vermelho guilherme peters henrique cesar · ao seu corpo, livros relacionados à historia da arte....

VERMELHO

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GUILHERME PETERSHENRIQUE CESAR

U=R.I

A Vermelho apresenta, de 26 de novembro a 20 de dezem-bro de 2013, a exposição U=RI, de Henrique César e Guilherme Peters [salas 1, 2], e “Arquitetura da Solidão” de Nicolás Bacal [sala 3]. Sobre a fachada da Vermelho, o artista Felipe Salem apresenta a instalação “Para onde os mosquitos vão quando chove”. Na data da abertura das exposições, serão lançados no TIJUANA pôsteres dos artistas Henrique César, Guilherme Peters, e o livro “Tijolo” de João Loureiro.

A era moderna surgiu à sombra dos ideais conquistados pela Revolução Francesa. O crescimento das repúblicas e das democracias liberais ao redor do mundo, o desen-volvimento das ideologias modernas, das ciências e das artes, a invenção da guerra total, e, no limite, o homem como personagem central nesse cenário tiveram o seu nascimento durante a revolução.

No campo da arte, muitos artistas se dedicam, nos dias de hoje, à pesquisa acerca dos desdobramentos do mod-ernismo. Há ainda os que preferem investigar as raízes filosóficas, éticas, estéticas e políticas que conduziram, ainda no século XVI, ao surgimento da era moderna e ao pleno estabelecimento e expansão dos ideais liberais em todos os âmbitos da cultura ocidental até os dias de hoje.

Tal procedimento investigatório é evidente na exposição U=RI proposta pelos jovens artistas Guilherme Peters e Henrique César, que conta com projeto para fachada de Felipe Salem.

O título da exposição faz referência à fórmula usada na física para medição da tensão elétrica [voltagem] entre dois pontos, e, no caso dessa exposição, revela vários dos procedimentos exercidos pelos artistas na conceitualiza-ção, elaboração e materialização de suas obras.

Isso ocorre, na forma como os três artistas optam por representar o corpo humano.

No caso da série de autorretratos “Enxertos”, “Antenas” e “Terra”, de Henrique César, o homem, suas necessi-dades físicas, curiosidades, originalidade e domínio sobre

as forças da natureza é o centro da representação, e, portanto, do mundo, aparecendo turbinado por artificial-ismos técnicos sugeridos por antenas, num misto entre homem e máquina.

No caso de Guilherme Peters, a repetição funciona como ferramenta para evidenciar a eterna busca do homem pela superação dos limites físicos e intelectuais do corpo. Na performance “Estudante” [2012], que Peters real-izará durante A mostra, a repetição ad infinitum de um único movimento, aponta, segundo o próprio artista, para a idéia de fracasso eminente a todo processo de conhe-cimento. Na performance, o artista tenta repetidas vezes finalizar um desenho de observação que, entretanto, depende da ação física de suspender, por meio de um sistema de roldanas e cabos, conectados como próteses ao seu corpo, livros relacionados à historia da arte.

Felipe Salem, por sua vez, instalou sobre a fachada da Vermelho uma escada que poderá ser escalada pelo observador sem medo de altura. Do topo da escada - aproximadamente 5 metros de altura do chão -, é possível visualizar por meio de uma perfuração na parede, o inte-rior da sala 2, no piso superior da galeria. O observador intrépido que ousar escalar os 5 metros poderá não ape-nas ter uma perspectiva única de observação da mostra, e daqueles que por lá se deslocam, mas seu esforço físico será recompensado com um copo d água, acessível por meio de um canudo instalado por Salem no fim da escada.

Base de toda economia liberal, o trabalho surge, na era moderna, como energia propulsora que embasa todos as transformações necessárias para o pleno estabe-lecimento do moderno. Em “Para onde os mosquitos vão quando chove” fica clara a analogia criado por Salem com o conceito positivista de trabalho como uma série de es-forços despendidos pelo homem com o objetivo de atingir uma meta.

Em 2010, Guilherme Peters encarnou um dos principais personagens da história moderna no vídeo “Robespierre e a tentativa de retomar a revolução”. Na instalação, o artista tece um comentário sobre da origem do movimento

republicano, que aponta para a impossibilidade da utopia revolucionária prosperar num mundo em que tarefas simples e repetitivas provocam “vertigem”.

Em U=RI, o artista dá continuidade a essa pesquisa apre-sentando um conjunto de trabalhos diretamente relacio-nados ao tema, como a instalação “Retrato de Robespi-erre”, na qual uma imagem do revolucionário francês é estampada por meio de um processo de oxidação ininter-rupto, que transformará a imagem.

Processo químico semelhante é utilizado por Peters nas instalações “Autodestruição dos direitos humanos”, “Terra Santa” e “Máquina para evocar o espírito de Jo-seph Beuys através de sua imagem”. Nas duas primeiras obras, o processo de oxidação das placas de ferro é con-stante e acarretará a completa transformação da imagem do século XVIII da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, e, na segunda, de uma passagem retirada do Torá que remete à terra prometida, ou, nos dias de hoje, à Palestina. Já em “Máquina para evocar o espírito de Joseph Beuys através de sua imagem”, que faz referencia à performance criada por Peters, em 2009, o retrato de Beuys, ao lado de um do próprio artista foram estampa-dos sobre uma placa de cobre [Beuys] e outra de ferro [Peters]. Submersos em um aquário, as placas sofrerão um processo de eletrólise, que fará com que o retrato de Peters, estampado sobre placa de ferro, incorpore partículas de cobre expelidas da placa Beuys.

