la posibilidad de presentar candidatura para compartir el consulado junto a eacutel Pero antes de que se procediera al nombramiento de su colega en el cargo se valioacute de la feliz circunstancia de ser el uacutenico coacutensul en ejercicio para instaurar medidas poliacuteticas de suma importancia108 Asiacute nombroacute nuevos senadores109 otorgoacute mayores derechos al pueblo110 dictoacute pena de muerte sin proceso previo para aquel que pretendiera erigirse en tirano111 y organizoacute la recaudacioacuten de impuestos112

100 Publ 77101 Publ 91102 Publ 92‑9 Sobre el triunfo de Valerio cf Plu Rom 167‑8 y D H 2342 103 Publ 101‑2 Plutarco pone eacutenfasis en la narracioacuten utilizando el estilo directo es el pueblo

quien pronuncia estas palabras de reproche Sobre la desaprobacioacuten de los romanos ante la conducta de Valerio cf las narraciones maacutes comedidas de Dionisio de Halicarnaso (5181) y Tito Livio (276)

104 Publ 105 En las Cuestiones Romanas (Moralia 285F) se hace alusioacuten al hecho de que la casa situada en lo maacutes alto es percibida por las gentes como una amenaza por su elevada situacioacuten Dionisio de Halicarnaso (5192) no menciona la destruccioacuten de la morada seguacuten eacutel Publiacutecola cambioacute de domicilio con el fin ndashdeclaroacute el propio interesadondash de que los romanos pudieran lanzarle piedras desde arriba si le sorprendiacutean cometiendo alguacuten acto injusto Valerio Maacuteximo en cambio siacute alude (411) a la destruccioacuten de la casa y lo hace ademaacutes en un tono grandilocuente

105 Publ 106106 Publ 107 107 Publ 108‑9 En D H 5195 hallamos la misma ndashmaacutes que discutiblendash etimologiacutea108 Publ 111109 Publ 112110 Publ 113‑4111 Publ 121‑2112 Publ 123‑4

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Legislar teniacutea un precio

Tras estas disposiciones designoacute como colega suyo en el cargo a Lucrecio que fallecioacute pocos diacuteas despueacutes del nombramiento siendo sucedido por Marco Horacio113 En cuanto a Publiacutecola sufrioacute a causa de los honores recibidos por su doble condicioacuten de legislador y liacuteder militar la envidia de laquomuchos poderososraquo (πολλοὶ τῶν δυνατῶν) los cuales frustraron su deseo de consagrar el templo de Juacutepiter Capitolino114 Pero ello no fue obstaacuteculo para que Valerio continuara su exitosa carrera pues llegoacute a ser nombrado coacutensul por cuarta vez115 Su muerte acaecida despueacutes de lograr para Roma una gran victoria contra los sabinos causoacute un hondo pesar en la poblacioacuten116

Pero el dolor con que Roma reacciona ante la desaparicioacuten del liacuteder no debe hacernos olvidar las suspicacias que antantildeo despertara en la plebe y la envidia que posteriormente suscitoacute entre los poderosos En un caso la situacioacuten se saldoacute con la destruccioacuten por parte de Valerio de la suntuosa mansioacuten que poseiacutea y en un elocuente gesto de reconocimiento de la voluntad popular en el otro llevoacute las de perder pues no consiguioacute realizar el prestigioso ritual que ambicionaba La disensioacuten con el pueblo fue anterior al ejercicio de la actividad legisladora de hecho es gracias a la reconciliacioacuten con las masas que Publiacutecola tuvo la oportu‑nidad de ejercer como νομοθέτης En cambio el incidente con la eacutelite romana se produjo con posterioridad ndashy a consecuencia dendash su tarea como legislador (Plutarco lo indica con claridad) En este sentido podemos considerar que Publiacutecola pagoacute un doble tributo ndashla peacuterdida de su morada y la imposibilidad de llevar a cabo un ritual de alta relevanciandash por su νομοθεσία

Licurgo Soloacuten Numa y Publiacutecola establecen unas leyes por las que debe regirse la sociedad de la que forman parte y por ello reciben de Plutarco la de‑nominacioacuten de νομοθέτης117 Hay sin embargo entre los personajes biografiados

113 Publ 125‑6114 Publ 141‑7 Sobre φθόνος la envidia caracteriacutestica humana que de ninguacuten modo pasa

inadvertida a Plutarco Verdegem (2005) en una aportacioacuten en torno a les Vidas de estadistas atenienses del siglo v a C establece una clara diferencia entre laquopeer‑envyraquo que salvando la distancia cronoloacutegica seriacutea a nuestro entender el sentimiento que Publiacutecola despertoacute entre los poderosos y laquopopular envyraquo que experimenta la turba con respecto a los liacutederes contra quienes haciacutea aplicar en la Atenas claacutesica la medida llamada ostracismo Sobre el valor que el queronense otorga al ostracismo cf Jufresa Muntildeoz amp Fau Ramos (2011) Por otra parte Frazier (1996) atribuye al φθόνος de los personajes plutarqueos un laquocaractegravere quasi automatiqueraquo (p 109)

115 Publ 211116 Publ 231‑5 y 246 Plutarco (Publ 234) pone de relieve que el pueblo decidioacute que el

cuerpo de Publiacutecola fuera enterrado a expensas puacuteblicas dato que hallamos tambieacuten en Dionisio de Halicarnaso (5482‑3) y Valerio Maacuteximo (441) con la diferencia de que estos dos autores indican que ello se debioacute a la situacioacuten de pobreza extrema en que murioacute el estadista

117 Lyc 11 99 141 Sol 143 165 186 Num 93 1412 2310 2513 Publ 121 143 A un lector atento no le habraacute pasado inadvertido el hecho de que no hayamos mencionado ni a Agis ni a Cleoacutemenes personajes que intentaron en vano restaurar la laquobella y justa constitucioacutenraquo (πολιτείαν καλὴν καὶ δικαίαν) de Licurgo (Agis et Cleom 210) Ciertamente ambos pusieron todo su ahiacutenco en la empresa y ambos sufrieron por ello serias penalidades Agis perdioacute la vida

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por el queronense sujetos a quienes eacuteste no aplica el calificativo de νομοθέτης sino el de οἰκιστήςκτίστης (laquofundadorraquo) o bien les atribuye la accioacuten de οἰκιζεῖνκτιζεῖν (laquofundarraquo) una poblacioacuten Estos individuos fundan (o refundan) una comunidad cosa que les obliga a fijar unas normas Ejercen pues en cierto modo como legisladores y se arriesgan por tanto a contrariar voluntades ajenas Tambieacuten estos personajes de quienes nos ocuparemos ahora sucintamente estaacuten expuestos a pagar un precio por llevar a cabo su cometido

Teseo

Del οἰκιστής Teseo118 nos interesa especialmente su tarea como autor del llamado sinecismo Plutarco nos brinda al respecto una detallada descripcioacuten Seguacuten eacutel tras la muerte del rey Egeo su hijo Teseo se propone laquouna empresa grande y admirableraquo (μέγα καὶ θαυμαστὸν ἔργον) consistente en reunir a todos los habitantes del Aacutetica en una sola ciudad formando con ellos un uacutenico Estado dotado de instituciones comunes119 Pero antes de dar comienzo a su labor re‑corre la regioacuten para informar del proyecto a todos los pobladores Los ciudadanos no relevantes acogen al punto su llamamiento Los ricos en cambio se muestran reticentes y para convencerlos Teseo les ofrece un sistema de gobierno carente de rey y les promete que tan soacutelo reservaraacute para si mismo las funciones de dirigente militar y de laquocustodio de las leyesraquo (νόμων φύλαξ)120

Tras las explicaciones Teseo pone manos a la obra suprime los organismos anteriores y sienta las bases para el establecimiento de una polis a la cual da el

(Agis et Cleom 201) su madre su abuela y su hermano fueron asesinados (Agis et Cleom 202‑7 y 263) y su esposa obligada a contraer matrimonio con el hijo de un enemigo (Agis et Cleom 221‑3) Cleoacutemenes por su parte se vioacute forzado a entregar como rehenes del rey de Egipto a parte de su familia (Agis et Cleom 434‑8) perdioacute a su hermano en combate (Agis et Cleom 496‑7) tuvo que huir de Esparta (Agis et Cleom 503‑4) y fue arrestado en Egipto (Agis et Cleom 567) donde acaboacute suicidaacutendose tras haber intentado provocar un alzamiento contra el rey (Agis et Cleom 576‑5816) y una vez muerto continuaraacuten por asiacute decir las penalidades de Cleoacutemenes ya que el monarca egipcio ordena que su cadaacutever sea ultrajado y que sus hijos su madre y las mujeres del entorno de eacutesta reciban la muerte (Agis et Cleom 594) No obstante he decidido omitir la referencia a estos personajes porque sus esfuerzos por reinstaurar la constitucioacuten de Licurgo no se vieron coronados por el eacutexito y sobre todo porque a diferencia de lo que ocurre con Licurgo Soloacuten Numa y Publiacutecola a Agis y a Cleoacutemenes no les es otorgada por parte de Plutarco la denominacioacuten de νομοθέτης Por lo que a Agis se refiere Roskam (2005) considera que constituye para el queronense el modelo ideal del joven que se dedica a la poliacutetica

118 Thes 15 No entraremos aquiacute a discutir hasta queacute punto podriacutea sentirse Plutarco motivado a biografiar al fundador miacutetico de Atenas ni nos pronunciaremos sobre el no disimulado escepticismo sobre el particular que se le atribuye cf Sirinelli (2000) 301 Por cierto que la obra que acabamos de consignar corresponde a una de las maacutes acreditadas biografiacuteas plutarqueas comparable a las de Jones (1971) Russell (1973) y Lamberton (2001)

119 Thes 241 En la versioacuten plutarquea el sinecismo va maacutes allaacute de la unificacioacuten exclusivamente poliacutetica que describe Tuciacutedides (215)

120 Thes 242

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Legislar teniacutea un precio

nombre de Atenas funda la festividad de las Panateneas para que sea celebrada por el conjunto de la comunidad instaura tambieacuten la fiesta de las Metecias y abdica ndashtal como habiacutea prometido‑ de la corona121

A continuacioacuten se dispone a organizar el nuevo Estado laquoempezando a partir de los diosesraquo (ἀπὸ θεῶν ἀρχόμενος)122 toma medidas para favorecer el crecimiento vegetativo de la polis establece clases entre la ciudadaniacutea asig‑nando un status especiacutefico a cada colectivo acuntildea moneda y fija los liacutemites de Atenas123

Pero al eficiente Teseo tambieacuten le llega la hora de pagar un precio por la tarea realizada124 Un tal Menesteo descendiente de Erecteo emprende una insi‑diosa campantildea contra el fundador soliviantando a laquolos poderososraquo (οἱ δυνατοί) que consideraban que Teseo les habiacutea sustraiacutedo prerrogativas y perturbando asimismo a laquola multitudraquo (οἱ πολλοί) so pretexto de haber perdido seducidos por un espejismo de libertad la patria los templos y los gobernantes que les eran propios yendo a caer bajo la autoridad de un extranjero125 La suerte sonriacutee al alborotador pues los Tindaacuteridas invaden el Aacutetica tal vez ndashapunta Plutarcondash a peticioacuten del propio Menesteo quien se encarga ademaacutes de facilitarles la entrada a la ciudad de Atenas126 De resultas de ello ndashel queronense tiene sus dudas al respectondash Etra la madre de Teseo habriacutea sido hecha prisionera127

El fundador intenta volver a ejercer su autoridadhellip en vano Al fin profun‑damente decepcionado abandona Atenas para siempre no sin antes maldecir a sus habitantes128 Teseo pereceraacute lejos de la patria y su muerte no provocaraacute reaccioacuten alguna en la ciudad129 Mucho tiempo habraacute de transcurrir para que la polis reconozca sus meacuteritos y le rinda los debidos honores que comportaraacuten la

121 Thes 243‑4122 Thes 244 Plutarco no concreta en queacute consiste esta actuacioacuten del fundador123 Thes 251‑4 Por si esta considerable labor fundacional no fuera suficiente somos

informados por Plutarco (Thes 265‑7) de que Teseo es tambieacuten οἰκιστής de la ciudad de Pitoacutepolis de la cual parte despueacutes de haber designado a quienes ejerceraacuten de gobernantes y legisladores

124 Un precio ndashrecordemosndash que ya habiacutea empezado a pagar cuando para persuadir a sus conciudadanos ricos se habiacutea comprometido a renunciar a la corona

125 Thes 321 En este pasaje Plutarco se hace eco de la atribucioacuten a Menesteo del hecho de haber sido laquoel primer hombreraquo (πρῶτος hellip ἀνθρώπων) en laquoejercer de demagogoraquo (δημαγωγεῖν)

126 Thes 322ndash332127 Thes 341128 Thes 353‑5 Esta miacutetica maldicioacuten sirve a Plutarco como αἴτιον para explicar la

etimologiacutea del laquoAraterioraquo o laquolugar de las maldicionesraquo 129 Thes 356‑7 En la descripcioacuten del fracaso que experimenta Teseo al intentar recuperar

el poder Plutarco se sirve de una terminologiacutea poliacutetica (usa en voz pasiva los verbos καταδημαγωγέω y καταστασιάζω) que utiliza tambieacuten en Per 92 y 5 Por otra parte nos parece significativo que la biografiacutea de Teseo no concluya con la alusioacuten a su fallecimiento sino que incorpore (Thes 358ndash365) la mencioacuten de los honores recibidos mucho tiempo despueacutes de su muerte por el fundador de hecho para el queronense el final de una vida no ha de coincidir necesariamente con el final de la biografiacutea cf al respecto Pelling (1997)

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necesidad de laquorecuperarraquo los restos del οἰκιστής y de trasladarlos solemnemente a Atenas130 permitiendo con ello a Cimoacuten el gran adversario de Temiacutestocles apropiarse de la figura del ilustre fundador131

Roacutemulo

La indiferencia que acompantildea al amargo fin de Teseo contrasta con el re‑vuelo que se originoacute en Roma tras la desaparicioacuten de aqueacutel a quien Plutarco considera laquopadreraquo (πατήρ)132 de la urbe que laquofundoacuteraquo (ἔκτισε)133

No es poco ciertamente lo que Roma debe a su οἰκιστής pues ademaacutes de ser el fundador material de la ciudad134 tomoacute unas medidas que seriacutean determi‑nantes para el futuro de la poblacioacuten Asiacute establecioacute los criterios con arreglo a los cuales debiacutean ser clasificados los ya numerosos habitantes de la urbe135 fue corresponsable del pacto crucial sellado entre sabinos y romanos136 introdujo cambios en el armamento137 e instituyoacute nuevos rituales138 El queronense le atri‑buye tambieacuten la promulgacioacuten de algunas leyes ndashἔθηκεhellip νόμους τινάς139 dice textualmentendash como las que hacen referencia al repudio de la esposa140

Pero llegado el liacuteder romano al zeacutenit de la gloria experimentoacute una profunda transformacioacuten en su manera de ser y adoptoacute maneras impropias vistioacute lujosos

130 Thes 358ndash365 Sobre las acciones cultuales relacionadas con el οἰκιστής ateniense cf Plaacutecido (1994) Por otra parte creemos que en la valoracioacuten plutarquea del descalabro sufrido por Teseo tiene un peso considerable la conducta poco edificante del ateniense en relacioacuten con Helena a quien eacuteste que a la sazoacuten contaba cincuenta antildeos habiacutea raptado cuando la muchacha todaviacutea no era nuacutebil (cf Thes 292 y 311‑3) En este contexto consideramos que aunque no se centra en la figura de Teseo es esclarecedora la obra de Beneker (2012) quien asimismo nos brinda datos relevantes en un trabajo posterior cf Beneker (2014) Sobre los valores morales en la obra del queronense cf Duff (1999) y Van Hoof (2010)

131 Thes 362‑3 y Cim 85‑7 En el marco de la poliacutetica ateniense de la primera mitad del siglo V a C no es en modo alguno insoacutelita la utilizacioacuten en beneficio propio de un dios o de un heacuteroe Asiacute mientras Cimoacuten opta por valerse del miacutetico Teseo Temiacutestocles se sirve de la figura de Aacutertemis cf Fau Ramos (2007) Veacutease al respecto Podlecki (1971) y Piccirilli (1987)

132 Thes 15133 Thes 22134 Rom 111‑4135 Rom 131‑8 Cf Id 201‑3 En Rom 137‑8 el queronense nos ofrece una descripcioacuten

tan idealizada como paternalista de los viacutenculos establecidos entre patroni y clientes descripcioacuten que ha sido relacionada con la que nos brinda Dionisio de Halicarnaso (210)

136 Rom 199‑10137 Rom 211138 Rom 211 y 221139 Con esta expresioacuten parece evidente que si bien Plutarco no aplica a Roacutemulo el calificativo

de νομοθέτης siacute que de facto lo tiene por tal140 Rom 223 La informacioacuten plutarquea sobre las leyes de Roacutemulo es ciertamente escueta

Para una visioacuten mucho maacutes amplia que incluye los derechos hereditarios de las mujeres la aplicacioacuten de la pena de muerte a la esposa en caso de adulterio o embriaguez las obligaciones filiales para con los progenitores y la potestad paterna sobre los hijos cf D H 225‑26

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semejante oraacuteculo lo que haciacutea el dios en realidad era exhortar a los griegos a que abandonasen las guerras frecuentasen las musas apaciguasen sus pasiones con ayuda de la razoacuten y guardasen entre siacute relaciones paciacuteficas y fecundas39

Los dos sucesos trasladan un mensaje confuso Pues hablan de los griegos no de filoacutesofos de guerras y cuestiones de justicia no de rebeliones liberadoras engloba ademaacutes la filosofiacutea en un conjunto de actividades que parece cifrar la παιδεία griega en general Pero ambos de alguna manera ofrecen una primera justificacioacuten del rechazo de Epaminondas Con ellos se pone en praacutectica la lla‑mada laquoredefinicioacutenraquo teacutecnica literaria practicada por diversos autores antiguos y frecuente en las Vidas paralelas Consiste en formular enunciados vagos y gene‑rales que a lo largo de la obra y en pasajes posteriores se concretan y alcanzan un grado mayor de individualizacioacuten40 Los dos incidentes mencionados no son ademaacutes la uacutenica prefiguracioacuten encaminada a justificar de manera previa y alusiva la inhibicioacuten de Epaminondas La misma funcioacuten cumple el diaacutelogo sobre la pobreza Epaminondas mudo en la discusioacuten demonoloacutegica central toma aquiacute la palabra para entrar en controversia con Teanor

Teanor personaje ficticio es un filoacutesofo pitagoacuterico natural de Crotona En fechas anteriores otro pitagoacuterico Lisis se habiacutea refugiado en Tebas Acogido en la casa de Polimnis padre de Cafisias y Epaminondas habiacutea llevado en esa casa pobre una vejez dichosa Teanor llega comisionado por las ricas comunidades pitagoacutericas de Italia Eacutestas quieren recompensar a Polimnis y sus hijos con una suma que aliviaraacute su pobreza Pero Epaminondas se niega a aceptar tal recom‑pensa negativa que da lugar a la controversia que mantiene con Teanor

El discurso sobre la pobreza es la uacutenica ocasioacuten en que Epaminondas rompe sustancialmente su silencio pues es el uacutenico pasaje en el que el ldquocentro ausenterdquo de la obra Epaminondas expone sus ideas de manera razonada y recurriendo a categoriacuteas filosoacuteficas Pronunciado en diaacutelogo con Teanor puede dividirse en dos secciones la primera (583D‑E) de extensioacuten breve comenta la inutilidad de las riquezas aportadas por Teanor que Polimnis y sus hijos habriacutean de emplear en cosas superfluas La segunda (584C‑585D) maacutes amplia y densa comienza con la defensa de la pobreza como ejercicio frente a aquellas pasiones (ἐπιθυμίαι) que proceden del exterior (ἐπήλυδες) y tienen como fuente las falsas opiniones (κενῶν δοξῶν) el deseo de riquezas (φιλοπλουτία) es una de esas pulsiones accesorias y superfluas como lo es tambieacuten el deseo de gloria (φιλοδοξίαν) Pos‑teriormente Epaminondas ahonda en su planteamiento como adiestramiento para el autodominio (ἐγκρατείας) la contencioacuten frente a los placeres beneficia al alma y de la misma manera beneficia a la praacutectica de la justicia el ejercicio contra

39 Gen Socr 579B‑D40 Cf Pelling (1988) 12‑13 (1990) 230

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el deseo de riquezas41 El discurso finaliza con la alabanza del hombre que sabe rehusar favores y daacutedivas de amigos y reyes incluyendo los dones de la fortuna (τύχης) tal hombre no ve alterado su juicio (οὐδὲ θορυβεῖ τὴν διάνοιαν) y es capaz de perseverar ufano y sereno en la praacutectica de la excelencia

Es de notar que los argumentos de Epaminondas no aparecen en otra obra de Plutarco dedicada especiacuteficamente a combatir la avaricia el de cupiditate di‑vitiarum (523C‑528B) Es este uno de los tratados clasificados por Ziegler bajo el roacutetulo de ldquofilosoacuteficos‑popularesrdquo y estudiados recientemente por L Van Hoof Frente a lo que sugiere su roacutetulo observa Van Hoof tales tratados tienen como destinatario a la eacutelite econoacutemica poliacutetica y social del mundo grecorromano Son por otra parte tratados de orientacioacuten fundamentalmente praacutectica Con ellos Plutarco no persigue ldquoconvertir a la filosofiacuteardquo ni lograr que sus lectores olviden sus ambiciones poliacuteticas y sociales Maacutes bien intenta ofrecerles una guiacutea que le ayude afrontar los problemas derivados de su posicioacuten dirigente La meta no es por tanto cambiar las expectativas de liderazgo o rebajar las pretensiones de poder e influencia propios y sustanciales de una clase como aquella que conforma la audiencia de los mal llamados ldquotratados filosoacutefico‑popularesrdquo Por el contrario lo que hace Plutarco es poner la filosofiacutea al servicio de sus aspiraciones42

El de cupiditate divitiarum emplea un tono admonitorio sus ideas son sen‑cillas y basadas en la experiencia o si se quiere en motivaciones prefilosoacuteficas y sus consejos no constituyen un obstaacuteculo sino una ayuda para la realizacioacuten de las ambiciones sociales que pueda albergar el lector Despliega en suma el conjunto de teacutecnicas y estrategias usuales en los tratados de ldquoeacutetica praacutectica al servicio de la eacutelite43rdquo No ocurre lo mismo con el discurso sobre la pobreza de Epaminondas Purgar el alma de las opiniones procedentes del exterior desterrar el ansia de riquezas y el deseo de gloria rehusar los favores de amigos y reyes y los dones de la fortuna son preceptos adecuados para un tipo de hombre que como Epaminondas huye de los conflictos inherentes a la lucha poliacutetica Pero es difiacutecil que con estos atributos Plutarco quiera hacer de Epaminondas un modelo para la oligarquiacutea a quien dirige sus tratados de eacutetica praacutectica Resulta significativa la posicioacuten que ocupa el discurso sobre la pobreza en el texto del de genio Una vez que concluye Epaminondas y despueacutes de que todos expresan su admiracioacuten hacia eacutel se expone una de las maacutes movidas peripecias en la que se vieron envueltos los miembros de la conjura Tras grandes sobresaltos y fuertes discusiones entre diversos implicados en la trama el asunto vino a resolverse por siacute solo e inespe‑radamente

41 El texto griego no es en este pasaje enteramente claro Quizaacutes es consecuencia de ello que frente a la lectura de los manuscritos (δικαιοσύνῃ) Russell (2010) proponga leer δικαιοσύνης

42 Van Hoof (2010) 28‑3743 Van Hoof (2010) 55‑56

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ldquoUn singular trastorno habiacutea hecho presa en nuestro aacutenimo Llenos poco antes de desazoacuten al ver nuestra empresa frustrada la presioacuten de las circunstancias y la urgencia que no consentiacutean tregua nos sumiacutea de nuevo en ansiedad y temor44rdquo

Con estas palabras describe Plutarco el estado de aacutenimo de los conjurados a raiacutez del episodio expuesto tras la discusioacuten sobre la pobreza Un estado de aacutenimo que no puede permitirse Epaminondas atento a la contencioacuten de las pasiones y la serenidad de su mente pero que es el propio de quienes participan en el complot revolucionario

El de genio se mueve seguacuten han observado diversos estudios modernos en dos planos el humano y el de los deacutemones el de la contemplacioacuten filosoacutefica y la praacutectica poliacutetica el mortal y el sobrenatural el de los que conocen y el de los que ignoran45 Y en correspondencia sus personajes se ubican en dos niveles Los unos estaacuten instalados en el mundo de la accioacuten y la peripecia son Cafisias el narrador y con eacutel todos los conjurados Otros se ubican en un plano superior el de la filosofiacutea y el contacto con las realidades transcendentes Epaminondas es la muestra maacutes clara pero el ejemplo uacuteltimo es Soacutecrates La incertidumbre el azar y el conflicto parecen preponderantes en el mundo de la accioacuten Asiacute lo indica el ruego que Arquedamo dirige a Cafisias al inicio de la obra la lucha de la virtud y la razoacuten contra las contingencias atrae por lo accidentado de su desarrollo la precariedad impliacutecita en la actuacioacuten humana y la peripecia que ello desencadena es precisamente lo que hace del acontecer histoacuterico un espectaacuteculo digno de intereacutes para el amante del honor y la belleza46 Ahora bien la manera de ver las cosas de Arquedamo se queda en la superficie de los hechos Ciertamente el relato concerniente a la liberacioacuten de la Cadmea se urde a partir de iniciativas y motivaciones humanas sin que el autor del relato Cafisias reclame expresamente la intervencioacuten divina Pero en el de genio la atmoacutesfera estaacute impregnada de un aura sobrenatural A ello contribuyen tanto las alusiones indirectas47 como la acumu‑lacioacuten de episodios y contenidos relacionados con la divinidad y el maacutes allaacute En muchas de sus obras consigna Plutarco su creencia de que el curso de la historia obedece al disentildeo de una fuerza transcendente48 El relato de la liberacioacuten de la Cadmea confirma dicha idea Pues el lector no puede eludir el pensamiento insi‑nuado por diversos procedimientos aunque no explicitado de que la ayuda divina respalda la actuacioacuten de los conjurados49 Ocurre sin embargo que ni Cafisias ni los demaacutes partiacutecipes de la conjura pueden acceder a esa visioacuten de las fuerzas

44 Gen Socr 588A45 Desideri (1984) 581 Hershbell (1988) 374‑378 Babut (1988) 384‑389 Brenk (1996)

41‑44 Georgiadou (1996) 114 Hardie (1996) 13346 Gen Socr 575B‑D47 Babut (1988) 385‑38648 Tratamiento del tema en Barigazzi (1984) y Swain (1989)49 Babut (1988) 386‑389

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sobrenaturales rectoras de los sucesos Y no acceden precisamente por estar in‑mersos en el mundo de la actuacioacuten y la peripecia Las pulsiones procedentes del exterior embargan su aacutenimo de manera que en expresioacuten de Brenk laquothey see only the apparent succession of chance occurrencesraquo50 Arquedamo tampoco tiene acceso al plano donde operan las fuerzas sobrenaturales Y evidentemente la misma ceguera afecta a esos laquoamantes del honor y la bellezaraquo ante los cuales invita a hablar a Cafisias Un puacuteblico ilustre cuya presentacioacuten hace Arquedamo subrayando su pertenencia a familias poliacuteticamente insignes51 Puacuteblico por tanto equiparable a esa eacutelite social a quien Plutarco dirige sus tratados de eacutetica praacutectica Los dos puacuteblicos el de Cafisias y el del Plutarco podriacutean identificarse con los heacuteroes que liberan la Cadmea Pero difiacutecilmente se identificariacutean con Epaminon‑das que en dos ocasiones rechaza tomar parte en la empresa52

En ambas el rechazo se justifica mediante un argumento ndashla negativa a derramar sangre de sus conciudadanos‑ que situacutea a Epaminondas a un nivel de exigencia eacutetica superior al de los conjurados53 Ahora bien la diferencia entre Epaminondas y los liberadores no radica en la eacutetica Pues al fin y al cabo ningu‑na ofensa eacutetica cabe reprochar a los protagonistas de la heroica liberacioacuten de la Cadmea Radica en el nivel Asiacute lo sugiere la discusioacuten sobre la pobreza Y asiacute lo vuelve a sentildealar el gran debate sobre el daimon de Soacutecrates que da tiacutetulo a al obra

Se debate sobre lo que Soacutecrates mismo llamaba su daimon el principio que lo guioacute a lo largo de su vida e iluminaba sus decisiones en materias inciertas e impenetrables para la inteligencia humana54 El daimon socraacutetico sugiere que Soacutecrates conociacutea de alguna manera los acontecimientos futuros algo que dos personajes del de genio acreditan55 En este sentido el debate versa sobre la adivi‑nacioacuten Las intervenciones de los diferentes personajes configuran tomadas en conjunto un extenso discurso filosoacutefico y religioso Plutarco no se alinea expresa‑mente con ninguna de las opiniones emitidas el tratamiento del tema presenta pues ese final abierto que es tan comuacuten en este autor Las cuestiones que se tocan son variadas pero todas parten de una cuestioacuten baacutesica La adivinacioacuten supone un conocimiento inalcanzable al menos en apariencia a la razoacuten humana Y el debate versa sobre coacutemo es posible acceder a ese nivel superior de inteligencia Miradas desde este punto de vista las opiniones formuladas por los distintos personajes pueden dividirse en dos grandes bloques De un lado Galaxidoro que

50 Brenk (1996) 4251 Gen Socr 575E‑F52 Gen Socr 576D‑E 594B‑C53 En la segunda ocasioacuten se antildeade un motivo maacutes conveniacutea que consumada la liberacioacuten

quedasen hombres a quienes nada pudiese reprocharse por no haber participado en la accioacuten Epaminondas se reserva este papel

54 Gen Socr 580C‑D55 Teoacutecrito (580D‑F) y Polimnis (581D‑E)

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inicia el debate propone una explicacioacuten maacutes proacutexima a los paraacutemetros raciona‑les56 en ella se ha querido ver una muestra de la llamada laquoadivinacioacuten teacutecnicaraquo (τεχνικὸς μαντική artificiosa divinatio)57 Del otro Simias Timarco y Teanor interpretan las premoniciones de Soacutecrates como un caso de comunicacioacuten direc‑ta entre el hombre y la divinidad defienden por tanto la llamada laquoadivinacioacuten naturalraquo (ἄτεχνος μαντική naturalis divinatio)58 Ya se ha dicho que Plutarco no se declara expresamente partidario de ninguna opcioacuten Pero su texto privilegia de manera indirecta los discursos de Simias Timarco y Teanor Asiacute lo sugiere un paacuterrafo del de genio que subraya el papel de Galaxidoro como mero introductor del problema59 Y asiacute lo recogen distintos estudios modernos Galaxidoro seriacutea el oponente racionalista casi siempre estoico habitual en los diaacutelogos religiosos de Plutarco su explicacioacuten se ve devaluada tanto por sus contradicciones internas como por la presencia de procedimientos textuales que rebajan su veracidad y en suma Galaxidoro y el resto de las intervenciones insertas en la seccioacuten dominada por eacutel tendriacutean como funcioacuten principal la de plantear el tema a debatir60

Las propuestas de Simias Timarco y Teanor son evidentemente distintas Actuacutea aquiacute quizaacutes el deseo de presentar el problema bajo luces diversas61 o quizaacutes el complejo planteamiento dramaacutetico que forma parte de las estrategias persuasivas de Plutarco62 Las tres sin embargo coinciden en una idea central la singularidad de aquellos hombres que como Soacutecrates pueden contactar con una realidad por encima del mundo material Para Simias el alma de la mayoriacutea de los hombres se halla embargada por el tumulto de las pasiones y la voraacutegine de las servidumbres vitales de manera que su entendimiento no puede captar las indica‑ciones de los seres superiores en el caso de Soacutecrates por el contrario su intelecto limpio y exento de pasiones (ὁ νοῦς καθαρὸς ὢν καὶ ἀπαθής) percibiacutea faacutecilmente las sentildeales enviadas por los seres divinos63 Seguacuten el mito de Timarco (expuesto por Simias) en el alma (ψυχή) conviven dos partes una inmersa en el cuerpo recibe el nombre mismo de ldquoalmardquo (ψυχή) la otra inaccesible a la corrupcioacuten se llama laquointelectoraquo (νοῦν) estaacute en el exterior del hombre y los entendidos le dan

56 Gen Socr 579F‑582C57 Corlu (1970) 49‑50 Doumlring (1984) 376 Schroumlder (2010) 161 58 Para la distincioacuten entre ambos tipos de maacutentica veacutease Cic div 111ndash12 134 172

1109ndash131 (con el comentario de Wardle (2006))59 Gen Socr 588A ζητήσεως οὐκ ἀγεννοῦς ἀλλ ἧς ὀλίγον ἔμπροσθεν οἱ περὶ Γαλαξίδωρον

καὶ Φειδόλαον ἥψαντο διαποροῦντες τίνος οὐσίας καὶ δυνάμεως εἴη τὸ Σωκράτους λεγόμενον δαιμόνιον

60 Corlu (1970) 19‑20 y 51‑52 Hani (1980) 53 Doumlring (1984) 376‑377 Schroumlder (2010) 161‑162 Donini (2011) 415‑416

61 Sobre el reparto de papeles filosoacuteficos que aquiacute parece efectuar Plutarco veacutease Donini (2011) 412‑419 (2011 [2004]) 442‑443

62 Veacutease Van Hoof (2010) 67‑68 a propoacutesito de determinados laquotratados de eacutetica praacutecticaraquo63 Gen Socr 588D‑E

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el nombre de daimon64 La parte irracional e inmersa en el cuerpo se halla sujeta a la racional e incorruptible Si la sujecioacuten es deacutebil el alma se dejaraacute doblegar por las pasiones soacutelo cuando se fortalece gracias a la educacioacuten aparece el alma capaz de percibir con prontitud las indicaciones de su daimon Algunos hombres sin embargo estaacuten especialmente dotados de suerte que en ellos predomina de forma innata la obediencia a la razoacuten y a su daimon A ellos estaacute reservada la capacidad de percibir la llamada divina65 Teanor afirma que las almas libres de lazos con el cuerpo se convierten en daacuteimones Tales daacuteimones guiacutean los asuntos del hombre Pero no todos los hombres reciben su atencioacuten pues se desentienden de cuantos estaacuten inmersos en los avatares del acontecer soacutelo aquellos que tras mil esfuerzos ascienden a una esfera elevada son recompensados con la ayuda del daimon66

Las tres intervenciones explican las dotes excepcionales de Soacutecrates mediante la existencia de hombres excepcionales Y en las tres esa excepcionalidad requiere una especial disposicioacuten del alma La liberacioacuten de las pasiones y el alejamiento del traacutefago iacutensito en el mundo humano se presentan como condicioacuten necesaria para que haya un Soacutecrates Paradigma del filoacutesofo Soacutecrates es tambieacuten el modelo de Epaminondas El discurso sobre la pobreza al mostrar coacutemo Epaminondas limpia su alma de pasiones e impulsos procedentes del mundo exterior acredita su condicioacuten de filoacutesofo Asiacute se reconoce cuando termina dicho discurso por boca de Simias67

laquoGran hombre grande es Epaminondas y responsable de ello es el aquiacute pre‑sente Polimnis que ha criado a sus hijos desde temprano en la mejor filosofiacutearaquo

Epaminondas tambieacuten es consecuente con su condicioacuten de filoacutesofo cuando rehuacutesa someter su alma al torbellino del acontecer humano y las pasiones aso‑ciadas esto es cuando se niega a participar en la conjura El filoacutesofo parece ser la conclusioacuten no debe participar al menos de manera directa en el torbellino de la vida poliacutetica

El Epaminondas del de genio es una creacioacuten histoacutericamente discutible68 Ciertamente su no participacioacuten en la liberacioacuten de la Cadmea y su formacioacuten filosoacutefica estaacuten suficientemente documentadas Pero Epaminondas es conocido ante todo por su dimensioacuten poliacutetica que aquiacute relega Plutarco para subrayar su

64 Gen Socr 591E65 Gen Socr 592A‑E66 Gen Socr 593D‑594A67 Gen Socr 585D68 Ya Von Stern (1884) 55‑57 sentildealoacute las debilidades del relato que ofrece Plutarco en el

de genio Los estudios posteriores (veacutease por ejemplo Corlu [1970] 19‑20 Barigazzi [1988] 414‑424Georgiadou [1996]) han insistido en el Epaminondas del de genio presenta una factura obediente sobre todo a razones compositivas y de disentildeo

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calidad de filoacutesofo Asiacute construida la figura de Epaminondas traslada un mensaje ndashla no implicacioacuten directa del filoacutesofo en las luchas poliacuteticas‑ que puede tener calado teoacuterico pero tambieacuten sirve a Plutarco para trasladar su posicionamiento ante cuestiones concernientes a su propia persona y al horizonte cultural de su eacutepoca Comparado a otros contemporaacuteneos que por condicioacuten social e incluso actividad literaria estaban a su mismo nivel Plutarco no protagonizoacute una carrera poliacutetica particularmente brillante69 Asumioacute en cambio el papel de consejero y guiacutea de la eacutelite La autoridad necesaria para ello se la confiere la filosofiacutea Pues Plutarco se presenta a siacute mismo como filoacutesofo La exaltacioacuten de Epaminondas es una exaltacioacuten de su propia identidad como filoacutesofo y mentor Epaminondas se mueve a una altura la de la filosofiacutea superior a la de sus afines y compantildeeros los conjurados Esta altura le prohiacutebe descender al plano de la accioacuten directa descenso que contaminariacutea su alma con pulsiones sobrevenidas pero tambieacuten le permite acceder a una realidad inalcanzable para sus compantildeeros Epaminondas eleva asiacute la posicioacuten del filoacutesofo y justifica incluso hace ineludible su alejamiento de la lucha poliacutetica Gracias a ello lo que podriacutea ser una debilidad del propio Plutarco la falta de una carrera puacuteblica brillante se transforma en una eleccioacuten deliberada y necesaria

Tal mensaje adquiere maacutes fuerza si se lo contempla sobre el transfondo cultural de la eacutepoca El auge de las composiciones de exitu illustrium virorum corre en paralelo a la admiracioacuten hacia el filoacutesofo que se enfrenta al poder y sufre castigo por ello Ya se ha dicho que el fenoacutemeno acreditado en diversas fuentes contemporaacuteneas a Plutarco fue propiciado particularmente por el final del rei‑nado de Diocleciano y que el modelo uacuteltimo del filoacutesofo‑maacutertir es Soacutecrates En este contexto adquiere un significado especial la exaltacioacuten del ldquoSoacutecrates tebanordquo Epaminondas Epaminondas se aleja del conflicto puacuteblico para cuidar su alma se distingue por su silencio y pese a ello constituye el ldquocentro ausenterdquo del de genio una composicioacuten articulada en torno a un conflicto civil la liberacioacuten de la Cadmea No resulta inverosiacutemil ver en todos estos datos una respuesta de Plu‑tarco ante el fenoacutemeno del ldquofiloacutesofo‑maacutertir poliacuteticordquo y la admiracioacuten aglutinada en torno a esa figura Respuesta que reivindica rotundamente el papel asumido por el propio Plutarco de filoacutesofo mentor del poliacutetico pero fuera eacutel mismo del traacutefago de la poliacutetica

69 Veacuteanse las observaciones y referencias que ofrece al respecto Van Hoof (2010) 66‑67

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A Esparta de Plutarco entre a guerra e as artes

de um seguidor das leis de Licurgo Nesse sentido Plutarco diz que o dinheiro e o ouro deveriam ser mandados embora de Esparta porque eles eram flagelos importados que despertavam a cobiccedila e promoviam a degeneraccedilatildeo dos costumes (c 17) Desse ponto de vista Lisandro prejudicou Esparta justamente porque promoveu seu enriquecimento e contribuiu para a dissoluccedilatildeo da frugalidade e da simplicidade que caracterizavam o cotidiano dos lacocircnios antes das vitoacuterias espartanas na Guerra do Peloponeso6

Na Vida de Agesilau Plutarco nos conta que o biografado foi o segundo filho de Arquidamo (o primeiro tinha sido Aacutegis) e que por isso ele natildeo seria o herdeiro direto do trono de Esparta De qualquer modo Agesilau foi educado de acordo com a agoge lacedemocircnia e nosso autor faz questatildeo de frisar que em decorrecircncia disso o liacuteder espartano sempre respeitou e praticou as leis de sua cidade (c 1) Mesmo apresentando uma pequena diferenccedila de tamanho de uma perna para a outra ele tinha outras qualidades espartanas como a honestidade a mansidatildeo e a beleza fiacutesica (c 2) Sua formaccedilatildeo foi tatildeo bem sucedida que diferente de Alexandre o grande e de Haniacutebal Agesilau foi um general que conquistou importantes vitoacuterias e mesmo assim nunca deixou de obedecer agraves leis espartanas (c 15) Mesmo depois de tornar‑se um lendaacuterio vencedor ele voltou a Esparta e continuou o mesmo homem de antes sem apresentar nenhuma novidade no seu comportamento diferente de outros estrategos quando voltavam de longas expediccedilotildees a terras estrangeiras (c 19)

Plutarco nos conta que Lisandro ndashque dizem ter sido amante de Agesilau na juventude (c 2)ndash pretendia introduzir muitas inovaccedilotildees e mudanccedilas no governo da Lacocircnia (c 20) Embora outros liacutederes de Esparta como Antaacutelcidas tenham feito acordos com os Persas e tenham abandonado laquocovarde e maldosamenteraquo os gregos da Aacutesia sob o domiacutenio dos baacuterbaros como nos diz Plutarco (c 23) Agesilau sempre foi um defensor da justiccedila Entre os capiacutetulos 29 e 30 da Vida de Agesilau nosso autor nos conta que os espartanos que perderam parentes na bata‑lha de Leuctra (em 371 a C) se alegraram e os que natildeo perderam ficaram tristes De certa forma eles responsabilizaram Agesilau pela derrota e lamentaram ter aceito um rei coxo Contudo Agesilau tinha boa reputaccedilatildeo e era muito virtuoso Prova disso eacute que sem promover nenhuma inovaccedilatildeo ele disse que era preciso fazer as leis dormirem para que retomassem a autoridade que tiveram no passado

Entretanto Plutarco natildeo faz apenas elogios a Agesilau Cartledge (1987 418) observa que ele faz criacuteticas a Agesilau por causa de sua ingratidatildeo em relaccedilatildeo a Lisandro (c 8) e condena seu comportamento porque ele teria hon‑rado mais os amigos do que a justiccedila (c 13 ver tambeacutem Moralia 807d) Aleacutem disso Plutarco via uma relaccedilatildeo direta entre a decadecircncia de Esparta e a ascenccedilatildeo

6 Sobre isso ver Duff (2002) 161‑204 e a introduccedilatildeo de Flaceliegravere e Chambry em Plutarque (1971) 158‑173

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ilegiacutetima de Agesilau ao trono (c 21) Poreacutem no geral nosso autor eacute tatildeo favoraacutevel e simpaacutetico a Agesilau quanto Xenofonte que tambeacutem escreveu uma biografia do rei espartano a qual certamente serviu de base para a Vida composta pelo poliacutemata de Queroneia Segundo Cartledge (1987 418) para Plutarco Agesilau foi a encarnaccedilatildeo das virtudes peculiarmente espartanas simplicidade piedade e autocontrole7

Depois na Vida de Aacutegis e na Vida de Cleocircmenes Plutarco narra os uacuteltimos momentos da histoacuteria da Esparta independente ou seja o ponto mais baixo da decadecircncia daquela cidade Os reis Aacutegis e Cleocircmenes que reinaram no seacuteculo III a C tentaram restaurar os antigos valores dos tempos de Licurgo Eles tinham os dons naturais para levar essa tarefa a cabo Aacutegis tinha grandeza de alma e se insurgia contra os prazeres desde antes dos vinte anos (c 4) natildeo gostava de rou‑pas luxuosas e baniu toda suntuosidade para aderir aos antigos haacutebitos lacocircnios caracterizados pela simplicidade de vida Mas seu exemplo e sua energia natildeo foram suficientes para restaurar os costumes tradicionais e ele foi assassinado ainda muito jovem (cc 19‑21) Aquela Esparta incorrupta e valorosa dos tempos de Licurgo dava seus uacuteltimos suspiros

Cleocircmenes natildeo era parente de Aacutegis mas foi obrigado a se casar com a vi‑uacuteva do rei assassinado ou seja Agiaacutetis Segundo Plutarco (c 1) Cleocircmenes era ambicioso e tinha grandeza de alma Era temperante e simples como Aacutegis Ele tambeacutem quiz restaurar os antigos costumes espartanos (c 11) Primeiro depois de longa disputa poliacutetica abriu matildeo de seus bens Depois distribuiu as terras entre os cidadatildeos Restabeleceu a educaccedilatildeo dos jovens e a disciplina espartana Ele proacuteprio levou uma vida simples e frugal para dar o exemplo aos outros la‑cedemocircnios sem insolecircncia nem orgulho excessivo ou seja como um modelo de temperanccedila (c 13) Mesmo quando perdeu sua esposa Agiaacutetis por quem se enamorara verdadeiramente Cleocircmenes manteve a firmeza e seu caraacuteter elevado e tomou as providecircncias necessaacuterias para garantir a seguranccedila de seus soldados e aliados (c 22) Depois de reinar por dezesseis anos Cleocircmenes morreu (cc 37‑38) e assim terminou a histoacuteria de Esparta como cidade politicamente autocircnoma

Ateacute aqui vimos que podemos encontrar nas Vidas dos liacutederes espartanos escritas por Plutarco aquela imagem caracterizada por um conjunto de valores que parecem ter ganhado forccedila numa eacutepoca lendaacuteria e foram se enfraquecendo conforme o tempo foi passando e Esparta foi estendendo seu poder para fora da Lacedemocircnia Nesse quadro vemos uma cidade altamente militarizada de guerreiros corajosos disciplinados e afeitos a uma vida sem luxos e sem confortos Isso poderia indicar que os espartanos eram um povo rude pouco sofisticado e fechado para as artes

7 Cf tambeacutem a introduccedilatildeo de Flaceliegravere e Chambry em Plutarque (1973) 85‑88 e Shipley (1998) 1‑46

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Poreacutem vaacuterias fontes arqueoloacutegicas vasculares e mesmo literaacuterias nos mostram o contraacuterio Apesar de Tuciacutedides (1102) ter dito que os edifiacutecios em Esparta eram modestos e natildeo correspondiam ao tamanho do poder militar e poliacutetico da cidade dos lacedemocircnios em seu apogeu a avaliaccedilatildeo dos monumentos arquitetocircnicos espartanos precisa ser feita com cuidado Eacute preciso lembrar que Esparta natildeo foi destruiacuteda nas Guerras Meacutedicas como Atenas foi A capital da Aacutetica foi reconstruiacuteda e uma grande soma de dinheiro afluiu para ela por causa das contribuiccedilotildees dos aliados da Liga de Delos Isso natildeo aconteceu com a princi‑pal cidade da Lacocircnia Desse modo nela foram conservados edifiacutecios antigos do seacuteculo VI a C que apresentavam outro estilo de construccedilatildeo mais arcaizante do que claacutessico Dependendo do ponto de vista um estilo pode ser mais valorizado do que o outro

De qualquer modo Pausacircnias (3113) viajante do seacuteculo II d C que fez uma descriccedilatildeo de vaacuterias cidades da Greacutecia daquela eacutepoca nos informa que havia em Esparta vaacuterios monumentos que despertavam a admiraccedilatildeo daqueles que por ali passavam tal como o Poacutertico Persa construiacutedo inicialmente com o butim amealhado na guerra contra os persas Outros exemplos de edifiacutecios que nos uacuteltimos anos vecircm sendo estudados satildeo o templo de Apolo em Amiclas o templo de Aacutertemis Oacutertia e o Menelaion onde eram cultuados Menelau e Helena8

Cartledge (2002 111) nos informa que depois de 690 a C pintores de vasos da Lacocircnia sofreram influecircncia de artistas do Egeu e adotaram o chamado estilo lsquoorientalizantersquo o que mostra que na praacutetica Esparta natildeo estava isolada do resto do mundo helecircnico Ainda segundo Cartledge nessa eacutepoca artesatildeos lacocircnios que trabalhavam com bronze comeccedilaram a se interessar pela representaccedilatildeo de figuras humanas em suas obras e por volta de 650 a C comeccedilou a se desenvolver na regiatildeo de Esparta o uso do marfim para produccedilatildeo de objetos gravados Vemos entatildeo que o ambiente artiacutestico na Lacedemocircnia entre 775 e 650 a C natildeo era de modo algum esteacuteril ou sem importacircncia9

Como Burn (1960 275‑276) explica Esparta natildeo virou suas costas para a arte e a poesia Prova disso eacute que vasos com detalhes refinados foram fabricados ali e exportados para outras regiotildees da Heacutelade ateacute 550 a C mais ou menos Por volta de 600 a C Gitiadas poeta escultor e arquiteto projetou o Templo de Atena tambeacutem conhecido como Casa de Bronze por causa das placas feitas com esse metal para decorar o edifiacutecio E em 585 a C o segundo templo de Oacutertia foi construiacutedo Ou seja havia artesatildeos trabalhando em Esparta no periacuteodo arcaico que produziram obras dignas de admiraccedilatildeo10

8 Para mais informaccedilotildees sobre a arqueologia e a arquitetura espartanas ver Walker (1998) Kaltsas (2007) e Cavanagh (2009)

9 Sobre isso ver tambeacutem Burn (1960) 180‑184 e Stibbe (1996) passim10 Ver tambeacutem Burn (1960) 280‑282 e Cartledge (2002) 133‑136

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No que diz respeito agrave muacutesica Plutarco nos daacute significativos testemunhos da sua importacircncia em ambiente espartano tanto nas Vidas quanto nos Moralia Na Vida de Licurgo no c 4 por exemplo encontramos a informaccedilatildeo segundo a qual o legislador lendaacuterio teria convidado um poeta‑legislador de Creta para ir a Esparta com ele Esse poeta se chamava Tales Mas talvez tenha havido alguma confusatildeo na tradiccedilatildeo manuscrita e esse Tales poderia ser o Taletas de Gortina mencionado algumas vezes no livro Sobre a Muacutesica tambeacutem de Plutarco Ele teria sido o responsaacutevel por curar os espartanos de uma peste com o seu canto11 Aleacutem disso no mesmo c 4 nos eacute dito que Licurgo teria sido o responsaacutevel por levar os poemas de Homero da Jocircnia para sua cidade

Depois no c 21 da mesma Vida Plutarco nos diz que os lacedemocircnios apreciavam se dedicar agrave poesia meacutelica porque as canccedilotildees estimulavam seus espiacuteritos e lhes davam coragem para enfrentar os inimigos nas batalhas Seu estilo era simples e seus temas eram seacuterios com o objetivo de promover uma boa formaccedilatildeo dos caraacuteteres Nelas eram louvados os heroacuteis de Esparta e condenados os covardes que natildeo lutaram ateacute o fim para defender sua cidade Nos festivais eram organizados trecircs coros de acordo com as idades um de velhos outro de adultos e outro de jovens Cada um cantava sobre a sua bravura uns falavam dos seus feitos no passado os outros tratavam das suas accedilotildees no presente e os uacuteltimos cantavam sobre o seu desejo de realizar grandes proezas no futuro Esses seriam os temas baacutesicos das canccedilotildees em Esparta e por isso segundo Plutarco Terpandro e Piacutendaro estavam corretos ao associar bravura e muacutesica e ao mostrar que os espartanos eram o povo mais aguerrido e mais musical

Por isso natildeo era por acaso que os jovens cantavam o nomo de Caacutestor e o peatilde da marcha (c 22) e em todo lugar havia danccedilas festas e banquetes quando natildeo havia expediccedilotildees militares (c 24) Contudo o gosto pela boa muacutesica e pela boa poesia natildeo era caracteriacutestico de todos os habitantes da Lacocircnia tendo em vista que os hilotas danccedilavam e cantavam canccedilotildees vulgares e grotescas diferentes das composiccedilotildees de Aacutelcman Terpandro e Especircndon (c 28) Isso na verdade estava associado ao fato de eles serem escravos e por isso era compreensiacutevel que eles apreciassem canccedilotildees vis como eles proacuteprios

Na Vida de Lisandro encontramos algumas informaccedilotildees que reforccedilam a impressatildeo de que os espartanos tinham sim grande sensibilidade para a muacutesica No c 15 ficamos sabendo que os lacocircnios depois de conquistar Atenas em 404 a C queriam destruir aquela cidade mas apoacutes ouvir um coro da Electra de Euriacutepides desistiram Em seguida no c 18 Plutarco nos conta que Lisandro estava sempre acompanhado do poeta Queacuterilo encarregado de celebrar os feitos do general E outros poetas tambeacutem celebraram Lisandro segundo nosso autor

11 Ver Plu Mus 42 (1146B‑C) e Gostoli (1990) 12‑13 e

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Na Vida de Agesilau c 14 lemos que os espartanos apreciavam uma parte da poesia de Timoacuteteo de Mileto poeta que teria tido algumas cordas de sua ciacutetara cortadas quando de uma sua visita a Esparta porque os eacuteforos julgavam que natildeo seriam necessaacuterias mais do que sete cordas e o instrumento do poeta tinha onze12 Essa anedota indica que os lacocircnios natildeo apreciavam inovaccedilotildees Poreacutem a informaccedilatildeo do c 14 da Vida de Agesilau mostra que eles poderiam aceitar pelo menos uma parte da obra de um poeta inovador desde que essa parte se adequas‑se ao gosto e agraves tradiccedilotildees do local Tambeacutem nessa mesma Vida c 21 Plutarco nos diz que o rei Agesilau apreciava os cantos e as danccedilas mesmo natildeo sendo um lsquoespecialistarsquo nas artes

Por fim na Vida de Aacutegis c 10 encontramos um elogio a Terpandro a Ta‑les (Taletas) e a Fereacutecides porque mesmo sendo estrangeiros professavam o que Licurgo instituiu e por isso foram muito honrados em Esparta Na Vida de Cleocircmenes c 2 somos informados que o rei Leocircnidas elogiou Tirteu algo facilmente compreensiacutevel tendo em vista o caraacuteter estimulante e guerreiro das elegias daquele poeta Aleacutem disso nessa mesma Vida citada por uacuteltimo c 12 Plutarco nos conta que Cleocircmenes certa vez teria encontrado alguns artistas de Dioniso muacutesicos e atores profissionais que iam de cidade em cidade para se apresentar e construiu um teatro Isso mostra que esse rei estimulou de alguma maneira as atividades artiacutesticas mesmo que ele natildeo tivesse o costume de levar artistas com seu exeacutercito de acordo com Plutarco e nem apreciasse apresentaccedilotildees musicais nos seus banquetes (c 13)

Tudo isso mostra que Esparta era uma cidade onde a muacutesica tinha um papel importe na educaccedilatildeo e na guerra e que os lacocircnios natildeo eram um povo obtuso e indiferente ao poder das melodias De acordo com Plutarco tendo em vista agora algumas passagens dos Moralia os espartanos passavam por treinamento rigoroso no que diz respeito agrave muacutesica e agrave poesia e suas canccedilotildees estimulavam os espiacuteritos e faziam com que os homens se sentissem entusiasmados e se esfor‑ccedilassem para ser bem sucedidos Em vaacuterias passagens das suas Obras Morais ele elogia o estilo da muacutesica deles porque ela era simples e natildeo afetada e seus temas eram seacuterios e edificantes Se algueacutem estudasse a poesia e as canccedilotildees de marcha de Esparta acompanhadas pelo aulo essa pessoa concordaria que Terpandro e Piacutendaro estavam certos ao associar valor (andreia) e muacutesica Como vimos acima nos trechos citados das Vidas Plutarco tambeacutem diz que os Espartanos eram o povo ao mesmo tempo mais musical (mousikotatous) e o mais afeito agrave guerra (polemikotatous)13

No livro sobre os Antigos Costumes dos Espartanos Plutarco tambeacutem elogia os ritmos das canccedilotildees de marcha (embaterioi rhythmoi) porque eles despertavam

12 Ver Plu Agis 1013 Cf Lyc 211‑4

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a coragem a audaacutecia e o desdeacutem pela morte requisitos indispensaacuteveis para o guerreiro valoroso Os espartanos usavam esses ritmos para danccedilar mas tambeacutem quando avanccedilavam contra os inimigos ao som do aulo Plutarco lembra que Li‑curgo associava o amor pela muacutesica agrave praacutetica militar para que o espiacuterito guerreiro combinado com a melodia tivesse concordacircncia e harmonia (symphonia kai har‑monia) Por isso em tempos de guerra os reis espartanos ofereciam sacrifiacutecios agraves Musas antes de ir para a batalha como Plutarco nos conta nos Instituta Laconica 16 (238B‑C)

E para manter a pureza da sua muacutesica e dos seus costumes os espartanos agraves vezes recorriam a atos violentos Como Plutarco reporta nos Instituta Laconica 17 (238C‑D) eles natildeo permitiriam que ningueacutem desrespeitasse de modo algum as regras da muacutesica do passado Nem mesmo Terpandro um dos mais antigos e melhores citaredos (aqueles que cantavam acompanhados da ciacutetara ou da lira) teria a permissatildeo para acrescentar uma corda extra ao seu instrumento para que suas melodias fossem mais variadas Ele tentou fazer isso mas os eacuteforos pregaram sua lira numa parede por causa do seu ato iacutempio contraacuterio agrave tradiccedilatildeo Em outra ocasiatildeo um dos eacuteforos teria procedido com mais violecircncia quando Timoacuteteo o famoso muacutesico inovador que floresceu na segunda metade do seacuteculo V a C estava competindo no festival das Carneias ele pegou uma faca e perguntou ao muacutesico de que lado ele deveria cortar as cordas supeacuterfluas cujo nuacutemero ultra‑passava o tradicional de sete cordas Outras variantes dessa histoacuteria satildeo contadas por Plutarco em outros textos mas nessas outras passagens Friacutenis outro muacutesico inovador da segunda metade do seacuteculo V a C eacute o protagonista14

Mas para aleacutem da sua importacircncia na educaccedilatildeo e nos contextos de bata‑lha a muacutesica tinha grande significado tambeacutem nas momentos das celebraccedilotildees religiosas Dentre as festividades religiosas realizadas na Lacedemocircnia uma das mais importantes era a das Carneias realizada em Esparta e intimamente ligada agrave histoacuteria de Terpandro As origens desse festival eram muito antigas anteriores ao seacuteculo VIII a C tendo em vista que no seacuteculo VII os colonizadores espartanos da cidade italiana de Tarento jaacute tinham o costume de celebraacute‑la15 As Carneias eram dedicadas ao deus Apolo Carneu Em Esparta havia concursos musicais e atleacuteti‑cos uma corrida de jovens e um banquete ritual que contava com a participaccedilatildeo dos homens adultos que representavam as fratrias O festival era organizado por cidadatildeos solteiros e era o momento adequado para que os jovens que jaacute haviam completado seu periacuteodo de formaccedilatildeo ingressassem na vida adulta16

O que nos interessa aqui eacute o papel que a muacutesica desempenhava no contexto dessas festividades Um elemento importante nesses momentos de comemoraccedilatildeo

14 Cf Prof virt 84A Apophth Lac 220C e Agis 107 jaacute citada na nota 9 Cf Rocha (2008) 654‑655

15 Brelich (1969) 181‑18216 Brelich (1969) 149‑150

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eram os concursos A realizaccedilatildeo de concursos musicais no acircmbito do festival das Carneias natildeo teria acontecido desde o iniacutecio A introduccedilatildeo de agones provavel‑mente ocorreu quando Terpandro migrou de Metimna (Lesbos) para Esparta na primeira metade do seacuteculo VII a C Nesse contexto eacute importante considerar o testemunho de Helacircnico17 segundo o qual Terpandro teria sido o primeiro a vencer o concurso musical nas Carneias Esse fato parece estar diretamente relacionado agrave fundaccedilatildeo da primeira escola musical (katastasis) em Esparta por obra do mesmo Terpandro Segundo Brelich (1969 186‑191) eacute muito provaacutevel que a introduccedilatildeo do concurso musical nas Carneias tenha sido influenciada pela proacutepria katastasis18 Essa hipoacutetese ganha forccedila se consideramos o capiacutetulo 9 do tratado Sobre a Muacutesica como um todo Ali Plutarco fala da primeira katastasis fundada por Terpandro e menciona tambeacutem a segunda katastasis liderada por Taletas de Gortina Xenoacutedamo de Citera Xenoacutecrito de Locres Polimnesto de Coacutelofon e Saacutecadas de Argos muacutesicos que teriam instituiacutedo as Gimnopeacutedias em Esparta as Apodeixeis na Arcaacutedia e as Endimaacutetias em Argos Jaacute que os membros da segunda escola musical foram fundadores de festivais19 em diferentes cidades do Peloponeso Terpandro tambeacutem pode ter desempenhado o mesmo papel no contexto das Carneias

No que diz respeito agraves Gimnopeacutedias contudo encontramos uma situaccedilatildeo diferente Possuiacutemos uma grande variedade de informaccedilotildees sobre esse festival que inclusive muitas vezes satildeo contraditoacuterias Mas tratando apenas daquilo que nos interessa aqui sabemos que no periacuteodo das festividades aconteciam apresentaccedilotildees de coros de adolescentes e adultos instituiacutedos em honra a Apolo que cantavam hinos compostos por poetas como Taletas Aacutelcman e Dionisodoto Depois da batalha de Tireia em 544 aC na qual Esparta lutou contra Argos pela posse da Tireaacutetida tornou‑se costumeiro cantar um peatilde em honra dos soldados que morreram naquela ocasiatildeo Por causa desse elemento ritual e da comparaccedilatildeo com as Apodeixeis e as Endimaacutetias as Gimnopeacutedias foram consideradas festas que indicavam o momento no qual os jovens receacutem‑iniciados eram integrados agrave vida militar20

Tendo tudo isso em vista podemos concluir que eacute preciso colocar a miragem espartana em perspectiva Esparta natildeo era tatildeo lsquoespartanarsquo assim e natildeo foi sempre lsquoespartanarsquo Havia espaccedilo naquela cidade para o cultivo das artes tais como a arquitetura a escultura a pintura vascular a muacutesica (que incluiacutea a poesia) e a danccedila Nela floresceram poetas como Aacutelcman Terpandro e Tirteu Nela surgiram escolas poeacuteticomusicais Nela viveram poetas estrangeiros tais como Taletas de

17 FGrHist 4 F 85 = Ateneu 635e = Terpander Test 1 Gostoli18 Cf tambeacutem Gostoli (1990) 84‑8519 Mais do que fundadores de festivais eacute mais verossiacutemil pensar que esses autores foram os

responsaacuteveis pela introduccedilatildeo dos concursos musicais como parte das celebraccedilotildees 20 Cf Gostoli (1990) 85‑86

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Gortina (Creta) e Saacutecadas de Argos E sendo assim houve um ambiente feacutertil e favoraacutevel para o desenvolvimento e o cultivo de atividades artiacutesticas Os esparta‑nos foram sim grandes guerreiros que contribuiacuteram decisivamente para a vitoacuteria dos helenos sobre os persas Eles cultivaram sim suas habilidades guerreiras a ponto de derrotar os atenienses na Guerra do Peloponeso Poreacutem Esparta natildeo foi somente uma comunidade de soldados que dedicavam suas vidas somente agrave guerra Esparta foi tambeacutem uma cidade onde as pessoas cantavam danccedilavam e apreciavam a beleza dos edifiacutecios e dos objetos do cotidiano Eacute preciso reconhecer isso e na obra de Plutarco jaacute encontramos essa imagem multifacetada dessa cul‑tura Basta direcionar os olhos para outras direccedilotildees

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Index nominum

Timoacuteteo 167‑168 178 183Timoacutexena 195Tindaacuteridas 63Tireaacutetida 169Tireia 169Tireacutesias 236Tirteu 167 169 221Titatildes 245Trajano 121Trezena 31 32‑35 38 Tricoacuterito 39Troia 81 124Tuciacutedides 122 160 181Ulisses 81 192Valeacuterio (vd Puacuteblio Valeacuterio)Vestais 58 204Viacutenio 200Xantipo 191 201Xenoacutecrito 169Xenoacutedamo 169Xenofonte 160 164Zaleuco 88Zeus 36 40‑41 220 226 243

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Index nominum

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Notas biograacuteficas dos autores

Aacutelia Rodrigues eacute doutorada em Estudos Claacutessicos (Literatura Grega) e inves‑tigadora do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse satildeo a histoacuteria das ideias poliacuteticas desde os Gregos ateacute agrave modernidade histoacuteria legal e a recepccedilatildeo de temas claacutessicos na contemporaneidade

Ana Ferreira eacute Professora Auxiliar do Departamento de Estudos Portugueses e Ro‑macircnicos da Faculdade de Letras da Universidade do Porto e investigadora do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a histoacuteria antiga a literatura greco‑romana bem como a didaacutectica das liacutenguas claacutessicas

Delfim F Leatildeo eacute Professor Catedraacutetico da Instituto de Estudos Claacutessicos e investiga‑dor do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a histoacuteria antiga o direito e a teorizaccedilatildeo poliacutetica dos Gregos a pragmaacutetica teatral e a escrita romanesca antiga

Faacutebio Vergara Cerqueira eacute Professor Adjunto do Instituto de Ciecircncias Humanas da Universidade Federal de Pelotas pesquisador PQ‑2 do CNPq Professor Visitante na Universidade de Heidelberg Bolsista Fundaccedilatildeo Humboldt ldquoPesquisador Experienterdquo Principais aacutereas de interesse satildeo histoacuteria e arqueologia da Greacutecia antiga e sua recepccedilatildeo enfocando muacutesica iconografia ceramologia gecircnero memoacuteria social identidade e patrimocircnio cultural

Guillermina Gonzaacutelez Almenara es Profesor Contratado Doctor Tipo 1 vinculada con el Aacuterea de Filologiacutea Griega del Departamento de Filologiacutea Claacutesica Francesa Aacuterabe y Romaacutenica de la Universidad de La Laguna Sus principales liacuteneas de investi‑gacioacuten son la mujer y el aacutembito femenino en la Grecia antigua Historiografiacutea griega Historia y civilizacioacuten de la Grecia antigua

Ivana S Chialva es Doctora en Letras Investigadora Asistente del Conicet y Profesora de Griego y Literaturas griega y latina de la Facultad de Humanidades y Ciencias de la Universidad Nacional del Litoral (Santa Fe Argentina) Sus tra‑bajos sobre el mundo antiguo se focalizan en la relacioacuten entre primera y segunda sofiacutestica y en la influencia de este uacuteltimo fenoacutemeno en la prosa narrativa griega de eacutepoca imperial especialmente la retoacuterica la biografiacutea y la novela en sus diferentes formas

Jesuacutes-Mordf Nieto Ibaacutentildeez es Catedraacutetico de Filologiacutea Griega de la Universidad de Leoacuten Sus liacuteneas de investigacioacuten son la literatura judiacutea en lengua griega los primeros textos cristianos el Humanismo y la Tradicioacuten claacutesica Actualmente dirige un Proyecto de

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investigacioacuten sobre el Humanismo la Tradicioacuten claacutesica y patriacutestica y la exeacutegesis biacuteblica en los siglos XVI y XVII

Joaquim Pinheiro eacute Professor Auxiliar da Universidade da Madeira e investigador do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a biografia antiga a Segunda Sofiacutestica a retoacuterica claacutessica e o pensamento poliacutetico dos Gregos

Joseacute M Candau es Catedraacutetico de Filologiacutea Griega en la Universidad de Sevilla Sus principales aacutereas de investigacioacuten son la historiografiacutea griega y Plutarco

Loraine Oliveira eacute professora de Filosofia da Universidade de Brasiacutelia Publicou o livro Plotino escultor de mitos pela Imprensa da Universidade de CoimbraAnnablume em 2014 Vem se dedicando principalmente a estudar os mitos em Plotino Plutarco e Porfiacuterio assim como o vegetarianismo em Plutarco e Porfiacuterio

Maria Aparecida de Oliveira Silva eacute professora visitante do Programa de Poacutes‑Gradu‑accedilatildeo em Letras Claacutessicas da Universidade de Satildeo Paulo e Professora Pesquisadora do Programa de Poacutes‑Graduaccedilatildeo em Histoacuteria da Universidade Federal de Satildeo Paulo Liacuteder do Grupo CNPq LABHAN Laboratoacuterio de Histoacuteria Antiga da Universidade Federal do Amapaacute Pesquisadora do Grupo CNPq Linceu ‑ Visotildees da Antiguidade Claacutessica da Universidade Estadual Paulista Pesquisadora do Grupo Retoacuterica Texto y Comunicacioacuten da Universidad de Caacutediz Membro do Conselho Acadecircmico do Seminaacuterio de Histoacuteria e Filosofia das Religiotildees da Universidad Autoacutenoma de Ciudad Juaacuterez mdash Meacutexico Pesquisa e publica trabalhos sobre Esparta Plutarco e biografia antiga

M Teresa Fau Ramos es Profesora Titular del Departament de Filologia Grega de la Universitat de Barcelona y miembro del Grup de Recerca Graecia Capta que investiga la pervivencia de la identidad griega bajo el imperio romano Sus principales aacutereas de intereacutes cientiacutefico son la historia e instituciones de la Grecia claacutesica y post‑claacutesica la religioacuten helena (paganismo) y diversos aspectos del cristianismo primitivo

Pilar Goacutemez Cardoacute es profesora titular de Filologiacutea Griega en la Universidad de Barcelona donde imparte docencia e investiga desde 1981 Doctora en Filologiacutea Claacutesica desde 1987 con una tesis sobre la tradicioacuten yaacutembica y la faacutebula (La Vida drsquoIsop entre el iambe la faula i la novella) es autora de numerosos artiacuteculos y capiacutetulos de libros sobre la literatura griega de eacutepoca imperial romana en especial sobre Segunda Sofiacutestica y novela ha estudiado principalmente autores como Luciano en cuya edicioacuten y traduccioacuten al castellano para la coleccioacuten Alma Mater participa Plutarco Dioacuten de Prusa o Elio Ariacutestides Es miembro del grupo de investigacioacuten Graecia Capta de la Universidad de Barcelona

Roosevelt Rocha eacute Professor Adjunto do curso de Letras da Universidade Federal do Paranaacute (Brasil) e pesquisador ligado ao Programa de Poacutes‑Graduaccedilatildeo em Letras da

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mesma Universidade As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a poesia grega arcaica (elegia jambo e meacutelica) a muacutesica grega antiga e o estudo da performance da poesia grega dos periacuteodos arcaico e claacutessico

Vicente Ramoacuten es Profesor Tiular de Filologiacutea Griega de la Universidad de Zara‑goza Sus intereses cientiacuteficos pueden sintetizarse en las siguientes liacuteneas Plutarco de Queronea y la biografiacutea poliacutetica historiografiacutea griega retoacuterica y oratoria griegas tradicioacuten claacutesica teatro griego la irreligiosidad en la Atenas Claacutesica

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Volumes publicados na Colecccedilatildeo Humanitas Supplementum

1 Francisco de Oliveira Claacuteudia Teixeira e Paula Barata Dias Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 1 ndash Liacutenguas e Literaturas Greacutecia e Roma (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

2 Francisco de Oliveira Claacuteudia Teixeira e Paula Barata Dias Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 2 ndash Liacutenguas e Literaturas Idade Meacutedia Renascimento Recepccedilatildeo (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

3 Francisco de Oliveira Jorge de Oliveira e Manuel Patriacutecio Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 3 ndash Histoacuteria Arqueologia e Arte (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2010)

4 Maria Helena da Rocha Pereira Joseacute Ribeiro Ferreira e Francisco de Oliveira (Coords) Horaacutecio e a sua perenidade (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

5 Joseacute Luiacutes Lopes Brandatildeo Maacutescaras dos Ceacutesares Teatro e moralidade nas Vidas suetonianas (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

6 Joseacute Ribeiro Ferreira Delfim Leatildeo Manuel Troumlster and Paula Barata Dias (eds) Symposion and Philanthropia in Plutarch (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

7 Gabriele Cornelli (Org) Representaccedilotildees da Cidade Antiga Categorias histoacutericas e discursos filosoacuteficos (Coimbra Classica DigitaliaCECHGrupo Archai 2010)

8 Maria Cristina de Sousa Pimentel e Nuno Simotildees Rodrigues (Coords) Sociedade poder e cultura no tempo de Oviacutedio (Coimbra Classica DigitaliaCECHCECCH 2010)

9 Franccediloise Frazier et Delfim F Leatildeo (eds) Tychegrave et pronoia La marche du monde selon Plutarque (Coimbra Classica DigitaliaCECH Eacutecole Doctorale 395 ArScAn‑THEMAM 2010)

10 Juan Carlos Iglesias‑Zoido El legado de Tuciacutedides en la cultura occidental (Coimbra Classica DigitaliaCECH ARENGA 2011)

11 Gabriele Cornelli O pitagorismo como categoria historiograacutefica (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2011)

12 Frederico Lourenccedilo The Lyric Metres of Euripidean Drama (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2011)

13 Joseacute Augusto Ramos Maria Cristina de Sousa Pimentel Maria do Ceacuteu Fialho Nuno Simotildees Rodrigues (coords) Paulo de Tarso Grego e Romano Judeu e Cristatildeo (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

14 Carmen Soares amp Paula Barata Dias (coords) Contributos para a histoacuteria da alimentaccedilatildeo na antiguidade (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

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15 Carlos A Martins de Jesus Claudio Castro Filho amp Joseacute Ribeiro Ferreira (coords) Hipoacutelito e Fedra ‑ nos caminhos de um mito (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

16 Joseacute Ribeiro Ferreira Delfim F Leatildeo amp Carlos A Martins de Jesus (eds) Nomos Kosmos amp Dike in Plutarch (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

17 Joseacute Augusto Ramos amp Nuno Simotildees Rodrigues (coords) Mnemosyne kai Sophia (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

18 Ana Maria Guedes Ferreira O homem de Estado ateniense em Plutarco o caso dos Alcmeoacutenidas (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

19 Aurora Loacutepez Andreacutes Pocintildea amp Maria de Faacutetima Silva De ayer a hoy influencias claacutesicas en la literatura (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

20 Cristina Pimentel Joseacute Luiacutes Brandatildeo amp Paolo Fedeli (coords) O poeta e a cidade no mundo romano (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

21 Francisco de Oliveira Joseacute Luiacutes Brandatildeo Vasco Gil Mantas amp Rosa Sanz Serrano (coords) A queda de Roma e o alvorecer da Europa (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

22 Luiacutesa de Nazareacute Ferreira Mobilidade poeacutetica na Greacutecia antiga uma leitura da obra de Simoacutenides (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica DigitaliaCECH 2013)

23 Faacutebio Cerqueira Ana Teresa Gonccedilalves Edalaura Medeiros amp JoseacuteLuiacutes Brandatildeo Saberes e poderes no mundo antigo Vol I ndash Dos saberes (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia2013) 282 p

24 Faacutebio Cerqueira Ana Teresa Gonccedilalves Edalaura Medeiros amp Delfim Leatildeo Saberes e poderes no mundo antigo Vol II ndash Dos poderes (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013) 336 p

25 Joaquim J S Pinheiro Tempo e espaccedilo da paideia nas Vidas de Plutarco (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013) 458 p

26 Delfim Leatildeo Gabriele Cornelli amp Miriam C Peixoto (coords) Dos Homens e suas Ideias Estudos sobre as Vidas de Dioacutegenes Laeacutercio (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013)

27 Italo Pantani Margarida Miranda amp Henrique Manso (coords) Aires Barbosa na Cosmoacutepolis Renascentista (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2013)

28 Francisco de Oliveira Maria de Faacutetima Silva Tereza Virgiacutenia Ribeiro Barbosa (coords) Violecircncia e transgressatildeo uma trajetoacuteria da Humanidade (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

29 Priscilla Gontijo Leite Eacutetica e retoacuterica forense asebeia e hybris na caracterizaccedilatildeo dos adversaacuterios em Demoacutestenes (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

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30 Andreacute Carneiro Lugares tempos e pessoas Povoamento rural romano no Alto Alentejo ‑ Volume I (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2014)

31 Andreacute Carneiro Lugares tempos e pessoas Povoamento rural romano no Alto Alentejo ‑ Volume II (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2014)

32 Pilar Goacutemez Cardoacute Delfim F Leatildeo Maria Aparecida de Oliveira Silva (coords) Plutarco entre mundos visotildees de Esparta Atenas e Roma (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

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Resumo da obra

A vasta e variada obra de Plutarco permite sempre uma abordagem a partir de distintas

perspetivas com diferentes intenccedilotildees e propoacutesitos variados No entanto eacute importante

identificar tambeacutem fios comuns nessa abordagem porque permitem demonstrar tanto a

niacutevel formal como de conteuacutedo que haacute muitos elementos comuns que permeiam o trabalho

de Plutarco

Os treze contributos para este volume tecircm como elo comum o nome de trecircs cidades

Esparta Atenas e Roma Elas representam espaccedilos poliacuteticos e institucionais diversos dada

a sua extensatildeo geograacutefica e cronoloacutegica mas simbolizam igualmente diferentes modelos

de organizaccedilatildeo social atraveacutes dos quais a Greacutecia pode ser contrastada com Roma ou Atenas

comparada com Esparta mdash ainda que o seu verdadeiro interesse na obra de Plutarco seja

que representam sempre locais paradigmaacuteticos onde vivem e convivem pessoas Por

isso os estudiosos de Plutarco que contribuiacuteram para este volume procuram analisar em

cada uma dessas cidades seja por assimilaccedilatildeo ou por contraste a forma como o autor de

Queroneia aborda a ligaccedilatildeo entre indiviacuteduo e comunidade a partir do exerciacutecio do poder

e da experiecircncia religiosa qual o papel da educaccedilatildeo e do domiacutenio privado na projeccedilatildeo

puacuteblica dos protagonistas retratados por Plutarco ou ateacute que ponto a imagem dos primeiros

legisladores e fundadores miacuteticos foi condicionada pela evoluccedilatildeo histoacuterica destas mesmas

cidades

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Page 6: Versão integral disponível em digitalis.uc · visões de Esparta, Atenas e Roma IMPRENSA DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA COIMBRA UNIVERSITY PRESS ANNABLUME Versão integral disponível

Plutarco entre mundos visotildees de Esparta Atenas e Roma Plutarch between worlds visions of Sparta Athens and Rome

Coord EdPilar Goacutemez Cardoacute Delfim F Leatildeo Maria Aparecida de Oliveira Silva

Filiaccedilatildeo AffiliationUniversitat de Barcelona Universidade de Coimbra Universidade de Satildeo Paulo

ResumoA vasta e variada obra de Plutarco permite sempre uma abordagem a partir de distintas perspetivas com diferentes intenccedilotildees e propoacutesitos variados No entanto eacute importante identificar tambeacutem fios comuns nessa abordagem porque permitem demonstrar tanto a niacutevel formal como de conteuacutedo que haacute muitos elementos comuns que permeiam o trabalho de Plutarco Os treze contributos para este volume tecircm como elo comum o nome de trecircs cidades Esparta Atenas e Roma Elas representam espaccedilos poliacuteticos e institucionais diversos dada a sua extensatildeo geograacutefica e cronoloacutegica mas simbolizam igualmente diferentes modelos de organizaccedilatildeo social atraveacutes dos quais a Greacutecia pode ser contrastada com Roma ou Atenas comparada com Esparta mdash ainda que o seu verdadeiro interesse na obra de Plutarco seja que representam sempre locais paradigmaacuteticos onde vivem e convivem pessoas Por isso os estudiosos de Plutarco que contribuiacuteram para este volume procuram analisar em cada uma dessas cidades seja por assimilaccedilatildeo ou por contraste a forma como o autor de Queroneia aborda a ligaccedilatildeo entre indiviacuteduo e comunidade a partir do exerciacutecio do poder e da experiecircncia religiosa qual o papel da educaccedilatildeo e do domiacutenio privado na projeccedilatildeo puacuteblica dos protagonistas retratados por Plutarco ou ateacute que ponto a imagem dos primeiros legisladores e fundadores miacuteticos foi condicionada pela evoluccedilatildeo histoacuterica destas mesmas cidades

Palavras‑chavePlutarco Atenas Esparta Roma educaccedilatildeo religiatildeo poder

Abstract The vast and varied work of Plutarch naturally allows an approach from different perspectives with a variety of intentions and plural purposes However it is also important to identify common lines of approach because they demonstrate both formally and in terms of content that there are many customary elements underlying his work The thirteen contributions to this volume are linked by the names of three cities Sparta Athens and Rome They represent diverse political and institutional spaces because of their geographical extension and chronology and they symbolize as well different models of social organization through which Greece can be contrasted with Rome or Athens compared to Sparta mdash but perhaps their most interesting feature in Plutarchs work is that they are paradigmatic places where men live and coexist together Therefore the Plutarchists who contributed to this volume analyze for each of these cities by assimilation or contrast the way the author from Chaeronea envisages the connection between individual and community as reflected in the exercise of power and the living of religious experiences the role played by education and private affairs in the public image of Plutarchrsquos protagonists or the extent to which the image of the first lawgivers and mythical founders was conditioned by the historical development of these cities

KeywordsPlutarch Athens Sparta Rome education religion power

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Coordenadores

Pilar Goacutemez Cardoacute es profesora titular de Filologiacutea Griega en la Universidad de Barcelona donde imparte docencia e investiga desde 1981 Doctora en Filologiacutea Claacutesica desde 1987 con una tesis sobre la tradicioacuten yaacutembica y la faacutebula (La Vida drsquoIsop entre el iambe la faula i la novelbullla) es autora de numerosos artiacuteculos y capiacutetulos de libros sobre la literatura griega de eacutepoca imperial romana en especial sobre Segunda Sofiacutestica y novela ha estudiado principalmente autores como Luciano (en cuya edicioacuten y traduccioacuten al castellano para la coleccioacuten Alma Mater participa) Plutarco Dioacuten de Prusa o Elio Ariacutestides Es miembro del grupo de investigacioacuten Graecia Capta de la Universidad de Barcelona

Delfim F Leatildeo eacute Professor Catedraacutetico da Instituto de Estudos Claacutessicos e investigador do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a histoacuteria antiga o direito e a teorizaccedilatildeo poliacutetica dos Gregos a pragmaacutetica teatral e a escrita romanesca antiga

Maria Aparecida de Oliveira Silva eacute professora visitante do Programa de Poacutes‑Graduaccedilatildeo em Letras Claacutessicas da Universidade de Satildeo Paulo e Professora Pesquisadora do Programa de Poacutes‑Graduaccedilatildeo em Histoacuteria da Universidade Federal de Satildeo Paulo Liacuteder do Grupo CNPq LABHAN Laboratoacuterio de Histoacuteria Antiga da Universidade Federal do Amapaacute Pesquisadora do Grupo CNPq Linceu ‑ Visotildees da Antiguidade Claacutessica da Universidade Estadual Paulista Pesquisadora do Grupo Retoacuterica Texto y Comunicacioacuten da Univer‑sidad de Caacutediz Membro do Conselho Acadecircmico do Seminaacuterio de Histoacuteria e Filosofia das Religiotildees da Universidad Autoacutenoma de Ciudad Juaacuterez mdash Meacutexico Pesquisa e publica trabalhos sobre Esparta Plutarco e biografia antiga

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Editors

Pilar Goacutemez Cardoacute is Professor of Greek Studies at the University of Barcelona where she has been teaching and conducting research in 1981 She obtained a PhD in Classical Philology in 1987 with a thesis on the iambic tradition and fable (La Vida drsquoIsop entre el iambe la faula i la novelbullla) and is the author of numerous articles and book chapters on the Greek literature of the Roman Imperial period especially on the Second Sophistic and the novel She has studied mainly writers like Lucian (collaborating in the edition and translation of his works into Spanish for the Alma Mater collection) Plutarch Dio of Prusa and Aelius Aristides She is a member of the research group Graecia Capta of the University of Barcelona

Delfim F Leatildeo is Full Professor at the Institute of Classical Studies and researcher at the Centre for Classical and Humanistic Studies at the University of Coimbra His main areas of scientific interest are ancient history law and political theory of the Greeks theatrical pragmatics and the ancient novel

Maria Aparecida de Oliveira Silva is a visiting professor of the Postgraduate Programme in Classics at the University of Satildeo Paulo and Research Professor of the Postgraduate Pro‑gramme in History at the Federal University of Satildeo Paulo Leader of the CNPq LABHAN Group Labotarory of Ancient History at the Federal University of Amapaacute Researcher of the CNPq Linceu Group mdash Visions of Classical Antiquity at Satildeo Paulo State University Researcher of the Group ldquoRetoacuterica Texto y Comunicacioacutenrdquo of the University of Caacutediz Member of the Academic Council of the Seminar in History and Philosophy of Religions at the Autonomous University of Ciudad Juaacuterez mdash Mexico Her research interests are mainly directed to Sparta Plutarch and ancient biography

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Sumaacuterio

Apresentaccedilatildeo de Plutarco entre Mundos visotildees de esparta atenas e roma 11(Presentation of Plutarch between worlds visions of Sparta Athens and Rome)

Introduccioacuten(Introduction) 13

Pilar Goacutemez Cardoacute

O jovem Teseu do reconhecimento paterno ao reconhecimento poliacutetico (Young Theseus from paternal recognition to political recognition) 31

Loraine Oliveira

Legislar teniacutea un precio (The price to pay for legislating) 49

Mordf Teresa Fau Ramos

O legislador e suas estrateacutegias discursivas teatralidade e linguagem metafoacuterica na vida de soacutelon

(The statesman and his discourse strategies theatricality and metaphorical language in the Life of Solon) 71

Delfim F Leatildeo

A figura do legislador em Plutarco Recepccedilatildeo de um mito poliacutetico (The figure of the lawgiver in Plutarch reception of a political myth) 85

Aacutelia Rodrigues

Un mentor limpio de pasiones El filoacutesofo y la actuacioacuten poliacutetica seguacuten el de genio socratis

(A mentor without passions the philosopher and political action according to the De genio Socratis) 103

Joseacute M Candau

O valor da filosofia e da paideia a construccedilatildeo moral e retoacuterica de Plutarco(The value of philosophy and of paideia Plutarchrsquos moral and rhetorical constructions) 119

Joaquim Pinheiro

De Roma a Alejandriacutea y viceversa mimesis del motivo del viaje en la vida de antonio de Plutarco(From Rome to Alexandria and vice versa mimesis of the travel motif in Plutarchrsquos Life of Antony) 137

Ivana S Chialva

A Esparta de Plutarco entre a guerra e as artes(Plutarchrsquos Sparta between war and the arts) 159

Roosevelt Rocha

Muacutesica e educaccedilatildeo em Atenas segundo as biografias de Plutarco(Music and education in Athens according to Plutarchrsquos biographies) 173

Faacutebio Vergara Cerqueira

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Por traacutes de um grande homem haacute sempre uma grande mulher A influecircncia de esposas e amantes sobre homens de Estado

(Is there always a great man behind a great woman The influence of wives and lovers over statesmen) 191

Ana Ferreira

Heteras concubinas y joacutevenes de seduccioacuten la influencia femenina en las vidas plutarqueas de Soloacuten Pericles y Alcibiacuteades

(Hetairai concubines and seducers the influence of women in Plutarchrsquos Lives of Solon Pericles and Alcibiades) 209

Guillermina Gonzaacutelez Almenara

Esparta e os oraacuteculos uma leitura plutarquiana(Sparta and the oracles a Plutarchan reading) 219

Maria Aparecida de Oliveira Silva

Plutarco y la crisis oracular del final del mundo antiguo(Plutarch and the crisis of the oracles at the end of the ancient world) 233

Jesuacutes‑Mordf Nieto Ibaacutentildeez

Index nominvm 251

Index locorvm 259

Notas biograacuteficas dos autores 267

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11

Apresentaccedilatildeo de Plutarco entre Mundos visotildees de esparta atenas e roma

(Presentation of Plutarch between worlds visions of Sparta Athens and Rome)

Um grego nascido agrave eacutepoca da dominaccedilatildeo romana Plutarco vive entre mun‑dos circulando entre Greacutecia e Roma tecendo reflexotildees sobre gregos e romanos Descendente de uma tradicional famiacutelia beoacutecia nosso autor eacute educado conforme os preceitos da paideia grega a mesma que prescreve em seus tratados e biografias como sendo a mais indicada para a formaccedilatildeo de um homem virtuoso Plutarco entrelaccedila conhecimentos acumulados pela tradiccedilatildeo grega com os da romana re‑gistra suas impressotildees sobre o modo de ser grego em um movimento de partida do seu presente de dominado para retornar ao passado glorioso de seu povo sem negligenciar suas anaacutelises sobre o modo de ser romano Reflexotildees que se fazem perceptiacuteveis principalmente na escrita de suas biografias de gregos e romanos onde vemos as comparaccedilotildees de suas personagens ora criticando a accedilatildeo de um grego ora a de um romano demonstrando os aspectos positivos e negativos de cada um embora deixe clara a sua preferecircncia pela cultura grega

Pela erudiccedilatildeo peculiar a sua extensa obra Plutarco eacute um autor que se in‑sere em diversos periacuteodos da nossa histoacuteria vemos sua influecircncia em escritos bizantinos renascentistas nos produzidos entre os seacuteculos XVI e XVII em que italianos franceses ingleses e espanhoacuteis se dedicam a verter suas biografias e tratados para vernaacuteculos modernos A disseminaccedilatildeo dessas obras concorre para influenciar artistas poetas filoacutesofos historiadores do seacuteculo XVIII em diante

Se por muitos seacuteculos nosso autor se vecirc circunscrito ao espaccedilo geograacutefico da bacia mediterracircnica hoje notamos que suas ideias atravessam o Oceano e alcanccedilam o chamado Novo Mundo Entatildeo a perspectiva de entre mundos para o nosso autor se expande mais sua obra atravessa eacutepocas e espaccedilos e se transforma em um claacutessico como tal atemporal e sem fronteiras Imbuiacutedos desse espiacuterito da obra plutarquiana apresentamos ao leitor este livro com ar‑tigos redigidos por espanhoacuteis latino‑americanos e portugueses revelando a

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Legislar teniacutea un precio

Mas a pesar de su tropiezo laquocon la mayoriacutearaquo (τοῖς πλείστοις) le fueron confiadas al legislador ateniense responsabilidades aun mayores45 y asiacute pudo eliminar buena parte de las leyes promulgadas por Dracoacuten46 reorganizar la poblacioacuten asignaacutendole prerrogativas en base a criterios econoacutemicos47 introducir cambios en las instituciones de la polis48 y establecer otras disposiciones como por ejemplo las que regulan el matrimonio49 los testamentos y donaciones50 la conducta de las mujeres51 el desempentildeo de oficios52 la actividad agriacutecola53 la naturalizacioacuten de extranjeros54 y el calendario55

Promulgadas ya las leyes aguardaba a Soloacuten una nueva contrariedad cada diacutea era abordado por individuos que elogiaban o censuraban su obra le aconse‑jaban antildeadidos o supresiones o simplemente le pediacutean aclaracioacuten sobre alguacuten pasaje que no comprendiacutean Para zafarse de esta presioacuten decide ausentarse de Atenas durante diez antildeos Abandona pues la patria con la esperanza de que su exilio voluntario sirva para que los ciudadanos se habituacuteen a las nuevas leyes56

Pero a su regreso constata que la polis ha vuelto al mal camino y las fac‑ciones vuelven a dominar la escena poliacutetica destacando sobremanera un hombre llamado Pisiacutestrato en torno al cual se apintildeaba una laquoturbaraquo (ὄχλος) de jornaleros radicalmente contraria a los ricos57 Soloacuten intenta poner paz parlamentando con los liacutederes de los partidos58 intuye las verdaderas intenciones del dirigente de la plebe e intenta en vano modificarlas59 Cuando Pisiacutestrato se dispone a erigirse en tirano el anciano legislador se opone pero al no contar con el apoyo de nadie debe cejar en su empentildeo60

estagirita (Pol 1296a) afirma que los μέσοι constituyen un factor sumamente equilibrador de la sociedad y es ndashprosigue‑ por este motivo que los mejores legisladores como Soloacuten y ‑iexclpara nuestra sorpresa‑ Licurgo pertenecieron a este colectivo Sobre la posicioacuten de Plutarco con respecto a las doctrinas supuestamente aristoteacutelicas remito a la reciente aportacioacuten de Becchi (2014)

45 Sol 163‑546 Sol 17147 Sol 181‑348 Sol 191‑249 Sol 202‑650 Sol 213‑451 Sol 21552 Sol 221 y 353 Sol 236‑24254 Sol 24455 Sol 254‑556 Sol 256 En el texto plutarqueo Soloacuten pone como excusa (πρόσχημα) de su partida

un tema relacionado con la navegacioacuten (ναυκληρία) Heroacutedoto (130) apunta el deseo de ver mundo (θεωρία) mientras que Aristoacuteteles (Ath 111) hace referencia a la actividad comercial (ἐμπορία) y tambieacuten al deseo de ver mundo (θεωρία)

57 Sol 29158 Sol 29259 Sol 29560 Sol 301‑4 y 6‑8

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Mordf Teresa Fau Ramos

Sorprendentemente una vez duentildeo de la situacioacuten Pisiacutestrato tratoacute a Soloacuten con gran respeto aceptoacute muchos de sus consejos y conservoacute laquola mayoriacutea de las leyesraquo (τοὺς πλείστους νόμους) que habiacutea establecido61 Y eacutesta es una de las uacutelti‑mas afirmaciones que hace Plutarco con respecto a Soloacuten sobre cuya muerte no nos proporciona dato alguno de intereacutes62

A diferencia de la biografiacutea plutarquea de Licurgo la Vida de Soloacuten no cul‑mina con un heroico acto de auto‑inmolacioacuten para obtener la perdurabilidad de unas leyes que se desean perennes63 Ello no obsta sin embargo para que reconozcamos que tambieacuten a Soloacuten le pasa factura el ejercicio de su funcioacuten como legislador En efecto debe soportar las burlas de unas gentes que hacen befa de eacutel por haberse negado a instaurar un reacutegimen tiraacutenico es falsamente acusado de haber obtenido beneficios fraudulentos gracias a sus leyes y sufre una intensa presioacuten por parte de sus conciudadanos hasta el punto de tener que optar por un exilio voluntario

Numa

Con la Vida de Numa regresamos a un contexto de dignidad regia aunque existe una gran diferencia entre las maneras expeditivas de Licurgo y la suavidad con la que actuacutea el rey Numa64

Tras la desaparicioacuten ndashsupuestamente sobrenaturalndash de Roacutemulo la ciudad de Roma se hallaba sumida en una grave discordia pues sabinos y romanos no se poniacutean de acuerdo sobre quieacuten habiacutea de ser el proacuteximo monarca65 Al fin las dos facciones pactan que la realeza recaiga sobre el sabino Numa Pompilio66 Pero eacuteste que habiacutea sabido mejorar su buen talante natural con un geacutenero de vida

61 Sol 312‑3 En este punto Plutarco sigue la tradicioacuten continuista de otros autores (cf Hdt 1596 y Th 6546) Seguacuten Dioacutegenes Laercio (153‑54) Pisiacutestrato hace saber al νομοθέτης ateniense que mantiene la legislacioacuten por eacutel establecida y le invita a regresar a la polis Aristoacuteteles (Ath 221) por su parte mantiene que la tiraniacutea habiacutea abolido por desuso las leyes solonianas

62 No obstante en el Banquete de los siete sabios (Moralia 151E‑F) encontramos de nuevo a Soloacuten a propoacutesito de quien Quiloacuten afirma que debe ser el primero en hacer uso de la palabra no soacutelo porque asiacute conviene por su edad y por el lugar que ocupa entre los comensales sino porque detenta laquola autoridad mayor y maacutes perfectaraquo (τὴν μεγίστην καὶ τελειοτάτην ἀρχήν) laquopor haber otorgado leyes a los ateniensesraquo (νόμους Ἀθηναίοις θέμενος) Para una visioacuten de Soloacuten como representante de una sabiduriacutea antigua que laquolejos de ser puramente teoacuterica se proyecta hacia la praxis cotidianaraquo cf Peacuterez Jimeacutenez (1991) 688

63 No nos parece irrelevante el hecho de que en la parte final de la Vida de Soloacuten (316‑7) se aluda a su vertiente poeacutetica iquestes eacutesta ‑nos preguntamos‑ una manera de sugerir la pervivencia del νομοθέτης ateniense

64 En este sentido Numa se asemeja mucho maacutes a los laquodulcesraquo personajes griegos que a los rudos romanos cf Martin Jr (1960) y De Romilly (1979) Sobre la dulzura (πρᾳότης) en los personajes plutarqueos veacutease tambieacuten Frazier (1996)

65 Num 22‑866 Num 32‑4

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Legislar teniacutea un precio

austero reflexivo y sosegado67 al recibir a los enviados que le ofreciacutean la corona se mostroacute reacio a aceptarla ya que ndashafirmabandash su manera de ser tan alejada de las praacutecticas guerreras no era apropiada para regir al belicoso pueblo de Roma68 Convencido a la postre por argumentos que le exhortaban a actuar en favor del bien comuacuten69 y confirmada por signos favorables la buena disposicioacuten de la divi‑nidad Numa accede a convertirse en rey de la agitada urbe70 eacutel que laquohabiendoraquo otrora laquoabandonado las ocupaciones propias de la vida en la ciudadraquo (ἐκλείπων τὰς ἐν ἄστει διατριβάς) se complaciacutea en frecuentar parajes solitarios71

Su primera medida de gobierno consiste en la supresioacuten de la guardia perso‑nal creada por el anterior monarca la segunda en la institucioacuten de un sacerdocio en honor de Roacutemulo72 Tras estas dos disposiciones tomadas seguacuten Plutarco laquopara obtener benevolencia y gratitud del puebloraquo (ἐπrsquoεὐνοίᾳ καὶ χάριτι τοῦ δήμου) Numa emprende la difiacutecil tarea de pacificar la ciudad73 Y para lograr su objetivo no vacila en servirse de la religioacuten introduciendo nuevos rituales74 fomentando los temores supersticiosos de la poblacioacuten75 o atribuyeacutendose una particular relacioacuten con divinidades76

Entre sus reformas de aacutembito religioso destacan la prohibicioacuten de repre‑sentar a los dioses por medio de imaacutegenes de hombres o animales77 el fomento

67 Num 37‑41 Sobre el caraacutecter del Numa plutarqueo orientado laquopor naturalezaraquo (φύσει) hacia la virtud cf Peacuterez Jimeacutenez (1994)

68 Num 51‑869 Un argumento muy del agrado de los estoicos Sobre el controvertido tema de la relacioacuten

de Plutarco con el estoicismo creemos que todaviacutea son relevantes las opiniones de Babut (1969) Para una visioacuten actualizada de este tema cf Opsomer (2014)

70 Num 61‑5 73‑7 Sobre la ejemplaridad para Plutarco del acceso del rey Numa al poder cf Peacuterez Jimeacutenez (1995)

71 Num 41 Plutarco (Num 52) subraya el sacrificio de Numa explicando que laquocostoacute seguacuten parece un esfuerzo no pequentildeo y requirioacute muchos argumentos y ruegos persuadir y hacer cambiar de opinioacuten a un hombre que habiacutea vivido en paz y tranquilidadraquo (ἦν δrsquo οὐ μικρόν ὡς ἔοικεν ἔργον ἀλλὰ καὶ λόγων πολλῶν καὶ δεήσεως τὸ πεῖσαι καὶ μεταστῆσαι γνώμην ἀνδρὸς ἐν ἡσυχίᾳ καὶ εἰρήνῃ βεβιωκότος) y ponerle al frente de laquouna poblacioacuten que en cierta manera habiacutea nacido y habiacutea crecido gracias a la guerraraquo (πόλεως τρόπον τινὰ καὶ γεγενημένης πολέμῳ καὶ συνηυξημένης)

72 Num 78‑9 Sobre la actitud del legislador Numa con respecto a la escritura veacutease la nota 20

73 Num 8174 Num 8375 Num 84 Aunque en general Plutarco desaprueba las praacutecticas supersticiosas ‑su tratado

Sobre la supersticioacuten (Moralia 164E‑171E) no permite abrigar dudas al respecto‑ puede sin embargo mostrarse comprensivo cuando un dirigente hace uso de ellas con la intencioacuten de conseguir los objetivos (por supuesto adecuados) que persigue (veacutease p e Dio 241‑3) A propoacutesito precisamente de las obras Sobre la supersticioacuten y Vida de Numa Van Nuffelen (2011) presenta al queronense como un atento observador de las transformaciones que experimentan las tradiciones religiosas

76 Num 810‑11 y 151‑677 Num 813

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de sacrificios incruentos78 la institucioacuten de los sacerdotes Pontiacutefices79 la de los Feciales80 y la de los Salios81 la consagracioacuten de las Viacutergenes Vestales82 y la regla‑mentacioacuten relativa a usos fuacutenebres83

Pero las innovaciones no podiacutean centildeirse exclusivamente a un contexto reli‑gioso Preocupado por la existencia de una masa de ciudadanos indigentes Numa decide servirse de las tierras que habiacutean sido conquistadas por su antecesor y las reparte entre los desheredados Asiacute inclina al pueblo a la praacutectica de la agricultura con el fin de que estos hombres que cultivancivilizan una tierra que les ha sido otorgada resulten tambieacuten ellos cultivadoscivilizados84 y mediante normas adicionales se aplica a incentivar las labores del campo85

Quedaba todaviacutea por abordar un grave problema pues auacuten subsistiacutea la antigua divisioacuten entre sabinos y romanos Para subsanarla el legislador establece nuevos criterios para clasificar a la ciudadaniacutea y distribuye a los individuos en entidades que dariacuteamos en llamar laquogremialesraquo De este modo agrupados en virtud de los oficios que desempentildean los habitantes de la pujante poblacioacuten iraacuten olvidando los antiguos motivos de desunioacuten86

No acaban ahiacute las reformas de Numa Tambieacuten dicta leyes relacionadas con la institucioacuten familiar87 y el calendario88 Y con todo ello consigue hacer de Roma ndashe incluso de las ciudades del entornondash un remanso de paz la violencia desaparece fiestas y banquetes se celebran por doquier las gentes se relacionan entre si en un ambiente de mutua confianza no hay constancia alguna de laquoguer‑raraquo (πόλεμος) laquodiscordia civilraquo (στάσις) ni laquorevolucioacuten poliacuteticaraquo (νεωτερισμὸς περὶ πολιτείαν) y la figura de Numa goza del respeto general89 Cuando alcan‑zados ya los ochenta antildeos fallece el legislador90 su muerte ndashmuerte naturalndash es

78 Num 815 Plutarco atribuye esta medida al igual que otras a la influencia del espartano Pitaacutegoras (cf Num 14) La influencia de Pitaacutegoras en las costumbres romanas habriacutea sido tratada por Caacutestor de Rodas a quien el queronense hace referencia en sus Cuestiones romanas (Moralia 266E)

79 Num 9180 Num 124‑881 Num 131‑782 Num 910 y 101‑583 Num 121‑384 Num 164 Plutarco hace aquiacute un juego de palabras basaacutendose en el teacutermino

συνεξημεροῦμαι En cuanto al reparto de tierras consignado en este capiacutetulo es posteriormente negado en la comparatio entre Licurgo y Numa (Num 3410)

85 Num 166‑786 Num 171‑487 Num 17588 Num 181‑6 y 198‑9 89 Num 203‑7 Plutarco antildeade (208‑12) unas consideraciones sobre las bondades que se

derivan del mandato de un gobernante filoacutesofo En su argumentacioacuten nuestro autor cita (Num 2010) casi textualmente el pasaje 711e de Las Leyes de Platoacuten

90 Num 217

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Legislar teniacutea un precio

acompantildeada tanto en Roma como en otras ciudades de grandes manifestacio‑nes de duelo91

Asiacute termina la vida del anciano rey que supo renunciar a la apacible vida que tanto le agradaba para regir los destinos de la inquieta Roma poniendo de manifiesto una vez maacutes que para el queronense el ejercicio de la funcioacuten de νομοθέτης va ligado a la ineludible necesidad de pagar un precio por ello Pero no acaba ahiacute la informacioacuten plutarquea sobre Numa pues el bioacutegrafo nos hace saber que tras la muerte del monarca los romanos volvieron a hacer uso de las armas92 y en la comparatio que establece entre Licurgo y Numa Plutarco subraya el fracaso que supone para la constitucioacuten de Numa el regreso de Roma a sus antiguas praacutecticas guerreras93 En cuanto a la causa de tal infortunio el quero‑nense es tajante seguacuten eacutel Numa se equivocoacute gravemente cuando a diferencia de Licurgo no organizoacute un sistema educativo soacutelido disciplinario e igual para todos los ciudadanos94

Publiacutecola

Pasamos acto seguido a ocuparnos de un legislador que aun sin ser de es‑tirpe real tuvo algo que ver con la institucioacuten monaacuterquica pues contribuyoacute a der‑rocarla Se trata de Publio Valerio a quien los romanos dieron el sobrenombre de Publiacutecola95 Eacuteste que se distinguiacutea por su amor a la justicia y su generosidad para con los necesitados pareciacutea destinado al liderazgo si alguacuten diacutea llegaba a instalarse en Roma lo que Plutarco llama laquoun reacutegimen democraacuteticoraquo (δημοκρατία)96 pero al ser depuesto por el pueblo el rey Tarquinio el Soberbio vio frustradas sus aspiraciones a pesar de haber colaborado eacutel personalmente al derrocamiento97

Decepcionado Valerio se retira momentaacuteneamente de la escena poliacutetica98 pero tan pronto como Tarquinio intenta recuperar el poder reacciona y toma parte muy activa en la desactivacioacuten de una conjura que teniacutea por objetivo la rein‑troduccioacuten de la realeza99 En recompensa a sus servicios Valerio es nombrado

91 Num 22192 Num 221193 Num 361094 Num 367 Pensamos que eacutesta es una criacutetica severa que aleja a Numa del prototipo del

Gobernante Ideal Por su parte Boulet (2005) ve en el retrato plutarqueo del monarca romano un claro ndashy premeditadondash distanciamiento del queronense con respecto a la figura platoacutenica del Rey‑Filoacutesofo Si el alejamiento defendido por Boulet se ajusta a la realidad no creemos que deba producirnos extrantildeeza ya que por decirlo en palabras de Hershbell (2004) Plutarco fue un laquoPlatonisthellipunorthodoxraquo Cf Dillon (2014)

95 Publ 1196 Publ 1297 Publ 13‑5 Plutarco da a la actuacioacuten de Valerio un valor claramente superior al que le

otorgan Dionisio de Halicarnaso (467‑72) y Tito Livio (158‑591‑2)98 Publ 21 99 Publ 22‑76

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coacutensul100 mientras el rey destronado busca ndashy obtienendash el apoyo de los etruscos101 Se libra un feroz combate en el que el ejeacutercito romano consigue la victoria y Valerio tiene ocasioacuten de celebrar triunfo siendo ndashsostiene Plutarcondash el primer coacutensul que entra en la urbe montado en una cuadriga102

Pero el flamante vencedor seraacute pronto objeto de criacutetica pues el pueblo cree ver en su conducta atisbos de despotismo concentra en su persona toda la auto‑ridad habita en una mansioacuten maacutes imponente que la del antiguo rey y se presenta escoltado laquopor todas las fasces y hachas juntasraquo (ὑπὸ ῥάβδοις ὁμοῦ πάσαις καὶ πελέκεσι)103 Valerio reacciona con prontitud reuacutene a un buen nuacutemero de al‑bantildeiles y en una noche echa abajo la casa y la destruye hasta los cimientos104 No tardaraacute el pueblo en hacerle donacioacuten de un terreno donde podraacute edificar una nueva morada eso siacute maacutes austera que la anterior105

En cuanto a las insignias suprimioacute las hachas y decretoacute que las fasces se incli‑naraacuten ante el pueblo106 medida que fue muy del agrado de las gentes que dieron a Valerio el sobrenombre de Publiacutecola teacutermino que seguacuten Plutarco equivale a δημοκηδής laquosoliacutecito con el puebloraquo107 Por otra parte concedioacute laquoa quienes quisie‑ranraquo (τοῖς βουλομένοις) la posibilidad de presentar candidatura para compartir el consulado junto a eacutel Pero antes de que se procediera al nombramiento de su colega en el cargo se valioacute de la feliz circunstancia de ser el uacutenico coacutensul en ejercicio para instaurar medidas poliacuteticas de suma importancia108 Asiacute nombroacute nuevos senadores109 otorgoacute mayores derechos al pueblo110 dictoacute pena de muerte sin proceso previo para aquel que pretendiera erigirse en tirano111 y organizoacute la recaudacioacuten de impuestos112

100 Publ 77101 Publ 91102 Publ 92‑9 Sobre el triunfo de Valerio cf Plu Rom 167‑8 y D H 2342 103 Publ 101‑2 Plutarco pone eacutenfasis en la narracioacuten utilizando el estilo directo es el pueblo

quien pronuncia estas palabras de reproche Sobre la desaprobacioacuten de los romanos ante la conducta de Valerio cf las narraciones maacutes comedidas de Dionisio de Halicarnaso (5181) y Tito Livio (276)

104 Publ 105 En las Cuestiones Romanas (Moralia 285F) se hace alusioacuten al hecho de que la casa situada en lo maacutes alto es percibida por las gentes como una amenaza por su elevada situacioacuten Dionisio de Halicarnaso (5192) no menciona la destruccioacuten de la morada seguacuten eacutel Publiacutecola cambioacute de domicilio con el fin ndashdeclaroacute el propio interesadondash de que los romanos pudieran lanzarle piedras desde arriba si le sorprendiacutean cometiendo alguacuten acto injusto Valerio Maacuteximo en cambio siacute alude (411) a la destruccioacuten de la casa y lo hace ademaacutes en un tono grandilocuente

105 Publ 106106 Publ 107 107 Publ 108‑9 En D H 5195 hallamos la misma ndashmaacutes que discutiblendash etimologiacutea108 Publ 111109 Publ 112110 Publ 113‑4111 Publ 121‑2112 Publ 123‑4

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Legislar teniacutea un precio

Tras estas disposiciones designoacute como colega suyo en el cargo a Lucrecio que fallecioacute pocos diacuteas despueacutes del nombramiento siendo sucedido por Marco Horacio113 En cuanto a Publiacutecola sufrioacute a causa de los honores recibidos por su doble condicioacuten de legislador y liacuteder militar la envidia de laquomuchos poderososraquo (πολλοὶ τῶν δυνατῶν) los cuales frustraron su deseo de consagrar el templo de Juacutepiter Capitolino114 Pero ello no fue obstaacuteculo para que Valerio continuara su exitosa carrera pues llegoacute a ser nombrado coacutensul por cuarta vez115 Su muerte acaecida despueacutes de lograr para Roma una gran victoria contra los sabinos causoacute un hondo pesar en la poblacioacuten116

Pero el dolor con que Roma reacciona ante la desaparicioacuten del liacuteder no debe hacernos olvidar las suspicacias que antantildeo despertara en la plebe y la envidia que posteriormente suscitoacute entre los poderosos En un caso la situacioacuten se saldoacute con la destruccioacuten por parte de Valerio de la suntuosa mansioacuten que poseiacutea y en un elocuente gesto de reconocimiento de la voluntad popular en el otro llevoacute las de perder pues no consiguioacute realizar el prestigioso ritual que ambicionaba La disensioacuten con el pueblo fue anterior al ejercicio de la actividad legisladora de hecho es gracias a la reconciliacioacuten con las masas que Publiacutecola tuvo la oportu‑nidad de ejercer como νομοθέτης En cambio el incidente con la eacutelite romana se produjo con posterioridad ndashy a consecuencia dendash su tarea como legislador (Plutarco lo indica con claridad) En este sentido podemos considerar que Publiacutecola pagoacute un doble tributo ndashla peacuterdida de su morada y la imposibilidad de llevar a cabo un ritual de alta relevanciandash por su νομοθεσία

Licurgo Soloacuten Numa y Publiacutecola establecen unas leyes por las que debe regirse la sociedad de la que forman parte y por ello reciben de Plutarco la de‑nominacioacuten de νομοθέτης117 Hay sin embargo entre los personajes biografiados

113 Publ 125‑6114 Publ 141‑7 Sobre φθόνος la envidia caracteriacutestica humana que de ninguacuten modo pasa

inadvertida a Plutarco Verdegem (2005) en una aportacioacuten en torno a les Vidas de estadistas atenienses del siglo v a C establece una clara diferencia entre laquopeer‑envyraquo que salvando la distancia cronoloacutegica seriacutea a nuestro entender el sentimiento que Publiacutecola despertoacute entre los poderosos y laquopopular envyraquo que experimenta la turba con respecto a los liacutederes contra quienes haciacutea aplicar en la Atenas claacutesica la medida llamada ostracismo Sobre el valor que el queronense otorga al ostracismo cf Jufresa Muntildeoz amp Fau Ramos (2011) Por otra parte Frazier (1996) atribuye al φθόνος de los personajes plutarqueos un laquocaractegravere quasi automatiqueraquo (p 109)

115 Publ 211116 Publ 231‑5 y 246 Plutarco (Publ 234) pone de relieve que el pueblo decidioacute que el

cuerpo de Publiacutecola fuera enterrado a expensas puacuteblicas dato que hallamos tambieacuten en Dionisio de Halicarnaso (5482‑3) y Valerio Maacuteximo (441) con la diferencia de que estos dos autores indican que ello se debioacute a la situacioacuten de pobreza extrema en que murioacute el estadista

117 Lyc 11 99 141 Sol 143 165 186 Num 93 1412 2310 2513 Publ 121 143 A un lector atento no le habraacute pasado inadvertido el hecho de que no hayamos mencionado ni a Agis ni a Cleoacutemenes personajes que intentaron en vano restaurar la laquobella y justa constitucioacutenraquo (πολιτείαν καλὴν καὶ δικαίαν) de Licurgo (Agis et Cleom 210) Ciertamente ambos pusieron todo su ahiacutenco en la empresa y ambos sufrieron por ello serias penalidades Agis perdioacute la vida

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por el queronense sujetos a quienes eacuteste no aplica el calificativo de νομοθέτης sino el de οἰκιστήςκτίστης (laquofundadorraquo) o bien les atribuye la accioacuten de οἰκιζεῖνκτιζεῖν (laquofundarraquo) una poblacioacuten Estos individuos fundan (o refundan) una comunidad cosa que les obliga a fijar unas normas Ejercen pues en cierto modo como legisladores y se arriesgan por tanto a contrariar voluntades ajenas Tambieacuten estos personajes de quienes nos ocuparemos ahora sucintamente estaacuten expuestos a pagar un precio por llevar a cabo su cometido

Teseo

Del οἰκιστής Teseo118 nos interesa especialmente su tarea como autor del llamado sinecismo Plutarco nos brinda al respecto una detallada descripcioacuten Seguacuten eacutel tras la muerte del rey Egeo su hijo Teseo se propone laquouna empresa grande y admirableraquo (μέγα καὶ θαυμαστὸν ἔργον) consistente en reunir a todos los habitantes del Aacutetica en una sola ciudad formando con ellos un uacutenico Estado dotado de instituciones comunes119 Pero antes de dar comienzo a su labor re‑corre la regioacuten para informar del proyecto a todos los pobladores Los ciudadanos no relevantes acogen al punto su llamamiento Los ricos en cambio se muestran reticentes y para convencerlos Teseo les ofrece un sistema de gobierno carente de rey y les promete que tan soacutelo reservaraacute para si mismo las funciones de dirigente militar y de laquocustodio de las leyesraquo (νόμων φύλαξ)120

Tras las explicaciones Teseo pone manos a la obra suprime los organismos anteriores y sienta las bases para el establecimiento de una polis a la cual da el

(Agis et Cleom 201) su madre su abuela y su hermano fueron asesinados (Agis et Cleom 202‑7 y 263) y su esposa obligada a contraer matrimonio con el hijo de un enemigo (Agis et Cleom 221‑3) Cleoacutemenes por su parte se vioacute forzado a entregar como rehenes del rey de Egipto a parte de su familia (Agis et Cleom 434‑8) perdioacute a su hermano en combate (Agis et Cleom 496‑7) tuvo que huir de Esparta (Agis et Cleom 503‑4) y fue arrestado en Egipto (Agis et Cleom 567) donde acaboacute suicidaacutendose tras haber intentado provocar un alzamiento contra el rey (Agis et Cleom 576‑5816) y una vez muerto continuaraacuten por asiacute decir las penalidades de Cleoacutemenes ya que el monarca egipcio ordena que su cadaacutever sea ultrajado y que sus hijos su madre y las mujeres del entorno de eacutesta reciban la muerte (Agis et Cleom 594) No obstante he decidido omitir la referencia a estos personajes porque sus esfuerzos por reinstaurar la constitucioacuten de Licurgo no se vieron coronados por el eacutexito y sobre todo porque a diferencia de lo que ocurre con Licurgo Soloacuten Numa y Publiacutecola a Agis y a Cleoacutemenes no les es otorgada por parte de Plutarco la denominacioacuten de νομοθέτης Por lo que a Agis se refiere Roskam (2005) considera que constituye para el queronense el modelo ideal del joven que se dedica a la poliacutetica

118 Thes 15 No entraremos aquiacute a discutir hasta queacute punto podriacutea sentirse Plutarco motivado a biografiar al fundador miacutetico de Atenas ni nos pronunciaremos sobre el no disimulado escepticismo sobre el particular que se le atribuye cf Sirinelli (2000) 301 Por cierto que la obra que acabamos de consignar corresponde a una de las maacutes acreditadas biografiacuteas plutarqueas comparable a las de Jones (1971) Russell (1973) y Lamberton (2001)

119 Thes 241 En la versioacuten plutarquea el sinecismo va maacutes allaacute de la unificacioacuten exclusivamente poliacutetica que describe Tuciacutedides (215)

120 Thes 242

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Legislar teniacutea un precio

nombre de Atenas funda la festividad de las Panateneas para que sea celebrada por el conjunto de la comunidad instaura tambieacuten la fiesta de las Metecias y abdica ndashtal como habiacutea prometido‑ de la corona121

A continuacioacuten se dispone a organizar el nuevo Estado laquoempezando a partir de los diosesraquo (ἀπὸ θεῶν ἀρχόμενος)122 toma medidas para favorecer el crecimiento vegetativo de la polis establece clases entre la ciudadaniacutea asig‑nando un status especiacutefico a cada colectivo acuntildea moneda y fija los liacutemites de Atenas123

Pero al eficiente Teseo tambieacuten le llega la hora de pagar un precio por la tarea realizada124 Un tal Menesteo descendiente de Erecteo emprende una insi‑diosa campantildea contra el fundador soliviantando a laquolos poderososraquo (οἱ δυνατοί) que consideraban que Teseo les habiacutea sustraiacutedo prerrogativas y perturbando asimismo a laquola multitudraquo (οἱ πολλοί) so pretexto de haber perdido seducidos por un espejismo de libertad la patria los templos y los gobernantes que les eran propios yendo a caer bajo la autoridad de un extranjero125 La suerte sonriacutee al alborotador pues los Tindaacuteridas invaden el Aacutetica tal vez ndashapunta Plutarcondash a peticioacuten del propio Menesteo quien se encarga ademaacutes de facilitarles la entrada a la ciudad de Atenas126 De resultas de ello ndashel queronense tiene sus dudas al respectondash Etra la madre de Teseo habriacutea sido hecha prisionera127

El fundador intenta volver a ejercer su autoridadhellip en vano Al fin profun‑damente decepcionado abandona Atenas para siempre no sin antes maldecir a sus habitantes128 Teseo pereceraacute lejos de la patria y su muerte no provocaraacute reaccioacuten alguna en la ciudad129 Mucho tiempo habraacute de transcurrir para que la polis reconozca sus meacuteritos y le rinda los debidos honores que comportaraacuten la

121 Thes 243‑4122 Thes 244 Plutarco no concreta en queacute consiste esta actuacioacuten del fundador123 Thes 251‑4 Por si esta considerable labor fundacional no fuera suficiente somos

informados por Plutarco (Thes 265‑7) de que Teseo es tambieacuten οἰκιστής de la ciudad de Pitoacutepolis de la cual parte despueacutes de haber designado a quienes ejerceraacuten de gobernantes y legisladores

124 Un precio ndashrecordemosndash que ya habiacutea empezado a pagar cuando para persuadir a sus conciudadanos ricos se habiacutea comprometido a renunciar a la corona

125 Thes 321 En este pasaje Plutarco se hace eco de la atribucioacuten a Menesteo del hecho de haber sido laquoel primer hombreraquo (πρῶτος hellip ἀνθρώπων) en laquoejercer de demagogoraquo (δημαγωγεῖν)

126 Thes 322ndash332127 Thes 341128 Thes 353‑5 Esta miacutetica maldicioacuten sirve a Plutarco como αἴτιον para explicar la

etimologiacutea del laquoAraterioraquo o laquolugar de las maldicionesraquo 129 Thes 356‑7 En la descripcioacuten del fracaso que experimenta Teseo al intentar recuperar

el poder Plutarco se sirve de una terminologiacutea poliacutetica (usa en voz pasiva los verbos καταδημαγωγέω y καταστασιάζω) que utiliza tambieacuten en Per 92 y 5 Por otra parte nos parece significativo que la biografiacutea de Teseo no concluya con la alusioacuten a su fallecimiento sino que incorpore (Thes 358ndash365) la mencioacuten de los honores recibidos mucho tiempo despueacutes de su muerte por el fundador de hecho para el queronense el final de una vida no ha de coincidir necesariamente con el final de la biografiacutea cf al respecto Pelling (1997)

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necesidad de laquorecuperarraquo los restos del οἰκιστής y de trasladarlos solemnemente a Atenas130 permitiendo con ello a Cimoacuten el gran adversario de Temiacutestocles apropiarse de la figura del ilustre fundador131

Roacutemulo

La indiferencia que acompantildea al amargo fin de Teseo contrasta con el re‑vuelo que se originoacute en Roma tras la desaparicioacuten de aqueacutel a quien Plutarco considera laquopadreraquo (πατήρ)132 de la urbe que laquofundoacuteraquo (ἔκτισε)133

No es poco ciertamente lo que Roma debe a su οἰκιστής pues ademaacutes de ser el fundador material de la ciudad134 tomoacute unas medidas que seriacutean determi‑nantes para el futuro de la poblacioacuten Asiacute establecioacute los criterios con arreglo a los cuales debiacutean ser clasificados los ya numerosos habitantes de la urbe135 fue corresponsable del pacto crucial sellado entre sabinos y romanos136 introdujo cambios en el armamento137 e instituyoacute nuevos rituales138 El queronense le atri‑buye tambieacuten la promulgacioacuten de algunas leyes ndashἔθηκεhellip νόμους τινάς139 dice textualmentendash como las que hacen referencia al repudio de la esposa140

Pero llegado el liacuteder romano al zeacutenit de la gloria experimentoacute una profunda transformacioacuten en su manera de ser y adoptoacute maneras impropias vistioacute lujosos

130 Thes 358ndash365 Sobre las acciones cultuales relacionadas con el οἰκιστής ateniense cf Plaacutecido (1994) Por otra parte creemos que en la valoracioacuten plutarquea del descalabro sufrido por Teseo tiene un peso considerable la conducta poco edificante del ateniense en relacioacuten con Helena a quien eacuteste que a la sazoacuten contaba cincuenta antildeos habiacutea raptado cuando la muchacha todaviacutea no era nuacutebil (cf Thes 292 y 311‑3) En este contexto consideramos que aunque no se centra en la figura de Teseo es esclarecedora la obra de Beneker (2012) quien asimismo nos brinda datos relevantes en un trabajo posterior cf Beneker (2014) Sobre los valores morales en la obra del queronense cf Duff (1999) y Van Hoof (2010)

131 Thes 362‑3 y Cim 85‑7 En el marco de la poliacutetica ateniense de la primera mitad del siglo V a C no es en modo alguno insoacutelita la utilizacioacuten en beneficio propio de un dios o de un heacuteroe Asiacute mientras Cimoacuten opta por valerse del miacutetico Teseo Temiacutestocles se sirve de la figura de Aacutertemis cf Fau Ramos (2007) Veacutease al respecto Podlecki (1971) y Piccirilli (1987)

132 Thes 15133 Thes 22134 Rom 111‑4135 Rom 131‑8 Cf Id 201‑3 En Rom 137‑8 el queronense nos ofrece una descripcioacuten

tan idealizada como paternalista de los viacutenculos establecidos entre patroni y clientes descripcioacuten que ha sido relacionada con la que nos brinda Dionisio de Halicarnaso (210)

136 Rom 199‑10137 Rom 211138 Rom 211 y 221139 Con esta expresioacuten parece evidente que si bien Plutarco no aplica a Roacutemulo el calificativo

de νομοθέτης siacute que de facto lo tiene por tal140 Rom 223 La informacioacuten plutarquea sobre las leyes de Roacutemulo es ciertamente escueta

Para una visioacuten mucho maacutes amplia que incluye los derechos hereditarios de las mujeres la aplicacioacuten de la pena de muerte a la esposa en caso de adulterio o embriaguez las obligaciones filiales para con los progenitores y la potestad paterna sobre los hijos cf D H 225‑26

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semejante oraacuteculo lo que haciacutea el dios en realidad era exhortar a los griegos a que abandonasen las guerras frecuentasen las musas apaciguasen sus pasiones con ayuda de la razoacuten y guardasen entre siacute relaciones paciacuteficas y fecundas39

Los dos sucesos trasladan un mensaje confuso Pues hablan de los griegos no de filoacutesofos de guerras y cuestiones de justicia no de rebeliones liberadoras engloba ademaacutes la filosofiacutea en un conjunto de actividades que parece cifrar la παιδεία griega en general Pero ambos de alguna manera ofrecen una primera justificacioacuten del rechazo de Epaminondas Con ellos se pone en praacutectica la lla‑mada laquoredefinicioacutenraquo teacutecnica literaria practicada por diversos autores antiguos y frecuente en las Vidas paralelas Consiste en formular enunciados vagos y gene‑rales que a lo largo de la obra y en pasajes posteriores se concretan y alcanzan un grado mayor de individualizacioacuten40 Los dos incidentes mencionados no son ademaacutes la uacutenica prefiguracioacuten encaminada a justificar de manera previa y alusiva la inhibicioacuten de Epaminondas La misma funcioacuten cumple el diaacutelogo sobre la pobreza Epaminondas mudo en la discusioacuten demonoloacutegica central toma aquiacute la palabra para entrar en controversia con Teanor

Teanor personaje ficticio es un filoacutesofo pitagoacuterico natural de Crotona En fechas anteriores otro pitagoacuterico Lisis se habiacutea refugiado en Tebas Acogido en la casa de Polimnis padre de Cafisias y Epaminondas habiacutea llevado en esa casa pobre una vejez dichosa Teanor llega comisionado por las ricas comunidades pitagoacutericas de Italia Eacutestas quieren recompensar a Polimnis y sus hijos con una suma que aliviaraacute su pobreza Pero Epaminondas se niega a aceptar tal recom‑pensa negativa que da lugar a la controversia que mantiene con Teanor

El discurso sobre la pobreza es la uacutenica ocasioacuten en que Epaminondas rompe sustancialmente su silencio pues es el uacutenico pasaje en el que el ldquocentro ausenterdquo de la obra Epaminondas expone sus ideas de manera razonada y recurriendo a categoriacuteas filosoacuteficas Pronunciado en diaacutelogo con Teanor puede dividirse en dos secciones la primera (583D‑E) de extensioacuten breve comenta la inutilidad de las riquezas aportadas por Teanor que Polimnis y sus hijos habriacutean de emplear en cosas superfluas La segunda (584C‑585D) maacutes amplia y densa comienza con la defensa de la pobreza como ejercicio frente a aquellas pasiones (ἐπιθυμίαι) que proceden del exterior (ἐπήλυδες) y tienen como fuente las falsas opiniones (κενῶν δοξῶν) el deseo de riquezas (φιλοπλουτία) es una de esas pulsiones accesorias y superfluas como lo es tambieacuten el deseo de gloria (φιλοδοξίαν) Pos‑teriormente Epaminondas ahonda en su planteamiento como adiestramiento para el autodominio (ἐγκρατείας) la contencioacuten frente a los placeres beneficia al alma y de la misma manera beneficia a la praacutectica de la justicia el ejercicio contra

39 Gen Socr 579B‑D40 Cf Pelling (1988) 12‑13 (1990) 230

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el deseo de riquezas41 El discurso finaliza con la alabanza del hombre que sabe rehusar favores y daacutedivas de amigos y reyes incluyendo los dones de la fortuna (τύχης) tal hombre no ve alterado su juicio (οὐδὲ θορυβεῖ τὴν διάνοιαν) y es capaz de perseverar ufano y sereno en la praacutectica de la excelencia

Es de notar que los argumentos de Epaminondas no aparecen en otra obra de Plutarco dedicada especiacuteficamente a combatir la avaricia el de cupiditate di‑vitiarum (523C‑528B) Es este uno de los tratados clasificados por Ziegler bajo el roacutetulo de ldquofilosoacuteficos‑popularesrdquo y estudiados recientemente por L Van Hoof Frente a lo que sugiere su roacutetulo observa Van Hoof tales tratados tienen como destinatario a la eacutelite econoacutemica poliacutetica y social del mundo grecorromano Son por otra parte tratados de orientacioacuten fundamentalmente praacutectica Con ellos Plutarco no persigue ldquoconvertir a la filosofiacuteardquo ni lograr que sus lectores olviden sus ambiciones poliacuteticas y sociales Maacutes bien intenta ofrecerles una guiacutea que le ayude afrontar los problemas derivados de su posicioacuten dirigente La meta no es por tanto cambiar las expectativas de liderazgo o rebajar las pretensiones de poder e influencia propios y sustanciales de una clase como aquella que conforma la audiencia de los mal llamados ldquotratados filosoacutefico‑popularesrdquo Por el contrario lo que hace Plutarco es poner la filosofiacutea al servicio de sus aspiraciones42

El de cupiditate divitiarum emplea un tono admonitorio sus ideas son sen‑cillas y basadas en la experiencia o si se quiere en motivaciones prefilosoacuteficas y sus consejos no constituyen un obstaacuteculo sino una ayuda para la realizacioacuten de las ambiciones sociales que pueda albergar el lector Despliega en suma el conjunto de teacutecnicas y estrategias usuales en los tratados de ldquoeacutetica praacutectica al servicio de la eacutelite43rdquo No ocurre lo mismo con el discurso sobre la pobreza de Epaminondas Purgar el alma de las opiniones procedentes del exterior desterrar el ansia de riquezas y el deseo de gloria rehusar los favores de amigos y reyes y los dones de la fortuna son preceptos adecuados para un tipo de hombre que como Epaminondas huye de los conflictos inherentes a la lucha poliacutetica Pero es difiacutecil que con estos atributos Plutarco quiera hacer de Epaminondas un modelo para la oligarquiacutea a quien dirige sus tratados de eacutetica praacutectica Resulta significativa la posicioacuten que ocupa el discurso sobre la pobreza en el texto del de genio Una vez que concluye Epaminondas y despueacutes de que todos expresan su admiracioacuten hacia eacutel se expone una de las maacutes movidas peripecias en la que se vieron envueltos los miembros de la conjura Tras grandes sobresaltos y fuertes discusiones entre diversos implicados en la trama el asunto vino a resolverse por siacute solo e inespe‑radamente

41 El texto griego no es en este pasaje enteramente claro Quizaacutes es consecuencia de ello que frente a la lectura de los manuscritos (δικαιοσύνῃ) Russell (2010) proponga leer δικαιοσύνης

42 Van Hoof (2010) 28‑3743 Van Hoof (2010) 55‑56

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ldquoUn singular trastorno habiacutea hecho presa en nuestro aacutenimo Llenos poco antes de desazoacuten al ver nuestra empresa frustrada la presioacuten de las circunstancias y la urgencia que no consentiacutean tregua nos sumiacutea de nuevo en ansiedad y temor44rdquo

Con estas palabras describe Plutarco el estado de aacutenimo de los conjurados a raiacutez del episodio expuesto tras la discusioacuten sobre la pobreza Un estado de aacutenimo que no puede permitirse Epaminondas atento a la contencioacuten de las pasiones y la serenidad de su mente pero que es el propio de quienes participan en el complot revolucionario

El de genio se mueve seguacuten han observado diversos estudios modernos en dos planos el humano y el de los deacutemones el de la contemplacioacuten filosoacutefica y la praacutectica poliacutetica el mortal y el sobrenatural el de los que conocen y el de los que ignoran45 Y en correspondencia sus personajes se ubican en dos niveles Los unos estaacuten instalados en el mundo de la accioacuten y la peripecia son Cafisias el narrador y con eacutel todos los conjurados Otros se ubican en un plano superior el de la filosofiacutea y el contacto con las realidades transcendentes Epaminondas es la muestra maacutes clara pero el ejemplo uacuteltimo es Soacutecrates La incertidumbre el azar y el conflicto parecen preponderantes en el mundo de la accioacuten Asiacute lo indica el ruego que Arquedamo dirige a Cafisias al inicio de la obra la lucha de la virtud y la razoacuten contra las contingencias atrae por lo accidentado de su desarrollo la precariedad impliacutecita en la actuacioacuten humana y la peripecia que ello desencadena es precisamente lo que hace del acontecer histoacuterico un espectaacuteculo digno de intereacutes para el amante del honor y la belleza46 Ahora bien la manera de ver las cosas de Arquedamo se queda en la superficie de los hechos Ciertamente el relato concerniente a la liberacioacuten de la Cadmea se urde a partir de iniciativas y motivaciones humanas sin que el autor del relato Cafisias reclame expresamente la intervencioacuten divina Pero en el de genio la atmoacutesfera estaacute impregnada de un aura sobrenatural A ello contribuyen tanto las alusiones indirectas47 como la acumu‑lacioacuten de episodios y contenidos relacionados con la divinidad y el maacutes allaacute En muchas de sus obras consigna Plutarco su creencia de que el curso de la historia obedece al disentildeo de una fuerza transcendente48 El relato de la liberacioacuten de la Cadmea confirma dicha idea Pues el lector no puede eludir el pensamiento insi‑nuado por diversos procedimientos aunque no explicitado de que la ayuda divina respalda la actuacioacuten de los conjurados49 Ocurre sin embargo que ni Cafisias ni los demaacutes partiacutecipes de la conjura pueden acceder a esa visioacuten de las fuerzas

44 Gen Socr 588A45 Desideri (1984) 581 Hershbell (1988) 374‑378 Babut (1988) 384‑389 Brenk (1996)

41‑44 Georgiadou (1996) 114 Hardie (1996) 13346 Gen Socr 575B‑D47 Babut (1988) 385‑38648 Tratamiento del tema en Barigazzi (1984) y Swain (1989)49 Babut (1988) 386‑389

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sobrenaturales rectoras de los sucesos Y no acceden precisamente por estar in‑mersos en el mundo de la actuacioacuten y la peripecia Las pulsiones procedentes del exterior embargan su aacutenimo de manera que en expresioacuten de Brenk laquothey see only the apparent succession of chance occurrencesraquo50 Arquedamo tampoco tiene acceso al plano donde operan las fuerzas sobrenaturales Y evidentemente la misma ceguera afecta a esos laquoamantes del honor y la bellezaraquo ante los cuales invita a hablar a Cafisias Un puacuteblico ilustre cuya presentacioacuten hace Arquedamo subrayando su pertenencia a familias poliacuteticamente insignes51 Puacuteblico por tanto equiparable a esa eacutelite social a quien Plutarco dirige sus tratados de eacutetica praacutectica Los dos puacuteblicos el de Cafisias y el del Plutarco podriacutean identificarse con los heacuteroes que liberan la Cadmea Pero difiacutecilmente se identificariacutean con Epaminon‑das que en dos ocasiones rechaza tomar parte en la empresa52

En ambas el rechazo se justifica mediante un argumento ndashla negativa a derramar sangre de sus conciudadanos‑ que situacutea a Epaminondas a un nivel de exigencia eacutetica superior al de los conjurados53 Ahora bien la diferencia entre Epaminondas y los liberadores no radica en la eacutetica Pues al fin y al cabo ningu‑na ofensa eacutetica cabe reprochar a los protagonistas de la heroica liberacioacuten de la Cadmea Radica en el nivel Asiacute lo sugiere la discusioacuten sobre la pobreza Y asiacute lo vuelve a sentildealar el gran debate sobre el daimon de Soacutecrates que da tiacutetulo a al obra

Se debate sobre lo que Soacutecrates mismo llamaba su daimon el principio que lo guioacute a lo largo de su vida e iluminaba sus decisiones en materias inciertas e impenetrables para la inteligencia humana54 El daimon socraacutetico sugiere que Soacutecrates conociacutea de alguna manera los acontecimientos futuros algo que dos personajes del de genio acreditan55 En este sentido el debate versa sobre la adivi‑nacioacuten Las intervenciones de los diferentes personajes configuran tomadas en conjunto un extenso discurso filosoacutefico y religioso Plutarco no se alinea expresa‑mente con ninguna de las opiniones emitidas el tratamiento del tema presenta pues ese final abierto que es tan comuacuten en este autor Las cuestiones que se tocan son variadas pero todas parten de una cuestioacuten baacutesica La adivinacioacuten supone un conocimiento inalcanzable al menos en apariencia a la razoacuten humana Y el debate versa sobre coacutemo es posible acceder a ese nivel superior de inteligencia Miradas desde este punto de vista las opiniones formuladas por los distintos personajes pueden dividirse en dos grandes bloques De un lado Galaxidoro que

50 Brenk (1996) 4251 Gen Socr 575E‑F52 Gen Socr 576D‑E 594B‑C53 En la segunda ocasioacuten se antildeade un motivo maacutes conveniacutea que consumada la liberacioacuten

quedasen hombres a quienes nada pudiese reprocharse por no haber participado en la accioacuten Epaminondas se reserva este papel

54 Gen Socr 580C‑D55 Teoacutecrito (580D‑F) y Polimnis (581D‑E)

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inicia el debate propone una explicacioacuten maacutes proacutexima a los paraacutemetros raciona‑les56 en ella se ha querido ver una muestra de la llamada laquoadivinacioacuten teacutecnicaraquo (τεχνικὸς μαντική artificiosa divinatio)57 Del otro Simias Timarco y Teanor interpretan las premoniciones de Soacutecrates como un caso de comunicacioacuten direc‑ta entre el hombre y la divinidad defienden por tanto la llamada laquoadivinacioacuten naturalraquo (ἄτεχνος μαντική naturalis divinatio)58 Ya se ha dicho que Plutarco no se declara expresamente partidario de ninguna opcioacuten Pero su texto privilegia de manera indirecta los discursos de Simias Timarco y Teanor Asiacute lo sugiere un paacuterrafo del de genio que subraya el papel de Galaxidoro como mero introductor del problema59 Y asiacute lo recogen distintos estudios modernos Galaxidoro seriacutea el oponente racionalista casi siempre estoico habitual en los diaacutelogos religiosos de Plutarco su explicacioacuten se ve devaluada tanto por sus contradicciones internas como por la presencia de procedimientos textuales que rebajan su veracidad y en suma Galaxidoro y el resto de las intervenciones insertas en la seccioacuten dominada por eacutel tendriacutean como funcioacuten principal la de plantear el tema a debatir60

Las propuestas de Simias Timarco y Teanor son evidentemente distintas Actuacutea aquiacute quizaacutes el deseo de presentar el problema bajo luces diversas61 o quizaacutes el complejo planteamiento dramaacutetico que forma parte de las estrategias persuasivas de Plutarco62 Las tres sin embargo coinciden en una idea central la singularidad de aquellos hombres que como Soacutecrates pueden contactar con una realidad por encima del mundo material Para Simias el alma de la mayoriacutea de los hombres se halla embargada por el tumulto de las pasiones y la voraacutegine de las servidumbres vitales de manera que su entendimiento no puede captar las indica‑ciones de los seres superiores en el caso de Soacutecrates por el contrario su intelecto limpio y exento de pasiones (ὁ νοῦς καθαρὸς ὢν καὶ ἀπαθής) percibiacutea faacutecilmente las sentildeales enviadas por los seres divinos63 Seguacuten el mito de Timarco (expuesto por Simias) en el alma (ψυχή) conviven dos partes una inmersa en el cuerpo recibe el nombre mismo de ldquoalmardquo (ψυχή) la otra inaccesible a la corrupcioacuten se llama laquointelectoraquo (νοῦν) estaacute en el exterior del hombre y los entendidos le dan

56 Gen Socr 579F‑582C57 Corlu (1970) 49‑50 Doumlring (1984) 376 Schroumlder (2010) 161 58 Para la distincioacuten entre ambos tipos de maacutentica veacutease Cic div 111ndash12 134 172

1109ndash131 (con el comentario de Wardle (2006))59 Gen Socr 588A ζητήσεως οὐκ ἀγεννοῦς ἀλλ ἧς ὀλίγον ἔμπροσθεν οἱ περὶ Γαλαξίδωρον

καὶ Φειδόλαον ἥψαντο διαποροῦντες τίνος οὐσίας καὶ δυνάμεως εἴη τὸ Σωκράτους λεγόμενον δαιμόνιον

60 Corlu (1970) 19‑20 y 51‑52 Hani (1980) 53 Doumlring (1984) 376‑377 Schroumlder (2010) 161‑162 Donini (2011) 415‑416

61 Sobre el reparto de papeles filosoacuteficos que aquiacute parece efectuar Plutarco veacutease Donini (2011) 412‑419 (2011 [2004]) 442‑443

62 Veacutease Van Hoof (2010) 67‑68 a propoacutesito de determinados laquotratados de eacutetica praacutecticaraquo63 Gen Socr 588D‑E

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el nombre de daimon64 La parte irracional e inmersa en el cuerpo se halla sujeta a la racional e incorruptible Si la sujecioacuten es deacutebil el alma se dejaraacute doblegar por las pasiones soacutelo cuando se fortalece gracias a la educacioacuten aparece el alma capaz de percibir con prontitud las indicaciones de su daimon Algunos hombres sin embargo estaacuten especialmente dotados de suerte que en ellos predomina de forma innata la obediencia a la razoacuten y a su daimon A ellos estaacute reservada la capacidad de percibir la llamada divina65 Teanor afirma que las almas libres de lazos con el cuerpo se convierten en daacuteimones Tales daacuteimones guiacutean los asuntos del hombre Pero no todos los hombres reciben su atencioacuten pues se desentienden de cuantos estaacuten inmersos en los avatares del acontecer soacutelo aquellos que tras mil esfuerzos ascienden a una esfera elevada son recompensados con la ayuda del daimon66

Las tres intervenciones explican las dotes excepcionales de Soacutecrates mediante la existencia de hombres excepcionales Y en las tres esa excepcionalidad requiere una especial disposicioacuten del alma La liberacioacuten de las pasiones y el alejamiento del traacutefago iacutensito en el mundo humano se presentan como condicioacuten necesaria para que haya un Soacutecrates Paradigma del filoacutesofo Soacutecrates es tambieacuten el modelo de Epaminondas El discurso sobre la pobreza al mostrar coacutemo Epaminondas limpia su alma de pasiones e impulsos procedentes del mundo exterior acredita su condicioacuten de filoacutesofo Asiacute se reconoce cuando termina dicho discurso por boca de Simias67

laquoGran hombre grande es Epaminondas y responsable de ello es el aquiacute pre‑sente Polimnis que ha criado a sus hijos desde temprano en la mejor filosofiacutearaquo

Epaminondas tambieacuten es consecuente con su condicioacuten de filoacutesofo cuando rehuacutesa someter su alma al torbellino del acontecer humano y las pasiones aso‑ciadas esto es cuando se niega a participar en la conjura El filoacutesofo parece ser la conclusioacuten no debe participar al menos de manera directa en el torbellino de la vida poliacutetica

El Epaminondas del de genio es una creacioacuten histoacutericamente discutible68 Ciertamente su no participacioacuten en la liberacioacuten de la Cadmea y su formacioacuten filosoacutefica estaacuten suficientemente documentadas Pero Epaminondas es conocido ante todo por su dimensioacuten poliacutetica que aquiacute relega Plutarco para subrayar su

64 Gen Socr 591E65 Gen Socr 592A‑E66 Gen Socr 593D‑594A67 Gen Socr 585D68 Ya Von Stern (1884) 55‑57 sentildealoacute las debilidades del relato que ofrece Plutarco en el

de genio Los estudios posteriores (veacutease por ejemplo Corlu [1970] 19‑20 Barigazzi [1988] 414‑424Georgiadou [1996]) han insistido en el Epaminondas del de genio presenta una factura obediente sobre todo a razones compositivas y de disentildeo

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calidad de filoacutesofo Asiacute construida la figura de Epaminondas traslada un mensaje ndashla no implicacioacuten directa del filoacutesofo en las luchas poliacuteticas‑ que puede tener calado teoacuterico pero tambieacuten sirve a Plutarco para trasladar su posicionamiento ante cuestiones concernientes a su propia persona y al horizonte cultural de su eacutepoca Comparado a otros contemporaacuteneos que por condicioacuten social e incluso actividad literaria estaban a su mismo nivel Plutarco no protagonizoacute una carrera poliacutetica particularmente brillante69 Asumioacute en cambio el papel de consejero y guiacutea de la eacutelite La autoridad necesaria para ello se la confiere la filosofiacutea Pues Plutarco se presenta a siacute mismo como filoacutesofo La exaltacioacuten de Epaminondas es una exaltacioacuten de su propia identidad como filoacutesofo y mentor Epaminondas se mueve a una altura la de la filosofiacutea superior a la de sus afines y compantildeeros los conjurados Esta altura le prohiacutebe descender al plano de la accioacuten directa descenso que contaminariacutea su alma con pulsiones sobrevenidas pero tambieacuten le permite acceder a una realidad inalcanzable para sus compantildeeros Epaminondas eleva asiacute la posicioacuten del filoacutesofo y justifica incluso hace ineludible su alejamiento de la lucha poliacutetica Gracias a ello lo que podriacutea ser una debilidad del propio Plutarco la falta de una carrera puacuteblica brillante se transforma en una eleccioacuten deliberada y necesaria

Tal mensaje adquiere maacutes fuerza si se lo contempla sobre el transfondo cultural de la eacutepoca El auge de las composiciones de exitu illustrium virorum corre en paralelo a la admiracioacuten hacia el filoacutesofo que se enfrenta al poder y sufre castigo por ello Ya se ha dicho que el fenoacutemeno acreditado en diversas fuentes contemporaacuteneas a Plutarco fue propiciado particularmente por el final del rei‑nado de Diocleciano y que el modelo uacuteltimo del filoacutesofo‑maacutertir es Soacutecrates En este contexto adquiere un significado especial la exaltacioacuten del ldquoSoacutecrates tebanordquo Epaminondas Epaminondas se aleja del conflicto puacuteblico para cuidar su alma se distingue por su silencio y pese a ello constituye el ldquocentro ausenterdquo del de genio una composicioacuten articulada en torno a un conflicto civil la liberacioacuten de la Cadmea No resulta inverosiacutemil ver en todos estos datos una respuesta de Plu‑tarco ante el fenoacutemeno del ldquofiloacutesofo‑maacutertir poliacuteticordquo y la admiracioacuten aglutinada en torno a esa figura Respuesta que reivindica rotundamente el papel asumido por el propio Plutarco de filoacutesofo mentor del poliacutetico pero fuera eacutel mismo del traacutefago de la poliacutetica

69 Veacuteanse las observaciones y referencias que ofrece al respecto Van Hoof (2010) 66‑67

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A Esparta de Plutarco entre a guerra e as artes

de um seguidor das leis de Licurgo Nesse sentido Plutarco diz que o dinheiro e o ouro deveriam ser mandados embora de Esparta porque eles eram flagelos importados que despertavam a cobiccedila e promoviam a degeneraccedilatildeo dos costumes (c 17) Desse ponto de vista Lisandro prejudicou Esparta justamente porque promoveu seu enriquecimento e contribuiu para a dissoluccedilatildeo da frugalidade e da simplicidade que caracterizavam o cotidiano dos lacocircnios antes das vitoacuterias espartanas na Guerra do Peloponeso6

Na Vida de Agesilau Plutarco nos conta que o biografado foi o segundo filho de Arquidamo (o primeiro tinha sido Aacutegis) e que por isso ele natildeo seria o herdeiro direto do trono de Esparta De qualquer modo Agesilau foi educado de acordo com a agoge lacedemocircnia e nosso autor faz questatildeo de frisar que em decorrecircncia disso o liacuteder espartano sempre respeitou e praticou as leis de sua cidade (c 1) Mesmo apresentando uma pequena diferenccedila de tamanho de uma perna para a outra ele tinha outras qualidades espartanas como a honestidade a mansidatildeo e a beleza fiacutesica (c 2) Sua formaccedilatildeo foi tatildeo bem sucedida que diferente de Alexandre o grande e de Haniacutebal Agesilau foi um general que conquistou importantes vitoacuterias e mesmo assim nunca deixou de obedecer agraves leis espartanas (c 15) Mesmo depois de tornar‑se um lendaacuterio vencedor ele voltou a Esparta e continuou o mesmo homem de antes sem apresentar nenhuma novidade no seu comportamento diferente de outros estrategos quando voltavam de longas expediccedilotildees a terras estrangeiras (c 19)

Plutarco nos conta que Lisandro ndashque dizem ter sido amante de Agesilau na juventude (c 2)ndash pretendia introduzir muitas inovaccedilotildees e mudanccedilas no governo da Lacocircnia (c 20) Embora outros liacutederes de Esparta como Antaacutelcidas tenham feito acordos com os Persas e tenham abandonado laquocovarde e maldosamenteraquo os gregos da Aacutesia sob o domiacutenio dos baacuterbaros como nos diz Plutarco (c 23) Agesilau sempre foi um defensor da justiccedila Entre os capiacutetulos 29 e 30 da Vida de Agesilau nosso autor nos conta que os espartanos que perderam parentes na bata‑lha de Leuctra (em 371 a C) se alegraram e os que natildeo perderam ficaram tristes De certa forma eles responsabilizaram Agesilau pela derrota e lamentaram ter aceito um rei coxo Contudo Agesilau tinha boa reputaccedilatildeo e era muito virtuoso Prova disso eacute que sem promover nenhuma inovaccedilatildeo ele disse que era preciso fazer as leis dormirem para que retomassem a autoridade que tiveram no passado

Entretanto Plutarco natildeo faz apenas elogios a Agesilau Cartledge (1987 418) observa que ele faz criacuteticas a Agesilau por causa de sua ingratidatildeo em relaccedilatildeo a Lisandro (c 8) e condena seu comportamento porque ele teria hon‑rado mais os amigos do que a justiccedila (c 13 ver tambeacutem Moralia 807d) Aleacutem disso Plutarco via uma relaccedilatildeo direta entre a decadecircncia de Esparta e a ascenccedilatildeo

6 Sobre isso ver Duff (2002) 161‑204 e a introduccedilatildeo de Flaceliegravere e Chambry em Plutarque (1971) 158‑173

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ilegiacutetima de Agesilau ao trono (c 21) Poreacutem no geral nosso autor eacute tatildeo favoraacutevel e simpaacutetico a Agesilau quanto Xenofonte que tambeacutem escreveu uma biografia do rei espartano a qual certamente serviu de base para a Vida composta pelo poliacutemata de Queroneia Segundo Cartledge (1987 418) para Plutarco Agesilau foi a encarnaccedilatildeo das virtudes peculiarmente espartanas simplicidade piedade e autocontrole7

Depois na Vida de Aacutegis e na Vida de Cleocircmenes Plutarco narra os uacuteltimos momentos da histoacuteria da Esparta independente ou seja o ponto mais baixo da decadecircncia daquela cidade Os reis Aacutegis e Cleocircmenes que reinaram no seacuteculo III a C tentaram restaurar os antigos valores dos tempos de Licurgo Eles tinham os dons naturais para levar essa tarefa a cabo Aacutegis tinha grandeza de alma e se insurgia contra os prazeres desde antes dos vinte anos (c 4) natildeo gostava de rou‑pas luxuosas e baniu toda suntuosidade para aderir aos antigos haacutebitos lacocircnios caracterizados pela simplicidade de vida Mas seu exemplo e sua energia natildeo foram suficientes para restaurar os costumes tradicionais e ele foi assassinado ainda muito jovem (cc 19‑21) Aquela Esparta incorrupta e valorosa dos tempos de Licurgo dava seus uacuteltimos suspiros

Cleocircmenes natildeo era parente de Aacutegis mas foi obrigado a se casar com a vi‑uacuteva do rei assassinado ou seja Agiaacutetis Segundo Plutarco (c 1) Cleocircmenes era ambicioso e tinha grandeza de alma Era temperante e simples como Aacutegis Ele tambeacutem quiz restaurar os antigos costumes espartanos (c 11) Primeiro depois de longa disputa poliacutetica abriu matildeo de seus bens Depois distribuiu as terras entre os cidadatildeos Restabeleceu a educaccedilatildeo dos jovens e a disciplina espartana Ele proacuteprio levou uma vida simples e frugal para dar o exemplo aos outros la‑cedemocircnios sem insolecircncia nem orgulho excessivo ou seja como um modelo de temperanccedila (c 13) Mesmo quando perdeu sua esposa Agiaacutetis por quem se enamorara verdadeiramente Cleocircmenes manteve a firmeza e seu caraacuteter elevado e tomou as providecircncias necessaacuterias para garantir a seguranccedila de seus soldados e aliados (c 22) Depois de reinar por dezesseis anos Cleocircmenes morreu (cc 37‑38) e assim terminou a histoacuteria de Esparta como cidade politicamente autocircnoma

Ateacute aqui vimos que podemos encontrar nas Vidas dos liacutederes espartanos escritas por Plutarco aquela imagem caracterizada por um conjunto de valores que parecem ter ganhado forccedila numa eacutepoca lendaacuteria e foram se enfraquecendo conforme o tempo foi passando e Esparta foi estendendo seu poder para fora da Lacedemocircnia Nesse quadro vemos uma cidade altamente militarizada de guerreiros corajosos disciplinados e afeitos a uma vida sem luxos e sem confortos Isso poderia indicar que os espartanos eram um povo rude pouco sofisticado e fechado para as artes

7 Cf tambeacutem a introduccedilatildeo de Flaceliegravere e Chambry em Plutarque (1973) 85‑88 e Shipley (1998) 1‑46

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Poreacutem vaacuterias fontes arqueoloacutegicas vasculares e mesmo literaacuterias nos mostram o contraacuterio Apesar de Tuciacutedides (1102) ter dito que os edifiacutecios em Esparta eram modestos e natildeo correspondiam ao tamanho do poder militar e poliacutetico da cidade dos lacedemocircnios em seu apogeu a avaliaccedilatildeo dos monumentos arquitetocircnicos espartanos precisa ser feita com cuidado Eacute preciso lembrar que Esparta natildeo foi destruiacuteda nas Guerras Meacutedicas como Atenas foi A capital da Aacutetica foi reconstruiacuteda e uma grande soma de dinheiro afluiu para ela por causa das contribuiccedilotildees dos aliados da Liga de Delos Isso natildeo aconteceu com a princi‑pal cidade da Lacocircnia Desse modo nela foram conservados edifiacutecios antigos do seacuteculo VI a C que apresentavam outro estilo de construccedilatildeo mais arcaizante do que claacutessico Dependendo do ponto de vista um estilo pode ser mais valorizado do que o outro

De qualquer modo Pausacircnias (3113) viajante do seacuteculo II d C que fez uma descriccedilatildeo de vaacuterias cidades da Greacutecia daquela eacutepoca nos informa que havia em Esparta vaacuterios monumentos que despertavam a admiraccedilatildeo daqueles que por ali passavam tal como o Poacutertico Persa construiacutedo inicialmente com o butim amealhado na guerra contra os persas Outros exemplos de edifiacutecios que nos uacuteltimos anos vecircm sendo estudados satildeo o templo de Apolo em Amiclas o templo de Aacutertemis Oacutertia e o Menelaion onde eram cultuados Menelau e Helena8

Cartledge (2002 111) nos informa que depois de 690 a C pintores de vasos da Lacocircnia sofreram influecircncia de artistas do Egeu e adotaram o chamado estilo lsquoorientalizantersquo o que mostra que na praacutetica Esparta natildeo estava isolada do resto do mundo helecircnico Ainda segundo Cartledge nessa eacutepoca artesatildeos lacocircnios que trabalhavam com bronze comeccedilaram a se interessar pela representaccedilatildeo de figuras humanas em suas obras e por volta de 650 a C comeccedilou a se desenvolver na regiatildeo de Esparta o uso do marfim para produccedilatildeo de objetos gravados Vemos entatildeo que o ambiente artiacutestico na Lacedemocircnia entre 775 e 650 a C natildeo era de modo algum esteacuteril ou sem importacircncia9

Como Burn (1960 275‑276) explica Esparta natildeo virou suas costas para a arte e a poesia Prova disso eacute que vasos com detalhes refinados foram fabricados ali e exportados para outras regiotildees da Heacutelade ateacute 550 a C mais ou menos Por volta de 600 a C Gitiadas poeta escultor e arquiteto projetou o Templo de Atena tambeacutem conhecido como Casa de Bronze por causa das placas feitas com esse metal para decorar o edifiacutecio E em 585 a C o segundo templo de Oacutertia foi construiacutedo Ou seja havia artesatildeos trabalhando em Esparta no periacuteodo arcaico que produziram obras dignas de admiraccedilatildeo10

8 Para mais informaccedilotildees sobre a arqueologia e a arquitetura espartanas ver Walker (1998) Kaltsas (2007) e Cavanagh (2009)

9 Sobre isso ver tambeacutem Burn (1960) 180‑184 e Stibbe (1996) passim10 Ver tambeacutem Burn (1960) 280‑282 e Cartledge (2002) 133‑136

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No que diz respeito agrave muacutesica Plutarco nos daacute significativos testemunhos da sua importacircncia em ambiente espartano tanto nas Vidas quanto nos Moralia Na Vida de Licurgo no c 4 por exemplo encontramos a informaccedilatildeo segundo a qual o legislador lendaacuterio teria convidado um poeta‑legislador de Creta para ir a Esparta com ele Esse poeta se chamava Tales Mas talvez tenha havido alguma confusatildeo na tradiccedilatildeo manuscrita e esse Tales poderia ser o Taletas de Gortina mencionado algumas vezes no livro Sobre a Muacutesica tambeacutem de Plutarco Ele teria sido o responsaacutevel por curar os espartanos de uma peste com o seu canto11 Aleacutem disso no mesmo c 4 nos eacute dito que Licurgo teria sido o responsaacutevel por levar os poemas de Homero da Jocircnia para sua cidade

Depois no c 21 da mesma Vida Plutarco nos diz que os lacedemocircnios apreciavam se dedicar agrave poesia meacutelica porque as canccedilotildees estimulavam seus espiacuteritos e lhes davam coragem para enfrentar os inimigos nas batalhas Seu estilo era simples e seus temas eram seacuterios com o objetivo de promover uma boa formaccedilatildeo dos caraacuteteres Nelas eram louvados os heroacuteis de Esparta e condenados os covardes que natildeo lutaram ateacute o fim para defender sua cidade Nos festivais eram organizados trecircs coros de acordo com as idades um de velhos outro de adultos e outro de jovens Cada um cantava sobre a sua bravura uns falavam dos seus feitos no passado os outros tratavam das suas accedilotildees no presente e os uacuteltimos cantavam sobre o seu desejo de realizar grandes proezas no futuro Esses seriam os temas baacutesicos das canccedilotildees em Esparta e por isso segundo Plutarco Terpandro e Piacutendaro estavam corretos ao associar bravura e muacutesica e ao mostrar que os espartanos eram o povo mais aguerrido e mais musical

Por isso natildeo era por acaso que os jovens cantavam o nomo de Caacutestor e o peatilde da marcha (c 22) e em todo lugar havia danccedilas festas e banquetes quando natildeo havia expediccedilotildees militares (c 24) Contudo o gosto pela boa muacutesica e pela boa poesia natildeo era caracteriacutestico de todos os habitantes da Lacocircnia tendo em vista que os hilotas danccedilavam e cantavam canccedilotildees vulgares e grotescas diferentes das composiccedilotildees de Aacutelcman Terpandro e Especircndon (c 28) Isso na verdade estava associado ao fato de eles serem escravos e por isso era compreensiacutevel que eles apreciassem canccedilotildees vis como eles proacuteprios

Na Vida de Lisandro encontramos algumas informaccedilotildees que reforccedilam a impressatildeo de que os espartanos tinham sim grande sensibilidade para a muacutesica No c 15 ficamos sabendo que os lacocircnios depois de conquistar Atenas em 404 a C queriam destruir aquela cidade mas apoacutes ouvir um coro da Electra de Euriacutepides desistiram Em seguida no c 18 Plutarco nos conta que Lisandro estava sempre acompanhado do poeta Queacuterilo encarregado de celebrar os feitos do general E outros poetas tambeacutem celebraram Lisandro segundo nosso autor

11 Ver Plu Mus 42 (1146B‑C) e Gostoli (1990) 12‑13 e

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Na Vida de Agesilau c 14 lemos que os espartanos apreciavam uma parte da poesia de Timoacuteteo de Mileto poeta que teria tido algumas cordas de sua ciacutetara cortadas quando de uma sua visita a Esparta porque os eacuteforos julgavam que natildeo seriam necessaacuterias mais do que sete cordas e o instrumento do poeta tinha onze12 Essa anedota indica que os lacocircnios natildeo apreciavam inovaccedilotildees Poreacutem a informaccedilatildeo do c 14 da Vida de Agesilau mostra que eles poderiam aceitar pelo menos uma parte da obra de um poeta inovador desde que essa parte se adequas‑se ao gosto e agraves tradiccedilotildees do local Tambeacutem nessa mesma Vida c 21 Plutarco nos diz que o rei Agesilau apreciava os cantos e as danccedilas mesmo natildeo sendo um lsquoespecialistarsquo nas artes

Por fim na Vida de Aacutegis c 10 encontramos um elogio a Terpandro a Ta‑les (Taletas) e a Fereacutecides porque mesmo sendo estrangeiros professavam o que Licurgo instituiu e por isso foram muito honrados em Esparta Na Vida de Cleocircmenes c 2 somos informados que o rei Leocircnidas elogiou Tirteu algo facilmente compreensiacutevel tendo em vista o caraacuteter estimulante e guerreiro das elegias daquele poeta Aleacutem disso nessa mesma Vida citada por uacuteltimo c 12 Plutarco nos conta que Cleocircmenes certa vez teria encontrado alguns artistas de Dioniso muacutesicos e atores profissionais que iam de cidade em cidade para se apresentar e construiu um teatro Isso mostra que esse rei estimulou de alguma maneira as atividades artiacutesticas mesmo que ele natildeo tivesse o costume de levar artistas com seu exeacutercito de acordo com Plutarco e nem apreciasse apresentaccedilotildees musicais nos seus banquetes (c 13)

Tudo isso mostra que Esparta era uma cidade onde a muacutesica tinha um papel importe na educaccedilatildeo e na guerra e que os lacocircnios natildeo eram um povo obtuso e indiferente ao poder das melodias De acordo com Plutarco tendo em vista agora algumas passagens dos Moralia os espartanos passavam por treinamento rigoroso no que diz respeito agrave muacutesica e agrave poesia e suas canccedilotildees estimulavam os espiacuteritos e faziam com que os homens se sentissem entusiasmados e se esfor‑ccedilassem para ser bem sucedidos Em vaacuterias passagens das suas Obras Morais ele elogia o estilo da muacutesica deles porque ela era simples e natildeo afetada e seus temas eram seacuterios e edificantes Se algueacutem estudasse a poesia e as canccedilotildees de marcha de Esparta acompanhadas pelo aulo essa pessoa concordaria que Terpandro e Piacutendaro estavam certos ao associar valor (andreia) e muacutesica Como vimos acima nos trechos citados das Vidas Plutarco tambeacutem diz que os Espartanos eram o povo ao mesmo tempo mais musical (mousikotatous) e o mais afeito agrave guerra (polemikotatous)13

No livro sobre os Antigos Costumes dos Espartanos Plutarco tambeacutem elogia os ritmos das canccedilotildees de marcha (embaterioi rhythmoi) porque eles despertavam

12 Ver Plu Agis 1013 Cf Lyc 211‑4

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a coragem a audaacutecia e o desdeacutem pela morte requisitos indispensaacuteveis para o guerreiro valoroso Os espartanos usavam esses ritmos para danccedilar mas tambeacutem quando avanccedilavam contra os inimigos ao som do aulo Plutarco lembra que Li‑curgo associava o amor pela muacutesica agrave praacutetica militar para que o espiacuterito guerreiro combinado com a melodia tivesse concordacircncia e harmonia (symphonia kai har‑monia) Por isso em tempos de guerra os reis espartanos ofereciam sacrifiacutecios agraves Musas antes de ir para a batalha como Plutarco nos conta nos Instituta Laconica 16 (238B‑C)

E para manter a pureza da sua muacutesica e dos seus costumes os espartanos agraves vezes recorriam a atos violentos Como Plutarco reporta nos Instituta Laconica 17 (238C‑D) eles natildeo permitiriam que ningueacutem desrespeitasse de modo algum as regras da muacutesica do passado Nem mesmo Terpandro um dos mais antigos e melhores citaredos (aqueles que cantavam acompanhados da ciacutetara ou da lira) teria a permissatildeo para acrescentar uma corda extra ao seu instrumento para que suas melodias fossem mais variadas Ele tentou fazer isso mas os eacuteforos pregaram sua lira numa parede por causa do seu ato iacutempio contraacuterio agrave tradiccedilatildeo Em outra ocasiatildeo um dos eacuteforos teria procedido com mais violecircncia quando Timoacuteteo o famoso muacutesico inovador que floresceu na segunda metade do seacuteculo V a C estava competindo no festival das Carneias ele pegou uma faca e perguntou ao muacutesico de que lado ele deveria cortar as cordas supeacuterfluas cujo nuacutemero ultra‑passava o tradicional de sete cordas Outras variantes dessa histoacuteria satildeo contadas por Plutarco em outros textos mas nessas outras passagens Friacutenis outro muacutesico inovador da segunda metade do seacuteculo V a C eacute o protagonista14

Mas para aleacutem da sua importacircncia na educaccedilatildeo e nos contextos de bata‑lha a muacutesica tinha grande significado tambeacutem nas momentos das celebraccedilotildees religiosas Dentre as festividades religiosas realizadas na Lacedemocircnia uma das mais importantes era a das Carneias realizada em Esparta e intimamente ligada agrave histoacuteria de Terpandro As origens desse festival eram muito antigas anteriores ao seacuteculo VIII a C tendo em vista que no seacuteculo VII os colonizadores espartanos da cidade italiana de Tarento jaacute tinham o costume de celebraacute‑la15 As Carneias eram dedicadas ao deus Apolo Carneu Em Esparta havia concursos musicais e atleacuteti‑cos uma corrida de jovens e um banquete ritual que contava com a participaccedilatildeo dos homens adultos que representavam as fratrias O festival era organizado por cidadatildeos solteiros e era o momento adequado para que os jovens que jaacute haviam completado seu periacuteodo de formaccedilatildeo ingressassem na vida adulta16

O que nos interessa aqui eacute o papel que a muacutesica desempenhava no contexto dessas festividades Um elemento importante nesses momentos de comemoraccedilatildeo

14 Cf Prof virt 84A Apophth Lac 220C e Agis 107 jaacute citada na nota 9 Cf Rocha (2008) 654‑655

15 Brelich (1969) 181‑18216 Brelich (1969) 149‑150

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eram os concursos A realizaccedilatildeo de concursos musicais no acircmbito do festival das Carneias natildeo teria acontecido desde o iniacutecio A introduccedilatildeo de agones provavel‑mente ocorreu quando Terpandro migrou de Metimna (Lesbos) para Esparta na primeira metade do seacuteculo VII a C Nesse contexto eacute importante considerar o testemunho de Helacircnico17 segundo o qual Terpandro teria sido o primeiro a vencer o concurso musical nas Carneias Esse fato parece estar diretamente relacionado agrave fundaccedilatildeo da primeira escola musical (katastasis) em Esparta por obra do mesmo Terpandro Segundo Brelich (1969 186‑191) eacute muito provaacutevel que a introduccedilatildeo do concurso musical nas Carneias tenha sido influenciada pela proacutepria katastasis18 Essa hipoacutetese ganha forccedila se consideramos o capiacutetulo 9 do tratado Sobre a Muacutesica como um todo Ali Plutarco fala da primeira katastasis fundada por Terpandro e menciona tambeacutem a segunda katastasis liderada por Taletas de Gortina Xenoacutedamo de Citera Xenoacutecrito de Locres Polimnesto de Coacutelofon e Saacutecadas de Argos muacutesicos que teriam instituiacutedo as Gimnopeacutedias em Esparta as Apodeixeis na Arcaacutedia e as Endimaacutetias em Argos Jaacute que os membros da segunda escola musical foram fundadores de festivais19 em diferentes cidades do Peloponeso Terpandro tambeacutem pode ter desempenhado o mesmo papel no contexto das Carneias

No que diz respeito agraves Gimnopeacutedias contudo encontramos uma situaccedilatildeo diferente Possuiacutemos uma grande variedade de informaccedilotildees sobre esse festival que inclusive muitas vezes satildeo contraditoacuterias Mas tratando apenas daquilo que nos interessa aqui sabemos que no periacuteodo das festividades aconteciam apresentaccedilotildees de coros de adolescentes e adultos instituiacutedos em honra a Apolo que cantavam hinos compostos por poetas como Taletas Aacutelcman e Dionisodoto Depois da batalha de Tireia em 544 aC na qual Esparta lutou contra Argos pela posse da Tireaacutetida tornou‑se costumeiro cantar um peatilde em honra dos soldados que morreram naquela ocasiatildeo Por causa desse elemento ritual e da comparaccedilatildeo com as Apodeixeis e as Endimaacutetias as Gimnopeacutedias foram consideradas festas que indicavam o momento no qual os jovens receacutem‑iniciados eram integrados agrave vida militar20

Tendo tudo isso em vista podemos concluir que eacute preciso colocar a miragem espartana em perspectiva Esparta natildeo era tatildeo lsquoespartanarsquo assim e natildeo foi sempre lsquoespartanarsquo Havia espaccedilo naquela cidade para o cultivo das artes tais como a arquitetura a escultura a pintura vascular a muacutesica (que incluiacutea a poesia) e a danccedila Nela floresceram poetas como Aacutelcman Terpandro e Tirteu Nela surgiram escolas poeacuteticomusicais Nela viveram poetas estrangeiros tais como Taletas de

17 FGrHist 4 F 85 = Ateneu 635e = Terpander Test 1 Gostoli18 Cf tambeacutem Gostoli (1990) 84‑8519 Mais do que fundadores de festivais eacute mais verossiacutemil pensar que esses autores foram os

responsaacuteveis pela introduccedilatildeo dos concursos musicais como parte das celebraccedilotildees 20 Cf Gostoli (1990) 85‑86

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Gortina (Creta) e Saacutecadas de Argos E sendo assim houve um ambiente feacutertil e favoraacutevel para o desenvolvimento e o cultivo de atividades artiacutesticas Os esparta‑nos foram sim grandes guerreiros que contribuiacuteram decisivamente para a vitoacuteria dos helenos sobre os persas Eles cultivaram sim suas habilidades guerreiras a ponto de derrotar os atenienses na Guerra do Peloponeso Poreacutem Esparta natildeo foi somente uma comunidade de soldados que dedicavam suas vidas somente agrave guerra Esparta foi tambeacutem uma cidade onde as pessoas cantavam danccedilavam e apreciavam a beleza dos edifiacutecios e dos objetos do cotidiano Eacute preciso reconhecer isso e na obra de Plutarco jaacute encontramos essa imagem multifacetada dessa cul‑tura Basta direcionar os olhos para outras direccedilotildees

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Timoacuteteo 167‑168 178 183Timoacutexena 195Tindaacuteridas 63Tireaacutetida 169Tireia 169Tireacutesias 236Tirteu 167 169 221Titatildes 245Trajano 121Trezena 31 32‑35 38 Tricoacuterito 39Troia 81 124Tuciacutedides 122 160 181Ulisses 81 192Valeacuterio (vd Puacuteblio Valeacuterio)Vestais 58 204Viacutenio 200Xantipo 191 201Xenoacutecrito 169Xenoacutedamo 169Xenofonte 160 164Zaleuco 88Zeus 36 40‑41 220 226 243

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Index nominum

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Notas biograacuteficas dos autores

Aacutelia Rodrigues eacute doutorada em Estudos Claacutessicos (Literatura Grega) e inves‑tigadora do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse satildeo a histoacuteria das ideias poliacuteticas desde os Gregos ateacute agrave modernidade histoacuteria legal e a recepccedilatildeo de temas claacutessicos na contemporaneidade

Ana Ferreira eacute Professora Auxiliar do Departamento de Estudos Portugueses e Ro‑macircnicos da Faculdade de Letras da Universidade do Porto e investigadora do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a histoacuteria antiga a literatura greco‑romana bem como a didaacutectica das liacutenguas claacutessicas

Delfim F Leatildeo eacute Professor Catedraacutetico da Instituto de Estudos Claacutessicos e investiga‑dor do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a histoacuteria antiga o direito e a teorizaccedilatildeo poliacutetica dos Gregos a pragmaacutetica teatral e a escrita romanesca antiga

Faacutebio Vergara Cerqueira eacute Professor Adjunto do Instituto de Ciecircncias Humanas da Universidade Federal de Pelotas pesquisador PQ‑2 do CNPq Professor Visitante na Universidade de Heidelberg Bolsista Fundaccedilatildeo Humboldt ldquoPesquisador Experienterdquo Principais aacutereas de interesse satildeo histoacuteria e arqueologia da Greacutecia antiga e sua recepccedilatildeo enfocando muacutesica iconografia ceramologia gecircnero memoacuteria social identidade e patrimocircnio cultural

Guillermina Gonzaacutelez Almenara es Profesor Contratado Doctor Tipo 1 vinculada con el Aacuterea de Filologiacutea Griega del Departamento de Filologiacutea Claacutesica Francesa Aacuterabe y Romaacutenica de la Universidad de La Laguna Sus principales liacuteneas de investi‑gacioacuten son la mujer y el aacutembito femenino en la Grecia antigua Historiografiacutea griega Historia y civilizacioacuten de la Grecia antigua

Ivana S Chialva es Doctora en Letras Investigadora Asistente del Conicet y Profesora de Griego y Literaturas griega y latina de la Facultad de Humanidades y Ciencias de la Universidad Nacional del Litoral (Santa Fe Argentina) Sus tra‑bajos sobre el mundo antiguo se focalizan en la relacioacuten entre primera y segunda sofiacutestica y en la influencia de este uacuteltimo fenoacutemeno en la prosa narrativa griega de eacutepoca imperial especialmente la retoacuterica la biografiacutea y la novela en sus diferentes formas

Jesuacutes-Mordf Nieto Ibaacutentildeez es Catedraacutetico de Filologiacutea Griega de la Universidad de Leoacuten Sus liacuteneas de investigacioacuten son la literatura judiacutea en lengua griega los primeros textos cristianos el Humanismo y la Tradicioacuten claacutesica Actualmente dirige un Proyecto de

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investigacioacuten sobre el Humanismo la Tradicioacuten claacutesica y patriacutestica y la exeacutegesis biacuteblica en los siglos XVI y XVII

Joaquim Pinheiro eacute Professor Auxiliar da Universidade da Madeira e investigador do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a biografia antiga a Segunda Sofiacutestica a retoacuterica claacutessica e o pensamento poliacutetico dos Gregos

Joseacute M Candau es Catedraacutetico de Filologiacutea Griega en la Universidad de Sevilla Sus principales aacutereas de investigacioacuten son la historiografiacutea griega y Plutarco

Loraine Oliveira eacute professora de Filosofia da Universidade de Brasiacutelia Publicou o livro Plotino escultor de mitos pela Imprensa da Universidade de CoimbraAnnablume em 2014 Vem se dedicando principalmente a estudar os mitos em Plotino Plutarco e Porfiacuterio assim como o vegetarianismo em Plutarco e Porfiacuterio

Maria Aparecida de Oliveira Silva eacute professora visitante do Programa de Poacutes‑Gradu‑accedilatildeo em Letras Claacutessicas da Universidade de Satildeo Paulo e Professora Pesquisadora do Programa de Poacutes‑Graduaccedilatildeo em Histoacuteria da Universidade Federal de Satildeo Paulo Liacuteder do Grupo CNPq LABHAN Laboratoacuterio de Histoacuteria Antiga da Universidade Federal do Amapaacute Pesquisadora do Grupo CNPq Linceu ‑ Visotildees da Antiguidade Claacutessica da Universidade Estadual Paulista Pesquisadora do Grupo Retoacuterica Texto y Comunicacioacuten da Universidad de Caacutediz Membro do Conselho Acadecircmico do Seminaacuterio de Histoacuteria e Filosofia das Religiotildees da Universidad Autoacutenoma de Ciudad Juaacuterez mdash Meacutexico Pesquisa e publica trabalhos sobre Esparta Plutarco e biografia antiga

M Teresa Fau Ramos es Profesora Titular del Departament de Filologia Grega de la Universitat de Barcelona y miembro del Grup de Recerca Graecia Capta que investiga la pervivencia de la identidad griega bajo el imperio romano Sus principales aacutereas de intereacutes cientiacutefico son la historia e instituciones de la Grecia claacutesica y post‑claacutesica la religioacuten helena (paganismo) y diversos aspectos del cristianismo primitivo

Pilar Goacutemez Cardoacute es profesora titular de Filologiacutea Griega en la Universidad de Barcelona donde imparte docencia e investiga desde 1981 Doctora en Filologiacutea Claacutesica desde 1987 con una tesis sobre la tradicioacuten yaacutembica y la faacutebula (La Vida drsquoIsop entre el iambe la faula i la novella) es autora de numerosos artiacuteculos y capiacutetulos de libros sobre la literatura griega de eacutepoca imperial romana en especial sobre Segunda Sofiacutestica y novela ha estudiado principalmente autores como Luciano en cuya edicioacuten y traduccioacuten al castellano para la coleccioacuten Alma Mater participa Plutarco Dioacuten de Prusa o Elio Ariacutestides Es miembro del grupo de investigacioacuten Graecia Capta de la Universidad de Barcelona

Roosevelt Rocha eacute Professor Adjunto do curso de Letras da Universidade Federal do Paranaacute (Brasil) e pesquisador ligado ao Programa de Poacutes‑Graduaccedilatildeo em Letras da

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mesma Universidade As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a poesia grega arcaica (elegia jambo e meacutelica) a muacutesica grega antiga e o estudo da performance da poesia grega dos periacuteodos arcaico e claacutessico

Vicente Ramoacuten es Profesor Tiular de Filologiacutea Griega de la Universidad de Zara‑goza Sus intereses cientiacuteficos pueden sintetizarse en las siguientes liacuteneas Plutarco de Queronea y la biografiacutea poliacutetica historiografiacutea griega retoacuterica y oratoria griegas tradicioacuten claacutesica teatro griego la irreligiosidad en la Atenas Claacutesica

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Volumes publicados na Colecccedilatildeo Humanitas Supplementum

1 Francisco de Oliveira Claacuteudia Teixeira e Paula Barata Dias Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 1 ndash Liacutenguas e Literaturas Greacutecia e Roma (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

2 Francisco de Oliveira Claacuteudia Teixeira e Paula Barata Dias Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 2 ndash Liacutenguas e Literaturas Idade Meacutedia Renascimento Recepccedilatildeo (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

3 Francisco de Oliveira Jorge de Oliveira e Manuel Patriacutecio Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 3 ndash Histoacuteria Arqueologia e Arte (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2010)

4 Maria Helena da Rocha Pereira Joseacute Ribeiro Ferreira e Francisco de Oliveira (Coords) Horaacutecio e a sua perenidade (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

5 Joseacute Luiacutes Lopes Brandatildeo Maacutescaras dos Ceacutesares Teatro e moralidade nas Vidas suetonianas (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

6 Joseacute Ribeiro Ferreira Delfim Leatildeo Manuel Troumlster and Paula Barata Dias (eds) Symposion and Philanthropia in Plutarch (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

7 Gabriele Cornelli (Org) Representaccedilotildees da Cidade Antiga Categorias histoacutericas e discursos filosoacuteficos (Coimbra Classica DigitaliaCECHGrupo Archai 2010)

8 Maria Cristina de Sousa Pimentel e Nuno Simotildees Rodrigues (Coords) Sociedade poder e cultura no tempo de Oviacutedio (Coimbra Classica DigitaliaCECHCECCH 2010)

9 Franccediloise Frazier et Delfim F Leatildeo (eds) Tychegrave et pronoia La marche du monde selon Plutarque (Coimbra Classica DigitaliaCECH Eacutecole Doctorale 395 ArScAn‑THEMAM 2010)

10 Juan Carlos Iglesias‑Zoido El legado de Tuciacutedides en la cultura occidental (Coimbra Classica DigitaliaCECH ARENGA 2011)

11 Gabriele Cornelli O pitagorismo como categoria historiograacutefica (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2011)

12 Frederico Lourenccedilo The Lyric Metres of Euripidean Drama (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2011)

13 Joseacute Augusto Ramos Maria Cristina de Sousa Pimentel Maria do Ceacuteu Fialho Nuno Simotildees Rodrigues (coords) Paulo de Tarso Grego e Romano Judeu e Cristatildeo (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

14 Carmen Soares amp Paula Barata Dias (coords) Contributos para a histoacuteria da alimentaccedilatildeo na antiguidade (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

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15 Carlos A Martins de Jesus Claudio Castro Filho amp Joseacute Ribeiro Ferreira (coords) Hipoacutelito e Fedra ‑ nos caminhos de um mito (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

16 Joseacute Ribeiro Ferreira Delfim F Leatildeo amp Carlos A Martins de Jesus (eds) Nomos Kosmos amp Dike in Plutarch (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

17 Joseacute Augusto Ramos amp Nuno Simotildees Rodrigues (coords) Mnemosyne kai Sophia (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

18 Ana Maria Guedes Ferreira O homem de Estado ateniense em Plutarco o caso dos Alcmeoacutenidas (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

19 Aurora Loacutepez Andreacutes Pocintildea amp Maria de Faacutetima Silva De ayer a hoy influencias claacutesicas en la literatura (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

20 Cristina Pimentel Joseacute Luiacutes Brandatildeo amp Paolo Fedeli (coords) O poeta e a cidade no mundo romano (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

21 Francisco de Oliveira Joseacute Luiacutes Brandatildeo Vasco Gil Mantas amp Rosa Sanz Serrano (coords) A queda de Roma e o alvorecer da Europa (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

22 Luiacutesa de Nazareacute Ferreira Mobilidade poeacutetica na Greacutecia antiga uma leitura da obra de Simoacutenides (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica DigitaliaCECH 2013)

23 Faacutebio Cerqueira Ana Teresa Gonccedilalves Edalaura Medeiros amp JoseacuteLuiacutes Brandatildeo Saberes e poderes no mundo antigo Vol I ndash Dos saberes (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia2013) 282 p

24 Faacutebio Cerqueira Ana Teresa Gonccedilalves Edalaura Medeiros amp Delfim Leatildeo Saberes e poderes no mundo antigo Vol II ndash Dos poderes (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013) 336 p

25 Joaquim J S Pinheiro Tempo e espaccedilo da paideia nas Vidas de Plutarco (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013) 458 p

26 Delfim Leatildeo Gabriele Cornelli amp Miriam C Peixoto (coords) Dos Homens e suas Ideias Estudos sobre as Vidas de Dioacutegenes Laeacutercio (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013)

27 Italo Pantani Margarida Miranda amp Henrique Manso (coords) Aires Barbosa na Cosmoacutepolis Renascentista (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2013)

28 Francisco de Oliveira Maria de Faacutetima Silva Tereza Virgiacutenia Ribeiro Barbosa (coords) Violecircncia e transgressatildeo uma trajetoacuteria da Humanidade (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

29 Priscilla Gontijo Leite Eacutetica e retoacuterica forense asebeia e hybris na caracterizaccedilatildeo dos adversaacuterios em Demoacutestenes (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

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30 Andreacute Carneiro Lugares tempos e pessoas Povoamento rural romano no Alto Alentejo ‑ Volume I (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2014)

31 Andreacute Carneiro Lugares tempos e pessoas Povoamento rural romano no Alto Alentejo ‑ Volume II (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2014)

32 Pilar Goacutemez Cardoacute Delfim F Leatildeo Maria Aparecida de Oliveira Silva (coords) Plutarco entre mundos visotildees de Esparta Atenas e Roma (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

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Resumo da obra

A vasta e variada obra de Plutarco permite sempre uma abordagem a partir de distintas

perspetivas com diferentes intenccedilotildees e propoacutesitos variados No entanto eacute importante

identificar tambeacutem fios comuns nessa abordagem porque permitem demonstrar tanto a

niacutevel formal como de conteuacutedo que haacute muitos elementos comuns que permeiam o trabalho

de Plutarco

Os treze contributos para este volume tecircm como elo comum o nome de trecircs cidades

Esparta Atenas e Roma Elas representam espaccedilos poliacuteticos e institucionais diversos dada

a sua extensatildeo geograacutefica e cronoloacutegica mas simbolizam igualmente diferentes modelos

de organizaccedilatildeo social atraveacutes dos quais a Greacutecia pode ser contrastada com Roma ou Atenas

comparada com Esparta mdash ainda que o seu verdadeiro interesse na obra de Plutarco seja

que representam sempre locais paradigmaacuteticos onde vivem e convivem pessoas Por

isso os estudiosos de Plutarco que contribuiacuteram para este volume procuram analisar em

cada uma dessas cidades seja por assimilaccedilatildeo ou por contraste a forma como o autor de

Queroneia aborda a ligaccedilatildeo entre indiviacuteduo e comunidade a partir do exerciacutecio do poder

e da experiecircncia religiosa qual o papel da educaccedilatildeo e do domiacutenio privado na projeccedilatildeo

puacuteblica dos protagonistas retratados por Plutarco ou ateacute que ponto a imagem dos primeiros

legisladores e fundadores miacuteticos foi condicionada pela evoluccedilatildeo histoacuterica destas mesmas

cidades

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Page 7: Versão integral disponível em digitalis.uc · visões de Esparta, Atenas e Roma IMPRENSA DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA COIMBRA UNIVERSITY PRESS ANNABLUME Versão integral disponível

Coordenadores

Pilar Goacutemez Cardoacute es profesora titular de Filologiacutea Griega en la Universidad de Barcelona donde imparte docencia e investiga desde 1981 Doctora en Filologiacutea Claacutesica desde 1987 con una tesis sobre la tradicioacuten yaacutembica y la faacutebula (La Vida drsquoIsop entre el iambe la faula i la novelbullla) es autora de numerosos artiacuteculos y capiacutetulos de libros sobre la literatura griega de eacutepoca imperial romana en especial sobre Segunda Sofiacutestica y novela ha estudiado principalmente autores como Luciano (en cuya edicioacuten y traduccioacuten al castellano para la coleccioacuten Alma Mater participa) Plutarco Dioacuten de Prusa o Elio Ariacutestides Es miembro del grupo de investigacioacuten Graecia Capta de la Universidad de Barcelona

Delfim F Leatildeo eacute Professor Catedraacutetico da Instituto de Estudos Claacutessicos e investigador do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a histoacuteria antiga o direito e a teorizaccedilatildeo poliacutetica dos Gregos a pragmaacutetica teatral e a escrita romanesca antiga

Maria Aparecida de Oliveira Silva eacute professora visitante do Programa de Poacutes‑Graduaccedilatildeo em Letras Claacutessicas da Universidade de Satildeo Paulo e Professora Pesquisadora do Programa de Poacutes‑Graduaccedilatildeo em Histoacuteria da Universidade Federal de Satildeo Paulo Liacuteder do Grupo CNPq LABHAN Laboratoacuterio de Histoacuteria Antiga da Universidade Federal do Amapaacute Pesquisadora do Grupo CNPq Linceu ‑ Visotildees da Antiguidade Claacutessica da Universidade Estadual Paulista Pesquisadora do Grupo Retoacuterica Texto y Comunicacioacuten da Univer‑sidad de Caacutediz Membro do Conselho Acadecircmico do Seminaacuterio de Histoacuteria e Filosofia das Religiotildees da Universidad Autoacutenoma de Ciudad Juaacuterez mdash Meacutexico Pesquisa e publica trabalhos sobre Esparta Plutarco e biografia antiga

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Editors

Pilar Goacutemez Cardoacute is Professor of Greek Studies at the University of Barcelona where she has been teaching and conducting research in 1981 She obtained a PhD in Classical Philology in 1987 with a thesis on the iambic tradition and fable (La Vida drsquoIsop entre el iambe la faula i la novelbullla) and is the author of numerous articles and book chapters on the Greek literature of the Roman Imperial period especially on the Second Sophistic and the novel She has studied mainly writers like Lucian (collaborating in the edition and translation of his works into Spanish for the Alma Mater collection) Plutarch Dio of Prusa and Aelius Aristides She is a member of the research group Graecia Capta of the University of Barcelona

Delfim F Leatildeo is Full Professor at the Institute of Classical Studies and researcher at the Centre for Classical and Humanistic Studies at the University of Coimbra His main areas of scientific interest are ancient history law and political theory of the Greeks theatrical pragmatics and the ancient novel

Maria Aparecida de Oliveira Silva is a visiting professor of the Postgraduate Programme in Classics at the University of Satildeo Paulo and Research Professor of the Postgraduate Pro‑gramme in History at the Federal University of Satildeo Paulo Leader of the CNPq LABHAN Group Labotarory of Ancient History at the Federal University of Amapaacute Researcher of the CNPq Linceu Group mdash Visions of Classical Antiquity at Satildeo Paulo State University Researcher of the Group ldquoRetoacuterica Texto y Comunicacioacutenrdquo of the University of Caacutediz Member of the Academic Council of the Seminar in History and Philosophy of Religions at the Autonomous University of Ciudad Juaacuterez mdash Mexico Her research interests are mainly directed to Sparta Plutarch and ancient biography

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Sumaacuterio

Apresentaccedilatildeo de Plutarco entre Mundos visotildees de esparta atenas e roma 11(Presentation of Plutarch between worlds visions of Sparta Athens and Rome)

Introduccioacuten(Introduction) 13

Pilar Goacutemez Cardoacute

O jovem Teseu do reconhecimento paterno ao reconhecimento poliacutetico (Young Theseus from paternal recognition to political recognition) 31

Loraine Oliveira

Legislar teniacutea un precio (The price to pay for legislating) 49

Mordf Teresa Fau Ramos

O legislador e suas estrateacutegias discursivas teatralidade e linguagem metafoacuterica na vida de soacutelon

(The statesman and his discourse strategies theatricality and metaphorical language in the Life of Solon) 71

Delfim F Leatildeo

A figura do legislador em Plutarco Recepccedilatildeo de um mito poliacutetico (The figure of the lawgiver in Plutarch reception of a political myth) 85

Aacutelia Rodrigues

Un mentor limpio de pasiones El filoacutesofo y la actuacioacuten poliacutetica seguacuten el de genio socratis

(A mentor without passions the philosopher and political action according to the De genio Socratis) 103

Joseacute M Candau

O valor da filosofia e da paideia a construccedilatildeo moral e retoacuterica de Plutarco(The value of philosophy and of paideia Plutarchrsquos moral and rhetorical constructions) 119

Joaquim Pinheiro

De Roma a Alejandriacutea y viceversa mimesis del motivo del viaje en la vida de antonio de Plutarco(From Rome to Alexandria and vice versa mimesis of the travel motif in Plutarchrsquos Life of Antony) 137

Ivana S Chialva

A Esparta de Plutarco entre a guerra e as artes(Plutarchrsquos Sparta between war and the arts) 159

Roosevelt Rocha

Muacutesica e educaccedilatildeo em Atenas segundo as biografias de Plutarco(Music and education in Athens according to Plutarchrsquos biographies) 173

Faacutebio Vergara Cerqueira

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Por traacutes de um grande homem haacute sempre uma grande mulher A influecircncia de esposas e amantes sobre homens de Estado

(Is there always a great man behind a great woman The influence of wives and lovers over statesmen) 191

Ana Ferreira

Heteras concubinas y joacutevenes de seduccioacuten la influencia femenina en las vidas plutarqueas de Soloacuten Pericles y Alcibiacuteades

(Hetairai concubines and seducers the influence of women in Plutarchrsquos Lives of Solon Pericles and Alcibiades) 209

Guillermina Gonzaacutelez Almenara

Esparta e os oraacuteculos uma leitura plutarquiana(Sparta and the oracles a Plutarchan reading) 219

Maria Aparecida de Oliveira Silva

Plutarco y la crisis oracular del final del mundo antiguo(Plutarch and the crisis of the oracles at the end of the ancient world) 233

Jesuacutes‑Mordf Nieto Ibaacutentildeez

Index nominvm 251

Index locorvm 259

Notas biograacuteficas dos autores 267

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11

Apresentaccedilatildeo de Plutarco entre Mundos visotildees de esparta atenas e roma

(Presentation of Plutarch between worlds visions of Sparta Athens and Rome)

Um grego nascido agrave eacutepoca da dominaccedilatildeo romana Plutarco vive entre mun‑dos circulando entre Greacutecia e Roma tecendo reflexotildees sobre gregos e romanos Descendente de uma tradicional famiacutelia beoacutecia nosso autor eacute educado conforme os preceitos da paideia grega a mesma que prescreve em seus tratados e biografias como sendo a mais indicada para a formaccedilatildeo de um homem virtuoso Plutarco entrelaccedila conhecimentos acumulados pela tradiccedilatildeo grega com os da romana re‑gistra suas impressotildees sobre o modo de ser grego em um movimento de partida do seu presente de dominado para retornar ao passado glorioso de seu povo sem negligenciar suas anaacutelises sobre o modo de ser romano Reflexotildees que se fazem perceptiacuteveis principalmente na escrita de suas biografias de gregos e romanos onde vemos as comparaccedilotildees de suas personagens ora criticando a accedilatildeo de um grego ora a de um romano demonstrando os aspectos positivos e negativos de cada um embora deixe clara a sua preferecircncia pela cultura grega

Pela erudiccedilatildeo peculiar a sua extensa obra Plutarco eacute um autor que se in‑sere em diversos periacuteodos da nossa histoacuteria vemos sua influecircncia em escritos bizantinos renascentistas nos produzidos entre os seacuteculos XVI e XVII em que italianos franceses ingleses e espanhoacuteis se dedicam a verter suas biografias e tratados para vernaacuteculos modernos A disseminaccedilatildeo dessas obras concorre para influenciar artistas poetas filoacutesofos historiadores do seacuteculo XVIII em diante

Se por muitos seacuteculos nosso autor se vecirc circunscrito ao espaccedilo geograacutefico da bacia mediterracircnica hoje notamos que suas ideias atravessam o Oceano e alcanccedilam o chamado Novo Mundo Entatildeo a perspectiva de entre mundos para o nosso autor se expande mais sua obra atravessa eacutepocas e espaccedilos e se transforma em um claacutessico como tal atemporal e sem fronteiras Imbuiacutedos desse espiacuterito da obra plutarquiana apresentamos ao leitor este livro com ar‑tigos redigidos por espanhoacuteis latino‑americanos e portugueses revelando a

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Legislar teniacutea un precio

Mas a pesar de su tropiezo laquocon la mayoriacutearaquo (τοῖς πλείστοις) le fueron confiadas al legislador ateniense responsabilidades aun mayores45 y asiacute pudo eliminar buena parte de las leyes promulgadas por Dracoacuten46 reorganizar la poblacioacuten asignaacutendole prerrogativas en base a criterios econoacutemicos47 introducir cambios en las instituciones de la polis48 y establecer otras disposiciones como por ejemplo las que regulan el matrimonio49 los testamentos y donaciones50 la conducta de las mujeres51 el desempentildeo de oficios52 la actividad agriacutecola53 la naturalizacioacuten de extranjeros54 y el calendario55

Promulgadas ya las leyes aguardaba a Soloacuten una nueva contrariedad cada diacutea era abordado por individuos que elogiaban o censuraban su obra le aconse‑jaban antildeadidos o supresiones o simplemente le pediacutean aclaracioacuten sobre alguacuten pasaje que no comprendiacutean Para zafarse de esta presioacuten decide ausentarse de Atenas durante diez antildeos Abandona pues la patria con la esperanza de que su exilio voluntario sirva para que los ciudadanos se habituacuteen a las nuevas leyes56

Pero a su regreso constata que la polis ha vuelto al mal camino y las fac‑ciones vuelven a dominar la escena poliacutetica destacando sobremanera un hombre llamado Pisiacutestrato en torno al cual se apintildeaba una laquoturbaraquo (ὄχλος) de jornaleros radicalmente contraria a los ricos57 Soloacuten intenta poner paz parlamentando con los liacutederes de los partidos58 intuye las verdaderas intenciones del dirigente de la plebe e intenta en vano modificarlas59 Cuando Pisiacutestrato se dispone a erigirse en tirano el anciano legislador se opone pero al no contar con el apoyo de nadie debe cejar en su empentildeo60

estagirita (Pol 1296a) afirma que los μέσοι constituyen un factor sumamente equilibrador de la sociedad y es ndashprosigue‑ por este motivo que los mejores legisladores como Soloacuten y ‑iexclpara nuestra sorpresa‑ Licurgo pertenecieron a este colectivo Sobre la posicioacuten de Plutarco con respecto a las doctrinas supuestamente aristoteacutelicas remito a la reciente aportacioacuten de Becchi (2014)

45 Sol 163‑546 Sol 17147 Sol 181‑348 Sol 191‑249 Sol 202‑650 Sol 213‑451 Sol 21552 Sol 221 y 353 Sol 236‑24254 Sol 24455 Sol 254‑556 Sol 256 En el texto plutarqueo Soloacuten pone como excusa (πρόσχημα) de su partida

un tema relacionado con la navegacioacuten (ναυκληρία) Heroacutedoto (130) apunta el deseo de ver mundo (θεωρία) mientras que Aristoacuteteles (Ath 111) hace referencia a la actividad comercial (ἐμπορία) y tambieacuten al deseo de ver mundo (θεωρία)

57 Sol 29158 Sol 29259 Sol 29560 Sol 301‑4 y 6‑8

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Mordf Teresa Fau Ramos

Sorprendentemente una vez duentildeo de la situacioacuten Pisiacutestrato tratoacute a Soloacuten con gran respeto aceptoacute muchos de sus consejos y conservoacute laquola mayoriacutea de las leyesraquo (τοὺς πλείστους νόμους) que habiacutea establecido61 Y eacutesta es una de las uacutelti‑mas afirmaciones que hace Plutarco con respecto a Soloacuten sobre cuya muerte no nos proporciona dato alguno de intereacutes62

A diferencia de la biografiacutea plutarquea de Licurgo la Vida de Soloacuten no cul‑mina con un heroico acto de auto‑inmolacioacuten para obtener la perdurabilidad de unas leyes que se desean perennes63 Ello no obsta sin embargo para que reconozcamos que tambieacuten a Soloacuten le pasa factura el ejercicio de su funcioacuten como legislador En efecto debe soportar las burlas de unas gentes que hacen befa de eacutel por haberse negado a instaurar un reacutegimen tiraacutenico es falsamente acusado de haber obtenido beneficios fraudulentos gracias a sus leyes y sufre una intensa presioacuten por parte de sus conciudadanos hasta el punto de tener que optar por un exilio voluntario

Numa

Con la Vida de Numa regresamos a un contexto de dignidad regia aunque existe una gran diferencia entre las maneras expeditivas de Licurgo y la suavidad con la que actuacutea el rey Numa64

Tras la desaparicioacuten ndashsupuestamente sobrenaturalndash de Roacutemulo la ciudad de Roma se hallaba sumida en una grave discordia pues sabinos y romanos no se poniacutean de acuerdo sobre quieacuten habiacutea de ser el proacuteximo monarca65 Al fin las dos facciones pactan que la realeza recaiga sobre el sabino Numa Pompilio66 Pero eacuteste que habiacutea sabido mejorar su buen talante natural con un geacutenero de vida

61 Sol 312‑3 En este punto Plutarco sigue la tradicioacuten continuista de otros autores (cf Hdt 1596 y Th 6546) Seguacuten Dioacutegenes Laercio (153‑54) Pisiacutestrato hace saber al νομοθέτης ateniense que mantiene la legislacioacuten por eacutel establecida y le invita a regresar a la polis Aristoacuteteles (Ath 221) por su parte mantiene que la tiraniacutea habiacutea abolido por desuso las leyes solonianas

62 No obstante en el Banquete de los siete sabios (Moralia 151E‑F) encontramos de nuevo a Soloacuten a propoacutesito de quien Quiloacuten afirma que debe ser el primero en hacer uso de la palabra no soacutelo porque asiacute conviene por su edad y por el lugar que ocupa entre los comensales sino porque detenta laquola autoridad mayor y maacutes perfectaraquo (τὴν μεγίστην καὶ τελειοτάτην ἀρχήν) laquopor haber otorgado leyes a los ateniensesraquo (νόμους Ἀθηναίοις θέμενος) Para una visioacuten de Soloacuten como representante de una sabiduriacutea antigua que laquolejos de ser puramente teoacuterica se proyecta hacia la praxis cotidianaraquo cf Peacuterez Jimeacutenez (1991) 688

63 No nos parece irrelevante el hecho de que en la parte final de la Vida de Soloacuten (316‑7) se aluda a su vertiente poeacutetica iquestes eacutesta ‑nos preguntamos‑ una manera de sugerir la pervivencia del νομοθέτης ateniense

64 En este sentido Numa se asemeja mucho maacutes a los laquodulcesraquo personajes griegos que a los rudos romanos cf Martin Jr (1960) y De Romilly (1979) Sobre la dulzura (πρᾳότης) en los personajes plutarqueos veacutease tambieacuten Frazier (1996)

65 Num 22‑866 Num 32‑4

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Legislar teniacutea un precio

austero reflexivo y sosegado67 al recibir a los enviados que le ofreciacutean la corona se mostroacute reacio a aceptarla ya que ndashafirmabandash su manera de ser tan alejada de las praacutecticas guerreras no era apropiada para regir al belicoso pueblo de Roma68 Convencido a la postre por argumentos que le exhortaban a actuar en favor del bien comuacuten69 y confirmada por signos favorables la buena disposicioacuten de la divi‑nidad Numa accede a convertirse en rey de la agitada urbe70 eacutel que laquohabiendoraquo otrora laquoabandonado las ocupaciones propias de la vida en la ciudadraquo (ἐκλείπων τὰς ἐν ἄστει διατριβάς) se complaciacutea en frecuentar parajes solitarios71

Su primera medida de gobierno consiste en la supresioacuten de la guardia perso‑nal creada por el anterior monarca la segunda en la institucioacuten de un sacerdocio en honor de Roacutemulo72 Tras estas dos disposiciones tomadas seguacuten Plutarco laquopara obtener benevolencia y gratitud del puebloraquo (ἐπrsquoεὐνοίᾳ καὶ χάριτι τοῦ δήμου) Numa emprende la difiacutecil tarea de pacificar la ciudad73 Y para lograr su objetivo no vacila en servirse de la religioacuten introduciendo nuevos rituales74 fomentando los temores supersticiosos de la poblacioacuten75 o atribuyeacutendose una particular relacioacuten con divinidades76

Entre sus reformas de aacutembito religioso destacan la prohibicioacuten de repre‑sentar a los dioses por medio de imaacutegenes de hombres o animales77 el fomento

67 Num 37‑41 Sobre el caraacutecter del Numa plutarqueo orientado laquopor naturalezaraquo (φύσει) hacia la virtud cf Peacuterez Jimeacutenez (1994)

68 Num 51‑869 Un argumento muy del agrado de los estoicos Sobre el controvertido tema de la relacioacuten

de Plutarco con el estoicismo creemos que todaviacutea son relevantes las opiniones de Babut (1969) Para una visioacuten actualizada de este tema cf Opsomer (2014)

70 Num 61‑5 73‑7 Sobre la ejemplaridad para Plutarco del acceso del rey Numa al poder cf Peacuterez Jimeacutenez (1995)

71 Num 41 Plutarco (Num 52) subraya el sacrificio de Numa explicando que laquocostoacute seguacuten parece un esfuerzo no pequentildeo y requirioacute muchos argumentos y ruegos persuadir y hacer cambiar de opinioacuten a un hombre que habiacutea vivido en paz y tranquilidadraquo (ἦν δrsquo οὐ μικρόν ὡς ἔοικεν ἔργον ἀλλὰ καὶ λόγων πολλῶν καὶ δεήσεως τὸ πεῖσαι καὶ μεταστῆσαι γνώμην ἀνδρὸς ἐν ἡσυχίᾳ καὶ εἰρήνῃ βεβιωκότος) y ponerle al frente de laquouna poblacioacuten que en cierta manera habiacutea nacido y habiacutea crecido gracias a la guerraraquo (πόλεως τρόπον τινὰ καὶ γεγενημένης πολέμῳ καὶ συνηυξημένης)

72 Num 78‑9 Sobre la actitud del legislador Numa con respecto a la escritura veacutease la nota 20

73 Num 8174 Num 8375 Num 84 Aunque en general Plutarco desaprueba las praacutecticas supersticiosas ‑su tratado

Sobre la supersticioacuten (Moralia 164E‑171E) no permite abrigar dudas al respecto‑ puede sin embargo mostrarse comprensivo cuando un dirigente hace uso de ellas con la intencioacuten de conseguir los objetivos (por supuesto adecuados) que persigue (veacutease p e Dio 241‑3) A propoacutesito precisamente de las obras Sobre la supersticioacuten y Vida de Numa Van Nuffelen (2011) presenta al queronense como un atento observador de las transformaciones que experimentan las tradiciones religiosas

76 Num 810‑11 y 151‑677 Num 813

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de sacrificios incruentos78 la institucioacuten de los sacerdotes Pontiacutefices79 la de los Feciales80 y la de los Salios81 la consagracioacuten de las Viacutergenes Vestales82 y la regla‑mentacioacuten relativa a usos fuacutenebres83

Pero las innovaciones no podiacutean centildeirse exclusivamente a un contexto reli‑gioso Preocupado por la existencia de una masa de ciudadanos indigentes Numa decide servirse de las tierras que habiacutean sido conquistadas por su antecesor y las reparte entre los desheredados Asiacute inclina al pueblo a la praacutectica de la agricultura con el fin de que estos hombres que cultivancivilizan una tierra que les ha sido otorgada resulten tambieacuten ellos cultivadoscivilizados84 y mediante normas adicionales se aplica a incentivar las labores del campo85

Quedaba todaviacutea por abordar un grave problema pues auacuten subsistiacutea la antigua divisioacuten entre sabinos y romanos Para subsanarla el legislador establece nuevos criterios para clasificar a la ciudadaniacutea y distribuye a los individuos en entidades que dariacuteamos en llamar laquogremialesraquo De este modo agrupados en virtud de los oficios que desempentildean los habitantes de la pujante poblacioacuten iraacuten olvidando los antiguos motivos de desunioacuten86

No acaban ahiacute las reformas de Numa Tambieacuten dicta leyes relacionadas con la institucioacuten familiar87 y el calendario88 Y con todo ello consigue hacer de Roma ndashe incluso de las ciudades del entornondash un remanso de paz la violencia desaparece fiestas y banquetes se celebran por doquier las gentes se relacionan entre si en un ambiente de mutua confianza no hay constancia alguna de laquoguer‑raraquo (πόλεμος) laquodiscordia civilraquo (στάσις) ni laquorevolucioacuten poliacuteticaraquo (νεωτερισμὸς περὶ πολιτείαν) y la figura de Numa goza del respeto general89 Cuando alcan‑zados ya los ochenta antildeos fallece el legislador90 su muerte ndashmuerte naturalndash es

78 Num 815 Plutarco atribuye esta medida al igual que otras a la influencia del espartano Pitaacutegoras (cf Num 14) La influencia de Pitaacutegoras en las costumbres romanas habriacutea sido tratada por Caacutestor de Rodas a quien el queronense hace referencia en sus Cuestiones romanas (Moralia 266E)

79 Num 9180 Num 124‑881 Num 131‑782 Num 910 y 101‑583 Num 121‑384 Num 164 Plutarco hace aquiacute un juego de palabras basaacutendose en el teacutermino

συνεξημεροῦμαι En cuanto al reparto de tierras consignado en este capiacutetulo es posteriormente negado en la comparatio entre Licurgo y Numa (Num 3410)

85 Num 166‑786 Num 171‑487 Num 17588 Num 181‑6 y 198‑9 89 Num 203‑7 Plutarco antildeade (208‑12) unas consideraciones sobre las bondades que se

derivan del mandato de un gobernante filoacutesofo En su argumentacioacuten nuestro autor cita (Num 2010) casi textualmente el pasaje 711e de Las Leyes de Platoacuten

90 Num 217

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Legislar teniacutea un precio

acompantildeada tanto en Roma como en otras ciudades de grandes manifestacio‑nes de duelo91

Asiacute termina la vida del anciano rey que supo renunciar a la apacible vida que tanto le agradaba para regir los destinos de la inquieta Roma poniendo de manifiesto una vez maacutes que para el queronense el ejercicio de la funcioacuten de νομοθέτης va ligado a la ineludible necesidad de pagar un precio por ello Pero no acaba ahiacute la informacioacuten plutarquea sobre Numa pues el bioacutegrafo nos hace saber que tras la muerte del monarca los romanos volvieron a hacer uso de las armas92 y en la comparatio que establece entre Licurgo y Numa Plutarco subraya el fracaso que supone para la constitucioacuten de Numa el regreso de Roma a sus antiguas praacutecticas guerreras93 En cuanto a la causa de tal infortunio el quero‑nense es tajante seguacuten eacutel Numa se equivocoacute gravemente cuando a diferencia de Licurgo no organizoacute un sistema educativo soacutelido disciplinario e igual para todos los ciudadanos94

Publiacutecola

Pasamos acto seguido a ocuparnos de un legislador que aun sin ser de es‑tirpe real tuvo algo que ver con la institucioacuten monaacuterquica pues contribuyoacute a der‑rocarla Se trata de Publio Valerio a quien los romanos dieron el sobrenombre de Publiacutecola95 Eacuteste que se distinguiacutea por su amor a la justicia y su generosidad para con los necesitados pareciacutea destinado al liderazgo si alguacuten diacutea llegaba a instalarse en Roma lo que Plutarco llama laquoun reacutegimen democraacuteticoraquo (δημοκρατία)96 pero al ser depuesto por el pueblo el rey Tarquinio el Soberbio vio frustradas sus aspiraciones a pesar de haber colaborado eacutel personalmente al derrocamiento97

Decepcionado Valerio se retira momentaacuteneamente de la escena poliacutetica98 pero tan pronto como Tarquinio intenta recuperar el poder reacciona y toma parte muy activa en la desactivacioacuten de una conjura que teniacutea por objetivo la rein‑troduccioacuten de la realeza99 En recompensa a sus servicios Valerio es nombrado

91 Num 22192 Num 221193 Num 361094 Num 367 Pensamos que eacutesta es una criacutetica severa que aleja a Numa del prototipo del

Gobernante Ideal Por su parte Boulet (2005) ve en el retrato plutarqueo del monarca romano un claro ndashy premeditadondash distanciamiento del queronense con respecto a la figura platoacutenica del Rey‑Filoacutesofo Si el alejamiento defendido por Boulet se ajusta a la realidad no creemos que deba producirnos extrantildeeza ya que por decirlo en palabras de Hershbell (2004) Plutarco fue un laquoPlatonisthellipunorthodoxraquo Cf Dillon (2014)

95 Publ 1196 Publ 1297 Publ 13‑5 Plutarco da a la actuacioacuten de Valerio un valor claramente superior al que le

otorgan Dionisio de Halicarnaso (467‑72) y Tito Livio (158‑591‑2)98 Publ 21 99 Publ 22‑76

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coacutensul100 mientras el rey destronado busca ndashy obtienendash el apoyo de los etruscos101 Se libra un feroz combate en el que el ejeacutercito romano consigue la victoria y Valerio tiene ocasioacuten de celebrar triunfo siendo ndashsostiene Plutarcondash el primer coacutensul que entra en la urbe montado en una cuadriga102

Pero el flamante vencedor seraacute pronto objeto de criacutetica pues el pueblo cree ver en su conducta atisbos de despotismo concentra en su persona toda la auto‑ridad habita en una mansioacuten maacutes imponente que la del antiguo rey y se presenta escoltado laquopor todas las fasces y hachas juntasraquo (ὑπὸ ῥάβδοις ὁμοῦ πάσαις καὶ πελέκεσι)103 Valerio reacciona con prontitud reuacutene a un buen nuacutemero de al‑bantildeiles y en una noche echa abajo la casa y la destruye hasta los cimientos104 No tardaraacute el pueblo en hacerle donacioacuten de un terreno donde podraacute edificar una nueva morada eso siacute maacutes austera que la anterior105

En cuanto a las insignias suprimioacute las hachas y decretoacute que las fasces se incli‑naraacuten ante el pueblo106 medida que fue muy del agrado de las gentes que dieron a Valerio el sobrenombre de Publiacutecola teacutermino que seguacuten Plutarco equivale a δημοκηδής laquosoliacutecito con el puebloraquo107 Por otra parte concedioacute laquoa quienes quisie‑ranraquo (τοῖς βουλομένοις) la posibilidad de presentar candidatura para compartir el consulado junto a eacutel Pero antes de que se procediera al nombramiento de su colega en el cargo se valioacute de la feliz circunstancia de ser el uacutenico coacutensul en ejercicio para instaurar medidas poliacuteticas de suma importancia108 Asiacute nombroacute nuevos senadores109 otorgoacute mayores derechos al pueblo110 dictoacute pena de muerte sin proceso previo para aquel que pretendiera erigirse en tirano111 y organizoacute la recaudacioacuten de impuestos112

100 Publ 77101 Publ 91102 Publ 92‑9 Sobre el triunfo de Valerio cf Plu Rom 167‑8 y D H 2342 103 Publ 101‑2 Plutarco pone eacutenfasis en la narracioacuten utilizando el estilo directo es el pueblo

quien pronuncia estas palabras de reproche Sobre la desaprobacioacuten de los romanos ante la conducta de Valerio cf las narraciones maacutes comedidas de Dionisio de Halicarnaso (5181) y Tito Livio (276)

104 Publ 105 En las Cuestiones Romanas (Moralia 285F) se hace alusioacuten al hecho de que la casa situada en lo maacutes alto es percibida por las gentes como una amenaza por su elevada situacioacuten Dionisio de Halicarnaso (5192) no menciona la destruccioacuten de la morada seguacuten eacutel Publiacutecola cambioacute de domicilio con el fin ndashdeclaroacute el propio interesadondash de que los romanos pudieran lanzarle piedras desde arriba si le sorprendiacutean cometiendo alguacuten acto injusto Valerio Maacuteximo en cambio siacute alude (411) a la destruccioacuten de la casa y lo hace ademaacutes en un tono grandilocuente

105 Publ 106106 Publ 107 107 Publ 108‑9 En D H 5195 hallamos la misma ndashmaacutes que discutiblendash etimologiacutea108 Publ 111109 Publ 112110 Publ 113‑4111 Publ 121‑2112 Publ 123‑4

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Legislar teniacutea un precio

Tras estas disposiciones designoacute como colega suyo en el cargo a Lucrecio que fallecioacute pocos diacuteas despueacutes del nombramiento siendo sucedido por Marco Horacio113 En cuanto a Publiacutecola sufrioacute a causa de los honores recibidos por su doble condicioacuten de legislador y liacuteder militar la envidia de laquomuchos poderososraquo (πολλοὶ τῶν δυνατῶν) los cuales frustraron su deseo de consagrar el templo de Juacutepiter Capitolino114 Pero ello no fue obstaacuteculo para que Valerio continuara su exitosa carrera pues llegoacute a ser nombrado coacutensul por cuarta vez115 Su muerte acaecida despueacutes de lograr para Roma una gran victoria contra los sabinos causoacute un hondo pesar en la poblacioacuten116

Pero el dolor con que Roma reacciona ante la desaparicioacuten del liacuteder no debe hacernos olvidar las suspicacias que antantildeo despertara en la plebe y la envidia que posteriormente suscitoacute entre los poderosos En un caso la situacioacuten se saldoacute con la destruccioacuten por parte de Valerio de la suntuosa mansioacuten que poseiacutea y en un elocuente gesto de reconocimiento de la voluntad popular en el otro llevoacute las de perder pues no consiguioacute realizar el prestigioso ritual que ambicionaba La disensioacuten con el pueblo fue anterior al ejercicio de la actividad legisladora de hecho es gracias a la reconciliacioacuten con las masas que Publiacutecola tuvo la oportu‑nidad de ejercer como νομοθέτης En cambio el incidente con la eacutelite romana se produjo con posterioridad ndashy a consecuencia dendash su tarea como legislador (Plutarco lo indica con claridad) En este sentido podemos considerar que Publiacutecola pagoacute un doble tributo ndashla peacuterdida de su morada y la imposibilidad de llevar a cabo un ritual de alta relevanciandash por su νομοθεσία

Licurgo Soloacuten Numa y Publiacutecola establecen unas leyes por las que debe regirse la sociedad de la que forman parte y por ello reciben de Plutarco la de‑nominacioacuten de νομοθέτης117 Hay sin embargo entre los personajes biografiados

113 Publ 125‑6114 Publ 141‑7 Sobre φθόνος la envidia caracteriacutestica humana que de ninguacuten modo pasa

inadvertida a Plutarco Verdegem (2005) en una aportacioacuten en torno a les Vidas de estadistas atenienses del siglo v a C establece una clara diferencia entre laquopeer‑envyraquo que salvando la distancia cronoloacutegica seriacutea a nuestro entender el sentimiento que Publiacutecola despertoacute entre los poderosos y laquopopular envyraquo que experimenta la turba con respecto a los liacutederes contra quienes haciacutea aplicar en la Atenas claacutesica la medida llamada ostracismo Sobre el valor que el queronense otorga al ostracismo cf Jufresa Muntildeoz amp Fau Ramos (2011) Por otra parte Frazier (1996) atribuye al φθόνος de los personajes plutarqueos un laquocaractegravere quasi automatiqueraquo (p 109)

115 Publ 211116 Publ 231‑5 y 246 Plutarco (Publ 234) pone de relieve que el pueblo decidioacute que el

cuerpo de Publiacutecola fuera enterrado a expensas puacuteblicas dato que hallamos tambieacuten en Dionisio de Halicarnaso (5482‑3) y Valerio Maacuteximo (441) con la diferencia de que estos dos autores indican que ello se debioacute a la situacioacuten de pobreza extrema en que murioacute el estadista

117 Lyc 11 99 141 Sol 143 165 186 Num 93 1412 2310 2513 Publ 121 143 A un lector atento no le habraacute pasado inadvertido el hecho de que no hayamos mencionado ni a Agis ni a Cleoacutemenes personajes que intentaron en vano restaurar la laquobella y justa constitucioacutenraquo (πολιτείαν καλὴν καὶ δικαίαν) de Licurgo (Agis et Cleom 210) Ciertamente ambos pusieron todo su ahiacutenco en la empresa y ambos sufrieron por ello serias penalidades Agis perdioacute la vida

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por el queronense sujetos a quienes eacuteste no aplica el calificativo de νομοθέτης sino el de οἰκιστήςκτίστης (laquofundadorraquo) o bien les atribuye la accioacuten de οἰκιζεῖνκτιζεῖν (laquofundarraquo) una poblacioacuten Estos individuos fundan (o refundan) una comunidad cosa que les obliga a fijar unas normas Ejercen pues en cierto modo como legisladores y se arriesgan por tanto a contrariar voluntades ajenas Tambieacuten estos personajes de quienes nos ocuparemos ahora sucintamente estaacuten expuestos a pagar un precio por llevar a cabo su cometido

Teseo

Del οἰκιστής Teseo118 nos interesa especialmente su tarea como autor del llamado sinecismo Plutarco nos brinda al respecto una detallada descripcioacuten Seguacuten eacutel tras la muerte del rey Egeo su hijo Teseo se propone laquouna empresa grande y admirableraquo (μέγα καὶ θαυμαστὸν ἔργον) consistente en reunir a todos los habitantes del Aacutetica en una sola ciudad formando con ellos un uacutenico Estado dotado de instituciones comunes119 Pero antes de dar comienzo a su labor re‑corre la regioacuten para informar del proyecto a todos los pobladores Los ciudadanos no relevantes acogen al punto su llamamiento Los ricos en cambio se muestran reticentes y para convencerlos Teseo les ofrece un sistema de gobierno carente de rey y les promete que tan soacutelo reservaraacute para si mismo las funciones de dirigente militar y de laquocustodio de las leyesraquo (νόμων φύλαξ)120

Tras las explicaciones Teseo pone manos a la obra suprime los organismos anteriores y sienta las bases para el establecimiento de una polis a la cual da el

(Agis et Cleom 201) su madre su abuela y su hermano fueron asesinados (Agis et Cleom 202‑7 y 263) y su esposa obligada a contraer matrimonio con el hijo de un enemigo (Agis et Cleom 221‑3) Cleoacutemenes por su parte se vioacute forzado a entregar como rehenes del rey de Egipto a parte de su familia (Agis et Cleom 434‑8) perdioacute a su hermano en combate (Agis et Cleom 496‑7) tuvo que huir de Esparta (Agis et Cleom 503‑4) y fue arrestado en Egipto (Agis et Cleom 567) donde acaboacute suicidaacutendose tras haber intentado provocar un alzamiento contra el rey (Agis et Cleom 576‑5816) y una vez muerto continuaraacuten por asiacute decir las penalidades de Cleoacutemenes ya que el monarca egipcio ordena que su cadaacutever sea ultrajado y que sus hijos su madre y las mujeres del entorno de eacutesta reciban la muerte (Agis et Cleom 594) No obstante he decidido omitir la referencia a estos personajes porque sus esfuerzos por reinstaurar la constitucioacuten de Licurgo no se vieron coronados por el eacutexito y sobre todo porque a diferencia de lo que ocurre con Licurgo Soloacuten Numa y Publiacutecola a Agis y a Cleoacutemenes no les es otorgada por parte de Plutarco la denominacioacuten de νομοθέτης Por lo que a Agis se refiere Roskam (2005) considera que constituye para el queronense el modelo ideal del joven que se dedica a la poliacutetica

118 Thes 15 No entraremos aquiacute a discutir hasta queacute punto podriacutea sentirse Plutarco motivado a biografiar al fundador miacutetico de Atenas ni nos pronunciaremos sobre el no disimulado escepticismo sobre el particular que se le atribuye cf Sirinelli (2000) 301 Por cierto que la obra que acabamos de consignar corresponde a una de las maacutes acreditadas biografiacuteas plutarqueas comparable a las de Jones (1971) Russell (1973) y Lamberton (2001)

119 Thes 241 En la versioacuten plutarquea el sinecismo va maacutes allaacute de la unificacioacuten exclusivamente poliacutetica que describe Tuciacutedides (215)

120 Thes 242

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nombre de Atenas funda la festividad de las Panateneas para que sea celebrada por el conjunto de la comunidad instaura tambieacuten la fiesta de las Metecias y abdica ndashtal como habiacutea prometido‑ de la corona121

A continuacioacuten se dispone a organizar el nuevo Estado laquoempezando a partir de los diosesraquo (ἀπὸ θεῶν ἀρχόμενος)122 toma medidas para favorecer el crecimiento vegetativo de la polis establece clases entre la ciudadaniacutea asig‑nando un status especiacutefico a cada colectivo acuntildea moneda y fija los liacutemites de Atenas123

Pero al eficiente Teseo tambieacuten le llega la hora de pagar un precio por la tarea realizada124 Un tal Menesteo descendiente de Erecteo emprende una insi‑diosa campantildea contra el fundador soliviantando a laquolos poderososraquo (οἱ δυνατοί) que consideraban que Teseo les habiacutea sustraiacutedo prerrogativas y perturbando asimismo a laquola multitudraquo (οἱ πολλοί) so pretexto de haber perdido seducidos por un espejismo de libertad la patria los templos y los gobernantes que les eran propios yendo a caer bajo la autoridad de un extranjero125 La suerte sonriacutee al alborotador pues los Tindaacuteridas invaden el Aacutetica tal vez ndashapunta Plutarcondash a peticioacuten del propio Menesteo quien se encarga ademaacutes de facilitarles la entrada a la ciudad de Atenas126 De resultas de ello ndashel queronense tiene sus dudas al respectondash Etra la madre de Teseo habriacutea sido hecha prisionera127

El fundador intenta volver a ejercer su autoridadhellip en vano Al fin profun‑damente decepcionado abandona Atenas para siempre no sin antes maldecir a sus habitantes128 Teseo pereceraacute lejos de la patria y su muerte no provocaraacute reaccioacuten alguna en la ciudad129 Mucho tiempo habraacute de transcurrir para que la polis reconozca sus meacuteritos y le rinda los debidos honores que comportaraacuten la

121 Thes 243‑4122 Thes 244 Plutarco no concreta en queacute consiste esta actuacioacuten del fundador123 Thes 251‑4 Por si esta considerable labor fundacional no fuera suficiente somos

informados por Plutarco (Thes 265‑7) de que Teseo es tambieacuten οἰκιστής de la ciudad de Pitoacutepolis de la cual parte despueacutes de haber designado a quienes ejerceraacuten de gobernantes y legisladores

124 Un precio ndashrecordemosndash que ya habiacutea empezado a pagar cuando para persuadir a sus conciudadanos ricos se habiacutea comprometido a renunciar a la corona

125 Thes 321 En este pasaje Plutarco se hace eco de la atribucioacuten a Menesteo del hecho de haber sido laquoel primer hombreraquo (πρῶτος hellip ἀνθρώπων) en laquoejercer de demagogoraquo (δημαγωγεῖν)

126 Thes 322ndash332127 Thes 341128 Thes 353‑5 Esta miacutetica maldicioacuten sirve a Plutarco como αἴτιον para explicar la

etimologiacutea del laquoAraterioraquo o laquolugar de las maldicionesraquo 129 Thes 356‑7 En la descripcioacuten del fracaso que experimenta Teseo al intentar recuperar

el poder Plutarco se sirve de una terminologiacutea poliacutetica (usa en voz pasiva los verbos καταδημαγωγέω y καταστασιάζω) que utiliza tambieacuten en Per 92 y 5 Por otra parte nos parece significativo que la biografiacutea de Teseo no concluya con la alusioacuten a su fallecimiento sino que incorpore (Thes 358ndash365) la mencioacuten de los honores recibidos mucho tiempo despueacutes de su muerte por el fundador de hecho para el queronense el final de una vida no ha de coincidir necesariamente con el final de la biografiacutea cf al respecto Pelling (1997)

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necesidad de laquorecuperarraquo los restos del οἰκιστής y de trasladarlos solemnemente a Atenas130 permitiendo con ello a Cimoacuten el gran adversario de Temiacutestocles apropiarse de la figura del ilustre fundador131

Roacutemulo

La indiferencia que acompantildea al amargo fin de Teseo contrasta con el re‑vuelo que se originoacute en Roma tras la desaparicioacuten de aqueacutel a quien Plutarco considera laquopadreraquo (πατήρ)132 de la urbe que laquofundoacuteraquo (ἔκτισε)133

No es poco ciertamente lo que Roma debe a su οἰκιστής pues ademaacutes de ser el fundador material de la ciudad134 tomoacute unas medidas que seriacutean determi‑nantes para el futuro de la poblacioacuten Asiacute establecioacute los criterios con arreglo a los cuales debiacutean ser clasificados los ya numerosos habitantes de la urbe135 fue corresponsable del pacto crucial sellado entre sabinos y romanos136 introdujo cambios en el armamento137 e instituyoacute nuevos rituales138 El queronense le atri‑buye tambieacuten la promulgacioacuten de algunas leyes ndashἔθηκεhellip νόμους τινάς139 dice textualmentendash como las que hacen referencia al repudio de la esposa140

Pero llegado el liacuteder romano al zeacutenit de la gloria experimentoacute una profunda transformacioacuten en su manera de ser y adoptoacute maneras impropias vistioacute lujosos

130 Thes 358ndash365 Sobre las acciones cultuales relacionadas con el οἰκιστής ateniense cf Plaacutecido (1994) Por otra parte creemos que en la valoracioacuten plutarquea del descalabro sufrido por Teseo tiene un peso considerable la conducta poco edificante del ateniense en relacioacuten con Helena a quien eacuteste que a la sazoacuten contaba cincuenta antildeos habiacutea raptado cuando la muchacha todaviacutea no era nuacutebil (cf Thes 292 y 311‑3) En este contexto consideramos que aunque no se centra en la figura de Teseo es esclarecedora la obra de Beneker (2012) quien asimismo nos brinda datos relevantes en un trabajo posterior cf Beneker (2014) Sobre los valores morales en la obra del queronense cf Duff (1999) y Van Hoof (2010)

131 Thes 362‑3 y Cim 85‑7 En el marco de la poliacutetica ateniense de la primera mitad del siglo V a C no es en modo alguno insoacutelita la utilizacioacuten en beneficio propio de un dios o de un heacuteroe Asiacute mientras Cimoacuten opta por valerse del miacutetico Teseo Temiacutestocles se sirve de la figura de Aacutertemis cf Fau Ramos (2007) Veacutease al respecto Podlecki (1971) y Piccirilli (1987)

132 Thes 15133 Thes 22134 Rom 111‑4135 Rom 131‑8 Cf Id 201‑3 En Rom 137‑8 el queronense nos ofrece una descripcioacuten

tan idealizada como paternalista de los viacutenculos establecidos entre patroni y clientes descripcioacuten que ha sido relacionada con la que nos brinda Dionisio de Halicarnaso (210)

136 Rom 199‑10137 Rom 211138 Rom 211 y 221139 Con esta expresioacuten parece evidente que si bien Plutarco no aplica a Roacutemulo el calificativo

de νομοθέτης siacute que de facto lo tiene por tal140 Rom 223 La informacioacuten plutarquea sobre las leyes de Roacutemulo es ciertamente escueta

Para una visioacuten mucho maacutes amplia que incluye los derechos hereditarios de las mujeres la aplicacioacuten de la pena de muerte a la esposa en caso de adulterio o embriaguez las obligaciones filiales para con los progenitores y la potestad paterna sobre los hijos cf D H 225‑26

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Un mentor limpio de pasiones El filoacutesofo y la actuacioacuten poliacutetica seguacuten el De genio Socratis

semejante oraacuteculo lo que haciacutea el dios en realidad era exhortar a los griegos a que abandonasen las guerras frecuentasen las musas apaciguasen sus pasiones con ayuda de la razoacuten y guardasen entre siacute relaciones paciacuteficas y fecundas39

Los dos sucesos trasladan un mensaje confuso Pues hablan de los griegos no de filoacutesofos de guerras y cuestiones de justicia no de rebeliones liberadoras engloba ademaacutes la filosofiacutea en un conjunto de actividades que parece cifrar la παιδεία griega en general Pero ambos de alguna manera ofrecen una primera justificacioacuten del rechazo de Epaminondas Con ellos se pone en praacutectica la lla‑mada laquoredefinicioacutenraquo teacutecnica literaria practicada por diversos autores antiguos y frecuente en las Vidas paralelas Consiste en formular enunciados vagos y gene‑rales que a lo largo de la obra y en pasajes posteriores se concretan y alcanzan un grado mayor de individualizacioacuten40 Los dos incidentes mencionados no son ademaacutes la uacutenica prefiguracioacuten encaminada a justificar de manera previa y alusiva la inhibicioacuten de Epaminondas La misma funcioacuten cumple el diaacutelogo sobre la pobreza Epaminondas mudo en la discusioacuten demonoloacutegica central toma aquiacute la palabra para entrar en controversia con Teanor

Teanor personaje ficticio es un filoacutesofo pitagoacuterico natural de Crotona En fechas anteriores otro pitagoacuterico Lisis se habiacutea refugiado en Tebas Acogido en la casa de Polimnis padre de Cafisias y Epaminondas habiacutea llevado en esa casa pobre una vejez dichosa Teanor llega comisionado por las ricas comunidades pitagoacutericas de Italia Eacutestas quieren recompensar a Polimnis y sus hijos con una suma que aliviaraacute su pobreza Pero Epaminondas se niega a aceptar tal recom‑pensa negativa que da lugar a la controversia que mantiene con Teanor

El discurso sobre la pobreza es la uacutenica ocasioacuten en que Epaminondas rompe sustancialmente su silencio pues es el uacutenico pasaje en el que el ldquocentro ausenterdquo de la obra Epaminondas expone sus ideas de manera razonada y recurriendo a categoriacuteas filosoacuteficas Pronunciado en diaacutelogo con Teanor puede dividirse en dos secciones la primera (583D‑E) de extensioacuten breve comenta la inutilidad de las riquezas aportadas por Teanor que Polimnis y sus hijos habriacutean de emplear en cosas superfluas La segunda (584C‑585D) maacutes amplia y densa comienza con la defensa de la pobreza como ejercicio frente a aquellas pasiones (ἐπιθυμίαι) que proceden del exterior (ἐπήλυδες) y tienen como fuente las falsas opiniones (κενῶν δοξῶν) el deseo de riquezas (φιλοπλουτία) es una de esas pulsiones accesorias y superfluas como lo es tambieacuten el deseo de gloria (φιλοδοξίαν) Pos‑teriormente Epaminondas ahonda en su planteamiento como adiestramiento para el autodominio (ἐγκρατείας) la contencioacuten frente a los placeres beneficia al alma y de la misma manera beneficia a la praacutectica de la justicia el ejercicio contra

39 Gen Socr 579B‑D40 Cf Pelling (1988) 12‑13 (1990) 230

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el deseo de riquezas41 El discurso finaliza con la alabanza del hombre que sabe rehusar favores y daacutedivas de amigos y reyes incluyendo los dones de la fortuna (τύχης) tal hombre no ve alterado su juicio (οὐδὲ θορυβεῖ τὴν διάνοιαν) y es capaz de perseverar ufano y sereno en la praacutectica de la excelencia

Es de notar que los argumentos de Epaminondas no aparecen en otra obra de Plutarco dedicada especiacuteficamente a combatir la avaricia el de cupiditate di‑vitiarum (523C‑528B) Es este uno de los tratados clasificados por Ziegler bajo el roacutetulo de ldquofilosoacuteficos‑popularesrdquo y estudiados recientemente por L Van Hoof Frente a lo que sugiere su roacutetulo observa Van Hoof tales tratados tienen como destinatario a la eacutelite econoacutemica poliacutetica y social del mundo grecorromano Son por otra parte tratados de orientacioacuten fundamentalmente praacutectica Con ellos Plutarco no persigue ldquoconvertir a la filosofiacuteardquo ni lograr que sus lectores olviden sus ambiciones poliacuteticas y sociales Maacutes bien intenta ofrecerles una guiacutea que le ayude afrontar los problemas derivados de su posicioacuten dirigente La meta no es por tanto cambiar las expectativas de liderazgo o rebajar las pretensiones de poder e influencia propios y sustanciales de una clase como aquella que conforma la audiencia de los mal llamados ldquotratados filosoacutefico‑popularesrdquo Por el contrario lo que hace Plutarco es poner la filosofiacutea al servicio de sus aspiraciones42

El de cupiditate divitiarum emplea un tono admonitorio sus ideas son sen‑cillas y basadas en la experiencia o si se quiere en motivaciones prefilosoacuteficas y sus consejos no constituyen un obstaacuteculo sino una ayuda para la realizacioacuten de las ambiciones sociales que pueda albergar el lector Despliega en suma el conjunto de teacutecnicas y estrategias usuales en los tratados de ldquoeacutetica praacutectica al servicio de la eacutelite43rdquo No ocurre lo mismo con el discurso sobre la pobreza de Epaminondas Purgar el alma de las opiniones procedentes del exterior desterrar el ansia de riquezas y el deseo de gloria rehusar los favores de amigos y reyes y los dones de la fortuna son preceptos adecuados para un tipo de hombre que como Epaminondas huye de los conflictos inherentes a la lucha poliacutetica Pero es difiacutecil que con estos atributos Plutarco quiera hacer de Epaminondas un modelo para la oligarquiacutea a quien dirige sus tratados de eacutetica praacutectica Resulta significativa la posicioacuten que ocupa el discurso sobre la pobreza en el texto del de genio Una vez que concluye Epaminondas y despueacutes de que todos expresan su admiracioacuten hacia eacutel se expone una de las maacutes movidas peripecias en la que se vieron envueltos los miembros de la conjura Tras grandes sobresaltos y fuertes discusiones entre diversos implicados en la trama el asunto vino a resolverse por siacute solo e inespe‑radamente

41 El texto griego no es en este pasaje enteramente claro Quizaacutes es consecuencia de ello que frente a la lectura de los manuscritos (δικαιοσύνῃ) Russell (2010) proponga leer δικαιοσύνης

42 Van Hoof (2010) 28‑3743 Van Hoof (2010) 55‑56

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ldquoUn singular trastorno habiacutea hecho presa en nuestro aacutenimo Llenos poco antes de desazoacuten al ver nuestra empresa frustrada la presioacuten de las circunstancias y la urgencia que no consentiacutean tregua nos sumiacutea de nuevo en ansiedad y temor44rdquo

Con estas palabras describe Plutarco el estado de aacutenimo de los conjurados a raiacutez del episodio expuesto tras la discusioacuten sobre la pobreza Un estado de aacutenimo que no puede permitirse Epaminondas atento a la contencioacuten de las pasiones y la serenidad de su mente pero que es el propio de quienes participan en el complot revolucionario

El de genio se mueve seguacuten han observado diversos estudios modernos en dos planos el humano y el de los deacutemones el de la contemplacioacuten filosoacutefica y la praacutectica poliacutetica el mortal y el sobrenatural el de los que conocen y el de los que ignoran45 Y en correspondencia sus personajes se ubican en dos niveles Los unos estaacuten instalados en el mundo de la accioacuten y la peripecia son Cafisias el narrador y con eacutel todos los conjurados Otros se ubican en un plano superior el de la filosofiacutea y el contacto con las realidades transcendentes Epaminondas es la muestra maacutes clara pero el ejemplo uacuteltimo es Soacutecrates La incertidumbre el azar y el conflicto parecen preponderantes en el mundo de la accioacuten Asiacute lo indica el ruego que Arquedamo dirige a Cafisias al inicio de la obra la lucha de la virtud y la razoacuten contra las contingencias atrae por lo accidentado de su desarrollo la precariedad impliacutecita en la actuacioacuten humana y la peripecia que ello desencadena es precisamente lo que hace del acontecer histoacuterico un espectaacuteculo digno de intereacutes para el amante del honor y la belleza46 Ahora bien la manera de ver las cosas de Arquedamo se queda en la superficie de los hechos Ciertamente el relato concerniente a la liberacioacuten de la Cadmea se urde a partir de iniciativas y motivaciones humanas sin que el autor del relato Cafisias reclame expresamente la intervencioacuten divina Pero en el de genio la atmoacutesfera estaacute impregnada de un aura sobrenatural A ello contribuyen tanto las alusiones indirectas47 como la acumu‑lacioacuten de episodios y contenidos relacionados con la divinidad y el maacutes allaacute En muchas de sus obras consigna Plutarco su creencia de que el curso de la historia obedece al disentildeo de una fuerza transcendente48 El relato de la liberacioacuten de la Cadmea confirma dicha idea Pues el lector no puede eludir el pensamiento insi‑nuado por diversos procedimientos aunque no explicitado de que la ayuda divina respalda la actuacioacuten de los conjurados49 Ocurre sin embargo que ni Cafisias ni los demaacutes partiacutecipes de la conjura pueden acceder a esa visioacuten de las fuerzas

44 Gen Socr 588A45 Desideri (1984) 581 Hershbell (1988) 374‑378 Babut (1988) 384‑389 Brenk (1996)

41‑44 Georgiadou (1996) 114 Hardie (1996) 13346 Gen Socr 575B‑D47 Babut (1988) 385‑38648 Tratamiento del tema en Barigazzi (1984) y Swain (1989)49 Babut (1988) 386‑389

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sobrenaturales rectoras de los sucesos Y no acceden precisamente por estar in‑mersos en el mundo de la actuacioacuten y la peripecia Las pulsiones procedentes del exterior embargan su aacutenimo de manera que en expresioacuten de Brenk laquothey see only the apparent succession of chance occurrencesraquo50 Arquedamo tampoco tiene acceso al plano donde operan las fuerzas sobrenaturales Y evidentemente la misma ceguera afecta a esos laquoamantes del honor y la bellezaraquo ante los cuales invita a hablar a Cafisias Un puacuteblico ilustre cuya presentacioacuten hace Arquedamo subrayando su pertenencia a familias poliacuteticamente insignes51 Puacuteblico por tanto equiparable a esa eacutelite social a quien Plutarco dirige sus tratados de eacutetica praacutectica Los dos puacuteblicos el de Cafisias y el del Plutarco podriacutean identificarse con los heacuteroes que liberan la Cadmea Pero difiacutecilmente se identificariacutean con Epaminon‑das que en dos ocasiones rechaza tomar parte en la empresa52

En ambas el rechazo se justifica mediante un argumento ndashla negativa a derramar sangre de sus conciudadanos‑ que situacutea a Epaminondas a un nivel de exigencia eacutetica superior al de los conjurados53 Ahora bien la diferencia entre Epaminondas y los liberadores no radica en la eacutetica Pues al fin y al cabo ningu‑na ofensa eacutetica cabe reprochar a los protagonistas de la heroica liberacioacuten de la Cadmea Radica en el nivel Asiacute lo sugiere la discusioacuten sobre la pobreza Y asiacute lo vuelve a sentildealar el gran debate sobre el daimon de Soacutecrates que da tiacutetulo a al obra

Se debate sobre lo que Soacutecrates mismo llamaba su daimon el principio que lo guioacute a lo largo de su vida e iluminaba sus decisiones en materias inciertas e impenetrables para la inteligencia humana54 El daimon socraacutetico sugiere que Soacutecrates conociacutea de alguna manera los acontecimientos futuros algo que dos personajes del de genio acreditan55 En este sentido el debate versa sobre la adivi‑nacioacuten Las intervenciones de los diferentes personajes configuran tomadas en conjunto un extenso discurso filosoacutefico y religioso Plutarco no se alinea expresa‑mente con ninguna de las opiniones emitidas el tratamiento del tema presenta pues ese final abierto que es tan comuacuten en este autor Las cuestiones que se tocan son variadas pero todas parten de una cuestioacuten baacutesica La adivinacioacuten supone un conocimiento inalcanzable al menos en apariencia a la razoacuten humana Y el debate versa sobre coacutemo es posible acceder a ese nivel superior de inteligencia Miradas desde este punto de vista las opiniones formuladas por los distintos personajes pueden dividirse en dos grandes bloques De un lado Galaxidoro que

50 Brenk (1996) 4251 Gen Socr 575E‑F52 Gen Socr 576D‑E 594B‑C53 En la segunda ocasioacuten se antildeade un motivo maacutes conveniacutea que consumada la liberacioacuten

quedasen hombres a quienes nada pudiese reprocharse por no haber participado en la accioacuten Epaminondas se reserva este papel

54 Gen Socr 580C‑D55 Teoacutecrito (580D‑F) y Polimnis (581D‑E)

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inicia el debate propone una explicacioacuten maacutes proacutexima a los paraacutemetros raciona‑les56 en ella se ha querido ver una muestra de la llamada laquoadivinacioacuten teacutecnicaraquo (τεχνικὸς μαντική artificiosa divinatio)57 Del otro Simias Timarco y Teanor interpretan las premoniciones de Soacutecrates como un caso de comunicacioacuten direc‑ta entre el hombre y la divinidad defienden por tanto la llamada laquoadivinacioacuten naturalraquo (ἄτεχνος μαντική naturalis divinatio)58 Ya se ha dicho que Plutarco no se declara expresamente partidario de ninguna opcioacuten Pero su texto privilegia de manera indirecta los discursos de Simias Timarco y Teanor Asiacute lo sugiere un paacuterrafo del de genio que subraya el papel de Galaxidoro como mero introductor del problema59 Y asiacute lo recogen distintos estudios modernos Galaxidoro seriacutea el oponente racionalista casi siempre estoico habitual en los diaacutelogos religiosos de Plutarco su explicacioacuten se ve devaluada tanto por sus contradicciones internas como por la presencia de procedimientos textuales que rebajan su veracidad y en suma Galaxidoro y el resto de las intervenciones insertas en la seccioacuten dominada por eacutel tendriacutean como funcioacuten principal la de plantear el tema a debatir60

Las propuestas de Simias Timarco y Teanor son evidentemente distintas Actuacutea aquiacute quizaacutes el deseo de presentar el problema bajo luces diversas61 o quizaacutes el complejo planteamiento dramaacutetico que forma parte de las estrategias persuasivas de Plutarco62 Las tres sin embargo coinciden en una idea central la singularidad de aquellos hombres que como Soacutecrates pueden contactar con una realidad por encima del mundo material Para Simias el alma de la mayoriacutea de los hombres se halla embargada por el tumulto de las pasiones y la voraacutegine de las servidumbres vitales de manera que su entendimiento no puede captar las indica‑ciones de los seres superiores en el caso de Soacutecrates por el contrario su intelecto limpio y exento de pasiones (ὁ νοῦς καθαρὸς ὢν καὶ ἀπαθής) percibiacutea faacutecilmente las sentildeales enviadas por los seres divinos63 Seguacuten el mito de Timarco (expuesto por Simias) en el alma (ψυχή) conviven dos partes una inmersa en el cuerpo recibe el nombre mismo de ldquoalmardquo (ψυχή) la otra inaccesible a la corrupcioacuten se llama laquointelectoraquo (νοῦν) estaacute en el exterior del hombre y los entendidos le dan

56 Gen Socr 579F‑582C57 Corlu (1970) 49‑50 Doumlring (1984) 376 Schroumlder (2010) 161 58 Para la distincioacuten entre ambos tipos de maacutentica veacutease Cic div 111ndash12 134 172

1109ndash131 (con el comentario de Wardle (2006))59 Gen Socr 588A ζητήσεως οὐκ ἀγεννοῦς ἀλλ ἧς ὀλίγον ἔμπροσθεν οἱ περὶ Γαλαξίδωρον

καὶ Φειδόλαον ἥψαντο διαποροῦντες τίνος οὐσίας καὶ δυνάμεως εἴη τὸ Σωκράτους λεγόμενον δαιμόνιον

60 Corlu (1970) 19‑20 y 51‑52 Hani (1980) 53 Doumlring (1984) 376‑377 Schroumlder (2010) 161‑162 Donini (2011) 415‑416

61 Sobre el reparto de papeles filosoacuteficos que aquiacute parece efectuar Plutarco veacutease Donini (2011) 412‑419 (2011 [2004]) 442‑443

62 Veacutease Van Hoof (2010) 67‑68 a propoacutesito de determinados laquotratados de eacutetica praacutecticaraquo63 Gen Socr 588D‑E

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el nombre de daimon64 La parte irracional e inmersa en el cuerpo se halla sujeta a la racional e incorruptible Si la sujecioacuten es deacutebil el alma se dejaraacute doblegar por las pasiones soacutelo cuando se fortalece gracias a la educacioacuten aparece el alma capaz de percibir con prontitud las indicaciones de su daimon Algunos hombres sin embargo estaacuten especialmente dotados de suerte que en ellos predomina de forma innata la obediencia a la razoacuten y a su daimon A ellos estaacute reservada la capacidad de percibir la llamada divina65 Teanor afirma que las almas libres de lazos con el cuerpo se convierten en daacuteimones Tales daacuteimones guiacutean los asuntos del hombre Pero no todos los hombres reciben su atencioacuten pues se desentienden de cuantos estaacuten inmersos en los avatares del acontecer soacutelo aquellos que tras mil esfuerzos ascienden a una esfera elevada son recompensados con la ayuda del daimon66

Las tres intervenciones explican las dotes excepcionales de Soacutecrates mediante la existencia de hombres excepcionales Y en las tres esa excepcionalidad requiere una especial disposicioacuten del alma La liberacioacuten de las pasiones y el alejamiento del traacutefago iacutensito en el mundo humano se presentan como condicioacuten necesaria para que haya un Soacutecrates Paradigma del filoacutesofo Soacutecrates es tambieacuten el modelo de Epaminondas El discurso sobre la pobreza al mostrar coacutemo Epaminondas limpia su alma de pasiones e impulsos procedentes del mundo exterior acredita su condicioacuten de filoacutesofo Asiacute se reconoce cuando termina dicho discurso por boca de Simias67

laquoGran hombre grande es Epaminondas y responsable de ello es el aquiacute pre‑sente Polimnis que ha criado a sus hijos desde temprano en la mejor filosofiacutearaquo

Epaminondas tambieacuten es consecuente con su condicioacuten de filoacutesofo cuando rehuacutesa someter su alma al torbellino del acontecer humano y las pasiones aso‑ciadas esto es cuando se niega a participar en la conjura El filoacutesofo parece ser la conclusioacuten no debe participar al menos de manera directa en el torbellino de la vida poliacutetica

El Epaminondas del de genio es una creacioacuten histoacutericamente discutible68 Ciertamente su no participacioacuten en la liberacioacuten de la Cadmea y su formacioacuten filosoacutefica estaacuten suficientemente documentadas Pero Epaminondas es conocido ante todo por su dimensioacuten poliacutetica que aquiacute relega Plutarco para subrayar su

64 Gen Socr 591E65 Gen Socr 592A‑E66 Gen Socr 593D‑594A67 Gen Socr 585D68 Ya Von Stern (1884) 55‑57 sentildealoacute las debilidades del relato que ofrece Plutarco en el

de genio Los estudios posteriores (veacutease por ejemplo Corlu [1970] 19‑20 Barigazzi [1988] 414‑424Georgiadou [1996]) han insistido en el Epaminondas del de genio presenta una factura obediente sobre todo a razones compositivas y de disentildeo

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calidad de filoacutesofo Asiacute construida la figura de Epaminondas traslada un mensaje ndashla no implicacioacuten directa del filoacutesofo en las luchas poliacuteticas‑ que puede tener calado teoacuterico pero tambieacuten sirve a Plutarco para trasladar su posicionamiento ante cuestiones concernientes a su propia persona y al horizonte cultural de su eacutepoca Comparado a otros contemporaacuteneos que por condicioacuten social e incluso actividad literaria estaban a su mismo nivel Plutarco no protagonizoacute una carrera poliacutetica particularmente brillante69 Asumioacute en cambio el papel de consejero y guiacutea de la eacutelite La autoridad necesaria para ello se la confiere la filosofiacutea Pues Plutarco se presenta a siacute mismo como filoacutesofo La exaltacioacuten de Epaminondas es una exaltacioacuten de su propia identidad como filoacutesofo y mentor Epaminondas se mueve a una altura la de la filosofiacutea superior a la de sus afines y compantildeeros los conjurados Esta altura le prohiacutebe descender al plano de la accioacuten directa descenso que contaminariacutea su alma con pulsiones sobrevenidas pero tambieacuten le permite acceder a una realidad inalcanzable para sus compantildeeros Epaminondas eleva asiacute la posicioacuten del filoacutesofo y justifica incluso hace ineludible su alejamiento de la lucha poliacutetica Gracias a ello lo que podriacutea ser una debilidad del propio Plutarco la falta de una carrera puacuteblica brillante se transforma en una eleccioacuten deliberada y necesaria

Tal mensaje adquiere maacutes fuerza si se lo contempla sobre el transfondo cultural de la eacutepoca El auge de las composiciones de exitu illustrium virorum corre en paralelo a la admiracioacuten hacia el filoacutesofo que se enfrenta al poder y sufre castigo por ello Ya se ha dicho que el fenoacutemeno acreditado en diversas fuentes contemporaacuteneas a Plutarco fue propiciado particularmente por el final del rei‑nado de Diocleciano y que el modelo uacuteltimo del filoacutesofo‑maacutertir es Soacutecrates En este contexto adquiere un significado especial la exaltacioacuten del ldquoSoacutecrates tebanordquo Epaminondas Epaminondas se aleja del conflicto puacuteblico para cuidar su alma se distingue por su silencio y pese a ello constituye el ldquocentro ausenterdquo del de genio una composicioacuten articulada en torno a un conflicto civil la liberacioacuten de la Cadmea No resulta inverosiacutemil ver en todos estos datos una respuesta de Plu‑tarco ante el fenoacutemeno del ldquofiloacutesofo‑maacutertir poliacuteticordquo y la admiracioacuten aglutinada en torno a esa figura Respuesta que reivindica rotundamente el papel asumido por el propio Plutarco de filoacutesofo mentor del poliacutetico pero fuera eacutel mismo del traacutefago de la poliacutetica

69 Veacuteanse las observaciones y referencias que ofrece al respecto Van Hoof (2010) 66‑67

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A Esparta de Plutarco entre a guerra e as artes

de um seguidor das leis de Licurgo Nesse sentido Plutarco diz que o dinheiro e o ouro deveriam ser mandados embora de Esparta porque eles eram flagelos importados que despertavam a cobiccedila e promoviam a degeneraccedilatildeo dos costumes (c 17) Desse ponto de vista Lisandro prejudicou Esparta justamente porque promoveu seu enriquecimento e contribuiu para a dissoluccedilatildeo da frugalidade e da simplicidade que caracterizavam o cotidiano dos lacocircnios antes das vitoacuterias espartanas na Guerra do Peloponeso6

Na Vida de Agesilau Plutarco nos conta que o biografado foi o segundo filho de Arquidamo (o primeiro tinha sido Aacutegis) e que por isso ele natildeo seria o herdeiro direto do trono de Esparta De qualquer modo Agesilau foi educado de acordo com a agoge lacedemocircnia e nosso autor faz questatildeo de frisar que em decorrecircncia disso o liacuteder espartano sempre respeitou e praticou as leis de sua cidade (c 1) Mesmo apresentando uma pequena diferenccedila de tamanho de uma perna para a outra ele tinha outras qualidades espartanas como a honestidade a mansidatildeo e a beleza fiacutesica (c 2) Sua formaccedilatildeo foi tatildeo bem sucedida que diferente de Alexandre o grande e de Haniacutebal Agesilau foi um general que conquistou importantes vitoacuterias e mesmo assim nunca deixou de obedecer agraves leis espartanas (c 15) Mesmo depois de tornar‑se um lendaacuterio vencedor ele voltou a Esparta e continuou o mesmo homem de antes sem apresentar nenhuma novidade no seu comportamento diferente de outros estrategos quando voltavam de longas expediccedilotildees a terras estrangeiras (c 19)

Plutarco nos conta que Lisandro ndashque dizem ter sido amante de Agesilau na juventude (c 2)ndash pretendia introduzir muitas inovaccedilotildees e mudanccedilas no governo da Lacocircnia (c 20) Embora outros liacutederes de Esparta como Antaacutelcidas tenham feito acordos com os Persas e tenham abandonado laquocovarde e maldosamenteraquo os gregos da Aacutesia sob o domiacutenio dos baacuterbaros como nos diz Plutarco (c 23) Agesilau sempre foi um defensor da justiccedila Entre os capiacutetulos 29 e 30 da Vida de Agesilau nosso autor nos conta que os espartanos que perderam parentes na bata‑lha de Leuctra (em 371 a C) se alegraram e os que natildeo perderam ficaram tristes De certa forma eles responsabilizaram Agesilau pela derrota e lamentaram ter aceito um rei coxo Contudo Agesilau tinha boa reputaccedilatildeo e era muito virtuoso Prova disso eacute que sem promover nenhuma inovaccedilatildeo ele disse que era preciso fazer as leis dormirem para que retomassem a autoridade que tiveram no passado

Entretanto Plutarco natildeo faz apenas elogios a Agesilau Cartledge (1987 418) observa que ele faz criacuteticas a Agesilau por causa de sua ingratidatildeo em relaccedilatildeo a Lisandro (c 8) e condena seu comportamento porque ele teria hon‑rado mais os amigos do que a justiccedila (c 13 ver tambeacutem Moralia 807d) Aleacutem disso Plutarco via uma relaccedilatildeo direta entre a decadecircncia de Esparta e a ascenccedilatildeo

6 Sobre isso ver Duff (2002) 161‑204 e a introduccedilatildeo de Flaceliegravere e Chambry em Plutarque (1971) 158‑173

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ilegiacutetima de Agesilau ao trono (c 21) Poreacutem no geral nosso autor eacute tatildeo favoraacutevel e simpaacutetico a Agesilau quanto Xenofonte que tambeacutem escreveu uma biografia do rei espartano a qual certamente serviu de base para a Vida composta pelo poliacutemata de Queroneia Segundo Cartledge (1987 418) para Plutarco Agesilau foi a encarnaccedilatildeo das virtudes peculiarmente espartanas simplicidade piedade e autocontrole7

Depois na Vida de Aacutegis e na Vida de Cleocircmenes Plutarco narra os uacuteltimos momentos da histoacuteria da Esparta independente ou seja o ponto mais baixo da decadecircncia daquela cidade Os reis Aacutegis e Cleocircmenes que reinaram no seacuteculo III a C tentaram restaurar os antigos valores dos tempos de Licurgo Eles tinham os dons naturais para levar essa tarefa a cabo Aacutegis tinha grandeza de alma e se insurgia contra os prazeres desde antes dos vinte anos (c 4) natildeo gostava de rou‑pas luxuosas e baniu toda suntuosidade para aderir aos antigos haacutebitos lacocircnios caracterizados pela simplicidade de vida Mas seu exemplo e sua energia natildeo foram suficientes para restaurar os costumes tradicionais e ele foi assassinado ainda muito jovem (cc 19‑21) Aquela Esparta incorrupta e valorosa dos tempos de Licurgo dava seus uacuteltimos suspiros

Cleocircmenes natildeo era parente de Aacutegis mas foi obrigado a se casar com a vi‑uacuteva do rei assassinado ou seja Agiaacutetis Segundo Plutarco (c 1) Cleocircmenes era ambicioso e tinha grandeza de alma Era temperante e simples como Aacutegis Ele tambeacutem quiz restaurar os antigos costumes espartanos (c 11) Primeiro depois de longa disputa poliacutetica abriu matildeo de seus bens Depois distribuiu as terras entre os cidadatildeos Restabeleceu a educaccedilatildeo dos jovens e a disciplina espartana Ele proacuteprio levou uma vida simples e frugal para dar o exemplo aos outros la‑cedemocircnios sem insolecircncia nem orgulho excessivo ou seja como um modelo de temperanccedila (c 13) Mesmo quando perdeu sua esposa Agiaacutetis por quem se enamorara verdadeiramente Cleocircmenes manteve a firmeza e seu caraacuteter elevado e tomou as providecircncias necessaacuterias para garantir a seguranccedila de seus soldados e aliados (c 22) Depois de reinar por dezesseis anos Cleocircmenes morreu (cc 37‑38) e assim terminou a histoacuteria de Esparta como cidade politicamente autocircnoma

Ateacute aqui vimos que podemos encontrar nas Vidas dos liacutederes espartanos escritas por Plutarco aquela imagem caracterizada por um conjunto de valores que parecem ter ganhado forccedila numa eacutepoca lendaacuteria e foram se enfraquecendo conforme o tempo foi passando e Esparta foi estendendo seu poder para fora da Lacedemocircnia Nesse quadro vemos uma cidade altamente militarizada de guerreiros corajosos disciplinados e afeitos a uma vida sem luxos e sem confortos Isso poderia indicar que os espartanos eram um povo rude pouco sofisticado e fechado para as artes

7 Cf tambeacutem a introduccedilatildeo de Flaceliegravere e Chambry em Plutarque (1973) 85‑88 e Shipley (1998) 1‑46

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Poreacutem vaacuterias fontes arqueoloacutegicas vasculares e mesmo literaacuterias nos mostram o contraacuterio Apesar de Tuciacutedides (1102) ter dito que os edifiacutecios em Esparta eram modestos e natildeo correspondiam ao tamanho do poder militar e poliacutetico da cidade dos lacedemocircnios em seu apogeu a avaliaccedilatildeo dos monumentos arquitetocircnicos espartanos precisa ser feita com cuidado Eacute preciso lembrar que Esparta natildeo foi destruiacuteda nas Guerras Meacutedicas como Atenas foi A capital da Aacutetica foi reconstruiacuteda e uma grande soma de dinheiro afluiu para ela por causa das contribuiccedilotildees dos aliados da Liga de Delos Isso natildeo aconteceu com a princi‑pal cidade da Lacocircnia Desse modo nela foram conservados edifiacutecios antigos do seacuteculo VI a C que apresentavam outro estilo de construccedilatildeo mais arcaizante do que claacutessico Dependendo do ponto de vista um estilo pode ser mais valorizado do que o outro

De qualquer modo Pausacircnias (3113) viajante do seacuteculo II d C que fez uma descriccedilatildeo de vaacuterias cidades da Greacutecia daquela eacutepoca nos informa que havia em Esparta vaacuterios monumentos que despertavam a admiraccedilatildeo daqueles que por ali passavam tal como o Poacutertico Persa construiacutedo inicialmente com o butim amealhado na guerra contra os persas Outros exemplos de edifiacutecios que nos uacuteltimos anos vecircm sendo estudados satildeo o templo de Apolo em Amiclas o templo de Aacutertemis Oacutertia e o Menelaion onde eram cultuados Menelau e Helena8

Cartledge (2002 111) nos informa que depois de 690 a C pintores de vasos da Lacocircnia sofreram influecircncia de artistas do Egeu e adotaram o chamado estilo lsquoorientalizantersquo o que mostra que na praacutetica Esparta natildeo estava isolada do resto do mundo helecircnico Ainda segundo Cartledge nessa eacutepoca artesatildeos lacocircnios que trabalhavam com bronze comeccedilaram a se interessar pela representaccedilatildeo de figuras humanas em suas obras e por volta de 650 a C comeccedilou a se desenvolver na regiatildeo de Esparta o uso do marfim para produccedilatildeo de objetos gravados Vemos entatildeo que o ambiente artiacutestico na Lacedemocircnia entre 775 e 650 a C natildeo era de modo algum esteacuteril ou sem importacircncia9

Como Burn (1960 275‑276) explica Esparta natildeo virou suas costas para a arte e a poesia Prova disso eacute que vasos com detalhes refinados foram fabricados ali e exportados para outras regiotildees da Heacutelade ateacute 550 a C mais ou menos Por volta de 600 a C Gitiadas poeta escultor e arquiteto projetou o Templo de Atena tambeacutem conhecido como Casa de Bronze por causa das placas feitas com esse metal para decorar o edifiacutecio E em 585 a C o segundo templo de Oacutertia foi construiacutedo Ou seja havia artesatildeos trabalhando em Esparta no periacuteodo arcaico que produziram obras dignas de admiraccedilatildeo10

8 Para mais informaccedilotildees sobre a arqueologia e a arquitetura espartanas ver Walker (1998) Kaltsas (2007) e Cavanagh (2009)

9 Sobre isso ver tambeacutem Burn (1960) 180‑184 e Stibbe (1996) passim10 Ver tambeacutem Burn (1960) 280‑282 e Cartledge (2002) 133‑136

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No que diz respeito agrave muacutesica Plutarco nos daacute significativos testemunhos da sua importacircncia em ambiente espartano tanto nas Vidas quanto nos Moralia Na Vida de Licurgo no c 4 por exemplo encontramos a informaccedilatildeo segundo a qual o legislador lendaacuterio teria convidado um poeta‑legislador de Creta para ir a Esparta com ele Esse poeta se chamava Tales Mas talvez tenha havido alguma confusatildeo na tradiccedilatildeo manuscrita e esse Tales poderia ser o Taletas de Gortina mencionado algumas vezes no livro Sobre a Muacutesica tambeacutem de Plutarco Ele teria sido o responsaacutevel por curar os espartanos de uma peste com o seu canto11 Aleacutem disso no mesmo c 4 nos eacute dito que Licurgo teria sido o responsaacutevel por levar os poemas de Homero da Jocircnia para sua cidade

Depois no c 21 da mesma Vida Plutarco nos diz que os lacedemocircnios apreciavam se dedicar agrave poesia meacutelica porque as canccedilotildees estimulavam seus espiacuteritos e lhes davam coragem para enfrentar os inimigos nas batalhas Seu estilo era simples e seus temas eram seacuterios com o objetivo de promover uma boa formaccedilatildeo dos caraacuteteres Nelas eram louvados os heroacuteis de Esparta e condenados os covardes que natildeo lutaram ateacute o fim para defender sua cidade Nos festivais eram organizados trecircs coros de acordo com as idades um de velhos outro de adultos e outro de jovens Cada um cantava sobre a sua bravura uns falavam dos seus feitos no passado os outros tratavam das suas accedilotildees no presente e os uacuteltimos cantavam sobre o seu desejo de realizar grandes proezas no futuro Esses seriam os temas baacutesicos das canccedilotildees em Esparta e por isso segundo Plutarco Terpandro e Piacutendaro estavam corretos ao associar bravura e muacutesica e ao mostrar que os espartanos eram o povo mais aguerrido e mais musical

Por isso natildeo era por acaso que os jovens cantavam o nomo de Caacutestor e o peatilde da marcha (c 22) e em todo lugar havia danccedilas festas e banquetes quando natildeo havia expediccedilotildees militares (c 24) Contudo o gosto pela boa muacutesica e pela boa poesia natildeo era caracteriacutestico de todos os habitantes da Lacocircnia tendo em vista que os hilotas danccedilavam e cantavam canccedilotildees vulgares e grotescas diferentes das composiccedilotildees de Aacutelcman Terpandro e Especircndon (c 28) Isso na verdade estava associado ao fato de eles serem escravos e por isso era compreensiacutevel que eles apreciassem canccedilotildees vis como eles proacuteprios

Na Vida de Lisandro encontramos algumas informaccedilotildees que reforccedilam a impressatildeo de que os espartanos tinham sim grande sensibilidade para a muacutesica No c 15 ficamos sabendo que os lacocircnios depois de conquistar Atenas em 404 a C queriam destruir aquela cidade mas apoacutes ouvir um coro da Electra de Euriacutepides desistiram Em seguida no c 18 Plutarco nos conta que Lisandro estava sempre acompanhado do poeta Queacuterilo encarregado de celebrar os feitos do general E outros poetas tambeacutem celebraram Lisandro segundo nosso autor

11 Ver Plu Mus 42 (1146B‑C) e Gostoli (1990) 12‑13 e

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Na Vida de Agesilau c 14 lemos que os espartanos apreciavam uma parte da poesia de Timoacuteteo de Mileto poeta que teria tido algumas cordas de sua ciacutetara cortadas quando de uma sua visita a Esparta porque os eacuteforos julgavam que natildeo seriam necessaacuterias mais do que sete cordas e o instrumento do poeta tinha onze12 Essa anedota indica que os lacocircnios natildeo apreciavam inovaccedilotildees Poreacutem a informaccedilatildeo do c 14 da Vida de Agesilau mostra que eles poderiam aceitar pelo menos uma parte da obra de um poeta inovador desde que essa parte se adequas‑se ao gosto e agraves tradiccedilotildees do local Tambeacutem nessa mesma Vida c 21 Plutarco nos diz que o rei Agesilau apreciava os cantos e as danccedilas mesmo natildeo sendo um lsquoespecialistarsquo nas artes

Por fim na Vida de Aacutegis c 10 encontramos um elogio a Terpandro a Ta‑les (Taletas) e a Fereacutecides porque mesmo sendo estrangeiros professavam o que Licurgo instituiu e por isso foram muito honrados em Esparta Na Vida de Cleocircmenes c 2 somos informados que o rei Leocircnidas elogiou Tirteu algo facilmente compreensiacutevel tendo em vista o caraacuteter estimulante e guerreiro das elegias daquele poeta Aleacutem disso nessa mesma Vida citada por uacuteltimo c 12 Plutarco nos conta que Cleocircmenes certa vez teria encontrado alguns artistas de Dioniso muacutesicos e atores profissionais que iam de cidade em cidade para se apresentar e construiu um teatro Isso mostra que esse rei estimulou de alguma maneira as atividades artiacutesticas mesmo que ele natildeo tivesse o costume de levar artistas com seu exeacutercito de acordo com Plutarco e nem apreciasse apresentaccedilotildees musicais nos seus banquetes (c 13)

Tudo isso mostra que Esparta era uma cidade onde a muacutesica tinha um papel importe na educaccedilatildeo e na guerra e que os lacocircnios natildeo eram um povo obtuso e indiferente ao poder das melodias De acordo com Plutarco tendo em vista agora algumas passagens dos Moralia os espartanos passavam por treinamento rigoroso no que diz respeito agrave muacutesica e agrave poesia e suas canccedilotildees estimulavam os espiacuteritos e faziam com que os homens se sentissem entusiasmados e se esfor‑ccedilassem para ser bem sucedidos Em vaacuterias passagens das suas Obras Morais ele elogia o estilo da muacutesica deles porque ela era simples e natildeo afetada e seus temas eram seacuterios e edificantes Se algueacutem estudasse a poesia e as canccedilotildees de marcha de Esparta acompanhadas pelo aulo essa pessoa concordaria que Terpandro e Piacutendaro estavam certos ao associar valor (andreia) e muacutesica Como vimos acima nos trechos citados das Vidas Plutarco tambeacutem diz que os Espartanos eram o povo ao mesmo tempo mais musical (mousikotatous) e o mais afeito agrave guerra (polemikotatous)13

No livro sobre os Antigos Costumes dos Espartanos Plutarco tambeacutem elogia os ritmos das canccedilotildees de marcha (embaterioi rhythmoi) porque eles despertavam

12 Ver Plu Agis 1013 Cf Lyc 211‑4

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a coragem a audaacutecia e o desdeacutem pela morte requisitos indispensaacuteveis para o guerreiro valoroso Os espartanos usavam esses ritmos para danccedilar mas tambeacutem quando avanccedilavam contra os inimigos ao som do aulo Plutarco lembra que Li‑curgo associava o amor pela muacutesica agrave praacutetica militar para que o espiacuterito guerreiro combinado com a melodia tivesse concordacircncia e harmonia (symphonia kai har‑monia) Por isso em tempos de guerra os reis espartanos ofereciam sacrifiacutecios agraves Musas antes de ir para a batalha como Plutarco nos conta nos Instituta Laconica 16 (238B‑C)

E para manter a pureza da sua muacutesica e dos seus costumes os espartanos agraves vezes recorriam a atos violentos Como Plutarco reporta nos Instituta Laconica 17 (238C‑D) eles natildeo permitiriam que ningueacutem desrespeitasse de modo algum as regras da muacutesica do passado Nem mesmo Terpandro um dos mais antigos e melhores citaredos (aqueles que cantavam acompanhados da ciacutetara ou da lira) teria a permissatildeo para acrescentar uma corda extra ao seu instrumento para que suas melodias fossem mais variadas Ele tentou fazer isso mas os eacuteforos pregaram sua lira numa parede por causa do seu ato iacutempio contraacuterio agrave tradiccedilatildeo Em outra ocasiatildeo um dos eacuteforos teria procedido com mais violecircncia quando Timoacuteteo o famoso muacutesico inovador que floresceu na segunda metade do seacuteculo V a C estava competindo no festival das Carneias ele pegou uma faca e perguntou ao muacutesico de que lado ele deveria cortar as cordas supeacuterfluas cujo nuacutemero ultra‑passava o tradicional de sete cordas Outras variantes dessa histoacuteria satildeo contadas por Plutarco em outros textos mas nessas outras passagens Friacutenis outro muacutesico inovador da segunda metade do seacuteculo V a C eacute o protagonista14

Mas para aleacutem da sua importacircncia na educaccedilatildeo e nos contextos de bata‑lha a muacutesica tinha grande significado tambeacutem nas momentos das celebraccedilotildees religiosas Dentre as festividades religiosas realizadas na Lacedemocircnia uma das mais importantes era a das Carneias realizada em Esparta e intimamente ligada agrave histoacuteria de Terpandro As origens desse festival eram muito antigas anteriores ao seacuteculo VIII a C tendo em vista que no seacuteculo VII os colonizadores espartanos da cidade italiana de Tarento jaacute tinham o costume de celebraacute‑la15 As Carneias eram dedicadas ao deus Apolo Carneu Em Esparta havia concursos musicais e atleacuteti‑cos uma corrida de jovens e um banquete ritual que contava com a participaccedilatildeo dos homens adultos que representavam as fratrias O festival era organizado por cidadatildeos solteiros e era o momento adequado para que os jovens que jaacute haviam completado seu periacuteodo de formaccedilatildeo ingressassem na vida adulta16

O que nos interessa aqui eacute o papel que a muacutesica desempenhava no contexto dessas festividades Um elemento importante nesses momentos de comemoraccedilatildeo

14 Cf Prof virt 84A Apophth Lac 220C e Agis 107 jaacute citada na nota 9 Cf Rocha (2008) 654‑655

15 Brelich (1969) 181‑18216 Brelich (1969) 149‑150

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eram os concursos A realizaccedilatildeo de concursos musicais no acircmbito do festival das Carneias natildeo teria acontecido desde o iniacutecio A introduccedilatildeo de agones provavel‑mente ocorreu quando Terpandro migrou de Metimna (Lesbos) para Esparta na primeira metade do seacuteculo VII a C Nesse contexto eacute importante considerar o testemunho de Helacircnico17 segundo o qual Terpandro teria sido o primeiro a vencer o concurso musical nas Carneias Esse fato parece estar diretamente relacionado agrave fundaccedilatildeo da primeira escola musical (katastasis) em Esparta por obra do mesmo Terpandro Segundo Brelich (1969 186‑191) eacute muito provaacutevel que a introduccedilatildeo do concurso musical nas Carneias tenha sido influenciada pela proacutepria katastasis18 Essa hipoacutetese ganha forccedila se consideramos o capiacutetulo 9 do tratado Sobre a Muacutesica como um todo Ali Plutarco fala da primeira katastasis fundada por Terpandro e menciona tambeacutem a segunda katastasis liderada por Taletas de Gortina Xenoacutedamo de Citera Xenoacutecrito de Locres Polimnesto de Coacutelofon e Saacutecadas de Argos muacutesicos que teriam instituiacutedo as Gimnopeacutedias em Esparta as Apodeixeis na Arcaacutedia e as Endimaacutetias em Argos Jaacute que os membros da segunda escola musical foram fundadores de festivais19 em diferentes cidades do Peloponeso Terpandro tambeacutem pode ter desempenhado o mesmo papel no contexto das Carneias

No que diz respeito agraves Gimnopeacutedias contudo encontramos uma situaccedilatildeo diferente Possuiacutemos uma grande variedade de informaccedilotildees sobre esse festival que inclusive muitas vezes satildeo contraditoacuterias Mas tratando apenas daquilo que nos interessa aqui sabemos que no periacuteodo das festividades aconteciam apresentaccedilotildees de coros de adolescentes e adultos instituiacutedos em honra a Apolo que cantavam hinos compostos por poetas como Taletas Aacutelcman e Dionisodoto Depois da batalha de Tireia em 544 aC na qual Esparta lutou contra Argos pela posse da Tireaacutetida tornou‑se costumeiro cantar um peatilde em honra dos soldados que morreram naquela ocasiatildeo Por causa desse elemento ritual e da comparaccedilatildeo com as Apodeixeis e as Endimaacutetias as Gimnopeacutedias foram consideradas festas que indicavam o momento no qual os jovens receacutem‑iniciados eram integrados agrave vida militar20

Tendo tudo isso em vista podemos concluir que eacute preciso colocar a miragem espartana em perspectiva Esparta natildeo era tatildeo lsquoespartanarsquo assim e natildeo foi sempre lsquoespartanarsquo Havia espaccedilo naquela cidade para o cultivo das artes tais como a arquitetura a escultura a pintura vascular a muacutesica (que incluiacutea a poesia) e a danccedila Nela floresceram poetas como Aacutelcman Terpandro e Tirteu Nela surgiram escolas poeacuteticomusicais Nela viveram poetas estrangeiros tais como Taletas de

17 FGrHist 4 F 85 = Ateneu 635e = Terpander Test 1 Gostoli18 Cf tambeacutem Gostoli (1990) 84‑8519 Mais do que fundadores de festivais eacute mais verossiacutemil pensar que esses autores foram os

responsaacuteveis pela introduccedilatildeo dos concursos musicais como parte das celebraccedilotildees 20 Cf Gostoli (1990) 85‑86

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Gortina (Creta) e Saacutecadas de Argos E sendo assim houve um ambiente feacutertil e favoraacutevel para o desenvolvimento e o cultivo de atividades artiacutesticas Os esparta‑nos foram sim grandes guerreiros que contribuiacuteram decisivamente para a vitoacuteria dos helenos sobre os persas Eles cultivaram sim suas habilidades guerreiras a ponto de derrotar os atenienses na Guerra do Peloponeso Poreacutem Esparta natildeo foi somente uma comunidade de soldados que dedicavam suas vidas somente agrave guerra Esparta foi tambeacutem uma cidade onde as pessoas cantavam danccedilavam e apreciavam a beleza dos edifiacutecios e dos objetos do cotidiano Eacute preciso reconhecer isso e na obra de Plutarco jaacute encontramos essa imagem multifacetada dessa cul‑tura Basta direcionar os olhos para outras direccedilotildees

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Index nominum

Timoacuteteo 167‑168 178 183Timoacutexena 195Tindaacuteridas 63Tireaacutetida 169Tireia 169Tireacutesias 236Tirteu 167 169 221Titatildes 245Trajano 121Trezena 31 32‑35 38 Tricoacuterito 39Troia 81 124Tuciacutedides 122 160 181Ulisses 81 192Valeacuterio (vd Puacuteblio Valeacuterio)Vestais 58 204Viacutenio 200Xantipo 191 201Xenoacutecrito 169Xenoacutedamo 169Xenofonte 160 164Zaleuco 88Zeus 36 40‑41 220 226 243

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Index nominum

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(Paacutegina deixada propositadamente em branco)

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Notas biograacuteficas dos autores

Aacutelia Rodrigues eacute doutorada em Estudos Claacutessicos (Literatura Grega) e inves‑tigadora do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse satildeo a histoacuteria das ideias poliacuteticas desde os Gregos ateacute agrave modernidade histoacuteria legal e a recepccedilatildeo de temas claacutessicos na contemporaneidade

Ana Ferreira eacute Professora Auxiliar do Departamento de Estudos Portugueses e Ro‑macircnicos da Faculdade de Letras da Universidade do Porto e investigadora do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a histoacuteria antiga a literatura greco‑romana bem como a didaacutectica das liacutenguas claacutessicas

Delfim F Leatildeo eacute Professor Catedraacutetico da Instituto de Estudos Claacutessicos e investiga‑dor do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a histoacuteria antiga o direito e a teorizaccedilatildeo poliacutetica dos Gregos a pragmaacutetica teatral e a escrita romanesca antiga

Faacutebio Vergara Cerqueira eacute Professor Adjunto do Instituto de Ciecircncias Humanas da Universidade Federal de Pelotas pesquisador PQ‑2 do CNPq Professor Visitante na Universidade de Heidelberg Bolsista Fundaccedilatildeo Humboldt ldquoPesquisador Experienterdquo Principais aacutereas de interesse satildeo histoacuteria e arqueologia da Greacutecia antiga e sua recepccedilatildeo enfocando muacutesica iconografia ceramologia gecircnero memoacuteria social identidade e patrimocircnio cultural

Guillermina Gonzaacutelez Almenara es Profesor Contratado Doctor Tipo 1 vinculada con el Aacuterea de Filologiacutea Griega del Departamento de Filologiacutea Claacutesica Francesa Aacuterabe y Romaacutenica de la Universidad de La Laguna Sus principales liacuteneas de investi‑gacioacuten son la mujer y el aacutembito femenino en la Grecia antigua Historiografiacutea griega Historia y civilizacioacuten de la Grecia antigua

Ivana S Chialva es Doctora en Letras Investigadora Asistente del Conicet y Profesora de Griego y Literaturas griega y latina de la Facultad de Humanidades y Ciencias de la Universidad Nacional del Litoral (Santa Fe Argentina) Sus tra‑bajos sobre el mundo antiguo se focalizan en la relacioacuten entre primera y segunda sofiacutestica y en la influencia de este uacuteltimo fenoacutemeno en la prosa narrativa griega de eacutepoca imperial especialmente la retoacuterica la biografiacutea y la novela en sus diferentes formas

Jesuacutes-Mordf Nieto Ibaacutentildeez es Catedraacutetico de Filologiacutea Griega de la Universidad de Leoacuten Sus liacuteneas de investigacioacuten son la literatura judiacutea en lengua griega los primeros textos cristianos el Humanismo y la Tradicioacuten claacutesica Actualmente dirige un Proyecto de

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investigacioacuten sobre el Humanismo la Tradicioacuten claacutesica y patriacutestica y la exeacutegesis biacuteblica en los siglos XVI y XVII

Joaquim Pinheiro eacute Professor Auxiliar da Universidade da Madeira e investigador do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a biografia antiga a Segunda Sofiacutestica a retoacuterica claacutessica e o pensamento poliacutetico dos Gregos

Joseacute M Candau es Catedraacutetico de Filologiacutea Griega en la Universidad de Sevilla Sus principales aacutereas de investigacioacuten son la historiografiacutea griega y Plutarco

Loraine Oliveira eacute professora de Filosofia da Universidade de Brasiacutelia Publicou o livro Plotino escultor de mitos pela Imprensa da Universidade de CoimbraAnnablume em 2014 Vem se dedicando principalmente a estudar os mitos em Plotino Plutarco e Porfiacuterio assim como o vegetarianismo em Plutarco e Porfiacuterio

Maria Aparecida de Oliveira Silva eacute professora visitante do Programa de Poacutes‑Gradu‑accedilatildeo em Letras Claacutessicas da Universidade de Satildeo Paulo e Professora Pesquisadora do Programa de Poacutes‑Graduaccedilatildeo em Histoacuteria da Universidade Federal de Satildeo Paulo Liacuteder do Grupo CNPq LABHAN Laboratoacuterio de Histoacuteria Antiga da Universidade Federal do Amapaacute Pesquisadora do Grupo CNPq Linceu ‑ Visotildees da Antiguidade Claacutessica da Universidade Estadual Paulista Pesquisadora do Grupo Retoacuterica Texto y Comunicacioacuten da Universidad de Caacutediz Membro do Conselho Acadecircmico do Seminaacuterio de Histoacuteria e Filosofia das Religiotildees da Universidad Autoacutenoma de Ciudad Juaacuterez mdash Meacutexico Pesquisa e publica trabalhos sobre Esparta Plutarco e biografia antiga

M Teresa Fau Ramos es Profesora Titular del Departament de Filologia Grega de la Universitat de Barcelona y miembro del Grup de Recerca Graecia Capta que investiga la pervivencia de la identidad griega bajo el imperio romano Sus principales aacutereas de intereacutes cientiacutefico son la historia e instituciones de la Grecia claacutesica y post‑claacutesica la religioacuten helena (paganismo) y diversos aspectos del cristianismo primitivo

Pilar Goacutemez Cardoacute es profesora titular de Filologiacutea Griega en la Universidad de Barcelona donde imparte docencia e investiga desde 1981 Doctora en Filologiacutea Claacutesica desde 1987 con una tesis sobre la tradicioacuten yaacutembica y la faacutebula (La Vida drsquoIsop entre el iambe la faula i la novella) es autora de numerosos artiacuteculos y capiacutetulos de libros sobre la literatura griega de eacutepoca imperial romana en especial sobre Segunda Sofiacutestica y novela ha estudiado principalmente autores como Luciano en cuya edicioacuten y traduccioacuten al castellano para la coleccioacuten Alma Mater participa Plutarco Dioacuten de Prusa o Elio Ariacutestides Es miembro del grupo de investigacioacuten Graecia Capta de la Universidad de Barcelona

Roosevelt Rocha eacute Professor Adjunto do curso de Letras da Universidade Federal do Paranaacute (Brasil) e pesquisador ligado ao Programa de Poacutes‑Graduaccedilatildeo em Letras da

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mesma Universidade As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a poesia grega arcaica (elegia jambo e meacutelica) a muacutesica grega antiga e o estudo da performance da poesia grega dos periacuteodos arcaico e claacutessico

Vicente Ramoacuten es Profesor Tiular de Filologiacutea Griega de la Universidad de Zara‑goza Sus intereses cientiacuteficos pueden sintetizarse en las siguientes liacuteneas Plutarco de Queronea y la biografiacutea poliacutetica historiografiacutea griega retoacuterica y oratoria griegas tradicioacuten claacutesica teatro griego la irreligiosidad en la Atenas Claacutesica

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Nelson
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Volumes publicados na Colecccedilatildeo Humanitas Supplementum

1 Francisco de Oliveira Claacuteudia Teixeira e Paula Barata Dias Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 1 ndash Liacutenguas e Literaturas Greacutecia e Roma (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

2 Francisco de Oliveira Claacuteudia Teixeira e Paula Barata Dias Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 2 ndash Liacutenguas e Literaturas Idade Meacutedia Renascimento Recepccedilatildeo (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

3 Francisco de Oliveira Jorge de Oliveira e Manuel Patriacutecio Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 3 ndash Histoacuteria Arqueologia e Arte (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2010)

4 Maria Helena da Rocha Pereira Joseacute Ribeiro Ferreira e Francisco de Oliveira (Coords) Horaacutecio e a sua perenidade (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

5 Joseacute Luiacutes Lopes Brandatildeo Maacutescaras dos Ceacutesares Teatro e moralidade nas Vidas suetonianas (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

6 Joseacute Ribeiro Ferreira Delfim Leatildeo Manuel Troumlster and Paula Barata Dias (eds) Symposion and Philanthropia in Plutarch (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

7 Gabriele Cornelli (Org) Representaccedilotildees da Cidade Antiga Categorias histoacutericas e discursos filosoacuteficos (Coimbra Classica DigitaliaCECHGrupo Archai 2010)

8 Maria Cristina de Sousa Pimentel e Nuno Simotildees Rodrigues (Coords) Sociedade poder e cultura no tempo de Oviacutedio (Coimbra Classica DigitaliaCECHCECCH 2010)

9 Franccediloise Frazier et Delfim F Leatildeo (eds) Tychegrave et pronoia La marche du monde selon Plutarque (Coimbra Classica DigitaliaCECH Eacutecole Doctorale 395 ArScAn‑THEMAM 2010)

10 Juan Carlos Iglesias‑Zoido El legado de Tuciacutedides en la cultura occidental (Coimbra Classica DigitaliaCECH ARENGA 2011)

11 Gabriele Cornelli O pitagorismo como categoria historiograacutefica (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2011)

12 Frederico Lourenccedilo The Lyric Metres of Euripidean Drama (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2011)

13 Joseacute Augusto Ramos Maria Cristina de Sousa Pimentel Maria do Ceacuteu Fialho Nuno Simotildees Rodrigues (coords) Paulo de Tarso Grego e Romano Judeu e Cristatildeo (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

14 Carmen Soares amp Paula Barata Dias (coords) Contributos para a histoacuteria da alimentaccedilatildeo na antiguidade (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

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15 Carlos A Martins de Jesus Claudio Castro Filho amp Joseacute Ribeiro Ferreira (coords) Hipoacutelito e Fedra ‑ nos caminhos de um mito (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

16 Joseacute Ribeiro Ferreira Delfim F Leatildeo amp Carlos A Martins de Jesus (eds) Nomos Kosmos amp Dike in Plutarch (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

17 Joseacute Augusto Ramos amp Nuno Simotildees Rodrigues (coords) Mnemosyne kai Sophia (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

18 Ana Maria Guedes Ferreira O homem de Estado ateniense em Plutarco o caso dos Alcmeoacutenidas (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

19 Aurora Loacutepez Andreacutes Pocintildea amp Maria de Faacutetima Silva De ayer a hoy influencias claacutesicas en la literatura (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

20 Cristina Pimentel Joseacute Luiacutes Brandatildeo amp Paolo Fedeli (coords) O poeta e a cidade no mundo romano (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

21 Francisco de Oliveira Joseacute Luiacutes Brandatildeo Vasco Gil Mantas amp Rosa Sanz Serrano (coords) A queda de Roma e o alvorecer da Europa (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

22 Luiacutesa de Nazareacute Ferreira Mobilidade poeacutetica na Greacutecia antiga uma leitura da obra de Simoacutenides (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica DigitaliaCECH 2013)

23 Faacutebio Cerqueira Ana Teresa Gonccedilalves Edalaura Medeiros amp JoseacuteLuiacutes Brandatildeo Saberes e poderes no mundo antigo Vol I ndash Dos saberes (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia2013) 282 p

24 Faacutebio Cerqueira Ana Teresa Gonccedilalves Edalaura Medeiros amp Delfim Leatildeo Saberes e poderes no mundo antigo Vol II ndash Dos poderes (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013) 336 p

25 Joaquim J S Pinheiro Tempo e espaccedilo da paideia nas Vidas de Plutarco (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013) 458 p

26 Delfim Leatildeo Gabriele Cornelli amp Miriam C Peixoto (coords) Dos Homens e suas Ideias Estudos sobre as Vidas de Dioacutegenes Laeacutercio (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013)

27 Italo Pantani Margarida Miranda amp Henrique Manso (coords) Aires Barbosa na Cosmoacutepolis Renascentista (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2013)

28 Francisco de Oliveira Maria de Faacutetima Silva Tereza Virgiacutenia Ribeiro Barbosa (coords) Violecircncia e transgressatildeo uma trajetoacuteria da Humanidade (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

29 Priscilla Gontijo Leite Eacutetica e retoacuterica forense asebeia e hybris na caracterizaccedilatildeo dos adversaacuterios em Demoacutestenes (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

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30 Andreacute Carneiro Lugares tempos e pessoas Povoamento rural romano no Alto Alentejo ‑ Volume I (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2014)

31 Andreacute Carneiro Lugares tempos e pessoas Povoamento rural romano no Alto Alentejo ‑ Volume II (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2014)

32 Pilar Goacutemez Cardoacute Delfim F Leatildeo Maria Aparecida de Oliveira Silva (coords) Plutarco entre mundos visotildees de Esparta Atenas e Roma (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

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Resumo da obra

A vasta e variada obra de Plutarco permite sempre uma abordagem a partir de distintas

perspetivas com diferentes intenccedilotildees e propoacutesitos variados No entanto eacute importante

identificar tambeacutem fios comuns nessa abordagem porque permitem demonstrar tanto a

niacutevel formal como de conteuacutedo que haacute muitos elementos comuns que permeiam o trabalho

de Plutarco

Os treze contributos para este volume tecircm como elo comum o nome de trecircs cidades

Esparta Atenas e Roma Elas representam espaccedilos poliacuteticos e institucionais diversos dada

a sua extensatildeo geograacutefica e cronoloacutegica mas simbolizam igualmente diferentes modelos

de organizaccedilatildeo social atraveacutes dos quais a Greacutecia pode ser contrastada com Roma ou Atenas

comparada com Esparta mdash ainda que o seu verdadeiro interesse na obra de Plutarco seja

que representam sempre locais paradigmaacuteticos onde vivem e convivem pessoas Por

isso os estudiosos de Plutarco que contribuiacuteram para este volume procuram analisar em

cada uma dessas cidades seja por assimilaccedilatildeo ou por contraste a forma como o autor de

Queroneia aborda a ligaccedilatildeo entre indiviacuteduo e comunidade a partir do exerciacutecio do poder

e da experiecircncia religiosa qual o papel da educaccedilatildeo e do domiacutenio privado na projeccedilatildeo

puacuteblica dos protagonistas retratados por Plutarco ou ateacute que ponto a imagem dos primeiros

legisladores e fundadores miacuteticos foi condicionada pela evoluccedilatildeo histoacuterica destas mesmas

cidades

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Page 8: Versão integral disponível em digitalis.uc · visões de Esparta, Atenas e Roma IMPRENSA DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA COIMBRA UNIVERSITY PRESS ANNABLUME Versão integral disponível

Editors

Pilar Goacutemez Cardoacute is Professor of Greek Studies at the University of Barcelona where she has been teaching and conducting research in 1981 She obtained a PhD in Classical Philology in 1987 with a thesis on the iambic tradition and fable (La Vida drsquoIsop entre el iambe la faula i la novelbullla) and is the author of numerous articles and book chapters on the Greek literature of the Roman Imperial period especially on the Second Sophistic and the novel She has studied mainly writers like Lucian (collaborating in the edition and translation of his works into Spanish for the Alma Mater collection) Plutarch Dio of Prusa and Aelius Aristides She is a member of the research group Graecia Capta of the University of Barcelona

Delfim F Leatildeo is Full Professor at the Institute of Classical Studies and researcher at the Centre for Classical and Humanistic Studies at the University of Coimbra His main areas of scientific interest are ancient history law and political theory of the Greeks theatrical pragmatics and the ancient novel

Maria Aparecida de Oliveira Silva is a visiting professor of the Postgraduate Programme in Classics at the University of Satildeo Paulo and Research Professor of the Postgraduate Pro‑gramme in History at the Federal University of Satildeo Paulo Leader of the CNPq LABHAN Group Labotarory of Ancient History at the Federal University of Amapaacute Researcher of the CNPq Linceu Group mdash Visions of Classical Antiquity at Satildeo Paulo State University Researcher of the Group ldquoRetoacuterica Texto y Comunicacioacutenrdquo of the University of Caacutediz Member of the Academic Council of the Seminar in History and Philosophy of Religions at the Autonomous University of Ciudad Juaacuterez mdash Mexico Her research interests are mainly directed to Sparta Plutarch and ancient biography

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Sumaacuterio

Apresentaccedilatildeo de Plutarco entre Mundos visotildees de esparta atenas e roma 11(Presentation of Plutarch between worlds visions of Sparta Athens and Rome)

Introduccioacuten(Introduction) 13

Pilar Goacutemez Cardoacute

O jovem Teseu do reconhecimento paterno ao reconhecimento poliacutetico (Young Theseus from paternal recognition to political recognition) 31

Loraine Oliveira

Legislar teniacutea un precio (The price to pay for legislating) 49

Mordf Teresa Fau Ramos

O legislador e suas estrateacutegias discursivas teatralidade e linguagem metafoacuterica na vida de soacutelon

(The statesman and his discourse strategies theatricality and metaphorical language in the Life of Solon) 71

Delfim F Leatildeo

A figura do legislador em Plutarco Recepccedilatildeo de um mito poliacutetico (The figure of the lawgiver in Plutarch reception of a political myth) 85

Aacutelia Rodrigues

Un mentor limpio de pasiones El filoacutesofo y la actuacioacuten poliacutetica seguacuten el de genio socratis

(A mentor without passions the philosopher and political action according to the De genio Socratis) 103

Joseacute M Candau

O valor da filosofia e da paideia a construccedilatildeo moral e retoacuterica de Plutarco(The value of philosophy and of paideia Plutarchrsquos moral and rhetorical constructions) 119

Joaquim Pinheiro

De Roma a Alejandriacutea y viceversa mimesis del motivo del viaje en la vida de antonio de Plutarco(From Rome to Alexandria and vice versa mimesis of the travel motif in Plutarchrsquos Life of Antony) 137

Ivana S Chialva

A Esparta de Plutarco entre a guerra e as artes(Plutarchrsquos Sparta between war and the arts) 159

Roosevelt Rocha

Muacutesica e educaccedilatildeo em Atenas segundo as biografias de Plutarco(Music and education in Athens according to Plutarchrsquos biographies) 173

Faacutebio Vergara Cerqueira

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Por traacutes de um grande homem haacute sempre uma grande mulher A influecircncia de esposas e amantes sobre homens de Estado

(Is there always a great man behind a great woman The influence of wives and lovers over statesmen) 191

Ana Ferreira

Heteras concubinas y joacutevenes de seduccioacuten la influencia femenina en las vidas plutarqueas de Soloacuten Pericles y Alcibiacuteades

(Hetairai concubines and seducers the influence of women in Plutarchrsquos Lives of Solon Pericles and Alcibiades) 209

Guillermina Gonzaacutelez Almenara

Esparta e os oraacuteculos uma leitura plutarquiana(Sparta and the oracles a Plutarchan reading) 219

Maria Aparecida de Oliveira Silva

Plutarco y la crisis oracular del final del mundo antiguo(Plutarch and the crisis of the oracles at the end of the ancient world) 233

Jesuacutes‑Mordf Nieto Ibaacutentildeez

Index nominvm 251

Index locorvm 259

Notas biograacuteficas dos autores 267

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11

Apresentaccedilatildeo de Plutarco entre Mundos visotildees de esparta atenas e roma

(Presentation of Plutarch between worlds visions of Sparta Athens and Rome)

Um grego nascido agrave eacutepoca da dominaccedilatildeo romana Plutarco vive entre mun‑dos circulando entre Greacutecia e Roma tecendo reflexotildees sobre gregos e romanos Descendente de uma tradicional famiacutelia beoacutecia nosso autor eacute educado conforme os preceitos da paideia grega a mesma que prescreve em seus tratados e biografias como sendo a mais indicada para a formaccedilatildeo de um homem virtuoso Plutarco entrelaccedila conhecimentos acumulados pela tradiccedilatildeo grega com os da romana re‑gistra suas impressotildees sobre o modo de ser grego em um movimento de partida do seu presente de dominado para retornar ao passado glorioso de seu povo sem negligenciar suas anaacutelises sobre o modo de ser romano Reflexotildees que se fazem perceptiacuteveis principalmente na escrita de suas biografias de gregos e romanos onde vemos as comparaccedilotildees de suas personagens ora criticando a accedilatildeo de um grego ora a de um romano demonstrando os aspectos positivos e negativos de cada um embora deixe clara a sua preferecircncia pela cultura grega

Pela erudiccedilatildeo peculiar a sua extensa obra Plutarco eacute um autor que se in‑sere em diversos periacuteodos da nossa histoacuteria vemos sua influecircncia em escritos bizantinos renascentistas nos produzidos entre os seacuteculos XVI e XVII em que italianos franceses ingleses e espanhoacuteis se dedicam a verter suas biografias e tratados para vernaacuteculos modernos A disseminaccedilatildeo dessas obras concorre para influenciar artistas poetas filoacutesofos historiadores do seacuteculo XVIII em diante

Se por muitos seacuteculos nosso autor se vecirc circunscrito ao espaccedilo geograacutefico da bacia mediterracircnica hoje notamos que suas ideias atravessam o Oceano e alcanccedilam o chamado Novo Mundo Entatildeo a perspectiva de entre mundos para o nosso autor se expande mais sua obra atravessa eacutepocas e espaccedilos e se transforma em um claacutessico como tal atemporal e sem fronteiras Imbuiacutedos desse espiacuterito da obra plutarquiana apresentamos ao leitor este livro com ar‑tigos redigidos por espanhoacuteis latino‑americanos e portugueses revelando a

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Legislar teniacutea un precio

Mas a pesar de su tropiezo laquocon la mayoriacutearaquo (τοῖς πλείστοις) le fueron confiadas al legislador ateniense responsabilidades aun mayores45 y asiacute pudo eliminar buena parte de las leyes promulgadas por Dracoacuten46 reorganizar la poblacioacuten asignaacutendole prerrogativas en base a criterios econoacutemicos47 introducir cambios en las instituciones de la polis48 y establecer otras disposiciones como por ejemplo las que regulan el matrimonio49 los testamentos y donaciones50 la conducta de las mujeres51 el desempentildeo de oficios52 la actividad agriacutecola53 la naturalizacioacuten de extranjeros54 y el calendario55

Promulgadas ya las leyes aguardaba a Soloacuten una nueva contrariedad cada diacutea era abordado por individuos que elogiaban o censuraban su obra le aconse‑jaban antildeadidos o supresiones o simplemente le pediacutean aclaracioacuten sobre alguacuten pasaje que no comprendiacutean Para zafarse de esta presioacuten decide ausentarse de Atenas durante diez antildeos Abandona pues la patria con la esperanza de que su exilio voluntario sirva para que los ciudadanos se habituacuteen a las nuevas leyes56

Pero a su regreso constata que la polis ha vuelto al mal camino y las fac‑ciones vuelven a dominar la escena poliacutetica destacando sobremanera un hombre llamado Pisiacutestrato en torno al cual se apintildeaba una laquoturbaraquo (ὄχλος) de jornaleros radicalmente contraria a los ricos57 Soloacuten intenta poner paz parlamentando con los liacutederes de los partidos58 intuye las verdaderas intenciones del dirigente de la plebe e intenta en vano modificarlas59 Cuando Pisiacutestrato se dispone a erigirse en tirano el anciano legislador se opone pero al no contar con el apoyo de nadie debe cejar en su empentildeo60

estagirita (Pol 1296a) afirma que los μέσοι constituyen un factor sumamente equilibrador de la sociedad y es ndashprosigue‑ por este motivo que los mejores legisladores como Soloacuten y ‑iexclpara nuestra sorpresa‑ Licurgo pertenecieron a este colectivo Sobre la posicioacuten de Plutarco con respecto a las doctrinas supuestamente aristoteacutelicas remito a la reciente aportacioacuten de Becchi (2014)

45 Sol 163‑546 Sol 17147 Sol 181‑348 Sol 191‑249 Sol 202‑650 Sol 213‑451 Sol 21552 Sol 221 y 353 Sol 236‑24254 Sol 24455 Sol 254‑556 Sol 256 En el texto plutarqueo Soloacuten pone como excusa (πρόσχημα) de su partida

un tema relacionado con la navegacioacuten (ναυκληρία) Heroacutedoto (130) apunta el deseo de ver mundo (θεωρία) mientras que Aristoacuteteles (Ath 111) hace referencia a la actividad comercial (ἐμπορία) y tambieacuten al deseo de ver mundo (θεωρία)

57 Sol 29158 Sol 29259 Sol 29560 Sol 301‑4 y 6‑8

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Mordf Teresa Fau Ramos

Sorprendentemente una vez duentildeo de la situacioacuten Pisiacutestrato tratoacute a Soloacuten con gran respeto aceptoacute muchos de sus consejos y conservoacute laquola mayoriacutea de las leyesraquo (τοὺς πλείστους νόμους) que habiacutea establecido61 Y eacutesta es una de las uacutelti‑mas afirmaciones que hace Plutarco con respecto a Soloacuten sobre cuya muerte no nos proporciona dato alguno de intereacutes62

A diferencia de la biografiacutea plutarquea de Licurgo la Vida de Soloacuten no cul‑mina con un heroico acto de auto‑inmolacioacuten para obtener la perdurabilidad de unas leyes que se desean perennes63 Ello no obsta sin embargo para que reconozcamos que tambieacuten a Soloacuten le pasa factura el ejercicio de su funcioacuten como legislador En efecto debe soportar las burlas de unas gentes que hacen befa de eacutel por haberse negado a instaurar un reacutegimen tiraacutenico es falsamente acusado de haber obtenido beneficios fraudulentos gracias a sus leyes y sufre una intensa presioacuten por parte de sus conciudadanos hasta el punto de tener que optar por un exilio voluntario

Numa

Con la Vida de Numa regresamos a un contexto de dignidad regia aunque existe una gran diferencia entre las maneras expeditivas de Licurgo y la suavidad con la que actuacutea el rey Numa64

Tras la desaparicioacuten ndashsupuestamente sobrenaturalndash de Roacutemulo la ciudad de Roma se hallaba sumida en una grave discordia pues sabinos y romanos no se poniacutean de acuerdo sobre quieacuten habiacutea de ser el proacuteximo monarca65 Al fin las dos facciones pactan que la realeza recaiga sobre el sabino Numa Pompilio66 Pero eacuteste que habiacutea sabido mejorar su buen talante natural con un geacutenero de vida

61 Sol 312‑3 En este punto Plutarco sigue la tradicioacuten continuista de otros autores (cf Hdt 1596 y Th 6546) Seguacuten Dioacutegenes Laercio (153‑54) Pisiacutestrato hace saber al νομοθέτης ateniense que mantiene la legislacioacuten por eacutel establecida y le invita a regresar a la polis Aristoacuteteles (Ath 221) por su parte mantiene que la tiraniacutea habiacutea abolido por desuso las leyes solonianas

62 No obstante en el Banquete de los siete sabios (Moralia 151E‑F) encontramos de nuevo a Soloacuten a propoacutesito de quien Quiloacuten afirma que debe ser el primero en hacer uso de la palabra no soacutelo porque asiacute conviene por su edad y por el lugar que ocupa entre los comensales sino porque detenta laquola autoridad mayor y maacutes perfectaraquo (τὴν μεγίστην καὶ τελειοτάτην ἀρχήν) laquopor haber otorgado leyes a los ateniensesraquo (νόμους Ἀθηναίοις θέμενος) Para una visioacuten de Soloacuten como representante de una sabiduriacutea antigua que laquolejos de ser puramente teoacuterica se proyecta hacia la praxis cotidianaraquo cf Peacuterez Jimeacutenez (1991) 688

63 No nos parece irrelevante el hecho de que en la parte final de la Vida de Soloacuten (316‑7) se aluda a su vertiente poeacutetica iquestes eacutesta ‑nos preguntamos‑ una manera de sugerir la pervivencia del νομοθέτης ateniense

64 En este sentido Numa se asemeja mucho maacutes a los laquodulcesraquo personajes griegos que a los rudos romanos cf Martin Jr (1960) y De Romilly (1979) Sobre la dulzura (πρᾳότης) en los personajes plutarqueos veacutease tambieacuten Frazier (1996)

65 Num 22‑866 Num 32‑4

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Legislar teniacutea un precio

austero reflexivo y sosegado67 al recibir a los enviados que le ofreciacutean la corona se mostroacute reacio a aceptarla ya que ndashafirmabandash su manera de ser tan alejada de las praacutecticas guerreras no era apropiada para regir al belicoso pueblo de Roma68 Convencido a la postre por argumentos que le exhortaban a actuar en favor del bien comuacuten69 y confirmada por signos favorables la buena disposicioacuten de la divi‑nidad Numa accede a convertirse en rey de la agitada urbe70 eacutel que laquohabiendoraquo otrora laquoabandonado las ocupaciones propias de la vida en la ciudadraquo (ἐκλείπων τὰς ἐν ἄστει διατριβάς) se complaciacutea en frecuentar parajes solitarios71

Su primera medida de gobierno consiste en la supresioacuten de la guardia perso‑nal creada por el anterior monarca la segunda en la institucioacuten de un sacerdocio en honor de Roacutemulo72 Tras estas dos disposiciones tomadas seguacuten Plutarco laquopara obtener benevolencia y gratitud del puebloraquo (ἐπrsquoεὐνοίᾳ καὶ χάριτι τοῦ δήμου) Numa emprende la difiacutecil tarea de pacificar la ciudad73 Y para lograr su objetivo no vacila en servirse de la religioacuten introduciendo nuevos rituales74 fomentando los temores supersticiosos de la poblacioacuten75 o atribuyeacutendose una particular relacioacuten con divinidades76

Entre sus reformas de aacutembito religioso destacan la prohibicioacuten de repre‑sentar a los dioses por medio de imaacutegenes de hombres o animales77 el fomento

67 Num 37‑41 Sobre el caraacutecter del Numa plutarqueo orientado laquopor naturalezaraquo (φύσει) hacia la virtud cf Peacuterez Jimeacutenez (1994)

68 Num 51‑869 Un argumento muy del agrado de los estoicos Sobre el controvertido tema de la relacioacuten

de Plutarco con el estoicismo creemos que todaviacutea son relevantes las opiniones de Babut (1969) Para una visioacuten actualizada de este tema cf Opsomer (2014)

