valoraÇÃo ambiental do parque estadual do itacolomi, ouro

159
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SANEAMENTO, MEIO AMBIENTE E RECURSOS HÍDRICOS VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO PRETO, MINAS GERAIS. Antônio Carlos Tafuri Belo Horizonte 2008

Upload: others

Post on 16-Oct-2021

0 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SANEAMENTO ,

MEIO AMBIENTE E RECURSOS HÍDRICOS

VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO PRETO,

MINAS GERAIS.

Antônio Carlos Tafuri

Belo Horizonte

2008

Page 2: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

ii

VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO PRETO, MINAS GERAIS.

Antônio Carlos Tafuri

Page 3: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

iii

Antônio Carlos Tafuri

VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO PRETO, MINAS GERAIS.

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação

em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da

Universidade Federal de Minas Gerais, como requisito

parcial à obtenção do título de Mestre em Saneamento,

Meio Ambiente e Recursos Hídricos.

Área de concentração: Meio Ambiente

Linha de pesquisa: Avaliação e Gerenciamento de

Impactos e Riscos Ambientais

Orientador: Nilo de Oliveira Nascimento

Co-orientador: Arnaldo Freitas de Oliveira Júnior

Belo Horizonte Escola de Engenharia da UFMG

2008

Page 4: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

iv

AGRADECIMENTOS

Concluir mais uma etapa da minha vida nestes 3 anos de mestrado não seria possível

sem encontrar pessoas que contribuíram para meu aperfeiçoamento acadêmico, profissional e

pessoal.

Agradeço ao professor Arnaldo Freitas de Oliveira Júnior que aceitou auxiliar-me,

como co-orientador deste projeto de pesquisa dada a especificidade do tema. Relato aqui

minha profunda admiração pela competência profissional e pelo ser humano íntegro e ético

além de minha gratidão pela sua confiança e paciência. Meu reconhecimento por permitir a

expansão de minha atuação profissional em uma especialidade que, desde os seus primeiros

comentários, considera promissora e carente de profissionais qualificados. Obrigado Arnaldo

pelo seu exemplo de mestre e, acima de tudo, de ser humano.

Agradeço ao professor Nilo de Oliveira Nascimento que aceitou orientar-me.

Reconheço sua especial atenção e cordialidade que, ainda não sendo meu orientador desde o

início do curso, não mediu esforços para auxiliar-me na revisão bibliográfica sobre o tema.

Mesmo com a limitação de seu tempo, o Professor Nilo não deixou de sanar minhas dúvidas e

agregar novas idéias. Destaco a importância da sua orientação, sua didática, sua paciência, a

clareza das correções dos pontos sensíveis da pesquisa. As orientações de conteúdo técnico e

metodológico foram de suma importância para o desenvolvimento e a conclusão da pesquisa.

Agradeço ao professor Fausto Reynaldo Alves de Brito pelas sugestões para o

desenvolvimento do tema de pesquisa e profissionalismo pela indicação não só de bibliografia

como disciplinas no seu departamento que auxiliassem o meu aperfeiçoamento acadêmico.

Agradeço ao professor Roberto Luis de Melo Monte-Mór pelas orientações iniciais ao

desenvolvimento do projeto de pesquisa, notadamente pela indicação do professor Arnaldo.

À Universidade Federal de Minas Gerais, Departamento de Engenharia Sanitária e

Ambiental e à coordenação do Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e

Recursos Hídricos.

Page 5: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

v

À Universidade Federal de Minas Gerais, Centro de Desenvolvimento e Planejamento

Regional – Cedeplar.

Ao IEF – Instituto Estadual de Florestas, Gerência de Gestão de Áreas Protegidas

(GEARP), Sr. Roberto Coelho Alvarenga pela cordialidade, atenção e profissionalismo ao

disponibilizar todos os dados técnicos necessários bem como ao agendamento de visitas

técnicas para a aplicação dos questionários de pesquisa no Parque Estadual do Itacolomi.

A todos os colaboradores da FEOP - Fundação Educativa de Radio TV de Ouro Preto

e IEF responsáveis pelo gerenciamento direto do Parque, sem os quais não seria possível a

aplicação dos questionários de pesquisa.

Aos meus pais, Washington e Conceição, meus irmãos, Isabel, Marília e Wagner,

minha filha, Carmem, e minha namorada, Daniele, que, com paciência, tolerância e amor

estiveram presentes em um dos períodos mais delicados de minha vida sempre apoiando para

que eu superasse todas as etapas.

Aos amigos Renato Reis, Cristiane Bastos e Fátima Megale pelas observações e

complementações técnicas no desenvolvimento da pesquisa.

Agradeço a Deus pela oportunidade de aprender com os desafios e não me deixar

desanimar em momento algum. Obrigado ainda pela oportunidade de encontrar pessoas éticas,

humanas e profissionais que me fortaleceram como pessoa, profissional e educador.

Dedico à minha filha Carmem. Que seja um estímulo aos desafios que certamente

encontrará pela sua vida.

Page 6: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

vi

SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS...............................................................................................................................v LISTA DE TABELAS...............................................................................................................................vi AGRADECIMENTOS ........................................................................................................................................... iv RESUMO.................. ............................................................................................................................................. ix ABSTRACT. ................................................................................................................................................... ……x 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................................. 11 2 OBJETIVOS ....................................................................................................................................................... 15 3 JUSTIFICATIVA ............................................................................................................................................... 16 4 REVISÃO DA LITERATURA .......................................................................................................................... 18

4.1 EVOLUÇÃO DA ECONOMIA DO MEIO AMBIENTE .......................................................................... 18 4.2 VALORAÇÃO AMBIENTAL ................................................................................................................... 21 4.3 MÉTODOS DE VALORAÇÃO AMBIENTAL ........................................................................................ 25

4.3.1 Valor Econômico Total ............................................................................................................................. 26 4.3.2 Caracterização dos métodos de valoração ambiental ................................................................................ 30

5 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO .............................................................................................. 47 5.1 Informações gerais sobre o Parque Estadual do Itacolomi........................................................................... 48 5.2 Estrutura organizacional ............................................................................................................................. 50 5.3 Planejamento do Parque Estadual do Itacolomi ........................................................................................... 51 5.4 Atividades desenvolvidas no Parque Estadual do Itacolomi ........................................................................ 54 5.5 Socioeconomia e população do entorno ao Parque Estadual do Itacolomi .................................................. 55 5.6 Caracterização regional ................................................................................................................................ 60

6 METODOLOGIA .............................................................................................................................................. 78 6.1 DEFINIÇÃO DO MÉTODO DE VALORAÇÃO AMBIENTAL ............................................................. 78 6.2 ETAPAS DE APLICAÇÃO DO MÉTODO DE VALORAÇÃO CONTINGENTE ................................. 79

7 RESULTADOS E DISCUSSÃO........................................................................................................................ 87 7.1 CARACTERIZAÇÃO DO ENTREVISTADO NO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI .............. 88

7.1.2 Faixa etária, Escolaridade, Ocupação e Renda dos Visitantes ao Parque ................................................. 89 7.1.2 Freqüência de visitação ao Parque ............................................................................................................ 94 7.1.3 Local de origem e distância ao Parque Itacolomi ..................................................................................... 95 7.1.4 Conhecimento sobre a fauna e flora do Parque Itacolomi e sobre a Diversidade Biológica do local ....... 97 7.1.5 Sensação experimentada ao estar no Parque Itacolomi ........................................................................... 100 7.1.6 Disposição a Pagar (DaP) pela Preservação Ambiental, motivo da não DaP e cálculo do valor ambiental estimado da área que envolve o Parque Itacolomi ........................................................................................... 101 7.1.7 Indicação de local substituto aos serviços do Parque Itacolomi.............................................................. 115 7.2 CRUZAMENTO DE VARIÁVEIS .......................................................................................................... 122

7.2.1 Ocupação profissional x Freqüência de visitação ao Parque................................................................... 123 7.2.2 Número de espécies que conhece x Freqüência de visitação ao Parque ................................................. 123 7.2.3 Disposição a Pagar pela Preservação Ambiental x Freqüência de visitação ao Parque .......................... 124 7.2.4 Número de espécies que conhece x Disposição a Pagar pela Preservação Ambiental ............................ 124 7.2.5 Renda per capita mensal x Disposição a Pagar pela Preservação Ambiental ......................................... 125 7.2.6 Disposição a Pagar pela Preservação Ambiental x Escolaridade do visitante ........................................ 125 7.2.7 Faixa etária do visitante x Disposição a Pagar pela Preservação Ambiental .......................................... 126 7.3 TESTE PARA VERIFICAR ASSOCIAÇÃO ENTRE VARIÁVEIS ...................................................... 126

7.3.1 Escolaridade x DaP ................................................................................................................................. 127 7.3.2 Escolaridade x Conhecimento de espécies .............................................................................................. 127 7.3.3 DaP x Conhecimento de espécies ........................................................................................................... 127 7.3.4 DaP x Renda Mensal ............................................................................................................................... 127 7.3.5 Faixa etária x DaP ................................................................................................................................... 127

8 CONCLUSÃO.................................................................................................................................................. 128 9 REFERÊNCIAS....... ....................................................................................................................................... 130 10 APÊNDICES .................................................................................................................................................. 134 ANEXO 1: Questionário – Valoração Ambiental do Parque Estadual do Itacolomi ............................... 134 Questionário 134 ANEXO 2: Listagem das Espécies Vasculares Inventariadas no PEI ...................................................... 141 ANEXO 3: Lista das espécies ameaçadas de extinção no Parque Estadual Itcolomi (Fonte: Plano de

manejo. ......................................................................................................................................... 153

Page 7: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

vii

ANEXO 4: Espécies de pequenos mamíferos não voadores identificados no Parque Estadual do Itacolomi. ...................................................................................................................................... 154

ANEXO 5: Espécies de mamíferos de médio e grande porte identificadas no Parque Estadual do Itacolomi através de censos, encontros fortuitos e entrevistas. ........................................... 155

ANEXO 6: Espécies de mamíferos de médio e grande porte ameaçados de extinção no Parque Estadual do Itacolomi. ................................................................................................................ 156

ANEXO 7: Lista das espécies de anfíbios e répteis registradas nos sítios de amostragem no Parque Estadual do Itacolomi. ................................................................................................................ 157

LISTA DE FIGURAS FIGURA DESCRIÇÃO No. PAG

Figura 1 Categorias de valores de uso e não-uso 29 Figura 2 Imagem satélite Ikonos ilustrando os limites do Parque Estadual do Itacolomi 48 Figura 3 Vista geral do Pico do Itacolomi 49 Figura 4 Ciclo do Manejo Adaptativo 51 Figura 5 Mapa estratégico do Parque Estadual do Itacolomi 53 Figura 6 Macrorregiões de planejamento de Minas Gerais, segundo o Governo do Estado 56 Figura 7 Localização dos municípios sob estudo 57 Figura 8 Faixa etária da população residente nos municípios da área de influência do PEIT

em 2000 58

Figura 9 Histograma com a distribuição mensal da precipitação nas estações dentro e no entorno do Parque Estadual Itacolomi

63

Figura 10 Detalhe da cachoeira do córrego Belchior na Unidade Ecomorfológica Itacolomi 64 Figura 11 Vista aérea da barragem do Custódio 66 Figura 12 Detalhe do canal construído para captação de água do córrego Prazeres 67 Figura 13 Detalhe do córrego Belchior após a captação na Unidade 68 Figura 14 Urbanização crescente no limite do Parque, sítio Pocinho 69 Figura 15 Sítio Pocinho, aspectos do crescimento da cidade de Ouro Preto próximo aos

limites do Parque Estadual Itacolomi 69

Figura 16 Tipos fitofisionômicos observados no Parque Estadual do Itacolomi 72 Figura 17 Samambaiaçú – Dicksonia sellowiana, espécie ameaçada de extinção 73 Figura 18 Mapa evidenciando as áreas de coleta de dados sobre a mastofauna dentro do

Parque Estadual Itacolomi 75

Figura 19 Vista aérea dos sítios que compõem o Parque Estadual do Itacolomi

76

Figura 20 Faixa etária dos visitantes ao Parque Estadual Itacolomi 89 Figura 21 Escolaridade dos visitantes ao Parque Estadual Itacolomi 91 Figura 22 Ocupação dos visitantes ao Parque Estadual Itacolomi 92 Figura 23 Renda per capita mensal 94 Figura 24 Freqüência de visita ao Parque Estadual Itacolomi 95 Figura 25 Local de origem do entrevistado 96 Figura 26 Distância da origem ao Parque 97 Figura 27 Conhecimento sobre a fauna e flora 98 Figura 28 Número de espécies que conhece 99 Figura 29 Conhecimento sobre a diversidade biológica do Parque 100 Figura 30 Sensação de estar no Parque 101 Figura 31 Histograma da DaP pela preservação ambiental do Parque 102 Figura 32 Motivo da não DaP 104 Figura 33 Indicação de local substituto ao Parque Itacolomi 116

Page 8: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

viii

LISTA DE QUADROS QUADRO DESCRIÇÃO No. PAG

Quadro 1 População residente por grupo de idade, segundo os municípios 90 Quadro 2 População residente por sexo e situação do domicílo, segundo os

municípios 90

Quadro 3 Índice de Desenvolvimento Humano Municipal – Municípios da região do PEIT 1991 e 2000

92

Quadro 4 Informações educacionais – municípios da região do PEIT 2004 93 Quadro 5 Funções ambientais fornecidas pelo PEIT, embasadas no conceito

defendido por De Groot (1992) 111

Quadro 6 Síntese dos resultados obtidos pelos grupos temáticos, incluindo dados primários e secundários, durante a elaboração do Plano de Manejo do Parque Estadual do Itacolomi (PEIT), Minas Gerais

112

LISTA DE TABELAS TABELA DESCRIÇÃO No. PAG

Tabela 1 Controle de visitantes ao Parque Estadual do Itacolomi 81 Tabela 2 Freqüência relativa ao controle de visitantes ao Parque Itacolomi 103 Tabela 3 Cálculo de DaP pela preservação ambiental do Parque Itacolomi 105 Tabela 4 Outros locais indicados como substituto ao Parque Itacolomi 116 Tabela 5 Os métodos propostos para avaliação de serviços ecológicos do Parque

Estadual do Rio Doce e outras unidades de conservação 120

Tabela 6 Distribuição de turistas do ponto de vista da DaP 121 Tabela 7 Cruzamento entre ocupação e freqüência de visitas ao Parque 123 Tabela 8 Cruzamento entre número de espécies e freqüência de visitas ao Parque 124 Tabela 9 Cruzamento entre DaP e freqüência de visitas ao Parque 124 Tabela 10 Cruzamento entre DaP e número de espécies que conhece 125 Tabela 11 Cruzamento entre DaP e Renda per capita 125 Tabela 12 Cruzamento entre DaP e escolaridade do entrevistado 125 Tabela 13 Cruzamento entre DaP e Faixa etária do visitante ao parque 126 Tabela A Listagem das espécies vasculares inventariadas no PEI 141 Tabela B Lista das espécies ameaçadas de extinção no Parque Estadual Itacolomi 153 Tabela C Espécies de mamíferos de médio e grande porte identificadas no Parque

Estadual do Itacolomi através de censos, encontros fortuitos e entrevistas. 154

Tabela D Espécies de mamíferos de médio e grande identificados no Parque Estadual do Itacolomi

155

Tabela E Espécies de mamíferos de médio e grande porte ameaçados de extinção registradas no Parque Estadual do Itacolomi

156

Tabela F Lista das espécies de anfíbios e répteis registradas nos sítios de amostragem no Parque Estadual do Itacolomi

157

Tabela G Programa de Turismo do Parque Estadual do Itacolomi 159

Page 9: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

ix

RESUMO

Muito se tem falado sobre a importância das florestas pela relevância das funções

ambientais imprescindíveis para a vida e bem-estar das populações.

As unidades de conservação são porções do território nacional com características

naturais de relevante valor, legalmente instituídas pelo Poder Público, sob regimes especiais

de administração e às quais se aplicam garantias de proteção. O Parque Estadual é um dos

componentes das unidades de proteção integral que tem como objetivo a preservação de

ecossistemas naturais de relevância ecológica e beleza cênica, possibilitando a realização de

pesquisas científicas e o desenvolvimento de atividades de educação e interpretação

ambiental, de recreação em contato com a natureza e de turismo ecológico.

O Parque Estadual do Itacolomi (PEIT) está situado nos municípios de Ouro Preto e

Mariana – MG. Abriga, aproximadamente, 11% de toda a biodiversidade conhecida para

Minas Gerais, representando mais de mil espécies da fauna e da flora protegidas, sendo 29

espécies ameaçadas de extinção e 18 endêmicas.

Os recursos naturais encontrados no PEIT proporcionam diversos benefícios sócio-

econômicos. No entanto, o agravamento de intervenções antrópicas pode levar ao

comprometimento destes recursos naturais.

Neste contexto se torna necessário aplicar métodos de preservação ambiental sendo a

Valoração Ambiental uma dessas ferramentas que pode justificar sua aplicação como

indicativo ambiental para preservação.

Este estudo teve como objetivo estimar o valor ambiental do PEIT por meio da

aplicação do método valoração contingente (DaP). Os resultados obtidos demonstram alto

valor ambiental associado a todos os atributos ecológicos: fauna, flora e fatores abióticos. O

Valor econômico atribuído aos bens e serviços ambientais foi estimado em R$ 2 bilhões. Este

valor reflete a importância essencial em que Funções Ambientais exercem sobre o cotidiano

local e seu entorno.

Palavras-chave: Valoração ambiental, métodos de valoração, economia ambiental,

unidade de conservação, planejamento ambiental.

Page 10: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

x

ABSTRACT

Analysis of Economics Valuation of Itacolomi State Park, Ouro Preto, Minas Gerais,

Brazil.

Much has been spoken regarding the importance of forests for the relevance of

environmental functions which are essential to the life and welfare of the people.

The conservation units are portions of the national territory with natural characteristics

of relevant value, legally established by governmental agencies to which they apply

guarantees of protection.

The State Park is one of the components of integral protection units which has the

purpose to preserve natural ecosystems of relevant ecology and scenic importance, allowing

the scientific research and the development of educational and environmental interpretation,

natural recreation and ecological tourism.

The State Park of Itacolomi (PEIT) is located in the municipalities of Ouro Preto and

Mariana - MG. It holds approximately 11% of the entire biodiversity known to Minas Gerais,

representing more than a thousand species of wild fauna and flora protected within the limits

of the park, 29 species threatened with extinction and 18 endemic.

Natural resources provided by the PEIT enable various socio-economic benefits.

However, the worsening of human interventions not only in the area of coverage of the PEIT,

but in their surroundings, can lead to the impairment of natural resources.

In this context it is necessary to apply methods of environmental preservation noticing

that the Environmental Evaluation is one of those tools that can justify its application as

indicative for environmental preservation.

This study aimed to estimate the environmental value of PEIT by applying the

contingent valuation method (DaP). The results show high environmental value associated

with all ecological attributes: fauna, flora and abiotic factors. The economic value attributed

to environmental goods and services was estimated at R$ 2 billion. This figure reflects the

importance that essential functions in Environmental exert on the daily spot and its

surroundings.

Key words: Environmental valuation, methods of valuation, environmental

economics, conservation units, environmental planning.

Page 11: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

1 INTRODUÇÃO

De acordo com o IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos

Naturais Renováveis, meio ambiente é conceituado como o conjunto de condições, leis,

influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida

em todas as suas formas. Foi a partir da década de 1960 que a questão ambiental entrou

definitivamente na agenda de pesquisa no mundo inteiro devido a projeções catastróficas

acerca da finitude dos recursos naturais, ou seja, toda matéria e energia que ainda não tenha

sofrido um processo de transformação e que é usada diretamente pelos seres humanos para

assegurar as necessidades fisiológicas, socioeconômicas e culturais, tanto individual quanto

coletivamente.

Kofi Annan, ex-secretário-geral das Nações Unidas, declarou, em 2002, que nos

últimos cem anos o meio ambiente tem sofrido pressões impostas pela quadruplicação da

população humana e pela produção econômica mundial dezoito vezes maior e, que apesar da

grande variedade de tecnologias, recursos humanos, opções de políticas e informações

técnicas e científicas à nossa disposição, a humanidade ainda não rompeu de forma definitiva

políticas e práticas insustentáveis e ambientalmente prejudiciais (PNUMA, 2004).

Mikhail Sergeyevich Gorbachev, ganhador do premio Nobel da Paz em 1990 pela sua

contribuição para o fim da Guerra Fria e presidente de organizações ambientais independentes

como a Fundação Gorbachev, a Green Cross International e Civic Forum Movement, ressalta

o fato de o mundo enfrentar três desafios inter-relacionados: o desafio da segurança, incluindo

os riscos associados às armas de destruição em massa e o terrorismo, o desafio da pobreza e

do subdesenvolvimento e o desafio da sustentabilidade ambiental (WORLDWATCH

INSTITUTE, 2005).

No que concerne a sustentabilidade ambiental, Romeiro (2003) afirma que se trata de

um conceito normativo que surgiu com o nome de ecodesenvolvimento no inicio da década de

1970, em um contexto de controvérsia sobre as relações entre crescimento econômico e meio

ambiente, exarcebada principalmente pela publicação do relatório do Clube de Roma que

pregava o crescimento zero como forma de evitar a catástrofe ambiental.

A idéia da sustentabilidade está associada à preservação da capacidade de atender as

necessidades das gerações presentes e futuras. Para Pearce e Warford (1993), o

Page 12: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

12

desenvolvimento sustentável é interpretado como um contínuo aumento – ou ao menos a

manutenção – do bem-estar humano ao longo do tempo. O caminho para o desenvolvimento é

sustentável apenas se todos os bens de capital permaneçam constantes ou cresçam ao longo do

tempo. Os bens em questão incluem capital manufaturado (máquinas, rodovias e indústrias),

capital humano (conhecimento e habilidades) e o capital ambiental (florestas, qualidade dos

solos e fronteiras geográficas). Para uma nação estar em um caminho de desenvolvimento

sustentável a mesma precisa viver dentro de suas limitações, o que, neste contexto, significa

não baixar o seu estoque de capital.

As atuais percepções sobre a natureza alertam para os riscos de negligenciar a

dependência dos seres vivos em relação aos sistemas que permitem a vida no planeta e não se

pode pensar na sustentabilidade de um sistema isolado, uma vez que as dinâmicas evolutivas

de mudança ocorrem em processos interativos e simultâneos. Sob condições de desequilíbrio,

os sistemas ecológicos tendem a buscar novo equilíbrio e se reorganizar, não necessariamente

preservando as mesmas condições em que o desenvolvimento humano tem se embasado. E

este, numa perspectiva histórica, apóia-se no desenvolvimento de sistemas sociais e

econômicos. A sustentabilidade do desenvolvimento social e econômico ao longo prazo

depende da capacidade humana de entender esse contexto e preservar o equilíbrio dos

sistemas naturais e sociais dos quais todos dependemos (BOECHAT, 2007).