O obscurantismo que a era moderna tentou combater por meio do conhecimento cientifico, aparece na serie “Cata-cumbas” de Henrique César. Nos desenhos, o artista apresenta imagens de catacumbas subterrâneas local-izadas nas cidades de São Paulo e Paris, ao lado do vídeo “Endoscopia”, no qual uma câmera endoscópica escrutina o interior de um esqueleto, alem do poliptico “Radiografia de Parede”. Nesse último, César apresenta o que há sob o reboco de paredes, revelando seu interesse cientifico acerca daquilo que está sob as calçada, sob a pele ou mesmo sob a fachada dos muros.

Procedimento de escrutino similar aparece no vídeo

U=R.I GUILHERME PETERS + HENRIQUE CESAR

“Tentativa de aspirar o grande labirinto”, no qual Peters criou, por meio de ferramentas de edição 3D, um passeio virtual dentro de um dos “Metasquemas” de Helio Oiti-cica. Na obra, Peters se apropria ainda do texto “Brasil Diarréia”, escrito por Oiticica em 1970, que aponta para a diluição dos elementos construtivos brasileiros.

A trabalhos como “Catacumbas”, “Endoscopia” e “Políp-tico Radiografia de Parede”, César contrapõe o seu “Tratado Anagógico”. O desenho com 1,80 m. de altura, similar a uma formula química gigante, pretende aferir a ferramentas técnicas cujo papel é bastante claro e especifico no campo da ciência, significações místicas e obscurantistas.

Se por um lado César escolhe o termo tratado para criticar a contra corrente que insiste em colocar o con-hecimento cientifico em xeque, Peters prefere o formato de diagramas, esquemas, gráficos e circuitos, que, na historia do conhecimento, auxiliaram o homem a organizar o conhecimento e asseguraram a base para a compreen-são futura de suas aquisições, para abordar questões subjetivas. É o que ocorre em “Projeto para um grande resistor” e “Projeto para grande carburador”. No pri-meiro, Peters utilizou paginas do Livro Vermelho de Mao Tsé-Tung como papel de fundo para um grande desenho que imita um circuito elétrico, e, no segundo, o desenho para o projeto de um grande carburador sobrepõe notas sobre a Revolução Francesa.

U=R.I GUILHERME PETERS + HENRIQUE CESARFrom November 26 to December 20, 2013, Galeria Vermelho is presenting the exhibition U=RI, by Henrique Cesar and Guilherme Peters [rooms 1 and 2], and Ar-quitetura da Solidão [Architecture of Solitude] by Nicolás Bacal (room 3). On Vermelho’s façade, artist Felipe Salem is presenting the installation Para onde os mosquitos vão quando chove [Where Mosquitoes Go to When It Rains]. On the day the exhibitions open, TIJUANA bookstore is releasing posters by the artists Henrique Cesar and Guil-herme Peters, as well as the book Bloco by João Loureiro.

The modern era arose in the shadow of the ideals won by the French Revolution. The growth of the liberal democ-racies and republics around the world, the development of the modern ideologies, the sciences and the arts, the invention of total war, and, most significantly, man as a central character in this scene, were born during the revolution.

In the field of art, many artists nowadays are dedicated to researching about the unfoldings of modernism. There are those who prefer to investigate the 16th-century philo-sophical, ethical, aesthetic and political roots that led to the rise of the modern era and the full establishment and expansion of the liberal ideals in all the spheres of West-ern culture until today.

This investigatory procedure is evident in the exhibition U=RI proposed by the young artists Guilherme Peters and Henrique Cesar, and which also features a project for the gallery’s façade by Felipe Salem.

The exhibition’s title refers to the formula used in phys-ics for the measurement of electrical tension (voltage) between two points, and, in the case of this exhibition, re-veals a number of the procedures exercised by the artists in conceiving, elaborating and materializing their works.

This takes place in the way that the three artists have chosen to represent the human body.

In the case of the series of self-portraits Enxertos [Grafts] Antenas [Antennas] and Terra [Earth], by Hen-

rique Cesar, man, his physical needs, curiosities, original-ity and dominion over the forces of nature is the center of the exhibition, and, therefore, of the world, appearing turbocharged by technical artificialities suggested by antennas, in a mix between man and machine.

In the case of Guilherme Peters, repetition works as a tool to evidence man’s eternal search for overcoming the physical and intellectual limits of the body. In the perfor-mance Estudante [2012], which Peters will stage during the show, the repetition ad infinitum of a single movement refers, according to the artist himself, to the idea of the eminent failure of the entire process of knowledge. In the performance, the artist repeatedly tries to finish an observational drawing which, however, depends on physi-cal action to suspend books related to the history of art by means of a system of pulleys and cables connected like processes to his body.

For his part, Felipe Salem installed on Vermelho’s façade a ladder that can only be climbed by an observer without fear of heights. From the top of the ladder – about 5 me-ters from the ground – it is possible to look through a hole in the wall and see the inside of Room 2, on the gallery’s upper floor. The intrepid observer who dares to climb the five meters gains not only a unique perspective for observing the show, and the show’s visitors, but his/her physical effort will also be rewarded with a cup of water, accessible by means of a straw installed by Salem at the end of the ladder.

As the basis for the entire liberal economy, work arises in the modern era as a driving force that underpins all the transformations necessary for the full establishment of the modern. In Para onde os mosquitos vão quando chove there is a clear analogy created by Salem with the positiv-ist concept of work as a series of efforts expended by man with the aim of attaining a goal.

In 2010, Guilherme Peters embodied one of the main characters of modern history in the video Robespierre e a tentativa de retomar a revolução [Robespierre and the Attempt to Resume the Revolution]. In the installation, the

artist weaves a commentary about the origin of the Re-publican movement, which points to the impossibility of the revolutionary utopia to prosper in a world in which simple and repetitive tasks provoke “vertigo.”

In U=RI, the artist continues this research by presenting a set of works directly related to this theme, such as the installation Retrato de Robespierre, in which an image of the French revolutionary is printed by way of a continuous process of oxidation, which will transform the image.