70 Num 61‑5 73‑7 Sobre la ejemplaridad para Plutarco del acceso del rey Numa al poder cf Peacuterez Jimeacutenez (1995)

71 Num 41 Plutarco (Num 52) subraya el sacrificio de Numa explicando que laquocostoacute seguacuten parece un esfuerzo no pequentildeo y requirioacute muchos argumentos y ruegos persuadir y hacer cambiar de opinioacuten a un hombre que habiacutea vivido en paz y tranquilidadraquo (ἦν δrsquo οὐ μικρόν ὡς ἔοικεν ἔργον ἀλλὰ καὶ λόγων πολλῶν καὶ δεήσεως τὸ πεῖσαι καὶ μεταστῆσαι γνώμην ἀνδρὸς ἐν ἡσυχίᾳ καὶ εἰρήνῃ βεβιωκότος) y ponerle al frente de laquouna poblacioacuten que en cierta manera habiacutea nacido y habiacutea crecido gracias a la guerraraquo (πόλεως τρόπον τινὰ καὶ γεγενημένης πολέμῳ καὶ συνηυξημένης)

72 Num 78‑9 Sobre la actitud del legislador Numa con respecto a la escritura veacutease la nota 20

73 Num 8174 Num 8375 Num 84 Aunque en general Plutarco desaprueba las praacutecticas supersticiosas ‑su tratado

Sobre la supersticioacuten (Moralia 164E‑171E) no permite abrigar dudas al respecto‑ puede sin embargo mostrarse comprensivo cuando un dirigente hace uso de ellas con la intencioacuten de conseguir los objetivos (por supuesto adecuados) que persigue (veacutease p e Dio 241‑3) A propoacutesito precisamente de las obras Sobre la supersticioacuten y Vida de Numa Van Nuffelen (2011) presenta al queronense como un atento observador de las transformaciones que experimentan las tradiciones religiosas

76 Num 810‑11 y 151‑677 Num 813

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de sacrificios incruentos78 la institucioacuten de los sacerdotes Pontiacutefices79 la de los Feciales80 y la de los Salios81 la consagracioacuten de las Viacutergenes Vestales82 y la regla‑mentacioacuten relativa a usos fuacutenebres83

Pero las innovaciones no podiacutean centildeirse exclusivamente a un contexto reli‑gioso Preocupado por la existencia de una masa de ciudadanos indigentes Numa decide servirse de las tierras que habiacutean sido conquistadas por su antecesor y las reparte entre los desheredados Asiacute inclina al pueblo a la praacutectica de la agricultura con el fin de que estos hombres que cultivancivilizan una tierra que les ha sido otorgada resulten tambieacuten ellos cultivadoscivilizados84 y mediante normas adicionales se aplica a incentivar las labores del campo85

Quedaba todaviacutea por abordar un grave problema pues auacuten subsistiacutea la antigua divisioacuten entre sabinos y romanos Para subsanarla el legislador establece nuevos criterios para clasificar a la ciudadaniacutea y distribuye a los individuos en entidades que dariacuteamos en llamar laquogremialesraquo De este modo agrupados en virtud de los oficios que desempentildean los habitantes de la pujante poblacioacuten iraacuten olvidando los antiguos motivos de desunioacuten86

No acaban ahiacute las reformas de Numa Tambieacuten dicta leyes relacionadas con la institucioacuten familiar87 y el calendario88 Y con todo ello consigue hacer de Roma ndashe incluso de las ciudades del entornondash un remanso de paz la violencia desaparece fiestas y banquetes se celebran por doquier las gentes se relacionan entre si en un ambiente de mutua confianza no hay constancia alguna de laquoguer‑raraquo (πόλεμος) laquodiscordia civilraquo (στάσις) ni laquorevolucioacuten poliacuteticaraquo (νεωτερισμὸς περὶ πολιτείαν) y la figura de Numa goza del respeto general89 Cuando alcan‑zados ya los ochenta antildeos fallece el legislador90 su muerte ndashmuerte naturalndash es

78 Num 815 Plutarco atribuye esta medida al igual que otras a la influencia del espartano Pitaacutegoras (cf Num 14) La influencia de Pitaacutegoras en las costumbres romanas habriacutea sido tratada por Caacutestor de Rodas a quien el queronense hace referencia en sus Cuestiones romanas (Moralia 266E)

79 Num 9180 Num 124‑881 Num 131‑782 Num 910 y 101‑583 Num 121‑384 Num 164 Plutarco hace aquiacute un juego de palabras basaacutendose en el teacutermino

συνεξημεροῦμαι En cuanto al reparto de tierras consignado en este capiacutetulo es posteriormente negado en la comparatio entre Licurgo y Numa (Num 3410)

85 Num 166‑786 Num 171‑487 Num 17588 Num 181‑6 y 198‑9 89 Num 203‑7 Plutarco antildeade (208‑12) unas consideraciones sobre las bondades que se

derivan del mandato de un gobernante filoacutesofo En su argumentacioacuten nuestro autor cita (Num 2010) casi textualmente el pasaje 711e de Las Leyes de Platoacuten

90 Num 217

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Legislar teniacutea un precio

acompantildeada tanto en Roma como en otras ciudades de grandes manifestacio‑nes de duelo91

Asiacute termina la vida del anciano rey que supo renunciar a la apacible vida que tanto le agradaba para regir los destinos de la inquieta Roma poniendo de manifiesto una vez maacutes que para el queronense el ejercicio de la funcioacuten de νομοθέτης va ligado a la ineludible necesidad de pagar un precio por ello Pero no acaba ahiacute la informacioacuten plutarquea sobre Numa pues el bioacutegrafo nos hace saber que tras la muerte del monarca los romanos volvieron a hacer uso de las armas92 y en la comparatio que establece entre Licurgo y Numa Plutarco subraya el fracaso que supone para la constitucioacuten de Numa el regreso de Roma a sus antiguas praacutecticas guerreras93 En cuanto a la causa de tal infortunio el quero‑nense es tajante seguacuten eacutel Numa se equivocoacute gravemente cuando a diferencia de Licurgo no organizoacute un sistema educativo soacutelido disciplinario e igual para todos los ciudadanos94

Publiacutecola

Pasamos acto seguido a ocuparnos de un legislador que aun sin ser de es‑tirpe real tuvo algo que ver con la institucioacuten monaacuterquica pues contribuyoacute a der‑rocarla Se trata de Publio Valerio a quien los romanos dieron el sobrenombre de Publiacutecola95 Eacuteste que se distinguiacutea por su amor a la justicia y su generosidad para con los necesitados pareciacutea destinado al liderazgo si alguacuten diacutea llegaba a instalarse en Roma lo que Plutarco llama laquoun reacutegimen democraacuteticoraquo (δημοκρατία)96 pero al ser depuesto por el pueblo el rey Tarquinio el Soberbio vio frustradas sus aspiraciones a pesar de haber colaborado eacutel personalmente al derrocamiento97

Decepcionado Valerio se retira momentaacuteneamente de la escena poliacutetica98 pero tan pronto como Tarquinio intenta recuperar el poder reacciona y toma parte muy activa en la desactivacioacuten de una conjura que teniacutea por objetivo la rein‑troduccioacuten de la realeza99 En recompensa a sus servicios Valerio es nombrado

91 Num 22192 Num 221193 Num 361094 Num 367 Pensamos que eacutesta es una criacutetica severa que aleja a Numa del prototipo del

Gobernante Ideal Por su parte Boulet (2005) ve en el retrato plutarqueo del monarca romano un claro ndashy premeditadondash distanciamiento del queronense con respecto a la figura platoacutenica del Rey‑Filoacutesofo Si el alejamiento defendido por Boulet se ajusta a la realidad no creemos que deba producirnos extrantildeeza ya que por decirlo en palabras de Hershbell (2004) Plutarco fue un laquoPlatonisthellipunorthodoxraquo Cf Dillon (2014)

95 Publ 1196 Publ 1297 Publ 13‑5 Plutarco da a la actuacioacuten de Valerio un valor claramente superior al que le

otorgan Dionisio de Halicarnaso (467‑72) y Tito Livio (158‑591‑2)98 Publ 21 99 Publ 22‑76

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coacutensul100 mientras el rey destronado busca ndashy obtienendash el apoyo de los etruscos101 Se libra un feroz combate en el que el ejeacutercito romano consigue la victoria y Valerio tiene ocasioacuten de celebrar triunfo siendo ndashsostiene Plutarcondash el primer coacutensul que entra en la urbe montado en una cuadriga102

Pero el flamante vencedor seraacute pronto objeto de criacutetica pues el pueblo cree ver en su conducta atisbos de despotismo concentra en su persona toda la auto‑ridad habita en una mansioacuten maacutes imponente que la del antiguo rey y se presenta escoltado laquopor todas las fasces y hachas juntasraquo (ὑπὸ ῥάβδοις ὁμοῦ πάσαις καὶ πελέκεσι)103 Valerio reacciona con prontitud reuacutene a un buen nuacutemero de al‑bantildeiles y en una noche echa abajo la casa y la destruye hasta los cimientos104 No tardaraacute el pueblo en hacerle donacioacuten de un terreno donde podraacute edificar una nueva morada eso siacute maacutes austera que la anterior105

En cuanto a las insignias suprimioacute las hachas y decretoacute que las fasces se incli‑naraacuten ante el pueblo106 medida que fue muy del agrado de las gentes que dieron a Valerio el sobrenombre de Publiacutecola teacutermino que seguacuten Plutarco equivale a δημοκηδής laquosoliacutecito con el puebloraquo107 Por otra parte concedioacute laquoa quienes quisie‑ranraquo (τοῖς βουλομένοις) la posibilidad de presentar candidatura para compartir el consulado junto a eacutel Pero antes de que se procediera al nombramiento de su colega en el cargo se valioacute de la feliz circunstancia de ser el uacutenico coacutensul en ejercicio para instaurar medidas poliacuteticas de suma importancia108 Asiacute nombroacute nuevos senadores109 otorgoacute mayores derechos al pueblo110 dictoacute pena de muerte sin proceso previo para aquel que pretendiera erigirse en tirano111 y organizoacute la recaudacioacuten de impuestos112

100 Publ 77101 Publ 91102 Publ 92‑9 Sobre el triunfo de Valerio cf Plu Rom 167‑8 y D H 2342 103 Publ 101‑2 Plutarco pone eacutenfasis en la narracioacuten utilizando el estilo directo es el pueblo

quien pronuncia estas palabras de reproche Sobre la desaprobacioacuten de los romanos ante la conducta de Valerio cf las narraciones maacutes comedidas de Dionisio de Halicarnaso (5181) y Tito Livio (276)

104 Publ 105 En las Cuestiones Romanas (Moralia 285F) se hace alusioacuten al hecho de que la casa situada en lo maacutes alto es percibida por las gentes como una amenaza por su elevada situacioacuten Dionisio de Halicarnaso (5192) no menciona la destruccioacuten de la morada seguacuten eacutel Publiacutecola cambioacute de domicilio con el fin ndashdeclaroacute el propio interesadondash de que los romanos pudieran lanzarle piedras desde arriba si le sorprendiacutean cometiendo alguacuten acto injusto Valerio Maacuteximo en cambio siacute alude (411) a la destruccioacuten de la casa y lo hace ademaacutes en un tono grandilocuente

105 Publ 106106 Publ 107 107 Publ 108‑9 En D H 5195 hallamos la misma ndashmaacutes que discutiblendash etimologiacutea108 Publ 111109 Publ 112110 Publ 113‑4111 Publ 121‑2112 Publ 123‑4

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Legislar teniacutea un precio

Tras estas disposiciones designoacute como colega suyo en el cargo a Lucrecio que fallecioacute pocos diacuteas despueacutes del nombramiento siendo sucedido por Marco Horacio113 En cuanto a Publiacutecola sufrioacute a causa de los honores recibidos por su doble condicioacuten de legislador y liacuteder militar la envidia de laquomuchos poderososraquo (πολλοὶ τῶν δυνατῶν) los cuales frustraron su deseo de consagrar el templo de Juacutepiter Capitolino114 Pero ello no fue obstaacuteculo para que Valerio continuara su exitosa carrera pues llegoacute a ser nombrado coacutensul por cuarta vez115 Su muerte acaecida despueacutes de lograr para Roma una gran victoria contra los sabinos causoacute un hondo pesar en la poblacioacuten116

Pero el dolor con que Roma reacciona ante la desaparicioacuten del liacuteder no debe hacernos olvidar las suspicacias que antantildeo despertara en la plebe y la envidia que posteriormente suscitoacute entre los poderosos En un caso la situacioacuten se saldoacute con la destruccioacuten por parte de Valerio de la suntuosa mansioacuten que poseiacutea y en un elocuente gesto de reconocimiento de la voluntad popular en el otro llevoacute las de perder pues no consiguioacute realizar el prestigioso ritual que ambicionaba La disensioacuten con el pueblo fue anterior al ejercicio de la actividad legisladora de hecho es gracias a la reconciliacioacuten con las masas que Publiacutecola tuvo la oportu‑nidad de ejercer como νομοθέτης En cambio el incidente con la eacutelite romana se produjo con posterioridad ndashy a consecuencia dendash su tarea como legislador (Plutarco lo indica con claridad) En este sentido podemos considerar que Publiacutecola pagoacute un doble tributo ndashla peacuterdida de su morada y la imposibilidad de llevar a cabo un ritual de alta relevanciandash por su νομοθεσία

Licurgo Soloacuten Numa y Publiacutecola establecen unas leyes por las que debe regirse la sociedad de la que forman parte y por ello reciben de Plutarco la de‑nominacioacuten de νομοθέτης117 Hay sin embargo entre los personajes biografiados

113 Publ 125‑6114 Publ 141‑7 Sobre φθόνος la envidia caracteriacutestica humana que de ninguacuten modo pasa

inadvertida a Plutarco Verdegem (2005) en una aportacioacuten en torno a les Vidas de estadistas atenienses del siglo v a C establece una clara diferencia entre laquopeer‑envyraquo que salvando la distancia cronoloacutegica seriacutea a nuestro entender el sentimiento que Publiacutecola despertoacute entre los poderosos y laquopopular envyraquo que experimenta la turba con respecto a los liacutederes contra quienes haciacutea aplicar en la Atenas claacutesica la medida llamada ostracismo Sobre el valor que el queronense otorga al ostracismo cf Jufresa Muntildeoz amp Fau Ramos (2011) Por otra parte Frazier (1996) atribuye al φθόνος de los personajes plutarqueos un laquocaractegravere quasi automatiqueraquo (p 109)

115 Publ 211116 Publ 231‑5 y 246 Plutarco (Publ 234) pone de relieve que el pueblo decidioacute que el

cuerpo de Publiacutecola fuera enterrado a expensas puacuteblicas dato que hallamos tambieacuten en Dionisio de Halicarnaso (5482‑3) y Valerio Maacuteximo (441) con la diferencia de que estos dos autores indican que ello se debioacute a la situacioacuten de pobreza extrema en que murioacute el estadista

117 Lyc 11 99 141 Sol 143 165 186 Num 93 1412 2310 2513 Publ 121 143 A un lector atento no le habraacute pasado inadvertido el hecho de que no hayamos mencionado ni a Agis ni a Cleoacutemenes personajes que intentaron en vano restaurar la laquobella y justa constitucioacutenraquo (πολιτείαν καλὴν καὶ δικαίαν) de Licurgo (Agis et Cleom 210) Ciertamente ambos pusieron todo su ahiacutenco en la empresa y ambos sufrieron por ello serias penalidades Agis perdioacute la vida

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por el queronense sujetos a quienes eacuteste no aplica el calificativo de νομοθέτης sino el de οἰκιστήςκτίστης (laquofundadorraquo) o bien les atribuye la accioacuten de οἰκιζεῖνκτιζεῖν (laquofundarraquo) una poblacioacuten Estos individuos fundan (o refundan) una comunidad cosa que les obliga a fijar unas normas Ejercen pues en cierto modo como legisladores y se arriesgan por tanto a contrariar voluntades ajenas Tambieacuten estos personajes de quienes nos ocuparemos ahora sucintamente estaacuten expuestos a pagar un precio por llevar a cabo su cometido

Teseo

Del οἰκιστής Teseo118 nos interesa especialmente su tarea como autor del llamado sinecismo Plutarco nos brinda al respecto una detallada descripcioacuten Seguacuten eacutel tras la muerte del rey Egeo su hijo Teseo se propone laquouna empresa grande y admirableraquo (μέγα καὶ θαυμαστὸν ἔργον) consistente en reunir a todos los habitantes del Aacutetica en una sola ciudad formando con ellos un uacutenico Estado dotado de instituciones comunes119 Pero antes de dar comienzo a su labor re‑corre la regioacuten para informar del proyecto a todos los pobladores Los ciudadanos no relevantes acogen al punto su llamamiento Los ricos en cambio se muestran reticentes y para convencerlos Teseo les ofrece un sistema de gobierno carente de rey y les promete que tan soacutelo reservaraacute para si mismo las funciones de dirigente militar y de laquocustodio de las leyesraquo (νόμων φύλαξ)120

Tras las explicaciones Teseo pone manos a la obra suprime los organismos anteriores y sienta las bases para el establecimiento de una polis a la cual da el

(Agis et Cleom 201) su madre su abuela y su hermano fueron asesinados (Agis et Cleom 202‑7 y 263) y su esposa obligada a contraer matrimonio con el hijo de un enemigo (Agis et Cleom 221‑3) Cleoacutemenes por su parte se vioacute forzado a entregar como rehenes del rey de Egipto a parte de su familia (Agis et Cleom 434‑8) perdioacute a su hermano en combate (Agis et Cleom 496‑7) tuvo que huir de Esparta (Agis et Cleom 503‑4) y fue arrestado en Egipto (Agis et Cleom 567) donde acaboacute suicidaacutendose tras haber intentado provocar un alzamiento contra el rey (Agis et Cleom 576‑5816) y una vez muerto continuaraacuten por asiacute decir las penalidades de Cleoacutemenes ya que el monarca egipcio ordena que su cadaacutever sea ultrajado y que sus hijos su madre y las mujeres del entorno de eacutesta reciban la muerte (Agis et Cleom 594) No obstante he decidido omitir la referencia a estos personajes porque sus esfuerzos por reinstaurar la constitucioacuten de Licurgo no se vieron coronados por el eacutexito y sobre todo porque a diferencia de lo que ocurre con Licurgo Soloacuten Numa y Publiacutecola a Agis y a Cleoacutemenes no les es otorgada por parte de Plutarco la denominacioacuten de νομοθέτης Por lo que a Agis se refiere Roskam (2005) considera que constituye para el queronense el modelo ideal del joven que se dedica a la poliacutetica

118 Thes 15 No entraremos aquiacute a discutir hasta queacute punto podriacutea sentirse Plutarco motivado a biografiar al fundador miacutetico de Atenas ni nos pronunciaremos sobre el no disimulado escepticismo sobre el particular que se le atribuye cf Sirinelli (2000) 301 Por cierto que la obra que acabamos de consignar corresponde a una de las maacutes acreditadas biografiacuteas plutarqueas comparable a las de Jones (1971) Russell (1973) y Lamberton (2001)

119 Thes 241 En la versioacuten plutarquea el sinecismo va maacutes allaacute de la unificacioacuten exclusivamente poliacutetica que describe Tuciacutedides (215)

120 Thes 242

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Legislar teniacutea un precio

nombre de Atenas funda la festividad de las Panateneas para que sea celebrada por el conjunto de la comunidad instaura tambieacuten la fiesta de las Metecias y abdica ndashtal como habiacutea prometido‑ de la corona121

A continuacioacuten se dispone a organizar el nuevo Estado laquoempezando a partir de los diosesraquo (ἀπὸ θεῶν ἀρχόμενος)122 toma medidas para favorecer el crecimiento vegetativo de la polis establece clases entre la ciudadaniacutea asig‑nando un status especiacutefico a cada colectivo acuntildea moneda y fija los liacutemites de Atenas123

Pero al eficiente Teseo tambieacuten le llega la hora de pagar un precio por la tarea realizada124 Un tal Menesteo descendiente de Erecteo emprende una insi‑diosa campantildea contra el fundador soliviantando a laquolos poderososraquo (οἱ δυνατοί) que consideraban que Teseo les habiacutea sustraiacutedo prerrogativas y perturbando asimismo a laquola multitudraquo (οἱ πολλοί) so pretexto de haber perdido seducidos por un espejismo de libertad la patria los templos y los gobernantes que les eran propios yendo a caer bajo la autoridad de un extranjero125 La suerte sonriacutee al alborotador pues los Tindaacuteridas invaden el Aacutetica tal vez ndashapunta Plutarcondash a peticioacuten del propio Menesteo quien se encarga ademaacutes de facilitarles la entrada a la ciudad de Atenas126 De resultas de ello ndashel queronense tiene sus dudas al respectondash Etra la madre de Teseo habriacutea sido hecha prisionera127

El fundador intenta volver a ejercer su autoridadhellip en vano Al fin profun‑damente decepcionado abandona Atenas para siempre no sin antes maldecir a sus habitantes128 Teseo pereceraacute lejos de la patria y su muerte no provocaraacute reaccioacuten alguna en la ciudad129 Mucho tiempo habraacute de transcurrir para que la polis reconozca sus meacuteritos y le rinda los debidos honores que comportaraacuten la

121 Thes 243‑4122 Thes 244 Plutarco no concreta en queacute consiste esta actuacioacuten del fundador123 Thes 251‑4 Por si esta considerable labor fundacional no fuera suficiente somos

informados por Plutarco (Thes 265‑7) de que Teseo es tambieacuten οἰκιστής de la ciudad de Pitoacutepolis de la cual parte despueacutes de haber designado a quienes ejerceraacuten de gobernantes y legisladores

124 Un precio ndashrecordemosndash que ya habiacutea empezado a pagar cuando para persuadir a sus conciudadanos ricos se habiacutea comprometido a renunciar a la corona

125 Thes 321 En este pasaje Plutarco se hace eco de la atribucioacuten a Menesteo del hecho de haber sido laquoel primer hombreraquo (πρῶτος hellip ἀνθρώπων) en laquoejercer de demagogoraquo (δημαγωγεῖν)

126 Thes 322ndash332127 Thes 341128 Thes 353‑5 Esta miacutetica maldicioacuten sirve a Plutarco como αἴτιον para explicar la

etimologiacutea del laquoAraterioraquo o laquolugar de las maldicionesraquo 129 Thes 356‑7 En la descripcioacuten del fracaso que experimenta Teseo al intentar recuperar

el poder Plutarco se sirve de una terminologiacutea poliacutetica (usa en voz pasiva los verbos καταδημαγωγέω y καταστασιάζω) que utiliza tambieacuten en Per 92 y 5 Por otra parte nos parece significativo que la biografiacutea de Teseo no concluya con la alusioacuten a su fallecimiento sino que incorpore (Thes 358ndash365) la mencioacuten de los honores recibidos mucho tiempo despueacutes de su muerte por el fundador de hecho para el queronense el final de una vida no ha de coincidir necesariamente con el final de la biografiacutea cf al respecto Pelling (1997)

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necesidad de laquorecuperarraquo los restos del οἰκιστής y de trasladarlos solemnemente a Atenas130 permitiendo con ello a Cimoacuten el gran adversario de Temiacutestocles apropiarse de la figura del ilustre fundador131

Roacutemulo

La indiferencia que acompantildea al amargo fin de Teseo contrasta con el re‑vuelo que se originoacute en Roma tras la desaparicioacuten de aqueacutel a quien Plutarco considera laquopadreraquo (πατήρ)132 de la urbe que laquofundoacuteraquo (ἔκτισε)133

No es poco ciertamente lo que Roma debe a su οἰκιστής pues ademaacutes de ser el fundador material de la ciudad134 tomoacute unas medidas que seriacutean determi‑nantes para el futuro de la poblacioacuten Asiacute establecioacute los criterios con arreglo a los cuales debiacutean ser clasificados los ya numerosos habitantes de la urbe135 fue corresponsable del pacto crucial sellado entre sabinos y romanos136 introdujo cambios en el armamento137 e instituyoacute nuevos rituales138 El queronense le atri‑buye tambieacuten la promulgacioacuten de algunas leyes ndashἔθηκεhellip νόμους τινάς139 dice textualmentendash como las que hacen referencia al repudio de la esposa140

Pero llegado el liacuteder romano al zeacutenit de la gloria experimentoacute una profunda transformacioacuten en su manera de ser y adoptoacute maneras impropias vistioacute lujosos

130 Thes 358ndash365 Sobre las acciones cultuales relacionadas con el οἰκιστής ateniense cf Plaacutecido (1994) Por otra parte creemos que en la valoracioacuten plutarquea del descalabro sufrido por Teseo tiene un peso considerable la conducta poco edificante del ateniense en relacioacuten con Helena a quien eacuteste que a la sazoacuten contaba cincuenta antildeos habiacutea raptado cuando la muchacha todaviacutea no era nuacutebil (cf Thes 292 y 311‑3) En este contexto consideramos que aunque no se centra en la figura de Teseo es esclarecedora la obra de Beneker (2012) quien asimismo nos brinda datos relevantes en un trabajo posterior cf Beneker (2014) Sobre los valores morales en la obra del queronense cf Duff (1999) y Van Hoof (2010)

131 Thes 362‑3 y Cim 85‑7 En el marco de la poliacutetica ateniense de la primera mitad del siglo V a C no es en modo alguno insoacutelita la utilizacioacuten en beneficio propio de un dios o de un heacuteroe Asiacute mientras Cimoacuten opta por valerse del miacutetico Teseo Temiacutestocles se sirve de la figura de Aacutertemis cf Fau Ramos (2007) Veacutease al respecto Podlecki (1971) y Piccirilli (1987)

132 Thes 15133 Thes 22134 Rom 111‑4135 Rom 131‑8 Cf Id 201‑3 En Rom 137‑8 el queronense nos ofrece una descripcioacuten

tan idealizada como paternalista de los viacutenculos establecidos entre patroni y clientes descripcioacuten que ha sido relacionada con la que nos brinda Dionisio de Halicarnaso (210)

136 Rom 199‑10137 Rom 211138 Rom 211 y 221139 Con esta expresioacuten parece evidente que si bien Plutarco no aplica a Roacutemulo el calificativo

de νομοθέτης siacute que de facto lo tiene por tal140 Rom 223 La informacioacuten plutarquea sobre las leyes de Roacutemulo es ciertamente escueta

Para una visioacuten mucho maacutes amplia que incluye los derechos hereditarios de las mujeres la aplicacioacuten de la pena de muerte a la esposa en caso de adulterio o embriaguez las obligaciones filiales para con los progenitores y la potestad paterna sobre los hijos cf D H 225‑26

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Un mentor limpio de pasiones El filoacutesofo y la actuacioacuten poliacutetica seguacuten el De genio Socratis

semejante oraacuteculo lo que haciacutea el dios en realidad era exhortar a los griegos a que abandonasen las guerras frecuentasen las musas apaciguasen sus pasiones con ayuda de la razoacuten y guardasen entre siacute relaciones paciacuteficas y fecundas39

Los dos sucesos trasladan un mensaje confuso Pues hablan de los griegos no de filoacutesofos de guerras y cuestiones de justicia no de rebeliones liberadoras engloba ademaacutes la filosofiacutea en un conjunto de actividades que parece cifrar la παιδεία griega en general Pero ambos de alguna manera ofrecen una primera justificacioacuten del rechazo de Epaminondas Con ellos se pone en praacutectica la lla‑mada laquoredefinicioacutenraquo teacutecnica literaria practicada por diversos autores antiguos y frecuente en las Vidas paralelas Consiste en formular enunciados vagos y gene‑rales que a lo largo de la obra y en pasajes posteriores se concretan y alcanzan un grado mayor de individualizacioacuten40 Los dos incidentes mencionados no son ademaacutes la uacutenica prefiguracioacuten encaminada a justificar de manera previa y alusiva la inhibicioacuten de Epaminondas La misma funcioacuten cumple el diaacutelogo sobre la pobreza Epaminondas mudo en la discusioacuten demonoloacutegica central toma aquiacute la palabra para entrar en controversia con Teanor

Teanor personaje ficticio es un filoacutesofo pitagoacuterico natural de Crotona En fechas anteriores otro pitagoacuterico Lisis se habiacutea refugiado en Tebas Acogido en la casa de Polimnis padre de Cafisias y Epaminondas habiacutea llevado en esa casa pobre una vejez dichosa Teanor llega comisionado por las ricas comunidades pitagoacutericas de Italia Eacutestas quieren recompensar a Polimnis y sus hijos con una suma que aliviaraacute su pobreza Pero Epaminondas se niega a aceptar tal recom‑pensa negativa que da lugar a la controversia que mantiene con Teanor

El discurso sobre la pobreza es la uacutenica ocasioacuten en que Epaminondas rompe sustancialmente su silencio pues es el uacutenico pasaje en el que el ldquocentro ausenterdquo de la obra Epaminondas expone sus ideas de manera razonada y recurriendo a categoriacuteas filosoacuteficas Pronunciado en diaacutelogo con Teanor puede dividirse en dos secciones la primera (583D‑E) de extensioacuten breve comenta la inutilidad de las riquezas aportadas por Teanor que Polimnis y sus hijos habriacutean de emplear en cosas superfluas La segunda (584C‑585D) maacutes amplia y densa comienza con la defensa de la pobreza como ejercicio frente a aquellas pasiones (ἐπιθυμίαι) que proceden del exterior (ἐπήλυδες) y tienen como fuente las falsas opiniones (κενῶν δοξῶν) el deseo de riquezas (φιλοπλουτία) es una de esas pulsiones accesorias y superfluas como lo es tambieacuten el deseo de gloria (φιλοδοξίαν) Pos‑teriormente Epaminondas ahonda en su planteamiento como adiestramiento para el autodominio (ἐγκρατείας) la contencioacuten frente a los placeres beneficia al alma y de la misma manera beneficia a la praacutectica de la justicia el ejercicio contra

39 Gen Socr 579B‑D40 Cf Pelling (1988) 12‑13 (1990) 230

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Joseacute M Candau

el deseo de riquezas41 El discurso finaliza con la alabanza del hombre que sabe rehusar favores y daacutedivas de amigos y reyes incluyendo los dones de la fortuna (τύχης) tal hombre no ve alterado su juicio (οὐδὲ θορυβεῖ τὴν διάνοιαν) y es capaz de perseverar ufano y sereno en la praacutectica de la excelencia

Es de notar que los argumentos de Epaminondas no aparecen en otra obra de Plutarco dedicada especiacuteficamente a combatir la avaricia el de cupiditate di‑vitiarum (523C‑528B) Es este uno de los tratados clasificados por Ziegler bajo el roacutetulo de ldquofilosoacuteficos‑popularesrdquo y estudiados recientemente por L Van Hoof Frente a lo que sugiere su roacutetulo observa Van Hoof tales tratados tienen como destinatario a la eacutelite econoacutemica poliacutetica y social del mundo grecorromano Son por otra parte tratados de orientacioacuten fundamentalmente praacutectica Con ellos Plutarco no persigue ldquoconvertir a la filosofiacuteardquo ni lograr que sus lectores olviden sus ambiciones poliacuteticas y sociales Maacutes bien intenta ofrecerles una guiacutea que le ayude afrontar los problemas derivados de su posicioacuten dirigente La meta no es por tanto cambiar las expectativas de liderazgo o rebajar las pretensiones de poder e influencia propios y sustanciales de una clase como aquella que conforma la audiencia de los mal llamados ldquotratados filosoacutefico‑popularesrdquo Por el contrario lo que hace Plutarco es poner la filosofiacutea al servicio de sus aspiraciones42

El de cupiditate divitiarum emplea un tono admonitorio sus ideas son sen‑cillas y basadas en la experiencia o si se quiere en motivaciones prefilosoacuteficas y sus consejos no constituyen un obstaacuteculo sino una ayuda para la realizacioacuten de las ambiciones sociales que pueda albergar el lector Despliega en suma el conjunto de teacutecnicas y estrategias usuales en los tratados de ldquoeacutetica praacutectica al servicio de la eacutelite43rdquo No ocurre lo mismo con el discurso sobre la pobreza de Epaminondas Purgar el alma de las opiniones procedentes del exterior desterrar el ansia de riquezas y el deseo de gloria rehusar los favores de amigos y reyes y los dones de la fortuna son preceptos adecuados para un tipo de hombre que como Epaminondas huye de los conflictos inherentes a la lucha poliacutetica Pero es difiacutecil que con estos atributos Plutarco quiera hacer de Epaminondas un modelo para la oligarquiacutea a quien dirige sus tratados de eacutetica praacutectica Resulta significativa la posicioacuten que ocupa el discurso sobre la pobreza en el texto del de genio Una vez que concluye Epaminondas y despueacutes de que todos expresan su admiracioacuten hacia eacutel se expone una de las maacutes movidas peripecias en la que se vieron envueltos los miembros de la conjura Tras grandes sobresaltos y fuertes discusiones entre diversos implicados en la trama el asunto vino a resolverse por siacute solo e inespe‑radamente

41 El texto griego no es en este pasaje enteramente claro Quizaacutes es consecuencia de ello que frente a la lectura de los manuscritos (δικαιοσύνῃ) Russell (2010) proponga leer δικαιοσύνης

42 Van Hoof (2010) 28‑3743 Van Hoof (2010) 55‑56

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ldquoUn singular trastorno habiacutea hecho presa en nuestro aacutenimo Llenos poco antes de desazoacuten al ver nuestra empresa frustrada la presioacuten de las circunstancias y la urgencia que no consentiacutean tregua nos sumiacutea de nuevo en ansiedad y temor44rdquo

Con estas palabras describe Plutarco el estado de aacutenimo de los conjurados a raiacutez del episodio expuesto tras la discusioacuten sobre la pobreza Un estado de aacutenimo que no puede permitirse Epaminondas atento a la contencioacuten de las pasiones y la serenidad de su mente pero que es el propio de quienes participan en el complot revolucionario

El de genio se mueve seguacuten han observado diversos estudios modernos en dos planos el humano y el de los deacutemones el de la contemplacioacuten filosoacutefica y la praacutectica poliacutetica el mortal y el sobrenatural el de los que conocen y el de los que ignoran45 Y en correspondencia sus personajes se ubican en dos niveles Los unos estaacuten instalados en el mundo de la accioacuten y la peripecia son Cafisias el narrador y con eacutel todos los conjurados Otros se ubican en un plano superior el de la filosofiacutea y el contacto con las realidades transcendentes Epaminondas es la muestra maacutes clara pero el ejemplo uacuteltimo es Soacutecrates La incertidumbre el azar y el conflicto parecen preponderantes en el mundo de la accioacuten Asiacute lo indica el ruego que Arquedamo dirige a Cafisias al inicio de la obra la lucha de la virtud y la razoacuten contra las contingencias atrae por lo accidentado de su desarrollo la precariedad impliacutecita en la actuacioacuten humana y la peripecia que ello desencadena es precisamente lo que hace del acontecer histoacuterico un espectaacuteculo digno de intereacutes para el amante del honor y la belleza46 Ahora bien la manera de ver las cosas de Arquedamo se queda en la superficie de los hechos Ciertamente el relato concerniente a la liberacioacuten de la Cadmea se urde a partir de iniciativas y motivaciones humanas sin que el autor del relato Cafisias reclame expresamente la intervencioacuten divina Pero en el de genio la atmoacutesfera estaacute impregnada de un aura sobrenatural A ello contribuyen tanto las alusiones indirectas47 como la acumu‑lacioacuten de episodios y contenidos relacionados con la divinidad y el maacutes allaacute En muchas de sus obras consigna Plutarco su creencia de que el curso de la historia obedece al disentildeo de una fuerza transcendente48 El relato de la liberacioacuten de la Cadmea confirma dicha idea Pues el lector no puede eludir el pensamiento insi‑nuado por diversos procedimientos aunque no explicitado de que la ayuda divina respalda la actuacioacuten de los conjurados49 Ocurre sin embargo que ni Cafisias ni los demaacutes partiacutecipes de la conjura pueden acceder a esa visioacuten de las fuerzas

44 Gen Socr 588A45 Desideri (1984) 581 Hershbell (1988) 374‑378 Babut (1988) 384‑389 Brenk (1996)

41‑44 Georgiadou (1996) 114 Hardie (1996) 13346 Gen Socr 575B‑D47 Babut (1988) 385‑38648 Tratamiento del tema en Barigazzi (1984) y Swain (1989)49 Babut (1988) 386‑389

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sobrenaturales rectoras de los sucesos Y no acceden precisamente por estar in‑mersos en el mundo de la actuacioacuten y la peripecia Las pulsiones procedentes del exterior embargan su aacutenimo de manera que en expresioacuten de Brenk laquothey see only the apparent succession of chance occurrencesraquo50 Arquedamo tampoco tiene acceso al plano donde operan las fuerzas sobrenaturales Y evidentemente la misma ceguera afecta a esos laquoamantes del honor y la bellezaraquo ante los cuales invita a hablar a Cafisias Un puacuteblico ilustre cuya presentacioacuten hace Arquedamo subrayando su pertenencia a familias poliacuteticamente insignes51 Puacuteblico por tanto equiparable a esa eacutelite social a quien Plutarco dirige sus tratados de eacutetica praacutectica Los dos puacuteblicos el de Cafisias y el del Plutarco podriacutean identificarse con los heacuteroes que liberan la Cadmea Pero difiacutecilmente se identificariacutean con Epaminon‑das que en dos ocasiones rechaza tomar parte en la empresa52

En ambas el rechazo se justifica mediante un argumento ndashla negativa a derramar sangre de sus conciudadanos‑ que situacutea a Epaminondas a un nivel de exigencia eacutetica superior al de los conjurados53 Ahora bien la diferencia entre Epaminondas y los liberadores no radica en la eacutetica Pues al fin y al cabo ningu‑na ofensa eacutetica cabe reprochar a los protagonistas de la heroica liberacioacuten de la Cadmea Radica en el nivel Asiacute lo sugiere la discusioacuten sobre la pobreza Y asiacute lo vuelve a sentildealar el gran debate sobre el daimon de Soacutecrates que da tiacutetulo a al obra

Se debate sobre lo que Soacutecrates mismo llamaba su daimon el principio que lo guioacute a lo largo de su vida e iluminaba sus decisiones en materias inciertas e impenetrables para la inteligencia humana54 El daimon socraacutetico sugiere que Soacutecrates conociacutea de alguna manera los acontecimientos futuros algo que dos personajes del de genio acreditan55 En este sentido el debate versa sobre la adivi‑nacioacuten Las intervenciones de los diferentes personajes configuran tomadas en conjunto un extenso discurso filosoacutefico y religioso Plutarco no se alinea expresa‑mente con ninguna de las opiniones emitidas el tratamiento del tema presenta pues ese final abierto que es tan comuacuten en este autor Las cuestiones que se tocan son variadas pero todas parten de una cuestioacuten baacutesica La adivinacioacuten supone un conocimiento inalcanzable al menos en apariencia a la razoacuten humana Y el debate versa sobre coacutemo es posible acceder a ese nivel superior de inteligencia Miradas desde este punto de vista las opiniones formuladas por los distintos personajes pueden dividirse en dos grandes bloques De un lado Galaxidoro que

50 Brenk (1996) 4251 Gen Socr 575E‑F52 Gen Socr 576D‑E 594B‑C53 En la segunda ocasioacuten se antildeade un motivo maacutes conveniacutea que consumada la liberacioacuten

quedasen hombres a quienes nada pudiese reprocharse por no haber participado en la accioacuten Epaminondas se reserva este papel

54 Gen Socr 580C‑D55 Teoacutecrito (580D‑F) y Polimnis (581D‑E)

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inicia el debate propone una explicacioacuten maacutes proacutexima a los paraacutemetros raciona‑les56 en ella se ha querido ver una muestra de la llamada laquoadivinacioacuten teacutecnicaraquo (τεχνικὸς μαντική artificiosa divinatio)57 Del otro Simias Timarco y Teanor interpretan las premoniciones de Soacutecrates como un caso de comunicacioacuten direc‑ta entre el hombre y la divinidad defienden por tanto la llamada laquoadivinacioacuten naturalraquo (ἄτεχνος μαντική naturalis divinatio)58 Ya se ha dicho que Plutarco no se declara expresamente partidario de ninguna opcioacuten Pero su texto privilegia de manera indirecta los discursos de Simias Timarco y Teanor Asiacute lo sugiere un paacuterrafo del de genio que subraya el papel de Galaxidoro como mero introductor del problema59 Y asiacute lo recogen distintos estudios modernos Galaxidoro seriacutea el oponente racionalista casi siempre estoico habitual en los diaacutelogos religiosos de Plutarco su explicacioacuten se ve devaluada tanto por sus contradicciones internas como por la presencia de procedimientos textuales que rebajan su veracidad y en suma Galaxidoro y el resto de las intervenciones insertas en la seccioacuten dominada por eacutel tendriacutean como funcioacuten principal la de plantear el tema a debatir60

Las propuestas de Simias Timarco y Teanor son evidentemente distintas Actuacutea aquiacute quizaacutes el deseo de presentar el problema bajo luces diversas61 o quizaacutes el complejo planteamiento dramaacutetico que forma parte de las estrategias persuasivas de Plutarco62 Las tres sin embargo coinciden en una idea central la singularidad de aquellos hombres que como Soacutecrates pueden contactar con una realidad por encima del mundo material Para Simias el alma de la mayoriacutea de los hombres se halla embargada por el tumulto de las pasiones y la voraacutegine de las servidumbres vitales de manera que su entendimiento no puede captar las indica‑ciones de los seres superiores en el caso de Soacutecrates por el contrario su intelecto limpio y exento de pasiones (ὁ νοῦς καθαρὸς ὢν καὶ ἀπαθής) percibiacutea faacutecilmente las sentildeales enviadas por los seres divinos63 Seguacuten el mito de Timarco (expuesto por Simias) en el alma (ψυχή) conviven dos partes una inmersa en el cuerpo recibe el nombre mismo de ldquoalmardquo (ψυχή) la otra inaccesible a la corrupcioacuten se llama laquointelectoraquo (νοῦν) estaacute en el exterior del hombre y los entendidos le dan

56 Gen Socr 579F‑582C57 Corlu (1970) 49‑50 Doumlring (1984) 376 Schroumlder (2010) 161 58 Para la distincioacuten entre ambos tipos de maacutentica veacutease Cic div 111ndash12 134 172

1109ndash131 (con el comentario de Wardle (2006))59 Gen Socr 588A ζητήσεως οὐκ ἀγεννοῦς ἀλλ ἧς ὀλίγον ἔμπροσθεν οἱ περὶ Γαλαξίδωρον

καὶ Φειδόλαον ἥψαντο διαποροῦντες τίνος οὐσίας καὶ δυνάμεως εἴη τὸ Σωκράτους λεγόμενον δαιμόνιον

60 Corlu (1970) 19‑20 y 51‑52 Hani (1980) 53 Doumlring (1984) 376‑377 Schroumlder (2010) 161‑162 Donini (2011) 415‑416

61 Sobre el reparto de papeles filosoacuteficos que aquiacute parece efectuar Plutarco veacutease Donini (2011) 412‑419 (2011 [2004]) 442‑443

62 Veacutease Van Hoof (2010) 67‑68 a propoacutesito de determinados laquotratados de eacutetica praacutecticaraquo63 Gen Socr 588D‑E

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el nombre de daimon64 La parte irracional e inmersa en el cuerpo se halla sujeta a la racional e incorruptible Si la sujecioacuten es deacutebil el alma se dejaraacute doblegar por las pasiones soacutelo cuando se fortalece gracias a la educacioacuten aparece el alma capaz de percibir con prontitud las indicaciones de su daimon Algunos hombres sin embargo estaacuten especialmente dotados de suerte que en ellos predomina de forma innata la obediencia a la razoacuten y a su daimon A ellos estaacute reservada la capacidad de percibir la llamada divina65 Teanor afirma que las almas libres de lazos con el cuerpo se convierten en daacuteimones Tales daacuteimones guiacutean los asuntos del hombre Pero no todos los hombres reciben su atencioacuten pues se desentienden de cuantos estaacuten inmersos en los avatares del acontecer soacutelo aquellos que tras mil esfuerzos ascienden a una esfera elevada son recompensados con la ayuda del daimon66

Las tres intervenciones explican las dotes excepcionales de Soacutecrates mediante la existencia de hombres excepcionales Y en las tres esa excepcionalidad requiere una especial disposicioacuten del alma La liberacioacuten de las pasiones y el alejamiento del traacutefago iacutensito en el mundo humano se presentan como condicioacuten necesaria para que haya un Soacutecrates Paradigma del filoacutesofo Soacutecrates es tambieacuten el modelo de Epaminondas El discurso sobre la pobreza al mostrar coacutemo Epaminondas limpia su alma de pasiones e impulsos procedentes del mundo exterior acredita su condicioacuten de filoacutesofo Asiacute se reconoce cuando termina dicho discurso por boca de Simias67

laquoGran hombre grande es Epaminondas y responsable de ello es el aquiacute pre‑sente Polimnis que ha criado a sus hijos desde temprano en la mejor filosofiacutearaquo

Epaminondas tambieacuten es consecuente con su condicioacuten de filoacutesofo cuando rehuacutesa someter su alma al torbellino del acontecer humano y las pasiones aso‑ciadas esto es cuando se niega a participar en la conjura El filoacutesofo parece ser la conclusioacuten no debe participar al menos de manera directa en el torbellino de la vida poliacutetica

El Epaminondas del de genio es una creacioacuten histoacutericamente discutible68 Ciertamente su no participacioacuten en la liberacioacuten de la Cadmea y su formacioacuten filosoacutefica estaacuten suficientemente documentadas Pero Epaminondas es conocido ante todo por su dimensioacuten poliacutetica que aquiacute relega Plutarco para subrayar su

64 Gen Socr 591E65 Gen Socr 592A‑E66 Gen Socr 593D‑594A67 Gen Socr 585D68 Ya Von Stern (1884) 55‑57 sentildealoacute las debilidades del relato que ofrece Plutarco en el

de genio Los estudios posteriores (veacutease por ejemplo Corlu [1970] 19‑20 Barigazzi [1988] 414‑424Georgiadou [1996]) han insistido en el Epaminondas del de genio presenta una factura obediente sobre todo a razones compositivas y de disentildeo

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calidad de filoacutesofo Asiacute construida la figura de Epaminondas traslada un mensaje ndashla no implicacioacuten directa del filoacutesofo en las luchas poliacuteticas‑ que puede tener calado teoacuterico pero tambieacuten sirve a Plutarco para trasladar su posicionamiento ante cuestiones concernientes a su propia persona y al horizonte cultural de su eacutepoca Comparado a otros contemporaacuteneos que por condicioacuten social e incluso actividad literaria estaban a su mismo nivel Plutarco no protagonizoacute una carrera poliacutetica particularmente brillante69 Asumioacute en cambio el papel de consejero y guiacutea de la eacutelite La autoridad necesaria para ello se la confiere la filosofiacutea Pues Plutarco se presenta a siacute mismo como filoacutesofo La exaltacioacuten de Epaminondas es una exaltacioacuten de su propia identidad como filoacutesofo y mentor Epaminondas se mueve a una altura la de la filosofiacutea superior a la de sus afines y compantildeeros los conjurados Esta altura le prohiacutebe descender al plano de la accioacuten directa descenso que contaminariacutea su alma con pulsiones sobrevenidas pero tambieacuten le permite acceder a una realidad inalcanzable para sus compantildeeros Epaminondas eleva asiacute la posicioacuten del filoacutesofo y justifica incluso hace ineludible su alejamiento de la lucha poliacutetica Gracias a ello lo que podriacutea ser una debilidad del propio Plutarco la falta de una carrera puacuteblica brillante se transforma en una eleccioacuten deliberada y necesaria

Tal mensaje adquiere maacutes fuerza si se lo contempla sobre el transfondo cultural de la eacutepoca El auge de las composiciones de exitu illustrium virorum corre en paralelo a la admiracioacuten hacia el filoacutesofo que se enfrenta al poder y sufre castigo por ello Ya se ha dicho que el fenoacutemeno acreditado en diversas fuentes contemporaacuteneas a Plutarco fue propiciado particularmente por el final del rei‑nado de Diocleciano y que el modelo uacuteltimo del filoacutesofo‑maacutertir es Soacutecrates En este contexto adquiere un significado especial la exaltacioacuten del ldquoSoacutecrates tebanordquo Epaminondas Epaminondas se aleja del conflicto puacuteblico para cuidar su alma se distingue por su silencio y pese a ello constituye el ldquocentro ausenterdquo del de genio una composicioacuten articulada en torno a un conflicto civil la liberacioacuten de la Cadmea No resulta inverosiacutemil ver en todos estos datos una respuesta de Plu‑tarco ante el fenoacutemeno del ldquofiloacutesofo‑maacutertir poliacuteticordquo y la admiracioacuten aglutinada en torno a esa figura Respuesta que reivindica rotundamente el papel asumido por el propio Plutarco de filoacutesofo mentor del poliacutetico pero fuera eacutel mismo del traacutefago de la poliacutetica

69 Veacuteanse las observaciones y referencias que ofrece al respecto Van Hoof (2010) 66‑67

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Joseacute M Candau

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A Esparta de Plutarco entre a guerra e as artes

de um seguidor das leis de Licurgo Nesse sentido Plutarco diz que o dinheiro e o ouro deveriam ser mandados embora de Esparta porque eles eram flagelos importados que despertavam a cobiccedila e promoviam a degeneraccedilatildeo dos costumes (c 17) Desse ponto de vista Lisandro prejudicou Esparta justamente porque promoveu seu enriquecimento e contribuiu para a dissoluccedilatildeo da frugalidade e da simplicidade que caracterizavam o cotidiano dos lacocircnios antes das vitoacuterias espartanas na Guerra do Peloponeso6

Na Vida de Agesilau Plutarco nos conta que o biografado foi o segundo filho de Arquidamo (o primeiro tinha sido Aacutegis) e que por isso ele natildeo seria o herdeiro direto do trono de Esparta De qualquer modo Agesilau foi educado de acordo com a agoge lacedemocircnia e nosso autor faz questatildeo de frisar que em decorrecircncia disso o liacuteder espartano sempre respeitou e praticou as leis de sua cidade (c 1) Mesmo apresentando uma pequena diferenccedila de tamanho de uma perna para a outra ele tinha outras qualidades espartanas como a honestidade a mansidatildeo e a beleza fiacutesica (c 2) Sua formaccedilatildeo foi tatildeo bem sucedida que diferente de Alexandre o grande e de Haniacutebal Agesilau foi um general que conquistou importantes vitoacuterias e mesmo assim nunca deixou de obedecer agraves leis espartanas (c 15) Mesmo depois de tornar‑se um lendaacuterio vencedor ele voltou a Esparta e continuou o mesmo homem de antes sem apresentar nenhuma novidade no seu comportamento diferente de outros estrategos quando voltavam de longas expediccedilotildees a terras estrangeiras (c 19)

Plutarco nos conta que Lisandro ndashque dizem ter sido amante de Agesilau na juventude (c 2)ndash pretendia introduzir muitas inovaccedilotildees e mudanccedilas no governo da Lacocircnia (c 20) Embora outros liacutederes de Esparta como Antaacutelcidas tenham feito acordos com os Persas e tenham abandonado laquocovarde e maldosamenteraquo os gregos da Aacutesia sob o domiacutenio dos baacuterbaros como nos diz Plutarco (c 23) Agesilau sempre foi um defensor da justiccedila Entre os capiacutetulos 29 e 30 da Vida de Agesilau nosso autor nos conta que os espartanos que perderam parentes na bata‑lha de Leuctra (em 371 a C) se alegraram e os que natildeo perderam ficaram tristes De certa forma eles responsabilizaram Agesilau pela derrota e lamentaram ter aceito um rei coxo Contudo Agesilau tinha boa reputaccedilatildeo e era muito virtuoso Prova disso eacute que sem promover nenhuma inovaccedilatildeo ele disse que era preciso fazer as leis dormirem para que retomassem a autoridade que tiveram no passado

Entretanto Plutarco natildeo faz apenas elogios a Agesilau Cartledge (1987 418) observa que ele faz criacuteticas a Agesilau por causa de sua ingratidatildeo em relaccedilatildeo a Lisandro (c 8) e condena seu comportamento porque ele teria hon‑rado mais os amigos do que a justiccedila (c 13 ver tambeacutem Moralia 807d) Aleacutem disso Plutarco via uma relaccedilatildeo direta entre a decadecircncia de Esparta e a ascenccedilatildeo

6 Sobre isso ver Duff (2002) 161‑204 e a introduccedilatildeo de Flaceliegravere e Chambry em Plutarque (1971) 158‑173

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Roosevelt Rocha

ilegiacutetima de Agesilau ao trono (c 21) Poreacutem no geral nosso autor eacute tatildeo favoraacutevel e simpaacutetico a Agesilau quanto Xenofonte que tambeacutem escreveu uma biografia do rei espartano a qual certamente serviu de base para a Vida composta pelo poliacutemata de Queroneia Segundo Cartledge (1987 418) para Plutarco Agesilau foi a encarnaccedilatildeo das virtudes peculiarmente espartanas simplicidade piedade e autocontrole7

Depois na Vida de Aacutegis e na Vida de Cleocircmenes Plutarco narra os uacuteltimos momentos da histoacuteria da Esparta independente ou seja o ponto mais baixo da decadecircncia daquela cidade Os reis Aacutegis e Cleocircmenes que reinaram no seacuteculo III a C tentaram restaurar os antigos valores dos tempos de Licurgo Eles tinham os dons naturais para levar essa tarefa a cabo Aacutegis tinha grandeza de alma e se insurgia contra os prazeres desde antes dos vinte anos (c 4) natildeo gostava de rou‑pas luxuosas e baniu toda suntuosidade para aderir aos antigos haacutebitos lacocircnios caracterizados pela simplicidade de vida Mas seu exemplo e sua energia natildeo foram suficientes para restaurar os costumes tradicionais e ele foi assassinado ainda muito jovem (cc 19‑21) Aquela Esparta incorrupta e valorosa dos tempos de Licurgo dava seus uacuteltimos suspiros

Cleocircmenes natildeo era parente de Aacutegis mas foi obrigado a se casar com a vi‑uacuteva do rei assassinado ou seja Agiaacutetis Segundo Plutarco (c 1) Cleocircmenes era ambicioso e tinha grandeza de alma Era temperante e simples como Aacutegis Ele tambeacutem quiz restaurar os antigos costumes espartanos (c 11) Primeiro depois de longa disputa poliacutetica abriu matildeo de seus bens Depois distribuiu as terras entre os cidadatildeos Restabeleceu a educaccedilatildeo dos jovens e a disciplina espartana Ele proacuteprio levou uma vida simples e frugal para dar o exemplo aos outros la‑cedemocircnios sem insolecircncia nem orgulho excessivo ou seja como um modelo de temperanccedila (c 13) Mesmo quando perdeu sua esposa Agiaacutetis por quem se enamorara verdadeiramente Cleocircmenes manteve a firmeza e seu caraacuteter elevado e tomou as providecircncias necessaacuterias para garantir a seguranccedila de seus soldados e aliados (c 22) Depois de reinar por dezesseis anos Cleocircmenes morreu (cc 37‑38) e assim terminou a histoacuteria de Esparta como cidade politicamente autocircnoma

Ateacute aqui vimos que podemos encontrar nas Vidas dos liacutederes espartanos escritas por Plutarco aquela imagem caracterizada por um conjunto de valores que parecem ter ganhado forccedila numa eacutepoca lendaacuteria e foram se enfraquecendo conforme o tempo foi passando e Esparta foi estendendo seu poder para fora da Lacedemocircnia Nesse quadro vemos uma cidade altamente militarizada de guerreiros corajosos disciplinados e afeitos a uma vida sem luxos e sem confortos Isso poderia indicar que os espartanos eram um povo rude pouco sofisticado e fechado para as artes

7 Cf tambeacutem a introduccedilatildeo de Flaceliegravere e Chambry em Plutarque (1973) 85‑88 e Shipley (1998) 1‑46

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A Esparta de Plutarco entre a guerra e as artes

Poreacutem vaacuterias fontes arqueoloacutegicas vasculares e mesmo literaacuterias nos mostram o contraacuterio Apesar de Tuciacutedides (1102) ter dito que os edifiacutecios em Esparta eram modestos e natildeo correspondiam ao tamanho do poder militar e poliacutetico da cidade dos lacedemocircnios em seu apogeu a avaliaccedilatildeo dos monumentos arquitetocircnicos espartanos precisa ser feita com cuidado Eacute preciso lembrar que Esparta natildeo foi destruiacuteda nas Guerras Meacutedicas como Atenas foi A capital da Aacutetica foi reconstruiacuteda e uma grande soma de dinheiro afluiu para ela por causa das contribuiccedilotildees dos aliados da Liga de Delos Isso natildeo aconteceu com a princi‑pal cidade da Lacocircnia Desse modo nela foram conservados edifiacutecios antigos do seacuteculo VI a C que apresentavam outro estilo de construccedilatildeo mais arcaizante do que claacutessico Dependendo do ponto de vista um estilo pode ser mais valorizado do que o outro

De qualquer modo Pausacircnias (3113) viajante do seacuteculo II d C que fez uma descriccedilatildeo de vaacuterias cidades da Greacutecia daquela eacutepoca nos informa que havia em Esparta vaacuterios monumentos que despertavam a admiraccedilatildeo daqueles que por ali passavam tal como o Poacutertico Persa construiacutedo inicialmente com o butim amealhado na guerra contra os persas Outros exemplos de edifiacutecios que nos uacuteltimos anos vecircm sendo estudados satildeo o templo de Apolo em Amiclas o templo de Aacutertemis Oacutertia e o Menelaion onde eram cultuados Menelau e Helena8

Cartledge (2002 111) nos informa que depois de 690 a C pintores de vasos da Lacocircnia sofreram influecircncia de artistas do Egeu e adotaram o chamado estilo lsquoorientalizantersquo o que mostra que na praacutetica Esparta natildeo estava isolada do resto do mundo helecircnico Ainda segundo Cartledge nessa eacutepoca artesatildeos lacocircnios que trabalhavam com bronze comeccedilaram a se interessar pela representaccedilatildeo de figuras humanas em suas obras e por volta de 650 a C comeccedilou a se desenvolver na regiatildeo de Esparta o uso do marfim para produccedilatildeo de objetos gravados Vemos entatildeo que o ambiente artiacutestico na Lacedemocircnia entre 775 e 650 a C natildeo era de modo algum esteacuteril ou sem importacircncia9

Como Burn (1960 275‑276) explica Esparta natildeo virou suas costas para a arte e a poesia Prova disso eacute que vasos com detalhes refinados foram fabricados ali e exportados para outras regiotildees da Heacutelade ateacute 550 a C mais ou menos Por volta de 600 a C Gitiadas poeta escultor e arquiteto projetou o Templo de Atena tambeacutem conhecido como Casa de Bronze por causa das placas feitas com esse metal para decorar o edifiacutecio E em 585 a C o segundo templo de Oacutertia foi construiacutedo Ou seja havia artesatildeos trabalhando em Esparta no periacuteodo arcaico que produziram obras dignas de admiraccedilatildeo10

8 Para mais informaccedilotildees sobre a arqueologia e a arquitetura espartanas ver Walker (1998) Kaltsas (2007) e Cavanagh (2009)

9 Sobre isso ver tambeacutem Burn (1960) 180‑184 e Stibbe (1996) passim10 Ver tambeacutem Burn (1960) 280‑282 e Cartledge (2002) 133‑136

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No que diz respeito agrave muacutesica Plutarco nos daacute significativos testemunhos da sua importacircncia em ambiente espartano tanto nas Vidas quanto nos Moralia Na Vida de Licurgo no c 4 por exemplo encontramos a informaccedilatildeo segundo a qual o legislador lendaacuterio teria convidado um poeta‑legislador de Creta para ir a Esparta com ele Esse poeta se chamava Tales Mas talvez tenha havido alguma confusatildeo na tradiccedilatildeo manuscrita e esse Tales poderia ser o Taletas de Gortina mencionado algumas vezes no livro Sobre a Muacutesica tambeacutem de Plutarco Ele teria sido o responsaacutevel por curar os espartanos de uma peste com o seu canto11 Aleacutem disso no mesmo c 4 nos eacute dito que Licurgo teria sido o responsaacutevel por levar os poemas de Homero da Jocircnia para sua cidade

Depois no c 21 da mesma Vida Plutarco nos diz que os lacedemocircnios apreciavam se dedicar agrave poesia meacutelica porque as canccedilotildees estimulavam seus espiacuteritos e lhes davam coragem para enfrentar os inimigos nas batalhas Seu estilo era simples e seus temas eram seacuterios com o objetivo de promover uma boa formaccedilatildeo dos caraacuteteres Nelas eram louvados os heroacuteis de Esparta e condenados os covardes que natildeo lutaram ateacute o fim para defender sua cidade Nos festivais eram organizados trecircs coros de acordo com as idades um de velhos outro de adultos e outro de jovens Cada um cantava sobre a sua bravura uns falavam dos seus feitos no passado os outros tratavam das suas accedilotildees no presente e os uacuteltimos cantavam sobre o seu desejo de realizar grandes proezas no futuro Esses seriam os temas baacutesicos das canccedilotildees em Esparta e por isso segundo Plutarco Terpandro e Piacutendaro estavam corretos ao associar bravura e muacutesica e ao mostrar que os espartanos eram o povo mais aguerrido e mais musical

Por isso natildeo era por acaso que os jovens cantavam o nomo de Caacutestor e o peatilde da marcha (c 22) e em todo lugar havia danccedilas festas e banquetes quando natildeo havia expediccedilotildees militares (c 24) Contudo o gosto pela boa muacutesica e pela boa poesia natildeo era caracteriacutestico de todos os habitantes da Lacocircnia tendo em vista que os hilotas danccedilavam e cantavam canccedilotildees vulgares e grotescas diferentes das composiccedilotildees de Aacutelcman Terpandro e Especircndon (c 28) Isso na verdade estava associado ao fato de eles serem escravos e por isso era compreensiacutevel que eles apreciassem canccedilotildees vis como eles proacuteprios

Na Vida de Lisandro encontramos algumas informaccedilotildees que reforccedilam a impressatildeo de que os espartanos tinham sim grande sensibilidade para a muacutesica No c 15 ficamos sabendo que os lacocircnios depois de conquistar Atenas em 404 a C queriam destruir aquela cidade mas apoacutes ouvir um coro da Electra de Euriacutepides desistiram Em seguida no c 18 Plutarco nos conta que Lisandro estava sempre acompanhado do poeta Queacuterilo encarregado de celebrar os feitos do general E outros poetas tambeacutem celebraram Lisandro segundo nosso autor

11 Ver Plu Mus 42 (1146B‑C) e Gostoli (1990) 12‑13 e

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Na Vida de Agesilau c 14 lemos que os espartanos apreciavam uma parte da poesia de Timoacuteteo de Mileto poeta que teria tido algumas cordas de sua ciacutetara cortadas quando de uma sua visita a Esparta porque os eacuteforos julgavam que natildeo seriam necessaacuterias mais do que sete cordas e o instrumento do poeta tinha onze12 Essa anedota indica que os lacocircnios natildeo apreciavam inovaccedilotildees Poreacutem a informaccedilatildeo do c 14 da Vida de Agesilau mostra que eles poderiam aceitar pelo menos uma parte da obra de um poeta inovador desde que essa parte se adequas‑se ao gosto e agraves tradiccedilotildees do local Tambeacutem nessa mesma Vida c 21 Plutarco nos diz que o rei Agesilau apreciava os cantos e as danccedilas mesmo natildeo sendo um lsquoespecialistarsquo nas artes

Por fim na Vida de Aacutegis c 10 encontramos um elogio a Terpandro a Ta‑les (Taletas) e a Fereacutecides porque mesmo sendo estrangeiros professavam o que Licurgo instituiu e por isso foram muito honrados em Esparta Na Vida de Cleocircmenes c 2 somos informados que o rei Leocircnidas elogiou Tirteu algo facilmente compreensiacutevel tendo em vista o caraacuteter estimulante e guerreiro das elegias daquele poeta Aleacutem disso nessa mesma Vida citada por uacuteltimo c 12 Plutarco nos conta que Cleocircmenes certa vez teria encontrado alguns artistas de Dioniso muacutesicos e atores profissionais que iam de cidade em cidade para se apresentar e construiu um teatro Isso mostra que esse rei estimulou de alguma maneira as atividades artiacutesticas mesmo que ele natildeo tivesse o costume de levar artistas com seu exeacutercito de acordo com Plutarco e nem apreciasse apresentaccedilotildees musicais nos seus banquetes (c 13)

Tudo isso mostra que Esparta era uma cidade onde a muacutesica tinha um papel importe na educaccedilatildeo e na guerra e que os lacocircnios natildeo eram um povo obtuso e indiferente ao poder das melodias De acordo com Plutarco tendo em vista agora algumas passagens dos Moralia os espartanos passavam por treinamento rigoroso no que diz respeito agrave muacutesica e agrave poesia e suas canccedilotildees estimulavam os espiacuteritos e faziam com que os homens se sentissem entusiasmados e se esfor‑ccedilassem para ser bem sucedidos Em vaacuterias passagens das suas Obras Morais ele elogia o estilo da muacutesica deles porque ela era simples e natildeo afetada e seus temas eram seacuterios e edificantes Se algueacutem estudasse a poesia e as canccedilotildees de marcha de Esparta acompanhadas pelo aulo essa pessoa concordaria que Terpandro e Piacutendaro estavam certos ao associar valor (andreia) e muacutesica Como vimos acima nos trechos citados das Vidas Plutarco tambeacutem diz que os Espartanos eram o povo ao mesmo tempo mais musical (mousikotatous) e o mais afeito agrave guerra (polemikotatous)13

No livro sobre os Antigos Costumes dos Espartanos Plutarco tambeacutem elogia os ritmos das canccedilotildees de marcha (embaterioi rhythmoi) porque eles despertavam

12 Ver Plu Agis 1013 Cf Lyc 211‑4

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a coragem a audaacutecia e o desdeacutem pela morte requisitos indispensaacuteveis para o guerreiro valoroso Os espartanos usavam esses ritmos para danccedilar mas tambeacutem quando avanccedilavam contra os inimigos ao som do aulo Plutarco lembra que Li‑curgo associava o amor pela muacutesica agrave praacutetica militar para que o espiacuterito guerreiro combinado com a melodia tivesse concordacircncia e harmonia (symphonia kai har‑monia) Por isso em tempos de guerra os reis espartanos ofereciam sacrifiacutecios agraves Musas antes de ir para a batalha como Plutarco nos conta nos Instituta Laconica 16 (238B‑C)

E para manter a pureza da sua muacutesica e dos seus costumes os espartanos agraves vezes recorriam a atos violentos Como Plutarco reporta nos Instituta Laconica 17 (238C‑D) eles natildeo permitiriam que ningueacutem desrespeitasse de modo algum as regras da muacutesica do passado Nem mesmo Terpandro um dos mais antigos e melhores citaredos (aqueles que cantavam acompanhados da ciacutetara ou da lira) teria a permissatildeo para acrescentar uma corda extra ao seu instrumento para que suas melodias fossem mais variadas Ele tentou fazer isso mas os eacuteforos pregaram sua lira numa parede por causa do seu ato iacutempio contraacuterio agrave tradiccedilatildeo Em outra ocasiatildeo um dos eacuteforos teria procedido com mais violecircncia quando Timoacuteteo o famoso muacutesico inovador que floresceu na segunda metade do seacuteculo V a C estava competindo no festival das Carneias ele pegou uma faca e perguntou ao muacutesico de que lado ele deveria cortar as cordas supeacuterfluas cujo nuacutemero ultra‑passava o tradicional de sete cordas Outras variantes dessa histoacuteria satildeo contadas por Plutarco em outros textos mas nessas outras passagens Friacutenis outro muacutesico inovador da segunda metade do seacuteculo V a C eacute o protagonista14

Mas para aleacutem da sua importacircncia na educaccedilatildeo e nos contextos de bata‑lha a muacutesica tinha grande significado tambeacutem nas momentos das celebraccedilotildees religiosas Dentre as festividades religiosas realizadas na Lacedemocircnia uma das mais importantes era a das Carneias realizada em Esparta e intimamente ligada agrave histoacuteria de Terpandro As origens desse festival eram muito antigas anteriores ao seacuteculo VIII a C tendo em vista que no seacuteculo VII os colonizadores espartanos da cidade italiana de Tarento jaacute tinham o costume de celebraacute‑la15 As Carneias eram dedicadas ao deus Apolo Carneu Em Esparta havia concursos musicais e atleacuteti‑cos uma corrida de jovens e um banquete ritual que contava com a participaccedilatildeo dos homens adultos que representavam as fratrias O festival era organizado por cidadatildeos solteiros e era o momento adequado para que os jovens que jaacute haviam completado seu periacuteodo de formaccedilatildeo ingressassem na vida adulta16

O que nos interessa aqui eacute o papel que a muacutesica desempenhava no contexto dessas festividades Um elemento importante nesses momentos de comemoraccedilatildeo

14 Cf Prof virt 84A Apophth Lac 220C e Agis 107 jaacute citada na nota 9 Cf Rocha (2008) 654‑655

15 Brelich (1969) 181‑18216 Brelich (1969) 149‑150

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eram os concursos A realizaccedilatildeo de concursos musicais no acircmbito do festival das Carneias natildeo teria acontecido desde o iniacutecio A introduccedilatildeo de agones provavel‑mente ocorreu quando Terpandro migrou de Metimna (Lesbos) para Esparta na primeira metade do seacuteculo VII a C Nesse contexto eacute importante considerar o testemunho de Helacircnico17 segundo o qual Terpandro teria sido o primeiro a vencer o concurso musical nas Carneias Esse fato parece estar diretamente relacionado agrave fundaccedilatildeo da primeira escola musical (katastasis) em Esparta por obra do mesmo Terpandro Segundo Brelich (1969 186‑191) eacute muito provaacutevel que a introduccedilatildeo do concurso musical nas Carneias tenha sido influenciada pela proacutepria katastasis18 Essa hipoacutetese ganha forccedila se consideramos o capiacutetulo 9 do tratado Sobre a Muacutesica como um todo Ali Plutarco fala da primeira katastasis fundada por Terpandro e menciona tambeacutem a segunda katastasis liderada por Taletas de Gortina Xenoacutedamo de Citera Xenoacutecrito de Locres Polimnesto de Coacutelofon e Saacutecadas de Argos muacutesicos que teriam instituiacutedo as Gimnopeacutedias em Esparta as Apodeixeis na Arcaacutedia e as Endimaacutetias em Argos Jaacute que os membros da segunda escola musical foram fundadores de festivais19 em diferentes cidades do Peloponeso Terpandro tambeacutem pode ter desempenhado o mesmo papel no contexto das Carneias

No que diz respeito agraves Gimnopeacutedias contudo encontramos uma situaccedilatildeo diferente Possuiacutemos uma grande variedade de informaccedilotildees sobre esse festival que inclusive muitas vezes satildeo contraditoacuterias Mas tratando apenas daquilo que nos interessa aqui sabemos que no periacuteodo das festividades aconteciam apresentaccedilotildees de coros de adolescentes e adultos instituiacutedos em honra a Apolo que cantavam hinos compostos por poetas como Taletas Aacutelcman e Dionisodoto Depois da batalha de Tireia em 544 aC na qual Esparta lutou contra Argos pela posse da Tireaacutetida tornou‑se costumeiro cantar um peatilde em honra dos soldados que morreram naquela ocasiatildeo Por causa desse elemento ritual e da comparaccedilatildeo com as Apodeixeis e as Endimaacutetias as Gimnopeacutedias foram consideradas festas que indicavam o momento no qual os jovens receacutem‑iniciados eram integrados agrave vida militar20

Tendo tudo isso em vista podemos concluir que eacute preciso colocar a miragem espartana em perspectiva Esparta natildeo era tatildeo lsquoespartanarsquo assim e natildeo foi sempre lsquoespartanarsquo Havia espaccedilo naquela cidade para o cultivo das artes tais como a arquitetura a escultura a pintura vascular a muacutesica (que incluiacutea a poesia) e a danccedila Nela floresceram poetas como Aacutelcman Terpandro e Tirteu Nela surgiram escolas poeacuteticomusicais Nela viveram poetas estrangeiros tais como Taletas de

17 FGrHist 4 F 85 = Ateneu 635e = Terpander Test 1 Gostoli18 Cf tambeacutem Gostoli (1990) 84‑8519 Mais do que fundadores de festivais eacute mais verossiacutemil pensar que esses autores foram os

responsaacuteveis pela introduccedilatildeo dos concursos musicais como parte das celebraccedilotildees 20 Cf Gostoli (1990) 85‑86

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Gortina (Creta) e Saacutecadas de Argos E sendo assim houve um ambiente feacutertil e favoraacutevel para o desenvolvimento e o cultivo de atividades artiacutesticas Os esparta‑nos foram sim grandes guerreiros que contribuiacuteram decisivamente para a vitoacuteria dos helenos sobre os persas Eles cultivaram sim suas habilidades guerreiras a ponto de derrotar os atenienses na Guerra do Peloponeso Poreacutem Esparta natildeo foi somente uma comunidade de soldados que dedicavam suas vidas somente agrave guerra Esparta foi tambeacutem uma cidade onde as pessoas cantavam danccedilavam e apreciavam a beleza dos edifiacutecios e dos objetos do cotidiano Eacute preciso reconhecer isso e na obra de Plutarco jaacute encontramos essa imagem multifacetada dessa cul‑tura Basta direcionar os olhos para outras direccedilotildees

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Index nominum

Timoacuteteo 167‑168 178 183Timoacutexena 195Tindaacuteridas 63Tireaacutetida 169Tireia 169Tireacutesias 236Tirteu 167 169 221Titatildes 245Trajano 121Trezena 31 32‑35 38 Tricoacuterito 39Troia 81 124Tuciacutedides 122 160 181Ulisses 81 192Valeacuterio (vd Puacuteblio Valeacuterio)Vestais 58 204Viacutenio 200Xantipo 191 201Xenoacutecrito 169Xenoacutedamo 169Xenofonte 160 164Zaleuco 88Zeus 36 40‑41 220 226 243

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Index nominum

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(Paacutegina deixada propositadamente em branco)

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Notas biograacuteficas dos autores

Aacutelia Rodrigues eacute doutorada em Estudos Claacutessicos (Literatura Grega) e inves‑tigadora do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse satildeo a histoacuteria das ideias poliacuteticas desde os Gregos ateacute agrave modernidade histoacuteria legal e a recepccedilatildeo de temas claacutessicos na contemporaneidade

Ana Ferreira eacute Professora Auxiliar do Departamento de Estudos Portugueses e Ro‑macircnicos da Faculdade de Letras da Universidade do Porto e investigadora do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a histoacuteria antiga a literatura greco‑romana bem como a didaacutectica das liacutenguas claacutessicas

Delfim F Leatildeo eacute Professor Catedraacutetico da Instituto de Estudos Claacutessicos e investiga‑dor do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a histoacuteria antiga o direito e a teorizaccedilatildeo poliacutetica dos Gregos a pragmaacutetica teatral e a escrita romanesca antiga

Faacutebio Vergara Cerqueira eacute Professor Adjunto do Instituto de Ciecircncias Humanas da Universidade Federal de Pelotas pesquisador PQ‑2 do CNPq Professor Visitante na Universidade de Heidelberg Bolsista Fundaccedilatildeo Humboldt ldquoPesquisador Experienterdquo Principais aacutereas de interesse satildeo histoacuteria e arqueologia da Greacutecia antiga e sua recepccedilatildeo enfocando muacutesica iconografia ceramologia gecircnero memoacuteria social identidade e patrimocircnio cultural

Guillermina Gonzaacutelez Almenara es Profesor Contratado Doctor Tipo 1 vinculada con el Aacuterea de Filologiacutea Griega del Departamento de Filologiacutea Claacutesica Francesa Aacuterabe y Romaacutenica de la Universidad de La Laguna Sus principales liacuteneas de investi‑gacioacuten son la mujer y el aacutembito femenino en la Grecia antigua Historiografiacutea griega Historia y civilizacioacuten de la Grecia antigua

Ivana S Chialva es Doctora en Letras Investigadora Asistente del Conicet y Profesora de Griego y Literaturas griega y latina de la Facultad de Humanidades y Ciencias de la Universidad Nacional del Litoral (Santa Fe Argentina) Sus tra‑bajos sobre el mundo antiguo se focalizan en la relacioacuten entre primera y segunda sofiacutestica y en la influencia de este uacuteltimo fenoacutemeno en la prosa narrativa griega de eacutepoca imperial especialmente la retoacuterica la biografiacutea y la novela en sus diferentes formas

Jesuacutes-Mordf Nieto Ibaacutentildeez es Catedraacutetico de Filologiacutea Griega de la Universidad de Leoacuten Sus liacuteneas de investigacioacuten son la literatura judiacutea en lengua griega los primeros textos cristianos el Humanismo y la Tradicioacuten claacutesica Actualmente dirige un Proyecto de

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investigacioacuten sobre el Humanismo la Tradicioacuten claacutesica y patriacutestica y la exeacutegesis biacuteblica en los siglos XVI y XVII

Joaquim Pinheiro eacute Professor Auxiliar da Universidade da Madeira e investigador do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a biografia antiga a Segunda Sofiacutestica a retoacuterica claacutessica e o pensamento poliacutetico dos Gregos

Joseacute M Candau es Catedraacutetico de Filologiacutea Griega en la Universidad de Sevilla Sus principales aacutereas de investigacioacuten son la historiografiacutea griega y Plutarco

Loraine Oliveira eacute professora de Filosofia da Universidade de Brasiacutelia Publicou o livro Plotino escultor de mitos pela Imprensa da Universidade de CoimbraAnnablume em 2014 Vem se dedicando principalmente a estudar os mitos em Plotino Plutarco e Porfiacuterio assim como o vegetarianismo em Plutarco e Porfiacuterio

Maria Aparecida de Oliveira Silva eacute professora visitante do Programa de Poacutes‑Gradu‑accedilatildeo em Letras Claacutessicas da Universidade de Satildeo Paulo e Professora Pesquisadora do Programa de Poacutes‑Graduaccedilatildeo em Histoacuteria da Universidade Federal de Satildeo Paulo Liacuteder do Grupo CNPq LABHAN Laboratoacuterio de Histoacuteria Antiga da Universidade Federal do Amapaacute Pesquisadora do Grupo CNPq Linceu ‑ Visotildees da Antiguidade Claacutessica da Universidade Estadual Paulista Pesquisadora do Grupo Retoacuterica Texto y Comunicacioacuten da Universidad de Caacutediz Membro do Conselho Acadecircmico do Seminaacuterio de Histoacuteria e Filosofia das Religiotildees da Universidad Autoacutenoma de Ciudad Juaacuterez mdash Meacutexico Pesquisa e publica trabalhos sobre Esparta Plutarco e biografia antiga

M Teresa Fau Ramos es Profesora Titular del Departament de Filologia Grega de la Universitat de Barcelona y miembro del Grup de Recerca Graecia Capta que investiga la pervivencia de la identidad griega bajo el imperio romano Sus principales aacutereas de intereacutes cientiacutefico son la historia e instituciones de la Grecia claacutesica y post‑claacutesica la religioacuten helena (paganismo) y diversos aspectos del cristianismo primitivo

Pilar Goacutemez Cardoacute es profesora titular de Filologiacutea Griega en la Universidad de Barcelona donde imparte docencia e investiga desde 1981 Doctora en Filologiacutea Claacutesica desde 1987 con una tesis sobre la tradicioacuten yaacutembica y la faacutebula (La Vida drsquoIsop entre el iambe la faula i la novella) es autora de numerosos artiacuteculos y capiacutetulos de libros sobre la literatura griega de eacutepoca imperial romana en especial sobre Segunda Sofiacutestica y novela ha estudiado principalmente autores como Luciano en cuya edicioacuten y traduccioacuten al castellano para la coleccioacuten Alma Mater participa Plutarco Dioacuten de Prusa o Elio Ariacutestides Es miembro del grupo de investigacioacuten Graecia Capta de la Universidad de Barcelona

Roosevelt Rocha eacute Professor Adjunto do curso de Letras da Universidade Federal do Paranaacute (Brasil) e pesquisador ligado ao Programa de Poacutes‑Graduaccedilatildeo em Letras da

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mesma Universidade As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a poesia grega arcaica (elegia jambo e meacutelica) a muacutesica grega antiga e o estudo da performance da poesia grega dos periacuteodos arcaico e claacutessico

Vicente Ramoacuten es Profesor Tiular de Filologiacutea Griega de la Universidad de Zara‑goza Sus intereses cientiacuteficos pueden sintetizarse en las siguientes liacuteneas Plutarco de Queronea y la biografiacutea poliacutetica historiografiacutea griega retoacuterica y oratoria griegas tradicioacuten claacutesica teatro griego la irreligiosidad en la Atenas Claacutesica

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Volumes publicados na Colecccedilatildeo Humanitas Supplementum

1 Francisco de Oliveira Claacuteudia Teixeira e Paula Barata Dias Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 1 ndash Liacutenguas e Literaturas Greacutecia e Roma (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

2 Francisco de Oliveira Claacuteudia Teixeira e Paula Barata Dias Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 2 ndash Liacutenguas e Literaturas Idade Meacutedia Renascimento Recepccedilatildeo (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

3 Francisco de Oliveira Jorge de Oliveira e Manuel Patriacutecio Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 3 ndash Histoacuteria Arqueologia e Arte (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2010)

4 Maria Helena da Rocha Pereira Joseacute Ribeiro Ferreira e Francisco de Oliveira (Coords) Horaacutecio e a sua perenidade (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

5 Joseacute Luiacutes Lopes Brandatildeo Maacutescaras dos Ceacutesares Teatro e moralidade nas Vidas suetonianas (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

6 Joseacute Ribeiro Ferreira Delfim Leatildeo Manuel Troumlster and Paula Barata Dias (eds) Symposion and Philanthropia in Plutarch (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

7 Gabriele Cornelli (Org) Representaccedilotildees da Cidade Antiga Categorias histoacutericas e discursos filosoacuteficos (Coimbra Classica DigitaliaCECHGrupo Archai 2010)

8 Maria Cristina de Sousa Pimentel e Nuno Simotildees Rodrigues (Coords) Sociedade poder e cultura no tempo de Oviacutedio (Coimbra Classica DigitaliaCECHCECCH 2010)

9 Franccediloise Frazier et Delfim F Leatildeo (eds) Tychegrave et pronoia La marche du monde selon Plutarque (Coimbra Classica DigitaliaCECH Eacutecole Doctorale 395 ArScAn‑THEMAM 2010)

10 Juan Carlos Iglesias‑Zoido El legado de Tuciacutedides en la cultura occidental (Coimbra Classica DigitaliaCECH ARENGA 2011)

11 Gabriele Cornelli O pitagorismo como categoria historiograacutefica (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2011)

12 Frederico Lourenccedilo The Lyric Metres of Euripidean Drama (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2011)

13 Joseacute Augusto Ramos Maria Cristina de Sousa Pimentel Maria do Ceacuteu Fialho Nuno Simotildees Rodrigues (coords) Paulo de Tarso Grego e Romano Judeu e Cristatildeo (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

14 Carmen Soares amp Paula Barata Dias (coords) Contributos para a histoacuteria da alimentaccedilatildeo na antiguidade (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

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15 Carlos A Martins de Jesus Claudio Castro Filho amp Joseacute Ribeiro Ferreira (coords) Hipoacutelito e Fedra ‑ nos caminhos de um mito (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

16 Joseacute Ribeiro Ferreira Delfim F Leatildeo amp Carlos A Martins de Jesus (eds) Nomos Kosmos amp Dike in Plutarch (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

17 Joseacute Augusto Ramos amp Nuno Simotildees Rodrigues (coords) Mnemosyne kai Sophia (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

18 Ana Maria Guedes Ferreira O homem de Estado ateniense em Plutarco o caso dos Alcmeoacutenidas (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

19 Aurora Loacutepez Andreacutes Pocintildea amp Maria de Faacutetima Silva De ayer a hoy influencias claacutesicas en la literatura (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

20 Cristina Pimentel Joseacute Luiacutes Brandatildeo amp Paolo Fedeli (coords) O poeta e a cidade no mundo romano (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

21 Francisco de Oliveira Joseacute Luiacutes Brandatildeo Vasco Gil Mantas amp Rosa Sanz Serrano (coords) A queda de Roma e o alvorecer da Europa (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

22 Luiacutesa de Nazareacute Ferreira Mobilidade poeacutetica na Greacutecia antiga uma leitura da obra de Simoacutenides (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica DigitaliaCECH 2013)

23 Faacutebio Cerqueira Ana Teresa Gonccedilalves Edalaura Medeiros amp JoseacuteLuiacutes Brandatildeo Saberes e poderes no mundo antigo Vol I ndash Dos saberes (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia2013) 282 p

24 Faacutebio Cerqueira Ana Teresa Gonccedilalves Edalaura Medeiros amp Delfim Leatildeo Saberes e poderes no mundo antigo Vol II ndash Dos poderes (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013) 336 p

25 Joaquim J S Pinheiro Tempo e espaccedilo da paideia nas Vidas de Plutarco (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013) 458 p

26 Delfim Leatildeo Gabriele Cornelli amp Miriam C Peixoto (coords) Dos Homens e suas Ideias Estudos sobre as Vidas de Dioacutegenes Laeacutercio (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013)

27 Italo Pantani Margarida Miranda amp Henrique Manso (coords) Aires Barbosa na Cosmoacutepolis Renascentista (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2013)

28 Francisco de Oliveira Maria de Faacutetima Silva Tereza Virgiacutenia Ribeiro Barbosa (coords) Violecircncia e transgressatildeo uma trajetoacuteria da Humanidade (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

29 Priscilla Gontijo Leite Eacutetica e retoacuterica forense asebeia e hybris na caracterizaccedilatildeo dos adversaacuterios em Demoacutestenes (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

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30 Andreacute Carneiro Lugares tempos e pessoas Povoamento rural romano no Alto Alentejo ‑ Volume I (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2014)

31 Andreacute Carneiro Lugares tempos e pessoas Povoamento rural romano no Alto Alentejo ‑ Volume II (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2014)

32 Pilar Goacutemez Cardoacute Delfim F Leatildeo Maria Aparecida de Oliveira Silva (coords) Plutarco entre mundos visotildees de Esparta Atenas e Roma (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

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Resumo da obra

A vasta e variada obra de Plutarco permite sempre uma abordagem a partir de distintas

perspetivas com diferentes intenccedilotildees e propoacutesitos variados No entanto eacute importante

identificar tambeacutem fios comuns nessa abordagem porque permitem demonstrar tanto a

niacutevel formal como de conteuacutedo que haacute muitos elementos comuns que permeiam o trabalho

de Plutarco

Os treze contributos para este volume tecircm como elo comum o nome de trecircs cidades

Esparta Atenas e Roma Elas representam espaccedilos poliacuteticos e institucionais diversos dada

a sua extensatildeo geograacutefica e cronoloacutegica mas simbolizam igualmente diferentes modelos

de organizaccedilatildeo social atraveacutes dos quais a Greacutecia pode ser contrastada com Roma ou Atenas

comparada com Esparta mdash ainda que o seu verdadeiro interesse na obra de Plutarco seja

que representam sempre locais paradigmaacuteticos onde vivem e convivem pessoas Por

isso os estudiosos de Plutarco que contribuiacuteram para este volume procuram analisar em

cada uma dessas cidades seja por assimilaccedilatildeo ou por contraste a forma como o autor de

Queroneia aborda a ligaccedilatildeo entre indiviacuteduo e comunidade a partir do exerciacutecio do poder

e da experiecircncia religiosa qual o papel da educaccedilatildeo e do domiacutenio privado na projeccedilatildeo

puacuteblica dos protagonistas retratados por Plutarco ou ateacute que ponto a imagem dos primeiros

legisladores e fundadores miacuteticos foi condicionada pela evoluccedilatildeo histoacuterica destas mesmas

cidades

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Sumaacuterio

Apresentaccedilatildeo de Plutarco entre Mundos visotildees de esparta atenas e roma 11(Presentation of Plutarch between worlds visions of Sparta Athens and Rome)

Introduccioacuten(Introduction) 13

Pilar Goacutemez Cardoacute

O jovem Teseu do reconhecimento paterno ao reconhecimento poliacutetico (Young Theseus from paternal recognition to political recognition) 31

Loraine Oliveira

Legislar teniacutea un precio (The price to pay for legislating) 49

Mordf Teresa Fau Ramos

O legislador e suas estrateacutegias discursivas teatralidade e linguagem metafoacuterica na vida de soacutelon

(The statesman and his discourse strategies theatricality and metaphorical language in the Life of Solon) 71

Delfim F Leatildeo

A figura do legislador em Plutarco Recepccedilatildeo de um mito poliacutetico (The figure of the lawgiver in Plutarch reception of a political myth) 85

Aacutelia Rodrigues

Un mentor limpio de pasiones El filoacutesofo y la actuacioacuten poliacutetica seguacuten el de genio socratis

(A mentor without passions the philosopher and political action according to the De genio Socratis) 103

Joseacute M Candau

O valor da filosofia e da paideia a construccedilatildeo moral e retoacuterica de Plutarco(The value of philosophy and of paideia Plutarchrsquos moral and rhetorical constructions) 119

Joaquim Pinheiro

De Roma a Alejandriacutea y viceversa mimesis del motivo del viaje en la vida de antonio de Plutarco(From Rome to Alexandria and vice versa mimesis of the travel motif in Plutarchrsquos Life of Antony) 137

Ivana S Chialva

A Esparta de Plutarco entre a guerra e as artes(Plutarchrsquos Sparta between war and the arts) 159

Roosevelt Rocha

Muacutesica e educaccedilatildeo em Atenas segundo as biografias de Plutarco(Music and education in Athens according to Plutarchrsquos biographies) 173

Faacutebio Vergara Cerqueira

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Por traacutes de um grande homem haacute sempre uma grande mulher A influecircncia de esposas e amantes sobre homens de Estado

(Is there always a great man behind a great woman The influence of wives and lovers over statesmen) 191

Ana Ferreira

Heteras concubinas y joacutevenes de seduccioacuten la influencia femenina en las vidas plutarqueas de Soloacuten Pericles y Alcibiacuteades

(Hetairai concubines and seducers the influence of women in Plutarchrsquos Lives of Solon Pericles and Alcibiades) 209

Guillermina Gonzaacutelez Almenara

Esparta e os oraacuteculos uma leitura plutarquiana(Sparta and the oracles a Plutarchan reading) 219

Maria Aparecida de Oliveira Silva

Plutarco y la crisis oracular del final del mundo antiguo(Plutarch and the crisis of the oracles at the end of the ancient world) 233

Jesuacutes‑Mordf Nieto Ibaacutentildeez

Index nominvm 251

Index locorvm 259

Notas biograacuteficas dos autores 267

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11

Apresentaccedilatildeo de Plutarco entre Mundos visotildees de esparta atenas e roma

(Presentation of Plutarch between worlds visions of Sparta Athens and Rome)

Um grego nascido agrave eacutepoca da dominaccedilatildeo romana Plutarco vive entre mun‑dos circulando entre Greacutecia e Roma tecendo reflexotildees sobre gregos e romanos Descendente de uma tradicional famiacutelia beoacutecia nosso autor eacute educado conforme os preceitos da paideia grega a mesma que prescreve em seus tratados e biografias como sendo a mais indicada para a formaccedilatildeo de um homem virtuoso Plutarco entrelaccedila conhecimentos acumulados pela tradiccedilatildeo grega com os da romana re‑gistra suas impressotildees sobre o modo de ser grego em um movimento de partida do seu presente de dominado para retornar ao passado glorioso de seu povo sem negligenciar suas anaacutelises sobre o modo de ser romano Reflexotildees que se fazem perceptiacuteveis principalmente na escrita de suas biografias de gregos e romanos onde vemos as comparaccedilotildees de suas personagens ora criticando a accedilatildeo de um grego ora a de um romano demonstrando os aspectos positivos e negativos de cada um embora deixe clara a sua preferecircncia pela cultura grega

Pela erudiccedilatildeo peculiar a sua extensa obra Plutarco eacute um autor que se in‑sere em diversos periacuteodos da nossa histoacuteria vemos sua influecircncia em escritos bizantinos renascentistas nos produzidos entre os seacuteculos XVI e XVII em que italianos franceses ingleses e espanhoacuteis se dedicam a verter suas biografias e tratados para vernaacuteculos modernos A disseminaccedilatildeo dessas obras concorre para influenciar artistas poetas filoacutesofos historiadores do seacuteculo XVIII em diante

Se por muitos seacuteculos nosso autor se vecirc circunscrito ao espaccedilo geograacutefico da bacia mediterracircnica hoje notamos que suas ideias atravessam o Oceano e alcanccedilam o chamado Novo Mundo Entatildeo a perspectiva de entre mundos para o nosso autor se expande mais sua obra atravessa eacutepocas e espaccedilos e se transforma em um claacutessico como tal atemporal e sem fronteiras Imbuiacutedos desse espiacuterito da obra plutarquiana apresentamos ao leitor este livro com ar‑tigos redigidos por espanhoacuteis latino‑americanos e portugueses revelando a

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Legislar teniacutea un precio

Mas a pesar de su tropiezo laquocon la mayoriacutearaquo (τοῖς πλείστοις) le fueron confiadas al legislador ateniense responsabilidades aun mayores45 y asiacute pudo eliminar buena parte de las leyes promulgadas por Dracoacuten46 reorganizar la poblacioacuten asignaacutendole prerrogativas en base a criterios econoacutemicos47 introducir cambios en las instituciones de la polis48 y establecer otras disposiciones como por ejemplo las que regulan el matrimonio49 los testamentos y donaciones50 la conducta de las mujeres51 el desempentildeo de oficios52 la actividad agriacutecola53 la naturalizacioacuten de extranjeros54 y el calendario55

Promulgadas ya las leyes aguardaba a Soloacuten una nueva contrariedad cada diacutea era abordado por individuos que elogiaban o censuraban su obra le aconse‑jaban antildeadidos o supresiones o simplemente le pediacutean aclaracioacuten sobre alguacuten pasaje que no comprendiacutean Para zafarse de esta presioacuten decide ausentarse de Atenas durante diez antildeos Abandona pues la patria con la esperanza de que su exilio voluntario sirva para que los ciudadanos se habituacuteen a las nuevas leyes56

Pero a su regreso constata que la polis ha vuelto al mal camino y las fac‑ciones vuelven a dominar la escena poliacutetica destacando sobremanera un hombre llamado Pisiacutestrato en torno al cual se apintildeaba una laquoturbaraquo (ὄχλος) de jornaleros radicalmente contraria a los ricos57 Soloacuten intenta poner paz parlamentando con los liacutederes de los partidos58 intuye las verdaderas intenciones del dirigente de la plebe e intenta en vano modificarlas59 Cuando Pisiacutestrato se dispone a erigirse en tirano el anciano legislador se opone pero al no contar con el apoyo de nadie debe cejar en su empentildeo60

estagirita (Pol 1296a) afirma que los μέσοι constituyen un factor sumamente equilibrador de la sociedad y es ndashprosigue‑ por este motivo que los mejores legisladores como Soloacuten y ‑iexclpara nuestra sorpresa‑ Licurgo pertenecieron a este colectivo Sobre la posicioacuten de Plutarco con respecto a las doctrinas supuestamente aristoteacutelicas remito a la reciente aportacioacuten de Becchi (2014)

45 Sol 163‑546 Sol 17147 Sol 181‑348 Sol 191‑249 Sol 202‑650 Sol 213‑451 Sol 21552 Sol 221 y 353 Sol 236‑24254 Sol 24455 Sol 254‑556 Sol 256 En el texto plutarqueo Soloacuten pone como excusa (πρόσχημα) de su partida

un tema relacionado con la navegacioacuten (ναυκληρία) Heroacutedoto (130) apunta el deseo de ver mundo (θεωρία) mientras que Aristoacuteteles (Ath 111) hace referencia a la actividad comercial (ἐμπορία) y tambieacuten al deseo de ver mundo (θεωρία)

57 Sol 29158 Sol 29259 Sol 29560 Sol 301‑4 y 6‑8

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Mordf Teresa Fau Ramos

Sorprendentemente una vez duentildeo de la situacioacuten Pisiacutestrato tratoacute a Soloacuten con gran respeto aceptoacute muchos de sus consejos y conservoacute laquola mayoriacutea de las leyesraquo (τοὺς πλείστους νόμους) que habiacutea establecido61 Y eacutesta es una de las uacutelti‑mas afirmaciones que hace Plutarco con respecto a Soloacuten sobre cuya muerte no nos proporciona dato alguno de intereacutes62

A diferencia de la biografiacutea plutarquea de Licurgo la Vida de Soloacuten no cul‑mina con un heroico acto de auto‑inmolacioacuten para obtener la perdurabilidad de unas leyes que se desean perennes63 Ello no obsta sin embargo para que reconozcamos que tambieacuten a Soloacuten le pasa factura el ejercicio de su funcioacuten como legislador En efecto debe soportar las burlas de unas gentes que hacen befa de eacutel por haberse negado a instaurar un reacutegimen tiraacutenico es falsamente acusado de haber obtenido beneficios fraudulentos gracias a sus leyes y sufre una intensa presioacuten por parte de sus conciudadanos hasta el punto de tener que optar por un exilio voluntario

Numa

Con la Vida de Numa regresamos a un contexto de dignidad regia aunque existe una gran diferencia entre las maneras expeditivas de Licurgo y la suavidad con la que actuacutea el rey Numa64

Tras la desaparicioacuten ndashsupuestamente sobrenaturalndash de Roacutemulo la ciudad de Roma se hallaba sumida en una grave discordia pues sabinos y romanos no se poniacutean de acuerdo sobre quieacuten habiacutea de ser el proacuteximo monarca65 Al fin las dos facciones pactan que la realeza recaiga sobre el sabino Numa Pompilio66 Pero eacuteste que habiacutea sabido mejorar su buen talante natural con un geacutenero de vida

61 Sol 312‑3 En este punto Plutarco sigue la tradicioacuten continuista de otros autores (cf Hdt 1596 y Th 6546) Seguacuten Dioacutegenes Laercio (153‑54) Pisiacutestrato hace saber al νομοθέτης ateniense que mantiene la legislacioacuten por eacutel establecida y le invita a regresar a la polis Aristoacuteteles (Ath 221) por su parte mantiene que la tiraniacutea habiacutea abolido por desuso las leyes solonianas

62 No obstante en el Banquete de los siete sabios (Moralia 151E‑F) encontramos de nuevo a Soloacuten a propoacutesito de quien Quiloacuten afirma que debe ser el primero en hacer uso de la palabra no soacutelo porque asiacute conviene por su edad y por el lugar que ocupa entre los comensales sino porque detenta laquola autoridad mayor y maacutes perfectaraquo (τὴν μεγίστην καὶ τελειοτάτην ἀρχήν) laquopor haber otorgado leyes a los ateniensesraquo (νόμους Ἀθηναίοις θέμενος) Para una visioacuten de Soloacuten como representante de una sabiduriacutea antigua que laquolejos de ser puramente teoacuterica se proyecta hacia la praxis cotidianaraquo cf Peacuterez Jimeacutenez (1991) 688

63 No nos parece irrelevante el hecho de que en la parte final de la Vida de Soloacuten (316‑7) se aluda a su vertiente poeacutetica iquestes eacutesta ‑nos preguntamos‑ una manera de sugerir la pervivencia del νομοθέτης ateniense

64 En este sentido Numa se asemeja mucho maacutes a los laquodulcesraquo personajes griegos que a los rudos romanos cf Martin Jr (1960) y De Romilly (1979) Sobre la dulzura (πρᾳότης) en los personajes plutarqueos veacutease tambieacuten Frazier (1996)

65 Num 22‑866 Num 32‑4

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Legislar teniacutea un precio

austero reflexivo y sosegado67 al recibir a los enviados que le ofreciacutean la corona se mostroacute reacio a aceptarla ya que ndashafirmabandash su manera de ser tan alejada de las praacutecticas guerreras no era apropiada para regir al belicoso pueblo de Roma68 Convencido a la postre por argumentos que le exhortaban a actuar en favor del bien comuacuten69 y confirmada por signos favorables la buena disposicioacuten de la divi‑nidad Numa accede a convertirse en rey de la agitada urbe70 eacutel que laquohabiendoraquo otrora laquoabandonado las ocupaciones propias de la vida en la ciudadraquo (ἐκλείπων τὰς ἐν ἄστει διατριβάς) se complaciacutea en frecuentar parajes solitarios71

Su primera medida de gobierno consiste en la supresioacuten de la guardia perso‑nal creada por el anterior monarca la segunda en la institucioacuten de un sacerdocio en honor de Roacutemulo72 Tras estas dos disposiciones tomadas seguacuten Plutarco laquopara obtener benevolencia y gratitud del puebloraquo (ἐπrsquoεὐνοίᾳ καὶ χάριτι τοῦ δήμου) Numa emprende la difiacutecil tarea de pacificar la ciudad73 Y para lograr su objetivo no vacila en servirse de la religioacuten introduciendo nuevos rituales74 fomentando los temores supersticiosos de la poblacioacuten75 o atribuyeacutendose una particular relacioacuten con divinidades76

Entre sus reformas de aacutembito religioso destacan la prohibicioacuten de repre‑sentar a los dioses por medio de imaacutegenes de hombres o animales77 el fomento

67 Num 37‑41 Sobre el caraacutecter del Numa plutarqueo orientado laquopor naturalezaraquo (φύσει) hacia la virtud cf Peacuterez Jimeacutenez (1994)

68 Num 51‑869 Un argumento muy del agrado de los estoicos Sobre el controvertido tema de la relacioacuten

de Plutarco con el estoicismo creemos que todaviacutea son relevantes las opiniones de Babut (1969) Para una visioacuten actualizada de este tema cf Opsomer (2014)

70 Num 61‑5 73‑7 Sobre la ejemplaridad para Plutarco del acceso del rey Numa al poder cf Peacuterez Jimeacutenez (1995)

71 Num 41 Plutarco (Num 52) subraya el sacrificio de Numa explicando que laquocostoacute seguacuten parece un esfuerzo no pequentildeo y requirioacute muchos argumentos y ruegos persuadir y hacer cambiar de opinioacuten a un hombre que habiacutea vivido en paz y tranquilidadraquo (ἦν δrsquo οὐ μικρόν ὡς ἔοικεν ἔργον ἀλλὰ καὶ λόγων πολλῶν καὶ δεήσεως τὸ πεῖσαι καὶ μεταστῆσαι γνώμην ἀνδρὸς ἐν ἡσυχίᾳ καὶ εἰρήνῃ βεβιωκότος) y ponerle al frente de laquouna poblacioacuten que en cierta manera habiacutea nacido y habiacutea crecido gracias a la guerraraquo (πόλεως τρόπον τινὰ καὶ γεγενημένης πολέμῳ καὶ συνηυξημένης)

72 Num 78‑9 Sobre la actitud del legislador Numa con respecto a la escritura veacutease la nota 20

73 Num 8174 Num 8375 Num 84 Aunque en general Plutarco desaprueba las praacutecticas supersticiosas ‑su tratado

Sobre la supersticioacuten (Moralia 164E‑171E) no permite abrigar dudas al respecto‑ puede sin embargo mostrarse comprensivo cuando un dirigente hace uso de ellas con la intencioacuten de conseguir los objetivos (por supuesto adecuados) que persigue (veacutease p e Dio 241‑3) A propoacutesito precisamente de las obras Sobre la supersticioacuten y Vida de Numa Van Nuffelen (2011) presenta al queronense como un atento observador de las transformaciones que experimentan las tradiciones religiosas

76 Num 810‑11 y 151‑677 Num 813

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Mordf Teresa Fau Ramos

de sacrificios incruentos78 la institucioacuten de los sacerdotes Pontiacutefices79 la de los Feciales80 y la de los Salios81 la consagracioacuten de las Viacutergenes Vestales82 y la regla‑mentacioacuten relativa a usos fuacutenebres83

Pero las innovaciones no podiacutean centildeirse exclusivamente a un contexto reli‑gioso Preocupado por la existencia de una masa de ciudadanos indigentes Numa decide servirse de las tierras que habiacutean sido conquistadas por su antecesor y las reparte entre los desheredados Asiacute inclina al pueblo a la praacutectica de la agricultura con el fin de que estos hombres que cultivancivilizan una tierra que les ha sido otorgada resulten tambieacuten ellos cultivadoscivilizados84 y mediante normas adicionales se aplica a incentivar las labores del campo85

Quedaba todaviacutea por abordar un grave problema pues auacuten subsistiacutea la antigua divisioacuten entre sabinos y romanos Para subsanarla el legislador establece nuevos criterios para clasificar a la ciudadaniacutea y distribuye a los individuos en entidades que dariacuteamos en llamar laquogremialesraquo De este modo agrupados en virtud de los oficios que desempentildean los habitantes de la pujante poblacioacuten iraacuten olvidando los antiguos motivos de desunioacuten86

No acaban ahiacute las reformas de Numa Tambieacuten dicta leyes relacionadas con la institucioacuten familiar87 y el calendario88 Y con todo ello consigue hacer de Roma ndashe incluso de las ciudades del entornondash un remanso de paz la violencia desaparece fiestas y banquetes se celebran por doquier las gentes se relacionan entre si en un ambiente de mutua confianza no hay constancia alguna de laquoguer‑raraquo (πόλεμος) laquodiscordia civilraquo (στάσις) ni laquorevolucioacuten poliacuteticaraquo (νεωτερισμὸς περὶ πολιτείαν) y la figura de Numa goza del respeto general89 Cuando alcan‑zados ya los ochenta antildeos fallece el legislador90 su muerte ndashmuerte naturalndash es

78 Num 815 Plutarco atribuye esta medida al igual que otras a la influencia del espartano Pitaacutegoras (cf Num 14) La influencia de Pitaacutegoras en las costumbres romanas habriacutea sido tratada por Caacutestor de Rodas a quien el queronense hace referencia en sus Cuestiones romanas (Moralia 266E)

79 Num 9180 Num 124‑881 Num 131‑782 Num 910 y 101‑583 Num 121‑384 Num 164 Plutarco hace aquiacute un juego de palabras basaacutendose en el teacutermino

συνεξημεροῦμαι En cuanto al reparto de tierras consignado en este capiacutetulo es posteriormente negado en la comparatio entre Licurgo y Numa (Num 3410)

85 Num 166‑786 Num 171‑487 Num 17588 Num 181‑6 y 198‑9 89 Num 203‑7 Plutarco antildeade (208‑12) unas consideraciones sobre las bondades que se

derivan del mandato de un gobernante filoacutesofo En su argumentacioacuten nuestro autor cita (Num 2010) casi textualmente el pasaje 711e de Las Leyes de Platoacuten

90 Num 217

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Legislar teniacutea un precio

acompantildeada tanto en Roma como en otras ciudades de grandes manifestacio‑nes de duelo91

Asiacute termina la vida del anciano rey que supo renunciar a la apacible vida que tanto le agradaba para regir los destinos de la inquieta Roma poniendo de manifiesto una vez maacutes que para el queronense el ejercicio de la funcioacuten de νομοθέτης va ligado a la ineludible necesidad de pagar un precio por ello Pero no acaba ahiacute la informacioacuten plutarquea sobre Numa pues el bioacutegrafo nos hace saber que tras la muerte del monarca los romanos volvieron a hacer uso de las armas92 y en la comparatio que establece entre Licurgo y Numa Plutarco subraya el fracaso que supone para la constitucioacuten de Numa el regreso de Roma a sus antiguas praacutecticas guerreras93 En cuanto a la causa de tal infortunio el quero‑nense es tajante seguacuten eacutel Numa se equivocoacute gravemente cuando a diferencia de Licurgo no organizoacute un sistema educativo soacutelido disciplinario e igual para todos los ciudadanos94

Publiacutecola

Pasamos acto seguido a ocuparnos de un legislador que aun sin ser de es‑tirpe real tuvo algo que ver con la institucioacuten monaacuterquica pues contribuyoacute a der‑rocarla Se trata de Publio Valerio a quien los romanos dieron el sobrenombre de Publiacutecola95 Eacuteste que se distinguiacutea por su amor a la justicia y su generosidad para con los necesitados pareciacutea destinado al liderazgo si alguacuten diacutea llegaba a instalarse en Roma lo que Plutarco llama laquoun reacutegimen democraacuteticoraquo (δημοκρατία)96 pero al ser depuesto por el pueblo el rey Tarquinio el Soberbio vio frustradas sus aspiraciones a pesar de haber colaborado eacutel personalmente al derrocamiento97

Decepcionado Valerio se retira momentaacuteneamente de la escena poliacutetica98 pero tan pronto como Tarquinio intenta recuperar el poder reacciona y toma parte muy activa en la desactivacioacuten de una conjura que teniacutea por objetivo la rein‑troduccioacuten de la realeza99 En recompensa a sus servicios Valerio es nombrado

91 Num 22192 Num 221193 Num 361094 Num 367 Pensamos que eacutesta es una criacutetica severa que aleja a Numa del prototipo del

Gobernante Ideal Por su parte Boulet (2005) ve en el retrato plutarqueo del monarca romano un claro ndashy premeditadondash distanciamiento del queronense con respecto a la figura platoacutenica del Rey‑Filoacutesofo Si el alejamiento defendido por Boulet se ajusta a la realidad no creemos que deba producirnos extrantildeeza ya que por decirlo en palabras de Hershbell (2004) Plutarco fue un laquoPlatonisthellipunorthodoxraquo Cf Dillon (2014)

95 Publ 1196 Publ 1297 Publ 13‑5 Plutarco da a la actuacioacuten de Valerio un valor claramente superior al que le

otorgan Dionisio de Halicarnaso (467‑72) y Tito Livio (158‑591‑2)98 Publ 21 99 Publ 22‑76

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coacutensul100 mientras el rey destronado busca ndashy obtienendash el apoyo de los etruscos101 Se libra un feroz combate en el que el ejeacutercito romano consigue la victoria y Valerio tiene ocasioacuten de celebrar triunfo siendo ndashsostiene Plutarcondash el primer coacutensul que entra en la urbe montado en una cuadriga102

Pero el flamante vencedor seraacute pronto objeto de criacutetica pues el pueblo cree ver en su conducta atisbos de despotismo concentra en su persona toda la auto‑ridad habita en una mansioacuten maacutes imponente que la del antiguo rey y se presenta escoltado laquopor todas las fasces y hachas juntasraquo (ὑπὸ ῥάβδοις ὁμοῦ πάσαις καὶ πελέκεσι)103 Valerio reacciona con prontitud reuacutene a un buen nuacutemero de al‑bantildeiles y en una noche echa abajo la casa y la destruye hasta los cimientos104 No tardaraacute el pueblo en hacerle donacioacuten de un terreno donde podraacute edificar una nueva morada eso siacute maacutes austera que la anterior105

En cuanto a las insignias suprimioacute las hachas y decretoacute que las fasces se incli‑naraacuten ante el pueblo106 medida que fue muy del agrado de las gentes que dieron a Valerio el sobrenombre de Publiacutecola teacutermino que seguacuten Plutarco equivale a δημοκηδής laquosoliacutecito con el puebloraquo107 Por otra parte concedioacute laquoa quienes quisie‑ranraquo (τοῖς βουλομένοις) la posibilidad de presentar candidatura para compartir el consulado junto a eacutel Pero antes de que se procediera al nombramiento de su colega en el cargo se valioacute de la feliz circunstancia de ser el uacutenico coacutensul en ejercicio para instaurar medidas poliacuteticas de suma importancia108 Asiacute nombroacute nuevos senadores109 otorgoacute mayores derechos al pueblo110 dictoacute pena de muerte sin proceso previo para aquel que pretendiera erigirse en tirano111 y organizoacute la recaudacioacuten de impuestos112

100 Publ 77101 Publ 91102 Publ 92‑9 Sobre el triunfo de Valerio cf Plu Rom 167‑8 y D H 2342 103 Publ 101‑2 Plutarco pone eacutenfasis en la narracioacuten utilizando el estilo directo es el pueblo

quien pronuncia estas palabras de reproche Sobre la desaprobacioacuten de los romanos ante la conducta de Valerio cf las narraciones maacutes comedidas de Dionisio de Halicarnaso (5181) y Tito Livio (276)

104 Publ 105 En las Cuestiones Romanas (Moralia 285F) se hace alusioacuten al hecho de que la casa situada en lo maacutes alto es percibida por las gentes como una amenaza por su elevada situacioacuten Dionisio de Halicarnaso (5192) no menciona la destruccioacuten de la morada seguacuten eacutel Publiacutecola cambioacute de domicilio con el fin ndashdeclaroacute el propio interesadondash de que los romanos pudieran lanzarle piedras desde arriba si le sorprendiacutean cometiendo alguacuten acto injusto Valerio Maacuteximo en cambio siacute alude (411) a la destruccioacuten de la casa y lo hace ademaacutes en un tono grandilocuente

105 Publ 106106 Publ 107 107 Publ 108‑9 En D H 5195 hallamos la misma ndashmaacutes que discutiblendash etimologiacutea108 Publ 111109 Publ 112110 Publ 113‑4111 Publ 121‑2112 Publ 123‑4

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Legislar teniacutea un precio

Tras estas disposiciones designoacute como colega suyo en el cargo a Lucrecio que fallecioacute pocos diacuteas despueacutes del nombramiento siendo sucedido por Marco Horacio113 En cuanto a Publiacutecola sufrioacute a causa de los honores recibidos por su doble condicioacuten de legislador y liacuteder militar la envidia de laquomuchos poderososraquo (πολλοὶ τῶν δυνατῶν) los cuales frustraron su deseo de consagrar el templo de Juacutepiter Capitolino114 Pero ello no fue obstaacuteculo para que Valerio continuara su exitosa carrera pues llegoacute a ser nombrado coacutensul por cuarta vez115 Su muerte acaecida despueacutes de lograr para Roma una gran victoria contra los sabinos causoacute un hondo pesar en la poblacioacuten116

Pero el dolor con que Roma reacciona ante la desaparicioacuten del liacuteder no debe hacernos olvidar las suspicacias que antantildeo despertara en la plebe y la envidia que posteriormente suscitoacute entre los poderosos En un caso la situacioacuten se saldoacute con la destruccioacuten por parte de Valerio de la suntuosa mansioacuten que poseiacutea y en un elocuente gesto de reconocimiento de la voluntad popular en el otro llevoacute las de perder pues no consiguioacute realizar el prestigioso ritual que ambicionaba La disensioacuten con el pueblo fue anterior al ejercicio de la actividad legisladora de hecho es gracias a la reconciliacioacuten con las masas que Publiacutecola tuvo la oportu‑nidad de ejercer como νομοθέτης En cambio el incidente con la eacutelite romana se produjo con posterioridad ndashy a consecuencia dendash su tarea como legislador (Plutarco lo indica con claridad) En este sentido podemos considerar que Publiacutecola pagoacute un doble tributo ndashla peacuterdida de su morada y la imposibilidad de llevar a cabo un ritual de alta relevanciandash por su νομοθεσία

Licurgo Soloacuten Numa y Publiacutecola establecen unas leyes por las que debe regirse la sociedad de la que forman parte y por ello reciben de Plutarco la de‑nominacioacuten de νομοθέτης117 Hay sin embargo entre los personajes biografiados

113 Publ 125‑6114 Publ 141‑7 Sobre φθόνος la envidia caracteriacutestica humana que de ninguacuten modo pasa

inadvertida a Plutarco Verdegem (2005) en una aportacioacuten en torno a les Vidas de estadistas atenienses del siglo v a C establece una clara diferencia entre laquopeer‑envyraquo que salvando la distancia cronoloacutegica seriacutea a nuestro entender el sentimiento que Publiacutecola despertoacute entre los poderosos y laquopopular envyraquo que experimenta la turba con respecto a los liacutederes contra quienes haciacutea aplicar en la Atenas claacutesica la medida llamada ostracismo Sobre el valor que el queronense otorga al ostracismo cf Jufresa Muntildeoz amp Fau Ramos (2011) Por otra parte Frazier (1996) atribuye al φθόνος de los personajes plutarqueos un laquocaractegravere quasi automatiqueraquo (p 109)

115 Publ 211116 Publ 231‑5 y 246 Plutarco (Publ 234) pone de relieve que el pueblo decidioacute que el

cuerpo de Publiacutecola fuera enterrado a expensas puacuteblicas dato que hallamos tambieacuten en Dionisio de Halicarnaso (5482‑3) y Valerio Maacuteximo (441) con la diferencia de que estos dos autores indican que ello se debioacute a la situacioacuten de pobreza extrema en que murioacute el estadista

117 Lyc 11 99 141 Sol 143 165 186 Num 93 1412 2310 2513 Publ 121 143 A un lector atento no le habraacute pasado inadvertido el hecho de que no hayamos mencionado ni a Agis ni a Cleoacutemenes personajes que intentaron en vano restaurar la laquobella y justa constitucioacutenraquo (πολιτείαν καλὴν καὶ δικαίαν) de Licurgo (Agis et Cleom 210) Ciertamente ambos pusieron todo su ahiacutenco en la empresa y ambos sufrieron por ello serias penalidades Agis perdioacute la vida

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por el queronense sujetos a quienes eacuteste no aplica el calificativo de νομοθέτης sino el de οἰκιστήςκτίστης (laquofundadorraquo) o bien les atribuye la accioacuten de οἰκιζεῖνκτιζεῖν (laquofundarraquo) una poblacioacuten Estos individuos fundan (o refundan) una comunidad cosa que les obliga a fijar unas normas Ejercen pues en cierto modo como legisladores y se arriesgan por tanto a contrariar voluntades ajenas Tambieacuten estos personajes de quienes nos ocuparemos ahora sucintamente estaacuten expuestos a pagar un precio por llevar a cabo su cometido

Teseo

Del οἰκιστής Teseo118 nos interesa especialmente su tarea como autor del llamado sinecismo Plutarco nos brinda al respecto una detallada descripcioacuten Seguacuten eacutel tras la muerte del rey Egeo su hijo Teseo se propone laquouna empresa grande y admirableraquo (μέγα καὶ θαυμαστὸν ἔργον) consistente en reunir a todos los habitantes del Aacutetica en una sola ciudad formando con ellos un uacutenico Estado dotado de instituciones comunes119 Pero antes de dar comienzo a su labor re‑corre la regioacuten para informar del proyecto a todos los pobladores Los ciudadanos no relevantes acogen al punto su llamamiento Los ricos en cambio se muestran reticentes y para convencerlos Teseo les ofrece un sistema de gobierno carente de rey y les promete que tan soacutelo reservaraacute para si mismo las funciones de dirigente militar y de laquocustodio de las leyesraquo (νόμων φύλαξ)120

Tras las explicaciones Teseo pone manos a la obra suprime los organismos anteriores y sienta las bases para el establecimiento de una polis a la cual da el

(Agis et Cleom 201) su madre su abuela y su hermano fueron asesinados (Agis et Cleom 202‑7 y 263) y su esposa obligada a contraer matrimonio con el hijo de un enemigo (Agis et Cleom 221‑3) Cleoacutemenes por su parte se vioacute forzado a entregar como rehenes del rey de Egipto a parte de su familia (Agis et Cleom 434‑8) perdioacute a su hermano en combate (Agis et Cleom 496‑7) tuvo que huir de Esparta (Agis et Cleom 503‑4) y fue arrestado en Egipto (Agis et Cleom 567) donde acaboacute suicidaacutendose tras haber intentado provocar un alzamiento contra el rey (Agis et Cleom 576‑5816) y una vez muerto continuaraacuten por asiacute decir las penalidades de Cleoacutemenes ya que el monarca egipcio ordena que su cadaacutever sea ultrajado y que sus hijos su madre y las mujeres del entorno de eacutesta reciban la muerte (Agis et Cleom 594) No obstante he decidido omitir la referencia a estos personajes porque sus esfuerzos por reinstaurar la constitucioacuten de Licurgo no se vieron coronados por el eacutexito y sobre todo porque a diferencia de lo que ocurre con Licurgo Soloacuten Numa y Publiacutecola a Agis y a Cleoacutemenes no les es otorgada por parte de Plutarco la denominacioacuten de νομοθέτης Por lo que a Agis se refiere Roskam (2005) considera que constituye para el queronense el modelo ideal del joven que se dedica a la poliacutetica

118 Thes 15 No entraremos aquiacute a discutir hasta queacute punto podriacutea sentirse Plutarco motivado a biografiar al fundador miacutetico de Atenas ni nos pronunciaremos sobre el no disimulado escepticismo sobre el particular que se le atribuye cf Sirinelli (2000) 301 Por cierto que la obra que acabamos de consignar corresponde a una de las maacutes acreditadas biografiacuteas plutarqueas comparable a las de Jones (1971) Russell (1973) y Lamberton (2001)

119 Thes 241 En la versioacuten plutarquea el sinecismo va maacutes allaacute de la unificacioacuten exclusivamente poliacutetica que describe Tuciacutedides (215)

120 Thes 242

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Legislar teniacutea un precio

nombre de Atenas funda la festividad de las Panateneas para que sea celebrada por el conjunto de la comunidad instaura tambieacuten la fiesta de las Metecias y abdica ndashtal como habiacutea prometido‑ de la corona121

A continuacioacuten se dispone a organizar el nuevo Estado laquoempezando a partir de los diosesraquo (ἀπὸ θεῶν ἀρχόμενος)122 toma medidas para favorecer el crecimiento vegetativo de la polis establece clases entre la ciudadaniacutea asig‑nando un status especiacutefico a cada colectivo acuntildea moneda y fija los liacutemites de Atenas123

Pero al eficiente Teseo tambieacuten le llega la hora de pagar un precio por la tarea realizada124 Un tal Menesteo descendiente de Erecteo emprende una insi‑diosa campantildea contra el fundador soliviantando a laquolos poderososraquo (οἱ δυνατοί) que consideraban que Teseo les habiacutea sustraiacutedo prerrogativas y perturbando asimismo a laquola multitudraquo (οἱ πολλοί) so pretexto de haber perdido seducidos por un espejismo de libertad la patria los templos y los gobernantes que les eran propios yendo a caer bajo la autoridad de un extranjero125 La suerte sonriacutee al alborotador pues los Tindaacuteridas invaden el Aacutetica tal vez ndashapunta Plutarcondash a peticioacuten del propio Menesteo quien se encarga ademaacutes de facilitarles la entrada a la ciudad de Atenas126 De resultas de ello ndashel queronense tiene sus dudas al respectondash Etra la madre de Teseo habriacutea sido hecha prisionera127

El fundador intenta volver a ejercer su autoridadhellip en vano Al fin profun‑damente decepcionado abandona Atenas para siempre no sin antes maldecir a sus habitantes128 Teseo pereceraacute lejos de la patria y su muerte no provocaraacute reaccioacuten alguna en la ciudad129 Mucho tiempo habraacute de transcurrir para que la polis reconozca sus meacuteritos y le rinda los debidos honores que comportaraacuten la

121 Thes 243‑4122 Thes 244 Plutarco no concreta en queacute consiste esta actuacioacuten del fundador123 Thes 251‑4 Por si esta considerable labor fundacional no fuera suficiente somos

informados por Plutarco (Thes 265‑7) de que Teseo es tambieacuten οἰκιστής de la ciudad de Pitoacutepolis de la cual parte despueacutes de haber designado a quienes ejerceraacuten de gobernantes y legisladores

124 Un precio ndashrecordemosndash que ya habiacutea empezado a pagar cuando para persuadir a sus conciudadanos ricos se habiacutea comprometido a renunciar a la corona

125 Thes 321 En este pasaje Plutarco se hace eco de la atribucioacuten a Menesteo del hecho de haber sido laquoel primer hombreraquo (πρῶτος hellip ἀνθρώπων) en laquoejercer de demagogoraquo (δημαγωγεῖν)

126 Thes 322ndash332127 Thes 341128 Thes 353‑5 Esta miacutetica maldicioacuten sirve a Plutarco como αἴτιον para explicar la

etimologiacutea del laquoAraterioraquo o laquolugar de las maldicionesraquo 129 Thes 356‑7 En la descripcioacuten del fracaso que experimenta Teseo al intentar recuperar

el poder Plutarco se sirve de una terminologiacutea poliacutetica (usa en voz pasiva los verbos καταδημαγωγέω y καταστασιάζω) que utiliza tambieacuten en Per 92 y 5 Por otra parte nos parece significativo que la biografiacutea de Teseo no concluya con la alusioacuten a su fallecimiento sino que incorpore (Thes 358ndash365) la mencioacuten de los honores recibidos mucho tiempo despueacutes de su muerte por el fundador de hecho para el queronense el final de una vida no ha de coincidir necesariamente con el final de la biografiacutea cf al respecto Pelling (1997)

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necesidad de laquorecuperarraquo los restos del οἰκιστής y de trasladarlos solemnemente a Atenas130 permitiendo con ello a Cimoacuten el gran adversario de Temiacutestocles apropiarse de la figura del ilustre fundador131

Roacutemulo

La indiferencia que acompantildea al amargo fin de Teseo contrasta con el re‑vuelo que se originoacute en Roma tras la desaparicioacuten de aqueacutel a quien Plutarco considera laquopadreraquo (πατήρ)132 de la urbe que laquofundoacuteraquo (ἔκτισε)133

No es poco ciertamente lo que Roma debe a su οἰκιστής pues ademaacutes de ser el fundador material de la ciudad134 tomoacute unas medidas que seriacutean determi‑nantes para el futuro de la poblacioacuten Asiacute establecioacute los criterios con arreglo a los cuales debiacutean ser clasificados los ya numerosos habitantes de la urbe135 fue corresponsable del pacto crucial sellado entre sabinos y romanos136 introdujo cambios en el armamento137 e instituyoacute nuevos rituales138 El queronense le atri‑buye tambieacuten la promulgacioacuten de algunas leyes ndashἔθηκεhellip νόμους τινάς139 dice textualmentendash como las que hacen referencia al repudio de la esposa140

Pero llegado el liacuteder romano al zeacutenit de la gloria experimentoacute una profunda transformacioacuten en su manera de ser y adoptoacute maneras impropias vistioacute lujosos

130 Thes 358ndash365 Sobre las acciones cultuales relacionadas con el οἰκιστής ateniense cf Plaacutecido (1994) Por otra parte creemos que en la valoracioacuten plutarquea del descalabro sufrido por Teseo tiene un peso considerable la conducta poco edificante del ateniense en relacioacuten con Helena a quien eacuteste que a la sazoacuten contaba cincuenta antildeos habiacutea raptado cuando la muchacha todaviacutea no era nuacutebil (cf Thes 292 y 311‑3) En este contexto consideramos que aunque no se centra en la figura de Teseo es esclarecedora la obra de Beneker (2012) quien asimismo nos brinda datos relevantes en un trabajo posterior cf Beneker (2014) Sobre los valores morales en la obra del queronense cf Duff (1999) y Van Hoof (2010)

131 Thes 362‑3 y Cim 85‑7 En el marco de la poliacutetica ateniense de la primera mitad del siglo V a C no es en modo alguno insoacutelita la utilizacioacuten en beneficio propio de un dios o de un heacuteroe Asiacute mientras Cimoacuten opta por valerse del miacutetico Teseo Temiacutestocles se sirve de la figura de Aacutertemis cf Fau Ramos (2007) Veacutease al respecto Podlecki (1971) y Piccirilli (1987)

132 Thes 15133 Thes 22134 Rom 111‑4135 Rom 131‑8 Cf Id 201‑3 En Rom 137‑8 el queronense nos ofrece una descripcioacuten

tan idealizada como paternalista de los viacutenculos establecidos entre patroni y clientes descripcioacuten que ha sido relacionada con la que nos brinda Dionisio de Halicarnaso (210)

136 Rom 199‑10137 Rom 211138 Rom 211 y 221139 Con esta expresioacuten parece evidente que si bien Plutarco no aplica a Roacutemulo el calificativo

de νομοθέτης siacute que de facto lo tiene por tal140 Rom 223 La informacioacuten plutarquea sobre las leyes de Roacutemulo es ciertamente escueta

Para una visioacuten mucho maacutes amplia que incluye los derechos hereditarios de las mujeres la aplicacioacuten de la pena de muerte a la esposa en caso de adulterio o embriaguez las obligaciones filiales para con los progenitores y la potestad paterna sobre los hijos cf D H 225‑26

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Un mentor limpio de pasiones El filoacutesofo y la actuacioacuten poliacutetica seguacuten el De genio Socratis

semejante oraacuteculo lo que haciacutea el dios en realidad era exhortar a los griegos a que abandonasen las guerras frecuentasen las musas apaciguasen sus pasiones con ayuda de la razoacuten y guardasen entre siacute relaciones paciacuteficas y fecundas39

Los dos sucesos trasladan un mensaje confuso Pues hablan de los griegos no de filoacutesofos de guerras y cuestiones de justicia no de rebeliones liberadoras engloba ademaacutes la filosofiacutea en un conjunto de actividades que parece cifrar la παιδεία griega en general Pero ambos de alguna manera ofrecen una primera justificacioacuten del rechazo de Epaminondas Con ellos se pone en praacutectica la lla‑mada laquoredefinicioacutenraquo teacutecnica literaria practicada por diversos autores antiguos y frecuente en las Vidas paralelas Consiste en formular enunciados vagos y gene‑rales que a lo largo de la obra y en pasajes posteriores se concretan y alcanzan un grado mayor de individualizacioacuten40 Los dos incidentes mencionados no son ademaacutes la uacutenica prefiguracioacuten encaminada a justificar de manera previa y alusiva la inhibicioacuten de Epaminondas La misma funcioacuten cumple el diaacutelogo sobre la pobreza Epaminondas mudo en la discusioacuten demonoloacutegica central toma aquiacute la palabra para entrar en controversia con Teanor

Teanor personaje ficticio es un filoacutesofo pitagoacuterico natural de Crotona En fechas anteriores otro pitagoacuterico Lisis se habiacutea refugiado en Tebas Acogido en la casa de Polimnis padre de Cafisias y Epaminondas habiacutea llevado en esa casa pobre una vejez dichosa Teanor llega comisionado por las ricas comunidades pitagoacutericas de Italia Eacutestas quieren recompensar a Polimnis y sus hijos con una suma que aliviaraacute su pobreza Pero Epaminondas se niega a aceptar tal recom‑pensa negativa que da lugar a la controversia que mantiene con Teanor

El discurso sobre la pobreza es la uacutenica ocasioacuten en que Epaminondas rompe sustancialmente su silencio pues es el uacutenico pasaje en el que el ldquocentro ausenterdquo de la obra Epaminondas expone sus ideas de manera razonada y recurriendo a categoriacuteas filosoacuteficas Pronunciado en diaacutelogo con Teanor puede dividirse en dos secciones la primera (583D‑E) de extensioacuten breve comenta la inutilidad de las riquezas aportadas por Teanor que Polimnis y sus hijos habriacutean de emplear en cosas superfluas La segunda (584C‑585D) maacutes amplia y densa comienza con la defensa de la pobreza como ejercicio frente a aquellas pasiones (ἐπιθυμίαι) que proceden del exterior (ἐπήλυδες) y tienen como fuente las falsas opiniones (κενῶν δοξῶν) el deseo de riquezas (φιλοπλουτία) es una de esas pulsiones accesorias y superfluas como lo es tambieacuten el deseo de gloria (φιλοδοξίαν) Pos‑teriormente Epaminondas ahonda en su planteamiento como adiestramiento para el autodominio (ἐγκρατείας) la contencioacuten frente a los placeres beneficia al alma y de la misma manera beneficia a la praacutectica de la justicia el ejercicio contra

39 Gen Socr 579B‑D40 Cf Pelling (1988) 12‑13 (1990) 230

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el deseo de riquezas41 El discurso finaliza con la alabanza del hombre que sabe rehusar favores y daacutedivas de amigos y reyes incluyendo los dones de la fortuna (τύχης) tal hombre no ve alterado su juicio (οὐδὲ θορυβεῖ τὴν διάνοιαν) y es capaz de perseverar ufano y sereno en la praacutectica de la excelencia

Es de notar que los argumentos de Epaminondas no aparecen en otra obra de Plutarco dedicada especiacuteficamente a combatir la avaricia el de cupiditate di‑vitiarum (523C‑528B) Es este uno de los tratados clasificados por Ziegler bajo el roacutetulo de ldquofilosoacuteficos‑popularesrdquo y estudiados recientemente por L Van Hoof Frente a lo que sugiere su roacutetulo observa Van Hoof tales tratados tienen como destinatario a la eacutelite econoacutemica poliacutetica y social del mundo grecorromano Son por otra parte tratados de orientacioacuten fundamentalmente praacutectica Con ellos Plutarco no persigue ldquoconvertir a la filosofiacuteardquo ni lograr que sus lectores olviden sus ambiciones poliacuteticas y sociales Maacutes bien intenta ofrecerles una guiacutea que le ayude afrontar los problemas derivados de su posicioacuten dirigente La meta no es por tanto cambiar las expectativas de liderazgo o rebajar las pretensiones de poder e influencia propios y sustanciales de una clase como aquella que conforma la audiencia de los mal llamados ldquotratados filosoacutefico‑popularesrdquo Por el contrario lo que hace Plutarco es poner la filosofiacutea al servicio de sus aspiraciones42

El de cupiditate divitiarum emplea un tono admonitorio sus ideas son sen‑cillas y basadas en la experiencia o si se quiere en motivaciones prefilosoacuteficas y sus consejos no constituyen un obstaacuteculo sino una ayuda para la realizacioacuten de las ambiciones sociales que pueda albergar el lector Despliega en suma el conjunto de teacutecnicas y estrategias usuales en los tratados de ldquoeacutetica praacutectica al servicio de la eacutelite43rdquo No ocurre lo mismo con el discurso sobre la pobreza de Epaminondas Purgar el alma de las opiniones procedentes del exterior desterrar el ansia de riquezas y el deseo de gloria rehusar los favores de amigos y reyes y los dones de la fortuna son preceptos adecuados para un tipo de hombre que como Epaminondas huye de los conflictos inherentes a la lucha poliacutetica Pero es difiacutecil que con estos atributos Plutarco quiera hacer de Epaminondas un modelo para la oligarquiacutea a quien dirige sus tratados de eacutetica praacutectica Resulta significativa la posicioacuten que ocupa el discurso sobre la pobreza en el texto del de genio Una vez que concluye Epaminondas y despueacutes de que todos expresan su admiracioacuten hacia eacutel se expone una de las maacutes movidas peripecias en la que se vieron envueltos los miembros de la conjura Tras grandes sobresaltos y fuertes discusiones entre diversos implicados en la trama el asunto vino a resolverse por siacute solo e inespe‑radamente

41 El texto griego no es en este pasaje enteramente claro Quizaacutes es consecuencia de ello que frente a la lectura de los manuscritos (δικαιοσύνῃ) Russell (2010) proponga leer δικαιοσύνης

42 Van Hoof (2010) 28‑3743 Van Hoof (2010) 55‑56

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Un mentor limpio de pasiones El filoacutesofo y la actuacioacuten poliacutetica seguacuten el De genio Socratis

ldquoUn singular trastorno habiacutea hecho presa en nuestro aacutenimo Llenos poco antes de desazoacuten al ver nuestra empresa frustrada la presioacuten de las circunstancias y la urgencia que no consentiacutean tregua nos sumiacutea de nuevo en ansiedad y temor44rdquo

Con estas palabras describe Plutarco el estado de aacutenimo de los conjurados a raiacutez del episodio expuesto tras la discusioacuten sobre la pobreza Un estado de aacutenimo que no puede permitirse Epaminondas atento a la contencioacuten de las pasiones y la serenidad de su mente pero que es el propio de quienes participan en el complot revolucionario

El de genio se mueve seguacuten han observado diversos estudios modernos en dos planos el humano y el de los deacutemones el de la contemplacioacuten filosoacutefica y la praacutectica poliacutetica el mortal y el sobrenatural el de los que conocen y el de los que ignoran45 Y en correspondencia sus personajes se ubican en dos niveles Los unos estaacuten instalados en el mundo de la accioacuten y la peripecia son Cafisias el narrador y con eacutel todos los conjurados Otros se ubican en un plano superior el de la filosofiacutea y el contacto con las realidades transcendentes Epaminondas es la muestra maacutes clara pero el ejemplo uacuteltimo es Soacutecrates La incertidumbre el azar y el conflicto parecen preponderantes en el mundo de la accioacuten Asiacute lo indica el ruego que Arquedamo dirige a Cafisias al inicio de la obra la lucha de la virtud y la razoacuten contra las contingencias atrae por lo accidentado de su desarrollo la precariedad impliacutecita en la actuacioacuten humana y la peripecia que ello desencadena es precisamente lo que hace del acontecer histoacuterico un espectaacuteculo digno de intereacutes para el amante del honor y la belleza46 Ahora bien la manera de ver las cosas de Arquedamo se queda en la superficie de los hechos Ciertamente el relato concerniente a la liberacioacuten de la Cadmea se urde a partir de iniciativas y motivaciones humanas sin que el autor del relato Cafisias reclame expresamente la intervencioacuten divina Pero en el de genio la atmoacutesfera estaacute impregnada de un aura sobrenatural A ello contribuyen tanto las alusiones indirectas47 como la acumu‑lacioacuten de episodios y contenidos relacionados con la divinidad y el maacutes allaacute En muchas de sus obras consigna Plutarco su creencia de que el curso de la historia obedece al disentildeo de una fuerza transcendente48 El relato de la liberacioacuten de la Cadmea confirma dicha idea Pues el lector no puede eludir el pensamiento insi‑nuado por diversos procedimientos aunque no explicitado de que la ayuda divina respalda la actuacioacuten de los conjurados49 Ocurre sin embargo que ni Cafisias ni los demaacutes partiacutecipes de la conjura pueden acceder a esa visioacuten de las fuerzas

44 Gen Socr 588A45 Desideri (1984) 581 Hershbell (1988) 374‑378 Babut (1988) 384‑389 Brenk (1996)

41‑44 Georgiadou (1996) 114 Hardie (1996) 13346 Gen Socr 575B‑D47 Babut (1988) 385‑38648 Tratamiento del tema en Barigazzi (1984) y Swain (1989)49 Babut (1988) 386‑389

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sobrenaturales rectoras de los sucesos Y no acceden precisamente por estar in‑mersos en el mundo de la actuacioacuten y la peripecia Las pulsiones procedentes del exterior embargan su aacutenimo de manera que en expresioacuten de Brenk laquothey see only the apparent succession of chance occurrencesraquo50 Arquedamo tampoco tiene acceso al plano donde operan las fuerzas sobrenaturales Y evidentemente la misma ceguera afecta a esos laquoamantes del honor y la bellezaraquo ante los cuales invita a hablar a Cafisias Un puacuteblico ilustre cuya presentacioacuten hace Arquedamo subrayando su pertenencia a familias poliacuteticamente insignes51 Puacuteblico por tanto equiparable a esa eacutelite social a quien Plutarco dirige sus tratados de eacutetica praacutectica Los dos puacuteblicos el de Cafisias y el del Plutarco podriacutean identificarse con los heacuteroes que liberan la Cadmea Pero difiacutecilmente se identificariacutean con Epaminon‑das que en dos ocasiones rechaza tomar parte en la empresa52

En ambas el rechazo se justifica mediante un argumento ndashla negativa a derramar sangre de sus conciudadanos‑ que situacutea a Epaminondas a un nivel de exigencia eacutetica superior al de los conjurados53 Ahora bien la diferencia entre Epaminondas y los liberadores no radica en la eacutetica Pues al fin y al cabo ningu‑na ofensa eacutetica cabe reprochar a los protagonistas de la heroica liberacioacuten de la Cadmea Radica en el nivel Asiacute lo sugiere la discusioacuten sobre la pobreza Y asiacute lo vuelve a sentildealar el gran debate sobre el daimon de Soacutecrates que da tiacutetulo a al obra

Se debate sobre lo que Soacutecrates mismo llamaba su daimon el principio que lo guioacute a lo largo de su vida e iluminaba sus decisiones en materias inciertas e impenetrables para la inteligencia humana54 El daimon socraacutetico sugiere que Soacutecrates conociacutea de alguna manera los acontecimientos futuros algo que dos personajes del de genio acreditan55 En este sentido el debate versa sobre la adivi‑nacioacuten Las intervenciones de los diferentes personajes configuran tomadas en conjunto un extenso discurso filosoacutefico y religioso Plutarco no se alinea expresa‑mente con ninguna de las opiniones emitidas el tratamiento del tema presenta pues ese final abierto que es tan comuacuten en este autor Las cuestiones que se tocan son variadas pero todas parten de una cuestioacuten baacutesica La adivinacioacuten supone un conocimiento inalcanzable al menos en apariencia a la razoacuten humana Y el debate versa sobre coacutemo es posible acceder a ese nivel superior de inteligencia Miradas desde este punto de vista las opiniones formuladas por los distintos personajes pueden dividirse en dos grandes bloques De un lado Galaxidoro que

50 Brenk (1996) 4251 Gen Socr 575E‑F52 Gen Socr 576D‑E 594B‑C53 En la segunda ocasioacuten se antildeade un motivo maacutes conveniacutea que consumada la liberacioacuten

quedasen hombres a quienes nada pudiese reprocharse por no haber participado en la accioacuten Epaminondas se reserva este papel

54 Gen Socr 580C‑D55 Teoacutecrito (580D‑F) y Polimnis (581D‑E)

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Un mentor limpio de pasiones El filoacutesofo y la actuacioacuten poliacutetica seguacuten el De genio Socratis

inicia el debate propone una explicacioacuten maacutes proacutexima a los paraacutemetros raciona‑les56 en ella se ha querido ver una muestra de la llamada laquoadivinacioacuten teacutecnicaraquo (τεχνικὸς μαντική artificiosa divinatio)57 Del otro Simias Timarco y Teanor interpretan las premoniciones de Soacutecrates como un caso de comunicacioacuten direc‑ta entre el hombre y la divinidad defienden por tanto la llamada laquoadivinacioacuten naturalraquo (ἄτεχνος μαντική naturalis divinatio)58 Ya se ha dicho que Plutarco no se declara expresamente partidario de ninguna opcioacuten Pero su texto privilegia de manera indirecta los discursos de Simias Timarco y Teanor Asiacute lo sugiere un paacuterrafo del de genio que subraya el papel de Galaxidoro como mero introductor del problema59 Y asiacute lo recogen distintos estudios modernos Galaxidoro seriacutea el oponente racionalista casi siempre estoico habitual en los diaacutelogos religiosos de Plutarco su explicacioacuten se ve devaluada tanto por sus contradicciones internas como por la presencia de procedimientos textuales que rebajan su veracidad y en suma Galaxidoro y el resto de las intervenciones insertas en la seccioacuten dominada por eacutel tendriacutean como funcioacuten principal la de plantear el tema a debatir60

Las propuestas de Simias Timarco y Teanor son evidentemente distintas Actuacutea aquiacute quizaacutes el deseo de presentar el problema bajo luces diversas61 o quizaacutes el complejo planteamiento dramaacutetico que forma parte de las estrategias persuasivas de Plutarco62 Las tres sin embargo coinciden en una idea central la singularidad de aquellos hombres que como Soacutecrates pueden contactar con una realidad por encima del mundo material Para Simias el alma de la mayoriacutea de los hombres se halla embargada por el tumulto de las pasiones y la voraacutegine de las servidumbres vitales de manera que su entendimiento no puede captar las indica‑ciones de los seres superiores en el caso de Soacutecrates por el contrario su intelecto limpio y exento de pasiones (ὁ νοῦς καθαρὸς ὢν καὶ ἀπαθής) percibiacutea faacutecilmente las sentildeales enviadas por los seres divinos63 Seguacuten el mito de Timarco (expuesto por Simias) en el alma (ψυχή) conviven dos partes una inmersa en el cuerpo recibe el nombre mismo de ldquoalmardquo (ψυχή) la otra inaccesible a la corrupcioacuten se llama laquointelectoraquo (νοῦν) estaacute en el exterior del hombre y los entendidos le dan

56 Gen Socr 579F‑582C57 Corlu (1970) 49‑50 Doumlring (1984) 376 Schroumlder (2010) 161 58 Para la distincioacuten entre ambos tipos de maacutentica veacutease Cic div 111ndash12 134 172

1109ndash131 (con el comentario de Wardle (2006))59 Gen Socr 588A ζητήσεως οὐκ ἀγεννοῦς ἀλλ ἧς ὀλίγον ἔμπροσθεν οἱ περὶ Γαλαξίδωρον

καὶ Φειδόλαον ἥψαντο διαποροῦντες τίνος οὐσίας καὶ δυνάμεως εἴη τὸ Σωκράτους λεγόμενον δαιμόνιον

60 Corlu (1970) 19‑20 y 51‑52 Hani (1980) 53 Doumlring (1984) 376‑377 Schroumlder (2010) 161‑162 Donini (2011) 415‑416

61 Sobre el reparto de papeles filosoacuteficos que aquiacute parece efectuar Plutarco veacutease Donini (2011) 412‑419 (2011 [2004]) 442‑443

62 Veacutease Van Hoof (2010) 67‑68 a propoacutesito de determinados laquotratados de eacutetica praacutecticaraquo63 Gen Socr 588D‑E

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el nombre de daimon64 La parte irracional e inmersa en el cuerpo se halla sujeta a la racional e incorruptible Si la sujecioacuten es deacutebil el alma se dejaraacute doblegar por las pasiones soacutelo cuando se fortalece gracias a la educacioacuten aparece el alma capaz de percibir con prontitud las indicaciones de su daimon Algunos hombres sin embargo estaacuten especialmente dotados de suerte que en ellos predomina de forma innata la obediencia a la razoacuten y a su daimon A ellos estaacute reservada la capacidad de percibir la llamada divina65 Teanor afirma que las almas libres de lazos con el cuerpo se convierten en daacuteimones Tales daacuteimones guiacutean los asuntos del hombre Pero no todos los hombres reciben su atencioacuten pues se desentienden de cuantos estaacuten inmersos en los avatares del acontecer soacutelo aquellos que tras mil esfuerzos ascienden a una esfera elevada son recompensados con la ayuda del daimon66

Las tres intervenciones explican las dotes excepcionales de Soacutecrates mediante la existencia de hombres excepcionales Y en las tres esa excepcionalidad requiere una especial disposicioacuten del alma La liberacioacuten de las pasiones y el alejamiento del traacutefago iacutensito en el mundo humano se presentan como condicioacuten necesaria para que haya un Soacutecrates Paradigma del filoacutesofo Soacutecrates es tambieacuten el modelo de Epaminondas El discurso sobre la pobreza al mostrar coacutemo Epaminondas limpia su alma de pasiones e impulsos procedentes del mundo exterior acredita su condicioacuten de filoacutesofo Asiacute se reconoce cuando termina dicho discurso por boca de Simias67

laquoGran hombre grande es Epaminondas y responsable de ello es el aquiacute pre‑sente Polimnis que ha criado a sus hijos desde temprano en la mejor filosofiacutearaquo

Epaminondas tambieacuten es consecuente con su condicioacuten de filoacutesofo cuando rehuacutesa someter su alma al torbellino del acontecer humano y las pasiones aso‑ciadas esto es cuando se niega a participar en la conjura El filoacutesofo parece ser la conclusioacuten no debe participar al menos de manera directa en el torbellino de la vida poliacutetica

El Epaminondas del de genio es una creacioacuten histoacutericamente discutible68 Ciertamente su no participacioacuten en la liberacioacuten de la Cadmea y su formacioacuten filosoacutefica estaacuten suficientemente documentadas Pero Epaminondas es conocido ante todo por su dimensioacuten poliacutetica que aquiacute relega Plutarco para subrayar su

64 Gen Socr 591E65 Gen Socr 592A‑E66 Gen Socr 593D‑594A67 Gen Socr 585D68 Ya Von Stern (1884) 55‑57 sentildealoacute las debilidades del relato que ofrece Plutarco en el

de genio Los estudios posteriores (veacutease por ejemplo Corlu [1970] 19‑20 Barigazzi [1988] 414‑424Georgiadou [1996]) han insistido en el Epaminondas del de genio presenta una factura obediente sobre todo a razones compositivas y de disentildeo

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calidad de filoacutesofo Asiacute construida la figura de Epaminondas traslada un mensaje ndashla no implicacioacuten directa del filoacutesofo en las luchas poliacuteticas‑ que puede tener calado teoacuterico pero tambieacuten sirve a Plutarco para trasladar su posicionamiento ante cuestiones concernientes a su propia persona y al horizonte cultural de su eacutepoca Comparado a otros contemporaacuteneos que por condicioacuten social e incluso actividad literaria estaban a su mismo nivel Plutarco no protagonizoacute una carrera poliacutetica particularmente brillante69 Asumioacute en cambio el papel de consejero y guiacutea de la eacutelite La autoridad necesaria para ello se la confiere la filosofiacutea Pues Plutarco se presenta a siacute mismo como filoacutesofo La exaltacioacuten de Epaminondas es una exaltacioacuten de su propia identidad como filoacutesofo y mentor Epaminondas se mueve a una altura la de la filosofiacutea superior a la de sus afines y compantildeeros los conjurados Esta altura le prohiacutebe descender al plano de la accioacuten directa descenso que contaminariacutea su alma con pulsiones sobrevenidas pero tambieacuten le permite acceder a una realidad inalcanzable para sus compantildeeros Epaminondas eleva asiacute la posicioacuten del filoacutesofo y justifica incluso hace ineludible su alejamiento de la lucha poliacutetica Gracias a ello lo que podriacutea ser una debilidad del propio Plutarco la falta de una carrera puacuteblica brillante se transforma en una eleccioacuten deliberada y necesaria

Tal mensaje adquiere maacutes fuerza si se lo contempla sobre el transfondo cultural de la eacutepoca El auge de las composiciones de exitu illustrium virorum corre en paralelo a la admiracioacuten hacia el filoacutesofo que se enfrenta al poder y sufre castigo por ello Ya se ha dicho que el fenoacutemeno acreditado en diversas fuentes contemporaacuteneas a Plutarco fue propiciado particularmente por el final del rei‑nado de Diocleciano y que el modelo uacuteltimo del filoacutesofo‑maacutertir es Soacutecrates En este contexto adquiere un significado especial la exaltacioacuten del ldquoSoacutecrates tebanordquo Epaminondas Epaminondas se aleja del conflicto puacuteblico para cuidar su alma se distingue por su silencio y pese a ello constituye el ldquocentro ausenterdquo del de genio una composicioacuten articulada en torno a un conflicto civil la liberacioacuten de la Cadmea No resulta inverosiacutemil ver en todos estos datos una respuesta de Plu‑tarco ante el fenoacutemeno del ldquofiloacutesofo‑maacutertir poliacuteticordquo y la admiracioacuten aglutinada en torno a esa figura Respuesta que reivindica rotundamente el papel asumido por el propio Plutarco de filoacutesofo mentor del poliacutetico pero fuera eacutel mismo del traacutefago de la poliacutetica

69 Veacuteanse las observaciones y referencias que ofrece al respecto Van Hoof (2010) 66‑67

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Joseacute M Candau

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A Esparta de Plutarco entre a guerra e as artes

de um seguidor das leis de Licurgo Nesse sentido Plutarco diz que o dinheiro e o ouro deveriam ser mandados embora de Esparta porque eles eram flagelos importados que despertavam a cobiccedila e promoviam a degeneraccedilatildeo dos costumes (c 17) Desse ponto de vista Lisandro prejudicou Esparta justamente porque promoveu seu enriquecimento e contribuiu para a dissoluccedilatildeo da frugalidade e da simplicidade que caracterizavam o cotidiano dos lacocircnios antes das vitoacuterias espartanas na Guerra do Peloponeso6

Na Vida de Agesilau Plutarco nos conta que o biografado foi o segundo filho de Arquidamo (o primeiro tinha sido Aacutegis) e que por isso ele natildeo seria o herdeiro direto do trono de Esparta De qualquer modo Agesilau foi educado de acordo com a agoge lacedemocircnia e nosso autor faz questatildeo de frisar que em decorrecircncia disso o liacuteder espartano sempre respeitou e praticou as leis de sua cidade (c 1) Mesmo apresentando uma pequena diferenccedila de tamanho de uma perna para a outra ele tinha outras qualidades espartanas como a honestidade a mansidatildeo e a beleza fiacutesica (c 2) Sua formaccedilatildeo foi tatildeo bem sucedida que diferente de Alexandre o grande e de Haniacutebal Agesilau foi um general que conquistou importantes vitoacuterias e mesmo assim nunca deixou de obedecer agraves leis espartanas (c 15) Mesmo depois de tornar‑se um lendaacuterio vencedor ele voltou a Esparta e continuou o mesmo homem de antes sem apresentar nenhuma novidade no seu comportamento diferente de outros estrategos quando voltavam de longas expediccedilotildees a terras estrangeiras (c 19)

Plutarco nos conta que Lisandro ndashque dizem ter sido amante de Agesilau na juventude (c 2)ndash pretendia introduzir muitas inovaccedilotildees e mudanccedilas no governo da Lacocircnia (c 20) Embora outros liacutederes de Esparta como Antaacutelcidas tenham feito acordos com os Persas e tenham abandonado laquocovarde e maldosamenteraquo os gregos da Aacutesia sob o domiacutenio dos baacuterbaros como nos diz Plutarco (c 23) Agesilau sempre foi um defensor da justiccedila Entre os capiacutetulos 29 e 30 da Vida de Agesilau nosso autor nos conta que os espartanos que perderam parentes na bata‑lha de Leuctra (em 371 a C) se alegraram e os que natildeo perderam ficaram tristes De certa forma eles responsabilizaram Agesilau pela derrota e lamentaram ter aceito um rei coxo Contudo Agesilau tinha boa reputaccedilatildeo e era muito virtuoso Prova disso eacute que sem promover nenhuma inovaccedilatildeo ele disse que era preciso fazer as leis dormirem para que retomassem a autoridade que tiveram no passado

Entretanto Plutarco natildeo faz apenas elogios a Agesilau Cartledge (1987 418) observa que ele faz criacuteticas a Agesilau por causa de sua ingratidatildeo em relaccedilatildeo a Lisandro (c 8) e condena seu comportamento porque ele teria hon‑rado mais os amigos do que a justiccedila (c 13 ver tambeacutem Moralia 807d) Aleacutem disso Plutarco via uma relaccedilatildeo direta entre a decadecircncia de Esparta e a ascenccedilatildeo

6 Sobre isso ver Duff (2002) 161‑204 e a introduccedilatildeo de Flaceliegravere e Chambry em Plutarque (1971) 158‑173

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Roosevelt Rocha

ilegiacutetima de Agesilau ao trono (c 21) Poreacutem no geral nosso autor eacute tatildeo favoraacutevel e simpaacutetico a Agesilau quanto Xenofonte que tambeacutem escreveu uma biografia do rei espartano a qual certamente serviu de base para a Vida composta pelo poliacutemata de Queroneia Segundo Cartledge (1987 418) para Plutarco Agesilau foi a encarnaccedilatildeo das virtudes peculiarmente espartanas simplicidade piedade e autocontrole7

Depois na Vida de Aacutegis e na Vida de Cleocircmenes Plutarco narra os uacuteltimos momentos da histoacuteria da Esparta independente ou seja o ponto mais baixo da decadecircncia daquela cidade Os reis Aacutegis e Cleocircmenes que reinaram no seacuteculo III a C tentaram restaurar os antigos valores dos tempos de Licurgo Eles tinham os dons naturais para levar essa tarefa a cabo Aacutegis tinha grandeza de alma e se insurgia contra os prazeres desde antes dos vinte anos (c 4) natildeo gostava de rou‑pas luxuosas e baniu toda suntuosidade para aderir aos antigos haacutebitos lacocircnios caracterizados pela simplicidade de vida Mas seu exemplo e sua energia natildeo foram suficientes para restaurar os costumes tradicionais e ele foi assassinado ainda muito jovem (cc 19‑21) Aquela Esparta incorrupta e valorosa dos tempos de Licurgo dava seus uacuteltimos suspiros

Cleocircmenes natildeo era parente de Aacutegis mas foi obrigado a se casar com a vi‑uacuteva do rei assassinado ou seja Agiaacutetis Segundo Plutarco (c 1) Cleocircmenes era ambicioso e tinha grandeza de alma Era temperante e simples como Aacutegis Ele tambeacutem quiz restaurar os antigos costumes espartanos (c 11) Primeiro depois de longa disputa poliacutetica abriu matildeo de seus bens Depois distribuiu as terras entre os cidadatildeos Restabeleceu a educaccedilatildeo dos jovens e a disciplina espartana Ele proacuteprio levou uma vida simples e frugal para dar o exemplo aos outros la‑cedemocircnios sem insolecircncia nem orgulho excessivo ou seja como um modelo de temperanccedila (c 13) Mesmo quando perdeu sua esposa Agiaacutetis por quem se enamorara verdadeiramente Cleocircmenes manteve a firmeza e seu caraacuteter elevado e tomou as providecircncias necessaacuterias para garantir a seguranccedila de seus soldados e aliados (c 22) Depois de reinar por dezesseis anos Cleocircmenes morreu (cc 37‑38) e assim terminou a histoacuteria de Esparta como cidade politicamente autocircnoma

Ateacute aqui vimos que podemos encontrar nas Vidas dos liacutederes espartanos escritas por Plutarco aquela imagem caracterizada por um conjunto de valores que parecem ter ganhado forccedila numa eacutepoca lendaacuteria e foram se enfraquecendo conforme o tempo foi passando e Esparta foi estendendo seu poder para fora da Lacedemocircnia Nesse quadro vemos uma cidade altamente militarizada de guerreiros corajosos disciplinados e afeitos a uma vida sem luxos e sem confortos Isso poderia indicar que os espartanos eram um povo rude pouco sofisticado e fechado para as artes

7 Cf tambeacutem a introduccedilatildeo de Flaceliegravere e Chambry em Plutarque (1973) 85‑88 e Shipley (1998) 1‑46

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A Esparta de Plutarco entre a guerra e as artes

Poreacutem vaacuterias fontes arqueoloacutegicas vasculares e mesmo literaacuterias nos mostram o contraacuterio Apesar de Tuciacutedides (1102) ter dito que os edifiacutecios em Esparta eram modestos e natildeo correspondiam ao tamanho do poder militar e poliacutetico da cidade dos lacedemocircnios em seu apogeu a avaliaccedilatildeo dos monumentos arquitetocircnicos espartanos precisa ser feita com cuidado Eacute preciso lembrar que Esparta natildeo foi destruiacuteda nas Guerras Meacutedicas como Atenas foi A capital da Aacutetica foi reconstruiacuteda e uma grande soma de dinheiro afluiu para ela por causa das contribuiccedilotildees dos aliados da Liga de Delos Isso natildeo aconteceu com a princi‑pal cidade da Lacocircnia Desse modo nela foram conservados edifiacutecios antigos do seacuteculo VI a C que apresentavam outro estilo de construccedilatildeo mais arcaizante do que claacutessico Dependendo do ponto de vista um estilo pode ser mais valorizado do que o outro

De qualquer modo Pausacircnias (3113) viajante do seacuteculo II d C que fez uma descriccedilatildeo de vaacuterias cidades da Greacutecia daquela eacutepoca nos informa que havia em Esparta vaacuterios monumentos que despertavam a admiraccedilatildeo daqueles que por ali passavam tal como o Poacutertico Persa construiacutedo inicialmente com o butim amealhado na guerra contra os persas Outros exemplos de edifiacutecios que nos uacuteltimos anos vecircm sendo estudados satildeo o templo de Apolo em Amiclas o templo de Aacutertemis Oacutertia e o Menelaion onde eram cultuados Menelau e Helena8

Cartledge (2002 111) nos informa que depois de 690 a C pintores de vasos da Lacocircnia sofreram influecircncia de artistas do Egeu e adotaram o chamado estilo lsquoorientalizantersquo o que mostra que na praacutetica Esparta natildeo estava isolada do resto do mundo helecircnico Ainda segundo Cartledge nessa eacutepoca artesatildeos lacocircnios que trabalhavam com bronze comeccedilaram a se interessar pela representaccedilatildeo de figuras humanas em suas obras e por volta de 650 a C comeccedilou a se desenvolver na regiatildeo de Esparta o uso do marfim para produccedilatildeo de objetos gravados Vemos entatildeo que o ambiente artiacutestico na Lacedemocircnia entre 775 e 650 a C natildeo era de modo algum esteacuteril ou sem importacircncia9

Como Burn (1960 275‑276) explica Esparta natildeo virou suas costas para a arte e a poesia Prova disso eacute que vasos com detalhes refinados foram fabricados ali e exportados para outras regiotildees da Heacutelade ateacute 550 a C mais ou menos Por volta de 600 a C Gitiadas poeta escultor e arquiteto projetou o Templo de Atena tambeacutem conhecido como Casa de Bronze por causa das placas feitas com esse metal para decorar o edifiacutecio E em 585 a C o segundo templo de Oacutertia foi construiacutedo Ou seja havia artesatildeos trabalhando em Esparta no periacuteodo arcaico que produziram obras dignas de admiraccedilatildeo10

8 Para mais informaccedilotildees sobre a arqueologia e a arquitetura espartanas ver Walker (1998) Kaltsas (2007) e Cavanagh (2009)

9 Sobre isso ver tambeacutem Burn (1960) 180‑184 e Stibbe (1996) passim10 Ver tambeacutem Burn (1960) 280‑282 e Cartledge (2002) 133‑136

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No que diz respeito agrave muacutesica Plutarco nos daacute significativos testemunhos da sua importacircncia em ambiente espartano tanto nas Vidas quanto nos Moralia Na Vida de Licurgo no c 4 por exemplo encontramos a informaccedilatildeo segundo a qual o legislador lendaacuterio teria convidado um poeta‑legislador de Creta para ir a Esparta com ele Esse poeta se chamava Tales Mas talvez tenha havido alguma confusatildeo na tradiccedilatildeo manuscrita e esse Tales poderia ser o Taletas de Gortina mencionado algumas vezes no livro Sobre a Muacutesica tambeacutem de Plutarco Ele teria sido o responsaacutevel por curar os espartanos de uma peste com o seu canto11 Aleacutem disso no mesmo c 4 nos eacute dito que Licurgo teria sido o responsaacutevel por levar os poemas de Homero da Jocircnia para sua cidade

Depois no c 21 da mesma Vida Plutarco nos diz que os lacedemocircnios apreciavam se dedicar agrave poesia meacutelica porque as canccedilotildees estimulavam seus espiacuteritos e lhes davam coragem para enfrentar os inimigos nas batalhas Seu estilo era simples e seus temas eram seacuterios com o objetivo de promover uma boa formaccedilatildeo dos caraacuteteres Nelas eram louvados os heroacuteis de Esparta e condenados os covardes que natildeo lutaram ateacute o fim para defender sua cidade Nos festivais eram organizados trecircs coros de acordo com as idades um de velhos outro de adultos e outro de jovens Cada um cantava sobre a sua bravura uns falavam dos seus feitos no passado os outros tratavam das suas accedilotildees no presente e os uacuteltimos cantavam sobre o seu desejo de realizar grandes proezas no futuro Esses seriam os temas baacutesicos das canccedilotildees em Esparta e por isso segundo Plutarco Terpandro e Piacutendaro estavam corretos ao associar bravura e muacutesica e ao mostrar que os espartanos eram o povo mais aguerrido e mais musical

Por isso natildeo era por acaso que os jovens cantavam o nomo de Caacutestor e o peatilde da marcha (c 22) e em todo lugar havia danccedilas festas e banquetes quando natildeo havia expediccedilotildees militares (c 24) Contudo o gosto pela boa muacutesica e pela boa poesia natildeo era caracteriacutestico de todos os habitantes da Lacocircnia tendo em vista que os hilotas danccedilavam e cantavam canccedilotildees vulgares e grotescas diferentes das composiccedilotildees de Aacutelcman Terpandro e Especircndon (c 28) Isso na verdade estava associado ao fato de eles serem escravos e por isso era compreensiacutevel que eles apreciassem canccedilotildees vis como eles proacuteprios

Na Vida de Lisandro encontramos algumas informaccedilotildees que reforccedilam a impressatildeo de que os espartanos tinham sim grande sensibilidade para a muacutesica No c 15 ficamos sabendo que os lacocircnios depois de conquistar Atenas em 404 a C queriam destruir aquela cidade mas apoacutes ouvir um coro da Electra de Euriacutepides desistiram Em seguida no c 18 Plutarco nos conta que Lisandro estava sempre acompanhado do poeta Queacuterilo encarregado de celebrar os feitos do general E outros poetas tambeacutem celebraram Lisandro segundo nosso autor

11 Ver Plu Mus 42 (1146B‑C) e Gostoli (1990) 12‑13 e

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Na Vida de Agesilau c 14 lemos que os espartanos apreciavam uma parte da poesia de Timoacuteteo de Mileto poeta que teria tido algumas cordas de sua ciacutetara cortadas quando de uma sua visita a Esparta porque os eacuteforos julgavam que natildeo seriam necessaacuterias mais do que sete cordas e o instrumento do poeta tinha onze12 Essa anedota indica que os lacocircnios natildeo apreciavam inovaccedilotildees Poreacutem a informaccedilatildeo do c 14 da Vida de Agesilau mostra que eles poderiam aceitar pelo menos uma parte da obra de um poeta inovador desde que essa parte se adequas‑se ao gosto e agraves tradiccedilotildees do local Tambeacutem nessa mesma Vida c 21 Plutarco nos diz que o rei Agesilau apreciava os cantos e as danccedilas mesmo natildeo sendo um lsquoespecialistarsquo nas artes

Por fim na Vida de Aacutegis c 10 encontramos um elogio a Terpandro a Ta‑les (Taletas) e a Fereacutecides porque mesmo sendo estrangeiros professavam o que Licurgo instituiu e por isso foram muito honrados em Esparta Na Vida de Cleocircmenes c 2 somos informados que o rei Leocircnidas elogiou Tirteu algo facilmente compreensiacutevel tendo em vista o caraacuteter estimulante e guerreiro das elegias daquele poeta Aleacutem disso nessa mesma Vida citada por uacuteltimo c 12 Plutarco nos conta que Cleocircmenes certa vez teria encontrado alguns artistas de Dioniso muacutesicos e atores profissionais que iam de cidade em cidade para se apresentar e construiu um teatro Isso mostra que esse rei estimulou de alguma maneira as atividades artiacutesticas mesmo que ele natildeo tivesse o costume de levar artistas com seu exeacutercito de acordo com Plutarco e nem apreciasse apresentaccedilotildees musicais nos seus banquetes (c 13)

Tudo isso mostra que Esparta era uma cidade onde a muacutesica tinha um papel importe na educaccedilatildeo e na guerra e que os lacocircnios natildeo eram um povo obtuso e indiferente ao poder das melodias De acordo com Plutarco tendo em vista agora algumas passagens dos Moralia os espartanos passavam por treinamento rigoroso no que diz respeito agrave muacutesica e agrave poesia e suas canccedilotildees estimulavam os espiacuteritos e faziam com que os homens se sentissem entusiasmados e se esfor‑ccedilassem para ser bem sucedidos Em vaacuterias passagens das suas Obras Morais ele elogia o estilo da muacutesica deles porque ela era simples e natildeo afetada e seus temas eram seacuterios e edificantes Se algueacutem estudasse a poesia e as canccedilotildees de marcha de Esparta acompanhadas pelo aulo essa pessoa concordaria que Terpandro e Piacutendaro estavam certos ao associar valor (andreia) e muacutesica Como vimos acima nos trechos citados das Vidas Plutarco tambeacutem diz que os Espartanos eram o povo ao mesmo tempo mais musical (mousikotatous) e o mais afeito agrave guerra (polemikotatous)13

No livro sobre os Antigos Costumes dos Espartanos Plutarco tambeacutem elogia os ritmos das canccedilotildees de marcha (embaterioi rhythmoi) porque eles despertavam

12 Ver Plu Agis 1013 Cf Lyc 211‑4

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a coragem a audaacutecia e o desdeacutem pela morte requisitos indispensaacuteveis para o guerreiro valoroso Os espartanos usavam esses ritmos para danccedilar mas tambeacutem quando avanccedilavam contra os inimigos ao som do aulo Plutarco lembra que Li‑curgo associava o amor pela muacutesica agrave praacutetica militar para que o espiacuterito guerreiro combinado com a melodia tivesse concordacircncia e harmonia (symphonia kai har‑monia) Por isso em tempos de guerra os reis espartanos ofereciam sacrifiacutecios agraves Musas antes de ir para a batalha como Plutarco nos conta nos Instituta Laconica 16 (238B‑C)

E para manter a pureza da sua muacutesica e dos seus costumes os espartanos agraves vezes recorriam a atos violentos Como Plutarco reporta nos Instituta Laconica 17 (238C‑D) eles natildeo permitiriam que ningueacutem desrespeitasse de modo algum as regras da muacutesica do passado Nem mesmo Terpandro um dos mais antigos e melhores citaredos (aqueles que cantavam acompanhados da ciacutetara ou da lira) teria a permissatildeo para acrescentar uma corda extra ao seu instrumento para que suas melodias fossem mais variadas Ele tentou fazer isso mas os eacuteforos pregaram sua lira numa parede por causa do seu ato iacutempio contraacuterio agrave tradiccedilatildeo Em outra ocasiatildeo um dos eacuteforos teria procedido com mais violecircncia quando Timoacuteteo o famoso muacutesico inovador que floresceu na segunda metade do seacuteculo V a C estava competindo no festival das Carneias ele pegou uma faca e perguntou ao muacutesico de que lado ele deveria cortar as cordas supeacuterfluas cujo nuacutemero ultra‑passava o tradicional de sete cordas Outras variantes dessa histoacuteria satildeo contadas por Plutarco em outros textos mas nessas outras passagens Friacutenis outro muacutesico inovador da segunda metade do seacuteculo V a C eacute o protagonista14

Mas para aleacutem da sua importacircncia na educaccedilatildeo e nos contextos de bata‑lha a muacutesica tinha grande significado tambeacutem nas momentos das celebraccedilotildees religiosas Dentre as festividades religiosas realizadas na Lacedemocircnia uma das mais importantes era a das Carneias realizada em Esparta e intimamente ligada agrave histoacuteria de Terpandro As origens desse festival eram muito antigas anteriores ao seacuteculo VIII a C tendo em vista que no seacuteculo VII os colonizadores espartanos da cidade italiana de Tarento jaacute tinham o costume de celebraacute‑la15 As Carneias eram dedicadas ao deus Apolo Carneu Em Esparta havia concursos musicais e atleacuteti‑cos uma corrida de jovens e um banquete ritual que contava com a participaccedilatildeo dos homens adultos que representavam as fratrias O festival era organizado por cidadatildeos solteiros e era o momento adequado para que os jovens que jaacute haviam completado seu periacuteodo de formaccedilatildeo ingressassem na vida adulta16

O que nos interessa aqui eacute o papel que a muacutesica desempenhava no contexto dessas festividades Um elemento importante nesses momentos de comemoraccedilatildeo

14 Cf Prof virt 84A Apophth Lac 220C e Agis 107 jaacute citada na nota 9 Cf Rocha (2008) 654‑655

15 Brelich (1969) 181‑18216 Brelich (1969) 149‑150

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eram os concursos A realizaccedilatildeo de concursos musicais no acircmbito do festival das Carneias natildeo teria acontecido desde o iniacutecio A introduccedilatildeo de agones provavel‑mente ocorreu quando Terpandro migrou de Metimna (Lesbos) para Esparta na primeira metade do seacuteculo VII a C Nesse contexto eacute importante considerar o testemunho de Helacircnico17 segundo o qual Terpandro teria sido o primeiro a vencer o concurso musical nas Carneias Esse fato parece estar diretamente relacionado agrave fundaccedilatildeo da primeira escola musical (katastasis) em Esparta por obra do mesmo Terpandro Segundo Brelich (1969 186‑191) eacute muito provaacutevel que a introduccedilatildeo do concurso musical nas Carneias tenha sido influenciada pela proacutepria katastasis18 Essa hipoacutetese ganha forccedila se consideramos o capiacutetulo 9 do tratado Sobre a Muacutesica como um todo Ali Plutarco fala da primeira katastasis fundada por Terpandro e menciona tambeacutem a segunda katastasis liderada por Taletas de Gortina Xenoacutedamo de Citera Xenoacutecrito de Locres Polimnesto de Coacutelofon e Saacutecadas de Argos muacutesicos que teriam instituiacutedo as Gimnopeacutedias em Esparta as Apodeixeis na Arcaacutedia e as Endimaacutetias em Argos Jaacute que os membros da segunda escola musical foram fundadores de festivais19 em diferentes cidades do Peloponeso Terpandro tambeacutem pode ter desempenhado o mesmo papel no contexto das Carneias

No que diz respeito agraves Gimnopeacutedias contudo encontramos uma situaccedilatildeo diferente Possuiacutemos uma grande variedade de informaccedilotildees sobre esse festival que inclusive muitas vezes satildeo contraditoacuterias Mas tratando apenas daquilo que nos interessa aqui sabemos que no periacuteodo das festividades aconteciam apresentaccedilotildees de coros de adolescentes e adultos instituiacutedos em honra a Apolo que cantavam hinos compostos por poetas como Taletas Aacutelcman e Dionisodoto Depois da batalha de Tireia em 544 aC na qual Esparta lutou contra Argos pela posse da Tireaacutetida tornou‑se costumeiro cantar um peatilde em honra dos soldados que morreram naquela ocasiatildeo Por causa desse elemento ritual e da comparaccedilatildeo com as Apodeixeis e as Endimaacutetias as Gimnopeacutedias foram consideradas festas que indicavam o momento no qual os jovens receacutem‑iniciados eram integrados agrave vida militar20

Tendo tudo isso em vista podemos concluir que eacute preciso colocar a miragem espartana em perspectiva Esparta natildeo era tatildeo lsquoespartanarsquo assim e natildeo foi sempre lsquoespartanarsquo Havia espaccedilo naquela cidade para o cultivo das artes tais como a arquitetura a escultura a pintura vascular a muacutesica (que incluiacutea a poesia) e a danccedila Nela floresceram poetas como Aacutelcman Terpandro e Tirteu Nela surgiram escolas poeacuteticomusicais Nela viveram poetas estrangeiros tais como Taletas de

17 FGrHist 4 F 85 = Ateneu 635e = Terpander Test 1 Gostoli18 Cf tambeacutem Gostoli (1990) 84‑8519 Mais do que fundadores de festivais eacute mais verossiacutemil pensar que esses autores foram os

responsaacuteveis pela introduccedilatildeo dos concursos musicais como parte das celebraccedilotildees 20 Cf Gostoli (1990) 85‑86

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Gortina (Creta) e Saacutecadas de Argos E sendo assim houve um ambiente feacutertil e favoraacutevel para o desenvolvimento e o cultivo de atividades artiacutesticas Os esparta‑nos foram sim grandes guerreiros que contribuiacuteram decisivamente para a vitoacuteria dos helenos sobre os persas Eles cultivaram sim suas habilidades guerreiras a ponto de derrotar os atenienses na Guerra do Peloponeso Poreacutem Esparta natildeo foi somente uma comunidade de soldados que dedicavam suas vidas somente agrave guerra Esparta foi tambeacutem uma cidade onde as pessoas cantavam danccedilavam e apreciavam a beleza dos edifiacutecios e dos objetos do cotidiano Eacute preciso reconhecer isso e na obra de Plutarco jaacute encontramos essa imagem multifacetada dessa cul‑tura Basta direcionar os olhos para outras direccedilotildees

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Bibliografia

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Plutarque Vies Tome VI Text eacutetabli et traduit par Flaceliegravere R et Chambry Eacute Paris Les Belles Lettres 1971

Plutarque Vies Tome VIII Text eacutetabli et traduit par Flaceliegravere R et Chambry Eacute Paris Les Belles Lettres 1973

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Shipley D R A commentary on Plutarchrsquos Life of Agesilaos Oxford Clarendon Press 1998

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Index nominum

Timoacuteteo 167‑168 178 183Timoacutexena 195Tindaacuteridas 63Tireaacutetida 169Tireia 169Tireacutesias 236Tirteu 167 169 221Titatildes 245Trajano 121Trezena 31 32‑35 38 Tricoacuterito 39Troia 81 124Tuciacutedides 122 160 181Ulisses 81 192Valeacuterio (vd Puacuteblio Valeacuterio)Vestais 58 204Viacutenio 200Xantipo 191 201Xenoacutecrito 169Xenoacutedamo 169Xenofonte 160 164Zaleuco 88Zeus 36 40‑41 220 226 243

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Index nominum

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Notas biograacuteficas dos autores

Aacutelia Rodrigues eacute doutorada em Estudos Claacutessicos (Literatura Grega) e inves‑tigadora do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse satildeo a histoacuteria das ideias poliacuteticas desde os Gregos ateacute agrave modernidade histoacuteria legal e a recepccedilatildeo de temas claacutessicos na contemporaneidade

Ana Ferreira eacute Professora Auxiliar do Departamento de Estudos Portugueses e Ro‑macircnicos da Faculdade de Letras da Universidade do Porto e investigadora do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a histoacuteria antiga a literatura greco‑romana bem como a didaacutectica das liacutenguas claacutessicas

Delfim F Leatildeo eacute Professor Catedraacutetico da Instituto de Estudos Claacutessicos e investiga‑dor do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a histoacuteria antiga o direito e a teorizaccedilatildeo poliacutetica dos Gregos a pragmaacutetica teatral e a escrita romanesca antiga

Faacutebio Vergara Cerqueira eacute Professor Adjunto do Instituto de Ciecircncias Humanas da Universidade Federal de Pelotas pesquisador PQ‑2 do CNPq Professor Visitante na Universidade de Heidelberg Bolsista Fundaccedilatildeo Humboldt ldquoPesquisador Experienterdquo Principais aacutereas de interesse satildeo histoacuteria e arqueologia da Greacutecia antiga e sua recepccedilatildeo enfocando muacutesica iconografia ceramologia gecircnero memoacuteria social identidade e patrimocircnio cultural

Guillermina Gonzaacutelez Almenara es Profesor Contratado Doctor Tipo 1 vinculada con el Aacuterea de Filologiacutea Griega del Departamento de Filologiacutea Claacutesica Francesa Aacuterabe y Romaacutenica de la Universidad de La Laguna Sus principales liacuteneas de investi‑gacioacuten son la mujer y el aacutembito femenino en la Grecia antigua Historiografiacutea griega Historia y civilizacioacuten de la Grecia antigua

Ivana S Chialva es Doctora en Letras Investigadora Asistente del Conicet y Profesora de Griego y Literaturas griega y latina de la Facultad de Humanidades y Ciencias de la Universidad Nacional del Litoral (Santa Fe Argentina) Sus tra‑bajos sobre el mundo antiguo se focalizan en la relacioacuten entre primera y segunda sofiacutestica y en la influencia de este uacuteltimo fenoacutemeno en la prosa narrativa griega de eacutepoca imperial especialmente la retoacuterica la biografiacutea y la novela en sus diferentes formas

Jesuacutes-Mordf Nieto Ibaacutentildeez es Catedraacutetico de Filologiacutea Griega de la Universidad de Leoacuten Sus liacuteneas de investigacioacuten son la literatura judiacutea en lengua griega los primeros textos cristianos el Humanismo y la Tradicioacuten claacutesica Actualmente dirige un Proyecto de

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investigacioacuten sobre el Humanismo la Tradicioacuten claacutesica y patriacutestica y la exeacutegesis biacuteblica en los siglos XVI y XVII

Joaquim Pinheiro eacute Professor Auxiliar da Universidade da Madeira e investigador do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a biografia antiga a Segunda Sofiacutestica a retoacuterica claacutessica e o pensamento poliacutetico dos Gregos

Joseacute M Candau es Catedraacutetico de Filologiacutea Griega en la Universidad de Sevilla Sus principales aacutereas de investigacioacuten son la historiografiacutea griega y Plutarco

Loraine Oliveira eacute professora de Filosofia da Universidade de Brasiacutelia Publicou o livro Plotino escultor de mitos pela Imprensa da Universidade de CoimbraAnnablume em 2014 Vem se dedicando principalmente a estudar os mitos em Plotino Plutarco e Porfiacuterio assim como o vegetarianismo em Plutarco e Porfiacuterio

Maria Aparecida de Oliveira Silva eacute professora visitante do Programa de Poacutes‑Gradu‑accedilatildeo em Letras Claacutessicas da Universidade de Satildeo Paulo e Professora Pesquisadora do Programa de Poacutes‑Graduaccedilatildeo em Histoacuteria da Universidade Federal de Satildeo Paulo Liacuteder do Grupo CNPq LABHAN Laboratoacuterio de Histoacuteria Antiga da Universidade Federal do Amapaacute Pesquisadora do Grupo CNPq Linceu ‑ Visotildees da Antiguidade Claacutessica da Universidade Estadual Paulista Pesquisadora do Grupo Retoacuterica Texto y Comunicacioacuten da Universidad de Caacutediz Membro do Conselho Acadecircmico do Seminaacuterio de Histoacuteria e Filosofia das Religiotildees da Universidad Autoacutenoma de Ciudad Juaacuterez mdash Meacutexico Pesquisa e publica trabalhos sobre Esparta Plutarco e biografia antiga

M Teresa Fau Ramos es Profesora Titular del Departament de Filologia Grega de la Universitat de Barcelona y miembro del Grup de Recerca Graecia Capta que investiga la pervivencia de la identidad griega bajo el imperio romano Sus principales aacutereas de intereacutes cientiacutefico son la historia e instituciones de la Grecia claacutesica y post‑claacutesica la religioacuten helena (paganismo) y diversos aspectos del cristianismo primitivo

Pilar Goacutemez Cardoacute es profesora titular de Filologiacutea Griega en la Universidad de Barcelona donde imparte docencia e investiga desde 1981 Doctora en Filologiacutea Claacutesica desde 1987 con una tesis sobre la tradicioacuten yaacutembica y la faacutebula (La Vida drsquoIsop entre el iambe la faula i la novella) es autora de numerosos artiacuteculos y capiacutetulos de libros sobre la literatura griega de eacutepoca imperial romana en especial sobre Segunda Sofiacutestica y novela ha estudiado principalmente autores como Luciano en cuya edicioacuten y traduccioacuten al castellano para la coleccioacuten Alma Mater participa Plutarco Dioacuten de Prusa o Elio Ariacutestides Es miembro del grupo de investigacioacuten Graecia Capta de la Universidad de Barcelona

Roosevelt Rocha eacute Professor Adjunto do curso de Letras da Universidade Federal do Paranaacute (Brasil) e pesquisador ligado ao Programa de Poacutes‑Graduaccedilatildeo em Letras da

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mesma Universidade As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a poesia grega arcaica (elegia jambo e meacutelica) a muacutesica grega antiga e o estudo da performance da poesia grega dos periacuteodos arcaico e claacutessico

Vicente Ramoacuten es Profesor Tiular de Filologiacutea Griega de la Universidad de Zara‑goza Sus intereses cientiacuteficos pueden sintetizarse en las siguientes liacuteneas Plutarco de Queronea y la biografiacutea poliacutetica historiografiacutea griega retoacuterica y oratoria griegas tradicioacuten claacutesica teatro griego la irreligiosidad en la Atenas Claacutesica

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Volumes publicados na Colecccedilatildeo Humanitas Supplementum

1 Francisco de Oliveira Claacuteudia Teixeira e Paula Barata Dias Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 1 ndash Liacutenguas e Literaturas Greacutecia e Roma (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

2 Francisco de Oliveira Claacuteudia Teixeira e Paula Barata Dias Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 2 ndash Liacutenguas e Literaturas Idade Meacutedia Renascimento Recepccedilatildeo (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

3 Francisco de Oliveira Jorge de Oliveira e Manuel Patriacutecio Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 3 ndash Histoacuteria Arqueologia e Arte (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2010)

4 Maria Helena da Rocha Pereira Joseacute Ribeiro Ferreira e Francisco de Oliveira (Coords) Horaacutecio e a sua perenidade (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

5 Joseacute Luiacutes Lopes Brandatildeo Maacutescaras dos Ceacutesares Teatro e moralidade nas Vidas suetonianas (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

6 Joseacute Ribeiro Ferreira Delfim Leatildeo Manuel Troumlster and Paula Barata Dias (eds) Symposion and Philanthropia in Plutarch (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

7 Gabriele Cornelli (Org) Representaccedilotildees da Cidade Antiga Categorias histoacutericas e discursos filosoacuteficos (Coimbra Classica DigitaliaCECHGrupo Archai 2010)

8 Maria Cristina de Sousa Pimentel e Nuno Simotildees Rodrigues (Coords) Sociedade poder e cultura no tempo de Oviacutedio (Coimbra Classica DigitaliaCECHCECCH 2010)

9 Franccediloise Frazier et Delfim F Leatildeo (eds) Tychegrave et pronoia La marche du monde selon Plutarque (Coimbra Classica DigitaliaCECH Eacutecole Doctorale 395 ArScAn‑THEMAM 2010)

10 Juan Carlos Iglesias‑Zoido El legado de Tuciacutedides en la cultura occidental (Coimbra Classica DigitaliaCECH ARENGA 2011)

11 Gabriele Cornelli O pitagorismo como categoria historiograacutefica (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2011)

12 Frederico Lourenccedilo The Lyric Metres of Euripidean Drama (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2011)

13 Joseacute Augusto Ramos Maria Cristina de Sousa Pimentel Maria do Ceacuteu Fialho Nuno Simotildees Rodrigues (coords) Paulo de Tarso Grego e Romano Judeu e Cristatildeo (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

14 Carmen Soares amp Paula Barata Dias (coords) Contributos para a histoacuteria da alimentaccedilatildeo na antiguidade (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

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15 Carlos A Martins de Jesus Claudio Castro Filho amp Joseacute Ribeiro Ferreira (coords) Hipoacutelito e Fedra ‑ nos caminhos de um mito (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

16 Joseacute Ribeiro Ferreira Delfim F Leatildeo amp Carlos A Martins de Jesus (eds) Nomos Kosmos amp Dike in Plutarch (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

17 Joseacute Augusto Ramos amp Nuno Simotildees Rodrigues (coords) Mnemosyne kai Sophia (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

18 Ana Maria Guedes Ferreira O homem de Estado ateniense em Plutarco o caso dos Alcmeoacutenidas (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

19 Aurora Loacutepez Andreacutes Pocintildea amp Maria de Faacutetima Silva De ayer a hoy influencias claacutesicas en la literatura (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

20 Cristina Pimentel Joseacute Luiacutes Brandatildeo amp Paolo Fedeli (coords) O poeta e a cidade no mundo romano (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

21 Francisco de Oliveira Joseacute Luiacutes Brandatildeo Vasco Gil Mantas amp Rosa Sanz Serrano (coords) A queda de Roma e o alvorecer da Europa (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

22 Luiacutesa de Nazareacute Ferreira Mobilidade poeacutetica na Greacutecia antiga uma leitura da obra de Simoacutenides (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica DigitaliaCECH 2013)

23 Faacutebio Cerqueira Ana Teresa Gonccedilalves Edalaura Medeiros amp JoseacuteLuiacutes Brandatildeo Saberes e poderes no mundo antigo Vol I ndash Dos saberes (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia2013) 282 p

24 Faacutebio Cerqueira Ana Teresa Gonccedilalves Edalaura Medeiros amp Delfim Leatildeo Saberes e poderes no mundo antigo Vol II ndash Dos poderes (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013) 336 p

25 Joaquim J S Pinheiro Tempo e espaccedilo da paideia nas Vidas de Plutarco (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013) 458 p

26 Delfim Leatildeo Gabriele Cornelli amp Miriam C Peixoto (coords) Dos Homens e suas Ideias Estudos sobre as Vidas de Dioacutegenes Laeacutercio (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013)

27 Italo Pantani Margarida Miranda amp Henrique Manso (coords) Aires Barbosa na Cosmoacutepolis Renascentista (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2013)

28 Francisco de Oliveira Maria de Faacutetima Silva Tereza Virgiacutenia Ribeiro Barbosa (coords) Violecircncia e transgressatildeo uma trajetoacuteria da Humanidade (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

29 Priscilla Gontijo Leite Eacutetica e retoacuterica forense asebeia e hybris na caracterizaccedilatildeo dos adversaacuterios em Demoacutestenes (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

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273

30 Andreacute Carneiro Lugares tempos e pessoas Povoamento rural romano no Alto Alentejo ‑ Volume I (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2014)

31 Andreacute Carneiro Lugares tempos e pessoas Povoamento rural romano no Alto Alentejo ‑ Volume II (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2014)

32 Pilar Goacutemez Cardoacute Delfim F Leatildeo Maria Aparecida de Oliveira Silva (coords) Plutarco entre mundos visotildees de Esparta Atenas e Roma (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

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Resumo da obra

A vasta e variada obra de Plutarco permite sempre uma abordagem a partir de distintas

perspetivas com diferentes intenccedilotildees e propoacutesitos variados No entanto eacute importante

identificar tambeacutem fios comuns nessa abordagem porque permitem demonstrar tanto a

niacutevel formal como de conteuacutedo que haacute muitos elementos comuns que permeiam o trabalho

de Plutarco

Os treze contributos para este volume tecircm como elo comum o nome de trecircs cidades

Esparta Atenas e Roma Elas representam espaccedilos poliacuteticos e institucionais diversos dada

a sua extensatildeo geograacutefica e cronoloacutegica mas simbolizam igualmente diferentes modelos

de organizaccedilatildeo social atraveacutes dos quais a Greacutecia pode ser contrastada com Roma ou Atenas

comparada com Esparta mdash ainda que o seu verdadeiro interesse na obra de Plutarco seja

que representam sempre locais paradigmaacuteticos onde vivem e convivem pessoas Por

isso os estudiosos de Plutarco que contribuiacuteram para este volume procuram analisar em

cada uma dessas cidades seja por assimilaccedilatildeo ou por contraste a forma como o autor de

Queroneia aborda a ligaccedilatildeo entre indiviacuteduo e comunidade a partir do exerciacutecio do poder

e da experiecircncia religiosa qual o papel da educaccedilatildeo e do domiacutenio privado na projeccedilatildeo

puacuteblica dos protagonistas retratados por Plutarco ou ateacute que ponto a imagem dos primeiros

legisladores e fundadores miacuteticos foi condicionada pela evoluccedilatildeo histoacuterica destas mesmas

cidades

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Page 10: Versão integral disponível em digitalis.uc · visões de Esparta, Atenas e Roma IMPRENSA DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA COIMBRA UNIVERSITY PRESS ANNABLUME Versão integral disponível

Sumaacuterio

Apresentaccedilatildeo de Plutarco entre Mundos visotildees de esparta atenas e roma 11(Presentation of Plutarch between worlds visions of Sparta Athens and Rome)

Introduccioacuten(Introduction) 13

Pilar Goacutemez Cardoacute

O jovem Teseu do reconhecimento paterno ao reconhecimento poliacutetico (Young Theseus from paternal recognition to political recognition) 31

Loraine Oliveira

Legislar teniacutea un precio (The price to pay for legislating) 49

Mordf Teresa Fau Ramos

O legislador e suas estrateacutegias discursivas teatralidade e linguagem metafoacuterica na vida de soacutelon

(The statesman and his discourse strategies theatricality and metaphorical language in the Life of Solon) 71

Delfim F Leatildeo

A figura do legislador em Plutarco Recepccedilatildeo de um mito poliacutetico (The figure of the lawgiver in Plutarch reception of a political myth) 85

Aacutelia Rodrigues

Un mentor limpio de pasiones El filoacutesofo y la actuacioacuten poliacutetica seguacuten el de genio socratis

(A mentor without passions the philosopher and political action according to the De genio Socratis) 103

Joseacute M Candau

O valor da filosofia e da paideia a construccedilatildeo moral e retoacuterica de Plutarco(The value of philosophy and of paideia Plutarchrsquos moral and rhetorical constructions) 119

Joaquim Pinheiro

De Roma a Alejandriacutea y viceversa mimesis del motivo del viaje en la vida de antonio de Plutarco(From Rome to Alexandria and vice versa mimesis of the travel motif in Plutarchrsquos Life of Antony) 137

Ivana S Chialva

A Esparta de Plutarco entre a guerra e as artes(Plutarchrsquos Sparta between war and the arts) 159

Roosevelt Rocha

Muacutesica e educaccedilatildeo em Atenas segundo as biografias de Plutarco(Music and education in Athens according to Plutarchrsquos biographies) 173

Faacutebio Vergara Cerqueira

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Por traacutes de um grande homem haacute sempre uma grande mulher A influecircncia de esposas e amantes sobre homens de Estado

(Is there always a great man behind a great woman The influence of wives and lovers over statesmen) 191

Ana Ferreira

Heteras concubinas y joacutevenes de seduccioacuten la influencia femenina en las vidas plutarqueas de Soloacuten Pericles y Alcibiacuteades

(Hetairai concubines and seducers the influence of women in Plutarchrsquos Lives of Solon Pericles and Alcibiades) 209

Guillermina Gonzaacutelez Almenara

Esparta e os oraacuteculos uma leitura plutarquiana(Sparta and the oracles a Plutarchan reading) 219

Maria Aparecida de Oliveira Silva

Plutarco y la crisis oracular del final del mundo antiguo(Plutarch and the crisis of the oracles at the end of the ancient world) 233

Jesuacutes‑Mordf Nieto Ibaacutentildeez

Index nominvm 251

Index locorvm 259

Notas biograacuteficas dos autores 267

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11

Apresentaccedilatildeo de Plutarco entre Mundos visotildees de esparta atenas e roma

(Presentation of Plutarch between worlds visions of Sparta Athens and Rome)

Um grego nascido agrave eacutepoca da dominaccedilatildeo romana Plutarco vive entre mun‑dos circulando entre Greacutecia e Roma tecendo reflexotildees sobre gregos e romanos Descendente de uma tradicional famiacutelia beoacutecia nosso autor eacute educado conforme os preceitos da paideia grega a mesma que prescreve em seus tratados e biografias como sendo a mais indicada para a formaccedilatildeo de um homem virtuoso Plutarco entrelaccedila conhecimentos acumulados pela tradiccedilatildeo grega com os da romana re‑gistra suas impressotildees sobre o modo de ser grego em um movimento de partida do seu presente de dominado para retornar ao passado glorioso de seu povo sem negligenciar suas anaacutelises sobre o modo de ser romano Reflexotildees que se fazem perceptiacuteveis principalmente na escrita de suas biografias de gregos e romanos onde vemos as comparaccedilotildees de suas personagens ora criticando a accedilatildeo de um grego ora a de um romano demonstrando os aspectos positivos e negativos de cada um embora deixe clara a sua preferecircncia pela cultura grega

Pela erudiccedilatildeo peculiar a sua extensa obra Plutarco eacute um autor que se in‑sere em diversos periacuteodos da nossa histoacuteria vemos sua influecircncia em escritos bizantinos renascentistas nos produzidos entre os seacuteculos XVI e XVII em que italianos franceses ingleses e espanhoacuteis se dedicam a verter suas biografias e tratados para vernaacuteculos modernos A disseminaccedilatildeo dessas obras concorre para influenciar artistas poetas filoacutesofos historiadores do seacuteculo XVIII em diante

Se por muitos seacuteculos nosso autor se vecirc circunscrito ao espaccedilo geograacutefico da bacia mediterracircnica hoje notamos que suas ideias atravessam o Oceano e alcanccedilam o chamado Novo Mundo Entatildeo a perspectiva de entre mundos para o nosso autor se expande mais sua obra atravessa eacutepocas e espaccedilos e se transforma em um claacutessico como tal atemporal e sem fronteiras Imbuiacutedos desse espiacuterito da obra plutarquiana apresentamos ao leitor este livro com ar‑tigos redigidos por espanhoacuteis latino‑americanos e portugueses revelando a

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Legislar teniacutea un precio

Mas a pesar de su tropiezo laquocon la mayoriacutearaquo (τοῖς πλείστοις) le fueron confiadas al legislador ateniense responsabilidades aun mayores45 y asiacute pudo eliminar buena parte de las leyes promulgadas por Dracoacuten46 reorganizar la poblacioacuten asignaacutendole prerrogativas en base a criterios econoacutemicos47 introducir cambios en las instituciones de la polis48 y establecer otras disposiciones como por ejemplo las que regulan el matrimonio49 los testamentos y donaciones50 la conducta de las mujeres51 el desempentildeo de oficios52 la actividad agriacutecola53 la naturalizacioacuten de extranjeros54 y el calendario55

Promulgadas ya las leyes aguardaba a Soloacuten una nueva contrariedad cada diacutea era abordado por individuos que elogiaban o censuraban su obra le aconse‑jaban antildeadidos o supresiones o simplemente le pediacutean aclaracioacuten sobre alguacuten pasaje que no comprendiacutean Para zafarse de esta presioacuten decide ausentarse de Atenas durante diez antildeos Abandona pues la patria con la esperanza de que su exilio voluntario sirva para que los ciudadanos se habituacuteen a las nuevas leyes56

Pero a su regreso constata que la polis ha vuelto al mal camino y las fac‑ciones vuelven a dominar la escena poliacutetica destacando sobremanera un hombre llamado Pisiacutestrato en torno al cual se apintildeaba una laquoturbaraquo (ὄχλος) de jornaleros radicalmente contraria a los ricos57 Soloacuten intenta poner paz parlamentando con los liacutederes de los partidos58 intuye las verdaderas intenciones del dirigente de la plebe e intenta en vano modificarlas59 Cuando Pisiacutestrato se dispone a erigirse en tirano el anciano legislador se opone pero al no contar con el apoyo de nadie debe cejar en su empentildeo60

estagirita (Pol 1296a) afirma que los μέσοι constituyen un factor sumamente equilibrador de la sociedad y es ndashprosigue‑ por este motivo que los mejores legisladores como Soloacuten y ‑iexclpara nuestra sorpresa‑ Licurgo pertenecieron a este colectivo Sobre la posicioacuten de Plutarco con respecto a las doctrinas supuestamente aristoteacutelicas remito a la reciente aportacioacuten de Becchi (2014)

45 Sol 163‑546 Sol 17147 Sol 181‑348 Sol 191‑249 Sol 202‑650 Sol 213‑451 Sol 21552 Sol 221 y 353 Sol 236‑24254 Sol 24455 Sol 254‑556 Sol 256 En el texto plutarqueo Soloacuten pone como excusa (πρόσχημα) de su partida

un tema relacionado con la navegacioacuten (ναυκληρία) Heroacutedoto (130) apunta el deseo de ver mundo (θεωρία) mientras que Aristoacuteteles (Ath 111) hace referencia a la actividad comercial (ἐμπορία) y tambieacuten al deseo de ver mundo (θεωρία)

57 Sol 29158 Sol 29259 Sol 29560 Sol 301‑4 y 6‑8

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Mordf Teresa Fau Ramos

Sorprendentemente una vez duentildeo de la situacioacuten Pisiacutestrato tratoacute a Soloacuten con gran respeto aceptoacute muchos de sus consejos y conservoacute laquola mayoriacutea de las leyesraquo (τοὺς πλείστους νόμους) que habiacutea establecido61 Y eacutesta es una de las uacutelti‑mas afirmaciones que hace Plutarco con respecto a Soloacuten sobre cuya muerte no nos proporciona dato alguno de intereacutes62

A diferencia de la biografiacutea plutarquea de Licurgo la Vida de Soloacuten no cul‑mina con un heroico acto de auto‑inmolacioacuten para obtener la perdurabilidad de unas leyes que se desean perennes63 Ello no obsta sin embargo para que reconozcamos que tambieacuten a Soloacuten le pasa factura el ejercicio de su funcioacuten como legislador En efecto debe soportar las burlas de unas gentes que hacen befa de eacutel por haberse negado a instaurar un reacutegimen tiraacutenico es falsamente acusado de haber obtenido beneficios fraudulentos gracias a sus leyes y sufre una intensa presioacuten por parte de sus conciudadanos hasta el punto de tener que optar por un exilio voluntario

Numa

Con la Vida de Numa regresamos a un contexto de dignidad regia aunque existe una gran diferencia entre las maneras expeditivas de Licurgo y la suavidad con la que actuacutea el rey Numa64

Tras la desaparicioacuten ndashsupuestamente sobrenaturalndash de Roacutemulo la ciudad de Roma se hallaba sumida en una grave discordia pues sabinos y romanos no se poniacutean de acuerdo sobre quieacuten habiacutea de ser el proacuteximo monarca65 Al fin las dos facciones pactan que la realeza recaiga sobre el sabino Numa Pompilio66 Pero eacuteste que habiacutea sabido mejorar su buen talante natural con un geacutenero de vida

61 Sol 312‑3 En este punto Plutarco sigue la tradicioacuten continuista de otros autores (cf Hdt 1596 y Th 6546) Seguacuten Dioacutegenes Laercio (153‑54) Pisiacutestrato hace saber al νομοθέτης ateniense que mantiene la legislacioacuten por eacutel establecida y le invita a regresar a la polis Aristoacuteteles (Ath 221) por su parte mantiene que la tiraniacutea habiacutea abolido por desuso las leyes solonianas

62 No obstante en el Banquete de los siete sabios (Moralia 151E‑F) encontramos de nuevo a Soloacuten a propoacutesito de quien Quiloacuten afirma que debe ser el primero en hacer uso de la palabra no soacutelo porque asiacute conviene por su edad y por el lugar que ocupa entre los comensales sino porque detenta laquola autoridad mayor y maacutes perfectaraquo (τὴν μεγίστην καὶ τελειοτάτην ἀρχήν) laquopor haber otorgado leyes a los ateniensesraquo (νόμους Ἀθηναίοις θέμενος) Para una visioacuten de Soloacuten como representante de una sabiduriacutea antigua que laquolejos de ser puramente teoacuterica se proyecta hacia la praxis cotidianaraquo cf Peacuterez Jimeacutenez (1991) 688

63 No nos parece irrelevante el hecho de que en la parte final de la Vida de Soloacuten (316‑7) se aluda a su vertiente poeacutetica iquestes eacutesta ‑nos preguntamos‑ una manera de sugerir la pervivencia del νομοθέτης ateniense

64 En este sentido Numa se asemeja mucho maacutes a los laquodulcesraquo personajes griegos que a los rudos romanos cf Martin Jr (1960) y De Romilly (1979) Sobre la dulzura (πρᾳότης) en los personajes plutarqueos veacutease tambieacuten Frazier (1996)

65 Num 22‑866 Num 32‑4

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Legislar teniacutea un precio

austero reflexivo y sosegado67 al recibir a los enviados que le ofreciacutean la corona se mostroacute reacio a aceptarla ya que ndashafirmabandash su manera de ser tan alejada de las praacutecticas guerreras no era apropiada para regir al belicoso pueblo de Roma68 Convencido a la postre por argumentos que le exhortaban a actuar en favor del bien comuacuten69 y confirmada por signos favorables la buena disposicioacuten de la divi‑nidad Numa accede a convertirse en rey de la agitada urbe70 eacutel que laquohabiendoraquo otrora laquoabandonado las ocupaciones propias de la vida en la ciudadraquo (ἐκλείπων τὰς ἐν ἄστει διατριβάς) se complaciacutea en frecuentar parajes solitarios71

Su primera medida de gobierno consiste en la supresioacuten de la guardia perso‑nal creada por el anterior monarca la segunda en la institucioacuten de un sacerdocio en honor de Roacutemulo72 Tras estas dos disposiciones tomadas seguacuten Plutarco laquopara obtener benevolencia y gratitud del puebloraquo (ἐπrsquoεὐνοίᾳ καὶ χάριτι τοῦ δήμου) Numa emprende la difiacutecil tarea de pacificar la ciudad73 Y para lograr su objetivo no vacila en servirse de la religioacuten introduciendo nuevos rituales74 fomentando los temores supersticiosos de la poblacioacuten75 o atribuyeacutendose una particular relacioacuten con divinidades76

Entre sus reformas de aacutembito religioso destacan la prohibicioacuten de repre‑sentar a los dioses por medio de imaacutegenes de hombres o animales77 el fomento

67 Num 37‑41 Sobre el caraacutecter del Numa plutarqueo orientado laquopor naturalezaraquo (φύσει) hacia la virtud cf Peacuterez Jimeacutenez (1994)

68 Num 51‑869 Un argumento muy del agrado de los estoicos Sobre el controvertido tema de la relacioacuten

de Plutarco con el estoicismo creemos que todaviacutea son relevantes las opiniones de Babut (1969) Para una visioacuten actualizada de este tema cf Opsomer (2014)

70 Num 61‑5 73‑7 Sobre la ejemplaridad para Plutarco del acceso del rey Numa al poder cf Peacuterez Jimeacutenez (1995)

71 Num 41 Plutarco (Num 52) subraya el sacrificio de Numa explicando que laquocostoacute seguacuten parece un esfuerzo no pequentildeo y requirioacute muchos argumentos y ruegos persuadir y hacer cambiar de opinioacuten a un hombre que habiacutea vivido en paz y tranquilidadraquo (ἦν δrsquo οὐ μικρόν ὡς ἔοικεν ἔργον ἀλλὰ καὶ λόγων πολλῶν καὶ δεήσεως τὸ πεῖσαι καὶ μεταστῆσαι γνώμην ἀνδρὸς ἐν ἡσυχίᾳ καὶ εἰρήνῃ βεβιωκότος) y ponerle al frente de laquouna poblacioacuten que en cierta manera habiacutea nacido y habiacutea crecido gracias a la guerraraquo (πόλεως τρόπον τινὰ καὶ γεγενημένης πολέμῳ καὶ συνηυξημένης)

72 Num 78‑9 Sobre la actitud del legislador Numa con respecto a la escritura veacutease la nota 20

73 Num 8174 Num 8375 Num 84 Aunque en general Plutarco desaprueba las praacutecticas supersticiosas ‑su tratado

Sobre la supersticioacuten (Moralia 164E‑171E) no permite abrigar dudas al respecto‑ puede sin embargo mostrarse comprensivo cuando un dirigente hace uso de ellas con la intencioacuten de conseguir los objetivos (por supuesto adecuados) que persigue (veacutease p e Dio 241‑3) A propoacutesito precisamente de las obras Sobre la supersticioacuten y Vida de Numa Van Nuffelen (2011) presenta al queronense como un atento observador de las transformaciones que experimentan las tradiciones religiosas

76 Num 810‑11 y 151‑677 Num 813

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Mordf Teresa Fau Ramos

de sacrificios incruentos78 la institucioacuten de los sacerdotes Pontiacutefices79 la de los Feciales80 y la de los Salios81 la consagracioacuten de las Viacutergenes Vestales82 y la regla‑mentacioacuten relativa a usos fuacutenebres83

Pero las innovaciones no podiacutean centildeirse exclusivamente a un contexto reli‑gioso Preocupado por la existencia de una masa de ciudadanos indigentes Numa decide servirse de las tierras que habiacutean sido conquistadas por su antecesor y las reparte entre los desheredados Asiacute inclina al pueblo a la praacutectica de la agricultura con el fin de que estos hombres que cultivancivilizan una tierra que les ha sido otorgada resulten tambieacuten ellos cultivadoscivilizados84 y mediante normas adicionales se aplica a incentivar las labores del campo85

Quedaba todaviacutea por abordar un grave problema pues auacuten subsistiacutea la antigua divisioacuten entre sabinos y romanos Para subsanarla el legislador establece nuevos criterios para clasificar a la ciudadaniacutea y distribuye a los individuos en entidades que dariacuteamos en llamar laquogremialesraquo De este modo agrupados en virtud de los oficios que desempentildean los habitantes de la pujante poblacioacuten iraacuten olvidando los antiguos motivos de desunioacuten86

No acaban ahiacute las reformas de Numa Tambieacuten dicta leyes relacionadas con la institucioacuten familiar87 y el calendario88 Y con todo ello consigue hacer de Roma ndashe incluso de las ciudades del entornondash un remanso de paz la violencia desaparece fiestas y banquetes se celebran por doquier las gentes se relacionan entre si en un ambiente de mutua confianza no hay constancia alguna de laquoguer‑raraquo (πόλεμος) laquodiscordia civilraquo (στάσις) ni laquorevolucioacuten poliacuteticaraquo (νεωτερισμὸς περὶ πολιτείαν) y la figura de Numa goza del respeto general89 Cuando alcan‑zados ya los ochenta antildeos fallece el legislador90 su muerte ndashmuerte naturalndash es

78 Num 815 Plutarco atribuye esta medida al igual que otras a la influencia del espartano Pitaacutegoras (cf Num 14) La influencia de Pitaacutegoras en las costumbres romanas habriacutea sido tratada por Caacutestor de Rodas a quien el queronense hace referencia en sus Cuestiones romanas (Moralia 266E)

79 Num 9180 Num 124‑881 Num 131‑782 Num 910 y 101‑583 Num 121‑384 Num 164 Plutarco hace aquiacute un juego de palabras basaacutendose en el teacutermino

συνεξημεροῦμαι En cuanto al reparto de tierras consignado en este capiacutetulo es posteriormente negado en la comparatio entre Licurgo y Numa (Num 3410)

85 Num 166‑786 Num 171‑487 Num 17588 Num 181‑6 y 198‑9 89 Num 203‑7 Plutarco antildeade (208‑12) unas consideraciones sobre las bondades que se

derivan del mandato de un gobernante filoacutesofo En su argumentacioacuten nuestro autor cita (Num 2010) casi textualmente el pasaje 711e de Las Leyes de Platoacuten

90 Num 217

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Legislar teniacutea un precio

acompantildeada tanto en Roma como en otras ciudades de grandes manifestacio‑nes de duelo91

Asiacute termina la vida del anciano rey que supo renunciar a la apacible vida que tanto le agradaba para regir los destinos de la inquieta Roma poniendo de manifiesto una vez maacutes que para el queronense el ejercicio de la funcioacuten de νομοθέτης va ligado a la ineludible necesidad de pagar un precio por ello Pero no acaba ahiacute la informacioacuten plutarquea sobre Numa pues el bioacutegrafo nos hace saber que tras la muerte del monarca los romanos volvieron a hacer uso de las armas92 y en la comparatio que establece entre Licurgo y Numa Plutarco subraya el fracaso que supone para la constitucioacuten de Numa el regreso de Roma a sus antiguas praacutecticas guerreras93 En cuanto a la causa de tal infortunio el quero‑nense es tajante seguacuten eacutel Numa se equivocoacute gravemente cuando a diferencia de Licurgo no organizoacute un sistema educativo soacutelido disciplinario e igual para todos los ciudadanos94

Publiacutecola

Pasamos acto seguido a ocuparnos de un legislador que aun sin ser de es‑tirpe real tuvo algo que ver con la institucioacuten monaacuterquica pues contribuyoacute a der‑rocarla Se trata de Publio Valerio a quien los romanos dieron el sobrenombre de Publiacutecola95 Eacuteste que se distinguiacutea por su amor a la justicia y su generosidad para con los necesitados pareciacutea destinado al liderazgo si alguacuten diacutea llegaba a instalarse en Roma lo que Plutarco llama laquoun reacutegimen democraacuteticoraquo (δημοκρατία)96 pero al ser depuesto por el pueblo el rey Tarquinio el Soberbio vio frustradas sus aspiraciones a pesar de haber colaborado eacutel personalmente al derrocamiento97

Decepcionado Valerio se retira momentaacuteneamente de la escena poliacutetica98 pero tan pronto como Tarquinio intenta recuperar el poder reacciona y toma parte muy activa en la desactivacioacuten de una conjura que teniacutea por objetivo la rein‑troduccioacuten de la realeza99 En recompensa a sus servicios Valerio es nombrado

91 Num 22192 Num 221193 Num 361094 Num 367 Pensamos que eacutesta es una criacutetica severa que aleja a Numa del prototipo del

Gobernante Ideal Por su parte Boulet (2005) ve en el retrato plutarqueo del monarca romano un claro ndashy premeditadondash distanciamiento del queronense con respecto a la figura platoacutenica del Rey‑Filoacutesofo Si el alejamiento defendido por Boulet se ajusta a la realidad no creemos que deba producirnos extrantildeeza ya que por decirlo en palabras de Hershbell (2004) Plutarco fue un laquoPlatonisthellipunorthodoxraquo Cf Dillon (2014)

95 Publ 1196 Publ 1297 Publ 13‑5 Plutarco da a la actuacioacuten de Valerio un valor claramente superior al que le

otorgan Dionisio de Halicarnaso (467‑72) y Tito Livio (158‑591‑2)98 Publ 21 99 Publ 22‑76

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Mordf Teresa Fau Ramos

coacutensul100 mientras el rey destronado busca ndashy obtienendash el apoyo de los etruscos101 Se libra un feroz combate en el que el ejeacutercito romano consigue la victoria y Valerio tiene ocasioacuten de celebrar triunfo siendo ndashsostiene Plutarcondash el primer coacutensul que entra en la urbe montado en una cuadriga102

Pero el flamante vencedor seraacute pronto objeto de criacutetica pues el pueblo cree ver en su conducta atisbos de despotismo concentra en su persona toda la auto‑ridad habita en una mansioacuten maacutes imponente que la del antiguo rey y se presenta escoltado laquopor todas las fasces y hachas juntasraquo (ὑπὸ ῥάβδοις ὁμοῦ πάσαις καὶ πελέκεσι)103 Valerio reacciona con prontitud reuacutene a un buen nuacutemero de al‑bantildeiles y en una noche echa abajo la casa y la destruye hasta los cimientos104 No tardaraacute el pueblo en hacerle donacioacuten de un terreno donde podraacute edificar una nueva morada eso siacute maacutes austera que la anterior105

En cuanto a las insignias suprimioacute las hachas y decretoacute que las fasces se incli‑naraacuten ante el pueblo106 medida que fue muy del agrado de las gentes que dieron a Valerio el sobrenombre de Publiacutecola teacutermino que seguacuten Plutarco equivale a δημοκηδής laquosoliacutecito con el puebloraquo107 Por otra parte concedioacute laquoa quienes quisie‑ranraquo (τοῖς βουλομένοις) la posibilidad de presentar candidatura para compartir el consulado junto a eacutel Pero antes de que se procediera al nombramiento de su colega en el cargo se valioacute de la feliz circunstancia de ser el uacutenico coacutensul en ejercicio para instaurar medidas poliacuteticas de suma importancia108 Asiacute nombroacute nuevos senadores109 otorgoacute mayores derechos al pueblo110 dictoacute pena de muerte sin proceso previo para aquel que pretendiera erigirse en tirano111 y organizoacute la recaudacioacuten de impuestos112

100 Publ 77101 Publ 91102 Publ 92‑9 Sobre el triunfo de Valerio cf Plu Rom 167‑8 y D H 2342 103 Publ 101‑2 Plutarco pone eacutenfasis en la narracioacuten utilizando el estilo directo es el pueblo

quien pronuncia estas palabras de reproche Sobre la desaprobacioacuten de los romanos ante la conducta de Valerio cf las narraciones maacutes comedidas de Dionisio de Halicarnaso (5181) y Tito Livio (276)

104 Publ 105 En las Cuestiones Romanas (Moralia 285F) se hace alusioacuten al hecho de que la casa situada en lo maacutes alto es percibida por las gentes como una amenaza por su elevada situacioacuten Dionisio de Halicarnaso (5192) no menciona la destruccioacuten de la morada seguacuten eacutel Publiacutecola cambioacute de domicilio con el fin ndashdeclaroacute el propio interesadondash de que los romanos pudieran lanzarle piedras desde arriba si le sorprendiacutean cometiendo alguacuten acto injusto Valerio Maacuteximo en cambio siacute alude (411) a la destruccioacuten de la casa y lo hace ademaacutes en un tono grandilocuente

105 Publ 106106 Publ 107 107 Publ 108‑9 En D H 5195 hallamos la misma ndashmaacutes que discutiblendash etimologiacutea108 Publ 111109 Publ 112110 Publ 113‑4111 Publ 121‑2112 Publ 123‑4

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Legislar teniacutea un precio

Tras estas disposiciones designoacute como colega suyo en el cargo a Lucrecio que fallecioacute pocos diacuteas despueacutes del nombramiento siendo sucedido por Marco Horacio113 En cuanto a Publiacutecola sufrioacute a causa de los honores recibidos por su doble condicioacuten de legislador y liacuteder militar la envidia de laquomuchos poderososraquo (πολλοὶ τῶν δυνατῶν) los cuales frustraron su deseo de consagrar el templo de Juacutepiter Capitolino114 Pero ello no fue obstaacuteculo para que Valerio continuara su exitosa carrera pues llegoacute a ser nombrado coacutensul por cuarta vez115 Su muerte acaecida despueacutes de lograr para Roma una gran victoria contra los sabinos causoacute un hondo pesar en la poblacioacuten116

Pero el dolor con que Roma reacciona ante la desaparicioacuten del liacuteder no debe hacernos olvidar las suspicacias que antantildeo despertara en la plebe y la envidia que posteriormente suscitoacute entre los poderosos En un caso la situacioacuten se saldoacute con la destruccioacuten por parte de Valerio de la suntuosa mansioacuten que poseiacutea y en un elocuente gesto de reconocimiento de la voluntad popular en el otro llevoacute las de perder pues no consiguioacute realizar el prestigioso ritual que ambicionaba La disensioacuten con el pueblo fue anterior al ejercicio de la actividad legisladora de hecho es gracias a la reconciliacioacuten con las masas que Publiacutecola tuvo la oportu‑nidad de ejercer como νομοθέτης En cambio el incidente con la eacutelite romana se produjo con posterioridad ndashy a consecuencia dendash su tarea como legislador (Plutarco lo indica con claridad) En este sentido podemos considerar que Publiacutecola pagoacute un doble tributo ndashla peacuterdida de su morada y la imposibilidad de llevar a cabo un ritual de alta relevanciandash por su νομοθεσία

Licurgo Soloacuten Numa y Publiacutecola establecen unas leyes por las que debe regirse la sociedad de la que forman parte y por ello reciben de Plutarco la de‑nominacioacuten de νομοθέτης117 Hay sin embargo entre los personajes biografiados

113 Publ 125‑6114 Publ 141‑7 Sobre φθόνος la envidia caracteriacutestica humana que de ninguacuten modo pasa

inadvertida a Plutarco Verdegem (2005) en una aportacioacuten en torno a les Vidas de estadistas atenienses del siglo v a C establece una clara diferencia entre laquopeer‑envyraquo que salvando la distancia cronoloacutegica seriacutea a nuestro entender el sentimiento que Publiacutecola despertoacute entre los poderosos y laquopopular envyraquo que experimenta la turba con respecto a los liacutederes contra quienes haciacutea aplicar en la Atenas claacutesica la medida llamada ostracismo Sobre el valor que el queronense otorga al ostracismo cf Jufresa Muntildeoz amp Fau Ramos (2011) Por otra parte Frazier (1996) atribuye al φθόνος de los personajes plutarqueos un laquocaractegravere quasi automatiqueraquo (p 109)

115 Publ 211116 Publ 231‑5 y 246 Plutarco (Publ 234) pone de relieve que el pueblo decidioacute que el

cuerpo de Publiacutecola fuera enterrado a expensas puacuteblicas dato que hallamos tambieacuten en Dionisio de Halicarnaso (5482‑3) y Valerio Maacuteximo (441) con la diferencia de que estos dos autores indican que ello se debioacute a la situacioacuten de pobreza extrema en que murioacute el estadista

117 Lyc 11 99 141 Sol 143 165 186 Num 93 1412 2310 2513 Publ 121 143 A un lector atento no le habraacute pasado inadvertido el hecho de que no hayamos mencionado ni a Agis ni a Cleoacutemenes personajes que intentaron en vano restaurar la laquobella y justa constitucioacutenraquo (πολιτείαν καλὴν καὶ δικαίαν) de Licurgo (Agis et Cleom 210) Ciertamente ambos pusieron todo su ahiacutenco en la empresa y ambos sufrieron por ello serias penalidades Agis perdioacute la vida

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Mordf Teresa Fau Ramos

por el queronense sujetos a quienes eacuteste no aplica el calificativo de νομοθέτης sino el de οἰκιστήςκτίστης (laquofundadorraquo) o bien les atribuye la accioacuten de οἰκιζεῖνκτιζεῖν (laquofundarraquo) una poblacioacuten Estos individuos fundan (o refundan) una comunidad cosa que les obliga a fijar unas normas Ejercen pues en cierto modo como legisladores y se arriesgan por tanto a contrariar voluntades ajenas Tambieacuten estos personajes de quienes nos ocuparemos ahora sucintamente estaacuten expuestos a pagar un precio por llevar a cabo su cometido

Teseo

Del οἰκιστής Teseo118 nos interesa especialmente su tarea como autor del llamado sinecismo Plutarco nos brinda al respecto una detallada descripcioacuten Seguacuten eacutel tras la muerte del rey Egeo su hijo Teseo se propone laquouna empresa grande y admirableraquo (μέγα καὶ θαυμαστὸν ἔργον) consistente en reunir a todos los habitantes del Aacutetica en una sola ciudad formando con ellos un uacutenico Estado dotado de instituciones comunes119 Pero antes de dar comienzo a su labor re‑corre la regioacuten para informar del proyecto a todos los pobladores Los ciudadanos no relevantes acogen al punto su llamamiento Los ricos en cambio se muestran reticentes y para convencerlos Teseo les ofrece un sistema de gobierno carente de rey y les promete que tan soacutelo reservaraacute para si mismo las funciones de dirigente militar y de laquocustodio de las leyesraquo (νόμων φύλαξ)120

Tras las explicaciones Teseo pone manos a la obra suprime los organismos anteriores y sienta las bases para el establecimiento de una polis a la cual da el

(Agis et Cleom 201) su madre su abuela y su hermano fueron asesinados (Agis et Cleom 202‑7 y 263) y su esposa obligada a contraer matrimonio con el hijo de un enemigo (Agis et Cleom 221‑3) Cleoacutemenes por su parte se vioacute forzado a entregar como rehenes del rey de Egipto a parte de su familia (Agis et Cleom 434‑8) perdioacute a su hermano en combate (Agis et Cleom 496‑7) tuvo que huir de Esparta (Agis et Cleom 503‑4) y fue arrestado en Egipto (Agis et Cleom 567) donde acaboacute suicidaacutendose tras haber intentado provocar un alzamiento contra el rey (Agis et Cleom 576‑5816) y una vez muerto continuaraacuten por asiacute decir las penalidades de Cleoacutemenes ya que el monarca egipcio ordena que su cadaacutever sea ultrajado y que sus hijos su madre y las mujeres del entorno de eacutesta reciban la muerte (Agis et Cleom 594) No obstante he decidido omitir la referencia a estos personajes porque sus esfuerzos por reinstaurar la constitucioacuten de Licurgo no se vieron coronados por el eacutexito y sobre todo porque a diferencia de lo que ocurre con Licurgo Soloacuten Numa y Publiacutecola a Agis y a Cleoacutemenes no les es otorgada por parte de Plutarco la denominacioacuten de νομοθέτης Por lo que a Agis se refiere Roskam (2005) considera que constituye para el queronense el modelo ideal del joven que se dedica a la poliacutetica

118 Thes 15 No entraremos aquiacute a discutir hasta queacute punto podriacutea sentirse Plutarco motivado a biografiar al fundador miacutetico de Atenas ni nos pronunciaremos sobre el no disimulado escepticismo sobre el particular que se le atribuye cf Sirinelli (2000) 301 Por cierto que la obra que acabamos de consignar corresponde a una de las maacutes acreditadas biografiacuteas plutarqueas comparable a las de Jones (1971) Russell (1973) y Lamberton (2001)

119 Thes 241 En la versioacuten plutarquea el sinecismo va maacutes allaacute de la unificacioacuten exclusivamente poliacutetica que describe Tuciacutedides (215)

120 Thes 242

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Legislar teniacutea un precio

nombre de Atenas funda la festividad de las Panateneas para que sea celebrada por el conjunto de la comunidad instaura tambieacuten la fiesta de las Metecias y abdica ndashtal como habiacutea prometido‑ de la corona121

A continuacioacuten se dispone a organizar el nuevo Estado laquoempezando a partir de los diosesraquo (ἀπὸ θεῶν ἀρχόμενος)122 toma medidas para favorecer el crecimiento vegetativo de la polis establece clases entre la ciudadaniacutea asig‑nando un status especiacutefico a cada colectivo acuntildea moneda y fija los liacutemites de Atenas123

Pero al eficiente Teseo tambieacuten le llega la hora de pagar un precio por la tarea realizada124 Un tal Menesteo descendiente de Erecteo emprende una insi‑diosa campantildea contra el fundador soliviantando a laquolos poderososraquo (οἱ δυνατοί) que consideraban que Teseo les habiacutea sustraiacutedo prerrogativas y perturbando asimismo a laquola multitudraquo (οἱ πολλοί) so pretexto de haber perdido seducidos por un espejismo de libertad la patria los templos y los gobernantes que les eran propios yendo a caer bajo la autoridad de un extranjero125 La suerte sonriacutee al alborotador pues los Tindaacuteridas invaden el Aacutetica tal vez ndashapunta Plutarcondash a peticioacuten del propio Menesteo quien se encarga ademaacutes de facilitarles la entrada a la ciudad de Atenas126 De resultas de ello ndashel queronense tiene sus dudas al respectondash Etra la madre de Teseo habriacutea sido hecha prisionera127

El fundador intenta volver a ejercer su autoridadhellip en vano Al fin profun‑damente decepcionado abandona Atenas para siempre no sin antes maldecir a sus habitantes128 Teseo pereceraacute lejos de la patria y su muerte no provocaraacute reaccioacuten alguna en la ciudad129 Mucho tiempo habraacute de transcurrir para que la polis reconozca sus meacuteritos y le rinda los debidos honores que comportaraacuten la

121 Thes 243‑4122 Thes 244 Plutarco no concreta en queacute consiste esta actuacioacuten del fundador123 Thes 251‑4 Por si esta considerable labor fundacional no fuera suficiente somos

informados por Plutarco (Thes 265‑7) de que Teseo es tambieacuten οἰκιστής de la ciudad de Pitoacutepolis de la cual parte despueacutes de haber designado a quienes ejerceraacuten de gobernantes y legisladores

124 Un precio ndashrecordemosndash que ya habiacutea empezado a pagar cuando para persuadir a sus conciudadanos ricos se habiacutea comprometido a renunciar a la corona

125 Thes 321 En este pasaje Plutarco se hace eco de la atribucioacuten a Menesteo del hecho de haber sido laquoel primer hombreraquo (πρῶτος hellip ἀνθρώπων) en laquoejercer de demagogoraquo (δημαγωγεῖν)

126 Thes 322ndash332127 Thes 341128 Thes 353‑5 Esta miacutetica maldicioacuten sirve a Plutarco como αἴτιον para explicar la

etimologiacutea del laquoAraterioraquo o laquolugar de las maldicionesraquo 129 Thes 356‑7 En la descripcioacuten del fracaso que experimenta Teseo al intentar recuperar

el poder Plutarco se sirve de una terminologiacutea poliacutetica (usa en voz pasiva los verbos καταδημαγωγέω y καταστασιάζω) que utiliza tambieacuten en Per 92 y 5 Por otra parte nos parece significativo que la biografiacutea de Teseo no concluya con la alusioacuten a su fallecimiento sino que incorpore (Thes 358ndash365) la mencioacuten de los honores recibidos mucho tiempo despueacutes de su muerte por el fundador de hecho para el queronense el final de una vida no ha de coincidir necesariamente con el final de la biografiacutea cf al respecto Pelling (1997)

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necesidad de laquorecuperarraquo los restos del οἰκιστής y de trasladarlos solemnemente a Atenas130 permitiendo con ello a Cimoacuten el gran adversario de Temiacutestocles apropiarse de la figura del ilustre fundador131

Roacutemulo

La indiferencia que acompantildea al amargo fin de Teseo contrasta con el re‑vuelo que se originoacute en Roma tras la desaparicioacuten de aqueacutel a quien Plutarco considera laquopadreraquo (πατήρ)132 de la urbe que laquofundoacuteraquo (ἔκτισε)133

No es poco ciertamente lo que Roma debe a su οἰκιστής pues ademaacutes de ser el fundador material de la ciudad134 tomoacute unas medidas que seriacutean determi‑nantes para el futuro de la poblacioacuten Asiacute establecioacute los criterios con arreglo a los cuales debiacutean ser clasificados los ya numerosos habitantes de la urbe135 fue corresponsable del pacto crucial sellado entre sabinos y romanos136 introdujo cambios en el armamento137 e instituyoacute nuevos rituales138 El queronense le atri‑buye tambieacuten la promulgacioacuten de algunas leyes ndashἔθηκεhellip νόμους τινάς139 dice textualmentendash como las que hacen referencia al repudio de la esposa140

Pero llegado el liacuteder romano al zeacutenit de la gloria experimentoacute una profunda transformacioacuten en su manera de ser y adoptoacute maneras impropias vistioacute lujosos

130 Thes 358ndash365 Sobre las acciones cultuales relacionadas con el οἰκιστής ateniense cf Plaacutecido (1994) Por otra parte creemos que en la valoracioacuten plutarquea del descalabro sufrido por Teseo tiene un peso considerable la conducta poco edificante del ateniense en relacioacuten con Helena a quien eacuteste que a la sazoacuten contaba cincuenta antildeos habiacutea raptado cuando la muchacha todaviacutea no era nuacutebil (cf Thes 292 y 311‑3) En este contexto consideramos que aunque no se centra en la figura de Teseo es esclarecedora la obra de Beneker (2012) quien asimismo nos brinda datos relevantes en un trabajo posterior cf Beneker (2014) Sobre los valores morales en la obra del queronense cf Duff (1999) y Van Hoof (2010)

131 Thes 362‑3 y Cim 85‑7 En el marco de la poliacutetica ateniense de la primera mitad del siglo V a C no es en modo alguno insoacutelita la utilizacioacuten en beneficio propio de un dios o de un heacuteroe Asiacute mientras Cimoacuten opta por valerse del miacutetico Teseo Temiacutestocles se sirve de la figura de Aacutertemis cf Fau Ramos (2007) Veacutease al respecto Podlecki (1971) y Piccirilli (1987)

132 Thes 15133 Thes 22134 Rom 111‑4135 Rom 131‑8 Cf Id 201‑3 En Rom 137‑8 el queronense nos ofrece una descripcioacuten

tan idealizada como paternalista de los viacutenculos establecidos entre patroni y clientes descripcioacuten que ha sido relacionada con la que nos brinda Dionisio de Halicarnaso (210)

136 Rom 199‑10137 Rom 211138 Rom 211 y 221139 Con esta expresioacuten parece evidente que si bien Plutarco no aplica a Roacutemulo el calificativo

de νομοθέτης siacute que de facto lo tiene por tal140 Rom 223 La informacioacuten plutarquea sobre las leyes de Roacutemulo es ciertamente escueta

Para una visioacuten mucho maacutes amplia que incluye los derechos hereditarios de las mujeres la aplicacioacuten de la pena de muerte a la esposa en caso de adulterio o embriaguez las obligaciones filiales para con los progenitores y la potestad paterna sobre los hijos cf D H 225‑26

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semejante oraacuteculo lo que haciacutea el dios en realidad era exhortar a los griegos a que abandonasen las guerras frecuentasen las musas apaciguasen sus pasiones con ayuda de la razoacuten y guardasen entre siacute relaciones paciacuteficas y fecundas39

Los dos sucesos trasladan un mensaje confuso Pues hablan de los griegos no de filoacutesofos de guerras y cuestiones de justicia no de rebeliones liberadoras engloba ademaacutes la filosofiacutea en un conjunto de actividades que parece cifrar la παιδεία griega en general Pero ambos de alguna manera ofrecen una primera justificacioacuten del rechazo de Epaminondas Con ellos se pone en praacutectica la lla‑mada laquoredefinicioacutenraquo teacutecnica literaria practicada por diversos autores antiguos y frecuente en las Vidas paralelas Consiste en formular enunciados vagos y gene‑rales que a lo largo de la obra y en pasajes posteriores se concretan y alcanzan un grado mayor de individualizacioacuten40 Los dos incidentes mencionados no son ademaacutes la uacutenica prefiguracioacuten encaminada a justificar de manera previa y alusiva la inhibicioacuten de Epaminondas La misma funcioacuten cumple el diaacutelogo sobre la pobreza Epaminondas mudo en la discusioacuten demonoloacutegica central toma aquiacute la palabra para entrar en controversia con Teanor

Teanor personaje ficticio es un filoacutesofo pitagoacuterico natural de Crotona En fechas anteriores otro pitagoacuterico Lisis se habiacutea refugiado en Tebas Acogido en la casa de Polimnis padre de Cafisias y Epaminondas habiacutea llevado en esa casa pobre una vejez dichosa Teanor llega comisionado por las ricas comunidades pitagoacutericas de Italia Eacutestas quieren recompensar a Polimnis y sus hijos con una suma que aliviaraacute su pobreza Pero Epaminondas se niega a aceptar tal recom‑pensa negativa que da lugar a la controversia que mantiene con Teanor

El discurso sobre la pobreza es la uacutenica ocasioacuten en que Epaminondas rompe sustancialmente su silencio pues es el uacutenico pasaje en el que el ldquocentro ausenterdquo de la obra Epaminondas expone sus ideas de manera razonada y recurriendo a categoriacuteas filosoacuteficas Pronunciado en diaacutelogo con Teanor puede dividirse en dos secciones la primera (583D‑E) de extensioacuten breve comenta la inutilidad de las riquezas aportadas por Teanor que Polimnis y sus hijos habriacutean de emplear en cosas superfluas La segunda (584C‑585D) maacutes amplia y densa comienza con la defensa de la pobreza como ejercicio frente a aquellas pasiones (ἐπιθυμίαι) que proceden del exterior (ἐπήλυδες) y tienen como fuente las falsas opiniones (κενῶν δοξῶν) el deseo de riquezas (φιλοπλουτία) es una de esas pulsiones accesorias y superfluas como lo es tambieacuten el deseo de gloria (φιλοδοξίαν) Pos‑teriormente Epaminondas ahonda en su planteamiento como adiestramiento para el autodominio (ἐγκρατείας) la contencioacuten frente a los placeres beneficia al alma y de la misma manera beneficia a la praacutectica de la justicia el ejercicio contra

39 Gen Socr 579B‑D40 Cf Pelling (1988) 12‑13 (1990) 230

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el deseo de riquezas41 El discurso finaliza con la alabanza del hombre que sabe rehusar favores y daacutedivas de amigos y reyes incluyendo los dones de la fortuna (τύχης) tal hombre no ve alterado su juicio (οὐδὲ θορυβεῖ τὴν διάνοιαν) y es capaz de perseverar ufano y sereno en la praacutectica de la excelencia

Es de notar que los argumentos de Epaminondas no aparecen en otra obra de Plutarco dedicada especiacuteficamente a combatir la avaricia el de cupiditate di‑vitiarum (523C‑528B) Es este uno de los tratados clasificados por Ziegler bajo el roacutetulo de ldquofilosoacuteficos‑popularesrdquo y estudiados recientemente por L Van Hoof Frente a lo que sugiere su roacutetulo observa Van Hoof tales tratados tienen como destinatario a la eacutelite econoacutemica poliacutetica y social del mundo grecorromano Son por otra parte tratados de orientacioacuten fundamentalmente praacutectica Con ellos Plutarco no persigue ldquoconvertir a la filosofiacuteardquo ni lograr que sus lectores olviden sus ambiciones poliacuteticas y sociales Maacutes bien intenta ofrecerles una guiacutea que le ayude afrontar los problemas derivados de su posicioacuten dirigente La meta no es por tanto cambiar las expectativas de liderazgo o rebajar las pretensiones de poder e influencia propios y sustanciales de una clase como aquella que conforma la audiencia de los mal llamados ldquotratados filosoacutefico‑popularesrdquo Por el contrario lo que hace Plutarco es poner la filosofiacutea al servicio de sus aspiraciones42

El de cupiditate divitiarum emplea un tono admonitorio sus ideas son sen‑cillas y basadas en la experiencia o si se quiere en motivaciones prefilosoacuteficas y sus consejos no constituyen un obstaacuteculo sino una ayuda para la realizacioacuten de las ambiciones sociales que pueda albergar el lector Despliega en suma el conjunto de teacutecnicas y estrategias usuales en los tratados de ldquoeacutetica praacutectica al servicio de la eacutelite43rdquo No ocurre lo mismo con el discurso sobre la pobreza de Epaminondas Purgar el alma de las opiniones procedentes del exterior desterrar el ansia de riquezas y el deseo de gloria rehusar los favores de amigos y reyes y los dones de la fortuna son preceptos adecuados para un tipo de hombre que como Epaminondas huye de los conflictos inherentes a la lucha poliacutetica Pero es difiacutecil que con estos atributos Plutarco quiera hacer de Epaminondas un modelo para la oligarquiacutea a quien dirige sus tratados de eacutetica praacutectica Resulta significativa la posicioacuten que ocupa el discurso sobre la pobreza en el texto del de genio Una vez que concluye Epaminondas y despueacutes de que todos expresan su admiracioacuten hacia eacutel se expone una de las maacutes movidas peripecias en la que se vieron envueltos los miembros de la conjura Tras grandes sobresaltos y fuertes discusiones entre diversos implicados en la trama el asunto vino a resolverse por siacute solo e inespe‑radamente

41 El texto griego no es en este pasaje enteramente claro Quizaacutes es consecuencia de ello que frente a la lectura de los manuscritos (δικαιοσύνῃ) Russell (2010) proponga leer δικαιοσύνης

42 Van Hoof (2010) 28‑3743 Van Hoof (2010) 55‑56

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ldquoUn singular trastorno habiacutea hecho presa en nuestro aacutenimo Llenos poco antes de desazoacuten al ver nuestra empresa frustrada la presioacuten de las circunstancias y la urgencia que no consentiacutean tregua nos sumiacutea de nuevo en ansiedad y temor44rdquo

Con estas palabras describe Plutarco el estado de aacutenimo de los conjurados a raiacutez del episodio expuesto tras la discusioacuten sobre la pobreza Un estado de aacutenimo que no puede permitirse Epaminondas atento a la contencioacuten de las pasiones y la serenidad de su mente pero que es el propio de quienes participan en el complot revolucionario

El de genio se mueve seguacuten han observado diversos estudios modernos en dos planos el humano y el de los deacutemones el de la contemplacioacuten filosoacutefica y la praacutectica poliacutetica el mortal y el sobrenatural el de los que conocen y el de los que ignoran45 Y en correspondencia sus personajes se ubican en dos niveles Los unos estaacuten instalados en el mundo de la accioacuten y la peripecia son Cafisias el narrador y con eacutel todos los conjurados Otros se ubican en un plano superior el de la filosofiacutea y el contacto con las realidades transcendentes Epaminondas es la muestra maacutes clara pero el ejemplo uacuteltimo es Soacutecrates La incertidumbre el azar y el conflicto parecen preponderantes en el mundo de la accioacuten Asiacute lo indica el ruego que Arquedamo dirige a Cafisias al inicio de la obra la lucha de la virtud y la razoacuten contra las contingencias atrae por lo accidentado de su desarrollo la precariedad impliacutecita en la actuacioacuten humana y la peripecia que ello desencadena es precisamente lo que hace del acontecer histoacuterico un espectaacuteculo digno de intereacutes para el amante del honor y la belleza46 Ahora bien la manera de ver las cosas de Arquedamo se queda en la superficie de los hechos Ciertamente el relato concerniente a la liberacioacuten de la Cadmea se urde a partir de iniciativas y motivaciones humanas sin que el autor del relato Cafisias reclame expresamente la intervencioacuten divina Pero en el de genio la atmoacutesfera estaacute impregnada de un aura sobrenatural A ello contribuyen tanto las alusiones indirectas47 como la acumu‑lacioacuten de episodios y contenidos relacionados con la divinidad y el maacutes allaacute En muchas de sus obras consigna Plutarco su creencia de que el curso de la historia obedece al disentildeo de una fuerza transcendente48 El relato de la liberacioacuten de la Cadmea confirma dicha idea Pues el lector no puede eludir el pensamiento insi‑nuado por diversos procedimientos aunque no explicitado de que la ayuda divina respalda la actuacioacuten de los conjurados49 Ocurre sin embargo que ni Cafisias ni los demaacutes partiacutecipes de la conjura pueden acceder a esa visioacuten de las fuerzas

44 Gen Socr 588A45 Desideri (1984) 581 Hershbell (1988) 374‑378 Babut (1988) 384‑389 Brenk (1996)

41‑44 Georgiadou (1996) 114 Hardie (1996) 13346 Gen Socr 575B‑D47 Babut (1988) 385‑38648 Tratamiento del tema en Barigazzi (1984) y Swain (1989)49 Babut (1988) 386‑389

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sobrenaturales rectoras de los sucesos Y no acceden precisamente por estar in‑mersos en el mundo de la actuacioacuten y la peripecia Las pulsiones procedentes del exterior embargan su aacutenimo de manera que en expresioacuten de Brenk laquothey see only the apparent succession of chance occurrencesraquo50 Arquedamo tampoco tiene acceso al plano donde operan las fuerzas sobrenaturales Y evidentemente la misma ceguera afecta a esos laquoamantes del honor y la bellezaraquo ante los cuales invita a hablar a Cafisias Un puacuteblico ilustre cuya presentacioacuten hace Arquedamo subrayando su pertenencia a familias poliacuteticamente insignes51 Puacuteblico por tanto equiparable a esa eacutelite social a quien Plutarco dirige sus tratados de eacutetica praacutectica Los dos puacuteblicos el de Cafisias y el del Plutarco podriacutean identificarse con los heacuteroes que liberan la Cadmea Pero difiacutecilmente se identificariacutean con Epaminon‑das que en dos ocasiones rechaza tomar parte en la empresa52

En ambas el rechazo se justifica mediante un argumento ndashla negativa a derramar sangre de sus conciudadanos‑ que situacutea a Epaminondas a un nivel de exigencia eacutetica superior al de los conjurados53 Ahora bien la diferencia entre Epaminondas y los liberadores no radica en la eacutetica Pues al fin y al cabo ningu‑na ofensa eacutetica cabe reprochar a los protagonistas de la heroica liberacioacuten de la Cadmea Radica en el nivel Asiacute lo sugiere la discusioacuten sobre la pobreza Y asiacute lo vuelve a sentildealar el gran debate sobre el daimon de Soacutecrates que da tiacutetulo a al obra

Se debate sobre lo que Soacutecrates mismo llamaba su daimon el principio que lo guioacute a lo largo de su vida e iluminaba sus decisiones en materias inciertas e impenetrables para la inteligencia humana54 El daimon socraacutetico sugiere que Soacutecrates conociacutea de alguna manera los acontecimientos futuros algo que dos personajes del de genio acreditan55 En este sentido el debate versa sobre la adivi‑nacioacuten Las intervenciones de los diferentes personajes configuran tomadas en conjunto un extenso discurso filosoacutefico y religioso Plutarco no se alinea expresa‑mente con ninguna de las opiniones emitidas el tratamiento del tema presenta pues ese final abierto que es tan comuacuten en este autor Las cuestiones que se tocan son variadas pero todas parten de una cuestioacuten baacutesica La adivinacioacuten supone un conocimiento inalcanzable al menos en apariencia a la razoacuten humana Y el debate versa sobre coacutemo es posible acceder a ese nivel superior de inteligencia Miradas desde este punto de vista las opiniones formuladas por los distintos personajes pueden dividirse en dos grandes bloques De un lado Galaxidoro que

50 Brenk (1996) 4251 Gen Socr 575E‑F52 Gen Socr 576D‑E 594B‑C53 En la segunda ocasioacuten se antildeade un motivo maacutes conveniacutea que consumada la liberacioacuten

quedasen hombres a quienes nada pudiese reprocharse por no haber participado en la accioacuten Epaminondas se reserva este papel

54 Gen Socr 580C‑D55 Teoacutecrito (580D‑F) y Polimnis (581D‑E)

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inicia el debate propone una explicacioacuten maacutes proacutexima a los paraacutemetros raciona‑les56 en ella se ha querido ver una muestra de la llamada laquoadivinacioacuten teacutecnicaraquo (τεχνικὸς μαντική artificiosa divinatio)57 Del otro Simias Timarco y Teanor interpretan las premoniciones de Soacutecrates como un caso de comunicacioacuten direc‑ta entre el hombre y la divinidad defienden por tanto la llamada laquoadivinacioacuten naturalraquo (ἄτεχνος μαντική naturalis divinatio)58 Ya se ha dicho que Plutarco no se declara expresamente partidario de ninguna opcioacuten Pero su texto privilegia de manera indirecta los discursos de Simias Timarco y Teanor Asiacute lo sugiere un paacuterrafo del de genio que subraya el papel de Galaxidoro como mero introductor del problema59 Y asiacute lo recogen distintos estudios modernos Galaxidoro seriacutea el oponente racionalista casi siempre estoico habitual en los diaacutelogos religiosos de Plutarco su explicacioacuten se ve devaluada tanto por sus contradicciones internas como por la presencia de procedimientos textuales que rebajan su veracidad y en suma Galaxidoro y el resto de las intervenciones insertas en la seccioacuten dominada por eacutel tendriacutean como funcioacuten principal la de plantear el tema a debatir60

Las propuestas de Simias Timarco y Teanor son evidentemente distintas Actuacutea aquiacute quizaacutes el deseo de presentar el problema bajo luces diversas61 o quizaacutes el complejo planteamiento dramaacutetico que forma parte de las estrategias persuasivas de Plutarco62 Las tres sin embargo coinciden en una idea central la singularidad de aquellos hombres que como Soacutecrates pueden contactar con una realidad por encima del mundo material Para Simias el alma de la mayoriacutea de los hombres se halla embargada por el tumulto de las pasiones y la voraacutegine de las servidumbres vitales de manera que su entendimiento no puede captar las indica‑ciones de los seres superiores en el caso de Soacutecrates por el contrario su intelecto limpio y exento de pasiones (ὁ νοῦς καθαρὸς ὢν καὶ ἀπαθής) percibiacutea faacutecilmente las sentildeales enviadas por los seres divinos63 Seguacuten el mito de Timarco (expuesto por Simias) en el alma (ψυχή) conviven dos partes una inmersa en el cuerpo recibe el nombre mismo de ldquoalmardquo (ψυχή) la otra inaccesible a la corrupcioacuten se llama laquointelectoraquo (νοῦν) estaacute en el exterior del hombre y los entendidos le dan

56 Gen Socr 579F‑582C57 Corlu (1970) 49‑50 Doumlring (1984) 376 Schroumlder (2010) 161 58 Para la distincioacuten entre ambos tipos de maacutentica veacutease Cic div 111ndash12 134 172

1109ndash131 (con el comentario de Wardle (2006))59 Gen Socr 588A ζητήσεως οὐκ ἀγεννοῦς ἀλλ ἧς ὀλίγον ἔμπροσθεν οἱ περὶ Γαλαξίδωρον

καὶ Φειδόλαον ἥψαντο διαποροῦντες τίνος οὐσίας καὶ δυνάμεως εἴη τὸ Σωκράτους λεγόμενον δαιμόνιον

60 Corlu (1970) 19‑20 y 51‑52 Hani (1980) 53 Doumlring (1984) 376‑377 Schroumlder (2010) 161‑162 Donini (2011) 415‑416

61 Sobre el reparto de papeles filosoacuteficos que aquiacute parece efectuar Plutarco veacutease Donini (2011) 412‑419 (2011 [2004]) 442‑443

62 Veacutease Van Hoof (2010) 67‑68 a propoacutesito de determinados laquotratados de eacutetica praacutecticaraquo63 Gen Socr 588D‑E

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el nombre de daimon64 La parte irracional e inmersa en el cuerpo se halla sujeta a la racional e incorruptible Si la sujecioacuten es deacutebil el alma se dejaraacute doblegar por las pasiones soacutelo cuando se fortalece gracias a la educacioacuten aparece el alma capaz de percibir con prontitud las indicaciones de su daimon Algunos hombres sin embargo estaacuten especialmente dotados de suerte que en ellos predomina de forma innata la obediencia a la razoacuten y a su daimon A ellos estaacute reservada la capacidad de percibir la llamada divina65 Teanor afirma que las almas libres de lazos con el cuerpo se convierten en daacuteimones Tales daacuteimones guiacutean los asuntos del hombre Pero no todos los hombres reciben su atencioacuten pues se desentienden de cuantos estaacuten inmersos en los avatares del acontecer soacutelo aquellos que tras mil esfuerzos ascienden a una esfera elevada son recompensados con la ayuda del daimon66

Las tres intervenciones explican las dotes excepcionales de Soacutecrates mediante la existencia de hombres excepcionales Y en las tres esa excepcionalidad requiere una especial disposicioacuten del alma La liberacioacuten de las pasiones y el alejamiento del traacutefago iacutensito en el mundo humano se presentan como condicioacuten necesaria para que haya un Soacutecrates Paradigma del filoacutesofo Soacutecrates es tambieacuten el modelo de Epaminondas El discurso sobre la pobreza al mostrar coacutemo Epaminondas limpia su alma de pasiones e impulsos procedentes del mundo exterior acredita su condicioacuten de filoacutesofo Asiacute se reconoce cuando termina dicho discurso por boca de Simias67

laquoGran hombre grande es Epaminondas y responsable de ello es el aquiacute pre‑sente Polimnis que ha criado a sus hijos desde temprano en la mejor filosofiacutearaquo

Epaminondas tambieacuten es consecuente con su condicioacuten de filoacutesofo cuando rehuacutesa someter su alma al torbellino del acontecer humano y las pasiones aso‑ciadas esto es cuando se niega a participar en la conjura El filoacutesofo parece ser la conclusioacuten no debe participar al menos de manera directa en el torbellino de la vida poliacutetica

El Epaminondas del de genio es una creacioacuten histoacutericamente discutible68 Ciertamente su no participacioacuten en la liberacioacuten de la Cadmea y su formacioacuten filosoacutefica estaacuten suficientemente documentadas Pero Epaminondas es conocido ante todo por su dimensioacuten poliacutetica que aquiacute relega Plutarco para subrayar su

64 Gen Socr 591E65 Gen Socr 592A‑E66 Gen Socr 593D‑594A67 Gen Socr 585D68 Ya Von Stern (1884) 55‑57 sentildealoacute las debilidades del relato que ofrece Plutarco en el

de genio Los estudios posteriores (veacutease por ejemplo Corlu [1970] 19‑20 Barigazzi [1988] 414‑424Georgiadou [1996]) han insistido en el Epaminondas del de genio presenta una factura obediente sobre todo a razones compositivas y de disentildeo

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Un mentor limpio de pasiones El filoacutesofo y la actuacioacuten poliacutetica seguacuten el De genio Socratis

calidad de filoacutesofo Asiacute construida la figura de Epaminondas traslada un mensaje ndashla no implicacioacuten directa del filoacutesofo en las luchas poliacuteticas‑ que puede tener calado teoacuterico pero tambieacuten sirve a Plutarco para trasladar su posicionamiento ante cuestiones concernientes a su propia persona y al horizonte cultural de su eacutepoca Comparado a otros contemporaacuteneos que por condicioacuten social e incluso actividad literaria estaban a su mismo nivel Plutarco no protagonizoacute una carrera poliacutetica particularmente brillante69 Asumioacute en cambio el papel de consejero y guiacutea de la eacutelite La autoridad necesaria para ello se la confiere la filosofiacutea Pues Plutarco se presenta a siacute mismo como filoacutesofo La exaltacioacuten de Epaminondas es una exaltacioacuten de su propia identidad como filoacutesofo y mentor Epaminondas se mueve a una altura la de la filosofiacutea superior a la de sus afines y compantildeeros los conjurados Esta altura le prohiacutebe descender al plano de la accioacuten directa descenso que contaminariacutea su alma con pulsiones sobrevenidas pero tambieacuten le permite acceder a una realidad inalcanzable para sus compantildeeros Epaminondas eleva asiacute la posicioacuten del filoacutesofo y justifica incluso hace ineludible su alejamiento de la lucha poliacutetica Gracias a ello lo que podriacutea ser una debilidad del propio Plutarco la falta de una carrera puacuteblica brillante se transforma en una eleccioacuten deliberada y necesaria

Tal mensaje adquiere maacutes fuerza si se lo contempla sobre el transfondo cultural de la eacutepoca El auge de las composiciones de exitu illustrium virorum corre en paralelo a la admiracioacuten hacia el filoacutesofo que se enfrenta al poder y sufre castigo por ello Ya se ha dicho que el fenoacutemeno acreditado en diversas fuentes contemporaacuteneas a Plutarco fue propiciado particularmente por el final del rei‑nado de Diocleciano y que el modelo uacuteltimo del filoacutesofo‑maacutertir es Soacutecrates En este contexto adquiere un significado especial la exaltacioacuten del ldquoSoacutecrates tebanordquo Epaminondas Epaminondas se aleja del conflicto puacuteblico para cuidar su alma se distingue por su silencio y pese a ello constituye el ldquocentro ausenterdquo del de genio una composicioacuten articulada en torno a un conflicto civil la liberacioacuten de la Cadmea No resulta inverosiacutemil ver en todos estos datos una respuesta de Plu‑tarco ante el fenoacutemeno del ldquofiloacutesofo‑maacutertir poliacuteticordquo y la admiracioacuten aglutinada en torno a esa figura Respuesta que reivindica rotundamente el papel asumido por el propio Plutarco de filoacutesofo mentor del poliacutetico pero fuera eacutel mismo del traacutefago de la poliacutetica

69 Veacuteanse las observaciones y referencias que ofrece al respecto Van Hoof (2010) 66‑67

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Joseacute M Candau

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A Esparta de Plutarco entre a guerra e as artes

de um seguidor das leis de Licurgo Nesse sentido Plutarco diz que o dinheiro e o ouro deveriam ser mandados embora de Esparta porque eles eram flagelos importados que despertavam a cobiccedila e promoviam a degeneraccedilatildeo dos costumes (c 17) Desse ponto de vista Lisandro prejudicou Esparta justamente porque promoveu seu enriquecimento e contribuiu para a dissoluccedilatildeo da frugalidade e da simplicidade que caracterizavam o cotidiano dos lacocircnios antes das vitoacuterias espartanas na Guerra do Peloponeso6

Na Vida de Agesilau Plutarco nos conta que o biografado foi o segundo filho de Arquidamo (o primeiro tinha sido Aacutegis) e que por isso ele natildeo seria o herdeiro direto do trono de Esparta De qualquer modo Agesilau foi educado de acordo com a agoge lacedemocircnia e nosso autor faz questatildeo de frisar que em decorrecircncia disso o liacuteder espartano sempre respeitou e praticou as leis de sua cidade (c 1) Mesmo apresentando uma pequena diferenccedila de tamanho de uma perna para a outra ele tinha outras qualidades espartanas como a honestidade a mansidatildeo e a beleza fiacutesica (c 2) Sua formaccedilatildeo foi tatildeo bem sucedida que diferente de Alexandre o grande e de Haniacutebal Agesilau foi um general que conquistou importantes vitoacuterias e mesmo assim nunca deixou de obedecer agraves leis espartanas (c 15) Mesmo depois de tornar‑se um lendaacuterio vencedor ele voltou a Esparta e continuou o mesmo homem de antes sem apresentar nenhuma novidade no seu comportamento diferente de outros estrategos quando voltavam de longas expediccedilotildees a terras estrangeiras (c 19)

Plutarco nos conta que Lisandro ndashque dizem ter sido amante de Agesilau na juventude (c 2)ndash pretendia introduzir muitas inovaccedilotildees e mudanccedilas no governo da Lacocircnia (c 20) Embora outros liacutederes de Esparta como Antaacutelcidas tenham feito acordos com os Persas e tenham abandonado laquocovarde e maldosamenteraquo os gregos da Aacutesia sob o domiacutenio dos baacuterbaros como nos diz Plutarco (c 23) Agesilau sempre foi um defensor da justiccedila Entre os capiacutetulos 29 e 30 da Vida de Agesilau nosso autor nos conta que os espartanos que perderam parentes na bata‑lha de Leuctra (em 371 a C) se alegraram e os que natildeo perderam ficaram tristes De certa forma eles responsabilizaram Agesilau pela derrota e lamentaram ter aceito um rei coxo Contudo Agesilau tinha boa reputaccedilatildeo e era muito virtuoso Prova disso eacute que sem promover nenhuma inovaccedilatildeo ele disse que era preciso fazer as leis dormirem para que retomassem a autoridade que tiveram no passado

Entretanto Plutarco natildeo faz apenas elogios a Agesilau Cartledge (1987 418) observa que ele faz criacuteticas a Agesilau por causa de sua ingratidatildeo em relaccedilatildeo a Lisandro (c 8) e condena seu comportamento porque ele teria hon‑rado mais os amigos do que a justiccedila (c 13 ver tambeacutem Moralia 807d) Aleacutem disso Plutarco via uma relaccedilatildeo direta entre a decadecircncia de Esparta e a ascenccedilatildeo

6 Sobre isso ver Duff (2002) 161‑204 e a introduccedilatildeo de Flaceliegravere e Chambry em Plutarque (1971) 158‑173

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ilegiacutetima de Agesilau ao trono (c 21) Poreacutem no geral nosso autor eacute tatildeo favoraacutevel e simpaacutetico a Agesilau quanto Xenofonte que tambeacutem escreveu uma biografia do rei espartano a qual certamente serviu de base para a Vida composta pelo poliacutemata de Queroneia Segundo Cartledge (1987 418) para Plutarco Agesilau foi a encarnaccedilatildeo das virtudes peculiarmente espartanas simplicidade piedade e autocontrole7

Depois na Vida de Aacutegis e na Vida de Cleocircmenes Plutarco narra os uacuteltimos momentos da histoacuteria da Esparta independente ou seja o ponto mais baixo da decadecircncia daquela cidade Os reis Aacutegis e Cleocircmenes que reinaram no seacuteculo III a C tentaram restaurar os antigos valores dos tempos de Licurgo Eles tinham os dons naturais para levar essa tarefa a cabo Aacutegis tinha grandeza de alma e se insurgia contra os prazeres desde antes dos vinte anos (c 4) natildeo gostava de rou‑pas luxuosas e baniu toda suntuosidade para aderir aos antigos haacutebitos lacocircnios caracterizados pela simplicidade de vida Mas seu exemplo e sua energia natildeo foram suficientes para restaurar os costumes tradicionais e ele foi assassinado ainda muito jovem (cc 19‑21) Aquela Esparta incorrupta e valorosa dos tempos de Licurgo dava seus uacuteltimos suspiros

Cleocircmenes natildeo era parente de Aacutegis mas foi obrigado a se casar com a vi‑uacuteva do rei assassinado ou seja Agiaacutetis Segundo Plutarco (c 1) Cleocircmenes era ambicioso e tinha grandeza de alma Era temperante e simples como Aacutegis Ele tambeacutem quiz restaurar os antigos costumes espartanos (c 11) Primeiro depois de longa disputa poliacutetica abriu matildeo de seus bens Depois distribuiu as terras entre os cidadatildeos Restabeleceu a educaccedilatildeo dos jovens e a disciplina espartana Ele proacuteprio levou uma vida simples e frugal para dar o exemplo aos outros la‑cedemocircnios sem insolecircncia nem orgulho excessivo ou seja como um modelo de temperanccedila (c 13) Mesmo quando perdeu sua esposa Agiaacutetis por quem se enamorara verdadeiramente Cleocircmenes manteve a firmeza e seu caraacuteter elevado e tomou as providecircncias necessaacuterias para garantir a seguranccedila de seus soldados e aliados (c 22) Depois de reinar por dezesseis anos Cleocircmenes morreu (cc 37‑38) e assim terminou a histoacuteria de Esparta como cidade politicamente autocircnoma

Ateacute aqui vimos que podemos encontrar nas Vidas dos liacutederes espartanos escritas por Plutarco aquela imagem caracterizada por um conjunto de valores que parecem ter ganhado forccedila numa eacutepoca lendaacuteria e foram se enfraquecendo conforme o tempo foi passando e Esparta foi estendendo seu poder para fora da Lacedemocircnia Nesse quadro vemos uma cidade altamente militarizada de guerreiros corajosos disciplinados e afeitos a uma vida sem luxos e sem confortos Isso poderia indicar que os espartanos eram um povo rude pouco sofisticado e fechado para as artes

7 Cf tambeacutem a introduccedilatildeo de Flaceliegravere e Chambry em Plutarque (1973) 85‑88 e Shipley (1998) 1‑46

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A Esparta de Plutarco entre a guerra e as artes

Poreacutem vaacuterias fontes arqueoloacutegicas vasculares e mesmo literaacuterias nos mostram o contraacuterio Apesar de Tuciacutedides (1102) ter dito que os edifiacutecios em Esparta eram modestos e natildeo correspondiam ao tamanho do poder militar e poliacutetico da cidade dos lacedemocircnios em seu apogeu a avaliaccedilatildeo dos monumentos arquitetocircnicos espartanos precisa ser feita com cuidado Eacute preciso lembrar que Esparta natildeo foi destruiacuteda nas Guerras Meacutedicas como Atenas foi A capital da Aacutetica foi reconstruiacuteda e uma grande soma de dinheiro afluiu para ela por causa das contribuiccedilotildees dos aliados da Liga de Delos Isso natildeo aconteceu com a princi‑pal cidade da Lacocircnia Desse modo nela foram conservados edifiacutecios antigos do seacuteculo VI a C que apresentavam outro estilo de construccedilatildeo mais arcaizante do que claacutessico Dependendo do ponto de vista um estilo pode ser mais valorizado do que o outro

De qualquer modo Pausacircnias (3113) viajante do seacuteculo II d C que fez uma descriccedilatildeo de vaacuterias cidades da Greacutecia daquela eacutepoca nos informa que havia em Esparta vaacuterios monumentos que despertavam a admiraccedilatildeo daqueles que por ali passavam tal como o Poacutertico Persa construiacutedo inicialmente com o butim amealhado na guerra contra os persas Outros exemplos de edifiacutecios que nos uacuteltimos anos vecircm sendo estudados satildeo o templo de Apolo em Amiclas o templo de Aacutertemis Oacutertia e o Menelaion onde eram cultuados Menelau e Helena8

Cartledge (2002 111) nos informa que depois de 690 a C pintores de vasos da Lacocircnia sofreram influecircncia de artistas do Egeu e adotaram o chamado estilo lsquoorientalizantersquo o que mostra que na praacutetica Esparta natildeo estava isolada do resto do mundo helecircnico Ainda segundo Cartledge nessa eacutepoca artesatildeos lacocircnios que trabalhavam com bronze comeccedilaram a se interessar pela representaccedilatildeo de figuras humanas em suas obras e por volta de 650 a C comeccedilou a se desenvolver na regiatildeo de Esparta o uso do marfim para produccedilatildeo de objetos gravados Vemos entatildeo que o ambiente artiacutestico na Lacedemocircnia entre 775 e 650 a C natildeo era de modo algum esteacuteril ou sem importacircncia9

Como Burn (1960 275‑276) explica Esparta natildeo virou suas costas para a arte e a poesia Prova disso eacute que vasos com detalhes refinados foram fabricados ali e exportados para outras regiotildees da Heacutelade ateacute 550 a C mais ou menos Por volta de 600 a C Gitiadas poeta escultor e arquiteto projetou o Templo de Atena tambeacutem conhecido como Casa de Bronze por causa das placas feitas com esse metal para decorar o edifiacutecio E em 585 a C o segundo templo de Oacutertia foi construiacutedo Ou seja havia artesatildeos trabalhando em Esparta no periacuteodo arcaico que produziram obras dignas de admiraccedilatildeo10

8 Para mais informaccedilotildees sobre a arqueologia e a arquitetura espartanas ver Walker (1998) Kaltsas (2007) e Cavanagh (2009)

9 Sobre isso ver tambeacutem Burn (1960) 180‑184 e Stibbe (1996) passim10 Ver tambeacutem Burn (1960) 280‑282 e Cartledge (2002) 133‑136

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No que diz respeito agrave muacutesica Plutarco nos daacute significativos testemunhos da sua importacircncia em ambiente espartano tanto nas Vidas quanto nos Moralia Na Vida de Licurgo no c 4 por exemplo encontramos a informaccedilatildeo segundo a qual o legislador lendaacuterio teria convidado um poeta‑legislador de Creta para ir a Esparta com ele Esse poeta se chamava Tales Mas talvez tenha havido alguma confusatildeo na tradiccedilatildeo manuscrita e esse Tales poderia ser o Taletas de Gortina mencionado algumas vezes no livro Sobre a Muacutesica tambeacutem de Plutarco Ele teria sido o responsaacutevel por curar os espartanos de uma peste com o seu canto11 Aleacutem disso no mesmo c 4 nos eacute dito que Licurgo teria sido o responsaacutevel por levar os poemas de Homero da Jocircnia para sua cidade

Depois no c 21 da mesma Vida Plutarco nos diz que os lacedemocircnios apreciavam se dedicar agrave poesia meacutelica porque as canccedilotildees estimulavam seus espiacuteritos e lhes davam coragem para enfrentar os inimigos nas batalhas Seu estilo era simples e seus temas eram seacuterios com o objetivo de promover uma boa formaccedilatildeo dos caraacuteteres Nelas eram louvados os heroacuteis de Esparta e condenados os covardes que natildeo lutaram ateacute o fim para defender sua cidade Nos festivais eram organizados trecircs coros de acordo com as idades um de velhos outro de adultos e outro de jovens Cada um cantava sobre a sua bravura uns falavam dos seus feitos no passado os outros tratavam das suas accedilotildees no presente e os uacuteltimos cantavam sobre o seu desejo de realizar grandes proezas no futuro Esses seriam os temas baacutesicos das canccedilotildees em Esparta e por isso segundo Plutarco Terpandro e Piacutendaro estavam corretos ao associar bravura e muacutesica e ao mostrar que os espartanos eram o povo mais aguerrido e mais musical

Por isso natildeo era por acaso que os jovens cantavam o nomo de Caacutestor e o peatilde da marcha (c 22) e em todo lugar havia danccedilas festas e banquetes quando natildeo havia expediccedilotildees militares (c 24) Contudo o gosto pela boa muacutesica e pela boa poesia natildeo era caracteriacutestico de todos os habitantes da Lacocircnia tendo em vista que os hilotas danccedilavam e cantavam canccedilotildees vulgares e grotescas diferentes das composiccedilotildees de Aacutelcman Terpandro e Especircndon (c 28) Isso na verdade estava associado ao fato de eles serem escravos e por isso era compreensiacutevel que eles apreciassem canccedilotildees vis como eles proacuteprios

Na Vida de Lisandro encontramos algumas informaccedilotildees que reforccedilam a impressatildeo de que os espartanos tinham sim grande sensibilidade para a muacutesica No c 15 ficamos sabendo que os lacocircnios depois de conquistar Atenas em 404 a C queriam destruir aquela cidade mas apoacutes ouvir um coro da Electra de Euriacutepides desistiram Em seguida no c 18 Plutarco nos conta que Lisandro estava sempre acompanhado do poeta Queacuterilo encarregado de celebrar os feitos do general E outros poetas tambeacutem celebraram Lisandro segundo nosso autor

11 Ver Plu Mus 42 (1146B‑C) e Gostoli (1990) 12‑13 e

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A Esparta de Plutarco entre a guerra e as artes

Na Vida de Agesilau c 14 lemos que os espartanos apreciavam uma parte da poesia de Timoacuteteo de Mileto poeta que teria tido algumas cordas de sua ciacutetara cortadas quando de uma sua visita a Esparta porque os eacuteforos julgavam que natildeo seriam necessaacuterias mais do que sete cordas e o instrumento do poeta tinha onze12 Essa anedota indica que os lacocircnios natildeo apreciavam inovaccedilotildees Poreacutem a informaccedilatildeo do c 14 da Vida de Agesilau mostra que eles poderiam aceitar pelo menos uma parte da obra de um poeta inovador desde que essa parte se adequas‑se ao gosto e agraves tradiccedilotildees do local Tambeacutem nessa mesma Vida c 21 Plutarco nos diz que o rei Agesilau apreciava os cantos e as danccedilas mesmo natildeo sendo um lsquoespecialistarsquo nas artes

Por fim na Vida de Aacutegis c 10 encontramos um elogio a Terpandro a Ta‑les (Taletas) e a Fereacutecides porque mesmo sendo estrangeiros professavam o que Licurgo instituiu e por isso foram muito honrados em Esparta Na Vida de Cleocircmenes c 2 somos informados que o rei Leocircnidas elogiou Tirteu algo facilmente compreensiacutevel tendo em vista o caraacuteter estimulante e guerreiro das elegias daquele poeta Aleacutem disso nessa mesma Vida citada por uacuteltimo c 12 Plutarco nos conta que Cleocircmenes certa vez teria encontrado alguns artistas de Dioniso muacutesicos e atores profissionais que iam de cidade em cidade para se apresentar e construiu um teatro Isso mostra que esse rei estimulou de alguma maneira as atividades artiacutesticas mesmo que ele natildeo tivesse o costume de levar artistas com seu exeacutercito de acordo com Plutarco e nem apreciasse apresentaccedilotildees musicais nos seus banquetes (c 13)

Tudo isso mostra que Esparta era uma cidade onde a muacutesica tinha um papel importe na educaccedilatildeo e na guerra e que os lacocircnios natildeo eram um povo obtuso e indiferente ao poder das melodias De acordo com Plutarco tendo em vista agora algumas passagens dos Moralia os espartanos passavam por treinamento rigoroso no que diz respeito agrave muacutesica e agrave poesia e suas canccedilotildees estimulavam os espiacuteritos e faziam com que os homens se sentissem entusiasmados e se esfor‑ccedilassem para ser bem sucedidos Em vaacuterias passagens das suas Obras Morais ele elogia o estilo da muacutesica deles porque ela era simples e natildeo afetada e seus temas eram seacuterios e edificantes Se algueacutem estudasse a poesia e as canccedilotildees de marcha de Esparta acompanhadas pelo aulo essa pessoa concordaria que Terpandro e Piacutendaro estavam certos ao associar valor (andreia) e muacutesica Como vimos acima nos trechos citados das Vidas Plutarco tambeacutem diz que os Espartanos eram o povo ao mesmo tempo mais musical (mousikotatous) e o mais afeito agrave guerra (polemikotatous)13

No livro sobre os Antigos Costumes dos Espartanos Plutarco tambeacutem elogia os ritmos das canccedilotildees de marcha (embaterioi rhythmoi) porque eles despertavam

12 Ver Plu Agis 1013 Cf Lyc 211‑4

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a coragem a audaacutecia e o desdeacutem pela morte requisitos indispensaacuteveis para o guerreiro valoroso Os espartanos usavam esses ritmos para danccedilar mas tambeacutem quando avanccedilavam contra os inimigos ao som do aulo Plutarco lembra que Li‑curgo associava o amor pela muacutesica agrave praacutetica militar para que o espiacuterito guerreiro combinado com a melodia tivesse concordacircncia e harmonia (symphonia kai har‑monia) Por isso em tempos de guerra os reis espartanos ofereciam sacrifiacutecios agraves Musas antes de ir para a batalha como Plutarco nos conta nos Instituta Laconica 16 (238B‑C)

E para manter a pureza da sua muacutesica e dos seus costumes os espartanos agraves vezes recorriam a atos violentos Como Plutarco reporta nos Instituta Laconica 17 (238C‑D) eles natildeo permitiriam que ningueacutem desrespeitasse de modo algum as regras da muacutesica do passado Nem mesmo Terpandro um dos mais antigos e melhores citaredos (aqueles que cantavam acompanhados da ciacutetara ou da lira) teria a permissatildeo para acrescentar uma corda extra ao seu instrumento para que suas melodias fossem mais variadas Ele tentou fazer isso mas os eacuteforos pregaram sua lira numa parede por causa do seu ato iacutempio contraacuterio agrave tradiccedilatildeo Em outra ocasiatildeo um dos eacuteforos teria procedido com mais violecircncia quando Timoacuteteo o famoso muacutesico inovador que floresceu na segunda metade do seacuteculo V a C estava competindo no festival das Carneias ele pegou uma faca e perguntou ao muacutesico de que lado ele deveria cortar as cordas supeacuterfluas cujo nuacutemero ultra‑passava o tradicional de sete cordas Outras variantes dessa histoacuteria satildeo contadas por Plutarco em outros textos mas nessas outras passagens Friacutenis outro muacutesico inovador da segunda metade do seacuteculo V a C eacute o protagonista14

Mas para aleacutem da sua importacircncia na educaccedilatildeo e nos contextos de bata‑lha a muacutesica tinha grande significado tambeacutem nas momentos das celebraccedilotildees religiosas Dentre as festividades religiosas realizadas na Lacedemocircnia uma das mais importantes era a das Carneias realizada em Esparta e intimamente ligada agrave histoacuteria de Terpandro As origens desse festival eram muito antigas anteriores ao seacuteculo VIII a C tendo em vista que no seacuteculo VII os colonizadores espartanos da cidade italiana de Tarento jaacute tinham o costume de celebraacute‑la15 As Carneias eram dedicadas ao deus Apolo Carneu Em Esparta havia concursos musicais e atleacuteti‑cos uma corrida de jovens e um banquete ritual que contava com a participaccedilatildeo dos homens adultos que representavam as fratrias O festival era organizado por cidadatildeos solteiros e era o momento adequado para que os jovens que jaacute haviam completado seu periacuteodo de formaccedilatildeo ingressassem na vida adulta16

O que nos interessa aqui eacute o papel que a muacutesica desempenhava no contexto dessas festividades Um elemento importante nesses momentos de comemoraccedilatildeo

14 Cf Prof virt 84A Apophth Lac 220C e Agis 107 jaacute citada na nota 9 Cf Rocha (2008) 654‑655

15 Brelich (1969) 181‑18216 Brelich (1969) 149‑150

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A Esparta de Plutarco entre a guerra e as artes

eram os concursos A realizaccedilatildeo de concursos musicais no acircmbito do festival das Carneias natildeo teria acontecido desde o iniacutecio A introduccedilatildeo de agones provavel‑mente ocorreu quando Terpandro migrou de Metimna (Lesbos) para Esparta na primeira metade do seacuteculo VII a C Nesse contexto eacute importante considerar o testemunho de Helacircnico17 segundo o qual Terpandro teria sido o primeiro a vencer o concurso musical nas Carneias Esse fato parece estar diretamente relacionado agrave fundaccedilatildeo da primeira escola musical (katastasis) em Esparta por obra do mesmo Terpandro Segundo Brelich (1969 186‑191) eacute muito provaacutevel que a introduccedilatildeo do concurso musical nas Carneias tenha sido influenciada pela proacutepria katastasis18 Essa hipoacutetese ganha forccedila se consideramos o capiacutetulo 9 do tratado Sobre a Muacutesica como um todo Ali Plutarco fala da primeira katastasis fundada por Terpandro e menciona tambeacutem a segunda katastasis liderada por Taletas de Gortina Xenoacutedamo de Citera Xenoacutecrito de Locres Polimnesto de Coacutelofon e Saacutecadas de Argos muacutesicos que teriam instituiacutedo as Gimnopeacutedias em Esparta as Apodeixeis na Arcaacutedia e as Endimaacutetias em Argos Jaacute que os membros da segunda escola musical foram fundadores de festivais19 em diferentes cidades do Peloponeso Terpandro tambeacutem pode ter desempenhado o mesmo papel no contexto das Carneias

No que diz respeito agraves Gimnopeacutedias contudo encontramos uma situaccedilatildeo diferente Possuiacutemos uma grande variedade de informaccedilotildees sobre esse festival que inclusive muitas vezes satildeo contraditoacuterias Mas tratando apenas daquilo que nos interessa aqui sabemos que no periacuteodo das festividades aconteciam apresentaccedilotildees de coros de adolescentes e adultos instituiacutedos em honra a Apolo que cantavam hinos compostos por poetas como Taletas Aacutelcman e Dionisodoto Depois da batalha de Tireia em 544 aC na qual Esparta lutou contra Argos pela posse da Tireaacutetida tornou‑se costumeiro cantar um peatilde em honra dos soldados que morreram naquela ocasiatildeo Por causa desse elemento ritual e da comparaccedilatildeo com as Apodeixeis e as Endimaacutetias as Gimnopeacutedias foram consideradas festas que indicavam o momento no qual os jovens receacutem‑iniciados eram integrados agrave vida militar20

Tendo tudo isso em vista podemos concluir que eacute preciso colocar a miragem espartana em perspectiva Esparta natildeo era tatildeo lsquoespartanarsquo assim e natildeo foi sempre lsquoespartanarsquo Havia espaccedilo naquela cidade para o cultivo das artes tais como a arquitetura a escultura a pintura vascular a muacutesica (que incluiacutea a poesia) e a danccedila Nela floresceram poetas como Aacutelcman Terpandro e Tirteu Nela surgiram escolas poeacuteticomusicais Nela viveram poetas estrangeiros tais como Taletas de

17 FGrHist 4 F 85 = Ateneu 635e = Terpander Test 1 Gostoli18 Cf tambeacutem Gostoli (1990) 84‑8519 Mais do que fundadores de festivais eacute mais verossiacutemil pensar que esses autores foram os

responsaacuteveis pela introduccedilatildeo dos concursos musicais como parte das celebraccedilotildees 20 Cf Gostoli (1990) 85‑86

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Gortina (Creta) e Saacutecadas de Argos E sendo assim houve um ambiente feacutertil e favoraacutevel para o desenvolvimento e o cultivo de atividades artiacutesticas Os esparta‑nos foram sim grandes guerreiros que contribuiacuteram decisivamente para a vitoacuteria dos helenos sobre os persas Eles cultivaram sim suas habilidades guerreiras a ponto de derrotar os atenienses na Guerra do Peloponeso Poreacutem Esparta natildeo foi somente uma comunidade de soldados que dedicavam suas vidas somente agrave guerra Esparta foi tambeacutem uma cidade onde as pessoas cantavam danccedilavam e apreciavam a beleza dos edifiacutecios e dos objetos do cotidiano Eacute preciso reconhecer isso e na obra de Plutarco jaacute encontramos essa imagem multifacetada dessa cul‑tura Basta direcionar os olhos para outras direccedilotildees

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A Esparta de Plutarco entre a guerra e as artes

Bibliografia

Brelich A Paides e Parthenoi Roma Edizioni dellrsquoAteneo 1969Burn A R The lyric age of Greece New York Saint Martinrsquos Press 1960Cartledge P Agesilaos and the crisis of Sparta Baltimore The Johns Hopkins

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Cavanagh W Sparta and Laconia From Prehistory to Pre‑modern Proceedings of the Conference Held in Sparta Organised by the British School at Athens the University of Nottingham the 5th Ephoreia of Prehistoric and Classical Antiquities and the 5th Ephoreia of Byzantine Antiquities 17‑20 March 2005 Atenas British School at Athens 2009

Duff T E Plutarchrsquos Lives Exploring Virtue and Vice Oxford Oxford University Press 2002

Gostoli A Terpander Roma Edizioni dellrsquoAteneo 1990Hodkinson S amp Powell A (eds) Sparta New Perspectives Cardiff The Classical

Press of Wales 2000Hornblower S amp Spawforth A (eds) The Oxford Classical Dictionary Oxford

Oxford University Press 1999Kaltsas N Athens‑Sparta Contributions to the Research on the History and

Archaeology of the Two City‑States Nova Iorque Onassis Cultural Center 2007

Ollier F Le mirage spartiate Eacutetude sur l rsquoidealization de Sparte dans l rsquoAntiquiteacute Grecque du deacutebut de l rsquoeacutecole cynique jusqursquoagrave la fin de la citeacute 2 vol Paris Les Belles Lettres 1933‑1943

Plutarch On Sparta London Penguin 2005Plutarco Obras Morais Sobre o afeto aos filhos (introd e trad Carmen Soares) e

Sobre a Muacutesica (introd e trad Roosevelt Rocha) Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra 2012

Plutarque Vies Tome I Text eacutetabli et traduit par Flaceliegravere R Chambry Eacute et Juneaux M Paris Les Belles Lettres 1957

Plutarque Vies Tome VI Text eacutetabli et traduit par Flaceliegravere R et Chambry Eacute Paris Les Belles Lettres 1971

Plutarque Vies Tome VIII Text eacutetabli et traduit par Flaceliegravere R et Chambry Eacute Paris Les Belles Lettres 1973

Powell A amp Hodkinson S (eds) The shadow of Sparta Londres Routledge 1994Rawson E The spartan tradition in european thought Oxford Oxford University

Press 1969

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Roosevelt Rocha

Rocha R laquoPlutarch and the musicraquo in A G Nikolaidis (ed) The unity of Plutarchrsquos work Berlin De Gruyter 2008 pp 651‑656

Shipley D R A commentary on Plutarchrsquos Life of Agesilaos Oxford Clarendon Press 1998

Silva M A O Plutarco Historiador Satildeo Paulo Edusp 2006Stibbe C M Das andere Sparta Mainz am Rhein Philipp v Zabern Verlag

1996 Walker S E C amp Cavanagh W Sparta in Laconia Proceedings of the 19th British

Museum Classical Colloquium held with the British School at Athens and Kingrsquos and University Colleges London 6‑8 December 1995 Atenas British School at Athens 1999

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Index nominum

Timoacuteteo 167‑168 178 183Timoacutexena 195Tindaacuteridas 63Tireaacutetida 169Tireia 169Tireacutesias 236Tirteu 167 169 221Titatildes 245Trajano 121Trezena 31 32‑35 38 Tricoacuterito 39Troia 81 124Tuciacutedides 122 160 181Ulisses 81 192Valeacuterio (vd Puacuteblio Valeacuterio)Vestais 58 204Viacutenio 200Xantipo 191 201Xenoacutecrito 169Xenoacutedamo 169Xenofonte 160 164Zaleuco 88Zeus 36 40‑41 220 226 243

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Index nominum

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Notas biograacuteficas dos autores

Aacutelia Rodrigues eacute doutorada em Estudos Claacutessicos (Literatura Grega) e inves‑tigadora do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse satildeo a histoacuteria das ideias poliacuteticas desde os Gregos ateacute agrave modernidade histoacuteria legal e a recepccedilatildeo de temas claacutessicos na contemporaneidade

Ana Ferreira eacute Professora Auxiliar do Departamento de Estudos Portugueses e Ro‑macircnicos da Faculdade de Letras da Universidade do Porto e investigadora do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a histoacuteria antiga a literatura greco‑romana bem como a didaacutectica das liacutenguas claacutessicas

Delfim F Leatildeo eacute Professor Catedraacutetico da Instituto de Estudos Claacutessicos e investiga‑dor do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a histoacuteria antiga o direito e a teorizaccedilatildeo poliacutetica dos Gregos a pragmaacutetica teatral e a escrita romanesca antiga

Faacutebio Vergara Cerqueira eacute Professor Adjunto do Instituto de Ciecircncias Humanas da Universidade Federal de Pelotas pesquisador PQ‑2 do CNPq Professor Visitante na Universidade de Heidelberg Bolsista Fundaccedilatildeo Humboldt ldquoPesquisador Experienterdquo Principais aacutereas de interesse satildeo histoacuteria e arqueologia da Greacutecia antiga e sua recepccedilatildeo enfocando muacutesica iconografia ceramologia gecircnero memoacuteria social identidade e patrimocircnio cultural

Guillermina Gonzaacutelez Almenara es Profesor Contratado Doctor Tipo 1 vinculada con el Aacuterea de Filologiacutea Griega del Departamento de Filologiacutea Claacutesica Francesa Aacuterabe y Romaacutenica de la Universidad de La Laguna Sus principales liacuteneas de investi‑gacioacuten son la mujer y el aacutembito femenino en la Grecia antigua Historiografiacutea griega Historia y civilizacioacuten de la Grecia antigua

Ivana S Chialva es Doctora en Letras Investigadora Asistente del Conicet y Profesora de Griego y Literaturas griega y latina de la Facultad de Humanidades y Ciencias de la Universidad Nacional del Litoral (Santa Fe Argentina) Sus tra‑bajos sobre el mundo antiguo se focalizan en la relacioacuten entre primera y segunda sofiacutestica y en la influencia de este uacuteltimo fenoacutemeno en la prosa narrativa griega de eacutepoca imperial especialmente la retoacuterica la biografiacutea y la novela en sus diferentes formas

Jesuacutes-Mordf Nieto Ibaacutentildeez es Catedraacutetico de Filologiacutea Griega de la Universidad de Leoacuten Sus liacuteneas de investigacioacuten son la literatura judiacutea en lengua griega los primeros textos cristianos el Humanismo y la Tradicioacuten claacutesica Actualmente dirige un Proyecto de

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investigacioacuten sobre el Humanismo la Tradicioacuten claacutesica y patriacutestica y la exeacutegesis biacuteblica en los siglos XVI y XVII

Joaquim Pinheiro eacute Professor Auxiliar da Universidade da Madeira e investigador do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a biografia antiga a Segunda Sofiacutestica a retoacuterica claacutessica e o pensamento poliacutetico dos Gregos

Joseacute M Candau es Catedraacutetico de Filologiacutea Griega en la Universidad de Sevilla Sus principales aacutereas de investigacioacuten son la historiografiacutea griega y Plutarco

Loraine Oliveira eacute professora de Filosofia da Universidade de Brasiacutelia Publicou o livro Plotino escultor de mitos pela Imprensa da Universidade de CoimbraAnnablume em 2014 Vem se dedicando principalmente a estudar os mitos em Plotino Plutarco e Porfiacuterio assim como o vegetarianismo em Plutarco e Porfiacuterio

Maria Aparecida de Oliveira Silva eacute professora visitante do Programa de Poacutes‑Gradu‑accedilatildeo em Letras Claacutessicas da Universidade de Satildeo Paulo e Professora Pesquisadora do Programa de Poacutes‑Graduaccedilatildeo em Histoacuteria da Universidade Federal de Satildeo Paulo Liacuteder do Grupo CNPq LABHAN Laboratoacuterio de Histoacuteria Antiga da Universidade Federal do Amapaacute Pesquisadora do Grupo CNPq Linceu ‑ Visotildees da Antiguidade Claacutessica da Universidade Estadual Paulista Pesquisadora do Grupo Retoacuterica Texto y Comunicacioacuten da Universidad de Caacutediz Membro do Conselho Acadecircmico do Seminaacuterio de Histoacuteria e Filosofia das Religiotildees da Universidad Autoacutenoma de Ciudad Juaacuterez mdash Meacutexico Pesquisa e publica trabalhos sobre Esparta Plutarco e biografia antiga

M Teresa Fau Ramos es Profesora Titular del Departament de Filologia Grega de la Universitat de Barcelona y miembro del Grup de Recerca Graecia Capta que investiga la pervivencia de la identidad griega bajo el imperio romano Sus principales aacutereas de intereacutes cientiacutefico son la historia e instituciones de la Grecia claacutesica y post‑claacutesica la religioacuten helena (paganismo) y diversos aspectos del cristianismo primitivo

Pilar Goacutemez Cardoacute es profesora titular de Filologiacutea Griega en la Universidad de Barcelona donde imparte docencia e investiga desde 1981 Doctora en Filologiacutea Claacutesica desde 1987 con una tesis sobre la tradicioacuten yaacutembica y la faacutebula (La Vida drsquoIsop entre el iambe la faula i la novella) es autora de numerosos artiacuteculos y capiacutetulos de libros sobre la literatura griega de eacutepoca imperial romana en especial sobre Segunda Sofiacutestica y novela ha estudiado principalmente autores como Luciano en cuya edicioacuten y traduccioacuten al castellano para la coleccioacuten Alma Mater participa Plutarco Dioacuten de Prusa o Elio Ariacutestides Es miembro del grupo de investigacioacuten Graecia Capta de la Universidad de Barcelona

Roosevelt Rocha eacute Professor Adjunto do curso de Letras da Universidade Federal do Paranaacute (Brasil) e pesquisador ligado ao Programa de Poacutes‑Graduaccedilatildeo em Letras da

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mesma Universidade As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a poesia grega arcaica (elegia jambo e meacutelica) a muacutesica grega antiga e o estudo da performance da poesia grega dos periacuteodos arcaico e claacutessico

Vicente Ramoacuten es Profesor Tiular de Filologiacutea Griega de la Universidad de Zara‑goza Sus intereses cientiacuteficos pueden sintetizarse en las siguientes liacuteneas Plutarco de Queronea y la biografiacutea poliacutetica historiografiacutea griega retoacuterica y oratoria griegas tradicioacuten claacutesica teatro griego la irreligiosidad en la Atenas Claacutesica

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Volumes publicados na Colecccedilatildeo Humanitas Supplementum

1 Francisco de Oliveira Claacuteudia Teixeira e Paula Barata Dias Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 1 ndash Liacutenguas e Literaturas Greacutecia e Roma (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

2 Francisco de Oliveira Claacuteudia Teixeira e Paula Barata Dias Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 2 ndash Liacutenguas e Literaturas Idade Meacutedia Renascimento Recepccedilatildeo (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

3 Francisco de Oliveira Jorge de Oliveira e Manuel Patriacutecio Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 3 ndash Histoacuteria Arqueologia e Arte (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2010)

4 Maria Helena da Rocha Pereira Joseacute Ribeiro Ferreira e Francisco de Oliveira (Coords) Horaacutecio e a sua perenidade (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

5 Joseacute Luiacutes Lopes Brandatildeo Maacutescaras dos Ceacutesares Teatro e moralidade nas Vidas suetonianas (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

6 Joseacute Ribeiro Ferreira Delfim Leatildeo Manuel Troumlster and Paula Barata Dias (eds) Symposion and Philanthropia in Plutarch (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

7 Gabriele Cornelli (Org) Representaccedilotildees da Cidade Antiga Categorias histoacutericas e discursos filosoacuteficos (Coimbra Classica DigitaliaCECHGrupo Archai 2010)

8 Maria Cristina de Sousa Pimentel e Nuno Simotildees Rodrigues (Coords) Sociedade poder e cultura no tempo de Oviacutedio (Coimbra Classica DigitaliaCECHCECCH 2010)

9 Franccediloise Frazier et Delfim F Leatildeo (eds) Tychegrave et pronoia La marche du monde selon Plutarque (Coimbra Classica DigitaliaCECH Eacutecole Doctorale 395 ArScAn‑THEMAM 2010)

10 Juan Carlos Iglesias‑Zoido El legado de Tuciacutedides en la cultura occidental (Coimbra Classica DigitaliaCECH ARENGA 2011)

11 Gabriele Cornelli O pitagorismo como categoria historiograacutefica (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2011)

12 Frederico Lourenccedilo The Lyric Metres of Euripidean Drama (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2011)

13 Joseacute Augusto Ramos Maria Cristina de Sousa Pimentel Maria do Ceacuteu Fialho Nuno Simotildees Rodrigues (coords) Paulo de Tarso Grego e Romano Judeu e Cristatildeo (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

14 Carmen Soares amp Paula Barata Dias (coords) Contributos para a histoacuteria da alimentaccedilatildeo na antiguidade (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

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15 Carlos A Martins de Jesus Claudio Castro Filho amp Joseacute Ribeiro Ferreira (coords) Hipoacutelito e Fedra ‑ nos caminhos de um mito (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

16 Joseacute Ribeiro Ferreira Delfim F Leatildeo amp Carlos A Martins de Jesus (eds) Nomos Kosmos amp Dike in Plutarch (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

17 Joseacute Augusto Ramos amp Nuno Simotildees Rodrigues (coords) Mnemosyne kai Sophia (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

18 Ana Maria Guedes Ferreira O homem de Estado ateniense em Plutarco o caso dos Alcmeoacutenidas (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

19 Aurora Loacutepez Andreacutes Pocintildea amp Maria de Faacutetima Silva De ayer a hoy influencias claacutesicas en la literatura (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

20 Cristina Pimentel Joseacute Luiacutes Brandatildeo amp Paolo Fedeli (coords) O poeta e a cidade no mundo romano (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

21 Francisco de Oliveira Joseacute Luiacutes Brandatildeo Vasco Gil Mantas amp Rosa Sanz Serrano (coords) A queda de Roma e o alvorecer da Europa (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

22 Luiacutesa de Nazareacute Ferreira Mobilidade poeacutetica na Greacutecia antiga uma leitura da obra de Simoacutenides (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica DigitaliaCECH 2013)

23 Faacutebio Cerqueira Ana Teresa Gonccedilalves Edalaura Medeiros amp JoseacuteLuiacutes Brandatildeo Saberes e poderes no mundo antigo Vol I ndash Dos saberes (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia2013) 282 p

24 Faacutebio Cerqueira Ana Teresa Gonccedilalves Edalaura Medeiros amp Delfim Leatildeo Saberes e poderes no mundo antigo Vol II ndash Dos poderes (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013) 336 p

25 Joaquim J S Pinheiro Tempo e espaccedilo da paideia nas Vidas de Plutarco (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013) 458 p

26 Delfim Leatildeo Gabriele Cornelli amp Miriam C Peixoto (coords) Dos Homens e suas Ideias Estudos sobre as Vidas de Dioacutegenes Laeacutercio (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013)

27 Italo Pantani Margarida Miranda amp Henrique Manso (coords) Aires Barbosa na Cosmoacutepolis Renascentista (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2013)

28 Francisco de Oliveira Maria de Faacutetima Silva Tereza Virgiacutenia Ribeiro Barbosa (coords) Violecircncia e transgressatildeo uma trajetoacuteria da Humanidade (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

29 Priscilla Gontijo Leite Eacutetica e retoacuterica forense asebeia e hybris na caracterizaccedilatildeo dos adversaacuterios em Demoacutestenes (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

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30 Andreacute Carneiro Lugares tempos e pessoas Povoamento rural romano no Alto Alentejo ‑ Volume I (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2014)

31 Andreacute Carneiro Lugares tempos e pessoas Povoamento rural romano no Alto Alentejo ‑ Volume II (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2014)

32 Pilar Goacutemez Cardoacute Delfim F Leatildeo Maria Aparecida de Oliveira Silva (coords) Plutarco entre mundos visotildees de Esparta Atenas e Roma (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

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Resumo da obra

A vasta e variada obra de Plutarco permite sempre uma abordagem a partir de distintas

perspetivas com diferentes intenccedilotildees e propoacutesitos variados No entanto eacute importante

identificar tambeacutem fios comuns nessa abordagem porque permitem demonstrar tanto a

niacutevel formal como de conteuacutedo que haacute muitos elementos comuns que permeiam o trabalho

de Plutarco

Os treze contributos para este volume tecircm como elo comum o nome de trecircs cidades

Esparta Atenas e Roma Elas representam espaccedilos poliacuteticos e institucionais diversos dada

a sua extensatildeo geograacutefica e cronoloacutegica mas simbolizam igualmente diferentes modelos

de organizaccedilatildeo social atraveacutes dos quais a Greacutecia pode ser contrastada com Roma ou Atenas

comparada com Esparta mdash ainda que o seu verdadeiro interesse na obra de Plutarco seja

que representam sempre locais paradigmaacuteticos onde vivem e convivem pessoas Por

isso os estudiosos de Plutarco que contribuiacuteram para este volume procuram analisar em

cada uma dessas cidades seja por assimilaccedilatildeo ou por contraste a forma como o autor de

Queroneia aborda a ligaccedilatildeo entre indiviacuteduo e comunidade a partir do exerciacutecio do poder

e da experiecircncia religiosa qual o papel da educaccedilatildeo e do domiacutenio privado na projeccedilatildeo

puacuteblica dos protagonistas retratados por Plutarco ou ateacute que ponto a imagem dos primeiros

legisladores e fundadores miacuteticos foi condicionada pela evoluccedilatildeo histoacuterica destas mesmas

cidades

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Page 11: Versão integral disponível em digitalis.uc · visões de Esparta, Atenas e Roma IMPRENSA DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA COIMBRA UNIVERSITY PRESS ANNABLUME Versão integral disponível

Por traacutes de um grande homem haacute sempre uma grande mulher A influecircncia de esposas e amantes sobre homens de Estado

(Is there always a great man behind a great woman The influence of wives and lovers over statesmen) 191

Ana Ferreira

Heteras concubinas y joacutevenes de seduccioacuten la influencia femenina en las vidas plutarqueas de Soloacuten Pericles y Alcibiacuteades

(Hetairai concubines and seducers the influence of women in Plutarchrsquos Lives of Solon Pericles and Alcibiades) 209

Guillermina Gonzaacutelez Almenara

Esparta e os oraacuteculos uma leitura plutarquiana(Sparta and the oracles a Plutarchan reading) 219

Maria Aparecida de Oliveira Silva

Plutarco y la crisis oracular del final del mundo antiguo(Plutarch and the crisis of the oracles at the end of the ancient world) 233

Jesuacutes‑Mordf Nieto Ibaacutentildeez

Index nominvm 251

Index locorvm 259

Notas biograacuteficas dos autores 267

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Apresentaccedilatildeo de Plutarco entre Mundos visotildees de esparta atenas e roma

(Presentation of Plutarch between worlds visions of Sparta Athens and Rome)

Um grego nascido agrave eacutepoca da dominaccedilatildeo romana Plutarco vive entre mun‑dos circulando entre Greacutecia e Roma tecendo reflexotildees sobre gregos e romanos Descendente de uma tradicional famiacutelia beoacutecia nosso autor eacute educado conforme os preceitos da paideia grega a mesma que prescreve em seus tratados e biografias como sendo a mais indicada para a formaccedilatildeo de um homem virtuoso Plutarco entrelaccedila conhecimentos acumulados pela tradiccedilatildeo grega com os da romana re‑gistra suas impressotildees sobre o modo de ser grego em um movimento de partida do seu presente de dominado para retornar ao passado glorioso de seu povo sem negligenciar suas anaacutelises sobre o modo de ser romano Reflexotildees que se fazem perceptiacuteveis principalmente na escrita de suas biografias de gregos e romanos onde vemos as comparaccedilotildees de suas personagens ora criticando a accedilatildeo de um grego ora a de um romano demonstrando os aspectos positivos e negativos de cada um embora deixe clara a sua preferecircncia pela cultura grega

Pela erudiccedilatildeo peculiar a sua extensa obra Plutarco eacute um autor que se in‑sere em diversos periacuteodos da nossa histoacuteria vemos sua influecircncia em escritos bizantinos renascentistas nos produzidos entre os seacuteculos XVI e XVII em que italianos franceses ingleses e espanhoacuteis se dedicam a verter suas biografias e tratados para vernaacuteculos modernos A disseminaccedilatildeo dessas obras concorre para influenciar artistas poetas filoacutesofos historiadores do seacuteculo XVIII em diante

Se por muitos seacuteculos nosso autor se vecirc circunscrito ao espaccedilo geograacutefico da bacia mediterracircnica hoje notamos que suas ideias atravessam o Oceano e alcanccedilam o chamado Novo Mundo Entatildeo a perspectiva de entre mundos para o nosso autor se expande mais sua obra atravessa eacutepocas e espaccedilos e se transforma em um claacutessico como tal atemporal e sem fronteiras Imbuiacutedos desse espiacuterito da obra plutarquiana apresentamos ao leitor este livro com ar‑tigos redigidos por espanhoacuteis latino‑americanos e portugueses revelando a

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55

Legislar teniacutea un precio

Mas a pesar de su tropiezo laquocon la mayoriacutearaquo (τοῖς πλείστοις) le fueron confiadas al legislador ateniense responsabilidades aun mayores45 y asiacute pudo eliminar buena parte de las leyes promulgadas por Dracoacuten46 reorganizar la poblacioacuten asignaacutendole prerrogativas en base a criterios econoacutemicos47 introducir cambios en las instituciones de la polis48 y establecer otras disposiciones como por ejemplo las que regulan el matrimonio49 los testamentos y donaciones50 la conducta de las mujeres51 el desempentildeo de oficios52 la actividad agriacutecola53 la naturalizacioacuten de extranjeros54 y el calendario55

Promulgadas ya las leyes aguardaba a Soloacuten una nueva contrariedad cada diacutea era abordado por individuos que elogiaban o censuraban su obra le aconse‑jaban antildeadidos o supresiones o simplemente le pediacutean aclaracioacuten sobre alguacuten pasaje que no comprendiacutean Para zafarse de esta presioacuten decide ausentarse de Atenas durante diez antildeos Abandona pues la patria con la esperanza de que su exilio voluntario sirva para que los ciudadanos se habituacuteen a las nuevas leyes56

Pero a su regreso constata que la polis ha vuelto al mal camino y las fac‑ciones vuelven a dominar la escena poliacutetica destacando sobremanera un hombre llamado Pisiacutestrato en torno al cual se apintildeaba una laquoturbaraquo (ὄχλος) de jornaleros radicalmente contraria a los ricos57 Soloacuten intenta poner paz parlamentando con los liacutederes de los partidos58 intuye las verdaderas intenciones del dirigente de la plebe e intenta en vano modificarlas59 Cuando Pisiacutestrato se dispone a erigirse en tirano el anciano legislador se opone pero al no contar con el apoyo de nadie debe cejar en su empentildeo60

estagirita (Pol 1296a) afirma que los μέσοι constituyen un factor sumamente equilibrador de la sociedad y es ndashprosigue‑ por este motivo que los mejores legisladores como Soloacuten y ‑iexclpara nuestra sorpresa‑ Licurgo pertenecieron a este colectivo Sobre la posicioacuten de Plutarco con respecto a las doctrinas supuestamente aristoteacutelicas remito a la reciente aportacioacuten de Becchi (2014)

45 Sol 163‑546 Sol 17147 Sol 181‑348 Sol 191‑249 Sol 202‑650 Sol 213‑451 Sol 21552 Sol 221 y 353 Sol 236‑24254 Sol 24455 Sol 254‑556 Sol 256 En el texto plutarqueo Soloacuten pone como excusa (πρόσχημα) de su partida

un tema relacionado con la navegacioacuten (ναυκληρία) Heroacutedoto (130) apunta el deseo de ver mundo (θεωρία) mientras que Aristoacuteteles (Ath 111) hace referencia a la actividad comercial (ἐμπορία) y tambieacuten al deseo de ver mundo (θεωρία)

57 Sol 29158 Sol 29259 Sol 29560 Sol 301‑4 y 6‑8

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Sorprendentemente una vez duentildeo de la situacioacuten Pisiacutestrato tratoacute a Soloacuten con gran respeto aceptoacute muchos de sus consejos y conservoacute laquola mayoriacutea de las leyesraquo (τοὺς πλείστους νόμους) que habiacutea establecido61 Y eacutesta es una de las uacutelti‑mas afirmaciones que hace Plutarco con respecto a Soloacuten sobre cuya muerte no nos proporciona dato alguno de intereacutes62

A diferencia de la biografiacutea plutarquea de Licurgo la Vida de Soloacuten no cul‑mina con un heroico acto de auto‑inmolacioacuten para obtener la perdurabilidad de unas leyes que se desean perennes63 Ello no obsta sin embargo para que reconozcamos que tambieacuten a Soloacuten le pasa factura el ejercicio de su funcioacuten como legislador En efecto debe soportar las burlas de unas gentes que hacen befa de eacutel por haberse negado a instaurar un reacutegimen tiraacutenico es falsamente acusado de haber obtenido beneficios fraudulentos gracias a sus leyes y sufre una intensa presioacuten por parte de sus conciudadanos hasta el punto de tener que optar por un exilio voluntario

Numa

Con la Vida de Numa regresamos a un contexto de dignidad regia aunque existe una gran diferencia entre las maneras expeditivas de Licurgo y la suavidad con la que actuacutea el rey Numa64

Tras la desaparicioacuten ndashsupuestamente sobrenaturalndash de Roacutemulo la ciudad de Roma se hallaba sumida en una grave discordia pues sabinos y romanos no se poniacutean de acuerdo sobre quieacuten habiacutea de ser el proacuteximo monarca65 Al fin las dos facciones pactan que la realeza recaiga sobre el sabino Numa Pompilio66 Pero eacuteste que habiacutea sabido mejorar su buen talante natural con un geacutenero de vida

61 Sol 312‑3 En este punto Plutarco sigue la tradicioacuten continuista de otros autores (cf Hdt 1596 y Th 6546) Seguacuten Dioacutegenes Laercio (153‑54) Pisiacutestrato hace saber al νομοθέτης ateniense que mantiene la legislacioacuten por eacutel establecida y le invita a regresar a la polis Aristoacuteteles (Ath 221) por su parte mantiene que la tiraniacutea habiacutea abolido por desuso las leyes solonianas

62 No obstante en el Banquete de los siete sabios (Moralia 151E‑F) encontramos de nuevo a Soloacuten a propoacutesito de quien Quiloacuten afirma que debe ser el primero en hacer uso de la palabra no soacutelo porque asiacute conviene por su edad y por el lugar que ocupa entre los comensales sino porque detenta laquola autoridad mayor y maacutes perfectaraquo (τὴν μεγίστην καὶ τελειοτάτην ἀρχήν) laquopor haber otorgado leyes a los ateniensesraquo (νόμους Ἀθηναίοις θέμενος) Para una visioacuten de Soloacuten como representante de una sabiduriacutea antigua que laquolejos de ser puramente teoacuterica se proyecta hacia la praxis cotidianaraquo cf Peacuterez Jimeacutenez (1991) 688

63 No nos parece irrelevante el hecho de que en la parte final de la Vida de Soloacuten (316‑7) se aluda a su vertiente poeacutetica iquestes eacutesta ‑nos preguntamos‑ una manera de sugerir la pervivencia del νομοθέτης ateniense

64 En este sentido Numa se asemeja mucho maacutes a los laquodulcesraquo personajes griegos que a los rudos romanos cf Martin Jr (1960) y De Romilly (1979) Sobre la dulzura (πρᾳότης) en los personajes plutarqueos veacutease tambieacuten Frazier (1996)

65 Num 22‑866 Num 32‑4

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Legislar teniacutea un precio

austero reflexivo y sosegado67 al recibir a los enviados que le ofreciacutean la corona se mostroacute reacio a aceptarla ya que ndashafirmabandash su manera de ser tan alejada de las praacutecticas guerreras no era apropiada para regir al belicoso pueblo de Roma68 Convencido a la postre por argumentos que le exhortaban a actuar en favor del bien comuacuten69 y confirmada por signos favorables la buena disposicioacuten de la divi‑nidad Numa accede a convertirse en rey de la agitada urbe70 eacutel que laquohabiendoraquo otrora laquoabandonado las ocupaciones propias de la vida en la ciudadraquo (ἐκλείπων τὰς ἐν ἄστει διατριβάς) se complaciacutea en frecuentar parajes solitarios71

Su primera medida de gobierno consiste en la supresioacuten de la guardia perso‑nal creada por el anterior monarca la segunda en la institucioacuten de un sacerdocio en honor de Roacutemulo72 Tras estas dos disposiciones tomadas seguacuten Plutarco laquopara obtener benevolencia y gratitud del puebloraquo (ἐπrsquoεὐνοίᾳ καὶ χάριτι τοῦ δήμου) Numa emprende la difiacutecil tarea de pacificar la ciudad73 Y para lograr su objetivo no vacila en servirse de la religioacuten introduciendo nuevos rituales74 fomentando los temores supersticiosos de la poblacioacuten75 o atribuyeacutendose una particular relacioacuten con divinidades76

Entre sus reformas de aacutembito religioso destacan la prohibicioacuten de repre‑sentar a los dioses por medio de imaacutegenes de hombres o animales77 el fomento

67 Num 37‑41 Sobre el caraacutecter del Numa plutarqueo orientado laquopor naturalezaraquo (φύσει) hacia la virtud cf Peacuterez Jimeacutenez (1994)

68 Num 51‑869 Un argumento muy del agrado de los estoicos Sobre el controvertido tema de la relacioacuten

de Plutarco con el estoicismo creemos que todaviacutea son relevantes las opiniones de Babut (1969) Para una visioacuten actualizada de este tema cf Opsomer (2014)

70 Num 61‑5 73‑7 Sobre la ejemplaridad para Plutarco del acceso del rey Numa al poder cf Peacuterez Jimeacutenez (1995)

71 Num 41 Plutarco (Num 52) subraya el sacrificio de Numa explicando que laquocostoacute seguacuten parece un esfuerzo no pequentildeo y requirioacute muchos argumentos y ruegos persuadir y hacer cambiar de opinioacuten a un hombre que habiacutea vivido en paz y tranquilidadraquo (ἦν δrsquo οὐ μικρόν ὡς ἔοικεν ἔργον ἀλλὰ καὶ λόγων πολλῶν καὶ δεήσεως τὸ πεῖσαι καὶ μεταστῆσαι γνώμην ἀνδρὸς ἐν ἡσυχίᾳ καὶ εἰρήνῃ βεβιωκότος) y ponerle al frente de laquouna poblacioacuten que en cierta manera habiacutea nacido y habiacutea crecido gracias a la guerraraquo (πόλεως τρόπον τινὰ καὶ γεγενημένης πολέμῳ καὶ συνηυξημένης)

