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VALORIZANDO, RECONHECENDO E TRABALHANDO A DIVERSIDADE CULTURAL NA ESCOLA POR MEIO DO CINEMA

Autora: Elvira Bankhardt Buniotti 1

Orientador: Professor Ms. Altair Bonini 2

Resumo

Tendo como pano de fundo o projeto “Valorizando, reconhecendo e trabalhando a diversidade cultural na escola por meio do cinema”, desenvolvido junto aos alunos de 6º e 7º anos do Ensino Fundamental, no Colégio Estadual Flauzina Dias Viégas – EFM, município de Paranavaí/PR, este artigo procura discutir o conceito de diversidade, e como este tema pode ser inserido no cotidiano escolar com o objetivo de fortalecer a identidade cultural dos educandos, a percepção de histórias em comum e do reconhecimento das diferenças entre os sujeitos. Para tanto, recorreu-se à linguagem cinematográfica, produzida nesta área, principalmente curtas metragens, aliada a atividades de discussão e reflexão sobre o assunto.

Palavras-chave: Diversidade cultural; cultura; cinema; ensino; escola.

1 Introdução

“Nosso bairro é gostoso de morar, mas tem um monte de gente que acha que somos piores que as outras pessoas de outros bairros” (Aluno do CE Flauzina Dias Viégas – EFM).

1 Especialização em Administração, supervisão e orientação educacional pela Universidade Norte

do Paraná, graduação em história pela Faculdade de ciências e letras de Presidente Prudente. Professora da rede pública estadual de educação do Paraná.

2 Mestre em História. Professor do Colegiado de História da Universidade do Estado do Paraná – UNESPAR – Campus Paranavaí.

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O presente artigo se constitui como parte integrante das atividades previstas

no Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE), promovido pela Secretaria de

Educação do Paraná (SEED) e também como resultado do aprofundamento teórico,

da reflexão sobre a prática pedagógica, da implementação do projeto desenvolvido

com alunos do 6º e 7º ano, do Colégio Estadual Flauzina Dias Viégas – EFM,

situada no município de Paranavaí, região Noroeste do estado do Paraná. O referido

artigo teve como objetivo trabalhar a diversidade cultural na escola, buscando levar

os educandos a perceberem as contradições dos sistemas econômicos e as

relações de poder estabelecidas por seus representantes para manutenção do

status quo. Desta forma, oportunizou aos alunos a reflexão acerca dos motivos que

levam os seres humanos a excluírem ou tratarem com preconceito e discriminação

certos grupos sociais, tornando naturais e verdadeiros certos estereótipos e

imagens dos sujeitos das classes desfavorecidas.

Trabalhar a diversidade vai contra a perspectiva que apresenta como

finalidade apenas formar cidadãos solidários, responsáveis, abertos a outras

culturas, objetivando a domesticação das classes trabalhadoras para amenizar os

conflitos com outros grupos sociais ou que visem naturalizar as relações de

desigualdade, impedindo que as classes menos favorecidas reivindiquem direitos

mais amplos. Para tanto, a diversidade deve ser inserida e debatida com os alunos

de forma mais ampla, não desprezando a complexidade que envolve a realidade

atualmente, e, principalmente as questões relacionadas ao mundo do trabalho que

exclui da modernidade a maior parcela da população. Sendo assim, ao abordar a

questão da diversidade cultural deve-se mostrar aos alunos situações de exclusão,

discriminação, preconceitos e criação de imagens depreciativas que ocorrem em

Paranavaí, mas que também ocorrem em várias outras partes do mundo por razões

e objetivos muito próximos.

Neste sentido, abordar a diversidade cultural, como conteúdo escolar a ser

discutido em todas as séries, requer dos professores o desenvolvimento de

processos educativos, metodologias, materiais didáticos e instrumentos

pedagógicos alternativos que levem em conta a existência e o debate sobre as

diferenças em todos os âmbitos.

Assim, procurou-se abordar o tema por meio de filmes, ou seja, utilizando

alguns recursos imagéticos e tecnológicos, visando valorizar a cultura que o aluno

traz consigo, dando visibilidade e reconhecimento, mostrando como são construídos

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historicamente e socialmente os diversos tipos de racismos, de preconceitos e de

estereótipos em nossa sociedade. Também, levando-os a perceberem que estas

formas de preconceito são constantes no cotidiano escolar, pois vivem neste tipo de

sociedade, que fazem parte da cultura, muitas vezes, praticadas por alunos,

professores e funcionários da escola de forma naturalizada, motivados pela

desvalorização de certas culturas, modos de vida diferentes, costumes e práticas de

vários grupos sociais do Brasil, tais como: o negro, o camponês, o indígena ou o

cigano. Isto acarreta, quase sempre, na falta de motivação, pela baixa autoestima

dos educandos, que são excluídos socialmente e no interior da escola, que não

favorece, nem valoriza elementos de sua cultura. Neste sentido, a epígrafe deste

texto, expressa em certa medida, o pensamento de muitos alunos, culminando na

forma de desmotivação ou indisciplina.

