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1 #VEMPRARUA – A Tecnologia da Informação e as Manifestações Sociais: Um Estudo da Utilização das Redes Sociais para Participação nos Protestos Autoria: Gustavo Hermínio Salati Marcondes de Moraes, Alexandre Cappellozza, Fernando de Souza Meirelles Resumo Esta pesquisa teve como objetivo identificar os fatores que levaram as pessoas à utilização das redes sociais para participação nos protestos ocorridos em 2013 no Brasil. Foi realizada uma pesquisa com 257 cidadãos que participaram do Movimento Passe Livre por meio das redes sociais. O estudo apresentou um modelo robusto com alto valor explicativo. Os resultados evidenciam que Expectativa de Esforço, Hábito e Influencias Sociais influenciam positivamente na utilização de protestos pelas redes sociais, mas demonstram também a descrença em relação a algum efeito positivo à solução dos problemas e tampouco se comprovou que os usuários se divertem protestando.

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Esta pesquisa teve como objetivo identificar os fatores que levaram as pessoas à utilização das redes sociais para participação nos protestos ocorridos em 2013 no Brasil. Foi realizada uma pesquisa com 257 cidadãos que participaram do Movimento Passe Livre por meio das redes sociais. O estudo apresentou um modelo robusto com alto valor explicativo. Os resultados evidenciam que Expectativa de Esforço, Hábito e Influencias Sociais influenciam positivamente na utilização de protestos pelas redes sociais, mas demonstram também a descrença em relação a algum efeito positivo à solução dos problemas e tampouco se comprovou que os usuários se divertem protestando.

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#VEMPRARUA – A Tecnologia da Informação e as Manifestações Sociais: Um Estudo da Utilização das Redes Sociais para Participação nos Protestos

Autoria: Gustavo Hermínio Salati Marcondes de Moraes, Alexandre Cappellozza, Fernando de Souza Meirelles

Resumo Esta pesquisa teve como objetivo identificar os fatores que levaram as pessoas à utilização das redes sociais para participação nos protestos ocorridos em 2013 no Brasil. Foi realizada uma pesquisa com 257 cidadãos que participaram do Movimento Passe Livre por meio das redes sociais. O estudo apresentou um modelo robusto com alto valor explicativo. Os resultados evidenciam que Expectativa de Esforço, Hábito e Influencias Sociais influenciam positivamente na utilização de protestos pelas redes sociais, mas demonstram também a descrença em relação a algum efeito positivo à solução dos problemas e tampouco se comprovou que os usuários se divertem protestando.

 

 

1. Introdução

Nos movimentos sociais, os canais de informação e o fluxo de recursos dependem dos laços e associações entre os atores dos movimentos (Obach, 2004; Van Dyke & McCammon, 2010).

Para enquadrar os objetivos do movimento, as organizações dos movimentos sociais constantemente compartilham informações sobre as estratégias dos protestos, acontecimentos relevantes para o movimento e novas ideias (Wang & Soule, 2012).

A capacidade de coordenação dos indivíduos e organizações dentro das redes de interdependência pode determinar o sucesso dos movimentos sociais. Pesquisas demonstraram que a compreensão da estrutura dessas associações auxilia no entendimento de uma variedade de resultados dos movimentos (Putnam, 1993; Baldassari & Diani, 2007; Gould, 1993; Bearman & Everett, 1993).

No compartilhamento das informações dos protestos, uma das principais peças de informação que circula refere-se às táticas usadas para pressionar por alguma mudança desejada (por exemplo, McAdam & Rucht, 1993; Kriesi et. al 1995; Soule, 1997 e 2004; Givan, Roberts, & Soule, 2010). Dessa forma, as redes sociais exercem um papel importante para propagação das informações referentes ao movimento, pois conectam as pessoas sem limitação de tempo ou espaço, tudo é contínuo e onipresente.

Os websites de redes sociais estão cada vez mais atraindo a atenção de acadêmicos e usuários devido às suas características e alcance (Boyd & Ellison, 2007). Entretanto, não foi identificado na literatura estudos que abordassem a utilização das redes sociais para participação de protestos, e os recentes acontecimentos do Brasil ocorridos no mês de junho de 2013, com o Movimento do Passe Livre (MPL), apresentam-se como uma oportunidade de explorar essa lacuna nas pesquisas em ciências sociais.