72 Num 78‑9 Sobre la actitud del legislador Numa con respecto a la escritura veacutease la nota 20

73 Num 8174 Num 8375 Num 84 Aunque en general Plutarco desaprueba las praacutecticas supersticiosas ‑su tratado

Sobre la supersticioacuten (Moralia 164E‑171E) no permite abrigar dudas al respecto‑ puede sin embargo mostrarse comprensivo cuando un dirigente hace uso de ellas con la intencioacuten de conseguir los objetivos (por supuesto adecuados) que persigue (veacutease p e Dio 241‑3) A propoacutesito precisamente de las obras Sobre la supersticioacuten y Vida de Numa Van Nuffelen (2011) presenta al queronense como un atento observador de las transformaciones que experimentan las tradiciones religiosas

76 Num 810‑11 y 151‑677 Num 813

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de sacrificios incruentos78 la institucioacuten de los sacerdotes Pontiacutefices79 la de los Feciales80 y la de los Salios81 la consagracioacuten de las Viacutergenes Vestales82 y la regla‑mentacioacuten relativa a usos fuacutenebres83

Pero las innovaciones no podiacutean centildeirse exclusivamente a un contexto reli‑gioso Preocupado por la existencia de una masa de ciudadanos indigentes Numa decide servirse de las tierras que habiacutean sido conquistadas por su antecesor y las reparte entre los desheredados Asiacute inclina al pueblo a la praacutectica de la agricultura con el fin de que estos hombres que cultivancivilizan una tierra que les ha sido otorgada resulten tambieacuten ellos cultivadoscivilizados84 y mediante normas adicionales se aplica a incentivar las labores del campo85

Quedaba todaviacutea por abordar un grave problema pues auacuten subsistiacutea la antigua divisioacuten entre sabinos y romanos Para subsanarla el legislador establece nuevos criterios para clasificar a la ciudadaniacutea y distribuye a los individuos en entidades que dariacuteamos en llamar laquogremialesraquo De este modo agrupados en virtud de los oficios que desempentildean los habitantes de la pujante poblacioacuten iraacuten olvidando los antiguos motivos de desunioacuten86

No acaban ahiacute las reformas de Numa Tambieacuten dicta leyes relacionadas con la institucioacuten familiar87 y el calendario88 Y con todo ello consigue hacer de Roma ndashe incluso de las ciudades del entornondash un remanso de paz la violencia desaparece fiestas y banquetes se celebran por doquier las gentes se relacionan entre si en un ambiente de mutua confianza no hay constancia alguna de laquoguer‑raraquo (πόλεμος) laquodiscordia civilraquo (στάσις) ni laquorevolucioacuten poliacuteticaraquo (νεωτερισμὸς περὶ πολιτείαν) y la figura de Numa goza del respeto general89 Cuando alcan‑zados ya los ochenta antildeos fallece el legislador90 su muerte ndashmuerte naturalndash es

78 Num 815 Plutarco atribuye esta medida al igual que otras a la influencia del espartano Pitaacutegoras (cf Num 14) La influencia de Pitaacutegoras en las costumbres romanas habriacutea sido tratada por Caacutestor de Rodas a quien el queronense hace referencia en sus Cuestiones romanas (Moralia 266E)

79 Num 9180 Num 124‑881 Num 131‑782 Num 910 y 101‑583 Num 121‑384 Num 164 Plutarco hace aquiacute un juego de palabras basaacutendose en el teacutermino

συνεξημεροῦμαι En cuanto al reparto de tierras consignado en este capiacutetulo es posteriormente negado en la comparatio entre Licurgo y Numa (Num 3410)

85 Num 166‑786 Num 171‑487 Num 17588 Num 181‑6 y 198‑9 89 Num 203‑7 Plutarco antildeade (208‑12) unas consideraciones sobre las bondades que se

derivan del mandato de un gobernante filoacutesofo En su argumentacioacuten nuestro autor cita (Num 2010) casi textualmente el pasaje 711e de Las Leyes de Platoacuten

90 Num 217

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Legislar teniacutea un precio

acompantildeada tanto en Roma como en otras ciudades de grandes manifestacio‑nes de duelo91

Asiacute termina la vida del anciano rey que supo renunciar a la apacible vida que tanto le agradaba para regir los destinos de la inquieta Roma poniendo de manifiesto una vez maacutes que para el queronense el ejercicio de la funcioacuten de νομοθέτης va ligado a la ineludible necesidad de pagar un precio por ello Pero no acaba ahiacute la informacioacuten plutarquea sobre Numa pues el bioacutegrafo nos hace saber que tras la muerte del monarca los romanos volvieron a hacer uso de las armas92 y en la comparatio que establece entre Licurgo y Numa Plutarco subraya el fracaso que supone para la constitucioacuten de Numa el regreso de Roma a sus antiguas praacutecticas guerreras93 En cuanto a la causa de tal infortunio el quero‑nense es tajante seguacuten eacutel Numa se equivocoacute gravemente cuando a diferencia de Licurgo no organizoacute un sistema educativo soacutelido disciplinario e igual para todos los ciudadanos94

Publiacutecola

Pasamos acto seguido a ocuparnos de un legislador que aun sin ser de es‑tirpe real tuvo algo que ver con la institucioacuten monaacuterquica pues contribuyoacute a der‑rocarla Se trata de Publio Valerio a quien los romanos dieron el sobrenombre de Publiacutecola95 Eacuteste que se distinguiacutea por su amor a la justicia y su generosidad para con los necesitados pareciacutea destinado al liderazgo si alguacuten diacutea llegaba a instalarse en Roma lo que Plutarco llama laquoun reacutegimen democraacuteticoraquo (δημοκρατία)96 pero al ser depuesto por el pueblo el rey Tarquinio el Soberbio vio frustradas sus aspiraciones a pesar de haber colaborado eacutel personalmente al derrocamiento97

Decepcionado Valerio se retira momentaacuteneamente de la escena poliacutetica98 pero tan pronto como Tarquinio intenta recuperar el poder reacciona y toma parte muy activa en la desactivacioacuten de una conjura que teniacutea por objetivo la rein‑troduccioacuten de la realeza99 En recompensa a sus servicios Valerio es nombrado

91 Num 22192 Num 221193 Num 361094 Num 367 Pensamos que eacutesta es una criacutetica severa que aleja a Numa del prototipo del

Gobernante Ideal Por su parte Boulet (2005) ve en el retrato plutarqueo del monarca romano un claro ndashy premeditadondash distanciamiento del queronense con respecto a la figura platoacutenica del Rey‑Filoacutesofo Si el alejamiento defendido por Boulet se ajusta a la realidad no creemos que deba producirnos extrantildeeza ya que por decirlo en palabras de Hershbell (2004) Plutarco fue un laquoPlatonisthellipunorthodoxraquo Cf Dillon (2014)

95 Publ 1196 Publ 1297 Publ 13‑5 Plutarco da a la actuacioacuten de Valerio un valor claramente superior al que le

otorgan Dionisio de Halicarnaso (467‑72) y Tito Livio (158‑591‑2)98 Publ 21 99 Publ 22‑76

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coacutensul100 mientras el rey destronado busca ndashy obtienendash el apoyo de los etruscos101 Se libra un feroz combate en el que el ejeacutercito romano consigue la victoria y Valerio tiene ocasioacuten de celebrar triunfo siendo ndashsostiene Plutarcondash el primer coacutensul que entra en la urbe montado en una cuadriga102

Pero el flamante vencedor seraacute pronto objeto de criacutetica pues el pueblo cree ver en su conducta atisbos de despotismo concentra en su persona toda la auto‑ridad habita en una mansioacuten maacutes imponente que la del antiguo rey y se presenta escoltado laquopor todas las fasces y hachas juntasraquo (ὑπὸ ῥάβδοις ὁμοῦ πάσαις καὶ πελέκεσι)103 Valerio reacciona con prontitud reuacutene a un buen nuacutemero de al‑bantildeiles y en una noche echa abajo la casa y la destruye hasta los cimientos104 No tardaraacute el pueblo en hacerle donacioacuten de un terreno donde podraacute edificar una nueva morada eso siacute maacutes austera que la anterior105

En cuanto a las insignias suprimioacute las hachas y decretoacute que las fasces se incli‑naraacuten ante el pueblo106 medida que fue muy del agrado de las gentes que dieron a Valerio el sobrenombre de Publiacutecola teacutermino que seguacuten Plutarco equivale a δημοκηδής laquosoliacutecito con el puebloraquo107 Por otra parte concedioacute laquoa quienes quisie‑ranraquo (τοῖς βουλομένοις) la posibilidad de presentar candidatura para compartir el consulado junto a eacutel Pero antes de que se procediera al nombramiento de su colega en el cargo se valioacute de la feliz circunstancia de ser el uacutenico coacutensul en ejercicio para instaurar medidas poliacuteticas de suma importancia108 Asiacute nombroacute nuevos senadores109 otorgoacute mayores derechos al pueblo110 dictoacute pena de muerte sin proceso previo para aquel que pretendiera erigirse en tirano111 y organizoacute la recaudacioacuten de impuestos112

100 Publ 77101 Publ 91102 Publ 92‑9 Sobre el triunfo de Valerio cf Plu Rom 167‑8 y D H 2342 103 Publ 101‑2 Plutarco pone eacutenfasis en la narracioacuten utilizando el estilo directo es el pueblo

quien pronuncia estas palabras de reproche Sobre la desaprobacioacuten de los romanos ante la conducta de Valerio cf las narraciones maacutes comedidas de Dionisio de Halicarnaso (5181) y Tito Livio (276)

104 Publ 105 En las Cuestiones Romanas (Moralia 285F) se hace alusioacuten al hecho de que la casa situada en lo maacutes alto es percibida por las gentes como una amenaza por su elevada situacioacuten Dionisio de Halicarnaso (5192) no menciona la destruccioacuten de la morada seguacuten eacutel Publiacutecola cambioacute de domicilio con el fin ndashdeclaroacute el propio interesadondash de que los romanos pudieran lanzarle piedras desde arriba si le sorprendiacutean cometiendo alguacuten acto injusto Valerio Maacuteximo en cambio siacute alude (411) a la destruccioacuten de la casa y lo hace ademaacutes en un tono grandilocuente

105 Publ 106106 Publ 107 107 Publ 108‑9 En D H 5195 hallamos la misma ndashmaacutes que discutiblendash etimologiacutea108 Publ 111109 Publ 112110 Publ 113‑4111 Publ 121‑2112 Publ 123‑4

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Legislar teniacutea un precio

Tras estas disposiciones designoacute como colega suyo en el cargo a Lucrecio que fallecioacute pocos diacuteas despueacutes del nombramiento siendo sucedido por Marco Horacio113 En cuanto a Publiacutecola sufrioacute a causa de los honores recibidos por su doble condicioacuten de legislador y liacuteder militar la envidia de laquomuchos poderososraquo (πολλοὶ τῶν δυνατῶν) los cuales frustraron su deseo de consagrar el templo de Juacutepiter Capitolino114 Pero ello no fue obstaacuteculo para que Valerio continuara su exitosa carrera pues llegoacute a ser nombrado coacutensul por cuarta vez115 Su muerte acaecida despueacutes de lograr para Roma una gran victoria contra los sabinos causoacute un hondo pesar en la poblacioacuten116

Pero el dolor con que Roma reacciona ante la desaparicioacuten del liacuteder no debe hacernos olvidar las suspicacias que antantildeo despertara en la plebe y la envidia que posteriormente suscitoacute entre los poderosos En un caso la situacioacuten se saldoacute con la destruccioacuten por parte de Valerio de la suntuosa mansioacuten que poseiacutea y en un elocuente gesto de reconocimiento de la voluntad popular en el otro llevoacute las de perder pues no consiguioacute realizar el prestigioso ritual que ambicionaba La disensioacuten con el pueblo fue anterior al ejercicio de la actividad legisladora de hecho es gracias a la reconciliacioacuten con las masas que Publiacutecola tuvo la oportu‑nidad de ejercer como νομοθέτης En cambio el incidente con la eacutelite romana se produjo con posterioridad ndashy a consecuencia dendash su tarea como legislador (Plutarco lo indica con claridad) En este sentido podemos considerar que Publiacutecola pagoacute un doble tributo ndashla peacuterdida de su morada y la imposibilidad de llevar a cabo un ritual de alta relevanciandash por su νομοθεσία

Licurgo Soloacuten Numa y Publiacutecola establecen unas leyes por las que debe regirse la sociedad de la que forman parte y por ello reciben de Plutarco la de‑nominacioacuten de νομοθέτης117 Hay sin embargo entre los personajes biografiados

113 Publ 125‑6114 Publ 141‑7 Sobre φθόνος la envidia caracteriacutestica humana que de ninguacuten modo pasa

inadvertida a Plutarco Verdegem (2005) en una aportacioacuten en torno a les Vidas de estadistas atenienses del siglo v a C establece una clara diferencia entre laquopeer‑envyraquo que salvando la distancia cronoloacutegica seriacutea a nuestro entender el sentimiento que Publiacutecola despertoacute entre los poderosos y laquopopular envyraquo que experimenta la turba con respecto a los liacutederes contra quienes haciacutea aplicar en la Atenas claacutesica la medida llamada ostracismo Sobre el valor que el queronense otorga al ostracismo cf Jufresa Muntildeoz amp Fau Ramos (2011) Por otra parte Frazier (1996) atribuye al φθόνος de los personajes plutarqueos un laquocaractegravere quasi automatiqueraquo (p 109)

115 Publ 211116 Publ 231‑5 y 246 Plutarco (Publ 234) pone de relieve que el pueblo decidioacute que el

cuerpo de Publiacutecola fuera enterrado a expensas puacuteblicas dato que hallamos tambieacuten en Dionisio de Halicarnaso (5482‑3) y Valerio Maacuteximo (441) con la diferencia de que estos dos autores indican que ello se debioacute a la situacioacuten de pobreza extrema en que murioacute el estadista

117 Lyc 11 99 141 Sol 143 165 186 Num 93 1412 2310 2513 Publ 121 143 A un lector atento no le habraacute pasado inadvertido el hecho de que no hayamos mencionado ni a Agis ni a Cleoacutemenes personajes que intentaron en vano restaurar la laquobella y justa constitucioacutenraquo (πολιτείαν καλὴν καὶ δικαίαν) de Licurgo (Agis et Cleom 210) Ciertamente ambos pusieron todo su ahiacutenco en la empresa y ambos sufrieron por ello serias penalidades Agis perdioacute la vida

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por el queronense sujetos a quienes eacuteste no aplica el calificativo de νομοθέτης sino el de οἰκιστήςκτίστης (laquofundadorraquo) o bien les atribuye la accioacuten de οἰκιζεῖνκτιζεῖν (laquofundarraquo) una poblacioacuten Estos individuos fundan (o refundan) una comunidad cosa que les obliga a fijar unas normas Ejercen pues en cierto modo como legisladores y se arriesgan por tanto a contrariar voluntades ajenas Tambieacuten estos personajes de quienes nos ocuparemos ahora sucintamente estaacuten expuestos a pagar un precio por llevar a cabo su cometido

Teseo

Del οἰκιστής Teseo118 nos interesa especialmente su tarea como autor del llamado sinecismo Plutarco nos brinda al respecto una detallada descripcioacuten Seguacuten eacutel tras la muerte del rey Egeo su hijo Teseo se propone laquouna empresa grande y admirableraquo (μέγα καὶ θαυμαστὸν ἔργον) consistente en reunir a todos los habitantes del Aacutetica en una sola ciudad formando con ellos un uacutenico Estado dotado de instituciones comunes119 Pero antes de dar comienzo a su labor re‑corre la regioacuten para informar del proyecto a todos los pobladores Los ciudadanos no relevantes acogen al punto su llamamiento Los ricos en cambio se muestran reticentes y para convencerlos Teseo les ofrece un sistema de gobierno carente de rey y les promete que tan soacutelo reservaraacute para si mismo las funciones de dirigente militar y de laquocustodio de las leyesraquo (νόμων φύλαξ)120

Tras las explicaciones Teseo pone manos a la obra suprime los organismos anteriores y sienta las bases para el establecimiento de una polis a la cual da el

(Agis et Cleom 201) su madre su abuela y su hermano fueron asesinados (Agis et Cleom 202‑7 y 263) y su esposa obligada a contraer matrimonio con el hijo de un enemigo (Agis et Cleom 221‑3) Cleoacutemenes por su parte se vioacute forzado a entregar como rehenes del rey de Egipto a parte de su familia (Agis et Cleom 434‑8) perdioacute a su hermano en combate (Agis et Cleom 496‑7) tuvo que huir de Esparta (Agis et Cleom 503‑4) y fue arrestado en Egipto (Agis et Cleom 567) donde acaboacute suicidaacutendose tras haber intentado provocar un alzamiento contra el rey (Agis et Cleom 576‑5816) y una vez muerto continuaraacuten por asiacute decir las penalidades de Cleoacutemenes ya que el monarca egipcio ordena que su cadaacutever sea ultrajado y que sus hijos su madre y las mujeres del entorno de eacutesta reciban la muerte (Agis et Cleom 594) No obstante he decidido omitir la referencia a estos personajes porque sus esfuerzos por reinstaurar la constitucioacuten de Licurgo no se vieron coronados por el eacutexito y sobre todo porque a diferencia de lo que ocurre con Licurgo Soloacuten Numa y Publiacutecola a Agis y a Cleoacutemenes no les es otorgada por parte de Plutarco la denominacioacuten de νομοθέτης Por lo que a Agis se refiere Roskam (2005) considera que constituye para el queronense el modelo ideal del joven que se dedica a la poliacutetica

118 Thes 15 No entraremos aquiacute a discutir hasta queacute punto podriacutea sentirse Plutarco motivado a biografiar al fundador miacutetico de Atenas ni nos pronunciaremos sobre el no disimulado escepticismo sobre el particular que se le atribuye cf Sirinelli (2000) 301 Por cierto que la obra que acabamos de consignar corresponde a una de las maacutes acreditadas biografiacuteas plutarqueas comparable a las de Jones (1971) Russell (1973) y Lamberton (2001)

119 Thes 241 En la versioacuten plutarquea el sinecismo va maacutes allaacute de la unificacioacuten exclusivamente poliacutetica que describe Tuciacutedides (215)

120 Thes 242

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Legislar teniacutea un precio

nombre de Atenas funda la festividad de las Panateneas para que sea celebrada por el conjunto de la comunidad instaura tambieacuten la fiesta de las Metecias y abdica ndashtal como habiacutea prometido‑ de la corona121

A continuacioacuten se dispone a organizar el nuevo Estado laquoempezando a partir de los diosesraquo (ἀπὸ θεῶν ἀρχόμενος)122 toma medidas para favorecer el crecimiento vegetativo de la polis establece clases entre la ciudadaniacutea asig‑nando un status especiacutefico a cada colectivo acuntildea moneda y fija los liacutemites de Atenas123

Pero al eficiente Teseo tambieacuten le llega la hora de pagar un precio por la tarea realizada124 Un tal Menesteo descendiente de Erecteo emprende una insi‑diosa campantildea contra el fundador soliviantando a laquolos poderososraquo (οἱ δυνατοί) que consideraban que Teseo les habiacutea sustraiacutedo prerrogativas y perturbando asimismo a laquola multitudraquo (οἱ πολλοί) so pretexto de haber perdido seducidos por un espejismo de libertad la patria los templos y los gobernantes que les eran propios yendo a caer bajo la autoridad de un extranjero125 La suerte sonriacutee al alborotador pues los Tindaacuteridas invaden el Aacutetica tal vez ndashapunta Plutarcondash a peticioacuten del propio Menesteo quien se encarga ademaacutes de facilitarles la entrada a la ciudad de Atenas126 De resultas de ello ndashel queronense tiene sus dudas al respectondash Etra la madre de Teseo habriacutea sido hecha prisionera127

El fundador intenta volver a ejercer su autoridadhellip en vano Al fin profun‑damente decepcionado abandona Atenas para siempre no sin antes maldecir a sus habitantes128 Teseo pereceraacute lejos de la patria y su muerte no provocaraacute reaccioacuten alguna en la ciudad129 Mucho tiempo habraacute de transcurrir para que la polis reconozca sus meacuteritos y le rinda los debidos honores que comportaraacuten la

121 Thes 243‑4122 Thes 244 Plutarco no concreta en queacute consiste esta actuacioacuten del fundador123 Thes 251‑4 Por si esta considerable labor fundacional no fuera suficiente somos

informados por Plutarco (Thes 265‑7) de que Teseo es tambieacuten οἰκιστής de la ciudad de Pitoacutepolis de la cual parte despueacutes de haber designado a quienes ejerceraacuten de gobernantes y legisladores

124 Un precio ndashrecordemosndash que ya habiacutea empezado a pagar cuando para persuadir a sus conciudadanos ricos se habiacutea comprometido a renunciar a la corona

125 Thes 321 En este pasaje Plutarco se hace eco de la atribucioacuten a Menesteo del hecho de haber sido laquoel primer hombreraquo (πρῶτος hellip ἀνθρώπων) en laquoejercer de demagogoraquo (δημαγωγεῖν)

126 Thes 322ndash332127 Thes 341128 Thes 353‑5 Esta miacutetica maldicioacuten sirve a Plutarco como αἴτιον para explicar la

etimologiacutea del laquoAraterioraquo o laquolugar de las maldicionesraquo 129 Thes 356‑7 En la descripcioacuten del fracaso que experimenta Teseo al intentar recuperar

el poder Plutarco se sirve de una terminologiacutea poliacutetica (usa en voz pasiva los verbos καταδημαγωγέω y καταστασιάζω) que utiliza tambieacuten en Per 92 y 5 Por otra parte nos parece significativo que la biografiacutea de Teseo no concluya con la alusioacuten a su fallecimiento sino que incorpore (Thes 358ndash365) la mencioacuten de los honores recibidos mucho tiempo despueacutes de su muerte por el fundador de hecho para el queronense el final de una vida no ha de coincidir necesariamente con el final de la biografiacutea cf al respecto Pelling (1997)

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Mordf Teresa Fau Ramos

necesidad de laquorecuperarraquo los restos del οἰκιστής y de trasladarlos solemnemente a Atenas130 permitiendo con ello a Cimoacuten el gran adversario de Temiacutestocles apropiarse de la figura del ilustre fundador131

Roacutemulo

La indiferencia que acompantildea al amargo fin de Teseo contrasta con el re‑vuelo que se originoacute en Roma tras la desaparicioacuten de aqueacutel a quien Plutarco considera laquopadreraquo (πατήρ)132 de la urbe que laquofundoacuteraquo (ἔκτισε)133

No es poco ciertamente lo que Roma debe a su οἰκιστής pues ademaacutes de ser el fundador material de la ciudad134 tomoacute unas medidas que seriacutean determi‑nantes para el futuro de la poblacioacuten Asiacute establecioacute los criterios con arreglo a los cuales debiacutean ser clasificados los ya numerosos habitantes de la urbe135 fue corresponsable del pacto crucial sellado entre sabinos y romanos136 introdujo cambios en el armamento137 e instituyoacute nuevos rituales138 El queronense le atri‑buye tambieacuten la promulgacioacuten de algunas leyes ndashἔθηκεhellip νόμους τινάς139 dice textualmentendash como las que hacen referencia al repudio de la esposa140

Pero llegado el liacuteder romano al zeacutenit de la gloria experimentoacute una profunda transformacioacuten en su manera de ser y adoptoacute maneras impropias vistioacute lujosos

130 Thes 358ndash365 Sobre las acciones cultuales relacionadas con el οἰκιστής ateniense cf Plaacutecido (1994) Por otra parte creemos que en la valoracioacuten plutarquea del descalabro sufrido por Teseo tiene un peso considerable la conducta poco edificante del ateniense en relacioacuten con Helena a quien eacuteste que a la sazoacuten contaba cincuenta antildeos habiacutea raptado cuando la muchacha todaviacutea no era nuacutebil (cf Thes 292 y 311‑3) En este contexto consideramos que aunque no se centra en la figura de Teseo es esclarecedora la obra de Beneker (2012) quien asimismo nos brinda datos relevantes en un trabajo posterior cf Beneker (2014) Sobre los valores morales en la obra del queronense cf Duff (1999) y Van Hoof (2010)

131 Thes 362‑3 y Cim 85‑7 En el marco de la poliacutetica ateniense de la primera mitad del siglo V a C no es en modo alguno insoacutelita la utilizacioacuten en beneficio propio de un dios o de un heacuteroe Asiacute mientras Cimoacuten opta por valerse del miacutetico Teseo Temiacutestocles se sirve de la figura de Aacutertemis cf Fau Ramos (2007) Veacutease al respecto Podlecki (1971) y Piccirilli (1987)

132 Thes 15133 Thes 22134 Rom 111‑4135 Rom 131‑8 Cf Id 201‑3 En Rom 137‑8 el queronense nos ofrece una descripcioacuten

tan idealizada como paternalista de los viacutenculos establecidos entre patroni y clientes descripcioacuten que ha sido relacionada con la que nos brinda Dionisio de Halicarnaso (210)

136 Rom 199‑10137 Rom 211138 Rom 211 y 221139 Con esta expresioacuten parece evidente que si bien Plutarco no aplica a Roacutemulo el calificativo

de νομοθέτης siacute que de facto lo tiene por tal140 Rom 223 La informacioacuten plutarquea sobre las leyes de Roacutemulo es ciertamente escueta

Para una visioacuten mucho maacutes amplia que incluye los derechos hereditarios de las mujeres la aplicacioacuten de la pena de muerte a la esposa en caso de adulterio o embriaguez las obligaciones filiales para con los progenitores y la potestad paterna sobre los hijos cf D H 225‑26

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semejante oraacuteculo lo que haciacutea el dios en realidad era exhortar a los griegos a que abandonasen las guerras frecuentasen las musas apaciguasen sus pasiones con ayuda de la razoacuten y guardasen entre siacute relaciones paciacuteficas y fecundas39

Los dos sucesos trasladan un mensaje confuso Pues hablan de los griegos no de filoacutesofos de guerras y cuestiones de justicia no de rebeliones liberadoras engloba ademaacutes la filosofiacutea en un conjunto de actividades que parece cifrar la παιδεία griega en general Pero ambos de alguna manera ofrecen una primera justificacioacuten del rechazo de Epaminondas Con ellos se pone en praacutectica la lla‑mada laquoredefinicioacutenraquo teacutecnica literaria practicada por diversos autores antiguos y frecuente en las Vidas paralelas Consiste en formular enunciados vagos y gene‑rales que a lo largo de la obra y en pasajes posteriores se concretan y alcanzan un grado mayor de individualizacioacuten40 Los dos incidentes mencionados no son ademaacutes la uacutenica prefiguracioacuten encaminada a justificar de manera previa y alusiva la inhibicioacuten de Epaminondas La misma funcioacuten cumple el diaacutelogo sobre la pobreza Epaminondas mudo en la discusioacuten demonoloacutegica central toma aquiacute la palabra para entrar en controversia con Teanor

Teanor personaje ficticio es un filoacutesofo pitagoacuterico natural de Crotona En fechas anteriores otro pitagoacuterico Lisis se habiacutea refugiado en Tebas Acogido en la casa de Polimnis padre de Cafisias y Epaminondas habiacutea llevado en esa casa pobre una vejez dichosa Teanor llega comisionado por las ricas comunidades pitagoacutericas de Italia Eacutestas quieren recompensar a Polimnis y sus hijos con una suma que aliviaraacute su pobreza Pero Epaminondas se niega a aceptar tal recom‑pensa negativa que da lugar a la controversia que mantiene con Teanor

El discurso sobre la pobreza es la uacutenica ocasioacuten en que Epaminondas rompe sustancialmente su silencio pues es el uacutenico pasaje en el que el ldquocentro ausenterdquo de la obra Epaminondas expone sus ideas de manera razonada y recurriendo a categoriacuteas filosoacuteficas Pronunciado en diaacutelogo con Teanor puede dividirse en dos secciones la primera (583D‑E) de extensioacuten breve comenta la inutilidad de las riquezas aportadas por Teanor que Polimnis y sus hijos habriacutean de emplear en cosas superfluas La segunda (584C‑585D) maacutes amplia y densa comienza con la defensa de la pobreza como ejercicio frente a aquellas pasiones (ἐπιθυμίαι) que proceden del exterior (ἐπήλυδες) y tienen como fuente las falsas opiniones (κενῶν δοξῶν) el deseo de riquezas (φιλοπλουτία) es una de esas pulsiones accesorias y superfluas como lo es tambieacuten el deseo de gloria (φιλοδοξίαν) Pos‑teriormente Epaminondas ahonda en su planteamiento como adiestramiento para el autodominio (ἐγκρατείας) la contencioacuten frente a los placeres beneficia al alma y de la misma manera beneficia a la praacutectica de la justicia el ejercicio contra

39 Gen Socr 579B‑D40 Cf Pelling (1988) 12‑13 (1990) 230

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el deseo de riquezas41 El discurso finaliza con la alabanza del hombre que sabe rehusar favores y daacutedivas de amigos y reyes incluyendo los dones de la fortuna (τύχης) tal hombre no ve alterado su juicio (οὐδὲ θορυβεῖ τὴν διάνοιαν) y es capaz de perseverar ufano y sereno en la praacutectica de la excelencia

Es de notar que los argumentos de Epaminondas no aparecen en otra obra de Plutarco dedicada especiacuteficamente a combatir la avaricia el de cupiditate di‑vitiarum (523C‑528B) Es este uno de los tratados clasificados por Ziegler bajo el roacutetulo de ldquofilosoacuteficos‑popularesrdquo y estudiados recientemente por L Van Hoof Frente a lo que sugiere su roacutetulo observa Van Hoof tales tratados tienen como destinatario a la eacutelite econoacutemica poliacutetica y social del mundo grecorromano Son por otra parte tratados de orientacioacuten fundamentalmente praacutectica Con ellos Plutarco no persigue ldquoconvertir a la filosofiacuteardquo ni lograr que sus lectores olviden sus ambiciones poliacuteticas y sociales Maacutes bien intenta ofrecerles una guiacutea que le ayude afrontar los problemas derivados de su posicioacuten dirigente La meta no es por tanto cambiar las expectativas de liderazgo o rebajar las pretensiones de poder e influencia propios y sustanciales de una clase como aquella que conforma la audiencia de los mal llamados ldquotratados filosoacutefico‑popularesrdquo Por el contrario lo que hace Plutarco es poner la filosofiacutea al servicio de sus aspiraciones42

El de cupiditate divitiarum emplea un tono admonitorio sus ideas son sen‑cillas y basadas en la experiencia o si se quiere en motivaciones prefilosoacuteficas y sus consejos no constituyen un obstaacuteculo sino una ayuda para la realizacioacuten de las ambiciones sociales que pueda albergar el lector Despliega en suma el conjunto de teacutecnicas y estrategias usuales en los tratados de ldquoeacutetica praacutectica al servicio de la eacutelite43rdquo No ocurre lo mismo con el discurso sobre la pobreza de Epaminondas Purgar el alma de las opiniones procedentes del exterior desterrar el ansia de riquezas y el deseo de gloria rehusar los favores de amigos y reyes y los dones de la fortuna son preceptos adecuados para un tipo de hombre que como Epaminondas huye de los conflictos inherentes a la lucha poliacutetica Pero es difiacutecil que con estos atributos Plutarco quiera hacer de Epaminondas un modelo para la oligarquiacutea a quien dirige sus tratados de eacutetica praacutectica Resulta significativa la posicioacuten que ocupa el discurso sobre la pobreza en el texto del de genio Una vez que concluye Epaminondas y despueacutes de que todos expresan su admiracioacuten hacia eacutel se expone una de las maacutes movidas peripecias en la que se vieron envueltos los miembros de la conjura Tras grandes sobresaltos y fuertes discusiones entre diversos implicados en la trama el asunto vino a resolverse por siacute solo e inespe‑radamente

41 El texto griego no es en este pasaje enteramente claro Quizaacutes es consecuencia de ello que frente a la lectura de los manuscritos (δικαιοσύνῃ) Russell (2010) proponga leer δικαιοσύνης

42 Van Hoof (2010) 28‑3743 Van Hoof (2010) 55‑56

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ldquoUn singular trastorno habiacutea hecho presa en nuestro aacutenimo Llenos poco antes de desazoacuten al ver nuestra empresa frustrada la presioacuten de las circunstancias y la urgencia que no consentiacutean tregua nos sumiacutea de nuevo en ansiedad y temor44rdquo

Con estas palabras describe Plutarco el estado de aacutenimo de los conjurados a raiacutez del episodio expuesto tras la discusioacuten sobre la pobreza Un estado de aacutenimo que no puede permitirse Epaminondas atento a la contencioacuten de las pasiones y la serenidad de su mente pero que es el propio de quienes participan en el complot revolucionario

El de genio se mueve seguacuten han observado diversos estudios modernos en dos planos el humano y el de los deacutemones el de la contemplacioacuten filosoacutefica y la praacutectica poliacutetica el mortal y el sobrenatural el de los que conocen y el de los que ignoran45 Y en correspondencia sus personajes se ubican en dos niveles Los unos estaacuten instalados en el mundo de la accioacuten y la peripecia son Cafisias el narrador y con eacutel todos los conjurados Otros se ubican en un plano superior el de la filosofiacutea y el contacto con las realidades transcendentes Epaminondas es la muestra maacutes clara pero el ejemplo uacuteltimo es Soacutecrates La incertidumbre el azar y el conflicto parecen preponderantes en el mundo de la accioacuten Asiacute lo indica el ruego que Arquedamo dirige a Cafisias al inicio de la obra la lucha de la virtud y la razoacuten contra las contingencias atrae por lo accidentado de su desarrollo la precariedad impliacutecita en la actuacioacuten humana y la peripecia que ello desencadena es precisamente lo que hace del acontecer histoacuterico un espectaacuteculo digno de intereacutes para el amante del honor y la belleza46 Ahora bien la manera de ver las cosas de Arquedamo se queda en la superficie de los hechos Ciertamente el relato concerniente a la liberacioacuten de la Cadmea se urde a partir de iniciativas y motivaciones humanas sin que el autor del relato Cafisias reclame expresamente la intervencioacuten divina Pero en el de genio la atmoacutesfera estaacute impregnada de un aura sobrenatural A ello contribuyen tanto las alusiones indirectas47 como la acumu‑lacioacuten de episodios y contenidos relacionados con la divinidad y el maacutes allaacute En muchas de sus obras consigna Plutarco su creencia de que el curso de la historia obedece al disentildeo de una fuerza transcendente48 El relato de la liberacioacuten de la Cadmea confirma dicha idea Pues el lector no puede eludir el pensamiento insi‑nuado por diversos procedimientos aunque no explicitado de que la ayuda divina respalda la actuacioacuten de los conjurados49 Ocurre sin embargo que ni Cafisias ni los demaacutes partiacutecipes de la conjura pueden acceder a esa visioacuten de las fuerzas

44 Gen Socr 588A45 Desideri (1984) 581 Hershbell (1988) 374‑378 Babut (1988) 384‑389 Brenk (1996)

41‑44 Georgiadou (1996) 114 Hardie (1996) 13346 Gen Socr 575B‑D47 Babut (1988) 385‑38648 Tratamiento del tema en Barigazzi (1984) y Swain (1989)49 Babut (1988) 386‑389

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sobrenaturales rectoras de los sucesos Y no acceden precisamente por estar in‑mersos en el mundo de la actuacioacuten y la peripecia Las pulsiones procedentes del exterior embargan su aacutenimo de manera que en expresioacuten de Brenk laquothey see only the apparent succession of chance occurrencesraquo50 Arquedamo tampoco tiene acceso al plano donde operan las fuerzas sobrenaturales Y evidentemente la misma ceguera afecta a esos laquoamantes del honor y la bellezaraquo ante los cuales invita a hablar a Cafisias Un puacuteblico ilustre cuya presentacioacuten hace Arquedamo subrayando su pertenencia a familias poliacuteticamente insignes51 Puacuteblico por tanto equiparable a esa eacutelite social a quien Plutarco dirige sus tratados de eacutetica praacutectica Los dos puacuteblicos el de Cafisias y el del Plutarco podriacutean identificarse con los heacuteroes que liberan la Cadmea Pero difiacutecilmente se identificariacutean con Epaminon‑das que en dos ocasiones rechaza tomar parte en la empresa52

En ambas el rechazo se justifica mediante un argumento ndashla negativa a derramar sangre de sus conciudadanos‑ que situacutea a Epaminondas a un nivel de exigencia eacutetica superior al de los conjurados53 Ahora bien la diferencia entre Epaminondas y los liberadores no radica en la eacutetica Pues al fin y al cabo ningu‑na ofensa eacutetica cabe reprochar a los protagonistas de la heroica liberacioacuten de la Cadmea Radica en el nivel Asiacute lo sugiere la discusioacuten sobre la pobreza Y asiacute lo vuelve a sentildealar el gran debate sobre el daimon de Soacutecrates que da tiacutetulo a al obra

Se debate sobre lo que Soacutecrates mismo llamaba su daimon el principio que lo guioacute a lo largo de su vida e iluminaba sus decisiones en materias inciertas e impenetrables para la inteligencia humana54 El daimon socraacutetico sugiere que Soacutecrates conociacutea de alguna manera los acontecimientos futuros algo que dos personajes del de genio acreditan55 En este sentido el debate versa sobre la adivi‑nacioacuten Las intervenciones de los diferentes personajes configuran tomadas en conjunto un extenso discurso filosoacutefico y religioso Plutarco no se alinea expresa‑mente con ninguna de las opiniones emitidas el tratamiento del tema presenta pues ese final abierto que es tan comuacuten en este autor Las cuestiones que se tocan son variadas pero todas parten de una cuestioacuten baacutesica La adivinacioacuten supone un conocimiento inalcanzable al menos en apariencia a la razoacuten humana Y el debate versa sobre coacutemo es posible acceder a ese nivel superior de inteligencia Miradas desde este punto de vista las opiniones formuladas por los distintos personajes pueden dividirse en dos grandes bloques De un lado Galaxidoro que

50 Brenk (1996) 4251 Gen Socr 575E‑F52 Gen Socr 576D‑E 594B‑C53 En la segunda ocasioacuten se antildeade un motivo maacutes conveniacutea que consumada la liberacioacuten

quedasen hombres a quienes nada pudiese reprocharse por no haber participado en la accioacuten Epaminondas se reserva este papel

54 Gen Socr 580C‑D55 Teoacutecrito (580D‑F) y Polimnis (581D‑E)

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inicia el debate propone una explicacioacuten maacutes proacutexima a los paraacutemetros raciona‑les56 en ella se ha querido ver una muestra de la llamada laquoadivinacioacuten teacutecnicaraquo (τεχνικὸς μαντική artificiosa divinatio)57 Del otro Simias Timarco y Teanor interpretan las premoniciones de Soacutecrates como un caso de comunicacioacuten direc‑ta entre el hombre y la divinidad defienden por tanto la llamada laquoadivinacioacuten naturalraquo (ἄτεχνος μαντική naturalis divinatio)58 Ya se ha dicho que Plutarco no se declara expresamente partidario de ninguna opcioacuten Pero su texto privilegia de manera indirecta los discursos de Simias Timarco y Teanor Asiacute lo sugiere un paacuterrafo del de genio que subraya el papel de Galaxidoro como mero introductor del problema59 Y asiacute lo recogen distintos estudios modernos Galaxidoro seriacutea el oponente racionalista casi siempre estoico habitual en los diaacutelogos religiosos de Plutarco su explicacioacuten se ve devaluada tanto por sus contradicciones internas como por la presencia de procedimientos textuales que rebajan su veracidad y en suma Galaxidoro y el resto de las intervenciones insertas en la seccioacuten dominada por eacutel tendriacutean como funcioacuten principal la de plantear el tema a debatir60

Las propuestas de Simias Timarco y Teanor son evidentemente distintas Actuacutea aquiacute quizaacutes el deseo de presentar el problema bajo luces diversas61 o quizaacutes el complejo planteamiento dramaacutetico que forma parte de las estrategias persuasivas de Plutarco62 Las tres sin embargo coinciden en una idea central la singularidad de aquellos hombres que como Soacutecrates pueden contactar con una realidad por encima del mundo material Para Simias el alma de la mayoriacutea de los hombres se halla embargada por el tumulto de las pasiones y la voraacutegine de las servidumbres vitales de manera que su entendimiento no puede captar las indica‑ciones de los seres superiores en el caso de Soacutecrates por el contrario su intelecto limpio y exento de pasiones (ὁ νοῦς καθαρὸς ὢν καὶ ἀπαθής) percibiacutea faacutecilmente las sentildeales enviadas por los seres divinos63 Seguacuten el mito de Timarco (expuesto por Simias) en el alma (ψυχή) conviven dos partes una inmersa en el cuerpo recibe el nombre mismo de ldquoalmardquo (ψυχή) la otra inaccesible a la corrupcioacuten se llama laquointelectoraquo (νοῦν) estaacute en el exterior del hombre y los entendidos le dan

56 Gen Socr 579F‑582C57 Corlu (1970) 49‑50 Doumlring (1984) 376 Schroumlder (2010) 161 58 Para la distincioacuten entre ambos tipos de maacutentica veacutease Cic div 111ndash12 134 172

1109ndash131 (con el comentario de Wardle (2006))59 Gen Socr 588A ζητήσεως οὐκ ἀγεννοῦς ἀλλ ἧς ὀλίγον ἔμπροσθεν οἱ περὶ Γαλαξίδωρον

καὶ Φειδόλαον ἥψαντο διαποροῦντες τίνος οὐσίας καὶ δυνάμεως εἴη τὸ Σωκράτους λεγόμενον δαιμόνιον

60 Corlu (1970) 19‑20 y 51‑52 Hani (1980) 53 Doumlring (1984) 376‑377 Schroumlder (2010) 161‑162 Donini (2011) 415‑416

61 Sobre el reparto de papeles filosoacuteficos que aquiacute parece efectuar Plutarco veacutease Donini (2011) 412‑419 (2011 [2004]) 442‑443

62 Veacutease Van Hoof (2010) 67‑68 a propoacutesito de determinados laquotratados de eacutetica praacutecticaraquo63 Gen Socr 588D‑E

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el nombre de daimon64 La parte irracional e inmersa en el cuerpo se halla sujeta a la racional e incorruptible Si la sujecioacuten es deacutebil el alma se dejaraacute doblegar por las pasiones soacutelo cuando se fortalece gracias a la educacioacuten aparece el alma capaz de percibir con prontitud las indicaciones de su daimon Algunos hombres sin embargo estaacuten especialmente dotados de suerte que en ellos predomina de forma innata la obediencia a la razoacuten y a su daimon A ellos estaacute reservada la capacidad de percibir la llamada divina65 Teanor afirma que las almas libres de lazos con el cuerpo se convierten en daacuteimones Tales daacuteimones guiacutean los asuntos del hombre Pero no todos los hombres reciben su atencioacuten pues se desentienden de cuantos estaacuten inmersos en los avatares del acontecer soacutelo aquellos que tras mil esfuerzos ascienden a una esfera elevada son recompensados con la ayuda del daimon66

Las tres intervenciones explican las dotes excepcionales de Soacutecrates mediante la existencia de hombres excepcionales Y en las tres esa excepcionalidad requiere una especial disposicioacuten del alma La liberacioacuten de las pasiones y el alejamiento del traacutefago iacutensito en el mundo humano se presentan como condicioacuten necesaria para que haya un Soacutecrates Paradigma del filoacutesofo Soacutecrates es tambieacuten el modelo de Epaminondas El discurso sobre la pobreza al mostrar coacutemo Epaminondas limpia su alma de pasiones e impulsos procedentes del mundo exterior acredita su condicioacuten de filoacutesofo Asiacute se reconoce cuando termina dicho discurso por boca de Simias67

laquoGran hombre grande es Epaminondas y responsable de ello es el aquiacute pre‑sente Polimnis que ha criado a sus hijos desde temprano en la mejor filosofiacutearaquo

Epaminondas tambieacuten es consecuente con su condicioacuten de filoacutesofo cuando rehuacutesa someter su alma al torbellino del acontecer humano y las pasiones aso‑ciadas esto es cuando se niega a participar en la conjura El filoacutesofo parece ser la conclusioacuten no debe participar al menos de manera directa en el torbellino de la vida poliacutetica

El Epaminondas del de genio es una creacioacuten histoacutericamente discutible68 Ciertamente su no participacioacuten en la liberacioacuten de la Cadmea y su formacioacuten filosoacutefica estaacuten suficientemente documentadas Pero Epaminondas es conocido ante todo por su dimensioacuten poliacutetica que aquiacute relega Plutarco para subrayar su

64 Gen Socr 591E65 Gen Socr 592A‑E66 Gen Socr 593D‑594A67 Gen Socr 585D68 Ya Von Stern (1884) 55‑57 sentildealoacute las debilidades del relato que ofrece Plutarco en el

de genio Los estudios posteriores (veacutease por ejemplo Corlu [1970] 19‑20 Barigazzi [1988] 414‑424Georgiadou [1996]) han insistido en el Epaminondas del de genio presenta una factura obediente sobre todo a razones compositivas y de disentildeo

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calidad de filoacutesofo Asiacute construida la figura de Epaminondas traslada un mensaje ndashla no implicacioacuten directa del filoacutesofo en las luchas poliacuteticas‑ que puede tener calado teoacuterico pero tambieacuten sirve a Plutarco para trasladar su posicionamiento ante cuestiones concernientes a su propia persona y al horizonte cultural de su eacutepoca Comparado a otros contemporaacuteneos que por condicioacuten social e incluso actividad literaria estaban a su mismo nivel Plutarco no protagonizoacute una carrera poliacutetica particularmente brillante69 Asumioacute en cambio el papel de consejero y guiacutea de la eacutelite La autoridad necesaria para ello se la confiere la filosofiacutea Pues Plutarco se presenta a siacute mismo como filoacutesofo La exaltacioacuten de Epaminondas es una exaltacioacuten de su propia identidad como filoacutesofo y mentor Epaminondas se mueve a una altura la de la filosofiacutea superior a la de sus afines y compantildeeros los conjurados Esta altura le prohiacutebe descender al plano de la accioacuten directa descenso que contaminariacutea su alma con pulsiones sobrevenidas pero tambieacuten le permite acceder a una realidad inalcanzable para sus compantildeeros Epaminondas eleva asiacute la posicioacuten del filoacutesofo y justifica incluso hace ineludible su alejamiento de la lucha poliacutetica Gracias a ello lo que podriacutea ser una debilidad del propio Plutarco la falta de una carrera puacuteblica brillante se transforma en una eleccioacuten deliberada y necesaria

Tal mensaje adquiere maacutes fuerza si se lo contempla sobre el transfondo cultural de la eacutepoca El auge de las composiciones de exitu illustrium virorum corre en paralelo a la admiracioacuten hacia el filoacutesofo que se enfrenta al poder y sufre castigo por ello Ya se ha dicho que el fenoacutemeno acreditado en diversas fuentes contemporaacuteneas a Plutarco fue propiciado particularmente por el final del rei‑nado de Diocleciano y que el modelo uacuteltimo del filoacutesofo‑maacutertir es Soacutecrates En este contexto adquiere un significado especial la exaltacioacuten del ldquoSoacutecrates tebanordquo Epaminondas Epaminondas se aleja del conflicto puacuteblico para cuidar su alma se distingue por su silencio y pese a ello constituye el ldquocentro ausenterdquo del de genio una composicioacuten articulada en torno a un conflicto civil la liberacioacuten de la Cadmea No resulta inverosiacutemil ver en todos estos datos una respuesta de Plu‑tarco ante el fenoacutemeno del ldquofiloacutesofo‑maacutertir poliacuteticordquo y la admiracioacuten aglutinada en torno a esa figura Respuesta que reivindica rotundamente el papel asumido por el propio Plutarco de filoacutesofo mentor del poliacutetico pero fuera eacutel mismo del traacutefago de la poliacutetica

69 Veacuteanse las observaciones y referencias que ofrece al respecto Van Hoof (2010) 66‑67

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A Esparta de Plutarco entre a guerra e as artes

de um seguidor das leis de Licurgo Nesse sentido Plutarco diz que o dinheiro e o ouro deveriam ser mandados embora de Esparta porque eles eram flagelos importados que despertavam a cobiccedila e promoviam a degeneraccedilatildeo dos costumes (c 17) Desse ponto de vista Lisandro prejudicou Esparta justamente porque promoveu seu enriquecimento e contribuiu para a dissoluccedilatildeo da frugalidade e da simplicidade que caracterizavam o cotidiano dos lacocircnios antes das vitoacuterias espartanas na Guerra do Peloponeso6

Na Vida de Agesilau Plutarco nos conta que o biografado foi o segundo filho de Arquidamo (o primeiro tinha sido Aacutegis) e que por isso ele natildeo seria o herdeiro direto do trono de Esparta De qualquer modo Agesilau foi educado de acordo com a agoge lacedemocircnia e nosso autor faz questatildeo de frisar que em decorrecircncia disso o liacuteder espartano sempre respeitou e praticou as leis de sua cidade (c 1) Mesmo apresentando uma pequena diferenccedila de tamanho de uma perna para a outra ele tinha outras qualidades espartanas como a honestidade a mansidatildeo e a beleza fiacutesica (c 2) Sua formaccedilatildeo foi tatildeo bem sucedida que diferente de Alexandre o grande e de Haniacutebal Agesilau foi um general que conquistou importantes vitoacuterias e mesmo assim nunca deixou de obedecer agraves leis espartanas (c 15) Mesmo depois de tornar‑se um lendaacuterio vencedor ele voltou a Esparta e continuou o mesmo homem de antes sem apresentar nenhuma novidade no seu comportamento diferente de outros estrategos quando voltavam de longas expediccedilotildees a terras estrangeiras (c 19)

Plutarco nos conta que Lisandro ndashque dizem ter sido amante de Agesilau na juventude (c 2)ndash pretendia introduzir muitas inovaccedilotildees e mudanccedilas no governo da Lacocircnia (c 20) Embora outros liacutederes de Esparta como Antaacutelcidas tenham feito acordos com os Persas e tenham abandonado laquocovarde e maldosamenteraquo os gregos da Aacutesia sob o domiacutenio dos baacuterbaros como nos diz Plutarco (c 23) Agesilau sempre foi um defensor da justiccedila Entre os capiacutetulos 29 e 30 da Vida de Agesilau nosso autor nos conta que os espartanos que perderam parentes na bata‑lha de Leuctra (em 371 a C) se alegraram e os que natildeo perderam ficaram tristes De certa forma eles responsabilizaram Agesilau pela derrota e lamentaram ter aceito um rei coxo Contudo Agesilau tinha boa reputaccedilatildeo e era muito virtuoso Prova disso eacute que sem promover nenhuma inovaccedilatildeo ele disse que era preciso fazer as leis dormirem para que retomassem a autoridade que tiveram no passado

Entretanto Plutarco natildeo faz apenas elogios a Agesilau Cartledge (1987 418) observa que ele faz criacuteticas a Agesilau por causa de sua ingratidatildeo em relaccedilatildeo a Lisandro (c 8) e condena seu comportamento porque ele teria hon‑rado mais os amigos do que a justiccedila (c 13 ver tambeacutem Moralia 807d) Aleacutem disso Plutarco via uma relaccedilatildeo direta entre a decadecircncia de Esparta e a ascenccedilatildeo

6 Sobre isso ver Duff (2002) 161‑204 e a introduccedilatildeo de Flaceliegravere e Chambry em Plutarque (1971) 158‑173

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ilegiacutetima de Agesilau ao trono (c 21) Poreacutem no geral nosso autor eacute tatildeo favoraacutevel e simpaacutetico a Agesilau quanto Xenofonte que tambeacutem escreveu uma biografia do rei espartano a qual certamente serviu de base para a Vida composta pelo poliacutemata de Queroneia Segundo Cartledge (1987 418) para Plutarco Agesilau foi a encarnaccedilatildeo das virtudes peculiarmente espartanas simplicidade piedade e autocontrole7

Depois na Vida de Aacutegis e na Vida de Cleocircmenes Plutarco narra os uacuteltimos momentos da histoacuteria da Esparta independente ou seja o ponto mais baixo da decadecircncia daquela cidade Os reis Aacutegis e Cleocircmenes que reinaram no seacuteculo III a C tentaram restaurar os antigos valores dos tempos de Licurgo Eles tinham os dons naturais para levar essa tarefa a cabo Aacutegis tinha grandeza de alma e se insurgia contra os prazeres desde antes dos vinte anos (c 4) natildeo gostava de rou‑pas luxuosas e baniu toda suntuosidade para aderir aos antigos haacutebitos lacocircnios caracterizados pela simplicidade de vida Mas seu exemplo e sua energia natildeo foram suficientes para restaurar os costumes tradicionais e ele foi assassinado ainda muito jovem (cc 19‑21) Aquela Esparta incorrupta e valorosa dos tempos de Licurgo dava seus uacuteltimos suspiros

Cleocircmenes natildeo era parente de Aacutegis mas foi obrigado a se casar com a vi‑uacuteva do rei assassinado ou seja Agiaacutetis Segundo Plutarco (c 1) Cleocircmenes era ambicioso e tinha grandeza de alma Era temperante e simples como Aacutegis Ele tambeacutem quiz restaurar os antigos costumes espartanos (c 11) Primeiro depois de longa disputa poliacutetica abriu matildeo de seus bens Depois distribuiu as terras entre os cidadatildeos Restabeleceu a educaccedilatildeo dos jovens e a disciplina espartana Ele proacuteprio levou uma vida simples e frugal para dar o exemplo aos outros la‑cedemocircnios sem insolecircncia nem orgulho excessivo ou seja como um modelo de temperanccedila (c 13) Mesmo quando perdeu sua esposa Agiaacutetis por quem se enamorara verdadeiramente Cleocircmenes manteve a firmeza e seu caraacuteter elevado e tomou as providecircncias necessaacuterias para garantir a seguranccedila de seus soldados e aliados (c 22) Depois de reinar por dezesseis anos Cleocircmenes morreu (cc 37‑38) e assim terminou a histoacuteria de Esparta como cidade politicamente autocircnoma

Ateacute aqui vimos que podemos encontrar nas Vidas dos liacutederes espartanos escritas por Plutarco aquela imagem caracterizada por um conjunto de valores que parecem ter ganhado forccedila numa eacutepoca lendaacuteria e foram se enfraquecendo conforme o tempo foi passando e Esparta foi estendendo seu poder para fora da Lacedemocircnia Nesse quadro vemos uma cidade altamente militarizada de guerreiros corajosos disciplinados e afeitos a uma vida sem luxos e sem confortos Isso poderia indicar que os espartanos eram um povo rude pouco sofisticado e fechado para as artes

7 Cf tambeacutem a introduccedilatildeo de Flaceliegravere e Chambry em Plutarque (1973) 85‑88 e Shipley (1998) 1‑46

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Poreacutem vaacuterias fontes arqueoloacutegicas vasculares e mesmo literaacuterias nos mostram o contraacuterio Apesar de Tuciacutedides (1102) ter dito que os edifiacutecios em Esparta eram modestos e natildeo correspondiam ao tamanho do poder militar e poliacutetico da cidade dos lacedemocircnios em seu apogeu a avaliaccedilatildeo dos monumentos arquitetocircnicos espartanos precisa ser feita com cuidado Eacute preciso lembrar que Esparta natildeo foi destruiacuteda nas Guerras Meacutedicas como Atenas foi A capital da Aacutetica foi reconstruiacuteda e uma grande soma de dinheiro afluiu para ela por causa das contribuiccedilotildees dos aliados da Liga de Delos Isso natildeo aconteceu com a princi‑pal cidade da Lacocircnia Desse modo nela foram conservados edifiacutecios antigos do seacuteculo VI a C que apresentavam outro estilo de construccedilatildeo mais arcaizante do que claacutessico Dependendo do ponto de vista um estilo pode ser mais valorizado do que o outro

De qualquer modo Pausacircnias (3113) viajante do seacuteculo II d C que fez uma descriccedilatildeo de vaacuterias cidades da Greacutecia daquela eacutepoca nos informa que havia em Esparta vaacuterios monumentos que despertavam a admiraccedilatildeo daqueles que por ali passavam tal como o Poacutertico Persa construiacutedo inicialmente com o butim amealhado na guerra contra os persas Outros exemplos de edifiacutecios que nos uacuteltimos anos vecircm sendo estudados satildeo o templo de Apolo em Amiclas o templo de Aacutertemis Oacutertia e o Menelaion onde eram cultuados Menelau e Helena8

Cartledge (2002 111) nos informa que depois de 690 a C pintores de vasos da Lacocircnia sofreram influecircncia de artistas do Egeu e adotaram o chamado estilo lsquoorientalizantersquo o que mostra que na praacutetica Esparta natildeo estava isolada do resto do mundo helecircnico Ainda segundo Cartledge nessa eacutepoca artesatildeos lacocircnios que trabalhavam com bronze comeccedilaram a se interessar pela representaccedilatildeo de figuras humanas em suas obras e por volta de 650 a C comeccedilou a se desenvolver na regiatildeo de Esparta o uso do marfim para produccedilatildeo de objetos gravados Vemos entatildeo que o ambiente artiacutestico na Lacedemocircnia entre 775 e 650 a C natildeo era de modo algum esteacuteril ou sem importacircncia9

Como Burn (1960 275‑276) explica Esparta natildeo virou suas costas para a arte e a poesia Prova disso eacute que vasos com detalhes refinados foram fabricados ali e exportados para outras regiotildees da Heacutelade ateacute 550 a C mais ou menos Por volta de 600 a C Gitiadas poeta escultor e arquiteto projetou o Templo de Atena tambeacutem conhecido como Casa de Bronze por causa das placas feitas com esse metal para decorar o edifiacutecio E em 585 a C o segundo templo de Oacutertia foi construiacutedo Ou seja havia artesatildeos trabalhando em Esparta no periacuteodo arcaico que produziram obras dignas de admiraccedilatildeo10

8 Para mais informaccedilotildees sobre a arqueologia e a arquitetura espartanas ver Walker (1998) Kaltsas (2007) e Cavanagh (2009)

9 Sobre isso ver tambeacutem Burn (1960) 180‑184 e Stibbe (1996) passim10 Ver tambeacutem Burn (1960) 280‑282 e Cartledge (2002) 133‑136

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No que diz respeito agrave muacutesica Plutarco nos daacute significativos testemunhos da sua importacircncia em ambiente espartano tanto nas Vidas quanto nos Moralia Na Vida de Licurgo no c 4 por exemplo encontramos a informaccedilatildeo segundo a qual o legislador lendaacuterio teria convidado um poeta‑legislador de Creta para ir a Esparta com ele Esse poeta se chamava Tales Mas talvez tenha havido alguma confusatildeo na tradiccedilatildeo manuscrita e esse Tales poderia ser o Taletas de Gortina mencionado algumas vezes no livro Sobre a Muacutesica tambeacutem de Plutarco Ele teria sido o responsaacutevel por curar os espartanos de uma peste com o seu canto11 Aleacutem disso no mesmo c 4 nos eacute dito que Licurgo teria sido o responsaacutevel por levar os poemas de Homero da Jocircnia para sua cidade

Depois no c 21 da mesma Vida Plutarco nos diz que os lacedemocircnios apreciavam se dedicar agrave poesia meacutelica porque as canccedilotildees estimulavam seus espiacuteritos e lhes davam coragem para enfrentar os inimigos nas batalhas Seu estilo era simples e seus temas eram seacuterios com o objetivo de promover uma boa formaccedilatildeo dos caraacuteteres Nelas eram louvados os heroacuteis de Esparta e condenados os covardes que natildeo lutaram ateacute o fim para defender sua cidade Nos festivais eram organizados trecircs coros de acordo com as idades um de velhos outro de adultos e outro de jovens Cada um cantava sobre a sua bravura uns falavam dos seus feitos no passado os outros tratavam das suas accedilotildees no presente e os uacuteltimos cantavam sobre o seu desejo de realizar grandes proezas no futuro Esses seriam os temas baacutesicos das canccedilotildees em Esparta e por isso segundo Plutarco Terpandro e Piacutendaro estavam corretos ao associar bravura e muacutesica e ao mostrar que os espartanos eram o povo mais aguerrido e mais musical

Por isso natildeo era por acaso que os jovens cantavam o nomo de Caacutestor e o peatilde da marcha (c 22) e em todo lugar havia danccedilas festas e banquetes quando natildeo havia expediccedilotildees militares (c 24) Contudo o gosto pela boa muacutesica e pela boa poesia natildeo era caracteriacutestico de todos os habitantes da Lacocircnia tendo em vista que os hilotas danccedilavam e cantavam canccedilotildees vulgares e grotescas diferentes das composiccedilotildees de Aacutelcman Terpandro e Especircndon (c 28) Isso na verdade estava associado ao fato de eles serem escravos e por isso era compreensiacutevel que eles apreciassem canccedilotildees vis como eles proacuteprios

Na Vida de Lisandro encontramos algumas informaccedilotildees que reforccedilam a impressatildeo de que os espartanos tinham sim grande sensibilidade para a muacutesica No c 15 ficamos sabendo que os lacocircnios depois de conquistar Atenas em 404 a C queriam destruir aquela cidade mas apoacutes ouvir um coro da Electra de Euriacutepides desistiram Em seguida no c 18 Plutarco nos conta que Lisandro estava sempre acompanhado do poeta Queacuterilo encarregado de celebrar os feitos do general E outros poetas tambeacutem celebraram Lisandro segundo nosso autor

11 Ver Plu Mus 42 (1146B‑C) e Gostoli (1990) 12‑13 e

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Na Vida de Agesilau c 14 lemos que os espartanos apreciavam uma parte da poesia de Timoacuteteo de Mileto poeta que teria tido algumas cordas de sua ciacutetara cortadas quando de uma sua visita a Esparta porque os eacuteforos julgavam que natildeo seriam necessaacuterias mais do que sete cordas e o instrumento do poeta tinha onze12 Essa anedota indica que os lacocircnios natildeo apreciavam inovaccedilotildees Poreacutem a informaccedilatildeo do c 14 da Vida de Agesilau mostra que eles poderiam aceitar pelo menos uma parte da obra de um poeta inovador desde que essa parte se adequas‑se ao gosto e agraves tradiccedilotildees do local Tambeacutem nessa mesma Vida c 21 Plutarco nos diz que o rei Agesilau apreciava os cantos e as danccedilas mesmo natildeo sendo um lsquoespecialistarsquo nas artes

Por fim na Vida de Aacutegis c 10 encontramos um elogio a Terpandro a Ta‑les (Taletas) e a Fereacutecides porque mesmo sendo estrangeiros professavam o que Licurgo instituiu e por isso foram muito honrados em Esparta Na Vida de Cleocircmenes c 2 somos informados que o rei Leocircnidas elogiou Tirteu algo facilmente compreensiacutevel tendo em vista o caraacuteter estimulante e guerreiro das elegias daquele poeta Aleacutem disso nessa mesma Vida citada por uacuteltimo c 12 Plutarco nos conta que Cleocircmenes certa vez teria encontrado alguns artistas de Dioniso muacutesicos e atores profissionais que iam de cidade em cidade para se apresentar e construiu um teatro Isso mostra que esse rei estimulou de alguma maneira as atividades artiacutesticas mesmo que ele natildeo tivesse o costume de levar artistas com seu exeacutercito de acordo com Plutarco e nem apreciasse apresentaccedilotildees musicais nos seus banquetes (c 13)

Tudo isso mostra que Esparta era uma cidade onde a muacutesica tinha um papel importe na educaccedilatildeo e na guerra e que os lacocircnios natildeo eram um povo obtuso e indiferente ao poder das melodias De acordo com Plutarco tendo em vista agora algumas passagens dos Moralia os espartanos passavam por treinamento rigoroso no que diz respeito agrave muacutesica e agrave poesia e suas canccedilotildees estimulavam os espiacuteritos e faziam com que os homens se sentissem entusiasmados e se esfor‑ccedilassem para ser bem sucedidos Em vaacuterias passagens das suas Obras Morais ele elogia o estilo da muacutesica deles porque ela era simples e natildeo afetada e seus temas eram seacuterios e edificantes Se algueacutem estudasse a poesia e as canccedilotildees de marcha de Esparta acompanhadas pelo aulo essa pessoa concordaria que Terpandro e Piacutendaro estavam certos ao associar valor (andreia) e muacutesica Como vimos acima nos trechos citados das Vidas Plutarco tambeacutem diz que os Espartanos eram o povo ao mesmo tempo mais musical (mousikotatous) e o mais afeito agrave guerra (polemikotatous)13

No livro sobre os Antigos Costumes dos Espartanos Plutarco tambeacutem elogia os ritmos das canccedilotildees de marcha (embaterioi rhythmoi) porque eles despertavam

12 Ver Plu Agis 1013 Cf Lyc 211‑4

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a coragem a audaacutecia e o desdeacutem pela morte requisitos indispensaacuteveis para o guerreiro valoroso Os espartanos usavam esses ritmos para danccedilar mas tambeacutem quando avanccedilavam contra os inimigos ao som do aulo Plutarco lembra que Li‑curgo associava o amor pela muacutesica agrave praacutetica militar para que o espiacuterito guerreiro combinado com a melodia tivesse concordacircncia e harmonia (symphonia kai har‑monia) Por isso em tempos de guerra os reis espartanos ofereciam sacrifiacutecios agraves Musas antes de ir para a batalha como Plutarco nos conta nos Instituta Laconica 16 (238B‑C)

E para manter a pureza da sua muacutesica e dos seus costumes os espartanos agraves vezes recorriam a atos violentos Como Plutarco reporta nos Instituta Laconica 17 (238C‑D) eles natildeo permitiriam que ningueacutem desrespeitasse de modo algum as regras da muacutesica do passado Nem mesmo Terpandro um dos mais antigos e melhores citaredos (aqueles que cantavam acompanhados da ciacutetara ou da lira) teria a permissatildeo para acrescentar uma corda extra ao seu instrumento para que suas melodias fossem mais variadas Ele tentou fazer isso mas os eacuteforos pregaram sua lira numa parede por causa do seu ato iacutempio contraacuterio agrave tradiccedilatildeo Em outra ocasiatildeo um dos eacuteforos teria procedido com mais violecircncia quando Timoacuteteo o famoso muacutesico inovador que floresceu na segunda metade do seacuteculo V a C estava competindo no festival das Carneias ele pegou uma faca e perguntou ao muacutesico de que lado ele deveria cortar as cordas supeacuterfluas cujo nuacutemero ultra‑passava o tradicional de sete cordas Outras variantes dessa histoacuteria satildeo contadas por Plutarco em outros textos mas nessas outras passagens Friacutenis outro muacutesico inovador da segunda metade do seacuteculo V a C eacute o protagonista14

Mas para aleacutem da sua importacircncia na educaccedilatildeo e nos contextos de bata‑lha a muacutesica tinha grande significado tambeacutem nas momentos das celebraccedilotildees religiosas Dentre as festividades religiosas realizadas na Lacedemocircnia uma das mais importantes era a das Carneias realizada em Esparta e intimamente ligada agrave histoacuteria de Terpandro As origens desse festival eram muito antigas anteriores ao seacuteculo VIII a C tendo em vista que no seacuteculo VII os colonizadores espartanos da cidade italiana de Tarento jaacute tinham o costume de celebraacute‑la15 As Carneias eram dedicadas ao deus Apolo Carneu Em Esparta havia concursos musicais e atleacuteti‑cos uma corrida de jovens e um banquete ritual que contava com a participaccedilatildeo dos homens adultos que representavam as fratrias O festival era organizado por cidadatildeos solteiros e era o momento adequado para que os jovens que jaacute haviam completado seu periacuteodo de formaccedilatildeo ingressassem na vida adulta16

O que nos interessa aqui eacute o papel que a muacutesica desempenhava no contexto dessas festividades Um elemento importante nesses momentos de comemoraccedilatildeo

14 Cf Prof virt 84A Apophth Lac 220C e Agis 107 jaacute citada na nota 9 Cf Rocha (2008) 654‑655

15 Brelich (1969) 181‑18216 Brelich (1969) 149‑150

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eram os concursos A realizaccedilatildeo de concursos musicais no acircmbito do festival das Carneias natildeo teria acontecido desde o iniacutecio A introduccedilatildeo de agones provavel‑mente ocorreu quando Terpandro migrou de Metimna (Lesbos) para Esparta na primeira metade do seacuteculo VII a C Nesse contexto eacute importante considerar o testemunho de Helacircnico17 segundo o qual Terpandro teria sido o primeiro a vencer o concurso musical nas Carneias Esse fato parece estar diretamente relacionado agrave fundaccedilatildeo da primeira escola musical (katastasis) em Esparta por obra do mesmo Terpandro Segundo Brelich (1969 186‑191) eacute muito provaacutevel que a introduccedilatildeo do concurso musical nas Carneias tenha sido influenciada pela proacutepria katastasis18 Essa hipoacutetese ganha forccedila se consideramos o capiacutetulo 9 do tratado Sobre a Muacutesica como um todo Ali Plutarco fala da primeira katastasis fundada por Terpandro e menciona tambeacutem a segunda katastasis liderada por Taletas de Gortina Xenoacutedamo de Citera Xenoacutecrito de Locres Polimnesto de Coacutelofon e Saacutecadas de Argos muacutesicos que teriam instituiacutedo as Gimnopeacutedias em Esparta as Apodeixeis na Arcaacutedia e as Endimaacutetias em Argos Jaacute que os membros da segunda escola musical foram fundadores de festivais19 em diferentes cidades do Peloponeso Terpandro tambeacutem pode ter desempenhado o mesmo papel no contexto das Carneias

No que diz respeito agraves Gimnopeacutedias contudo encontramos uma situaccedilatildeo diferente Possuiacutemos uma grande variedade de informaccedilotildees sobre esse festival que inclusive muitas vezes satildeo contraditoacuterias Mas tratando apenas daquilo que nos interessa aqui sabemos que no periacuteodo das festividades aconteciam apresentaccedilotildees de coros de adolescentes e adultos instituiacutedos em honra a Apolo que cantavam hinos compostos por poetas como Taletas Aacutelcman e Dionisodoto Depois da batalha de Tireia em 544 aC na qual Esparta lutou contra Argos pela posse da Tireaacutetida tornou‑se costumeiro cantar um peatilde em honra dos soldados que morreram naquela ocasiatildeo Por causa desse elemento ritual e da comparaccedilatildeo com as Apodeixeis e as Endimaacutetias as Gimnopeacutedias foram consideradas festas que indicavam o momento no qual os jovens receacutem‑iniciados eram integrados agrave vida militar20

Tendo tudo isso em vista podemos concluir que eacute preciso colocar a miragem espartana em perspectiva Esparta natildeo era tatildeo lsquoespartanarsquo assim e natildeo foi sempre lsquoespartanarsquo Havia espaccedilo naquela cidade para o cultivo das artes tais como a arquitetura a escultura a pintura vascular a muacutesica (que incluiacutea a poesia) e a danccedila Nela floresceram poetas como Aacutelcman Terpandro e Tirteu Nela surgiram escolas poeacuteticomusicais Nela viveram poetas estrangeiros tais como Taletas de

17 FGrHist 4 F 85 = Ateneu 635e = Terpander Test 1 Gostoli18 Cf tambeacutem Gostoli (1990) 84‑8519 Mais do que fundadores de festivais eacute mais verossiacutemil pensar que esses autores foram os

responsaacuteveis pela introduccedilatildeo dos concursos musicais como parte das celebraccedilotildees 20 Cf Gostoli (1990) 85‑86

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Gortina (Creta) e Saacutecadas de Argos E sendo assim houve um ambiente feacutertil e favoraacutevel para o desenvolvimento e o cultivo de atividades artiacutesticas Os esparta‑nos foram sim grandes guerreiros que contribuiacuteram decisivamente para a vitoacuteria dos helenos sobre os persas Eles cultivaram sim suas habilidades guerreiras a ponto de derrotar os atenienses na Guerra do Peloponeso Poreacutem Esparta natildeo foi somente uma comunidade de soldados que dedicavam suas vidas somente agrave guerra Esparta foi tambeacutem uma cidade onde as pessoas cantavam danccedilavam e apreciavam a beleza dos edifiacutecios e dos objetos do cotidiano Eacute preciso reconhecer isso e na obra de Plutarco jaacute encontramos essa imagem multifacetada dessa cul‑tura Basta direcionar os olhos para outras direccedilotildees

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172

Roosevelt Rocha

Rocha R laquoPlutarch and the musicraquo in A G Nikolaidis (ed) The unity of Plutarchrsquos work Berlin De Gruyter 2008 pp 651‑656

Shipley D R A commentary on Plutarchrsquos Life of Agesilaos Oxford Clarendon Press 1998

Silva M A O Plutarco Historiador Satildeo Paulo Edusp 2006Stibbe C M Das andere Sparta Mainz am Rhein Philipp v Zabern Verlag

1996 Walker S E C amp Cavanagh W Sparta in Laconia Proceedings of the 19th British

Museum Classical Colloquium held with the British School at Athens and Kingrsquos and University Colleges London 6‑8 December 1995 Atenas British School at Athens 1999

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Index nominum

Timoacuteteo 167‑168 178 183Timoacutexena 195Tindaacuteridas 63Tireaacutetida 169Tireia 169Tireacutesias 236Tirteu 167 169 221Titatildes 245Trajano 121Trezena 31 32‑35 38 Tricoacuterito 39Troia 81 124Tuciacutedides 122 160 181Ulisses 81 192Valeacuterio (vd Puacuteblio Valeacuterio)Vestais 58 204Viacutenio 200Xantipo 191 201Xenoacutecrito 169Xenoacutedamo 169Xenofonte 160 164Zaleuco 88Zeus 36 40‑41 220 226 243

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Index nominum

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Notas biograacuteficas dos autores

Aacutelia Rodrigues eacute doutorada em Estudos Claacutessicos (Literatura Grega) e inves‑tigadora do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse satildeo a histoacuteria das ideias poliacuteticas desde os Gregos ateacute agrave modernidade histoacuteria legal e a recepccedilatildeo de temas claacutessicos na contemporaneidade

Ana Ferreira eacute Professora Auxiliar do Departamento de Estudos Portugueses e Ro‑macircnicos da Faculdade de Letras da Universidade do Porto e investigadora do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a histoacuteria antiga a literatura greco‑romana bem como a didaacutectica das liacutenguas claacutessicas

Delfim F Leatildeo eacute Professor Catedraacutetico da Instituto de Estudos Claacutessicos e investiga‑dor do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a histoacuteria antiga o direito e a teorizaccedilatildeo poliacutetica dos Gregos a pragmaacutetica teatral e a escrita romanesca antiga

Faacutebio Vergara Cerqueira eacute Professor Adjunto do Instituto de Ciecircncias Humanas da Universidade Federal de Pelotas pesquisador PQ‑2 do CNPq Professor Visitante na Universidade de Heidelberg Bolsista Fundaccedilatildeo Humboldt ldquoPesquisador Experienterdquo Principais aacutereas de interesse satildeo histoacuteria e arqueologia da Greacutecia antiga e sua recepccedilatildeo enfocando muacutesica iconografia ceramologia gecircnero memoacuteria social identidade e patrimocircnio cultural

Guillermina Gonzaacutelez Almenara es Profesor Contratado Doctor Tipo 1 vinculada con el Aacuterea de Filologiacutea Griega del Departamento de Filologiacutea Claacutesica Francesa Aacuterabe y Romaacutenica de la Universidad de La Laguna Sus principales liacuteneas de investi‑gacioacuten son la mujer y el aacutembito femenino en la Grecia antigua Historiografiacutea griega Historia y civilizacioacuten de la Grecia antigua

Ivana S Chialva es Doctora en Letras Investigadora Asistente del Conicet y Profesora de Griego y Literaturas griega y latina de la Facultad de Humanidades y Ciencias de la Universidad Nacional del Litoral (Santa Fe Argentina) Sus tra‑bajos sobre el mundo antiguo se focalizan en la relacioacuten entre primera y segunda sofiacutestica y en la influencia de este uacuteltimo fenoacutemeno en la prosa narrativa griega de eacutepoca imperial especialmente la retoacuterica la biografiacutea y la novela en sus diferentes formas

Jesuacutes-Mordf Nieto Ibaacutentildeez es Catedraacutetico de Filologiacutea Griega de la Universidad de Leoacuten Sus liacuteneas de investigacioacuten son la literatura judiacutea en lengua griega los primeros textos cristianos el Humanismo y la Tradicioacuten claacutesica Actualmente dirige un Proyecto de

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investigacioacuten sobre el Humanismo la Tradicioacuten claacutesica y patriacutestica y la exeacutegesis biacuteblica en los siglos XVI y XVII

Joaquim Pinheiro eacute Professor Auxiliar da Universidade da Madeira e investigador do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a biografia antiga a Segunda Sofiacutestica a retoacuterica claacutessica e o pensamento poliacutetico dos Gregos

Joseacute M Candau es Catedraacutetico de Filologiacutea Griega en la Universidad de Sevilla Sus principales aacutereas de investigacioacuten son la historiografiacutea griega y Plutarco

Loraine Oliveira eacute professora de Filosofia da Universidade de Brasiacutelia Publicou o livro Plotino escultor de mitos pela Imprensa da Universidade de CoimbraAnnablume em 2014 Vem se dedicando principalmente a estudar os mitos em Plotino Plutarco e Porfiacuterio assim como o vegetarianismo em Plutarco e Porfiacuterio

Maria Aparecida de Oliveira Silva eacute professora visitante do Programa de Poacutes‑Gradu‑accedilatildeo em Letras Claacutessicas da Universidade de Satildeo Paulo e Professora Pesquisadora do Programa de Poacutes‑Graduaccedilatildeo em Histoacuteria da Universidade Federal de Satildeo Paulo Liacuteder do Grupo CNPq LABHAN Laboratoacuterio de Histoacuteria Antiga da Universidade Federal do Amapaacute Pesquisadora do Grupo CNPq Linceu ‑ Visotildees da Antiguidade Claacutessica da Universidade Estadual Paulista Pesquisadora do Grupo Retoacuterica Texto y Comunicacioacuten da Universidad de Caacutediz Membro do Conselho Acadecircmico do Seminaacuterio de Histoacuteria e Filosofia das Religiotildees da Universidad Autoacutenoma de Ciudad Juaacuterez mdash Meacutexico Pesquisa e publica trabalhos sobre Esparta Plutarco e biografia antiga

M Teresa Fau Ramos es Profesora Titular del Departament de Filologia Grega de la Universitat de Barcelona y miembro del Grup de Recerca Graecia Capta que investiga la pervivencia de la identidad griega bajo el imperio romano Sus principales aacutereas de intereacutes cientiacutefico son la historia e instituciones de la Grecia claacutesica y post‑claacutesica la religioacuten helena (paganismo) y diversos aspectos del cristianismo primitivo

Pilar Goacutemez Cardoacute es profesora titular de Filologiacutea Griega en la Universidad de Barcelona donde imparte docencia e investiga desde 1981 Doctora en Filologiacutea Claacutesica desde 1987 con una tesis sobre la tradicioacuten yaacutembica y la faacutebula (La Vida drsquoIsop entre el iambe la faula i la novella) es autora de numerosos artiacuteculos y capiacutetulos de libros sobre la literatura griega de eacutepoca imperial romana en especial sobre Segunda Sofiacutestica y novela ha estudiado principalmente autores como Luciano en cuya edicioacuten y traduccioacuten al castellano para la coleccioacuten Alma Mater participa Plutarco Dioacuten de Prusa o Elio Ariacutestides Es miembro del grupo de investigacioacuten Graecia Capta de la Universidad de Barcelona

Roosevelt Rocha eacute Professor Adjunto do curso de Letras da Universidade Federal do Paranaacute (Brasil) e pesquisador ligado ao Programa de Poacutes‑Graduaccedilatildeo em Letras da

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mesma Universidade As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a poesia grega arcaica (elegia jambo e meacutelica) a muacutesica grega antiga e o estudo da performance da poesia grega dos periacuteodos arcaico e claacutessico

Vicente Ramoacuten es Profesor Tiular de Filologiacutea Griega de la Universidad de Zara‑goza Sus intereses cientiacuteficos pueden sintetizarse en las siguientes liacuteneas Plutarco de Queronea y la biografiacutea poliacutetica historiografiacutea griega retoacuterica y oratoria griegas tradicioacuten claacutesica teatro griego la irreligiosidad en la Atenas Claacutesica

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Volumes publicados na Colecccedilatildeo Humanitas Supplementum

1 Francisco de Oliveira Claacuteudia Teixeira e Paula Barata Dias Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 1 ndash Liacutenguas e Literaturas Greacutecia e Roma (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

2 Francisco de Oliveira Claacuteudia Teixeira e Paula Barata Dias Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 2 ndash Liacutenguas e Literaturas Idade Meacutedia Renascimento Recepccedilatildeo (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

3 Francisco de Oliveira Jorge de Oliveira e Manuel Patriacutecio Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 3 ndash Histoacuteria Arqueologia e Arte (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2010)

4 Maria Helena da Rocha Pereira Joseacute Ribeiro Ferreira e Francisco de Oliveira (Coords) Horaacutecio e a sua perenidade (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

5 Joseacute Luiacutes Lopes Brandatildeo Maacutescaras dos Ceacutesares Teatro e moralidade nas Vidas suetonianas (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

6 Joseacute Ribeiro Ferreira Delfim Leatildeo Manuel Troumlster and Paula Barata Dias (eds) Symposion and Philanthropia in Plutarch (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

7 Gabriele Cornelli (Org) Representaccedilotildees da Cidade Antiga Categorias histoacutericas e discursos filosoacuteficos (Coimbra Classica DigitaliaCECHGrupo Archai 2010)

8 Maria Cristina de Sousa Pimentel e Nuno Simotildees Rodrigues (Coords) Sociedade poder e cultura no tempo de Oviacutedio (Coimbra Classica DigitaliaCECHCECCH 2010)

9 Franccediloise Frazier et Delfim F Leatildeo (eds) Tychegrave et pronoia La marche du monde selon Plutarque (Coimbra Classica DigitaliaCECH Eacutecole Doctorale 395 ArScAn‑THEMAM 2010)

10 Juan Carlos Iglesias‑Zoido El legado de Tuciacutedides en la cultura occidental (Coimbra Classica DigitaliaCECH ARENGA 2011)

11 Gabriele Cornelli O pitagorismo como categoria historiograacutefica (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2011)

12 Frederico Lourenccedilo The Lyric Metres of Euripidean Drama (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2011)

13 Joseacute Augusto Ramos Maria Cristina de Sousa Pimentel Maria do Ceacuteu Fialho Nuno Simotildees Rodrigues (coords) Paulo de Tarso Grego e Romano Judeu e Cristatildeo (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

14 Carmen Soares amp Paula Barata Dias (coords) Contributos para a histoacuteria da alimentaccedilatildeo na antiguidade (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

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15 Carlos A Martins de Jesus Claudio Castro Filho amp Joseacute Ribeiro Ferreira (coords) Hipoacutelito e Fedra ‑ nos caminhos de um mito (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

16 Joseacute Ribeiro Ferreira Delfim F Leatildeo amp Carlos A Martins de Jesus (eds) Nomos Kosmos amp Dike in Plutarch (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

17 Joseacute Augusto Ramos amp Nuno Simotildees Rodrigues (coords) Mnemosyne kai Sophia (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

18 Ana Maria Guedes Ferreira O homem de Estado ateniense em Plutarco o caso dos Alcmeoacutenidas (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

19 Aurora Loacutepez Andreacutes Pocintildea amp Maria de Faacutetima Silva De ayer a hoy influencias claacutesicas en la literatura (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

20 Cristina Pimentel Joseacute Luiacutes Brandatildeo amp Paolo Fedeli (coords) O poeta e a cidade no mundo romano (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

21 Francisco de Oliveira Joseacute Luiacutes Brandatildeo Vasco Gil Mantas amp Rosa Sanz Serrano (coords) A queda de Roma e o alvorecer da Europa (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

22 Luiacutesa de Nazareacute Ferreira Mobilidade poeacutetica na Greacutecia antiga uma leitura da obra de Simoacutenides (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica DigitaliaCECH 2013)

23 Faacutebio Cerqueira Ana Teresa Gonccedilalves Edalaura Medeiros amp JoseacuteLuiacutes Brandatildeo Saberes e poderes no mundo antigo Vol I ndash Dos saberes (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia2013) 282 p

24 Faacutebio Cerqueira Ana Teresa Gonccedilalves Edalaura Medeiros amp Delfim Leatildeo Saberes e poderes no mundo antigo Vol II ndash Dos poderes (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013) 336 p

25 Joaquim J S Pinheiro Tempo e espaccedilo da paideia nas Vidas de Plutarco (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013) 458 p

26 Delfim Leatildeo Gabriele Cornelli amp Miriam C Peixoto (coords) Dos Homens e suas Ideias Estudos sobre as Vidas de Dioacutegenes Laeacutercio (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013)

27 Italo Pantani Margarida Miranda amp Henrique Manso (coords) Aires Barbosa na Cosmoacutepolis Renascentista (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2013)

28 Francisco de Oliveira Maria de Faacutetima Silva Tereza Virgiacutenia Ribeiro Barbosa (coords) Violecircncia e transgressatildeo uma trajetoacuteria da Humanidade (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

29 Priscilla Gontijo Leite Eacutetica e retoacuterica forense asebeia e hybris na caracterizaccedilatildeo dos adversaacuterios em Demoacutestenes (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

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30 Andreacute Carneiro Lugares tempos e pessoas Povoamento rural romano no Alto Alentejo ‑ Volume I (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2014)

31 Andreacute Carneiro Lugares tempos e pessoas Povoamento rural romano no Alto Alentejo ‑ Volume II (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2014)

32 Pilar Goacutemez Cardoacute Delfim F Leatildeo Maria Aparecida de Oliveira Silva (coords) Plutarco entre mundos visotildees de Esparta Atenas e Roma (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

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Resumo da obra

A vasta e variada obra de Plutarco permite sempre uma abordagem a partir de distintas

perspetivas com diferentes intenccedilotildees e propoacutesitos variados No entanto eacute importante

identificar tambeacutem fios comuns nessa abordagem porque permitem demonstrar tanto a

niacutevel formal como de conteuacutedo que haacute muitos elementos comuns que permeiam o trabalho

de Plutarco

Os treze contributos para este volume tecircm como elo comum o nome de trecircs cidades

Esparta Atenas e Roma Elas representam espaccedilos poliacuteticos e institucionais diversos dada

a sua extensatildeo geograacutefica e cronoloacutegica mas simbolizam igualmente diferentes modelos

de organizaccedilatildeo social atraveacutes dos quais a Greacutecia pode ser contrastada com Roma ou Atenas

comparada com Esparta mdash ainda que o seu verdadeiro interesse na obra de Plutarco seja

que representam sempre locais paradigmaacuteticos onde vivem e convivem pessoas Por

isso os estudiosos de Plutarco que contribuiacuteram para este volume procuram analisar em

cada uma dessas cidades seja por assimilaccedilatildeo ou por contraste a forma como o autor de

Queroneia aborda a ligaccedilatildeo entre indiviacuteduo e comunidade a partir do exerciacutecio do poder

e da experiecircncia religiosa qual o papel da educaccedilatildeo e do domiacutenio privado na projeccedilatildeo

puacuteblica dos protagonistas retratados por Plutarco ou ateacute que ponto a imagem dos primeiros

legisladores e fundadores miacuteticos foi condicionada pela evoluccedilatildeo histoacuterica destas mesmas

cidades

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Page 12: Versão integral disponível em digitalis.uc · visões de Esparta, Atenas e Roma IMPRENSA DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA COIMBRA UNIVERSITY PRESS ANNABLUME Versão integral disponível

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Apresentaccedilatildeo de Plutarco entre Mundos visotildees de esparta atenas e roma

(Presentation of Plutarch between worlds visions of Sparta Athens and Rome)

Um grego nascido agrave eacutepoca da dominaccedilatildeo romana Plutarco vive entre mun‑dos circulando entre Greacutecia e Roma tecendo reflexotildees sobre gregos e romanos Descendente de uma tradicional famiacutelia beoacutecia nosso autor eacute educado conforme os preceitos da paideia grega a mesma que prescreve em seus tratados e biografias como sendo a mais indicada para a formaccedilatildeo de um homem virtuoso Plutarco entrelaccedila conhecimentos acumulados pela tradiccedilatildeo grega com os da romana re‑gistra suas impressotildees sobre o modo de ser grego em um movimento de partida do seu presente de dominado para retornar ao passado glorioso de seu povo sem negligenciar suas anaacutelises sobre o modo de ser romano Reflexotildees que se fazem perceptiacuteveis principalmente na escrita de suas biografias de gregos e romanos onde vemos as comparaccedilotildees de suas personagens ora criticando a accedilatildeo de um grego ora a de um romano demonstrando os aspectos positivos e negativos de cada um embora deixe clara a sua preferecircncia pela cultura grega

Pela erudiccedilatildeo peculiar a sua extensa obra Plutarco eacute um autor que se in‑sere em diversos periacuteodos da nossa histoacuteria vemos sua influecircncia em escritos bizantinos renascentistas nos produzidos entre os seacuteculos XVI e XVII em que italianos franceses ingleses e espanhoacuteis se dedicam a verter suas biografias e tratados para vernaacuteculos modernos A disseminaccedilatildeo dessas obras concorre para influenciar artistas poetas filoacutesofos historiadores do seacuteculo XVIII em diante

Se por muitos seacuteculos nosso autor se vecirc circunscrito ao espaccedilo geograacutefico da bacia mediterracircnica hoje notamos que suas ideias atravessam o Oceano e alcanccedilam o chamado Novo Mundo Entatildeo a perspectiva de entre mundos para o nosso autor se expande mais sua obra atravessa eacutepocas e espaccedilos e se transforma em um claacutessico como tal atemporal e sem fronteiras Imbuiacutedos desse espiacuterito da obra plutarquiana apresentamos ao leitor este livro com ar‑tigos redigidos por espanhoacuteis latino‑americanos e portugueses revelando a

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Legislar teniacutea un precio

Mas a pesar de su tropiezo laquocon la mayoriacutearaquo (τοῖς πλείστοις) le fueron confiadas al legislador ateniense responsabilidades aun mayores45 y asiacute pudo eliminar buena parte de las leyes promulgadas por Dracoacuten46 reorganizar la poblacioacuten asignaacutendole prerrogativas en base a criterios econoacutemicos47 introducir cambios en las instituciones de la polis48 y establecer otras disposiciones como por ejemplo las que regulan el matrimonio49 los testamentos y donaciones50 la conducta de las mujeres51 el desempentildeo de oficios52 la actividad agriacutecola53 la naturalizacioacuten de extranjeros54 y el calendario55

Promulgadas ya las leyes aguardaba a Soloacuten una nueva contrariedad cada diacutea era abordado por individuos que elogiaban o censuraban su obra le aconse‑jaban antildeadidos o supresiones o simplemente le pediacutean aclaracioacuten sobre alguacuten pasaje que no comprendiacutean Para zafarse de esta presioacuten decide ausentarse de Atenas durante diez antildeos Abandona pues la patria con la esperanza de que su exilio voluntario sirva para que los ciudadanos se habituacuteen a las nuevas leyes56

Pero a su regreso constata que la polis ha vuelto al mal camino y las fac‑ciones vuelven a dominar la escena poliacutetica destacando sobremanera un hombre llamado Pisiacutestrato en torno al cual se apintildeaba una laquoturbaraquo (ὄχλος) de jornaleros radicalmente contraria a los ricos57 Soloacuten intenta poner paz parlamentando con los liacutederes de los partidos58 intuye las verdaderas intenciones del dirigente de la plebe e intenta en vano modificarlas59 Cuando Pisiacutestrato se dispone a erigirse en tirano el anciano legislador se opone pero al no contar con el apoyo de nadie debe cejar en su empentildeo60

estagirita (Pol 1296a) afirma que los μέσοι constituyen un factor sumamente equilibrador de la sociedad y es ndashprosigue‑ por este motivo que los mejores legisladores como Soloacuten y ‑iexclpara nuestra sorpresa‑ Licurgo pertenecieron a este colectivo Sobre la posicioacuten de Plutarco con respecto a las doctrinas supuestamente aristoteacutelicas remito a la reciente aportacioacuten de Becchi (2014)

45 Sol 163‑546 Sol 17147 Sol 181‑348 Sol 191‑249 Sol 202‑650 Sol 213‑451 Sol 21552 Sol 221 y 353 Sol 236‑24254 Sol 24455 Sol 254‑556 Sol 256 En el texto plutarqueo Soloacuten pone como excusa (πρόσχημα) de su partida

un tema relacionado con la navegacioacuten (ναυκληρία) Heroacutedoto (130) apunta el deseo de ver mundo (θεωρία) mientras que Aristoacuteteles (Ath 111) hace referencia a la actividad comercial (ἐμπορία) y tambieacuten al deseo de ver mundo (θεωρία)

57 Sol 29158 Sol 29259 Sol 29560 Sol 301‑4 y 6‑8

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Mordf Teresa Fau Ramos

Sorprendentemente una vez duentildeo de la situacioacuten Pisiacutestrato tratoacute a Soloacuten con gran respeto aceptoacute muchos de sus consejos y conservoacute laquola mayoriacutea de las leyesraquo (τοὺς πλείστους νόμους) que habiacutea establecido61 Y eacutesta es una de las uacutelti‑mas afirmaciones que hace Plutarco con respecto a Soloacuten sobre cuya muerte no nos proporciona dato alguno de intereacutes62

A diferencia de la biografiacutea plutarquea de Licurgo la Vida de Soloacuten no cul‑mina con un heroico acto de auto‑inmolacioacuten para obtener la perdurabilidad de unas leyes que se desean perennes63 Ello no obsta sin embargo para que reconozcamos que tambieacuten a Soloacuten le pasa factura el ejercicio de su funcioacuten como legislador En efecto debe soportar las burlas de unas gentes que hacen befa de eacutel por haberse negado a instaurar un reacutegimen tiraacutenico es falsamente acusado de haber obtenido beneficios fraudulentos gracias a sus leyes y sufre una intensa presioacuten por parte de sus conciudadanos hasta el punto de tener que optar por un exilio voluntario

Numa

Con la Vida de Numa regresamos a un contexto de dignidad regia aunque existe una gran diferencia entre las maneras expeditivas de Licurgo y la suavidad con la que actuacutea el rey Numa64

Tras la desaparicioacuten ndashsupuestamente sobrenaturalndash de Roacutemulo la ciudad de Roma se hallaba sumida en una grave discordia pues sabinos y romanos no se poniacutean de acuerdo sobre quieacuten habiacutea de ser el proacuteximo monarca65 Al fin las dos facciones pactan que la realeza recaiga sobre el sabino Numa Pompilio66 Pero eacuteste que habiacutea sabido mejorar su buen talante natural con un geacutenero de vida

61 Sol 312‑3 En este punto Plutarco sigue la tradicioacuten continuista de otros autores (cf Hdt 1596 y Th 6546) Seguacuten Dioacutegenes Laercio (153‑54) Pisiacutestrato hace saber al νομοθέτης ateniense que mantiene la legislacioacuten por eacutel establecida y le invita a regresar a la polis Aristoacuteteles (Ath 221) por su parte mantiene que la tiraniacutea habiacutea abolido por desuso las leyes solonianas

62 No obstante en el Banquete de los siete sabios (Moralia 151E‑F) encontramos de nuevo a Soloacuten a propoacutesito de quien Quiloacuten afirma que debe ser el primero en hacer uso de la palabra no soacutelo porque asiacute conviene por su edad y por el lugar que ocupa entre los comensales sino porque detenta laquola autoridad mayor y maacutes perfectaraquo (τὴν μεγίστην καὶ τελειοτάτην ἀρχήν) laquopor haber otorgado leyes a los ateniensesraquo (νόμους Ἀθηναίοις θέμενος) Para una visioacuten de Soloacuten como representante de una sabiduriacutea antigua que laquolejos de ser puramente teoacuterica se proyecta hacia la praxis cotidianaraquo cf Peacuterez Jimeacutenez (1991) 688

63 No nos parece irrelevante el hecho de que en la parte final de la Vida de Soloacuten (316‑7) se aluda a su vertiente poeacutetica iquestes eacutesta ‑nos preguntamos‑ una manera de sugerir la pervivencia del νομοθέτης ateniense

64 En este sentido Numa se asemeja mucho maacutes a los laquodulcesraquo personajes griegos que a los rudos romanos cf Martin Jr (1960) y De Romilly (1979) Sobre la dulzura (πρᾳότης) en los personajes plutarqueos veacutease tambieacuten Frazier (1996)

65 Num 22‑866 Num 32‑4

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Legislar teniacutea un precio

austero reflexivo y sosegado67 al recibir a los enviados que le ofreciacutean la corona se mostroacute reacio a aceptarla ya que ndashafirmabandash su manera de ser tan alejada de las praacutecticas guerreras no era apropiada para regir al belicoso pueblo de Roma68 Convencido a la postre por argumentos que le exhortaban a actuar en favor del bien comuacuten69 y confirmada por signos favorables la buena disposicioacuten de la divi‑nidad Numa accede a convertirse en rey de la agitada urbe70 eacutel que laquohabiendoraquo otrora laquoabandonado las ocupaciones propias de la vida en la ciudadraquo (ἐκλείπων τὰς ἐν ἄστει διατριβάς) se complaciacutea en frecuentar parajes solitarios71

Su primera medida de gobierno consiste en la supresioacuten de la guardia perso‑nal creada por el anterior monarca la segunda en la institucioacuten de un sacerdocio en honor de Roacutemulo72 Tras estas dos disposiciones tomadas seguacuten Plutarco laquopara obtener benevolencia y gratitud del puebloraquo (ἐπrsquoεὐνοίᾳ καὶ χάριτι τοῦ δήμου) Numa emprende la difiacutecil tarea de pacificar la ciudad73 Y para lograr su objetivo no vacila en servirse de la religioacuten introduciendo nuevos rituales74 fomentando los temores supersticiosos de la poblacioacuten75 o atribuyeacutendose una particular relacioacuten con divinidades76

Entre sus reformas de aacutembito religioso destacan la prohibicioacuten de repre‑sentar a los dioses por medio de imaacutegenes de hombres o animales77 el fomento

67 Num 37‑41 Sobre el caraacutecter del Numa plutarqueo orientado laquopor naturalezaraquo (φύσει) hacia la virtud cf Peacuterez Jimeacutenez (1994)

68 Num 51‑869 Un argumento muy del agrado de los estoicos Sobre el controvertido tema de la relacioacuten

de Plutarco con el estoicismo creemos que todaviacutea son relevantes las opiniones de Babut (1969) Para una visioacuten actualizada de este tema cf Opsomer (2014)

70 Num 61‑5 73‑7 Sobre la ejemplaridad para Plutarco del acceso del rey Numa al poder cf Peacuterez Jimeacutenez (1995)

71 Num 41 Plutarco (Num 52) subraya el sacrificio de Numa explicando que laquocostoacute seguacuten parece un esfuerzo no pequentildeo y requirioacute muchos argumentos y ruegos persuadir y hacer cambiar de opinioacuten a un hombre que habiacutea vivido en paz y tranquilidadraquo (ἦν δrsquo οὐ μικρόν ὡς ἔοικεν ἔργον ἀλλὰ καὶ λόγων πολλῶν καὶ δεήσεως τὸ πεῖσαι καὶ μεταστῆσαι γνώμην ἀνδρὸς ἐν ἡσυχίᾳ καὶ εἰρήνῃ βεβιωκότος) y ponerle al frente de laquouna poblacioacuten que en cierta manera habiacutea nacido y habiacutea crecido gracias a la guerraraquo (πόλεως τρόπον τινὰ καὶ γεγενημένης πολέμῳ καὶ συνηυξημένης)

72 Num 78‑9 Sobre la actitud del legislador Numa con respecto a la escritura veacutease la nota 20

73 Num 8174 Num 8375 Num 84 Aunque en general Plutarco desaprueba las praacutecticas supersticiosas ‑su tratado

Sobre la supersticioacuten (Moralia 164E‑171E) no permite abrigar dudas al respecto‑ puede sin embargo mostrarse comprensivo cuando un dirigente hace uso de ellas con la intencioacuten de conseguir los objetivos (por supuesto adecuados) que persigue (veacutease p e Dio 241‑3) A propoacutesito precisamente de las obras Sobre la supersticioacuten y Vida de Numa Van Nuffelen (2011) presenta al queronense como un atento observador de las transformaciones que experimentan las tradiciones religiosas

76 Num 810‑11 y 151‑677 Num 813

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de sacrificios incruentos78 la institucioacuten de los sacerdotes Pontiacutefices79 la de los Feciales80 y la de los Salios81 la consagracioacuten de las Viacutergenes Vestales82 y la regla‑mentacioacuten relativa a usos fuacutenebres83

Pero las innovaciones no podiacutean centildeirse exclusivamente a un contexto reli‑gioso Preocupado por la existencia de una masa de ciudadanos indigentes Numa decide servirse de las tierras que habiacutean sido conquistadas por su antecesor y las reparte entre los desheredados Asiacute inclina al pueblo a la praacutectica de la agricultura con el fin de que estos hombres que cultivancivilizan una tierra que les ha sido otorgada resulten tambieacuten ellos cultivadoscivilizados84 y mediante normas adicionales se aplica a incentivar las labores del campo85

Quedaba todaviacutea por abordar un grave problema pues auacuten subsistiacutea la antigua divisioacuten entre sabinos y romanos Para subsanarla el legislador establece nuevos criterios para clasificar a la ciudadaniacutea y distribuye a los individuos en entidades que dariacuteamos en llamar laquogremialesraquo De este modo agrupados en virtud de los oficios que desempentildean los habitantes de la pujante poblacioacuten iraacuten olvidando los antiguos motivos de desunioacuten86

No acaban ahiacute las reformas de Numa Tambieacuten dicta leyes relacionadas con la institucioacuten familiar87 y el calendario88 Y con todo ello consigue hacer de Roma ndashe incluso de las ciudades del entornondash un remanso de paz la violencia desaparece fiestas y banquetes se celebran por doquier las gentes se relacionan entre si en un ambiente de mutua confianza no hay constancia alguna de laquoguer‑raraquo (πόλεμος) laquodiscordia civilraquo (στάσις) ni laquorevolucioacuten poliacuteticaraquo (νεωτερισμὸς περὶ πολιτείαν) y la figura de Numa goza del respeto general89 Cuando alcan‑zados ya los ochenta antildeos fallece el legislador90 su muerte ndashmuerte naturalndash es

78 Num 815 Plutarco atribuye esta medida al igual que otras a la influencia del espartano Pitaacutegoras (cf Num 14) La influencia de Pitaacutegoras en las costumbres romanas habriacutea sido tratada por Caacutestor de Rodas a quien el queronense hace referencia en sus Cuestiones romanas (Moralia 266E)

79 Num 9180 Num 124‑881 Num 131‑782 Num 910 y 101‑583 Num 121‑384 Num 164 Plutarco hace aquiacute un juego de palabras basaacutendose en el teacutermino

συνεξημεροῦμαι En cuanto al reparto de tierras consignado en este capiacutetulo es posteriormente negado en la comparatio entre Licurgo y Numa (Num 3410)

85 Num 166‑786 Num 171‑487 Num 17588 Num 181‑6 y 198‑9 89 Num 203‑7 Plutarco antildeade (208‑12) unas consideraciones sobre las bondades que se

derivan del mandato de un gobernante filoacutesofo En su argumentacioacuten nuestro autor cita (Num 2010) casi textualmente el pasaje 711e de Las Leyes de Platoacuten

90 Num 217

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Legislar teniacutea un precio

acompantildeada tanto en Roma como en otras ciudades de grandes manifestacio‑nes de duelo91

Asiacute termina la vida del anciano rey que supo renunciar a la apacible vida que tanto le agradaba para regir los destinos de la inquieta Roma poniendo de manifiesto una vez maacutes que para el queronense el ejercicio de la funcioacuten de νομοθέτης va ligado a la ineludible necesidad de pagar un precio por ello Pero no acaba ahiacute la informacioacuten plutarquea sobre Numa pues el bioacutegrafo nos hace saber que tras la muerte del monarca los romanos volvieron a hacer uso de las armas92 y en la comparatio que establece entre Licurgo y Numa Plutarco subraya el fracaso que supone para la constitucioacuten de Numa el regreso de Roma a sus antiguas praacutecticas guerreras93 En cuanto a la causa de tal infortunio el quero‑nense es tajante seguacuten eacutel Numa se equivocoacute gravemente cuando a diferencia de Licurgo no organizoacute un sistema educativo soacutelido disciplinario e igual para todos los ciudadanos94

Publiacutecola

Pasamos acto seguido a ocuparnos de un legislador que aun sin ser de es‑tirpe real tuvo algo que ver con la institucioacuten monaacuterquica pues contribuyoacute a der‑rocarla Se trata de Publio Valerio a quien los romanos dieron el sobrenombre de Publiacutecola95 Eacuteste que se distinguiacutea por su amor a la justicia y su generosidad para con los necesitados pareciacutea destinado al liderazgo si alguacuten diacutea llegaba a instalarse en Roma lo que Plutarco llama laquoun reacutegimen democraacuteticoraquo (δημοκρατία)96 pero al ser depuesto por el pueblo el rey Tarquinio el Soberbio vio frustradas sus aspiraciones a pesar de haber colaborado eacutel personalmente al derrocamiento97

Decepcionado Valerio se retira momentaacuteneamente de la escena poliacutetica98 pero tan pronto como Tarquinio intenta recuperar el poder reacciona y toma parte muy activa en la desactivacioacuten de una conjura que teniacutea por objetivo la rein‑troduccioacuten de la realeza99 En recompensa a sus servicios Valerio es nombrado

91 Num 22192 Num 221193 Num 361094 Num 367 Pensamos que eacutesta es una criacutetica severa que aleja a Numa del prototipo del

Gobernante Ideal Por su parte Boulet (2005) ve en el retrato plutarqueo del monarca romano un claro ndashy premeditadondash distanciamiento del queronense con respecto a la figura platoacutenica del Rey‑Filoacutesofo Si el alejamiento defendido por Boulet se ajusta a la realidad no creemos que deba producirnos extrantildeeza ya que por decirlo en palabras de Hershbell (2004) Plutarco fue un laquoPlatonisthellipunorthodoxraquo Cf Dillon (2014)

95 Publ 1196 Publ 1297 Publ 13‑5 Plutarco da a la actuacioacuten de Valerio un valor claramente superior al que le

otorgan Dionisio de Halicarnaso (467‑72) y Tito Livio (158‑591‑2)98 Publ 21 99 Publ 22‑76

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coacutensul100 mientras el rey destronado busca ndashy obtienendash el apoyo de los etruscos101 Se libra un feroz combate en el que el ejeacutercito romano consigue la victoria y Valerio tiene ocasioacuten de celebrar triunfo siendo ndashsostiene Plutarcondash el primer coacutensul que entra en la urbe montado en una cuadriga102

Pero el flamante vencedor seraacute pronto objeto de criacutetica pues el pueblo cree ver en su conducta atisbos de despotismo concentra en su persona toda la auto‑ridad habita en una mansioacuten maacutes imponente que la del antiguo rey y se presenta escoltado laquopor todas las fasces y hachas juntasraquo (ὑπὸ ῥάβδοις ὁμοῦ πάσαις καὶ πελέκεσι)103 Valerio reacciona con prontitud reuacutene a un buen nuacutemero de al‑bantildeiles y en una noche echa abajo la casa y la destruye hasta los cimientos104 No tardaraacute el pueblo en hacerle donacioacuten de un terreno donde podraacute edificar una nueva morada eso siacute maacutes austera que la anterior105

En cuanto a las insignias suprimioacute las hachas y decretoacute que las fasces se incli‑naraacuten ante el pueblo106 medida que fue muy del agrado de las gentes que dieron a Valerio el sobrenombre de Publiacutecola teacutermino que seguacuten Plutarco equivale a δημοκηδής laquosoliacutecito con el puebloraquo107 Por otra parte concedioacute laquoa quienes quisie‑ranraquo (τοῖς βουλομένοις) la posibilidad de presentar candidatura para compartir el consulado junto a eacutel Pero antes de que se procediera al nombramiento de su colega en el cargo se valioacute de la feliz circunstancia de ser el uacutenico coacutensul en ejercicio para instaurar medidas poliacuteticas de suma importancia108 Asiacute nombroacute nuevos senadores109 otorgoacute mayores derechos al pueblo110 dictoacute pena de muerte sin proceso previo para aquel que pretendiera erigirse en tirano111 y organizoacute la recaudacioacuten de impuestos112

100 Publ 77101 Publ 91102 Publ 92‑9 Sobre el triunfo de Valerio cf Plu Rom 167‑8 y D H 2342 103 Publ 101‑2 Plutarco pone eacutenfasis en la narracioacuten utilizando el estilo directo es el pueblo

quien pronuncia estas palabras de reproche Sobre la desaprobacioacuten de los romanos ante la conducta de Valerio cf las narraciones maacutes comedidas de Dionisio de Halicarnaso (5181) y Tito Livio (276)

104 Publ 105 En las Cuestiones Romanas (Moralia 285F) se hace alusioacuten al hecho de que la casa situada en lo maacutes alto es percibida por las gentes como una amenaza por su elevada situacioacuten Dionisio de Halicarnaso (5192) no menciona la destruccioacuten de la morada seguacuten eacutel Publiacutecola cambioacute de domicilio con el fin ndashdeclaroacute el propio interesadondash de que los romanos pudieran lanzarle piedras desde arriba si le sorprendiacutean cometiendo alguacuten acto injusto Valerio Maacuteximo en cambio siacute alude (411) a la destruccioacuten de la casa y lo hace ademaacutes en un tono grandilocuente

105 Publ 106106 Publ 107 107 Publ 108‑9 En D H 5195 hallamos la misma ndashmaacutes que discutiblendash etimologiacutea108 Publ 111109 Publ 112110 Publ 113‑4111 Publ 121‑2112 Publ 123‑4

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Legislar teniacutea un precio

Tras estas disposiciones designoacute como colega suyo en el cargo a Lucrecio que fallecioacute pocos diacuteas despueacutes del nombramiento siendo sucedido por Marco Horacio113 En cuanto a Publiacutecola sufrioacute a causa de los honores recibidos por su doble condicioacuten de legislador y liacuteder militar la envidia de laquomuchos poderososraquo (πολλοὶ τῶν δυνατῶν) los cuales frustraron su deseo de consagrar el templo de Juacutepiter Capitolino114 Pero ello no fue obstaacuteculo para que Valerio continuara su exitosa carrera pues llegoacute a ser nombrado coacutensul por cuarta vez115 Su muerte acaecida despueacutes de lograr para Roma una gran victoria contra los sabinos causoacute un hondo pesar en la poblacioacuten116

Pero el dolor con que Roma reacciona ante la desaparicioacuten del liacuteder no debe hacernos olvidar las suspicacias que antantildeo despertara en la plebe y la envidia que posteriormente suscitoacute entre los poderosos En un caso la situacioacuten se saldoacute con la destruccioacuten por parte de Valerio de la suntuosa mansioacuten que poseiacutea y en un elocuente gesto de reconocimiento de la voluntad popular en el otro llevoacute las de perder pues no consiguioacute realizar el prestigioso ritual que ambicionaba La disensioacuten con el pueblo fue anterior al ejercicio de la actividad legisladora de hecho es gracias a la reconciliacioacuten con las masas que Publiacutecola tuvo la oportu‑nidad de ejercer como νομοθέτης En cambio el incidente con la eacutelite romana se produjo con posterioridad ndashy a consecuencia dendash su tarea como legislador (Plutarco lo indica con claridad) En este sentido podemos considerar que Publiacutecola pagoacute un doble tributo ndashla peacuterdida de su morada y la imposibilidad de llevar a cabo un ritual de alta relevanciandash por su νομοθεσία

Licurgo Soloacuten Numa y Publiacutecola establecen unas leyes por las que debe regirse la sociedad de la que forman parte y por ello reciben de Plutarco la de‑nominacioacuten de νομοθέτης117 Hay sin embargo entre los personajes biografiados

113 Publ 125‑6114 Publ 141‑7 Sobre φθόνος la envidia caracteriacutestica humana que de ninguacuten modo pasa

inadvertida a Plutarco Verdegem (2005) en una aportacioacuten en torno a les Vidas de estadistas atenienses del siglo v a C establece una clara diferencia entre laquopeer‑envyraquo que salvando la distancia cronoloacutegica seriacutea a nuestro entender el sentimiento que Publiacutecola despertoacute entre los poderosos y laquopopular envyraquo que experimenta la turba con respecto a los liacutederes contra quienes haciacutea aplicar en la Atenas claacutesica la medida llamada ostracismo Sobre el valor que el queronense otorga al ostracismo cf Jufresa Muntildeoz amp Fau Ramos (2011) Por otra parte Frazier (1996) atribuye al φθόνος de los personajes plutarqueos un laquocaractegravere quasi automatiqueraquo (p 109)

115 Publ 211116 Publ 231‑5 y 246 Plutarco (Publ 234) pone de relieve que el pueblo decidioacute que el

cuerpo de Publiacutecola fuera enterrado a expensas puacuteblicas dato que hallamos tambieacuten en Dionisio de Halicarnaso (5482‑3) y Valerio Maacuteximo (441) con la diferencia de que estos dos autores indican que ello se debioacute a la situacioacuten de pobreza extrema en que murioacute el estadista

117 Lyc 11 99 141 Sol 143 165 186 Num 93 1412 2310 2513 Publ 121 143 A un lector atento no le habraacute pasado inadvertido el hecho de que no hayamos mencionado ni a Agis ni a Cleoacutemenes personajes que intentaron en vano restaurar la laquobella y justa constitucioacutenraquo (πολιτείαν καλὴν καὶ δικαίαν) de Licurgo (Agis et Cleom 210) Ciertamente ambos pusieron todo su ahiacutenco en la empresa y ambos sufrieron por ello serias penalidades Agis perdioacute la vida

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por el queronense sujetos a quienes eacuteste no aplica el calificativo de νομοθέτης sino el de οἰκιστήςκτίστης (laquofundadorraquo) o bien les atribuye la accioacuten de οἰκιζεῖνκτιζεῖν (laquofundarraquo) una poblacioacuten Estos individuos fundan (o refundan) una comunidad cosa que les obliga a fijar unas normas Ejercen pues en cierto modo como legisladores y se arriesgan por tanto a contrariar voluntades ajenas Tambieacuten estos personajes de quienes nos ocuparemos ahora sucintamente estaacuten expuestos a pagar un precio por llevar a cabo su cometido

Teseo

Del οἰκιστής Teseo118 nos interesa especialmente su tarea como autor del llamado sinecismo Plutarco nos brinda al respecto una detallada descripcioacuten Seguacuten eacutel tras la muerte del rey Egeo su hijo Teseo se propone laquouna empresa grande y admirableraquo (μέγα καὶ θαυμαστὸν ἔργον) consistente en reunir a todos los habitantes del Aacutetica en una sola ciudad formando con ellos un uacutenico Estado dotado de instituciones comunes119 Pero antes de dar comienzo a su labor re‑corre la regioacuten para informar del proyecto a todos los pobladores Los ciudadanos no relevantes acogen al punto su llamamiento Los ricos en cambio se muestran reticentes y para convencerlos Teseo les ofrece un sistema de gobierno carente de rey y les promete que tan soacutelo reservaraacute para si mismo las funciones de dirigente militar y de laquocustodio de las leyesraquo (νόμων φύλαξ)120

Tras las explicaciones Teseo pone manos a la obra suprime los organismos anteriores y sienta las bases para el establecimiento de una polis a la cual da el

(Agis et Cleom 201) su madre su abuela y su hermano fueron asesinados (Agis et Cleom 202‑7 y 263) y su esposa obligada a contraer matrimonio con el hijo de un enemigo (Agis et Cleom 221‑3) Cleoacutemenes por su parte se vioacute forzado a entregar como rehenes del rey de Egipto a parte de su familia (Agis et Cleom 434‑8) perdioacute a su hermano en combate (Agis et Cleom 496‑7) tuvo que huir de Esparta (Agis et Cleom 503‑4) y fue arrestado en Egipto (Agis et Cleom 567) donde acaboacute suicidaacutendose tras haber intentado provocar un alzamiento contra el rey (Agis et Cleom 576‑5816) y una vez muerto continuaraacuten por asiacute decir las penalidades de Cleoacutemenes ya que el monarca egipcio ordena que su cadaacutever sea ultrajado y que sus hijos su madre y las mujeres del entorno de eacutesta reciban la muerte (Agis et Cleom 594) No obstante he decidido omitir la referencia a estos personajes porque sus esfuerzos por reinstaurar la constitucioacuten de Licurgo no se vieron coronados por el eacutexito y sobre todo porque a diferencia de lo que ocurre con Licurgo Soloacuten Numa y Publiacutecola a Agis y a Cleoacutemenes no les es otorgada por parte de Plutarco la denominacioacuten de νομοθέτης Por lo que a Agis se refiere Roskam (2005) considera que constituye para el queronense el modelo ideal del joven que se dedica a la poliacutetica

118 Thes 15 No entraremos aquiacute a discutir hasta queacute punto podriacutea sentirse Plutarco motivado a biografiar al fundador miacutetico de Atenas ni nos pronunciaremos sobre el no disimulado escepticismo sobre el particular que se le atribuye cf Sirinelli (2000) 301 Por cierto que la obra que acabamos de consignar corresponde a una de las maacutes acreditadas biografiacuteas plutarqueas comparable a las de Jones (1971) Russell (1973) y Lamberton (2001)

119 Thes 241 En la versioacuten plutarquea el sinecismo va maacutes allaacute de la unificacioacuten exclusivamente poliacutetica que describe Tuciacutedides (215)

120 Thes 242

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Legislar teniacutea un precio

nombre de Atenas funda la festividad de las Panateneas para que sea celebrada por el conjunto de la comunidad instaura tambieacuten la fiesta de las Metecias y abdica ndashtal como habiacutea prometido‑ de la corona121

A continuacioacuten se dispone a organizar el nuevo Estado laquoempezando a partir de los diosesraquo (ἀπὸ θεῶν ἀρχόμενος)122 toma medidas para favorecer el crecimiento vegetativo de la polis establece clases entre la ciudadaniacutea asig‑nando un status especiacutefico a cada colectivo acuntildea moneda y fija los liacutemites de Atenas123

Pero al eficiente Teseo tambieacuten le llega la hora de pagar un precio por la tarea realizada124 Un tal Menesteo descendiente de Erecteo emprende una insi‑diosa campantildea contra el fundador soliviantando a laquolos poderososraquo (οἱ δυνατοί) que consideraban que Teseo les habiacutea sustraiacutedo prerrogativas y perturbando asimismo a laquola multitudraquo (οἱ πολλοί) so pretexto de haber perdido seducidos por un espejismo de libertad la patria los templos y los gobernantes que les eran propios yendo a caer bajo la autoridad de un extranjero125 La suerte sonriacutee al alborotador pues los Tindaacuteridas invaden el Aacutetica tal vez ndashapunta Plutarcondash a peticioacuten del propio Menesteo quien se encarga ademaacutes de facilitarles la entrada a la ciudad de Atenas126 De resultas de ello ndashel queronense tiene sus dudas al respectondash Etra la madre de Teseo habriacutea sido hecha prisionera127

El fundador intenta volver a ejercer su autoridadhellip en vano Al fin profun‑damente decepcionado abandona Atenas para siempre no sin antes maldecir a sus habitantes128 Teseo pereceraacute lejos de la patria y su muerte no provocaraacute reaccioacuten alguna en la ciudad129 Mucho tiempo habraacute de transcurrir para que la polis reconozca sus meacuteritos y le rinda los debidos honores que comportaraacuten la

121 Thes 243‑4122 Thes 244 Plutarco no concreta en queacute consiste esta actuacioacuten del fundador123 Thes 251‑4 Por si esta considerable labor fundacional no fuera suficiente somos

informados por Plutarco (Thes 265‑7) de que Teseo es tambieacuten οἰκιστής de la ciudad de Pitoacutepolis de la cual parte despueacutes de haber designado a quienes ejerceraacuten de gobernantes y legisladores

124 Un precio ndashrecordemosndash que ya habiacutea empezado a pagar cuando para persuadir a sus conciudadanos ricos se habiacutea comprometido a renunciar a la corona

125 Thes 321 En este pasaje Plutarco se hace eco de la atribucioacuten a Menesteo del hecho de haber sido laquoel primer hombreraquo (πρῶτος hellip ἀνθρώπων) en laquoejercer de demagogoraquo (δημαγωγεῖν)

126 Thes 322ndash332127 Thes 341128 Thes 353‑5 Esta miacutetica maldicioacuten sirve a Plutarco como αἴτιον para explicar la

etimologiacutea del laquoAraterioraquo o laquolugar de las maldicionesraquo 129 Thes 356‑7 En la descripcioacuten del fracaso que experimenta Teseo al intentar recuperar

el poder Plutarco se sirve de una terminologiacutea poliacutetica (usa en voz pasiva los verbos καταδημαγωγέω y καταστασιάζω) que utiliza tambieacuten en Per 92 y 5 Por otra parte nos parece significativo que la biografiacutea de Teseo no concluya con la alusioacuten a su fallecimiento sino que incorpore (Thes 358ndash365) la mencioacuten de los honores recibidos mucho tiempo despueacutes de su muerte por el fundador de hecho para el queronense el final de una vida no ha de coincidir necesariamente con el final de la biografiacutea cf al respecto Pelling (1997)

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necesidad de laquorecuperarraquo los restos del οἰκιστής y de trasladarlos solemnemente a Atenas130 permitiendo con ello a Cimoacuten el gran adversario de Temiacutestocles apropiarse de la figura del ilustre fundador131

Roacutemulo

La indiferencia que acompantildea al amargo fin de Teseo contrasta con el re‑vuelo que se originoacute en Roma tras la desaparicioacuten de aqueacutel a quien Plutarco considera laquopadreraquo (πατήρ)132 de la urbe que laquofundoacuteraquo (ἔκτισε)133

No es poco ciertamente lo que Roma debe a su οἰκιστής pues ademaacutes de ser el fundador material de la ciudad134 tomoacute unas medidas que seriacutean determi‑nantes para el futuro de la poblacioacuten Asiacute establecioacute los criterios con arreglo a los cuales debiacutean ser clasificados los ya numerosos habitantes de la urbe135 fue corresponsable del pacto crucial sellado entre sabinos y romanos136 introdujo cambios en el armamento137 e instituyoacute nuevos rituales138 El queronense le atri‑buye tambieacuten la promulgacioacuten de algunas leyes ndashἔθηκεhellip νόμους τινάς139 dice textualmentendash como las que hacen referencia al repudio de la esposa140

Pero llegado el liacuteder romano al zeacutenit de la gloria experimentoacute una profunda transformacioacuten en su manera de ser y adoptoacute maneras impropias vistioacute lujosos

130 Thes 358ndash365 Sobre las acciones cultuales relacionadas con el οἰκιστής ateniense cf Plaacutecido (1994) Por otra parte creemos que en la valoracioacuten plutarquea del descalabro sufrido por Teseo tiene un peso considerable la conducta poco edificante del ateniense en relacioacuten con Helena a quien eacuteste que a la sazoacuten contaba cincuenta antildeos habiacutea raptado cuando la muchacha todaviacutea no era nuacutebil (cf Thes 292 y 311‑3) En este contexto consideramos que aunque no se centra en la figura de Teseo es esclarecedora la obra de Beneker (2012) quien asimismo nos brinda datos relevantes en un trabajo posterior cf Beneker (2014) Sobre los valores morales en la obra del queronense cf Duff (1999) y Van Hoof (2010)

131 Thes 362‑3 y Cim 85‑7 En el marco de la poliacutetica ateniense de la primera mitad del siglo V a C no es en modo alguno insoacutelita la utilizacioacuten en beneficio propio de un dios o de un heacuteroe Asiacute mientras Cimoacuten opta por valerse del miacutetico Teseo Temiacutestocles se sirve de la figura de Aacutertemis cf Fau Ramos (2007) Veacutease al respecto Podlecki (1971) y Piccirilli (1987)

132 Thes 15133 Thes 22134 Rom 111‑4135 Rom 131‑8 Cf Id 201‑3 En Rom 137‑8 el queronense nos ofrece una descripcioacuten

tan idealizada como paternalista de los viacutenculos establecidos entre patroni y clientes descripcioacuten que ha sido relacionada con la que nos brinda Dionisio de Halicarnaso (210)

136 Rom 199‑10137 Rom 211138 Rom 211 y 221139 Con esta expresioacuten parece evidente que si bien Plutarco no aplica a Roacutemulo el calificativo

de νομοθέτης siacute que de facto lo tiene por tal140 Rom 223 La informacioacuten plutarquea sobre las leyes de Roacutemulo es ciertamente escueta

Para una visioacuten mucho maacutes amplia que incluye los derechos hereditarios de las mujeres la aplicacioacuten de la pena de muerte a la esposa en caso de adulterio o embriaguez las obligaciones filiales para con los progenitores y la potestad paterna sobre los hijos cf D H 225‑26

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Un mentor limpio de pasiones El filoacutesofo y la actuacioacuten poliacutetica seguacuten el De genio Socratis

semejante oraacuteculo lo que haciacutea el dios en realidad era exhortar a los griegos a que abandonasen las guerras frecuentasen las musas apaciguasen sus pasiones con ayuda de la razoacuten y guardasen entre siacute relaciones paciacuteficas y fecundas39

Los dos sucesos trasladan un mensaje confuso Pues hablan de los griegos no de filoacutesofos de guerras y cuestiones de justicia no de rebeliones liberadoras engloba ademaacutes la filosofiacutea en un conjunto de actividades que parece cifrar la παιδεία griega en general Pero ambos de alguna manera ofrecen una primera justificacioacuten del rechazo de Epaminondas Con ellos se pone en praacutectica la lla‑mada laquoredefinicioacutenraquo teacutecnica literaria practicada por diversos autores antiguos y frecuente en las Vidas paralelas Consiste en formular enunciados vagos y gene‑rales que a lo largo de la obra y en pasajes posteriores se concretan y alcanzan un grado mayor de individualizacioacuten40 Los dos incidentes mencionados no son ademaacutes la uacutenica prefiguracioacuten encaminada a justificar de manera previa y alusiva la inhibicioacuten de Epaminondas La misma funcioacuten cumple el diaacutelogo sobre la pobreza Epaminondas mudo en la discusioacuten demonoloacutegica central toma aquiacute la palabra para entrar en controversia con Teanor

Teanor personaje ficticio es un filoacutesofo pitagoacuterico natural de Crotona En fechas anteriores otro pitagoacuterico Lisis se habiacutea refugiado en Tebas Acogido en la casa de Polimnis padre de Cafisias y Epaminondas habiacutea llevado en esa casa pobre una vejez dichosa Teanor llega comisionado por las ricas comunidades pitagoacutericas de Italia Eacutestas quieren recompensar a Polimnis y sus hijos con una suma que aliviaraacute su pobreza Pero Epaminondas se niega a aceptar tal recom‑pensa negativa que da lugar a la controversia que mantiene con Teanor

El discurso sobre la pobreza es la uacutenica ocasioacuten en que Epaminondas rompe sustancialmente su silencio pues es el uacutenico pasaje en el que el ldquocentro ausenterdquo de la obra Epaminondas expone sus ideas de manera razonada y recurriendo a categoriacuteas filosoacuteficas Pronunciado en diaacutelogo con Teanor puede dividirse en dos secciones la primera (583D‑E) de extensioacuten breve comenta la inutilidad de las riquezas aportadas por Teanor que Polimnis y sus hijos habriacutean de emplear en cosas superfluas La segunda (584C‑585D) maacutes amplia y densa comienza con la defensa de la pobreza como ejercicio frente a aquellas pasiones (ἐπιθυμίαι) que proceden del exterior (ἐπήλυδες) y tienen como fuente las falsas opiniones (κενῶν δοξῶν) el deseo de riquezas (φιλοπλουτία) es una de esas pulsiones accesorias y superfluas como lo es tambieacuten el deseo de gloria (φιλοδοξίαν) Pos‑teriormente Epaminondas ahonda en su planteamiento como adiestramiento para el autodominio (ἐγκρατείας) la contencioacuten frente a los placeres beneficia al alma y de la misma manera beneficia a la praacutectica de la justicia el ejercicio contra

39 Gen Socr 579B‑D40 Cf Pelling (1988) 12‑13 (1990) 230

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Joseacute M Candau

el deseo de riquezas41 El discurso finaliza con la alabanza del hombre que sabe rehusar favores y daacutedivas de amigos y reyes incluyendo los dones de la fortuna (τύχης) tal hombre no ve alterado su juicio (οὐδὲ θορυβεῖ τὴν διάνοιαν) y es capaz de perseverar ufano y sereno en la praacutectica de la excelencia

Es de notar que los argumentos de Epaminondas no aparecen en otra obra de Plutarco dedicada especiacuteficamente a combatir la avaricia el de cupiditate di‑vitiarum (523C‑528B) Es este uno de los tratados clasificados por Ziegler bajo el roacutetulo de ldquofilosoacuteficos‑popularesrdquo y estudiados recientemente por L Van Hoof Frente a lo que sugiere su roacutetulo observa Van Hoof tales tratados tienen como destinatario a la eacutelite econoacutemica poliacutetica y social del mundo grecorromano Son por otra parte tratados de orientacioacuten fundamentalmente praacutectica Con ellos Plutarco no persigue ldquoconvertir a la filosofiacuteardquo ni lograr que sus lectores olviden sus ambiciones poliacuteticas y sociales Maacutes bien intenta ofrecerles una guiacutea que le ayude afrontar los problemas derivados de su posicioacuten dirigente La meta no es por tanto cambiar las expectativas de liderazgo o rebajar las pretensiones de poder e influencia propios y sustanciales de una clase como aquella que conforma la audiencia de los mal llamados ldquotratados filosoacutefico‑popularesrdquo Por el contrario lo que hace Plutarco es poner la filosofiacutea al servicio de sus aspiraciones42

El de cupiditate divitiarum emplea un tono admonitorio sus ideas son sen‑cillas y basadas en la experiencia o si se quiere en motivaciones prefilosoacuteficas y sus consejos no constituyen un obstaacuteculo sino una ayuda para la realizacioacuten de las ambiciones sociales que pueda albergar el lector Despliega en suma el conjunto de teacutecnicas y estrategias usuales en los tratados de ldquoeacutetica praacutectica al servicio de la eacutelite43rdquo No ocurre lo mismo con el discurso sobre la pobreza de Epaminondas Purgar el alma de las opiniones procedentes del exterior desterrar el ansia de riquezas y el deseo de gloria rehusar los favores de amigos y reyes y los dones de la fortuna son preceptos adecuados para un tipo de hombre que como Epaminondas huye de los conflictos inherentes a la lucha poliacutetica Pero es difiacutecil que con estos atributos Plutarco quiera hacer de Epaminondas un modelo para la oligarquiacutea a quien dirige sus tratados de eacutetica praacutectica Resulta significativa la posicioacuten que ocupa el discurso sobre la pobreza en el texto del de genio Una vez que concluye Epaminondas y despueacutes de que todos expresan su admiracioacuten hacia eacutel se expone una de las maacutes movidas peripecias en la que se vieron envueltos los miembros de la conjura Tras grandes sobresaltos y fuertes discusiones entre diversos implicados en la trama el asunto vino a resolverse por siacute solo e inespe‑radamente

41 El texto griego no es en este pasaje enteramente claro Quizaacutes es consecuencia de ello que frente a la lectura de los manuscritos (δικαιοσύνῃ) Russell (2010) proponga leer δικαιοσύνης

42 Van Hoof (2010) 28‑3743 Van Hoof (2010) 55‑56

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ldquoUn singular trastorno habiacutea hecho presa en nuestro aacutenimo Llenos poco antes de desazoacuten al ver nuestra empresa frustrada la presioacuten de las circunstancias y la urgencia que no consentiacutean tregua nos sumiacutea de nuevo en ansiedad y temor44rdquo

Con estas palabras describe Plutarco el estado de aacutenimo de los conjurados a raiacutez del episodio expuesto tras la discusioacuten sobre la pobreza Un estado de aacutenimo que no puede permitirse Epaminondas atento a la contencioacuten de las pasiones y la serenidad de su mente pero que es el propio de quienes participan en el complot revolucionario

El de genio se mueve seguacuten han observado diversos estudios modernos en dos planos el humano y el de los deacutemones el de la contemplacioacuten filosoacutefica y la praacutectica poliacutetica el mortal y el sobrenatural el de los que conocen y el de los que ignoran45 Y en correspondencia sus personajes se ubican en dos niveles Los unos estaacuten instalados en el mundo de la accioacuten y la peripecia son Cafisias el narrador y con eacutel todos los conjurados Otros se ubican en un plano superior el de la filosofiacutea y el contacto con las realidades transcendentes Epaminondas es la muestra maacutes clara pero el ejemplo uacuteltimo es Soacutecrates La incertidumbre el azar y el conflicto parecen preponderantes en el mundo de la accioacuten Asiacute lo indica el ruego que Arquedamo dirige a Cafisias al inicio de la obra la lucha de la virtud y la razoacuten contra las contingencias atrae por lo accidentado de su desarrollo la precariedad impliacutecita en la actuacioacuten humana y la peripecia que ello desencadena es precisamente lo que hace del acontecer histoacuterico un espectaacuteculo digno de intereacutes para el amante del honor y la belleza46 Ahora bien la manera de ver las cosas de Arquedamo se queda en la superficie de los hechos Ciertamente el relato concerniente a la liberacioacuten de la Cadmea se urde a partir de iniciativas y motivaciones humanas sin que el autor del relato Cafisias reclame expresamente la intervencioacuten divina Pero en el de genio la atmoacutesfera estaacute impregnada de un aura sobrenatural A ello contribuyen tanto las alusiones indirectas47 como la acumu‑lacioacuten de episodios y contenidos relacionados con la divinidad y el maacutes allaacute En muchas de sus obras consigna Plutarco su creencia de que el curso de la historia obedece al disentildeo de una fuerza transcendente48 El relato de la liberacioacuten de la Cadmea confirma dicha idea Pues el lector no puede eludir el pensamiento insi‑nuado por diversos procedimientos aunque no explicitado de que la ayuda divina respalda la actuacioacuten de los conjurados49 Ocurre sin embargo que ni Cafisias ni los demaacutes partiacutecipes de la conjura pueden acceder a esa visioacuten de las fuerzas

44 Gen Socr 588A45 Desideri (1984) 581 Hershbell (1988) 374‑378 Babut (1988) 384‑389 Brenk (1996)

41‑44 Georgiadou (1996) 114 Hardie (1996) 13346 Gen Socr 575B‑D47 Babut (1988) 385‑38648 Tratamiento del tema en Barigazzi (1984) y Swain (1989)49 Babut (1988) 386‑389

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sobrenaturales rectoras de los sucesos Y no acceden precisamente por estar in‑mersos en el mundo de la actuacioacuten y la peripecia Las pulsiones procedentes del exterior embargan su aacutenimo de manera que en expresioacuten de Brenk laquothey see only the apparent succession of chance occurrencesraquo50 Arquedamo tampoco tiene acceso al plano donde operan las fuerzas sobrenaturales Y evidentemente la misma ceguera afecta a esos laquoamantes del honor y la bellezaraquo ante los cuales invita a hablar a Cafisias Un puacuteblico ilustre cuya presentacioacuten hace Arquedamo subrayando su pertenencia a familias poliacuteticamente insignes51 Puacuteblico por tanto equiparable a esa eacutelite social a quien Plutarco dirige sus tratados de eacutetica praacutectica Los dos puacuteblicos el de Cafisias y el del Plutarco podriacutean identificarse con los heacuteroes que liberan la Cadmea Pero difiacutecilmente se identificariacutean con Epaminon‑das que en dos ocasiones rechaza tomar parte en la empresa52

En ambas el rechazo se justifica mediante un argumento ndashla negativa a derramar sangre de sus conciudadanos‑ que situacutea a Epaminondas a un nivel de exigencia eacutetica superior al de los conjurados53 Ahora bien la diferencia entre Epaminondas y los liberadores no radica en la eacutetica Pues al fin y al cabo ningu‑na ofensa eacutetica cabe reprochar a los protagonistas de la heroica liberacioacuten de la Cadmea Radica en el nivel Asiacute lo sugiere la discusioacuten sobre la pobreza Y asiacute lo vuelve a sentildealar el gran debate sobre el daimon de Soacutecrates que da tiacutetulo a al obra

Se debate sobre lo que Soacutecrates mismo llamaba su daimon el principio que lo guioacute a lo largo de su vida e iluminaba sus decisiones en materias inciertas e impenetrables para la inteligencia humana54 El daimon socraacutetico sugiere que Soacutecrates conociacutea de alguna manera los acontecimientos futuros algo que dos personajes del de genio acreditan55 En este sentido el debate versa sobre la adivi‑nacioacuten Las intervenciones de los diferentes personajes configuran tomadas en conjunto un extenso discurso filosoacutefico y religioso Plutarco no se alinea expresa‑mente con ninguna de las opiniones emitidas el tratamiento del tema presenta pues ese final abierto que es tan comuacuten en este autor Las cuestiones que se tocan son variadas pero todas parten de una cuestioacuten baacutesica La adivinacioacuten supone un conocimiento inalcanzable al menos en apariencia a la razoacuten humana Y el debate versa sobre coacutemo es posible acceder a ese nivel superior de inteligencia Miradas desde este punto de vista las opiniones formuladas por los distintos personajes pueden dividirse en dos grandes bloques De un lado Galaxidoro que

50 Brenk (1996) 4251 Gen Socr 575E‑F52 Gen Socr 576D‑E 594B‑C53 En la segunda ocasioacuten se antildeade un motivo maacutes conveniacutea que consumada la liberacioacuten

quedasen hombres a quienes nada pudiese reprocharse por no haber participado en la accioacuten Epaminondas se reserva este papel

54 Gen Socr 580C‑D55 Teoacutecrito (580D‑F) y Polimnis (581D‑E)

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inicia el debate propone una explicacioacuten maacutes proacutexima a los paraacutemetros raciona‑les56 en ella se ha querido ver una muestra de la llamada laquoadivinacioacuten teacutecnicaraquo (τεχνικὸς μαντική artificiosa divinatio)57 Del otro Simias Timarco y Teanor interpretan las premoniciones de Soacutecrates como un caso de comunicacioacuten direc‑ta entre el hombre y la divinidad defienden por tanto la llamada laquoadivinacioacuten naturalraquo (ἄτεχνος μαντική naturalis divinatio)58 Ya se ha dicho que Plutarco no se declara expresamente partidario de ninguna opcioacuten Pero su texto privilegia de manera indirecta los discursos de Simias Timarco y Teanor Asiacute lo sugiere un paacuterrafo del de genio que subraya el papel de Galaxidoro como mero introductor del problema59 Y asiacute lo recogen distintos estudios modernos Galaxidoro seriacutea el oponente racionalista casi siempre estoico habitual en los diaacutelogos religiosos de Plutarco su explicacioacuten se ve devaluada tanto por sus contradicciones internas como por la presencia de procedimientos textuales que rebajan su veracidad y en suma Galaxidoro y el resto de las intervenciones insertas en la seccioacuten dominada por eacutel tendriacutean como funcioacuten principal la de plantear el tema a debatir60

Las propuestas de Simias Timarco y Teanor son evidentemente distintas Actuacutea aquiacute quizaacutes el deseo de presentar el problema bajo luces diversas61 o quizaacutes el complejo planteamiento dramaacutetico que forma parte de las estrategias persuasivas de Plutarco62 Las tres sin embargo coinciden en una idea central la singularidad de aquellos hombres que como Soacutecrates pueden contactar con una realidad por encima del mundo material Para Simias el alma de la mayoriacutea de los hombres se halla embargada por el tumulto de las pasiones y la voraacutegine de las servidumbres vitales de manera que su entendimiento no puede captar las indica‑ciones de los seres superiores en el caso de Soacutecrates por el contrario su intelecto limpio y exento de pasiones (ὁ νοῦς καθαρὸς ὢν καὶ ἀπαθής) percibiacutea faacutecilmente las sentildeales enviadas por los seres divinos63 Seguacuten el mito de Timarco (expuesto por Simias) en el alma (ψυχή) conviven dos partes una inmersa en el cuerpo recibe el nombre mismo de ldquoalmardquo (ψυχή) la otra inaccesible a la corrupcioacuten se llama laquointelectoraquo (νοῦν) estaacute en el exterior del hombre y los entendidos le dan

56 Gen Socr 579F‑582C57 Corlu (1970) 49‑50 Doumlring (1984) 376 Schroumlder (2010) 161 58 Para la distincioacuten entre ambos tipos de maacutentica veacutease Cic div 111ndash12 134 172

1109ndash131 (con el comentario de Wardle (2006))59 Gen Socr 588A ζητήσεως οὐκ ἀγεννοῦς ἀλλ ἧς ὀλίγον ἔμπροσθεν οἱ περὶ Γαλαξίδωρον

καὶ Φειδόλαον ἥψαντο διαποροῦντες τίνος οὐσίας καὶ δυνάμεως εἴη τὸ Σωκράτους λεγόμενον δαιμόνιον

60 Corlu (1970) 19‑20 y 51‑52 Hani (1980) 53 Doumlring (1984) 376‑377 Schroumlder (2010) 161‑162 Donini (2011) 415‑416

61 Sobre el reparto de papeles filosoacuteficos que aquiacute parece efectuar Plutarco veacutease Donini (2011) 412‑419 (2011 [2004]) 442‑443

62 Veacutease Van Hoof (2010) 67‑68 a propoacutesito de determinados laquotratados de eacutetica praacutecticaraquo63 Gen Socr 588D‑E

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el nombre de daimon64 La parte irracional e inmersa en el cuerpo se halla sujeta a la racional e incorruptible Si la sujecioacuten es deacutebil el alma se dejaraacute doblegar por las pasiones soacutelo cuando se fortalece gracias a la educacioacuten aparece el alma capaz de percibir con prontitud las indicaciones de su daimon Algunos hombres sin embargo estaacuten especialmente dotados de suerte que en ellos predomina de forma innata la obediencia a la razoacuten y a su daimon A ellos estaacute reservada la capacidad de percibir la llamada divina65 Teanor afirma que las almas libres de lazos con el cuerpo se convierten en daacuteimones Tales daacuteimones guiacutean los asuntos del hombre Pero no todos los hombres reciben su atencioacuten pues se desentienden de cuantos estaacuten inmersos en los avatares del acontecer soacutelo aquellos que tras mil esfuerzos ascienden a una esfera elevada son recompensados con la ayuda del daimon66

Las tres intervenciones explican las dotes excepcionales de Soacutecrates mediante la existencia de hombres excepcionales Y en las tres esa excepcionalidad requiere una especial disposicioacuten del alma La liberacioacuten de las pasiones y el alejamiento del traacutefago iacutensito en el mundo humano se presentan como condicioacuten necesaria para que haya un Soacutecrates Paradigma del filoacutesofo Soacutecrates es tambieacuten el modelo de Epaminondas El discurso sobre la pobreza al mostrar coacutemo Epaminondas limpia su alma de pasiones e impulsos procedentes del mundo exterior acredita su condicioacuten de filoacutesofo Asiacute se reconoce cuando termina dicho discurso por boca de Simias67

laquoGran hombre grande es Epaminondas y responsable de ello es el aquiacute pre‑sente Polimnis que ha criado a sus hijos desde temprano en la mejor filosofiacutearaquo

Epaminondas tambieacuten es consecuente con su condicioacuten de filoacutesofo cuando rehuacutesa someter su alma al torbellino del acontecer humano y las pasiones aso‑ciadas esto es cuando se niega a participar en la conjura El filoacutesofo parece ser la conclusioacuten no debe participar al menos de manera directa en el torbellino de la vida poliacutetica

El Epaminondas del de genio es una creacioacuten histoacutericamente discutible68 Ciertamente su no participacioacuten en la liberacioacuten de la Cadmea y su formacioacuten filosoacutefica estaacuten suficientemente documentadas Pero Epaminondas es conocido ante todo por su dimensioacuten poliacutetica que aquiacute relega Plutarco para subrayar su

64 Gen Socr 591E65 Gen Socr 592A‑E66 Gen Socr 593D‑594A67 Gen Socr 585D68 Ya Von Stern (1884) 55‑57 sentildealoacute las debilidades del relato que ofrece Plutarco en el

de genio Los estudios posteriores (veacutease por ejemplo Corlu [1970] 19‑20 Barigazzi [1988] 414‑424Georgiadou [1996]) han insistido en el Epaminondas del de genio presenta una factura obediente sobre todo a razones compositivas y de disentildeo

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calidad de filoacutesofo Asiacute construida la figura de Epaminondas traslada un mensaje ndashla no implicacioacuten directa del filoacutesofo en las luchas poliacuteticas‑ que puede tener calado teoacuterico pero tambieacuten sirve a Plutarco para trasladar su posicionamiento ante cuestiones concernientes a su propia persona y al horizonte cultural de su eacutepoca Comparado a otros contemporaacuteneos que por condicioacuten social e incluso actividad literaria estaban a su mismo nivel Plutarco no protagonizoacute una carrera poliacutetica particularmente brillante69 Asumioacute en cambio el papel de consejero y guiacutea de la eacutelite La autoridad necesaria para ello se la confiere la filosofiacutea Pues Plutarco se presenta a siacute mismo como filoacutesofo La exaltacioacuten de Epaminondas es una exaltacioacuten de su propia identidad como filoacutesofo y mentor Epaminondas se mueve a una altura la de la filosofiacutea superior a la de sus afines y compantildeeros los conjurados Esta altura le prohiacutebe descender al plano de la accioacuten directa descenso que contaminariacutea su alma con pulsiones sobrevenidas pero tambieacuten le permite acceder a una realidad inalcanzable para sus compantildeeros Epaminondas eleva asiacute la posicioacuten del filoacutesofo y justifica incluso hace ineludible su alejamiento de la lucha poliacutetica Gracias a ello lo que podriacutea ser una debilidad del propio Plutarco la falta de una carrera puacuteblica brillante se transforma en una eleccioacuten deliberada y necesaria

Tal mensaje adquiere maacutes fuerza si se lo contempla sobre el transfondo cultural de la eacutepoca El auge de las composiciones de exitu illustrium virorum corre en paralelo a la admiracioacuten hacia el filoacutesofo que se enfrenta al poder y sufre castigo por ello Ya se ha dicho que el fenoacutemeno acreditado en diversas fuentes contemporaacuteneas a Plutarco fue propiciado particularmente por el final del rei‑nado de Diocleciano y que el modelo uacuteltimo del filoacutesofo‑maacutertir es Soacutecrates En este contexto adquiere un significado especial la exaltacioacuten del ldquoSoacutecrates tebanordquo Epaminondas Epaminondas se aleja del conflicto puacuteblico para cuidar su alma se distingue por su silencio y pese a ello constituye el ldquocentro ausenterdquo del de genio una composicioacuten articulada en torno a un conflicto civil la liberacioacuten de la Cadmea No resulta inverosiacutemil ver en todos estos datos una respuesta de Plu‑tarco ante el fenoacutemeno del ldquofiloacutesofo‑maacutertir poliacuteticordquo y la admiracioacuten aglutinada en torno a esa figura Respuesta que reivindica rotundamente el papel asumido por el propio Plutarco de filoacutesofo mentor del poliacutetico pero fuera eacutel mismo del traacutefago de la poliacutetica

69 Veacuteanse las observaciones y referencias que ofrece al respecto Van Hoof (2010) 66‑67

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Joseacute M Candau

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A Esparta de Plutarco entre a guerra e as artes

de um seguidor das leis de Licurgo Nesse sentido Plutarco diz que o dinheiro e o ouro deveriam ser mandados embora de Esparta porque eles eram flagelos importados que despertavam a cobiccedila e promoviam a degeneraccedilatildeo dos costumes (c 17) Desse ponto de vista Lisandro prejudicou Esparta justamente porque promoveu seu enriquecimento e contribuiu para a dissoluccedilatildeo da frugalidade e da simplicidade que caracterizavam o cotidiano dos lacocircnios antes das vitoacuterias espartanas na Guerra do Peloponeso6

Na Vida de Agesilau Plutarco nos conta que o biografado foi o segundo filho de Arquidamo (o primeiro tinha sido Aacutegis) e que por isso ele natildeo seria o herdeiro direto do trono de Esparta De qualquer modo Agesilau foi educado de acordo com a agoge lacedemocircnia e nosso autor faz questatildeo de frisar que em decorrecircncia disso o liacuteder espartano sempre respeitou e praticou as leis de sua cidade (c 1) Mesmo apresentando uma pequena diferenccedila de tamanho de uma perna para a outra ele tinha outras qualidades espartanas como a honestidade a mansidatildeo e a beleza fiacutesica (c 2) Sua formaccedilatildeo foi tatildeo bem sucedida que diferente de Alexandre o grande e de Haniacutebal Agesilau foi um general que conquistou importantes vitoacuterias e mesmo assim nunca deixou de obedecer agraves leis espartanas (c 15) Mesmo depois de tornar‑se um lendaacuterio vencedor ele voltou a Esparta e continuou o mesmo homem de antes sem apresentar nenhuma novidade no seu comportamento diferente de outros estrategos quando voltavam de longas expediccedilotildees a terras estrangeiras (c 19)

Plutarco nos conta que Lisandro ndashque dizem ter sido amante de Agesilau na juventude (c 2)ndash pretendia introduzir muitas inovaccedilotildees e mudanccedilas no governo da Lacocircnia (c 20) Embora outros liacutederes de Esparta como Antaacutelcidas tenham feito acordos com os Persas e tenham abandonado laquocovarde e maldosamenteraquo os gregos da Aacutesia sob o domiacutenio dos baacuterbaros como nos diz Plutarco (c 23) Agesilau sempre foi um defensor da justiccedila Entre os capiacutetulos 29 e 30 da Vida de Agesilau nosso autor nos conta que os espartanos que perderam parentes na bata‑lha de Leuctra (em 371 a C) se alegraram e os que natildeo perderam ficaram tristes De certa forma eles responsabilizaram Agesilau pela derrota e lamentaram ter aceito um rei coxo Contudo Agesilau tinha boa reputaccedilatildeo e era muito virtuoso Prova disso eacute que sem promover nenhuma inovaccedilatildeo ele disse que era preciso fazer as leis dormirem para que retomassem a autoridade que tiveram no passado

Entretanto Plutarco natildeo faz apenas elogios a Agesilau Cartledge (1987 418) observa que ele faz criacuteticas a Agesilau por causa de sua ingratidatildeo em relaccedilatildeo a Lisandro (c 8) e condena seu comportamento porque ele teria hon‑rado mais os amigos do que a justiccedila (c 13 ver tambeacutem Moralia 807d) Aleacutem disso Plutarco via uma relaccedilatildeo direta entre a decadecircncia de Esparta e a ascenccedilatildeo

6 Sobre isso ver Duff (2002) 161‑204 e a introduccedilatildeo de Flaceliegravere e Chambry em Plutarque (1971) 158‑173

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Roosevelt Rocha

ilegiacutetima de Agesilau ao trono (c 21) Poreacutem no geral nosso autor eacute tatildeo favoraacutevel e simpaacutetico a Agesilau quanto Xenofonte que tambeacutem escreveu uma biografia do rei espartano a qual certamente serviu de base para a Vida composta pelo poliacutemata de Queroneia Segundo Cartledge (1987 418) para Plutarco Agesilau foi a encarnaccedilatildeo das virtudes peculiarmente espartanas simplicidade piedade e autocontrole7

Depois na Vida de Aacutegis e na Vida de Cleocircmenes Plutarco narra os uacuteltimos momentos da histoacuteria da Esparta independente ou seja o ponto mais baixo da decadecircncia daquela cidade Os reis Aacutegis e Cleocircmenes que reinaram no seacuteculo III a C tentaram restaurar os antigos valores dos tempos de Licurgo Eles tinham os dons naturais para levar essa tarefa a cabo Aacutegis tinha grandeza de alma e se insurgia contra os prazeres desde antes dos vinte anos (c 4) natildeo gostava de rou‑pas luxuosas e baniu toda suntuosidade para aderir aos antigos haacutebitos lacocircnios caracterizados pela simplicidade de vida Mas seu exemplo e sua energia natildeo foram suficientes para restaurar os costumes tradicionais e ele foi assassinado ainda muito jovem (cc 19‑21) Aquela Esparta incorrupta e valorosa dos tempos de Licurgo dava seus uacuteltimos suspiros

Cleocircmenes natildeo era parente de Aacutegis mas foi obrigado a se casar com a vi‑uacuteva do rei assassinado ou seja Agiaacutetis Segundo Plutarco (c 1) Cleocircmenes era ambicioso e tinha grandeza de alma Era temperante e simples como Aacutegis Ele tambeacutem quiz restaurar os antigos costumes espartanos (c 11) Primeiro depois de longa disputa poliacutetica abriu matildeo de seus bens Depois distribuiu as terras entre os cidadatildeos Restabeleceu a educaccedilatildeo dos jovens e a disciplina espartana Ele proacuteprio levou uma vida simples e frugal para dar o exemplo aos outros la‑cedemocircnios sem insolecircncia nem orgulho excessivo ou seja como um modelo de temperanccedila (c 13) Mesmo quando perdeu sua esposa Agiaacutetis por quem se enamorara verdadeiramente Cleocircmenes manteve a firmeza e seu caraacuteter elevado e tomou as providecircncias necessaacuterias para garantir a seguranccedila de seus soldados e aliados (c 22) Depois de reinar por dezesseis anos Cleocircmenes morreu (cc 37‑38) e assim terminou a histoacuteria de Esparta como cidade politicamente autocircnoma

Ateacute aqui vimos que podemos encontrar nas Vidas dos liacutederes espartanos escritas por Plutarco aquela imagem caracterizada por um conjunto de valores que parecem ter ganhado forccedila numa eacutepoca lendaacuteria e foram se enfraquecendo conforme o tempo foi passando e Esparta foi estendendo seu poder para fora da Lacedemocircnia Nesse quadro vemos uma cidade altamente militarizada de guerreiros corajosos disciplinados e afeitos a uma vida sem luxos e sem confortos Isso poderia indicar que os espartanos eram um povo rude pouco sofisticado e fechado para as artes

7 Cf tambeacutem a introduccedilatildeo de Flaceliegravere e Chambry em Plutarque (1973) 85‑88 e Shipley (1998) 1‑46

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A Esparta de Plutarco entre a guerra e as artes

Poreacutem vaacuterias fontes arqueoloacutegicas vasculares e mesmo literaacuterias nos mostram o contraacuterio Apesar de Tuciacutedides (1102) ter dito que os edifiacutecios em Esparta eram modestos e natildeo correspondiam ao tamanho do poder militar e poliacutetico da cidade dos lacedemocircnios em seu apogeu a avaliaccedilatildeo dos monumentos arquitetocircnicos espartanos precisa ser feita com cuidado Eacute preciso lembrar que Esparta natildeo foi destruiacuteda nas Guerras Meacutedicas como Atenas foi A capital da Aacutetica foi reconstruiacuteda e uma grande soma de dinheiro afluiu para ela por causa das contribuiccedilotildees dos aliados da Liga de Delos Isso natildeo aconteceu com a princi‑pal cidade da Lacocircnia Desse modo nela foram conservados edifiacutecios antigos do seacuteculo VI a C que apresentavam outro estilo de construccedilatildeo mais arcaizante do que claacutessico Dependendo do ponto de vista um estilo pode ser mais valorizado do que o outro

De qualquer modo Pausacircnias (3113) viajante do seacuteculo II d C que fez uma descriccedilatildeo de vaacuterias cidades da Greacutecia daquela eacutepoca nos informa que havia em Esparta vaacuterios monumentos que despertavam a admiraccedilatildeo daqueles que por ali passavam tal como o Poacutertico Persa construiacutedo inicialmente com o butim amealhado na guerra contra os persas Outros exemplos de edifiacutecios que nos uacuteltimos anos vecircm sendo estudados satildeo o templo de Apolo em Amiclas o templo de Aacutertemis Oacutertia e o Menelaion onde eram cultuados Menelau e Helena8

Cartledge (2002 111) nos informa que depois de 690 a C pintores de vasos da Lacocircnia sofreram influecircncia de artistas do Egeu e adotaram o chamado estilo lsquoorientalizantersquo o que mostra que na praacutetica Esparta natildeo estava isolada do resto do mundo helecircnico Ainda segundo Cartledge nessa eacutepoca artesatildeos lacocircnios que trabalhavam com bronze comeccedilaram a se interessar pela representaccedilatildeo de figuras humanas em suas obras e por volta de 650 a C comeccedilou a se desenvolver na regiatildeo de Esparta o uso do marfim para produccedilatildeo de objetos gravados Vemos entatildeo que o ambiente artiacutestico na Lacedemocircnia entre 775 e 650 a C natildeo era de modo algum esteacuteril ou sem importacircncia9

Como Burn (1960 275‑276) explica Esparta natildeo virou suas costas para a arte e a poesia Prova disso eacute que vasos com detalhes refinados foram fabricados ali e exportados para outras regiotildees da Heacutelade ateacute 550 a C mais ou menos Por volta de 600 a C Gitiadas poeta escultor e arquiteto projetou o Templo de Atena tambeacutem conhecido como Casa de Bronze por causa das placas feitas com esse metal para decorar o edifiacutecio E em 585 a C o segundo templo de Oacutertia foi construiacutedo Ou seja havia artesatildeos trabalhando em Esparta no periacuteodo arcaico que produziram obras dignas de admiraccedilatildeo10

8 Para mais informaccedilotildees sobre a arqueologia e a arquitetura espartanas ver Walker (1998) Kaltsas (2007) e Cavanagh (2009)

9 Sobre isso ver tambeacutem Burn (1960) 180‑184 e Stibbe (1996) passim10 Ver tambeacutem Burn (1960) 280‑282 e Cartledge (2002) 133‑136

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No que diz respeito agrave muacutesica Plutarco nos daacute significativos testemunhos da sua importacircncia em ambiente espartano tanto nas Vidas quanto nos Moralia Na Vida de Licurgo no c 4 por exemplo encontramos a informaccedilatildeo segundo a qual o legislador lendaacuterio teria convidado um poeta‑legislador de Creta para ir a Esparta com ele Esse poeta se chamava Tales Mas talvez tenha havido alguma confusatildeo na tradiccedilatildeo manuscrita e esse Tales poderia ser o Taletas de Gortina mencionado algumas vezes no livro Sobre a Muacutesica tambeacutem de Plutarco Ele teria sido o responsaacutevel por curar os espartanos de uma peste com o seu canto11 Aleacutem disso no mesmo c 4 nos eacute dito que Licurgo teria sido o responsaacutevel por levar os poemas de Homero da Jocircnia para sua cidade

Depois no c 21 da mesma Vida Plutarco nos diz que os lacedemocircnios apreciavam se dedicar agrave poesia meacutelica porque as canccedilotildees estimulavam seus espiacuteritos e lhes davam coragem para enfrentar os inimigos nas batalhas Seu estilo era simples e seus temas eram seacuterios com o objetivo de promover uma boa formaccedilatildeo dos caraacuteteres Nelas eram louvados os heroacuteis de Esparta e condenados os covardes que natildeo lutaram ateacute o fim para defender sua cidade Nos festivais eram organizados trecircs coros de acordo com as idades um de velhos outro de adultos e outro de jovens Cada um cantava sobre a sua bravura uns falavam dos seus feitos no passado os outros tratavam das suas accedilotildees no presente e os uacuteltimos cantavam sobre o seu desejo de realizar grandes proezas no futuro Esses seriam os temas baacutesicos das canccedilotildees em Esparta e por isso segundo Plutarco Terpandro e Piacutendaro estavam corretos ao associar bravura e muacutesica e ao mostrar que os espartanos eram o povo mais aguerrido e mais musical

Por isso natildeo era por acaso que os jovens cantavam o nomo de Caacutestor e o peatilde da marcha (c 22) e em todo lugar havia danccedilas festas e banquetes quando natildeo havia expediccedilotildees militares (c 24) Contudo o gosto pela boa muacutesica e pela boa poesia natildeo era caracteriacutestico de todos os habitantes da Lacocircnia tendo em vista que os hilotas danccedilavam e cantavam canccedilotildees vulgares e grotescas diferentes das composiccedilotildees de Aacutelcman Terpandro e Especircndon (c 28) Isso na verdade estava associado ao fato de eles serem escravos e por isso era compreensiacutevel que eles apreciassem canccedilotildees vis como eles proacuteprios

Na Vida de Lisandro encontramos algumas informaccedilotildees que reforccedilam a impressatildeo de que os espartanos tinham sim grande sensibilidade para a muacutesica No c 15 ficamos sabendo que os lacocircnios depois de conquistar Atenas em 404 a C queriam destruir aquela cidade mas apoacutes ouvir um coro da Electra de Euriacutepides desistiram Em seguida no c 18 Plutarco nos conta que Lisandro estava sempre acompanhado do poeta Queacuterilo encarregado de celebrar os feitos do general E outros poetas tambeacutem celebraram Lisandro segundo nosso autor

11 Ver Plu Mus 42 (1146B‑C) e Gostoli (1990) 12‑13 e

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Na Vida de Agesilau c 14 lemos que os espartanos apreciavam uma parte da poesia de Timoacuteteo de Mileto poeta que teria tido algumas cordas de sua ciacutetara cortadas quando de uma sua visita a Esparta porque os eacuteforos julgavam que natildeo seriam necessaacuterias mais do que sete cordas e o instrumento do poeta tinha onze12 Essa anedota indica que os lacocircnios natildeo apreciavam inovaccedilotildees Poreacutem a informaccedilatildeo do c 14 da Vida de Agesilau mostra que eles poderiam aceitar pelo menos uma parte da obra de um poeta inovador desde que essa parte se adequas‑se ao gosto e agraves tradiccedilotildees do local Tambeacutem nessa mesma Vida c 21 Plutarco nos diz que o rei Agesilau apreciava os cantos e as danccedilas mesmo natildeo sendo um lsquoespecialistarsquo nas artes

Por fim na Vida de Aacutegis c 10 encontramos um elogio a Terpandro a Ta‑les (Taletas) e a Fereacutecides porque mesmo sendo estrangeiros professavam o que Licurgo instituiu e por isso foram muito honrados em Esparta Na Vida de Cleocircmenes c 2 somos informados que o rei Leocircnidas elogiou Tirteu algo facilmente compreensiacutevel tendo em vista o caraacuteter estimulante e guerreiro das elegias daquele poeta Aleacutem disso nessa mesma Vida citada por uacuteltimo c 12 Plutarco nos conta que Cleocircmenes certa vez teria encontrado alguns artistas de Dioniso muacutesicos e atores profissionais que iam de cidade em cidade para se apresentar e construiu um teatro Isso mostra que esse rei estimulou de alguma maneira as atividades artiacutesticas mesmo que ele natildeo tivesse o costume de levar artistas com seu exeacutercito de acordo com Plutarco e nem apreciasse apresentaccedilotildees musicais nos seus banquetes (c 13)

Tudo isso mostra que Esparta era uma cidade onde a muacutesica tinha um papel importe na educaccedilatildeo e na guerra e que os lacocircnios natildeo eram um povo obtuso e indiferente ao poder das melodias De acordo com Plutarco tendo em vista agora algumas passagens dos Moralia os espartanos passavam por treinamento rigoroso no que diz respeito agrave muacutesica e agrave poesia e suas canccedilotildees estimulavam os espiacuteritos e faziam com que os homens se sentissem entusiasmados e se esfor‑ccedilassem para ser bem sucedidos Em vaacuterias passagens das suas Obras Morais ele elogia o estilo da muacutesica deles porque ela era simples e natildeo afetada e seus temas eram seacuterios e edificantes Se algueacutem estudasse a poesia e as canccedilotildees de marcha de Esparta acompanhadas pelo aulo essa pessoa concordaria que Terpandro e Piacutendaro estavam certos ao associar valor (andreia) e muacutesica Como vimos acima nos trechos citados das Vidas Plutarco tambeacutem diz que os Espartanos eram o povo ao mesmo tempo mais musical (mousikotatous) e o mais afeito agrave guerra (polemikotatous)13

No livro sobre os Antigos Costumes dos Espartanos Plutarco tambeacutem elogia os ritmos das canccedilotildees de marcha (embaterioi rhythmoi) porque eles despertavam

12 Ver Plu Agis 1013 Cf Lyc 211‑4

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a coragem a audaacutecia e o desdeacutem pela morte requisitos indispensaacuteveis para o guerreiro valoroso Os espartanos usavam esses ritmos para danccedilar mas tambeacutem quando avanccedilavam contra os inimigos ao som do aulo Plutarco lembra que Li‑curgo associava o amor pela muacutesica agrave praacutetica militar para que o espiacuterito guerreiro combinado com a melodia tivesse concordacircncia e harmonia (symphonia kai har‑monia) Por isso em tempos de guerra os reis espartanos ofereciam sacrifiacutecios agraves Musas antes de ir para a batalha como Plutarco nos conta nos Instituta Laconica 16 (238B‑C)

E para manter a pureza da sua muacutesica e dos seus costumes os espartanos agraves vezes recorriam a atos violentos Como Plutarco reporta nos Instituta Laconica 17 (238C‑D) eles natildeo permitiriam que ningueacutem desrespeitasse de modo algum as regras da muacutesica do passado Nem mesmo Terpandro um dos mais antigos e melhores citaredos (aqueles que cantavam acompanhados da ciacutetara ou da lira) teria a permissatildeo para acrescentar uma corda extra ao seu instrumento para que suas melodias fossem mais variadas Ele tentou fazer isso mas os eacuteforos pregaram sua lira numa parede por causa do seu ato iacutempio contraacuterio agrave tradiccedilatildeo Em outra ocasiatildeo um dos eacuteforos teria procedido com mais violecircncia quando Timoacuteteo o famoso muacutesico inovador que floresceu na segunda metade do seacuteculo V a C estava competindo no festival das Carneias ele pegou uma faca e perguntou ao muacutesico de que lado ele deveria cortar as cordas supeacuterfluas cujo nuacutemero ultra‑passava o tradicional de sete cordas Outras variantes dessa histoacuteria satildeo contadas por Plutarco em outros textos mas nessas outras passagens Friacutenis outro muacutesico inovador da segunda metade do seacuteculo V a C eacute o protagonista14

Mas para aleacutem da sua importacircncia na educaccedilatildeo e nos contextos de bata‑lha a muacutesica tinha grande significado tambeacutem nas momentos das celebraccedilotildees religiosas Dentre as festividades religiosas realizadas na Lacedemocircnia uma das mais importantes era a das Carneias realizada em Esparta e intimamente ligada agrave histoacuteria de Terpandro As origens desse festival eram muito antigas anteriores ao seacuteculo VIII a C tendo em vista que no seacuteculo VII os colonizadores espartanos da cidade italiana de Tarento jaacute tinham o costume de celebraacute‑la15 As Carneias eram dedicadas ao deus Apolo Carneu Em Esparta havia concursos musicais e atleacuteti‑cos uma corrida de jovens e um banquete ritual que contava com a participaccedilatildeo dos homens adultos que representavam as fratrias O festival era organizado por cidadatildeos solteiros e era o momento adequado para que os jovens que jaacute haviam completado seu periacuteodo de formaccedilatildeo ingressassem na vida adulta16

O que nos interessa aqui eacute o papel que a muacutesica desempenhava no contexto dessas festividades Um elemento importante nesses momentos de comemoraccedilatildeo

14 Cf Prof virt 84A Apophth Lac 220C e Agis 107 jaacute citada na nota 9 Cf Rocha (2008) 654‑655

15 Brelich (1969) 181‑18216 Brelich (1969) 149‑150

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eram os concursos A realizaccedilatildeo de concursos musicais no acircmbito do festival das Carneias natildeo teria acontecido desde o iniacutecio A introduccedilatildeo de agones provavel‑mente ocorreu quando Terpandro migrou de Metimna (Lesbos) para Esparta na primeira metade do seacuteculo VII a C Nesse contexto eacute importante considerar o testemunho de Helacircnico17 segundo o qual Terpandro teria sido o primeiro a vencer o concurso musical nas Carneias Esse fato parece estar diretamente relacionado agrave fundaccedilatildeo da primeira escola musical (katastasis) em Esparta por obra do mesmo Terpandro Segundo Brelich (1969 186‑191) eacute muito provaacutevel que a introduccedilatildeo do concurso musical nas Carneias tenha sido influenciada pela proacutepria katastasis18 Essa hipoacutetese ganha forccedila se consideramos o capiacutetulo 9 do tratado Sobre a Muacutesica como um todo Ali Plutarco fala da primeira katastasis fundada por Terpandro e menciona tambeacutem a segunda katastasis liderada por Taletas de Gortina Xenoacutedamo de Citera Xenoacutecrito de Locres Polimnesto de Coacutelofon e Saacutecadas de Argos muacutesicos que teriam instituiacutedo as Gimnopeacutedias em Esparta as Apodeixeis na Arcaacutedia e as Endimaacutetias em Argos Jaacute que os membros da segunda escola musical foram fundadores de festivais19 em diferentes cidades do Peloponeso Terpandro tambeacutem pode ter desempenhado o mesmo papel no contexto das Carneias

No que diz respeito agraves Gimnopeacutedias contudo encontramos uma situaccedilatildeo diferente Possuiacutemos uma grande variedade de informaccedilotildees sobre esse festival que inclusive muitas vezes satildeo contraditoacuterias Mas tratando apenas daquilo que nos interessa aqui sabemos que no periacuteodo das festividades aconteciam apresentaccedilotildees de coros de adolescentes e adultos instituiacutedos em honra a Apolo que cantavam hinos compostos por poetas como Taletas Aacutelcman e Dionisodoto Depois da batalha de Tireia em 544 aC na qual Esparta lutou contra Argos pela posse da Tireaacutetida tornou‑se costumeiro cantar um peatilde em honra dos soldados que morreram naquela ocasiatildeo Por causa desse elemento ritual e da comparaccedilatildeo com as Apodeixeis e as Endimaacutetias as Gimnopeacutedias foram consideradas festas que indicavam o momento no qual os jovens receacutem‑iniciados eram integrados agrave vida militar20

Tendo tudo isso em vista podemos concluir que eacute preciso colocar a miragem espartana em perspectiva Esparta natildeo era tatildeo lsquoespartanarsquo assim e natildeo foi sempre lsquoespartanarsquo Havia espaccedilo naquela cidade para o cultivo das artes tais como a arquitetura a escultura a pintura vascular a muacutesica (que incluiacutea a poesia) e a danccedila Nela floresceram poetas como Aacutelcman Terpandro e Tirteu Nela surgiram escolas poeacuteticomusicais Nela viveram poetas estrangeiros tais como Taletas de

17 FGrHist 4 F 85 = Ateneu 635e = Terpander Test 1 Gostoli18 Cf tambeacutem Gostoli (1990) 84‑8519 Mais do que fundadores de festivais eacute mais verossiacutemil pensar que esses autores foram os

responsaacuteveis pela introduccedilatildeo dos concursos musicais como parte das celebraccedilotildees 20 Cf Gostoli (1990) 85‑86

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Gortina (Creta) e Saacutecadas de Argos E sendo assim houve um ambiente feacutertil e favoraacutevel para o desenvolvimento e o cultivo de atividades artiacutesticas Os esparta‑nos foram sim grandes guerreiros que contribuiacuteram decisivamente para a vitoacuteria dos helenos sobre os persas Eles cultivaram sim suas habilidades guerreiras a ponto de derrotar os atenienses na Guerra do Peloponeso Poreacutem Esparta natildeo foi somente uma comunidade de soldados que dedicavam suas vidas somente agrave guerra Esparta foi tambeacutem uma cidade onde as pessoas cantavam danccedilavam e apreciavam a beleza dos edifiacutecios e dos objetos do cotidiano Eacute preciso reconhecer isso e na obra de Plutarco jaacute encontramos essa imagem multifacetada dessa cul‑tura Basta direcionar os olhos para outras direccedilotildees

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Index nominum

Timoacuteteo 167‑168 178 183Timoacutexena 195Tindaacuteridas 63Tireaacutetida 169Tireia 169Tireacutesias 236Tirteu 167 169 221Titatildes 245Trajano 121Trezena 31 32‑35 38 Tricoacuterito 39Troia 81 124Tuciacutedides 122 160 181Ulisses 81 192Valeacuterio (vd Puacuteblio Valeacuterio)Vestais 58 204Viacutenio 200Xantipo 191 201Xenoacutecrito 169Xenoacutedamo 169Xenofonte 160 164Zaleuco 88Zeus 36 40‑41 220 226 243

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Index nominum

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(Paacutegina deixada propositadamente em branco)

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Notas biograacuteficas dos autores

Aacutelia Rodrigues eacute doutorada em Estudos Claacutessicos (Literatura Grega) e inves‑tigadora do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse satildeo a histoacuteria das ideias poliacuteticas desde os Gregos ateacute agrave modernidade histoacuteria legal e a recepccedilatildeo de temas claacutessicos na contemporaneidade

Ana Ferreira eacute Professora Auxiliar do Departamento de Estudos Portugueses e Ro‑macircnicos da Faculdade de Letras da Universidade do Porto e investigadora do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a histoacuteria antiga a literatura greco‑romana bem como a didaacutectica das liacutenguas claacutessicas

Delfim F Leatildeo eacute Professor Catedraacutetico da Instituto de Estudos Claacutessicos e investiga‑dor do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a histoacuteria antiga o direito e a teorizaccedilatildeo poliacutetica dos Gregos a pragmaacutetica teatral e a escrita romanesca antiga

Faacutebio Vergara Cerqueira eacute Professor Adjunto do Instituto de Ciecircncias Humanas da Universidade Federal de Pelotas pesquisador PQ‑2 do CNPq Professor Visitante na Universidade de Heidelberg Bolsista Fundaccedilatildeo Humboldt ldquoPesquisador Experienterdquo Principais aacutereas de interesse satildeo histoacuteria e arqueologia da Greacutecia antiga e sua recepccedilatildeo enfocando muacutesica iconografia ceramologia gecircnero memoacuteria social identidade e patrimocircnio cultural

Guillermina Gonzaacutelez Almenara es Profesor Contratado Doctor Tipo 1 vinculada con el Aacuterea de Filologiacutea Griega del Departamento de Filologiacutea Claacutesica Francesa Aacuterabe y Romaacutenica de la Universidad de La Laguna Sus principales liacuteneas de investi‑gacioacuten son la mujer y el aacutembito femenino en la Grecia antigua Historiografiacutea griega Historia y civilizacioacuten de la Grecia antigua

Ivana S Chialva es Doctora en Letras Investigadora Asistente del Conicet y Profesora de Griego y Literaturas griega y latina de la Facultad de Humanidades y Ciencias de la Universidad Nacional del Litoral (Santa Fe Argentina) Sus tra‑bajos sobre el mundo antiguo se focalizan en la relacioacuten entre primera y segunda sofiacutestica y en la influencia de este uacuteltimo fenoacutemeno en la prosa narrativa griega de eacutepoca imperial especialmente la retoacuterica la biografiacutea y la novela en sus diferentes formas

Jesuacutes-Mordf Nieto Ibaacutentildeez es Catedraacutetico de Filologiacutea Griega de la Universidad de Leoacuten Sus liacuteneas de investigacioacuten son la literatura judiacutea en lengua griega los primeros textos cristianos el Humanismo y la Tradicioacuten claacutesica Actualmente dirige un Proyecto de

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investigacioacuten sobre el Humanismo la Tradicioacuten claacutesica y patriacutestica y la exeacutegesis biacuteblica en los siglos XVI y XVII

Joaquim Pinheiro eacute Professor Auxiliar da Universidade da Madeira e investigador do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a biografia antiga a Segunda Sofiacutestica a retoacuterica claacutessica e o pensamento poliacutetico dos Gregos

Joseacute M Candau es Catedraacutetico de Filologiacutea Griega en la Universidad de Sevilla Sus principales aacutereas de investigacioacuten son la historiografiacutea griega y Plutarco

Loraine Oliveira eacute professora de Filosofia da Universidade de Brasiacutelia Publicou o livro Plotino escultor de mitos pela Imprensa da Universidade de CoimbraAnnablume em 2014 Vem se dedicando principalmente a estudar os mitos em Plotino Plutarco e Porfiacuterio assim como o vegetarianismo em Plutarco e Porfiacuterio

Maria Aparecida de Oliveira Silva eacute professora visitante do Programa de Poacutes‑Gradu‑accedilatildeo em Letras Claacutessicas da Universidade de Satildeo Paulo e Professora Pesquisadora do Programa de Poacutes‑Graduaccedilatildeo em Histoacuteria da Universidade Federal de Satildeo Paulo Liacuteder do Grupo CNPq LABHAN Laboratoacuterio de Histoacuteria Antiga da Universidade Federal do Amapaacute Pesquisadora do Grupo CNPq Linceu ‑ Visotildees da Antiguidade Claacutessica da Universidade Estadual Paulista Pesquisadora do Grupo Retoacuterica Texto y Comunicacioacuten da Universidad de Caacutediz Membro do Conselho Acadecircmico do Seminaacuterio de Histoacuteria e Filosofia das Religiotildees da Universidad Autoacutenoma de Ciudad Juaacuterez mdash Meacutexico Pesquisa e publica trabalhos sobre Esparta Plutarco e biografia antiga

M Teresa Fau Ramos es Profesora Titular del Departament de Filologia Grega de la Universitat de Barcelona y miembro del Grup de Recerca Graecia Capta que investiga la pervivencia de la identidad griega bajo el imperio romano Sus principales aacutereas de intereacutes cientiacutefico son la historia e instituciones de la Grecia claacutesica y post‑claacutesica la religioacuten helena (paganismo) y diversos aspectos del cristianismo primitivo

Pilar Goacutemez Cardoacute es profesora titular de Filologiacutea Griega en la Universidad de Barcelona donde imparte docencia e investiga desde 1981 Doctora en Filologiacutea Claacutesica desde 1987 con una tesis sobre la tradicioacuten yaacutembica y la faacutebula (La Vida drsquoIsop entre el iambe la faula i la novella) es autora de numerosos artiacuteculos y capiacutetulos de libros sobre la literatura griega de eacutepoca imperial romana en especial sobre Segunda Sofiacutestica y novela ha estudiado principalmente autores como Luciano en cuya edicioacuten y traduccioacuten al castellano para la coleccioacuten Alma Mater participa Plutarco Dioacuten de Prusa o Elio Ariacutestides Es miembro del grupo de investigacioacuten Graecia Capta de la Universidad de Barcelona

Roosevelt Rocha eacute Professor Adjunto do curso de Letras da Universidade Federal do Paranaacute (Brasil) e pesquisador ligado ao Programa de Poacutes‑Graduaccedilatildeo em Letras da

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mesma Universidade As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a poesia grega arcaica (elegia jambo e meacutelica) a muacutesica grega antiga e o estudo da performance da poesia grega dos periacuteodos arcaico e claacutessico

Vicente Ramoacuten es Profesor Tiular de Filologiacutea Griega de la Universidad de Zara‑goza Sus intereses cientiacuteficos pueden sintetizarse en las siguientes liacuteneas Plutarco de Queronea y la biografiacutea poliacutetica historiografiacutea griega retoacuterica y oratoria griegas tradicioacuten claacutesica teatro griego la irreligiosidad en la Atenas Claacutesica

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Nelson
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Volumes publicados na Colecccedilatildeo Humanitas Supplementum

1 Francisco de Oliveira Claacuteudia Teixeira e Paula Barata Dias Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 1 ndash Liacutenguas e Literaturas Greacutecia e Roma (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

2 Francisco de Oliveira Claacuteudia Teixeira e Paula Barata Dias Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 2 ndash Liacutenguas e Literaturas Idade Meacutedia Renascimento Recepccedilatildeo (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

3 Francisco de Oliveira Jorge de Oliveira e Manuel Patriacutecio Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 3 ndash Histoacuteria Arqueologia e Arte (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2010)

4 Maria Helena da Rocha Pereira Joseacute Ribeiro Ferreira e Francisco de Oliveira (Coords) Horaacutecio e a sua perenidade (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

5 Joseacute Luiacutes Lopes Brandatildeo Maacutescaras dos Ceacutesares Teatro e moralidade nas Vidas suetonianas (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

6 Joseacute Ribeiro Ferreira Delfim Leatildeo Manuel Troumlster and Paula Barata Dias (eds) Symposion and Philanthropia in Plutarch (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

7 Gabriele Cornelli (Org) Representaccedilotildees da Cidade Antiga Categorias histoacutericas e discursos filosoacuteficos (Coimbra Classica DigitaliaCECHGrupo Archai 2010)

8 Maria Cristina de Sousa Pimentel e Nuno Simotildees Rodrigues (Coords) Sociedade poder e cultura no tempo de Oviacutedio (Coimbra Classica DigitaliaCECHCECCH 2010)

9 Franccediloise Frazier et Delfim F Leatildeo (eds) Tychegrave et pronoia La marche du monde selon Plutarque (Coimbra Classica DigitaliaCECH Eacutecole Doctorale 395 ArScAn‑THEMAM 2010)

10 Juan Carlos Iglesias‑Zoido El legado de Tuciacutedides en la cultura occidental (Coimbra Classica DigitaliaCECH ARENGA 2011)

11 Gabriele Cornelli O pitagorismo como categoria historiograacutefica (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2011)

12 Frederico Lourenccedilo The Lyric Metres of Euripidean Drama (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2011)

13 Joseacute Augusto Ramos Maria Cristina de Sousa Pimentel Maria do Ceacuteu Fialho Nuno Simotildees Rodrigues (coords) Paulo de Tarso Grego e Romano Judeu e Cristatildeo (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

14 Carmen Soares amp Paula Barata Dias (coords) Contributos para a histoacuteria da alimentaccedilatildeo na antiguidade (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

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15 Carlos A Martins de Jesus Claudio Castro Filho amp Joseacute Ribeiro Ferreira (coords) Hipoacutelito e Fedra ‑ nos caminhos de um mito (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

16 Joseacute Ribeiro Ferreira Delfim F Leatildeo amp Carlos A Martins de Jesus (eds) Nomos Kosmos amp Dike in Plutarch (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

17 Joseacute Augusto Ramos amp Nuno Simotildees Rodrigues (coords) Mnemosyne kai Sophia (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

18 Ana Maria Guedes Ferreira O homem de Estado ateniense em Plutarco o caso dos Alcmeoacutenidas (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

19 Aurora Loacutepez Andreacutes Pocintildea amp Maria de Faacutetima Silva De ayer a hoy influencias claacutesicas en la literatura (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

20 Cristina Pimentel Joseacute Luiacutes Brandatildeo amp Paolo Fedeli (coords) O poeta e a cidade no mundo romano (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

21 Francisco de Oliveira Joseacute Luiacutes Brandatildeo Vasco Gil Mantas amp Rosa Sanz Serrano (coords) A queda de Roma e o alvorecer da Europa (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

22 Luiacutesa de Nazareacute Ferreira Mobilidade poeacutetica na Greacutecia antiga uma leitura da obra de Simoacutenides (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica DigitaliaCECH 2013)

23 Faacutebio Cerqueira Ana Teresa Gonccedilalves Edalaura Medeiros amp JoseacuteLuiacutes Brandatildeo Saberes e poderes no mundo antigo Vol I ndash Dos saberes (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia2013) 282 p

24 Faacutebio Cerqueira Ana Teresa Gonccedilalves Edalaura Medeiros amp Delfim Leatildeo Saberes e poderes no mundo antigo Vol II ndash Dos poderes (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013) 336 p

25 Joaquim J S Pinheiro Tempo e espaccedilo da paideia nas Vidas de Plutarco (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013) 458 p

26 Delfim Leatildeo Gabriele Cornelli amp Miriam C Peixoto (coords) Dos Homens e suas Ideias Estudos sobre as Vidas de Dioacutegenes Laeacutercio (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013)

27 Italo Pantani Margarida Miranda amp Henrique Manso (coords) Aires Barbosa na Cosmoacutepolis Renascentista (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2013)

28 Francisco de Oliveira Maria de Faacutetima Silva Tereza Virgiacutenia Ribeiro Barbosa (coords) Violecircncia e transgressatildeo uma trajetoacuteria da Humanidade (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

29 Priscilla Gontijo Leite Eacutetica e retoacuterica forense asebeia e hybris na caracterizaccedilatildeo dos adversaacuterios em Demoacutestenes (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

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30 Andreacute Carneiro Lugares tempos e pessoas Povoamento rural romano no Alto Alentejo ‑ Volume I (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2014)

31 Andreacute Carneiro Lugares tempos e pessoas Povoamento rural romano no Alto Alentejo ‑ Volume II (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2014)

32 Pilar Goacutemez Cardoacute Delfim F Leatildeo Maria Aparecida de Oliveira Silva (coords) Plutarco entre mundos visotildees de Esparta Atenas e Roma (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

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Resumo da obra

A vasta e variada obra de Plutarco permite sempre uma abordagem a partir de distintas

perspetivas com diferentes intenccedilotildees e propoacutesitos variados No entanto eacute importante

identificar tambeacutem fios comuns nessa abordagem porque permitem demonstrar tanto a

niacutevel formal como de conteuacutedo que haacute muitos elementos comuns que permeiam o trabalho

de Plutarco

Os treze contributos para este volume tecircm como elo comum o nome de trecircs cidades

Esparta Atenas e Roma Elas representam espaccedilos poliacuteticos e institucionais diversos dada

a sua extensatildeo geograacutefica e cronoloacutegica mas simbolizam igualmente diferentes modelos

de organizaccedilatildeo social atraveacutes dos quais a Greacutecia pode ser contrastada com Roma ou Atenas

comparada com Esparta mdash ainda que o seu verdadeiro interesse na obra de Plutarco seja

que representam sempre locais paradigmaacuteticos onde vivem e convivem pessoas Por

isso os estudiosos de Plutarco que contribuiacuteram para este volume procuram analisar em

cada uma dessas cidades seja por assimilaccedilatildeo ou por contraste a forma como o autor de

Queroneia aborda a ligaccedilatildeo entre indiviacuteduo e comunidade a partir do exerciacutecio do poder

e da experiecircncia religiosa qual o papel da educaccedilatildeo e do domiacutenio privado na projeccedilatildeo

puacuteblica dos protagonistas retratados por Plutarco ou ateacute que ponto a imagem dos primeiros

legisladores e fundadores miacuteticos foi condicionada pela evoluccedilatildeo histoacuterica destas mesmas

cidades

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Page 13: Versão integral disponível em digitalis.uc · visões de Esparta, Atenas e Roma IMPRENSA DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA COIMBRA UNIVERSITY PRESS ANNABLUME Versão integral disponível

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Legislar teniacutea un precio

Mas a pesar de su tropiezo laquocon la mayoriacutearaquo (τοῖς πλείστοις) le fueron confiadas al legislador ateniense responsabilidades aun mayores45 y asiacute pudo eliminar buena parte de las leyes promulgadas por Dracoacuten46 reorganizar la poblacioacuten asignaacutendole prerrogativas en base a criterios econoacutemicos47 introducir cambios en las instituciones de la polis48 y establecer otras disposiciones como por ejemplo las que regulan el matrimonio49 los testamentos y donaciones50 la conducta de las mujeres51 el desempentildeo de oficios52 la actividad agriacutecola53 la naturalizacioacuten de extranjeros54 y el calendario55

Promulgadas ya las leyes aguardaba a Soloacuten una nueva contrariedad cada diacutea era abordado por individuos que elogiaban o censuraban su obra le aconse‑jaban antildeadidos o supresiones o simplemente le pediacutean aclaracioacuten sobre alguacuten pasaje que no comprendiacutean Para zafarse de esta presioacuten decide ausentarse de Atenas durante diez antildeos Abandona pues la patria con la esperanza de que su exilio voluntario sirva para que los ciudadanos se habituacuteen a las nuevas leyes56

Pero a su regreso constata que la polis ha vuelto al mal camino y las fac‑ciones vuelven a dominar la escena poliacutetica destacando sobremanera un hombre llamado Pisiacutestrato en torno al cual se apintildeaba una laquoturbaraquo (ὄχλος) de jornaleros radicalmente contraria a los ricos57 Soloacuten intenta poner paz parlamentando con los liacutederes de los partidos58 intuye las verdaderas intenciones del dirigente de la plebe e intenta en vano modificarlas59 Cuando Pisiacutestrato se dispone a erigirse en tirano el anciano legislador se opone pero al no contar con el apoyo de nadie debe cejar en su empentildeo60

estagirita (Pol 1296a) afirma que los μέσοι constituyen un factor sumamente equilibrador de la sociedad y es ndashprosigue‑ por este motivo que los mejores legisladores como Soloacuten y ‑iexclpara nuestra sorpresa‑ Licurgo pertenecieron a este colectivo Sobre la posicioacuten de Plutarco con respecto a las doctrinas supuestamente aristoteacutelicas remito a la reciente aportacioacuten de Becchi (2014)

45 Sol 163‑546 Sol 17147 Sol 181‑348 Sol 191‑249 Sol 202‑650 Sol 213‑451 Sol 21552 Sol 221 y 353 Sol 236‑24254 Sol 24455 Sol 254‑556 Sol 256 En el texto plutarqueo Soloacuten pone como excusa (πρόσχημα) de su partida

un tema relacionado con la navegacioacuten (ναυκληρία) Heroacutedoto (130) apunta el deseo de ver mundo (θεωρία) mientras que Aristoacuteteles (Ath 111) hace referencia a la actividad comercial (ἐμπορία) y tambieacuten al deseo de ver mundo (θεωρία)

57 Sol 29158 Sol 29259 Sol 29560 Sol 301‑4 y 6‑8

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Mordf Teresa Fau Ramos

Sorprendentemente una vez duentildeo de la situacioacuten Pisiacutestrato tratoacute a Soloacuten con gran respeto aceptoacute muchos de sus consejos y conservoacute laquola mayoriacutea de las leyesraquo (τοὺς πλείστους νόμους) que habiacutea establecido61 Y eacutesta es una de las uacutelti‑mas afirmaciones que hace Plutarco con respecto a Soloacuten sobre cuya muerte no nos proporciona dato alguno de intereacutes62

A diferencia de la biografiacutea plutarquea de Licurgo la Vida de Soloacuten no cul‑mina con un heroico acto de auto‑inmolacioacuten para obtener la perdurabilidad de unas leyes que se desean perennes63 Ello no obsta sin embargo para que reconozcamos que tambieacuten a Soloacuten le pasa factura el ejercicio de su funcioacuten como legislador En efecto debe soportar las burlas de unas gentes que hacen befa de eacutel por haberse negado a instaurar un reacutegimen tiraacutenico es falsamente acusado de haber obtenido beneficios fraudulentos gracias a sus leyes y sufre una intensa presioacuten por parte de sus conciudadanos hasta el punto de tener que optar por un exilio voluntario

Numa

Con la Vida de Numa regresamos a un contexto de dignidad regia aunque existe una gran diferencia entre las maneras expeditivas de Licurgo y la suavidad con la que actuacutea el rey Numa64

Tras la desaparicioacuten ndashsupuestamente sobrenaturalndash de Roacutemulo la ciudad de Roma se hallaba sumida en una grave discordia pues sabinos y romanos no se poniacutean de acuerdo sobre quieacuten habiacutea de ser el proacuteximo monarca65 Al fin las dos facciones pactan que la realeza recaiga sobre el sabino Numa Pompilio66 Pero eacuteste que habiacutea sabido mejorar su buen talante natural con un geacutenero de vida

61 Sol 312‑3 En este punto Plutarco sigue la tradicioacuten continuista de otros autores (cf Hdt 1596 y Th 6546) Seguacuten Dioacutegenes Laercio (153‑54) Pisiacutestrato hace saber al νομοθέτης ateniense que mantiene la legislacioacuten por eacutel establecida y le invita a regresar a la polis Aristoacuteteles (Ath 221) por su parte mantiene que la tiraniacutea habiacutea abolido por desuso las leyes solonianas

62 No obstante en el Banquete de los siete sabios (Moralia 151E‑F) encontramos de nuevo a Soloacuten a propoacutesito de quien Quiloacuten afirma que debe ser el primero en hacer uso de la palabra no soacutelo porque asiacute conviene por su edad y por el lugar que ocupa entre los comensales sino porque detenta laquola autoridad mayor y maacutes perfectaraquo (τὴν μεγίστην καὶ τελειοτάτην ἀρχήν) laquopor haber otorgado leyes a los ateniensesraquo (νόμους Ἀθηναίοις θέμενος) Para una visioacuten de Soloacuten como representante de una sabiduriacutea antigua que laquolejos de ser puramente teoacuterica se proyecta hacia la praxis cotidianaraquo cf Peacuterez Jimeacutenez (1991) 688

63 No nos parece irrelevante el hecho de que en la parte final de la Vida de Soloacuten (316‑7) se aluda a su vertiente poeacutetica iquestes eacutesta ‑nos preguntamos‑ una manera de sugerir la pervivencia del νομοθέτης ateniense

64 En este sentido Numa se asemeja mucho maacutes a los laquodulcesraquo personajes griegos que a los rudos romanos cf Martin Jr (1960) y De Romilly (1979) Sobre la dulzura (πρᾳότης) en los personajes plutarqueos veacutease tambieacuten Frazier (1996)

65 Num 22‑866 Num 32‑4

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Legislar teniacutea un precio

austero reflexivo y sosegado67 al recibir a los enviados que le ofreciacutean la corona se mostroacute reacio a aceptarla ya que ndashafirmabandash su manera de ser tan alejada de las praacutecticas guerreras no era apropiada para regir al belicoso pueblo de Roma68 Convencido a la postre por argumentos que le exhortaban a actuar en favor del bien comuacuten69 y confirmada por signos favorables la buena disposicioacuten de la divi‑nidad Numa accede a convertirse en rey de la agitada urbe70 eacutel que laquohabiendoraquo otrora laquoabandonado las ocupaciones propias de la vida en la ciudadraquo (ἐκλείπων τὰς ἐν ἄστει διατριβάς) se complaciacutea en frecuentar parajes solitarios71

Su primera medida de gobierno consiste en la supresioacuten de la guardia perso‑nal creada por el anterior monarca la segunda en la institucioacuten de un sacerdocio en honor de Roacutemulo72 Tras estas dos disposiciones tomadas seguacuten Plutarco laquopara obtener benevolencia y gratitud del puebloraquo (ἐπrsquoεὐνοίᾳ καὶ χάριτι τοῦ δήμου) Numa emprende la difiacutecil tarea de pacificar la ciudad73 Y para lograr su objetivo no vacila en servirse de la religioacuten introduciendo nuevos rituales74 fomentando los temores supersticiosos de la poblacioacuten75 o atribuyeacutendose una particular relacioacuten con divinidades76

Entre sus reformas de aacutembito religioso destacan la prohibicioacuten de repre‑sentar a los dioses por medio de imaacutegenes de hombres o animales77 el fomento

67 Num 37‑41 Sobre el caraacutecter del Numa plutarqueo orientado laquopor naturalezaraquo (φύσει) hacia la virtud cf Peacuterez Jimeacutenez (1994)

68 Num 51‑869 Un argumento muy del agrado de los estoicos Sobre el controvertido tema de la relacioacuten

de Plutarco con el estoicismo creemos que todaviacutea son relevantes las opiniones de Babut (1969) Para una visioacuten actualizada de este tema cf Opsomer (2014)

70 Num 61‑5 73‑7 Sobre la ejemplaridad para Plutarco del acceso del rey Numa al poder cf Peacuterez Jimeacutenez (1995)

71 Num 41 Plutarco (Num 52) subraya el sacrificio de Numa explicando que laquocostoacute seguacuten parece un esfuerzo no pequentildeo y requirioacute muchos argumentos y ruegos persuadir y hacer cambiar de opinioacuten a un hombre que habiacutea vivido en paz y tranquilidadraquo (ἦν δrsquo οὐ μικρόν ὡς ἔοικεν ἔργον ἀλλὰ καὶ λόγων πολλῶν καὶ δεήσεως τὸ πεῖσαι καὶ μεταστῆσαι γνώμην ἀνδρὸς ἐν ἡσυχίᾳ καὶ εἰρήνῃ βεβιωκότος) y ponerle al frente de laquouna poblacioacuten que en cierta manera habiacutea nacido y habiacutea crecido gracias a la guerraraquo (πόλεως τρόπον τινὰ καὶ γεγενημένης πολέμῳ καὶ συνηυξημένης)

72 Num 78‑9 Sobre la actitud del legislador Numa con respecto a la escritura veacutease la nota 20

73 Num 8174 Num 8375 Num 84 Aunque en general Plutarco desaprueba las praacutecticas supersticiosas ‑su tratado

Sobre la supersticioacuten (Moralia 164E‑171E) no permite abrigar dudas al respecto‑ puede sin embargo mostrarse comprensivo cuando un dirigente hace uso de ellas con la intencioacuten de conseguir los objetivos (por supuesto adecuados) que persigue (veacutease p e Dio 241‑3) A propoacutesito precisamente de las obras Sobre la supersticioacuten y Vida de Numa Van Nuffelen (2011) presenta al queronense como un atento observador de las transformaciones que experimentan las tradiciones religiosas

76 Num 810‑11 y 151‑677 Num 813

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de sacrificios incruentos78 la institucioacuten de los sacerdotes Pontiacutefices79 la de los Feciales80 y la de los Salios81 la consagracioacuten de las Viacutergenes Vestales82 y la regla‑mentacioacuten relativa a usos fuacutenebres83

Pero las innovaciones no podiacutean centildeirse exclusivamente a un contexto reli‑gioso Preocupado por la existencia de una masa de ciudadanos indigentes Numa decide servirse de las tierras que habiacutean sido conquistadas por su antecesor y las reparte entre los desheredados Asiacute inclina al pueblo a la praacutectica de la agricultura con el fin de que estos hombres que cultivancivilizan una tierra que les ha sido otorgada resulten tambieacuten ellos cultivadoscivilizados84 y mediante normas adicionales se aplica a incentivar las labores del campo85

Quedaba todaviacutea por abordar un grave problema pues auacuten subsistiacutea la antigua divisioacuten entre sabinos y romanos Para subsanarla el legislador establece nuevos criterios para clasificar a la ciudadaniacutea y distribuye a los individuos en entidades que dariacuteamos en llamar laquogremialesraquo De este modo agrupados en virtud de los oficios que desempentildean los habitantes de la pujante poblacioacuten iraacuten olvidando los antiguos motivos de desunioacuten86

No acaban ahiacute las reformas de Numa Tambieacuten dicta leyes relacionadas con la institucioacuten familiar87 y el calendario88 Y con todo ello consigue hacer de Roma ndashe incluso de las ciudades del entornondash un remanso de paz la violencia desaparece fiestas y banquetes se celebran por doquier las gentes se relacionan entre si en un ambiente de mutua confianza no hay constancia alguna de laquoguer‑raraquo (πόλεμος) laquodiscordia civilraquo (στάσις) ni laquorevolucioacuten poliacuteticaraquo (νεωτερισμὸς περὶ πολιτείαν) y la figura de Numa goza del respeto general89 Cuando alcan‑zados ya los ochenta antildeos fallece el legislador90 su muerte ndashmuerte naturalndash es

78 Num 815 Plutarco atribuye esta medida al igual que otras a la influencia del espartano Pitaacutegoras (cf Num 14) La influencia de Pitaacutegoras en las costumbres romanas habriacutea sido tratada por Caacutestor de Rodas a quien el queronense hace referencia en sus Cuestiones romanas (Moralia 266E)

79 Num 9180 Num 124‑881 Num 131‑782 Num 910 y 101‑583 Num 121‑384 Num 164 Plutarco hace aquiacute un juego de palabras basaacutendose en el teacutermino

συνεξημεροῦμαι En cuanto al reparto de tierras consignado en este capiacutetulo es posteriormente negado en la comparatio entre Licurgo y Numa (Num 3410)

85 Num 166‑786 Num 171‑487 Num 17588 Num 181‑6 y 198‑9 89 Num 203‑7 Plutarco antildeade (208‑12) unas consideraciones sobre las bondades que se

derivan del mandato de un gobernante filoacutesofo En su argumentacioacuten nuestro autor cita (Num 2010) casi textualmente el pasaje 711e de Las Leyes de Platoacuten

90 Num 217

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Legislar teniacutea un precio

acompantildeada tanto en Roma como en otras ciudades de grandes manifestacio‑nes de duelo91

Asiacute termina la vida del anciano rey que supo renunciar a la apacible vida que tanto le agradaba para regir los destinos de la inquieta Roma poniendo de manifiesto una vez maacutes que para el queronense el ejercicio de la funcioacuten de νομοθέτης va ligado a la ineludible necesidad de pagar un precio por ello Pero no acaba ahiacute la informacioacuten plutarquea sobre Numa pues el bioacutegrafo nos hace saber que tras la muerte del monarca los romanos volvieron a hacer uso de las armas92 y en la comparatio que establece entre Licurgo y Numa Plutarco subraya el fracaso que supone para la constitucioacuten de Numa el regreso de Roma a sus antiguas praacutecticas guerreras93 En cuanto a la causa de tal infortunio el quero‑nense es tajante seguacuten eacutel Numa se equivocoacute gravemente cuando a diferencia de Licurgo no organizoacute un sistema educativo soacutelido disciplinario e igual para todos los ciudadanos94

Publiacutecola

Pasamos acto seguido a ocuparnos de un legislador que aun sin ser de es‑tirpe real tuvo algo que ver con la institucioacuten monaacuterquica pues contribuyoacute a der‑rocarla Se trata de Publio Valerio a quien los romanos dieron el sobrenombre de Publiacutecola95 Eacuteste que se distinguiacutea por su amor a la justicia y su generosidad para con los necesitados pareciacutea destinado al liderazgo si alguacuten diacutea llegaba a instalarse en Roma lo que Plutarco llama laquoun reacutegimen democraacuteticoraquo (δημοκρατία)96 pero al ser depuesto por el pueblo el rey Tarquinio el Soberbio vio frustradas sus aspiraciones a pesar de haber colaborado eacutel personalmente al derrocamiento97

Decepcionado Valerio se retira momentaacuteneamente de la escena poliacutetica98 pero tan pronto como Tarquinio intenta recuperar el poder reacciona y toma parte muy activa en la desactivacioacuten de una conjura que teniacutea por objetivo la rein‑troduccioacuten de la realeza99 En recompensa a sus servicios Valerio es nombrado

91 Num 22192 Num 221193 Num 361094 Num 367 Pensamos que eacutesta es una criacutetica severa que aleja a Numa del prototipo del

Gobernante Ideal Por su parte Boulet (2005) ve en el retrato plutarqueo del monarca romano un claro ndashy premeditadondash distanciamiento del queronense con respecto a la figura platoacutenica del Rey‑Filoacutesofo Si el alejamiento defendido por Boulet se ajusta a la realidad no creemos que deba producirnos extrantildeeza ya que por decirlo en palabras de Hershbell (2004) Plutarco fue un laquoPlatonisthellipunorthodoxraquo Cf Dillon (2014)

95 Publ 1196 Publ 1297 Publ 13‑5 Plutarco da a la actuacioacuten de Valerio un valor claramente superior al que le

otorgan Dionisio de Halicarnaso (467‑72) y Tito Livio (158‑591‑2)98 Publ 21 99 Publ 22‑76

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Mordf Teresa Fau Ramos

coacutensul100 mientras el rey destronado busca ndashy obtienendash el apoyo de los etruscos101 Se libra un feroz combate en el que el ejeacutercito romano consigue la victoria y Valerio tiene ocasioacuten de celebrar triunfo siendo ndashsostiene Plutarcondash el primer coacutensul que entra en la urbe montado en una cuadriga102

Pero el flamante vencedor seraacute pronto objeto de criacutetica pues el pueblo cree ver en su conducta atisbos de despotismo concentra en su persona toda la auto‑ridad habita en una mansioacuten maacutes imponente que la del antiguo rey y se presenta escoltado laquopor todas las fasces y hachas juntasraquo (ὑπὸ ῥάβδοις ὁμοῦ πάσαις καὶ πελέκεσι)103 Valerio reacciona con prontitud reuacutene a un buen nuacutemero de al‑bantildeiles y en una noche echa abajo la casa y la destruye hasta los cimientos104 No tardaraacute el pueblo en hacerle donacioacuten de un terreno donde podraacute edificar una nueva morada eso siacute maacutes austera que la anterior105

En cuanto a las insignias suprimioacute las hachas y decretoacute que las fasces se incli‑naraacuten ante el pueblo106 medida que fue muy del agrado de las gentes que dieron a Valerio el sobrenombre de Publiacutecola teacutermino que seguacuten Plutarco equivale a δημοκηδής laquosoliacutecito con el puebloraquo107 Por otra parte concedioacute laquoa quienes quisie‑ranraquo (τοῖς βουλομένοις) la posibilidad de presentar candidatura para compartir el consulado junto a eacutel Pero antes de que se procediera al nombramiento de su colega en el cargo se valioacute de la feliz circunstancia de ser el uacutenico coacutensul en ejercicio para instaurar medidas poliacuteticas de suma importancia108 Asiacute nombroacute nuevos senadores109 otorgoacute mayores derechos al pueblo110 dictoacute pena de muerte sin proceso previo para aquel que pretendiera erigirse en tirano111 y organizoacute la recaudacioacuten de impuestos112

100 Publ 77101 Publ 91102 Publ 92‑9 Sobre el triunfo de Valerio cf Plu Rom 167‑8 y D H 2342 103 Publ 101‑2 Plutarco pone eacutenfasis en la narracioacuten utilizando el estilo directo es el pueblo

quien pronuncia estas palabras de reproche Sobre la desaprobacioacuten de los romanos ante la conducta de Valerio cf las narraciones maacutes comedidas de Dionisio de Halicarnaso (5181) y Tito Livio (276)

104 Publ 105 En las Cuestiones Romanas (Moralia 285F) se hace alusioacuten al hecho de que la casa situada en lo maacutes alto es percibida por las gentes como una amenaza por su elevada situacioacuten Dionisio de Halicarnaso (5192) no menciona la destruccioacuten de la morada seguacuten eacutel Publiacutecola cambioacute de domicilio con el fin ndashdeclaroacute el propio interesadondash de que los romanos pudieran lanzarle piedras desde arriba si le sorprendiacutean cometiendo alguacuten acto injusto Valerio Maacuteximo en cambio siacute alude (411) a la destruccioacuten de la casa y lo hace ademaacutes en un tono grandilocuente

105 Publ 106106 Publ 107 107 Publ 108‑9 En D H 5195 hallamos la misma ndashmaacutes que discutiblendash etimologiacutea108 Publ 111109 Publ 112110 Publ 113‑4111 Publ 121‑2112 Publ 123‑4

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Legislar teniacutea un precio

Tras estas disposiciones designoacute como colega suyo en el cargo a Lucrecio que fallecioacute pocos diacuteas despueacutes del nombramiento siendo sucedido por Marco Horacio113 En cuanto a Publiacutecola sufrioacute a causa de los honores recibidos por su doble condicioacuten de legislador y liacuteder militar la envidia de laquomuchos poderososraquo (πολλοὶ τῶν δυνατῶν) los cuales frustraron su deseo de consagrar el templo de Juacutepiter Capitolino114 Pero ello no fue obstaacuteculo para que Valerio continuara su exitosa carrera pues llegoacute a ser nombrado coacutensul por cuarta vez115 Su muerte acaecida despueacutes de lograr para Roma una gran victoria contra los sabinos causoacute un hondo pesar en la poblacioacuten116

Pero el dolor con que Roma reacciona ante la desaparicioacuten del liacuteder no debe hacernos olvidar las suspicacias que antantildeo despertara en la plebe y la envidia que posteriormente suscitoacute entre los poderosos En un caso la situacioacuten se saldoacute con la destruccioacuten por parte de Valerio de la suntuosa mansioacuten que poseiacutea y en un elocuente gesto de reconocimiento de la voluntad popular en el otro llevoacute las de perder pues no consiguioacute realizar el prestigioso ritual que ambicionaba La disensioacuten con el pueblo fue anterior al ejercicio de la actividad legisladora de hecho es gracias a la reconciliacioacuten con las masas que Publiacutecola tuvo la oportu‑nidad de ejercer como νομοθέτης En cambio el incidente con la eacutelite romana se produjo con posterioridad ndashy a consecuencia dendash su tarea como legislador (Plutarco lo indica con claridad) En este sentido podemos considerar que Publiacutecola pagoacute un doble tributo ndashla peacuterdida de su morada y la imposibilidad de llevar a cabo un ritual de alta relevanciandash por su νομοθεσία

Licurgo Soloacuten Numa y Publiacutecola establecen unas leyes por las que debe regirse la sociedad de la que forman parte y por ello reciben de Plutarco la de‑nominacioacuten de νομοθέτης117 Hay sin embargo entre los personajes biografiados

113 Publ 125‑6114 Publ 141‑7 Sobre φθόνος la envidia caracteriacutestica humana que de ninguacuten modo pasa

inadvertida a Plutarco Verdegem (2005) en una aportacioacuten en torno a les Vidas de estadistas atenienses del siglo v a C establece una clara diferencia entre laquopeer‑envyraquo que salvando la distancia cronoloacutegica seriacutea a nuestro entender el sentimiento que Publiacutecola despertoacute entre los poderosos y laquopopular envyraquo que experimenta la turba con respecto a los liacutederes contra quienes haciacutea aplicar en la Atenas claacutesica la medida llamada ostracismo Sobre el valor que el queronense otorga al ostracismo cf Jufresa Muntildeoz amp Fau Ramos (2011) Por otra parte Frazier (1996) atribuye al φθόνος de los personajes plutarqueos un laquocaractegravere quasi automatiqueraquo (p 109)

115 Publ 211116 Publ 231‑5 y 246 Plutarco (Publ 234) pone de relieve que el pueblo decidioacute que el

cuerpo de Publiacutecola fuera enterrado a expensas puacuteblicas dato que hallamos tambieacuten en Dionisio de Halicarnaso (5482‑3) y Valerio Maacuteximo (441) con la diferencia de que estos dos autores indican que ello se debioacute a la situacioacuten de pobreza extrema en que murioacute el estadista

117 Lyc 11 99 141 Sol 143 165 186 Num 93 1412 2310 2513 Publ 121 143 A un lector atento no le habraacute pasado inadvertido el hecho de que no hayamos mencionado ni a Agis ni a Cleoacutemenes personajes que intentaron en vano restaurar la laquobella y justa constitucioacutenraquo (πολιτείαν καλὴν καὶ δικαίαν) de Licurgo (Agis et Cleom 210) Ciertamente ambos pusieron todo su ahiacutenco en la empresa y ambos sufrieron por ello serias penalidades Agis perdioacute la vida

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Mordf Teresa Fau Ramos

por el queronense sujetos a quienes eacuteste no aplica el calificativo de νομοθέτης sino el de οἰκιστήςκτίστης (laquofundadorraquo) o bien les atribuye la accioacuten de οἰκιζεῖνκτιζεῖν (laquofundarraquo) una poblacioacuten Estos individuos fundan (o refundan) una comunidad cosa que les obliga a fijar unas normas Ejercen pues en cierto modo como legisladores y se arriesgan por tanto a contrariar voluntades ajenas Tambieacuten estos personajes de quienes nos ocuparemos ahora sucintamente estaacuten expuestos a pagar un precio por llevar a cabo su cometido

Teseo

Del οἰκιστής Teseo118 nos interesa especialmente su tarea como autor del llamado sinecismo Plutarco nos brinda al respecto una detallada descripcioacuten Seguacuten eacutel tras la muerte del rey Egeo su hijo Teseo se propone laquouna empresa grande y admirableraquo (μέγα καὶ θαυμαστὸν ἔργον) consistente en reunir a todos los habitantes del Aacutetica en una sola ciudad formando con ellos un uacutenico Estado dotado de instituciones comunes119 Pero antes de dar comienzo a su labor re‑corre la regioacuten para informar del proyecto a todos los pobladores Los ciudadanos no relevantes acogen al punto su llamamiento Los ricos en cambio se muestran reticentes y para convencerlos Teseo les ofrece un sistema de gobierno carente de rey y les promete que tan soacutelo reservaraacute para si mismo las funciones de dirigente militar y de laquocustodio de las leyesraquo (νόμων φύλαξ)120

Tras las explicaciones Teseo pone manos a la obra suprime los organismos anteriores y sienta las bases para el establecimiento de una polis a la cual da el

(Agis et Cleom 201) su madre su abuela y su hermano fueron asesinados (Agis et Cleom 202‑7 y 263) y su esposa obligada a contraer matrimonio con el hijo de un enemigo (Agis et Cleom 221‑3) Cleoacutemenes por su parte se vioacute forzado a entregar como rehenes del rey de Egipto a parte de su familia (Agis et Cleom 434‑8) perdioacute a su hermano en combate (Agis et Cleom 496‑7) tuvo que huir de Esparta (Agis et Cleom 503‑4) y fue arrestado en Egipto (Agis et Cleom 567) donde acaboacute suicidaacutendose tras haber intentado provocar un alzamiento contra el rey (Agis et Cleom 576‑5816) y una vez muerto continuaraacuten por asiacute decir las penalidades de Cleoacutemenes ya que el monarca egipcio ordena que su cadaacutever sea ultrajado y que sus hijos su madre y las mujeres del entorno de eacutesta reciban la muerte (Agis et Cleom 594) No obstante he decidido omitir la referencia a estos personajes porque sus esfuerzos por reinstaurar la constitucioacuten de Licurgo no se vieron coronados por el eacutexito y sobre todo porque a diferencia de lo que ocurre con Licurgo Soloacuten Numa y Publiacutecola a Agis y a Cleoacutemenes no les es otorgada por parte de Plutarco la denominacioacuten de νομοθέτης Por lo que a Agis se refiere Roskam (2005) considera que constituye para el queronense el modelo ideal del joven que se dedica a la poliacutetica

118 Thes 15 No entraremos aquiacute a discutir hasta queacute punto podriacutea sentirse Plutarco motivado a biografiar al fundador miacutetico de Atenas ni nos pronunciaremos sobre el no disimulado escepticismo sobre el particular que se le atribuye cf Sirinelli (2000) 301 Por cierto que la obra que acabamos de consignar corresponde a una de las maacutes acreditadas biografiacuteas plutarqueas comparable a las de Jones (1971) Russell (1973) y Lamberton (2001)

119 Thes 241 En la versioacuten plutarquea el sinecismo va maacutes allaacute de la unificacioacuten exclusivamente poliacutetica que describe Tuciacutedides (215)

120 Thes 242

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Legislar teniacutea un precio

nombre de Atenas funda la festividad de las Panateneas para que sea celebrada por el conjunto de la comunidad instaura tambieacuten la fiesta de las Metecias y abdica ndashtal como habiacutea prometido‑ de la corona121

A continuacioacuten se dispone a organizar el nuevo Estado laquoempezando a partir de los diosesraquo (ἀπὸ θεῶν ἀρχόμενος)122 toma medidas para favorecer el crecimiento vegetativo de la polis establece clases entre la ciudadaniacutea asig‑nando un status especiacutefico a cada colectivo acuntildea moneda y fija los liacutemites de Atenas123

Pero al eficiente Teseo tambieacuten le llega la hora de pagar un precio por la tarea realizada124 Un tal Menesteo descendiente de Erecteo emprende una insi‑diosa campantildea contra el fundador soliviantando a laquolos poderososraquo (οἱ δυνατοί) que consideraban que Teseo les habiacutea sustraiacutedo prerrogativas y perturbando asimismo a laquola multitudraquo (οἱ πολλοί) so pretexto de haber perdido seducidos por un espejismo de libertad la patria los templos y los gobernantes que les eran propios yendo a caer bajo la autoridad de un extranjero125 La suerte sonriacutee al alborotador pues los Tindaacuteridas invaden el Aacutetica tal vez ndashapunta Plutarcondash a peticioacuten del propio Menesteo quien se encarga ademaacutes de facilitarles la entrada a la ciudad de Atenas126 De resultas de ello ndashel queronense tiene sus dudas al respectondash Etra la madre de Teseo habriacutea sido hecha prisionera127

El fundador intenta volver a ejercer su autoridadhellip en vano Al fin profun‑damente decepcionado abandona Atenas para siempre no sin antes maldecir a sus habitantes128 Teseo pereceraacute lejos de la patria y su muerte no provocaraacute reaccioacuten alguna en la ciudad129 Mucho tiempo habraacute de transcurrir para que la polis reconozca sus meacuteritos y le rinda los debidos honores que comportaraacuten la

121 Thes 243‑4122 Thes 244 Plutarco no concreta en queacute consiste esta actuacioacuten del fundador123 Thes 251‑4 Por si esta considerable labor fundacional no fuera suficiente somos

informados por Plutarco (Thes 265‑7) de que Teseo es tambieacuten οἰκιστής de la ciudad de Pitoacutepolis de la cual parte despueacutes de haber designado a quienes ejerceraacuten de gobernantes y legisladores

124 Un precio ndashrecordemosndash que ya habiacutea empezado a pagar cuando para persuadir a sus conciudadanos ricos se habiacutea comprometido a renunciar a la corona

125 Thes 321 En este pasaje Plutarco se hace eco de la atribucioacuten a Menesteo del hecho de haber sido laquoel primer hombreraquo (πρῶτος hellip ἀνθρώπων) en laquoejercer de demagogoraquo (δημαγωγεῖν)

126 Thes 322ndash332127 Thes 341128 Thes 353‑5 Esta miacutetica maldicioacuten sirve a Plutarco como αἴτιον para explicar la

etimologiacutea del laquoAraterioraquo o laquolugar de las maldicionesraquo 129 Thes 356‑7 En la descripcioacuten del fracaso que experimenta Teseo al intentar recuperar

el poder Plutarco se sirve de una terminologiacutea poliacutetica (usa en voz pasiva los verbos καταδημαγωγέω y καταστασιάζω) que utiliza tambieacuten en Per 92 y 5 Por otra parte nos parece significativo que la biografiacutea de Teseo no concluya con la alusioacuten a su fallecimiento sino que incorpore (Thes 358ndash365) la mencioacuten de los honores recibidos mucho tiempo despueacutes de su muerte por el fundador de hecho para el queronense el final de una vida no ha de coincidir necesariamente con el final de la biografiacutea cf al respecto Pelling (1997)

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necesidad de laquorecuperarraquo los restos del οἰκιστής y de trasladarlos solemnemente a Atenas130 permitiendo con ello a Cimoacuten el gran adversario de Temiacutestocles apropiarse de la figura del ilustre fundador131

Roacutemulo

La indiferencia que acompantildea al amargo fin de Teseo contrasta con el re‑vuelo que se originoacute en Roma tras la desaparicioacuten de aqueacutel a quien Plutarco considera laquopadreraquo (πατήρ)132 de la urbe que laquofundoacuteraquo (ἔκτισε)133

No es poco ciertamente lo que Roma debe a su οἰκιστής pues ademaacutes de ser el fundador material de la ciudad134 tomoacute unas medidas que seriacutean determi‑nantes para el futuro de la poblacioacuten Asiacute establecioacute los criterios con arreglo a los cuales debiacutean ser clasificados los ya numerosos habitantes de la urbe135 fue corresponsable del pacto crucial sellado entre sabinos y romanos136 introdujo cambios en el armamento137 e instituyoacute nuevos rituales138 El queronense le atri‑buye tambieacuten la promulgacioacuten de algunas leyes ndashἔθηκεhellip νόμους τινάς139 dice textualmentendash como las que hacen referencia al repudio de la esposa140

Pero llegado el liacuteder romano al zeacutenit de la gloria experimentoacute una profunda transformacioacuten en su manera de ser y adoptoacute maneras impropias vistioacute lujosos

130 Thes 358ndash365 Sobre las acciones cultuales relacionadas con el οἰκιστής ateniense cf Plaacutecido (1994) Por otra parte creemos que en la valoracioacuten plutarquea del descalabro sufrido por Teseo tiene un peso considerable la conducta poco edificante del ateniense en relacioacuten con Helena a quien eacuteste que a la sazoacuten contaba cincuenta antildeos habiacutea raptado cuando la muchacha todaviacutea no era nuacutebil (cf Thes 292 y 311‑3) En este contexto consideramos que aunque no se centra en la figura de Teseo es esclarecedora la obra de Beneker (2012) quien asimismo nos brinda datos relevantes en un trabajo posterior cf Beneker (2014) Sobre los valores morales en la obra del queronense cf Duff (1999) y Van Hoof (2010)

131 Thes 362‑3 y Cim 85‑7 En el marco de la poliacutetica ateniense de la primera mitad del siglo V a C no es en modo alguno insoacutelita la utilizacioacuten en beneficio propio de un dios o de un heacuteroe Asiacute mientras Cimoacuten opta por valerse del miacutetico Teseo Temiacutestocles se sirve de la figura de Aacutertemis cf Fau Ramos (2007) Veacutease al respecto Podlecki (1971) y Piccirilli (1987)

132 Thes 15133 Thes 22134 Rom 111‑4135 Rom 131‑8 Cf Id 201‑3 En Rom 137‑8 el queronense nos ofrece una descripcioacuten

tan idealizada como paternalista de los viacutenculos establecidos entre patroni y clientes descripcioacuten que ha sido relacionada con la que nos brinda Dionisio de Halicarnaso (210)

136 Rom 199‑10137 Rom 211138 Rom 211 y 221139 Con esta expresioacuten parece evidente que si bien Plutarco no aplica a Roacutemulo el calificativo

de νομοθέτης siacute que de facto lo tiene por tal140 Rom 223 La informacioacuten plutarquea sobre las leyes de Roacutemulo es ciertamente escueta

Para una visioacuten mucho maacutes amplia que incluye los derechos hereditarios de las mujeres la aplicacioacuten de la pena de muerte a la esposa en caso de adulterio o embriaguez las obligaciones filiales para con los progenitores y la potestad paterna sobre los hijos cf D H 225‑26

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semejante oraacuteculo lo que haciacutea el dios en realidad era exhortar a los griegos a que abandonasen las guerras frecuentasen las musas apaciguasen sus pasiones con ayuda de la razoacuten y guardasen entre siacute relaciones paciacuteficas y fecundas39

Los dos sucesos trasladan un mensaje confuso Pues hablan de los griegos no de filoacutesofos de guerras y cuestiones de justicia no de rebeliones liberadoras engloba ademaacutes la filosofiacutea en un conjunto de actividades que parece cifrar la παιδεία griega en general Pero ambos de alguna manera ofrecen una primera justificacioacuten del rechazo de Epaminondas Con ellos se pone en praacutectica la lla‑mada laquoredefinicioacutenraquo teacutecnica literaria practicada por diversos autores antiguos y frecuente en las Vidas paralelas Consiste en formular enunciados vagos y gene‑rales que a lo largo de la obra y en pasajes posteriores se concretan y alcanzan un grado mayor de individualizacioacuten40 Los dos incidentes mencionados no son ademaacutes la uacutenica prefiguracioacuten encaminada a justificar de manera previa y alusiva la inhibicioacuten de Epaminondas La misma funcioacuten cumple el diaacutelogo sobre la pobreza Epaminondas mudo en la discusioacuten demonoloacutegica central toma aquiacute la palabra para entrar en controversia con Teanor

Teanor personaje ficticio es un filoacutesofo pitagoacuterico natural de Crotona En fechas anteriores otro pitagoacuterico Lisis se habiacutea refugiado en Tebas Acogido en la casa de Polimnis padre de Cafisias y Epaminondas habiacutea llevado en esa casa pobre una vejez dichosa Teanor llega comisionado por las ricas comunidades pitagoacutericas de Italia Eacutestas quieren recompensar a Polimnis y sus hijos con una suma que aliviaraacute su pobreza Pero Epaminondas se niega a aceptar tal recom‑pensa negativa que da lugar a la controversia que mantiene con Teanor

El discurso sobre la pobreza es la uacutenica ocasioacuten en que Epaminondas rompe sustancialmente su silencio pues es el uacutenico pasaje en el que el ldquocentro ausenterdquo de la obra Epaminondas expone sus ideas de manera razonada y recurriendo a categoriacuteas filosoacuteficas Pronunciado en diaacutelogo con Teanor puede dividirse en dos secciones la primera (583D‑E) de extensioacuten breve comenta la inutilidad de las riquezas aportadas por Teanor que Polimnis y sus hijos habriacutean de emplear en cosas superfluas La segunda (584C‑585D) maacutes amplia y densa comienza con la defensa de la pobreza como ejercicio frente a aquellas pasiones (ἐπιθυμίαι) que proceden del exterior (ἐπήλυδες) y tienen como fuente las falsas opiniones (κενῶν δοξῶν) el deseo de riquezas (φιλοπλουτία) es una de esas pulsiones accesorias y superfluas como lo es tambieacuten el deseo de gloria (φιλοδοξίαν) Pos‑teriormente Epaminondas ahonda en su planteamiento como adiestramiento para el autodominio (ἐγκρατείας) la contencioacuten frente a los placeres beneficia al alma y de la misma manera beneficia a la praacutectica de la justicia el ejercicio contra

39 Gen Socr 579B‑D40 Cf Pelling (1988) 12‑13 (1990) 230

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el deseo de riquezas41 El discurso finaliza con la alabanza del hombre que sabe rehusar favores y daacutedivas de amigos y reyes incluyendo los dones de la fortuna (τύχης) tal hombre no ve alterado su juicio (οὐδὲ θορυβεῖ τὴν διάνοιαν) y es capaz de perseverar ufano y sereno en la praacutectica de la excelencia

Es de notar que los argumentos de Epaminondas no aparecen en otra obra de Plutarco dedicada especiacuteficamente a combatir la avaricia el de cupiditate di‑vitiarum (523C‑528B) Es este uno de los tratados clasificados por Ziegler bajo el roacutetulo de ldquofilosoacuteficos‑popularesrdquo y estudiados recientemente por L Van Hoof Frente a lo que sugiere su roacutetulo observa Van Hoof tales tratados tienen como destinatario a la eacutelite econoacutemica poliacutetica y social del mundo grecorromano Son por otra parte tratados de orientacioacuten fundamentalmente praacutectica Con ellos Plutarco no persigue ldquoconvertir a la filosofiacuteardquo ni lograr que sus lectores olviden sus ambiciones poliacuteticas y sociales Maacutes bien intenta ofrecerles una guiacutea que le ayude afrontar los problemas derivados de su posicioacuten dirigente La meta no es por tanto cambiar las expectativas de liderazgo o rebajar las pretensiones de poder e influencia propios y sustanciales de una clase como aquella que conforma la audiencia de los mal llamados ldquotratados filosoacutefico‑popularesrdquo Por el contrario lo que hace Plutarco es poner la filosofiacutea al servicio de sus aspiraciones42

El de cupiditate divitiarum emplea un tono admonitorio sus ideas son sen‑cillas y basadas en la experiencia o si se quiere en motivaciones prefilosoacuteficas y sus consejos no constituyen un obstaacuteculo sino una ayuda para la realizacioacuten de las ambiciones sociales que pueda albergar el lector Despliega en suma el conjunto de teacutecnicas y estrategias usuales en los tratados de ldquoeacutetica praacutectica al servicio de la eacutelite43rdquo No ocurre lo mismo con el discurso sobre la pobreza de Epaminondas Purgar el alma de las opiniones procedentes del exterior desterrar el ansia de riquezas y el deseo de gloria rehusar los favores de amigos y reyes y los dones de la fortuna son preceptos adecuados para un tipo de hombre que como Epaminondas huye de los conflictos inherentes a la lucha poliacutetica Pero es difiacutecil que con estos atributos Plutarco quiera hacer de Epaminondas un modelo para la oligarquiacutea a quien dirige sus tratados de eacutetica praacutectica Resulta significativa la posicioacuten que ocupa el discurso sobre la pobreza en el texto del de genio Una vez que concluye Epaminondas y despueacutes de que todos expresan su admiracioacuten hacia eacutel se expone una de las maacutes movidas peripecias en la que se vieron envueltos los miembros de la conjura Tras grandes sobresaltos y fuertes discusiones entre diversos implicados en la trama el asunto vino a resolverse por siacute solo e inespe‑radamente

41 El texto griego no es en este pasaje enteramente claro Quizaacutes es consecuencia de ello que frente a la lectura de los manuscritos (δικαιοσύνῃ) Russell (2010) proponga leer δικαιοσύνης

42 Van Hoof (2010) 28‑3743 Van Hoof (2010) 55‑56

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ldquoUn singular trastorno habiacutea hecho presa en nuestro aacutenimo Llenos poco antes de desazoacuten al ver nuestra empresa frustrada la presioacuten de las circunstancias y la urgencia que no consentiacutean tregua nos sumiacutea de nuevo en ansiedad y temor44rdquo

Con estas palabras describe Plutarco el estado de aacutenimo de los conjurados a raiacutez del episodio expuesto tras la discusioacuten sobre la pobreza Un estado de aacutenimo que no puede permitirse Epaminondas atento a la contencioacuten de las pasiones y la serenidad de su mente pero que es el propio de quienes participan en el complot revolucionario

El de genio se mueve seguacuten han observado diversos estudios modernos en dos planos el humano y el de los deacutemones el de la contemplacioacuten filosoacutefica y la praacutectica poliacutetica el mortal y el sobrenatural el de los que conocen y el de los que ignoran45 Y en correspondencia sus personajes se ubican en dos niveles Los unos estaacuten instalados en el mundo de la accioacuten y la peripecia son Cafisias el narrador y con eacutel todos los conjurados Otros se ubican en un plano superior el de la filosofiacutea y el contacto con las realidades transcendentes Epaminondas es la muestra maacutes clara pero el ejemplo uacuteltimo es Soacutecrates La incertidumbre el azar y el conflicto parecen preponderantes en el mundo de la accioacuten Asiacute lo indica el ruego que Arquedamo dirige a Cafisias al inicio de la obra la lucha de la virtud y la razoacuten contra las contingencias atrae por lo accidentado de su desarrollo la precariedad impliacutecita en la actuacioacuten humana y la peripecia que ello desencadena es precisamente lo que hace del acontecer histoacuterico un espectaacuteculo digno de intereacutes para el amante del honor y la belleza46 Ahora bien la manera de ver las cosas de Arquedamo se queda en la superficie de los hechos Ciertamente el relato concerniente a la liberacioacuten de la Cadmea se urde a partir de iniciativas y motivaciones humanas sin que el autor del relato Cafisias reclame expresamente la intervencioacuten divina Pero en el de genio la atmoacutesfera estaacute impregnada de un aura sobrenatural A ello contribuyen tanto las alusiones indirectas47 como la acumu‑lacioacuten de episodios y contenidos relacionados con la divinidad y el maacutes allaacute En muchas de sus obras consigna Plutarco su creencia de que el curso de la historia obedece al disentildeo de una fuerza transcendente48 El relato de la liberacioacuten de la Cadmea confirma dicha idea Pues el lector no puede eludir el pensamiento insi‑nuado por diversos procedimientos aunque no explicitado de que la ayuda divina respalda la actuacioacuten de los conjurados49 Ocurre sin embargo que ni Cafisias ni los demaacutes partiacutecipes de la conjura pueden acceder a esa visioacuten de las fuerzas

44 Gen Socr 588A45 Desideri (1984) 581 Hershbell (1988) 374‑378 Babut (1988) 384‑389 Brenk (1996)

41‑44 Georgiadou (1996) 114 Hardie (1996) 13346 Gen Socr 575B‑D47 Babut (1988) 385‑38648 Tratamiento del tema en Barigazzi (1984) y Swain (1989)49 Babut (1988) 386‑389

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sobrenaturales rectoras de los sucesos Y no acceden precisamente por estar in‑mersos en el mundo de la actuacioacuten y la peripecia Las pulsiones procedentes del exterior embargan su aacutenimo de manera que en expresioacuten de Brenk laquothey see only the apparent succession of chance occurrencesraquo50 Arquedamo tampoco tiene acceso al plano donde operan las fuerzas sobrenaturales Y evidentemente la misma ceguera afecta a esos laquoamantes del honor y la bellezaraquo ante los cuales invita a hablar a Cafisias Un puacuteblico ilustre cuya presentacioacuten hace Arquedamo subrayando su pertenencia a familias poliacuteticamente insignes51 Puacuteblico por tanto equiparable a esa eacutelite social a quien Plutarco dirige sus tratados de eacutetica praacutectica Los dos puacuteblicos el de Cafisias y el del Plutarco podriacutean identificarse con los heacuteroes que liberan la Cadmea Pero difiacutecilmente se identificariacutean con Epaminon‑das que en dos ocasiones rechaza tomar parte en la empresa52

En ambas el rechazo se justifica mediante un argumento ndashla negativa a derramar sangre de sus conciudadanos‑ que situacutea a Epaminondas a un nivel de exigencia eacutetica superior al de los conjurados53 Ahora bien la diferencia entre Epaminondas y los liberadores no radica en la eacutetica Pues al fin y al cabo ningu‑na ofensa eacutetica cabe reprochar a los protagonistas de la heroica liberacioacuten de la Cadmea Radica en el nivel Asiacute lo sugiere la discusioacuten sobre la pobreza Y asiacute lo vuelve a sentildealar el gran debate sobre el daimon de Soacutecrates que da tiacutetulo a al obra

Se debate sobre lo que Soacutecrates mismo llamaba su daimon el principio que lo guioacute a lo largo de su vida e iluminaba sus decisiones en materias inciertas e impenetrables para la inteligencia humana54 El daimon socraacutetico sugiere que Soacutecrates conociacutea de alguna manera los acontecimientos futuros algo que dos personajes del de genio acreditan55 En este sentido el debate versa sobre la adivi‑nacioacuten Las intervenciones de los diferentes personajes configuran tomadas en conjunto un extenso discurso filosoacutefico y religioso Plutarco no se alinea expresa‑mente con ninguna de las opiniones emitidas el tratamiento del tema presenta pues ese final abierto que es tan comuacuten en este autor Las cuestiones que se tocan son variadas pero todas parten de una cuestioacuten baacutesica La adivinacioacuten supone un conocimiento inalcanzable al menos en apariencia a la razoacuten humana Y el debate versa sobre coacutemo es posible acceder a ese nivel superior de inteligencia Miradas desde este punto de vista las opiniones formuladas por los distintos personajes pueden dividirse en dos grandes bloques De un lado Galaxidoro que

50 Brenk (1996) 4251 Gen Socr 575E‑F52 Gen Socr 576D‑E 594B‑C53 En la segunda ocasioacuten se antildeade un motivo maacutes conveniacutea que consumada la liberacioacuten

quedasen hombres a quienes nada pudiese reprocharse por no haber participado en la accioacuten Epaminondas se reserva este papel

54 Gen Socr 580C‑D55 Teoacutecrito (580D‑F) y Polimnis (581D‑E)

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Un mentor limpio de pasiones El filoacutesofo y la actuacioacuten poliacutetica seguacuten el De genio Socratis

inicia el debate propone una explicacioacuten maacutes proacutexima a los paraacutemetros raciona‑les56 en ella se ha querido ver una muestra de la llamada laquoadivinacioacuten teacutecnicaraquo (τεχνικὸς μαντική artificiosa divinatio)57 Del otro Simias Timarco y Teanor interpretan las premoniciones de Soacutecrates como un caso de comunicacioacuten direc‑ta entre el hombre y la divinidad defienden por tanto la llamada laquoadivinacioacuten naturalraquo (ἄτεχνος μαντική naturalis divinatio)58 Ya se ha dicho que Plutarco no se declara expresamente partidario de ninguna opcioacuten Pero su texto privilegia de manera indirecta los discursos de Simias Timarco y Teanor Asiacute lo sugiere un paacuterrafo del de genio que subraya el papel de Galaxidoro como mero introductor del problema59 Y asiacute lo recogen distintos estudios modernos Galaxidoro seriacutea el oponente racionalista casi siempre estoico habitual en los diaacutelogos religiosos de Plutarco su explicacioacuten se ve devaluada tanto por sus contradicciones internas como por la presencia de procedimientos textuales que rebajan su veracidad y en suma Galaxidoro y el resto de las intervenciones insertas en la seccioacuten dominada por eacutel tendriacutean como funcioacuten principal la de plantear el tema a debatir60

Las propuestas de Simias Timarco y Teanor son evidentemente distintas Actuacutea aquiacute quizaacutes el deseo de presentar el problema bajo luces diversas61 o quizaacutes el complejo planteamiento dramaacutetico que forma parte de las estrategias persuasivas de Plutarco62 Las tres sin embargo coinciden en una idea central la singularidad de aquellos hombres que como Soacutecrates pueden contactar con una realidad por encima del mundo material Para Simias el alma de la mayoriacutea de los hombres se halla embargada por el tumulto de las pasiones y la voraacutegine de las servidumbres vitales de manera que su entendimiento no puede captar las indica‑ciones de los seres superiores en el caso de Soacutecrates por el contrario su intelecto limpio y exento de pasiones (ὁ νοῦς καθαρὸς ὢν καὶ ἀπαθής) percibiacutea faacutecilmente las sentildeales enviadas por los seres divinos63 Seguacuten el mito de Timarco (expuesto por Simias) en el alma (ψυχή) conviven dos partes una inmersa en el cuerpo recibe el nombre mismo de ldquoalmardquo (ψυχή) la otra inaccesible a la corrupcioacuten se llama laquointelectoraquo (νοῦν) estaacute en el exterior del hombre y los entendidos le dan

56 Gen Socr 579F‑582C57 Corlu (1970) 49‑50 Doumlring (1984) 376 Schroumlder (2010) 161 58 Para la distincioacuten entre ambos tipos de maacutentica veacutease Cic div 111ndash12 134 172

1109ndash131 (con el comentario de Wardle (2006))59 Gen Socr 588A ζητήσεως οὐκ ἀγεννοῦς ἀλλ ἧς ὀλίγον ἔμπροσθεν οἱ περὶ Γαλαξίδωρον

καὶ Φειδόλαον ἥψαντο διαποροῦντες τίνος οὐσίας καὶ δυνάμεως εἴη τὸ Σωκράτους λεγόμενον δαιμόνιον

60 Corlu (1970) 19‑20 y 51‑52 Hani (1980) 53 Doumlring (1984) 376‑377 Schroumlder (2010) 161‑162 Donini (2011) 415‑416

61 Sobre el reparto de papeles filosoacuteficos que aquiacute parece efectuar Plutarco veacutease Donini (2011) 412‑419 (2011 [2004]) 442‑443

62 Veacutease Van Hoof (2010) 67‑68 a propoacutesito de determinados laquotratados de eacutetica praacutecticaraquo63 Gen Socr 588D‑E

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Joseacute M Candau

el nombre de daimon64 La parte irracional e inmersa en el cuerpo se halla sujeta a la racional e incorruptible Si la sujecioacuten es deacutebil el alma se dejaraacute doblegar por las pasiones soacutelo cuando se fortalece gracias a la educacioacuten aparece el alma capaz de percibir con prontitud las indicaciones de su daimon Algunos hombres sin embargo estaacuten especialmente dotados de suerte que en ellos predomina de forma innata la obediencia a la razoacuten y a su daimon A ellos estaacute reservada la capacidad de percibir la llamada divina65 Teanor afirma que las almas libres de lazos con el cuerpo se convierten en daacuteimones Tales daacuteimones guiacutean los asuntos del hombre Pero no todos los hombres reciben su atencioacuten pues se desentienden de cuantos estaacuten inmersos en los avatares del acontecer soacutelo aquellos que tras mil esfuerzos ascienden a una esfera elevada son recompensados con la ayuda del daimon66

Las tres intervenciones explican las dotes excepcionales de Soacutecrates mediante la existencia de hombres excepcionales Y en las tres esa excepcionalidad requiere una especial disposicioacuten del alma La liberacioacuten de las pasiones y el alejamiento del traacutefago iacutensito en el mundo humano se presentan como condicioacuten necesaria para que haya un Soacutecrates Paradigma del filoacutesofo Soacutecrates es tambieacuten el modelo de Epaminondas El discurso sobre la pobreza al mostrar coacutemo Epaminondas limpia su alma de pasiones e impulsos procedentes del mundo exterior acredita su condicioacuten de filoacutesofo Asiacute se reconoce cuando termina dicho discurso por boca de Simias67

laquoGran hombre grande es Epaminondas y responsable de ello es el aquiacute pre‑sente Polimnis que ha criado a sus hijos desde temprano en la mejor filosofiacutearaquo

Epaminondas tambieacuten es consecuente con su condicioacuten de filoacutesofo cuando rehuacutesa someter su alma al torbellino del acontecer humano y las pasiones aso‑ciadas esto es cuando se niega a participar en la conjura El filoacutesofo parece ser la conclusioacuten no debe participar al menos de manera directa en el torbellino de la vida poliacutetica

El Epaminondas del de genio es una creacioacuten histoacutericamente discutible68 Ciertamente su no participacioacuten en la liberacioacuten de la Cadmea y su formacioacuten filosoacutefica estaacuten suficientemente documentadas Pero Epaminondas es conocido ante todo por su dimensioacuten poliacutetica que aquiacute relega Plutarco para subrayar su

64 Gen Socr 591E65 Gen Socr 592A‑E66 Gen Socr 593D‑594A67 Gen Socr 585D68 Ya Von Stern (1884) 55‑57 sentildealoacute las debilidades del relato que ofrece Plutarco en el

de genio Los estudios posteriores (veacutease por ejemplo Corlu [1970] 19‑20 Barigazzi [1988] 414‑424Georgiadou [1996]) han insistido en el Epaminondas del de genio presenta una factura obediente sobre todo a razones compositivas y de disentildeo

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Un mentor limpio de pasiones El filoacutesofo y la actuacioacuten poliacutetica seguacuten el De genio Socratis

calidad de filoacutesofo Asiacute construida la figura de Epaminondas traslada un mensaje ndashla no implicacioacuten directa del filoacutesofo en las luchas poliacuteticas‑ que puede tener calado teoacuterico pero tambieacuten sirve a Plutarco para trasladar su posicionamiento ante cuestiones concernientes a su propia persona y al horizonte cultural de su eacutepoca Comparado a otros contemporaacuteneos que por condicioacuten social e incluso actividad literaria estaban a su mismo nivel Plutarco no protagonizoacute una carrera poliacutetica particularmente brillante69 Asumioacute en cambio el papel de consejero y guiacutea de la eacutelite La autoridad necesaria para ello se la confiere la filosofiacutea Pues Plutarco se presenta a siacute mismo como filoacutesofo La exaltacioacuten de Epaminondas es una exaltacioacuten de su propia identidad como filoacutesofo y mentor Epaminondas se mueve a una altura la de la filosofiacutea superior a la de sus afines y compantildeeros los conjurados Esta altura le prohiacutebe descender al plano de la accioacuten directa descenso que contaminariacutea su alma con pulsiones sobrevenidas pero tambieacuten le permite acceder a una realidad inalcanzable para sus compantildeeros Epaminondas eleva asiacute la posicioacuten del filoacutesofo y justifica incluso hace ineludible su alejamiento de la lucha poliacutetica Gracias a ello lo que podriacutea ser una debilidad del propio Plutarco la falta de una carrera puacuteblica brillante se transforma en una eleccioacuten deliberada y necesaria

Tal mensaje adquiere maacutes fuerza si se lo contempla sobre el transfondo cultural de la eacutepoca El auge de las composiciones de exitu illustrium virorum corre en paralelo a la admiracioacuten hacia el filoacutesofo que se enfrenta al poder y sufre castigo por ello Ya se ha dicho que el fenoacutemeno acreditado en diversas fuentes contemporaacuteneas a Plutarco fue propiciado particularmente por el final del rei‑nado de Diocleciano y que el modelo uacuteltimo del filoacutesofo‑maacutertir es Soacutecrates En este contexto adquiere un significado especial la exaltacioacuten del ldquoSoacutecrates tebanordquo Epaminondas Epaminondas se aleja del conflicto puacuteblico para cuidar su alma se distingue por su silencio y pese a ello constituye el ldquocentro ausenterdquo del de genio una composicioacuten articulada en torno a un conflicto civil la liberacioacuten de la Cadmea No resulta inverosiacutemil ver en todos estos datos una respuesta de Plu‑tarco ante el fenoacutemeno del ldquofiloacutesofo‑maacutertir poliacuteticordquo y la admiracioacuten aglutinada en torno a esa figura Respuesta que reivindica rotundamente el papel asumido por el propio Plutarco de filoacutesofo mentor del poliacutetico pero fuera eacutel mismo del traacutefago de la poliacutetica

69 Veacuteanse las observaciones y referencias que ofrece al respecto Van Hoof (2010) 66‑67

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Joseacute M Candau

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Joseacute M Candau

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A Esparta de Plutarco entre a guerra e as artes

de um seguidor das leis de Licurgo Nesse sentido Plutarco diz que o dinheiro e o ouro deveriam ser mandados embora de Esparta porque eles eram flagelos importados que despertavam a cobiccedila e promoviam a degeneraccedilatildeo dos costumes (c 17) Desse ponto de vista Lisandro prejudicou Esparta justamente porque promoveu seu enriquecimento e contribuiu para a dissoluccedilatildeo da frugalidade e da simplicidade que caracterizavam o cotidiano dos lacocircnios antes das vitoacuterias espartanas na Guerra do Peloponeso6

Na Vida de Agesilau Plutarco nos conta que o biografado foi o segundo filho de Arquidamo (o primeiro tinha sido Aacutegis) e que por isso ele natildeo seria o herdeiro direto do trono de Esparta De qualquer modo Agesilau foi educado de acordo com a agoge lacedemocircnia e nosso autor faz questatildeo de frisar que em decorrecircncia disso o liacuteder espartano sempre respeitou e praticou as leis de sua cidade (c 1) Mesmo apresentando uma pequena diferenccedila de tamanho de uma perna para a outra ele tinha outras qualidades espartanas como a honestidade a mansidatildeo e a beleza fiacutesica (c 2) Sua formaccedilatildeo foi tatildeo bem sucedida que diferente de Alexandre o grande e de Haniacutebal Agesilau foi um general que conquistou importantes vitoacuterias e mesmo assim nunca deixou de obedecer agraves leis espartanas (c 15) Mesmo depois de tornar‑se um lendaacuterio vencedor ele voltou a Esparta e continuou o mesmo homem de antes sem apresentar nenhuma novidade no seu comportamento diferente de outros estrategos quando voltavam de longas expediccedilotildees a terras estrangeiras (c 19)

Plutarco nos conta que Lisandro ndashque dizem ter sido amante de Agesilau na juventude (c 2)ndash pretendia introduzir muitas inovaccedilotildees e mudanccedilas no governo da Lacocircnia (c 20) Embora outros liacutederes de Esparta como Antaacutelcidas tenham feito acordos com os Persas e tenham abandonado laquocovarde e maldosamenteraquo os gregos da Aacutesia sob o domiacutenio dos baacuterbaros como nos diz Plutarco (c 23) Agesilau sempre foi um defensor da justiccedila Entre os capiacutetulos 29 e 30 da Vida de Agesilau nosso autor nos conta que os espartanos que perderam parentes na bata‑lha de Leuctra (em 371 a C) se alegraram e os que natildeo perderam ficaram tristes De certa forma eles responsabilizaram Agesilau pela derrota e lamentaram ter aceito um rei coxo Contudo Agesilau tinha boa reputaccedilatildeo e era muito virtuoso Prova disso eacute que sem promover nenhuma inovaccedilatildeo ele disse que era preciso fazer as leis dormirem para que retomassem a autoridade que tiveram no passado

Entretanto Plutarco natildeo faz apenas elogios a Agesilau Cartledge (1987 418) observa que ele faz criacuteticas a Agesilau por causa de sua ingratidatildeo em relaccedilatildeo a Lisandro (c 8) e condena seu comportamento porque ele teria hon‑rado mais os amigos do que a justiccedila (c 13 ver tambeacutem Moralia 807d) Aleacutem disso Plutarco via uma relaccedilatildeo direta entre a decadecircncia de Esparta e a ascenccedilatildeo

6 Sobre isso ver Duff (2002) 161‑204 e a introduccedilatildeo de Flaceliegravere e Chambry em Plutarque (1971) 158‑173

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Roosevelt Rocha

ilegiacutetima de Agesilau ao trono (c 21) Poreacutem no geral nosso autor eacute tatildeo favoraacutevel e simpaacutetico a Agesilau quanto Xenofonte que tambeacutem escreveu uma biografia do rei espartano a qual certamente serviu de base para a Vida composta pelo poliacutemata de Queroneia Segundo Cartledge (1987 418) para Plutarco Agesilau foi a encarnaccedilatildeo das virtudes peculiarmente espartanas simplicidade piedade e autocontrole7

Depois na Vida de Aacutegis e na Vida de Cleocircmenes Plutarco narra os uacuteltimos momentos da histoacuteria da Esparta independente ou seja o ponto mais baixo da decadecircncia daquela cidade Os reis Aacutegis e Cleocircmenes que reinaram no seacuteculo III a C tentaram restaurar os antigos valores dos tempos de Licurgo Eles tinham os dons naturais para levar essa tarefa a cabo Aacutegis tinha grandeza de alma e se insurgia contra os prazeres desde antes dos vinte anos (c 4) natildeo gostava de rou‑pas luxuosas e baniu toda suntuosidade para aderir aos antigos haacutebitos lacocircnios caracterizados pela simplicidade de vida Mas seu exemplo e sua energia natildeo foram suficientes para restaurar os costumes tradicionais e ele foi assassinado ainda muito jovem (cc 19‑21) Aquela Esparta incorrupta e valorosa dos tempos de Licurgo dava seus uacuteltimos suspiros

Cleocircmenes natildeo era parente de Aacutegis mas foi obrigado a se casar com a vi‑uacuteva do rei assassinado ou seja Agiaacutetis Segundo Plutarco (c 1) Cleocircmenes era ambicioso e tinha grandeza de alma Era temperante e simples como Aacutegis Ele tambeacutem quiz restaurar os antigos costumes espartanos (c 11) Primeiro depois de longa disputa poliacutetica abriu matildeo de seus bens Depois distribuiu as terras entre os cidadatildeos Restabeleceu a educaccedilatildeo dos jovens e a disciplina espartana Ele proacuteprio levou uma vida simples e frugal para dar o exemplo aos outros la‑cedemocircnios sem insolecircncia nem orgulho excessivo ou seja como um modelo de temperanccedila (c 13) Mesmo quando perdeu sua esposa Agiaacutetis por quem se enamorara verdadeiramente Cleocircmenes manteve a firmeza e seu caraacuteter elevado e tomou as providecircncias necessaacuterias para garantir a seguranccedila de seus soldados e aliados (c 22) Depois de reinar por dezesseis anos Cleocircmenes morreu (cc 37‑38) e assim terminou a histoacuteria de Esparta como cidade politicamente autocircnoma

Ateacute aqui vimos que podemos encontrar nas Vidas dos liacutederes espartanos escritas por Plutarco aquela imagem caracterizada por um conjunto de valores que parecem ter ganhado forccedila numa eacutepoca lendaacuteria e foram se enfraquecendo conforme o tempo foi passando e Esparta foi estendendo seu poder para fora da Lacedemocircnia Nesse quadro vemos uma cidade altamente militarizada de guerreiros corajosos disciplinados e afeitos a uma vida sem luxos e sem confortos Isso poderia indicar que os espartanos eram um povo rude pouco sofisticado e fechado para as artes

7 Cf tambeacutem a introduccedilatildeo de Flaceliegravere e Chambry em Plutarque (1973) 85‑88 e Shipley (1998) 1‑46

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A Esparta de Plutarco entre a guerra e as artes

Poreacutem vaacuterias fontes arqueoloacutegicas vasculares e mesmo literaacuterias nos mostram o contraacuterio Apesar de Tuciacutedides (1102) ter dito que os edifiacutecios em Esparta eram modestos e natildeo correspondiam ao tamanho do poder militar e poliacutetico da cidade dos lacedemocircnios em seu apogeu a avaliaccedilatildeo dos monumentos arquitetocircnicos espartanos precisa ser feita com cuidado Eacute preciso lembrar que Esparta natildeo foi destruiacuteda nas Guerras Meacutedicas como Atenas foi A capital da Aacutetica foi reconstruiacuteda e uma grande soma de dinheiro afluiu para ela por causa das contribuiccedilotildees dos aliados da Liga de Delos Isso natildeo aconteceu com a princi‑pal cidade da Lacocircnia Desse modo nela foram conservados edifiacutecios antigos do seacuteculo VI a C que apresentavam outro estilo de construccedilatildeo mais arcaizante do que claacutessico Dependendo do ponto de vista um estilo pode ser mais valorizado do que o outro

De qualquer modo Pausacircnias (3113) viajante do seacuteculo II d C que fez uma descriccedilatildeo de vaacuterias cidades da Greacutecia daquela eacutepoca nos informa que havia em Esparta vaacuterios monumentos que despertavam a admiraccedilatildeo daqueles que por ali passavam tal como o Poacutertico Persa construiacutedo inicialmente com o butim amealhado na guerra contra os persas Outros exemplos de edifiacutecios que nos uacuteltimos anos vecircm sendo estudados satildeo o templo de Apolo em Amiclas o templo de Aacutertemis Oacutertia e o Menelaion onde eram cultuados Menelau e Helena8

Cartledge (2002 111) nos informa que depois de 690 a C pintores de vasos da Lacocircnia sofreram influecircncia de artistas do Egeu e adotaram o chamado estilo lsquoorientalizantersquo o que mostra que na praacutetica Esparta natildeo estava isolada do resto do mundo helecircnico Ainda segundo Cartledge nessa eacutepoca artesatildeos lacocircnios que trabalhavam com bronze comeccedilaram a se interessar pela representaccedilatildeo de figuras humanas em suas obras e por volta de 650 a C comeccedilou a se desenvolver na regiatildeo de Esparta o uso do marfim para produccedilatildeo de objetos gravados Vemos entatildeo que o ambiente artiacutestico na Lacedemocircnia entre 775 e 650 a C natildeo era de modo algum esteacuteril ou sem importacircncia9

Como Burn (1960 275‑276) explica Esparta natildeo virou suas costas para a arte e a poesia Prova disso eacute que vasos com detalhes refinados foram fabricados ali e exportados para outras regiotildees da Heacutelade ateacute 550 a C mais ou menos Por volta de 600 a C Gitiadas poeta escultor e arquiteto projetou o Templo de Atena tambeacutem conhecido como Casa de Bronze por causa das placas feitas com esse metal para decorar o edifiacutecio E em 585 a C o segundo templo de Oacutertia foi construiacutedo Ou seja havia artesatildeos trabalhando em Esparta no periacuteodo arcaico que produziram obras dignas de admiraccedilatildeo10

8 Para mais informaccedilotildees sobre a arqueologia e a arquitetura espartanas ver Walker (1998) Kaltsas (2007) e Cavanagh (2009)

9 Sobre isso ver tambeacutem Burn (1960) 180‑184 e Stibbe (1996) passim10 Ver tambeacutem Burn (1960) 280‑282 e Cartledge (2002) 133‑136

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Roosevelt Rocha

No que diz respeito agrave muacutesica Plutarco nos daacute significativos testemunhos da sua importacircncia em ambiente espartano tanto nas Vidas quanto nos Moralia Na Vida de Licurgo no c 4 por exemplo encontramos a informaccedilatildeo segundo a qual o legislador lendaacuterio teria convidado um poeta‑legislador de Creta para ir a Esparta com ele Esse poeta se chamava Tales Mas talvez tenha havido alguma confusatildeo na tradiccedilatildeo manuscrita e esse Tales poderia ser o Taletas de Gortina mencionado algumas vezes no livro Sobre a Muacutesica tambeacutem de Plutarco Ele teria sido o responsaacutevel por curar os espartanos de uma peste com o seu canto11 Aleacutem disso no mesmo c 4 nos eacute dito que Licurgo teria sido o responsaacutevel por levar os poemas de Homero da Jocircnia para sua cidade

Depois no c 21 da mesma Vida Plutarco nos diz que os lacedemocircnios apreciavam se dedicar agrave poesia meacutelica porque as canccedilotildees estimulavam seus espiacuteritos e lhes davam coragem para enfrentar os inimigos nas batalhas Seu estilo era simples e seus temas eram seacuterios com o objetivo de promover uma boa formaccedilatildeo dos caraacuteteres Nelas eram louvados os heroacuteis de Esparta e condenados os covardes que natildeo lutaram ateacute o fim para defender sua cidade Nos festivais eram organizados trecircs coros de acordo com as idades um de velhos outro de adultos e outro de jovens Cada um cantava sobre a sua bravura uns falavam dos seus feitos no passado os outros tratavam das suas accedilotildees no presente e os uacuteltimos cantavam sobre o seu desejo de realizar grandes proezas no futuro Esses seriam os temas baacutesicos das canccedilotildees em Esparta e por isso segundo Plutarco Terpandro e Piacutendaro estavam corretos ao associar bravura e muacutesica e ao mostrar que os espartanos eram o povo mais aguerrido e mais musical

Por isso natildeo era por acaso que os jovens cantavam o nomo de Caacutestor e o peatilde da marcha (c 22) e em todo lugar havia danccedilas festas e banquetes quando natildeo havia expediccedilotildees militares (c 24) Contudo o gosto pela boa muacutesica e pela boa poesia natildeo era caracteriacutestico de todos os habitantes da Lacocircnia tendo em vista que os hilotas danccedilavam e cantavam canccedilotildees vulgares e grotescas diferentes das composiccedilotildees de Aacutelcman Terpandro e Especircndon (c 28) Isso na verdade estava associado ao fato de eles serem escravos e por isso era compreensiacutevel que eles apreciassem canccedilotildees vis como eles proacuteprios

Na Vida de Lisandro encontramos algumas informaccedilotildees que reforccedilam a impressatildeo de que os espartanos tinham sim grande sensibilidade para a muacutesica No c 15 ficamos sabendo que os lacocircnios depois de conquistar Atenas em 404 a C queriam destruir aquela cidade mas apoacutes ouvir um coro da Electra de Euriacutepides desistiram Em seguida no c 18 Plutarco nos conta que Lisandro estava sempre acompanhado do poeta Queacuterilo encarregado de celebrar os feitos do general E outros poetas tambeacutem celebraram Lisandro segundo nosso autor

11 Ver Plu Mus 42 (1146B‑C) e Gostoli (1990) 12‑13 e

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A Esparta de Plutarco entre a guerra e as artes

Na Vida de Agesilau c 14 lemos que os espartanos apreciavam uma parte da poesia de Timoacuteteo de Mileto poeta que teria tido algumas cordas de sua ciacutetara cortadas quando de uma sua visita a Esparta porque os eacuteforos julgavam que natildeo seriam necessaacuterias mais do que sete cordas e o instrumento do poeta tinha onze12 Essa anedota indica que os lacocircnios natildeo apreciavam inovaccedilotildees Poreacutem a informaccedilatildeo do c 14 da Vida de Agesilau mostra que eles poderiam aceitar pelo menos uma parte da obra de um poeta inovador desde que essa parte se adequas‑se ao gosto e agraves tradiccedilotildees do local Tambeacutem nessa mesma Vida c 21 Plutarco nos diz que o rei Agesilau apreciava os cantos e as danccedilas mesmo natildeo sendo um lsquoespecialistarsquo nas artes

Por fim na Vida de Aacutegis c 10 encontramos um elogio a Terpandro a Ta‑les (Taletas) e a Fereacutecides porque mesmo sendo estrangeiros professavam o que Licurgo instituiu e por isso foram muito honrados em Esparta Na Vida de Cleocircmenes c 2 somos informados que o rei Leocircnidas elogiou Tirteu algo facilmente compreensiacutevel tendo em vista o caraacuteter estimulante e guerreiro das elegias daquele poeta Aleacutem disso nessa mesma Vida citada por uacuteltimo c 12 Plutarco nos conta que Cleocircmenes certa vez teria encontrado alguns artistas de Dioniso muacutesicos e atores profissionais que iam de cidade em cidade para se apresentar e construiu um teatro Isso mostra que esse rei estimulou de alguma maneira as atividades artiacutesticas mesmo que ele natildeo tivesse o costume de levar artistas com seu exeacutercito de acordo com Plutarco e nem apreciasse apresentaccedilotildees musicais nos seus banquetes (c 13)

Tudo isso mostra que Esparta era uma cidade onde a muacutesica tinha um papel importe na educaccedilatildeo e na guerra e que os lacocircnios natildeo eram um povo obtuso e indiferente ao poder das melodias De acordo com Plutarco tendo em vista agora algumas passagens dos Moralia os espartanos passavam por treinamento rigoroso no que diz respeito agrave muacutesica e agrave poesia e suas canccedilotildees estimulavam os espiacuteritos e faziam com que os homens se sentissem entusiasmados e se esfor‑ccedilassem para ser bem sucedidos Em vaacuterias passagens das suas Obras Morais ele elogia o estilo da muacutesica deles porque ela era simples e natildeo afetada e seus temas eram seacuterios e edificantes Se algueacutem estudasse a poesia e as canccedilotildees de marcha de Esparta acompanhadas pelo aulo essa pessoa concordaria que Terpandro e Piacutendaro estavam certos ao associar valor (andreia) e muacutesica Como vimos acima nos trechos citados das Vidas Plutarco tambeacutem diz que os Espartanos eram o povo ao mesmo tempo mais musical (mousikotatous) e o mais afeito agrave guerra (polemikotatous)13

No livro sobre os Antigos Costumes dos Espartanos Plutarco tambeacutem elogia os ritmos das canccedilotildees de marcha (embaterioi rhythmoi) porque eles despertavam

12 Ver Plu Agis 1013 Cf Lyc 211‑4

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a coragem a audaacutecia e o desdeacutem pela morte requisitos indispensaacuteveis para o guerreiro valoroso Os espartanos usavam esses ritmos para danccedilar mas tambeacutem quando avanccedilavam contra os inimigos ao som do aulo Plutarco lembra que Li‑curgo associava o amor pela muacutesica agrave praacutetica militar para que o espiacuterito guerreiro combinado com a melodia tivesse concordacircncia e harmonia (symphonia kai har‑monia) Por isso em tempos de guerra os reis espartanos ofereciam sacrifiacutecios agraves Musas antes de ir para a batalha como Plutarco nos conta nos Instituta Laconica 16 (238B‑C)

E para manter a pureza da sua muacutesica e dos seus costumes os espartanos agraves vezes recorriam a atos violentos Como Plutarco reporta nos Instituta Laconica 17 (238C‑D) eles natildeo permitiriam que ningueacutem desrespeitasse de modo algum as regras da muacutesica do passado Nem mesmo Terpandro um dos mais antigos e melhores citaredos (aqueles que cantavam acompanhados da ciacutetara ou da lira) teria a permissatildeo para acrescentar uma corda extra ao seu instrumento para que suas melodias fossem mais variadas Ele tentou fazer isso mas os eacuteforos pregaram sua lira numa parede por causa do seu ato iacutempio contraacuterio agrave tradiccedilatildeo Em outra ocasiatildeo um dos eacuteforos teria procedido com mais violecircncia quando Timoacuteteo o famoso muacutesico inovador que floresceu na segunda metade do seacuteculo V a C estava competindo no festival das Carneias ele pegou uma faca e perguntou ao muacutesico de que lado ele deveria cortar as cordas supeacuterfluas cujo nuacutemero ultra‑passava o tradicional de sete cordas Outras variantes dessa histoacuteria satildeo contadas por Plutarco em outros textos mas nessas outras passagens Friacutenis outro muacutesico inovador da segunda metade do seacuteculo V a C eacute o protagonista14

Mas para aleacutem da sua importacircncia na educaccedilatildeo e nos contextos de bata‑lha a muacutesica tinha grande significado tambeacutem nas momentos das celebraccedilotildees religiosas Dentre as festividades religiosas realizadas na Lacedemocircnia uma das mais importantes era a das Carneias realizada em Esparta e intimamente ligada agrave histoacuteria de Terpandro As origens desse festival eram muito antigas anteriores ao seacuteculo VIII a C tendo em vista que no seacuteculo VII os colonizadores espartanos da cidade italiana de Tarento jaacute tinham o costume de celebraacute‑la15 As Carneias eram dedicadas ao deus Apolo Carneu Em Esparta havia concursos musicais e atleacuteti‑cos uma corrida de jovens e um banquete ritual que contava com a participaccedilatildeo dos homens adultos que representavam as fratrias O festival era organizado por cidadatildeos solteiros e era o momento adequado para que os jovens que jaacute haviam completado seu periacuteodo de formaccedilatildeo ingressassem na vida adulta16

O que nos interessa aqui eacute o papel que a muacutesica desempenhava no contexto dessas festividades Um elemento importante nesses momentos de comemoraccedilatildeo

14 Cf Prof virt 84A Apophth Lac 220C e Agis 107 jaacute citada na nota 9 Cf Rocha (2008) 654‑655

15 Brelich (1969) 181‑18216 Brelich (1969) 149‑150

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eram os concursos A realizaccedilatildeo de concursos musicais no acircmbito do festival das Carneias natildeo teria acontecido desde o iniacutecio A introduccedilatildeo de agones provavel‑mente ocorreu quando Terpandro migrou de Metimna (Lesbos) para Esparta na primeira metade do seacuteculo VII a C Nesse contexto eacute importante considerar o testemunho de Helacircnico17 segundo o qual Terpandro teria sido o primeiro a vencer o concurso musical nas Carneias Esse fato parece estar diretamente relacionado agrave fundaccedilatildeo da primeira escola musical (katastasis) em Esparta por obra do mesmo Terpandro Segundo Brelich (1969 186‑191) eacute muito provaacutevel que a introduccedilatildeo do concurso musical nas Carneias tenha sido influenciada pela proacutepria katastasis18 Essa hipoacutetese ganha forccedila se consideramos o capiacutetulo 9 do tratado Sobre a Muacutesica como um todo Ali Plutarco fala da primeira katastasis fundada por Terpandro e menciona tambeacutem a segunda katastasis liderada por Taletas de Gortina Xenoacutedamo de Citera Xenoacutecrito de Locres Polimnesto de Coacutelofon e Saacutecadas de Argos muacutesicos que teriam instituiacutedo as Gimnopeacutedias em Esparta as Apodeixeis na Arcaacutedia e as Endimaacutetias em Argos Jaacute que os membros da segunda escola musical foram fundadores de festivais19 em diferentes cidades do Peloponeso Terpandro tambeacutem pode ter desempenhado o mesmo papel no contexto das Carneias

No que diz respeito agraves Gimnopeacutedias contudo encontramos uma situaccedilatildeo diferente Possuiacutemos uma grande variedade de informaccedilotildees sobre esse festival que inclusive muitas vezes satildeo contraditoacuterias Mas tratando apenas daquilo que nos interessa aqui sabemos que no periacuteodo das festividades aconteciam apresentaccedilotildees de coros de adolescentes e adultos instituiacutedos em honra a Apolo que cantavam hinos compostos por poetas como Taletas Aacutelcman e Dionisodoto Depois da batalha de Tireia em 544 aC na qual Esparta lutou contra Argos pela posse da Tireaacutetida tornou‑se costumeiro cantar um peatilde em honra dos soldados que morreram naquela ocasiatildeo Por causa desse elemento ritual e da comparaccedilatildeo com as Apodeixeis e as Endimaacutetias as Gimnopeacutedias foram consideradas festas que indicavam o momento no qual os jovens receacutem‑iniciados eram integrados agrave vida militar20

Tendo tudo isso em vista podemos concluir que eacute preciso colocar a miragem espartana em perspectiva Esparta natildeo era tatildeo lsquoespartanarsquo assim e natildeo foi sempre lsquoespartanarsquo Havia espaccedilo naquela cidade para o cultivo das artes tais como a arquitetura a escultura a pintura vascular a muacutesica (que incluiacutea a poesia) e a danccedila Nela floresceram poetas como Aacutelcman Terpandro e Tirteu Nela surgiram escolas poeacuteticomusicais Nela viveram poetas estrangeiros tais como Taletas de

17 FGrHist 4 F 85 = Ateneu 635e = Terpander Test 1 Gostoli18 Cf tambeacutem Gostoli (1990) 84‑8519 Mais do que fundadores de festivais eacute mais verossiacutemil pensar que esses autores foram os

responsaacuteveis pela introduccedilatildeo dos concursos musicais como parte das celebraccedilotildees 20 Cf Gostoli (1990) 85‑86

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Gortina (Creta) e Saacutecadas de Argos E sendo assim houve um ambiente feacutertil e favoraacutevel para o desenvolvimento e o cultivo de atividades artiacutesticas Os esparta‑nos foram sim grandes guerreiros que contribuiacuteram decisivamente para a vitoacuteria dos helenos sobre os persas Eles cultivaram sim suas habilidades guerreiras a ponto de derrotar os atenienses na Guerra do Peloponeso Poreacutem Esparta natildeo foi somente uma comunidade de soldados que dedicavam suas vidas somente agrave guerra Esparta foi tambeacutem uma cidade onde as pessoas cantavam danccedilavam e apreciavam a beleza dos edifiacutecios e dos objetos do cotidiano Eacute preciso reconhecer isso e na obra de Plutarco jaacute encontramos essa imagem multifacetada dessa cul‑tura Basta direcionar os olhos para outras direccedilotildees

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Bibliografia

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Plutarque Vies Tome VI Text eacutetabli et traduit par Flaceliegravere R et Chambry Eacute Paris Les Belles Lettres 1971

Plutarque Vies Tome VIII Text eacutetabli et traduit par Flaceliegravere R et Chambry Eacute Paris Les Belles Lettres 1973

Powell A amp Hodkinson S (eds) The shadow of Sparta Londres Routledge 1994Rawson E The spartan tradition in european thought Oxford Oxford University

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Roosevelt Rocha

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Museum Classical Colloquium held with the British School at Athens and Kingrsquos and University Colleges London 6‑8 December 1995 Atenas British School at Athens 1999

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Index nominum

Timoacuteteo 167‑168 178 183Timoacutexena 195Tindaacuteridas 63Tireaacutetida 169Tireia 169Tireacutesias 236Tirteu 167 169 221Titatildes 245Trajano 121Trezena 31 32‑35 38 Tricoacuterito 39Troia 81 124Tuciacutedides 122 160 181Ulisses 81 192Valeacuterio (vd Puacuteblio Valeacuterio)Vestais 58 204Viacutenio 200Xantipo 191 201Xenoacutecrito 169Xenoacutedamo 169Xenofonte 160 164Zaleuco 88Zeus 36 40‑41 220 226 243

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Index nominum

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Notas biograacuteficas dos autores

Aacutelia Rodrigues eacute doutorada em Estudos Claacutessicos (Literatura Grega) e inves‑tigadora do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse satildeo a histoacuteria das ideias poliacuteticas desde os Gregos ateacute agrave modernidade histoacuteria legal e a recepccedilatildeo de temas claacutessicos na contemporaneidade

Ana Ferreira eacute Professora Auxiliar do Departamento de Estudos Portugueses e Ro‑macircnicos da Faculdade de Letras da Universidade do Porto e investigadora do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a histoacuteria antiga a literatura greco‑romana bem como a didaacutectica das liacutenguas claacutessicas

Delfim F Leatildeo eacute Professor Catedraacutetico da Instituto de Estudos Claacutessicos e investiga‑dor do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a histoacuteria antiga o direito e a teorizaccedilatildeo poliacutetica dos Gregos a pragmaacutetica teatral e a escrita romanesca antiga

Faacutebio Vergara Cerqueira eacute Professor Adjunto do Instituto de Ciecircncias Humanas da Universidade Federal de Pelotas pesquisador PQ‑2 do CNPq Professor Visitante na Universidade de Heidelberg Bolsista Fundaccedilatildeo Humboldt ldquoPesquisador Experienterdquo Principais aacutereas de interesse satildeo histoacuteria e arqueologia da Greacutecia antiga e sua recepccedilatildeo enfocando muacutesica iconografia ceramologia gecircnero memoacuteria social identidade e patrimocircnio cultural

Guillermina Gonzaacutelez Almenara es Profesor Contratado Doctor Tipo 1 vinculada con el Aacuterea de Filologiacutea Griega del Departamento de Filologiacutea Claacutesica Francesa Aacuterabe y Romaacutenica de la Universidad de La Laguna Sus principales liacuteneas de investi‑gacioacuten son la mujer y el aacutembito femenino en la Grecia antigua Historiografiacutea griega Historia y civilizacioacuten de la Grecia antigua

Ivana S Chialva es Doctora en Letras Investigadora Asistente del Conicet y Profesora de Griego y Literaturas griega y latina de la Facultad de Humanidades y Ciencias de la Universidad Nacional del Litoral (Santa Fe Argentina) Sus tra‑bajos sobre el mundo antiguo se focalizan en la relacioacuten entre primera y segunda sofiacutestica y en la influencia de este uacuteltimo fenoacutemeno en la prosa narrativa griega de eacutepoca imperial especialmente la retoacuterica la biografiacutea y la novela en sus diferentes formas

Jesuacutes-Mordf Nieto Ibaacutentildeez es Catedraacutetico de Filologiacutea Griega de la Universidad de Leoacuten Sus liacuteneas de investigacioacuten son la literatura judiacutea en lengua griega los primeros textos cristianos el Humanismo y la Tradicioacuten claacutesica Actualmente dirige un Proyecto de

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investigacioacuten sobre el Humanismo la Tradicioacuten claacutesica y patriacutestica y la exeacutegesis biacuteblica en los siglos XVI y XVII

Joaquim Pinheiro eacute Professor Auxiliar da Universidade da Madeira e investigador do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a biografia antiga a Segunda Sofiacutestica a retoacuterica claacutessica e o pensamento poliacutetico dos Gregos

Joseacute M Candau es Catedraacutetico de Filologiacutea Griega en la Universidad de Sevilla Sus principales aacutereas de investigacioacuten son la historiografiacutea griega y Plutarco

Loraine Oliveira eacute professora de Filosofia da Universidade de Brasiacutelia Publicou o livro Plotino escultor de mitos pela Imprensa da Universidade de CoimbraAnnablume em 2014 Vem se dedicando principalmente a estudar os mitos em Plotino Plutarco e Porfiacuterio assim como o vegetarianismo em Plutarco e Porfiacuterio

Maria Aparecida de Oliveira Silva eacute professora visitante do Programa de Poacutes‑Gradu‑accedilatildeo em Letras Claacutessicas da Universidade de Satildeo Paulo e Professora Pesquisadora do Programa de Poacutes‑Graduaccedilatildeo em Histoacuteria da Universidade Federal de Satildeo Paulo Liacuteder do Grupo CNPq LABHAN Laboratoacuterio de Histoacuteria Antiga da Universidade Federal do Amapaacute Pesquisadora do Grupo CNPq Linceu ‑ Visotildees da Antiguidade Claacutessica da Universidade Estadual Paulista Pesquisadora do Grupo Retoacuterica Texto y Comunicacioacuten da Universidad de Caacutediz Membro do Conselho Acadecircmico do Seminaacuterio de Histoacuteria e Filosofia das Religiotildees da Universidad Autoacutenoma de Ciudad Juaacuterez mdash Meacutexico Pesquisa e publica trabalhos sobre Esparta Plutarco e biografia antiga

M Teresa Fau Ramos es Profesora Titular del Departament de Filologia Grega de la Universitat de Barcelona y miembro del Grup de Recerca Graecia Capta que investiga la pervivencia de la identidad griega bajo el imperio romano Sus principales aacutereas de intereacutes cientiacutefico son la historia e instituciones de la Grecia claacutesica y post‑claacutesica la religioacuten helena (paganismo) y diversos aspectos del cristianismo primitivo

Pilar Goacutemez Cardoacute es profesora titular de Filologiacutea Griega en la Universidad de Barcelona donde imparte docencia e investiga desde 1981 Doctora en Filologiacutea Claacutesica desde 1987 con una tesis sobre la tradicioacuten yaacutembica y la faacutebula (La Vida drsquoIsop entre el iambe la faula i la novella) es autora de numerosos artiacuteculos y capiacutetulos de libros sobre la literatura griega de eacutepoca imperial romana en especial sobre Segunda Sofiacutestica y novela ha estudiado principalmente autores como Luciano en cuya edicioacuten y traduccioacuten al castellano para la coleccioacuten Alma Mater participa Plutarco Dioacuten de Prusa o Elio Ariacutestides Es miembro del grupo de investigacioacuten Graecia Capta de la Universidad de Barcelona

Roosevelt Rocha eacute Professor Adjunto do curso de Letras da Universidade Federal do Paranaacute (Brasil) e pesquisador ligado ao Programa de Poacutes‑Graduaccedilatildeo em Letras da

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mesma Universidade As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a poesia grega arcaica (elegia jambo e meacutelica) a muacutesica grega antiga e o estudo da performance da poesia grega dos periacuteodos arcaico e claacutessico

Vicente Ramoacuten es Profesor Tiular de Filologiacutea Griega de la Universidad de Zara‑goza Sus intereses cientiacuteficos pueden sintetizarse en las siguientes liacuteneas Plutarco de Queronea y la biografiacutea poliacutetica historiografiacutea griega retoacuterica y oratoria griegas tradicioacuten claacutesica teatro griego la irreligiosidad en la Atenas Claacutesica

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Volumes publicados na Colecccedilatildeo Humanitas Supplementum

1 Francisco de Oliveira Claacuteudia Teixeira e Paula Barata Dias Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 1 ndash Liacutenguas e Literaturas Greacutecia e Roma (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

2 Francisco de Oliveira Claacuteudia Teixeira e Paula Barata Dias Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 2 ndash Liacutenguas e Literaturas Idade Meacutedia Renascimento Recepccedilatildeo (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

3 Francisco de Oliveira Jorge de Oliveira e Manuel Patriacutecio Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 3 ndash Histoacuteria Arqueologia e Arte (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2010)

4 Maria Helena da Rocha Pereira Joseacute Ribeiro Ferreira e Francisco de Oliveira (Coords) Horaacutecio e a sua perenidade (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

5 Joseacute Luiacutes Lopes Brandatildeo Maacutescaras dos Ceacutesares Teatro e moralidade nas Vidas suetonianas (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

6 Joseacute Ribeiro Ferreira Delfim Leatildeo Manuel Troumlster and Paula Barata Dias (eds) Symposion and Philanthropia in Plutarch (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

7 Gabriele Cornelli (Org) Representaccedilotildees da Cidade Antiga Categorias histoacutericas e discursos filosoacuteficos (Coimbra Classica DigitaliaCECHGrupo Archai 2010)

8 Maria Cristina de Sousa Pimentel e Nuno Simotildees Rodrigues (Coords) Sociedade poder e cultura no tempo de Oviacutedio (Coimbra Classica DigitaliaCECHCECCH 2010)

9 Franccediloise Frazier et Delfim F Leatildeo (eds) Tychegrave et pronoia La marche du monde selon Plutarque (Coimbra Classica DigitaliaCECH Eacutecole Doctorale 395 ArScAn‑THEMAM 2010)

10 Juan Carlos Iglesias‑Zoido El legado de Tuciacutedides en la cultura occidental (Coimbra Classica DigitaliaCECH ARENGA 2011)

11 Gabriele Cornelli O pitagorismo como categoria historiograacutefica (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2011)

12 Frederico Lourenccedilo The Lyric Metres of Euripidean Drama (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2011)

13 Joseacute Augusto Ramos Maria Cristina de Sousa Pimentel Maria do Ceacuteu Fialho Nuno Simotildees Rodrigues (coords) Paulo de Tarso Grego e Romano Judeu e Cristatildeo (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

14 Carmen Soares amp Paula Barata Dias (coords) Contributos para a histoacuteria da alimentaccedilatildeo na antiguidade (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

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15 Carlos A Martins de Jesus Claudio Castro Filho amp Joseacute Ribeiro Ferreira (coords) Hipoacutelito e Fedra ‑ nos caminhos de um mito (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

16 Joseacute Ribeiro Ferreira Delfim F Leatildeo amp Carlos A Martins de Jesus (eds) Nomos Kosmos amp Dike in Plutarch (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

17 Joseacute Augusto Ramos amp Nuno Simotildees Rodrigues (coords) Mnemosyne kai Sophia (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

18 Ana Maria Guedes Ferreira O homem de Estado ateniense em Plutarco o caso dos Alcmeoacutenidas (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

19 Aurora Loacutepez Andreacutes Pocintildea amp Maria de Faacutetima Silva De ayer a hoy influencias claacutesicas en la literatura (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

20 Cristina Pimentel Joseacute Luiacutes Brandatildeo amp Paolo Fedeli (coords) O poeta e a cidade no mundo romano (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

21 Francisco de Oliveira Joseacute Luiacutes Brandatildeo Vasco Gil Mantas amp Rosa Sanz Serrano (coords) A queda de Roma e o alvorecer da Europa (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

22 Luiacutesa de Nazareacute Ferreira Mobilidade poeacutetica na Greacutecia antiga uma leitura da obra de Simoacutenides (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica DigitaliaCECH 2013)

23 Faacutebio Cerqueira Ana Teresa Gonccedilalves Edalaura Medeiros amp JoseacuteLuiacutes Brandatildeo Saberes e poderes no mundo antigo Vol I ndash Dos saberes (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia2013) 282 p

24 Faacutebio Cerqueira Ana Teresa Gonccedilalves Edalaura Medeiros amp Delfim Leatildeo Saberes e poderes no mundo antigo Vol II ndash Dos poderes (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013) 336 p

25 Joaquim J S Pinheiro Tempo e espaccedilo da paideia nas Vidas de Plutarco (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013) 458 p

26 Delfim Leatildeo Gabriele Cornelli amp Miriam C Peixoto (coords) Dos Homens e suas Ideias Estudos sobre as Vidas de Dioacutegenes Laeacutercio (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013)

27 Italo Pantani Margarida Miranda amp Henrique Manso (coords) Aires Barbosa na Cosmoacutepolis Renascentista (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2013)

28 Francisco de Oliveira Maria de Faacutetima Silva Tereza Virgiacutenia Ribeiro Barbosa (coords) Violecircncia e transgressatildeo uma trajetoacuteria da Humanidade (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

29 Priscilla Gontijo Leite Eacutetica e retoacuterica forense asebeia e hybris na caracterizaccedilatildeo dos adversaacuterios em Demoacutestenes (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

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30 Andreacute Carneiro Lugares tempos e pessoas Povoamento rural romano no Alto Alentejo ‑ Volume I (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2014)

31 Andreacute Carneiro Lugares tempos e pessoas Povoamento rural romano no Alto Alentejo ‑ Volume II (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2014)

32 Pilar Goacutemez Cardoacute Delfim F Leatildeo Maria Aparecida de Oliveira Silva (coords) Plutarco entre mundos visotildees de Esparta Atenas e Roma (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

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Resumo da obra

A vasta e variada obra de Plutarco permite sempre uma abordagem a partir de distintas

perspetivas com diferentes intenccedilotildees e propoacutesitos variados No entanto eacute importante

identificar tambeacutem fios comuns nessa abordagem porque permitem demonstrar tanto a

niacutevel formal como de conteuacutedo que haacute muitos elementos comuns que permeiam o trabalho

de Plutarco

Os treze contributos para este volume tecircm como elo comum o nome de trecircs cidades

Esparta Atenas e Roma Elas representam espaccedilos poliacuteticos e institucionais diversos dada

a sua extensatildeo geograacutefica e cronoloacutegica mas simbolizam igualmente diferentes modelos

de organizaccedilatildeo social atraveacutes dos quais a Greacutecia pode ser contrastada com Roma ou Atenas

comparada com Esparta mdash ainda que o seu verdadeiro interesse na obra de Plutarco seja

que representam sempre locais paradigmaacuteticos onde vivem e convivem pessoas Por

isso os estudiosos de Plutarco que contribuiacuteram para este volume procuram analisar em

cada uma dessas cidades seja por assimilaccedilatildeo ou por contraste a forma como o autor de

Queroneia aborda a ligaccedilatildeo entre indiviacuteduo e comunidade a partir do exerciacutecio do poder

e da experiecircncia religiosa qual o papel da educaccedilatildeo e do domiacutenio privado na projeccedilatildeo

puacuteblica dos protagonistas retratados por Plutarco ou ateacute que ponto a imagem dos primeiros

legisladores e fundadores miacuteticos foi condicionada pela evoluccedilatildeo histoacuterica destas mesmas

cidades

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Mordf Teresa Fau Ramos

Sorprendentemente una vez duentildeo de la situacioacuten Pisiacutestrato tratoacute a Soloacuten con gran respeto aceptoacute muchos de sus consejos y conservoacute laquola mayoriacutea de las leyesraquo (τοὺς πλείστους νόμους) que habiacutea establecido61 Y eacutesta es una de las uacutelti‑mas afirmaciones que hace Plutarco con respecto a Soloacuten sobre cuya muerte no nos proporciona dato alguno de intereacutes62

A diferencia de la biografiacutea plutarquea de Licurgo la Vida de Soloacuten no cul‑mina con un heroico acto de auto‑inmolacioacuten para obtener la perdurabilidad de unas leyes que se desean perennes63 Ello no obsta sin embargo para que reconozcamos que tambieacuten a Soloacuten le pasa factura el ejercicio de su funcioacuten como legislador En efecto debe soportar las burlas de unas gentes que hacen befa de eacutel por haberse negado a instaurar un reacutegimen tiraacutenico es falsamente acusado de haber obtenido beneficios fraudulentos gracias a sus leyes y sufre una intensa presioacuten por parte de sus conciudadanos hasta el punto de tener que optar por un exilio voluntario

Numa

Con la Vida de Numa regresamos a un contexto de dignidad regia aunque existe una gran diferencia entre las maneras expeditivas de Licurgo y la suavidad con la que actuacutea el rey Numa64

Tras la desaparicioacuten ndashsupuestamente sobrenaturalndash de Roacutemulo la ciudad de Roma se hallaba sumida en una grave discordia pues sabinos y romanos no se poniacutean de acuerdo sobre quieacuten habiacutea de ser el proacuteximo monarca65 Al fin las dos facciones pactan que la realeza recaiga sobre el sabino Numa Pompilio66 Pero eacuteste que habiacutea sabido mejorar su buen talante natural con un geacutenero de vida

61 Sol 312‑3 En este punto Plutarco sigue la tradicioacuten continuista de otros autores (cf Hdt 1596 y Th 6546) Seguacuten Dioacutegenes Laercio (153‑54) Pisiacutestrato hace saber al νομοθέτης ateniense que mantiene la legislacioacuten por eacutel establecida y le invita a regresar a la polis Aristoacuteteles (Ath 221) por su parte mantiene que la tiraniacutea habiacutea abolido por desuso las leyes solonianas

62 No obstante en el Banquete de los siete sabios (Moralia 151E‑F) encontramos de nuevo a Soloacuten a propoacutesito de quien Quiloacuten afirma que debe ser el primero en hacer uso de la palabra no soacutelo porque asiacute conviene por su edad y por el lugar que ocupa entre los comensales sino porque detenta laquola autoridad mayor y maacutes perfectaraquo (τὴν μεγίστην καὶ τελειοτάτην ἀρχήν) laquopor haber otorgado leyes a los ateniensesraquo (νόμους Ἀθηναίοις θέμενος) Para una visioacuten de Soloacuten como representante de una sabiduriacutea antigua que laquolejos de ser puramente teoacuterica se proyecta hacia la praxis cotidianaraquo cf Peacuterez Jimeacutenez (1991) 688

63 No nos parece irrelevante el hecho de que en la parte final de la Vida de Soloacuten (316‑7) se aluda a su vertiente poeacutetica iquestes eacutesta ‑nos preguntamos‑ una manera de sugerir la pervivencia del νομοθέτης ateniense

64 En este sentido Numa se asemeja mucho maacutes a los laquodulcesraquo personajes griegos que a los rudos romanos cf Martin Jr (1960) y De Romilly (1979) Sobre la dulzura (πρᾳότης) en los personajes plutarqueos veacutease tambieacuten Frazier (1996)

65 Num 22‑866 Num 32‑4

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Legislar teniacutea un precio

austero reflexivo y sosegado67 al recibir a los enviados que le ofreciacutean la corona se mostroacute reacio a aceptarla ya que ndashafirmabandash su manera de ser tan alejada de las praacutecticas guerreras no era apropiada para regir al belicoso pueblo de Roma68 Convencido a la postre por argumentos que le exhortaban a actuar en favor del bien comuacuten69 y confirmada por signos favorables la buena disposicioacuten de la divi‑nidad Numa accede a convertirse en rey de la agitada urbe70 eacutel que laquohabiendoraquo otrora laquoabandonado las ocupaciones propias de la vida en la ciudadraquo (ἐκλείπων τὰς ἐν ἄστει διατριβάς) se complaciacutea en frecuentar parajes solitarios71

Su primera medida de gobierno consiste en la supresioacuten de la guardia perso‑nal creada por el anterior monarca la segunda en la institucioacuten de un sacerdocio en honor de Roacutemulo72 Tras estas dos disposiciones tomadas seguacuten Plutarco laquopara obtener benevolencia y gratitud del puebloraquo (ἐπrsquoεὐνοίᾳ καὶ χάριτι τοῦ δήμου) Numa emprende la difiacutecil tarea de pacificar la ciudad73 Y para lograr su objetivo no vacila en servirse de la religioacuten introduciendo nuevos rituales74 fomentando los temores supersticiosos de la poblacioacuten75 o atribuyeacutendose una particular relacioacuten con divinidades76

Entre sus reformas de aacutembito religioso destacan la prohibicioacuten de repre‑sentar a los dioses por medio de imaacutegenes de hombres o animales77 el fomento

67 Num 37‑41 Sobre el caraacutecter del Numa plutarqueo orientado laquopor naturalezaraquo (φύσει) hacia la virtud cf Peacuterez Jimeacutenez (1994)

68 Num 51‑869 Un argumento muy del agrado de los estoicos Sobre el controvertido tema de la relacioacuten

de Plutarco con el estoicismo creemos que todaviacutea son relevantes las opiniones de Babut (1969) Para una visioacuten actualizada de este tema cf Opsomer (2014)

70 Num 61‑5 73‑7 Sobre la ejemplaridad para Plutarco del acceso del rey Numa al poder cf Peacuterez Jimeacutenez (1995)

71 Num 41 Plutarco (Num 52) subraya el sacrificio de Numa explicando que laquocostoacute seguacuten parece un esfuerzo no pequentildeo y requirioacute muchos argumentos y ruegos persuadir y hacer cambiar de opinioacuten a un hombre que habiacutea vivido en paz y tranquilidadraquo (ἦν δrsquo οὐ μικρόν ὡς ἔοικεν ἔργον ἀλλὰ καὶ λόγων πολλῶν καὶ δεήσεως τὸ πεῖσαι καὶ μεταστῆσαι γνώμην ἀνδρὸς ἐν ἡσυχίᾳ καὶ εἰρήνῃ βεβιωκότος) y ponerle al frente de laquouna poblacioacuten que en cierta manera habiacutea nacido y habiacutea crecido gracias a la guerraraquo (πόλεως τρόπον τινὰ καὶ γεγενημένης πολέμῳ καὶ συνηυξημένης)

72 Num 78‑9 Sobre la actitud del legislador Numa con respecto a la escritura veacutease la nota 20

73 Num 8174 Num 8375 Num 84 Aunque en general Plutarco desaprueba las praacutecticas supersticiosas ‑su tratado

Sobre la supersticioacuten (Moralia 164E‑171E) no permite abrigar dudas al respecto‑ puede sin embargo mostrarse comprensivo cuando un dirigente hace uso de ellas con la intencioacuten de conseguir los objetivos (por supuesto adecuados) que persigue (veacutease p e Dio 241‑3) A propoacutesito precisamente de las obras Sobre la supersticioacuten y Vida de Numa Van Nuffelen (2011) presenta al queronense como un atento observador de las transformaciones que experimentan las tradiciones religiosas

76 Num 810‑11 y 151‑677 Num 813

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de sacrificios incruentos78 la institucioacuten de los sacerdotes Pontiacutefices79 la de los Feciales80 y la de los Salios81 la consagracioacuten de las Viacutergenes Vestales82 y la regla‑mentacioacuten relativa a usos fuacutenebres83

Pero las innovaciones no podiacutean centildeirse exclusivamente a un contexto reli‑gioso Preocupado por la existencia de una masa de ciudadanos indigentes Numa decide servirse de las tierras que habiacutean sido conquistadas por su antecesor y las reparte entre los desheredados Asiacute inclina al pueblo a la praacutectica de la agricultura con el fin de que estos hombres que cultivancivilizan una tierra que les ha sido otorgada resulten tambieacuten ellos cultivadoscivilizados84 y mediante normas adicionales se aplica a incentivar las labores del campo85

Quedaba todaviacutea por abordar un grave problema pues auacuten subsistiacutea la antigua divisioacuten entre sabinos y romanos Para subsanarla el legislador establece nuevos criterios para clasificar a la ciudadaniacutea y distribuye a los individuos en entidades que dariacuteamos en llamar laquogremialesraquo De este modo agrupados en virtud de los oficios que desempentildean los habitantes de la pujante poblacioacuten iraacuten olvidando los antiguos motivos de desunioacuten86

No acaban ahiacute las reformas de Numa Tambieacuten dicta leyes relacionadas con la institucioacuten familiar87 y el calendario88 Y con todo ello consigue hacer de Roma ndashe incluso de las ciudades del entornondash un remanso de paz la violencia desaparece fiestas y banquetes se celebran por doquier las gentes se relacionan entre si en un ambiente de mutua confianza no hay constancia alguna de laquoguer‑raraquo (πόλεμος) laquodiscordia civilraquo (στάσις) ni laquorevolucioacuten poliacuteticaraquo (νεωτερισμὸς περὶ πολιτείαν) y la figura de Numa goza del respeto general89 Cuando alcan‑zados ya los ochenta antildeos fallece el legislador90 su muerte ndashmuerte naturalndash es

78 Num 815 Plutarco atribuye esta medida al igual que otras a la influencia del espartano Pitaacutegoras (cf Num 14) La influencia de Pitaacutegoras en las costumbres romanas habriacutea sido tratada por Caacutestor de Rodas a quien el queronense hace referencia en sus Cuestiones romanas (Moralia 266E)

79 Num 9180 Num 124‑881 Num 131‑782 Num 910 y 101‑583 Num 121‑384 Num 164 Plutarco hace aquiacute un juego de palabras basaacutendose en el teacutermino

συνεξημεροῦμαι En cuanto al reparto de tierras consignado en este capiacutetulo es posteriormente negado en la comparatio entre Licurgo y Numa (Num 3410)

85 Num 166‑786 Num 171‑487 Num 17588 Num 181‑6 y 198‑9 89 Num 203‑7 Plutarco antildeade (208‑12) unas consideraciones sobre las bondades que se

derivan del mandato de un gobernante filoacutesofo En su argumentacioacuten nuestro autor cita (Num 2010) casi textualmente el pasaje 711e de Las Leyes de Platoacuten

90 Num 217

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Legislar teniacutea un precio

acompantildeada tanto en Roma como en otras ciudades de grandes manifestacio‑nes de duelo91

Asiacute termina la vida del anciano rey que supo renunciar a la apacible vida que tanto le agradaba para regir los destinos de la inquieta Roma poniendo de manifiesto una vez maacutes que para el queronense el ejercicio de la funcioacuten de νομοθέτης va ligado a la ineludible necesidad de pagar un precio por ello Pero no acaba ahiacute la informacioacuten plutarquea sobre Numa pues el bioacutegrafo nos hace saber que tras la muerte del monarca los romanos volvieron a hacer uso de las armas92 y en la comparatio que establece entre Licurgo y Numa Plutarco subraya el fracaso que supone para la constitucioacuten de Numa el regreso de Roma a sus antiguas praacutecticas guerreras93 En cuanto a la causa de tal infortunio el quero‑nense es tajante seguacuten eacutel Numa se equivocoacute gravemente cuando a diferencia de Licurgo no organizoacute un sistema educativo soacutelido disciplinario e igual para todos los ciudadanos94

Publiacutecola

Pasamos acto seguido a ocuparnos de un legislador que aun sin ser de es‑tirpe real tuvo algo que ver con la institucioacuten monaacuterquica pues contribuyoacute a der‑rocarla Se trata de Publio Valerio a quien los romanos dieron el sobrenombre de Publiacutecola95 Eacuteste que se distinguiacutea por su amor a la justicia y su generosidad para con los necesitados pareciacutea destinado al liderazgo si alguacuten diacutea llegaba a instalarse en Roma lo que Plutarco llama laquoun reacutegimen democraacuteticoraquo (δημοκρατία)96 pero al ser depuesto por el pueblo el rey Tarquinio el Soberbio vio frustradas sus aspiraciones a pesar de haber colaborado eacutel personalmente al derrocamiento97

Decepcionado Valerio se retira momentaacuteneamente de la escena poliacutetica98 pero tan pronto como Tarquinio intenta recuperar el poder reacciona y toma parte muy activa en la desactivacioacuten de una conjura que teniacutea por objetivo la rein‑troduccioacuten de la realeza99 En recompensa a sus servicios Valerio es nombrado

91 Num 22192 Num 221193 Num 361094 Num 367 Pensamos que eacutesta es una criacutetica severa que aleja a Numa del prototipo del

Gobernante Ideal Por su parte Boulet (2005) ve en el retrato plutarqueo del monarca romano un claro ndashy premeditadondash distanciamiento del queronense con respecto a la figura platoacutenica del Rey‑Filoacutesofo Si el alejamiento defendido por Boulet se ajusta a la realidad no creemos que deba producirnos extrantildeeza ya que por decirlo en palabras de Hershbell (2004) Plutarco fue un laquoPlatonisthellipunorthodoxraquo Cf Dillon (2014)

95 Publ 1196 Publ 1297 Publ 13‑5 Plutarco da a la actuacioacuten de Valerio un valor claramente superior al que le

otorgan Dionisio de Halicarnaso (467‑72) y Tito Livio (158‑591‑2)98 Publ 21 99 Publ 22‑76

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coacutensul100 mientras el rey destronado busca ndashy obtienendash el apoyo de los etruscos101 Se libra un feroz combate en el que el ejeacutercito romano consigue la victoria y Valerio tiene ocasioacuten de celebrar triunfo siendo ndashsostiene Plutarcondash el primer coacutensul que entra en la urbe montado en una cuadriga102

Pero el flamante vencedor seraacute pronto objeto de criacutetica pues el pueblo cree ver en su conducta atisbos de despotismo concentra en su persona toda la auto‑ridad habita en una mansioacuten maacutes imponente que la del antiguo rey y se presenta escoltado laquopor todas las fasces y hachas juntasraquo (ὑπὸ ῥάβδοις ὁμοῦ πάσαις καὶ πελέκεσι)103 Valerio reacciona con prontitud reuacutene a un buen nuacutemero de al‑bantildeiles y en una noche echa abajo la casa y la destruye hasta los cimientos104 No tardaraacute el pueblo en hacerle donacioacuten de un terreno donde podraacute edificar una nueva morada eso siacute maacutes austera que la anterior105

En cuanto a las insignias suprimioacute las hachas y decretoacute que las fasces se incli‑naraacuten ante el pueblo106 medida que fue muy del agrado de las gentes que dieron a Valerio el sobrenombre de Publiacutecola teacutermino que seguacuten Plutarco equivale a δημοκηδής laquosoliacutecito con el puebloraquo107 Por otra parte concedioacute laquoa quienes quisie‑ranraquo (τοῖς βουλομένοις) la posibilidad de presentar candidatura para compartir el consulado junto a eacutel Pero antes de que se procediera al nombramiento de su colega en el cargo se valioacute de la feliz circunstancia de ser el uacutenico coacutensul en ejercicio para instaurar medidas poliacuteticas de suma importancia108 Asiacute nombroacute nuevos senadores109 otorgoacute mayores derechos al pueblo110 dictoacute pena de muerte sin proceso previo para aquel que pretendiera erigirse en tirano111 y organizoacute la recaudacioacuten de impuestos112

100 Publ 77101 Publ 91102 Publ 92‑9 Sobre el triunfo de Valerio cf Plu Rom 167‑8 y D H 2342 103 Publ 101‑2 Plutarco pone eacutenfasis en la narracioacuten utilizando el estilo directo es el pueblo

quien pronuncia estas palabras de reproche Sobre la desaprobacioacuten de los romanos ante la conducta de Valerio cf las narraciones maacutes comedidas de Dionisio de Halicarnaso (5181) y Tito Livio (276)

104 Publ 105 En las Cuestiones Romanas (Moralia 285F) se hace alusioacuten al hecho de que la casa situada en lo maacutes alto es percibida por las gentes como una amenaza por su elevada situacioacuten Dionisio de Halicarnaso (5192) no menciona la destruccioacuten de la morada seguacuten eacutel Publiacutecola cambioacute de domicilio con el fin ndashdeclaroacute el propio interesadondash de que los romanos pudieran lanzarle piedras desde arriba si le sorprendiacutean cometiendo alguacuten acto injusto Valerio Maacuteximo en cambio siacute alude (411) a la destruccioacuten de la casa y lo hace ademaacutes en un tono grandilocuente

105 Publ 106106 Publ 107 107 Publ 108‑9 En D H 5195 hallamos la misma ndashmaacutes que discutiblendash etimologiacutea108 Publ 111109 Publ 112110 Publ 113‑4111 Publ 121‑2112 Publ 123‑4

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Legislar teniacutea un precio

Tras estas disposiciones designoacute como colega suyo en el cargo a Lucrecio que fallecioacute pocos diacuteas despueacutes del nombramiento siendo sucedido por Marco Horacio113 En cuanto a Publiacutecola sufrioacute a causa de los honores recibidos por su doble condicioacuten de legislador y liacuteder militar la envidia de laquomuchos poderososraquo (πολλοὶ τῶν δυνατῶν) los cuales frustraron su deseo de consagrar el templo de Juacutepiter Capitolino114 Pero ello no fue obstaacuteculo para que Valerio continuara su exitosa carrera pues llegoacute a ser nombrado coacutensul por cuarta vez115 Su muerte acaecida despueacutes de lograr para Roma una gran victoria contra los sabinos causoacute un hondo pesar en la poblacioacuten116

Pero el dolor con que Roma reacciona ante la desaparicioacuten del liacuteder no debe hacernos olvidar las suspicacias que antantildeo despertara en la plebe y la envidia que posteriormente suscitoacute entre los poderosos En un caso la situacioacuten se saldoacute con la destruccioacuten por parte de Valerio de la suntuosa mansioacuten que poseiacutea y en un elocuente gesto de reconocimiento de la voluntad popular en el otro llevoacute las de perder pues no consiguioacute realizar el prestigioso ritual que ambicionaba La disensioacuten con el pueblo fue anterior al ejercicio de la actividad legisladora de hecho es gracias a la reconciliacioacuten con las masas que Publiacutecola tuvo la oportu‑nidad de ejercer como νομοθέτης En cambio el incidente con la eacutelite romana se produjo con posterioridad ndashy a consecuencia dendash su tarea como legislador (Plutarco lo indica con claridad) En este sentido podemos considerar que Publiacutecola pagoacute un doble tributo ndashla peacuterdida de su morada y la imposibilidad de llevar a cabo un ritual de alta relevanciandash por su νομοθεσία

Licurgo Soloacuten Numa y Publiacutecola establecen unas leyes por las que debe regirse la sociedad de la que forman parte y por ello reciben de Plutarco la de‑nominacioacuten de νομοθέτης117 Hay sin embargo entre los personajes biografiados

113 Publ 125‑6114 Publ 141‑7 Sobre φθόνος la envidia caracteriacutestica humana que de ninguacuten modo pasa

inadvertida a Plutarco Verdegem (2005) en una aportacioacuten en torno a les Vidas de estadistas atenienses del siglo v a C establece una clara diferencia entre laquopeer‑envyraquo que salvando la distancia cronoloacutegica seriacutea a nuestro entender el sentimiento que Publiacutecola despertoacute entre los poderosos y laquopopular envyraquo que experimenta la turba con respecto a los liacutederes contra quienes haciacutea aplicar en la Atenas claacutesica la medida llamada ostracismo Sobre el valor que el queronense otorga al ostracismo cf Jufresa Muntildeoz amp Fau Ramos (2011) Por otra parte Frazier (1996) atribuye al φθόνος de los personajes plutarqueos un laquocaractegravere quasi automatiqueraquo (p 109)

115 Publ 211116 Publ 231‑5 y 246 Plutarco (Publ 234) pone de relieve que el pueblo decidioacute que el

cuerpo de Publiacutecola fuera enterrado a expensas puacuteblicas dato que hallamos tambieacuten en Dionisio de Halicarnaso (5482‑3) y Valerio Maacuteximo (441) con la diferencia de que estos dos autores indican que ello se debioacute a la situacioacuten de pobreza extrema en que murioacute el estadista

117 Lyc 11 99 141 Sol 143 165 186 Num 93 1412 2310 2513 Publ 121 143 A un lector atento no le habraacute pasado inadvertido el hecho de que no hayamos mencionado ni a Agis ni a Cleoacutemenes personajes que intentaron en vano restaurar la laquobella y justa constitucioacutenraquo (πολιτείαν καλὴν καὶ δικαίαν) de Licurgo (Agis et Cleom 210) Ciertamente ambos pusieron todo su ahiacutenco en la empresa y ambos sufrieron por ello serias penalidades Agis perdioacute la vida

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por el queronense sujetos a quienes eacuteste no aplica el calificativo de νομοθέτης sino el de οἰκιστήςκτίστης (laquofundadorraquo) o bien les atribuye la accioacuten de οἰκιζεῖνκτιζεῖν (laquofundarraquo) una poblacioacuten Estos individuos fundan (o refundan) una comunidad cosa que les obliga a fijar unas normas Ejercen pues en cierto modo como legisladores y se arriesgan por tanto a contrariar voluntades ajenas Tambieacuten estos personajes de quienes nos ocuparemos ahora sucintamente estaacuten expuestos a pagar un precio por llevar a cabo su cometido

Teseo

Del οἰκιστής Teseo118 nos interesa especialmente su tarea como autor del llamado sinecismo Plutarco nos brinda al respecto una detallada descripcioacuten Seguacuten eacutel tras la muerte del rey Egeo su hijo Teseo se propone laquouna empresa grande y admirableraquo (μέγα καὶ θαυμαστὸν ἔργον) consistente en reunir a todos los habitantes del Aacutetica en una sola ciudad formando con ellos un uacutenico Estado dotado de instituciones comunes119 Pero antes de dar comienzo a su labor re‑corre la regioacuten para informar del proyecto a todos los pobladores Los ciudadanos no relevantes acogen al punto su llamamiento Los ricos en cambio se muestran reticentes y para convencerlos Teseo les ofrece un sistema de gobierno carente de rey y les promete que tan soacutelo reservaraacute para si mismo las funciones de dirigente militar y de laquocustodio de las leyesraquo (νόμων φύλαξ)120

Tras las explicaciones Teseo pone manos a la obra suprime los organismos anteriores y sienta las bases para el establecimiento de una polis a la cual da el

(Agis et Cleom 201) su madre su abuela y su hermano fueron asesinados (Agis et Cleom 202‑7 y 263) y su esposa obligada a contraer matrimonio con el hijo de un enemigo (Agis et Cleom 221‑3) Cleoacutemenes por su parte se vioacute forzado a entregar como rehenes del rey de Egipto a parte de su familia (Agis et Cleom 434‑8) perdioacute a su hermano en combate (Agis et Cleom 496‑7) tuvo que huir de Esparta (Agis et Cleom 503‑4) y fue arrestado en Egipto (Agis et Cleom 567) donde acaboacute suicidaacutendose tras haber intentado provocar un alzamiento contra el rey (Agis et Cleom 576‑5816) y una vez muerto continuaraacuten por asiacute decir las penalidades de Cleoacutemenes ya que el monarca egipcio ordena que su cadaacutever sea ultrajado y que sus hijos su madre y las mujeres del entorno de eacutesta reciban la muerte (Agis et Cleom 594) No obstante he decidido omitir la referencia a estos personajes porque sus esfuerzos por reinstaurar la constitucioacuten de Licurgo no se vieron coronados por el eacutexito y sobre todo porque a diferencia de lo que ocurre con Licurgo Soloacuten Numa y Publiacutecola a Agis y a Cleoacutemenes no les es otorgada por parte de Plutarco la denominacioacuten de νομοθέτης Por lo que a Agis se refiere Roskam (2005) considera que constituye para el queronense el modelo ideal del joven que se dedica a la poliacutetica

