ventos disciplina: fundamentos de meteorologia – eam 10 instituto de recursos naturais –...

38
Ventos Disciplina: Fundamentos de Meteorologia – EAM 10 Instituto de Recursos Naturais – Universidade Federal de Itajubá Prof. Marcelo de Paula Corrêa

Upload: internet

Post on 18-Apr-2015

128 views

Category:

Documents


10 download

TRANSCRIPT

Page 1: Ventos Disciplina: Fundamentos de Meteorologia – EAM 10 Instituto de Recursos Naturais – Universidade Federal de Itajubá Prof. Marcelo de Paula Corrêa

Ventos

Disciplina: Fundamentos de Meteorologia – EAM 10Instituto de Recursos Naturais – Universidade Federal de Itajubá

Prof. Marcelo de Paula Corrêa

Page 2: Ventos Disciplina: Fundamentos de Meteorologia – EAM 10 Instituto de Recursos Naturais – Universidade Federal de Itajubá Prof. Marcelo de Paula Corrêa

O que chamamos de vento ?

Quaisquer movimentos do ar atmosférico, que ocorrem naturalmente no interior do fluido, à superfície ou a grandes alturas, podem ser designados genericamente como VENTO!

No entanto, o VENTO é usualmente medido apenas pelas componentes horizontais de sua velocidade. Estas componentes são importantes para o mecanismo termodinâmico da atmosfera já que são eficientes para transportar calor, massa e momento.

A componente vertical, importante para formação de nuvens e precipitação, são geralmente determinadas a partir das componentes horizontais. A grande dificuldade para medi-la ou estimar as componentes verticais está na ordem de grandeza, cerca de 1000 vezes menor que as horizontais. Portanto, é útil separar o componente horizontal do vento (leste-oeste e norte-sul) do componente vertical (para cima e para baixo).

As forças atuando sobre parcelas de ar são:

1) força do gradiente de pressão;

2) força de Coriolis;

3) força centrífuga;

4) a força de atrito; e

5) a força da gravidade.

Page 3: Ventos Disciplina: Fundamentos de Meteorologia – EAM 10 Instituto de Recursos Naturais – Universidade Federal de Itajubá Prof. Marcelo de Paula Corrêa

Conceitos básicos

Velocidades linear (v) e angular ()

Sv

v

r

t e

t

Sv

rv

dt

dr

dt

dS

t

Slim0t

tr

t

S rS Como

0t

Força centrípeta (Fcp)

Lembrete!!! 1a Lei de Newton v = constante se F=0

v1v2

rv

vv1 v2

|v1| |v2|=

Page 4: Ventos Disciplina: Fundamentos de Meteorologia – EAM 10 Instituto de Recursos Naturais – Universidade Federal de Itajubá Prof. Marcelo de Paula Corrêa

Conceitos básicos

Força centrípeta (Fcp)

v

a

t vta

v1

v2

at

v1v2

rr-a : vetorialforma na ,ou

r

vrva então

dt

d

tlim

2

22

0t

v1=v2=v

Conservação do momento angular (L)

a=acp + at

O momento angular (L) de uma partícula em relação a um referencial é o produto vetorial do vetor posição (r) pela quantidade de movimento (p) da dita partícula

L = r X p onde: p = mv e L é perpendicular a r e p

Lei da conservação do momento angular: O momento angular de um sistema permanece constante, a menos que seja aplicado um torque externo a esse sistema.

Page 5: Ventos Disciplina: Fundamentos de Meteorologia – EAM 10 Instituto de Recursos Naturais – Universidade Federal de Itajubá Prof. Marcelo de Paula Corrêa

Conceitos básicos

Conservação do momento angular (L)

r=Rt cos

Rt

v

L

r

L=r X mv = r m v sen (90°) j

L = r v (módulo por unidade de massa)

ou então…. L = r2

r v

L = Rt2 cos2

Exemplo: Uma parcela de ar no equador em repouso em relação à superfície (v= Rt).