Os objetivos específicos tiveram como finalidade, identificar e conhecer

filmes que valorizassem as diferentes culturas existentes na escola, propor

atividades de reflexão que possibilitassem mudanças de hábitos e atitudes em

relação aos estereótipos e preconceitos construídos socialmente e historicamente

no Brasil; aprofundar o entendimento da educação para as relações étnico-raciais e

diversidade cultural e ainda, resgatar a autoestima dos alunos por meio de

atividades diversificadas que retratassem e valorizassem suas culturas, formas de

expressão e manifestações culturais. Entre os filmes trabalhados estão: “O xadrez

das cores”, “Vista a minha pele” e “O contador de história”.

A abordagem deste tema na escola se justifica pelo fato de que foram feitas

análises de vários indicadores, uma vez que o Colégio Estadual Flauzina Dias

Viégas - EFM está localizado em um bairro de classe popular do município de

Paranavaí, sendo este bastante populoso, onde a maioria das famílias residentes

apresentam baixo poder aquisitivo, além de o bairro contar com pouca infraestrutura

urbana. Na observação do dia-a-dia da escola houve a necessidade de trabalhar o

tema, em virtude das diversas formas de discriminação sofridas pelos alunos, entre

elas, discriminação quanto à idade, à cor, ao gênero, à religião e ao tipo físico. Outro

fator agravante percebido na escola são os casos de matrículas recebidas de alunos

vindos de outros países, regiões e, principalmente, da zona rural, com hábitos,

costumes e idiomas diferentes, onde a escola não está preparada para orientar

professores e alunos na solução de conflitos e atitudes preconceituosas.

Desta forma, para organizar o texto foi dividido o mesmo em três momentos.

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Na primeira parte, abordou-se o tema da diversidade cultural e seu papel no espaço

escolar. Em seguida, foi realizada uma breve discussão sobre a formação de

professores para o trabalho com a diversidade cultural nas escolas. Por fim, foram

apresentadas algumas observações sobre o trabalho com a diversidade cultural e os

preconceitos, tendo por base atividades realizadas durante realização de atividades

pedagógicas no projeto “Valorizando, reconhecendo e trabalhando a diversidade

cultural na escola por meio do cinema”, no Colégio Estadual Flauzina Dias Viégas –

EFM, sobre a metodologia de como trabalhar filmes na escola.

2 Discutindo a diversidade cultural no espaço escolar

A instituição escola ao mesmo tempo em que possui o poder de

emancipação de um sujeito também concentra com maior força o poder de

opressão. Há muito é sabido que a escola não é um espaço neutro de formação de

futuros cidadãos. Nela, estão presentes diariamente relações de poder e de

disciplinarização dos corpos e mentes. Neste sentido, a forma como a escola está

organizada e as experiências vividas no seu interior, cotidianamente por professores,

alunos e funcionários, são responsáveis por um conjunto de regras e valores que

serão internalizadas pelas crianças e jovens. Questiona-se, portanto: como estas

regras e valores, ensinados pela escola, contribuem para a manutenção das

desigualdades? Que valores e regras estão sendo transmitidos aos educandos no

espaço escolar? Como está sendo feito isto?

Há o entendimento de que a escola tem um papel importante na transmissão

da cultura hegemônica, ao mesmo tempo, vem negando às classes trabalhadoras,

os conhecimentos necessários para alterar a ordem estabelecida. Isto se dá não

somente em relação ao conteúdo específico trabalhado com os alunos, mas

também, na estrutura organizacional da escola, que reproduz os padrões de

comportamento e a lógica da sociedade, muitas vezes, classificando os alunos,

promovendo a competição entre estes e o individualismo, a estrutura de poder no

qual não se permitem as expressões das diferenças. Desta a forma, é importante

compreender que toda a organização da escola (como os alunos são recebidos pela

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escola, principalmente por professores e funcionários, os momentos em que são

destinados a escutar o que eles têm a dizer, como são tratados na hora em que é

servida a merenda, etc.), interfere na formação integral dos estudantes,

perpassando o trabalho de sala de aula e a relação professor-aluno. Sendo assim, a

escola interessa muito às classes dominantes quando:

Os conteúdos articulam-se aos conhecimentos básicos significativos voltados muito mais para o desenvolvimento de atributos pessoais expressos em hábitos, atitudes e habilidades necessárias à sua inserção ao mundo do trabalho, tais como obediência, entusiasmo, adaptabilidade, perseverança e responsabilidade (SILVENTE e BANDEIRA, 2000, p. 244).