A similar chemical process is used by Peters in the instal-lations Autodestruição dos direitos humanos [Self-De-struction of the Human Rights], Terra Santa [Holy Land] and Máquina para evocar o espírito de Joseph Beuys através de sua imagem [Machine to Evoke the Spirit of Joseph Beuys by Means of His Image]. In the first two works, the process of the oxidation of iron plates is con-stant and will lead to the complete transformation of the image of the 18th-century “Declaration of the Rights of Man and of the Citizen,” and, in the second, of a passage excerpted from the Torah which refers to the Promised Land, or present-day Palestine. For its part, in Máquina para evocar o espírito de Joseph Beuys através de sua imagem, which makes reference to the performance cre-ated by Peters in 2009, Beuys’s portrait and one of the artist himself were embossed side-by-side on a copper plate (Beuys), and an iron plate (Peters). Submersed in an aquarium, the plates will undergo a process of elec-trolysis, which will make the portrait of Peters, on the iron plate, incorporate particles of copper given off by the Beuys plate.

The obscurantism that the modern era tried to combat by way of scientific knowledge appears in the series Cata-cumbas [Catacombs] by Henrique Cesar. In the drawings, the artist presents images of underground catacombs located in the cities of São Paulo and Paris, alongside the video Endoscopia [Endoscopy], in which an endoscopic camera scrutinizes the interior of a skeleton, as well as the polyptych Radiografia de Parede [Wall X-Ray]. In the latter, Cesar presents what lies under the cement coating on walls, revealing his scientific interests concerning that

which is beneath the sidewalk, beneath the skin or even beneath the façade of walls.

A similar procedure of scrutiny appears in the video Ten-tativa de aspirar o grande labirinto [Attempt to Aspirate the Great Labyrinth], in which Peters used 3-D editing tools to create a virtual stroll within one of Helio Oiticica’s Metasquemas. In the work, Peters also appropriates the text “Brasil Diarréia,” written by Oiticica in 1970, which points to the dilution of the Brazilian constructive ele-ments.

To works such as Catacumbas, Endoscopia and Políptico Radiografia de Parede, Cesar counterposes his Tratado Anagógico [Anagogic Treatise]. The 1.8-meter-high draw-ing, similar to a giant chemical formula, uses technical tools with a very clear and specific role in the field of sci-ence to verify mystical and obscurantist meanings.

If on the one hand Cesar chooses the term “treaty” to criticize the countercurrent that insists on question-ing scientific knowledge, Peter prefers the format of diagrams, schemes, graphics and circuits, which, in the history of knowledge, helped man to organize knowledge and assured the basis for the future comprehension of his acquisitions, to approach subjective questions. This is what occurs in Projeto para um grande resistor [Project for a Large Resistor] and Projeto para grande carbura-dor [Project for a Large Carburetor]. In the first, Peters used pages from Mao Tse-tung’s Little Red Book as the backdrop for a large drawing that imitates an electrical circuit, and, in the second, the drawing for the design of a large carburetor is overlaid on notes about the French Revolution.

U=R.I, ou quanto maior a tensão aplicada maior a corrente. Gabriel ZimbardiPor que pensar em uma individual que, na verdade, reúne

trabalhos de dois artistas? O diálogo entre as produções de

Guilherme Peters e Henrique Cesar levou a Galeria Vermelho a

optar por apresentar os dois jovens artistas, em suas primeiras

exposições na galeria, de uma vez só, e no mesmo espaço. E

como o título da exposição coloca, acontece nesse encontro um

potencial duplo de carga elétrica circulando no encontro das

duas tensões, das duas pesquisas. A Lei de Ohm, usada para

calcular a necessidade de voltagem necessária para determinada

carga elétrica, foi pensada pelos dois como título afim de apontar

as qualidades de pesquisa plástica e conceitual coincidentes que

ambos partilham.

Em O Cânone, Henrique Cesar instalou um para-raios de

ponta cabeça na sala principal da galeria. Esse para-raios se

volta para uma poça de tinta nanquim, que se torna espelho

dessa situação. A montagem parece querer atrair do chão a

energia que viria normalmente do céu. Parece, portanto, querer

atrair a energia do espaço, e desse espaço específico que é

tradicionalmente um espaço da arte. Seria essa manobra uma

vontade do artista de absorver a energia acumulada por esse

espaço para sua obra? Ao mesmo tempo, a poça-espelho de

nanquim coloca o espectador na ponta superior do para-raios,

em sua posição habitual. Assim, aquele que observa a obra fica

no ponto de recepção da energia. Seria esse o esquema para

a arte na visão do artista? Uma troca de energia entre a obra,

o espaço que ela ocupa e quem olha? O cânone de Cesar é uma

definição de jogo na experiência de arte. É um circuito onde cada

parte é fundamental para a ocorrência da arte.

Um jogo similar é percebido nas peças de Peters. Em Father

Spirit, um conjunto de desenhos é organizado circularmente

e estruturado em ferro. O grupo é unido através de conexões

elétricas, por uma voltagem que percorre todo o perímetro e

faz acender um refletor de teatro que está ligado aos desenhos

e instalado em frente ao conjunto. A luz faz projetar sobre os

desenhos a sombra de uma escrita feita no vidro da moldura,

onde se lê trecho de Hamlet – obra seminal de W. Shakespeare

– onde o jovem príncipe se encontra com o fantasma de seu pai

enquanto procura os sentidos de sua própria existência. Trata-se

de uma aglomeração de evocações. A citação de Hamlet convoca

uma obra prima histórica onde o personagem principal acredita

que do encontro com o fantasma de seu pai morto poderá sair

completo mais uma vez; a energia elétrica chama o intangível

para o espaço (via energia obtida do próprio espaço), e o texto

projetado em sombra coloca o observador em posição ativa

perante a peça, fazendo-o se aproximar e decodificar a caligrafia

gerada pelo gesto do artista. Apresenta-se aí, mais uma vez, o

jogo implicado na arte de ambos os artistas. Sem a energia do

espaço, a sombra não é gerada, e, sem o espectador, o texto não

é entendido.