Se essa parcela é forçada a se deslocar para os pólos por meio de uma força dirigida para o eixo de rotação ela chegará a latitude com velocidade v’=v/cos . Portanto terá uma velocidade cada vez maior na direção L-O à medida que se desloca para os pólos.

xx

yz

Page 6: Ventos Disciplina: Fundamentos de Meteorologia – EAM 10 Instituto de Recursos Naturais – Universidade Federal de Itajubá Prof. Marcelo de Paula Corrêa

Forças fundamentais que atuam na atmosfera

Força do gradiente de pressão (FGP)

x

p1

m

F Vm como

Vx

pxS

x

pSx

x

pppSFFF

Sxx

ppF pSF

xx

ppp pp Se

x

axbxx

axbx

ab

FaxFbx

z

x

y

(xo,yo,zo)V=xyz

Como o mesmo pode ser escrito para as dimensões y e z, temos:

p1

m

F k

z

pj

y

pi

x

p1

m

F GPGP

gradiente de pressãorepresenta a variação de uma grandeza escalar no espaço

p representa um vetor em O, dirigido de B para A, portanto com força de A para B.

Page 7: Ventos Disciplina: Fundamentos de Meteorologia – EAM 10 Instituto de Recursos Naturais – Universidade Federal de Itajubá Prof. Marcelo de Paula Corrêa

Exemplo:BRISA MARÍTIMA

Page 8: Ventos Disciplina: Fundamentos de Meteorologia – EAM 10 Instituto de Recursos Naturais – Universidade Federal de Itajubá Prof. Marcelo de Paula Corrêa

Forças fundamentais que atuam na atmosfera

Gravidade real e efetiva

(atração mútua entre os corpos)

2

g

2gr

GM

m

F*g

r

GMmF

Se a Terra está em rotação, a força indicada numa balança é geralmente menor, em virtude do efeito centrífugo da rotação. Portanto, a gravidade efetiva é simplesmente a soma da gravidade real (g*) com a aceleração centrífuga

g = g* + 2 r Ao nível do mar e 45° de latitude: g = 9,80616 m/s2

Page 9: Ventos Disciplina: Fundamentos de Meteorologia – EAM 10 Instituto de Recursos Naturais – Universidade Federal de Itajubá Prof. Marcelo de Paula Corrêa

Forças fundamentais que atuam na atmosfera

Forças de fricção ou viscosas

L

AuF o

r

u(0)=0

u(1)=uo

u(z)

uo

z = 1

z = 0

L fluido incompressível

fixa

A força tangencial aplicada sobre a placa superior (Fr) e capaz de mantê-la em M.U. é diretamente proporcional a área da placa e inversamente proporcional a distância entre as mesmas:

Obs.: Para que o M.U. seja mantido cada camada horizontal deve exercer a mesma força que a imediatamente inferior. Conseqüentemente, tomando o limite (z0), pode-se escrever a força viscosa por unidade de área Tensão de Cisalhamento (TC).

)0(z)1(z

)0(u)1(ulim

z

ulim

z

u

:ondez

u

A

F

0z0z

zxr

zx expressa a componente da TC na direção x,

em razão do cisalhamento de escoamento do fluido na direção z.

Isto é, representa o transporte de momento de cima para baixo em virtude do movimento aleatório das moléculas

xx

yz

Page 10: Ventos Disciplina: Fundamentos de Meteorologia – EAM 10 Instituto de Recursos Naturais – Universidade Federal de Itajubá Prof. Marcelo de Paula Corrêa

Forças fundamentais que atuam na atmosfera

Forças de fricção ou viscosas – continuação

z

u

A

Fzx

r

é aplicada para um escoamento bi-dimensional,

incompressível e em estado permanente

Para o caso transiente, tem-se:2

2

zxz

u

z

1

onde: == coef. visc. cinemática

Se considerarmos todas as direções:

vF 2r

vKF 2

r

processos moleculares

processos turbulentos

2

2

2

2

2

22

zyx

operador Laplaceano

Page 11: Ventos Disciplina: Fundamentos de Meteorologia – EAM 10 Instituto de Recursos Naturais – Universidade Federal de Itajubá Prof. Marcelo de Paula Corrêa

Forças fundamentais que atuam na atmosfera

Força de Coriolis (Fco)

Movimento inercial como visto de um sistema newtoniano (linha reta) e de um sistema em rotação (linha curva). Exemplo: uma parcela de ar que se move na atmosfera com um movimento relativo à superfície da Terra.