O foco da questão é se o tema da diversidade cultural ou multiculturalismo

pode ajudar a reverter esta ordem. Para um grupo de estudiosos a inserção destas

discussões no espaço escolar é positiva, pois estão associadas “... às conquistas

decorrentes das reivindicações dos movimentos populares e dos avanços do

processo democrático” (CARVALHO, 2010 p 18). Para outros esta questão está

ligada aos interesses dos países desenvolvidos, frente às transformações por quais

passaram e estão atravessando, em virtude das novas estruturas do chamado

mundo globalizado, uma vez que reflete a necessidade da Organização Mundial do

Comércio (OMC) em manter a paz e a segurança internacional. Desta forma,

Em decorrência das mudanças descritas anteriormente, emergem novas tecnologias produtivas e de comunicação, alterando os requisitos e parâmetros do trabalho especializado. Historicamente, de um lado, produz-se a possibilidade de todos usufruírem desses avanços. De outro, em razão da própria fora de organização da sociedade capitalista, essas mudanças intensificam a competição e agravam as desigualdades e a exclusão social, produzindo comportamentos sociais relacionados à erupção de novas formas de intolerância, violência, racismo, xenofobia, manifestação do nacionalismo, marginalização, discriminação contra as minorias

étnicas, religiosas e lingüísticas e ainda o terrorismo (CARVALHO, 2010 p 41).

Como a professora Elma Júlia G. de CARVALHO aponta acima, as

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contradições do mundo capitalista, ao invés de serem amenizadas com o

desenvolvimento do sistema capitalista, ao contrário, são acrescidas, tornando-se

objeto de apreensão por parte da sociedade. Com isto, são pensadas, a partir do

inicio da década de 1990, pela Organização para a Educação, a Ciência e a Cultura

das Nações Unidas (UNESCO) políticas educacionais que valorizassem a cultura da

paz, a compreensão mútua entre as culturas e a solidariedade entre os povos.

No Brasil, tornou-se grande a influência destas políticas, visto que o setor de

educação passou por reformas neste período (1990), vindo a “incorporar às

diretrizes e linhas de ação definidas pelos organismos internacionais” (CARVALHO,

2010 p. 19). Assim, em vários documentos educacionais elaborados pelo estado

brasileiro, estão propagadas a defesa e valorização da diversidade cultural, como

por exemplo, a LDB (Lei nº 9.394/1996) e os Parâmetros Curriculares Nacionais

(PCNs).

Em linhas gerais estes documentos e outros, indicam a necessidade de uma

prática educativa que exige:

[...] currículos multiculturais, propostas pedagógicas que respeitem e valorizem o pluralismo, materiais didáticos adequados (contendo informações, imagens, dados dos grupos minoritários); conteúdos e atividades didáticas capazes de responder às diferentes necessidades, interesses e capacidades dos alunos, flexibilidade na organização de programas, enfim, requer o desenvolvimento de processos educativos, metodologias e instrumentos pedagógicos que levem em conta s diferenças. A finalidade é formar cidadãos abertos

a outras culturas (CARVALHO, 2010 p. 44).

Neste caso, o desafio para os educadores está posto, não somente pelas

novas exigências que são colocadas para a escola, mas também, pela questão da

urgência em saber trabalhar com as diferenças, pois as questões sociais estão

presentes com maior força no cotidiano escolar na atualidade.

CARVALHO (2010, p. 45-48), considera que, ao se valorizar muito as

diferenças, corre-se o risco de “apagamento das diferenças em nome de uma

igualdade abstrata e de uma homogeneização cultural” e por outro lado “o risco da

absolutização das diferenças,... pela exacerbação dos interesses individuais”, além

de supervalorizar as construções e explicações subjetivas rejeitando “as explicações

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objetivas e científicas do mundo”. Outro aspecto relevante apontado pela estudiosa,

diz respeito “a percepção do caráter contraditório presente no processo de

reconhecimento da diversidade cultural”, ou seja, conforme a temática é

desenvolvida no espaço escolar, ao invés de descortinar as diferenças e

conscientizar os alunos, pode servir para o mascaramento ou reforço destas.

Não obstante, é importante conjeturar que, apesar das dificuldades e

indagações colocadas sobre o tema, não abordá-lo em razão de uma idéia única de

ações e abordagens para todas as classes populares e grupos étnicos na tentativa

de transformação e/ou compreensão da totalidade da sociedade capitalista atual,

seria continuar a reproduzir a cultura dominante nos espaços escolares, uma vez

que os valores e conhecimentos ditos como universais, na maioria das vezes, dizem

respeito à cultura ocidental e européia.

Neste sentido, o escritor de origem canadense Peter McLaren, colabora no

entendimento das tendências do multiculturalismo enquanto projeto político. Em seu

livro Multiculturalismo Crítico (1997), enumera, pelo menos, quatro tendências que

estão presentes entre os educadores e que são utilizados de forma intencional ou

inconsciente por estes, a saber: o multiculturalismo conservador, multiculturalismo

humanista liberal, multiculturalismo liberal de esquerda e multiculturalismo crítico ou

de resistência.