Assim, esta pesquisa tem como objetivo identificar os fatores que levaram as pessoas à utilização das redes sociais para participação nos protestos ocorridos no mês de junho do ano de 2013 no Brasil.

Tal entendimento pode auxiliar gestores de instituições públicas e canais de comunicação a compreender melhor os aspectos relacionados às redes sociais e que pode motivar os cidadãos na participação dos protestos e manifestações sociais. O estudo dos fatores antecedentes do uso destas tecnologias de comunicação pode contribuir para decisões em ações governamentais vinculadas às redes sociais e favorecer a participação e interação do governo com os cidadãos. 2. Referencial Teórico 2.1 Protestos

Para Giugni (1998), o envolvimento dos cidadãos nos movimentos sociais tem implicações consideráveis para a vida das pessoas e das comunidades, tanto no aspecto social quanto no político. Nas últimas décadas, a propagação e repertório dos protestos aumentaram, se apresentando como uma das ferramentas mais visíveis e eficazes para a mudança social.

Os estudos sobre ação coletiva e especificamente em comportamentos de protestos têm sido usados para abordar o assunto de acordo, principalmente, com a perspectiva estrutural e a perspectiva cultural (Giugni, 1998).

 

 

A perspectiva estrutural enfatiza a influência do ambiente externo sobre a emergência e desenvolvimento dos movimentos sociais. Os aspectos considerados na perspectiva estrutural são:

a) O papel das organizações e redes informais para mobilizar os cidadãos para ação coletiva (McCarthy, 1996; McCarthy & Zald, 1973); b) As características específicas de um sistema político que podem aumentar ou inibir o desenvolvimento dos movimentos sociais, e explicar as divergências de repertórios de ação (McAdam, 1996; Tarrow, 1994).

Já a perspectiva cultural tem como foco reconhecer o papel dos processos sociocognitivos no desenvolvimento dos movimentos sociais, identificando o impulso primário das reclamações dos atores sociais que levam ao surgimento dos movimentos sociais (Melucci, 1985, 1989). O reconhecimento de que os movimentos envolvem questões de normas sociais e de identidade, e que os atores coletivos buscam criar identidades de grupo, é fundamental para essa perspectiva (Gamson, Fireman, & Rytina, 1982; Johnston & Klandermans , 1995; Melucci , 1996; Snow, Burke Rochford, Worden, & Benford , 1986).

Outras abordagens tentaram explicar ação coletiva utilizando variáveis individuais e sociais, considerando-as reciprocamente vinculadas. Para Giugni (1998), tais abordagens compartilham a ideia básica de que os processos de categorização e atribuição, todos favorecendo ou prejudicando o envolvimento na ação social, dependem tanto de variáveis individuais e culturais. Enquanto as variáveis individuais exercem sua influência por meio de atitudes, valores e crenças, as culturais utilizam a informação, repertórios de ação, e os instrumentos disponíveis para criar e manipular símbolos e comunicação, permitindo, assim, a construção de identidades compartilhadas. Atualmente, as redes sociais digitais são consideradas como um dos instrumentos de comunicação disponíveis aos usuários de tecnologia de informação para coleta e compartilhamento de informações entre os membros desta rede. 2.2 As redes sociais

Para Boyd e Ellison (2007), websites de redes sociais são serviços, baseados na Internet, que permitem: 1- a criação de perfis individuais, públicos ou semi-públicos, em um sistema interligado a outros perfis, 2- os usuários decidam com quais usuários compartilharão as suas informações e 3- a visualização de outros usuários por meio da conexão que possuem com seus contatos dentro da rede social virtual.

Não obstante à possibilidade de comunicação com outros contatos, estes websites também fornecem flexibilidade midiática ao usuário, pois é possível divulgar informações sobre o seu cotidiano e interesses, seja pela publicação de textos, fotos ou vídeos em seus perfis (Raacke & Bonds-Raacke, 2008).