A força de Coriolis atua perpendicular ao vetor velocidade (relativo ao sistema em rotação – Terra), podendo apenas mudar a trajetória da partícula e jamais a velocidade

Fco atua à direita de v no HNe à esquerda de v no HS

PN

Deflexão que ocorre no deslocamento Oeste-Leste

Deflexão que ocorre no deslocamento Norte-Sul

Surge como conseqüência de observarmos os movimentos do ar num sistema de coordenadas não inercial, isto é, um sistema de coordenadas fixo sobre a superfície, que gira com ela

ΩTerra = 7,292 x 10-5 s-1

Page 12: Ventos Disciplina: Fundamentos de Meteorologia – EAM 10 Instituto de Recursos Naturais – Universidade Federal de Itajubá Prof. Marcelo de Paula Corrêa

Forças fundamentais que atuam na atmosfera

Força de Coriolis (Fco) – expressão matemática

R

R

u

R

Ru2RR

R

u2

22

2Força centrífuga total que atua

sobre a partículapor unidade de massa

=

u << R

aceleração centrífuga devidaexclusivamente à rotação forças defletoras que atuam

perpendicularmente ao eixo de rotação

Considerando uma parcela de ar deslocando de Oeste para Leste com velocidade u em relação à superfície, a velocidade angular da Terra e R o vetor que liga o eixo de rotação à parcela:

R

Ru2

m

Fco

sua ação é perpendicular ao vetor velocidade !!! 2u cos

2u sen

R

aN-S= (dv/dt)co = – 2u sen

avertical = (dw/dt)co = 2u cos

A parcela que se desloca deLeste Oesteterá:

Fco/m

PN

Page 13: Ventos Disciplina: Fundamentos de Meteorologia – EAM 10 Instituto de Recursos Naturais – Universidade Federal de Itajubá Prof. Marcelo de Paula Corrêa

Forças fundamentais que atuam na atmosfera

Força de Coriolis (Fco) – expressão matemática

Suponha agora que uma parcela se desloca ao longo de um meridiano, do pólo para o equador. Como não existem torques de leste oeste, então: R2 = constante!!!

Se R aumenta, então vai diminuir e será desviada de leste para oeste

aL-O= (du/dt)co = 2v sen = 2 fv v velocidade (spf) ao longo de um meridiano

De modo semelhante, uma partícula lançada para cima adquirirá em razão de Coriolis uma aceleração zonal (ao longo de um paralelo) igual a – 2 w cos , onde w é a componente vertical da velocidade da partícula (em relação à spf). Portanto, no caso geral, a Fco contribuirá para acelerar o ar em diversas direções:

aL-O= (du/dt)co = 2v sen – 2w cos

aN-S= (dv/dt)co = – 2u sen

avertical = (dw/dt)co = 2u cos

Fco= – 2 X v

v =u i + v j + w k

Page 14: Ventos Disciplina: Fundamentos de Meteorologia – EAM 10 Instituto de Recursos Naturais – Universidade Federal de Itajubá Prof. Marcelo de Paula Corrêa

Forças fundamentais que atuam na atmosfera

Força de Coriolis – quantitativamente

Imaginemos um foguete lançado do Polo Norte para um alvo no equador (Fig. 7.6). Se o foguete leva 1 hora para atingir o alvo, a Terra terá girado 15° para leste durante o vôo. Para alguém fixo sobre a Terra pareceria que o foguete desviou sua rota e atingiu a Terra 15° a oeste de seu alvo. Na realidade, a trajetória do foguete foi reta e assim seria vista por um observador fixo no espaço. Foi a rotação da Terra que produziu, para um observador na Terra, a aparente deflexão. Note que o foguete foi desviado para a direita de seu percurso devido à rotação anti-horária do HN (visto do espaço). Rotação horária do HS (visto do espaço) produz desvio para a esquerda.

Page 15: Ventos Disciplina: Fundamentos de Meteorologia – EAM 10 Instituto de Recursos Naturais – Universidade Federal de Itajubá Prof. Marcelo de Paula Corrêa

Forças fundamentais que atuam na atmosfera

Força de Coriolis – qualitativamente

V = 15 m/sΩ = 7,292 x 10-5 s-1

Φ = 40°

Fco = 1,41 x 10-3 N/kg (m/s2)

Obs: a Força de Coriolis depende da latitude, sendo nula no

equador e máxima nos pólos (A rotação do nosso sistema de referência é máxima nos pólos e diminui com a latitude, até anular-se no equador).

A Força de Coriolis só é “sentida” em escalas de tempo de duração comparável à rotação da Terra.