Oliveira Júnior (2004) relata que o usufruto dos recursos naturais tem gerado um

fomento econômico bastante promissor a cada ano, gerando a necessidade de ser avaliado

constantemente, a fim de estabelecer metas e diretrizes para o uso racional do patrimônio

natural. Por sua vez, os benefícios proporcionados pelos recursos naturais estão relacionados

ao conceito de funções ambientais, isto é, a capacidade de fornecerem bens e serviços, que

satisfaçam direta e indiretamente as necessidades humanas como, por exemplo, a provisão de

matérias-primas, capacidade de assimilação de resíduaos, amenidade, estética e recreação,

biodiversidade e capacidade de suporte às diversas formas de vida no planeta. As perdas

dessas funções podem gerar danos irreversíveis aos ecossistemas, tornando-se necessária a

aplicação de energia e recursos financeiros para restaurar, mitigar ou substituir as funções

afetadas, para o não comprometimento da qualidade de vida.

A valoração ambiental fundamenta-se em se estimar os valores dos benefícios sócio-

econômicos derivados do usufruto dos recursos naturais. Sua análise é tida como uma

metodologia interdisciplinar em que diversos estudiosos do assunto têm se empenhado em

Page 13: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

13

aplicar múltiplas metodologias com a finalidade de se estimar o valor do ambiente

(OLIVEIRA JÚNIOR, 2004).

Muito se tem falado sobre a importância das florestas, nos seus mais diversos

aspectos, uma vez que as mesmas desempenham funções ambientais peculiares como a

conservação dos solos, regularização dos recursos hídricos, controle dos ventos, qualidade de

vida do homem, recreação, diminuição do aquecimento global, dentre outras.

As unidades de conservação têm a sua regulamentação embasada na lei 9.985 de 18 de

julho de 2000 (Sistema Nacional de Unidades de Conservação – SNUC) e dividem-se em dois

grupos, com as seguintes categorias de manejo: Unidades de Proteção Integral e Unidades de

Uso Sustentável. São porções do território nacional, incluindo as águas territoriais, com

características naturais de relevante valor, de domínio público ou propriedade privada,

legalmente instituídas pelo Poder Público com objetivos e limites definidos, sob regimes

especiais de administração e às quais aplicam-se garantias de proteção.

O Parque Estadual, segundo o IEF-MG, é um dos componentes das unidades de

proteção integral que tem como objetivo básico a preservação de ecossistemas naturais de

grande relevância ecológica e beleza cênica, possibilitando a realização de pesquisas

científicas e o desenvolvimento de atividades de educação e interpretação ambiental, de

recreação em contato com a natureza e de turismo ecológico. Os parques são criados com a

finalidade de preservar a fauna e flora nativa, principalmente as espécies ameaçadas de

extinção, os recursos hídricos (nascentes, rios, cachoeiras), as formações geológicas,

conservar valores culturais, históricos e arqueológicos e promover estudos e pesquisas

científicas, educação e interpretação ambiental e turismo ecológico.

A exemplo de Parques Estaduais, tem-se o Parque Estadual do Itacolomi (PEIT)

criado em 14 de junho de 1967 pela Lei nº 4.495 que ocupa uma área de 7.543 hectares e está

situado no município de Ouro Preto – MG. O patrimônio natural, com grande diversidade

biológica é composto por campos de altitude, afloramentos rochosos nas partes mais altas da

serra, onde predominam as gramíneas, sempre-vivas, orquídeas e canela-de-ema.

A fauna do Parque Estadual do Itacolomi é diversificada, podendo ser encontrados

mamíferos, répteis, anfíbios e aves das mais variadas espécies, algumas ameaçadas de

extinção como a lontra, a onça parda, a jaguatirica, o lobo-guará, o sauá e aves como pavó e o

jacuaçu. Entre os monumentos históricos destacam-se a Fazenda São José do Manso, onde se

Page 14: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

14

localiza a Casa Bandeirista, a Fazenda do Cibrão e as ruínas da Casa de Pedra, na Chácara do

Cintra.

Este estudo tem o intuito de estimar o valor ambiental do Parque Estadual do

Itacolomi através da aplicação do método valoração contingente, ferramenta esta amplamente

utilizada para estimar quanto os consumidores estariam dispostos a pagar, em termos

monetários, para manterem os fluxos de bens e serviços ambientais. No caso do PEIT estes

bens e serviços ambientais podem estar relacionados não só a funções de regulação como a

coleta de água e recarga de aqüíferos, a funções de provisão de espaço tanto para recreação e

turismo como a proteção da natureza, a funções de produção como a de recursos genéticos,

oxigênio e água bem como funções de informação como inspiração cultural e informação

científica e educacional.

Page 15: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

15

2 OBJETIVOS 2.1 Objetivo geral Avaliar o valor ambiental do Parque Estadual do Itacolomi, situado no município de Ouro

Preto – Minas Gerais.

2.2 Objetivos específicos

a. Caracterização do perfil socioeconômico do visitante ao Parque.

b. Definir o método de valoração ambiental.

c. Aplicar questionário aos visitantes visando a obtenção do valor de Disposição a Pagar

(DaP) pela manutenção de funções ambientais do Parque.

Page 16: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

16

3 JUSTIFICATIVA

Considerando o Parque Estadual do Itacolomi (PEIT) como um dos componentes das

unidades de proteção integral que tem como objetivo básico a preservação de ecossistemas

naturais de relevância ecológica e beleza cênica, a valoração ambiental dos bens e serviços

ambientais proporcionados por esta unidade assume papel fundamental para justificar a

preservação do patrimônio natural e cultural, bem como fornecer dados para a elaboração de

programas de conservação ambiental, conscientização da população local de turistas,

implantação de programas de educação ambiental direcionado aos turistas e à população

nativa, estudos de capacidade de suporte, dentre outros.

Os recursos naturais fornecidos pelo PEIT proporcionam diversos benefícios sócio-

econômicos. Por exemplo, dentre as funções de provisão de espaço destacam-se as atividades

de recreação e turismo como caminhada em trilhas e escalada ao Pico do Itacolomi. Ao

considerar as funções de informação pode-se citar a experiência estética, histórica, cultural,

científica e educacional. Já a manutenção da diversidade biológica e genética relaciona-se às

funções de regulação.

No entanto, o agravamento de intervenções antrópicas não só na área de abrangência

do PEIT, mas no seu entorno, como incêndios provocados por acidentes, uso e ocupação de

solo, extração vegetal e atividades impactantes, principalmente a mineração, pode levar ao

comprometimento destes recursos naturais.

Por estas razões se torna necessário aplicar métodos de preservação ambiental sendo a

valoração ambiental, dentre as diversas metodologias empregadas com esta finalidade, uma

dessas ferramentas que pode justificar sua aplicação como indicativo ambiental para

preservação.

Importante ressaltar que o modelo econômico vigente não se adapta, flexivelmente,

em se mensurar os valores intangíveis auferidos pelos recursos naturais, apresentando uma

serie de limitações para avaliar todos os fatores ambientais com grau de exatidão. Por

exemplo, é mais fácil mensurar o valor de matérias-primas, de oportunidades de

desenvolvimento em termos monetários do que identificar os valores ambientais intangíveis

decorrentes do uso do recurso natural.

Page 17: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

17

É neste contexto que a valoração ambiental assume papel fundamental como

ferramenta ao processo de planejamento ambiental para justificar a proteção do meio

ambiente.

A valoração ambiental está associada em se mensurar os benefícios sócio-econômicos

pelo uso dos recursos naturais por meio das atividades relacionadas ao turismo, informação

científica e educacional, dentre outras, e fornecerão importantes dados para a manutenção e

formulação de normas e diretrizes de gestão do Parque Estadual do Itacolomi.

Este trabalho deverá contribuir não só no processo de Planejamento Ambiental contido

no Plano de Manejo do PEIT (IEF-MG, 2007) bem como alavancar uma perspectiva de

articular os resultados da valoração com o Plano de Negócios, embasado em metodologia

utilizada na viabilização de financiamento através de agências internacionais multilaterais de

crédito, com o objetivo de buscar à auto-sustentação ambiental e econômico-financeira do

PEIT.

Portanto, a partir do exposto, justifica-se valorar o meio físico do ambiente como

ferramenta para a preservação dos recursos naturais e aprimoramento da gestão de unidades

de conservação.

Page 18: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

18

4 REVISÃO DA LITERATURA

4.1 EVOLUÇÃO DA ECONOMIA DO MEIO AMBIENTE

Desde o aparecimento do homem na face da terra ele vem provocando diferentes

interferências no meio em que vive, inicialmente, contentando-se simplesmente em viver no

meio natural sem alterá-lo para, em seguida, modelar o meio, seja pela criação de animais em

um primeiro momento e, posteriormente, pela agricultura. Não obstante, este modelo esteve

diretamente ameaçado somente a partir da industrialização e urbanização.

Mas é na atualidade, à medida que o homem tenta obter o domínio do seu meio, na

busca do controle do espaço global do planeta, que estão ocorrendo os danos mais graves,

representando um verdadeiro desafio à sobrevivência da humanidade. Com o crescimento da

população, a demanda por bens e serviços aumenta e, conseqüentemente, torna-se necessário

construir mais fábricas, explorar intensivamente o solo na produção de alimentos, que, em

conjunto com os dejetos humanos, contribuem para a constante e crescente degradação

ambiental.

Foi na década de 1960 que a questão ambiental entrou definitivamente na agenda de pesquisa dos economistas. As projeções catastróficas acerca da finitude dos recursos naturais evidenciaram a falta de atenção aos aspectos ecológicos dos modelos econômicos. Aurores como Kenneth Boulding (The Economics of the Coming Spaceship Earth, 1966), Herman Daly (On Economics as a Life Science, 1968) e Nicolas Georgescu-Rogen (The Entropy Law and The Economic Process, 1971) foram os precursores dessa “ecologização” da economia, que por sua vez assumia um carater cada vez mais científico, no sentido de tornar-se uma ciência exata (MAY et al., 2003, prefácio, xi).

Pearce e Warford (1993) relatam que a economia do meio ambiente, como um tema,

emergiu principalmente nas décadas de 1950 e 1960 e foi largamente disseminada na América

do Norte, estimulada por novas regulamentações ambientais, esforços para estimar a

magnitude de custos econômicos e benefícios de projetos ambientais. Avanços importantes

foram feitos em técnicas para estimar o valor de impacto ambiental, particularmente na área

da poluição das águas e do ar, as quais foram objeto de extensas regulamentações.

O questionamento ao crescimento econômico a partir de um ponto limitante ao

crescimento foi largamente aprofundado pela literatura, defendido por escritores fora dos

Estados Unidos como Dasgupta e Heal (1979) e Maller (1974), ambos citados por Pearce e

Warford (1993).

Page 19: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

19

A ciência econômica tem sempre tido algo a relatar sobre a relação entre o bem-estar

econômico e o estoque de recursos naturais, sendo acompanhada pela literatura crescente na

área da economia do meio ambiente que realizou importantes contribuições históricas sobre o

tema. A idéia de olhar para a poluição como uma externalidade, ou seja, um custo imposto por

um agente ao outro sem que uma compensação seja paga, foi desenvolvida por Arthur Pigou

na década de 1920. Por outro lado, a análise do grau de velocidade de depleção de um recurso

natural exaurível como o carvão ou minério de ferro foi aprimorada por Gray (1914) e

Hotelling (1931). Até mesmo a análise econômica dos limites ao crescimento - Limits to

Growth, famosa publicação de Meadows e outros autores em 1972, deveu algo à concepção

do estado estacionário desenvolvido por John Stuart Mill com mais de um século de

antecedência (PEARCE; WARFORD, 1993).

Conforme comentado por Pearce e Warford (1993), somente a partir dos anos 70, no

entanto, os blocos emergentes de países tomaram medidas para compreender a teoria do meio

ambiente e do desenvolvimento econômico crescente. Embora a teoria tenha sido consolidada

e aplicada extensivamente a questões empíricas nos países desenvolvidos na década de 1970,

a análise empírica de condições em países em desenvolvimento não acompanhou o mesmo

rítimo. Não obstante, muito foi aprendido pela experiência dos países industrializados e

muitos conceitos disseminados, principalmente a partir da década de 1980, devido à mudança

de ênfase ao desenvolvimento sustentável.

May e Motta (1994) ressaltam que a questão ambiental diz respeito tanto aos países

desenvolvidos quanto os sudesenvolvidos, encontrando-se exemplos de degradação em países

ricos como em países pobres, com um sério agravante nos últimos: aos problemas de

degradação ambiental relacionaram-se a problemas de miséria, definindo um quadro de vida

particularmente degradado. É neste contexto que surge o seguinte questionamento: o que se

pode esperar da qualidade de vida no futuro, se a degradação continuar a avançar no mesmo

ritmo das últimas décadas? A resposta para tal vai além do controle e planejamento da

atividade humana, uma vez que, se a dinâmica do processo não se alterar, é muito provável

que o homem viva em ambientes cada vez mais poluídos e perigosos à sua própria

sobrevivência.

O controle e o planejamento nestas questões passam pela utilização de ferramentas teóricas e práticas adequadas, ferramentas estas que, até o presente, ainda não se encontram disponíveis em muitos campos do conhecimento, inclusive no da economia. A solução dos problemas ambientais constitui, desse modo, um desafio à sobrevivência dos

Page 20: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

20

homens, ao mesmo tempo em que representa um desafio para o desenvolvimento de muitas disciplinas relacionadas com a questão ambiental, como é o caso da economia (MAY et al., 1994, p. 46).

Mattos et al. (2004) relatam que a economia, uma disciplina marcada pela coexistência

de vários paradigmas, pode ser classificada distinguindo-se a escola neoclássica, keynesiana,

institucionalista e marxista. No entanto, segundo Tolmasquim (1995), no que diz respeito às

questões microeconômicas, a teoria neoclássica se consolidou como modelo dominante. Sua

base teórica aplicada aos problemas ambientais constitui uma especialidade, “economia do

meio ambiente”.

A teoria neoclássica centra sua análise sobre o problema da alocação ótima de

recursos, sendo que o sistema de mercado determina um equilíbrio único e estável ao mesmo

tempo em que a análise econômica neoclássica se esforça para confiar ao mercado a resolução

dos problemas ambientais. Mattos et al. (2004) enfatizam que uma das maiores limitações

dessa teoria é que os sistemas econômicos dão valor aos bens e serviços produzidos pelo

Homem e não valoram os bens e serviços produzidos pela Natureza. Consequentemente, os

valores dados aos produtos e serviços não correspondem aos seus valores reais.

Mattos et al. (2004) complementam que a economia como ciência tem desenvolvido,

ao longo dos anos, diversas formas de análise relacionada ao ambiente natural a qual pode ser

dividida em três fases: Economia de Recursos Naturais, Economia Ambiental e Economia

Ecológica.

A Economia de Recursos Naturais foi difundida nas décadas de 60 e 70, tendo como

ênfase a forma de utilização dos recursos naturais. Naquela época, embora o objetivo fosse

alcançar o uso ótimo de recursos renováveis e não-renováveis, não se conseguiu evitar a

degradação ambiental.

A partir da década de 80 foi difundida a Economia Ambiental cuja ênfase foi voltada à

questão da poluição, que era percebida como uma externalidade do processo de produção e

consumo que podia ser tratada pelos vários meios de internalização de custos ambientais nos

preços de produtos.

O termo externalidade, por sua vez, constitui uma das principais preocupações da

economia ambiental, como um dos mais importantes elementos de análise dos impactos

ambientais. Uma definição complementar a de Pearce e Warford (1993) já apresentada

Page 21: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

21

anteriormente, externalidade é tida como a ação pela qual um produtor ou um consumidor

influencia outros produtores ou consumidores, mas não sofre as conseqüências disso sobre o

preço de mercado. Uma externalidade é considerada negativa quando a ação de uma parte

impõe custos à outra e positiva quando a ação de uma parte beneficia a outra.

Ainda relacionado à primeira e segunda fase, Merico (1996) apud Mattos et al. (2004),

afirma que tanto a Economia de Recursos Naturais quanto a Economia Ambiental mostraram-

se insuficientes para produzir uma ampla introdução do ambiente natural na análise

econômica, dado que não discutiam uma escala compatível com as atividades econômicas em

relação tanto aos ecossistemas quanto à própria biosfera.

No que concerne a terceira fase, Constanza (1994) apud Mattos et al. (2004), define

Economia Ecológica como uma nova abordagem transdisciplinar que contempla toda a gama

de inter-relacionamento entre o sistema econômico e ecológico. Esta abordagem é capaz de ir

além das concepções tradicionais das disciplinas científicas, procurando integrar e sintetizar

muitas perspectivas disciplinares diferentes. Ainda segundo Buarque (1994) apud Mattos et

al. (2004), a Economia Ecológica deverá incorporar todas as relações da vida como parte de

seu estudo, exigindo a consideração do longo prazo atrelado a questões ecológicas

propriamente ditas. Ou seja, o espaço físico da economia deverá ir além dos limites das

empresas e da nação, abrangendo toda a ecologia, demandando, consequentemente, a

incorporação de todo o futuro no qual efeitos das decisões econômicas se fazem sentir.

Resumidamente, a Economia Ecológica distingue-se das anteriores por apresentar uma

visão holística das relações entre o homem (sistema econômico) e a natureza (ecossistemas)

além de ver a economia como sendo um subsistema aberto inserido num amplo ecossistema,

que é finito, não crescente e materialmente fechado. O capital natural, sob a ótica da

Economia Ecológica, além de prover matéria, energia e atuar como fossa receptora de dejetos,

provê também importantes serviços ecossistêmicos, os quais não podem ser substituídos pelo

capital econômico ou manufaturado (DENARDIN, 2003).

4.2 VALORAÇÃO AMBIENTAL

O desenvolvimento e o meio ambiente estão indissoluvelmente vinculados e devem

ser tratados mediante a mudança do conteúdo, das modalidades e das utilizações do

crescimento. À época da Conferência de Estocolmo, 1972, enfatizou-se o caráter global e

interdependente da sociedade de fins de século, muito bem sintetizado no próprio título do

Page 22: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

22

relatório preparado por Bárbara Ward e René Dubos para a conferência: Uma só Terra

(CIMA, 1991). Emergiu dessa Conferência um conceito normativo básico calcado em três

critérios fundamentais que devem ser obedecidos simultaneamente: equidade social,

prudência ecológica e eficiência econômica.

No que tange a eficiência econômica ou viabilidade econômica propriamente dita, ela

é definida por Romeiro (1991) apud Mattos et al. (2004) como a concepção de sistemas

produtivos onde os custos de produção, medidos pela produtividade do trabalho, sejam

compatíveis com os níveis de bem-estar social. Já a equidade social pressupõe a solidariedade

sincrônica entre classes sociais, o que implica optar por padrões tecnológicos que propiciem

uma distribuição mais equitativa da renda gerada.

Segundo Marques & Comune (1996) apud Mattos et al. (2004) existe a necessidade de

valorar corretamente os bens e serviços do meio ambiente, entendidos no desempenho das

funções: provisão de matérias-primas, capacidade de assimilação de resíduos, amenidade,

estética e recreação, biodiversidade e capacidade de suporte às diversas formas de vida no

planeta Terra. Há, também, necessidade de procurar integrar esses valores apropriadamente

estimados, às decisões sobre a política econômica e ambiental e aos cálculos das contas

econômicas nacionais.

Oliveira Junior (2003) descreve que a análise da valoração ambiental é tida como uma

metodologia multidisciplinar onde diversos estudiosos do assunto, sejam eles biólogos,

engenheiros agrônomos, economistas, ecólogos e outros profissionais, têm se empenhado,

com enfoque integrado e sistêmico, em aplicar várias metodologias com a finalidade de se

estimar o valor do ambiente. Notadamente que dentro desse enfoque integrado de vários

sistemas é que a aplicação e o uso da valoração ambiental podem ser observados sob a ótica

de cinco enfoques, caracterizados abaixo.

O primeiro é a valoração dos recursos naturais analisada sob o enfoque da

sustentabilidade biológica tendo como aplicações a função do meio ambiente na cadeia

alimentar e na matriz de suprimentos e como medida protecionista de uso sustentável dos

recursos naturais.

O segundo é a valoração ambiental vista do enfoque ecológico sendo aplicada como

elemento de análise da capacidade de suporte e resiliência de recursos naturais em uso e como

subsídio às ações mitigadoras e degradação ambiental.

Page 23: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

23

O terceiro é a valoração dos recursos naturais como enfoque estratégico de defesa do

capital natural aplicada como forma de manter o estoque de capital natural e como função

estratégica dos recursos naturais para o desenvolvimento dos países.

O quarto é a valoração dos recursos naturais como aporte à gestão ambiental aplicada

como forma de defesa ética do meio ambiente e como suporte à formação de políticas

públicas ambientais.

O quinto e último enfoque é a valoração ambiental enfocada pelos aspectos

econômicos aplicada como forma de estimar preço e uso dos ativos naturais que são cotados

no mercado convencional, como mecanismo de mensuração monetária das externalidades

oriundas em projetos de investimentos, como mecanismo de internalização de custos

ambientais e como método de estimação de indenizações judiciais.

Ortiz (2003) ressalta que um bem ou serviço ambiental qualquer tem grande

importância para o suporte às funções que garantem a sobrevivência das espécies, entendendo

que, de forma geral, todas as espécies de animais e vegetais dependem dos serviços

ecossistêmicos dos recursos naturais para sua existência. Essa importância traduz-se em

valores associados aos bens ou recursos ambientais, definidos como valores morais, éticos ou

econômicos.

Entendemos que todo recurso ambiental tem seu valor intrínseco que, por definição, é o valor que lhe é próprio, interior, inerente ou peculiar. É o valor que reflete direitos de existência e interesses de espécies não-humanas e objetos inanimados, por exemplo. Há na literatura alguns métodos que procuram identificar valores intrínsecos de recursos ambientais de maneiras não relacionadas com a análise econômica. Entretanto, do ponto de vista econômico, o valor relevante de um recurso ambiental é aquele valor importante para a tomada de decisão, ou seja, para um economista o valor econômico de um recurso ambiental é a contribuição do recurso para o bem-estar social (ORTIZ, 2003, p. 81).

Ortiz (2003) detalha que, dessa forma, a valoração econômica ambiental busca avaliar

o valor econômico de um recurso ambiental através da determinação do que é equivalente, em

termos de outros recursos disponíveis na economia, que nós seres humanos estaríamos

dispostos a abrir mão de maneira a obter uma melhoria de qualidade ou quantidade do recurso

ambiental. Ou seja, a valoração econômica de recursos ambientais é uma análise de escolha

de opções, termo técnico definido como análise de trade-offs. Importante ressaltar que não é o

meio ambiente ou recurso ambiental que está sendo valorado, mas as preferências das pessoas

em relação a mudanças de qualidade ou quantidade ofertada do recurso ambiental. Estas

Page 24: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

24

preferências são de caráter individual e traduzido em medidas de bem-estar, sejam elas,

variação compensatória, excedente do consumidor e variação equivalente, que podem ser

interpretadas com a disposição a pagar (DaP) de um indivíduo por uma melhoria ou

incremento do recurso ambiental ou como disposição a aceitar (DaA) uma piora ou

decréscimo na oferta do recurso.

No que tange os objetivos da valoração econômica ambiental, Ortiz (2003) destaca

como o principal objetivo o de estimar os custos sociais de se usar recursos ambientais

escassos ou, ainda, incorporar os benefícios sociais advindos do uso desses recursos.