A energia que ambos pretendem atrair para suas peças pode

ser lida como vitalidade, como a vontade de aplicar potência ao

que se apresenta. Essa busca por potência pode ser lida na

qualidade “performática” que muitas das peças revelam. Em

“Máquina para Evocar o Espírito de Joseph Beuys”, Peters

instala, dentro de um aquário, duas placas de materiais ferrosos

distintos. Através de um processo de eletrolise, uma placa doa a

outra parte de sua matéria, fazendo revelar dois retratos, um do

próprio artista e outro de Joseph Beuys. A placa que doa matéria

apresenta o celebrado artista morto e a placa que recebe

matéria mostra o rosto de Peters, que parece, em seu semblante,

bastante satisfeito em receber materialmente uma carga vinda

de seu antecessor. Essa situação, contudo, satura-se em

determinado momento, cobrindo demasiadamente a peça com

o retrato do jovem e cavando por demais a placa com o retrato

do velho. Nesse momento as placas devem ser substituídas.

Esse aquário mostra situações que podem ser associadas à

performance, como finitude, narrativa e ocorrência dentro de um

espaço determinado de tempo.

Em seus muitos autorretratos feitos com guache sobre papel,

Cesar se mostra sempre com antenas, para-raios ou outros

aparatos de condução de energia implantados no corpo, como

quem busca insistentemente atrair algo perdido para si - um

dado que falta. Esses desenhos podem ser lidos como projetos

para performances, já que o corpo do artista é o veículo do

discurso.

Outra coincidência fundamental pode ser notada entre esses

dois grupos de trabalhos. Esses “projetos” de Cesar e a máquina

de Peters não vão cumprir seus papeis. Mesmo que pudessem

ser concluídas sem implicar em riscos físicos possivelmente

fatais para o artista, as ações retratadas por Cesar não o

fariam conduzir a energia almejada pelas antenas em seu corpo.

A máquina de Peters, embora ilustre a troca de matérias,

referencias e afins entre os dois artistas, não trará efetivamente

o espirito de Beuys para o trabalho - no máximo sua memória.

Essa qualidade patética, ou comovente, da busca dos dois por

uma validação externa de suas pesquisas aponta para uma

procura pelo lugar sensível da arte. É uma dicotomia entre a

abordagem conceitual que ambos partilham em relação a arte,

com o espírito afetivo que quer emocionar e ser emocionado.

Entre um olhar cerebral sobre o mundo - e suas relações - e

uma percepção que, embora se utilize da ciência, não é cientifica.

É possível que uma produção artística conceitual busque ser

invadida por valores antigos aplicados a arte como a chamada

aura? Em sua obra mais lida e comentada, A obra de arte na era

da sua reprodutibilidade técnica, Walter Benjamin discute novas

possibilidades artísticas decorrentes da reprodutibilidade técnica

que aparece no século XX com a era industrial - e em especifico

com a fotografia. No texto, o autor localiza na distância e na

reverência que cada obra de arte única impunha ao observador

da sociedade pré-moderna ou anterior, a qualidade de aura,

já que se compunha aí uma situação ritualística religiosa no

admirar de uma peça. Na sociedade moderna burguesa, a

aura caminhava junto com a distinção social que encharcava o

possuidor de uma obra (ou em maior escala aquele retratado por

um artista respeitado). Com o surgimento de outras formas de se

fazer arte, e de novo com a fotografia, a distinção entre original

e cópia perde o sentido, bem como o conceito de aura.

Sabe-se que ambos os artistas de U=R.I aceitam essa leitura, já

que ambos têm trabalhos editados, não únicos, e que em diversas

situações não dependem do gesto ou do trabalho direto de

execução do próprio artista. No entanto ambos discutem esses

dados. Ambos colocam o próprio rosto nos trabalhos, e o rosto é

a marca fundamental de cada individuo. Seria essa uma maneira

de trabalharem suas marcas, fixando sua figura no imaginário

do público, ou intentam despejar uma parte de si em cada peça,

entregando-as repletas com seus espíritos ou com os espíritos

de suas referencias?

TÉCNICA / TECHNIQUE

TÍTULO / TITLE

ANO / YEAR

DIMENSÕES / DIMENSIONS


PARA ONdE OS MOSQUITOS VãO QUANdO CHOVE

2013

escada de madeira, canudo de plástico e copo d’águaWOODEN LADDER, PLASTIC STRAW AND GLASS OF WATER

variadas / variable

ARTISTA/ARTIST fELIPE SALEM

TÍTULO / TITLE

ANO / YEAR

DIMENSÕES / DIMENSIONS


PARA ONdE OS MOSQUITOS VãO QUANdO CHOVE [VISãO INTERNA/ INSIdE VIEw]

2013

escada de madeira, canudo de plástico e copo d’águaWOODEN LADDER, PLASTIC STRAW AND GLASS OF WATER

variadas / variable

ARTISTA/ARTIST fELIPE SALEM

TENTATIVA dE ASPIRAR AO GRANdE LAbIRINTO

2013

VIDEO22’01”

TÍTULO/ TITLE

ANO/ YEAR

DURAÇÃO/DURATION

TÉCNICA/TECHNIQUE

ARTISTA/ARTIST GUILHERME PETERS

No vídeo, Peters tenta ler o texto Brasil Diarréia, de Helio Oiticica, enquanto, em um softwere de projeção 3d, cria um percurso por entre as partes de reproduções dos Metaesquemas produzidos por Oiticica.