Page 16: Ventos Disciplina: Fundamentos de Meteorologia – EAM 10 Instituto de Recursos Naturais – Universidade Federal de Itajubá Prof. Marcelo de Paula Corrêa

Forças fundamentais que atuam na atmosfera

Uma vez conhecidas as forças fundamentais, temos que:

Fdt

vd

onde v representa a velocidade de uma parcela de ar em relação à superfície da Terra

rFgp1

v 2dt

vd

Expressando a equação acima em suas 3 componentes

ux

p1cosw2sen v2

z

uw

y

uv

x

uu

t

u 2

vy

p1sen u2

z

vw

y

vv

x

vu

t

v 2

wgz

p1cosu2

z

ww

y

wv

x

wu

t

w 2

zonal

meridional

vertical *

Page 17: Ventos Disciplina: Fundamentos de Meteorologia – EAM 10 Instituto de Recursos Naturais – Universidade Federal de Itajubá Prof. Marcelo de Paula Corrêa

Forças fundamentais que atuam na atmosfera

zz

Ty

y

Tx

x

Tt

t

TT

derivada local derivada total

z

Tw

y

Tv

x

Tu

t

TT

Dividindo por t e fazendo t 0

Tvt

TT

advecção

Page 18: Ventos Disciplina: Fundamentos de Meteorologia – EAM 10 Instituto de Recursos Naturais – Universidade Federal de Itajubá Prof. Marcelo de Paula Corrêa

Principais tipos de ventos Vento geostrófico

Vento geostrófico: Escoamento horizontal, uniforme, paralelo às isóbaras e ocorre nos níveis superiores da atmosfera, onde os efeitos de fricção são desprezíveis

ux

p1cosw2sen v2

z

uw

y

uv

x

uu

t

u 2

vy

p1sen u2

z

vw

y

vv

x

vu

t

v 2

zonal

meridional

Lembrando que:

E definindo: f = 2 sen

x

p1v f g

y

p1u f g

zonal

meridional

Temos então:

No vento geostrófico FGP equilibra-se com Fco, resultando num escoamento com velocidade constante (vg), paralelo às isóbaras. Portanto, no HN as baixas pressões estarão sempre à esquerda do vento, e no HS, à direita (lei de Buys-Ballot)

p

p – dp

HS

Fco

Fgp

Page 19: Ventos Disciplina: Fundamentos de Meteorologia – EAM 10 Instituto de Recursos Naturais – Universidade Federal de Itajubá Prof. Marcelo de Paula Corrêa

Principais tipos de ventos Vento geostrófico

y

p1V f g

x

p1v f g

y

p1u f g

vgvg

ug

Como o gradiente de pressão é normal às isóbaras, é comum se escrever:

n

p1V f g

n

p

f

1Vg

vg é proporcional ao G.P. e inversamente proporcional à latitude e a densidade do ar

Obs: O vento geostrófico não é a melhor aproximação perto do equador e em escoamentos excessivamente curvos (o que é frequente na atmosfera).

Page 20: Ventos Disciplina: Fundamentos de Meteorologia – EAM 10 Instituto de Recursos Naturais – Universidade Federal de Itajubá Prof. Marcelo de Paula Corrêa

Principais tipos de ventosVento geostrófico

Lei de Buys Ballot: “De costas para o vento no HN a pressão baixa estará à esquerda e a pressão alta à direita. No HS a pressão alta estará à esquerda e a pressão baixa à direita."

Obs: Essa lei é válida para vento em ar superior, deve-se ter cuidado ao analisar ventos em superfície!

balanço geostrófico

Page 21: Ventos Disciplina: Fundamentos de Meteorologia – EAM 10 Instituto de Recursos Naturais – Universidade Federal de Itajubá Prof. Marcelo de Paula Corrêa

Exercício – Vento geostrófico

Numa região próxima a 40° S as isolinhas de altura da superfície isobárica de 500 mb estão orientadas leste-oeste e o espaçamento entre isolinhas adjacentes com diferença de 40 m é 200 km, com altura decrescendo para o sul. Qual é a direção e velocidade do vento geostrófico? (Exercício retirado da apostila de meteorologia básica Alice Grimm, 2005)

A velocidade do Vg é dada por: GP co g

g

1 p| F | | F | 2 v sen

n

1 p 1 pv

2 sen n f n

GP

GP

F 1 1 pp |F | (horizontal)

m n

Page 22: Ventos Disciplina: Fundamentos de Meteorologia – EAM 10 Instituto de Recursos Naturais – Universidade Federal de Itajubá Prof. Marcelo de Paula Corrêa

Exercício – Vento geostrófico – continuação

p pSe n e z são pequenos, então e são ctes.

n zNo lim(dist Q-R) 0 n dn e z dz

p 500mb

dzdado !

dn

p

n

Qual a relação com ?

