Vandeí Pinto da SilvaVandeí Pinto da Silva

ENSINO E APRENDIZAGEM ESCOLAR COMO PROCESSO HUMANIZADOR

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Diógenes, o cínico (404 a 312)

Objetivosensejar reflexões sobre o papel da escola e suas possibilidades de transformação social com vistas ao processo de humanização.

PressupostosA escola tanto pode contribuir para a transformação social quanto reiterar o modelo de sociedade vigente

Toda pessoa tem uma capacidade infinita de aprender, desde que dadas as condições histórico-sociais.

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Questões:Questões:

Pode a escola contribuir para a Pode a escola contribuir para a transformação social?transformação social?

Pode-se ensinar a conduta ética e a Pode-se ensinar a conduta ética e a sensibilidade estética?sensibilidade estética?

Quem educa o educador?Quem educa o educador?

O que é formação humanizadora?O que é formação humanizadora?

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Pontos para discussão:

1. Sociedade e escola: relações entre processos produtivos e processos educativos.

2. Processo de ensino e aprendizagem e desenvolvimento humano

3. Conhecimento e subjetividade na escola atual

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1. Sociedade e escola: relações entre processos produtivos e processos educativos

- a educação constitui-se como atividade humana universal.

- os modelos educacionais criados pelos homens sempre estiveram vinculados a um tipo de sociedade que se almejava consolidar ou construir.

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AAA

- a educação escolar não é neutra: seu objetivo principal tem sido a preparação para o trabalho

- o trabalho tanto pode humanizar como, no contexto de alienação, desumanizar

-nem todo trabalho dignifica o homem

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AAA

- marcas do tempo e do trabalho marcas do tempo e do trabalho no corpo humanono corpo humano

- sofrimento imposto que sofrimento imposto que degrada e embrutecedegrada e embrutece

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Serra Pelada, Sebastião Salgado, 1986.

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Análise:Condições de trabalho e exploração para além do modelo industrial

Diferentes campos de trabalho na sociedade dita pós-industrial

Destaque para a produção imaterial: educação, cultura, arte.

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No Brasil a escola para as massas destinou-se a adaptar os trabalhadores

Pensar e fazer

O trabalho intelectual e o manual

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União da inteligência, mãos e emoção na transformação da natureza e da cultura por meio do trabalho

Formação reduzida à dimensão técnica

Sociedade pós-industrial e o problema da formação unidemensional

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Por educação entendemos três coisas (Marx, em 1866):

1) Educação intelectual2) Educação corporal3) Educação tecnológica

Impossibilidade de articular trabalho e satisfação – Ulisses e as sereias

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Papel da Educação:formar profissionais competentes e também conscientes do seu papel social transformador.

Formar também pessoas capazes de usufruir da riqueza material e imaterial produzida

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TERCEIRO MANUSCRITO

Quanto menos cada um comer, beber, comprar livros, for ao teatro ou ao baile, ao bar, quanto menos cada um pensar, amar, teorizar, cantar, pintar, poetar, etc., tanto mais poupará, tanto maior será o seu tesouro, que nem a traça nem a ferrugem roerão, o seu capital. Quanto menos cada um for, quanto menos cada um expressar a sua vida, tanto mais terá, tanto maior será a sua vida alienada. (MARX, Manuscritos económico-filosóficos. Terceiro manuscrito (1993: 210-220).

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Avançar no processo de humanização no contexto da instituição escolar tem a ver com o que Adorno menciona acerca da dialética da adaptação e da mudança.

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A educação seria impotente e ideológica se ignorasse o

objetivo de adaptação e não preparasse os homens para se

orientarem no mundo. Porém ela seria igualmente

questionável se ficasse nisto, produzindo nada além de well

adjusted people, pessoas bem ajustadas, em conseqüência do

que a situação existente se impõe precisamente no que tem de pior. (ADORNO, 1995, p. 143).

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Para Vásquez a práxis humana tem dois aspectos:

Um intencional, quando o indivíduo elege e persegue um determinado fim.

Outro não intencional: a atividade se integra a outras nos âmbitos social e global e produz resultados que escapam à consciência e vontade do indivíduo.

O processo de ensino e aprendizagem caracteriza-se como um processo dialético, contínuo e complexo.

A aprendizagem refere-se à apreensão de conhecimentos e estes modificam concepções, condutas, relações e circunstâncias materiais e imateriais .

