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VALORES PRÓPRIOS MAR/ABR 2014

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Revista do Instituto Superior Técnico. Edição de mar/abr de 2014.

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De memória, recordo ainda hoje ter sabido, quando andava no Li-ceu, que apenas 5% dos portugueses da minha idade tinham então essa oportunidade.

Ao entrar no Técnico, percentagem idêntica de estudantes na Uni-versidade media o atraso português após quarenta anos de ditadura.

O Estado Novo e o sistema colonial travaram com a brutalidade da repressão das liberdades políticas e sindicais, a privação de direitos sociais, o condicionamento industrial e o isolamento internacional, possibilidades de desenvolvimento económico inovador. A supera-ção de níveis de qualificações baixíssimos no contexto internacional fez-se nas últimas décadas para as gerações mais novas, mas o peso das baixas qualificações na população é ainda um estigma interna-cional do País, assim como é ainda frágil parte do tecido empresarial.

Contudo, a rápida elevação do nosso nível de desenvolvimento científico e tecnológico está solidamente implantada: em 40 anos, o número de investigadores científicos em Portugal, a qualificação dos docentes, a intensidade do investimento público e privado em investigação científica e desenvolvimento experimental, a produção científica, explodem e aproximam-nos de países socialmente desen-volvidos. A balança de pagamentos tecnológica torna-se positiva. Engenheiros e demais profissionais, cientistas, serviços e empresas qualificados, contribuem para o emprego, a saúde pública, a qua-lidade das infraestruturas, da produção e dos serviços, os esforços internacionais da ciência e da inovação, a cultura.

Na história antiga do Técnico estão presentes a ditadura, a re-pressão e o atraso científico e tecnológico do País, tanto quanto a luta contra a ditadura, pelo progresso técnico e industrial do país, pelo conhecimento científico avançado.

Nos últimos 40 anos, a nossa história é marcada pela abertura social, pela explosão do desenvolvimento científico e da cooperação internacional, e pela conquista (sempre ameaçada) de condições de autonomia que permitiram ao IST contribuir de forma excecional para a transformação do País.

Sabemos bem como o sucesso, do Técnico como de todo o País, na formação e atração de recursos humanos muito qualificados é vul-nerável. No contexto de uma acentuada competição internacional, jovens bem preparados têm para onde ir quando forçados a emigrar.

A persistência do investimento público na educação e na ciência não é, por si só, garantia suficiente de sucesso para a transformação de um sistema económico tradicionalmente assente em pouco co-nhecimento e escassa inovação. Mas sem persistência rigorosa nas prioridades públicas em educação, em ciência, em cultura e em tec-nologia, sabemos ser inevitável a regressão.

A superação do atraso científico em democracia é, a meu ver, in-dissociável das condições políticas e sociais criadas desde o fim da ditadura, da formação de uma cultura de maior solidariedade na so-ciedade portuguesa, da promoção generalizada de cultura científica e tecnológica, de um contexto novo de mobilidade social pela educa-ção e de afirmação das mulheres na sociedade.

O Técnico é parte dessa modernidade conquistada e o seu lugar na sociedade portuguesa e no desenvolvimento internacional são bem reconhecidos. Cabe-nos talvez agora vermos juntos, calma-mente, mas sem complacência, o que já alcançamos como um sim-ples e novo ponto de partida.

José Mariano Gago

Ponto de Partida

Editorial

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A Gatewit e a Siscog - Sistemas Cog-nitivos, membros da comunidade de spin-offs do Técnico, foram consi-deradas duas das Melhores Empresas para Trabalhar em Portugal.

No estudo da revista Exame/Ac-centure, as companhias formadas por antigos alunos do Técnico ocupam a 7.ª e a 16.ª posições, com um nível de compromisso com os trabalhadores acima dos 77%.

Os fatores de maior motivação apontados à Gatewit são: “a minha empresa promove momentos de en-contro informais entre os trabalha-dores da organização”, “sou tratado com respeito pelos meus colegas” e “a minha empresa desempenha um papel de responsabilidade social, ou seja, trabalha com as comunidades locais, apoia projetos de solidariedade social e reduz o impacto ambiental”.

Já na Siscog, a maior motivação surge destes fatores: «conheço a es-trutura organizativa da empresa», «os negócios da minha empresa são con-duzidos de forma ética» e «sou tratado com respeito pelos meus colegas». !

A Abertura do Ano Académico 2013/2014 decorreu no dia 27 de feve-reiro, na Aula Magna, e marcou o iní-cio do primeiro ano da Universidade de Lisboa (ULisboa) depois da fusão entre as universidades Clássica (UL) e Técnica (UTL).

Numa cerimónia que distinguiu o professor João Lobo Antunes, a quem foi entregue o Prémio ULisboa 2013, que disse ser “apenas um homem da Universidade, desta Universidade”, foi a homenagem ao antigo reitor da UL, professor António Sampaio da Nóvoa, nomeado reitor honorário da ULisboa, que teve maior relevo junto do público presente.

“Obrigado a todos os que sentem esta distinção como sua”, começou por dizer Sampaio da Nóvoa, antes de explicar que foi na universidade que viveu “o tempo mais importante” da sua vida. “É ao serviço desta Univer-sidade que pretendo colocar a distin-ção que hoje recebo”, declarou.

O reitor da ULisboa, professor António Cruz Serra, também discur-sou na Aula Magna, lembrando que o ano de 2013/2014 é um ano “diferen-te”. “É novo, é renovado. É o primei-ro ano académico desta Universidade de Lisboa.”

Num discurso bastante crítico das políticas educativas e científicas do governo, em que criticou a falta de recursos e de um rumo definido, mas também a impossibilidade da Uni-versidade de absorver os melhores recursos humanos da nova geração, Cruz Serra não deixou de dar boas notícias, como a disponibilização de parte do Convento de São Francisco à ULisboa, para resolver alguma carên-cia de espaços.

O reitor falou ainda de alguns pontos sensíveis para os estudantes, como as bolsas de ação social – para as quais se candidataram 14% dos cerca de 50.000 alunos da ULisboa – ou as refeições nas cantinas escolares, mas também o trabalho das Associa-ções de Estudantes e a criação de uma agenda cultural da Universidade. !

Spin-offs do IST entre as Melhores Empresas para Trabalhar

Aula Magna assiste à abertura do Ano Académico 2013/2014

Instantâneos 2014

Empreendedorismo

Cerimónia

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O BEST Lisbon - Board of European Students of Technology, um dos vá-rios núcleos de estudantes ligados ao Técnico, organizou no final de feve-reiro o International Projects’ Forum, que reuniu os vários comités interna-cionais do BEST.

A sessão de abertura do evento, que teve como objetivo planear a es-tratégia internacional do BEST, contou com a presença do vice-presidente do Técnico para o Empreendedorismo e as Ligações Empresariais, professor Luís Caldas de Oliveira, que lembrou que, na fundação do Técnico, Alfre-do Bensaude quis criar uma escola de onde os engenheiros saíssem “para ajudar a desenvolver o país”, tal como faz o núcleo de estudantes.

O International Projects’ Forum é de extrema importância dentro do BEST International, pelo que a sua organização por parte do núcleo re-gional de Lisboa é uma experiência “muito gratificante” para os seus membros, segundo Ana Rita Medei-ros, presidente do BEST Lisboa. “Hoje podemos contribuir para um dos mais importantes projetos do BEST.” !