Sobre os tipos de uso das redes sociais, duas categorias podem ser citadas: uso instrumental: define-se como o uso focado na busca de informações específicas e uso sobritual: refere-se ao uso habitual da mídia como distração ou entretenimento. Pesquisas sobre estas duas diferentes categorias de uso revelam diferentes resultados cognitivos e emocionais como justificativa de uso das redes sociais (Lang, 2006; Wise & Kim, 2008; Wise, Kim, & Kim, 2009; Wise, Alhabash, & Park, 2010). Dentre os exemplos de websites de rede social, citam-se: o Facebook, Orkut, Linkedin e Twitter, entre outros (Fialho & Lütz, 2011).

 

 

O Facebook é considerado a mais popular das redes sociais; em um período de 06 anos, este website atraiu mais de 500 milhões de usuários sendo 70% destes usuários externos aos Estados Unidos, seu país de origem. As receitas provindas de marketing para esta organização totalizaram US$ 716 milhões em 2009, o que indica que este website também está atraindo empresas interessadas na utilização deste canal de comunicação para promover seus negócios entre outros fins (Rienzo & Bernard, 2009; Bryson, Gomez, & Willman, 2010; Ang, 2011; Stefanone et al., 2011).

A variedade de aplicações e a busca por casualidades comportamentais frente ao uso do Facebook podem ser comprovadas em diversos estudos sobre este sistema, por exemplo: divulgações de campanhas políticas (Robertson et al., 2010; Vitak et al., 2011), contratação de funcionários (Peluchette & Karl, 2009), integração de sistemas de relacionamento com clientes (Ang, 2011), características comportamentais individuais (Orr et al., 2009; Young et al., 2009; Shen & Khalifa, 2010; Gonzales & Hancock, 2011; Stefanone, Lackaff, & Rosen, 2011).

De acordo com estudos anteriores, o Facebook pode manifestar as seguintes motivações individuais ao uso, entre eles: a utilização de conteúdos específicos, tais como, jogos, aplicações e enquetes; práticas de investigação social que é associada com busca de informações de outras pessoas; visualização e compartilhamento de fotos e vídeos; manutenção de relacionamento social (Joinson, 2008; Wise et al., 2010), inclusive divulgação de mensagens de apoio a manifestações populares. 2.3 Movimento Passe Livre

No Brasil, no mês de junho de 2013, a cidade de São Paulo presenciou o início dos protestos levados a cabo pelo grupo intitulado Movimento Passe Livre (MPL). A principal reivindicação era contra o aumento de 0,20 centavos da passagem do transporte público, considerada cara e de péssima qualidade.

Os protestos realizados em avenidas da cidade foram recebidos com bombas de gás lacrimogêneo, balas de borracha e injustificável violência da polícia. A agressão desproporcional foi contestada pelos cidadãos brasileiros, e os protestos começaram a se espalhar pelo país e por brasileiros residentes no exterior. Centenas de milhares de pessoas saíram às ruas, todos os dias, gritando palavras de ordem, enquanto outras milhares de pessoas se reuniam nas principais cidades da Europa, Canadá e Estados Unidos para mostrar solidariedade aos manifestantes e denunciar a truculência policial.

As reclamações pelo transporte público se tornaram descontentamento com o próprio sistema político, com a falta de saúde e educação, com os gastos com a Copa do Mundo e com a corrupção.

De acordo com pesquisa sobre os protestos realizada pelo Ibope (2013), os respondentes consideraram que os principais problemas do Brasil são: segurança pública e violência; educação; saúde; drogas; e combate a corrupção (6%).

A maioria dos respondentes (75%) era a favor dos protestos, e os principais motivos para os protestos iam de encontro com os problemas do país, sendo: contra o aumento das tarifas do transporte público; maiores investimentos em saúde e educação; contra os políticos em geral; contra a falta de segurança pública; contra a inflação; e para melhorias nos serviços públicos (Ibope, 2013).

Porém, mesmo protestando, a maioria dos cidadãos não acreditam que isso acarretará em grandes mudanças para o país, sendo que 47% respondeu que as manifestações trarão poucas mudanças e apenas 26% que trarão muitas mudanças. A maioria dos respondentes

 

 

considerou que os manifestantes agiram, no geral, com muita violência (44%), outros consideraram que houve violência, mas sem exageros (39%).