Os economistas estimam valores ambientais em termos monetários de maneira a tornar esse valor comparável com outros valores de mercado, de forma a permitir a tomada de decisões envolvendo recursos ambientais. Ou seja, o que desejamos é a inclusão dos benefícios (e custos) ambientais na análise de custo/benefício envolvendo recursos ambientais. Dessa forma, a valoração econômica ambiental é fundamental para a gestão de recursos ambientais, bem como para a tomada de decisões que envolvam projetos com grande impacto ambiental. Além disso, permite inserir de forma mais realista o meio ambiente nas estratégias de desenvolvimento econômico, sejam estas locais, regionais ou nacionais (ORTIZ, 2003, p. 82).

O emprego da valoração econômica ambiental proporciona diversos benefícios, dentre

outros, como servir de subsídio para tomadas de decisões acerca de políticas ambientais,

subsídio para estudo de indicadores ambientais, criar condições justificáveis para se elaborar

programas e estratégias em defesa do capital natural como subsídio à gestão ambiental e

econômicos, bem como corrigir distorções das políticas públicas, uma vez que, na maioria dos

casos, os mercados não refletem exatamente os custos e benefícios ambientais, devendo os

governos formularem políticas compensatórias que incluam a valoração com um dos fatores

corretivos (OLIVEIRA JUNIOR, 2003).

Silva (2003) reforça a importância da valoração pelo fato da mesma ser essencial para

criar um valor de referência que indique uma sinalização de mercado, possibilitando, assim, o

uso racional dos recursos ambientais. A partir de então, os agentes públicos e privados terão

subsídios para avaliação econômica de tomadas de decisões públicas sobre a utilização

eficiente desses ativos. Assim sendo, a criação de um valor de referência para um bem

ambiental fornece informações ao poder público, à sociedade civil organizada e às

organizações não-governamentais, possibilitando um gerenciamento mais eficaz desses

recursos.

Page 25: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

25

Não obstante, a aplicação da valoração ambiental apresenta dificuldades. Relativo

aos principais desafios à aplicação da valoração ambiental, Ortiz (2003) alerta o fato da

tarefa de se medir o valor econômico de um recurso ambiental não ser trivial uma vez que

seu uso é muito dependente dos dados e recursos disponíveis e também da escolha do

método de valoração econômica mais adequado. Oliveira Junior (2003) comenta que as

limitações decorrem justamente pelo fato de não se incorporarem questões de ordem

político-econômica e sócio-cultural, mesmo que seja em uma esfera mais periférica dessa

análise e defende a construção de um fórum emergente de caráter transdisciplinar para que

se estabeleça este tipo de abordagem, preponderantemente nos países em desenvolvimento.

4.3 MÉTODOS DE VALORAÇÃO AMBIENTAL

De Groot (1992) afirma que uma vez que a maior parte de planos de

desenvolvimento é baseada principalmente em considerações econômicas, e que a maioria

das decisões é baseada em custos e benefícios envolvidos nos projetos, há uma clara

necessidade de expressar o valor sócio-econômico de bens e serviços naturais em termos

monetários. Não obstante, a deterioração e dano ao meio ambiente são frequentemente

vistos como efeitos externos os quais não necessitam ser contabilizados. Como resultado, os

ecossistemas naturais são geralmente subvalorados nos planejamentos econômicos e

tomadas de decisões, levando à superexploração e à perda de funções ambientais.

A despeito dos variados problemas existentes ao transformar dados ambientais em

dados econômicos, tal transformação é de crucial importância caso se deseje trazer

desenvolvimento econômico mais em harmonia com a capacidade da natureza sustentar as

necessidades de uma população emergente. Assim, ferramentas práticas são necessárias para

determinar o “valor total” (econômico, monetário, social e ecológico) de áreas naturais e as

funções que elas provêm. Uma vez que funções ambientais são definidas como a

capacidade do meio ambiente prover bens e serviços que satisfaçam as necessidades

humanas de um modo sustentável, a concepção de modelo baseado nessas funções pode

servir como uma ferramenta ao prover um indicador comum não só para qualidade

ambiental como qualidade de vida.

Considerando as diversas dificuldades envolvidas na tentativa de atribuir valores

monetários à natureza e recursos naturais, especialmente para funções de informação como

valor estético e espiritual, um diálogo construtivo é essencial entre todas as partes

envolvidas em planejamento e tomada de decisões. Uma mudança na atitude destas partes

Page 26: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

26

em favor de uma visão de sustentabilidade a longo prazo é provavelmente mais importante

do que construir um padrão para mensurar todos os benefícios das funções ambientais,

mesmo porque o ser humano nunca será capaz de mensurar a experiência espiritual da

natureza, mas ao menos deverá tentar considerar todos os valores dos recursos naturais nos

processos de planejamento e tomada de decisões (DE GROOT, 1992).

Oliveira Júnior (2003) comenta que não há uma classificação rígida para valorar o

uso dos recursos naturais, podendo-se utilizar diversos enfoques, e que, sejam acima de tudo

baseados em abordagens flexíveis durante sua aplicação. A identificação de um método para

valorar o ambiente em detrimento de outro será feita em função da utilidade que o recurso

natural apresenta como benefícios diretos e indiretos e na proporção do desenvolvimento

socioeconômico, ou ainda pelo dano ambiental causado. Desta maneira, para se estimar o

valor ambiental podem ser aplicados métodos de avaliação direta ou indireta que por sua vez

estão em função do uso ou do não uso dos recursos naturais, caracterizados em seguida no

próximo subitem.

4.3.1 Valor Econômico Total

O conceito de valor econômico total, desenvolvido pela economia ambiental, é uma

estrutura útil para identificar, em qualquer escala, os diversos valores associados aos recursos

ambientais. De acordo com esse conceito, o valor econômico da biodiversidade consiste nos

seus valores de uso e de não-uso.

Ortiz (2003) define valor econômico total da seguinte forma:

O valor econômico total de um recurso ambiental compreende a soma dos valores de uso e do valor de existência do recurso ambiental, este último algumas vezes também chamado de valor de não-uso. Valores de uso compreendem a soma dos valores de uso direto, valores de uso indireto e valores de opção (ORTIZ, 2003, p. 83).

Um valor de uso direto de um recurso ambiental é aquele oriundo da utilização ou

consumo direto do recurso, enquanto que valores de uso indireto são aqueles advindos das

funções ecológicas do recurso ambiental. Tomando como exemplo o recurso floresta, os

valores de uso direto do recurso ambiental dizem respeito ao montante relativo à extração de

madeira ou o valor relativo ao consumo dos frutos. Já o bem-estar proporcionado pelo recurso

ambiental floresta de forma indireta como a qualidade da água, o ar puro e a beleza cênica

constituiria o valor de uso indireto do recurso (ORTIZ, 2003).

Page 27: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

27

Motta (2006) defende que o valor econômico dos recursos ambientais pode ser

decomposto em valor de uso (VU), que inclui o valor de uso direto (VUD) e o valor de uso

indireto (VUI), valor de não-uso (VNU), este último incluindo o valor de opção (VO), o valor

de existência (VE) e valor de herança (VH).

Oliveira Júnior (2003) propõe a seguinte expressão que ilustra o valor econômico

total:

VET = VALOR DE USO + VALOR DE NÃO USO

O valor de uso direto (VUD) é o valor que os indivíduos atribuem a um recurso

ambiental pelo fato de que dele se utilizam diretamente. O VUD está associado ao ativo

natural e é determinado tanto quantitativamente como qualitativamente. São exemplos de uso

ou usufruto do recurso natural os produtos que possam ser aproveitados de forma sustentável

e comercializados legalmente, tais como madeiras, alimentos, látex, fibras, óleos e fenóis,

bem como aqueles produtos que incluem os benefícios ambientais proporcionados pelas áreas

de lazer, recreação e prática do turismo, estética da paisagem, valor espiritual, educação e

pesquisa. Os locais de recreação, por sua vez, exercem papel fundamental na manutenção da

biodiversidade, como recurso natural que proporciona lazer, entretenimento e a prática de

turismo para uma população de usuários (MOTA, 2001).

O valor de uso indireto (VUI) representa o valor que os indivíduos atribuem a um

recurso ambiental quando o benefício do seu uso deriva de funções ecossistêmicas. Estes

valores incluem os benefícios derivados dos serviços que as áreas naturais fornecem como

aporte aos bens e serviços de produção, ou seja, os valores estimados no controle da erosão,

manutenção da qualidade da água, controle climático, preservação da biodiversidade, do

material genético entre outros. Ao inferir estas funções ambientais, por exemplo, a uma

floresta em sua plenitude, a mesma mantém em sua bacia hidrográfica espécies de fauna e

flora, realiza a ciclagem de nutrientes, regulariza o clima e exerce diversas outras funções

ecológicas vitais para a manutenção do ecossistema (MOTA, 2001).

O valor de opção (VO) de um recurso ambiental é a disposição a pagar de um

indivíduo pela opção de usar ou não o recurso no futuro. Os usos futuros podem ser diretos ou

indiretos, como, por exemplo, o benefício advindo de fármacos desenvolvidos com base em

Page 28: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

28

propriedades medicinais ainda não descobertas de plantas existentes nas florestas (MOTTA,

2006). Se as preferências do consumidor e as disponibilidades futuras são certas, o valor de

opção será zero, estando garantido o seu uso, porém, as incertezas futuras geram expectativas

no presente no consumidor que se declara disposto a pagar algum valor no presente para

conservar os recursos naturais a fim de que tenha a opção de seu uso no futuro (MOTA,

2001).

Já o valor de não uso ou valor de existência (VE) é o valor que está dissociado do uso.

É o valor que está relacionado à satisfação pessoal em saber que o objeto está lá, sem que o

indivíduo tenha vantagem direta ou indireta dessa presença. A atribuição do valor de

existência é derivada de uma posição moral, cultural, ética ou altruística em relação aos

direitos de existência de espécies não-humanas ou da preservação de outras riquezas naturais,

mesmo que estas não representem uso atual ou futuro para o indivíduo. A mobilização da

opinião pública para salvamento dos ursos pandas ou das baleias mesmo em regiões em que a

maioria das pessoas nunca poderá estar ou fazer qualquer uso de sua existência representa um

exemplo deste valor (MOTTA, 2006).

Já o valor de herança (VH) refere-se ao valor pago pelo indivíduo para que as futuras

gerações também tenham direito de usufruir bens e serviços ambientais.

A Figura 1 ilustra esquematicamente as categorias de valores de uso e valores de não-

uso que podem ser atribuídos a uma área natural.

Dessa forma a expressão do VET assume a seguinte forma geral (OLIVEIRA

JUNIOR, 2003):

VET = valor de uso direto + valor de uso indireto + valor de opção

+ valor de existência + valor de herança

Page 29: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

29

Page 30: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

30

4.3.2 Caracterização dos métodos de valoração ambiental

De Groot (1992) comenta que embora tenham ocorrido tentativas para descrever e

valorar a importância da natureza para o homem, citando referências como Ehrenfeld (1970) e

Hueting (1970), estas foram consideradas pouco estruturadas e, somente a partir do início da

década de 70, foram feitas tentativas para prover uma listagem mais sistemática dos variados

benefícios dos ecossistemas naturais para a sociedade humana, e desenvolver métodos que

determinem valores a estes benefícios. Várias técnicas de levantamentos e/ou valorações

ambientais podem ser diferenciados de acordo com os objetivos propostos: valoração da

conservação (conservation evaluation), valoração do uso da terra (land use evaluation),

valoração da função ambiental (environmental function evaluation), estudo de risco ambiental

(environmental risk assessment) e estudo de impacto ambiental (environmental impact

assessment).

O primeiro deles é a valoração da conservação, definida como o gerenciamento do uso

humano de organismos ou ecossistemas para garantir que tal uso seja sustentável, que trata

apenas da valoração das qualidades do ecossistema, independentemente dos interesses

socioeconômicos. Normalmente, o objetivo para estes levantamentos é o de determinar o

valor de conservação ou valor da proteção de certas espécies ou ecossistemas com o intuito de

determinar prioridades de proteção, sendo os julgamentos de valor baseados em critérios

como diversidade biológica, riqueza e raridade de espécies. Porém, a existência de diferentes

critérios de avaliação e os seus diversos tipos de combinações originou problemas para a

determinação exata do valor de conservação de uma área ou ecossistema específico.

Ao contrário da valoração da conservação, o segundo tipo de valoração ambiental,

valoração do uso da terra, dá ênfase ao valor utilitário da natureza. Este visa analisar os

benefícios potenciais, valores e conveniência de uma área natural ou semi-natural para

determinados tipos de uso humano. A valoração do tipo de uso da terra pode relacionar-se

com uma ampla variedade de valores e usos, por exemplo, o valor de espécies ou

ecossistemas para agricultura, comércio, turismo, recreação e beleza cênica.

O estudo de risco ambiental relaciona-se às inúmeras funções ambientais negativas ao

ser humano geradas pela natureza como condições extremas de clima, terremotos, erupções

vulcânicas e riscos biológicos. Importante notar que, ao estudar estas ameaças naturais, deve-

se reconhecer que muitas delas são agravadas ou mesmo motivadas pela interferência

antrópica.

Page 31: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

31

O estudo de impacto ambiental procura investigar os efeitos reais e potenciais gerados

por atividades humanas na medida em que ocorre uma alteração no meio ambiente por

determinada ação ou atividade. O objetivo de se estudar os impactos ambientais é,

principalmente, o de avaliar as conseqüências de algumas ações, para que possa haver a

prevenção da qualidade de determinado ambiente que poderá sofrer a execução de certos

projetos ou ações, ou logo após a implementação dos mesmos. Este método estuda o impacto

da sociedade humana no ambiente natural enquanto os demais métodos estudam o impacto do

ambiente natural na sociedade humana, sejam eles positivos (bens e serviços) ou negativos

(riscos).

O último tipo de levantamento ambiental, a valoração da função ambiental pode ser

vista como uma tentativa de combinar a valoração da conservação e sua respectiva abordagem

ética com valoração do uso da terra e sua respectiva abordagem utilitária, no intuito de prover

um sistema de referência objetivo para mensurar a importância de ecossistemas naturais para

o bem estar humano. A concepção deste método está no fato de incluir, além de aspectos

tangíveis relacionados ao uso da terra, por exemplo, outros benefícios menos tangíveis.

Para melhor entendimento da técnica de valoração ambiental da função ambiental e

seus respectivos métodos, faz-se necessária a caracterização de quatro grupos de funções ou

serviços ambientais descritas principalmente por Van der Maarel & Dauvellier (1978) e Braat

et al. (1979), ambos referenciados por De Groot (1992):

a. Funções de regulação (regulation functions): este grupo de funções relaciona-se à

capacidade de ecossistemas naturais e semi-naturais de regularem os processos

ecológicos essenciais e sistemas de suporte de vida e, em troca, contribui para a

manutenção de um ambiente saudável ao prover ar puro, água e solo; este grupo de

funções se subdivide em 16 funções descritas abaixo:

1. Proteção contra influencias cósmicas danosas.

2. Regulação do balanço de energia local e global.

3. Regulação da composição química da atmosfera.

4. Regulação da composição química dos oceanos.

5. Regulação do clima local e global, incluindo o ciclo hidrológico.

Page 32: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

32

6. Regulação de água coletada em uma bacia hidrográfica e prevenção de

inundações.

7. Coleta de água e recarga de aqüíferos.

8. Prevenção de erosão do solo e controle de sedimentos.

9. Formação da camada superficial do solo e manutenção da fertilidade do

solo.

10. Fixação da energia solar e produção de biomassa.

11. Armazenagem e reciclagem de matéria orgânica.

12. Armazenagem e reciclagem de nutrientes.

13. Armazenagem e reciclagem de resíduos humanos.

14. Regulação de mecanismos de controle biológico.

15. Manutenção da migração e berçários naturais.

16. Manutenção da diversidade biológica e genética.

b. Funções de provisão de espaço (carrier functions): ecossistemas naturais e semi-

naturais proporcionam espaço e substrato acomodável para as variadas atividades

humanas tais como habitação, cultivo e recreação; este grupo de funções se subdivide

em 5 funções descritas abaixo:

1. Habitação humana e assentamentos.

2. Cultivos: safra agrícola, criação de animal e aqüicultura.

3. Conversão de energia.

4. Recreação e turismo.

5. Proteção da natureza.

c. Funções de produção (production functions): a natureza fornece muitos recursos, desde

comida e matérias primas para uso industrial a recursos energéticos e material genético;

este grupo de funções se subdivide em 11 funções descritas abaixo:

1. Oxigênio.

2. Água (para beber, irrigação, indústria, etc.).

3. Alimentos e bebidas nutritivas.

Page 33: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

33

4. Recursos genéticos.

5. Recursos medicinais.

6. Matérias-primas para produtos têxteis e de uso doméstico.

7. Matérias-primas para edificações, construção e uso industrial.

8. Bioquímicos (outros além de medicamentos e combustíveis).

9. Combustíveis e energia.

10. Forragens e fertilizantes.

11. Recursos ornamentais.

d. Funções de informação (information functions): os ecossistemas naturais contribuem para a

manutenção da saúde mental por meio do fornecimento de oportunidades para reflexão,

enriquecimento espiritual, desenvolvimento cognitivo e experiência estética e harmoniosa;

este grupo de funções se subdivide em 5 funções descritas abaixo:

1. Informação estética e harmonia.

2. Informação espiritual e religiosa.

3. Informação histórica.

4. Inspiração cultural e artística.

5. Informação científica e educacional.

A partir da descrição das funções ambientais supramencionadas, De Groot (1992)

defende duas categorias amplas de métodos da técnica de valoração ambiental da função

ambiental disponíveis para calcular valores monetários para bens e serviços ambientais:

métodos baseados em preços de mercado (market pricing) e preços-sombra (shadow pricing).

4.3.2.1 Preço de mercado de funções ambientais

O preço de mercado de um bem ou serviço particular é determinado pela oferta e

demanda em mercados plenamente competitivos. De maneira ideal a demanda total deveria

ser uma expressão da disposição a pagar do consumidor para várias quantidades de um

produto ou serviço enquanto que a oferta deveria ser determinada pelos custos totais ao prover

um serviço ou um bem particular. No entanto, há muitas falhas no mecanismo de definição de

preços de mercado, notadamente no que tange à valoração de bens e serviços naturais.

Page 34: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

34

De Groot (1992) descreve sumariamente as principais falhas do mecanismo de preços

de mercado como: a exclusão de efeitos externos, a exclusão de trabalhos “de graça” da

natureza, a existência de diferentes mercados, problemas de distribuição e igualdades e

diferenças em percepção.

Uma razão de preços de mercado, para ambas as mercadorias e serviços

manufaturados ou naturais, serem imprecisos reside no fato dos custos dos efeitos externos,

como poluição e degradação ambiental, causados por processos de produção ou extração não

serem incluídos. Os métodos usuais para a determinação de preços são consequentemente

incompletos e refletem apenas parte dos custos sociais e ambientais envolvidos na produção e

consumo da maior parte de mercadorias e serviços.

No que se refere à exclusão de trabalhos “de graça” da natureza, os preços de mercado

existentes para alguns produtos fornecidos pela natureza, como madeiras de lei de florestas

tropicais, apenas refletem os custos de deslocamento dos produtos ao mercado como mão-de-

obra e capital investido, e a margem de lucro aplicada. Ou seja, os trabalhos da natureza como

uma fábrica que produzem a commodity são largamente ignorados. No caso de madeira, esta

commodity jamais teria sido extraída e usada pelo homem sem os processos ecológicos

combinados de trabalho no ecossistema de floresta tropical, como a conversão de energia

solar em biomassa pela fotossíntese, e manutenção da biodiversidade biológica através de

relações delicadas entre espécies.

Além das duas falhas acima mercionadas deve-se notar que há um grande número de

mercados diferentes com variados padrões de valores que, em conseqüência, aplicam preços

de mercado a certas mercadorias e serviços de formas distintas.

Com relação a problemas de distribuição e igualdade, nota-se que o preço de mercado

não representa corretamente o valor econômico real de um dado recurso porque não lida

efetivamente com problemas de distribuição e igualdade. Diferenças de renda e acesso para

uma determinada mercadoria ou serviço não poderia ser incluído nos preços de mercado. Para

assegurar certo grau de acesso, este problema deve ser resolvido com subsídios locais que

então distorcem os preços de mercados.

Apesar das falhas do mecanismo de preços de mercado acima relacionadas, De Groot

(1992) reforça a sua aplicação para algumas funções ambientais, notadamente para funções de

produção e funções de provisão de espaço. Dentre os exemplos citados pelo autor, estão

Page 35: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

35

relacionados a seguir o valor sócio-econômico do oxigênio, relativo às funções de produção, o

valor de ecossistemas naturais para recreação e turismo e o valor de áreas protegidas, relativos

às funções de provisão de espaço:

a) Valor sócio-econômico do oxigênio

As funções vitais do oxigênio são evidentes e desde que não há substituto para este

elemento, sua importância é essencialmente inestimável. Na Cidade do México, aparelhos de

produção de oxigênio foram instalados para venda de oxigênio por US$ 2 por minuto.

Calculado para um ano, a quantia seria de US$ 1 milhão ou mais de US$ 70 milhões durante a

vida de uma pessoa.

b) Valor sócio-econômico de ecossistemas naturais para recreação e turismo

A recreação é experimentada por muitas pessoas como um prêmio pela atividade

profissional e como uma compensação necessária pelas rotinas diárias. Em complemento a

este valor intangível da recreação para o bem estar físico e mental do homem, a recreação

pode proporcionar a melhor oportunidade, dentre as demais funções de provisão de espaço, de

obter benefícios monetários oriundos de ecossistemas naturais de uma maneira sustentável.

De Groot (1992) referencia Sawyer (1991) ao afirmar que o ecoturismo em ambientes

naturais e áreas protegidas é um dos setores da economia com maior e mais rápido

crescimento, sendo para muitos países em desenvolvimento uma das maiores fontes de divisas

externas. Os benefícios econômicos podem variar de dinheiro gasto em viagens e

hospedagens, de pagamento de taxas de entrada e compra de artefatos locais e outras

curiosidades. Foi estimado um fluxo de US$ 25 bilhões por ano de países desenvolvidos do

norte para países menos desenvolvidos do sul através do ecoturismo. Ao analisar os países

Mediterrâneos, foi estimado um fluxo anual de US$ 60 bilhões pelo turismo originado da

migração anual de pessoas para lugares com um clima ensolarado, gastando a maior parte do

tempo e dinheiro próximo a resorts em praias.

c) Valor sócio-econômico de áreas protegidas

Os processos naturais que ocorrem em áreas protegidas cumprem muitas funções de

regulação as quais, em contrapartida, têm muitos benefícios diretos e indiretos. Através do

fornecimento de oportunidades para recreação, as áreas protegidas contribuem para a saúde

Page 36: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

36

humana e torna-se uma fonte representativa de geração de renda. De Groot (1992) referencia

Western (1984) ao exemplificar o cálculo das funções ambientais fornecidas pelo Parque

Nacional de Galápagos, o qual representa um valor econômico de aproximadamente US$ 140

milhões por ano, enquanto o Parque Nacional Amboseli (Kenia) tem uma geração líquida de

caixa de US$ 40 por hectare por ano, algo em torno de 50 vezes mais que o lucro projetado,

de forma mais otimista, para uma atividade agrícola.

