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SONIDOS

Os dois são mineiros. Um meio emprestado, é verdade. Moy-seis Marques nasceu em Juiz

de Fora, mas foi ainda bebê pro Rio de Janeiro. Lá, cresceu na Vila da Penha, subúrbio carioca. Foi operador de fo-tocópias, atendente do McDonald’s e animador de festa infantil. Até que apareceu nas rodas de forró, e se ren-deu ao samba, despontando na Lapa carioca. Reza a lenda que levou Al-dir Blanc às lágrimas em um bar da Lapa ao cantar “Imperial”, parceria dele com Wilson das Neves. Se nos dois primeiros discos, que chamaram a atenção de cariocas de carteirinha,

O sAMbA EMSUA MElhoR TRADUÇÃo

como Ruy Castro, Moyseis Marques soltava o gogó a serviço de outros compositores, no novo disco Pra De-sengomar (Biscoito Fino), ele assina todas as canções. E põe até a bos-sa-novista Leila Pinheiro pra sambar com ele na faixa Bicho do Mato. Moy-seis conta que o compositor sempre esteve lá. “Pouca gente sabe disso, mas no início da carreira comecei a cantar pra cantar minhas músicas. Eu gosto do trabalho de intérprete, só que eu tinha material bom pra fazer um álbum, aí falei: ‘Por que não fazer um disco 100% autoral?’”. Outro que dá as graças é o conterrâneo Moacyr

Vander Lee e seu Sambarroco

Por Daniella Zupo Fotos Divulgação

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Luz, na faixa “Meu canto é pra valer”. Nem precisava dizer. Moyseis Mar-ques é a cara do Rio que dá samba.

Vander Lee não ficou conhecido como sambista, embora o gênero sempre tenha marcado presença em sua tra-jetória, numa canção aqui e ali. Tal-vez, por isso, ele tenha dedicado o repertório do último disco ao samba, em um título que já explica a que veio: Sambarroco. Uma tentativa de expli-car o tal jeito mineiro de fazer samba. Pra ajudar na tradução, Vander Lee convocou o violonista e compositor Thiago Delegado, virtuose mineira e

presença garantida nos melhores projetos de samba da cena de Belo Horizonte. É dele a direção artística do disco. A faixa título, parceria de Vander Lee com Dudu Nicácio, fala de amor e dá a pista dos caminhos que seguem o jeito mineiro de fazer samba: “Ele vai e vem. Ele é paz é bem. Amor barroco, pérola imperfeita, Amém.” “Essas parcerias são formas que encontrei de ouvir o que é esse samba novo que se faz em Belo Hori-zonte. Então, escolhi dois companhei-ros que estão na liderança desse novo momento do samba”, explica Vander Lee. Sem renegar o estilo que o con-

sagrou, neste sétimo disco ele avança em território menos óbvio e o resulta-do é um disco elegante e bonito.

Diferentes em seus “sotaques”, Pra desengomar e Sambarroco são dois álbuns recém-lançados, boas dicas pra quem gosta de samba. Ou, sim-plesmente, pra quem quer conhecer o trabalho de dois nomes de “responsa” da nova geração da MPB, que trazem a efi ciente mistura de voz, trabalho au-toral e carisma. Vander Lee e Moyseis Marques são herdeiros naturais da me-lhor linhagem de cantores composito-res da música popular brasileira.

Moyseis Marques é cara do Rio que dá samba