O texto de grande repercurção no meio da arte brasileira, traz a seguinte analise no site do Itaú Cultural:

Texto contudente em que Hélio Oiticica critica um processo de diluição do “caráter” brasileiro e exige que se assuma uma posição crítica. Diagnostica um “policiamento” cultural feito pelas instituições. Segundo H.O., há uma “urgência” em criar esta “linguagem-Brasil”. Exige uma reformulação dos problemas locais dentro de um contexto universal, na qual a questão do consumo ocupa um lugar inalienável, tangenciando ainda o problema da “cultura de exportação”. Do meio para o fim do texto, H.O. se concentra na sua experiência pessoal como posição construtiva e remete à Tropicália e à sua proposição Subterrânia. Fala, por fim, da produção musical de Gilberto Gil e Caetano Veloso em Londres, assim como da Bossa Nova. “Diarréia”, em suma, significa a diluição dos elementos construtivos brasileiros.

ε CRU (dAS SéRIE CATACUMbAS)

2012

CARVÃO SOBRE PAPELCHARCoAL oN PAPER

215 x 158 cm

TÍTULO/ TITLE

ANO/ YEAR

DIMENSÕES/ DIMENSIONS

TÉCNICA/TECHNIQUE

GACRUx (dAS SéRIE CATACUMbAS)

2012

CARVÃO SOBRE PAPELCHARCoAL oN PAPER

214 x 158 cm

HENRIQUE CESARARTISTA/ARTIST HENRIQUE CESAR

fATHER SPIRIT

2013

NANQUIM E GRAFITE SOBRE PAPEL, FERRO, CABOS, VIDRO E REFLETORINdIA INk ANd GRAPHITE oN PAPER, IRoN, CAbLES, GLASS ANd REfLECToR

variáveis/variable

TÍTULO/ TITLE

ANO/ YEAR


TÉCNICA/TECHNIQUE


CROQUI dE PANE

2011

ACRÍLICA SOBRE TELAACRYLIC oN CANVAS

354 X 258 CM

TÍTULO/ TITLE

ANO/ YEAR


TÉCNICA/TECHNIQUE

ARTISTA/ARTIST HENRIQUE CESAR

TÍTULO/ TITLE

ANO/ YEAR


TÉCNICA/TECHNIQUE

bUSTO (NEfERTITI)

2012

TINTA ACRÍLICA SOBRE GARRAFA DE PLáSTICOACRYLIC PAINT oN PLASTIC boTTLE

22x15x27cm


O CâNONE

2013

PARA-RAIOS E TINTA NANQUIMLIGHTNING Rod ANd INdIA INk

variáveis/variable

TÍTULO/ TITLE

ANO/ YEAR


TÉCNICA/TECHNIQUE


RAdIGRAfIAS dE PAREdE

2013

REVELADOR E FIXADOR SOBRE FILME OCCLUSAL E VIDRODEVELOPER AND FIXER ON OCCLUSAL FILM AN GLASS

120X61CM

TÍTULO/ TITLE

ANO/ YEAR


TÉCNICA/TECHNIQUE


EU QUERO SER A MELHOR fORMA POSSÍVEL

2013

TINTA ISOLANTE, FERRO, FIOS E MONITORINSULATING INk, IRoN, wIRES ANd MoNIToR

variáveis/variable

TÍTULO/ TITLE

ANO/ YEAR


TÉCNICA/TECHNIQUE


ENdOSCOPIA

2011

VÍDEOVIdEo

9’55’’

TÍTULO/ TITLE

ANO/ YEAR

DURAÇÃO/DURATION

TÉCNICA/TECHNIQUE


PROjETO PARA GRANdE CARbURAdOR

2013

TINTA NANQUIM E GRAFITE EM ANOTAÇÕES DO ARTISTA SOBRE A REVOLUÇÃO FRANCESA, BATERIA DE CARRO, RECARREGADOR DE BATERIA DE CARRO E CIRCUITO ELÉTRICOINdIA INk ANd GRAPHITE NoTES oN THE ARTIST oN THE fRENCH REVoLUTIoN, CAR bATTERY, CAR bATTERY CHARGER ANd ELECTRIC CIRCUIT

123 x 152,5 x 7 cm

TÍTULO/ TITLE

ANO/ YEAR


TÉCNICA/TECHNIQUE


jURAMENTO à SOMbRA dA REPúbLICA

2013

GRAFITE SOBRE PAPEL, ESCRITA SOBRE VIDRO, REFLETOR, TRIPÉ PARA LUZ E FIOS ELÉTRICOS.GRAPHITE oN PAPER, wRITING oN GLASS, REfLECToR, TRIPod foR LIGHT ANd ELECTRICAL wIRES.

112 x 132 x 7 cm

TÍTULO/ TITLE

ANO/ YEAR


TÉCNICA/TECHNIQUE


TERRA SANTA

2013

OXIDAÇÃO EM CHAPA DE FERRO SERIGRAFADA, FIOS ELÉTRICOS, FERRO DE SOLDA, TORá, PEDESTAL PARA MICROFONE E PEDESTAL PARA PARTITURA

oxIdATIoN of SCREEN PRINTEd IRoN SHEET, wIRES, SoLdERING IRoN, ToRAH ANd MUSIC SHEET STANd

variáveis/variable

TÍTULO/ TITLE

ANO/ YEAR


TÉCNICA/TECHNIQUE


jURAMENTO à SOMbRA dA REPúbLICA

2013

GRAFITE SOBRE PAPEL, SERIGRAFIA SOBRE VIDRO, REFLETOR, TRIPÉ PARA LUZ E FIOS ELÉTRICOSGRAPHITE oN PAPER, SCREEN PRINTING oN GLASS, REfLECToR, TRIPod foR LIGHT ANd ELECTRICAL wIRES