Sendo que a tendência que interessa a este artigo é a do multiculturalismo

crítico ou de resistência, uma vez que é a que mais se aproxima de uma idéia de

emancipação social e cultural. Este mesmo conceito foi posteriormente ampliado por

MCLAREN e denominado de Multiculturalismo Revolucionário, compreendido como:

O multiculturalismo revolucionário é um multiculturalismo feminista-socialista que desafia os processos historicamente sedimentados, através dos quais identidades de raça, classe e gênero são produzidas dentro da sociedade capitalista. Consequentemente, o multiculturalismo revolucionário não se limita a transformar a atitude discriminatória, mas é dedicado a reconstituir as estruturas profundas da economia política, da cultura e do poder nos arranjos sociais contemporâneos. Ele não significa reformar a democracia capitalista, mas transformá-la, cortando suas articulações e reconstruindo a ordem social do ponto de vista dos oprimidos (2000, p. 284).

Nesta vertente, o objetivo é ir além do reconhecimento das identidades,

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analisar como são produzidas as desigualdades dentro do sistema capitalista e

como se dá a manutenção e segregação das diferenças. Portanto, “a diferença é

compreendida como um produto da história, cultura, poder e ideologia. Constrói um

questionamento quanto à construção da diferença e da identidade em relação a uma

política radical” (RIBEIRO, 2006, 46).

Vem de encontro com estas opiniões, o entendimento da professora Nilma

Lino Gomes, no qual a diversidade cultural pode ser entendida como a construção

histórica, cultural e social das diferenças, que ultrapassa as características

biológicas e é forjada pelos sujeitos ao longo do processo histórico e cultural, nos

processos de adaptação do homem e da mulher ao meio social e no contexto das

relações de poder. No contexto social, a diversidade pode ser entendida como um

fenômeno que atravessa o tempo e o espaço e se torna cada vez mais séria quanto

mais, complexas vão se tornando as sociedades (GOMES, 2007 p.17).

Assim sendo, as discussões em torno de uma política para a diversidade

cultural não ocorre de forma neutra e consensual, mas se desenvolvem em meio a

tensões e contradições que expressam as lutas das forças sociais, políticas e

culturais em disputa. Seguindo os pressupostos apresentados, é importante fazer

esta discussão na escola, pois é um caminho importante para combater “os

preconceitos e discriminações ligadas à raça, ao gênero, às deficiências, à idade, à

cultura, constituindo assim uma nova ideologia para uma sociedade que é composta

por diversas etnias, nas quais as marcas identitárias, como a cor da pele, modos de

falar, diversidade religiosa, fazem a diferença”. (RIBEIRO, 2006, p. 50)

No espaço escolar observa-se que está mais presente, enquanto prática

pedagógica, o papel homogeneizador da cultura, no qual a cultura dominante é

socializada como única e verdadeira, e, raramente são discutidas as questões da

cultura popular. Assim, as crianças que estão familiarizadas com estes padrões

conseguem maior sucesso escolar enquanto as crianças das classes populares se

sentem exilados (CF: RIBEIRO 2006, p. 78). Vera Maria CANDAU, que é uma

referência nestes estudos, alerta para:

Numerosos estudos e pesquisas têm evidenciado como essa perspectiva termina por veicular uma visão homogênea e padronizada dos conteúdos e dos sujeitos presentes no processo educacional, assumindo uma visão monocultural da educação e,

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particularmente, da cultura escolar. Essa nos parece ser uma problemática cada vez mais evidente. O que está em questão, portanto, é a visão monocultural da educação. Os “outros”, os “diferentes” – os de origem popular, os afrodescendentes, os pertencentes aos povos originários, os rappers, os funkeiros etc. –, mesmo quando fracassam e são excluídos, ao penetrarem no universo escolar desestabilizam sua lógica e instalam outra realidade sociocultural (MOREIRA e CANDAU, 2003, p. 160).

Para os autores citados, a escola é um espaço de relação entre culturas que,

ao invés de acentuar e preservar a tradição monocultural, está sendo chamada a

lidar com a diversidade presente em seu contexto. Contudo, sua tendência é de

neutralizar e silenciar a cultura das classes populares, sentindo-se mais confortável

com a homogeneização e padronização. Como se observa no texto citado, a

diversidade cultural presente na escola desestabiliza sua ordem e por isso os

professores têm dificuldade em lidar com estas questões.

Para que ocorra uma educação na perspectiva da diversidade cultural, torna-

se necessário rever os conceitos e paradigmas educacionais presentes na escola,

suas escolhas pedagógicas, conteúdos e métodos voltados para os alunos que

atendem e pretendem formar.

Diversidade cultural e formação de professores

Sabe-se que a escola encontra dificuldades em trabalhar com diversidade

cultural presente em seu interior. A esta questão está relacionada o papel das

universidades quanto à formação destes profissionais para conhecer, enfrentar e

atuar adequadamente frente esta realidade.

