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373 CAPÍTULO 25 VARICOCELE EDUARDO ANDRADE DIAS COUTINHO DE SOUZA HELCE RIBEIRO JULIO JUNIOR JOÃO LUIZ SCHIAVINI RONALDO DAMIÃO INTRODUÇÃO A infertilidade é definida pela Organização Mundial de Saúde como “a incapacidade de um casal para conseguir a concepção e/ou levar uma concepção a termo após um ano ou mais de rela- ções sexuais regulares, sem proteção contraceptiva”. Isto acontece porque só ao final de um ano de relações sexuais regulares, desprotegidas e coincidentes com o período ovulatório da mulher, é que a probabilidade de um casal conceber um filho chega próximo a 100%. Esta probabilidade é calculada mensalmente e acumula ao longo dos meses, chegando aproximadamente aos 100% ao fim dos 12 meses. Diversas podem ser as causas da infertilidade masculina, como alterações congênitas (crip- torquia, anorquia ou ausência congênita do ducto deferente), distúrbios endócrinos, doenças sistê- micas ou fatores exógenos, tais como irradiação ou toxinas. Entretanto, é importante salientar que 40-50% dos casos são de origem desconhecida, sendo classificados como infertilidade idiopática (Woo Suk Choi, 2013). A varicocele, definida como a dilatação anormal das veias do plexo panpiniforme, é frequen- temente associada à infertilidade masculina, sendo mais comumente diagnosticada em pacientes

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CAPÍTULO 25

VARICOCELEEDUARDO ANDRADE DIAS COUTINHO DE SOUZA

HELCE RIBEIRO JULIO JUNIORJOÃO LUIZ SCHIAVINI

RONALDO DAMIÃO

INTRODUÇÃO

A infertilidade é de� nida pela Organização Mundial de Saúde como “a incapacidade de um casal para conseguir a concepção e/ou levar uma concepção a termo após um ano ou mais de rela-ções sexuais regulares, sem proteção contraceptiva”.

Isto acontece porque só ao � nal de um ano de relações sexuais regulares, desprotegidas e coincidentes com o período ovulatório da mulher, é que a probabilidade de um casal conceber um � lho chega próximo a 100%. Esta probabilidade é calculada mensalmente e acumula ao longo dos meses, chegando aproximadamente aos 100% ao � m dos 12 meses.

Diversas podem ser as causas da infertilidade masculina, como alterações congênitas (crip-torquia, anorquia ou ausência congênita do ducto deferente), distúrbios endócrinos, doenças sistê-micas ou fatores exógenos, tais como irradiação ou toxinas. Entretanto, é importante salientar que 40-50% dos casos são de origem desconhecida, sendo classi� cados como infertilidade idiopática (Woo Suk Choi, 2013).

A varicocele, de� nida como a dilatação anormal das veias do plexo panpiniforme, é frequen-temente associada à infertilidade masculina, sendo mais comumente diagnosticada em pacientes

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VARICOCELE

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inférteis, estando associada a alterações seminais (Woo Suk Choi, 2013).

A incidência de varicocele na população geral varia de 4,4-22,6%. Nos homens com inferti-lidade primária varia de 21-41% e de 75-81% em pacientes com infertilidade secundária (Woo Suk Choi, 2013). A maioria dos portadores de varicocele é apta a gerar � lhos, entretanto há evidências de que esta afecção altera a fertilidade masculina e a correção cirúrgica aumenta a chance de gravi-dez do casal. A veia mais comumente envolvida é a espermática interna, entretanto a espermática externa e as cremastéricas também podem contribuir para a formação da varicocele (Matthew A. Will, 2011).

O fator masculino na infertilidade do casal é de aproximadamente 50% e a varicocele é a alteração mais comum relacionada à infertilidade nesses pacientes (Matthew A. Will, 2011).

Varicocele grau 3 a esquerda

DIAGNÓSTICO, FISIOPATOLOGIA E TRATAMENTO

O diagnóstico de varicocele ocorre através do exame físico e, em caso de dúvidas, pode ser complementado com a realização de ultrassom da bolsa testicular. Pela classi� cação de Dubin, a varicocele pode ser dividida em grau I, quando só palpada à manobra de Valsalva; grau II, quando palpável mesmo sem manobra de Valsalva e grau III quando visível com o paciente em pé. Pelo ultrassom, a varicocele é caracterizada pela presença de veias dilatadas (acima de 3.0 mm) ou com � uxo reverso concomitante com a manobra de Valsalva. Cerca de 30% dos homens com a fertilidade comprometida apresentam varicocele ao ultrassom com Doppler. Varicoceles não diagnosticadas ao

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exame clínico, mas visíveis ao exame radiológico, são classi� cadas como subclínicas (Dubin L, 1970).