Aprendizagem e desenvolvimento humano

Aprender a usar uma máquina de escrever significa, na realidade, estabelecer um certo número de hábitos que, por si sós, não alteram absolutamente as características psicointelectuais do homem. (...) O

processo de aprender a escrever é muito diferente. Algumas pesquisas demonstram que este processo ativa uma fase de desenvolvimento dos

processos psicointelectuais inteiramente nova e muito complexa... Vigotiski (2001)

2. O processo de ensino e aprendizagem e desenvolvimento humano

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Conhecimento relevante:

- o desafio de motivar o estudante para o desconhecido, sem utilidade prática e incapaz de fornecer prazer imediato;

-considerar o contexto histórico-social no processo de ensino e de aprendizagem;

-a complexificação das relações de produção material e imaterial requer processos educativos cada vez mais sistemáticos e prolongados;

-é imprescindível que o conhecimento escolar se apresente pleno de intencionalidade. Tanto da parte de Tanto da parte de quem ensina quanto da parte de quem aprende.quem ensina quanto da parte de quem aprende.

Aprendizagem e desenvolvimento humano

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- intencionalidade no estabelecimento de objetivos, conteúdos e metodologias de ensino, superar a burocratização

- o alto grau de inculcação de desejos artificiais e, portanto, de escassez de intencionalidade se exemplifica nas práticas de marketing. A propaganda induz o indivíduo a consumir determinados produtos sem ter refletido sobre sua importância e necessidade;

- a educação segue a dinâmica da conscientização e da reflexão. As escolhas são pautadas em critérios. Na educação o despertar do desejo resulta do comprometimento e do envolvimento dos sujeitos em projetos autonomamente escolhidos.

Aprendizagem e desenvolvimento humano

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3. Conhecimento e subjetividade na escola atual - O que se aprende sozinho e o que se aprende porque foi sistematicamente ensinado?

- Qual a importância dos conhecimentos adquiridos espontaneamente (Paulo Freire)?

- Qual a importância da escola ante as necessidades da sociedade atual de socializar os conhecimentos historicamente produzidos (Saviani)?

“Poetas Niversitários” (Patativa do Assaré)24

-Papel fundamental da escola de propiciar a Papel fundamental da escola de propiciar a aquisição dos instrumentos que possibilitam o aquisição dos instrumentos que possibilitam o acesso ao saber elaborado. acesso ao saber elaborado. 

“... o objeto da educação diz respeito, de um lado, à identificação dos elementos culturais que precisam ser assimilados pelos indivíduos da espécie humana para que eles se tornem humanos e, de outro lado e concomitantemente, à descoberta das formas mais adequadas para atingir esse objetivo (SAVIANI, 1991).

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Recorte histórico Recorte histórico (buscando detectar predominância de tendências)

Período medieval – dogmática cristã católica. Os valores morais baseados em prescrições, num contexto de pouca discussão sobre a verdade.

Período moderno: rompe com a doutrinação religiosa que dominava o conhecimento no período medieval. Superadas as práticas inquisitoriais e as condenações sumárias imperou o heliocentrismo e, com ele, a crença no poder absoluto da ciência experimental e na razão iluminada.

Florença, Itália

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EErara AtualAtual (pós-moderna: carente de referências paradigmáticas. Não há mais a predominância do paradigma religioso e nem do paradigma científico. Houve um avassalador processo de desconstrução de valores. Nessa crise de paradigmas as pessoas relutam em tomar posição e tendem a ficar à mercê do paradigma neoliberal dominante, centrado no produtivismo, na importância da técnica e no consumismo.

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Como ser professor competente nesse mundo?

Terezinha Azerêdo Rios (2008)

a) superação a fragmentação do conhecimento, dacomunicação e das relações. Para isso é necessário buscar visão de totalidade e uma articulação estreita de saberes e capacidades.

b) ante a globalização, considerar as diferenças e especificidades dos saberes e das práticas, para se realizar um trabalho coletivo e interdisciplinar;

c) equilibrar de forma articulada todas as capacidades dos seres humanos na sua intervenção na realidade e na relação com seus semelhantes. Equilibrar a dimensão afetiva e a racional, buscando a dignidade humana e a felicidade.

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Sociedade do conhecimento ou do conhecimento tecnológico?

-O fenômeno do desinteresse dos estudantes para com as propostas escolares expõe uma problemática importante: o tipo de relação que estudantes e professores estabelecem com os conhecimentos escolarizados.

