verso e prosa

15
Verso e Prosa

Upload: kadeem-mullen

Post on 01-Jan-2016

31 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

Verso e Prosa. VERSOS. A TELEVISÃO Chico Buarque. O homem da rua Fica só por teimosia Não encontra companhia Mas pra casa não vai não. Em casa a roda Já mudou, que a roda muda A roda é triste a roda é muda Em volta lá da televisão. - PowerPoint PPT Presentation

TRANSCRIPT

Page 1: Verso e Prosa

Verso e Prosa

Page 2: Verso e Prosa

A TELEVISÃOChico Buarque

VERSOS

Page 3: Verso e Prosa

O homem da rua Fica só por teimosia Não encontra companhia Mas pra casa não vai não

Page 4: Verso e Prosa

Em casa a roda Já mudou, que a roda muda A roda é triste a roda é muda Em volta lá da televisão

Page 5: Verso e Prosa

No céu a lua Surge grande e muito prosa Dá uma volta graciosa Pra chamar as atenções

Page 6: Verso e Prosa

O homem da rua Que da lua está distante Por ser nego bem falante Fala só com seus botões

Page 7: Verso e Prosa

O homem da rua Com seu tamborim calado Já pode esperar sentado

Sua escola não vem não

Page 8: Verso e Prosa

A sua gente Está aprendendo humildemente Um batuque diferente Que vem lá da televisão

Page 9: Verso e Prosa

No céu a lua Que não estava no programa Cheia e nua, chega e chama Pra mostrar evoluções

Page 10: Verso e Prosa

O homem da rua Não percebe o seu chamego E por falta doutro nego Samba só com seus botões

Page 11: Verso e Prosa

Os namorados Já dispensam o seu namoro Quem quer riso, quem quer choro Não faz mais esforço não

Page 12: Verso e Prosa

E a própria vida Ainda vai sentar sentida Vendo a vida mais vivida Que vem lá da televisão

Page 13: Verso e Prosa

O homem da rua Por ser nego conformado Deixa a lua ali de lado E vai ligar os seus botões

Page 14: Verso e Prosa

No céu a lua Encabulada e já minguando Numa nuvem se ocultando Vai de volta pros sertões.

Chico Buarque de HolandaDisponível em: http://letras.terra.com.br/chico-buarque/85828/

Page 15: Verso e Prosa

PROSA

"Mas muito lhe será perdoado [à TV] pela sua ajuda aos doentes, aos velhos, aos solitários. Na grande cidade - num apartamento de quarto e sala, num casebre de subúrbio, numa orgulhosa mansão, a criatura solitária tem nela a grande distração, o grande consolo, a grande companhia. Ela instala dentro de sua toca humilde o tumulto e o frêmito de mil vidas, a emoção, o suspense, a fascinação dos dramas do mundo."

(Rubem Braga. Ela tem alma de pomba. Revista Veja, nº. 447)