O acometimento é mais comum à esquerda, possivelmente pela entrada mais vertical e orto-gonal da veia espermática interna na veia renal deste lado, em relação ao lado direito. Alterações nas válvulas venosas também participam do mecanismo (Sabanegh E, 2012).

A � siopatologia da varicocele é multifatorial. Acredita-se que seja um evento dependente da idade, já que é rara na idade pré-púbere e está presente em aproximadamente 15% dos adolescen-tes (Gorelick JI, 1993). Além disso, acredita-se no efeito deletério da varicocele ao longo do tempo, através do qual adolescentes expostos a esta afecção teriam espermogramas mais alterados na vida adulta. Apesar disso, há poucos dados disponíveis, a maioria sem signi� cância estatística, sugerindo que a varicocele teria o mesmo efeito deletério em adultos. A varicocele é observada tanto em ho-mens férteis quanto não férteis, podendo causar alterações na espermatogênese, que, entretanto, só se manifestam em alguns homens. Fatores genéticos e toxinas podem participar no desenvolvi-mento e consequências da varicocele (Marmar JL, 2001).

Diversos estudos tentaram demonstrar o efeito causal entre varicocele e alterações na esper-matogênese e a infertilidade. A maioria propõe o mecanismo de alteração no � uxo sanguíneo testi-cular, associado a aumento na temperatura escrotal e estresse oxidativo. A temperatura normal na bolsa testicular é aproximadamente 2°C abaixo da temperatura corporal e o aumento dessa tempe-ratura está associado a alterações na qualidade do espermatozoide (Naughton CK, 2001). Modelos animais demonstram que mesmo quando unilateral, a varicocele tem efeito bilateral em alterações na temperatura, � uxo sanguíneo e histologia testicular. O estresse oxidativo também está direta-mente relacionado à má qualidade do esperma, já que causa aumento na fragmentação do DNA, com dano a este material celular. Uma das alterações em pacientes com varicocele seria a diminui-ção da capacidade antioxidante, levando ao estresse oxidativo (Matthew A. Will, 2011).

Alterações no eixo hipotálamo-hipo� sário-gonadal e níveis de testosterona sérica reduzidos têm sido observados em pacientes acometidos de varicocele, podendo contribuir para a redução da produção e qualidade do esperma nestes pacientes. Essa teoria é embasada por alguns estudos que mostram melhora na qualidade do espermograma após equilíbrio do eixo hipotálamo-hipo� sário--gonadal e um aumento no nível de testosterona após a correção cirúrgica da varicocele (Cayan S, 1999).

Várias técnicas já foram descritas para o tratamento da varicocele, entre elas: embolização ou escleroterapia percutânea, cirurgia aberta (por via inguinal, subinguinal ou acesso retroperito-

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nial), por via laparoscópica ou técnicas microcirúrgicas. O procedimento ideal visa ligar as veias que contribuem para a formação da varicocele; entretanto é importante preservar algumas veias para permitir a drenagem venosa do testículo, assim como deixar intactas as artérias testiculares, vasos linfáticos e vasos deferentes (Matthew A. Will, 2011).

Apesar de a varicocele ser mais comum no lado esquerdo, é possível o acometimento so-mente do lado direito ou bilateralmente. Estudos têm demonstrado que quando o acometimento é bilateral, os danos à espermatogênese são maiores, justi� cando o reparo no mesmo ato cirúrgico (Scherr D, 1999; Libman J, 2006).

A técnica descrita por Palomo em 1948 consiste na ligadura alta da veia espermática interna, com preservação da artéria espermática interna (Palomo A, 1949). Esta técnica, apesar de factível, está associada a maiores taxas de recorrência e hidrocele no pós-operatório. A partir desta técnica foram feitas modi� cações que consistem no acesso inguinal ou subinguinal, que são tecnicamente mais difíceis devido ao grande número de veias e artérias abaixo do anel inguinal externo. Apesar disso, são técnicas factíveis e com menores taxas de recorrências (Bernardi R, 1958).

Técnicas de radiologia intervencionista, como a embolização ou escleroterapia, são úteis principalmente em casos de varicoceles recorrentes, já que nesta técnica é possível a realização da venogra� a para melhor visualização da anatomia local. Entretanto, apresenta taxas de recorrência maiores que as técnicas cirúrgicas habituais (Goldstein M, 2011).