2.4 Pesquisas sobre adoção tecnológica

A Teoria Unificada de Aceitação e Utilização de Tecnologia (UTAUT), elaborada por Venkatesh, Morris, Davis e Davis (2003), é um dos modelos utilizados na literatura de sistemas de informação para avaliar os fatores que favorecem o uso de uma tecnologia. O modelo é a unificação de oito modelos anteriores, contendo quatro construtos (Expectativa de Desempenho, Expectativa de Esforço, Influência Social e Condições Facilitadoras) considerados determinantes diretos da aceitação e do comportamento de uso da tecnologia.

Visando aperfeiçoar o modelo de Venkatesh et al. (2003), que foi desenvolvido para o contexto organizacional, e estender sua utilização para o contexto do consumidor, Venkatesh, Thong e Xu (2012) apresentaram a UTAUT 2. O novo modelo contém três novos construtos, Motivação Hedônica, Valor do Preço e Hábito, e é apresentado na Figura 1.

Para os autores, a Expectativa de Desempenho avalia em qual medida o indivíduo acredita que a utilização do sistema contribuirá para o desempenho no seu trabalho. Já a Expectativa de Esforço é a perspectiva de facilidade pelo indivíduo em relação à utilização do sistema.

O construto Influência Social é conceituado como a intensidade na qual o sujeito compreende a influência que pessoas importantes em seu círculo social exercem para que ele utilize a tecnologia. As Condições Facilitadoras se referem à percepção do indivíduo sobre a existência de uma infraestrutura técnica e organizacional para utilização do sistema e a Motivação Hedônica é definida como a diversão ou prazer em utilizar uma tecnologia.

O Valor do Preço é a comparação pelo consumidor do benefício percebido com a utilização da tecnologia, incluindo vantagens em relação ao custo monetário e, finalmente, o Hábito é definido como a medida em que as pessoas tendem a executar comportamentos automaticamente por causa da aprendizagem. Figura 1. UTAUT 2 Fonte: Venkatesh, V., Thong, J. Y. L., Xu, X. (2012)

 

 

Como moderadores da Intenção de adoção e da efetiva utilização, os autores destacam a Idade, o Sexo e a Experiência.

De acordo com os estudos de Venkatesh et al. (2003) e Venkatesh et al. (2012), a primeira hipótese do presente estudo é em relação ao construto Expectativa de Desempenho do UTAUT. A hipótese formulada é que o cidadão acredita que utilizar as redes sociais para protestar pode contribuir para a melhoria dos serviços públicos, auxiliar no combate à corrupção e/ou melhorar a consciência política do cidadão.

Hipótese 1: Expectativa de Desempenho influencia de forma positiva a Utilização das redes sociais para protestar.

Os construtos Expectativa de Esforço e Influências Sociais, também utilizados nos

modelos UTAUT e UTAUT 2, foram considerados adequados para serem testados no estudo, por estarem presentes em diversos estudos de adoção tecnológica, formando as Hipóteses 2 e 3. Dessa forma, entende-se que há uma influencia positiva na utilização das redes sociais para protestar no usuário que tem facilidade em postar, curtir e/ou compartilhar mensagens de protestos nas redes sociais, bem como no usuário que tem pessoas que influenciam seu comportamento que apoiam os protestos em redes sociais.

Hipótese 2: A Expectativa de Esforço influencia positivamente a Utilização das redes sociais para protestar. Hipótese 3: Influências Sociais influenciam positivamente o Uso das redes sociais para protestar.

O construto Hábito obteve resultados significativos nos estudos de Venkatesh et al.

(2012), com a formulação da UTAUT 2, e vem sendo utilizado em outros estudos de tecnologia com resultados positivos (ex.: Kim, Malhotra, & Narasimhan, 2005; Limayem, Hirt, & Cheung, 2007). Dessa forma foi considerado importante para o contexto do presente estudo, constituindo-se a Hipótese 4. Assim, a hipótese é que se o cidadão tem o hábito de se navegar, se comunicar e compartilhar conteúdos nas redes sociais, isso influenciará positivamente no uso das redes sociais para o protesto.