Os professores tem papel importante na mediação entre a cultura do aluno e

os conhecimentos transmitidos no espaço escolar. “Nesse sentido, uma formação

multiculturalmente orientada deve ajudar o professor a se dar conta da riqueza que é

a cultura do aluno, a compreender que seu papel vai muito além de ensinar os

conteúdos, pois deve principalmente questionar as imagens valorizadas pelo

currículo [...]” (PANSINI e NENEVÉ, 2008, s/p.)

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Em curso na modalidade a distância promovida pela Secretaria de Estado de

Educação do Paraná, para os professores da Rede Estadual de Ensino chamado

GTR (Grupos de Trabalho em Rede), sobre o mesmo tema apresentado neste

artigo, contando com 15 (quinze) cursistas, alguns professores expressam as

dificuldades em entender, e, em saber como trabalhar com a diversidade em sala de

aula, como podem ser observados nos depoimentos abaixo:

A realidade em nossas escolas atualmente tem sido difícil no que se referem às relações sociais, muitos alunos não aceitam a diversidade e nós educadores, ficamos sem saber como agir. Por esse motivo, é importante encontrar novas possibilidades de intervenção (Depoimento ao GTR 2001, grifos dos autores).

O artigo primeiro da declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU, diz que "todos os seres humanos nascem livres e iguais", só está frase já justifica a relevância deste projeto. Pois se fosse respeitado o direito de igualdade, não haveria necessidade de tratamento diferenciado quanto às diversidades. Aliás, não haveria diversidade, já que somos "todos iguais" (Depoimento ao GTR 2001, grifos dos autores).

Apesar de a legislação obrigar a disciplina de história abordar a cultura africana e afro-brasileira, ainda se percebe a ausência da temática no cotidiano escolar. Tanto que o dia da consciência negra, em muitas escolas, passa sem nenhuma referência. [...] Porém, os filmes na escola necessitam de uma teoria consistente e aplicável, modificando a prática pedagógica do ensino e da aprendizagem. E não somente um tapa buraco sem objetivo pré-definido (Depoimento ao GTR 2001, grifos dos autores).

Em relação à diversidade, percebo que precisamos ainda trabalhar, ou melhor, dizer, resgatar conceitos de ética e moral que se perderam com as transformações da sociedade, a desestruturação familiar reflete na escola, onde os alunos estão cada dia mais agressivos, não ha limites e respeito, estão voltados a outros interesses (Depoimento ao GTR 2001, grifos dos autores).

As falas são reveladoras na medida em que apresenta concepções de

educação, a questão da monocultura na sala de aula, da não compreensão do

universo cultural dos alunos das classes populares, ou ainda, da preservação da

cultura dominante, como citado. Ainda não se tem uma intervenção objetiva e

concreta em relação ao respeito e valorização da diversidade cultural nos espaços

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escolares. Evidencia-se a necessidade de mais cursos de formação continuada

voltadas para uma formação mais sólida dos profissionais de educação (professores,

gestores, pedagogos e funcionários) para lidar co a diversidade na escola. Bem

como uma formação mais eficiente dos novos profissionais, por parte das

universidades, em cursos de licenciatura. Assim, espera-se que a formação de

professores não só superem o mero reconhecimento da existência de diferentes

culturas, como também instrumentalizem estes, para que percebam criticamente

como as diferenças são construídas no interior da sociedade capitalista e como a

cultura dominante opera para transmitir uma única visão de sociedade.

4 Apresentando a diversidade cultural aos alunos e discutindo

preconceitos por meio de filmes

Conforme indicado no inicio deste artigo, realizou-se um projeto de

intervenção pedagógica com o título “Valorizando, reconhecendo e trabalhando a

diversidade cultural na escola por meio do cinema”, no Colégio Estadual Flauzina

Dias Viégas – EFM, situado no Jardim Morumbi no Município de Paranavaí, região

noroeste do estado do Paraná, com os alunos da 6º e 7º anos do Ensino

Fundamental, em contra turno, totalizando 35 alunos. O objetivo do projeto foi

desenvolver metodologias de ensino por meio de filmes, para abordar a questão da

diversidade cultural no espaço escolar visando à valorização e o respeito ao

diferente.

Desta forma, fizeram-se necessárias algumas considerações acerca do uso

do cinema na sala de aula. Napolitano (2005) declarou que “trabalhar com o cinema

em sala de aula é ajudar a escola a reencontrar a cultura ao mesmo tempo,

cotidiana e elevada, pois o cinema é o campo no qual a estética, o lazer, a ideologia

e os valores sociais mais amplos são sintetizados numa mesma obra de arte”.

Como afirma o autor, o filme se torna um material importante para o

professor, tanto pela linguagem e imagens acessíveis às crianças, como também

pela possibilidade de abordagem metodológica. Neste caso, o importante para o

professor que for trabalhar com cinema em sala de aula, é sempre iniciar

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perguntando sobre qual o uso possível desse filme; a que faixa etária e escolar ele é

mais adequado; como abordar o filme dentro da sua disciplina; qual a cultura

cinematográfica dos seus alunos; além de outras tantas possibilidades que

professores e alunos podem descobrir de acordo com cada realidade e momento.