A microcirurgia é a técnica preferida por muitos urologistas, principalmente devido a menor recorrência e menores taxas de complicações pós-operatórias. O uso da magni� cação facilita a iden-ti� cação dos vasos a serem ligados (Turek PJ, 1995).

Dentre as complicações da varicocelectomia, a hidrocele era a mais comum, ocorrendo em aproximadamente 7% dos casos, possivelmente por ligadura de vasos linfáticos. Atualmente, com a evolução de técnicas como a microcirurgia e a radiologia intervencionista, esta complicação é cada vez menos comum (Szabo R, 1984). A taxa de recidiva após correção cirúrgica depende muito da téc-nica utilizada, podendo chegar até a 35% em algumas séries (Cayan S, 2009). A ligadura ou lesão da artéria testicular também pode ocorrer, principalmente nas técnicas não microcirúrgicas, entretanto sua real incidência não é conhecida (Wosnitzer M, 1983).

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RESULTADOS

Vários estudos já foram publicados comparando as diversas técnicas de reparo de varicocele com objetivos distintos, como avaliar complicações pós-operatórias precoces ou tardias e avaliação de alteração na fertilidade. Nesse artigo focaremos os estudos que avaliaram alterações na fertilida-de após a correção da varicocele.

Estudos demonstraram a melhora na concentração, motilidade e morfologia dos espermato-zoides após 6 meses, com o uso da técnica subinguinal com magni� cação (maiores taxas de gesta-ções após técnicas microcirúrgicas comparadas à ligadura alta) (Sayfan J,1992), em relação à ingui-nal e embolização (Jarow P, 2001). Observa-se também melhora do espermograma após técnicas abertas em relação à embolização (Cayan S, 2000).

A seguir serão analisadas separadamente as alterações no espermograma.

- Astenospermia: aproximadamente 19% dos homens não férteis e com varicocele clinica-mente detectáveis possuem apenas alterações na motilidade dos espermatozoides. Observa-se que a varicocelectomia resulta em melhora desta alteração (Schatte EC, 1998).

- Teratozoospermia: estudos demonstram melhora estatisticamente signi� cativa na con-centração e forma dos espermatozoides 3 meses após a correção da varicocele por microcirurgia (Kibar Y, 2002).

- Oligozoospermia: estudos já publicados demonstram o aumento na contagem de esper-matozoides após o reparo da varicocele. Entretanto, estudos mostram que homens com oligozoos-permia severa (<5 milhões/mL), têm menores taxa de gestações espontâneas no pós-operatório (Dubin L, 1977; Baazeem A, 2009) . A azoospermia não obstrutiva ou oligozoospermia severa está presente em 4-13% dos homens com varicocele palpável (Matthew A. Will, 2011).

- DNA do esperma: A avaliação do dano no DNA do esperma é uma área em que o interesse têm crescido. Recentemente sugere-se que a correção cirúrgica da varicocele melhora a capacidade antioxidante no sêmen, diminuindo o estresse oxidativo e consequentemente o dano ao material celular (Mostafa T, 2001).

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Varicocele subinguinal - correção cirúrgica

GRAU DA VARICOCELE E EFEITO DO REPARO NA FERTILIDADE

A varicocele subclínica é diagnosticada quando, apesar de não palpável, é observado o re� u-xo ou dilatação da veia espermática interna ao método radiológico (ultrassom, termogra� a ou veno-gra� a) (Matthew A. Will, 2011). O tratamento ou não da varicocele subclínica é um dos assuntos em que mais se investem em estudos atualmente. Apesar de estudos mostrarem uma discreta melhora no espermograma com o tratamento destes pacientes, não houve aumento signi� cativo nas taxas de fecundação. Desse modo, não há, atualmente, evidências a favor do reparo de varicoceles subclí-nicas para � m de melhora na fertilidade. (Grasso M, 2000; Unal D, 2001)

Quanto à varicocele clínica, diversos estudos desde a década de 80 foram publicados, de-monstrando o benefício ou não do tratamento cirúrgico em relação à melhora nas taxas de fertilida-de. Alguns trabalhos (Nilsson S, 1979; Krause W, 2002) demonstram que não há benefício na cirurgia em comparação à conduta expectante em casais inférteis sem qualquer outra alteração que não a presença de varicocele.