BEST Lisboa organiza International Projects’ Forum

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O Ministro do Ensino Superior e In-vestigação Científica da Argélia, Mo-hammed Mebarki, esteve presente no Instituto Superior Técnico, em ja-neiro, para conhecer o trabalho feito nas áreas da sismologia e pensar num “caminho comum” de colaboração entre a Argélia e Portugal.

O encontro teve lugar na Sala de Reuniões do pavilhão central do Téc-nico, e contou com a presença da Se-cretária de Estado da Ciência, profes-sora Leonor Parreira, do presidente do IST, professor Arlindo Oliveira, e do vice-presidente para as Relações Internacionais, professor José San-tos-Victor, além de vários membros da delegação argelina em Portugal e docentes do Técnico.

O Ministro lembrou que esta visita a Portugal, nomeadamente no Técni-co, se revestiu de grande importância para estabelecer “os interesses co-muns dos dois países e, a partir daí, escolher um caminho comum e tra-balhar em conjunto”.

As apresentações dos professores João Sequeira, João Azevedo e Carlos Sousa Oliveira, ligadas à sismologia, foram o “prato principal” da visita: “A Argélia é um país onde os pro-blemas relacionados com sismos nos preocupam bastante”, referiu Mo-hammed Mebarki. !

Ministro do Ensino Superior da Argélia presente no IST

Instantâneos 2014

Visita

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Foram distinguidos, no dia 22 de ja-neiro, 14 projetos nacionais de inves-tigação científica e de intervenção comunitária, na área da terapêutica de doenças potencialmente fatais, selecionados pelo programa Gilead Génese.

O projeto PanCandida, desenvol-vido pelo Instituto de Biotecnologia e Bioengenharia do Técnico, em cola-boração com o Centro Hospitalar de Lisboa Central e a Faculdade de Far-mácia da ULisboa, e que visa desen-volver um chip pangenónimo de DNA para a deteção sensível e precoce de infeção invasiva causada por Candida glabrata e Candida albicans, respon-sáveis por uma grande percentagem de infeções fúngicas invasivas, foi um dos selecionados.

O programa Gilead Génese nas-ceu da evolução do programa Grants & Donations e pretende apoiar proje-tos inovadores a nível local e a parti-lha de boas práticas no acompanha-mento dos doentes com infeção por VIH/SIDA, hepatites virais crónicas B e C, infeções fúngicas invasivas e fibrose quística. !

Projeto PanCandida distinguido pelo Gilead Génese

Investigação

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A Unbabel, uma startup criada por um antigo aluno do Instituto Superior Técnico, foi uma das escolhidas para integrar um programa de aceleração de três meses no YCombinator, um dos maiores e melhores aceleradores do mundo.

A equipa de oito pessoas destacou--se entre 2600 candidatos, tendo ga-rantido um dos 74 lugares para o pro-grama que começou em janeiro, em São Francisco, e durará até ao final de março, com a Unbabel, que pretende “traduzir todo o conteúdo da Inter-net”. Trata-se de uma plataforma que permite combinar a tradução “meca-nizada” com uma abordagem humana, através de “editores” que asseguram a fiabilidade das traduções, para respon-der a uma “necessidade real” das pes-soas. João Graça, ex-aluno de Enge-nharia Informática no Técnico e Vasco Pedro são as mentes por detrás desta ideia, que surgiu no verão de 2013.

“A nossa proposta de valor para os clientes está muito apropriada”, ex-plica Vasco, antes de acrescentar que os interessados vão das pessoas que querem alugar casas a estrangeiros, mas não sabem falar outra língua que não a sua, até grandes companhias – neste momento, a Yummly, a Cambly e a Whirlscape são algumas das que já aderiram ao serviço, que promete ser “fiável”, com “traduções de qualida-de por uma fração do preço”.

A plataforma baseia-se numa comunidade de editores bilingues – neste momento, andam à volta dos 2000 – que dão o seu aval à tradução automática de um texto inserido pelo cliente. Se a tradução não estiver cor-reta, facilmente corrigem o que for necessário, através da aplicação no smartphone, antes de enviar o resul-tado final de volta.

Nas primeiras semanas no YCom-binator, a Unbabel destacou-se como uma das participantes com maior potencial, ultrapassando o requisito de crescer 10% à semana. A meio de fevereiro, o crescimento médio era de 100% à semana, “mas isso será difícil de manter” explica Vasco Pedro, com um sorriso.

Outra startup portuguesa criada por antigos alunos do IST, a Orankl, que pretende tornar as “reviews on-line” acessíveis a qualquer loja vir-tual, através da agregação de reviews escritas em vários locais diferentes, garantiu também presença no YCom-binator, onde ficará, igualmente, até final de março. !

Startup de alumnus presente em programa do YCombinator

Empreendedorismo

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Instantâneos 2014

Investigação

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No dia 3 de fevereiro, o professor José Marques tomou posse como vice-pre-sidente do Técnico para o polo de Lou-res, o Campus Tecnológico e Nuclear.

A cerimónia, que decorreu na Sala de Reuniões do Campus, contou com a presença do presidente do Técnico, professor Arlindo Oliveira, e de alguns membros da comunidade escolar.

O polo de Loures, integrado no IST em 2012, é o mais recente campus da escola. Trata-se de um dos mais im-portantes polos tecnológicos do país, sobretudo nos domínios relacionados com as ciências e técnicas nucleares.

O campus, que alberga o Reator Português de Investigação, encontra--se vocacionado principalmente para atividades de investigação científica e desenvolvimento tecnológico. !

José Marques é o novo vice-presidente para o Polo de Loures

Cerimónia

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Lourenço Almeida e Brito, estudante de Engenharia e Gestão Industrial, e Hugo Silva, aluno de doutoramen-to em Engenharia Eletrotécnica e de Computadores e investigador do Ins-tituto de Telecomunicações, ambos no Técnico, foram considerados pela revista Notícias Magazine apostas para 2014 nas áreas da Solidariedade e da Tecnologia.

A presidente da Assembleia Geral do Grupo de Reflexão e Apoio à Cida-dania Empresarial, Conceição Zagalo, escolheu Lourenço Almeida e Brito como um dos jovens de que “vamos ouvir falar” neste novo ano. O estu-dante de 22 anos é um dos criadores da Just a Change, uma associação sem fins lucrativos cujo objetivo é “atra-vés da música de rua, angariar fun-dos para remodelar casas de famílias e instituições carenciadas da capital”.

O projeto, nascido em 2010, já contou com a participação de cer-ca de 700 jovens, que organizaram 14 espetáculos de rua e conseguiram verbas suficientes para remodelar 15 casas particulares e sete instituições. Para 2014, um dos grandes objetivos é a expansão para a cidade do Porto.

Já Hugo Silva, que ganhou o Pré-mio Maior Inovação 2013 e o Prémio Ciências da Vida em 2010, foi esco-lhido por António Câmara, fundador da Ydreams, “pelas suas capacidades de invenção e sentido comercial, ex-pressas no bem sucedido BITalino”.

O BITalino, explicou o investiga-dor à Notícias Magazine, é “uma espé-cie de kit faça você mesmo, que dis-ponibiliza sensores fisiológicos” com aplicações em áreas muito diversifi-cadas. “Permite medir não só os nos-sos sinais musculares e cardíacos (...) como a nossa reação emocional”. !