Outro autor que pode ser destacado é Nielson Ribeiro MODRO (2006), em

sua obra “Usando o cinema em sala de aula”, o qual mostra metodologias

adequadas para o trabalho com filmes. De acordo com MODRO, foram grandes as

mudanças tecnológicas que ocorreram nas últimas décadas, principalmente a

possibilidade de utilizar recursos multimídia em sala de aula. Atualmente, quase

todas as escolas fazem uso do computador, internet, vídeo/DVD. O problema não é

tanto o acesso a esses recursos, mas a falta de capacitação para os professores

quanto à utilização correta destes recursos, possibilitando transformar a informação

em conhecimentos significativos, bem como na possibilidade de ampliar a visão dos

alunos sobre a realidade.

Segundo o autor citado acima, a cada dia usa-se mais o cinema em sala de

aula e, quanto à escolha do filme para uma discussão posterior, é preciso considerar

que há filmes mais adequados e mais indicados para públicos específicos. Faz-se

necessário, muitas vezes, adequá-los à proposta desejada, expor quais os objetivos

desejados e como se espera alcançá-los, devem ser bem claros e sempre voltados

para apresentação ou complementação de conteúdos. É necessário também ver o

filme escolhido pelo menos uma vez antes de utilizá-lo em sala de aula. Se possível,

utilizar os temas de forma interdisciplinar. Para Modro (2006), ter uma videoteca rica

é essencial, para evitar a repetição de filmes. Um ambiente confortável e agradável

também é importante. Para este estudioso, o filme, se bem trabalhado, certamente

será uma atividade dinâmica e enriquecedora.

Desta forma, ao iniciar o projeto, investigou-se sobre a frequência com que

os alunos iam ao cinema. Foi constatado que, 20 dos 35 alunos participantes, nunca

foram a um cinema. Essa constatação torna-se relevante para a reflexão sobre o

acesso à cultura e questionamentos acerca dos hábitos dos alunos ao assistirem

filmes. A maioria assiste filmes veiculados pela televisão ou de vídeo locadoras, ou

seja, apenas os divulgados pelas grandes organizações da indústria cultural.

Quanto ao gênero de filmes vistos pelas crianças, a preferência de 20 alunos foi

13

pelo gênero ação, 14 elegeram a comédia e apenas um gosta de suspense. O

gênero drama e romance não foram citados.

A respeito de filmes no ambiente escolar, exibidos por professores em suas

respectivas disciplinas, 13 alunos disseram que gostam “só um pouco” da

metodologia e 22 alunos falaram serem boas as aulas em que apresentam filmes.

Vale ressaltar que não souberam explicar se o filme exibido auxilia na aprendizagem

de conteúdos escolares, o que pode demonstrar a ineficiência da metodologia

adotada pelos professores em geral. Não se pode perder de vista que, ao utilizar o

filme, o professor deve ter claro um objetivo didático, com um plano de aula,

prevendo em que momento o filme será exibido à turma e inclui-lo no planejamento.

Em seguida, foram apresentados alguns filmes trabalhados no projeto e

observada as reações dos alunos quanto à percepção das diferenças, discriminação

e preconceitos presentes na sociedade atual.

a) 1º Filme: O Xadrez das Cores

Antes de iniciar a exibição, foi informado, em linhas gerais, o objetivo do

filme, e relembrou-se o conceito de diversidade, preconceito, discriminação e

racismo, trabalhados com os alunos anteriormente em sala de aula. Também foi

entregue uma ficha catalográfica e o resumo do filme. O filme do gênero ficção foi

exibido sem interrupções, tendo em vista a curta duração de 22 minutos. Ao iniciar

o filme, os alunos ficaram atentos, com algumas risadas iniciais No entanto, após

cinco minutos de filme, já se ouvia comentários indignados diante das atitudes da

patroa, principalmente no momento em que a patroa falou “Peão é como empregada

doméstica, não vale nada”. No decorrer do filme, vão se alegrando com as

descobertas da empregada, e, quando ela descobre que o peão pode se

transformar em rainha se chegar do outro lado do tabuleiro, os alunos reagem em

sua defesa e torcem por sua vitória no jogo.

Após a exibição, iniciou-se uma discussão sobre como os alunos perceberam

as questões de preconceito e a discriminação abordadas no filme no que se refere

à cor da pele, à classe social e às diferenças culturais e sociais que permeiam a

sociedade. Foi destacada, pelos alunos, a importância para a empregada em buscar

o conhecimento. Aprender a jogar xadrez, no contexto geral da situação, mostrou

que o conhecimento é o ponto de partida para o respeito e a compreensão das

14

diferenças. O conhecimento sobre a realidade brasileira e a busca da origem destes

preconceitos na história, na cultura e nas relações econômicas, se torna

imprescindível para os que precisam lutar contra o preconceito. No final, os alunos

receberam algumas questões para responderem na forma escrita.