Hipótese 4: Hábito influencia positivamente o Uso das redes sociais para protestar.

De acordo com Venkatesh, Thong e Xu (2012), pesquisadores do comportamento do consumidor e de sistemas de informação têm utilizado construtos relacionados com a motivação hedônica (por exemplo: prazer) em seus estudos, mostrando a relevância da variável tanto no consumo quanto na utilização da TI (Brown & Venkatesh, 2005; Holbrook & Hirschman, 1982; Nysveen, Pedersen, & Thorbjornsen, 2005; van der Heijden, 2004). A Motivação Hedônica é definida como a diversão ou o prazer em utilizar uma tecnologia (Venkatesh, Thong, & Xu, 2012). A Hipótese 5 do estudo é relacionada à esse construto. Dessa forma, entende-se que o usuário de redes sociais pode achar divertido e prazeroso utilizar as redes sociais para protestar.

Hipótese 5: Motivações Hedônicas influenciam positivamente o Uso das redes sociais para protestar.

 

 

3. Modelo Conceitual da Pesquisa e Hipóteses do Estudo

A Figura 2 apresenta o modelo teórico para validação dos constructos e testes das hipóteses levantadas.

Figura 2. Modelo Conceitual da Pesquisa

A Figura 3 apresenta a descrição e a base teórica de cada uma das hipóteses do estudo.

Hipóteses Descrição Base Teórica H1 Expectativa de Desempenho influencia de forma positiva o

uso das redes sociais para protestar. Venkatesh et al. (2003); Venkatesh et al. (2012).

H2 A Expectativa de Esforço influencia positivamente o uso das redes sociais para protestar.

Venkatesh et al. (2003); Venkatesh et al. (2012).

H3 Influências Sociais influenciam positivamente o uso das redes sociais para protestar.

Venkatesh et al. (2003); Venkatesh et al. (2012).

H4 Hábito influencia positivamente o uso das redes sociais para protestar.

Venkatesh et al. (2003); Venkatesh et al. (2012).

H5 Motivações Hedônicas influenciam. positivamente o uso das redes sociais para protestar.

Venkatesh et al. (2003); Venkatesh et al. (2012).

Figura 3. Hipóteses do Estudo 4. Metodologia

Utilizou-se como estratégia no desenvolvimento de pesquisa uma metodologia

quantitativa. Para análise e verificação das hipóteses e do modelo proposto, foi realizada uma pesquisa com 257 cidadãos que participaram do Movimento Passe Livre por meio das redes sociais, sem estratificação da amostra.

De acordo com Hair, Anderson, Tatham e Black (2005) e Reis (1997), o número de observações deve ser no mínimo 5 vezes o número de variáveis, e preferencialmente a análise deve conter pelo menos 100 observações; dessa forma, o tamanho da amostra do estudo atendeu as recomendações.

 

 

O questionário preliminar foi validado por um grupo composto por 5 especialistas da área de tecnologia da informação e que já utilizaram modelos de adoção tecnológica. As escalas foram adaptadas de estudos anteriores.

As perguntas eram afirmações que os usuários respondiam em uma escala Likert baseada em cinco níveis, que variavam entre os extremos Discordo Totalmente até Concordo Totalmente.

A análise dos dados foi realizada por meio da técnica de análise multivariada de modelagem por equações estruturais, que é adequada para situações de múltiplas relações concomitantemente (Chin, Marcolin, & Newsted, 2003; Hair, Anderson, Tatham, & Black, 2005).

5. Apresentação e discussão dos resultados

5.1 Informações da amostra e instrumento de medida

Informa-se que esta pesquisa de corte transversal único foi realizada por meio de

survey, sob caráter exploratório e analisou os dados observados de um questionário elaborado para a coleta dos dados empíricos. Neste estudo, a escala de Likert foi considerada como escala intervalar como uma forma de evitar outliers multivariados, pela sua praticidade de uso, além da possibilidade de uso de afirmações que não estão explicitamente ligadas ao objeto estudado com o objetivo de coleta de informações sobre as percepções individuais dos respondentes (Hair Jr. et al., 2005).