Alunos do Técnico são “aposta para 2014”

Alunos

Dois investigadores do Técnico, Luís Alves e Rui Martins, têm tido um papel importante em estudos da área da pa-leontologia, nomeadamente na carac-terização de ovos de dinossauro e na descrição de uma nova espécie fóssil.

Luís Alves e Rui Martins estiveram ligados à descoberta e caracterização dos ovos de dinossauro carnívoro mais antigos conhecidos até hoje, en-contrados na Formação da Lourinhã. Trata-se de ovos de embriões de um grupo de dinossauros conhecidos como megalossaurídeos, provenien-tes do Jurássico Superior, com cerca de 150 milhões de anos.

Rui Martins também esteve en-volvido na descoberta de uma nova espécie e novo género de vertebrado fóssil, na província do Niassa, em Mo-çambique. Esta espécie, agora extin-ta, pertencia a um grupo de animais chamado sinapsídeos, e é um “raro exemplo de sinapsídeo basal com o crânio e parte do esqueleto preserva-dos em conjunto”. !

Investigadores do Técnico fazem descobertas em paleontologia

TECNICO.ULISBOA.PT

FUNDO SOLIDÁRIO AAADOS ANTIGOS PARA OS ATUAIS ALUNOS

PASSOU UM SÉCULO DESDE A NOSSA FUNDAÇÃO EM 1911. MUITA COISA MUDOU, MAS A CULTURA DO TÉCNICO MANTÉM-SE: HÁ 100 ANOS QUE ATRAÍMOS OS MAIS TALENTOSOS. POR ELES, POR NÓS E PELO FUTURO DO PAÍS, NENHUM ALUNO DEVERIA SER OBRIGADO A DESISTIR POR DIFICULDADES FINANCEIRAS.

O DINHEIRO NÃO PODE SER OBSTÁCULO AO TALENTO.NIB 0033 0000 45429902859 05

ASSOCIAÇÃO DOS ANTIGOS ALUNOSAAA.IST.UTL.PT

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25 de abril visto de dentro: o testemunho dos presidentesOs anos antes e depois da revolução foram marcados por uma série de conflitos, aos quais o Técnico não escapou. Falámos com alguns presidentes da escola na época, que recordaram as dificuldades de manter um dia-a-dia normal

Texto Sarah Saint-Maxent

A década de 70 foi um dos períodos mais complicados da história do Ins-tituto Superior Técnico. Se o perío-do pré-revolucionário se pautou por uma série de constrangimentos ao normal funcionamento da escola, os anos que se seguiram à revolução não foram mais fáceis.

Com um regime cada vez mais decrépito e frágil, os anos 70 viram a situação das escolas – à partida, um local privilegiado para o debate a troca de ideias – piorar a olhos vis-tos. O Técnico estava à beira do caos: em 1973, o professor António de Sales Luís, então diretor, decretou a perda de todo um semestre devido à falta de aulas, provocada por constantes greves e manifestações dos estudan-tes; era uma escola “sitiada”, total-mente cercada pela polícia e onde só entravam alunos “com cartão”; as expulsões (e prisões) de estudantes e professores tornaram-se frequentes. Até os “gorilas”, como eram chama-dos os vigilantes para a “manutenção da disciplina académica”, um posto criado pelo ministério da Educação para controlar as instituições de ensi-no por dentro, e que durante bastante tempo tinham sido impedidos de en-trar no Técnico, circulavam à vontade no campus da Alameda.

“Logo que se dá o 25 de abril, es-sas barreiras foram ultrapassadas. O professor Sales Luís teve que abando-nar de imediato o cargo [de diretor], não tinha condições para continuar”: quem o diz é o professor João Cunha

Especial Técnico nos Anos 70

1973 Ano em que o Técnico encerrou durante um semestre inteiro

Serra, que logo depois da revolução assumiu a presidência da Comissão Diretiva provisória do IST. “Escolhe-ram-me porque fui uma das pessoas mais ativas (…) na luta interna contra a ditadura e as suas consequências dentro da escola, quando entrei aqui como assistente e ainda antes, como membro da direção da Associação de Estudantes”, explica.

Assumiu o cargo entre maio de 74 e fevereiro de 75, antes da demissão de toda a Comissão Diretiva – a que se seguiu uma Comissão Diretiva com-posta integralmente por alunos – e durante esse tempo teve a sua quota--parte de desafios: a questão dos sa-neamentos, “o movimento natural para excluir do convívio da comuni-dade do Técnico aqueles professores

que se tinham destacado mais na co-laboração com o regime de ditadura” foi um deles - e dos mais graves. Ou-tro aspeto importante foi a questão pedagógica: “Um dos problemas que tivemos que enfrentar foi a tentati-va de os alunos tomarem o controlo da avaliação de conhecimentos, (…) em que se arrogavam a si próprios o direito de decidir que classificações deviam ter”.

A entrada de novos alunos no ano letivo de 1974/75, que acabou por não acontecer devido à criação do serviço cívico por parte do governo, a recu-peração do semestre perdido em 73 (que acabou por se fazer ao coincidir dois semestres académicos na mesma altura), as dificuldades financeiras e a necessidade de reestruturar a escola foram outras barreiras a ultrapassar. “Não havia espaço para aborrecimen-tos”, brinca.

“Nesse período conseguiu-se muita coisa. Conseguimos, o melhor que pudemos, evitar que o Técnico se tivesse transformado num caos abso-luto. Depois veio um período muitís-simo mais complicado, no início de 75”, recorda.

Até ao final de 1976, o Técnico não voltou a ter uma figura de proa, um presidente ou um diretor: foi apenas com o professor João Figanier, em 1977, que a escola voltou a ter um pre-sidente do Conselho Diretivo.

Quando o professor Heitor Girão Pina chega à presidência do Conse-lho Diretivo, em 1979, devido à saída

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do professor Ferreira dos Santos para o Ministério da Educação, a situa-ção ainda é difícil. “O Técnico esta-va uma grande confusão”, afirma. “A gestão [do Técnico, na altura] era muito anárquica: qualquer grupo de alunos, funcionários e docentes fazia uma reunião e tomava uma decisão. Os Conselhos Diretivos a que pertenci tentaram dar uma certa normalidade à gestão, para que o Técnico pudesse continuar a ser o que é.”

A questão financeira talvez fosse “a mais complicada” de manter den-tro da ordem: a situação do país era difícil e, segundo o professor, “era preciso uma gestão muito cuidadosa para poder chegar ao fim e cumprir as obrigações”.

Por isso mesmo, a sua direção acabou por ser “exatamente o que ti-nha que ser”: “Aquilo que foi feito na altura era quase uma coisa obrigatória de se fazer, não podia deixar de ser feito: as circunstâncias eram tais que era preciso fazer exatamente o que fizemos, não havia grandes opções. Não vejo como podia ter sido diferen-te. É possível ser melhor, com certe-za, mas diferente… não estou a ver”.