118 Thes 15 No entraremos aquiacute a discutir hasta queacute punto podriacutea sentirse Plutarco motivado a biografiar al fundador miacutetico de Atenas ni nos pronunciaremos sobre el no disimulado escepticismo sobre el particular que se le atribuye cf Sirinelli (2000) 301 Por cierto que la obra que acabamos de consignar corresponde a una de las maacutes acreditadas biografiacuteas plutarqueas comparable a las de Jones (1971) Russell (1973) y Lamberton (2001)

119 Thes 241 En la versioacuten plutarquea el sinecismo va maacutes allaacute de la unificacioacuten exclusivamente poliacutetica que describe Tuciacutedides (215)

120 Thes 242

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nombre de Atenas funda la festividad de las Panateneas para que sea celebrada por el conjunto de la comunidad instaura tambieacuten la fiesta de las Metecias y abdica ndashtal como habiacutea prometido‑ de la corona121

A continuacioacuten se dispone a organizar el nuevo Estado laquoempezando a partir de los diosesraquo (ἀπὸ θεῶν ἀρχόμενος)122 toma medidas para favorecer el crecimiento vegetativo de la polis establece clases entre la ciudadaniacutea asig‑nando un status especiacutefico a cada colectivo acuntildea moneda y fija los liacutemites de Atenas123

Pero al eficiente Teseo tambieacuten le llega la hora de pagar un precio por la tarea realizada124 Un tal Menesteo descendiente de Erecteo emprende una insi‑diosa campantildea contra el fundador soliviantando a laquolos poderososraquo (οἱ δυνατοί) que consideraban que Teseo les habiacutea sustraiacutedo prerrogativas y perturbando asimismo a laquola multitudraquo (οἱ πολλοί) so pretexto de haber perdido seducidos por un espejismo de libertad la patria los templos y los gobernantes que les eran propios yendo a caer bajo la autoridad de un extranjero125 La suerte sonriacutee al alborotador pues los Tindaacuteridas invaden el Aacutetica tal vez ndashapunta Plutarcondash a peticioacuten del propio Menesteo quien se encarga ademaacutes de facilitarles la entrada a la ciudad de Atenas126 De resultas de ello ndashel queronense tiene sus dudas al respectondash Etra la madre de Teseo habriacutea sido hecha prisionera127

El fundador intenta volver a ejercer su autoridadhellip en vano Al fin profun‑damente decepcionado abandona Atenas para siempre no sin antes maldecir a sus habitantes128 Teseo pereceraacute lejos de la patria y su muerte no provocaraacute reaccioacuten alguna en la ciudad129 Mucho tiempo habraacute de transcurrir para que la polis reconozca sus meacuteritos y le rinda los debidos honores que comportaraacuten la

121 Thes 243‑4122 Thes 244 Plutarco no concreta en queacute consiste esta actuacioacuten del fundador123 Thes 251‑4 Por si esta considerable labor fundacional no fuera suficiente somos

informados por Plutarco (Thes 265‑7) de que Teseo es tambieacuten οἰκιστής de la ciudad de Pitoacutepolis de la cual parte despueacutes de haber designado a quienes ejerceraacuten de gobernantes y legisladores

124 Un precio ndashrecordemosndash que ya habiacutea empezado a pagar cuando para persuadir a sus conciudadanos ricos se habiacutea comprometido a renunciar a la corona

125 Thes 321 En este pasaje Plutarco se hace eco de la atribucioacuten a Menesteo del hecho de haber sido laquoel primer hombreraquo (πρῶτος hellip ἀνθρώπων) en laquoejercer de demagogoraquo (δημαγωγεῖν)

126 Thes 322ndash332127 Thes 341128 Thes 353‑5 Esta miacutetica maldicioacuten sirve a Plutarco como αἴτιον para explicar la

etimologiacutea del laquoAraterioraquo o laquolugar de las maldicionesraquo 129 Thes 356‑7 En la descripcioacuten del fracaso que experimenta Teseo al intentar recuperar

el poder Plutarco se sirve de una terminologiacutea poliacutetica (usa en voz pasiva los verbos καταδημαγωγέω y καταστασιάζω) que utiliza tambieacuten en Per 92 y 5 Por otra parte nos parece significativo que la biografiacutea de Teseo no concluya con la alusioacuten a su fallecimiento sino que incorpore (Thes 358ndash365) la mencioacuten de los honores recibidos mucho tiempo despueacutes de su muerte por el fundador de hecho para el queronense el final de una vida no ha de coincidir necesariamente con el final de la biografiacutea cf al respecto Pelling (1997)

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necesidad de laquorecuperarraquo los restos del οἰκιστής y de trasladarlos solemnemente a Atenas130 permitiendo con ello a Cimoacuten el gran adversario de Temiacutestocles apropiarse de la figura del ilustre fundador131

Roacutemulo

La indiferencia que acompantildea al amargo fin de Teseo contrasta con el re‑vuelo que se originoacute en Roma tras la desaparicioacuten de aqueacutel a quien Plutarco considera laquopadreraquo (πατήρ)132 de la urbe que laquofundoacuteraquo (ἔκτισε)133

No es poco ciertamente lo que Roma debe a su οἰκιστής pues ademaacutes de ser el fundador material de la ciudad134 tomoacute unas medidas que seriacutean determi‑nantes para el futuro de la poblacioacuten Asiacute establecioacute los criterios con arreglo a los cuales debiacutean ser clasificados los ya numerosos habitantes de la urbe135 fue corresponsable del pacto crucial sellado entre sabinos y romanos136 introdujo cambios en el armamento137 e instituyoacute nuevos rituales138 El queronense le atri‑buye tambieacuten la promulgacioacuten de algunas leyes ndashἔθηκεhellip νόμους τινάς139 dice textualmentendash como las que hacen referencia al repudio de la esposa140

Pero llegado el liacuteder romano al zeacutenit de la gloria experimentoacute una profunda transformacioacuten en su manera de ser y adoptoacute maneras impropias vistioacute lujosos

130 Thes 358ndash365 Sobre las acciones cultuales relacionadas con el οἰκιστής ateniense cf Plaacutecido (1994) Por otra parte creemos que en la valoracioacuten plutarquea del descalabro sufrido por Teseo tiene un peso considerable la conducta poco edificante del ateniense en relacioacuten con Helena a quien eacuteste que a la sazoacuten contaba cincuenta antildeos habiacutea raptado cuando la muchacha todaviacutea no era nuacutebil (cf Thes 292 y 311‑3) En este contexto consideramos que aunque no se centra en la figura de Teseo es esclarecedora la obra de Beneker (2012) quien asimismo nos brinda datos relevantes en un trabajo posterior cf Beneker (2014) Sobre los valores morales en la obra del queronense cf Duff (1999) y Van Hoof (2010)

131 Thes 362‑3 y Cim 85‑7 En el marco de la poliacutetica ateniense de la primera mitad del siglo V a C no es en modo alguno insoacutelita la utilizacioacuten en beneficio propio de un dios o de un heacuteroe Asiacute mientras Cimoacuten opta por valerse del miacutetico Teseo Temiacutestocles se sirve de la figura de Aacutertemis cf Fau Ramos (2007) Veacutease al respecto Podlecki (1971) y Piccirilli (1987)

132 Thes 15133 Thes 22134 Rom 111‑4135 Rom 131‑8 Cf Id 201‑3 En Rom 137‑8 el queronense nos ofrece una descripcioacuten

tan idealizada como paternalista de los viacutenculos establecidos entre patroni y clientes descripcioacuten que ha sido relacionada con la que nos brinda Dionisio de Halicarnaso (210)

136 Rom 199‑10137 Rom 211138 Rom 211 y 221139 Con esta expresioacuten parece evidente que si bien Plutarco no aplica a Roacutemulo el calificativo

de νομοθέτης siacute que de facto lo tiene por tal140 Rom 223 La informacioacuten plutarquea sobre las leyes de Roacutemulo es ciertamente escueta

Para una visioacuten mucho maacutes amplia que incluye los derechos hereditarios de las mujeres la aplicacioacuten de la pena de muerte a la esposa en caso de adulterio o embriaguez las obligaciones filiales para con los progenitores y la potestad paterna sobre los hijos cf D H 225‑26

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semejante oraacuteculo lo que haciacutea el dios en realidad era exhortar a los griegos a que abandonasen las guerras frecuentasen las musas apaciguasen sus pasiones con ayuda de la razoacuten y guardasen entre siacute relaciones paciacuteficas y fecundas39

Los dos sucesos trasladan un mensaje confuso Pues hablan de los griegos no de filoacutesofos de guerras y cuestiones de justicia no de rebeliones liberadoras engloba ademaacutes la filosofiacutea en un conjunto de actividades que parece cifrar la παιδεία griega en general Pero ambos de alguna manera ofrecen una primera justificacioacuten del rechazo de Epaminondas Con ellos se pone en praacutectica la lla‑mada laquoredefinicioacutenraquo teacutecnica literaria practicada por diversos autores antiguos y frecuente en las Vidas paralelas Consiste en formular enunciados vagos y gene‑rales que a lo largo de la obra y en pasajes posteriores se concretan y alcanzan un grado mayor de individualizacioacuten40 Los dos incidentes mencionados no son ademaacutes la uacutenica prefiguracioacuten encaminada a justificar de manera previa y alusiva la inhibicioacuten de Epaminondas La misma funcioacuten cumple el diaacutelogo sobre la pobreza Epaminondas mudo en la discusioacuten demonoloacutegica central toma aquiacute la palabra para entrar en controversia con Teanor

Teanor personaje ficticio es un filoacutesofo pitagoacuterico natural de Crotona En fechas anteriores otro pitagoacuterico Lisis se habiacutea refugiado en Tebas Acogido en la casa de Polimnis padre de Cafisias y Epaminondas habiacutea llevado en esa casa pobre una vejez dichosa Teanor llega comisionado por las ricas comunidades pitagoacutericas de Italia Eacutestas quieren recompensar a Polimnis y sus hijos con una suma que aliviaraacute su pobreza Pero Epaminondas se niega a aceptar tal recom‑pensa negativa que da lugar a la controversia que mantiene con Teanor

El discurso sobre la pobreza es la uacutenica ocasioacuten en que Epaminondas rompe sustancialmente su silencio pues es el uacutenico pasaje en el que el ldquocentro ausenterdquo de la obra Epaminondas expone sus ideas de manera razonada y recurriendo a categoriacuteas filosoacuteficas Pronunciado en diaacutelogo con Teanor puede dividirse en dos secciones la primera (583D‑E) de extensioacuten breve comenta la inutilidad de las riquezas aportadas por Teanor que Polimnis y sus hijos habriacutean de emplear en cosas superfluas La segunda (584C‑585D) maacutes amplia y densa comienza con la defensa de la pobreza como ejercicio frente a aquellas pasiones (ἐπιθυμίαι) que proceden del exterior (ἐπήλυδες) y tienen como fuente las falsas opiniones (κενῶν δοξῶν) el deseo de riquezas (φιλοπλουτία) es una de esas pulsiones accesorias y superfluas como lo es tambieacuten el deseo de gloria (φιλοδοξίαν) Pos‑teriormente Epaminondas ahonda en su planteamiento como adiestramiento para el autodominio (ἐγκρατείας) la contencioacuten frente a los placeres beneficia al alma y de la misma manera beneficia a la praacutectica de la justicia el ejercicio contra

39 Gen Socr 579B‑D40 Cf Pelling (1988) 12‑13 (1990) 230

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el deseo de riquezas41 El discurso finaliza con la alabanza del hombre que sabe rehusar favores y daacutedivas de amigos y reyes incluyendo los dones de la fortuna (τύχης) tal hombre no ve alterado su juicio (οὐδὲ θορυβεῖ τὴν διάνοιαν) y es capaz de perseverar ufano y sereno en la praacutectica de la excelencia

Es de notar que los argumentos de Epaminondas no aparecen en otra obra de Plutarco dedicada especiacuteficamente a combatir la avaricia el de cupiditate di‑vitiarum (523C‑528B) Es este uno de los tratados clasificados por Ziegler bajo el roacutetulo de ldquofilosoacuteficos‑popularesrdquo y estudiados recientemente por L Van Hoof Frente a lo que sugiere su roacutetulo observa Van Hoof tales tratados tienen como destinatario a la eacutelite econoacutemica poliacutetica y social del mundo grecorromano Son por otra parte tratados de orientacioacuten fundamentalmente praacutectica Con ellos Plutarco no persigue ldquoconvertir a la filosofiacuteardquo ni lograr que sus lectores olviden sus ambiciones poliacuteticas y sociales Maacutes bien intenta ofrecerles una guiacutea que le ayude afrontar los problemas derivados de su posicioacuten dirigente La meta no es por tanto cambiar las expectativas de liderazgo o rebajar las pretensiones de poder e influencia propios y sustanciales de una clase como aquella que conforma la audiencia de los mal llamados ldquotratados filosoacutefico‑popularesrdquo Por el contrario lo que hace Plutarco es poner la filosofiacutea al servicio de sus aspiraciones42

El de cupiditate divitiarum emplea un tono admonitorio sus ideas son sen‑cillas y basadas en la experiencia o si se quiere en motivaciones prefilosoacuteficas y sus consejos no constituyen un obstaacuteculo sino una ayuda para la realizacioacuten de las ambiciones sociales que pueda albergar el lector Despliega en suma el conjunto de teacutecnicas y estrategias usuales en los tratados de ldquoeacutetica praacutectica al servicio de la eacutelite43rdquo No ocurre lo mismo con el discurso sobre la pobreza de Epaminondas Purgar el alma de las opiniones procedentes del exterior desterrar el ansia de riquezas y el deseo de gloria rehusar los favores de amigos y reyes y los dones de la fortuna son preceptos adecuados para un tipo de hombre que como Epaminondas huye de los conflictos inherentes a la lucha poliacutetica Pero es difiacutecil que con estos atributos Plutarco quiera hacer de Epaminondas un modelo para la oligarquiacutea a quien dirige sus tratados de eacutetica praacutectica Resulta significativa la posicioacuten que ocupa el discurso sobre la pobreza en el texto del de genio Una vez que concluye Epaminondas y despueacutes de que todos expresan su admiracioacuten hacia eacutel se expone una de las maacutes movidas peripecias en la que se vieron envueltos los miembros de la conjura Tras grandes sobresaltos y fuertes discusiones entre diversos implicados en la trama el asunto vino a resolverse por siacute solo e inespe‑radamente

41 El texto griego no es en este pasaje enteramente claro Quizaacutes es consecuencia de ello que frente a la lectura de los manuscritos (δικαιοσύνῃ) Russell (2010) proponga leer δικαιοσύνης

42 Van Hoof (2010) 28‑3743 Van Hoof (2010) 55‑56

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ldquoUn singular trastorno habiacutea hecho presa en nuestro aacutenimo Llenos poco antes de desazoacuten al ver nuestra empresa frustrada la presioacuten de las circunstancias y la urgencia que no consentiacutean tregua nos sumiacutea de nuevo en ansiedad y temor44rdquo

Con estas palabras describe Plutarco el estado de aacutenimo de los conjurados a raiacutez del episodio expuesto tras la discusioacuten sobre la pobreza Un estado de aacutenimo que no puede permitirse Epaminondas atento a la contencioacuten de las pasiones y la serenidad de su mente pero que es el propio de quienes participan en el complot revolucionario

El de genio se mueve seguacuten han observado diversos estudios modernos en dos planos el humano y el de los deacutemones el de la contemplacioacuten filosoacutefica y la praacutectica poliacutetica el mortal y el sobrenatural el de los que conocen y el de los que ignoran45 Y en correspondencia sus personajes se ubican en dos niveles Los unos estaacuten instalados en el mundo de la accioacuten y la peripecia son Cafisias el narrador y con eacutel todos los conjurados Otros se ubican en un plano superior el de la filosofiacutea y el contacto con las realidades transcendentes Epaminondas es la muestra maacutes clara pero el ejemplo uacuteltimo es Soacutecrates La incertidumbre el azar y el conflicto parecen preponderantes en el mundo de la accioacuten Asiacute lo indica el ruego que Arquedamo dirige a Cafisias al inicio de la obra la lucha de la virtud y la razoacuten contra las contingencias atrae por lo accidentado de su desarrollo la precariedad impliacutecita en la actuacioacuten humana y la peripecia que ello desencadena es precisamente lo que hace del acontecer histoacuterico un espectaacuteculo digno de intereacutes para el amante del honor y la belleza46 Ahora bien la manera de ver las cosas de Arquedamo se queda en la superficie de los hechos Ciertamente el relato concerniente a la liberacioacuten de la Cadmea se urde a partir de iniciativas y motivaciones humanas sin que el autor del relato Cafisias reclame expresamente la intervencioacuten divina Pero en el de genio la atmoacutesfera estaacute impregnada de un aura sobrenatural A ello contribuyen tanto las alusiones indirectas47 como la acumu‑lacioacuten de episodios y contenidos relacionados con la divinidad y el maacutes allaacute En muchas de sus obras consigna Plutarco su creencia de que el curso de la historia obedece al disentildeo de una fuerza transcendente48 El relato de la liberacioacuten de la Cadmea confirma dicha idea Pues el lector no puede eludir el pensamiento insi‑nuado por diversos procedimientos aunque no explicitado de que la ayuda divina respalda la actuacioacuten de los conjurados49 Ocurre sin embargo que ni Cafisias ni los demaacutes partiacutecipes de la conjura pueden acceder a esa visioacuten de las fuerzas

44 Gen Socr 588A45 Desideri (1984) 581 Hershbell (1988) 374‑378 Babut (1988) 384‑389 Brenk (1996)

41‑44 Georgiadou (1996) 114 Hardie (1996) 13346 Gen Socr 575B‑D47 Babut (1988) 385‑38648 Tratamiento del tema en Barigazzi (1984) y Swain (1989)49 Babut (1988) 386‑389

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sobrenaturales rectoras de los sucesos Y no acceden precisamente por estar in‑mersos en el mundo de la actuacioacuten y la peripecia Las pulsiones procedentes del exterior embargan su aacutenimo de manera que en expresioacuten de Brenk laquothey see only the apparent succession of chance occurrencesraquo50 Arquedamo tampoco tiene acceso al plano donde operan las fuerzas sobrenaturales Y evidentemente la misma ceguera afecta a esos laquoamantes del honor y la bellezaraquo ante los cuales invita a hablar a Cafisias Un puacuteblico ilustre cuya presentacioacuten hace Arquedamo subrayando su pertenencia a familias poliacuteticamente insignes51 Puacuteblico por tanto equiparable a esa eacutelite social a quien Plutarco dirige sus tratados de eacutetica praacutectica Los dos puacuteblicos el de Cafisias y el del Plutarco podriacutean identificarse con los heacuteroes que liberan la Cadmea Pero difiacutecilmente se identificariacutean con Epaminon‑das que en dos ocasiones rechaza tomar parte en la empresa52

En ambas el rechazo se justifica mediante un argumento ndashla negativa a derramar sangre de sus conciudadanos‑ que situacutea a Epaminondas a un nivel de exigencia eacutetica superior al de los conjurados53 Ahora bien la diferencia entre Epaminondas y los liberadores no radica en la eacutetica Pues al fin y al cabo ningu‑na ofensa eacutetica cabe reprochar a los protagonistas de la heroica liberacioacuten de la Cadmea Radica en el nivel Asiacute lo sugiere la discusioacuten sobre la pobreza Y asiacute lo vuelve a sentildealar el gran debate sobre el daimon de Soacutecrates que da tiacutetulo a al obra

Se debate sobre lo que Soacutecrates mismo llamaba su daimon el principio que lo guioacute a lo largo de su vida e iluminaba sus decisiones en materias inciertas e impenetrables para la inteligencia humana54 El daimon socraacutetico sugiere que Soacutecrates conociacutea de alguna manera los acontecimientos futuros algo que dos personajes del de genio acreditan55 En este sentido el debate versa sobre la adivi‑nacioacuten Las intervenciones de los diferentes personajes configuran tomadas en conjunto un extenso discurso filosoacutefico y religioso Plutarco no se alinea expresa‑mente con ninguna de las opiniones emitidas el tratamiento del tema presenta pues ese final abierto que es tan comuacuten en este autor Las cuestiones que se tocan son variadas pero todas parten de una cuestioacuten baacutesica La adivinacioacuten supone un conocimiento inalcanzable al menos en apariencia a la razoacuten humana Y el debate versa sobre coacutemo es posible acceder a ese nivel superior de inteligencia Miradas desde este punto de vista las opiniones formuladas por los distintos personajes pueden dividirse en dos grandes bloques De un lado Galaxidoro que

50 Brenk (1996) 4251 Gen Socr 575E‑F52 Gen Socr 576D‑E 594B‑C53 En la segunda ocasioacuten se antildeade un motivo maacutes conveniacutea que consumada la liberacioacuten

quedasen hombres a quienes nada pudiese reprocharse por no haber participado en la accioacuten Epaminondas se reserva este papel

54 Gen Socr 580C‑D55 Teoacutecrito (580D‑F) y Polimnis (581D‑E)

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inicia el debate propone una explicacioacuten maacutes proacutexima a los paraacutemetros raciona‑les56 en ella se ha querido ver una muestra de la llamada laquoadivinacioacuten teacutecnicaraquo (τεχνικὸς μαντική artificiosa divinatio)57 Del otro Simias Timarco y Teanor interpretan las premoniciones de Soacutecrates como un caso de comunicacioacuten direc‑ta entre el hombre y la divinidad defienden por tanto la llamada laquoadivinacioacuten naturalraquo (ἄτεχνος μαντική naturalis divinatio)58 Ya se ha dicho que Plutarco no se declara expresamente partidario de ninguna opcioacuten Pero su texto privilegia de manera indirecta los discursos de Simias Timarco y Teanor Asiacute lo sugiere un paacuterrafo del de genio que subraya el papel de Galaxidoro como mero introductor del problema59 Y asiacute lo recogen distintos estudios modernos Galaxidoro seriacutea el oponente racionalista casi siempre estoico habitual en los diaacutelogos religiosos de Plutarco su explicacioacuten se ve devaluada tanto por sus contradicciones internas como por la presencia de procedimientos textuales que rebajan su veracidad y en suma Galaxidoro y el resto de las intervenciones insertas en la seccioacuten dominada por eacutel tendriacutean como funcioacuten principal la de plantear el tema a debatir60

Las propuestas de Simias Timarco y Teanor son evidentemente distintas Actuacutea aquiacute quizaacutes el deseo de presentar el problema bajo luces diversas61 o quizaacutes el complejo planteamiento dramaacutetico que forma parte de las estrategias persuasivas de Plutarco62 Las tres sin embargo coinciden en una idea central la singularidad de aquellos hombres que como Soacutecrates pueden contactar con una realidad por encima del mundo material Para Simias el alma de la mayoriacutea de los hombres se halla embargada por el tumulto de las pasiones y la voraacutegine de las servidumbres vitales de manera que su entendimiento no puede captar las indica‑ciones de los seres superiores en el caso de Soacutecrates por el contrario su intelecto limpio y exento de pasiones (ὁ νοῦς καθαρὸς ὢν καὶ ἀπαθής) percibiacutea faacutecilmente las sentildeales enviadas por los seres divinos63 Seguacuten el mito de Timarco (expuesto por Simias) en el alma (ψυχή) conviven dos partes una inmersa en el cuerpo recibe el nombre mismo de ldquoalmardquo (ψυχή) la otra inaccesible a la corrupcioacuten se llama laquointelectoraquo (νοῦν) estaacute en el exterior del hombre y los entendidos le dan

56 Gen Socr 579F‑582C57 Corlu (1970) 49‑50 Doumlring (1984) 376 Schroumlder (2010) 161 58 Para la distincioacuten entre ambos tipos de maacutentica veacutease Cic div 111ndash12 134 172

1109ndash131 (con el comentario de Wardle (2006))59 Gen Socr 588A ζητήσεως οὐκ ἀγεννοῦς ἀλλ ἧς ὀλίγον ἔμπροσθεν οἱ περὶ Γαλαξίδωρον

καὶ Φειδόλαον ἥψαντο διαποροῦντες τίνος οὐσίας καὶ δυνάμεως εἴη τὸ Σωκράτους λεγόμενον δαιμόνιον

60 Corlu (1970) 19‑20 y 51‑52 Hani (1980) 53 Doumlring (1984) 376‑377 Schroumlder (2010) 161‑162 Donini (2011) 415‑416

61 Sobre el reparto de papeles filosoacuteficos que aquiacute parece efectuar Plutarco veacutease Donini (2011) 412‑419 (2011 [2004]) 442‑443

62 Veacutease Van Hoof (2010) 67‑68 a propoacutesito de determinados laquotratados de eacutetica praacutecticaraquo63 Gen Socr 588D‑E

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el nombre de daimon64 La parte irracional e inmersa en el cuerpo se halla sujeta a la racional e incorruptible Si la sujecioacuten es deacutebil el alma se dejaraacute doblegar por las pasiones soacutelo cuando se fortalece gracias a la educacioacuten aparece el alma capaz de percibir con prontitud las indicaciones de su daimon Algunos hombres sin embargo estaacuten especialmente dotados de suerte que en ellos predomina de forma innata la obediencia a la razoacuten y a su daimon A ellos estaacute reservada la capacidad de percibir la llamada divina65 Teanor afirma que las almas libres de lazos con el cuerpo se convierten en daacuteimones Tales daacuteimones guiacutean los asuntos del hombre Pero no todos los hombres reciben su atencioacuten pues se desentienden de cuantos estaacuten inmersos en los avatares del acontecer soacutelo aquellos que tras mil esfuerzos ascienden a una esfera elevada son recompensados con la ayuda del daimon66

Las tres intervenciones explican las dotes excepcionales de Soacutecrates mediante la existencia de hombres excepcionales Y en las tres esa excepcionalidad requiere una especial disposicioacuten del alma La liberacioacuten de las pasiones y el alejamiento del traacutefago iacutensito en el mundo humano se presentan como condicioacuten necesaria para que haya un Soacutecrates Paradigma del filoacutesofo Soacutecrates es tambieacuten el modelo de Epaminondas El discurso sobre la pobreza al mostrar coacutemo Epaminondas limpia su alma de pasiones e impulsos procedentes del mundo exterior acredita su condicioacuten de filoacutesofo Asiacute se reconoce cuando termina dicho discurso por boca de Simias67

laquoGran hombre grande es Epaminondas y responsable de ello es el aquiacute pre‑sente Polimnis que ha criado a sus hijos desde temprano en la mejor filosofiacutearaquo

Epaminondas tambieacuten es consecuente con su condicioacuten de filoacutesofo cuando rehuacutesa someter su alma al torbellino del acontecer humano y las pasiones aso‑ciadas esto es cuando se niega a participar en la conjura El filoacutesofo parece ser la conclusioacuten no debe participar al menos de manera directa en el torbellino de la vida poliacutetica

El Epaminondas del de genio es una creacioacuten histoacutericamente discutible68 Ciertamente su no participacioacuten en la liberacioacuten de la Cadmea y su formacioacuten filosoacutefica estaacuten suficientemente documentadas Pero Epaminondas es conocido ante todo por su dimensioacuten poliacutetica que aquiacute relega Plutarco para subrayar su

64 Gen Socr 591E65 Gen Socr 592A‑E66 Gen Socr 593D‑594A67 Gen Socr 585D68 Ya Von Stern (1884) 55‑57 sentildealoacute las debilidades del relato que ofrece Plutarco en el

de genio Los estudios posteriores (veacutease por ejemplo Corlu [1970] 19‑20 Barigazzi [1988] 414‑424Georgiadou [1996]) han insistido en el Epaminondas del de genio presenta una factura obediente sobre todo a razones compositivas y de disentildeo

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calidad de filoacutesofo Asiacute construida la figura de Epaminondas traslada un mensaje ndashla no implicacioacuten directa del filoacutesofo en las luchas poliacuteticas‑ que puede tener calado teoacuterico pero tambieacuten sirve a Plutarco para trasladar su posicionamiento ante cuestiones concernientes a su propia persona y al horizonte cultural de su eacutepoca Comparado a otros contemporaacuteneos que por condicioacuten social e incluso actividad literaria estaban a su mismo nivel Plutarco no protagonizoacute una carrera poliacutetica particularmente brillante69 Asumioacute en cambio el papel de consejero y guiacutea de la eacutelite La autoridad necesaria para ello se la confiere la filosofiacutea Pues Plutarco se presenta a siacute mismo como filoacutesofo La exaltacioacuten de Epaminondas es una exaltacioacuten de su propia identidad como filoacutesofo y mentor Epaminondas se mueve a una altura la de la filosofiacutea superior a la de sus afines y compantildeeros los conjurados Esta altura le prohiacutebe descender al plano de la accioacuten directa descenso que contaminariacutea su alma con pulsiones sobrevenidas pero tambieacuten le permite acceder a una realidad inalcanzable para sus compantildeeros Epaminondas eleva asiacute la posicioacuten del filoacutesofo y justifica incluso hace ineludible su alejamiento de la lucha poliacutetica Gracias a ello lo que podriacutea ser una debilidad del propio Plutarco la falta de una carrera puacuteblica brillante se transforma en una eleccioacuten deliberada y necesaria

Tal mensaje adquiere maacutes fuerza si se lo contempla sobre el transfondo cultural de la eacutepoca El auge de las composiciones de exitu illustrium virorum corre en paralelo a la admiracioacuten hacia el filoacutesofo que se enfrenta al poder y sufre castigo por ello Ya se ha dicho que el fenoacutemeno acreditado en diversas fuentes contemporaacuteneas a Plutarco fue propiciado particularmente por el final del rei‑nado de Diocleciano y que el modelo uacuteltimo del filoacutesofo‑maacutertir es Soacutecrates En este contexto adquiere un significado especial la exaltacioacuten del ldquoSoacutecrates tebanordquo Epaminondas Epaminondas se aleja del conflicto puacuteblico para cuidar su alma se distingue por su silencio y pese a ello constituye el ldquocentro ausenterdquo del de genio una composicioacuten articulada en torno a un conflicto civil la liberacioacuten de la Cadmea No resulta inverosiacutemil ver en todos estos datos una respuesta de Plu‑tarco ante el fenoacutemeno del ldquofiloacutesofo‑maacutertir poliacuteticordquo y la admiracioacuten aglutinada en torno a esa figura Respuesta que reivindica rotundamente el papel asumido por el propio Plutarco de filoacutesofo mentor del poliacutetico pero fuera eacutel mismo del traacutefago de la poliacutetica

69 Veacuteanse las observaciones y referencias que ofrece al respecto Van Hoof (2010) 66‑67

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A Esparta de Plutarco entre a guerra e as artes

de um seguidor das leis de Licurgo Nesse sentido Plutarco diz que o dinheiro e o ouro deveriam ser mandados embora de Esparta porque eles eram flagelos importados que despertavam a cobiccedila e promoviam a degeneraccedilatildeo dos costumes (c 17) Desse ponto de vista Lisandro prejudicou Esparta justamente porque promoveu seu enriquecimento e contribuiu para a dissoluccedilatildeo da frugalidade e da simplicidade que caracterizavam o cotidiano dos lacocircnios antes das vitoacuterias espartanas na Guerra do Peloponeso6

Na Vida de Agesilau Plutarco nos conta que o biografado foi o segundo filho de Arquidamo (o primeiro tinha sido Aacutegis) e que por isso ele natildeo seria o herdeiro direto do trono de Esparta De qualquer modo Agesilau foi educado de acordo com a agoge lacedemocircnia e nosso autor faz questatildeo de frisar que em decorrecircncia disso o liacuteder espartano sempre respeitou e praticou as leis de sua cidade (c 1) Mesmo apresentando uma pequena diferenccedila de tamanho de uma perna para a outra ele tinha outras qualidades espartanas como a honestidade a mansidatildeo e a beleza fiacutesica (c 2) Sua formaccedilatildeo foi tatildeo bem sucedida que diferente de Alexandre o grande e de Haniacutebal Agesilau foi um general que conquistou importantes vitoacuterias e mesmo assim nunca deixou de obedecer agraves leis espartanas (c 15) Mesmo depois de tornar‑se um lendaacuterio vencedor ele voltou a Esparta e continuou o mesmo homem de antes sem apresentar nenhuma novidade no seu comportamento diferente de outros estrategos quando voltavam de longas expediccedilotildees a terras estrangeiras (c 19)

Plutarco nos conta que Lisandro ndashque dizem ter sido amante de Agesilau na juventude (c 2)ndash pretendia introduzir muitas inovaccedilotildees e mudanccedilas no governo da Lacocircnia (c 20) Embora outros liacutederes de Esparta como Antaacutelcidas tenham feito acordos com os Persas e tenham abandonado laquocovarde e maldosamenteraquo os gregos da Aacutesia sob o domiacutenio dos baacuterbaros como nos diz Plutarco (c 23) Agesilau sempre foi um defensor da justiccedila Entre os capiacutetulos 29 e 30 da Vida de Agesilau nosso autor nos conta que os espartanos que perderam parentes na bata‑lha de Leuctra (em 371 a C) se alegraram e os que natildeo perderam ficaram tristes De certa forma eles responsabilizaram Agesilau pela derrota e lamentaram ter aceito um rei coxo Contudo Agesilau tinha boa reputaccedilatildeo e era muito virtuoso Prova disso eacute que sem promover nenhuma inovaccedilatildeo ele disse que era preciso fazer as leis dormirem para que retomassem a autoridade que tiveram no passado

Entretanto Plutarco natildeo faz apenas elogios a Agesilau Cartledge (1987 418) observa que ele faz criacuteticas a Agesilau por causa de sua ingratidatildeo em relaccedilatildeo a Lisandro (c 8) e condena seu comportamento porque ele teria hon‑rado mais os amigos do que a justiccedila (c 13 ver tambeacutem Moralia 807d) Aleacutem disso Plutarco via uma relaccedilatildeo direta entre a decadecircncia de Esparta e a ascenccedilatildeo

6 Sobre isso ver Duff (2002) 161‑204 e a introduccedilatildeo de Flaceliegravere e Chambry em Plutarque (1971) 158‑173

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ilegiacutetima de Agesilau ao trono (c 21) Poreacutem no geral nosso autor eacute tatildeo favoraacutevel e simpaacutetico a Agesilau quanto Xenofonte que tambeacutem escreveu uma biografia do rei espartano a qual certamente serviu de base para a Vida composta pelo poliacutemata de Queroneia Segundo Cartledge (1987 418) para Plutarco Agesilau foi a encarnaccedilatildeo das virtudes peculiarmente espartanas simplicidade piedade e autocontrole7

Depois na Vida de Aacutegis e na Vida de Cleocircmenes Plutarco narra os uacuteltimos momentos da histoacuteria da Esparta independente ou seja o ponto mais baixo da decadecircncia daquela cidade Os reis Aacutegis e Cleocircmenes que reinaram no seacuteculo III a C tentaram restaurar os antigos valores dos tempos de Licurgo Eles tinham os dons naturais para levar essa tarefa a cabo Aacutegis tinha grandeza de alma e se insurgia contra os prazeres desde antes dos vinte anos (c 4) natildeo gostava de rou‑pas luxuosas e baniu toda suntuosidade para aderir aos antigos haacutebitos lacocircnios caracterizados pela simplicidade de vida Mas seu exemplo e sua energia natildeo foram suficientes para restaurar os costumes tradicionais e ele foi assassinado ainda muito jovem (cc 19‑21) Aquela Esparta incorrupta e valorosa dos tempos de Licurgo dava seus uacuteltimos suspiros

Cleocircmenes natildeo era parente de Aacutegis mas foi obrigado a se casar com a vi‑uacuteva do rei assassinado ou seja Agiaacutetis Segundo Plutarco (c 1) Cleocircmenes era ambicioso e tinha grandeza de alma Era temperante e simples como Aacutegis Ele tambeacutem quiz restaurar os antigos costumes espartanos (c 11) Primeiro depois de longa disputa poliacutetica abriu matildeo de seus bens Depois distribuiu as terras entre os cidadatildeos Restabeleceu a educaccedilatildeo dos jovens e a disciplina espartana Ele proacuteprio levou uma vida simples e frugal para dar o exemplo aos outros la‑cedemocircnios sem insolecircncia nem orgulho excessivo ou seja como um modelo de temperanccedila (c 13) Mesmo quando perdeu sua esposa Agiaacutetis por quem se enamorara verdadeiramente Cleocircmenes manteve a firmeza e seu caraacuteter elevado e tomou as providecircncias necessaacuterias para garantir a seguranccedila de seus soldados e aliados (c 22) Depois de reinar por dezesseis anos Cleocircmenes morreu (cc 37‑38) e assim terminou a histoacuteria de Esparta como cidade politicamente autocircnoma

Ateacute aqui vimos que podemos encontrar nas Vidas dos liacutederes espartanos escritas por Plutarco aquela imagem caracterizada por um conjunto de valores que parecem ter ganhado forccedila numa eacutepoca lendaacuteria e foram se enfraquecendo conforme o tempo foi passando e Esparta foi estendendo seu poder para fora da Lacedemocircnia Nesse quadro vemos uma cidade altamente militarizada de guerreiros corajosos disciplinados e afeitos a uma vida sem luxos e sem confortos Isso poderia indicar que os espartanos eram um povo rude pouco sofisticado e fechado para as artes

7 Cf tambeacutem a introduccedilatildeo de Flaceliegravere e Chambry em Plutarque (1973) 85‑88 e Shipley (1998) 1‑46

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Poreacutem vaacuterias fontes arqueoloacutegicas vasculares e mesmo literaacuterias nos mostram o contraacuterio Apesar de Tuciacutedides (1102) ter dito que os edifiacutecios em Esparta eram modestos e natildeo correspondiam ao tamanho do poder militar e poliacutetico da cidade dos lacedemocircnios em seu apogeu a avaliaccedilatildeo dos monumentos arquitetocircnicos espartanos precisa ser feita com cuidado Eacute preciso lembrar que Esparta natildeo foi destruiacuteda nas Guerras Meacutedicas como Atenas foi A capital da Aacutetica foi reconstruiacuteda e uma grande soma de dinheiro afluiu para ela por causa das contribuiccedilotildees dos aliados da Liga de Delos Isso natildeo aconteceu com a princi‑pal cidade da Lacocircnia Desse modo nela foram conservados edifiacutecios antigos do seacuteculo VI a C que apresentavam outro estilo de construccedilatildeo mais arcaizante do que claacutessico Dependendo do ponto de vista um estilo pode ser mais valorizado do que o outro

De qualquer modo Pausacircnias (3113) viajante do seacuteculo II d C que fez uma descriccedilatildeo de vaacuterias cidades da Greacutecia daquela eacutepoca nos informa que havia em Esparta vaacuterios monumentos que despertavam a admiraccedilatildeo daqueles que por ali passavam tal como o Poacutertico Persa construiacutedo inicialmente com o butim amealhado na guerra contra os persas Outros exemplos de edifiacutecios que nos uacuteltimos anos vecircm sendo estudados satildeo o templo de Apolo em Amiclas o templo de Aacutertemis Oacutertia e o Menelaion onde eram cultuados Menelau e Helena8

Cartledge (2002 111) nos informa que depois de 690 a C pintores de vasos da Lacocircnia sofreram influecircncia de artistas do Egeu e adotaram o chamado estilo lsquoorientalizantersquo o que mostra que na praacutetica Esparta natildeo estava isolada do resto do mundo helecircnico Ainda segundo Cartledge nessa eacutepoca artesatildeos lacocircnios que trabalhavam com bronze comeccedilaram a se interessar pela representaccedilatildeo de figuras humanas em suas obras e por volta de 650 a C comeccedilou a se desenvolver na regiatildeo de Esparta o uso do marfim para produccedilatildeo de objetos gravados Vemos entatildeo que o ambiente artiacutestico na Lacedemocircnia entre 775 e 650 a C natildeo era de modo algum esteacuteril ou sem importacircncia9

Como Burn (1960 275‑276) explica Esparta natildeo virou suas costas para a arte e a poesia Prova disso eacute que vasos com detalhes refinados foram fabricados ali e exportados para outras regiotildees da Heacutelade ateacute 550 a C mais ou menos Por volta de 600 a C Gitiadas poeta escultor e arquiteto projetou o Templo de Atena tambeacutem conhecido como Casa de Bronze por causa das placas feitas com esse metal para decorar o edifiacutecio E em 585 a C o segundo templo de Oacutertia foi construiacutedo Ou seja havia artesatildeos trabalhando em Esparta no periacuteodo arcaico que produziram obras dignas de admiraccedilatildeo10

8 Para mais informaccedilotildees sobre a arqueologia e a arquitetura espartanas ver Walker (1998) Kaltsas (2007) e Cavanagh (2009)

9 Sobre isso ver tambeacutem Burn (1960) 180‑184 e Stibbe (1996) passim10 Ver tambeacutem Burn (1960) 280‑282 e Cartledge (2002) 133‑136

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No que diz respeito agrave muacutesica Plutarco nos daacute significativos testemunhos da sua importacircncia em ambiente espartano tanto nas Vidas quanto nos Moralia Na Vida de Licurgo no c 4 por exemplo encontramos a informaccedilatildeo segundo a qual o legislador lendaacuterio teria convidado um poeta‑legislador de Creta para ir a Esparta com ele Esse poeta se chamava Tales Mas talvez tenha havido alguma confusatildeo na tradiccedilatildeo manuscrita e esse Tales poderia ser o Taletas de Gortina mencionado algumas vezes no livro Sobre a Muacutesica tambeacutem de Plutarco Ele teria sido o responsaacutevel por curar os espartanos de uma peste com o seu canto11 Aleacutem disso no mesmo c 4 nos eacute dito que Licurgo teria sido o responsaacutevel por levar os poemas de Homero da Jocircnia para sua cidade

Depois no c 21 da mesma Vida Plutarco nos diz que os lacedemocircnios apreciavam se dedicar agrave poesia meacutelica porque as canccedilotildees estimulavam seus espiacuteritos e lhes davam coragem para enfrentar os inimigos nas batalhas Seu estilo era simples e seus temas eram seacuterios com o objetivo de promover uma boa formaccedilatildeo dos caraacuteteres Nelas eram louvados os heroacuteis de Esparta e condenados os covardes que natildeo lutaram ateacute o fim para defender sua cidade Nos festivais eram organizados trecircs coros de acordo com as idades um de velhos outro de adultos e outro de jovens Cada um cantava sobre a sua bravura uns falavam dos seus feitos no passado os outros tratavam das suas accedilotildees no presente e os uacuteltimos cantavam sobre o seu desejo de realizar grandes proezas no futuro Esses seriam os temas baacutesicos das canccedilotildees em Esparta e por isso segundo Plutarco Terpandro e Piacutendaro estavam corretos ao associar bravura e muacutesica e ao mostrar que os espartanos eram o povo mais aguerrido e mais musical

Por isso natildeo era por acaso que os jovens cantavam o nomo de Caacutestor e o peatilde da marcha (c 22) e em todo lugar havia danccedilas festas e banquetes quando natildeo havia expediccedilotildees militares (c 24) Contudo o gosto pela boa muacutesica e pela boa poesia natildeo era caracteriacutestico de todos os habitantes da Lacocircnia tendo em vista que os hilotas danccedilavam e cantavam canccedilotildees vulgares e grotescas diferentes das composiccedilotildees de Aacutelcman Terpandro e Especircndon (c 28) Isso na verdade estava associado ao fato de eles serem escravos e por isso era compreensiacutevel que eles apreciassem canccedilotildees vis como eles proacuteprios

Na Vida de Lisandro encontramos algumas informaccedilotildees que reforccedilam a impressatildeo de que os espartanos tinham sim grande sensibilidade para a muacutesica No c 15 ficamos sabendo que os lacocircnios depois de conquistar Atenas em 404 a C queriam destruir aquela cidade mas apoacutes ouvir um coro da Electra de Euriacutepides desistiram Em seguida no c 18 Plutarco nos conta que Lisandro estava sempre acompanhado do poeta Queacuterilo encarregado de celebrar os feitos do general E outros poetas tambeacutem celebraram Lisandro segundo nosso autor

11 Ver Plu Mus 42 (1146B‑C) e Gostoli (1990) 12‑13 e

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Na Vida de Agesilau c 14 lemos que os espartanos apreciavam uma parte da poesia de Timoacuteteo de Mileto poeta que teria tido algumas cordas de sua ciacutetara cortadas quando de uma sua visita a Esparta porque os eacuteforos julgavam que natildeo seriam necessaacuterias mais do que sete cordas e o instrumento do poeta tinha onze12 Essa anedota indica que os lacocircnios natildeo apreciavam inovaccedilotildees Poreacutem a informaccedilatildeo do c 14 da Vida de Agesilau mostra que eles poderiam aceitar pelo menos uma parte da obra de um poeta inovador desde que essa parte se adequas‑se ao gosto e agraves tradiccedilotildees do local Tambeacutem nessa mesma Vida c 21 Plutarco nos diz que o rei Agesilau apreciava os cantos e as danccedilas mesmo natildeo sendo um lsquoespecialistarsquo nas artes

Por fim na Vida de Aacutegis c 10 encontramos um elogio a Terpandro a Ta‑les (Taletas) e a Fereacutecides porque mesmo sendo estrangeiros professavam o que Licurgo instituiu e por isso foram muito honrados em Esparta Na Vida de Cleocircmenes c 2 somos informados que o rei Leocircnidas elogiou Tirteu algo facilmente compreensiacutevel tendo em vista o caraacuteter estimulante e guerreiro das elegias daquele poeta Aleacutem disso nessa mesma Vida citada por uacuteltimo c 12 Plutarco nos conta que Cleocircmenes certa vez teria encontrado alguns artistas de Dioniso muacutesicos e atores profissionais que iam de cidade em cidade para se apresentar e construiu um teatro Isso mostra que esse rei estimulou de alguma maneira as atividades artiacutesticas mesmo que ele natildeo tivesse o costume de levar artistas com seu exeacutercito de acordo com Plutarco e nem apreciasse apresentaccedilotildees musicais nos seus banquetes (c 13)

Tudo isso mostra que Esparta era uma cidade onde a muacutesica tinha um papel importe na educaccedilatildeo e na guerra e que os lacocircnios natildeo eram um povo obtuso e indiferente ao poder das melodias De acordo com Plutarco tendo em vista agora algumas passagens dos Moralia os espartanos passavam por treinamento rigoroso no que diz respeito agrave muacutesica e agrave poesia e suas canccedilotildees estimulavam os espiacuteritos e faziam com que os homens se sentissem entusiasmados e se esfor‑ccedilassem para ser bem sucedidos Em vaacuterias passagens das suas Obras Morais ele elogia o estilo da muacutesica deles porque ela era simples e natildeo afetada e seus temas eram seacuterios e edificantes Se algueacutem estudasse a poesia e as canccedilotildees de marcha de Esparta acompanhadas pelo aulo essa pessoa concordaria que Terpandro e Piacutendaro estavam certos ao associar valor (andreia) e muacutesica Como vimos acima nos trechos citados das Vidas Plutarco tambeacutem diz que os Espartanos eram o povo ao mesmo tempo mais musical (mousikotatous) e o mais afeito agrave guerra (polemikotatous)13

No livro sobre os Antigos Costumes dos Espartanos Plutarco tambeacutem elogia os ritmos das canccedilotildees de marcha (embaterioi rhythmoi) porque eles despertavam

12 Ver Plu Agis 1013 Cf Lyc 211‑4

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a coragem a audaacutecia e o desdeacutem pela morte requisitos indispensaacuteveis para o guerreiro valoroso Os espartanos usavam esses ritmos para danccedilar mas tambeacutem quando avanccedilavam contra os inimigos ao som do aulo Plutarco lembra que Li‑curgo associava o amor pela muacutesica agrave praacutetica militar para que o espiacuterito guerreiro combinado com a melodia tivesse concordacircncia e harmonia (symphonia kai har‑monia) Por isso em tempos de guerra os reis espartanos ofereciam sacrifiacutecios agraves Musas antes de ir para a batalha como Plutarco nos conta nos Instituta Laconica 16 (238B‑C)

E para manter a pureza da sua muacutesica e dos seus costumes os espartanos agraves vezes recorriam a atos violentos Como Plutarco reporta nos Instituta Laconica 17 (238C‑D) eles natildeo permitiriam que ningueacutem desrespeitasse de modo algum as regras da muacutesica do passado Nem mesmo Terpandro um dos mais antigos e melhores citaredos (aqueles que cantavam acompanhados da ciacutetara ou da lira) teria a permissatildeo para acrescentar uma corda extra ao seu instrumento para que suas melodias fossem mais variadas Ele tentou fazer isso mas os eacuteforos pregaram sua lira numa parede por causa do seu ato iacutempio contraacuterio agrave tradiccedilatildeo Em outra ocasiatildeo um dos eacuteforos teria procedido com mais violecircncia quando Timoacuteteo o famoso muacutesico inovador que floresceu na segunda metade do seacuteculo V a C estava competindo no festival das Carneias ele pegou uma faca e perguntou ao muacutesico de que lado ele deveria cortar as cordas supeacuterfluas cujo nuacutemero ultra‑passava o tradicional de sete cordas Outras variantes dessa histoacuteria satildeo contadas por Plutarco em outros textos mas nessas outras passagens Friacutenis outro muacutesico inovador da segunda metade do seacuteculo V a C eacute o protagonista14

Mas para aleacutem da sua importacircncia na educaccedilatildeo e nos contextos de bata‑lha a muacutesica tinha grande significado tambeacutem nas momentos das celebraccedilotildees religiosas Dentre as festividades religiosas realizadas na Lacedemocircnia uma das mais importantes era a das Carneias realizada em Esparta e intimamente ligada agrave histoacuteria de Terpandro As origens desse festival eram muito antigas anteriores ao seacuteculo VIII a C tendo em vista que no seacuteculo VII os colonizadores espartanos da cidade italiana de Tarento jaacute tinham o costume de celebraacute‑la15 As Carneias eram dedicadas ao deus Apolo Carneu Em Esparta havia concursos musicais e atleacuteti‑cos uma corrida de jovens e um banquete ritual que contava com a participaccedilatildeo dos homens adultos que representavam as fratrias O festival era organizado por cidadatildeos solteiros e era o momento adequado para que os jovens que jaacute haviam completado seu periacuteodo de formaccedilatildeo ingressassem na vida adulta16

O que nos interessa aqui eacute o papel que a muacutesica desempenhava no contexto dessas festividades Um elemento importante nesses momentos de comemoraccedilatildeo

14 Cf Prof virt 84A Apophth Lac 220C e Agis 107 jaacute citada na nota 9 Cf Rocha (2008) 654‑655

15 Brelich (1969) 181‑18216 Brelich (1969) 149‑150

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eram os concursos A realizaccedilatildeo de concursos musicais no acircmbito do festival das Carneias natildeo teria acontecido desde o iniacutecio A introduccedilatildeo de agones provavel‑mente ocorreu quando Terpandro migrou de Metimna (Lesbos) para Esparta na primeira metade do seacuteculo VII a C Nesse contexto eacute importante considerar o testemunho de Helacircnico17 segundo o qual Terpandro teria sido o primeiro a vencer o concurso musical nas Carneias Esse fato parece estar diretamente relacionado agrave fundaccedilatildeo da primeira escola musical (katastasis) em Esparta por obra do mesmo Terpandro Segundo Brelich (1969 186‑191) eacute muito provaacutevel que a introduccedilatildeo do concurso musical nas Carneias tenha sido influenciada pela proacutepria katastasis18 Essa hipoacutetese ganha forccedila se consideramos o capiacutetulo 9 do tratado Sobre a Muacutesica como um todo Ali Plutarco fala da primeira katastasis fundada por Terpandro e menciona tambeacutem a segunda katastasis liderada por Taletas de Gortina Xenoacutedamo de Citera Xenoacutecrito de Locres Polimnesto de Coacutelofon e Saacutecadas de Argos muacutesicos que teriam instituiacutedo as Gimnopeacutedias em Esparta as Apodeixeis na Arcaacutedia e as Endimaacutetias em Argos Jaacute que os membros da segunda escola musical foram fundadores de festivais19 em diferentes cidades do Peloponeso Terpandro tambeacutem pode ter desempenhado o mesmo papel no contexto das Carneias

No que diz respeito agraves Gimnopeacutedias contudo encontramos uma situaccedilatildeo diferente Possuiacutemos uma grande variedade de informaccedilotildees sobre esse festival que inclusive muitas vezes satildeo contraditoacuterias Mas tratando apenas daquilo que nos interessa aqui sabemos que no periacuteodo das festividades aconteciam apresentaccedilotildees de coros de adolescentes e adultos instituiacutedos em honra a Apolo que cantavam hinos compostos por poetas como Taletas Aacutelcman e Dionisodoto Depois da batalha de Tireia em 544 aC na qual Esparta lutou contra Argos pela posse da Tireaacutetida tornou‑se costumeiro cantar um peatilde em honra dos soldados que morreram naquela ocasiatildeo Por causa desse elemento ritual e da comparaccedilatildeo com as Apodeixeis e as Endimaacutetias as Gimnopeacutedias foram consideradas festas que indicavam o momento no qual os jovens receacutem‑iniciados eram integrados agrave vida militar20

Tendo tudo isso em vista podemos concluir que eacute preciso colocar a miragem espartana em perspectiva Esparta natildeo era tatildeo lsquoespartanarsquo assim e natildeo foi sempre lsquoespartanarsquo Havia espaccedilo naquela cidade para o cultivo das artes tais como a arquitetura a escultura a pintura vascular a muacutesica (que incluiacutea a poesia) e a danccedila Nela floresceram poetas como Aacutelcman Terpandro e Tirteu Nela surgiram escolas poeacuteticomusicais Nela viveram poetas estrangeiros tais como Taletas de

17 FGrHist 4 F 85 = Ateneu 635e = Terpander Test 1 Gostoli18 Cf tambeacutem Gostoli (1990) 84‑8519 Mais do que fundadores de festivais eacute mais verossiacutemil pensar que esses autores foram os

responsaacuteveis pela introduccedilatildeo dos concursos musicais como parte das celebraccedilotildees 20 Cf Gostoli (1990) 85‑86

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Gortina (Creta) e Saacutecadas de Argos E sendo assim houve um ambiente feacutertil e favoraacutevel para o desenvolvimento e o cultivo de atividades artiacutesticas Os esparta‑nos foram sim grandes guerreiros que contribuiacuteram decisivamente para a vitoacuteria dos helenos sobre os persas Eles cultivaram sim suas habilidades guerreiras a ponto de derrotar os atenienses na Guerra do Peloponeso Poreacutem Esparta natildeo foi somente uma comunidade de soldados que dedicavam suas vidas somente agrave guerra Esparta foi tambeacutem uma cidade onde as pessoas cantavam danccedilavam e apreciavam a beleza dos edifiacutecios e dos objetos do cotidiano Eacute preciso reconhecer isso e na obra de Plutarco jaacute encontramos essa imagem multifacetada dessa cul‑tura Basta direcionar os olhos para outras direccedilotildees

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Index nominum

Timoacuteteo 167‑168 178 183Timoacutexena 195Tindaacuteridas 63Tireaacutetida 169Tireia 169Tireacutesias 236Tirteu 167 169 221Titatildes 245Trajano 121Trezena 31 32‑35 38 Tricoacuterito 39Troia 81 124Tuciacutedides 122 160 181Ulisses 81 192Valeacuterio (vd Puacuteblio Valeacuterio)Vestais 58 204Viacutenio 200Xantipo 191 201Xenoacutecrito 169Xenoacutedamo 169Xenofonte 160 164Zaleuco 88Zeus 36 40‑41 220 226 243

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Index nominum

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Nelson
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Notas biograacuteficas dos autores

Aacutelia Rodrigues eacute doutorada em Estudos Claacutessicos (Literatura Grega) e inves‑tigadora do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse satildeo a histoacuteria das ideias poliacuteticas desde os Gregos ateacute agrave modernidade histoacuteria legal e a recepccedilatildeo de temas claacutessicos na contemporaneidade

Ana Ferreira eacute Professora Auxiliar do Departamento de Estudos Portugueses e Ro‑macircnicos da Faculdade de Letras da Universidade do Porto e investigadora do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a histoacuteria antiga a literatura greco‑romana bem como a didaacutectica das liacutenguas claacutessicas

Delfim F Leatildeo eacute Professor Catedraacutetico da Instituto de Estudos Claacutessicos e investiga‑dor do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a histoacuteria antiga o direito e a teorizaccedilatildeo poliacutetica dos Gregos a pragmaacutetica teatral e a escrita romanesca antiga

Faacutebio Vergara Cerqueira eacute Professor Adjunto do Instituto de Ciecircncias Humanas da Universidade Federal de Pelotas pesquisador PQ‑2 do CNPq Professor Visitante na Universidade de Heidelberg Bolsista Fundaccedilatildeo Humboldt ldquoPesquisador Experienterdquo Principais aacutereas de interesse satildeo histoacuteria e arqueologia da Greacutecia antiga e sua recepccedilatildeo enfocando muacutesica iconografia ceramologia gecircnero memoacuteria social identidade e patrimocircnio cultural

Guillermina Gonzaacutelez Almenara es Profesor Contratado Doctor Tipo 1 vinculada con el Aacuterea de Filologiacutea Griega del Departamento de Filologiacutea Claacutesica Francesa Aacuterabe y Romaacutenica de la Universidad de La Laguna Sus principales liacuteneas de investi‑gacioacuten son la mujer y el aacutembito femenino en la Grecia antigua Historiografiacutea griega Historia y civilizacioacuten de la Grecia antigua

Ivana S Chialva es Doctora en Letras Investigadora Asistente del Conicet y Profesora de Griego y Literaturas griega y latina de la Facultad de Humanidades y Ciencias de la Universidad Nacional del Litoral (Santa Fe Argentina) Sus tra‑bajos sobre el mundo antiguo se focalizan en la relacioacuten entre primera y segunda sofiacutestica y en la influencia de este uacuteltimo fenoacutemeno en la prosa narrativa griega de eacutepoca imperial especialmente la retoacuterica la biografiacutea y la novela en sus diferentes formas

Jesuacutes-Mordf Nieto Ibaacutentildeez es Catedraacutetico de Filologiacutea Griega de la Universidad de Leoacuten Sus liacuteneas de investigacioacuten son la literatura judiacutea en lengua griega los primeros textos cristianos el Humanismo y la Tradicioacuten claacutesica Actualmente dirige un Proyecto de

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investigacioacuten sobre el Humanismo la Tradicioacuten claacutesica y patriacutestica y la exeacutegesis biacuteblica en los siglos XVI y XVII

Joaquim Pinheiro eacute Professor Auxiliar da Universidade da Madeira e investigador do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a biografia antiga a Segunda Sofiacutestica a retoacuterica claacutessica e o pensamento poliacutetico dos Gregos

Joseacute M Candau es Catedraacutetico de Filologiacutea Griega en la Universidad de Sevilla Sus principales aacutereas de investigacioacuten son la historiografiacutea griega y Plutarco

Loraine Oliveira eacute professora de Filosofia da Universidade de Brasiacutelia Publicou o livro Plotino escultor de mitos pela Imprensa da Universidade de CoimbraAnnablume em 2014 Vem se dedicando principalmente a estudar os mitos em Plotino Plutarco e Porfiacuterio assim como o vegetarianismo em Plutarco e Porfiacuterio

Maria Aparecida de Oliveira Silva eacute professora visitante do Programa de Poacutes‑Gradu‑accedilatildeo em Letras Claacutessicas da Universidade de Satildeo Paulo e Professora Pesquisadora do Programa de Poacutes‑Graduaccedilatildeo em Histoacuteria da Universidade Federal de Satildeo Paulo Liacuteder do Grupo CNPq LABHAN Laboratoacuterio de Histoacuteria Antiga da Universidade Federal do Amapaacute Pesquisadora do Grupo CNPq Linceu ‑ Visotildees da Antiguidade Claacutessica da Universidade Estadual Paulista Pesquisadora do Grupo Retoacuterica Texto y Comunicacioacuten da Universidad de Caacutediz Membro do Conselho Acadecircmico do Seminaacuterio de Histoacuteria e Filosofia das Religiotildees da Universidad Autoacutenoma de Ciudad Juaacuterez mdash Meacutexico Pesquisa e publica trabalhos sobre Esparta Plutarco e biografia antiga

M Teresa Fau Ramos es Profesora Titular del Departament de Filologia Grega de la Universitat de Barcelona y miembro del Grup de Recerca Graecia Capta que investiga la pervivencia de la identidad griega bajo el imperio romano Sus principales aacutereas de intereacutes cientiacutefico son la historia e instituciones de la Grecia claacutesica y post‑claacutesica la religioacuten helena (paganismo) y diversos aspectos del cristianismo primitivo

Pilar Goacutemez Cardoacute es profesora titular de Filologiacutea Griega en la Universidad de Barcelona donde imparte docencia e investiga desde 1981 Doctora en Filologiacutea Claacutesica desde 1987 con una tesis sobre la tradicioacuten yaacutembica y la faacutebula (La Vida drsquoIsop entre el iambe la faula i la novella) es autora de numerosos artiacuteculos y capiacutetulos de libros sobre la literatura griega de eacutepoca imperial romana en especial sobre Segunda Sofiacutestica y novela ha estudiado principalmente autores como Luciano en cuya edicioacuten y traduccioacuten al castellano para la coleccioacuten Alma Mater participa Plutarco Dioacuten de Prusa o Elio Ariacutestides Es miembro del grupo de investigacioacuten Graecia Capta de la Universidad de Barcelona

Roosevelt Rocha eacute Professor Adjunto do curso de Letras da Universidade Federal do Paranaacute (Brasil) e pesquisador ligado ao Programa de Poacutes‑Graduaccedilatildeo em Letras da

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mesma Universidade As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a poesia grega arcaica (elegia jambo e meacutelica) a muacutesica grega antiga e o estudo da performance da poesia grega dos periacuteodos arcaico e claacutessico

Vicente Ramoacuten es Profesor Tiular de Filologiacutea Griega de la Universidad de Zara‑goza Sus intereses cientiacuteficos pueden sintetizarse en las siguientes liacuteneas Plutarco de Queronea y la biografiacutea poliacutetica historiografiacutea griega retoacuterica y oratoria griegas tradicioacuten claacutesica teatro griego la irreligiosidad en la Atenas Claacutesica

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Nelson
Text Box
(Paacutegina deixada propositadamente em branco)

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Volumes publicados na Colecccedilatildeo Humanitas Supplementum

1 Francisco de Oliveira Claacuteudia Teixeira e Paula Barata Dias Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 1 ndash Liacutenguas e Literaturas Greacutecia e Roma (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

2 Francisco de Oliveira Claacuteudia Teixeira e Paula Barata Dias Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 2 ndash Liacutenguas e Literaturas Idade Meacutedia Renascimento Recepccedilatildeo (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

3 Francisco de Oliveira Jorge de Oliveira e Manuel Patriacutecio Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 3 ndash Histoacuteria Arqueologia e Arte (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2010)

4 Maria Helena da Rocha Pereira Joseacute Ribeiro Ferreira e Francisco de Oliveira (Coords) Horaacutecio e a sua perenidade (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

5 Joseacute Luiacutes Lopes Brandatildeo Maacutescaras dos Ceacutesares Teatro e moralidade nas Vidas suetonianas (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

6 Joseacute Ribeiro Ferreira Delfim Leatildeo Manuel Troumlster and Paula Barata Dias (eds) Symposion and Philanthropia in Plutarch (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

7 Gabriele Cornelli (Org) Representaccedilotildees da Cidade Antiga Categorias histoacutericas e discursos filosoacuteficos (Coimbra Classica DigitaliaCECHGrupo Archai 2010)

8 Maria Cristina de Sousa Pimentel e Nuno Simotildees Rodrigues (Coords) Sociedade poder e cultura no tempo de Oviacutedio (Coimbra Classica DigitaliaCECHCECCH 2010)

9 Franccediloise Frazier et Delfim F Leatildeo (eds) Tychegrave et pronoia La marche du monde selon Plutarque (Coimbra Classica DigitaliaCECH Eacutecole Doctorale 395 ArScAn‑THEMAM 2010)

10 Juan Carlos Iglesias‑Zoido El legado de Tuciacutedides en la cultura occidental (Coimbra Classica DigitaliaCECH ARENGA 2011)

11 Gabriele Cornelli O pitagorismo como categoria historiograacutefica (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2011)

12 Frederico Lourenccedilo The Lyric Metres of Euripidean Drama (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2011)

13 Joseacute Augusto Ramos Maria Cristina de Sousa Pimentel Maria do Ceacuteu Fialho Nuno Simotildees Rodrigues (coords) Paulo de Tarso Grego e Romano Judeu e Cristatildeo (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

14 Carmen Soares amp Paula Barata Dias (coords) Contributos para a histoacuteria da alimentaccedilatildeo na antiguidade (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

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15 Carlos A Martins de Jesus Claudio Castro Filho amp Joseacute Ribeiro Ferreira (coords) Hipoacutelito e Fedra ‑ nos caminhos de um mito (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

16 Joseacute Ribeiro Ferreira Delfim F Leatildeo amp Carlos A Martins de Jesus (eds) Nomos Kosmos amp Dike in Plutarch (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

17 Joseacute Augusto Ramos amp Nuno Simotildees Rodrigues (coords) Mnemosyne kai Sophia (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

18 Ana Maria Guedes Ferreira O homem de Estado ateniense em Plutarco o caso dos Alcmeoacutenidas (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

19 Aurora Loacutepez Andreacutes Pocintildea amp Maria de Faacutetima Silva De ayer a hoy influencias claacutesicas en la literatura (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

20 Cristina Pimentel Joseacute Luiacutes Brandatildeo amp Paolo Fedeli (coords) O poeta e a cidade no mundo romano (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

21 Francisco de Oliveira Joseacute Luiacutes Brandatildeo Vasco Gil Mantas amp Rosa Sanz Serrano (coords) A queda de Roma e o alvorecer da Europa (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

22 Luiacutesa de Nazareacute Ferreira Mobilidade poeacutetica na Greacutecia antiga uma leitura da obra de Simoacutenides (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica DigitaliaCECH 2013)

23 Faacutebio Cerqueira Ana Teresa Gonccedilalves Edalaura Medeiros amp JoseacuteLuiacutes Brandatildeo Saberes e poderes no mundo antigo Vol I ndash Dos saberes (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia2013) 282 p

24 Faacutebio Cerqueira Ana Teresa Gonccedilalves Edalaura Medeiros amp Delfim Leatildeo Saberes e poderes no mundo antigo Vol II ndash Dos poderes (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013) 336 p

25 Joaquim J S Pinheiro Tempo e espaccedilo da paideia nas Vidas de Plutarco (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013) 458 p

26 Delfim Leatildeo Gabriele Cornelli amp Miriam C Peixoto (coords) Dos Homens e suas Ideias Estudos sobre as Vidas de Dioacutegenes Laeacutercio (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013)

27 Italo Pantani Margarida Miranda amp Henrique Manso (coords) Aires Barbosa na Cosmoacutepolis Renascentista (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2013)

28 Francisco de Oliveira Maria de Faacutetima Silva Tereza Virgiacutenia Ribeiro Barbosa (coords) Violecircncia e transgressatildeo uma trajetoacuteria da Humanidade (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

29 Priscilla Gontijo Leite Eacutetica e retoacuterica forense asebeia e hybris na caracterizaccedilatildeo dos adversaacuterios em Demoacutestenes (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

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30 Andreacute Carneiro Lugares tempos e pessoas Povoamento rural romano no Alto Alentejo ‑ Volume I (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2014)

31 Andreacute Carneiro Lugares tempos e pessoas Povoamento rural romano no Alto Alentejo ‑ Volume II (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2014)

32 Pilar Goacutemez Cardoacute Delfim F Leatildeo Maria Aparecida de Oliveira Silva (coords) Plutarco entre mundos visotildees de Esparta Atenas e Roma (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

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Resumo da obra

A vasta e variada obra de Plutarco permite sempre uma abordagem a partir de distintas

perspetivas com diferentes intenccedilotildees e propoacutesitos variados No entanto eacute importante

identificar tambeacutem fios comuns nessa abordagem porque permitem demonstrar tanto a

niacutevel formal como de conteuacutedo que haacute muitos elementos comuns que permeiam o trabalho

de Plutarco

Os treze contributos para este volume tecircm como elo comum o nome de trecircs cidades

Esparta Atenas e Roma Elas representam espaccedilos poliacuteticos e institucionais diversos dada

a sua extensatildeo geograacutefica e cronoloacutegica mas simbolizam igualmente diferentes modelos

de organizaccedilatildeo social atraveacutes dos quais a Greacutecia pode ser contrastada com Roma ou Atenas

comparada com Esparta mdash ainda que o seu verdadeiro interesse na obra de Plutarco seja

que representam sempre locais paradigmaacuteticos onde vivem e convivem pessoas Por

isso os estudiosos de Plutarco que contribuiacuteram para este volume procuram analisar em

cada uma dessas cidades seja por assimilaccedilatildeo ou por contraste a forma como o autor de

Queroneia aborda a ligaccedilatildeo entre indiviacuteduo e comunidade a partir do exerciacutecio do poder

e da experiecircncia religiosa qual o papel da educaccedilatildeo e do domiacutenio privado na projeccedilatildeo

puacuteblica dos protagonistas retratados por Plutarco ou ateacute que ponto a imagem dos primeiros

legisladores e fundadores miacuteticos foi condicionada pela evoluccedilatildeo histoacuterica destas mesmas

cidades

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Page 15: Versão integral disponível em digitalis.uc · visões de Esparta, Atenas e Roma IMPRENSA DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA COIMBRA UNIVERSITY PRESS ANNABLUME Versão integral disponível

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Legislar teniacutea un precio

austero reflexivo y sosegado67 al recibir a los enviados que le ofreciacutean la corona se mostroacute reacio a aceptarla ya que ndashafirmabandash su manera de ser tan alejada de las praacutecticas guerreras no era apropiada para regir al belicoso pueblo de Roma68 Convencido a la postre por argumentos que le exhortaban a actuar en favor del bien comuacuten69 y confirmada por signos favorables la buena disposicioacuten de la divi‑nidad Numa accede a convertirse en rey de la agitada urbe70 eacutel que laquohabiendoraquo otrora laquoabandonado las ocupaciones propias de la vida en la ciudadraquo (ἐκλείπων τὰς ἐν ἄστει διατριβάς) se complaciacutea en frecuentar parajes solitarios71

Su primera medida de gobierno consiste en la supresioacuten de la guardia perso‑nal creada por el anterior monarca la segunda en la institucioacuten de un sacerdocio en honor de Roacutemulo72 Tras estas dos disposiciones tomadas seguacuten Plutarco laquopara obtener benevolencia y gratitud del puebloraquo (ἐπrsquoεὐνοίᾳ καὶ χάριτι τοῦ δήμου) Numa emprende la difiacutecil tarea de pacificar la ciudad73 Y para lograr su objetivo no vacila en servirse de la religioacuten introduciendo nuevos rituales74 fomentando los temores supersticiosos de la poblacioacuten75 o atribuyeacutendose una particular relacioacuten con divinidades76

Entre sus reformas de aacutembito religioso destacan la prohibicioacuten de repre‑sentar a los dioses por medio de imaacutegenes de hombres o animales77 el fomento

67 Num 37‑41 Sobre el caraacutecter del Numa plutarqueo orientado laquopor naturalezaraquo (φύσει) hacia la virtud cf Peacuterez Jimeacutenez (1994)

68 Num 51‑869 Un argumento muy del agrado de los estoicos Sobre el controvertido tema de la relacioacuten

de Plutarco con el estoicismo creemos que todaviacutea son relevantes las opiniones de Babut (1969) Para una visioacuten actualizada de este tema cf Opsomer (2014)

70 Num 61‑5 73‑7 Sobre la ejemplaridad para Plutarco del acceso del rey Numa al poder cf Peacuterez Jimeacutenez (1995)

71 Num 41 Plutarco (Num 52) subraya el sacrificio de Numa explicando que laquocostoacute seguacuten parece un esfuerzo no pequentildeo y requirioacute muchos argumentos y ruegos persuadir y hacer cambiar de opinioacuten a un hombre que habiacutea vivido en paz y tranquilidadraquo (ἦν δrsquo οὐ μικρόν ὡς ἔοικεν ἔργον ἀλλὰ καὶ λόγων πολλῶν καὶ δεήσεως τὸ πεῖσαι καὶ μεταστῆσαι γνώμην ἀνδρὸς ἐν ἡσυχίᾳ καὶ εἰρήνῃ βεβιωκότος) y ponerle al frente de laquouna poblacioacuten que en cierta manera habiacutea nacido y habiacutea crecido gracias a la guerraraquo (πόλεως τρόπον τινὰ καὶ γεγενημένης πολέμῳ καὶ συνηυξημένης)

72 Num 78‑9 Sobre la actitud del legislador Numa con respecto a la escritura veacutease la nota 20

73 Num 8174 Num 8375 Num 84 Aunque en general Plutarco desaprueba las praacutecticas supersticiosas ‑su tratado

Sobre la supersticioacuten (Moralia 164E‑171E) no permite abrigar dudas al respecto‑ puede sin embargo mostrarse comprensivo cuando un dirigente hace uso de ellas con la intencioacuten de conseguir los objetivos (por supuesto adecuados) que persigue (veacutease p e Dio 241‑3) A propoacutesito precisamente de las obras Sobre la supersticioacuten y Vida de Numa Van Nuffelen (2011) presenta al queronense como un atento observador de las transformaciones que experimentan las tradiciones religiosas

76 Num 810‑11 y 151‑677 Num 813

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Mordf Teresa Fau Ramos

de sacrificios incruentos78 la institucioacuten de los sacerdotes Pontiacutefices79 la de los Feciales80 y la de los Salios81 la consagracioacuten de las Viacutergenes Vestales82 y la regla‑mentacioacuten relativa a usos fuacutenebres83

Pero las innovaciones no podiacutean centildeirse exclusivamente a un contexto reli‑gioso Preocupado por la existencia de una masa de ciudadanos indigentes Numa decide servirse de las tierras que habiacutean sido conquistadas por su antecesor y las reparte entre los desheredados Asiacute inclina al pueblo a la praacutectica de la agricultura con el fin de que estos hombres que cultivancivilizan una tierra que les ha sido otorgada resulten tambieacuten ellos cultivadoscivilizados84 y mediante normas adicionales se aplica a incentivar las labores del campo85

Quedaba todaviacutea por abordar un grave problema pues auacuten subsistiacutea la antigua divisioacuten entre sabinos y romanos Para subsanarla el legislador establece nuevos criterios para clasificar a la ciudadaniacutea y distribuye a los individuos en entidades que dariacuteamos en llamar laquogremialesraquo De este modo agrupados en virtud de los oficios que desempentildean los habitantes de la pujante poblacioacuten iraacuten olvidando los antiguos motivos de desunioacuten86

No acaban ahiacute las reformas de Numa Tambieacuten dicta leyes relacionadas con la institucioacuten familiar87 y el calendario88 Y con todo ello consigue hacer de Roma ndashe incluso de las ciudades del entornondash un remanso de paz la violencia desaparece fiestas y banquetes se celebran por doquier las gentes se relacionan entre si en un ambiente de mutua confianza no hay constancia alguna de laquoguer‑raraquo (πόλεμος) laquodiscordia civilraquo (στάσις) ni laquorevolucioacuten poliacuteticaraquo (νεωτερισμὸς περὶ πολιτείαν) y la figura de Numa goza del respeto general89 Cuando alcan‑zados ya los ochenta antildeos fallece el legislador90 su muerte ndashmuerte naturalndash es

78 Num 815 Plutarco atribuye esta medida al igual que otras a la influencia del espartano Pitaacutegoras (cf Num 14) La influencia de Pitaacutegoras en las costumbres romanas habriacutea sido tratada por Caacutestor de Rodas a quien el queronense hace referencia en sus Cuestiones romanas (Moralia 266E)

79 Num 9180 Num 124‑881 Num 131‑782 Num 910 y 101‑583 Num 121‑384 Num 164 Plutarco hace aquiacute un juego de palabras basaacutendose en el teacutermino

συνεξημεροῦμαι En cuanto al reparto de tierras consignado en este capiacutetulo es posteriormente negado en la comparatio entre Licurgo y Numa (Num 3410)

85 Num 166‑786 Num 171‑487 Num 17588 Num 181‑6 y 198‑9 89 Num 203‑7 Plutarco antildeade (208‑12) unas consideraciones sobre las bondades que se

derivan del mandato de un gobernante filoacutesofo En su argumentacioacuten nuestro autor cita (Num 2010) casi textualmente el pasaje 711e de Las Leyes de Platoacuten

90 Num 217

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Legislar teniacutea un precio

acompantildeada tanto en Roma como en otras ciudades de grandes manifestacio‑nes de duelo91

Asiacute termina la vida del anciano rey que supo renunciar a la apacible vida que tanto le agradaba para regir los destinos de la inquieta Roma poniendo de manifiesto una vez maacutes que para el queronense el ejercicio de la funcioacuten de νομοθέτης va ligado a la ineludible necesidad de pagar un precio por ello Pero no acaba ahiacute la informacioacuten plutarquea sobre Numa pues el bioacutegrafo nos hace saber que tras la muerte del monarca los romanos volvieron a hacer uso de las armas92 y en la comparatio que establece entre Licurgo y Numa Plutarco subraya el fracaso que supone para la constitucioacuten de Numa el regreso de Roma a sus antiguas praacutecticas guerreras93 En cuanto a la causa de tal infortunio el quero‑nense es tajante seguacuten eacutel Numa se equivocoacute gravemente cuando a diferencia de Licurgo no organizoacute un sistema educativo soacutelido disciplinario e igual para todos los ciudadanos94

Publiacutecola

Pasamos acto seguido a ocuparnos de un legislador que aun sin ser de es‑tirpe real tuvo algo que ver con la institucioacuten monaacuterquica pues contribuyoacute a der‑rocarla Se trata de Publio Valerio a quien los romanos dieron el sobrenombre de Publiacutecola95 Eacuteste que se distinguiacutea por su amor a la justicia y su generosidad para con los necesitados pareciacutea destinado al liderazgo si alguacuten diacutea llegaba a instalarse en Roma lo que Plutarco llama laquoun reacutegimen democraacuteticoraquo (δημοκρατία)96 pero al ser depuesto por el pueblo el rey Tarquinio el Soberbio vio frustradas sus aspiraciones a pesar de haber colaborado eacutel personalmente al derrocamiento97

Decepcionado Valerio se retira momentaacuteneamente de la escena poliacutetica98 pero tan pronto como Tarquinio intenta recuperar el poder reacciona y toma parte muy activa en la desactivacioacuten de una conjura que teniacutea por objetivo la rein‑troduccioacuten de la realeza99 En recompensa a sus servicios Valerio es nombrado

91 Num 22192 Num 221193 Num 361094 Num 367 Pensamos que eacutesta es una criacutetica severa que aleja a Numa del prototipo del

Gobernante Ideal Por su parte Boulet (2005) ve en el retrato plutarqueo del monarca romano un claro ndashy premeditadondash distanciamiento del queronense con respecto a la figura platoacutenica del Rey‑Filoacutesofo Si el alejamiento defendido por Boulet se ajusta a la realidad no creemos que deba producirnos extrantildeeza ya que por decirlo en palabras de Hershbell (2004) Plutarco fue un laquoPlatonisthellipunorthodoxraquo Cf Dillon (2014)

95 Publ 1196 Publ 1297 Publ 13‑5 Plutarco da a la actuacioacuten de Valerio un valor claramente superior al que le

otorgan Dionisio de Halicarnaso (467‑72) y Tito Livio (158‑591‑2)98 Publ 21 99 Publ 22‑76

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Mordf Teresa Fau Ramos

coacutensul100 mientras el rey destronado busca ndashy obtienendash el apoyo de los etruscos101 Se libra un feroz combate en el que el ejeacutercito romano consigue la victoria y Valerio tiene ocasioacuten de celebrar triunfo siendo ndashsostiene Plutarcondash el primer coacutensul que entra en la urbe montado en una cuadriga102

Pero el flamante vencedor seraacute pronto objeto de criacutetica pues el pueblo cree ver en su conducta atisbos de despotismo concentra en su persona toda la auto‑ridad habita en una mansioacuten maacutes imponente que la del antiguo rey y se presenta escoltado laquopor todas las fasces y hachas juntasraquo (ὑπὸ ῥάβδοις ὁμοῦ πάσαις καὶ πελέκεσι)103 Valerio reacciona con prontitud reuacutene a un buen nuacutemero de al‑bantildeiles y en una noche echa abajo la casa y la destruye hasta los cimientos104 No tardaraacute el pueblo en hacerle donacioacuten de un terreno donde podraacute edificar una nueva morada eso siacute maacutes austera que la anterior105

En cuanto a las insignias suprimioacute las hachas y decretoacute que las fasces se incli‑naraacuten ante el pueblo106 medida que fue muy del agrado de las gentes que dieron a Valerio el sobrenombre de Publiacutecola teacutermino que seguacuten Plutarco equivale a δημοκηδής laquosoliacutecito con el puebloraquo107 Por otra parte concedioacute laquoa quienes quisie‑ranraquo (τοῖς βουλομένοις) la posibilidad de presentar candidatura para compartir el consulado junto a eacutel Pero antes de que se procediera al nombramiento de su colega en el cargo se valioacute de la feliz circunstancia de ser el uacutenico coacutensul en ejercicio para instaurar medidas poliacuteticas de suma importancia108 Asiacute nombroacute nuevos senadores109 otorgoacute mayores derechos al pueblo110 dictoacute pena de muerte sin proceso previo para aquel que pretendiera erigirse en tirano111 y organizoacute la recaudacioacuten de impuestos112

100 Publ 77101 Publ 91102 Publ 92‑9 Sobre el triunfo de Valerio cf Plu Rom 167‑8 y D H 2342 103 Publ 101‑2 Plutarco pone eacutenfasis en la narracioacuten utilizando el estilo directo es el pueblo

quien pronuncia estas palabras de reproche Sobre la desaprobacioacuten de los romanos ante la conducta de Valerio cf las narraciones maacutes comedidas de Dionisio de Halicarnaso (5181) y Tito Livio (276)

104 Publ 105 En las Cuestiones Romanas (Moralia 285F) se hace alusioacuten al hecho de que la casa situada en lo maacutes alto es percibida por las gentes como una amenaza por su elevada situacioacuten Dionisio de Halicarnaso (5192) no menciona la destruccioacuten de la morada seguacuten eacutel Publiacutecola cambioacute de domicilio con el fin ndashdeclaroacute el propio interesadondash de que los romanos pudieran lanzarle piedras desde arriba si le sorprendiacutean cometiendo alguacuten acto injusto Valerio Maacuteximo en cambio siacute alude (411) a la destruccioacuten de la casa y lo hace ademaacutes en un tono grandilocuente

105 Publ 106106 Publ 107 107 Publ 108‑9 En D H 5195 hallamos la misma ndashmaacutes que discutiblendash etimologiacutea108 Publ 111109 Publ 112110 Publ 113‑4111 Publ 121‑2112 Publ 123‑4

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Legislar teniacutea un precio

Tras estas disposiciones designoacute como colega suyo en el cargo a Lucrecio que fallecioacute pocos diacuteas despueacutes del nombramiento siendo sucedido por Marco Horacio113 En cuanto a Publiacutecola sufrioacute a causa de los honores recibidos por su doble condicioacuten de legislador y liacuteder militar la envidia de laquomuchos poderososraquo (πολλοὶ τῶν δυνατῶν) los cuales frustraron su deseo de consagrar el templo de Juacutepiter Capitolino114 Pero ello no fue obstaacuteculo para que Valerio continuara su exitosa carrera pues llegoacute a ser nombrado coacutensul por cuarta vez115 Su muerte acaecida despueacutes de lograr para Roma una gran victoria contra los sabinos causoacute un hondo pesar en la poblacioacuten116

Pero el dolor con que Roma reacciona ante la desaparicioacuten del liacuteder no debe hacernos olvidar las suspicacias que antantildeo despertara en la plebe y la envidia que posteriormente suscitoacute entre los poderosos En un caso la situacioacuten se saldoacute con la destruccioacuten por parte de Valerio de la suntuosa mansioacuten que poseiacutea y en un elocuente gesto de reconocimiento de la voluntad popular en el otro llevoacute las de perder pues no consiguioacute realizar el prestigioso ritual que ambicionaba La disensioacuten con el pueblo fue anterior al ejercicio de la actividad legisladora de hecho es gracias a la reconciliacioacuten con las masas que Publiacutecola tuvo la oportu‑nidad de ejercer como νομοθέτης En cambio el incidente con la eacutelite romana se produjo con posterioridad ndashy a consecuencia dendash su tarea como legislador (Plutarco lo indica con claridad) En este sentido podemos considerar que Publiacutecola pagoacute un doble tributo ndashla peacuterdida de su morada y la imposibilidad de llevar a cabo un ritual de alta relevanciandash por su νομοθεσία

Licurgo Soloacuten Numa y Publiacutecola establecen unas leyes por las que debe regirse la sociedad de la que forman parte y por ello reciben de Plutarco la de‑nominacioacuten de νομοθέτης117 Hay sin embargo entre los personajes biografiados

113 Publ 125‑6114 Publ 141‑7 Sobre φθόνος la envidia caracteriacutestica humana que de ninguacuten modo pasa

inadvertida a Plutarco Verdegem (2005) en una aportacioacuten en torno a les Vidas de estadistas atenienses del siglo v a C establece una clara diferencia entre laquopeer‑envyraquo que salvando la distancia cronoloacutegica seriacutea a nuestro entender el sentimiento que Publiacutecola despertoacute entre los poderosos y laquopopular envyraquo que experimenta la turba con respecto a los liacutederes contra quienes haciacutea aplicar en la Atenas claacutesica la medida llamada ostracismo Sobre el valor que el queronense otorga al ostracismo cf Jufresa Muntildeoz amp Fau Ramos (2011) Por otra parte Frazier (1996) atribuye al φθόνος de los personajes plutarqueos un laquocaractegravere quasi automatiqueraquo (p 109)

115 Publ 211116 Publ 231‑5 y 246 Plutarco (Publ 234) pone de relieve que el pueblo decidioacute que el

cuerpo de Publiacutecola fuera enterrado a expensas puacuteblicas dato que hallamos tambieacuten en Dionisio de Halicarnaso (5482‑3) y Valerio Maacuteximo (441) con la diferencia de que estos dos autores indican que ello se debioacute a la situacioacuten de pobreza extrema en que murioacute el estadista

117 Lyc 11 99 141 Sol 143 165 186 Num 93 1412 2310 2513 Publ 121 143 A un lector atento no le habraacute pasado inadvertido el hecho de que no hayamos mencionado ni a Agis ni a Cleoacutemenes personajes que intentaron en vano restaurar la laquobella y justa constitucioacutenraquo (πολιτείαν καλὴν καὶ δικαίαν) de Licurgo (Agis et Cleom 210) Ciertamente ambos pusieron todo su ahiacutenco en la empresa y ambos sufrieron por ello serias penalidades Agis perdioacute la vida

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Mordf Teresa Fau Ramos

por el queronense sujetos a quienes eacuteste no aplica el calificativo de νομοθέτης sino el de οἰκιστήςκτίστης (laquofundadorraquo) o bien les atribuye la accioacuten de οἰκιζεῖνκτιζεῖν (laquofundarraquo) una poblacioacuten Estos individuos fundan (o refundan) una comunidad cosa que les obliga a fijar unas normas Ejercen pues en cierto modo como legisladores y se arriesgan por tanto a contrariar voluntades ajenas Tambieacuten estos personajes de quienes nos ocuparemos ahora sucintamente estaacuten expuestos a pagar un precio por llevar a cabo su cometido

Teseo

Del οἰκιστής Teseo118 nos interesa especialmente su tarea como autor del llamado sinecismo Plutarco nos brinda al respecto una detallada descripcioacuten Seguacuten eacutel tras la muerte del rey Egeo su hijo Teseo se propone laquouna empresa grande y admirableraquo (μέγα καὶ θαυμαστὸν ἔργον) consistente en reunir a todos los habitantes del Aacutetica en una sola ciudad formando con ellos un uacutenico Estado dotado de instituciones comunes119 Pero antes de dar comienzo a su labor re‑corre la regioacuten para informar del proyecto a todos los pobladores Los ciudadanos no relevantes acogen al punto su llamamiento Los ricos en cambio se muestran reticentes y para convencerlos Teseo les ofrece un sistema de gobierno carente de rey y les promete que tan soacutelo reservaraacute para si mismo las funciones de dirigente militar y de laquocustodio de las leyesraquo (νόμων φύλαξ)120

Tras las explicaciones Teseo pone manos a la obra suprime los organismos anteriores y sienta las bases para el establecimiento de una polis a la cual da el

(Agis et Cleom 201) su madre su abuela y su hermano fueron asesinados (Agis et Cleom 202‑7 y 263) y su esposa obligada a contraer matrimonio con el hijo de un enemigo (Agis et Cleom 221‑3) Cleoacutemenes por su parte se vioacute forzado a entregar como rehenes del rey de Egipto a parte de su familia (Agis et Cleom 434‑8) perdioacute a su hermano en combate (Agis et Cleom 496‑7) tuvo que huir de Esparta (Agis et Cleom 503‑4) y fue arrestado en Egipto (Agis et Cleom 567) donde acaboacute suicidaacutendose tras haber intentado provocar un alzamiento contra el rey (Agis et Cleom 576‑5816) y una vez muerto continuaraacuten por asiacute decir las penalidades de Cleoacutemenes ya que el monarca egipcio ordena que su cadaacutever sea ultrajado y que sus hijos su madre y las mujeres del entorno de eacutesta reciban la muerte (Agis et Cleom 594) No obstante he decidido omitir la referencia a estos personajes porque sus esfuerzos por reinstaurar la constitucioacuten de Licurgo no se vieron coronados por el eacutexito y sobre todo porque a diferencia de lo que ocurre con Licurgo Soloacuten Numa y Publiacutecola a Agis y a Cleoacutemenes no les es otorgada por parte de Plutarco la denominacioacuten de νομοθέτης Por lo que a Agis se refiere Roskam (2005) considera que constituye para el queronense el modelo ideal del joven que se dedica a la poliacutetica

118 Thes 15 No entraremos aquiacute a discutir hasta queacute punto podriacutea sentirse Plutarco motivado a biografiar al fundador miacutetico de Atenas ni nos pronunciaremos sobre el no disimulado escepticismo sobre el particular que se le atribuye cf Sirinelli (2000) 301 Por cierto que la obra que acabamos de consignar corresponde a una de las maacutes acreditadas biografiacuteas plutarqueas comparable a las de Jones (1971) Russell (1973) y Lamberton (2001)

119 Thes 241 En la versioacuten plutarquea el sinecismo va maacutes allaacute de la unificacioacuten exclusivamente poliacutetica que describe Tuciacutedides (215)

120 Thes 242

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Legislar teniacutea un precio

nombre de Atenas funda la festividad de las Panateneas para que sea celebrada por el conjunto de la comunidad instaura tambieacuten la fiesta de las Metecias y abdica ndashtal como habiacutea prometido‑ de la corona121

A continuacioacuten se dispone a organizar el nuevo Estado laquoempezando a partir de los diosesraquo (ἀπὸ θεῶν ἀρχόμενος)122 toma medidas para favorecer el crecimiento vegetativo de la polis establece clases entre la ciudadaniacutea asig‑nando un status especiacutefico a cada colectivo acuntildea moneda y fija los liacutemites de Atenas123

Pero al eficiente Teseo tambieacuten le llega la hora de pagar un precio por la tarea realizada124 Un tal Menesteo descendiente de Erecteo emprende una insi‑diosa campantildea contra el fundador soliviantando a laquolos poderososraquo (οἱ δυνατοί) que consideraban que Teseo les habiacutea sustraiacutedo prerrogativas y perturbando asimismo a laquola multitudraquo (οἱ πολλοί) so pretexto de haber perdido seducidos por un espejismo de libertad la patria los templos y los gobernantes que les eran propios yendo a caer bajo la autoridad de un extranjero125 La suerte sonriacutee al alborotador pues los Tindaacuteridas invaden el Aacutetica tal vez ndashapunta Plutarcondash a peticioacuten del propio Menesteo quien se encarga ademaacutes de facilitarles la entrada a la ciudad de Atenas126 De resultas de ello ndashel queronense tiene sus dudas al respectondash Etra la madre de Teseo habriacutea sido hecha prisionera127

El fundador intenta volver a ejercer su autoridadhellip en vano Al fin profun‑damente decepcionado abandona Atenas para siempre no sin antes maldecir a sus habitantes128 Teseo pereceraacute lejos de la patria y su muerte no provocaraacute reaccioacuten alguna en la ciudad129 Mucho tiempo habraacute de transcurrir para que la polis reconozca sus meacuteritos y le rinda los debidos honores que comportaraacuten la

121 Thes 243‑4122 Thes 244 Plutarco no concreta en queacute consiste esta actuacioacuten del fundador123 Thes 251‑4 Por si esta considerable labor fundacional no fuera suficiente somos

informados por Plutarco (Thes 265‑7) de que Teseo es tambieacuten οἰκιστής de la ciudad de Pitoacutepolis de la cual parte despueacutes de haber designado a quienes ejerceraacuten de gobernantes y legisladores

124 Un precio ndashrecordemosndash que ya habiacutea empezado a pagar cuando para persuadir a sus conciudadanos ricos se habiacutea comprometido a renunciar a la corona

125 Thes 321 En este pasaje Plutarco se hace eco de la atribucioacuten a Menesteo del hecho de haber sido laquoel primer hombreraquo (πρῶτος hellip ἀνθρώπων) en laquoejercer de demagogoraquo (δημαγωγεῖν)

126 Thes 322ndash332127 Thes 341128 Thes 353‑5 Esta miacutetica maldicioacuten sirve a Plutarco como αἴτιον para explicar la

etimologiacutea del laquoAraterioraquo o laquolugar de las maldicionesraquo 129 Thes 356‑7 En la descripcioacuten del fracaso que experimenta Teseo al intentar recuperar

el poder Plutarco se sirve de una terminologiacutea poliacutetica (usa en voz pasiva los verbos καταδημαγωγέω y καταστασιάζω) que utiliza tambieacuten en Per 92 y 5 Por otra parte nos parece significativo que la biografiacutea de Teseo no concluya con la alusioacuten a su fallecimiento sino que incorpore (Thes 358ndash365) la mencioacuten de los honores recibidos mucho tiempo despueacutes de su muerte por el fundador de hecho para el queronense el final de una vida no ha de coincidir necesariamente con el final de la biografiacutea cf al respecto Pelling (1997)

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necesidad de laquorecuperarraquo los restos del οἰκιστής y de trasladarlos solemnemente a Atenas130 permitiendo con ello a Cimoacuten el gran adversario de Temiacutestocles apropiarse de la figura del ilustre fundador131

Roacutemulo

La indiferencia que acompantildea al amargo fin de Teseo contrasta con el re‑vuelo que se originoacute en Roma tras la desaparicioacuten de aqueacutel a quien Plutarco considera laquopadreraquo (πατήρ)132 de la urbe que laquofundoacuteraquo (ἔκτισε)133

No es poco ciertamente lo que Roma debe a su οἰκιστής pues ademaacutes de ser el fundador material de la ciudad134 tomoacute unas medidas que seriacutean determi‑nantes para el futuro de la poblacioacuten Asiacute establecioacute los criterios con arreglo a los cuales debiacutean ser clasificados los ya numerosos habitantes de la urbe135 fue corresponsable del pacto crucial sellado entre sabinos y romanos136 introdujo cambios en el armamento137 e instituyoacute nuevos rituales138 El queronense le atri‑buye tambieacuten la promulgacioacuten de algunas leyes ndashἔθηκεhellip νόμους τινάς139 dice textualmentendash como las que hacen referencia al repudio de la esposa140

Pero llegado el liacuteder romano al zeacutenit de la gloria experimentoacute una profunda transformacioacuten en su manera de ser y adoptoacute maneras impropias vistioacute lujosos

130 Thes 358ndash365 Sobre las acciones cultuales relacionadas con el οἰκιστής ateniense cf Plaacutecido (1994) Por otra parte creemos que en la valoracioacuten plutarquea del descalabro sufrido por Teseo tiene un peso considerable la conducta poco edificante del ateniense en relacioacuten con Helena a quien eacuteste que a la sazoacuten contaba cincuenta antildeos habiacutea raptado cuando la muchacha todaviacutea no era nuacutebil (cf Thes 292 y 311‑3) En este contexto consideramos que aunque no se centra en la figura de Teseo es esclarecedora la obra de Beneker (2012) quien asimismo nos brinda datos relevantes en un trabajo posterior cf Beneker (2014) Sobre los valores morales en la obra del queronense cf Duff (1999) y Van Hoof (2010)

131 Thes 362‑3 y Cim 85‑7 En el marco de la poliacutetica ateniense de la primera mitad del siglo V a C no es en modo alguno insoacutelita la utilizacioacuten en beneficio propio de un dios o de un heacuteroe Asiacute mientras Cimoacuten opta por valerse del miacutetico Teseo Temiacutestocles se sirve de la figura de Aacutertemis cf Fau Ramos (2007) Veacutease al respecto Podlecki (1971) y Piccirilli (1987)

132 Thes 15133 Thes 22134 Rom 111‑4135 Rom 131‑8 Cf Id 201‑3 En Rom 137‑8 el queronense nos ofrece una descripcioacuten

tan idealizada como paternalista de los viacutenculos establecidos entre patroni y clientes descripcioacuten que ha sido relacionada con la que nos brinda Dionisio de Halicarnaso (210)

136 Rom 199‑10137 Rom 211138 Rom 211 y 221139 Con esta expresioacuten parece evidente que si bien Plutarco no aplica a Roacutemulo el calificativo

de νομοθέτης siacute que de facto lo tiene por tal140 Rom 223 La informacioacuten plutarquea sobre las leyes de Roacutemulo es ciertamente escueta

Para una visioacuten mucho maacutes amplia que incluye los derechos hereditarios de las mujeres la aplicacioacuten de la pena de muerte a la esposa en caso de adulterio o embriaguez las obligaciones filiales para con los progenitores y la potestad paterna sobre los hijos cf D H 225‑26

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semejante oraacuteculo lo que haciacutea el dios en realidad era exhortar a los griegos a que abandonasen las guerras frecuentasen las musas apaciguasen sus pasiones con ayuda de la razoacuten y guardasen entre siacute relaciones paciacuteficas y fecundas39

Los dos sucesos trasladan un mensaje confuso Pues hablan de los griegos no de filoacutesofos de guerras y cuestiones de justicia no de rebeliones liberadoras engloba ademaacutes la filosofiacutea en un conjunto de actividades que parece cifrar la παιδεία griega en general Pero ambos de alguna manera ofrecen una primera justificacioacuten del rechazo de Epaminondas Con ellos se pone en praacutectica la lla‑mada laquoredefinicioacutenraquo teacutecnica literaria practicada por diversos autores antiguos y frecuente en las Vidas paralelas Consiste en formular enunciados vagos y gene‑rales que a lo largo de la obra y en pasajes posteriores se concretan y alcanzan un grado mayor de individualizacioacuten40 Los dos incidentes mencionados no son ademaacutes la uacutenica prefiguracioacuten encaminada a justificar de manera previa y alusiva la inhibicioacuten de Epaminondas La misma funcioacuten cumple el diaacutelogo sobre la pobreza Epaminondas mudo en la discusioacuten demonoloacutegica central toma aquiacute la palabra para entrar en controversia con Teanor

Teanor personaje ficticio es un filoacutesofo pitagoacuterico natural de Crotona En fechas anteriores otro pitagoacuterico Lisis se habiacutea refugiado en Tebas Acogido en la casa de Polimnis padre de Cafisias y Epaminondas habiacutea llevado en esa casa pobre una vejez dichosa Teanor llega comisionado por las ricas comunidades pitagoacutericas de Italia Eacutestas quieren recompensar a Polimnis y sus hijos con una suma que aliviaraacute su pobreza Pero Epaminondas se niega a aceptar tal recom‑pensa negativa que da lugar a la controversia que mantiene con Teanor

El discurso sobre la pobreza es la uacutenica ocasioacuten en que Epaminondas rompe sustancialmente su silencio pues es el uacutenico pasaje en el que el ldquocentro ausenterdquo de la obra Epaminondas expone sus ideas de manera razonada y recurriendo a categoriacuteas filosoacuteficas Pronunciado en diaacutelogo con Teanor puede dividirse en dos secciones la primera (583D‑E) de extensioacuten breve comenta la inutilidad de las riquezas aportadas por Teanor que Polimnis y sus hijos habriacutean de emplear en cosas superfluas La segunda (584C‑585D) maacutes amplia y densa comienza con la defensa de la pobreza como ejercicio frente a aquellas pasiones (ἐπιθυμίαι) que proceden del exterior (ἐπήλυδες) y tienen como fuente las falsas opiniones (κενῶν δοξῶν) el deseo de riquezas (φιλοπλουτία) es una de esas pulsiones accesorias y superfluas como lo es tambieacuten el deseo de gloria (φιλοδοξίαν) Pos‑teriormente Epaminondas ahonda en su planteamiento como adiestramiento para el autodominio (ἐγκρατείας) la contencioacuten frente a los placeres beneficia al alma y de la misma manera beneficia a la praacutectica de la justicia el ejercicio contra

39 Gen Socr 579B‑D40 Cf Pelling (1988) 12‑13 (1990) 230

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Joseacute M Candau

el deseo de riquezas41 El discurso finaliza con la alabanza del hombre que sabe rehusar favores y daacutedivas de amigos y reyes incluyendo los dones de la fortuna (τύχης) tal hombre no ve alterado su juicio (οὐδὲ θορυβεῖ τὴν διάνοιαν) y es capaz de perseverar ufano y sereno en la praacutectica de la excelencia

Es de notar que los argumentos de Epaminondas no aparecen en otra obra de Plutarco dedicada especiacuteficamente a combatir la avaricia el de cupiditate di‑vitiarum (523C‑528B) Es este uno de los tratados clasificados por Ziegler bajo el roacutetulo de ldquofilosoacuteficos‑popularesrdquo y estudiados recientemente por L Van Hoof Frente a lo que sugiere su roacutetulo observa Van Hoof tales tratados tienen como destinatario a la eacutelite econoacutemica poliacutetica y social del mundo grecorromano Son por otra parte tratados de orientacioacuten fundamentalmente praacutectica Con ellos Plutarco no persigue ldquoconvertir a la filosofiacuteardquo ni lograr que sus lectores olviden sus ambiciones poliacuteticas y sociales Maacutes bien intenta ofrecerles una guiacutea que le ayude afrontar los problemas derivados de su posicioacuten dirigente La meta no es por tanto cambiar las expectativas de liderazgo o rebajar las pretensiones de poder e influencia propios y sustanciales de una clase como aquella que conforma la audiencia de los mal llamados ldquotratados filosoacutefico‑popularesrdquo Por el contrario lo que hace Plutarco es poner la filosofiacutea al servicio de sus aspiraciones42

El de cupiditate divitiarum emplea un tono admonitorio sus ideas son sen‑cillas y basadas en la experiencia o si se quiere en motivaciones prefilosoacuteficas y sus consejos no constituyen un obstaacuteculo sino una ayuda para la realizacioacuten de las ambiciones sociales que pueda albergar el lector Despliega en suma el conjunto de teacutecnicas y estrategias usuales en los tratados de ldquoeacutetica praacutectica al servicio de la eacutelite43rdquo No ocurre lo mismo con el discurso sobre la pobreza de Epaminondas Purgar el alma de las opiniones procedentes del exterior desterrar el ansia de riquezas y el deseo de gloria rehusar los favores de amigos y reyes y los dones de la fortuna son preceptos adecuados para un tipo de hombre que como Epaminondas huye de los conflictos inherentes a la lucha poliacutetica Pero es difiacutecil que con estos atributos Plutarco quiera hacer de Epaminondas un modelo para la oligarquiacutea a quien dirige sus tratados de eacutetica praacutectica Resulta significativa la posicioacuten que ocupa el discurso sobre la pobreza en el texto del de genio Una vez que concluye Epaminondas y despueacutes de que todos expresan su admiracioacuten hacia eacutel se expone una de las maacutes movidas peripecias en la que se vieron envueltos los miembros de la conjura Tras grandes sobresaltos y fuertes discusiones entre diversos implicados en la trama el asunto vino a resolverse por siacute solo e inespe‑radamente

41 El texto griego no es en este pasaje enteramente claro Quizaacutes es consecuencia de ello que frente a la lectura de los manuscritos (δικαιοσύνῃ) Russell (2010) proponga leer δικαιοσύνης

42 Van Hoof (2010) 28‑3743 Van Hoof (2010) 55‑56

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Un mentor limpio de pasiones El filoacutesofo y la actuacioacuten poliacutetica seguacuten el De genio Socratis

ldquoUn singular trastorno habiacutea hecho presa en nuestro aacutenimo Llenos poco antes de desazoacuten al ver nuestra empresa frustrada la presioacuten de las circunstancias y la urgencia que no consentiacutean tregua nos sumiacutea de nuevo en ansiedad y temor44rdquo

Con estas palabras describe Plutarco el estado de aacutenimo de los conjurados a raiacutez del episodio expuesto tras la discusioacuten sobre la pobreza Un estado de aacutenimo que no puede permitirse Epaminondas atento a la contencioacuten de las pasiones y la serenidad de su mente pero que es el propio de quienes participan en el complot revolucionario

El de genio se mueve seguacuten han observado diversos estudios modernos en dos planos el humano y el de los deacutemones el de la contemplacioacuten filosoacutefica y la praacutectica poliacutetica el mortal y el sobrenatural el de los que conocen y el de los que ignoran45 Y en correspondencia sus personajes se ubican en dos niveles Los unos estaacuten instalados en el mundo de la accioacuten y la peripecia son Cafisias el narrador y con eacutel todos los conjurados Otros se ubican en un plano superior el de la filosofiacutea y el contacto con las realidades transcendentes Epaminondas es la muestra maacutes clara pero el ejemplo uacuteltimo es Soacutecrates La incertidumbre el azar y el conflicto parecen preponderantes en el mundo de la accioacuten Asiacute lo indica el ruego que Arquedamo dirige a Cafisias al inicio de la obra la lucha de la virtud y la razoacuten contra las contingencias atrae por lo accidentado de su desarrollo la precariedad impliacutecita en la actuacioacuten humana y la peripecia que ello desencadena es precisamente lo que hace del acontecer histoacuterico un espectaacuteculo digno de intereacutes para el amante del honor y la belleza46 Ahora bien la manera de ver las cosas de Arquedamo se queda en la superficie de los hechos Ciertamente el relato concerniente a la liberacioacuten de la Cadmea se urde a partir de iniciativas y motivaciones humanas sin que el autor del relato Cafisias reclame expresamente la intervencioacuten divina Pero en el de genio la atmoacutesfera estaacute impregnada de un aura sobrenatural A ello contribuyen tanto las alusiones indirectas47 como la acumu‑lacioacuten de episodios y contenidos relacionados con la divinidad y el maacutes allaacute En muchas de sus obras consigna Plutarco su creencia de que el curso de la historia obedece al disentildeo de una fuerza transcendente48 El relato de la liberacioacuten de la Cadmea confirma dicha idea Pues el lector no puede eludir el pensamiento insi‑nuado por diversos procedimientos aunque no explicitado de que la ayuda divina respalda la actuacioacuten de los conjurados49 Ocurre sin embargo que ni Cafisias ni los demaacutes partiacutecipes de la conjura pueden acceder a esa visioacuten de las fuerzas

44 Gen Socr 588A45 Desideri (1984) 581 Hershbell (1988) 374‑378 Babut (1988) 384‑389 Brenk (1996)

41‑44 Georgiadou (1996) 114 Hardie (1996) 13346 Gen Socr 575B‑D47 Babut (1988) 385‑38648 Tratamiento del tema en Barigazzi (1984) y Swain (1989)49 Babut (1988) 386‑389

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sobrenaturales rectoras de los sucesos Y no acceden precisamente por estar in‑mersos en el mundo de la actuacioacuten y la peripecia Las pulsiones procedentes del exterior embargan su aacutenimo de manera que en expresioacuten de Brenk laquothey see only the apparent succession of chance occurrencesraquo50 Arquedamo tampoco tiene acceso al plano donde operan las fuerzas sobrenaturales Y evidentemente la misma ceguera afecta a esos laquoamantes del honor y la bellezaraquo ante los cuales invita a hablar a Cafisias Un puacuteblico ilustre cuya presentacioacuten hace Arquedamo subrayando su pertenencia a familias poliacuteticamente insignes51 Puacuteblico por tanto equiparable a esa eacutelite social a quien Plutarco dirige sus tratados de eacutetica praacutectica Los dos puacuteblicos el de Cafisias y el del Plutarco podriacutean identificarse con los heacuteroes que liberan la Cadmea Pero difiacutecilmente se identificariacutean con Epaminon‑das que en dos ocasiones rechaza tomar parte en la empresa52

En ambas el rechazo se justifica mediante un argumento ndashla negativa a derramar sangre de sus conciudadanos‑ que situacutea a Epaminondas a un nivel de exigencia eacutetica superior al de los conjurados53 Ahora bien la diferencia entre Epaminondas y los liberadores no radica en la eacutetica Pues al fin y al cabo ningu‑na ofensa eacutetica cabe reprochar a los protagonistas de la heroica liberacioacuten de la Cadmea Radica en el nivel Asiacute lo sugiere la discusioacuten sobre la pobreza Y asiacute lo vuelve a sentildealar el gran debate sobre el daimon de Soacutecrates que da tiacutetulo a al obra

Se debate sobre lo que Soacutecrates mismo llamaba su daimon el principio que lo guioacute a lo largo de su vida e iluminaba sus decisiones en materias inciertas e impenetrables para la inteligencia humana54 El daimon socraacutetico sugiere que Soacutecrates conociacutea de alguna manera los acontecimientos futuros algo que dos personajes del de genio acreditan55 En este sentido el debate versa sobre la adivi‑nacioacuten Las intervenciones de los diferentes personajes configuran tomadas en conjunto un extenso discurso filosoacutefico y religioso Plutarco no se alinea expresa‑mente con ninguna de las opiniones emitidas el tratamiento del tema presenta pues ese final abierto que es tan comuacuten en este autor Las cuestiones que se tocan son variadas pero todas parten de una cuestioacuten baacutesica La adivinacioacuten supone un conocimiento inalcanzable al menos en apariencia a la razoacuten humana Y el debate versa sobre coacutemo es posible acceder a ese nivel superior de inteligencia Miradas desde este punto de vista las opiniones formuladas por los distintos personajes pueden dividirse en dos grandes bloques De un lado Galaxidoro que

50 Brenk (1996) 4251 Gen Socr 575E‑F52 Gen Socr 576D‑E 594B‑C53 En la segunda ocasioacuten se antildeade un motivo maacutes conveniacutea que consumada la liberacioacuten

quedasen hombres a quienes nada pudiese reprocharse por no haber participado en la accioacuten Epaminondas se reserva este papel

54 Gen Socr 580C‑D55 Teoacutecrito (580D‑F) y Polimnis (581D‑E)

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Un mentor limpio de pasiones El filoacutesofo y la actuacioacuten poliacutetica seguacuten el De genio Socratis

inicia el debate propone una explicacioacuten maacutes proacutexima a los paraacutemetros raciona‑les56 en ella se ha querido ver una muestra de la llamada laquoadivinacioacuten teacutecnicaraquo (τεχνικὸς μαντική artificiosa divinatio)57 Del otro Simias Timarco y Teanor interpretan las premoniciones de Soacutecrates como un caso de comunicacioacuten direc‑ta entre el hombre y la divinidad defienden por tanto la llamada laquoadivinacioacuten naturalraquo (ἄτεχνος μαντική naturalis divinatio)58 Ya se ha dicho que Plutarco no se declara expresamente partidario de ninguna opcioacuten Pero su texto privilegia de manera indirecta los discursos de Simias Timarco y Teanor Asiacute lo sugiere un paacuterrafo del de genio que subraya el papel de Galaxidoro como mero introductor del problema59 Y asiacute lo recogen distintos estudios modernos Galaxidoro seriacutea el oponente racionalista casi siempre estoico habitual en los diaacutelogos religiosos de Plutarco su explicacioacuten se ve devaluada tanto por sus contradicciones internas como por la presencia de procedimientos textuales que rebajan su veracidad y en suma Galaxidoro y el resto de las intervenciones insertas en la seccioacuten dominada por eacutel tendriacutean como funcioacuten principal la de plantear el tema a debatir60

Las propuestas de Simias Timarco y Teanor son evidentemente distintas Actuacutea aquiacute quizaacutes el deseo de presentar el problema bajo luces diversas61 o quizaacutes el complejo planteamiento dramaacutetico que forma parte de las estrategias persuasivas de Plutarco62 Las tres sin embargo coinciden en una idea central la singularidad de aquellos hombres que como Soacutecrates pueden contactar con una realidad por encima del mundo material Para Simias el alma de la mayoriacutea de los hombres se halla embargada por el tumulto de las pasiones y la voraacutegine de las servidumbres vitales de manera que su entendimiento no puede captar las indica‑ciones de los seres superiores en el caso de Soacutecrates por el contrario su intelecto limpio y exento de pasiones (ὁ νοῦς καθαρὸς ὢν καὶ ἀπαθής) percibiacutea faacutecilmente las sentildeales enviadas por los seres divinos63 Seguacuten el mito de Timarco (expuesto por Simias) en el alma (ψυχή) conviven dos partes una inmersa en el cuerpo recibe el nombre mismo de ldquoalmardquo (ψυχή) la otra inaccesible a la corrupcioacuten se llama laquointelectoraquo (νοῦν) estaacute en el exterior del hombre y los entendidos le dan

56 Gen Socr 579F‑582C57 Corlu (1970) 49‑50 Doumlring (1984) 376 Schroumlder (2010) 161 58 Para la distincioacuten entre ambos tipos de maacutentica veacutease Cic div 111ndash12 134 172

1109ndash131 (con el comentario de Wardle (2006))59 Gen Socr 588A ζητήσεως οὐκ ἀγεννοῦς ἀλλ ἧς ὀλίγον ἔμπροσθεν οἱ περὶ Γαλαξίδωρον

καὶ Φειδόλαον ἥψαντο διαποροῦντες τίνος οὐσίας καὶ δυνάμεως εἴη τὸ Σωκράτους λεγόμενον δαιμόνιον

60 Corlu (1970) 19‑20 y 51‑52 Hani (1980) 53 Doumlring (1984) 376‑377 Schroumlder (2010) 161‑162 Donini (2011) 415‑416

61 Sobre el reparto de papeles filosoacuteficos que aquiacute parece efectuar Plutarco veacutease Donini (2011) 412‑419 (2011 [2004]) 442‑443

62 Veacutease Van Hoof (2010) 67‑68 a propoacutesito de determinados laquotratados de eacutetica praacutecticaraquo63 Gen Socr 588D‑E

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Joseacute M Candau

el nombre de daimon64 La parte irracional e inmersa en el cuerpo se halla sujeta a la racional e incorruptible Si la sujecioacuten es deacutebil el alma se dejaraacute doblegar por las pasiones soacutelo cuando se fortalece gracias a la educacioacuten aparece el alma capaz de percibir con prontitud las indicaciones de su daimon Algunos hombres sin embargo estaacuten especialmente dotados de suerte que en ellos predomina de forma innata la obediencia a la razoacuten y a su daimon A ellos estaacute reservada la capacidad de percibir la llamada divina65 Teanor afirma que las almas libres de lazos con el cuerpo se convierten en daacuteimones Tales daacuteimones guiacutean los asuntos del hombre Pero no todos los hombres reciben su atencioacuten pues se desentienden de cuantos estaacuten inmersos en los avatares del acontecer soacutelo aquellos que tras mil esfuerzos ascienden a una esfera elevada son recompensados con la ayuda del daimon66

Las tres intervenciones explican las dotes excepcionales de Soacutecrates mediante la existencia de hombres excepcionales Y en las tres esa excepcionalidad requiere una especial disposicioacuten del alma La liberacioacuten de las pasiones y el alejamiento del traacutefago iacutensito en el mundo humano se presentan como condicioacuten necesaria para que haya un Soacutecrates Paradigma del filoacutesofo Soacutecrates es tambieacuten el modelo de Epaminondas El discurso sobre la pobreza al mostrar coacutemo Epaminondas limpia su alma de pasiones e impulsos procedentes del mundo exterior acredita su condicioacuten de filoacutesofo Asiacute se reconoce cuando termina dicho discurso por boca de Simias67

laquoGran hombre grande es Epaminondas y responsable de ello es el aquiacute pre‑sente Polimnis que ha criado a sus hijos desde temprano en la mejor filosofiacutearaquo

Epaminondas tambieacuten es consecuente con su condicioacuten de filoacutesofo cuando rehuacutesa someter su alma al torbellino del acontecer humano y las pasiones aso‑ciadas esto es cuando se niega a participar en la conjura El filoacutesofo parece ser la conclusioacuten no debe participar al menos de manera directa en el torbellino de la vida poliacutetica

El Epaminondas del de genio es una creacioacuten histoacutericamente discutible68 Ciertamente su no participacioacuten en la liberacioacuten de la Cadmea y su formacioacuten filosoacutefica estaacuten suficientemente documentadas Pero Epaminondas es conocido ante todo por su dimensioacuten poliacutetica que aquiacute relega Plutarco para subrayar su

64 Gen Socr 591E65 Gen Socr 592A‑E66 Gen Socr 593D‑594A67 Gen Socr 585D68 Ya Von Stern (1884) 55‑57 sentildealoacute las debilidades del relato que ofrece Plutarco en el

de genio Los estudios posteriores (veacutease por ejemplo Corlu [1970] 19‑20 Barigazzi [1988] 414‑424Georgiadou [1996]) han insistido en el Epaminondas del de genio presenta una factura obediente sobre todo a razones compositivas y de disentildeo

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Un mentor limpio de pasiones El filoacutesofo y la actuacioacuten poliacutetica seguacuten el De genio Socratis

calidad de filoacutesofo Asiacute construida la figura de Epaminondas traslada un mensaje ndashla no implicacioacuten directa del filoacutesofo en las luchas poliacuteticas‑ que puede tener calado teoacuterico pero tambieacuten sirve a Plutarco para trasladar su posicionamiento ante cuestiones concernientes a su propia persona y al horizonte cultural de su eacutepoca Comparado a otros contemporaacuteneos que por condicioacuten social e incluso actividad literaria estaban a su mismo nivel Plutarco no protagonizoacute una carrera poliacutetica particularmente brillante69 Asumioacute en cambio el papel de consejero y guiacutea de la eacutelite La autoridad necesaria para ello se la confiere la filosofiacutea Pues Plutarco se presenta a siacute mismo como filoacutesofo La exaltacioacuten de Epaminondas es una exaltacioacuten de su propia identidad como filoacutesofo y mentor Epaminondas se mueve a una altura la de la filosofiacutea superior a la de sus afines y compantildeeros los conjurados Esta altura le prohiacutebe descender al plano de la accioacuten directa descenso que contaminariacutea su alma con pulsiones sobrevenidas pero tambieacuten le permite acceder a una realidad inalcanzable para sus compantildeeros Epaminondas eleva asiacute la posicioacuten del filoacutesofo y justifica incluso hace ineludible su alejamiento de la lucha poliacutetica Gracias a ello lo que podriacutea ser una debilidad del propio Plutarco la falta de una carrera puacuteblica brillante se transforma en una eleccioacuten deliberada y necesaria

Tal mensaje adquiere maacutes fuerza si se lo contempla sobre el transfondo cultural de la eacutepoca El auge de las composiciones de exitu illustrium virorum corre en paralelo a la admiracioacuten hacia el filoacutesofo que se enfrenta al poder y sufre castigo por ello Ya se ha dicho que el fenoacutemeno acreditado en diversas fuentes contemporaacuteneas a Plutarco fue propiciado particularmente por el final del rei‑nado de Diocleciano y que el modelo uacuteltimo del filoacutesofo‑maacutertir es Soacutecrates En este contexto adquiere un significado especial la exaltacioacuten del ldquoSoacutecrates tebanordquo Epaminondas Epaminondas se aleja del conflicto puacuteblico para cuidar su alma se distingue por su silencio y pese a ello constituye el ldquocentro ausenterdquo del de genio una composicioacuten articulada en torno a un conflicto civil la liberacioacuten de la Cadmea No resulta inverosiacutemil ver en todos estos datos una respuesta de Plu‑tarco ante el fenoacutemeno del ldquofiloacutesofo‑maacutertir poliacuteticordquo y la admiracioacuten aglutinada en torno a esa figura Respuesta que reivindica rotundamente el papel asumido por el propio Plutarco de filoacutesofo mentor del poliacutetico pero fuera eacutel mismo del traacutefago de la poliacutetica

69 Veacuteanse las observaciones y referencias que ofrece al respecto Van Hoof (2010) 66‑67

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Joseacute M Candau

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Joseacute M Candau

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A Esparta de Plutarco entre a guerra e as artes

de um seguidor das leis de Licurgo Nesse sentido Plutarco diz que o dinheiro e o ouro deveriam ser mandados embora de Esparta porque eles eram flagelos importados que despertavam a cobiccedila e promoviam a degeneraccedilatildeo dos costumes (c 17) Desse ponto de vista Lisandro prejudicou Esparta justamente porque promoveu seu enriquecimento e contribuiu para a dissoluccedilatildeo da frugalidade e da simplicidade que caracterizavam o cotidiano dos lacocircnios antes das vitoacuterias espartanas na Guerra do Peloponeso6

Na Vida de Agesilau Plutarco nos conta que o biografado foi o segundo filho de Arquidamo (o primeiro tinha sido Aacutegis) e que por isso ele natildeo seria o herdeiro direto do trono de Esparta De qualquer modo Agesilau foi educado de acordo com a agoge lacedemocircnia e nosso autor faz questatildeo de frisar que em decorrecircncia disso o liacuteder espartano sempre respeitou e praticou as leis de sua cidade (c 1) Mesmo apresentando uma pequena diferenccedila de tamanho de uma perna para a outra ele tinha outras qualidades espartanas como a honestidade a mansidatildeo e a beleza fiacutesica (c 2) Sua formaccedilatildeo foi tatildeo bem sucedida que diferente de Alexandre o grande e de Haniacutebal Agesilau foi um general que conquistou importantes vitoacuterias e mesmo assim nunca deixou de obedecer agraves leis espartanas (c 15) Mesmo depois de tornar‑se um lendaacuterio vencedor ele voltou a Esparta e continuou o mesmo homem de antes sem apresentar nenhuma novidade no seu comportamento diferente de outros estrategos quando voltavam de longas expediccedilotildees a terras estrangeiras (c 19)

Plutarco nos conta que Lisandro ndashque dizem ter sido amante de Agesilau na juventude (c 2)ndash pretendia introduzir muitas inovaccedilotildees e mudanccedilas no governo da Lacocircnia (c 20) Embora outros liacutederes de Esparta como Antaacutelcidas tenham feito acordos com os Persas e tenham abandonado laquocovarde e maldosamenteraquo os gregos da Aacutesia sob o domiacutenio dos baacuterbaros como nos diz Plutarco (c 23) Agesilau sempre foi um defensor da justiccedila Entre os capiacutetulos 29 e 30 da Vida de Agesilau nosso autor nos conta que os espartanos que perderam parentes na bata‑lha de Leuctra (em 371 a C) se alegraram e os que natildeo perderam ficaram tristes De certa forma eles responsabilizaram Agesilau pela derrota e lamentaram ter aceito um rei coxo Contudo Agesilau tinha boa reputaccedilatildeo e era muito virtuoso Prova disso eacute que sem promover nenhuma inovaccedilatildeo ele disse que era preciso fazer as leis dormirem para que retomassem a autoridade que tiveram no passado

Entretanto Plutarco natildeo faz apenas elogios a Agesilau Cartledge (1987 418) observa que ele faz criacuteticas a Agesilau por causa de sua ingratidatildeo em relaccedilatildeo a Lisandro (c 8) e condena seu comportamento porque ele teria hon‑rado mais os amigos do que a justiccedila (c 13 ver tambeacutem Moralia 807d) Aleacutem disso Plutarco via uma relaccedilatildeo direta entre a decadecircncia de Esparta e a ascenccedilatildeo

6 Sobre isso ver Duff (2002) 161‑204 e a introduccedilatildeo de Flaceliegravere e Chambry em Plutarque (1971) 158‑173

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Roosevelt Rocha

ilegiacutetima de Agesilau ao trono (c 21) Poreacutem no geral nosso autor eacute tatildeo favoraacutevel e simpaacutetico a Agesilau quanto Xenofonte que tambeacutem escreveu uma biografia do rei espartano a qual certamente serviu de base para a Vida composta pelo poliacutemata de Queroneia Segundo Cartledge (1987 418) para Plutarco Agesilau foi a encarnaccedilatildeo das virtudes peculiarmente espartanas simplicidade piedade e autocontrole7

Depois na Vida de Aacutegis e na Vida de Cleocircmenes Plutarco narra os uacuteltimos momentos da histoacuteria da Esparta independente ou seja o ponto mais baixo da decadecircncia daquela cidade Os reis Aacutegis e Cleocircmenes que reinaram no seacuteculo III a C tentaram restaurar os antigos valores dos tempos de Licurgo Eles tinham os dons naturais para levar essa tarefa a cabo Aacutegis tinha grandeza de alma e se insurgia contra os prazeres desde antes dos vinte anos (c 4) natildeo gostava de rou‑pas luxuosas e baniu toda suntuosidade para aderir aos antigos haacutebitos lacocircnios caracterizados pela simplicidade de vida Mas seu exemplo e sua energia natildeo foram suficientes para restaurar os costumes tradicionais e ele foi assassinado ainda muito jovem (cc 19‑21) Aquela Esparta incorrupta e valorosa dos tempos de Licurgo dava seus uacuteltimos suspiros

Cleocircmenes natildeo era parente de Aacutegis mas foi obrigado a se casar com a vi‑uacuteva do rei assassinado ou seja Agiaacutetis Segundo Plutarco (c 1) Cleocircmenes era ambicioso e tinha grandeza de alma Era temperante e simples como Aacutegis Ele tambeacutem quiz restaurar os antigos costumes espartanos (c 11) Primeiro depois de longa disputa poliacutetica abriu matildeo de seus bens Depois distribuiu as terras entre os cidadatildeos Restabeleceu a educaccedilatildeo dos jovens e a disciplina espartana Ele proacuteprio levou uma vida simples e frugal para dar o exemplo aos outros la‑cedemocircnios sem insolecircncia nem orgulho excessivo ou seja como um modelo de temperanccedila (c 13) Mesmo quando perdeu sua esposa Agiaacutetis por quem se enamorara verdadeiramente Cleocircmenes manteve a firmeza e seu caraacuteter elevado e tomou as providecircncias necessaacuterias para garantir a seguranccedila de seus soldados e aliados (c 22) Depois de reinar por dezesseis anos Cleocircmenes morreu (cc 37‑38) e assim terminou a histoacuteria de Esparta como cidade politicamente autocircnoma

Ateacute aqui vimos que podemos encontrar nas Vidas dos liacutederes espartanos escritas por Plutarco aquela imagem caracterizada por um conjunto de valores que parecem ter ganhado forccedila numa eacutepoca lendaacuteria e foram se enfraquecendo conforme o tempo foi passando e Esparta foi estendendo seu poder para fora da Lacedemocircnia Nesse quadro vemos uma cidade altamente militarizada de guerreiros corajosos disciplinados e afeitos a uma vida sem luxos e sem confortos Isso poderia indicar que os espartanos eram um povo rude pouco sofisticado e fechado para as artes

7 Cf tambeacutem a introduccedilatildeo de Flaceliegravere e Chambry em Plutarque (1973) 85‑88 e Shipley (1998) 1‑46

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A Esparta de Plutarco entre a guerra e as artes

Poreacutem vaacuterias fontes arqueoloacutegicas vasculares e mesmo literaacuterias nos mostram o contraacuterio Apesar de Tuciacutedides (1102) ter dito que os edifiacutecios em Esparta eram modestos e natildeo correspondiam ao tamanho do poder militar e poliacutetico da cidade dos lacedemocircnios em seu apogeu a avaliaccedilatildeo dos monumentos arquitetocircnicos espartanos precisa ser feita com cuidado Eacute preciso lembrar que Esparta natildeo foi destruiacuteda nas Guerras Meacutedicas como Atenas foi A capital da Aacutetica foi reconstruiacuteda e uma grande soma de dinheiro afluiu para ela por causa das contribuiccedilotildees dos aliados da Liga de Delos Isso natildeo aconteceu com a princi‑pal cidade da Lacocircnia Desse modo nela foram conservados edifiacutecios antigos do seacuteculo VI a C que apresentavam outro estilo de construccedilatildeo mais arcaizante do que claacutessico Dependendo do ponto de vista um estilo pode ser mais valorizado do que o outro

De qualquer modo Pausacircnias (3113) viajante do seacuteculo II d C que fez uma descriccedilatildeo de vaacuterias cidades da Greacutecia daquela eacutepoca nos informa que havia em Esparta vaacuterios monumentos que despertavam a admiraccedilatildeo daqueles que por ali passavam tal como o Poacutertico Persa construiacutedo inicialmente com o butim amealhado na guerra contra os persas Outros exemplos de edifiacutecios que nos uacuteltimos anos vecircm sendo estudados satildeo o templo de Apolo em Amiclas o templo de Aacutertemis Oacutertia e o Menelaion onde eram cultuados Menelau e Helena8

Cartledge (2002 111) nos informa que depois de 690 a C pintores de vasos da Lacocircnia sofreram influecircncia de artistas do Egeu e adotaram o chamado estilo lsquoorientalizantersquo o que mostra que na praacutetica Esparta natildeo estava isolada do resto do mundo helecircnico Ainda segundo Cartledge nessa eacutepoca artesatildeos lacocircnios que trabalhavam com bronze comeccedilaram a se interessar pela representaccedilatildeo de figuras humanas em suas obras e por volta de 650 a C comeccedilou a se desenvolver na regiatildeo de Esparta o uso do marfim para produccedilatildeo de objetos gravados Vemos entatildeo que o ambiente artiacutestico na Lacedemocircnia entre 775 e 650 a C natildeo era de modo algum esteacuteril ou sem importacircncia9

Como Burn (1960 275‑276) explica Esparta natildeo virou suas costas para a arte e a poesia Prova disso eacute que vasos com detalhes refinados foram fabricados ali e exportados para outras regiotildees da Heacutelade ateacute 550 a C mais ou menos Por volta de 600 a C Gitiadas poeta escultor e arquiteto projetou o Templo de Atena tambeacutem conhecido como Casa de Bronze por causa das placas feitas com esse metal para decorar o edifiacutecio E em 585 a C o segundo templo de Oacutertia foi construiacutedo Ou seja havia artesatildeos trabalhando em Esparta no periacuteodo arcaico que produziram obras dignas de admiraccedilatildeo10

8 Para mais informaccedilotildees sobre a arqueologia e a arquitetura espartanas ver Walker (1998) Kaltsas (2007) e Cavanagh (2009)

9 Sobre isso ver tambeacutem Burn (1960) 180‑184 e Stibbe (1996) passim10 Ver tambeacutem Burn (1960) 280‑282 e Cartledge (2002) 133‑136

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Roosevelt Rocha

No que diz respeito agrave muacutesica Plutarco nos daacute significativos testemunhos da sua importacircncia em ambiente espartano tanto nas Vidas quanto nos Moralia Na Vida de Licurgo no c 4 por exemplo encontramos a informaccedilatildeo segundo a qual o legislador lendaacuterio teria convidado um poeta‑legislador de Creta para ir a Esparta com ele Esse poeta se chamava Tales Mas talvez tenha havido alguma confusatildeo na tradiccedilatildeo manuscrita e esse Tales poderia ser o Taletas de Gortina mencionado algumas vezes no livro Sobre a Muacutesica tambeacutem de Plutarco Ele teria sido o responsaacutevel por curar os espartanos de uma peste com o seu canto11 Aleacutem disso no mesmo c 4 nos eacute dito que Licurgo teria sido o responsaacutevel por levar os poemas de Homero da Jocircnia para sua cidade

Depois no c 21 da mesma Vida Plutarco nos diz que os lacedemocircnios apreciavam se dedicar agrave poesia meacutelica porque as canccedilotildees estimulavam seus espiacuteritos e lhes davam coragem para enfrentar os inimigos nas batalhas Seu estilo era simples e seus temas eram seacuterios com o objetivo de promover uma boa formaccedilatildeo dos caraacuteteres Nelas eram louvados os heroacuteis de Esparta e condenados os covardes que natildeo lutaram ateacute o fim para defender sua cidade Nos festivais eram organizados trecircs coros de acordo com as idades um de velhos outro de adultos e outro de jovens Cada um cantava sobre a sua bravura uns falavam dos seus feitos no passado os outros tratavam das suas accedilotildees no presente e os uacuteltimos cantavam sobre o seu desejo de realizar grandes proezas no futuro Esses seriam os temas baacutesicos das canccedilotildees em Esparta e por isso segundo Plutarco Terpandro e Piacutendaro estavam corretos ao associar bravura e muacutesica e ao mostrar que os espartanos eram o povo mais aguerrido e mais musical

Por isso natildeo era por acaso que os jovens cantavam o nomo de Caacutestor e o peatilde da marcha (c 22) e em todo lugar havia danccedilas festas e banquetes quando natildeo havia expediccedilotildees militares (c 24) Contudo o gosto pela boa muacutesica e pela boa poesia natildeo era caracteriacutestico de todos os habitantes da Lacocircnia tendo em vista que os hilotas danccedilavam e cantavam canccedilotildees vulgares e grotescas diferentes das composiccedilotildees de Aacutelcman Terpandro e Especircndon (c 28) Isso na verdade estava associado ao fato de eles serem escravos e por isso era compreensiacutevel que eles apreciassem canccedilotildees vis como eles proacuteprios

Na Vida de Lisandro encontramos algumas informaccedilotildees que reforccedilam a impressatildeo de que os espartanos tinham sim grande sensibilidade para a muacutesica No c 15 ficamos sabendo que os lacocircnios depois de conquistar Atenas em 404 a C queriam destruir aquela cidade mas apoacutes ouvir um coro da Electra de Euriacutepides desistiram Em seguida no c 18 Plutarco nos conta que Lisandro estava sempre acompanhado do poeta Queacuterilo encarregado de celebrar os feitos do general E outros poetas tambeacutem celebraram Lisandro segundo nosso autor

11 Ver Plu Mus 42 (1146B‑C) e Gostoli (1990) 12‑13 e

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A Esparta de Plutarco entre a guerra e as artes

Na Vida de Agesilau c 14 lemos que os espartanos apreciavam uma parte da poesia de Timoacuteteo de Mileto poeta que teria tido algumas cordas de sua ciacutetara cortadas quando de uma sua visita a Esparta porque os eacuteforos julgavam que natildeo seriam necessaacuterias mais do que sete cordas e o instrumento do poeta tinha onze12 Essa anedota indica que os lacocircnios natildeo apreciavam inovaccedilotildees Poreacutem a informaccedilatildeo do c 14 da Vida de Agesilau mostra que eles poderiam aceitar pelo menos uma parte da obra de um poeta inovador desde que essa parte se adequas‑se ao gosto e agraves tradiccedilotildees do local Tambeacutem nessa mesma Vida c 21 Plutarco nos diz que o rei Agesilau apreciava os cantos e as danccedilas mesmo natildeo sendo um lsquoespecialistarsquo nas artes

Por fim na Vida de Aacutegis c 10 encontramos um elogio a Terpandro a Ta‑les (Taletas) e a Fereacutecides porque mesmo sendo estrangeiros professavam o que Licurgo instituiu e por isso foram muito honrados em Esparta Na Vida de Cleocircmenes c 2 somos informados que o rei Leocircnidas elogiou Tirteu algo facilmente compreensiacutevel tendo em vista o caraacuteter estimulante e guerreiro das elegias daquele poeta Aleacutem disso nessa mesma Vida citada por uacuteltimo c 12 Plutarco nos conta que Cleocircmenes certa vez teria encontrado alguns artistas de Dioniso muacutesicos e atores profissionais que iam de cidade em cidade para se apresentar e construiu um teatro Isso mostra que esse rei estimulou de alguma maneira as atividades artiacutesticas mesmo que ele natildeo tivesse o costume de levar artistas com seu exeacutercito de acordo com Plutarco e nem apreciasse apresentaccedilotildees musicais nos seus banquetes (c 13)

Tudo isso mostra que Esparta era uma cidade onde a muacutesica tinha um papel importe na educaccedilatildeo e na guerra e que os lacocircnios natildeo eram um povo obtuso e indiferente ao poder das melodias De acordo com Plutarco tendo em vista agora algumas passagens dos Moralia os espartanos passavam por treinamento rigoroso no que diz respeito agrave muacutesica e agrave poesia e suas canccedilotildees estimulavam os espiacuteritos e faziam com que os homens se sentissem entusiasmados e se esfor‑ccedilassem para ser bem sucedidos Em vaacuterias passagens das suas Obras Morais ele elogia o estilo da muacutesica deles porque ela era simples e natildeo afetada e seus temas eram seacuterios e edificantes Se algueacutem estudasse a poesia e as canccedilotildees de marcha de Esparta acompanhadas pelo aulo essa pessoa concordaria que Terpandro e Piacutendaro estavam certos ao associar valor (andreia) e muacutesica Como vimos acima nos trechos citados das Vidas Plutarco tambeacutem diz que os Espartanos eram o povo ao mesmo tempo mais musical (mousikotatous) e o mais afeito agrave guerra (polemikotatous)13

No livro sobre os Antigos Costumes dos Espartanos Plutarco tambeacutem elogia os ritmos das canccedilotildees de marcha (embaterioi rhythmoi) porque eles despertavam

12 Ver Plu Agis 1013 Cf Lyc 211‑4

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a coragem a audaacutecia e o desdeacutem pela morte requisitos indispensaacuteveis para o guerreiro valoroso Os espartanos usavam esses ritmos para danccedilar mas tambeacutem quando avanccedilavam contra os inimigos ao som do aulo Plutarco lembra que Li‑curgo associava o amor pela muacutesica agrave praacutetica militar para que o espiacuterito guerreiro combinado com a melodia tivesse concordacircncia e harmonia (symphonia kai har‑monia) Por isso em tempos de guerra os reis espartanos ofereciam sacrifiacutecios agraves Musas antes de ir para a batalha como Plutarco nos conta nos Instituta Laconica 16 (238B‑C)

E para manter a pureza da sua muacutesica e dos seus costumes os espartanos agraves vezes recorriam a atos violentos Como Plutarco reporta nos Instituta Laconica 17 (238C‑D) eles natildeo permitiriam que ningueacutem desrespeitasse de modo algum as regras da muacutesica do passado Nem mesmo Terpandro um dos mais antigos e melhores citaredos (aqueles que cantavam acompanhados da ciacutetara ou da lira) teria a permissatildeo para acrescentar uma corda extra ao seu instrumento para que suas melodias fossem mais variadas Ele tentou fazer isso mas os eacuteforos pregaram sua lira numa parede por causa do seu ato iacutempio contraacuterio agrave tradiccedilatildeo Em outra ocasiatildeo um dos eacuteforos teria procedido com mais violecircncia quando Timoacuteteo o famoso muacutesico inovador que floresceu na segunda metade do seacuteculo V a C estava competindo no festival das Carneias ele pegou uma faca e perguntou ao muacutesico de que lado ele deveria cortar as cordas supeacuterfluas cujo nuacutemero ultra‑passava o tradicional de sete cordas Outras variantes dessa histoacuteria satildeo contadas por Plutarco em outros textos mas nessas outras passagens Friacutenis outro muacutesico inovador da segunda metade do seacuteculo V a C eacute o protagonista14

Mas para aleacutem da sua importacircncia na educaccedilatildeo e nos contextos de bata‑lha a muacutesica tinha grande significado tambeacutem nas momentos das celebraccedilotildees religiosas Dentre as festividades religiosas realizadas na Lacedemocircnia uma das mais importantes era a das Carneias realizada em Esparta e intimamente ligada agrave histoacuteria de Terpandro As origens desse festival eram muito antigas anteriores ao seacuteculo VIII a C tendo em vista que no seacuteculo VII os colonizadores espartanos da cidade italiana de Tarento jaacute tinham o costume de celebraacute‑la15 As Carneias eram dedicadas ao deus Apolo Carneu Em Esparta havia concursos musicais e atleacuteti‑cos uma corrida de jovens e um banquete ritual que contava com a participaccedilatildeo dos homens adultos que representavam as fratrias O festival era organizado por cidadatildeos solteiros e era o momento adequado para que os jovens que jaacute haviam completado seu periacuteodo de formaccedilatildeo ingressassem na vida adulta16

O que nos interessa aqui eacute o papel que a muacutesica desempenhava no contexto dessas festividades Um elemento importante nesses momentos de comemoraccedilatildeo

14 Cf Prof virt 84A Apophth Lac 220C e Agis 107 jaacute citada na nota 9 Cf Rocha (2008) 654‑655

15 Brelich (1969) 181‑18216 Brelich (1969) 149‑150

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eram os concursos A realizaccedilatildeo de concursos musicais no acircmbito do festival das Carneias natildeo teria acontecido desde o iniacutecio A introduccedilatildeo de agones provavel‑mente ocorreu quando Terpandro migrou de Metimna (Lesbos) para Esparta na primeira metade do seacuteculo VII a C Nesse contexto eacute importante considerar o testemunho de Helacircnico17 segundo o qual Terpandro teria sido o primeiro a vencer o concurso musical nas Carneias Esse fato parece estar diretamente relacionado agrave fundaccedilatildeo da primeira escola musical (katastasis) em Esparta por obra do mesmo Terpandro Segundo Brelich (1969 186‑191) eacute muito provaacutevel que a introduccedilatildeo do concurso musical nas Carneias tenha sido influenciada pela proacutepria katastasis18 Essa hipoacutetese ganha forccedila se consideramos o capiacutetulo 9 do tratado Sobre a Muacutesica como um todo Ali Plutarco fala da primeira katastasis fundada por Terpandro e menciona tambeacutem a segunda katastasis liderada por Taletas de Gortina Xenoacutedamo de Citera Xenoacutecrito de Locres Polimnesto de Coacutelofon e Saacutecadas de Argos muacutesicos que teriam instituiacutedo as Gimnopeacutedias em Esparta as Apodeixeis na Arcaacutedia e as Endimaacutetias em Argos Jaacute que os membros da segunda escola musical foram fundadores de festivais19 em diferentes cidades do Peloponeso Terpandro tambeacutem pode ter desempenhado o mesmo papel no contexto das Carneias

No que diz respeito agraves Gimnopeacutedias contudo encontramos uma situaccedilatildeo diferente Possuiacutemos uma grande variedade de informaccedilotildees sobre esse festival que inclusive muitas vezes satildeo contraditoacuterias Mas tratando apenas daquilo que nos interessa aqui sabemos que no periacuteodo das festividades aconteciam apresentaccedilotildees de coros de adolescentes e adultos instituiacutedos em honra a Apolo que cantavam hinos compostos por poetas como Taletas Aacutelcman e Dionisodoto Depois da batalha de Tireia em 544 aC na qual Esparta lutou contra Argos pela posse da Tireaacutetida tornou‑se costumeiro cantar um peatilde em honra dos soldados que morreram naquela ocasiatildeo Por causa desse elemento ritual e da comparaccedilatildeo com as Apodeixeis e as Endimaacutetias as Gimnopeacutedias foram consideradas festas que indicavam o momento no qual os jovens receacutem‑iniciados eram integrados agrave vida militar20

Tendo tudo isso em vista podemos concluir que eacute preciso colocar a miragem espartana em perspectiva Esparta natildeo era tatildeo lsquoespartanarsquo assim e natildeo foi sempre lsquoespartanarsquo Havia espaccedilo naquela cidade para o cultivo das artes tais como a arquitetura a escultura a pintura vascular a muacutesica (que incluiacutea a poesia) e a danccedila Nela floresceram poetas como Aacutelcman Terpandro e Tirteu Nela surgiram escolas poeacuteticomusicais Nela viveram poetas estrangeiros tais como Taletas de

17 FGrHist 4 F 85 = Ateneu 635e = Terpander Test 1 Gostoli18 Cf tambeacutem Gostoli (1990) 84‑8519 Mais do que fundadores de festivais eacute mais verossiacutemil pensar que esses autores foram os

responsaacuteveis pela introduccedilatildeo dos concursos musicais como parte das celebraccedilotildees 20 Cf Gostoli (1990) 85‑86

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Gortina (Creta) e Saacutecadas de Argos E sendo assim houve um ambiente feacutertil e favoraacutevel para o desenvolvimento e o cultivo de atividades artiacutesticas Os esparta‑nos foram sim grandes guerreiros que contribuiacuteram decisivamente para a vitoacuteria dos helenos sobre os persas Eles cultivaram sim suas habilidades guerreiras a ponto de derrotar os atenienses na Guerra do Peloponeso Poreacutem Esparta natildeo foi somente uma comunidade de soldados que dedicavam suas vidas somente agrave guerra Esparta foi tambeacutem uma cidade onde as pessoas cantavam danccedilavam e apreciavam a beleza dos edifiacutecios e dos objetos do cotidiano Eacute preciso reconhecer isso e na obra de Plutarco jaacute encontramos essa imagem multifacetada dessa cul‑tura Basta direcionar os olhos para outras direccedilotildees

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Bibliografia

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Plutarque Vies Tome VI Text eacutetabli et traduit par Flaceliegravere R et Chambry Eacute Paris Les Belles Lettres 1971

Plutarque Vies Tome VIII Text eacutetabli et traduit par Flaceliegravere R et Chambry Eacute Paris Les Belles Lettres 1973

Powell A amp Hodkinson S (eds) The shadow of Sparta Londres Routledge 1994Rawson E The spartan tradition in european thought Oxford Oxford University

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Roosevelt Rocha

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Museum Classical Colloquium held with the British School at Athens and Kingrsquos and University Colleges London 6‑8 December 1995 Atenas British School at Athens 1999

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Index nominum

Timoacuteteo 167‑168 178 183Timoacutexena 195Tindaacuteridas 63Tireaacutetida 169Tireia 169Tireacutesias 236Tirteu 167 169 221Titatildes 245Trajano 121Trezena 31 32‑35 38 Tricoacuterito 39Troia 81 124Tuciacutedides 122 160 181Ulisses 81 192Valeacuterio (vd Puacuteblio Valeacuterio)Vestais 58 204Viacutenio 200Xantipo 191 201Xenoacutecrito 169Xenoacutedamo 169Xenofonte 160 164Zaleuco 88Zeus 36 40‑41 220 226 243

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Index nominum

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Notas biograacuteficas dos autores

Aacutelia Rodrigues eacute doutorada em Estudos Claacutessicos (Literatura Grega) e inves‑tigadora do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse satildeo a histoacuteria das ideias poliacuteticas desde os Gregos ateacute agrave modernidade histoacuteria legal e a recepccedilatildeo de temas claacutessicos na contemporaneidade

Ana Ferreira eacute Professora Auxiliar do Departamento de Estudos Portugueses e Ro‑macircnicos da Faculdade de Letras da Universidade do Porto e investigadora do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a histoacuteria antiga a literatura greco‑romana bem como a didaacutectica das liacutenguas claacutessicas

Delfim F Leatildeo eacute Professor Catedraacutetico da Instituto de Estudos Claacutessicos e investiga‑dor do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a histoacuteria antiga o direito e a teorizaccedilatildeo poliacutetica dos Gregos a pragmaacutetica teatral e a escrita romanesca antiga

Faacutebio Vergara Cerqueira eacute Professor Adjunto do Instituto de Ciecircncias Humanas da Universidade Federal de Pelotas pesquisador PQ‑2 do CNPq Professor Visitante na Universidade de Heidelberg Bolsista Fundaccedilatildeo Humboldt ldquoPesquisador Experienterdquo Principais aacutereas de interesse satildeo histoacuteria e arqueologia da Greacutecia antiga e sua recepccedilatildeo enfocando muacutesica iconografia ceramologia gecircnero memoacuteria social identidade e patrimocircnio cultural

Guillermina Gonzaacutelez Almenara es Profesor Contratado Doctor Tipo 1 vinculada con el Aacuterea de Filologiacutea Griega del Departamento de Filologiacutea Claacutesica Francesa Aacuterabe y Romaacutenica de la Universidad de La Laguna Sus principales liacuteneas de investi‑gacioacuten son la mujer y el aacutembito femenino en la Grecia antigua Historiografiacutea griega Historia y civilizacioacuten de la Grecia antigua

Ivana S Chialva es Doctora en Letras Investigadora Asistente del Conicet y Profesora de Griego y Literaturas griega y latina de la Facultad de Humanidades y Ciencias de la Universidad Nacional del Litoral (Santa Fe Argentina) Sus tra‑bajos sobre el mundo antiguo se focalizan en la relacioacuten entre primera y segunda sofiacutestica y en la influencia de este uacuteltimo fenoacutemeno en la prosa narrativa griega de eacutepoca imperial especialmente la retoacuterica la biografiacutea y la novela en sus diferentes formas

Jesuacutes-Mordf Nieto Ibaacutentildeez es Catedraacutetico de Filologiacutea Griega de la Universidad de Leoacuten Sus liacuteneas de investigacioacuten son la literatura judiacutea en lengua griega los primeros textos cristianos el Humanismo y la Tradicioacuten claacutesica Actualmente dirige un Proyecto de

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investigacioacuten sobre el Humanismo la Tradicioacuten claacutesica y patriacutestica y la exeacutegesis biacuteblica en los siglos XVI y XVII

Joaquim Pinheiro eacute Professor Auxiliar da Universidade da Madeira e investigador do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a biografia antiga a Segunda Sofiacutestica a retoacuterica claacutessica e o pensamento poliacutetico dos Gregos

Joseacute M Candau es Catedraacutetico de Filologiacutea Griega en la Universidad de Sevilla Sus principales aacutereas de investigacioacuten son la historiografiacutea griega y Plutarco

Loraine Oliveira eacute professora de Filosofia da Universidade de Brasiacutelia Publicou o livro Plotino escultor de mitos pela Imprensa da Universidade de CoimbraAnnablume em 2014 Vem se dedicando principalmente a estudar os mitos em Plotino Plutarco e Porfiacuterio assim como o vegetarianismo em Plutarco e Porfiacuterio

Maria Aparecida de Oliveira Silva eacute professora visitante do Programa de Poacutes‑Gradu‑accedilatildeo em Letras Claacutessicas da Universidade de Satildeo Paulo e Professora Pesquisadora do Programa de Poacutes‑Graduaccedilatildeo em Histoacuteria da Universidade Federal de Satildeo Paulo Liacuteder do Grupo CNPq LABHAN Laboratoacuterio de Histoacuteria Antiga da Universidade Federal do Amapaacute Pesquisadora do Grupo CNPq Linceu ‑ Visotildees da Antiguidade Claacutessica da Universidade Estadual Paulista Pesquisadora do Grupo Retoacuterica Texto y Comunicacioacuten da Universidad de Caacutediz Membro do Conselho Acadecircmico do Seminaacuterio de Histoacuteria e Filosofia das Religiotildees da Universidad Autoacutenoma de Ciudad Juaacuterez mdash Meacutexico Pesquisa e publica trabalhos sobre Esparta Plutarco e biografia antiga

M Teresa Fau Ramos es Profesora Titular del Departament de Filologia Grega de la Universitat de Barcelona y miembro del Grup de Recerca Graecia Capta que investiga la pervivencia de la identidad griega bajo el imperio romano Sus principales aacutereas de intereacutes cientiacutefico son la historia e instituciones de la Grecia claacutesica y post‑claacutesica la religioacuten helena (paganismo) y diversos aspectos del cristianismo primitivo

Pilar Goacutemez Cardoacute es profesora titular de Filologiacutea Griega en la Universidad de Barcelona donde imparte docencia e investiga desde 1981 Doctora en Filologiacutea Claacutesica desde 1987 con una tesis sobre la tradicioacuten yaacutembica y la faacutebula (La Vida drsquoIsop entre el iambe la faula i la novella) es autora de numerosos artiacuteculos y capiacutetulos de libros sobre la literatura griega de eacutepoca imperial romana en especial sobre Segunda Sofiacutestica y novela ha estudiado principalmente autores como Luciano en cuya edicioacuten y traduccioacuten al castellano para la coleccioacuten Alma Mater participa Plutarco Dioacuten de Prusa o Elio Ariacutestides Es miembro del grupo de investigacioacuten Graecia Capta de la Universidad de Barcelona

Roosevelt Rocha eacute Professor Adjunto do curso de Letras da Universidade Federal do Paranaacute (Brasil) e pesquisador ligado ao Programa de Poacutes‑Graduaccedilatildeo em Letras da

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mesma Universidade As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a poesia grega arcaica (elegia jambo e meacutelica) a muacutesica grega antiga e o estudo da performance da poesia grega dos periacuteodos arcaico e claacutessico

Vicente Ramoacuten es Profesor Tiular de Filologiacutea Griega de la Universidad de Zara‑goza Sus intereses cientiacuteficos pueden sintetizarse en las siguientes liacuteneas Plutarco de Queronea y la biografiacutea poliacutetica historiografiacutea griega retoacuterica y oratoria griegas tradicioacuten claacutesica teatro griego la irreligiosidad en la Atenas Claacutesica

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Volumes publicados na Colecccedilatildeo Humanitas Supplementum

1 Francisco de Oliveira Claacuteudia Teixeira e Paula Barata Dias Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 1 ndash Liacutenguas e Literaturas Greacutecia e Roma (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

2 Francisco de Oliveira Claacuteudia Teixeira e Paula Barata Dias Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 2 ndash Liacutenguas e Literaturas Idade Meacutedia Renascimento Recepccedilatildeo (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

3 Francisco de Oliveira Jorge de Oliveira e Manuel Patriacutecio Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 3 ndash Histoacuteria Arqueologia e Arte (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2010)

4 Maria Helena da Rocha Pereira Joseacute Ribeiro Ferreira e Francisco de Oliveira (Coords) Horaacutecio e a sua perenidade (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

5 Joseacute Luiacutes Lopes Brandatildeo Maacutescaras dos Ceacutesares Teatro e moralidade nas Vidas suetonianas (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

6 Joseacute Ribeiro Ferreira Delfim Leatildeo Manuel Troumlster and Paula Barata Dias (eds) Symposion and Philanthropia in Plutarch (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

7 Gabriele Cornelli (Org) Representaccedilotildees da Cidade Antiga Categorias histoacutericas e discursos filosoacuteficos (Coimbra Classica DigitaliaCECHGrupo Archai 2010)

8 Maria Cristina de Sousa Pimentel e Nuno Simotildees Rodrigues (Coords) Sociedade poder e cultura no tempo de Oviacutedio (Coimbra Classica DigitaliaCECHCECCH 2010)

9 Franccediloise Frazier et Delfim F Leatildeo (eds) Tychegrave et pronoia La marche du monde selon Plutarque (Coimbra Classica DigitaliaCECH Eacutecole Doctorale 395 ArScAn‑THEMAM 2010)

10 Juan Carlos Iglesias‑Zoido El legado de Tuciacutedides en la cultura occidental (Coimbra Classica DigitaliaCECH ARENGA 2011)

11 Gabriele Cornelli O pitagorismo como categoria historiograacutefica (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2011)

12 Frederico Lourenccedilo The Lyric Metres of Euripidean Drama (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2011)

13 Joseacute Augusto Ramos Maria Cristina de Sousa Pimentel Maria do Ceacuteu Fialho Nuno Simotildees Rodrigues (coords) Paulo de Tarso Grego e Romano Judeu e Cristatildeo (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

14 Carmen Soares amp Paula Barata Dias (coords) Contributos para a histoacuteria da alimentaccedilatildeo na antiguidade (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

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15 Carlos A Martins de Jesus Claudio Castro Filho amp Joseacute Ribeiro Ferreira (coords) Hipoacutelito e Fedra ‑ nos caminhos de um mito (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

16 Joseacute Ribeiro Ferreira Delfim F Leatildeo amp Carlos A Martins de Jesus (eds) Nomos Kosmos amp Dike in Plutarch (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

17 Joseacute Augusto Ramos amp Nuno Simotildees Rodrigues (coords) Mnemosyne kai Sophia (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

18 Ana Maria Guedes Ferreira O homem de Estado ateniense em Plutarco o caso dos Alcmeoacutenidas (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

19 Aurora Loacutepez Andreacutes Pocintildea amp Maria de Faacutetima Silva De ayer a hoy influencias claacutesicas en la literatura (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

20 Cristina Pimentel Joseacute Luiacutes Brandatildeo amp Paolo Fedeli (coords) O poeta e a cidade no mundo romano (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

21 Francisco de Oliveira Joseacute Luiacutes Brandatildeo Vasco Gil Mantas amp Rosa Sanz Serrano (coords) A queda de Roma e o alvorecer da Europa (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

22 Luiacutesa de Nazareacute Ferreira Mobilidade poeacutetica na Greacutecia antiga uma leitura da obra de Simoacutenides (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica DigitaliaCECH 2013)

23 Faacutebio Cerqueira Ana Teresa Gonccedilalves Edalaura Medeiros amp JoseacuteLuiacutes Brandatildeo Saberes e poderes no mundo antigo Vol I ndash Dos saberes (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia2013) 282 p

24 Faacutebio Cerqueira Ana Teresa Gonccedilalves Edalaura Medeiros amp Delfim Leatildeo Saberes e poderes no mundo antigo Vol II ndash Dos poderes (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013) 336 p

25 Joaquim J S Pinheiro Tempo e espaccedilo da paideia nas Vidas de Plutarco (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013) 458 p

26 Delfim Leatildeo Gabriele Cornelli amp Miriam C Peixoto (coords) Dos Homens e suas Ideias Estudos sobre as Vidas de Dioacutegenes Laeacutercio (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013)

27 Italo Pantani Margarida Miranda amp Henrique Manso (coords) Aires Barbosa na Cosmoacutepolis Renascentista (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2013)

28 Francisco de Oliveira Maria de Faacutetima Silva Tereza Virgiacutenia Ribeiro Barbosa (coords) Violecircncia e transgressatildeo uma trajetoacuteria da Humanidade (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

29 Priscilla Gontijo Leite Eacutetica e retoacuterica forense asebeia e hybris na caracterizaccedilatildeo dos adversaacuterios em Demoacutestenes (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

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30 Andreacute Carneiro Lugares tempos e pessoas Povoamento rural romano no Alto Alentejo ‑ Volume I (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2014)

31 Andreacute Carneiro Lugares tempos e pessoas Povoamento rural romano no Alto Alentejo ‑ Volume II (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2014)

32 Pilar Goacutemez Cardoacute Delfim F Leatildeo Maria Aparecida de Oliveira Silva (coords) Plutarco entre mundos visotildees de Esparta Atenas e Roma (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

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Resumo da obra

A vasta e variada obra de Plutarco permite sempre uma abordagem a partir de distintas

perspetivas com diferentes intenccedilotildees e propoacutesitos variados No entanto eacute importante

identificar tambeacutem fios comuns nessa abordagem porque permitem demonstrar tanto a

niacutevel formal como de conteuacutedo que haacute muitos elementos comuns que permeiam o trabalho

de Plutarco

Os treze contributos para este volume tecircm como elo comum o nome de trecircs cidades

Esparta Atenas e Roma Elas representam espaccedilos poliacuteticos e institucionais diversos dada

a sua extensatildeo geograacutefica e cronoloacutegica mas simbolizam igualmente diferentes modelos

de organizaccedilatildeo social atraveacutes dos quais a Greacutecia pode ser contrastada com Roma ou Atenas

comparada com Esparta mdash ainda que o seu verdadeiro interesse na obra de Plutarco seja

que representam sempre locais paradigmaacuteticos onde vivem e convivem pessoas Por

isso os estudiosos de Plutarco que contribuiacuteram para este volume procuram analisar em

cada uma dessas cidades seja por assimilaccedilatildeo ou por contraste a forma como o autor de

Queroneia aborda a ligaccedilatildeo entre indiviacuteduo e comunidade a partir do exerciacutecio do poder

e da experiecircncia religiosa qual o papel da educaccedilatildeo e do domiacutenio privado na projeccedilatildeo

puacuteblica dos protagonistas retratados por Plutarco ou ateacute que ponto a imagem dos primeiros

legisladores e fundadores miacuteticos foi condicionada pela evoluccedilatildeo histoacuterica destas mesmas

cidades

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Mordf Teresa Fau Ramos

de sacrificios incruentos78 la institucioacuten de los sacerdotes Pontiacutefices79 la de los Feciales80 y la de los Salios81 la consagracioacuten de las Viacutergenes Vestales82 y la regla‑mentacioacuten relativa a usos fuacutenebres83

Pero las innovaciones no podiacutean centildeirse exclusivamente a un contexto reli‑gioso Preocupado por la existencia de una masa de ciudadanos indigentes Numa decide servirse de las tierras que habiacutean sido conquistadas por su antecesor y las reparte entre los desheredados Asiacute inclina al pueblo a la praacutectica de la agricultura con el fin de que estos hombres que cultivancivilizan una tierra que les ha sido otorgada resulten tambieacuten ellos cultivadoscivilizados84 y mediante normas adicionales se aplica a incentivar las labores del campo85

Quedaba todaviacutea por abordar un grave problema pues auacuten subsistiacutea la antigua divisioacuten entre sabinos y romanos Para subsanarla el legislador establece nuevos criterios para clasificar a la ciudadaniacutea y distribuye a los individuos en entidades que dariacuteamos en llamar laquogremialesraquo De este modo agrupados en virtud de los oficios que desempentildean los habitantes de la pujante poblacioacuten iraacuten olvidando los antiguos motivos de desunioacuten86

No acaban ahiacute las reformas de Numa Tambieacuten dicta leyes relacionadas con la institucioacuten familiar87 y el calendario88 Y con todo ello consigue hacer de Roma ndashe incluso de las ciudades del entornondash un remanso de paz la violencia desaparece fiestas y banquetes se celebran por doquier las gentes se relacionan entre si en un ambiente de mutua confianza no hay constancia alguna de laquoguer‑raraquo (πόλεμος) laquodiscordia civilraquo (στάσις) ni laquorevolucioacuten poliacuteticaraquo (νεωτερισμὸς περὶ πολιτείαν) y la figura de Numa goza del respeto general89 Cuando alcan‑zados ya los ochenta antildeos fallece el legislador90 su muerte ndashmuerte naturalndash es

78 Num 815 Plutarco atribuye esta medida al igual que otras a la influencia del espartano Pitaacutegoras (cf Num 14) La influencia de Pitaacutegoras en las costumbres romanas habriacutea sido tratada por Caacutestor de Rodas a quien el queronense hace referencia en sus Cuestiones romanas (Moralia 266E)

79 Num 9180 Num 124‑881 Num 131‑782 Num 910 y 101‑583 Num 121‑384 Num 164 Plutarco hace aquiacute un juego de palabras basaacutendose en el teacutermino

συνεξημεροῦμαι En cuanto al reparto de tierras consignado en este capiacutetulo es posteriormente negado en la comparatio entre Licurgo y Numa (Num 3410)

85 Num 166‑786 Num 171‑487 Num 17588 Num 181‑6 y 198‑9 89 Num 203‑7 Plutarco antildeade (208‑12) unas consideraciones sobre las bondades que se

derivan del mandato de un gobernante filoacutesofo En su argumentacioacuten nuestro autor cita (Num 2010) casi textualmente el pasaje 711e de Las Leyes de Platoacuten

90 Num 217

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Legislar teniacutea un precio

acompantildeada tanto en Roma como en otras ciudades de grandes manifestacio‑nes de duelo91

Asiacute termina la vida del anciano rey que supo renunciar a la apacible vida que tanto le agradaba para regir los destinos de la inquieta Roma poniendo de manifiesto una vez maacutes que para el queronense el ejercicio de la funcioacuten de νομοθέτης va ligado a la ineludible necesidad de pagar un precio por ello Pero no acaba ahiacute la informacioacuten plutarquea sobre Numa pues el bioacutegrafo nos hace saber que tras la muerte del monarca los romanos volvieron a hacer uso de las armas92 y en la comparatio que establece entre Licurgo y Numa Plutarco subraya el fracaso que supone para la constitucioacuten de Numa el regreso de Roma a sus antiguas praacutecticas guerreras93 En cuanto a la causa de tal infortunio el quero‑nense es tajante seguacuten eacutel Numa se equivocoacute gravemente cuando a diferencia de Licurgo no organizoacute un sistema educativo soacutelido disciplinario e igual para todos los ciudadanos94

Publiacutecola

Pasamos acto seguido a ocuparnos de un legislador que aun sin ser de es‑tirpe real tuvo algo que ver con la institucioacuten monaacuterquica pues contribuyoacute a der‑rocarla Se trata de Publio Valerio a quien los romanos dieron el sobrenombre de Publiacutecola95 Eacuteste que se distinguiacutea por su amor a la justicia y su generosidad para con los necesitados pareciacutea destinado al liderazgo si alguacuten diacutea llegaba a instalarse en Roma lo que Plutarco llama laquoun reacutegimen democraacuteticoraquo (δημοκρατία)96 pero al ser depuesto por el pueblo el rey Tarquinio el Soberbio vio frustradas sus aspiraciones a pesar de haber colaborado eacutel personalmente al derrocamiento97

Decepcionado Valerio se retira momentaacuteneamente de la escena poliacutetica98 pero tan pronto como Tarquinio intenta recuperar el poder reacciona y toma parte muy activa en la desactivacioacuten de una conjura que teniacutea por objetivo la rein‑troduccioacuten de la realeza99 En recompensa a sus servicios Valerio es nombrado

91 Num 22192 Num 221193 Num 361094 Num 367 Pensamos que eacutesta es una criacutetica severa que aleja a Numa del prototipo del

Gobernante Ideal Por su parte Boulet (2005) ve en el retrato plutarqueo del monarca romano un claro ndashy premeditadondash distanciamiento del queronense con respecto a la figura platoacutenica del Rey‑Filoacutesofo Si el alejamiento defendido por Boulet se ajusta a la realidad no creemos que deba producirnos extrantildeeza ya que por decirlo en palabras de Hershbell (2004) Plutarco fue un laquoPlatonisthellipunorthodoxraquo Cf Dillon (2014)

95 Publ 1196 Publ 1297 Publ 13‑5 Plutarco da a la actuacioacuten de Valerio un valor claramente superior al que le

otorgan Dionisio de Halicarnaso (467‑72) y Tito Livio (158‑591‑2)98 Publ 21 99 Publ 22‑76

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coacutensul100 mientras el rey destronado busca ndashy obtienendash el apoyo de los etruscos101 Se libra un feroz combate en el que el ejeacutercito romano consigue la victoria y Valerio tiene ocasioacuten de celebrar triunfo siendo ndashsostiene Plutarcondash el primer coacutensul que entra en la urbe montado en una cuadriga102

Pero el flamante vencedor seraacute pronto objeto de criacutetica pues el pueblo cree ver en su conducta atisbos de despotismo concentra en su persona toda la auto‑ridad habita en una mansioacuten maacutes imponente que la del antiguo rey y se presenta escoltado laquopor todas las fasces y hachas juntasraquo (ὑπὸ ῥάβδοις ὁμοῦ πάσαις καὶ πελέκεσι)103 Valerio reacciona con prontitud reuacutene a un buen nuacutemero de al‑bantildeiles y en una noche echa abajo la casa y la destruye hasta los cimientos104 No tardaraacute el pueblo en hacerle donacioacuten de un terreno donde podraacute edificar una nueva morada eso siacute maacutes austera que la anterior105

En cuanto a las insignias suprimioacute las hachas y decretoacute que las fasces se incli‑naraacuten ante el pueblo106 medida que fue muy del agrado de las gentes que dieron a Valerio el sobrenombre de Publiacutecola teacutermino que seguacuten Plutarco equivale a δημοκηδής laquosoliacutecito con el puebloraquo107 Por otra parte concedioacute laquoa quienes quisie‑ranraquo (τοῖς βουλομένοις) la posibilidad de presentar candidatura para compartir el consulado junto a eacutel Pero antes de que se procediera al nombramiento de su colega en el cargo se valioacute de la feliz circunstancia de ser el uacutenico coacutensul en ejercicio para instaurar medidas poliacuteticas de suma importancia108 Asiacute nombroacute nuevos senadores109 otorgoacute mayores derechos al pueblo110 dictoacute pena de muerte sin proceso previo para aquel que pretendiera erigirse en tirano111 y organizoacute la recaudacioacuten de impuestos112

100 Publ 77101 Publ 91102 Publ 92‑9 Sobre el triunfo de Valerio cf Plu Rom 167‑8 y D H 2342 103 Publ 101‑2 Plutarco pone eacutenfasis en la narracioacuten utilizando el estilo directo es el pueblo

quien pronuncia estas palabras de reproche Sobre la desaprobacioacuten de los romanos ante la conducta de Valerio cf las narraciones maacutes comedidas de Dionisio de Halicarnaso (5181) y Tito Livio (276)

104 Publ 105 En las Cuestiones Romanas (Moralia 285F) se hace alusioacuten al hecho de que la casa situada en lo maacutes alto es percibida por las gentes como una amenaza por su elevada situacioacuten Dionisio de Halicarnaso (5192) no menciona la destruccioacuten de la morada seguacuten eacutel Publiacutecola cambioacute de domicilio con el fin ndashdeclaroacute el propio interesadondash de que los romanos pudieran lanzarle piedras desde arriba si le sorprendiacutean cometiendo alguacuten acto injusto Valerio Maacuteximo en cambio siacute alude (411) a la destruccioacuten de la casa y lo hace ademaacutes en un tono grandilocuente

105 Publ 106106 Publ 107 107 Publ 108‑9 En D H 5195 hallamos la misma ndashmaacutes que discutiblendash etimologiacutea108 Publ 111109 Publ 112110 Publ 113‑4111 Publ 121‑2112 Publ 123‑4

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Legislar teniacutea un precio

Tras estas disposiciones designoacute como colega suyo en el cargo a Lucrecio que fallecioacute pocos diacuteas despueacutes del nombramiento siendo sucedido por Marco Horacio113 En cuanto a Publiacutecola sufrioacute a causa de los honores recibidos por su doble condicioacuten de legislador y liacuteder militar la envidia de laquomuchos poderososraquo (πολλοὶ τῶν δυνατῶν) los cuales frustraron su deseo de consagrar el templo de Juacutepiter Capitolino114 Pero ello no fue obstaacuteculo para que Valerio continuara su exitosa carrera pues llegoacute a ser nombrado coacutensul por cuarta vez115 Su muerte acaecida despueacutes de lograr para Roma una gran victoria contra los sabinos causoacute un hondo pesar en la poblacioacuten116

Pero el dolor con que Roma reacciona ante la desaparicioacuten del liacuteder no debe hacernos olvidar las suspicacias que antantildeo despertara en la plebe y la envidia que posteriormente suscitoacute entre los poderosos En un caso la situacioacuten se saldoacute con la destruccioacuten por parte de Valerio de la suntuosa mansioacuten que poseiacutea y en un elocuente gesto de reconocimiento de la voluntad popular en el otro llevoacute las de perder pues no consiguioacute realizar el prestigioso ritual que ambicionaba La disensioacuten con el pueblo fue anterior al ejercicio de la actividad legisladora de hecho es gracias a la reconciliacioacuten con las masas que Publiacutecola tuvo la oportu‑nidad de ejercer como νομοθέτης En cambio el incidente con la eacutelite romana se produjo con posterioridad ndashy a consecuencia dendash su tarea como legislador (Plutarco lo indica con claridad) En este sentido podemos considerar que Publiacutecola pagoacute un doble tributo ndashla peacuterdida de su morada y la imposibilidad de llevar a cabo un ritual de alta relevanciandash por su νομοθεσία

Licurgo Soloacuten Numa y Publiacutecola establecen unas leyes por las que debe regirse la sociedad de la que forman parte y por ello reciben de Plutarco la de‑nominacioacuten de νομοθέτης117 Hay sin embargo entre los personajes biografiados

113 Publ 125‑6114 Publ 141‑7 Sobre φθόνος la envidia caracteriacutestica humana que de ninguacuten modo pasa

inadvertida a Plutarco Verdegem (2005) en una aportacioacuten en torno a les Vidas de estadistas atenienses del siglo v a C establece una clara diferencia entre laquopeer‑envyraquo que salvando la distancia cronoloacutegica seriacutea a nuestro entender el sentimiento que Publiacutecola despertoacute entre los poderosos y laquopopular envyraquo que experimenta la turba con respecto a los liacutederes contra quienes haciacutea aplicar en la Atenas claacutesica la medida llamada ostracismo Sobre el valor que el queronense otorga al ostracismo cf Jufresa Muntildeoz amp Fau Ramos (2011) Por otra parte Frazier (1996) atribuye al φθόνος de los personajes plutarqueos un laquocaractegravere quasi automatiqueraquo (p 109)

115 Publ 211116 Publ 231‑5 y 246 Plutarco (Publ 234) pone de relieve que el pueblo decidioacute que el

cuerpo de Publiacutecola fuera enterrado a expensas puacuteblicas dato que hallamos tambieacuten en Dionisio de Halicarnaso (5482‑3) y Valerio Maacuteximo (441) con la diferencia de que estos dos autores indican que ello se debioacute a la situacioacuten de pobreza extrema en que murioacute el estadista

117 Lyc 11 99 141 Sol 143 165 186 Num 93 1412 2310 2513 Publ 121 143 A un lector atento no le habraacute pasado inadvertido el hecho de que no hayamos mencionado ni a Agis ni a Cleoacutemenes personajes que intentaron en vano restaurar la laquobella y justa constitucioacutenraquo (πολιτείαν καλὴν καὶ δικαίαν) de Licurgo (Agis et Cleom 210) Ciertamente ambos pusieron todo su ahiacutenco en la empresa y ambos sufrieron por ello serias penalidades Agis perdioacute la vida

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por el queronense sujetos a quienes eacuteste no aplica el calificativo de νομοθέτης sino el de οἰκιστήςκτίστης (laquofundadorraquo) o bien les atribuye la accioacuten de οἰκιζεῖνκτιζεῖν (laquofundarraquo) una poblacioacuten Estos individuos fundan (o refundan) una comunidad cosa que les obliga a fijar unas normas Ejercen pues en cierto modo como legisladores y se arriesgan por tanto a contrariar voluntades ajenas Tambieacuten estos personajes de quienes nos ocuparemos ahora sucintamente estaacuten expuestos a pagar un precio por llevar a cabo su cometido

Teseo

Del οἰκιστής Teseo118 nos interesa especialmente su tarea como autor del llamado sinecismo Plutarco nos brinda al respecto una detallada descripcioacuten Seguacuten eacutel tras la muerte del rey Egeo su hijo Teseo se propone laquouna empresa grande y admirableraquo (μέγα καὶ θαυμαστὸν ἔργον) consistente en reunir a todos los habitantes del Aacutetica en una sola ciudad formando con ellos un uacutenico Estado dotado de instituciones comunes119 Pero antes de dar comienzo a su labor re‑corre la regioacuten para informar del proyecto a todos los pobladores Los ciudadanos no relevantes acogen al punto su llamamiento Los ricos en cambio se muestran reticentes y para convencerlos Teseo les ofrece un sistema de gobierno carente de rey y les promete que tan soacutelo reservaraacute para si mismo las funciones de dirigente militar y de laquocustodio de las leyesraquo (νόμων φύλαξ)120

Tras las explicaciones Teseo pone manos a la obra suprime los organismos anteriores y sienta las bases para el establecimiento de una polis a la cual da el

(Agis et Cleom 201) su madre su abuela y su hermano fueron asesinados (Agis et Cleom 202‑7 y 263) y su esposa obligada a contraer matrimonio con el hijo de un enemigo (Agis et Cleom 221‑3) Cleoacutemenes por su parte se vioacute forzado a entregar como rehenes del rey de Egipto a parte de su familia (Agis et Cleom 434‑8) perdioacute a su hermano en combate (Agis et Cleom 496‑7) tuvo que huir de Esparta (Agis et Cleom 503‑4) y fue arrestado en Egipto (Agis et Cleom 567) donde acaboacute suicidaacutendose tras haber intentado provocar un alzamiento contra el rey (Agis et Cleom 576‑5816) y una vez muerto continuaraacuten por asiacute decir las penalidades de Cleoacutemenes ya que el monarca egipcio ordena que su cadaacutever sea ultrajado y que sus hijos su madre y las mujeres del entorno de eacutesta reciban la muerte (Agis et Cleom 594) No obstante he decidido omitir la referencia a estos personajes porque sus esfuerzos por reinstaurar la constitucioacuten de Licurgo no se vieron coronados por el eacutexito y sobre todo porque a diferencia de lo que ocurre con Licurgo Soloacuten Numa y Publiacutecola a Agis y a Cleoacutemenes no les es otorgada por parte de Plutarco la denominacioacuten de νομοθέτης Por lo que a Agis se refiere Roskam (2005) considera que constituye para el queronense el modelo ideal del joven que se dedica a la poliacutetica

118 Thes 15 No entraremos aquiacute a discutir hasta queacute punto podriacutea sentirse Plutarco motivado a biografiar al fundador miacutetico de Atenas ni nos pronunciaremos sobre el no disimulado escepticismo sobre el particular que se le atribuye cf Sirinelli (2000) 301 Por cierto que la obra que acabamos de consignar corresponde a una de las maacutes acreditadas biografiacuteas plutarqueas comparable a las de Jones (1971) Russell (1973) y Lamberton (2001)

119 Thes 241 En la versioacuten plutarquea el sinecismo va maacutes allaacute de la unificacioacuten exclusivamente poliacutetica que describe Tuciacutedides (215)

120 Thes 242

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Legislar teniacutea un precio

nombre de Atenas funda la festividad de las Panateneas para que sea celebrada por el conjunto de la comunidad instaura tambieacuten la fiesta de las Metecias y abdica ndashtal como habiacutea prometido‑ de la corona121

A continuacioacuten se dispone a organizar el nuevo Estado laquoempezando a partir de los diosesraquo (ἀπὸ θεῶν ἀρχόμενος)122 toma medidas para favorecer el crecimiento vegetativo de la polis establece clases entre la ciudadaniacutea asig‑nando un status especiacutefico a cada colectivo acuntildea moneda y fija los liacutemites de Atenas123

Pero al eficiente Teseo tambieacuten le llega la hora de pagar un precio por la tarea realizada124 Un tal Menesteo descendiente de Erecteo emprende una insi‑diosa campantildea contra el fundador soliviantando a laquolos poderososraquo (οἱ δυνατοί) que consideraban que Teseo les habiacutea sustraiacutedo prerrogativas y perturbando asimismo a laquola multitudraquo (οἱ πολλοί) so pretexto de haber perdido seducidos por un espejismo de libertad la patria los templos y los gobernantes que les eran propios yendo a caer bajo la autoridad de un extranjero125 La suerte sonriacutee al alborotador pues los Tindaacuteridas invaden el Aacutetica tal vez ndashapunta Plutarcondash a peticioacuten del propio Menesteo quien se encarga ademaacutes de facilitarles la entrada a la ciudad de Atenas126 De resultas de ello ndashel queronense tiene sus dudas al respectondash Etra la madre de Teseo habriacutea sido hecha prisionera127

El fundador intenta volver a ejercer su autoridadhellip en vano Al fin profun‑damente decepcionado abandona Atenas para siempre no sin antes maldecir a sus habitantes128 Teseo pereceraacute lejos de la patria y su muerte no provocaraacute reaccioacuten alguna en la ciudad129 Mucho tiempo habraacute de transcurrir para que la polis reconozca sus meacuteritos y le rinda los debidos honores que comportaraacuten la

121 Thes 243‑4122 Thes 244 Plutarco no concreta en queacute consiste esta actuacioacuten del fundador123 Thes 251‑4 Por si esta considerable labor fundacional no fuera suficiente somos

informados por Plutarco (Thes 265‑7) de que Teseo es tambieacuten οἰκιστής de la ciudad de Pitoacutepolis de la cual parte despueacutes de haber designado a quienes ejerceraacuten de gobernantes y legisladores

124 Un precio ndashrecordemosndash que ya habiacutea empezado a pagar cuando para persuadir a sus conciudadanos ricos se habiacutea comprometido a renunciar a la corona

125 Thes 321 En este pasaje Plutarco se hace eco de la atribucioacuten a Menesteo del hecho de haber sido laquoel primer hombreraquo (πρῶτος hellip ἀνθρώπων) en laquoejercer de demagogoraquo (δημαγωγεῖν)

126 Thes 322ndash332127 Thes 341128 Thes 353‑5 Esta miacutetica maldicioacuten sirve a Plutarco como αἴτιον para explicar la

etimologiacutea del laquoAraterioraquo o laquolugar de las maldicionesraquo 129 Thes 356‑7 En la descripcioacuten del fracaso que experimenta Teseo al intentar recuperar

el poder Plutarco se sirve de una terminologiacutea poliacutetica (usa en voz pasiva los verbos καταδημαγωγέω y καταστασιάζω) que utiliza tambieacuten en Per 92 y 5 Por otra parte nos parece significativo que la biografiacutea de Teseo no concluya con la alusioacuten a su fallecimiento sino que incorpore (Thes 358ndash365) la mencioacuten de los honores recibidos mucho tiempo despueacutes de su muerte por el fundador de hecho para el queronense el final de una vida no ha de coincidir necesariamente con el final de la biografiacutea cf al respecto Pelling (1997)

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necesidad de laquorecuperarraquo los restos del οἰκιστής y de trasladarlos solemnemente a Atenas130 permitiendo con ello a Cimoacuten el gran adversario de Temiacutestocles apropiarse de la figura del ilustre fundador131

Roacutemulo

La indiferencia que acompantildea al amargo fin de Teseo contrasta con el re‑vuelo que se originoacute en Roma tras la desaparicioacuten de aqueacutel a quien Plutarco considera laquopadreraquo (πατήρ)132 de la urbe que laquofundoacuteraquo (ἔκτισε)133

No es poco ciertamente lo que Roma debe a su οἰκιστής pues ademaacutes de ser el fundador material de la ciudad134 tomoacute unas medidas que seriacutean determi‑nantes para el futuro de la poblacioacuten Asiacute establecioacute los criterios con arreglo a los cuales debiacutean ser clasificados los ya numerosos habitantes de la urbe135 fue corresponsable del pacto crucial sellado entre sabinos y romanos136 introdujo cambios en el armamento137 e instituyoacute nuevos rituales138 El queronense le atri‑buye tambieacuten la promulgacioacuten de algunas leyes ndashἔθηκεhellip νόμους τινάς139 dice textualmentendash como las que hacen referencia al repudio de la esposa140

Pero llegado el liacuteder romano al zeacutenit de la gloria experimentoacute una profunda transformacioacuten en su manera de ser y adoptoacute maneras impropias vistioacute lujosos

130 Thes 358ndash365 Sobre las acciones cultuales relacionadas con el οἰκιστής ateniense cf Plaacutecido (1994) Por otra parte creemos que en la valoracioacuten plutarquea del descalabro sufrido por Teseo tiene un peso considerable la conducta poco edificante del ateniense en relacioacuten con Helena a quien eacuteste que a la sazoacuten contaba cincuenta antildeos habiacutea raptado cuando la muchacha todaviacutea no era nuacutebil (cf Thes 292 y 311‑3) En este contexto consideramos que aunque no se centra en la figura de Teseo es esclarecedora la obra de Beneker (2012) quien asimismo nos brinda datos relevantes en un trabajo posterior cf Beneker (2014) Sobre los valores morales en la obra del queronense cf Duff (1999) y Van Hoof (2010)

131 Thes 362‑3 y Cim 85‑7 En el marco de la poliacutetica ateniense de la primera mitad del siglo V a C no es en modo alguno insoacutelita la utilizacioacuten en beneficio propio de un dios o de un heacuteroe Asiacute mientras Cimoacuten opta por valerse del miacutetico Teseo Temiacutestocles se sirve de la figura de Aacutertemis cf Fau Ramos (2007) Veacutease al respecto Podlecki (1971) y Piccirilli (1987)

132 Thes 15133 Thes 22134 Rom 111‑4135 Rom 131‑8 Cf Id 201‑3 En Rom 137‑8 el queronense nos ofrece una descripcioacuten

tan idealizada como paternalista de los viacutenculos establecidos entre patroni y clientes descripcioacuten que ha sido relacionada con la que nos brinda Dionisio de Halicarnaso (210)

136 Rom 199‑10137 Rom 211138 Rom 211 y 221139 Con esta expresioacuten parece evidente que si bien Plutarco no aplica a Roacutemulo el calificativo

de νομοθέτης siacute que de facto lo tiene por tal140 Rom 223 La informacioacuten plutarquea sobre las leyes de Roacutemulo es ciertamente escueta

Para una visioacuten mucho maacutes amplia que incluye los derechos hereditarios de las mujeres la aplicacioacuten de la pena de muerte a la esposa en caso de adulterio o embriaguez las obligaciones filiales para con los progenitores y la potestad paterna sobre los hijos cf D H 225‑26

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Un mentor limpio de pasiones El filoacutesofo y la actuacioacuten poliacutetica seguacuten el De genio Socratis

semejante oraacuteculo lo que haciacutea el dios en realidad era exhortar a los griegos a que abandonasen las guerras frecuentasen las musas apaciguasen sus pasiones con ayuda de la razoacuten y guardasen entre siacute relaciones paciacuteficas y fecundas39

Los dos sucesos trasladan un mensaje confuso Pues hablan de los griegos no de filoacutesofos de guerras y cuestiones de justicia no de rebeliones liberadoras engloba ademaacutes la filosofiacutea en un conjunto de actividades que parece cifrar la παιδεία griega en general Pero ambos de alguna manera ofrecen una primera justificacioacuten del rechazo de Epaminondas Con ellos se pone en praacutectica la lla‑mada laquoredefinicioacutenraquo teacutecnica literaria practicada por diversos autores antiguos y frecuente en las Vidas paralelas Consiste en formular enunciados vagos y gene‑rales que a lo largo de la obra y en pasajes posteriores se concretan y alcanzan un grado mayor de individualizacioacuten40 Los dos incidentes mencionados no son ademaacutes la uacutenica prefiguracioacuten encaminada a justificar de manera previa y alusiva la inhibicioacuten de Epaminondas La misma funcioacuten cumple el diaacutelogo sobre la pobreza Epaminondas mudo en la discusioacuten demonoloacutegica central toma aquiacute la palabra para entrar en controversia con Teanor

Teanor personaje ficticio es un filoacutesofo pitagoacuterico natural de Crotona En fechas anteriores otro pitagoacuterico Lisis se habiacutea refugiado en Tebas Acogido en la casa de Polimnis padre de Cafisias y Epaminondas habiacutea llevado en esa casa pobre una vejez dichosa Teanor llega comisionado por las ricas comunidades pitagoacutericas de Italia Eacutestas quieren recompensar a Polimnis y sus hijos con una suma que aliviaraacute su pobreza Pero Epaminondas se niega a aceptar tal recom‑pensa negativa que da lugar a la controversia que mantiene con Teanor

El discurso sobre la pobreza es la uacutenica ocasioacuten en que Epaminondas rompe sustancialmente su silencio pues es el uacutenico pasaje en el que el ldquocentro ausenterdquo de la obra Epaminondas expone sus ideas de manera razonada y recurriendo a categoriacuteas filosoacuteficas Pronunciado en diaacutelogo con Teanor puede dividirse en dos secciones la primera (583D‑E) de extensioacuten breve comenta la inutilidad de las riquezas aportadas por Teanor que Polimnis y sus hijos habriacutean de emplear en cosas superfluas La segunda (584C‑585D) maacutes amplia y densa comienza con la defensa de la pobreza como ejercicio frente a aquellas pasiones (ἐπιθυμίαι) que proceden del exterior (ἐπήλυδες) y tienen como fuente las falsas opiniones (κενῶν δοξῶν) el deseo de riquezas (φιλοπλουτία) es una de esas pulsiones accesorias y superfluas como lo es tambieacuten el deseo de gloria (φιλοδοξίαν) Pos‑teriormente Epaminondas ahonda en su planteamiento como adiestramiento para el autodominio (ἐγκρατείας) la contencioacuten frente a los placeres beneficia al alma y de la misma manera beneficia a la praacutectica de la justicia el ejercicio contra

39 Gen Socr 579B‑D40 Cf Pelling (1988) 12‑13 (1990) 230

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Joseacute M Candau

el deseo de riquezas41 El discurso finaliza con la alabanza del hombre que sabe rehusar favores y daacutedivas de amigos y reyes incluyendo los dones de la fortuna (τύχης) tal hombre no ve alterado su juicio (οὐδὲ θορυβεῖ τὴν διάνοιαν) y es capaz de perseverar ufano y sereno en la praacutectica de la excelencia

Es de notar que los argumentos de Epaminondas no aparecen en otra obra de Plutarco dedicada especiacuteficamente a combatir la avaricia el de cupiditate di‑vitiarum (523C‑528B) Es este uno de los tratados clasificados por Ziegler bajo el roacutetulo de ldquofilosoacuteficos‑popularesrdquo y estudiados recientemente por L Van Hoof Frente a lo que sugiere su roacutetulo observa Van Hoof tales tratados tienen como destinatario a la eacutelite econoacutemica poliacutetica y social del mundo grecorromano Son por otra parte tratados de orientacioacuten fundamentalmente praacutectica Con ellos Plutarco no persigue ldquoconvertir a la filosofiacuteardquo ni lograr que sus lectores olviden sus ambiciones poliacuteticas y sociales Maacutes bien intenta ofrecerles una guiacutea que le ayude afrontar los problemas derivados de su posicioacuten dirigente La meta no es por tanto cambiar las expectativas de liderazgo o rebajar las pretensiones de poder e influencia propios y sustanciales de una clase como aquella que conforma la audiencia de los mal llamados ldquotratados filosoacutefico‑popularesrdquo Por el contrario lo que hace Plutarco es poner la filosofiacutea al servicio de sus aspiraciones42

El de cupiditate divitiarum emplea un tono admonitorio sus ideas son sen‑cillas y basadas en la experiencia o si se quiere en motivaciones prefilosoacuteficas y sus consejos no constituyen un obstaacuteculo sino una ayuda para la realizacioacuten de las ambiciones sociales que pueda albergar el lector Despliega en suma el conjunto de teacutecnicas y estrategias usuales en los tratados de ldquoeacutetica praacutectica al servicio de la eacutelite43rdquo No ocurre lo mismo con el discurso sobre la pobreza de Epaminondas Purgar el alma de las opiniones procedentes del exterior desterrar el ansia de riquezas y el deseo de gloria rehusar los favores de amigos y reyes y los dones de la fortuna son preceptos adecuados para un tipo de hombre que como Epaminondas huye de los conflictos inherentes a la lucha poliacutetica Pero es difiacutecil que con estos atributos Plutarco quiera hacer de Epaminondas un modelo para la oligarquiacutea a quien dirige sus tratados de eacutetica praacutectica Resulta significativa la posicioacuten que ocupa el discurso sobre la pobreza en el texto del de genio Una vez que concluye Epaminondas y despueacutes de que todos expresan su admiracioacuten hacia eacutel se expone una de las maacutes movidas peripecias en la que se vieron envueltos los miembros de la conjura Tras grandes sobresaltos y fuertes discusiones entre diversos implicados en la trama el asunto vino a resolverse por siacute solo e inespe‑radamente

41 El texto griego no es en este pasaje enteramente claro Quizaacutes es consecuencia de ello que frente a la lectura de los manuscritos (δικαιοσύνῃ) Russell (2010) proponga leer δικαιοσύνης

42 Van Hoof (2010) 28‑3743 Van Hoof (2010) 55‑56

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ldquoUn singular trastorno habiacutea hecho presa en nuestro aacutenimo Llenos poco antes de desazoacuten al ver nuestra empresa frustrada la presioacuten de las circunstancias y la urgencia que no consentiacutean tregua nos sumiacutea de nuevo en ansiedad y temor44rdquo

Con estas palabras describe Plutarco el estado de aacutenimo de los conjurados a raiacutez del episodio expuesto tras la discusioacuten sobre la pobreza Un estado de aacutenimo que no puede permitirse Epaminondas atento a la contencioacuten de las pasiones y la serenidad de su mente pero que es el propio de quienes participan en el complot revolucionario

El de genio se mueve seguacuten han observado diversos estudios modernos en dos planos el humano y el de los deacutemones el de la contemplacioacuten filosoacutefica y la praacutectica poliacutetica el mortal y el sobrenatural el de los que conocen y el de los que ignoran45 Y en correspondencia sus personajes se ubican en dos niveles Los unos estaacuten instalados en el mundo de la accioacuten y la peripecia son Cafisias el narrador y con eacutel todos los conjurados Otros se ubican en un plano superior el de la filosofiacutea y el contacto con las realidades transcendentes Epaminondas es la muestra maacutes clara pero el ejemplo uacuteltimo es Soacutecrates La incertidumbre el azar y el conflicto parecen preponderantes en el mundo de la accioacuten Asiacute lo indica el ruego que Arquedamo dirige a Cafisias al inicio de la obra la lucha de la virtud y la razoacuten contra las contingencias atrae por lo accidentado de su desarrollo la precariedad impliacutecita en la actuacioacuten humana y la peripecia que ello desencadena es precisamente lo que hace del acontecer histoacuterico un espectaacuteculo digno de intereacutes para el amante del honor y la belleza46 Ahora bien la manera de ver las cosas de Arquedamo se queda en la superficie de los hechos Ciertamente el relato concerniente a la liberacioacuten de la Cadmea se urde a partir de iniciativas y motivaciones humanas sin que el autor del relato Cafisias reclame expresamente la intervencioacuten divina Pero en el de genio la atmoacutesfera estaacute impregnada de un aura sobrenatural A ello contribuyen tanto las alusiones indirectas47 como la acumu‑lacioacuten de episodios y contenidos relacionados con la divinidad y el maacutes allaacute En muchas de sus obras consigna Plutarco su creencia de que el curso de la historia obedece al disentildeo de una fuerza transcendente48 El relato de la liberacioacuten de la Cadmea confirma dicha idea Pues el lector no puede eludir el pensamiento insi‑nuado por diversos procedimientos aunque no explicitado de que la ayuda divina respalda la actuacioacuten de los conjurados49 Ocurre sin embargo que ni Cafisias ni los demaacutes partiacutecipes de la conjura pueden acceder a esa visioacuten de las fuerzas

44 Gen Socr 588A45 Desideri (1984) 581 Hershbell (1988) 374‑378 Babut (1988) 384‑389 Brenk (1996)

41‑44 Georgiadou (1996) 114 Hardie (1996) 13346 Gen Socr 575B‑D47 Babut (1988) 385‑38648 Tratamiento del tema en Barigazzi (1984) y Swain (1989)49 Babut (1988) 386‑389

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sobrenaturales rectoras de los sucesos Y no acceden precisamente por estar in‑mersos en el mundo de la actuacioacuten y la peripecia Las pulsiones procedentes del exterior embargan su aacutenimo de manera que en expresioacuten de Brenk laquothey see only the apparent succession of chance occurrencesraquo50 Arquedamo tampoco tiene acceso al plano donde operan las fuerzas sobrenaturales Y evidentemente la misma ceguera afecta a esos laquoamantes del honor y la bellezaraquo ante los cuales invita a hablar a Cafisias Un puacuteblico ilustre cuya presentacioacuten hace Arquedamo subrayando su pertenencia a familias poliacuteticamente insignes51 Puacuteblico por tanto equiparable a esa eacutelite social a quien Plutarco dirige sus tratados de eacutetica praacutectica Los dos puacuteblicos el de Cafisias y el del Plutarco podriacutean identificarse con los heacuteroes que liberan la Cadmea Pero difiacutecilmente se identificariacutean con Epaminon‑das que en dos ocasiones rechaza tomar parte en la empresa52

En ambas el rechazo se justifica mediante un argumento ndashla negativa a derramar sangre de sus conciudadanos‑ que situacutea a Epaminondas a un nivel de exigencia eacutetica superior al de los conjurados53 Ahora bien la diferencia entre Epaminondas y los liberadores no radica en la eacutetica Pues al fin y al cabo ningu‑na ofensa eacutetica cabe reprochar a los protagonistas de la heroica liberacioacuten de la Cadmea Radica en el nivel Asiacute lo sugiere la discusioacuten sobre la pobreza Y asiacute lo vuelve a sentildealar el gran debate sobre el daimon de Soacutecrates que da tiacutetulo a al obra

Se debate sobre lo que Soacutecrates mismo llamaba su daimon el principio que lo guioacute a lo largo de su vida e iluminaba sus decisiones en materias inciertas e impenetrables para la inteligencia humana54 El daimon socraacutetico sugiere que Soacutecrates conociacutea de alguna manera los acontecimientos futuros algo que dos personajes del de genio acreditan55 En este sentido el debate versa sobre la adivi‑nacioacuten Las intervenciones de los diferentes personajes configuran tomadas en conjunto un extenso discurso filosoacutefico y religioso Plutarco no se alinea expresa‑mente con ninguna de las opiniones emitidas el tratamiento del tema presenta pues ese final abierto que es tan comuacuten en este autor Las cuestiones que se tocan son variadas pero todas parten de una cuestioacuten baacutesica La adivinacioacuten supone un conocimiento inalcanzable al menos en apariencia a la razoacuten humana Y el debate versa sobre coacutemo es posible acceder a ese nivel superior de inteligencia Miradas desde este punto de vista las opiniones formuladas por los distintos personajes pueden dividirse en dos grandes bloques De un lado Galaxidoro que

50 Brenk (1996) 4251 Gen Socr 575E‑F52 Gen Socr 576D‑E 594B‑C53 En la segunda ocasioacuten se antildeade un motivo maacutes conveniacutea que consumada la liberacioacuten

quedasen hombres a quienes nada pudiese reprocharse por no haber participado en la accioacuten Epaminondas se reserva este papel

54 Gen Socr 580C‑D55 Teoacutecrito (580D‑F) y Polimnis (581D‑E)

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inicia el debate propone una explicacioacuten maacutes proacutexima a los paraacutemetros raciona‑les56 en ella se ha querido ver una muestra de la llamada laquoadivinacioacuten teacutecnicaraquo (τεχνικὸς μαντική artificiosa divinatio)57 Del otro Simias Timarco y Teanor interpretan las premoniciones de Soacutecrates como un caso de comunicacioacuten direc‑ta entre el hombre y la divinidad defienden por tanto la llamada laquoadivinacioacuten naturalraquo (ἄτεχνος μαντική naturalis divinatio)58 Ya se ha dicho que Plutarco no se declara expresamente partidario de ninguna opcioacuten Pero su texto privilegia de manera indirecta los discursos de Simias Timarco y Teanor Asiacute lo sugiere un paacuterrafo del de genio que subraya el papel de Galaxidoro como mero introductor del problema59 Y asiacute lo recogen distintos estudios modernos Galaxidoro seriacutea el oponente racionalista casi siempre estoico habitual en los diaacutelogos religiosos de Plutarco su explicacioacuten se ve devaluada tanto por sus contradicciones internas como por la presencia de procedimientos textuales que rebajan su veracidad y en suma Galaxidoro y el resto de las intervenciones insertas en la seccioacuten dominada por eacutel tendriacutean como funcioacuten principal la de plantear el tema a debatir60

Las propuestas de Simias Timarco y Teanor son evidentemente distintas Actuacutea aquiacute quizaacutes el deseo de presentar el problema bajo luces diversas61 o quizaacutes el complejo planteamiento dramaacutetico que forma parte de las estrategias persuasivas de Plutarco62 Las tres sin embargo coinciden en una idea central la singularidad de aquellos hombres que como Soacutecrates pueden contactar con una realidad por encima del mundo material Para Simias el alma de la mayoriacutea de los hombres se halla embargada por el tumulto de las pasiones y la voraacutegine de las servidumbres vitales de manera que su entendimiento no puede captar las indica‑ciones de los seres superiores en el caso de Soacutecrates por el contrario su intelecto limpio y exento de pasiones (ὁ νοῦς καθαρὸς ὢν καὶ ἀπαθής) percibiacutea faacutecilmente las sentildeales enviadas por los seres divinos63 Seguacuten el mito de Timarco (expuesto por Simias) en el alma (ψυχή) conviven dos partes una inmersa en el cuerpo recibe el nombre mismo de ldquoalmardquo (ψυχή) la otra inaccesible a la corrupcioacuten se llama laquointelectoraquo (νοῦν) estaacute en el exterior del hombre y los entendidos le dan

56 Gen Socr 579F‑582C57 Corlu (1970) 49‑50 Doumlring (1984) 376 Schroumlder (2010) 161 58 Para la distincioacuten entre ambos tipos de maacutentica veacutease Cic div 111ndash12 134 172

1109ndash131 (con el comentario de Wardle (2006))59 Gen Socr 588A ζητήσεως οὐκ ἀγεννοῦς ἀλλ ἧς ὀλίγον ἔμπροσθεν οἱ περὶ Γαλαξίδωρον

καὶ Φειδόλαον ἥψαντο διαποροῦντες τίνος οὐσίας καὶ δυνάμεως εἴη τὸ Σωκράτους λεγόμενον δαιμόνιον

60 Corlu (1970) 19‑20 y 51‑52 Hani (1980) 53 Doumlring (1984) 376‑377 Schroumlder (2010) 161‑162 Donini (2011) 415‑416

61 Sobre el reparto de papeles filosoacuteficos que aquiacute parece efectuar Plutarco veacutease Donini (2011) 412‑419 (2011 [2004]) 442‑443

62 Veacutease Van Hoof (2010) 67‑68 a propoacutesito de determinados laquotratados de eacutetica praacutecticaraquo63 Gen Socr 588D‑E

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el nombre de daimon64 La parte irracional e inmersa en el cuerpo se halla sujeta a la racional e incorruptible Si la sujecioacuten es deacutebil el alma se dejaraacute doblegar por las pasiones soacutelo cuando se fortalece gracias a la educacioacuten aparece el alma capaz de percibir con prontitud las indicaciones de su daimon Algunos hombres sin embargo estaacuten especialmente dotados de suerte que en ellos predomina de forma innata la obediencia a la razoacuten y a su daimon A ellos estaacute reservada la capacidad de percibir la llamada divina65 Teanor afirma que las almas libres de lazos con el cuerpo se convierten en daacuteimones Tales daacuteimones guiacutean los asuntos del hombre Pero no todos los hombres reciben su atencioacuten pues se desentienden de cuantos estaacuten inmersos en los avatares del acontecer soacutelo aquellos que tras mil esfuerzos ascienden a una esfera elevada son recompensados con la ayuda del daimon66

Las tres intervenciones explican las dotes excepcionales de Soacutecrates mediante la existencia de hombres excepcionales Y en las tres esa excepcionalidad requiere una especial disposicioacuten del alma La liberacioacuten de las pasiones y el alejamiento del traacutefago iacutensito en el mundo humano se presentan como condicioacuten necesaria para que haya un Soacutecrates Paradigma del filoacutesofo Soacutecrates es tambieacuten el modelo de Epaminondas El discurso sobre la pobreza al mostrar coacutemo Epaminondas limpia su alma de pasiones e impulsos procedentes del mundo exterior acredita su condicioacuten de filoacutesofo Asiacute se reconoce cuando termina dicho discurso por boca de Simias67

laquoGran hombre grande es Epaminondas y responsable de ello es el aquiacute pre‑sente Polimnis que ha criado a sus hijos desde temprano en la mejor filosofiacutearaquo

Epaminondas tambieacuten es consecuente con su condicioacuten de filoacutesofo cuando rehuacutesa someter su alma al torbellino del acontecer humano y las pasiones aso‑ciadas esto es cuando se niega a participar en la conjura El filoacutesofo parece ser la conclusioacuten no debe participar al menos de manera directa en el torbellino de la vida poliacutetica

El Epaminondas del de genio es una creacioacuten histoacutericamente discutible68 Ciertamente su no participacioacuten en la liberacioacuten de la Cadmea y su formacioacuten filosoacutefica estaacuten suficientemente documentadas Pero Epaminondas es conocido ante todo por su dimensioacuten poliacutetica que aquiacute relega Plutarco para subrayar su

64 Gen Socr 591E65 Gen Socr 592A‑E66 Gen Socr 593D‑594A67 Gen Socr 585D68 Ya Von Stern (1884) 55‑57 sentildealoacute las debilidades del relato que ofrece Plutarco en el

de genio Los estudios posteriores (veacutease por ejemplo Corlu [1970] 19‑20 Barigazzi [1988] 414‑424Georgiadou [1996]) han insistido en el Epaminondas del de genio presenta una factura obediente sobre todo a razones compositivas y de disentildeo

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calidad de filoacutesofo Asiacute construida la figura de Epaminondas traslada un mensaje ndashla no implicacioacuten directa del filoacutesofo en las luchas poliacuteticas‑ que puede tener calado teoacuterico pero tambieacuten sirve a Plutarco para trasladar su posicionamiento ante cuestiones concernientes a su propia persona y al horizonte cultural de su eacutepoca Comparado a otros contemporaacuteneos que por condicioacuten social e incluso actividad literaria estaban a su mismo nivel Plutarco no protagonizoacute una carrera poliacutetica particularmente brillante69 Asumioacute en cambio el papel de consejero y guiacutea de la eacutelite La autoridad necesaria para ello se la confiere la filosofiacutea Pues Plutarco se presenta a siacute mismo como filoacutesofo La exaltacioacuten de Epaminondas es una exaltacioacuten de su propia identidad como filoacutesofo y mentor Epaminondas se mueve a una altura la de la filosofiacutea superior a la de sus afines y compantildeeros los conjurados Esta altura le prohiacutebe descender al plano de la accioacuten directa descenso que contaminariacutea su alma con pulsiones sobrevenidas pero tambieacuten le permite acceder a una realidad inalcanzable para sus compantildeeros Epaminondas eleva asiacute la posicioacuten del filoacutesofo y justifica incluso hace ineludible su alejamiento de la lucha poliacutetica Gracias a ello lo que podriacutea ser una debilidad del propio Plutarco la falta de una carrera puacuteblica brillante se transforma en una eleccioacuten deliberada y necesaria

Tal mensaje adquiere maacutes fuerza si se lo contempla sobre el transfondo cultural de la eacutepoca El auge de las composiciones de exitu illustrium virorum corre en paralelo a la admiracioacuten hacia el filoacutesofo que se enfrenta al poder y sufre castigo por ello Ya se ha dicho que el fenoacutemeno acreditado en diversas fuentes contemporaacuteneas a Plutarco fue propiciado particularmente por el final del rei‑nado de Diocleciano y que el modelo uacuteltimo del filoacutesofo‑maacutertir es Soacutecrates En este contexto adquiere un significado especial la exaltacioacuten del ldquoSoacutecrates tebanordquo Epaminondas Epaminondas se aleja del conflicto puacuteblico para cuidar su alma se distingue por su silencio y pese a ello constituye el ldquocentro ausenterdquo del de genio una composicioacuten articulada en torno a un conflicto civil la liberacioacuten de la Cadmea No resulta inverosiacutemil ver en todos estos datos una respuesta de Plu‑tarco ante el fenoacutemeno del ldquofiloacutesofo‑maacutertir poliacuteticordquo y la admiracioacuten aglutinada en torno a esa figura Respuesta que reivindica rotundamente el papel asumido por el propio Plutarco de filoacutesofo mentor del poliacutetico pero fuera eacutel mismo del traacutefago de la poliacutetica

69 Veacuteanse las observaciones y referencias que ofrece al respecto Van Hoof (2010) 66‑67

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Joseacute M Candau

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A Esparta de Plutarco entre a guerra e as artes

de um seguidor das leis de Licurgo Nesse sentido Plutarco diz que o dinheiro e o ouro deveriam ser mandados embora de Esparta porque eles eram flagelos importados que despertavam a cobiccedila e promoviam a degeneraccedilatildeo dos costumes (c 17) Desse ponto de vista Lisandro prejudicou Esparta justamente porque promoveu seu enriquecimento e contribuiu para a dissoluccedilatildeo da frugalidade e da simplicidade que caracterizavam o cotidiano dos lacocircnios antes das vitoacuterias espartanas na Guerra do Peloponeso6

Na Vida de Agesilau Plutarco nos conta que o biografado foi o segundo filho de Arquidamo (o primeiro tinha sido Aacutegis) e que por isso ele natildeo seria o herdeiro direto do trono de Esparta De qualquer modo Agesilau foi educado de acordo com a agoge lacedemocircnia e nosso autor faz questatildeo de frisar que em decorrecircncia disso o liacuteder espartano sempre respeitou e praticou as leis de sua cidade (c 1) Mesmo apresentando uma pequena diferenccedila de tamanho de uma perna para a outra ele tinha outras qualidades espartanas como a honestidade a mansidatildeo e a beleza fiacutesica (c 2) Sua formaccedilatildeo foi tatildeo bem sucedida que diferente de Alexandre o grande e de Haniacutebal Agesilau foi um general que conquistou importantes vitoacuterias e mesmo assim nunca deixou de obedecer agraves leis espartanas (c 15) Mesmo depois de tornar‑se um lendaacuterio vencedor ele voltou a Esparta e continuou o mesmo homem de antes sem apresentar nenhuma novidade no seu comportamento diferente de outros estrategos quando voltavam de longas expediccedilotildees a terras estrangeiras (c 19)

Plutarco nos conta que Lisandro ndashque dizem ter sido amante de Agesilau na juventude (c 2)ndash pretendia introduzir muitas inovaccedilotildees e mudanccedilas no governo da Lacocircnia (c 20) Embora outros liacutederes de Esparta como Antaacutelcidas tenham feito acordos com os Persas e tenham abandonado laquocovarde e maldosamenteraquo os gregos da Aacutesia sob o domiacutenio dos baacuterbaros como nos diz Plutarco (c 23) Agesilau sempre foi um defensor da justiccedila Entre os capiacutetulos 29 e 30 da Vida de Agesilau nosso autor nos conta que os espartanos que perderam parentes na bata‑lha de Leuctra (em 371 a C) se alegraram e os que natildeo perderam ficaram tristes De certa forma eles responsabilizaram Agesilau pela derrota e lamentaram ter aceito um rei coxo Contudo Agesilau tinha boa reputaccedilatildeo e era muito virtuoso Prova disso eacute que sem promover nenhuma inovaccedilatildeo ele disse que era preciso fazer as leis dormirem para que retomassem a autoridade que tiveram no passado

Entretanto Plutarco natildeo faz apenas elogios a Agesilau Cartledge (1987 418) observa que ele faz criacuteticas a Agesilau por causa de sua ingratidatildeo em relaccedilatildeo a Lisandro (c 8) e condena seu comportamento porque ele teria hon‑rado mais os amigos do que a justiccedila (c 13 ver tambeacutem Moralia 807d) Aleacutem disso Plutarco via uma relaccedilatildeo direta entre a decadecircncia de Esparta e a ascenccedilatildeo

6 Sobre isso ver Duff (2002) 161‑204 e a introduccedilatildeo de Flaceliegravere e Chambry em Plutarque (1971) 158‑173

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Roosevelt Rocha

ilegiacutetima de Agesilau ao trono (c 21) Poreacutem no geral nosso autor eacute tatildeo favoraacutevel e simpaacutetico a Agesilau quanto Xenofonte que tambeacutem escreveu uma biografia do rei espartano a qual certamente serviu de base para a Vida composta pelo poliacutemata de Queroneia Segundo Cartledge (1987 418) para Plutarco Agesilau foi a encarnaccedilatildeo das virtudes peculiarmente espartanas simplicidade piedade e autocontrole7

Depois na Vida de Aacutegis e na Vida de Cleocircmenes Plutarco narra os uacuteltimos momentos da histoacuteria da Esparta independente ou seja o ponto mais baixo da decadecircncia daquela cidade Os reis Aacutegis e Cleocircmenes que reinaram no seacuteculo III a C tentaram restaurar os antigos valores dos tempos de Licurgo Eles tinham os dons naturais para levar essa tarefa a cabo Aacutegis tinha grandeza de alma e se insurgia contra os prazeres desde antes dos vinte anos (c 4) natildeo gostava de rou‑pas luxuosas e baniu toda suntuosidade para aderir aos antigos haacutebitos lacocircnios caracterizados pela simplicidade de vida Mas seu exemplo e sua energia natildeo foram suficientes para restaurar os costumes tradicionais e ele foi assassinado ainda muito jovem (cc 19‑21) Aquela Esparta incorrupta e valorosa dos tempos de Licurgo dava seus uacuteltimos suspiros

Cleocircmenes natildeo era parente de Aacutegis mas foi obrigado a se casar com a vi‑uacuteva do rei assassinado ou seja Agiaacutetis Segundo Plutarco (c 1) Cleocircmenes era ambicioso e tinha grandeza de alma Era temperante e simples como Aacutegis Ele tambeacutem quiz restaurar os antigos costumes espartanos (c 11) Primeiro depois de longa disputa poliacutetica abriu matildeo de seus bens Depois distribuiu as terras entre os cidadatildeos Restabeleceu a educaccedilatildeo dos jovens e a disciplina espartana Ele proacuteprio levou uma vida simples e frugal para dar o exemplo aos outros la‑cedemocircnios sem insolecircncia nem orgulho excessivo ou seja como um modelo de temperanccedila (c 13) Mesmo quando perdeu sua esposa Agiaacutetis por quem se enamorara verdadeiramente Cleocircmenes manteve a firmeza e seu caraacuteter elevado e tomou as providecircncias necessaacuterias para garantir a seguranccedila de seus soldados e aliados (c 22) Depois de reinar por dezesseis anos Cleocircmenes morreu (cc 37‑38) e assim terminou a histoacuteria de Esparta como cidade politicamente autocircnoma

Ateacute aqui vimos que podemos encontrar nas Vidas dos liacutederes espartanos escritas por Plutarco aquela imagem caracterizada por um conjunto de valores que parecem ter ganhado forccedila numa eacutepoca lendaacuteria e foram se enfraquecendo conforme o tempo foi passando e Esparta foi estendendo seu poder para fora da Lacedemocircnia Nesse quadro vemos uma cidade altamente militarizada de guerreiros corajosos disciplinados e afeitos a uma vida sem luxos e sem confortos Isso poderia indicar que os espartanos eram um povo rude pouco sofisticado e fechado para as artes

7 Cf tambeacutem a introduccedilatildeo de Flaceliegravere e Chambry em Plutarque (1973) 85‑88 e Shipley (1998) 1‑46

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A Esparta de Plutarco entre a guerra e as artes

Poreacutem vaacuterias fontes arqueoloacutegicas vasculares e mesmo literaacuterias nos mostram o contraacuterio Apesar de Tuciacutedides (1102) ter dito que os edifiacutecios em Esparta eram modestos e natildeo correspondiam ao tamanho do poder militar e poliacutetico da cidade dos lacedemocircnios em seu apogeu a avaliaccedilatildeo dos monumentos arquitetocircnicos espartanos precisa ser feita com cuidado Eacute preciso lembrar que Esparta natildeo foi destruiacuteda nas Guerras Meacutedicas como Atenas foi A capital da Aacutetica foi reconstruiacuteda e uma grande soma de dinheiro afluiu para ela por causa das contribuiccedilotildees dos aliados da Liga de Delos Isso natildeo aconteceu com a princi‑pal cidade da Lacocircnia Desse modo nela foram conservados edifiacutecios antigos do seacuteculo VI a C que apresentavam outro estilo de construccedilatildeo mais arcaizante do que claacutessico Dependendo do ponto de vista um estilo pode ser mais valorizado do que o outro

De qualquer modo Pausacircnias (3113) viajante do seacuteculo II d C que fez uma descriccedilatildeo de vaacuterias cidades da Greacutecia daquela eacutepoca nos informa que havia em Esparta vaacuterios monumentos que despertavam a admiraccedilatildeo daqueles que por ali passavam tal como o Poacutertico Persa construiacutedo inicialmente com o butim amealhado na guerra contra os persas Outros exemplos de edifiacutecios que nos uacuteltimos anos vecircm sendo estudados satildeo o templo de Apolo em Amiclas o templo de Aacutertemis Oacutertia e o Menelaion onde eram cultuados Menelau e Helena8

Cartledge (2002 111) nos informa que depois de 690 a C pintores de vasos da Lacocircnia sofreram influecircncia de artistas do Egeu e adotaram o chamado estilo lsquoorientalizantersquo o que mostra que na praacutetica Esparta natildeo estava isolada do resto do mundo helecircnico Ainda segundo Cartledge nessa eacutepoca artesatildeos lacocircnios que trabalhavam com bronze comeccedilaram a se interessar pela representaccedilatildeo de figuras humanas em suas obras e por volta de 650 a C comeccedilou a se desenvolver na regiatildeo de Esparta o uso do marfim para produccedilatildeo de objetos gravados Vemos entatildeo que o ambiente artiacutestico na Lacedemocircnia entre 775 e 650 a C natildeo era de modo algum esteacuteril ou sem importacircncia9

Como Burn (1960 275‑276) explica Esparta natildeo virou suas costas para a arte e a poesia Prova disso eacute que vasos com detalhes refinados foram fabricados ali e exportados para outras regiotildees da Heacutelade ateacute 550 a C mais ou menos Por volta de 600 a C Gitiadas poeta escultor e arquiteto projetou o Templo de Atena tambeacutem conhecido como Casa de Bronze por causa das placas feitas com esse metal para decorar o edifiacutecio E em 585 a C o segundo templo de Oacutertia foi construiacutedo Ou seja havia artesatildeos trabalhando em Esparta no periacuteodo arcaico que produziram obras dignas de admiraccedilatildeo10

8 Para mais informaccedilotildees sobre a arqueologia e a arquitetura espartanas ver Walker (1998) Kaltsas (2007) e Cavanagh (2009)

9 Sobre isso ver tambeacutem Burn (1960) 180‑184 e Stibbe (1996) passim10 Ver tambeacutem Burn (1960) 280‑282 e Cartledge (2002) 133‑136

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No que diz respeito agrave muacutesica Plutarco nos daacute significativos testemunhos da sua importacircncia em ambiente espartano tanto nas Vidas quanto nos Moralia Na Vida de Licurgo no c 4 por exemplo encontramos a informaccedilatildeo segundo a qual o legislador lendaacuterio teria convidado um poeta‑legislador de Creta para ir a Esparta com ele Esse poeta se chamava Tales Mas talvez tenha havido alguma confusatildeo na tradiccedilatildeo manuscrita e esse Tales poderia ser o Taletas de Gortina mencionado algumas vezes no livro Sobre a Muacutesica tambeacutem de Plutarco Ele teria sido o responsaacutevel por curar os espartanos de uma peste com o seu canto11 Aleacutem disso no mesmo c 4 nos eacute dito que Licurgo teria sido o responsaacutevel por levar os poemas de Homero da Jocircnia para sua cidade

Depois no c 21 da mesma Vida Plutarco nos diz que os lacedemocircnios apreciavam se dedicar agrave poesia meacutelica porque as canccedilotildees estimulavam seus espiacuteritos e lhes davam coragem para enfrentar os inimigos nas batalhas Seu estilo era simples e seus temas eram seacuterios com o objetivo de promover uma boa formaccedilatildeo dos caraacuteteres Nelas eram louvados os heroacuteis de Esparta e condenados os covardes que natildeo lutaram ateacute o fim para defender sua cidade Nos festivais eram organizados trecircs coros de acordo com as idades um de velhos outro de adultos e outro de jovens Cada um cantava sobre a sua bravura uns falavam dos seus feitos no passado os outros tratavam das suas accedilotildees no presente e os uacuteltimos cantavam sobre o seu desejo de realizar grandes proezas no futuro Esses seriam os temas baacutesicos das canccedilotildees em Esparta e por isso segundo Plutarco Terpandro e Piacutendaro estavam corretos ao associar bravura e muacutesica e ao mostrar que os espartanos eram o povo mais aguerrido e mais musical

Por isso natildeo era por acaso que os jovens cantavam o nomo de Caacutestor e o peatilde da marcha (c 22) e em todo lugar havia danccedilas festas e banquetes quando natildeo havia expediccedilotildees militares (c 24) Contudo o gosto pela boa muacutesica e pela boa poesia natildeo era caracteriacutestico de todos os habitantes da Lacocircnia tendo em vista que os hilotas danccedilavam e cantavam canccedilotildees vulgares e grotescas diferentes das composiccedilotildees de Aacutelcman Terpandro e Especircndon (c 28) Isso na verdade estava associado ao fato de eles serem escravos e por isso era compreensiacutevel que eles apreciassem canccedilotildees vis como eles proacuteprios

Na Vida de Lisandro encontramos algumas informaccedilotildees que reforccedilam a impressatildeo de que os espartanos tinham sim grande sensibilidade para a muacutesica No c 15 ficamos sabendo que os lacocircnios depois de conquistar Atenas em 404 a C queriam destruir aquela cidade mas apoacutes ouvir um coro da Electra de Euriacutepides desistiram Em seguida no c 18 Plutarco nos conta que Lisandro estava sempre acompanhado do poeta Queacuterilo encarregado de celebrar os feitos do general E outros poetas tambeacutem celebraram Lisandro segundo nosso autor

11 Ver Plu Mus 42 (1146B‑C) e Gostoli (1990) 12‑13 e

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Na Vida de Agesilau c 14 lemos que os espartanos apreciavam uma parte da poesia de Timoacuteteo de Mileto poeta que teria tido algumas cordas de sua ciacutetara cortadas quando de uma sua visita a Esparta porque os eacuteforos julgavam que natildeo seriam necessaacuterias mais do que sete cordas e o instrumento do poeta tinha onze12 Essa anedota indica que os lacocircnios natildeo apreciavam inovaccedilotildees Poreacutem a informaccedilatildeo do c 14 da Vida de Agesilau mostra que eles poderiam aceitar pelo menos uma parte da obra de um poeta inovador desde que essa parte se adequas‑se ao gosto e agraves tradiccedilotildees do local Tambeacutem nessa mesma Vida c 21 Plutarco nos diz que o rei Agesilau apreciava os cantos e as danccedilas mesmo natildeo sendo um lsquoespecialistarsquo nas artes

Por fim na Vida de Aacutegis c 10 encontramos um elogio a Terpandro a Ta‑les (Taletas) e a Fereacutecides porque mesmo sendo estrangeiros professavam o que Licurgo instituiu e por isso foram muito honrados em Esparta Na Vida de Cleocircmenes c 2 somos informados que o rei Leocircnidas elogiou Tirteu algo facilmente compreensiacutevel tendo em vista o caraacuteter estimulante e guerreiro das elegias daquele poeta Aleacutem disso nessa mesma Vida citada por uacuteltimo c 12 Plutarco nos conta que Cleocircmenes certa vez teria encontrado alguns artistas de Dioniso muacutesicos e atores profissionais que iam de cidade em cidade para se apresentar e construiu um teatro Isso mostra que esse rei estimulou de alguma maneira as atividades artiacutesticas mesmo que ele natildeo tivesse o costume de levar artistas com seu exeacutercito de acordo com Plutarco e nem apreciasse apresentaccedilotildees musicais nos seus banquetes (c 13)

Tudo isso mostra que Esparta era uma cidade onde a muacutesica tinha um papel importe na educaccedilatildeo e na guerra e que os lacocircnios natildeo eram um povo obtuso e indiferente ao poder das melodias De acordo com Plutarco tendo em vista agora algumas passagens dos Moralia os espartanos passavam por treinamento rigoroso no que diz respeito agrave muacutesica e agrave poesia e suas canccedilotildees estimulavam os espiacuteritos e faziam com que os homens se sentissem entusiasmados e se esfor‑ccedilassem para ser bem sucedidos Em vaacuterias passagens das suas Obras Morais ele elogia o estilo da muacutesica deles porque ela era simples e natildeo afetada e seus temas eram seacuterios e edificantes Se algueacutem estudasse a poesia e as canccedilotildees de marcha de Esparta acompanhadas pelo aulo essa pessoa concordaria que Terpandro e Piacutendaro estavam certos ao associar valor (andreia) e muacutesica Como vimos acima nos trechos citados das Vidas Plutarco tambeacutem diz que os Espartanos eram o povo ao mesmo tempo mais musical (mousikotatous) e o mais afeito agrave guerra (polemikotatous)13

No livro sobre os Antigos Costumes dos Espartanos Plutarco tambeacutem elogia os ritmos das canccedilotildees de marcha (embaterioi rhythmoi) porque eles despertavam

12 Ver Plu Agis 1013 Cf Lyc 211‑4

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a coragem a audaacutecia e o desdeacutem pela morte requisitos indispensaacuteveis para o guerreiro valoroso Os espartanos usavam esses ritmos para danccedilar mas tambeacutem quando avanccedilavam contra os inimigos ao som do aulo Plutarco lembra que Li‑curgo associava o amor pela muacutesica agrave praacutetica militar para que o espiacuterito guerreiro combinado com a melodia tivesse concordacircncia e harmonia (symphonia kai har‑monia) Por isso em tempos de guerra os reis espartanos ofereciam sacrifiacutecios agraves Musas antes de ir para a batalha como Plutarco nos conta nos Instituta Laconica 16 (238B‑C)

E para manter a pureza da sua muacutesica e dos seus costumes os espartanos agraves vezes recorriam a atos violentos Como Plutarco reporta nos Instituta Laconica 17 (238C‑D) eles natildeo permitiriam que ningueacutem desrespeitasse de modo algum as regras da muacutesica do passado Nem mesmo Terpandro um dos mais antigos e melhores citaredos (aqueles que cantavam acompanhados da ciacutetara ou da lira) teria a permissatildeo para acrescentar uma corda extra ao seu instrumento para que suas melodias fossem mais variadas Ele tentou fazer isso mas os eacuteforos pregaram sua lira numa parede por causa do seu ato iacutempio contraacuterio agrave tradiccedilatildeo Em outra ocasiatildeo um dos eacuteforos teria procedido com mais violecircncia quando Timoacuteteo o famoso muacutesico inovador que floresceu na segunda metade do seacuteculo V a C estava competindo no festival das Carneias ele pegou uma faca e perguntou ao muacutesico de que lado ele deveria cortar as cordas supeacuterfluas cujo nuacutemero ultra‑passava o tradicional de sete cordas Outras variantes dessa histoacuteria satildeo contadas por Plutarco em outros textos mas nessas outras passagens Friacutenis outro muacutesico inovador da segunda metade do seacuteculo V a C eacute o protagonista14

Mas para aleacutem da sua importacircncia na educaccedilatildeo e nos contextos de bata‑lha a muacutesica tinha grande significado tambeacutem nas momentos das celebraccedilotildees religiosas Dentre as festividades religiosas realizadas na Lacedemocircnia uma das mais importantes era a das Carneias realizada em Esparta e intimamente ligada agrave histoacuteria de Terpandro As origens desse festival eram muito antigas anteriores ao seacuteculo VIII a C tendo em vista que no seacuteculo VII os colonizadores espartanos da cidade italiana de Tarento jaacute tinham o costume de celebraacute‑la15 As Carneias eram dedicadas ao deus Apolo Carneu Em Esparta havia concursos musicais e atleacuteti‑cos uma corrida de jovens e um banquete ritual que contava com a participaccedilatildeo dos homens adultos que representavam as fratrias O festival era organizado por cidadatildeos solteiros e era o momento adequado para que os jovens que jaacute haviam completado seu periacuteodo de formaccedilatildeo ingressassem na vida adulta16

O que nos interessa aqui eacute o papel que a muacutesica desempenhava no contexto dessas festividades Um elemento importante nesses momentos de comemoraccedilatildeo

14 Cf Prof virt 84A Apophth Lac 220C e Agis 107 jaacute citada na nota 9 Cf Rocha (2008) 654‑655

15 Brelich (1969) 181‑18216 Brelich (1969) 149‑150

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eram os concursos A realizaccedilatildeo de concursos musicais no acircmbito do festival das Carneias natildeo teria acontecido desde o iniacutecio A introduccedilatildeo de agones provavel‑mente ocorreu quando Terpandro migrou de Metimna (Lesbos) para Esparta na primeira metade do seacuteculo VII a C Nesse contexto eacute importante considerar o testemunho de Helacircnico17 segundo o qual Terpandro teria sido o primeiro a vencer o concurso musical nas Carneias Esse fato parece estar diretamente relacionado agrave fundaccedilatildeo da primeira escola musical (katastasis) em Esparta por obra do mesmo Terpandro Segundo Brelich (1969 186‑191) eacute muito provaacutevel que a introduccedilatildeo do concurso musical nas Carneias tenha sido influenciada pela proacutepria katastasis18 Essa hipoacutetese ganha forccedila se consideramos o capiacutetulo 9 do tratado Sobre a Muacutesica como um todo Ali Plutarco fala da primeira katastasis fundada por Terpandro e menciona tambeacutem a segunda katastasis liderada por Taletas de Gortina Xenoacutedamo de Citera Xenoacutecrito de Locres Polimnesto de Coacutelofon e Saacutecadas de Argos muacutesicos que teriam instituiacutedo as Gimnopeacutedias em Esparta as Apodeixeis na Arcaacutedia e as Endimaacutetias em Argos Jaacute que os membros da segunda escola musical foram fundadores de festivais19 em diferentes cidades do Peloponeso Terpandro tambeacutem pode ter desempenhado o mesmo papel no contexto das Carneias

No que diz respeito agraves Gimnopeacutedias contudo encontramos uma situaccedilatildeo diferente Possuiacutemos uma grande variedade de informaccedilotildees sobre esse festival que inclusive muitas vezes satildeo contraditoacuterias Mas tratando apenas daquilo que nos interessa aqui sabemos que no periacuteodo das festividades aconteciam apresentaccedilotildees de coros de adolescentes e adultos instituiacutedos em honra a Apolo que cantavam hinos compostos por poetas como Taletas Aacutelcman e Dionisodoto Depois da batalha de Tireia em 544 aC na qual Esparta lutou contra Argos pela posse da Tireaacutetida tornou‑se costumeiro cantar um peatilde em honra dos soldados que morreram naquela ocasiatildeo Por causa desse elemento ritual e da comparaccedilatildeo com as Apodeixeis e as Endimaacutetias as Gimnopeacutedias foram consideradas festas que indicavam o momento no qual os jovens receacutem‑iniciados eram integrados agrave vida militar20

Tendo tudo isso em vista podemos concluir que eacute preciso colocar a miragem espartana em perspectiva Esparta natildeo era tatildeo lsquoespartanarsquo assim e natildeo foi sempre lsquoespartanarsquo Havia espaccedilo naquela cidade para o cultivo das artes tais como a arquitetura a escultura a pintura vascular a muacutesica (que incluiacutea a poesia) e a danccedila Nela floresceram poetas como Aacutelcman Terpandro e Tirteu Nela surgiram escolas poeacuteticomusicais Nela viveram poetas estrangeiros tais como Taletas de

17 FGrHist 4 F 85 = Ateneu 635e = Terpander Test 1 Gostoli18 Cf tambeacutem Gostoli (1990) 84‑8519 Mais do que fundadores de festivais eacute mais verossiacutemil pensar que esses autores foram os

responsaacuteveis pela introduccedilatildeo dos concursos musicais como parte das celebraccedilotildees 20 Cf Gostoli (1990) 85‑86

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Gortina (Creta) e Saacutecadas de Argos E sendo assim houve um ambiente feacutertil e favoraacutevel para o desenvolvimento e o cultivo de atividades artiacutesticas Os esparta‑nos foram sim grandes guerreiros que contribuiacuteram decisivamente para a vitoacuteria dos helenos sobre os persas Eles cultivaram sim suas habilidades guerreiras a ponto de derrotar os atenienses na Guerra do Peloponeso Poreacutem Esparta natildeo foi somente uma comunidade de soldados que dedicavam suas vidas somente agrave guerra Esparta foi tambeacutem uma cidade onde as pessoas cantavam danccedilavam e apreciavam a beleza dos edifiacutecios e dos objetos do cotidiano Eacute preciso reconhecer isso e na obra de Plutarco jaacute encontramos essa imagem multifacetada dessa cul‑tura Basta direcionar os olhos para outras direccedilotildees

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Index nominum

Timoacuteteo 167‑168 178 183Timoacutexena 195Tindaacuteridas 63Tireaacutetida 169Tireia 169Tireacutesias 236Tirteu 167 169 221Titatildes 245Trajano 121Trezena 31 32‑35 38 Tricoacuterito 39Troia 81 124Tuciacutedides 122 160 181Ulisses 81 192Valeacuterio (vd Puacuteblio Valeacuterio)Vestais 58 204Viacutenio 200Xantipo 191 201Xenoacutecrito 169Xenoacutedamo 169Xenofonte 160 164Zaleuco 88Zeus 36 40‑41 220 226 243

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Index nominum

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(Paacutegina deixada propositadamente em branco)

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Notas biograacuteficas dos autores

Aacutelia Rodrigues eacute doutorada em Estudos Claacutessicos (Literatura Grega) e inves‑tigadora do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse satildeo a histoacuteria das ideias poliacuteticas desde os Gregos ateacute agrave modernidade histoacuteria legal e a recepccedilatildeo de temas claacutessicos na contemporaneidade

Ana Ferreira eacute Professora Auxiliar do Departamento de Estudos Portugueses e Ro‑macircnicos da Faculdade de Letras da Universidade do Porto e investigadora do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a histoacuteria antiga a literatura greco‑romana bem como a didaacutectica das liacutenguas claacutessicas

Delfim F Leatildeo eacute Professor Catedraacutetico da Instituto de Estudos Claacutessicos e investiga‑dor do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a histoacuteria antiga o direito e a teorizaccedilatildeo poliacutetica dos Gregos a pragmaacutetica teatral e a escrita romanesca antiga

Faacutebio Vergara Cerqueira eacute Professor Adjunto do Instituto de Ciecircncias Humanas da Universidade Federal de Pelotas pesquisador PQ‑2 do CNPq Professor Visitante na Universidade de Heidelberg Bolsista Fundaccedilatildeo Humboldt ldquoPesquisador Experienterdquo Principais aacutereas de interesse satildeo histoacuteria e arqueologia da Greacutecia antiga e sua recepccedilatildeo enfocando muacutesica iconografia ceramologia gecircnero memoacuteria social identidade e patrimocircnio cultural

Guillermina Gonzaacutelez Almenara es Profesor Contratado Doctor Tipo 1 vinculada con el Aacuterea de Filologiacutea Griega del Departamento de Filologiacutea Claacutesica Francesa Aacuterabe y Romaacutenica de la Universidad de La Laguna Sus principales liacuteneas de investi‑gacioacuten son la mujer y el aacutembito femenino en la Grecia antigua Historiografiacutea griega Historia y civilizacioacuten de la Grecia antigua

Ivana S Chialva es Doctora en Letras Investigadora Asistente del Conicet y Profesora de Griego y Literaturas griega y latina de la Facultad de Humanidades y Ciencias de la Universidad Nacional del Litoral (Santa Fe Argentina) Sus tra‑bajos sobre el mundo antiguo se focalizan en la relacioacuten entre primera y segunda sofiacutestica y en la influencia de este uacuteltimo fenoacutemeno en la prosa narrativa griega de eacutepoca imperial especialmente la retoacuterica la biografiacutea y la novela en sus diferentes formas

Jesuacutes-Mordf Nieto Ibaacutentildeez es Catedraacutetico de Filologiacutea Griega de la Universidad de Leoacuten Sus liacuteneas de investigacioacuten son la literatura judiacutea en lengua griega los primeros textos cristianos el Humanismo y la Tradicioacuten claacutesica Actualmente dirige un Proyecto de

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investigacioacuten sobre el Humanismo la Tradicioacuten claacutesica y patriacutestica y la exeacutegesis biacuteblica en los siglos XVI y XVII

Joaquim Pinheiro eacute Professor Auxiliar da Universidade da Madeira e investigador do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a biografia antiga a Segunda Sofiacutestica a retoacuterica claacutessica e o pensamento poliacutetico dos Gregos

Joseacute M Candau es Catedraacutetico de Filologiacutea Griega en la Universidad de Sevilla Sus principales aacutereas de investigacioacuten son la historiografiacutea griega y Plutarco

Loraine Oliveira eacute professora de Filosofia da Universidade de Brasiacutelia Publicou o livro Plotino escultor de mitos pela Imprensa da Universidade de CoimbraAnnablume em 2014 Vem se dedicando principalmente a estudar os mitos em Plotino Plutarco e Porfiacuterio assim como o vegetarianismo em Plutarco e Porfiacuterio

Maria Aparecida de Oliveira Silva eacute professora visitante do Programa de Poacutes‑Gradu‑accedilatildeo em Letras Claacutessicas da Universidade de Satildeo Paulo e Professora Pesquisadora do Programa de Poacutes‑Graduaccedilatildeo em Histoacuteria da Universidade Federal de Satildeo Paulo Liacuteder do Grupo CNPq LABHAN Laboratoacuterio de Histoacuteria Antiga da Universidade Federal do Amapaacute Pesquisadora do Grupo CNPq Linceu ‑ Visotildees da Antiguidade Claacutessica da Universidade Estadual Paulista Pesquisadora do Grupo Retoacuterica Texto y Comunicacioacuten da Universidad de Caacutediz Membro do Conselho Acadecircmico do Seminaacuterio de Histoacuteria e Filosofia das Religiotildees da Universidad Autoacutenoma de Ciudad Juaacuterez mdash Meacutexico Pesquisa e publica trabalhos sobre Esparta Plutarco e biografia antiga

M Teresa Fau Ramos es Profesora Titular del Departament de Filologia Grega de la Universitat de Barcelona y miembro del Grup de Recerca Graecia Capta que investiga la pervivencia de la identidad griega bajo el imperio romano Sus principales aacutereas de intereacutes cientiacutefico son la historia e instituciones de la Grecia claacutesica y post‑claacutesica la religioacuten helena (paganismo) y diversos aspectos del cristianismo primitivo

Pilar Goacutemez Cardoacute es profesora titular de Filologiacutea Griega en la Universidad de Barcelona donde imparte docencia e investiga desde 1981 Doctora en Filologiacutea Claacutesica desde 1987 con una tesis sobre la tradicioacuten yaacutembica y la faacutebula (La Vida drsquoIsop entre el iambe la faula i la novella) es autora de numerosos artiacuteculos y capiacutetulos de libros sobre la literatura griega de eacutepoca imperial romana en especial sobre Segunda Sofiacutestica y novela ha estudiado principalmente autores como Luciano en cuya edicioacuten y traduccioacuten al castellano para la coleccioacuten Alma Mater participa Plutarco Dioacuten de Prusa o Elio Ariacutestides Es miembro del grupo de investigacioacuten Graecia Capta de la Universidad de Barcelona

Roosevelt Rocha eacute Professor Adjunto do curso de Letras da Universidade Federal do Paranaacute (Brasil) e pesquisador ligado ao Programa de Poacutes‑Graduaccedilatildeo em Letras da

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mesma Universidade As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a poesia grega arcaica (elegia jambo e meacutelica) a muacutesica grega antiga e o estudo da performance da poesia grega dos periacuteodos arcaico e claacutessico

Vicente Ramoacuten es Profesor Tiular de Filologiacutea Griega de la Universidad de Zara‑goza Sus intereses cientiacuteficos pueden sintetizarse en las siguientes liacuteneas Plutarco de Queronea y la biografiacutea poliacutetica historiografiacutea griega retoacuterica y oratoria griegas tradicioacuten claacutesica teatro griego la irreligiosidad en la Atenas Claacutesica

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Nelson
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Volumes publicados na Colecccedilatildeo Humanitas Supplementum

1 Francisco de Oliveira Claacuteudia Teixeira e Paula Barata Dias Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 1 ndash Liacutenguas e Literaturas Greacutecia e Roma (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

2 Francisco de Oliveira Claacuteudia Teixeira e Paula Barata Dias Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 2 ndash Liacutenguas e Literaturas Idade Meacutedia Renascimento Recepccedilatildeo (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

3 Francisco de Oliveira Jorge de Oliveira e Manuel Patriacutecio Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 3 ndash Histoacuteria Arqueologia e Arte (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2010)

4 Maria Helena da Rocha Pereira Joseacute Ribeiro Ferreira e Francisco de Oliveira (Coords) Horaacutecio e a sua perenidade (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

5 Joseacute Luiacutes Lopes Brandatildeo Maacutescaras dos Ceacutesares Teatro e moralidade nas Vidas suetonianas (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

6 Joseacute Ribeiro Ferreira Delfim Leatildeo Manuel Troumlster and Paula Barata Dias (eds) Symposion and Philanthropia in Plutarch (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

7 Gabriele Cornelli (Org) Representaccedilotildees da Cidade Antiga Categorias histoacutericas e discursos filosoacuteficos (Coimbra Classica DigitaliaCECHGrupo Archai 2010)

8 Maria Cristina de Sousa Pimentel e Nuno Simotildees Rodrigues (Coords) Sociedade poder e cultura no tempo de Oviacutedio (Coimbra Classica DigitaliaCECHCECCH 2010)

9 Franccediloise Frazier et Delfim F Leatildeo (eds) Tychegrave et pronoia La marche du monde selon Plutarque (Coimbra Classica DigitaliaCECH Eacutecole Doctorale 395 ArScAn‑THEMAM 2010)

10 Juan Carlos Iglesias‑Zoido El legado de Tuciacutedides en la cultura occidental (Coimbra Classica DigitaliaCECH ARENGA 2011)

11 Gabriele Cornelli O pitagorismo como categoria historiograacutefica (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2011)

12 Frederico Lourenccedilo The Lyric Metres of Euripidean Drama (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2011)

13 Joseacute Augusto Ramos Maria Cristina de Sousa Pimentel Maria do Ceacuteu Fialho Nuno Simotildees Rodrigues (coords) Paulo de Tarso Grego e Romano Judeu e Cristatildeo (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

14 Carmen Soares amp Paula Barata Dias (coords) Contributos para a histoacuteria da alimentaccedilatildeo na antiguidade (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

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15 Carlos A Martins de Jesus Claudio Castro Filho amp Joseacute Ribeiro Ferreira (coords) Hipoacutelito e Fedra ‑ nos caminhos de um mito (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

16 Joseacute Ribeiro Ferreira Delfim F Leatildeo amp Carlos A Martins de Jesus (eds) Nomos Kosmos amp Dike in Plutarch (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

17 Joseacute Augusto Ramos amp Nuno Simotildees Rodrigues (coords) Mnemosyne kai Sophia (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

18 Ana Maria Guedes Ferreira O homem de Estado ateniense em Plutarco o caso dos Alcmeoacutenidas (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

19 Aurora Loacutepez Andreacutes Pocintildea amp Maria de Faacutetima Silva De ayer a hoy influencias claacutesicas en la literatura (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

20 Cristina Pimentel Joseacute Luiacutes Brandatildeo amp Paolo Fedeli (coords) O poeta e a cidade no mundo romano (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

21 Francisco de Oliveira Joseacute Luiacutes Brandatildeo Vasco Gil Mantas amp Rosa Sanz Serrano (coords) A queda de Roma e o alvorecer da Europa (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

22 Luiacutesa de Nazareacute Ferreira Mobilidade poeacutetica na Greacutecia antiga uma leitura da obra de Simoacutenides (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica DigitaliaCECH 2013)

23 Faacutebio Cerqueira Ana Teresa Gonccedilalves Edalaura Medeiros amp JoseacuteLuiacutes Brandatildeo Saberes e poderes no mundo antigo Vol I ndash Dos saberes (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia2013) 282 p

24 Faacutebio Cerqueira Ana Teresa Gonccedilalves Edalaura Medeiros amp Delfim Leatildeo Saberes e poderes no mundo antigo Vol II ndash Dos poderes (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013) 336 p

25 Joaquim J S Pinheiro Tempo e espaccedilo da paideia nas Vidas de Plutarco (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013) 458 p

26 Delfim Leatildeo Gabriele Cornelli amp Miriam C Peixoto (coords) Dos Homens e suas Ideias Estudos sobre as Vidas de Dioacutegenes Laeacutercio (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013)

27 Italo Pantani Margarida Miranda amp Henrique Manso (coords) Aires Barbosa na Cosmoacutepolis Renascentista (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2013)

28 Francisco de Oliveira Maria de Faacutetima Silva Tereza Virgiacutenia Ribeiro Barbosa (coords) Violecircncia e transgressatildeo uma trajetoacuteria da Humanidade (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

29 Priscilla Gontijo Leite Eacutetica e retoacuterica forense asebeia e hybris na caracterizaccedilatildeo dos adversaacuterios em Demoacutestenes (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

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30 Andreacute Carneiro Lugares tempos e pessoas Povoamento rural romano no Alto Alentejo ‑ Volume I (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2014)

31 Andreacute Carneiro Lugares tempos e pessoas Povoamento rural romano no Alto Alentejo ‑ Volume II (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2014)

32 Pilar Goacutemez Cardoacute Delfim F Leatildeo Maria Aparecida de Oliveira Silva (coords) Plutarco entre mundos visotildees de Esparta Atenas e Roma (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

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Resumo da obra

A vasta e variada obra de Plutarco permite sempre uma abordagem a partir de distintas

perspetivas com diferentes intenccedilotildees e propoacutesitos variados No entanto eacute importante

identificar tambeacutem fios comuns nessa abordagem porque permitem demonstrar tanto a

niacutevel formal como de conteuacutedo que haacute muitos elementos comuns que permeiam o trabalho

de Plutarco

Os treze contributos para este volume tecircm como elo comum o nome de trecircs cidades

Esparta Atenas e Roma Elas representam espaccedilos poliacuteticos e institucionais diversos dada

a sua extensatildeo geograacutefica e cronoloacutegica mas simbolizam igualmente diferentes modelos

de organizaccedilatildeo social atraveacutes dos quais a Greacutecia pode ser contrastada com Roma ou Atenas

comparada com Esparta mdash ainda que o seu verdadeiro interesse na obra de Plutarco seja

que representam sempre locais paradigmaacuteticos onde vivem e convivem pessoas Por

isso os estudiosos de Plutarco que contribuiacuteram para este volume procuram analisar em

cada uma dessas cidades seja por assimilaccedilatildeo ou por contraste a forma como o autor de

Queroneia aborda a ligaccedilatildeo entre indiviacuteduo e comunidade a partir do exerciacutecio do poder

e da experiecircncia religiosa qual o papel da educaccedilatildeo e do domiacutenio privado na projeccedilatildeo

puacuteblica dos protagonistas retratados por Plutarco ou ateacute que ponto a imagem dos primeiros

legisladores e fundadores miacuteticos foi condicionada pela evoluccedilatildeo histoacuterica destas mesmas

cidades

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Page 17: Versão integral disponível em digitalis.uc · visões de Esparta, Atenas e Roma IMPRENSA DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA COIMBRA UNIVERSITY PRESS ANNABLUME Versão integral disponível

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Legislar teniacutea un precio

acompantildeada tanto en Roma como en otras ciudades de grandes manifestacio‑nes de duelo91

Asiacute termina la vida del anciano rey que supo renunciar a la apacible vida que tanto le agradaba para regir los destinos de la inquieta Roma poniendo de manifiesto una vez maacutes que para el queronense el ejercicio de la funcioacuten de νομοθέτης va ligado a la ineludible necesidad de pagar un precio por ello Pero no acaba ahiacute la informacioacuten plutarquea sobre Numa pues el bioacutegrafo nos hace saber que tras la muerte del monarca los romanos volvieron a hacer uso de las armas92 y en la comparatio que establece entre Licurgo y Numa Plutarco subraya el fracaso que supone para la constitucioacuten de Numa el regreso de Roma a sus antiguas praacutecticas guerreras93 En cuanto a la causa de tal infortunio el quero‑nense es tajante seguacuten eacutel Numa se equivocoacute gravemente cuando a diferencia de Licurgo no organizoacute un sistema educativo soacutelido disciplinario e igual para todos los ciudadanos94

Publiacutecola

Pasamos acto seguido a ocuparnos de un legislador que aun sin ser de es‑tirpe real tuvo algo que ver con la institucioacuten monaacuterquica pues contribuyoacute a der‑rocarla Se trata de Publio Valerio a quien los romanos dieron el sobrenombre de Publiacutecola95 Eacuteste que se distinguiacutea por su amor a la justicia y su generosidad para con los necesitados pareciacutea destinado al liderazgo si alguacuten diacutea llegaba a instalarse en Roma lo que Plutarco llama laquoun reacutegimen democraacuteticoraquo (δημοκρατία)96 pero al ser depuesto por el pueblo el rey Tarquinio el Soberbio vio frustradas sus aspiraciones a pesar de haber colaborado eacutel personalmente al derrocamiento97

Decepcionado Valerio se retira momentaacuteneamente de la escena poliacutetica98 pero tan pronto como Tarquinio intenta recuperar el poder reacciona y toma parte muy activa en la desactivacioacuten de una conjura que teniacutea por objetivo la rein‑troduccioacuten de la realeza99 En recompensa a sus servicios Valerio es nombrado

91 Num 22192 Num 221193 Num 361094 Num 367 Pensamos que eacutesta es una criacutetica severa que aleja a Numa del prototipo del

Gobernante Ideal Por su parte Boulet (2005) ve en el retrato plutarqueo del monarca romano un claro ndashy premeditadondash distanciamiento del queronense con respecto a la figura platoacutenica del Rey‑Filoacutesofo Si el alejamiento defendido por Boulet se ajusta a la realidad no creemos que deba producirnos extrantildeeza ya que por decirlo en palabras de Hershbell (2004) Plutarco fue un laquoPlatonisthellipunorthodoxraquo Cf Dillon (2014)

95 Publ 1196 Publ 1297 Publ 13‑5 Plutarco da a la actuacioacuten de Valerio un valor claramente superior al que le

otorgan Dionisio de Halicarnaso (467‑72) y Tito Livio (158‑591‑2)98 Publ 21 99 Publ 22‑76

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Mordf Teresa Fau Ramos

coacutensul100 mientras el rey destronado busca ndashy obtienendash el apoyo de los etruscos101 Se libra un feroz combate en el que el ejeacutercito romano consigue la victoria y Valerio tiene ocasioacuten de celebrar triunfo siendo ndashsostiene Plutarcondash el primer coacutensul que entra en la urbe montado en una cuadriga102

Pero el flamante vencedor seraacute pronto objeto de criacutetica pues el pueblo cree ver en su conducta atisbos de despotismo concentra en su persona toda la auto‑ridad habita en una mansioacuten maacutes imponente que la del antiguo rey y se presenta escoltado laquopor todas las fasces y hachas juntasraquo (ὑπὸ ῥάβδοις ὁμοῦ πάσαις καὶ πελέκεσι)103 Valerio reacciona con prontitud reuacutene a un buen nuacutemero de al‑bantildeiles y en una noche echa abajo la casa y la destruye hasta los cimientos104 No tardaraacute el pueblo en hacerle donacioacuten de un terreno donde podraacute edificar una nueva morada eso siacute maacutes austera que la anterior105

En cuanto a las insignias suprimioacute las hachas y decretoacute que las fasces se incli‑naraacuten ante el pueblo106 medida que fue muy del agrado de las gentes que dieron a Valerio el sobrenombre de Publiacutecola teacutermino que seguacuten Plutarco equivale a δημοκηδής laquosoliacutecito con el puebloraquo107 Por otra parte concedioacute laquoa quienes quisie‑ranraquo (τοῖς βουλομένοις) la posibilidad de presentar candidatura para compartir el consulado junto a eacutel Pero antes de que se procediera al nombramiento de su colega en el cargo se valioacute de la feliz circunstancia de ser el uacutenico coacutensul en ejercicio para instaurar medidas poliacuteticas de suma importancia108 Asiacute nombroacute nuevos senadores109 otorgoacute mayores derechos al pueblo110 dictoacute pena de muerte sin proceso previo para aquel que pretendiera erigirse en tirano111 y organizoacute la recaudacioacuten de impuestos112

100 Publ 77101 Publ 91102 Publ 92‑9 Sobre el triunfo de Valerio cf Plu Rom 167‑8 y D H 2342 103 Publ 101‑2 Plutarco pone eacutenfasis en la narracioacuten utilizando el estilo directo es el pueblo

quien pronuncia estas palabras de reproche Sobre la desaprobacioacuten de los romanos ante la conducta de Valerio cf las narraciones maacutes comedidas de Dionisio de Halicarnaso (5181) y Tito Livio (276)

104 Publ 105 En las Cuestiones Romanas (Moralia 285F) se hace alusioacuten al hecho de que la casa situada en lo maacutes alto es percibida por las gentes como una amenaza por su elevada situacioacuten Dionisio de Halicarnaso (5192) no menciona la destruccioacuten de la morada seguacuten eacutel Publiacutecola cambioacute de domicilio con el fin ndashdeclaroacute el propio interesadondash de que los romanos pudieran lanzarle piedras desde arriba si le sorprendiacutean cometiendo alguacuten acto injusto Valerio Maacuteximo en cambio siacute alude (411) a la destruccioacuten de la casa y lo hace ademaacutes en un tono grandilocuente

105 Publ 106106 Publ 107 107 Publ 108‑9 En D H 5195 hallamos la misma ndashmaacutes que discutiblendash etimologiacutea108 Publ 111109 Publ 112110 Publ 113‑4111 Publ 121‑2112 Publ 123‑4

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Legislar teniacutea un precio

Tras estas disposiciones designoacute como colega suyo en el cargo a Lucrecio que fallecioacute pocos diacuteas despueacutes del nombramiento siendo sucedido por Marco Horacio113 En cuanto a Publiacutecola sufrioacute a causa de los honores recibidos por su doble condicioacuten de legislador y liacuteder militar la envidia de laquomuchos poderososraquo (πολλοὶ τῶν δυνατῶν) los cuales frustraron su deseo de consagrar el templo de Juacutepiter Capitolino114 Pero ello no fue obstaacuteculo para que Valerio continuara su exitosa carrera pues llegoacute a ser nombrado coacutensul por cuarta vez115 Su muerte acaecida despueacutes de lograr para Roma una gran victoria contra los sabinos causoacute un hondo pesar en la poblacioacuten116

Pero el dolor con que Roma reacciona ante la desaparicioacuten del liacuteder no debe hacernos olvidar las suspicacias que antantildeo despertara en la plebe y la envidia que posteriormente suscitoacute entre los poderosos En un caso la situacioacuten se saldoacute con la destruccioacuten por parte de Valerio de la suntuosa mansioacuten que poseiacutea y en un elocuente gesto de reconocimiento de la voluntad popular en el otro llevoacute las de perder pues no consiguioacute realizar el prestigioso ritual que ambicionaba La disensioacuten con el pueblo fue anterior al ejercicio de la actividad legisladora de hecho es gracias a la reconciliacioacuten con las masas que Publiacutecola tuvo la oportu‑nidad de ejercer como νομοθέτης En cambio el incidente con la eacutelite romana se produjo con posterioridad ndashy a consecuencia dendash su tarea como legislador (Plutarco lo indica con claridad) En este sentido podemos considerar que Publiacutecola pagoacute un doble tributo ndashla peacuterdida de su morada y la imposibilidad de llevar a cabo un ritual de alta relevanciandash por su νομοθεσία

Licurgo Soloacuten Numa y Publiacutecola establecen unas leyes por las que debe regirse la sociedad de la que forman parte y por ello reciben de Plutarco la de‑nominacioacuten de νομοθέτης117 Hay sin embargo entre los personajes biografiados

113 Publ 125‑6114 Publ 141‑7 Sobre φθόνος la envidia caracteriacutestica humana que de ninguacuten modo pasa

inadvertida a Plutarco Verdegem (2005) en una aportacioacuten en torno a les Vidas de estadistas atenienses del siglo v a C establece una clara diferencia entre laquopeer‑envyraquo que salvando la distancia cronoloacutegica seriacutea a nuestro entender el sentimiento que Publiacutecola despertoacute entre los poderosos y laquopopular envyraquo que experimenta la turba con respecto a los liacutederes contra quienes haciacutea aplicar en la Atenas claacutesica la medida llamada ostracismo Sobre el valor que el queronense otorga al ostracismo cf Jufresa Muntildeoz amp Fau Ramos (2011) Por otra parte Frazier (1996) atribuye al φθόνος de los personajes plutarqueos un laquocaractegravere quasi automatiqueraquo (p 109)

115 Publ 211116 Publ 231‑5 y 246 Plutarco (Publ 234) pone de relieve que el pueblo decidioacute que el

cuerpo de Publiacutecola fuera enterrado a expensas puacuteblicas dato que hallamos tambieacuten en Dionisio de Halicarnaso (5482‑3) y Valerio Maacuteximo (441) con la diferencia de que estos dos autores indican que ello se debioacute a la situacioacuten de pobreza extrema en que murioacute el estadista

117 Lyc 11 99 141 Sol 143 165 186 Num 93 1412 2310 2513 Publ 121 143 A un lector atento no le habraacute pasado inadvertido el hecho de que no hayamos mencionado ni a Agis ni a Cleoacutemenes personajes que intentaron en vano restaurar la laquobella y justa constitucioacutenraquo (πολιτείαν καλὴν καὶ δικαίαν) de Licurgo (Agis et Cleom 210) Ciertamente ambos pusieron todo su ahiacutenco en la empresa y ambos sufrieron por ello serias penalidades Agis perdioacute la vida

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por el queronense sujetos a quienes eacuteste no aplica el calificativo de νομοθέτης sino el de οἰκιστήςκτίστης (laquofundadorraquo) o bien les atribuye la accioacuten de οἰκιζεῖνκτιζεῖν (laquofundarraquo) una poblacioacuten Estos individuos fundan (o refundan) una comunidad cosa que les obliga a fijar unas normas Ejercen pues en cierto modo como legisladores y se arriesgan por tanto a contrariar voluntades ajenas Tambieacuten estos personajes de quienes nos ocuparemos ahora sucintamente estaacuten expuestos a pagar un precio por llevar a cabo su cometido

Teseo

Del οἰκιστής Teseo118 nos interesa especialmente su tarea como autor del llamado sinecismo Plutarco nos brinda al respecto una detallada descripcioacuten Seguacuten eacutel tras la muerte del rey Egeo su hijo Teseo se propone laquouna empresa grande y admirableraquo (μέγα καὶ θαυμαστὸν ἔργον) consistente en reunir a todos los habitantes del Aacutetica en una sola ciudad formando con ellos un uacutenico Estado dotado de instituciones comunes119 Pero antes de dar comienzo a su labor re‑corre la regioacuten para informar del proyecto a todos los pobladores Los ciudadanos no relevantes acogen al punto su llamamiento Los ricos en cambio se muestran reticentes y para convencerlos Teseo les ofrece un sistema de gobierno carente de rey y les promete que tan soacutelo reservaraacute para si mismo las funciones de dirigente militar y de laquocustodio de las leyesraquo (νόμων φύλαξ)120

Tras las explicaciones Teseo pone manos a la obra suprime los organismos anteriores y sienta las bases para el establecimiento de una polis a la cual da el

(Agis et Cleom 201) su madre su abuela y su hermano fueron asesinados (Agis et Cleom 202‑7 y 263) y su esposa obligada a contraer matrimonio con el hijo de un enemigo (Agis et Cleom 221‑3) Cleoacutemenes por su parte se vioacute forzado a entregar como rehenes del rey de Egipto a parte de su familia (Agis et Cleom 434‑8) perdioacute a su hermano en combate (Agis et Cleom 496‑7) tuvo que huir de Esparta (Agis et Cleom 503‑4) y fue arrestado en Egipto (Agis et Cleom 567) donde acaboacute suicidaacutendose tras haber intentado provocar un alzamiento contra el rey (Agis et Cleom 576‑5816) y una vez muerto continuaraacuten por asiacute decir las penalidades de Cleoacutemenes ya que el monarca egipcio ordena que su cadaacutever sea ultrajado y que sus hijos su madre y las mujeres del entorno de eacutesta reciban la muerte (Agis et Cleom 594) No obstante he decidido omitir la referencia a estos personajes porque sus esfuerzos por reinstaurar la constitucioacuten de Licurgo no se vieron coronados por el eacutexito y sobre todo porque a diferencia de lo que ocurre con Licurgo Soloacuten Numa y Publiacutecola a Agis y a Cleoacutemenes no les es otorgada por parte de Plutarco la denominacioacuten de νομοθέτης Por lo que a Agis se refiere Roskam (2005) considera que constituye para el queronense el modelo ideal del joven que se dedica a la poliacutetica

118 Thes 15 No entraremos aquiacute a discutir hasta queacute punto podriacutea sentirse Plutarco motivado a biografiar al fundador miacutetico de Atenas ni nos pronunciaremos sobre el no disimulado escepticismo sobre el particular que se le atribuye cf Sirinelli (2000) 301 Por cierto que la obra que acabamos de consignar corresponde a una de las maacutes acreditadas biografiacuteas plutarqueas comparable a las de Jones (1971) Russell (1973) y Lamberton (2001)

119 Thes 241 En la versioacuten plutarquea el sinecismo va maacutes allaacute de la unificacioacuten exclusivamente poliacutetica que describe Tuciacutedides (215)

120 Thes 242

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nombre de Atenas funda la festividad de las Panateneas para que sea celebrada por el conjunto de la comunidad instaura tambieacuten la fiesta de las Metecias y abdica ndashtal como habiacutea prometido‑ de la corona121

A continuacioacuten se dispone a organizar el nuevo Estado laquoempezando a partir de los diosesraquo (ἀπὸ θεῶν ἀρχόμενος)122 toma medidas para favorecer el crecimiento vegetativo de la polis establece clases entre la ciudadaniacutea asig‑nando un status especiacutefico a cada colectivo acuntildea moneda y fija los liacutemites de Atenas123

Pero al eficiente Teseo tambieacuten le llega la hora de pagar un precio por la tarea realizada124 Un tal Menesteo descendiente de Erecteo emprende una insi‑diosa campantildea contra el fundador soliviantando a laquolos poderososraquo (οἱ δυνατοί) que consideraban que Teseo les habiacutea sustraiacutedo prerrogativas y perturbando asimismo a laquola multitudraquo (οἱ πολλοί) so pretexto de haber perdido seducidos por un espejismo de libertad la patria los templos y los gobernantes que les eran propios yendo a caer bajo la autoridad de un extranjero125 La suerte sonriacutee al alborotador pues los Tindaacuteridas invaden el Aacutetica tal vez ndashapunta Plutarcondash a peticioacuten del propio Menesteo quien se encarga ademaacutes de facilitarles la entrada a la ciudad de Atenas126 De resultas de ello ndashel queronense tiene sus dudas al respectondash Etra la madre de Teseo habriacutea sido hecha prisionera127

El fundador intenta volver a ejercer su autoridadhellip en vano Al fin profun‑damente decepcionado abandona Atenas para siempre no sin antes maldecir a sus habitantes128 Teseo pereceraacute lejos de la patria y su muerte no provocaraacute reaccioacuten alguna en la ciudad129 Mucho tiempo habraacute de transcurrir para que la polis reconozca sus meacuteritos y le rinda los debidos honores que comportaraacuten la

121 Thes 243‑4122 Thes 244 Plutarco no concreta en queacute consiste esta actuacioacuten del fundador123 Thes 251‑4 Por si esta considerable labor fundacional no fuera suficiente somos

informados por Plutarco (Thes 265‑7) de que Teseo es tambieacuten οἰκιστής de la ciudad de Pitoacutepolis de la cual parte despueacutes de haber designado a quienes ejerceraacuten de gobernantes y legisladores

124 Un precio ndashrecordemosndash que ya habiacutea empezado a pagar cuando para persuadir a sus conciudadanos ricos se habiacutea comprometido a renunciar a la corona

125 Thes 321 En este pasaje Plutarco se hace eco de la atribucioacuten a Menesteo del hecho de haber sido laquoel primer hombreraquo (πρῶτος hellip ἀνθρώπων) en laquoejercer de demagogoraquo (δημαγωγεῖν)

126 Thes 322ndash332127 Thes 341128 Thes 353‑5 Esta miacutetica maldicioacuten sirve a Plutarco como αἴτιον para explicar la

etimologiacutea del laquoAraterioraquo o laquolugar de las maldicionesraquo 129 Thes 356‑7 En la descripcioacuten del fracaso que experimenta Teseo al intentar recuperar

el poder Plutarco se sirve de una terminologiacutea poliacutetica (usa en voz pasiva los verbos καταδημαγωγέω y καταστασιάζω) que utiliza tambieacuten en Per 92 y 5 Por otra parte nos parece significativo que la biografiacutea de Teseo no concluya con la alusioacuten a su fallecimiento sino que incorpore (Thes 358ndash365) la mencioacuten de los honores recibidos mucho tiempo despueacutes de su muerte por el fundador de hecho para el queronense el final de una vida no ha de coincidir necesariamente con el final de la biografiacutea cf al respecto Pelling (1997)

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necesidad de laquorecuperarraquo los restos del οἰκιστής y de trasladarlos solemnemente a Atenas130 permitiendo con ello a Cimoacuten el gran adversario de Temiacutestocles apropiarse de la figura del ilustre fundador131

Roacutemulo

La indiferencia que acompantildea al amargo fin de Teseo contrasta con el re‑vuelo que se originoacute en Roma tras la desaparicioacuten de aqueacutel a quien Plutarco considera laquopadreraquo (πατήρ)132 de la urbe que laquofundoacuteraquo (ἔκτισε)133

No es poco ciertamente lo que Roma debe a su οἰκιστής pues ademaacutes de ser el fundador material de la ciudad134 tomoacute unas medidas que seriacutean determi‑nantes para el futuro de la poblacioacuten Asiacute establecioacute los criterios con arreglo a los cuales debiacutean ser clasificados los ya numerosos habitantes de la urbe135 fue corresponsable del pacto crucial sellado entre sabinos y romanos136 introdujo cambios en el armamento137 e instituyoacute nuevos rituales138 El queronense le atri‑buye tambieacuten la promulgacioacuten de algunas leyes ndashἔθηκεhellip νόμους τινάς139 dice textualmentendash como las que hacen referencia al repudio de la esposa140

Pero llegado el liacuteder romano al zeacutenit de la gloria experimentoacute una profunda transformacioacuten en su manera de ser y adoptoacute maneras impropias vistioacute lujosos

130 Thes 358ndash365 Sobre las acciones cultuales relacionadas con el οἰκιστής ateniense cf Plaacutecido (1994) Por otra parte creemos que en la valoracioacuten plutarquea del descalabro sufrido por Teseo tiene un peso considerable la conducta poco edificante del ateniense en relacioacuten con Helena a quien eacuteste que a la sazoacuten contaba cincuenta antildeos habiacutea raptado cuando la muchacha todaviacutea no era nuacutebil (cf Thes 292 y 311‑3) En este contexto consideramos que aunque no se centra en la figura de Teseo es esclarecedora la obra de Beneker (2012) quien asimismo nos brinda datos relevantes en un trabajo posterior cf Beneker (2014) Sobre los valores morales en la obra del queronense cf Duff (1999) y Van Hoof (2010)

131 Thes 362‑3 y Cim 85‑7 En el marco de la poliacutetica ateniense de la primera mitad del siglo V a C no es en modo alguno insoacutelita la utilizacioacuten en beneficio propio de un dios o de un heacuteroe Asiacute mientras Cimoacuten opta por valerse del miacutetico Teseo Temiacutestocles se sirve de la figura de Aacutertemis cf Fau Ramos (2007) Veacutease al respecto Podlecki (1971) y Piccirilli (1987)

132 Thes 15133 Thes 22134 Rom 111‑4135 Rom 131‑8 Cf Id 201‑3 En Rom 137‑8 el queronense nos ofrece una descripcioacuten

tan idealizada como paternalista de los viacutenculos establecidos entre patroni y clientes descripcioacuten que ha sido relacionada con la que nos brinda Dionisio de Halicarnaso (210)

136 Rom 199‑10137 Rom 211138 Rom 211 y 221139 Con esta expresioacuten parece evidente que si bien Plutarco no aplica a Roacutemulo el calificativo

de νομοθέτης siacute que de facto lo tiene por tal140 Rom 223 La informacioacuten plutarquea sobre las leyes de Roacutemulo es ciertamente escueta

Para una visioacuten mucho maacutes amplia que incluye los derechos hereditarios de las mujeres la aplicacioacuten de la pena de muerte a la esposa en caso de adulterio o embriaguez las obligaciones filiales para con los progenitores y la potestad paterna sobre los hijos cf D H 225‑26

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semejante oraacuteculo lo que haciacutea el dios en realidad era exhortar a los griegos a que abandonasen las guerras frecuentasen las musas apaciguasen sus pasiones con ayuda de la razoacuten y guardasen entre siacute relaciones paciacuteficas y fecundas39

Los dos sucesos trasladan un mensaje confuso Pues hablan de los griegos no de filoacutesofos de guerras y cuestiones de justicia no de rebeliones liberadoras engloba ademaacutes la filosofiacutea en un conjunto de actividades que parece cifrar la παιδεία griega en general Pero ambos de alguna manera ofrecen una primera justificacioacuten del rechazo de Epaminondas Con ellos se pone en praacutectica la lla‑mada laquoredefinicioacutenraquo teacutecnica literaria practicada por diversos autores antiguos y frecuente en las Vidas paralelas Consiste en formular enunciados vagos y gene‑rales que a lo largo de la obra y en pasajes posteriores se concretan y alcanzan un grado mayor de individualizacioacuten40 Los dos incidentes mencionados no son ademaacutes la uacutenica prefiguracioacuten encaminada a justificar de manera previa y alusiva la inhibicioacuten de Epaminondas La misma funcioacuten cumple el diaacutelogo sobre la pobreza Epaminondas mudo en la discusioacuten demonoloacutegica central toma aquiacute la palabra para entrar en controversia con Teanor

Teanor personaje ficticio es un filoacutesofo pitagoacuterico natural de Crotona En fechas anteriores otro pitagoacuterico Lisis se habiacutea refugiado en Tebas Acogido en la casa de Polimnis padre de Cafisias y Epaminondas habiacutea llevado en esa casa pobre una vejez dichosa Teanor llega comisionado por las ricas comunidades pitagoacutericas de Italia Eacutestas quieren recompensar a Polimnis y sus hijos con una suma que aliviaraacute su pobreza Pero Epaminondas se niega a aceptar tal recom‑pensa negativa que da lugar a la controversia que mantiene con Teanor

El discurso sobre la pobreza es la uacutenica ocasioacuten en que Epaminondas rompe sustancialmente su silencio pues es el uacutenico pasaje en el que el ldquocentro ausenterdquo de la obra Epaminondas expone sus ideas de manera razonada y recurriendo a categoriacuteas filosoacuteficas Pronunciado en diaacutelogo con Teanor puede dividirse en dos secciones la primera (583D‑E) de extensioacuten breve comenta la inutilidad de las riquezas aportadas por Teanor que Polimnis y sus hijos habriacutean de emplear en cosas superfluas La segunda (584C‑585D) maacutes amplia y densa comienza con la defensa de la pobreza como ejercicio frente a aquellas pasiones (ἐπιθυμίαι) que proceden del exterior (ἐπήλυδες) y tienen como fuente las falsas opiniones (κενῶν δοξῶν) el deseo de riquezas (φιλοπλουτία) es una de esas pulsiones accesorias y superfluas como lo es tambieacuten el deseo de gloria (φιλοδοξίαν) Pos‑teriormente Epaminondas ahonda en su planteamiento como adiestramiento para el autodominio (ἐγκρατείας) la contencioacuten frente a los placeres beneficia al alma y de la misma manera beneficia a la praacutectica de la justicia el ejercicio contra

39 Gen Socr 579B‑D40 Cf Pelling (1988) 12‑13 (1990) 230

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el deseo de riquezas41 El discurso finaliza con la alabanza del hombre que sabe rehusar favores y daacutedivas de amigos y reyes incluyendo los dones de la fortuna (τύχης) tal hombre no ve alterado su juicio (οὐδὲ θορυβεῖ τὴν διάνοιαν) y es capaz de perseverar ufano y sereno en la praacutectica de la excelencia

Es de notar que los argumentos de Epaminondas no aparecen en otra obra de Plutarco dedicada especiacuteficamente a combatir la avaricia el de cupiditate di‑vitiarum (523C‑528B) Es este uno de los tratados clasificados por Ziegler bajo el roacutetulo de ldquofilosoacuteficos‑popularesrdquo y estudiados recientemente por L Van Hoof Frente a lo que sugiere su roacutetulo observa Van Hoof tales tratados tienen como destinatario a la eacutelite econoacutemica poliacutetica y social del mundo grecorromano Son por otra parte tratados de orientacioacuten fundamentalmente praacutectica Con ellos Plutarco no persigue ldquoconvertir a la filosofiacuteardquo ni lograr que sus lectores olviden sus ambiciones poliacuteticas y sociales Maacutes bien intenta ofrecerles una guiacutea que le ayude afrontar los problemas derivados de su posicioacuten dirigente La meta no es por tanto cambiar las expectativas de liderazgo o rebajar las pretensiones de poder e influencia propios y sustanciales de una clase como aquella que conforma la audiencia de los mal llamados ldquotratados filosoacutefico‑popularesrdquo Por el contrario lo que hace Plutarco es poner la filosofiacutea al servicio de sus aspiraciones42

El de cupiditate divitiarum emplea un tono admonitorio sus ideas son sen‑cillas y basadas en la experiencia o si se quiere en motivaciones prefilosoacuteficas y sus consejos no constituyen un obstaacuteculo sino una ayuda para la realizacioacuten de las ambiciones sociales que pueda albergar el lector Despliega en suma el conjunto de teacutecnicas y estrategias usuales en los tratados de ldquoeacutetica praacutectica al servicio de la eacutelite43rdquo No ocurre lo mismo con el discurso sobre la pobreza de Epaminondas Purgar el alma de las opiniones procedentes del exterior desterrar el ansia de riquezas y el deseo de gloria rehusar los favores de amigos y reyes y los dones de la fortuna son preceptos adecuados para un tipo de hombre que como Epaminondas huye de los conflictos inherentes a la lucha poliacutetica Pero es difiacutecil que con estos atributos Plutarco quiera hacer de Epaminondas un modelo para la oligarquiacutea a quien dirige sus tratados de eacutetica praacutectica Resulta significativa la posicioacuten que ocupa el discurso sobre la pobreza en el texto del de genio Una vez que concluye Epaminondas y despueacutes de que todos expresan su admiracioacuten hacia eacutel se expone una de las maacutes movidas peripecias en la que se vieron envueltos los miembros de la conjura Tras grandes sobresaltos y fuertes discusiones entre diversos implicados en la trama el asunto vino a resolverse por siacute solo e inespe‑radamente

41 El texto griego no es en este pasaje enteramente claro Quizaacutes es consecuencia de ello que frente a la lectura de los manuscritos (δικαιοσύνῃ) Russell (2010) proponga leer δικαιοσύνης

42 Van Hoof (2010) 28‑3743 Van Hoof (2010) 55‑56

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ldquoUn singular trastorno habiacutea hecho presa en nuestro aacutenimo Llenos poco antes de desazoacuten al ver nuestra empresa frustrada la presioacuten de las circunstancias y la urgencia que no consentiacutean tregua nos sumiacutea de nuevo en ansiedad y temor44rdquo

Con estas palabras describe Plutarco el estado de aacutenimo de los conjurados a raiacutez del episodio expuesto tras la discusioacuten sobre la pobreza Un estado de aacutenimo que no puede permitirse Epaminondas atento a la contencioacuten de las pasiones y la serenidad de su mente pero que es el propio de quienes participan en el complot revolucionario

El de genio se mueve seguacuten han observado diversos estudios modernos en dos planos el humano y el de los deacutemones el de la contemplacioacuten filosoacutefica y la praacutectica poliacutetica el mortal y el sobrenatural el de los que conocen y el de los que ignoran45 Y en correspondencia sus personajes se ubican en dos niveles Los unos estaacuten instalados en el mundo de la accioacuten y la peripecia son Cafisias el narrador y con eacutel todos los conjurados Otros se ubican en un plano superior el de la filosofiacutea y el contacto con las realidades transcendentes Epaminondas es la muestra maacutes clara pero el ejemplo uacuteltimo es Soacutecrates La incertidumbre el azar y el conflicto parecen preponderantes en el mundo de la accioacuten Asiacute lo indica el ruego que Arquedamo dirige a Cafisias al inicio de la obra la lucha de la virtud y la razoacuten contra las contingencias atrae por lo accidentado de su desarrollo la precariedad impliacutecita en la actuacioacuten humana y la peripecia que ello desencadena es precisamente lo que hace del acontecer histoacuterico un espectaacuteculo digno de intereacutes para el amante del honor y la belleza46 Ahora bien la manera de ver las cosas de Arquedamo se queda en la superficie de los hechos Ciertamente el relato concerniente a la liberacioacuten de la Cadmea se urde a partir de iniciativas y motivaciones humanas sin que el autor del relato Cafisias reclame expresamente la intervencioacuten divina Pero en el de genio la atmoacutesfera estaacute impregnada de un aura sobrenatural A ello contribuyen tanto las alusiones indirectas47 como la acumu‑lacioacuten de episodios y contenidos relacionados con la divinidad y el maacutes allaacute En muchas de sus obras consigna Plutarco su creencia de que el curso de la historia obedece al disentildeo de una fuerza transcendente48 El relato de la liberacioacuten de la Cadmea confirma dicha idea Pues el lector no puede eludir el pensamiento insi‑nuado por diversos procedimientos aunque no explicitado de que la ayuda divina respalda la actuacioacuten de los conjurados49 Ocurre sin embargo que ni Cafisias ni los demaacutes partiacutecipes de la conjura pueden acceder a esa visioacuten de las fuerzas

44 Gen Socr 588A45 Desideri (1984) 581 Hershbell (1988) 374‑378 Babut (1988) 384‑389 Brenk (1996)

41‑44 Georgiadou (1996) 114 Hardie (1996) 13346 Gen Socr 575B‑D47 Babut (1988) 385‑38648 Tratamiento del tema en Barigazzi (1984) y Swain (1989)49 Babut (1988) 386‑389

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sobrenaturales rectoras de los sucesos Y no acceden precisamente por estar in‑mersos en el mundo de la actuacioacuten y la peripecia Las pulsiones procedentes del exterior embargan su aacutenimo de manera que en expresioacuten de Brenk laquothey see only the apparent succession of chance occurrencesraquo50 Arquedamo tampoco tiene acceso al plano donde operan las fuerzas sobrenaturales Y evidentemente la misma ceguera afecta a esos laquoamantes del honor y la bellezaraquo ante los cuales invita a hablar a Cafisias Un puacuteblico ilustre cuya presentacioacuten hace Arquedamo subrayando su pertenencia a familias poliacuteticamente insignes51 Puacuteblico por tanto equiparable a esa eacutelite social a quien Plutarco dirige sus tratados de eacutetica praacutectica Los dos puacuteblicos el de Cafisias y el del Plutarco podriacutean identificarse con los heacuteroes que liberan la Cadmea Pero difiacutecilmente se identificariacutean con Epaminon‑das que en dos ocasiones rechaza tomar parte en la empresa52

En ambas el rechazo se justifica mediante un argumento ndashla negativa a derramar sangre de sus conciudadanos‑ que situacutea a Epaminondas a un nivel de exigencia eacutetica superior al de los conjurados53 Ahora bien la diferencia entre Epaminondas y los liberadores no radica en la eacutetica Pues al fin y al cabo ningu‑na ofensa eacutetica cabe reprochar a los protagonistas de la heroica liberacioacuten de la Cadmea Radica en el nivel Asiacute lo sugiere la discusioacuten sobre la pobreza Y asiacute lo vuelve a sentildealar el gran debate sobre el daimon de Soacutecrates que da tiacutetulo a al obra

Se debate sobre lo que Soacutecrates mismo llamaba su daimon el principio que lo guioacute a lo largo de su vida e iluminaba sus decisiones en materias inciertas e impenetrables para la inteligencia humana54 El daimon socraacutetico sugiere que Soacutecrates conociacutea de alguna manera los acontecimientos futuros algo que dos personajes del de genio acreditan55 En este sentido el debate versa sobre la adivi‑nacioacuten Las intervenciones de los diferentes personajes configuran tomadas en conjunto un extenso discurso filosoacutefico y religioso Plutarco no se alinea expresa‑mente con ninguna de las opiniones emitidas el tratamiento del tema presenta pues ese final abierto que es tan comuacuten en este autor Las cuestiones que se tocan son variadas pero todas parten de una cuestioacuten baacutesica La adivinacioacuten supone un conocimiento inalcanzable al menos en apariencia a la razoacuten humana Y el debate versa sobre coacutemo es posible acceder a ese nivel superior de inteligencia Miradas desde este punto de vista las opiniones formuladas por los distintos personajes pueden dividirse en dos grandes bloques De un lado Galaxidoro que

50 Brenk (1996) 4251 Gen Socr 575E‑F52 Gen Socr 576D‑E 594B‑C53 En la segunda ocasioacuten se antildeade un motivo maacutes conveniacutea que consumada la liberacioacuten

quedasen hombres a quienes nada pudiese reprocharse por no haber participado en la accioacuten Epaminondas se reserva este papel

54 Gen Socr 580C‑D55 Teoacutecrito (580D‑F) y Polimnis (581D‑E)

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inicia el debate propone una explicacioacuten maacutes proacutexima a los paraacutemetros raciona‑les56 en ella se ha querido ver una muestra de la llamada laquoadivinacioacuten teacutecnicaraquo (τεχνικὸς μαντική artificiosa divinatio)57 Del otro Simias Timarco y Teanor interpretan las premoniciones de Soacutecrates como un caso de comunicacioacuten direc‑ta entre el hombre y la divinidad defienden por tanto la llamada laquoadivinacioacuten naturalraquo (ἄτεχνος μαντική naturalis divinatio)58 Ya se ha dicho que Plutarco no se declara expresamente partidario de ninguna opcioacuten Pero su texto privilegia de manera indirecta los discursos de Simias Timarco y Teanor Asiacute lo sugiere un paacuterrafo del de genio que subraya el papel de Galaxidoro como mero introductor del problema59 Y asiacute lo recogen distintos estudios modernos Galaxidoro seriacutea el oponente racionalista casi siempre estoico habitual en los diaacutelogos religiosos de Plutarco su explicacioacuten se ve devaluada tanto por sus contradicciones internas como por la presencia de procedimientos textuales que rebajan su veracidad y en suma Galaxidoro y el resto de las intervenciones insertas en la seccioacuten dominada por eacutel tendriacutean como funcioacuten principal la de plantear el tema a debatir60

Las propuestas de Simias Timarco y Teanor son evidentemente distintas Actuacutea aquiacute quizaacutes el deseo de presentar el problema bajo luces diversas61 o quizaacutes el complejo planteamiento dramaacutetico que forma parte de las estrategias persuasivas de Plutarco62 Las tres sin embargo coinciden en una idea central la singularidad de aquellos hombres que como Soacutecrates pueden contactar con una realidad por encima del mundo material Para Simias el alma de la mayoriacutea de los hombres se halla embargada por el tumulto de las pasiones y la voraacutegine de las servidumbres vitales de manera que su entendimiento no puede captar las indica‑ciones de los seres superiores en el caso de Soacutecrates por el contrario su intelecto limpio y exento de pasiones (ὁ νοῦς καθαρὸς ὢν καὶ ἀπαθής) percibiacutea faacutecilmente las sentildeales enviadas por los seres divinos63 Seguacuten el mito de Timarco (expuesto por Simias) en el alma (ψυχή) conviven dos partes una inmersa en el cuerpo recibe el nombre mismo de ldquoalmardquo (ψυχή) la otra inaccesible a la corrupcioacuten se llama laquointelectoraquo (νοῦν) estaacute en el exterior del hombre y los entendidos le dan

56 Gen Socr 579F‑582C57 Corlu (1970) 49‑50 Doumlring (1984) 376 Schroumlder (2010) 161 58 Para la distincioacuten entre ambos tipos de maacutentica veacutease Cic div 111ndash12 134 172

1109ndash131 (con el comentario de Wardle (2006))59 Gen Socr 588A ζητήσεως οὐκ ἀγεννοῦς ἀλλ ἧς ὀλίγον ἔμπροσθεν οἱ περὶ Γαλαξίδωρον

καὶ Φειδόλαον ἥψαντο διαποροῦντες τίνος οὐσίας καὶ δυνάμεως εἴη τὸ Σωκράτους λεγόμενον δαιμόνιον

60 Corlu (1970) 19‑20 y 51‑52 Hani (1980) 53 Doumlring (1984) 376‑377 Schroumlder (2010) 161‑162 Donini (2011) 415‑416

61 Sobre el reparto de papeles filosoacuteficos que aquiacute parece efectuar Plutarco veacutease Donini (2011) 412‑419 (2011 [2004]) 442‑443

62 Veacutease Van Hoof (2010) 67‑68 a propoacutesito de determinados laquotratados de eacutetica praacutecticaraquo63 Gen Socr 588D‑E

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el nombre de daimon64 La parte irracional e inmersa en el cuerpo se halla sujeta a la racional e incorruptible Si la sujecioacuten es deacutebil el alma se dejaraacute doblegar por las pasiones soacutelo cuando se fortalece gracias a la educacioacuten aparece el alma capaz de percibir con prontitud las indicaciones de su daimon Algunos hombres sin embargo estaacuten especialmente dotados de suerte que en ellos predomina de forma innata la obediencia a la razoacuten y a su daimon A ellos estaacute reservada la capacidad de percibir la llamada divina65 Teanor afirma que las almas libres de lazos con el cuerpo se convierten en daacuteimones Tales daacuteimones guiacutean los asuntos del hombre Pero no todos los hombres reciben su atencioacuten pues se desentienden de cuantos estaacuten inmersos en los avatares del acontecer soacutelo aquellos que tras mil esfuerzos ascienden a una esfera elevada son recompensados con la ayuda del daimon66

Las tres intervenciones explican las dotes excepcionales de Soacutecrates mediante la existencia de hombres excepcionales Y en las tres esa excepcionalidad requiere una especial disposicioacuten del alma La liberacioacuten de las pasiones y el alejamiento del traacutefago iacutensito en el mundo humano se presentan como condicioacuten necesaria para que haya un Soacutecrates Paradigma del filoacutesofo Soacutecrates es tambieacuten el modelo de Epaminondas El discurso sobre la pobreza al mostrar coacutemo Epaminondas limpia su alma de pasiones e impulsos procedentes del mundo exterior acredita su condicioacuten de filoacutesofo Asiacute se reconoce cuando termina dicho discurso por boca de Simias67

laquoGran hombre grande es Epaminondas y responsable de ello es el aquiacute pre‑sente Polimnis que ha criado a sus hijos desde temprano en la mejor filosofiacutearaquo

Epaminondas tambieacuten es consecuente con su condicioacuten de filoacutesofo cuando rehuacutesa someter su alma al torbellino del acontecer humano y las pasiones aso‑ciadas esto es cuando se niega a participar en la conjura El filoacutesofo parece ser la conclusioacuten no debe participar al menos de manera directa en el torbellino de la vida poliacutetica

El Epaminondas del de genio es una creacioacuten histoacutericamente discutible68 Ciertamente su no participacioacuten en la liberacioacuten de la Cadmea y su formacioacuten filosoacutefica estaacuten suficientemente documentadas Pero Epaminondas es conocido ante todo por su dimensioacuten poliacutetica que aquiacute relega Plutarco para subrayar su

64 Gen Socr 591E65 Gen Socr 592A‑E66 Gen Socr 593D‑594A67 Gen Socr 585D68 Ya Von Stern (1884) 55‑57 sentildealoacute las debilidades del relato que ofrece Plutarco en el

de genio Los estudios posteriores (veacutease por ejemplo Corlu [1970] 19‑20 Barigazzi [1988] 414‑424Georgiadou [1996]) han insistido en el Epaminondas del de genio presenta una factura obediente sobre todo a razones compositivas y de disentildeo

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calidad de filoacutesofo Asiacute construida la figura de Epaminondas traslada un mensaje ndashla no implicacioacuten directa del filoacutesofo en las luchas poliacuteticas‑ que puede tener calado teoacuterico pero tambieacuten sirve a Plutarco para trasladar su posicionamiento ante cuestiones concernientes a su propia persona y al horizonte cultural de su eacutepoca Comparado a otros contemporaacuteneos que por condicioacuten social e incluso actividad literaria estaban a su mismo nivel Plutarco no protagonizoacute una carrera poliacutetica particularmente brillante69 Asumioacute en cambio el papel de consejero y guiacutea de la eacutelite La autoridad necesaria para ello se la confiere la filosofiacutea Pues Plutarco se presenta a siacute mismo como filoacutesofo La exaltacioacuten de Epaminondas es una exaltacioacuten de su propia identidad como filoacutesofo y mentor Epaminondas se mueve a una altura la de la filosofiacutea superior a la de sus afines y compantildeeros los conjurados Esta altura le prohiacutebe descender al plano de la accioacuten directa descenso que contaminariacutea su alma con pulsiones sobrevenidas pero tambieacuten le permite acceder a una realidad inalcanzable para sus compantildeeros Epaminondas eleva asiacute la posicioacuten del filoacutesofo y justifica incluso hace ineludible su alejamiento de la lucha poliacutetica Gracias a ello lo que podriacutea ser una debilidad del propio Plutarco la falta de una carrera puacuteblica brillante se transforma en una eleccioacuten deliberada y necesaria

Tal mensaje adquiere maacutes fuerza si se lo contempla sobre el transfondo cultural de la eacutepoca El auge de las composiciones de exitu illustrium virorum corre en paralelo a la admiracioacuten hacia el filoacutesofo que se enfrenta al poder y sufre castigo por ello Ya se ha dicho que el fenoacutemeno acreditado en diversas fuentes contemporaacuteneas a Plutarco fue propiciado particularmente por el final del rei‑nado de Diocleciano y que el modelo uacuteltimo del filoacutesofo‑maacutertir es Soacutecrates En este contexto adquiere un significado especial la exaltacioacuten del ldquoSoacutecrates tebanordquo Epaminondas Epaminondas se aleja del conflicto puacuteblico para cuidar su alma se distingue por su silencio y pese a ello constituye el ldquocentro ausenterdquo del de genio una composicioacuten articulada en torno a un conflicto civil la liberacioacuten de la Cadmea No resulta inverosiacutemil ver en todos estos datos una respuesta de Plu‑tarco ante el fenoacutemeno del ldquofiloacutesofo‑maacutertir poliacuteticordquo y la admiracioacuten aglutinada en torno a esa figura Respuesta que reivindica rotundamente el papel asumido por el propio Plutarco de filoacutesofo mentor del poliacutetico pero fuera eacutel mismo del traacutefago de la poliacutetica

69 Veacuteanse las observaciones y referencias que ofrece al respecto Van Hoof (2010) 66‑67

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A Esparta de Plutarco entre a guerra e as artes

de um seguidor das leis de Licurgo Nesse sentido Plutarco diz que o dinheiro e o ouro deveriam ser mandados embora de Esparta porque eles eram flagelos importados que despertavam a cobiccedila e promoviam a degeneraccedilatildeo dos costumes (c 17) Desse ponto de vista Lisandro prejudicou Esparta justamente porque promoveu seu enriquecimento e contribuiu para a dissoluccedilatildeo da frugalidade e da simplicidade que caracterizavam o cotidiano dos lacocircnios antes das vitoacuterias espartanas na Guerra do Peloponeso6

Na Vida de Agesilau Plutarco nos conta que o biografado foi o segundo filho de Arquidamo (o primeiro tinha sido Aacutegis) e que por isso ele natildeo seria o herdeiro direto do trono de Esparta De qualquer modo Agesilau foi educado de acordo com a agoge lacedemocircnia e nosso autor faz questatildeo de frisar que em decorrecircncia disso o liacuteder espartano sempre respeitou e praticou as leis de sua cidade (c 1) Mesmo apresentando uma pequena diferenccedila de tamanho de uma perna para a outra ele tinha outras qualidades espartanas como a honestidade a mansidatildeo e a beleza fiacutesica (c 2) Sua formaccedilatildeo foi tatildeo bem sucedida que diferente de Alexandre o grande e de Haniacutebal Agesilau foi um general que conquistou importantes vitoacuterias e mesmo assim nunca deixou de obedecer agraves leis espartanas (c 15) Mesmo depois de tornar‑se um lendaacuterio vencedor ele voltou a Esparta e continuou o mesmo homem de antes sem apresentar nenhuma novidade no seu comportamento diferente de outros estrategos quando voltavam de longas expediccedilotildees a terras estrangeiras (c 19)

Plutarco nos conta que Lisandro ndashque dizem ter sido amante de Agesilau na juventude (c 2)ndash pretendia introduzir muitas inovaccedilotildees e mudanccedilas no governo da Lacocircnia (c 20) Embora outros liacutederes de Esparta como Antaacutelcidas tenham feito acordos com os Persas e tenham abandonado laquocovarde e maldosamenteraquo os gregos da Aacutesia sob o domiacutenio dos baacuterbaros como nos diz Plutarco (c 23) Agesilau sempre foi um defensor da justiccedila Entre os capiacutetulos 29 e 30 da Vida de Agesilau nosso autor nos conta que os espartanos que perderam parentes na bata‑lha de Leuctra (em 371 a C) se alegraram e os que natildeo perderam ficaram tristes De certa forma eles responsabilizaram Agesilau pela derrota e lamentaram ter aceito um rei coxo Contudo Agesilau tinha boa reputaccedilatildeo e era muito virtuoso Prova disso eacute que sem promover nenhuma inovaccedilatildeo ele disse que era preciso fazer as leis dormirem para que retomassem a autoridade que tiveram no passado

Entretanto Plutarco natildeo faz apenas elogios a Agesilau Cartledge (1987 418) observa que ele faz criacuteticas a Agesilau por causa de sua ingratidatildeo em relaccedilatildeo a Lisandro (c 8) e condena seu comportamento porque ele teria hon‑rado mais os amigos do que a justiccedila (c 13 ver tambeacutem Moralia 807d) Aleacutem disso Plutarco via uma relaccedilatildeo direta entre a decadecircncia de Esparta e a ascenccedilatildeo

6 Sobre isso ver Duff (2002) 161‑204 e a introduccedilatildeo de Flaceliegravere e Chambry em Plutarque (1971) 158‑173

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ilegiacutetima de Agesilau ao trono (c 21) Poreacutem no geral nosso autor eacute tatildeo favoraacutevel e simpaacutetico a Agesilau quanto Xenofonte que tambeacutem escreveu uma biografia do rei espartano a qual certamente serviu de base para a Vida composta pelo poliacutemata de Queroneia Segundo Cartledge (1987 418) para Plutarco Agesilau foi a encarnaccedilatildeo das virtudes peculiarmente espartanas simplicidade piedade e autocontrole7

Depois na Vida de Aacutegis e na Vida de Cleocircmenes Plutarco narra os uacuteltimos momentos da histoacuteria da Esparta independente ou seja o ponto mais baixo da decadecircncia daquela cidade Os reis Aacutegis e Cleocircmenes que reinaram no seacuteculo III a C tentaram restaurar os antigos valores dos tempos de Licurgo Eles tinham os dons naturais para levar essa tarefa a cabo Aacutegis tinha grandeza de alma e se insurgia contra os prazeres desde antes dos vinte anos (c 4) natildeo gostava de rou‑pas luxuosas e baniu toda suntuosidade para aderir aos antigos haacutebitos lacocircnios caracterizados pela simplicidade de vida Mas seu exemplo e sua energia natildeo foram suficientes para restaurar os costumes tradicionais e ele foi assassinado ainda muito jovem (cc 19‑21) Aquela Esparta incorrupta e valorosa dos tempos de Licurgo dava seus uacuteltimos suspiros

Cleocircmenes natildeo era parente de Aacutegis mas foi obrigado a se casar com a vi‑uacuteva do rei assassinado ou seja Agiaacutetis Segundo Plutarco (c 1) Cleocircmenes era ambicioso e tinha grandeza de alma Era temperante e simples como Aacutegis Ele tambeacutem quiz restaurar os antigos costumes espartanos (c 11) Primeiro depois de longa disputa poliacutetica abriu matildeo de seus bens Depois distribuiu as terras entre os cidadatildeos Restabeleceu a educaccedilatildeo dos jovens e a disciplina espartana Ele proacuteprio levou uma vida simples e frugal para dar o exemplo aos outros la‑cedemocircnios sem insolecircncia nem orgulho excessivo ou seja como um modelo de temperanccedila (c 13) Mesmo quando perdeu sua esposa Agiaacutetis por quem se enamorara verdadeiramente Cleocircmenes manteve a firmeza e seu caraacuteter elevado e tomou as providecircncias necessaacuterias para garantir a seguranccedila de seus soldados e aliados (c 22) Depois de reinar por dezesseis anos Cleocircmenes morreu (cc 37‑38) e assim terminou a histoacuteria de Esparta como cidade politicamente autocircnoma

Ateacute aqui vimos que podemos encontrar nas Vidas dos liacutederes espartanos escritas por Plutarco aquela imagem caracterizada por um conjunto de valores que parecem ter ganhado forccedila numa eacutepoca lendaacuteria e foram se enfraquecendo conforme o tempo foi passando e Esparta foi estendendo seu poder para fora da Lacedemocircnia Nesse quadro vemos uma cidade altamente militarizada de guerreiros corajosos disciplinados e afeitos a uma vida sem luxos e sem confortos Isso poderia indicar que os espartanos eram um povo rude pouco sofisticado e fechado para as artes

7 Cf tambeacutem a introduccedilatildeo de Flaceliegravere e Chambry em Plutarque (1973) 85‑88 e Shipley (1998) 1‑46

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Poreacutem vaacuterias fontes arqueoloacutegicas vasculares e mesmo literaacuterias nos mostram o contraacuterio Apesar de Tuciacutedides (1102) ter dito que os edifiacutecios em Esparta eram modestos e natildeo correspondiam ao tamanho do poder militar e poliacutetico da cidade dos lacedemocircnios em seu apogeu a avaliaccedilatildeo dos monumentos arquitetocircnicos espartanos precisa ser feita com cuidado Eacute preciso lembrar que Esparta natildeo foi destruiacuteda nas Guerras Meacutedicas como Atenas foi A capital da Aacutetica foi reconstruiacuteda e uma grande soma de dinheiro afluiu para ela por causa das contribuiccedilotildees dos aliados da Liga de Delos Isso natildeo aconteceu com a princi‑pal cidade da Lacocircnia Desse modo nela foram conservados edifiacutecios antigos do seacuteculo VI a C que apresentavam outro estilo de construccedilatildeo mais arcaizante do que claacutessico Dependendo do ponto de vista um estilo pode ser mais valorizado do que o outro

De qualquer modo Pausacircnias (3113) viajante do seacuteculo II d C que fez uma descriccedilatildeo de vaacuterias cidades da Greacutecia daquela eacutepoca nos informa que havia em Esparta vaacuterios monumentos que despertavam a admiraccedilatildeo daqueles que por ali passavam tal como o Poacutertico Persa construiacutedo inicialmente com o butim amealhado na guerra contra os persas Outros exemplos de edifiacutecios que nos uacuteltimos anos vecircm sendo estudados satildeo o templo de Apolo em Amiclas o templo de Aacutertemis Oacutertia e o Menelaion onde eram cultuados Menelau e Helena8

Cartledge (2002 111) nos informa que depois de 690 a C pintores de vasos da Lacocircnia sofreram influecircncia de artistas do Egeu e adotaram o chamado estilo lsquoorientalizantersquo o que mostra que na praacutetica Esparta natildeo estava isolada do resto do mundo helecircnico Ainda segundo Cartledge nessa eacutepoca artesatildeos lacocircnios que trabalhavam com bronze comeccedilaram a se interessar pela representaccedilatildeo de figuras humanas em suas obras e por volta de 650 a C comeccedilou a se desenvolver na regiatildeo de Esparta o uso do marfim para produccedilatildeo de objetos gravados Vemos entatildeo que o ambiente artiacutestico na Lacedemocircnia entre 775 e 650 a C natildeo era de modo algum esteacuteril ou sem importacircncia9

Como Burn (1960 275‑276) explica Esparta natildeo virou suas costas para a arte e a poesia Prova disso eacute que vasos com detalhes refinados foram fabricados ali e exportados para outras regiotildees da Heacutelade ateacute 550 a C mais ou menos Por volta de 600 a C Gitiadas poeta escultor e arquiteto projetou o Templo de Atena tambeacutem conhecido como Casa de Bronze por causa das placas feitas com esse metal para decorar o edifiacutecio E em 585 a C o segundo templo de Oacutertia foi construiacutedo Ou seja havia artesatildeos trabalhando em Esparta no periacuteodo arcaico que produziram obras dignas de admiraccedilatildeo10

8 Para mais informaccedilotildees sobre a arqueologia e a arquitetura espartanas ver Walker (1998) Kaltsas (2007) e Cavanagh (2009)

9 Sobre isso ver tambeacutem Burn (1960) 180‑184 e Stibbe (1996) passim10 Ver tambeacutem Burn (1960) 280‑282 e Cartledge (2002) 133‑136

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No que diz respeito agrave muacutesica Plutarco nos daacute significativos testemunhos da sua importacircncia em ambiente espartano tanto nas Vidas quanto nos Moralia Na Vida de Licurgo no c 4 por exemplo encontramos a informaccedilatildeo segundo a qual o legislador lendaacuterio teria convidado um poeta‑legislador de Creta para ir a Esparta com ele Esse poeta se chamava Tales Mas talvez tenha havido alguma confusatildeo na tradiccedilatildeo manuscrita e esse Tales poderia ser o Taletas de Gortina mencionado algumas vezes no livro Sobre a Muacutesica tambeacutem de Plutarco Ele teria sido o responsaacutevel por curar os espartanos de uma peste com o seu canto11 Aleacutem disso no mesmo c 4 nos eacute dito que Licurgo teria sido o responsaacutevel por levar os poemas de Homero da Jocircnia para sua cidade

Depois no c 21 da mesma Vida Plutarco nos diz que os lacedemocircnios apreciavam se dedicar agrave poesia meacutelica porque as canccedilotildees estimulavam seus espiacuteritos e lhes davam coragem para enfrentar os inimigos nas batalhas Seu estilo era simples e seus temas eram seacuterios com o objetivo de promover uma boa formaccedilatildeo dos caraacuteteres Nelas eram louvados os heroacuteis de Esparta e condenados os covardes que natildeo lutaram ateacute o fim para defender sua cidade Nos festivais eram organizados trecircs coros de acordo com as idades um de velhos outro de adultos e outro de jovens Cada um cantava sobre a sua bravura uns falavam dos seus feitos no passado os outros tratavam das suas accedilotildees no presente e os uacuteltimos cantavam sobre o seu desejo de realizar grandes proezas no futuro Esses seriam os temas baacutesicos das canccedilotildees em Esparta e por isso segundo Plutarco Terpandro e Piacutendaro estavam corretos ao associar bravura e muacutesica e ao mostrar que os espartanos eram o povo mais aguerrido e mais musical

Por isso natildeo era por acaso que os jovens cantavam o nomo de Caacutestor e o peatilde da marcha (c 22) e em todo lugar havia danccedilas festas e banquetes quando natildeo havia expediccedilotildees militares (c 24) Contudo o gosto pela boa muacutesica e pela boa poesia natildeo era caracteriacutestico de todos os habitantes da Lacocircnia tendo em vista que os hilotas danccedilavam e cantavam canccedilotildees vulgares e grotescas diferentes das composiccedilotildees de Aacutelcman Terpandro e Especircndon (c 28) Isso na verdade estava associado ao fato de eles serem escravos e por isso era compreensiacutevel que eles apreciassem canccedilotildees vis como eles proacuteprios

Na Vida de Lisandro encontramos algumas informaccedilotildees que reforccedilam a impressatildeo de que os espartanos tinham sim grande sensibilidade para a muacutesica No c 15 ficamos sabendo que os lacocircnios depois de conquistar Atenas em 404 a C queriam destruir aquela cidade mas apoacutes ouvir um coro da Electra de Euriacutepides desistiram Em seguida no c 18 Plutarco nos conta que Lisandro estava sempre acompanhado do poeta Queacuterilo encarregado de celebrar os feitos do general E outros poetas tambeacutem celebraram Lisandro segundo nosso autor

11 Ver Plu Mus 42 (1146B‑C) e Gostoli (1990) 12‑13 e

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Na Vida de Agesilau c 14 lemos que os espartanos apreciavam uma parte da poesia de Timoacuteteo de Mileto poeta que teria tido algumas cordas de sua ciacutetara cortadas quando de uma sua visita a Esparta porque os eacuteforos julgavam que natildeo seriam necessaacuterias mais do que sete cordas e o instrumento do poeta tinha onze12 Essa anedota indica que os lacocircnios natildeo apreciavam inovaccedilotildees Poreacutem a informaccedilatildeo do c 14 da Vida de Agesilau mostra que eles poderiam aceitar pelo menos uma parte da obra de um poeta inovador desde que essa parte se adequas‑se ao gosto e agraves tradiccedilotildees do local Tambeacutem nessa mesma Vida c 21 Plutarco nos diz que o rei Agesilau apreciava os cantos e as danccedilas mesmo natildeo sendo um lsquoespecialistarsquo nas artes

Por fim na Vida de Aacutegis c 10 encontramos um elogio a Terpandro a Ta‑les (Taletas) e a Fereacutecides porque mesmo sendo estrangeiros professavam o que Licurgo instituiu e por isso foram muito honrados em Esparta Na Vida de Cleocircmenes c 2 somos informados que o rei Leocircnidas elogiou Tirteu algo facilmente compreensiacutevel tendo em vista o caraacuteter estimulante e guerreiro das elegias daquele poeta Aleacutem disso nessa mesma Vida citada por uacuteltimo c 12 Plutarco nos conta que Cleocircmenes certa vez teria encontrado alguns artistas de Dioniso muacutesicos e atores profissionais que iam de cidade em cidade para se apresentar e construiu um teatro Isso mostra que esse rei estimulou de alguma maneira as atividades artiacutesticas mesmo que ele natildeo tivesse o costume de levar artistas com seu exeacutercito de acordo com Plutarco e nem apreciasse apresentaccedilotildees musicais nos seus banquetes (c 13)

Tudo isso mostra que Esparta era uma cidade onde a muacutesica tinha um papel importe na educaccedilatildeo e na guerra e que os lacocircnios natildeo eram um povo obtuso e indiferente ao poder das melodias De acordo com Plutarco tendo em vista agora algumas passagens dos Moralia os espartanos passavam por treinamento rigoroso no que diz respeito agrave muacutesica e agrave poesia e suas canccedilotildees estimulavam os espiacuteritos e faziam com que os homens se sentissem entusiasmados e se esfor‑ccedilassem para ser bem sucedidos Em vaacuterias passagens das suas Obras Morais ele elogia o estilo da muacutesica deles porque ela era simples e natildeo afetada e seus temas eram seacuterios e edificantes Se algueacutem estudasse a poesia e as canccedilotildees de marcha de Esparta acompanhadas pelo aulo essa pessoa concordaria que Terpandro e Piacutendaro estavam certos ao associar valor (andreia) e muacutesica Como vimos acima nos trechos citados das Vidas Plutarco tambeacutem diz que os Espartanos eram o povo ao mesmo tempo mais musical (mousikotatous) e o mais afeito agrave guerra (polemikotatous)13

No livro sobre os Antigos Costumes dos Espartanos Plutarco tambeacutem elogia os ritmos das canccedilotildees de marcha (embaterioi rhythmoi) porque eles despertavam