0zz

pn

n

p 0p RQ

p

pdz n

pdnz

Page 23: Ventos Disciplina: Fundamentos de Meteorologia – EAM 10 Instituto de Recursos Naturais – Universidade Federal de Itajubá Prof. Marcelo de Paula Corrêa

Exercício – Vento geostrófico – continuação

p p

dz 1 p 1 p dz ou g

dn g n n dn

)isobáricas scoordenada (em n

z

dn

dz

p

1 p z

gn n

Pela equação hidrostática: tem-se que:gz

p

g

g z g zv

2 sen n f n

Com g = 9,8 m/s2, Ω = 7,292x10-5 s-1, Φ = 40°, 4z2.10 m / m

n

Substituindo em vg →

vg = 20,9 m/s Direção: O L

Page 24: Ventos Disciplina: Fundamentos de Meteorologia – EAM 10 Instituto de Recursos Naturais – Universidade Federal de Itajubá Prof. Marcelo de Paula Corrêa

Principais tipos de ventos Vento gradiente

isóbaras não são linhas retas

células aproximadamente circulares

centro circulares dealta e/ou baixa pressão

FORMA DO CAMPODE PRESSÃO

MODIFICA OVENTO GEOSTRÓFICO

ALTERA A VELOCIDADE

DIREÇÃO CONTINUA// ISÓBARAS

Page 25: Ventos Disciplina: Fundamentos de Meteorologia – EAM 10 Instituto de Recursos Naturais – Universidade Federal de Itajubá Prof. Marcelo de Paula Corrêa

Principais tipos de ventosVento gradiente

adaptado de Grimm, 2005

Balanço entre:FGP, Fco, Fc

(Fc = v2/R)

ciclones

anti-ciclones

Centros de Baixa Pressão: CICLONES

Centros de Alta Pressão: ANTI-CICLONES

Page 26: Ventos Disciplina: Fundamentos de Meteorologia – EAM 10 Instituto de Recursos Naturais – Universidade Federal de Itajubá Prof. Marcelo de Paula Corrêa

Principais tipos de ventosVento gradiente

A

v

Fco Fgp

B

vFgp Fco

anti-ciclônico ciclônicoanti-horáriohorário

B

v

Fgp Fco

A

vFco Fgp

ciclônico anti-ciclônico

anti-horáriohorário

Vento gradiente: Escoamento horizontal, paralelo às isóbaras, as quais são curvas, e ocorre nos níveis superiores da atmosfera. Para um observador fixo na Terra, tais escoamentos são associados a uma força centrífuga (v2/R), resultante entre a Fco e FGP

HS

HN

esc

oa

me

nto

gra

die

nte

FcFc

FcFc

Page 27: Ventos Disciplina: Fundamentos de Meteorologia – EAM 10 Instituto de Recursos Naturais – Universidade Federal de Itajubá Prof. Marcelo de Paula Corrêa

Principais tipos de ventosVento gradiente

4

Rf

n

p

n

pR

4

fR

2

Rfv

0n

pRRfvv

R

v

n

p1fv

FFF

2

22

2

2

cGPco

Velocidade do vento gradiente em torno de uma alta pressão

Para que haja equilíbrio numa alta:GP deve ser limitado tornando-se cada vez menor em direção ao centro (R ↓)

v = (Rf/2) – ... v = (Rf/2) + ...

Page 28: Ventos Disciplina: Fundamentos de Meteorologia – EAM 10 Instituto de Recursos Naturais – Universidade Federal de Itajubá Prof. Marcelo de Paula Corrêa

Principais tipos de ventosVento gradiente

Velocidade do vento gradiente em torno de uma baixa pressão

Não há limitação para que haja equilíbrio numa baixa.É comum a ocorrência de fortes baixas pressões com fortes gradientes de pressão e fortes ventos associados, enquanto os centros de alta pressão são normalmente mais "achatados", com gradiente de pressão e ventos associados mais fracos.

v = (– Rf/2) + ... v = (– Rf/2) – ...

n

pR

4

fR

2

Rfv

0n

pRRfvv

fvR

v

n

p1

FFF

22

2

2

ccoGP

Page 29: Ventos Disciplina: Fundamentos de Meteorologia – EAM 10 Instituto de Recursos Naturais – Universidade Federal de Itajubá Prof. Marcelo de Paula Corrêa