Os dois professores, Cunha Serra e Girão Pina, consideram que a altura em que presidiram à Comissão Dire-tiva e Conselho Diretivo, respetiva-mente, impedem que as suas marcas fiquem para a história. “Tudo o que procurámos foi fazer o melhor nas condições absolutamente turbulentas que havia na altura”, diz Cunha Ser-ra. “Tenho dúvidas em dizer que hou-ve alguma influência significativa da minha liderança.” Apesar disso, am-bos dizem que a organização depar-tamental do Técnico de hoje, que co-meçou por ser pensada precisamente na década de 70, é um dos mais im-portantes legados que deixam ambas as direções, separadas por cinco anos de história difícil.

E de recordações, o que fica? Para Girão Pina, as melhores memórias vêm das pessoas: “Apesar de tudo, das opiniões diferentes e às vezes muito conflituosas, acho que o Téc-nico nunca perdeu o seu cunho, (…) acabou por preservar aquilo que eu acho que é bom, um certo espírito de convivência, de racionalidade…”

Já Cunha Serra diz que a melhor recordação foi ter terminado a situa-ção de uma escola “sitiada”, o que “se deveu muito aos militares de abril”. “Claro que dentro do Técnico houve quem ajudasse, sobretudo formando esses mesmos militares, já que mui-tos estudaram no Técnico. Este era um espaço de liberdade (…) onde era possível discutir a guerra colonial, a situação do país, tudo… e isso desper-tou muitos desses oficiais que mais tarde vieram a fazer a revolução. Nós orgulhamo-nos de ter contribuído, por aí.” !

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O Técnico era o centro de gravidade da revolução”

Para os mais incautos, o papel do mo-vimento estudantil durante as déca-das de 60 e 70, até à queda do regime ditatorial em Portugal, pode passar ao lado. No entanto, ele reveste-se de uma importância tremenda como lo-cal privilegiado para o debate, a troca de ideias e de informações.

A Associação dos Estudantes do Instituto Superior Técnico (AEIST) teve, nesse âmbito, um papel muito ativo de contestação ao regime, ser-vindo como uma “sede” agregadora de muitos movimentos estudantis em Lisboa.

O professor Jorge Dias de Deus foi presidente da AEIST em 1962/63. Numa entrevista presente na obra obra Visões do Técnico, no Centenário 1911-2011, explica que o clima era de “agitação constante”: “Passávamos o dia na associação a congeminar coisas, a discutir o quê e como haví-amos de fazer”. Uma das dimensões mais importantes da vida da AEIST era a possibilidade de debater, mais ou menos abertamente, diversas questões: a vida corrente no Técnico,

questões culturais (como os vence-dores dos Prémios Nobel) e também política. “Falávamos de política, mas isso era só com gente de confiança. (…) Falávamos sobre o regime, sobre a guerra colonial… eram os temas que importavam naquela altura”, refere.

Os boletins da associação eram uma forma de fazer circular informa-ção, mas por serem impressos numa tipografia, passavam pela censura. “O que nós fazíamos em 62 era afixar na AE os textos cortados pelo lápis azul”, explica Dias de Deus. “O mais impor-tante [que tinham na associação], para além da formação política, era a noção da democracia e da liberdade, porque não tínhamos esses conceitos.”

O ano de 1962 foi marcante no panorama do movimento estudantil. Até aí, a principal preocupação das associações era “melhorar o ensino dentro do sistema”, explica o en-genheiro Mário Lino, que presidiu à AEIST em 64/65. O ano da crise aca-démica, em que o governo respondeu de forma violenta às diversas formas de contestação estudantil, ficou mar-

cado, segundo muitos, pela proibição do Dia do Estudante – em conse-quência, um grupo de estudantes (de entre os quais vários do IST) invadiu a cantina da Universidade de Lisboa (UL) e acabou por ser reprimido pe-las forças policiais. Marcello Caetano, então reitor da UL, pediu a demissão, e o ministro da Educação, Manuel Lopes de Almeida, suspendeu todas as direções das AE’s de universidades portuguesas. “A partir de 62, o movi-mento associativo politizou-se mui-to”, recorda Mário Lino. “Para isso concorreu não só a crise académica em si como a guerra mundial e outros factos que se passavam no mundo. (…) Há ali uma mudança: uma coisa é lutar contra o sistema para melho-rar o sistema; outra coisa é ‘o sistema não tem melhoria, é preciso deitá-lo abaixo e fazer outro.”

Foi um ano de mudança na forma como o governo olhava para os estu-dantes. Nos anos que se seguiram, as repressões – sobretudo no Técnico, que tinha “a mais forte associação” de Lisboa – aos estudantes foram

Falámos com antigos dirigentes da AEIST para descobrir como foi viver a contestação ao regime, e o 25 de abril, na associação dos estudantes

Texto Sarah Saint-Maxent

piorando. Em 1965, apesar dos es-forços do diretor do Técnico de en-tão, Luís Almeida Alves, para que “a polícia não entrasse lá dentro”, ex-plica Mário Lino, “a prisão de estu-dantes pela PIDE, paralelamente aos processos académicos e disciplina-res da universidade, intensificou-se muito”.

A perspetiva de ter que ir para a guerra colonial passou, também nes-ta altura, a estar muito presente no dia-a-dia dos universitários: “Passou a ser uma ameaça”, recorda o antigo ministro das Obras Públicas.

Ao mesmo tempo, os estudantes também tinham um papel impor-tante no “processo de libertação das consciências” que acabou por ser determinante para, anos mais tar-de, a revolução ser um sucesso: “Os convívios, a libertação da mulher, os movimentos contra a guerra do Viet-name, a favor do amor livre, etc, tudo isso se mistura e foi mais um proces-so de libertação de consciências que houve em Portugal por conta do mo-vimento associativo”, recorda.

Especial Associativismo Estudantil

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A nível internacional, os anos 60 também são um período intenso: Mandela é condenado a prisão per-pétua; o mundo está em plena Guerra Fria: há a construção do muro de Ber-lim, a crise dos mísseis, a corrida ao espaço… “Os estudantes viviam mui-to esses acontecimentos”, diz Mário Lino. Era a eles, sobretudo através das relações que tinham com associações estrangeiras – o turismo estudan-til era uma enorme secção dentro da AE – que chegavam as informações inacessíveis ao resto do país. “O go-verno procurava controlar muito a informação mas o meio estudantil foi um grande difusor de todas essas in-formações.”

Em 1967, as cheias em Lisboa fo-ram outro grande momento do mo-vimento estudantil: as AE’s organi-zaram-se para prestar assistência nas áreas afetadas nos subúrbios da ca-pital. Foi assim que muitos tomaram contacto com a AEIST, que funciona-va quase como sede de operações.

No ano seguinte, o Técnico foi ocupado pela polícia e a AEIST esteve

conseguia chatear, porque nós não pertencíamos a nada. Isso tirava-nos alguma pressão policial de cima.”

Ainda assim, a luta era obviamen-te contra o regime: “As bandeiras de luta eram a democracia em geral, a reforma democrática do ensino para todos, (…) a questão da guerra colo-nial”, afirma João Vieira Lopes. Houve também campanhas para a libertação de presos, e lutas pela liberdade de associação e contra a censura.

Nos anos 70, a associação co-meçou a mudar: até aí centrada nas secções (desportiva, cultural, revis-ta, etc), passou a focar-se nas crises, como explica Carlos Pimenta, presi-dente da AEIST entre 72 e 74: “O tra-balho das associações descentrou-se e estas deixaram de ter relevância na prática da atividade associativa”.