12 Ver Plu Agis 1013 Cf Lyc 211‑4

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a coragem a audaacutecia e o desdeacutem pela morte requisitos indispensaacuteveis para o guerreiro valoroso Os espartanos usavam esses ritmos para danccedilar mas tambeacutem quando avanccedilavam contra os inimigos ao som do aulo Plutarco lembra que Li‑curgo associava o amor pela muacutesica agrave praacutetica militar para que o espiacuterito guerreiro combinado com a melodia tivesse concordacircncia e harmonia (symphonia kai har‑monia) Por isso em tempos de guerra os reis espartanos ofereciam sacrifiacutecios agraves Musas antes de ir para a batalha como Plutarco nos conta nos Instituta Laconica 16 (238B‑C)

E para manter a pureza da sua muacutesica e dos seus costumes os espartanos agraves vezes recorriam a atos violentos Como Plutarco reporta nos Instituta Laconica 17 (238C‑D) eles natildeo permitiriam que ningueacutem desrespeitasse de modo algum as regras da muacutesica do passado Nem mesmo Terpandro um dos mais antigos e melhores citaredos (aqueles que cantavam acompanhados da ciacutetara ou da lira) teria a permissatildeo para acrescentar uma corda extra ao seu instrumento para que suas melodias fossem mais variadas Ele tentou fazer isso mas os eacuteforos pregaram sua lira numa parede por causa do seu ato iacutempio contraacuterio agrave tradiccedilatildeo Em outra ocasiatildeo um dos eacuteforos teria procedido com mais violecircncia quando Timoacuteteo o famoso muacutesico inovador que floresceu na segunda metade do seacuteculo V a C estava competindo no festival das Carneias ele pegou uma faca e perguntou ao muacutesico de que lado ele deveria cortar as cordas supeacuterfluas cujo nuacutemero ultra‑passava o tradicional de sete cordas Outras variantes dessa histoacuteria satildeo contadas por Plutarco em outros textos mas nessas outras passagens Friacutenis outro muacutesico inovador da segunda metade do seacuteculo V a C eacute o protagonista14

Mas para aleacutem da sua importacircncia na educaccedilatildeo e nos contextos de bata‑lha a muacutesica tinha grande significado tambeacutem nas momentos das celebraccedilotildees religiosas Dentre as festividades religiosas realizadas na Lacedemocircnia uma das mais importantes era a das Carneias realizada em Esparta e intimamente ligada agrave histoacuteria de Terpandro As origens desse festival eram muito antigas anteriores ao seacuteculo VIII a C tendo em vista que no seacuteculo VII os colonizadores espartanos da cidade italiana de Tarento jaacute tinham o costume de celebraacute‑la15 As Carneias eram dedicadas ao deus Apolo Carneu Em Esparta havia concursos musicais e atleacuteti‑cos uma corrida de jovens e um banquete ritual que contava com a participaccedilatildeo dos homens adultos que representavam as fratrias O festival era organizado por cidadatildeos solteiros e era o momento adequado para que os jovens que jaacute haviam completado seu periacuteodo de formaccedilatildeo ingressassem na vida adulta16

O que nos interessa aqui eacute o papel que a muacutesica desempenhava no contexto dessas festividades Um elemento importante nesses momentos de comemoraccedilatildeo

14 Cf Prof virt 84A Apophth Lac 220C e Agis 107 jaacute citada na nota 9 Cf Rocha (2008) 654‑655

15 Brelich (1969) 181‑18216 Brelich (1969) 149‑150

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eram os concursos A realizaccedilatildeo de concursos musicais no acircmbito do festival das Carneias natildeo teria acontecido desde o iniacutecio A introduccedilatildeo de agones provavel‑mente ocorreu quando Terpandro migrou de Metimna (Lesbos) para Esparta na primeira metade do seacuteculo VII a C Nesse contexto eacute importante considerar o testemunho de Helacircnico17 segundo o qual Terpandro teria sido o primeiro a vencer o concurso musical nas Carneias Esse fato parece estar diretamente relacionado agrave fundaccedilatildeo da primeira escola musical (katastasis) em Esparta por obra do mesmo Terpandro Segundo Brelich (1969 186‑191) eacute muito provaacutevel que a introduccedilatildeo do concurso musical nas Carneias tenha sido influenciada pela proacutepria katastasis18 Essa hipoacutetese ganha forccedila se consideramos o capiacutetulo 9 do tratado Sobre a Muacutesica como um todo Ali Plutarco fala da primeira katastasis fundada por Terpandro e menciona tambeacutem a segunda katastasis liderada por Taletas de Gortina Xenoacutedamo de Citera Xenoacutecrito de Locres Polimnesto de Coacutelofon e Saacutecadas de Argos muacutesicos que teriam instituiacutedo as Gimnopeacutedias em Esparta as Apodeixeis na Arcaacutedia e as Endimaacutetias em Argos Jaacute que os membros da segunda escola musical foram fundadores de festivais19 em diferentes cidades do Peloponeso Terpandro tambeacutem pode ter desempenhado o mesmo papel no contexto das Carneias

No que diz respeito agraves Gimnopeacutedias contudo encontramos uma situaccedilatildeo diferente Possuiacutemos uma grande variedade de informaccedilotildees sobre esse festival que inclusive muitas vezes satildeo contraditoacuterias Mas tratando apenas daquilo que nos interessa aqui sabemos que no periacuteodo das festividades aconteciam apresentaccedilotildees de coros de adolescentes e adultos instituiacutedos em honra a Apolo que cantavam hinos compostos por poetas como Taletas Aacutelcman e Dionisodoto Depois da batalha de Tireia em 544 aC na qual Esparta lutou contra Argos pela posse da Tireaacutetida tornou‑se costumeiro cantar um peatilde em honra dos soldados que morreram naquela ocasiatildeo Por causa desse elemento ritual e da comparaccedilatildeo com as Apodeixeis e as Endimaacutetias as Gimnopeacutedias foram consideradas festas que indicavam o momento no qual os jovens receacutem‑iniciados eram integrados agrave vida militar20

Tendo tudo isso em vista podemos concluir que eacute preciso colocar a miragem espartana em perspectiva Esparta natildeo era tatildeo lsquoespartanarsquo assim e natildeo foi sempre lsquoespartanarsquo Havia espaccedilo naquela cidade para o cultivo das artes tais como a arquitetura a escultura a pintura vascular a muacutesica (que incluiacutea a poesia) e a danccedila Nela floresceram poetas como Aacutelcman Terpandro e Tirteu Nela surgiram escolas poeacuteticomusicais Nela viveram poetas estrangeiros tais como Taletas de

17 FGrHist 4 F 85 = Ateneu 635e = Terpander Test 1 Gostoli18 Cf tambeacutem Gostoli (1990) 84‑8519 Mais do que fundadores de festivais eacute mais verossiacutemil pensar que esses autores foram os

responsaacuteveis pela introduccedilatildeo dos concursos musicais como parte das celebraccedilotildees 20 Cf Gostoli (1990) 85‑86

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Gortina (Creta) e Saacutecadas de Argos E sendo assim houve um ambiente feacutertil e favoraacutevel para o desenvolvimento e o cultivo de atividades artiacutesticas Os esparta‑nos foram sim grandes guerreiros que contribuiacuteram decisivamente para a vitoacuteria dos helenos sobre os persas Eles cultivaram sim suas habilidades guerreiras a ponto de derrotar os atenienses na Guerra do Peloponeso Poreacutem Esparta natildeo foi somente uma comunidade de soldados que dedicavam suas vidas somente agrave guerra Esparta foi tambeacutem uma cidade onde as pessoas cantavam danccedilavam e apreciavam a beleza dos edifiacutecios e dos objetos do cotidiano Eacute preciso reconhecer isso e na obra de Plutarco jaacute encontramos essa imagem multifacetada dessa cul‑tura Basta direcionar os olhos para outras direccedilotildees

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Index nominum

Timoacuteteo 167‑168 178 183Timoacutexena 195Tindaacuteridas 63Tireaacutetida 169Tireia 169Tireacutesias 236Tirteu 167 169 221Titatildes 245Trajano 121Trezena 31 32‑35 38 Tricoacuterito 39Troia 81 124Tuciacutedides 122 160 181Ulisses 81 192Valeacuterio (vd Puacuteblio Valeacuterio)Vestais 58 204Viacutenio 200Xantipo 191 201Xenoacutecrito 169Xenoacutedamo 169Xenofonte 160 164Zaleuco 88Zeus 36 40‑41 220 226 243

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Index nominum

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Nelson
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(Paacutegina deixada propositadamente em branco)

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Notas biograacuteficas dos autores

Aacutelia Rodrigues eacute doutorada em Estudos Claacutessicos (Literatura Grega) e inves‑tigadora do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse satildeo a histoacuteria das ideias poliacuteticas desde os Gregos ateacute agrave modernidade histoacuteria legal e a recepccedilatildeo de temas claacutessicos na contemporaneidade

Ana Ferreira eacute Professora Auxiliar do Departamento de Estudos Portugueses e Ro‑macircnicos da Faculdade de Letras da Universidade do Porto e investigadora do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a histoacuteria antiga a literatura greco‑romana bem como a didaacutectica das liacutenguas claacutessicas

Delfim F Leatildeo eacute Professor Catedraacutetico da Instituto de Estudos Claacutessicos e investiga‑dor do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a histoacuteria antiga o direito e a teorizaccedilatildeo poliacutetica dos Gregos a pragmaacutetica teatral e a escrita romanesca antiga

Faacutebio Vergara Cerqueira eacute Professor Adjunto do Instituto de Ciecircncias Humanas da Universidade Federal de Pelotas pesquisador PQ‑2 do CNPq Professor Visitante na Universidade de Heidelberg Bolsista Fundaccedilatildeo Humboldt ldquoPesquisador Experienterdquo Principais aacutereas de interesse satildeo histoacuteria e arqueologia da Greacutecia antiga e sua recepccedilatildeo enfocando muacutesica iconografia ceramologia gecircnero memoacuteria social identidade e patrimocircnio cultural

Guillermina Gonzaacutelez Almenara es Profesor Contratado Doctor Tipo 1 vinculada con el Aacuterea de Filologiacutea Griega del Departamento de Filologiacutea Claacutesica Francesa Aacuterabe y Romaacutenica de la Universidad de La Laguna Sus principales liacuteneas de investi‑gacioacuten son la mujer y el aacutembito femenino en la Grecia antigua Historiografiacutea griega Historia y civilizacioacuten de la Grecia antigua

Ivana S Chialva es Doctora en Letras Investigadora Asistente del Conicet y Profesora de Griego y Literaturas griega y latina de la Facultad de Humanidades y Ciencias de la Universidad Nacional del Litoral (Santa Fe Argentina) Sus tra‑bajos sobre el mundo antiguo se focalizan en la relacioacuten entre primera y segunda sofiacutestica y en la influencia de este uacuteltimo fenoacutemeno en la prosa narrativa griega de eacutepoca imperial especialmente la retoacuterica la biografiacutea y la novela en sus diferentes formas

Jesuacutes-Mordf Nieto Ibaacutentildeez es Catedraacutetico de Filologiacutea Griega de la Universidad de Leoacuten Sus liacuteneas de investigacioacuten son la literatura judiacutea en lengua griega los primeros textos cristianos el Humanismo y la Tradicioacuten claacutesica Actualmente dirige un Proyecto de

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investigacioacuten sobre el Humanismo la Tradicioacuten claacutesica y patriacutestica y la exeacutegesis biacuteblica en los siglos XVI y XVII

Joaquim Pinheiro eacute Professor Auxiliar da Universidade da Madeira e investigador do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a biografia antiga a Segunda Sofiacutestica a retoacuterica claacutessica e o pensamento poliacutetico dos Gregos

Joseacute M Candau es Catedraacutetico de Filologiacutea Griega en la Universidad de Sevilla Sus principales aacutereas de investigacioacuten son la historiografiacutea griega y Plutarco

Loraine Oliveira eacute professora de Filosofia da Universidade de Brasiacutelia Publicou o livro Plotino escultor de mitos pela Imprensa da Universidade de CoimbraAnnablume em 2014 Vem se dedicando principalmente a estudar os mitos em Plotino Plutarco e Porfiacuterio assim como o vegetarianismo em Plutarco e Porfiacuterio

Maria Aparecida de Oliveira Silva eacute professora visitante do Programa de Poacutes‑Gradu‑accedilatildeo em Letras Claacutessicas da Universidade de Satildeo Paulo e Professora Pesquisadora do Programa de Poacutes‑Graduaccedilatildeo em Histoacuteria da Universidade Federal de Satildeo Paulo Liacuteder do Grupo CNPq LABHAN Laboratoacuterio de Histoacuteria Antiga da Universidade Federal do Amapaacute Pesquisadora do Grupo CNPq Linceu ‑ Visotildees da Antiguidade Claacutessica da Universidade Estadual Paulista Pesquisadora do Grupo Retoacuterica Texto y Comunicacioacuten da Universidad de Caacutediz Membro do Conselho Acadecircmico do Seminaacuterio de Histoacuteria e Filosofia das Religiotildees da Universidad Autoacutenoma de Ciudad Juaacuterez mdash Meacutexico Pesquisa e publica trabalhos sobre Esparta Plutarco e biografia antiga

M Teresa Fau Ramos es Profesora Titular del Departament de Filologia Grega de la Universitat de Barcelona y miembro del Grup de Recerca Graecia Capta que investiga la pervivencia de la identidad griega bajo el imperio romano Sus principales aacutereas de intereacutes cientiacutefico son la historia e instituciones de la Grecia claacutesica y post‑claacutesica la religioacuten helena (paganismo) y diversos aspectos del cristianismo primitivo

Pilar Goacutemez Cardoacute es profesora titular de Filologiacutea Griega en la Universidad de Barcelona donde imparte docencia e investiga desde 1981 Doctora en Filologiacutea Claacutesica desde 1987 con una tesis sobre la tradicioacuten yaacutembica y la faacutebula (La Vida drsquoIsop entre el iambe la faula i la novella) es autora de numerosos artiacuteculos y capiacutetulos de libros sobre la literatura griega de eacutepoca imperial romana en especial sobre Segunda Sofiacutestica y novela ha estudiado principalmente autores como Luciano en cuya edicioacuten y traduccioacuten al castellano para la coleccioacuten Alma Mater participa Plutarco Dioacuten de Prusa o Elio Ariacutestides Es miembro del grupo de investigacioacuten Graecia Capta de la Universidad de Barcelona

Roosevelt Rocha eacute Professor Adjunto do curso de Letras da Universidade Federal do Paranaacute (Brasil) e pesquisador ligado ao Programa de Poacutes‑Graduaccedilatildeo em Letras da

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mesma Universidade As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a poesia grega arcaica (elegia jambo e meacutelica) a muacutesica grega antiga e o estudo da performance da poesia grega dos periacuteodos arcaico e claacutessico

Vicente Ramoacuten es Profesor Tiular de Filologiacutea Griega de la Universidad de Zara‑goza Sus intereses cientiacuteficos pueden sintetizarse en las siguientes liacuteneas Plutarco de Queronea y la biografiacutea poliacutetica historiografiacutea griega retoacuterica y oratoria griegas tradicioacuten claacutesica teatro griego la irreligiosidad en la Atenas Claacutesica

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Nelson
Text Box
(Paacutegina deixada propositadamente em branco)

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Volumes publicados na Colecccedilatildeo Humanitas Supplementum

1 Francisco de Oliveira Claacuteudia Teixeira e Paula Barata Dias Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 1 ndash Liacutenguas e Literaturas Greacutecia e Roma (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

2 Francisco de Oliveira Claacuteudia Teixeira e Paula Barata Dias Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 2 ndash Liacutenguas e Literaturas Idade Meacutedia Renascimento Recepccedilatildeo (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

3 Francisco de Oliveira Jorge de Oliveira e Manuel Patriacutecio Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 3 ndash Histoacuteria Arqueologia e Arte (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2010)

4 Maria Helena da Rocha Pereira Joseacute Ribeiro Ferreira e Francisco de Oliveira (Coords) Horaacutecio e a sua perenidade (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

5 Joseacute Luiacutes Lopes Brandatildeo Maacutescaras dos Ceacutesares Teatro e moralidade nas Vidas suetonianas (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

6 Joseacute Ribeiro Ferreira Delfim Leatildeo Manuel Troumlster and Paula Barata Dias (eds) Symposion and Philanthropia in Plutarch (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

7 Gabriele Cornelli (Org) Representaccedilotildees da Cidade Antiga Categorias histoacutericas e discursos filosoacuteficos (Coimbra Classica DigitaliaCECHGrupo Archai 2010)

8 Maria Cristina de Sousa Pimentel e Nuno Simotildees Rodrigues (Coords) Sociedade poder e cultura no tempo de Oviacutedio (Coimbra Classica DigitaliaCECHCECCH 2010)

9 Franccediloise Frazier et Delfim F Leatildeo (eds) Tychegrave et pronoia La marche du monde selon Plutarque (Coimbra Classica DigitaliaCECH Eacutecole Doctorale 395 ArScAn‑THEMAM 2010)

10 Juan Carlos Iglesias‑Zoido El legado de Tuciacutedides en la cultura occidental (Coimbra Classica DigitaliaCECH ARENGA 2011)

11 Gabriele Cornelli O pitagorismo como categoria historiograacutefica (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2011)

12 Frederico Lourenccedilo The Lyric Metres of Euripidean Drama (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2011)

13 Joseacute Augusto Ramos Maria Cristina de Sousa Pimentel Maria do Ceacuteu Fialho Nuno Simotildees Rodrigues (coords) Paulo de Tarso Grego e Romano Judeu e Cristatildeo (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

14 Carmen Soares amp Paula Barata Dias (coords) Contributos para a histoacuteria da alimentaccedilatildeo na antiguidade (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

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15 Carlos A Martins de Jesus Claudio Castro Filho amp Joseacute Ribeiro Ferreira (coords) Hipoacutelito e Fedra ‑ nos caminhos de um mito (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

16 Joseacute Ribeiro Ferreira Delfim F Leatildeo amp Carlos A Martins de Jesus (eds) Nomos Kosmos amp Dike in Plutarch (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

17 Joseacute Augusto Ramos amp Nuno Simotildees Rodrigues (coords) Mnemosyne kai Sophia (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

18 Ana Maria Guedes Ferreira O homem de Estado ateniense em Plutarco o caso dos Alcmeoacutenidas (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

19 Aurora Loacutepez Andreacutes Pocintildea amp Maria de Faacutetima Silva De ayer a hoy influencias claacutesicas en la literatura (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

20 Cristina Pimentel Joseacute Luiacutes Brandatildeo amp Paolo Fedeli (coords) O poeta e a cidade no mundo romano (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

21 Francisco de Oliveira Joseacute Luiacutes Brandatildeo Vasco Gil Mantas amp Rosa Sanz Serrano (coords) A queda de Roma e o alvorecer da Europa (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

22 Luiacutesa de Nazareacute Ferreira Mobilidade poeacutetica na Greacutecia antiga uma leitura da obra de Simoacutenides (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica DigitaliaCECH 2013)

23 Faacutebio Cerqueira Ana Teresa Gonccedilalves Edalaura Medeiros amp JoseacuteLuiacutes Brandatildeo Saberes e poderes no mundo antigo Vol I ndash Dos saberes (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia2013) 282 p

24 Faacutebio Cerqueira Ana Teresa Gonccedilalves Edalaura Medeiros amp Delfim Leatildeo Saberes e poderes no mundo antigo Vol II ndash Dos poderes (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013) 336 p

25 Joaquim J S Pinheiro Tempo e espaccedilo da paideia nas Vidas de Plutarco (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013) 458 p

26 Delfim Leatildeo Gabriele Cornelli amp Miriam C Peixoto (coords) Dos Homens e suas Ideias Estudos sobre as Vidas de Dioacutegenes Laeacutercio (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013)

27 Italo Pantani Margarida Miranda amp Henrique Manso (coords) Aires Barbosa na Cosmoacutepolis Renascentista (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2013)

28 Francisco de Oliveira Maria de Faacutetima Silva Tereza Virgiacutenia Ribeiro Barbosa (coords) Violecircncia e transgressatildeo uma trajetoacuteria da Humanidade (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

29 Priscilla Gontijo Leite Eacutetica e retoacuterica forense asebeia e hybris na caracterizaccedilatildeo dos adversaacuterios em Demoacutestenes (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

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30 Andreacute Carneiro Lugares tempos e pessoas Povoamento rural romano no Alto Alentejo ‑ Volume I (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2014)

31 Andreacute Carneiro Lugares tempos e pessoas Povoamento rural romano no Alto Alentejo ‑ Volume II (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2014)

32 Pilar Goacutemez Cardoacute Delfim F Leatildeo Maria Aparecida de Oliveira Silva (coords) Plutarco entre mundos visotildees de Esparta Atenas e Roma (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

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Resumo da obra

A vasta e variada obra de Plutarco permite sempre uma abordagem a partir de distintas

perspetivas com diferentes intenccedilotildees e propoacutesitos variados No entanto eacute importante

identificar tambeacutem fios comuns nessa abordagem porque permitem demonstrar tanto a

niacutevel formal como de conteuacutedo que haacute muitos elementos comuns que permeiam o trabalho

de Plutarco

Os treze contributos para este volume tecircm como elo comum o nome de trecircs cidades

Esparta Atenas e Roma Elas representam espaccedilos poliacuteticos e institucionais diversos dada

a sua extensatildeo geograacutefica e cronoloacutegica mas simbolizam igualmente diferentes modelos

de organizaccedilatildeo social atraveacutes dos quais a Greacutecia pode ser contrastada com Roma ou Atenas

comparada com Esparta mdash ainda que o seu verdadeiro interesse na obra de Plutarco seja

que representam sempre locais paradigmaacuteticos onde vivem e convivem pessoas Por

isso os estudiosos de Plutarco que contribuiacuteram para este volume procuram analisar em

cada uma dessas cidades seja por assimilaccedilatildeo ou por contraste a forma como o autor de

Queroneia aborda a ligaccedilatildeo entre indiviacuteduo e comunidade a partir do exerciacutecio do poder

e da experiecircncia religiosa qual o papel da educaccedilatildeo e do domiacutenio privado na projeccedilatildeo

puacuteblica dos protagonistas retratados por Plutarco ou ateacute que ponto a imagem dos primeiros

legisladores e fundadores miacuteticos foi condicionada pela evoluccedilatildeo histoacuterica destas mesmas

cidades

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Page 18: Versão integral disponível em digitalis.uc · visões de Esparta, Atenas e Roma IMPRENSA DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA COIMBRA UNIVERSITY PRESS ANNABLUME Versão integral disponível

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Mordf Teresa Fau Ramos

coacutensul100 mientras el rey destronado busca ndashy obtienendash el apoyo de los etruscos101 Se libra un feroz combate en el que el ejeacutercito romano consigue la victoria y Valerio tiene ocasioacuten de celebrar triunfo siendo ndashsostiene Plutarcondash el primer coacutensul que entra en la urbe montado en una cuadriga102

Pero el flamante vencedor seraacute pronto objeto de criacutetica pues el pueblo cree ver en su conducta atisbos de despotismo concentra en su persona toda la auto‑ridad habita en una mansioacuten maacutes imponente que la del antiguo rey y se presenta escoltado laquopor todas las fasces y hachas juntasraquo (ὑπὸ ῥάβδοις ὁμοῦ πάσαις καὶ πελέκεσι)103 Valerio reacciona con prontitud reuacutene a un buen nuacutemero de al‑bantildeiles y en una noche echa abajo la casa y la destruye hasta los cimientos104 No tardaraacute el pueblo en hacerle donacioacuten de un terreno donde podraacute edificar una nueva morada eso siacute maacutes austera que la anterior105

En cuanto a las insignias suprimioacute las hachas y decretoacute que las fasces se incli‑naraacuten ante el pueblo106 medida que fue muy del agrado de las gentes que dieron a Valerio el sobrenombre de Publiacutecola teacutermino que seguacuten Plutarco equivale a δημοκηδής laquosoliacutecito con el puebloraquo107 Por otra parte concedioacute laquoa quienes quisie‑ranraquo (τοῖς βουλομένοις) la posibilidad de presentar candidatura para compartir el consulado junto a eacutel Pero antes de que se procediera al nombramiento de su colega en el cargo se valioacute de la feliz circunstancia de ser el uacutenico coacutensul en ejercicio para instaurar medidas poliacuteticas de suma importancia108 Asiacute nombroacute nuevos senadores109 otorgoacute mayores derechos al pueblo110 dictoacute pena de muerte sin proceso previo para aquel que pretendiera erigirse en tirano111 y organizoacute la recaudacioacuten de impuestos112

100 Publ 77101 Publ 91102 Publ 92‑9 Sobre el triunfo de Valerio cf Plu Rom 167‑8 y D H 2342 103 Publ 101‑2 Plutarco pone eacutenfasis en la narracioacuten utilizando el estilo directo es el pueblo

quien pronuncia estas palabras de reproche Sobre la desaprobacioacuten de los romanos ante la conducta de Valerio cf las narraciones maacutes comedidas de Dionisio de Halicarnaso (5181) y Tito Livio (276)

104 Publ 105 En las Cuestiones Romanas (Moralia 285F) se hace alusioacuten al hecho de que la casa situada en lo maacutes alto es percibida por las gentes como una amenaza por su elevada situacioacuten Dionisio de Halicarnaso (5192) no menciona la destruccioacuten de la morada seguacuten eacutel Publiacutecola cambioacute de domicilio con el fin ndashdeclaroacute el propio interesadondash de que los romanos pudieran lanzarle piedras desde arriba si le sorprendiacutean cometiendo alguacuten acto injusto Valerio Maacuteximo en cambio siacute alude (411) a la destruccioacuten de la casa y lo hace ademaacutes en un tono grandilocuente

105 Publ 106106 Publ 107 107 Publ 108‑9 En D H 5195 hallamos la misma ndashmaacutes que discutiblendash etimologiacutea108 Publ 111109 Publ 112110 Publ 113‑4111 Publ 121‑2112 Publ 123‑4

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Legislar teniacutea un precio

Tras estas disposiciones designoacute como colega suyo en el cargo a Lucrecio que fallecioacute pocos diacuteas despueacutes del nombramiento siendo sucedido por Marco Horacio113 En cuanto a Publiacutecola sufrioacute a causa de los honores recibidos por su doble condicioacuten de legislador y liacuteder militar la envidia de laquomuchos poderososraquo (πολλοὶ τῶν δυνατῶν) los cuales frustraron su deseo de consagrar el templo de Juacutepiter Capitolino114 Pero ello no fue obstaacuteculo para que Valerio continuara su exitosa carrera pues llegoacute a ser nombrado coacutensul por cuarta vez115 Su muerte acaecida despueacutes de lograr para Roma una gran victoria contra los sabinos causoacute un hondo pesar en la poblacioacuten116

Pero el dolor con que Roma reacciona ante la desaparicioacuten del liacuteder no debe hacernos olvidar las suspicacias que antantildeo despertara en la plebe y la envidia que posteriormente suscitoacute entre los poderosos En un caso la situacioacuten se saldoacute con la destruccioacuten por parte de Valerio de la suntuosa mansioacuten que poseiacutea y en un elocuente gesto de reconocimiento de la voluntad popular en el otro llevoacute las de perder pues no consiguioacute realizar el prestigioso ritual que ambicionaba La disensioacuten con el pueblo fue anterior al ejercicio de la actividad legisladora de hecho es gracias a la reconciliacioacuten con las masas que Publiacutecola tuvo la oportu‑nidad de ejercer como νομοθέτης En cambio el incidente con la eacutelite romana se produjo con posterioridad ndashy a consecuencia dendash su tarea como legislador (Plutarco lo indica con claridad) En este sentido podemos considerar que Publiacutecola pagoacute un doble tributo ndashla peacuterdida de su morada y la imposibilidad de llevar a cabo un ritual de alta relevanciandash por su νομοθεσία

Licurgo Soloacuten Numa y Publiacutecola establecen unas leyes por las que debe regirse la sociedad de la que forman parte y por ello reciben de Plutarco la de‑nominacioacuten de νομοθέτης117 Hay sin embargo entre los personajes biografiados

113 Publ 125‑6114 Publ 141‑7 Sobre φθόνος la envidia caracteriacutestica humana que de ninguacuten modo pasa

inadvertida a Plutarco Verdegem (2005) en una aportacioacuten en torno a les Vidas de estadistas atenienses del siglo v a C establece una clara diferencia entre laquopeer‑envyraquo que salvando la distancia cronoloacutegica seriacutea a nuestro entender el sentimiento que Publiacutecola despertoacute entre los poderosos y laquopopular envyraquo que experimenta la turba con respecto a los liacutederes contra quienes haciacutea aplicar en la Atenas claacutesica la medida llamada ostracismo Sobre el valor que el queronense otorga al ostracismo cf Jufresa Muntildeoz amp Fau Ramos (2011) Por otra parte Frazier (1996) atribuye al φθόνος de los personajes plutarqueos un laquocaractegravere quasi automatiqueraquo (p 109)

115 Publ 211116 Publ 231‑5 y 246 Plutarco (Publ 234) pone de relieve que el pueblo decidioacute que el

cuerpo de Publiacutecola fuera enterrado a expensas puacuteblicas dato que hallamos tambieacuten en Dionisio de Halicarnaso (5482‑3) y Valerio Maacuteximo (441) con la diferencia de que estos dos autores indican que ello se debioacute a la situacioacuten de pobreza extrema en que murioacute el estadista

117 Lyc 11 99 141 Sol 143 165 186 Num 93 1412 2310 2513 Publ 121 143 A un lector atento no le habraacute pasado inadvertido el hecho de que no hayamos mencionado ni a Agis ni a Cleoacutemenes personajes que intentaron en vano restaurar la laquobella y justa constitucioacutenraquo (πολιτείαν καλὴν καὶ δικαίαν) de Licurgo (Agis et Cleom 210) Ciertamente ambos pusieron todo su ahiacutenco en la empresa y ambos sufrieron por ello serias penalidades Agis perdioacute la vida

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Mordf Teresa Fau Ramos

por el queronense sujetos a quienes eacuteste no aplica el calificativo de νομοθέτης sino el de οἰκιστήςκτίστης (laquofundadorraquo) o bien les atribuye la accioacuten de οἰκιζεῖνκτιζεῖν (laquofundarraquo) una poblacioacuten Estos individuos fundan (o refundan) una comunidad cosa que les obliga a fijar unas normas Ejercen pues en cierto modo como legisladores y se arriesgan por tanto a contrariar voluntades ajenas Tambieacuten estos personajes de quienes nos ocuparemos ahora sucintamente estaacuten expuestos a pagar un precio por llevar a cabo su cometido

Teseo

Del οἰκιστής Teseo118 nos interesa especialmente su tarea como autor del llamado sinecismo Plutarco nos brinda al respecto una detallada descripcioacuten Seguacuten eacutel tras la muerte del rey Egeo su hijo Teseo se propone laquouna empresa grande y admirableraquo (μέγα καὶ θαυμαστὸν ἔργον) consistente en reunir a todos los habitantes del Aacutetica en una sola ciudad formando con ellos un uacutenico Estado dotado de instituciones comunes119 Pero antes de dar comienzo a su labor re‑corre la regioacuten para informar del proyecto a todos los pobladores Los ciudadanos no relevantes acogen al punto su llamamiento Los ricos en cambio se muestran reticentes y para convencerlos Teseo les ofrece un sistema de gobierno carente de rey y les promete que tan soacutelo reservaraacute para si mismo las funciones de dirigente militar y de laquocustodio de las leyesraquo (νόμων φύλαξ)120

Tras las explicaciones Teseo pone manos a la obra suprime los organismos anteriores y sienta las bases para el establecimiento de una polis a la cual da el

(Agis et Cleom 201) su madre su abuela y su hermano fueron asesinados (Agis et Cleom 202‑7 y 263) y su esposa obligada a contraer matrimonio con el hijo de un enemigo (Agis et Cleom 221‑3) Cleoacutemenes por su parte se vioacute forzado a entregar como rehenes del rey de Egipto a parte de su familia (Agis et Cleom 434‑8) perdioacute a su hermano en combate (Agis et Cleom 496‑7) tuvo que huir de Esparta (Agis et Cleom 503‑4) y fue arrestado en Egipto (Agis et Cleom 567) donde acaboacute suicidaacutendose tras haber intentado provocar un alzamiento contra el rey (Agis et Cleom 576‑5816) y una vez muerto continuaraacuten por asiacute decir las penalidades de Cleoacutemenes ya que el monarca egipcio ordena que su cadaacutever sea ultrajado y que sus hijos su madre y las mujeres del entorno de eacutesta reciban la muerte (Agis et Cleom 594) No obstante he decidido omitir la referencia a estos personajes porque sus esfuerzos por reinstaurar la constitucioacuten de Licurgo no se vieron coronados por el eacutexito y sobre todo porque a diferencia de lo que ocurre con Licurgo Soloacuten Numa y Publiacutecola a Agis y a Cleoacutemenes no les es otorgada por parte de Plutarco la denominacioacuten de νομοθέτης Por lo que a Agis se refiere Roskam (2005) considera que constituye para el queronense el modelo ideal del joven que se dedica a la poliacutetica

118 Thes 15 No entraremos aquiacute a discutir hasta queacute punto podriacutea sentirse Plutarco motivado a biografiar al fundador miacutetico de Atenas ni nos pronunciaremos sobre el no disimulado escepticismo sobre el particular que se le atribuye cf Sirinelli (2000) 301 Por cierto que la obra que acabamos de consignar corresponde a una de las maacutes acreditadas biografiacuteas plutarqueas comparable a las de Jones (1971) Russell (1973) y Lamberton (2001)

119 Thes 241 En la versioacuten plutarquea el sinecismo va maacutes allaacute de la unificacioacuten exclusivamente poliacutetica que describe Tuciacutedides (215)

120 Thes 242

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Legislar teniacutea un precio

nombre de Atenas funda la festividad de las Panateneas para que sea celebrada por el conjunto de la comunidad instaura tambieacuten la fiesta de las Metecias y abdica ndashtal como habiacutea prometido‑ de la corona121

A continuacioacuten se dispone a organizar el nuevo Estado laquoempezando a partir de los diosesraquo (ἀπὸ θεῶν ἀρχόμενος)122 toma medidas para favorecer el crecimiento vegetativo de la polis establece clases entre la ciudadaniacutea asig‑nando un status especiacutefico a cada colectivo acuntildea moneda y fija los liacutemites de Atenas123

Pero al eficiente Teseo tambieacuten le llega la hora de pagar un precio por la tarea realizada124 Un tal Menesteo descendiente de Erecteo emprende una insi‑diosa campantildea contra el fundador soliviantando a laquolos poderososraquo (οἱ δυνατοί) que consideraban que Teseo les habiacutea sustraiacutedo prerrogativas y perturbando asimismo a laquola multitudraquo (οἱ πολλοί) so pretexto de haber perdido seducidos por un espejismo de libertad la patria los templos y los gobernantes que les eran propios yendo a caer bajo la autoridad de un extranjero125 La suerte sonriacutee al alborotador pues los Tindaacuteridas invaden el Aacutetica tal vez ndashapunta Plutarcondash a peticioacuten del propio Menesteo quien se encarga ademaacutes de facilitarles la entrada a la ciudad de Atenas126 De resultas de ello ndashel queronense tiene sus dudas al respectondash Etra la madre de Teseo habriacutea sido hecha prisionera127

El fundador intenta volver a ejercer su autoridadhellip en vano Al fin profun‑damente decepcionado abandona Atenas para siempre no sin antes maldecir a sus habitantes128 Teseo pereceraacute lejos de la patria y su muerte no provocaraacute reaccioacuten alguna en la ciudad129 Mucho tiempo habraacute de transcurrir para que la polis reconozca sus meacuteritos y le rinda los debidos honores que comportaraacuten la

121 Thes 243‑4122 Thes 244 Plutarco no concreta en queacute consiste esta actuacioacuten del fundador123 Thes 251‑4 Por si esta considerable labor fundacional no fuera suficiente somos

informados por Plutarco (Thes 265‑7) de que Teseo es tambieacuten οἰκιστής de la ciudad de Pitoacutepolis de la cual parte despueacutes de haber designado a quienes ejerceraacuten de gobernantes y legisladores

124 Un precio ndashrecordemosndash que ya habiacutea empezado a pagar cuando para persuadir a sus conciudadanos ricos se habiacutea comprometido a renunciar a la corona

125 Thes 321 En este pasaje Plutarco se hace eco de la atribucioacuten a Menesteo del hecho de haber sido laquoel primer hombreraquo (πρῶτος hellip ἀνθρώπων) en laquoejercer de demagogoraquo (δημαγωγεῖν)

126 Thes 322ndash332127 Thes 341128 Thes 353‑5 Esta miacutetica maldicioacuten sirve a Plutarco como αἴτιον para explicar la

etimologiacutea del laquoAraterioraquo o laquolugar de las maldicionesraquo 129 Thes 356‑7 En la descripcioacuten del fracaso que experimenta Teseo al intentar recuperar

el poder Plutarco se sirve de una terminologiacutea poliacutetica (usa en voz pasiva los verbos καταδημαγωγέω y καταστασιάζω) que utiliza tambieacuten en Per 92 y 5 Por otra parte nos parece significativo que la biografiacutea de Teseo no concluya con la alusioacuten a su fallecimiento sino que incorpore (Thes 358ndash365) la mencioacuten de los honores recibidos mucho tiempo despueacutes de su muerte por el fundador de hecho para el queronense el final de una vida no ha de coincidir necesariamente con el final de la biografiacutea cf al respecto Pelling (1997)

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Mordf Teresa Fau Ramos

necesidad de laquorecuperarraquo los restos del οἰκιστής y de trasladarlos solemnemente a Atenas130 permitiendo con ello a Cimoacuten el gran adversario de Temiacutestocles apropiarse de la figura del ilustre fundador131

Roacutemulo

La indiferencia que acompantildea al amargo fin de Teseo contrasta con el re‑vuelo que se originoacute en Roma tras la desaparicioacuten de aqueacutel a quien Plutarco considera laquopadreraquo (πατήρ)132 de la urbe que laquofundoacuteraquo (ἔκτισε)133

No es poco ciertamente lo que Roma debe a su οἰκιστής pues ademaacutes de ser el fundador material de la ciudad134 tomoacute unas medidas que seriacutean determi‑nantes para el futuro de la poblacioacuten Asiacute establecioacute los criterios con arreglo a los cuales debiacutean ser clasificados los ya numerosos habitantes de la urbe135 fue corresponsable del pacto crucial sellado entre sabinos y romanos136 introdujo cambios en el armamento137 e instituyoacute nuevos rituales138 El queronense le atri‑buye tambieacuten la promulgacioacuten de algunas leyes ndashἔθηκεhellip νόμους τινάς139 dice textualmentendash como las que hacen referencia al repudio de la esposa140

Pero llegado el liacuteder romano al zeacutenit de la gloria experimentoacute una profunda transformacioacuten en su manera de ser y adoptoacute maneras impropias vistioacute lujosos

130 Thes 358ndash365 Sobre las acciones cultuales relacionadas con el οἰκιστής ateniense cf Plaacutecido (1994) Por otra parte creemos que en la valoracioacuten plutarquea del descalabro sufrido por Teseo tiene un peso considerable la conducta poco edificante del ateniense en relacioacuten con Helena a quien eacuteste que a la sazoacuten contaba cincuenta antildeos habiacutea raptado cuando la muchacha todaviacutea no era nuacutebil (cf Thes 292 y 311‑3) En este contexto consideramos que aunque no se centra en la figura de Teseo es esclarecedora la obra de Beneker (2012) quien asimismo nos brinda datos relevantes en un trabajo posterior cf Beneker (2014) Sobre los valores morales en la obra del queronense cf Duff (1999) y Van Hoof (2010)

131 Thes 362‑3 y Cim 85‑7 En el marco de la poliacutetica ateniense de la primera mitad del siglo V a C no es en modo alguno insoacutelita la utilizacioacuten en beneficio propio de un dios o de un heacuteroe Asiacute mientras Cimoacuten opta por valerse del miacutetico Teseo Temiacutestocles se sirve de la figura de Aacutertemis cf Fau Ramos (2007) Veacutease al respecto Podlecki (1971) y Piccirilli (1987)

132 Thes 15133 Thes 22134 Rom 111‑4135 Rom 131‑8 Cf Id 201‑3 En Rom 137‑8 el queronense nos ofrece una descripcioacuten

tan idealizada como paternalista de los viacutenculos establecidos entre patroni y clientes descripcioacuten que ha sido relacionada con la que nos brinda Dionisio de Halicarnaso (210)

136 Rom 199‑10137 Rom 211138 Rom 211 y 221139 Con esta expresioacuten parece evidente que si bien Plutarco no aplica a Roacutemulo el calificativo

de νομοθέτης siacute que de facto lo tiene por tal140 Rom 223 La informacioacuten plutarquea sobre las leyes de Roacutemulo es ciertamente escueta

Para una visioacuten mucho maacutes amplia que incluye los derechos hereditarios de las mujeres la aplicacioacuten de la pena de muerte a la esposa en caso de adulterio o embriaguez las obligaciones filiales para con los progenitores y la potestad paterna sobre los hijos cf D H 225‑26

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semejante oraacuteculo lo que haciacutea el dios en realidad era exhortar a los griegos a que abandonasen las guerras frecuentasen las musas apaciguasen sus pasiones con ayuda de la razoacuten y guardasen entre siacute relaciones paciacuteficas y fecundas39

Los dos sucesos trasladan un mensaje confuso Pues hablan de los griegos no de filoacutesofos de guerras y cuestiones de justicia no de rebeliones liberadoras engloba ademaacutes la filosofiacutea en un conjunto de actividades que parece cifrar la παιδεία griega en general Pero ambos de alguna manera ofrecen una primera justificacioacuten del rechazo de Epaminondas Con ellos se pone en praacutectica la lla‑mada laquoredefinicioacutenraquo teacutecnica literaria practicada por diversos autores antiguos y frecuente en las Vidas paralelas Consiste en formular enunciados vagos y gene‑rales que a lo largo de la obra y en pasajes posteriores se concretan y alcanzan un grado mayor de individualizacioacuten40 Los dos incidentes mencionados no son ademaacutes la uacutenica prefiguracioacuten encaminada a justificar de manera previa y alusiva la inhibicioacuten de Epaminondas La misma funcioacuten cumple el diaacutelogo sobre la pobreza Epaminondas mudo en la discusioacuten demonoloacutegica central toma aquiacute la palabra para entrar en controversia con Teanor

Teanor personaje ficticio es un filoacutesofo pitagoacuterico natural de Crotona En fechas anteriores otro pitagoacuterico Lisis se habiacutea refugiado en Tebas Acogido en la casa de Polimnis padre de Cafisias y Epaminondas habiacutea llevado en esa casa pobre una vejez dichosa Teanor llega comisionado por las ricas comunidades pitagoacutericas de Italia Eacutestas quieren recompensar a Polimnis y sus hijos con una suma que aliviaraacute su pobreza Pero Epaminondas se niega a aceptar tal recom‑pensa negativa que da lugar a la controversia que mantiene con Teanor

El discurso sobre la pobreza es la uacutenica ocasioacuten en que Epaminondas rompe sustancialmente su silencio pues es el uacutenico pasaje en el que el ldquocentro ausenterdquo de la obra Epaminondas expone sus ideas de manera razonada y recurriendo a categoriacuteas filosoacuteficas Pronunciado en diaacutelogo con Teanor puede dividirse en dos secciones la primera (583D‑E) de extensioacuten breve comenta la inutilidad de las riquezas aportadas por Teanor que Polimnis y sus hijos habriacutean de emplear en cosas superfluas La segunda (584C‑585D) maacutes amplia y densa comienza con la defensa de la pobreza como ejercicio frente a aquellas pasiones (ἐπιθυμίαι) que proceden del exterior (ἐπήλυδες) y tienen como fuente las falsas opiniones (κενῶν δοξῶν) el deseo de riquezas (φιλοπλουτία) es una de esas pulsiones accesorias y superfluas como lo es tambieacuten el deseo de gloria (φιλοδοξίαν) Pos‑teriormente Epaminondas ahonda en su planteamiento como adiestramiento para el autodominio (ἐγκρατείας) la contencioacuten frente a los placeres beneficia al alma y de la misma manera beneficia a la praacutectica de la justicia el ejercicio contra

39 Gen Socr 579B‑D40 Cf Pelling (1988) 12‑13 (1990) 230

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el deseo de riquezas41 El discurso finaliza con la alabanza del hombre que sabe rehusar favores y daacutedivas de amigos y reyes incluyendo los dones de la fortuna (τύχης) tal hombre no ve alterado su juicio (οὐδὲ θορυβεῖ τὴν διάνοιαν) y es capaz de perseverar ufano y sereno en la praacutectica de la excelencia

Es de notar que los argumentos de Epaminondas no aparecen en otra obra de Plutarco dedicada especiacuteficamente a combatir la avaricia el de cupiditate di‑vitiarum (523C‑528B) Es este uno de los tratados clasificados por Ziegler bajo el roacutetulo de ldquofilosoacuteficos‑popularesrdquo y estudiados recientemente por L Van Hoof Frente a lo que sugiere su roacutetulo observa Van Hoof tales tratados tienen como destinatario a la eacutelite econoacutemica poliacutetica y social del mundo grecorromano Son por otra parte tratados de orientacioacuten fundamentalmente praacutectica Con ellos Plutarco no persigue ldquoconvertir a la filosofiacuteardquo ni lograr que sus lectores olviden sus ambiciones poliacuteticas y sociales Maacutes bien intenta ofrecerles una guiacutea que le ayude afrontar los problemas derivados de su posicioacuten dirigente La meta no es por tanto cambiar las expectativas de liderazgo o rebajar las pretensiones de poder e influencia propios y sustanciales de una clase como aquella que conforma la audiencia de los mal llamados ldquotratados filosoacutefico‑popularesrdquo Por el contrario lo que hace Plutarco es poner la filosofiacutea al servicio de sus aspiraciones42

El de cupiditate divitiarum emplea un tono admonitorio sus ideas son sen‑cillas y basadas en la experiencia o si se quiere en motivaciones prefilosoacuteficas y sus consejos no constituyen un obstaacuteculo sino una ayuda para la realizacioacuten de las ambiciones sociales que pueda albergar el lector Despliega en suma el conjunto de teacutecnicas y estrategias usuales en los tratados de ldquoeacutetica praacutectica al servicio de la eacutelite43rdquo No ocurre lo mismo con el discurso sobre la pobreza de Epaminondas Purgar el alma de las opiniones procedentes del exterior desterrar el ansia de riquezas y el deseo de gloria rehusar los favores de amigos y reyes y los dones de la fortuna son preceptos adecuados para un tipo de hombre que como Epaminondas huye de los conflictos inherentes a la lucha poliacutetica Pero es difiacutecil que con estos atributos Plutarco quiera hacer de Epaminondas un modelo para la oligarquiacutea a quien dirige sus tratados de eacutetica praacutectica Resulta significativa la posicioacuten que ocupa el discurso sobre la pobreza en el texto del de genio Una vez que concluye Epaminondas y despueacutes de que todos expresan su admiracioacuten hacia eacutel se expone una de las maacutes movidas peripecias en la que se vieron envueltos los miembros de la conjura Tras grandes sobresaltos y fuertes discusiones entre diversos implicados en la trama el asunto vino a resolverse por siacute solo e inespe‑radamente

41 El texto griego no es en este pasaje enteramente claro Quizaacutes es consecuencia de ello que frente a la lectura de los manuscritos (δικαιοσύνῃ) Russell (2010) proponga leer δικαιοσύνης

42 Van Hoof (2010) 28‑3743 Van Hoof (2010) 55‑56

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ldquoUn singular trastorno habiacutea hecho presa en nuestro aacutenimo Llenos poco antes de desazoacuten al ver nuestra empresa frustrada la presioacuten de las circunstancias y la urgencia que no consentiacutean tregua nos sumiacutea de nuevo en ansiedad y temor44rdquo

Con estas palabras describe Plutarco el estado de aacutenimo de los conjurados a raiacutez del episodio expuesto tras la discusioacuten sobre la pobreza Un estado de aacutenimo que no puede permitirse Epaminondas atento a la contencioacuten de las pasiones y la serenidad de su mente pero que es el propio de quienes participan en el complot revolucionario

El de genio se mueve seguacuten han observado diversos estudios modernos en dos planos el humano y el de los deacutemones el de la contemplacioacuten filosoacutefica y la praacutectica poliacutetica el mortal y el sobrenatural el de los que conocen y el de los que ignoran45 Y en correspondencia sus personajes se ubican en dos niveles Los unos estaacuten instalados en el mundo de la accioacuten y la peripecia son Cafisias el narrador y con eacutel todos los conjurados Otros se ubican en un plano superior el de la filosofiacutea y el contacto con las realidades transcendentes Epaminondas es la muestra maacutes clara pero el ejemplo uacuteltimo es Soacutecrates La incertidumbre el azar y el conflicto parecen preponderantes en el mundo de la accioacuten Asiacute lo indica el ruego que Arquedamo dirige a Cafisias al inicio de la obra la lucha de la virtud y la razoacuten contra las contingencias atrae por lo accidentado de su desarrollo la precariedad impliacutecita en la actuacioacuten humana y la peripecia que ello desencadena es precisamente lo que hace del acontecer histoacuterico un espectaacuteculo digno de intereacutes para el amante del honor y la belleza46 Ahora bien la manera de ver las cosas de Arquedamo se queda en la superficie de los hechos Ciertamente el relato concerniente a la liberacioacuten de la Cadmea se urde a partir de iniciativas y motivaciones humanas sin que el autor del relato Cafisias reclame expresamente la intervencioacuten divina Pero en el de genio la atmoacutesfera estaacute impregnada de un aura sobrenatural A ello contribuyen tanto las alusiones indirectas47 como la acumu‑lacioacuten de episodios y contenidos relacionados con la divinidad y el maacutes allaacute En muchas de sus obras consigna Plutarco su creencia de que el curso de la historia obedece al disentildeo de una fuerza transcendente48 El relato de la liberacioacuten de la Cadmea confirma dicha idea Pues el lector no puede eludir el pensamiento insi‑nuado por diversos procedimientos aunque no explicitado de que la ayuda divina respalda la actuacioacuten de los conjurados49 Ocurre sin embargo que ni Cafisias ni los demaacutes partiacutecipes de la conjura pueden acceder a esa visioacuten de las fuerzas

44 Gen Socr 588A45 Desideri (1984) 581 Hershbell (1988) 374‑378 Babut (1988) 384‑389 Brenk (1996)

41‑44 Georgiadou (1996) 114 Hardie (1996) 13346 Gen Socr 575B‑D47 Babut (1988) 385‑38648 Tratamiento del tema en Barigazzi (1984) y Swain (1989)49 Babut (1988) 386‑389

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sobrenaturales rectoras de los sucesos Y no acceden precisamente por estar in‑mersos en el mundo de la actuacioacuten y la peripecia Las pulsiones procedentes del exterior embargan su aacutenimo de manera que en expresioacuten de Brenk laquothey see only the apparent succession of chance occurrencesraquo50 Arquedamo tampoco tiene acceso al plano donde operan las fuerzas sobrenaturales Y evidentemente la misma ceguera afecta a esos laquoamantes del honor y la bellezaraquo ante los cuales invita a hablar a Cafisias Un puacuteblico ilustre cuya presentacioacuten hace Arquedamo subrayando su pertenencia a familias poliacuteticamente insignes51 Puacuteblico por tanto equiparable a esa eacutelite social a quien Plutarco dirige sus tratados de eacutetica praacutectica Los dos puacuteblicos el de Cafisias y el del Plutarco podriacutean identificarse con los heacuteroes que liberan la Cadmea Pero difiacutecilmente se identificariacutean con Epaminon‑das que en dos ocasiones rechaza tomar parte en la empresa52

En ambas el rechazo se justifica mediante un argumento ndashla negativa a derramar sangre de sus conciudadanos‑ que situacutea a Epaminondas a un nivel de exigencia eacutetica superior al de los conjurados53 Ahora bien la diferencia entre Epaminondas y los liberadores no radica en la eacutetica Pues al fin y al cabo ningu‑na ofensa eacutetica cabe reprochar a los protagonistas de la heroica liberacioacuten de la Cadmea Radica en el nivel Asiacute lo sugiere la discusioacuten sobre la pobreza Y asiacute lo vuelve a sentildealar el gran debate sobre el daimon de Soacutecrates que da tiacutetulo a al obra

Se debate sobre lo que Soacutecrates mismo llamaba su daimon el principio que lo guioacute a lo largo de su vida e iluminaba sus decisiones en materias inciertas e impenetrables para la inteligencia humana54 El daimon socraacutetico sugiere que Soacutecrates conociacutea de alguna manera los acontecimientos futuros algo que dos personajes del de genio acreditan55 En este sentido el debate versa sobre la adivi‑nacioacuten Las intervenciones de los diferentes personajes configuran tomadas en conjunto un extenso discurso filosoacutefico y religioso Plutarco no se alinea expresa‑mente con ninguna de las opiniones emitidas el tratamiento del tema presenta pues ese final abierto que es tan comuacuten en este autor Las cuestiones que se tocan son variadas pero todas parten de una cuestioacuten baacutesica La adivinacioacuten supone un conocimiento inalcanzable al menos en apariencia a la razoacuten humana Y el debate versa sobre coacutemo es posible acceder a ese nivel superior de inteligencia Miradas desde este punto de vista las opiniones formuladas por los distintos personajes pueden dividirse en dos grandes bloques De un lado Galaxidoro que

50 Brenk (1996) 4251 Gen Socr 575E‑F52 Gen Socr 576D‑E 594B‑C53 En la segunda ocasioacuten se antildeade un motivo maacutes conveniacutea que consumada la liberacioacuten

quedasen hombres a quienes nada pudiese reprocharse por no haber participado en la accioacuten Epaminondas se reserva este papel

54 Gen Socr 580C‑D55 Teoacutecrito (580D‑F) y Polimnis (581D‑E)

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inicia el debate propone una explicacioacuten maacutes proacutexima a los paraacutemetros raciona‑les56 en ella se ha querido ver una muestra de la llamada laquoadivinacioacuten teacutecnicaraquo (τεχνικὸς μαντική artificiosa divinatio)57 Del otro Simias Timarco y Teanor interpretan las premoniciones de Soacutecrates como un caso de comunicacioacuten direc‑ta entre el hombre y la divinidad defienden por tanto la llamada laquoadivinacioacuten naturalraquo (ἄτεχνος μαντική naturalis divinatio)58 Ya se ha dicho que Plutarco no se declara expresamente partidario de ninguna opcioacuten Pero su texto privilegia de manera indirecta los discursos de Simias Timarco y Teanor Asiacute lo sugiere un paacuterrafo del de genio que subraya el papel de Galaxidoro como mero introductor del problema59 Y asiacute lo recogen distintos estudios modernos Galaxidoro seriacutea el oponente racionalista casi siempre estoico habitual en los diaacutelogos religiosos de Plutarco su explicacioacuten se ve devaluada tanto por sus contradicciones internas como por la presencia de procedimientos textuales que rebajan su veracidad y en suma Galaxidoro y el resto de las intervenciones insertas en la seccioacuten dominada por eacutel tendriacutean como funcioacuten principal la de plantear el tema a debatir60

Las propuestas de Simias Timarco y Teanor son evidentemente distintas Actuacutea aquiacute quizaacutes el deseo de presentar el problema bajo luces diversas61 o quizaacutes el complejo planteamiento dramaacutetico que forma parte de las estrategias persuasivas de Plutarco62 Las tres sin embargo coinciden en una idea central la singularidad de aquellos hombres que como Soacutecrates pueden contactar con una realidad por encima del mundo material Para Simias el alma de la mayoriacutea de los hombres se halla embargada por el tumulto de las pasiones y la voraacutegine de las servidumbres vitales de manera que su entendimiento no puede captar las indica‑ciones de los seres superiores en el caso de Soacutecrates por el contrario su intelecto limpio y exento de pasiones (ὁ νοῦς καθαρὸς ὢν καὶ ἀπαθής) percibiacutea faacutecilmente las sentildeales enviadas por los seres divinos63 Seguacuten el mito de Timarco (expuesto por Simias) en el alma (ψυχή) conviven dos partes una inmersa en el cuerpo recibe el nombre mismo de ldquoalmardquo (ψυχή) la otra inaccesible a la corrupcioacuten se llama laquointelectoraquo (νοῦν) estaacute en el exterior del hombre y los entendidos le dan

56 Gen Socr 579F‑582C57 Corlu (1970) 49‑50 Doumlring (1984) 376 Schroumlder (2010) 161 58 Para la distincioacuten entre ambos tipos de maacutentica veacutease Cic div 111ndash12 134 172

1109ndash131 (con el comentario de Wardle (2006))59 Gen Socr 588A ζητήσεως οὐκ ἀγεννοῦς ἀλλ ἧς ὀλίγον ἔμπροσθεν οἱ περὶ Γαλαξίδωρον

καὶ Φειδόλαον ἥψαντο διαποροῦντες τίνος οὐσίας καὶ δυνάμεως εἴη τὸ Σωκράτους λεγόμενον δαιμόνιον

60 Corlu (1970) 19‑20 y 51‑52 Hani (1980) 53 Doumlring (1984) 376‑377 Schroumlder (2010) 161‑162 Donini (2011) 415‑416

61 Sobre el reparto de papeles filosoacuteficos que aquiacute parece efectuar Plutarco veacutease Donini (2011) 412‑419 (2011 [2004]) 442‑443

62 Veacutease Van Hoof (2010) 67‑68 a propoacutesito de determinados laquotratados de eacutetica praacutecticaraquo63 Gen Socr 588D‑E

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el nombre de daimon64 La parte irracional e inmersa en el cuerpo se halla sujeta a la racional e incorruptible Si la sujecioacuten es deacutebil el alma se dejaraacute doblegar por las pasiones soacutelo cuando se fortalece gracias a la educacioacuten aparece el alma capaz de percibir con prontitud las indicaciones de su daimon Algunos hombres sin embargo estaacuten especialmente dotados de suerte que en ellos predomina de forma innata la obediencia a la razoacuten y a su daimon A ellos estaacute reservada la capacidad de percibir la llamada divina65 Teanor afirma que las almas libres de lazos con el cuerpo se convierten en daacuteimones Tales daacuteimones guiacutean los asuntos del hombre Pero no todos los hombres reciben su atencioacuten pues se desentienden de cuantos estaacuten inmersos en los avatares del acontecer soacutelo aquellos que tras mil esfuerzos ascienden a una esfera elevada son recompensados con la ayuda del daimon66

Las tres intervenciones explican las dotes excepcionales de Soacutecrates mediante la existencia de hombres excepcionales Y en las tres esa excepcionalidad requiere una especial disposicioacuten del alma La liberacioacuten de las pasiones y el alejamiento del traacutefago iacutensito en el mundo humano se presentan como condicioacuten necesaria para que haya un Soacutecrates Paradigma del filoacutesofo Soacutecrates es tambieacuten el modelo de Epaminondas El discurso sobre la pobreza al mostrar coacutemo Epaminondas limpia su alma de pasiones e impulsos procedentes del mundo exterior acredita su condicioacuten de filoacutesofo Asiacute se reconoce cuando termina dicho discurso por boca de Simias67

laquoGran hombre grande es Epaminondas y responsable de ello es el aquiacute pre‑sente Polimnis que ha criado a sus hijos desde temprano en la mejor filosofiacutearaquo

Epaminondas tambieacuten es consecuente con su condicioacuten de filoacutesofo cuando rehuacutesa someter su alma al torbellino del acontecer humano y las pasiones aso‑ciadas esto es cuando se niega a participar en la conjura El filoacutesofo parece ser la conclusioacuten no debe participar al menos de manera directa en el torbellino de la vida poliacutetica

El Epaminondas del de genio es una creacioacuten histoacutericamente discutible68 Ciertamente su no participacioacuten en la liberacioacuten de la Cadmea y su formacioacuten filosoacutefica estaacuten suficientemente documentadas Pero Epaminondas es conocido ante todo por su dimensioacuten poliacutetica que aquiacute relega Plutarco para subrayar su

64 Gen Socr 591E65 Gen Socr 592A‑E66 Gen Socr 593D‑594A67 Gen Socr 585D68 Ya Von Stern (1884) 55‑57 sentildealoacute las debilidades del relato que ofrece Plutarco en el

de genio Los estudios posteriores (veacutease por ejemplo Corlu [1970] 19‑20 Barigazzi [1988] 414‑424Georgiadou [1996]) han insistido en el Epaminondas del de genio presenta una factura obediente sobre todo a razones compositivas y de disentildeo

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calidad de filoacutesofo Asiacute construida la figura de Epaminondas traslada un mensaje ndashla no implicacioacuten directa del filoacutesofo en las luchas poliacuteticas‑ que puede tener calado teoacuterico pero tambieacuten sirve a Plutarco para trasladar su posicionamiento ante cuestiones concernientes a su propia persona y al horizonte cultural de su eacutepoca Comparado a otros contemporaacuteneos que por condicioacuten social e incluso actividad literaria estaban a su mismo nivel Plutarco no protagonizoacute una carrera poliacutetica particularmente brillante69 Asumioacute en cambio el papel de consejero y guiacutea de la eacutelite La autoridad necesaria para ello se la confiere la filosofiacutea Pues Plutarco se presenta a siacute mismo como filoacutesofo La exaltacioacuten de Epaminondas es una exaltacioacuten de su propia identidad como filoacutesofo y mentor Epaminondas se mueve a una altura la de la filosofiacutea superior a la de sus afines y compantildeeros los conjurados Esta altura le prohiacutebe descender al plano de la accioacuten directa descenso que contaminariacutea su alma con pulsiones sobrevenidas pero tambieacuten le permite acceder a una realidad inalcanzable para sus compantildeeros Epaminondas eleva asiacute la posicioacuten del filoacutesofo y justifica incluso hace ineludible su alejamiento de la lucha poliacutetica Gracias a ello lo que podriacutea ser una debilidad del propio Plutarco la falta de una carrera puacuteblica brillante se transforma en una eleccioacuten deliberada y necesaria

Tal mensaje adquiere maacutes fuerza si se lo contempla sobre el transfondo cultural de la eacutepoca El auge de las composiciones de exitu illustrium virorum corre en paralelo a la admiracioacuten hacia el filoacutesofo que se enfrenta al poder y sufre castigo por ello Ya se ha dicho que el fenoacutemeno acreditado en diversas fuentes contemporaacuteneas a Plutarco fue propiciado particularmente por el final del rei‑nado de Diocleciano y que el modelo uacuteltimo del filoacutesofo‑maacutertir es Soacutecrates En este contexto adquiere un significado especial la exaltacioacuten del ldquoSoacutecrates tebanordquo Epaminondas Epaminondas se aleja del conflicto puacuteblico para cuidar su alma se distingue por su silencio y pese a ello constituye el ldquocentro ausenterdquo del de genio una composicioacuten articulada en torno a un conflicto civil la liberacioacuten de la Cadmea No resulta inverosiacutemil ver en todos estos datos una respuesta de Plu‑tarco ante el fenoacutemeno del ldquofiloacutesofo‑maacutertir poliacuteticordquo y la admiracioacuten aglutinada en torno a esa figura Respuesta que reivindica rotundamente el papel asumido por el propio Plutarco de filoacutesofo mentor del poliacutetico pero fuera eacutel mismo del traacutefago de la poliacutetica

69 Veacuteanse las observaciones y referencias que ofrece al respecto Van Hoof (2010) 66‑67

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A Esparta de Plutarco entre a guerra e as artes

de um seguidor das leis de Licurgo Nesse sentido Plutarco diz que o dinheiro e o ouro deveriam ser mandados embora de Esparta porque eles eram flagelos importados que despertavam a cobiccedila e promoviam a degeneraccedilatildeo dos costumes (c 17) Desse ponto de vista Lisandro prejudicou Esparta justamente porque promoveu seu enriquecimento e contribuiu para a dissoluccedilatildeo da frugalidade e da simplicidade que caracterizavam o cotidiano dos lacocircnios antes das vitoacuterias espartanas na Guerra do Peloponeso6

Na Vida de Agesilau Plutarco nos conta que o biografado foi o segundo filho de Arquidamo (o primeiro tinha sido Aacutegis) e que por isso ele natildeo seria o herdeiro direto do trono de Esparta De qualquer modo Agesilau foi educado de acordo com a agoge lacedemocircnia e nosso autor faz questatildeo de frisar que em decorrecircncia disso o liacuteder espartano sempre respeitou e praticou as leis de sua cidade (c 1) Mesmo apresentando uma pequena diferenccedila de tamanho de uma perna para a outra ele tinha outras qualidades espartanas como a honestidade a mansidatildeo e a beleza fiacutesica (c 2) Sua formaccedilatildeo foi tatildeo bem sucedida que diferente de Alexandre o grande e de Haniacutebal Agesilau foi um general que conquistou importantes vitoacuterias e mesmo assim nunca deixou de obedecer agraves leis espartanas (c 15) Mesmo depois de tornar‑se um lendaacuterio vencedor ele voltou a Esparta e continuou o mesmo homem de antes sem apresentar nenhuma novidade no seu comportamento diferente de outros estrategos quando voltavam de longas expediccedilotildees a terras estrangeiras (c 19)

Plutarco nos conta que Lisandro ndashque dizem ter sido amante de Agesilau na juventude (c 2)ndash pretendia introduzir muitas inovaccedilotildees e mudanccedilas no governo da Lacocircnia (c 20) Embora outros liacutederes de Esparta como Antaacutelcidas tenham feito acordos com os Persas e tenham abandonado laquocovarde e maldosamenteraquo os gregos da Aacutesia sob o domiacutenio dos baacuterbaros como nos diz Plutarco (c 23) Agesilau sempre foi um defensor da justiccedila Entre os capiacutetulos 29 e 30 da Vida de Agesilau nosso autor nos conta que os espartanos que perderam parentes na bata‑lha de Leuctra (em 371 a C) se alegraram e os que natildeo perderam ficaram tristes De certa forma eles responsabilizaram Agesilau pela derrota e lamentaram ter aceito um rei coxo Contudo Agesilau tinha boa reputaccedilatildeo e era muito virtuoso Prova disso eacute que sem promover nenhuma inovaccedilatildeo ele disse que era preciso fazer as leis dormirem para que retomassem a autoridade que tiveram no passado

Entretanto Plutarco natildeo faz apenas elogios a Agesilau Cartledge (1987 418) observa que ele faz criacuteticas a Agesilau por causa de sua ingratidatildeo em relaccedilatildeo a Lisandro (c 8) e condena seu comportamento porque ele teria hon‑rado mais os amigos do que a justiccedila (c 13 ver tambeacutem Moralia 807d) Aleacutem disso Plutarco via uma relaccedilatildeo direta entre a decadecircncia de Esparta e a ascenccedilatildeo

6 Sobre isso ver Duff (2002) 161‑204 e a introduccedilatildeo de Flaceliegravere e Chambry em Plutarque (1971) 158‑173

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ilegiacutetima de Agesilau ao trono (c 21) Poreacutem no geral nosso autor eacute tatildeo favoraacutevel e simpaacutetico a Agesilau quanto Xenofonte que tambeacutem escreveu uma biografia do rei espartano a qual certamente serviu de base para a Vida composta pelo poliacutemata de Queroneia Segundo Cartledge (1987 418) para Plutarco Agesilau foi a encarnaccedilatildeo das virtudes peculiarmente espartanas simplicidade piedade e autocontrole7

Depois na Vida de Aacutegis e na Vida de Cleocircmenes Plutarco narra os uacuteltimos momentos da histoacuteria da Esparta independente ou seja o ponto mais baixo da decadecircncia daquela cidade Os reis Aacutegis e Cleocircmenes que reinaram no seacuteculo III a C tentaram restaurar os antigos valores dos tempos de Licurgo Eles tinham os dons naturais para levar essa tarefa a cabo Aacutegis tinha grandeza de alma e se insurgia contra os prazeres desde antes dos vinte anos (c 4) natildeo gostava de rou‑pas luxuosas e baniu toda suntuosidade para aderir aos antigos haacutebitos lacocircnios caracterizados pela simplicidade de vida Mas seu exemplo e sua energia natildeo foram suficientes para restaurar os costumes tradicionais e ele foi assassinado ainda muito jovem (cc 19‑21) Aquela Esparta incorrupta e valorosa dos tempos de Licurgo dava seus uacuteltimos suspiros

Cleocircmenes natildeo era parente de Aacutegis mas foi obrigado a se casar com a vi‑uacuteva do rei assassinado ou seja Agiaacutetis Segundo Plutarco (c 1) Cleocircmenes era ambicioso e tinha grandeza de alma Era temperante e simples como Aacutegis Ele tambeacutem quiz restaurar os antigos costumes espartanos (c 11) Primeiro depois de longa disputa poliacutetica abriu matildeo de seus bens Depois distribuiu as terras entre os cidadatildeos Restabeleceu a educaccedilatildeo dos jovens e a disciplina espartana Ele proacuteprio levou uma vida simples e frugal para dar o exemplo aos outros la‑cedemocircnios sem insolecircncia nem orgulho excessivo ou seja como um modelo de temperanccedila (c 13) Mesmo quando perdeu sua esposa Agiaacutetis por quem se enamorara verdadeiramente Cleocircmenes manteve a firmeza e seu caraacuteter elevado e tomou as providecircncias necessaacuterias para garantir a seguranccedila de seus soldados e aliados (c 22) Depois de reinar por dezesseis anos Cleocircmenes morreu (cc 37‑38) e assim terminou a histoacuteria de Esparta como cidade politicamente autocircnoma

Ateacute aqui vimos que podemos encontrar nas Vidas dos liacutederes espartanos escritas por Plutarco aquela imagem caracterizada por um conjunto de valores que parecem ter ganhado forccedila numa eacutepoca lendaacuteria e foram se enfraquecendo conforme o tempo foi passando e Esparta foi estendendo seu poder para fora da Lacedemocircnia Nesse quadro vemos uma cidade altamente militarizada de guerreiros corajosos disciplinados e afeitos a uma vida sem luxos e sem confortos Isso poderia indicar que os espartanos eram um povo rude pouco sofisticado e fechado para as artes

7 Cf tambeacutem a introduccedilatildeo de Flaceliegravere e Chambry em Plutarque (1973) 85‑88 e Shipley (1998) 1‑46

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Poreacutem vaacuterias fontes arqueoloacutegicas vasculares e mesmo literaacuterias nos mostram o contraacuterio Apesar de Tuciacutedides (1102) ter dito que os edifiacutecios em Esparta eram modestos e natildeo correspondiam ao tamanho do poder militar e poliacutetico da cidade dos lacedemocircnios em seu apogeu a avaliaccedilatildeo dos monumentos arquitetocircnicos espartanos precisa ser feita com cuidado Eacute preciso lembrar que Esparta natildeo foi destruiacuteda nas Guerras Meacutedicas como Atenas foi A capital da Aacutetica foi reconstruiacuteda e uma grande soma de dinheiro afluiu para ela por causa das contribuiccedilotildees dos aliados da Liga de Delos Isso natildeo aconteceu com a princi‑pal cidade da Lacocircnia Desse modo nela foram conservados edifiacutecios antigos do seacuteculo VI a C que apresentavam outro estilo de construccedilatildeo mais arcaizante do que claacutessico Dependendo do ponto de vista um estilo pode ser mais valorizado do que o outro

De qualquer modo Pausacircnias (3113) viajante do seacuteculo II d C que fez uma descriccedilatildeo de vaacuterias cidades da Greacutecia daquela eacutepoca nos informa que havia em Esparta vaacuterios monumentos que despertavam a admiraccedilatildeo daqueles que por ali passavam tal como o Poacutertico Persa construiacutedo inicialmente com o butim amealhado na guerra contra os persas Outros exemplos de edifiacutecios que nos uacuteltimos anos vecircm sendo estudados satildeo o templo de Apolo em Amiclas o templo de Aacutertemis Oacutertia e o Menelaion onde eram cultuados Menelau e Helena8

Cartledge (2002 111) nos informa que depois de 690 a C pintores de vasos da Lacocircnia sofreram influecircncia de artistas do Egeu e adotaram o chamado estilo lsquoorientalizantersquo o que mostra que na praacutetica Esparta natildeo estava isolada do resto do mundo helecircnico Ainda segundo Cartledge nessa eacutepoca artesatildeos lacocircnios que trabalhavam com bronze comeccedilaram a se interessar pela representaccedilatildeo de figuras humanas em suas obras e por volta de 650 a C comeccedilou a se desenvolver na regiatildeo de Esparta o uso do marfim para produccedilatildeo de objetos gravados Vemos entatildeo que o ambiente artiacutestico na Lacedemocircnia entre 775 e 650 a C natildeo era de modo algum esteacuteril ou sem importacircncia9

Como Burn (1960 275‑276) explica Esparta natildeo virou suas costas para a arte e a poesia Prova disso eacute que vasos com detalhes refinados foram fabricados ali e exportados para outras regiotildees da Heacutelade ateacute 550 a C mais ou menos Por volta de 600 a C Gitiadas poeta escultor e arquiteto projetou o Templo de Atena tambeacutem conhecido como Casa de Bronze por causa das placas feitas com esse metal para decorar o edifiacutecio E em 585 a C o segundo templo de Oacutertia foi construiacutedo Ou seja havia artesatildeos trabalhando em Esparta no periacuteodo arcaico que produziram obras dignas de admiraccedilatildeo10

8 Para mais informaccedilotildees sobre a arqueologia e a arquitetura espartanas ver Walker (1998) Kaltsas (2007) e Cavanagh (2009)

9 Sobre isso ver tambeacutem Burn (1960) 180‑184 e Stibbe (1996) passim10 Ver tambeacutem Burn (1960) 280‑282 e Cartledge (2002) 133‑136

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No que diz respeito agrave muacutesica Plutarco nos daacute significativos testemunhos da sua importacircncia em ambiente espartano tanto nas Vidas quanto nos Moralia Na Vida de Licurgo no c 4 por exemplo encontramos a informaccedilatildeo segundo a qual o legislador lendaacuterio teria convidado um poeta‑legislador de Creta para ir a Esparta com ele Esse poeta se chamava Tales Mas talvez tenha havido alguma confusatildeo na tradiccedilatildeo manuscrita e esse Tales poderia ser o Taletas de Gortina mencionado algumas vezes no livro Sobre a Muacutesica tambeacutem de Plutarco Ele teria sido o responsaacutevel por curar os espartanos de uma peste com o seu canto11 Aleacutem disso no mesmo c 4 nos eacute dito que Licurgo teria sido o responsaacutevel por levar os poemas de Homero da Jocircnia para sua cidade

Depois no c 21 da mesma Vida Plutarco nos diz que os lacedemocircnios apreciavam se dedicar agrave poesia meacutelica porque as canccedilotildees estimulavam seus espiacuteritos e lhes davam coragem para enfrentar os inimigos nas batalhas Seu estilo era simples e seus temas eram seacuterios com o objetivo de promover uma boa formaccedilatildeo dos caraacuteteres Nelas eram louvados os heroacuteis de Esparta e condenados os covardes que natildeo lutaram ateacute o fim para defender sua cidade Nos festivais eram organizados trecircs coros de acordo com as idades um de velhos outro de adultos e outro de jovens Cada um cantava sobre a sua bravura uns falavam dos seus feitos no passado os outros tratavam das suas accedilotildees no presente e os uacuteltimos cantavam sobre o seu desejo de realizar grandes proezas no futuro Esses seriam os temas baacutesicos das canccedilotildees em Esparta e por isso segundo Plutarco Terpandro e Piacutendaro estavam corretos ao associar bravura e muacutesica e ao mostrar que os espartanos eram o povo mais aguerrido e mais musical

Por isso natildeo era por acaso que os jovens cantavam o nomo de Caacutestor e o peatilde da marcha (c 22) e em todo lugar havia danccedilas festas e banquetes quando natildeo havia expediccedilotildees militares (c 24) Contudo o gosto pela boa muacutesica e pela boa poesia natildeo era caracteriacutestico de todos os habitantes da Lacocircnia tendo em vista que os hilotas danccedilavam e cantavam canccedilotildees vulgares e grotescas diferentes das composiccedilotildees de Aacutelcman Terpandro e Especircndon (c 28) Isso na verdade estava associado ao fato de eles serem escravos e por isso era compreensiacutevel que eles apreciassem canccedilotildees vis como eles proacuteprios

Na Vida de Lisandro encontramos algumas informaccedilotildees que reforccedilam a impressatildeo de que os espartanos tinham sim grande sensibilidade para a muacutesica No c 15 ficamos sabendo que os lacocircnios depois de conquistar Atenas em 404 a C queriam destruir aquela cidade mas apoacutes ouvir um coro da Electra de Euriacutepides desistiram Em seguida no c 18 Plutarco nos conta que Lisandro estava sempre acompanhado do poeta Queacuterilo encarregado de celebrar os feitos do general E outros poetas tambeacutem celebraram Lisandro segundo nosso autor

11 Ver Plu Mus 42 (1146B‑C) e Gostoli (1990) 12‑13 e

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Na Vida de Agesilau c 14 lemos que os espartanos apreciavam uma parte da poesia de Timoacuteteo de Mileto poeta que teria tido algumas cordas de sua ciacutetara cortadas quando de uma sua visita a Esparta porque os eacuteforos julgavam que natildeo seriam necessaacuterias mais do que sete cordas e o instrumento do poeta tinha onze12 Essa anedota indica que os lacocircnios natildeo apreciavam inovaccedilotildees Poreacutem a informaccedilatildeo do c 14 da Vida de Agesilau mostra que eles poderiam aceitar pelo menos uma parte da obra de um poeta inovador desde que essa parte se adequas‑se ao gosto e agraves tradiccedilotildees do local Tambeacutem nessa mesma Vida c 21 Plutarco nos diz que o rei Agesilau apreciava os cantos e as danccedilas mesmo natildeo sendo um lsquoespecialistarsquo nas artes

Por fim na Vida de Aacutegis c 10 encontramos um elogio a Terpandro a Ta‑les (Taletas) e a Fereacutecides porque mesmo sendo estrangeiros professavam o que Licurgo instituiu e por isso foram muito honrados em Esparta Na Vida de Cleocircmenes c 2 somos informados que o rei Leocircnidas elogiou Tirteu algo facilmente compreensiacutevel tendo em vista o caraacuteter estimulante e guerreiro das elegias daquele poeta Aleacutem disso nessa mesma Vida citada por uacuteltimo c 12 Plutarco nos conta que Cleocircmenes certa vez teria encontrado alguns artistas de Dioniso muacutesicos e atores profissionais que iam de cidade em cidade para se apresentar e construiu um teatro Isso mostra que esse rei estimulou de alguma maneira as atividades artiacutesticas mesmo que ele natildeo tivesse o costume de levar artistas com seu exeacutercito de acordo com Plutarco e nem apreciasse apresentaccedilotildees musicais nos seus banquetes (c 13)

Tudo isso mostra que Esparta era uma cidade onde a muacutesica tinha um papel importe na educaccedilatildeo e na guerra e que os lacocircnios natildeo eram um povo obtuso e indiferente ao poder das melodias De acordo com Plutarco tendo em vista agora algumas passagens dos Moralia os espartanos passavam por treinamento rigoroso no que diz respeito agrave muacutesica e agrave poesia e suas canccedilotildees estimulavam os espiacuteritos e faziam com que os homens se sentissem entusiasmados e se esfor‑ccedilassem para ser bem sucedidos Em vaacuterias passagens das suas Obras Morais ele elogia o estilo da muacutesica deles porque ela era simples e natildeo afetada e seus temas eram seacuterios e edificantes Se algueacutem estudasse a poesia e as canccedilotildees de marcha de Esparta acompanhadas pelo aulo essa pessoa concordaria que Terpandro e Piacutendaro estavam certos ao associar valor (andreia) e muacutesica Como vimos acima nos trechos citados das Vidas Plutarco tambeacutem diz que os Espartanos eram o povo ao mesmo tempo mais musical (mousikotatous) e o mais afeito agrave guerra (polemikotatous)13

No livro sobre os Antigos Costumes dos Espartanos Plutarco tambeacutem elogia os ritmos das canccedilotildees de marcha (embaterioi rhythmoi) porque eles despertavam

12 Ver Plu Agis 1013 Cf Lyc 211‑4

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a coragem a audaacutecia e o desdeacutem pela morte requisitos indispensaacuteveis para o guerreiro valoroso Os espartanos usavam esses ritmos para danccedilar mas tambeacutem quando avanccedilavam contra os inimigos ao som do aulo Plutarco lembra que Li‑curgo associava o amor pela muacutesica agrave praacutetica militar para que o espiacuterito guerreiro combinado com a melodia tivesse concordacircncia e harmonia (symphonia kai har‑monia) Por isso em tempos de guerra os reis espartanos ofereciam sacrifiacutecios agraves Musas antes de ir para a batalha como Plutarco nos conta nos Instituta Laconica 16 (238B‑C)

E para manter a pureza da sua muacutesica e dos seus costumes os espartanos agraves vezes recorriam a atos violentos Como Plutarco reporta nos Instituta Laconica 17 (238C‑D) eles natildeo permitiriam que ningueacutem desrespeitasse de modo algum as regras da muacutesica do passado Nem mesmo Terpandro um dos mais antigos e melhores citaredos (aqueles que cantavam acompanhados da ciacutetara ou da lira) teria a permissatildeo para acrescentar uma corda extra ao seu instrumento para que suas melodias fossem mais variadas Ele tentou fazer isso mas os eacuteforos pregaram sua lira numa parede por causa do seu ato iacutempio contraacuterio agrave tradiccedilatildeo Em outra ocasiatildeo um dos eacuteforos teria procedido com mais violecircncia quando Timoacuteteo o famoso muacutesico inovador que floresceu na segunda metade do seacuteculo V a C estava competindo no festival das Carneias ele pegou uma faca e perguntou ao muacutesico de que lado ele deveria cortar as cordas supeacuterfluas cujo nuacutemero ultra‑passava o tradicional de sete cordas Outras variantes dessa histoacuteria satildeo contadas por Plutarco em outros textos mas nessas outras passagens Friacutenis outro muacutesico inovador da segunda metade do seacuteculo V a C eacute o protagonista14

Mas para aleacutem da sua importacircncia na educaccedilatildeo e nos contextos de bata‑lha a muacutesica tinha grande significado tambeacutem nas momentos das celebraccedilotildees religiosas Dentre as festividades religiosas realizadas na Lacedemocircnia uma das mais importantes era a das Carneias realizada em Esparta e intimamente ligada agrave histoacuteria de Terpandro As origens desse festival eram muito antigas anteriores ao seacuteculo VIII a C tendo em vista que no seacuteculo VII os colonizadores espartanos da cidade italiana de Tarento jaacute tinham o costume de celebraacute‑la15 As Carneias eram dedicadas ao deus Apolo Carneu Em Esparta havia concursos musicais e atleacuteti‑cos uma corrida de jovens e um banquete ritual que contava com a participaccedilatildeo dos homens adultos que representavam as fratrias O festival era organizado por cidadatildeos solteiros e era o momento adequado para que os jovens que jaacute haviam completado seu periacuteodo de formaccedilatildeo ingressassem na vida adulta16

O que nos interessa aqui eacute o papel que a muacutesica desempenhava no contexto dessas festividades Um elemento importante nesses momentos de comemoraccedilatildeo

14 Cf Prof virt 84A Apophth Lac 220C e Agis 107 jaacute citada na nota 9 Cf Rocha (2008) 654‑655

15 Brelich (1969) 181‑18216 Brelich (1969) 149‑150

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eram os concursos A realizaccedilatildeo de concursos musicais no acircmbito do festival das Carneias natildeo teria acontecido desde o iniacutecio A introduccedilatildeo de agones provavel‑mente ocorreu quando Terpandro migrou de Metimna (Lesbos) para Esparta na primeira metade do seacuteculo VII a C Nesse contexto eacute importante considerar o testemunho de Helacircnico17 segundo o qual Terpandro teria sido o primeiro a vencer o concurso musical nas Carneias Esse fato parece estar diretamente relacionado agrave fundaccedilatildeo da primeira escola musical (katastasis) em Esparta por obra do mesmo Terpandro Segundo Brelich (1969 186‑191) eacute muito provaacutevel que a introduccedilatildeo do concurso musical nas Carneias tenha sido influenciada pela proacutepria katastasis18 Essa hipoacutetese ganha forccedila se consideramos o capiacutetulo 9 do tratado Sobre a Muacutesica como um todo Ali Plutarco fala da primeira katastasis fundada por Terpandro e menciona tambeacutem a segunda katastasis liderada por Taletas de Gortina Xenoacutedamo de Citera Xenoacutecrito de Locres Polimnesto de Coacutelofon e Saacutecadas de Argos muacutesicos que teriam instituiacutedo as Gimnopeacutedias em Esparta as Apodeixeis na Arcaacutedia e as Endimaacutetias em Argos Jaacute que os membros da segunda escola musical foram fundadores de festivais19 em diferentes cidades do Peloponeso Terpandro tambeacutem pode ter desempenhado o mesmo papel no contexto das Carneias

No que diz respeito agraves Gimnopeacutedias contudo encontramos uma situaccedilatildeo diferente Possuiacutemos uma grande variedade de informaccedilotildees sobre esse festival que inclusive muitas vezes satildeo contraditoacuterias Mas tratando apenas daquilo que nos interessa aqui sabemos que no periacuteodo das festividades aconteciam apresentaccedilotildees de coros de adolescentes e adultos instituiacutedos em honra a Apolo que cantavam hinos compostos por poetas como Taletas Aacutelcman e Dionisodoto Depois da batalha de Tireia em 544 aC na qual Esparta lutou contra Argos pela posse da Tireaacutetida tornou‑se costumeiro cantar um peatilde em honra dos soldados que morreram naquela ocasiatildeo Por causa desse elemento ritual e da comparaccedilatildeo com as Apodeixeis e as Endimaacutetias as Gimnopeacutedias foram consideradas festas que indicavam o momento no qual os jovens receacutem‑iniciados eram integrados agrave vida militar20

Tendo tudo isso em vista podemos concluir que eacute preciso colocar a miragem espartana em perspectiva Esparta natildeo era tatildeo lsquoespartanarsquo assim e natildeo foi sempre lsquoespartanarsquo Havia espaccedilo naquela cidade para o cultivo das artes tais como a arquitetura a escultura a pintura vascular a muacutesica (que incluiacutea a poesia) e a danccedila Nela floresceram poetas como Aacutelcman Terpandro e Tirteu Nela surgiram escolas poeacuteticomusicais Nela viveram poetas estrangeiros tais como Taletas de

17 FGrHist 4 F 85 = Ateneu 635e = Terpander Test 1 Gostoli18 Cf tambeacutem Gostoli (1990) 84‑8519 Mais do que fundadores de festivais eacute mais verossiacutemil pensar que esses autores foram os

responsaacuteveis pela introduccedilatildeo dos concursos musicais como parte das celebraccedilotildees 20 Cf Gostoli (1990) 85‑86

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Gortina (Creta) e Saacutecadas de Argos E sendo assim houve um ambiente feacutertil e favoraacutevel para o desenvolvimento e o cultivo de atividades artiacutesticas Os esparta‑nos foram sim grandes guerreiros que contribuiacuteram decisivamente para a vitoacuteria dos helenos sobre os persas Eles cultivaram sim suas habilidades guerreiras a ponto de derrotar os atenienses na Guerra do Peloponeso Poreacutem Esparta natildeo foi somente uma comunidade de soldados que dedicavam suas vidas somente agrave guerra Esparta foi tambeacutem uma cidade onde as pessoas cantavam danccedilavam e apreciavam a beleza dos edifiacutecios e dos objetos do cotidiano Eacute preciso reconhecer isso e na obra de Plutarco jaacute encontramos essa imagem multifacetada dessa cul‑tura Basta direcionar os olhos para outras direccedilotildees

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Timoacuteteo 167‑168 178 183Timoacutexena 195Tindaacuteridas 63Tireaacutetida 169Tireia 169Tireacutesias 236Tirteu 167 169 221Titatildes 245Trajano 121Trezena 31 32‑35 38 Tricoacuterito 39Troia 81 124Tuciacutedides 122 160 181Ulisses 81 192Valeacuterio (vd Puacuteblio Valeacuterio)Vestais 58 204Viacutenio 200Xantipo 191 201Xenoacutecrito 169Xenoacutedamo 169Xenofonte 160 164Zaleuco 88Zeus 36 40‑41 220 226 243

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Index nominum

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Notas biograacuteficas dos autores

Aacutelia Rodrigues eacute doutorada em Estudos Claacutessicos (Literatura Grega) e inves‑tigadora do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse satildeo a histoacuteria das ideias poliacuteticas desde os Gregos ateacute agrave modernidade histoacuteria legal e a recepccedilatildeo de temas claacutessicos na contemporaneidade

Ana Ferreira eacute Professora Auxiliar do Departamento de Estudos Portugueses e Ro‑macircnicos da Faculdade de Letras da Universidade do Porto e investigadora do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a histoacuteria antiga a literatura greco‑romana bem como a didaacutectica das liacutenguas claacutessicas

Delfim F Leatildeo eacute Professor Catedraacutetico da Instituto de Estudos Claacutessicos e investiga‑dor do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a histoacuteria antiga o direito e a teorizaccedilatildeo poliacutetica dos Gregos a pragmaacutetica teatral e a escrita romanesca antiga

Faacutebio Vergara Cerqueira eacute Professor Adjunto do Instituto de Ciecircncias Humanas da Universidade Federal de Pelotas pesquisador PQ‑2 do CNPq Professor Visitante na Universidade de Heidelberg Bolsista Fundaccedilatildeo Humboldt ldquoPesquisador Experienterdquo Principais aacutereas de interesse satildeo histoacuteria e arqueologia da Greacutecia antiga e sua recepccedilatildeo enfocando muacutesica iconografia ceramologia gecircnero memoacuteria social identidade e patrimocircnio cultural

Guillermina Gonzaacutelez Almenara es Profesor Contratado Doctor Tipo 1 vinculada con el Aacuterea de Filologiacutea Griega del Departamento de Filologiacutea Claacutesica Francesa Aacuterabe y Romaacutenica de la Universidad de La Laguna Sus principales liacuteneas de investi‑gacioacuten son la mujer y el aacutembito femenino en la Grecia antigua Historiografiacutea griega Historia y civilizacioacuten de la Grecia antigua

Ivana S Chialva es Doctora en Letras Investigadora Asistente del Conicet y Profesora de Griego y Literaturas griega y latina de la Facultad de Humanidades y Ciencias de la Universidad Nacional del Litoral (Santa Fe Argentina) Sus tra‑bajos sobre el mundo antiguo se focalizan en la relacioacuten entre primera y segunda sofiacutestica y en la influencia de este uacuteltimo fenoacutemeno en la prosa narrativa griega de eacutepoca imperial especialmente la retoacuterica la biografiacutea y la novela en sus diferentes formas

Jesuacutes-Mordf Nieto Ibaacutentildeez es Catedraacutetico de Filologiacutea Griega de la Universidad de Leoacuten Sus liacuteneas de investigacioacuten son la literatura judiacutea en lengua griega los primeros textos cristianos el Humanismo y la Tradicioacuten claacutesica Actualmente dirige un Proyecto de

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investigacioacuten sobre el Humanismo la Tradicioacuten claacutesica y patriacutestica y la exeacutegesis biacuteblica en los siglos XVI y XVII

Joaquim Pinheiro eacute Professor Auxiliar da Universidade da Madeira e investigador do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a biografia antiga a Segunda Sofiacutestica a retoacuterica claacutessica e o pensamento poliacutetico dos Gregos

Joseacute M Candau es Catedraacutetico de Filologiacutea Griega en la Universidad de Sevilla Sus principales aacutereas de investigacioacuten son la historiografiacutea griega y Plutarco

Loraine Oliveira eacute professora de Filosofia da Universidade de Brasiacutelia Publicou o livro Plotino escultor de mitos pela Imprensa da Universidade de CoimbraAnnablume em 2014 Vem se dedicando principalmente a estudar os mitos em Plotino Plutarco e Porfiacuterio assim como o vegetarianismo em Plutarco e Porfiacuterio

Maria Aparecida de Oliveira Silva eacute professora visitante do Programa de Poacutes‑Gradu‑accedilatildeo em Letras Claacutessicas da Universidade de Satildeo Paulo e Professora Pesquisadora do Programa de Poacutes‑Graduaccedilatildeo em Histoacuteria da Universidade Federal de Satildeo Paulo Liacuteder do Grupo CNPq LABHAN Laboratoacuterio de Histoacuteria Antiga da Universidade Federal do Amapaacute Pesquisadora do Grupo CNPq Linceu ‑ Visotildees da Antiguidade Claacutessica da Universidade Estadual Paulista Pesquisadora do Grupo Retoacuterica Texto y Comunicacioacuten da Universidad de Caacutediz Membro do Conselho Acadecircmico do Seminaacuterio de Histoacuteria e Filosofia das Religiotildees da Universidad Autoacutenoma de Ciudad Juaacuterez mdash Meacutexico Pesquisa e publica trabalhos sobre Esparta Plutarco e biografia antiga

M Teresa Fau Ramos es Profesora Titular del Departament de Filologia Grega de la Universitat de Barcelona y miembro del Grup de Recerca Graecia Capta que investiga la pervivencia de la identidad griega bajo el imperio romano Sus principales aacutereas de intereacutes cientiacutefico son la historia e instituciones de la Grecia claacutesica y post‑claacutesica la religioacuten helena (paganismo) y diversos aspectos del cristianismo primitivo

Pilar Goacutemez Cardoacute es profesora titular de Filologiacutea Griega en la Universidad de Barcelona donde imparte docencia e investiga desde 1981 Doctora en Filologiacutea Claacutesica desde 1987 con una tesis sobre la tradicioacuten yaacutembica y la faacutebula (La Vida drsquoIsop entre el iambe la faula i la novella) es autora de numerosos artiacuteculos y capiacutetulos de libros sobre la literatura griega de eacutepoca imperial romana en especial sobre Segunda Sofiacutestica y novela ha estudiado principalmente autores como Luciano en cuya edicioacuten y traduccioacuten al castellano para la coleccioacuten Alma Mater participa Plutarco Dioacuten de Prusa o Elio Ariacutestides Es miembro del grupo de investigacioacuten Graecia Capta de la Universidad de Barcelona

Roosevelt Rocha eacute Professor Adjunto do curso de Letras da Universidade Federal do Paranaacute (Brasil) e pesquisador ligado ao Programa de Poacutes‑Graduaccedilatildeo em Letras da

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mesma Universidade As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a poesia grega arcaica (elegia jambo e meacutelica) a muacutesica grega antiga e o estudo da performance da poesia grega dos periacuteodos arcaico e claacutessico

Vicente Ramoacuten es Profesor Tiular de Filologiacutea Griega de la Universidad de Zara‑goza Sus intereses cientiacuteficos pueden sintetizarse en las siguientes liacuteneas Plutarco de Queronea y la biografiacutea poliacutetica historiografiacutea griega retoacuterica y oratoria griegas tradicioacuten claacutesica teatro griego la irreligiosidad en la Atenas Claacutesica

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Volumes publicados na Colecccedilatildeo Humanitas Supplementum

1 Francisco de Oliveira Claacuteudia Teixeira e Paula Barata Dias Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 1 ndash Liacutenguas e Literaturas Greacutecia e Roma (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

2 Francisco de Oliveira Claacuteudia Teixeira e Paula Barata Dias Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 2 ndash Liacutenguas e Literaturas Idade Meacutedia Renascimento Recepccedilatildeo (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

3 Francisco de Oliveira Jorge de Oliveira e Manuel Patriacutecio Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 3 ndash Histoacuteria Arqueologia e Arte (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2010)

4 Maria Helena da Rocha Pereira Joseacute Ribeiro Ferreira e Francisco de Oliveira (Coords) Horaacutecio e a sua perenidade (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

5 Joseacute Luiacutes Lopes Brandatildeo Maacutescaras dos Ceacutesares Teatro e moralidade nas Vidas suetonianas (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

6 Joseacute Ribeiro Ferreira Delfim Leatildeo Manuel Troumlster and Paula Barata Dias (eds) Symposion and Philanthropia in Plutarch (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

7 Gabriele Cornelli (Org) Representaccedilotildees da Cidade Antiga Categorias histoacutericas e discursos filosoacuteficos (Coimbra Classica DigitaliaCECHGrupo Archai 2010)

8 Maria Cristina de Sousa Pimentel e Nuno Simotildees Rodrigues (Coords) Sociedade poder e cultura no tempo de Oviacutedio (Coimbra Classica DigitaliaCECHCECCH 2010)

9 Franccediloise Frazier et Delfim F Leatildeo (eds) Tychegrave et pronoia La marche du monde selon Plutarque (Coimbra Classica DigitaliaCECH Eacutecole Doctorale 395 ArScAn‑THEMAM 2010)

10 Juan Carlos Iglesias‑Zoido El legado de Tuciacutedides en la cultura occidental (Coimbra Classica DigitaliaCECH ARENGA 2011)

11 Gabriele Cornelli O pitagorismo como categoria historiograacutefica (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2011)

12 Frederico Lourenccedilo The Lyric Metres of Euripidean Drama (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2011)

13 Joseacute Augusto Ramos Maria Cristina de Sousa Pimentel Maria do Ceacuteu Fialho Nuno Simotildees Rodrigues (coords) Paulo de Tarso Grego e Romano Judeu e Cristatildeo (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

14 Carmen Soares amp Paula Barata Dias (coords) Contributos para a histoacuteria da alimentaccedilatildeo na antiguidade (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

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15 Carlos A Martins de Jesus Claudio Castro Filho amp Joseacute Ribeiro Ferreira (coords) Hipoacutelito e Fedra ‑ nos caminhos de um mito (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

16 Joseacute Ribeiro Ferreira Delfim F Leatildeo amp Carlos A Martins de Jesus (eds) Nomos Kosmos amp Dike in Plutarch (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

17 Joseacute Augusto Ramos amp Nuno Simotildees Rodrigues (coords) Mnemosyne kai Sophia (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

18 Ana Maria Guedes Ferreira O homem de Estado ateniense em Plutarco o caso dos Alcmeoacutenidas (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

19 Aurora Loacutepez Andreacutes Pocintildea amp Maria de Faacutetima Silva De ayer a hoy influencias claacutesicas en la literatura (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

20 Cristina Pimentel Joseacute Luiacutes Brandatildeo amp Paolo Fedeli (coords) O poeta e a cidade no mundo romano (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

21 Francisco de Oliveira Joseacute Luiacutes Brandatildeo Vasco Gil Mantas amp Rosa Sanz Serrano (coords) A queda de Roma e o alvorecer da Europa (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

22 Luiacutesa de Nazareacute Ferreira Mobilidade poeacutetica na Greacutecia antiga uma leitura da obra de Simoacutenides (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica DigitaliaCECH 2013)

23 Faacutebio Cerqueira Ana Teresa Gonccedilalves Edalaura Medeiros amp JoseacuteLuiacutes Brandatildeo Saberes e poderes no mundo antigo Vol I ndash Dos saberes (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia2013) 282 p

24 Faacutebio Cerqueira Ana Teresa Gonccedilalves Edalaura Medeiros amp Delfim Leatildeo Saberes e poderes no mundo antigo Vol II ndash Dos poderes (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013) 336 p

25 Joaquim J S Pinheiro Tempo e espaccedilo da paideia nas Vidas de Plutarco (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013) 458 p

26 Delfim Leatildeo Gabriele Cornelli amp Miriam C Peixoto (coords) Dos Homens e suas Ideias Estudos sobre as Vidas de Dioacutegenes Laeacutercio (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013)

27 Italo Pantani Margarida Miranda amp Henrique Manso (coords) Aires Barbosa na Cosmoacutepolis Renascentista (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2013)

28 Francisco de Oliveira Maria de Faacutetima Silva Tereza Virgiacutenia Ribeiro Barbosa (coords) Violecircncia e transgressatildeo uma trajetoacuteria da Humanidade (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

29 Priscilla Gontijo Leite Eacutetica e retoacuterica forense asebeia e hybris na caracterizaccedilatildeo dos adversaacuterios em Demoacutestenes (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

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30 Andreacute Carneiro Lugares tempos e pessoas Povoamento rural romano no Alto Alentejo ‑ Volume I (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2014)

31 Andreacute Carneiro Lugares tempos e pessoas Povoamento rural romano no Alto Alentejo ‑ Volume II (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2014)

32 Pilar Goacutemez Cardoacute Delfim F Leatildeo Maria Aparecida de Oliveira Silva (coords) Plutarco entre mundos visotildees de Esparta Atenas e Roma (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

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Resumo da obra

A vasta e variada obra de Plutarco permite sempre uma abordagem a partir de distintas

perspetivas com diferentes intenccedilotildees e propoacutesitos variados No entanto eacute importante

identificar tambeacutem fios comuns nessa abordagem porque permitem demonstrar tanto a

niacutevel formal como de conteuacutedo que haacute muitos elementos comuns que permeiam o trabalho

de Plutarco

Os treze contributos para este volume tecircm como elo comum o nome de trecircs cidades

Esparta Atenas e Roma Elas representam espaccedilos poliacuteticos e institucionais diversos dada

a sua extensatildeo geograacutefica e cronoloacutegica mas simbolizam igualmente diferentes modelos

de organizaccedilatildeo social atraveacutes dos quais a Greacutecia pode ser contrastada com Roma ou Atenas

comparada com Esparta mdash ainda que o seu verdadeiro interesse na obra de Plutarco seja

que representam sempre locais paradigmaacuteticos onde vivem e convivem pessoas Por

isso os estudiosos de Plutarco que contribuiacuteram para este volume procuram analisar em

cada uma dessas cidades seja por assimilaccedilatildeo ou por contraste a forma como o autor de

Queroneia aborda a ligaccedilatildeo entre indiviacuteduo e comunidade a partir do exerciacutecio do poder

e da experiecircncia religiosa qual o papel da educaccedilatildeo e do domiacutenio privado na projeccedilatildeo

puacuteblica dos protagonistas retratados por Plutarco ou ateacute que ponto a imagem dos primeiros

legisladores e fundadores miacuteticos foi condicionada pela evoluccedilatildeo histoacuterica destas mesmas

cidades

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Page 19: Versão integral disponível em digitalis.uc · visões de Esparta, Atenas e Roma IMPRENSA DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA COIMBRA UNIVERSITY PRESS ANNABLUME Versão integral disponível

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Legislar teniacutea un precio

Tras estas disposiciones designoacute como colega suyo en el cargo a Lucrecio que fallecioacute pocos diacuteas despueacutes del nombramiento siendo sucedido por Marco Horacio113 En cuanto a Publiacutecola sufrioacute a causa de los honores recibidos por su doble condicioacuten de legislador y liacuteder militar la envidia de laquomuchos poderososraquo (πολλοὶ τῶν δυνατῶν) los cuales frustraron su deseo de consagrar el templo de Juacutepiter Capitolino114 Pero ello no fue obstaacuteculo para que Valerio continuara su exitosa carrera pues llegoacute a ser nombrado coacutensul por cuarta vez115 Su muerte acaecida despueacutes de lograr para Roma una gran victoria contra los sabinos causoacute un hondo pesar en la poblacioacuten116

Pero el dolor con que Roma reacciona ante la desaparicioacuten del liacuteder no debe hacernos olvidar las suspicacias que antantildeo despertara en la plebe y la envidia que posteriormente suscitoacute entre los poderosos En un caso la situacioacuten se saldoacute con la destruccioacuten por parte de Valerio de la suntuosa mansioacuten que poseiacutea y en un elocuente gesto de reconocimiento de la voluntad popular en el otro llevoacute las de perder pues no consiguioacute realizar el prestigioso ritual que ambicionaba La disensioacuten con el pueblo fue anterior al ejercicio de la actividad legisladora de hecho es gracias a la reconciliacioacuten con las masas que Publiacutecola tuvo la oportu‑nidad de ejercer como νομοθέτης En cambio el incidente con la eacutelite romana se produjo con posterioridad ndashy a consecuencia dendash su tarea como legislador (Plutarco lo indica con claridad) En este sentido podemos considerar que Publiacutecola pagoacute un doble tributo ndashla peacuterdida de su morada y la imposibilidad de llevar a cabo un ritual de alta relevanciandash por su νομοθεσία

Licurgo Soloacuten Numa y Publiacutecola establecen unas leyes por las que debe regirse la sociedad de la que forman parte y por ello reciben de Plutarco la de‑nominacioacuten de νομοθέτης117 Hay sin embargo entre los personajes biografiados

113 Publ 125‑6114 Publ 141‑7 Sobre φθόνος la envidia caracteriacutestica humana que de ninguacuten modo pasa

inadvertida a Plutarco Verdegem (2005) en una aportacioacuten en torno a les Vidas de estadistas atenienses del siglo v a C establece una clara diferencia entre laquopeer‑envyraquo que salvando la distancia cronoloacutegica seriacutea a nuestro entender el sentimiento que Publiacutecola despertoacute entre los poderosos y laquopopular envyraquo que experimenta la turba con respecto a los liacutederes contra quienes haciacutea aplicar en la Atenas claacutesica la medida llamada ostracismo Sobre el valor que el queronense otorga al ostracismo cf Jufresa Muntildeoz amp Fau Ramos (2011) Por otra parte Frazier (1996) atribuye al φθόνος de los personajes plutarqueos un laquocaractegravere quasi automatiqueraquo (p 109)

115 Publ 211116 Publ 231‑5 y 246 Plutarco (Publ 234) pone de relieve que el pueblo decidioacute que el

cuerpo de Publiacutecola fuera enterrado a expensas puacuteblicas dato que hallamos tambieacuten en Dionisio de Halicarnaso (5482‑3) y Valerio Maacuteximo (441) con la diferencia de que estos dos autores indican que ello se debioacute a la situacioacuten de pobreza extrema en que murioacute el estadista

117 Lyc 11 99 141 Sol 143 165 186 Num 93 1412 2310 2513 Publ 121 143 A un lector atento no le habraacute pasado inadvertido el hecho de que no hayamos mencionado ni a Agis ni a Cleoacutemenes personajes que intentaron en vano restaurar la laquobella y justa constitucioacutenraquo (πολιτείαν καλὴν καὶ δικαίαν) de Licurgo (Agis et Cleom 210) Ciertamente ambos pusieron todo su ahiacutenco en la empresa y ambos sufrieron por ello serias penalidades Agis perdioacute la vida

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Mordf Teresa Fau Ramos

por el queronense sujetos a quienes eacuteste no aplica el calificativo de νομοθέτης sino el de οἰκιστήςκτίστης (laquofundadorraquo) o bien les atribuye la accioacuten de οἰκιζεῖνκτιζεῖν (laquofundarraquo) una poblacioacuten Estos individuos fundan (o refundan) una comunidad cosa que les obliga a fijar unas normas Ejercen pues en cierto modo como legisladores y se arriesgan por tanto a contrariar voluntades ajenas Tambieacuten estos personajes de quienes nos ocuparemos ahora sucintamente estaacuten expuestos a pagar un precio por llevar a cabo su cometido

Teseo

Del οἰκιστής Teseo118 nos interesa especialmente su tarea como autor del llamado sinecismo Plutarco nos brinda al respecto una detallada descripcioacuten Seguacuten eacutel tras la muerte del rey Egeo su hijo Teseo se propone laquouna empresa grande y admirableraquo (μέγα καὶ θαυμαστὸν ἔργον) consistente en reunir a todos los habitantes del Aacutetica en una sola ciudad formando con ellos un uacutenico Estado dotado de instituciones comunes119 Pero antes de dar comienzo a su labor re‑corre la regioacuten para informar del proyecto a todos los pobladores Los ciudadanos no relevantes acogen al punto su llamamiento Los ricos en cambio se muestran reticentes y para convencerlos Teseo les ofrece un sistema de gobierno carente de rey y les promete que tan soacutelo reservaraacute para si mismo las funciones de dirigente militar y de laquocustodio de las leyesraquo (νόμων φύλαξ)120

Tras las explicaciones Teseo pone manos a la obra suprime los organismos anteriores y sienta las bases para el establecimiento de una polis a la cual da el

(Agis et Cleom 201) su madre su abuela y su hermano fueron asesinados (Agis et Cleom 202‑7 y 263) y su esposa obligada a contraer matrimonio con el hijo de un enemigo (Agis et Cleom 221‑3) Cleoacutemenes por su parte se vioacute forzado a entregar como rehenes del rey de Egipto a parte de su familia (Agis et Cleom 434‑8) perdioacute a su hermano en combate (Agis et Cleom 496‑7) tuvo que huir de Esparta (Agis et Cleom 503‑4) y fue arrestado en Egipto (Agis et Cleom 567) donde acaboacute suicidaacutendose tras haber intentado provocar un alzamiento contra el rey (Agis et Cleom 576‑5816) y una vez muerto continuaraacuten por asiacute decir las penalidades de Cleoacutemenes ya que el monarca egipcio ordena que su cadaacutever sea ultrajado y que sus hijos su madre y las mujeres del entorno de eacutesta reciban la muerte (Agis et Cleom 594) No obstante he decidido omitir la referencia a estos personajes porque sus esfuerzos por reinstaurar la constitucioacuten de Licurgo no se vieron coronados por el eacutexito y sobre todo porque a diferencia de lo que ocurre con Licurgo Soloacuten Numa y Publiacutecola a Agis y a Cleoacutemenes no les es otorgada por parte de Plutarco la denominacioacuten de νομοθέτης Por lo que a Agis se refiere Roskam (2005) considera que constituye para el queronense el modelo ideal del joven que se dedica a la poliacutetica

118 Thes 15 No entraremos aquiacute a discutir hasta queacute punto podriacutea sentirse Plutarco motivado a biografiar al fundador miacutetico de Atenas ni nos pronunciaremos sobre el no disimulado escepticismo sobre el particular que se le atribuye cf Sirinelli (2000) 301 Por cierto que la obra que acabamos de consignar corresponde a una de las maacutes acreditadas biografiacuteas plutarqueas comparable a las de Jones (1971) Russell (1973) y Lamberton (2001)

119 Thes 241 En la versioacuten plutarquea el sinecismo va maacutes allaacute de la unificacioacuten exclusivamente poliacutetica que describe Tuciacutedides (215)

120 Thes 242

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Legislar teniacutea un precio

nombre de Atenas funda la festividad de las Panateneas para que sea celebrada por el conjunto de la comunidad instaura tambieacuten la fiesta de las Metecias y abdica ndashtal como habiacutea prometido‑ de la corona121

A continuacioacuten se dispone a organizar el nuevo Estado laquoempezando a partir de los diosesraquo (ἀπὸ θεῶν ἀρχόμενος)122 toma medidas para favorecer el crecimiento vegetativo de la polis establece clases entre la ciudadaniacutea asig‑nando un status especiacutefico a cada colectivo acuntildea moneda y fija los liacutemites de Atenas123

Pero al eficiente Teseo tambieacuten le llega la hora de pagar un precio por la tarea realizada124 Un tal Menesteo descendiente de Erecteo emprende una insi‑diosa campantildea contra el fundador soliviantando a laquolos poderososraquo (οἱ δυνατοί) que consideraban que Teseo les habiacutea sustraiacutedo prerrogativas y perturbando asimismo a laquola multitudraquo (οἱ πολλοί) so pretexto de haber perdido seducidos por un espejismo de libertad la patria los templos y los gobernantes que les eran propios yendo a caer bajo la autoridad de un extranjero125 La suerte sonriacutee al alborotador pues los Tindaacuteridas invaden el Aacutetica tal vez ndashapunta Plutarcondash a peticioacuten del propio Menesteo quien se encarga ademaacutes de facilitarles la entrada a la ciudad de Atenas126 De resultas de ello ndashel queronense tiene sus dudas al respectondash Etra la madre de Teseo habriacutea sido hecha prisionera127

El fundador intenta volver a ejercer su autoridadhellip en vano Al fin profun‑damente decepcionado abandona Atenas para siempre no sin antes maldecir a sus habitantes128 Teseo pereceraacute lejos de la patria y su muerte no provocaraacute reaccioacuten alguna en la ciudad129 Mucho tiempo habraacute de transcurrir para que la polis reconozca sus meacuteritos y le rinda los debidos honores que comportaraacuten la

121 Thes 243‑4122 Thes 244 Plutarco no concreta en queacute consiste esta actuacioacuten del fundador123 Thes 251‑4 Por si esta considerable labor fundacional no fuera suficiente somos

informados por Plutarco (Thes 265‑7) de que Teseo es tambieacuten οἰκιστής de la ciudad de Pitoacutepolis de la cual parte despueacutes de haber designado a quienes ejerceraacuten de gobernantes y legisladores

124 Un precio ndashrecordemosndash que ya habiacutea empezado a pagar cuando para persuadir a sus conciudadanos ricos se habiacutea comprometido a renunciar a la corona

125 Thes 321 En este pasaje Plutarco se hace eco de la atribucioacuten a Menesteo del hecho de haber sido laquoel primer hombreraquo (πρῶτος hellip ἀνθρώπων) en laquoejercer de demagogoraquo (δημαγωγεῖν)

126 Thes 322ndash332127 Thes 341128 Thes 353‑5 Esta miacutetica maldicioacuten sirve a Plutarco como αἴτιον para explicar la

etimologiacutea del laquoAraterioraquo o laquolugar de las maldicionesraquo 129 Thes 356‑7 En la descripcioacuten del fracaso que experimenta Teseo al intentar recuperar

el poder Plutarco se sirve de una terminologiacutea poliacutetica (usa en voz pasiva los verbos καταδημαγωγέω y καταστασιάζω) que utiliza tambieacuten en Per 92 y 5 Por otra parte nos parece significativo que la biografiacutea de Teseo no concluya con la alusioacuten a su fallecimiento sino que incorpore (Thes 358ndash365) la mencioacuten de los honores recibidos mucho tiempo despueacutes de su muerte por el fundador de hecho para el queronense el final de una vida no ha de coincidir necesariamente con el final de la biografiacutea cf al respecto Pelling (1997)

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necesidad de laquorecuperarraquo los restos del οἰκιστής y de trasladarlos solemnemente a Atenas130 permitiendo con ello a Cimoacuten el gran adversario de Temiacutestocles apropiarse de la figura del ilustre fundador131

Roacutemulo

La indiferencia que acompantildea al amargo fin de Teseo contrasta con el re‑vuelo que se originoacute en Roma tras la desaparicioacuten de aqueacutel a quien Plutarco considera laquopadreraquo (πατήρ)132 de la urbe que laquofundoacuteraquo (ἔκτισε)133

No es poco ciertamente lo que Roma debe a su οἰκιστής pues ademaacutes de ser el fundador material de la ciudad134 tomoacute unas medidas que seriacutean determi‑nantes para el futuro de la poblacioacuten Asiacute establecioacute los criterios con arreglo a los cuales debiacutean ser clasificados los ya numerosos habitantes de la urbe135 fue corresponsable del pacto crucial sellado entre sabinos y romanos136 introdujo cambios en el armamento137 e instituyoacute nuevos rituales138 El queronense le atri‑buye tambieacuten la promulgacioacuten de algunas leyes ndashἔθηκεhellip νόμους τινάς139 dice textualmentendash como las que hacen referencia al repudio de la esposa140

Pero llegado el liacuteder romano al zeacutenit de la gloria experimentoacute una profunda transformacioacuten en su manera de ser y adoptoacute maneras impropias vistioacute lujosos

130 Thes 358ndash365 Sobre las acciones cultuales relacionadas con el οἰκιστής ateniense cf Plaacutecido (1994) Por otra parte creemos que en la valoracioacuten plutarquea del descalabro sufrido por Teseo tiene un peso considerable la conducta poco edificante del ateniense en relacioacuten con Helena a quien eacuteste que a la sazoacuten contaba cincuenta antildeos habiacutea raptado cuando la muchacha todaviacutea no era nuacutebil (cf Thes 292 y 311‑3) En este contexto consideramos que aunque no se centra en la figura de Teseo es esclarecedora la obra de Beneker (2012) quien asimismo nos brinda datos relevantes en un trabajo posterior cf Beneker (2014) Sobre los valores morales en la obra del queronense cf Duff (1999) y Van Hoof (2010)

131 Thes 362‑3 y Cim 85‑7 En el marco de la poliacutetica ateniense de la primera mitad del siglo V a C no es en modo alguno insoacutelita la utilizacioacuten en beneficio propio de un dios o de un heacuteroe Asiacute mientras Cimoacuten opta por valerse del miacutetico Teseo Temiacutestocles se sirve de la figura de Aacutertemis cf Fau Ramos (2007) Veacutease al respecto Podlecki (1971) y Piccirilli (1987)

132 Thes 15133 Thes 22134 Rom 111‑4135 Rom 131‑8 Cf Id 201‑3 En Rom 137‑8 el queronense nos ofrece una descripcioacuten

tan idealizada como paternalista de los viacutenculos establecidos entre patroni y clientes descripcioacuten que ha sido relacionada con la que nos brinda Dionisio de Halicarnaso (210)

136 Rom 199‑10137 Rom 211138 Rom 211 y 221139 Con esta expresioacuten parece evidente que si bien Plutarco no aplica a Roacutemulo el calificativo

de νομοθέτης siacute que de facto lo tiene por tal140 Rom 223 La informacioacuten plutarquea sobre las leyes de Roacutemulo es ciertamente escueta

Para una visioacuten mucho maacutes amplia que incluye los derechos hereditarios de las mujeres la aplicacioacuten de la pena de muerte a la esposa en caso de adulterio o embriaguez las obligaciones filiales para con los progenitores y la potestad paterna sobre los hijos cf D H 225‑26

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semejante oraacuteculo lo que haciacutea el dios en realidad era exhortar a los griegos a que abandonasen las guerras frecuentasen las musas apaciguasen sus pasiones con ayuda de la razoacuten y guardasen entre siacute relaciones paciacuteficas y fecundas39

Los dos sucesos trasladan un mensaje confuso Pues hablan de los griegos no de filoacutesofos de guerras y cuestiones de justicia no de rebeliones liberadoras engloba ademaacutes la filosofiacutea en un conjunto de actividades que parece cifrar la παιδεία griega en general Pero ambos de alguna manera ofrecen una primera justificacioacuten del rechazo de Epaminondas Con ellos se pone en praacutectica la lla‑mada laquoredefinicioacutenraquo teacutecnica literaria practicada por diversos autores antiguos y frecuente en las Vidas paralelas Consiste en formular enunciados vagos y gene‑rales que a lo largo de la obra y en pasajes posteriores se concretan y alcanzan un grado mayor de individualizacioacuten40 Los dos incidentes mencionados no son ademaacutes la uacutenica prefiguracioacuten encaminada a justificar de manera previa y alusiva la inhibicioacuten de Epaminondas La misma funcioacuten cumple el diaacutelogo sobre la pobreza Epaminondas mudo en la discusioacuten demonoloacutegica central toma aquiacute la palabra para entrar en controversia con Teanor

Teanor personaje ficticio es un filoacutesofo pitagoacuterico natural de Crotona En fechas anteriores otro pitagoacuterico Lisis se habiacutea refugiado en Tebas Acogido en la casa de Polimnis padre de Cafisias y Epaminondas habiacutea llevado en esa casa pobre una vejez dichosa Teanor llega comisionado por las ricas comunidades pitagoacutericas de Italia Eacutestas quieren recompensar a Polimnis y sus hijos con una suma que aliviaraacute su pobreza Pero Epaminondas se niega a aceptar tal recom‑pensa negativa que da lugar a la controversia que mantiene con Teanor

El discurso sobre la pobreza es la uacutenica ocasioacuten en que Epaminondas rompe sustancialmente su silencio pues es el uacutenico pasaje en el que el ldquocentro ausenterdquo de la obra Epaminondas expone sus ideas de manera razonada y recurriendo a categoriacuteas filosoacuteficas Pronunciado en diaacutelogo con Teanor puede dividirse en dos secciones la primera (583D‑E) de extensioacuten breve comenta la inutilidad de las riquezas aportadas por Teanor que Polimnis y sus hijos habriacutean de emplear en cosas superfluas La segunda (584C‑585D) maacutes amplia y densa comienza con la defensa de la pobreza como ejercicio frente a aquellas pasiones (ἐπιθυμίαι) que proceden del exterior (ἐπήλυδες) y tienen como fuente las falsas opiniones (κενῶν δοξῶν) el deseo de riquezas (φιλοπλουτία) es una de esas pulsiones accesorias y superfluas como lo es tambieacuten el deseo de gloria (φιλοδοξίαν) Pos‑teriormente Epaminondas ahonda en su planteamiento como adiestramiento para el autodominio (ἐγκρατείας) la contencioacuten frente a los placeres beneficia al alma y de la misma manera beneficia a la praacutectica de la justicia el ejercicio contra

39 Gen Socr 579B‑D40 Cf Pelling (1988) 12‑13 (1990) 230

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el deseo de riquezas41 El discurso finaliza con la alabanza del hombre que sabe rehusar favores y daacutedivas de amigos y reyes incluyendo los dones de la fortuna (τύχης) tal hombre no ve alterado su juicio (οὐδὲ θορυβεῖ τὴν διάνοιαν) y es capaz de perseverar ufano y sereno en la praacutectica de la excelencia

Es de notar que los argumentos de Epaminondas no aparecen en otra obra de Plutarco dedicada especiacuteficamente a combatir la avaricia el de cupiditate di‑vitiarum (523C‑528B) Es este uno de los tratados clasificados por Ziegler bajo el roacutetulo de ldquofilosoacuteficos‑popularesrdquo y estudiados recientemente por L Van Hoof Frente a lo que sugiere su roacutetulo observa Van Hoof tales tratados tienen como destinatario a la eacutelite econoacutemica poliacutetica y social del mundo grecorromano Son por otra parte tratados de orientacioacuten fundamentalmente praacutectica Con ellos Plutarco no persigue ldquoconvertir a la filosofiacuteardquo ni lograr que sus lectores olviden sus ambiciones poliacuteticas y sociales Maacutes bien intenta ofrecerles una guiacutea que le ayude afrontar los problemas derivados de su posicioacuten dirigente La meta no es por tanto cambiar las expectativas de liderazgo o rebajar las pretensiones de poder e influencia propios y sustanciales de una clase como aquella que conforma la audiencia de los mal llamados ldquotratados filosoacutefico‑popularesrdquo Por el contrario lo que hace Plutarco es poner la filosofiacutea al servicio de sus aspiraciones42

El de cupiditate divitiarum emplea un tono admonitorio sus ideas son sen‑cillas y basadas en la experiencia o si se quiere en motivaciones prefilosoacuteficas y sus consejos no constituyen un obstaacuteculo sino una ayuda para la realizacioacuten de las ambiciones sociales que pueda albergar el lector Despliega en suma el conjunto de teacutecnicas y estrategias usuales en los tratados de ldquoeacutetica praacutectica al servicio de la eacutelite43rdquo No ocurre lo mismo con el discurso sobre la pobreza de Epaminondas Purgar el alma de las opiniones procedentes del exterior desterrar el ansia de riquezas y el deseo de gloria rehusar los favores de amigos y reyes y los dones de la fortuna son preceptos adecuados para un tipo de hombre que como Epaminondas huye de los conflictos inherentes a la lucha poliacutetica Pero es difiacutecil que con estos atributos Plutarco quiera hacer de Epaminondas un modelo para la oligarquiacutea a quien dirige sus tratados de eacutetica praacutectica Resulta significativa la posicioacuten que ocupa el discurso sobre la pobreza en el texto del de genio Una vez que concluye Epaminondas y despueacutes de que todos expresan su admiracioacuten hacia eacutel se expone una de las maacutes movidas peripecias en la que se vieron envueltos los miembros de la conjura Tras grandes sobresaltos y fuertes discusiones entre diversos implicados en la trama el asunto vino a resolverse por siacute solo e inespe‑radamente

41 El texto griego no es en este pasaje enteramente claro Quizaacutes es consecuencia de ello que frente a la lectura de los manuscritos (δικαιοσύνῃ) Russell (2010) proponga leer δικαιοσύνης

42 Van Hoof (2010) 28‑3743 Van Hoof (2010) 55‑56

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ldquoUn singular trastorno habiacutea hecho presa en nuestro aacutenimo Llenos poco antes de desazoacuten al ver nuestra empresa frustrada la presioacuten de las circunstancias y la urgencia que no consentiacutean tregua nos sumiacutea de nuevo en ansiedad y temor44rdquo

Con estas palabras describe Plutarco el estado de aacutenimo de los conjurados a raiacutez del episodio expuesto tras la discusioacuten sobre la pobreza Un estado de aacutenimo que no puede permitirse Epaminondas atento a la contencioacuten de las pasiones y la serenidad de su mente pero que es el propio de quienes participan en el complot revolucionario

El de genio se mueve seguacuten han observado diversos estudios modernos en dos planos el humano y el de los deacutemones el de la contemplacioacuten filosoacutefica y la praacutectica poliacutetica el mortal y el sobrenatural el de los que conocen y el de los que ignoran45 Y en correspondencia sus personajes se ubican en dos niveles Los unos estaacuten instalados en el mundo de la accioacuten y la peripecia son Cafisias el narrador y con eacutel todos los conjurados Otros se ubican en un plano superior el de la filosofiacutea y el contacto con las realidades transcendentes Epaminondas es la muestra maacutes clara pero el ejemplo uacuteltimo es Soacutecrates La incertidumbre el azar y el conflicto parecen preponderantes en el mundo de la accioacuten Asiacute lo indica el ruego que Arquedamo dirige a Cafisias al inicio de la obra la lucha de la virtud y la razoacuten contra las contingencias atrae por lo accidentado de su desarrollo la precariedad impliacutecita en la actuacioacuten humana y la peripecia que ello desencadena es precisamente lo que hace del acontecer histoacuterico un espectaacuteculo digno de intereacutes para el amante del honor y la belleza46 Ahora bien la manera de ver las cosas de Arquedamo se queda en la superficie de los hechos Ciertamente el relato concerniente a la liberacioacuten de la Cadmea se urde a partir de iniciativas y motivaciones humanas sin que el autor del relato Cafisias reclame expresamente la intervencioacuten divina Pero en el de genio la atmoacutesfera estaacute impregnada de un aura sobrenatural A ello contribuyen tanto las alusiones indirectas47 como la acumu‑lacioacuten de episodios y contenidos relacionados con la divinidad y el maacutes allaacute En muchas de sus obras consigna Plutarco su creencia de que el curso de la historia obedece al disentildeo de una fuerza transcendente48 El relato de la liberacioacuten de la Cadmea confirma dicha idea Pues el lector no puede eludir el pensamiento insi‑nuado por diversos procedimientos aunque no explicitado de que la ayuda divina respalda la actuacioacuten de los conjurados49 Ocurre sin embargo que ni Cafisias ni los demaacutes partiacutecipes de la conjura pueden acceder a esa visioacuten de las fuerzas

44 Gen Socr 588A45 Desideri (1984) 581 Hershbell (1988) 374‑378 Babut (1988) 384‑389 Brenk (1996)

41‑44 Georgiadou (1996) 114 Hardie (1996) 13346 Gen Socr 575B‑D47 Babut (1988) 385‑38648 Tratamiento del tema en Barigazzi (1984) y Swain (1989)49 Babut (1988) 386‑389

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sobrenaturales rectoras de los sucesos Y no acceden precisamente por estar in‑mersos en el mundo de la actuacioacuten y la peripecia Las pulsiones procedentes del exterior embargan su aacutenimo de manera que en expresioacuten de Brenk laquothey see only the apparent succession of chance occurrencesraquo50 Arquedamo tampoco tiene acceso al plano donde operan las fuerzas sobrenaturales Y evidentemente la misma ceguera afecta a esos laquoamantes del honor y la bellezaraquo ante los cuales invita a hablar a Cafisias Un puacuteblico ilustre cuya presentacioacuten hace Arquedamo subrayando su pertenencia a familias poliacuteticamente insignes51 Puacuteblico por tanto equiparable a esa eacutelite social a quien Plutarco dirige sus tratados de eacutetica praacutectica Los dos puacuteblicos el de Cafisias y el del Plutarco podriacutean identificarse con los heacuteroes que liberan la Cadmea Pero difiacutecilmente se identificariacutean con Epaminon‑das que en dos ocasiones rechaza tomar parte en la empresa52

En ambas el rechazo se justifica mediante un argumento ndashla negativa a derramar sangre de sus conciudadanos‑ que situacutea a Epaminondas a un nivel de exigencia eacutetica superior al de los conjurados53 Ahora bien la diferencia entre Epaminondas y los liberadores no radica en la eacutetica Pues al fin y al cabo ningu‑na ofensa eacutetica cabe reprochar a los protagonistas de la heroica liberacioacuten de la Cadmea Radica en el nivel Asiacute lo sugiere la discusioacuten sobre la pobreza Y asiacute lo vuelve a sentildealar el gran debate sobre el daimon de Soacutecrates que da tiacutetulo a al obra

Se debate sobre lo que Soacutecrates mismo llamaba su daimon el principio que lo guioacute a lo largo de su vida e iluminaba sus decisiones en materias inciertas e impenetrables para la inteligencia humana54 El daimon socraacutetico sugiere que Soacutecrates conociacutea de alguna manera los acontecimientos futuros algo que dos personajes del de genio acreditan55 En este sentido el debate versa sobre la adivi‑nacioacuten Las intervenciones de los diferentes personajes configuran tomadas en conjunto un extenso discurso filosoacutefico y religioso Plutarco no se alinea expresa‑mente con ninguna de las opiniones emitidas el tratamiento del tema presenta pues ese final abierto que es tan comuacuten en este autor Las cuestiones que se tocan son variadas pero todas parten de una cuestioacuten baacutesica La adivinacioacuten supone un conocimiento inalcanzable al menos en apariencia a la razoacuten humana Y el debate versa sobre coacutemo es posible acceder a ese nivel superior de inteligencia Miradas desde este punto de vista las opiniones formuladas por los distintos personajes pueden dividirse en dos grandes bloques De un lado Galaxidoro que

50 Brenk (1996) 4251 Gen Socr 575E‑F52 Gen Socr 576D‑E 594B‑C53 En la segunda ocasioacuten se antildeade un motivo maacutes conveniacutea que consumada la liberacioacuten

quedasen hombres a quienes nada pudiese reprocharse por no haber participado en la accioacuten Epaminondas se reserva este papel

54 Gen Socr 580C‑D55 Teoacutecrito (580D‑F) y Polimnis (581D‑E)

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inicia el debate propone una explicacioacuten maacutes proacutexima a los paraacutemetros raciona‑les56 en ella se ha querido ver una muestra de la llamada laquoadivinacioacuten teacutecnicaraquo (τεχνικὸς μαντική artificiosa divinatio)57 Del otro Simias Timarco y Teanor interpretan las premoniciones de Soacutecrates como un caso de comunicacioacuten direc‑ta entre el hombre y la divinidad defienden por tanto la llamada laquoadivinacioacuten naturalraquo (ἄτεχνος μαντική naturalis divinatio)58 Ya se ha dicho que Plutarco no se declara expresamente partidario de ninguna opcioacuten Pero su texto privilegia de manera indirecta los discursos de Simias Timarco y Teanor Asiacute lo sugiere un paacuterrafo del de genio que subraya el papel de Galaxidoro como mero introductor del problema59 Y asiacute lo recogen distintos estudios modernos Galaxidoro seriacutea el oponente racionalista casi siempre estoico habitual en los diaacutelogos religiosos de Plutarco su explicacioacuten se ve devaluada tanto por sus contradicciones internas como por la presencia de procedimientos textuales que rebajan su veracidad y en suma Galaxidoro y el resto de las intervenciones insertas en la seccioacuten dominada por eacutel tendriacutean como funcioacuten principal la de plantear el tema a debatir60

Las propuestas de Simias Timarco y Teanor son evidentemente distintas Actuacutea aquiacute quizaacutes el deseo de presentar el problema bajo luces diversas61 o quizaacutes el complejo planteamiento dramaacutetico que forma parte de las estrategias persuasivas de Plutarco62 Las tres sin embargo coinciden en una idea central la singularidad de aquellos hombres que como Soacutecrates pueden contactar con una realidad por encima del mundo material Para Simias el alma de la mayoriacutea de los hombres se halla embargada por el tumulto de las pasiones y la voraacutegine de las servidumbres vitales de manera que su entendimiento no puede captar las indica‑ciones de los seres superiores en el caso de Soacutecrates por el contrario su intelecto limpio y exento de pasiones (ὁ νοῦς καθαρὸς ὢν καὶ ἀπαθής) percibiacutea faacutecilmente las sentildeales enviadas por los seres divinos63 Seguacuten el mito de Timarco (expuesto por Simias) en el alma (ψυχή) conviven dos partes una inmersa en el cuerpo recibe el nombre mismo de ldquoalmardquo (ψυχή) la otra inaccesible a la corrupcioacuten se llama laquointelectoraquo (νοῦν) estaacute en el exterior del hombre y los entendidos le dan

56 Gen Socr 579F‑582C57 Corlu (1970) 49‑50 Doumlring (1984) 376 Schroumlder (2010) 161 58 Para la distincioacuten entre ambos tipos de maacutentica veacutease Cic div 111ndash12 134 172

1109ndash131 (con el comentario de Wardle (2006))59 Gen Socr 588A ζητήσεως οὐκ ἀγεννοῦς ἀλλ ἧς ὀλίγον ἔμπροσθεν οἱ περὶ Γαλαξίδωρον

καὶ Φειδόλαον ἥψαντο διαποροῦντες τίνος οὐσίας καὶ δυνάμεως εἴη τὸ Σωκράτους λεγόμενον δαιμόνιον

60 Corlu (1970) 19‑20 y 51‑52 Hani (1980) 53 Doumlring (1984) 376‑377 Schroumlder (2010) 161‑162 Donini (2011) 415‑416

61 Sobre el reparto de papeles filosoacuteficos que aquiacute parece efectuar Plutarco veacutease Donini (2011) 412‑419 (2011 [2004]) 442‑443

62 Veacutease Van Hoof (2010) 67‑68 a propoacutesito de determinados laquotratados de eacutetica praacutecticaraquo63 Gen Socr 588D‑E

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el nombre de daimon64 La parte irracional e inmersa en el cuerpo se halla sujeta a la racional e incorruptible Si la sujecioacuten es deacutebil el alma se dejaraacute doblegar por las pasiones soacutelo cuando se fortalece gracias a la educacioacuten aparece el alma capaz de percibir con prontitud las indicaciones de su daimon Algunos hombres sin embargo estaacuten especialmente dotados de suerte que en ellos predomina de forma innata la obediencia a la razoacuten y a su daimon A ellos estaacute reservada la capacidad de percibir la llamada divina65 Teanor afirma que las almas libres de lazos con el cuerpo se convierten en daacuteimones Tales daacuteimones guiacutean los asuntos del hombre Pero no todos los hombres reciben su atencioacuten pues se desentienden de cuantos estaacuten inmersos en los avatares del acontecer soacutelo aquellos que tras mil esfuerzos ascienden a una esfera elevada son recompensados con la ayuda del daimon66

Las tres intervenciones explican las dotes excepcionales de Soacutecrates mediante la existencia de hombres excepcionales Y en las tres esa excepcionalidad requiere una especial disposicioacuten del alma La liberacioacuten de las pasiones y el alejamiento del traacutefago iacutensito en el mundo humano se presentan como condicioacuten necesaria para que haya un Soacutecrates Paradigma del filoacutesofo Soacutecrates es tambieacuten el modelo de Epaminondas El discurso sobre la pobreza al mostrar coacutemo Epaminondas limpia su alma de pasiones e impulsos procedentes del mundo exterior acredita su condicioacuten de filoacutesofo Asiacute se reconoce cuando termina dicho discurso por boca de Simias67

laquoGran hombre grande es Epaminondas y responsable de ello es el aquiacute pre‑sente Polimnis que ha criado a sus hijos desde temprano en la mejor filosofiacutearaquo

Epaminondas tambieacuten es consecuente con su condicioacuten de filoacutesofo cuando rehuacutesa someter su alma al torbellino del acontecer humano y las pasiones aso‑ciadas esto es cuando se niega a participar en la conjura El filoacutesofo parece ser la conclusioacuten no debe participar al menos de manera directa en el torbellino de la vida poliacutetica

El Epaminondas del de genio es una creacioacuten histoacutericamente discutible68 Ciertamente su no participacioacuten en la liberacioacuten de la Cadmea y su formacioacuten filosoacutefica estaacuten suficientemente documentadas Pero Epaminondas es conocido ante todo por su dimensioacuten poliacutetica que aquiacute relega Plutarco para subrayar su

64 Gen Socr 591E65 Gen Socr 592A‑E66 Gen Socr 593D‑594A67 Gen Socr 585D68 Ya Von Stern (1884) 55‑57 sentildealoacute las debilidades del relato que ofrece Plutarco en el

de genio Los estudios posteriores (veacutease por ejemplo Corlu [1970] 19‑20 Barigazzi [1988] 414‑424Georgiadou [1996]) han insistido en el Epaminondas del de genio presenta una factura obediente sobre todo a razones compositivas y de disentildeo

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calidad de filoacutesofo Asiacute construida la figura de Epaminondas traslada un mensaje ndashla no implicacioacuten directa del filoacutesofo en las luchas poliacuteticas‑ que puede tener calado teoacuterico pero tambieacuten sirve a Plutarco para trasladar su posicionamiento ante cuestiones concernientes a su propia persona y al horizonte cultural de su eacutepoca Comparado a otros contemporaacuteneos que por condicioacuten social e incluso actividad literaria estaban a su mismo nivel Plutarco no protagonizoacute una carrera poliacutetica particularmente brillante69 Asumioacute en cambio el papel de consejero y guiacutea de la eacutelite La autoridad necesaria para ello se la confiere la filosofiacutea Pues Plutarco se presenta a siacute mismo como filoacutesofo La exaltacioacuten de Epaminondas es una exaltacioacuten de su propia identidad como filoacutesofo y mentor Epaminondas se mueve a una altura la de la filosofiacutea superior a la de sus afines y compantildeeros los conjurados Esta altura le prohiacutebe descender al plano de la accioacuten directa descenso que contaminariacutea su alma con pulsiones sobrevenidas pero tambieacuten le permite acceder a una realidad inalcanzable para sus compantildeeros Epaminondas eleva asiacute la posicioacuten del filoacutesofo y justifica incluso hace ineludible su alejamiento de la lucha poliacutetica Gracias a ello lo que podriacutea ser una debilidad del propio Plutarco la falta de una carrera puacuteblica brillante se transforma en una eleccioacuten deliberada y necesaria

Tal mensaje adquiere maacutes fuerza si se lo contempla sobre el transfondo cultural de la eacutepoca El auge de las composiciones de exitu illustrium virorum corre en paralelo a la admiracioacuten hacia el filoacutesofo que se enfrenta al poder y sufre castigo por ello Ya se ha dicho que el fenoacutemeno acreditado en diversas fuentes contemporaacuteneas a Plutarco fue propiciado particularmente por el final del rei‑nado de Diocleciano y que el modelo uacuteltimo del filoacutesofo‑maacutertir es Soacutecrates En este contexto adquiere un significado especial la exaltacioacuten del ldquoSoacutecrates tebanordquo Epaminondas Epaminondas se aleja del conflicto puacuteblico para cuidar su alma se distingue por su silencio y pese a ello constituye el ldquocentro ausenterdquo del de genio una composicioacuten articulada en torno a un conflicto civil la liberacioacuten de la Cadmea No resulta inverosiacutemil ver en todos estos datos una respuesta de Plu‑tarco ante el fenoacutemeno del ldquofiloacutesofo‑maacutertir poliacuteticordquo y la admiracioacuten aglutinada en torno a esa figura Respuesta que reivindica rotundamente el papel asumido por el propio Plutarco de filoacutesofo mentor del poliacutetico pero fuera eacutel mismo del traacutefago de la poliacutetica

69 Veacuteanse las observaciones y referencias que ofrece al respecto Van Hoof (2010) 66‑67

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A Esparta de Plutarco entre a guerra e as artes

de um seguidor das leis de Licurgo Nesse sentido Plutarco diz que o dinheiro e o ouro deveriam ser mandados embora de Esparta porque eles eram flagelos importados que despertavam a cobiccedila e promoviam a degeneraccedilatildeo dos costumes (c 17) Desse ponto de vista Lisandro prejudicou Esparta justamente porque promoveu seu enriquecimento e contribuiu para a dissoluccedilatildeo da frugalidade e da simplicidade que caracterizavam o cotidiano dos lacocircnios antes das vitoacuterias espartanas na Guerra do Peloponeso6

Na Vida de Agesilau Plutarco nos conta que o biografado foi o segundo filho de Arquidamo (o primeiro tinha sido Aacutegis) e que por isso ele natildeo seria o herdeiro direto do trono de Esparta De qualquer modo Agesilau foi educado de acordo com a agoge lacedemocircnia e nosso autor faz questatildeo de frisar que em decorrecircncia disso o liacuteder espartano sempre respeitou e praticou as leis de sua cidade (c 1) Mesmo apresentando uma pequena diferenccedila de tamanho de uma perna para a outra ele tinha outras qualidades espartanas como a honestidade a mansidatildeo e a beleza fiacutesica (c 2) Sua formaccedilatildeo foi tatildeo bem sucedida que diferente de Alexandre o grande e de Haniacutebal Agesilau foi um general que conquistou importantes vitoacuterias e mesmo assim nunca deixou de obedecer agraves leis espartanas (c 15) Mesmo depois de tornar‑se um lendaacuterio vencedor ele voltou a Esparta e continuou o mesmo homem de antes sem apresentar nenhuma novidade no seu comportamento diferente de outros estrategos quando voltavam de longas expediccedilotildees a terras estrangeiras (c 19)

Plutarco nos conta que Lisandro ndashque dizem ter sido amante de Agesilau na juventude (c 2)ndash pretendia introduzir muitas inovaccedilotildees e mudanccedilas no governo da Lacocircnia (c 20) Embora outros liacutederes de Esparta como Antaacutelcidas tenham feito acordos com os Persas e tenham abandonado laquocovarde e maldosamenteraquo os gregos da Aacutesia sob o domiacutenio dos baacuterbaros como nos diz Plutarco (c 23) Agesilau sempre foi um defensor da justiccedila Entre os capiacutetulos 29 e 30 da Vida de Agesilau nosso autor nos conta que os espartanos que perderam parentes na bata‑lha de Leuctra (em 371 a C) se alegraram e os que natildeo perderam ficaram tristes De certa forma eles responsabilizaram Agesilau pela derrota e lamentaram ter aceito um rei coxo Contudo Agesilau tinha boa reputaccedilatildeo e era muito virtuoso Prova disso eacute que sem promover nenhuma inovaccedilatildeo ele disse que era preciso fazer as leis dormirem para que retomassem a autoridade que tiveram no passado

Entretanto Plutarco natildeo faz apenas elogios a Agesilau Cartledge (1987 418) observa que ele faz criacuteticas a Agesilau por causa de sua ingratidatildeo em relaccedilatildeo a Lisandro (c 8) e condena seu comportamento porque ele teria hon‑rado mais os amigos do que a justiccedila (c 13 ver tambeacutem Moralia 807d) Aleacutem disso Plutarco via uma relaccedilatildeo direta entre a decadecircncia de Esparta e a ascenccedilatildeo

6 Sobre isso ver Duff (2002) 161‑204 e a introduccedilatildeo de Flaceliegravere e Chambry em Plutarque (1971) 158‑173

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ilegiacutetima de Agesilau ao trono (c 21) Poreacutem no geral nosso autor eacute tatildeo favoraacutevel e simpaacutetico a Agesilau quanto Xenofonte que tambeacutem escreveu uma biografia do rei espartano a qual certamente serviu de base para a Vida composta pelo poliacutemata de Queroneia Segundo Cartledge (1987 418) para Plutarco Agesilau foi a encarnaccedilatildeo das virtudes peculiarmente espartanas simplicidade piedade e autocontrole7

Depois na Vida de Aacutegis e na Vida de Cleocircmenes Plutarco narra os uacuteltimos momentos da histoacuteria da Esparta independente ou seja o ponto mais baixo da decadecircncia daquela cidade Os reis Aacutegis e Cleocircmenes que reinaram no seacuteculo III a C tentaram restaurar os antigos valores dos tempos de Licurgo Eles tinham os dons naturais para levar essa tarefa a cabo Aacutegis tinha grandeza de alma e se insurgia contra os prazeres desde antes dos vinte anos (c 4) natildeo gostava de rou‑pas luxuosas e baniu toda suntuosidade para aderir aos antigos haacutebitos lacocircnios caracterizados pela simplicidade de vida Mas seu exemplo e sua energia natildeo foram suficientes para restaurar os costumes tradicionais e ele foi assassinado ainda muito jovem (cc 19‑21) Aquela Esparta incorrupta e valorosa dos tempos de Licurgo dava seus uacuteltimos suspiros

Cleocircmenes natildeo era parente de Aacutegis mas foi obrigado a se casar com a vi‑uacuteva do rei assassinado ou seja Agiaacutetis Segundo Plutarco (c 1) Cleocircmenes era ambicioso e tinha grandeza de alma Era temperante e simples como Aacutegis Ele tambeacutem quiz restaurar os antigos costumes espartanos (c 11) Primeiro depois de longa disputa poliacutetica abriu matildeo de seus bens Depois distribuiu as terras entre os cidadatildeos Restabeleceu a educaccedilatildeo dos jovens e a disciplina espartana Ele proacuteprio levou uma vida simples e frugal para dar o exemplo aos outros la‑cedemocircnios sem insolecircncia nem orgulho excessivo ou seja como um modelo de temperanccedila (c 13) Mesmo quando perdeu sua esposa Agiaacutetis por quem se enamorara verdadeiramente Cleocircmenes manteve a firmeza e seu caraacuteter elevado e tomou as providecircncias necessaacuterias para garantir a seguranccedila de seus soldados e aliados (c 22) Depois de reinar por dezesseis anos Cleocircmenes morreu (cc 37‑38) e assim terminou a histoacuteria de Esparta como cidade politicamente autocircnoma

Ateacute aqui vimos que podemos encontrar nas Vidas dos liacutederes espartanos escritas por Plutarco aquela imagem caracterizada por um conjunto de valores que parecem ter ganhado forccedila numa eacutepoca lendaacuteria e foram se enfraquecendo conforme o tempo foi passando e Esparta foi estendendo seu poder para fora da Lacedemocircnia Nesse quadro vemos uma cidade altamente militarizada de guerreiros corajosos disciplinados e afeitos a uma vida sem luxos e sem confortos Isso poderia indicar que os espartanos eram um povo rude pouco sofisticado e fechado para as artes

7 Cf tambeacutem a introduccedilatildeo de Flaceliegravere e Chambry em Plutarque (1973) 85‑88 e Shipley (1998) 1‑46

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Poreacutem vaacuterias fontes arqueoloacutegicas vasculares e mesmo literaacuterias nos mostram o contraacuterio Apesar de Tuciacutedides (1102) ter dito que os edifiacutecios em Esparta eram modestos e natildeo correspondiam ao tamanho do poder militar e poliacutetico da cidade dos lacedemocircnios em seu apogeu a avaliaccedilatildeo dos monumentos arquitetocircnicos espartanos precisa ser feita com cuidado Eacute preciso lembrar que Esparta natildeo foi destruiacuteda nas Guerras Meacutedicas como Atenas foi A capital da Aacutetica foi reconstruiacuteda e uma grande soma de dinheiro afluiu para ela por causa das contribuiccedilotildees dos aliados da Liga de Delos Isso natildeo aconteceu com a princi‑pal cidade da Lacocircnia Desse modo nela foram conservados edifiacutecios antigos do seacuteculo VI a C que apresentavam outro estilo de construccedilatildeo mais arcaizante do que claacutessico Dependendo do ponto de vista um estilo pode ser mais valorizado do que o outro

De qualquer modo Pausacircnias (3113) viajante do seacuteculo II d C que fez uma descriccedilatildeo de vaacuterias cidades da Greacutecia daquela eacutepoca nos informa que havia em Esparta vaacuterios monumentos que despertavam a admiraccedilatildeo daqueles que por ali passavam tal como o Poacutertico Persa construiacutedo inicialmente com o butim amealhado na guerra contra os persas Outros exemplos de edifiacutecios que nos uacuteltimos anos vecircm sendo estudados satildeo o templo de Apolo em Amiclas o templo de Aacutertemis Oacutertia e o Menelaion onde eram cultuados Menelau e Helena8

Cartledge (2002 111) nos informa que depois de 690 a C pintores de vasos da Lacocircnia sofreram influecircncia de artistas do Egeu e adotaram o chamado estilo lsquoorientalizantersquo o que mostra que na praacutetica Esparta natildeo estava isolada do resto do mundo helecircnico Ainda segundo Cartledge nessa eacutepoca artesatildeos lacocircnios que trabalhavam com bronze comeccedilaram a se interessar pela representaccedilatildeo de figuras humanas em suas obras e por volta de 650 a C comeccedilou a se desenvolver na regiatildeo de Esparta o uso do marfim para produccedilatildeo de objetos gravados Vemos entatildeo que o ambiente artiacutestico na Lacedemocircnia entre 775 e 650 a C natildeo era de modo algum esteacuteril ou sem importacircncia9

Como Burn (1960 275‑276) explica Esparta natildeo virou suas costas para a arte e a poesia Prova disso eacute que vasos com detalhes refinados foram fabricados ali e exportados para outras regiotildees da Heacutelade ateacute 550 a C mais ou menos Por volta de 600 a C Gitiadas poeta escultor e arquiteto projetou o Templo de Atena tambeacutem conhecido como Casa de Bronze por causa das placas feitas com esse metal para decorar o edifiacutecio E em 585 a C o segundo templo de Oacutertia foi construiacutedo Ou seja havia artesatildeos trabalhando em Esparta no periacuteodo arcaico que produziram obras dignas de admiraccedilatildeo10

8 Para mais informaccedilotildees sobre a arqueologia e a arquitetura espartanas ver Walker (1998) Kaltsas (2007) e Cavanagh (2009)

9 Sobre isso ver tambeacutem Burn (1960) 180‑184 e Stibbe (1996) passim10 Ver tambeacutem Burn (1960) 280‑282 e Cartledge (2002) 133‑136

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No que diz respeito agrave muacutesica Plutarco nos daacute significativos testemunhos da sua importacircncia em ambiente espartano tanto nas Vidas quanto nos Moralia Na Vida de Licurgo no c 4 por exemplo encontramos a informaccedilatildeo segundo a qual o legislador lendaacuterio teria convidado um poeta‑legislador de Creta para ir a Esparta com ele Esse poeta se chamava Tales Mas talvez tenha havido alguma confusatildeo na tradiccedilatildeo manuscrita e esse Tales poderia ser o Taletas de Gortina mencionado algumas vezes no livro Sobre a Muacutesica tambeacutem de Plutarco Ele teria sido o responsaacutevel por curar os espartanos de uma peste com o seu canto11 Aleacutem disso no mesmo c 4 nos eacute dito que Licurgo teria sido o responsaacutevel por levar os poemas de Homero da Jocircnia para sua cidade

Depois no c 21 da mesma Vida Plutarco nos diz que os lacedemocircnios apreciavam se dedicar agrave poesia meacutelica porque as canccedilotildees estimulavam seus espiacuteritos e lhes davam coragem para enfrentar os inimigos nas batalhas Seu estilo era simples e seus temas eram seacuterios com o objetivo de promover uma boa formaccedilatildeo dos caraacuteteres Nelas eram louvados os heroacuteis de Esparta e condenados os covardes que natildeo lutaram ateacute o fim para defender sua cidade Nos festivais eram organizados trecircs coros de acordo com as idades um de velhos outro de adultos e outro de jovens Cada um cantava sobre a sua bravura uns falavam dos seus feitos no passado os outros tratavam das suas accedilotildees no presente e os uacuteltimos cantavam sobre o seu desejo de realizar grandes proezas no futuro Esses seriam os temas baacutesicos das canccedilotildees em Esparta e por isso segundo Plutarco Terpandro e Piacutendaro estavam corretos ao associar bravura e muacutesica e ao mostrar que os espartanos eram o povo mais aguerrido e mais musical

Por isso natildeo era por acaso que os jovens cantavam o nomo de Caacutestor e o peatilde da marcha (c 22) e em todo lugar havia danccedilas festas e banquetes quando natildeo havia expediccedilotildees militares (c 24) Contudo o gosto pela boa muacutesica e pela boa poesia natildeo era caracteriacutestico de todos os habitantes da Lacocircnia tendo em vista que os hilotas danccedilavam e cantavam canccedilotildees vulgares e grotescas diferentes das composiccedilotildees de Aacutelcman Terpandro e Especircndon (c 28) Isso na verdade estava associado ao fato de eles serem escravos e por isso era compreensiacutevel que eles apreciassem canccedilotildees vis como eles proacuteprios

Na Vida de Lisandro encontramos algumas informaccedilotildees que reforccedilam a impressatildeo de que os espartanos tinham sim grande sensibilidade para a muacutesica No c 15 ficamos sabendo que os lacocircnios depois de conquistar Atenas em 404 a C queriam destruir aquela cidade mas apoacutes ouvir um coro da Electra de Euriacutepides desistiram Em seguida no c 18 Plutarco nos conta que Lisandro estava sempre acompanhado do poeta Queacuterilo encarregado de celebrar os feitos do general E outros poetas tambeacutem celebraram Lisandro segundo nosso autor

11 Ver Plu Mus 42 (1146B‑C) e Gostoli (1990) 12‑13 e

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Na Vida de Agesilau c 14 lemos que os espartanos apreciavam uma parte da poesia de Timoacuteteo de Mileto poeta que teria tido algumas cordas de sua ciacutetara cortadas quando de uma sua visita a Esparta porque os eacuteforos julgavam que natildeo seriam necessaacuterias mais do que sete cordas e o instrumento do poeta tinha onze12 Essa anedota indica que os lacocircnios natildeo apreciavam inovaccedilotildees Poreacutem a informaccedilatildeo do c 14 da Vida de Agesilau mostra que eles poderiam aceitar pelo menos uma parte da obra de um poeta inovador desde que essa parte se adequas‑se ao gosto e agraves tradiccedilotildees do local Tambeacutem nessa mesma Vida c 21 Plutarco nos diz que o rei Agesilau apreciava os cantos e as danccedilas mesmo natildeo sendo um lsquoespecialistarsquo nas artes

Por fim na Vida de Aacutegis c 10 encontramos um elogio a Terpandro a Ta‑les (Taletas) e a Fereacutecides porque mesmo sendo estrangeiros professavam o que Licurgo instituiu e por isso foram muito honrados em Esparta Na Vida de Cleocircmenes c 2 somos informados que o rei Leocircnidas elogiou Tirteu algo facilmente compreensiacutevel tendo em vista o caraacuteter estimulante e guerreiro das elegias daquele poeta Aleacutem disso nessa mesma Vida citada por uacuteltimo c 12 Plutarco nos conta que Cleocircmenes certa vez teria encontrado alguns artistas de Dioniso muacutesicos e atores profissionais que iam de cidade em cidade para se apresentar e construiu um teatro Isso mostra que esse rei estimulou de alguma maneira as atividades artiacutesticas mesmo que ele natildeo tivesse o costume de levar artistas com seu exeacutercito de acordo com Plutarco e nem apreciasse apresentaccedilotildees musicais nos seus banquetes (c 13)

Tudo isso mostra que Esparta era uma cidade onde a muacutesica tinha um papel importe na educaccedilatildeo e na guerra e que os lacocircnios natildeo eram um povo obtuso e indiferente ao poder das melodias De acordo com Plutarco tendo em vista agora algumas passagens dos Moralia os espartanos passavam por treinamento rigoroso no que diz respeito agrave muacutesica e agrave poesia e suas canccedilotildees estimulavam os espiacuteritos e faziam com que os homens se sentissem entusiasmados e se esfor‑ccedilassem para ser bem sucedidos Em vaacuterias passagens das suas Obras Morais ele elogia o estilo da muacutesica deles porque ela era simples e natildeo afetada e seus temas eram seacuterios e edificantes Se algueacutem estudasse a poesia e as canccedilotildees de marcha de Esparta acompanhadas pelo aulo essa pessoa concordaria que Terpandro e Piacutendaro estavam certos ao associar valor (andreia) e muacutesica Como vimos acima nos trechos citados das Vidas Plutarco tambeacutem diz que os Espartanos eram o povo ao mesmo tempo mais musical (mousikotatous) e o mais afeito agrave guerra (polemikotatous)13

No livro sobre os Antigos Costumes dos Espartanos Plutarco tambeacutem elogia os ritmos das canccedilotildees de marcha (embaterioi rhythmoi) porque eles despertavam

12 Ver Plu Agis 1013 Cf Lyc 211‑4

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a coragem a audaacutecia e o desdeacutem pela morte requisitos indispensaacuteveis para o guerreiro valoroso Os espartanos usavam esses ritmos para danccedilar mas tambeacutem quando avanccedilavam contra os inimigos ao som do aulo Plutarco lembra que Li‑curgo associava o amor pela muacutesica agrave praacutetica militar para que o espiacuterito guerreiro combinado com a melodia tivesse concordacircncia e harmonia (symphonia kai har‑monia) Por isso em tempos de guerra os reis espartanos ofereciam sacrifiacutecios agraves Musas antes de ir para a batalha como Plutarco nos conta nos Instituta Laconica 16 (238B‑C)

E para manter a pureza da sua muacutesica e dos seus costumes os espartanos agraves vezes recorriam a atos violentos Como Plutarco reporta nos Instituta Laconica 17 (238C‑D) eles natildeo permitiriam que ningueacutem desrespeitasse de modo algum as regras da muacutesica do passado Nem mesmo Terpandro um dos mais antigos e melhores citaredos (aqueles que cantavam acompanhados da ciacutetara ou da lira) teria a permissatildeo para acrescentar uma corda extra ao seu instrumento para que suas melodias fossem mais variadas Ele tentou fazer isso mas os eacuteforos pregaram sua lira numa parede por causa do seu ato iacutempio contraacuterio agrave tradiccedilatildeo Em outra ocasiatildeo um dos eacuteforos teria procedido com mais violecircncia quando Timoacuteteo o famoso muacutesico inovador que floresceu na segunda metade do seacuteculo V a C estava competindo no festival das Carneias ele pegou uma faca e perguntou ao muacutesico de que lado ele deveria cortar as cordas supeacuterfluas cujo nuacutemero ultra‑passava o tradicional de sete cordas Outras variantes dessa histoacuteria satildeo contadas por Plutarco em outros textos mas nessas outras passagens Friacutenis outro muacutesico inovador da segunda metade do seacuteculo V a C eacute o protagonista14

Mas para aleacutem da sua importacircncia na educaccedilatildeo e nos contextos de bata‑lha a muacutesica tinha grande significado tambeacutem nas momentos das celebraccedilotildees religiosas Dentre as festividades religiosas realizadas na Lacedemocircnia uma das mais importantes era a das Carneias realizada em Esparta e intimamente ligada agrave histoacuteria de Terpandro As origens desse festival eram muito antigas anteriores ao seacuteculo VIII a C tendo em vista que no seacuteculo VII os colonizadores espartanos da cidade italiana de Tarento jaacute tinham o costume de celebraacute‑la15 As Carneias eram dedicadas ao deus Apolo Carneu Em Esparta havia concursos musicais e atleacuteti‑cos uma corrida de jovens e um banquete ritual que contava com a participaccedilatildeo dos homens adultos que representavam as fratrias O festival era organizado por cidadatildeos solteiros e era o momento adequado para que os jovens que jaacute haviam completado seu periacuteodo de formaccedilatildeo ingressassem na vida adulta16

O que nos interessa aqui eacute o papel que a muacutesica desempenhava no contexto dessas festividades Um elemento importante nesses momentos de comemoraccedilatildeo

14 Cf Prof virt 84A Apophth Lac 220C e Agis 107 jaacute citada na nota 9 Cf Rocha (2008) 654‑655

15 Brelich (1969) 181‑18216 Brelich (1969) 149‑150

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eram os concursos A realizaccedilatildeo de concursos musicais no acircmbito do festival das Carneias natildeo teria acontecido desde o iniacutecio A introduccedilatildeo de agones provavel‑mente ocorreu quando Terpandro migrou de Metimna (Lesbos) para Esparta na primeira metade do seacuteculo VII a C Nesse contexto eacute importante considerar o testemunho de Helacircnico17 segundo o qual Terpandro teria sido o primeiro a vencer o concurso musical nas Carneias Esse fato parece estar diretamente relacionado agrave fundaccedilatildeo da primeira escola musical (katastasis) em Esparta por obra do mesmo Terpandro Segundo Brelich (1969 186‑191) eacute muito provaacutevel que a introduccedilatildeo do concurso musical nas Carneias tenha sido influenciada pela proacutepria katastasis18 Essa hipoacutetese ganha forccedila se consideramos o capiacutetulo 9 do tratado Sobre a Muacutesica como um todo Ali Plutarco fala da primeira katastasis fundada por Terpandro e menciona tambeacutem a segunda katastasis liderada por Taletas de Gortina Xenoacutedamo de Citera Xenoacutecrito de Locres Polimnesto de Coacutelofon e Saacutecadas de Argos muacutesicos que teriam instituiacutedo as Gimnopeacutedias em Esparta as Apodeixeis na Arcaacutedia e as Endimaacutetias em Argos Jaacute que os membros da segunda escola musical foram fundadores de festivais19 em diferentes cidades do Peloponeso Terpandro tambeacutem pode ter desempenhado o mesmo papel no contexto das Carneias

No que diz respeito agraves Gimnopeacutedias contudo encontramos uma situaccedilatildeo diferente Possuiacutemos uma grande variedade de informaccedilotildees sobre esse festival que inclusive muitas vezes satildeo contraditoacuterias Mas tratando apenas daquilo que nos interessa aqui sabemos que no periacuteodo das festividades aconteciam apresentaccedilotildees de coros de adolescentes e adultos instituiacutedos em honra a Apolo que cantavam hinos compostos por poetas como Taletas Aacutelcman e Dionisodoto Depois da batalha de Tireia em 544 aC na qual Esparta lutou contra Argos pela posse da Tireaacutetida tornou‑se costumeiro cantar um peatilde em honra dos soldados que morreram naquela ocasiatildeo Por causa desse elemento ritual e da comparaccedilatildeo com as Apodeixeis e as Endimaacutetias as Gimnopeacutedias foram consideradas festas que indicavam o momento no qual os jovens receacutem‑iniciados eram integrados agrave vida militar20

Tendo tudo isso em vista podemos concluir que eacute preciso colocar a miragem espartana em perspectiva Esparta natildeo era tatildeo lsquoespartanarsquo assim e natildeo foi sempre lsquoespartanarsquo Havia espaccedilo naquela cidade para o cultivo das artes tais como a arquitetura a escultura a pintura vascular a muacutesica (que incluiacutea a poesia) e a danccedila Nela floresceram poetas como Aacutelcman Terpandro e Tirteu Nela surgiram escolas poeacuteticomusicais Nela viveram poetas estrangeiros tais como Taletas de

17 FGrHist 4 F 85 = Ateneu 635e = Terpander Test 1 Gostoli18 Cf tambeacutem Gostoli (1990) 84‑8519 Mais do que fundadores de festivais eacute mais verossiacutemil pensar que esses autores foram os

responsaacuteveis pela introduccedilatildeo dos concursos musicais como parte das celebraccedilotildees 20 Cf Gostoli (1990) 85‑86

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Gortina (Creta) e Saacutecadas de Argos E sendo assim houve um ambiente feacutertil e favoraacutevel para o desenvolvimento e o cultivo de atividades artiacutesticas Os esparta‑nos foram sim grandes guerreiros que contribuiacuteram decisivamente para a vitoacuteria dos helenos sobre os persas Eles cultivaram sim suas habilidades guerreiras a ponto de derrotar os atenienses na Guerra do Peloponeso Poreacutem Esparta natildeo foi somente uma comunidade de soldados que dedicavam suas vidas somente agrave guerra Esparta foi tambeacutem uma cidade onde as pessoas cantavam danccedilavam e apreciavam a beleza dos edifiacutecios e dos objetos do cotidiano Eacute preciso reconhecer isso e na obra de Plutarco jaacute encontramos essa imagem multifacetada dessa cul‑tura Basta direcionar os olhos para outras direccedilotildees

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Index nominum

Timoacuteteo 167‑168 178 183Timoacutexena 195Tindaacuteridas 63Tireaacutetida 169Tireia 169Tireacutesias 236Tirteu 167 169 221Titatildes 245Trajano 121Trezena 31 32‑35 38 Tricoacuterito 39Troia 81 124Tuciacutedides 122 160 181Ulisses 81 192Valeacuterio (vd Puacuteblio Valeacuterio)Vestais 58 204Viacutenio 200Xantipo 191 201Xenoacutecrito 169Xenoacutedamo 169Xenofonte 160 164Zaleuco 88Zeus 36 40‑41 220 226 243

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Index nominum

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Notas biograacuteficas dos autores

Aacutelia Rodrigues eacute doutorada em Estudos Claacutessicos (Literatura Grega) e inves‑tigadora do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse satildeo a histoacuteria das ideias poliacuteticas desde os Gregos ateacute agrave modernidade histoacuteria legal e a recepccedilatildeo de temas claacutessicos na contemporaneidade

Ana Ferreira eacute Professora Auxiliar do Departamento de Estudos Portugueses e Ro‑macircnicos da Faculdade de Letras da Universidade do Porto e investigadora do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a histoacuteria antiga a literatura greco‑romana bem como a didaacutectica das liacutenguas claacutessicas

Delfim F Leatildeo eacute Professor Catedraacutetico da Instituto de Estudos Claacutessicos e investiga‑dor do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a histoacuteria antiga o direito e a teorizaccedilatildeo poliacutetica dos Gregos a pragmaacutetica teatral e a escrita romanesca antiga

Faacutebio Vergara Cerqueira eacute Professor Adjunto do Instituto de Ciecircncias Humanas da Universidade Federal de Pelotas pesquisador PQ‑2 do CNPq Professor Visitante na Universidade de Heidelberg Bolsista Fundaccedilatildeo Humboldt ldquoPesquisador Experienterdquo Principais aacutereas de interesse satildeo histoacuteria e arqueologia da Greacutecia antiga e sua recepccedilatildeo enfocando muacutesica iconografia ceramologia gecircnero memoacuteria social identidade e patrimocircnio cultural

Guillermina Gonzaacutelez Almenara es Profesor Contratado Doctor Tipo 1 vinculada con el Aacuterea de Filologiacutea Griega del Departamento de Filologiacutea Claacutesica Francesa Aacuterabe y Romaacutenica de la Universidad de La Laguna Sus principales liacuteneas de investi‑gacioacuten son la mujer y el aacutembito femenino en la Grecia antigua Historiografiacutea griega Historia y civilizacioacuten de la Grecia antigua

Ivana S Chialva es Doctora en Letras Investigadora Asistente del Conicet y Profesora de Griego y Literaturas griega y latina de la Facultad de Humanidades y Ciencias de la Universidad Nacional del Litoral (Santa Fe Argentina) Sus tra‑bajos sobre el mundo antiguo se focalizan en la relacioacuten entre primera y segunda sofiacutestica y en la influencia de este uacuteltimo fenoacutemeno en la prosa narrativa griega de eacutepoca imperial especialmente la retoacuterica la biografiacutea y la novela en sus diferentes formas

Jesuacutes-Mordf Nieto Ibaacutentildeez es Catedraacutetico de Filologiacutea Griega de la Universidad de Leoacuten Sus liacuteneas de investigacioacuten son la literatura judiacutea en lengua griega los primeros textos cristianos el Humanismo y la Tradicioacuten claacutesica Actualmente dirige un Proyecto de

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investigacioacuten sobre el Humanismo la Tradicioacuten claacutesica y patriacutestica y la exeacutegesis biacuteblica en los siglos XVI y XVII

Joaquim Pinheiro eacute Professor Auxiliar da Universidade da Madeira e investigador do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a biografia antiga a Segunda Sofiacutestica a retoacuterica claacutessica e o pensamento poliacutetico dos Gregos

Joseacute M Candau es Catedraacutetico de Filologiacutea Griega en la Universidad de Sevilla Sus principales aacutereas de investigacioacuten son la historiografiacutea griega y Plutarco

Loraine Oliveira eacute professora de Filosofia da Universidade de Brasiacutelia Publicou o livro Plotino escultor de mitos pela Imprensa da Universidade de CoimbraAnnablume em 2014 Vem se dedicando principalmente a estudar os mitos em Plotino Plutarco e Porfiacuterio assim como o vegetarianismo em Plutarco e Porfiacuterio

Maria Aparecida de Oliveira Silva eacute professora visitante do Programa de Poacutes‑Gradu‑accedilatildeo em Letras Claacutessicas da Universidade de Satildeo Paulo e Professora Pesquisadora do Programa de Poacutes‑Graduaccedilatildeo em Histoacuteria da Universidade Federal de Satildeo Paulo Liacuteder do Grupo CNPq LABHAN Laboratoacuterio de Histoacuteria Antiga da Universidade Federal do Amapaacute Pesquisadora do Grupo CNPq Linceu ‑ Visotildees da Antiguidade Claacutessica da Universidade Estadual Paulista Pesquisadora do Grupo Retoacuterica Texto y Comunicacioacuten da Universidad de Caacutediz Membro do Conselho Acadecircmico do Seminaacuterio de Histoacuteria e Filosofia das Religiotildees da Universidad Autoacutenoma de Ciudad Juaacuterez mdash Meacutexico Pesquisa e publica trabalhos sobre Esparta Plutarco e biografia antiga

M Teresa Fau Ramos es Profesora Titular del Departament de Filologia Grega de la Universitat de Barcelona y miembro del Grup de Recerca Graecia Capta que investiga la pervivencia de la identidad griega bajo el imperio romano Sus principales aacutereas de intereacutes cientiacutefico son la historia e instituciones de la Grecia claacutesica y post‑claacutesica la religioacuten helena (paganismo) y diversos aspectos del cristianismo primitivo

Pilar Goacutemez Cardoacute es profesora titular de Filologiacutea Griega en la Universidad de Barcelona donde imparte docencia e investiga desde 1981 Doctora en Filologiacutea Claacutesica desde 1987 con una tesis sobre la tradicioacuten yaacutembica y la faacutebula (La Vida drsquoIsop entre el iambe la faula i la novella) es autora de numerosos artiacuteculos y capiacutetulos de libros sobre la literatura griega de eacutepoca imperial romana en especial sobre Segunda Sofiacutestica y novela ha estudiado principalmente autores como Luciano en cuya edicioacuten y traduccioacuten al castellano para la coleccioacuten Alma Mater participa Plutarco Dioacuten de Prusa o Elio Ariacutestides Es miembro del grupo de investigacioacuten Graecia Capta de la Universidad de Barcelona

Roosevelt Rocha eacute Professor Adjunto do curso de Letras da Universidade Federal do Paranaacute (Brasil) e pesquisador ligado ao Programa de Poacutes‑Graduaccedilatildeo em Letras da

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mesma Universidade As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a poesia grega arcaica (elegia jambo e meacutelica) a muacutesica grega antiga e o estudo da performance da poesia grega dos periacuteodos arcaico e claacutessico

Vicente Ramoacuten es Profesor Tiular de Filologiacutea Griega de la Universidad de Zara‑goza Sus intereses cientiacuteficos pueden sintetizarse en las siguientes liacuteneas Plutarco de Queronea y la biografiacutea poliacutetica historiografiacutea griega retoacuterica y oratoria griegas tradicioacuten claacutesica teatro griego la irreligiosidad en la Atenas Claacutesica

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Nelson
Text Box
(Paacutegina deixada propositadamente em branco)

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Volumes publicados na Colecccedilatildeo Humanitas Supplementum

1 Francisco de Oliveira Claacuteudia Teixeira e Paula Barata Dias Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 1 ndash Liacutenguas e Literaturas Greacutecia e Roma (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

2 Francisco de Oliveira Claacuteudia Teixeira e Paula Barata Dias Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 2 ndash Liacutenguas e Literaturas Idade Meacutedia Renascimento Recepccedilatildeo (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

3 Francisco de Oliveira Jorge de Oliveira e Manuel Patriacutecio Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 3 ndash Histoacuteria Arqueologia e Arte (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2010)

4 Maria Helena da Rocha Pereira Joseacute Ribeiro Ferreira e Francisco de Oliveira (Coords) Horaacutecio e a sua perenidade (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

5 Joseacute Luiacutes Lopes Brandatildeo Maacutescaras dos Ceacutesares Teatro e moralidade nas Vidas suetonianas (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

6 Joseacute Ribeiro Ferreira Delfim Leatildeo Manuel Troumlster and Paula Barata Dias (eds) Symposion and Philanthropia in Plutarch (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

7 Gabriele Cornelli (Org) Representaccedilotildees da Cidade Antiga Categorias histoacutericas e discursos filosoacuteficos (Coimbra Classica DigitaliaCECHGrupo Archai 2010)

8 Maria Cristina de Sousa Pimentel e Nuno Simotildees Rodrigues (Coords) Sociedade poder e cultura no tempo de Oviacutedio (Coimbra Classica DigitaliaCECHCECCH 2010)

9 Franccediloise Frazier et Delfim F Leatildeo (eds) Tychegrave et pronoia La marche du monde selon Plutarque (Coimbra Classica DigitaliaCECH Eacutecole Doctorale 395 ArScAn‑THEMAM 2010)

10 Juan Carlos Iglesias‑Zoido El legado de Tuciacutedides en la cultura occidental (Coimbra Classica DigitaliaCECH ARENGA 2011)

11 Gabriele Cornelli O pitagorismo como categoria historiograacutefica (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2011)

12 Frederico Lourenccedilo The Lyric Metres of Euripidean Drama (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2011)

13 Joseacute Augusto Ramos Maria Cristina de Sousa Pimentel Maria do Ceacuteu Fialho Nuno Simotildees Rodrigues (coords) Paulo de Tarso Grego e Romano Judeu e Cristatildeo (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

14 Carmen Soares amp Paula Barata Dias (coords) Contributos para a histoacuteria da alimentaccedilatildeo na antiguidade (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

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15 Carlos A Martins de Jesus Claudio Castro Filho amp Joseacute Ribeiro Ferreira (coords) Hipoacutelito e Fedra ‑ nos caminhos de um mito (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

16 Joseacute Ribeiro Ferreira Delfim F Leatildeo amp Carlos A Martins de Jesus (eds) Nomos Kosmos amp Dike in Plutarch (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

17 Joseacute Augusto Ramos amp Nuno Simotildees Rodrigues (coords) Mnemosyne kai Sophia (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

18 Ana Maria Guedes Ferreira O homem de Estado ateniense em Plutarco o caso dos Alcmeoacutenidas (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

19 Aurora Loacutepez Andreacutes Pocintildea amp Maria de Faacutetima Silva De ayer a hoy influencias claacutesicas en la literatura (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

20 Cristina Pimentel Joseacute Luiacutes Brandatildeo amp Paolo Fedeli (coords) O poeta e a cidade no mundo romano (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

21 Francisco de Oliveira Joseacute Luiacutes Brandatildeo Vasco Gil Mantas amp Rosa Sanz Serrano (coords) A queda de Roma e o alvorecer da Europa (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

22 Luiacutesa de Nazareacute Ferreira Mobilidade poeacutetica na Greacutecia antiga uma leitura da obra de Simoacutenides (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica DigitaliaCECH 2013)

23 Faacutebio Cerqueira Ana Teresa Gonccedilalves Edalaura Medeiros amp JoseacuteLuiacutes Brandatildeo Saberes e poderes no mundo antigo Vol I ndash Dos saberes (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia2013) 282 p

24 Faacutebio Cerqueira Ana Teresa Gonccedilalves Edalaura Medeiros amp Delfim Leatildeo Saberes e poderes no mundo antigo Vol II ndash Dos poderes (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013) 336 p

25 Joaquim J S Pinheiro Tempo e espaccedilo da paideia nas Vidas de Plutarco (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013) 458 p

26 Delfim Leatildeo Gabriele Cornelli amp Miriam C Peixoto (coords) Dos Homens e suas Ideias Estudos sobre as Vidas de Dioacutegenes Laeacutercio (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013)

27 Italo Pantani Margarida Miranda amp Henrique Manso (coords) Aires Barbosa na Cosmoacutepolis Renascentista (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2013)

28 Francisco de Oliveira Maria de Faacutetima Silva Tereza Virgiacutenia Ribeiro Barbosa (coords) Violecircncia e transgressatildeo uma trajetoacuteria da Humanidade (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

29 Priscilla Gontijo Leite Eacutetica e retoacuterica forense asebeia e hybris na caracterizaccedilatildeo dos adversaacuterios em Demoacutestenes (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

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30 Andreacute Carneiro Lugares tempos e pessoas Povoamento rural romano no Alto Alentejo ‑ Volume I (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2014)

31 Andreacute Carneiro Lugares tempos e pessoas Povoamento rural romano no Alto Alentejo ‑ Volume II (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2014)

32 Pilar Goacutemez Cardoacute Delfim F Leatildeo Maria Aparecida de Oliveira Silva (coords) Plutarco entre mundos visotildees de Esparta Atenas e Roma (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

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Resumo da obra

A vasta e variada obra de Plutarco permite sempre uma abordagem a partir de distintas

perspetivas com diferentes intenccedilotildees e propoacutesitos variados No entanto eacute importante

identificar tambeacutem fios comuns nessa abordagem porque permitem demonstrar tanto a

niacutevel formal como de conteuacutedo que haacute muitos elementos comuns que permeiam o trabalho

de Plutarco

Os treze contributos para este volume tecircm como elo comum o nome de trecircs cidades

Esparta Atenas e Roma Elas representam espaccedilos poliacuteticos e institucionais diversos dada

a sua extensatildeo geograacutefica e cronoloacutegica mas simbolizam igualmente diferentes modelos

de organizaccedilatildeo social atraveacutes dos quais a Greacutecia pode ser contrastada com Roma ou Atenas

comparada com Esparta mdash ainda que o seu verdadeiro interesse na obra de Plutarco seja

que representam sempre locais paradigmaacuteticos onde vivem e convivem pessoas Por

isso os estudiosos de Plutarco que contribuiacuteram para este volume procuram analisar em

cada uma dessas cidades seja por assimilaccedilatildeo ou por contraste a forma como o autor de

Queroneia aborda a ligaccedilatildeo entre indiviacuteduo e comunidade a partir do exerciacutecio do poder

e da experiecircncia religiosa qual o papel da educaccedilatildeo e do domiacutenio privado na projeccedilatildeo

puacuteblica dos protagonistas retratados por Plutarco ou ateacute que ponto a imagem dos primeiros

legisladores e fundadores miacuteticos foi condicionada pela evoluccedilatildeo histoacuterica destas mesmas

cidades

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Page 20: Versão integral disponível em digitalis.uc · visões de Esparta, Atenas e Roma IMPRENSA DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA COIMBRA UNIVERSITY PRESS ANNABLUME Versão integral disponível

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Mordf Teresa Fau Ramos

por el queronense sujetos a quienes eacuteste no aplica el calificativo de νομοθέτης sino el de οἰκιστήςκτίστης (laquofundadorraquo) o bien les atribuye la accioacuten de οἰκιζεῖνκτιζεῖν (laquofundarraquo) una poblacioacuten Estos individuos fundan (o refundan) una comunidad cosa que les obliga a fijar unas normas Ejercen pues en cierto modo como legisladores y se arriesgan por tanto a contrariar voluntades ajenas Tambieacuten estos personajes de quienes nos ocuparemos ahora sucintamente estaacuten expuestos a pagar un precio por llevar a cabo su cometido

Teseo

Del οἰκιστής Teseo118 nos interesa especialmente su tarea como autor del llamado sinecismo Plutarco nos brinda al respecto una detallada descripcioacuten Seguacuten eacutel tras la muerte del rey Egeo su hijo Teseo se propone laquouna empresa grande y admirableraquo (μέγα καὶ θαυμαστὸν ἔργον) consistente en reunir a todos los habitantes del Aacutetica en una sola ciudad formando con ellos un uacutenico Estado dotado de instituciones comunes119 Pero antes de dar comienzo a su labor re‑corre la regioacuten para informar del proyecto a todos los pobladores Los ciudadanos no relevantes acogen al punto su llamamiento Los ricos en cambio se muestran reticentes y para convencerlos Teseo les ofrece un sistema de gobierno carente de rey y les promete que tan soacutelo reservaraacute para si mismo las funciones de dirigente militar y de laquocustodio de las leyesraquo (νόμων φύλαξ)120

Tras las explicaciones Teseo pone manos a la obra suprime los organismos anteriores y sienta las bases para el establecimiento de una polis a la cual da el

(Agis et Cleom 201) su madre su abuela y su hermano fueron asesinados (Agis et Cleom 202‑7 y 263) y su esposa obligada a contraer matrimonio con el hijo de un enemigo (Agis et Cleom 221‑3) Cleoacutemenes por su parte se vioacute forzado a entregar como rehenes del rey de Egipto a parte de su familia (Agis et Cleom 434‑8) perdioacute a su hermano en combate (Agis et Cleom 496‑7) tuvo que huir de Esparta (Agis et Cleom 503‑4) y fue arrestado en Egipto (Agis et Cleom 567) donde acaboacute suicidaacutendose tras haber intentado provocar un alzamiento contra el rey (Agis et Cleom 576‑5816) y una vez muerto continuaraacuten por asiacute decir las penalidades de Cleoacutemenes ya que el monarca egipcio ordena que su cadaacutever sea ultrajado y que sus hijos su madre y las mujeres del entorno de eacutesta reciban la muerte (Agis et Cleom 594) No obstante he decidido omitir la referencia a estos personajes porque sus esfuerzos por reinstaurar la constitucioacuten de Licurgo no se vieron coronados por el eacutexito y sobre todo porque a diferencia de lo que ocurre con Licurgo Soloacuten Numa y Publiacutecola a Agis y a Cleoacutemenes no les es otorgada por parte de Plutarco la denominacioacuten de νομοθέτης Por lo que a Agis se refiere Roskam (2005) considera que constituye para el queronense el modelo ideal del joven que se dedica a la poliacutetica

118 Thes 15 No entraremos aquiacute a discutir hasta queacute punto podriacutea sentirse Plutarco motivado a biografiar al fundador miacutetico de Atenas ni nos pronunciaremos sobre el no disimulado escepticismo sobre el particular que se le atribuye cf Sirinelli (2000) 301 Por cierto que la obra que acabamos de consignar corresponde a una de las maacutes acreditadas biografiacuteas plutarqueas comparable a las de Jones (1971) Russell (1973) y Lamberton (2001)

119 Thes 241 En la versioacuten plutarquea el sinecismo va maacutes allaacute de la unificacioacuten exclusivamente poliacutetica que describe Tuciacutedides (215)

120 Thes 242

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Legislar teniacutea un precio

nombre de Atenas funda la festividad de las Panateneas para que sea celebrada por el conjunto de la comunidad instaura tambieacuten la fiesta de las Metecias y abdica ndashtal como habiacutea prometido‑ de la corona121

A continuacioacuten se dispone a organizar el nuevo Estado laquoempezando a partir de los diosesraquo (ἀπὸ θεῶν ἀρχόμενος)122 toma medidas para favorecer el crecimiento vegetativo de la polis establece clases entre la ciudadaniacutea asig‑nando un status especiacutefico a cada colectivo acuntildea moneda y fija los liacutemites de Atenas123

Pero al eficiente Teseo tambieacuten le llega la hora de pagar un precio por la tarea realizada124 Un tal Menesteo descendiente de Erecteo emprende una insi‑diosa campantildea contra el fundador soliviantando a laquolos poderososraquo (οἱ δυνατοί) que consideraban que Teseo les habiacutea sustraiacutedo prerrogativas y perturbando asimismo a laquola multitudraquo (οἱ πολλοί) so pretexto de haber perdido seducidos por un espejismo de libertad la patria los templos y los gobernantes que les eran propios yendo a caer bajo la autoridad de un extranjero125 La suerte sonriacutee al alborotador pues los Tindaacuteridas invaden el Aacutetica tal vez ndashapunta Plutarcondash a peticioacuten del propio Menesteo quien se encarga ademaacutes de facilitarles la entrada a la ciudad de Atenas126 De resultas de ello ndashel queronense tiene sus dudas al respectondash Etra la madre de Teseo habriacutea sido hecha prisionera127

El fundador intenta volver a ejercer su autoridadhellip en vano Al fin profun‑damente decepcionado abandona Atenas para siempre no sin antes maldecir a sus habitantes128 Teseo pereceraacute lejos de la patria y su muerte no provocaraacute reaccioacuten alguna en la ciudad129 Mucho tiempo habraacute de transcurrir para que la polis reconozca sus meacuteritos y le rinda los debidos honores que comportaraacuten la

121 Thes 243‑4122 Thes 244 Plutarco no concreta en queacute consiste esta actuacioacuten del fundador123 Thes 251‑4 Por si esta considerable labor fundacional no fuera suficiente somos

informados por Plutarco (Thes 265‑7) de que Teseo es tambieacuten οἰκιστής de la ciudad de Pitoacutepolis de la cual parte despueacutes de haber designado a quienes ejerceraacuten de gobernantes y legisladores

124 Un precio ndashrecordemosndash que ya habiacutea empezado a pagar cuando para persuadir a sus conciudadanos ricos se habiacutea comprometido a renunciar a la corona

125 Thes 321 En este pasaje Plutarco se hace eco de la atribucioacuten a Menesteo del hecho de haber sido laquoel primer hombreraquo (πρῶτος hellip ἀνθρώπων) en laquoejercer de demagogoraquo (δημαγωγεῖν)

126 Thes 322ndash332127 Thes 341128 Thes 353‑5 Esta miacutetica maldicioacuten sirve a Plutarco como αἴτιον para explicar la

etimologiacutea del laquoAraterioraquo o laquolugar de las maldicionesraquo 129 Thes 356‑7 En la descripcioacuten del fracaso que experimenta Teseo al intentar recuperar

el poder Plutarco se sirve de una terminologiacutea poliacutetica (usa en voz pasiva los verbos καταδημαγωγέω y καταστασιάζω) que utiliza tambieacuten en Per 92 y 5 Por otra parte nos parece significativo que la biografiacutea de Teseo no concluya con la alusioacuten a su fallecimiento sino que incorpore (Thes 358ndash365) la mencioacuten de los honores recibidos mucho tiempo despueacutes de su muerte por el fundador de hecho para el queronense el final de una vida no ha de coincidir necesariamente con el final de la biografiacutea cf al respecto Pelling (1997)

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Mordf Teresa Fau Ramos

necesidad de laquorecuperarraquo los restos del οἰκιστής y de trasladarlos solemnemente a Atenas130 permitiendo con ello a Cimoacuten el gran adversario de Temiacutestocles apropiarse de la figura del ilustre fundador131

Roacutemulo

La indiferencia que acompantildea al amargo fin de Teseo contrasta con el re‑vuelo que se originoacute en Roma tras la desaparicioacuten de aqueacutel a quien Plutarco considera laquopadreraquo (πατήρ)132 de la urbe que laquofundoacuteraquo (ἔκτισε)133

No es poco ciertamente lo que Roma debe a su οἰκιστής pues ademaacutes de ser el fundador material de la ciudad134 tomoacute unas medidas que seriacutean determi‑nantes para el futuro de la poblacioacuten Asiacute establecioacute los criterios con arreglo a los cuales debiacutean ser clasificados los ya numerosos habitantes de la urbe135 fue corresponsable del pacto crucial sellado entre sabinos y romanos136 introdujo cambios en el armamento137 e instituyoacute nuevos rituales138 El queronense le atri‑buye tambieacuten la promulgacioacuten de algunas leyes ndashἔθηκεhellip νόμους τινάς139 dice textualmentendash como las que hacen referencia al repudio de la esposa140

Pero llegado el liacuteder romano al zeacutenit de la gloria experimentoacute una profunda transformacioacuten en su manera de ser y adoptoacute maneras impropias vistioacute lujosos

130 Thes 358ndash365 Sobre las acciones cultuales relacionadas con el οἰκιστής ateniense cf Plaacutecido (1994) Por otra parte creemos que en la valoracioacuten plutarquea del descalabro sufrido por Teseo tiene un peso considerable la conducta poco edificante del ateniense en relacioacuten con Helena a quien eacuteste que a la sazoacuten contaba cincuenta antildeos habiacutea raptado cuando la muchacha todaviacutea no era nuacutebil (cf Thes 292 y 311‑3) En este contexto consideramos que aunque no se centra en la figura de Teseo es esclarecedora la obra de Beneker (2012) quien asimismo nos brinda datos relevantes en un trabajo posterior cf Beneker (2014) Sobre los valores morales en la obra del queronense cf Duff (1999) y Van Hoof (2010)

131 Thes 362‑3 y Cim 85‑7 En el marco de la poliacutetica ateniense de la primera mitad del siglo V a C no es en modo alguno insoacutelita la utilizacioacuten en beneficio propio de un dios o de un heacuteroe Asiacute mientras Cimoacuten opta por valerse del miacutetico Teseo Temiacutestocles se sirve de la figura de Aacutertemis cf Fau Ramos (2007) Veacutease al respecto Podlecki (1971) y Piccirilli (1987)

132 Thes 15133 Thes 22134 Rom 111‑4135 Rom 131‑8 Cf Id 201‑3 En Rom 137‑8 el queronense nos ofrece una descripcioacuten

tan idealizada como paternalista de los viacutenculos establecidos entre patroni y clientes descripcioacuten que ha sido relacionada con la que nos brinda Dionisio de Halicarnaso (210)

136 Rom 199‑10137 Rom 211138 Rom 211 y 221139 Con esta expresioacuten parece evidente que si bien Plutarco no aplica a Roacutemulo el calificativo

de νομοθέτης siacute que de facto lo tiene por tal140 Rom 223 La informacioacuten plutarquea sobre las leyes de Roacutemulo es ciertamente escueta

Para una visioacuten mucho maacutes amplia que incluye los derechos hereditarios de las mujeres la aplicacioacuten de la pena de muerte a la esposa en caso de adulterio o embriaguez las obligaciones filiales para con los progenitores y la potestad paterna sobre los hijos cf D H 225‑26

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Un mentor limpio de pasiones El filoacutesofo y la actuacioacuten poliacutetica seguacuten el De genio Socratis

semejante oraacuteculo lo que haciacutea el dios en realidad era exhortar a los griegos a que abandonasen las guerras frecuentasen las musas apaciguasen sus pasiones con ayuda de la razoacuten y guardasen entre siacute relaciones paciacuteficas y fecundas39

Los dos sucesos trasladan un mensaje confuso Pues hablan de los griegos no de filoacutesofos de guerras y cuestiones de justicia no de rebeliones liberadoras engloba ademaacutes la filosofiacutea en un conjunto de actividades que parece cifrar la παιδεία griega en general Pero ambos de alguna manera ofrecen una primera justificacioacuten del rechazo de Epaminondas Con ellos se pone en praacutectica la lla‑mada laquoredefinicioacutenraquo teacutecnica literaria practicada por diversos autores antiguos y frecuente en las Vidas paralelas Consiste en formular enunciados vagos y gene‑rales que a lo largo de la obra y en pasajes posteriores se concretan y alcanzan un grado mayor de individualizacioacuten40 Los dos incidentes mencionados no son ademaacutes la uacutenica prefiguracioacuten encaminada a justificar de manera previa y alusiva la inhibicioacuten de Epaminondas La misma funcioacuten cumple el diaacutelogo sobre la pobreza Epaminondas mudo en la discusioacuten demonoloacutegica central toma aquiacute la palabra para entrar en controversia con Teanor

Teanor personaje ficticio es un filoacutesofo pitagoacuterico natural de Crotona En fechas anteriores otro pitagoacuterico Lisis se habiacutea refugiado en Tebas Acogido en la casa de Polimnis padre de Cafisias y Epaminondas habiacutea llevado en esa casa pobre una vejez dichosa Teanor llega comisionado por las ricas comunidades pitagoacutericas de Italia Eacutestas quieren recompensar a Polimnis y sus hijos con una suma que aliviaraacute su pobreza Pero Epaminondas se niega a aceptar tal recom‑pensa negativa que da lugar a la controversia que mantiene con Teanor

El discurso sobre la pobreza es la uacutenica ocasioacuten en que Epaminondas rompe sustancialmente su silencio pues es el uacutenico pasaje en el que el ldquocentro ausenterdquo de la obra Epaminondas expone sus ideas de manera razonada y recurriendo a categoriacuteas filosoacuteficas Pronunciado en diaacutelogo con Teanor puede dividirse en dos secciones la primera (583D‑E) de extensioacuten breve comenta la inutilidad de las riquezas aportadas por Teanor que Polimnis y sus hijos habriacutean de emplear en cosas superfluas La segunda (584C‑585D) maacutes amplia y densa comienza con la defensa de la pobreza como ejercicio frente a aquellas pasiones (ἐπιθυμίαι) que proceden del exterior (ἐπήλυδες) y tienen como fuente las falsas opiniones (κενῶν δοξῶν) el deseo de riquezas (φιλοπλουτία) es una de esas pulsiones accesorias y superfluas como lo es tambieacuten el deseo de gloria (φιλοδοξίαν) Pos‑teriormente Epaminondas ahonda en su planteamiento como adiestramiento para el autodominio (ἐγκρατείας) la contencioacuten frente a los placeres beneficia al alma y de la misma manera beneficia a la praacutectica de la justicia el ejercicio contra

39 Gen Socr 579B‑D40 Cf Pelling (1988) 12‑13 (1990) 230

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Joseacute M Candau

el deseo de riquezas41 El discurso finaliza con la alabanza del hombre que sabe rehusar favores y daacutedivas de amigos y reyes incluyendo los dones de la fortuna (τύχης) tal hombre no ve alterado su juicio (οὐδὲ θορυβεῖ τὴν διάνοιαν) y es capaz de perseverar ufano y sereno en la praacutectica de la excelencia

Es de notar que los argumentos de Epaminondas no aparecen en otra obra de Plutarco dedicada especiacuteficamente a combatir la avaricia el de cupiditate di‑vitiarum (523C‑528B) Es este uno de los tratados clasificados por Ziegler bajo el roacutetulo de ldquofilosoacuteficos‑popularesrdquo y estudiados recientemente por L Van Hoof Frente a lo que sugiere su roacutetulo observa Van Hoof tales tratados tienen como destinatario a la eacutelite econoacutemica poliacutetica y social del mundo grecorromano Son por otra parte tratados de orientacioacuten fundamentalmente praacutectica Con ellos Plutarco no persigue ldquoconvertir a la filosofiacuteardquo ni lograr que sus lectores olviden sus ambiciones poliacuteticas y sociales Maacutes bien intenta ofrecerles una guiacutea que le ayude afrontar los problemas derivados de su posicioacuten dirigente La meta no es por tanto cambiar las expectativas de liderazgo o rebajar las pretensiones de poder e influencia propios y sustanciales de una clase como aquella que conforma la audiencia de los mal llamados ldquotratados filosoacutefico‑popularesrdquo Por el contrario lo que hace Plutarco es poner la filosofiacutea al servicio de sus aspiraciones42

El de cupiditate divitiarum emplea un tono admonitorio sus ideas son sen‑cillas y basadas en la experiencia o si se quiere en motivaciones prefilosoacuteficas y sus consejos no constituyen un obstaacuteculo sino una ayuda para la realizacioacuten de las ambiciones sociales que pueda albergar el lector Despliega en suma el conjunto de teacutecnicas y estrategias usuales en los tratados de ldquoeacutetica praacutectica al servicio de la eacutelite43rdquo No ocurre lo mismo con el discurso sobre la pobreza de Epaminondas Purgar el alma de las opiniones procedentes del exterior desterrar el ansia de riquezas y el deseo de gloria rehusar los favores de amigos y reyes y los dones de la fortuna son preceptos adecuados para un tipo de hombre que como Epaminondas huye de los conflictos inherentes a la lucha poliacutetica Pero es difiacutecil que con estos atributos Plutarco quiera hacer de Epaminondas un modelo para la oligarquiacutea a quien dirige sus tratados de eacutetica praacutectica Resulta significativa la posicioacuten que ocupa el discurso sobre la pobreza en el texto del de genio Una vez que concluye Epaminondas y despueacutes de que todos expresan su admiracioacuten hacia eacutel se expone una de las maacutes movidas peripecias en la que se vieron envueltos los miembros de la conjura Tras grandes sobresaltos y fuertes discusiones entre diversos implicados en la trama el asunto vino a resolverse por siacute solo e inespe‑radamente

41 El texto griego no es en este pasaje enteramente claro Quizaacutes es consecuencia de ello que frente a la lectura de los manuscritos (δικαιοσύνῃ) Russell (2010) proponga leer δικαιοσύνης

42 Van Hoof (2010) 28‑3743 Van Hoof (2010) 55‑56

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ldquoUn singular trastorno habiacutea hecho presa en nuestro aacutenimo Llenos poco antes de desazoacuten al ver nuestra empresa frustrada la presioacuten de las circunstancias y la urgencia que no consentiacutean tregua nos sumiacutea de nuevo en ansiedad y temor44rdquo

Con estas palabras describe Plutarco el estado de aacutenimo de los conjurados a raiacutez del episodio expuesto tras la discusioacuten sobre la pobreza Un estado de aacutenimo que no puede permitirse Epaminondas atento a la contencioacuten de las pasiones y la serenidad de su mente pero que es el propio de quienes participan en el complot revolucionario

El de genio se mueve seguacuten han observado diversos estudios modernos en dos planos el humano y el de los deacutemones el de la contemplacioacuten filosoacutefica y la praacutectica poliacutetica el mortal y el sobrenatural el de los que conocen y el de los que ignoran45 Y en correspondencia sus personajes se ubican en dos niveles Los unos estaacuten instalados en el mundo de la accioacuten y la peripecia son Cafisias el narrador y con eacutel todos los conjurados Otros se ubican en un plano superior el de la filosofiacutea y el contacto con las realidades transcendentes Epaminondas es la muestra maacutes clara pero el ejemplo uacuteltimo es Soacutecrates La incertidumbre el azar y el conflicto parecen preponderantes en el mundo de la accioacuten Asiacute lo indica el ruego que Arquedamo dirige a Cafisias al inicio de la obra la lucha de la virtud y la razoacuten contra las contingencias atrae por lo accidentado de su desarrollo la precariedad impliacutecita en la actuacioacuten humana y la peripecia que ello desencadena es precisamente lo que hace del acontecer histoacuterico un espectaacuteculo digno de intereacutes para el amante del honor y la belleza46 Ahora bien la manera de ver las cosas de Arquedamo se queda en la superficie de los hechos Ciertamente el relato concerniente a la liberacioacuten de la Cadmea se urde a partir de iniciativas y motivaciones humanas sin que el autor del relato Cafisias reclame expresamente la intervencioacuten divina Pero en el de genio la atmoacutesfera estaacute impregnada de un aura sobrenatural A ello contribuyen tanto las alusiones indirectas47 como la acumu‑lacioacuten de episodios y contenidos relacionados con la divinidad y el maacutes allaacute En muchas de sus obras consigna Plutarco su creencia de que el curso de la historia obedece al disentildeo de una fuerza transcendente48 El relato de la liberacioacuten de la Cadmea confirma dicha idea Pues el lector no puede eludir el pensamiento insi‑nuado por diversos procedimientos aunque no explicitado de que la ayuda divina respalda la actuacioacuten de los conjurados49 Ocurre sin embargo que ni Cafisias ni los demaacutes partiacutecipes de la conjura pueden acceder a esa visioacuten de las fuerzas

44 Gen Socr 588A45 Desideri (1984) 581 Hershbell (1988) 374‑378 Babut (1988) 384‑389 Brenk (1996)

41‑44 Georgiadou (1996) 114 Hardie (1996) 13346 Gen Socr 575B‑D47 Babut (1988) 385‑38648 Tratamiento del tema en Barigazzi (1984) y Swain (1989)49 Babut (1988) 386‑389

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sobrenaturales rectoras de los sucesos Y no acceden precisamente por estar in‑mersos en el mundo de la actuacioacuten y la peripecia Las pulsiones procedentes del exterior embargan su aacutenimo de manera que en expresioacuten de Brenk laquothey see only the apparent succession of chance occurrencesraquo50 Arquedamo tampoco tiene acceso al plano donde operan las fuerzas sobrenaturales Y evidentemente la misma ceguera afecta a esos laquoamantes del honor y la bellezaraquo ante los cuales invita a hablar a Cafisias Un puacuteblico ilustre cuya presentacioacuten hace Arquedamo subrayando su pertenencia a familias poliacuteticamente insignes51 Puacuteblico por tanto equiparable a esa eacutelite social a quien Plutarco dirige sus tratados de eacutetica praacutectica Los dos puacuteblicos el de Cafisias y el del Plutarco podriacutean identificarse con los heacuteroes que liberan la Cadmea Pero difiacutecilmente se identificariacutean con Epaminon‑das que en dos ocasiones rechaza tomar parte en la empresa52

En ambas el rechazo se justifica mediante un argumento ndashla negativa a derramar sangre de sus conciudadanos‑ que situacutea a Epaminondas a un nivel de exigencia eacutetica superior al de los conjurados53 Ahora bien la diferencia entre Epaminondas y los liberadores no radica en la eacutetica Pues al fin y al cabo ningu‑na ofensa eacutetica cabe reprochar a los protagonistas de la heroica liberacioacuten de la Cadmea Radica en el nivel Asiacute lo sugiere la discusioacuten sobre la pobreza Y asiacute lo vuelve a sentildealar el gran debate sobre el daimon de Soacutecrates que da tiacutetulo a al obra

Se debate sobre lo que Soacutecrates mismo llamaba su daimon el principio que lo guioacute a lo largo de su vida e iluminaba sus decisiones en materias inciertas e impenetrables para la inteligencia humana54 El daimon socraacutetico sugiere que Soacutecrates conociacutea de alguna manera los acontecimientos futuros algo que dos personajes del de genio acreditan55 En este sentido el debate versa sobre la adivi‑nacioacuten Las intervenciones de los diferentes personajes configuran tomadas en conjunto un extenso discurso filosoacutefico y religioso Plutarco no se alinea expresa‑mente con ninguna de las opiniones emitidas el tratamiento del tema presenta pues ese final abierto que es tan comuacuten en este autor Las cuestiones que se tocan son variadas pero todas parten de una cuestioacuten baacutesica La adivinacioacuten supone un conocimiento inalcanzable al menos en apariencia a la razoacuten humana Y el debate versa sobre coacutemo es posible acceder a ese nivel superior de inteligencia Miradas desde este punto de vista las opiniones formuladas por los distintos personajes pueden dividirse en dos grandes bloques De un lado Galaxidoro que

50 Brenk (1996) 4251 Gen Socr 575E‑F52 Gen Socr 576D‑E 594B‑C53 En la segunda ocasioacuten se antildeade un motivo maacutes conveniacutea que consumada la liberacioacuten

quedasen hombres a quienes nada pudiese reprocharse por no haber participado en la accioacuten Epaminondas se reserva este papel

54 Gen Socr 580C‑D55 Teoacutecrito (580D‑F) y Polimnis (581D‑E)

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inicia el debate propone una explicacioacuten maacutes proacutexima a los paraacutemetros raciona‑les56 en ella se ha querido ver una muestra de la llamada laquoadivinacioacuten teacutecnicaraquo (τεχνικὸς μαντική artificiosa divinatio)57 Del otro Simias Timarco y Teanor interpretan las premoniciones de Soacutecrates como un caso de comunicacioacuten direc‑ta entre el hombre y la divinidad defienden por tanto la llamada laquoadivinacioacuten naturalraquo (ἄτεχνος μαντική naturalis divinatio)58 Ya se ha dicho que Plutarco no se declara expresamente partidario de ninguna opcioacuten Pero su texto privilegia de manera indirecta los discursos de Simias Timarco y Teanor Asiacute lo sugiere un paacuterrafo del de genio que subraya el papel de Galaxidoro como mero introductor del problema59 Y asiacute lo recogen distintos estudios modernos Galaxidoro seriacutea el oponente racionalista casi siempre estoico habitual en los diaacutelogos religiosos de Plutarco su explicacioacuten se ve devaluada tanto por sus contradicciones internas como por la presencia de procedimientos textuales que rebajan su veracidad y en suma Galaxidoro y el resto de las intervenciones insertas en la seccioacuten dominada por eacutel tendriacutean como funcioacuten principal la de plantear el tema a debatir60

Las propuestas de Simias Timarco y Teanor son evidentemente distintas Actuacutea aquiacute quizaacutes el deseo de presentar el problema bajo luces diversas61 o quizaacutes el complejo planteamiento dramaacutetico que forma parte de las estrategias persuasivas de Plutarco62 Las tres sin embargo coinciden en una idea central la singularidad de aquellos hombres que como Soacutecrates pueden contactar con una realidad por encima del mundo material Para Simias el alma de la mayoriacutea de los hombres se halla embargada por el tumulto de las pasiones y la voraacutegine de las servidumbres vitales de manera que su entendimiento no puede captar las indica‑ciones de los seres superiores en el caso de Soacutecrates por el contrario su intelecto limpio y exento de pasiones (ὁ νοῦς καθαρὸς ὢν καὶ ἀπαθής) percibiacutea faacutecilmente las sentildeales enviadas por los seres divinos63 Seguacuten el mito de Timarco (expuesto por Simias) en el alma (ψυχή) conviven dos partes una inmersa en el cuerpo recibe el nombre mismo de ldquoalmardquo (ψυχή) la otra inaccesible a la corrupcioacuten se llama laquointelectoraquo (νοῦν) estaacute en el exterior del hombre y los entendidos le dan

56 Gen Socr 579F‑582C57 Corlu (1970) 49‑50 Doumlring (1984) 376 Schroumlder (2010) 161 58 Para la distincioacuten entre ambos tipos de maacutentica veacutease Cic div 111ndash12 134 172

1109ndash131 (con el comentario de Wardle (2006))59 Gen Socr 588A ζητήσεως οὐκ ἀγεννοῦς ἀλλ ἧς ὀλίγον ἔμπροσθεν οἱ περὶ Γαλαξίδωρον

καὶ Φειδόλαον ἥψαντο διαποροῦντες τίνος οὐσίας καὶ δυνάμεως εἴη τὸ Σωκράτους λεγόμενον δαιμόνιον

60 Corlu (1970) 19‑20 y 51‑52 Hani (1980) 53 Doumlring (1984) 376‑377 Schroumlder (2010) 161‑162 Donini (2011) 415‑416

61 Sobre el reparto de papeles filosoacuteficos que aquiacute parece efectuar Plutarco veacutease Donini (2011) 412‑419 (2011 [2004]) 442‑443

62 Veacutease Van Hoof (2010) 67‑68 a propoacutesito de determinados laquotratados de eacutetica praacutecticaraquo63 Gen Socr 588D‑E

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el nombre de daimon64 La parte irracional e inmersa en el cuerpo se halla sujeta a la racional e incorruptible Si la sujecioacuten es deacutebil el alma se dejaraacute doblegar por las pasiones soacutelo cuando se fortalece gracias a la educacioacuten aparece el alma capaz de percibir con prontitud las indicaciones de su daimon Algunos hombres sin embargo estaacuten especialmente dotados de suerte que en ellos predomina de forma innata la obediencia a la razoacuten y a su daimon A ellos estaacute reservada la capacidad de percibir la llamada divina65 Teanor afirma que las almas libres de lazos con el cuerpo se convierten en daacuteimones Tales daacuteimones guiacutean los asuntos del hombre Pero no todos los hombres reciben su atencioacuten pues se desentienden de cuantos estaacuten inmersos en los avatares del acontecer soacutelo aquellos que tras mil esfuerzos ascienden a una esfera elevada son recompensados con la ayuda del daimon66

Las tres intervenciones explican las dotes excepcionales de Soacutecrates mediante la existencia de hombres excepcionales Y en las tres esa excepcionalidad requiere una especial disposicioacuten del alma La liberacioacuten de las pasiones y el alejamiento del traacutefago iacutensito en el mundo humano se presentan como condicioacuten necesaria para que haya un Soacutecrates Paradigma del filoacutesofo Soacutecrates es tambieacuten el modelo de Epaminondas El discurso sobre la pobreza al mostrar coacutemo Epaminondas limpia su alma de pasiones e impulsos procedentes del mundo exterior acredita su condicioacuten de filoacutesofo Asiacute se reconoce cuando termina dicho discurso por boca de Simias67

laquoGran hombre grande es Epaminondas y responsable de ello es el aquiacute pre‑sente Polimnis que ha criado a sus hijos desde temprano en la mejor filosofiacutearaquo

Epaminondas tambieacuten es consecuente con su condicioacuten de filoacutesofo cuando rehuacutesa someter su alma al torbellino del acontecer humano y las pasiones aso‑ciadas esto es cuando se niega a participar en la conjura El filoacutesofo parece ser la conclusioacuten no debe participar al menos de manera directa en el torbellino de la vida poliacutetica

El Epaminondas del de genio es una creacioacuten histoacutericamente discutible68 Ciertamente su no participacioacuten en la liberacioacuten de la Cadmea y su formacioacuten filosoacutefica estaacuten suficientemente documentadas Pero Epaminondas es conocido ante todo por su dimensioacuten poliacutetica que aquiacute relega Plutarco para subrayar su

64 Gen Socr 591E65 Gen Socr 592A‑E66 Gen Socr 593D‑594A67 Gen Socr 585D68 Ya Von Stern (1884) 55‑57 sentildealoacute las debilidades del relato que ofrece Plutarco en el

de genio Los estudios posteriores (veacutease por ejemplo Corlu [1970] 19‑20 Barigazzi [1988] 414‑424Georgiadou [1996]) han insistido en el Epaminondas del de genio presenta una factura obediente sobre todo a razones compositivas y de disentildeo

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calidad de filoacutesofo Asiacute construida la figura de Epaminondas traslada un mensaje ndashla no implicacioacuten directa del filoacutesofo en las luchas poliacuteticas‑ que puede tener calado teoacuterico pero tambieacuten sirve a Plutarco para trasladar su posicionamiento ante cuestiones concernientes a su propia persona y al horizonte cultural de su eacutepoca Comparado a otros contemporaacuteneos que por condicioacuten social e incluso actividad literaria estaban a su mismo nivel Plutarco no protagonizoacute una carrera poliacutetica particularmente brillante69 Asumioacute en cambio el papel de consejero y guiacutea de la eacutelite La autoridad necesaria para ello se la confiere la filosofiacutea Pues Plutarco se presenta a siacute mismo como filoacutesofo La exaltacioacuten de Epaminondas es una exaltacioacuten de su propia identidad como filoacutesofo y mentor Epaminondas se mueve a una altura la de la filosofiacutea superior a la de sus afines y compantildeeros los conjurados Esta altura le prohiacutebe descender al plano de la accioacuten directa descenso que contaminariacutea su alma con pulsiones sobrevenidas pero tambieacuten le permite acceder a una realidad inalcanzable para sus compantildeeros Epaminondas eleva asiacute la posicioacuten del filoacutesofo y justifica incluso hace ineludible su alejamiento de la lucha poliacutetica Gracias a ello lo que podriacutea ser una debilidad del propio Plutarco la falta de una carrera puacuteblica brillante se transforma en una eleccioacuten deliberada y necesaria

Tal mensaje adquiere maacutes fuerza si se lo contempla sobre el transfondo cultural de la eacutepoca El auge de las composiciones de exitu illustrium virorum corre en paralelo a la admiracioacuten hacia el filoacutesofo que se enfrenta al poder y sufre castigo por ello Ya se ha dicho que el fenoacutemeno acreditado en diversas fuentes contemporaacuteneas a Plutarco fue propiciado particularmente por el final del rei‑nado de Diocleciano y que el modelo uacuteltimo del filoacutesofo‑maacutertir es Soacutecrates En este contexto adquiere un significado especial la exaltacioacuten del ldquoSoacutecrates tebanordquo Epaminondas Epaminondas se aleja del conflicto puacuteblico para cuidar su alma se distingue por su silencio y pese a ello constituye el ldquocentro ausenterdquo del de genio una composicioacuten articulada en torno a un conflicto civil la liberacioacuten de la Cadmea No resulta inverosiacutemil ver en todos estos datos una respuesta de Plu‑tarco ante el fenoacutemeno del ldquofiloacutesofo‑maacutertir poliacuteticordquo y la admiracioacuten aglutinada en torno a esa figura Respuesta que reivindica rotundamente el papel asumido por el propio Plutarco de filoacutesofo mentor del poliacutetico pero fuera eacutel mismo del traacutefago de la poliacutetica

69 Veacuteanse las observaciones y referencias que ofrece al respecto Van Hoof (2010) 66‑67

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Joseacute M Candau

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A Esparta de Plutarco entre a guerra e as artes

de um seguidor das leis de Licurgo Nesse sentido Plutarco diz que o dinheiro e o ouro deveriam ser mandados embora de Esparta porque eles eram flagelos importados que despertavam a cobiccedila e promoviam a degeneraccedilatildeo dos costumes (c 17) Desse ponto de vista Lisandro prejudicou Esparta justamente porque promoveu seu enriquecimento e contribuiu para a dissoluccedilatildeo da frugalidade e da simplicidade que caracterizavam o cotidiano dos lacocircnios antes das vitoacuterias espartanas na Guerra do Peloponeso6

Na Vida de Agesilau Plutarco nos conta que o biografado foi o segundo filho de Arquidamo (o primeiro tinha sido Aacutegis) e que por isso ele natildeo seria o herdeiro direto do trono de Esparta De qualquer modo Agesilau foi educado de acordo com a agoge lacedemocircnia e nosso autor faz questatildeo de frisar que em decorrecircncia disso o liacuteder espartano sempre respeitou e praticou as leis de sua cidade (c 1) Mesmo apresentando uma pequena diferenccedila de tamanho de uma perna para a outra ele tinha outras qualidades espartanas como a honestidade a mansidatildeo e a beleza fiacutesica (c 2) Sua formaccedilatildeo foi tatildeo bem sucedida que diferente de Alexandre o grande e de Haniacutebal Agesilau foi um general que conquistou importantes vitoacuterias e mesmo assim nunca deixou de obedecer agraves leis espartanas (c 15) Mesmo depois de tornar‑se um lendaacuterio vencedor ele voltou a Esparta e continuou o mesmo homem de antes sem apresentar nenhuma novidade no seu comportamento diferente de outros estrategos quando voltavam de longas expediccedilotildees a terras estrangeiras (c 19)

Plutarco nos conta que Lisandro ndashque dizem ter sido amante de Agesilau na juventude (c 2)ndash pretendia introduzir muitas inovaccedilotildees e mudanccedilas no governo da Lacocircnia (c 20) Embora outros liacutederes de Esparta como Antaacutelcidas tenham feito acordos com os Persas e tenham abandonado laquocovarde e maldosamenteraquo os gregos da Aacutesia sob o domiacutenio dos baacuterbaros como nos diz Plutarco (c 23) Agesilau sempre foi um defensor da justiccedila Entre os capiacutetulos 29 e 30 da Vida de Agesilau nosso autor nos conta que os espartanos que perderam parentes na bata‑lha de Leuctra (em 371 a C) se alegraram e os que natildeo perderam ficaram tristes De certa forma eles responsabilizaram Agesilau pela derrota e lamentaram ter aceito um rei coxo Contudo Agesilau tinha boa reputaccedilatildeo e era muito virtuoso Prova disso eacute que sem promover nenhuma inovaccedilatildeo ele disse que era preciso fazer as leis dormirem para que retomassem a autoridade que tiveram no passado

Entretanto Plutarco natildeo faz apenas elogios a Agesilau Cartledge (1987 418) observa que ele faz criacuteticas a Agesilau por causa de sua ingratidatildeo em relaccedilatildeo a Lisandro (c 8) e condena seu comportamento porque ele teria hon‑rado mais os amigos do que a justiccedila (c 13 ver tambeacutem Moralia 807d) Aleacutem disso Plutarco via uma relaccedilatildeo direta entre a decadecircncia de Esparta e a ascenccedilatildeo

6 Sobre isso ver Duff (2002) 161‑204 e a introduccedilatildeo de Flaceliegravere e Chambry em Plutarque (1971) 158‑173

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Roosevelt Rocha

ilegiacutetima de Agesilau ao trono (c 21) Poreacutem no geral nosso autor eacute tatildeo favoraacutevel e simpaacutetico a Agesilau quanto Xenofonte que tambeacutem escreveu uma biografia do rei espartano a qual certamente serviu de base para a Vida composta pelo poliacutemata de Queroneia Segundo Cartledge (1987 418) para Plutarco Agesilau foi a encarnaccedilatildeo das virtudes peculiarmente espartanas simplicidade piedade e autocontrole7

Depois na Vida de Aacutegis e na Vida de Cleocircmenes Plutarco narra os uacuteltimos momentos da histoacuteria da Esparta independente ou seja o ponto mais baixo da decadecircncia daquela cidade Os reis Aacutegis e Cleocircmenes que reinaram no seacuteculo III a C tentaram restaurar os antigos valores dos tempos de Licurgo Eles tinham os dons naturais para levar essa tarefa a cabo Aacutegis tinha grandeza de alma e se insurgia contra os prazeres desde antes dos vinte anos (c 4) natildeo gostava de rou‑pas luxuosas e baniu toda suntuosidade para aderir aos antigos haacutebitos lacocircnios caracterizados pela simplicidade de vida Mas seu exemplo e sua energia natildeo foram suficientes para restaurar os costumes tradicionais e ele foi assassinado ainda muito jovem (cc 19‑21) Aquela Esparta incorrupta e valorosa dos tempos de Licurgo dava seus uacuteltimos suspiros

Cleocircmenes natildeo era parente de Aacutegis mas foi obrigado a se casar com a vi‑uacuteva do rei assassinado ou seja Agiaacutetis Segundo Plutarco (c 1) Cleocircmenes era ambicioso e tinha grandeza de alma Era temperante e simples como Aacutegis Ele tambeacutem quiz restaurar os antigos costumes espartanos (c 11) Primeiro depois de longa disputa poliacutetica abriu matildeo de seus bens Depois distribuiu as terras entre os cidadatildeos Restabeleceu a educaccedilatildeo dos jovens e a disciplina espartana Ele proacuteprio levou uma vida simples e frugal para dar o exemplo aos outros la‑cedemocircnios sem insolecircncia nem orgulho excessivo ou seja como um modelo de temperanccedila (c 13) Mesmo quando perdeu sua esposa Agiaacutetis por quem se enamorara verdadeiramente Cleocircmenes manteve a firmeza e seu caraacuteter elevado e tomou as providecircncias necessaacuterias para garantir a seguranccedila de seus soldados e aliados (c 22) Depois de reinar por dezesseis anos Cleocircmenes morreu (cc 37‑38) e assim terminou a histoacuteria de Esparta como cidade politicamente autocircnoma

Ateacute aqui vimos que podemos encontrar nas Vidas dos liacutederes espartanos escritas por Plutarco aquela imagem caracterizada por um conjunto de valores que parecem ter ganhado forccedila numa eacutepoca lendaacuteria e foram se enfraquecendo conforme o tempo foi passando e Esparta foi estendendo seu poder para fora da Lacedemocircnia Nesse quadro vemos uma cidade altamente militarizada de guerreiros corajosos disciplinados e afeitos a uma vida sem luxos e sem confortos Isso poderia indicar que os espartanos eram um povo rude pouco sofisticado e fechado para as artes

7 Cf tambeacutem a introduccedilatildeo de Flaceliegravere e Chambry em Plutarque (1973) 85‑88 e Shipley (1998) 1‑46

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A Esparta de Plutarco entre a guerra e as artes

Poreacutem vaacuterias fontes arqueoloacutegicas vasculares e mesmo literaacuterias nos mostram o contraacuterio Apesar de Tuciacutedides (1102) ter dito que os edifiacutecios em Esparta eram modestos e natildeo correspondiam ao tamanho do poder militar e poliacutetico da cidade dos lacedemocircnios em seu apogeu a avaliaccedilatildeo dos monumentos arquitetocircnicos espartanos precisa ser feita com cuidado Eacute preciso lembrar que Esparta natildeo foi destruiacuteda nas Guerras Meacutedicas como Atenas foi A capital da Aacutetica foi reconstruiacuteda e uma grande soma de dinheiro afluiu para ela por causa das contribuiccedilotildees dos aliados da Liga de Delos Isso natildeo aconteceu com a princi‑pal cidade da Lacocircnia Desse modo nela foram conservados edifiacutecios antigos do seacuteculo VI a C que apresentavam outro estilo de construccedilatildeo mais arcaizante do que claacutessico Dependendo do ponto de vista um estilo pode ser mais valorizado do que o outro

De qualquer modo Pausacircnias (3113) viajante do seacuteculo II d C que fez uma descriccedilatildeo de vaacuterias cidades da Greacutecia daquela eacutepoca nos informa que havia em Esparta vaacuterios monumentos que despertavam a admiraccedilatildeo daqueles que por ali passavam tal como o Poacutertico Persa construiacutedo inicialmente com o butim amealhado na guerra contra os persas Outros exemplos de edifiacutecios que nos uacuteltimos anos vecircm sendo estudados satildeo o templo de Apolo em Amiclas o templo de Aacutertemis Oacutertia e o Menelaion onde eram cultuados Menelau e Helena8

Cartledge (2002 111) nos informa que depois de 690 a C pintores de vasos da Lacocircnia sofreram influecircncia de artistas do Egeu e adotaram o chamado estilo lsquoorientalizantersquo o que mostra que na praacutetica Esparta natildeo estava isolada do resto do mundo helecircnico Ainda segundo Cartledge nessa eacutepoca artesatildeos lacocircnios que trabalhavam com bronze comeccedilaram a se interessar pela representaccedilatildeo de figuras humanas em suas obras e por volta de 650 a C comeccedilou a se desenvolver na regiatildeo de Esparta o uso do marfim para produccedilatildeo de objetos gravados Vemos entatildeo que o ambiente artiacutestico na Lacedemocircnia entre 775 e 650 a C natildeo era de modo algum esteacuteril ou sem importacircncia9

Como Burn (1960 275‑276) explica Esparta natildeo virou suas costas para a arte e a poesia Prova disso eacute que vasos com detalhes refinados foram fabricados ali e exportados para outras regiotildees da Heacutelade ateacute 550 a C mais ou menos Por volta de 600 a C Gitiadas poeta escultor e arquiteto projetou o Templo de Atena tambeacutem conhecido como Casa de Bronze por causa das placas feitas com esse metal para decorar o edifiacutecio E em 585 a C o segundo templo de Oacutertia foi construiacutedo Ou seja havia artesatildeos trabalhando em Esparta no periacuteodo arcaico que produziram obras dignas de admiraccedilatildeo10

8 Para mais informaccedilotildees sobre a arqueologia e a arquitetura espartanas ver Walker (1998) Kaltsas (2007) e Cavanagh (2009)

9 Sobre isso ver tambeacutem Burn (1960) 180‑184 e Stibbe (1996) passim10 Ver tambeacutem Burn (1960) 280‑282 e Cartledge (2002) 133‑136

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No que diz respeito agrave muacutesica Plutarco nos daacute significativos testemunhos da sua importacircncia em ambiente espartano tanto nas Vidas quanto nos Moralia Na Vida de Licurgo no c 4 por exemplo encontramos a informaccedilatildeo segundo a qual o legislador lendaacuterio teria convidado um poeta‑legislador de Creta para ir a Esparta com ele Esse poeta se chamava Tales Mas talvez tenha havido alguma confusatildeo na tradiccedilatildeo manuscrita e esse Tales poderia ser o Taletas de Gortina mencionado algumas vezes no livro Sobre a Muacutesica tambeacutem de Plutarco Ele teria sido o responsaacutevel por curar os espartanos de uma peste com o seu canto11 Aleacutem disso no mesmo c 4 nos eacute dito que Licurgo teria sido o responsaacutevel por levar os poemas de Homero da Jocircnia para sua cidade

Depois no c 21 da mesma Vida Plutarco nos diz que os lacedemocircnios apreciavam se dedicar agrave poesia meacutelica porque as canccedilotildees estimulavam seus espiacuteritos e lhes davam coragem para enfrentar os inimigos nas batalhas Seu estilo era simples e seus temas eram seacuterios com o objetivo de promover uma boa formaccedilatildeo dos caraacuteteres Nelas eram louvados os heroacuteis de Esparta e condenados os covardes que natildeo lutaram ateacute o fim para defender sua cidade Nos festivais eram organizados trecircs coros de acordo com as idades um de velhos outro de adultos e outro de jovens Cada um cantava sobre a sua bravura uns falavam dos seus feitos no passado os outros tratavam das suas accedilotildees no presente e os uacuteltimos cantavam sobre o seu desejo de realizar grandes proezas no futuro Esses seriam os temas baacutesicos das canccedilotildees em Esparta e por isso segundo Plutarco Terpandro e Piacutendaro estavam corretos ao associar bravura e muacutesica e ao mostrar que os espartanos eram o povo mais aguerrido e mais musical

Por isso natildeo era por acaso que os jovens cantavam o nomo de Caacutestor e o peatilde da marcha (c 22) e em todo lugar havia danccedilas festas e banquetes quando natildeo havia expediccedilotildees militares (c 24) Contudo o gosto pela boa muacutesica e pela boa poesia natildeo era caracteriacutestico de todos os habitantes da Lacocircnia tendo em vista que os hilotas danccedilavam e cantavam canccedilotildees vulgares e grotescas diferentes das composiccedilotildees de Aacutelcman Terpandro e Especircndon (c 28) Isso na verdade estava associado ao fato de eles serem escravos e por isso era compreensiacutevel que eles apreciassem canccedilotildees vis como eles proacuteprios

Na Vida de Lisandro encontramos algumas informaccedilotildees que reforccedilam a impressatildeo de que os espartanos tinham sim grande sensibilidade para a muacutesica No c 15 ficamos sabendo que os lacocircnios depois de conquistar Atenas em 404 a C queriam destruir aquela cidade mas apoacutes ouvir um coro da Electra de Euriacutepides desistiram Em seguida no c 18 Plutarco nos conta que Lisandro estava sempre acompanhado do poeta Queacuterilo encarregado de celebrar os feitos do general E outros poetas tambeacutem celebraram Lisandro segundo nosso autor

11 Ver Plu Mus 42 (1146B‑C) e Gostoli (1990) 12‑13 e

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Na Vida de Agesilau c 14 lemos que os espartanos apreciavam uma parte da poesia de Timoacuteteo de Mileto poeta que teria tido algumas cordas de sua ciacutetara cortadas quando de uma sua visita a Esparta porque os eacuteforos julgavam que natildeo seriam necessaacuterias mais do que sete cordas e o instrumento do poeta tinha onze12 Essa anedota indica que os lacocircnios natildeo apreciavam inovaccedilotildees Poreacutem a informaccedilatildeo do c 14 da Vida de Agesilau mostra que eles poderiam aceitar pelo menos uma parte da obra de um poeta inovador desde que essa parte se adequas‑se ao gosto e agraves tradiccedilotildees do local Tambeacutem nessa mesma Vida c 21 Plutarco nos diz que o rei Agesilau apreciava os cantos e as danccedilas mesmo natildeo sendo um lsquoespecialistarsquo nas artes

Por fim na Vida de Aacutegis c 10 encontramos um elogio a Terpandro a Ta‑les (Taletas) e a Fereacutecides porque mesmo sendo estrangeiros professavam o que Licurgo instituiu e por isso foram muito honrados em Esparta Na Vida de Cleocircmenes c 2 somos informados que o rei Leocircnidas elogiou Tirteu algo facilmente compreensiacutevel tendo em vista o caraacuteter estimulante e guerreiro das elegias daquele poeta Aleacutem disso nessa mesma Vida citada por uacuteltimo c 12 Plutarco nos conta que Cleocircmenes certa vez teria encontrado alguns artistas de Dioniso muacutesicos e atores profissionais que iam de cidade em cidade para se apresentar e construiu um teatro Isso mostra que esse rei estimulou de alguma maneira as atividades artiacutesticas mesmo que ele natildeo tivesse o costume de levar artistas com seu exeacutercito de acordo com Plutarco e nem apreciasse apresentaccedilotildees musicais nos seus banquetes (c 13)

Tudo isso mostra que Esparta era uma cidade onde a muacutesica tinha um papel importe na educaccedilatildeo e na guerra e que os lacocircnios natildeo eram um povo obtuso e indiferente ao poder das melodias De acordo com Plutarco tendo em vista agora algumas passagens dos Moralia os espartanos passavam por treinamento rigoroso no que diz respeito agrave muacutesica e agrave poesia e suas canccedilotildees estimulavam os espiacuteritos e faziam com que os homens se sentissem entusiasmados e se esfor‑ccedilassem para ser bem sucedidos Em vaacuterias passagens das suas Obras Morais ele elogia o estilo da muacutesica deles porque ela era simples e natildeo afetada e seus temas eram seacuterios e edificantes Se algueacutem estudasse a poesia e as canccedilotildees de marcha de Esparta acompanhadas pelo aulo essa pessoa concordaria que Terpandro e Piacutendaro estavam certos ao associar valor (andreia) e muacutesica Como vimos acima nos trechos citados das Vidas Plutarco tambeacutem diz que os Espartanos eram o povo ao mesmo tempo mais musical (mousikotatous) e o mais afeito agrave guerra (polemikotatous)13

No livro sobre os Antigos Costumes dos Espartanos Plutarco tambeacutem elogia os ritmos das canccedilotildees de marcha (embaterioi rhythmoi) porque eles despertavam

12 Ver Plu Agis 1013 Cf Lyc 211‑4

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a coragem a audaacutecia e o desdeacutem pela morte requisitos indispensaacuteveis para o guerreiro valoroso Os espartanos usavam esses ritmos para danccedilar mas tambeacutem quando avanccedilavam contra os inimigos ao som do aulo Plutarco lembra que Li‑curgo associava o amor pela muacutesica agrave praacutetica militar para que o espiacuterito guerreiro combinado com a melodia tivesse concordacircncia e harmonia (symphonia kai har‑monia) Por isso em tempos de guerra os reis espartanos ofereciam sacrifiacutecios agraves Musas antes de ir para a batalha como Plutarco nos conta nos Instituta Laconica 16 (238B‑C)

E para manter a pureza da sua muacutesica e dos seus costumes os espartanos agraves vezes recorriam a atos violentos Como Plutarco reporta nos Instituta Laconica 17 (238C‑D) eles natildeo permitiriam que ningueacutem desrespeitasse de modo algum as regras da muacutesica do passado Nem mesmo Terpandro um dos mais antigos e melhores citaredos (aqueles que cantavam acompanhados da ciacutetara ou da lira) teria a permissatildeo para acrescentar uma corda extra ao seu instrumento para que suas melodias fossem mais variadas Ele tentou fazer isso mas os eacuteforos pregaram sua lira numa parede por causa do seu ato iacutempio contraacuterio agrave tradiccedilatildeo Em outra ocasiatildeo um dos eacuteforos teria procedido com mais violecircncia quando Timoacuteteo o famoso muacutesico inovador que floresceu na segunda metade do seacuteculo V a C estava competindo no festival das Carneias ele pegou uma faca e perguntou ao muacutesico de que lado ele deveria cortar as cordas supeacuterfluas cujo nuacutemero ultra‑passava o tradicional de sete cordas Outras variantes dessa histoacuteria satildeo contadas por Plutarco em outros textos mas nessas outras passagens Friacutenis outro muacutesico inovador da segunda metade do seacuteculo V a C eacute o protagonista14

Mas para aleacutem da sua importacircncia na educaccedilatildeo e nos contextos de bata‑lha a muacutesica tinha grande significado tambeacutem nas momentos das celebraccedilotildees religiosas Dentre as festividades religiosas realizadas na Lacedemocircnia uma das mais importantes era a das Carneias realizada em Esparta e intimamente ligada agrave histoacuteria de Terpandro As origens desse festival eram muito antigas anteriores ao seacuteculo VIII a C tendo em vista que no seacuteculo VII os colonizadores espartanos da cidade italiana de Tarento jaacute tinham o costume de celebraacute‑la15 As Carneias eram dedicadas ao deus Apolo Carneu Em Esparta havia concursos musicais e atleacuteti‑cos uma corrida de jovens e um banquete ritual que contava com a participaccedilatildeo dos homens adultos que representavam as fratrias O festival era organizado por cidadatildeos solteiros e era o momento adequado para que os jovens que jaacute haviam completado seu periacuteodo de formaccedilatildeo ingressassem na vida adulta16

O que nos interessa aqui eacute o papel que a muacutesica desempenhava no contexto dessas festividades Um elemento importante nesses momentos de comemoraccedilatildeo

14 Cf Prof virt 84A Apophth Lac 220C e Agis 107 jaacute citada na nota 9 Cf Rocha (2008) 654‑655

15 Brelich (1969) 181‑18216 Brelich (1969) 149‑150

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eram os concursos A realizaccedilatildeo de concursos musicais no acircmbito do festival das Carneias natildeo teria acontecido desde o iniacutecio A introduccedilatildeo de agones provavel‑mente ocorreu quando Terpandro migrou de Metimna (Lesbos) para Esparta na primeira metade do seacuteculo VII a C Nesse contexto eacute importante considerar o testemunho de Helacircnico17 segundo o qual Terpandro teria sido o primeiro a vencer o concurso musical nas Carneias Esse fato parece estar diretamente relacionado agrave fundaccedilatildeo da primeira escola musical (katastasis) em Esparta por obra do mesmo Terpandro Segundo Brelich (1969 186‑191) eacute muito provaacutevel que a introduccedilatildeo do concurso musical nas Carneias tenha sido influenciada pela proacutepria katastasis18 Essa hipoacutetese ganha forccedila se consideramos o capiacutetulo 9 do tratado Sobre a Muacutesica como um todo Ali Plutarco fala da primeira katastasis fundada por Terpandro e menciona tambeacutem a segunda katastasis liderada por Taletas de Gortina Xenoacutedamo de Citera Xenoacutecrito de Locres Polimnesto de Coacutelofon e Saacutecadas de Argos muacutesicos que teriam instituiacutedo as Gimnopeacutedias em Esparta as Apodeixeis na Arcaacutedia e as Endimaacutetias em Argos Jaacute que os membros da segunda escola musical foram fundadores de festivais19 em diferentes cidades do Peloponeso Terpandro tambeacutem pode ter desempenhado o mesmo papel no contexto das Carneias

No que diz respeito agraves Gimnopeacutedias contudo encontramos uma situaccedilatildeo diferente Possuiacutemos uma grande variedade de informaccedilotildees sobre esse festival que inclusive muitas vezes satildeo contraditoacuterias Mas tratando apenas daquilo que nos interessa aqui sabemos que no periacuteodo das festividades aconteciam apresentaccedilotildees de coros de adolescentes e adultos instituiacutedos em honra a Apolo que cantavam hinos compostos por poetas como Taletas Aacutelcman e Dionisodoto Depois da batalha de Tireia em 544 aC na qual Esparta lutou contra Argos pela posse da Tireaacutetida tornou‑se costumeiro cantar um peatilde em honra dos soldados que morreram naquela ocasiatildeo Por causa desse elemento ritual e da comparaccedilatildeo com as Apodeixeis e as Endimaacutetias as Gimnopeacutedias foram consideradas festas que indicavam o momento no qual os jovens receacutem‑iniciados eram integrados agrave vida militar20

Tendo tudo isso em vista podemos concluir que eacute preciso colocar a miragem espartana em perspectiva Esparta natildeo era tatildeo lsquoespartanarsquo assim e natildeo foi sempre lsquoespartanarsquo Havia espaccedilo naquela cidade para o cultivo das artes tais como a arquitetura a escultura a pintura vascular a muacutesica (que incluiacutea a poesia) e a danccedila Nela floresceram poetas como Aacutelcman Terpandro e Tirteu Nela surgiram escolas poeacuteticomusicais Nela viveram poetas estrangeiros tais como Taletas de

17 FGrHist 4 F 85 = Ateneu 635e = Terpander Test 1 Gostoli18 Cf tambeacutem Gostoli (1990) 84‑8519 Mais do que fundadores de festivais eacute mais verossiacutemil pensar que esses autores foram os

responsaacuteveis pela introduccedilatildeo dos concursos musicais como parte das celebraccedilotildees 20 Cf Gostoli (1990) 85‑86

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Gortina (Creta) e Saacutecadas de Argos E sendo assim houve um ambiente feacutertil e favoraacutevel para o desenvolvimento e o cultivo de atividades artiacutesticas Os esparta‑nos foram sim grandes guerreiros que contribuiacuteram decisivamente para a vitoacuteria dos helenos sobre os persas Eles cultivaram sim suas habilidades guerreiras a ponto de derrotar os atenienses na Guerra do Peloponeso Poreacutem Esparta natildeo foi somente uma comunidade de soldados que dedicavam suas vidas somente agrave guerra Esparta foi tambeacutem uma cidade onde as pessoas cantavam danccedilavam e apreciavam a beleza dos edifiacutecios e dos objetos do cotidiano Eacute preciso reconhecer isso e na obra de Plutarco jaacute encontramos essa imagem multifacetada dessa cul‑tura Basta direcionar os olhos para outras direccedilotildees

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Index nominum

Timoacuteteo 167‑168 178 183Timoacutexena 195Tindaacuteridas 63Tireaacutetida 169Tireia 169Tireacutesias 236Tirteu 167 169 221Titatildes 245Trajano 121Trezena 31 32‑35 38 Tricoacuterito 39Troia 81 124Tuciacutedides 122 160 181Ulisses 81 192Valeacuterio (vd Puacuteblio Valeacuterio)Vestais 58 204Viacutenio 200Xantipo 191 201Xenoacutecrito 169Xenoacutedamo 169Xenofonte 160 164Zaleuco 88Zeus 36 40‑41 220 226 243

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Index nominum

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(Paacutegina deixada propositadamente em branco)

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Notas biograacuteficas dos autores

Aacutelia Rodrigues eacute doutorada em Estudos Claacutessicos (Literatura Grega) e inves‑tigadora do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse satildeo a histoacuteria das ideias poliacuteticas desde os Gregos ateacute agrave modernidade histoacuteria legal e a recepccedilatildeo de temas claacutessicos na contemporaneidade

Ana Ferreira eacute Professora Auxiliar do Departamento de Estudos Portugueses e Ro‑macircnicos da Faculdade de Letras da Universidade do Porto e investigadora do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a histoacuteria antiga a literatura greco‑romana bem como a didaacutectica das liacutenguas claacutessicas

Delfim F Leatildeo eacute Professor Catedraacutetico da Instituto de Estudos Claacutessicos e investiga‑dor do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a histoacuteria antiga o direito e a teorizaccedilatildeo poliacutetica dos Gregos a pragmaacutetica teatral e a escrita romanesca antiga

Faacutebio Vergara Cerqueira eacute Professor Adjunto do Instituto de Ciecircncias Humanas da Universidade Federal de Pelotas pesquisador PQ‑2 do CNPq Professor Visitante na Universidade de Heidelberg Bolsista Fundaccedilatildeo Humboldt ldquoPesquisador Experienterdquo Principais aacutereas de interesse satildeo histoacuteria e arqueologia da Greacutecia antiga e sua recepccedilatildeo enfocando muacutesica iconografia ceramologia gecircnero memoacuteria social identidade e patrimocircnio cultural

Guillermina Gonzaacutelez Almenara es Profesor Contratado Doctor Tipo 1 vinculada con el Aacuterea de Filologiacutea Griega del Departamento de Filologiacutea Claacutesica Francesa Aacuterabe y Romaacutenica de la Universidad de La Laguna Sus principales liacuteneas de investi‑gacioacuten son la mujer y el aacutembito femenino en la Grecia antigua Historiografiacutea griega Historia y civilizacioacuten de la Grecia antigua

Ivana S Chialva es Doctora en Letras Investigadora Asistente del Conicet y Profesora de Griego y Literaturas griega y latina de la Facultad de Humanidades y Ciencias de la Universidad Nacional del Litoral (Santa Fe Argentina) Sus tra‑bajos sobre el mundo antiguo se focalizan en la relacioacuten entre primera y segunda sofiacutestica y en la influencia de este uacuteltimo fenoacutemeno en la prosa narrativa griega de eacutepoca imperial especialmente la retoacuterica la biografiacutea y la novela en sus diferentes formas

Jesuacutes-Mordf Nieto Ibaacutentildeez es Catedraacutetico de Filologiacutea Griega de la Universidad de Leoacuten Sus liacuteneas de investigacioacuten son la literatura judiacutea en lengua griega los primeros textos cristianos el Humanismo y la Tradicioacuten claacutesica Actualmente dirige un Proyecto de

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investigacioacuten sobre el Humanismo la Tradicioacuten claacutesica y patriacutestica y la exeacutegesis biacuteblica en los siglos XVI y XVII

Joaquim Pinheiro eacute Professor Auxiliar da Universidade da Madeira e investigador do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a biografia antiga a Segunda Sofiacutestica a retoacuterica claacutessica e o pensamento poliacutetico dos Gregos

Joseacute M Candau es Catedraacutetico de Filologiacutea Griega en la Universidad de Sevilla Sus principales aacutereas de investigacioacuten son la historiografiacutea griega y Plutarco

Loraine Oliveira eacute professora de Filosofia da Universidade de Brasiacutelia Publicou o livro Plotino escultor de mitos pela Imprensa da Universidade de CoimbraAnnablume em 2014 Vem se dedicando principalmente a estudar os mitos em Plotino Plutarco e Porfiacuterio assim como o vegetarianismo em Plutarco e Porfiacuterio

Maria Aparecida de Oliveira Silva eacute professora visitante do Programa de Poacutes‑Gradu‑accedilatildeo em Letras Claacutessicas da Universidade de Satildeo Paulo e Professora Pesquisadora do Programa de Poacutes‑Graduaccedilatildeo em Histoacuteria da Universidade Federal de Satildeo Paulo Liacuteder do Grupo CNPq LABHAN Laboratoacuterio de Histoacuteria Antiga da Universidade Federal do Amapaacute Pesquisadora do Grupo CNPq Linceu ‑ Visotildees da Antiguidade Claacutessica da Universidade Estadual Paulista Pesquisadora do Grupo Retoacuterica Texto y Comunicacioacuten da Universidad de Caacutediz Membro do Conselho Acadecircmico do Seminaacuterio de Histoacuteria e Filosofia das Religiotildees da Universidad Autoacutenoma de Ciudad Juaacuterez mdash Meacutexico Pesquisa e publica trabalhos sobre Esparta Plutarco e biografia antiga

M Teresa Fau Ramos es Profesora Titular del Departament de Filologia Grega de la Universitat de Barcelona y miembro del Grup de Recerca Graecia Capta que investiga la pervivencia de la identidad griega bajo el imperio romano Sus principales aacutereas de intereacutes cientiacutefico son la historia e instituciones de la Grecia claacutesica y post‑claacutesica la religioacuten helena (paganismo) y diversos aspectos del cristianismo primitivo

Pilar Goacutemez Cardoacute es profesora titular de Filologiacutea Griega en la Universidad de Barcelona donde imparte docencia e investiga desde 1981 Doctora en Filologiacutea Claacutesica desde 1987 con una tesis sobre la tradicioacuten yaacutembica y la faacutebula (La Vida drsquoIsop entre el iambe la faula i la novella) es autora de numerosos artiacuteculos y capiacutetulos de libros sobre la literatura griega de eacutepoca imperial romana en especial sobre Segunda Sofiacutestica y novela ha estudiado principalmente autores como Luciano en cuya edicioacuten y traduccioacuten al castellano para la coleccioacuten Alma Mater participa Plutarco Dioacuten de Prusa o Elio Ariacutestides Es miembro del grupo de investigacioacuten Graecia Capta de la Universidad de Barcelona

Roosevelt Rocha eacute Professor Adjunto do curso de Letras da Universidade Federal do Paranaacute (Brasil) e pesquisador ligado ao Programa de Poacutes‑Graduaccedilatildeo em Letras da

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mesma Universidade As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a poesia grega arcaica (elegia jambo e meacutelica) a muacutesica grega antiga e o estudo da performance da poesia grega dos periacuteodos arcaico e claacutessico

Vicente Ramoacuten es Profesor Tiular de Filologiacutea Griega de la Universidad de Zara‑goza Sus intereses cientiacuteficos pueden sintetizarse en las siguientes liacuteneas Plutarco de Queronea y la biografiacutea poliacutetica historiografiacutea griega retoacuterica y oratoria griegas tradicioacuten claacutesica teatro griego la irreligiosidad en la Atenas Claacutesica

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Nelson
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Volumes publicados na Colecccedilatildeo Humanitas Supplementum

1 Francisco de Oliveira Claacuteudia Teixeira e Paula Barata Dias Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 1 ndash Liacutenguas e Literaturas Greacutecia e Roma (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

2 Francisco de Oliveira Claacuteudia Teixeira e Paula Barata Dias Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 2 ndash Liacutenguas e Literaturas Idade Meacutedia Renascimento Recepccedilatildeo (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

3 Francisco de Oliveira Jorge de Oliveira e Manuel Patriacutecio Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 3 ndash Histoacuteria Arqueologia e Arte (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2010)

4 Maria Helena da Rocha Pereira Joseacute Ribeiro Ferreira e Francisco de Oliveira (Coords) Horaacutecio e a sua perenidade (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

5 Joseacute Luiacutes Lopes Brandatildeo Maacutescaras dos Ceacutesares Teatro e moralidade nas Vidas suetonianas (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

6 Joseacute Ribeiro Ferreira Delfim Leatildeo Manuel Troumlster and Paula Barata Dias (eds) Symposion and Philanthropia in Plutarch (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

7 Gabriele Cornelli (Org) Representaccedilotildees da Cidade Antiga Categorias histoacutericas e discursos filosoacuteficos (Coimbra Classica DigitaliaCECHGrupo Archai 2010)

8 Maria Cristina de Sousa Pimentel e Nuno Simotildees Rodrigues (Coords) Sociedade poder e cultura no tempo de Oviacutedio (Coimbra Classica DigitaliaCECHCECCH 2010)

9 Franccediloise Frazier et Delfim F Leatildeo (eds) Tychegrave et pronoia La marche du monde selon Plutarque (Coimbra Classica DigitaliaCECH Eacutecole Doctorale 395 ArScAn‑THEMAM 2010)

10 Juan Carlos Iglesias‑Zoido El legado de Tuciacutedides en la cultura occidental (Coimbra Classica DigitaliaCECH ARENGA 2011)

11 Gabriele Cornelli O pitagorismo como categoria historiograacutefica (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2011)

12 Frederico Lourenccedilo The Lyric Metres of Euripidean Drama (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2011)

13 Joseacute Augusto Ramos Maria Cristina de Sousa Pimentel Maria do Ceacuteu Fialho Nuno Simotildees Rodrigues (coords) Paulo de Tarso Grego e Romano Judeu e Cristatildeo (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

14 Carmen Soares amp Paula Barata Dias (coords) Contributos para a histoacuteria da alimentaccedilatildeo na antiguidade (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

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15 Carlos A Martins de Jesus Claudio Castro Filho amp Joseacute Ribeiro Ferreira (coords) Hipoacutelito e Fedra ‑ nos caminhos de um mito (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

16 Joseacute Ribeiro Ferreira Delfim F Leatildeo amp Carlos A Martins de Jesus (eds) Nomos Kosmos amp Dike in Plutarch (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

17 Joseacute Augusto Ramos amp Nuno Simotildees Rodrigues (coords) Mnemosyne kai Sophia (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

18 Ana Maria Guedes Ferreira O homem de Estado ateniense em Plutarco o caso dos Alcmeoacutenidas (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

19 Aurora Loacutepez Andreacutes Pocintildea amp Maria de Faacutetima Silva De ayer a hoy influencias claacutesicas en la literatura (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

20 Cristina Pimentel Joseacute Luiacutes Brandatildeo amp Paolo Fedeli (coords) O poeta e a cidade no mundo romano (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

21 Francisco de Oliveira Joseacute Luiacutes Brandatildeo Vasco Gil Mantas amp Rosa Sanz Serrano (coords) A queda de Roma e o alvorecer da Europa (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

22 Luiacutesa de Nazareacute Ferreira Mobilidade poeacutetica na Greacutecia antiga uma leitura da obra de Simoacutenides (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica DigitaliaCECH 2013)

23 Faacutebio Cerqueira Ana Teresa Gonccedilalves Edalaura Medeiros amp JoseacuteLuiacutes Brandatildeo Saberes e poderes no mundo antigo Vol I ndash Dos saberes (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia2013) 282 p

24 Faacutebio Cerqueira Ana Teresa Gonccedilalves Edalaura Medeiros amp Delfim Leatildeo Saberes e poderes no mundo antigo Vol II ndash Dos poderes (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013) 336 p

25 Joaquim J S Pinheiro Tempo e espaccedilo da paideia nas Vidas de Plutarco (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013) 458 p

26 Delfim Leatildeo Gabriele Cornelli amp Miriam C Peixoto (coords) Dos Homens e suas Ideias Estudos sobre as Vidas de Dioacutegenes Laeacutercio (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013)

27 Italo Pantani Margarida Miranda amp Henrique Manso (coords) Aires Barbosa na Cosmoacutepolis Renascentista (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2013)

28 Francisco de Oliveira Maria de Faacutetima Silva Tereza Virgiacutenia Ribeiro Barbosa (coords) Violecircncia e transgressatildeo uma trajetoacuteria da Humanidade (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

29 Priscilla Gontijo Leite Eacutetica e retoacuterica forense asebeia e hybris na caracterizaccedilatildeo dos adversaacuterios em Demoacutestenes (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

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30 Andreacute Carneiro Lugares tempos e pessoas Povoamento rural romano no Alto Alentejo ‑ Volume I (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2014)

31 Andreacute Carneiro Lugares tempos e pessoas Povoamento rural romano no Alto Alentejo ‑ Volume II (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2014)

32 Pilar Goacutemez Cardoacute Delfim F Leatildeo Maria Aparecida de Oliveira Silva (coords) Plutarco entre mundos visotildees de Esparta Atenas e Roma (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

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Resumo da obra

A vasta e variada obra de Plutarco permite sempre uma abordagem a partir de distintas

perspetivas com diferentes intenccedilotildees e propoacutesitos variados No entanto eacute importante

identificar tambeacutem fios comuns nessa abordagem porque permitem demonstrar tanto a

niacutevel formal como de conteuacutedo que haacute muitos elementos comuns que permeiam o trabalho

de Plutarco

Os treze contributos para este volume tecircm como elo comum o nome de trecircs cidades

Esparta Atenas e Roma Elas representam espaccedilos poliacuteticos e institucionais diversos dada

a sua extensatildeo geograacutefica e cronoloacutegica mas simbolizam igualmente diferentes modelos

de organizaccedilatildeo social atraveacutes dos quais a Greacutecia pode ser contrastada com Roma ou Atenas

comparada com Esparta mdash ainda que o seu verdadeiro interesse na obra de Plutarco seja

que representam sempre locais paradigmaacuteticos onde vivem e convivem pessoas Por

isso os estudiosos de Plutarco que contribuiacuteram para este volume procuram analisar em

cada uma dessas cidades seja por assimilaccedilatildeo ou por contraste a forma como o autor de

Queroneia aborda a ligaccedilatildeo entre indiviacuteduo e comunidade a partir do exerciacutecio do poder

e da experiecircncia religiosa qual o papel da educaccedilatildeo e do domiacutenio privado na projeccedilatildeo

puacuteblica dos protagonistas retratados por Plutarco ou ateacute que ponto a imagem dos primeiros

legisladores e fundadores miacuteticos foi condicionada pela evoluccedilatildeo histoacuterica destas mesmas

cidades

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Page 21: Versão integral disponível em digitalis.uc · visões de Esparta, Atenas e Roma IMPRENSA DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA COIMBRA UNIVERSITY PRESS ANNABLUME Versão integral disponível

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Legislar teniacutea un precio

nombre de Atenas funda la festividad de las Panateneas para que sea celebrada por el conjunto de la comunidad instaura tambieacuten la fiesta de las Metecias y abdica ndashtal como habiacutea prometido‑ de la corona121

A continuacioacuten se dispone a organizar el nuevo Estado laquoempezando a partir de los diosesraquo (ἀπὸ θεῶν ἀρχόμενος)122 toma medidas para favorecer el crecimiento vegetativo de la polis establece clases entre la ciudadaniacutea asig‑nando un status especiacutefico a cada colectivo acuntildea moneda y fija los liacutemites de Atenas123

Pero al eficiente Teseo tambieacuten le llega la hora de pagar un precio por la tarea realizada124 Un tal Menesteo descendiente de Erecteo emprende una insi‑diosa campantildea contra el fundador soliviantando a laquolos poderososraquo (οἱ δυνατοί) que consideraban que Teseo les habiacutea sustraiacutedo prerrogativas y perturbando asimismo a laquola multitudraquo (οἱ πολλοί) so pretexto de haber perdido seducidos por un espejismo de libertad la patria los templos y los gobernantes que les eran propios yendo a caer bajo la autoridad de un extranjero125 La suerte sonriacutee al alborotador pues los Tindaacuteridas invaden el Aacutetica tal vez ndashapunta Plutarcondash a peticioacuten del propio Menesteo quien se encarga ademaacutes de facilitarles la entrada a la ciudad de Atenas126 De resultas de ello ndashel queronense tiene sus dudas al respectondash Etra la madre de Teseo habriacutea sido hecha prisionera127

El fundador intenta volver a ejercer su autoridadhellip en vano Al fin profun‑damente decepcionado abandona Atenas para siempre no sin antes maldecir a sus habitantes128 Teseo pereceraacute lejos de la patria y su muerte no provocaraacute reaccioacuten alguna en la ciudad129 Mucho tiempo habraacute de transcurrir para que la polis reconozca sus meacuteritos y le rinda los debidos honores que comportaraacuten la

121 Thes 243‑4122 Thes 244 Plutarco no concreta en queacute consiste esta actuacioacuten del fundador123 Thes 251‑4 Por si esta considerable labor fundacional no fuera suficiente somos

informados por Plutarco (Thes 265‑7) de que Teseo es tambieacuten οἰκιστής de la ciudad de Pitoacutepolis de la cual parte despueacutes de haber designado a quienes ejerceraacuten de gobernantes y legisladores

124 Un precio ndashrecordemosndash que ya habiacutea empezado a pagar cuando para persuadir a sus conciudadanos ricos se habiacutea comprometido a renunciar a la corona

125 Thes 321 En este pasaje Plutarco se hace eco de la atribucioacuten a Menesteo del hecho de haber sido laquoel primer hombreraquo (πρῶτος hellip ἀνθρώπων) en laquoejercer de demagogoraquo (δημαγωγεῖν)

126 Thes 322ndash332127 Thes 341128 Thes 353‑5 Esta miacutetica maldicioacuten sirve a Plutarco como αἴτιον para explicar la

etimologiacutea del laquoAraterioraquo o laquolugar de las maldicionesraquo 129 Thes 356‑7 En la descripcioacuten del fracaso que experimenta Teseo al intentar recuperar

el poder Plutarco se sirve de una terminologiacutea poliacutetica (usa en voz pasiva los verbos καταδημαγωγέω y καταστασιάζω) que utiliza tambieacuten en Per 92 y 5 Por otra parte nos parece significativo que la biografiacutea de Teseo no concluya con la alusioacuten a su fallecimiento sino que incorpore (Thes 358ndash365) la mencioacuten de los honores recibidos mucho tiempo despueacutes de su muerte por el fundador de hecho para el queronense el final de una vida no ha de coincidir necesariamente con el final de la biografiacutea cf al respecto Pelling (1997)

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Mordf Teresa Fau Ramos

necesidad de laquorecuperarraquo los restos del οἰκιστής y de trasladarlos solemnemente a Atenas130 permitiendo con ello a Cimoacuten el gran adversario de Temiacutestocles apropiarse de la figura del ilustre fundador131

Roacutemulo

La indiferencia que acompantildea al amargo fin de Teseo contrasta con el re‑vuelo que se originoacute en Roma tras la desaparicioacuten de aqueacutel a quien Plutarco considera laquopadreraquo (πατήρ)132 de la urbe que laquofundoacuteraquo (ἔκτισε)133

No es poco ciertamente lo que Roma debe a su οἰκιστής pues ademaacutes de ser el fundador material de la ciudad134 tomoacute unas medidas que seriacutean determi‑nantes para el futuro de la poblacioacuten Asiacute establecioacute los criterios con arreglo a los cuales debiacutean ser clasificados los ya numerosos habitantes de la urbe135 fue corresponsable del pacto crucial sellado entre sabinos y romanos136 introdujo cambios en el armamento137 e instituyoacute nuevos rituales138 El queronense le atri‑buye tambieacuten la promulgacioacuten de algunas leyes ndashἔθηκεhellip νόμους τινάς139 dice textualmentendash como las que hacen referencia al repudio de la esposa140

Pero llegado el liacuteder romano al zeacutenit de la gloria experimentoacute una profunda transformacioacuten en su manera de ser y adoptoacute maneras impropias vistioacute lujosos

130 Thes 358ndash365 Sobre las acciones cultuales relacionadas con el οἰκιστής ateniense cf Plaacutecido (1994) Por otra parte creemos que en la valoracioacuten plutarquea del descalabro sufrido por Teseo tiene un peso considerable la conducta poco edificante del ateniense en relacioacuten con Helena a quien eacuteste que a la sazoacuten contaba cincuenta antildeos habiacutea raptado cuando la muchacha todaviacutea no era nuacutebil (cf Thes 292 y 311‑3) En este contexto consideramos que aunque no se centra en la figura de Teseo es esclarecedora la obra de Beneker (2012) quien asimismo nos brinda datos relevantes en un trabajo posterior cf Beneker (2014) Sobre los valores morales en la obra del queronense cf Duff (1999) y Van Hoof (2010)

131 Thes 362‑3 y Cim 85‑7 En el marco de la poliacutetica ateniense de la primera mitad del siglo V a C no es en modo alguno insoacutelita la utilizacioacuten en beneficio propio de un dios o de un heacuteroe Asiacute mientras Cimoacuten opta por valerse del miacutetico Teseo Temiacutestocles se sirve de la figura de Aacutertemis cf Fau Ramos (2007) Veacutease al respecto Podlecki (1971) y Piccirilli (1987)

132 Thes 15133 Thes 22134 Rom 111‑4135 Rom 131‑8 Cf Id 201‑3 En Rom 137‑8 el queronense nos ofrece una descripcioacuten

tan idealizada como paternalista de los viacutenculos establecidos entre patroni y clientes descripcioacuten que ha sido relacionada con la que nos brinda Dionisio de Halicarnaso (210)

136 Rom 199‑10137 Rom 211138 Rom 211 y 221139 Con esta expresioacuten parece evidente que si bien Plutarco no aplica a Roacutemulo el calificativo

de νομοθέτης siacute que de facto lo tiene por tal140 Rom 223 La informacioacuten plutarquea sobre las leyes de Roacutemulo es ciertamente escueta

Para una visioacuten mucho maacutes amplia que incluye los derechos hereditarios de las mujeres la aplicacioacuten de la pena de muerte a la esposa en caso de adulterio o embriaguez las obligaciones filiales para con los progenitores y la potestad paterna sobre los hijos cf D H 225‑26

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Un mentor limpio de pasiones El filoacutesofo y la actuacioacuten poliacutetica seguacuten el De genio Socratis

semejante oraacuteculo lo que haciacutea el dios en realidad era exhortar a los griegos a que abandonasen las guerras frecuentasen las musas apaciguasen sus pasiones con ayuda de la razoacuten y guardasen entre siacute relaciones paciacuteficas y fecundas39

Los dos sucesos trasladan un mensaje confuso Pues hablan de los griegos no de filoacutesofos de guerras y cuestiones de justicia no de rebeliones liberadoras engloba ademaacutes la filosofiacutea en un conjunto de actividades que parece cifrar la παιδεία griega en general Pero ambos de alguna manera ofrecen una primera justificacioacuten del rechazo de Epaminondas Con ellos se pone en praacutectica la lla‑mada laquoredefinicioacutenraquo teacutecnica literaria practicada por diversos autores antiguos y frecuente en las Vidas paralelas Consiste en formular enunciados vagos y gene‑rales que a lo largo de la obra y en pasajes posteriores se concretan y alcanzan un grado mayor de individualizacioacuten40 Los dos incidentes mencionados no son ademaacutes la uacutenica prefiguracioacuten encaminada a justificar de manera previa y alusiva la inhibicioacuten de Epaminondas La misma funcioacuten cumple el diaacutelogo sobre la pobreza Epaminondas mudo en la discusioacuten demonoloacutegica central toma aquiacute la palabra para entrar en controversia con Teanor

Teanor personaje ficticio es un filoacutesofo pitagoacuterico natural de Crotona En fechas anteriores otro pitagoacuterico Lisis se habiacutea refugiado en Tebas Acogido en la casa de Polimnis padre de Cafisias y Epaminondas habiacutea llevado en esa casa pobre una vejez dichosa Teanor llega comisionado por las ricas comunidades pitagoacutericas de Italia Eacutestas quieren recompensar a Polimnis y sus hijos con una suma que aliviaraacute su pobreza Pero Epaminondas se niega a aceptar tal recom‑pensa negativa que da lugar a la controversia que mantiene con Teanor

El discurso sobre la pobreza es la uacutenica ocasioacuten en que Epaminondas rompe sustancialmente su silencio pues es el uacutenico pasaje en el que el ldquocentro ausenterdquo de la obra Epaminondas expone sus ideas de manera razonada y recurriendo a categoriacuteas filosoacuteficas Pronunciado en diaacutelogo con Teanor puede dividirse en dos secciones la primera (583D‑E) de extensioacuten breve comenta la inutilidad de las riquezas aportadas por Teanor que Polimnis y sus hijos habriacutean de emplear en cosas superfluas La segunda (584C‑585D) maacutes amplia y densa comienza con la defensa de la pobreza como ejercicio frente a aquellas pasiones (ἐπιθυμίαι) que proceden del exterior (ἐπήλυδες) y tienen como fuente las falsas opiniones (κενῶν δοξῶν) el deseo de riquezas (φιλοπλουτία) es una de esas pulsiones accesorias y superfluas como lo es tambieacuten el deseo de gloria (φιλοδοξίαν) Pos‑teriormente Epaminondas ahonda en su planteamiento como adiestramiento para el autodominio (ἐγκρατείας) la contencioacuten frente a los placeres beneficia al alma y de la misma manera beneficia a la praacutectica de la justicia el ejercicio contra

39 Gen Socr 579B‑D40 Cf Pelling (1988) 12‑13 (1990) 230

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Joseacute M Candau

el deseo de riquezas41 El discurso finaliza con la alabanza del hombre que sabe rehusar favores y daacutedivas de amigos y reyes incluyendo los dones de la fortuna (τύχης) tal hombre no ve alterado su juicio (οὐδὲ θορυβεῖ τὴν διάνοιαν) y es capaz de perseverar ufano y sereno en la praacutectica de la excelencia

Es de notar que los argumentos de Epaminondas no aparecen en otra obra de Plutarco dedicada especiacuteficamente a combatir la avaricia el de cupiditate di‑vitiarum (523C‑528B) Es este uno de los tratados clasificados por Ziegler bajo el roacutetulo de ldquofilosoacuteficos‑popularesrdquo y estudiados recientemente por L Van Hoof Frente a lo que sugiere su roacutetulo observa Van Hoof tales tratados tienen como destinatario a la eacutelite econoacutemica poliacutetica y social del mundo grecorromano Son por otra parte tratados de orientacioacuten fundamentalmente praacutectica Con ellos Plutarco no persigue ldquoconvertir a la filosofiacuteardquo ni lograr que sus lectores olviden sus ambiciones poliacuteticas y sociales Maacutes bien intenta ofrecerles una guiacutea que le ayude afrontar los problemas derivados de su posicioacuten dirigente La meta no es por tanto cambiar las expectativas de liderazgo o rebajar las pretensiones de poder e influencia propios y sustanciales de una clase como aquella que conforma la audiencia de los mal llamados ldquotratados filosoacutefico‑popularesrdquo Por el contrario lo que hace Plutarco es poner la filosofiacutea al servicio de sus aspiraciones42

El de cupiditate divitiarum emplea un tono admonitorio sus ideas son sen‑cillas y basadas en la experiencia o si se quiere en motivaciones prefilosoacuteficas y sus consejos no constituyen un obstaacuteculo sino una ayuda para la realizacioacuten de las ambiciones sociales que pueda albergar el lector Despliega en suma el conjunto de teacutecnicas y estrategias usuales en los tratados de ldquoeacutetica praacutectica al servicio de la eacutelite43rdquo No ocurre lo mismo con el discurso sobre la pobreza de Epaminondas Purgar el alma de las opiniones procedentes del exterior desterrar el ansia de riquezas y el deseo de gloria rehusar los favores de amigos y reyes y los dones de la fortuna son preceptos adecuados para un tipo de hombre que como Epaminondas huye de los conflictos inherentes a la lucha poliacutetica Pero es difiacutecil que con estos atributos Plutarco quiera hacer de Epaminondas un modelo para la oligarquiacutea a quien dirige sus tratados de eacutetica praacutectica Resulta significativa la posicioacuten que ocupa el discurso sobre la pobreza en el texto del de genio Una vez que concluye Epaminondas y despueacutes de que todos expresan su admiracioacuten hacia eacutel se expone una de las maacutes movidas peripecias en la que se vieron envueltos los miembros de la conjura Tras grandes sobresaltos y fuertes discusiones entre diversos implicados en la trama el asunto vino a resolverse por siacute solo e inespe‑radamente

41 El texto griego no es en este pasaje enteramente claro Quizaacutes es consecuencia de ello que frente a la lectura de los manuscritos (δικαιοσύνῃ) Russell (2010) proponga leer δικαιοσύνης

42 Van Hoof (2010) 28‑3743 Van Hoof (2010) 55‑56

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Un mentor limpio de pasiones El filoacutesofo y la actuacioacuten poliacutetica seguacuten el De genio Socratis

ldquoUn singular trastorno habiacutea hecho presa en nuestro aacutenimo Llenos poco antes de desazoacuten al ver nuestra empresa frustrada la presioacuten de las circunstancias y la urgencia que no consentiacutean tregua nos sumiacutea de nuevo en ansiedad y temor44rdquo

Con estas palabras describe Plutarco el estado de aacutenimo de los conjurados a raiacutez del episodio expuesto tras la discusioacuten sobre la pobreza Un estado de aacutenimo que no puede permitirse Epaminondas atento a la contencioacuten de las pasiones y la serenidad de su mente pero que es el propio de quienes participan en el complot revolucionario

El de genio se mueve seguacuten han observado diversos estudios modernos en dos planos el humano y el de los deacutemones el de la contemplacioacuten filosoacutefica y la praacutectica poliacutetica el mortal y el sobrenatural el de los que conocen y el de los que ignoran45 Y en correspondencia sus personajes se ubican en dos niveles Los unos estaacuten instalados en el mundo de la accioacuten y la peripecia son Cafisias el narrador y con eacutel todos los conjurados Otros se ubican en un plano superior el de la filosofiacutea y el contacto con las realidades transcendentes Epaminondas es la muestra maacutes clara pero el ejemplo uacuteltimo es Soacutecrates La incertidumbre el azar y el conflicto parecen preponderantes en el mundo de la accioacuten Asiacute lo indica el ruego que Arquedamo dirige a Cafisias al inicio de la obra la lucha de la virtud y la razoacuten contra las contingencias atrae por lo accidentado de su desarrollo la precariedad impliacutecita en la actuacioacuten humana y la peripecia que ello desencadena es precisamente lo que hace del acontecer histoacuterico un espectaacuteculo digno de intereacutes para el amante del honor y la belleza46 Ahora bien la manera de ver las cosas de Arquedamo se queda en la superficie de los hechos Ciertamente el relato concerniente a la liberacioacuten de la Cadmea se urde a partir de iniciativas y motivaciones humanas sin que el autor del relato Cafisias reclame expresamente la intervencioacuten divina Pero en el de genio la atmoacutesfera estaacute impregnada de un aura sobrenatural A ello contribuyen tanto las alusiones indirectas47 como la acumu‑lacioacuten de episodios y contenidos relacionados con la divinidad y el maacutes allaacute En muchas de sus obras consigna Plutarco su creencia de que el curso de la historia obedece al disentildeo de una fuerza transcendente48 El relato de la liberacioacuten de la Cadmea confirma dicha idea Pues el lector no puede eludir el pensamiento insi‑nuado por diversos procedimientos aunque no explicitado de que la ayuda divina respalda la actuacioacuten de los conjurados49 Ocurre sin embargo que ni Cafisias ni los demaacutes partiacutecipes de la conjura pueden acceder a esa visioacuten de las fuerzas

44 Gen Socr 588A45 Desideri (1984) 581 Hershbell (1988) 374‑378 Babut (1988) 384‑389 Brenk (1996)

41‑44 Georgiadou (1996) 114 Hardie (1996) 13346 Gen Socr 575B‑D47 Babut (1988) 385‑38648 Tratamiento del tema en Barigazzi (1984) y Swain (1989)49 Babut (1988) 386‑389

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Joseacute M Candau

sobrenaturales rectoras de los sucesos Y no acceden precisamente por estar in‑mersos en el mundo de la actuacioacuten y la peripecia Las pulsiones procedentes del exterior embargan su aacutenimo de manera que en expresioacuten de Brenk laquothey see only the apparent succession of chance occurrencesraquo50 Arquedamo tampoco tiene acceso al plano donde operan las fuerzas sobrenaturales Y evidentemente la misma ceguera afecta a esos laquoamantes del honor y la bellezaraquo ante los cuales invita a hablar a Cafisias Un puacuteblico ilustre cuya presentacioacuten hace Arquedamo subrayando su pertenencia a familias poliacuteticamente insignes51 Puacuteblico por tanto equiparable a esa eacutelite social a quien Plutarco dirige sus tratados de eacutetica praacutectica Los dos puacuteblicos el de Cafisias y el del Plutarco podriacutean identificarse con los heacuteroes que liberan la Cadmea Pero difiacutecilmente se identificariacutean con Epaminon‑das que en dos ocasiones rechaza tomar parte en la empresa52

En ambas el rechazo se justifica mediante un argumento ndashla negativa a derramar sangre de sus conciudadanos‑ que situacutea a Epaminondas a un nivel de exigencia eacutetica superior al de los conjurados53 Ahora bien la diferencia entre Epaminondas y los liberadores no radica en la eacutetica Pues al fin y al cabo ningu‑na ofensa eacutetica cabe reprochar a los protagonistas de la heroica liberacioacuten de la Cadmea Radica en el nivel Asiacute lo sugiere la discusioacuten sobre la pobreza Y asiacute lo vuelve a sentildealar el gran debate sobre el daimon de Soacutecrates que da tiacutetulo a al obra

Se debate sobre lo que Soacutecrates mismo llamaba su daimon el principio que lo guioacute a lo largo de su vida e iluminaba sus decisiones en materias inciertas e impenetrables para la inteligencia humana54 El daimon socraacutetico sugiere que Soacutecrates conociacutea de alguna manera los acontecimientos futuros algo que dos personajes del de genio acreditan55 En este sentido el debate versa sobre la adivi‑nacioacuten Las intervenciones de los diferentes personajes configuran tomadas en conjunto un extenso discurso filosoacutefico y religioso Plutarco no se alinea expresa‑mente con ninguna de las opiniones emitidas el tratamiento del tema presenta pues ese final abierto que es tan comuacuten en este autor Las cuestiones que se tocan son variadas pero todas parten de una cuestioacuten baacutesica La adivinacioacuten supone un conocimiento inalcanzable al menos en apariencia a la razoacuten humana Y el debate versa sobre coacutemo es posible acceder a ese nivel superior de inteligencia Miradas desde este punto de vista las opiniones formuladas por los distintos personajes pueden dividirse en dos grandes bloques De un lado Galaxidoro que

50 Brenk (1996) 4251 Gen Socr 575E‑F52 Gen Socr 576D‑E 594B‑C53 En la segunda ocasioacuten se antildeade un motivo maacutes conveniacutea que consumada la liberacioacuten

quedasen hombres a quienes nada pudiese reprocharse por no haber participado en la accioacuten Epaminondas se reserva este papel

54 Gen Socr 580C‑D55 Teoacutecrito (580D‑F) y Polimnis (581D‑E)

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Un mentor limpio de pasiones El filoacutesofo y la actuacioacuten poliacutetica seguacuten el De genio Socratis

inicia el debate propone una explicacioacuten maacutes proacutexima a los paraacutemetros raciona‑les56 en ella se ha querido ver una muestra de la llamada laquoadivinacioacuten teacutecnicaraquo (τεχνικὸς μαντική artificiosa divinatio)57 Del otro Simias Timarco y Teanor interpretan las premoniciones de Soacutecrates como un caso de comunicacioacuten direc‑ta entre el hombre y la divinidad defienden por tanto la llamada laquoadivinacioacuten naturalraquo (ἄτεχνος μαντική naturalis divinatio)58 Ya se ha dicho que Plutarco no se declara expresamente partidario de ninguna opcioacuten Pero su texto privilegia de manera indirecta los discursos de Simias Timarco y Teanor Asiacute lo sugiere un paacuterrafo del de genio que subraya el papel de Galaxidoro como mero introductor del problema59 Y asiacute lo recogen distintos estudios modernos Galaxidoro seriacutea el oponente racionalista casi siempre estoico habitual en los diaacutelogos religiosos de Plutarco su explicacioacuten se ve devaluada tanto por sus contradicciones internas como por la presencia de procedimientos textuales que rebajan su veracidad y en suma Galaxidoro y el resto de las intervenciones insertas en la seccioacuten dominada por eacutel tendriacutean como funcioacuten principal la de plantear el tema a debatir60

Las propuestas de Simias Timarco y Teanor son evidentemente distintas Actuacutea aquiacute quizaacutes el deseo de presentar el problema bajo luces diversas61 o quizaacutes el complejo planteamiento dramaacutetico que forma parte de las estrategias persuasivas de Plutarco62 Las tres sin embargo coinciden en una idea central la singularidad de aquellos hombres que como Soacutecrates pueden contactar con una realidad por encima del mundo material Para Simias el alma de la mayoriacutea de los hombres se halla embargada por el tumulto de las pasiones y la voraacutegine de las servidumbres vitales de manera que su entendimiento no puede captar las indica‑ciones de los seres superiores en el caso de Soacutecrates por el contrario su intelecto limpio y exento de pasiones (ὁ νοῦς καθαρὸς ὢν καὶ ἀπαθής) percibiacutea faacutecilmente las sentildeales enviadas por los seres divinos63 Seguacuten el mito de Timarco (expuesto por Simias) en el alma (ψυχή) conviven dos partes una inmersa en el cuerpo recibe el nombre mismo de ldquoalmardquo (ψυχή) la otra inaccesible a la corrupcioacuten se llama laquointelectoraquo (νοῦν) estaacute en el exterior del hombre y los entendidos le dan

56 Gen Socr 579F‑582C57 Corlu (1970) 49‑50 Doumlring (1984) 376 Schroumlder (2010) 161 58 Para la distincioacuten entre ambos tipos de maacutentica veacutease Cic div 111ndash12 134 172

1109ndash131 (con el comentario de Wardle (2006))59 Gen Socr 588A ζητήσεως οὐκ ἀγεννοῦς ἀλλ ἧς ὀλίγον ἔμπροσθεν οἱ περὶ Γαλαξίδωρον

καὶ Φειδόλαον ἥψαντο διαποροῦντες τίνος οὐσίας καὶ δυνάμεως εἴη τὸ Σωκράτους λεγόμενον δαιμόνιον

60 Corlu (1970) 19‑20 y 51‑52 Hani (1980) 53 Doumlring (1984) 376‑377 Schroumlder (2010) 161‑162 Donini (2011) 415‑416

61 Sobre el reparto de papeles filosoacuteficos que aquiacute parece efectuar Plutarco veacutease Donini (2011) 412‑419 (2011 [2004]) 442‑443

62 Veacutease Van Hoof (2010) 67‑68 a propoacutesito de determinados laquotratados de eacutetica praacutecticaraquo63 Gen Socr 588D‑E

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Joseacute M Candau

el nombre de daimon64 La parte irracional e inmersa en el cuerpo se halla sujeta a la racional e incorruptible Si la sujecioacuten es deacutebil el alma se dejaraacute doblegar por las pasiones soacutelo cuando se fortalece gracias a la educacioacuten aparece el alma capaz de percibir con prontitud las indicaciones de su daimon Algunos hombres sin embargo estaacuten especialmente dotados de suerte que en ellos predomina de forma innata la obediencia a la razoacuten y a su daimon A ellos estaacute reservada la capacidad de percibir la llamada divina65 Teanor afirma que las almas libres de lazos con el cuerpo se convierten en daacuteimones Tales daacuteimones guiacutean los asuntos del hombre Pero no todos los hombres reciben su atencioacuten pues se desentienden de cuantos estaacuten inmersos en los avatares del acontecer soacutelo aquellos que tras mil esfuerzos ascienden a una esfera elevada son recompensados con la ayuda del daimon66

Las tres intervenciones explican las dotes excepcionales de Soacutecrates mediante la existencia de hombres excepcionales Y en las tres esa excepcionalidad requiere una especial disposicioacuten del alma La liberacioacuten de las pasiones y el alejamiento del traacutefago iacutensito en el mundo humano se presentan como condicioacuten necesaria para que haya un Soacutecrates Paradigma del filoacutesofo Soacutecrates es tambieacuten el modelo de Epaminondas El discurso sobre la pobreza al mostrar coacutemo Epaminondas limpia su alma de pasiones e impulsos procedentes del mundo exterior acredita su condicioacuten de filoacutesofo Asiacute se reconoce cuando termina dicho discurso por boca de Simias67

laquoGran hombre grande es Epaminondas y responsable de ello es el aquiacute pre‑sente Polimnis que ha criado a sus hijos desde temprano en la mejor filosofiacutearaquo

Epaminondas tambieacuten es consecuente con su condicioacuten de filoacutesofo cuando rehuacutesa someter su alma al torbellino del acontecer humano y las pasiones aso‑ciadas esto es cuando se niega a participar en la conjura El filoacutesofo parece ser la conclusioacuten no debe participar al menos de manera directa en el torbellino de la vida poliacutetica

El Epaminondas del de genio es una creacioacuten histoacutericamente discutible68 Ciertamente su no participacioacuten en la liberacioacuten de la Cadmea y su formacioacuten filosoacutefica estaacuten suficientemente documentadas Pero Epaminondas es conocido ante todo por su dimensioacuten poliacutetica que aquiacute relega Plutarco para subrayar su

64 Gen Socr 591E65 Gen Socr 592A‑E66 Gen Socr 593D‑594A67 Gen Socr 585D68 Ya Von Stern (1884) 55‑57 sentildealoacute las debilidades del relato que ofrece Plutarco en el

de genio Los estudios posteriores (veacutease por ejemplo Corlu [1970] 19‑20 Barigazzi [1988] 414‑424Georgiadou [1996]) han insistido en el Epaminondas del de genio presenta una factura obediente sobre todo a razones compositivas y de disentildeo

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Un mentor limpio de pasiones El filoacutesofo y la actuacioacuten poliacutetica seguacuten el De genio Socratis

calidad de filoacutesofo Asiacute construida la figura de Epaminondas traslada un mensaje ndashla no implicacioacuten directa del filoacutesofo en las luchas poliacuteticas‑ que puede tener calado teoacuterico pero tambieacuten sirve a Plutarco para trasladar su posicionamiento ante cuestiones concernientes a su propia persona y al horizonte cultural de su eacutepoca Comparado a otros contemporaacuteneos que por condicioacuten social e incluso actividad literaria estaban a su mismo nivel Plutarco no protagonizoacute una carrera poliacutetica particularmente brillante69 Asumioacute en cambio el papel de consejero y guiacutea de la eacutelite La autoridad necesaria para ello se la confiere la filosofiacutea Pues Plutarco se presenta a siacute mismo como filoacutesofo La exaltacioacuten de Epaminondas es una exaltacioacuten de su propia identidad como filoacutesofo y mentor Epaminondas se mueve a una altura la de la filosofiacutea superior a la de sus afines y compantildeeros los conjurados Esta altura le prohiacutebe descender al plano de la accioacuten directa descenso que contaminariacutea su alma con pulsiones sobrevenidas pero tambieacuten le permite acceder a una realidad inalcanzable para sus compantildeeros Epaminondas eleva asiacute la posicioacuten del filoacutesofo y justifica incluso hace ineludible su alejamiento de la lucha poliacutetica Gracias a ello lo que podriacutea ser una debilidad del propio Plutarco la falta de una carrera puacuteblica brillante se transforma en una eleccioacuten deliberada y necesaria

Tal mensaje adquiere maacutes fuerza si se lo contempla sobre el transfondo cultural de la eacutepoca El auge de las composiciones de exitu illustrium virorum corre en paralelo a la admiracioacuten hacia el filoacutesofo que se enfrenta al poder y sufre castigo por ello Ya se ha dicho que el fenoacutemeno acreditado en diversas fuentes contemporaacuteneas a Plutarco fue propiciado particularmente por el final del rei‑nado de Diocleciano y que el modelo uacuteltimo del filoacutesofo‑maacutertir es Soacutecrates En este contexto adquiere un significado especial la exaltacioacuten del ldquoSoacutecrates tebanordquo Epaminondas Epaminondas se aleja del conflicto puacuteblico para cuidar su alma se distingue por su silencio y pese a ello constituye el ldquocentro ausenterdquo del de genio una composicioacuten articulada en torno a un conflicto civil la liberacioacuten de la Cadmea No resulta inverosiacutemil ver en todos estos datos una respuesta de Plu‑tarco ante el fenoacutemeno del ldquofiloacutesofo‑maacutertir poliacuteticordquo y la admiracioacuten aglutinada en torno a esa figura Respuesta que reivindica rotundamente el papel asumido por el propio Plutarco de filoacutesofo mentor del poliacutetico pero fuera eacutel mismo del traacutefago de la poliacutetica

69 Veacuteanse las observaciones y referencias que ofrece al respecto Van Hoof (2010) 66‑67

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Joseacute M Candau

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A Esparta de Plutarco entre a guerra e as artes

de um seguidor das leis de Licurgo Nesse sentido Plutarco diz que o dinheiro e o ouro deveriam ser mandados embora de Esparta porque eles eram flagelos importados que despertavam a cobiccedila e promoviam a degeneraccedilatildeo dos costumes (c 17) Desse ponto de vista Lisandro prejudicou Esparta justamente porque promoveu seu enriquecimento e contribuiu para a dissoluccedilatildeo da frugalidade e da simplicidade que caracterizavam o cotidiano dos lacocircnios antes das vitoacuterias espartanas na Guerra do Peloponeso6

Na Vida de Agesilau Plutarco nos conta que o biografado foi o segundo filho de Arquidamo (o primeiro tinha sido Aacutegis) e que por isso ele natildeo seria o herdeiro direto do trono de Esparta De qualquer modo Agesilau foi educado de acordo com a agoge lacedemocircnia e nosso autor faz questatildeo de frisar que em decorrecircncia disso o liacuteder espartano sempre respeitou e praticou as leis de sua cidade (c 1) Mesmo apresentando uma pequena diferenccedila de tamanho de uma perna para a outra ele tinha outras qualidades espartanas como a honestidade a mansidatildeo e a beleza fiacutesica (c 2) Sua formaccedilatildeo foi tatildeo bem sucedida que diferente de Alexandre o grande e de Haniacutebal Agesilau foi um general que conquistou importantes vitoacuterias e mesmo assim nunca deixou de obedecer agraves leis espartanas (c 15) Mesmo depois de tornar‑se um lendaacuterio vencedor ele voltou a Esparta e continuou o mesmo homem de antes sem apresentar nenhuma novidade no seu comportamento diferente de outros estrategos quando voltavam de longas expediccedilotildees a terras estrangeiras (c 19)

Plutarco nos conta que Lisandro ndashque dizem ter sido amante de Agesilau na juventude (c 2)ndash pretendia introduzir muitas inovaccedilotildees e mudanccedilas no governo da Lacocircnia (c 20) Embora outros liacutederes de Esparta como Antaacutelcidas tenham feito acordos com os Persas e tenham abandonado laquocovarde e maldosamenteraquo os gregos da Aacutesia sob o domiacutenio dos baacuterbaros como nos diz Plutarco (c 23) Agesilau sempre foi um defensor da justiccedila Entre os capiacutetulos 29 e 30 da Vida de Agesilau nosso autor nos conta que os espartanos que perderam parentes na bata‑lha de Leuctra (em 371 a C) se alegraram e os que natildeo perderam ficaram tristes De certa forma eles responsabilizaram Agesilau pela derrota e lamentaram ter aceito um rei coxo Contudo Agesilau tinha boa reputaccedilatildeo e era muito virtuoso Prova disso eacute que sem promover nenhuma inovaccedilatildeo ele disse que era preciso fazer as leis dormirem para que retomassem a autoridade que tiveram no passado

Entretanto Plutarco natildeo faz apenas elogios a Agesilau Cartledge (1987 418) observa que ele faz criacuteticas a Agesilau por causa de sua ingratidatildeo em relaccedilatildeo a Lisandro (c 8) e condena seu comportamento porque ele teria hon‑rado mais os amigos do que a justiccedila (c 13 ver tambeacutem Moralia 807d) Aleacutem disso Plutarco via uma relaccedilatildeo direta entre a decadecircncia de Esparta e a ascenccedilatildeo

6 Sobre isso ver Duff (2002) 161‑204 e a introduccedilatildeo de Flaceliegravere e Chambry em Plutarque (1971) 158‑173

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Roosevelt Rocha

ilegiacutetima de Agesilau ao trono (c 21) Poreacutem no geral nosso autor eacute tatildeo favoraacutevel e simpaacutetico a Agesilau quanto Xenofonte que tambeacutem escreveu uma biografia do rei espartano a qual certamente serviu de base para a Vida composta pelo poliacutemata de Queroneia Segundo Cartledge (1987 418) para Plutarco Agesilau foi a encarnaccedilatildeo das virtudes peculiarmente espartanas simplicidade piedade e autocontrole7

Depois na Vida de Aacutegis e na Vida de Cleocircmenes Plutarco narra os uacuteltimos momentos da histoacuteria da Esparta independente ou seja o ponto mais baixo da decadecircncia daquela cidade Os reis Aacutegis e Cleocircmenes que reinaram no seacuteculo III a C tentaram restaurar os antigos valores dos tempos de Licurgo Eles tinham os dons naturais para levar essa tarefa a cabo Aacutegis tinha grandeza de alma e se insurgia contra os prazeres desde antes dos vinte anos (c 4) natildeo gostava de rou‑pas luxuosas e baniu toda suntuosidade para aderir aos antigos haacutebitos lacocircnios caracterizados pela simplicidade de vida Mas seu exemplo e sua energia natildeo foram suficientes para restaurar os costumes tradicionais e ele foi assassinado ainda muito jovem (cc 19‑21) Aquela Esparta incorrupta e valorosa dos tempos de Licurgo dava seus uacuteltimos suspiros

Cleocircmenes natildeo era parente de Aacutegis mas foi obrigado a se casar com a vi‑uacuteva do rei assassinado ou seja Agiaacutetis Segundo Plutarco (c 1) Cleocircmenes era ambicioso e tinha grandeza de alma Era temperante e simples como Aacutegis Ele tambeacutem quiz restaurar os antigos costumes espartanos (c 11) Primeiro depois de longa disputa poliacutetica abriu matildeo de seus bens Depois distribuiu as terras entre os cidadatildeos Restabeleceu a educaccedilatildeo dos jovens e a disciplina espartana Ele proacuteprio levou uma vida simples e frugal para dar o exemplo aos outros la‑cedemocircnios sem insolecircncia nem orgulho excessivo ou seja como um modelo de temperanccedila (c 13) Mesmo quando perdeu sua esposa Agiaacutetis por quem se enamorara verdadeiramente Cleocircmenes manteve a firmeza e seu caraacuteter elevado e tomou as providecircncias necessaacuterias para garantir a seguranccedila de seus soldados e aliados (c 22) Depois de reinar por dezesseis anos Cleocircmenes morreu (cc 37‑38) e assim terminou a histoacuteria de Esparta como cidade politicamente autocircnoma

Ateacute aqui vimos que podemos encontrar nas Vidas dos liacutederes espartanos escritas por Plutarco aquela imagem caracterizada por um conjunto de valores que parecem ter ganhado forccedila numa eacutepoca lendaacuteria e foram se enfraquecendo conforme o tempo foi passando e Esparta foi estendendo seu poder para fora da Lacedemocircnia Nesse quadro vemos uma cidade altamente militarizada de guerreiros corajosos disciplinados e afeitos a uma vida sem luxos e sem confortos Isso poderia indicar que os espartanos eram um povo rude pouco sofisticado e fechado para as artes

7 Cf tambeacutem a introduccedilatildeo de Flaceliegravere e Chambry em Plutarque (1973) 85‑88 e Shipley (1998) 1‑46

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A Esparta de Plutarco entre a guerra e as artes

Poreacutem vaacuterias fontes arqueoloacutegicas vasculares e mesmo literaacuterias nos mostram o contraacuterio Apesar de Tuciacutedides (1102) ter dito que os edifiacutecios em Esparta eram modestos e natildeo correspondiam ao tamanho do poder militar e poliacutetico da cidade dos lacedemocircnios em seu apogeu a avaliaccedilatildeo dos monumentos arquitetocircnicos espartanos precisa ser feita com cuidado Eacute preciso lembrar que Esparta natildeo foi destruiacuteda nas Guerras Meacutedicas como Atenas foi A capital da Aacutetica foi reconstruiacuteda e uma grande soma de dinheiro afluiu para ela por causa das contribuiccedilotildees dos aliados da Liga de Delos Isso natildeo aconteceu com a princi‑pal cidade da Lacocircnia Desse modo nela foram conservados edifiacutecios antigos do seacuteculo VI a C que apresentavam outro estilo de construccedilatildeo mais arcaizante do que claacutessico Dependendo do ponto de vista um estilo pode ser mais valorizado do que o outro

De qualquer modo Pausacircnias (3113) viajante do seacuteculo II d C que fez uma descriccedilatildeo de vaacuterias cidades da Greacutecia daquela eacutepoca nos informa que havia em Esparta vaacuterios monumentos que despertavam a admiraccedilatildeo daqueles que por ali passavam tal como o Poacutertico Persa construiacutedo inicialmente com o butim amealhado na guerra contra os persas Outros exemplos de edifiacutecios que nos uacuteltimos anos vecircm sendo estudados satildeo o templo de Apolo em Amiclas o templo de Aacutertemis Oacutertia e o Menelaion onde eram cultuados Menelau e Helena8

Cartledge (2002 111) nos informa que depois de 690 a C pintores de vasos da Lacocircnia sofreram influecircncia de artistas do Egeu e adotaram o chamado estilo lsquoorientalizantersquo o que mostra que na praacutetica Esparta natildeo estava isolada do resto do mundo helecircnico Ainda segundo Cartledge nessa eacutepoca artesatildeos lacocircnios que trabalhavam com bronze comeccedilaram a se interessar pela representaccedilatildeo de figuras humanas em suas obras e por volta de 650 a C comeccedilou a se desenvolver na regiatildeo de Esparta o uso do marfim para produccedilatildeo de objetos gravados Vemos entatildeo que o ambiente artiacutestico na Lacedemocircnia entre 775 e 650 a C natildeo era de modo algum esteacuteril ou sem importacircncia9

Como Burn (1960 275‑276) explica Esparta natildeo virou suas costas para a arte e a poesia Prova disso eacute que vasos com detalhes refinados foram fabricados ali e exportados para outras regiotildees da Heacutelade ateacute 550 a C mais ou menos Por volta de 600 a C Gitiadas poeta escultor e arquiteto projetou o Templo de Atena tambeacutem conhecido como Casa de Bronze por causa das placas feitas com esse metal para decorar o edifiacutecio E em 585 a C o segundo templo de Oacutertia foi construiacutedo Ou seja havia artesatildeos trabalhando em Esparta no periacuteodo arcaico que produziram obras dignas de admiraccedilatildeo10

8 Para mais informaccedilotildees sobre a arqueologia e a arquitetura espartanas ver Walker (1998) Kaltsas (2007) e Cavanagh (2009)

9 Sobre isso ver tambeacutem Burn (1960) 180‑184 e Stibbe (1996) passim10 Ver tambeacutem Burn (1960) 280‑282 e Cartledge (2002) 133‑136

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Roosevelt Rocha

No que diz respeito agrave muacutesica Plutarco nos daacute significativos testemunhos da sua importacircncia em ambiente espartano tanto nas Vidas quanto nos Moralia Na Vida de Licurgo no c 4 por exemplo encontramos a informaccedilatildeo segundo a qual o legislador lendaacuterio teria convidado um poeta‑legislador de Creta para ir a Esparta com ele Esse poeta se chamava Tales Mas talvez tenha havido alguma confusatildeo na tradiccedilatildeo manuscrita e esse Tales poderia ser o Taletas de Gortina mencionado algumas vezes no livro Sobre a Muacutesica tambeacutem de Plutarco Ele teria sido o responsaacutevel por curar os espartanos de uma peste com o seu canto11 Aleacutem disso no mesmo c 4 nos eacute dito que Licurgo teria sido o responsaacutevel por levar os poemas de Homero da Jocircnia para sua cidade

Depois no c 21 da mesma Vida Plutarco nos diz que os lacedemocircnios apreciavam se dedicar agrave poesia meacutelica porque as canccedilotildees estimulavam seus espiacuteritos e lhes davam coragem para enfrentar os inimigos nas batalhas Seu estilo era simples e seus temas eram seacuterios com o objetivo de promover uma boa formaccedilatildeo dos caraacuteteres Nelas eram louvados os heroacuteis de Esparta e condenados os covardes que natildeo lutaram ateacute o fim para defender sua cidade Nos festivais eram organizados trecircs coros de acordo com as idades um de velhos outro de adultos e outro de jovens Cada um cantava sobre a sua bravura uns falavam dos seus feitos no passado os outros tratavam das suas accedilotildees no presente e os uacuteltimos cantavam sobre o seu desejo de realizar grandes proezas no futuro Esses seriam os temas baacutesicos das canccedilotildees em Esparta e por isso segundo Plutarco Terpandro e Piacutendaro estavam corretos ao associar bravura e muacutesica e ao mostrar que os espartanos eram o povo mais aguerrido e mais musical

Por isso natildeo era por acaso que os jovens cantavam o nomo de Caacutestor e o peatilde da marcha (c 22) e em todo lugar havia danccedilas festas e banquetes quando natildeo havia expediccedilotildees militares (c 24) Contudo o gosto pela boa muacutesica e pela boa poesia natildeo era caracteriacutestico de todos os habitantes da Lacocircnia tendo em vista que os hilotas danccedilavam e cantavam canccedilotildees vulgares e grotescas diferentes das composiccedilotildees de Aacutelcman Terpandro e Especircndon (c 28) Isso na verdade estava associado ao fato de eles serem escravos e por isso era compreensiacutevel que eles apreciassem canccedilotildees vis como eles proacuteprios

Na Vida de Lisandro encontramos algumas informaccedilotildees que reforccedilam a impressatildeo de que os espartanos tinham sim grande sensibilidade para a muacutesica No c 15 ficamos sabendo que os lacocircnios depois de conquistar Atenas em 404 a C queriam destruir aquela cidade mas apoacutes ouvir um coro da Electra de Euriacutepides desistiram Em seguida no c 18 Plutarco nos conta que Lisandro estava sempre acompanhado do poeta Queacuterilo encarregado de celebrar os feitos do general E outros poetas tambeacutem celebraram Lisandro segundo nosso autor

11 Ver Plu Mus 42 (1146B‑C) e Gostoli (1990) 12‑13 e

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A Esparta de Plutarco entre a guerra e as artes

Na Vida de Agesilau c 14 lemos que os espartanos apreciavam uma parte da poesia de Timoacuteteo de Mileto poeta que teria tido algumas cordas de sua ciacutetara cortadas quando de uma sua visita a Esparta porque os eacuteforos julgavam que natildeo seriam necessaacuterias mais do que sete cordas e o instrumento do poeta tinha onze12 Essa anedota indica que os lacocircnios natildeo apreciavam inovaccedilotildees Poreacutem a informaccedilatildeo do c 14 da Vida de Agesilau mostra que eles poderiam aceitar pelo menos uma parte da obra de um poeta inovador desde que essa parte se adequas‑se ao gosto e agraves tradiccedilotildees do local Tambeacutem nessa mesma Vida c 21 Plutarco nos diz que o rei Agesilau apreciava os cantos e as danccedilas mesmo natildeo sendo um lsquoespecialistarsquo nas artes

Por fim na Vida de Aacutegis c 10 encontramos um elogio a Terpandro a Ta‑les (Taletas) e a Fereacutecides porque mesmo sendo estrangeiros professavam o que Licurgo instituiu e por isso foram muito honrados em Esparta Na Vida de Cleocircmenes c 2 somos informados que o rei Leocircnidas elogiou Tirteu algo facilmente compreensiacutevel tendo em vista o caraacuteter estimulante e guerreiro das elegias daquele poeta Aleacutem disso nessa mesma Vida citada por uacuteltimo c 12 Plutarco nos conta que Cleocircmenes certa vez teria encontrado alguns artistas de Dioniso muacutesicos e atores profissionais que iam de cidade em cidade para se apresentar e construiu um teatro Isso mostra que esse rei estimulou de alguma maneira as atividades artiacutesticas mesmo que ele natildeo tivesse o costume de levar artistas com seu exeacutercito de acordo com Plutarco e nem apreciasse apresentaccedilotildees musicais nos seus banquetes (c 13)

Tudo isso mostra que Esparta era uma cidade onde a muacutesica tinha um papel importe na educaccedilatildeo e na guerra e que os lacocircnios natildeo eram um povo obtuso e indiferente ao poder das melodias De acordo com Plutarco tendo em vista agora algumas passagens dos Moralia os espartanos passavam por treinamento rigoroso no que diz respeito agrave muacutesica e agrave poesia e suas canccedilotildees estimulavam os espiacuteritos e faziam com que os homens se sentissem entusiasmados e se esfor‑ccedilassem para ser bem sucedidos Em vaacuterias passagens das suas Obras Morais ele elogia o estilo da muacutesica deles porque ela era simples e natildeo afetada e seus temas eram seacuterios e edificantes Se algueacutem estudasse a poesia e as canccedilotildees de marcha de Esparta acompanhadas pelo aulo essa pessoa concordaria que Terpandro e Piacutendaro estavam certos ao associar valor (andreia) e muacutesica Como vimos acima nos trechos citados das Vidas Plutarco tambeacutem diz que os Espartanos eram o povo ao mesmo tempo mais musical (mousikotatous) e o mais afeito agrave guerra (polemikotatous)13

No livro sobre os Antigos Costumes dos Espartanos Plutarco tambeacutem elogia os ritmos das canccedilotildees de marcha (embaterioi rhythmoi) porque eles despertavam

12 Ver Plu Agis 1013 Cf Lyc 211‑4

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a coragem a audaacutecia e o desdeacutem pela morte requisitos indispensaacuteveis para o guerreiro valoroso Os espartanos usavam esses ritmos para danccedilar mas tambeacutem quando avanccedilavam contra os inimigos ao som do aulo Plutarco lembra que Li‑curgo associava o amor pela muacutesica agrave praacutetica militar para que o espiacuterito guerreiro combinado com a melodia tivesse concordacircncia e harmonia (symphonia kai har‑monia) Por isso em tempos de guerra os reis espartanos ofereciam sacrifiacutecios agraves Musas antes de ir para a batalha como Plutarco nos conta nos Instituta Laconica 16 (238B‑C)

E para manter a pureza da sua muacutesica e dos seus costumes os espartanos agraves vezes recorriam a atos violentos Como Plutarco reporta nos Instituta Laconica 17 (238C‑D) eles natildeo permitiriam que ningueacutem desrespeitasse de modo algum as regras da muacutesica do passado Nem mesmo Terpandro um dos mais antigos e melhores citaredos (aqueles que cantavam acompanhados da ciacutetara ou da lira) teria a permissatildeo para acrescentar uma corda extra ao seu instrumento para que suas melodias fossem mais variadas Ele tentou fazer isso mas os eacuteforos pregaram sua lira numa parede por causa do seu ato iacutempio contraacuterio agrave tradiccedilatildeo Em outra ocasiatildeo um dos eacuteforos teria procedido com mais violecircncia quando Timoacuteteo o famoso muacutesico inovador que floresceu na segunda metade do seacuteculo V a C estava competindo no festival das Carneias ele pegou uma faca e perguntou ao muacutesico de que lado ele deveria cortar as cordas supeacuterfluas cujo nuacutemero ultra‑passava o tradicional de sete cordas Outras variantes dessa histoacuteria satildeo contadas por Plutarco em outros textos mas nessas outras passagens Friacutenis outro muacutesico inovador da segunda metade do seacuteculo V a C eacute o protagonista14

Mas para aleacutem da sua importacircncia na educaccedilatildeo e nos contextos de bata‑lha a muacutesica tinha grande significado tambeacutem nas momentos das celebraccedilotildees religiosas Dentre as festividades religiosas realizadas na Lacedemocircnia uma das mais importantes era a das Carneias realizada em Esparta e intimamente ligada agrave histoacuteria de Terpandro As origens desse festival eram muito antigas anteriores ao seacuteculo VIII a C tendo em vista que no seacuteculo VII os colonizadores espartanos da cidade italiana de Tarento jaacute tinham o costume de celebraacute‑la15 As Carneias eram dedicadas ao deus Apolo Carneu Em Esparta havia concursos musicais e atleacuteti‑cos uma corrida de jovens e um banquete ritual que contava com a participaccedilatildeo dos homens adultos que representavam as fratrias O festival era organizado por cidadatildeos solteiros e era o momento adequado para que os jovens que jaacute haviam completado seu periacuteodo de formaccedilatildeo ingressassem na vida adulta16

O que nos interessa aqui eacute o papel que a muacutesica desempenhava no contexto dessas festividades Um elemento importante nesses momentos de comemoraccedilatildeo

14 Cf Prof virt 84A Apophth Lac 220C e Agis 107 jaacute citada na nota 9 Cf Rocha (2008) 654‑655

15 Brelich (1969) 181‑18216 Brelich (1969) 149‑150

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A Esparta de Plutarco entre a guerra e as artes

eram os concursos A realizaccedilatildeo de concursos musicais no acircmbito do festival das Carneias natildeo teria acontecido desde o iniacutecio A introduccedilatildeo de agones provavel‑mente ocorreu quando Terpandro migrou de Metimna (Lesbos) para Esparta na primeira metade do seacuteculo VII a C Nesse contexto eacute importante considerar o testemunho de Helacircnico17 segundo o qual Terpandro teria sido o primeiro a vencer o concurso musical nas Carneias Esse fato parece estar diretamente relacionado agrave fundaccedilatildeo da primeira escola musical (katastasis) em Esparta por obra do mesmo Terpandro Segundo Brelich (1969 186‑191) eacute muito provaacutevel que a introduccedilatildeo do concurso musical nas Carneias tenha sido influenciada pela proacutepria katastasis18 Essa hipoacutetese ganha forccedila se consideramos o capiacutetulo 9 do tratado Sobre a Muacutesica como um todo Ali Plutarco fala da primeira katastasis fundada por Terpandro e menciona tambeacutem a segunda katastasis liderada por Taletas de Gortina Xenoacutedamo de Citera Xenoacutecrito de Locres Polimnesto de Coacutelofon e Saacutecadas de Argos muacutesicos que teriam instituiacutedo as Gimnopeacutedias em Esparta as Apodeixeis na Arcaacutedia e as Endimaacutetias em Argos Jaacute que os membros da segunda escola musical foram fundadores de festivais19 em diferentes cidades do Peloponeso Terpandro tambeacutem pode ter desempenhado o mesmo papel no contexto das Carneias

No que diz respeito agraves Gimnopeacutedias contudo encontramos uma situaccedilatildeo diferente Possuiacutemos uma grande variedade de informaccedilotildees sobre esse festival que inclusive muitas vezes satildeo contraditoacuterias Mas tratando apenas daquilo que nos interessa aqui sabemos que no periacuteodo das festividades aconteciam apresentaccedilotildees de coros de adolescentes e adultos instituiacutedos em honra a Apolo que cantavam hinos compostos por poetas como Taletas Aacutelcman e Dionisodoto Depois da batalha de Tireia em 544 aC na qual Esparta lutou contra Argos pela posse da Tireaacutetida tornou‑se costumeiro cantar um peatilde em honra dos soldados que morreram naquela ocasiatildeo Por causa desse elemento ritual e da comparaccedilatildeo com as Apodeixeis e as Endimaacutetias as Gimnopeacutedias foram consideradas festas que indicavam o momento no qual os jovens receacutem‑iniciados eram integrados agrave vida militar20

Tendo tudo isso em vista podemos concluir que eacute preciso colocar a miragem espartana em perspectiva Esparta natildeo era tatildeo lsquoespartanarsquo assim e natildeo foi sempre lsquoespartanarsquo Havia espaccedilo naquela cidade para o cultivo das artes tais como a arquitetura a escultura a pintura vascular a muacutesica (que incluiacutea a poesia) e a danccedila Nela floresceram poetas como Aacutelcman Terpandro e Tirteu Nela surgiram escolas poeacuteticomusicais Nela viveram poetas estrangeiros tais como Taletas de

17 FGrHist 4 F 85 = Ateneu 635e = Terpander Test 1 Gostoli18 Cf tambeacutem Gostoli (1990) 84‑8519 Mais do que fundadores de festivais eacute mais verossiacutemil pensar que esses autores foram os

responsaacuteveis pela introduccedilatildeo dos concursos musicais como parte das celebraccedilotildees 20 Cf Gostoli (1990) 85‑86

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Gortina (Creta) e Saacutecadas de Argos E sendo assim houve um ambiente feacutertil e favoraacutevel para o desenvolvimento e o cultivo de atividades artiacutesticas Os esparta‑nos foram sim grandes guerreiros que contribuiacuteram decisivamente para a vitoacuteria dos helenos sobre os persas Eles cultivaram sim suas habilidades guerreiras a ponto de derrotar os atenienses na Guerra do Peloponeso Poreacutem Esparta natildeo foi somente uma comunidade de soldados que dedicavam suas vidas somente agrave guerra Esparta foi tambeacutem uma cidade onde as pessoas cantavam danccedilavam e apreciavam a beleza dos edifiacutecios e dos objetos do cotidiano Eacute preciso reconhecer isso e na obra de Plutarco jaacute encontramos essa imagem multifacetada dessa cul‑tura Basta direcionar os olhos para outras direccedilotildees

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Bibliografia

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Plutarque Vies Tome VI Text eacutetabli et traduit par Flaceliegravere R et Chambry Eacute Paris Les Belles Lettres 1971

Plutarque Vies Tome VIII Text eacutetabli et traduit par Flaceliegravere R et Chambry Eacute Paris Les Belles Lettres 1973

Powell A amp Hodkinson S (eds) The shadow of Sparta Londres Routledge 1994Rawson E The spartan tradition in european thought Oxford Oxford University

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Roosevelt Rocha

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Index nominum

Timoacuteteo 167‑168 178 183Timoacutexena 195Tindaacuteridas 63Tireaacutetida 169Tireia 169Tireacutesias 236Tirteu 167 169 221Titatildes 245Trajano 121Trezena 31 32‑35 38 Tricoacuterito 39Troia 81 124Tuciacutedides 122 160 181Ulisses 81 192Valeacuterio (vd Puacuteblio Valeacuterio)Vestais 58 204Viacutenio 200Xantipo 191 201Xenoacutecrito 169Xenoacutedamo 169Xenofonte 160 164Zaleuco 88Zeus 36 40‑41 220 226 243

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Index nominum

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Notas biograacuteficas dos autores

Aacutelia Rodrigues eacute doutorada em Estudos Claacutessicos (Literatura Grega) e inves‑tigadora do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse satildeo a histoacuteria das ideias poliacuteticas desde os Gregos ateacute agrave modernidade histoacuteria legal e a recepccedilatildeo de temas claacutessicos na contemporaneidade