- O conhecimento escolarizado caracteriza-se fundamentalmente como transmissão dos conhecimentos socialmente produzidos, transmissão efetivada, predominantemente de forma descontextualizada, sem refazer o caminho que motivou a descoberta daquele conhecimento.

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-O professor, antes de se propor a ensinar algo para os seus alunos, devia se perguntar qual o significado destes conhecimentos para ele mesmo.

-Buscar os métodos mais adequados para o processo de ensino e aprendizagem;

-Conforme sua a origem latina, a palavra methodus significa o caminho para se chegar a um fim.

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-A escolha do método é, sem dúvida, condicionada pela natureza do conhecimento a ser ensinado e aprendido.

As metodologias necessárias para o desenvolvimento de habilidades motoras tais como a dança e a natação

diferem daquelas necessárias para o domínio de conhecimentos no campo da leitura, da escrita e do cálculo,

que por sua vez diferem dos métodos destinados à formação ética, estética e cidadã, que também diferem das

metodologias necessárias à formação profissional

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- Há conhecimentos, habilidade e atitudes que só adquirimos no grupo, outros adquirimos viajando, outros em congressos, outros na sala de aula e nos outros no nosso espaço individual de reflexão.

- Na educação o importante não é apenas chegar: o processo de como chegar também é importante, pois nele se dão os passos necessários a um salto de qualidade.

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Em suma, advogo como meta para a educação escolar atual ir além da preparação para o trabalho, dedicando-se principalmente à revalorização da pessoa humana, nas suas capacidades de produzir e usufruir dos bens materiais e imateriais socialmente produzidos.

Investir num trabalho de revalorização do ser humano, e do professor em especial, poderá significar um passo importante no desenvolvimento dos cinco sentidos, alargando-os rumo ao desenvolvimento da sensibilidade estética, aprimorando a percepção, desenvolve a ética e comprometimento cidadão.

A N E X O S

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AULA Vandeí Pinto da Silva

Há um bom tempo não refletia sobre a aula,Pois ultimamente tenho ministrado muitas aulas.Paradoxal situação de professor que não se dedica a pensarSobre o que mais faz: dar aulas. Na dificuldade de conceituar o que seja aulaParto do que ela não seja, descrevo, interrogo, enuncio. Aula não é assembléia e nem evento cultural,Aula não é conferência, comunicação, palestra ou mesa-redonda,Tal como temos nos eventos e encontros.Mas aula é também encontro e contém elementos dos citados encontros. Oficinas e projetos também não são aulas,Seminários são aulas dadas por alunos. Aula requer espaço apropriado,Conforme a natureza do conhecimento a ser apreendido.Nas escolas o espaço prioritário é o da sala-de-aula. Requer-se, contudo, que esteja bem equipado.

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Há aulas em laboratórios,Nas quadras esportivas,Nos campos de futebol,Nas pistas de atletismo e até em piscinas (infelizmente nunca vistas em escolas públicas de ensino básico). Aula requer também um tempo.Tempo para começar eTempo para terminar.Um tempo de preparo,Um tempo para a teoria,Outro para exemplificação, para a prática. Tempo de exposição, tempo de discussão.De construção individual, de elaboração coletiva.Há aulas em que não se vê o tempo passar. São aulas dinâmicas.E aulas em que o tempo não passa. Maçantes.

Na aula há presença de professor,Presença de aluno.Às vezes também ingerência de diretor ou coordenador.Na aula há conhecimentos a serem partilhados, ensinados e apreendidos.Há conhecimento que não são ensinados e nem apreendidos na aula. 36

Na aula há presença de professor,Presença de aluno.Às vezes também ingerência de diretor ou coordenador.Na aula há conhecimentos a serem partilhados, ensinados e apreendidos.Há conhecimento que não são ensinados e nem apreendidos na aula. Tecnicamente, boa aula contém objetivos, conteúdos, metodologia, bibliografia e avaliação.Politicamente, boa aula impulsiona relações sociais justas.Humanamente, propicia relações interpessoais de respeito, amizade, cooperação, solidariedade. Há professores que precisam dar aulas demais.Outros que dão apenas o mínimo.Professores que inibem a fala dos alunos, não sabem ouvir.Há alunos mudos ou sem conteúdos em suas falas. Seria a aula uma atividade necessariamente cansativa? Alunos de pós dizem não agüentar mais aulas, professores não as suportam.É desconfortável quando alunos cabulam aulas.Pior quando professores matam aulas.O tempo a mais na escola de tempo integral deverá ser utilizado com mais aulas?Não é um tempo para outras atividades, projetos e oficinas? 37

Aula é a essência da escola.Importante ponto de referência.Nela alunos têm nome e professores também...Na aula professores e alunos se revelam, não há como se esconder.Há espaço para a subjetividade.Tem a rotina do dia, disciplina e criação. Mas tem aula que é leitura pura,Outra simplesmente cópia ou ditado.Convém fazer da aula diálogo.Na próxima aula vou perguntar para meus alunos como avaliam minhas aulas.