Em complemento ao seu valor econômico, áreas protegidas têm valores inestimáveis de

opção, de existência e de herança. Por meio do abrigo à biodiversidade remanescente na

Terra, as áreas de proteção preservam um reservatório de material genético, o qual possibilita

várias espécies se adaptarem a mudanças de condições e isto se torna particularmente

relevante dada às rápidas mudanças climáticas esperadas no futuro próximo. As plantas e

animais presentes em áreas protegidas representam um estoque natural do qual as espécies

possam se espalhar em áreas próximas para reforço a populações declinantes. Esta “função-

estoque” (´storehouse´-function) definida por De Groot (1992) é também extremamente

importante para o salvamento da opção para benefícios futuros, independentemente se os

valores daquelas determinadas espécies tenham sido ainda reconhecidos.

Áreas protegidas podem também abrigar espécies não usadas no presente e que podem

ser extraídas ou cultivadas no futuro como também contribuírem eventualmente com material

genético para cultivos domésticos ou criação de animais.

Por essa razão, as áreas protegidas podem ser vistas por nações, especialmente aquelas

ricas de espécies tropicais, com a finalidade de manter ao menos parte do seu capital natural

intacto para o futuro dos seus habitantes.

4.3.2.2 Preços-sombra de funções ambientais

A definição de preço-sombra origina-se da necessidade de se “corrigir” alguns preços

no mercado, além de avaliar determinados ganhos ou perdas geradas, mas que não encontram

valor no mercado. O termo preço-sombra é utilizado para atribuir preço aos bens cujos valores

o mercado não consegue absorver com eficiência. Muitas das funções ambientais,

especialmente as funções de regulação, fornecem bens e serviços para a sociedade humana os

quais, também chamados de serviços “de graça”, não são negociados no mercado e,

consequentemente, não aparecem nos procedimentos contábeis econômicos. Entretanto,

muitas dessas funções realmente fornecem benefícios aos processos econômicos de produção

Page 37: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

37

e contribuem para o bem-estar humano além de algumas funções serem essenciais para a

existência humana. Aqueles produtos que têm um valor de mercado, como madeiras de lei de

florestas tropicais e combustíveis fósseis, são geralmente fortemente subvalorizados, uma vez

que as suas capacidades não-renováveis e efeitos externos de sua utilização como

desmatamento, poluição e outros não são, ou apenas parcialmente refletidos nos preços usuais

de mercado. Frequentemente, o valor econômico das funções da natureza é reconhecido

apenas quando aquela função está comprometida ou perdida. Estimativas do valor econômico

dessas funções, enquanto elas estiverem intactas, seria de grande benefício para garantir a

conservação e a utilização sustentável de sistemas naturais que fornecem essas funções (DE

GROOT, 1992).

Para calcular melhor o valor econômico de bens e serviços da natureza, De Groot

(1992) afirma que métodos têm sido desenvolvidos para a determinação dos chamados

preços-sombra (shadow prices). Alguns preços-sombra são baseados em valores que podem

ser derivados de preços de mercado, como os custos econômicos resultantes de danos

ambientais tais como poluição e erosão causadas pela perda de funções ambientais.

A manutenção de funções ambientais pode ser alcançada pela prevenção de perda das

funções ambientais e/ou mitigação, através de restauração e/ou compensação, da perda dessas

funções. Fazem parte ainda da definição de preços-sombra de funções ambientais métodos de

determinação de disposição a pagar para a manutenção de funções ambientais ou disposição a

aceitar compensação pela perda dos benefícios ambientais. Outros dois métodos para alcançar

preços-sombra são o método de preços de propiedade (property pricing) e o método de custo

de viagem (travel cost method).

De Groot (1992) enfatiza que apesar dos vários métodos disponíveis, há ainda muitas

dificuldades em alcançar preços-sombra realísticos para funções ambientais. Entretanto, como

o mecanismo de mercado convencional não contabiliza adequadamente a importância das

funções ambientais para o bem-estar do ser humano, o desenvolvimento de preços-sombra é

essencial uma vez que eles proporcionam uma indicação não só econômica melhor de valor

como de preferências para uma avaliação contínua de funções ambientais.

Os principais métodos de definição de preços-sombra defendidos por De Groot (1992)

estão relacionados a seguir.

Page 38: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

38

4.3.2.2.1 Custos de perda de funções ambientais

Muitas funções ambientais, especialmente os chamados “serviços de graça” da

natureza, fornecem benefícios consideráveis, os quais não aparecem nos procedimentos de

contabilização econômica até eles serem comprometidos ou perdidos, como é o caso de

função de proteção da camada de ozônio; a contribuição por controle natural de pestes e

polinização cruzada na agricultura; a dependência da agricultura e medicina de material

genético selvagem; a função de berçários de terras baixas e mangues para a indústria de pesca

comercial; e a capacidade de sistemas naturais, notadamente zonas úmidas, em estocar e

reciclar resíduos humanos.

O distúrbio dessas funções, seja através de desmatamento, poluição e outras causas,

gera problemas ambientais como chuva ácida, diminuição da camada de ozônio e a

possibilidade de alterações no clima. O custo do distúrbio de processos naturais, os quais

fornecem essas funções, será equivalente à quantidade de recurso financeiro que seria gasto, e

não ganho, na ausência da fução ambiental intacta.

Informações sobre custos econômicos de danos ambientais estão se tornando mais

acessíveis considerando o crescimento em larga escala de problemas ambientais. Baseado no

conceito de dano ambiental evitado é possível calcular valores monetários para algumas

funções. Para tal, De Groot (1992) referencia Opschoor (1986) ao exemplificar que apenas na

Holanda, os custos anuais devidos à poluição do ar e água montam a quase US$ 1 bilhão.

4.3.2.2.2 Custos e benefícios de prevenção de perda de funções ambientais

De Groot (1992) afirma que os gastos reais envolvidos no fornecimento e na

manutenção de funções ambientais podem também ser vistos como medida do valor

econômico dessas funções para a sociedade humana. Os custos envolvidos na manutenção e

viabilidade de funções ambientais se relacionam principalmente às medidas que previnam sua

perda ou diminuição de capacidade. Uma vez que tais medidas normalmente visam à

manutenção e/ou melhoramento da qualidade em geral, é frequentemente difícil estabelecer

uma relação clara entre as despesas em certas medidas preventivas ou de mitigação e funções

ambientais.

São exemplos de medidas focadas na prevenção de perda de funções ambientais:

Page 39: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

39

a) Eliminação ou remoção de agentes poluentes na origem: os custos reais e

potenciais de aplicar tecnologias limpas ou interromper a produção de agentes

poluidores como um todo, dão uma indicação do valor econômico alocado na

manutenção da qualidade do ar, água e solo.

b) Medidas de proteção ambiental e conservação da natureza: os recursos

financeiros que organizações privadas e governos estão alocando na proteção e

habitats naturais ou espécies particulares podem ser vistos como uma

expressão monetária do valor que a sociedade humana atribui à manutenção

dos mesmos, ou a áreas similares, nos seus estados naturais, junto às suas

funções por elas fornecidas, ou a sobrevivência de espécies em questão.

c) Procedimentos de reciclagem: envolvimento de todos os custos relacionados às

atividades de reciclagem.

Outra importante ação de defesa de investimentos demandados por medidas

preventivas é o cálculo de benefícios econômicos do melhoramento da condição ambiental

resultante dessas medidas.

Por exemplo, os benefícios de medidas de proteção ambiental e antipoluição incluem:

a melhoria da qualidade ambiental com desdobramento na melhoria da saúde e amenidade

ambiental, através da redução do nível de poluição; a redução de custos de danos ambientais;

incremento do potencial do recurso natural; e incremento da integridade de ecossistemas

naturais e beleza cênica, levando a melhores oportunidades de renda para recreação e turismo.

De Groot (1992) chama a atenção ao fato de, ao calcular o valor econômico total de

uma função ambiental ou ecossistema, não se considerar em duplicidade os custos de danos

ambientais e gastos com medidas que previnam estes danos. Quando uma escolha deve ser

feita, o valor maior deve ser usado. Pode ser que custos de medidas de prevenção sejam mais

elevados que os benefícios de um ambiente mais saudável, porém, se justificam a longo prazo

na medida em que há outras razões e valores envolvidos, os quais justificam o investimento.

4.3.2.2.3 Custos e benefícios de mitigação de perda de funções ambientais

Custos de mitigação estão relacionados ao volume de recursos financeiros o qual a

sociedade está gastando na restauração e/ou compensação de perda de funções ambientais.

Estes custos refletem o valor monetário alocado pela sociedade em serviços fornecidos pelas

Page 40: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

40

funções ambientais em questão. Considerando a expansão da deterioração ambiental, o ser

humano está sendo forçado cada vez mais a investir recursos financeiros em medidas que

visam mitigar a perda de funções ambientais.

A limitação para esta abordagem reside no fato de que a maior parte dos danos

ambientais ocorridos somente aparecerá no futuro, como custos econômicos.

Consequentemente, não são tomadas medidas compensatórias no momento e em tais casos é

difícil determinar um preço sombra. Além do mais, como acontece em medidas preventivas, é

difícil às vezes estabelecer uma relação clara entre o recurso financeiro investido e funções

específicas uma vez que medidas mitigatórias normalmente buscam também melhoria da

qualidade ambiental em geral. Ao reforçar a importância econômica de medidas mitigatórias,

as quais são usalmente consideráveis, De Groot (1992) cita Babos (1989) ao afirmar que a

Holanda aplicou, naquela época, cerca de 2% do produto nacional bruto em medidas de

melhoramento ambiental.

Os preços-sombra calculados pela metodologia de medidas mitigatórias podem ser de

dois tipos: custos de restauração e custos de compensação.

O método de custos de restauração utiliza custos envolvidos na tentativa de reparar a

perda de funções ambientais como uma medida para determinação do valor monetário da

função ambiental intacta. Por exemplo, esforços no sentido de limpar solos contaminados por

resíduos tóxicos podem servir de medida para o valor econômico de um solo limpo e de

camada superior agricultável fértil.

Os custos envolvidos em tentativas para compensar a perda de funções ambientais

podem ser usados também como uma medida para o valor monetário de uma função

ambiental intacta, baseada no argumento de que o valor monetário de uma dada função

ambiental é igual aos custos envolvidos na reposição da função ambiental por bens e serviços

artificiais, desde que possíveis. Exemplos de medidas de compensações citadas por De Groot

(1992) são: estações de tratamento de água ao repor processos de purificação natural de água

os quais foram perturbados; os custos envolvidos na construção e manutenção de cercas

artificiais em encostas desmatadas para prevenir erosão e deslisamento de solo, compensando

o valor econômico da vegetação original que fornecia esta função sem custo; equipamentos

artificiais que melhoram a qualidade do ar nas cidades e edificações refletem o preço de ar

despoluído; os recursos financeiros investidos na criação e manutenção de áreas artificiais de

Page 41: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

41

recreação, notadamente aquelas que tentam imitar ou repor áreas naturais, podem servir como

um indicador para a importância econômica de áreas naturais intactas para esta função.

4.3.2.2.4 Disposição a pagar (willingness to pay) pela manutenção de funções ambientais

De Groot (1992) chama a atenção sobre o conceito de valor de opção (option value),

relacionando-o com disposição a pagar pela manutenção de funções ambientais, uma vez que

diz respeito à quantidade de recurso financeiro que as pessoas desejam gastar com proteção

ambiental no intuito de manter a opção aberta a desfrutar um ambiente saudável no futuro,

tanto para eles como para seus filhos.

Frequentemente, as preferências do público para a disponibilidade de funções

ambientais não são adequadamente refletidas pelo preço de certo bem ou serviço, ou pela

quantidade de dinheiro que o governo está gastando em medidas de prevenção e mitigação. O

público está frequentemente preparado para pagar mais por produtos ambientalmente corretos

ou quer mais dinheiro gasto em medidas antipoluição e restauração ambiental do que o

governo gasta realmente (De Groot, 1992).

A disposição a pagar por medidas que previnam ou mitiguem a perda de funções

ambientais pode ser mensurada através de técnicas como valoração contingente, preços

hedônicos e mercados de recorrência, descritos a seguir.

4.3.2.2.5 Valoração contingente (contingent valuation)

O método valoração contingente (MVC) é uma das poucas ferramentas amplamente

aplicadas que, na ausência de mercados, lança mão dos chamados “mercados de recorrência”

para estimar quanto os consumidores estariam dispostos a pagar em termos monetários para

manter os fluxos de bens e serviços ambientais. Tais métodos têm sido aplicados para definir

o “valor de existência” atribuído aos ecossistemas e espécies tropicais por pessoas de outros

países que nunca terão uso direto ou indireto de tais benefícios, mas que obtém satisfação

sabendo que a natureza está sendo protegida (ORTIZ, 2003).

O MVC procura mensurar monetariamente o impacto no nível de bem-estar dos

indivíduos decorrente de uma variação quantitativa ou qualitativa dos bens ambientais.

Metodologicamente este método utiliza dois indicadores de valor, sejam eles:

disposição a pagar (DaP) e disposição a aceitar (DaC). A disposição a pagar (DaP) significa

Page 42: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

42

quanto os indivíduos estariam dispostos a pagar para obter uma melhoria de bem-estar

enquanto que a disposição a aceitar (DaC) reflete quanto os indivíduos estariam dispostos a

aceitar como compensação para uma perda de bem-estar. Ambos os valores de DaP e DaC são

estimados com base em mercados hipotéticos, que por sua vez são simulados por intermédio

de pesquisas de campo que indagam ao entrevistado sua DaP ou DaC por alterações na

disponibilidade quantitativa ou qualitativa do meio ambiente (MOTTA, 2006).

Ou seja, o MVC pretende de alguma maneira quantificar a mudança no nível de bem-estar percebido pelos indivíduos, resultante de uma alteração no suprimento de um determinado bem ou serviço ambiental (MOTTA, 2006, p. 21).

Ortiz (2003) resalta que a grande vantagem do método de valoração contingente sobre

os demais métodos pelo fato de ser o único método que permite a estimação de valores de

existência por não observar o comportamento dos indivíduos em mercado correlato ao do

recurso ambiental, mas sim criar um mercado hipotético em que os indivíduos expressam suas

preferências, e esse cenário não precisa estar relacionado ao uso ou conhecimento prévio do

recurso ambiental pelos indivíduos.

No entanto, várias dificuldades surgem na aplicação do MVC. Ortiz (2003) relata que

há vários problemas metodológicos relacionados ao método de valoração contingente na

literatura e enumera os principais tipos de problemas ou possíveis vieses encontrados. O

primeiro deles, o viés estratégico, está relacionado principalmente à percepção dos

entrevistados acerca da obrigação de pagamento e às suas perspectivas quanto à provisão do

recurso em questão. O segundo, o viés hipotético, que está relacionado ao comportamento dos

indivíduos, que podem entender que não sofrerão custos, visto que se trata apenas de

simulações. O terceiro, o viés da informação, refere-se à interferência da informação dada nos

cenários hipotéticos na resposta recebida. O quarto, o viés do entrevistador, está relacionado à

forma como o entrevistador se comporta. O quinto e último, o viés do instrumento de

pagamento, existe quando os indivíduos não são totalmente indiferentes em relação ao veículo

de pagamento associado à disposição a pagar.

Como comentário geral aos vieses supramencionados, os consumidores tendem a

exagerar a sua verdadeira demanda pela qualidade ambiental, até que chegue o momento de

pagar de fato, em vez de simplesmente expressar vontade de fazê-lo. Outros podem estar

dispostos a pagar uma quantia declarada para um determinado bem, mas devido às restrições

no seu orçamento, não iriam expressar o mesmo valor se fossem solicitados a pagar por um

Page 43: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

43

conjunto maior de benefícios ambientais. De forma semelhante, não se pode esperar que as

pessoas que vivem no limiar da pobreza retirem do seu bolso o suficiente para que estejam

garantidas de qualidade ambiental. No entanto, os analistas são freqüentemente

surpreendidos: apesar da sua baixa renda estas pessoas, com freqüência, se mostram dispostas

a pagar para proteger valores naturais. Finalmente, as pessoas são geralmente muito mais

dispostas a aceitar compensação pelas perdas do que pagar para receber serviços ambientais

(HANNEMAN, 1994 apud SERRA et al., 2006).

Relativo ao viés do entrevistador, outras limitações surgem pela possibilidade da

pesquisa realizada não representar de fato as preferências econômicas, sendo condicionadas

pela forma de aplicação do questionário ou do método do entrevistador. É destacada também

a possibilidade de influência intencional nos resultados da pesquisa através da expressão de

um protesto e não de um valor, da intenção de obter vantagem a partir da resposta e da

possibilidade de tentar agradar ao entrevistador (BELLUZZO, 1999, p. 116-7 apud SERRA et

al., 2006).

Apesar de apresentar limitações, o MVC se encontra entre as técnicas mais

freqüentemente usadas para identificar valores dos bens e serviços ambientais sem valor de

mercado. Dentre exemplos de vantagens que o MVC apresenta, ressalta-se o fato de bancos

de desenvolvimento multilaterais recorrerem regularmente a este recurso para avaliar projetos

cujos fluxos de beneficios são obtidos principalmente através de investimentos na melhoria de

qualidade ambiental. Isso decorre do fato de várias das vantagens do método serem evidentes:

é abrangente, tem solidez teórica e avalia benefícios decorrentes da não utilização do bem

(HOEVENAGEL, 1994 apud SERRA et al., 2006).

Complementando as vantagens acima destacadas, Pearce (1993) apud Nogueira

(2007), ressalta que o método de Valoração Contingente (MVC) é o único método de

valoração econômica de meio ambiente capaz de captar valores de não-uso. O mesmo autor

cita também Motta (1998), ao justificar o crescente interesse que o MVC vem conquistando

de gestores e profissionais da área ambiental e atribui essa popularidade à capacidade do

MVC de captar o VET em sua completa abrangência.

Pearce e Warford (1993) fazem o seguinte comentário sobre a aplicação do MVC nos

países em desenvolvimento:

Page 44: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

44

Aplicado aos países em desenvolvimento, o MVC poderá ser um componente importante para a apreciação de projeto uma vez que, frequentemente, a produção de um projeto não tenha preço de mercado (PEARCE; WARFORD, 1993, p. 113).

Finalmente, a aplicação de valoração contingente pode ser resumidamente dividida em

estágios. O primeiro está calcado na formação do mercado hipotético ou cenário a ser

proposto ao entrevistado. É neste estágio que é preparado o questionário, descrevendo o

recurso ambiental a ser analisado, e aplicando-se o mesmo em pesquisa-piloto, de maneira a

testar a compreensão das perguntas elaboradas. O próximo passo é a realização da pesquisa de

campo com aplicação de questionários para a obtenção das disposições individuais a pagar

pelo cenário exposto. Por último, estima-se a disposição a pagar média a partir de técnicas

econométricas e multiplica-se pela população-alvo da pesquisa (ORTIZ, 2003).

4.3.2.2.6 Preços hedônicos (hedonic pricing)

O método de preços hedônicos pretende estimar um preço implícito por atributos

ambientais característicos de bens comercializados em mercado, através da observação desses

mercados reais nos quais os bens são efetivamente comercializados, constituindo-se como os

principais mercados hedônios o mercado imobiliário e o mercado de trabalho. Hedônico

refere-se à “tendência para agir de maneira a evitar o que é desagradável e a atingir o que é

agradável”. Os métodos hedônicos procuram avaliar a influência da qualidade do ambiente ou

do risco nos preços ou salários. Para isso é necessário separar os diversos componentes que

contribuem para um determinado preço final, de modo a limitar a análise aos que são

significativos. No urbanismo, este método é muito intuitivo uma vez que casas com vista para

o mar e próximas dele são mais caras do que casas do mesmo tamanho e qualidade situada

numa zona mediana. Sendo assim, uma casa situada junto a uma área industrial, como uma

refinaria, tenderá a ser desvalorizada. Estimando-se esses valores, pode-se inferir o valor que

a sociedade está disposta a pagar pela qualidade cênica ou pela redução da poluição. Em

termos de limitações, Ortiz (2003) chama a atenção em aplicações do método o fato do

surgimento de problemas econométricos, como variáveis omitidas na função de preços

hedônios.

4.3.2.2.7 Mercados de recorrência (surrogate markets)

A técnica de mercados de recorrência envolve a identificação de um mercado de bem

ou serviço que é influenciado por um bem não transacionado no mercado. A abordagem do

método de preços hedônicos está baseada nesta idéia uma vez que a qualidade do ambiente

Page 45: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

45

afeta a decisão de comprar determinada residência, por exemplo, e o preço desta residência

deveria ser influenciado pelos atributos ambientais da propriedade. O preço da propriedade

depende de variáveis locais como acesso, características da vizinhança, comprometimento de

qualidade ambiental (PEARCE; WARFORD, 1993, p. 138).

4.3.2.2.8 Disposição a aceitar (willingness to accept) pela compensação de perda de funções

ambientais

De Groot (1992) relata que, em certas situações, é possível chegar a um preço-sombra

para funções ambientais pelo questionamento de disposição a aceitar em compensação pela

perda de um dado bem e serviço ambiental. Se, por exemplo, a poluição compromete a

qualidade da água e, consequentemente, as experiências dos indivíduos relacionadas à

recreação e à apreciação da beleza cênica e harmonia local, o valor desta perda, a qual não

tem preço de mercado, pode, em princípio, ser mensurado pela disposição dos indivíduos

aceitarem uma compensação para tolerar o dano ambiental causado.

Knetsch e Sinden (1984), apud De Groot (1992), concluíram que a demanda por

compensação é normalmente maior quando comparada à disposição a pagar pela manutenção

de um dado bem ou serviço. Isto sugere que a disposição a pagar por medidas preventivas

somente poderá ser usada como uma estimativa mínima do valor da função ambiental.

As abordagens da disposição a aceitar ou disposição a pagar parecem ser mais

benéficas ao tratar situações onde há muitas características similares, mas onde nehuma

característica isolada possua valor significante para razões funcionais particulares. De Groot

(1992) exemplifica as regiões no Canadá denominadas “Praire Pothole” onde dezenas de

milhares de grandes buracos em forma de caldeirões (potholes) fornecem funções ambientais

importantes como habitat natural de espécies selvagens e reservatório de água, mas onde a

perda de um simples buraco, quando soterrado por um fazendeiro, é muito difícil de valorar

separadamente. Em tais circustâncias, a abordagem baseada na disposição a pagar pela

manutenção de um dado buraco, ou a disposição a aceitar da compensação pela sua perda

daria alguma medida do valor dos buracos percebidos e talvez valores unitários

especificamente.

4.3.2.2.9 Valor de propriedade (property pricing)

De Groot (1992) relata que o valor de propriedade está comummente influenciado pela

qualidade do ambiente natural, ambos em termos de qualidade ambiental em geral como

Page 46: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

46

características físicas específicas como ar puro e beleza cênica, respectivamente.

Normalmente os preços são mais elevados quando uma certa propriedade está localizada

dentro ou próxima a área de natureza ou beleza cênica.

Resumidamente, valor de propriedade refere-se ao valor pago na compra de uma

propriedade, acrescida do valor de benefícios ambientais que a mesma apresenta como ar

puro, água limpa, nascentes, paz, beleza cênica, dentre outros (OLIVEIRA JUNIOR, 2003).