O movimento associativo já não se baseava nas secções culturais, e da discussão por elas fomentada, e aca-bou por ser quase totalmente virado para causas políticas. Os anos de 72 e 73 foram marcados por constantes contestações e greves – o que acabou

por levar mesmo à perda de um se-mestre inteiro.

À esperança de uma primavera marcelista, respondeu-se com uma repressão ainda maior por parte da PIDE: “A associação foi pilhada mui-tas vezes pela PIDE, eles levaram muita documentação”, lembra Car-los Pimenta. Porquê? “O Técnico era o centro de gravidade da revolução”, afirma. Foi preso pela PIDE no final de 1973, sofreu a tortura do sono, mas não deixou de saber como corriam as coisas no Técnico: “sabia que estava a haver greve e luta (…), através das mensagens possíveis da Júlia (minha mulher e também colaboradora da associação)”, explica.

No dia 25 de abril, tudo mudou: “No dia 25 até nos esquecemos do Técnico e ninguém quis saber da associação. (…) Tudo aquilo em que nos centrávamos no dia-a-dia da associação deixou de fazer sentido. Discutir a guerra, a situação política e a liberdade podia fazer-se em todo o lado (…). Nessa altura a vida estava cá fora”. !

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1962 Ano da primeira grande crise académica em Portugal

fechada durante quase um ano, lem-bra João Vieira Lopes, presidente em 70/71. “Tivemos que criar uma lista com membros sem grande conotação política”, explica. As ligações ao Par-tido Comunista Português, por exem-plo, que até aí tinham tido grande in-fluência nas ações da AEIST, tinham que estar ausentes. “A PIDE não nos

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O que mudou com a revolução dos cravos?

O panorama da Ciência e Educação em Portugal sofreu alterações pro-fundas com o 25 de abril de 1974. A massificação do ensino e o desen-volvimento da investigação foram as principais mudanças no período pós-revolução, e neste momento - 40 anos depois da revolução - o pro-gresso e o desenvolvimento do país nestas áreas são enormes.

A liberdade adquirida com o 25 de abril de 1974, que marcou uma revolução em todos os aspetos da sociedade portuguesa, levou a uma mudança profunda a nível das prá-ticas sociais e económicas, das quais a ciência e educação não ficaram de fora.

O professor José Mariano Gago refere que “o essencial das mudan-ças está porventura na esperança e na motivação social, na liberdade, na afirmação do papel das mulheres, no acesso democratizado à educação e na

criação de condições de mobilidade social através da educação, trazidos pelo 25 de Abril. A tudo isto podemos juntar a identificação progressiva da imagem da ciência com o desejo de progresso, fruto do movimento social e também da ação, ao longo destes 40 anos, dos próprios cientistas, e de muitos outros atores culturais e so-ciais na sociedade portuguesa”.

Como era então o panorama na-cional anterior à revolução, antes da “democratização do ensino supe-rior”, do desenvolvimento da ciência e da educação? A professora Maria da Graça Carvalho responde: “Antes do 25 de abril, o número de estudantes e a taxa de escolarização universitá-ria eram dos mais baixos da Europa, a estrutura universitária não estava adequada às exigências da investi-gação científica e a verba destinada a Investigação e Desenvolvimento (I&D) era reduzida.”

A opinião é partilhada por mui-tos, como o professor Eduardo Mar-çal Grilo, que ainda assim lembra a importância de Veiga Simão à frente do Ministério da Educação, no início dos anos 70, que tinha começado, “com a oposição de vários setores do regime”, um período de abertura no acesso à educação. “Não devemos atribuir exclusivamente ao 25 de abril alguns dos objetivos que já vinham de trás”, recorda.

“A partir de 1974, a educação ga-nhou uma grande importância nas políticas públicas: primeiro de uma forma confusa e até tumultuosa; a partir de 1976, de forma mais está-vel”, explica o antigo ministro da Educação, que entre 1976 e 1980 ocu-pou o cargo de Diretor-Geral do En-sino Superior. “O sistema educativo, sobretudo universitário, tinha sido [antes de 1974] palco de grandes lutas políticas e isso repercutiu-se muito

Alguns especialistas nas áreas de Ciência e Educação explicaram o que mudou com o 25 de abril, e lembraram que o progresso nos últimos 40 anos é enorme

Texto Sarah Saint-Maxent

na forma como algumas instituições foram afetadas. No Técnico, onde fui professor, vivemos alguns momentos muito delicados.”

Por isso mesmo, os primeiros anos depois da revolução foram marcados por um período “difícil”, caracteriza-do pela inexistência de uma lei fun-damental e por uma situação política muito instável. Vivia-se um período de “incontida vontade de democra-tizar o sistema ‘alterando o que esta-va’, a que se juntou a ideia de ‘sanear’ o ministério e as escolas de todos os elementos afetos ao regime”, segun-do Marçal Grilo, que só viu alterações com a entrada em vigor do I Governo Constitucional, em junho de 1976.

Só no final dos anos 70 começa-mos a assistir a uma verdadeira mas-sificação do ensino superior e con-sequente renovação e expansão dos quadros universitários, que acabou por ser o suporte para o desenvolvi-

Especial Ciência e Educação

13

mento da Ciência em Portugal. Até aí, o “Portugal científico” era cria-do quase exclusivamente através da formação de jovens no estrangeiro, numa política de “abertura limitada” que, antes de 74, esteve quase ex-clusivamente ligada às engenharias, ciências exatas e naturais, julgadas “politicamente inócuas”: por isso mesmo, o Técnico era já uma esco-la com “uma ligação externa muito grande”, diz Marçal Grilo, acrescen-tando, no entanto, que se tratava de uma ligação “feita ao nível das pes-soas”. “Hoje, o Técnico tem ligações que são sobretudo institucionais, o que faz uma grande diferença.”

A democratização efetiva do ensi-no, que as famílias começaram a ver “como uma obrigação, mas também como um interesse, o de ver os filhos com uma capacidade que os pôde tor-nar mais felizes e mais úteis à socie-dade e a si próprios”, passou em 1986

seu desenvolvimento, houve muitos avanços e recuos”, refere o professor.

Ainda assim, a evolução do ensino superior permitiu, na década de 80, a criação do estatuto da carreira do-cente universitária, que introduziu, explica Maria da Graça Carvalho, “a obrigatoriedade de investigação nas atribuições do docente universitá-rio”. A partir desse período, Portugal “registou um progresso notável em excelência científica, no número de publicações, no número de investiga-dores e de doutorados e percentagem da população ativa”, refere. Em 1976, o número de investigadores ETI (equi-valente a tempo integral) em Portugal era de 1750; em 2012, eram já 50.700.

A eurodeputada lembra, no en-tanto, que “a cooperação entre as universidades e a indústria deve ser intensificada”. “É vital que o conhe-cimento circule entre as universida-des, as empresas e a sociedade. Por-

tugal já teve avanços significativos em termos de investigação científica, mas ainda tem um longo caminho a percorrer.” Mesmo assim, Maria da Graça Carvalho considera que o país “tem universidades e infraestruturas de investigação de excelência.”