Vandeí Pinto da Silva FFC da UNESP. Texto elaborado para a cerimônia de abertura do “IV Encontro de Educação do Oeste Paulista – Aula: o direito e o avesso”, 2006.

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Aos poetas clássicos Patativa do Assaré

Poetas niversitário, Poetas de Cademia, De rico vocabularo Cheio de mitologia; Se a gente canta o que pensa, Eu quero pedir licença, Pois mesmo sem português Neste livrinho apresento O prazê e o sofrimento De um poeta camponês. Eu nasci aqui no mato, Vivi sempre a trabaiá, Neste meu pobre recato, Eu não pude estudá. No verdô de minha idade, Só tive a felicidade De dá um pequeno insaio In dois livro do iscritô, O famoso professô Filisberto de Carvaio.

No premêro livro havia Belas figuras na capa, E no começo se lia: A pá — O dedo do Papa, Papa, pia, dedo, dado, Pua, o pote de melado, Dá-me o dado, a fera é má E tantas coisa bonita, Qui o meu coração parpita Quando eu pego a rescordá. Foi os livro de valô Mais maió que vi no mundo, Apenas daquele autô Li o premêro e o segundo; Mas, porém, esta leitura, Me tirô da treva escura, Mostrando o caminho certo, Bastante me protegeu; Eu juro que Jesus deu. Sarvação a Filisberto. 39

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Depois que os dois livro eu li, Fiquei me sintindo bem, E ôtras coisinha aprendi Sem tê lição de ninguém. Na minha pobre linguage, Na minha lira servage Canto o que minha arma sente E o meu coração incerra, As coisa de minha terra E a vida de minha gente.

Poeta niversitaro,Poeta de cademia, De rico vocabularo Cheio de mitologia, Tarvez este meu livrinho  Não vá recebê carinho,  Nem lugio e nem istima,  Mas garanto sê fié  E não istruí papé  Com poesia sem rima.

Cheio de rima e sintindo Quero iscrevê meu volume, Pra não ficá parecido Com a fulô sem perfume;  A poesia sem rima,  Bastante me disanima  E alegria não me dá;  Não tem sabô a leitura,  Parece uma noite iscura  Sem istrela e sem luá.

Se um dotô me perguntá  Se o verso sem rima presta,  Calado eu não vou ficá, A minha resposta é esta: Sem a rima, a poesia  Perde arguma simpatia  E uma parte do primô;  Não merece munta parma,  É como o corpo sem arma  E o coração sem amô.

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Meu caro amigo poeta, Qui faz poesia branca, Não me chame de pateta Por esta opinião franca. Nasci entre a natureza, Sempre adorando as beleza Das obra do Criadô, Uvindo o vento na serva E vendo no campo a reva Pintadinha de fulô.

Sou um caboco rocêro, Sem letra e sem istrução; O meu verso tem o chêro Da poêra do sertão; Vivo nesta solidade Bem destante da cidade Onde a ciença guverna. Tudo meu é naturá, Não sou capaz de gostá Da poesia moderna.

Dêste jeito Deus me quis E assim eu me sinto bem; Me considero feliz Sem nunca invejá quem tem Profundo conhecimento. Ou ligêro como o vento Ou divagá como a lêsma, Tudo sofre a mesma prova, Vai batê na fria cova; Esta vida é sempre a mesma.  

Primeiros ErrosCapital Inicial

Composição: Kiko Zambianchi

Meu caminho é cada manhãNão procure saber onde estouMeu destino não é de ninguémEu não deixo os meus passos no chãoSe você não entende, não vêSe não me vê, não entendeNão procure saber onde estouSe o meu jeito te surpreendeSe o meu corpo virasse solMinha mente virasse solMas, só chove e choveChove e chove

Se um dia eu pudesse verMeu passado inteiroE fizesse parar de choverNos primeiros errosO meu corpo viraria solMinha mente virariaMas, só chove e choveChove e chove

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