Nos textos produzidos pelos alunos, ficou evidenciado que entenderam bem

a mensagem do autor sobre o preconceito racial. Fato comprovado ao descreverem

a patroa rica, branca, agressiva, que só escolhia as peças claras do xadrez para

jogar. E a empregada pobre, negra, que perdia sempre no jogo de xadrez, e ainda

era comparada com o peão do jogo.

Quando indagados sobre as mensagens transmitidas pelos personagens,

obteve-se respostas como:

Percebi durante o filme que tanto a patroa como a empregada já tiveram filhos, mas eles morreram (eu acho). As duas sofreram muito, porque amavam os filhos. Entendi que não importa ter dinheiro, ser branco, ser inteligente, pois a dor dói em todo mundo. A patroa é tão ruim que ficou sozinha, sem ninguém durante uma parte do filme. Só voltou a ter a amizade da outra, quando notou que ela era importante em sua vida. Acho que aqui na escola é assim também, ninguém quer ficar com gente chata e má. Mesmo sendo chamada de burra e ignorante, a empregada não desistiu, procurou aprender as regras do xadrez, para poder vencer a patroa. Minha mãe sempre me fala que tenho que estudar, senão vou ser igual ela, vou limpar o chão de outras pessoas. Agora eu entendi o que ela quer me dizer.

b) 2º Filme: Vista a Minha Pele

Para iniciar o filme, novamente abordou-se o tema diversidade cultural. Na

sequência, deu-se início à exibição, com duração de 15 minutos. O tema central é a

discriminação racial na vida cotidiana de adolescentes. No entanto, a história é

invertida, os negros são representados como membros das classes dominantes e os

brancos, das classes desprivilegiadas.

Com o propósito de aprofundar o debate sobre as diferenças, os alunos, em

grupo, trocaram opiniões, colocando o ponto de vista de cada um, até chegar a um

consenso para responder a um questionário único, sobre as questões relativas ao

15

filme. Foram cinco grupos, debatendo o tema de forma orientada, comparando os

aspectos abordados pelo filme com situações vividas ou presentes dentro da própria

escola. A reflexão que a maioria dos grupos realizou foi de pontuar os motivos da

discriminação dentro da escola. Os apontamentos em síntese foram os seguintes:

Grupo1: Na nossa escola o preconceito não é tanto pela cor preta ou branca, aqui a maioria é moreno. Nunca havíamos parado para pensar que nossas atitudes eram preconceituosas, na maioria das vezes estamos apenas “zuando” da pessoa. Achamos que há preconceito sim, mas do jeito da pessoa, tipo “o cabelo”; a roupa (alguns são mais sujos); do corpo (gordo), essas coisas. Grupo 2: Aqui tem discriminação também, tem um monte de brigas. Os alunos arrumam confusão fora da escola e vem resolver aqui dentro. Quanto aos motivos, às vezes nem tem, apenas não gostamos da pessoa. Como no caso da menina branca. Os outros nem a conheciam. Aqui também é assim. Grupo 3: Tem discriminação na escola e também no bairro. Nosso bairro é gostoso de morar, mas tem um monte de gente que acha que somos piores que as outras pessoas de outros bairros. Tem até professor que não gosta de dar aula aqui. Então, achamos que há preconceito contra nós. Entre um aluno e outro também tem, mas não pela cor, às vezes um aluno chega transferido de outra escola e daí sofre discriminação. Grupo 4: A discriminação entre alunos no colégio é muito grande, são tantas que nem dá prá falar. Já vimos preconceito até com professores. Um professor saiu e veio outro, os alunos nem esperaram para ver se ele era legal, faziam de tudo para irritar o novo professor. O que falta é respeito. Dentro e fora da sala de aula. Grupo 5: O racismo é frequente aqui e em todo país. Encarar é difícil, dizer que também somos é difícil também. Hoje em dia ninguém respeita ninguém. Para melhorar, as pessoas têm que se colocar no lugar da outra. Se não for bom pra mim, também não é para o outro.

Após os comentários de cada grupo os alunos foram levados a refletirem

sobre seus posicionamentos.

c) 3º Filme: O contador de história

Depois de ter utilizado diferentes formas de abordar a diversidade, foi exibido

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o filme “O contador de história”. Filme brasileiro, com uma hora e quarenta minutos

de duração, do gênero drama e baseado em fatos reais. No círculo de discussões

propostas para depois do filme, foi retomada a história do contador de histórias e

debatido com os alunos.

Vale ressaltar que foi necessário esclarecer alguns fatos históricos da época,

como era a realidade política Brasileira na década de 1970, onde o governo militar

propagou que o internamento de crianças e adolescentes pobres na Fundação

Estadual do Bem Estar do Menor (FEBEM) era a melhor alternativa para a criança.