O Técnico é uma dessas institui-ções de referência: “Tem uma ativi-dade de investigação imensa e dá um contributo muito relevante para vá-rios setores da economia”, diz Mar-çal Grilo. Em 2013, a escola abrigava 11.234 estudantes (3% dos 371.000 matriculados no ensino superior em Portugal), e nos últimos anos juntou--se às melhores redes internacionais de universidades. “O Técnico tem hoje um conjunto de pessoas de al-tíssima categoria que conduzem a instituição com critério, a patamares de exigência e qualidade ao nível do melhor que a Europa tem”, considera o professor. !

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1750 Número de Investigadores ETI em Portugal em 1976

a assentar na Lei de Bases de Sistema Educativo. “O progresso verificado é imenso, mas nem tudo correu bem. A educação sempre foi uma arma de luta política, e isso foi prejudicial ao

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Mural com propaganda política para a Presidência da República no Instituto Superior Técnico

FotografiaF. Gonçalves

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História As Mulheres do Técnico

Instituto Superior Técnico: uma escola de rapazes?

40 anos depois do 25 de abril, fomos estudar a presença feminina no Técnico desde 1931, quando recebeu a primeira aluna

Texto Sarah Saint-Maxent

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Uma mulher engenheira antes de 1937 era um mito; nos anos 50, o número de mulheres no Técnico não chegava a uma centena; descobrir uma rapariga em Eletrotecnia em plena década de 90 era “exótico”. Como foi a evolução das mulheres na maior escola de en-genharia do país?

“Hoje, temos mais a fama que o proveito.” A frase é de Pedro Sereno, presidente da Associação dos Estu-dantes do Instituto Superior Técnico (AEIST), e refere-se à fama do Téc-nico como uma “escola de rapazes”. A verdade é que se hoje, o número de rapazes e raparigas é equiparável, durante décadas, a expressão femini-na na escola foi pequena e, em alguns casos, inexistente.

Até 1937, não houve qualquer en-genheira formada no Técnico: Maria Amélia Chaves foi a primeira mulher a licenciar-se em Engenharia Civil, aos 26 anos, mas esteve perto de en-veredar pela Química, o único cur-so “apropriado” para uma rapariga. “Não gostava de Química nem era boa nisso, mas era o esperado. Até que o professor Mira Fernandes me

entre 240 alunos no curso. Nesse ano, as raparigas eram 58,2% do total de estudantes universitários em Portu-gal – uma tendência que tem vindo a aumentar desde que, em 1986, ul-trapassaram o número de rapazes no Ensino Superior.

Numa entrevista presente na obra Visões do Técnico, no Centenário 1911-2011, Valentina Garcia explica como foi ser uma dirigente mulher, no Técnico, nos anos 90: “Foi mui-to engraçado, (…) potenciou imensos rumores. Todas as coisas que conse-guíamos era porque eu tinha dormido com não sei quem. (…) Sabia sempre pelos outros a minha vida sexual.”

A revolução de abril fez diferença, na presença das mulheres nas univer-sidades? Sim, na medida em que per-mitiu a entrada em massa de estudan-tes no Ensino Superior. Desses, uma fatia considerável era do sexo femini-no, mas foi preciso mudar “os costu-mes” para assumir como natural uma mulher na Universidade, em qualquer curso: esse é um trabalho que, apesar dos passos dados nos últimos anos, está por concluir. !

disse ‘Tem a coragem de vir até aqui e não tem a coragem de seguir o que quer?’”. Seguiu Engenharia Civil e acabou por ser também a primeira mulher em Portugal a inscrever-se na Ordem dos Engenheiros.

Isabel Maria Gago, a primeira pro-fessora de uma escola de engenharia nacional (licenciada em 1939), e a pro-fessora Sílvia Marília Costa, primeira

professora catedrática em engenharia em Portugal (1964), seguiram-lhe os passos anos depois, mas durante al-gumas décadas, uma estudante de en-genharia ainda era algo de “exótico”.

Em 1950, as mulheres representa-vam 5,7% da população total da Esco-la: eram 60. Em 1960, eram 181, numa altura em que o Técnico tinha mais de mil estudantes.

Nesta altura, em que os movimen-tos associativos nas Universidades cresceram e tiveram alguns dos perí-odos de maior visibilidade social, as raparigas – mesmo nas outras univer-sidades em que o número de mulheres começou a crescer exponencialmen-te: na Clássica de Lisboa ultrapassa-vam os 40%, por exemplo – tinham um frágil protagonismo, sendo quase sempre relegadas para segundo plano.

Até nos movimentos de oposi-ção de esquerda as raparigas com responsabilidades a nível da direção eram raras – no Técnico, a AEIST só em 1994 teve como sua presidente a primeira mulher. Valentina Garcia, que estudou eletrotecnia no IST entre 1991 e 1997, era uma de 15 mulheres

História As Mulheres do Técnico

ARQUIVO / TÉCNICO

Maria Isabel Gago, a primeira professora de uma escola de engenharia em Portugal

60 Número total de mulheres a estudar no Técnico em 1950

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Entrevista Alumni

Queremos contribuir para minorar alguns problemas dos nossos sucessores históricos”

Francisco Sanchez, presidente da AAAIST, fala sobre o passado e o regresso à escola

Texto Sarah Saint-Maxent

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Estudou no Técnico entre 1959 e 1965, em plena época de movimentos associativos nas universidades. Como foi?Tenho ideia que 1962 é o único ano com uma influência forte nas greves académicas. Antes e depois disso, a vida foi normal: o Técnico tinha aulas seis dias por semana, das oito às seis. Passávamos a vida aqui, o que criou relações muito fortes.

E em 1962?Foi uma época difícil, com algumas divisões internas. A maioria estava alinhada com os interesses dos estu-dantes, mas houve dificuldades. Não tivemos nenhuma intervenção com-plicada da polícia, mas lembro-me que o diretor do Técnico teve proble-mas complicados: na tentativa de se colocar entre os alunos e as autorida-des, acabou por ser menos bem tra-tado. Mas o que ficou dessa altura foi que as pessoas viveram muito unidas. Foi professor na Escola Industrial Ferreira Dias, em 1964 e 1965, e no ano seguinte começou o serviço militar na Arma de Transmissões, em Lisboa.Sim, fiz serviço militar durante 40 e tal meses. Naquela altura, era um dos temas mais presentes na vida acadé-mica – sobretudo a ida para o Ultra-mar. Independentemente de todas as razões que pudesse haver, políticas ou de outra natureza, era uma perturba-ção enorme na vida pessoal. Na re-

Foi com alguma pena que deixei o Técnico, mas nunca tinha pensado fazer uma carreira académica. Entrei nas CRGE como engenheiro eletro-técnico, e lembro-me bem das per-turbações no dia 25 de abril: houve, por exemplo, um corte de corrente ao Rádio Clube Português, uma coi-sa complicada. O nosso serviço tinha grande relevância para o funciona-mento da sociedade, pelo que foi tra-tado como uma área muito sensível.