Ana Ferreira eacute Professora Auxiliar do Departamento de Estudos Portugueses e Ro‑macircnicos da Faculdade de Letras da Universidade do Porto e investigadora do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a histoacuteria antiga a literatura greco‑romana bem como a didaacutectica das liacutenguas claacutessicas

Delfim F Leatildeo eacute Professor Catedraacutetico da Instituto de Estudos Claacutessicos e investiga‑dor do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a histoacuteria antiga o direito e a teorizaccedilatildeo poliacutetica dos Gregos a pragmaacutetica teatral e a escrita romanesca antiga

Faacutebio Vergara Cerqueira eacute Professor Adjunto do Instituto de Ciecircncias Humanas da Universidade Federal de Pelotas pesquisador PQ‑2 do CNPq Professor Visitante na Universidade de Heidelberg Bolsista Fundaccedilatildeo Humboldt ldquoPesquisador Experienterdquo Principais aacutereas de interesse satildeo histoacuteria e arqueologia da Greacutecia antiga e sua recepccedilatildeo enfocando muacutesica iconografia ceramologia gecircnero memoacuteria social identidade e patrimocircnio cultural

Guillermina Gonzaacutelez Almenara es Profesor Contratado Doctor Tipo 1 vinculada con el Aacuterea de Filologiacutea Griega del Departamento de Filologiacutea Claacutesica Francesa Aacuterabe y Romaacutenica de la Universidad de La Laguna Sus principales liacuteneas de investi‑gacioacuten son la mujer y el aacutembito femenino en la Grecia antigua Historiografiacutea griega Historia y civilizacioacuten de la Grecia antigua

Ivana S Chialva es Doctora en Letras Investigadora Asistente del Conicet y Profesora de Griego y Literaturas griega y latina de la Facultad de Humanidades y Ciencias de la Universidad Nacional del Litoral (Santa Fe Argentina) Sus tra‑bajos sobre el mundo antiguo se focalizan en la relacioacuten entre primera y segunda sofiacutestica y en la influencia de este uacuteltimo fenoacutemeno en la prosa narrativa griega de eacutepoca imperial especialmente la retoacuterica la biografiacutea y la novela en sus diferentes formas

Jesuacutes-Mordf Nieto Ibaacutentildeez es Catedraacutetico de Filologiacutea Griega de la Universidad de Leoacuten Sus liacuteneas de investigacioacuten son la literatura judiacutea en lengua griega los primeros textos cristianos el Humanismo y la Tradicioacuten claacutesica Actualmente dirige un Proyecto de

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investigacioacuten sobre el Humanismo la Tradicioacuten claacutesica y patriacutestica y la exeacutegesis biacuteblica en los siglos XVI y XVII

Joaquim Pinheiro eacute Professor Auxiliar da Universidade da Madeira e investigador do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a biografia antiga a Segunda Sofiacutestica a retoacuterica claacutessica e o pensamento poliacutetico dos Gregos

Joseacute M Candau es Catedraacutetico de Filologiacutea Griega en la Universidad de Sevilla Sus principales aacutereas de investigacioacuten son la historiografiacutea griega y Plutarco

Loraine Oliveira eacute professora de Filosofia da Universidade de Brasiacutelia Publicou o livro Plotino escultor de mitos pela Imprensa da Universidade de CoimbraAnnablume em 2014 Vem se dedicando principalmente a estudar os mitos em Plotino Plutarco e Porfiacuterio assim como o vegetarianismo em Plutarco e Porfiacuterio

Maria Aparecida de Oliveira Silva eacute professora visitante do Programa de Poacutes‑Gradu‑accedilatildeo em Letras Claacutessicas da Universidade de Satildeo Paulo e Professora Pesquisadora do Programa de Poacutes‑Graduaccedilatildeo em Histoacuteria da Universidade Federal de Satildeo Paulo Liacuteder do Grupo CNPq LABHAN Laboratoacuterio de Histoacuteria Antiga da Universidade Federal do Amapaacute Pesquisadora do Grupo CNPq Linceu ‑ Visotildees da Antiguidade Claacutessica da Universidade Estadual Paulista Pesquisadora do Grupo Retoacuterica Texto y Comunicacioacuten da Universidad de Caacutediz Membro do Conselho Acadecircmico do Seminaacuterio de Histoacuteria e Filosofia das Religiotildees da Universidad Autoacutenoma de Ciudad Juaacuterez mdash Meacutexico Pesquisa e publica trabalhos sobre Esparta Plutarco e biografia antiga

M Teresa Fau Ramos es Profesora Titular del Departament de Filologia Grega de la Universitat de Barcelona y miembro del Grup de Recerca Graecia Capta que investiga la pervivencia de la identidad griega bajo el imperio romano Sus principales aacutereas de intereacutes cientiacutefico son la historia e instituciones de la Grecia claacutesica y post‑claacutesica la religioacuten helena (paganismo) y diversos aspectos del cristianismo primitivo

Pilar Goacutemez Cardoacute es profesora titular de Filologiacutea Griega en la Universidad de Barcelona donde imparte docencia e investiga desde 1981 Doctora en Filologiacutea Claacutesica desde 1987 con una tesis sobre la tradicioacuten yaacutembica y la faacutebula (La Vida drsquoIsop entre el iambe la faula i la novella) es autora de numerosos artiacuteculos y capiacutetulos de libros sobre la literatura griega de eacutepoca imperial romana en especial sobre Segunda Sofiacutestica y novela ha estudiado principalmente autores como Luciano en cuya edicioacuten y traduccioacuten al castellano para la coleccioacuten Alma Mater participa Plutarco Dioacuten de Prusa o Elio Ariacutestides Es miembro del grupo de investigacioacuten Graecia Capta de la Universidad de Barcelona

Roosevelt Rocha eacute Professor Adjunto do curso de Letras da Universidade Federal do Paranaacute (Brasil) e pesquisador ligado ao Programa de Poacutes‑Graduaccedilatildeo em Letras da

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mesma Universidade As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a poesia grega arcaica (elegia jambo e meacutelica) a muacutesica grega antiga e o estudo da performance da poesia grega dos periacuteodos arcaico e claacutessico

Vicente Ramoacuten es Profesor Tiular de Filologiacutea Griega de la Universidad de Zara‑goza Sus intereses cientiacuteficos pueden sintetizarse en las siguientes liacuteneas Plutarco de Queronea y la biografiacutea poliacutetica historiografiacutea griega retoacuterica y oratoria griegas tradicioacuten claacutesica teatro griego la irreligiosidad en la Atenas Claacutesica

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Volumes publicados na Colecccedilatildeo Humanitas Supplementum

1 Francisco de Oliveira Claacuteudia Teixeira e Paula Barata Dias Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 1 ndash Liacutenguas e Literaturas Greacutecia e Roma (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

2 Francisco de Oliveira Claacuteudia Teixeira e Paula Barata Dias Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 2 ndash Liacutenguas e Literaturas Idade Meacutedia Renascimento Recepccedilatildeo (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

3 Francisco de Oliveira Jorge de Oliveira e Manuel Patriacutecio Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 3 ndash Histoacuteria Arqueologia e Arte (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2010)

4 Maria Helena da Rocha Pereira Joseacute Ribeiro Ferreira e Francisco de Oliveira (Coords) Horaacutecio e a sua perenidade (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

5 Joseacute Luiacutes Lopes Brandatildeo Maacutescaras dos Ceacutesares Teatro e moralidade nas Vidas suetonianas (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

6 Joseacute Ribeiro Ferreira Delfim Leatildeo Manuel Troumlster and Paula Barata Dias (eds) Symposion and Philanthropia in Plutarch (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

7 Gabriele Cornelli (Org) Representaccedilotildees da Cidade Antiga Categorias histoacutericas e discursos filosoacuteficos (Coimbra Classica DigitaliaCECHGrupo Archai 2010)

8 Maria Cristina de Sousa Pimentel e Nuno Simotildees Rodrigues (Coords) Sociedade poder e cultura no tempo de Oviacutedio (Coimbra Classica DigitaliaCECHCECCH 2010)

9 Franccediloise Frazier et Delfim F Leatildeo (eds) Tychegrave et pronoia La marche du monde selon Plutarque (Coimbra Classica DigitaliaCECH Eacutecole Doctorale 395 ArScAn‑THEMAM 2010)

10 Juan Carlos Iglesias‑Zoido El legado de Tuciacutedides en la cultura occidental (Coimbra Classica DigitaliaCECH ARENGA 2011)

11 Gabriele Cornelli O pitagorismo como categoria historiograacutefica (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2011)

12 Frederico Lourenccedilo The Lyric Metres of Euripidean Drama (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2011)

13 Joseacute Augusto Ramos Maria Cristina de Sousa Pimentel Maria do Ceacuteu Fialho Nuno Simotildees Rodrigues (coords) Paulo de Tarso Grego e Romano Judeu e Cristatildeo (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

14 Carmen Soares amp Paula Barata Dias (coords) Contributos para a histoacuteria da alimentaccedilatildeo na antiguidade (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

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15 Carlos A Martins de Jesus Claudio Castro Filho amp Joseacute Ribeiro Ferreira (coords) Hipoacutelito e Fedra ‑ nos caminhos de um mito (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

16 Joseacute Ribeiro Ferreira Delfim F Leatildeo amp Carlos A Martins de Jesus (eds) Nomos Kosmos amp Dike in Plutarch (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

17 Joseacute Augusto Ramos amp Nuno Simotildees Rodrigues (coords) Mnemosyne kai Sophia (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

18 Ana Maria Guedes Ferreira O homem de Estado ateniense em Plutarco o caso dos Alcmeoacutenidas (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

19 Aurora Loacutepez Andreacutes Pocintildea amp Maria de Faacutetima Silva De ayer a hoy influencias claacutesicas en la literatura (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

20 Cristina Pimentel Joseacute Luiacutes Brandatildeo amp Paolo Fedeli (coords) O poeta e a cidade no mundo romano (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

21 Francisco de Oliveira Joseacute Luiacutes Brandatildeo Vasco Gil Mantas amp Rosa Sanz Serrano (coords) A queda de Roma e o alvorecer da Europa (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

22 Luiacutesa de Nazareacute Ferreira Mobilidade poeacutetica na Greacutecia antiga uma leitura da obra de Simoacutenides (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica DigitaliaCECH 2013)

23 Faacutebio Cerqueira Ana Teresa Gonccedilalves Edalaura Medeiros amp JoseacuteLuiacutes Brandatildeo Saberes e poderes no mundo antigo Vol I ndash Dos saberes (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia2013) 282 p

24 Faacutebio Cerqueira Ana Teresa Gonccedilalves Edalaura Medeiros amp Delfim Leatildeo Saberes e poderes no mundo antigo Vol II ndash Dos poderes (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013) 336 p

25 Joaquim J S Pinheiro Tempo e espaccedilo da paideia nas Vidas de Plutarco (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013) 458 p

26 Delfim Leatildeo Gabriele Cornelli amp Miriam C Peixoto (coords) Dos Homens e suas Ideias Estudos sobre as Vidas de Dioacutegenes Laeacutercio (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013)

27 Italo Pantani Margarida Miranda amp Henrique Manso (coords) Aires Barbosa na Cosmoacutepolis Renascentista (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2013)

28 Francisco de Oliveira Maria de Faacutetima Silva Tereza Virgiacutenia Ribeiro Barbosa (coords) Violecircncia e transgressatildeo uma trajetoacuteria da Humanidade (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

29 Priscilla Gontijo Leite Eacutetica e retoacuterica forense asebeia e hybris na caracterizaccedilatildeo dos adversaacuterios em Demoacutestenes (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

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30 Andreacute Carneiro Lugares tempos e pessoas Povoamento rural romano no Alto Alentejo ‑ Volume I (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2014)

31 Andreacute Carneiro Lugares tempos e pessoas Povoamento rural romano no Alto Alentejo ‑ Volume II (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2014)

32 Pilar Goacutemez Cardoacute Delfim F Leatildeo Maria Aparecida de Oliveira Silva (coords) Plutarco entre mundos visotildees de Esparta Atenas e Roma (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

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Resumo da obra

A vasta e variada obra de Plutarco permite sempre uma abordagem a partir de distintas

perspetivas com diferentes intenccedilotildees e propoacutesitos variados No entanto eacute importante

identificar tambeacutem fios comuns nessa abordagem porque permitem demonstrar tanto a

niacutevel formal como de conteuacutedo que haacute muitos elementos comuns que permeiam o trabalho

de Plutarco

Os treze contributos para este volume tecircm como elo comum o nome de trecircs cidades

Esparta Atenas e Roma Elas representam espaccedilos poliacuteticos e institucionais diversos dada

a sua extensatildeo geograacutefica e cronoloacutegica mas simbolizam igualmente diferentes modelos

de organizaccedilatildeo social atraveacutes dos quais a Greacutecia pode ser contrastada com Roma ou Atenas

comparada com Esparta mdash ainda que o seu verdadeiro interesse na obra de Plutarco seja

que representam sempre locais paradigmaacuteticos onde vivem e convivem pessoas Por

isso os estudiosos de Plutarco que contribuiacuteram para este volume procuram analisar em

cada uma dessas cidades seja por assimilaccedilatildeo ou por contraste a forma como o autor de

Queroneia aborda a ligaccedilatildeo entre indiviacuteduo e comunidade a partir do exerciacutecio do poder

e da experiecircncia religiosa qual o papel da educaccedilatildeo e do domiacutenio privado na projeccedilatildeo

puacuteblica dos protagonistas retratados por Plutarco ou ateacute que ponto a imagem dos primeiros

legisladores e fundadores miacuteticos foi condicionada pela evoluccedilatildeo histoacuterica destas mesmas

cidades

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Mordf Teresa Fau Ramos

necesidad de laquorecuperarraquo los restos del οἰκιστής y de trasladarlos solemnemente a Atenas130 permitiendo con ello a Cimoacuten el gran adversario de Temiacutestocles apropiarse de la figura del ilustre fundador131

Roacutemulo

La indiferencia que acompantildea al amargo fin de Teseo contrasta con el re‑vuelo que se originoacute en Roma tras la desaparicioacuten de aqueacutel a quien Plutarco considera laquopadreraquo (πατήρ)132 de la urbe que laquofundoacuteraquo (ἔκτισε)133

No es poco ciertamente lo que Roma debe a su οἰκιστής pues ademaacutes de ser el fundador material de la ciudad134 tomoacute unas medidas que seriacutean determi‑nantes para el futuro de la poblacioacuten Asiacute establecioacute los criterios con arreglo a los cuales debiacutean ser clasificados los ya numerosos habitantes de la urbe135 fue corresponsable del pacto crucial sellado entre sabinos y romanos136 introdujo cambios en el armamento137 e instituyoacute nuevos rituales138 El queronense le atri‑buye tambieacuten la promulgacioacuten de algunas leyes ndashἔθηκεhellip νόμους τινάς139 dice textualmentendash como las que hacen referencia al repudio de la esposa140

Pero llegado el liacuteder romano al zeacutenit de la gloria experimentoacute una profunda transformacioacuten en su manera de ser y adoptoacute maneras impropias vistioacute lujosos

130 Thes 358ndash365 Sobre las acciones cultuales relacionadas con el οἰκιστής ateniense cf Plaacutecido (1994) Por otra parte creemos que en la valoracioacuten plutarquea del descalabro sufrido por Teseo tiene un peso considerable la conducta poco edificante del ateniense en relacioacuten con Helena a quien eacuteste que a la sazoacuten contaba cincuenta antildeos habiacutea raptado cuando la muchacha todaviacutea no era nuacutebil (cf Thes 292 y 311‑3) En este contexto consideramos que aunque no se centra en la figura de Teseo es esclarecedora la obra de Beneker (2012) quien asimismo nos brinda datos relevantes en un trabajo posterior cf Beneker (2014) Sobre los valores morales en la obra del queronense cf Duff (1999) y Van Hoof (2010)

131 Thes 362‑3 y Cim 85‑7 En el marco de la poliacutetica ateniense de la primera mitad del siglo V a C no es en modo alguno insoacutelita la utilizacioacuten en beneficio propio de un dios o de un heacuteroe Asiacute mientras Cimoacuten opta por valerse del miacutetico Teseo Temiacutestocles se sirve de la figura de Aacutertemis cf Fau Ramos (2007) Veacutease al respecto Podlecki (1971) y Piccirilli (1987)

132 Thes 15133 Thes 22134 Rom 111‑4135 Rom 131‑8 Cf Id 201‑3 En Rom 137‑8 el queronense nos ofrece una descripcioacuten

tan idealizada como paternalista de los viacutenculos establecidos entre patroni y clientes descripcioacuten que ha sido relacionada con la que nos brinda Dionisio de Halicarnaso (210)

136 Rom 199‑10137 Rom 211138 Rom 211 y 221139 Con esta expresioacuten parece evidente que si bien Plutarco no aplica a Roacutemulo el calificativo

de νομοθέτης siacute que de facto lo tiene por tal140 Rom 223 La informacioacuten plutarquea sobre las leyes de Roacutemulo es ciertamente escueta

Para una visioacuten mucho maacutes amplia que incluye los derechos hereditarios de las mujeres la aplicacioacuten de la pena de muerte a la esposa en caso de adulterio o embriaguez las obligaciones filiales para con los progenitores y la potestad paterna sobre los hijos cf D H 225‑26

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semejante oraacuteculo lo que haciacutea el dios en realidad era exhortar a los griegos a que abandonasen las guerras frecuentasen las musas apaciguasen sus pasiones con ayuda de la razoacuten y guardasen entre siacute relaciones paciacuteficas y fecundas39

Los dos sucesos trasladan un mensaje confuso Pues hablan de los griegos no de filoacutesofos de guerras y cuestiones de justicia no de rebeliones liberadoras engloba ademaacutes la filosofiacutea en un conjunto de actividades que parece cifrar la παιδεία griega en general Pero ambos de alguna manera ofrecen una primera justificacioacuten del rechazo de Epaminondas Con ellos se pone en praacutectica la lla‑mada laquoredefinicioacutenraquo teacutecnica literaria practicada por diversos autores antiguos y frecuente en las Vidas paralelas Consiste en formular enunciados vagos y gene‑rales que a lo largo de la obra y en pasajes posteriores se concretan y alcanzan un grado mayor de individualizacioacuten40 Los dos incidentes mencionados no son ademaacutes la uacutenica prefiguracioacuten encaminada a justificar de manera previa y alusiva la inhibicioacuten de Epaminondas La misma funcioacuten cumple el diaacutelogo sobre la pobreza Epaminondas mudo en la discusioacuten demonoloacutegica central toma aquiacute la palabra para entrar en controversia con Teanor

Teanor personaje ficticio es un filoacutesofo pitagoacuterico natural de Crotona En fechas anteriores otro pitagoacuterico Lisis se habiacutea refugiado en Tebas Acogido en la casa de Polimnis padre de Cafisias y Epaminondas habiacutea llevado en esa casa pobre una vejez dichosa Teanor llega comisionado por las ricas comunidades pitagoacutericas de Italia Eacutestas quieren recompensar a Polimnis y sus hijos con una suma que aliviaraacute su pobreza Pero Epaminondas se niega a aceptar tal recom‑pensa negativa que da lugar a la controversia que mantiene con Teanor

El discurso sobre la pobreza es la uacutenica ocasioacuten en que Epaminondas rompe sustancialmente su silencio pues es el uacutenico pasaje en el que el ldquocentro ausenterdquo de la obra Epaminondas expone sus ideas de manera razonada y recurriendo a categoriacuteas filosoacuteficas Pronunciado en diaacutelogo con Teanor puede dividirse en dos secciones la primera (583D‑E) de extensioacuten breve comenta la inutilidad de las riquezas aportadas por Teanor que Polimnis y sus hijos habriacutean de emplear en cosas superfluas La segunda (584C‑585D) maacutes amplia y densa comienza con la defensa de la pobreza como ejercicio frente a aquellas pasiones (ἐπιθυμίαι) que proceden del exterior (ἐπήλυδες) y tienen como fuente las falsas opiniones (κενῶν δοξῶν) el deseo de riquezas (φιλοπλουτία) es una de esas pulsiones accesorias y superfluas como lo es tambieacuten el deseo de gloria (φιλοδοξίαν) Pos‑teriormente Epaminondas ahonda en su planteamiento como adiestramiento para el autodominio (ἐγκρατείας) la contencioacuten frente a los placeres beneficia al alma y de la misma manera beneficia a la praacutectica de la justicia el ejercicio contra

39 Gen Socr 579B‑D40 Cf Pelling (1988) 12‑13 (1990) 230

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el deseo de riquezas41 El discurso finaliza con la alabanza del hombre que sabe rehusar favores y daacutedivas de amigos y reyes incluyendo los dones de la fortuna (τύχης) tal hombre no ve alterado su juicio (οὐδὲ θορυβεῖ τὴν διάνοιαν) y es capaz de perseverar ufano y sereno en la praacutectica de la excelencia

Es de notar que los argumentos de Epaminondas no aparecen en otra obra de Plutarco dedicada especiacuteficamente a combatir la avaricia el de cupiditate di‑vitiarum (523C‑528B) Es este uno de los tratados clasificados por Ziegler bajo el roacutetulo de ldquofilosoacuteficos‑popularesrdquo y estudiados recientemente por L Van Hoof Frente a lo que sugiere su roacutetulo observa Van Hoof tales tratados tienen como destinatario a la eacutelite econoacutemica poliacutetica y social del mundo grecorromano Son por otra parte tratados de orientacioacuten fundamentalmente praacutectica Con ellos Plutarco no persigue ldquoconvertir a la filosofiacuteardquo ni lograr que sus lectores olviden sus ambiciones poliacuteticas y sociales Maacutes bien intenta ofrecerles una guiacutea que le ayude afrontar los problemas derivados de su posicioacuten dirigente La meta no es por tanto cambiar las expectativas de liderazgo o rebajar las pretensiones de poder e influencia propios y sustanciales de una clase como aquella que conforma la audiencia de los mal llamados ldquotratados filosoacutefico‑popularesrdquo Por el contrario lo que hace Plutarco es poner la filosofiacutea al servicio de sus aspiraciones42

El de cupiditate divitiarum emplea un tono admonitorio sus ideas son sen‑cillas y basadas en la experiencia o si se quiere en motivaciones prefilosoacuteficas y sus consejos no constituyen un obstaacuteculo sino una ayuda para la realizacioacuten de las ambiciones sociales que pueda albergar el lector Despliega en suma el conjunto de teacutecnicas y estrategias usuales en los tratados de ldquoeacutetica praacutectica al servicio de la eacutelite43rdquo No ocurre lo mismo con el discurso sobre la pobreza de Epaminondas Purgar el alma de las opiniones procedentes del exterior desterrar el ansia de riquezas y el deseo de gloria rehusar los favores de amigos y reyes y los dones de la fortuna son preceptos adecuados para un tipo de hombre que como Epaminondas huye de los conflictos inherentes a la lucha poliacutetica Pero es difiacutecil que con estos atributos Plutarco quiera hacer de Epaminondas un modelo para la oligarquiacutea a quien dirige sus tratados de eacutetica praacutectica Resulta significativa la posicioacuten que ocupa el discurso sobre la pobreza en el texto del de genio Una vez que concluye Epaminondas y despueacutes de que todos expresan su admiracioacuten hacia eacutel se expone una de las maacutes movidas peripecias en la que se vieron envueltos los miembros de la conjura Tras grandes sobresaltos y fuertes discusiones entre diversos implicados en la trama el asunto vino a resolverse por siacute solo e inespe‑radamente

41 El texto griego no es en este pasaje enteramente claro Quizaacutes es consecuencia de ello que frente a la lectura de los manuscritos (δικαιοσύνῃ) Russell (2010) proponga leer δικαιοσύνης

42 Van Hoof (2010) 28‑3743 Van Hoof (2010) 55‑56

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ldquoUn singular trastorno habiacutea hecho presa en nuestro aacutenimo Llenos poco antes de desazoacuten al ver nuestra empresa frustrada la presioacuten de las circunstancias y la urgencia que no consentiacutean tregua nos sumiacutea de nuevo en ansiedad y temor44rdquo

Con estas palabras describe Plutarco el estado de aacutenimo de los conjurados a raiacutez del episodio expuesto tras la discusioacuten sobre la pobreza Un estado de aacutenimo que no puede permitirse Epaminondas atento a la contencioacuten de las pasiones y la serenidad de su mente pero que es el propio de quienes participan en el complot revolucionario

El de genio se mueve seguacuten han observado diversos estudios modernos en dos planos el humano y el de los deacutemones el de la contemplacioacuten filosoacutefica y la praacutectica poliacutetica el mortal y el sobrenatural el de los que conocen y el de los que ignoran45 Y en correspondencia sus personajes se ubican en dos niveles Los unos estaacuten instalados en el mundo de la accioacuten y la peripecia son Cafisias el narrador y con eacutel todos los conjurados Otros se ubican en un plano superior el de la filosofiacutea y el contacto con las realidades transcendentes Epaminondas es la muestra maacutes clara pero el ejemplo uacuteltimo es Soacutecrates La incertidumbre el azar y el conflicto parecen preponderantes en el mundo de la accioacuten Asiacute lo indica el ruego que Arquedamo dirige a Cafisias al inicio de la obra la lucha de la virtud y la razoacuten contra las contingencias atrae por lo accidentado de su desarrollo la precariedad impliacutecita en la actuacioacuten humana y la peripecia que ello desencadena es precisamente lo que hace del acontecer histoacuterico un espectaacuteculo digno de intereacutes para el amante del honor y la belleza46 Ahora bien la manera de ver las cosas de Arquedamo se queda en la superficie de los hechos Ciertamente el relato concerniente a la liberacioacuten de la Cadmea se urde a partir de iniciativas y motivaciones humanas sin que el autor del relato Cafisias reclame expresamente la intervencioacuten divina Pero en el de genio la atmoacutesfera estaacute impregnada de un aura sobrenatural A ello contribuyen tanto las alusiones indirectas47 como la acumu‑lacioacuten de episodios y contenidos relacionados con la divinidad y el maacutes allaacute En muchas de sus obras consigna Plutarco su creencia de que el curso de la historia obedece al disentildeo de una fuerza transcendente48 El relato de la liberacioacuten de la Cadmea confirma dicha idea Pues el lector no puede eludir el pensamiento insi‑nuado por diversos procedimientos aunque no explicitado de que la ayuda divina respalda la actuacioacuten de los conjurados49 Ocurre sin embargo que ni Cafisias ni los demaacutes partiacutecipes de la conjura pueden acceder a esa visioacuten de las fuerzas

44 Gen Socr 588A45 Desideri (1984) 581 Hershbell (1988) 374‑378 Babut (1988) 384‑389 Brenk (1996)

41‑44 Georgiadou (1996) 114 Hardie (1996) 13346 Gen Socr 575B‑D47 Babut (1988) 385‑38648 Tratamiento del tema en Barigazzi (1984) y Swain (1989)49 Babut (1988) 386‑389

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sobrenaturales rectoras de los sucesos Y no acceden precisamente por estar in‑mersos en el mundo de la actuacioacuten y la peripecia Las pulsiones procedentes del exterior embargan su aacutenimo de manera que en expresioacuten de Brenk laquothey see only the apparent succession of chance occurrencesraquo50 Arquedamo tampoco tiene acceso al plano donde operan las fuerzas sobrenaturales Y evidentemente la misma ceguera afecta a esos laquoamantes del honor y la bellezaraquo ante los cuales invita a hablar a Cafisias Un puacuteblico ilustre cuya presentacioacuten hace Arquedamo subrayando su pertenencia a familias poliacuteticamente insignes51 Puacuteblico por tanto equiparable a esa eacutelite social a quien Plutarco dirige sus tratados de eacutetica praacutectica Los dos puacuteblicos el de Cafisias y el del Plutarco podriacutean identificarse con los heacuteroes que liberan la Cadmea Pero difiacutecilmente se identificariacutean con Epaminon‑das que en dos ocasiones rechaza tomar parte en la empresa52

En ambas el rechazo se justifica mediante un argumento ndashla negativa a derramar sangre de sus conciudadanos‑ que situacutea a Epaminondas a un nivel de exigencia eacutetica superior al de los conjurados53 Ahora bien la diferencia entre Epaminondas y los liberadores no radica en la eacutetica Pues al fin y al cabo ningu‑na ofensa eacutetica cabe reprochar a los protagonistas de la heroica liberacioacuten de la Cadmea Radica en el nivel Asiacute lo sugiere la discusioacuten sobre la pobreza Y asiacute lo vuelve a sentildealar el gran debate sobre el daimon de Soacutecrates que da tiacutetulo a al obra

Se debate sobre lo que Soacutecrates mismo llamaba su daimon el principio que lo guioacute a lo largo de su vida e iluminaba sus decisiones en materias inciertas e impenetrables para la inteligencia humana54 El daimon socraacutetico sugiere que Soacutecrates conociacutea de alguna manera los acontecimientos futuros algo que dos personajes del de genio acreditan55 En este sentido el debate versa sobre la adivi‑nacioacuten Las intervenciones de los diferentes personajes configuran tomadas en conjunto un extenso discurso filosoacutefico y religioso Plutarco no se alinea expresa‑mente con ninguna de las opiniones emitidas el tratamiento del tema presenta pues ese final abierto que es tan comuacuten en este autor Las cuestiones que se tocan son variadas pero todas parten de una cuestioacuten baacutesica La adivinacioacuten supone un conocimiento inalcanzable al menos en apariencia a la razoacuten humana Y el debate versa sobre coacutemo es posible acceder a ese nivel superior de inteligencia Miradas desde este punto de vista las opiniones formuladas por los distintos personajes pueden dividirse en dos grandes bloques De un lado Galaxidoro que

50 Brenk (1996) 4251 Gen Socr 575E‑F52 Gen Socr 576D‑E 594B‑C53 En la segunda ocasioacuten se antildeade un motivo maacutes conveniacutea que consumada la liberacioacuten

quedasen hombres a quienes nada pudiese reprocharse por no haber participado en la accioacuten Epaminondas se reserva este papel

54 Gen Socr 580C‑D55 Teoacutecrito (580D‑F) y Polimnis (581D‑E)

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inicia el debate propone una explicacioacuten maacutes proacutexima a los paraacutemetros raciona‑les56 en ella se ha querido ver una muestra de la llamada laquoadivinacioacuten teacutecnicaraquo (τεχνικὸς μαντική artificiosa divinatio)57 Del otro Simias Timarco y Teanor interpretan las premoniciones de Soacutecrates como un caso de comunicacioacuten direc‑ta entre el hombre y la divinidad defienden por tanto la llamada laquoadivinacioacuten naturalraquo (ἄτεχνος μαντική naturalis divinatio)58 Ya se ha dicho que Plutarco no se declara expresamente partidario de ninguna opcioacuten Pero su texto privilegia de manera indirecta los discursos de Simias Timarco y Teanor Asiacute lo sugiere un paacuterrafo del de genio que subraya el papel de Galaxidoro como mero introductor del problema59 Y asiacute lo recogen distintos estudios modernos Galaxidoro seriacutea el oponente racionalista casi siempre estoico habitual en los diaacutelogos religiosos de Plutarco su explicacioacuten se ve devaluada tanto por sus contradicciones internas como por la presencia de procedimientos textuales que rebajan su veracidad y en suma Galaxidoro y el resto de las intervenciones insertas en la seccioacuten dominada por eacutel tendriacutean como funcioacuten principal la de plantear el tema a debatir60

Las propuestas de Simias Timarco y Teanor son evidentemente distintas Actuacutea aquiacute quizaacutes el deseo de presentar el problema bajo luces diversas61 o quizaacutes el complejo planteamiento dramaacutetico que forma parte de las estrategias persuasivas de Plutarco62 Las tres sin embargo coinciden en una idea central la singularidad de aquellos hombres que como Soacutecrates pueden contactar con una realidad por encima del mundo material Para Simias el alma de la mayoriacutea de los hombres se halla embargada por el tumulto de las pasiones y la voraacutegine de las servidumbres vitales de manera que su entendimiento no puede captar las indica‑ciones de los seres superiores en el caso de Soacutecrates por el contrario su intelecto limpio y exento de pasiones (ὁ νοῦς καθαρὸς ὢν καὶ ἀπαθής) percibiacutea faacutecilmente las sentildeales enviadas por los seres divinos63 Seguacuten el mito de Timarco (expuesto por Simias) en el alma (ψυχή) conviven dos partes una inmersa en el cuerpo recibe el nombre mismo de ldquoalmardquo (ψυχή) la otra inaccesible a la corrupcioacuten se llama laquointelectoraquo (νοῦν) estaacute en el exterior del hombre y los entendidos le dan

56 Gen Socr 579F‑582C57 Corlu (1970) 49‑50 Doumlring (1984) 376 Schroumlder (2010) 161 58 Para la distincioacuten entre ambos tipos de maacutentica veacutease Cic div 111ndash12 134 172

1109ndash131 (con el comentario de Wardle (2006))59 Gen Socr 588A ζητήσεως οὐκ ἀγεννοῦς ἀλλ ἧς ὀλίγον ἔμπροσθεν οἱ περὶ Γαλαξίδωρον

καὶ Φειδόλαον ἥψαντο διαποροῦντες τίνος οὐσίας καὶ δυνάμεως εἴη τὸ Σωκράτους λεγόμενον δαιμόνιον

60 Corlu (1970) 19‑20 y 51‑52 Hani (1980) 53 Doumlring (1984) 376‑377 Schroumlder (2010) 161‑162 Donini (2011) 415‑416

61 Sobre el reparto de papeles filosoacuteficos que aquiacute parece efectuar Plutarco veacutease Donini (2011) 412‑419 (2011 [2004]) 442‑443

62 Veacutease Van Hoof (2010) 67‑68 a propoacutesito de determinados laquotratados de eacutetica praacutecticaraquo63 Gen Socr 588D‑E

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el nombre de daimon64 La parte irracional e inmersa en el cuerpo se halla sujeta a la racional e incorruptible Si la sujecioacuten es deacutebil el alma se dejaraacute doblegar por las pasiones soacutelo cuando se fortalece gracias a la educacioacuten aparece el alma capaz de percibir con prontitud las indicaciones de su daimon Algunos hombres sin embargo estaacuten especialmente dotados de suerte que en ellos predomina de forma innata la obediencia a la razoacuten y a su daimon A ellos estaacute reservada la capacidad de percibir la llamada divina65 Teanor afirma que las almas libres de lazos con el cuerpo se convierten en daacuteimones Tales daacuteimones guiacutean los asuntos del hombre Pero no todos los hombres reciben su atencioacuten pues se desentienden de cuantos estaacuten inmersos en los avatares del acontecer soacutelo aquellos que tras mil esfuerzos ascienden a una esfera elevada son recompensados con la ayuda del daimon66

Las tres intervenciones explican las dotes excepcionales de Soacutecrates mediante la existencia de hombres excepcionales Y en las tres esa excepcionalidad requiere una especial disposicioacuten del alma La liberacioacuten de las pasiones y el alejamiento del traacutefago iacutensito en el mundo humano se presentan como condicioacuten necesaria para que haya un Soacutecrates Paradigma del filoacutesofo Soacutecrates es tambieacuten el modelo de Epaminondas El discurso sobre la pobreza al mostrar coacutemo Epaminondas limpia su alma de pasiones e impulsos procedentes del mundo exterior acredita su condicioacuten de filoacutesofo Asiacute se reconoce cuando termina dicho discurso por boca de Simias67

laquoGran hombre grande es Epaminondas y responsable de ello es el aquiacute pre‑sente Polimnis que ha criado a sus hijos desde temprano en la mejor filosofiacutearaquo

Epaminondas tambieacuten es consecuente con su condicioacuten de filoacutesofo cuando rehuacutesa someter su alma al torbellino del acontecer humano y las pasiones aso‑ciadas esto es cuando se niega a participar en la conjura El filoacutesofo parece ser la conclusioacuten no debe participar al menos de manera directa en el torbellino de la vida poliacutetica

El Epaminondas del de genio es una creacioacuten histoacutericamente discutible68 Ciertamente su no participacioacuten en la liberacioacuten de la Cadmea y su formacioacuten filosoacutefica estaacuten suficientemente documentadas Pero Epaminondas es conocido ante todo por su dimensioacuten poliacutetica que aquiacute relega Plutarco para subrayar su

64 Gen Socr 591E65 Gen Socr 592A‑E66 Gen Socr 593D‑594A67 Gen Socr 585D68 Ya Von Stern (1884) 55‑57 sentildealoacute las debilidades del relato que ofrece Plutarco en el

de genio Los estudios posteriores (veacutease por ejemplo Corlu [1970] 19‑20 Barigazzi [1988] 414‑424Georgiadou [1996]) han insistido en el Epaminondas del de genio presenta una factura obediente sobre todo a razones compositivas y de disentildeo

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calidad de filoacutesofo Asiacute construida la figura de Epaminondas traslada un mensaje ndashla no implicacioacuten directa del filoacutesofo en las luchas poliacuteticas‑ que puede tener calado teoacuterico pero tambieacuten sirve a Plutarco para trasladar su posicionamiento ante cuestiones concernientes a su propia persona y al horizonte cultural de su eacutepoca Comparado a otros contemporaacuteneos que por condicioacuten social e incluso actividad literaria estaban a su mismo nivel Plutarco no protagonizoacute una carrera poliacutetica particularmente brillante69 Asumioacute en cambio el papel de consejero y guiacutea de la eacutelite La autoridad necesaria para ello se la confiere la filosofiacutea Pues Plutarco se presenta a siacute mismo como filoacutesofo La exaltacioacuten de Epaminondas es una exaltacioacuten de su propia identidad como filoacutesofo y mentor Epaminondas se mueve a una altura la de la filosofiacutea superior a la de sus afines y compantildeeros los conjurados Esta altura le prohiacutebe descender al plano de la accioacuten directa descenso que contaminariacutea su alma con pulsiones sobrevenidas pero tambieacuten le permite acceder a una realidad inalcanzable para sus compantildeeros Epaminondas eleva asiacute la posicioacuten del filoacutesofo y justifica incluso hace ineludible su alejamiento de la lucha poliacutetica Gracias a ello lo que podriacutea ser una debilidad del propio Plutarco la falta de una carrera puacuteblica brillante se transforma en una eleccioacuten deliberada y necesaria

Tal mensaje adquiere maacutes fuerza si se lo contempla sobre el transfondo cultural de la eacutepoca El auge de las composiciones de exitu illustrium virorum corre en paralelo a la admiracioacuten hacia el filoacutesofo que se enfrenta al poder y sufre castigo por ello Ya se ha dicho que el fenoacutemeno acreditado en diversas fuentes contemporaacuteneas a Plutarco fue propiciado particularmente por el final del rei‑nado de Diocleciano y que el modelo uacuteltimo del filoacutesofo‑maacutertir es Soacutecrates En este contexto adquiere un significado especial la exaltacioacuten del ldquoSoacutecrates tebanordquo Epaminondas Epaminondas se aleja del conflicto puacuteblico para cuidar su alma se distingue por su silencio y pese a ello constituye el ldquocentro ausenterdquo del de genio una composicioacuten articulada en torno a un conflicto civil la liberacioacuten de la Cadmea No resulta inverosiacutemil ver en todos estos datos una respuesta de Plu‑tarco ante el fenoacutemeno del ldquofiloacutesofo‑maacutertir poliacuteticordquo y la admiracioacuten aglutinada en torno a esa figura Respuesta que reivindica rotundamente el papel asumido por el propio Plutarco de filoacutesofo mentor del poliacutetico pero fuera eacutel mismo del traacutefago de la poliacutetica

69 Veacuteanse las observaciones y referencias que ofrece al respecto Van Hoof (2010) 66‑67

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A Esparta de Plutarco entre a guerra e as artes

de um seguidor das leis de Licurgo Nesse sentido Plutarco diz que o dinheiro e o ouro deveriam ser mandados embora de Esparta porque eles eram flagelos importados que despertavam a cobiccedila e promoviam a degeneraccedilatildeo dos costumes (c 17) Desse ponto de vista Lisandro prejudicou Esparta justamente porque promoveu seu enriquecimento e contribuiu para a dissoluccedilatildeo da frugalidade e da simplicidade que caracterizavam o cotidiano dos lacocircnios antes das vitoacuterias espartanas na Guerra do Peloponeso6

Na Vida de Agesilau Plutarco nos conta que o biografado foi o segundo filho de Arquidamo (o primeiro tinha sido Aacutegis) e que por isso ele natildeo seria o herdeiro direto do trono de Esparta De qualquer modo Agesilau foi educado de acordo com a agoge lacedemocircnia e nosso autor faz questatildeo de frisar que em decorrecircncia disso o liacuteder espartano sempre respeitou e praticou as leis de sua cidade (c 1) Mesmo apresentando uma pequena diferenccedila de tamanho de uma perna para a outra ele tinha outras qualidades espartanas como a honestidade a mansidatildeo e a beleza fiacutesica (c 2) Sua formaccedilatildeo foi tatildeo bem sucedida que diferente de Alexandre o grande e de Haniacutebal Agesilau foi um general que conquistou importantes vitoacuterias e mesmo assim nunca deixou de obedecer agraves leis espartanas (c 15) Mesmo depois de tornar‑se um lendaacuterio vencedor ele voltou a Esparta e continuou o mesmo homem de antes sem apresentar nenhuma novidade no seu comportamento diferente de outros estrategos quando voltavam de longas expediccedilotildees a terras estrangeiras (c 19)

Plutarco nos conta que Lisandro ndashque dizem ter sido amante de Agesilau na juventude (c 2)ndash pretendia introduzir muitas inovaccedilotildees e mudanccedilas no governo da Lacocircnia (c 20) Embora outros liacutederes de Esparta como Antaacutelcidas tenham feito acordos com os Persas e tenham abandonado laquocovarde e maldosamenteraquo os gregos da Aacutesia sob o domiacutenio dos baacuterbaros como nos diz Plutarco (c 23) Agesilau sempre foi um defensor da justiccedila Entre os capiacutetulos 29 e 30 da Vida de Agesilau nosso autor nos conta que os espartanos que perderam parentes na bata‑lha de Leuctra (em 371 a C) se alegraram e os que natildeo perderam ficaram tristes De certa forma eles responsabilizaram Agesilau pela derrota e lamentaram ter aceito um rei coxo Contudo Agesilau tinha boa reputaccedilatildeo e era muito virtuoso Prova disso eacute que sem promover nenhuma inovaccedilatildeo ele disse que era preciso fazer as leis dormirem para que retomassem a autoridade que tiveram no passado

Entretanto Plutarco natildeo faz apenas elogios a Agesilau Cartledge (1987 418) observa que ele faz criacuteticas a Agesilau por causa de sua ingratidatildeo em relaccedilatildeo a Lisandro (c 8) e condena seu comportamento porque ele teria hon‑rado mais os amigos do que a justiccedila (c 13 ver tambeacutem Moralia 807d) Aleacutem disso Plutarco via uma relaccedilatildeo direta entre a decadecircncia de Esparta e a ascenccedilatildeo

6 Sobre isso ver Duff (2002) 161‑204 e a introduccedilatildeo de Flaceliegravere e Chambry em Plutarque (1971) 158‑173

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ilegiacutetima de Agesilau ao trono (c 21) Poreacutem no geral nosso autor eacute tatildeo favoraacutevel e simpaacutetico a Agesilau quanto Xenofonte que tambeacutem escreveu uma biografia do rei espartano a qual certamente serviu de base para a Vida composta pelo poliacutemata de Queroneia Segundo Cartledge (1987 418) para Plutarco Agesilau foi a encarnaccedilatildeo das virtudes peculiarmente espartanas simplicidade piedade e autocontrole7

Depois na Vida de Aacutegis e na Vida de Cleocircmenes Plutarco narra os uacuteltimos momentos da histoacuteria da Esparta independente ou seja o ponto mais baixo da decadecircncia daquela cidade Os reis Aacutegis e Cleocircmenes que reinaram no seacuteculo III a C tentaram restaurar os antigos valores dos tempos de Licurgo Eles tinham os dons naturais para levar essa tarefa a cabo Aacutegis tinha grandeza de alma e se insurgia contra os prazeres desde antes dos vinte anos (c 4) natildeo gostava de rou‑pas luxuosas e baniu toda suntuosidade para aderir aos antigos haacutebitos lacocircnios caracterizados pela simplicidade de vida Mas seu exemplo e sua energia natildeo foram suficientes para restaurar os costumes tradicionais e ele foi assassinado ainda muito jovem (cc 19‑21) Aquela Esparta incorrupta e valorosa dos tempos de Licurgo dava seus uacuteltimos suspiros

Cleocircmenes natildeo era parente de Aacutegis mas foi obrigado a se casar com a vi‑uacuteva do rei assassinado ou seja Agiaacutetis Segundo Plutarco (c 1) Cleocircmenes era ambicioso e tinha grandeza de alma Era temperante e simples como Aacutegis Ele tambeacutem quiz restaurar os antigos costumes espartanos (c 11) Primeiro depois de longa disputa poliacutetica abriu matildeo de seus bens Depois distribuiu as terras entre os cidadatildeos Restabeleceu a educaccedilatildeo dos jovens e a disciplina espartana Ele proacuteprio levou uma vida simples e frugal para dar o exemplo aos outros la‑cedemocircnios sem insolecircncia nem orgulho excessivo ou seja como um modelo de temperanccedila (c 13) Mesmo quando perdeu sua esposa Agiaacutetis por quem se enamorara verdadeiramente Cleocircmenes manteve a firmeza e seu caraacuteter elevado e tomou as providecircncias necessaacuterias para garantir a seguranccedila de seus soldados e aliados (c 22) Depois de reinar por dezesseis anos Cleocircmenes morreu (cc 37‑38) e assim terminou a histoacuteria de Esparta como cidade politicamente autocircnoma

Ateacute aqui vimos que podemos encontrar nas Vidas dos liacutederes espartanos escritas por Plutarco aquela imagem caracterizada por um conjunto de valores que parecem ter ganhado forccedila numa eacutepoca lendaacuteria e foram se enfraquecendo conforme o tempo foi passando e Esparta foi estendendo seu poder para fora da Lacedemocircnia Nesse quadro vemos uma cidade altamente militarizada de guerreiros corajosos disciplinados e afeitos a uma vida sem luxos e sem confortos Isso poderia indicar que os espartanos eram um povo rude pouco sofisticado e fechado para as artes

7 Cf tambeacutem a introduccedilatildeo de Flaceliegravere e Chambry em Plutarque (1973) 85‑88 e Shipley (1998) 1‑46

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Poreacutem vaacuterias fontes arqueoloacutegicas vasculares e mesmo literaacuterias nos mostram o contraacuterio Apesar de Tuciacutedides (1102) ter dito que os edifiacutecios em Esparta eram modestos e natildeo correspondiam ao tamanho do poder militar e poliacutetico da cidade dos lacedemocircnios em seu apogeu a avaliaccedilatildeo dos monumentos arquitetocircnicos espartanos precisa ser feita com cuidado Eacute preciso lembrar que Esparta natildeo foi destruiacuteda nas Guerras Meacutedicas como Atenas foi A capital da Aacutetica foi reconstruiacuteda e uma grande soma de dinheiro afluiu para ela por causa das contribuiccedilotildees dos aliados da Liga de Delos Isso natildeo aconteceu com a princi‑pal cidade da Lacocircnia Desse modo nela foram conservados edifiacutecios antigos do seacuteculo VI a C que apresentavam outro estilo de construccedilatildeo mais arcaizante do que claacutessico Dependendo do ponto de vista um estilo pode ser mais valorizado do que o outro

De qualquer modo Pausacircnias (3113) viajante do seacuteculo II d C que fez uma descriccedilatildeo de vaacuterias cidades da Greacutecia daquela eacutepoca nos informa que havia em Esparta vaacuterios monumentos que despertavam a admiraccedilatildeo daqueles que por ali passavam tal como o Poacutertico Persa construiacutedo inicialmente com o butim amealhado na guerra contra os persas Outros exemplos de edifiacutecios que nos uacuteltimos anos vecircm sendo estudados satildeo o templo de Apolo em Amiclas o templo de Aacutertemis Oacutertia e o Menelaion onde eram cultuados Menelau e Helena8

Cartledge (2002 111) nos informa que depois de 690 a C pintores de vasos da Lacocircnia sofreram influecircncia de artistas do Egeu e adotaram o chamado estilo lsquoorientalizantersquo o que mostra que na praacutetica Esparta natildeo estava isolada do resto do mundo helecircnico Ainda segundo Cartledge nessa eacutepoca artesatildeos lacocircnios que trabalhavam com bronze comeccedilaram a se interessar pela representaccedilatildeo de figuras humanas em suas obras e por volta de 650 a C comeccedilou a se desenvolver na regiatildeo de Esparta o uso do marfim para produccedilatildeo de objetos gravados Vemos entatildeo que o ambiente artiacutestico na Lacedemocircnia entre 775 e 650 a C natildeo era de modo algum esteacuteril ou sem importacircncia9

Como Burn (1960 275‑276) explica Esparta natildeo virou suas costas para a arte e a poesia Prova disso eacute que vasos com detalhes refinados foram fabricados ali e exportados para outras regiotildees da Heacutelade ateacute 550 a C mais ou menos Por volta de 600 a C Gitiadas poeta escultor e arquiteto projetou o Templo de Atena tambeacutem conhecido como Casa de Bronze por causa das placas feitas com esse metal para decorar o edifiacutecio E em 585 a C o segundo templo de Oacutertia foi construiacutedo Ou seja havia artesatildeos trabalhando em Esparta no periacuteodo arcaico que produziram obras dignas de admiraccedilatildeo10

8 Para mais informaccedilotildees sobre a arqueologia e a arquitetura espartanas ver Walker (1998) Kaltsas (2007) e Cavanagh (2009)

9 Sobre isso ver tambeacutem Burn (1960) 180‑184 e Stibbe (1996) passim10 Ver tambeacutem Burn (1960) 280‑282 e Cartledge (2002) 133‑136

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No que diz respeito agrave muacutesica Plutarco nos daacute significativos testemunhos da sua importacircncia em ambiente espartano tanto nas Vidas quanto nos Moralia Na Vida de Licurgo no c 4 por exemplo encontramos a informaccedilatildeo segundo a qual o legislador lendaacuterio teria convidado um poeta‑legislador de Creta para ir a Esparta com ele Esse poeta se chamava Tales Mas talvez tenha havido alguma confusatildeo na tradiccedilatildeo manuscrita e esse Tales poderia ser o Taletas de Gortina mencionado algumas vezes no livro Sobre a Muacutesica tambeacutem de Plutarco Ele teria sido o responsaacutevel por curar os espartanos de uma peste com o seu canto11 Aleacutem disso no mesmo c 4 nos eacute dito que Licurgo teria sido o responsaacutevel por levar os poemas de Homero da Jocircnia para sua cidade

Depois no c 21 da mesma Vida Plutarco nos diz que os lacedemocircnios apreciavam se dedicar agrave poesia meacutelica porque as canccedilotildees estimulavam seus espiacuteritos e lhes davam coragem para enfrentar os inimigos nas batalhas Seu estilo era simples e seus temas eram seacuterios com o objetivo de promover uma boa formaccedilatildeo dos caraacuteteres Nelas eram louvados os heroacuteis de Esparta e condenados os covardes que natildeo lutaram ateacute o fim para defender sua cidade Nos festivais eram organizados trecircs coros de acordo com as idades um de velhos outro de adultos e outro de jovens Cada um cantava sobre a sua bravura uns falavam dos seus feitos no passado os outros tratavam das suas accedilotildees no presente e os uacuteltimos cantavam sobre o seu desejo de realizar grandes proezas no futuro Esses seriam os temas baacutesicos das canccedilotildees em Esparta e por isso segundo Plutarco Terpandro e Piacutendaro estavam corretos ao associar bravura e muacutesica e ao mostrar que os espartanos eram o povo mais aguerrido e mais musical

Por isso natildeo era por acaso que os jovens cantavam o nomo de Caacutestor e o peatilde da marcha (c 22) e em todo lugar havia danccedilas festas e banquetes quando natildeo havia expediccedilotildees militares (c 24) Contudo o gosto pela boa muacutesica e pela boa poesia natildeo era caracteriacutestico de todos os habitantes da Lacocircnia tendo em vista que os hilotas danccedilavam e cantavam canccedilotildees vulgares e grotescas diferentes das composiccedilotildees de Aacutelcman Terpandro e Especircndon (c 28) Isso na verdade estava associado ao fato de eles serem escravos e por isso era compreensiacutevel que eles apreciassem canccedilotildees vis como eles proacuteprios

Na Vida de Lisandro encontramos algumas informaccedilotildees que reforccedilam a impressatildeo de que os espartanos tinham sim grande sensibilidade para a muacutesica No c 15 ficamos sabendo que os lacocircnios depois de conquistar Atenas em 404 a C queriam destruir aquela cidade mas apoacutes ouvir um coro da Electra de Euriacutepides desistiram Em seguida no c 18 Plutarco nos conta que Lisandro estava sempre acompanhado do poeta Queacuterilo encarregado de celebrar os feitos do general E outros poetas tambeacutem celebraram Lisandro segundo nosso autor

11 Ver Plu Mus 42 (1146B‑C) e Gostoli (1990) 12‑13 e

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Na Vida de Agesilau c 14 lemos que os espartanos apreciavam uma parte da poesia de Timoacuteteo de Mileto poeta que teria tido algumas cordas de sua ciacutetara cortadas quando de uma sua visita a Esparta porque os eacuteforos julgavam que natildeo seriam necessaacuterias mais do que sete cordas e o instrumento do poeta tinha onze12 Essa anedota indica que os lacocircnios natildeo apreciavam inovaccedilotildees Poreacutem a informaccedilatildeo do c 14 da Vida de Agesilau mostra que eles poderiam aceitar pelo menos uma parte da obra de um poeta inovador desde que essa parte se adequas‑se ao gosto e agraves tradiccedilotildees do local Tambeacutem nessa mesma Vida c 21 Plutarco nos diz que o rei Agesilau apreciava os cantos e as danccedilas mesmo natildeo sendo um lsquoespecialistarsquo nas artes

Por fim na Vida de Aacutegis c 10 encontramos um elogio a Terpandro a Ta‑les (Taletas) e a Fereacutecides porque mesmo sendo estrangeiros professavam o que Licurgo instituiu e por isso foram muito honrados em Esparta Na Vida de Cleocircmenes c 2 somos informados que o rei Leocircnidas elogiou Tirteu algo facilmente compreensiacutevel tendo em vista o caraacuteter estimulante e guerreiro das elegias daquele poeta Aleacutem disso nessa mesma Vida citada por uacuteltimo c 12 Plutarco nos conta que Cleocircmenes certa vez teria encontrado alguns artistas de Dioniso muacutesicos e atores profissionais que iam de cidade em cidade para se apresentar e construiu um teatro Isso mostra que esse rei estimulou de alguma maneira as atividades artiacutesticas mesmo que ele natildeo tivesse o costume de levar artistas com seu exeacutercito de acordo com Plutarco e nem apreciasse apresentaccedilotildees musicais nos seus banquetes (c 13)

Tudo isso mostra que Esparta era uma cidade onde a muacutesica tinha um papel importe na educaccedilatildeo e na guerra e que os lacocircnios natildeo eram um povo obtuso e indiferente ao poder das melodias De acordo com Plutarco tendo em vista agora algumas passagens dos Moralia os espartanos passavam por treinamento rigoroso no que diz respeito agrave muacutesica e agrave poesia e suas canccedilotildees estimulavam os espiacuteritos e faziam com que os homens se sentissem entusiasmados e se esfor‑ccedilassem para ser bem sucedidos Em vaacuterias passagens das suas Obras Morais ele elogia o estilo da muacutesica deles porque ela era simples e natildeo afetada e seus temas eram seacuterios e edificantes Se algueacutem estudasse a poesia e as canccedilotildees de marcha de Esparta acompanhadas pelo aulo essa pessoa concordaria que Terpandro e Piacutendaro estavam certos ao associar valor (andreia) e muacutesica Como vimos acima nos trechos citados das Vidas Plutarco tambeacutem diz que os Espartanos eram o povo ao mesmo tempo mais musical (mousikotatous) e o mais afeito agrave guerra (polemikotatous)13

No livro sobre os Antigos Costumes dos Espartanos Plutarco tambeacutem elogia os ritmos das canccedilotildees de marcha (embaterioi rhythmoi) porque eles despertavam

12 Ver Plu Agis 1013 Cf Lyc 211‑4

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a coragem a audaacutecia e o desdeacutem pela morte requisitos indispensaacuteveis para o guerreiro valoroso Os espartanos usavam esses ritmos para danccedilar mas tambeacutem quando avanccedilavam contra os inimigos ao som do aulo Plutarco lembra que Li‑curgo associava o amor pela muacutesica agrave praacutetica militar para que o espiacuterito guerreiro combinado com a melodia tivesse concordacircncia e harmonia (symphonia kai har‑monia) Por isso em tempos de guerra os reis espartanos ofereciam sacrifiacutecios agraves Musas antes de ir para a batalha como Plutarco nos conta nos Instituta Laconica 16 (238B‑C)

E para manter a pureza da sua muacutesica e dos seus costumes os espartanos agraves vezes recorriam a atos violentos Como Plutarco reporta nos Instituta Laconica 17 (238C‑D) eles natildeo permitiriam que ningueacutem desrespeitasse de modo algum as regras da muacutesica do passado Nem mesmo Terpandro um dos mais antigos e melhores citaredos (aqueles que cantavam acompanhados da ciacutetara ou da lira) teria a permissatildeo para acrescentar uma corda extra ao seu instrumento para que suas melodias fossem mais variadas Ele tentou fazer isso mas os eacuteforos pregaram sua lira numa parede por causa do seu ato iacutempio contraacuterio agrave tradiccedilatildeo Em outra ocasiatildeo um dos eacuteforos teria procedido com mais violecircncia quando Timoacuteteo o famoso muacutesico inovador que floresceu na segunda metade do seacuteculo V a C estava competindo no festival das Carneias ele pegou uma faca e perguntou ao muacutesico de que lado ele deveria cortar as cordas supeacuterfluas cujo nuacutemero ultra‑passava o tradicional de sete cordas Outras variantes dessa histoacuteria satildeo contadas por Plutarco em outros textos mas nessas outras passagens Friacutenis outro muacutesico inovador da segunda metade do seacuteculo V a C eacute o protagonista14

Mas para aleacutem da sua importacircncia na educaccedilatildeo e nos contextos de bata‑lha a muacutesica tinha grande significado tambeacutem nas momentos das celebraccedilotildees religiosas Dentre as festividades religiosas realizadas na Lacedemocircnia uma das mais importantes era a das Carneias realizada em Esparta e intimamente ligada agrave histoacuteria de Terpandro As origens desse festival eram muito antigas anteriores ao seacuteculo VIII a C tendo em vista que no seacuteculo VII os colonizadores espartanos da cidade italiana de Tarento jaacute tinham o costume de celebraacute‑la15 As Carneias eram dedicadas ao deus Apolo Carneu Em Esparta havia concursos musicais e atleacuteti‑cos uma corrida de jovens e um banquete ritual que contava com a participaccedilatildeo dos homens adultos que representavam as fratrias O festival era organizado por cidadatildeos solteiros e era o momento adequado para que os jovens que jaacute haviam completado seu periacuteodo de formaccedilatildeo ingressassem na vida adulta16

O que nos interessa aqui eacute o papel que a muacutesica desempenhava no contexto dessas festividades Um elemento importante nesses momentos de comemoraccedilatildeo

14 Cf Prof virt 84A Apophth Lac 220C e Agis 107 jaacute citada na nota 9 Cf Rocha (2008) 654‑655

15 Brelich (1969) 181‑18216 Brelich (1969) 149‑150

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eram os concursos A realizaccedilatildeo de concursos musicais no acircmbito do festival das Carneias natildeo teria acontecido desde o iniacutecio A introduccedilatildeo de agones provavel‑mente ocorreu quando Terpandro migrou de Metimna (Lesbos) para Esparta na primeira metade do seacuteculo VII a C Nesse contexto eacute importante considerar o testemunho de Helacircnico17 segundo o qual Terpandro teria sido o primeiro a vencer o concurso musical nas Carneias Esse fato parece estar diretamente relacionado agrave fundaccedilatildeo da primeira escola musical (katastasis) em Esparta por obra do mesmo Terpandro Segundo Brelich (1969 186‑191) eacute muito provaacutevel que a introduccedilatildeo do concurso musical nas Carneias tenha sido influenciada pela proacutepria katastasis18 Essa hipoacutetese ganha forccedila se consideramos o capiacutetulo 9 do tratado Sobre a Muacutesica como um todo Ali Plutarco fala da primeira katastasis fundada por Terpandro e menciona tambeacutem a segunda katastasis liderada por Taletas de Gortina Xenoacutedamo de Citera Xenoacutecrito de Locres Polimnesto de Coacutelofon e Saacutecadas de Argos muacutesicos que teriam instituiacutedo as Gimnopeacutedias em Esparta as Apodeixeis na Arcaacutedia e as Endimaacutetias em Argos Jaacute que os membros da segunda escola musical foram fundadores de festivais19 em diferentes cidades do Peloponeso Terpandro tambeacutem pode ter desempenhado o mesmo papel no contexto das Carneias

No que diz respeito agraves Gimnopeacutedias contudo encontramos uma situaccedilatildeo diferente Possuiacutemos uma grande variedade de informaccedilotildees sobre esse festival que inclusive muitas vezes satildeo contraditoacuterias Mas tratando apenas daquilo que nos interessa aqui sabemos que no periacuteodo das festividades aconteciam apresentaccedilotildees de coros de adolescentes e adultos instituiacutedos em honra a Apolo que cantavam hinos compostos por poetas como Taletas Aacutelcman e Dionisodoto Depois da batalha de Tireia em 544 aC na qual Esparta lutou contra Argos pela posse da Tireaacutetida tornou‑se costumeiro cantar um peatilde em honra dos soldados que morreram naquela ocasiatildeo Por causa desse elemento ritual e da comparaccedilatildeo com as Apodeixeis e as Endimaacutetias as Gimnopeacutedias foram consideradas festas que indicavam o momento no qual os jovens receacutem‑iniciados eram integrados agrave vida militar20

Tendo tudo isso em vista podemos concluir que eacute preciso colocar a miragem espartana em perspectiva Esparta natildeo era tatildeo lsquoespartanarsquo assim e natildeo foi sempre lsquoespartanarsquo Havia espaccedilo naquela cidade para o cultivo das artes tais como a arquitetura a escultura a pintura vascular a muacutesica (que incluiacutea a poesia) e a danccedila Nela floresceram poetas como Aacutelcman Terpandro e Tirteu Nela surgiram escolas poeacuteticomusicais Nela viveram poetas estrangeiros tais como Taletas de

17 FGrHist 4 F 85 = Ateneu 635e = Terpander Test 1 Gostoli18 Cf tambeacutem Gostoli (1990) 84‑8519 Mais do que fundadores de festivais eacute mais verossiacutemil pensar que esses autores foram os

responsaacuteveis pela introduccedilatildeo dos concursos musicais como parte das celebraccedilotildees 20 Cf Gostoli (1990) 85‑86

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Gortina (Creta) e Saacutecadas de Argos E sendo assim houve um ambiente feacutertil e favoraacutevel para o desenvolvimento e o cultivo de atividades artiacutesticas Os esparta‑nos foram sim grandes guerreiros que contribuiacuteram decisivamente para a vitoacuteria dos helenos sobre os persas Eles cultivaram sim suas habilidades guerreiras a ponto de derrotar os atenienses na Guerra do Peloponeso Poreacutem Esparta natildeo foi somente uma comunidade de soldados que dedicavam suas vidas somente agrave guerra Esparta foi tambeacutem uma cidade onde as pessoas cantavam danccedilavam e apreciavam a beleza dos edifiacutecios e dos objetos do cotidiano Eacute preciso reconhecer isso e na obra de Plutarco jaacute encontramos essa imagem multifacetada dessa cul‑tura Basta direcionar os olhos para outras direccedilotildees

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Timoacuteteo 167‑168 178 183Timoacutexena 195Tindaacuteridas 63Tireaacutetida 169Tireia 169Tireacutesias 236Tirteu 167 169 221Titatildes 245Trajano 121Trezena 31 32‑35 38 Tricoacuterito 39Troia 81 124Tuciacutedides 122 160 181Ulisses 81 192Valeacuterio (vd Puacuteblio Valeacuterio)Vestais 58 204Viacutenio 200Xantipo 191 201Xenoacutecrito 169Xenoacutedamo 169Xenofonte 160 164Zaleuco 88Zeus 36 40‑41 220 226 243

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Index nominum

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Notas biograacuteficas dos autores

Aacutelia Rodrigues eacute doutorada em Estudos Claacutessicos (Literatura Grega) e inves‑tigadora do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse satildeo a histoacuteria das ideias poliacuteticas desde os Gregos ateacute agrave modernidade histoacuteria legal e a recepccedilatildeo de temas claacutessicos na contemporaneidade

Ana Ferreira eacute Professora Auxiliar do Departamento de Estudos Portugueses e Ro‑macircnicos da Faculdade de Letras da Universidade do Porto e investigadora do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a histoacuteria antiga a literatura greco‑romana bem como a didaacutectica das liacutenguas claacutessicas

Delfim F Leatildeo eacute Professor Catedraacutetico da Instituto de Estudos Claacutessicos e investiga‑dor do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a histoacuteria antiga o direito e a teorizaccedilatildeo poliacutetica dos Gregos a pragmaacutetica teatral e a escrita romanesca antiga

Faacutebio Vergara Cerqueira eacute Professor Adjunto do Instituto de Ciecircncias Humanas da Universidade Federal de Pelotas pesquisador PQ‑2 do CNPq Professor Visitante na Universidade de Heidelberg Bolsista Fundaccedilatildeo Humboldt ldquoPesquisador Experienterdquo Principais aacutereas de interesse satildeo histoacuteria e arqueologia da Greacutecia antiga e sua recepccedilatildeo enfocando muacutesica iconografia ceramologia gecircnero memoacuteria social identidade e patrimocircnio cultural

Guillermina Gonzaacutelez Almenara es Profesor Contratado Doctor Tipo 1 vinculada con el Aacuterea de Filologiacutea Griega del Departamento de Filologiacutea Claacutesica Francesa Aacuterabe y Romaacutenica de la Universidad de La Laguna Sus principales liacuteneas de investi‑gacioacuten son la mujer y el aacutembito femenino en la Grecia antigua Historiografiacutea griega Historia y civilizacioacuten de la Grecia antigua

Ivana S Chialva es Doctora en Letras Investigadora Asistente del Conicet y Profesora de Griego y Literaturas griega y latina de la Facultad de Humanidades y Ciencias de la Universidad Nacional del Litoral (Santa Fe Argentina) Sus tra‑bajos sobre el mundo antiguo se focalizan en la relacioacuten entre primera y segunda sofiacutestica y en la influencia de este uacuteltimo fenoacutemeno en la prosa narrativa griega de eacutepoca imperial especialmente la retoacuterica la biografiacutea y la novela en sus diferentes formas

Jesuacutes-Mordf Nieto Ibaacutentildeez es Catedraacutetico de Filologiacutea Griega de la Universidad de Leoacuten Sus liacuteneas de investigacioacuten son la literatura judiacutea en lengua griega los primeros textos cristianos el Humanismo y la Tradicioacuten claacutesica Actualmente dirige un Proyecto de

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investigacioacuten sobre el Humanismo la Tradicioacuten claacutesica y patriacutestica y la exeacutegesis biacuteblica en los siglos XVI y XVII

Joaquim Pinheiro eacute Professor Auxiliar da Universidade da Madeira e investigador do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a biografia antiga a Segunda Sofiacutestica a retoacuterica claacutessica e o pensamento poliacutetico dos Gregos

Joseacute M Candau es Catedraacutetico de Filologiacutea Griega en la Universidad de Sevilla Sus principales aacutereas de investigacioacuten son la historiografiacutea griega y Plutarco

Loraine Oliveira eacute professora de Filosofia da Universidade de Brasiacutelia Publicou o livro Plotino escultor de mitos pela Imprensa da Universidade de CoimbraAnnablume em 2014 Vem se dedicando principalmente a estudar os mitos em Plotino Plutarco e Porfiacuterio assim como o vegetarianismo em Plutarco e Porfiacuterio

Maria Aparecida de Oliveira Silva eacute professora visitante do Programa de Poacutes‑Gradu‑accedilatildeo em Letras Claacutessicas da Universidade de Satildeo Paulo e Professora Pesquisadora do Programa de Poacutes‑Graduaccedilatildeo em Histoacuteria da Universidade Federal de Satildeo Paulo Liacuteder do Grupo CNPq LABHAN Laboratoacuterio de Histoacuteria Antiga da Universidade Federal do Amapaacute Pesquisadora do Grupo CNPq Linceu ‑ Visotildees da Antiguidade Claacutessica da Universidade Estadual Paulista Pesquisadora do Grupo Retoacuterica Texto y Comunicacioacuten da Universidad de Caacutediz Membro do Conselho Acadecircmico do Seminaacuterio de Histoacuteria e Filosofia das Religiotildees da Universidad Autoacutenoma de Ciudad Juaacuterez mdash Meacutexico Pesquisa e publica trabalhos sobre Esparta Plutarco e biografia antiga

M Teresa Fau Ramos es Profesora Titular del Departament de Filologia Grega de la Universitat de Barcelona y miembro del Grup de Recerca Graecia Capta que investiga la pervivencia de la identidad griega bajo el imperio romano Sus principales aacutereas de intereacutes cientiacutefico son la historia e instituciones de la Grecia claacutesica y post‑claacutesica la religioacuten helena (paganismo) y diversos aspectos del cristianismo primitivo

Pilar Goacutemez Cardoacute es profesora titular de Filologiacutea Griega en la Universidad de Barcelona donde imparte docencia e investiga desde 1981 Doctora en Filologiacutea Claacutesica desde 1987 con una tesis sobre la tradicioacuten yaacutembica y la faacutebula (La Vida drsquoIsop entre el iambe la faula i la novella) es autora de numerosos artiacuteculos y capiacutetulos de libros sobre la literatura griega de eacutepoca imperial romana en especial sobre Segunda Sofiacutestica y novela ha estudiado principalmente autores como Luciano en cuya edicioacuten y traduccioacuten al castellano para la coleccioacuten Alma Mater participa Plutarco Dioacuten de Prusa o Elio Ariacutestides Es miembro del grupo de investigacioacuten Graecia Capta de la Universidad de Barcelona

Roosevelt Rocha eacute Professor Adjunto do curso de Letras da Universidade Federal do Paranaacute (Brasil) e pesquisador ligado ao Programa de Poacutes‑Graduaccedilatildeo em Letras da

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mesma Universidade As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a poesia grega arcaica (elegia jambo e meacutelica) a muacutesica grega antiga e o estudo da performance da poesia grega dos periacuteodos arcaico e claacutessico

Vicente Ramoacuten es Profesor Tiular de Filologiacutea Griega de la Universidad de Zara‑goza Sus intereses cientiacuteficos pueden sintetizarse en las siguientes liacuteneas Plutarco de Queronea y la biografiacutea poliacutetica historiografiacutea griega retoacuterica y oratoria griegas tradicioacuten claacutesica teatro griego la irreligiosidad en la Atenas Claacutesica

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Volumes publicados na Colecccedilatildeo Humanitas Supplementum

1 Francisco de Oliveira Claacuteudia Teixeira e Paula Barata Dias Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 1 ndash Liacutenguas e Literaturas Greacutecia e Roma (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

2 Francisco de Oliveira Claacuteudia Teixeira e Paula Barata Dias Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 2 ndash Liacutenguas e Literaturas Idade Meacutedia Renascimento Recepccedilatildeo (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

3 Francisco de Oliveira Jorge de Oliveira e Manuel Patriacutecio Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 3 ndash Histoacuteria Arqueologia e Arte (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2010)

4 Maria Helena da Rocha Pereira Joseacute Ribeiro Ferreira e Francisco de Oliveira (Coords) Horaacutecio e a sua perenidade (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

5 Joseacute Luiacutes Lopes Brandatildeo Maacutescaras dos Ceacutesares Teatro e moralidade nas Vidas suetonianas (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

6 Joseacute Ribeiro Ferreira Delfim Leatildeo Manuel Troumlster and Paula Barata Dias (eds) Symposion and Philanthropia in Plutarch (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

7 Gabriele Cornelli (Org) Representaccedilotildees da Cidade Antiga Categorias histoacutericas e discursos filosoacuteficos (Coimbra Classica DigitaliaCECHGrupo Archai 2010)

8 Maria Cristina de Sousa Pimentel e Nuno Simotildees Rodrigues (Coords) Sociedade poder e cultura no tempo de Oviacutedio (Coimbra Classica DigitaliaCECHCECCH 2010)

9 Franccediloise Frazier et Delfim F Leatildeo (eds) Tychegrave et pronoia La marche du monde selon Plutarque (Coimbra Classica DigitaliaCECH Eacutecole Doctorale 395 ArScAn‑THEMAM 2010)

10 Juan Carlos Iglesias‑Zoido El legado de Tuciacutedides en la cultura occidental (Coimbra Classica DigitaliaCECH ARENGA 2011)

11 Gabriele Cornelli O pitagorismo como categoria historiograacutefica (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2011)

12 Frederico Lourenccedilo The Lyric Metres of Euripidean Drama (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2011)

13 Joseacute Augusto Ramos Maria Cristina de Sousa Pimentel Maria do Ceacuteu Fialho Nuno Simotildees Rodrigues (coords) Paulo de Tarso Grego e Romano Judeu e Cristatildeo (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

14 Carmen Soares amp Paula Barata Dias (coords) Contributos para a histoacuteria da alimentaccedilatildeo na antiguidade (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

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15 Carlos A Martins de Jesus Claudio Castro Filho amp Joseacute Ribeiro Ferreira (coords) Hipoacutelito e Fedra ‑ nos caminhos de um mito (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

16 Joseacute Ribeiro Ferreira Delfim F Leatildeo amp Carlos A Martins de Jesus (eds) Nomos Kosmos amp Dike in Plutarch (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

17 Joseacute Augusto Ramos amp Nuno Simotildees Rodrigues (coords) Mnemosyne kai Sophia (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

18 Ana Maria Guedes Ferreira O homem de Estado ateniense em Plutarco o caso dos Alcmeoacutenidas (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

19 Aurora Loacutepez Andreacutes Pocintildea amp Maria de Faacutetima Silva De ayer a hoy influencias claacutesicas en la literatura (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

20 Cristina Pimentel Joseacute Luiacutes Brandatildeo amp Paolo Fedeli (coords) O poeta e a cidade no mundo romano (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

21 Francisco de Oliveira Joseacute Luiacutes Brandatildeo Vasco Gil Mantas amp Rosa Sanz Serrano (coords) A queda de Roma e o alvorecer da Europa (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

22 Luiacutesa de Nazareacute Ferreira Mobilidade poeacutetica na Greacutecia antiga uma leitura da obra de Simoacutenides (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica DigitaliaCECH 2013)

23 Faacutebio Cerqueira Ana Teresa Gonccedilalves Edalaura Medeiros amp JoseacuteLuiacutes Brandatildeo Saberes e poderes no mundo antigo Vol I ndash Dos saberes (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia2013) 282 p

24 Faacutebio Cerqueira Ana Teresa Gonccedilalves Edalaura Medeiros amp Delfim Leatildeo Saberes e poderes no mundo antigo Vol II ndash Dos poderes (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013) 336 p

25 Joaquim J S Pinheiro Tempo e espaccedilo da paideia nas Vidas de Plutarco (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013) 458 p

26 Delfim Leatildeo Gabriele Cornelli amp Miriam C Peixoto (coords) Dos Homens e suas Ideias Estudos sobre as Vidas de Dioacutegenes Laeacutercio (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013)

27 Italo Pantani Margarida Miranda amp Henrique Manso (coords) Aires Barbosa na Cosmoacutepolis Renascentista (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2013)

28 Francisco de Oliveira Maria de Faacutetima Silva Tereza Virgiacutenia Ribeiro Barbosa (coords) Violecircncia e transgressatildeo uma trajetoacuteria da Humanidade (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

29 Priscilla Gontijo Leite Eacutetica e retoacuterica forense asebeia e hybris na caracterizaccedilatildeo dos adversaacuterios em Demoacutestenes (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

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30 Andreacute Carneiro Lugares tempos e pessoas Povoamento rural romano no Alto Alentejo ‑ Volume I (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2014)

31 Andreacute Carneiro Lugares tempos e pessoas Povoamento rural romano no Alto Alentejo ‑ Volume II (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2014)

32 Pilar Goacutemez Cardoacute Delfim F Leatildeo Maria Aparecida de Oliveira Silva (coords) Plutarco entre mundos visotildees de Esparta Atenas e Roma (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

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Resumo da obra

A vasta e variada obra de Plutarco permite sempre uma abordagem a partir de distintas

perspetivas com diferentes intenccedilotildees e propoacutesitos variados No entanto eacute importante

identificar tambeacutem fios comuns nessa abordagem porque permitem demonstrar tanto a

niacutevel formal como de conteuacutedo que haacute muitos elementos comuns que permeiam o trabalho

de Plutarco

Os treze contributos para este volume tecircm como elo comum o nome de trecircs cidades

Esparta Atenas e Roma Elas representam espaccedilos poliacuteticos e institucionais diversos dada

a sua extensatildeo geograacutefica e cronoloacutegica mas simbolizam igualmente diferentes modelos

de organizaccedilatildeo social atraveacutes dos quais a Greacutecia pode ser contrastada com Roma ou Atenas

comparada com Esparta mdash ainda que o seu verdadeiro interesse na obra de Plutarco seja

que representam sempre locais paradigmaacuteticos onde vivem e convivem pessoas Por

isso os estudiosos de Plutarco que contribuiacuteram para este volume procuram analisar em

cada uma dessas cidades seja por assimilaccedilatildeo ou por contraste a forma como o autor de

Queroneia aborda a ligaccedilatildeo entre indiviacuteduo e comunidade a partir do exerciacutecio do poder

e da experiecircncia religiosa qual o papel da educaccedilatildeo e do domiacutenio privado na projeccedilatildeo

puacuteblica dos protagonistas retratados por Plutarco ou ateacute que ponto a imagem dos primeiros

legisladores e fundadores miacuteticos foi condicionada pela evoluccedilatildeo histoacuterica destas mesmas

cidades

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Un mentor limpio de pasiones El filoacutesofo y la actuacioacuten poliacutetica seguacuten el De genio Socratis

semejante oraacuteculo lo que haciacutea el dios en realidad era exhortar a los griegos a que abandonasen las guerras frecuentasen las musas apaciguasen sus pasiones con ayuda de la razoacuten y guardasen entre siacute relaciones paciacuteficas y fecundas39

Los dos sucesos trasladan un mensaje confuso Pues hablan de los griegos no de filoacutesofos de guerras y cuestiones de justicia no de rebeliones liberadoras engloba ademaacutes la filosofiacutea en un conjunto de actividades que parece cifrar la παιδεία griega en general Pero ambos de alguna manera ofrecen una primera justificacioacuten del rechazo de Epaminondas Con ellos se pone en praacutectica la lla‑mada laquoredefinicioacutenraquo teacutecnica literaria practicada por diversos autores antiguos y frecuente en las Vidas paralelas Consiste en formular enunciados vagos y gene‑rales que a lo largo de la obra y en pasajes posteriores se concretan y alcanzan un grado mayor de individualizacioacuten40 Los dos incidentes mencionados no son ademaacutes la uacutenica prefiguracioacuten encaminada a justificar de manera previa y alusiva la inhibicioacuten de Epaminondas La misma funcioacuten cumple el diaacutelogo sobre la pobreza Epaminondas mudo en la discusioacuten demonoloacutegica central toma aquiacute la palabra para entrar en controversia con Teanor

Teanor personaje ficticio es un filoacutesofo pitagoacuterico natural de Crotona En fechas anteriores otro pitagoacuterico Lisis se habiacutea refugiado en Tebas Acogido en la casa de Polimnis padre de Cafisias y Epaminondas habiacutea llevado en esa casa pobre una vejez dichosa Teanor llega comisionado por las ricas comunidades pitagoacutericas de Italia Eacutestas quieren recompensar a Polimnis y sus hijos con una suma que aliviaraacute su pobreza Pero Epaminondas se niega a aceptar tal recom‑pensa negativa que da lugar a la controversia que mantiene con Teanor

El discurso sobre la pobreza es la uacutenica ocasioacuten en que Epaminondas rompe sustancialmente su silencio pues es el uacutenico pasaje en el que el ldquocentro ausenterdquo de la obra Epaminondas expone sus ideas de manera razonada y recurriendo a categoriacuteas filosoacuteficas Pronunciado en diaacutelogo con Teanor puede dividirse en dos secciones la primera (583D‑E) de extensioacuten breve comenta la inutilidad de las riquezas aportadas por Teanor que Polimnis y sus hijos habriacutean de emplear en cosas superfluas La segunda (584C‑585D) maacutes amplia y densa comienza con la defensa de la pobreza como ejercicio frente a aquellas pasiones (ἐπιθυμίαι) que proceden del exterior (ἐπήλυδες) y tienen como fuente las falsas opiniones (κενῶν δοξῶν) el deseo de riquezas (φιλοπλουτία) es una de esas pulsiones accesorias y superfluas como lo es tambieacuten el deseo de gloria (φιλοδοξίαν) Pos‑teriormente Epaminondas ahonda en su planteamiento como adiestramiento para el autodominio (ἐγκρατείας) la contencioacuten frente a los placeres beneficia al alma y de la misma manera beneficia a la praacutectica de la justicia el ejercicio contra

39 Gen Socr 579B‑D40 Cf Pelling (1988) 12‑13 (1990) 230

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Joseacute M Candau

el deseo de riquezas41 El discurso finaliza con la alabanza del hombre que sabe rehusar favores y daacutedivas de amigos y reyes incluyendo los dones de la fortuna (τύχης) tal hombre no ve alterado su juicio (οὐδὲ θορυβεῖ τὴν διάνοιαν) y es capaz de perseverar ufano y sereno en la praacutectica de la excelencia

Es de notar que los argumentos de Epaminondas no aparecen en otra obra de Plutarco dedicada especiacuteficamente a combatir la avaricia el de cupiditate di‑vitiarum (523C‑528B) Es este uno de los tratados clasificados por Ziegler bajo el roacutetulo de ldquofilosoacuteficos‑popularesrdquo y estudiados recientemente por L Van Hoof Frente a lo que sugiere su roacutetulo observa Van Hoof tales tratados tienen como destinatario a la eacutelite econoacutemica poliacutetica y social del mundo grecorromano Son por otra parte tratados de orientacioacuten fundamentalmente praacutectica Con ellos Plutarco no persigue ldquoconvertir a la filosofiacuteardquo ni lograr que sus lectores olviden sus ambiciones poliacuteticas y sociales Maacutes bien intenta ofrecerles una guiacutea que le ayude afrontar los problemas derivados de su posicioacuten dirigente La meta no es por tanto cambiar las expectativas de liderazgo o rebajar las pretensiones de poder e influencia propios y sustanciales de una clase como aquella que conforma la audiencia de los mal llamados ldquotratados filosoacutefico‑popularesrdquo Por el contrario lo que hace Plutarco es poner la filosofiacutea al servicio de sus aspiraciones42

El de cupiditate divitiarum emplea un tono admonitorio sus ideas son sen‑cillas y basadas en la experiencia o si se quiere en motivaciones prefilosoacuteficas y sus consejos no constituyen un obstaacuteculo sino una ayuda para la realizacioacuten de las ambiciones sociales que pueda albergar el lector Despliega en suma el conjunto de teacutecnicas y estrategias usuales en los tratados de ldquoeacutetica praacutectica al servicio de la eacutelite43rdquo No ocurre lo mismo con el discurso sobre la pobreza de Epaminondas Purgar el alma de las opiniones procedentes del exterior desterrar el ansia de riquezas y el deseo de gloria rehusar los favores de amigos y reyes y los dones de la fortuna son preceptos adecuados para un tipo de hombre que como Epaminondas huye de los conflictos inherentes a la lucha poliacutetica Pero es difiacutecil que con estos atributos Plutarco quiera hacer de Epaminondas un modelo para la oligarquiacutea a quien dirige sus tratados de eacutetica praacutectica Resulta significativa la posicioacuten que ocupa el discurso sobre la pobreza en el texto del de genio Una vez que concluye Epaminondas y despueacutes de que todos expresan su admiracioacuten hacia eacutel se expone una de las maacutes movidas peripecias en la que se vieron envueltos los miembros de la conjura Tras grandes sobresaltos y fuertes discusiones entre diversos implicados en la trama el asunto vino a resolverse por siacute solo e inespe‑radamente

41 El texto griego no es en este pasaje enteramente claro Quizaacutes es consecuencia de ello que frente a la lectura de los manuscritos (δικαιοσύνῃ) Russell (2010) proponga leer δικαιοσύνης

42 Van Hoof (2010) 28‑3743 Van Hoof (2010) 55‑56

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Un mentor limpio de pasiones El filoacutesofo y la actuacioacuten poliacutetica seguacuten el De genio Socratis

ldquoUn singular trastorno habiacutea hecho presa en nuestro aacutenimo Llenos poco antes de desazoacuten al ver nuestra empresa frustrada la presioacuten de las circunstancias y la urgencia que no consentiacutean tregua nos sumiacutea de nuevo en ansiedad y temor44rdquo

Con estas palabras describe Plutarco el estado de aacutenimo de los conjurados a raiacutez del episodio expuesto tras la discusioacuten sobre la pobreza Un estado de aacutenimo que no puede permitirse Epaminondas atento a la contencioacuten de las pasiones y la serenidad de su mente pero que es el propio de quienes participan en el complot revolucionario

El de genio se mueve seguacuten han observado diversos estudios modernos en dos planos el humano y el de los deacutemones el de la contemplacioacuten filosoacutefica y la praacutectica poliacutetica el mortal y el sobrenatural el de los que conocen y el de los que ignoran45 Y en correspondencia sus personajes se ubican en dos niveles Los unos estaacuten instalados en el mundo de la accioacuten y la peripecia son Cafisias el narrador y con eacutel todos los conjurados Otros se ubican en un plano superior el de la filosofiacutea y el contacto con las realidades transcendentes Epaminondas es la muestra maacutes clara pero el ejemplo uacuteltimo es Soacutecrates La incertidumbre el azar y el conflicto parecen preponderantes en el mundo de la accioacuten Asiacute lo indica el ruego que Arquedamo dirige a Cafisias al inicio de la obra la lucha de la virtud y la razoacuten contra las contingencias atrae por lo accidentado de su desarrollo la precariedad impliacutecita en la actuacioacuten humana y la peripecia que ello desencadena es precisamente lo que hace del acontecer histoacuterico un espectaacuteculo digno de intereacutes para el amante del honor y la belleza46 Ahora bien la manera de ver las cosas de Arquedamo se queda en la superficie de los hechos Ciertamente el relato concerniente a la liberacioacuten de la Cadmea se urde a partir de iniciativas y motivaciones humanas sin que el autor del relato Cafisias reclame expresamente la intervencioacuten divina Pero en el de genio la atmoacutesfera estaacute impregnada de un aura sobrenatural A ello contribuyen tanto las alusiones indirectas47 como la acumu‑lacioacuten de episodios y contenidos relacionados con la divinidad y el maacutes allaacute En muchas de sus obras consigna Plutarco su creencia de que el curso de la historia obedece al disentildeo de una fuerza transcendente48 El relato de la liberacioacuten de la Cadmea confirma dicha idea Pues el lector no puede eludir el pensamiento insi‑nuado por diversos procedimientos aunque no explicitado de que la ayuda divina respalda la actuacioacuten de los conjurados49 Ocurre sin embargo que ni Cafisias ni los demaacutes partiacutecipes de la conjura pueden acceder a esa visioacuten de las fuerzas

44 Gen Socr 588A45 Desideri (1984) 581 Hershbell (1988) 374‑378 Babut (1988) 384‑389 Brenk (1996)

41‑44 Georgiadou (1996) 114 Hardie (1996) 13346 Gen Socr 575B‑D47 Babut (1988) 385‑38648 Tratamiento del tema en Barigazzi (1984) y Swain (1989)49 Babut (1988) 386‑389

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Joseacute M Candau

sobrenaturales rectoras de los sucesos Y no acceden precisamente por estar in‑mersos en el mundo de la actuacioacuten y la peripecia Las pulsiones procedentes del exterior embargan su aacutenimo de manera que en expresioacuten de Brenk laquothey see only the apparent succession of chance occurrencesraquo50 Arquedamo tampoco tiene acceso al plano donde operan las fuerzas sobrenaturales Y evidentemente la misma ceguera afecta a esos laquoamantes del honor y la bellezaraquo ante los cuales invita a hablar a Cafisias Un puacuteblico ilustre cuya presentacioacuten hace Arquedamo subrayando su pertenencia a familias poliacuteticamente insignes51 Puacuteblico por tanto equiparable a esa eacutelite social a quien Plutarco dirige sus tratados de eacutetica praacutectica Los dos puacuteblicos el de Cafisias y el del Plutarco podriacutean identificarse con los heacuteroes que liberan la Cadmea Pero difiacutecilmente se identificariacutean con Epaminon‑das que en dos ocasiones rechaza tomar parte en la empresa52

En ambas el rechazo se justifica mediante un argumento ndashla negativa a derramar sangre de sus conciudadanos‑ que situacutea a Epaminondas a un nivel de exigencia eacutetica superior al de los conjurados53 Ahora bien la diferencia entre Epaminondas y los liberadores no radica en la eacutetica Pues al fin y al cabo ningu‑na ofensa eacutetica cabe reprochar a los protagonistas de la heroica liberacioacuten de la Cadmea Radica en el nivel Asiacute lo sugiere la discusioacuten sobre la pobreza Y asiacute lo vuelve a sentildealar el gran debate sobre el daimon de Soacutecrates que da tiacutetulo a al obra

Se debate sobre lo que Soacutecrates mismo llamaba su daimon el principio que lo guioacute a lo largo de su vida e iluminaba sus decisiones en materias inciertas e impenetrables para la inteligencia humana54 El daimon socraacutetico sugiere que Soacutecrates conociacutea de alguna manera los acontecimientos futuros algo que dos personajes del de genio acreditan55 En este sentido el debate versa sobre la adivi‑nacioacuten Las intervenciones de los diferentes personajes configuran tomadas en conjunto un extenso discurso filosoacutefico y religioso Plutarco no se alinea expresa‑mente con ninguna de las opiniones emitidas el tratamiento del tema presenta pues ese final abierto que es tan comuacuten en este autor Las cuestiones que se tocan son variadas pero todas parten de una cuestioacuten baacutesica La adivinacioacuten supone un conocimiento inalcanzable al menos en apariencia a la razoacuten humana Y el debate versa sobre coacutemo es posible acceder a ese nivel superior de inteligencia Miradas desde este punto de vista las opiniones formuladas por los distintos personajes pueden dividirse en dos grandes bloques De un lado Galaxidoro que

50 Brenk (1996) 4251 Gen Socr 575E‑F52 Gen Socr 576D‑E 594B‑C53 En la segunda ocasioacuten se antildeade un motivo maacutes conveniacutea que consumada la liberacioacuten

quedasen hombres a quienes nada pudiese reprocharse por no haber participado en la accioacuten Epaminondas se reserva este papel

54 Gen Socr 580C‑D55 Teoacutecrito (580D‑F) y Polimnis (581D‑E)

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Un mentor limpio de pasiones El filoacutesofo y la actuacioacuten poliacutetica seguacuten el De genio Socratis

inicia el debate propone una explicacioacuten maacutes proacutexima a los paraacutemetros raciona‑les56 en ella se ha querido ver una muestra de la llamada laquoadivinacioacuten teacutecnicaraquo (τεχνικὸς μαντική artificiosa divinatio)57 Del otro Simias Timarco y Teanor interpretan las premoniciones de Soacutecrates como un caso de comunicacioacuten direc‑ta entre el hombre y la divinidad defienden por tanto la llamada laquoadivinacioacuten naturalraquo (ἄτεχνος μαντική naturalis divinatio)58 Ya se ha dicho que Plutarco no se declara expresamente partidario de ninguna opcioacuten Pero su texto privilegia de manera indirecta los discursos de Simias Timarco y Teanor Asiacute lo sugiere un paacuterrafo del de genio que subraya el papel de Galaxidoro como mero introductor del problema59 Y asiacute lo recogen distintos estudios modernos Galaxidoro seriacutea el oponente racionalista casi siempre estoico habitual en los diaacutelogos religiosos de Plutarco su explicacioacuten se ve devaluada tanto por sus contradicciones internas como por la presencia de procedimientos textuales que rebajan su veracidad y en suma Galaxidoro y el resto de las intervenciones insertas en la seccioacuten dominada por eacutel tendriacutean como funcioacuten principal la de plantear el tema a debatir60

Las propuestas de Simias Timarco y Teanor son evidentemente distintas Actuacutea aquiacute quizaacutes el deseo de presentar el problema bajo luces diversas61 o quizaacutes el complejo planteamiento dramaacutetico que forma parte de las estrategias persuasivas de Plutarco62 Las tres sin embargo coinciden en una idea central la singularidad de aquellos hombres que como Soacutecrates pueden contactar con una realidad por encima del mundo material Para Simias el alma de la mayoriacutea de los hombres se halla embargada por el tumulto de las pasiones y la voraacutegine de las servidumbres vitales de manera que su entendimiento no puede captar las indica‑ciones de los seres superiores en el caso de Soacutecrates por el contrario su intelecto limpio y exento de pasiones (ὁ νοῦς καθαρὸς ὢν καὶ ἀπαθής) percibiacutea faacutecilmente las sentildeales enviadas por los seres divinos63 Seguacuten el mito de Timarco (expuesto por Simias) en el alma (ψυχή) conviven dos partes una inmersa en el cuerpo recibe el nombre mismo de ldquoalmardquo (ψυχή) la otra inaccesible a la corrupcioacuten se llama laquointelectoraquo (νοῦν) estaacute en el exterior del hombre y los entendidos le dan

56 Gen Socr 579F‑582C57 Corlu (1970) 49‑50 Doumlring (1984) 376 Schroumlder (2010) 161 58 Para la distincioacuten entre ambos tipos de maacutentica veacutease Cic div 111ndash12 134 172

1109ndash131 (con el comentario de Wardle (2006))59 Gen Socr 588A ζητήσεως οὐκ ἀγεννοῦς ἀλλ ἧς ὀλίγον ἔμπροσθεν οἱ περὶ Γαλαξίδωρον

καὶ Φειδόλαον ἥψαντο διαποροῦντες τίνος οὐσίας καὶ δυνάμεως εἴη τὸ Σωκράτους λεγόμενον δαιμόνιον

60 Corlu (1970) 19‑20 y 51‑52 Hani (1980) 53 Doumlring (1984) 376‑377 Schroumlder (2010) 161‑162 Donini (2011) 415‑416

61 Sobre el reparto de papeles filosoacuteficos que aquiacute parece efectuar Plutarco veacutease Donini (2011) 412‑419 (2011 [2004]) 442‑443

62 Veacutease Van Hoof (2010) 67‑68 a propoacutesito de determinados laquotratados de eacutetica praacutecticaraquo63 Gen Socr 588D‑E

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Joseacute M Candau

el nombre de daimon64 La parte irracional e inmersa en el cuerpo se halla sujeta a la racional e incorruptible Si la sujecioacuten es deacutebil el alma se dejaraacute doblegar por las pasiones soacutelo cuando se fortalece gracias a la educacioacuten aparece el alma capaz de percibir con prontitud las indicaciones de su daimon Algunos hombres sin embargo estaacuten especialmente dotados de suerte que en ellos predomina de forma innata la obediencia a la razoacuten y a su daimon A ellos estaacute reservada la capacidad de percibir la llamada divina65 Teanor afirma que las almas libres de lazos con el cuerpo se convierten en daacuteimones Tales daacuteimones guiacutean los asuntos del hombre Pero no todos los hombres reciben su atencioacuten pues se desentienden de cuantos estaacuten inmersos en los avatares del acontecer soacutelo aquellos que tras mil esfuerzos ascienden a una esfera elevada son recompensados con la ayuda del daimon66

Las tres intervenciones explican las dotes excepcionales de Soacutecrates mediante la existencia de hombres excepcionales Y en las tres esa excepcionalidad requiere una especial disposicioacuten del alma La liberacioacuten de las pasiones y el alejamiento del traacutefago iacutensito en el mundo humano se presentan como condicioacuten necesaria para que haya un Soacutecrates Paradigma del filoacutesofo Soacutecrates es tambieacuten el modelo de Epaminondas El discurso sobre la pobreza al mostrar coacutemo Epaminondas limpia su alma de pasiones e impulsos procedentes del mundo exterior acredita su condicioacuten de filoacutesofo Asiacute se reconoce cuando termina dicho discurso por boca de Simias67

laquoGran hombre grande es Epaminondas y responsable de ello es el aquiacute pre‑sente Polimnis que ha criado a sus hijos desde temprano en la mejor filosofiacutearaquo

Epaminondas tambieacuten es consecuente con su condicioacuten de filoacutesofo cuando rehuacutesa someter su alma al torbellino del acontecer humano y las pasiones aso‑ciadas esto es cuando se niega a participar en la conjura El filoacutesofo parece ser la conclusioacuten no debe participar al menos de manera directa en el torbellino de la vida poliacutetica

El Epaminondas del de genio es una creacioacuten histoacutericamente discutible68 Ciertamente su no participacioacuten en la liberacioacuten de la Cadmea y su formacioacuten filosoacutefica estaacuten suficientemente documentadas Pero Epaminondas es conocido ante todo por su dimensioacuten poliacutetica que aquiacute relega Plutarco para subrayar su

64 Gen Socr 591E65 Gen Socr 592A‑E66 Gen Socr 593D‑594A67 Gen Socr 585D68 Ya Von Stern (1884) 55‑57 sentildealoacute las debilidades del relato que ofrece Plutarco en el

de genio Los estudios posteriores (veacutease por ejemplo Corlu [1970] 19‑20 Barigazzi [1988] 414‑424Georgiadou [1996]) han insistido en el Epaminondas del de genio presenta una factura obediente sobre todo a razones compositivas y de disentildeo

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Un mentor limpio de pasiones El filoacutesofo y la actuacioacuten poliacutetica seguacuten el De genio Socratis

calidad de filoacutesofo Asiacute construida la figura de Epaminondas traslada un mensaje ndashla no implicacioacuten directa del filoacutesofo en las luchas poliacuteticas‑ que puede tener calado teoacuterico pero tambieacuten sirve a Plutarco para trasladar su posicionamiento ante cuestiones concernientes a su propia persona y al horizonte cultural de su eacutepoca Comparado a otros contemporaacuteneos que por condicioacuten social e incluso actividad literaria estaban a su mismo nivel Plutarco no protagonizoacute una carrera poliacutetica particularmente brillante69 Asumioacute en cambio el papel de consejero y guiacutea de la eacutelite La autoridad necesaria para ello se la confiere la filosofiacutea Pues Plutarco se presenta a siacute mismo como filoacutesofo La exaltacioacuten de Epaminondas es una exaltacioacuten de su propia identidad como filoacutesofo y mentor Epaminondas se mueve a una altura la de la filosofiacutea superior a la de sus afines y compantildeeros los conjurados Esta altura le prohiacutebe descender al plano de la accioacuten directa descenso que contaminariacutea su alma con pulsiones sobrevenidas pero tambieacuten le permite acceder a una realidad inalcanzable para sus compantildeeros Epaminondas eleva asiacute la posicioacuten del filoacutesofo y justifica incluso hace ineludible su alejamiento de la lucha poliacutetica Gracias a ello lo que podriacutea ser una debilidad del propio Plutarco la falta de una carrera puacuteblica brillante se transforma en una eleccioacuten deliberada y necesaria

Tal mensaje adquiere maacutes fuerza si se lo contempla sobre el transfondo cultural de la eacutepoca El auge de las composiciones de exitu illustrium virorum corre en paralelo a la admiracioacuten hacia el filoacutesofo que se enfrenta al poder y sufre castigo por ello Ya se ha dicho que el fenoacutemeno acreditado en diversas fuentes contemporaacuteneas a Plutarco fue propiciado particularmente por el final del rei‑nado de Diocleciano y que el modelo uacuteltimo del filoacutesofo‑maacutertir es Soacutecrates En este contexto adquiere un significado especial la exaltacioacuten del ldquoSoacutecrates tebanordquo Epaminondas Epaminondas se aleja del conflicto puacuteblico para cuidar su alma se distingue por su silencio y pese a ello constituye el ldquocentro ausenterdquo del de genio una composicioacuten articulada en torno a un conflicto civil la liberacioacuten de la Cadmea No resulta inverosiacutemil ver en todos estos datos una respuesta de Plu‑tarco ante el fenoacutemeno del ldquofiloacutesofo‑maacutertir poliacuteticordquo y la admiracioacuten aglutinada en torno a esa figura Respuesta que reivindica rotundamente el papel asumido por el propio Plutarco de filoacutesofo mentor del poliacutetico pero fuera eacutel mismo del traacutefago de la poliacutetica

69 Veacuteanse las observaciones y referencias que ofrece al respecto Van Hoof (2010) 66‑67

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Joseacute M Candau

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Joseacute M Candau

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A Esparta de Plutarco entre a guerra e as artes

de um seguidor das leis de Licurgo Nesse sentido Plutarco diz que o dinheiro e o ouro deveriam ser mandados embora de Esparta porque eles eram flagelos importados que despertavam a cobiccedila e promoviam a degeneraccedilatildeo dos costumes (c 17) Desse ponto de vista Lisandro prejudicou Esparta justamente porque promoveu seu enriquecimento e contribuiu para a dissoluccedilatildeo da frugalidade e da simplicidade que caracterizavam o cotidiano dos lacocircnios antes das vitoacuterias espartanas na Guerra do Peloponeso6

Na Vida de Agesilau Plutarco nos conta que o biografado foi o segundo filho de Arquidamo (o primeiro tinha sido Aacutegis) e que por isso ele natildeo seria o herdeiro direto do trono de Esparta De qualquer modo Agesilau foi educado de acordo com a agoge lacedemocircnia e nosso autor faz questatildeo de frisar que em decorrecircncia disso o liacuteder espartano sempre respeitou e praticou as leis de sua cidade (c 1) Mesmo apresentando uma pequena diferenccedila de tamanho de uma perna para a outra ele tinha outras qualidades espartanas como a honestidade a mansidatildeo e a beleza fiacutesica (c 2) Sua formaccedilatildeo foi tatildeo bem sucedida que diferente de Alexandre o grande e de Haniacutebal Agesilau foi um general que conquistou importantes vitoacuterias e mesmo assim nunca deixou de obedecer agraves leis espartanas (c 15) Mesmo depois de tornar‑se um lendaacuterio vencedor ele voltou a Esparta e continuou o mesmo homem de antes sem apresentar nenhuma novidade no seu comportamento diferente de outros estrategos quando voltavam de longas expediccedilotildees a terras estrangeiras (c 19)

Plutarco nos conta que Lisandro ndashque dizem ter sido amante de Agesilau na juventude (c 2)ndash pretendia introduzir muitas inovaccedilotildees e mudanccedilas no governo da Lacocircnia (c 20) Embora outros liacutederes de Esparta como Antaacutelcidas tenham feito acordos com os Persas e tenham abandonado laquocovarde e maldosamenteraquo os gregos da Aacutesia sob o domiacutenio dos baacuterbaros como nos diz Plutarco (c 23) Agesilau sempre foi um defensor da justiccedila Entre os capiacutetulos 29 e 30 da Vida de Agesilau nosso autor nos conta que os espartanos que perderam parentes na bata‑lha de Leuctra (em 371 a C) se alegraram e os que natildeo perderam ficaram tristes De certa forma eles responsabilizaram Agesilau pela derrota e lamentaram ter aceito um rei coxo Contudo Agesilau tinha boa reputaccedilatildeo e era muito virtuoso Prova disso eacute que sem promover nenhuma inovaccedilatildeo ele disse que era preciso fazer as leis dormirem para que retomassem a autoridade que tiveram no passado

Entretanto Plutarco natildeo faz apenas elogios a Agesilau Cartledge (1987 418) observa que ele faz criacuteticas a Agesilau por causa de sua ingratidatildeo em relaccedilatildeo a Lisandro (c 8) e condena seu comportamento porque ele teria hon‑rado mais os amigos do que a justiccedila (c 13 ver tambeacutem Moralia 807d) Aleacutem disso Plutarco via uma relaccedilatildeo direta entre a decadecircncia de Esparta e a ascenccedilatildeo

6 Sobre isso ver Duff (2002) 161‑204 e a introduccedilatildeo de Flaceliegravere e Chambry em Plutarque (1971) 158‑173

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Roosevelt Rocha

ilegiacutetima de Agesilau ao trono (c 21) Poreacutem no geral nosso autor eacute tatildeo favoraacutevel e simpaacutetico a Agesilau quanto Xenofonte que tambeacutem escreveu uma biografia do rei espartano a qual certamente serviu de base para a Vida composta pelo poliacutemata de Queroneia Segundo Cartledge (1987 418) para Plutarco Agesilau foi a encarnaccedilatildeo das virtudes peculiarmente espartanas simplicidade piedade e autocontrole7

Depois na Vida de Aacutegis e na Vida de Cleocircmenes Plutarco narra os uacuteltimos momentos da histoacuteria da Esparta independente ou seja o ponto mais baixo da decadecircncia daquela cidade Os reis Aacutegis e Cleocircmenes que reinaram no seacuteculo III a C tentaram restaurar os antigos valores dos tempos de Licurgo Eles tinham os dons naturais para levar essa tarefa a cabo Aacutegis tinha grandeza de alma e se insurgia contra os prazeres desde antes dos vinte anos (c 4) natildeo gostava de rou‑pas luxuosas e baniu toda suntuosidade para aderir aos antigos haacutebitos lacocircnios caracterizados pela simplicidade de vida Mas seu exemplo e sua energia natildeo foram suficientes para restaurar os costumes tradicionais e ele foi assassinado ainda muito jovem (cc 19‑21) Aquela Esparta incorrupta e valorosa dos tempos de Licurgo dava seus uacuteltimos suspiros

Cleocircmenes natildeo era parente de Aacutegis mas foi obrigado a se casar com a vi‑uacuteva do rei assassinado ou seja Agiaacutetis Segundo Plutarco (c 1) Cleocircmenes era ambicioso e tinha grandeza de alma Era temperante e simples como Aacutegis Ele tambeacutem quiz restaurar os antigos costumes espartanos (c 11) Primeiro depois de longa disputa poliacutetica abriu matildeo de seus bens Depois distribuiu as terras entre os cidadatildeos Restabeleceu a educaccedilatildeo dos jovens e a disciplina espartana Ele proacuteprio levou uma vida simples e frugal para dar o exemplo aos outros la‑cedemocircnios sem insolecircncia nem orgulho excessivo ou seja como um modelo de temperanccedila (c 13) Mesmo quando perdeu sua esposa Agiaacutetis por quem se enamorara verdadeiramente Cleocircmenes manteve a firmeza e seu caraacuteter elevado e tomou as providecircncias necessaacuterias para garantir a seguranccedila de seus soldados e aliados (c 22) Depois de reinar por dezesseis anos Cleocircmenes morreu (cc 37‑38) e assim terminou a histoacuteria de Esparta como cidade politicamente autocircnoma

Ateacute aqui vimos que podemos encontrar nas Vidas dos liacutederes espartanos escritas por Plutarco aquela imagem caracterizada por um conjunto de valores que parecem ter ganhado forccedila numa eacutepoca lendaacuteria e foram se enfraquecendo conforme o tempo foi passando e Esparta foi estendendo seu poder para fora da Lacedemocircnia Nesse quadro vemos uma cidade altamente militarizada de guerreiros corajosos disciplinados e afeitos a uma vida sem luxos e sem confortos Isso poderia indicar que os espartanos eram um povo rude pouco sofisticado e fechado para as artes

7 Cf tambeacutem a introduccedilatildeo de Flaceliegravere e Chambry em Plutarque (1973) 85‑88 e Shipley (1998) 1‑46

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A Esparta de Plutarco entre a guerra e as artes

Poreacutem vaacuterias fontes arqueoloacutegicas vasculares e mesmo literaacuterias nos mostram o contraacuterio Apesar de Tuciacutedides (1102) ter dito que os edifiacutecios em Esparta eram modestos e natildeo correspondiam ao tamanho do poder militar e poliacutetico da cidade dos lacedemocircnios em seu apogeu a avaliaccedilatildeo dos monumentos arquitetocircnicos espartanos precisa ser feita com cuidado Eacute preciso lembrar que Esparta natildeo foi destruiacuteda nas Guerras Meacutedicas como Atenas foi A capital da Aacutetica foi reconstruiacuteda e uma grande soma de dinheiro afluiu para ela por causa das contribuiccedilotildees dos aliados da Liga de Delos Isso natildeo aconteceu com a princi‑pal cidade da Lacocircnia Desse modo nela foram conservados edifiacutecios antigos do seacuteculo VI a C que apresentavam outro estilo de construccedilatildeo mais arcaizante do que claacutessico Dependendo do ponto de vista um estilo pode ser mais valorizado do que o outro

De qualquer modo Pausacircnias (3113) viajante do seacuteculo II d C que fez uma descriccedilatildeo de vaacuterias cidades da Greacutecia daquela eacutepoca nos informa que havia em Esparta vaacuterios monumentos que despertavam a admiraccedilatildeo daqueles que por ali passavam tal como o Poacutertico Persa construiacutedo inicialmente com o butim amealhado na guerra contra os persas Outros exemplos de edifiacutecios que nos uacuteltimos anos vecircm sendo estudados satildeo o templo de Apolo em Amiclas o templo de Aacutertemis Oacutertia e o Menelaion onde eram cultuados Menelau e Helena8

Cartledge (2002 111) nos informa que depois de 690 a C pintores de vasos da Lacocircnia sofreram influecircncia de artistas do Egeu e adotaram o chamado estilo lsquoorientalizantersquo o que mostra que na praacutetica Esparta natildeo estava isolada do resto do mundo helecircnico Ainda segundo Cartledge nessa eacutepoca artesatildeos lacocircnios que trabalhavam com bronze comeccedilaram a se interessar pela representaccedilatildeo de figuras humanas em suas obras e por volta de 650 a C comeccedilou a se desenvolver na regiatildeo de Esparta o uso do marfim para produccedilatildeo de objetos gravados Vemos entatildeo que o ambiente artiacutestico na Lacedemocircnia entre 775 e 650 a C natildeo era de modo algum esteacuteril ou sem importacircncia9

Como Burn (1960 275‑276) explica Esparta natildeo virou suas costas para a arte e a poesia Prova disso eacute que vasos com detalhes refinados foram fabricados ali e exportados para outras regiotildees da Heacutelade ateacute 550 a C mais ou menos Por volta de 600 a C Gitiadas poeta escultor e arquiteto projetou o Templo de Atena tambeacutem conhecido como Casa de Bronze por causa das placas feitas com esse metal para decorar o edifiacutecio E em 585 a C o segundo templo de Oacutertia foi construiacutedo Ou seja havia artesatildeos trabalhando em Esparta no periacuteodo arcaico que produziram obras dignas de admiraccedilatildeo10

8 Para mais informaccedilotildees sobre a arqueologia e a arquitetura espartanas ver Walker (1998) Kaltsas (2007) e Cavanagh (2009)

9 Sobre isso ver tambeacutem Burn (1960) 180‑184 e Stibbe (1996) passim10 Ver tambeacutem Burn (1960) 280‑282 e Cartledge (2002) 133‑136

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Roosevelt Rocha

No que diz respeito agrave muacutesica Plutarco nos daacute significativos testemunhos da sua importacircncia em ambiente espartano tanto nas Vidas quanto nos Moralia Na Vida de Licurgo no c 4 por exemplo encontramos a informaccedilatildeo segundo a qual o legislador lendaacuterio teria convidado um poeta‑legislador de Creta para ir a Esparta com ele Esse poeta se chamava Tales Mas talvez tenha havido alguma confusatildeo na tradiccedilatildeo manuscrita e esse Tales poderia ser o Taletas de Gortina mencionado algumas vezes no livro Sobre a Muacutesica tambeacutem de Plutarco Ele teria sido o responsaacutevel por curar os espartanos de uma peste com o seu canto11 Aleacutem disso no mesmo c 4 nos eacute dito que Licurgo teria sido o responsaacutevel por levar os poemas de Homero da Jocircnia para sua cidade

Depois no c 21 da mesma Vida Plutarco nos diz que os lacedemocircnios apreciavam se dedicar agrave poesia meacutelica porque as canccedilotildees estimulavam seus espiacuteritos e lhes davam coragem para enfrentar os inimigos nas batalhas Seu estilo era simples e seus temas eram seacuterios com o objetivo de promover uma boa formaccedilatildeo dos caraacuteteres Nelas eram louvados os heroacuteis de Esparta e condenados os covardes que natildeo lutaram ateacute o fim para defender sua cidade Nos festivais eram organizados trecircs coros de acordo com as idades um de velhos outro de adultos e outro de jovens Cada um cantava sobre a sua bravura uns falavam dos seus feitos no passado os outros tratavam das suas accedilotildees no presente e os uacuteltimos cantavam sobre o seu desejo de realizar grandes proezas no futuro Esses seriam os temas baacutesicos das canccedilotildees em Esparta e por isso segundo Plutarco Terpandro e Piacutendaro estavam corretos ao associar bravura e muacutesica e ao mostrar que os espartanos eram o povo mais aguerrido e mais musical

Por isso natildeo era por acaso que os jovens cantavam o nomo de Caacutestor e o peatilde da marcha (c 22) e em todo lugar havia danccedilas festas e banquetes quando natildeo havia expediccedilotildees militares (c 24) Contudo o gosto pela boa muacutesica e pela boa poesia natildeo era caracteriacutestico de todos os habitantes da Lacocircnia tendo em vista que os hilotas danccedilavam e cantavam canccedilotildees vulgares e grotescas diferentes das composiccedilotildees de Aacutelcman Terpandro e Especircndon (c 28) Isso na verdade estava associado ao fato de eles serem escravos e por isso era compreensiacutevel que eles apreciassem canccedilotildees vis como eles proacuteprios

Na Vida de Lisandro encontramos algumas informaccedilotildees que reforccedilam a impressatildeo de que os espartanos tinham sim grande sensibilidade para a muacutesica No c 15 ficamos sabendo que os lacocircnios depois de conquistar Atenas em 404 a C queriam destruir aquela cidade mas apoacutes ouvir um coro da Electra de Euriacutepides desistiram Em seguida no c 18 Plutarco nos conta que Lisandro estava sempre acompanhado do poeta Queacuterilo encarregado de celebrar os feitos do general E outros poetas tambeacutem celebraram Lisandro segundo nosso autor

11 Ver Plu Mus 42 (1146B‑C) e Gostoli (1990) 12‑13 e

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A Esparta de Plutarco entre a guerra e as artes

Na Vida de Agesilau c 14 lemos que os espartanos apreciavam uma parte da poesia de Timoacuteteo de Mileto poeta que teria tido algumas cordas de sua ciacutetara cortadas quando de uma sua visita a Esparta porque os eacuteforos julgavam que natildeo seriam necessaacuterias mais do que sete cordas e o instrumento do poeta tinha onze12 Essa anedota indica que os lacocircnios natildeo apreciavam inovaccedilotildees Poreacutem a informaccedilatildeo do c 14 da Vida de Agesilau mostra que eles poderiam aceitar pelo menos uma parte da obra de um poeta inovador desde que essa parte se adequas‑se ao gosto e agraves tradiccedilotildees do local Tambeacutem nessa mesma Vida c 21 Plutarco nos diz que o rei Agesilau apreciava os cantos e as danccedilas mesmo natildeo sendo um lsquoespecialistarsquo nas artes

Por fim na Vida de Aacutegis c 10 encontramos um elogio a Terpandro a Ta‑les (Taletas) e a Fereacutecides porque mesmo sendo estrangeiros professavam o que Licurgo instituiu e por isso foram muito honrados em Esparta Na Vida de Cleocircmenes c 2 somos informados que o rei Leocircnidas elogiou Tirteu algo facilmente compreensiacutevel tendo em vista o caraacuteter estimulante e guerreiro das elegias daquele poeta Aleacutem disso nessa mesma Vida citada por uacuteltimo c 12 Plutarco nos conta que Cleocircmenes certa vez teria encontrado alguns artistas de Dioniso muacutesicos e atores profissionais que iam de cidade em cidade para se apresentar e construiu um teatro Isso mostra que esse rei estimulou de alguma maneira as atividades artiacutesticas mesmo que ele natildeo tivesse o costume de levar artistas com seu exeacutercito de acordo com Plutarco e nem apreciasse apresentaccedilotildees musicais nos seus banquetes (c 13)

Tudo isso mostra que Esparta era uma cidade onde a muacutesica tinha um papel importe na educaccedilatildeo e na guerra e que os lacocircnios natildeo eram um povo obtuso e indiferente ao poder das melodias De acordo com Plutarco tendo em vista agora algumas passagens dos Moralia os espartanos passavam por treinamento rigoroso no que diz respeito agrave muacutesica e agrave poesia e suas canccedilotildees estimulavam os espiacuteritos e faziam com que os homens se sentissem entusiasmados e se esfor‑ccedilassem para ser bem sucedidos Em vaacuterias passagens das suas Obras Morais ele elogia o estilo da muacutesica deles porque ela era simples e natildeo afetada e seus temas eram seacuterios e edificantes Se algueacutem estudasse a poesia e as canccedilotildees de marcha de Esparta acompanhadas pelo aulo essa pessoa concordaria que Terpandro e Piacutendaro estavam certos ao associar valor (andreia) e muacutesica Como vimos acima nos trechos citados das Vidas Plutarco tambeacutem diz que os Espartanos eram o povo ao mesmo tempo mais musical (mousikotatous) e o mais afeito agrave guerra (polemikotatous)13

No livro sobre os Antigos Costumes dos Espartanos Plutarco tambeacutem elogia os ritmos das canccedilotildees de marcha (embaterioi rhythmoi) porque eles despertavam

12 Ver Plu Agis 1013 Cf Lyc 211‑4

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a coragem a audaacutecia e o desdeacutem pela morte requisitos indispensaacuteveis para o guerreiro valoroso Os espartanos usavam esses ritmos para danccedilar mas tambeacutem quando avanccedilavam contra os inimigos ao som do aulo Plutarco lembra que Li‑curgo associava o amor pela muacutesica agrave praacutetica militar para que o espiacuterito guerreiro combinado com a melodia tivesse concordacircncia e harmonia (symphonia kai har‑monia) Por isso em tempos de guerra os reis espartanos ofereciam sacrifiacutecios agraves Musas antes de ir para a batalha como Plutarco nos conta nos Instituta Laconica 16 (238B‑C)

E para manter a pureza da sua muacutesica e dos seus costumes os espartanos agraves vezes recorriam a atos violentos Como Plutarco reporta nos Instituta Laconica 17 (238C‑D) eles natildeo permitiriam que ningueacutem desrespeitasse de modo algum as regras da muacutesica do passado Nem mesmo Terpandro um dos mais antigos e melhores citaredos (aqueles que cantavam acompanhados da ciacutetara ou da lira) teria a permissatildeo para acrescentar uma corda extra ao seu instrumento para que suas melodias fossem mais variadas Ele tentou fazer isso mas os eacuteforos pregaram sua lira numa parede por causa do seu ato iacutempio contraacuterio agrave tradiccedilatildeo Em outra ocasiatildeo um dos eacuteforos teria procedido com mais violecircncia quando Timoacuteteo o famoso muacutesico inovador que floresceu na segunda metade do seacuteculo V a C estava competindo no festival das Carneias ele pegou uma faca e perguntou ao muacutesico de que lado ele deveria cortar as cordas supeacuterfluas cujo nuacutemero ultra‑passava o tradicional de sete cordas Outras variantes dessa histoacuteria satildeo contadas por Plutarco em outros textos mas nessas outras passagens Friacutenis outro muacutesico inovador da segunda metade do seacuteculo V a C eacute o protagonista14

Mas para aleacutem da sua importacircncia na educaccedilatildeo e nos contextos de bata‑lha a muacutesica tinha grande significado tambeacutem nas momentos das celebraccedilotildees religiosas Dentre as festividades religiosas realizadas na Lacedemocircnia uma das mais importantes era a das Carneias realizada em Esparta e intimamente ligada agrave histoacuteria de Terpandro As origens desse festival eram muito antigas anteriores ao seacuteculo VIII a C tendo em vista que no seacuteculo VII os colonizadores espartanos da cidade italiana de Tarento jaacute tinham o costume de celebraacute‑la15 As Carneias eram dedicadas ao deus Apolo Carneu Em Esparta havia concursos musicais e atleacuteti‑cos uma corrida de jovens e um banquete ritual que contava com a participaccedilatildeo dos homens adultos que representavam as fratrias O festival era organizado por cidadatildeos solteiros e era o momento adequado para que os jovens que jaacute haviam completado seu periacuteodo de formaccedilatildeo ingressassem na vida adulta16

O que nos interessa aqui eacute o papel que a muacutesica desempenhava no contexto dessas festividades Um elemento importante nesses momentos de comemoraccedilatildeo

14 Cf Prof virt 84A Apophth Lac 220C e Agis 107 jaacute citada na nota 9 Cf Rocha (2008) 654‑655

15 Brelich (1969) 181‑18216 Brelich (1969) 149‑150

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eram os concursos A realizaccedilatildeo de concursos musicais no acircmbito do festival das Carneias natildeo teria acontecido desde o iniacutecio A introduccedilatildeo de agones provavel‑mente ocorreu quando Terpandro migrou de Metimna (Lesbos) para Esparta na primeira metade do seacuteculo VII a C Nesse contexto eacute importante considerar o testemunho de Helacircnico17 segundo o qual Terpandro teria sido o primeiro a vencer o concurso musical nas Carneias Esse fato parece estar diretamente relacionado agrave fundaccedilatildeo da primeira escola musical (katastasis) em Esparta por obra do mesmo Terpandro Segundo Brelich (1969 186‑191) eacute muito provaacutevel que a introduccedilatildeo do concurso musical nas Carneias tenha sido influenciada pela proacutepria katastasis18 Essa hipoacutetese ganha forccedila se consideramos o capiacutetulo 9 do tratado Sobre a Muacutesica como um todo Ali Plutarco fala da primeira katastasis fundada por Terpandro e menciona tambeacutem a segunda katastasis liderada por Taletas de Gortina Xenoacutedamo de Citera Xenoacutecrito de Locres Polimnesto de Coacutelofon e Saacutecadas de Argos muacutesicos que teriam instituiacutedo as Gimnopeacutedias em Esparta as Apodeixeis na Arcaacutedia e as Endimaacutetias em Argos Jaacute que os membros da segunda escola musical foram fundadores de festivais19 em diferentes cidades do Peloponeso Terpandro tambeacutem pode ter desempenhado o mesmo papel no contexto das Carneias

No que diz respeito agraves Gimnopeacutedias contudo encontramos uma situaccedilatildeo diferente Possuiacutemos uma grande variedade de informaccedilotildees sobre esse festival que inclusive muitas vezes satildeo contraditoacuterias Mas tratando apenas daquilo que nos interessa aqui sabemos que no periacuteodo das festividades aconteciam apresentaccedilotildees de coros de adolescentes e adultos instituiacutedos em honra a Apolo que cantavam hinos compostos por poetas como Taletas Aacutelcman e Dionisodoto Depois da batalha de Tireia em 544 aC na qual Esparta lutou contra Argos pela posse da Tireaacutetida tornou‑se costumeiro cantar um peatilde em honra dos soldados que morreram naquela ocasiatildeo Por causa desse elemento ritual e da comparaccedilatildeo com as Apodeixeis e as Endimaacutetias as Gimnopeacutedias foram consideradas festas que indicavam o momento no qual os jovens receacutem‑iniciados eram integrados agrave vida militar20

Tendo tudo isso em vista podemos concluir que eacute preciso colocar a miragem espartana em perspectiva Esparta natildeo era tatildeo lsquoespartanarsquo assim e natildeo foi sempre lsquoespartanarsquo Havia espaccedilo naquela cidade para o cultivo das artes tais como a arquitetura a escultura a pintura vascular a muacutesica (que incluiacutea a poesia) e a danccedila Nela floresceram poetas como Aacutelcman Terpandro e Tirteu Nela surgiram escolas poeacuteticomusicais Nela viveram poetas estrangeiros tais como Taletas de

17 FGrHist 4 F 85 = Ateneu 635e = Terpander Test 1 Gostoli18 Cf tambeacutem Gostoli (1990) 84‑8519 Mais do que fundadores de festivais eacute mais verossiacutemil pensar que esses autores foram os

responsaacuteveis pela introduccedilatildeo dos concursos musicais como parte das celebraccedilotildees 20 Cf Gostoli (1990) 85‑86

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Gortina (Creta) e Saacutecadas de Argos E sendo assim houve um ambiente feacutertil e favoraacutevel para o desenvolvimento e o cultivo de atividades artiacutesticas Os esparta‑nos foram sim grandes guerreiros que contribuiacuteram decisivamente para a vitoacuteria dos helenos sobre os persas Eles cultivaram sim suas habilidades guerreiras a ponto de derrotar os atenienses na Guerra do Peloponeso Poreacutem Esparta natildeo foi somente uma comunidade de soldados que dedicavam suas vidas somente agrave guerra Esparta foi tambeacutem uma cidade onde as pessoas cantavam danccedilavam e apreciavam a beleza dos edifiacutecios e dos objetos do cotidiano Eacute preciso reconhecer isso e na obra de Plutarco jaacute encontramos essa imagem multifacetada dessa cul‑tura Basta direcionar os olhos para outras direccedilotildees

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Bibliografia

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Plutarch On Sparta London Penguin 2005Plutarco Obras Morais Sobre o afeto aos filhos (introd e trad Carmen Soares) e

Sobre a Muacutesica (introd e trad Roosevelt Rocha) Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra 2012

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Plutarque Vies Tome VI Text eacutetabli et traduit par Flaceliegravere R et Chambry Eacute Paris Les Belles Lettres 1971

Plutarque Vies Tome VIII Text eacutetabli et traduit par Flaceliegravere R et Chambry Eacute Paris Les Belles Lettres 1973

Powell A amp Hodkinson S (eds) The shadow of Sparta Londres Routledge 1994Rawson E The spartan tradition in european thought Oxford Oxford University

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Roosevelt Rocha

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Museum Classical Colloquium held with the British School at Athens and Kingrsquos and University Colleges London 6‑8 December 1995 Atenas British School at Athens 1999

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Index nominum

Timoacuteteo 167‑168 178 183Timoacutexena 195Tindaacuteridas 63Tireaacutetida 169Tireia 169Tireacutesias 236Tirteu 167 169 221Titatildes 245Trajano 121Trezena 31 32‑35 38 Tricoacuterito 39Troia 81 124Tuciacutedides 122 160 181Ulisses 81 192Valeacuterio (vd Puacuteblio Valeacuterio)Vestais 58 204Viacutenio 200Xantipo 191 201Xenoacutecrito 169Xenoacutedamo 169Xenofonte 160 164Zaleuco 88Zeus 36 40‑41 220 226 243

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Index nominum

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Notas biograacuteficas dos autores

Aacutelia Rodrigues eacute doutorada em Estudos Claacutessicos (Literatura Grega) e inves‑tigadora do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse satildeo a histoacuteria das ideias poliacuteticas desde os Gregos ateacute agrave modernidade histoacuteria legal e a recepccedilatildeo de temas claacutessicos na contemporaneidade

Ana Ferreira eacute Professora Auxiliar do Departamento de Estudos Portugueses e Ro‑macircnicos da Faculdade de Letras da Universidade do Porto e investigadora do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a histoacuteria antiga a literatura greco‑romana bem como a didaacutectica das liacutenguas claacutessicas

Delfim F Leatildeo eacute Professor Catedraacutetico da Instituto de Estudos Claacutessicos e investiga‑dor do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a histoacuteria antiga o direito e a teorizaccedilatildeo poliacutetica dos Gregos a pragmaacutetica teatral e a escrita romanesca antiga

Faacutebio Vergara Cerqueira eacute Professor Adjunto do Instituto de Ciecircncias Humanas da Universidade Federal de Pelotas pesquisador PQ‑2 do CNPq Professor Visitante na Universidade de Heidelberg Bolsista Fundaccedilatildeo Humboldt ldquoPesquisador Experienterdquo Principais aacutereas de interesse satildeo histoacuteria e arqueologia da Greacutecia antiga e sua recepccedilatildeo enfocando muacutesica iconografia ceramologia gecircnero memoacuteria social identidade e patrimocircnio cultural

Guillermina Gonzaacutelez Almenara es Profesor Contratado Doctor Tipo 1 vinculada con el Aacuterea de Filologiacutea Griega del Departamento de Filologiacutea Claacutesica Francesa Aacuterabe y Romaacutenica de la Universidad de La Laguna Sus principales liacuteneas de investi‑gacioacuten son la mujer y el aacutembito femenino en la Grecia antigua Historiografiacutea griega Historia y civilizacioacuten de la Grecia antigua

Ivana S Chialva es Doctora en Letras Investigadora Asistente del Conicet y Profesora de Griego y Literaturas griega y latina de la Facultad de Humanidades y Ciencias de la Universidad Nacional del Litoral (Santa Fe Argentina) Sus tra‑bajos sobre el mundo antiguo se focalizan en la relacioacuten entre primera y segunda sofiacutestica y en la influencia de este uacuteltimo fenoacutemeno en la prosa narrativa griega de eacutepoca imperial especialmente la retoacuterica la biografiacutea y la novela en sus diferentes formas

Jesuacutes-Mordf Nieto Ibaacutentildeez es Catedraacutetico de Filologiacutea Griega de la Universidad de Leoacuten Sus liacuteneas de investigacioacuten son la literatura judiacutea en lengua griega los primeros textos cristianos el Humanismo y la Tradicioacuten claacutesica Actualmente dirige un Proyecto de

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investigacioacuten sobre el Humanismo la Tradicioacuten claacutesica y patriacutestica y la exeacutegesis biacuteblica en los siglos XVI y XVII

Joaquim Pinheiro eacute Professor Auxiliar da Universidade da Madeira e investigador do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a biografia antiga a Segunda Sofiacutestica a retoacuterica claacutessica e o pensamento poliacutetico dos Gregos

Joseacute M Candau es Catedraacutetico de Filologiacutea Griega en la Universidad de Sevilla Sus principales aacutereas de investigacioacuten son la historiografiacutea griega y Plutarco

Loraine Oliveira eacute professora de Filosofia da Universidade de Brasiacutelia Publicou o livro Plotino escultor de mitos pela Imprensa da Universidade de CoimbraAnnablume em 2014 Vem se dedicando principalmente a estudar os mitos em Plotino Plutarco e Porfiacuterio assim como o vegetarianismo em Plutarco e Porfiacuterio

Maria Aparecida de Oliveira Silva eacute professora visitante do Programa de Poacutes‑Gradu‑accedilatildeo em Letras Claacutessicas da Universidade de Satildeo Paulo e Professora Pesquisadora do Programa de Poacutes‑Graduaccedilatildeo em Histoacuteria da Universidade Federal de Satildeo Paulo Liacuteder do Grupo CNPq LABHAN Laboratoacuterio de Histoacuteria Antiga da Universidade Federal do Amapaacute Pesquisadora do Grupo CNPq Linceu ‑ Visotildees da Antiguidade Claacutessica da Universidade Estadual Paulista Pesquisadora do Grupo Retoacuterica Texto y Comunicacioacuten da Universidad de Caacutediz Membro do Conselho Acadecircmico do Seminaacuterio de Histoacuteria e Filosofia das Religiotildees da Universidad Autoacutenoma de Ciudad Juaacuterez mdash Meacutexico Pesquisa e publica trabalhos sobre Esparta Plutarco e biografia antiga

M Teresa Fau Ramos es Profesora Titular del Departament de Filologia Grega de la Universitat de Barcelona y miembro del Grup de Recerca Graecia Capta que investiga la pervivencia de la identidad griega bajo el imperio romano Sus principales aacutereas de intereacutes cientiacutefico son la historia e instituciones de la Grecia claacutesica y post‑claacutesica la religioacuten helena (paganismo) y diversos aspectos del cristianismo primitivo

Pilar Goacutemez Cardoacute es profesora titular de Filologiacutea Griega en la Universidad de Barcelona donde imparte docencia e investiga desde 1981 Doctora en Filologiacutea Claacutesica desde 1987 con una tesis sobre la tradicioacuten yaacutembica y la faacutebula (La Vida drsquoIsop entre el iambe la faula i la novella) es autora de numerosos artiacuteculos y capiacutetulos de libros sobre la literatura griega de eacutepoca imperial romana en especial sobre Segunda Sofiacutestica y novela ha estudiado principalmente autores como Luciano en cuya edicioacuten y traduccioacuten al castellano para la coleccioacuten Alma Mater participa Plutarco Dioacuten de Prusa o Elio Ariacutestides Es miembro del grupo de investigacioacuten Graecia Capta de la Universidad de Barcelona

Roosevelt Rocha eacute Professor Adjunto do curso de Letras da Universidade Federal do Paranaacute (Brasil) e pesquisador ligado ao Programa de Poacutes‑Graduaccedilatildeo em Letras da

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mesma Universidade As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a poesia grega arcaica (elegia jambo e meacutelica) a muacutesica grega antiga e o estudo da performance da poesia grega dos periacuteodos arcaico e claacutessico

Vicente Ramoacuten es Profesor Tiular de Filologiacutea Griega de la Universidad de Zara‑goza Sus intereses cientiacuteficos pueden sintetizarse en las siguientes liacuteneas Plutarco de Queronea y la biografiacutea poliacutetica historiografiacutea griega retoacuterica y oratoria griegas tradicioacuten claacutesica teatro griego la irreligiosidad en la Atenas Claacutesica

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Volumes publicados na Colecccedilatildeo Humanitas Supplementum

1 Francisco de Oliveira Claacuteudia Teixeira e Paula Barata Dias Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 1 ndash Liacutenguas e Literaturas Greacutecia e Roma (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

2 Francisco de Oliveira Claacuteudia Teixeira e Paula Barata Dias Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 2 ndash Liacutenguas e Literaturas Idade Meacutedia Renascimento Recepccedilatildeo (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

3 Francisco de Oliveira Jorge de Oliveira e Manuel Patriacutecio Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 3 ndash Histoacuteria Arqueologia e Arte (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2010)

4 Maria Helena da Rocha Pereira Joseacute Ribeiro Ferreira e Francisco de Oliveira (Coords) Horaacutecio e a sua perenidade (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

5 Joseacute Luiacutes Lopes Brandatildeo Maacutescaras dos Ceacutesares Teatro e moralidade nas Vidas suetonianas (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

6 Joseacute Ribeiro Ferreira Delfim Leatildeo Manuel Troumlster and Paula Barata Dias (eds) Symposion and Philanthropia in Plutarch (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

7 Gabriele Cornelli (Org) Representaccedilotildees da Cidade Antiga Categorias histoacutericas e discursos filosoacuteficos (Coimbra Classica DigitaliaCECHGrupo Archai 2010)

8 Maria Cristina de Sousa Pimentel e Nuno Simotildees Rodrigues (Coords) Sociedade poder e cultura no tempo de Oviacutedio (Coimbra Classica DigitaliaCECHCECCH 2010)

9 Franccediloise Frazier et Delfim F Leatildeo (eds) Tychegrave et pronoia La marche du monde selon Plutarque (Coimbra Classica DigitaliaCECH Eacutecole Doctorale 395 ArScAn‑THEMAM 2010)

10 Juan Carlos Iglesias‑Zoido El legado de Tuciacutedides en la cultura occidental (Coimbra Classica DigitaliaCECH ARENGA 2011)

11 Gabriele Cornelli O pitagorismo como categoria historiograacutefica (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2011)

12 Frederico Lourenccedilo The Lyric Metres of Euripidean Drama (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2011)

13 Joseacute Augusto Ramos Maria Cristina de Sousa Pimentel Maria do Ceacuteu Fialho Nuno Simotildees Rodrigues (coords) Paulo de Tarso Grego e Romano Judeu e Cristatildeo (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

14 Carmen Soares amp Paula Barata Dias (coords) Contributos para a histoacuteria da alimentaccedilatildeo na antiguidade (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

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15 Carlos A Martins de Jesus Claudio Castro Filho amp Joseacute Ribeiro Ferreira (coords) Hipoacutelito e Fedra ‑ nos caminhos de um mito (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

16 Joseacute Ribeiro Ferreira Delfim F Leatildeo amp Carlos A Martins de Jesus (eds) Nomos Kosmos amp Dike in Plutarch (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

17 Joseacute Augusto Ramos amp Nuno Simotildees Rodrigues (coords) Mnemosyne kai Sophia (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

18 Ana Maria Guedes Ferreira O homem de Estado ateniense em Plutarco o caso dos Alcmeoacutenidas (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

19 Aurora Loacutepez Andreacutes Pocintildea amp Maria de Faacutetima Silva De ayer a hoy influencias claacutesicas en la literatura (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

20 Cristina Pimentel Joseacute Luiacutes Brandatildeo amp Paolo Fedeli (coords) O poeta e a cidade no mundo romano (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

21 Francisco de Oliveira Joseacute Luiacutes Brandatildeo Vasco Gil Mantas amp Rosa Sanz Serrano (coords) A queda de Roma e o alvorecer da Europa (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

22 Luiacutesa de Nazareacute Ferreira Mobilidade poeacutetica na Greacutecia antiga uma leitura da obra de Simoacutenides (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica DigitaliaCECH 2013)

23 Faacutebio Cerqueira Ana Teresa Gonccedilalves Edalaura Medeiros amp JoseacuteLuiacutes Brandatildeo Saberes e poderes no mundo antigo Vol I ndash Dos saberes (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia2013) 282 p

24 Faacutebio Cerqueira Ana Teresa Gonccedilalves Edalaura Medeiros amp Delfim Leatildeo Saberes e poderes no mundo antigo Vol II ndash Dos poderes (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013) 336 p

25 Joaquim J S Pinheiro Tempo e espaccedilo da paideia nas Vidas de Plutarco (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013) 458 p

26 Delfim Leatildeo Gabriele Cornelli amp Miriam C Peixoto (coords) Dos Homens e suas Ideias Estudos sobre as Vidas de Dioacutegenes Laeacutercio (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013)

27 Italo Pantani Margarida Miranda amp Henrique Manso (coords) Aires Barbosa na Cosmoacutepolis Renascentista (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2013)

28 Francisco de Oliveira Maria de Faacutetima Silva Tereza Virgiacutenia Ribeiro Barbosa (coords) Violecircncia e transgressatildeo uma trajetoacuteria da Humanidade (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

29 Priscilla Gontijo Leite Eacutetica e retoacuterica forense asebeia e hybris na caracterizaccedilatildeo dos adversaacuterios em Demoacutestenes (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

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30 Andreacute Carneiro Lugares tempos e pessoas Povoamento rural romano no Alto Alentejo ‑ Volume I (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2014)

31 Andreacute Carneiro Lugares tempos e pessoas Povoamento rural romano no Alto Alentejo ‑ Volume II (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2014)

32 Pilar Goacutemez Cardoacute Delfim F Leatildeo Maria Aparecida de Oliveira Silva (coords) Plutarco entre mundos visotildees de Esparta Atenas e Roma (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

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Resumo da obra

A vasta e variada obra de Plutarco permite sempre uma abordagem a partir de distintas

perspetivas com diferentes intenccedilotildees e propoacutesitos variados No entanto eacute importante

identificar tambeacutem fios comuns nessa abordagem porque permitem demonstrar tanto a

niacutevel formal como de conteuacutedo que haacute muitos elementos comuns que permeiam o trabalho

de Plutarco

Os treze contributos para este volume tecircm como elo comum o nome de trecircs cidades

Esparta Atenas e Roma Elas representam espaccedilos poliacuteticos e institucionais diversos dada

a sua extensatildeo geograacutefica e cronoloacutegica mas simbolizam igualmente diferentes modelos

de organizaccedilatildeo social atraveacutes dos quais a Greacutecia pode ser contrastada com Roma ou Atenas

comparada com Esparta mdash ainda que o seu verdadeiro interesse na obra de Plutarco seja

que representam sempre locais paradigmaacuteticos onde vivem e convivem pessoas Por

isso os estudiosos de Plutarco que contribuiacuteram para este volume procuram analisar em

cada uma dessas cidades seja por assimilaccedilatildeo ou por contraste a forma como o autor de

Queroneia aborda a ligaccedilatildeo entre indiviacuteduo e comunidade a partir do exerciacutecio do poder

e da experiecircncia religiosa qual o papel da educaccedilatildeo e do domiacutenio privado na projeccedilatildeo

puacuteblica dos protagonistas retratados por Plutarco ou ateacute que ponto a imagem dos primeiros

legisladores e fundadores miacuteticos foi condicionada pela evoluccedilatildeo histoacuterica destas mesmas

cidades

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Joseacute M Candau

el deseo de riquezas41 El discurso finaliza con la alabanza del hombre que sabe rehusar favores y daacutedivas de amigos y reyes incluyendo los dones de la fortuna (τύχης) tal hombre no ve alterado su juicio (οὐδὲ θορυβεῖ τὴν διάνοιαν) y es capaz de perseverar ufano y sereno en la praacutectica de la excelencia

Es de notar que los argumentos de Epaminondas no aparecen en otra obra de Plutarco dedicada especiacuteficamente a combatir la avaricia el de cupiditate di‑vitiarum (523C‑528B) Es este uno de los tratados clasificados por Ziegler bajo el roacutetulo de ldquofilosoacuteficos‑popularesrdquo y estudiados recientemente por L Van Hoof Frente a lo que sugiere su roacutetulo observa Van Hoof tales tratados tienen como destinatario a la eacutelite econoacutemica poliacutetica y social del mundo grecorromano Son por otra parte tratados de orientacioacuten fundamentalmente praacutectica Con ellos Plutarco no persigue ldquoconvertir a la filosofiacuteardquo ni lograr que sus lectores olviden sus ambiciones poliacuteticas y sociales Maacutes bien intenta ofrecerles una guiacutea que le ayude afrontar los problemas derivados de su posicioacuten dirigente La meta no es por tanto cambiar las expectativas de liderazgo o rebajar las pretensiones de poder e influencia propios y sustanciales de una clase como aquella que conforma la audiencia de los mal llamados ldquotratados filosoacutefico‑popularesrdquo Por el contrario lo que hace Plutarco es poner la filosofiacutea al servicio de sus aspiraciones42

El de cupiditate divitiarum emplea un tono admonitorio sus ideas son sen‑cillas y basadas en la experiencia o si se quiere en motivaciones prefilosoacuteficas y sus consejos no constituyen un obstaacuteculo sino una ayuda para la realizacioacuten de las ambiciones sociales que pueda albergar el lector Despliega en suma el conjunto de teacutecnicas y estrategias usuales en los tratados de ldquoeacutetica praacutectica al servicio de la eacutelite43rdquo No ocurre lo mismo con el discurso sobre la pobreza de Epaminondas Purgar el alma de las opiniones procedentes del exterior desterrar el ansia de riquezas y el deseo de gloria rehusar los favores de amigos y reyes y los dones de la fortuna son preceptos adecuados para un tipo de hombre que como Epaminondas huye de los conflictos inherentes a la lucha poliacutetica Pero es difiacutecil que con estos atributos Plutarco quiera hacer de Epaminondas un modelo para la oligarquiacutea a quien dirige sus tratados de eacutetica praacutectica Resulta significativa la posicioacuten que ocupa el discurso sobre la pobreza en el texto del de genio Una vez que concluye Epaminondas y despueacutes de que todos expresan su admiracioacuten hacia eacutel se expone una de las maacutes movidas peripecias en la que se vieron envueltos los miembros de la conjura Tras grandes sobresaltos y fuertes discusiones entre diversos implicados en la trama el asunto vino a resolverse por siacute solo e inespe‑radamente

41 El texto griego no es en este pasaje enteramente claro Quizaacutes es consecuencia de ello que frente a la lectura de los manuscritos (δικαιοσύνῃ) Russell (2010) proponga leer δικαιοσύνης

42 Van Hoof (2010) 28‑3743 Van Hoof (2010) 55‑56

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ldquoUn singular trastorno habiacutea hecho presa en nuestro aacutenimo Llenos poco antes de desazoacuten al ver nuestra empresa frustrada la presioacuten de las circunstancias y la urgencia que no consentiacutean tregua nos sumiacutea de nuevo en ansiedad y temor44rdquo

Con estas palabras describe Plutarco el estado de aacutenimo de los conjurados a raiacutez del episodio expuesto tras la discusioacuten sobre la pobreza Un estado de aacutenimo que no puede permitirse Epaminondas atento a la contencioacuten de las pasiones y la serenidad de su mente pero que es el propio de quienes participan en el complot revolucionario

El de genio se mueve seguacuten han observado diversos estudios modernos en dos planos el humano y el de los deacutemones el de la contemplacioacuten filosoacutefica y la praacutectica poliacutetica el mortal y el sobrenatural el de los que conocen y el de los que ignoran45 Y en correspondencia sus personajes se ubican en dos niveles Los unos estaacuten instalados en el mundo de la accioacuten y la peripecia son Cafisias el narrador y con eacutel todos los conjurados Otros se ubican en un plano superior el de la filosofiacutea y el contacto con las realidades transcendentes Epaminondas es la muestra maacutes clara pero el ejemplo uacuteltimo es Soacutecrates La incertidumbre el azar y el conflicto parecen preponderantes en el mundo de la accioacuten Asiacute lo indica el ruego que Arquedamo dirige a Cafisias al inicio de la obra la lucha de la virtud y la razoacuten contra las contingencias atrae por lo accidentado de su desarrollo la precariedad impliacutecita en la actuacioacuten humana y la peripecia que ello desencadena es precisamente lo que hace del acontecer histoacuterico un espectaacuteculo digno de intereacutes para el amante del honor y la belleza46 Ahora bien la manera de ver las cosas de Arquedamo se queda en la superficie de los hechos Ciertamente el relato concerniente a la liberacioacuten de la Cadmea se urde a partir de iniciativas y motivaciones humanas sin que el autor del relato Cafisias reclame expresamente la intervencioacuten divina Pero en el de genio la atmoacutesfera estaacute impregnada de un aura sobrenatural A ello contribuyen tanto las alusiones indirectas47 como la acumu‑lacioacuten de episodios y contenidos relacionados con la divinidad y el maacutes allaacute En muchas de sus obras consigna Plutarco su creencia de que el curso de la historia obedece al disentildeo de una fuerza transcendente48 El relato de la liberacioacuten de la Cadmea confirma dicha idea Pues el lector no puede eludir el pensamiento insi‑nuado por diversos procedimientos aunque no explicitado de que la ayuda divina respalda la actuacioacuten de los conjurados49 Ocurre sin embargo que ni Cafisias ni los demaacutes partiacutecipes de la conjura pueden acceder a esa visioacuten de las fuerzas

44 Gen Socr 588A45 Desideri (1984) 581 Hershbell (1988) 374‑378 Babut (1988) 384‑389 Brenk (1996)

41‑44 Georgiadou (1996) 114 Hardie (1996) 13346 Gen Socr 575B‑D47 Babut (1988) 385‑38648 Tratamiento del tema en Barigazzi (1984) y Swain (1989)49 Babut (1988) 386‑389

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sobrenaturales rectoras de los sucesos Y no acceden precisamente por estar in‑mersos en el mundo de la actuacioacuten y la peripecia Las pulsiones procedentes del exterior embargan su aacutenimo de manera que en expresioacuten de Brenk laquothey see only the apparent succession of chance occurrencesraquo50 Arquedamo tampoco tiene acceso al plano donde operan las fuerzas sobrenaturales Y evidentemente la misma ceguera afecta a esos laquoamantes del honor y la bellezaraquo ante los cuales invita a hablar a Cafisias Un puacuteblico ilustre cuya presentacioacuten hace Arquedamo subrayando su pertenencia a familias poliacuteticamente insignes51 Puacuteblico por tanto equiparable a esa eacutelite social a quien Plutarco dirige sus tratados de eacutetica praacutectica Los dos puacuteblicos el de Cafisias y el del Plutarco podriacutean identificarse con los heacuteroes que liberan la Cadmea Pero difiacutecilmente se identificariacutean con Epaminon‑das que en dos ocasiones rechaza tomar parte en la empresa52

En ambas el rechazo se justifica mediante un argumento ndashla negativa a derramar sangre de sus conciudadanos‑ que situacutea a Epaminondas a un nivel de exigencia eacutetica superior al de los conjurados53 Ahora bien la diferencia entre Epaminondas y los liberadores no radica en la eacutetica Pues al fin y al cabo ningu‑na ofensa eacutetica cabe reprochar a los protagonistas de la heroica liberacioacuten de la Cadmea Radica en el nivel Asiacute lo sugiere la discusioacuten sobre la pobreza Y asiacute lo vuelve a sentildealar el gran debate sobre el daimon de Soacutecrates que da tiacutetulo a al obra

Se debate sobre lo que Soacutecrates mismo llamaba su daimon el principio que lo guioacute a lo largo de su vida e iluminaba sus decisiones en materias inciertas e impenetrables para la inteligencia humana54 El daimon socraacutetico sugiere que Soacutecrates conociacutea de alguna manera los acontecimientos futuros algo que dos personajes del de genio acreditan55 En este sentido el debate versa sobre la adivi‑nacioacuten Las intervenciones de los diferentes personajes configuran tomadas en conjunto un extenso discurso filosoacutefico y religioso Plutarco no se alinea expresa‑mente con ninguna de las opiniones emitidas el tratamiento del tema presenta pues ese final abierto que es tan comuacuten en este autor Las cuestiones que se tocan son variadas pero todas parten de una cuestioacuten baacutesica La adivinacioacuten supone un conocimiento inalcanzable al menos en apariencia a la razoacuten humana Y el debate versa sobre coacutemo es posible acceder a ese nivel superior de inteligencia Miradas desde este punto de vista las opiniones formuladas por los distintos personajes pueden dividirse en dos grandes bloques De un lado Galaxidoro que

50 Brenk (1996) 4251 Gen Socr 575E‑F52 Gen Socr 576D‑E 594B‑C53 En la segunda ocasioacuten se antildeade un motivo maacutes conveniacutea que consumada la liberacioacuten

quedasen hombres a quienes nada pudiese reprocharse por no haber participado en la accioacuten Epaminondas se reserva este papel

54 Gen Socr 580C‑D55 Teoacutecrito (580D‑F) y Polimnis (581D‑E)

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inicia el debate propone una explicacioacuten maacutes proacutexima a los paraacutemetros raciona‑les56 en ella se ha querido ver una muestra de la llamada laquoadivinacioacuten teacutecnicaraquo (τεχνικὸς μαντική artificiosa divinatio)57 Del otro Simias Timarco y Teanor interpretan las premoniciones de Soacutecrates como un caso de comunicacioacuten direc‑ta entre el hombre y la divinidad defienden por tanto la llamada laquoadivinacioacuten naturalraquo (ἄτεχνος μαντική naturalis divinatio)58 Ya se ha dicho que Plutarco no se declara expresamente partidario de ninguna opcioacuten Pero su texto privilegia de manera indirecta los discursos de Simias Timarco y Teanor Asiacute lo sugiere un paacuterrafo del de genio que subraya el papel de Galaxidoro como mero introductor del problema59 Y asiacute lo recogen distintos estudios modernos Galaxidoro seriacutea el oponente racionalista casi siempre estoico habitual en los diaacutelogos religiosos de Plutarco su explicacioacuten se ve devaluada tanto por sus contradicciones internas como por la presencia de procedimientos textuales que rebajan su veracidad y en suma Galaxidoro y el resto de las intervenciones insertas en la seccioacuten dominada por eacutel tendriacutean como funcioacuten principal la de plantear el tema a debatir60

Las propuestas de Simias Timarco y Teanor son evidentemente distintas Actuacutea aquiacute quizaacutes el deseo de presentar el problema bajo luces diversas61 o quizaacutes el complejo planteamiento dramaacutetico que forma parte de las estrategias persuasivas de Plutarco62 Las tres sin embargo coinciden en una idea central la singularidad de aquellos hombres que como Soacutecrates pueden contactar con una realidad por encima del mundo material Para Simias el alma de la mayoriacutea de los hombres se halla embargada por el tumulto de las pasiones y la voraacutegine de las servidumbres vitales de manera que su entendimiento no puede captar las indica‑ciones de los seres superiores en el caso de Soacutecrates por el contrario su intelecto limpio y exento de pasiones (ὁ νοῦς καθαρὸς ὢν καὶ ἀπαθής) percibiacutea faacutecilmente las sentildeales enviadas por los seres divinos63 Seguacuten el mito de Timarco (expuesto por Simias) en el alma (ψυχή) conviven dos partes una inmersa en el cuerpo recibe el nombre mismo de ldquoalmardquo (ψυχή) la otra inaccesible a la corrupcioacuten se llama laquointelectoraquo (νοῦν) estaacute en el exterior del hombre y los entendidos le dan

56 Gen Socr 579F‑582C57 Corlu (1970) 49‑50 Doumlring (1984) 376 Schroumlder (2010) 161 58 Para la distincioacuten entre ambos tipos de maacutentica veacutease Cic div 111ndash12 134 172

1109ndash131 (con el comentario de Wardle (2006))59 Gen Socr 588A ζητήσεως οὐκ ἀγεννοῦς ἀλλ ἧς ὀλίγον ἔμπροσθεν οἱ περὶ Γαλαξίδωρον

καὶ Φειδόλαον ἥψαντο διαποροῦντες τίνος οὐσίας καὶ δυνάμεως εἴη τὸ Σωκράτους λεγόμενον δαιμόνιον

60 Corlu (1970) 19‑20 y 51‑52 Hani (1980) 53 Doumlring (1984) 376‑377 Schroumlder (2010) 161‑162 Donini (2011) 415‑416

61 Sobre el reparto de papeles filosoacuteficos que aquiacute parece efectuar Plutarco veacutease Donini (2011) 412‑419 (2011 [2004]) 442‑443

62 Veacutease Van Hoof (2010) 67‑68 a propoacutesito de determinados laquotratados de eacutetica praacutecticaraquo63 Gen Socr 588D‑E

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el nombre de daimon64 La parte irracional e inmersa en el cuerpo se halla sujeta a la racional e incorruptible Si la sujecioacuten es deacutebil el alma se dejaraacute doblegar por las pasiones soacutelo cuando se fortalece gracias a la educacioacuten aparece el alma capaz de percibir con prontitud las indicaciones de su daimon Algunos hombres sin embargo estaacuten especialmente dotados de suerte que en ellos predomina de forma innata la obediencia a la razoacuten y a su daimon A ellos estaacute reservada la capacidad de percibir la llamada divina65 Teanor afirma que las almas libres de lazos con el cuerpo se convierten en daacuteimones Tales daacuteimones guiacutean los asuntos del hombre Pero no todos los hombres reciben su atencioacuten pues se desentienden de cuantos estaacuten inmersos en los avatares del acontecer soacutelo aquellos que tras mil esfuerzos ascienden a una esfera elevada son recompensados con la ayuda del daimon66

Las tres intervenciones explican las dotes excepcionales de Soacutecrates mediante la existencia de hombres excepcionales Y en las tres esa excepcionalidad requiere una especial disposicioacuten del alma La liberacioacuten de las pasiones y el alejamiento del traacutefago iacutensito en el mundo humano se presentan como condicioacuten necesaria para que haya un Soacutecrates Paradigma del filoacutesofo Soacutecrates es tambieacuten el modelo de Epaminondas El discurso sobre la pobreza al mostrar coacutemo Epaminondas limpia su alma de pasiones e impulsos procedentes del mundo exterior acredita su condicioacuten de filoacutesofo Asiacute se reconoce cuando termina dicho discurso por boca de Simias67

laquoGran hombre grande es Epaminondas y responsable de ello es el aquiacute pre‑sente Polimnis que ha criado a sus hijos desde temprano en la mejor filosofiacutearaquo

Epaminondas tambieacuten es consecuente con su condicioacuten de filoacutesofo cuando rehuacutesa someter su alma al torbellino del acontecer humano y las pasiones aso‑ciadas esto es cuando se niega a participar en la conjura El filoacutesofo parece ser la conclusioacuten no debe participar al menos de manera directa en el torbellino de la vida poliacutetica

El Epaminondas del de genio es una creacioacuten histoacutericamente discutible68 Ciertamente su no participacioacuten en la liberacioacuten de la Cadmea y su formacioacuten filosoacutefica estaacuten suficientemente documentadas Pero Epaminondas es conocido ante todo por su dimensioacuten poliacutetica que aquiacute relega Plutarco para subrayar su

64 Gen Socr 591E65 Gen Socr 592A‑E66 Gen Socr 593D‑594A67 Gen Socr 585D68 Ya Von Stern (1884) 55‑57 sentildealoacute las debilidades del relato que ofrece Plutarco en el

de genio Los estudios posteriores (veacutease por ejemplo Corlu [1970] 19‑20 Barigazzi [1988] 414‑424Georgiadou [1996]) han insistido en el Epaminondas del de genio presenta una factura obediente sobre todo a razones compositivas y de disentildeo

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calidad de filoacutesofo Asiacute construida la figura de Epaminondas traslada un mensaje ndashla no implicacioacuten directa del filoacutesofo en las luchas poliacuteticas‑ que puede tener calado teoacuterico pero tambieacuten sirve a Plutarco para trasladar su posicionamiento ante cuestiones concernientes a su propia persona y al horizonte cultural de su eacutepoca Comparado a otros contemporaacuteneos que por condicioacuten social e incluso actividad literaria estaban a su mismo nivel Plutarco no protagonizoacute una carrera poliacutetica particularmente brillante69 Asumioacute en cambio el papel de consejero y guiacutea de la eacutelite La autoridad necesaria para ello se la confiere la filosofiacutea Pues Plutarco se presenta a siacute mismo como filoacutesofo La exaltacioacuten de Epaminondas es una exaltacioacuten de su propia identidad como filoacutesofo y mentor Epaminondas se mueve a una altura la de la filosofiacutea superior a la de sus afines y compantildeeros los conjurados Esta altura le prohiacutebe descender al plano de la accioacuten directa descenso que contaminariacutea su alma con pulsiones sobrevenidas pero tambieacuten le permite acceder a una realidad inalcanzable para sus compantildeeros Epaminondas eleva asiacute la posicioacuten del filoacutesofo y justifica incluso hace ineludible su alejamiento de la lucha poliacutetica Gracias a ello lo que podriacutea ser una debilidad del propio Plutarco la falta de una carrera puacuteblica brillante se transforma en una eleccioacuten deliberada y necesaria

Tal mensaje adquiere maacutes fuerza si se lo contempla sobre el transfondo cultural de la eacutepoca El auge de las composiciones de exitu illustrium virorum corre en paralelo a la admiracioacuten hacia el filoacutesofo que se enfrenta al poder y sufre castigo por ello Ya se ha dicho que el fenoacutemeno acreditado en diversas fuentes contemporaacuteneas a Plutarco fue propiciado particularmente por el final del rei‑nado de Diocleciano y que el modelo uacuteltimo del filoacutesofo‑maacutertir es Soacutecrates En este contexto adquiere un significado especial la exaltacioacuten del ldquoSoacutecrates tebanordquo Epaminondas Epaminondas se aleja del conflicto puacuteblico para cuidar su alma se distingue por su silencio y pese a ello constituye el ldquocentro ausenterdquo del de genio una composicioacuten articulada en torno a un conflicto civil la liberacioacuten de la Cadmea No resulta inverosiacutemil ver en todos estos datos una respuesta de Plu‑tarco ante el fenoacutemeno del ldquofiloacutesofo‑maacutertir poliacuteticordquo y la admiracioacuten aglutinada en torno a esa figura Respuesta que reivindica rotundamente el papel asumido por el propio Plutarco de filoacutesofo mentor del poliacutetico pero fuera eacutel mismo del traacutefago de la poliacutetica

69 Veacuteanse las observaciones y referencias que ofrece al respecto Van Hoof (2010) 66‑67

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A Esparta de Plutarco entre a guerra e as artes

de um seguidor das leis de Licurgo Nesse sentido Plutarco diz que o dinheiro e o ouro deveriam ser mandados embora de Esparta porque eles eram flagelos importados que despertavam a cobiccedila e promoviam a degeneraccedilatildeo dos costumes (c 17) Desse ponto de vista Lisandro prejudicou Esparta justamente porque promoveu seu enriquecimento e contribuiu para a dissoluccedilatildeo da frugalidade e da simplicidade que caracterizavam o cotidiano dos lacocircnios antes das vitoacuterias espartanas na Guerra do Peloponeso6

Na Vida de Agesilau Plutarco nos conta que o biografado foi o segundo filho de Arquidamo (o primeiro tinha sido Aacutegis) e que por isso ele natildeo seria o herdeiro direto do trono de Esparta De qualquer modo Agesilau foi educado de acordo com a agoge lacedemocircnia e nosso autor faz questatildeo de frisar que em decorrecircncia disso o liacuteder espartano sempre respeitou e praticou as leis de sua cidade (c 1) Mesmo apresentando uma pequena diferenccedila de tamanho de uma perna para a outra ele tinha outras qualidades espartanas como a honestidade a mansidatildeo e a beleza fiacutesica (c 2) Sua formaccedilatildeo foi tatildeo bem sucedida que diferente de Alexandre o grande e de Haniacutebal Agesilau foi um general que conquistou importantes vitoacuterias e mesmo assim nunca deixou de obedecer agraves leis espartanas (c 15) Mesmo depois de tornar‑se um lendaacuterio vencedor ele voltou a Esparta e continuou o mesmo homem de antes sem apresentar nenhuma novidade no seu comportamento diferente de outros estrategos quando voltavam de longas expediccedilotildees a terras estrangeiras (c 19)

Plutarco nos conta que Lisandro ndashque dizem ter sido amante de Agesilau na juventude (c 2)ndash pretendia introduzir muitas inovaccedilotildees e mudanccedilas no governo da Lacocircnia (c 20) Embora outros liacutederes de Esparta como Antaacutelcidas tenham feito acordos com os Persas e tenham abandonado laquocovarde e maldosamenteraquo os gregos da Aacutesia sob o domiacutenio dos baacuterbaros como nos diz Plutarco (c 23) Agesilau sempre foi um defensor da justiccedila Entre os capiacutetulos 29 e 30 da Vida de Agesilau nosso autor nos conta que os espartanos que perderam parentes na bata‑lha de Leuctra (em 371 a C) se alegraram e os que natildeo perderam ficaram tristes De certa forma eles responsabilizaram Agesilau pela derrota e lamentaram ter aceito um rei coxo Contudo Agesilau tinha boa reputaccedilatildeo e era muito virtuoso Prova disso eacute que sem promover nenhuma inovaccedilatildeo ele disse que era preciso fazer as leis dormirem para que retomassem a autoridade que tiveram no passado

Entretanto Plutarco natildeo faz apenas elogios a Agesilau Cartledge (1987 418) observa que ele faz criacuteticas a Agesilau por causa de sua ingratidatildeo em relaccedilatildeo a Lisandro (c 8) e condena seu comportamento porque ele teria hon‑rado mais os amigos do que a justiccedila (c 13 ver tambeacutem Moralia 807d) Aleacutem disso Plutarco via uma relaccedilatildeo direta entre a decadecircncia de Esparta e a ascenccedilatildeo

6 Sobre isso ver Duff (2002) 161‑204 e a introduccedilatildeo de Flaceliegravere e Chambry em Plutarque (1971) 158‑173

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Roosevelt Rocha

ilegiacutetima de Agesilau ao trono (c 21) Poreacutem no geral nosso autor eacute tatildeo favoraacutevel e simpaacutetico a Agesilau quanto Xenofonte que tambeacutem escreveu uma biografia do rei espartano a qual certamente serviu de base para a Vida composta pelo poliacutemata de Queroneia Segundo Cartledge (1987 418) para Plutarco Agesilau foi a encarnaccedilatildeo das virtudes peculiarmente espartanas simplicidade piedade e autocontrole7

Depois na Vida de Aacutegis e na Vida de Cleocircmenes Plutarco narra os uacuteltimos momentos da histoacuteria da Esparta independente ou seja o ponto mais baixo da decadecircncia daquela cidade Os reis Aacutegis e Cleocircmenes que reinaram no seacuteculo III a C tentaram restaurar os antigos valores dos tempos de Licurgo Eles tinham os dons naturais para levar essa tarefa a cabo Aacutegis tinha grandeza de alma e se insurgia contra os prazeres desde antes dos vinte anos (c 4) natildeo gostava de rou‑pas luxuosas e baniu toda suntuosidade para aderir aos antigos haacutebitos lacocircnios caracterizados pela simplicidade de vida Mas seu exemplo e sua energia natildeo foram suficientes para restaurar os costumes tradicionais e ele foi assassinado ainda muito jovem (cc 19‑21) Aquela Esparta incorrupta e valorosa dos tempos de Licurgo dava seus uacuteltimos suspiros

Cleocircmenes natildeo era parente de Aacutegis mas foi obrigado a se casar com a vi‑uacuteva do rei assassinado ou seja Agiaacutetis Segundo Plutarco (c 1) Cleocircmenes era ambicioso e tinha grandeza de alma Era temperante e simples como Aacutegis Ele tambeacutem quiz restaurar os antigos costumes espartanos (c 11) Primeiro depois de longa disputa poliacutetica abriu matildeo de seus bens Depois distribuiu as terras entre os cidadatildeos Restabeleceu a educaccedilatildeo dos jovens e a disciplina espartana Ele proacuteprio levou uma vida simples e frugal para dar o exemplo aos outros la‑cedemocircnios sem insolecircncia nem orgulho excessivo ou seja como um modelo de temperanccedila (c 13) Mesmo quando perdeu sua esposa Agiaacutetis por quem se enamorara verdadeiramente Cleocircmenes manteve a firmeza e seu caraacuteter elevado e tomou as providecircncias necessaacuterias para garantir a seguranccedila de seus soldados e aliados (c 22) Depois de reinar por dezesseis anos Cleocircmenes morreu (cc 37‑38) e assim terminou a histoacuteria de Esparta como cidade politicamente autocircnoma

Ateacute aqui vimos que podemos encontrar nas Vidas dos liacutederes espartanos escritas por Plutarco aquela imagem caracterizada por um conjunto de valores que parecem ter ganhado forccedila numa eacutepoca lendaacuteria e foram se enfraquecendo conforme o tempo foi passando e Esparta foi estendendo seu poder para fora da Lacedemocircnia Nesse quadro vemos uma cidade altamente militarizada de guerreiros corajosos disciplinados e afeitos a uma vida sem luxos e sem confortos Isso poderia indicar que os espartanos eram um povo rude pouco sofisticado e fechado para as artes

7 Cf tambeacutem a introduccedilatildeo de Flaceliegravere e Chambry em Plutarque (1973) 85‑88 e Shipley (1998) 1‑46

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A Esparta de Plutarco entre a guerra e as artes

Poreacutem vaacuterias fontes arqueoloacutegicas vasculares e mesmo literaacuterias nos mostram o contraacuterio Apesar de Tuciacutedides (1102) ter dito que os edifiacutecios em Esparta eram modestos e natildeo correspondiam ao tamanho do poder militar e poliacutetico da cidade dos lacedemocircnios em seu apogeu a avaliaccedilatildeo dos monumentos arquitetocircnicos espartanos precisa ser feita com cuidado Eacute preciso lembrar que Esparta natildeo foi destruiacuteda nas Guerras Meacutedicas como Atenas foi A capital da Aacutetica foi reconstruiacuteda e uma grande soma de dinheiro afluiu para ela por causa das contribuiccedilotildees dos aliados da Liga de Delos Isso natildeo aconteceu com a princi‑pal cidade da Lacocircnia Desse modo nela foram conservados edifiacutecios antigos do seacuteculo VI a C que apresentavam outro estilo de construccedilatildeo mais arcaizante do que claacutessico Dependendo do ponto de vista um estilo pode ser mais valorizado do que o outro

De qualquer modo Pausacircnias (3113) viajante do seacuteculo II d C que fez uma descriccedilatildeo de vaacuterias cidades da Greacutecia daquela eacutepoca nos informa que havia em Esparta vaacuterios monumentos que despertavam a admiraccedilatildeo daqueles que por ali passavam tal como o Poacutertico Persa construiacutedo inicialmente com o butim amealhado na guerra contra os persas Outros exemplos de edifiacutecios que nos uacuteltimos anos vecircm sendo estudados satildeo o templo de Apolo em Amiclas o templo de Aacutertemis Oacutertia e o Menelaion onde eram cultuados Menelau e Helena8

Cartledge (2002 111) nos informa que depois de 690 a C pintores de vasos da Lacocircnia sofreram influecircncia de artistas do Egeu e adotaram o chamado estilo lsquoorientalizantersquo o que mostra que na praacutetica Esparta natildeo estava isolada do resto do mundo helecircnico Ainda segundo Cartledge nessa eacutepoca artesatildeos lacocircnios que trabalhavam com bronze comeccedilaram a se interessar pela representaccedilatildeo de figuras humanas em suas obras e por volta de 650 a C comeccedilou a se desenvolver na regiatildeo de Esparta o uso do marfim para produccedilatildeo de objetos gravados Vemos entatildeo que o ambiente artiacutestico na Lacedemocircnia entre 775 e 650 a C natildeo era de modo algum esteacuteril ou sem importacircncia9

Como Burn (1960 275‑276) explica Esparta natildeo virou suas costas para a arte e a poesia Prova disso eacute que vasos com detalhes refinados foram fabricados ali e exportados para outras regiotildees da Heacutelade ateacute 550 a C mais ou menos Por volta de 600 a C Gitiadas poeta escultor e arquiteto projetou o Templo de Atena tambeacutem conhecido como Casa de Bronze por causa das placas feitas com esse metal para decorar o edifiacutecio E em 585 a C o segundo templo de Oacutertia foi construiacutedo Ou seja havia artesatildeos trabalhando em Esparta no periacuteodo arcaico que produziram obras dignas de admiraccedilatildeo10

8 Para mais informaccedilotildees sobre a arqueologia e a arquitetura espartanas ver Walker (1998) Kaltsas (2007) e Cavanagh (2009)

9 Sobre isso ver tambeacutem Burn (1960) 180‑184 e Stibbe (1996) passim10 Ver tambeacutem Burn (1960) 280‑282 e Cartledge (2002) 133‑136

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No que diz respeito agrave muacutesica Plutarco nos daacute significativos testemunhos da sua importacircncia em ambiente espartano tanto nas Vidas quanto nos Moralia Na Vida de Licurgo no c 4 por exemplo encontramos a informaccedilatildeo segundo a qual o legislador lendaacuterio teria convidado um poeta‑legislador de Creta para ir a Esparta com ele Esse poeta se chamava Tales Mas talvez tenha havido alguma confusatildeo na tradiccedilatildeo manuscrita e esse Tales poderia ser o Taletas de Gortina mencionado algumas vezes no livro Sobre a Muacutesica tambeacutem de Plutarco Ele teria sido o responsaacutevel por curar os espartanos de uma peste com o seu canto11 Aleacutem disso no mesmo c 4 nos eacute dito que Licurgo teria sido o responsaacutevel por levar os poemas de Homero da Jocircnia para sua cidade

Depois no c 21 da mesma Vida Plutarco nos diz que os lacedemocircnios apreciavam se dedicar agrave poesia meacutelica porque as canccedilotildees estimulavam seus espiacuteritos e lhes davam coragem para enfrentar os inimigos nas batalhas Seu estilo era simples e seus temas eram seacuterios com o objetivo de promover uma boa formaccedilatildeo dos caraacuteteres Nelas eram louvados os heroacuteis de Esparta e condenados os covardes que natildeo lutaram ateacute o fim para defender sua cidade Nos festivais eram organizados trecircs coros de acordo com as idades um de velhos outro de adultos e outro de jovens Cada um cantava sobre a sua bravura uns falavam dos seus feitos no passado os outros tratavam das suas accedilotildees no presente e os uacuteltimos cantavam sobre o seu desejo de realizar grandes proezas no futuro Esses seriam os temas baacutesicos das canccedilotildees em Esparta e por isso segundo Plutarco Terpandro e Piacutendaro estavam corretos ao associar bravura e muacutesica e ao mostrar que os espartanos eram o povo mais aguerrido e mais musical

Por isso natildeo era por acaso que os jovens cantavam o nomo de Caacutestor e o peatilde da marcha (c 22) e em todo lugar havia danccedilas festas e banquetes quando natildeo havia expediccedilotildees militares (c 24) Contudo o gosto pela boa muacutesica e pela boa poesia natildeo era caracteriacutestico de todos os habitantes da Lacocircnia tendo em vista que os hilotas danccedilavam e cantavam canccedilotildees vulgares e grotescas diferentes das composiccedilotildees de Aacutelcman Terpandro e Especircndon (c 28) Isso na verdade estava associado ao fato de eles serem escravos e por isso era compreensiacutevel que eles apreciassem canccedilotildees vis como eles proacuteprios

Na Vida de Lisandro encontramos algumas informaccedilotildees que reforccedilam a impressatildeo de que os espartanos tinham sim grande sensibilidade para a muacutesica No c 15 ficamos sabendo que os lacocircnios depois de conquistar Atenas em 404 a C queriam destruir aquela cidade mas apoacutes ouvir um coro da Electra de Euriacutepides desistiram Em seguida no c 18 Plutarco nos conta que Lisandro estava sempre acompanhado do poeta Queacuterilo encarregado de celebrar os feitos do general E outros poetas tambeacutem celebraram Lisandro segundo nosso autor

11 Ver Plu Mus 42 (1146B‑C) e Gostoli (1990) 12‑13 e

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Na Vida de Agesilau c 14 lemos que os espartanos apreciavam uma parte da poesia de Timoacuteteo de Mileto poeta que teria tido algumas cordas de sua ciacutetara cortadas quando de uma sua visita a Esparta porque os eacuteforos julgavam que natildeo seriam necessaacuterias mais do que sete cordas e o instrumento do poeta tinha onze12 Essa anedota indica que os lacocircnios natildeo apreciavam inovaccedilotildees Poreacutem a informaccedilatildeo do c 14 da Vida de Agesilau mostra que eles poderiam aceitar pelo menos uma parte da obra de um poeta inovador desde que essa parte se adequas‑se ao gosto e agraves tradiccedilotildees do local Tambeacutem nessa mesma Vida c 21 Plutarco nos diz que o rei Agesilau apreciava os cantos e as danccedilas mesmo natildeo sendo um lsquoespecialistarsquo nas artes

Por fim na Vida de Aacutegis c 10 encontramos um elogio a Terpandro a Ta‑les (Taletas) e a Fereacutecides porque mesmo sendo estrangeiros professavam o que Licurgo instituiu e por isso foram muito honrados em Esparta Na Vida de Cleocircmenes c 2 somos informados que o rei Leocircnidas elogiou Tirteu algo facilmente compreensiacutevel tendo em vista o caraacuteter estimulante e guerreiro das elegias daquele poeta Aleacutem disso nessa mesma Vida citada por uacuteltimo c 12 Plutarco nos conta que Cleocircmenes certa vez teria encontrado alguns artistas de Dioniso muacutesicos e atores profissionais que iam de cidade em cidade para se apresentar e construiu um teatro Isso mostra que esse rei estimulou de alguma maneira as atividades artiacutesticas mesmo que ele natildeo tivesse o costume de levar artistas com seu exeacutercito de acordo com Plutarco e nem apreciasse apresentaccedilotildees musicais nos seus banquetes (c 13)

Tudo isso mostra que Esparta era uma cidade onde a muacutesica tinha um papel importe na educaccedilatildeo e na guerra e que os lacocircnios natildeo eram um povo obtuso e indiferente ao poder das melodias De acordo com Plutarco tendo em vista agora algumas passagens dos Moralia os espartanos passavam por treinamento rigoroso no que diz respeito agrave muacutesica e agrave poesia e suas canccedilotildees estimulavam os espiacuteritos e faziam com que os homens se sentissem entusiasmados e se esfor‑ccedilassem para ser bem sucedidos Em vaacuterias passagens das suas Obras Morais ele elogia o estilo da muacutesica deles porque ela era simples e natildeo afetada e seus temas eram seacuterios e edificantes Se algueacutem estudasse a poesia e as canccedilotildees de marcha de Esparta acompanhadas pelo aulo essa pessoa concordaria que Terpandro e Piacutendaro estavam certos ao associar valor (andreia) e muacutesica Como vimos acima nos trechos citados das Vidas Plutarco tambeacutem diz que os Espartanos eram o povo ao mesmo tempo mais musical (mousikotatous) e o mais afeito agrave guerra (polemikotatous)13

No livro sobre os Antigos Costumes dos Espartanos Plutarco tambeacutem elogia os ritmos das canccedilotildees de marcha (embaterioi rhythmoi) porque eles despertavam

12 Ver Plu Agis 1013 Cf Lyc 211‑4

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a coragem a audaacutecia e o desdeacutem pela morte requisitos indispensaacuteveis para o guerreiro valoroso Os espartanos usavam esses ritmos para danccedilar mas tambeacutem quando avanccedilavam contra os inimigos ao som do aulo Plutarco lembra que Li‑curgo associava o amor pela muacutesica agrave praacutetica militar para que o espiacuterito guerreiro combinado com a melodia tivesse concordacircncia e harmonia (symphonia kai har‑monia) Por isso em tempos de guerra os reis espartanos ofereciam sacrifiacutecios agraves Musas antes de ir para a batalha como Plutarco nos conta nos Instituta Laconica 16 (238B‑C)

E para manter a pureza da sua muacutesica e dos seus costumes os espartanos agraves vezes recorriam a atos violentos Como Plutarco reporta nos Instituta Laconica 17 (238C‑D) eles natildeo permitiriam que ningueacutem desrespeitasse de modo algum as regras da muacutesica do passado Nem mesmo Terpandro um dos mais antigos e melhores citaredos (aqueles que cantavam acompanhados da ciacutetara ou da lira) teria a permissatildeo para acrescentar uma corda extra ao seu instrumento para que suas melodias fossem mais variadas Ele tentou fazer isso mas os eacuteforos pregaram sua lira numa parede por causa do seu ato iacutempio contraacuterio agrave tradiccedilatildeo Em outra ocasiatildeo um dos eacuteforos teria procedido com mais violecircncia quando Timoacuteteo o famoso muacutesico inovador que floresceu na segunda metade do seacuteculo V a C estava competindo no festival das Carneias ele pegou uma faca e perguntou ao muacutesico de que lado ele deveria cortar as cordas supeacuterfluas cujo nuacutemero ultra‑passava o tradicional de sete cordas Outras variantes dessa histoacuteria satildeo contadas por Plutarco em outros textos mas nessas outras passagens Friacutenis outro muacutesico inovador da segunda metade do seacuteculo V a C eacute o protagonista14

Mas para aleacutem da sua importacircncia na educaccedilatildeo e nos contextos de bata‑lha a muacutesica tinha grande significado tambeacutem nas momentos das celebraccedilotildees religiosas Dentre as festividades religiosas realizadas na Lacedemocircnia uma das mais importantes era a das Carneias realizada em Esparta e intimamente ligada agrave histoacuteria de Terpandro As origens desse festival eram muito antigas anteriores ao seacuteculo VIII a C tendo em vista que no seacuteculo VII os colonizadores espartanos da cidade italiana de Tarento jaacute tinham o costume de celebraacute‑la15 As Carneias eram dedicadas ao deus Apolo Carneu Em Esparta havia concursos musicais e atleacuteti‑cos uma corrida de jovens e um banquete ritual que contava com a participaccedilatildeo dos homens adultos que representavam as fratrias O festival era organizado por cidadatildeos solteiros e era o momento adequado para que os jovens que jaacute haviam completado seu periacuteodo de formaccedilatildeo ingressassem na vida adulta16

O que nos interessa aqui eacute o papel que a muacutesica desempenhava no contexto dessas festividades Um elemento importante nesses momentos de comemoraccedilatildeo

14 Cf Prof virt 84A Apophth Lac 220C e Agis 107 jaacute citada na nota 9 Cf Rocha (2008) 654‑655

15 Brelich (1969) 181‑18216 Brelich (1969) 149‑150

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eram os concursos A realizaccedilatildeo de concursos musicais no acircmbito do festival das Carneias natildeo teria acontecido desde o iniacutecio A introduccedilatildeo de agones provavel‑mente ocorreu quando Terpandro migrou de Metimna (Lesbos) para Esparta na primeira metade do seacuteculo VII a C Nesse contexto eacute importante considerar o testemunho de Helacircnico17 segundo o qual Terpandro teria sido o primeiro a vencer o concurso musical nas Carneias Esse fato parece estar diretamente relacionado agrave fundaccedilatildeo da primeira escola musical (katastasis) em Esparta por obra do mesmo Terpandro Segundo Brelich (1969 186‑191) eacute muito provaacutevel que a introduccedilatildeo do concurso musical nas Carneias tenha sido influenciada pela proacutepria katastasis18 Essa hipoacutetese ganha forccedila se consideramos o capiacutetulo 9 do tratado Sobre a Muacutesica como um todo Ali Plutarco fala da primeira katastasis fundada por Terpandro e menciona tambeacutem a segunda katastasis liderada por Taletas de Gortina Xenoacutedamo de Citera Xenoacutecrito de Locres Polimnesto de Coacutelofon e Saacutecadas de Argos muacutesicos que teriam instituiacutedo as Gimnopeacutedias em Esparta as Apodeixeis na Arcaacutedia e as Endimaacutetias em Argos Jaacute que os membros da segunda escola musical foram fundadores de festivais19 em diferentes cidades do Peloponeso Terpandro tambeacutem pode ter desempenhado o mesmo papel no contexto das Carneias

No que diz respeito agraves Gimnopeacutedias contudo encontramos uma situaccedilatildeo diferente Possuiacutemos uma grande variedade de informaccedilotildees sobre esse festival que inclusive muitas vezes satildeo contraditoacuterias Mas tratando apenas daquilo que nos interessa aqui sabemos que no periacuteodo das festividades aconteciam apresentaccedilotildees de coros de adolescentes e adultos instituiacutedos em honra a Apolo que cantavam hinos compostos por poetas como Taletas Aacutelcman e Dionisodoto Depois da batalha de Tireia em 544 aC na qual Esparta lutou contra Argos pela posse da Tireaacutetida tornou‑se costumeiro cantar um peatilde em honra dos soldados que morreram naquela ocasiatildeo Por causa desse elemento ritual e da comparaccedilatildeo com as Apodeixeis e as Endimaacutetias as Gimnopeacutedias foram consideradas festas que indicavam o momento no qual os jovens receacutem‑iniciados eram integrados agrave vida militar20

Tendo tudo isso em vista podemos concluir que eacute preciso colocar a miragem espartana em perspectiva Esparta natildeo era tatildeo lsquoespartanarsquo assim e natildeo foi sempre lsquoespartanarsquo Havia espaccedilo naquela cidade para o cultivo das artes tais como a arquitetura a escultura a pintura vascular a muacutesica (que incluiacutea a poesia) e a danccedila Nela floresceram poetas como Aacutelcman Terpandro e Tirteu Nela surgiram escolas poeacuteticomusicais Nela viveram poetas estrangeiros tais como Taletas de

17 FGrHist 4 F 85 = Ateneu 635e = Terpander Test 1 Gostoli18 Cf tambeacutem Gostoli (1990) 84‑8519 Mais do que fundadores de festivais eacute mais verossiacutemil pensar que esses autores foram os

responsaacuteveis pela introduccedilatildeo dos concursos musicais como parte das celebraccedilotildees 20 Cf Gostoli (1990) 85‑86

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Gortina (Creta) e Saacutecadas de Argos E sendo assim houve um ambiente feacutertil e favoraacutevel para o desenvolvimento e o cultivo de atividades artiacutesticas Os esparta‑nos foram sim grandes guerreiros que contribuiacuteram decisivamente para a vitoacuteria dos helenos sobre os persas Eles cultivaram sim suas habilidades guerreiras a ponto de derrotar os atenienses na Guerra do Peloponeso Poreacutem Esparta natildeo foi somente uma comunidade de soldados que dedicavam suas vidas somente agrave guerra Esparta foi tambeacutem uma cidade onde as pessoas cantavam danccedilavam e apreciavam a beleza dos edifiacutecios e dos objetos do cotidiano Eacute preciso reconhecer isso e na obra de Plutarco jaacute encontramos essa imagem multifacetada dessa cul‑tura Basta direcionar os olhos para outras direccedilotildees

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Index nominum

Timoacuteteo 167‑168 178 183Timoacutexena 195Tindaacuteridas 63Tireaacutetida 169Tireia 169Tireacutesias 236Tirteu 167 169 221Titatildes 245Trajano 121Trezena 31 32‑35 38 Tricoacuterito 39Troia 81 124Tuciacutedides 122 160 181Ulisses 81 192Valeacuterio (vd Puacuteblio Valeacuterio)Vestais 58 204Viacutenio 200Xantipo 191 201Xenoacutecrito 169Xenoacutedamo 169Xenofonte 160 164Zaleuco 88Zeus 36 40‑41 220 226 243

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Index nominum

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(Paacutegina deixada propositadamente em branco)

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Notas biograacuteficas dos autores

Aacutelia Rodrigues eacute doutorada em Estudos Claacutessicos (Literatura Grega) e inves‑tigadora do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse satildeo a histoacuteria das ideias poliacuteticas desde os Gregos ateacute agrave modernidade histoacuteria legal e a recepccedilatildeo de temas claacutessicos na contemporaneidade

Ana Ferreira eacute Professora Auxiliar do Departamento de Estudos Portugueses e Ro‑macircnicos da Faculdade de Letras da Universidade do Porto e investigadora do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a histoacuteria antiga a literatura greco‑romana bem como a didaacutectica das liacutenguas claacutessicas

Delfim F Leatildeo eacute Professor Catedraacutetico da Instituto de Estudos Claacutessicos e investiga‑dor do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a histoacuteria antiga o direito e a teorizaccedilatildeo poliacutetica dos Gregos a pragmaacutetica teatral e a escrita romanesca antiga

Faacutebio Vergara Cerqueira eacute Professor Adjunto do Instituto de Ciecircncias Humanas da Universidade Federal de Pelotas pesquisador PQ‑2 do CNPq Professor Visitante na Universidade de Heidelberg Bolsista Fundaccedilatildeo Humboldt ldquoPesquisador Experienterdquo Principais aacutereas de interesse satildeo histoacuteria e arqueologia da Greacutecia antiga e sua recepccedilatildeo enfocando muacutesica iconografia ceramologia gecircnero memoacuteria social identidade e patrimocircnio cultural

Guillermina Gonzaacutelez Almenara es Profesor Contratado Doctor Tipo 1 vinculada con el Aacuterea de Filologiacutea Griega del Departamento de Filologiacutea Claacutesica Francesa Aacuterabe y Romaacutenica de la Universidad de La Laguna Sus principales liacuteneas de investi‑gacioacuten son la mujer y el aacutembito femenino en la Grecia antigua Historiografiacutea griega Historia y civilizacioacuten de la Grecia antigua

Ivana S Chialva es Doctora en Letras Investigadora Asistente del Conicet y Profesora de Griego y Literaturas griega y latina de la Facultad de Humanidades y Ciencias de la Universidad Nacional del Litoral (Santa Fe Argentina) Sus tra‑bajos sobre el mundo antiguo se focalizan en la relacioacuten entre primera y segunda sofiacutestica y en la influencia de este uacuteltimo fenoacutemeno en la prosa narrativa griega de eacutepoca imperial especialmente la retoacuterica la biografiacutea y la novela en sus diferentes formas

Jesuacutes-Mordf Nieto Ibaacutentildeez es Catedraacutetico de Filologiacutea Griega de la Universidad de Leoacuten Sus liacuteneas de investigacioacuten son la literatura judiacutea en lengua griega los primeros textos cristianos el Humanismo y la Tradicioacuten claacutesica Actualmente dirige un Proyecto de

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investigacioacuten sobre el Humanismo la Tradicioacuten claacutesica y patriacutestica y la exeacutegesis biacuteblica en los siglos XVI y XVII

Joaquim Pinheiro eacute Professor Auxiliar da Universidade da Madeira e investigador do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a biografia antiga a Segunda Sofiacutestica a retoacuterica claacutessica e o pensamento poliacutetico dos Gregos

Joseacute M Candau es Catedraacutetico de Filologiacutea Griega en la Universidad de Sevilla Sus principales aacutereas de investigacioacuten son la historiografiacutea griega y Plutarco

Loraine Oliveira eacute professora de Filosofia da Universidade de Brasiacutelia Publicou o livro Plotino escultor de mitos pela Imprensa da Universidade de CoimbraAnnablume em 2014 Vem se dedicando principalmente a estudar os mitos em Plotino Plutarco e Porfiacuterio assim como o vegetarianismo em Plutarco e Porfiacuterio

Maria Aparecida de Oliveira Silva eacute professora visitante do Programa de Poacutes‑Gradu‑accedilatildeo em Letras Claacutessicas da Universidade de Satildeo Paulo e Professora Pesquisadora do Programa de Poacutes‑Graduaccedilatildeo em Histoacuteria da Universidade Federal de Satildeo Paulo Liacuteder do Grupo CNPq LABHAN Laboratoacuterio de Histoacuteria Antiga da Universidade Federal do Amapaacute Pesquisadora do Grupo CNPq Linceu ‑ Visotildees da Antiguidade Claacutessica da Universidade Estadual Paulista Pesquisadora do Grupo Retoacuterica Texto y Comunicacioacuten da Universidad de Caacutediz Membro do Conselho Acadecircmico do Seminaacuterio de Histoacuteria e Filosofia das Religiotildees da Universidad Autoacutenoma de Ciudad Juaacuterez mdash Meacutexico Pesquisa e publica trabalhos sobre Esparta Plutarco e biografia antiga

M Teresa Fau Ramos es Profesora Titular del Departament de Filologia Grega de la Universitat de Barcelona y miembro del Grup de Recerca Graecia Capta que investiga la pervivencia de la identidad griega bajo el imperio romano Sus principales aacutereas de intereacutes cientiacutefico son la historia e instituciones de la Grecia claacutesica y post‑claacutesica la religioacuten helena (paganismo) y diversos aspectos del cristianismo primitivo

Pilar Goacutemez Cardoacute es profesora titular de Filologiacutea Griega en la Universidad de Barcelona donde imparte docencia e investiga desde 1981 Doctora en Filologiacutea Claacutesica desde 1987 con una tesis sobre la tradicioacuten yaacutembica y la faacutebula (La Vida drsquoIsop entre el iambe la faula i la novella) es autora de numerosos artiacuteculos y capiacutetulos de libros sobre la literatura griega de eacutepoca imperial romana en especial sobre Segunda Sofiacutestica y novela ha estudiado principalmente autores como Luciano en cuya edicioacuten y traduccioacuten al castellano para la coleccioacuten Alma Mater participa Plutarco Dioacuten de Prusa o Elio Ariacutestides Es miembro del grupo de investigacioacuten Graecia Capta de la Universidad de Barcelona

Roosevelt Rocha eacute Professor Adjunto do curso de Letras da Universidade Federal do Paranaacute (Brasil) e pesquisador ligado ao Programa de Poacutes‑Graduaccedilatildeo em Letras da

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mesma Universidade As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a poesia grega arcaica (elegia jambo e meacutelica) a muacutesica grega antiga e o estudo da performance da poesia grega dos periacuteodos arcaico e claacutessico

Vicente Ramoacuten es Profesor Tiular de Filologiacutea Griega de la Universidad de Zara‑goza Sus intereses cientiacuteficos pueden sintetizarse en las siguientes liacuteneas Plutarco de Queronea y la biografiacutea poliacutetica historiografiacutea griega retoacuterica y oratoria griegas tradicioacuten claacutesica teatro griego la irreligiosidad en la Atenas Claacutesica

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Nelson
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Volumes publicados na Colecccedilatildeo Humanitas Supplementum

1 Francisco de Oliveira Claacuteudia Teixeira e Paula Barata Dias Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 1 ndash Liacutenguas e Literaturas Greacutecia e Roma (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

2 Francisco de Oliveira Claacuteudia Teixeira e Paula Barata Dias Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 2 ndash Liacutenguas e Literaturas Idade Meacutedia Renascimento Recepccedilatildeo (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

3 Francisco de Oliveira Jorge de Oliveira e Manuel Patriacutecio Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 3 ndash Histoacuteria Arqueologia e Arte (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2010)

4 Maria Helena da Rocha Pereira Joseacute Ribeiro Ferreira e Francisco de Oliveira (Coords) Horaacutecio e a sua perenidade (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

5 Joseacute Luiacutes Lopes Brandatildeo Maacutescaras dos Ceacutesares Teatro e moralidade nas Vidas suetonianas (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

6 Joseacute Ribeiro Ferreira Delfim Leatildeo Manuel Troumlster and Paula Barata Dias (eds) Symposion and Philanthropia in Plutarch (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

7 Gabriele Cornelli (Org) Representaccedilotildees da Cidade Antiga Categorias histoacutericas e discursos filosoacuteficos (Coimbra Classica DigitaliaCECHGrupo Archai 2010)

8 Maria Cristina de Sousa Pimentel e Nuno Simotildees Rodrigues (Coords) Sociedade poder e cultura no tempo de Oviacutedio (Coimbra Classica DigitaliaCECHCECCH 2010)

9 Franccediloise Frazier et Delfim F Leatildeo (eds) Tychegrave et pronoia La marche du monde selon Plutarque (Coimbra Classica DigitaliaCECH Eacutecole Doctorale 395 ArScAn‑THEMAM 2010)

10 Juan Carlos Iglesias‑Zoido El legado de Tuciacutedides en la cultura occidental (Coimbra Classica DigitaliaCECH ARENGA 2011)

11 Gabriele Cornelli O pitagorismo como categoria historiograacutefica (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2011)

12 Frederico Lourenccedilo The Lyric Metres of Euripidean Drama (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2011)

13 Joseacute Augusto Ramos Maria Cristina de Sousa Pimentel Maria do Ceacuteu Fialho Nuno Simotildees Rodrigues (coords) Paulo de Tarso Grego e Romano Judeu e Cristatildeo (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

14 Carmen Soares amp Paula Barata Dias (coords) Contributos para a histoacuteria da alimentaccedilatildeo na antiguidade (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

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15 Carlos A Martins de Jesus Claudio Castro Filho amp Joseacute Ribeiro Ferreira (coords) Hipoacutelito e Fedra ‑ nos caminhos de um mito (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

16 Joseacute Ribeiro Ferreira Delfim F Leatildeo amp Carlos A Martins de Jesus (eds) Nomos Kosmos amp Dike in Plutarch (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

17 Joseacute Augusto Ramos amp Nuno Simotildees Rodrigues (coords) Mnemosyne kai Sophia (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

18 Ana Maria Guedes Ferreira O homem de Estado ateniense em Plutarco o caso dos Alcmeoacutenidas (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

19 Aurora Loacutepez Andreacutes Pocintildea amp Maria de Faacutetima Silva De ayer a hoy influencias claacutesicas en la literatura (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

20 Cristina Pimentel Joseacute Luiacutes Brandatildeo amp Paolo Fedeli (coords) O poeta e a cidade no mundo romano (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

21 Francisco de Oliveira Joseacute Luiacutes Brandatildeo Vasco Gil Mantas amp Rosa Sanz Serrano (coords) A queda de Roma e o alvorecer da Europa (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

22 Luiacutesa de Nazareacute Ferreira Mobilidade poeacutetica na Greacutecia antiga uma leitura da obra de Simoacutenides (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica DigitaliaCECH 2013)

23 Faacutebio Cerqueira Ana Teresa Gonccedilalves Edalaura Medeiros amp JoseacuteLuiacutes Brandatildeo Saberes e poderes no mundo antigo Vol I ndash Dos saberes (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia2013) 282 p

24 Faacutebio Cerqueira Ana Teresa Gonccedilalves Edalaura Medeiros amp Delfim Leatildeo Saberes e poderes no mundo antigo Vol II ndash Dos poderes (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013) 336 p

25 Joaquim J S Pinheiro Tempo e espaccedilo da paideia nas Vidas de Plutarco (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013) 458 p

26 Delfim Leatildeo Gabriele Cornelli amp Miriam C Peixoto (coords) Dos Homens e suas Ideias Estudos sobre as Vidas de Dioacutegenes Laeacutercio (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013)

27 Italo Pantani Margarida Miranda amp Henrique Manso (coords) Aires Barbosa na Cosmoacutepolis Renascentista (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2013)

28 Francisco de Oliveira Maria de Faacutetima Silva Tereza Virgiacutenia Ribeiro Barbosa (coords) Violecircncia e transgressatildeo uma trajetoacuteria da Humanidade (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

29 Priscilla Gontijo Leite Eacutetica e retoacuterica forense asebeia e hybris na caracterizaccedilatildeo dos adversaacuterios em Demoacutestenes (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

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30 Andreacute Carneiro Lugares tempos e pessoas Povoamento rural romano no Alto Alentejo ‑ Volume I (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2014)

31 Andreacute Carneiro Lugares tempos e pessoas Povoamento rural romano no Alto Alentejo ‑ Volume II (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2014)

32 Pilar Goacutemez Cardoacute Delfim F Leatildeo Maria Aparecida de Oliveira Silva (coords) Plutarco entre mundos visotildees de Esparta Atenas e Roma (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

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Resumo da obra

A vasta e variada obra de Plutarco permite sempre uma abordagem a partir de distintas

perspetivas com diferentes intenccedilotildees e propoacutesitos variados No entanto eacute importante

identificar tambeacutem fios comuns nessa abordagem porque permitem demonstrar tanto a

niacutevel formal como de conteuacutedo que haacute muitos elementos comuns que permeiam o trabalho

de Plutarco

Os treze contributos para este volume tecircm como elo comum o nome de trecircs cidades

Esparta Atenas e Roma Elas representam espaccedilos poliacuteticos e institucionais diversos dada

a sua extensatildeo geograacutefica e cronoloacutegica mas simbolizam igualmente diferentes modelos

de organizaccedilatildeo social atraveacutes dos quais a Greacutecia pode ser contrastada com Roma ou Atenas

comparada com Esparta mdash ainda que o seu verdadeiro interesse na obra de Plutarco seja

que representam sempre locais paradigmaacuteticos onde vivem e convivem pessoas Por

isso os estudiosos de Plutarco que contribuiacuteram para este volume procuram analisar em

cada uma dessas cidades seja por assimilaccedilatildeo ou por contraste a forma como o autor de

Queroneia aborda a ligaccedilatildeo entre indiviacuteduo e comunidade a partir do exerciacutecio do poder

e da experiecircncia religiosa qual o papel da educaccedilatildeo e do domiacutenio privado na projeccedilatildeo

puacuteblica dos protagonistas retratados por Plutarco ou ateacute que ponto a imagem dos primeiros

legisladores e fundadores miacuteticos foi condicionada pela evoluccedilatildeo histoacuterica destas mesmas

cidades

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Un mentor limpio de pasiones El filoacutesofo y la actuacioacuten poliacutetica seguacuten el De genio Socratis

ldquoUn singular trastorno habiacutea hecho presa en nuestro aacutenimo Llenos poco antes de desazoacuten al ver nuestra empresa frustrada la presioacuten de las circunstancias y la urgencia que no consentiacutean tregua nos sumiacutea de nuevo en ansiedad y temor44rdquo

Con estas palabras describe Plutarco el estado de aacutenimo de los conjurados a raiacutez del episodio expuesto tras la discusioacuten sobre la pobreza Un estado de aacutenimo que no puede permitirse Epaminondas atento a la contencioacuten de las pasiones y la serenidad de su mente pero que es el propio de quienes participan en el complot revolucionario

El de genio se mueve seguacuten han observado diversos estudios modernos en dos planos el humano y el de los deacutemones el de la contemplacioacuten filosoacutefica y la praacutectica poliacutetica el mortal y el sobrenatural el de los que conocen y el de los que ignoran45 Y en correspondencia sus personajes se ubican en dos niveles Los unos estaacuten instalados en el mundo de la accioacuten y la peripecia son Cafisias el narrador y con eacutel todos los conjurados Otros se ubican en un plano superior el de la filosofiacutea y el contacto con las realidades transcendentes Epaminondas es la muestra maacutes clara pero el ejemplo uacuteltimo es Soacutecrates La incertidumbre el azar y el conflicto parecen preponderantes en el mundo de la accioacuten Asiacute lo indica el ruego que Arquedamo dirige a Cafisias al inicio de la obra la lucha de la virtud y la razoacuten contra las contingencias atrae por lo accidentado de su desarrollo la precariedad impliacutecita en la actuacioacuten humana y la peripecia que ello desencadena es precisamente lo que hace del acontecer histoacuterico un espectaacuteculo digno de intereacutes para el amante del honor y la belleza46 Ahora bien la manera de ver las cosas de Arquedamo se queda en la superficie de los hechos Ciertamente el relato concerniente a la liberacioacuten de la Cadmea se urde a partir de iniciativas y motivaciones humanas sin que el autor del relato Cafisias reclame expresamente la intervencioacuten divina Pero en el de genio la atmoacutesfera estaacute impregnada de un aura sobrenatural A ello contribuyen tanto las alusiones indirectas47 como la acumu‑lacioacuten de episodios y contenidos relacionados con la divinidad y el maacutes allaacute En muchas de sus obras consigna Plutarco su creencia de que el curso de la historia obedece al disentildeo de una fuerza transcendente48 El relato de la liberacioacuten de la Cadmea confirma dicha idea Pues el lector no puede eludir el pensamiento insi‑nuado por diversos procedimientos aunque no explicitado de que la ayuda divina respalda la actuacioacuten de los conjurados49 Ocurre sin embargo que ni Cafisias ni los demaacutes partiacutecipes de la conjura pueden acceder a esa visioacuten de las fuerzas

44 Gen Socr 588A45 Desideri (1984) 581 Hershbell (1988) 374‑378 Babut (1988) 384‑389 Brenk (1996)

41‑44 Georgiadou (1996) 114 Hardie (1996) 13346 Gen Socr 575B‑D47 Babut (1988) 385‑38648 Tratamiento del tema en Barigazzi (1984) y Swain (1989)49 Babut (1988) 386‑389

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Joseacute M Candau

sobrenaturales rectoras de los sucesos Y no acceden precisamente por estar in‑mersos en el mundo de la actuacioacuten y la peripecia Las pulsiones procedentes del exterior embargan su aacutenimo de manera que en expresioacuten de Brenk laquothey see only the apparent succession of chance occurrencesraquo50 Arquedamo tampoco tiene acceso al plano donde operan las fuerzas sobrenaturales Y evidentemente la misma ceguera afecta a esos laquoamantes del honor y la bellezaraquo ante los cuales invita a hablar a Cafisias Un puacuteblico ilustre cuya presentacioacuten hace Arquedamo subrayando su pertenencia a familias poliacuteticamente insignes51 Puacuteblico por tanto equiparable a esa eacutelite social a quien Plutarco dirige sus tratados de eacutetica praacutectica Los dos puacuteblicos el de Cafisias y el del Plutarco podriacutean identificarse con los heacuteroes que liberan la Cadmea Pero difiacutecilmente se identificariacutean con Epaminon‑das que en dos ocasiones rechaza tomar parte en la empresa52

En ambas el rechazo se justifica mediante un argumento ndashla negativa a derramar sangre de sus conciudadanos‑ que situacutea a Epaminondas a un nivel de exigencia eacutetica superior al de los conjurados53 Ahora bien la diferencia entre Epaminondas y los liberadores no radica en la eacutetica Pues al fin y al cabo ningu‑na ofensa eacutetica cabe reprochar a los protagonistas de la heroica liberacioacuten de la Cadmea Radica en el nivel Asiacute lo sugiere la discusioacuten sobre la pobreza Y asiacute lo vuelve a sentildealar el gran debate sobre el daimon de Soacutecrates que da tiacutetulo a al obra

Se debate sobre lo que Soacutecrates mismo llamaba su daimon el principio que lo guioacute a lo largo de su vida e iluminaba sus decisiones en materias inciertas e impenetrables para la inteligencia humana54 El daimon socraacutetico sugiere que Soacutecrates conociacutea de alguna manera los acontecimientos futuros algo que dos personajes del de genio acreditan55 En este sentido el debate versa sobre la adivi‑nacioacuten Las intervenciones de los diferentes personajes configuran tomadas en conjunto un extenso discurso filosoacutefico y religioso Plutarco no se alinea expresa‑mente con ninguna de las opiniones emitidas el tratamiento del tema presenta pues ese final abierto que es tan comuacuten en este autor Las cuestiones que se tocan son variadas pero todas parten de una cuestioacuten baacutesica La adivinacioacuten supone un conocimiento inalcanzable al menos en apariencia a la razoacuten humana Y el debate versa sobre coacutemo es posible acceder a ese nivel superior de inteligencia Miradas desde este punto de vista las opiniones formuladas por los distintos personajes pueden dividirse en dos grandes bloques De un lado Galaxidoro que

50 Brenk (1996) 4251 Gen Socr 575E‑F52 Gen Socr 576D‑E 594B‑C53 En la segunda ocasioacuten se antildeade un motivo maacutes conveniacutea que consumada la liberacioacuten

quedasen hombres a quienes nada pudiese reprocharse por no haber participado en la accioacuten Epaminondas se reserva este papel

54 Gen Socr 580C‑D55 Teoacutecrito (580D‑F) y Polimnis (581D‑E)

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Un mentor limpio de pasiones El filoacutesofo y la actuacioacuten poliacutetica seguacuten el De genio Socratis

inicia el debate propone una explicacioacuten maacutes proacutexima a los paraacutemetros raciona‑les56 en ella se ha querido ver una muestra de la llamada laquoadivinacioacuten teacutecnicaraquo (τεχνικὸς μαντική artificiosa divinatio)57 Del otro Simias Timarco y Teanor interpretan las premoniciones de Soacutecrates como un caso de comunicacioacuten direc‑ta entre el hombre y la divinidad defienden por tanto la llamada laquoadivinacioacuten naturalraquo (ἄτεχνος μαντική naturalis divinatio)58 Ya se ha dicho que Plutarco no se declara expresamente partidario de ninguna opcioacuten Pero su texto privilegia de manera indirecta los discursos de Simias Timarco y Teanor Asiacute lo sugiere un paacuterrafo del de genio que subraya el papel de Galaxidoro como mero introductor del problema59 Y asiacute lo recogen distintos estudios modernos Galaxidoro seriacutea el oponente racionalista casi siempre estoico habitual en los diaacutelogos religiosos de Plutarco su explicacioacuten se ve devaluada tanto por sus contradicciones internas como por la presencia de procedimientos textuales que rebajan su veracidad y en suma Galaxidoro y el resto de las intervenciones insertas en la seccioacuten dominada por eacutel tendriacutean como funcioacuten principal la de plantear el tema a debatir60

Las propuestas de Simias Timarco y Teanor son evidentemente distintas Actuacutea aquiacute quizaacutes el deseo de presentar el problema bajo luces diversas61 o quizaacutes el complejo planteamiento dramaacutetico que forma parte de las estrategias persuasivas de Plutarco62 Las tres sin embargo coinciden en una idea central la singularidad de aquellos hombres que como Soacutecrates pueden contactar con una realidad por encima del mundo material Para Simias el alma de la mayoriacutea de los hombres se halla embargada por el tumulto de las pasiones y la voraacutegine de las servidumbres vitales de manera que su entendimiento no puede captar las indica‑ciones de los seres superiores en el caso de Soacutecrates por el contrario su intelecto limpio y exento de pasiones (ὁ νοῦς καθαρὸς ὢν καὶ ἀπαθής) percibiacutea faacutecilmente las sentildeales enviadas por los seres divinos63 Seguacuten el mito de Timarco (expuesto por Simias) en el alma (ψυχή) conviven dos partes una inmersa en el cuerpo recibe el nombre mismo de ldquoalmardquo (ψυχή) la otra inaccesible a la corrupcioacuten se llama laquointelectoraquo (νοῦν) estaacute en el exterior del hombre y los entendidos le dan

56 Gen Socr 579F‑582C57 Corlu (1970) 49‑50 Doumlring (1984) 376 Schroumlder (2010) 161 58 Para la distincioacuten entre ambos tipos de maacutentica veacutease Cic div 111ndash12 134 172

1109ndash131 (con el comentario de Wardle (2006))59 Gen Socr 588A ζητήσεως οὐκ ἀγεννοῦς ἀλλ ἧς ὀλίγον ἔμπροσθεν οἱ περὶ Γαλαξίδωρον

καὶ Φειδόλαον ἥψαντο διαποροῦντες τίνος οὐσίας καὶ δυνάμεως εἴη τὸ Σωκράτους λεγόμενον δαιμόνιον

60 Corlu (1970) 19‑20 y 51‑52 Hani (1980) 53 Doumlring (1984) 376‑377 Schroumlder (2010) 161‑162 Donini (2011) 415‑416

61 Sobre el reparto de papeles filosoacuteficos que aquiacute parece efectuar Plutarco veacutease Donini (2011) 412‑419 (2011 [2004]) 442‑443

62 Veacutease Van Hoof (2010) 67‑68 a propoacutesito de determinados laquotratados de eacutetica praacutecticaraquo63 Gen Socr 588D‑E

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Joseacute M Candau

el nombre de daimon64 La parte irracional e inmersa en el cuerpo se halla sujeta a la racional e incorruptible Si la sujecioacuten es deacutebil el alma se dejaraacute doblegar por las pasiones soacutelo cuando se fortalece gracias a la educacioacuten aparece el alma capaz de percibir con prontitud las indicaciones de su daimon Algunos hombres sin embargo estaacuten especialmente dotados de suerte que en ellos predomina de forma innata la obediencia a la razoacuten y a su daimon A ellos estaacute reservada la capacidad de percibir la llamada divina65 Teanor afirma que las almas libres de lazos con el cuerpo se convierten en daacuteimones Tales daacuteimones guiacutean los asuntos del hombre Pero no todos los hombres reciben su atencioacuten pues se desentienden de cuantos estaacuten inmersos en los avatares del acontecer soacutelo aquellos que tras mil esfuerzos ascienden a una esfera elevada son recompensados con la ayuda del daimon66

Las tres intervenciones explican las dotes excepcionales de Soacutecrates mediante la existencia de hombres excepcionales Y en las tres esa excepcionalidad requiere una especial disposicioacuten del alma La liberacioacuten de las pasiones y el alejamiento del traacutefago iacutensito en el mundo humano se presentan como condicioacuten necesaria para que haya un Soacutecrates Paradigma del filoacutesofo Soacutecrates es tambieacuten el modelo de Epaminondas El discurso sobre la pobreza al mostrar coacutemo Epaminondas limpia su alma de pasiones e impulsos procedentes del mundo exterior acredita su condicioacuten de filoacutesofo Asiacute se reconoce cuando termina dicho discurso por boca de Simias67

laquoGran hombre grande es Epaminondas y responsable de ello es el aquiacute pre‑sente Polimnis que ha criado a sus hijos desde temprano en la mejor filosofiacutearaquo

Epaminondas tambieacuten es consecuente con su condicioacuten de filoacutesofo cuando rehuacutesa someter su alma al torbellino del acontecer humano y las pasiones aso‑ciadas esto es cuando se niega a participar en la conjura El filoacutesofo parece ser la conclusioacuten no debe participar al menos de manera directa en el torbellino de la vida poliacutetica

El Epaminondas del de genio es una creacioacuten histoacutericamente discutible68 Ciertamente su no participacioacuten en la liberacioacuten de la Cadmea y su formacioacuten filosoacutefica estaacuten suficientemente documentadas Pero Epaminondas es conocido ante todo por su dimensioacuten poliacutetica que aquiacute relega Plutarco para subrayar su

64 Gen Socr 591E65 Gen Socr 592A‑E66 Gen Socr 593D‑594A67 Gen Socr 585D68 Ya Von Stern (1884) 55‑57 sentildealoacute las debilidades del relato que ofrece Plutarco en el

de genio Los estudios posteriores (veacutease por ejemplo Corlu [1970] 19‑20 Barigazzi [1988] 414‑424Georgiadou [1996]) han insistido en el Epaminondas del de genio presenta una factura obediente sobre todo a razones compositivas y de disentildeo

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calidad de filoacutesofo Asiacute construida la figura de Epaminondas traslada un mensaje ndashla no implicacioacuten directa del filoacutesofo en las luchas poliacuteticas‑ que puede tener calado teoacuterico pero tambieacuten sirve a Plutarco para trasladar su posicionamiento ante cuestiones concernientes a su propia persona y al horizonte cultural de su eacutepoca Comparado a otros contemporaacuteneos que por condicioacuten social e incluso actividad literaria estaban a su mismo nivel Plutarco no protagonizoacute una carrera poliacutetica particularmente brillante69 Asumioacute en cambio el papel de consejero y guiacutea de la eacutelite La autoridad necesaria para ello se la confiere la filosofiacutea Pues Plutarco se presenta a siacute mismo como filoacutesofo La exaltacioacuten de Epaminondas es una exaltacioacuten de su propia identidad como filoacutesofo y mentor Epaminondas se mueve a una altura la de la filosofiacutea superior a la de sus afines y compantildeeros los conjurados Esta altura le prohiacutebe descender al plano de la accioacuten directa descenso que contaminariacutea su alma con pulsiones sobrevenidas pero tambieacuten le permite acceder a una realidad inalcanzable para sus compantildeeros Epaminondas eleva asiacute la posicioacuten del filoacutesofo y justifica incluso hace ineludible su alejamiento de la lucha poliacutetica Gracias a ello lo que podriacutea ser una debilidad del propio Plutarco la falta de una carrera puacuteblica brillante se transforma en una eleccioacuten deliberada y necesaria

Tal mensaje adquiere maacutes fuerza si se lo contempla sobre el transfondo cultural de la eacutepoca El auge de las composiciones de exitu illustrium virorum corre en paralelo a la admiracioacuten hacia el filoacutesofo que se enfrenta al poder y sufre castigo por ello Ya se ha dicho que el fenoacutemeno acreditado en diversas fuentes contemporaacuteneas a Plutarco fue propiciado particularmente por el final del rei‑nado de Diocleciano y que el modelo uacuteltimo del filoacutesofo‑maacutertir es Soacutecrates En este contexto adquiere un significado especial la exaltacioacuten del ldquoSoacutecrates tebanordquo Epaminondas Epaminondas se aleja del conflicto puacuteblico para cuidar su alma se distingue por su silencio y pese a ello constituye el ldquocentro ausenterdquo del de genio una composicioacuten articulada en torno a un conflicto civil la liberacioacuten de la Cadmea No resulta inverosiacutemil ver en todos estos datos una respuesta de Plu‑tarco ante el fenoacutemeno del ldquofiloacutesofo‑maacutertir poliacuteticordquo y la admiracioacuten aglutinada en torno a esa figura Respuesta que reivindica rotundamente el papel asumido por el propio Plutarco de filoacutesofo mentor del poliacutetico pero fuera eacutel mismo del traacutefago de la poliacutetica

69 Veacuteanse las observaciones y referencias que ofrece al respecto Van Hoof (2010) 66‑67

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Joseacute M Candau

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Doumlring C Exemplum Socratis Studien zur Sokratesnachwirkung in der kynisch‑stoischen Popularphilosophie der fruumlhen Kaiserzeil und im fruumlhen Christentum Wiesbaden 1979

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Georgiadou A laquoEpameinondas and the Socratic Paradigm in the De genio Socratisraquo en L Van der Stock (ed) pp 113‑122

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A Esparta de Plutarco entre a guerra e as artes

de um seguidor das leis de Licurgo Nesse sentido Plutarco diz que o dinheiro e o ouro deveriam ser mandados embora de Esparta porque eles eram flagelos importados que despertavam a cobiccedila e promoviam a degeneraccedilatildeo dos costumes (c 17) Desse ponto de vista Lisandro prejudicou Esparta justamente porque promoveu seu enriquecimento e contribuiu para a dissoluccedilatildeo da frugalidade e da simplicidade que caracterizavam o cotidiano dos lacocircnios antes das vitoacuterias espartanas na Guerra do Peloponeso6

Na Vida de Agesilau Plutarco nos conta que o biografado foi o segundo filho de Arquidamo (o primeiro tinha sido Aacutegis) e que por isso ele natildeo seria o herdeiro direto do trono de Esparta De qualquer modo Agesilau foi educado de acordo com a agoge lacedemocircnia e nosso autor faz questatildeo de frisar que em decorrecircncia disso o liacuteder espartano sempre respeitou e praticou as leis de sua cidade (c 1) Mesmo apresentando uma pequena diferenccedila de tamanho de uma perna para a outra ele tinha outras qualidades espartanas como a honestidade a mansidatildeo e a beleza fiacutesica (c 2) Sua formaccedilatildeo foi tatildeo bem sucedida que diferente de Alexandre o grande e de Haniacutebal Agesilau foi um general que conquistou importantes vitoacuterias e mesmo assim nunca deixou de obedecer agraves leis espartanas (c 15) Mesmo depois de tornar‑se um lendaacuterio vencedor ele voltou a Esparta e continuou o mesmo homem de antes sem apresentar nenhuma novidade no seu comportamento diferente de outros estrategos quando voltavam de longas expediccedilotildees a terras estrangeiras (c 19)

Plutarco nos conta que Lisandro ndashque dizem ter sido amante de Agesilau na juventude (c 2)ndash pretendia introduzir muitas inovaccedilotildees e mudanccedilas no governo da Lacocircnia (c 20) Embora outros liacutederes de Esparta como Antaacutelcidas tenham feito acordos com os Persas e tenham abandonado laquocovarde e maldosamenteraquo os gregos da Aacutesia sob o domiacutenio dos baacuterbaros como nos diz Plutarco (c 23) Agesilau sempre foi um defensor da justiccedila Entre os capiacutetulos 29 e 30 da Vida de Agesilau nosso autor nos conta que os espartanos que perderam parentes na bata‑lha de Leuctra (em 371 a C) se alegraram e os que natildeo perderam ficaram tristes De certa forma eles responsabilizaram Agesilau pela derrota e lamentaram ter aceito um rei coxo Contudo Agesilau tinha boa reputaccedilatildeo e era muito virtuoso Prova disso eacute que sem promover nenhuma inovaccedilatildeo ele disse que era preciso fazer as leis dormirem para que retomassem a autoridade que tiveram no passado

Entretanto Plutarco natildeo faz apenas elogios a Agesilau Cartledge (1987 418) observa que ele faz criacuteticas a Agesilau por causa de sua ingratidatildeo em relaccedilatildeo a Lisandro (c 8) e condena seu comportamento porque ele teria hon‑rado mais os amigos do que a justiccedila (c 13 ver tambeacutem Moralia 807d) Aleacutem disso Plutarco via uma relaccedilatildeo direta entre a decadecircncia de Esparta e a ascenccedilatildeo

6 Sobre isso ver Duff (2002) 161‑204 e a introduccedilatildeo de Flaceliegravere e Chambry em Plutarque (1971) 158‑173

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ilegiacutetima de Agesilau ao trono (c 21) Poreacutem no geral nosso autor eacute tatildeo favoraacutevel e simpaacutetico a Agesilau quanto Xenofonte que tambeacutem escreveu uma biografia do rei espartano a qual certamente serviu de base para a Vida composta pelo poliacutemata de Queroneia Segundo Cartledge (1987 418) para Plutarco Agesilau foi a encarnaccedilatildeo das virtudes peculiarmente espartanas simplicidade piedade e autocontrole7

Depois na Vida de Aacutegis e na Vida de Cleocircmenes Plutarco narra os uacuteltimos momentos da histoacuteria da Esparta independente ou seja o ponto mais baixo da decadecircncia daquela cidade Os reis Aacutegis e Cleocircmenes que reinaram no seacuteculo III a C tentaram restaurar os antigos valores dos tempos de Licurgo Eles tinham os dons naturais para levar essa tarefa a cabo Aacutegis tinha grandeza de alma e se insurgia contra os prazeres desde antes dos vinte anos (c 4) natildeo gostava de rou‑pas luxuosas e baniu toda suntuosidade para aderir aos antigos haacutebitos lacocircnios caracterizados pela simplicidade de vida Mas seu exemplo e sua energia natildeo foram suficientes para restaurar os costumes tradicionais e ele foi assassinado ainda muito jovem (cc 19‑21) Aquela Esparta incorrupta e valorosa dos tempos de Licurgo dava seus uacuteltimos suspiros

Cleocircmenes natildeo era parente de Aacutegis mas foi obrigado a se casar com a vi‑uacuteva do rei assassinado ou seja Agiaacutetis Segundo Plutarco (c 1) Cleocircmenes era ambicioso e tinha grandeza de alma Era temperante e simples como Aacutegis Ele tambeacutem quiz restaurar os antigos costumes espartanos (c 11) Primeiro depois de longa disputa poliacutetica abriu matildeo de seus bens Depois distribuiu as terras entre os cidadatildeos Restabeleceu a educaccedilatildeo dos jovens e a disciplina espartana Ele proacuteprio levou uma vida simples e frugal para dar o exemplo aos outros la‑cedemocircnios sem insolecircncia nem orgulho excessivo ou seja como um modelo de temperanccedila (c 13) Mesmo quando perdeu sua esposa Agiaacutetis por quem se enamorara verdadeiramente Cleocircmenes manteve a firmeza e seu caraacuteter elevado e tomou as providecircncias necessaacuterias para garantir a seguranccedila de seus soldados e aliados (c 22) Depois de reinar por dezesseis anos Cleocircmenes morreu (cc 37‑38) e assim terminou a histoacuteria de Esparta como cidade politicamente autocircnoma

Ateacute aqui vimos que podemos encontrar nas Vidas dos liacutederes espartanos escritas por Plutarco aquela imagem caracterizada por um conjunto de valores que parecem ter ganhado forccedila numa eacutepoca lendaacuteria e foram se enfraquecendo conforme o tempo foi passando e Esparta foi estendendo seu poder para fora da Lacedemocircnia Nesse quadro vemos uma cidade altamente militarizada de guerreiros corajosos disciplinados e afeitos a uma vida sem luxos e sem confortos Isso poderia indicar que os espartanos eram um povo rude pouco sofisticado e fechado para as artes

7 Cf tambeacutem a introduccedilatildeo de Flaceliegravere e Chambry em Plutarque (1973) 85‑88 e Shipley (1998) 1‑46

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Poreacutem vaacuterias fontes arqueoloacutegicas vasculares e mesmo literaacuterias nos mostram o contraacuterio Apesar de Tuciacutedides (1102) ter dito que os edifiacutecios em Esparta eram modestos e natildeo correspondiam ao tamanho do poder militar e poliacutetico da cidade dos lacedemocircnios em seu apogeu a avaliaccedilatildeo dos monumentos arquitetocircnicos espartanos precisa ser feita com cuidado Eacute preciso lembrar que Esparta natildeo foi destruiacuteda nas Guerras Meacutedicas como Atenas foi A capital da Aacutetica foi reconstruiacuteda e uma grande soma de dinheiro afluiu para ela por causa das contribuiccedilotildees dos aliados da Liga de Delos Isso natildeo aconteceu com a princi‑pal cidade da Lacocircnia Desse modo nela foram conservados edifiacutecios antigos do seacuteculo VI a C que apresentavam outro estilo de construccedilatildeo mais arcaizante do que claacutessico Dependendo do ponto de vista um estilo pode ser mais valorizado do que o outro

De qualquer modo Pausacircnias (3113) viajante do seacuteculo II d C que fez uma descriccedilatildeo de vaacuterias cidades da Greacutecia daquela eacutepoca nos informa que havia em Esparta vaacuterios monumentos que despertavam a admiraccedilatildeo daqueles que por ali passavam tal como o Poacutertico Persa construiacutedo inicialmente com o butim amealhado na guerra contra os persas Outros exemplos de edifiacutecios que nos uacuteltimos anos vecircm sendo estudados satildeo o templo de Apolo em Amiclas o templo de Aacutertemis Oacutertia e o Menelaion onde eram cultuados Menelau e Helena8

Cartledge (2002 111) nos informa que depois de 690 a C pintores de vasos da Lacocircnia sofreram influecircncia de artistas do Egeu e adotaram o chamado estilo lsquoorientalizantersquo o que mostra que na praacutetica Esparta natildeo estava isolada do resto do mundo helecircnico Ainda segundo Cartledge nessa eacutepoca artesatildeos lacocircnios que trabalhavam com bronze comeccedilaram a se interessar pela representaccedilatildeo de figuras humanas em suas obras e por volta de 650 a C comeccedilou a se desenvolver na regiatildeo de Esparta o uso do marfim para produccedilatildeo de objetos gravados Vemos entatildeo que o ambiente artiacutestico na Lacedemocircnia entre 775 e 650 a C natildeo era de modo algum esteacuteril ou sem importacircncia9

Como Burn (1960 275‑276) explica Esparta natildeo virou suas costas para a arte e a poesia Prova disso eacute que vasos com detalhes refinados foram fabricados ali e exportados para outras regiotildees da Heacutelade ateacute 550 a C mais ou menos Por volta de 600 a C Gitiadas poeta escultor e arquiteto projetou o Templo de Atena tambeacutem conhecido como Casa de Bronze por causa das placas feitas com esse metal para decorar o edifiacutecio E em 585 a C o segundo templo de Oacutertia foi construiacutedo Ou seja havia artesatildeos trabalhando em Esparta no periacuteodo arcaico que produziram obras dignas de admiraccedilatildeo10

8 Para mais informaccedilotildees sobre a arqueologia e a arquitetura espartanas ver Walker (1998) Kaltsas (2007) e Cavanagh (2009)

9 Sobre isso ver tambeacutem Burn (1960) 180‑184 e Stibbe (1996) passim10 Ver tambeacutem Burn (1960) 280‑282 e Cartledge (2002) 133‑136

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No que diz respeito agrave muacutesica Plutarco nos daacute significativos testemunhos da sua importacircncia em ambiente espartano tanto nas Vidas quanto nos Moralia Na Vida de Licurgo no c 4 por exemplo encontramos a informaccedilatildeo segundo a qual o legislador lendaacuterio teria convidado um poeta‑legislador de Creta para ir a Esparta com ele Esse poeta se chamava Tales Mas talvez tenha havido alguma confusatildeo na tradiccedilatildeo manuscrita e esse Tales poderia ser o Taletas de Gortina mencionado algumas vezes no livro Sobre a Muacutesica tambeacutem de Plutarco Ele teria sido o responsaacutevel por curar os espartanos de uma peste com o seu canto11 Aleacutem disso no mesmo c 4 nos eacute dito que Licurgo teria sido o responsaacutevel por levar os poemas de Homero da Jocircnia para sua cidade

Depois no c 21 da mesma Vida Plutarco nos diz que os lacedemocircnios apreciavam se dedicar agrave poesia meacutelica porque as canccedilotildees estimulavam seus espiacuteritos e lhes davam coragem para enfrentar os inimigos nas batalhas Seu estilo era simples e seus temas eram seacuterios com o objetivo de promover uma boa formaccedilatildeo dos caraacuteteres Nelas eram louvados os heroacuteis de Esparta e condenados os covardes que natildeo lutaram ateacute o fim para defender sua cidade Nos festivais eram organizados trecircs coros de acordo com as idades um de velhos outro de adultos e outro de jovens Cada um cantava sobre a sua bravura uns falavam dos seus feitos no passado os outros tratavam das suas accedilotildees no presente e os uacuteltimos cantavam sobre o seu desejo de realizar grandes proezas no futuro Esses seriam os temas baacutesicos das canccedilotildees em Esparta e por isso segundo Plutarco Terpandro e Piacutendaro estavam corretos ao associar bravura e muacutesica e ao mostrar que os espartanos eram o povo mais aguerrido e mais musical

Por isso natildeo era por acaso que os jovens cantavam o nomo de Caacutestor e o peatilde da marcha (c 22) e em todo lugar havia danccedilas festas e banquetes quando natildeo havia expediccedilotildees militares (c 24) Contudo o gosto pela boa muacutesica e pela boa poesia natildeo era caracteriacutestico de todos os habitantes da Lacocircnia tendo em vista que os hilotas danccedilavam e cantavam canccedilotildees vulgares e grotescas diferentes das composiccedilotildees de Aacutelcman Terpandro e Especircndon (c 28) Isso na verdade estava associado ao fato de eles serem escravos e por isso era compreensiacutevel que eles apreciassem canccedilotildees vis como eles proacuteprios

Na Vida de Lisandro encontramos algumas informaccedilotildees que reforccedilam a impressatildeo de que os espartanos tinham sim grande sensibilidade para a muacutesica No c 15 ficamos sabendo que os lacocircnios depois de conquistar Atenas em 404 a C queriam destruir aquela cidade mas apoacutes ouvir um coro da Electra de Euriacutepides desistiram Em seguida no c 18 Plutarco nos conta que Lisandro estava sempre acompanhado do poeta Queacuterilo encarregado de celebrar os feitos do general E outros poetas tambeacutem celebraram Lisandro segundo nosso autor

11 Ver Plu Mus 42 (1146B‑C) e Gostoli (1990) 12‑13 e

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Na Vida de Agesilau c 14 lemos que os espartanos apreciavam uma parte da poesia de Timoacuteteo de Mileto poeta que teria tido algumas cordas de sua ciacutetara cortadas quando de uma sua visita a Esparta porque os eacuteforos julgavam que natildeo seriam necessaacuterias mais do que sete cordas e o instrumento do poeta tinha onze12 Essa anedota indica que os lacocircnios natildeo apreciavam inovaccedilotildees Poreacutem a informaccedilatildeo do c 14 da Vida de Agesilau mostra que eles poderiam aceitar pelo menos uma parte da obra de um poeta inovador desde que essa parte se adequas‑se ao gosto e agraves tradiccedilotildees do local Tambeacutem nessa mesma Vida c 21 Plutarco nos diz que o rei Agesilau apreciava os cantos e as danccedilas mesmo natildeo sendo um lsquoespecialistarsquo nas artes

Por fim na Vida de Aacutegis c 10 encontramos um elogio a Terpandro a Ta‑les (Taletas) e a Fereacutecides porque mesmo sendo estrangeiros professavam o que Licurgo instituiu e por isso foram muito honrados em Esparta Na Vida de Cleocircmenes c 2 somos informados que o rei Leocircnidas elogiou Tirteu algo facilmente compreensiacutevel tendo em vista o caraacuteter estimulante e guerreiro das elegias daquele poeta Aleacutem disso nessa mesma Vida citada por uacuteltimo c 12 Plutarco nos conta que Cleocircmenes certa vez teria encontrado alguns artistas de Dioniso muacutesicos e atores profissionais que iam de cidade em cidade para se apresentar e construiu um teatro Isso mostra que esse rei estimulou de alguma maneira as atividades artiacutesticas mesmo que ele natildeo tivesse o costume de levar artistas com seu exeacutercito de acordo com Plutarco e nem apreciasse apresentaccedilotildees musicais nos seus banquetes (c 13)

Tudo isso mostra que Esparta era uma cidade onde a muacutesica tinha um papel importe na educaccedilatildeo e na guerra e que os lacocircnios natildeo eram um povo obtuso e indiferente ao poder das melodias De acordo com Plutarco tendo em vista agora algumas passagens dos Moralia os espartanos passavam por treinamento rigoroso no que diz respeito agrave muacutesica e agrave poesia e suas canccedilotildees estimulavam os espiacuteritos e faziam com que os homens se sentissem entusiasmados e se esfor‑ccedilassem para ser bem sucedidos Em vaacuterias passagens das suas Obras Morais ele elogia o estilo da muacutesica deles porque ela era simples e natildeo afetada e seus temas eram seacuterios e edificantes Se algueacutem estudasse a poesia e as canccedilotildees de marcha de Esparta acompanhadas pelo aulo essa pessoa concordaria que Terpandro e Piacutendaro estavam certos ao associar valor (andreia) e muacutesica Como vimos acima nos trechos citados das Vidas Plutarco tambeacutem diz que os Espartanos eram o povo ao mesmo tempo mais musical (mousikotatous) e o mais afeito agrave guerra (polemikotatous)13

No livro sobre os Antigos Costumes dos Espartanos Plutarco tambeacutem elogia os ritmos das canccedilotildees de marcha (embaterioi rhythmoi) porque eles despertavam

12 Ver Plu Agis 1013 Cf Lyc 211‑4

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a coragem a audaacutecia e o desdeacutem pela morte requisitos indispensaacuteveis para o guerreiro valoroso Os espartanos usavam esses ritmos para danccedilar mas tambeacutem quando avanccedilavam contra os inimigos ao som do aulo Plutarco lembra que Li‑curgo associava o amor pela muacutesica agrave praacutetica militar para que o espiacuterito guerreiro combinado com a melodia tivesse concordacircncia e harmonia (symphonia kai har‑monia) Por isso em tempos de guerra os reis espartanos ofereciam sacrifiacutecios agraves Musas antes de ir para a batalha como Plutarco nos conta nos Instituta Laconica 16 (238B‑C)

E para manter a pureza da sua muacutesica e dos seus costumes os espartanos agraves vezes recorriam a atos violentos Como Plutarco reporta nos Instituta Laconica 17 (238C‑D) eles natildeo permitiriam que ningueacutem desrespeitasse de modo algum as regras da muacutesica do passado Nem mesmo Terpandro um dos mais antigos e melhores citaredos (aqueles que cantavam acompanhados da ciacutetara ou da lira) teria a permissatildeo para acrescentar uma corda extra ao seu instrumento para que suas melodias fossem mais variadas Ele tentou fazer isso mas os eacuteforos pregaram sua lira numa parede por causa do seu ato iacutempio contraacuterio agrave tradiccedilatildeo Em outra ocasiatildeo um dos eacuteforos teria procedido com mais violecircncia quando Timoacuteteo o famoso muacutesico inovador que floresceu na segunda metade do seacuteculo V a C estava competindo no festival das Carneias ele pegou uma faca e perguntou ao muacutesico de que lado ele deveria cortar as cordas supeacuterfluas cujo nuacutemero ultra‑passava o tradicional de sete cordas Outras variantes dessa histoacuteria satildeo contadas por Plutarco em outros textos mas nessas outras passagens Friacutenis outro muacutesico inovador da segunda metade do seacuteculo V a C eacute o protagonista14

Mas para aleacutem da sua importacircncia na educaccedilatildeo e nos contextos de bata‑lha a muacutesica tinha grande significado tambeacutem nas momentos das celebraccedilotildees religiosas Dentre as festividades religiosas realizadas na Lacedemocircnia uma das mais importantes era a das Carneias realizada em Esparta e intimamente ligada agrave histoacuteria de Terpandro As origens desse festival eram muito antigas anteriores ao seacuteculo VIII a C tendo em vista que no seacuteculo VII os colonizadores espartanos da cidade italiana de Tarento jaacute tinham o costume de celebraacute‑la15 As Carneias eram dedicadas ao deus Apolo Carneu Em Esparta havia concursos musicais e atleacuteti‑cos uma corrida de jovens e um banquete ritual que contava com a participaccedilatildeo dos homens adultos que representavam as fratrias O festival era organizado por cidadatildeos solteiros e era o momento adequado para que os jovens que jaacute haviam completado seu periacuteodo de formaccedilatildeo ingressassem na vida adulta16

O que nos interessa aqui eacute o papel que a muacutesica desempenhava no contexto dessas festividades Um elemento importante nesses momentos de comemoraccedilatildeo

14 Cf Prof virt 84A Apophth Lac 220C e Agis 107 jaacute citada na nota 9 Cf Rocha (2008) 654‑655

15 Brelich (1969) 181‑18216 Brelich (1969) 149‑150

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eram os concursos A realizaccedilatildeo de concursos musicais no acircmbito do festival das Carneias natildeo teria acontecido desde o iniacutecio A introduccedilatildeo de agones provavel‑mente ocorreu quando Terpandro migrou de Metimna (Lesbos) para Esparta na primeira metade do seacuteculo VII a C Nesse contexto eacute importante considerar o testemunho de Helacircnico17 segundo o qual Terpandro teria sido o primeiro a vencer o concurso musical nas Carneias Esse fato parece estar diretamente relacionado agrave fundaccedilatildeo da primeira escola musical (katastasis) em Esparta por obra do mesmo Terpandro Segundo Brelich (1969 186‑191) eacute muito provaacutevel que a introduccedilatildeo do concurso musical nas Carneias tenha sido influenciada pela proacutepria katastasis18 Essa hipoacutetese ganha forccedila se consideramos o capiacutetulo 9 do tratado Sobre a Muacutesica como um todo Ali Plutarco fala da primeira katastasis fundada por Terpandro e menciona tambeacutem a segunda katastasis liderada por Taletas de Gortina Xenoacutedamo de Citera Xenoacutecrito de Locres Polimnesto de Coacutelofon e Saacutecadas de Argos muacutesicos que teriam instituiacutedo as Gimnopeacutedias em Esparta as Apodeixeis na Arcaacutedia e as Endimaacutetias em Argos Jaacute que os membros da segunda escola musical foram fundadores de festivais19 em diferentes cidades do Peloponeso Terpandro tambeacutem pode ter desempenhado o mesmo papel no contexto das Carneias

No que diz respeito agraves Gimnopeacutedias contudo encontramos uma situaccedilatildeo diferente Possuiacutemos uma grande variedade de informaccedilotildees sobre esse festival que inclusive muitas vezes satildeo contraditoacuterias Mas tratando apenas daquilo que nos interessa aqui sabemos que no periacuteodo das festividades aconteciam apresentaccedilotildees de coros de adolescentes e adultos instituiacutedos em honra a Apolo que cantavam hinos compostos por poetas como Taletas Aacutelcman e Dionisodoto Depois da batalha de Tireia em 544 aC na qual Esparta lutou contra Argos pela posse da Tireaacutetida tornou‑se costumeiro cantar um peatilde em honra dos soldados que morreram naquela ocasiatildeo Por causa desse elemento ritual e da comparaccedilatildeo com as Apodeixeis e as Endimaacutetias as Gimnopeacutedias foram consideradas festas que indicavam o momento no qual os jovens receacutem‑iniciados eram integrados agrave vida militar20

Tendo tudo isso em vista podemos concluir que eacute preciso colocar a miragem espartana em perspectiva Esparta natildeo era tatildeo lsquoespartanarsquo assim e natildeo foi sempre lsquoespartanarsquo Havia espaccedilo naquela cidade para o cultivo das artes tais como a arquitetura a escultura a pintura vascular a muacutesica (que incluiacutea a poesia) e a danccedila Nela floresceram poetas como Aacutelcman Terpandro e Tirteu Nela surgiram escolas poeacuteticomusicais Nela viveram poetas estrangeiros tais como Taletas de

17 FGrHist 4 F 85 = Ateneu 635e = Terpander Test 1 Gostoli18 Cf tambeacutem Gostoli (1990) 84‑8519 Mais do que fundadores de festivais eacute mais verossiacutemil pensar que esses autores foram os

responsaacuteveis pela introduccedilatildeo dos concursos musicais como parte das celebraccedilotildees 20 Cf Gostoli (1990) 85‑86

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Gortina (Creta) e Saacutecadas de Argos E sendo assim houve um ambiente feacutertil e favoraacutevel para o desenvolvimento e o cultivo de atividades artiacutesticas Os esparta‑nos foram sim grandes guerreiros que contribuiacuteram decisivamente para a vitoacuteria dos helenos sobre os persas Eles cultivaram sim suas habilidades guerreiras a ponto de derrotar os atenienses na Guerra do Peloponeso Poreacutem Esparta natildeo foi somente uma comunidade de soldados que dedicavam suas vidas somente agrave guerra Esparta foi tambeacutem uma cidade onde as pessoas cantavam danccedilavam e apreciavam a beleza dos edifiacutecios e dos objetos do cotidiano Eacute preciso reconhecer isso e na obra de Plutarco jaacute encontramos essa imagem multifacetada dessa cul‑tura Basta direcionar os olhos para outras direccedilotildees

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Index nominum

Timoacuteteo 167‑168 178 183Timoacutexena 195Tindaacuteridas 63Tireaacutetida 169Tireia 169Tireacutesias 236Tirteu 167 169 221Titatildes 245Trajano 121Trezena 31 32‑35 38 Tricoacuterito 39Troia 81 124Tuciacutedides 122 160 181Ulisses 81 192Valeacuterio (vd Puacuteblio Valeacuterio)Vestais 58 204Viacutenio 200Xantipo 191 201Xenoacutecrito 169Xenoacutedamo 169Xenofonte 160 164Zaleuco 88Zeus 36 40‑41 220 226 243

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Index nominum

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Nelson
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Notas biograacuteficas dos autores

Aacutelia Rodrigues eacute doutorada em Estudos Claacutessicos (Literatura Grega) e inves‑tigadora do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse satildeo a histoacuteria das ideias poliacuteticas desde os Gregos ateacute agrave modernidade histoacuteria legal e a recepccedilatildeo de temas claacutessicos na contemporaneidade

Ana Ferreira eacute Professora Auxiliar do Departamento de Estudos Portugueses e Ro‑macircnicos da Faculdade de Letras da Universidade do Porto e investigadora do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a histoacuteria antiga a literatura greco‑romana bem como a didaacutectica das liacutenguas claacutessicas

Delfim F Leatildeo eacute Professor Catedraacutetico da Instituto de Estudos Claacutessicos e investiga‑dor do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a histoacuteria antiga o direito e a teorizaccedilatildeo poliacutetica dos Gregos a pragmaacutetica teatral e a escrita romanesca antiga

Faacutebio Vergara Cerqueira eacute Professor Adjunto do Instituto de Ciecircncias Humanas da Universidade Federal de Pelotas pesquisador PQ‑2 do CNPq Professor Visitante na Universidade de Heidelberg Bolsista Fundaccedilatildeo Humboldt ldquoPesquisador Experienterdquo Principais aacutereas de interesse satildeo histoacuteria e arqueologia da Greacutecia antiga e sua recepccedilatildeo enfocando muacutesica iconografia ceramologia gecircnero memoacuteria social identidade e patrimocircnio cultural

Guillermina Gonzaacutelez Almenara es Profesor Contratado Doctor Tipo 1 vinculada con el Aacuterea de Filologiacutea Griega del Departamento de Filologiacutea Claacutesica Francesa Aacuterabe y Romaacutenica de la Universidad de La Laguna Sus principales liacuteneas de investi‑gacioacuten son la mujer y el aacutembito femenino en la Grecia antigua Historiografiacutea griega Historia y civilizacioacuten de la Grecia antigua

Ivana S Chialva es Doctora en Letras Investigadora Asistente del Conicet y Profesora de Griego y Literaturas griega y latina de la Facultad de Humanidades y Ciencias de la Universidad Nacional del Litoral (Santa Fe Argentina) Sus tra‑bajos sobre el mundo antiguo se focalizan en la relacioacuten entre primera y segunda sofiacutestica y en la influencia de este uacuteltimo fenoacutemeno en la prosa narrativa griega de eacutepoca imperial especialmente la retoacuterica la biografiacutea y la novela en sus diferentes formas

Jesuacutes-Mordf Nieto Ibaacutentildeez es Catedraacutetico de Filologiacutea Griega de la Universidad de Leoacuten Sus liacuteneas de investigacioacuten son la literatura judiacutea en lengua griega los primeros textos cristianos el Humanismo y la Tradicioacuten claacutesica Actualmente dirige un Proyecto de

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investigacioacuten sobre el Humanismo la Tradicioacuten claacutesica y patriacutestica y la exeacutegesis biacuteblica en los siglos XVI y XVII

Joaquim Pinheiro eacute Professor Auxiliar da Universidade da Madeira e investigador do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a biografia antiga a Segunda Sofiacutestica a retoacuterica claacutessica e o pensamento poliacutetico dos Gregos

Joseacute M Candau es Catedraacutetico de Filologiacutea Griega en la Universidad de Sevilla Sus principales aacutereas de investigacioacuten son la historiografiacutea griega y Plutarco

Loraine Oliveira eacute professora de Filosofia da Universidade de Brasiacutelia Publicou o livro Plotino escultor de mitos pela Imprensa da Universidade de CoimbraAnnablume em 2014 Vem se dedicando principalmente a estudar os mitos em Plotino Plutarco e Porfiacuterio assim como o vegetarianismo em Plutarco e Porfiacuterio

Maria Aparecida de Oliveira Silva eacute professora visitante do Programa de Poacutes‑Gradu‑accedilatildeo em Letras Claacutessicas da Universidade de Satildeo Paulo e Professora Pesquisadora do Programa de Poacutes‑Graduaccedilatildeo em Histoacuteria da Universidade Federal de Satildeo Paulo Liacuteder do Grupo CNPq LABHAN Laboratoacuterio de Histoacuteria Antiga da Universidade Federal do Amapaacute Pesquisadora do Grupo CNPq Linceu ‑ Visotildees da Antiguidade Claacutessica da Universidade Estadual Paulista Pesquisadora do Grupo Retoacuterica Texto y Comunicacioacuten da Universidad de Caacutediz Membro do Conselho Acadecircmico do Seminaacuterio de Histoacuteria e Filosofia das Religiotildees da Universidad Autoacutenoma de Ciudad Juaacuterez mdash Meacutexico Pesquisa e publica trabalhos sobre Esparta Plutarco e biografia antiga

M Teresa Fau Ramos es Profesora Titular del Departament de Filologia Grega de la Universitat de Barcelona y miembro del Grup de Recerca Graecia Capta que investiga la pervivencia de la identidad griega bajo el imperio romano Sus principales aacutereas de intereacutes cientiacutefico son la historia e instituciones de la Grecia claacutesica y post‑claacutesica la religioacuten helena (paganismo) y diversos aspectos del cristianismo primitivo

Pilar Goacutemez Cardoacute es profesora titular de Filologiacutea Griega en la Universidad de Barcelona donde imparte docencia e investiga desde 1981 Doctora en Filologiacutea Claacutesica desde 1987 con una tesis sobre la tradicioacuten yaacutembica y la faacutebula (La Vida drsquoIsop entre el iambe la faula i la novella) es autora de numerosos artiacuteculos y capiacutetulos de libros sobre la literatura griega de eacutepoca imperial romana en especial sobre Segunda Sofiacutestica y novela ha estudiado principalmente autores como Luciano en cuya edicioacuten y traduccioacuten al castellano para la coleccioacuten Alma Mater participa Plutarco Dioacuten de Prusa o Elio Ariacutestides Es miembro del grupo de investigacioacuten Graecia Capta de la Universidad de Barcelona

Roosevelt Rocha eacute Professor Adjunto do curso de Letras da Universidade Federal do Paranaacute (Brasil) e pesquisador ligado ao Programa de Poacutes‑Graduaccedilatildeo em Letras da

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mesma Universidade As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a poesia grega arcaica (elegia jambo e meacutelica) a muacutesica grega antiga e o estudo da performance da poesia grega dos periacuteodos arcaico e claacutessico

Vicente Ramoacuten es Profesor Tiular de Filologiacutea Griega de la Universidad de Zara‑goza Sus intereses cientiacuteficos pueden sintetizarse en las siguientes liacuteneas Plutarco de Queronea y la biografiacutea poliacutetica historiografiacutea griega retoacuterica y oratoria griegas tradicioacuten claacutesica teatro griego la irreligiosidad en la Atenas Claacutesica

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Nelson
Text Box
(Paacutegina deixada propositadamente em branco)

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Volumes publicados na Colecccedilatildeo Humanitas Supplementum

1 Francisco de Oliveira Claacuteudia Teixeira e Paula Barata Dias Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 1 ndash Liacutenguas e Literaturas Greacutecia e Roma (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

2 Francisco de Oliveira Claacuteudia Teixeira e Paula Barata Dias Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 2 ndash Liacutenguas e Literaturas Idade Meacutedia Renascimento Recepccedilatildeo (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

3 Francisco de Oliveira Jorge de Oliveira e Manuel Patriacutecio Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 3 ndash Histoacuteria Arqueologia e Arte (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2010)

4 Maria Helena da Rocha Pereira Joseacute Ribeiro Ferreira e Francisco de Oliveira (Coords) Horaacutecio e a sua perenidade (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

5 Joseacute Luiacutes Lopes Brandatildeo Maacutescaras dos Ceacutesares Teatro e moralidade nas Vidas suetonianas (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

6 Joseacute Ribeiro Ferreira Delfim Leatildeo Manuel Troumlster and Paula Barata Dias (eds) Symposion and Philanthropia in Plutarch (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

7 Gabriele Cornelli (Org) Representaccedilotildees da Cidade Antiga Categorias histoacutericas e discursos filosoacuteficos (Coimbra Classica DigitaliaCECHGrupo Archai 2010)

8 Maria Cristina de Sousa Pimentel e Nuno Simotildees Rodrigues (Coords) Sociedade poder e cultura no tempo de Oviacutedio (Coimbra Classica DigitaliaCECHCECCH 2010)

9 Franccediloise Frazier et Delfim F Leatildeo (eds) Tychegrave et pronoia La marche du monde selon Plutarque (Coimbra Classica DigitaliaCECH Eacutecole Doctorale 395 ArScAn‑THEMAM 2010)

10 Juan Carlos Iglesias‑Zoido El legado de Tuciacutedides en la cultura occidental (Coimbra Classica DigitaliaCECH ARENGA 2011)

11 Gabriele Cornelli O pitagorismo como categoria historiograacutefica (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2011)

12 Frederico Lourenccedilo The Lyric Metres of Euripidean Drama (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2011)

13 Joseacute Augusto Ramos Maria Cristina de Sousa Pimentel Maria do Ceacuteu Fialho Nuno Simotildees Rodrigues (coords) Paulo de Tarso Grego e Romano Judeu e Cristatildeo (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

14 Carmen Soares amp Paula Barata Dias (coords) Contributos para a histoacuteria da alimentaccedilatildeo na antiguidade (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

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15 Carlos A Martins de Jesus Claudio Castro Filho amp Joseacute Ribeiro Ferreira (coords) Hipoacutelito e Fedra ‑ nos caminhos de um mito (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

16 Joseacute Ribeiro Ferreira Delfim F Leatildeo amp Carlos A Martins de Jesus (eds) Nomos Kosmos amp Dike in Plutarch (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

17 Joseacute Augusto Ramos amp Nuno Simotildees Rodrigues (coords) Mnemosyne kai Sophia (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

18 Ana Maria Guedes Ferreira O homem de Estado ateniense em Plutarco o caso dos Alcmeoacutenidas (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

19 Aurora Loacutepez Andreacutes Pocintildea amp Maria de Faacutetima Silva De ayer a hoy influencias claacutesicas en la literatura (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

20 Cristina Pimentel Joseacute Luiacutes Brandatildeo amp Paolo Fedeli (coords) O poeta e a cidade no mundo romano (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

21 Francisco de Oliveira Joseacute Luiacutes Brandatildeo Vasco Gil Mantas amp Rosa Sanz Serrano (coords) A queda de Roma e o alvorecer da Europa (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

22 Luiacutesa de Nazareacute Ferreira Mobilidade poeacutetica na Greacutecia antiga uma leitura da obra de Simoacutenides (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica DigitaliaCECH 2013)

23 Faacutebio Cerqueira Ana Teresa Gonccedilalves Edalaura Medeiros amp JoseacuteLuiacutes Brandatildeo Saberes e poderes no mundo antigo Vol I ndash Dos saberes (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia2013) 282 p

24 Faacutebio Cerqueira Ana Teresa Gonccedilalves Edalaura Medeiros amp Delfim Leatildeo Saberes e poderes no mundo antigo Vol II ndash Dos poderes (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013) 336 p

25 Joaquim J S Pinheiro Tempo e espaccedilo da paideia nas Vidas de Plutarco (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013) 458 p

26 Delfim Leatildeo Gabriele Cornelli amp Miriam C Peixoto (coords) Dos Homens e suas Ideias Estudos sobre as Vidas de Dioacutegenes Laeacutercio (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013)

27 Italo Pantani Margarida Miranda amp Henrique Manso (coords) Aires Barbosa na Cosmoacutepolis Renascentista (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2013)

28 Francisco de Oliveira Maria de Faacutetima Silva Tereza Virgiacutenia Ribeiro Barbosa (coords) Violecircncia e transgressatildeo uma trajetoacuteria da Humanidade (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

29 Priscilla Gontijo Leite Eacutetica e retoacuterica forense asebeia e hybris na caracterizaccedilatildeo dos adversaacuterios em Demoacutestenes (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

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30 Andreacute Carneiro Lugares tempos e pessoas Povoamento rural romano no Alto Alentejo ‑ Volume I (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2014)

31 Andreacute Carneiro Lugares tempos e pessoas Povoamento rural romano no Alto Alentejo ‑ Volume II (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2014)

32 Pilar Goacutemez Cardoacute Delfim F Leatildeo Maria Aparecida de Oliveira Silva (coords) Plutarco entre mundos visotildees de Esparta Atenas e Roma (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

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Resumo da obra

A vasta e variada obra de Plutarco permite sempre uma abordagem a partir de distintas

perspetivas com diferentes intenccedilotildees e propoacutesitos variados No entanto eacute importante

identificar tambeacutem fios comuns nessa abordagem porque permitem demonstrar tanto a

niacutevel formal como de conteuacutedo que haacute muitos elementos comuns que permeiam o trabalho

de Plutarco

Os treze contributos para este volume tecircm como elo comum o nome de trecircs cidades

Esparta Atenas e Roma Elas representam espaccedilos poliacuteticos e institucionais diversos dada

a sua extensatildeo geograacutefica e cronoloacutegica mas simbolizam igualmente diferentes modelos

de organizaccedilatildeo social atraveacutes dos quais a Greacutecia pode ser contrastada com Roma ou Atenas

comparada com Esparta mdash ainda que o seu verdadeiro interesse na obra de Plutarco seja

que representam sempre locais paradigmaacuteticos onde vivem e convivem pessoas Por

isso os estudiosos de Plutarco que contribuiacuteram para este volume procuram analisar em

cada uma dessas cidades seja por assimilaccedilatildeo ou por contraste a forma como o autor de

Queroneia aborda a ligaccedilatildeo entre indiviacuteduo e comunidade a partir do exerciacutecio do poder

e da experiecircncia religiosa qual o papel da educaccedilatildeo e do domiacutenio privado na projeccedilatildeo

puacuteblica dos protagonistas retratados por Plutarco ou ateacute que ponto a imagem dos primeiros

legisladores e fundadores miacuteticos foi condicionada pela evoluccedilatildeo histoacuterica destas mesmas

cidades

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Page 26: Versão integral disponível em digitalis.uc · visões de Esparta, Atenas e Roma IMPRENSA DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA COIMBRA UNIVERSITY PRESS ANNABLUME Versão integral disponível

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Joseacute M Candau

sobrenaturales rectoras de los sucesos Y no acceden precisamente por estar in‑mersos en el mundo de la actuacioacuten y la peripecia Las pulsiones procedentes del exterior embargan su aacutenimo de manera que en expresioacuten de Brenk laquothey see only the apparent succession of chance occurrencesraquo50 Arquedamo tampoco tiene acceso al plano donde operan las fuerzas sobrenaturales Y evidentemente la misma ceguera afecta a esos laquoamantes del honor y la bellezaraquo ante los cuales invita a hablar a Cafisias Un puacuteblico ilustre cuya presentacioacuten hace Arquedamo subrayando su pertenencia a familias poliacuteticamente insignes51 Puacuteblico por tanto equiparable a esa eacutelite social a quien Plutarco dirige sus tratados de eacutetica praacutectica Los dos puacuteblicos el de Cafisias y el del Plutarco podriacutean identificarse con los heacuteroes que liberan la Cadmea Pero difiacutecilmente se identificariacutean con Epaminon‑das que en dos ocasiones rechaza tomar parte en la empresa52

En ambas el rechazo se justifica mediante un argumento ndashla negativa a derramar sangre de sus conciudadanos‑ que situacutea a Epaminondas a un nivel de exigencia eacutetica superior al de los conjurados53 Ahora bien la diferencia entre Epaminondas y los liberadores no radica en la eacutetica Pues al fin y al cabo ningu‑na ofensa eacutetica cabe reprochar a los protagonistas de la heroica liberacioacuten de la Cadmea Radica en el nivel Asiacute lo sugiere la discusioacuten sobre la pobreza Y asiacute lo vuelve a sentildealar el gran debate sobre el daimon de Soacutecrates que da tiacutetulo a al obra

Se debate sobre lo que Soacutecrates mismo llamaba su daimon el principio que lo guioacute a lo largo de su vida e iluminaba sus decisiones en materias inciertas e impenetrables para la inteligencia humana54 El daimon socraacutetico sugiere que Soacutecrates conociacutea de alguna manera los acontecimientos futuros algo que dos personajes del de genio acreditan55 En este sentido el debate versa sobre la adivi‑nacioacuten Las intervenciones de los diferentes personajes configuran tomadas en conjunto un extenso discurso filosoacutefico y religioso Plutarco no se alinea expresa‑mente con ninguna de las opiniones emitidas el tratamiento del tema presenta pues ese final abierto que es tan comuacuten en este autor Las cuestiones que se tocan son variadas pero todas parten de una cuestioacuten baacutesica La adivinacioacuten supone un conocimiento inalcanzable al menos en apariencia a la razoacuten humana Y el debate versa sobre coacutemo es posible acceder a ese nivel superior de inteligencia Miradas desde este punto de vista las opiniones formuladas por los distintos personajes pueden dividirse en dos grandes bloques De un lado Galaxidoro que

50 Brenk (1996) 4251 Gen Socr 575E‑F52 Gen Socr 576D‑E 594B‑C53 En la segunda ocasioacuten se antildeade un motivo maacutes conveniacutea que consumada la liberacioacuten

quedasen hombres a quienes nada pudiese reprocharse por no haber participado en la accioacuten Epaminondas se reserva este papel

54 Gen Socr 580C‑D55 Teoacutecrito (580D‑F) y Polimnis (581D‑E)

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Un mentor limpio de pasiones El filoacutesofo y la actuacioacuten poliacutetica seguacuten el De genio Socratis

inicia el debate propone una explicacioacuten maacutes proacutexima a los paraacutemetros raciona‑les56 en ella se ha querido ver una muestra de la llamada laquoadivinacioacuten teacutecnicaraquo (τεχνικὸς μαντική artificiosa divinatio)57 Del otro Simias Timarco y Teanor interpretan las premoniciones de Soacutecrates como un caso de comunicacioacuten direc‑ta entre el hombre y la divinidad defienden por tanto la llamada laquoadivinacioacuten naturalraquo (ἄτεχνος μαντική naturalis divinatio)58 Ya se ha dicho que Plutarco no se declara expresamente partidario de ninguna opcioacuten Pero su texto privilegia de manera indirecta los discursos de Simias Timarco y Teanor Asiacute lo sugiere un paacuterrafo del de genio que subraya el papel de Galaxidoro como mero introductor del problema59 Y asiacute lo recogen distintos estudios modernos Galaxidoro seriacutea el oponente racionalista casi siempre estoico habitual en los diaacutelogos religiosos de Plutarco su explicacioacuten se ve devaluada tanto por sus contradicciones internas como por la presencia de procedimientos textuales que rebajan su veracidad y en suma Galaxidoro y el resto de las intervenciones insertas en la seccioacuten dominada por eacutel tendriacutean como funcioacuten principal la de plantear el tema a debatir60

Las propuestas de Simias Timarco y Teanor son evidentemente distintas Actuacutea aquiacute quizaacutes el deseo de presentar el problema bajo luces diversas61 o quizaacutes el complejo planteamiento dramaacutetico que forma parte de las estrategias persuasivas de Plutarco62 Las tres sin embargo coinciden en una idea central la singularidad de aquellos hombres que como Soacutecrates pueden contactar con una realidad por encima del mundo material Para Simias el alma de la mayoriacutea de los hombres se halla embargada por el tumulto de las pasiones y la voraacutegine de las servidumbres vitales de manera que su entendimiento no puede captar las indica‑ciones de los seres superiores en el caso de Soacutecrates por el contrario su intelecto limpio y exento de pasiones (ὁ νοῦς καθαρὸς ὢν καὶ ἀπαθής) percibiacutea faacutecilmente las sentildeales enviadas por los seres divinos63 Seguacuten el mito de Timarco (expuesto por Simias) en el alma (ψυχή) conviven dos partes una inmersa en el cuerpo recibe el nombre mismo de ldquoalmardquo (ψυχή) la otra inaccesible a la corrupcioacuten se llama laquointelectoraquo (νοῦν) estaacute en el exterior del hombre y los entendidos le dan

56 Gen Socr 579F‑582C57 Corlu (1970) 49‑50 Doumlring (1984) 376 Schroumlder (2010) 161 58 Para la distincioacuten entre ambos tipos de maacutentica veacutease Cic div 111ndash12 134 172

1109ndash131 (con el comentario de Wardle (2006))59 Gen Socr 588A ζητήσεως οὐκ ἀγεννοῦς ἀλλ ἧς ὀλίγον ἔμπροσθεν οἱ περὶ Γαλαξίδωρον

καὶ Φειδόλαον ἥψαντο διαποροῦντες τίνος οὐσίας καὶ δυνάμεως εἴη τὸ Σωκράτους λεγόμενον δαιμόνιον

60 Corlu (1970) 19‑20 y 51‑52 Hani (1980) 53 Doumlring (1984) 376‑377 Schroumlder (2010) 161‑162 Donini (2011) 415‑416

61 Sobre el reparto de papeles filosoacuteficos que aquiacute parece efectuar Plutarco veacutease Donini (2011) 412‑419 (2011 [2004]) 442‑443

62 Veacutease Van Hoof (2010) 67‑68 a propoacutesito de determinados laquotratados de eacutetica praacutecticaraquo63 Gen Socr 588D‑E

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Joseacute M Candau

el nombre de daimon64 La parte irracional e inmersa en el cuerpo se halla sujeta a la racional e incorruptible Si la sujecioacuten es deacutebil el alma se dejaraacute doblegar por las pasiones soacutelo cuando se fortalece gracias a la educacioacuten aparece el alma capaz de percibir con prontitud las indicaciones de su daimon Algunos hombres sin embargo estaacuten especialmente dotados de suerte que en ellos predomina de forma innata la obediencia a la razoacuten y a su daimon A ellos estaacute reservada la capacidad de percibir la llamada divina65 Teanor afirma que las almas libres de lazos con el cuerpo se convierten en daacuteimones Tales daacuteimones guiacutean los asuntos del hombre Pero no todos los hombres reciben su atencioacuten pues se desentienden de cuantos estaacuten inmersos en los avatares del acontecer soacutelo aquellos que tras mil esfuerzos ascienden a una esfera elevada son recompensados con la ayuda del daimon66

Las tres intervenciones explican las dotes excepcionales de Soacutecrates mediante la existencia de hombres excepcionales Y en las tres esa excepcionalidad requiere una especial disposicioacuten del alma La liberacioacuten de las pasiones y el alejamiento del traacutefago iacutensito en el mundo humano se presentan como condicioacuten necesaria para que haya un Soacutecrates Paradigma del filoacutesofo Soacutecrates es tambieacuten el modelo de Epaminondas El discurso sobre la pobreza al mostrar coacutemo Epaminondas limpia su alma de pasiones e impulsos procedentes del mundo exterior acredita su condicioacuten de filoacutesofo Asiacute se reconoce cuando termina dicho discurso por boca de Simias67

laquoGran hombre grande es Epaminondas y responsable de ello es el aquiacute pre‑sente Polimnis que ha criado a sus hijos desde temprano en la mejor filosofiacutearaquo

Epaminondas tambieacuten es consecuente con su condicioacuten de filoacutesofo cuando rehuacutesa someter su alma al torbellino del acontecer humano y las pasiones aso‑ciadas esto es cuando se niega a participar en la conjura El filoacutesofo parece ser la conclusioacuten no debe participar al menos de manera directa en el torbellino de la vida poliacutetica

El Epaminondas del de genio es una creacioacuten histoacutericamente discutible68 Ciertamente su no participacioacuten en la liberacioacuten de la Cadmea y su formacioacuten filosoacutefica estaacuten suficientemente documentadas Pero Epaminondas es conocido ante todo por su dimensioacuten poliacutetica que aquiacute relega Plutarco para subrayar su

64 Gen Socr 591E65 Gen Socr 592A‑E66 Gen Socr 593D‑594A67 Gen Socr 585D68 Ya Von Stern (1884) 55‑57 sentildealoacute las debilidades del relato que ofrece Plutarco en el

de genio Los estudios posteriores (veacutease por ejemplo Corlu [1970] 19‑20 Barigazzi [1988] 414‑424Georgiadou [1996]) han insistido en el Epaminondas del de genio presenta una factura obediente sobre todo a razones compositivas y de disentildeo

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Un mentor limpio de pasiones El filoacutesofo y la actuacioacuten poliacutetica seguacuten el De genio Socratis

calidad de filoacutesofo Asiacute construida la figura de Epaminondas traslada un mensaje ndashla no implicacioacuten directa del filoacutesofo en las luchas poliacuteticas‑ que puede tener calado teoacuterico pero tambieacuten sirve a Plutarco para trasladar su posicionamiento ante cuestiones concernientes a su propia persona y al horizonte cultural de su eacutepoca Comparado a otros contemporaacuteneos que por condicioacuten social e incluso actividad literaria estaban a su mismo nivel Plutarco no protagonizoacute una carrera poliacutetica particularmente brillante69 Asumioacute en cambio el papel de consejero y guiacutea de la eacutelite La autoridad necesaria para ello se la confiere la filosofiacutea Pues Plutarco se presenta a siacute mismo como filoacutesofo La exaltacioacuten de Epaminondas es una exaltacioacuten de su propia identidad como filoacutesofo y mentor Epaminondas se mueve a una altura la de la filosofiacutea superior a la de sus afines y compantildeeros los conjurados Esta altura le prohiacutebe descender al plano de la accioacuten directa descenso que contaminariacutea su alma con pulsiones sobrevenidas pero tambieacuten le permite acceder a una realidad inalcanzable para sus compantildeeros Epaminondas eleva asiacute la posicioacuten del filoacutesofo y justifica incluso hace ineludible su alejamiento de la lucha poliacutetica Gracias a ello lo que podriacutea ser una debilidad del propio Plutarco la falta de una carrera puacuteblica brillante se transforma en una eleccioacuten deliberada y necesaria

Tal mensaje adquiere maacutes fuerza si se lo contempla sobre el transfondo cultural de la eacutepoca El auge de las composiciones de exitu illustrium virorum corre en paralelo a la admiracioacuten hacia el filoacutesofo que se enfrenta al poder y sufre castigo por ello Ya se ha dicho que el fenoacutemeno acreditado en diversas fuentes contemporaacuteneas a Plutarco fue propiciado particularmente por el final del rei‑nado de Diocleciano y que el modelo uacuteltimo del filoacutesofo‑maacutertir es Soacutecrates En este contexto adquiere un significado especial la exaltacioacuten del ldquoSoacutecrates tebanordquo Epaminondas Epaminondas se aleja del conflicto puacuteblico para cuidar su alma se distingue por su silencio y pese a ello constituye el ldquocentro ausenterdquo del de genio una composicioacuten articulada en torno a un conflicto civil la liberacioacuten de la Cadmea No resulta inverosiacutemil ver en todos estos datos una respuesta de Plu‑tarco ante el fenoacutemeno del ldquofiloacutesofo‑maacutertir poliacuteticordquo y la admiracioacuten aglutinada en torno a esa figura Respuesta que reivindica rotundamente el papel asumido por el propio Plutarco de filoacutesofo mentor del poliacutetico pero fuera eacutel mismo del traacutefago de la poliacutetica

69 Veacuteanse las observaciones y referencias que ofrece al respecto Van Hoof (2010) 66‑67

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Joseacute M Candau

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Brenk F E laquoTime as Structure in Plutarchrsquos The Daimonion of Socratesraquo en L Van Der Stock (ed) 1996 pp 29‑51

Candau Moroacuten J M laquoPlutarco y la historiografiacutea traacutegicaraquo enJ M Candau Moroacuten F J Gonzaacutelez Ponce amp A L Chaacutevez Reino (eds) Plutarco Transmisor Actas del X Simposio Internacional de la Sociedad Espantildeola de Plutarquistas (Sevilla 12‑14 de noviembre de 2009) Sevilla 2011 pp147‑169

Corlu A Plutarque Le deacutemon de Socrate Texte et traduction avec une introduction et des notes Paris 1970

Desideri P laquoIl De genio Socratis di Plutarcho un esempio di ldquostoriografiacutea tragicardquoraquo Athenaeum 62 (1984) 569‑85

mdashmdashmdash laquoldquoNon scriviamo storie ma viterdquo (Plut Alex 12) la formula biografica di Plutarcoraquo en el vol colectivo Testis Temporum Aspetti e problemi della storiografia antica 1995 pp 15‑25

Dillon J laquoDion and Brutus Philosopher Kings Adrift in a Hostile Worldraquo en A G Nikolaidis (ed) 2008 pp 351‑ 364

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A Esparta de Plutarco entre a guerra e as artes

de um seguidor das leis de Licurgo Nesse sentido Plutarco diz que o dinheiro e o ouro deveriam ser mandados embora de Esparta porque eles eram flagelos importados que despertavam a cobiccedila e promoviam a degeneraccedilatildeo dos costumes (c 17) Desse ponto de vista Lisandro prejudicou Esparta justamente porque promoveu seu enriquecimento e contribuiu para a dissoluccedilatildeo da frugalidade e da simplicidade que caracterizavam o cotidiano dos lacocircnios antes das vitoacuterias espartanas na Guerra do Peloponeso6

Na Vida de Agesilau Plutarco nos conta que o biografado foi o segundo filho de Arquidamo (o primeiro tinha sido Aacutegis) e que por isso ele natildeo seria o herdeiro direto do trono de Esparta De qualquer modo Agesilau foi educado de acordo com a agoge lacedemocircnia e nosso autor faz questatildeo de frisar que em decorrecircncia disso o liacuteder espartano sempre respeitou e praticou as leis de sua cidade (c 1) Mesmo apresentando uma pequena diferenccedila de tamanho de uma perna para a outra ele tinha outras qualidades espartanas como a honestidade a mansidatildeo e a beleza fiacutesica (c 2) Sua formaccedilatildeo foi tatildeo bem sucedida que diferente de Alexandre o grande e de Haniacutebal Agesilau foi um general que conquistou importantes vitoacuterias e mesmo assim nunca deixou de obedecer agraves leis espartanas (c 15) Mesmo depois de tornar‑se um lendaacuterio vencedor ele voltou a Esparta e continuou o mesmo homem de antes sem apresentar nenhuma novidade no seu comportamento diferente de outros estrategos quando voltavam de longas expediccedilotildees a terras estrangeiras (c 19)

Plutarco nos conta que Lisandro ndashque dizem ter sido amante de Agesilau na juventude (c 2)ndash pretendia introduzir muitas inovaccedilotildees e mudanccedilas no governo da Lacocircnia (c 20) Embora outros liacutederes de Esparta como Antaacutelcidas tenham feito acordos com os Persas e tenham abandonado laquocovarde e maldosamenteraquo os gregos da Aacutesia sob o domiacutenio dos baacuterbaros como nos diz Plutarco (c 23) Agesilau sempre foi um defensor da justiccedila Entre os capiacutetulos 29 e 30 da Vida de Agesilau nosso autor nos conta que os espartanos que perderam parentes na bata‑lha de Leuctra (em 371 a C) se alegraram e os que natildeo perderam ficaram tristes De certa forma eles responsabilizaram Agesilau pela derrota e lamentaram ter aceito um rei coxo Contudo Agesilau tinha boa reputaccedilatildeo e era muito virtuoso Prova disso eacute que sem promover nenhuma inovaccedilatildeo ele disse que era preciso fazer as leis dormirem para que retomassem a autoridade que tiveram no passado

Entretanto Plutarco natildeo faz apenas elogios a Agesilau Cartledge (1987 418) observa que ele faz criacuteticas a Agesilau por causa de sua ingratidatildeo em relaccedilatildeo a Lisandro (c 8) e condena seu comportamento porque ele teria hon‑rado mais os amigos do que a justiccedila (c 13 ver tambeacutem Moralia 807d) Aleacutem disso Plutarco via uma relaccedilatildeo direta entre a decadecircncia de Esparta e a ascenccedilatildeo

6 Sobre isso ver Duff (2002) 161‑204 e a introduccedilatildeo de Flaceliegravere e Chambry em Plutarque (1971) 158‑173

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ilegiacutetima de Agesilau ao trono (c 21) Poreacutem no geral nosso autor eacute tatildeo favoraacutevel e simpaacutetico a Agesilau quanto Xenofonte que tambeacutem escreveu uma biografia do rei espartano a qual certamente serviu de base para a Vida composta pelo poliacutemata de Queroneia Segundo Cartledge (1987 418) para Plutarco Agesilau foi a encarnaccedilatildeo das virtudes peculiarmente espartanas simplicidade piedade e autocontrole7

Depois na Vida de Aacutegis e na Vida de Cleocircmenes Plutarco narra os uacuteltimos momentos da histoacuteria da Esparta independente ou seja o ponto mais baixo da decadecircncia daquela cidade Os reis Aacutegis e Cleocircmenes que reinaram no seacuteculo III a C tentaram restaurar os antigos valores dos tempos de Licurgo Eles tinham os dons naturais para levar essa tarefa a cabo Aacutegis tinha grandeza de alma e se insurgia contra os prazeres desde antes dos vinte anos (c 4) natildeo gostava de rou‑pas luxuosas e baniu toda suntuosidade para aderir aos antigos haacutebitos lacocircnios caracterizados pela simplicidade de vida Mas seu exemplo e sua energia natildeo foram suficientes para restaurar os costumes tradicionais e ele foi assassinado ainda muito jovem (cc 19‑21) Aquela Esparta incorrupta e valorosa dos tempos de Licurgo dava seus uacuteltimos suspiros

Cleocircmenes natildeo era parente de Aacutegis mas foi obrigado a se casar com a vi‑uacuteva do rei assassinado ou seja Agiaacutetis Segundo Plutarco (c 1) Cleocircmenes era ambicioso e tinha grandeza de alma Era temperante e simples como Aacutegis Ele tambeacutem quiz restaurar os antigos costumes espartanos (c 11) Primeiro depois de longa disputa poliacutetica abriu matildeo de seus bens Depois distribuiu as terras entre os cidadatildeos Restabeleceu a educaccedilatildeo dos jovens e a disciplina espartana Ele proacuteprio levou uma vida simples e frugal para dar o exemplo aos outros la‑cedemocircnios sem insolecircncia nem orgulho excessivo ou seja como um modelo de temperanccedila (c 13) Mesmo quando perdeu sua esposa Agiaacutetis por quem se enamorara verdadeiramente Cleocircmenes manteve a firmeza e seu caraacuteter elevado e tomou as providecircncias necessaacuterias para garantir a seguranccedila de seus soldados e aliados (c 22) Depois de reinar por dezesseis anos Cleocircmenes morreu (cc 37‑38) e assim terminou a histoacuteria de Esparta como cidade politicamente autocircnoma

Ateacute aqui vimos que podemos encontrar nas Vidas dos liacutederes espartanos escritas por Plutarco aquela imagem caracterizada por um conjunto de valores que parecem ter ganhado forccedila numa eacutepoca lendaacuteria e foram se enfraquecendo conforme o tempo foi passando e Esparta foi estendendo seu poder para fora da Lacedemocircnia Nesse quadro vemos uma cidade altamente militarizada de guerreiros corajosos disciplinados e afeitos a uma vida sem luxos e sem confortos Isso poderia indicar que os espartanos eram um povo rude pouco sofisticado e fechado para as artes

7 Cf tambeacutem a introduccedilatildeo de Flaceliegravere e Chambry em Plutarque (1973) 85‑88 e Shipley (1998) 1‑46

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Poreacutem vaacuterias fontes arqueoloacutegicas vasculares e mesmo literaacuterias nos mostram o contraacuterio Apesar de Tuciacutedides (1102) ter dito que os edifiacutecios em Esparta eram modestos e natildeo correspondiam ao tamanho do poder militar e poliacutetico da cidade dos lacedemocircnios em seu apogeu a avaliaccedilatildeo dos monumentos arquitetocircnicos espartanos precisa ser feita com cuidado Eacute preciso lembrar que Esparta natildeo foi destruiacuteda nas Guerras Meacutedicas como Atenas foi A capital da Aacutetica foi reconstruiacuteda e uma grande soma de dinheiro afluiu para ela por causa das contribuiccedilotildees dos aliados da Liga de Delos Isso natildeo aconteceu com a princi‑pal cidade da Lacocircnia Desse modo nela foram conservados edifiacutecios antigos do seacuteculo VI a C que apresentavam outro estilo de construccedilatildeo mais arcaizante do que claacutessico Dependendo do ponto de vista um estilo pode ser mais valorizado do que o outro

De qualquer modo Pausacircnias (3113) viajante do seacuteculo II d C que fez uma descriccedilatildeo de vaacuterias cidades da Greacutecia daquela eacutepoca nos informa que havia em Esparta vaacuterios monumentos que despertavam a admiraccedilatildeo daqueles que por ali passavam tal como o Poacutertico Persa construiacutedo inicialmente com o butim amealhado na guerra contra os persas Outros exemplos de edifiacutecios que nos uacuteltimos anos vecircm sendo estudados satildeo o templo de Apolo em Amiclas o templo de Aacutertemis Oacutertia e o Menelaion onde eram cultuados Menelau e Helena8

Cartledge (2002 111) nos informa que depois de 690 a C pintores de vasos da Lacocircnia sofreram influecircncia de artistas do Egeu e adotaram o chamado estilo lsquoorientalizantersquo o que mostra que na praacutetica Esparta natildeo estava isolada do resto do mundo helecircnico Ainda segundo Cartledge nessa eacutepoca artesatildeos lacocircnios que trabalhavam com bronze comeccedilaram a se interessar pela representaccedilatildeo de figuras humanas em suas obras e por volta de 650 a C comeccedilou a se desenvolver na regiatildeo de Esparta o uso do marfim para produccedilatildeo de objetos gravados Vemos entatildeo que o ambiente artiacutestico na Lacedemocircnia entre 775 e 650 a C natildeo era de modo algum esteacuteril ou sem importacircncia9

Como Burn (1960 275‑276) explica Esparta natildeo virou suas costas para a arte e a poesia Prova disso eacute que vasos com detalhes refinados foram fabricados ali e exportados para outras regiotildees da Heacutelade ateacute 550 a C mais ou menos Por volta de 600 a C Gitiadas poeta escultor e arquiteto projetou o Templo de Atena tambeacutem conhecido como Casa de Bronze por causa das placas feitas com esse metal para decorar o edifiacutecio E em 585 a C o segundo templo de Oacutertia foi construiacutedo Ou seja havia artesatildeos trabalhando em Esparta no periacuteodo arcaico que produziram obras dignas de admiraccedilatildeo10

8 Para mais informaccedilotildees sobre a arqueologia e a arquitetura espartanas ver Walker (1998) Kaltsas (2007) e Cavanagh (2009)

9 Sobre isso ver tambeacutem Burn (1960) 180‑184 e Stibbe (1996) passim10 Ver tambeacutem Burn (1960) 280‑282 e Cartledge (2002) 133‑136

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No que diz respeito agrave muacutesica Plutarco nos daacute significativos testemunhos da sua importacircncia em ambiente espartano tanto nas Vidas quanto nos Moralia Na Vida de Licurgo no c 4 por exemplo encontramos a informaccedilatildeo segundo a qual o legislador lendaacuterio teria convidado um poeta‑legislador de Creta para ir a Esparta com ele Esse poeta se chamava Tales Mas talvez tenha havido alguma confusatildeo na tradiccedilatildeo manuscrita e esse Tales poderia ser o Taletas de Gortina mencionado algumas vezes no livro Sobre a Muacutesica tambeacutem de Plutarco Ele teria sido o responsaacutevel por curar os espartanos de uma peste com o seu canto11 Aleacutem disso no mesmo c 4 nos eacute dito que Licurgo teria sido o responsaacutevel por levar os poemas de Homero da Jocircnia para sua cidade

Depois no c 21 da mesma Vida Plutarco nos diz que os lacedemocircnios apreciavam se dedicar agrave poesia meacutelica porque as canccedilotildees estimulavam seus espiacuteritos e lhes davam coragem para enfrentar os inimigos nas batalhas Seu estilo era simples e seus temas eram seacuterios com o objetivo de promover uma boa formaccedilatildeo dos caraacuteteres Nelas eram louvados os heroacuteis de Esparta e condenados os covardes que natildeo lutaram ateacute o fim para defender sua cidade Nos festivais eram organizados trecircs coros de acordo com as idades um de velhos outro de adultos e outro de jovens Cada um cantava sobre a sua bravura uns falavam dos seus feitos no passado os outros tratavam das suas accedilotildees no presente e os uacuteltimos cantavam sobre o seu desejo de realizar grandes proezas no futuro Esses seriam os temas baacutesicos das canccedilotildees em Esparta e por isso segundo Plutarco Terpandro e Piacutendaro estavam corretos ao associar bravura e muacutesica e ao mostrar que os espartanos eram o povo mais aguerrido e mais musical

Por isso natildeo era por acaso que os jovens cantavam o nomo de Caacutestor e o peatilde da marcha (c 22) e em todo lugar havia danccedilas festas e banquetes quando natildeo havia expediccedilotildees militares (c 24) Contudo o gosto pela boa muacutesica e pela boa poesia natildeo era caracteriacutestico de todos os habitantes da Lacocircnia tendo em vista que os hilotas danccedilavam e cantavam canccedilotildees vulgares e grotescas diferentes das composiccedilotildees de Aacutelcman Terpandro e Especircndon (c 28) Isso na verdade estava associado ao fato de eles serem escravos e por isso era compreensiacutevel que eles apreciassem canccedilotildees vis como eles proacuteprios

Na Vida de Lisandro encontramos algumas informaccedilotildees que reforccedilam a impressatildeo de que os espartanos tinham sim grande sensibilidade para a muacutesica No c 15 ficamos sabendo que os lacocircnios depois de conquistar Atenas em 404 a C queriam destruir aquela cidade mas apoacutes ouvir um coro da Electra de Euriacutepides desistiram Em seguida no c 18 Plutarco nos conta que Lisandro estava sempre acompanhado do poeta Queacuterilo encarregado de celebrar os feitos do general E outros poetas tambeacutem celebraram Lisandro segundo nosso autor

11 Ver Plu Mus 42 (1146B‑C) e Gostoli (1990) 12‑13 e

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Na Vida de Agesilau c 14 lemos que os espartanos apreciavam uma parte da poesia de Timoacuteteo de Mileto poeta que teria tido algumas cordas de sua ciacutetara cortadas quando de uma sua visita a Esparta porque os eacuteforos julgavam que natildeo seriam necessaacuterias mais do que sete cordas e o instrumento do poeta tinha onze12 Essa anedota indica que os lacocircnios natildeo apreciavam inovaccedilotildees Poreacutem a informaccedilatildeo do c 14 da Vida de Agesilau mostra que eles poderiam aceitar pelo menos uma parte da obra de um poeta inovador desde que essa parte se adequas‑se ao gosto e agraves tradiccedilotildees do local Tambeacutem nessa mesma Vida c 21 Plutarco nos diz que o rei Agesilau apreciava os cantos e as danccedilas mesmo natildeo sendo um lsquoespecialistarsquo nas artes

Por fim na Vida de Aacutegis c 10 encontramos um elogio a Terpandro a Ta‑les (Taletas) e a Fereacutecides porque mesmo sendo estrangeiros professavam o que Licurgo instituiu e por isso foram muito honrados em Esparta Na Vida de Cleocircmenes c 2 somos informados que o rei Leocircnidas elogiou Tirteu algo facilmente compreensiacutevel tendo em vista o caraacuteter estimulante e guerreiro das elegias daquele poeta Aleacutem disso nessa mesma Vida citada por uacuteltimo c 12 Plutarco nos conta que Cleocircmenes certa vez teria encontrado alguns artistas de Dioniso muacutesicos e atores profissionais que iam de cidade em cidade para se apresentar e construiu um teatro Isso mostra que esse rei estimulou de alguma maneira as atividades artiacutesticas mesmo que ele natildeo tivesse o costume de levar artistas com seu exeacutercito de acordo com Plutarco e nem apreciasse apresentaccedilotildees musicais nos seus banquetes (c 13)

Tudo isso mostra que Esparta era uma cidade onde a muacutesica tinha um papel importe na educaccedilatildeo e na guerra e que os lacocircnios natildeo eram um povo obtuso e indiferente ao poder das melodias De acordo com Plutarco tendo em vista agora algumas passagens dos Moralia os espartanos passavam por treinamento rigoroso no que diz respeito agrave muacutesica e agrave poesia e suas canccedilotildees estimulavam os espiacuteritos e faziam com que os homens se sentissem entusiasmados e se esfor‑ccedilassem para ser bem sucedidos Em vaacuterias passagens das suas Obras Morais ele elogia o estilo da muacutesica deles porque ela era simples e natildeo afetada e seus temas eram seacuterios e edificantes Se algueacutem estudasse a poesia e as canccedilotildees de marcha de Esparta acompanhadas pelo aulo essa pessoa concordaria que Terpandro e Piacutendaro estavam certos ao associar valor (andreia) e muacutesica Como vimos acima nos trechos citados das Vidas Plutarco tambeacutem diz que os Espartanos eram o povo ao mesmo tempo mais musical (mousikotatous) e o mais afeito agrave guerra (polemikotatous)13

No livro sobre os Antigos Costumes dos Espartanos Plutarco tambeacutem elogia os ritmos das canccedilotildees de marcha (embaterioi rhythmoi) porque eles despertavam

12 Ver Plu Agis 1013 Cf Lyc 211‑4

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a coragem a audaacutecia e o desdeacutem pela morte requisitos indispensaacuteveis para o guerreiro valoroso Os espartanos usavam esses ritmos para danccedilar mas tambeacutem quando avanccedilavam contra os inimigos ao som do aulo Plutarco lembra que Li‑curgo associava o amor pela muacutesica agrave praacutetica militar para que o espiacuterito guerreiro combinado com a melodia tivesse concordacircncia e harmonia (symphonia kai har‑monia) Por isso em tempos de guerra os reis espartanos ofereciam sacrifiacutecios agraves Musas antes de ir para a batalha como Plutarco nos conta nos Instituta Laconica 16 (238B‑C)

E para manter a pureza da sua muacutesica e dos seus costumes os espartanos agraves vezes recorriam a atos violentos Como Plutarco reporta nos Instituta Laconica 17 (238C‑D) eles natildeo permitiriam que ningueacutem desrespeitasse de modo algum as regras da muacutesica do passado Nem mesmo Terpandro um dos mais antigos e melhores citaredos (aqueles que cantavam acompanhados da ciacutetara ou da lira) teria a permissatildeo para acrescentar uma corda extra ao seu instrumento para que suas melodias fossem mais variadas Ele tentou fazer isso mas os eacuteforos pregaram sua lira numa parede por causa do seu ato iacutempio contraacuterio agrave tradiccedilatildeo Em outra ocasiatildeo um dos eacuteforos teria procedido com mais violecircncia quando Timoacuteteo o famoso muacutesico inovador que floresceu na segunda metade do seacuteculo V a C estava competindo no festival das Carneias ele pegou uma faca e perguntou ao muacutesico de que lado ele deveria cortar as cordas supeacuterfluas cujo nuacutemero ultra‑passava o tradicional de sete cordas Outras variantes dessa histoacuteria satildeo contadas por Plutarco em outros textos mas nessas outras passagens Friacutenis outro muacutesico inovador da segunda metade do seacuteculo V a C eacute o protagonista14

Mas para aleacutem da sua importacircncia na educaccedilatildeo e nos contextos de bata‑lha a muacutesica tinha grande significado tambeacutem nas momentos das celebraccedilotildees religiosas Dentre as festividades religiosas realizadas na Lacedemocircnia uma das mais importantes era a das Carneias realizada em Esparta e intimamente ligada agrave histoacuteria de Terpandro As origens desse festival eram muito antigas anteriores ao seacuteculo VIII a C tendo em vista que no seacuteculo VII os colonizadores espartanos da cidade italiana de Tarento jaacute tinham o costume de celebraacute‑la15 As Carneias eram dedicadas ao deus Apolo Carneu Em Esparta havia concursos musicais e atleacuteti‑cos uma corrida de jovens e um banquete ritual que contava com a participaccedilatildeo dos homens adultos que representavam as fratrias O festival era organizado por cidadatildeos solteiros e era o momento adequado para que os jovens que jaacute haviam completado seu periacuteodo de formaccedilatildeo ingressassem na vida adulta16

O que nos interessa aqui eacute o papel que a muacutesica desempenhava no contexto dessas festividades Um elemento importante nesses momentos de comemoraccedilatildeo

14 Cf Prof virt 84A Apophth Lac 220C e Agis 107 jaacute citada na nota 9 Cf Rocha (2008) 654‑655

15 Brelich (1969) 181‑18216 Brelich (1969) 149‑150

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eram os concursos A realizaccedilatildeo de concursos musicais no acircmbito do festival das Carneias natildeo teria acontecido desde o iniacutecio A introduccedilatildeo de agones provavel‑mente ocorreu quando Terpandro migrou de Metimna (Lesbos) para Esparta na primeira metade do seacuteculo VII a C Nesse contexto eacute importante considerar o testemunho de Helacircnico17 segundo o qual Terpandro teria sido o primeiro a vencer o concurso musical nas Carneias Esse fato parece estar diretamente relacionado agrave fundaccedilatildeo da primeira escola musical (katastasis) em Esparta por obra do mesmo Terpandro Segundo Brelich (1969 186‑191) eacute muito provaacutevel que a introduccedilatildeo do concurso musical nas Carneias tenha sido influenciada pela proacutepria katastasis18 Essa hipoacutetese ganha forccedila se consideramos o capiacutetulo 9 do tratado Sobre a Muacutesica como um todo Ali Plutarco fala da primeira katastasis fundada por Terpandro e menciona tambeacutem a segunda katastasis liderada por Taletas de Gortina Xenoacutedamo de Citera Xenoacutecrito de Locres Polimnesto de Coacutelofon e Saacutecadas de Argos muacutesicos que teriam instituiacutedo as Gimnopeacutedias em Esparta as Apodeixeis na Arcaacutedia e as Endimaacutetias em Argos Jaacute que os membros da segunda escola musical foram fundadores de festivais19 em diferentes cidades do Peloponeso Terpandro tambeacutem pode ter desempenhado o mesmo papel no contexto das Carneias

No que diz respeito agraves Gimnopeacutedias contudo encontramos uma situaccedilatildeo diferente Possuiacutemos uma grande variedade de informaccedilotildees sobre esse festival que inclusive muitas vezes satildeo contraditoacuterias Mas tratando apenas daquilo que nos interessa aqui sabemos que no periacuteodo das festividades aconteciam apresentaccedilotildees de coros de adolescentes e adultos instituiacutedos em honra a Apolo que cantavam hinos compostos por poetas como Taletas Aacutelcman e Dionisodoto Depois da batalha de Tireia em 544 aC na qual Esparta lutou contra Argos pela posse da Tireaacutetida tornou‑se costumeiro cantar um peatilde em honra dos soldados que morreram naquela ocasiatildeo Por causa desse elemento ritual e da comparaccedilatildeo com as Apodeixeis e as Endimaacutetias as Gimnopeacutedias foram consideradas festas que indicavam o momento no qual os jovens receacutem‑iniciados eram integrados agrave vida militar20

Tendo tudo isso em vista podemos concluir que eacute preciso colocar a miragem espartana em perspectiva Esparta natildeo era tatildeo lsquoespartanarsquo assim e natildeo foi sempre lsquoespartanarsquo Havia espaccedilo naquela cidade para o cultivo das artes tais como a arquitetura a escultura a pintura vascular a muacutesica (que incluiacutea a poesia) e a danccedila Nela floresceram poetas como Aacutelcman Terpandro e Tirteu Nela surgiram escolas poeacuteticomusicais Nela viveram poetas estrangeiros tais como Taletas de

17 FGrHist 4 F 85 = Ateneu 635e = Terpander Test 1 Gostoli18 Cf tambeacutem Gostoli (1990) 84‑8519 Mais do que fundadores de festivais eacute mais verossiacutemil pensar que esses autores foram os

responsaacuteveis pela introduccedilatildeo dos concursos musicais como parte das celebraccedilotildees 20 Cf Gostoli (1990) 85‑86

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Gortina (Creta) e Saacutecadas de Argos E sendo assim houve um ambiente feacutertil e favoraacutevel para o desenvolvimento e o cultivo de atividades artiacutesticas Os esparta‑nos foram sim grandes guerreiros que contribuiacuteram decisivamente para a vitoacuteria dos helenos sobre os persas Eles cultivaram sim suas habilidades guerreiras a ponto de derrotar os atenienses na Guerra do Peloponeso Poreacutem Esparta natildeo foi somente uma comunidade de soldados que dedicavam suas vidas somente agrave guerra Esparta foi tambeacutem uma cidade onde as pessoas cantavam danccedilavam e apreciavam a beleza dos edifiacutecios e dos objetos do cotidiano Eacute preciso reconhecer isso e na obra de Plutarco jaacute encontramos essa imagem multifacetada dessa cul‑tura Basta direcionar os olhos para outras direccedilotildees

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Index nominum

Timoacuteteo 167‑168 178 183Timoacutexena 195Tindaacuteridas 63Tireaacutetida 169Tireia 169Tireacutesias 236Tirteu 167 169 221Titatildes 245Trajano 121Trezena 31 32‑35 38 Tricoacuterito 39Troia 81 124Tuciacutedides 122 160 181Ulisses 81 192Valeacuterio (vd Puacuteblio Valeacuterio)Vestais 58 204Viacutenio 200Xantipo 191 201Xenoacutecrito 169Xenoacutedamo 169Xenofonte 160 164Zaleuco 88Zeus 36 40‑41 220 226 243

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Index nominum

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Notas biograacuteficas dos autores

Aacutelia Rodrigues eacute doutorada em Estudos Claacutessicos (Literatura Grega) e inves‑tigadora do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse satildeo a histoacuteria das ideias poliacuteticas desde os Gregos ateacute agrave modernidade histoacuteria legal e a recepccedilatildeo de temas claacutessicos na contemporaneidade

Ana Ferreira eacute Professora Auxiliar do Departamento de Estudos Portugueses e Ro‑macircnicos da Faculdade de Letras da Universidade do Porto e investigadora do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a histoacuteria antiga a literatura greco‑romana bem como a didaacutectica das liacutenguas claacutessicas

Delfim F Leatildeo eacute Professor Catedraacutetico da Instituto de Estudos Claacutessicos e investiga‑dor do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a histoacuteria antiga o direito e a teorizaccedilatildeo poliacutetica dos Gregos a pragmaacutetica teatral e a escrita romanesca antiga

Faacutebio Vergara Cerqueira eacute Professor Adjunto do Instituto de Ciecircncias Humanas da Universidade Federal de Pelotas pesquisador PQ‑2 do CNPq Professor Visitante na Universidade de Heidelberg Bolsista Fundaccedilatildeo Humboldt ldquoPesquisador Experienterdquo Principais aacutereas de interesse satildeo histoacuteria e arqueologia da Greacutecia antiga e sua recepccedilatildeo enfocando muacutesica iconografia ceramologia gecircnero memoacuteria social identidade e patrimocircnio cultural

Guillermina Gonzaacutelez Almenara es Profesor Contratado Doctor Tipo 1 vinculada con el Aacuterea de Filologiacutea Griega del Departamento de Filologiacutea Claacutesica Francesa Aacuterabe y Romaacutenica de la Universidad de La Laguna Sus principales liacuteneas de investi‑gacioacuten son la mujer y el aacutembito femenino en la Grecia antigua Historiografiacutea griega Historia y civilizacioacuten de la Grecia antigua

Ivana S Chialva es Doctora en Letras Investigadora Asistente del Conicet y Profesora de Griego y Literaturas griega y latina de la Facultad de Humanidades y Ciencias de la Universidad Nacional del Litoral (Santa Fe Argentina) Sus tra‑bajos sobre el mundo antiguo se focalizan en la relacioacuten entre primera y segunda sofiacutestica y en la influencia de este uacuteltimo fenoacutemeno en la prosa narrativa griega de eacutepoca imperial especialmente la retoacuterica la biografiacutea y la novela en sus diferentes formas

Jesuacutes-Mordf Nieto Ibaacutentildeez es Catedraacutetico de Filologiacutea Griega de la Universidad de Leoacuten Sus liacuteneas de investigacioacuten son la literatura judiacutea en lengua griega los primeros textos cristianos el Humanismo y la Tradicioacuten claacutesica Actualmente dirige un Proyecto de

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investigacioacuten sobre el Humanismo la Tradicioacuten claacutesica y patriacutestica y la exeacutegesis biacuteblica en los siglos XVI y XVII

Joaquim Pinheiro eacute Professor Auxiliar da Universidade da Madeira e investigador do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a biografia antiga a Segunda Sofiacutestica a retoacuterica claacutessica e o pensamento poliacutetico dos Gregos

Joseacute M Candau es Catedraacutetico de Filologiacutea Griega en la Universidad de Sevilla Sus principales aacutereas de investigacioacuten son la historiografiacutea griega y Plutarco

Loraine Oliveira eacute professora de Filosofia da Universidade de Brasiacutelia Publicou o livro Plotino escultor de mitos pela Imprensa da Universidade de CoimbraAnnablume em 2014 Vem se dedicando principalmente a estudar os mitos em Plotino Plutarco e Porfiacuterio assim como o vegetarianismo em Plutarco e Porfiacuterio

Maria Aparecida de Oliveira Silva eacute professora visitante do Programa de Poacutes‑Gradu‑accedilatildeo em Letras Claacutessicas da Universidade de Satildeo Paulo e Professora Pesquisadora do Programa de Poacutes‑Graduaccedilatildeo em Histoacuteria da Universidade Federal de Satildeo Paulo Liacuteder do Grupo CNPq LABHAN Laboratoacuterio de Histoacuteria Antiga da Universidade Federal do Amapaacute Pesquisadora do Grupo CNPq Linceu ‑ Visotildees da Antiguidade Claacutessica da Universidade Estadual Paulista Pesquisadora do Grupo Retoacuterica Texto y Comunicacioacuten da Universidad de Caacutediz Membro do Conselho Acadecircmico do Seminaacuterio de Histoacuteria e Filosofia das Religiotildees da Universidad Autoacutenoma de Ciudad Juaacuterez mdash Meacutexico Pesquisa e publica trabalhos sobre Esparta Plutarco e biografia antiga

M Teresa Fau Ramos es Profesora Titular del Departament de Filologia Grega de la Universitat de Barcelona y miembro del Grup de Recerca Graecia Capta que investiga la pervivencia de la identidad griega bajo el imperio romano Sus principales aacutereas de intereacutes cientiacutefico son la historia e instituciones de la Grecia claacutesica y post‑claacutesica la religioacuten helena (paganismo) y diversos aspectos del cristianismo primitivo

Pilar Goacutemez Cardoacute es profesora titular de Filologiacutea Griega en la Universidad de Barcelona donde imparte docencia e investiga desde 1981 Doctora en Filologiacutea Claacutesica desde 1987 con una tesis sobre la tradicioacuten yaacutembica y la faacutebula (La Vida drsquoIsop entre el iambe la faula i la novella) es autora de numerosos artiacuteculos y capiacutetulos de libros sobre la literatura griega de eacutepoca imperial romana en especial sobre Segunda Sofiacutestica y novela ha estudiado principalmente autores como Luciano en cuya edicioacuten y traduccioacuten al castellano para la coleccioacuten Alma Mater participa Plutarco Dioacuten de Prusa o Elio Ariacutestides Es miembro del grupo de investigacioacuten Graecia Capta de la Universidad de Barcelona

Roosevelt Rocha eacute Professor Adjunto do curso de Letras da Universidade Federal do Paranaacute (Brasil) e pesquisador ligado ao Programa de Poacutes‑Graduaccedilatildeo em Letras da

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mesma Universidade As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a poesia grega arcaica (elegia jambo e meacutelica) a muacutesica grega antiga e o estudo da performance da poesia grega dos periacuteodos arcaico e claacutessico

Vicente Ramoacuten es Profesor Tiular de Filologiacutea Griega de la Universidad de Zara‑goza Sus intereses cientiacuteficos pueden sintetizarse en las siguientes liacuteneas Plutarco de Queronea y la biografiacutea poliacutetica historiografiacutea griega retoacuterica y oratoria griegas tradicioacuten claacutesica teatro griego la irreligiosidad en la Atenas Claacutesica

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Volumes publicados na Colecccedilatildeo Humanitas Supplementum

1 Francisco de Oliveira Claacuteudia Teixeira e Paula Barata Dias Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 1 ndash Liacutenguas e Literaturas Greacutecia e Roma (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

2 Francisco de Oliveira Claacuteudia Teixeira e Paula Barata Dias Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 2 ndash Liacutenguas e Literaturas Idade Meacutedia Renascimento Recepccedilatildeo (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

3 Francisco de Oliveira Jorge de Oliveira e Manuel Patriacutecio Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 3 ndash Histoacuteria Arqueologia e Arte (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2010)

4 Maria Helena da Rocha Pereira Joseacute Ribeiro Ferreira e Francisco de Oliveira (Coords) Horaacutecio e a sua perenidade (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

5 Joseacute Luiacutes Lopes Brandatildeo Maacutescaras dos Ceacutesares Teatro e moralidade nas Vidas suetonianas (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

6 Joseacute Ribeiro Ferreira Delfim Leatildeo Manuel Troumlster and Paula Barata Dias (eds) Symposion and Philanthropia in Plutarch (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

7 Gabriele Cornelli (Org) Representaccedilotildees da Cidade Antiga Categorias histoacutericas e discursos filosoacuteficos (Coimbra Classica DigitaliaCECHGrupo Archai 2010)

8 Maria Cristina de Sousa Pimentel e Nuno Simotildees Rodrigues (Coords) Sociedade poder e cultura no tempo de Oviacutedio (Coimbra Classica DigitaliaCECHCECCH 2010)

9 Franccediloise Frazier et Delfim F Leatildeo (eds) Tychegrave et pronoia La marche du monde selon Plutarque (Coimbra Classica DigitaliaCECH Eacutecole Doctorale 395 ArScAn‑THEMAM 2010)

10 Juan Carlos Iglesias‑Zoido El legado de Tuciacutedides en la cultura occidental (Coimbra Classica DigitaliaCECH ARENGA 2011)

11 Gabriele Cornelli O pitagorismo como categoria historiograacutefica (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2011)

12 Frederico Lourenccedilo The Lyric Metres of Euripidean Drama (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2011)

13 Joseacute Augusto Ramos Maria Cristina de Sousa Pimentel Maria do Ceacuteu Fialho Nuno Simotildees Rodrigues (coords) Paulo de Tarso Grego e Romano Judeu e Cristatildeo (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

14 Carmen Soares amp Paula Barata Dias (coords) Contributos para a histoacuteria da alimentaccedilatildeo na antiguidade (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

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15 Carlos A Martins de Jesus Claudio Castro Filho amp Joseacute Ribeiro Ferreira (coords) Hipoacutelito e Fedra ‑ nos caminhos de um mito (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

16 Joseacute Ribeiro Ferreira Delfim F Leatildeo amp Carlos A Martins de Jesus (eds) Nomos Kosmos amp Dike in Plutarch (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

17 Joseacute Augusto Ramos amp Nuno Simotildees Rodrigues (coords) Mnemosyne kai Sophia (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

18 Ana Maria Guedes Ferreira O homem de Estado ateniense em Plutarco o caso dos Alcmeoacutenidas (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

19 Aurora Loacutepez Andreacutes Pocintildea amp Maria de Faacutetima Silva De ayer a hoy influencias claacutesicas en la literatura (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

20 Cristina Pimentel Joseacute Luiacutes Brandatildeo amp Paolo Fedeli (coords) O poeta e a cidade no mundo romano (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

21 Francisco de Oliveira Joseacute Luiacutes Brandatildeo Vasco Gil Mantas amp Rosa Sanz Serrano (coords) A queda de Roma e o alvorecer da Europa (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

22 Luiacutesa de Nazareacute Ferreira Mobilidade poeacutetica na Greacutecia antiga uma leitura da obra de Simoacutenides (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica DigitaliaCECH 2013)

23 Faacutebio Cerqueira Ana Teresa Gonccedilalves Edalaura Medeiros amp JoseacuteLuiacutes Brandatildeo Saberes e poderes no mundo antigo Vol I ndash Dos saberes (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia2013) 282 p

24 Faacutebio Cerqueira Ana Teresa Gonccedilalves Edalaura Medeiros amp Delfim Leatildeo Saberes e poderes no mundo antigo Vol II ndash Dos poderes (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013) 336 p

25 Joaquim J S Pinheiro Tempo e espaccedilo da paideia nas Vidas de Plutarco (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013) 458 p

26 Delfim Leatildeo Gabriele Cornelli amp Miriam C Peixoto (coords) Dos Homens e suas Ideias Estudos sobre as Vidas de Dioacutegenes Laeacutercio (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013)

27 Italo Pantani Margarida Miranda amp Henrique Manso (coords) Aires Barbosa na Cosmoacutepolis Renascentista (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2013)

28 Francisco de Oliveira Maria de Faacutetima Silva Tereza Virgiacutenia Ribeiro Barbosa (coords) Violecircncia e transgressatildeo uma trajetoacuteria da Humanidade (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

29 Priscilla Gontijo Leite Eacutetica e retoacuterica forense asebeia e hybris na caracterizaccedilatildeo dos adversaacuterios em Demoacutestenes (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

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30 Andreacute Carneiro Lugares tempos e pessoas Povoamento rural romano no Alto Alentejo ‑ Volume I (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2014)

31 Andreacute Carneiro Lugares tempos e pessoas Povoamento rural romano no Alto Alentejo ‑ Volume II (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2014)

32 Pilar Goacutemez Cardoacute Delfim F Leatildeo Maria Aparecida de Oliveira Silva (coords) Plutarco entre mundos visotildees de Esparta Atenas e Roma (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

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Resumo da obra

A vasta e variada obra de Plutarco permite sempre uma abordagem a partir de distintas

perspetivas com diferentes intenccedilotildees e propoacutesitos variados No entanto eacute importante

identificar tambeacutem fios comuns nessa abordagem porque permitem demonstrar tanto a

niacutevel formal como de conteuacutedo que haacute muitos elementos comuns que permeiam o trabalho

de Plutarco

Os treze contributos para este volume tecircm como elo comum o nome de trecircs cidades

Esparta Atenas e Roma Elas representam espaccedilos poliacuteticos e institucionais diversos dada

a sua extensatildeo geograacutefica e cronoloacutegica mas simbolizam igualmente diferentes modelos

de organizaccedilatildeo social atraveacutes dos quais a Greacutecia pode ser contrastada com Roma ou Atenas

comparada com Esparta mdash ainda que o seu verdadeiro interesse na obra de Plutarco seja

que representam sempre locais paradigmaacuteticos onde vivem e convivem pessoas Por

isso os estudiosos de Plutarco que contribuiacuteram para este volume procuram analisar em

cada uma dessas cidades seja por assimilaccedilatildeo ou por contraste a forma como o autor de

Queroneia aborda a ligaccedilatildeo entre indiviacuteduo e comunidade a partir do exerciacutecio do poder

e da experiecircncia religiosa qual o papel da educaccedilatildeo e do domiacutenio privado na projeccedilatildeo

puacuteblica dos protagonistas retratados por Plutarco ou ateacute que ponto a imagem dos primeiros

legisladores e fundadores miacuteticos foi condicionada pela evoluccedilatildeo histoacuterica destas mesmas

cidades

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Page 27: Versão integral disponível em digitalis.uc · visões de Esparta, Atenas e Roma IMPRENSA DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA COIMBRA UNIVERSITY PRESS ANNABLUME Versão integral disponível