112 x 132 x 7 cm

TÍTULO/ TITLE

ANO/ YEAR


TÉCNICA/TECHNIQUE


TITLE

YEAR

DIMENSIONS

TECHNIQUE

PêNdULO

2013

GUACHE SOBRE PAPELGoUACHE oN PAPER

69 x 34 cm


TITLE

YEAR

DIMENSIONS

TECHNIQUE

ANTENA I

2013


28cm x 22cm


TITLE

YEAR

DIMENSIONS

TECHNIQUE

ANTENA V

2013


88 x 51,8 cm


TITLE

YEAR

DIMENSIONS

TECHNIQUE

ANTENA VI

2013


105 x 64,5 cm


TITLE

YEAR

DIMENSIONS

TECHNIQUE

ARTISTA/ARTIST

INfILTRAçãO

2013

FIO DE COBRE, ARAME GALVANIZDO, FOLHA DE ZINCO E SUPERBONDERCoPPER wIRE, GALVANIzEd wIRE, zINC SHEET ANd SUPER GLUE

88 x 51,8 cm

U=R.I, GALERIA VERMELHO

MáQUINA PARA EVOCAR O ESPÍRITO dE jOSEPH bEUyS ATRAVéS dE SUA IMAGEM

2013

RECIPIENTE DE VIDRO, áGUA DESTILADA, CHAPA DE FERRO SERIGRAFADA (COM RETRATO DO ARTISTA), CHAPA DE COBRE SERIGRAFADA (COM RETRATO DE JOSEPH BEUYS), CABOS ELÉTRICOS E FONTE VARIáVEL GLASS CoNTAINER, dISTILLEd wATER, SCREEN PRINTEd IRoN SHEET (wITH PoRTRAIT of THE ART-IST), SCREEN PRINTEd CoPPER PLATE (wITH PoR-TRAIT of JoSEPH bEUYS), ELECTRICAL CAbLES ANd VARIAbLE ELETRICAL SoURCE

variáveis/variable

TÍTULO/ TITLE

ANO/ YEAR


TÉCNICA/TECHNIQUE


TÍTULO/ TITLE

ANO/ YEAR

DIMENSÃO/DIMENSIONS

TÉCNICA/TECHNIQUE

TRATAdO CALIGRAfICO

2013

GUACHE E LáPIS CONTÉ SOBRE PAPELGoUACHE ANd CoNTé PENCIL oN PAPER

230 x 100 cm


RETRATO dE RObESPIERRE

2012

OXIDAÇÃO EM CHAPA DE FERRO, TINTA ISOLANTE, FIOS ELÉTRICOS, MICROFONE, AMPLIFICADOR E PEDESTAL DE MICROFONE

RUST oN IRoN PLATE, INSULATING PAINT, ELECTRICAL wIRES, MICRoPHoNE, AMPLIfIER ANd MICRoPHoNE STANd

variáveis/variable

TÍTULO/ TITLE

ANO/ YEAR


TÉCNICA/TECHNIQUE


Guilherme PetersSão Paulo,1987Vive e trabalha em São Paulo / Lives and Works in São Paulo

Exposições Individuais / Solo Shows2013- U=RI – Galeria Vermelho – São Paulo - Brasil2011- Palácio da Eternidade e a Valsa dos Esquecidos – Palácio das Artes – Belo Horizonte – MG – Brasil

Exposições Coletivas / Group Shows2013-Verbo 2013: mostra de performance arte [9ª edição] – Galeria Vermelho – São Paulo – Brazil2012- Red Bull House of Art – Red Bull Station – São Paulo – Brasil- Paraty em Foco 2013 – Paraty – Brasil- 1a Bienal de Montevideo: El Gran Sur - Fundacion Bienal de Montevideo – Montevideo – Uruguai- Da próxima vez eu fazia tudo diferente – Pivô / COPAN – São Paulo – Brasil- É preciso confrontar as imagens vagas com os gestos claros – Oficina Cultural Oswaldo de Andrade – São Paulo – Brasil- Verbo 2012 / Programa I – Galeria Vermelho – São Paulo – Brasil- Gravura em campo expandido – Pinacoteca do Estado – São Paulo – Brasil- Além da Forma: Plano, matéria, espaço e tempo - Instituto Figueiredo Ferraz – Ribeirão Preto – Brasil- FLAM III [Forum of Live Art Amsterdam] – Arti et Amicitiae – Amsterdam – Holanda - Panoramas do Sul - 17° Festival Internacional de Arte Contemporânea SESC Videobrasil [itinerancia] – Ilhas Maurício- Panoramas do Sul / 17º Festival Internacional de Arte Contemporânea SESC_Videobrasil [itinerancia] – SESC Campinas – Campinas – São Paulo - Brasil - Panoramas do Sul / 17º Festival Internacional de

Arte Contemporânea SESC_Videobrasil [itinerancia] – SESC São José do Rio Preto - São José do Rio Preto –Brasil- Panoramas do Sul / 17º Festival Internacional de Arte Contemporânea SESC_Videobrasil [itinerancia] – SESC Santos - Santos –Brasil2011- Contra a Parede – Galeria Vermelho – São Paulo – Brasil- Panoramas do Sul - 17° Festival Internacional de Arte Contemporânea Videobrasil – SESC Belenzinho - São Paulo – SP- Brasil– 8ª Bienal do Mercosul: Ensaios de Geopoéticas – Porto Alegre - Brasil2010-Nada se Ensaia: procura-se a Falha - Galeria Mendes Wood- São Paulo - Brasil - Red Bull House of Art - São Paulo - Brasil- 20 Poucos Anos - Galeria Baró - São Paulo - Brasil- À Sombra do Futuro - Instituto Cervantes - São Paulo - Brasil - Prêmio EDP nas Artes - Instituto Tomie Ohtake - São Paulo - Brasil - Verbo 2010 - Galeria Vermelho - São Paulo - Brasil - Aluga-se - São Paulo - Brasil - VÃO- Galeria Vermelho - São Paulo - Brasil - Experiência Hélio Oiticica - Itaú Cultural - São Paulo - Brasil2009- Verbo 2009- Galeria Vermelho - São Paulo - Brasil 2008 - 40ª Anual de Arte FAAP - Fundação Armando Alvares Penteado [FAAP] - São Paulo – Brasil