4.3.2.2.10 Método de custo de viagem (travel cost method)

O método de custo de viagem estima o valor de uso recreativo através da análise dos

gastos incorridos pelos visitantes desse lugar. É um método de pesquisa que, em geral, utiliza

questionários aplicados aos visitantes do lugar de recreação para levantar dados como o lugar

de origem do visitante, seus hábitos e gastos associados à viagem. A partir desses dados pode-

se calcular custos de viagens e relacioná-los, complementarmente a outros fatores como a

uma freqüência de visitas. Deste modo pode-se estabelecer uma relação de demanda que, por

sua vez, é utilizada para estimar o valor de uso desse lugar. A aplicação deste método, porém,

pode apresentar algumas limitações. Merece atenção a questão do destino múltiplo ou

múltiplos objetivos na mesma viagem, o tratamento do custo de oportunidade do tempo gasto

para uma visita recreativa, a escolha de sítios substitutos ao local analisado, o tratamento do

congestionamento como atributo de qualidade do sítio e a forma funcional das curvas de

demanda por visitas recreativas. Consequentemente, a qualidade das medidas de bem-estar

geradas por esse método depende do quanto esses problemas serão minimizados a partir da

escolha do modelo e da abordagem apropriados ao estudo de caso. Por outro lado, este

método apresenta a vantagem de ser bastante útil para produzir estimativas do valor de uso

recreativo associado a lugares de recreação, sendo metodologicamente consistente com a

teoria econômica, de fácil aplicação para produzir curvas de demanda por visitas recreativas

ao sítio analisado. A partir das análises dessas curvas, por exemplo, o gestor pode aprimorar

ações de gestão simulando variações desses custos e prevendo os impactos no fluxo de visitas

e na geração de receitas, ressalta Ortiz (2003).

Page 47: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

47

5 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

A caracterização da área de estudo, ou seja, a área de abrangência do Parque Estadual

do Itacolomi (PEIT) foi embasada no Plano de Manejo editado recentemente, em outubro de

2007. A elaboração do Plano de Manejo do PEIT faz parte da implementação do Programa de

Proteção da Mata Atlântica (PROMATA-MG), um projeto de cooperação financeira oficial e

bilateral entre os governos brasileiro e alemão, que, por meio do Instituto Estadual de

Florestas (IEF) e do Banco de Desenvolvimento Alemão (KfW Bankengruppe), têm como

objetivos principais contribuir para a proteção de remanescentes e recuperação de áreas

degradadas da Mata Atlântica de Minas Gerais, e oferecer condições para a proteção das

Unidades de Conservação.

O Plano de Manejo é definido pelo Sistema Nacional de Unidades de Consevação

(SNUC) como documento técnico mediante o qual, com fundamento nos objetivos gerais de

uma Unidade de Conservação, se estabelece o seu zoneamento e as normas que devem

presidir o uso da área e o manejo dos recursos naturais, inclusive a implantação das estruturas

físicas necessárias à gestão da Unidade.

O Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) foi instituido em 2000

através da Lei no 9.985 a qual estabelece critérios e normas para criação, implantação e gestão

das unidades de conservação. O SNUC é composto pelo conjunto das unidades de

conservação, federais, estaduais e municipais que estejam de acordo com o disposto na lei.

Segundo o Plano de Manejo do PEIT (IEF-MG, 2007), no início de 2006, as unidades

de conservação pertencentes aos grupos de proteção integral e de uso sustentável somavam

400 unidades, protegendo legalmente uma área de 4,5 milhões de hectares o que representa

7,6% do território mineiro. O grupo de proteção integral engloba 106 unidades e uma área de

900 mil ha (1,54% do território mineiro). As unidades estaduais são 37, sendo nove estações

ecológicas, duas reservas biológicas, 23 parques, dois refúgios de vida silvestre e um

monumento natural. Os parques estaduais representam 90% da área de proteção integral,

justificando maior prioridade para implementação. O grupo de uso sustentável engloba 294

unidades e 4,5 milhões de ha (6,1% do território mineiro).

Page 48: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

48

5.1 Informações gerais sobre o Parque Estadual do Itacolomi

Criado em 14 de junho de 1967, pela Lei Estadual nº 4.495, o Parque Estadual do

Itacolomi (PEIT) está situado nos municípios de Ouro Preto e Mariana, inserido na porção sul

da Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço e a sudeste do Quadrilátero Ferrífero.

A região caracteriza-se por uma zona de transição entre a Floresta Atlântica e o

Cerrado, e com relevo acidentado. Foi uma das primeiras regiões a serem densamente

povoadas no Brasil no final do século XVII e início do século XVIII. Desde então, vem

sofrendo forte pressão sobre seus recursos naturais.

Os limites do PEIT definidos pela Lei nº 4.495 foram de aproximadamente 7.000ha.

Através do último levantamento relatado pelo Plano de Manejo calculou-se a área total de

7.543ha. Desta área total, o PEIT está inserido em sua maior parte, aproximadamente 80%, no

município de Mariana e o restante no município de Ouro Preto, conforme figura 2.

Figura 2 – Imagem de satélite IKONOS ilustrando os limites do Parque Estadual do Itacolomi (Fonte: Plano de Manejo, IEF-MG, 2007).

Page 49: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

49

No final do século XVII, na busca por riquezas, o bandeirante paulista, Antônio Dias,

avistou o Pico do Itacolomi, o ponto mais elevado do Parque, com 1.762m, que serviu como

ponto de referência, para que outras expedições chegassem ao local com facilidade. Situado

em Ouro Preto e Mariana, o Itacolomi se torna parte integrante dos cenários, que registram a

cultura de um povo, através de lendas, histórias e tipos curiosos (Figura 3).

Figura 3 – Vista geral do Pico do Itacolomi (Fonte: Plano de Manejo, IEF-MG, 2007).

O PEIT abriga, aproximadamente, 11% de toda a biodiversidade conhecida em Minas

Gerais. Isto representa mais de mil espécies da fauna e da flora protegidas nos limites do

Parque, sendo 29 espécies ameaçadas de extinção e 18 endêmicas. Conforme ressaltado no

Plano de Manejo do PEIT, estes números são expressivos para uma única Unidade de

Conservação o que reforça a importância do Parque. Além do mais, deve-se ainda considerar

que o volume de estudos científicos desenvolvidos na unidade é baixo e que alguns grupos

biológicos não foram suficientemente investigados, o que significa que a biodiversidade do

PEIT é ainda maior que a observada durante a elaboração recente do Plano de Manejo,

outubro de 2007.

A sede administrativa do Parque fica na fazenda São José do Manso, local que

abrigou, na década de 1930, uma fábrica de chá. Além disso, conta com uma infra-estrutura

para atender visitantes e pesquisadores com Centro de Visitantes, biblioteca, alojamentos para

pesquisadores e funcionários. Algumas das edificações do Parque passaram por recente

Page 50: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

50

reforma e novas instalações melhoraram ainda mais a infra-estrutura de apoio a visitantes e

pesquisadores. As obras foram realizadas com recursos do Projeto de Proteção da Mata

Atlântica de Minas Gerais (Promata/MG).

No ano de 2004 foi feita a abertura do PEIT à visitação pública. A partir de Belo

Horizonte é possível se chegar ao Parque pela Rodovia BR-040. O principal acesso ao Parque

está entre as cidades de Ouro Preto e Mariana, pela Rodovia do Contorno, a BR-356.

O Parque possui uma Zona de Amortecimento (ZA) que abrange o seu entorno e as

áreas que possibilitam, em algum grau, a conectividade das unidades de conservação do

entorno com a área do PEIT. Os limites da Zona de Amortecimento foram definidos

adotando-se como critérios as resoluções legais, como a Resolução CONAMA 13/90 que

estabelece um raio de 10 km dos limites do parque em direção ao seu entorno, quando

aplicável ao contexto regional de inserção da unidade de conservação. Os critérios de inclusão

de áreas na zona de amortecimento privilegiaram as unidades de conservação da região de

inserção do PEIT, os fragmentos de Floresta Atlântica, os Campos Rupestres, as microbacias

e as áreas onde futuramente poderão ser utilizadas como corredores ecológicos. Os critérios

de exclusão de áreas da ZA foram áreas urbanas estabelecidas pela legislação municipal

vigente, as áreas identificadas como áreas de expansão urbana pelos planos diretores dos

municípios da região, os pólos industriais e as áreas de exploração de recursos naturais

devidamente licenciadas pelo órgão ambiental responsável.

5.2 Estrutura organizacional

Administrativamente, o PEIT está subordinado ao Instituto Estadual de Florestas - IEF

do Estado de Minas Gerais. O IEF é uma autarquia vinculada à Secretaria de Estado de Meio

Ambiente e Desenvolvimento Sustentável - SEMAD. No exercício de suas atribuições, o IEF

observa as deliberações emanadas do Conselho Estadual de Política Ambiental - COPAM, do

Conselho Estadual de Recursos Hídricos - CERH e SEMAD.

Do IEF, o PEIT recebe os recursos destinados à sua implantação e manejo e também

as orientações quanto às operações orçamentárias, financeiras e contábeis, bem como os

recursos de manutenção e aqueles destinados aos contratos e serviços.

A subordinação do PEIT à Administração Central ocorre de forma direta com a

Diretoria de Áreas Protegidas (DIAP) e a Gerência de Gestão de Áreas Protegidas (GEARP)

Page 51: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

51

alocada na sede do IEF, em Belo Horizonte, de onde emanam as diretrizes técnicas para

proteção da biodiversidade, das espécies vegetais e animais, bem como a manutenção do

equilíbrio ecológico dos ecossistemas de domínio do Estado.

A gestão da Unidade está sob a supervisão do Escritório Regional Centro Sul, sediado

na cidade de Barbacena e sua direção sob a responsabilidade do gerente.

Para a execução de suas atividades, o PEIT conta com uma estrutura organizacional

composta pelos setores administrativo, fiscalização, educação ambiental e manutenção.

5.3 Planejamento do Parque Estadual do Itacolomi

De forma inovadora no país, o Plano de Manejo do PEIT adotou premissas do manejo

adaptativo, que se fundamenta na melhoria contínua das práticas de manejo e na

aprendizagem com os resultados e com os programas operacionais implementados. O ciclo do

manejo adaptativo é constituído de hipóteses, ações e resultados esperados conforme resumo

ilustrado na figura 4. Em decorrência dessa premissa, a Unidade de Conservação

gerencialmente será considerada como uma organização constituída por um conjunto de

pessoas que têm um objetivo comum à conservação dos recursos naturais em um determinado

espaço geográfico e não mais como um mero espaço geográfico para a conservação da

biodiversidade.

Figura 4 – Ciclo do manejo adaptativo (Fonte: Plano de Manejo, IEF-MG, 2007).

Page 52: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

52

A missão, a visão e os valores do Parque foram definidos da seguinte forma:

a) Missão: Proteger o patrimônio natural e histórico-cultural, cenário da ocupação de

Minas Gerais, referenciado pelo Pico do Itacolomi, integrando as comunidades e as

unidades de conservação da região.

b) Princípios e valores:

• Compromisso com a proteção do patrimônio natural e histórico-cultural.

• Envolvimento e participação da comunidade.

• Ética como balizadora das ações.

• Profissionalismo.

• Valorização do trabalho em equipe.

c) Visão de futuro: Ser reconhecido como exemplo de gestão participativa na proteção do

patrimônio natural e histórico-cultural.

Para a definição dos objetivos estratégicos do PEIT foi utilizada a metodologia do

Balanced Score Card. A metodologia se baseia na construção de um sistema equilibrado de

indicadores de desempenho estratégico que, alinhados de forma coerente com as escolhas da

organização, traduzem de forma clara o papel de cada um dentro dos desafios estratégicos.

Estes indicadores são equilibradamente distribuídos, no caso do PEIT, em cinco perspectivas:

ambiente, usuários, financeira, processos internos e inovação/ aprendizado, os quais possuem

uma relação de causa e efeito e uma lógica que devem traduzir a hipótese estratégica da

instituição.

Foram identificados 12 objetivos estratégicos para o PEIT e a relação de causa e efeito

entre esses objetivos está demonstrada no Mapa Estratégico mostrado na figura 5.

Page 53: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

53

Figura 5 – Mapa Estratégico (Fonte: Plano de Manejo, IEF-MG, 2007).

Importante observar que é neste sentido que se desenvolveram as interfaces entre a

Economia Comercial e a Economia Ambiental para a gestão do PEIT. Ou seja, a partir de uma

perspectiva ambiental calcada na proteção dos ecossistemas e espécies, há perspectivas

financeiras claras de não só ampliar a captação de recursos orçamentários financeiros bem

como otimizar as suas utilizações. Não obstante, estas perspectivas integram-se às demais

focadas no usuário, em processos internos e em um ambiente de aprendizado e crescimento

contínuos.

Page 54: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

54

Como relatado no Plano de Manejo (IEF-MG, 2007), na intenção de identificar os

objetivos estratégicos do PEIT, procurou-se responder aos seguintes questionamentos:

1. Para realizar a visão de futuro do PEIT quais resultados devem ser alcançados em relação à conservação do meio ambiente?

2. Para realizar a visão de futuro do PEIT como se deve cuidar da comunidade, da sociedade, dos usuários (visitantes) e dos pesquisadores?

3. Para atender a comunidade, a sociedade, os usuários e os pesquisadores em quais processos o PEIT deve ser excelente?

4. Quais os desafios financeiros para cumprir a missão e visão de futuro do PEIT?

5. Para realizar a visão de futuro do PEIT, quais competências e aprendizados devem ser buscados?

5.4 Atividades desenvolvidas no Parque Estadual do Itacolomi

Atualmente existem parcerias de cooperação técnica, científica, administrativa e

cultural para operacionalização, planejamento e gestão do Uso Público por meio do

PROTUR/PEIT, entre IEF/UFOP/FEOP (IEF – Instituto Estadual de Florestas, UFOP -

Universidade Federal de Ouro Preto e FEOP - Fundação Educativa de Radio TV de Ouro

Preto), com duração inicial prevista por dois anos.

As principais atividades realizadas pelos visitantes são caminhadas pelas trilhas

interpretativas realizadas com acompanhamento de monitores do convênio entre

IEF/FEOP/UFOP.

A visitação atual no PEIT é dividida em visitas com abordagem histórica e caminhada

com abordagens educativas, que se concentram, primordialmente, na Fazenda São José do

Manso. A UC encontra-se aberta ao público desde 2004, operando de quarta a segunda, de 8

às 17 horas. Os atuais responsáveis pelo funcionamento do Uso Público do parque, por meio

do PROTUR, são oito monitores, alunos do curso de Turismo e Biologia da UFOP e Turismo

e Meio Ambiente do CEFET - Ouro Preto.

Todas essas atividades oferecem opções a um grupo com pessoas interessadas em diversos

assuntos e atividades, e podem ser consideradas ricas sob o ponto de vista cultural.

Por meio da Portaria no 64, de 28 de abril de 2004, a visitação pública do PEIT é

regulamentada e oficialmente aberta. Tal documento dispõe, além da visitação, da limitação

Page 55: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

55

do número de visitantes, utilização das dependências do PEIT e dá outras providências. Essa

regulamentação inicial é tida como favorável ao desenvolvimento da atividade de turismo

uma vez que, antes de seu desenvolvimento pleno, ou seja, capacidade máxima, a limita. Essa

iniciativa impede que situações de desagrado à comunidade e empreendedores locais ocorram,

porém é preciso estar atento à ausência de planejamento e pleno conhecimento do território

para sua instituição.

A atividade turística vem sendo desenvolvida de maneira espontânea por agências e

operadoras de turismo.

A principal vocação do PEIT está relacionada à natureza, principalmente no que se

refere à Educação Ambiental e à Interpretação Ambiental, atividades que já são executadas no

mesmo, ainda que de forma incipiente.

As ações de Educação Ambiental e Interpretação Ambiental na UC podem ser

percebidas pelas trilhas interpretativas, mas não existem ações específicas com o entorno e a

área de influência do PEIT abordando essas questões. Entretanto, o PEIT possui experiência

em cursos oferecidos para professores das escolas do entorno (dez cursos realizados ao longo

de dez anos) e em treinamentos para brigadas de incêndio dos municípios da região onde está

inserido.

O Plano de Manejo (IEF-MG, 2007) ressalta o fato de o PEIT apresentar um grande

potencial para toda comunidade científica e turística e várias instituições vêm realizando

atividades visando o crescimento e o desenvolvimento do Parque e seu entorno. Embora a

educação ambiental seja considerada um aspecto fundamental para a conservação dos

recursos naturais de um Parque e seu entorno, o que se percebe, principalmente nas escolas do

entorno, é uma abordagem ainda tímida sobre as questões ambientais locais.

5.5 Socioeconomia e população do entorno ao Parque Estadual do Itacolomi

5.5.1 Aspectos demográficos

O Parque Estadual do Itacolomi está localizado na divisa dos municípios de Ouro

Preto e Mariana, razão pela qual estes dois municípios são destacados para o estudo

socioeconômicos da população do seu entorno.

Page 56: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

56

Os municípios de Ouro Preto e Mariana integram a macrorregião Central de Minas

Gerais, conforme delimitação do Governo do Estado, mostrada na Figura 6, a seguir.

Figura 6 – Macrorregiões de planejamento de Minas Gerais, segundo o Governo do Estado (Fonte: Plano de Manejo, IEF-MG, 2007).

De acordo com o Plano de Manejo (IEF-MG, 2007), dados do Censo Demográfico do

IBGE para a região estudada (figura 7), relativos a 2005, mostram que a área sob estudo já

contava com população total de 120.689 habitantes, dos quais 68.635 em Ouro Preto e 52.054

em Mariana.

Page 57: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

57

Ouro PretoMariana

Belo Horizonte

Figura 7 – Localização dos municípios sob estudo (Fonte: Plano de Manejo, IEF-MG, 2007).

As mulheres predominam na região ao se analisar o perfil da população por sexo.

Inclusive, em taxas maiores do que as registradas no Estado como um todo. Em 2000, 50,9%

dos moradores de Ouro Preto e 51,1% de Mariana eram mulheres, enquanto em Minas este

porcentual era de 50,5%.

Quanto à localização dos domicílios, seguindo a tendência verificada em todo o país

nas últimas décadas, a região estudada tem alta taxa de urbanização, variável entre 83% e

85%.

No que se refere à faixa etária da população é possível perceber que toda a região,

numa média geral, apresenta maior incidência de população nas faixas etárias abaixo de 19

anos, inclusive crianças, em comparação com a média mineira, com maior incidência em

Mariana. Por outro lado, Minas Gerais tem mais pessoas acima de 50 anos e idosos que os

dois municípios analisados, comparativamente (Figura 8).

Page 58: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

58

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

0 a 4 anos 5 a 9 anos 10 a 19 anos 20 a 29 anos 30 a 39 anos 40 a 49 anos 50 a 59 anos 60 anos emais

Ouro Preto Mariana Minas Gerais

Figura 8 – Faixa etária da população residente nos municípios da área de influência do PEIT em 2000 (Fonte: Plano de Manejo, IEF-MG, 2007).

O Plano de Manejo (IEF-MG, 2007) ressalta a necessidade de maior atenção para

atendimento às demandas sociais da juventude, inclusive emprego, que devem se constituir

em uma das principais preocupações das políticas públicas para os próximos anos uma vez

que a população em idade ativa (PIA) dessas cidades tende a um crescimento cada vez maior.

5.5.2 Atividades predominantes

O perfil econômico municipal citado no Plano de Manejo (IEF-MG, 2007) foi

embasado tanto em dados secundários quanto em entrevistas qualitativas com lideranças dos

dois municípios.

Os principais responsáveis pelo PIB local são os setores secundário e terciário da

economia regional. Estes setores são os que empregam mais mão-de-obra e mais geram renda

em Mariana e Ouro Preto. Cerca de 50% da população ocupada na região do PEIT está

alocada na área de serviços (onde se enquadra a atividade turística), 28% na indústria e 13%

no comércio.

No que se refere ao número de empresas existentes, em 2003, havia 3.861

estabelecimentos dos setores secundário e terciário na região, que empregavam, juntos,

21.855 pessoas. Do total de empresas, 45,6% eram do ramo de comércio; reparação de

veículos automotores, objetos pessoais e domésticos. Em segundo lugar destaca-se o ramo de

alojamento e alimentação, em Ouro Preto, e o de outros serviços coletivos, sociais e pessoais,

em Mariana.

Page 59: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

59

Segundo os dados das entrevistas qualitativas com lideranças locais, no setor secundário

destaca-se a área de mineração, Companhia Vale do Rio Doce, Samarco, OPM –

Organizações Passagem de Mariana, além de garimpos de topázio e extrações de pedra-sabão,

nos dois últimos casos com alta clandestinidade. A indústria mais citada e que gera emprego

na região foi a Novellis (Alcan).

Quanto ao setor terciário, é bem diversificado, predominando os estabelecimentos

varejistas de pequeno porte, notadamente as mercearias, sacolões e supermercados, farmácias,

lojas de roupas e comércio de gemas, além da prestação de serviços nas áreas de lanchonetes,

bares, salões de beleza, restaurantes, pousadas, entre outros do tipo.

Os moradores reclamam dos altos preços praticados no comércio local, principalmente

em função da atividade turística, que acaba por elevar o custo de vida na região. E é

justamente na atividade turística que a região veio se destacando nas últimas décadas, em

função de seu patrimônio histórico-cultural em grande parte preservado e tombado, como

antes dito, atraindo visitantes de todo o país e exterior.

Esse caráter histórico-cultural que atrai milhares de pessoas anualmente aos dois

municípios, com maior visitação a Ouro Preto, define muito claramente o perfil turístico da

região e deixa, segundo entrevistados, poucas alternativas para o desenvolvimento de outras

modalidades de turismo.

O Plano de Manejo (IEF-MG, 2007) destaca que o Parque Estadual do Itacolomi seria

apenas um, entre muitos, dos atrativos naturais da região, que muitas vezes não recebem

visitantes ou por falta de conhecimento ou de interesse daqueles que chegam em busca dos

monumentos e do patrimônio colonial.

A necessidade de se trabalhar um programa de uso público muito específico para o

Parque do Itacolomi, juntamente com a FEOP, parceira na gestão da unidade, com materiais

de divulgação e publicidade focados em um público particular e distinto do visitante habitual

da região é uma sugestão do Plano de Manejo (IEF-MG, 2007). Isto se deve a partir da

percepção de dois fatores peculiares durante as entrevistas. Por um lado, percebeu-se que é

muito pequeno o porcentual de visitantes de Ouro Preto e Mariana que visitam o PEIT em sua

estadia, seja por falta de informações, por excesso de atrativos a visitar nos centros históricos

ou por falta de interesse nessa modalidade de turismo. Nesse sentido, o PEIT, apesar de sua

localização e proximidade com as duas sedes municipais, não estaria sendo beneficiado com a

Page 60: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

60

presença do turismo já consolidado na área. Por outro lado, o próprio perfil do turismo

regional, com grande volume de visitantes, especialmente em datas festivas e feriados, é um

perfil de massa que é diretamente incompatível com os interesses de conservação da UC.