Exercício – Vento gradiente

f = 2 Ω sen20° = 4,98.10–5 sρ = 1,25 kg/m3

∂p/∂n = 50*102/105 = 0,05 Pa/m

vg = (1/ρf)(∂p/∂n) = [1/(1,25* 4,98.10–5)]*(0,05) = 820 m/s

Se as trajetórias do ar forem consideradas circulares em torno do centro da temperatura:

Numa região a 50 km do centro de um intenso furacão, há um gradiente de pressão radial de 50 mb por 100 km. A temperatura está localizada em 20° N. Calcule as velocidades dos ventos geostrófico e gradiente. (Exercício retirado da apostila de meteorologia básica Alice Grimm, 2005)

n

pR

2

Rf

2

Rfv

2

Com R = 50.103 m → v = 43,5 m/s (situação anômala) ou v = – 46,0 m/s (situação normal, em torno da BP)

Fc >> Fco

Page 30: Ventos Disciplina: Fundamentos de Meteorologia – EAM 10 Instituto de Recursos Naturais – Universidade Federal de Itajubá Prof. Marcelo de Paula Corrêa

Principais tipos de ventos

12 2

g

fr fr r pv

2 2 n

Vento ciclostrófico: Escoamento atmosférico curvo (em relação à superfície) de escala horizontal suficientemente pequena (tornados e redemoinhos), em que Fco pode ser desprezada quando comparada com FGP

Só ocorre em torno de um centro de baixa pressão (escoamento ciclônico). Tal escoamento é um caso particular do escoamento gradiente em que f = 0.

21

c n

prv

Exemplo: Tornados. Fenômenos de pequeno raio (~300m) e ventos fortes (+ 100km/h). Embora Fco seja desprezível, no HN os tornados giram no sentido anti-horário, enquanto que no HS giram no sentido horário. Isso se deve a atuação de Fco no início do processo de formação. Em vórtices menores, como nos redemoinhos, Fco não age e, portanto, o giro ocorre em qualquer sentido.

Page 31: Ventos Disciplina: Fundamentos de Meteorologia – EAM 10 Instituto de Recursos Naturais – Universidade Federal de Itajubá Prof. Marcelo de Paula Corrêa

Principais tipos de ventos

2

1p p

plnT k

f

Rv T

Vento térmico: diferença entre o vento geostrófico entre duas superfícies isobáricas. A denominação vento térmico se deve ao fato de que ele somente existe se houver um gradiente horizontal de temperatura ao longo das superfícies isobáricas.

O vento térmico entre dois níveis Z1 e Z2 é matematicamente expresso por:

Obs: Embora o regime de ventos na média e alta troposfera seja bastante diferente em relação à baixa atmosfera, tais regimes estão relacionados entr si por meio da temperatura média da camada de ar. Isto é matematicamente demonstrado combinando-se a equação do estado com a do equilíbrio hidrostático:

TR

gpg

z

p

Page 32: Ventos Disciplina: Fundamentos de Meteorologia – EAM 10 Instituto de Recursos Naturais – Universidade Federal de Itajubá Prof. Marcelo de Paula Corrêa

Ventos próximos à superfície

ATRITO Importante nos 1os km da atmosfera ↓v e, portanto, ↓Fco

↓v e, portanto, FGP permanece a mesmaFGP > Fco

Portanto, o ar cruzará as isóbaras em direção à área de menor pressão.

Ψ ~ 10° (oceanos) a Ψ ~ 45° (terreno rugoso)

Page 33: Ventos Disciplina: Fundamentos de Meteorologia – EAM 10 Instituto de Recursos Naturais – Universidade Federal de Itajubá Prof. Marcelo de Paula Corrêa

Ventos próximos à superfície

B A

ciclone em superfície no HS anti-ciclone em superfície no HS

CONVERGÊNCIA DIVERGÊNCIA

Page 34: Ventos Disciplina: Fundamentos de Meteorologia – EAM 10 Instituto de Recursos Naturais – Universidade Federal de Itajubá Prof. Marcelo de Paula Corrêa

Dispositivos para medição do vento

Anemometria: Determinação quantitativa do vento, em termos do módulo de sua velocidade e direção. Observação do vento à superfície

Catavento de Wild: Grosseiro instrumento mecânico, constituído por um detector de direção (grimpa) e um indicador de velocidade. São instalados em um mastro a cerca de 10m do solo. A grimpa possui um contrapeso e duas aletas. Quatro varetas abaixo da grimpa dão as direções dos pontos cardeais. O indicador de velocidade é uma placa presa ao próprio eixo de rotação da grimpa, mantendo-se sempre perpendicular ao vento.