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Por outro lado, diversos outros estudos (Okuyama A., 1988; Madgar I., 1995) mostram bene-fícios quanto à fertilidade após o tratamento da varicocele. Okuyama et al. em seu trabalho avaliou pacientes tratados pela técnica de Palomo com grupo controle de conduta expectante, avaliando alterações seminais e taxas de gestações em até dois anos, concluindo que houve melhora no es-permograma, principalmente quanto à motilidade e maiores taxas de fecundação no grupo tratado cirurgicamente, especialmente dentro do primeiro ano após a correção cirúrgica. Madgar et al. tam-bém mostrou melhora na concentração, mobilidade e morfologia dos espermatozoides, assim como maiores taxas de fecundação no período de um ano após a cirurgia. Dentre os estudos atualmente publicados nenhum ensaio clínico randomizado avaliou o efeito da microcirurgia na correção da va-ricocele em relação à melhora na fertilidade de homens com varicocele clínica e alterações seminais (Matthew A. Will, 2011). Portanto, estudos nesta área são aguardados para avaliar o benefício ou não desta técnica com este � m.

Atualmente, sabe-se que nem todos os homens portadores de varicocele e infertilidade irão se bene� ciar do reparo cirúrgico. Alguns estudos mostram que quanto maior o grau da varicocele, maior o benefício após o tratamento cirúrgico (Jarow J. P., 1992; Ishikawa T., 2005;). Apesar disso, quando associada à alterações seminais e infertilidade, o grau da varicocele não deve ser um fator determinante para o tratamento cirúrgico, uma vez que a varicocelectomia está indicada (Matthew A. Will, 2011).

As recidivas da varicocele ocorrem na grande maioria dos casos devido às veias colaterais da espermática interna, ou então devido à presença de pequenas veias não visualizadas no primeiro tratamento, que posteriormente � caram dilatadas (Kyung Hyun Moon, 2012). A recorrência é menor após técnicas microcirúrgicas (Kyung Hyun Moon, 2012). Madjar et al.(1998) e Grober et al.(2004) notaram bons resultados cirúrgicos com a correção subinguinal dessas recidivas, com melhoras sig-ni� cativas na concentração e mobilidade dos espermatozoides após a nova cirurgia.

Diversos estudos (Cayan S., 2002; Zini A., 2008) têm tentado relacionar a correção cirúrgica da varicocele com melhora na fertilidade do casal através de técnicas de reprodução assistida ou para evitar que os casais usem tais técnicas, conseguindo a gestação espontaneamente. Entretanto, a maioria dos estudos são relatos de casos não controlados e por isso não possuem signi� cância estatística su� ciente para levarem a alguma conclusão efetiva.

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CONCLUSÃO

A varicocele é um distúrbio relativamente comum e frequente em homens não férteis, com seus efeitos variando individualmente, já que muitos homens portadores de varicocele não cur-sam com infertilidade. O tratamento visando a melhora dos níveis de fertilidade é objeto de muitos estudos, mas ainda é um assunto controverso. Entretanto, com os estudos já publicados, algumas conclusões podem ser de� nidas. Sabe-se que a varicocele possui um efeito deletério no testículo e em sua função. Essa alteração é bilateral, mesmo em portadores de varicocele unilateral.

O reparo da varicocele é uma boa opção como tratamento primário em casais com infertilida-de documentada e nos quais o homem possui varicocele clínica, alterações seminais e com o fator feminino descartado, sem outras causas justi� cáveis para a infertilidade. Independente do grau da varicocele, a correção bilateral é recomendada quando o acometimento clínico é tanto à direita quanto à esquerda. Em pacientes com análise seminal alterada e varicocele subclínica, não parece haver benefício do tratamento em relação à observação. Estudos demonstram que as técnicas mi-crocirúrgicas apresentam maiores taxas de sucesso com menores taxas de complicações. Entretanto, a escolha da técnica deve depender principalmente da experiência do cirurgião. Atualmente, estão em andamento estudos analisando as taxas de fertilidade em grupos submetidos à correção cirúr-gica em relação à conduta expectante e comparando as técnicas cirúrgicas disponíveis em relação a resultados de fertilidade. Ainda são aguardados também estudos que demonstrem o benefício da varicocelectomia em pacientes que necessitam de técnicas de reprodução assistida. Quanto ao acompanhamento, o espermograma deve ser realizado a cada três meses no primeiro ano após a correção cirúrgica, ou até a ocorrência da gravidez, para avaliar os benefícios da cirurgia.

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VARICOCELE

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