No que concerne o setor primário, que engloba as atividades agrícolas e pecuárias da

região, é possível afirmar que é de pequena relevância, tanto em função da tradição minerária

quanto de aspectos relacionados à topografia e qualidade dos solos, muitas vezes impróprios

ao cultivo.

Em relação à estrutura fundiária é possível perceber que predominam os pequenos

estabelecimentos agrícolas na região, sendo a faixa de maior representação aquela entre 10 e

100 hectares, em média 57% do total de propriedades. Em segundo lugar vem os com menos

de 10 hectares de área, significando 33% dos estabelecimentos rurais. Este perfil, apesar de

semelhante ao mineiro, tem maior concentração das pequenas propriedades.

As lavouras temporárias mais representativas na região são o milho e o feijão, este

último principalmente em Ouro Preto. As demais lavouras são pouco significativas, tanto em

área plantada quanto em volume de produção. A situação das lavouras permanentes é ainda

pior com pequeno destaque para o café. Em escala comercial, o principal produto é o leite,

tanto em Ouro Preto quanto em Mariana, entregue aos laticínios particulares ou à cooperativa

denominada COOPEROURO.

As informações a respeito da extração vegetal da região, segundo dados do IBGE para

2003, indicam que nesse quesito Ouro Preto é que apresenta maior produção, com destaque

para carvão vegetal, lenha e madeira em tora. As entrevistas qualitativas com lideranças locais

confirmaram que a agricultura na região tem caráter basicamente familiar e voltado para a

subsistência. Os principais produtos agrícolas são o milho e o feijão, registrando-se a

horticultura caseira e a fruticultura em pomares de fundo de quintal.

5.6 Caracterização regional

De acordo com o Plano de Manejo do Parque do Itacolomi (IEF-MG, 2007), o Parque

é constituído de rochas metamórficas quartzíticas e pelíticas, com intrusivas básicas, que

elevadas a cotas topográficas relativamente altas, foram erodidas para formar um conjunto de

monadnocks de grande beleza cênica.

Page 61: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

61

As rochas metamórficas são o produto da transformação de qualquer tipo de rocha,

quando esta é levada a um ambiente onde as condições físicas (pressão, temperatura). São

muito distintas daquelas de onde ela se formou. Nestes ambientes, os minerais podem se

tornar instáveis e reagir formando outros minerais, estáveis nas condições vigentes.

Monadnocks, por sua vez, são elevações residuais cristalinas, que resistiram à erosão e

rebaixamento do relevo por serem formadas por rochas mais resistentes que as demais do

relevo circundante

As rochas quartzíticas do Parque do Itacolomi formam um relevo cárstico típico com

ocorrência de feições características citadas no Plano de Manejo do Parque do Itacolomi

como: aspecto uniforme, drenagens subterrâneas, dolinamentos, cavernamentos,

lapiezamentos de diversos tipos, paredões verticais, canyons, sumidouros ressurgências,

pontes, abrigos sobre rochas e nascentes.

Regionalmente, o Parque está inserido no domínio sudeste do Quadrilátero Ferrífero,

região geológica com cerca de 7.000Km2 situada a este - sudeste de Belo Horizonte,

envolvendo várias cidades como Ouro Preto, Mariana, Itabirito, Nova Lima, Caeté e Itabira.

Desde o final do século XVII esta região é conhecida por suas riquezas minerais como

ouro, bauxita, minérios de ferro e de manganês e topázio imperial.

5.6.1 Unidades Litoestratigráficas do Parque Estadual do Itacolomi e de seu entorno

O Plano de Manejo do Parque do Itacolomi (IEF-MG, 2007) enumera as seguintes

unidades litológicas presentes na área do parque e em seu entorno: o Grupo Itacolomi, o

Supergrupo Rio das Velhas, o Supergrupo Minas, o Grupo Sabará, as Rochas Básicas e

Canga.

O Grupo Itacolomi é a unidade principal em área do Parque Estadual do Itacolomi.

Constituído por meta-quartzo-arenito, com camadas de metapelitos, meta-quartzo-arenito

seixosos, meta-conglomerados com seixos de quartzo, meta-quartzo-arenito e itabirito.

O Supergrupo Rio das Velhas está localizado nas porções leste e sudeste do Parque

Estadual do Itacolomi e compõe-se dos grupos Nova Lima e Maquiné. O Grupo Nova Lima é

constituído por uma grande variedade de tipos litológicos onde se destacam clorita xisto,

quartzo-biotita-xisto, quartzito, quartzito ferruginoso e formações ferríferas. O Grupo

Page 62: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

62

Maquiné apresenta meta-quartzo-arenitos com feldspatos e micas e níveis ferruginosos,

alguns com aspecto de formação ferrífera.

O Supergrupo Minas está presente em áreas restritas nas bordas oeste, noroeste e norte

do Parque Estadual do Itacolomi. É representado pelas formações Cercadinho e Barreiro. A

primeira é formada por meta-quartzo-arenitos ferruginosos, meta-quartzo-arenitos brancos,

com lentes e lâminas de metapelito, sericita xisto e clorita xisto. A segunda é constituída

essencialmente por metapelito negro.

O Grupo Sabará encontra-se intercalado com as rochas do Grupo Itacolomi ao centro e

bordejando os limites do parque, principalmente a oeste e sul. É a segunda unidade de rocha

em importância em termos de extensão de área. É caracterizado por clorita xisto, meta-

quartzo-arenito ferruginoso e formação ferrífera.

As Rochas Básicas normalmente ocorrem alinhadas entre as rochas dos grupos

Itacolomi e Sabará, formando depressões, que podem estar parcialmente preenchidas por

blocos colapsados das litologias vizinhas. Encontram-se bastante alteradas, resultando em

uma coloração ocre.

A última unidade litológica, denominada Canga, trata-se de laterais que ocorrem em

áreas definidas sobre rochas dos grupos Sabará, ocorrendo, normalmente, em forma nodular.

5.6.2 Clima e Geomorfologia

O Parque Estadual do Itacolomi está situado em uma área de clima tipicamente

tropical, compreendendo os tipos Cwa e Cwb de Koppen. Ou seja, trata-se de tipos climáticos

caracterizados por duas estações bem definidas, uma seca e uma chuvosa.

O Cwa predomina nas áreas topograficamente mais baixas e apresentando verões

quentes e chuvosos, com estação seca curta. O Cwb ocorre nas porções mais elevadas,

situadas no centro do parque, sobretudo na unidade ecomorfológica Itacolomi e, parcialmente,

nas Unidades Manso e Custódio. Estas áreas mais altas apresentam características como verão

mais ameno, com dias quentes e noites muito frias, ocorrência de nevoeiros baixos e a

precipitação na forma de sereno. Além do mais, a topografia nestas áreas altas favorece a

precipitação uma vez que aumenta a turbulência do ar pela ascendência orográfica.

Page 63: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

63

Baseado em dados das estações disponíveis na Agência Nacional das Águas - ANA

(2006), citados no Plano de Manejo do Parque do Itacolomi (IEF-MG, 2007), confirma que

não só para a região do Parque, mas também todas as zonas de amortecimento apresentam a

característica divisão em duas estações bem definidas. A estação seca de maio a setembro e a

estação chuvosa de outubro a abril. Dezembro é o mês de maior concentração de chuvas,

contrastando com o período mais seco de junho a agosto (Figura 9). Em termos de

precipitação total anual, o volume total precipitado no interior do parque é superior ao das

áreas de entorno, reflexo do clima tropical de altitude.

Figura 9 - Histograma com a distribuição mensal da precipitação nas estações dentro e no

entorno do Parque Estadual Itacolomi (Fonte: Plano de Manejo, IEF-MG, 2007)

Sob o ponto de vista geomorfológico, em escala regional, o Parque Estadual do

Itacolomi e as unidades ecomorfológicas adjacentes estão instalados sobre uma região que

possui três patamares identificáveis no mapa de declividade. O patamar superior, representado

pelas cumeeiras dos meta-quartzo-arenitos em que insere o Pico do Itacolomi; um patamar

médio constituído quase que exclusivamente por estas mesmas rochas; e um patamar inferior

que abrange as áreas das demais unidades e é modelado nas demais rochas que ocorrem na

Page 64: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

64

região estudada. Todo o conjunto é segmentado por duas grandes falhas de direção nne-ssw e

por outra, menos evidente de direção wnw-esse na parte sul do Parque.

5.6.3 Hidrologia

A região do Parque Estadual do Itacolomi, abrangendo a área de amortecimento, tem

um dos maiores potenciais hídricos do estado de Minas Gerais. Primeiro porque duas das

maiores bacias hidrográficas do país têm parte de suas nascentes na região (Velhas → São

Francisco e Doce) e segundo porque abriga diversas nascentes, que formam os ribeirões do

Carmo e Gualaxo do Sul, ambos componentes do chamado Alto Rio Doce.

Não obstante, o Plano de Manejo (IEF-MG, 2007) destaca que o Parque apresenta

parte dos seus limites definidos por córregos, o que faz com que apenas partes das bacias

hidrográficas estejam dentro do parque. Estes são os casos das bacias dos córregos Belchior

(Figura 10), Maynard Manso e Prazeres.

Figura 10 - Detalhe da cachoeira do córrego Belchior na Unidade Ecomorfológica Itacolomi

(Fonte: Plano de Manejo, IEF-MG, 2007).

Page 65: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

65

Resumidamente, sete sub-bacias podem ser definidas dentro da área estudada. Uma

delas apresenta suas nascentes fora do limite do Parque, porém dentro da unidade

ecomorfológica Cachoeira do Bigode. Duas sub-bacias são tributárias do ribeirão do Carmo e

as demais cinco do ribeirão Maynard que é um afluente do Gualaxo do Sul.

5.6.4 Hidrogeologia

O Plano de Manejo (IEF-MG, 2007) infere a presença de dois aqüíferos na região do

Parque Estadual do Itacolomi: um aqüífero superior, constituído pelos quartzitos superiores na

região do Pico da unidade ecomorfológica Itacolomi, que atua como um aqüífero livre,

alimentando um sistema de drenagens intermitentes com a eventual presença de sumidouros;

e um aqüífero inferior, limitado na base e no topo por duas unidades pouco permeáveis, os

xistos do Grupo Piracicaba e Grupo Sabará, alimentando um sistema de drenagens

permanentes.

Esta inferência da presença de dois aqüíferos se dá a partir da avaliação da rede de

drenagem com o posicionamento de nascentes, a composição litológica e pedológica, os

condicionantes estruturais e o posicionamento estratigráfico das unidades, apesar da ausência

de poços e de dados de subsuperfície.

5.6.5 Interferência antrópica

O Plano de Manejo (IEF-MG, 2007) destaca interferências antrópicas relacionadas às

unidades ecomorfológicas Manso, Custódio, Lavras Novas, Serrinha, Cachoeira do Bigode e

Pocinho.

a) Unidade Ecomorfológica Manso

A interferência ocorre devido à construção de três barramentos artificiais na região da

sede. Uma com a função de acumular água para o abastecimento da infra-estrutura do Parque

e outras duas utilizadas para recreação.

b) Unidade Ecomorfológica Custódio

A interferência ocorre através da construção da barragem do Custódio (Figura 11) para

represamento do córrego Prazeres. A jusante ocorre também uma captação, onde sua água é

praticamente toda desviada via canal para geração de energia elétrica (indústria de alumínio

Novelis, antiga Alcan).

Page 66: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

66

Figura 11 : Vista aérea da barragem do Custódio – Unidade Ecoimorfológica Custódio

(Fonte: Plano de Manejo, IEF-MG, 2007).

c) Unidade Ecomorfológica Lavras Novas

A unidade ecomorfológica Lavras Novas situa-se fora dos limites do Parque Estadual

do Itacolomi, porém, é fortemente afetada pela proximidade com a localidade de mesmo

nome, distrito de Ouro Preto.

Dois aspectos são relevantes nesta localidade sob a ótica de interferência antrópica.

O primeiro pela presença da indústria de alumínio Novelis que, além de sua atividade

propriamente dita, construiu um canal de captação de água do córrego Prazeres (Figura 12).

Page 67: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

67

Figura 12 - Detalhe do canal construído para captação de água do córrego Prazeres –

Unidade Ecoimorfológica Lavras Novas (Fonte: Plano de Manejo, IEF-MG, 2007).

O segundo pela crescente atividade de turismo nas duas últimas décadas, sobretudo

para jovens, cuja expansão se deu pela instalação de sítios e pousadas espalhadas pelos

arredores da vila ocupando as encostas dos morros de meta-quartzo-granitos procurando

locais de beleza cênica.

d) Interferência antrópica Serrinha

O Plano de Manejo destaca o fato de a unidade ecomorfológica Serrinha ser uma

unidade bastante afetada pela proximidade com o distrito de Passagem de Mariana, ocorrendo

freqüentes incursões não autorizadas na área do Parque, principalmente em sua área norte e

leste para retirada de madeira. Além do mais, quase em seu limite norte, há a captação de

água feita pele Prefeitura de Mariana com um agravante de não estar embasada em estudos

hidrológicos de séries históricas para determinação do Q7/10 (vazão de duração de 7 dias com

risco de 10 anos, indicando uma situação de estado mínimo), como determina a legislação

competente (Figura 13).

Page 68: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

68

Figura 13 - Detalhe do córrego Belchior após a captação na Unidade Ecomorfológica Serrinha (Fonte: Plano de Manejo, IEF-MG, 2007)

e) Unidade Ecomorfológica Cachoeira do Bigode

O Plano de Manejo (IEF-MG, 2007) destaca o fato de que ainda resta uma área de

cobertura arbórea apesar do fato de que a unidade venha sofrendo processo de ocupação.

f) Unidade Ecomorfológica Pocinho

Há dois agravantes relacionados a esta unidade. O primeiro pelo fato de toda a parte

noroeste ser urbanizada e a sua parte sul e sudeste, aquém do asfalto, vem sofrendo pressões

do processo de ocupação, com ruas e casas surgindo nos morros entre as nascentes ali

presentes (Figuras 14 e 15).

Page 69: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

69

Figura 14 - Urbanização crescente no limite do Parque, sítio Pocinho (Fonte: Plano de Manejo, IEF-MG, 2007).

Figura 15 - Sítio Pocinho, aspectos do crescimento da cidade de Ouro Preto próximo aos limites do Parque Estadual Itacolomi (Fonte: Plano de Manejo, IEF-MG, 2007).

Page 70: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

70

g) Considerações gerais

Os principais pontos negativos e pressões identificadas no entorno no Parque do

Itacolomi podem ser enumeradas em questões atuais e tendências que prometem ampliar a

pressão futura sobre o mesmo.

No que concerne às questões atuais há destaque para:

� Questão fundiária, dada pela falta de regularização da área do parque.

� Pressão urbana em boa parte do entorno, incluindo problemas de saneamento básico,

acúmulo de lixo, animais domésticos, entre outros.

� Coleta de orquídeas, roubo de candeia e outros recursos naturais, principalmente na

região da Serrinha, Santo Antônio do Salto e Lavras Novas.

� Incêndios causados pelas atividades de obtenção de lenha, em especial nas regiões de

Cabanas e Serrinha.

� Caça da paca (Cuniculus paca) e outros animais, nas regiões do Belém, Serrinha,

Cibrão, Belchior e Lavras Novas.

� Soltura de animais domésticos para pastagem na área do Parque.

� Desmatamento e plantio de eucalipto próximo a nascentes na região do Belém, que

abastece Mariana e Passagem de Mariana.

� Turismo sem controle no interior do parque, dado pelas trilhas não oficiais que sobem

até o Pico do Itacolomi e outros atrativos.

� Ocorrência de diversas modalidades de violência, como assaltos, seqüestros,

prostituição, tráfico e uso de drogas, tendo sido citadas a região da Serrinha, do Cibrão

e do Pico do Itacolomi. Como antes relatado, a insegurança tem afastado a

comunidade do próprio PEIT.

� Estradas do entorno do parque em condições precárias, dificultando a própria

fiscalização da área.

Page 71: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

71

� Falta de fiscalização/atuação da polícia ambiental, segundo entrevistados.

� Presença de diversas atividades econômicas impactantes, como mineração,

carvoarias, indústrias com poluição atmosférica etc.

� Presença de trilhas de moto entre o Rio Gualaxo e a represa do Custodio.

� Ausência de integração, parcerias e relacionamento parque – comunidades – poder

público.

Dentre as tendências que prometem ampliar a pressão futura sobre o PEIT destacam-

se:

� Desemprego e aumento da violência, processos que vem se apresentando como

tendências em todo o país e também na região.

� Aumento do fluxo de visitantes nos municípios e mesmo no PEIT, com sua

consolidação e conhecimento pela população.

� Aumento da demanda por lazer, considerando que a população dos dois municípios

tem perfil mais jovem que a média mineira.

5.6.6 Estudo da flora

O Parque Estadual do Itacolomi está situado no extremo oeste dos domínios da Mata

Atlântica e o Cerrado, exibindo gradual zona de transição ou ecótenes, também com

biodiversidade característica. Conforme descrição do Plano de Manejo (IEF-MG, 2007) há

dois tipos fitofisionômicos no PEIT: o campestre e o florestal. As porções florestais são

caracterizadas como Floresta Estacional Semidecidual Montana, e as porções campestres

constituem os Campos Rupestres (Figuras 16A e B). Entretanto, outras áreas estão

degradadas, constituindo os candeiais (Figura 16C), onde domina Eremanthus erythropappus

e os eucaliptais (Eucalyptus sp.) (Figura 16D).

Page 72: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

72

Figura 16 – Tipos fitofisionômicos observados no Parque Estadual do Itacolomi. A – Floresta Estacional Semidecidual Montana; B – Campo Rupestre; C – Candeial e; D – Eucaliptal (Fonte: Plano de Manejo, IEF-MG, 2007).

Foi identificado nas áreas do PEIT um total de 661 espécies de plantas vasculares

reunidas em 114 famílias diferentes. Deste total, 16 espécies estão em alguma categoria de

ameaça e dez são endêmicas do Parque, do Espinhaço e, ou, de Minas Gerais. Estas espécies,

juntamente com as identificadas pelos outros grupos temáticos, foram incluídas na discussão

do estado de conservação do PEIT (Tabela A –Apêndice 2).

Como o Parque Estadual do Itacolomi abriga diversas nascentes, a preservação destes

ambientes é fundamental para a manutenção da flora existente. Inclusive, algumas manchas

florestais se encontram bem preservadas contendo diversas espécies importantes da flora

brasileira, muitas delas listadas como espécies ameaçadas de extinção como a Braúna

(Melanoxylon brauna) e o Samambaiaçu (Diksonia sellowiana) (Figura 17).

B A

C D

Page 73: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

73

Figura 17 - Samambaiaçu: Dicksonia sellowiana, espécie ameaçada de extinção (Fonte: Plano de Manejo, IEF-MG, 2007).

Por outro lado, algumas outras áreas mostram-se degradadas, constituindo os candeiais,

inclusive mostrando dispersão natural para outras áreas circunvizinhas.

No que diz respeito às espécies endêmicas, raras, ameaçadas e de especial interesse,

figurantes na lista de espécies ameaçadas de extinção de Minas Gerais (COPAM, 1997) e do

Brasil (IBAMA, 1989) encontram-se relacionadas na Tabela B (Apêndice 3).

A espécie exótica e invasora de maior importância é o eucalipto (Eucalyptus). O Plano

de manejo relata que esta espécie continua se propagando para diversas áreas adjacentes, pela

dispersão natural de sementes. A principal área de ocorrência é no Sítio III – Custódio,

provocando diversos tipos de impactos a este ambiente, principalmente competindo com

outras espécies nativas.

Outras espécies exóticas e invasoras, segundo o Plano de Manejo (IEF-MG, 2007):

� Mariazinha-do-brejo (Hedychium coronarium), comum em áreas alagadas no Sítio Manso,

Custódio, Serrinha).

Page 74: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

74

� Capim-gordura (Melinis minutiflora) presente nos sítios Manso, Custódio, Serrinha,

Pocinho, Mainart e Itacolomi.

� Chá-preto (Camellia sinensis) ocorrendo nos sítios Manso, Custódio e Serrinha.

� Ao redor da Fazenda do Manso há diversas plantas exóticas cultivadas como ornamentais

e frutíferas, mas que não parecem ser impactantes ao ambiente, não tendo sido dispersadas

para outras áreas adjacentes. Por exemplo: Diospyros kaki (caqui), hortênsia (Hydrangea

sp.), azaléia (Rhododendron indicum), dentre outras.

� Estrela-de-fogo (Crocosmia crocosmiflora), que é uma espécie africana introduzida como

ornamental, foi coletada em diferentes sítios em áreas de campos rupestres.

� Algumas espécies nativas invasoras ocorrem em áreas degradadas como Baccharis

pseudomyriocephala, alecrim-do-campo (B. dracunculifolia), carurú-de-pomba

(Phytolacca thyrsiflora) O Broto-de-samambaia (Pteridium aquilinum), ocorre

praticamente em todos os sítios (Manso, Custódio, Serrinha, Pocinho) muitas vezes

dominando áreas após queimadas.

O fogo tem se mostrado como um dos principais impactos aos ambientes do Parque,

sendo muito freqüente e causando impactos muitas vezes irreversíveis. Muitas espécies já

foram extintas da área do PEIT, após as queimadas, ou se encontram com populações

extremamente reduzidas.

5.6.7 Estudo da fauna

O estudo da fauna está subdividido em dois grupos: pequenos, médios e grandes

mamíferos; anfíbios e répteis

a. Pequenos, médios e grandes mamíferos

Os resultados apresentados pelo Plano de Manejo (IEF-MG, 2007) estão baseados na

metodologia de Avaliação Ecológica Rápida (AER). Trata-se se metodologia de levantamento

de informações que permite a coleta de dados de uma forma seqüencial para facilitar a tomada

de decisões.

A área do Parque foi dividida em oito sítios de amostragem: Manso (I), Itacolomi (II),

Custódio (III), Serrinha (IV), Mainart (V), Lavras (VI), Cachoeira do Bigode (VII) e Pocinho

Page 75: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

75

(VIII). No entanto, os cinco primeiros sítios citados acima correspondem à área total do

Parque e os sítios VI, VII e VIII estão classificados como zonas de amortecimento, situadas,

portanto, no entorno imediato do parque. Somente os sítios situados no interior da unidade

foram contemplados no presente estudo e representados abaixo (Figura 18 e Figura 19).

Figura 18 - Mapa evidenciando as áreas de coleta de dados sobre a mastofauna dentro do Parque Estadual do Itacolomi (Fonte: Plano de Manejo, IEF-MG, 2007)

Page 76: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

76

Figura 19 – Vista aérea dos sítios que compõem o Parque Estadual Itacolomi (Fonte: Plano de Manejo, IEF-MG, 2007).

De acordo com o Plano de Manejo (IEF-MG, 2007), utilizou-se mais de um método de

captura, procurando amostrar áreas com diferentes características fitofisionômicas, porém,

representativas dos sítios definidos pela equipe do meio biótico. Houve também uma

preocupação em diversificar os tipos de ambientes para que tivéssemos uma melhor avaliação

das áreas do parque por se tratar de uma Avaliação Ecológica Rápida.

As espécies de pequenos mamíferos não voadores identificadas no Parque Estadual do

Itacolomi estão destacadas na Tabela C (Apêndice 4).