A propaganda mostrava que adolescentes internos teriam a oportunidade de

estudarem e saírem de casa com um diploma universitário, iludindo desta forma,

mães que queriam uma melhor vida para os filhos. Após estes esclarecimentos

propôs-se que cada grupo contasse um pedaço da história.

Sintetizando, chegou-se a este relato:

Grupo 1: O filme conta uma história verdadeira que aconteceu em Minas Gerais, de um menino chamado Roberto Carlos. Ele nasceu em uma favela e tinha 9 irmãos. Quando fez seis anos de idade a mãe acreditou em uma propaganda que viu na televisão dizendo que os internos da FEBEM saíam de lá médicos. E por querer que o filho fosse feliz, entregou o menino lá no internato. Grupo 2: O Roberto Carlos sofreu muito, pois era mentira, e para se dar bem, começou a fazer malandragens utilizando o dom de inventar histórias. Ele utilizava a criatividade de inventava formas de conseguir as coisas dentro da casa. Quando fez treze anos foi mandado para outro internato. Grupo 3: Na outra casa era ainda pior. Mais violenta, com castigos e falta de esperança de sair dali. Assim Roberto fez amizade com outros internos e começou a usar drogas e roubar. Depois de tentar fugir um monte de vezes, as pessoas que cuidavam da casa achavam que ele estava perdido, sem futuro algum. Foi aí que ele conheceu uma mulher Francesa. Grupo 4: A mulher descobriu que o Roberto Carlos ainda era analfabeto e o conquistou ao pedir licença dizer por favor, coisas que ninguém fazia ali, ainda mais com ele que era pobre e preto. Nessa parte o filme ficou legal, pois, com o dom de contar histórias ele foi relatando sua vida para a mulher que trabalhava como professora. Mesmo após mais uma fuga e sabendo de sua ficha, ela decide levá-lo para casa, dar a ele um lar e oportunidades. Grupo 5: Roberto Carlos com a ajuda da Francesa, se alfabetizou e estudou pedagogia também. Depois de formado foi ser professor lá

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no internato. Já adotou mais de 20 meninos de rua, muitos, no começo era igual ele foi. O filme mostrou que apesar da situação que Roberto viveu e conseguiu com o próprio esforço e ajuda da professora modificar seu futuro.

Aqui se destaca que, ao apresentar este filme, o objetivo foi o de analisar

como as desigualdades sociais fomentam as diferenças. Portanto, “a diferença é

compreendida como um produto da história, cultura, poder e ideologia. Constrói um

questionamento quanto à construção da diferença e da identidade em relação a uma

política radical” (RIBEIRO, 2006, 46).

5 Considerações Finais

No decorrer do texto procurou-se a reflexão aceca da questão da

diversidade cultural no espaço escolar destacando o ponto de vista de alguns

estudiosos. Tendo como referência a concepção de multiculturalismo crítico ou

revolucionário, que não se contenta apenas em reconhecer as diferenças visando à

conformidade com a situação ainda que pregue uma igualdade abstrata. Essa

concepção se aproxima mais de uma idéia de emancipação social e cultural, pois vai

além do reconhecimento das identidades dos indivíduos, grupos sociais ou etnias,

buscando analisar como são produzidas as desigualdades dentro do sistema

capitalista e como se dá a manutenção e segregação das diferenças.

Outro aspecto que foi considerado, diz respeito à manutenção do papel

homogeneizador da cultura exercido pela escola, no qual a cultura dominante é

socializada como única e verdadeira e, raramente são discutidas as questões da

cultura popular. Neste caso, seria necessário o conhecimento da cultura do aluno e

sua valorização favorecendo a formação de alunos mais ativos socialmente

contribuindo para a melhoria do aproveitamento escolar e a função social da escola.

Outrossim, torna-se imprescindível colocar em pauta a formação pedagógica

dos professores com vistas a preparar melhor os docentes para a educação

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multicultural com a intenção de propiciar espaços de reafirmação das diferentes

vozes presentes no espaço escolar e ainda, questionar a atual hegemonia de uma

cultura sobre a outra, principalmente da cultura dominante sobre a cultura dos

grupos desprivilegiados.

O estudo foi importante para evidenciar estas fragilidades na escola e a

necessidade de elaborar propostas metodológicas que possam ser trabalhadas com

os alunos, principalmente nos primeiros anos do Ensino Fundamental. Desta forma,

trabalhar a Diversidade Cultural Brasileira por meio de trechos de filmes, curta-

metragem, documentários que apresentem questões relevantes e visões

diferenciadas sobre a temática na atualidade, levando os alunos a refletirem sobre

tais questões, a construírem opinião e consciência que vão ao encontro de

perspectivas de valorização destes sujeitos e culturas, foi um desafio. Salienta-se

que foi apenas um inicio de trabalhos e estudos que devem ser aprofundados e

ampliados no interior da escola, por esta razão a questão não tem a intenção de se

encerrar aqui.

Referências

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