Anemômetros (indicadores) e anemógrafos (registradores) de conchas: Possuem 3 ou 4 conchas, hemisféricas ou cônicas, de metal dispostas simetricamente num plano horizontal. O movimento circular aciona um gerador elétrico (anemômetros auto-geradores) ou um contador de voltas (anemômetros totalizadores – velocidade média). Uma das restrições se deve a inércia, já que as conchas precisam que o vento atinja certa velocidade par aque iniciem a rotação. O inverso pode ocorrer após uma rajada forte.

Page 35: Ventos Disciplina: Fundamentos de Meteorologia – EAM 10 Instituto de Recursos Naturais – Universidade Federal de Itajubá Prof. Marcelo de Paula Corrêa

Dispositivos para medição do vento

Observação do vento à superfície Anemômetros e anemógrafos termoelétricos: São mais precisos. Têm como

elemento sensível a platina ou o tungstênio. Em alguns modelos o sensor, mantido à temperatura constante, é exposto ao vento e a

velocidade é obtida através da medição da corrente elétrica necessária para manter a temperatura constante.

Em outros a corrente é que se mantém constante e a variação da temperatura é o termo dependente da velocidade do vento.

Ambos são usados em locais onde o deslocamento do ar é pequeno, como no interior de culturas agrícolas. São pequenos e fáceis de ser instalados até mesmo em mastros para determinação da variação vertical da velocidade.

Anemógrafo universal: Instrumento mecânico que serve para registrar a direção e as velocidades instantânea e média do vento. Possuem 3 sensores e 4 penas registradoras. O sensor de direção é uma grimpa conectadas a alavancas, o de velocidade são conchas e a rotação das mesmas mede a distância percorrida. A velocidade instantânea é medida através de um tubo de pitot que aciona a quarta pena registradora. É de grande porte e servem para registrar ventos a 10m de altura cuja velocidade de direção são requeridas para estudos sinóticos. Não são usados para perfis.

Page 36: Ventos Disciplina: Fundamentos de Meteorologia – EAM 10 Instituto de Recursos Naturais – Universidade Federal de Itajubá Prof. Marcelo de Paula Corrêa

Dispositivos para medição do vento

Observação do vento à superfície Anemômetros sônico: Consistem de três pares de emissores-receptores de

sons ortogonais. Cada par é capaz de detectar sutis variações entre emissões e recepções de sons. A velocidade de escoamento é deduzida indiretamente a partir das alterações provocadas. Pode ser instalado de maneira a medir componentes orientadas do vento (L-O, N-S, etc.) passando a fornecer as componentes zonal, meridional e vertical da velocidade do ar.

Observação do vento em níveis elevados da atmosferaUtiliza-se sensores acoplados a balões Sondagens ópticas: Medindo-se o ângulo de elevação e o azimute do balão

em intervalos regulares é possível estimar sua trajetória. Existem diversos problemas relacionados ao método, tais como a presença de nuvens.

Radioventossondas: Sucessivas posições de uma radiossonda em vôo, obtidas eletronicamente.

Page 37: Ventos Disciplina: Fundamentos de Meteorologia – EAM 10 Instituto de Recursos Naturais – Universidade Federal de Itajubá Prof. Marcelo de Paula Corrêa

Escalas de sistemas meteorológicos

Tipo Dimensão Tempo

rajadas ~cm ~s

redemoinhos ~m ~min

tempestades km ~1h

linhas de instabilidade 10-100 km ~1 dia

ciclones/anti-ciclones 100-1000 km vários dias

ondas planetárias globo sazonais

Page 38: Ventos Disciplina: Fundamentos de Meteorologia – EAM 10 Instituto de Recursos Naturais – Universidade Federal de Itajubá Prof. Marcelo de Paula Corrêa

Perguntas…

Quando a força de Coriolis que atua sobre uma parcela que se desloca em relação à superfície da Terra, em qualquer latitude, é exatamente igual a zero ?

Considere um centro de alta pressão, em larga escala espacial, no HS. Em que sentido o ar deve circular em torno deste centro, na alta atmosfera ? Pode ocorrer circulação no sentido oposto ?