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Un mentor limpio de pasiones El filoacutesofo y la actuacioacuten poliacutetica seguacuten el De genio Socratis

inicia el debate propone una explicacioacuten maacutes proacutexima a los paraacutemetros raciona‑les56 en ella se ha querido ver una muestra de la llamada laquoadivinacioacuten teacutecnicaraquo (τεχνικὸς μαντική artificiosa divinatio)57 Del otro Simias Timarco y Teanor interpretan las premoniciones de Soacutecrates como un caso de comunicacioacuten direc‑ta entre el hombre y la divinidad defienden por tanto la llamada laquoadivinacioacuten naturalraquo (ἄτεχνος μαντική naturalis divinatio)58 Ya se ha dicho que Plutarco no se declara expresamente partidario de ninguna opcioacuten Pero su texto privilegia de manera indirecta los discursos de Simias Timarco y Teanor Asiacute lo sugiere un paacuterrafo del de genio que subraya el papel de Galaxidoro como mero introductor del problema59 Y asiacute lo recogen distintos estudios modernos Galaxidoro seriacutea el oponente racionalista casi siempre estoico habitual en los diaacutelogos religiosos de Plutarco su explicacioacuten se ve devaluada tanto por sus contradicciones internas como por la presencia de procedimientos textuales que rebajan su veracidad y en suma Galaxidoro y el resto de las intervenciones insertas en la seccioacuten dominada por eacutel tendriacutean como funcioacuten principal la de plantear el tema a debatir60

Las propuestas de Simias Timarco y Teanor son evidentemente distintas Actuacutea aquiacute quizaacutes el deseo de presentar el problema bajo luces diversas61 o quizaacutes el complejo planteamiento dramaacutetico que forma parte de las estrategias persuasivas de Plutarco62 Las tres sin embargo coinciden en una idea central la singularidad de aquellos hombres que como Soacutecrates pueden contactar con una realidad por encima del mundo material Para Simias el alma de la mayoriacutea de los hombres se halla embargada por el tumulto de las pasiones y la voraacutegine de las servidumbres vitales de manera que su entendimiento no puede captar las indica‑ciones de los seres superiores en el caso de Soacutecrates por el contrario su intelecto limpio y exento de pasiones (ὁ νοῦς καθαρὸς ὢν καὶ ἀπαθής) percibiacutea faacutecilmente las sentildeales enviadas por los seres divinos63 Seguacuten el mito de Timarco (expuesto por Simias) en el alma (ψυχή) conviven dos partes una inmersa en el cuerpo recibe el nombre mismo de ldquoalmardquo (ψυχή) la otra inaccesible a la corrupcioacuten se llama laquointelectoraquo (νοῦν) estaacute en el exterior del hombre y los entendidos le dan

56 Gen Socr 579F‑582C57 Corlu (1970) 49‑50 Doumlring (1984) 376 Schroumlder (2010) 161 58 Para la distincioacuten entre ambos tipos de maacutentica veacutease Cic div 111ndash12 134 172

1109ndash131 (con el comentario de Wardle (2006))59 Gen Socr 588A ζητήσεως οὐκ ἀγεννοῦς ἀλλ ἧς ὀλίγον ἔμπροσθεν οἱ περὶ Γαλαξίδωρον

καὶ Φειδόλαον ἥψαντο διαποροῦντες τίνος οὐσίας καὶ δυνάμεως εἴη τὸ Σωκράτους λεγόμενον δαιμόνιον

60 Corlu (1970) 19‑20 y 51‑52 Hani (1980) 53 Doumlring (1984) 376‑377 Schroumlder (2010) 161‑162 Donini (2011) 415‑416

61 Sobre el reparto de papeles filosoacuteficos que aquiacute parece efectuar Plutarco veacutease Donini (2011) 412‑419 (2011 [2004]) 442‑443

62 Veacutease Van Hoof (2010) 67‑68 a propoacutesito de determinados laquotratados de eacutetica praacutecticaraquo63 Gen Socr 588D‑E

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Joseacute M Candau

el nombre de daimon64 La parte irracional e inmersa en el cuerpo se halla sujeta a la racional e incorruptible Si la sujecioacuten es deacutebil el alma se dejaraacute doblegar por las pasiones soacutelo cuando se fortalece gracias a la educacioacuten aparece el alma capaz de percibir con prontitud las indicaciones de su daimon Algunos hombres sin embargo estaacuten especialmente dotados de suerte que en ellos predomina de forma innata la obediencia a la razoacuten y a su daimon A ellos estaacute reservada la capacidad de percibir la llamada divina65 Teanor afirma que las almas libres de lazos con el cuerpo se convierten en daacuteimones Tales daacuteimones guiacutean los asuntos del hombre Pero no todos los hombres reciben su atencioacuten pues se desentienden de cuantos estaacuten inmersos en los avatares del acontecer soacutelo aquellos que tras mil esfuerzos ascienden a una esfera elevada son recompensados con la ayuda del daimon66

Las tres intervenciones explican las dotes excepcionales de Soacutecrates mediante la existencia de hombres excepcionales Y en las tres esa excepcionalidad requiere una especial disposicioacuten del alma La liberacioacuten de las pasiones y el alejamiento del traacutefago iacutensito en el mundo humano se presentan como condicioacuten necesaria para que haya un Soacutecrates Paradigma del filoacutesofo Soacutecrates es tambieacuten el modelo de Epaminondas El discurso sobre la pobreza al mostrar coacutemo Epaminondas limpia su alma de pasiones e impulsos procedentes del mundo exterior acredita su condicioacuten de filoacutesofo Asiacute se reconoce cuando termina dicho discurso por boca de Simias67

laquoGran hombre grande es Epaminondas y responsable de ello es el aquiacute pre‑sente Polimnis que ha criado a sus hijos desde temprano en la mejor filosofiacutearaquo

Epaminondas tambieacuten es consecuente con su condicioacuten de filoacutesofo cuando rehuacutesa someter su alma al torbellino del acontecer humano y las pasiones aso‑ciadas esto es cuando se niega a participar en la conjura El filoacutesofo parece ser la conclusioacuten no debe participar al menos de manera directa en el torbellino de la vida poliacutetica

El Epaminondas del de genio es una creacioacuten histoacutericamente discutible68 Ciertamente su no participacioacuten en la liberacioacuten de la Cadmea y su formacioacuten filosoacutefica estaacuten suficientemente documentadas Pero Epaminondas es conocido ante todo por su dimensioacuten poliacutetica que aquiacute relega Plutarco para subrayar su

64 Gen Socr 591E65 Gen Socr 592A‑E66 Gen Socr 593D‑594A67 Gen Socr 585D68 Ya Von Stern (1884) 55‑57 sentildealoacute las debilidades del relato que ofrece Plutarco en el

de genio Los estudios posteriores (veacutease por ejemplo Corlu [1970] 19‑20 Barigazzi [1988] 414‑424Georgiadou [1996]) han insistido en el Epaminondas del de genio presenta una factura obediente sobre todo a razones compositivas y de disentildeo

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Un mentor limpio de pasiones El filoacutesofo y la actuacioacuten poliacutetica seguacuten el De genio Socratis

calidad de filoacutesofo Asiacute construida la figura de Epaminondas traslada un mensaje ndashla no implicacioacuten directa del filoacutesofo en las luchas poliacuteticas‑ que puede tener calado teoacuterico pero tambieacuten sirve a Plutarco para trasladar su posicionamiento ante cuestiones concernientes a su propia persona y al horizonte cultural de su eacutepoca Comparado a otros contemporaacuteneos que por condicioacuten social e incluso actividad literaria estaban a su mismo nivel Plutarco no protagonizoacute una carrera poliacutetica particularmente brillante69 Asumioacute en cambio el papel de consejero y guiacutea de la eacutelite La autoridad necesaria para ello se la confiere la filosofiacutea Pues Plutarco se presenta a siacute mismo como filoacutesofo La exaltacioacuten de Epaminondas es una exaltacioacuten de su propia identidad como filoacutesofo y mentor Epaminondas se mueve a una altura la de la filosofiacutea superior a la de sus afines y compantildeeros los conjurados Esta altura le prohiacutebe descender al plano de la accioacuten directa descenso que contaminariacutea su alma con pulsiones sobrevenidas pero tambieacuten le permite acceder a una realidad inalcanzable para sus compantildeeros Epaminondas eleva asiacute la posicioacuten del filoacutesofo y justifica incluso hace ineludible su alejamiento de la lucha poliacutetica Gracias a ello lo que podriacutea ser una debilidad del propio Plutarco la falta de una carrera puacuteblica brillante se transforma en una eleccioacuten deliberada y necesaria

Tal mensaje adquiere maacutes fuerza si se lo contempla sobre el transfondo cultural de la eacutepoca El auge de las composiciones de exitu illustrium virorum corre en paralelo a la admiracioacuten hacia el filoacutesofo que se enfrenta al poder y sufre castigo por ello Ya se ha dicho que el fenoacutemeno acreditado en diversas fuentes contemporaacuteneas a Plutarco fue propiciado particularmente por el final del rei‑nado de Diocleciano y que el modelo uacuteltimo del filoacutesofo‑maacutertir es Soacutecrates En este contexto adquiere un significado especial la exaltacioacuten del ldquoSoacutecrates tebanordquo Epaminondas Epaminondas se aleja del conflicto puacuteblico para cuidar su alma se distingue por su silencio y pese a ello constituye el ldquocentro ausenterdquo del de genio una composicioacuten articulada en torno a un conflicto civil la liberacioacuten de la Cadmea No resulta inverosiacutemil ver en todos estos datos una respuesta de Plu‑tarco ante el fenoacutemeno del ldquofiloacutesofo‑maacutertir poliacuteticordquo y la admiracioacuten aglutinada en torno a esa figura Respuesta que reivindica rotundamente el papel asumido por el propio Plutarco de filoacutesofo mentor del poliacutetico pero fuera eacutel mismo del traacutefago de la poliacutetica

69 Veacuteanse las observaciones y referencias que ofrece al respecto Van Hoof (2010) 66‑67

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Joseacute M Candau

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A Esparta de Plutarco entre a guerra e as artes

de um seguidor das leis de Licurgo Nesse sentido Plutarco diz que o dinheiro e o ouro deveriam ser mandados embora de Esparta porque eles eram flagelos importados que despertavam a cobiccedila e promoviam a degeneraccedilatildeo dos costumes (c 17) Desse ponto de vista Lisandro prejudicou Esparta justamente porque promoveu seu enriquecimento e contribuiu para a dissoluccedilatildeo da frugalidade e da simplicidade que caracterizavam o cotidiano dos lacocircnios antes das vitoacuterias espartanas na Guerra do Peloponeso6

Na Vida de Agesilau Plutarco nos conta que o biografado foi o segundo filho de Arquidamo (o primeiro tinha sido Aacutegis) e que por isso ele natildeo seria o herdeiro direto do trono de Esparta De qualquer modo Agesilau foi educado de acordo com a agoge lacedemocircnia e nosso autor faz questatildeo de frisar que em decorrecircncia disso o liacuteder espartano sempre respeitou e praticou as leis de sua cidade (c 1) Mesmo apresentando uma pequena diferenccedila de tamanho de uma perna para a outra ele tinha outras qualidades espartanas como a honestidade a mansidatildeo e a beleza fiacutesica (c 2) Sua formaccedilatildeo foi tatildeo bem sucedida que diferente de Alexandre o grande e de Haniacutebal Agesilau foi um general que conquistou importantes vitoacuterias e mesmo assim nunca deixou de obedecer agraves leis espartanas (c 15) Mesmo depois de tornar‑se um lendaacuterio vencedor ele voltou a Esparta e continuou o mesmo homem de antes sem apresentar nenhuma novidade no seu comportamento diferente de outros estrategos quando voltavam de longas expediccedilotildees a terras estrangeiras (c 19)

Plutarco nos conta que Lisandro ndashque dizem ter sido amante de Agesilau na juventude (c 2)ndash pretendia introduzir muitas inovaccedilotildees e mudanccedilas no governo da Lacocircnia (c 20) Embora outros liacutederes de Esparta como Antaacutelcidas tenham feito acordos com os Persas e tenham abandonado laquocovarde e maldosamenteraquo os gregos da Aacutesia sob o domiacutenio dos baacuterbaros como nos diz Plutarco (c 23) Agesilau sempre foi um defensor da justiccedila Entre os capiacutetulos 29 e 30 da Vida de Agesilau nosso autor nos conta que os espartanos que perderam parentes na bata‑lha de Leuctra (em 371 a C) se alegraram e os que natildeo perderam ficaram tristes De certa forma eles responsabilizaram Agesilau pela derrota e lamentaram ter aceito um rei coxo Contudo Agesilau tinha boa reputaccedilatildeo e era muito virtuoso Prova disso eacute que sem promover nenhuma inovaccedilatildeo ele disse que era preciso fazer as leis dormirem para que retomassem a autoridade que tiveram no passado

Entretanto Plutarco natildeo faz apenas elogios a Agesilau Cartledge (1987 418) observa que ele faz criacuteticas a Agesilau por causa de sua ingratidatildeo em relaccedilatildeo a Lisandro (c 8) e condena seu comportamento porque ele teria hon‑rado mais os amigos do que a justiccedila (c 13 ver tambeacutem Moralia 807d) Aleacutem disso Plutarco via uma relaccedilatildeo direta entre a decadecircncia de Esparta e a ascenccedilatildeo

6 Sobre isso ver Duff (2002) 161‑204 e a introduccedilatildeo de Flaceliegravere e Chambry em Plutarque (1971) 158‑173

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ilegiacutetima de Agesilau ao trono (c 21) Poreacutem no geral nosso autor eacute tatildeo favoraacutevel e simpaacutetico a Agesilau quanto Xenofonte que tambeacutem escreveu uma biografia do rei espartano a qual certamente serviu de base para a Vida composta pelo poliacutemata de Queroneia Segundo Cartledge (1987 418) para Plutarco Agesilau foi a encarnaccedilatildeo das virtudes peculiarmente espartanas simplicidade piedade e autocontrole7

Depois na Vida de Aacutegis e na Vida de Cleocircmenes Plutarco narra os uacuteltimos momentos da histoacuteria da Esparta independente ou seja o ponto mais baixo da decadecircncia daquela cidade Os reis Aacutegis e Cleocircmenes que reinaram no seacuteculo III a C tentaram restaurar os antigos valores dos tempos de Licurgo Eles tinham os dons naturais para levar essa tarefa a cabo Aacutegis tinha grandeza de alma e se insurgia contra os prazeres desde antes dos vinte anos (c 4) natildeo gostava de rou‑pas luxuosas e baniu toda suntuosidade para aderir aos antigos haacutebitos lacocircnios caracterizados pela simplicidade de vida Mas seu exemplo e sua energia natildeo foram suficientes para restaurar os costumes tradicionais e ele foi assassinado ainda muito jovem (cc 19‑21) Aquela Esparta incorrupta e valorosa dos tempos de Licurgo dava seus uacuteltimos suspiros

Cleocircmenes natildeo era parente de Aacutegis mas foi obrigado a se casar com a vi‑uacuteva do rei assassinado ou seja Agiaacutetis Segundo Plutarco (c 1) Cleocircmenes era ambicioso e tinha grandeza de alma Era temperante e simples como Aacutegis Ele tambeacutem quiz restaurar os antigos costumes espartanos (c 11) Primeiro depois de longa disputa poliacutetica abriu matildeo de seus bens Depois distribuiu as terras entre os cidadatildeos Restabeleceu a educaccedilatildeo dos jovens e a disciplina espartana Ele proacuteprio levou uma vida simples e frugal para dar o exemplo aos outros la‑cedemocircnios sem insolecircncia nem orgulho excessivo ou seja como um modelo de temperanccedila (c 13) Mesmo quando perdeu sua esposa Agiaacutetis por quem se enamorara verdadeiramente Cleocircmenes manteve a firmeza e seu caraacuteter elevado e tomou as providecircncias necessaacuterias para garantir a seguranccedila de seus soldados e aliados (c 22) Depois de reinar por dezesseis anos Cleocircmenes morreu (cc 37‑38) e assim terminou a histoacuteria de Esparta como cidade politicamente autocircnoma

Ateacute aqui vimos que podemos encontrar nas Vidas dos liacutederes espartanos escritas por Plutarco aquela imagem caracterizada por um conjunto de valores que parecem ter ganhado forccedila numa eacutepoca lendaacuteria e foram se enfraquecendo conforme o tempo foi passando e Esparta foi estendendo seu poder para fora da Lacedemocircnia Nesse quadro vemos uma cidade altamente militarizada de guerreiros corajosos disciplinados e afeitos a uma vida sem luxos e sem confortos Isso poderia indicar que os espartanos eram um povo rude pouco sofisticado e fechado para as artes

7 Cf tambeacutem a introduccedilatildeo de Flaceliegravere e Chambry em Plutarque (1973) 85‑88 e Shipley (1998) 1‑46

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Poreacutem vaacuterias fontes arqueoloacutegicas vasculares e mesmo literaacuterias nos mostram o contraacuterio Apesar de Tuciacutedides (1102) ter dito que os edifiacutecios em Esparta eram modestos e natildeo correspondiam ao tamanho do poder militar e poliacutetico da cidade dos lacedemocircnios em seu apogeu a avaliaccedilatildeo dos monumentos arquitetocircnicos espartanos precisa ser feita com cuidado Eacute preciso lembrar que Esparta natildeo foi destruiacuteda nas Guerras Meacutedicas como Atenas foi A capital da Aacutetica foi reconstruiacuteda e uma grande soma de dinheiro afluiu para ela por causa das contribuiccedilotildees dos aliados da Liga de Delos Isso natildeo aconteceu com a princi‑pal cidade da Lacocircnia Desse modo nela foram conservados edifiacutecios antigos do seacuteculo VI a C que apresentavam outro estilo de construccedilatildeo mais arcaizante do que claacutessico Dependendo do ponto de vista um estilo pode ser mais valorizado do que o outro

De qualquer modo Pausacircnias (3113) viajante do seacuteculo II d C que fez uma descriccedilatildeo de vaacuterias cidades da Greacutecia daquela eacutepoca nos informa que havia em Esparta vaacuterios monumentos que despertavam a admiraccedilatildeo daqueles que por ali passavam tal como o Poacutertico Persa construiacutedo inicialmente com o butim amealhado na guerra contra os persas Outros exemplos de edifiacutecios que nos uacuteltimos anos vecircm sendo estudados satildeo o templo de Apolo em Amiclas o templo de Aacutertemis Oacutertia e o Menelaion onde eram cultuados Menelau e Helena8

Cartledge (2002 111) nos informa que depois de 690 a C pintores de vasos da Lacocircnia sofreram influecircncia de artistas do Egeu e adotaram o chamado estilo lsquoorientalizantersquo o que mostra que na praacutetica Esparta natildeo estava isolada do resto do mundo helecircnico Ainda segundo Cartledge nessa eacutepoca artesatildeos lacocircnios que trabalhavam com bronze comeccedilaram a se interessar pela representaccedilatildeo de figuras humanas em suas obras e por volta de 650 a C comeccedilou a se desenvolver na regiatildeo de Esparta o uso do marfim para produccedilatildeo de objetos gravados Vemos entatildeo que o ambiente artiacutestico na Lacedemocircnia entre 775 e 650 a C natildeo era de modo algum esteacuteril ou sem importacircncia9

Como Burn (1960 275‑276) explica Esparta natildeo virou suas costas para a arte e a poesia Prova disso eacute que vasos com detalhes refinados foram fabricados ali e exportados para outras regiotildees da Heacutelade ateacute 550 a C mais ou menos Por volta de 600 a C Gitiadas poeta escultor e arquiteto projetou o Templo de Atena tambeacutem conhecido como Casa de Bronze por causa das placas feitas com esse metal para decorar o edifiacutecio E em 585 a C o segundo templo de Oacutertia foi construiacutedo Ou seja havia artesatildeos trabalhando em Esparta no periacuteodo arcaico que produziram obras dignas de admiraccedilatildeo10

8 Para mais informaccedilotildees sobre a arqueologia e a arquitetura espartanas ver Walker (1998) Kaltsas (2007) e Cavanagh (2009)

9 Sobre isso ver tambeacutem Burn (1960) 180‑184 e Stibbe (1996) passim10 Ver tambeacutem Burn (1960) 280‑282 e Cartledge (2002) 133‑136

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No que diz respeito agrave muacutesica Plutarco nos daacute significativos testemunhos da sua importacircncia em ambiente espartano tanto nas Vidas quanto nos Moralia Na Vida de Licurgo no c 4 por exemplo encontramos a informaccedilatildeo segundo a qual o legislador lendaacuterio teria convidado um poeta‑legislador de Creta para ir a Esparta com ele Esse poeta se chamava Tales Mas talvez tenha havido alguma confusatildeo na tradiccedilatildeo manuscrita e esse Tales poderia ser o Taletas de Gortina mencionado algumas vezes no livro Sobre a Muacutesica tambeacutem de Plutarco Ele teria sido o responsaacutevel por curar os espartanos de uma peste com o seu canto11 Aleacutem disso no mesmo c 4 nos eacute dito que Licurgo teria sido o responsaacutevel por levar os poemas de Homero da Jocircnia para sua cidade

Depois no c 21 da mesma Vida Plutarco nos diz que os lacedemocircnios apreciavam se dedicar agrave poesia meacutelica porque as canccedilotildees estimulavam seus espiacuteritos e lhes davam coragem para enfrentar os inimigos nas batalhas Seu estilo era simples e seus temas eram seacuterios com o objetivo de promover uma boa formaccedilatildeo dos caraacuteteres Nelas eram louvados os heroacuteis de Esparta e condenados os covardes que natildeo lutaram ateacute o fim para defender sua cidade Nos festivais eram organizados trecircs coros de acordo com as idades um de velhos outro de adultos e outro de jovens Cada um cantava sobre a sua bravura uns falavam dos seus feitos no passado os outros tratavam das suas accedilotildees no presente e os uacuteltimos cantavam sobre o seu desejo de realizar grandes proezas no futuro Esses seriam os temas baacutesicos das canccedilotildees em Esparta e por isso segundo Plutarco Terpandro e Piacutendaro estavam corretos ao associar bravura e muacutesica e ao mostrar que os espartanos eram o povo mais aguerrido e mais musical

Por isso natildeo era por acaso que os jovens cantavam o nomo de Caacutestor e o peatilde da marcha (c 22) e em todo lugar havia danccedilas festas e banquetes quando natildeo havia expediccedilotildees militares (c 24) Contudo o gosto pela boa muacutesica e pela boa poesia natildeo era caracteriacutestico de todos os habitantes da Lacocircnia tendo em vista que os hilotas danccedilavam e cantavam canccedilotildees vulgares e grotescas diferentes das composiccedilotildees de Aacutelcman Terpandro e Especircndon (c 28) Isso na verdade estava associado ao fato de eles serem escravos e por isso era compreensiacutevel que eles apreciassem canccedilotildees vis como eles proacuteprios

Na Vida de Lisandro encontramos algumas informaccedilotildees que reforccedilam a impressatildeo de que os espartanos tinham sim grande sensibilidade para a muacutesica No c 15 ficamos sabendo que os lacocircnios depois de conquistar Atenas em 404 a C queriam destruir aquela cidade mas apoacutes ouvir um coro da Electra de Euriacutepides desistiram Em seguida no c 18 Plutarco nos conta que Lisandro estava sempre acompanhado do poeta Queacuterilo encarregado de celebrar os feitos do general E outros poetas tambeacutem celebraram Lisandro segundo nosso autor

11 Ver Plu Mus 42 (1146B‑C) e Gostoli (1990) 12‑13 e

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Na Vida de Agesilau c 14 lemos que os espartanos apreciavam uma parte da poesia de Timoacuteteo de Mileto poeta que teria tido algumas cordas de sua ciacutetara cortadas quando de uma sua visita a Esparta porque os eacuteforos julgavam que natildeo seriam necessaacuterias mais do que sete cordas e o instrumento do poeta tinha onze12 Essa anedota indica que os lacocircnios natildeo apreciavam inovaccedilotildees Poreacutem a informaccedilatildeo do c 14 da Vida de Agesilau mostra que eles poderiam aceitar pelo menos uma parte da obra de um poeta inovador desde que essa parte se adequas‑se ao gosto e agraves tradiccedilotildees do local Tambeacutem nessa mesma Vida c 21 Plutarco nos diz que o rei Agesilau apreciava os cantos e as danccedilas mesmo natildeo sendo um lsquoespecialistarsquo nas artes

Por fim na Vida de Aacutegis c 10 encontramos um elogio a Terpandro a Ta‑les (Taletas) e a Fereacutecides porque mesmo sendo estrangeiros professavam o que Licurgo instituiu e por isso foram muito honrados em Esparta Na Vida de Cleocircmenes c 2 somos informados que o rei Leocircnidas elogiou Tirteu algo facilmente compreensiacutevel tendo em vista o caraacuteter estimulante e guerreiro das elegias daquele poeta Aleacutem disso nessa mesma Vida citada por uacuteltimo c 12 Plutarco nos conta que Cleocircmenes certa vez teria encontrado alguns artistas de Dioniso muacutesicos e atores profissionais que iam de cidade em cidade para se apresentar e construiu um teatro Isso mostra que esse rei estimulou de alguma maneira as atividades artiacutesticas mesmo que ele natildeo tivesse o costume de levar artistas com seu exeacutercito de acordo com Plutarco e nem apreciasse apresentaccedilotildees musicais nos seus banquetes (c 13)

Tudo isso mostra que Esparta era uma cidade onde a muacutesica tinha um papel importe na educaccedilatildeo e na guerra e que os lacocircnios natildeo eram um povo obtuso e indiferente ao poder das melodias De acordo com Plutarco tendo em vista agora algumas passagens dos Moralia os espartanos passavam por treinamento rigoroso no que diz respeito agrave muacutesica e agrave poesia e suas canccedilotildees estimulavam os espiacuteritos e faziam com que os homens se sentissem entusiasmados e se esfor‑ccedilassem para ser bem sucedidos Em vaacuterias passagens das suas Obras Morais ele elogia o estilo da muacutesica deles porque ela era simples e natildeo afetada e seus temas eram seacuterios e edificantes Se algueacutem estudasse a poesia e as canccedilotildees de marcha de Esparta acompanhadas pelo aulo essa pessoa concordaria que Terpandro e Piacutendaro estavam certos ao associar valor (andreia) e muacutesica Como vimos acima nos trechos citados das Vidas Plutarco tambeacutem diz que os Espartanos eram o povo ao mesmo tempo mais musical (mousikotatous) e o mais afeito agrave guerra (polemikotatous)13

No livro sobre os Antigos Costumes dos Espartanos Plutarco tambeacutem elogia os ritmos das canccedilotildees de marcha (embaterioi rhythmoi) porque eles despertavam

12 Ver Plu Agis 1013 Cf Lyc 211‑4

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a coragem a audaacutecia e o desdeacutem pela morte requisitos indispensaacuteveis para o guerreiro valoroso Os espartanos usavam esses ritmos para danccedilar mas tambeacutem quando avanccedilavam contra os inimigos ao som do aulo Plutarco lembra que Li‑curgo associava o amor pela muacutesica agrave praacutetica militar para que o espiacuterito guerreiro combinado com a melodia tivesse concordacircncia e harmonia (symphonia kai har‑monia) Por isso em tempos de guerra os reis espartanos ofereciam sacrifiacutecios agraves Musas antes de ir para a batalha como Plutarco nos conta nos Instituta Laconica 16 (238B‑C)

E para manter a pureza da sua muacutesica e dos seus costumes os espartanos agraves vezes recorriam a atos violentos Como Plutarco reporta nos Instituta Laconica 17 (238C‑D) eles natildeo permitiriam que ningueacutem desrespeitasse de modo algum as regras da muacutesica do passado Nem mesmo Terpandro um dos mais antigos e melhores citaredos (aqueles que cantavam acompanhados da ciacutetara ou da lira) teria a permissatildeo para acrescentar uma corda extra ao seu instrumento para que suas melodias fossem mais variadas Ele tentou fazer isso mas os eacuteforos pregaram sua lira numa parede por causa do seu ato iacutempio contraacuterio agrave tradiccedilatildeo Em outra ocasiatildeo um dos eacuteforos teria procedido com mais violecircncia quando Timoacuteteo o famoso muacutesico inovador que floresceu na segunda metade do seacuteculo V a C estava competindo no festival das Carneias ele pegou uma faca e perguntou ao muacutesico de que lado ele deveria cortar as cordas supeacuterfluas cujo nuacutemero ultra‑passava o tradicional de sete cordas Outras variantes dessa histoacuteria satildeo contadas por Plutarco em outros textos mas nessas outras passagens Friacutenis outro muacutesico inovador da segunda metade do seacuteculo V a C eacute o protagonista14

Mas para aleacutem da sua importacircncia na educaccedilatildeo e nos contextos de bata‑lha a muacutesica tinha grande significado tambeacutem nas momentos das celebraccedilotildees religiosas Dentre as festividades religiosas realizadas na Lacedemocircnia uma das mais importantes era a das Carneias realizada em Esparta e intimamente ligada agrave histoacuteria de Terpandro As origens desse festival eram muito antigas anteriores ao seacuteculo VIII a C tendo em vista que no seacuteculo VII os colonizadores espartanos da cidade italiana de Tarento jaacute tinham o costume de celebraacute‑la15 As Carneias eram dedicadas ao deus Apolo Carneu Em Esparta havia concursos musicais e atleacuteti‑cos uma corrida de jovens e um banquete ritual que contava com a participaccedilatildeo dos homens adultos que representavam as fratrias O festival era organizado por cidadatildeos solteiros e era o momento adequado para que os jovens que jaacute haviam completado seu periacuteodo de formaccedilatildeo ingressassem na vida adulta16

O que nos interessa aqui eacute o papel que a muacutesica desempenhava no contexto dessas festividades Um elemento importante nesses momentos de comemoraccedilatildeo

14 Cf Prof virt 84A Apophth Lac 220C e Agis 107 jaacute citada na nota 9 Cf Rocha (2008) 654‑655

15 Brelich (1969) 181‑18216 Brelich (1969) 149‑150

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eram os concursos A realizaccedilatildeo de concursos musicais no acircmbito do festival das Carneias natildeo teria acontecido desde o iniacutecio A introduccedilatildeo de agones provavel‑mente ocorreu quando Terpandro migrou de Metimna (Lesbos) para Esparta na primeira metade do seacuteculo VII a C Nesse contexto eacute importante considerar o testemunho de Helacircnico17 segundo o qual Terpandro teria sido o primeiro a vencer o concurso musical nas Carneias Esse fato parece estar diretamente relacionado agrave fundaccedilatildeo da primeira escola musical (katastasis) em Esparta por obra do mesmo Terpandro Segundo Brelich (1969 186‑191) eacute muito provaacutevel que a introduccedilatildeo do concurso musical nas Carneias tenha sido influenciada pela proacutepria katastasis18 Essa hipoacutetese ganha forccedila se consideramos o capiacutetulo 9 do tratado Sobre a Muacutesica como um todo Ali Plutarco fala da primeira katastasis fundada por Terpandro e menciona tambeacutem a segunda katastasis liderada por Taletas de Gortina Xenoacutedamo de Citera Xenoacutecrito de Locres Polimnesto de Coacutelofon e Saacutecadas de Argos muacutesicos que teriam instituiacutedo as Gimnopeacutedias em Esparta as Apodeixeis na Arcaacutedia e as Endimaacutetias em Argos Jaacute que os membros da segunda escola musical foram fundadores de festivais19 em diferentes cidades do Peloponeso Terpandro tambeacutem pode ter desempenhado o mesmo papel no contexto das Carneias

No que diz respeito agraves Gimnopeacutedias contudo encontramos uma situaccedilatildeo diferente Possuiacutemos uma grande variedade de informaccedilotildees sobre esse festival que inclusive muitas vezes satildeo contraditoacuterias Mas tratando apenas daquilo que nos interessa aqui sabemos que no periacuteodo das festividades aconteciam apresentaccedilotildees de coros de adolescentes e adultos instituiacutedos em honra a Apolo que cantavam hinos compostos por poetas como Taletas Aacutelcman e Dionisodoto Depois da batalha de Tireia em 544 aC na qual Esparta lutou contra Argos pela posse da Tireaacutetida tornou‑se costumeiro cantar um peatilde em honra dos soldados que morreram naquela ocasiatildeo Por causa desse elemento ritual e da comparaccedilatildeo com as Apodeixeis e as Endimaacutetias as Gimnopeacutedias foram consideradas festas que indicavam o momento no qual os jovens receacutem‑iniciados eram integrados agrave vida militar20

Tendo tudo isso em vista podemos concluir que eacute preciso colocar a miragem espartana em perspectiva Esparta natildeo era tatildeo lsquoespartanarsquo assim e natildeo foi sempre lsquoespartanarsquo Havia espaccedilo naquela cidade para o cultivo das artes tais como a arquitetura a escultura a pintura vascular a muacutesica (que incluiacutea a poesia) e a danccedila Nela floresceram poetas como Aacutelcman Terpandro e Tirteu Nela surgiram escolas poeacuteticomusicais Nela viveram poetas estrangeiros tais como Taletas de

17 FGrHist 4 F 85 = Ateneu 635e = Terpander Test 1 Gostoli18 Cf tambeacutem Gostoli (1990) 84‑8519 Mais do que fundadores de festivais eacute mais verossiacutemil pensar que esses autores foram os

responsaacuteveis pela introduccedilatildeo dos concursos musicais como parte das celebraccedilotildees 20 Cf Gostoli (1990) 85‑86

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Gortina (Creta) e Saacutecadas de Argos E sendo assim houve um ambiente feacutertil e favoraacutevel para o desenvolvimento e o cultivo de atividades artiacutesticas Os esparta‑nos foram sim grandes guerreiros que contribuiacuteram decisivamente para a vitoacuteria dos helenos sobre os persas Eles cultivaram sim suas habilidades guerreiras a ponto de derrotar os atenienses na Guerra do Peloponeso Poreacutem Esparta natildeo foi somente uma comunidade de soldados que dedicavam suas vidas somente agrave guerra Esparta foi tambeacutem uma cidade onde as pessoas cantavam danccedilavam e apreciavam a beleza dos edifiacutecios e dos objetos do cotidiano Eacute preciso reconhecer isso e na obra de Plutarco jaacute encontramos essa imagem multifacetada dessa cul‑tura Basta direcionar os olhos para outras direccedilotildees

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Index nominum

Timoacuteteo 167‑168 178 183Timoacutexena 195Tindaacuteridas 63Tireaacutetida 169Tireia 169Tireacutesias 236Tirteu 167 169 221Titatildes 245Trajano 121Trezena 31 32‑35 38 Tricoacuterito 39Troia 81 124Tuciacutedides 122 160 181Ulisses 81 192Valeacuterio (vd Puacuteblio Valeacuterio)Vestais 58 204Viacutenio 200Xantipo 191 201Xenoacutecrito 169Xenoacutedamo 169Xenofonte 160 164Zaleuco 88Zeus 36 40‑41 220 226 243

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Index nominum

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Notas biograacuteficas dos autores

Aacutelia Rodrigues eacute doutorada em Estudos Claacutessicos (Literatura Grega) e inves‑tigadora do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse satildeo a histoacuteria das ideias poliacuteticas desde os Gregos ateacute agrave modernidade histoacuteria legal e a recepccedilatildeo de temas claacutessicos na contemporaneidade

Ana Ferreira eacute Professora Auxiliar do Departamento de Estudos Portugueses e Ro‑macircnicos da Faculdade de Letras da Universidade do Porto e investigadora do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a histoacuteria antiga a literatura greco‑romana bem como a didaacutectica das liacutenguas claacutessicas

Delfim F Leatildeo eacute Professor Catedraacutetico da Instituto de Estudos Claacutessicos e investiga‑dor do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a histoacuteria antiga o direito e a teorizaccedilatildeo poliacutetica dos Gregos a pragmaacutetica teatral e a escrita romanesca antiga

Faacutebio Vergara Cerqueira eacute Professor Adjunto do Instituto de Ciecircncias Humanas da Universidade Federal de Pelotas pesquisador PQ‑2 do CNPq Professor Visitante na Universidade de Heidelberg Bolsista Fundaccedilatildeo Humboldt ldquoPesquisador Experienterdquo Principais aacutereas de interesse satildeo histoacuteria e arqueologia da Greacutecia antiga e sua recepccedilatildeo enfocando muacutesica iconografia ceramologia gecircnero memoacuteria social identidade e patrimocircnio cultural

Guillermina Gonzaacutelez Almenara es Profesor Contratado Doctor Tipo 1 vinculada con el Aacuterea de Filologiacutea Griega del Departamento de Filologiacutea Claacutesica Francesa Aacuterabe y Romaacutenica de la Universidad de La Laguna Sus principales liacuteneas de investi‑gacioacuten son la mujer y el aacutembito femenino en la Grecia antigua Historiografiacutea griega Historia y civilizacioacuten de la Grecia antigua

Ivana S Chialva es Doctora en Letras Investigadora Asistente del Conicet y Profesora de Griego y Literaturas griega y latina de la Facultad de Humanidades y Ciencias de la Universidad Nacional del Litoral (Santa Fe Argentina) Sus tra‑bajos sobre el mundo antiguo se focalizan en la relacioacuten entre primera y segunda sofiacutestica y en la influencia de este uacuteltimo fenoacutemeno en la prosa narrativa griega de eacutepoca imperial especialmente la retoacuterica la biografiacutea y la novela en sus diferentes formas

Jesuacutes-Mordf Nieto Ibaacutentildeez es Catedraacutetico de Filologiacutea Griega de la Universidad de Leoacuten Sus liacuteneas de investigacioacuten son la literatura judiacutea en lengua griega los primeros textos cristianos el Humanismo y la Tradicioacuten claacutesica Actualmente dirige un Proyecto de

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investigacioacuten sobre el Humanismo la Tradicioacuten claacutesica y patriacutestica y la exeacutegesis biacuteblica en los siglos XVI y XVII

Joaquim Pinheiro eacute Professor Auxiliar da Universidade da Madeira e investigador do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a biografia antiga a Segunda Sofiacutestica a retoacuterica claacutessica e o pensamento poliacutetico dos Gregos

Joseacute M Candau es Catedraacutetico de Filologiacutea Griega en la Universidad de Sevilla Sus principales aacutereas de investigacioacuten son la historiografiacutea griega y Plutarco

Loraine Oliveira eacute professora de Filosofia da Universidade de Brasiacutelia Publicou o livro Plotino escultor de mitos pela Imprensa da Universidade de CoimbraAnnablume em 2014 Vem se dedicando principalmente a estudar os mitos em Plotino Plutarco e Porfiacuterio assim como o vegetarianismo em Plutarco e Porfiacuterio

Maria Aparecida de Oliveira Silva eacute professora visitante do Programa de Poacutes‑Gradu‑accedilatildeo em Letras Claacutessicas da Universidade de Satildeo Paulo e Professora Pesquisadora do Programa de Poacutes‑Graduaccedilatildeo em Histoacuteria da Universidade Federal de Satildeo Paulo Liacuteder do Grupo CNPq LABHAN Laboratoacuterio de Histoacuteria Antiga da Universidade Federal do Amapaacute Pesquisadora do Grupo CNPq Linceu ‑ Visotildees da Antiguidade Claacutessica da Universidade Estadual Paulista Pesquisadora do Grupo Retoacuterica Texto y Comunicacioacuten da Universidad de Caacutediz Membro do Conselho Acadecircmico do Seminaacuterio de Histoacuteria e Filosofia das Religiotildees da Universidad Autoacutenoma de Ciudad Juaacuterez mdash Meacutexico Pesquisa e publica trabalhos sobre Esparta Plutarco e biografia antiga

M Teresa Fau Ramos es Profesora Titular del Departament de Filologia Grega de la Universitat de Barcelona y miembro del Grup de Recerca Graecia Capta que investiga la pervivencia de la identidad griega bajo el imperio romano Sus principales aacutereas de intereacutes cientiacutefico son la historia e instituciones de la Grecia claacutesica y post‑claacutesica la religioacuten helena (paganismo) y diversos aspectos del cristianismo primitivo

Pilar Goacutemez Cardoacute es profesora titular de Filologiacutea Griega en la Universidad de Barcelona donde imparte docencia e investiga desde 1981 Doctora en Filologiacutea Claacutesica desde 1987 con una tesis sobre la tradicioacuten yaacutembica y la faacutebula (La Vida drsquoIsop entre el iambe la faula i la novella) es autora de numerosos artiacuteculos y capiacutetulos de libros sobre la literatura griega de eacutepoca imperial romana en especial sobre Segunda Sofiacutestica y novela ha estudiado principalmente autores como Luciano en cuya edicioacuten y traduccioacuten al castellano para la coleccioacuten Alma Mater participa Plutarco Dioacuten de Prusa o Elio Ariacutestides Es miembro del grupo de investigacioacuten Graecia Capta de la Universidad de Barcelona

Roosevelt Rocha eacute Professor Adjunto do curso de Letras da Universidade Federal do Paranaacute (Brasil) e pesquisador ligado ao Programa de Poacutes‑Graduaccedilatildeo em Letras da

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mesma Universidade As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a poesia grega arcaica (elegia jambo e meacutelica) a muacutesica grega antiga e o estudo da performance da poesia grega dos periacuteodos arcaico e claacutessico

Vicente Ramoacuten es Profesor Tiular de Filologiacutea Griega de la Universidad de Zara‑goza Sus intereses cientiacuteficos pueden sintetizarse en las siguientes liacuteneas Plutarco de Queronea y la biografiacutea poliacutetica historiografiacutea griega retoacuterica y oratoria griegas tradicioacuten claacutesica teatro griego la irreligiosidad en la Atenas Claacutesica

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Volumes publicados na Colecccedilatildeo Humanitas Supplementum

1 Francisco de Oliveira Claacuteudia Teixeira e Paula Barata Dias Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 1 ndash Liacutenguas e Literaturas Greacutecia e Roma (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

2 Francisco de Oliveira Claacuteudia Teixeira e Paula Barata Dias Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 2 ndash Liacutenguas e Literaturas Idade Meacutedia Renascimento Recepccedilatildeo (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

3 Francisco de Oliveira Jorge de Oliveira e Manuel Patriacutecio Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 3 ndash Histoacuteria Arqueologia e Arte (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2010)

4 Maria Helena da Rocha Pereira Joseacute Ribeiro Ferreira e Francisco de Oliveira (Coords) Horaacutecio e a sua perenidade (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

5 Joseacute Luiacutes Lopes Brandatildeo Maacutescaras dos Ceacutesares Teatro e moralidade nas Vidas suetonianas (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

6 Joseacute Ribeiro Ferreira Delfim Leatildeo Manuel Troumlster and Paula Barata Dias (eds) Symposion and Philanthropia in Plutarch (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

7 Gabriele Cornelli (Org) Representaccedilotildees da Cidade Antiga Categorias histoacutericas e discursos filosoacuteficos (Coimbra Classica DigitaliaCECHGrupo Archai 2010)

8 Maria Cristina de Sousa Pimentel e Nuno Simotildees Rodrigues (Coords) Sociedade poder e cultura no tempo de Oviacutedio (Coimbra Classica DigitaliaCECHCECCH 2010)

9 Franccediloise Frazier et Delfim F Leatildeo (eds) Tychegrave et pronoia La marche du monde selon Plutarque (Coimbra Classica DigitaliaCECH Eacutecole Doctorale 395 ArScAn‑THEMAM 2010)

10 Juan Carlos Iglesias‑Zoido El legado de Tuciacutedides en la cultura occidental (Coimbra Classica DigitaliaCECH ARENGA 2011)

11 Gabriele Cornelli O pitagorismo como categoria historiograacutefica (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2011)

12 Frederico Lourenccedilo The Lyric Metres of Euripidean Drama (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2011)

13 Joseacute Augusto Ramos Maria Cristina de Sousa Pimentel Maria do Ceacuteu Fialho Nuno Simotildees Rodrigues (coords) Paulo de Tarso Grego e Romano Judeu e Cristatildeo (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

14 Carmen Soares amp Paula Barata Dias (coords) Contributos para a histoacuteria da alimentaccedilatildeo na antiguidade (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

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15 Carlos A Martins de Jesus Claudio Castro Filho amp Joseacute Ribeiro Ferreira (coords) Hipoacutelito e Fedra ‑ nos caminhos de um mito (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

16 Joseacute Ribeiro Ferreira Delfim F Leatildeo amp Carlos A Martins de Jesus (eds) Nomos Kosmos amp Dike in Plutarch (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

17 Joseacute Augusto Ramos amp Nuno Simotildees Rodrigues (coords) Mnemosyne kai Sophia (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

18 Ana Maria Guedes Ferreira O homem de Estado ateniense em Plutarco o caso dos Alcmeoacutenidas (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

19 Aurora Loacutepez Andreacutes Pocintildea amp Maria de Faacutetima Silva De ayer a hoy influencias claacutesicas en la literatura (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

20 Cristina Pimentel Joseacute Luiacutes Brandatildeo amp Paolo Fedeli (coords) O poeta e a cidade no mundo romano (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

21 Francisco de Oliveira Joseacute Luiacutes Brandatildeo Vasco Gil Mantas amp Rosa Sanz Serrano (coords) A queda de Roma e o alvorecer da Europa (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

22 Luiacutesa de Nazareacute Ferreira Mobilidade poeacutetica na Greacutecia antiga uma leitura da obra de Simoacutenides (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica DigitaliaCECH 2013)

23 Faacutebio Cerqueira Ana Teresa Gonccedilalves Edalaura Medeiros amp JoseacuteLuiacutes Brandatildeo Saberes e poderes no mundo antigo Vol I ndash Dos saberes (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia2013) 282 p

24 Faacutebio Cerqueira Ana Teresa Gonccedilalves Edalaura Medeiros amp Delfim Leatildeo Saberes e poderes no mundo antigo Vol II ndash Dos poderes (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013) 336 p

25 Joaquim J S Pinheiro Tempo e espaccedilo da paideia nas Vidas de Plutarco (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013) 458 p

26 Delfim Leatildeo Gabriele Cornelli amp Miriam C Peixoto (coords) Dos Homens e suas Ideias Estudos sobre as Vidas de Dioacutegenes Laeacutercio (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013)

27 Italo Pantani Margarida Miranda amp Henrique Manso (coords) Aires Barbosa na Cosmoacutepolis Renascentista (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2013)

28 Francisco de Oliveira Maria de Faacutetima Silva Tereza Virgiacutenia Ribeiro Barbosa (coords) Violecircncia e transgressatildeo uma trajetoacuteria da Humanidade (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

29 Priscilla Gontijo Leite Eacutetica e retoacuterica forense asebeia e hybris na caracterizaccedilatildeo dos adversaacuterios em Demoacutestenes (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

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30 Andreacute Carneiro Lugares tempos e pessoas Povoamento rural romano no Alto Alentejo ‑ Volume I (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2014)

31 Andreacute Carneiro Lugares tempos e pessoas Povoamento rural romano no Alto Alentejo ‑ Volume II (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2014)

32 Pilar Goacutemez Cardoacute Delfim F Leatildeo Maria Aparecida de Oliveira Silva (coords) Plutarco entre mundos visotildees de Esparta Atenas e Roma (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

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Resumo da obra

A vasta e variada obra de Plutarco permite sempre uma abordagem a partir de distintas

perspetivas com diferentes intenccedilotildees e propoacutesitos variados No entanto eacute importante

identificar tambeacutem fios comuns nessa abordagem porque permitem demonstrar tanto a

niacutevel formal como de conteuacutedo que haacute muitos elementos comuns que permeiam o trabalho

de Plutarco

Os treze contributos para este volume tecircm como elo comum o nome de trecircs cidades

Esparta Atenas e Roma Elas representam espaccedilos poliacuteticos e institucionais diversos dada

a sua extensatildeo geograacutefica e cronoloacutegica mas simbolizam igualmente diferentes modelos

de organizaccedilatildeo social atraveacutes dos quais a Greacutecia pode ser contrastada com Roma ou Atenas

comparada com Esparta mdash ainda que o seu verdadeiro interesse na obra de Plutarco seja

que representam sempre locais paradigmaacuteticos onde vivem e convivem pessoas Por

isso os estudiosos de Plutarco que contribuiacuteram para este volume procuram analisar em

cada uma dessas cidades seja por assimilaccedilatildeo ou por contraste a forma como o autor de

Queroneia aborda a ligaccedilatildeo entre indiviacuteduo e comunidade a partir do exerciacutecio do poder

e da experiecircncia religiosa qual o papel da educaccedilatildeo e do domiacutenio privado na projeccedilatildeo

puacuteblica dos protagonistas retratados por Plutarco ou ateacute que ponto a imagem dos primeiros

legisladores e fundadores miacuteticos foi condicionada pela evoluccedilatildeo histoacuterica destas mesmas

cidades

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Page 28: Versão integral disponível em digitalis.uc · visões de Esparta, Atenas e Roma IMPRENSA DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA COIMBRA UNIVERSITY PRESS ANNABLUME Versão integral disponível

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Joseacute M Candau

el nombre de daimon64 La parte irracional e inmersa en el cuerpo se halla sujeta a la racional e incorruptible Si la sujecioacuten es deacutebil el alma se dejaraacute doblegar por las pasiones soacutelo cuando se fortalece gracias a la educacioacuten aparece el alma capaz de percibir con prontitud las indicaciones de su daimon Algunos hombres sin embargo estaacuten especialmente dotados de suerte que en ellos predomina de forma innata la obediencia a la razoacuten y a su daimon A ellos estaacute reservada la capacidad de percibir la llamada divina65 Teanor afirma que las almas libres de lazos con el cuerpo se convierten en daacuteimones Tales daacuteimones guiacutean los asuntos del hombre Pero no todos los hombres reciben su atencioacuten pues se desentienden de cuantos estaacuten inmersos en los avatares del acontecer soacutelo aquellos que tras mil esfuerzos ascienden a una esfera elevada son recompensados con la ayuda del daimon66

Las tres intervenciones explican las dotes excepcionales de Soacutecrates mediante la existencia de hombres excepcionales Y en las tres esa excepcionalidad requiere una especial disposicioacuten del alma La liberacioacuten de las pasiones y el alejamiento del traacutefago iacutensito en el mundo humano se presentan como condicioacuten necesaria para que haya un Soacutecrates Paradigma del filoacutesofo Soacutecrates es tambieacuten el modelo de Epaminondas El discurso sobre la pobreza al mostrar coacutemo Epaminondas limpia su alma de pasiones e impulsos procedentes del mundo exterior acredita su condicioacuten de filoacutesofo Asiacute se reconoce cuando termina dicho discurso por boca de Simias67

laquoGran hombre grande es Epaminondas y responsable de ello es el aquiacute pre‑sente Polimnis que ha criado a sus hijos desde temprano en la mejor filosofiacutearaquo

Epaminondas tambieacuten es consecuente con su condicioacuten de filoacutesofo cuando rehuacutesa someter su alma al torbellino del acontecer humano y las pasiones aso‑ciadas esto es cuando se niega a participar en la conjura El filoacutesofo parece ser la conclusioacuten no debe participar al menos de manera directa en el torbellino de la vida poliacutetica

El Epaminondas del de genio es una creacioacuten histoacutericamente discutible68 Ciertamente su no participacioacuten en la liberacioacuten de la Cadmea y su formacioacuten filosoacutefica estaacuten suficientemente documentadas Pero Epaminondas es conocido ante todo por su dimensioacuten poliacutetica que aquiacute relega Plutarco para subrayar su

64 Gen Socr 591E65 Gen Socr 592A‑E66 Gen Socr 593D‑594A67 Gen Socr 585D68 Ya Von Stern (1884) 55‑57 sentildealoacute las debilidades del relato que ofrece Plutarco en el

de genio Los estudios posteriores (veacutease por ejemplo Corlu [1970] 19‑20 Barigazzi [1988] 414‑424Georgiadou [1996]) han insistido en el Epaminondas del de genio presenta una factura obediente sobre todo a razones compositivas y de disentildeo

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Un mentor limpio de pasiones El filoacutesofo y la actuacioacuten poliacutetica seguacuten el De genio Socratis

calidad de filoacutesofo Asiacute construida la figura de Epaminondas traslada un mensaje ndashla no implicacioacuten directa del filoacutesofo en las luchas poliacuteticas‑ que puede tener calado teoacuterico pero tambieacuten sirve a Plutarco para trasladar su posicionamiento ante cuestiones concernientes a su propia persona y al horizonte cultural de su eacutepoca Comparado a otros contemporaacuteneos que por condicioacuten social e incluso actividad literaria estaban a su mismo nivel Plutarco no protagonizoacute una carrera poliacutetica particularmente brillante69 Asumioacute en cambio el papel de consejero y guiacutea de la eacutelite La autoridad necesaria para ello se la confiere la filosofiacutea Pues Plutarco se presenta a siacute mismo como filoacutesofo La exaltacioacuten de Epaminondas es una exaltacioacuten de su propia identidad como filoacutesofo y mentor Epaminondas se mueve a una altura la de la filosofiacutea superior a la de sus afines y compantildeeros los conjurados Esta altura le prohiacutebe descender al plano de la accioacuten directa descenso que contaminariacutea su alma con pulsiones sobrevenidas pero tambieacuten le permite acceder a una realidad inalcanzable para sus compantildeeros Epaminondas eleva asiacute la posicioacuten del filoacutesofo y justifica incluso hace ineludible su alejamiento de la lucha poliacutetica Gracias a ello lo que podriacutea ser una debilidad del propio Plutarco la falta de una carrera puacuteblica brillante se transforma en una eleccioacuten deliberada y necesaria

Tal mensaje adquiere maacutes fuerza si se lo contempla sobre el transfondo cultural de la eacutepoca El auge de las composiciones de exitu illustrium virorum corre en paralelo a la admiracioacuten hacia el filoacutesofo que se enfrenta al poder y sufre castigo por ello Ya se ha dicho que el fenoacutemeno acreditado en diversas fuentes contemporaacuteneas a Plutarco fue propiciado particularmente por el final del rei‑nado de Diocleciano y que el modelo uacuteltimo del filoacutesofo‑maacutertir es Soacutecrates En este contexto adquiere un significado especial la exaltacioacuten del ldquoSoacutecrates tebanordquo Epaminondas Epaminondas se aleja del conflicto puacuteblico para cuidar su alma se distingue por su silencio y pese a ello constituye el ldquocentro ausenterdquo del de genio una composicioacuten articulada en torno a un conflicto civil la liberacioacuten de la Cadmea No resulta inverosiacutemil ver en todos estos datos una respuesta de Plu‑tarco ante el fenoacutemeno del ldquofiloacutesofo‑maacutertir poliacuteticordquo y la admiracioacuten aglutinada en torno a esa figura Respuesta que reivindica rotundamente el papel asumido por el propio Plutarco de filoacutesofo mentor del poliacutetico pero fuera eacutel mismo del traacutefago de la poliacutetica

69 Veacuteanse las observaciones y referencias que ofrece al respecto Van Hoof (2010) 66‑67

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Joseacute M Candau

Bibliografiacutea

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mdashmdashmdash laquoUna nuova interpretazione del De genio Socratisraquo en M Marcovich (ed) 1988 pp 409‑425

De Blois L laquoThe Perception of Politics in Plutarchs Roman Livesraquo ANRW II 336 (1992) 4568‑615

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Candau Moroacuten J M laquoPlutarco y la historiografiacutea traacutegicaraquo enJ M Candau Moroacuten F J Gonzaacutelez Ponce amp A L Chaacutevez Reino (eds) Plutarco Transmisor Actas del X Simposio Internacional de la Sociedad Espantildeola de Plutarquistas (Sevilla 12‑14 de noviembre de 2009) Sevilla 2011 pp147‑169

Corlu A Plutarque Le deacutemon de Socrate Texte et traduction avec une introduction et des notes Paris 1970

Desideri P laquoIl De genio Socratis di Plutarcho un esempio di ldquostoriografiacutea tragicardquoraquo Athenaeum 62 (1984) 569‑85

mdashmdashmdash laquoldquoNon scriviamo storie ma viterdquo (Plut Alex 12) la formula biografica di Plutarcoraquo en el vol colectivo Testis Temporum Aspetti e problemi della storiografia antica 1995 pp 15‑25

Dillon J laquoDion and Brutus Philosopher Kings Adrift in a Hostile Worldraquo en A G Nikolaidis (ed) 2008 pp 351‑ 364

Donini P laquoIl De genio Socratis di Plutarco i limiti del dogmatismo e quelli dello scetticismoraquo en P Donini Commentary and Tradition Aristotelianism Platonism and Post‑Hellenistic Philosophy (M Bonazzi ed) BerlinNew York 2011 pp 403‑422

mdashmdashmdash laquoSokrates und sein Daumlmon im Platonismus des 1 und 2 Jahrhunderts nChrraquo en Commentary and Tradition pp 437‑452 (publicacioacuten original en 2004)

Doumlring C Exemplum Socratis Studien zur Sokratesnachwirkung in der kynisch‑stoischen Popularphilosophie der fruumlhen Kaiserzeil und im fruumlhen Christentum Wiesbaden 1979

Doumlring C laquoPlutarch und das ldquoDaimon des Socratesrdquo (Plut de genio Socratis Kap 20‑24)raquo Mnemosyne 37 (1984) 376‑392

Georgiadou A laquoEpameinondas and the Socratic Paradigm in the De genio Socratisraquo en L Van der Stock (ed) pp 113‑122

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Un mentor limpio de pasiones El filoacutesofo y la actuacioacuten poliacutetica seguacuten el De genio Socratis

Griffin M laquoThe Flaviansraquo en CAH2 XI (Cambridge 2000) pp 1‑83Hani J Plutarque Oeuvres morales Tome VII Paris 1980Hardie Ph laquoSign Language in On the Daimonion of Socratesraquo en L Van der

Stock (ed) 1996 pp 123‑136Hershbell J P laquoPlutarchsrsquo Portrait of Socratesraquo en M Marcovich (ed) 1988

pp 364‑381Ingekamp H G laquoPlutarch und die konservative Verhaltensnormraquo ANRW II

336 (1992) 4624‑4644Van Hoof L Plutarchrsquos Practical Ethics The Social Dynamics of Philosophy Oxford

2010Jones B W The Emperor Domitian LondonNew York 1992Jones P C Plutarch and Rome Oxford 1972Malitz J laquoHelvidius Priscus und Vespasian Zur Geschichte der laquostoischenraquo

Senatsoppositionraquo Hermes 113 (1985) 231‑246Marcovich M (ed) Plutarch (ICS 132 1988)Nesselrath H G (ed) Plutarch On the daimonion of Socrates Human liberation

divine guidance and philosophy Tuumlbingen 2010Nikolaidis A G (ed) The Unity of Plutarchrsquos Work lsquoMoraliarsquo Themes in the lsquoLivesrsquo

Features of the lsquoLivesrsquo in the lsquoMoraliarsquo Berlin 2008Nilsson M P Geschichte der Griechischen Religion3 II Muumlnchen 1974Parker R laquoAgesilaus and the bones of Alcmenaraquo en H G Nesselrath (ed)

2010 pp 129‑137Pelling C B R Plutarch Life of Anthony Cambridge 1988_____laquoChildhood and Personality in Greek Biographyraquo en C B R Pelling

(ed) Characterization and Individuality in Greek Literature Oxford 1990 pp 213‑244

_____laquoParallel Narratives the Liberation of Thebes in De Genio Socratis and in Pelopidasrdquo en H G Nesselrath (ed) pp 111‑127 (publicacioacuten original en 2008)

Ronconi A laquoExitus illustrium virorumraquo RLAC 6 (1966) 1258‑1268Russell D A laquoIntroductionraquo en H G Nesselrath (ed) 2010 pp 1‑15Schroumlder S laquoPlutarch on oracles and divine inspirationraquo en H G Nesselrath

(ed) 2010 pp 145‑168Spivak G C laquoCan the Subaltern Speakraquo en C Nelson amp L Grossberg

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Joseacute M Candau

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Van der Stock L (ed) Plutarche Lovaniensia A Miscellany of Essays on Plutarch (Studia Hellenistica 32) Lovanii 1996

Swain S laquoPlutarch Chance Providence and Historyraquo AJPh 110 (1989) 272‑302

mdashmdashmdash laquoPlutarchrsquos Lives of Cicero Cato and Brutusraquo Hermes 118 (1990) 192‑203

Wardle D Cicero on Divination De Divinatione Book 1 Oxford 2006Ziegler K Plutarco Brescia 1965 [laquoPlutarchos von Chaironeiaraquo RE XXI1

(1951) coll 636‑962 edicioacuten italiana a cargo de B Zucchelli traduccioacuten de M R Zancan Rinaldi]

Zhmud L The Origin of the History of Science in Classical Antiquity Berlin 2006

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A Esparta de Plutarco entre a guerra e as artes

de um seguidor das leis de Licurgo Nesse sentido Plutarco diz que o dinheiro e o ouro deveriam ser mandados embora de Esparta porque eles eram flagelos importados que despertavam a cobiccedila e promoviam a degeneraccedilatildeo dos costumes (c 17) Desse ponto de vista Lisandro prejudicou Esparta justamente porque promoveu seu enriquecimento e contribuiu para a dissoluccedilatildeo da frugalidade e da simplicidade que caracterizavam o cotidiano dos lacocircnios antes das vitoacuterias espartanas na Guerra do Peloponeso6

Na Vida de Agesilau Plutarco nos conta que o biografado foi o segundo filho de Arquidamo (o primeiro tinha sido Aacutegis) e que por isso ele natildeo seria o herdeiro direto do trono de Esparta De qualquer modo Agesilau foi educado de acordo com a agoge lacedemocircnia e nosso autor faz questatildeo de frisar que em decorrecircncia disso o liacuteder espartano sempre respeitou e praticou as leis de sua cidade (c 1) Mesmo apresentando uma pequena diferenccedila de tamanho de uma perna para a outra ele tinha outras qualidades espartanas como a honestidade a mansidatildeo e a beleza fiacutesica (c 2) Sua formaccedilatildeo foi tatildeo bem sucedida que diferente de Alexandre o grande e de Haniacutebal Agesilau foi um general que conquistou importantes vitoacuterias e mesmo assim nunca deixou de obedecer agraves leis espartanas (c 15) Mesmo depois de tornar‑se um lendaacuterio vencedor ele voltou a Esparta e continuou o mesmo homem de antes sem apresentar nenhuma novidade no seu comportamento diferente de outros estrategos quando voltavam de longas expediccedilotildees a terras estrangeiras (c 19)

Plutarco nos conta que Lisandro ndashque dizem ter sido amante de Agesilau na juventude (c 2)ndash pretendia introduzir muitas inovaccedilotildees e mudanccedilas no governo da Lacocircnia (c 20) Embora outros liacutederes de Esparta como Antaacutelcidas tenham feito acordos com os Persas e tenham abandonado laquocovarde e maldosamenteraquo os gregos da Aacutesia sob o domiacutenio dos baacuterbaros como nos diz Plutarco (c 23) Agesilau sempre foi um defensor da justiccedila Entre os capiacutetulos 29 e 30 da Vida de Agesilau nosso autor nos conta que os espartanos que perderam parentes na bata‑lha de Leuctra (em 371 a C) se alegraram e os que natildeo perderam ficaram tristes De certa forma eles responsabilizaram Agesilau pela derrota e lamentaram ter aceito um rei coxo Contudo Agesilau tinha boa reputaccedilatildeo e era muito virtuoso Prova disso eacute que sem promover nenhuma inovaccedilatildeo ele disse que era preciso fazer as leis dormirem para que retomassem a autoridade que tiveram no passado

Entretanto Plutarco natildeo faz apenas elogios a Agesilau Cartledge (1987 418) observa que ele faz criacuteticas a Agesilau por causa de sua ingratidatildeo em relaccedilatildeo a Lisandro (c 8) e condena seu comportamento porque ele teria hon‑rado mais os amigos do que a justiccedila (c 13 ver tambeacutem Moralia 807d) Aleacutem disso Plutarco via uma relaccedilatildeo direta entre a decadecircncia de Esparta e a ascenccedilatildeo

6 Sobre isso ver Duff (2002) 161‑204 e a introduccedilatildeo de Flaceliegravere e Chambry em Plutarque (1971) 158‑173

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ilegiacutetima de Agesilau ao trono (c 21) Poreacutem no geral nosso autor eacute tatildeo favoraacutevel e simpaacutetico a Agesilau quanto Xenofonte que tambeacutem escreveu uma biografia do rei espartano a qual certamente serviu de base para a Vida composta pelo poliacutemata de Queroneia Segundo Cartledge (1987 418) para Plutarco Agesilau foi a encarnaccedilatildeo das virtudes peculiarmente espartanas simplicidade piedade e autocontrole7

Depois na Vida de Aacutegis e na Vida de Cleocircmenes Plutarco narra os uacuteltimos momentos da histoacuteria da Esparta independente ou seja o ponto mais baixo da decadecircncia daquela cidade Os reis Aacutegis e Cleocircmenes que reinaram no seacuteculo III a C tentaram restaurar os antigos valores dos tempos de Licurgo Eles tinham os dons naturais para levar essa tarefa a cabo Aacutegis tinha grandeza de alma e se insurgia contra os prazeres desde antes dos vinte anos (c 4) natildeo gostava de rou‑pas luxuosas e baniu toda suntuosidade para aderir aos antigos haacutebitos lacocircnios caracterizados pela simplicidade de vida Mas seu exemplo e sua energia natildeo foram suficientes para restaurar os costumes tradicionais e ele foi assassinado ainda muito jovem (cc 19‑21) Aquela Esparta incorrupta e valorosa dos tempos de Licurgo dava seus uacuteltimos suspiros

Cleocircmenes natildeo era parente de Aacutegis mas foi obrigado a se casar com a vi‑uacuteva do rei assassinado ou seja Agiaacutetis Segundo Plutarco (c 1) Cleocircmenes era ambicioso e tinha grandeza de alma Era temperante e simples como Aacutegis Ele tambeacutem quiz restaurar os antigos costumes espartanos (c 11) Primeiro depois de longa disputa poliacutetica abriu matildeo de seus bens Depois distribuiu as terras entre os cidadatildeos Restabeleceu a educaccedilatildeo dos jovens e a disciplina espartana Ele proacuteprio levou uma vida simples e frugal para dar o exemplo aos outros la‑cedemocircnios sem insolecircncia nem orgulho excessivo ou seja como um modelo de temperanccedila (c 13) Mesmo quando perdeu sua esposa Agiaacutetis por quem se enamorara verdadeiramente Cleocircmenes manteve a firmeza e seu caraacuteter elevado e tomou as providecircncias necessaacuterias para garantir a seguranccedila de seus soldados e aliados (c 22) Depois de reinar por dezesseis anos Cleocircmenes morreu (cc 37‑38) e assim terminou a histoacuteria de Esparta como cidade politicamente autocircnoma

Ateacute aqui vimos que podemos encontrar nas Vidas dos liacutederes espartanos escritas por Plutarco aquela imagem caracterizada por um conjunto de valores que parecem ter ganhado forccedila numa eacutepoca lendaacuteria e foram se enfraquecendo conforme o tempo foi passando e Esparta foi estendendo seu poder para fora da Lacedemocircnia Nesse quadro vemos uma cidade altamente militarizada de guerreiros corajosos disciplinados e afeitos a uma vida sem luxos e sem confortos Isso poderia indicar que os espartanos eram um povo rude pouco sofisticado e fechado para as artes

7 Cf tambeacutem a introduccedilatildeo de Flaceliegravere e Chambry em Plutarque (1973) 85‑88 e Shipley (1998) 1‑46

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Poreacutem vaacuterias fontes arqueoloacutegicas vasculares e mesmo literaacuterias nos mostram o contraacuterio Apesar de Tuciacutedides (1102) ter dito que os edifiacutecios em Esparta eram modestos e natildeo correspondiam ao tamanho do poder militar e poliacutetico da cidade dos lacedemocircnios em seu apogeu a avaliaccedilatildeo dos monumentos arquitetocircnicos espartanos precisa ser feita com cuidado Eacute preciso lembrar que Esparta natildeo foi destruiacuteda nas Guerras Meacutedicas como Atenas foi A capital da Aacutetica foi reconstruiacuteda e uma grande soma de dinheiro afluiu para ela por causa das contribuiccedilotildees dos aliados da Liga de Delos Isso natildeo aconteceu com a princi‑pal cidade da Lacocircnia Desse modo nela foram conservados edifiacutecios antigos do seacuteculo VI a C que apresentavam outro estilo de construccedilatildeo mais arcaizante do que claacutessico Dependendo do ponto de vista um estilo pode ser mais valorizado do que o outro

De qualquer modo Pausacircnias (3113) viajante do seacuteculo II d C que fez uma descriccedilatildeo de vaacuterias cidades da Greacutecia daquela eacutepoca nos informa que havia em Esparta vaacuterios monumentos que despertavam a admiraccedilatildeo daqueles que por ali passavam tal como o Poacutertico Persa construiacutedo inicialmente com o butim amealhado na guerra contra os persas Outros exemplos de edifiacutecios que nos uacuteltimos anos vecircm sendo estudados satildeo o templo de Apolo em Amiclas o templo de Aacutertemis Oacutertia e o Menelaion onde eram cultuados Menelau e Helena8

Cartledge (2002 111) nos informa que depois de 690 a C pintores de vasos da Lacocircnia sofreram influecircncia de artistas do Egeu e adotaram o chamado estilo lsquoorientalizantersquo o que mostra que na praacutetica Esparta natildeo estava isolada do resto do mundo helecircnico Ainda segundo Cartledge nessa eacutepoca artesatildeos lacocircnios que trabalhavam com bronze comeccedilaram a se interessar pela representaccedilatildeo de figuras humanas em suas obras e por volta de 650 a C comeccedilou a se desenvolver na regiatildeo de Esparta o uso do marfim para produccedilatildeo de objetos gravados Vemos entatildeo que o ambiente artiacutestico na Lacedemocircnia entre 775 e 650 a C natildeo era de modo algum esteacuteril ou sem importacircncia9

Como Burn (1960 275‑276) explica Esparta natildeo virou suas costas para a arte e a poesia Prova disso eacute que vasos com detalhes refinados foram fabricados ali e exportados para outras regiotildees da Heacutelade ateacute 550 a C mais ou menos Por volta de 600 a C Gitiadas poeta escultor e arquiteto projetou o Templo de Atena tambeacutem conhecido como Casa de Bronze por causa das placas feitas com esse metal para decorar o edifiacutecio E em 585 a C o segundo templo de Oacutertia foi construiacutedo Ou seja havia artesatildeos trabalhando em Esparta no periacuteodo arcaico que produziram obras dignas de admiraccedilatildeo10

8 Para mais informaccedilotildees sobre a arqueologia e a arquitetura espartanas ver Walker (1998) Kaltsas (2007) e Cavanagh (2009)

9 Sobre isso ver tambeacutem Burn (1960) 180‑184 e Stibbe (1996) passim10 Ver tambeacutem Burn (1960) 280‑282 e Cartledge (2002) 133‑136

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No que diz respeito agrave muacutesica Plutarco nos daacute significativos testemunhos da sua importacircncia em ambiente espartano tanto nas Vidas quanto nos Moralia Na Vida de Licurgo no c 4 por exemplo encontramos a informaccedilatildeo segundo a qual o legislador lendaacuterio teria convidado um poeta‑legislador de Creta para ir a Esparta com ele Esse poeta se chamava Tales Mas talvez tenha havido alguma confusatildeo na tradiccedilatildeo manuscrita e esse Tales poderia ser o Taletas de Gortina mencionado algumas vezes no livro Sobre a Muacutesica tambeacutem de Plutarco Ele teria sido o responsaacutevel por curar os espartanos de uma peste com o seu canto11 Aleacutem disso no mesmo c 4 nos eacute dito que Licurgo teria sido o responsaacutevel por levar os poemas de Homero da Jocircnia para sua cidade

Depois no c 21 da mesma Vida Plutarco nos diz que os lacedemocircnios apreciavam se dedicar agrave poesia meacutelica porque as canccedilotildees estimulavam seus espiacuteritos e lhes davam coragem para enfrentar os inimigos nas batalhas Seu estilo era simples e seus temas eram seacuterios com o objetivo de promover uma boa formaccedilatildeo dos caraacuteteres Nelas eram louvados os heroacuteis de Esparta e condenados os covardes que natildeo lutaram ateacute o fim para defender sua cidade Nos festivais eram organizados trecircs coros de acordo com as idades um de velhos outro de adultos e outro de jovens Cada um cantava sobre a sua bravura uns falavam dos seus feitos no passado os outros tratavam das suas accedilotildees no presente e os uacuteltimos cantavam sobre o seu desejo de realizar grandes proezas no futuro Esses seriam os temas baacutesicos das canccedilotildees em Esparta e por isso segundo Plutarco Terpandro e Piacutendaro estavam corretos ao associar bravura e muacutesica e ao mostrar que os espartanos eram o povo mais aguerrido e mais musical

Por isso natildeo era por acaso que os jovens cantavam o nomo de Caacutestor e o peatilde da marcha (c 22) e em todo lugar havia danccedilas festas e banquetes quando natildeo havia expediccedilotildees militares (c 24) Contudo o gosto pela boa muacutesica e pela boa poesia natildeo era caracteriacutestico de todos os habitantes da Lacocircnia tendo em vista que os hilotas danccedilavam e cantavam canccedilotildees vulgares e grotescas diferentes das composiccedilotildees de Aacutelcman Terpandro e Especircndon (c 28) Isso na verdade estava associado ao fato de eles serem escravos e por isso era compreensiacutevel que eles apreciassem canccedilotildees vis como eles proacuteprios

Na Vida de Lisandro encontramos algumas informaccedilotildees que reforccedilam a impressatildeo de que os espartanos tinham sim grande sensibilidade para a muacutesica No c 15 ficamos sabendo que os lacocircnios depois de conquistar Atenas em 404 a C queriam destruir aquela cidade mas apoacutes ouvir um coro da Electra de Euriacutepides desistiram Em seguida no c 18 Plutarco nos conta que Lisandro estava sempre acompanhado do poeta Queacuterilo encarregado de celebrar os feitos do general E outros poetas tambeacutem celebraram Lisandro segundo nosso autor

11 Ver Plu Mus 42 (1146B‑C) e Gostoli (1990) 12‑13 e

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Na Vida de Agesilau c 14 lemos que os espartanos apreciavam uma parte da poesia de Timoacuteteo de Mileto poeta que teria tido algumas cordas de sua ciacutetara cortadas quando de uma sua visita a Esparta porque os eacuteforos julgavam que natildeo seriam necessaacuterias mais do que sete cordas e o instrumento do poeta tinha onze12 Essa anedota indica que os lacocircnios natildeo apreciavam inovaccedilotildees Poreacutem a informaccedilatildeo do c 14 da Vida de Agesilau mostra que eles poderiam aceitar pelo menos uma parte da obra de um poeta inovador desde que essa parte se adequas‑se ao gosto e agraves tradiccedilotildees do local Tambeacutem nessa mesma Vida c 21 Plutarco nos diz que o rei Agesilau apreciava os cantos e as danccedilas mesmo natildeo sendo um lsquoespecialistarsquo nas artes

Por fim na Vida de Aacutegis c 10 encontramos um elogio a Terpandro a Ta‑les (Taletas) e a Fereacutecides porque mesmo sendo estrangeiros professavam o que Licurgo instituiu e por isso foram muito honrados em Esparta Na Vida de Cleocircmenes c 2 somos informados que o rei Leocircnidas elogiou Tirteu algo facilmente compreensiacutevel tendo em vista o caraacuteter estimulante e guerreiro das elegias daquele poeta Aleacutem disso nessa mesma Vida citada por uacuteltimo c 12 Plutarco nos conta que Cleocircmenes certa vez teria encontrado alguns artistas de Dioniso muacutesicos e atores profissionais que iam de cidade em cidade para se apresentar e construiu um teatro Isso mostra que esse rei estimulou de alguma maneira as atividades artiacutesticas mesmo que ele natildeo tivesse o costume de levar artistas com seu exeacutercito de acordo com Plutarco e nem apreciasse apresentaccedilotildees musicais nos seus banquetes (c 13)

Tudo isso mostra que Esparta era uma cidade onde a muacutesica tinha um papel importe na educaccedilatildeo e na guerra e que os lacocircnios natildeo eram um povo obtuso e indiferente ao poder das melodias De acordo com Plutarco tendo em vista agora algumas passagens dos Moralia os espartanos passavam por treinamento rigoroso no que diz respeito agrave muacutesica e agrave poesia e suas canccedilotildees estimulavam os espiacuteritos e faziam com que os homens se sentissem entusiasmados e se esfor‑ccedilassem para ser bem sucedidos Em vaacuterias passagens das suas Obras Morais ele elogia o estilo da muacutesica deles porque ela era simples e natildeo afetada e seus temas eram seacuterios e edificantes Se algueacutem estudasse a poesia e as canccedilotildees de marcha de Esparta acompanhadas pelo aulo essa pessoa concordaria que Terpandro e Piacutendaro estavam certos ao associar valor (andreia) e muacutesica Como vimos acima nos trechos citados das Vidas Plutarco tambeacutem diz que os Espartanos eram o povo ao mesmo tempo mais musical (mousikotatous) e o mais afeito agrave guerra (polemikotatous)13

No livro sobre os Antigos Costumes dos Espartanos Plutarco tambeacutem elogia os ritmos das canccedilotildees de marcha (embaterioi rhythmoi) porque eles despertavam

12 Ver Plu Agis 1013 Cf Lyc 211‑4

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a coragem a audaacutecia e o desdeacutem pela morte requisitos indispensaacuteveis para o guerreiro valoroso Os espartanos usavam esses ritmos para danccedilar mas tambeacutem quando avanccedilavam contra os inimigos ao som do aulo Plutarco lembra que Li‑curgo associava o amor pela muacutesica agrave praacutetica militar para que o espiacuterito guerreiro combinado com a melodia tivesse concordacircncia e harmonia (symphonia kai har‑monia) Por isso em tempos de guerra os reis espartanos ofereciam sacrifiacutecios agraves Musas antes de ir para a batalha como Plutarco nos conta nos Instituta Laconica 16 (238B‑C)

E para manter a pureza da sua muacutesica e dos seus costumes os espartanos agraves vezes recorriam a atos violentos Como Plutarco reporta nos Instituta Laconica 17 (238C‑D) eles natildeo permitiriam que ningueacutem desrespeitasse de modo algum as regras da muacutesica do passado Nem mesmo Terpandro um dos mais antigos e melhores citaredos (aqueles que cantavam acompanhados da ciacutetara ou da lira) teria a permissatildeo para acrescentar uma corda extra ao seu instrumento para que suas melodias fossem mais variadas Ele tentou fazer isso mas os eacuteforos pregaram sua lira numa parede por causa do seu ato iacutempio contraacuterio agrave tradiccedilatildeo Em outra ocasiatildeo um dos eacuteforos teria procedido com mais violecircncia quando Timoacuteteo o famoso muacutesico inovador que floresceu na segunda metade do seacuteculo V a C estava competindo no festival das Carneias ele pegou uma faca e perguntou ao muacutesico de que lado ele deveria cortar as cordas supeacuterfluas cujo nuacutemero ultra‑passava o tradicional de sete cordas Outras variantes dessa histoacuteria satildeo contadas por Plutarco em outros textos mas nessas outras passagens Friacutenis outro muacutesico inovador da segunda metade do seacuteculo V a C eacute o protagonista14

Mas para aleacutem da sua importacircncia na educaccedilatildeo e nos contextos de bata‑lha a muacutesica tinha grande significado tambeacutem nas momentos das celebraccedilotildees religiosas Dentre as festividades religiosas realizadas na Lacedemocircnia uma das mais importantes era a das Carneias realizada em Esparta e intimamente ligada agrave histoacuteria de Terpandro As origens desse festival eram muito antigas anteriores ao seacuteculo VIII a C tendo em vista que no seacuteculo VII os colonizadores espartanos da cidade italiana de Tarento jaacute tinham o costume de celebraacute‑la15 As Carneias eram dedicadas ao deus Apolo Carneu Em Esparta havia concursos musicais e atleacuteti‑cos uma corrida de jovens e um banquete ritual que contava com a participaccedilatildeo dos homens adultos que representavam as fratrias O festival era organizado por cidadatildeos solteiros e era o momento adequado para que os jovens que jaacute haviam completado seu periacuteodo de formaccedilatildeo ingressassem na vida adulta16

O que nos interessa aqui eacute o papel que a muacutesica desempenhava no contexto dessas festividades Um elemento importante nesses momentos de comemoraccedilatildeo

14 Cf Prof virt 84A Apophth Lac 220C e Agis 107 jaacute citada na nota 9 Cf Rocha (2008) 654‑655

15 Brelich (1969) 181‑18216 Brelich (1969) 149‑150

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eram os concursos A realizaccedilatildeo de concursos musicais no acircmbito do festival das Carneias natildeo teria acontecido desde o iniacutecio A introduccedilatildeo de agones provavel‑mente ocorreu quando Terpandro migrou de Metimna (Lesbos) para Esparta na primeira metade do seacuteculo VII a C Nesse contexto eacute importante considerar o testemunho de Helacircnico17 segundo o qual Terpandro teria sido o primeiro a vencer o concurso musical nas Carneias Esse fato parece estar diretamente relacionado agrave fundaccedilatildeo da primeira escola musical (katastasis) em Esparta por obra do mesmo Terpandro Segundo Brelich (1969 186‑191) eacute muito provaacutevel que a introduccedilatildeo do concurso musical nas Carneias tenha sido influenciada pela proacutepria katastasis18 Essa hipoacutetese ganha forccedila se consideramos o capiacutetulo 9 do tratado Sobre a Muacutesica como um todo Ali Plutarco fala da primeira katastasis fundada por Terpandro e menciona tambeacutem a segunda katastasis liderada por Taletas de Gortina Xenoacutedamo de Citera Xenoacutecrito de Locres Polimnesto de Coacutelofon e Saacutecadas de Argos muacutesicos que teriam instituiacutedo as Gimnopeacutedias em Esparta as Apodeixeis na Arcaacutedia e as Endimaacutetias em Argos Jaacute que os membros da segunda escola musical foram fundadores de festivais19 em diferentes cidades do Peloponeso Terpandro tambeacutem pode ter desempenhado o mesmo papel no contexto das Carneias

No que diz respeito agraves Gimnopeacutedias contudo encontramos uma situaccedilatildeo diferente Possuiacutemos uma grande variedade de informaccedilotildees sobre esse festival que inclusive muitas vezes satildeo contraditoacuterias Mas tratando apenas daquilo que nos interessa aqui sabemos que no periacuteodo das festividades aconteciam apresentaccedilotildees de coros de adolescentes e adultos instituiacutedos em honra a Apolo que cantavam hinos compostos por poetas como Taletas Aacutelcman e Dionisodoto Depois da batalha de Tireia em 544 aC na qual Esparta lutou contra Argos pela posse da Tireaacutetida tornou‑se costumeiro cantar um peatilde em honra dos soldados que morreram naquela ocasiatildeo Por causa desse elemento ritual e da comparaccedilatildeo com as Apodeixeis e as Endimaacutetias as Gimnopeacutedias foram consideradas festas que indicavam o momento no qual os jovens receacutem‑iniciados eram integrados agrave vida militar20

Tendo tudo isso em vista podemos concluir que eacute preciso colocar a miragem espartana em perspectiva Esparta natildeo era tatildeo lsquoespartanarsquo assim e natildeo foi sempre lsquoespartanarsquo Havia espaccedilo naquela cidade para o cultivo das artes tais como a arquitetura a escultura a pintura vascular a muacutesica (que incluiacutea a poesia) e a danccedila Nela floresceram poetas como Aacutelcman Terpandro e Tirteu Nela surgiram escolas poeacuteticomusicais Nela viveram poetas estrangeiros tais como Taletas de

17 FGrHist 4 F 85 = Ateneu 635e = Terpander Test 1 Gostoli18 Cf tambeacutem Gostoli (1990) 84‑8519 Mais do que fundadores de festivais eacute mais verossiacutemil pensar que esses autores foram os

responsaacuteveis pela introduccedilatildeo dos concursos musicais como parte das celebraccedilotildees 20 Cf Gostoli (1990) 85‑86

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Gortina (Creta) e Saacutecadas de Argos E sendo assim houve um ambiente feacutertil e favoraacutevel para o desenvolvimento e o cultivo de atividades artiacutesticas Os esparta‑nos foram sim grandes guerreiros que contribuiacuteram decisivamente para a vitoacuteria dos helenos sobre os persas Eles cultivaram sim suas habilidades guerreiras a ponto de derrotar os atenienses na Guerra do Peloponeso Poreacutem Esparta natildeo foi somente uma comunidade de soldados que dedicavam suas vidas somente agrave guerra Esparta foi tambeacutem uma cidade onde as pessoas cantavam danccedilavam e apreciavam a beleza dos edifiacutecios e dos objetos do cotidiano Eacute preciso reconhecer isso e na obra de Plutarco jaacute encontramos essa imagem multifacetada dessa cul‑tura Basta direcionar os olhos para outras direccedilotildees

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Index nominum

Timoacuteteo 167‑168 178 183Timoacutexena 195Tindaacuteridas 63Tireaacutetida 169Tireia 169Tireacutesias 236Tirteu 167 169 221Titatildes 245Trajano 121Trezena 31 32‑35 38 Tricoacuterito 39Troia 81 124Tuciacutedides 122 160 181Ulisses 81 192Valeacuterio (vd Puacuteblio Valeacuterio)Vestais 58 204Viacutenio 200Xantipo 191 201Xenoacutecrito 169Xenoacutedamo 169Xenofonte 160 164Zaleuco 88Zeus 36 40‑41 220 226 243

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Index nominum

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(Paacutegina deixada propositadamente em branco)

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Notas biograacuteficas dos autores

Aacutelia Rodrigues eacute doutorada em Estudos Claacutessicos (Literatura Grega) e inves‑tigadora do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse satildeo a histoacuteria das ideias poliacuteticas desde os Gregos ateacute agrave modernidade histoacuteria legal e a recepccedilatildeo de temas claacutessicos na contemporaneidade

Ana Ferreira eacute Professora Auxiliar do Departamento de Estudos Portugueses e Ro‑macircnicos da Faculdade de Letras da Universidade do Porto e investigadora do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a histoacuteria antiga a literatura greco‑romana bem como a didaacutectica das liacutenguas claacutessicas

Delfim F Leatildeo eacute Professor Catedraacutetico da Instituto de Estudos Claacutessicos e investiga‑dor do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a histoacuteria antiga o direito e a teorizaccedilatildeo poliacutetica dos Gregos a pragmaacutetica teatral e a escrita romanesca antiga

Faacutebio Vergara Cerqueira eacute Professor Adjunto do Instituto de Ciecircncias Humanas da Universidade Federal de Pelotas pesquisador PQ‑2 do CNPq Professor Visitante na Universidade de Heidelberg Bolsista Fundaccedilatildeo Humboldt ldquoPesquisador Experienterdquo Principais aacutereas de interesse satildeo histoacuteria e arqueologia da Greacutecia antiga e sua recepccedilatildeo enfocando muacutesica iconografia ceramologia gecircnero memoacuteria social identidade e patrimocircnio cultural

Guillermina Gonzaacutelez Almenara es Profesor Contratado Doctor Tipo 1 vinculada con el Aacuterea de Filologiacutea Griega del Departamento de Filologiacutea Claacutesica Francesa Aacuterabe y Romaacutenica de la Universidad de La Laguna Sus principales liacuteneas de investi‑gacioacuten son la mujer y el aacutembito femenino en la Grecia antigua Historiografiacutea griega Historia y civilizacioacuten de la Grecia antigua

Ivana S Chialva es Doctora en Letras Investigadora Asistente del Conicet y Profesora de Griego y Literaturas griega y latina de la Facultad de Humanidades y Ciencias de la Universidad Nacional del Litoral (Santa Fe Argentina) Sus tra‑bajos sobre el mundo antiguo se focalizan en la relacioacuten entre primera y segunda sofiacutestica y en la influencia de este uacuteltimo fenoacutemeno en la prosa narrativa griega de eacutepoca imperial especialmente la retoacuterica la biografiacutea y la novela en sus diferentes formas

Jesuacutes-Mordf Nieto Ibaacutentildeez es Catedraacutetico de Filologiacutea Griega de la Universidad de Leoacuten Sus liacuteneas de investigacioacuten son la literatura judiacutea en lengua griega los primeros textos cristianos el Humanismo y la Tradicioacuten claacutesica Actualmente dirige un Proyecto de

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investigacioacuten sobre el Humanismo la Tradicioacuten claacutesica y patriacutestica y la exeacutegesis biacuteblica en los siglos XVI y XVII

Joaquim Pinheiro eacute Professor Auxiliar da Universidade da Madeira e investigador do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a biografia antiga a Segunda Sofiacutestica a retoacuterica claacutessica e o pensamento poliacutetico dos Gregos

Joseacute M Candau es Catedraacutetico de Filologiacutea Griega en la Universidad de Sevilla Sus principales aacutereas de investigacioacuten son la historiografiacutea griega y Plutarco

Loraine Oliveira eacute professora de Filosofia da Universidade de Brasiacutelia Publicou o livro Plotino escultor de mitos pela Imprensa da Universidade de CoimbraAnnablume em 2014 Vem se dedicando principalmente a estudar os mitos em Plotino Plutarco e Porfiacuterio assim como o vegetarianismo em Plutarco e Porfiacuterio

Maria Aparecida de Oliveira Silva eacute professora visitante do Programa de Poacutes‑Gradu‑accedilatildeo em Letras Claacutessicas da Universidade de Satildeo Paulo e Professora Pesquisadora do Programa de Poacutes‑Graduaccedilatildeo em Histoacuteria da Universidade Federal de Satildeo Paulo Liacuteder do Grupo CNPq LABHAN Laboratoacuterio de Histoacuteria Antiga da Universidade Federal do Amapaacute Pesquisadora do Grupo CNPq Linceu ‑ Visotildees da Antiguidade Claacutessica da Universidade Estadual Paulista Pesquisadora do Grupo Retoacuterica Texto y Comunicacioacuten da Universidad de Caacutediz Membro do Conselho Acadecircmico do Seminaacuterio de Histoacuteria e Filosofia das Religiotildees da Universidad Autoacutenoma de Ciudad Juaacuterez mdash Meacutexico Pesquisa e publica trabalhos sobre Esparta Plutarco e biografia antiga

M Teresa Fau Ramos es Profesora Titular del Departament de Filologia Grega de la Universitat de Barcelona y miembro del Grup de Recerca Graecia Capta que investiga la pervivencia de la identidad griega bajo el imperio romano Sus principales aacutereas de intereacutes cientiacutefico son la historia e instituciones de la Grecia claacutesica y post‑claacutesica la religioacuten helena (paganismo) y diversos aspectos del cristianismo primitivo

Pilar Goacutemez Cardoacute es profesora titular de Filologiacutea Griega en la Universidad de Barcelona donde imparte docencia e investiga desde 1981 Doctora en Filologiacutea Claacutesica desde 1987 con una tesis sobre la tradicioacuten yaacutembica y la faacutebula (La Vida drsquoIsop entre el iambe la faula i la novella) es autora de numerosos artiacuteculos y capiacutetulos de libros sobre la literatura griega de eacutepoca imperial romana en especial sobre Segunda Sofiacutestica y novela ha estudiado principalmente autores como Luciano en cuya edicioacuten y traduccioacuten al castellano para la coleccioacuten Alma Mater participa Plutarco Dioacuten de Prusa o Elio Ariacutestides Es miembro del grupo de investigacioacuten Graecia Capta de la Universidad de Barcelona

Roosevelt Rocha eacute Professor Adjunto do curso de Letras da Universidade Federal do Paranaacute (Brasil) e pesquisador ligado ao Programa de Poacutes‑Graduaccedilatildeo em Letras da

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mesma Universidade As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a poesia grega arcaica (elegia jambo e meacutelica) a muacutesica grega antiga e o estudo da performance da poesia grega dos periacuteodos arcaico e claacutessico

Vicente Ramoacuten es Profesor Tiular de Filologiacutea Griega de la Universidad de Zara‑goza Sus intereses cientiacuteficos pueden sintetizarse en las siguientes liacuteneas Plutarco de Queronea y la biografiacutea poliacutetica historiografiacutea griega retoacuterica y oratoria griegas tradicioacuten claacutesica teatro griego la irreligiosidad en la Atenas Claacutesica

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Nelson
Text Box
(Paacutegina deixada propositadamente em branco)

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Volumes publicados na Colecccedilatildeo Humanitas Supplementum

1 Francisco de Oliveira Claacuteudia Teixeira e Paula Barata Dias Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 1 ndash Liacutenguas e Literaturas Greacutecia e Roma (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

2 Francisco de Oliveira Claacuteudia Teixeira e Paula Barata Dias Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 2 ndash Liacutenguas e Literaturas Idade Meacutedia Renascimento Recepccedilatildeo (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

3 Francisco de Oliveira Jorge de Oliveira e Manuel Patriacutecio Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 3 ndash Histoacuteria Arqueologia e Arte (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2010)

4 Maria Helena da Rocha Pereira Joseacute Ribeiro Ferreira e Francisco de Oliveira (Coords) Horaacutecio e a sua perenidade (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

5 Joseacute Luiacutes Lopes Brandatildeo Maacutescaras dos Ceacutesares Teatro e moralidade nas Vidas suetonianas (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

6 Joseacute Ribeiro Ferreira Delfim Leatildeo Manuel Troumlster and Paula Barata Dias (eds) Symposion and Philanthropia in Plutarch (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

7 Gabriele Cornelli (Org) Representaccedilotildees da Cidade Antiga Categorias histoacutericas e discursos filosoacuteficos (Coimbra Classica DigitaliaCECHGrupo Archai 2010)

8 Maria Cristina de Sousa Pimentel e Nuno Simotildees Rodrigues (Coords) Sociedade poder e cultura no tempo de Oviacutedio (Coimbra Classica DigitaliaCECHCECCH 2010)

9 Franccediloise Frazier et Delfim F Leatildeo (eds) Tychegrave et pronoia La marche du monde selon Plutarque (Coimbra Classica DigitaliaCECH Eacutecole Doctorale 395 ArScAn‑THEMAM 2010)

10 Juan Carlos Iglesias‑Zoido El legado de Tuciacutedides en la cultura occidental (Coimbra Classica DigitaliaCECH ARENGA 2011)

11 Gabriele Cornelli O pitagorismo como categoria historiograacutefica (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2011)

12 Frederico Lourenccedilo The Lyric Metres of Euripidean Drama (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2011)

13 Joseacute Augusto Ramos Maria Cristina de Sousa Pimentel Maria do Ceacuteu Fialho Nuno Simotildees Rodrigues (coords) Paulo de Tarso Grego e Romano Judeu e Cristatildeo (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

14 Carmen Soares amp Paula Barata Dias (coords) Contributos para a histoacuteria da alimentaccedilatildeo na antiguidade (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

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15 Carlos A Martins de Jesus Claudio Castro Filho amp Joseacute Ribeiro Ferreira (coords) Hipoacutelito e Fedra ‑ nos caminhos de um mito (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

16 Joseacute Ribeiro Ferreira Delfim F Leatildeo amp Carlos A Martins de Jesus (eds) Nomos Kosmos amp Dike in Plutarch (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

17 Joseacute Augusto Ramos amp Nuno Simotildees Rodrigues (coords) Mnemosyne kai Sophia (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

18 Ana Maria Guedes Ferreira O homem de Estado ateniense em Plutarco o caso dos Alcmeoacutenidas (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

19 Aurora Loacutepez Andreacutes Pocintildea amp Maria de Faacutetima Silva De ayer a hoy influencias claacutesicas en la literatura (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

20 Cristina Pimentel Joseacute Luiacutes Brandatildeo amp Paolo Fedeli (coords) O poeta e a cidade no mundo romano (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

21 Francisco de Oliveira Joseacute Luiacutes Brandatildeo Vasco Gil Mantas amp Rosa Sanz Serrano (coords) A queda de Roma e o alvorecer da Europa (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

22 Luiacutesa de Nazareacute Ferreira Mobilidade poeacutetica na Greacutecia antiga uma leitura da obra de Simoacutenides (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica DigitaliaCECH 2013)

23 Faacutebio Cerqueira Ana Teresa Gonccedilalves Edalaura Medeiros amp JoseacuteLuiacutes Brandatildeo Saberes e poderes no mundo antigo Vol I ndash Dos saberes (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia2013) 282 p

24 Faacutebio Cerqueira Ana Teresa Gonccedilalves Edalaura Medeiros amp Delfim Leatildeo Saberes e poderes no mundo antigo Vol II ndash Dos poderes (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013) 336 p

25 Joaquim J S Pinheiro Tempo e espaccedilo da paideia nas Vidas de Plutarco (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013) 458 p

26 Delfim Leatildeo Gabriele Cornelli amp Miriam C Peixoto (coords) Dos Homens e suas Ideias Estudos sobre as Vidas de Dioacutegenes Laeacutercio (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013)

27 Italo Pantani Margarida Miranda amp Henrique Manso (coords) Aires Barbosa na Cosmoacutepolis Renascentista (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2013)

28 Francisco de Oliveira Maria de Faacutetima Silva Tereza Virgiacutenia Ribeiro Barbosa (coords) Violecircncia e transgressatildeo uma trajetoacuteria da Humanidade (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

29 Priscilla Gontijo Leite Eacutetica e retoacuterica forense asebeia e hybris na caracterizaccedilatildeo dos adversaacuterios em Demoacutestenes (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

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30 Andreacute Carneiro Lugares tempos e pessoas Povoamento rural romano no Alto Alentejo ‑ Volume I (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2014)

31 Andreacute Carneiro Lugares tempos e pessoas Povoamento rural romano no Alto Alentejo ‑ Volume II (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2014)

32 Pilar Goacutemez Cardoacute Delfim F Leatildeo Maria Aparecida de Oliveira Silva (coords) Plutarco entre mundos visotildees de Esparta Atenas e Roma (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

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Resumo da obra

A vasta e variada obra de Plutarco permite sempre uma abordagem a partir de distintas

perspetivas com diferentes intenccedilotildees e propoacutesitos variados No entanto eacute importante

identificar tambeacutem fios comuns nessa abordagem porque permitem demonstrar tanto a

niacutevel formal como de conteuacutedo que haacute muitos elementos comuns que permeiam o trabalho

de Plutarco

Os treze contributos para este volume tecircm como elo comum o nome de trecircs cidades

Esparta Atenas e Roma Elas representam espaccedilos poliacuteticos e institucionais diversos dada

a sua extensatildeo geograacutefica e cronoloacutegica mas simbolizam igualmente diferentes modelos

de organizaccedilatildeo social atraveacutes dos quais a Greacutecia pode ser contrastada com Roma ou Atenas

comparada com Esparta mdash ainda que o seu verdadeiro interesse na obra de Plutarco seja

que representam sempre locais paradigmaacuteticos onde vivem e convivem pessoas Por

isso os estudiosos de Plutarco que contribuiacuteram para este volume procuram analisar em

cada uma dessas cidades seja por assimilaccedilatildeo ou por contraste a forma como o autor de

Queroneia aborda a ligaccedilatildeo entre indiviacuteduo e comunidade a partir do exerciacutecio do poder

e da experiecircncia religiosa qual o papel da educaccedilatildeo e do domiacutenio privado na projeccedilatildeo

puacuteblica dos protagonistas retratados por Plutarco ou ateacute que ponto a imagem dos primeiros

legisladores e fundadores miacuteticos foi condicionada pela evoluccedilatildeo histoacuterica destas mesmas

cidades

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Page 29: Versão integral disponível em digitalis.uc · visões de Esparta, Atenas e Roma IMPRENSA DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA COIMBRA UNIVERSITY PRESS ANNABLUME Versão integral disponível

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Un mentor limpio de pasiones El filoacutesofo y la actuacioacuten poliacutetica seguacuten el De genio Socratis

calidad de filoacutesofo Asiacute construida la figura de Epaminondas traslada un mensaje ndashla no implicacioacuten directa del filoacutesofo en las luchas poliacuteticas‑ que puede tener calado teoacuterico pero tambieacuten sirve a Plutarco para trasladar su posicionamiento ante cuestiones concernientes a su propia persona y al horizonte cultural de su eacutepoca Comparado a otros contemporaacuteneos que por condicioacuten social e incluso actividad literaria estaban a su mismo nivel Plutarco no protagonizoacute una carrera poliacutetica particularmente brillante69 Asumioacute en cambio el papel de consejero y guiacutea de la eacutelite La autoridad necesaria para ello se la confiere la filosofiacutea Pues Plutarco se presenta a siacute mismo como filoacutesofo La exaltacioacuten de Epaminondas es una exaltacioacuten de su propia identidad como filoacutesofo y mentor Epaminondas se mueve a una altura la de la filosofiacutea superior a la de sus afines y compantildeeros los conjurados Esta altura le prohiacutebe descender al plano de la accioacuten directa descenso que contaminariacutea su alma con pulsiones sobrevenidas pero tambieacuten le permite acceder a una realidad inalcanzable para sus compantildeeros Epaminondas eleva asiacute la posicioacuten del filoacutesofo y justifica incluso hace ineludible su alejamiento de la lucha poliacutetica Gracias a ello lo que podriacutea ser una debilidad del propio Plutarco la falta de una carrera puacuteblica brillante se transforma en una eleccioacuten deliberada y necesaria

Tal mensaje adquiere maacutes fuerza si se lo contempla sobre el transfondo cultural de la eacutepoca El auge de las composiciones de exitu illustrium virorum corre en paralelo a la admiracioacuten hacia el filoacutesofo que se enfrenta al poder y sufre castigo por ello Ya se ha dicho que el fenoacutemeno acreditado en diversas fuentes contemporaacuteneas a Plutarco fue propiciado particularmente por el final del rei‑nado de Diocleciano y que el modelo uacuteltimo del filoacutesofo‑maacutertir es Soacutecrates En este contexto adquiere un significado especial la exaltacioacuten del ldquoSoacutecrates tebanordquo Epaminondas Epaminondas se aleja del conflicto puacuteblico para cuidar su alma se distingue por su silencio y pese a ello constituye el ldquocentro ausenterdquo del de genio una composicioacuten articulada en torno a un conflicto civil la liberacioacuten de la Cadmea No resulta inverosiacutemil ver en todos estos datos una respuesta de Plu‑tarco ante el fenoacutemeno del ldquofiloacutesofo‑maacutertir poliacuteticordquo y la admiracioacuten aglutinada en torno a esa figura Respuesta que reivindica rotundamente el papel asumido por el propio Plutarco de filoacutesofo mentor del poliacutetico pero fuera eacutel mismo del traacutefago de la poliacutetica

69 Veacuteanse las observaciones y referencias que ofrece al respecto Van Hoof (2010) 66‑67

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Joseacute M Candau

Bibliografiacutea

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mdashmdashmdash laquoUna nuova interpretazione del De genio Socratisraquo en M Marcovich (ed) 1988 pp 409‑425

De Blois L laquoThe Perception of Politics in Plutarchs Roman Livesraquo ANRW II 336 (1992) 4568‑615

Brenk F E laquoTime as Structure in Plutarchrsquos The Daimonion of Socratesraquo en L Van Der Stock (ed) 1996 pp 29‑51

Candau Moroacuten J M laquoPlutarco y la historiografiacutea traacutegicaraquo enJ M Candau Moroacuten F J Gonzaacutelez Ponce amp A L Chaacutevez Reino (eds) Plutarco Transmisor Actas del X Simposio Internacional de la Sociedad Espantildeola de Plutarquistas (Sevilla 12‑14 de noviembre de 2009) Sevilla 2011 pp147‑169

Corlu A Plutarque Le deacutemon de Socrate Texte et traduction avec une introduction et des notes Paris 1970

Desideri P laquoIl De genio Socratis di Plutarcho un esempio di ldquostoriografiacutea tragicardquoraquo Athenaeum 62 (1984) 569‑85

mdashmdashmdash laquoldquoNon scriviamo storie ma viterdquo (Plut Alex 12) la formula biografica di Plutarcoraquo en el vol colectivo Testis Temporum Aspetti e problemi della storiografia antica 1995 pp 15‑25

Dillon J laquoDion and Brutus Philosopher Kings Adrift in a Hostile Worldraquo en A G Nikolaidis (ed) 2008 pp 351‑ 364

Donini P laquoIl De genio Socratis di Plutarco i limiti del dogmatismo e quelli dello scetticismoraquo en P Donini Commentary and Tradition Aristotelianism Platonism and Post‑Hellenistic Philosophy (M Bonazzi ed) BerlinNew York 2011 pp 403‑422

mdashmdashmdash laquoSokrates und sein Daumlmon im Platonismus des 1 und 2 Jahrhunderts nChrraquo en Commentary and Tradition pp 437‑452 (publicacioacuten original en 2004)

Doumlring C Exemplum Socratis Studien zur Sokratesnachwirkung in der kynisch‑stoischen Popularphilosophie der fruumlhen Kaiserzeil und im fruumlhen Christentum Wiesbaden 1979

Doumlring C laquoPlutarch und das ldquoDaimon des Socratesrdquo (Plut de genio Socratis Kap 20‑24)raquo Mnemosyne 37 (1984) 376‑392

Georgiadou A laquoEpameinondas and the Socratic Paradigm in the De genio Socratisraquo en L Van der Stock (ed) pp 113‑122

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Un mentor limpio de pasiones El filoacutesofo y la actuacioacuten poliacutetica seguacuten el De genio Socratis

Griffin M laquoThe Flaviansraquo en CAH2 XI (Cambridge 2000) pp 1‑83Hani J Plutarque Oeuvres morales Tome VII Paris 1980Hardie Ph laquoSign Language in On the Daimonion of Socratesraquo en L Van der

Stock (ed) 1996 pp 123‑136Hershbell J P laquoPlutarchsrsquo Portrait of Socratesraquo en M Marcovich (ed) 1988

pp 364‑381Ingekamp H G laquoPlutarch und die konservative Verhaltensnormraquo ANRW II

336 (1992) 4624‑4644Van Hoof L Plutarchrsquos Practical Ethics The Social Dynamics of Philosophy Oxford

2010Jones B W The Emperor Domitian LondonNew York 1992Jones P C Plutarch and Rome Oxford 1972Malitz J laquoHelvidius Priscus und Vespasian Zur Geschichte der laquostoischenraquo

Senatsoppositionraquo Hermes 113 (1985) 231‑246Marcovich M (ed) Plutarch (ICS 132 1988)Nesselrath H G (ed) Plutarch On the daimonion of Socrates Human liberation

divine guidance and philosophy Tuumlbingen 2010Nikolaidis A G (ed) The Unity of Plutarchrsquos Work lsquoMoraliarsquo Themes in the lsquoLivesrsquo

Features of the lsquoLivesrsquo in the lsquoMoraliarsquo Berlin 2008Nilsson M P Geschichte der Griechischen Religion3 II Muumlnchen 1974Parker R laquoAgesilaus and the bones of Alcmenaraquo en H G Nesselrath (ed)

2010 pp 129‑137Pelling C B R Plutarch Life of Anthony Cambridge 1988_____laquoChildhood and Personality in Greek Biographyraquo en C B R Pelling

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_____laquoParallel Narratives the Liberation of Thebes in De Genio Socratis and in Pelopidasrdquo en H G Nesselrath (ed) pp 111‑127 (publicacioacuten original en 2008)

Ronconi A laquoExitus illustrium virorumraquo RLAC 6 (1966) 1258‑1268Russell D A laquoIntroductionraquo en H G Nesselrath (ed) 2010 pp 1‑15Schroumlder S laquoPlutarch on oracles and divine inspirationraquo en H G Nesselrath

(ed) 2010 pp 145‑168Spivak G C laquoCan the Subaltern Speakraquo en C Nelson amp L Grossberg

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Joseacute M Candau

Von Stern E Geschichte des spartanischen un thebanischen Hegemonie vom Koumlnigsfrieden bios zur Schlacht bei Mantinea Dorpat 1884

Van der Stock L (ed) Plutarche Lovaniensia A Miscellany of Essays on Plutarch (Studia Hellenistica 32) Lovanii 1996

Swain S laquoPlutarch Chance Providence and Historyraquo AJPh 110 (1989) 272‑302

mdashmdashmdash laquoPlutarchrsquos Lives of Cicero Cato and Brutusraquo Hermes 118 (1990) 192‑203

Wardle D Cicero on Divination De Divinatione Book 1 Oxford 2006Ziegler K Plutarco Brescia 1965 [laquoPlutarchos von Chaironeiaraquo RE XXI1

(1951) coll 636‑962 edicioacuten italiana a cargo de B Zucchelli traduccioacuten de M R Zancan Rinaldi]

Zhmud L The Origin of the History of Science in Classical Antiquity Berlin 2006

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A Esparta de Plutarco entre a guerra e as artes

de um seguidor das leis de Licurgo Nesse sentido Plutarco diz que o dinheiro e o ouro deveriam ser mandados embora de Esparta porque eles eram flagelos importados que despertavam a cobiccedila e promoviam a degeneraccedilatildeo dos costumes (c 17) Desse ponto de vista Lisandro prejudicou Esparta justamente porque promoveu seu enriquecimento e contribuiu para a dissoluccedilatildeo da frugalidade e da simplicidade que caracterizavam o cotidiano dos lacocircnios antes das vitoacuterias espartanas na Guerra do Peloponeso6

Na Vida de Agesilau Plutarco nos conta que o biografado foi o segundo filho de Arquidamo (o primeiro tinha sido Aacutegis) e que por isso ele natildeo seria o herdeiro direto do trono de Esparta De qualquer modo Agesilau foi educado de acordo com a agoge lacedemocircnia e nosso autor faz questatildeo de frisar que em decorrecircncia disso o liacuteder espartano sempre respeitou e praticou as leis de sua cidade (c 1) Mesmo apresentando uma pequena diferenccedila de tamanho de uma perna para a outra ele tinha outras qualidades espartanas como a honestidade a mansidatildeo e a beleza fiacutesica (c 2) Sua formaccedilatildeo foi tatildeo bem sucedida que diferente de Alexandre o grande e de Haniacutebal Agesilau foi um general que conquistou importantes vitoacuterias e mesmo assim nunca deixou de obedecer agraves leis espartanas (c 15) Mesmo depois de tornar‑se um lendaacuterio vencedor ele voltou a Esparta e continuou o mesmo homem de antes sem apresentar nenhuma novidade no seu comportamento diferente de outros estrategos quando voltavam de longas expediccedilotildees a terras estrangeiras (c 19)

Plutarco nos conta que Lisandro ndashque dizem ter sido amante de Agesilau na juventude (c 2)ndash pretendia introduzir muitas inovaccedilotildees e mudanccedilas no governo da Lacocircnia (c 20) Embora outros liacutederes de Esparta como Antaacutelcidas tenham feito acordos com os Persas e tenham abandonado laquocovarde e maldosamenteraquo os gregos da Aacutesia sob o domiacutenio dos baacuterbaros como nos diz Plutarco (c 23) Agesilau sempre foi um defensor da justiccedila Entre os capiacutetulos 29 e 30 da Vida de Agesilau nosso autor nos conta que os espartanos que perderam parentes na bata‑lha de Leuctra (em 371 a C) se alegraram e os que natildeo perderam ficaram tristes De certa forma eles responsabilizaram Agesilau pela derrota e lamentaram ter aceito um rei coxo Contudo Agesilau tinha boa reputaccedilatildeo e era muito virtuoso Prova disso eacute que sem promover nenhuma inovaccedilatildeo ele disse que era preciso fazer as leis dormirem para que retomassem a autoridade que tiveram no passado

Entretanto Plutarco natildeo faz apenas elogios a Agesilau Cartledge (1987 418) observa que ele faz criacuteticas a Agesilau por causa de sua ingratidatildeo em relaccedilatildeo a Lisandro (c 8) e condena seu comportamento porque ele teria hon‑rado mais os amigos do que a justiccedila (c 13 ver tambeacutem Moralia 807d) Aleacutem disso Plutarco via uma relaccedilatildeo direta entre a decadecircncia de Esparta e a ascenccedilatildeo

6 Sobre isso ver Duff (2002) 161‑204 e a introduccedilatildeo de Flaceliegravere e Chambry em Plutarque (1971) 158‑173

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Roosevelt Rocha

ilegiacutetima de Agesilau ao trono (c 21) Poreacutem no geral nosso autor eacute tatildeo favoraacutevel e simpaacutetico a Agesilau quanto Xenofonte que tambeacutem escreveu uma biografia do rei espartano a qual certamente serviu de base para a Vida composta pelo poliacutemata de Queroneia Segundo Cartledge (1987 418) para Plutarco Agesilau foi a encarnaccedilatildeo das virtudes peculiarmente espartanas simplicidade piedade e autocontrole7

Depois na Vida de Aacutegis e na Vida de Cleocircmenes Plutarco narra os uacuteltimos momentos da histoacuteria da Esparta independente ou seja o ponto mais baixo da decadecircncia daquela cidade Os reis Aacutegis e Cleocircmenes que reinaram no seacuteculo III a C tentaram restaurar os antigos valores dos tempos de Licurgo Eles tinham os dons naturais para levar essa tarefa a cabo Aacutegis tinha grandeza de alma e se insurgia contra os prazeres desde antes dos vinte anos (c 4) natildeo gostava de rou‑pas luxuosas e baniu toda suntuosidade para aderir aos antigos haacutebitos lacocircnios caracterizados pela simplicidade de vida Mas seu exemplo e sua energia natildeo foram suficientes para restaurar os costumes tradicionais e ele foi assassinado ainda muito jovem (cc 19‑21) Aquela Esparta incorrupta e valorosa dos tempos de Licurgo dava seus uacuteltimos suspiros

Cleocircmenes natildeo era parente de Aacutegis mas foi obrigado a se casar com a vi‑uacuteva do rei assassinado ou seja Agiaacutetis Segundo Plutarco (c 1) Cleocircmenes era ambicioso e tinha grandeza de alma Era temperante e simples como Aacutegis Ele tambeacutem quiz restaurar os antigos costumes espartanos (c 11) Primeiro depois de longa disputa poliacutetica abriu matildeo de seus bens Depois distribuiu as terras entre os cidadatildeos Restabeleceu a educaccedilatildeo dos jovens e a disciplina espartana Ele proacuteprio levou uma vida simples e frugal para dar o exemplo aos outros la‑cedemocircnios sem insolecircncia nem orgulho excessivo ou seja como um modelo de temperanccedila (c 13) Mesmo quando perdeu sua esposa Agiaacutetis por quem se enamorara verdadeiramente Cleocircmenes manteve a firmeza e seu caraacuteter elevado e tomou as providecircncias necessaacuterias para garantir a seguranccedila de seus soldados e aliados (c 22) Depois de reinar por dezesseis anos Cleocircmenes morreu (cc 37‑38) e assim terminou a histoacuteria de Esparta como cidade politicamente autocircnoma

Ateacute aqui vimos que podemos encontrar nas Vidas dos liacutederes espartanos escritas por Plutarco aquela imagem caracterizada por um conjunto de valores que parecem ter ganhado forccedila numa eacutepoca lendaacuteria e foram se enfraquecendo conforme o tempo foi passando e Esparta foi estendendo seu poder para fora da Lacedemocircnia Nesse quadro vemos uma cidade altamente militarizada de guerreiros corajosos disciplinados e afeitos a uma vida sem luxos e sem confortos Isso poderia indicar que os espartanos eram um povo rude pouco sofisticado e fechado para as artes

7 Cf tambeacutem a introduccedilatildeo de Flaceliegravere e Chambry em Plutarque (1973) 85‑88 e Shipley (1998) 1‑46

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A Esparta de Plutarco entre a guerra e as artes

Poreacutem vaacuterias fontes arqueoloacutegicas vasculares e mesmo literaacuterias nos mostram o contraacuterio Apesar de Tuciacutedides (1102) ter dito que os edifiacutecios em Esparta eram modestos e natildeo correspondiam ao tamanho do poder militar e poliacutetico da cidade dos lacedemocircnios em seu apogeu a avaliaccedilatildeo dos monumentos arquitetocircnicos espartanos precisa ser feita com cuidado Eacute preciso lembrar que Esparta natildeo foi destruiacuteda nas Guerras Meacutedicas como Atenas foi A capital da Aacutetica foi reconstruiacuteda e uma grande soma de dinheiro afluiu para ela por causa das contribuiccedilotildees dos aliados da Liga de Delos Isso natildeo aconteceu com a princi‑pal cidade da Lacocircnia Desse modo nela foram conservados edifiacutecios antigos do seacuteculo VI a C que apresentavam outro estilo de construccedilatildeo mais arcaizante do que claacutessico Dependendo do ponto de vista um estilo pode ser mais valorizado do que o outro

De qualquer modo Pausacircnias (3113) viajante do seacuteculo II d C que fez uma descriccedilatildeo de vaacuterias cidades da Greacutecia daquela eacutepoca nos informa que havia em Esparta vaacuterios monumentos que despertavam a admiraccedilatildeo daqueles que por ali passavam tal como o Poacutertico Persa construiacutedo inicialmente com o butim amealhado na guerra contra os persas Outros exemplos de edifiacutecios que nos uacuteltimos anos vecircm sendo estudados satildeo o templo de Apolo em Amiclas o templo de Aacutertemis Oacutertia e o Menelaion onde eram cultuados Menelau e Helena8

Cartledge (2002 111) nos informa que depois de 690 a C pintores de vasos da Lacocircnia sofreram influecircncia de artistas do Egeu e adotaram o chamado estilo lsquoorientalizantersquo o que mostra que na praacutetica Esparta natildeo estava isolada do resto do mundo helecircnico Ainda segundo Cartledge nessa eacutepoca artesatildeos lacocircnios que trabalhavam com bronze comeccedilaram a se interessar pela representaccedilatildeo de figuras humanas em suas obras e por volta de 650 a C comeccedilou a se desenvolver na regiatildeo de Esparta o uso do marfim para produccedilatildeo de objetos gravados Vemos entatildeo que o ambiente artiacutestico na Lacedemocircnia entre 775 e 650 a C natildeo era de modo algum esteacuteril ou sem importacircncia9

Como Burn (1960 275‑276) explica Esparta natildeo virou suas costas para a arte e a poesia Prova disso eacute que vasos com detalhes refinados foram fabricados ali e exportados para outras regiotildees da Heacutelade ateacute 550 a C mais ou menos Por volta de 600 a C Gitiadas poeta escultor e arquiteto projetou o Templo de Atena tambeacutem conhecido como Casa de Bronze por causa das placas feitas com esse metal para decorar o edifiacutecio E em 585 a C o segundo templo de Oacutertia foi construiacutedo Ou seja havia artesatildeos trabalhando em Esparta no periacuteodo arcaico que produziram obras dignas de admiraccedilatildeo10

8 Para mais informaccedilotildees sobre a arqueologia e a arquitetura espartanas ver Walker (1998) Kaltsas (2007) e Cavanagh (2009)

9 Sobre isso ver tambeacutem Burn (1960) 180‑184 e Stibbe (1996) passim10 Ver tambeacutem Burn (1960) 280‑282 e Cartledge (2002) 133‑136

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No que diz respeito agrave muacutesica Plutarco nos daacute significativos testemunhos da sua importacircncia em ambiente espartano tanto nas Vidas quanto nos Moralia Na Vida de Licurgo no c 4 por exemplo encontramos a informaccedilatildeo segundo a qual o legislador lendaacuterio teria convidado um poeta‑legislador de Creta para ir a Esparta com ele Esse poeta se chamava Tales Mas talvez tenha havido alguma confusatildeo na tradiccedilatildeo manuscrita e esse Tales poderia ser o Taletas de Gortina mencionado algumas vezes no livro Sobre a Muacutesica tambeacutem de Plutarco Ele teria sido o responsaacutevel por curar os espartanos de uma peste com o seu canto11 Aleacutem disso no mesmo c 4 nos eacute dito que Licurgo teria sido o responsaacutevel por levar os poemas de Homero da Jocircnia para sua cidade

Depois no c 21 da mesma Vida Plutarco nos diz que os lacedemocircnios apreciavam se dedicar agrave poesia meacutelica porque as canccedilotildees estimulavam seus espiacuteritos e lhes davam coragem para enfrentar os inimigos nas batalhas Seu estilo era simples e seus temas eram seacuterios com o objetivo de promover uma boa formaccedilatildeo dos caraacuteteres Nelas eram louvados os heroacuteis de Esparta e condenados os covardes que natildeo lutaram ateacute o fim para defender sua cidade Nos festivais eram organizados trecircs coros de acordo com as idades um de velhos outro de adultos e outro de jovens Cada um cantava sobre a sua bravura uns falavam dos seus feitos no passado os outros tratavam das suas accedilotildees no presente e os uacuteltimos cantavam sobre o seu desejo de realizar grandes proezas no futuro Esses seriam os temas baacutesicos das canccedilotildees em Esparta e por isso segundo Plutarco Terpandro e Piacutendaro estavam corretos ao associar bravura e muacutesica e ao mostrar que os espartanos eram o povo mais aguerrido e mais musical

Por isso natildeo era por acaso que os jovens cantavam o nomo de Caacutestor e o peatilde da marcha (c 22) e em todo lugar havia danccedilas festas e banquetes quando natildeo havia expediccedilotildees militares (c 24) Contudo o gosto pela boa muacutesica e pela boa poesia natildeo era caracteriacutestico de todos os habitantes da Lacocircnia tendo em vista que os hilotas danccedilavam e cantavam canccedilotildees vulgares e grotescas diferentes das composiccedilotildees de Aacutelcman Terpandro e Especircndon (c 28) Isso na verdade estava associado ao fato de eles serem escravos e por isso era compreensiacutevel que eles apreciassem canccedilotildees vis como eles proacuteprios

Na Vida de Lisandro encontramos algumas informaccedilotildees que reforccedilam a impressatildeo de que os espartanos tinham sim grande sensibilidade para a muacutesica No c 15 ficamos sabendo que os lacocircnios depois de conquistar Atenas em 404 a C queriam destruir aquela cidade mas apoacutes ouvir um coro da Electra de Euriacutepides desistiram Em seguida no c 18 Plutarco nos conta que Lisandro estava sempre acompanhado do poeta Queacuterilo encarregado de celebrar os feitos do general E outros poetas tambeacutem celebraram Lisandro segundo nosso autor

11 Ver Plu Mus 42 (1146B‑C) e Gostoli (1990) 12‑13 e

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Na Vida de Agesilau c 14 lemos que os espartanos apreciavam uma parte da poesia de Timoacuteteo de Mileto poeta que teria tido algumas cordas de sua ciacutetara cortadas quando de uma sua visita a Esparta porque os eacuteforos julgavam que natildeo seriam necessaacuterias mais do que sete cordas e o instrumento do poeta tinha onze12 Essa anedota indica que os lacocircnios natildeo apreciavam inovaccedilotildees Poreacutem a informaccedilatildeo do c 14 da Vida de Agesilau mostra que eles poderiam aceitar pelo menos uma parte da obra de um poeta inovador desde que essa parte se adequas‑se ao gosto e agraves tradiccedilotildees do local Tambeacutem nessa mesma Vida c 21 Plutarco nos diz que o rei Agesilau apreciava os cantos e as danccedilas mesmo natildeo sendo um lsquoespecialistarsquo nas artes

Por fim na Vida de Aacutegis c 10 encontramos um elogio a Terpandro a Ta‑les (Taletas) e a Fereacutecides porque mesmo sendo estrangeiros professavam o que Licurgo instituiu e por isso foram muito honrados em Esparta Na Vida de Cleocircmenes c 2 somos informados que o rei Leocircnidas elogiou Tirteu algo facilmente compreensiacutevel tendo em vista o caraacuteter estimulante e guerreiro das elegias daquele poeta Aleacutem disso nessa mesma Vida citada por uacuteltimo c 12 Plutarco nos conta que Cleocircmenes certa vez teria encontrado alguns artistas de Dioniso muacutesicos e atores profissionais que iam de cidade em cidade para se apresentar e construiu um teatro Isso mostra que esse rei estimulou de alguma maneira as atividades artiacutesticas mesmo que ele natildeo tivesse o costume de levar artistas com seu exeacutercito de acordo com Plutarco e nem apreciasse apresentaccedilotildees musicais nos seus banquetes (c 13)

Tudo isso mostra que Esparta era uma cidade onde a muacutesica tinha um papel importe na educaccedilatildeo e na guerra e que os lacocircnios natildeo eram um povo obtuso e indiferente ao poder das melodias De acordo com Plutarco tendo em vista agora algumas passagens dos Moralia os espartanos passavam por treinamento rigoroso no que diz respeito agrave muacutesica e agrave poesia e suas canccedilotildees estimulavam os espiacuteritos e faziam com que os homens se sentissem entusiasmados e se esfor‑ccedilassem para ser bem sucedidos Em vaacuterias passagens das suas Obras Morais ele elogia o estilo da muacutesica deles porque ela era simples e natildeo afetada e seus temas eram seacuterios e edificantes Se algueacutem estudasse a poesia e as canccedilotildees de marcha de Esparta acompanhadas pelo aulo essa pessoa concordaria que Terpandro e Piacutendaro estavam certos ao associar valor (andreia) e muacutesica Como vimos acima nos trechos citados das Vidas Plutarco tambeacutem diz que os Espartanos eram o povo ao mesmo tempo mais musical (mousikotatous) e o mais afeito agrave guerra (polemikotatous)13

No livro sobre os Antigos Costumes dos Espartanos Plutarco tambeacutem elogia os ritmos das canccedilotildees de marcha (embaterioi rhythmoi) porque eles despertavam

12 Ver Plu Agis 1013 Cf Lyc 211‑4

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a coragem a audaacutecia e o desdeacutem pela morte requisitos indispensaacuteveis para o guerreiro valoroso Os espartanos usavam esses ritmos para danccedilar mas tambeacutem quando avanccedilavam contra os inimigos ao som do aulo Plutarco lembra que Li‑curgo associava o amor pela muacutesica agrave praacutetica militar para que o espiacuterito guerreiro combinado com a melodia tivesse concordacircncia e harmonia (symphonia kai har‑monia) Por isso em tempos de guerra os reis espartanos ofereciam sacrifiacutecios agraves Musas antes de ir para a batalha como Plutarco nos conta nos Instituta Laconica 16 (238B‑C)

E para manter a pureza da sua muacutesica e dos seus costumes os espartanos agraves vezes recorriam a atos violentos Como Plutarco reporta nos Instituta Laconica 17 (238C‑D) eles natildeo permitiriam que ningueacutem desrespeitasse de modo algum as regras da muacutesica do passado Nem mesmo Terpandro um dos mais antigos e melhores citaredos (aqueles que cantavam acompanhados da ciacutetara ou da lira) teria a permissatildeo para acrescentar uma corda extra ao seu instrumento para que suas melodias fossem mais variadas Ele tentou fazer isso mas os eacuteforos pregaram sua lira numa parede por causa do seu ato iacutempio contraacuterio agrave tradiccedilatildeo Em outra ocasiatildeo um dos eacuteforos teria procedido com mais violecircncia quando Timoacuteteo o famoso muacutesico inovador que floresceu na segunda metade do seacuteculo V a C estava competindo no festival das Carneias ele pegou uma faca e perguntou ao muacutesico de que lado ele deveria cortar as cordas supeacuterfluas cujo nuacutemero ultra‑passava o tradicional de sete cordas Outras variantes dessa histoacuteria satildeo contadas por Plutarco em outros textos mas nessas outras passagens Friacutenis outro muacutesico inovador da segunda metade do seacuteculo V a C eacute o protagonista14

Mas para aleacutem da sua importacircncia na educaccedilatildeo e nos contextos de bata‑lha a muacutesica tinha grande significado tambeacutem nas momentos das celebraccedilotildees religiosas Dentre as festividades religiosas realizadas na Lacedemocircnia uma das mais importantes era a das Carneias realizada em Esparta e intimamente ligada agrave histoacuteria de Terpandro As origens desse festival eram muito antigas anteriores ao seacuteculo VIII a C tendo em vista que no seacuteculo VII os colonizadores espartanos da cidade italiana de Tarento jaacute tinham o costume de celebraacute‑la15 As Carneias eram dedicadas ao deus Apolo Carneu Em Esparta havia concursos musicais e atleacuteti‑cos uma corrida de jovens e um banquete ritual que contava com a participaccedilatildeo dos homens adultos que representavam as fratrias O festival era organizado por cidadatildeos solteiros e era o momento adequado para que os jovens que jaacute haviam completado seu periacuteodo de formaccedilatildeo ingressassem na vida adulta16

O que nos interessa aqui eacute o papel que a muacutesica desempenhava no contexto dessas festividades Um elemento importante nesses momentos de comemoraccedilatildeo

14 Cf Prof virt 84A Apophth Lac 220C e Agis 107 jaacute citada na nota 9 Cf Rocha (2008) 654‑655

15 Brelich (1969) 181‑18216 Brelich (1969) 149‑150

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eram os concursos A realizaccedilatildeo de concursos musicais no acircmbito do festival das Carneias natildeo teria acontecido desde o iniacutecio A introduccedilatildeo de agones provavel‑mente ocorreu quando Terpandro migrou de Metimna (Lesbos) para Esparta na primeira metade do seacuteculo VII a C Nesse contexto eacute importante considerar o testemunho de Helacircnico17 segundo o qual Terpandro teria sido o primeiro a vencer o concurso musical nas Carneias Esse fato parece estar diretamente relacionado agrave fundaccedilatildeo da primeira escola musical (katastasis) em Esparta por obra do mesmo Terpandro Segundo Brelich (1969 186‑191) eacute muito provaacutevel que a introduccedilatildeo do concurso musical nas Carneias tenha sido influenciada pela proacutepria katastasis18 Essa hipoacutetese ganha forccedila se consideramos o capiacutetulo 9 do tratado Sobre a Muacutesica como um todo Ali Plutarco fala da primeira katastasis fundada por Terpandro e menciona tambeacutem a segunda katastasis liderada por Taletas de Gortina Xenoacutedamo de Citera Xenoacutecrito de Locres Polimnesto de Coacutelofon e Saacutecadas de Argos muacutesicos que teriam instituiacutedo as Gimnopeacutedias em Esparta as Apodeixeis na Arcaacutedia e as Endimaacutetias em Argos Jaacute que os membros da segunda escola musical foram fundadores de festivais19 em diferentes cidades do Peloponeso Terpandro tambeacutem pode ter desempenhado o mesmo papel no contexto das Carneias

No que diz respeito agraves Gimnopeacutedias contudo encontramos uma situaccedilatildeo diferente Possuiacutemos uma grande variedade de informaccedilotildees sobre esse festival que inclusive muitas vezes satildeo contraditoacuterias Mas tratando apenas daquilo que nos interessa aqui sabemos que no periacuteodo das festividades aconteciam apresentaccedilotildees de coros de adolescentes e adultos instituiacutedos em honra a Apolo que cantavam hinos compostos por poetas como Taletas Aacutelcman e Dionisodoto Depois da batalha de Tireia em 544 aC na qual Esparta lutou contra Argos pela posse da Tireaacutetida tornou‑se costumeiro cantar um peatilde em honra dos soldados que morreram naquela ocasiatildeo Por causa desse elemento ritual e da comparaccedilatildeo com as Apodeixeis e as Endimaacutetias as Gimnopeacutedias foram consideradas festas que indicavam o momento no qual os jovens receacutem‑iniciados eram integrados agrave vida militar20

Tendo tudo isso em vista podemos concluir que eacute preciso colocar a miragem espartana em perspectiva Esparta natildeo era tatildeo lsquoespartanarsquo assim e natildeo foi sempre lsquoespartanarsquo Havia espaccedilo naquela cidade para o cultivo das artes tais como a arquitetura a escultura a pintura vascular a muacutesica (que incluiacutea a poesia) e a danccedila Nela floresceram poetas como Aacutelcman Terpandro e Tirteu Nela surgiram escolas poeacuteticomusicais Nela viveram poetas estrangeiros tais como Taletas de

17 FGrHist 4 F 85 = Ateneu 635e = Terpander Test 1 Gostoli18 Cf tambeacutem Gostoli (1990) 84‑8519 Mais do que fundadores de festivais eacute mais verossiacutemil pensar que esses autores foram os

responsaacuteveis pela introduccedilatildeo dos concursos musicais como parte das celebraccedilotildees 20 Cf Gostoli (1990) 85‑86

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Gortina (Creta) e Saacutecadas de Argos E sendo assim houve um ambiente feacutertil e favoraacutevel para o desenvolvimento e o cultivo de atividades artiacutesticas Os esparta‑nos foram sim grandes guerreiros que contribuiacuteram decisivamente para a vitoacuteria dos helenos sobre os persas Eles cultivaram sim suas habilidades guerreiras a ponto de derrotar os atenienses na Guerra do Peloponeso Poreacutem Esparta natildeo foi somente uma comunidade de soldados que dedicavam suas vidas somente agrave guerra Esparta foi tambeacutem uma cidade onde as pessoas cantavam danccedilavam e apreciavam a beleza dos edifiacutecios e dos objetos do cotidiano Eacute preciso reconhecer isso e na obra de Plutarco jaacute encontramos essa imagem multifacetada dessa cul‑tura Basta direcionar os olhos para outras direccedilotildees

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Index nominum

Timoacuteteo 167‑168 178 183Timoacutexena 195Tindaacuteridas 63Tireaacutetida 169Tireia 169Tireacutesias 236Tirteu 167 169 221Titatildes 245Trajano 121Trezena 31 32‑35 38 Tricoacuterito 39Troia 81 124Tuciacutedides 122 160 181Ulisses 81 192Valeacuterio (vd Puacuteblio Valeacuterio)Vestais 58 204Viacutenio 200Xantipo 191 201Xenoacutecrito 169Xenoacutedamo 169Xenofonte 160 164Zaleuco 88Zeus 36 40‑41 220 226 243

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Notas biograacuteficas dos autores

Aacutelia Rodrigues eacute doutorada em Estudos Claacutessicos (Literatura Grega) e inves‑tigadora do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse satildeo a histoacuteria das ideias poliacuteticas desde os Gregos ateacute agrave modernidade histoacuteria legal e a recepccedilatildeo de temas claacutessicos na contemporaneidade

Ana Ferreira eacute Professora Auxiliar do Departamento de Estudos Portugueses e Ro‑macircnicos da Faculdade de Letras da Universidade do Porto e investigadora do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a histoacuteria antiga a literatura greco‑romana bem como a didaacutectica das liacutenguas claacutessicas

Delfim F Leatildeo eacute Professor Catedraacutetico da Instituto de Estudos Claacutessicos e investiga‑dor do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a histoacuteria antiga o direito e a teorizaccedilatildeo poliacutetica dos Gregos a pragmaacutetica teatral e a escrita romanesca antiga

Faacutebio Vergara Cerqueira eacute Professor Adjunto do Instituto de Ciecircncias Humanas da Universidade Federal de Pelotas pesquisador PQ‑2 do CNPq Professor Visitante na Universidade de Heidelberg Bolsista Fundaccedilatildeo Humboldt ldquoPesquisador Experienterdquo Principais aacutereas de interesse satildeo histoacuteria e arqueologia da Greacutecia antiga e sua recepccedilatildeo enfocando muacutesica iconografia ceramologia gecircnero memoacuteria social identidade e patrimocircnio cultural

Guillermina Gonzaacutelez Almenara es Profesor Contratado Doctor Tipo 1 vinculada con el Aacuterea de Filologiacutea Griega del Departamento de Filologiacutea Claacutesica Francesa Aacuterabe y Romaacutenica de la Universidad de La Laguna Sus principales liacuteneas de investi‑gacioacuten son la mujer y el aacutembito femenino en la Grecia antigua Historiografiacutea griega Historia y civilizacioacuten de la Grecia antigua

Ivana S Chialva es Doctora en Letras Investigadora Asistente del Conicet y Profesora de Griego y Literaturas griega y latina de la Facultad de Humanidades y Ciencias de la Universidad Nacional del Litoral (Santa Fe Argentina) Sus tra‑bajos sobre el mundo antiguo se focalizan en la relacioacuten entre primera y segunda sofiacutestica y en la influencia de este uacuteltimo fenoacutemeno en la prosa narrativa griega de eacutepoca imperial especialmente la retoacuterica la biografiacutea y la novela en sus diferentes formas

Jesuacutes-Mordf Nieto Ibaacutentildeez es Catedraacutetico de Filologiacutea Griega de la Universidad de Leoacuten Sus liacuteneas de investigacioacuten son la literatura judiacutea en lengua griega los primeros textos cristianos el Humanismo y la Tradicioacuten claacutesica Actualmente dirige un Proyecto de

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investigacioacuten sobre el Humanismo la Tradicioacuten claacutesica y patriacutestica y la exeacutegesis biacuteblica en los siglos XVI y XVII

Joaquim Pinheiro eacute Professor Auxiliar da Universidade da Madeira e investigador do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a biografia antiga a Segunda Sofiacutestica a retoacuterica claacutessica e o pensamento poliacutetico dos Gregos

Joseacute M Candau es Catedraacutetico de Filologiacutea Griega en la Universidad de Sevilla Sus principales aacutereas de investigacioacuten son la historiografiacutea griega y Plutarco

Loraine Oliveira eacute professora de Filosofia da Universidade de Brasiacutelia Publicou o livro Plotino escultor de mitos pela Imprensa da Universidade de CoimbraAnnablume em 2014 Vem se dedicando principalmente a estudar os mitos em Plotino Plutarco e Porfiacuterio assim como o vegetarianismo em Plutarco e Porfiacuterio

Maria Aparecida de Oliveira Silva eacute professora visitante do Programa de Poacutes‑Gradu‑accedilatildeo em Letras Claacutessicas da Universidade de Satildeo Paulo e Professora Pesquisadora do Programa de Poacutes‑Graduaccedilatildeo em Histoacuteria da Universidade Federal de Satildeo Paulo Liacuteder do Grupo CNPq LABHAN Laboratoacuterio de Histoacuteria Antiga da Universidade Federal do Amapaacute Pesquisadora do Grupo CNPq Linceu ‑ Visotildees da Antiguidade Claacutessica da Universidade Estadual Paulista Pesquisadora do Grupo Retoacuterica Texto y Comunicacioacuten da Universidad de Caacutediz Membro do Conselho Acadecircmico do Seminaacuterio de Histoacuteria e Filosofia das Religiotildees da Universidad Autoacutenoma de Ciudad Juaacuterez mdash Meacutexico Pesquisa e publica trabalhos sobre Esparta Plutarco e biografia antiga

M Teresa Fau Ramos es Profesora Titular del Departament de Filologia Grega de la Universitat de Barcelona y miembro del Grup de Recerca Graecia Capta que investiga la pervivencia de la identidad griega bajo el imperio romano Sus principales aacutereas de intereacutes cientiacutefico son la historia e instituciones de la Grecia claacutesica y post‑claacutesica la religioacuten helena (paganismo) y diversos aspectos del cristianismo primitivo

Pilar Goacutemez Cardoacute es profesora titular de Filologiacutea Griega en la Universidad de Barcelona donde imparte docencia e investiga desde 1981 Doctora en Filologiacutea Claacutesica desde 1987 con una tesis sobre la tradicioacuten yaacutembica y la faacutebula (La Vida drsquoIsop entre el iambe la faula i la novella) es autora de numerosos artiacuteculos y capiacutetulos de libros sobre la literatura griega de eacutepoca imperial romana en especial sobre Segunda Sofiacutestica y novela ha estudiado principalmente autores como Luciano en cuya edicioacuten y traduccioacuten al castellano para la coleccioacuten Alma Mater participa Plutarco Dioacuten de Prusa o Elio Ariacutestides Es miembro del grupo de investigacioacuten Graecia Capta de la Universidad de Barcelona

Roosevelt Rocha eacute Professor Adjunto do curso de Letras da Universidade Federal do Paranaacute (Brasil) e pesquisador ligado ao Programa de Poacutes‑Graduaccedilatildeo em Letras da

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mesma Universidade As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a poesia grega arcaica (elegia jambo e meacutelica) a muacutesica grega antiga e o estudo da performance da poesia grega dos periacuteodos arcaico e claacutessico

Vicente Ramoacuten es Profesor Tiular de Filologiacutea Griega de la Universidad de Zara‑goza Sus intereses cientiacuteficos pueden sintetizarse en las siguientes liacuteneas Plutarco de Queronea y la biografiacutea poliacutetica historiografiacutea griega retoacuterica y oratoria griegas tradicioacuten claacutesica teatro griego la irreligiosidad en la Atenas Claacutesica

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Volumes publicados na Colecccedilatildeo Humanitas Supplementum

1 Francisco de Oliveira Claacuteudia Teixeira e Paula Barata Dias Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 1 ndash Liacutenguas e Literaturas Greacutecia e Roma (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

2 Francisco de Oliveira Claacuteudia Teixeira e Paula Barata Dias Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 2 ndash Liacutenguas e Literaturas Idade Meacutedia Renascimento Recepccedilatildeo (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

3 Francisco de Oliveira Jorge de Oliveira e Manuel Patriacutecio Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 3 ndash Histoacuteria Arqueologia e Arte (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2010)

4 Maria Helena da Rocha Pereira Joseacute Ribeiro Ferreira e Francisco de Oliveira (Coords) Horaacutecio e a sua perenidade (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

5 Joseacute Luiacutes Lopes Brandatildeo Maacutescaras dos Ceacutesares Teatro e moralidade nas Vidas suetonianas (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

6 Joseacute Ribeiro Ferreira Delfim Leatildeo Manuel Troumlster and Paula Barata Dias (eds) Symposion and Philanthropia in Plutarch (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

7 Gabriele Cornelli (Org) Representaccedilotildees da Cidade Antiga Categorias histoacutericas e discursos filosoacuteficos (Coimbra Classica DigitaliaCECHGrupo Archai 2010)

8 Maria Cristina de Sousa Pimentel e Nuno Simotildees Rodrigues (Coords) Sociedade poder e cultura no tempo de Oviacutedio (Coimbra Classica DigitaliaCECHCECCH 2010)

9 Franccediloise Frazier et Delfim F Leatildeo (eds) Tychegrave et pronoia La marche du monde selon Plutarque (Coimbra Classica DigitaliaCECH Eacutecole Doctorale 395 ArScAn‑THEMAM 2010)

10 Juan Carlos Iglesias‑Zoido El legado de Tuciacutedides en la cultura occidental (Coimbra Classica DigitaliaCECH ARENGA 2011)

11 Gabriele Cornelli O pitagorismo como categoria historiograacutefica (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2011)

12 Frederico Lourenccedilo The Lyric Metres of Euripidean Drama (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2011)

13 Joseacute Augusto Ramos Maria Cristina de Sousa Pimentel Maria do Ceacuteu Fialho Nuno Simotildees Rodrigues (coords) Paulo de Tarso Grego e Romano Judeu e Cristatildeo (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

14 Carmen Soares amp Paula Barata Dias (coords) Contributos para a histoacuteria da alimentaccedilatildeo na antiguidade (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

Versatildeo integral disponiacutevel em digitalisucpt

272

15 Carlos A Martins de Jesus Claudio Castro Filho amp Joseacute Ribeiro Ferreira (coords) Hipoacutelito e Fedra ‑ nos caminhos de um mito (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

16 Joseacute Ribeiro Ferreira Delfim F Leatildeo amp Carlos A Martins de Jesus (eds) Nomos Kosmos amp Dike in Plutarch (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

17 Joseacute Augusto Ramos amp Nuno Simotildees Rodrigues (coords) Mnemosyne kai Sophia (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

18 Ana Maria Guedes Ferreira O homem de Estado ateniense em Plutarco o caso dos Alcmeoacutenidas (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

19 Aurora Loacutepez Andreacutes Pocintildea amp Maria de Faacutetima Silva De ayer a hoy influencias claacutesicas en la literatura (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

20 Cristina Pimentel Joseacute Luiacutes Brandatildeo amp Paolo Fedeli (coords) O poeta e a cidade no mundo romano (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

21 Francisco de Oliveira Joseacute Luiacutes Brandatildeo Vasco Gil Mantas amp Rosa Sanz Serrano (coords) A queda de Roma e o alvorecer da Europa (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

22 Luiacutesa de Nazareacute Ferreira Mobilidade poeacutetica na Greacutecia antiga uma leitura da obra de Simoacutenides (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica DigitaliaCECH 2013)

23 Faacutebio Cerqueira Ana Teresa Gonccedilalves Edalaura Medeiros amp JoseacuteLuiacutes Brandatildeo Saberes e poderes no mundo antigo Vol I ndash Dos saberes (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia2013) 282 p

24 Faacutebio Cerqueira Ana Teresa Gonccedilalves Edalaura Medeiros amp Delfim Leatildeo Saberes e poderes no mundo antigo Vol II ndash Dos poderes (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013) 336 p

25 Joaquim J S Pinheiro Tempo e espaccedilo da paideia nas Vidas de Plutarco (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013) 458 p

26 Delfim Leatildeo Gabriele Cornelli amp Miriam C Peixoto (coords) Dos Homens e suas Ideias Estudos sobre as Vidas de Dioacutegenes Laeacutercio (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013)

27 Italo Pantani Margarida Miranda amp Henrique Manso (coords) Aires Barbosa na Cosmoacutepolis Renascentista (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2013)

28 Francisco de Oliveira Maria de Faacutetima Silva Tereza Virgiacutenia Ribeiro Barbosa (coords) Violecircncia e transgressatildeo uma trajetoacuteria da Humanidade (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

29 Priscilla Gontijo Leite Eacutetica e retoacuterica forense asebeia e hybris na caracterizaccedilatildeo dos adversaacuterios em Demoacutestenes (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

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273

30 Andreacute Carneiro Lugares tempos e pessoas Povoamento rural romano no Alto Alentejo ‑ Volume I (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2014)

31 Andreacute Carneiro Lugares tempos e pessoas Povoamento rural romano no Alto Alentejo ‑ Volume II (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2014)

32 Pilar Goacutemez Cardoacute Delfim F Leatildeo Maria Aparecida de Oliveira Silva (coords) Plutarco entre mundos visotildees de Esparta Atenas e Roma (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

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Resumo da obra

A vasta e variada obra de Plutarco permite sempre uma abordagem a partir de distintas

perspetivas com diferentes intenccedilotildees e propoacutesitos variados No entanto eacute importante

identificar tambeacutem fios comuns nessa abordagem porque permitem demonstrar tanto a

niacutevel formal como de conteuacutedo que haacute muitos elementos comuns que permeiam o trabalho

de Plutarco

Os treze contributos para este volume tecircm como elo comum o nome de trecircs cidades

Esparta Atenas e Roma Elas representam espaccedilos poliacuteticos e institucionais diversos dada

a sua extensatildeo geograacutefica e cronoloacutegica mas simbolizam igualmente diferentes modelos

de organizaccedilatildeo social atraveacutes dos quais a Greacutecia pode ser contrastada com Roma ou Atenas

comparada com Esparta mdash ainda que o seu verdadeiro interesse na obra de Plutarco seja

que representam sempre locais paradigmaacuteticos onde vivem e convivem pessoas Por

isso os estudiosos de Plutarco que contribuiacuteram para este volume procuram analisar em

cada uma dessas cidades seja por assimilaccedilatildeo ou por contraste a forma como o autor de

Queroneia aborda a ligaccedilatildeo entre indiviacuteduo e comunidade a partir do exerciacutecio do poder

e da experiecircncia religiosa qual o papel da educaccedilatildeo e do domiacutenio privado na projeccedilatildeo

puacuteblica dos protagonistas retratados por Plutarco ou ateacute que ponto a imagem dos primeiros

legisladores e fundadores miacuteticos foi condicionada pela evoluccedilatildeo histoacuterica destas mesmas

cidades

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Page 30: Versão integral disponível em digitalis.uc · visões de Esparta, Atenas e Roma IMPRENSA DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA COIMBRA UNIVERSITY PRESS ANNABLUME Versão integral disponível

116

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163

A Esparta de Plutarco entre a guerra e as artes

de um seguidor das leis de Licurgo Nesse sentido Plutarco diz que o dinheiro e o ouro deveriam ser mandados embora de Esparta porque eles eram flagelos importados que despertavam a cobiccedila e promoviam a degeneraccedilatildeo dos costumes (c 17) Desse ponto de vista Lisandro prejudicou Esparta justamente porque promoveu seu enriquecimento e contribuiu para a dissoluccedilatildeo da frugalidade e da simplicidade que caracterizavam o cotidiano dos lacocircnios antes das vitoacuterias espartanas na Guerra do Peloponeso6

Na Vida de Agesilau Plutarco nos conta que o biografado foi o segundo filho de Arquidamo (o primeiro tinha sido Aacutegis) e que por isso ele natildeo seria o herdeiro direto do trono de Esparta De qualquer modo Agesilau foi educado de acordo com a agoge lacedemocircnia e nosso autor faz questatildeo de frisar que em decorrecircncia disso o liacuteder espartano sempre respeitou e praticou as leis de sua cidade (c 1) Mesmo apresentando uma pequena diferenccedila de tamanho de uma perna para a outra ele tinha outras qualidades espartanas como a honestidade a mansidatildeo e a beleza fiacutesica (c 2) Sua formaccedilatildeo foi tatildeo bem sucedida que diferente de Alexandre o grande e de Haniacutebal Agesilau foi um general que conquistou importantes vitoacuterias e mesmo assim nunca deixou de obedecer agraves leis espartanas (c 15) Mesmo depois de tornar‑se um lendaacuterio vencedor ele voltou a Esparta e continuou o mesmo homem de antes sem apresentar nenhuma novidade no seu comportamento diferente de outros estrategos quando voltavam de longas expediccedilotildees a terras estrangeiras (c 19)

Plutarco nos conta que Lisandro ndashque dizem ter sido amante de Agesilau na juventude (c 2)ndash pretendia introduzir muitas inovaccedilotildees e mudanccedilas no governo da Lacocircnia (c 20) Embora outros liacutederes de Esparta como Antaacutelcidas tenham feito acordos com os Persas e tenham abandonado laquocovarde e maldosamenteraquo os gregos da Aacutesia sob o domiacutenio dos baacuterbaros como nos diz Plutarco (c 23) Agesilau sempre foi um defensor da justiccedila Entre os capiacutetulos 29 e 30 da Vida de Agesilau nosso autor nos conta que os espartanos que perderam parentes na bata‑lha de Leuctra (em 371 a C) se alegraram e os que natildeo perderam ficaram tristes De certa forma eles responsabilizaram Agesilau pela derrota e lamentaram ter aceito um rei coxo Contudo Agesilau tinha boa reputaccedilatildeo e era muito virtuoso Prova disso eacute que sem promover nenhuma inovaccedilatildeo ele disse que era preciso fazer as leis dormirem para que retomassem a autoridade que tiveram no passado

Entretanto Plutarco natildeo faz apenas elogios a Agesilau Cartledge (1987 418) observa que ele faz criacuteticas a Agesilau por causa de sua ingratidatildeo em relaccedilatildeo a Lisandro (c 8) e condena seu comportamento porque ele teria hon‑rado mais os amigos do que a justiccedila (c 13 ver tambeacutem Moralia 807d) Aleacutem disso Plutarco via uma relaccedilatildeo direta entre a decadecircncia de Esparta e a ascenccedilatildeo

6 Sobre isso ver Duff (2002) 161‑204 e a introduccedilatildeo de Flaceliegravere e Chambry em Plutarque (1971) 158‑173

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Roosevelt Rocha

ilegiacutetima de Agesilau ao trono (c 21) Poreacutem no geral nosso autor eacute tatildeo favoraacutevel e simpaacutetico a Agesilau quanto Xenofonte que tambeacutem escreveu uma biografia do rei espartano a qual certamente serviu de base para a Vida composta pelo poliacutemata de Queroneia Segundo Cartledge (1987 418) para Plutarco Agesilau foi a encarnaccedilatildeo das virtudes peculiarmente espartanas simplicidade piedade e autocontrole7

Depois na Vida de Aacutegis e na Vida de Cleocircmenes Plutarco narra os uacuteltimos momentos da histoacuteria da Esparta independente ou seja o ponto mais baixo da decadecircncia daquela cidade Os reis Aacutegis e Cleocircmenes que reinaram no seacuteculo III a C tentaram restaurar os antigos valores dos tempos de Licurgo Eles tinham os dons naturais para levar essa tarefa a cabo Aacutegis tinha grandeza de alma e se insurgia contra os prazeres desde antes dos vinte anos (c 4) natildeo gostava de rou‑pas luxuosas e baniu toda suntuosidade para aderir aos antigos haacutebitos lacocircnios caracterizados pela simplicidade de vida Mas seu exemplo e sua energia natildeo foram suficientes para restaurar os costumes tradicionais e ele foi assassinado ainda muito jovem (cc 19‑21) Aquela Esparta incorrupta e valorosa dos tempos de Licurgo dava seus uacuteltimos suspiros

Cleocircmenes natildeo era parente de Aacutegis mas foi obrigado a se casar com a vi‑uacuteva do rei assassinado ou seja Agiaacutetis Segundo Plutarco (c 1) Cleocircmenes era ambicioso e tinha grandeza de alma Era temperante e simples como Aacutegis Ele tambeacutem quiz restaurar os antigos costumes espartanos (c 11) Primeiro depois de longa disputa poliacutetica abriu matildeo de seus bens Depois distribuiu as terras entre os cidadatildeos Restabeleceu a educaccedilatildeo dos jovens e a disciplina espartana Ele proacuteprio levou uma vida simples e frugal para dar o exemplo aos outros la‑cedemocircnios sem insolecircncia nem orgulho excessivo ou seja como um modelo de temperanccedila (c 13) Mesmo quando perdeu sua esposa Agiaacutetis por quem se enamorara verdadeiramente Cleocircmenes manteve a firmeza e seu caraacuteter elevado e tomou as providecircncias necessaacuterias para garantir a seguranccedila de seus soldados e aliados (c 22) Depois de reinar por dezesseis anos Cleocircmenes morreu (cc 37‑38) e assim terminou a histoacuteria de Esparta como cidade politicamente autocircnoma

Ateacute aqui vimos que podemos encontrar nas Vidas dos liacutederes espartanos escritas por Plutarco aquela imagem caracterizada por um conjunto de valores que parecem ter ganhado forccedila numa eacutepoca lendaacuteria e foram se enfraquecendo conforme o tempo foi passando e Esparta foi estendendo seu poder para fora da Lacedemocircnia Nesse quadro vemos uma cidade altamente militarizada de guerreiros corajosos disciplinados e afeitos a uma vida sem luxos e sem confortos Isso poderia indicar que os espartanos eram um povo rude pouco sofisticado e fechado para as artes

7 Cf tambeacutem a introduccedilatildeo de Flaceliegravere e Chambry em Plutarque (1973) 85‑88 e Shipley (1998) 1‑46

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A Esparta de Plutarco entre a guerra e as artes

Poreacutem vaacuterias fontes arqueoloacutegicas vasculares e mesmo literaacuterias nos mostram o contraacuterio Apesar de Tuciacutedides (1102) ter dito que os edifiacutecios em Esparta eram modestos e natildeo correspondiam ao tamanho do poder militar e poliacutetico da cidade dos lacedemocircnios em seu apogeu a avaliaccedilatildeo dos monumentos arquitetocircnicos espartanos precisa ser feita com cuidado Eacute preciso lembrar que Esparta natildeo foi destruiacuteda nas Guerras Meacutedicas como Atenas foi A capital da Aacutetica foi reconstruiacuteda e uma grande soma de dinheiro afluiu para ela por causa das contribuiccedilotildees dos aliados da Liga de Delos Isso natildeo aconteceu com a princi‑pal cidade da Lacocircnia Desse modo nela foram conservados edifiacutecios antigos do seacuteculo VI a C que apresentavam outro estilo de construccedilatildeo mais arcaizante do que claacutessico Dependendo do ponto de vista um estilo pode ser mais valorizado do que o outro

De qualquer modo Pausacircnias (3113) viajante do seacuteculo II d C que fez uma descriccedilatildeo de vaacuterias cidades da Greacutecia daquela eacutepoca nos informa que havia em Esparta vaacuterios monumentos que despertavam a admiraccedilatildeo daqueles que por ali passavam tal como o Poacutertico Persa construiacutedo inicialmente com o butim amealhado na guerra contra os persas Outros exemplos de edifiacutecios que nos uacuteltimos anos vecircm sendo estudados satildeo o templo de Apolo em Amiclas o templo de Aacutertemis Oacutertia e o Menelaion onde eram cultuados Menelau e Helena8

Cartledge (2002 111) nos informa que depois de 690 a C pintores de vasos da Lacocircnia sofreram influecircncia de artistas do Egeu e adotaram o chamado estilo lsquoorientalizantersquo o que mostra que na praacutetica Esparta natildeo estava isolada do resto do mundo helecircnico Ainda segundo Cartledge nessa eacutepoca artesatildeos lacocircnios que trabalhavam com bronze comeccedilaram a se interessar pela representaccedilatildeo de figuras humanas em suas obras e por volta de 650 a C comeccedilou a se desenvolver na regiatildeo de Esparta o uso do marfim para produccedilatildeo de objetos gravados Vemos entatildeo que o ambiente artiacutestico na Lacedemocircnia entre 775 e 650 a C natildeo era de modo algum esteacuteril ou sem importacircncia9

Como Burn (1960 275‑276) explica Esparta natildeo virou suas costas para a arte e a poesia Prova disso eacute que vasos com detalhes refinados foram fabricados ali e exportados para outras regiotildees da Heacutelade ateacute 550 a C mais ou menos Por volta de 600 a C Gitiadas poeta escultor e arquiteto projetou o Templo de Atena tambeacutem conhecido como Casa de Bronze por causa das placas feitas com esse metal para decorar o edifiacutecio E em 585 a C o segundo templo de Oacutertia foi construiacutedo Ou seja havia artesatildeos trabalhando em Esparta no periacuteodo arcaico que produziram obras dignas de admiraccedilatildeo10

8 Para mais informaccedilotildees sobre a arqueologia e a arquitetura espartanas ver Walker (1998) Kaltsas (2007) e Cavanagh (2009)

9 Sobre isso ver tambeacutem Burn (1960) 180‑184 e Stibbe (1996) passim10 Ver tambeacutem Burn (1960) 280‑282 e Cartledge (2002) 133‑136

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Roosevelt Rocha

No que diz respeito agrave muacutesica Plutarco nos daacute significativos testemunhos da sua importacircncia em ambiente espartano tanto nas Vidas quanto nos Moralia Na Vida de Licurgo no c 4 por exemplo encontramos a informaccedilatildeo segundo a qual o legislador lendaacuterio teria convidado um poeta‑legislador de Creta para ir a Esparta com ele Esse poeta se chamava Tales Mas talvez tenha havido alguma confusatildeo na tradiccedilatildeo manuscrita e esse Tales poderia ser o Taletas de Gortina mencionado algumas vezes no livro Sobre a Muacutesica tambeacutem de Plutarco Ele teria sido o responsaacutevel por curar os espartanos de uma peste com o seu canto11 Aleacutem disso no mesmo c 4 nos eacute dito que Licurgo teria sido o responsaacutevel por levar os poemas de Homero da Jocircnia para sua cidade

Depois no c 21 da mesma Vida Plutarco nos diz que os lacedemocircnios apreciavam se dedicar agrave poesia meacutelica porque as canccedilotildees estimulavam seus espiacuteritos e lhes davam coragem para enfrentar os inimigos nas batalhas Seu estilo era simples e seus temas eram seacuterios com o objetivo de promover uma boa formaccedilatildeo dos caraacuteteres Nelas eram louvados os heroacuteis de Esparta e condenados os covardes que natildeo lutaram ateacute o fim para defender sua cidade Nos festivais eram organizados trecircs coros de acordo com as idades um de velhos outro de adultos e outro de jovens Cada um cantava sobre a sua bravura uns falavam dos seus feitos no passado os outros tratavam das suas accedilotildees no presente e os uacuteltimos cantavam sobre o seu desejo de realizar grandes proezas no futuro Esses seriam os temas baacutesicos das canccedilotildees em Esparta e por isso segundo Plutarco Terpandro e Piacutendaro estavam corretos ao associar bravura e muacutesica e ao mostrar que os espartanos eram o povo mais aguerrido e mais musical

Por isso natildeo era por acaso que os jovens cantavam o nomo de Caacutestor e o peatilde da marcha (c 22) e em todo lugar havia danccedilas festas e banquetes quando natildeo havia expediccedilotildees militares (c 24) Contudo o gosto pela boa muacutesica e pela boa poesia natildeo era caracteriacutestico de todos os habitantes da Lacocircnia tendo em vista que os hilotas danccedilavam e cantavam canccedilotildees vulgares e grotescas diferentes das composiccedilotildees de Aacutelcman Terpandro e Especircndon (c 28) Isso na verdade estava associado ao fato de eles serem escravos e por isso era compreensiacutevel que eles apreciassem canccedilotildees vis como eles proacuteprios

Na Vida de Lisandro encontramos algumas informaccedilotildees que reforccedilam a impressatildeo de que os espartanos tinham sim grande sensibilidade para a muacutesica No c 15 ficamos sabendo que os lacocircnios depois de conquistar Atenas em 404 a C queriam destruir aquela cidade mas apoacutes ouvir um coro da Electra de Euriacutepides desistiram Em seguida no c 18 Plutarco nos conta que Lisandro estava sempre acompanhado do poeta Queacuterilo encarregado de celebrar os feitos do general E outros poetas tambeacutem celebraram Lisandro segundo nosso autor

11 Ver Plu Mus 42 (1146B‑C) e Gostoli (1990) 12‑13 e

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A Esparta de Plutarco entre a guerra e as artes

Na Vida de Agesilau c 14 lemos que os espartanos apreciavam uma parte da poesia de Timoacuteteo de Mileto poeta que teria tido algumas cordas de sua ciacutetara cortadas quando de uma sua visita a Esparta porque os eacuteforos julgavam que natildeo seriam necessaacuterias mais do que sete cordas e o instrumento do poeta tinha onze12 Essa anedota indica que os lacocircnios natildeo apreciavam inovaccedilotildees Poreacutem a informaccedilatildeo do c 14 da Vida de Agesilau mostra que eles poderiam aceitar pelo menos uma parte da obra de um poeta inovador desde que essa parte se adequas‑se ao gosto e agraves tradiccedilotildees do local Tambeacutem nessa mesma Vida c 21 Plutarco nos diz que o rei Agesilau apreciava os cantos e as danccedilas mesmo natildeo sendo um lsquoespecialistarsquo nas artes

Por fim na Vida de Aacutegis c 10 encontramos um elogio a Terpandro a Ta‑les (Taletas) e a Fereacutecides porque mesmo sendo estrangeiros professavam o que Licurgo instituiu e por isso foram muito honrados em Esparta Na Vida de Cleocircmenes c 2 somos informados que o rei Leocircnidas elogiou Tirteu algo facilmente compreensiacutevel tendo em vista o caraacuteter estimulante e guerreiro das elegias daquele poeta Aleacutem disso nessa mesma Vida citada por uacuteltimo c 12 Plutarco nos conta que Cleocircmenes certa vez teria encontrado alguns artistas de Dioniso muacutesicos e atores profissionais que iam de cidade em cidade para se apresentar e construiu um teatro Isso mostra que esse rei estimulou de alguma maneira as atividades artiacutesticas mesmo que ele natildeo tivesse o costume de levar artistas com seu exeacutercito de acordo com Plutarco e nem apreciasse apresentaccedilotildees musicais nos seus banquetes (c 13)

Tudo isso mostra que Esparta era uma cidade onde a muacutesica tinha um papel importe na educaccedilatildeo e na guerra e que os lacocircnios natildeo eram um povo obtuso e indiferente ao poder das melodias De acordo com Plutarco tendo em vista agora algumas passagens dos Moralia os espartanos passavam por treinamento rigoroso no que diz respeito agrave muacutesica e agrave poesia e suas canccedilotildees estimulavam os espiacuteritos e faziam com que os homens se sentissem entusiasmados e se esfor‑ccedilassem para ser bem sucedidos Em vaacuterias passagens das suas Obras Morais ele elogia o estilo da muacutesica deles porque ela era simples e natildeo afetada e seus temas eram seacuterios e edificantes Se algueacutem estudasse a poesia e as canccedilotildees de marcha de Esparta acompanhadas pelo aulo essa pessoa concordaria que Terpandro e Piacutendaro estavam certos ao associar valor (andreia) e muacutesica Como vimos acima nos trechos citados das Vidas Plutarco tambeacutem diz que os Espartanos eram o povo ao mesmo tempo mais musical (mousikotatous) e o mais afeito agrave guerra (polemikotatous)13

No livro sobre os Antigos Costumes dos Espartanos Plutarco tambeacutem elogia os ritmos das canccedilotildees de marcha (embaterioi rhythmoi) porque eles despertavam

12 Ver Plu Agis 1013 Cf Lyc 211‑4

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a coragem a audaacutecia e o desdeacutem pela morte requisitos indispensaacuteveis para o guerreiro valoroso Os espartanos usavam esses ritmos para danccedilar mas tambeacutem quando avanccedilavam contra os inimigos ao som do aulo Plutarco lembra que Li‑curgo associava o amor pela muacutesica agrave praacutetica militar para que o espiacuterito guerreiro combinado com a melodia tivesse concordacircncia e harmonia (symphonia kai har‑monia) Por isso em tempos de guerra os reis espartanos ofereciam sacrifiacutecios agraves Musas antes de ir para a batalha como Plutarco nos conta nos Instituta Laconica 16 (238B‑C)

E para manter a pureza da sua muacutesica e dos seus costumes os espartanos agraves vezes recorriam a atos violentos Como Plutarco reporta nos Instituta Laconica 17 (238C‑D) eles natildeo permitiriam que ningueacutem desrespeitasse de modo algum as regras da muacutesica do passado Nem mesmo Terpandro um dos mais antigos e melhores citaredos (aqueles que cantavam acompanhados da ciacutetara ou da lira) teria a permissatildeo para acrescentar uma corda extra ao seu instrumento para que suas melodias fossem mais variadas Ele tentou fazer isso mas os eacuteforos pregaram sua lira numa parede por causa do seu ato iacutempio contraacuterio agrave tradiccedilatildeo Em outra ocasiatildeo um dos eacuteforos teria procedido com mais violecircncia quando Timoacuteteo o famoso muacutesico inovador que floresceu na segunda metade do seacuteculo V a C estava competindo no festival das Carneias ele pegou uma faca e perguntou ao muacutesico de que lado ele deveria cortar as cordas supeacuterfluas cujo nuacutemero ultra‑passava o tradicional de sete cordas Outras variantes dessa histoacuteria satildeo contadas por Plutarco em outros textos mas nessas outras passagens Friacutenis outro muacutesico inovador da segunda metade do seacuteculo V a C eacute o protagonista14

Mas para aleacutem da sua importacircncia na educaccedilatildeo e nos contextos de bata‑lha a muacutesica tinha grande significado tambeacutem nas momentos das celebraccedilotildees religiosas Dentre as festividades religiosas realizadas na Lacedemocircnia uma das mais importantes era a das Carneias realizada em Esparta e intimamente ligada agrave histoacuteria de Terpandro As origens desse festival eram muito antigas anteriores ao seacuteculo VIII a C tendo em vista que no seacuteculo VII os colonizadores espartanos da cidade italiana de Tarento jaacute tinham o costume de celebraacute‑la15 As Carneias eram dedicadas ao deus Apolo Carneu Em Esparta havia concursos musicais e atleacuteti‑cos uma corrida de jovens e um banquete ritual que contava com a participaccedilatildeo dos homens adultos que representavam as fratrias O festival era organizado por cidadatildeos solteiros e era o momento adequado para que os jovens que jaacute haviam completado seu periacuteodo de formaccedilatildeo ingressassem na vida adulta16

O que nos interessa aqui eacute o papel que a muacutesica desempenhava no contexto dessas festividades Um elemento importante nesses momentos de comemoraccedilatildeo

14 Cf Prof virt 84A Apophth Lac 220C e Agis 107 jaacute citada na nota 9 Cf Rocha (2008) 654‑655

15 Brelich (1969) 181‑18216 Brelich (1969) 149‑150

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A Esparta de Plutarco entre a guerra e as artes

eram os concursos A realizaccedilatildeo de concursos musicais no acircmbito do festival das Carneias natildeo teria acontecido desde o iniacutecio A introduccedilatildeo de agones provavel‑mente ocorreu quando Terpandro migrou de Metimna (Lesbos) para Esparta na primeira metade do seacuteculo VII a C Nesse contexto eacute importante considerar o testemunho de Helacircnico17 segundo o qual Terpandro teria sido o primeiro a vencer o concurso musical nas Carneias Esse fato parece estar diretamente relacionado agrave fundaccedilatildeo da primeira escola musical (katastasis) em Esparta por obra do mesmo Terpandro Segundo Brelich (1969 186‑191) eacute muito provaacutevel que a introduccedilatildeo do concurso musical nas Carneias tenha sido influenciada pela proacutepria katastasis18 Essa hipoacutetese ganha forccedila se consideramos o capiacutetulo 9 do tratado Sobre a Muacutesica como um todo Ali Plutarco fala da primeira katastasis fundada por Terpandro e menciona tambeacutem a segunda katastasis liderada por Taletas de Gortina Xenoacutedamo de Citera Xenoacutecrito de Locres Polimnesto de Coacutelofon e Saacutecadas de Argos muacutesicos que teriam instituiacutedo as Gimnopeacutedias em Esparta as Apodeixeis na Arcaacutedia e as Endimaacutetias em Argos Jaacute que os membros da segunda escola musical foram fundadores de festivais19 em diferentes cidades do Peloponeso Terpandro tambeacutem pode ter desempenhado o mesmo papel no contexto das Carneias

No que diz respeito agraves Gimnopeacutedias contudo encontramos uma situaccedilatildeo diferente Possuiacutemos uma grande variedade de informaccedilotildees sobre esse festival que inclusive muitas vezes satildeo contraditoacuterias Mas tratando apenas daquilo que nos interessa aqui sabemos que no periacuteodo das festividades aconteciam apresentaccedilotildees de coros de adolescentes e adultos instituiacutedos em honra a Apolo que cantavam hinos compostos por poetas como Taletas Aacutelcman e Dionisodoto Depois da batalha de Tireia em 544 aC na qual Esparta lutou contra Argos pela posse da Tireaacutetida tornou‑se costumeiro cantar um peatilde em honra dos soldados que morreram naquela ocasiatildeo Por causa desse elemento ritual e da comparaccedilatildeo com as Apodeixeis e as Endimaacutetias as Gimnopeacutedias foram consideradas festas que indicavam o momento no qual os jovens receacutem‑iniciados eram integrados agrave vida militar20

Tendo tudo isso em vista podemos concluir que eacute preciso colocar a miragem espartana em perspectiva Esparta natildeo era tatildeo lsquoespartanarsquo assim e natildeo foi sempre lsquoespartanarsquo Havia espaccedilo naquela cidade para o cultivo das artes tais como a arquitetura a escultura a pintura vascular a muacutesica (que incluiacutea a poesia) e a danccedila Nela floresceram poetas como Aacutelcman Terpandro e Tirteu Nela surgiram escolas poeacuteticomusicais Nela viveram poetas estrangeiros tais como Taletas de

17 FGrHist 4 F 85 = Ateneu 635e = Terpander Test 1 Gostoli18 Cf tambeacutem Gostoli (1990) 84‑8519 Mais do que fundadores de festivais eacute mais verossiacutemil pensar que esses autores foram os

responsaacuteveis pela introduccedilatildeo dos concursos musicais como parte das celebraccedilotildees 20 Cf Gostoli (1990) 85‑86

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Gortina (Creta) e Saacutecadas de Argos E sendo assim houve um ambiente feacutertil e favoraacutevel para o desenvolvimento e o cultivo de atividades artiacutesticas Os esparta‑nos foram sim grandes guerreiros que contribuiacuteram decisivamente para a vitoacuteria dos helenos sobre os persas Eles cultivaram sim suas habilidades guerreiras a ponto de derrotar os atenienses na Guerra do Peloponeso Poreacutem Esparta natildeo foi somente uma comunidade de soldados que dedicavam suas vidas somente agrave guerra Esparta foi tambeacutem uma cidade onde as pessoas cantavam danccedilavam e apreciavam a beleza dos edifiacutecios e dos objetos do cotidiano Eacute preciso reconhecer isso e na obra de Plutarco jaacute encontramos essa imagem multifacetada dessa cul‑tura Basta direcionar os olhos para outras direccedilotildees

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A Esparta de Plutarco entre a guerra e as artes

Bibliografia

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Plutarch On Sparta London Penguin 2005Plutarco Obras Morais Sobre o afeto aos filhos (introd e trad Carmen Soares) e

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Plutarque Vies Tome I Text eacutetabli et traduit par Flaceliegravere R Chambry Eacute et Juneaux M Paris Les Belles Lettres 1957

Plutarque Vies Tome VI Text eacutetabli et traduit par Flaceliegravere R et Chambry Eacute Paris Les Belles Lettres 1971

Plutarque Vies Tome VIII Text eacutetabli et traduit par Flaceliegravere R et Chambry Eacute Paris Les Belles Lettres 1973

Powell A amp Hodkinson S (eds) The shadow of Sparta Londres Routledge 1994Rawson E The spartan tradition in european thought Oxford Oxford University

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Index nominum

Timoacuteteo 167‑168 178 183Timoacutexena 195Tindaacuteridas 63Tireaacutetida 169Tireia 169Tireacutesias 236Tirteu 167 169 221Titatildes 245Trajano 121Trezena 31 32‑35 38 Tricoacuterito 39Troia 81 124Tuciacutedides 122 160 181Ulisses 81 192Valeacuterio (vd Puacuteblio Valeacuterio)Vestais 58 204Viacutenio 200Xantipo 191 201Xenoacutecrito 169Xenoacutedamo 169Xenofonte 160 164Zaleuco 88Zeus 36 40‑41 220 226 243

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Notas biograacuteficas dos autores

Aacutelia Rodrigues eacute doutorada em Estudos Claacutessicos (Literatura Grega) e inves‑tigadora do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse satildeo a histoacuteria das ideias poliacuteticas desde os Gregos ateacute agrave modernidade histoacuteria legal e a recepccedilatildeo de temas claacutessicos na contemporaneidade

Ana Ferreira eacute Professora Auxiliar do Departamento de Estudos Portugueses e Ro‑macircnicos da Faculdade de Letras da Universidade do Porto e investigadora do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a histoacuteria antiga a literatura greco‑romana bem como a didaacutectica das liacutenguas claacutessicas

Delfim F Leatildeo eacute Professor Catedraacutetico da Instituto de Estudos Claacutessicos e investiga‑dor do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a histoacuteria antiga o direito e a teorizaccedilatildeo poliacutetica dos Gregos a pragmaacutetica teatral e a escrita romanesca antiga

Faacutebio Vergara Cerqueira eacute Professor Adjunto do Instituto de Ciecircncias Humanas da Universidade Federal de Pelotas pesquisador PQ‑2 do CNPq Professor Visitante na Universidade de Heidelberg Bolsista Fundaccedilatildeo Humboldt ldquoPesquisador Experienterdquo Principais aacutereas de interesse satildeo histoacuteria e arqueologia da Greacutecia antiga e sua recepccedilatildeo enfocando muacutesica iconografia ceramologia gecircnero memoacuteria social identidade e patrimocircnio cultural

Guillermina Gonzaacutelez Almenara es Profesor Contratado Doctor Tipo 1 vinculada con el Aacuterea de Filologiacutea Griega del Departamento de Filologiacutea Claacutesica Francesa Aacuterabe y Romaacutenica de la Universidad de La Laguna Sus principales liacuteneas de investi‑gacioacuten son la mujer y el aacutembito femenino en la Grecia antigua Historiografiacutea griega Historia y civilizacioacuten de la Grecia antigua

Ivana S Chialva es Doctora en Letras Investigadora Asistente del Conicet y Profesora de Griego y Literaturas griega y latina de la Facultad de Humanidades y Ciencias de la Universidad Nacional del Litoral (Santa Fe Argentina) Sus tra‑bajos sobre el mundo antiguo se focalizan en la relacioacuten entre primera y segunda sofiacutestica y en la influencia de este uacuteltimo fenoacutemeno en la prosa narrativa griega de eacutepoca imperial especialmente la retoacuterica la biografiacutea y la novela en sus diferentes formas

Jesuacutes-Mordf Nieto Ibaacutentildeez es Catedraacutetico de Filologiacutea Griega de la Universidad de Leoacuten Sus liacuteneas de investigacioacuten son la literatura judiacutea en lengua griega los primeros textos cristianos el Humanismo y la Tradicioacuten claacutesica Actualmente dirige un Proyecto de

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investigacioacuten sobre el Humanismo la Tradicioacuten claacutesica y patriacutestica y la exeacutegesis biacuteblica en los siglos XVI y XVII

Joaquim Pinheiro eacute Professor Auxiliar da Universidade da Madeira e investigador do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a biografia antiga a Segunda Sofiacutestica a retoacuterica claacutessica e o pensamento poliacutetico dos Gregos

Joseacute M Candau es Catedraacutetico de Filologiacutea Griega en la Universidad de Sevilla Sus principales aacutereas de investigacioacuten son la historiografiacutea griega y Plutarco

Loraine Oliveira eacute professora de Filosofia da Universidade de Brasiacutelia Publicou o livro Plotino escultor de mitos pela Imprensa da Universidade de CoimbraAnnablume em 2014 Vem se dedicando principalmente a estudar os mitos em Plotino Plutarco e Porfiacuterio assim como o vegetarianismo em Plutarco e Porfiacuterio

Maria Aparecida de Oliveira Silva eacute professora visitante do Programa de Poacutes‑Gradu‑accedilatildeo em Letras Claacutessicas da Universidade de Satildeo Paulo e Professora Pesquisadora do Programa de Poacutes‑Graduaccedilatildeo em Histoacuteria da Universidade Federal de Satildeo Paulo Liacuteder do Grupo CNPq LABHAN Laboratoacuterio de Histoacuteria Antiga da Universidade Federal do Amapaacute Pesquisadora do Grupo CNPq Linceu ‑ Visotildees da Antiguidade Claacutessica da Universidade Estadual Paulista Pesquisadora do Grupo Retoacuterica Texto y Comunicacioacuten da Universidad de Caacutediz Membro do Conselho Acadecircmico do Seminaacuterio de Histoacuteria e Filosofia das Religiotildees da Universidad Autoacutenoma de Ciudad Juaacuterez mdash Meacutexico Pesquisa e publica trabalhos sobre Esparta Plutarco e biografia antiga

M Teresa Fau Ramos es Profesora Titular del Departament de Filologia Grega de la Universitat de Barcelona y miembro del Grup de Recerca Graecia Capta que investiga la pervivencia de la identidad griega bajo el imperio romano Sus principales aacutereas de intereacutes cientiacutefico son la historia e instituciones de la Grecia claacutesica y post‑claacutesica la religioacuten helena (paganismo) y diversos aspectos del cristianismo primitivo

Pilar Goacutemez Cardoacute es profesora titular de Filologiacutea Griega en la Universidad de Barcelona donde imparte docencia e investiga desde 1981 Doctora en Filologiacutea Claacutesica desde 1987 con una tesis sobre la tradicioacuten yaacutembica y la faacutebula (La Vida drsquoIsop entre el iambe la faula i la novella) es autora de numerosos artiacuteculos y capiacutetulos de libros sobre la literatura griega de eacutepoca imperial romana en especial sobre Segunda Sofiacutestica y novela ha estudiado principalmente autores como Luciano en cuya edicioacuten y traduccioacuten al castellano para la coleccioacuten Alma Mater participa Plutarco Dioacuten de Prusa o Elio Ariacutestides Es miembro del grupo de investigacioacuten Graecia Capta de la Universidad de Barcelona

Roosevelt Rocha eacute Professor Adjunto do curso de Letras da Universidade Federal do Paranaacute (Brasil) e pesquisador ligado ao Programa de Poacutes‑Graduaccedilatildeo em Letras da

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mesma Universidade As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a poesia grega arcaica (elegia jambo e meacutelica) a muacutesica grega antiga e o estudo da performance da poesia grega dos periacuteodos arcaico e claacutessico

Vicente Ramoacuten es Profesor Tiular de Filologiacutea Griega de la Universidad de Zara‑goza Sus intereses cientiacuteficos pueden sintetizarse en las siguientes liacuteneas Plutarco de Queronea y la biografiacutea poliacutetica historiografiacutea griega retoacuterica y oratoria griegas tradicioacuten claacutesica teatro griego la irreligiosidad en la Atenas Claacutesica

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Volumes publicados na Colecccedilatildeo Humanitas Supplementum

1 Francisco de Oliveira Claacuteudia Teixeira e Paula Barata Dias Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 1 ndash Liacutenguas e Literaturas Greacutecia e Roma (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

2 Francisco de Oliveira Claacuteudia Teixeira e Paula Barata Dias Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 2 ndash Liacutenguas e Literaturas Idade Meacutedia Renascimento Recepccedilatildeo (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

3 Francisco de Oliveira Jorge de Oliveira e Manuel Patriacutecio Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 3 ndash Histoacuteria Arqueologia e Arte (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2010)

4 Maria Helena da Rocha Pereira Joseacute Ribeiro Ferreira e Francisco de Oliveira (Coords) Horaacutecio e a sua perenidade (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

5 Joseacute Luiacutes Lopes Brandatildeo Maacutescaras dos Ceacutesares Teatro e moralidade nas Vidas suetonianas (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

6 Joseacute Ribeiro Ferreira Delfim Leatildeo Manuel Troumlster and Paula Barata Dias (eds) Symposion and Philanthropia in Plutarch (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

7 Gabriele Cornelli (Org) Representaccedilotildees da Cidade Antiga Categorias histoacutericas e discursos filosoacuteficos (Coimbra Classica DigitaliaCECHGrupo Archai 2010)

8 Maria Cristina de Sousa Pimentel e Nuno Simotildees Rodrigues (Coords) Sociedade poder e cultura no tempo de Oviacutedio (Coimbra Classica DigitaliaCECHCECCH 2010)

9 Franccediloise Frazier et Delfim F Leatildeo (eds) Tychegrave et pronoia La marche du monde selon Plutarque (Coimbra Classica DigitaliaCECH Eacutecole Doctorale 395 ArScAn‑THEMAM 2010)

10 Juan Carlos Iglesias‑Zoido El legado de Tuciacutedides en la cultura occidental (Coimbra Classica DigitaliaCECH ARENGA 2011)

11 Gabriele Cornelli O pitagorismo como categoria historiograacutefica (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2011)

12 Frederico Lourenccedilo The Lyric Metres of Euripidean Drama (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2011)

13 Joseacute Augusto Ramos Maria Cristina de Sousa Pimentel Maria do Ceacuteu Fialho Nuno Simotildees Rodrigues (coords) Paulo de Tarso Grego e Romano Judeu e Cristatildeo (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

14 Carmen Soares amp Paula Barata Dias (coords) Contributos para a histoacuteria da alimentaccedilatildeo na antiguidade (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

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15 Carlos A Martins de Jesus Claudio Castro Filho amp Joseacute Ribeiro Ferreira (coords) Hipoacutelito e Fedra ‑ nos caminhos de um mito (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

16 Joseacute Ribeiro Ferreira Delfim F Leatildeo amp Carlos A Martins de Jesus (eds) Nomos Kosmos amp Dike in Plutarch (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

17 Joseacute Augusto Ramos amp Nuno Simotildees Rodrigues (coords) Mnemosyne kai Sophia (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

18 Ana Maria Guedes Ferreira O homem de Estado ateniense em Plutarco o caso dos Alcmeoacutenidas (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

19 Aurora Loacutepez Andreacutes Pocintildea amp Maria de Faacutetima Silva De ayer a hoy influencias claacutesicas en la literatura (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

20 Cristina Pimentel Joseacute Luiacutes Brandatildeo amp Paolo Fedeli (coords) O poeta e a cidade no mundo romano (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

21 Francisco de Oliveira Joseacute Luiacutes Brandatildeo Vasco Gil Mantas amp Rosa Sanz Serrano (coords) A queda de Roma e o alvorecer da Europa (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

22 Luiacutesa de Nazareacute Ferreira Mobilidade poeacutetica na Greacutecia antiga uma leitura da obra de Simoacutenides (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica DigitaliaCECH 2013)

23 Faacutebio Cerqueira Ana Teresa Gonccedilalves Edalaura Medeiros amp JoseacuteLuiacutes Brandatildeo Saberes e poderes no mundo antigo Vol I ndash Dos saberes (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia2013) 282 p

24 Faacutebio Cerqueira Ana Teresa Gonccedilalves Edalaura Medeiros amp Delfim Leatildeo Saberes e poderes no mundo antigo Vol II ndash Dos poderes (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013) 336 p

25 Joaquim J S Pinheiro Tempo e espaccedilo da paideia nas Vidas de Plutarco (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013) 458 p

26 Delfim Leatildeo Gabriele Cornelli amp Miriam C Peixoto (coords) Dos Homens e suas Ideias Estudos sobre as Vidas de Dioacutegenes Laeacutercio (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013)

27 Italo Pantani Margarida Miranda amp Henrique Manso (coords) Aires Barbosa na Cosmoacutepolis Renascentista (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2013)

28 Francisco de Oliveira Maria de Faacutetima Silva Tereza Virgiacutenia Ribeiro Barbosa (coords) Violecircncia e transgressatildeo uma trajetoacuteria da Humanidade (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

29 Priscilla Gontijo Leite Eacutetica e retoacuterica forense asebeia e hybris na caracterizaccedilatildeo dos adversaacuterios em Demoacutestenes (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

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30 Andreacute Carneiro Lugares tempos e pessoas Povoamento rural romano no Alto Alentejo ‑ Volume I (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2014)

31 Andreacute Carneiro Lugares tempos e pessoas Povoamento rural romano no Alto Alentejo ‑ Volume II (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2014)

32 Pilar Goacutemez Cardoacute Delfim F Leatildeo Maria Aparecida de Oliveira Silva (coords) Plutarco entre mundos visotildees de Esparta Atenas e Roma (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

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Resumo da obra

A vasta e variada obra de Plutarco permite sempre uma abordagem a partir de distintas

perspetivas com diferentes intenccedilotildees e propoacutesitos variados No entanto eacute importante

identificar tambeacutem fios comuns nessa abordagem porque permitem demonstrar tanto a

niacutevel formal como de conteuacutedo que haacute muitos elementos comuns que permeiam o trabalho

de Plutarco

Os treze contributos para este volume tecircm como elo comum o nome de trecircs cidades

Esparta Atenas e Roma Elas representam espaccedilos poliacuteticos e institucionais diversos dada

a sua extensatildeo geograacutefica e cronoloacutegica mas simbolizam igualmente diferentes modelos

de organizaccedilatildeo social atraveacutes dos quais a Greacutecia pode ser contrastada com Roma ou Atenas

comparada com Esparta mdash ainda que o seu verdadeiro interesse na obra de Plutarco seja

que representam sempre locais paradigmaacuteticos onde vivem e convivem pessoas Por

isso os estudiosos de Plutarco que contribuiacuteram para este volume procuram analisar em

cada uma dessas cidades seja por assimilaccedilatildeo ou por contraste a forma como o autor de

Queroneia aborda a ligaccedilatildeo entre indiviacuteduo e comunidade a partir do exerciacutecio do poder

e da experiecircncia religiosa qual o papel da educaccedilatildeo e do domiacutenio privado na projeccedilatildeo

puacuteblica dos protagonistas retratados por Plutarco ou ateacute que ponto a imagem dos primeiros

legisladores e fundadores miacuteticos foi condicionada pela evoluccedilatildeo histoacuterica destas mesmas

cidades

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Page 31: Versão integral disponível em digitalis.uc · visões de Esparta, Atenas e Roma IMPRENSA DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA COIMBRA UNIVERSITY PRESS ANNABLUME Versão integral disponível

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Zhmud L The Origin of the History of Science in Classical Antiquity Berlin 2006

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A Esparta de Plutarco entre a guerra e as artes

de um seguidor das leis de Licurgo Nesse sentido Plutarco diz que o dinheiro e o ouro deveriam ser mandados embora de Esparta porque eles eram flagelos importados que despertavam a cobiccedila e promoviam a degeneraccedilatildeo dos costumes (c 17) Desse ponto de vista Lisandro prejudicou Esparta justamente porque promoveu seu enriquecimento e contribuiu para a dissoluccedilatildeo da frugalidade e da simplicidade que caracterizavam o cotidiano dos lacocircnios antes das vitoacuterias espartanas na Guerra do Peloponeso6

Na Vida de Agesilau Plutarco nos conta que o biografado foi o segundo filho de Arquidamo (o primeiro tinha sido Aacutegis) e que por isso ele natildeo seria o herdeiro direto do trono de Esparta De qualquer modo Agesilau foi educado de acordo com a agoge lacedemocircnia e nosso autor faz questatildeo de frisar que em decorrecircncia disso o liacuteder espartano sempre respeitou e praticou as leis de sua cidade (c 1) Mesmo apresentando uma pequena diferenccedila de tamanho de uma perna para a outra ele tinha outras qualidades espartanas como a honestidade a mansidatildeo e a beleza fiacutesica (c 2) Sua formaccedilatildeo foi tatildeo bem sucedida que diferente de Alexandre o grande e de Haniacutebal Agesilau foi um general que conquistou importantes vitoacuterias e mesmo assim nunca deixou de obedecer agraves leis espartanas (c 15) Mesmo depois de tornar‑se um lendaacuterio vencedor ele voltou a Esparta e continuou o mesmo homem de antes sem apresentar nenhuma novidade no seu comportamento diferente de outros estrategos quando voltavam de longas expediccedilotildees a terras estrangeiras (c 19)

Plutarco nos conta que Lisandro ndashque dizem ter sido amante de Agesilau na juventude (c 2)ndash pretendia introduzir muitas inovaccedilotildees e mudanccedilas no governo da Lacocircnia (c 20) Embora outros liacutederes de Esparta como Antaacutelcidas tenham feito acordos com os Persas e tenham abandonado laquocovarde e maldosamenteraquo os gregos da Aacutesia sob o domiacutenio dos baacuterbaros como nos diz Plutarco (c 23) Agesilau sempre foi um defensor da justiccedila Entre os capiacutetulos 29 e 30 da Vida de Agesilau nosso autor nos conta que os espartanos que perderam parentes na bata‑lha de Leuctra (em 371 a C) se alegraram e os que natildeo perderam ficaram tristes De certa forma eles responsabilizaram Agesilau pela derrota e lamentaram ter aceito um rei coxo Contudo Agesilau tinha boa reputaccedilatildeo e era muito virtuoso Prova disso eacute que sem promover nenhuma inovaccedilatildeo ele disse que era preciso fazer as leis dormirem para que retomassem a autoridade que tiveram no passado

Entretanto Plutarco natildeo faz apenas elogios a Agesilau Cartledge (1987 418) observa que ele faz criacuteticas a Agesilau por causa de sua ingratidatildeo em relaccedilatildeo a Lisandro (c 8) e condena seu comportamento porque ele teria hon‑rado mais os amigos do que a justiccedila (c 13 ver tambeacutem Moralia 807d) Aleacutem disso Plutarco via uma relaccedilatildeo direta entre a decadecircncia de Esparta e a ascenccedilatildeo

6 Sobre isso ver Duff (2002) 161‑204 e a introduccedilatildeo de Flaceliegravere e Chambry em Plutarque (1971) 158‑173

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ilegiacutetima de Agesilau ao trono (c 21) Poreacutem no geral nosso autor eacute tatildeo favoraacutevel e simpaacutetico a Agesilau quanto Xenofonte que tambeacutem escreveu uma biografia do rei espartano a qual certamente serviu de base para a Vida composta pelo poliacutemata de Queroneia Segundo Cartledge (1987 418) para Plutarco Agesilau foi a encarnaccedilatildeo das virtudes peculiarmente espartanas simplicidade piedade e autocontrole7

Depois na Vida de Aacutegis e na Vida de Cleocircmenes Plutarco narra os uacuteltimos momentos da histoacuteria da Esparta independente ou seja o ponto mais baixo da decadecircncia daquela cidade Os reis Aacutegis e Cleocircmenes que reinaram no seacuteculo III a C tentaram restaurar os antigos valores dos tempos de Licurgo Eles tinham os dons naturais para levar essa tarefa a cabo Aacutegis tinha grandeza de alma e se insurgia contra os prazeres desde antes dos vinte anos (c 4) natildeo gostava de rou‑pas luxuosas e baniu toda suntuosidade para aderir aos antigos haacutebitos lacocircnios caracterizados pela simplicidade de vida Mas seu exemplo e sua energia natildeo foram suficientes para restaurar os costumes tradicionais e ele foi assassinado ainda muito jovem (cc 19‑21) Aquela Esparta incorrupta e valorosa dos tempos de Licurgo dava seus uacuteltimos suspiros

Cleocircmenes natildeo era parente de Aacutegis mas foi obrigado a se casar com a vi‑uacuteva do rei assassinado ou seja Agiaacutetis Segundo Plutarco (c 1) Cleocircmenes era ambicioso e tinha grandeza de alma Era temperante e simples como Aacutegis Ele tambeacutem quiz restaurar os antigos costumes espartanos (c 11) Primeiro depois de longa disputa poliacutetica abriu matildeo de seus bens Depois distribuiu as terras entre os cidadatildeos Restabeleceu a educaccedilatildeo dos jovens e a disciplina espartana Ele proacuteprio levou uma vida simples e frugal para dar o exemplo aos outros la‑cedemocircnios sem insolecircncia nem orgulho excessivo ou seja como um modelo de temperanccedila (c 13) Mesmo quando perdeu sua esposa Agiaacutetis por quem se enamorara verdadeiramente Cleocircmenes manteve a firmeza e seu caraacuteter elevado e tomou as providecircncias necessaacuterias para garantir a seguranccedila de seus soldados e aliados (c 22) Depois de reinar por dezesseis anos Cleocircmenes morreu (cc 37‑38) e assim terminou a histoacuteria de Esparta como cidade politicamente autocircnoma

Ateacute aqui vimos que podemos encontrar nas Vidas dos liacutederes espartanos escritas por Plutarco aquela imagem caracterizada por um conjunto de valores que parecem ter ganhado forccedila numa eacutepoca lendaacuteria e foram se enfraquecendo conforme o tempo foi passando e Esparta foi estendendo seu poder para fora da Lacedemocircnia Nesse quadro vemos uma cidade altamente militarizada de guerreiros corajosos disciplinados e afeitos a uma vida sem luxos e sem confortos Isso poderia indicar que os espartanos eram um povo rude pouco sofisticado e fechado para as artes

7 Cf tambeacutem a introduccedilatildeo de Flaceliegravere e Chambry em Plutarque (1973) 85‑88 e Shipley (1998) 1‑46

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Poreacutem vaacuterias fontes arqueoloacutegicas vasculares e mesmo literaacuterias nos mostram o contraacuterio Apesar de Tuciacutedides (1102) ter dito que os edifiacutecios em Esparta eram modestos e natildeo correspondiam ao tamanho do poder militar e poliacutetico da cidade dos lacedemocircnios em seu apogeu a avaliaccedilatildeo dos monumentos arquitetocircnicos espartanos precisa ser feita com cuidado Eacute preciso lembrar que Esparta natildeo foi destruiacuteda nas Guerras Meacutedicas como Atenas foi A capital da Aacutetica foi reconstruiacuteda e uma grande soma de dinheiro afluiu para ela por causa das contribuiccedilotildees dos aliados da Liga de Delos Isso natildeo aconteceu com a princi‑pal cidade da Lacocircnia Desse modo nela foram conservados edifiacutecios antigos do seacuteculo VI a C que apresentavam outro estilo de construccedilatildeo mais arcaizante do que claacutessico Dependendo do ponto de vista um estilo pode ser mais valorizado do que o outro

De qualquer modo Pausacircnias (3113) viajante do seacuteculo II d C que fez uma descriccedilatildeo de vaacuterias cidades da Greacutecia daquela eacutepoca nos informa que havia em Esparta vaacuterios monumentos que despertavam a admiraccedilatildeo daqueles que por ali passavam tal como o Poacutertico Persa construiacutedo inicialmente com o butim amealhado na guerra contra os persas Outros exemplos de edifiacutecios que nos uacuteltimos anos vecircm sendo estudados satildeo o templo de Apolo em Amiclas o templo de Aacutertemis Oacutertia e o Menelaion onde eram cultuados Menelau e Helena8

Cartledge (2002 111) nos informa que depois de 690 a C pintores de vasos da Lacocircnia sofreram influecircncia de artistas do Egeu e adotaram o chamado estilo lsquoorientalizantersquo o que mostra que na praacutetica Esparta natildeo estava isolada do resto do mundo helecircnico Ainda segundo Cartledge nessa eacutepoca artesatildeos lacocircnios que trabalhavam com bronze comeccedilaram a se interessar pela representaccedilatildeo de figuras humanas em suas obras e por volta de 650 a C comeccedilou a se desenvolver na regiatildeo de Esparta o uso do marfim para produccedilatildeo de objetos gravados Vemos entatildeo que o ambiente artiacutestico na Lacedemocircnia entre 775 e 650 a C natildeo era de modo algum esteacuteril ou sem importacircncia9

Como Burn (1960 275‑276) explica Esparta natildeo virou suas costas para a arte e a poesia Prova disso eacute que vasos com detalhes refinados foram fabricados ali e exportados para outras regiotildees da Heacutelade ateacute 550 a C mais ou menos Por volta de 600 a C Gitiadas poeta escultor e arquiteto projetou o Templo de Atena tambeacutem conhecido como Casa de Bronze por causa das placas feitas com esse metal para decorar o edifiacutecio E em 585 a C o segundo templo de Oacutertia foi construiacutedo Ou seja havia artesatildeos trabalhando em Esparta no periacuteodo arcaico que produziram obras dignas de admiraccedilatildeo10

8 Para mais informaccedilotildees sobre a arqueologia e a arquitetura espartanas ver Walker (1998) Kaltsas (2007) e Cavanagh (2009)

9 Sobre isso ver tambeacutem Burn (1960) 180‑184 e Stibbe (1996) passim10 Ver tambeacutem Burn (1960) 280‑282 e Cartledge (2002) 133‑136

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No que diz respeito agrave muacutesica Plutarco nos daacute significativos testemunhos da sua importacircncia em ambiente espartano tanto nas Vidas quanto nos Moralia Na Vida de Licurgo no c 4 por exemplo encontramos a informaccedilatildeo segundo a qual o legislador lendaacuterio teria convidado um poeta‑legislador de Creta para ir a Esparta com ele Esse poeta se chamava Tales Mas talvez tenha havido alguma confusatildeo na tradiccedilatildeo manuscrita e esse Tales poderia ser o Taletas de Gortina mencionado algumas vezes no livro Sobre a Muacutesica tambeacutem de Plutarco Ele teria sido o responsaacutevel por curar os espartanos de uma peste com o seu canto11 Aleacutem disso no mesmo c 4 nos eacute dito que Licurgo teria sido o responsaacutevel por levar os poemas de Homero da Jocircnia para sua cidade

Depois no c 21 da mesma Vida Plutarco nos diz que os lacedemocircnios apreciavam se dedicar agrave poesia meacutelica porque as canccedilotildees estimulavam seus espiacuteritos e lhes davam coragem para enfrentar os inimigos nas batalhas Seu estilo era simples e seus temas eram seacuterios com o objetivo de promover uma boa formaccedilatildeo dos caraacuteteres Nelas eram louvados os heroacuteis de Esparta e condenados os covardes que natildeo lutaram ateacute o fim para defender sua cidade Nos festivais eram organizados trecircs coros de acordo com as idades um de velhos outro de adultos e outro de jovens Cada um cantava sobre a sua bravura uns falavam dos seus feitos no passado os outros tratavam das suas accedilotildees no presente e os uacuteltimos cantavam sobre o seu desejo de realizar grandes proezas no futuro Esses seriam os temas baacutesicos das canccedilotildees em Esparta e por isso segundo Plutarco Terpandro e Piacutendaro estavam corretos ao associar bravura e muacutesica e ao mostrar que os espartanos eram o povo mais aguerrido e mais musical

Por isso natildeo era por acaso que os jovens cantavam o nomo de Caacutestor e o peatilde da marcha (c 22) e em todo lugar havia danccedilas festas e banquetes quando natildeo havia expediccedilotildees militares (c 24) Contudo o gosto pela boa muacutesica e pela boa poesia natildeo era caracteriacutestico de todos os habitantes da Lacocircnia tendo em vista que os hilotas danccedilavam e cantavam canccedilotildees vulgares e grotescas diferentes das composiccedilotildees de Aacutelcman Terpandro e Especircndon (c 28) Isso na verdade estava associado ao fato de eles serem escravos e por isso era compreensiacutevel que eles apreciassem canccedilotildees vis como eles proacuteprios

Na Vida de Lisandro encontramos algumas informaccedilotildees que reforccedilam a impressatildeo de que os espartanos tinham sim grande sensibilidade para a muacutesica No c 15 ficamos sabendo que os lacocircnios depois de conquistar Atenas em 404 a C queriam destruir aquela cidade mas apoacutes ouvir um coro da Electra de Euriacutepides desistiram Em seguida no c 18 Plutarco nos conta que Lisandro estava sempre acompanhado do poeta Queacuterilo encarregado de celebrar os feitos do general E outros poetas tambeacutem celebraram Lisandro segundo nosso autor

11 Ver Plu Mus 42 (1146B‑C) e Gostoli (1990) 12‑13 e

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Na Vida de Agesilau c 14 lemos que os espartanos apreciavam uma parte da poesia de Timoacuteteo de Mileto poeta que teria tido algumas cordas de sua ciacutetara cortadas quando de uma sua visita a Esparta porque os eacuteforos julgavam que natildeo seriam necessaacuterias mais do que sete cordas e o instrumento do poeta tinha onze12 Essa anedota indica que os lacocircnios natildeo apreciavam inovaccedilotildees Poreacutem a informaccedilatildeo do c 14 da Vida de Agesilau mostra que eles poderiam aceitar pelo menos uma parte da obra de um poeta inovador desde que essa parte se adequas‑se ao gosto e agraves tradiccedilotildees do local Tambeacutem nessa mesma Vida c 21 Plutarco nos diz que o rei Agesilau apreciava os cantos e as danccedilas mesmo natildeo sendo um lsquoespecialistarsquo nas artes

Por fim na Vida de Aacutegis c 10 encontramos um elogio a Terpandro a Ta‑les (Taletas) e a Fereacutecides porque mesmo sendo estrangeiros professavam o que Licurgo instituiu e por isso foram muito honrados em Esparta Na Vida de Cleocircmenes c 2 somos informados que o rei Leocircnidas elogiou Tirteu algo facilmente compreensiacutevel tendo em vista o caraacuteter estimulante e guerreiro das elegias daquele poeta Aleacutem disso nessa mesma Vida citada por uacuteltimo c 12 Plutarco nos conta que Cleocircmenes certa vez teria encontrado alguns artistas de Dioniso muacutesicos e atores profissionais que iam de cidade em cidade para se apresentar e construiu um teatro Isso mostra que esse rei estimulou de alguma maneira as atividades artiacutesticas mesmo que ele natildeo tivesse o costume de levar artistas com seu exeacutercito de acordo com Plutarco e nem apreciasse apresentaccedilotildees musicais nos seus banquetes (c 13)

Tudo isso mostra que Esparta era uma cidade onde a muacutesica tinha um papel importe na educaccedilatildeo e na guerra e que os lacocircnios natildeo eram um povo obtuso e indiferente ao poder das melodias De acordo com Plutarco tendo em vista agora algumas passagens dos Moralia os espartanos passavam por treinamento rigoroso no que diz respeito agrave muacutesica e agrave poesia e suas canccedilotildees estimulavam os espiacuteritos e faziam com que os homens se sentissem entusiasmados e se esfor‑ccedilassem para ser bem sucedidos Em vaacuterias passagens das suas Obras Morais ele elogia o estilo da muacutesica deles porque ela era simples e natildeo afetada e seus temas eram seacuterios e edificantes Se algueacutem estudasse a poesia e as canccedilotildees de marcha de Esparta acompanhadas pelo aulo essa pessoa concordaria que Terpandro e Piacutendaro estavam certos ao associar valor (andreia) e muacutesica Como vimos acima nos trechos citados das Vidas Plutarco tambeacutem diz que os Espartanos eram o povo ao mesmo tempo mais musical (mousikotatous) e o mais afeito agrave guerra (polemikotatous)13

No livro sobre os Antigos Costumes dos Espartanos Plutarco tambeacutem elogia os ritmos das canccedilotildees de marcha (embaterioi rhythmoi) porque eles despertavam

12 Ver Plu Agis 1013 Cf Lyc 211‑4

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a coragem a audaacutecia e o desdeacutem pela morte requisitos indispensaacuteveis para o guerreiro valoroso Os espartanos usavam esses ritmos para danccedilar mas tambeacutem quando avanccedilavam contra os inimigos ao som do aulo Plutarco lembra que Li‑curgo associava o amor pela muacutesica agrave praacutetica militar para que o espiacuterito guerreiro combinado com a melodia tivesse concordacircncia e harmonia (symphonia kai har‑monia) Por isso em tempos de guerra os reis espartanos ofereciam sacrifiacutecios agraves Musas antes de ir para a batalha como Plutarco nos conta nos Instituta Laconica 16 (238B‑C)

E para manter a pureza da sua muacutesica e dos seus costumes os espartanos agraves vezes recorriam a atos violentos Como Plutarco reporta nos Instituta Laconica 17 (238C‑D) eles natildeo permitiriam que ningueacutem desrespeitasse de modo algum as regras da muacutesica do passado Nem mesmo Terpandro um dos mais antigos e melhores citaredos (aqueles que cantavam acompanhados da ciacutetara ou da lira) teria a permissatildeo para acrescentar uma corda extra ao seu instrumento para que suas melodias fossem mais variadas Ele tentou fazer isso mas os eacuteforos pregaram sua lira numa parede por causa do seu ato iacutempio contraacuterio agrave tradiccedilatildeo Em outra ocasiatildeo um dos eacuteforos teria procedido com mais violecircncia quando Timoacuteteo o famoso muacutesico inovador que floresceu na segunda metade do seacuteculo V a C estava competindo no festival das Carneias ele pegou uma faca e perguntou ao muacutesico de que lado ele deveria cortar as cordas supeacuterfluas cujo nuacutemero ultra‑passava o tradicional de sete cordas Outras variantes dessa histoacuteria satildeo contadas por Plutarco em outros textos mas nessas outras passagens Friacutenis outro muacutesico inovador da segunda metade do seacuteculo V a C eacute o protagonista14

Mas para aleacutem da sua importacircncia na educaccedilatildeo e nos contextos de bata‑lha a muacutesica tinha grande significado tambeacutem nas momentos das celebraccedilotildees religiosas Dentre as festividades religiosas realizadas na Lacedemocircnia uma das mais importantes era a das Carneias realizada em Esparta e intimamente ligada agrave histoacuteria de Terpandro As origens desse festival eram muito antigas anteriores ao seacuteculo VIII a C tendo em vista que no seacuteculo VII os colonizadores espartanos da cidade italiana de Tarento jaacute tinham o costume de celebraacute‑la15 As Carneias eram dedicadas ao deus Apolo Carneu Em Esparta havia concursos musicais e atleacuteti‑cos uma corrida de jovens e um banquete ritual que contava com a participaccedilatildeo dos homens adultos que representavam as fratrias O festival era organizado por cidadatildeos solteiros e era o momento adequado para que os jovens que jaacute haviam completado seu periacuteodo de formaccedilatildeo ingressassem na vida adulta16

O que nos interessa aqui eacute o papel que a muacutesica desempenhava no contexto dessas festividades Um elemento importante nesses momentos de comemoraccedilatildeo

14 Cf Prof virt 84A Apophth Lac 220C e Agis 107 jaacute citada na nota 9 Cf Rocha (2008) 654‑655

15 Brelich (1969) 181‑18216 Brelich (1969) 149‑150

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eram os concursos A realizaccedilatildeo de concursos musicais no acircmbito do festival das Carneias natildeo teria acontecido desde o iniacutecio A introduccedilatildeo de agones provavel‑mente ocorreu quando Terpandro migrou de Metimna (Lesbos) para Esparta na primeira metade do seacuteculo VII a C Nesse contexto eacute importante considerar o testemunho de Helacircnico17 segundo o qual Terpandro teria sido o primeiro a vencer o concurso musical nas Carneias Esse fato parece estar diretamente relacionado agrave fundaccedilatildeo da primeira escola musical (katastasis) em Esparta por obra do mesmo Terpandro Segundo Brelich (1969 186‑191) eacute muito provaacutevel que a introduccedilatildeo do concurso musical nas Carneias tenha sido influenciada pela proacutepria katastasis18 Essa hipoacutetese ganha forccedila se consideramos o capiacutetulo 9 do tratado Sobre a Muacutesica como um todo Ali Plutarco fala da primeira katastasis fundada por Terpandro e menciona tambeacutem a segunda katastasis liderada por Taletas de Gortina Xenoacutedamo de Citera Xenoacutecrito de Locres Polimnesto de Coacutelofon e Saacutecadas de Argos muacutesicos que teriam instituiacutedo as Gimnopeacutedias em Esparta as Apodeixeis na Arcaacutedia e as Endimaacutetias em Argos Jaacute que os membros da segunda escola musical foram fundadores de festivais19 em diferentes cidades do Peloponeso Terpandro tambeacutem pode ter desempenhado o mesmo papel no contexto das Carneias

No que diz respeito agraves Gimnopeacutedias contudo encontramos uma situaccedilatildeo diferente Possuiacutemos uma grande variedade de informaccedilotildees sobre esse festival que inclusive muitas vezes satildeo contraditoacuterias Mas tratando apenas daquilo que nos interessa aqui sabemos que no periacuteodo das festividades aconteciam apresentaccedilotildees de coros de adolescentes e adultos instituiacutedos em honra a Apolo que cantavam hinos compostos por poetas como Taletas Aacutelcman e Dionisodoto Depois da batalha de Tireia em 544 aC na qual Esparta lutou contra Argos pela posse da Tireaacutetida tornou‑se costumeiro cantar um peatilde em honra dos soldados que morreram naquela ocasiatildeo Por causa desse elemento ritual e da comparaccedilatildeo com as Apodeixeis e as Endimaacutetias as Gimnopeacutedias foram consideradas festas que indicavam o momento no qual os jovens receacutem‑iniciados eram integrados agrave vida militar20

Tendo tudo isso em vista podemos concluir que eacute preciso colocar a miragem espartana em perspectiva Esparta natildeo era tatildeo lsquoespartanarsquo assim e natildeo foi sempre lsquoespartanarsquo Havia espaccedilo naquela cidade para o cultivo das artes tais como a arquitetura a escultura a pintura vascular a muacutesica (que incluiacutea a poesia) e a danccedila Nela floresceram poetas como Aacutelcman Terpandro e Tirteu Nela surgiram escolas poeacuteticomusicais Nela viveram poetas estrangeiros tais como Taletas de

17 FGrHist 4 F 85 = Ateneu 635e = Terpander Test 1 Gostoli18 Cf tambeacutem Gostoli (1990) 84‑8519 Mais do que fundadores de festivais eacute mais verossiacutemil pensar que esses autores foram os

responsaacuteveis pela introduccedilatildeo dos concursos musicais como parte das celebraccedilotildees 20 Cf Gostoli (1990) 85‑86

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Gortina (Creta) e Saacutecadas de Argos E sendo assim houve um ambiente feacutertil e favoraacutevel para o desenvolvimento e o cultivo de atividades artiacutesticas Os esparta‑nos foram sim grandes guerreiros que contribuiacuteram decisivamente para a vitoacuteria dos helenos sobre os persas Eles cultivaram sim suas habilidades guerreiras a ponto de derrotar os atenienses na Guerra do Peloponeso Poreacutem Esparta natildeo foi somente uma comunidade de soldados que dedicavam suas vidas somente agrave guerra Esparta foi tambeacutem uma cidade onde as pessoas cantavam danccedilavam e apreciavam a beleza dos edifiacutecios e dos objetos do cotidiano Eacute preciso reconhecer isso e na obra de Plutarco jaacute encontramos essa imagem multifacetada dessa cul‑tura Basta direcionar os olhos para outras direccedilotildees

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Index nominum

Timoacuteteo 167‑168 178 183Timoacutexena 195Tindaacuteridas 63Tireaacutetida 169Tireia 169Tireacutesias 236Tirteu 167 169 221Titatildes 245Trajano 121Trezena 31 32‑35 38 Tricoacuterito 39Troia 81 124Tuciacutedides 122 160 181Ulisses 81 192Valeacuterio (vd Puacuteblio Valeacuterio)Vestais 58 204Viacutenio 200Xantipo 191 201Xenoacutecrito 169Xenoacutedamo 169Xenofonte 160 164Zaleuco 88Zeus 36 40‑41 220 226 243

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Index nominum

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Nelson
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(Paacutegina deixada propositadamente em branco)

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Notas biograacuteficas dos autores

Aacutelia Rodrigues eacute doutorada em Estudos Claacutessicos (Literatura Grega) e inves‑tigadora do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse satildeo a histoacuteria das ideias poliacuteticas desde os Gregos ateacute agrave modernidade histoacuteria legal e a recepccedilatildeo de temas claacutessicos na contemporaneidade

Ana Ferreira eacute Professora Auxiliar do Departamento de Estudos Portugueses e Ro‑macircnicos da Faculdade de Letras da Universidade do Porto e investigadora do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a histoacuteria antiga a literatura greco‑romana bem como a didaacutectica das liacutenguas claacutessicas

Delfim F Leatildeo eacute Professor Catedraacutetico da Instituto de Estudos Claacutessicos e investiga‑dor do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a histoacuteria antiga o direito e a teorizaccedilatildeo poliacutetica dos Gregos a pragmaacutetica teatral e a escrita romanesca antiga

Faacutebio Vergara Cerqueira eacute Professor Adjunto do Instituto de Ciecircncias Humanas da Universidade Federal de Pelotas pesquisador PQ‑2 do CNPq Professor Visitante na Universidade de Heidelberg Bolsista Fundaccedilatildeo Humboldt ldquoPesquisador Experienterdquo Principais aacutereas de interesse satildeo histoacuteria e arqueologia da Greacutecia antiga e sua recepccedilatildeo enfocando muacutesica iconografia ceramologia gecircnero memoacuteria social identidade e patrimocircnio cultural

Guillermina Gonzaacutelez Almenara es Profesor Contratado Doctor Tipo 1 vinculada con el Aacuterea de Filologiacutea Griega del Departamento de Filologiacutea Claacutesica Francesa Aacuterabe y Romaacutenica de la Universidad de La Laguna Sus principales liacuteneas de investi‑gacioacuten son la mujer y el aacutembito femenino en la Grecia antigua Historiografiacutea griega Historia y civilizacioacuten de la Grecia antigua

Ivana S Chialva es Doctora en Letras Investigadora Asistente del Conicet y Profesora de Griego y Literaturas griega y latina de la Facultad de Humanidades y Ciencias de la Universidad Nacional del Litoral (Santa Fe Argentina) Sus tra‑bajos sobre el mundo antiguo se focalizan en la relacioacuten entre primera y segunda sofiacutestica y en la influencia de este uacuteltimo fenoacutemeno en la prosa narrativa griega de eacutepoca imperial especialmente la retoacuterica la biografiacutea y la novela en sus diferentes formas

Jesuacutes-Mordf Nieto Ibaacutentildeez es Catedraacutetico de Filologiacutea Griega de la Universidad de Leoacuten Sus liacuteneas de investigacioacuten son la literatura judiacutea en lengua griega los primeros textos cristianos el Humanismo y la Tradicioacuten claacutesica Actualmente dirige un Proyecto de

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investigacioacuten sobre el Humanismo la Tradicioacuten claacutesica y patriacutestica y la exeacutegesis biacuteblica en los siglos XVI y XVII

Joaquim Pinheiro eacute Professor Auxiliar da Universidade da Madeira e investigador do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a biografia antiga a Segunda Sofiacutestica a retoacuterica claacutessica e o pensamento poliacutetico dos Gregos

Joseacute M Candau es Catedraacutetico de Filologiacutea Griega en la Universidad de Sevilla Sus principales aacutereas de investigacioacuten son la historiografiacutea griega y Plutarco

Loraine Oliveira eacute professora de Filosofia da Universidade de Brasiacutelia Publicou o livro Plotino escultor de mitos pela Imprensa da Universidade de CoimbraAnnablume em 2014 Vem se dedicando principalmente a estudar os mitos em Plotino Plutarco e Porfiacuterio assim como o vegetarianismo em Plutarco e Porfiacuterio

Maria Aparecida de Oliveira Silva eacute professora visitante do Programa de Poacutes‑Gradu‑accedilatildeo em Letras Claacutessicas da Universidade de Satildeo Paulo e Professora Pesquisadora do Programa de Poacutes‑Graduaccedilatildeo em Histoacuteria da Universidade Federal de Satildeo Paulo Liacuteder do Grupo CNPq LABHAN Laboratoacuterio de Histoacuteria Antiga da Universidade Federal do Amapaacute Pesquisadora do Grupo CNPq Linceu ‑ Visotildees da Antiguidade Claacutessica da Universidade Estadual Paulista Pesquisadora do Grupo Retoacuterica Texto y Comunicacioacuten da Universidad de Caacutediz Membro do Conselho Acadecircmico do Seminaacuterio de Histoacuteria e Filosofia das Religiotildees da Universidad Autoacutenoma de Ciudad Juaacuterez mdash Meacutexico Pesquisa e publica trabalhos sobre Esparta Plutarco e biografia antiga

M Teresa Fau Ramos es Profesora Titular del Departament de Filologia Grega de la Universitat de Barcelona y miembro del Grup de Recerca Graecia Capta que investiga la pervivencia de la identidad griega bajo el imperio romano Sus principales aacutereas de intereacutes cientiacutefico son la historia e instituciones de la Grecia claacutesica y post‑claacutesica la religioacuten helena (paganismo) y diversos aspectos del cristianismo primitivo

Pilar Goacutemez Cardoacute es profesora titular de Filologiacutea Griega en la Universidad de Barcelona donde imparte docencia e investiga desde 1981 Doctora en Filologiacutea Claacutesica desde 1987 con una tesis sobre la tradicioacuten yaacutembica y la faacutebula (La Vida drsquoIsop entre el iambe la faula i la novella) es autora de numerosos artiacuteculos y capiacutetulos de libros sobre la literatura griega de eacutepoca imperial romana en especial sobre Segunda Sofiacutestica y novela ha estudiado principalmente autores como Luciano en cuya edicioacuten y traduccioacuten al castellano para la coleccioacuten Alma Mater participa Plutarco Dioacuten de Prusa o Elio Ariacutestides Es miembro del grupo de investigacioacuten Graecia Capta de la Universidad de Barcelona

Roosevelt Rocha eacute Professor Adjunto do curso de Letras da Universidade Federal do Paranaacute (Brasil) e pesquisador ligado ao Programa de Poacutes‑Graduaccedilatildeo em Letras da

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mesma Universidade As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a poesia grega arcaica (elegia jambo e meacutelica) a muacutesica grega antiga e o estudo da performance da poesia grega dos periacuteodos arcaico e claacutessico

Vicente Ramoacuten es Profesor Tiular de Filologiacutea Griega de la Universidad de Zara‑goza Sus intereses cientiacuteficos pueden sintetizarse en las siguientes liacuteneas Plutarco de Queronea y la biografiacutea poliacutetica historiografiacutea griega retoacuterica y oratoria griegas tradicioacuten claacutesica teatro griego la irreligiosidad en la Atenas Claacutesica

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Nelson
Text Box
(Paacutegina deixada propositadamente em branco)

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Volumes publicados na Colecccedilatildeo Humanitas Supplementum

1 Francisco de Oliveira Claacuteudia Teixeira e Paula Barata Dias Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 1 ndash Liacutenguas e Literaturas Greacutecia e Roma (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

2 Francisco de Oliveira Claacuteudia Teixeira e Paula Barata Dias Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 2 ndash Liacutenguas e Literaturas Idade Meacutedia Renascimento Recepccedilatildeo (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

3 Francisco de Oliveira Jorge de Oliveira e Manuel Patriacutecio Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 3 ndash Histoacuteria Arqueologia e Arte (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2010)

4 Maria Helena da Rocha Pereira Joseacute Ribeiro Ferreira e Francisco de Oliveira (Coords) Horaacutecio e a sua perenidade (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

5 Joseacute Luiacutes Lopes Brandatildeo Maacutescaras dos Ceacutesares Teatro e moralidade nas Vidas suetonianas (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

6 Joseacute Ribeiro Ferreira Delfim Leatildeo Manuel Troumlster and Paula Barata Dias (eds) Symposion and Philanthropia in Plutarch (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

7 Gabriele Cornelli (Org) Representaccedilotildees da Cidade Antiga Categorias histoacutericas e discursos filosoacuteficos (Coimbra Classica DigitaliaCECHGrupo Archai 2010)

8 Maria Cristina de Sousa Pimentel e Nuno Simotildees Rodrigues (Coords) Sociedade poder e cultura no tempo de Oviacutedio (Coimbra Classica DigitaliaCECHCECCH 2010)

9 Franccediloise Frazier et Delfim F Leatildeo (eds) Tychegrave et pronoia La marche du monde selon Plutarque (Coimbra Classica DigitaliaCECH Eacutecole Doctorale 395 ArScAn‑THEMAM 2010)

10 Juan Carlos Iglesias‑Zoido El legado de Tuciacutedides en la cultura occidental (Coimbra Classica DigitaliaCECH ARENGA 2011)

11 Gabriele Cornelli O pitagorismo como categoria historiograacutefica (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2011)

12 Frederico Lourenccedilo The Lyric Metres of Euripidean Drama (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2011)

13 Joseacute Augusto Ramos Maria Cristina de Sousa Pimentel Maria do Ceacuteu Fialho Nuno Simotildees Rodrigues (coords) Paulo de Tarso Grego e Romano Judeu e Cristatildeo (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

14 Carmen Soares amp Paula Barata Dias (coords) Contributos para a histoacuteria da alimentaccedilatildeo na antiguidade (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

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15 Carlos A Martins de Jesus Claudio Castro Filho amp Joseacute Ribeiro Ferreira (coords) Hipoacutelito e Fedra ‑ nos caminhos de um mito (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

16 Joseacute Ribeiro Ferreira Delfim F Leatildeo amp Carlos A Martins de Jesus (eds) Nomos Kosmos amp Dike in Plutarch (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

17 Joseacute Augusto Ramos amp Nuno Simotildees Rodrigues (coords) Mnemosyne kai Sophia (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

18 Ana Maria Guedes Ferreira O homem de Estado ateniense em Plutarco o caso dos Alcmeoacutenidas (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

19 Aurora Loacutepez Andreacutes Pocintildea amp Maria de Faacutetima Silva De ayer a hoy influencias claacutesicas en la literatura (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

20 Cristina Pimentel Joseacute Luiacutes Brandatildeo amp Paolo Fedeli (coords) O poeta e a cidade no mundo romano (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

21 Francisco de Oliveira Joseacute Luiacutes Brandatildeo Vasco Gil Mantas amp Rosa Sanz Serrano (coords) A queda de Roma e o alvorecer da Europa (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

22 Luiacutesa de Nazareacute Ferreira Mobilidade poeacutetica na Greacutecia antiga uma leitura da obra de Simoacutenides (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica DigitaliaCECH 2013)

23 Faacutebio Cerqueira Ana Teresa Gonccedilalves Edalaura Medeiros amp JoseacuteLuiacutes Brandatildeo Saberes e poderes no mundo antigo Vol I ndash Dos saberes (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia2013) 282 p

24 Faacutebio Cerqueira Ana Teresa Gonccedilalves Edalaura Medeiros amp Delfim Leatildeo Saberes e poderes no mundo antigo Vol II ndash Dos poderes (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013) 336 p

25 Joaquim J S Pinheiro Tempo e espaccedilo da paideia nas Vidas de Plutarco (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013) 458 p

26 Delfim Leatildeo Gabriele Cornelli amp Miriam C Peixoto (coords) Dos Homens e suas Ideias Estudos sobre as Vidas de Dioacutegenes Laeacutercio (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013)

27 Italo Pantani Margarida Miranda amp Henrique Manso (coords) Aires Barbosa na Cosmoacutepolis Renascentista (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2013)

28 Francisco de Oliveira Maria de Faacutetima Silva Tereza Virgiacutenia Ribeiro Barbosa (coords) Violecircncia e transgressatildeo uma trajetoacuteria da Humanidade (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

29 Priscilla Gontijo Leite Eacutetica e retoacuterica forense asebeia e hybris na caracterizaccedilatildeo dos adversaacuterios em Demoacutestenes (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

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30 Andreacute Carneiro Lugares tempos e pessoas Povoamento rural romano no Alto Alentejo ‑ Volume I (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2014)

31 Andreacute Carneiro Lugares tempos e pessoas Povoamento rural romano no Alto Alentejo ‑ Volume II (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2014)

32 Pilar Goacutemez Cardoacute Delfim F Leatildeo Maria Aparecida de Oliveira Silva (coords) Plutarco entre mundos visotildees de Esparta Atenas e Roma (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

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Resumo da obra

A vasta e variada obra de Plutarco permite sempre uma abordagem a partir de distintas

perspetivas com diferentes intenccedilotildees e propoacutesitos variados No entanto eacute importante

identificar tambeacutem fios comuns nessa abordagem porque permitem demonstrar tanto a

niacutevel formal como de conteuacutedo que haacute muitos elementos comuns que permeiam o trabalho

de Plutarco

Os treze contributos para este volume tecircm como elo comum o nome de trecircs cidades

Esparta Atenas e Roma Elas representam espaccedilos poliacuteticos e institucionais diversos dada

a sua extensatildeo geograacutefica e cronoloacutegica mas simbolizam igualmente diferentes modelos

de organizaccedilatildeo social atraveacutes dos quais a Greacutecia pode ser contrastada com Roma ou Atenas

comparada com Esparta mdash ainda que o seu verdadeiro interesse na obra de Plutarco seja

que representam sempre locais paradigmaacuteticos onde vivem e convivem pessoas Por

isso os estudiosos de Plutarco que contribuiacuteram para este volume procuram analisar em

cada uma dessas cidades seja por assimilaccedilatildeo ou por contraste a forma como o autor de

Queroneia aborda a ligaccedilatildeo entre indiviacuteduo e comunidade a partir do exerciacutecio do poder

e da experiecircncia religiosa qual o papel da educaccedilatildeo e do domiacutenio privado na projeccedilatildeo

puacuteblica dos protagonistas retratados por Plutarco ou ateacute que ponto a imagem dos primeiros

legisladores e fundadores miacuteticos foi condicionada pela evoluccedilatildeo histoacuterica destas mesmas

cidades

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Page 32: Versão integral disponível em digitalis.uc · visões de Esparta, Atenas e Roma IMPRENSA DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA COIMBRA UNIVERSITY PRESS ANNABLUME Versão integral disponível

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Joseacute M Candau

Von Stern E Geschichte des spartanischen un thebanischen Hegemonie vom Koumlnigsfrieden bios zur Schlacht bei Mantinea Dorpat 1884

Van der Stock L (ed) Plutarche Lovaniensia A Miscellany of Essays on Plutarch (Studia Hellenistica 32) Lovanii 1996

Swain S laquoPlutarch Chance Providence and Historyraquo AJPh 110 (1989) 272‑302

mdashmdashmdash laquoPlutarchrsquos Lives of Cicero Cato and Brutusraquo Hermes 118 (1990) 192‑203

Wardle D Cicero on Divination De Divinatione Book 1 Oxford 2006Ziegler K Plutarco Brescia 1965 [laquoPlutarchos von Chaironeiaraquo RE XXI1

(1951) coll 636‑962 edicioacuten italiana a cargo de B Zucchelli traduccioacuten de M R Zancan Rinaldi]

Zhmud L The Origin of the History of Science in Classical Antiquity Berlin 2006

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A Esparta de Plutarco entre a guerra e as artes

de um seguidor das leis de Licurgo Nesse sentido Plutarco diz que o dinheiro e o ouro deveriam ser mandados embora de Esparta porque eles eram flagelos importados que despertavam a cobiccedila e promoviam a degeneraccedilatildeo dos costumes (c 17) Desse ponto de vista Lisandro prejudicou Esparta justamente porque promoveu seu enriquecimento e contribuiu para a dissoluccedilatildeo da frugalidade e da simplicidade que caracterizavam o cotidiano dos lacocircnios antes das vitoacuterias espartanas na Guerra do Peloponeso6

Na Vida de Agesilau Plutarco nos conta que o biografado foi o segundo filho de Arquidamo (o primeiro tinha sido Aacutegis) e que por isso ele natildeo seria o herdeiro direto do trono de Esparta De qualquer modo Agesilau foi educado de acordo com a agoge lacedemocircnia e nosso autor faz questatildeo de frisar que em decorrecircncia disso o liacuteder espartano sempre respeitou e praticou as leis de sua cidade (c 1) Mesmo apresentando uma pequena diferenccedila de tamanho de uma perna para a outra ele tinha outras qualidades espartanas como a honestidade a mansidatildeo e a beleza fiacutesica (c 2) Sua formaccedilatildeo foi tatildeo bem sucedida que diferente de Alexandre o grande e de Haniacutebal Agesilau foi um general que conquistou importantes vitoacuterias e mesmo assim nunca deixou de obedecer agraves leis espartanas (c 15) Mesmo depois de tornar‑se um lendaacuterio vencedor ele voltou a Esparta e continuou o mesmo homem de antes sem apresentar nenhuma novidade no seu comportamento diferente de outros estrategos quando voltavam de longas expediccedilotildees a terras estrangeiras (c 19)

Plutarco nos conta que Lisandro ndashque dizem ter sido amante de Agesilau na juventude (c 2)ndash pretendia introduzir muitas inovaccedilotildees e mudanccedilas no governo da Lacocircnia (c 20) Embora outros liacutederes de Esparta como Antaacutelcidas tenham feito acordos com os Persas e tenham abandonado laquocovarde e maldosamenteraquo os gregos da Aacutesia sob o domiacutenio dos baacuterbaros como nos diz Plutarco (c 23) Agesilau sempre foi um defensor da justiccedila Entre os capiacutetulos 29 e 30 da Vida de Agesilau nosso autor nos conta que os espartanos que perderam parentes na bata‑lha de Leuctra (em 371 a C) se alegraram e os que natildeo perderam ficaram tristes De certa forma eles responsabilizaram Agesilau pela derrota e lamentaram ter aceito um rei coxo Contudo Agesilau tinha boa reputaccedilatildeo e era muito virtuoso Prova disso eacute que sem promover nenhuma inovaccedilatildeo ele disse que era preciso fazer as leis dormirem para que retomassem a autoridade que tiveram no passado

Entretanto Plutarco natildeo faz apenas elogios a Agesilau Cartledge (1987 418) observa que ele faz criacuteticas a Agesilau por causa de sua ingratidatildeo em relaccedilatildeo a Lisandro (c 8) e condena seu comportamento porque ele teria hon‑rado mais os amigos do que a justiccedila (c 13 ver tambeacutem Moralia 807d) Aleacutem disso Plutarco via uma relaccedilatildeo direta entre a decadecircncia de Esparta e a ascenccedilatildeo

6 Sobre isso ver Duff (2002) 161‑204 e a introduccedilatildeo de Flaceliegravere e Chambry em Plutarque (1971) 158‑173

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Roosevelt Rocha

ilegiacutetima de Agesilau ao trono (c 21) Poreacutem no geral nosso autor eacute tatildeo favoraacutevel e simpaacutetico a Agesilau quanto Xenofonte que tambeacutem escreveu uma biografia do rei espartano a qual certamente serviu de base para a Vida composta pelo poliacutemata de Queroneia Segundo Cartledge (1987 418) para Plutarco Agesilau foi a encarnaccedilatildeo das virtudes peculiarmente espartanas simplicidade piedade e autocontrole7

Depois na Vida de Aacutegis e na Vida de Cleocircmenes Plutarco narra os uacuteltimos momentos da histoacuteria da Esparta independente ou seja o ponto mais baixo da decadecircncia daquela cidade Os reis Aacutegis e Cleocircmenes que reinaram no seacuteculo III a C tentaram restaurar os antigos valores dos tempos de Licurgo Eles tinham os dons naturais para levar essa tarefa a cabo Aacutegis tinha grandeza de alma e se insurgia contra os prazeres desde antes dos vinte anos (c 4) natildeo gostava de rou‑pas luxuosas e baniu toda suntuosidade para aderir aos antigos haacutebitos lacocircnios caracterizados pela simplicidade de vida Mas seu exemplo e sua energia natildeo foram suficientes para restaurar os costumes tradicionais e ele foi assassinado ainda muito jovem (cc 19‑21) Aquela Esparta incorrupta e valorosa dos tempos de Licurgo dava seus uacuteltimos suspiros

Cleocircmenes natildeo era parente de Aacutegis mas foi obrigado a se casar com a vi‑uacuteva do rei assassinado ou seja Agiaacutetis Segundo Plutarco (c 1) Cleocircmenes era ambicioso e tinha grandeza de alma Era temperante e simples como Aacutegis Ele tambeacutem quiz restaurar os antigos costumes espartanos (c 11) Primeiro depois de longa disputa poliacutetica abriu matildeo de seus bens Depois distribuiu as terras entre os cidadatildeos Restabeleceu a educaccedilatildeo dos jovens e a disciplina espartana Ele proacuteprio levou uma vida simples e frugal para dar o exemplo aos outros la‑cedemocircnios sem insolecircncia nem orgulho excessivo ou seja como um modelo de temperanccedila (c 13) Mesmo quando perdeu sua esposa Agiaacutetis por quem se enamorara verdadeiramente Cleocircmenes manteve a firmeza e seu caraacuteter elevado e tomou as providecircncias necessaacuterias para garantir a seguranccedila de seus soldados e aliados (c 22) Depois de reinar por dezesseis anos Cleocircmenes morreu (cc 37‑38) e assim terminou a histoacuteria de Esparta como cidade politicamente autocircnoma

Ateacute aqui vimos que podemos encontrar nas Vidas dos liacutederes espartanos escritas por Plutarco aquela imagem caracterizada por um conjunto de valores que parecem ter ganhado forccedila numa eacutepoca lendaacuteria e foram se enfraquecendo conforme o tempo foi passando e Esparta foi estendendo seu poder para fora da Lacedemocircnia Nesse quadro vemos uma cidade altamente militarizada de guerreiros corajosos disciplinados e afeitos a uma vida sem luxos e sem confortos Isso poderia indicar que os espartanos eram um povo rude pouco sofisticado e fechado para as artes

7 Cf tambeacutem a introduccedilatildeo de Flaceliegravere e Chambry em Plutarque (1973) 85‑88 e Shipley (1998) 1‑46

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A Esparta de Plutarco entre a guerra e as artes

Poreacutem vaacuterias fontes arqueoloacutegicas vasculares e mesmo literaacuterias nos mostram o contraacuterio Apesar de Tuciacutedides (1102) ter dito que os edifiacutecios em Esparta eram modestos e natildeo correspondiam ao tamanho do poder militar e poliacutetico da cidade dos lacedemocircnios em seu apogeu a avaliaccedilatildeo dos monumentos arquitetocircnicos espartanos precisa ser feita com cuidado Eacute preciso lembrar que Esparta natildeo foi destruiacuteda nas Guerras Meacutedicas como Atenas foi A capital da Aacutetica foi reconstruiacuteda e uma grande soma de dinheiro afluiu para ela por causa das contribuiccedilotildees dos aliados da Liga de Delos Isso natildeo aconteceu com a princi‑pal cidade da Lacocircnia Desse modo nela foram conservados edifiacutecios antigos do seacuteculo VI a C que apresentavam outro estilo de construccedilatildeo mais arcaizante do que claacutessico Dependendo do ponto de vista um estilo pode ser mais valorizado do que o outro

De qualquer modo Pausacircnias (3113) viajante do seacuteculo II d C que fez uma descriccedilatildeo de vaacuterias cidades da Greacutecia daquela eacutepoca nos informa que havia em Esparta vaacuterios monumentos que despertavam a admiraccedilatildeo daqueles que por ali passavam tal como o Poacutertico Persa construiacutedo inicialmente com o butim amealhado na guerra contra os persas Outros exemplos de edifiacutecios que nos uacuteltimos anos vecircm sendo estudados satildeo o templo de Apolo em Amiclas o templo de Aacutertemis Oacutertia e o Menelaion onde eram cultuados Menelau e Helena8

Cartledge (2002 111) nos informa que depois de 690 a C pintores de vasos da Lacocircnia sofreram influecircncia de artistas do Egeu e adotaram o chamado estilo lsquoorientalizantersquo o que mostra que na praacutetica Esparta natildeo estava isolada do resto do mundo helecircnico Ainda segundo Cartledge nessa eacutepoca artesatildeos lacocircnios que trabalhavam com bronze comeccedilaram a se interessar pela representaccedilatildeo de figuras humanas em suas obras e por volta de 650 a C comeccedilou a se desenvolver na regiatildeo de Esparta o uso do marfim para produccedilatildeo de objetos gravados Vemos entatildeo que o ambiente artiacutestico na Lacedemocircnia entre 775 e 650 a C natildeo era de modo algum esteacuteril ou sem importacircncia9

Como Burn (1960 275‑276) explica Esparta natildeo virou suas costas para a arte e a poesia Prova disso eacute que vasos com detalhes refinados foram fabricados ali e exportados para outras regiotildees da Heacutelade ateacute 550 a C mais ou menos Por volta de 600 a C Gitiadas poeta escultor e arquiteto projetou o Templo de Atena tambeacutem conhecido como Casa de Bronze por causa das placas feitas com esse metal para decorar o edifiacutecio E em 585 a C o segundo templo de Oacutertia foi construiacutedo Ou seja havia artesatildeos trabalhando em Esparta no periacuteodo arcaico que produziram obras dignas de admiraccedilatildeo10

8 Para mais informaccedilotildees sobre a arqueologia e a arquitetura espartanas ver Walker (1998) Kaltsas (2007) e Cavanagh (2009)

9 Sobre isso ver tambeacutem Burn (1960) 180‑184 e Stibbe (1996) passim10 Ver tambeacutem Burn (1960) 280‑282 e Cartledge (2002) 133‑136

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Roosevelt Rocha

No que diz respeito agrave muacutesica Plutarco nos daacute significativos testemunhos da sua importacircncia em ambiente espartano tanto nas Vidas quanto nos Moralia Na Vida de Licurgo no c 4 por exemplo encontramos a informaccedilatildeo segundo a qual o legislador lendaacuterio teria convidado um poeta‑legislador de Creta para ir a Esparta com ele Esse poeta se chamava Tales Mas talvez tenha havido alguma confusatildeo na tradiccedilatildeo manuscrita e esse Tales poderia ser o Taletas de Gortina mencionado algumas vezes no livro Sobre a Muacutesica tambeacutem de Plutarco Ele teria sido o responsaacutevel por curar os espartanos de uma peste com o seu canto11 Aleacutem disso no mesmo c 4 nos eacute dito que Licurgo teria sido o responsaacutevel por levar os poemas de Homero da Jocircnia para sua cidade

Depois no c 21 da mesma Vida Plutarco nos diz que os lacedemocircnios apreciavam se dedicar agrave poesia meacutelica porque as canccedilotildees estimulavam seus espiacuteritos e lhes davam coragem para enfrentar os inimigos nas batalhas Seu estilo era simples e seus temas eram seacuterios com o objetivo de promover uma boa formaccedilatildeo dos caraacuteteres Nelas eram louvados os heroacuteis de Esparta e condenados os covardes que natildeo lutaram ateacute o fim para defender sua cidade Nos festivais eram organizados trecircs coros de acordo com as idades um de velhos outro de adultos e outro de jovens Cada um cantava sobre a sua bravura uns falavam dos seus feitos no passado os outros tratavam das suas accedilotildees no presente e os uacuteltimos cantavam sobre o seu desejo de realizar grandes proezas no futuro Esses seriam os temas baacutesicos das canccedilotildees em Esparta e por isso segundo Plutarco Terpandro e Piacutendaro estavam corretos ao associar bravura e muacutesica e ao mostrar que os espartanos eram o povo mais aguerrido e mais musical

Por isso natildeo era por acaso que os jovens cantavam o nomo de Caacutestor e o peatilde da marcha (c 22) e em todo lugar havia danccedilas festas e banquetes quando natildeo havia expediccedilotildees militares (c 24) Contudo o gosto pela boa muacutesica e pela boa poesia natildeo era caracteriacutestico de todos os habitantes da Lacocircnia tendo em vista que os hilotas danccedilavam e cantavam canccedilotildees vulgares e grotescas diferentes das composiccedilotildees de Aacutelcman Terpandro e Especircndon (c 28) Isso na verdade estava associado ao fato de eles serem escravos e por isso era compreensiacutevel que eles apreciassem canccedilotildees vis como eles proacuteprios

Na Vida de Lisandro encontramos algumas informaccedilotildees que reforccedilam a impressatildeo de que os espartanos tinham sim grande sensibilidade para a muacutesica No c 15 ficamos sabendo que os lacocircnios depois de conquistar Atenas em 404 a C queriam destruir aquela cidade mas apoacutes ouvir um coro da Electra de Euriacutepides desistiram Em seguida no c 18 Plutarco nos conta que Lisandro estava sempre acompanhado do poeta Queacuterilo encarregado de celebrar os feitos do general E outros poetas tambeacutem celebraram Lisandro segundo nosso autor

11 Ver Plu Mus 42 (1146B‑C) e Gostoli (1990) 12‑13 e

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A Esparta de Plutarco entre a guerra e as artes

Na Vida de Agesilau c 14 lemos que os espartanos apreciavam uma parte da poesia de Timoacuteteo de Mileto poeta que teria tido algumas cordas de sua ciacutetara cortadas quando de uma sua visita a Esparta porque os eacuteforos julgavam que natildeo seriam necessaacuterias mais do que sete cordas e o instrumento do poeta tinha onze12 Essa anedota indica que os lacocircnios natildeo apreciavam inovaccedilotildees Poreacutem a informaccedilatildeo do c 14 da Vida de Agesilau mostra que eles poderiam aceitar pelo menos uma parte da obra de um poeta inovador desde que essa parte se adequas‑se ao gosto e agraves tradiccedilotildees do local Tambeacutem nessa mesma Vida c 21 Plutarco nos diz que o rei Agesilau apreciava os cantos e as danccedilas mesmo natildeo sendo um lsquoespecialistarsquo nas artes

Por fim na Vida de Aacutegis c 10 encontramos um elogio a Terpandro a Ta‑les (Taletas) e a Fereacutecides porque mesmo sendo estrangeiros professavam o que Licurgo instituiu e por isso foram muito honrados em Esparta Na Vida de Cleocircmenes c 2 somos informados que o rei Leocircnidas elogiou Tirteu algo facilmente compreensiacutevel tendo em vista o caraacuteter estimulante e guerreiro das elegias daquele poeta Aleacutem disso nessa mesma Vida citada por uacuteltimo c 12 Plutarco nos conta que Cleocircmenes certa vez teria encontrado alguns artistas de Dioniso muacutesicos e atores profissionais que iam de cidade em cidade para se apresentar e construiu um teatro Isso mostra que esse rei estimulou de alguma maneira as atividades artiacutesticas mesmo que ele natildeo tivesse o costume de levar artistas com seu exeacutercito de acordo com Plutarco e nem apreciasse apresentaccedilotildees musicais nos seus banquetes (c 13)

Tudo isso mostra que Esparta era uma cidade onde a muacutesica tinha um papel importe na educaccedilatildeo e na guerra e que os lacocircnios natildeo eram um povo obtuso e indiferente ao poder das melodias De acordo com Plutarco tendo em vista agora algumas passagens dos Moralia os espartanos passavam por treinamento rigoroso no que diz respeito agrave muacutesica e agrave poesia e suas canccedilotildees estimulavam os espiacuteritos e faziam com que os homens se sentissem entusiasmados e se esfor‑ccedilassem para ser bem sucedidos Em vaacuterias passagens das suas Obras Morais ele elogia o estilo da muacutesica deles porque ela era simples e natildeo afetada e seus temas eram seacuterios e edificantes Se algueacutem estudasse a poesia e as canccedilotildees de marcha de Esparta acompanhadas pelo aulo essa pessoa concordaria que Terpandro e Piacutendaro estavam certos ao associar valor (andreia) e muacutesica Como vimos acima nos trechos citados das Vidas Plutarco tambeacutem diz que os Espartanos eram o povo ao mesmo tempo mais musical (mousikotatous) e o mais afeito agrave guerra (polemikotatous)13

No livro sobre os Antigos Costumes dos Espartanos Plutarco tambeacutem elogia os ritmos das canccedilotildees de marcha (embaterioi rhythmoi) porque eles despertavam

12 Ver Plu Agis 1013 Cf Lyc 211‑4

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a coragem a audaacutecia e o desdeacutem pela morte requisitos indispensaacuteveis para o guerreiro valoroso Os espartanos usavam esses ritmos para danccedilar mas tambeacutem quando avanccedilavam contra os inimigos ao som do aulo Plutarco lembra que Li‑curgo associava o amor pela muacutesica agrave praacutetica militar para que o espiacuterito guerreiro combinado com a melodia tivesse concordacircncia e harmonia (symphonia kai har‑monia) Por isso em tempos de guerra os reis espartanos ofereciam sacrifiacutecios agraves Musas antes de ir para a batalha como Plutarco nos conta nos Instituta Laconica 16 (238B‑C)

E para manter a pureza da sua muacutesica e dos seus costumes os espartanos agraves vezes recorriam a atos violentos Como Plutarco reporta nos Instituta Laconica 17 (238C‑D) eles natildeo permitiriam que ningueacutem desrespeitasse de modo algum as regras da muacutesica do passado Nem mesmo Terpandro um dos mais antigos e melhores citaredos (aqueles que cantavam acompanhados da ciacutetara ou da lira) teria a permissatildeo para acrescentar uma corda extra ao seu instrumento para que suas melodias fossem mais variadas Ele tentou fazer isso mas os eacuteforos pregaram sua lira numa parede por causa do seu ato iacutempio contraacuterio agrave tradiccedilatildeo Em outra ocasiatildeo um dos eacuteforos teria procedido com mais violecircncia quando Timoacuteteo o famoso muacutesico inovador que floresceu na segunda metade do seacuteculo V a C estava competindo no festival das Carneias ele pegou uma faca e perguntou ao muacutesico de que lado ele deveria cortar as cordas supeacuterfluas cujo nuacutemero ultra‑passava o tradicional de sete cordas Outras variantes dessa histoacuteria satildeo contadas por Plutarco em outros textos mas nessas outras passagens Friacutenis outro muacutesico inovador da segunda metade do seacuteculo V a C eacute o protagonista14

Mas para aleacutem da sua importacircncia na educaccedilatildeo e nos contextos de bata‑lha a muacutesica tinha grande significado tambeacutem nas momentos das celebraccedilotildees religiosas Dentre as festividades religiosas realizadas na Lacedemocircnia uma das mais importantes era a das Carneias realizada em Esparta e intimamente ligada agrave histoacuteria de Terpandro As origens desse festival eram muito antigas anteriores ao seacuteculo VIII a C tendo em vista que no seacuteculo VII os colonizadores espartanos da cidade italiana de Tarento jaacute tinham o costume de celebraacute‑la15 As Carneias eram dedicadas ao deus Apolo Carneu Em Esparta havia concursos musicais e atleacuteti‑cos uma corrida de jovens e um banquete ritual que contava com a participaccedilatildeo dos homens adultos que representavam as fratrias O festival era organizado por cidadatildeos solteiros e era o momento adequado para que os jovens que jaacute haviam completado seu periacuteodo de formaccedilatildeo ingressassem na vida adulta16

O que nos interessa aqui eacute o papel que a muacutesica desempenhava no contexto dessas festividades Um elemento importante nesses momentos de comemoraccedilatildeo

14 Cf Prof virt 84A Apophth Lac 220C e Agis 107 jaacute citada na nota 9 Cf Rocha (2008) 654‑655

15 Brelich (1969) 181‑18216 Brelich (1969) 149‑150

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A Esparta de Plutarco entre a guerra e as artes

eram os concursos A realizaccedilatildeo de concursos musicais no acircmbito do festival das Carneias natildeo teria acontecido desde o iniacutecio A introduccedilatildeo de agones provavel‑mente ocorreu quando Terpandro migrou de Metimna (Lesbos) para Esparta na primeira metade do seacuteculo VII a C Nesse contexto eacute importante considerar o testemunho de Helacircnico17 segundo o qual Terpandro teria sido o primeiro a vencer o concurso musical nas Carneias Esse fato parece estar diretamente relacionado agrave fundaccedilatildeo da primeira escola musical (katastasis) em Esparta por obra do mesmo Terpandro Segundo Brelich (1969 186‑191) eacute muito provaacutevel que a introduccedilatildeo do concurso musical nas Carneias tenha sido influenciada pela proacutepria katastasis18 Essa hipoacutetese ganha forccedila se consideramos o capiacutetulo 9 do tratado Sobre a Muacutesica como um todo Ali Plutarco fala da primeira katastasis fundada por Terpandro e menciona tambeacutem a segunda katastasis liderada por Taletas de Gortina Xenoacutedamo de Citera Xenoacutecrito de Locres Polimnesto de Coacutelofon e Saacutecadas de Argos muacutesicos que teriam instituiacutedo as Gimnopeacutedias em Esparta as Apodeixeis na Arcaacutedia e as Endimaacutetias em Argos Jaacute que os membros da segunda escola musical foram fundadores de festivais19 em diferentes cidades do Peloponeso Terpandro tambeacutem pode ter desempenhado o mesmo papel no contexto das Carneias

No que diz respeito agraves Gimnopeacutedias contudo encontramos uma situaccedilatildeo diferente Possuiacutemos uma grande variedade de informaccedilotildees sobre esse festival que inclusive muitas vezes satildeo contraditoacuterias Mas tratando apenas daquilo que nos interessa aqui sabemos que no periacuteodo das festividades aconteciam apresentaccedilotildees de coros de adolescentes e adultos instituiacutedos em honra a Apolo que cantavam hinos compostos por poetas como Taletas Aacutelcman e Dionisodoto Depois da batalha de Tireia em 544 aC na qual Esparta lutou contra Argos pela posse da Tireaacutetida tornou‑se costumeiro cantar um peatilde em honra dos soldados que morreram naquela ocasiatildeo Por causa desse elemento ritual e da comparaccedilatildeo com as Apodeixeis e as Endimaacutetias as Gimnopeacutedias foram consideradas festas que indicavam o momento no qual os jovens receacutem‑iniciados eram integrados agrave vida militar20

Tendo tudo isso em vista podemos concluir que eacute preciso colocar a miragem espartana em perspectiva Esparta natildeo era tatildeo lsquoespartanarsquo assim e natildeo foi sempre lsquoespartanarsquo Havia espaccedilo naquela cidade para o cultivo das artes tais como a arquitetura a escultura a pintura vascular a muacutesica (que incluiacutea a poesia) e a danccedila Nela floresceram poetas como Aacutelcman Terpandro e Tirteu Nela surgiram escolas poeacuteticomusicais Nela viveram poetas estrangeiros tais como Taletas de

17 FGrHist 4 F 85 = Ateneu 635e = Terpander Test 1 Gostoli18 Cf tambeacutem Gostoli (1990) 84‑8519 Mais do que fundadores de festivais eacute mais verossiacutemil pensar que esses autores foram os

responsaacuteveis pela introduccedilatildeo dos concursos musicais como parte das celebraccedilotildees 20 Cf Gostoli (1990) 85‑86

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Gortina (Creta) e Saacutecadas de Argos E sendo assim houve um ambiente feacutertil e favoraacutevel para o desenvolvimento e o cultivo de atividades artiacutesticas Os esparta‑nos foram sim grandes guerreiros que contribuiacuteram decisivamente para a vitoacuteria dos helenos sobre os persas Eles cultivaram sim suas habilidades guerreiras a ponto de derrotar os atenienses na Guerra do Peloponeso Poreacutem Esparta natildeo foi somente uma comunidade de soldados que dedicavam suas vidas somente agrave guerra Esparta foi tambeacutem uma cidade onde as pessoas cantavam danccedilavam e apreciavam a beleza dos edifiacutecios e dos objetos do cotidiano Eacute preciso reconhecer isso e na obra de Plutarco jaacute encontramos essa imagem multifacetada dessa cul‑tura Basta direcionar os olhos para outras direccedilotildees

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A Esparta de Plutarco entre a guerra e as artes

Bibliografia

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Plutarch On Sparta London Penguin 2005Plutarco Obras Morais Sobre o afeto aos filhos (introd e trad Carmen Soares) e

Sobre a Muacutesica (introd e trad Roosevelt Rocha) Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra 2012

Plutarque Vies Tome I Text eacutetabli et traduit par Flaceliegravere R Chambry Eacute et Juneaux M Paris Les Belles Lettres 1957

Plutarque Vies Tome VI Text eacutetabli et traduit par Flaceliegravere R et Chambry Eacute Paris Les Belles Lettres 1971

Plutarque Vies Tome VIII Text eacutetabli et traduit par Flaceliegravere R et Chambry Eacute Paris Les Belles Lettres 1973

Powell A amp Hodkinson S (eds) The shadow of Sparta Londres Routledge 1994Rawson E The spartan tradition in european thought Oxford Oxford University

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Roosevelt Rocha

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Shipley D R A commentary on Plutarchrsquos Life of Agesilaos Oxford Clarendon Press 1998

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1996 Walker S E C amp Cavanagh W Sparta in Laconia Proceedings of the 19th British

Museum Classical Colloquium held with the British School at Athens and Kingrsquos and University Colleges London 6‑8 December 1995 Atenas British School at Athens 1999

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Index nominum

Timoacuteteo 167‑168 178 183Timoacutexena 195Tindaacuteridas 63Tireaacutetida 169Tireia 169Tireacutesias 236Tirteu 167 169 221Titatildes 245Trajano 121Trezena 31 32‑35 38 Tricoacuterito 39Troia 81 124Tuciacutedides 122 160 181Ulisses 81 192Valeacuterio (vd Puacuteblio Valeacuterio)Vestais 58 204Viacutenio 200Xantipo 191 201Xenoacutecrito 169Xenoacutedamo 169Xenofonte 160 164Zaleuco 88Zeus 36 40‑41 220 226 243

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Index nominum

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Notas biograacuteficas dos autores

Aacutelia Rodrigues eacute doutorada em Estudos Claacutessicos (Literatura Grega) e inves‑tigadora do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse satildeo a histoacuteria das ideias poliacuteticas desde os Gregos ateacute agrave modernidade histoacuteria legal e a recepccedilatildeo de temas claacutessicos na contemporaneidade

Ana Ferreira eacute Professora Auxiliar do Departamento de Estudos Portugueses e Ro‑macircnicos da Faculdade de Letras da Universidade do Porto e investigadora do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a histoacuteria antiga a literatura greco‑romana bem como a didaacutectica das liacutenguas claacutessicas

Delfim F Leatildeo eacute Professor Catedraacutetico da Instituto de Estudos Claacutessicos e investiga‑dor do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a histoacuteria antiga o direito e a teorizaccedilatildeo poliacutetica dos Gregos a pragmaacutetica teatral e a escrita romanesca antiga

Faacutebio Vergara Cerqueira eacute Professor Adjunto do Instituto de Ciecircncias Humanas da Universidade Federal de Pelotas pesquisador PQ‑2 do CNPq Professor Visitante na Universidade de Heidelberg Bolsista Fundaccedilatildeo Humboldt ldquoPesquisador Experienterdquo Principais aacutereas de interesse satildeo histoacuteria e arqueologia da Greacutecia antiga e sua recepccedilatildeo enfocando muacutesica iconografia ceramologia gecircnero memoacuteria social identidade e patrimocircnio cultural

Guillermina Gonzaacutelez Almenara es Profesor Contratado Doctor Tipo 1 vinculada con el Aacuterea de Filologiacutea Griega del Departamento de Filologiacutea Claacutesica Francesa Aacuterabe y Romaacutenica de la Universidad de La Laguna Sus principales liacuteneas de investi‑gacioacuten son la mujer y el aacutembito femenino en la Grecia antigua Historiografiacutea griega Historia y civilizacioacuten de la Grecia antigua

Ivana S Chialva es Doctora en Letras Investigadora Asistente del Conicet y Profesora de Griego y Literaturas griega y latina de la Facultad de Humanidades y Ciencias de la Universidad Nacional del Litoral (Santa Fe Argentina) Sus tra‑bajos sobre el mundo antiguo se focalizan en la relacioacuten entre primera y segunda sofiacutestica y en la influencia de este uacuteltimo fenoacutemeno en la prosa narrativa griega de eacutepoca imperial especialmente la retoacuterica la biografiacutea y la novela en sus diferentes formas

Jesuacutes-Mordf Nieto Ibaacutentildeez es Catedraacutetico de Filologiacutea Griega de la Universidad de Leoacuten Sus liacuteneas de investigacioacuten son la literatura judiacutea en lengua griega los primeros textos cristianos el Humanismo y la Tradicioacuten claacutesica Actualmente dirige un Proyecto de

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investigacioacuten sobre el Humanismo la Tradicioacuten claacutesica y patriacutestica y la exeacutegesis biacuteblica en los siglos XVI y XVII

Joaquim Pinheiro eacute Professor Auxiliar da Universidade da Madeira e investigador do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a biografia antiga a Segunda Sofiacutestica a retoacuterica claacutessica e o pensamento poliacutetico dos Gregos

Joseacute M Candau es Catedraacutetico de Filologiacutea Griega en la Universidad de Sevilla Sus principales aacutereas de investigacioacuten son la historiografiacutea griega y Plutarco

Loraine Oliveira eacute professora de Filosofia da Universidade de Brasiacutelia Publicou o livro Plotino escultor de mitos pela Imprensa da Universidade de CoimbraAnnablume em 2014 Vem se dedicando principalmente a estudar os mitos em Plotino Plutarco e Porfiacuterio assim como o vegetarianismo em Plutarco e Porfiacuterio

Maria Aparecida de Oliveira Silva eacute professora visitante do Programa de Poacutes‑Gradu‑accedilatildeo em Letras Claacutessicas da Universidade de Satildeo Paulo e Professora Pesquisadora do Programa de Poacutes‑Graduaccedilatildeo em Histoacuteria da Universidade Federal de Satildeo Paulo Liacuteder do Grupo CNPq LABHAN Laboratoacuterio de Histoacuteria Antiga da Universidade Federal do Amapaacute Pesquisadora do Grupo CNPq Linceu ‑ Visotildees da Antiguidade Claacutessica da Universidade Estadual Paulista Pesquisadora do Grupo Retoacuterica Texto y Comunicacioacuten da Universidad de Caacutediz Membro do Conselho Acadecircmico do Seminaacuterio de Histoacuteria e Filosofia das Religiotildees da Universidad Autoacutenoma de Ciudad Juaacuterez mdash Meacutexico Pesquisa e publica trabalhos sobre Esparta Plutarco e biografia antiga

M Teresa Fau Ramos es Profesora Titular del Departament de Filologia Grega de la Universitat de Barcelona y miembro del Grup de Recerca Graecia Capta que investiga la pervivencia de la identidad griega bajo el imperio romano Sus principales aacutereas de intereacutes cientiacutefico son la historia e instituciones de la Grecia claacutesica y post‑claacutesica la religioacuten helena (paganismo) y diversos aspectos del cristianismo primitivo

Pilar Goacutemez Cardoacute es profesora titular de Filologiacutea Griega en la Universidad de Barcelona donde imparte docencia e investiga desde 1981 Doctora en Filologiacutea Claacutesica desde 1987 con una tesis sobre la tradicioacuten yaacutembica y la faacutebula (La Vida drsquoIsop entre el iambe la faula i la novella) es autora de numerosos artiacuteculos y capiacutetulos de libros sobre la literatura griega de eacutepoca imperial romana en especial sobre Segunda Sofiacutestica y novela ha estudiado principalmente autores como Luciano en cuya edicioacuten y traduccioacuten al castellano para la coleccioacuten Alma Mater participa Plutarco Dioacuten de Prusa o Elio Ariacutestides Es miembro del grupo de investigacioacuten Graecia Capta de la Universidad de Barcelona

Roosevelt Rocha eacute Professor Adjunto do curso de Letras da Universidade Federal do Paranaacute (Brasil) e pesquisador ligado ao Programa de Poacutes‑Graduaccedilatildeo em Letras da

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mesma Universidade As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a poesia grega arcaica (elegia jambo e meacutelica) a muacutesica grega antiga e o estudo da performance da poesia grega dos periacuteodos arcaico e claacutessico

Vicente Ramoacuten es Profesor Tiular de Filologiacutea Griega de la Universidad de Zara‑goza Sus intereses cientiacuteficos pueden sintetizarse en las siguientes liacuteneas Plutarco de Queronea y la biografiacutea poliacutetica historiografiacutea griega retoacuterica y oratoria griegas tradicioacuten claacutesica teatro griego la irreligiosidad en la Atenas Claacutesica

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Volumes publicados na Colecccedilatildeo Humanitas Supplementum

1 Francisco de Oliveira Claacuteudia Teixeira e Paula Barata Dias Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 1 ndash Liacutenguas e Literaturas Greacutecia e Roma (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

2 Francisco de Oliveira Claacuteudia Teixeira e Paula Barata Dias Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 2 ndash Liacutenguas e Literaturas Idade Meacutedia Renascimento Recepccedilatildeo (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

3 Francisco de Oliveira Jorge de Oliveira e Manuel Patriacutecio Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 3 ndash Histoacuteria Arqueologia e Arte (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2010)

4 Maria Helena da Rocha Pereira Joseacute Ribeiro Ferreira e Francisco de Oliveira (Coords) Horaacutecio e a sua perenidade (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

5 Joseacute Luiacutes Lopes Brandatildeo Maacutescaras dos Ceacutesares Teatro e moralidade nas Vidas suetonianas (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

6 Joseacute Ribeiro Ferreira Delfim Leatildeo Manuel Troumlster and Paula Barata Dias (eds) Symposion and Philanthropia in Plutarch (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

7 Gabriele Cornelli (Org) Representaccedilotildees da Cidade Antiga Categorias histoacutericas e discursos filosoacuteficos (Coimbra Classica DigitaliaCECHGrupo Archai 2010)

8 Maria Cristina de Sousa Pimentel e Nuno Simotildees Rodrigues (Coords) Sociedade poder e cultura no tempo de Oviacutedio (Coimbra Classica DigitaliaCECHCECCH 2010)

9 Franccediloise Frazier et Delfim F Leatildeo (eds) Tychegrave et pronoia La marche du monde selon Plutarque (Coimbra Classica DigitaliaCECH Eacutecole Doctorale 395 ArScAn‑THEMAM 2010)

10 Juan Carlos Iglesias‑Zoido El legado de Tuciacutedides en la cultura occidental (Coimbra Classica DigitaliaCECH ARENGA 2011)

11 Gabriele Cornelli O pitagorismo como categoria historiograacutefica (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2011)

12 Frederico Lourenccedilo The Lyric Metres of Euripidean Drama (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2011)

13 Joseacute Augusto Ramos Maria Cristina de Sousa Pimentel Maria do Ceacuteu Fialho Nuno Simotildees Rodrigues (coords) Paulo de Tarso Grego e Romano Judeu e Cristatildeo (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

14 Carmen Soares amp Paula Barata Dias (coords) Contributos para a histoacuteria da alimentaccedilatildeo na antiguidade (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

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15 Carlos A Martins de Jesus Claudio Castro Filho amp Joseacute Ribeiro Ferreira (coords) Hipoacutelito e Fedra ‑ nos caminhos de um mito (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

16 Joseacute Ribeiro Ferreira Delfim F Leatildeo amp Carlos A Martins de Jesus (eds) Nomos Kosmos amp Dike in Plutarch (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

17 Joseacute Augusto Ramos amp Nuno Simotildees Rodrigues (coords) Mnemosyne kai Sophia (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

18 Ana Maria Guedes Ferreira O homem de Estado ateniense em Plutarco o caso dos Alcmeoacutenidas (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

19 Aurora Loacutepez Andreacutes Pocintildea amp Maria de Faacutetima Silva De ayer a hoy influencias claacutesicas en la literatura (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

20 Cristina Pimentel Joseacute Luiacutes Brandatildeo amp Paolo Fedeli (coords) O poeta e a cidade no mundo romano (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

21 Francisco de Oliveira Joseacute Luiacutes Brandatildeo Vasco Gil Mantas amp Rosa Sanz Serrano (coords) A queda de Roma e o alvorecer da Europa (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

22 Luiacutesa de Nazareacute Ferreira Mobilidade poeacutetica na Greacutecia antiga uma leitura da obra de Simoacutenides (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica DigitaliaCECH 2013)

23 Faacutebio Cerqueira Ana Teresa Gonccedilalves Edalaura Medeiros amp JoseacuteLuiacutes Brandatildeo Saberes e poderes no mundo antigo Vol I ndash Dos saberes (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia2013) 282 p

24 Faacutebio Cerqueira Ana Teresa Gonccedilalves Edalaura Medeiros amp Delfim Leatildeo Saberes e poderes no mundo antigo Vol II ndash Dos poderes (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013) 336 p

25 Joaquim J S Pinheiro Tempo e espaccedilo da paideia nas Vidas de Plutarco (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013) 458 p

26 Delfim Leatildeo Gabriele Cornelli amp Miriam C Peixoto (coords) Dos Homens e suas Ideias Estudos sobre as Vidas de Dioacutegenes Laeacutercio (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013)

27 Italo Pantani Margarida Miranda amp Henrique Manso (coords) Aires Barbosa na Cosmoacutepolis Renascentista (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2013)

28 Francisco de Oliveira Maria de Faacutetima Silva Tereza Virgiacutenia Ribeiro Barbosa (coords) Violecircncia e transgressatildeo uma trajetoacuteria da Humanidade (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

29 Priscilla Gontijo Leite Eacutetica e retoacuterica forense asebeia e hybris na caracterizaccedilatildeo dos adversaacuterios em Demoacutestenes (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

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30 Andreacute Carneiro Lugares tempos e pessoas Povoamento rural romano no Alto Alentejo ‑ Volume I (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2014)

31 Andreacute Carneiro Lugares tempos e pessoas Povoamento rural romano no Alto Alentejo ‑ Volume II (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2014)

32 Pilar Goacutemez Cardoacute Delfim F Leatildeo Maria Aparecida de Oliveira Silva (coords) Plutarco entre mundos visotildees de Esparta Atenas e Roma (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

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Resumo da obra

A vasta e variada obra de Plutarco permite sempre uma abordagem a partir de distintas

perspetivas com diferentes intenccedilotildees e propoacutesitos variados No entanto eacute importante

identificar tambeacutem fios comuns nessa abordagem porque permitem demonstrar tanto a

niacutevel formal como de conteuacutedo que haacute muitos elementos comuns que permeiam o trabalho

de Plutarco

Os treze contributos para este volume tecircm como elo comum o nome de trecircs cidades

Esparta Atenas e Roma Elas representam espaccedilos poliacuteticos e institucionais diversos dada

a sua extensatildeo geograacutefica e cronoloacutegica mas simbolizam igualmente diferentes modelos

de organizaccedilatildeo social atraveacutes dos quais a Greacutecia pode ser contrastada com Roma ou Atenas

comparada com Esparta mdash ainda que o seu verdadeiro interesse na obra de Plutarco seja

que representam sempre locais paradigmaacuteticos onde vivem e convivem pessoas Por

isso os estudiosos de Plutarco que contribuiacuteram para este volume procuram analisar em

cada uma dessas cidades seja por assimilaccedilatildeo ou por contraste a forma como o autor de

Queroneia aborda a ligaccedilatildeo entre indiviacuteduo e comunidade a partir do exerciacutecio do poder

e da experiecircncia religiosa qual o papel da educaccedilatildeo e do domiacutenio privado na projeccedilatildeo

puacuteblica dos protagonistas retratados por Plutarco ou ateacute que ponto a imagem dos primeiros

legisladores e fundadores miacuteticos foi condicionada pela evoluccedilatildeo histoacuterica destas mesmas

cidades

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Page 33: Versão integral disponível em digitalis.uc · visões de Esparta, Atenas e Roma IMPRENSA DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA COIMBRA UNIVERSITY PRESS ANNABLUME Versão integral disponível

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A Esparta de Plutarco entre a guerra e as artes

de um seguidor das leis de Licurgo Nesse sentido Plutarco diz que o dinheiro e o ouro deveriam ser mandados embora de Esparta porque eles eram flagelos importados que despertavam a cobiccedila e promoviam a degeneraccedilatildeo dos costumes (c 17) Desse ponto de vista Lisandro prejudicou Esparta justamente porque promoveu seu enriquecimento e contribuiu para a dissoluccedilatildeo da frugalidade e da simplicidade que caracterizavam o cotidiano dos lacocircnios antes das vitoacuterias espartanas na Guerra do Peloponeso6

Na Vida de Agesilau Plutarco nos conta que o biografado foi o segundo filho de Arquidamo (o primeiro tinha sido Aacutegis) e que por isso ele natildeo seria o herdeiro direto do trono de Esparta De qualquer modo Agesilau foi educado de acordo com a agoge lacedemocircnia e nosso autor faz questatildeo de frisar que em decorrecircncia disso o liacuteder espartano sempre respeitou e praticou as leis de sua cidade (c 1) Mesmo apresentando uma pequena diferenccedila de tamanho de uma perna para a outra ele tinha outras qualidades espartanas como a honestidade a mansidatildeo e a beleza fiacutesica (c 2) Sua formaccedilatildeo foi tatildeo bem sucedida que diferente de Alexandre o grande e de Haniacutebal Agesilau foi um general que conquistou importantes vitoacuterias e mesmo assim nunca deixou de obedecer agraves leis espartanas (c 15) Mesmo depois de tornar‑se um lendaacuterio vencedor ele voltou a Esparta e continuou o mesmo homem de antes sem apresentar nenhuma novidade no seu comportamento diferente de outros estrategos quando voltavam de longas expediccedilotildees a terras estrangeiras (c 19)

Plutarco nos conta que Lisandro ndashque dizem ter sido amante de Agesilau na juventude (c 2)ndash pretendia introduzir muitas inovaccedilotildees e mudanccedilas no governo da Lacocircnia (c 20) Embora outros liacutederes de Esparta como Antaacutelcidas tenham feito acordos com os Persas e tenham abandonado laquocovarde e maldosamenteraquo os gregos da Aacutesia sob o domiacutenio dos baacuterbaros como nos diz Plutarco (c 23) Agesilau sempre foi um defensor da justiccedila Entre os capiacutetulos 29 e 30 da Vida de Agesilau nosso autor nos conta que os espartanos que perderam parentes na bata‑lha de Leuctra (em 371 a C) se alegraram e os que natildeo perderam ficaram tristes De certa forma eles responsabilizaram Agesilau pela derrota e lamentaram ter aceito um rei coxo Contudo Agesilau tinha boa reputaccedilatildeo e era muito virtuoso Prova disso eacute que sem promover nenhuma inovaccedilatildeo ele disse que era preciso fazer as leis dormirem para que retomassem a autoridade que tiveram no passado

Entretanto Plutarco natildeo faz apenas elogios a Agesilau Cartledge (1987 418) observa que ele faz criacuteticas a Agesilau por causa de sua ingratidatildeo em relaccedilatildeo a Lisandro (c 8) e condena seu comportamento porque ele teria hon‑rado mais os amigos do que a justiccedila (c 13 ver tambeacutem Moralia 807d) Aleacutem disso Plutarco via uma relaccedilatildeo direta entre a decadecircncia de Esparta e a ascenccedilatildeo

6 Sobre isso ver Duff (2002) 161‑204 e a introduccedilatildeo de Flaceliegravere e Chambry em Plutarque (1971) 158‑173

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ilegiacutetima de Agesilau ao trono (c 21) Poreacutem no geral nosso autor eacute tatildeo favoraacutevel e simpaacutetico a Agesilau quanto Xenofonte que tambeacutem escreveu uma biografia do rei espartano a qual certamente serviu de base para a Vida composta pelo poliacutemata de Queroneia Segundo Cartledge (1987 418) para Plutarco Agesilau foi a encarnaccedilatildeo das virtudes peculiarmente espartanas simplicidade piedade e autocontrole7

Depois na Vida de Aacutegis e na Vida de Cleocircmenes Plutarco narra os uacuteltimos momentos da histoacuteria da Esparta independente ou seja o ponto mais baixo da decadecircncia daquela cidade Os reis Aacutegis e Cleocircmenes que reinaram no seacuteculo III a C tentaram restaurar os antigos valores dos tempos de Licurgo Eles tinham os dons naturais para levar essa tarefa a cabo Aacutegis tinha grandeza de alma e se insurgia contra os prazeres desde antes dos vinte anos (c 4) natildeo gostava de rou‑pas luxuosas e baniu toda suntuosidade para aderir aos antigos haacutebitos lacocircnios caracterizados pela simplicidade de vida Mas seu exemplo e sua energia natildeo foram suficientes para restaurar os costumes tradicionais e ele foi assassinado ainda muito jovem (cc 19‑21) Aquela Esparta incorrupta e valorosa dos tempos de Licurgo dava seus uacuteltimos suspiros

Cleocircmenes natildeo era parente de Aacutegis mas foi obrigado a se casar com a vi‑uacuteva do rei assassinado ou seja Agiaacutetis Segundo Plutarco (c 1) Cleocircmenes era ambicioso e tinha grandeza de alma Era temperante e simples como Aacutegis Ele tambeacutem quiz restaurar os antigos costumes espartanos (c 11) Primeiro depois de longa disputa poliacutetica abriu matildeo de seus bens Depois distribuiu as terras entre os cidadatildeos Restabeleceu a educaccedilatildeo dos jovens e a disciplina espartana Ele proacuteprio levou uma vida simples e frugal para dar o exemplo aos outros la‑cedemocircnios sem insolecircncia nem orgulho excessivo ou seja como um modelo de temperanccedila (c 13) Mesmo quando perdeu sua esposa Agiaacutetis por quem se enamorara verdadeiramente Cleocircmenes manteve a firmeza e seu caraacuteter elevado e tomou as providecircncias necessaacuterias para garantir a seguranccedila de seus soldados e aliados (c 22) Depois de reinar por dezesseis anos Cleocircmenes morreu (cc 37‑38) e assim terminou a histoacuteria de Esparta como cidade politicamente autocircnoma

Ateacute aqui vimos que podemos encontrar nas Vidas dos liacutederes espartanos escritas por Plutarco aquela imagem caracterizada por um conjunto de valores que parecem ter ganhado forccedila numa eacutepoca lendaacuteria e foram se enfraquecendo conforme o tempo foi passando e Esparta foi estendendo seu poder para fora da Lacedemocircnia Nesse quadro vemos uma cidade altamente militarizada de guerreiros corajosos disciplinados e afeitos a uma vida sem luxos e sem confortos Isso poderia indicar que os espartanos eram um povo rude pouco sofisticado e fechado para as artes

7 Cf tambeacutem a introduccedilatildeo de Flaceliegravere e Chambry em Plutarque (1973) 85‑88 e Shipley (1998) 1‑46

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Poreacutem vaacuterias fontes arqueoloacutegicas vasculares e mesmo literaacuterias nos mostram o contraacuterio Apesar de Tuciacutedides (1102) ter dito que os edifiacutecios em Esparta eram modestos e natildeo correspondiam ao tamanho do poder militar e poliacutetico da cidade dos lacedemocircnios em seu apogeu a avaliaccedilatildeo dos monumentos arquitetocircnicos espartanos precisa ser feita com cuidado Eacute preciso lembrar que Esparta natildeo foi destruiacuteda nas Guerras Meacutedicas como Atenas foi A capital da Aacutetica foi reconstruiacuteda e uma grande soma de dinheiro afluiu para ela por causa das contribuiccedilotildees dos aliados da Liga de Delos Isso natildeo aconteceu com a princi‑pal cidade da Lacocircnia Desse modo nela foram conservados edifiacutecios antigos do seacuteculo VI a C que apresentavam outro estilo de construccedilatildeo mais arcaizante do que claacutessico Dependendo do ponto de vista um estilo pode ser mais valorizado do que o outro

De qualquer modo Pausacircnias (3113) viajante do seacuteculo II d C que fez uma descriccedilatildeo de vaacuterias cidades da Greacutecia daquela eacutepoca nos informa que havia em Esparta vaacuterios monumentos que despertavam a admiraccedilatildeo daqueles que por ali passavam tal como o Poacutertico Persa construiacutedo inicialmente com o butim amealhado na guerra contra os persas Outros exemplos de edifiacutecios que nos uacuteltimos anos vecircm sendo estudados satildeo o templo de Apolo em Amiclas o templo de Aacutertemis Oacutertia e o Menelaion onde eram cultuados Menelau e Helena8

Cartledge (2002 111) nos informa que depois de 690 a C pintores de vasos da Lacocircnia sofreram influecircncia de artistas do Egeu e adotaram o chamado estilo lsquoorientalizantersquo o que mostra que na praacutetica Esparta natildeo estava isolada do resto do mundo helecircnico Ainda segundo Cartledge nessa eacutepoca artesatildeos lacocircnios que trabalhavam com bronze comeccedilaram a se interessar pela representaccedilatildeo de figuras humanas em suas obras e por volta de 650 a C comeccedilou a se desenvolver na regiatildeo de Esparta o uso do marfim para produccedilatildeo de objetos gravados Vemos entatildeo que o ambiente artiacutestico na Lacedemocircnia entre 775 e 650 a C natildeo era de modo algum esteacuteril ou sem importacircncia9

Como Burn (1960 275‑276) explica Esparta natildeo virou suas costas para a arte e a poesia Prova disso eacute que vasos com detalhes refinados foram fabricados ali e exportados para outras regiotildees da Heacutelade ateacute 550 a C mais ou menos Por volta de 600 a C Gitiadas poeta escultor e arquiteto projetou o Templo de Atena tambeacutem conhecido como Casa de Bronze por causa das placas feitas com esse metal para decorar o edifiacutecio E em 585 a C o segundo templo de Oacutertia foi construiacutedo Ou seja havia artesatildeos trabalhando em Esparta no periacuteodo arcaico que produziram obras dignas de admiraccedilatildeo10

8 Para mais informaccedilotildees sobre a arqueologia e a arquitetura espartanas ver Walker (1998) Kaltsas (2007) e Cavanagh (2009)

9 Sobre isso ver tambeacutem Burn (1960) 180‑184 e Stibbe (1996) passim10 Ver tambeacutem Burn (1960) 280‑282 e Cartledge (2002) 133‑136

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No que diz respeito agrave muacutesica Plutarco nos daacute significativos testemunhos da sua importacircncia em ambiente espartano tanto nas Vidas quanto nos Moralia Na Vida de Licurgo no c 4 por exemplo encontramos a informaccedilatildeo segundo a qual o legislador lendaacuterio teria convidado um poeta‑legislador de Creta para ir a Esparta com ele Esse poeta se chamava Tales Mas talvez tenha havido alguma confusatildeo na tradiccedilatildeo manuscrita e esse Tales poderia ser o Taletas de Gortina mencionado algumas vezes no livro Sobre a Muacutesica tambeacutem de Plutarco Ele teria sido o responsaacutevel por curar os espartanos de uma peste com o seu canto11 Aleacutem disso no mesmo c 4 nos eacute dito que Licurgo teria sido o responsaacutevel por levar os poemas de Homero da Jocircnia para sua cidade

Depois no c 21 da mesma Vida Plutarco nos diz que os lacedemocircnios apreciavam se dedicar agrave poesia meacutelica porque as canccedilotildees estimulavam seus espiacuteritos e lhes davam coragem para enfrentar os inimigos nas batalhas Seu estilo era simples e seus temas eram seacuterios com o objetivo de promover uma boa formaccedilatildeo dos caraacuteteres Nelas eram louvados os heroacuteis de Esparta e condenados os covardes que natildeo lutaram ateacute o fim para defender sua cidade Nos festivais eram organizados trecircs coros de acordo com as idades um de velhos outro de adultos e outro de jovens Cada um cantava sobre a sua bravura uns falavam dos seus feitos no passado os outros tratavam das suas accedilotildees no presente e os uacuteltimos cantavam sobre o seu desejo de realizar grandes proezas no futuro Esses seriam os temas baacutesicos das canccedilotildees em Esparta e por isso segundo Plutarco Terpandro e Piacutendaro estavam corretos ao associar bravura e muacutesica e ao mostrar que os espartanos eram o povo mais aguerrido e mais musical

Por isso natildeo era por acaso que os jovens cantavam o nomo de Caacutestor e o peatilde da marcha (c 22) e em todo lugar havia danccedilas festas e banquetes quando natildeo havia expediccedilotildees militares (c 24) Contudo o gosto pela boa muacutesica e pela boa poesia natildeo era caracteriacutestico de todos os habitantes da Lacocircnia tendo em vista que os hilotas danccedilavam e cantavam canccedilotildees vulgares e grotescas diferentes das composiccedilotildees de Aacutelcman Terpandro e Especircndon (c 28) Isso na verdade estava associado ao fato de eles serem escravos e por isso era compreensiacutevel que eles apreciassem canccedilotildees vis como eles proacuteprios

Na Vida de Lisandro encontramos algumas informaccedilotildees que reforccedilam a impressatildeo de que os espartanos tinham sim grande sensibilidade para a muacutesica No c 15 ficamos sabendo que os lacocircnios depois de conquistar Atenas em 404 a C queriam destruir aquela cidade mas apoacutes ouvir um coro da Electra de Euriacutepides desistiram Em seguida no c 18 Plutarco nos conta que Lisandro estava sempre acompanhado do poeta Queacuterilo encarregado de celebrar os feitos do general E outros poetas tambeacutem celebraram Lisandro segundo nosso autor

11 Ver Plu Mus 42 (1146B‑C) e Gostoli (1990) 12‑13 e

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Na Vida de Agesilau c 14 lemos que os espartanos apreciavam uma parte da poesia de Timoacuteteo de Mileto poeta que teria tido algumas cordas de sua ciacutetara cortadas quando de uma sua visita a Esparta porque os eacuteforos julgavam que natildeo seriam necessaacuterias mais do que sete cordas e o instrumento do poeta tinha onze12 Essa anedota indica que os lacocircnios natildeo apreciavam inovaccedilotildees Poreacutem a informaccedilatildeo do c 14 da Vida de Agesilau mostra que eles poderiam aceitar pelo menos uma parte da obra de um poeta inovador desde que essa parte se adequas‑se ao gosto e agraves tradiccedilotildees do local Tambeacutem nessa mesma Vida c 21 Plutarco nos diz que o rei Agesilau apreciava os cantos e as danccedilas mesmo natildeo sendo um lsquoespecialistarsquo nas artes

Por fim na Vida de Aacutegis c 10 encontramos um elogio a Terpandro a Ta‑les (Taletas) e a Fereacutecides porque mesmo sendo estrangeiros professavam o que Licurgo instituiu e por isso foram muito honrados em Esparta Na Vida de Cleocircmenes c 2 somos informados que o rei Leocircnidas elogiou Tirteu algo facilmente compreensiacutevel tendo em vista o caraacuteter estimulante e guerreiro das elegias daquele poeta Aleacutem disso nessa mesma Vida citada por uacuteltimo c 12 Plutarco nos conta que Cleocircmenes certa vez teria encontrado alguns artistas de Dioniso muacutesicos e atores profissionais que iam de cidade em cidade para se apresentar e construiu um teatro Isso mostra que esse rei estimulou de alguma maneira as atividades artiacutesticas mesmo que ele natildeo tivesse o costume de levar artistas com seu exeacutercito de acordo com Plutarco e nem apreciasse apresentaccedilotildees musicais nos seus banquetes (c 13)

Tudo isso mostra que Esparta era uma cidade onde a muacutesica tinha um papel importe na educaccedilatildeo e na guerra e que os lacocircnios natildeo eram um povo obtuso e indiferente ao poder das melodias De acordo com Plutarco tendo em vista agora algumas passagens dos Moralia os espartanos passavam por treinamento rigoroso no que diz respeito agrave muacutesica e agrave poesia e suas canccedilotildees estimulavam os espiacuteritos e faziam com que os homens se sentissem entusiasmados e se esfor‑ccedilassem para ser bem sucedidos Em vaacuterias passagens das suas Obras Morais ele elogia o estilo da muacutesica deles porque ela era simples e natildeo afetada e seus temas eram seacuterios e edificantes Se algueacutem estudasse a poesia e as canccedilotildees de marcha de Esparta acompanhadas pelo aulo essa pessoa concordaria que Terpandro e Piacutendaro estavam certos ao associar valor (andreia) e muacutesica Como vimos acima nos trechos citados das Vidas Plutarco tambeacutem diz que os Espartanos eram o povo ao mesmo tempo mais musical (mousikotatous) e o mais afeito agrave guerra (polemikotatous)13

No livro sobre os Antigos Costumes dos Espartanos Plutarco tambeacutem elogia os ritmos das canccedilotildees de marcha (embaterioi rhythmoi) porque eles despertavam

12 Ver Plu Agis 1013 Cf Lyc 211‑4

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a coragem a audaacutecia e o desdeacutem pela morte requisitos indispensaacuteveis para o guerreiro valoroso Os espartanos usavam esses ritmos para danccedilar mas tambeacutem quando avanccedilavam contra os inimigos ao som do aulo Plutarco lembra que Li‑curgo associava o amor pela muacutesica agrave praacutetica militar para que o espiacuterito guerreiro combinado com a melodia tivesse concordacircncia e harmonia (symphonia kai har‑monia) Por isso em tempos de guerra os reis espartanos ofereciam sacrifiacutecios agraves Musas antes de ir para a batalha como Plutarco nos conta nos Instituta Laconica 16 (238B‑C)

E para manter a pureza da sua muacutesica e dos seus costumes os espartanos agraves vezes recorriam a atos violentos Como Plutarco reporta nos Instituta Laconica 17 (238C‑D) eles natildeo permitiriam que ningueacutem desrespeitasse de modo algum as regras da muacutesica do passado Nem mesmo Terpandro um dos mais antigos e melhores citaredos (aqueles que cantavam acompanhados da ciacutetara ou da lira) teria a permissatildeo para acrescentar uma corda extra ao seu instrumento para que suas melodias fossem mais variadas Ele tentou fazer isso mas os eacuteforos pregaram sua lira numa parede por causa do seu ato iacutempio contraacuterio agrave tradiccedilatildeo Em outra ocasiatildeo um dos eacuteforos teria procedido com mais violecircncia quando Timoacuteteo o famoso muacutesico inovador que floresceu na segunda metade do seacuteculo V a C estava competindo no festival das Carneias ele pegou uma faca e perguntou ao muacutesico de que lado ele deveria cortar as cordas supeacuterfluas cujo nuacutemero ultra‑passava o tradicional de sete cordas Outras variantes dessa histoacuteria satildeo contadas por Plutarco em outros textos mas nessas outras passagens Friacutenis outro muacutesico inovador da segunda metade do seacuteculo V a C eacute o protagonista14

Mas para aleacutem da sua importacircncia na educaccedilatildeo e nos contextos de bata‑lha a muacutesica tinha grande significado tambeacutem nas momentos das celebraccedilotildees religiosas Dentre as festividades religiosas realizadas na Lacedemocircnia uma das mais importantes era a das Carneias realizada em Esparta e intimamente ligada agrave histoacuteria de Terpandro As origens desse festival eram muito antigas anteriores ao seacuteculo VIII a C tendo em vista que no seacuteculo VII os colonizadores espartanos da cidade italiana de Tarento jaacute tinham o costume de celebraacute‑la15 As Carneias eram dedicadas ao deus Apolo Carneu Em Esparta havia concursos musicais e atleacuteti‑cos uma corrida de jovens e um banquete ritual que contava com a participaccedilatildeo dos homens adultos que representavam as fratrias O festival era organizado por cidadatildeos solteiros e era o momento adequado para que os jovens que jaacute haviam completado seu periacuteodo de formaccedilatildeo ingressassem na vida adulta16

O que nos interessa aqui eacute o papel que a muacutesica desempenhava no contexto dessas festividades Um elemento importante nesses momentos de comemoraccedilatildeo

14 Cf Prof virt 84A Apophth Lac 220C e Agis 107 jaacute citada na nota 9 Cf Rocha (2008) 654‑655

15 Brelich (1969) 181‑18216 Brelich (1969) 149‑150

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eram os concursos A realizaccedilatildeo de concursos musicais no acircmbito do festival das Carneias natildeo teria acontecido desde o iniacutecio A introduccedilatildeo de agones provavel‑mente ocorreu quando Terpandro migrou de Metimna (Lesbos) para Esparta na primeira metade do seacuteculo VII a C Nesse contexto eacute importante considerar o testemunho de Helacircnico17 segundo o qual Terpandro teria sido o primeiro a vencer o concurso musical nas Carneias Esse fato parece estar diretamente relacionado agrave fundaccedilatildeo da primeira escola musical (katastasis) em Esparta por obra do mesmo Terpandro Segundo Brelich (1969 186‑191) eacute muito provaacutevel que a introduccedilatildeo do concurso musical nas Carneias tenha sido influenciada pela proacutepria katastasis18 Essa hipoacutetese ganha forccedila se consideramos o capiacutetulo 9 do tratado Sobre a Muacutesica como um todo Ali Plutarco fala da primeira katastasis fundada por Terpandro e menciona tambeacutem a segunda katastasis liderada por Taletas de Gortina Xenoacutedamo de Citera Xenoacutecrito de Locres Polimnesto de Coacutelofon e Saacutecadas de Argos muacutesicos que teriam instituiacutedo as Gimnopeacutedias em Esparta as Apodeixeis na Arcaacutedia e as Endimaacutetias em Argos Jaacute que os membros da segunda escola musical foram fundadores de festivais19 em diferentes cidades do Peloponeso Terpandro tambeacutem pode ter desempenhado o mesmo papel no contexto das Carneias

No que diz respeito agraves Gimnopeacutedias contudo encontramos uma situaccedilatildeo diferente Possuiacutemos uma grande variedade de informaccedilotildees sobre esse festival que inclusive muitas vezes satildeo contraditoacuterias Mas tratando apenas daquilo que nos interessa aqui sabemos que no periacuteodo das festividades aconteciam apresentaccedilotildees de coros de adolescentes e adultos instituiacutedos em honra a Apolo que cantavam hinos compostos por poetas como Taletas Aacutelcman e Dionisodoto Depois da batalha de Tireia em 544 aC na qual Esparta lutou contra Argos pela posse da Tireaacutetida tornou‑se costumeiro cantar um peatilde em honra dos soldados que morreram naquela ocasiatildeo Por causa desse elemento ritual e da comparaccedilatildeo com as Apodeixeis e as Endimaacutetias as Gimnopeacutedias foram consideradas festas que indicavam o momento no qual os jovens receacutem‑iniciados eram integrados agrave vida militar20

Tendo tudo isso em vista podemos concluir que eacute preciso colocar a miragem espartana em perspectiva Esparta natildeo era tatildeo lsquoespartanarsquo assim e natildeo foi sempre lsquoespartanarsquo Havia espaccedilo naquela cidade para o cultivo das artes tais como a arquitetura a escultura a pintura vascular a muacutesica (que incluiacutea a poesia) e a danccedila Nela floresceram poetas como Aacutelcman Terpandro e Tirteu Nela surgiram escolas poeacuteticomusicais Nela viveram poetas estrangeiros tais como Taletas de

17 FGrHist 4 F 85 = Ateneu 635e = Terpander Test 1 Gostoli18 Cf tambeacutem Gostoli (1990) 84‑8519 Mais do que fundadores de festivais eacute mais verossiacutemil pensar que esses autores foram os

responsaacuteveis pela introduccedilatildeo dos concursos musicais como parte das celebraccedilotildees 20 Cf Gostoli (1990) 85‑86

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Gortina (Creta) e Saacutecadas de Argos E sendo assim houve um ambiente feacutertil e favoraacutevel para o desenvolvimento e o cultivo de atividades artiacutesticas Os esparta‑nos foram sim grandes guerreiros que contribuiacuteram decisivamente para a vitoacuteria dos helenos sobre os persas Eles cultivaram sim suas habilidades guerreiras a ponto de derrotar os atenienses na Guerra do Peloponeso Poreacutem Esparta natildeo foi somente uma comunidade de soldados que dedicavam suas vidas somente agrave guerra Esparta foi tambeacutem uma cidade onde as pessoas cantavam danccedilavam e apreciavam a beleza dos edifiacutecios e dos objetos do cotidiano Eacute preciso reconhecer isso e na obra de Plutarco jaacute encontramos essa imagem multifacetada dessa cul‑tura Basta direcionar os olhos para outras direccedilotildees

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Index nominum

Timoacuteteo 167‑168 178 183Timoacutexena 195Tindaacuteridas 63Tireaacutetida 169Tireia 169Tireacutesias 236Tirteu 167 169 221Titatildes 245Trajano 121Trezena 31 32‑35 38 Tricoacuterito 39Troia 81 124Tuciacutedides 122 160 181Ulisses 81 192Valeacuterio (vd Puacuteblio Valeacuterio)Vestais 58 204Viacutenio 200Xantipo 191 201Xenoacutecrito 169Xenoacutedamo 169Xenofonte 160 164Zaleuco 88Zeus 36 40‑41 220 226 243

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Index nominum

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(Paacutegina deixada propositadamente em branco)

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Notas biograacuteficas dos autores

Aacutelia Rodrigues eacute doutorada em Estudos Claacutessicos (Literatura Grega) e inves‑tigadora do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse satildeo a histoacuteria das ideias poliacuteticas desde os Gregos ateacute agrave modernidade histoacuteria legal e a recepccedilatildeo de temas claacutessicos na contemporaneidade

Ana Ferreira eacute Professora Auxiliar do Departamento de Estudos Portugueses e Ro‑macircnicos da Faculdade de Letras da Universidade do Porto e investigadora do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a histoacuteria antiga a literatura greco‑romana bem como a didaacutectica das liacutenguas claacutessicas

Delfim F Leatildeo eacute Professor Catedraacutetico da Instituto de Estudos Claacutessicos e investiga‑dor do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a histoacuteria antiga o direito e a teorizaccedilatildeo poliacutetica dos Gregos a pragmaacutetica teatral e a escrita romanesca antiga

Faacutebio Vergara Cerqueira eacute Professor Adjunto do Instituto de Ciecircncias Humanas da Universidade Federal de Pelotas pesquisador PQ‑2 do CNPq Professor Visitante na Universidade de Heidelberg Bolsista Fundaccedilatildeo Humboldt ldquoPesquisador Experienterdquo Principais aacutereas de interesse satildeo histoacuteria e arqueologia da Greacutecia antiga e sua recepccedilatildeo enfocando muacutesica iconografia ceramologia gecircnero memoacuteria social identidade e patrimocircnio cultural

Guillermina Gonzaacutelez Almenara es Profesor Contratado Doctor Tipo 1 vinculada con el Aacuterea de Filologiacutea Griega del Departamento de Filologiacutea Claacutesica Francesa Aacuterabe y Romaacutenica de la Universidad de La Laguna Sus principales liacuteneas de investi‑gacioacuten son la mujer y el aacutembito femenino en la Grecia antigua Historiografiacutea griega Historia y civilizacioacuten de la Grecia antigua

Ivana S Chialva es Doctora en Letras Investigadora Asistente del Conicet y Profesora de Griego y Literaturas griega y latina de la Facultad de Humanidades y Ciencias de la Universidad Nacional del Litoral (Santa Fe Argentina) Sus tra‑bajos sobre el mundo antiguo se focalizan en la relacioacuten entre primera y segunda sofiacutestica y en la influencia de este uacuteltimo fenoacutemeno en la prosa narrativa griega de eacutepoca imperial especialmente la retoacuterica la biografiacutea y la novela en sus diferentes formas

Jesuacutes-Mordf Nieto Ibaacutentildeez es Catedraacutetico de Filologiacutea Griega de la Universidad de Leoacuten Sus liacuteneas de investigacioacuten son la literatura judiacutea en lengua griega los primeros textos cristianos el Humanismo y la Tradicioacuten claacutesica Actualmente dirige un Proyecto de

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investigacioacuten sobre el Humanismo la Tradicioacuten claacutesica y patriacutestica y la exeacutegesis biacuteblica en los siglos XVI y XVII

Joaquim Pinheiro eacute Professor Auxiliar da Universidade da Madeira e investigador do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a biografia antiga a Segunda Sofiacutestica a retoacuterica claacutessica e o pensamento poliacutetico dos Gregos

Joseacute M Candau es Catedraacutetico de Filologiacutea Griega en la Universidad de Sevilla Sus principales aacutereas de investigacioacuten son la historiografiacutea griega y Plutarco

Loraine Oliveira eacute professora de Filosofia da Universidade de Brasiacutelia Publicou o livro Plotino escultor de mitos pela Imprensa da Universidade de CoimbraAnnablume em 2014 Vem se dedicando principalmente a estudar os mitos em Plotino Plutarco e Porfiacuterio assim como o vegetarianismo em Plutarco e Porfiacuterio

Maria Aparecida de Oliveira Silva eacute professora visitante do Programa de Poacutes‑Gradu‑accedilatildeo em Letras Claacutessicas da Universidade de Satildeo Paulo e Professora Pesquisadora do Programa de Poacutes‑Graduaccedilatildeo em Histoacuteria da Universidade Federal de Satildeo Paulo Liacuteder do Grupo CNPq LABHAN Laboratoacuterio de Histoacuteria Antiga da Universidade Federal do Amapaacute Pesquisadora do Grupo CNPq Linceu ‑ Visotildees da Antiguidade Claacutessica da Universidade Estadual Paulista Pesquisadora do Grupo Retoacuterica Texto y Comunicacioacuten da Universidad de Caacutediz Membro do Conselho Acadecircmico do Seminaacuterio de Histoacuteria e Filosofia das Religiotildees da Universidad Autoacutenoma de Ciudad Juaacuterez mdash Meacutexico Pesquisa e publica trabalhos sobre Esparta Plutarco e biografia antiga

M Teresa Fau Ramos es Profesora Titular del Departament de Filologia Grega de la Universitat de Barcelona y miembro del Grup de Recerca Graecia Capta que investiga la pervivencia de la identidad griega bajo el imperio romano Sus principales aacutereas de intereacutes cientiacutefico son la historia e instituciones de la Grecia claacutesica y post‑claacutesica la religioacuten helena (paganismo) y diversos aspectos del cristianismo primitivo

Pilar Goacutemez Cardoacute es profesora titular de Filologiacutea Griega en la Universidad de Barcelona donde imparte docencia e investiga desde 1981 Doctora en Filologiacutea Claacutesica desde 1987 con una tesis sobre la tradicioacuten yaacutembica y la faacutebula (La Vida drsquoIsop entre el iambe la faula i la novella) es autora de numerosos artiacuteculos y capiacutetulos de libros sobre la literatura griega de eacutepoca imperial romana en especial sobre Segunda Sofiacutestica y novela ha estudiado principalmente autores como Luciano en cuya edicioacuten y traduccioacuten al castellano para la coleccioacuten Alma Mater participa Plutarco Dioacuten de Prusa o Elio Ariacutestides Es miembro del grupo de investigacioacuten Graecia Capta de la Universidad de Barcelona

Roosevelt Rocha eacute Professor Adjunto do curso de Letras da Universidade Federal do Paranaacute (Brasil) e pesquisador ligado ao Programa de Poacutes‑Graduaccedilatildeo em Letras da

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mesma Universidade As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a poesia grega arcaica (elegia jambo e meacutelica) a muacutesica grega antiga e o estudo da performance da poesia grega dos periacuteodos arcaico e claacutessico

Vicente Ramoacuten es Profesor Tiular de Filologiacutea Griega de la Universidad de Zara‑goza Sus intereses cientiacuteficos pueden sintetizarse en las siguientes liacuteneas Plutarco de Queronea y la biografiacutea poliacutetica historiografiacutea griega retoacuterica y oratoria griegas tradicioacuten claacutesica teatro griego la irreligiosidad en la Atenas Claacutesica

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Nelson
Text Box
(Paacutegina deixada propositadamente em branco)

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Volumes publicados na Colecccedilatildeo Humanitas Supplementum

1 Francisco de Oliveira Claacuteudia Teixeira e Paula Barata Dias Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 1 ndash Liacutenguas e Literaturas Greacutecia e Roma (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

2 Francisco de Oliveira Claacuteudia Teixeira e Paula Barata Dias Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 2 ndash Liacutenguas e Literaturas Idade Meacutedia Renascimento Recepccedilatildeo (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

3 Francisco de Oliveira Jorge de Oliveira e Manuel Patriacutecio Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 3 ndash Histoacuteria Arqueologia e Arte (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2010)

4 Maria Helena da Rocha Pereira Joseacute Ribeiro Ferreira e Francisco de Oliveira (Coords) Horaacutecio e a sua perenidade (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

5 Joseacute Luiacutes Lopes Brandatildeo Maacutescaras dos Ceacutesares Teatro e moralidade nas Vidas suetonianas (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

6 Joseacute Ribeiro Ferreira Delfim Leatildeo Manuel Troumlster and Paula Barata Dias (eds) Symposion and Philanthropia in Plutarch (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

7 Gabriele Cornelli (Org) Representaccedilotildees da Cidade Antiga Categorias histoacutericas e discursos filosoacuteficos (Coimbra Classica DigitaliaCECHGrupo Archai 2010)

8 Maria Cristina de Sousa Pimentel e Nuno Simotildees Rodrigues (Coords) Sociedade poder e cultura no tempo de Oviacutedio (Coimbra Classica DigitaliaCECHCECCH 2010)

9 Franccediloise Frazier et Delfim F Leatildeo (eds) Tychegrave et pronoia La marche du monde selon Plutarque (Coimbra Classica DigitaliaCECH Eacutecole Doctorale 395 ArScAn‑THEMAM 2010)

10 Juan Carlos Iglesias‑Zoido El legado de Tuciacutedides en la cultura occidental (Coimbra Classica DigitaliaCECH ARENGA 2011)

11 Gabriele Cornelli O pitagorismo como categoria historiograacutefica (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2011)

12 Frederico Lourenccedilo The Lyric Metres of Euripidean Drama (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2011)

13 Joseacute Augusto Ramos Maria Cristina de Sousa Pimentel Maria do Ceacuteu Fialho Nuno Simotildees Rodrigues (coords) Paulo de Tarso Grego e Romano Judeu e Cristatildeo (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

14 Carmen Soares amp Paula Barata Dias (coords) Contributos para a histoacuteria da alimentaccedilatildeo na antiguidade (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

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15 Carlos A Martins de Jesus Claudio Castro Filho amp Joseacute Ribeiro Ferreira (coords) Hipoacutelito e Fedra ‑ nos caminhos de um mito (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

16 Joseacute Ribeiro Ferreira Delfim F Leatildeo amp Carlos A Martins de Jesus (eds) Nomos Kosmos amp Dike in Plutarch (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

17 Joseacute Augusto Ramos amp Nuno Simotildees Rodrigues (coords) Mnemosyne kai Sophia (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

18 Ana Maria Guedes Ferreira O homem de Estado ateniense em Plutarco o caso dos Alcmeoacutenidas (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

19 Aurora Loacutepez Andreacutes Pocintildea amp Maria de Faacutetima Silva De ayer a hoy influencias claacutesicas en la literatura (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

20 Cristina Pimentel Joseacute Luiacutes Brandatildeo amp Paolo Fedeli (coords) O poeta e a cidade no mundo romano (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

21 Francisco de Oliveira Joseacute Luiacutes Brandatildeo Vasco Gil Mantas amp Rosa Sanz Serrano (coords) A queda de Roma e o alvorecer da Europa (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

22 Luiacutesa de Nazareacute Ferreira Mobilidade poeacutetica na Greacutecia antiga uma leitura da obra de Simoacutenides (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica DigitaliaCECH 2013)

23 Faacutebio Cerqueira Ana Teresa Gonccedilalves Edalaura Medeiros amp JoseacuteLuiacutes Brandatildeo Saberes e poderes no mundo antigo Vol I ndash Dos saberes (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia2013) 282 p

24 Faacutebio Cerqueira Ana Teresa Gonccedilalves Edalaura Medeiros amp Delfim Leatildeo Saberes e poderes no mundo antigo Vol II ndash Dos poderes (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013) 336 p

25 Joaquim J S Pinheiro Tempo e espaccedilo da paideia nas Vidas de Plutarco (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013) 458 p

26 Delfim Leatildeo Gabriele Cornelli amp Miriam C Peixoto (coords) Dos Homens e suas Ideias Estudos sobre as Vidas de Dioacutegenes Laeacutercio (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013)

27 Italo Pantani Margarida Miranda amp Henrique Manso (coords) Aires Barbosa na Cosmoacutepolis Renascentista (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2013)

28 Francisco de Oliveira Maria de Faacutetima Silva Tereza Virgiacutenia Ribeiro Barbosa (coords) Violecircncia e transgressatildeo uma trajetoacuteria da Humanidade (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

29 Priscilla Gontijo Leite Eacutetica e retoacuterica forense asebeia e hybris na caracterizaccedilatildeo dos adversaacuterios em Demoacutestenes (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

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30 Andreacute Carneiro Lugares tempos e pessoas Povoamento rural romano no Alto Alentejo ‑ Volume I (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2014)

31 Andreacute Carneiro Lugares tempos e pessoas Povoamento rural romano no Alto Alentejo ‑ Volume II (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2014)

32 Pilar Goacutemez Cardoacute Delfim F Leatildeo Maria Aparecida de Oliveira Silva (coords) Plutarco entre mundos visotildees de Esparta Atenas e Roma (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

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Resumo da obra

A vasta e variada obra de Plutarco permite sempre uma abordagem a partir de distintas

perspetivas com diferentes intenccedilotildees e propoacutesitos variados No entanto eacute importante

identificar tambeacutem fios comuns nessa abordagem porque permitem demonstrar tanto a

niacutevel formal como de conteuacutedo que haacute muitos elementos comuns que permeiam o trabalho

de Plutarco

Os treze contributos para este volume tecircm como elo comum o nome de trecircs cidades

Esparta Atenas e Roma Elas representam espaccedilos poliacuteticos e institucionais diversos dada

a sua extensatildeo geograacutefica e cronoloacutegica mas simbolizam igualmente diferentes modelos

de organizaccedilatildeo social atraveacutes dos quais a Greacutecia pode ser contrastada com Roma ou Atenas

comparada com Esparta mdash ainda que o seu verdadeiro interesse na obra de Plutarco seja

que representam sempre locais paradigmaacuteticos onde vivem e convivem pessoas Por

isso os estudiosos de Plutarco que contribuiacuteram para este volume procuram analisar em

cada uma dessas cidades seja por assimilaccedilatildeo ou por contraste a forma como o autor de

Queroneia aborda a ligaccedilatildeo entre indiviacuteduo e comunidade a partir do exerciacutecio do poder

e da experiecircncia religiosa qual o papel da educaccedilatildeo e do domiacutenio privado na projeccedilatildeo

puacuteblica dos protagonistas retratados por Plutarco ou ateacute que ponto a imagem dos primeiros

legisladores e fundadores miacuteticos foi condicionada pela evoluccedilatildeo histoacuterica destas mesmas

cidades

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Page 34: Versão integral disponível em digitalis.uc · visões de Esparta, Atenas e Roma IMPRENSA DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA COIMBRA UNIVERSITY PRESS ANNABLUME Versão integral disponível

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Roosevelt Rocha

ilegiacutetima de Agesilau ao trono (c 21) Poreacutem no geral nosso autor eacute tatildeo favoraacutevel e simpaacutetico a Agesilau quanto Xenofonte que tambeacutem escreveu uma biografia do rei espartano a qual certamente serviu de base para a Vida composta pelo poliacutemata de Queroneia Segundo Cartledge (1987 418) para Plutarco Agesilau foi a encarnaccedilatildeo das virtudes peculiarmente espartanas simplicidade piedade e autocontrole7