Nos últimos anos voltou a estar ligado ao Técnico, e chegou à Associação dos Antigos Alunos do IST (AAAIST).A AAAIST aparece por decorrência do Conselho de Escola, para o qual fui convidado em 2009. O professor Ar-lindo Oliveira, presidente do Técnico, desafiou-me para ser presidente da AAAIST, o que nunca me tinha passa-do pela cabeça. Na verdade, nem se-quer sabia que havia uma associação de antigos alunos. Acabei por dizer que sim. Porquê ser sócio da AAAIST?Só tenho uma resposta: porque sim. Porque fomos alunos do Técnico e gostámos de o ser, e queremos man-ter uma ligação à escola. Faz sentido sublinhar a criação do Fundo Solidá-rio: é uma iniciativa com princípio, meio e fim. Queremos contribuir para minorar alguns problemas dos nossos sucessores históricos, que são alunos nesta altura. !

cruta, eu fiquei bastante bem classifi-cado, e acabei por não ser mobilizado. O que lhe permitiu ser assistente no Técnico.Fiquei colocado em Lisboa, no Bata-lhão de Telegrafistas. Um professor do IST desafiou-me para ser assistente, e aceitei: era das poucas coisas para as quais se conseguia uma licença. Em-bora estivesse a cumprir serviço mi-litar, e estivesse no quartel todos os dias, tinha dispensa para vir dar au-las. Tive dois anos de vida académica vista do outro lado, numa altura em que houve também algumas greves académicas, mas aí eu estava bastan-te menos tempo aqui: o que mais vivi dessa altura foi a presença dos nossos colegas em África.

Como foi essa vivência?Foi difícil. As pessoas que não foram, como eu, acabam por ter uma visão menos crua dessa realidade. O Bata-lhão de Telegrafistas era o departa-mento do exército por onde passavam as comunicações todas: não era pouco frequente termos informações de coi-sas graves que se tinham passado, até porque chegavam aviões com feridos para os encaminharmos, para darmos informações aos hospitais... Sob esse ponto de vista, era uma coisa mui-to marcante: no meio de tudo aquilo estavam amigos, familiares e colegas nossos. Em 1969 foi para as Companhias Reunidas Gás e Eletricidade (CRGE), e aí estava em 1974.

Entrevista Alumni

1959Ano de entrada no curso de Engenharia Eletrotécnica no IST

1969Ano de entrada nas CRGE, onde trabalhava durante o 25 de abril

40Número de meses passados a cumprir serviço militar em Lisboa

2012Ano de lançamento do Fundo Solidário da Associação de Antigos Alunos do Técnico

DUARTE DONAS-BOTO / TÉCNICO

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Entrevista Docentes

António Costa Silva: “O 25 de abril foi uma espécie de epifania”

O CEO da Partex viveu a revolução em Angola, onde participou no movimento associativo da Universidade de Luanda

Texto Sarah Saint-Maxent

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Entrevista Docentes

Estava em Angola quando entrou na Universidade?Comecei os estudos na Universidade de Luanda e entretanto interrompi-os na altura da independência [de Ango-la]. Participava no movimento asso-ciativo da Universidade, era dirigente do grupo que criou a pró-associação de estudantes e que desenvolveu toda a luta estudantil contra o ensino na altura, e também contra o próprio re-gime colonial.

Como foi a década de 70 em Luanda? Foram anos muito importantes na minha formação. Desde 1970-71, eu e o meu grupo de companheiros desen-volvemos várias iniciativas a denun-ciar o sistema de ensino demasiado elitista… também tivemos iniciativas para denunciar a opressão colonial, por exemplo na área da saúde e ou-tras. Fomos criando alguns antico-porpos, por exemplo com a PIDE, que já estava a seguir as nossas atividades.

A guerra colonial estava presente no dia-a-dia e nas vossas reivindicações? Absolutamente. Nós animávamos um círculo universitário de cinema na Universidade de Luanda, que proje-tava muitos filmes (tínhamos muito apoio dos consulados, sobretudo da França, da Inglaterra, dos países nórdicos e dos EUA). Lembro-me por exemplo do ‘Soldado Azul’, que de-nunciava a colonização feita no Oeste americano, em relação aos índios, e

dade, não nos levarmos muito a sério, a capacidade de nos rirmos de nós próprios… a prisão é extremamente dura, sentimos que não somos nada ali. É um ensinamento e uma grande escola para a vida.

Em 1980 começou a atividade profissional em Angola.Sim. Depois regressei a Portugal e ter-minei a minha formação no Técnico, em Engenharia de Minas. Trabalhei com o grupo do professor Quintino Rogado, do professor Garcia Pereira… Depois fiz o mestrado em Londres, no Imperial College, em Engenharia de Petróleos e voltei ao IST para fazer a tese de doutoramento.

E foi-se sempre mantendo por cá, a par de uma carreira empresarial.Sim, mantive sempre sempre a minha carreira académica, e entretanto esti-ve ligado a várias empresas, entre elas a Partex [da qual é CEO].

Como é fazer a gestão entre a carreira académica e o mundo empresarial? Para mim é muito bom. Penso que a carreira académica, sobretudo dar aulas e estar em contacto com os alu-nos, é uma espécie de terapêutica, mudamos de mundo. É completa-mente diferente da carreira empre-sarial: são dois mundos que se com-plementam e interagem entre si. Para mim dar aulas é descansar da gestão, e isso é altamente benéfico do ponto de vista intelectual. !

tudo isso era usado como crítica da sociedade e das relações coloniais.

Recorda-se do dia 25 de abril de 1974?Recordo muito bem. Acordei e fui al-moçar à cantina na universidade: a cantina estava em ebulição, muitos grupos a discutir, todos a tentar per-ceber o que se passava em Portugal. Quando percebemos que era o movi-mento que tinha derrubado a ditadu-ra, foi uma espécie de epifania. Como Sophia de Mello Breyner diz, é o dia inicial e límpido.

Depois da revolução, manteve-se em Angola.Fiquei por Luanda. Nós tínhamos uma posição clara em relação à inde-pendência de Angola, apoiávamos o

MPLA, só que o MPLA quando entrou na cidade estava muito fraturado. Nós éramos uma das organizações do MPLA, os ‘Comités Amílcar Cabral’. Começámos a criticar algumas atitu-des que o governo e o MPLA estavam a desenvolver, nomeadamente a cer-cear as liberdades, e isso conduziu à minha prisão em dezembro de 1977. Estive quase três anos na prisão de São Paulo, em Luanda.

Foi um período complicado.Foi um período muito difícil, com to-das as sevícias, as torturas, a máquina que os regimes totalitários utilizam. Mas também foi uma altura de gran-des ensinamentos: uma pessoa que vive uma experiência nos limites de-pois tem um certo distanciamento em relação à vida. A procura pela sereni-

1980Ano em que iniciou a sua atividade profissional, na Sonangol, em Angola

1938Ano de fundação da Partex

1977Ano da sua prisão por contestação ao regime

1970Ano em que iniciou a participação no movimento associativo em Luanda

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International China

Collaboration with China on Engineering Education

In addition to becoming the “factory of the world”, as a consequence of deep economic reforms in the last de-cades, China has also witnessed mas-sive changes and developments in the higher education institutions. Chi-nese universities are now developing at an unprecedented pace and have set international collaboration as one of their core priorities.

It is thus not surprising that, simi-larly to other top engineering schools in Europe and all over the world, Téc-nico has been working to strengthen such collaborations. One key instru-ment in developing such partner-ship with Chinese universities is the SEEEP: Sino-European Engineering Education Platform.