No que concerne aos mamíferos de médio e grande porte, a amostragem foi feita

através de metodologias complementares, onde se priorizou a confirmação da presença de

espécies endêmicas e ameaçadas.

As espécies de mamíferos de médio e grande porte identificadas bem como as espécies

ameaçadas de extinção no Parque Estadual do Itacolomi estão destacadas nas Tabelas D

(Apêndice 5) e E (Apêndice 6) respectivamente.

Lagoa do Custódio

Mainarte

MARIANA

OURO PRETO

Manso

Vale do Custódio

Belchior Serrinha

Page 77: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

77

b. Anfíbios e répteis

Anfíbios e répteis apresentam características morfológicas e biológicas distintas e,

atualmente, classificadas em táxons próprios: Amphibia e Reptila. Os aspectos comuns entre

esses dois grupos são exclusivamente decorrentes do fato de dependerem do ambiente para a

regulação de sua temperatura corpórea.

O termo Amphibia engloba as cobras-cegas, ou cecílias, e as salamandras e tritões,

sendo os anuros os mais conhecidos, ou seja, os sapos, pererecas e rãs.

O Plano de Manejo (IEF-MG, 2006) destaca o fato da região de Ouro Preto, onde se

insere o Parque Estadual do Itacolomi, localizado ao sul da Cadeia do Espinhaço, ter sido

considerada por Costa et al. (1998) como “Área de Importância Biológica Extrema” e, mais

recentemente, em trabalho realisado por Drumond et al. (2005), a importância dessa área foi

levada para a categoria “especial” para a conservação de anfíbios e répteis. Além do mais a

região encontra-se inserida em uma área de transição entre dois biomas, os “Domínios da

Mata Atlântica e dos Cerrados” (Ab´SABER, 1997), os quais estão enquadrados como dois

únicos “Hotspots” brasileiros (MYERS et al., 2000), ou seja, ambos biomas constituindo

prioridades mundiais em termos de conservação.

As metodologias para a análise da fauna de anfíbios e répteis empregadas no Plano de

Manejo foram: observação ou procura direta e armadilhas de interceptação e queda.

As armadilhas de intercepção e queda foram instaladas em quatro localidades no

Parque, visando amostrar áreas de matas próximas a cursos de água em sítios pré-

estabelecidos: rio Mainart, Belchior, Represa de Custódio e Fazenda Manso.

As espécies de anfíbios e répteis registradas nos sítios de amostragem estão listadas na

Tabela F (Apêndice 7).

Page 78: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

78

6 METODOLOGIA

6.1 DEFINIÇÃO DO MÉTODO DE VALORAÇÃO AMBIENTAL

O método de valoração econômica identificado para o corrente trabalho de valoração

ambiental do Parque Estadual do Itacolomi é o método valoração contingente (MVC). Esta

escolha se justifica pelo fato da pesquisa em epígrafe abordar áreas naturais e atividades de

turismo e, conseqüentemente, tratar variáveis intangíveis e subjetivas, além de mesclar ações

antrópicas e meio ambiente.

Como os recursos naturais não têm preço no mercado, em especial os recursos de uso

coletivo, a valoração contingente tem o objetivo de captar, de forma direta, por meio de

preferências dos usuários desses recursos, o valor dos benefícios por eles auferidos,

perguntando-lhes quanto estariam dispostos a pagar, por exemplo, para preservar um local de

recreação. Dessa maneira, pode ser empregado em variadas circunstâncias de um problema

ambiental, tais como a avaliação de um programa de governo, estimação dos benefícios de um

projeto e todos os contextos de avaliação de políticas ambientais (MOTA, 2001).

Mota (2001) cita Pearce e Turner (1990) ao afirmar que o MVC consiste em se estimar

o valor da disposição a pagar dos usuários de recursos por meio de surveys ou observações

cuidadosas, em que as pessoas revelam suas preferências pelo recurso natural, construindo,

assim, um mercado hipotético para o bem/serviço ambiental. A mensuração dos benefícios

proporcionados por esses recursos é captada por meio de entrevistas a pessoas, considerando

uma ou mais situações hipotéticas. A primeira na sua disposição a pagar (DaP) para assegurar

um benefício, a segunda na disposição a aceitar a abrir mão de um benefício, a terceira na

disposição a pagar para evitar a perda e a quarta na disposição a aceitar uma perda.

Para o projeto de pesquisa em questão no Parque Estadual do Itacolomi considerou-se

como o indicador a disposição a pagar para assegurar um benefício (DaP).

Mota (2001) afirma que o MVC está alicerçado na teoria neoclássica e do bem-estar e

parte do princípio de que o indivíduo é racional no processo de escolha, maximizando sua

satisfação, dados o preço do recurso natural e a sua restrição orçamentária, sendo, portanto,

função de fatores socioeconômicos.

Page 79: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

79

A metodologia teve como base dois estudos de casos sobre valoração de Unidades de

Conservação no Brasil: o Parque Nacional da Lagoa do Peixe – RS (BRAGA et al., 2003) e o

Parque Estadual do Rio Doce – MG (MIKHAILOVA e BARBOSA, 2004). Estes dois casos

serão considerados oportunamente a partir dos resultados obtidos acerca da caracterização

socioeconômica do visitante e o valor ambiental da área que abrange o Parque Estadual do

Itacolomi.

No que tange à equação utilizada na aplicação do método de valoração contingente,

esta foi embasada na metodologia empregada no estudo do Parque Nacional da Lagoa do

Peixe, por se tratar de uma equação genérica descrita por Finco (2001) apud Braga et al.

(2003).

Já a descrição do cenário, que contém os bens ou recursos ambientais, e que estão

presentes no questionário, bem como a elaboração do questionário aplicado aos visitantes ao

Parque do Itacolomi, foram embasadas nas pesquisas aplicadas de valoração do Parque

Estadual do Rio Doce.

6.2 ETAPAS DE APLICAÇÃO DO MÉTODO DE VALORAÇÃO

CONTINGENTE

A aplicação do MVC no Parque Estadual do Itacolomi obedeceu às seguintes fases:

Fase 1. Desenvolvimento de equação específica

Equação utilizada na metodologia de aplicação do método de valoração contingente no

Parque Nacional da Lagoa do Peixe, RS (FINCO, 2001 apud BRAGA et al., 2003), descrita

abaixo:

Na qual:

DaPM= disposição a pagar média;

DaPM = [i=1∑y DaP (ni/N)] (X)

Page 80: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

80

DaP= disposição a pagar;

ni = número de entrevistados dispostos a pagar;

N = número total de pessoas entrevistadas;

y = número de intervalos relativo às respostas quanto a DaP;

i = um dos intervalos relativos às respostas quanto a DaP;

X= número estimado de pessoas que freqüentam o local, durante o período de 12 meses

Fase 2. Cálculo da amostra

A pesquisa foi realizada a partir de uma amostra aleatória simples, que se configura

pelo fato de cada subconjunto da população com o mesmo número de elementos ter igual

probabilidade de ser incluído na amostra.

Para esse tipo de amostragem, tem-se que o valor da amostra (n) pode ser encontrado

da seguinte forma:

222/

22/

)(

)(

εα

α

Nsz

szNn

+= , em que:

estimaçãodeerrooé

padrãodesviooés

confiançadeacríticovaloroéz

populaçãodatamanhooéN

ε

αα )%1(2/ −

Neste trabalho, considerou-se o número total de visitantes ao Parque no período de

abril de 2006 a março de 2007 foi de 3.119, conforme relatório da Fundação Educativa de

Ouro Preto - FEOP (Tabela 1), órgão responsável pelo controle e credenciamento dos

visitantes.

Page 81: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

81

Tabela 1 - Controle de visitantes ao Parque Estadual Itacolomi

Mês Ano Visitantes

Abril 2006 407

Maio 2006 213

Junho 2006 243

Julho 2006 436

Agosto 2006 422

Setembro 2006 263

Outubro 2006 318

Novembro 2006 381

Dezembro 2006 37

Subtotal 2720

Janeiro 2007 83

Fevereiro 2007 148

Março 2007 168

Subtotal 399

Total acumulado 12 meses 3119

Período: Abril de 2006 a Março de 2007

Fonte: Fundação Educativa de Ouro Preto - FEOP

Como não se conhecia a variância populacional e não havia nenhum estimador para a

mesma, considerou-se a variância máxima, definida por:

25,05,05,02 =×== pqs , em que:

p = proporção de pessoas que teriam Disposição a Pagar pela Preservação Ambiental do

Parque

q = proporção de pessoas que não teriam Disposição a Pagar pela Preservação Ambiental

Uma vez que as amostras nos dois estudos de casos refrências a esta pesquisa, o

Parque Nacional da Lagoa do Peixe – RS (PNLP) e o Parque Estadual do Rio Doce - MG

(PERD) foram de 130 e 93 indivíduos, respectivamente, optou-se por tratar uma amostra

similar ao estudo do PEIT.

O PERD, por exemplo, tem um fluxo anual de turistas acima de 20 mil pessoas e o

fato de considerar uma amostra de 93 pessoas obteve-se um erro amostral de 10,8% com 95%

de nível de confiança (MIKHAILOVA e BARBOSA, 2004).

Page 82: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

82

No caso de se optar por um mesmo erro amostral considerado no estudo do PERD, ou

seja, de 10,8%, com 95% de nível de confiança, a amostra para esta pesquisa do PEIT seria de

80 pessoas, conforme cálculo abaixo:

80108,03119)5,096,1(

)5,096,1(311922

2

=×+×

×=n

No entanto, optou-se por um erro amostral de 8%, ou seja, inferior ao utilizado no

PERD, mantendo-se um nível de confiança de 95%, o que resultou em uma amostra de 143

indivíduos, quantidade esta próxima à utilizada no PLNP, conforme cálculo abaixo:

14308,03119)5,096,1(

)5,096,1(311922

2

=×+×

×=n

Logo, a amostra foi superior a 3% do total do número de visitantes ao Parque no

período de 12 meses consecutivos, abril de 2006 a março de 2007, e optou-se ainda, como

aplicados ao PNLP e ao PERD, por entrevistar pessoas acima de 18 anos, pois visitantes com

idade inferior geralmente não possuem renda e incluí-los na amostra poderia enviesar os

resultados.

Fase 3. Elaboração e aplicação do questionário

Foram aplicados questionários no período de 3 de agosto a 1º. de setembro de 2007 no

intuito de obter valores relativos a disposição a pagar (DaP) pelo uso e preservação do PEIT.

Os questionários foram todos aplicados por um único entrevistador (o próprio autor desta

pesquisa). O modelo e o conteúdo do questionário aplicado aos visitantes do PEIT são

similares ao aplicado ao PERD (Apêndice 1).

A razão pela qual a aplicação dos questionários ocorreu nos finais de semana se deve

ao fato das visitas ocorrerem, de maneira geral, em grupos pré-agendados de visitantes nestes

períodos e sendo a maior parte deles vinculados à atividade acadêmica.

Os três ítens básicos considerados na pesquisa onde é utilizado o MVC e considerados

na elaboração do questionário foram embasados nos conceitos descritos por BRAGA et al.,

2003:

Page 83: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

83

a) A descrição hipotética (cenário) que contém os bens ou recursos ambientais e

presentes no questionário. Estão incluídas informações gerais do serviço disponível,

como as pessoas que responderão o questionário irão assimilar a idéia de pagar pelo

serviço e a quantidade do serviço ambiental propriamente dito.

Portanto, foram inseridas no questionário informações pertinentes aos recursos

ambientais presentes no Parque Estadual do Itacolomi, porém, de forma sintética, para

facilitar a leitura e entendimento por parte das pessoas entrevistadas, da seguinte

forma:

O Parque Estadual do Itacolomi foi criado em 14 de junho de 1967, pela Lei nº 4.495, ocupa uma área de 7.543 hectares de belezas naturais e abrange a maior parte da Serra do Itacolomi. O Pico do Itacolomi, o ponto mais elevado do Parque, com 1772m, destaca-se como ponto de referência. O patrimônio natural, com grande diversidade biológica é composto por campos de altitude, afloramentos rochosos nas partes mais altas da serra, onde predominam as gramíneas, sempre-vivas, orquídeas e canela-de-ema. A fauna do Parque é diversificada, podendo ser encontrados mamíferos, répteis, anfíbios e aves das mais variadas espécies, algumas ameaçadas de extinção como a lontra, a onça parda, a jaguatirica, o lobo-guará, o sauá e aves como pavó e o jacuaçu. Entre os monumentos históricos destacam-se a Fazenda São José do Manso, onde se localiza a Casa Bandeirista (restaurada através do convênio celebrado entre o IEPHA e o IEF), a Fazenda do Cibrão e as ruínas da Casa de Pedra, na Chácara do Cintra.

b) Os indivíduos são questionados a determinar quanto eles poderiam valorar um bem ou

serviço se confrontados com a oportunidade de obter um ganho abaixo do esperado em

condições específicas. O formato do questionamento aos entrevistados do Parque

Estadual do Itacolomi obedeceu ao seguinte padrão:

Sabendo que os sistemas ecológicos do Parque prestam os serviços importantes para sustentação da vida no nosso planeta (inclusive a preservação da biodiversidade e a regulação do clima global), você estaria disposto a pagar pela preservação ambiental do Parque através de um programa especial? Esse valor seria pago anualmente a uma Associação da preservação ambiental do Parque Estadual do Itacolomi.

Se a sua resposta é “SIM”, a Disposição a Pagar, uma vez ao ano, poderia ser:

Em Reais (R$):

2,00 7,00 3,00 5,00 10,00 9,00 8,00 1,00 4,00 6,00

Se a sua resposta é “NÃO”, por quê? ( ) motivos econômicos ( ) não vejo a necessidade

( ) não tenho interesse ( ) não entendo o problema

Page 84: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

84

( ) não acredito que um programa da preservação ambiental do Parque Estadual do Itacolomi vá funcionar ( ) acho que preservação ambiental é competência do governo

Se o Parque Estadual do Itacolomi fosse completamente fechado para visitas, você poderia indicar qual outro lugar que substituísse os serviços ecológicos do Parque e que fosse disponível para seu acesso?

c) A validade da pesquisa é testada relacionando as disposições a pagar com as

características sócio-econômicas dos indivíduos. As questões aplicadas aos

entrevistados do Parque relativas ao perfil sócio-econômico seguiram a seqüência e

formato abaixo relacionados, lembrando que, ao responder sobre as espécies

conhecidas de fauna e flora, os entrevistados tinham a opção de consultar a lista de

espécies anexa ao questionário.

• Identificação Controle: Cidade ( ) Turista ( ) no.____

Escolaridade: ______________________________________________ Faixa etária:________________________________________________ Profissão: _________________________________________________ Ocupação: ________________________________________________

• Freqüência aproximada de visitas ao Parque Estadual do Itacolomi:

( ) a minha primeira visita ao Parque ( ) quase todo fim de semana ( ) 1-2 vezes por ano ( ) outras respostas____________________________________

• Local de origem: _____________________________________

• Distância aproximada do Parque: ________________________

• Você conhece alguma espécie da fauna e flora do Parque: ( ) Sim ( ) Não

• Caso afirmativo, quantas espécies da fauna e flora do Parque você conhece?

( ) 0-10 ( ) 11-20 ( ) 21-30 ( ) mais de 30

Obs.: vide relações anexas de fauna e flora do Parque.

• Você acha que o Parque tem uma diversidade biológica:

( ) Baixa ( ) Média ( ) Alta

• Quando você está no Parque, qual é a sua sensação?

Page 85: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

85

( ) Tranqüilidade ( ) Paz ( ) Prazer ( ) Inquietação ( ) Medo

Outros: ____________________________ • Qual é a renda mensal aproximada per capita (por pessoa) da sua família?

( ) até 2 salários mínimos ( ) 2-3 salários mínimos ( ) 3-5 salários mínimos ( ) 5-7 salários mínimos ( ) 7-10 salários mínimos ( ) acima de 10 salários mínimos

Fase 4. Tabulação, cálculo e discussão

De posse dos dados, as análises foram realizadas nos softwares SPSS 11.0 for

Windows, MINITAB 14 e Excel, utilizando técnicas gráficas para descrição e comparação

entre as variáveis, gerando três principais grupos de informações.

No primeiro, caracterização do entrevistado no Parque, foram gerados os gráficos que

contêm os resultados obtidos na amostra, através da estatística exploratória.

No segundo, cruzamento de variáveis, foram construídas tabelas de contingência ou

tabela de freqüência de dupla entrada, que é uma tabela em que as freqüências correspondem

a duas variáveis (uma é representada na linha e outra na coluna).

No terceiro, teste para verificar a associação de variáveis, foram realizados testes de

independência, que avalia a hipótese nula de que a variável linha e a variável coluna em uma

tabela de contingência não estão relacionadas, isto é, são independentes. De outra maneira,

tem-se as seguintes hipóteses a serem testadas:

H0: Não existe uma relação de dependência entre as variáveis

H1: Existe uma relação de dependência entre as variáveis

O teste mais comum para verificar essas hipóteses é o teste Qui-Quadrado (χ2), que

possui a seguinte estatística:

( )∑

−=E

EO 22χ

onde:

)(

))((

geraltotal

colunasdetotallinhasdetotalesperadafreqüênciaE

observadafreqüênciaO

==

=

Page 86: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

86

Entre os requisitos para a realização desse teste encontram-se os seguintes: os dados

amostrais devem ser selecionados aleatoriamente e a freqüência esperada para cada célula na

tabela de contingência deve ser no mínimo 5. Como essa suposição foi violada com os dados

desse trabalho, ou seja, a freqüência esperada para algumas células nas tabelas de

contingência foi menor que 5, buscou-se um teste alternativo a esse, o teste Exato de Fisher.

Este teste foi aplicado com base nas hipóteses Ho e H1 supramencionadas. A aplicação do

teste requer o emprego de tabelas 2 x 2, ou seja, para variáveis que possuem apenas duas

respostas. Por isso, recodificaram-se os dados de maneira a agrupar algumas variáveis em

duas categorias, como mostrado no teste para verificar a associação de variáveis.

A conclusão do teste Exato de Fisher foi realizada baseando-se no P-valor, que é a

probabilidade de obter um valor da estatística amostral de teste no mínimo tão extremo como

o que resulta dos dados amostrais, na suposição de a hipótese nula ser verdadeira. Portanto, se

esse valor for superior ao nível de significância adotado, não se deve rejeitar a hipótese nula.

Neste trabalho, optou-se por adotar um nível de significância de 5%.

Page 87: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

87

7 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Embora a amostra de entrevistados tenha sido originalmente calculada em 143

visitantes ao Parque, conforme caracterizado no item 6.2, foram aplicados 137 questionários o

que representou um erro amostral de 8,2%, mantendo-se um nível de confiança de 95%.

Porém, observou-se, uma vez aplicados os questionários, que dentro dos 137 questionários

aplicados, 23 deles foram relativos a indivíduos que exercem atividades direta e indiretamente

relacionadas à gestão do Parque. Por esta razão, optou-se por caracterizar o grupo de 114

indivíduos entrevistados, ou seja, excluindo-se as pessoas com qualquer vínculo direto ou

indireto que pudessem interferir nos resultados.

Os indivíduos que exercem atividades direta e indiretamente relacionadas à gestão do

Parque caracterizam-se por 9 monitores ambientais, 1 gerente da unidade, 1 analista

ambiental, 1 secretária, 2 vigias, 1 motorista, 1 porteiro, 7 auxiliares de serviços gerais.

Ressalta-se, todavia, que, ao aplicar os questionários, a ênfase dada pelo aplicador foi

à percepção do entrevistado como usuário dos serviços ambientais do Parque,

independentemente de ter vínculo ou não com a instituição.

Uma vez que a amostra mínima deveria ser superior a 94 indivíduos, ou seja, 3% do

total de 3.119 visitantes no período de 12 meses, o fato de considerar 114 indivíduos não

comprometeu a consistência metodológica da análise.

A amostra sem os indivíduos que exercem atividades direta e indiretamente

relacionadas à gestão do Parque, de 114 indivíduos, foi obtida da fórmula citada

anteriormente no item 6.2, mas caracterizada novamente para facilitar o entendimento do

cálculo de confiabilidade e confiança desta amostra revisada:

222/

22/

)(

)(

εα

α

Nsz

szNn

+= , em que:

estimaçãodeerrooé

padrãodesviooés

confiançadeacríticovaloroéz

populaçãodatamanhooéN

ε

αα )%1(2/ −

Page 88: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

88

11409,03119)5,096,1(

)5,096,1(311922

2

=×+×

×=n

Portanto, pode-se observar que a única diferença considerando a amostra total e a

amostra sem os funcionários entrevistados, foi a de que o erro de estimação passou de 8,2%

para 9%, o que não compromete a confiabilidade da amostra. Todos os demais valores foram

mantidos, inclusive o nível de confiança de 95%.

Cada um dos dois grupos de dados está composto de três subseções descritas a seguir.

A primeira é relativa à caracterização do entrevistado no Parque. A segunda subseção

é relativa ao cruzamento de variáveis e estão representadas tabelas de contingência, cujo

objetivo principal é verificar, por meio de cruzamento de variáveis, a possibilidade de haver

alguma relação significativa entre elas. Já a terceira e última subseção é relativa ao teste para

verificar associações entre variáveis.

7.1 CARACTERIZAÇÃO DO ENTREVISTADO NO PARQUE ESTADU AL DO

ITACOLOMI

Nesta subseção são apresentadas as estatísticas descritivas da amostra, excluindo os

entrevistados que possuíam algum vínculo de trabalho com o Parque Itacolomi.

Os parâmetros sócio-econômicos analisados são:

� Faixa etária, escolaridade, ocupação e renda dos visitantes ao Parque

� Freqüência de visitação ao Parque

� Local de origem e distância ao Parque Itacolomi

� Conhecimento sobre a fauna e flora do Parque Itacolomi e sobre a diversidade

biológica do local

� Sensação experimentada ao estar no Parque Itacolomi

� Disposição a pagar (DaP) pela preservação ambiental do Parque Itacolomi e

motivo da não DaP

Page 89: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

89

� Indicação do local substituto aos serviços do Parque Itacolomi

7.1.2 Faixa etária, Escolaridade, Ocupação e Renda dos Visitantes ao Parque

Conforme Figura 20, a maioria dos visitantes do Parque Itacolomi (59,7%) é jovem,

com idade variando entre 18 e 25 anos.

59,7%

14,9% 14,0%

2,6%

8,8%

0,0%

10,0%

20,0%

30,0%

40,0%

50,0%

60,0%

18 a 25 anos 26 a 33 anos 34 a 40 anos 41 a 47 anos Acima de 47anos

Figura 20 - Faixa etária dos visitantes do Parque Itacolomi

Ao analisar os resultados acima, percebe-se que o público preponderante presente ao

Parque, de aproximadamente 60% do total de visitantes e de faixa etária de 18 a 25 anos, faz

parte também dos grupos residentes de maior expressão na região, conforme a distribuição de

Faixa etária da população residente nos municípios da área de influência do PEIT relatada

anteriormente no item 5.1.5.1 (Figura 8). O Quadro 1 ilustra a população residente, por grupos

de idade na região do Parque, notando-se que o grupo de faixa etária de 10 a 29 anos, o qual

se encaixa ao resultado em discussão, representa 38,7% do total.