Depois na Vida de Aacutegis e na Vida de Cleocircmenes Plutarco narra os uacuteltimos momentos da histoacuteria da Esparta independente ou seja o ponto mais baixo da decadecircncia daquela cidade Os reis Aacutegis e Cleocircmenes que reinaram no seacuteculo III a C tentaram restaurar os antigos valores dos tempos de Licurgo Eles tinham os dons naturais para levar essa tarefa a cabo Aacutegis tinha grandeza de alma e se insurgia contra os prazeres desde antes dos vinte anos (c 4) natildeo gostava de rou‑pas luxuosas e baniu toda suntuosidade para aderir aos antigos haacutebitos lacocircnios caracterizados pela simplicidade de vida Mas seu exemplo e sua energia natildeo foram suficientes para restaurar os costumes tradicionais e ele foi assassinado ainda muito jovem (cc 19‑21) Aquela Esparta incorrupta e valorosa dos tempos de Licurgo dava seus uacuteltimos suspiros

Cleocircmenes natildeo era parente de Aacutegis mas foi obrigado a se casar com a vi‑uacuteva do rei assassinado ou seja Agiaacutetis Segundo Plutarco (c 1) Cleocircmenes era ambicioso e tinha grandeza de alma Era temperante e simples como Aacutegis Ele tambeacutem quiz restaurar os antigos costumes espartanos (c 11) Primeiro depois de longa disputa poliacutetica abriu matildeo de seus bens Depois distribuiu as terras entre os cidadatildeos Restabeleceu a educaccedilatildeo dos jovens e a disciplina espartana Ele proacuteprio levou uma vida simples e frugal para dar o exemplo aos outros la‑cedemocircnios sem insolecircncia nem orgulho excessivo ou seja como um modelo de temperanccedila (c 13) Mesmo quando perdeu sua esposa Agiaacutetis por quem se enamorara verdadeiramente Cleocircmenes manteve a firmeza e seu caraacuteter elevado e tomou as providecircncias necessaacuterias para garantir a seguranccedila de seus soldados e aliados (c 22) Depois de reinar por dezesseis anos Cleocircmenes morreu (cc 37‑38) e assim terminou a histoacuteria de Esparta como cidade politicamente autocircnoma

Ateacute aqui vimos que podemos encontrar nas Vidas dos liacutederes espartanos escritas por Plutarco aquela imagem caracterizada por um conjunto de valores que parecem ter ganhado forccedila numa eacutepoca lendaacuteria e foram se enfraquecendo conforme o tempo foi passando e Esparta foi estendendo seu poder para fora da Lacedemocircnia Nesse quadro vemos uma cidade altamente militarizada de guerreiros corajosos disciplinados e afeitos a uma vida sem luxos e sem confortos Isso poderia indicar que os espartanos eram um povo rude pouco sofisticado e fechado para as artes

7 Cf tambeacutem a introduccedilatildeo de Flaceliegravere e Chambry em Plutarque (1973) 85‑88 e Shipley (1998) 1‑46

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A Esparta de Plutarco entre a guerra e as artes

Poreacutem vaacuterias fontes arqueoloacutegicas vasculares e mesmo literaacuterias nos mostram o contraacuterio Apesar de Tuciacutedides (1102) ter dito que os edifiacutecios em Esparta eram modestos e natildeo correspondiam ao tamanho do poder militar e poliacutetico da cidade dos lacedemocircnios em seu apogeu a avaliaccedilatildeo dos monumentos arquitetocircnicos espartanos precisa ser feita com cuidado Eacute preciso lembrar que Esparta natildeo foi destruiacuteda nas Guerras Meacutedicas como Atenas foi A capital da Aacutetica foi reconstruiacuteda e uma grande soma de dinheiro afluiu para ela por causa das contribuiccedilotildees dos aliados da Liga de Delos Isso natildeo aconteceu com a princi‑pal cidade da Lacocircnia Desse modo nela foram conservados edifiacutecios antigos do seacuteculo VI a C que apresentavam outro estilo de construccedilatildeo mais arcaizante do que claacutessico Dependendo do ponto de vista um estilo pode ser mais valorizado do que o outro

De qualquer modo Pausacircnias (3113) viajante do seacuteculo II d C que fez uma descriccedilatildeo de vaacuterias cidades da Greacutecia daquela eacutepoca nos informa que havia em Esparta vaacuterios monumentos que despertavam a admiraccedilatildeo daqueles que por ali passavam tal como o Poacutertico Persa construiacutedo inicialmente com o butim amealhado na guerra contra os persas Outros exemplos de edifiacutecios que nos uacuteltimos anos vecircm sendo estudados satildeo o templo de Apolo em Amiclas o templo de Aacutertemis Oacutertia e o Menelaion onde eram cultuados Menelau e Helena8

Cartledge (2002 111) nos informa que depois de 690 a C pintores de vasos da Lacocircnia sofreram influecircncia de artistas do Egeu e adotaram o chamado estilo lsquoorientalizantersquo o que mostra que na praacutetica Esparta natildeo estava isolada do resto do mundo helecircnico Ainda segundo Cartledge nessa eacutepoca artesatildeos lacocircnios que trabalhavam com bronze comeccedilaram a se interessar pela representaccedilatildeo de figuras humanas em suas obras e por volta de 650 a C comeccedilou a se desenvolver na regiatildeo de Esparta o uso do marfim para produccedilatildeo de objetos gravados Vemos entatildeo que o ambiente artiacutestico na Lacedemocircnia entre 775 e 650 a C natildeo era de modo algum esteacuteril ou sem importacircncia9

Como Burn (1960 275‑276) explica Esparta natildeo virou suas costas para a arte e a poesia Prova disso eacute que vasos com detalhes refinados foram fabricados ali e exportados para outras regiotildees da Heacutelade ateacute 550 a C mais ou menos Por volta de 600 a C Gitiadas poeta escultor e arquiteto projetou o Templo de Atena tambeacutem conhecido como Casa de Bronze por causa das placas feitas com esse metal para decorar o edifiacutecio E em 585 a C o segundo templo de Oacutertia foi construiacutedo Ou seja havia artesatildeos trabalhando em Esparta no periacuteodo arcaico que produziram obras dignas de admiraccedilatildeo10

8 Para mais informaccedilotildees sobre a arqueologia e a arquitetura espartanas ver Walker (1998) Kaltsas (2007) e Cavanagh (2009)

9 Sobre isso ver tambeacutem Burn (1960) 180‑184 e Stibbe (1996) passim10 Ver tambeacutem Burn (1960) 280‑282 e Cartledge (2002) 133‑136

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No que diz respeito agrave muacutesica Plutarco nos daacute significativos testemunhos da sua importacircncia em ambiente espartano tanto nas Vidas quanto nos Moralia Na Vida de Licurgo no c 4 por exemplo encontramos a informaccedilatildeo segundo a qual o legislador lendaacuterio teria convidado um poeta‑legislador de Creta para ir a Esparta com ele Esse poeta se chamava Tales Mas talvez tenha havido alguma confusatildeo na tradiccedilatildeo manuscrita e esse Tales poderia ser o Taletas de Gortina mencionado algumas vezes no livro Sobre a Muacutesica tambeacutem de Plutarco Ele teria sido o responsaacutevel por curar os espartanos de uma peste com o seu canto11 Aleacutem disso no mesmo c 4 nos eacute dito que Licurgo teria sido o responsaacutevel por levar os poemas de Homero da Jocircnia para sua cidade

Depois no c 21 da mesma Vida Plutarco nos diz que os lacedemocircnios apreciavam se dedicar agrave poesia meacutelica porque as canccedilotildees estimulavam seus espiacuteritos e lhes davam coragem para enfrentar os inimigos nas batalhas Seu estilo era simples e seus temas eram seacuterios com o objetivo de promover uma boa formaccedilatildeo dos caraacuteteres Nelas eram louvados os heroacuteis de Esparta e condenados os covardes que natildeo lutaram ateacute o fim para defender sua cidade Nos festivais eram organizados trecircs coros de acordo com as idades um de velhos outro de adultos e outro de jovens Cada um cantava sobre a sua bravura uns falavam dos seus feitos no passado os outros tratavam das suas accedilotildees no presente e os uacuteltimos cantavam sobre o seu desejo de realizar grandes proezas no futuro Esses seriam os temas baacutesicos das canccedilotildees em Esparta e por isso segundo Plutarco Terpandro e Piacutendaro estavam corretos ao associar bravura e muacutesica e ao mostrar que os espartanos eram o povo mais aguerrido e mais musical

Por isso natildeo era por acaso que os jovens cantavam o nomo de Caacutestor e o peatilde da marcha (c 22) e em todo lugar havia danccedilas festas e banquetes quando natildeo havia expediccedilotildees militares (c 24) Contudo o gosto pela boa muacutesica e pela boa poesia natildeo era caracteriacutestico de todos os habitantes da Lacocircnia tendo em vista que os hilotas danccedilavam e cantavam canccedilotildees vulgares e grotescas diferentes das composiccedilotildees de Aacutelcman Terpandro e Especircndon (c 28) Isso na verdade estava associado ao fato de eles serem escravos e por isso era compreensiacutevel que eles apreciassem canccedilotildees vis como eles proacuteprios

Na Vida de Lisandro encontramos algumas informaccedilotildees que reforccedilam a impressatildeo de que os espartanos tinham sim grande sensibilidade para a muacutesica No c 15 ficamos sabendo que os lacocircnios depois de conquistar Atenas em 404 a C queriam destruir aquela cidade mas apoacutes ouvir um coro da Electra de Euriacutepides desistiram Em seguida no c 18 Plutarco nos conta que Lisandro estava sempre acompanhado do poeta Queacuterilo encarregado de celebrar os feitos do general E outros poetas tambeacutem celebraram Lisandro segundo nosso autor

11 Ver Plu Mus 42 (1146B‑C) e Gostoli (1990) 12‑13 e

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A Esparta de Plutarco entre a guerra e as artes

Na Vida de Agesilau c 14 lemos que os espartanos apreciavam uma parte da poesia de Timoacuteteo de Mileto poeta que teria tido algumas cordas de sua ciacutetara cortadas quando de uma sua visita a Esparta porque os eacuteforos julgavam que natildeo seriam necessaacuterias mais do que sete cordas e o instrumento do poeta tinha onze12 Essa anedota indica que os lacocircnios natildeo apreciavam inovaccedilotildees Poreacutem a informaccedilatildeo do c 14 da Vida de Agesilau mostra que eles poderiam aceitar pelo menos uma parte da obra de um poeta inovador desde que essa parte se adequas‑se ao gosto e agraves tradiccedilotildees do local Tambeacutem nessa mesma Vida c 21 Plutarco nos diz que o rei Agesilau apreciava os cantos e as danccedilas mesmo natildeo sendo um lsquoespecialistarsquo nas artes

Por fim na Vida de Aacutegis c 10 encontramos um elogio a Terpandro a Ta‑les (Taletas) e a Fereacutecides porque mesmo sendo estrangeiros professavam o que Licurgo instituiu e por isso foram muito honrados em Esparta Na Vida de Cleocircmenes c 2 somos informados que o rei Leocircnidas elogiou Tirteu algo facilmente compreensiacutevel tendo em vista o caraacuteter estimulante e guerreiro das elegias daquele poeta Aleacutem disso nessa mesma Vida citada por uacuteltimo c 12 Plutarco nos conta que Cleocircmenes certa vez teria encontrado alguns artistas de Dioniso muacutesicos e atores profissionais que iam de cidade em cidade para se apresentar e construiu um teatro Isso mostra que esse rei estimulou de alguma maneira as atividades artiacutesticas mesmo que ele natildeo tivesse o costume de levar artistas com seu exeacutercito de acordo com Plutarco e nem apreciasse apresentaccedilotildees musicais nos seus banquetes (c 13)

Tudo isso mostra que Esparta era uma cidade onde a muacutesica tinha um papel importe na educaccedilatildeo e na guerra e que os lacocircnios natildeo eram um povo obtuso e indiferente ao poder das melodias De acordo com Plutarco tendo em vista agora algumas passagens dos Moralia os espartanos passavam por treinamento rigoroso no que diz respeito agrave muacutesica e agrave poesia e suas canccedilotildees estimulavam os espiacuteritos e faziam com que os homens se sentissem entusiasmados e se esfor‑ccedilassem para ser bem sucedidos Em vaacuterias passagens das suas Obras Morais ele elogia o estilo da muacutesica deles porque ela era simples e natildeo afetada e seus temas eram seacuterios e edificantes Se algueacutem estudasse a poesia e as canccedilotildees de marcha de Esparta acompanhadas pelo aulo essa pessoa concordaria que Terpandro e Piacutendaro estavam certos ao associar valor (andreia) e muacutesica Como vimos acima nos trechos citados das Vidas Plutarco tambeacutem diz que os Espartanos eram o povo ao mesmo tempo mais musical (mousikotatous) e o mais afeito agrave guerra (polemikotatous)13

No livro sobre os Antigos Costumes dos Espartanos Plutarco tambeacutem elogia os ritmos das canccedilotildees de marcha (embaterioi rhythmoi) porque eles despertavam

12 Ver Plu Agis 1013 Cf Lyc 211‑4

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Roosevelt Rocha

a coragem a audaacutecia e o desdeacutem pela morte requisitos indispensaacuteveis para o guerreiro valoroso Os espartanos usavam esses ritmos para danccedilar mas tambeacutem quando avanccedilavam contra os inimigos ao som do aulo Plutarco lembra que Li‑curgo associava o amor pela muacutesica agrave praacutetica militar para que o espiacuterito guerreiro combinado com a melodia tivesse concordacircncia e harmonia (symphonia kai har‑monia) Por isso em tempos de guerra os reis espartanos ofereciam sacrifiacutecios agraves Musas antes de ir para a batalha como Plutarco nos conta nos Instituta Laconica 16 (238B‑C)

E para manter a pureza da sua muacutesica e dos seus costumes os espartanos agraves vezes recorriam a atos violentos Como Plutarco reporta nos Instituta Laconica 17 (238C‑D) eles natildeo permitiriam que ningueacutem desrespeitasse de modo algum as regras da muacutesica do passado Nem mesmo Terpandro um dos mais antigos e melhores citaredos (aqueles que cantavam acompanhados da ciacutetara ou da lira) teria a permissatildeo para acrescentar uma corda extra ao seu instrumento para que suas melodias fossem mais variadas Ele tentou fazer isso mas os eacuteforos pregaram sua lira numa parede por causa do seu ato iacutempio contraacuterio agrave tradiccedilatildeo Em outra ocasiatildeo um dos eacuteforos teria procedido com mais violecircncia quando Timoacuteteo o famoso muacutesico inovador que floresceu na segunda metade do seacuteculo V a C estava competindo no festival das Carneias ele pegou uma faca e perguntou ao muacutesico de que lado ele deveria cortar as cordas supeacuterfluas cujo nuacutemero ultra‑passava o tradicional de sete cordas Outras variantes dessa histoacuteria satildeo contadas por Plutarco em outros textos mas nessas outras passagens Friacutenis outro muacutesico inovador da segunda metade do seacuteculo V a C eacute o protagonista14

Mas para aleacutem da sua importacircncia na educaccedilatildeo e nos contextos de bata‑lha a muacutesica tinha grande significado tambeacutem nas momentos das celebraccedilotildees religiosas Dentre as festividades religiosas realizadas na Lacedemocircnia uma das mais importantes era a das Carneias realizada em Esparta e intimamente ligada agrave histoacuteria de Terpandro As origens desse festival eram muito antigas anteriores ao seacuteculo VIII a C tendo em vista que no seacuteculo VII os colonizadores espartanos da cidade italiana de Tarento jaacute tinham o costume de celebraacute‑la15 As Carneias eram dedicadas ao deus Apolo Carneu Em Esparta havia concursos musicais e atleacuteti‑cos uma corrida de jovens e um banquete ritual que contava com a participaccedilatildeo dos homens adultos que representavam as fratrias O festival era organizado por cidadatildeos solteiros e era o momento adequado para que os jovens que jaacute haviam completado seu periacuteodo de formaccedilatildeo ingressassem na vida adulta16

O que nos interessa aqui eacute o papel que a muacutesica desempenhava no contexto dessas festividades Um elemento importante nesses momentos de comemoraccedilatildeo

14 Cf Prof virt 84A Apophth Lac 220C e Agis 107 jaacute citada na nota 9 Cf Rocha (2008) 654‑655

15 Brelich (1969) 181‑18216 Brelich (1969) 149‑150

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A Esparta de Plutarco entre a guerra e as artes

eram os concursos A realizaccedilatildeo de concursos musicais no acircmbito do festival das Carneias natildeo teria acontecido desde o iniacutecio A introduccedilatildeo de agones provavel‑mente ocorreu quando Terpandro migrou de Metimna (Lesbos) para Esparta na primeira metade do seacuteculo VII a C Nesse contexto eacute importante considerar o testemunho de Helacircnico17 segundo o qual Terpandro teria sido o primeiro a vencer o concurso musical nas Carneias Esse fato parece estar diretamente relacionado agrave fundaccedilatildeo da primeira escola musical (katastasis) em Esparta por obra do mesmo Terpandro Segundo Brelich (1969 186‑191) eacute muito provaacutevel que a introduccedilatildeo do concurso musical nas Carneias tenha sido influenciada pela proacutepria katastasis18 Essa hipoacutetese ganha forccedila se consideramos o capiacutetulo 9 do tratado Sobre a Muacutesica como um todo Ali Plutarco fala da primeira katastasis fundada por Terpandro e menciona tambeacutem a segunda katastasis liderada por Taletas de Gortina Xenoacutedamo de Citera Xenoacutecrito de Locres Polimnesto de Coacutelofon e Saacutecadas de Argos muacutesicos que teriam instituiacutedo as Gimnopeacutedias em Esparta as Apodeixeis na Arcaacutedia e as Endimaacutetias em Argos Jaacute que os membros da segunda escola musical foram fundadores de festivais19 em diferentes cidades do Peloponeso Terpandro tambeacutem pode ter desempenhado o mesmo papel no contexto das Carneias

No que diz respeito agraves Gimnopeacutedias contudo encontramos uma situaccedilatildeo diferente Possuiacutemos uma grande variedade de informaccedilotildees sobre esse festival que inclusive muitas vezes satildeo contraditoacuterias Mas tratando apenas daquilo que nos interessa aqui sabemos que no periacuteodo das festividades aconteciam apresentaccedilotildees de coros de adolescentes e adultos instituiacutedos em honra a Apolo que cantavam hinos compostos por poetas como Taletas Aacutelcman e Dionisodoto Depois da batalha de Tireia em 544 aC na qual Esparta lutou contra Argos pela posse da Tireaacutetida tornou‑se costumeiro cantar um peatilde em honra dos soldados que morreram naquela ocasiatildeo Por causa desse elemento ritual e da comparaccedilatildeo com as Apodeixeis e as Endimaacutetias as Gimnopeacutedias foram consideradas festas que indicavam o momento no qual os jovens receacutem‑iniciados eram integrados agrave vida militar20

Tendo tudo isso em vista podemos concluir que eacute preciso colocar a miragem espartana em perspectiva Esparta natildeo era tatildeo lsquoespartanarsquo assim e natildeo foi sempre lsquoespartanarsquo Havia espaccedilo naquela cidade para o cultivo das artes tais como a arquitetura a escultura a pintura vascular a muacutesica (que incluiacutea a poesia) e a danccedila Nela floresceram poetas como Aacutelcman Terpandro e Tirteu Nela surgiram escolas poeacuteticomusicais Nela viveram poetas estrangeiros tais como Taletas de

17 FGrHist 4 F 85 = Ateneu 635e = Terpander Test 1 Gostoli18 Cf tambeacutem Gostoli (1990) 84‑8519 Mais do que fundadores de festivais eacute mais verossiacutemil pensar que esses autores foram os

responsaacuteveis pela introduccedilatildeo dos concursos musicais como parte das celebraccedilotildees 20 Cf Gostoli (1990) 85‑86

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Roosevelt Rocha

Gortina (Creta) e Saacutecadas de Argos E sendo assim houve um ambiente feacutertil e favoraacutevel para o desenvolvimento e o cultivo de atividades artiacutesticas Os esparta‑nos foram sim grandes guerreiros que contribuiacuteram decisivamente para a vitoacuteria dos helenos sobre os persas Eles cultivaram sim suas habilidades guerreiras a ponto de derrotar os atenienses na Guerra do Peloponeso Poreacutem Esparta natildeo foi somente uma comunidade de soldados que dedicavam suas vidas somente agrave guerra Esparta foi tambeacutem uma cidade onde as pessoas cantavam danccedilavam e apreciavam a beleza dos edifiacutecios e dos objetos do cotidiano Eacute preciso reconhecer isso e na obra de Plutarco jaacute encontramos essa imagem multifacetada dessa cul‑tura Basta direcionar os olhos para outras direccedilotildees

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A Esparta de Plutarco entre a guerra e as artes

Bibliografia

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Plutarque Vies Tome VIII Text eacutetabli et traduit par Flaceliegravere R et Chambry Eacute Paris Les Belles Lettres 1973

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Roosevelt Rocha

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Index nominum

Timoacuteteo 167‑168 178 183Timoacutexena 195Tindaacuteridas 63Tireaacutetida 169Tireia 169Tireacutesias 236Tirteu 167 169 221Titatildes 245Trajano 121Trezena 31 32‑35 38 Tricoacuterito 39Troia 81 124Tuciacutedides 122 160 181Ulisses 81 192Valeacuterio (vd Puacuteblio Valeacuterio)Vestais 58 204Viacutenio 200Xantipo 191 201Xenoacutecrito 169Xenoacutedamo 169Xenofonte 160 164Zaleuco 88Zeus 36 40‑41 220 226 243

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Index nominum

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Notas biograacuteficas dos autores

Aacutelia Rodrigues eacute doutorada em Estudos Claacutessicos (Literatura Grega) e inves‑tigadora do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse satildeo a histoacuteria das ideias poliacuteticas desde os Gregos ateacute agrave modernidade histoacuteria legal e a recepccedilatildeo de temas claacutessicos na contemporaneidade

Ana Ferreira eacute Professora Auxiliar do Departamento de Estudos Portugueses e Ro‑macircnicos da Faculdade de Letras da Universidade do Porto e investigadora do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a histoacuteria antiga a literatura greco‑romana bem como a didaacutectica das liacutenguas claacutessicas

Delfim F Leatildeo eacute Professor Catedraacutetico da Instituto de Estudos Claacutessicos e investiga‑dor do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a histoacuteria antiga o direito e a teorizaccedilatildeo poliacutetica dos Gregos a pragmaacutetica teatral e a escrita romanesca antiga

Faacutebio Vergara Cerqueira eacute Professor Adjunto do Instituto de Ciecircncias Humanas da Universidade Federal de Pelotas pesquisador PQ‑2 do CNPq Professor Visitante na Universidade de Heidelberg Bolsista Fundaccedilatildeo Humboldt ldquoPesquisador Experienterdquo Principais aacutereas de interesse satildeo histoacuteria e arqueologia da Greacutecia antiga e sua recepccedilatildeo enfocando muacutesica iconografia ceramologia gecircnero memoacuteria social identidade e patrimocircnio cultural

Guillermina Gonzaacutelez Almenara es Profesor Contratado Doctor Tipo 1 vinculada con el Aacuterea de Filologiacutea Griega del Departamento de Filologiacutea Claacutesica Francesa Aacuterabe y Romaacutenica de la Universidad de La Laguna Sus principales liacuteneas de investi‑gacioacuten son la mujer y el aacutembito femenino en la Grecia antigua Historiografiacutea griega Historia y civilizacioacuten de la Grecia antigua

Ivana S Chialva es Doctora en Letras Investigadora Asistente del Conicet y Profesora de Griego y Literaturas griega y latina de la Facultad de Humanidades y Ciencias de la Universidad Nacional del Litoral (Santa Fe Argentina) Sus tra‑bajos sobre el mundo antiguo se focalizan en la relacioacuten entre primera y segunda sofiacutestica y en la influencia de este uacuteltimo fenoacutemeno en la prosa narrativa griega de eacutepoca imperial especialmente la retoacuterica la biografiacutea y la novela en sus diferentes formas

Jesuacutes-Mordf Nieto Ibaacutentildeez es Catedraacutetico de Filologiacutea Griega de la Universidad de Leoacuten Sus liacuteneas de investigacioacuten son la literatura judiacutea en lengua griega los primeros textos cristianos el Humanismo y la Tradicioacuten claacutesica Actualmente dirige un Proyecto de

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investigacioacuten sobre el Humanismo la Tradicioacuten claacutesica y patriacutestica y la exeacutegesis biacuteblica en los siglos XVI y XVII

Joaquim Pinheiro eacute Professor Auxiliar da Universidade da Madeira e investigador do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a biografia antiga a Segunda Sofiacutestica a retoacuterica claacutessica e o pensamento poliacutetico dos Gregos

Joseacute M Candau es Catedraacutetico de Filologiacutea Griega en la Universidad de Sevilla Sus principales aacutereas de investigacioacuten son la historiografiacutea griega y Plutarco

Loraine Oliveira eacute professora de Filosofia da Universidade de Brasiacutelia Publicou o livro Plotino escultor de mitos pela Imprensa da Universidade de CoimbraAnnablume em 2014 Vem se dedicando principalmente a estudar os mitos em Plotino Plutarco e Porfiacuterio assim como o vegetarianismo em Plutarco e Porfiacuterio

Maria Aparecida de Oliveira Silva eacute professora visitante do Programa de Poacutes‑Gradu‑accedilatildeo em Letras Claacutessicas da Universidade de Satildeo Paulo e Professora Pesquisadora do Programa de Poacutes‑Graduaccedilatildeo em Histoacuteria da Universidade Federal de Satildeo Paulo Liacuteder do Grupo CNPq LABHAN Laboratoacuterio de Histoacuteria Antiga da Universidade Federal do Amapaacute Pesquisadora do Grupo CNPq Linceu ‑ Visotildees da Antiguidade Claacutessica da Universidade Estadual Paulista Pesquisadora do Grupo Retoacuterica Texto y Comunicacioacuten da Universidad de Caacutediz Membro do Conselho Acadecircmico do Seminaacuterio de Histoacuteria e Filosofia das Religiotildees da Universidad Autoacutenoma de Ciudad Juaacuterez mdash Meacutexico Pesquisa e publica trabalhos sobre Esparta Plutarco e biografia antiga

M Teresa Fau Ramos es Profesora Titular del Departament de Filologia Grega de la Universitat de Barcelona y miembro del Grup de Recerca Graecia Capta que investiga la pervivencia de la identidad griega bajo el imperio romano Sus principales aacutereas de intereacutes cientiacutefico son la historia e instituciones de la Grecia claacutesica y post‑claacutesica la religioacuten helena (paganismo) y diversos aspectos del cristianismo primitivo

Pilar Goacutemez Cardoacute es profesora titular de Filologiacutea Griega en la Universidad de Barcelona donde imparte docencia e investiga desde 1981 Doctora en Filologiacutea Claacutesica desde 1987 con una tesis sobre la tradicioacuten yaacutembica y la faacutebula (La Vida drsquoIsop entre el iambe la faula i la novella) es autora de numerosos artiacuteculos y capiacutetulos de libros sobre la literatura griega de eacutepoca imperial romana en especial sobre Segunda Sofiacutestica y novela ha estudiado principalmente autores como Luciano en cuya edicioacuten y traduccioacuten al castellano para la coleccioacuten Alma Mater participa Plutarco Dioacuten de Prusa o Elio Ariacutestides Es miembro del grupo de investigacioacuten Graecia Capta de la Universidad de Barcelona

Roosevelt Rocha eacute Professor Adjunto do curso de Letras da Universidade Federal do Paranaacute (Brasil) e pesquisador ligado ao Programa de Poacutes‑Graduaccedilatildeo em Letras da

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mesma Universidade As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a poesia grega arcaica (elegia jambo e meacutelica) a muacutesica grega antiga e o estudo da performance da poesia grega dos periacuteodos arcaico e claacutessico

Vicente Ramoacuten es Profesor Tiular de Filologiacutea Griega de la Universidad de Zara‑goza Sus intereses cientiacuteficos pueden sintetizarse en las siguientes liacuteneas Plutarco de Queronea y la biografiacutea poliacutetica historiografiacutea griega retoacuterica y oratoria griegas tradicioacuten claacutesica teatro griego la irreligiosidad en la Atenas Claacutesica

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Volumes publicados na Colecccedilatildeo Humanitas Supplementum

1 Francisco de Oliveira Claacuteudia Teixeira e Paula Barata Dias Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 1 ndash Liacutenguas e Literaturas Greacutecia e Roma (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

2 Francisco de Oliveira Claacuteudia Teixeira e Paula Barata Dias Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 2 ndash Liacutenguas e Literaturas Idade Meacutedia Renascimento Recepccedilatildeo (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

3 Francisco de Oliveira Jorge de Oliveira e Manuel Patriacutecio Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 3 ndash Histoacuteria Arqueologia e Arte (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2010)

4 Maria Helena da Rocha Pereira Joseacute Ribeiro Ferreira e Francisco de Oliveira (Coords) Horaacutecio e a sua perenidade (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

5 Joseacute Luiacutes Lopes Brandatildeo Maacutescaras dos Ceacutesares Teatro e moralidade nas Vidas suetonianas (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

6 Joseacute Ribeiro Ferreira Delfim Leatildeo Manuel Troumlster and Paula Barata Dias (eds) Symposion and Philanthropia in Plutarch (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

7 Gabriele Cornelli (Org) Representaccedilotildees da Cidade Antiga Categorias histoacutericas e discursos filosoacuteficos (Coimbra Classica DigitaliaCECHGrupo Archai 2010)

8 Maria Cristina de Sousa Pimentel e Nuno Simotildees Rodrigues (Coords) Sociedade poder e cultura no tempo de Oviacutedio (Coimbra Classica DigitaliaCECHCECCH 2010)

9 Franccediloise Frazier et Delfim F Leatildeo (eds) Tychegrave et pronoia La marche du monde selon Plutarque (Coimbra Classica DigitaliaCECH Eacutecole Doctorale 395 ArScAn‑THEMAM 2010)

10 Juan Carlos Iglesias‑Zoido El legado de Tuciacutedides en la cultura occidental (Coimbra Classica DigitaliaCECH ARENGA 2011)

11 Gabriele Cornelli O pitagorismo como categoria historiograacutefica (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2011)

12 Frederico Lourenccedilo The Lyric Metres of Euripidean Drama (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2011)

13 Joseacute Augusto Ramos Maria Cristina de Sousa Pimentel Maria do Ceacuteu Fialho Nuno Simotildees Rodrigues (coords) Paulo de Tarso Grego e Romano Judeu e Cristatildeo (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

14 Carmen Soares amp Paula Barata Dias (coords) Contributos para a histoacuteria da alimentaccedilatildeo na antiguidade (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

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15 Carlos A Martins de Jesus Claudio Castro Filho amp Joseacute Ribeiro Ferreira (coords) Hipoacutelito e Fedra ‑ nos caminhos de um mito (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

16 Joseacute Ribeiro Ferreira Delfim F Leatildeo amp Carlos A Martins de Jesus (eds) Nomos Kosmos amp Dike in Plutarch (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

17 Joseacute Augusto Ramos amp Nuno Simotildees Rodrigues (coords) Mnemosyne kai Sophia (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

18 Ana Maria Guedes Ferreira O homem de Estado ateniense em Plutarco o caso dos Alcmeoacutenidas (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

19 Aurora Loacutepez Andreacutes Pocintildea amp Maria de Faacutetima Silva De ayer a hoy influencias claacutesicas en la literatura (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

20 Cristina Pimentel Joseacute Luiacutes Brandatildeo amp Paolo Fedeli (coords) O poeta e a cidade no mundo romano (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

21 Francisco de Oliveira Joseacute Luiacutes Brandatildeo Vasco Gil Mantas amp Rosa Sanz Serrano (coords) A queda de Roma e o alvorecer da Europa (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

22 Luiacutesa de Nazareacute Ferreira Mobilidade poeacutetica na Greacutecia antiga uma leitura da obra de Simoacutenides (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica DigitaliaCECH 2013)

23 Faacutebio Cerqueira Ana Teresa Gonccedilalves Edalaura Medeiros amp JoseacuteLuiacutes Brandatildeo Saberes e poderes no mundo antigo Vol I ndash Dos saberes (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia2013) 282 p

24 Faacutebio Cerqueira Ana Teresa Gonccedilalves Edalaura Medeiros amp Delfim Leatildeo Saberes e poderes no mundo antigo Vol II ndash Dos poderes (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013) 336 p

25 Joaquim J S Pinheiro Tempo e espaccedilo da paideia nas Vidas de Plutarco (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013) 458 p

26 Delfim Leatildeo Gabriele Cornelli amp Miriam C Peixoto (coords) Dos Homens e suas Ideias Estudos sobre as Vidas de Dioacutegenes Laeacutercio (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013)

27 Italo Pantani Margarida Miranda amp Henrique Manso (coords) Aires Barbosa na Cosmoacutepolis Renascentista (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2013)

28 Francisco de Oliveira Maria de Faacutetima Silva Tereza Virgiacutenia Ribeiro Barbosa (coords) Violecircncia e transgressatildeo uma trajetoacuteria da Humanidade (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

29 Priscilla Gontijo Leite Eacutetica e retoacuterica forense asebeia e hybris na caracterizaccedilatildeo dos adversaacuterios em Demoacutestenes (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

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30 Andreacute Carneiro Lugares tempos e pessoas Povoamento rural romano no Alto Alentejo ‑ Volume I (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2014)

31 Andreacute Carneiro Lugares tempos e pessoas Povoamento rural romano no Alto Alentejo ‑ Volume II (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2014)

32 Pilar Goacutemez Cardoacute Delfim F Leatildeo Maria Aparecida de Oliveira Silva (coords) Plutarco entre mundos visotildees de Esparta Atenas e Roma (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

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Resumo da obra

A vasta e variada obra de Plutarco permite sempre uma abordagem a partir de distintas

perspetivas com diferentes intenccedilotildees e propoacutesitos variados No entanto eacute importante

identificar tambeacutem fios comuns nessa abordagem porque permitem demonstrar tanto a

niacutevel formal como de conteuacutedo que haacute muitos elementos comuns que permeiam o trabalho

de Plutarco

Os treze contributos para este volume tecircm como elo comum o nome de trecircs cidades

Esparta Atenas e Roma Elas representam espaccedilos poliacuteticos e institucionais diversos dada

a sua extensatildeo geograacutefica e cronoloacutegica mas simbolizam igualmente diferentes modelos

de organizaccedilatildeo social atraveacutes dos quais a Greacutecia pode ser contrastada com Roma ou Atenas

comparada com Esparta mdash ainda que o seu verdadeiro interesse na obra de Plutarco seja

que representam sempre locais paradigmaacuteticos onde vivem e convivem pessoas Por

isso os estudiosos de Plutarco que contribuiacuteram para este volume procuram analisar em

cada uma dessas cidades seja por assimilaccedilatildeo ou por contraste a forma como o autor de

Queroneia aborda a ligaccedilatildeo entre indiviacuteduo e comunidade a partir do exerciacutecio do poder

e da experiecircncia religiosa qual o papel da educaccedilatildeo e do domiacutenio privado na projeccedilatildeo

puacuteblica dos protagonistas retratados por Plutarco ou ateacute que ponto a imagem dos primeiros

legisladores e fundadores miacuteticos foi condicionada pela evoluccedilatildeo histoacuterica destas mesmas

cidades

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A Esparta de Plutarco entre a guerra e as artes

Poreacutem vaacuterias fontes arqueoloacutegicas vasculares e mesmo literaacuterias nos mostram o contraacuterio Apesar de Tuciacutedides (1102) ter dito que os edifiacutecios em Esparta eram modestos e natildeo correspondiam ao tamanho do poder militar e poliacutetico da cidade dos lacedemocircnios em seu apogeu a avaliaccedilatildeo dos monumentos arquitetocircnicos espartanos precisa ser feita com cuidado Eacute preciso lembrar que Esparta natildeo foi destruiacuteda nas Guerras Meacutedicas como Atenas foi A capital da Aacutetica foi reconstruiacuteda e uma grande soma de dinheiro afluiu para ela por causa das contribuiccedilotildees dos aliados da Liga de Delos Isso natildeo aconteceu com a princi‑pal cidade da Lacocircnia Desse modo nela foram conservados edifiacutecios antigos do seacuteculo VI a C que apresentavam outro estilo de construccedilatildeo mais arcaizante do que claacutessico Dependendo do ponto de vista um estilo pode ser mais valorizado do que o outro

De qualquer modo Pausacircnias (3113) viajante do seacuteculo II d C que fez uma descriccedilatildeo de vaacuterias cidades da Greacutecia daquela eacutepoca nos informa que havia em Esparta vaacuterios monumentos que despertavam a admiraccedilatildeo daqueles que por ali passavam tal como o Poacutertico Persa construiacutedo inicialmente com o butim amealhado na guerra contra os persas Outros exemplos de edifiacutecios que nos uacuteltimos anos vecircm sendo estudados satildeo o templo de Apolo em Amiclas o templo de Aacutertemis Oacutertia e o Menelaion onde eram cultuados Menelau e Helena8

Cartledge (2002 111) nos informa que depois de 690 a C pintores de vasos da Lacocircnia sofreram influecircncia de artistas do Egeu e adotaram o chamado estilo lsquoorientalizantersquo o que mostra que na praacutetica Esparta natildeo estava isolada do resto do mundo helecircnico Ainda segundo Cartledge nessa eacutepoca artesatildeos lacocircnios que trabalhavam com bronze comeccedilaram a se interessar pela representaccedilatildeo de figuras humanas em suas obras e por volta de 650 a C comeccedilou a se desenvolver na regiatildeo de Esparta o uso do marfim para produccedilatildeo de objetos gravados Vemos entatildeo que o ambiente artiacutestico na Lacedemocircnia entre 775 e 650 a C natildeo era de modo algum esteacuteril ou sem importacircncia9

Como Burn (1960 275‑276) explica Esparta natildeo virou suas costas para a arte e a poesia Prova disso eacute que vasos com detalhes refinados foram fabricados ali e exportados para outras regiotildees da Heacutelade ateacute 550 a C mais ou menos Por volta de 600 a C Gitiadas poeta escultor e arquiteto projetou o Templo de Atena tambeacutem conhecido como Casa de Bronze por causa das placas feitas com esse metal para decorar o edifiacutecio E em 585 a C o segundo templo de Oacutertia foi construiacutedo Ou seja havia artesatildeos trabalhando em Esparta no periacuteodo arcaico que produziram obras dignas de admiraccedilatildeo10

8 Para mais informaccedilotildees sobre a arqueologia e a arquitetura espartanas ver Walker (1998) Kaltsas (2007) e Cavanagh (2009)

9 Sobre isso ver tambeacutem Burn (1960) 180‑184 e Stibbe (1996) passim10 Ver tambeacutem Burn (1960) 280‑282 e Cartledge (2002) 133‑136

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No que diz respeito agrave muacutesica Plutarco nos daacute significativos testemunhos da sua importacircncia em ambiente espartano tanto nas Vidas quanto nos Moralia Na Vida de Licurgo no c 4 por exemplo encontramos a informaccedilatildeo segundo a qual o legislador lendaacuterio teria convidado um poeta‑legislador de Creta para ir a Esparta com ele Esse poeta se chamava Tales Mas talvez tenha havido alguma confusatildeo na tradiccedilatildeo manuscrita e esse Tales poderia ser o Taletas de Gortina mencionado algumas vezes no livro Sobre a Muacutesica tambeacutem de Plutarco Ele teria sido o responsaacutevel por curar os espartanos de uma peste com o seu canto11 Aleacutem disso no mesmo c 4 nos eacute dito que Licurgo teria sido o responsaacutevel por levar os poemas de Homero da Jocircnia para sua cidade

Depois no c 21 da mesma Vida Plutarco nos diz que os lacedemocircnios apreciavam se dedicar agrave poesia meacutelica porque as canccedilotildees estimulavam seus espiacuteritos e lhes davam coragem para enfrentar os inimigos nas batalhas Seu estilo era simples e seus temas eram seacuterios com o objetivo de promover uma boa formaccedilatildeo dos caraacuteteres Nelas eram louvados os heroacuteis de Esparta e condenados os covardes que natildeo lutaram ateacute o fim para defender sua cidade Nos festivais eram organizados trecircs coros de acordo com as idades um de velhos outro de adultos e outro de jovens Cada um cantava sobre a sua bravura uns falavam dos seus feitos no passado os outros tratavam das suas accedilotildees no presente e os uacuteltimos cantavam sobre o seu desejo de realizar grandes proezas no futuro Esses seriam os temas baacutesicos das canccedilotildees em Esparta e por isso segundo Plutarco Terpandro e Piacutendaro estavam corretos ao associar bravura e muacutesica e ao mostrar que os espartanos eram o povo mais aguerrido e mais musical

Por isso natildeo era por acaso que os jovens cantavam o nomo de Caacutestor e o peatilde da marcha (c 22) e em todo lugar havia danccedilas festas e banquetes quando natildeo havia expediccedilotildees militares (c 24) Contudo o gosto pela boa muacutesica e pela boa poesia natildeo era caracteriacutestico de todos os habitantes da Lacocircnia tendo em vista que os hilotas danccedilavam e cantavam canccedilotildees vulgares e grotescas diferentes das composiccedilotildees de Aacutelcman Terpandro e Especircndon (c 28) Isso na verdade estava associado ao fato de eles serem escravos e por isso era compreensiacutevel que eles apreciassem canccedilotildees vis como eles proacuteprios

Na Vida de Lisandro encontramos algumas informaccedilotildees que reforccedilam a impressatildeo de que os espartanos tinham sim grande sensibilidade para a muacutesica No c 15 ficamos sabendo que os lacocircnios depois de conquistar Atenas em 404 a C queriam destruir aquela cidade mas apoacutes ouvir um coro da Electra de Euriacutepides desistiram Em seguida no c 18 Plutarco nos conta que Lisandro estava sempre acompanhado do poeta Queacuterilo encarregado de celebrar os feitos do general E outros poetas tambeacutem celebraram Lisandro segundo nosso autor

11 Ver Plu Mus 42 (1146B‑C) e Gostoli (1990) 12‑13 e

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A Esparta de Plutarco entre a guerra e as artes

Na Vida de Agesilau c 14 lemos que os espartanos apreciavam uma parte da poesia de Timoacuteteo de Mileto poeta que teria tido algumas cordas de sua ciacutetara cortadas quando de uma sua visita a Esparta porque os eacuteforos julgavam que natildeo seriam necessaacuterias mais do que sete cordas e o instrumento do poeta tinha onze12 Essa anedota indica que os lacocircnios natildeo apreciavam inovaccedilotildees Poreacutem a informaccedilatildeo do c 14 da Vida de Agesilau mostra que eles poderiam aceitar pelo menos uma parte da obra de um poeta inovador desde que essa parte se adequas‑se ao gosto e agraves tradiccedilotildees do local Tambeacutem nessa mesma Vida c 21 Plutarco nos diz que o rei Agesilau apreciava os cantos e as danccedilas mesmo natildeo sendo um lsquoespecialistarsquo nas artes

Por fim na Vida de Aacutegis c 10 encontramos um elogio a Terpandro a Ta‑les (Taletas) e a Fereacutecides porque mesmo sendo estrangeiros professavam o que Licurgo instituiu e por isso foram muito honrados em Esparta Na Vida de Cleocircmenes c 2 somos informados que o rei Leocircnidas elogiou Tirteu algo facilmente compreensiacutevel tendo em vista o caraacuteter estimulante e guerreiro das elegias daquele poeta Aleacutem disso nessa mesma Vida citada por uacuteltimo c 12 Plutarco nos conta que Cleocircmenes certa vez teria encontrado alguns artistas de Dioniso muacutesicos e atores profissionais que iam de cidade em cidade para se apresentar e construiu um teatro Isso mostra que esse rei estimulou de alguma maneira as atividades artiacutesticas mesmo que ele natildeo tivesse o costume de levar artistas com seu exeacutercito de acordo com Plutarco e nem apreciasse apresentaccedilotildees musicais nos seus banquetes (c 13)

Tudo isso mostra que Esparta era uma cidade onde a muacutesica tinha um papel importe na educaccedilatildeo e na guerra e que os lacocircnios natildeo eram um povo obtuso e indiferente ao poder das melodias De acordo com Plutarco tendo em vista agora algumas passagens dos Moralia os espartanos passavam por treinamento rigoroso no que diz respeito agrave muacutesica e agrave poesia e suas canccedilotildees estimulavam os espiacuteritos e faziam com que os homens se sentissem entusiasmados e se esfor‑ccedilassem para ser bem sucedidos Em vaacuterias passagens das suas Obras Morais ele elogia o estilo da muacutesica deles porque ela era simples e natildeo afetada e seus temas eram seacuterios e edificantes Se algueacutem estudasse a poesia e as canccedilotildees de marcha de Esparta acompanhadas pelo aulo essa pessoa concordaria que Terpandro e Piacutendaro estavam certos ao associar valor (andreia) e muacutesica Como vimos acima nos trechos citados das Vidas Plutarco tambeacutem diz que os Espartanos eram o povo ao mesmo tempo mais musical (mousikotatous) e o mais afeito agrave guerra (polemikotatous)13

No livro sobre os Antigos Costumes dos Espartanos Plutarco tambeacutem elogia os ritmos das canccedilotildees de marcha (embaterioi rhythmoi) porque eles despertavam

12 Ver Plu Agis 1013 Cf Lyc 211‑4

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a coragem a audaacutecia e o desdeacutem pela morte requisitos indispensaacuteveis para o guerreiro valoroso Os espartanos usavam esses ritmos para danccedilar mas tambeacutem quando avanccedilavam contra os inimigos ao som do aulo Plutarco lembra que Li‑curgo associava o amor pela muacutesica agrave praacutetica militar para que o espiacuterito guerreiro combinado com a melodia tivesse concordacircncia e harmonia (symphonia kai har‑monia) Por isso em tempos de guerra os reis espartanos ofereciam sacrifiacutecios agraves Musas antes de ir para a batalha como Plutarco nos conta nos Instituta Laconica 16 (238B‑C)

E para manter a pureza da sua muacutesica e dos seus costumes os espartanos agraves vezes recorriam a atos violentos Como Plutarco reporta nos Instituta Laconica 17 (238C‑D) eles natildeo permitiriam que ningueacutem desrespeitasse de modo algum as regras da muacutesica do passado Nem mesmo Terpandro um dos mais antigos e melhores citaredos (aqueles que cantavam acompanhados da ciacutetara ou da lira) teria a permissatildeo para acrescentar uma corda extra ao seu instrumento para que suas melodias fossem mais variadas Ele tentou fazer isso mas os eacuteforos pregaram sua lira numa parede por causa do seu ato iacutempio contraacuterio agrave tradiccedilatildeo Em outra ocasiatildeo um dos eacuteforos teria procedido com mais violecircncia quando Timoacuteteo o famoso muacutesico inovador que floresceu na segunda metade do seacuteculo V a C estava competindo no festival das Carneias ele pegou uma faca e perguntou ao muacutesico de que lado ele deveria cortar as cordas supeacuterfluas cujo nuacutemero ultra‑passava o tradicional de sete cordas Outras variantes dessa histoacuteria satildeo contadas por Plutarco em outros textos mas nessas outras passagens Friacutenis outro muacutesico inovador da segunda metade do seacuteculo V a C eacute o protagonista14

Mas para aleacutem da sua importacircncia na educaccedilatildeo e nos contextos de bata‑lha a muacutesica tinha grande significado tambeacutem nas momentos das celebraccedilotildees religiosas Dentre as festividades religiosas realizadas na Lacedemocircnia uma das mais importantes era a das Carneias realizada em Esparta e intimamente ligada agrave histoacuteria de Terpandro As origens desse festival eram muito antigas anteriores ao seacuteculo VIII a C tendo em vista que no seacuteculo VII os colonizadores espartanos da cidade italiana de Tarento jaacute tinham o costume de celebraacute‑la15 As Carneias eram dedicadas ao deus Apolo Carneu Em Esparta havia concursos musicais e atleacuteti‑cos uma corrida de jovens e um banquete ritual que contava com a participaccedilatildeo dos homens adultos que representavam as fratrias O festival era organizado por cidadatildeos solteiros e era o momento adequado para que os jovens que jaacute haviam completado seu periacuteodo de formaccedilatildeo ingressassem na vida adulta16

O que nos interessa aqui eacute o papel que a muacutesica desempenhava no contexto dessas festividades Um elemento importante nesses momentos de comemoraccedilatildeo

14 Cf Prof virt 84A Apophth Lac 220C e Agis 107 jaacute citada na nota 9 Cf Rocha (2008) 654‑655

15 Brelich (1969) 181‑18216 Brelich (1969) 149‑150

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eram os concursos A realizaccedilatildeo de concursos musicais no acircmbito do festival das Carneias natildeo teria acontecido desde o iniacutecio A introduccedilatildeo de agones provavel‑mente ocorreu quando Terpandro migrou de Metimna (Lesbos) para Esparta na primeira metade do seacuteculo VII a C Nesse contexto eacute importante considerar o testemunho de Helacircnico17 segundo o qual Terpandro teria sido o primeiro a vencer o concurso musical nas Carneias Esse fato parece estar diretamente relacionado agrave fundaccedilatildeo da primeira escola musical (katastasis) em Esparta por obra do mesmo Terpandro Segundo Brelich (1969 186‑191) eacute muito provaacutevel que a introduccedilatildeo do concurso musical nas Carneias tenha sido influenciada pela proacutepria katastasis18 Essa hipoacutetese ganha forccedila se consideramos o capiacutetulo 9 do tratado Sobre a Muacutesica como um todo Ali Plutarco fala da primeira katastasis fundada por Terpandro e menciona tambeacutem a segunda katastasis liderada por Taletas de Gortina Xenoacutedamo de Citera Xenoacutecrito de Locres Polimnesto de Coacutelofon e Saacutecadas de Argos muacutesicos que teriam instituiacutedo as Gimnopeacutedias em Esparta as Apodeixeis na Arcaacutedia e as Endimaacutetias em Argos Jaacute que os membros da segunda escola musical foram fundadores de festivais19 em diferentes cidades do Peloponeso Terpandro tambeacutem pode ter desempenhado o mesmo papel no contexto das Carneias

No que diz respeito agraves Gimnopeacutedias contudo encontramos uma situaccedilatildeo diferente Possuiacutemos uma grande variedade de informaccedilotildees sobre esse festival que inclusive muitas vezes satildeo contraditoacuterias Mas tratando apenas daquilo que nos interessa aqui sabemos que no periacuteodo das festividades aconteciam apresentaccedilotildees de coros de adolescentes e adultos instituiacutedos em honra a Apolo que cantavam hinos compostos por poetas como Taletas Aacutelcman e Dionisodoto Depois da batalha de Tireia em 544 aC na qual Esparta lutou contra Argos pela posse da Tireaacutetida tornou‑se costumeiro cantar um peatilde em honra dos soldados que morreram naquela ocasiatildeo Por causa desse elemento ritual e da comparaccedilatildeo com as Apodeixeis e as Endimaacutetias as Gimnopeacutedias foram consideradas festas que indicavam o momento no qual os jovens receacutem‑iniciados eram integrados agrave vida militar20

Tendo tudo isso em vista podemos concluir que eacute preciso colocar a miragem espartana em perspectiva Esparta natildeo era tatildeo lsquoespartanarsquo assim e natildeo foi sempre lsquoespartanarsquo Havia espaccedilo naquela cidade para o cultivo das artes tais como a arquitetura a escultura a pintura vascular a muacutesica (que incluiacutea a poesia) e a danccedila Nela floresceram poetas como Aacutelcman Terpandro e Tirteu Nela surgiram escolas poeacuteticomusicais Nela viveram poetas estrangeiros tais como Taletas de

17 FGrHist 4 F 85 = Ateneu 635e = Terpander Test 1 Gostoli18 Cf tambeacutem Gostoli (1990) 84‑8519 Mais do que fundadores de festivais eacute mais verossiacutemil pensar que esses autores foram os

responsaacuteveis pela introduccedilatildeo dos concursos musicais como parte das celebraccedilotildees 20 Cf Gostoli (1990) 85‑86

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Gortina (Creta) e Saacutecadas de Argos E sendo assim houve um ambiente feacutertil e favoraacutevel para o desenvolvimento e o cultivo de atividades artiacutesticas Os esparta‑nos foram sim grandes guerreiros que contribuiacuteram decisivamente para a vitoacuteria dos helenos sobre os persas Eles cultivaram sim suas habilidades guerreiras a ponto de derrotar os atenienses na Guerra do Peloponeso Poreacutem Esparta natildeo foi somente uma comunidade de soldados que dedicavam suas vidas somente agrave guerra Esparta foi tambeacutem uma cidade onde as pessoas cantavam danccedilavam e apreciavam a beleza dos edifiacutecios e dos objetos do cotidiano Eacute preciso reconhecer isso e na obra de Plutarco jaacute encontramos essa imagem multifacetada dessa cul‑tura Basta direcionar os olhos para outras direccedilotildees

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Bibliografia

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Plutarque Vies Tome I Text eacutetabli et traduit par Flaceliegravere R Chambry Eacute et Juneaux M Paris Les Belles Lettres 1957

Plutarque Vies Tome VI Text eacutetabli et traduit par Flaceliegravere R et Chambry Eacute Paris Les Belles Lettres 1971

Plutarque Vies Tome VIII Text eacutetabli et traduit par Flaceliegravere R et Chambry Eacute Paris Les Belles Lettres 1973

Powell A amp Hodkinson S (eds) The shadow of Sparta Londres Routledge 1994Rawson E The spartan tradition in european thought Oxford Oxford University

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Roosevelt Rocha

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Shipley D R A commentary on Plutarchrsquos Life of Agesilaos Oxford Clarendon Press 1998

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Index nominum

Timoacuteteo 167‑168 178 183Timoacutexena 195Tindaacuteridas 63Tireaacutetida 169Tireia 169Tireacutesias 236Tirteu 167 169 221Titatildes 245Trajano 121Trezena 31 32‑35 38 Tricoacuterito 39Troia 81 124Tuciacutedides 122 160 181Ulisses 81 192Valeacuterio (vd Puacuteblio Valeacuterio)Vestais 58 204Viacutenio 200Xantipo 191 201Xenoacutecrito 169Xenoacutedamo 169Xenofonte 160 164Zaleuco 88Zeus 36 40‑41 220 226 243

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Index nominum

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Notas biograacuteficas dos autores

Aacutelia Rodrigues eacute doutorada em Estudos Claacutessicos (Literatura Grega) e inves‑tigadora do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse satildeo a histoacuteria das ideias poliacuteticas desde os Gregos ateacute agrave modernidade histoacuteria legal e a recepccedilatildeo de temas claacutessicos na contemporaneidade

Ana Ferreira eacute Professora Auxiliar do Departamento de Estudos Portugueses e Ro‑macircnicos da Faculdade de Letras da Universidade do Porto e investigadora do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a histoacuteria antiga a literatura greco‑romana bem como a didaacutectica das liacutenguas claacutessicas

Delfim F Leatildeo eacute Professor Catedraacutetico da Instituto de Estudos Claacutessicos e investiga‑dor do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a histoacuteria antiga o direito e a teorizaccedilatildeo poliacutetica dos Gregos a pragmaacutetica teatral e a escrita romanesca antiga

Faacutebio Vergara Cerqueira eacute Professor Adjunto do Instituto de Ciecircncias Humanas da Universidade Federal de Pelotas pesquisador PQ‑2 do CNPq Professor Visitante na Universidade de Heidelberg Bolsista Fundaccedilatildeo Humboldt ldquoPesquisador Experienterdquo Principais aacutereas de interesse satildeo histoacuteria e arqueologia da Greacutecia antiga e sua recepccedilatildeo enfocando muacutesica iconografia ceramologia gecircnero memoacuteria social identidade e patrimocircnio cultural

Guillermina Gonzaacutelez Almenara es Profesor Contratado Doctor Tipo 1 vinculada con el Aacuterea de Filologiacutea Griega del Departamento de Filologiacutea Claacutesica Francesa Aacuterabe y Romaacutenica de la Universidad de La Laguna Sus principales liacuteneas de investi‑gacioacuten son la mujer y el aacutembito femenino en la Grecia antigua Historiografiacutea griega Historia y civilizacioacuten de la Grecia antigua

Ivana S Chialva es Doctora en Letras Investigadora Asistente del Conicet y Profesora de Griego y Literaturas griega y latina de la Facultad de Humanidades y Ciencias de la Universidad Nacional del Litoral (Santa Fe Argentina) Sus tra‑bajos sobre el mundo antiguo se focalizan en la relacioacuten entre primera y segunda sofiacutestica y en la influencia de este uacuteltimo fenoacutemeno en la prosa narrativa griega de eacutepoca imperial especialmente la retoacuterica la biografiacutea y la novela en sus diferentes formas

Jesuacutes-Mordf Nieto Ibaacutentildeez es Catedraacutetico de Filologiacutea Griega de la Universidad de Leoacuten Sus liacuteneas de investigacioacuten son la literatura judiacutea en lengua griega los primeros textos cristianos el Humanismo y la Tradicioacuten claacutesica Actualmente dirige un Proyecto de

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investigacioacuten sobre el Humanismo la Tradicioacuten claacutesica y patriacutestica y la exeacutegesis biacuteblica en los siglos XVI y XVII

Joaquim Pinheiro eacute Professor Auxiliar da Universidade da Madeira e investigador do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a biografia antiga a Segunda Sofiacutestica a retoacuterica claacutessica e o pensamento poliacutetico dos Gregos

Joseacute M Candau es Catedraacutetico de Filologiacutea Griega en la Universidad de Sevilla Sus principales aacutereas de investigacioacuten son la historiografiacutea griega y Plutarco

Loraine Oliveira eacute professora de Filosofia da Universidade de Brasiacutelia Publicou o livro Plotino escultor de mitos pela Imprensa da Universidade de CoimbraAnnablume em 2014 Vem se dedicando principalmente a estudar os mitos em Plotino Plutarco e Porfiacuterio assim como o vegetarianismo em Plutarco e Porfiacuterio

Maria Aparecida de Oliveira Silva eacute professora visitante do Programa de Poacutes‑Gradu‑accedilatildeo em Letras Claacutessicas da Universidade de Satildeo Paulo e Professora Pesquisadora do Programa de Poacutes‑Graduaccedilatildeo em Histoacuteria da Universidade Federal de Satildeo Paulo Liacuteder do Grupo CNPq LABHAN Laboratoacuterio de Histoacuteria Antiga da Universidade Federal do Amapaacute Pesquisadora do Grupo CNPq Linceu ‑ Visotildees da Antiguidade Claacutessica da Universidade Estadual Paulista Pesquisadora do Grupo Retoacuterica Texto y Comunicacioacuten da Universidad de Caacutediz Membro do Conselho Acadecircmico do Seminaacuterio de Histoacuteria e Filosofia das Religiotildees da Universidad Autoacutenoma de Ciudad Juaacuterez mdash Meacutexico Pesquisa e publica trabalhos sobre Esparta Plutarco e biografia antiga

M Teresa Fau Ramos es Profesora Titular del Departament de Filologia Grega de la Universitat de Barcelona y miembro del Grup de Recerca Graecia Capta que investiga la pervivencia de la identidad griega bajo el imperio romano Sus principales aacutereas de intereacutes cientiacutefico son la historia e instituciones de la Grecia claacutesica y post‑claacutesica la religioacuten helena (paganismo) y diversos aspectos del cristianismo primitivo

Pilar Goacutemez Cardoacute es profesora titular de Filologiacutea Griega en la Universidad de Barcelona donde imparte docencia e investiga desde 1981 Doctora en Filologiacutea Claacutesica desde 1987 con una tesis sobre la tradicioacuten yaacutembica y la faacutebula (La Vida drsquoIsop entre el iambe la faula i la novella) es autora de numerosos artiacuteculos y capiacutetulos de libros sobre la literatura griega de eacutepoca imperial romana en especial sobre Segunda Sofiacutestica y novela ha estudiado principalmente autores como Luciano en cuya edicioacuten y traduccioacuten al castellano para la coleccioacuten Alma Mater participa Plutarco Dioacuten de Prusa o Elio Ariacutestides Es miembro del grupo de investigacioacuten Graecia Capta de la Universidad de Barcelona

Roosevelt Rocha eacute Professor Adjunto do curso de Letras da Universidade Federal do Paranaacute (Brasil) e pesquisador ligado ao Programa de Poacutes‑Graduaccedilatildeo em Letras da

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mesma Universidade As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a poesia grega arcaica (elegia jambo e meacutelica) a muacutesica grega antiga e o estudo da performance da poesia grega dos periacuteodos arcaico e claacutessico

Vicente Ramoacuten es Profesor Tiular de Filologiacutea Griega de la Universidad de Zara‑goza Sus intereses cientiacuteficos pueden sintetizarse en las siguientes liacuteneas Plutarco de Queronea y la biografiacutea poliacutetica historiografiacutea griega retoacuterica y oratoria griegas tradicioacuten claacutesica teatro griego la irreligiosidad en la Atenas Claacutesica

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Volumes publicados na Colecccedilatildeo Humanitas Supplementum

1 Francisco de Oliveira Claacuteudia Teixeira e Paula Barata Dias Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 1 ndash Liacutenguas e Literaturas Greacutecia e Roma (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

2 Francisco de Oliveira Claacuteudia Teixeira e Paula Barata Dias Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 2 ndash Liacutenguas e Literaturas Idade Meacutedia Renascimento Recepccedilatildeo (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

3 Francisco de Oliveira Jorge de Oliveira e Manuel Patriacutecio Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 3 ndash Histoacuteria Arqueologia e Arte (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2010)

4 Maria Helena da Rocha Pereira Joseacute Ribeiro Ferreira e Francisco de Oliveira (Coords) Horaacutecio e a sua perenidade (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

5 Joseacute Luiacutes Lopes Brandatildeo Maacutescaras dos Ceacutesares Teatro e moralidade nas Vidas suetonianas (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

6 Joseacute Ribeiro Ferreira Delfim Leatildeo Manuel Troumlster and Paula Barata Dias (eds) Symposion and Philanthropia in Plutarch (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

7 Gabriele Cornelli (Org) Representaccedilotildees da Cidade Antiga Categorias histoacutericas e discursos filosoacuteficos (Coimbra Classica DigitaliaCECHGrupo Archai 2010)

8 Maria Cristina de Sousa Pimentel e Nuno Simotildees Rodrigues (Coords) Sociedade poder e cultura no tempo de Oviacutedio (Coimbra Classica DigitaliaCECHCECCH 2010)

9 Franccediloise Frazier et Delfim F Leatildeo (eds) Tychegrave et pronoia La marche du monde selon Plutarque (Coimbra Classica DigitaliaCECH Eacutecole Doctorale 395 ArScAn‑THEMAM 2010)

10 Juan Carlos Iglesias‑Zoido El legado de Tuciacutedides en la cultura occidental (Coimbra Classica DigitaliaCECH ARENGA 2011)

11 Gabriele Cornelli O pitagorismo como categoria historiograacutefica (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2011)

12 Frederico Lourenccedilo The Lyric Metres of Euripidean Drama (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2011)

13 Joseacute Augusto Ramos Maria Cristina de Sousa Pimentel Maria do Ceacuteu Fialho Nuno Simotildees Rodrigues (coords) Paulo de Tarso Grego e Romano Judeu e Cristatildeo (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

14 Carmen Soares amp Paula Barata Dias (coords) Contributos para a histoacuteria da alimentaccedilatildeo na antiguidade (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

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15 Carlos A Martins de Jesus Claudio Castro Filho amp Joseacute Ribeiro Ferreira (coords) Hipoacutelito e Fedra ‑ nos caminhos de um mito (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

16 Joseacute Ribeiro Ferreira Delfim F Leatildeo amp Carlos A Martins de Jesus (eds) Nomos Kosmos amp Dike in Plutarch (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

17 Joseacute Augusto Ramos amp Nuno Simotildees Rodrigues (coords) Mnemosyne kai Sophia (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

18 Ana Maria Guedes Ferreira O homem de Estado ateniense em Plutarco o caso dos Alcmeoacutenidas (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

19 Aurora Loacutepez Andreacutes Pocintildea amp Maria de Faacutetima Silva De ayer a hoy influencias claacutesicas en la literatura (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

20 Cristina Pimentel Joseacute Luiacutes Brandatildeo amp Paolo Fedeli (coords) O poeta e a cidade no mundo romano (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

21 Francisco de Oliveira Joseacute Luiacutes Brandatildeo Vasco Gil Mantas amp Rosa Sanz Serrano (coords) A queda de Roma e o alvorecer da Europa (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

22 Luiacutesa de Nazareacute Ferreira Mobilidade poeacutetica na Greacutecia antiga uma leitura da obra de Simoacutenides (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica DigitaliaCECH 2013)

23 Faacutebio Cerqueira Ana Teresa Gonccedilalves Edalaura Medeiros amp JoseacuteLuiacutes Brandatildeo Saberes e poderes no mundo antigo Vol I ndash Dos saberes (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia2013) 282 p

24 Faacutebio Cerqueira Ana Teresa Gonccedilalves Edalaura Medeiros amp Delfim Leatildeo Saberes e poderes no mundo antigo Vol II ndash Dos poderes (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013) 336 p

25 Joaquim J S Pinheiro Tempo e espaccedilo da paideia nas Vidas de Plutarco (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013) 458 p

26 Delfim Leatildeo Gabriele Cornelli amp Miriam C Peixoto (coords) Dos Homens e suas Ideias Estudos sobre as Vidas de Dioacutegenes Laeacutercio (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013)

27 Italo Pantani Margarida Miranda amp Henrique Manso (coords) Aires Barbosa na Cosmoacutepolis Renascentista (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2013)

28 Francisco de Oliveira Maria de Faacutetima Silva Tereza Virgiacutenia Ribeiro Barbosa (coords) Violecircncia e transgressatildeo uma trajetoacuteria da Humanidade (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

29 Priscilla Gontijo Leite Eacutetica e retoacuterica forense asebeia e hybris na caracterizaccedilatildeo dos adversaacuterios em Demoacutestenes (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

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30 Andreacute Carneiro Lugares tempos e pessoas Povoamento rural romano no Alto Alentejo ‑ Volume I (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2014)

31 Andreacute Carneiro Lugares tempos e pessoas Povoamento rural romano no Alto Alentejo ‑ Volume II (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2014)

32 Pilar Goacutemez Cardoacute Delfim F Leatildeo Maria Aparecida de Oliveira Silva (coords) Plutarco entre mundos visotildees de Esparta Atenas e Roma (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

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Resumo da obra

A vasta e variada obra de Plutarco permite sempre uma abordagem a partir de distintas

perspetivas com diferentes intenccedilotildees e propoacutesitos variados No entanto eacute importante

identificar tambeacutem fios comuns nessa abordagem porque permitem demonstrar tanto a

niacutevel formal como de conteuacutedo que haacute muitos elementos comuns que permeiam o trabalho

de Plutarco

Os treze contributos para este volume tecircm como elo comum o nome de trecircs cidades

Esparta Atenas e Roma Elas representam espaccedilos poliacuteticos e institucionais diversos dada

a sua extensatildeo geograacutefica e cronoloacutegica mas simbolizam igualmente diferentes modelos

de organizaccedilatildeo social atraveacutes dos quais a Greacutecia pode ser contrastada com Roma ou Atenas

comparada com Esparta mdash ainda que o seu verdadeiro interesse na obra de Plutarco seja

que representam sempre locais paradigmaacuteticos onde vivem e convivem pessoas Por

isso os estudiosos de Plutarco que contribuiacuteram para este volume procuram analisar em

cada uma dessas cidades seja por assimilaccedilatildeo ou por contraste a forma como o autor de

Queroneia aborda a ligaccedilatildeo entre indiviacuteduo e comunidade a partir do exerciacutecio do poder

e da experiecircncia religiosa qual o papel da educaccedilatildeo e do domiacutenio privado na projeccedilatildeo

puacuteblica dos protagonistas retratados por Plutarco ou ateacute que ponto a imagem dos primeiros

legisladores e fundadores miacuteticos foi condicionada pela evoluccedilatildeo histoacuterica destas mesmas

cidades

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No que diz respeito agrave muacutesica Plutarco nos daacute significativos testemunhos da sua importacircncia em ambiente espartano tanto nas Vidas quanto nos Moralia Na Vida de Licurgo no c 4 por exemplo encontramos a informaccedilatildeo segundo a qual o legislador lendaacuterio teria convidado um poeta‑legislador de Creta para ir a Esparta com ele Esse poeta se chamava Tales Mas talvez tenha havido alguma confusatildeo na tradiccedilatildeo manuscrita e esse Tales poderia ser o Taletas de Gortina mencionado algumas vezes no livro Sobre a Muacutesica tambeacutem de Plutarco Ele teria sido o responsaacutevel por curar os espartanos de uma peste com o seu canto11 Aleacutem disso no mesmo c 4 nos eacute dito que Licurgo teria sido o responsaacutevel por levar os poemas de Homero da Jocircnia para sua cidade

Depois no c 21 da mesma Vida Plutarco nos diz que os lacedemocircnios apreciavam se dedicar agrave poesia meacutelica porque as canccedilotildees estimulavam seus espiacuteritos e lhes davam coragem para enfrentar os inimigos nas batalhas Seu estilo era simples e seus temas eram seacuterios com o objetivo de promover uma boa formaccedilatildeo dos caraacuteteres Nelas eram louvados os heroacuteis de Esparta e condenados os covardes que natildeo lutaram ateacute o fim para defender sua cidade Nos festivais eram organizados trecircs coros de acordo com as idades um de velhos outro de adultos e outro de jovens Cada um cantava sobre a sua bravura uns falavam dos seus feitos no passado os outros tratavam das suas accedilotildees no presente e os uacuteltimos cantavam sobre o seu desejo de realizar grandes proezas no futuro Esses seriam os temas baacutesicos das canccedilotildees em Esparta e por isso segundo Plutarco Terpandro e Piacutendaro estavam corretos ao associar bravura e muacutesica e ao mostrar que os espartanos eram o povo mais aguerrido e mais musical

Por isso natildeo era por acaso que os jovens cantavam o nomo de Caacutestor e o peatilde da marcha (c 22) e em todo lugar havia danccedilas festas e banquetes quando natildeo havia expediccedilotildees militares (c 24) Contudo o gosto pela boa muacutesica e pela boa poesia natildeo era caracteriacutestico de todos os habitantes da Lacocircnia tendo em vista que os hilotas danccedilavam e cantavam canccedilotildees vulgares e grotescas diferentes das composiccedilotildees de Aacutelcman Terpandro e Especircndon (c 28) Isso na verdade estava associado ao fato de eles serem escravos e por isso era compreensiacutevel que eles apreciassem canccedilotildees vis como eles proacuteprios

Na Vida de Lisandro encontramos algumas informaccedilotildees que reforccedilam a impressatildeo de que os espartanos tinham sim grande sensibilidade para a muacutesica No c 15 ficamos sabendo que os lacocircnios depois de conquistar Atenas em 404 a C queriam destruir aquela cidade mas apoacutes ouvir um coro da Electra de Euriacutepides desistiram Em seguida no c 18 Plutarco nos conta que Lisandro estava sempre acompanhado do poeta Queacuterilo encarregado de celebrar os feitos do general E outros poetas tambeacutem celebraram Lisandro segundo nosso autor

11 Ver Plu Mus 42 (1146B‑C) e Gostoli (1990) 12‑13 e

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Na Vida de Agesilau c 14 lemos que os espartanos apreciavam uma parte da poesia de Timoacuteteo de Mileto poeta que teria tido algumas cordas de sua ciacutetara cortadas quando de uma sua visita a Esparta porque os eacuteforos julgavam que natildeo seriam necessaacuterias mais do que sete cordas e o instrumento do poeta tinha onze12 Essa anedota indica que os lacocircnios natildeo apreciavam inovaccedilotildees Poreacutem a informaccedilatildeo do c 14 da Vida de Agesilau mostra que eles poderiam aceitar pelo menos uma parte da obra de um poeta inovador desde que essa parte se adequas‑se ao gosto e agraves tradiccedilotildees do local Tambeacutem nessa mesma Vida c 21 Plutarco nos diz que o rei Agesilau apreciava os cantos e as danccedilas mesmo natildeo sendo um lsquoespecialistarsquo nas artes

Por fim na Vida de Aacutegis c 10 encontramos um elogio a Terpandro a Ta‑les (Taletas) e a Fereacutecides porque mesmo sendo estrangeiros professavam o que Licurgo instituiu e por isso foram muito honrados em Esparta Na Vida de Cleocircmenes c 2 somos informados que o rei Leocircnidas elogiou Tirteu algo facilmente compreensiacutevel tendo em vista o caraacuteter estimulante e guerreiro das elegias daquele poeta Aleacutem disso nessa mesma Vida citada por uacuteltimo c 12 Plutarco nos conta que Cleocircmenes certa vez teria encontrado alguns artistas de Dioniso muacutesicos e atores profissionais que iam de cidade em cidade para se apresentar e construiu um teatro Isso mostra que esse rei estimulou de alguma maneira as atividades artiacutesticas mesmo que ele natildeo tivesse o costume de levar artistas com seu exeacutercito de acordo com Plutarco e nem apreciasse apresentaccedilotildees musicais nos seus banquetes (c 13)

Tudo isso mostra que Esparta era uma cidade onde a muacutesica tinha um papel importe na educaccedilatildeo e na guerra e que os lacocircnios natildeo eram um povo obtuso e indiferente ao poder das melodias De acordo com Plutarco tendo em vista agora algumas passagens dos Moralia os espartanos passavam por treinamento rigoroso no que diz respeito agrave muacutesica e agrave poesia e suas canccedilotildees estimulavam os espiacuteritos e faziam com que os homens se sentissem entusiasmados e se esfor‑ccedilassem para ser bem sucedidos Em vaacuterias passagens das suas Obras Morais ele elogia o estilo da muacutesica deles porque ela era simples e natildeo afetada e seus temas eram seacuterios e edificantes Se algueacutem estudasse a poesia e as canccedilotildees de marcha de Esparta acompanhadas pelo aulo essa pessoa concordaria que Terpandro e Piacutendaro estavam certos ao associar valor (andreia) e muacutesica Como vimos acima nos trechos citados das Vidas Plutarco tambeacutem diz que os Espartanos eram o povo ao mesmo tempo mais musical (mousikotatous) e o mais afeito agrave guerra (polemikotatous)13

No livro sobre os Antigos Costumes dos Espartanos Plutarco tambeacutem elogia os ritmos das canccedilotildees de marcha (embaterioi rhythmoi) porque eles despertavam

12 Ver Plu Agis 1013 Cf Lyc 211‑4

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a coragem a audaacutecia e o desdeacutem pela morte requisitos indispensaacuteveis para o guerreiro valoroso Os espartanos usavam esses ritmos para danccedilar mas tambeacutem quando avanccedilavam contra os inimigos ao som do aulo Plutarco lembra que Li‑curgo associava o amor pela muacutesica agrave praacutetica militar para que o espiacuterito guerreiro combinado com a melodia tivesse concordacircncia e harmonia (symphonia kai har‑monia) Por isso em tempos de guerra os reis espartanos ofereciam sacrifiacutecios agraves Musas antes de ir para a batalha como Plutarco nos conta nos Instituta Laconica 16 (238B‑C)

E para manter a pureza da sua muacutesica e dos seus costumes os espartanos agraves vezes recorriam a atos violentos Como Plutarco reporta nos Instituta Laconica 17 (238C‑D) eles natildeo permitiriam que ningueacutem desrespeitasse de modo algum as regras da muacutesica do passado Nem mesmo Terpandro um dos mais antigos e melhores citaredos (aqueles que cantavam acompanhados da ciacutetara ou da lira) teria a permissatildeo para acrescentar uma corda extra ao seu instrumento para que suas melodias fossem mais variadas Ele tentou fazer isso mas os eacuteforos pregaram sua lira numa parede por causa do seu ato iacutempio contraacuterio agrave tradiccedilatildeo Em outra ocasiatildeo um dos eacuteforos teria procedido com mais violecircncia quando Timoacuteteo o famoso muacutesico inovador que floresceu na segunda metade do seacuteculo V a C estava competindo no festival das Carneias ele pegou uma faca e perguntou ao muacutesico de que lado ele deveria cortar as cordas supeacuterfluas cujo nuacutemero ultra‑passava o tradicional de sete cordas Outras variantes dessa histoacuteria satildeo contadas por Plutarco em outros textos mas nessas outras passagens Friacutenis outro muacutesico inovador da segunda metade do seacuteculo V a C eacute o protagonista14

Mas para aleacutem da sua importacircncia na educaccedilatildeo e nos contextos de bata‑lha a muacutesica tinha grande significado tambeacutem nas momentos das celebraccedilotildees religiosas Dentre as festividades religiosas realizadas na Lacedemocircnia uma das mais importantes era a das Carneias realizada em Esparta e intimamente ligada agrave histoacuteria de Terpandro As origens desse festival eram muito antigas anteriores ao seacuteculo VIII a C tendo em vista que no seacuteculo VII os colonizadores espartanos da cidade italiana de Tarento jaacute tinham o costume de celebraacute‑la15 As Carneias eram dedicadas ao deus Apolo Carneu Em Esparta havia concursos musicais e atleacuteti‑cos uma corrida de jovens e um banquete ritual que contava com a participaccedilatildeo dos homens adultos que representavam as fratrias O festival era organizado por cidadatildeos solteiros e era o momento adequado para que os jovens que jaacute haviam completado seu periacuteodo de formaccedilatildeo ingressassem na vida adulta16

O que nos interessa aqui eacute o papel que a muacutesica desempenhava no contexto dessas festividades Um elemento importante nesses momentos de comemoraccedilatildeo

14 Cf Prof virt 84A Apophth Lac 220C e Agis 107 jaacute citada na nota 9 Cf Rocha (2008) 654‑655

15 Brelich (1969) 181‑18216 Brelich (1969) 149‑150

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eram os concursos A realizaccedilatildeo de concursos musicais no acircmbito do festival das Carneias natildeo teria acontecido desde o iniacutecio A introduccedilatildeo de agones provavel‑mente ocorreu quando Terpandro migrou de Metimna (Lesbos) para Esparta na primeira metade do seacuteculo VII a C Nesse contexto eacute importante considerar o testemunho de Helacircnico17 segundo o qual Terpandro teria sido o primeiro a vencer o concurso musical nas Carneias Esse fato parece estar diretamente relacionado agrave fundaccedilatildeo da primeira escola musical (katastasis) em Esparta por obra do mesmo Terpandro Segundo Brelich (1969 186‑191) eacute muito provaacutevel que a introduccedilatildeo do concurso musical nas Carneias tenha sido influenciada pela proacutepria katastasis18 Essa hipoacutetese ganha forccedila se consideramos o capiacutetulo 9 do tratado Sobre a Muacutesica como um todo Ali Plutarco fala da primeira katastasis fundada por Terpandro e menciona tambeacutem a segunda katastasis liderada por Taletas de Gortina Xenoacutedamo de Citera Xenoacutecrito de Locres Polimnesto de Coacutelofon e Saacutecadas de Argos muacutesicos que teriam instituiacutedo as Gimnopeacutedias em Esparta as Apodeixeis na Arcaacutedia e as Endimaacutetias em Argos Jaacute que os membros da segunda escola musical foram fundadores de festivais19 em diferentes cidades do Peloponeso Terpandro tambeacutem pode ter desempenhado o mesmo papel no contexto das Carneias

No que diz respeito agraves Gimnopeacutedias contudo encontramos uma situaccedilatildeo diferente Possuiacutemos uma grande variedade de informaccedilotildees sobre esse festival que inclusive muitas vezes satildeo contraditoacuterias Mas tratando apenas daquilo que nos interessa aqui sabemos que no periacuteodo das festividades aconteciam apresentaccedilotildees de coros de adolescentes e adultos instituiacutedos em honra a Apolo que cantavam hinos compostos por poetas como Taletas Aacutelcman e Dionisodoto Depois da batalha de Tireia em 544 aC na qual Esparta lutou contra Argos pela posse da Tireaacutetida tornou‑se costumeiro cantar um peatilde em honra dos soldados que morreram naquela ocasiatildeo Por causa desse elemento ritual e da comparaccedilatildeo com as Apodeixeis e as Endimaacutetias as Gimnopeacutedias foram consideradas festas que indicavam o momento no qual os jovens receacutem‑iniciados eram integrados agrave vida militar20

Tendo tudo isso em vista podemos concluir que eacute preciso colocar a miragem espartana em perspectiva Esparta natildeo era tatildeo lsquoespartanarsquo assim e natildeo foi sempre lsquoespartanarsquo Havia espaccedilo naquela cidade para o cultivo das artes tais como a arquitetura a escultura a pintura vascular a muacutesica (que incluiacutea a poesia) e a danccedila Nela floresceram poetas como Aacutelcman Terpandro e Tirteu Nela surgiram escolas poeacuteticomusicais Nela viveram poetas estrangeiros tais como Taletas de

17 FGrHist 4 F 85 = Ateneu 635e = Terpander Test 1 Gostoli18 Cf tambeacutem Gostoli (1990) 84‑8519 Mais do que fundadores de festivais eacute mais verossiacutemil pensar que esses autores foram os

responsaacuteveis pela introduccedilatildeo dos concursos musicais como parte das celebraccedilotildees 20 Cf Gostoli (1990) 85‑86

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Gortina (Creta) e Saacutecadas de Argos E sendo assim houve um ambiente feacutertil e favoraacutevel para o desenvolvimento e o cultivo de atividades artiacutesticas Os esparta‑nos foram sim grandes guerreiros que contribuiacuteram decisivamente para a vitoacuteria dos helenos sobre os persas Eles cultivaram sim suas habilidades guerreiras a ponto de derrotar os atenienses na Guerra do Peloponeso Poreacutem Esparta natildeo foi somente uma comunidade de soldados que dedicavam suas vidas somente agrave guerra Esparta foi tambeacutem uma cidade onde as pessoas cantavam danccedilavam e apreciavam a beleza dos edifiacutecios e dos objetos do cotidiano Eacute preciso reconhecer isso e na obra de Plutarco jaacute encontramos essa imagem multifacetada dessa cul‑tura Basta direcionar os olhos para outras direccedilotildees

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Bibliografia

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Plutarque Vies Tome VI Text eacutetabli et traduit par Flaceliegravere R et Chambry Eacute Paris Les Belles Lettres 1971

Plutarque Vies Tome VIII Text eacutetabli et traduit par Flaceliegravere R et Chambry Eacute Paris Les Belles Lettres 1973

Powell A amp Hodkinson S (eds) The shadow of Sparta Londres Routledge 1994Rawson E The spartan tradition in european thought Oxford Oxford University

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Shipley D R A commentary on Plutarchrsquos Life of Agesilaos Oxford Clarendon Press 1998

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Index nominum

Timoacuteteo 167‑168 178 183Timoacutexena 195Tindaacuteridas 63Tireaacutetida 169Tireia 169Tireacutesias 236Tirteu 167 169 221Titatildes 245Trajano 121Trezena 31 32‑35 38 Tricoacuterito 39Troia 81 124Tuciacutedides 122 160 181Ulisses 81 192Valeacuterio (vd Puacuteblio Valeacuterio)Vestais 58 204Viacutenio 200Xantipo 191 201Xenoacutecrito 169Xenoacutedamo 169Xenofonte 160 164Zaleuco 88Zeus 36 40‑41 220 226 243

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Index nominum

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Notas biograacuteficas dos autores

Aacutelia Rodrigues eacute doutorada em Estudos Claacutessicos (Literatura Grega) e inves‑tigadora do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse satildeo a histoacuteria das ideias poliacuteticas desde os Gregos ateacute agrave modernidade histoacuteria legal e a recepccedilatildeo de temas claacutessicos na contemporaneidade

Ana Ferreira eacute Professora Auxiliar do Departamento de Estudos Portugueses e Ro‑macircnicos da Faculdade de Letras da Universidade do Porto e investigadora do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a histoacuteria antiga a literatura greco‑romana bem como a didaacutectica das liacutenguas claacutessicas

Delfim F Leatildeo eacute Professor Catedraacutetico da Instituto de Estudos Claacutessicos e investiga‑dor do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a histoacuteria antiga o direito e a teorizaccedilatildeo poliacutetica dos Gregos a pragmaacutetica teatral e a escrita romanesca antiga

Faacutebio Vergara Cerqueira eacute Professor Adjunto do Instituto de Ciecircncias Humanas da Universidade Federal de Pelotas pesquisador PQ‑2 do CNPq Professor Visitante na Universidade de Heidelberg Bolsista Fundaccedilatildeo Humboldt ldquoPesquisador Experienterdquo Principais aacutereas de interesse satildeo histoacuteria e arqueologia da Greacutecia antiga e sua recepccedilatildeo enfocando muacutesica iconografia ceramologia gecircnero memoacuteria social identidade e patrimocircnio cultural

Guillermina Gonzaacutelez Almenara es Profesor Contratado Doctor Tipo 1 vinculada con el Aacuterea de Filologiacutea Griega del Departamento de Filologiacutea Claacutesica Francesa Aacuterabe y Romaacutenica de la Universidad de La Laguna Sus principales liacuteneas de investi‑gacioacuten son la mujer y el aacutembito femenino en la Grecia antigua Historiografiacutea griega Historia y civilizacioacuten de la Grecia antigua

Ivana S Chialva es Doctora en Letras Investigadora Asistente del Conicet y Profesora de Griego y Literaturas griega y latina de la Facultad de Humanidades y Ciencias de la Universidad Nacional del Litoral (Santa Fe Argentina) Sus tra‑bajos sobre el mundo antiguo se focalizan en la relacioacuten entre primera y segunda sofiacutestica y en la influencia de este uacuteltimo fenoacutemeno en la prosa narrativa griega de eacutepoca imperial especialmente la retoacuterica la biografiacutea y la novela en sus diferentes formas

Jesuacutes-Mordf Nieto Ibaacutentildeez es Catedraacutetico de Filologiacutea Griega de la Universidad de Leoacuten Sus liacuteneas de investigacioacuten son la literatura judiacutea en lengua griega los primeros textos cristianos el Humanismo y la Tradicioacuten claacutesica Actualmente dirige un Proyecto de

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investigacioacuten sobre el Humanismo la Tradicioacuten claacutesica y patriacutestica y la exeacutegesis biacuteblica en los siglos XVI y XVII

Joaquim Pinheiro eacute Professor Auxiliar da Universidade da Madeira e investigador do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a biografia antiga a Segunda Sofiacutestica a retoacuterica claacutessica e o pensamento poliacutetico dos Gregos

Joseacute M Candau es Catedraacutetico de Filologiacutea Griega en la Universidad de Sevilla Sus principales aacutereas de investigacioacuten son la historiografiacutea griega y Plutarco

Loraine Oliveira eacute professora de Filosofia da Universidade de Brasiacutelia Publicou o livro Plotino escultor de mitos pela Imprensa da Universidade de CoimbraAnnablume em 2014 Vem se dedicando principalmente a estudar os mitos em Plotino Plutarco e Porfiacuterio assim como o vegetarianismo em Plutarco e Porfiacuterio

Maria Aparecida de Oliveira Silva eacute professora visitante do Programa de Poacutes‑Gradu‑accedilatildeo em Letras Claacutessicas da Universidade de Satildeo Paulo e Professora Pesquisadora do Programa de Poacutes‑Graduaccedilatildeo em Histoacuteria da Universidade Federal de Satildeo Paulo Liacuteder do Grupo CNPq LABHAN Laboratoacuterio de Histoacuteria Antiga da Universidade Federal do Amapaacute Pesquisadora do Grupo CNPq Linceu ‑ Visotildees da Antiguidade Claacutessica da Universidade Estadual Paulista Pesquisadora do Grupo Retoacuterica Texto y Comunicacioacuten da Universidad de Caacutediz Membro do Conselho Acadecircmico do Seminaacuterio de Histoacuteria e Filosofia das Religiotildees da Universidad Autoacutenoma de Ciudad Juaacuterez mdash Meacutexico Pesquisa e publica trabalhos sobre Esparta Plutarco e biografia antiga

M Teresa Fau Ramos es Profesora Titular del Departament de Filologia Grega de la Universitat de Barcelona y miembro del Grup de Recerca Graecia Capta que investiga la pervivencia de la identidad griega bajo el imperio romano Sus principales aacutereas de intereacutes cientiacutefico son la historia e instituciones de la Grecia claacutesica y post‑claacutesica la religioacuten helena (paganismo) y diversos aspectos del cristianismo primitivo

Pilar Goacutemez Cardoacute es profesora titular de Filologiacutea Griega en la Universidad de Barcelona donde imparte docencia e investiga desde 1981 Doctora en Filologiacutea Claacutesica desde 1987 con una tesis sobre la tradicioacuten yaacutembica y la faacutebula (La Vida drsquoIsop entre el iambe la faula i la novella) es autora de numerosos artiacuteculos y capiacutetulos de libros sobre la literatura griega de eacutepoca imperial romana en especial sobre Segunda Sofiacutestica y novela ha estudiado principalmente autores como Luciano en cuya edicioacuten y traduccioacuten al castellano para la coleccioacuten Alma Mater participa Plutarco Dioacuten de Prusa o Elio Ariacutestides Es miembro del grupo de investigacioacuten Graecia Capta de la Universidad de Barcelona

Roosevelt Rocha eacute Professor Adjunto do curso de Letras da Universidade Federal do Paranaacute (Brasil) e pesquisador ligado ao Programa de Poacutes‑Graduaccedilatildeo em Letras da

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mesma Universidade As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a poesia grega arcaica (elegia jambo e meacutelica) a muacutesica grega antiga e o estudo da performance da poesia grega dos periacuteodos arcaico e claacutessico

Vicente Ramoacuten es Profesor Tiular de Filologiacutea Griega de la Universidad de Zara‑goza Sus intereses cientiacuteficos pueden sintetizarse en las siguientes liacuteneas Plutarco de Queronea y la biografiacutea poliacutetica historiografiacutea griega retoacuterica y oratoria griegas tradicioacuten claacutesica teatro griego la irreligiosidad en la Atenas Claacutesica

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Volumes publicados na Colecccedilatildeo Humanitas Supplementum

1 Francisco de Oliveira Claacuteudia Teixeira e Paula Barata Dias Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 1 ndash Liacutenguas e Literaturas Greacutecia e Roma (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

2 Francisco de Oliveira Claacuteudia Teixeira e Paula Barata Dias Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 2 ndash Liacutenguas e Literaturas Idade Meacutedia Renascimento Recepccedilatildeo (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

3 Francisco de Oliveira Jorge de Oliveira e Manuel Patriacutecio Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 3 ndash Histoacuteria Arqueologia e Arte (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2010)

4 Maria Helena da Rocha Pereira Joseacute Ribeiro Ferreira e Francisco de Oliveira (Coords) Horaacutecio e a sua perenidade (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

5 Joseacute Luiacutes Lopes Brandatildeo Maacutescaras dos Ceacutesares Teatro e moralidade nas Vidas suetonianas (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

6 Joseacute Ribeiro Ferreira Delfim Leatildeo Manuel Troumlster and Paula Barata Dias (eds) Symposion and Philanthropia in Plutarch (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

7 Gabriele Cornelli (Org) Representaccedilotildees da Cidade Antiga Categorias histoacutericas e discursos filosoacuteficos (Coimbra Classica DigitaliaCECHGrupo Archai 2010)

8 Maria Cristina de Sousa Pimentel e Nuno Simotildees Rodrigues (Coords) Sociedade poder e cultura no tempo de Oviacutedio (Coimbra Classica DigitaliaCECHCECCH 2010)

9 Franccediloise Frazier et Delfim F Leatildeo (eds) Tychegrave et pronoia La marche du monde selon Plutarque (Coimbra Classica DigitaliaCECH Eacutecole Doctorale 395 ArScAn‑THEMAM 2010)

10 Juan Carlos Iglesias‑Zoido El legado de Tuciacutedides en la cultura occidental (Coimbra Classica DigitaliaCECH ARENGA 2011)

11 Gabriele Cornelli O pitagorismo como categoria historiograacutefica (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2011)

12 Frederico Lourenccedilo The Lyric Metres of Euripidean Drama (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2011)

13 Joseacute Augusto Ramos Maria Cristina de Sousa Pimentel Maria do Ceacuteu Fialho Nuno Simotildees Rodrigues (coords) Paulo de Tarso Grego e Romano Judeu e Cristatildeo (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

14 Carmen Soares amp Paula Barata Dias (coords) Contributos para a histoacuteria da alimentaccedilatildeo na antiguidade (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

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15 Carlos A Martins de Jesus Claudio Castro Filho amp Joseacute Ribeiro Ferreira (coords) Hipoacutelito e Fedra ‑ nos caminhos de um mito (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

16 Joseacute Ribeiro Ferreira Delfim F Leatildeo amp Carlos A Martins de Jesus (eds) Nomos Kosmos amp Dike in Plutarch (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

17 Joseacute Augusto Ramos amp Nuno Simotildees Rodrigues (coords) Mnemosyne kai Sophia (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

18 Ana Maria Guedes Ferreira O homem de Estado ateniense em Plutarco o caso dos Alcmeoacutenidas (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

19 Aurora Loacutepez Andreacutes Pocintildea amp Maria de Faacutetima Silva De ayer a hoy influencias claacutesicas en la literatura (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

20 Cristina Pimentel Joseacute Luiacutes Brandatildeo amp Paolo Fedeli (coords) O poeta e a cidade no mundo romano (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

21 Francisco de Oliveira Joseacute Luiacutes Brandatildeo Vasco Gil Mantas amp Rosa Sanz Serrano (coords) A queda de Roma e o alvorecer da Europa (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

22 Luiacutesa de Nazareacute Ferreira Mobilidade poeacutetica na Greacutecia antiga uma leitura da obra de Simoacutenides (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica DigitaliaCECH 2013)

23 Faacutebio Cerqueira Ana Teresa Gonccedilalves Edalaura Medeiros amp JoseacuteLuiacutes Brandatildeo Saberes e poderes no mundo antigo Vol I ndash Dos saberes (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia2013) 282 p

24 Faacutebio Cerqueira Ana Teresa Gonccedilalves Edalaura Medeiros amp Delfim Leatildeo Saberes e poderes no mundo antigo Vol II ndash Dos poderes (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013) 336 p

25 Joaquim J S Pinheiro Tempo e espaccedilo da paideia nas Vidas de Plutarco (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013) 458 p

26 Delfim Leatildeo Gabriele Cornelli amp Miriam C Peixoto (coords) Dos Homens e suas Ideias Estudos sobre as Vidas de Dioacutegenes Laeacutercio (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013)

27 Italo Pantani Margarida Miranda amp Henrique Manso (coords) Aires Barbosa na Cosmoacutepolis Renascentista (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2013)

28 Francisco de Oliveira Maria de Faacutetima Silva Tereza Virgiacutenia Ribeiro Barbosa (coords) Violecircncia e transgressatildeo uma trajetoacuteria da Humanidade (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

29 Priscilla Gontijo Leite Eacutetica e retoacuterica forense asebeia e hybris na caracterizaccedilatildeo dos adversaacuterios em Demoacutestenes (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

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30 Andreacute Carneiro Lugares tempos e pessoas Povoamento rural romano no Alto Alentejo ‑ Volume I (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2014)

31 Andreacute Carneiro Lugares tempos e pessoas Povoamento rural romano no Alto Alentejo ‑ Volume II (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2014)

32 Pilar Goacutemez Cardoacute Delfim F Leatildeo Maria Aparecida de Oliveira Silva (coords) Plutarco entre mundos visotildees de Esparta Atenas e Roma (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

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Resumo da obra

A vasta e variada obra de Plutarco permite sempre uma abordagem a partir de distintas

perspetivas com diferentes intenccedilotildees e propoacutesitos variados No entanto eacute importante

identificar tambeacutem fios comuns nessa abordagem porque permitem demonstrar tanto a

niacutevel formal como de conteuacutedo que haacute muitos elementos comuns que permeiam o trabalho

de Plutarco

Os treze contributos para este volume tecircm como elo comum o nome de trecircs cidades

Esparta Atenas e Roma Elas representam espaccedilos poliacuteticos e institucionais diversos dada

a sua extensatildeo geograacutefica e cronoloacutegica mas simbolizam igualmente diferentes modelos

de organizaccedilatildeo social atraveacutes dos quais a Greacutecia pode ser contrastada com Roma ou Atenas

comparada com Esparta mdash ainda que o seu verdadeiro interesse na obra de Plutarco seja

que representam sempre locais paradigmaacuteticos onde vivem e convivem pessoas Por

isso os estudiosos de Plutarco que contribuiacuteram para este volume procuram analisar em

cada uma dessas cidades seja por assimilaccedilatildeo ou por contraste a forma como o autor de

Queroneia aborda a ligaccedilatildeo entre indiviacuteduo e comunidade a partir do exerciacutecio do poder

e da experiecircncia religiosa qual o papel da educaccedilatildeo e do domiacutenio privado na projeccedilatildeo

puacuteblica dos protagonistas retratados por Plutarco ou ateacute que ponto a imagem dos primeiros

legisladores e fundadores miacuteticos foi condicionada pela evoluccedilatildeo histoacuterica destas mesmas

cidades

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Page 37: Versão integral disponível em digitalis.uc · visões de Esparta, Atenas e Roma IMPRENSA DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA COIMBRA UNIVERSITY PRESS ANNABLUME Versão integral disponível

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A Esparta de Plutarco entre a guerra e as artes

Na Vida de Agesilau c 14 lemos que os espartanos apreciavam uma parte da poesia de Timoacuteteo de Mileto poeta que teria tido algumas cordas de sua ciacutetara cortadas quando de uma sua visita a Esparta porque os eacuteforos julgavam que natildeo seriam necessaacuterias mais do que sete cordas e o instrumento do poeta tinha onze12 Essa anedota indica que os lacocircnios natildeo apreciavam inovaccedilotildees Poreacutem a informaccedilatildeo do c 14 da Vida de Agesilau mostra que eles poderiam aceitar pelo menos uma parte da obra de um poeta inovador desde que essa parte se adequas‑se ao gosto e agraves tradiccedilotildees do local Tambeacutem nessa mesma Vida c 21 Plutarco nos diz que o rei Agesilau apreciava os cantos e as danccedilas mesmo natildeo sendo um lsquoespecialistarsquo nas artes

Por fim na Vida de Aacutegis c 10 encontramos um elogio a Terpandro a Ta‑les (Taletas) e a Fereacutecides porque mesmo sendo estrangeiros professavam o que Licurgo instituiu e por isso foram muito honrados em Esparta Na Vida de Cleocircmenes c 2 somos informados que o rei Leocircnidas elogiou Tirteu algo facilmente compreensiacutevel tendo em vista o caraacuteter estimulante e guerreiro das elegias daquele poeta Aleacutem disso nessa mesma Vida citada por uacuteltimo c 12 Plutarco nos conta que Cleocircmenes certa vez teria encontrado alguns artistas de Dioniso muacutesicos e atores profissionais que iam de cidade em cidade para se apresentar e construiu um teatro Isso mostra que esse rei estimulou de alguma maneira as atividades artiacutesticas mesmo que ele natildeo tivesse o costume de levar artistas com seu exeacutercito de acordo com Plutarco e nem apreciasse apresentaccedilotildees musicais nos seus banquetes (c 13)

Tudo isso mostra que Esparta era uma cidade onde a muacutesica tinha um papel importe na educaccedilatildeo e na guerra e que os lacocircnios natildeo eram um povo obtuso e indiferente ao poder das melodias De acordo com Plutarco tendo em vista agora algumas passagens dos Moralia os espartanos passavam por treinamento rigoroso no que diz respeito agrave muacutesica e agrave poesia e suas canccedilotildees estimulavam os espiacuteritos e faziam com que os homens se sentissem entusiasmados e se esfor‑ccedilassem para ser bem sucedidos Em vaacuterias passagens das suas Obras Morais ele elogia o estilo da muacutesica deles porque ela era simples e natildeo afetada e seus temas eram seacuterios e edificantes Se algueacutem estudasse a poesia e as canccedilotildees de marcha de Esparta acompanhadas pelo aulo essa pessoa concordaria que Terpandro e Piacutendaro estavam certos ao associar valor (andreia) e muacutesica Como vimos acima nos trechos citados das Vidas Plutarco tambeacutem diz que os Espartanos eram o povo ao mesmo tempo mais musical (mousikotatous) e o mais afeito agrave guerra (polemikotatous)13

No livro sobre os Antigos Costumes dos Espartanos Plutarco tambeacutem elogia os ritmos das canccedilotildees de marcha (embaterioi rhythmoi) porque eles despertavam

12 Ver Plu Agis 1013 Cf Lyc 211‑4

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Roosevelt Rocha

a coragem a audaacutecia e o desdeacutem pela morte requisitos indispensaacuteveis para o guerreiro valoroso Os espartanos usavam esses ritmos para danccedilar mas tambeacutem quando avanccedilavam contra os inimigos ao som do aulo Plutarco lembra que Li‑curgo associava o amor pela muacutesica agrave praacutetica militar para que o espiacuterito guerreiro combinado com a melodia tivesse concordacircncia e harmonia (symphonia kai har‑monia) Por isso em tempos de guerra os reis espartanos ofereciam sacrifiacutecios agraves Musas antes de ir para a batalha como Plutarco nos conta nos Instituta Laconica 16 (238B‑C)

E para manter a pureza da sua muacutesica e dos seus costumes os espartanos agraves vezes recorriam a atos violentos Como Plutarco reporta nos Instituta Laconica 17 (238C‑D) eles natildeo permitiriam que ningueacutem desrespeitasse de modo algum as regras da muacutesica do passado Nem mesmo Terpandro um dos mais antigos e melhores citaredos (aqueles que cantavam acompanhados da ciacutetara ou da lira) teria a permissatildeo para acrescentar uma corda extra ao seu instrumento para que suas melodias fossem mais variadas Ele tentou fazer isso mas os eacuteforos pregaram sua lira numa parede por causa do seu ato iacutempio contraacuterio agrave tradiccedilatildeo Em outra ocasiatildeo um dos eacuteforos teria procedido com mais violecircncia quando Timoacuteteo o famoso muacutesico inovador que floresceu na segunda metade do seacuteculo V a C estava competindo no festival das Carneias ele pegou uma faca e perguntou ao muacutesico de que lado ele deveria cortar as cordas supeacuterfluas cujo nuacutemero ultra‑passava o tradicional de sete cordas Outras variantes dessa histoacuteria satildeo contadas por Plutarco em outros textos mas nessas outras passagens Friacutenis outro muacutesico inovador da segunda metade do seacuteculo V a C eacute o protagonista14

Mas para aleacutem da sua importacircncia na educaccedilatildeo e nos contextos de bata‑lha a muacutesica tinha grande significado tambeacutem nas momentos das celebraccedilotildees religiosas Dentre as festividades religiosas realizadas na Lacedemocircnia uma das mais importantes era a das Carneias realizada em Esparta e intimamente ligada agrave histoacuteria de Terpandro As origens desse festival eram muito antigas anteriores ao seacuteculo VIII a C tendo em vista que no seacuteculo VII os colonizadores espartanos da cidade italiana de Tarento jaacute tinham o costume de celebraacute‑la15 As Carneias eram dedicadas ao deus Apolo Carneu Em Esparta havia concursos musicais e atleacuteti‑cos uma corrida de jovens e um banquete ritual que contava com a participaccedilatildeo dos homens adultos que representavam as fratrias O festival era organizado por cidadatildeos solteiros e era o momento adequado para que os jovens que jaacute haviam completado seu periacuteodo de formaccedilatildeo ingressassem na vida adulta16

O que nos interessa aqui eacute o papel que a muacutesica desempenhava no contexto dessas festividades Um elemento importante nesses momentos de comemoraccedilatildeo

14 Cf Prof virt 84A Apophth Lac 220C e Agis 107 jaacute citada na nota 9 Cf Rocha (2008) 654‑655

15 Brelich (1969) 181‑18216 Brelich (1969) 149‑150

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A Esparta de Plutarco entre a guerra e as artes

eram os concursos A realizaccedilatildeo de concursos musicais no acircmbito do festival das Carneias natildeo teria acontecido desde o iniacutecio A introduccedilatildeo de agones provavel‑mente ocorreu quando Terpandro migrou de Metimna (Lesbos) para Esparta na primeira metade do seacuteculo VII a C Nesse contexto eacute importante considerar o testemunho de Helacircnico17 segundo o qual Terpandro teria sido o primeiro a vencer o concurso musical nas Carneias Esse fato parece estar diretamente relacionado agrave fundaccedilatildeo da primeira escola musical (katastasis) em Esparta por obra do mesmo Terpandro Segundo Brelich (1969 186‑191) eacute muito provaacutevel que a introduccedilatildeo do concurso musical nas Carneias tenha sido influenciada pela proacutepria katastasis18 Essa hipoacutetese ganha forccedila se consideramos o capiacutetulo 9 do tratado Sobre a Muacutesica como um todo Ali Plutarco fala da primeira katastasis fundada por Terpandro e menciona tambeacutem a segunda katastasis liderada por Taletas de Gortina Xenoacutedamo de Citera Xenoacutecrito de Locres Polimnesto de Coacutelofon e Saacutecadas de Argos muacutesicos que teriam instituiacutedo as Gimnopeacutedias em Esparta as Apodeixeis na Arcaacutedia e as Endimaacutetias em Argos Jaacute que os membros da segunda escola musical foram fundadores de festivais19 em diferentes cidades do Peloponeso Terpandro tambeacutem pode ter desempenhado o mesmo papel no contexto das Carneias

No que diz respeito agraves Gimnopeacutedias contudo encontramos uma situaccedilatildeo diferente Possuiacutemos uma grande variedade de informaccedilotildees sobre esse festival que inclusive muitas vezes satildeo contraditoacuterias Mas tratando apenas daquilo que nos interessa aqui sabemos que no periacuteodo das festividades aconteciam apresentaccedilotildees de coros de adolescentes e adultos instituiacutedos em honra a Apolo que cantavam hinos compostos por poetas como Taletas Aacutelcman e Dionisodoto Depois da batalha de Tireia em 544 aC na qual Esparta lutou contra Argos pela posse da Tireaacutetida tornou‑se costumeiro cantar um peatilde em honra dos soldados que morreram naquela ocasiatildeo Por causa desse elemento ritual e da comparaccedilatildeo com as Apodeixeis e as Endimaacutetias as Gimnopeacutedias foram consideradas festas que indicavam o momento no qual os jovens receacutem‑iniciados eram integrados agrave vida militar20

Tendo tudo isso em vista podemos concluir que eacute preciso colocar a miragem espartana em perspectiva Esparta natildeo era tatildeo lsquoespartanarsquo assim e natildeo foi sempre lsquoespartanarsquo Havia espaccedilo naquela cidade para o cultivo das artes tais como a arquitetura a escultura a pintura vascular a muacutesica (que incluiacutea a poesia) e a danccedila Nela floresceram poetas como Aacutelcman Terpandro e Tirteu Nela surgiram escolas poeacuteticomusicais Nela viveram poetas estrangeiros tais como Taletas de

17 FGrHist 4 F 85 = Ateneu 635e = Terpander Test 1 Gostoli18 Cf tambeacutem Gostoli (1990) 84‑8519 Mais do que fundadores de festivais eacute mais verossiacutemil pensar que esses autores foram os

responsaacuteveis pela introduccedilatildeo dos concursos musicais como parte das celebraccedilotildees 20 Cf Gostoli (1990) 85‑86

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Gortina (Creta) e Saacutecadas de Argos E sendo assim houve um ambiente feacutertil e favoraacutevel para o desenvolvimento e o cultivo de atividades artiacutesticas Os esparta‑nos foram sim grandes guerreiros que contribuiacuteram decisivamente para a vitoacuteria dos helenos sobre os persas Eles cultivaram sim suas habilidades guerreiras a ponto de derrotar os atenienses na Guerra do Peloponeso Poreacutem Esparta natildeo foi somente uma comunidade de soldados que dedicavam suas vidas somente agrave guerra Esparta foi tambeacutem uma cidade onde as pessoas cantavam danccedilavam e apreciavam a beleza dos edifiacutecios e dos objetos do cotidiano Eacute preciso reconhecer isso e na obra de Plutarco jaacute encontramos essa imagem multifacetada dessa cul‑tura Basta direcionar os olhos para outras direccedilotildees

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A Esparta de Plutarco entre a guerra e as artes

Bibliografia

Brelich A Paides e Parthenoi Roma Edizioni dellrsquoAteneo 1969Burn A R The lyric age of Greece New York Saint Martinrsquos Press 1960Cartledge P Agesilaos and the crisis of Sparta Baltimore The Johns Hopkins

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Duff T E Plutarchrsquos Lives Exploring Virtue and Vice Oxford Oxford University Press 2002

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Ollier F Le mirage spartiate Eacutetude sur l rsquoidealization de Sparte dans l rsquoAntiquiteacute Grecque du deacutebut de l rsquoeacutecole cynique jusqursquoagrave la fin de la citeacute 2 vol Paris Les Belles Lettres 1933‑1943

Plutarch On Sparta London Penguin 2005Plutarco Obras Morais Sobre o afeto aos filhos (introd e trad Carmen Soares) e

Sobre a Muacutesica (introd e trad Roosevelt Rocha) Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra 2012

Plutarque Vies Tome I Text eacutetabli et traduit par Flaceliegravere R Chambry Eacute et Juneaux M Paris Les Belles Lettres 1957

Plutarque Vies Tome VI Text eacutetabli et traduit par Flaceliegravere R et Chambry Eacute Paris Les Belles Lettres 1971

Plutarque Vies Tome VIII Text eacutetabli et traduit par Flaceliegravere R et Chambry Eacute Paris Les Belles Lettres 1973

Powell A amp Hodkinson S (eds) The shadow of Sparta Londres Routledge 1994Rawson E The spartan tradition in european thought Oxford Oxford University

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Roosevelt Rocha

Rocha R laquoPlutarch and the musicraquo in A G Nikolaidis (ed) The unity of Plutarchrsquos work Berlin De Gruyter 2008 pp 651‑656

Shipley D R A commentary on Plutarchrsquos Life of Agesilaos Oxford Clarendon Press 1998

Silva M A O Plutarco Historiador Satildeo Paulo Edusp 2006Stibbe C M Das andere Sparta Mainz am Rhein Philipp v Zabern Verlag

1996 Walker S E C amp Cavanagh W Sparta in Laconia Proceedings of the 19th British

Museum Classical Colloquium held with the British School at Athens and Kingrsquos and University Colleges London 6‑8 December 1995 Atenas British School at Athens 1999

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Index nominum

Timoacuteteo 167‑168 178 183Timoacutexena 195Tindaacuteridas 63Tireaacutetida 169Tireia 169Tireacutesias 236Tirteu 167 169 221Titatildes 245Trajano 121Trezena 31 32‑35 38 Tricoacuterito 39Troia 81 124Tuciacutedides 122 160 181Ulisses 81 192Valeacuterio (vd Puacuteblio Valeacuterio)Vestais 58 204Viacutenio 200Xantipo 191 201Xenoacutecrito 169Xenoacutedamo 169Xenofonte 160 164Zaleuco 88Zeus 36 40‑41 220 226 243

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Index nominum

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Notas biograacuteficas dos autores

Aacutelia Rodrigues eacute doutorada em Estudos Claacutessicos (Literatura Grega) e inves‑tigadora do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse satildeo a histoacuteria das ideias poliacuteticas desde os Gregos ateacute agrave modernidade histoacuteria legal e a recepccedilatildeo de temas claacutessicos na contemporaneidade

Ana Ferreira eacute Professora Auxiliar do Departamento de Estudos Portugueses e Ro‑macircnicos da Faculdade de Letras da Universidade do Porto e investigadora do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a histoacuteria antiga a literatura greco‑romana bem como a didaacutectica das liacutenguas claacutessicas

Delfim F Leatildeo eacute Professor Catedraacutetico da Instituto de Estudos Claacutessicos e investiga‑dor do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a histoacuteria antiga o direito e a teorizaccedilatildeo poliacutetica dos Gregos a pragmaacutetica teatral e a escrita romanesca antiga

Faacutebio Vergara Cerqueira eacute Professor Adjunto do Instituto de Ciecircncias Humanas da Universidade Federal de Pelotas pesquisador PQ‑2 do CNPq Professor Visitante na Universidade de Heidelberg Bolsista Fundaccedilatildeo Humboldt ldquoPesquisador Experienterdquo Principais aacutereas de interesse satildeo histoacuteria e arqueologia da Greacutecia antiga e sua recepccedilatildeo enfocando muacutesica iconografia ceramologia gecircnero memoacuteria social identidade e patrimocircnio cultural

Guillermina Gonzaacutelez Almenara es Profesor Contratado Doctor Tipo 1 vinculada con el Aacuterea de Filologiacutea Griega del Departamento de Filologiacutea Claacutesica Francesa Aacuterabe y Romaacutenica de la Universidad de La Laguna Sus principales liacuteneas de investi‑gacioacuten son la mujer y el aacutembito femenino en la Grecia antigua Historiografiacutea griega Historia y civilizacioacuten de la Grecia antigua

Ivana S Chialva es Doctora en Letras Investigadora Asistente del Conicet y Profesora de Griego y Literaturas griega y latina de la Facultad de Humanidades y Ciencias de la Universidad Nacional del Litoral (Santa Fe Argentina) Sus tra‑bajos sobre el mundo antiguo se focalizan en la relacioacuten entre primera y segunda sofiacutestica y en la influencia de este uacuteltimo fenoacutemeno en la prosa narrativa griega de eacutepoca imperial especialmente la retoacuterica la biografiacutea y la novela en sus diferentes formas

Jesuacutes-Mordf Nieto Ibaacutentildeez es Catedraacutetico de Filologiacutea Griega de la Universidad de Leoacuten Sus liacuteneas de investigacioacuten son la literatura judiacutea en lengua griega los primeros textos cristianos el Humanismo y la Tradicioacuten claacutesica Actualmente dirige un Proyecto de

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investigacioacuten sobre el Humanismo la Tradicioacuten claacutesica y patriacutestica y la exeacutegesis biacuteblica en los siglos XVI y XVII

Joaquim Pinheiro eacute Professor Auxiliar da Universidade da Madeira e investigador do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a biografia antiga a Segunda Sofiacutestica a retoacuterica claacutessica e o pensamento poliacutetico dos Gregos

Joseacute M Candau es Catedraacutetico de Filologiacutea Griega en la Universidad de Sevilla Sus principales aacutereas de investigacioacuten son la historiografiacutea griega y Plutarco

Loraine Oliveira eacute professora de Filosofia da Universidade de Brasiacutelia Publicou o livro Plotino escultor de mitos pela Imprensa da Universidade de CoimbraAnnablume em 2014 Vem se dedicando principalmente a estudar os mitos em Plotino Plutarco e Porfiacuterio assim como o vegetarianismo em Plutarco e Porfiacuterio

Maria Aparecida de Oliveira Silva eacute professora visitante do Programa de Poacutes‑Gradu‑accedilatildeo em Letras Claacutessicas da Universidade de Satildeo Paulo e Professora Pesquisadora do Programa de Poacutes‑Graduaccedilatildeo em Histoacuteria da Universidade Federal de Satildeo Paulo Liacuteder do Grupo CNPq LABHAN Laboratoacuterio de Histoacuteria Antiga da Universidade Federal do Amapaacute Pesquisadora do Grupo CNPq Linceu ‑ Visotildees da Antiguidade Claacutessica da Universidade Estadual Paulista Pesquisadora do Grupo Retoacuterica Texto y Comunicacioacuten da Universidad de Caacutediz Membro do Conselho Acadecircmico do Seminaacuterio de Histoacuteria e Filosofia das Religiotildees da Universidad Autoacutenoma de Ciudad Juaacuterez mdash Meacutexico Pesquisa e publica trabalhos sobre Esparta Plutarco e biografia antiga

M Teresa Fau Ramos es Profesora Titular del Departament de Filologia Grega de la Universitat de Barcelona y miembro del Grup de Recerca Graecia Capta que investiga la pervivencia de la identidad griega bajo el imperio romano Sus principales aacutereas de intereacutes cientiacutefico son la historia e instituciones de la Grecia claacutesica y post‑claacutesica la religioacuten helena (paganismo) y diversos aspectos del cristianismo primitivo

Pilar Goacutemez Cardoacute es profesora titular de Filologiacutea Griega en la Universidad de Barcelona donde imparte docencia e investiga desde 1981 Doctora en Filologiacutea Claacutesica desde 1987 con una tesis sobre la tradicioacuten yaacutembica y la faacutebula (La Vida drsquoIsop entre el iambe la faula i la novella) es autora de numerosos artiacuteculos y capiacutetulos de libros sobre la literatura griega de eacutepoca imperial romana en especial sobre Segunda Sofiacutestica y novela ha estudiado principalmente autores como Luciano en cuya edicioacuten y traduccioacuten al castellano para la coleccioacuten Alma Mater participa Plutarco Dioacuten de Prusa o Elio Ariacutestides Es miembro del grupo de investigacioacuten Graecia Capta de la Universidad de Barcelona

Roosevelt Rocha eacute Professor Adjunto do curso de Letras da Universidade Federal do Paranaacute (Brasil) e pesquisador ligado ao Programa de Poacutes‑Graduaccedilatildeo em Letras da

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mesma Universidade As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a poesia grega arcaica (elegia jambo e meacutelica) a muacutesica grega antiga e o estudo da performance da poesia grega dos periacuteodos arcaico e claacutessico

Vicente Ramoacuten es Profesor Tiular de Filologiacutea Griega de la Universidad de Zara‑goza Sus intereses cientiacuteficos pueden sintetizarse en las siguientes liacuteneas Plutarco de Queronea y la biografiacutea poliacutetica historiografiacutea griega retoacuterica y oratoria griegas tradicioacuten claacutesica teatro griego la irreligiosidad en la Atenas Claacutesica

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Volumes publicados na Colecccedilatildeo Humanitas Supplementum

1 Francisco de Oliveira Claacuteudia Teixeira e Paula Barata Dias Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 1 ndash Liacutenguas e Literaturas Greacutecia e Roma (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

2 Francisco de Oliveira Claacuteudia Teixeira e Paula Barata Dias Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 2 ndash Liacutenguas e Literaturas Idade Meacutedia Renascimento Recepccedilatildeo (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

3 Francisco de Oliveira Jorge de Oliveira e Manuel Patriacutecio Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 3 ndash Histoacuteria Arqueologia e Arte (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2010)

4 Maria Helena da Rocha Pereira Joseacute Ribeiro Ferreira e Francisco de Oliveira (Coords) Horaacutecio e a sua perenidade (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

5 Joseacute Luiacutes Lopes Brandatildeo Maacutescaras dos Ceacutesares Teatro e moralidade nas Vidas suetonianas (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

6 Joseacute Ribeiro Ferreira Delfim Leatildeo Manuel Troumlster and Paula Barata Dias (eds) Symposion and Philanthropia in Plutarch (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

7 Gabriele Cornelli (Org) Representaccedilotildees da Cidade Antiga Categorias histoacutericas e discursos filosoacuteficos (Coimbra Classica DigitaliaCECHGrupo Archai 2010)

8 Maria Cristina de Sousa Pimentel e Nuno Simotildees Rodrigues (Coords) Sociedade poder e cultura no tempo de Oviacutedio (Coimbra Classica DigitaliaCECHCECCH 2010)

9 Franccediloise Frazier et Delfim F Leatildeo (eds) Tychegrave et pronoia La marche du monde selon Plutarque (Coimbra Classica DigitaliaCECH Eacutecole Doctorale 395 ArScAn‑THEMAM 2010)

10 Juan Carlos Iglesias‑Zoido El legado de Tuciacutedides en la cultura occidental (Coimbra Classica DigitaliaCECH ARENGA 2011)

11 Gabriele Cornelli O pitagorismo como categoria historiograacutefica (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2011)

12 Frederico Lourenccedilo The Lyric Metres of Euripidean Drama (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2011)

13 Joseacute Augusto Ramos Maria Cristina de Sousa Pimentel Maria do Ceacuteu Fialho Nuno Simotildees Rodrigues (coords) Paulo de Tarso Grego e Romano Judeu e Cristatildeo (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

14 Carmen Soares amp Paula Barata Dias (coords) Contributos para a histoacuteria da alimentaccedilatildeo na antiguidade (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

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15 Carlos A Martins de Jesus Claudio Castro Filho amp Joseacute Ribeiro Ferreira (coords) Hipoacutelito e Fedra ‑ nos caminhos de um mito (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

16 Joseacute Ribeiro Ferreira Delfim F Leatildeo amp Carlos A Martins de Jesus (eds) Nomos Kosmos amp Dike in Plutarch (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

17 Joseacute Augusto Ramos amp Nuno Simotildees Rodrigues (coords) Mnemosyne kai Sophia (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

18 Ana Maria Guedes Ferreira O homem de Estado ateniense em Plutarco o caso dos Alcmeoacutenidas (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

19 Aurora Loacutepez Andreacutes Pocintildea amp Maria de Faacutetima Silva De ayer a hoy influencias claacutesicas en la literatura (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

20 Cristina Pimentel Joseacute Luiacutes Brandatildeo amp Paolo Fedeli (coords) O poeta e a cidade no mundo romano (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

21 Francisco de Oliveira Joseacute Luiacutes Brandatildeo Vasco Gil Mantas amp Rosa Sanz Serrano (coords) A queda de Roma e o alvorecer da Europa (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

22 Luiacutesa de Nazareacute Ferreira Mobilidade poeacutetica na Greacutecia antiga uma leitura da obra de Simoacutenides (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica DigitaliaCECH 2013)

23 Faacutebio Cerqueira Ana Teresa Gonccedilalves Edalaura Medeiros amp JoseacuteLuiacutes Brandatildeo Saberes e poderes no mundo antigo Vol I ndash Dos saberes (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia2013) 282 p

24 Faacutebio Cerqueira Ana Teresa Gonccedilalves Edalaura Medeiros amp Delfim Leatildeo Saberes e poderes no mundo antigo Vol II ndash Dos poderes (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013) 336 p

25 Joaquim J S Pinheiro Tempo e espaccedilo da paideia nas Vidas de Plutarco (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013) 458 p

26 Delfim Leatildeo Gabriele Cornelli amp Miriam C Peixoto (coords) Dos Homens e suas Ideias Estudos sobre as Vidas de Dioacutegenes Laeacutercio (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013)

27 Italo Pantani Margarida Miranda amp Henrique Manso (coords) Aires Barbosa na Cosmoacutepolis Renascentista (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2013)

28 Francisco de Oliveira Maria de Faacutetima Silva Tereza Virgiacutenia Ribeiro Barbosa (coords) Violecircncia e transgressatildeo uma trajetoacuteria da Humanidade (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

29 Priscilla Gontijo Leite Eacutetica e retoacuterica forense asebeia e hybris na caracterizaccedilatildeo dos adversaacuterios em Demoacutestenes (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

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30 Andreacute Carneiro Lugares tempos e pessoas Povoamento rural romano no Alto Alentejo ‑ Volume I (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2014)

31 Andreacute Carneiro Lugares tempos e pessoas Povoamento rural romano no Alto Alentejo ‑ Volume II (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2014)

32 Pilar Goacutemez Cardoacute Delfim F Leatildeo Maria Aparecida de Oliveira Silva (coords) Plutarco entre mundos visotildees de Esparta Atenas e Roma (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

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Resumo da obra

A vasta e variada obra de Plutarco permite sempre uma abordagem a partir de distintas

perspetivas com diferentes intenccedilotildees e propoacutesitos variados No entanto eacute importante

identificar tambeacutem fios comuns nessa abordagem porque permitem demonstrar tanto a

niacutevel formal como de conteuacutedo que haacute muitos elementos comuns que permeiam o trabalho

de Plutarco

Os treze contributos para este volume tecircm como elo comum o nome de trecircs cidades

Esparta Atenas e Roma Elas representam espaccedilos poliacuteticos e institucionais diversos dada

a sua extensatildeo geograacutefica e cronoloacutegica mas simbolizam igualmente diferentes modelos

de organizaccedilatildeo social atraveacutes dos quais a Greacutecia pode ser contrastada com Roma ou Atenas

comparada com Esparta mdash ainda que o seu verdadeiro interesse na obra de Plutarco seja

que representam sempre locais paradigmaacuteticos onde vivem e convivem pessoas Por

isso os estudiosos de Plutarco que contribuiacuteram para este volume procuram analisar em

cada uma dessas cidades seja por assimilaccedilatildeo ou por contraste a forma como o autor de

Queroneia aborda a ligaccedilatildeo entre indiviacuteduo e comunidade a partir do exerciacutecio do poder

e da experiecircncia religiosa qual o papel da educaccedilatildeo e do domiacutenio privado na projeccedilatildeo

puacuteblica dos protagonistas retratados por Plutarco ou ateacute que ponto a imagem dos primeiros

legisladores e fundadores miacuteticos foi condicionada pela evoluccedilatildeo histoacuterica destas mesmas

cidades

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Roosevelt Rocha

a coragem a audaacutecia e o desdeacutem pela morte requisitos indispensaacuteveis para o guerreiro valoroso Os espartanos usavam esses ritmos para danccedilar mas tambeacutem quando avanccedilavam contra os inimigos ao som do aulo Plutarco lembra que Li‑curgo associava o amor pela muacutesica agrave praacutetica militar para que o espiacuterito guerreiro combinado com a melodia tivesse concordacircncia e harmonia (symphonia kai har‑monia) Por isso em tempos de guerra os reis espartanos ofereciam sacrifiacutecios agraves Musas antes de ir para a batalha como Plutarco nos conta nos Instituta Laconica 16 (238B‑C)

E para manter a pureza da sua muacutesica e dos seus costumes os espartanos agraves vezes recorriam a atos violentos Como Plutarco reporta nos Instituta Laconica 17 (238C‑D) eles natildeo permitiriam que ningueacutem desrespeitasse de modo algum as regras da muacutesica do passado Nem mesmo Terpandro um dos mais antigos e melhores citaredos (aqueles que cantavam acompanhados da ciacutetara ou da lira) teria a permissatildeo para acrescentar uma corda extra ao seu instrumento para que suas melodias fossem mais variadas Ele tentou fazer isso mas os eacuteforos pregaram sua lira numa parede por causa do seu ato iacutempio contraacuterio agrave tradiccedilatildeo Em outra ocasiatildeo um dos eacuteforos teria procedido com mais violecircncia quando Timoacuteteo o famoso muacutesico inovador que floresceu na segunda metade do seacuteculo V a C estava competindo no festival das Carneias ele pegou uma faca e perguntou ao muacutesico de que lado ele deveria cortar as cordas supeacuterfluas cujo nuacutemero ultra‑passava o tradicional de sete cordas Outras variantes dessa histoacuteria satildeo contadas por Plutarco em outros textos mas nessas outras passagens Friacutenis outro muacutesico inovador da segunda metade do seacuteculo V a C eacute o protagonista14

Mas para aleacutem da sua importacircncia na educaccedilatildeo e nos contextos de bata‑lha a muacutesica tinha grande significado tambeacutem nas momentos das celebraccedilotildees religiosas Dentre as festividades religiosas realizadas na Lacedemocircnia uma das mais importantes era a das Carneias realizada em Esparta e intimamente ligada agrave histoacuteria de Terpandro As origens desse festival eram muito antigas anteriores ao seacuteculo VIII a C tendo em vista que no seacuteculo VII os colonizadores espartanos da cidade italiana de Tarento jaacute tinham o costume de celebraacute‑la15 As Carneias eram dedicadas ao deus Apolo Carneu Em Esparta havia concursos musicais e atleacuteti‑cos uma corrida de jovens e um banquete ritual que contava com a participaccedilatildeo dos homens adultos que representavam as fratrias O festival era organizado por cidadatildeos solteiros e era o momento adequado para que os jovens que jaacute haviam completado seu periacuteodo de formaccedilatildeo ingressassem na vida adulta16

O que nos interessa aqui eacute o papel que a muacutesica desempenhava no contexto dessas festividades Um elemento importante nesses momentos de comemoraccedilatildeo

14 Cf Prof virt 84A Apophth Lac 220C e Agis 107 jaacute citada na nota 9 Cf Rocha (2008) 654‑655

15 Brelich (1969) 181‑18216 Brelich (1969) 149‑150

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A Esparta de Plutarco entre a guerra e as artes

eram os concursos A realizaccedilatildeo de concursos musicais no acircmbito do festival das Carneias natildeo teria acontecido desde o iniacutecio A introduccedilatildeo de agones provavel‑mente ocorreu quando Terpandro migrou de Metimna (Lesbos) para Esparta na primeira metade do seacuteculo VII a C Nesse contexto eacute importante considerar o testemunho de Helacircnico17 segundo o qual Terpandro teria sido o primeiro a vencer o concurso musical nas Carneias Esse fato parece estar diretamente relacionado agrave fundaccedilatildeo da primeira escola musical (katastasis) em Esparta por obra do mesmo Terpandro Segundo Brelich (1969 186‑191) eacute muito provaacutevel que a introduccedilatildeo do concurso musical nas Carneias tenha sido influenciada pela proacutepria katastasis18 Essa hipoacutetese ganha forccedila se consideramos o capiacutetulo 9 do tratado Sobre a Muacutesica como um todo Ali Plutarco fala da primeira katastasis fundada por Terpandro e menciona tambeacutem a segunda katastasis liderada por Taletas de Gortina Xenoacutedamo de Citera Xenoacutecrito de Locres Polimnesto de Coacutelofon e Saacutecadas de Argos muacutesicos que teriam instituiacutedo as Gimnopeacutedias em Esparta as Apodeixeis na Arcaacutedia e as Endimaacutetias em Argos Jaacute que os membros da segunda escola musical foram fundadores de festivais19 em diferentes cidades do Peloponeso Terpandro tambeacutem pode ter desempenhado o mesmo papel no contexto das Carneias

No que diz respeito agraves Gimnopeacutedias contudo encontramos uma situaccedilatildeo diferente Possuiacutemos uma grande variedade de informaccedilotildees sobre esse festival que inclusive muitas vezes satildeo contraditoacuterias Mas tratando apenas daquilo que nos interessa aqui sabemos que no periacuteodo das festividades aconteciam apresentaccedilotildees de coros de adolescentes e adultos instituiacutedos em honra a Apolo que cantavam hinos compostos por poetas como Taletas Aacutelcman e Dionisodoto Depois da batalha de Tireia em 544 aC na qual Esparta lutou contra Argos pela posse da Tireaacutetida tornou‑se costumeiro cantar um peatilde em honra dos soldados que morreram naquela ocasiatildeo Por causa desse elemento ritual e da comparaccedilatildeo com as Apodeixeis e as Endimaacutetias as Gimnopeacutedias foram consideradas festas que indicavam o momento no qual os jovens receacutem‑iniciados eram integrados agrave vida militar20

Tendo tudo isso em vista podemos concluir que eacute preciso colocar a miragem espartana em perspectiva Esparta natildeo era tatildeo lsquoespartanarsquo assim e natildeo foi sempre lsquoespartanarsquo Havia espaccedilo naquela cidade para o cultivo das artes tais como a arquitetura a escultura a pintura vascular a muacutesica (que incluiacutea a poesia) e a danccedila Nela floresceram poetas como Aacutelcman Terpandro e Tirteu Nela surgiram escolas poeacuteticomusicais Nela viveram poetas estrangeiros tais como Taletas de

17 FGrHist 4 F 85 = Ateneu 635e = Terpander Test 1 Gostoli18 Cf tambeacutem Gostoli (1990) 84‑8519 Mais do que fundadores de festivais eacute mais verossiacutemil pensar que esses autores foram os

responsaacuteveis pela introduccedilatildeo dos concursos musicais como parte das celebraccedilotildees 20 Cf Gostoli (1990) 85‑86

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Roosevelt Rocha

Gortina (Creta) e Saacutecadas de Argos E sendo assim houve um ambiente feacutertil e favoraacutevel para o desenvolvimento e o cultivo de atividades artiacutesticas Os esparta‑nos foram sim grandes guerreiros que contribuiacuteram decisivamente para a vitoacuteria dos helenos sobre os persas Eles cultivaram sim suas habilidades guerreiras a ponto de derrotar os atenienses na Guerra do Peloponeso Poreacutem Esparta natildeo foi somente uma comunidade de soldados que dedicavam suas vidas somente agrave guerra Esparta foi tambeacutem uma cidade onde as pessoas cantavam danccedilavam e apreciavam a beleza dos edifiacutecios e dos objetos do cotidiano Eacute preciso reconhecer isso e na obra de Plutarco jaacute encontramos essa imagem multifacetada dessa cul‑tura Basta direcionar os olhos para outras direccedilotildees

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A Esparta de Plutarco entre a guerra e as artes

Bibliografia

Brelich A Paides e Parthenoi Roma Edizioni dellrsquoAteneo 1969Burn A R The lyric age of Greece New York Saint Martinrsquos Press 1960Cartledge P Agesilaos and the crisis of Sparta Baltimore The Johns Hopkins

University Press 1987mdashmdashmdash Sparta and Lakonia London Routledge and Kegan Paul 20022

Cavanagh W Sparta and Laconia From Prehistory to Pre‑modern Proceedings of the Conference Held in Sparta Organised by the British School at Athens the University of Nottingham the 5th Ephoreia of Prehistoric and Classical Antiquities and the 5th Ephoreia of Byzantine Antiquities 17‑20 March 2005 Atenas British School at Athens 2009

Duff T E Plutarchrsquos Lives Exploring Virtue and Vice Oxford Oxford University Press 2002

Gostoli A Terpander Roma Edizioni dellrsquoAteneo 1990Hodkinson S amp Powell A (eds) Sparta New Perspectives Cardiff The Classical

Press of Wales 2000Hornblower S amp Spawforth A (eds) The Oxford Classical Dictionary Oxford

Oxford University Press 1999Kaltsas N Athens‑Sparta Contributions to the Research on the History and

Archaeology of the Two City‑States Nova Iorque Onassis Cultural Center 2007

Ollier F Le mirage spartiate Eacutetude sur l rsquoidealization de Sparte dans l rsquoAntiquiteacute Grecque du deacutebut de l rsquoeacutecole cynique jusqursquoagrave la fin de la citeacute 2 vol Paris Les Belles Lettres 1933‑1943

Plutarch On Sparta London Penguin 2005Plutarco Obras Morais Sobre o afeto aos filhos (introd e trad Carmen Soares) e

Sobre a Muacutesica (introd e trad Roosevelt Rocha) Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra 2012

Plutarque Vies Tome I Text eacutetabli et traduit par Flaceliegravere R Chambry Eacute et Juneaux M Paris Les Belles Lettres 1957

Plutarque Vies Tome VI Text eacutetabli et traduit par Flaceliegravere R et Chambry Eacute Paris Les Belles Lettres 1971

Plutarque Vies Tome VIII Text eacutetabli et traduit par Flaceliegravere R et Chambry Eacute Paris Les Belles Lettres 1973

Powell A amp Hodkinson S (eds) The shadow of Sparta Londres Routledge 1994Rawson E The spartan tradition in european thought Oxford Oxford University

Press 1969

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Roosevelt Rocha

Rocha R laquoPlutarch and the musicraquo in A G Nikolaidis (ed) The unity of Plutarchrsquos work Berlin De Gruyter 2008 pp 651‑656

Shipley D R A commentary on Plutarchrsquos Life of Agesilaos Oxford Clarendon Press 1998

Silva M A O Plutarco Historiador Satildeo Paulo Edusp 2006Stibbe C M Das andere Sparta Mainz am Rhein Philipp v Zabern Verlag

1996 Walker S E C amp Cavanagh W Sparta in Laconia Proceedings of the 19th British

Museum Classical Colloquium held with the British School at Athens and Kingrsquos and University Colleges London 6‑8 December 1995 Atenas British School at Athens 1999

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265

Index nominum

Timoacuteteo 167‑168 178 183Timoacutexena 195Tindaacuteridas 63Tireaacutetida 169Tireia 169Tireacutesias 236Tirteu 167 169 221Titatildes 245Trajano 121Trezena 31 32‑35 38 Tricoacuterito 39Troia 81 124Tuciacutedides 122 160 181Ulisses 81 192Valeacuterio (vd Puacuteblio Valeacuterio)Vestais 58 204Viacutenio 200Xantipo 191 201Xenoacutecrito 169Xenoacutedamo 169Xenofonte 160 164Zaleuco 88Zeus 36 40‑41 220 226 243

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266

Index nominum

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Notas biograacuteficas dos autores

Aacutelia Rodrigues eacute doutorada em Estudos Claacutessicos (Literatura Grega) e inves‑tigadora do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse satildeo a histoacuteria das ideias poliacuteticas desde os Gregos ateacute agrave modernidade histoacuteria legal e a recepccedilatildeo de temas claacutessicos na contemporaneidade

Ana Ferreira eacute Professora Auxiliar do Departamento de Estudos Portugueses e Ro‑macircnicos da Faculdade de Letras da Universidade do Porto e investigadora do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a histoacuteria antiga a literatura greco‑romana bem como a didaacutectica das liacutenguas claacutessicas

Delfim F Leatildeo eacute Professor Catedraacutetico da Instituto de Estudos Claacutessicos e investiga‑dor do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a histoacuteria antiga o direito e a teorizaccedilatildeo poliacutetica dos Gregos a pragmaacutetica teatral e a escrita romanesca antiga

Faacutebio Vergara Cerqueira eacute Professor Adjunto do Instituto de Ciecircncias Humanas da Universidade Federal de Pelotas pesquisador PQ‑2 do CNPq Professor Visitante na Universidade de Heidelberg Bolsista Fundaccedilatildeo Humboldt ldquoPesquisador Experienterdquo Principais aacutereas de interesse satildeo histoacuteria e arqueologia da Greacutecia antiga e sua recepccedilatildeo enfocando muacutesica iconografia ceramologia gecircnero memoacuteria social identidade e patrimocircnio cultural

Guillermina Gonzaacutelez Almenara es Profesor Contratado Doctor Tipo 1 vinculada con el Aacuterea de Filologiacutea Griega del Departamento de Filologiacutea Claacutesica Francesa Aacuterabe y Romaacutenica de la Universidad de La Laguna Sus principales liacuteneas de investi‑gacioacuten son la mujer y el aacutembito femenino en la Grecia antigua Historiografiacutea griega Historia y civilizacioacuten de la Grecia antigua

Ivana S Chialva es Doctora en Letras Investigadora Asistente del Conicet y Profesora de Griego y Literaturas griega y latina de la Facultad de Humanidades y Ciencias de la Universidad Nacional del Litoral (Santa Fe Argentina) Sus tra‑bajos sobre el mundo antiguo se focalizan en la relacioacuten entre primera y segunda sofiacutestica y en la influencia de este uacuteltimo fenoacutemeno en la prosa narrativa griega de eacutepoca imperial especialmente la retoacuterica la biografiacutea y la novela en sus diferentes formas

Jesuacutes-Mordf Nieto Ibaacutentildeez es Catedraacutetico de Filologiacutea Griega de la Universidad de Leoacuten Sus liacuteneas de investigacioacuten son la literatura judiacutea en lengua griega los primeros textos cristianos el Humanismo y la Tradicioacuten claacutesica Actualmente dirige un Proyecto de

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investigacioacuten sobre el Humanismo la Tradicioacuten claacutesica y patriacutestica y la exeacutegesis biacuteblica en los siglos XVI y XVII

Joaquim Pinheiro eacute Professor Auxiliar da Universidade da Madeira e investigador do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a biografia antiga a Segunda Sofiacutestica a retoacuterica claacutessica e o pensamento poliacutetico dos Gregos

Joseacute M Candau es Catedraacutetico de Filologiacutea Griega en la Universidad de Sevilla Sus principales aacutereas de investigacioacuten son la historiografiacutea griega y Plutarco

Loraine Oliveira eacute professora de Filosofia da Universidade de Brasiacutelia Publicou o livro Plotino escultor de mitos pela Imprensa da Universidade de CoimbraAnnablume em 2014 Vem se dedicando principalmente a estudar os mitos em Plotino Plutarco e Porfiacuterio assim como o vegetarianismo em Plutarco e Porfiacuterio

Maria Aparecida de Oliveira Silva eacute professora visitante do Programa de Poacutes‑Gradu‑accedilatildeo em Letras Claacutessicas da Universidade de Satildeo Paulo e Professora Pesquisadora do Programa de Poacutes‑Graduaccedilatildeo em Histoacuteria da Universidade Federal de Satildeo Paulo Liacuteder do Grupo CNPq LABHAN Laboratoacuterio de Histoacuteria Antiga da Universidade Federal do Amapaacute Pesquisadora do Grupo CNPq Linceu ‑ Visotildees da Antiguidade Claacutessica da Universidade Estadual Paulista Pesquisadora do Grupo Retoacuterica Texto y Comunicacioacuten da Universidad de Caacutediz Membro do Conselho Acadecircmico do Seminaacuterio de Histoacuteria e Filosofia das Religiotildees da Universidad Autoacutenoma de Ciudad Juaacuterez mdash Meacutexico Pesquisa e publica trabalhos sobre Esparta Plutarco e biografia antiga

M Teresa Fau Ramos es Profesora Titular del Departament de Filologia Grega de la Universitat de Barcelona y miembro del Grup de Recerca Graecia Capta que investiga la pervivencia de la identidad griega bajo el imperio romano Sus principales aacutereas de intereacutes cientiacutefico son la historia e instituciones de la Grecia claacutesica y post‑claacutesica la religioacuten helena (paganismo) y diversos aspectos del cristianismo primitivo

Pilar Goacutemez Cardoacute es profesora titular de Filologiacutea Griega en la Universidad de Barcelona donde imparte docencia e investiga desde 1981 Doctora en Filologiacutea Claacutesica desde 1987 con una tesis sobre la tradicioacuten yaacutembica y la faacutebula (La Vida drsquoIsop entre el iambe la faula i la novella) es autora de numerosos artiacuteculos y capiacutetulos de libros sobre la literatura griega de eacutepoca imperial romana en especial sobre Segunda Sofiacutestica y novela ha estudiado principalmente autores como Luciano en cuya edicioacuten y traduccioacuten al castellano para la coleccioacuten Alma Mater participa Plutarco Dioacuten de Prusa o Elio Ariacutestides Es miembro del grupo de investigacioacuten Graecia Capta de la Universidad de Barcelona

Roosevelt Rocha eacute Professor Adjunto do curso de Letras da Universidade Federal do Paranaacute (Brasil) e pesquisador ligado ao Programa de Poacutes‑Graduaccedilatildeo em Letras da

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mesma Universidade As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a poesia grega arcaica (elegia jambo e meacutelica) a muacutesica grega antiga e o estudo da performance da poesia grega dos periacuteodos arcaico e claacutessico

Vicente Ramoacuten es Profesor Tiular de Filologiacutea Griega de la Universidad de Zara‑goza Sus intereses cientiacuteficos pueden sintetizarse en las siguientes liacuteneas Plutarco de Queronea y la biografiacutea poliacutetica historiografiacutea griega retoacuterica y oratoria griegas tradicioacuten claacutesica teatro griego la irreligiosidad en la Atenas Claacutesica

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Volumes publicados na Colecccedilatildeo Humanitas Supplementum

1 Francisco de Oliveira Claacuteudia Teixeira e Paula Barata Dias Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 1 ndash Liacutenguas e Literaturas Greacutecia e Roma (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

2 Francisco de Oliveira Claacuteudia Teixeira e Paula Barata Dias Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 2 ndash Liacutenguas e Literaturas Idade Meacutedia Renascimento Recepccedilatildeo (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

3 Francisco de Oliveira Jorge de Oliveira e Manuel Patriacutecio Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 3 ndash Histoacuteria Arqueologia e Arte (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2010)

4 Maria Helena da Rocha Pereira Joseacute Ribeiro Ferreira e Francisco de Oliveira (Coords) Horaacutecio e a sua perenidade (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

5 Joseacute Luiacutes Lopes Brandatildeo Maacutescaras dos Ceacutesares Teatro e moralidade nas Vidas suetonianas (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

6 Joseacute Ribeiro Ferreira Delfim Leatildeo Manuel Troumlster and Paula Barata Dias (eds) Symposion and Philanthropia in Plutarch (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

7 Gabriele Cornelli (Org) Representaccedilotildees da Cidade Antiga Categorias histoacutericas e discursos filosoacuteficos (Coimbra Classica DigitaliaCECHGrupo Archai 2010)

8 Maria Cristina de Sousa Pimentel e Nuno Simotildees Rodrigues (Coords) Sociedade poder e cultura no tempo de Oviacutedio (Coimbra Classica DigitaliaCECHCECCH 2010)

9 Franccediloise Frazier et Delfim F Leatildeo (eds) Tychegrave et pronoia La marche du monde selon Plutarque (Coimbra Classica DigitaliaCECH Eacutecole Doctorale 395 ArScAn‑THEMAM 2010)

10 Juan Carlos Iglesias‑Zoido El legado de Tuciacutedides en la cultura occidental (Coimbra Classica DigitaliaCECH ARENGA 2011)

11 Gabriele Cornelli O pitagorismo como categoria historiograacutefica (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2011)

12 Frederico Lourenccedilo The Lyric Metres of Euripidean Drama (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2011)

13 Joseacute Augusto Ramos Maria Cristina de Sousa Pimentel Maria do Ceacuteu Fialho Nuno Simotildees Rodrigues (coords) Paulo de Tarso Grego e Romano Judeu e Cristatildeo (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

14 Carmen Soares amp Paula Barata Dias (coords) Contributos para a histoacuteria da alimentaccedilatildeo na antiguidade (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

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15 Carlos A Martins de Jesus Claudio Castro Filho amp Joseacute Ribeiro Ferreira (coords) Hipoacutelito e Fedra ‑ nos caminhos de um mito (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

16 Joseacute Ribeiro Ferreira Delfim F Leatildeo amp Carlos A Martins de Jesus (eds) Nomos Kosmos amp Dike in Plutarch (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

17 Joseacute Augusto Ramos amp Nuno Simotildees Rodrigues (coords) Mnemosyne kai Sophia (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

18 Ana Maria Guedes Ferreira O homem de Estado ateniense em Plutarco o caso dos Alcmeoacutenidas (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

19 Aurora Loacutepez Andreacutes Pocintildea amp Maria de Faacutetima Silva De ayer a hoy influencias claacutesicas en la literatura (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

20 Cristina Pimentel Joseacute Luiacutes Brandatildeo amp Paolo Fedeli (coords) O poeta e a cidade no mundo romano (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

21 Francisco de Oliveira Joseacute Luiacutes Brandatildeo Vasco Gil Mantas amp Rosa Sanz Serrano (coords) A queda de Roma e o alvorecer da Europa (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

22 Luiacutesa de Nazareacute Ferreira Mobilidade poeacutetica na Greacutecia antiga uma leitura da obra de Simoacutenides (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica DigitaliaCECH 2013)

23 Faacutebio Cerqueira Ana Teresa Gonccedilalves Edalaura Medeiros amp JoseacuteLuiacutes Brandatildeo Saberes e poderes no mundo antigo Vol I ndash Dos saberes (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia2013) 282 p

24 Faacutebio Cerqueira Ana Teresa Gonccedilalves Edalaura Medeiros amp Delfim Leatildeo Saberes e poderes no mundo antigo Vol II ndash Dos poderes (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013) 336 p

25 Joaquim J S Pinheiro Tempo e espaccedilo da paideia nas Vidas de Plutarco (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013) 458 p

26 Delfim Leatildeo Gabriele Cornelli amp Miriam C Peixoto (coords) Dos Homens e suas Ideias Estudos sobre as Vidas de Dioacutegenes Laeacutercio (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013)

27 Italo Pantani Margarida Miranda amp Henrique Manso (coords) Aires Barbosa na Cosmoacutepolis Renascentista (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2013)

28 Francisco de Oliveira Maria de Faacutetima Silva Tereza Virgiacutenia Ribeiro Barbosa (coords) Violecircncia e transgressatildeo uma trajetoacuteria da Humanidade (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

29 Priscilla Gontijo Leite Eacutetica e retoacuterica forense asebeia e hybris na caracterizaccedilatildeo dos adversaacuterios em Demoacutestenes (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

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30 Andreacute Carneiro Lugares tempos e pessoas Povoamento rural romano no Alto Alentejo ‑ Volume I (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2014)

31 Andreacute Carneiro Lugares tempos e pessoas Povoamento rural romano no Alto Alentejo ‑ Volume II (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2014)

32 Pilar Goacutemez Cardoacute Delfim F Leatildeo Maria Aparecida de Oliveira Silva (coords) Plutarco entre mundos visotildees de Esparta Atenas e Roma (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

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Resumo da obra

A vasta e variada obra de Plutarco permite sempre uma abordagem a partir de distintas

perspetivas com diferentes intenccedilotildees e propoacutesitos variados No entanto eacute importante

identificar tambeacutem fios comuns nessa abordagem porque permitem demonstrar tanto a

niacutevel formal como de conteuacutedo que haacute muitos elementos comuns que permeiam o trabalho

de Plutarco

Os treze contributos para este volume tecircm como elo comum o nome de trecircs cidades

Esparta Atenas e Roma Elas representam espaccedilos poliacuteticos e institucionais diversos dada

a sua extensatildeo geograacutefica e cronoloacutegica mas simbolizam igualmente diferentes modelos

de organizaccedilatildeo social atraveacutes dos quais a Greacutecia pode ser contrastada com Roma ou Atenas

comparada com Esparta mdash ainda que o seu verdadeiro interesse na obra de Plutarco seja

que representam sempre locais paradigmaacuteticos onde vivem e convivem pessoas Por

isso os estudiosos de Plutarco que contribuiacuteram para este volume procuram analisar em

cada uma dessas cidades seja por assimilaccedilatildeo ou por contraste a forma como o autor de

Queroneia aborda a ligaccedilatildeo entre indiviacuteduo e comunidade a partir do exerciacutecio do poder

e da experiecircncia religiosa qual o papel da educaccedilatildeo e do domiacutenio privado na projeccedilatildeo

puacuteblica dos protagonistas retratados por Plutarco ou ateacute que ponto a imagem dos primeiros

legisladores e fundadores miacuteticos foi condicionada pela evoluccedilatildeo histoacuterica destas mesmas

cidades

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A Esparta de Plutarco entre a guerra e as artes

eram os concursos A realizaccedilatildeo de concursos musicais no acircmbito do festival das Carneias natildeo teria acontecido desde o iniacutecio A introduccedilatildeo de agones provavel‑mente ocorreu quando Terpandro migrou de Metimna (Lesbos) para Esparta na primeira metade do seacuteculo VII a C Nesse contexto eacute importante considerar o testemunho de Helacircnico17 segundo o qual Terpandro teria sido o primeiro a vencer o concurso musical nas Carneias Esse fato parece estar diretamente relacionado agrave fundaccedilatildeo da primeira escola musical (katastasis) em Esparta por obra do mesmo Terpandro Segundo Brelich (1969 186‑191) eacute muito provaacutevel que a introduccedilatildeo do concurso musical nas Carneias tenha sido influenciada pela proacutepria katastasis18 Essa hipoacutetese ganha forccedila se consideramos o capiacutetulo 9 do tratado Sobre a Muacutesica como um todo Ali Plutarco fala da primeira katastasis fundada por Terpandro e menciona tambeacutem a segunda katastasis liderada por Taletas de Gortina Xenoacutedamo de Citera Xenoacutecrito de Locres Polimnesto de Coacutelofon e Saacutecadas de Argos muacutesicos que teriam instituiacutedo as Gimnopeacutedias em Esparta as Apodeixeis na Arcaacutedia e as Endimaacutetias em Argos Jaacute que os membros da segunda escola musical foram fundadores de festivais19 em diferentes cidades do Peloponeso Terpandro tambeacutem pode ter desempenhado o mesmo papel no contexto das Carneias

No que diz respeito agraves Gimnopeacutedias contudo encontramos uma situaccedilatildeo diferente Possuiacutemos uma grande variedade de informaccedilotildees sobre esse festival que inclusive muitas vezes satildeo contraditoacuterias Mas tratando apenas daquilo que nos interessa aqui sabemos que no periacuteodo das festividades aconteciam apresentaccedilotildees de coros de adolescentes e adultos instituiacutedos em honra a Apolo que cantavam hinos compostos por poetas como Taletas Aacutelcman e Dionisodoto Depois da batalha de Tireia em 544 aC na qual Esparta lutou contra Argos pela posse da Tireaacutetida tornou‑se costumeiro cantar um peatilde em honra dos soldados que morreram naquela ocasiatildeo Por causa desse elemento ritual e da comparaccedilatildeo com as Apodeixeis e as Endimaacutetias as Gimnopeacutedias foram consideradas festas que indicavam o momento no qual os jovens receacutem‑iniciados eram integrados agrave vida militar20

Tendo tudo isso em vista podemos concluir que eacute preciso colocar a miragem espartana em perspectiva Esparta natildeo era tatildeo lsquoespartanarsquo assim e natildeo foi sempre lsquoespartanarsquo Havia espaccedilo naquela cidade para o cultivo das artes tais como a arquitetura a escultura a pintura vascular a muacutesica (que incluiacutea a poesia) e a danccedila Nela floresceram poetas como Aacutelcman Terpandro e Tirteu Nela surgiram escolas poeacuteticomusicais Nela viveram poetas estrangeiros tais como Taletas de

17 FGrHist 4 F 85 = Ateneu 635e = Terpander Test 1 Gostoli18 Cf tambeacutem Gostoli (1990) 84‑8519 Mais do que fundadores de festivais eacute mais verossiacutemil pensar que esses autores foram os

responsaacuteveis pela introduccedilatildeo dos concursos musicais como parte das celebraccedilotildees 20 Cf Gostoli (1990) 85‑86

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Roosevelt Rocha

Gortina (Creta) e Saacutecadas de Argos E sendo assim houve um ambiente feacutertil e favoraacutevel para o desenvolvimento e o cultivo de atividades artiacutesticas Os esparta‑nos foram sim grandes guerreiros que contribuiacuteram decisivamente para a vitoacuteria dos helenos sobre os persas Eles cultivaram sim suas habilidades guerreiras a ponto de derrotar os atenienses na Guerra do Peloponeso Poreacutem Esparta natildeo foi somente uma comunidade de soldados que dedicavam suas vidas somente agrave guerra Esparta foi tambeacutem uma cidade onde as pessoas cantavam danccedilavam e apreciavam a beleza dos edifiacutecios e dos objetos do cotidiano Eacute preciso reconhecer isso e na obra de Plutarco jaacute encontramos essa imagem multifacetada dessa cul‑tura Basta direcionar os olhos para outras direccedilotildees

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A Esparta de Plutarco entre a guerra e as artes

Bibliografia

Brelich A Paides e Parthenoi Roma Edizioni dellrsquoAteneo 1969Burn A R The lyric age of Greece New York Saint Martinrsquos Press 1960Cartledge P Agesilaos and the crisis of Sparta Baltimore The Johns Hopkins

University Press 1987mdashmdashmdash Sparta and Lakonia London Routledge and Kegan Paul 20022

Cavanagh W Sparta and Laconia From Prehistory to Pre‑modern Proceedings of the Conference Held in Sparta Organised by the British School at Athens the University of Nottingham the 5th Ephoreia of Prehistoric and Classical Antiquities and the 5th Ephoreia of Byzantine Antiquities 17‑20 March 2005 Atenas British School at Athens 2009

Duff T E Plutarchrsquos Lives Exploring Virtue and Vice Oxford Oxford University Press 2002

Gostoli A Terpander Roma Edizioni dellrsquoAteneo 1990Hodkinson S amp Powell A (eds) Sparta New Perspectives Cardiff The Classical

Press of Wales 2000Hornblower S amp Spawforth A (eds) The Oxford Classical Dictionary Oxford

Oxford University Press 1999Kaltsas N Athens‑Sparta Contributions to the Research on the History and

Archaeology of the Two City‑States Nova Iorque Onassis Cultural Center 2007

Ollier F Le mirage spartiate Eacutetude sur l rsquoidealization de Sparte dans l rsquoAntiquiteacute Grecque du deacutebut de l rsquoeacutecole cynique jusqursquoagrave la fin de la citeacute 2 vol Paris Les Belles Lettres 1933‑1943

Plutarch On Sparta London Penguin 2005Plutarco Obras Morais Sobre o afeto aos filhos (introd e trad Carmen Soares) e

Sobre a Muacutesica (introd e trad Roosevelt Rocha) Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra 2012

Plutarque Vies Tome I Text eacutetabli et traduit par Flaceliegravere R Chambry Eacute et Juneaux M Paris Les Belles Lettres 1957

Plutarque Vies Tome VI Text eacutetabli et traduit par Flaceliegravere R et Chambry Eacute Paris Les Belles Lettres 1971

Plutarque Vies Tome VIII Text eacutetabli et traduit par Flaceliegravere R et Chambry Eacute Paris Les Belles Lettres 1973

Powell A amp Hodkinson S (eds) The shadow of Sparta Londres Routledge 1994Rawson E The spartan tradition in european thought Oxford Oxford University

Press 1969

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Roosevelt Rocha

Rocha R laquoPlutarch and the musicraquo in A G Nikolaidis (ed) The unity of Plutarchrsquos work Berlin De Gruyter 2008 pp 651‑656

Shipley D R A commentary on Plutarchrsquos Life of Agesilaos Oxford Clarendon Press 1998

Silva M A O Plutarco Historiador Satildeo Paulo Edusp 2006Stibbe C M Das andere Sparta Mainz am Rhein Philipp v Zabern Verlag

1996 Walker S E C amp Cavanagh W Sparta in Laconia Proceedings of the 19th British

Museum Classical Colloquium held with the British School at Athens and Kingrsquos and University Colleges London 6‑8 December 1995 Atenas British School at Athens 1999

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Index nominum

Timoacuteteo 167‑168 178 183Timoacutexena 195Tindaacuteridas 63Tireaacutetida 169Tireia 169Tireacutesias 236Tirteu 167 169 221Titatildes 245Trajano 121Trezena 31 32‑35 38 Tricoacuterito 39Troia 81 124Tuciacutedides 122 160 181Ulisses 81 192Valeacuterio (vd Puacuteblio Valeacuterio)Vestais 58 204Viacutenio 200Xantipo 191 201Xenoacutecrito 169Xenoacutedamo 169Xenofonte 160 164Zaleuco 88Zeus 36 40‑41 220 226 243

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Index nominum

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Notas biograacuteficas dos autores

Aacutelia Rodrigues eacute doutorada em Estudos Claacutessicos (Literatura Grega) e inves‑tigadora do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse satildeo a histoacuteria das ideias poliacuteticas desde os Gregos ateacute agrave modernidade histoacuteria legal e a recepccedilatildeo de temas claacutessicos na contemporaneidade

Ana Ferreira eacute Professora Auxiliar do Departamento de Estudos Portugueses e Ro‑macircnicos da Faculdade de Letras da Universidade do Porto e investigadora do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a histoacuteria antiga a literatura greco‑romana bem como a didaacutectica das liacutenguas claacutessicas

Delfim F Leatildeo eacute Professor Catedraacutetico da Instituto de Estudos Claacutessicos e investiga‑dor do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a histoacuteria antiga o direito e a teorizaccedilatildeo poliacutetica dos Gregos a pragmaacutetica teatral e a escrita romanesca antiga

Faacutebio Vergara Cerqueira eacute Professor Adjunto do Instituto de Ciecircncias Humanas da Universidade Federal de Pelotas pesquisador PQ‑2 do CNPq Professor Visitante na Universidade de Heidelberg Bolsista Fundaccedilatildeo Humboldt ldquoPesquisador Experienterdquo Principais aacutereas de interesse satildeo histoacuteria e arqueologia da Greacutecia antiga e sua recepccedilatildeo enfocando muacutesica iconografia ceramologia gecircnero memoacuteria social identidade e patrimocircnio cultural

Guillermina Gonzaacutelez Almenara es Profesor Contratado Doctor Tipo 1 vinculada con el Aacuterea de Filologiacutea Griega del Departamento de Filologiacutea Claacutesica Francesa Aacuterabe y Romaacutenica de la Universidad de La Laguna Sus principales liacuteneas de investi‑gacioacuten son la mujer y el aacutembito femenino en la Grecia antigua Historiografiacutea griega Historia y civilizacioacuten de la Grecia antigua

Ivana S Chialva es Doctora en Letras Investigadora Asistente del Conicet y Profesora de Griego y Literaturas griega y latina de la Facultad de Humanidades y Ciencias de la Universidad Nacional del Litoral (Santa Fe Argentina) Sus tra‑bajos sobre el mundo antiguo se focalizan en la relacioacuten entre primera y segunda sofiacutestica y en la influencia de este uacuteltimo fenoacutemeno en la prosa narrativa griega de eacutepoca imperial especialmente la retoacuterica la biografiacutea y la novela en sus diferentes formas

Jesuacutes-Mordf Nieto Ibaacutentildeez es Catedraacutetico de Filologiacutea Griega de la Universidad de Leoacuten Sus liacuteneas de investigacioacuten son la literatura judiacutea en lengua griega los primeros textos cristianos el Humanismo y la Tradicioacuten claacutesica Actualmente dirige un Proyecto de

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investigacioacuten sobre el Humanismo la Tradicioacuten claacutesica y patriacutestica y la exeacutegesis biacuteblica en los siglos XVI y XVII

Joaquim Pinheiro eacute Professor Auxiliar da Universidade da Madeira e investigador do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a biografia antiga a Segunda Sofiacutestica a retoacuterica claacutessica e o pensamento poliacutetico dos Gregos

Joseacute M Candau es Catedraacutetico de Filologiacutea Griega en la Universidad de Sevilla Sus principales aacutereas de investigacioacuten son la historiografiacutea griega y Plutarco

Loraine Oliveira eacute professora de Filosofia da Universidade de Brasiacutelia Publicou o livro Plotino escultor de mitos pela Imprensa da Universidade de CoimbraAnnablume em 2014 Vem se dedicando principalmente a estudar os mitos em Plotino Plutarco e Porfiacuterio assim como o vegetarianismo em Plutarco e Porfiacuterio

Maria Aparecida de Oliveira Silva eacute professora visitante do Programa de Poacutes‑Gradu‑accedilatildeo em Letras Claacutessicas da Universidade de Satildeo Paulo e Professora Pesquisadora do Programa de Poacutes‑Graduaccedilatildeo em Histoacuteria da Universidade Federal de Satildeo Paulo Liacuteder do Grupo CNPq LABHAN Laboratoacuterio de Histoacuteria Antiga da Universidade Federal do Amapaacute Pesquisadora do Grupo CNPq Linceu ‑ Visotildees da Antiguidade Claacutessica da Universidade Estadual Paulista Pesquisadora do Grupo Retoacuterica Texto y Comunicacioacuten da Universidad de Caacutediz Membro do Conselho Acadecircmico do Seminaacuterio de Histoacuteria e Filosofia das Religiotildees da Universidad Autoacutenoma de Ciudad Juaacuterez mdash Meacutexico Pesquisa e publica trabalhos sobre Esparta Plutarco e biografia antiga

M Teresa Fau Ramos es Profesora Titular del Departament de Filologia Grega de la Universitat de Barcelona y miembro del Grup de Recerca Graecia Capta que investiga la pervivencia de la identidad griega bajo el imperio romano Sus principales aacutereas de intereacutes cientiacutefico son la historia e instituciones de la Grecia claacutesica y post‑claacutesica la religioacuten helena (paganismo) y diversos aspectos del cristianismo primitivo

Pilar Goacutemez Cardoacute es profesora titular de Filologiacutea Griega en la Universidad de Barcelona donde imparte docencia e investiga desde 1981 Doctora en Filologiacutea Claacutesica desde 1987 con una tesis sobre la tradicioacuten yaacutembica y la faacutebula (La Vida drsquoIsop entre el iambe la faula i la novella) es autora de numerosos artiacuteculos y capiacutetulos de libros sobre la literatura griega de eacutepoca imperial romana en especial sobre Segunda Sofiacutestica y novela ha estudiado principalmente autores como Luciano en cuya edicioacuten y traduccioacuten al castellano para la coleccioacuten Alma Mater participa Plutarco Dioacuten de Prusa o Elio Ariacutestides Es miembro del grupo de investigacioacuten Graecia Capta de la Universidad de Barcelona

Roosevelt Rocha eacute Professor Adjunto do curso de Letras da Universidade Federal do Paranaacute (Brasil) e pesquisador ligado ao Programa de Poacutes‑Graduaccedilatildeo em Letras da

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mesma Universidade As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a poesia grega arcaica (elegia jambo e meacutelica) a muacutesica grega antiga e o estudo da performance da poesia grega dos periacuteodos arcaico e claacutessico

Vicente Ramoacuten es Profesor Tiular de Filologiacutea Griega de la Universidad de Zara‑goza Sus intereses cientiacuteficos pueden sintetizarse en las siguientes liacuteneas Plutarco de Queronea y la biografiacutea poliacutetica historiografiacutea griega retoacuterica y oratoria griegas tradicioacuten claacutesica teatro griego la irreligiosidad en la Atenas Claacutesica

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Volumes publicados na Colecccedilatildeo Humanitas Supplementum

1 Francisco de Oliveira Claacuteudia Teixeira e Paula Barata Dias Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 1 ndash Liacutenguas e Literaturas Greacutecia e Roma (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

2 Francisco de Oliveira Claacuteudia Teixeira e Paula Barata Dias Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 2 ndash Liacutenguas e Literaturas Idade Meacutedia Renascimento Recepccedilatildeo (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

3 Francisco de Oliveira Jorge de Oliveira e Manuel Patriacutecio Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 3 ndash Histoacuteria Arqueologia e Arte (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2010)

4 Maria Helena da Rocha Pereira Joseacute Ribeiro Ferreira e Francisco de Oliveira (Coords) Horaacutecio e a sua perenidade (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

5 Joseacute Luiacutes Lopes Brandatildeo Maacutescaras dos Ceacutesares Teatro e moralidade nas Vidas suetonianas (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

6 Joseacute Ribeiro Ferreira Delfim Leatildeo Manuel Troumlster and Paula Barata Dias (eds) Symposion and Philanthropia in Plutarch (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

7 Gabriele Cornelli (Org) Representaccedilotildees da Cidade Antiga Categorias histoacutericas e discursos filosoacuteficos (Coimbra Classica DigitaliaCECHGrupo Archai 2010)

8 Maria Cristina de Sousa Pimentel e Nuno Simotildees Rodrigues (Coords) Sociedade poder e cultura no tempo de Oviacutedio (Coimbra Classica DigitaliaCECHCECCH 2010)

9 Franccediloise Frazier et Delfim F Leatildeo (eds) Tychegrave et pronoia La marche du monde selon Plutarque (Coimbra Classica DigitaliaCECH Eacutecole Doctorale 395 ArScAn‑THEMAM 2010)

10 Juan Carlos Iglesias‑Zoido El legado de Tuciacutedides en la cultura occidental (Coimbra Classica DigitaliaCECH ARENGA 2011)

11 Gabriele Cornelli O pitagorismo como categoria historiograacutefica (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2011)

12 Frederico Lourenccedilo The Lyric Metres of Euripidean Drama (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2011)

13 Joseacute Augusto Ramos Maria Cristina de Sousa Pimentel Maria do Ceacuteu Fialho Nuno Simotildees Rodrigues (coords) Paulo de Tarso Grego e Romano Judeu e Cristatildeo (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

14 Carmen Soares amp Paula Barata Dias (coords) Contributos para a histoacuteria da alimentaccedilatildeo na antiguidade (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

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15 Carlos A Martins de Jesus Claudio Castro Filho amp Joseacute Ribeiro Ferreira (coords) Hipoacutelito e Fedra ‑ nos caminhos de um mito (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

16 Joseacute Ribeiro Ferreira Delfim F Leatildeo amp Carlos A Martins de Jesus (eds) Nomos Kosmos amp Dike in Plutarch (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

17 Joseacute Augusto Ramos amp Nuno Simotildees Rodrigues (coords) Mnemosyne kai Sophia (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

18 Ana Maria Guedes Ferreira O homem de Estado ateniense em Plutarco o caso dos Alcmeoacutenidas (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

19 Aurora Loacutepez Andreacutes Pocintildea amp Maria de Faacutetima Silva De ayer a hoy influencias claacutesicas en la literatura (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

20 Cristina Pimentel Joseacute Luiacutes Brandatildeo amp Paolo Fedeli (coords) O poeta e a cidade no mundo romano (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

21 Francisco de Oliveira Joseacute Luiacutes Brandatildeo Vasco Gil Mantas amp Rosa Sanz Serrano (coords) A queda de Roma e o alvorecer da Europa (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

22 Luiacutesa de Nazareacute Ferreira Mobilidade poeacutetica na Greacutecia antiga uma leitura da obra de Simoacutenides (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica DigitaliaCECH 2013)

23 Faacutebio Cerqueira Ana Teresa Gonccedilalves Edalaura Medeiros amp JoseacuteLuiacutes Brandatildeo Saberes e poderes no mundo antigo Vol I ndash Dos saberes (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia2013) 282 p

24 Faacutebio Cerqueira Ana Teresa Gonccedilalves Edalaura Medeiros amp Delfim Leatildeo Saberes e poderes no mundo antigo Vol II ndash Dos poderes (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013) 336 p

25 Joaquim J S Pinheiro Tempo e espaccedilo da paideia nas Vidas de Plutarco (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013) 458 p

26 Delfim Leatildeo Gabriele Cornelli amp Miriam C Peixoto (coords) Dos Homens e suas Ideias Estudos sobre as Vidas de Dioacutegenes Laeacutercio (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013)

27 Italo Pantani Margarida Miranda amp Henrique Manso (coords) Aires Barbosa na Cosmoacutepolis Renascentista (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2013)

28 Francisco de Oliveira Maria de Faacutetima Silva Tereza Virgiacutenia Ribeiro Barbosa (coords) Violecircncia e transgressatildeo uma trajetoacuteria da Humanidade (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

29 Priscilla Gontijo Leite Eacutetica e retoacuterica forense asebeia e hybris na caracterizaccedilatildeo dos adversaacuterios em Demoacutestenes (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

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30 Andreacute Carneiro Lugares tempos e pessoas Povoamento rural romano no Alto Alentejo ‑ Volume I (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2014)

31 Andreacute Carneiro Lugares tempos e pessoas Povoamento rural romano no Alto Alentejo ‑ Volume II (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2014)

32 Pilar Goacutemez Cardoacute Delfim F Leatildeo Maria Aparecida de Oliveira Silva (coords) Plutarco entre mundos visotildees de Esparta Atenas e Roma (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

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Resumo da obra

A vasta e variada obra de Plutarco permite sempre uma abordagem a partir de distintas

perspetivas com diferentes intenccedilotildees e propoacutesitos variados No entanto eacute importante

identificar tambeacutem fios comuns nessa abordagem porque permitem demonstrar tanto a

niacutevel formal como de conteuacutedo que haacute muitos elementos comuns que permeiam o trabalho

de Plutarco

Os treze contributos para este volume tecircm como elo comum o nome de trecircs cidades

Esparta Atenas e Roma Elas representam espaccedilos poliacuteticos e institucionais diversos dada

a sua extensatildeo geograacutefica e cronoloacutegica mas simbolizam igualmente diferentes modelos

de organizaccedilatildeo social atraveacutes dos quais a Greacutecia pode ser contrastada com Roma ou Atenas

comparada com Esparta mdash ainda que o seu verdadeiro interesse na obra de Plutarco seja

que representam sempre locais paradigmaacuteticos onde vivem e convivem pessoas Por

isso os estudiosos de Plutarco que contribuiacuteram para este volume procuram analisar em

cada uma dessas cidades seja por assimilaccedilatildeo ou por contraste a forma como o autor de

Queroneia aborda a ligaccedilatildeo entre indiviacuteduo e comunidade a partir do exerciacutecio do poder

e da experiecircncia religiosa qual o papel da educaccedilatildeo e do domiacutenio privado na projeccedilatildeo

puacuteblica dos protagonistas retratados por Plutarco ou ateacute que ponto a imagem dos primeiros

legisladores e fundadores miacuteticos foi condicionada pela evoluccedilatildeo histoacuterica destas mesmas

cidades

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Page 40: Versão integral disponível em digitalis.uc · visões de Esparta, Atenas e Roma IMPRENSA DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA COIMBRA UNIVERSITY PRESS ANNABLUME Versão integral disponível

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Roosevelt Rocha

Gortina (Creta) e Saacutecadas de Argos E sendo assim houve um ambiente feacutertil e favoraacutevel para o desenvolvimento e o cultivo de atividades artiacutesticas Os esparta‑nos foram sim grandes guerreiros que contribuiacuteram decisivamente para a vitoacuteria dos helenos sobre os persas Eles cultivaram sim suas habilidades guerreiras a ponto de derrotar os atenienses na Guerra do Peloponeso Poreacutem Esparta natildeo foi somente uma comunidade de soldados que dedicavam suas vidas somente agrave guerra Esparta foi tambeacutem uma cidade onde as pessoas cantavam danccedilavam e apreciavam a beleza dos edifiacutecios e dos objetos do cotidiano Eacute preciso reconhecer isso e na obra de Plutarco jaacute encontramos essa imagem multifacetada dessa cul‑tura Basta direcionar os olhos para outras direccedilotildees

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A Esparta de Plutarco entre a guerra e as artes

Bibliografia

Brelich A Paides e Parthenoi Roma Edizioni dellrsquoAteneo 1969Burn A R The lyric age of Greece New York Saint Martinrsquos Press 1960Cartledge P Agesilaos and the crisis of Sparta Baltimore The Johns Hopkins

University Press 1987mdashmdashmdash Sparta and Lakonia London Routledge and Kegan Paul 20022

Cavanagh W Sparta and Laconia From Prehistory to Pre‑modern Proceedings of the Conference Held in Sparta Organised by the British School at Athens the University of Nottingham the 5th Ephoreia of Prehistoric and Classical Antiquities and the 5th Ephoreia of Byzantine Antiquities 17‑20 March 2005 Atenas British School at Athens 2009

Duff T E Plutarchrsquos Lives Exploring Virtue and Vice Oxford Oxford University Press 2002

Gostoli A Terpander Roma Edizioni dellrsquoAteneo 1990Hodkinson S amp Powell A (eds) Sparta New Perspectives Cardiff The Classical

Press of Wales 2000Hornblower S amp Spawforth A (eds) The Oxford Classical Dictionary Oxford

Oxford University Press 1999Kaltsas N Athens‑Sparta Contributions to the Research on the History and

Archaeology of the Two City‑States Nova Iorque Onassis Cultural Center 2007

Ollier F Le mirage spartiate Eacutetude sur l rsquoidealization de Sparte dans l rsquoAntiquiteacute Grecque du deacutebut de l rsquoeacutecole cynique jusqursquoagrave la fin de la citeacute 2 vol Paris Les Belles Lettres 1933‑1943

Plutarch On Sparta London Penguin 2005Plutarco Obras Morais Sobre o afeto aos filhos (introd e trad Carmen Soares) e

Sobre a Muacutesica (introd e trad Roosevelt Rocha) Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra 2012

Plutarque Vies Tome I Text eacutetabli et traduit par Flaceliegravere R Chambry Eacute et Juneaux M Paris Les Belles Lettres 1957

Plutarque Vies Tome VI Text eacutetabli et traduit par Flaceliegravere R et Chambry Eacute Paris Les Belles Lettres 1971

Plutarque Vies Tome VIII Text eacutetabli et traduit par Flaceliegravere R et Chambry Eacute Paris Les Belles Lettres 1973

Powell A amp Hodkinson S (eds) The shadow of Sparta Londres Routledge 1994Rawson E The spartan tradition in european thought Oxford Oxford University

Press 1969

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Roosevelt Rocha

Rocha R laquoPlutarch and the musicraquo in A G Nikolaidis (ed) The unity of Plutarchrsquos work Berlin De Gruyter 2008 pp 651‑656

Shipley D R A commentary on Plutarchrsquos Life of Agesilaos Oxford Clarendon Press 1998

Silva M A O Plutarco Historiador Satildeo Paulo Edusp 2006Stibbe C M Das andere Sparta Mainz am Rhein Philipp v Zabern Verlag

1996 Walker S E C amp Cavanagh W Sparta in Laconia Proceedings of the 19th British

Museum Classical Colloquium held with the British School at Athens and Kingrsquos and University Colleges London 6‑8 December 1995 Atenas British School at Athens 1999

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Index nominum

Timoacuteteo 167‑168 178 183Timoacutexena 195Tindaacuteridas 63Tireaacutetida 169Tireia 169Tireacutesias 236Tirteu 167 169 221Titatildes 245Trajano 121Trezena 31 32‑35 38 Tricoacuterito 39Troia 81 124Tuciacutedides 122 160 181Ulisses 81 192Valeacuterio (vd Puacuteblio Valeacuterio)Vestais 58 204Viacutenio 200Xantipo 191 201Xenoacutecrito 169Xenoacutedamo 169Xenofonte 160 164Zaleuco 88Zeus 36 40‑41 220 226 243

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Notas biograacuteficas dos autores

Aacutelia Rodrigues eacute doutorada em Estudos Claacutessicos (Literatura Grega) e inves‑tigadora do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse satildeo a histoacuteria das ideias poliacuteticas desde os Gregos ateacute agrave modernidade histoacuteria legal e a recepccedilatildeo de temas claacutessicos na contemporaneidade

Ana Ferreira eacute Professora Auxiliar do Departamento de Estudos Portugueses e Ro‑macircnicos da Faculdade de Letras da Universidade do Porto e investigadora do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a histoacuteria antiga a literatura greco‑romana bem como a didaacutectica das liacutenguas claacutessicas

Delfim F Leatildeo eacute Professor Catedraacutetico da Instituto de Estudos Claacutessicos e investiga‑dor do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a histoacuteria antiga o direito e a teorizaccedilatildeo poliacutetica dos Gregos a pragmaacutetica teatral e a escrita romanesca antiga

Faacutebio Vergara Cerqueira eacute Professor Adjunto do Instituto de Ciecircncias Humanas da Universidade Federal de Pelotas pesquisador PQ‑2 do CNPq Professor Visitante na Universidade de Heidelberg Bolsista Fundaccedilatildeo Humboldt ldquoPesquisador Experienterdquo Principais aacutereas de interesse satildeo histoacuteria e arqueologia da Greacutecia antiga e sua recepccedilatildeo enfocando muacutesica iconografia ceramologia gecircnero memoacuteria social identidade e patrimocircnio cultural

Guillermina Gonzaacutelez Almenara es Profesor Contratado Doctor Tipo 1 vinculada con el Aacuterea de Filologiacutea Griega del Departamento de Filologiacutea Claacutesica Francesa Aacuterabe y Romaacutenica de la Universidad de La Laguna Sus principales liacuteneas de investi‑gacioacuten son la mujer y el aacutembito femenino en la Grecia antigua Historiografiacutea griega Historia y civilizacioacuten de la Grecia antigua

Ivana S Chialva es Doctora en Letras Investigadora Asistente del Conicet y Profesora de Griego y Literaturas griega y latina de la Facultad de Humanidades y Ciencias de la Universidad Nacional del Litoral (Santa Fe Argentina) Sus tra‑bajos sobre el mundo antiguo se focalizan en la relacioacuten entre primera y segunda sofiacutestica y en la influencia de este uacuteltimo fenoacutemeno en la prosa narrativa griega de eacutepoca imperial especialmente la retoacuterica la biografiacutea y la novela en sus diferentes formas

Jesuacutes-Mordf Nieto Ibaacutentildeez es Catedraacutetico de Filologiacutea Griega de la Universidad de Leoacuten Sus liacuteneas de investigacioacuten son la literatura judiacutea en lengua griega los primeros textos cristianos el Humanismo y la Tradicioacuten claacutesica Actualmente dirige un Proyecto de

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investigacioacuten sobre el Humanismo la Tradicioacuten claacutesica y patriacutestica y la exeacutegesis biacuteblica en los siglos XVI y XVII

Joaquim Pinheiro eacute Professor Auxiliar da Universidade da Madeira e investigador do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a biografia antiga a Segunda Sofiacutestica a retoacuterica claacutessica e o pensamento poliacutetico dos Gregos

Joseacute M Candau es Catedraacutetico de Filologiacutea Griega en la Universidad de Sevilla Sus principales aacutereas de investigacioacuten son la historiografiacutea griega y Plutarco

Loraine Oliveira eacute professora de Filosofia da Universidade de Brasiacutelia Publicou o livro Plotino escultor de mitos pela Imprensa da Universidade de CoimbraAnnablume em 2014 Vem se dedicando principalmente a estudar os mitos em Plotino Plutarco e Porfiacuterio assim como o vegetarianismo em Plutarco e Porfiacuterio

Maria Aparecida de Oliveira Silva eacute professora visitante do Programa de Poacutes‑Gradu‑accedilatildeo em Letras Claacutessicas da Universidade de Satildeo Paulo e Professora Pesquisadora do Programa de Poacutes‑Graduaccedilatildeo em Histoacuteria da Universidade Federal de Satildeo Paulo Liacuteder do Grupo CNPq LABHAN Laboratoacuterio de Histoacuteria Antiga da Universidade Federal do Amapaacute Pesquisadora do Grupo CNPq Linceu ‑ Visotildees da Antiguidade Claacutessica da Universidade Estadual Paulista Pesquisadora do Grupo Retoacuterica Texto y Comunicacioacuten da Universidad de Caacutediz Membro do Conselho Acadecircmico do Seminaacuterio de Histoacuteria e Filosofia das Religiotildees da Universidad Autoacutenoma de Ciudad Juaacuterez mdash Meacutexico Pesquisa e publica trabalhos sobre Esparta Plutarco e biografia antiga

M Teresa Fau Ramos es Profesora Titular del Departament de Filologia Grega de la Universitat de Barcelona y miembro del Grup de Recerca Graecia Capta que investiga la pervivencia de la identidad griega bajo el imperio romano Sus principales aacutereas de intereacutes cientiacutefico son la historia e instituciones de la Grecia claacutesica y post‑claacutesica la religioacuten helena (paganismo) y diversos aspectos del cristianismo primitivo

Pilar Goacutemez Cardoacute es profesora titular de Filologiacutea Griega en la Universidad de Barcelona donde imparte docencia e investiga desde 1981 Doctora en Filologiacutea Claacutesica desde 1987 con una tesis sobre la tradicioacuten yaacutembica y la faacutebula (La Vida drsquoIsop entre el iambe la faula i la novella) es autora de numerosos artiacuteculos y capiacutetulos de libros sobre la literatura griega de eacutepoca imperial romana en especial sobre Segunda Sofiacutestica y novela ha estudiado principalmente autores como Luciano en cuya edicioacuten y traduccioacuten al castellano para la coleccioacuten Alma Mater participa Plutarco Dioacuten de Prusa o Elio Ariacutestides Es miembro del grupo de investigacioacuten Graecia Capta de la Universidad de Barcelona

Roosevelt Rocha eacute Professor Adjunto do curso de Letras da Universidade Federal do Paranaacute (Brasil) e pesquisador ligado ao Programa de Poacutes‑Graduaccedilatildeo em Letras da

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mesma Universidade As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a poesia grega arcaica (elegia jambo e meacutelica) a muacutesica grega antiga e o estudo da performance da poesia grega dos periacuteodos arcaico e claacutessico

Vicente Ramoacuten es Profesor Tiular de Filologiacutea Griega de la Universidad de Zara‑goza Sus intereses cientiacuteficos pueden sintetizarse en las siguientes liacuteneas Plutarco de Queronea y la biografiacutea poliacutetica historiografiacutea griega retoacuterica y oratoria griegas tradicioacuten claacutesica teatro griego la irreligiosidad en la Atenas Claacutesica

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Nelson
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Volumes publicados na Colecccedilatildeo Humanitas Supplementum

1 Francisco de Oliveira Claacuteudia Teixeira e Paula Barata Dias Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 1 ndash Liacutenguas e Literaturas Greacutecia e Roma (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

2 Francisco de Oliveira Claacuteudia Teixeira e Paula Barata Dias Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 2 ndash Liacutenguas e Literaturas Idade Meacutedia Renascimento Recepccedilatildeo (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

3 Francisco de Oliveira Jorge de Oliveira e Manuel Patriacutecio Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 3 ndash Histoacuteria Arqueologia e Arte (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2010)

4 Maria Helena da Rocha Pereira Joseacute Ribeiro Ferreira e Francisco de Oliveira (Coords) Horaacutecio e a sua perenidade (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

5 Joseacute Luiacutes Lopes Brandatildeo Maacutescaras dos Ceacutesares Teatro e moralidade nas Vidas suetonianas (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

6 Joseacute Ribeiro Ferreira Delfim Leatildeo Manuel Troumlster and Paula Barata Dias (eds) Symposion and Philanthropia in Plutarch (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

7 Gabriele Cornelli (Org) Representaccedilotildees da Cidade Antiga Categorias histoacutericas e discursos filosoacuteficos (Coimbra Classica DigitaliaCECHGrupo Archai 2010)

8 Maria Cristina de Sousa Pimentel e Nuno Simotildees Rodrigues (Coords) Sociedade poder e cultura no tempo de Oviacutedio (Coimbra Classica DigitaliaCECHCECCH 2010)

9 Franccediloise Frazier et Delfim F Leatildeo (eds) Tychegrave et pronoia La marche du monde selon Plutarque (Coimbra Classica DigitaliaCECH Eacutecole Doctorale 395 ArScAn‑THEMAM 2010)

10 Juan Carlos Iglesias‑Zoido El legado de Tuciacutedides en la cultura occidental (Coimbra Classica DigitaliaCECH ARENGA 2011)

11 Gabriele Cornelli O pitagorismo como categoria historiograacutefica (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2011)

12 Frederico Lourenccedilo The Lyric Metres of Euripidean Drama (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2011)

13 Joseacute Augusto Ramos Maria Cristina de Sousa Pimentel Maria do Ceacuteu Fialho Nuno Simotildees Rodrigues (coords) Paulo de Tarso Grego e Romano Judeu e Cristatildeo (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

14 Carmen Soares amp Paula Barata Dias (coords) Contributos para a histoacuteria da alimentaccedilatildeo na antiguidade (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

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15 Carlos A Martins de Jesus Claudio Castro Filho amp Joseacute Ribeiro Ferreira (coords) Hipoacutelito e Fedra ‑ nos caminhos de um mito (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

16 Joseacute Ribeiro Ferreira Delfim F Leatildeo amp Carlos A Martins de Jesus (eds) Nomos Kosmos amp Dike in Plutarch (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

17 Joseacute Augusto Ramos amp Nuno Simotildees Rodrigues (coords) Mnemosyne kai Sophia (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

18 Ana Maria Guedes Ferreira O homem de Estado ateniense em Plutarco o caso dos Alcmeoacutenidas (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

19 Aurora Loacutepez Andreacutes Pocintildea amp Maria de Faacutetima Silva De ayer a hoy influencias claacutesicas en la literatura (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

20 Cristina Pimentel Joseacute Luiacutes Brandatildeo amp Paolo Fedeli (coords) O poeta e a cidade no mundo romano (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

21 Francisco de Oliveira Joseacute Luiacutes Brandatildeo Vasco Gil Mantas amp Rosa Sanz Serrano (coords) A queda de Roma e o alvorecer da Europa (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

22 Luiacutesa de Nazareacute Ferreira Mobilidade poeacutetica na Greacutecia antiga uma leitura da obra de Simoacutenides (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica DigitaliaCECH 2013)

23 Faacutebio Cerqueira Ana Teresa Gonccedilalves Edalaura Medeiros amp JoseacuteLuiacutes Brandatildeo Saberes e poderes no mundo antigo Vol I ndash Dos saberes (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia2013) 282 p

24 Faacutebio Cerqueira Ana Teresa Gonccedilalves Edalaura Medeiros amp Delfim Leatildeo Saberes e poderes no mundo antigo Vol II ndash Dos poderes (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013) 336 p

25 Joaquim J S Pinheiro Tempo e espaccedilo da paideia nas Vidas de Plutarco (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013) 458 p

26 Delfim Leatildeo Gabriele Cornelli amp Miriam C Peixoto (coords) Dos Homens e suas Ideias Estudos sobre as Vidas de Dioacutegenes Laeacutercio (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013)

27 Italo Pantani Margarida Miranda amp Henrique Manso (coords) Aires Barbosa na Cosmoacutepolis Renascentista (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2013)

28 Francisco de Oliveira Maria de Faacutetima Silva Tereza Virgiacutenia Ribeiro Barbosa (coords) Violecircncia e transgressatildeo uma trajetoacuteria da Humanidade (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

29 Priscilla Gontijo Leite Eacutetica e retoacuterica forense asebeia e hybris na caracterizaccedilatildeo dos adversaacuterios em Demoacutestenes (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

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30 Andreacute Carneiro Lugares tempos e pessoas Povoamento rural romano no Alto Alentejo ‑ Volume I (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2014)

31 Andreacute Carneiro Lugares tempos e pessoas Povoamento rural romano no Alto Alentejo ‑ Volume II (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2014)

32 Pilar Goacutemez Cardoacute Delfim F Leatildeo Maria Aparecida de Oliveira Silva (coords) Plutarco entre mundos visotildees de Esparta Atenas e Roma (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

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Resumo da obra

A vasta e variada obra de Plutarco permite sempre uma abordagem a partir de distintas

perspetivas com diferentes intenccedilotildees e propoacutesitos variados No entanto eacute importante

identificar tambeacutem fios comuns nessa abordagem porque permitem demonstrar tanto a

niacutevel formal como de conteuacutedo que haacute muitos elementos comuns que permeiam o trabalho

de Plutarco

Os treze contributos para este volume tecircm como elo comum o nome de trecircs cidades

Esparta Atenas e Roma Elas representam espaccedilos poliacuteticos e institucionais diversos dada

a sua extensatildeo geograacutefica e cronoloacutegica mas simbolizam igualmente diferentes modelos

de organizaccedilatildeo social atraveacutes dos quais a Greacutecia pode ser contrastada com Roma ou Atenas

comparada com Esparta mdash ainda que o seu verdadeiro interesse na obra de Plutarco seja

que representam sempre locais paradigmaacuteticos onde vivem e convivem pessoas Por

isso os estudiosos de Plutarco que contribuiacuteram para este volume procuram analisar em

cada uma dessas cidades seja por assimilaccedilatildeo ou por contraste a forma como o autor de

Queroneia aborda a ligaccedilatildeo entre indiviacuteduo e comunidade a partir do exerciacutecio do poder

e da experiecircncia religiosa qual o papel da educaccedilatildeo e do domiacutenio privado na projeccedilatildeo

puacuteblica dos protagonistas retratados por Plutarco ou ateacute que ponto a imagem dos primeiros

legisladores e fundadores miacuteticos foi condicionada pela evoluccedilatildeo histoacuterica destas mesmas

cidades

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Page 41: Versão integral disponível em digitalis.uc · visões de Esparta, Atenas e Roma IMPRENSA DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA COIMBRA UNIVERSITY PRESS ANNABLUME Versão integral disponível

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A Esparta de Plutarco entre a guerra e as artes

Bibliografia

Brelich A Paides e Parthenoi Roma Edizioni dellrsquoAteneo 1969Burn A R The lyric age of Greece New York Saint Martinrsquos Press 1960Cartledge P Agesilaos and the crisis of Sparta Baltimore The Johns Hopkins

University Press 1987mdashmdashmdash Sparta and Lakonia London Routledge and Kegan Paul 20022

Cavanagh W Sparta and Laconia From Prehistory to Pre‑modern Proceedings of the Conference Held in Sparta Organised by the British School at Athens the University of Nottingham the 5th Ephoreia of Prehistoric and Classical Antiquities and the 5th Ephoreia of Byzantine Antiquities 17‑20 March 2005 Atenas British School at Athens 2009

Duff T E Plutarchrsquos Lives Exploring Virtue and Vice Oxford Oxford University Press 2002

Gostoli A Terpander Roma Edizioni dellrsquoAteneo 1990Hodkinson S amp Powell A (eds) Sparta New Perspectives Cardiff The Classical

Press of Wales 2000Hornblower S amp Spawforth A (eds) The Oxford Classical Dictionary Oxford

Oxford University Press 1999Kaltsas N Athens‑Sparta Contributions to the Research on the History and

Archaeology of the Two City‑States Nova Iorque Onassis Cultural Center 2007

Ollier F Le mirage spartiate Eacutetude sur l rsquoidealization de Sparte dans l rsquoAntiquiteacute Grecque du deacutebut de l rsquoeacutecole cynique jusqursquoagrave la fin de la citeacute 2 vol Paris Les Belles Lettres 1933‑1943

Plutarch On Sparta London Penguin 2005Plutarco Obras Morais Sobre o afeto aos filhos (introd e trad Carmen Soares) e

Sobre a Muacutesica (introd e trad Roosevelt Rocha) Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra 2012

Plutarque Vies Tome I Text eacutetabli et traduit par Flaceliegravere R Chambry Eacute et Juneaux M Paris Les Belles Lettres 1957

Plutarque Vies Tome VI Text eacutetabli et traduit par Flaceliegravere R et Chambry Eacute Paris Les Belles Lettres 1971

Plutarque Vies Tome VIII Text eacutetabli et traduit par Flaceliegravere R et Chambry Eacute Paris Les Belles Lettres 1973

Powell A amp Hodkinson S (eds) The shadow of Sparta Londres Routledge 1994Rawson E The spartan tradition in european thought Oxford Oxford University

Press 1969

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172

Roosevelt Rocha

Rocha R laquoPlutarch and the musicraquo in A G Nikolaidis (ed) The unity of Plutarchrsquos work Berlin De Gruyter 2008 pp 651‑656

Shipley D R A commentary on Plutarchrsquos Life of Agesilaos Oxford Clarendon Press 1998

Silva M A O Plutarco Historiador Satildeo Paulo Edusp 2006Stibbe C M Das andere Sparta Mainz am Rhein Philipp v Zabern Verlag

1996 Walker S E C amp Cavanagh W Sparta in Laconia Proceedings of the 19th British

Museum Classical Colloquium held with the British School at Athens and Kingrsquos and University Colleges London 6‑8 December 1995 Atenas British School at Athens 1999

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Index nominum

Timoacuteteo 167‑168 178 183Timoacutexena 195Tindaacuteridas 63Tireaacutetida 169Tireia 169Tireacutesias 236Tirteu 167 169 221Titatildes 245Trajano 121Trezena 31 32‑35 38 Tricoacuterito 39Troia 81 124Tuciacutedides 122 160 181Ulisses 81 192Valeacuterio (vd Puacuteblio Valeacuterio)Vestais 58 204Viacutenio 200Xantipo 191 201Xenoacutecrito 169Xenoacutedamo 169Xenofonte 160 164Zaleuco 88Zeus 36 40‑41 220 226 243

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Index nominum

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Notas biograacuteficas dos autores

Aacutelia Rodrigues eacute doutorada em Estudos Claacutessicos (Literatura Grega) e inves‑tigadora do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse satildeo a histoacuteria das ideias poliacuteticas desde os Gregos ateacute agrave modernidade histoacuteria legal e a recepccedilatildeo de temas claacutessicos na contemporaneidade

Ana Ferreira eacute Professora Auxiliar do Departamento de Estudos Portugueses e Ro‑macircnicos da Faculdade de Letras da Universidade do Porto e investigadora do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a histoacuteria antiga a literatura greco‑romana bem como a didaacutectica das liacutenguas claacutessicas

Delfim F Leatildeo eacute Professor Catedraacutetico da Instituto de Estudos Claacutessicos e investiga‑dor do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a histoacuteria antiga o direito e a teorizaccedilatildeo poliacutetica dos Gregos a pragmaacutetica teatral e a escrita romanesca antiga

Faacutebio Vergara Cerqueira eacute Professor Adjunto do Instituto de Ciecircncias Humanas da Universidade Federal de Pelotas pesquisador PQ‑2 do CNPq Professor Visitante na Universidade de Heidelberg Bolsista Fundaccedilatildeo Humboldt ldquoPesquisador Experienterdquo Principais aacutereas de interesse satildeo histoacuteria e arqueologia da Greacutecia antiga e sua recepccedilatildeo enfocando muacutesica iconografia ceramologia gecircnero memoacuteria social identidade e patrimocircnio cultural

Guillermina Gonzaacutelez Almenara es Profesor Contratado Doctor Tipo 1 vinculada con el Aacuterea de Filologiacutea Griega del Departamento de Filologiacutea Claacutesica Francesa Aacuterabe y Romaacutenica de la Universidad de La Laguna Sus principales liacuteneas de investi‑gacioacuten son la mujer y el aacutembito femenino en la Grecia antigua Historiografiacutea griega Historia y civilizacioacuten de la Grecia antigua

Ivana S Chialva es Doctora en Letras Investigadora Asistente del Conicet y Profesora de Griego y Literaturas griega y latina de la Facultad de Humanidades y Ciencias de la Universidad Nacional del Litoral (Santa Fe Argentina) Sus tra‑bajos sobre el mundo antiguo se focalizan en la relacioacuten entre primera y segunda sofiacutestica y en la influencia de este uacuteltimo fenoacutemeno en la prosa narrativa griega de eacutepoca imperial especialmente la retoacuterica la biografiacutea y la novela en sus diferentes formas

Jesuacutes-Mordf Nieto Ibaacutentildeez es Catedraacutetico de Filologiacutea Griega de la Universidad de Leoacuten Sus liacuteneas de investigacioacuten son la literatura judiacutea en lengua griega los primeros textos cristianos el Humanismo y la Tradicioacuten claacutesica Actualmente dirige un Proyecto de

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investigacioacuten sobre el Humanismo la Tradicioacuten claacutesica y patriacutestica y la exeacutegesis biacuteblica en los siglos XVI y XVII

Joaquim Pinheiro eacute Professor Auxiliar da Universidade da Madeira e investigador do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a biografia antiga a Segunda Sofiacutestica a retoacuterica claacutessica e o pensamento poliacutetico dos Gregos

Joseacute M Candau es Catedraacutetico de Filologiacutea Griega en la Universidad de Sevilla Sus principales aacutereas de investigacioacuten son la historiografiacutea griega y Plutarco

Loraine Oliveira eacute professora de Filosofia da Universidade de Brasiacutelia Publicou o livro Plotino escultor de mitos pela Imprensa da Universidade de CoimbraAnnablume em 2014 Vem se dedicando principalmente a estudar os mitos em Plotino Plutarco e Porfiacuterio assim como o vegetarianismo em Plutarco e Porfiacuterio

Maria Aparecida de Oliveira Silva eacute professora visitante do Programa de Poacutes‑Gradu‑accedilatildeo em Letras Claacutessicas da Universidade de Satildeo Paulo e Professora Pesquisadora do Programa de Poacutes‑Graduaccedilatildeo em Histoacuteria da Universidade Federal de Satildeo Paulo Liacuteder do Grupo CNPq LABHAN Laboratoacuterio de Histoacuteria Antiga da Universidade Federal do Amapaacute Pesquisadora do Grupo CNPq Linceu ‑ Visotildees da Antiguidade Claacutessica da Universidade Estadual Paulista Pesquisadora do Grupo Retoacuterica Texto y Comunicacioacuten da Universidad de Caacutediz Membro do Conselho Acadecircmico do Seminaacuterio de Histoacuteria e Filosofia das Religiotildees da Universidad Autoacutenoma de Ciudad Juaacuterez mdash Meacutexico Pesquisa e publica trabalhos sobre Esparta Plutarco e biografia antiga

M Teresa Fau Ramos es Profesora Titular del Departament de Filologia Grega de la Universitat de Barcelona y miembro del Grup de Recerca Graecia Capta que investiga la pervivencia de la identidad griega bajo el imperio romano Sus principales aacutereas de intereacutes cientiacutefico son la historia e instituciones de la Grecia claacutesica y post‑claacutesica la religioacuten helena (paganismo) y diversos aspectos del cristianismo primitivo

Pilar Goacutemez Cardoacute es profesora titular de Filologiacutea Griega en la Universidad de Barcelona donde imparte docencia e investiga desde 1981 Doctora en Filologiacutea Claacutesica desde 1987 con una tesis sobre la tradicioacuten yaacutembica y la faacutebula (La Vida drsquoIsop entre el iambe la faula i la novella) es autora de numerosos artiacuteculos y capiacutetulos de libros sobre la literatura griega de eacutepoca imperial romana en especial sobre Segunda Sofiacutestica y novela ha estudiado principalmente autores como Luciano en cuya edicioacuten y traduccioacuten al castellano para la coleccioacuten Alma Mater participa Plutarco Dioacuten de Prusa o Elio Ariacutestides Es miembro del grupo de investigacioacuten Graecia Capta de la Universidad de Barcelona

Roosevelt Rocha eacute Professor Adjunto do curso de Letras da Universidade Federal do Paranaacute (Brasil) e pesquisador ligado ao Programa de Poacutes‑Graduaccedilatildeo em Letras da

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mesma Universidade As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a poesia grega arcaica (elegia jambo e meacutelica) a muacutesica grega antiga e o estudo da performance da poesia grega dos periacuteodos arcaico e claacutessico

Vicente Ramoacuten es Profesor Tiular de Filologiacutea Griega de la Universidad de Zara‑goza Sus intereses cientiacuteficos pueden sintetizarse en las siguientes liacuteneas Plutarco de Queronea y la biografiacutea poliacutetica historiografiacutea griega retoacuterica y oratoria griegas tradicioacuten claacutesica teatro griego la irreligiosidad en la Atenas Claacutesica

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Volumes publicados na Colecccedilatildeo Humanitas Supplementum

1 Francisco de Oliveira Claacuteudia Teixeira e Paula Barata Dias Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 1 ndash Liacutenguas e Literaturas Greacutecia e Roma (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

2 Francisco de Oliveira Claacuteudia Teixeira e Paula Barata Dias Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 2 ndash Liacutenguas e Literaturas Idade Meacutedia Renascimento Recepccedilatildeo (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

3 Francisco de Oliveira Jorge de Oliveira e Manuel Patriacutecio Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 3 ndash Histoacuteria Arqueologia e Arte (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2010)

4 Maria Helena da Rocha Pereira Joseacute Ribeiro Ferreira e Francisco de Oliveira (Coords) Horaacutecio e a sua perenidade (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

5 Joseacute Luiacutes Lopes Brandatildeo Maacutescaras dos Ceacutesares Teatro e moralidade nas Vidas suetonianas (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

6 Joseacute Ribeiro Ferreira Delfim Leatildeo Manuel Troumlster and Paula Barata Dias (eds) Symposion and Philanthropia in Plutarch (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

7 Gabriele Cornelli (Org) Representaccedilotildees da Cidade Antiga Categorias histoacutericas e discursos filosoacuteficos (Coimbra Classica DigitaliaCECHGrupo Archai 2010)

8 Maria Cristina de Sousa Pimentel e Nuno Simotildees Rodrigues (Coords) Sociedade poder e cultura no tempo de Oviacutedio (Coimbra Classica DigitaliaCECHCECCH 2010)

9 Franccediloise Frazier et Delfim F Leatildeo (eds) Tychegrave et pronoia La marche du monde selon Plutarque (Coimbra Classica DigitaliaCECH Eacutecole Doctorale 395 ArScAn‑THEMAM 2010)

10 Juan Carlos Iglesias‑Zoido El legado de Tuciacutedides en la cultura occidental (Coimbra Classica DigitaliaCECH ARENGA 2011)

11 Gabriele Cornelli O pitagorismo como categoria historiograacutefica (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2011)

12 Frederico Lourenccedilo The Lyric Metres of Euripidean Drama (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2011)

13 Joseacute Augusto Ramos Maria Cristina de Sousa Pimentel Maria do Ceacuteu Fialho Nuno Simotildees Rodrigues (coords) Paulo de Tarso Grego e Romano Judeu e Cristatildeo (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

14 Carmen Soares amp Paula Barata Dias (coords) Contributos para a histoacuteria da alimentaccedilatildeo na antiguidade (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

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15 Carlos A Martins de Jesus Claudio Castro Filho amp Joseacute Ribeiro Ferreira (coords) Hipoacutelito e Fedra ‑ nos caminhos de um mito (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

16 Joseacute Ribeiro Ferreira Delfim F Leatildeo amp Carlos A Martins de Jesus (eds) Nomos Kosmos amp Dike in Plutarch (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

17 Joseacute Augusto Ramos amp Nuno Simotildees Rodrigues (coords) Mnemosyne kai Sophia (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

18 Ana Maria Guedes Ferreira O homem de Estado ateniense em Plutarco o caso dos Alcmeoacutenidas (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

19 Aurora Loacutepez Andreacutes Pocintildea amp Maria de Faacutetima Silva De ayer a hoy influencias claacutesicas en la literatura (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

20 Cristina Pimentel Joseacute Luiacutes Brandatildeo amp Paolo Fedeli (coords) O poeta e a cidade no mundo romano (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

21 Francisco de Oliveira Joseacute Luiacutes Brandatildeo Vasco Gil Mantas amp Rosa Sanz Serrano (coords) A queda de Roma e o alvorecer da Europa (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

22 Luiacutesa de Nazareacute Ferreira Mobilidade poeacutetica na Greacutecia antiga uma leitura da obra de Simoacutenides (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica DigitaliaCECH 2013)

23 Faacutebio Cerqueira Ana Teresa Gonccedilalves Edalaura Medeiros amp JoseacuteLuiacutes Brandatildeo Saberes e poderes no mundo antigo Vol I ndash Dos saberes (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia2013) 282 p

24 Faacutebio Cerqueira Ana Teresa Gonccedilalves Edalaura Medeiros amp Delfim Leatildeo Saberes e poderes no mundo antigo Vol II ndash Dos poderes (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013) 336 p

25 Joaquim J S Pinheiro Tempo e espaccedilo da paideia nas Vidas de Plutarco (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013) 458 p

26 Delfim Leatildeo Gabriele Cornelli amp Miriam C Peixoto (coords) Dos Homens e suas Ideias Estudos sobre as Vidas de Dioacutegenes Laeacutercio (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013)

27 Italo Pantani Margarida Miranda amp Henrique Manso (coords) Aires Barbosa na Cosmoacutepolis Renascentista (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2013)

28 Francisco de Oliveira Maria de Faacutetima Silva Tereza Virgiacutenia Ribeiro Barbosa (coords) Violecircncia e transgressatildeo uma trajetoacuteria da Humanidade (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

29 Priscilla Gontijo Leite Eacutetica e retoacuterica forense asebeia e hybris na caracterizaccedilatildeo dos adversaacuterios em Demoacutestenes (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

Versatildeo integral disponiacutevel em digitalisucpt

273

30 Andreacute Carneiro Lugares tempos e pessoas Povoamento rural romano no Alto Alentejo ‑ Volume I (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2014)

31 Andreacute Carneiro Lugares tempos e pessoas Povoamento rural romano no Alto Alentejo ‑ Volume II (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2014)

32 Pilar Goacutemez Cardoacute Delfim F Leatildeo Maria Aparecida de Oliveira Silva (coords) Plutarco entre mundos visotildees de Esparta Atenas e Roma (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

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Resumo da obra

A vasta e variada obra de Plutarco permite sempre uma abordagem a partir de distintas

perspetivas com diferentes intenccedilotildees e propoacutesitos variados No entanto eacute importante

identificar tambeacutem fios comuns nessa abordagem porque permitem demonstrar tanto a

niacutevel formal como de conteuacutedo que haacute muitos elementos comuns que permeiam o trabalho

de Plutarco

Os treze contributos para este volume tecircm como elo comum o nome de trecircs cidades

Esparta Atenas e Roma Elas representam espaccedilos poliacuteticos e institucionais diversos dada

a sua extensatildeo geograacutefica e cronoloacutegica mas simbolizam igualmente diferentes modelos

de organizaccedilatildeo social atraveacutes dos quais a Greacutecia pode ser contrastada com Roma ou Atenas

comparada com Esparta mdash ainda que o seu verdadeiro interesse na obra de Plutarco seja

que representam sempre locais paradigmaacuteticos onde vivem e convivem pessoas Por

isso os estudiosos de Plutarco que contribuiacuteram para este volume procuram analisar em

cada uma dessas cidades seja por assimilaccedilatildeo ou por contraste a forma como o autor de

Queroneia aborda a ligaccedilatildeo entre indiviacuteduo e comunidade a partir do exerciacutecio do poder

e da experiecircncia religiosa qual o papel da educaccedilatildeo e do domiacutenio privado na projeccedilatildeo

puacuteblica dos protagonistas retratados por Plutarco ou ateacute que ponto a imagem dos primeiros

legisladores e fundadores miacuteticos foi condicionada pela evoluccedilatildeo histoacuterica destas mesmas

cidades

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Roosevelt Rocha

Rocha R laquoPlutarch and the musicraquo in A G Nikolaidis (ed) The unity of Plutarchrsquos work Berlin De Gruyter 2008 pp 651‑656

Shipley D R A commentary on Plutarchrsquos Life of Agesilaos Oxford Clarendon Press 1998

Silva M A O Plutarco Historiador Satildeo Paulo Edusp 2006Stibbe C M Das andere Sparta Mainz am Rhein Philipp v Zabern Verlag

1996 Walker S E C amp Cavanagh W Sparta in Laconia Proceedings of the 19th British

Museum Classical Colloquium held with the British School at Athens and Kingrsquos and University Colleges London 6‑8 December 1995 Atenas British School at Athens 1999

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Index nominum

Timoacuteteo 167‑168 178 183Timoacutexena 195Tindaacuteridas 63Tireaacutetida 169Tireia 169Tireacutesias 236Tirteu 167 169 221Titatildes 245Trajano 121Trezena 31 32‑35 38 Tricoacuterito 39Troia 81 124Tuciacutedides 122 160 181Ulisses 81 192Valeacuterio (vd Puacuteblio Valeacuterio)Vestais 58 204Viacutenio 200Xantipo 191 201Xenoacutecrito 169Xenoacutedamo 169Xenofonte 160 164Zaleuco 88Zeus 36 40‑41 220 226 243

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Index nominum

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267

Notas biograacuteficas dos autores

Aacutelia Rodrigues eacute doutorada em Estudos Claacutessicos (Literatura Grega) e inves‑tigadora do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse satildeo a histoacuteria das ideias poliacuteticas desde os Gregos ateacute agrave modernidade histoacuteria legal e a recepccedilatildeo de temas claacutessicos na contemporaneidade

Ana Ferreira eacute Professora Auxiliar do Departamento de Estudos Portugueses e Ro‑macircnicos da Faculdade de Letras da Universidade do Porto e investigadora do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a histoacuteria antiga a literatura greco‑romana bem como a didaacutectica das liacutenguas claacutessicas

Delfim F Leatildeo eacute Professor Catedraacutetico da Instituto de Estudos Claacutessicos e investiga‑dor do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a histoacuteria antiga o direito e a teorizaccedilatildeo poliacutetica dos Gregos a pragmaacutetica teatral e a escrita romanesca antiga

Faacutebio Vergara Cerqueira eacute Professor Adjunto do Instituto de Ciecircncias Humanas da Universidade Federal de Pelotas pesquisador PQ‑2 do CNPq Professor Visitante na Universidade de Heidelberg Bolsista Fundaccedilatildeo Humboldt ldquoPesquisador Experienterdquo Principais aacutereas de interesse satildeo histoacuteria e arqueologia da Greacutecia antiga e sua recepccedilatildeo enfocando muacutesica iconografia ceramologia gecircnero memoacuteria social identidade e patrimocircnio cultural

Guillermina Gonzaacutelez Almenara es Profesor Contratado Doctor Tipo 1 vinculada con el Aacuterea de Filologiacutea Griega del Departamento de Filologiacutea Claacutesica Francesa Aacuterabe y Romaacutenica de la Universidad de La Laguna Sus principales liacuteneas de investi‑gacioacuten son la mujer y el aacutembito femenino en la Grecia antigua Historiografiacutea griega Historia y civilizacioacuten de la Grecia antigua

Ivana S Chialva es Doctora en Letras Investigadora Asistente del Conicet y Profesora de Griego y Literaturas griega y latina de la Facultad de Humanidades y Ciencias de la Universidad Nacional del Litoral (Santa Fe Argentina) Sus tra‑bajos sobre el mundo antiguo se focalizan en la relacioacuten entre primera y segunda sofiacutestica y en la influencia de este uacuteltimo fenoacutemeno en la prosa narrativa griega de eacutepoca imperial especialmente la retoacuterica la biografiacutea y la novela en sus diferentes formas

Jesuacutes-Mordf Nieto Ibaacutentildeez es Catedraacutetico de Filologiacutea Griega de la Universidad de Leoacuten Sus liacuteneas de investigacioacuten son la literatura judiacutea en lengua griega los primeros textos cristianos el Humanismo y la Tradicioacuten claacutesica Actualmente dirige un Proyecto de

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investigacioacuten sobre el Humanismo la Tradicioacuten claacutesica y patriacutestica y la exeacutegesis biacuteblica en los siglos XVI y XVII

Joaquim Pinheiro eacute Professor Auxiliar da Universidade da Madeira e investigador do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a biografia antiga a Segunda Sofiacutestica a retoacuterica claacutessica e o pensamento poliacutetico dos Gregos

Joseacute M Candau es Catedraacutetico de Filologiacutea Griega en la Universidad de Sevilla Sus principales aacutereas de investigacioacuten son la historiografiacutea griega y Plutarco

Loraine Oliveira eacute professora de Filosofia da Universidade de Brasiacutelia Publicou o livro Plotino escultor de mitos pela Imprensa da Universidade de CoimbraAnnablume em 2014 Vem se dedicando principalmente a estudar os mitos em Plotino Plutarco e Porfiacuterio assim como o vegetarianismo em Plutarco e Porfiacuterio

Maria Aparecida de Oliveira Silva eacute professora visitante do Programa de Poacutes‑Gradu‑accedilatildeo em Letras Claacutessicas da Universidade de Satildeo Paulo e Professora Pesquisadora do Programa de Poacutes‑Graduaccedilatildeo em Histoacuteria da Universidade Federal de Satildeo Paulo Liacuteder do Grupo CNPq LABHAN Laboratoacuterio de Histoacuteria Antiga da Universidade Federal do Amapaacute Pesquisadora do Grupo CNPq Linceu ‑ Visotildees da Antiguidade Claacutessica da Universidade Estadual Paulista Pesquisadora do Grupo Retoacuterica Texto y Comunicacioacuten da Universidad de Caacutediz Membro do Conselho Acadecircmico do Seminaacuterio de Histoacuteria e Filosofia das Religiotildees da Universidad Autoacutenoma de Ciudad Juaacuterez mdash Meacutexico Pesquisa e publica trabalhos sobre Esparta Plutarco e biografia antiga

M Teresa Fau Ramos es Profesora Titular del Departament de Filologia Grega de la Universitat de Barcelona y miembro del Grup de Recerca Graecia Capta que investiga la pervivencia de la identidad griega bajo el imperio romano Sus principales aacutereas de intereacutes cientiacutefico son la historia e instituciones de la Grecia claacutesica y post‑claacutesica la religioacuten helena (paganismo) y diversos aspectos del cristianismo primitivo

Pilar Goacutemez Cardoacute es profesora titular de Filologiacutea Griega en la Universidad de Barcelona donde imparte docencia e investiga desde 1981 Doctora en Filologiacutea Claacutesica desde 1987 con una tesis sobre la tradicioacuten yaacutembica y la faacutebula (La Vida drsquoIsop entre el iambe la faula i la novella) es autora de numerosos artiacuteculos y capiacutetulos de libros sobre la literatura griega de eacutepoca imperial romana en especial sobre Segunda Sofiacutestica y novela ha estudiado principalmente autores como Luciano en cuya edicioacuten y traduccioacuten al castellano para la coleccioacuten Alma Mater participa Plutarco Dioacuten de Prusa o Elio Ariacutestides Es miembro del grupo de investigacioacuten Graecia Capta de la Universidad de Barcelona

Roosevelt Rocha eacute Professor Adjunto do curso de Letras da Universidade Federal do Paranaacute (Brasil) e pesquisador ligado ao Programa de Poacutes‑Graduaccedilatildeo em Letras da

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mesma Universidade As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a poesia grega arcaica (elegia jambo e meacutelica) a muacutesica grega antiga e o estudo da performance da poesia grega dos periacuteodos arcaico e claacutessico

Vicente Ramoacuten es Profesor Tiular de Filologiacutea Griega de la Universidad de Zara‑goza Sus intereses cientiacuteficos pueden sintetizarse en las siguientes liacuteneas Plutarco de Queronea y la biografiacutea poliacutetica historiografiacutea griega retoacuterica y oratoria griegas tradicioacuten claacutesica teatro griego la irreligiosidad en la Atenas Claacutesica

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Volumes publicados na Colecccedilatildeo Humanitas Supplementum

1 Francisco de Oliveira Claacuteudia Teixeira e Paula Barata Dias Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 1 ndash Liacutenguas e Literaturas Greacutecia e Roma (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

2 Francisco de Oliveira Claacuteudia Teixeira e Paula Barata Dias Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 2 ndash Liacutenguas e Literaturas Idade Meacutedia Renascimento Recepccedilatildeo (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

3 Francisco de Oliveira Jorge de Oliveira e Manuel Patriacutecio Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 3 ndash Histoacuteria Arqueologia e Arte (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2010)

4 Maria Helena da Rocha Pereira Joseacute Ribeiro Ferreira e Francisco de Oliveira (Coords) Horaacutecio e a sua perenidade (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

5 Joseacute Luiacutes Lopes Brandatildeo Maacutescaras dos Ceacutesares Teatro e moralidade nas Vidas suetonianas (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

6 Joseacute Ribeiro Ferreira Delfim Leatildeo Manuel Troumlster and Paula Barata Dias (eds) Symposion and Philanthropia in Plutarch (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

7 Gabriele Cornelli (Org) Representaccedilotildees da Cidade Antiga Categorias histoacutericas e discursos filosoacuteficos (Coimbra Classica DigitaliaCECHGrupo Archai 2010)

8 Maria Cristina de Sousa Pimentel e Nuno Simotildees Rodrigues (Coords) Sociedade poder e cultura no tempo de Oviacutedio (Coimbra Classica DigitaliaCECHCECCH 2010)

9 Franccediloise Frazier et Delfim F Leatildeo (eds) Tychegrave et pronoia La marche du monde selon Plutarque (Coimbra Classica DigitaliaCECH Eacutecole Doctorale 395 ArScAn‑THEMAM 2010)

10 Juan Carlos Iglesias‑Zoido El legado de Tuciacutedides en la cultura occidental (Coimbra Classica DigitaliaCECH ARENGA 2011)

11 Gabriele Cornelli O pitagorismo como categoria historiograacutefica (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2011)

12 Frederico Lourenccedilo The Lyric Metres of Euripidean Drama (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2011)

13 Joseacute Augusto Ramos Maria Cristina de Sousa Pimentel Maria do Ceacuteu Fialho Nuno Simotildees Rodrigues (coords) Paulo de Tarso Grego e Romano Judeu e Cristatildeo (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

14 Carmen Soares amp Paula Barata Dias (coords) Contributos para a histoacuteria da alimentaccedilatildeo na antiguidade (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

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15 Carlos A Martins de Jesus Claudio Castro Filho amp Joseacute Ribeiro Ferreira (coords) Hipoacutelito e Fedra ‑ nos caminhos de um mito (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

16 Joseacute Ribeiro Ferreira Delfim F Leatildeo amp Carlos A Martins de Jesus (eds) Nomos Kosmos amp Dike in Plutarch (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

17 Joseacute Augusto Ramos amp Nuno Simotildees Rodrigues (coords) Mnemosyne kai Sophia (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

18 Ana Maria Guedes Ferreira O homem de Estado ateniense em Plutarco o caso dos Alcmeoacutenidas (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

19 Aurora Loacutepez Andreacutes Pocintildea amp Maria de Faacutetima Silva De ayer a hoy influencias claacutesicas en la literatura (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

20 Cristina Pimentel Joseacute Luiacutes Brandatildeo amp Paolo Fedeli (coords) O poeta e a cidade no mundo romano (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

21 Francisco de Oliveira Joseacute Luiacutes Brandatildeo Vasco Gil Mantas amp Rosa Sanz Serrano (coords) A queda de Roma e o alvorecer da Europa (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

22 Luiacutesa de Nazareacute Ferreira Mobilidade poeacutetica na Greacutecia antiga uma leitura da obra de Simoacutenides (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica DigitaliaCECH 2013)

23 Faacutebio Cerqueira Ana Teresa Gonccedilalves Edalaura Medeiros amp JoseacuteLuiacutes Brandatildeo Saberes e poderes no mundo antigo Vol I ndash Dos saberes (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia2013) 282 p

24 Faacutebio Cerqueira Ana Teresa Gonccedilalves Edalaura Medeiros amp Delfim Leatildeo Saberes e poderes no mundo antigo Vol II ndash Dos poderes (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013) 336 p

25 Joaquim J S Pinheiro Tempo e espaccedilo da paideia nas Vidas de Plutarco (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013) 458 p

26 Delfim Leatildeo Gabriele Cornelli amp Miriam C Peixoto (coords) Dos Homens e suas Ideias Estudos sobre as Vidas de Dioacutegenes Laeacutercio (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013)

27 Italo Pantani Margarida Miranda amp Henrique Manso (coords) Aires Barbosa na Cosmoacutepolis Renascentista (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2013)

28 Francisco de Oliveira Maria de Faacutetima Silva Tereza Virgiacutenia Ribeiro Barbosa (coords) Violecircncia e transgressatildeo uma trajetoacuteria da Humanidade (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

29 Priscilla Gontijo Leite Eacutetica e retoacuterica forense asebeia e hybris na caracterizaccedilatildeo dos adversaacuterios em Demoacutestenes (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

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30 Andreacute Carneiro Lugares tempos e pessoas Povoamento rural romano no Alto Alentejo ‑ Volume I (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2014)

31 Andreacute Carneiro Lugares tempos e pessoas Povoamento rural romano no Alto Alentejo ‑ Volume II (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2014)

32 Pilar Goacutemez Cardoacute Delfim F Leatildeo Maria Aparecida de Oliveira Silva (coords) Plutarco entre mundos visotildees de Esparta Atenas e Roma (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

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Resumo da obra

A vasta e variada obra de Plutarco permite sempre uma abordagem a partir de distintas

perspetivas com diferentes intenccedilotildees e propoacutesitos variados No entanto eacute importante

identificar tambeacutem fios comuns nessa abordagem porque permitem demonstrar tanto a

niacutevel formal como de conteuacutedo que haacute muitos elementos comuns que permeiam o trabalho

de Plutarco

Os treze contributos para este volume tecircm como elo comum o nome de trecircs cidades

Esparta Atenas e Roma Elas representam espaccedilos poliacuteticos e institucionais diversos dada

a sua extensatildeo geograacutefica e cronoloacutegica mas simbolizam igualmente diferentes modelos

de organizaccedilatildeo social atraveacutes dos quais a Greacutecia pode ser contrastada com Roma ou Atenas

comparada com Esparta mdash ainda que o seu verdadeiro interesse na obra de Plutarco seja

que representam sempre locais paradigmaacuteticos onde vivem e convivem pessoas Por

isso os estudiosos de Plutarco que contribuiacuteram para este volume procuram analisar em

cada uma dessas cidades seja por assimilaccedilatildeo ou por contraste a forma como o autor de

Queroneia aborda a ligaccedilatildeo entre indiviacuteduo e comunidade a partir do exerciacutecio do poder

e da experiecircncia religiosa qual o papel da educaccedilatildeo e do domiacutenio privado na projeccedilatildeo

puacuteblica dos protagonistas retratados por Plutarco ou ateacute que ponto a imagem dos primeiros

legisladores e fundadores miacuteticos foi condicionada pela evoluccedilatildeo histoacuterica destas mesmas

cidades

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Index nominum

Timoacuteteo 167‑168 178 183Timoacutexena 195Tindaacuteridas 63Tireaacutetida 169Tireia 169Tireacutesias 236Tirteu 167 169 221Titatildes 245Trajano 121Trezena 31 32‑35 38 Tricoacuterito 39Troia 81 124Tuciacutedides 122 160 181Ulisses 81 192Valeacuterio (vd Puacuteblio Valeacuterio)Vestais 58 204Viacutenio 200Xantipo 191 201Xenoacutecrito 169Xenoacutedamo 169Xenofonte 160 164Zaleuco 88Zeus 36 40‑41 220 226 243

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Notas biograacuteficas dos autores

Aacutelia Rodrigues eacute doutorada em Estudos Claacutessicos (Literatura Grega) e inves‑tigadora do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse satildeo a histoacuteria das ideias poliacuteticas desde os Gregos ateacute agrave modernidade histoacuteria legal e a recepccedilatildeo de temas claacutessicos na contemporaneidade

Ana Ferreira eacute Professora Auxiliar do Departamento de Estudos Portugueses e Ro‑macircnicos da Faculdade de Letras da Universidade do Porto e investigadora do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a histoacuteria antiga a literatura greco‑romana bem como a didaacutectica das liacutenguas claacutessicas

Delfim F Leatildeo eacute Professor Catedraacutetico da Instituto de Estudos Claacutessicos e investiga‑dor do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a histoacuteria antiga o direito e a teorizaccedilatildeo poliacutetica dos Gregos a pragmaacutetica teatral e a escrita romanesca antiga

Faacutebio Vergara Cerqueira eacute Professor Adjunto do Instituto de Ciecircncias Humanas da Universidade Federal de Pelotas pesquisador PQ‑2 do CNPq Professor Visitante na Universidade de Heidelberg Bolsista Fundaccedilatildeo Humboldt ldquoPesquisador Experienterdquo Principais aacutereas de interesse satildeo histoacuteria e arqueologia da Greacutecia antiga e sua recepccedilatildeo enfocando muacutesica iconografia ceramologia gecircnero memoacuteria social identidade e patrimocircnio cultural

Guillermina Gonzaacutelez Almenara es Profesor Contratado Doctor Tipo 1 vinculada con el Aacuterea de Filologiacutea Griega del Departamento de Filologiacutea Claacutesica Francesa Aacuterabe y Romaacutenica de la Universidad de La Laguna Sus principales liacuteneas de investi‑gacioacuten son la mujer y el aacutembito femenino en la Grecia antigua Historiografiacutea griega Historia y civilizacioacuten de la Grecia antigua

Ivana S Chialva es Doctora en Letras Investigadora Asistente del Conicet y Profesora de Griego y Literaturas griega y latina de la Facultad de Humanidades y Ciencias de la Universidad Nacional del Litoral (Santa Fe Argentina) Sus tra‑bajos sobre el mundo antiguo se focalizan en la relacioacuten entre primera y segunda sofiacutestica y en la influencia de este uacuteltimo fenoacutemeno en la prosa narrativa griega de eacutepoca imperial especialmente la retoacuterica la biografiacutea y la novela en sus diferentes formas

Jesuacutes-Mordf Nieto Ibaacutentildeez es Catedraacutetico de Filologiacutea Griega de la Universidad de Leoacuten Sus liacuteneas de investigacioacuten son la literatura judiacutea en lengua griega los primeros textos cristianos el Humanismo y la Tradicioacuten claacutesica Actualmente dirige un Proyecto de

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investigacioacuten sobre el Humanismo la Tradicioacuten claacutesica y patriacutestica y la exeacutegesis biacuteblica en los siglos XVI y XVII

Joaquim Pinheiro eacute Professor Auxiliar da Universidade da Madeira e investigador do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a biografia antiga a Segunda Sofiacutestica a retoacuterica claacutessica e o pensamento poliacutetico dos Gregos

Joseacute M Candau es Catedraacutetico de Filologiacutea Griega en la Universidad de Sevilla Sus principales aacutereas de investigacioacuten son la historiografiacutea griega y Plutarco

Loraine Oliveira eacute professora de Filosofia da Universidade de Brasiacutelia Publicou o livro Plotino escultor de mitos pela Imprensa da Universidade de CoimbraAnnablume em 2014 Vem se dedicando principalmente a estudar os mitos em Plotino Plutarco e Porfiacuterio assim como o vegetarianismo em Plutarco e Porfiacuterio

Maria Aparecida de Oliveira Silva eacute professora visitante do Programa de Poacutes‑Gradu‑accedilatildeo em Letras Claacutessicas da Universidade de Satildeo Paulo e Professora Pesquisadora do Programa de Poacutes‑Graduaccedilatildeo em Histoacuteria da Universidade Federal de Satildeo Paulo Liacuteder do Grupo CNPq LABHAN Laboratoacuterio de Histoacuteria Antiga da Universidade Federal do Amapaacute Pesquisadora do Grupo CNPq Linceu ‑ Visotildees da Antiguidade Claacutessica da Universidade Estadual Paulista Pesquisadora do Grupo Retoacuterica Texto y Comunicacioacuten da Universidad de Caacutediz Membro do Conselho Acadecircmico do Seminaacuterio de Histoacuteria e Filosofia das Religiotildees da Universidad Autoacutenoma de Ciudad Juaacuterez mdash Meacutexico Pesquisa e publica trabalhos sobre Esparta Plutarco e biografia antiga

M Teresa Fau Ramos es Profesora Titular del Departament de Filologia Grega de la Universitat de Barcelona y miembro del Grup de Recerca Graecia Capta que investiga la pervivencia de la identidad griega bajo el imperio romano Sus principales aacutereas de intereacutes cientiacutefico son la historia e instituciones de la Grecia claacutesica y post‑claacutesica la religioacuten helena (paganismo) y diversos aspectos del cristianismo primitivo

Pilar Goacutemez Cardoacute es profesora titular de Filologiacutea Griega en la Universidad de Barcelona donde imparte docencia e investiga desde 1981 Doctora en Filologiacutea Claacutesica desde 1987 con una tesis sobre la tradicioacuten yaacutembica y la faacutebula (La Vida drsquoIsop entre el iambe la faula i la novella) es autora de numerosos artiacuteculos y capiacutetulos de libros sobre la literatura griega de eacutepoca imperial romana en especial sobre Segunda Sofiacutestica y novela ha estudiado principalmente autores como Luciano en cuya edicioacuten y traduccioacuten al castellano para la coleccioacuten Alma Mater participa Plutarco Dioacuten de Prusa o Elio Ariacutestides Es miembro del grupo de investigacioacuten Graecia Capta de la Universidad de Barcelona

Roosevelt Rocha eacute Professor Adjunto do curso de Letras da Universidade Federal do Paranaacute (Brasil) e pesquisador ligado ao Programa de Poacutes‑Graduaccedilatildeo em Letras da

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mesma Universidade As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a poesia grega arcaica (elegia jambo e meacutelica) a muacutesica grega antiga e o estudo da performance da poesia grega dos periacuteodos arcaico e claacutessico

Vicente Ramoacuten es Profesor Tiular de Filologiacutea Griega de la Universidad de Zara‑goza Sus intereses cientiacuteficos pueden sintetizarse en las siguientes liacuteneas Plutarco de Queronea y la biografiacutea poliacutetica historiografiacutea griega retoacuterica y oratoria griegas tradicioacuten claacutesica teatro griego la irreligiosidad en la Atenas Claacutesica

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Volumes publicados na Colecccedilatildeo Humanitas Supplementum

1 Francisco de Oliveira Claacuteudia Teixeira e Paula Barata Dias Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 1 ndash Liacutenguas e Literaturas Greacutecia e Roma (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

2 Francisco de Oliveira Claacuteudia Teixeira e Paula Barata Dias Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 2 ndash Liacutenguas e Literaturas Idade Meacutedia Renascimento Recepccedilatildeo (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

3 Francisco de Oliveira Jorge de Oliveira e Manuel Patriacutecio Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 3 ndash Histoacuteria Arqueologia e Arte (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2010)

4 Maria Helena da Rocha Pereira Joseacute Ribeiro Ferreira e Francisco de Oliveira (Coords) Horaacutecio e a sua perenidade (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

5 Joseacute Luiacutes Lopes Brandatildeo Maacutescaras dos Ceacutesares Teatro e moralidade nas Vidas suetonianas (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

6 Joseacute Ribeiro Ferreira Delfim Leatildeo Manuel Troumlster and Paula Barata Dias (eds) Symposion and Philanthropia in Plutarch (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

7 Gabriele Cornelli (Org) Representaccedilotildees da Cidade Antiga Categorias histoacutericas e discursos filosoacuteficos (Coimbra Classica DigitaliaCECHGrupo Archai 2010)

8 Maria Cristina de Sousa Pimentel e Nuno Simotildees Rodrigues (Coords) Sociedade poder e cultura no tempo de Oviacutedio (Coimbra Classica DigitaliaCECHCECCH 2010)

9 Franccediloise Frazier et Delfim F Leatildeo (eds) Tychegrave et pronoia La marche du monde selon Plutarque (Coimbra Classica DigitaliaCECH Eacutecole Doctorale 395 ArScAn‑THEMAM 2010)

10 Juan Carlos Iglesias‑Zoido El legado de Tuciacutedides en la cultura occidental (Coimbra Classica DigitaliaCECH ARENGA 2011)

11 Gabriele Cornelli O pitagorismo como categoria historiograacutefica (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2011)

12 Frederico Lourenccedilo The Lyric Metres of Euripidean Drama (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2011)

13 Joseacute Augusto Ramos Maria Cristina de Sousa Pimentel Maria do Ceacuteu Fialho Nuno Simotildees Rodrigues (coords) Paulo de Tarso Grego e Romano Judeu e Cristatildeo (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

14 Carmen Soares amp Paula Barata Dias (coords) Contributos para a histoacuteria da alimentaccedilatildeo na antiguidade (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

Versatildeo integral disponiacutevel em digitalisucpt

272

15 Carlos A Martins de Jesus Claudio Castro Filho amp Joseacute Ribeiro Ferreira (coords) Hipoacutelito e Fedra ‑ nos caminhos de um mito (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

16 Joseacute Ribeiro Ferreira Delfim F Leatildeo amp Carlos A Martins de Jesus (eds) Nomos Kosmos amp Dike in Plutarch (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

17 Joseacute Augusto Ramos amp Nuno Simotildees Rodrigues (coords) Mnemosyne kai Sophia (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

18 Ana Maria Guedes Ferreira O homem de Estado ateniense em Plutarco o caso dos Alcmeoacutenidas (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

19 Aurora Loacutepez Andreacutes Pocintildea amp Maria de Faacutetima Silva De ayer a hoy influencias claacutesicas en la literatura (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

20 Cristina Pimentel Joseacute Luiacutes Brandatildeo amp Paolo Fedeli (coords) O poeta e a cidade no mundo romano (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

21 Francisco de Oliveira Joseacute Luiacutes Brandatildeo Vasco Gil Mantas amp Rosa Sanz Serrano (coords) A queda de Roma e o alvorecer da Europa (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

22 Luiacutesa de Nazareacute Ferreira Mobilidade poeacutetica na Greacutecia antiga uma leitura da obra de Simoacutenides (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica DigitaliaCECH 2013)

23 Faacutebio Cerqueira Ana Teresa Gonccedilalves Edalaura Medeiros amp JoseacuteLuiacutes Brandatildeo Saberes e poderes no mundo antigo Vol I ndash Dos saberes (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia2013) 282 p

24 Faacutebio Cerqueira Ana Teresa Gonccedilalves Edalaura Medeiros amp Delfim Leatildeo Saberes e poderes no mundo antigo Vol II ndash Dos poderes (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013) 336 p

25 Joaquim J S Pinheiro Tempo e espaccedilo da paideia nas Vidas de Plutarco (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013) 458 p

26 Delfim Leatildeo Gabriele Cornelli amp Miriam C Peixoto (coords) Dos Homens e suas Ideias Estudos sobre as Vidas de Dioacutegenes Laeacutercio (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013)

27 Italo Pantani Margarida Miranda amp Henrique Manso (coords) Aires Barbosa na Cosmoacutepolis Renascentista (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2013)

28 Francisco de Oliveira Maria de Faacutetima Silva Tereza Virgiacutenia Ribeiro Barbosa (coords) Violecircncia e transgressatildeo uma trajetoacuteria da Humanidade (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

29 Priscilla Gontijo Leite Eacutetica e retoacuterica forense asebeia e hybris na caracterizaccedilatildeo dos adversaacuterios em Demoacutestenes (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

Versatildeo integral disponiacutevel em digitalisucpt

273

30 Andreacute Carneiro Lugares tempos e pessoas Povoamento rural romano no Alto Alentejo ‑ Volume I (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2014)

31 Andreacute Carneiro Lugares tempos e pessoas Povoamento rural romano no Alto Alentejo ‑ Volume II (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2014)

32 Pilar Goacutemez Cardoacute Delfim F Leatildeo Maria Aparecida de Oliveira Silva (coords) Plutarco entre mundos visotildees de Esparta Atenas e Roma (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

Versatildeo integral disponiacutevel em digitalisucpt

Resumo da obra

A vasta e variada obra de Plutarco permite sempre uma abordagem a partir de distintas

perspetivas com diferentes intenccedilotildees e propoacutesitos variados No entanto eacute importante

identificar tambeacutem fios comuns nessa abordagem porque permitem demonstrar tanto a

niacutevel formal como de conteuacutedo que haacute muitos elementos comuns que permeiam o trabalho

de Plutarco

Os treze contributos para este volume tecircm como elo comum o nome de trecircs cidades

Esparta Atenas e Roma Elas representam espaccedilos poliacuteticos e institucionais diversos dada

a sua extensatildeo geograacutefica e cronoloacutegica mas simbolizam igualmente diferentes modelos

de organizaccedilatildeo social atraveacutes dos quais a Greacutecia pode ser contrastada com Roma ou Atenas

comparada com Esparta mdash ainda que o seu verdadeiro interesse na obra de Plutarco seja

que representam sempre locais paradigmaacuteticos onde vivem e convivem pessoas Por

isso os estudiosos de Plutarco que contribuiacuteram para este volume procuram analisar em

cada uma dessas cidades seja por assimilaccedilatildeo ou por contraste a forma como o autor de

Queroneia aborda a ligaccedilatildeo entre indiviacuteduo e comunidade a partir do exerciacutecio do poder

e da experiecircncia religiosa qual o papel da educaccedilatildeo e do domiacutenio privado na projeccedilatildeo

puacuteblica dos protagonistas retratados por Plutarco ou ateacute que ponto a imagem dos primeiros

legisladores e fundadores miacuteticos foi condicionada pela evoluccedilatildeo histoacuterica destas mesmas

cidades

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Index nominum

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Notas biograacuteficas dos autores

Aacutelia Rodrigues eacute doutorada em Estudos Claacutessicos (Literatura Grega) e inves‑tigadora do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse satildeo a histoacuteria das ideias poliacuteticas desde os Gregos ateacute agrave modernidade histoacuteria legal e a recepccedilatildeo de temas claacutessicos na contemporaneidade

Ana Ferreira eacute Professora Auxiliar do Departamento de Estudos Portugueses e Ro‑macircnicos da Faculdade de Letras da Universidade do Porto e investigadora do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a histoacuteria antiga a literatura greco‑romana bem como a didaacutectica das liacutenguas claacutessicas

Delfim F Leatildeo eacute Professor Catedraacutetico da Instituto de Estudos Claacutessicos e investiga‑dor do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a histoacuteria antiga o direito e a teorizaccedilatildeo poliacutetica dos Gregos a pragmaacutetica teatral e a escrita romanesca antiga

Faacutebio Vergara Cerqueira eacute Professor Adjunto do Instituto de Ciecircncias Humanas da Universidade Federal de Pelotas pesquisador PQ‑2 do CNPq Professor Visitante na Universidade de Heidelberg Bolsista Fundaccedilatildeo Humboldt ldquoPesquisador Experienterdquo Principais aacutereas de interesse satildeo histoacuteria e arqueologia da Greacutecia antiga e sua recepccedilatildeo enfocando muacutesica iconografia ceramologia gecircnero memoacuteria social identidade e patrimocircnio cultural

Guillermina Gonzaacutelez Almenara es Profesor Contratado Doctor Tipo 1 vinculada con el Aacuterea de Filologiacutea Griega del Departamento de Filologiacutea Claacutesica Francesa Aacuterabe y Romaacutenica de la Universidad de La Laguna Sus principales liacuteneas de investi‑gacioacuten son la mujer y el aacutembito femenino en la Grecia antigua Historiografiacutea griega Historia y civilizacioacuten de la Grecia antigua

Ivana S Chialva es Doctora en Letras Investigadora Asistente del Conicet y Profesora de Griego y Literaturas griega y latina de la Facultad de Humanidades y Ciencias de la Universidad Nacional del Litoral (Santa Fe Argentina) Sus tra‑bajos sobre el mundo antiguo se focalizan en la relacioacuten entre primera y segunda sofiacutestica y en la influencia de este uacuteltimo fenoacutemeno en la prosa narrativa griega de eacutepoca imperial especialmente la retoacuterica la biografiacutea y la novela en sus diferentes formas

Jesuacutes-Mordf Nieto Ibaacutentildeez es Catedraacutetico de Filologiacutea Griega de la Universidad de Leoacuten Sus liacuteneas de investigacioacuten son la literatura judiacutea en lengua griega los primeros textos cristianos el Humanismo y la Tradicioacuten claacutesica Actualmente dirige un Proyecto de

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investigacioacuten sobre el Humanismo la Tradicioacuten claacutesica y patriacutestica y la exeacutegesis biacuteblica en los siglos XVI y XVII

Joaquim Pinheiro eacute Professor Auxiliar da Universidade da Madeira e investigador do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a biografia antiga a Segunda Sofiacutestica a retoacuterica claacutessica e o pensamento poliacutetico dos Gregos

Joseacute M Candau es Catedraacutetico de Filologiacutea Griega en la Universidad de Sevilla Sus principales aacutereas de investigacioacuten son la historiografiacutea griega y Plutarco

Loraine Oliveira eacute professora de Filosofia da Universidade de Brasiacutelia Publicou o livro Plotino escultor de mitos pela Imprensa da Universidade de CoimbraAnnablume em 2014 Vem se dedicando principalmente a estudar os mitos em Plotino Plutarco e Porfiacuterio assim como o vegetarianismo em Plutarco e Porfiacuterio

Maria Aparecida de Oliveira Silva eacute professora visitante do Programa de Poacutes‑Gradu‑accedilatildeo em Letras Claacutessicas da Universidade de Satildeo Paulo e Professora Pesquisadora do Programa de Poacutes‑Graduaccedilatildeo em Histoacuteria da Universidade Federal de Satildeo Paulo Liacuteder do Grupo CNPq LABHAN Laboratoacuterio de Histoacuteria Antiga da Universidade Federal do Amapaacute Pesquisadora do Grupo CNPq Linceu ‑ Visotildees da Antiguidade Claacutessica da Universidade Estadual Paulista Pesquisadora do Grupo Retoacuterica Texto y Comunicacioacuten da Universidad de Caacutediz Membro do Conselho Acadecircmico do Seminaacuterio de Histoacuteria e Filosofia das Religiotildees da Universidad Autoacutenoma de Ciudad Juaacuterez mdash Meacutexico Pesquisa e publica trabalhos sobre Esparta Plutarco e biografia antiga

M Teresa Fau Ramos es Profesora Titular del Departament de Filologia Grega de la Universitat de Barcelona y miembro del Grup de Recerca Graecia Capta que investiga la pervivencia de la identidad griega bajo el imperio romano Sus principales aacutereas de intereacutes cientiacutefico son la historia e instituciones de la Grecia claacutesica y post‑claacutesica la religioacuten helena (paganismo) y diversos aspectos del cristianismo primitivo

Pilar Goacutemez Cardoacute es profesora titular de Filologiacutea Griega en la Universidad de Barcelona donde imparte docencia e investiga desde 1981 Doctora en Filologiacutea Claacutesica desde 1987 con una tesis sobre la tradicioacuten yaacutembica y la faacutebula (La Vida drsquoIsop entre el iambe la faula i la novella) es autora de numerosos artiacuteculos y capiacutetulos de libros sobre la literatura griega de eacutepoca imperial romana en especial sobre Segunda Sofiacutestica y novela ha estudiado principalmente autores como Luciano en cuya edicioacuten y traduccioacuten al castellano para la coleccioacuten Alma Mater participa Plutarco Dioacuten de Prusa o Elio Ariacutestides Es miembro del grupo de investigacioacuten Graecia Capta de la Universidad de Barcelona

Roosevelt Rocha eacute Professor Adjunto do curso de Letras da Universidade Federal do Paranaacute (Brasil) e pesquisador ligado ao Programa de Poacutes‑Graduaccedilatildeo em Letras da

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mesma Universidade As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a poesia grega arcaica (elegia jambo e meacutelica) a muacutesica grega antiga e o estudo da performance da poesia grega dos periacuteodos arcaico e claacutessico

Vicente Ramoacuten es Profesor Tiular de Filologiacutea Griega de la Universidad de Zara‑goza Sus intereses cientiacuteficos pueden sintetizarse en las siguientes liacuteneas Plutarco de Queronea y la biografiacutea poliacutetica historiografiacutea griega retoacuterica y oratoria griegas tradicioacuten claacutesica teatro griego la irreligiosidad en la Atenas Claacutesica

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Volumes publicados na Colecccedilatildeo Humanitas Supplementum

1 Francisco de Oliveira Claacuteudia Teixeira e Paula Barata Dias Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 1 ndash Liacutenguas e Literaturas Greacutecia e Roma (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

2 Francisco de Oliveira Claacuteudia Teixeira e Paula Barata Dias Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 2 ndash Liacutenguas e Literaturas Idade Meacutedia Renascimento Recepccedilatildeo (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

3 Francisco de Oliveira Jorge de Oliveira e Manuel Patriacutecio Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 3 ndash Histoacuteria Arqueologia e Arte (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2010)

4 Maria Helena da Rocha Pereira Joseacute Ribeiro Ferreira e Francisco de Oliveira (Coords) Horaacutecio e a sua perenidade (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

5 Joseacute Luiacutes Lopes Brandatildeo Maacutescaras dos Ceacutesares Teatro e moralidade nas Vidas suetonianas (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

6 Joseacute Ribeiro Ferreira Delfim Leatildeo Manuel Troumlster and Paula Barata Dias (eds) Symposion and Philanthropia in Plutarch (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

7 Gabriele Cornelli (Org) Representaccedilotildees da Cidade Antiga Categorias histoacutericas e discursos filosoacuteficos (Coimbra Classica DigitaliaCECHGrupo Archai 2010)

8 Maria Cristina de Sousa Pimentel e Nuno Simotildees Rodrigues (Coords) Sociedade poder e cultura no tempo de Oviacutedio (Coimbra Classica DigitaliaCECHCECCH 2010)

9 Franccediloise Frazier et Delfim F Leatildeo (eds) Tychegrave et pronoia La marche du monde selon Plutarque (Coimbra Classica DigitaliaCECH Eacutecole Doctorale 395 ArScAn‑THEMAM 2010)

10 Juan Carlos Iglesias‑Zoido El legado de Tuciacutedides en la cultura occidental (Coimbra Classica DigitaliaCECH ARENGA 2011)

11 Gabriele Cornelli O pitagorismo como categoria historiograacutefica (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2011)

12 Frederico Lourenccedilo The Lyric Metres of Euripidean Drama (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2011)

13 Joseacute Augusto Ramos Maria Cristina de Sousa Pimentel Maria do Ceacuteu Fialho Nuno Simotildees Rodrigues (coords) Paulo de Tarso Grego e Romano Judeu e Cristatildeo (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

14 Carmen Soares amp Paula Barata Dias (coords) Contributos para a histoacuteria da alimentaccedilatildeo na antiguidade (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

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272

15 Carlos A Martins de Jesus Claudio Castro Filho amp Joseacute Ribeiro Ferreira (coords) Hipoacutelito e Fedra ‑ nos caminhos de um mito (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

16 Joseacute Ribeiro Ferreira Delfim F Leatildeo amp Carlos A Martins de Jesus (eds) Nomos Kosmos amp Dike in Plutarch (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

17 Joseacute Augusto Ramos amp Nuno Simotildees Rodrigues (coords) Mnemosyne kai Sophia (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

18 Ana Maria Guedes Ferreira O homem de Estado ateniense em Plutarco o caso dos Alcmeoacutenidas (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

19 Aurora Loacutepez Andreacutes Pocintildea amp Maria de Faacutetima Silva De ayer a hoy influencias claacutesicas en la literatura (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

20 Cristina Pimentel Joseacute Luiacutes Brandatildeo amp Paolo Fedeli (coords) O poeta e a cidade no mundo romano (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

21 Francisco de Oliveira Joseacute Luiacutes Brandatildeo Vasco Gil Mantas amp Rosa Sanz Serrano (coords) A queda de Roma e o alvorecer da Europa (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

22 Luiacutesa de Nazareacute Ferreira Mobilidade poeacutetica na Greacutecia antiga uma leitura da obra de Simoacutenides (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica DigitaliaCECH 2013)

23 Faacutebio Cerqueira Ana Teresa Gonccedilalves Edalaura Medeiros amp JoseacuteLuiacutes Brandatildeo Saberes e poderes no mundo antigo Vol I ndash Dos saberes (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia2013) 282 p

24 Faacutebio Cerqueira Ana Teresa Gonccedilalves Edalaura Medeiros amp Delfim Leatildeo Saberes e poderes no mundo antigo Vol II ndash Dos poderes (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013) 336 p

25 Joaquim J S Pinheiro Tempo e espaccedilo da paideia nas Vidas de Plutarco (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013) 458 p

26 Delfim Leatildeo Gabriele Cornelli amp Miriam C Peixoto (coords) Dos Homens e suas Ideias Estudos sobre as Vidas de Dioacutegenes Laeacutercio (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013)

27 Italo Pantani Margarida Miranda amp Henrique Manso (coords) Aires Barbosa na Cosmoacutepolis Renascentista (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2013)

28 Francisco de Oliveira Maria de Faacutetima Silva Tereza Virgiacutenia Ribeiro Barbosa (coords) Violecircncia e transgressatildeo uma trajetoacuteria da Humanidade (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

29 Priscilla Gontijo Leite Eacutetica e retoacuterica forense asebeia e hybris na caracterizaccedilatildeo dos adversaacuterios em Demoacutestenes (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

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30 Andreacute Carneiro Lugares tempos e pessoas Povoamento rural romano no Alto Alentejo ‑ Volume I (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2014)

31 Andreacute Carneiro Lugares tempos e pessoas Povoamento rural romano no Alto Alentejo ‑ Volume II (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2014)

32 Pilar Goacutemez Cardoacute Delfim F Leatildeo Maria Aparecida de Oliveira Silva (coords) Plutarco entre mundos visotildees de Esparta Atenas e Roma (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

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Resumo da obra

A vasta e variada obra de Plutarco permite sempre uma abordagem a partir de distintas

perspetivas com diferentes intenccedilotildees e propoacutesitos variados No entanto eacute importante

identificar tambeacutem fios comuns nessa abordagem porque permitem demonstrar tanto a

niacutevel formal como de conteuacutedo que haacute muitos elementos comuns que permeiam o trabalho

de Plutarco

Os treze contributos para este volume tecircm como elo comum o nome de trecircs cidades

Esparta Atenas e Roma Elas representam espaccedilos poliacuteticos e institucionais diversos dada

a sua extensatildeo geograacutefica e cronoloacutegica mas simbolizam igualmente diferentes modelos

de organizaccedilatildeo social atraveacutes dos quais a Greacutecia pode ser contrastada com Roma ou Atenas

comparada com Esparta mdash ainda que o seu verdadeiro interesse na obra de Plutarco seja

que representam sempre locais paradigmaacuteticos onde vivem e convivem pessoas Por

isso os estudiosos de Plutarco que contribuiacuteram para este volume procuram analisar em

cada uma dessas cidades seja por assimilaccedilatildeo ou por contraste a forma como o autor de

Queroneia aborda a ligaccedilatildeo entre indiviacuteduo e comunidade a partir do exerciacutecio do poder

e da experiecircncia religiosa qual o papel da educaccedilatildeo e do domiacutenio privado na projeccedilatildeo

puacuteblica dos protagonistas retratados por Plutarco ou ateacute que ponto a imagem dos primeiros

legisladores e fundadores miacuteticos foi condicionada pela evoluccedilatildeo histoacuterica destas mesmas

cidades

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Notas biograacuteficas dos autores

Aacutelia Rodrigues eacute doutorada em Estudos Claacutessicos (Literatura Grega) e inves‑tigadora do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse satildeo a histoacuteria das ideias poliacuteticas desde os Gregos ateacute agrave modernidade histoacuteria legal e a recepccedilatildeo de temas claacutessicos na contemporaneidade

Ana Ferreira eacute Professora Auxiliar do Departamento de Estudos Portugueses e Ro‑macircnicos da Faculdade de Letras da Universidade do Porto e investigadora do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a histoacuteria antiga a literatura greco‑romana bem como a didaacutectica das liacutenguas claacutessicas

Delfim F Leatildeo eacute Professor Catedraacutetico da Instituto de Estudos Claacutessicos e investiga‑dor do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a histoacuteria antiga o direito e a teorizaccedilatildeo poliacutetica dos Gregos a pragmaacutetica teatral e a escrita romanesca antiga

Faacutebio Vergara Cerqueira eacute Professor Adjunto do Instituto de Ciecircncias Humanas da Universidade Federal de Pelotas pesquisador PQ‑2 do CNPq Professor Visitante na Universidade de Heidelberg Bolsista Fundaccedilatildeo Humboldt ldquoPesquisador Experienterdquo Principais aacutereas de interesse satildeo histoacuteria e arqueologia da Greacutecia antiga e sua recepccedilatildeo enfocando muacutesica iconografia ceramologia gecircnero memoacuteria social identidade e patrimocircnio cultural

Guillermina Gonzaacutelez Almenara es Profesor Contratado Doctor Tipo 1 vinculada con el Aacuterea de Filologiacutea Griega del Departamento de Filologiacutea Claacutesica Francesa Aacuterabe y Romaacutenica de la Universidad de La Laguna Sus principales liacuteneas de investi‑gacioacuten son la mujer y el aacutembito femenino en la Grecia antigua Historiografiacutea griega Historia y civilizacioacuten de la Grecia antigua

Ivana S Chialva es Doctora en Letras Investigadora Asistente del Conicet y Profesora de Griego y Literaturas griega y latina de la Facultad de Humanidades y Ciencias de la Universidad Nacional del Litoral (Santa Fe Argentina) Sus tra‑bajos sobre el mundo antiguo se focalizan en la relacioacuten entre primera y segunda sofiacutestica y en la influencia de este uacuteltimo fenoacutemeno en la prosa narrativa griega de eacutepoca imperial especialmente la retoacuterica la biografiacutea y la novela en sus diferentes formas

Jesuacutes-Mordf Nieto Ibaacutentildeez es Catedraacutetico de Filologiacutea Griega de la Universidad de Leoacuten Sus liacuteneas de investigacioacuten son la literatura judiacutea en lengua griega los primeros textos cristianos el Humanismo y la Tradicioacuten claacutesica Actualmente dirige un Proyecto de

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investigacioacuten sobre el Humanismo la Tradicioacuten claacutesica y patriacutestica y la exeacutegesis biacuteblica en los siglos XVI y XVII

Joaquim Pinheiro eacute Professor Auxiliar da Universidade da Madeira e investigador do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a biografia antiga a Segunda Sofiacutestica a retoacuterica claacutessica e o pensamento poliacutetico dos Gregos

Joseacute M Candau es Catedraacutetico de Filologiacutea Griega en la Universidad de Sevilla Sus principales aacutereas de investigacioacuten son la historiografiacutea griega y Plutarco

Loraine Oliveira eacute professora de Filosofia da Universidade de Brasiacutelia Publicou o livro Plotino escultor de mitos pela Imprensa da Universidade de CoimbraAnnablume em 2014 Vem se dedicando principalmente a estudar os mitos em Plotino Plutarco e Porfiacuterio assim como o vegetarianismo em Plutarco e Porfiacuterio

Maria Aparecida de Oliveira Silva eacute professora visitante do Programa de Poacutes‑Gradu‑accedilatildeo em Letras Claacutessicas da Universidade de Satildeo Paulo e Professora Pesquisadora do Programa de Poacutes‑Graduaccedilatildeo em Histoacuteria da Universidade Federal de Satildeo Paulo Liacuteder do Grupo CNPq LABHAN Laboratoacuterio de Histoacuteria Antiga da Universidade Federal do Amapaacute Pesquisadora do Grupo CNPq Linceu ‑ Visotildees da Antiguidade Claacutessica da Universidade Estadual Paulista Pesquisadora do Grupo Retoacuterica Texto y Comunicacioacuten da Universidad de Caacutediz Membro do Conselho Acadecircmico do Seminaacuterio de Histoacuteria e Filosofia das Religiotildees da Universidad Autoacutenoma de Ciudad Juaacuterez mdash Meacutexico Pesquisa e publica trabalhos sobre Esparta Plutarco e biografia antiga

M Teresa Fau Ramos es Profesora Titular del Departament de Filologia Grega de la Universitat de Barcelona y miembro del Grup de Recerca Graecia Capta que investiga la pervivencia de la identidad griega bajo el imperio romano Sus principales aacutereas de intereacutes cientiacutefico son la historia e instituciones de la Grecia claacutesica y post‑claacutesica la religioacuten helena (paganismo) y diversos aspectos del cristianismo primitivo

Pilar Goacutemez Cardoacute es profesora titular de Filologiacutea Griega en la Universidad de Barcelona donde imparte docencia e investiga desde 1981 Doctora en Filologiacutea Claacutesica desde 1987 con una tesis sobre la tradicioacuten yaacutembica y la faacutebula (La Vida drsquoIsop entre el iambe la faula i la novella) es autora de numerosos artiacuteculos y capiacutetulos de libros sobre la literatura griega de eacutepoca imperial romana en especial sobre Segunda Sofiacutestica y novela ha estudiado principalmente autores como Luciano en cuya edicioacuten y traduccioacuten al castellano para la coleccioacuten Alma Mater participa Plutarco Dioacuten de Prusa o Elio Ariacutestides Es miembro del grupo de investigacioacuten Graecia Capta de la Universidad de Barcelona

Roosevelt Rocha eacute Professor Adjunto do curso de Letras da Universidade Federal do Paranaacute (Brasil) e pesquisador ligado ao Programa de Poacutes‑Graduaccedilatildeo em Letras da

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mesma Universidade As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a poesia grega arcaica (elegia jambo e meacutelica) a muacutesica grega antiga e o estudo da performance da poesia grega dos periacuteodos arcaico e claacutessico

Vicente Ramoacuten es Profesor Tiular de Filologiacutea Griega de la Universidad de Zara‑goza Sus intereses cientiacuteficos pueden sintetizarse en las siguientes liacuteneas Plutarco de Queronea y la biografiacutea poliacutetica historiografiacutea griega retoacuterica y oratoria griegas tradicioacuten claacutesica teatro griego la irreligiosidad en la Atenas Claacutesica

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Volumes publicados na Colecccedilatildeo Humanitas Supplementum

1 Francisco de Oliveira Claacuteudia Teixeira e Paula Barata Dias Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 1 ndash Liacutenguas e Literaturas Greacutecia e Roma (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

2 Francisco de Oliveira Claacuteudia Teixeira e Paula Barata Dias Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 2 ndash Liacutenguas e Literaturas Idade Meacutedia Renascimento Recepccedilatildeo (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

3 Francisco de Oliveira Jorge de Oliveira e Manuel Patriacutecio Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 3 ndash Histoacuteria Arqueologia e Arte (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2010)

4 Maria Helena da Rocha Pereira Joseacute Ribeiro Ferreira e Francisco de Oliveira (Coords) Horaacutecio e a sua perenidade (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

5 Joseacute Luiacutes Lopes Brandatildeo Maacutescaras dos Ceacutesares Teatro e moralidade nas Vidas suetonianas (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

6 Joseacute Ribeiro Ferreira Delfim Leatildeo Manuel Troumlster and Paula Barata Dias (eds) Symposion and Philanthropia in Plutarch (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

7 Gabriele Cornelli (Org) Representaccedilotildees da Cidade Antiga Categorias histoacutericas e discursos filosoacuteficos (Coimbra Classica DigitaliaCECHGrupo Archai 2010)

8 Maria Cristina de Sousa Pimentel e Nuno Simotildees Rodrigues (Coords) Sociedade poder e cultura no tempo de Oviacutedio (Coimbra Classica DigitaliaCECHCECCH 2010)

9 Franccediloise Frazier et Delfim F Leatildeo (eds) Tychegrave et pronoia La marche du monde selon Plutarque (Coimbra Classica DigitaliaCECH Eacutecole Doctorale 395 ArScAn‑THEMAM 2010)

10 Juan Carlos Iglesias‑Zoido El legado de Tuciacutedides en la cultura occidental (Coimbra Classica DigitaliaCECH ARENGA 2011)

11 Gabriele Cornelli O pitagorismo como categoria historiograacutefica (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2011)

12 Frederico Lourenccedilo The Lyric Metres of Euripidean Drama (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2011)

13 Joseacute Augusto Ramos Maria Cristina de Sousa Pimentel Maria do Ceacuteu Fialho Nuno Simotildees Rodrigues (coords) Paulo de Tarso Grego e Romano Judeu e Cristatildeo (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

14 Carmen Soares amp Paula Barata Dias (coords) Contributos para a histoacuteria da alimentaccedilatildeo na antiguidade (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

Versatildeo integral disponiacutevel em digitalisucpt

272

15 Carlos A Martins de Jesus Claudio Castro Filho amp Joseacute Ribeiro Ferreira (coords) Hipoacutelito e Fedra ‑ nos caminhos de um mito (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

16 Joseacute Ribeiro Ferreira Delfim F Leatildeo amp Carlos A Martins de Jesus (eds) Nomos Kosmos amp Dike in Plutarch (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

17 Joseacute Augusto Ramos amp Nuno Simotildees Rodrigues (coords) Mnemosyne kai Sophia (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

18 Ana Maria Guedes Ferreira O homem de Estado ateniense em Plutarco o caso dos Alcmeoacutenidas (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

19 Aurora Loacutepez Andreacutes Pocintildea amp Maria de Faacutetima Silva De ayer a hoy influencias claacutesicas en la literatura (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

20 Cristina Pimentel Joseacute Luiacutes Brandatildeo amp Paolo Fedeli (coords) O poeta e a cidade no mundo romano (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

21 Francisco de Oliveira Joseacute Luiacutes Brandatildeo Vasco Gil Mantas amp Rosa Sanz Serrano (coords) A queda de Roma e o alvorecer da Europa (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

22 Luiacutesa de Nazareacute Ferreira Mobilidade poeacutetica na Greacutecia antiga uma leitura da obra de Simoacutenides (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica DigitaliaCECH 2013)

23 Faacutebio Cerqueira Ana Teresa Gonccedilalves Edalaura Medeiros amp JoseacuteLuiacutes Brandatildeo Saberes e poderes no mundo antigo Vol I ndash Dos saberes (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia2013) 282 p

24 Faacutebio Cerqueira Ana Teresa Gonccedilalves Edalaura Medeiros amp Delfim Leatildeo Saberes e poderes no mundo antigo Vol II ndash Dos poderes (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013) 336 p

25 Joaquim J S Pinheiro Tempo e espaccedilo da paideia nas Vidas de Plutarco (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013) 458 p

26 Delfim Leatildeo Gabriele Cornelli amp Miriam C Peixoto (coords) Dos Homens e suas Ideias Estudos sobre as Vidas de Dioacutegenes Laeacutercio (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013)

27 Italo Pantani Margarida Miranda amp Henrique Manso (coords) Aires Barbosa na Cosmoacutepolis Renascentista (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2013)

28 Francisco de Oliveira Maria de Faacutetima Silva Tereza Virgiacutenia Ribeiro Barbosa (coords) Violecircncia e transgressatildeo uma trajetoacuteria da Humanidade (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

29 Priscilla Gontijo Leite Eacutetica e retoacuterica forense asebeia e hybris na caracterizaccedilatildeo dos adversaacuterios em Demoacutestenes (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

Versatildeo integral disponiacutevel em digitalisucpt

273

30 Andreacute Carneiro Lugares tempos e pessoas Povoamento rural romano no Alto Alentejo ‑ Volume I (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2014)

31 Andreacute Carneiro Lugares tempos e pessoas Povoamento rural romano no Alto Alentejo ‑ Volume II (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2014)

32 Pilar Goacutemez Cardoacute Delfim F Leatildeo Maria Aparecida de Oliveira Silva (coords) Plutarco entre mundos visotildees de Esparta Atenas e Roma (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

Versatildeo integral disponiacutevel em digitalisucpt

Resumo da obra

A vasta e variada obra de Plutarco permite sempre uma abordagem a partir de distintas

perspetivas com diferentes intenccedilotildees e propoacutesitos variados No entanto eacute importante

identificar tambeacutem fios comuns nessa abordagem porque permitem demonstrar tanto a

niacutevel formal como de conteuacutedo que haacute muitos elementos comuns que permeiam o trabalho

de Plutarco

Os treze contributos para este volume tecircm como elo comum o nome de trecircs cidades

Esparta Atenas e Roma Elas representam espaccedilos poliacuteticos e institucionais diversos dada

a sua extensatildeo geograacutefica e cronoloacutegica mas simbolizam igualmente diferentes modelos

de organizaccedilatildeo social atraveacutes dos quais a Greacutecia pode ser contrastada com Roma ou Atenas

comparada com Esparta mdash ainda que o seu verdadeiro interesse na obra de Plutarco seja

que representam sempre locais paradigmaacuteticos onde vivem e convivem pessoas Por

isso os estudiosos de Plutarco que contribuiacuteram para este volume procuram analisar em

cada uma dessas cidades seja por assimilaccedilatildeo ou por contraste a forma como o autor de

Queroneia aborda a ligaccedilatildeo entre indiviacuteduo e comunidade a partir do exerciacutecio do poder

e da experiecircncia religiosa qual o papel da educaccedilatildeo e do domiacutenio privado na projeccedilatildeo

puacuteblica dos protagonistas retratados por Plutarco ou ateacute que ponto a imagem dos primeiros

legisladores e fundadores miacuteticos foi condicionada pela evoluccedilatildeo histoacuterica destas mesmas

cidades

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268

investigacioacuten sobre el Humanismo la Tradicioacuten claacutesica y patriacutestica y la exeacutegesis biacuteblica en los siglos XVI y XVII

Joaquim Pinheiro eacute Professor Auxiliar da Universidade da Madeira e investigador do Centro de Estudos Claacutessicos e Humaniacutesticos da Universidade de Coimbra As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a biografia antiga a Segunda Sofiacutestica a retoacuterica claacutessica e o pensamento poliacutetico dos Gregos

Joseacute M Candau es Catedraacutetico de Filologiacutea Griega en la Universidad de Sevilla Sus principales aacutereas de investigacioacuten son la historiografiacutea griega y Plutarco

Loraine Oliveira eacute professora de Filosofia da Universidade de Brasiacutelia Publicou o livro Plotino escultor de mitos pela Imprensa da Universidade de CoimbraAnnablume em 2014 Vem se dedicando principalmente a estudar os mitos em Plotino Plutarco e Porfiacuterio assim como o vegetarianismo em Plutarco e Porfiacuterio

Maria Aparecida de Oliveira Silva eacute professora visitante do Programa de Poacutes‑Gradu‑accedilatildeo em Letras Claacutessicas da Universidade de Satildeo Paulo e Professora Pesquisadora do Programa de Poacutes‑Graduaccedilatildeo em Histoacuteria da Universidade Federal de Satildeo Paulo Liacuteder do Grupo CNPq LABHAN Laboratoacuterio de Histoacuteria Antiga da Universidade Federal do Amapaacute Pesquisadora do Grupo CNPq Linceu ‑ Visotildees da Antiguidade Claacutessica da Universidade Estadual Paulista Pesquisadora do Grupo Retoacuterica Texto y Comunicacioacuten da Universidad de Caacutediz Membro do Conselho Acadecircmico do Seminaacuterio de Histoacuteria e Filosofia das Religiotildees da Universidad Autoacutenoma de Ciudad Juaacuterez mdash Meacutexico Pesquisa e publica trabalhos sobre Esparta Plutarco e biografia antiga

M Teresa Fau Ramos es Profesora Titular del Departament de Filologia Grega de la Universitat de Barcelona y miembro del Grup de Recerca Graecia Capta que investiga la pervivencia de la identidad griega bajo el imperio romano Sus principales aacutereas de intereacutes cientiacutefico son la historia e instituciones de la Grecia claacutesica y post‑claacutesica la religioacuten helena (paganismo) y diversos aspectos del cristianismo primitivo

Pilar Goacutemez Cardoacute es profesora titular de Filologiacutea Griega en la Universidad de Barcelona donde imparte docencia e investiga desde 1981 Doctora en Filologiacutea Claacutesica desde 1987 con una tesis sobre la tradicioacuten yaacutembica y la faacutebula (La Vida drsquoIsop entre el iambe la faula i la novella) es autora de numerosos artiacuteculos y capiacutetulos de libros sobre la literatura griega de eacutepoca imperial romana en especial sobre Segunda Sofiacutestica y novela ha estudiado principalmente autores como Luciano en cuya edicioacuten y traduccioacuten al castellano para la coleccioacuten Alma Mater participa Plutarco Dioacuten de Prusa o Elio Ariacutestides Es miembro del grupo de investigacioacuten Graecia Capta de la Universidad de Barcelona

Roosevelt Rocha eacute Professor Adjunto do curso de Letras da Universidade Federal do Paranaacute (Brasil) e pesquisador ligado ao Programa de Poacutes‑Graduaccedilatildeo em Letras da

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mesma Universidade As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a poesia grega arcaica (elegia jambo e meacutelica) a muacutesica grega antiga e o estudo da performance da poesia grega dos periacuteodos arcaico e claacutessico

Vicente Ramoacuten es Profesor Tiular de Filologiacutea Griega de la Universidad de Zara‑goza Sus intereses cientiacuteficos pueden sintetizarse en las siguientes liacuteneas Plutarco de Queronea y la biografiacutea poliacutetica historiografiacutea griega retoacuterica y oratoria griegas tradicioacuten claacutesica teatro griego la irreligiosidad en la Atenas Claacutesica

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270

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Nelson
Text Box
(Paacutegina deixada propositadamente em branco)

271

Volumes publicados na Colecccedilatildeo Humanitas Supplementum

1 Francisco de Oliveira Claacuteudia Teixeira e Paula Barata Dias Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 1 ndash Liacutenguas e Literaturas Greacutecia e Roma (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

2 Francisco de Oliveira Claacuteudia Teixeira e Paula Barata Dias Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 2 ndash Liacutenguas e Literaturas Idade Meacutedia Renascimento Recepccedilatildeo (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

3 Francisco de Oliveira Jorge de Oliveira e Manuel Patriacutecio Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 3 ndash Histoacuteria Arqueologia e Arte (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2010)

4 Maria Helena da Rocha Pereira Joseacute Ribeiro Ferreira e Francisco de Oliveira (Coords) Horaacutecio e a sua perenidade (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

5 Joseacute Luiacutes Lopes Brandatildeo Maacutescaras dos Ceacutesares Teatro e moralidade nas Vidas suetonianas (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

6 Joseacute Ribeiro Ferreira Delfim Leatildeo Manuel Troumlster and Paula Barata Dias (eds) Symposion and Philanthropia in Plutarch (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

7 Gabriele Cornelli (Org) Representaccedilotildees da Cidade Antiga Categorias histoacutericas e discursos filosoacuteficos (Coimbra Classica DigitaliaCECHGrupo Archai 2010)

8 Maria Cristina de Sousa Pimentel e Nuno Simotildees Rodrigues (Coords) Sociedade poder e cultura no tempo de Oviacutedio (Coimbra Classica DigitaliaCECHCECCH 2010)

9 Franccediloise Frazier et Delfim F Leatildeo (eds) Tychegrave et pronoia La marche du monde selon Plutarque (Coimbra Classica DigitaliaCECH Eacutecole Doctorale 395 ArScAn‑THEMAM 2010)

10 Juan Carlos Iglesias‑Zoido El legado de Tuciacutedides en la cultura occidental (Coimbra Classica DigitaliaCECH ARENGA 2011)

11 Gabriele Cornelli O pitagorismo como categoria historiograacutefica (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2011)

12 Frederico Lourenccedilo The Lyric Metres of Euripidean Drama (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2011)

13 Joseacute Augusto Ramos Maria Cristina de Sousa Pimentel Maria do Ceacuteu Fialho Nuno Simotildees Rodrigues (coords) Paulo de Tarso Grego e Romano Judeu e Cristatildeo (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

14 Carmen Soares amp Paula Barata Dias (coords) Contributos para a histoacuteria da alimentaccedilatildeo na antiguidade (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

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272

15 Carlos A Martins de Jesus Claudio Castro Filho amp Joseacute Ribeiro Ferreira (coords) Hipoacutelito e Fedra ‑ nos caminhos de um mito (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

16 Joseacute Ribeiro Ferreira Delfim F Leatildeo amp Carlos A Martins de Jesus (eds) Nomos Kosmos amp Dike in Plutarch (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

17 Joseacute Augusto Ramos amp Nuno Simotildees Rodrigues (coords) Mnemosyne kai Sophia (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

18 Ana Maria Guedes Ferreira O homem de Estado ateniense em Plutarco o caso dos Alcmeoacutenidas (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

19 Aurora Loacutepez Andreacutes Pocintildea amp Maria de Faacutetima Silva De ayer a hoy influencias claacutesicas en la literatura (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

20 Cristina Pimentel Joseacute Luiacutes Brandatildeo amp Paolo Fedeli (coords) O poeta e a cidade no mundo romano (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

21 Francisco de Oliveira Joseacute Luiacutes Brandatildeo Vasco Gil Mantas amp Rosa Sanz Serrano (coords) A queda de Roma e o alvorecer da Europa (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

22 Luiacutesa de Nazareacute Ferreira Mobilidade poeacutetica na Greacutecia antiga uma leitura da obra de Simoacutenides (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica DigitaliaCECH 2013)

23 Faacutebio Cerqueira Ana Teresa Gonccedilalves Edalaura Medeiros amp JoseacuteLuiacutes Brandatildeo Saberes e poderes no mundo antigo Vol I ndash Dos saberes (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia2013) 282 p

24 Faacutebio Cerqueira Ana Teresa Gonccedilalves Edalaura Medeiros amp Delfim Leatildeo Saberes e poderes no mundo antigo Vol II ndash Dos poderes (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013) 336 p

25 Joaquim J S Pinheiro Tempo e espaccedilo da paideia nas Vidas de Plutarco (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013) 458 p

26 Delfim Leatildeo Gabriele Cornelli amp Miriam C Peixoto (coords) Dos Homens e suas Ideias Estudos sobre as Vidas de Dioacutegenes Laeacutercio (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013)

27 Italo Pantani Margarida Miranda amp Henrique Manso (coords) Aires Barbosa na Cosmoacutepolis Renascentista (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2013)

28 Francisco de Oliveira Maria de Faacutetima Silva Tereza Virgiacutenia Ribeiro Barbosa (coords) Violecircncia e transgressatildeo uma trajetoacuteria da Humanidade (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

29 Priscilla Gontijo Leite Eacutetica e retoacuterica forense asebeia e hybris na caracterizaccedilatildeo dos adversaacuterios em Demoacutestenes (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

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273

30 Andreacute Carneiro Lugares tempos e pessoas Povoamento rural romano no Alto Alentejo ‑ Volume I (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2014)

31 Andreacute Carneiro Lugares tempos e pessoas Povoamento rural romano no Alto Alentejo ‑ Volume II (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2014)

32 Pilar Goacutemez Cardoacute Delfim F Leatildeo Maria Aparecida de Oliveira Silva (coords) Plutarco entre mundos visotildees de Esparta Atenas e Roma (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

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Resumo da obra

A vasta e variada obra de Plutarco permite sempre uma abordagem a partir de distintas

perspetivas com diferentes intenccedilotildees e propoacutesitos variados No entanto eacute importante

identificar tambeacutem fios comuns nessa abordagem porque permitem demonstrar tanto a

niacutevel formal como de conteuacutedo que haacute muitos elementos comuns que permeiam o trabalho

de Plutarco

Os treze contributos para este volume tecircm como elo comum o nome de trecircs cidades

Esparta Atenas e Roma Elas representam espaccedilos poliacuteticos e institucionais diversos dada

a sua extensatildeo geograacutefica e cronoloacutegica mas simbolizam igualmente diferentes modelos

de organizaccedilatildeo social atraveacutes dos quais a Greacutecia pode ser contrastada com Roma ou Atenas

comparada com Esparta mdash ainda que o seu verdadeiro interesse na obra de Plutarco seja

que representam sempre locais paradigmaacuteticos onde vivem e convivem pessoas Por

isso os estudiosos de Plutarco que contribuiacuteram para este volume procuram analisar em

cada uma dessas cidades seja por assimilaccedilatildeo ou por contraste a forma como o autor de

Queroneia aborda a ligaccedilatildeo entre indiviacuteduo e comunidade a partir do exerciacutecio do poder

e da experiecircncia religiosa qual o papel da educaccedilatildeo e do domiacutenio privado na projeccedilatildeo

puacuteblica dos protagonistas retratados por Plutarco ou ateacute que ponto a imagem dos primeiros

legisladores e fundadores miacuteticos foi condicionada pela evoluccedilatildeo histoacuterica destas mesmas

cidades

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mesma Universidade As suas principais aacutereas de interesse cientiacutefico satildeo a poesia grega arcaica (elegia jambo e meacutelica) a muacutesica grega antiga e o estudo da performance da poesia grega dos periacuteodos arcaico e claacutessico

Vicente Ramoacuten es Profesor Tiular de Filologiacutea Griega de la Universidad de Zara‑goza Sus intereses cientiacuteficos pueden sintetizarse en las siguientes liacuteneas Plutarco de Queronea y la biografiacutea poliacutetica historiografiacutea griega retoacuterica y oratoria griegas tradicioacuten claacutesica teatro griego la irreligiosidad en la Atenas Claacutesica

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Nelson
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Volumes publicados na Colecccedilatildeo Humanitas Supplementum

1 Francisco de Oliveira Claacuteudia Teixeira e Paula Barata Dias Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 1 ndash Liacutenguas e Literaturas Greacutecia e Roma (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

2 Francisco de Oliveira Claacuteudia Teixeira e Paula Barata Dias Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 2 ndash Liacutenguas e Literaturas Idade Meacutedia Renascimento Recepccedilatildeo (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

3 Francisco de Oliveira Jorge de Oliveira e Manuel Patriacutecio Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 3 ndash Histoacuteria Arqueologia e Arte (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2010)

4 Maria Helena da Rocha Pereira Joseacute Ribeiro Ferreira e Francisco de Oliveira (Coords) Horaacutecio e a sua perenidade (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

5 Joseacute Luiacutes Lopes Brandatildeo Maacutescaras dos Ceacutesares Teatro e moralidade nas Vidas suetonianas (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

6 Joseacute Ribeiro Ferreira Delfim Leatildeo Manuel Troumlster and Paula Barata Dias (eds) Symposion and Philanthropia in Plutarch (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

7 Gabriele Cornelli (Org) Representaccedilotildees da Cidade Antiga Categorias histoacutericas e discursos filosoacuteficos (Coimbra Classica DigitaliaCECHGrupo Archai 2010)

8 Maria Cristina de Sousa Pimentel e Nuno Simotildees Rodrigues (Coords) Sociedade poder e cultura no tempo de Oviacutedio (Coimbra Classica DigitaliaCECHCECCH 2010)

9 Franccediloise Frazier et Delfim F Leatildeo (eds) Tychegrave et pronoia La marche du monde selon Plutarque (Coimbra Classica DigitaliaCECH Eacutecole Doctorale 395 ArScAn‑THEMAM 2010)

10 Juan Carlos Iglesias‑Zoido El legado de Tuciacutedides en la cultura occidental (Coimbra Classica DigitaliaCECH ARENGA 2011)

11 Gabriele Cornelli O pitagorismo como categoria historiograacutefica (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2011)

12 Frederico Lourenccedilo The Lyric Metres of Euripidean Drama (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2011)

13 Joseacute Augusto Ramos Maria Cristina de Sousa Pimentel Maria do Ceacuteu Fialho Nuno Simotildees Rodrigues (coords) Paulo de Tarso Grego e Romano Judeu e Cristatildeo (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

14 Carmen Soares amp Paula Barata Dias (coords) Contributos para a histoacuteria da alimentaccedilatildeo na antiguidade (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

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272

15 Carlos A Martins de Jesus Claudio Castro Filho amp Joseacute Ribeiro Ferreira (coords) Hipoacutelito e Fedra ‑ nos caminhos de um mito (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

16 Joseacute Ribeiro Ferreira Delfim F Leatildeo amp Carlos A Martins de Jesus (eds) Nomos Kosmos amp Dike in Plutarch (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

17 Joseacute Augusto Ramos amp Nuno Simotildees Rodrigues (coords) Mnemosyne kai Sophia (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

18 Ana Maria Guedes Ferreira O homem de Estado ateniense em Plutarco o caso dos Alcmeoacutenidas (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

19 Aurora Loacutepez Andreacutes Pocintildea amp Maria de Faacutetima Silva De ayer a hoy influencias claacutesicas en la literatura (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

20 Cristina Pimentel Joseacute Luiacutes Brandatildeo amp Paolo Fedeli (coords) O poeta e a cidade no mundo romano (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

21 Francisco de Oliveira Joseacute Luiacutes Brandatildeo Vasco Gil Mantas amp Rosa Sanz Serrano (coords) A queda de Roma e o alvorecer da Europa (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

22 Luiacutesa de Nazareacute Ferreira Mobilidade poeacutetica na Greacutecia antiga uma leitura da obra de Simoacutenides (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica DigitaliaCECH 2013)

23 Faacutebio Cerqueira Ana Teresa Gonccedilalves Edalaura Medeiros amp JoseacuteLuiacutes Brandatildeo Saberes e poderes no mundo antigo Vol I ndash Dos saberes (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia2013) 282 p

24 Faacutebio Cerqueira Ana Teresa Gonccedilalves Edalaura Medeiros amp Delfim Leatildeo Saberes e poderes no mundo antigo Vol II ndash Dos poderes (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013) 336 p

25 Joaquim J S Pinheiro Tempo e espaccedilo da paideia nas Vidas de Plutarco (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013) 458 p

26 Delfim Leatildeo Gabriele Cornelli amp Miriam C Peixoto (coords) Dos Homens e suas Ideias Estudos sobre as Vidas de Dioacutegenes Laeacutercio (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013)

27 Italo Pantani Margarida Miranda amp Henrique Manso (coords) Aires Barbosa na Cosmoacutepolis Renascentista (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2013)

28 Francisco de Oliveira Maria de Faacutetima Silva Tereza Virgiacutenia Ribeiro Barbosa (coords) Violecircncia e transgressatildeo uma trajetoacuteria da Humanidade (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

29 Priscilla Gontijo Leite Eacutetica e retoacuterica forense asebeia e hybris na caracterizaccedilatildeo dos adversaacuterios em Demoacutestenes (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

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273

30 Andreacute Carneiro Lugares tempos e pessoas Povoamento rural romano no Alto Alentejo ‑ Volume I (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2014)

31 Andreacute Carneiro Lugares tempos e pessoas Povoamento rural romano no Alto Alentejo ‑ Volume II (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2014)

32 Pilar Goacutemez Cardoacute Delfim F Leatildeo Maria Aparecida de Oliveira Silva (coords) Plutarco entre mundos visotildees de Esparta Atenas e Roma (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

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Resumo da obra

A vasta e variada obra de Plutarco permite sempre uma abordagem a partir de distintas

perspetivas com diferentes intenccedilotildees e propoacutesitos variados No entanto eacute importante

identificar tambeacutem fios comuns nessa abordagem porque permitem demonstrar tanto a

niacutevel formal como de conteuacutedo que haacute muitos elementos comuns que permeiam o trabalho

de Plutarco

Os treze contributos para este volume tecircm como elo comum o nome de trecircs cidades

Esparta Atenas e Roma Elas representam espaccedilos poliacuteticos e institucionais diversos dada

a sua extensatildeo geograacutefica e cronoloacutegica mas simbolizam igualmente diferentes modelos

de organizaccedilatildeo social atraveacutes dos quais a Greacutecia pode ser contrastada com Roma ou Atenas

comparada com Esparta mdash ainda que o seu verdadeiro interesse na obra de Plutarco seja

que representam sempre locais paradigmaacuteticos onde vivem e convivem pessoas Por

isso os estudiosos de Plutarco que contribuiacuteram para este volume procuram analisar em

cada uma dessas cidades seja por assimilaccedilatildeo ou por contraste a forma como o autor de

Queroneia aborda a ligaccedilatildeo entre indiviacuteduo e comunidade a partir do exerciacutecio do poder

e da experiecircncia religiosa qual o papel da educaccedilatildeo e do domiacutenio privado na projeccedilatildeo

puacuteblica dos protagonistas retratados por Plutarco ou ateacute que ponto a imagem dos primeiros

legisladores e fundadores miacuteticos foi condicionada pela evoluccedilatildeo histoacuterica destas mesmas

cidades

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Volumes publicados na Colecccedilatildeo Humanitas Supplementum

1 Francisco de Oliveira Claacuteudia Teixeira e Paula Barata Dias Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 1 ndash Liacutenguas e Literaturas Greacutecia e Roma (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

2 Francisco de Oliveira Claacuteudia Teixeira e Paula Barata Dias Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 2 ndash Liacutenguas e Literaturas Idade Meacutedia Renascimento Recepccedilatildeo (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

3 Francisco de Oliveira Jorge de Oliveira e Manuel Patriacutecio Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 3 ndash Histoacuteria Arqueologia e Arte (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2010)

4 Maria Helena da Rocha Pereira Joseacute Ribeiro Ferreira e Francisco de Oliveira (Coords) Horaacutecio e a sua perenidade (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

5 Joseacute Luiacutes Lopes Brandatildeo Maacutescaras dos Ceacutesares Teatro e moralidade nas Vidas suetonianas (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

6 Joseacute Ribeiro Ferreira Delfim Leatildeo Manuel Troumlster and Paula Barata Dias (eds) Symposion and Philanthropia in Plutarch (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

7 Gabriele Cornelli (Org) Representaccedilotildees da Cidade Antiga Categorias histoacutericas e discursos filosoacuteficos (Coimbra Classica DigitaliaCECHGrupo Archai 2010)

8 Maria Cristina de Sousa Pimentel e Nuno Simotildees Rodrigues (Coords) Sociedade poder e cultura no tempo de Oviacutedio (Coimbra Classica DigitaliaCECHCECCH 2010)

9 Franccediloise Frazier et Delfim F Leatildeo (eds) Tychegrave et pronoia La marche du monde selon Plutarque (Coimbra Classica DigitaliaCECH Eacutecole Doctorale 395 ArScAn‑THEMAM 2010)

10 Juan Carlos Iglesias‑Zoido El legado de Tuciacutedides en la cultura occidental (Coimbra Classica DigitaliaCECH ARENGA 2011)

11 Gabriele Cornelli O pitagorismo como categoria historiograacutefica (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2011)

12 Frederico Lourenccedilo The Lyric Metres of Euripidean Drama (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2011)

13 Joseacute Augusto Ramos Maria Cristina de Sousa Pimentel Maria do Ceacuteu Fialho Nuno Simotildees Rodrigues (coords) Paulo de Tarso Grego e Romano Judeu e Cristatildeo (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

14 Carmen Soares amp Paula Barata Dias (coords) Contributos para a histoacuteria da alimentaccedilatildeo na antiguidade (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

Versatildeo integral disponiacutevel em digitalisucpt

272

15 Carlos A Martins de Jesus Claudio Castro Filho amp Joseacute Ribeiro Ferreira (coords) Hipoacutelito e Fedra ‑ nos caminhos de um mito (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

16 Joseacute Ribeiro Ferreira Delfim F Leatildeo amp Carlos A Martins de Jesus (eds) Nomos Kosmos amp Dike in Plutarch (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

17 Joseacute Augusto Ramos amp Nuno Simotildees Rodrigues (coords) Mnemosyne kai Sophia (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

18 Ana Maria Guedes Ferreira O homem de Estado ateniense em Plutarco o caso dos Alcmeoacutenidas (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

19 Aurora Loacutepez Andreacutes Pocintildea amp Maria de Faacutetima Silva De ayer a hoy influencias claacutesicas en la literatura (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

20 Cristina Pimentel Joseacute Luiacutes Brandatildeo amp Paolo Fedeli (coords) O poeta e a cidade no mundo romano (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

21 Francisco de Oliveira Joseacute Luiacutes Brandatildeo Vasco Gil Mantas amp Rosa Sanz Serrano (coords) A queda de Roma e o alvorecer da Europa (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

22 Luiacutesa de Nazareacute Ferreira Mobilidade poeacutetica na Greacutecia antiga uma leitura da obra de Simoacutenides (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica DigitaliaCECH 2013)

23 Faacutebio Cerqueira Ana Teresa Gonccedilalves Edalaura Medeiros amp JoseacuteLuiacutes Brandatildeo Saberes e poderes no mundo antigo Vol I ndash Dos saberes (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia2013) 282 p

24 Faacutebio Cerqueira Ana Teresa Gonccedilalves Edalaura Medeiros amp Delfim Leatildeo Saberes e poderes no mundo antigo Vol II ndash Dos poderes (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013) 336 p

25 Joaquim J S Pinheiro Tempo e espaccedilo da paideia nas Vidas de Plutarco (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013) 458 p

26 Delfim Leatildeo Gabriele Cornelli amp Miriam C Peixoto (coords) Dos Homens e suas Ideias Estudos sobre as Vidas de Dioacutegenes Laeacutercio (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013)

27 Italo Pantani Margarida Miranda amp Henrique Manso (coords) Aires Barbosa na Cosmoacutepolis Renascentista (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2013)

28 Francisco de Oliveira Maria de Faacutetima Silva Tereza Virgiacutenia Ribeiro Barbosa (coords) Violecircncia e transgressatildeo uma trajetoacuteria da Humanidade (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

29 Priscilla Gontijo Leite Eacutetica e retoacuterica forense asebeia e hybris na caracterizaccedilatildeo dos adversaacuterios em Demoacutestenes (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

Versatildeo integral disponiacutevel em digitalisucpt

273

30 Andreacute Carneiro Lugares tempos e pessoas Povoamento rural romano no Alto Alentejo ‑ Volume I (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2014)

31 Andreacute Carneiro Lugares tempos e pessoas Povoamento rural romano no Alto Alentejo ‑ Volume II (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2014)

32 Pilar Goacutemez Cardoacute Delfim F Leatildeo Maria Aparecida de Oliveira Silva (coords) Plutarco entre mundos visotildees de Esparta Atenas e Roma (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

Versatildeo integral disponiacutevel em digitalisucpt

Resumo da obra

A vasta e variada obra de Plutarco permite sempre uma abordagem a partir de distintas

perspetivas com diferentes intenccedilotildees e propoacutesitos variados No entanto eacute importante

identificar tambeacutem fios comuns nessa abordagem porque permitem demonstrar tanto a

niacutevel formal como de conteuacutedo que haacute muitos elementos comuns que permeiam o trabalho

de Plutarco

Os treze contributos para este volume tecircm como elo comum o nome de trecircs cidades

Esparta Atenas e Roma Elas representam espaccedilos poliacuteticos e institucionais diversos dada

a sua extensatildeo geograacutefica e cronoloacutegica mas simbolizam igualmente diferentes modelos

de organizaccedilatildeo social atraveacutes dos quais a Greacutecia pode ser contrastada com Roma ou Atenas

comparada com Esparta mdash ainda que o seu verdadeiro interesse na obra de Plutarco seja

que representam sempre locais paradigmaacuteticos onde vivem e convivem pessoas Por

isso os estudiosos de Plutarco que contribuiacuteram para este volume procuram analisar em

cada uma dessas cidades seja por assimilaccedilatildeo ou por contraste a forma como o autor de

Queroneia aborda a ligaccedilatildeo entre indiviacuteduo e comunidade a partir do exerciacutecio do poder

e da experiecircncia religiosa qual o papel da educaccedilatildeo e do domiacutenio privado na projeccedilatildeo

puacuteblica dos protagonistas retratados por Plutarco ou ateacute que ponto a imagem dos primeiros

legisladores e fundadores miacuteticos foi condicionada pela evoluccedilatildeo histoacuterica destas mesmas

cidades

Versatildeo integral disponiacutevel em digitalisucpt

Page 49: Versão integral disponível em digitalis.uc · visões de Esparta, Atenas e Roma IMPRENSA DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA COIMBRA UNIVERSITY PRESS ANNABLUME Versão integral disponível

271

Volumes publicados na Colecccedilatildeo Humanitas Supplementum

1 Francisco de Oliveira Claacuteudia Teixeira e Paula Barata Dias Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 1 ndash Liacutenguas e Literaturas Greacutecia e Roma (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

2 Francisco de Oliveira Claacuteudia Teixeira e Paula Barata Dias Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 2 ndash Liacutenguas e Literaturas Idade Meacutedia Renascimento Recepccedilatildeo (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

3 Francisco de Oliveira Jorge de Oliveira e Manuel Patriacutecio Espaccedilos e Paisagens Antiguidade Claacutessica e Heranccedilas Contemporacircneas Vol 3 ndash Histoacuteria Arqueologia e Arte (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2010)

4 Maria Helena da Rocha Pereira Joseacute Ribeiro Ferreira e Francisco de Oliveira (Coords) Horaacutecio e a sua perenidade (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

5 Joseacute Luiacutes Lopes Brandatildeo Maacutescaras dos Ceacutesares Teatro e moralidade nas Vidas suetonianas (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

6 Joseacute Ribeiro Ferreira Delfim Leatildeo Manuel Troumlster and Paula Barata Dias (eds) Symposion and Philanthropia in Plutarch (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2009)

7 Gabriele Cornelli (Org) Representaccedilotildees da Cidade Antiga Categorias histoacutericas e discursos filosoacuteficos (Coimbra Classica DigitaliaCECHGrupo Archai 2010)

8 Maria Cristina de Sousa Pimentel e Nuno Simotildees Rodrigues (Coords) Sociedade poder e cultura no tempo de Oviacutedio (Coimbra Classica DigitaliaCECHCECCH 2010)

9 Franccediloise Frazier et Delfim F Leatildeo (eds) Tychegrave et pronoia La marche du monde selon Plutarque (Coimbra Classica DigitaliaCECH Eacutecole Doctorale 395 ArScAn‑THEMAM 2010)

10 Juan Carlos Iglesias‑Zoido El legado de Tuciacutedides en la cultura occidental (Coimbra Classica DigitaliaCECH ARENGA 2011)

11 Gabriele Cornelli O pitagorismo como categoria historiograacutefica (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2011)

12 Frederico Lourenccedilo The Lyric Metres of Euripidean Drama (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2011)

13 Joseacute Augusto Ramos Maria Cristina de Sousa Pimentel Maria do Ceacuteu Fialho Nuno Simotildees Rodrigues (coords) Paulo de Tarso Grego e Romano Judeu e Cristatildeo (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

14 Carmen Soares amp Paula Barata Dias (coords) Contributos para a histoacuteria da alimentaccedilatildeo na antiguidade (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

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272

15 Carlos A Martins de Jesus Claudio Castro Filho amp Joseacute Ribeiro Ferreira (coords) Hipoacutelito e Fedra ‑ nos caminhos de um mito (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

16 Joseacute Ribeiro Ferreira Delfim F Leatildeo amp Carlos A Martins de Jesus (eds) Nomos Kosmos amp Dike in Plutarch (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

17 Joseacute Augusto Ramos amp Nuno Simotildees Rodrigues (coords) Mnemosyne kai Sophia (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

18 Ana Maria Guedes Ferreira O homem de Estado ateniense em Plutarco o caso dos Alcmeoacutenidas (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

19 Aurora Loacutepez Andreacutes Pocintildea amp Maria de Faacutetima Silva De ayer a hoy influencias claacutesicas en la literatura (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

20 Cristina Pimentel Joseacute Luiacutes Brandatildeo amp Paolo Fedeli (coords) O poeta e a cidade no mundo romano (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

21 Francisco de Oliveira Joseacute Luiacutes Brandatildeo Vasco Gil Mantas amp Rosa Sanz Serrano (coords) A queda de Roma e o alvorecer da Europa (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

22 Luiacutesa de Nazareacute Ferreira Mobilidade poeacutetica na Greacutecia antiga uma leitura da obra de Simoacutenides (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica DigitaliaCECH 2013)

23 Faacutebio Cerqueira Ana Teresa Gonccedilalves Edalaura Medeiros amp JoseacuteLuiacutes Brandatildeo Saberes e poderes no mundo antigo Vol I ndash Dos saberes (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia2013) 282 p

24 Faacutebio Cerqueira Ana Teresa Gonccedilalves Edalaura Medeiros amp Delfim Leatildeo Saberes e poderes no mundo antigo Vol II ndash Dos poderes (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013) 336 p

25 Joaquim J S Pinheiro Tempo e espaccedilo da paideia nas Vidas de Plutarco (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013) 458 p

26 Delfim Leatildeo Gabriele Cornelli amp Miriam C Peixoto (coords) Dos Homens e suas Ideias Estudos sobre as Vidas de Dioacutegenes Laeacutercio (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013)

27 Italo Pantani Margarida Miranda amp Henrique Manso (coords) Aires Barbosa na Cosmoacutepolis Renascentista (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2013)

28 Francisco de Oliveira Maria de Faacutetima Silva Tereza Virgiacutenia Ribeiro Barbosa (coords) Violecircncia e transgressatildeo uma trajetoacuteria da Humanidade (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

29 Priscilla Gontijo Leite Eacutetica e retoacuterica forense asebeia e hybris na caracterizaccedilatildeo dos adversaacuterios em Demoacutestenes (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

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273

30 Andreacute Carneiro Lugares tempos e pessoas Povoamento rural romano no Alto Alentejo ‑ Volume I (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2014)

31 Andreacute Carneiro Lugares tempos e pessoas Povoamento rural romano no Alto Alentejo ‑ Volume II (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2014)

32 Pilar Goacutemez Cardoacute Delfim F Leatildeo Maria Aparecida de Oliveira Silva (coords) Plutarco entre mundos visotildees de Esparta Atenas e Roma (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

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Resumo da obra

A vasta e variada obra de Plutarco permite sempre uma abordagem a partir de distintas

perspetivas com diferentes intenccedilotildees e propoacutesitos variados No entanto eacute importante

identificar tambeacutem fios comuns nessa abordagem porque permitem demonstrar tanto a

niacutevel formal como de conteuacutedo que haacute muitos elementos comuns que permeiam o trabalho

de Plutarco

Os treze contributos para este volume tecircm como elo comum o nome de trecircs cidades

Esparta Atenas e Roma Elas representam espaccedilos poliacuteticos e institucionais diversos dada

a sua extensatildeo geograacutefica e cronoloacutegica mas simbolizam igualmente diferentes modelos

de organizaccedilatildeo social atraveacutes dos quais a Greacutecia pode ser contrastada com Roma ou Atenas

comparada com Esparta mdash ainda que o seu verdadeiro interesse na obra de Plutarco seja

que representam sempre locais paradigmaacuteticos onde vivem e convivem pessoas Por

isso os estudiosos de Plutarco que contribuiacuteram para este volume procuram analisar em

cada uma dessas cidades seja por assimilaccedilatildeo ou por contraste a forma como o autor de

Queroneia aborda a ligaccedilatildeo entre indiviacuteduo e comunidade a partir do exerciacutecio do poder

e da experiecircncia religiosa qual o papel da educaccedilatildeo e do domiacutenio privado na projeccedilatildeo

puacuteblica dos protagonistas retratados por Plutarco ou ateacute que ponto a imagem dos primeiros

legisladores e fundadores miacuteticos foi condicionada pela evoluccedilatildeo histoacuterica destas mesmas

cidades

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15 Carlos A Martins de Jesus Claudio Castro Filho amp Joseacute Ribeiro Ferreira (coords) Hipoacutelito e Fedra ‑ nos caminhos de um mito (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

16 Joseacute Ribeiro Ferreira Delfim F Leatildeo amp Carlos A Martins de Jesus (eds) Nomos Kosmos amp Dike in Plutarch (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

17 Joseacute Augusto Ramos amp Nuno Simotildees Rodrigues (coords) Mnemosyne kai Sophia (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

18 Ana Maria Guedes Ferreira O homem de Estado ateniense em Plutarco o caso dos Alcmeoacutenidas (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

19 Aurora Loacutepez Andreacutes Pocintildea amp Maria de Faacutetima Silva De ayer a hoy influencias claacutesicas en la literatura (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

20 Cristina Pimentel Joseacute Luiacutes Brandatildeo amp Paolo Fedeli (coords) O poeta e a cidade no mundo romano (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

21 Francisco de Oliveira Joseacute Luiacutes Brandatildeo Vasco Gil Mantas amp Rosa Sanz Serrano (coords) A queda de Roma e o alvorecer da Europa (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica DigitaliaCECH 2012)

22 Luiacutesa de Nazareacute Ferreira Mobilidade poeacutetica na Greacutecia antiga uma leitura da obra de Simoacutenides (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica DigitaliaCECH 2013)

23 Faacutebio Cerqueira Ana Teresa Gonccedilalves Edalaura Medeiros amp JoseacuteLuiacutes Brandatildeo Saberes e poderes no mundo antigo Vol I ndash Dos saberes (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia2013) 282 p

24 Faacutebio Cerqueira Ana Teresa Gonccedilalves Edalaura Medeiros amp Delfim Leatildeo Saberes e poderes no mundo antigo Vol II ndash Dos poderes (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013) 336 p

25 Joaquim J S Pinheiro Tempo e espaccedilo da paideia nas Vidas de Plutarco (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013) 458 p

26 Delfim Leatildeo Gabriele Cornelli amp Miriam C Peixoto (coords) Dos Homens e suas Ideias Estudos sobre as Vidas de Dioacutegenes Laeacutercio (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2013)

27 Italo Pantani Margarida Miranda amp Henrique Manso (coords) Aires Barbosa na Cosmoacutepolis Renascentista (Coimbra Classica DigitaliaCECH 2013)

28 Francisco de Oliveira Maria de Faacutetima Silva Tereza Virgiacutenia Ribeiro Barbosa (coords) Violecircncia e transgressatildeo uma trajetoacuteria da Humanidade (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

29 Priscilla Gontijo Leite Eacutetica e retoacuterica forense asebeia e hybris na caracterizaccedilatildeo dos adversaacuterios em Demoacutestenes (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

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273

30 Andreacute Carneiro Lugares tempos e pessoas Povoamento rural romano no Alto Alentejo ‑ Volume I (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2014)

31 Andreacute Carneiro Lugares tempos e pessoas Povoamento rural romano no Alto Alentejo ‑ Volume II (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2014)

32 Pilar Goacutemez Cardoacute Delfim F Leatildeo Maria Aparecida de Oliveira Silva (coords) Plutarco entre mundos visotildees de Esparta Atenas e Roma (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

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Resumo da obra

A vasta e variada obra de Plutarco permite sempre uma abordagem a partir de distintas

perspetivas com diferentes intenccedilotildees e propoacutesitos variados No entanto eacute importante

identificar tambeacutem fios comuns nessa abordagem porque permitem demonstrar tanto a

niacutevel formal como de conteuacutedo que haacute muitos elementos comuns que permeiam o trabalho

de Plutarco

Os treze contributos para este volume tecircm como elo comum o nome de trecircs cidades

Esparta Atenas e Roma Elas representam espaccedilos poliacuteticos e institucionais diversos dada

a sua extensatildeo geograacutefica e cronoloacutegica mas simbolizam igualmente diferentes modelos

de organizaccedilatildeo social atraveacutes dos quais a Greacutecia pode ser contrastada com Roma ou Atenas

comparada com Esparta mdash ainda que o seu verdadeiro interesse na obra de Plutarco seja

que representam sempre locais paradigmaacuteticos onde vivem e convivem pessoas Por

isso os estudiosos de Plutarco que contribuiacuteram para este volume procuram analisar em

cada uma dessas cidades seja por assimilaccedilatildeo ou por contraste a forma como o autor de

Queroneia aborda a ligaccedilatildeo entre indiviacuteduo e comunidade a partir do exerciacutecio do poder

e da experiecircncia religiosa qual o papel da educaccedilatildeo e do domiacutenio privado na projeccedilatildeo

puacuteblica dos protagonistas retratados por Plutarco ou ateacute que ponto a imagem dos primeiros

legisladores e fundadores miacuteticos foi condicionada pela evoluccedilatildeo histoacuterica destas mesmas

cidades

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30 Andreacute Carneiro Lugares tempos e pessoas Povoamento rural romano no Alto Alentejo ‑ Volume I (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2014)

31 Andreacute Carneiro Lugares tempos e pessoas Povoamento rural romano no Alto Alentejo ‑ Volume II (Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Classica Digitalia 2014)

32 Pilar Goacutemez Cardoacute Delfim F Leatildeo Maria Aparecida de Oliveira Silva (coords) Plutarco entre mundos visotildees de Esparta Atenas e Roma (Coimbra e Satildeo Paulo IUC e Annablume 2014)

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Resumo da obra

A vasta e variada obra de Plutarco permite sempre uma abordagem a partir de distintas

perspetivas com diferentes intenccedilotildees e propoacutesitos variados No entanto eacute importante

identificar tambeacutem fios comuns nessa abordagem porque permitem demonstrar tanto a

niacutevel formal como de conteuacutedo que haacute muitos elementos comuns que permeiam o trabalho

de Plutarco

Os treze contributos para este volume tecircm como elo comum o nome de trecircs cidades

Esparta Atenas e Roma Elas representam espaccedilos poliacuteticos e institucionais diversos dada

a sua extensatildeo geograacutefica e cronoloacutegica mas simbolizam igualmente diferentes modelos

de organizaccedilatildeo social atraveacutes dos quais a Greacutecia pode ser contrastada com Roma ou Atenas

comparada com Esparta mdash ainda que o seu verdadeiro interesse na obra de Plutarco seja

que representam sempre locais paradigmaacuteticos onde vivem e convivem pessoas Por

isso os estudiosos de Plutarco que contribuiacuteram para este volume procuram analisar em

cada uma dessas cidades seja por assimilaccedilatildeo ou por contraste a forma como o autor de

Queroneia aborda a ligaccedilatildeo entre indiviacuteduo e comunidade a partir do exerciacutecio do poder

e da experiecircncia religiosa qual o papel da educaccedilatildeo e do domiacutenio privado na projeccedilatildeo

puacuteblica dos protagonistas retratados por Plutarco ou ateacute que ponto a imagem dos primeiros

legisladores e fundadores miacuteticos foi condicionada pela evoluccedilatildeo histoacuterica destas mesmas

cidades

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Resumo da obra

A vasta e variada obra de Plutarco permite sempre uma abordagem a partir de distintas

perspetivas com diferentes intenccedilotildees e propoacutesitos variados No entanto eacute importante

identificar tambeacutem fios comuns nessa abordagem porque permitem demonstrar tanto a

niacutevel formal como de conteuacutedo que haacute muitos elementos comuns que permeiam o trabalho

de Plutarco

Os treze contributos para este volume tecircm como elo comum o nome de trecircs cidades

Esparta Atenas e Roma Elas representam espaccedilos poliacuteticos e institucionais diversos dada

a sua extensatildeo geograacutefica e cronoloacutegica mas simbolizam igualmente diferentes modelos

de organizaccedilatildeo social atraveacutes dos quais a Greacutecia pode ser contrastada com Roma ou Atenas

comparada com Esparta mdash ainda que o seu verdadeiro interesse na obra de Plutarco seja

que representam sempre locais paradigmaacuteticos onde vivem e convivem pessoas Por

isso os estudiosos de Plutarco que contribuiacuteram para este volume procuram analisar em

cada uma dessas cidades seja por assimilaccedilatildeo ou por contraste a forma como o autor de

Queroneia aborda a ligaccedilatildeo entre indiviacuteduo e comunidade a partir do exerciacutecio do poder

e da experiecircncia religiosa qual o papel da educaccedilatildeo e do domiacutenio privado na projeccedilatildeo

puacuteblica dos protagonistas retratados por Plutarco ou ateacute que ponto a imagem dos primeiros

legisladores e fundadores miacuteticos foi condicionada pela evoluccedilatildeo histoacuterica destas mesmas

cidades

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