Residências / Artistic Residences2012- URRA – Residencia de Arte de Buenos Aires – Buenos Aires – Argentina

Coleções Privadas abertas ao Público / Private Collections open to the Public- Coleção Figueiredo Ferraz – Ribeirão Preto – Brasil

Henrique CésarSão Paulo, SP, 1987.Vive e trabalha em São Paulo, Brasil / Lives and works in São Paulo, Brazil

Exposições Individuais / Solo Shows

2013- U=RI – Galeria Vermelho – São Paulo - Brasil

Exposições Coletivas / Group Shows

2013- Red Bull House of Art – Red Bull Station – São Paulo – Brasil- Oásis - Casa do Povo/TeTo Projects - São Paulo - Brasil- 44a Anual de Artes - Fundação Armando Alvares Penteado [FAAP] - São Paulo - Brasil 2012- É preciso confrontar as imagens vagas com gestos claros - Oficina Cultural Oswald de Andrade - São Paulo - Brasil - Prêmio EDP nas Artes - Instituto Tomie Ohtake - São Paulo - Brasil - Programa de Exposições - Museu de Arte de Ribeirão Preto [MARP] – Ribeirão Preto - Brasil 2011- O desvio é o alvo – Entretanto [1a Edição] - São Paulo - Brasil- Wabi-Sabi - Galeria Mendes Wood - São Paulo - Brasil2010- Trial run for a thriller - TeTo Projects – Amsterdam - Holanda- Red Bull House of Art [Segunda Edição] - São Paulo - Brasil - EX-IT (Exposição Itinerante) - Espira La Espora - Museo de Arte de El Salvador [MARTE] - San Salvador - El Salvador; Alianza Francesa, Managua - Nicaragua; Centro Cultural de España, Guatemala City - Guatemala; Centro Cultural de España,

Tegucigalpa - Honduras; Institute of Mexico in San Jose, Costa Rica.2009- Ateliê Aberto #1 - Espaço para investigação artística Casa Tomada - São Paulo - Brasil 2008- Grupo Anarcademia - 28a Bienal de São Paulo, Pavilhão da Bienal – São Paulo – Brasil2007- Espaços Plurais - Casa do Lago [UNICAMP] – Campinas - Brasil

Residências / Residencies2012- Anarcademia. TeTo Projects, W139 & De Kunstvlaai - W139 Kunstvlaai. Amsterdam, Holanda. 2011/2012- Cité Internationale des Arts – Paris - França2009- RAPACES - EspIRA La Espora – Granada - Nicarágua

Prêmios / Prizes2012- 44o Salão de Arte Contemporânea de Piracicaba [Prêmio aquisitivo Câmara dos Vereadores de Piracicaba 2012] – Piracicaba - Brasil2007- 38a Anual de Artes [Prêmio de 2° lugar] - Fundação Armando Alvares Penteado [FAAP] - São Paulo - Brasil

Coleções / Collections- Museu de Arte Brasileira [MAB] – São Paulo - Brasil

VERMELHO

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NICoLáS bACALARQUITETURA DA SOLIDÃO

Embora pertença à mesma geração de César, Peters, e Salem, Nicolas Bacal [28] nasceu, vive e trabalha em Buenos Aires. “Arquitetura da solidão”, sua primeira individual na Vermelho, parece ter sido elaborada em perfeita sintonia com a idéia de acerto e de fracasso que permeia U=RI, com a qual divide o espaço da galeria.

A serie de xilogravuras “Arquitetura da Solidão”, que dá titulo a exposição, é uma intervenção sobre as páginas do atlas “The Cambridge Star”, composta por comentários e anotações como um bloco de notas sobre as imagens da Via Láctea. O resultado dessa combinação é esculpido sobre placas de compensado e estampadas em papel offset com tinta na cor cyan manualmente. Nesse caso, os veios da madeira e a dimensão original da placa de compensado constituem uma terceira interferência sobre a imagem original. O resultado são impressões de 180 x 250 cm, de todo o céu possível de ser visto a partir da Terra, onde o artista agrega o erro, a falha e a imprecisão.

Citado e recitado em contextos e circunstancia distintas, no âmbito das artes visuais, da arquitetura, da astronomia, da ética, da política e da economia, a herança do Modernismo continua a representar um dos temas principais na pauta da arte atual. A confirmação do seu fracasso é evidente, mas, como sugerido por Bacal, César, Peters e Salem, é na aceitação do fracasso dos ideais modernistas que reside o espaço para a ressignificação e subversão do terreno para o futuro.

ARQUITETURA dA SOLIdãO NICOLáS bACAL

Although he belongs to the same generation as Cesar, Peters, and Salem, Nicolas Bacal (28) was born, lives and works in Buenos Aires. Arquitetura da solidão [Architecture of Solitude], his first solo show at Vermelho, seems to have been elaborated in perfect tune with the idea of knowledge and failure that pervades U=RI, with which it shares the gallery space.

The series of woodcuts Arquitetura da Solidão, which lends its title to the exhibition, is an intervention on the pages of The Cambridge Star Atlas, composed of comments and annotations in the form of a notebook about the images of the Milky Way. The result of this combination is sculpted on plywood boards and offset printed on paper manually with cyan colored ink. In this case, the grains of the wood and the original size of the plywood board constitute a third interference on the original image. The result is prints of the entire sky visible from Earth, in 180 x 250-cm format, to which the artist adds error, mistake and imprecision.