The SEEEP resulted from an agree-ment between the CLUSTER Network (www.cluster.org) and the Ministry of Education (MOE) of the People’s Republic of China, to establish col-laboration between the 12 CLUSTER institutions and a similar group of top Universities in Engineering, Sci-ence and Technology in China. The MOE selected the 18 top universities

in China to become members of the SEEEP (out of about 2,500 existing universities): Tongji University, Har-bin Institute of Technology, Tian-jin University, Tsinghua University, Xi’an Jiao Tong University, Dalian University of Technology, Huazhong University of Science and Technology, Southeast University, Zhejiang Uni-versity, Shangai Jiaotong University, South China University of Science and Technology, University of Science and Technology Beijing, Beijing Jiatong University, China University of Pe-troleum, China University of Mining and Technology, Beijing University of Posts and Telecommunications, East China University of Science and Tech-nology, Sichuan University.

On September 2010, the SEEEP kick-off meeting took place in Shanghai, hosted by the University of Tongji. The event included the sig-nature of a MOU between CLUSTER and the MOE. On behalf of CLUS-TER, the MOU was signed by Profes-sor Cruz Serra, then President of IST and CLUSTER. The second workshop took place at IST-Lisbon in May 2011,

simultaneously to the IST centennial celebrations. Two other main meet-ings followed in Harbin (Septem-ber 2012) and Karlsruhe (September 2013).

The SEEEP has already established joint doctoral schools and is work-ing to design joint master programs and research initiatives, which will be discussed in the next meeting in X’ian, in September 2014.

Mobility and Double Degree Agreements with Chinese universitiesOver the past few years, IST has signed new agreements with the University of Tsinghua, the Tongji University, Dalian University of Technology, Har-bin Institute of Technology and Tian-jin University, partly in the context of the SEEEP. With the University of Macau, Macau SAR, we have renewed previously existing agreements and we are currently discussing the details of Dual Master and PhD agreements, which will further intensify the long lasting cooperation between IST and the University of Macau.

In most cases the agreements foresee student and faculty mobil-ity. Thanks to those agreements, IST is already hosting Chinese students in mobility programmes and the first mobility students from IST are ex-pected to go to our Chinese Partner institutions during 2014.

More advanced levels of col-laboration include the design of dual degree agreements, both at the M.Sc and Ph.D levels, which im-plies matching the detailed struc-ture of the different syllabus both in the Chinese institutions and at IST. This work is carried out on a bilat-eral way, including several visits from Chinese delegations to IST and working visits from IST officials to the Chinese Universities.

While the process requires pa-tience and hard work, to combine the differences and complementari-ties of the different systems and cul-tures, the collaboration with China is progressing steadily and will be key to IST’s global strategy and integra-tion in the areas of Engineering, Sci-ence and Technology. !

More advanced levels of collaboration include the design of dual degree agreements, both at the M.Sc and Ph.D levels, which implies matching the detailed structure of the different syllabus both in the China institutions and at IST.

Texto José Santos-Victor, IST VP International Affairs

Visit of IST President, Prof Arlindo Oliveira, and Vice-President José Santos-Victor to the University of Tongji in Shanghai in April 2013. The hosts (left to right) are the Chinese Minister of Science, Mr Wan Gang and the U.Tongji Vice Rector Dong Qi.

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Prof. LI ZhenyuDirector of International Exchange & Cooperation Office Dean of College of Architecture & Urban PlanningTongji University, Chinese Secretariat of SEEEP

“The SEEEP is of great importance to China’s engineering educa-tion. Both Chinese and European sides share some common char-acteristics, such as the tight links between HEI and enterprises, discipline-oriented and practice-focused education. There are still some differences: in China there is a clear division of BSc-MSc-PhD cycles, professors’ competence needs to be improved and many more engineering students have to be trained.After signing the MOU during the 1st SEEEP Workshop in September 2010 at Tongji University we have come a long way together. The Lisbon Action Plan was established during IST-Lisbon in May 2011. The Harbin Roadmap, signed at

the Harbin Institute of Technol-ogy in September 2012, defined Guideline for SEEEP Double Master Degree, and four Sino-EU Doctoral School for Sustainability Engineer-ing (SESE) pilot programs were approved at the KIT, Germany, in September 2013. We are glad to witness the fruit-

ful progress of exchange and cooperation between Chi-nese and Euro-pean member universities of SEEEP, such

as PhD student program of China Scholarship Council, Chinese-European double degree programs for which Tongji University has developed about 70 master DDP, mainly with European engineering universities. We will be extremely happy to share the progress and experience of the 4 SESE pilot programs on the 5th Workshop to be held in Xi’an Jiaotong University China in September 2014.”

Baiqiao Chen, PhD Student Naval Architecture at IST.

“I moved from China to Portugal in 2009, starting a new life as a research assistant and PhD student at IST. Here I made friends with people from different countries all

over the world, exchanging ideas based on different cultures. I took courses, learn-ing advanced knowledge and

techniques as well as the Portuguese language. The more amazing thing was that I met and fell in love to my future wife, at IST. We work hard, in the research work, sometimes till late night. However, on the weekends we have been visiting the city, enjoying the nice weather and environment, the sunlight, the beach, the blue sky – in China it is not easy to see such blue sky. In a word, I feel so loved in the life here.”

GaoShenDalian University Technology, Mo-bility Student of Architecture at IST.

“Since I arrived in Lisbon last September, I have enjoyed the wonderful life here for more than 7 months. During these days, many different feelings (excitement, homesickness, disappointment, hopeless-

ness, helplessness, joy) appeared, changed and disappeared. It was so difficult at the beginning, strange place, strange people, strange

language and everything. Fortunately, I overcame all these difficulties, thanks to all the persons at IST who helped me a lot. You are really nice people! Because all the classes are taught in English, I felt really confused at the beginning. But I feel bet-ter and better with the time passing. My English is indeed improved. Thanks to IST, to the beautiful landscape in Portugal and all the people who helped me, I think this will be one of the best experiences in my whole life till now.”

Visit of IST President, Prof Arlindo Oliveira, and Vice-President José Santos-Victor to the University of Tongji in Shanghai in April 2013. The hosts (left to right) are the Chinese Minister of Science, Mr Wan Gang and the U.Tongji Vice Rector Dong Qi.

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Direção Editorial: Arlindo Limede de Oliveira, Luís Caldas de Oliveira, Palmira Ferreira da Silva

Editores:André Pires, Sarah Saint-Maxent

Direção de Arte: Tiago Machado

Designers: Patrícia Guerreiro, Telma Baptista,Tiago Machado

Assinaturas e publicidade:Sofia [email protected]

Website:valoresproprios. tecnico.ulisboa.pt

Editora: Instituto Superior TécnicoAv. Rovisco Pais, 11049-001 LisboaTel: (+351) 218 417 000Fax: (+351) 218 499 242

Impressão:Jorge Fernandes, Lda.Rua Quinta Conde de Mascarenhas, N9 Vale Fetal2825-259 Charneca da Caparica

Edição Número 3 Março/abril 2014

Periodicidade:Bimestral

Tiragem:10.000 exemplares

FICHA TÉCNICA

Loja Merchandising

€3Garrafa de desporto

€3Saco de alças, em tecido

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€120Serigrafias (2) do Técnico, de Ana Vidigal

Lista completa dos artigos de merchandising: http://gcrp.tecnico.ulisboa.pt/relacoes-publicas/

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