As questões foram aplicadas a 257 pessoas selecionadas aleatoriamente no estado de São Paulo por meio de um questionário on-line. A idade média dos respondentes é igual a 24,25 anos com desvio padrão igual a 8,23, o que sinaliza que a amostra é composta de jovens adultos.

Não foi constatada uma hegemonia de gênero na amostra, pois a amostra era composta por 53% de respondentes femininas. 5.2 Análise do modelo de medidas:

Para os cálculos e validações dos testes estatísticos serão utilizados os softwares SmartPLS v2.0 e SPSS v.17. O modelo foi estimado por PLS-PM (Partial Least Squares Path Modeling) porque apresenta a vantagem de permitir estimar simultaneamente o modelo de mensuração (relação entre os indicadores e as variáveis latentes) e o modelo estrutural (relações entre as variáveis latentes).

A opção da utilização do PLS neste estudo decorre das suas características, dado que é considerado o método mais adequado para ser usado em estudos de caráter exploratório e cujos dados são menos suscetíveis a desvios da normalidade multivariada. Adicionalmente, para este método as exigências de tamanho de amostra são menores (Sanchez; Cappellozza, 2012).

Com o intuito de analisar a significância das cargas obtidas para as variáveis observáveis, optou-se por utilizar a técnica bootstrapping, a qual, segundo Hair et al. (2005), não se baseia em uma só estimação de modelo, mas calcula estimativas de parâmetros e seus intervalos de confiança com base em múltiplas estimações; nesta pesquisa, realizou-se uma re-amostragem de 1000 amostras.

A Tabela 1 apresentam uma síntese dos valores dos coeficientes entre os construtos, estimados pelo PLS, a fim de verificar se seus valores são significativamente diferentes de

 

 

zero e apresentam valores de significância p-value menores que 5% para as relações estabelecidas no modelo. Tabela 1. Coeficientes do modelo estrutural – entre construtos

MédiaDesvio Padrão

Estatística Tp-valor

(bi-caudal)

Expectativa de Desempenho Uso da Rede Social 0,04 0,05 0,68 0,50

Expectativa de Esforço Uso da Rede Social 0,36 0,06 5,88 0,00

Hábito Uso da Rede Social 0,19 0,05 3,62 0,00

Influências Sociais Uso da Rede Social 0,26 0,06 4,53 0,00

Motivações Hedônicas Uso da Rede Social 0,05 0,06 0,79 0,43

Verifica-se pela Tabela 1 que os coeficientes dos construtos Expectativa de

Desempenho e Motivações Hedônicas associados com o construto Uso da Rede Social não obtiveram valores significantes e, portanto, serão eliminados das análises e validações posteriores. Considerações sobre estas ausências de significâncias serão feitas no tópico Interpretação de resultados.

A seguir, procedeu-se novo cálculos do modelo estrutural, com os construtos Expectativa de Esforço, Hábito, Influências Sociais e Uso da rede social e foram obtidos resultados das Tabelas 2 e 3 com valores dos coeficientes das variáveis e coeficientes entre os construtos estimados pelo PLS. Tabela 2. Coeficientes do modelo estrutural –Variáveis associadas aos construtos

MédiaDesvio Padrão

Estatística Tp-valor

(bi-caudal)EE1 Expectativa de Esforço 0,55 0,08 7,09 0,00EE2 Expectativa de Esforço 0,87 0,02 39,79 0,00EE3 Expectativa de Esforço 0,89 0,02 47,69 0,00

HAB1 Hábito 0,71 0,07 10,58 0,00HAB2 Hábito 0,89 0,03 35,32 0,00HAB3 Hábito 0,64 0,07 8,80 0,00

IS1 Influências Sociais 0,65 0,07 10,06 0,00IS2 Influências Sociais 0,80 0,04 19,97 0,00IS3 Influências Sociais 0,82 0,04 22,93 0,00

USO1 Uso da Rede Social 0,81 0,02 34,02 0,00USO2 Uso da Rede Social 0,90 0,01 60,30 0,00USO3 Uso da Rede Social 0,78 0,03 23,95 0,00USO4 Uso da Rede Social 0,82 0,03 30,72 0,00

Tabela 3. Coeficientes do modelo estrutural – entre construtos

MédiaDesvio Padrão

Estatística Tp-valor

(bi-caudal)