Cited and recited in various contexts and circumstances, in the field of the visual arts, architecture, astronomy, ethics, politics and the economy, the legacy of modernism continues to represent one of the main themes of current art. The confirmation of its failure is evident, but, as suggested by Bacal, Cesar, Peters and Salem, it is the acceptance of the failure of the modernist ideals that provides the space for the re-signification and subversion of the terrain for the future.

ARQUITETURA dA SOLIdãO NICOLáS bACAL

TÍTULO/ TITLE

ANO/ YEAR


TÉCNICA/TECHNIQUE

SEM TÍTULO/ UNTITLEd2008

BARRA DE METAL ROSQUEADA E ENCAPADA COM CABO TERMOCONTRáTIL, RÉGUA DE TOMADA, PLUGUES, LâMPADAS FLUORESCENTES COM SUPORTE DE ALUMÍNIO, REATORES E FIO DE NYLONTHREAdEd METAL bAR boUNdEd IN TERMoCoNTRáTIL CAbLE, SoCkETS, PLUGS, fLUoRESCENT LAMPS wITH ALUMINUM SUPPoRT, REACToRS ANd NYLoN THREAd

230 x 100 cm

TÍTULO/ TITLE

ANO/ YEAR


TÉCNICA/TECHNIQUE

SEM TÍTULO/ UNTITLEd2013

IMPRESSÃO COM TINTA PIGMENTADA MINERAL SOBRE PAPELINkJET oN PAPER

230 x 100 cm

TÍTULO/ TITLE

ANO/ YEAR


TÉCNICA/TECHNIQUE

LA ARQUITECTURA dE LA SOLEdAd 172013

XILOGRAFIA SOBRE PAPELwoodCUT oN PAPER

230 x 100 cm

TÍTULO/ TITLE

ANO/ YEAR


TÉCNICA/TECHNIQUE



230 x 100 cm

Nicolás bacalBuenos Aires, 1985Reside e trabalha em Buenos Aires [Argentina] / Lives and works in Buenos Aires [Argentina].

Exposições Individuais/ Solo Exhibitions2013- Arquitetura da Solidão – Galeria Vermelho – São Paulo – Brasil- La Gravidad de mi orbita Alrededor tuyo - Centro Cultural Rector Ricard Rojas – Buenos Aires – Ar-gentina2012- PSR B1718-19 - Galeria Alberto Sendros – Bue-nos Aires – Argentina2011- LOLDESUWTF, en colaboración con Carlos Huff-mann y Martín Bernstein - Galería Mite - Buenos Aires - Argentina2010- 31536000 órbitas por año - Galeria Alberto Send-ros – Buenos Aires - Argentina2009- L’infini avec toi - JTM Art Gallery – Paris - França2008- La distancia entre un segundo y el latido de mi corazón - Galeria Alberto Sendros – Buenos Aires - Argentina

Exposições Coletivas/Group Exhibitions2013- Se o tempo for favorável - 9ª Bienal do Mercosul- Porto Alegre – Brasil- Queremos ver – Fundação PROA – Buenos Aires - Argentina2012- When Attitudes Became Form Become Attitudes - CCA Wattis Institute for Contemporary Art – San Francisco – EUA - Sin Caos no hay Cosmos – El Mirador Espacio – Buenos Aires – Argentina- Expansivo – Galeria Vermelho – São Paulo – Brasil- Artes Y Nuevas Tecnologias – Premio MAMBA -

7ta edición - Espacio Fundación Telefónica de Ar-gentina – Buenos Aires – Argentina-Sin caos no hay cosmos - El Mirador Espacio - Buenos Aires – Argentina- Últimas Tendencias II (Donaciones Suspendidas) - Museo de Arte Moderno de Buenos Aires - Buenos Aires - Argentina2011- Variaciones Tecnológicas – MACRO – Rosario – Argentina - Untitled (12ª Bienal de Istambul) – Istambul – Turquia - LOLDESUWTF – Mite Galeria – Buenos Aires – Argentina- Premio Salón Nacional de las artes. Nuevos so-portes e Instalación. Palais de Glace – Buenos Aires – Argentina2010- Premio Salón Nacional de las arte – Fotografía - Palais de Glace – Buenos Aires - Argentina- Continuidad de los Campos Magnéticos - Galeria Jardín Oculto - Buenos Aires - Argentina- El amor en los tiempos de cólera - Galeria Arte X Arte - Buenos Aires – Argentina2009-Argentrash - Fondo Nacional de las Artes - Bue-nos Aires – Argentina-El futuro ya no es lo que era - Imago - Buenos Aires – Argentina2008- Tercer Cruce córdoba- Buenos Aires - Argentina- Una cierta melancolia - Galeria Alberto Sendros – Buenos Aires - Argentina- Art and New technologies - MAMBA Fundação Telefonica– Buenos Aires – Argentina

Prêmios/Awards2012- Premio Itaú [menção especial] - Buenos Aires – Argentina2011Salón Nacional de las Artes [menção do juri] - Bue-nos Aires - Argentina

- MAMBA Fundação Telefonica 8° edición [Terceiro premio] - Fundación Telefónica - Buenos Aires - Argentina2009- MAMBA Fundação Telefonica – Buenos Aires - Argentina2007- Foundation Klemm Award - Buenos Aires – Argen-tina- Digital Paradigm Award – Buenos Aires – Argen-tina2006- MAMBA Fundação Telefonica – Buenos Aires – Argentina

bolsas de Estudo/Scholarships2012- Programa de Artistas - Universidad Torcuato Di Tella - Buenos Aires - Argentina2009- Centro de Investigaciones Artísticas - Buenos Aires - Argentina2007Programa de tutorías - Centro Cultural Rojas Fun-dación - Buenos Aires - Argentina

Coleções Privadas / Private CollectionsKadist Collection – Paris – FrançaCisneros Fontanals Art Foundation [CIFO] - EUA

vermelho guilherme peters henrique cesar · ao seu corpo, livros relacionados à historia da arte....

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