Expectativa de Esforço Uso da Rede Social 0,35 0,07 5,22 0,00Hábito Uso da Rede Social 0,20 0,05 3,55 0,00

Influências Sociais Uso da Rede Social 0,30 0,06 5,26 0,00

 

10 

 

A fim de se examinar a validade convergente e discriminante dos construtos utilizados no modelo estrutural foi realizada a Análise Fatorial Confirmatória (Hair, et al., 2005). Tais resultados das cargas fatoriais, apresentados na Tabela 4 a seguir, permitem que seja realizada a análise do modelo estrutural. Tabela 4. Cargas fatoriais nos construtos

Construto VariávelExpectativa de

EsforçoHábito

Influências Sociais

Uso da Rede Social

Expectativa de Esforço EE1 0,55 0,33 0,21 0,22

Expectativa de Esforço EE2 0,87 0,38 0,39 0,51

Expectativa de Esforço EE3 0,89 0,55 0,51 0,59

Hábito HAB1 0,35 0,72 0,28 0,24

Hábito HAB2 0,49 0,89 0,39 0,52

Hábito HAB3 0,38 0,65 0,11 0,24

Influência Social IS1 0,28 0,14 0,66 0,32

Influência Social IS2 0,39 0,29 0,80 0,44

Influência Social IS3 0,45 0,38 0,82 0,46

Uso da Rede Social USO1 0,50 0,37 0,44 0,81

Uso da Rede Social USO2 0,53 0,42 0,47 0,90

Uso da Rede Social USO3 0,51 0,45 0,46 0,78

Uso da Rede Social USO4 0,46 0,38 0,44 0,82

Observa-se pela Tabela 4, que a maioria dos construtos apresenta os indicadores com

cargas altas em suas variáveis latentes, superiores ao valor 0,70 e cargas baixas nas demais variáveis latentes, o que indica que há razoável validade discriminante e validade convergente (Chin, 2000). Desta forma, indicadores das escalas que não obtiveram validade discriminante entre os construtos foram excluídos das análises estatísticas posteriores.

Na Tabela 5, é possível observar que a raiz quadrada da variância média extraída dos construtos é maior que a correlação entre as variáveis latentes e se trata de um indicador de que há validade discriminante entre os construtos (Fornell & Larcker, 1981). Tabela 5. Validade Discriminante

Expectativa de Esforço

HábitoInfluências

SociaisUso da Rede

Social

Expectativa de Esforço 0,78Hábito 0,54 0,76

Influências Sociais 0,50 0,37 0,76Uso da Rede Social 0,61 0,49 0,54 0,83

Segundo Hair et al. (2005), além do exame das cargas para cada indicador, uma medida

principal usada para avaliar o modelo de mensuração é a confiabilidade composta de cada construto. Um valor de referência comumente usado para confiabilidade aceitável é 0,70. Nesse sentido, valida-se o modelo de mensuração em análise de acordo com valores expostos na Tabela 7.

Já considerando a análise da validade convergente utilizamos dois indicadores: a Variância Média Extraída que deve apresentar um valor superior a 0,5 e Consistência Interna

 

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com valor superior a 0,70 (Fornell & Larcker, 1981), visualizados na Tabela 6. Tabela 6. Validação do Modelo Estrutural

ConstrutosVariância Média Extraída

dos construtosConfiabilidade Composta

Consistência Interna (Alfa de Cronbach)

Expectativa de Esforço 0,62 0,82 0,69Hábito 0,58 0,80 0,66

Influências Sociais 0,58 0,80 0,64Uso da Rede Social 0,70 0,90 0,85

A análise do coeficiente de determinação (R²) foi realizada com base nos estudos de

Cohen (1977). Segundo este autor, o estado de desenvolvimento de grande parte da ciência do comportamento é tal que não muito da variância na variável dependente é previsível. Nesse sentido, o autor propõe uma escala para a classificação do coeficiente de determinação, sendo R² igual a 10% considerado baixo, R² igual a 30% considerado médio e R² igual a 50% considerado alto.

A Figura 4 apresenta o modelo resultante da pesquisa com a síntese das validações das hipóteses.

Figura 4. Modelo resultante da pesquisa e síntese das validações das hipóteses

Foram testadas variáveis moderadoras como idade e gênero e não foram encontrados efeitos significantes.

Finalmente, a partir das validações obtidas com o modelo estrutural, apresenta-se na Figura 5 a síntese dos testes de hipóteses do estudo.

HIPÓTESE DESCRIÇÃO RESULTADO

H5 NÃO CONFIRMADA

Influências Sociais influenciam positivamente o uso das redes sociais para protestar.

Expectativa de Desempenho influencia de forma positiva o uso das redes sociais paraprotestar.

NÃO CONFIRMADA

A Expectativa de Esforço influencia positivamente o Uso das redes sociais para protestar. CONFIRMADA

Motivações Hedônicas influenciam positivamente o uso das redes sociais para protestar.

CONFIRMADA

CONFIRMADAH4

H3

H2

H1

Hábito influencia positivamente o uso das redes sociais para protestar.

Figura 5. Síntese dos testes de hipóteses do estudo

 

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6. Conclusões

A ausência de significância do construto Expectativa de Desempenho evidencia a descrença de alguns usuários sobre a eficiência do compartilhamento de mensagens das manifestações pela rede social Facebook. Em outras palavras, os usuários desta rede social percebem que as mensagens postadas podem não resultar em algum efeito positivo à solução dos problemas brasileiros.

Ou seja, embora este canal de comunicação possua diversos formatos de transmissão de mensagens e com um número expressivo de usuários brasileiros conectados não se pode afirmar que os usuários acreditem que as suas mensagens possam auxiliar na solução das demandas, ou reformas, solicitadas aos governantes.

De acordo com os resultados do estudo, tampouco se comprovou que os usuários se divertem ou sentem prazer em compartilhar mensagens de manifestação, pois não foram detectadas influências significantes deste construto ao uso da rede social com este fim.

No entanto, nota-se que a Expectativa de Esforço se revela como uma influência positiva ao uso da rede social para manifestações. Assim, entende-se que os aspectos técnicos da rede social como, por exemplo, a interface do usuário e características que tornam o compartilhamento de informações de uma forma amigável ao usuário podem contribuir para que os usuários transmitam informações por este canal de comunicação.

Segundo os valores calculados da expectativa individual de esforço, esta percepção foi o fator que mais influencia o usuário a compartilhar mensagens de manifestação pela rede social Facebook.

Por se tratar de uma aplicação tecnológica de comunicação pessoal, onde o uso da aplicação está sujeita aos efeitos de rede, entende-se que associação positiva e significante das influências sociais ao uso da tecnologia é um resultado plausível obtido. Verifica-se que as influências sociais é a segunda maior influência ao compartilhamento de mensagens de manifestações de acordo com os resultados.

Além destes aspectos influenciadores ao uso da tecnologia, o estudo revelou que o hábito é outro fator que motiva o uso da rede social, dada a sua influência positiva significante sobre o uso desta aplicação.

O valor do coeficiente de determinação do construto uso da rede social igual a 47% manifesta uma explicação razoável pela seleção dos construtos analisados. Porém, sugere-se a continuidade deste estudo com a inclusão de outros possíveis construtos, tais como a disponibilidade de acesso da tecnologia ao usuário.

Para administração pública, o estudo amplia o entendimento dos aspectos relacionados à utilização das redes sociais por parte dos cidadãos, possibilitando, dessa forma, utilizar-se dos resultados para aumentar sua participação e envolvimento com os protestantes.

Entendendo que a população utiliza as redes sociais para protestar principalmente por causa da facilidade de interação com a tecnologia, influencia da sua rede de contatos e os hábitos de uso e que não realiza os protestos para se divertir, os governantes podem reconhecer esse canal como uma possibilidade de interação efetiva e séria com os cidadãos.

A descrença na possibilidade de benefícios com os protestos (melhoria dos serviços públicos, auxílio no combate à corrupção e/ou melhorar a consciência política do cidadão) apresenta-se como uma necessidade de aumentar a efetividade de soluções da administração pública aos cidadãos brasileiros como uma resposta aos seus clamores neste canal de comunicação consolidado entre os brasileiros.

 

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