Page 90: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

90

QUADRO 1

População residente, por grupos de idade, segundo o s Municípios 2000

Municípios

População residente

Total

Grupos de Idade

0 a 4 anos

5 a 9 anos

10 a 19 anos

20 a 29 anos

30 a 39 anos

40 a 49 anos

50 a 59 anos

60 anos ou mais

Minas Gerais...... 17 891 494 9,0 9,4 20,4 17,4 15,2 11,9 7,6 9,1

Mariana....................................... 46 710 9,9 10,2 22,0 17,7 15,3 11,1 6,7 7,1

Ouro Preto................................. 66 277 9,1 9,3 20,1 17,9 15,5 12,0 7,5 8,6

Total da região PEIT.............. 112 987 9,4 9,7 20,9 17,8 15,5 11,6 7,2 8,0 Fonte: IBGE, Censo Demográfico 2000 (Plano de Manejo, 2007).

Complementar à consideração anterior, é importante ressaltar que a população

residente na região do Parque é, quanto à situação do domicílio, aproximadamente 84%

urbana (quadro 2), onde, também, o Parque está localizado.

QUADRO 2

População residente, por sexo e situação do domicíl io, segundo os Municípios - Minas Gerais

2000

Municípios

População residente, sexo e situação do domicílio

Total Homens % Mulheres % Urbana % Rural %

Minas Gerais 17 891 494 8 851 587 49,5 9 039 907 50,5 14 671 828 82,0 3 219 666 18,0

Mariana 46 710 22 818 48,9 23 892 51,1 38 679 82,8 8 031 17,2

Ouro Preto 66 277 32 566 49,1 33 711 50,9 56 292 84,9 9 985 15,1

Total da região PEIT 112 987 55 384 49,0 57 603 51,0 94 971 84,1 18 016 15,9 Fonte: IBGE, Censo Demográfico 2000 (Plano de Manejo, 2007)

No que tange à escolaridade, constata-se que aproximadamente 60% deles têm o 3º

grau incompleto, o que provavelmente está vinculado ao fato de grande parte deles serem

jovens e estudantes (Figura 21).

Page 91: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

91

1,8%2,6%

1,8%

8,8%

1,8%

60,5%

18,4%

4,4%

0,0%

10,0%

20,0%

30,0%

40,0%

50,0%

60,0%

1º grau incompleto

1º grau completo

2º grau incompleto

2º grau completo

Técnico 3º grau incompleto

3º grau completo

Especialização/Mestrado

Figura 21 - Escolaridade dos visitantes do Parque Itacolomi

Mais da metade dos visitantes do Parque Itacolomi é composta de estudantes (Figura

22), o que confirma o resultado do gráfico anterior, que registra que a maior parte dos

visitantes ainda não concluiu a graduação. A segunda ocupação mais comum no local são os

professores. Pode-se constatar que a área da educação é a que está mais vinculada à visitação

ao Parque e ocorre por meio de visitas organizadas.

Page 92: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

92

59,6%

14,9%

0,9% 0,9%

23,7%

0,0%

10,0%

20,0%

30,0%

40,0%

50,0%

60,0%

Estudante Professor/Educador

Aux. de Serviços

Gerais

Vigia Outros

Figura 22 - Ocupação dos visitantes ao Parque Itacolomi

A área da educação, por sua vez, tem relevância na região uma vez que os dois

municípios do entorno do Parque têm melhor desempenho que o estado no IDH Educação,

onde se situam no patamar de alto desenvolvimento humano. Por outro lado, apresentam

piores condições no que é relativo à longevidade e, principalmente, à renda.

Este dado sugere consequentemente, destaque à área de educação por parte do órgão

gestor do Parque, o Instituto Estadual de Florestas.

O Quadro 3 traz os dados relativos ao IDH – Índice de Desenvolvimento Humano,

para municípios de Mariana e Ouro Preto.

QUADRO 3

Índice de Desenvolvimento Humano – Municipal, Munic ípios da Região PEIT, 1991 e 2000.

Município IDHM, 1991 IDHM, 2000 IDHM-Renda, 1991

IDHM-Renda, 2000

IDHM-Longevidade,

1991

IDHM-Longevidade,

2000

IDHM-Educação,

1991

IDHM-Educação,

2000

Minas Gerais 0,697 0,773 0,652 0,711 0,689 0,759 0,751 0,850

Mariana 0,708 0,772 0,629 0,67 0,722 0,757 0,773 0,89

Ouro Preto 0,708 0,787 0,637 0,697 0,654 0,754 0,832 0,911 Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil (Plano de Majo, IEF-MG, 2007)

Page 93: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

93

Ao analisar a situação da região do PEIT, vê-se que entre 1991 e 2000 todas as

unidades territoriais apresentaram evolução em seu IDH, chegando ao último ano citado em

patamares de médio desenvolvimento humano.

O Quadro 4 aporta informações a respeito dos estabelecimentos de ensino

encontrados na região do PEIT, segundo dados do Censo Educacional 2004 (Plano de

Manejo, IEF-MG, 2007).

Na área da educação, foram encontrados 73 estabelecimentos que ministravam a

educação infantil e 90 escolas de ensino fundamental, em sua maioria da rede municipal. O

ensino médio tem predominância no estado de Minas Gerais e contava com 18 escolas na

região em 2004. O nível superior era dado, àquela época, por apenas uma escola federal: a

UFOP.

QUADRO 4

Informações educacionais - municípios da região do PEIT, 2004.

Variável Mariana Ouro Preto Total região PEIT

Escolas - Ensino fundamental - 2004 (1) 42 48 90

Escolas - Ensino fundamental - escola pública estadual - 2004 (1) 10 8 18

Escolas - Ensino fundamental - escola pública federal - 2004 (1) 0 0 0

Escolas - Ensino fundamental - escola pública municipal - 2004 (1) 29 35 64

Escolas - Ensino fundamental - escola privada - 2004 (1) 3 5 8

Escolas - Ensino médio - 2004 (1) 9 9 18

Escolas - Ensino médio - escola pública estadual - 2004 (1) 4 6 10

Escolas - Ensino médio - escola pública federal - 2004 (1) 0 1 1

Escolas - Ensino médio - escola pública municipal - 2004 (1) 3 0 3

Escolas - Ensino médio - escola privada - 2004 (1) 2 2 4

Escolas - Ensino pré-escolar - 2004 (1) 38 35 73

Escolas - Ensino pré-escolar - escola pública estadual - 2004 (1) 3 2 5

Escolas - Ensino pré-escolar - escola pública federal - 2004 (1) 0 0 0

Escolas - Ensino pré-escolar - escola pública municipal - 2004 (1) 28 25 53

Escolas - Ensino pré-escolar - escola privada - 2004 (1) 7 8 15

Escolas - Ensino superior - 2003 (2) 0 1 1

Escolas - Ensino superior - escola pública estadual - 2003 (2) 0 0 0

Escolas - Ensino superior - escola pública federal - 2003 (2) 0 1 1

Escolas - Ensino superior - escola pública municipal - 2003 (2) 0 0 0

Escolas - Ensino superior - escola privada - 2003 (2) 0 0 0 Fonte: Ministério da Educação, Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais - INEP , (1) Censo Educacional 2004 (2) Censo da Educação Superior 2003

NOTA 1: Atribui-se zeros aos valores dos municípios onde não há ocorrência da variável

Relativa à renda dos visitantes ao Parque, a Figura 23 mostra que 25,4% dos

entrevistados possui renda per capita mensal de até 2 SM, seguidos de perto pela faixa

salarial de 3 SM a 5 SM (29,8%). Os outros resultados do gráfico apresentam certo equilíbrio

Page 94: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

94

nos percentuais de citação, muito embora, em termos de valores reais ou faixas de salário, a

abrangência seja bem diversa.

Dessa forma, a principal conclusão é de que o público visitante ao Parque Itacolomi

possui uma renda per capita mensal variada, com predomínio de renda média a baixa.

25,4%

11,4%

29,8%

11,4%

7,0%

14,9%

0,0%

5,0%

10,0%

15,0%

20,0%

25,0%

30,0%

35,0%

Até 2 SM De 2 a 3 SM De 3 a 5 SM De 5 a 7 SM De 7 a 10 SM Acima de 10 SM

Figura 23 - Renda per capita mensal dos visitantes ao Parque Itacolomi

Ressalta-se aqui o fato dos municípios da região do Parque apresentarem piores

condições no que é relativo à renda, ao tratar o Índice de Desenvolvimento Humano

Municipal, já relatado no Quadro 3.

Considerando o aspecto da má distribuição de renda e da pobreza, o Plano de Manejo

(IEF-MG, 2007) destaca as conseqüências geradas através de reflexos diretos na ocupação do

território e no adensamento desordenado que vem ocorrendo em partes do entorno do PEIT.

Inclusive, esta é uma das principais pressões antrópicas, entre atuais e futuras, que o Parque

deverá enfrentar para garantir seu manejo adequado.

7.1.2 Freqüência de visitação ao Parque

A partir da Figura 24 percebe-se que parte representativa dos entrevistados (33,3%)

estava visitando o Parque pela 1ª vez. Porém, não se pode declarar que há predomínio de

Page 95: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

95

freqüência, já que somados os extremos – alta e baixa freqüência – os percentuais acabam se

equilibrando. Considerando-se, por exemplo, a freqüência “mensal”, “muitas vezes ao ano” e

“quase todo o final de semana” representam praticamente o mesmo valor, ou seja, em torno de

30% também.

33,3%

10,5%

21,1%

1,8%

13,2%

4,4%

14,9%

0,9%

0,0%

5,0%

10,0%

15,0%

20,0%

25,0%

30,0%

35,0%

1ª visitaao

Parque

Esporadicamente 1 a 2 vezes

ao ano

4 vezesao ano

M ensal M uitasvezes

ao ano

Quase todo fim

de semana

Diária

Figura 24 - Freqüência de visitação ao Parque Itacolomi

7.1.3 Local de origem e distância ao Parque Itacolomi

De acordo com a Figura 25, verifica-se que a maior parte dos entrevistados reside em

Ouro Preto (73%), seguidos, em número bem menor (11%), por moradores de Belo

Horizonte.

Page 96: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

96

73%

11%

4%

12%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

Ouro Preto Belo Horizonte Mariana Outros

Figura 25 – Local de origem dos visitantes ao Parque Itacolomi

O Plano de Manejo (IEF-MG, 2007) observa que o turismo é uma grande mola de

desenvolvimento econômico na região, gerando número expressivo de empregos, diretos e

indiretos, e renda, considerando as diversas etapas e elos de seu arranjo produtivo. Entretanto,

há que se questionar se as modalidades de turismo atualmente praticadas nos municípios do

entorno do PEIT podem ou não trazer benefícios para a UC e de que tipo.

O resultado supramencionado vem confirmar a percepção nas entrevistas realizadas

quando da elaboração do Plano de Manejo (IEF-MG, 2007) que é muito pequeno o porcentual

de visitantes de Ouro Preto e Mariana que visitam o PEIT em sua estadia, seja por falta de

informações, por excesso de atrativos a visitar nos centros históricos ou por falta de interesse

nessa modalidade de turismo. Nesse sentido, o PEIT, apesar de sua localização e proximidade

com as duas sedes municipais, não estaria sendo beneficiado com a presença do turismo já

consolidado na área.

Por outro lado, o próprio perfil do turismo regional, com grande volume de visitantes,

especialmente em datas festivas e feriados, é um perfil de massa que é incompatível com os

interesses de conservação da UC.

O que este resultado vem agregar à gestão pública do Parque do Itacolomi é a

necessidade de se trabalhar um programa de uso público muito específico para esta UC, com

Page 97: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

97

materiais de divulgação e publicidade focados em um público particular e distinto do visitante

habitual da região.

Ratificando o resultado mostrado logo acima, a Figura 26 aponta que a maioria dos

entrevistados (72,8%) está a uma distância igual ou menor que 5 km do Parque Itacolomi, que

coincide com a proximidade do Parque de Ouro Preto, a cidade de origem predominante entre

os visitantes.

Até 5 Km 72,8%

Acima de 5 Km 27,2%

Figura 26 – Distância do local de origem ao Parque Itacolomi

7.1.4 Conhecimento sobre a fauna e flora do Parque Itacolomi e sobre a Diversidade

Biológica do local

Conforme pode ser visto na Figura 27, quase a totalidade dos entrevistados (92,1%)

afirmou conhecer alguma espécie da fauna e flora do Parque.

Page 98: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

98

Sim 92,1%

Não7,9%

Figura 27 – Conhece a fauna/ flora do Parque Itacolomi?

Através da Figura 28 observa-se que aproximadamente 40% dos visitantes ao Parque

conhecem de 0 a 10 espécies de sua fauna/flora, enquanto 30% deles conhecem acima de 30

espécies. Interessante observar que existe uma equivalência entre o extremo de duas opções

de resposta: enquanto os maiores conhecedores da diversidade animal e vegetal do Parque

(38,6%) conhecem até 10 espécies, outros 30,7% dos visitantes distinguem mais de 30

espécies.

Destaca-se que ao aplicar os questionários, os visitantes tiveram acesso à lista das

principais espécies de flora e fauna anexa aos mesmos, no intuito de se obter resultados mais

precisos e realçar o valor ambiental do PEIT. Muitos dos visitantes ficaram surpresos com a

diversidade de espécies existentes no Parque.

Page 99: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

99

38,6%

21,1%

9,7%

30,7%

0,0%

5,0%

10,0%

15,0%

20,0%

25,0%

30,0%

35,0%

40,0%

0 a 10 11 a 20 21 a 30 Acima de 30

Figura 28 – Número de espécies existentes no Parque que conhece

A maioria dos visitantes (51,8%) acha que o Parque Itacolomi possui uma diversidade

biológica alta, ainda que o grupo logo a seguir, representado por 46,5% dos entrevistados,

reconheça um nível médio da variedade de espécies existentes. Apenas 1,8% deles a

consideram baixa, conforme pode ser visto na Figura 29.

Embora a biodiversidade inclua a totalidade dos recursos vivos, ou biológicos, e dos

recursos genéticos, e seus componentes, tentou-se mensurar a percepção dos visitantes

relativa apenas a organismos da fauna e flora existentes no Parque. Ou seja, considerando o

questionário aplicado, considerou-se a faixa de 21 a 30 espécies reconhecidas como

diversidade média e a faixa superior a 30 espécies como diversidade alta.

Page 100: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

100

1,8%

46,5%

51,8%

0,0%

10,0%

20,0%

30,0%

40,0%

50,0%

60,0%

Baixa Média Alta

Figura 29 – Diversidade biológica do Parque

7.1.5 Sensação experimentada ao estar no Parque Itacolomi

Como se pode observar na Figura 30, as sensações que o ambiente do Parque

Itacolomi proporciona aos visitantes são positivas para a maior parcela dos entrevistados. Para

quase metade dos entrevistados (48,3%), estar no Parque causa tranqüilidade; as sensações de

prazer e paz também foram bastante citadas, por 25,3% e 25,9% dos visitantes,

respectivamente. Apenas um entrevistado disse ter experimentado a sensação de medo em sua

visita ao Parque, o que corresponde a 0,6% das respostas.

Page 101: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

101

48,3%

25,3% 25,9%

0,6%

0,0%

5,0%

10,0%

15,0%

20,0%

25,0%

30,0%

35,0%

40,0%

45,0%

50,0%

Tranqüilidade Prazer Paz Medo

Figura 30 – Sensação experimentada ao estar no Parque

Os resultados acima reforçam as informações contidas no Plano de Manejo (IEF-MG,

2007) ao realizar pesquisa com lideranças no intuito de identificar a visão da comunidade

sobre o PEIT e a sua utilização pela população, bem como o nível de teor de relacionamento

com sua administração.

Ao tentar captar a percepção dos entrevistados em relação ao Parque, foi possível

perceber que o sentimento predominante é extremamente positivo, ainda que romantizado. A

tônica dos atributos citados é a beleza cênica, sendo o PEIT visto como local de preservação

da vida. As palavras utilizadas pelos entrevistados foram: vida, natureza (duas vezes), beleza

(três vezes), preservação, boa e vida de toda a região (Plano de Manejo, IEF-MG, 2007).

7.1.6 Disposição a Pagar (DaP) pela Preservação Ambiental, motivo da não DaP e

cálculo do valor ambiental estimado da área que envolve o Parque Itacolomi

De acordo com os dados obtidos por meio da aplicação do questionário, obteve-se da

amostra total um número de 80 pessoas que estariam dispostas a pagar pela Preservação

Ambiental do Parque Itacolomi, o que representa 70,2% dos entrevistados.

Na Figura 31 está representado o histograma dos valores citados para a DaP pela

preservação ambiental do Parque. Esse é um gráfico cujo eixo horizontal representa o ponto

Page 102: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

102

médio dos intervalos das escalas e o eixo vertical representa o número de entrevistados nesta

faixa. Portanto, tem-se que 34 entrevistados não têm DaP pela preservação ambiental (estão

na faixa de até 1 real, excluindo esse valor), 2 dos visitantes tem DaP de 1 a menos de 3 reais,

3 dos entrevistados tem DaP igual a 3 e menor que 5 reais e assim sucessivamente. Observa-

se que a média da DaP pela preservação ambiental do Parque Itacolomi é de R$5,60 por

pessoa por ano, representando a média aritmética dos valores citados nas entrevistas de DaP,

ou seja:

A variabilidade em torno da média é alta pelo fato de as respostas se concentrarem

nos valores extremos (0 e 10 reais) e o desvio padrão é de R$4,30.

DAP (R$)

10,08,06,04,02,00,0

60

50

40

30

20

10

0

Std. Dev = 4,30

Mean = 5,6

N = 114,00

Figura 31 – Histograma da DaP pela Preservação Ambiental do Parque

Complementar ao histograma anterior segue tabela de freqüência relativa ao controle

de visitantes ao Parque (Tabela 2).

114

114

1∑

=iiDAP

Page 103: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

103

Tabela 2 – Freqüência relativa ao controle de visitantes ao Parque Estadual Itacolomi

Ao contrapor estes resultados ao conteúdo do Plano de Manejo (IEF-MG, 2007),

observa-se que houve, durante a sua elaboração, a preocupação de indagar às lideranças

locais, ao tratar da visão da comunidade e relacionamento com o Parque, sobre a cobrança da

taxa de entrada ao Parque.

Algumas lideranças disseram que conhecem o Parque apenas pelas suas tragédias

(incêndios), outros que têm pouco contato, pela distância e dificuldades de acesso para os

moradores. Uma questão colocada foi a cobrança de taxas para entrar no Parque, que

incomoda a população. Nas palavras de um dos entrevistados: “Por que antes passavam de

graça, a pé, para Ouro Preto. Hoje tudo é cobrado, para entrar na área do Parque tem que

pagar”.

Junto à falta de conhecimento, que se reflete nos baixos índices de visitação, vem

também a falta de comprometimento com o PEIT e, consequentemente, com sua preservação.

Uma das lideranças realça que até a abertura oficial do PEIT, para os moradores, “o Parque se

resumia na Pedra do Pico (ou caminho). Com o projeto, iniciou o processo de informação

(projetos nas escolas, associações de bairro, APAE), mas ainda não teve informação

maciça.” Os entrevistados consideram que falta uma maior divulgação do Parque e seus

atrativos, mas falta também oferta de lazer para a população periférica, com atividades

esportivas, culturais e ambientais de maior atratividade (Plano de Manejo, IEF-MG, 2007).

O valor calculado de R$ 5,60 por pessoa por ano, a partir de uma amostragem de 114

indivíduos, é a disposição a pagar média pelo visitante pela manutenção de funções

ambientais do Parque. Este valor diz respeito à quantidade de recurso financeiro que as

pessoas desejam gastar com proteção ambiental no intuito de manter a opção aberta a

desfrutar um ambiente saudável no futuro, tanto para eles como para seus filhos.

Page 104: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

104

Coincidentemente, a taxa atual de visitação ao Parque é de R$ 6,00, sendo meia

entrada para estudantes e maiores de 65 anos. Portanto, o valor de DaP média de R$ 5,60 está

acima do valor atual para estudantes (R$ 3,00) que é o maior público hoje na UC,

corroborando com a teoria de que o público está frequentemente preparado para pagar mais

por produtos ambientalmente corretos do que preços cobrados, ou quer mais dinheiro gasto

em medidas antipoluição e restauração ambiental do que o governo gasta realmente (DE

GROOT, 1992). Os preços dos ingressos e a relação de serviços prestados pelo Parque

encontram-se na Tabela G (Apêndice).

Diante do resultado da DaP média de R$5,60 por pessoa por ano, percebe-se que a

taxa atual de visitação está coerente com a percepção de valor e disposição a pagar pelos

visitantes pela preservação das funções ambientais proporcionadas pelo Parque.

Como apresenta a Figura 32, dentre as pessoas que não estão dispostas a pagar pela

preservação ambiental do Parque Itacolomi, a maioria delas (88,2%) justifica sua posição por

considerar que esta seja uma função que compete ao governo.

88,2%

8,8%2,9%

0,0%

10,0%

20,0%

30,0%

40,0%

50,0%

60,0%

70,0%

80,0%

90,0%

Acho que é competência dogoverno

Motivos economicos

Não tenho interesse

Figura 32 – Motivo da não DaP pelos visitantes ao Parque

Quanto ao motivo da não disposição a pagar pela preservação ambiental do Parque

Itacolomi não há relato no Plano de Manejo (IEF-MG, 2007) a respeito.

Page 105: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

105

Conforme destacado anteriormente, a aplicação do MVC ao PEIT teve como base a

metodologia aplicada no estudo de valoração ambiental do PNLP - Parque Nacional da Lagoa

do Peixe, RS (FINCO, 2001 apud BRAGA et al, 2003). Segue abaixo tabela que detalha os

cálculos da DaP pela preservação ambiental do Parque Itacolomi (Tabela 3).

Tabela 3 – Cálculo de DaP pela preservação ambiental do Parque Itacolomi

DaP R$ ni ni/114 DaP*ni/N DaPxni/N*X 0 34 0,2982 0,0000 - 1 1 0,0088 0,0088 27,36 2 1 0,0088 0,0175 54,72 3 3 0,0263 0,0789 246,24 5 23 0,2018 1,0088 3.146,36 7 2 0,0175 0,1228 383,04 8 1 0,0088 0,0702 218,88

10 49 0,4298 4,2982 13.406,23 Soma 114 1,0000 5,6053 17.482,82

Substituindo os valores amostrais na fórmula supramencionada encontra-se o de

Disposição a Pagar (DaP) pela preservação ambiental do Parque do Itacolomi o valor de R$

17.482,82.

Portanto, com a aplicação dos questionários, foi calculada uma Disposição a Pagar

(DaP) de R$ 17.482,82, considerando os 114 entrevistados. A Disposição média a Pagar

(DaPM) foi de R$ 5,60 por pessoa por ano o que leva a um valor econômico do PEIT de R$

675.858,40 por ano.

De forma similar à utilizada no PNLP, trata-se do resultado da multiplicação da DaPM

pela população total dos municípios de Ouro Preto (68.635 habitantes) e Mariana (52.054

habitantes), ou seja, de 120.689 habitantes (IEF-MG, 2007), os quais abrangem a região

estudada e já explicitada anteriormente quando da caracterização da área de estudo. No caso

do PNLP, o valor econômico calculado foi de R$ 321.472,00, resultado da multiplicação de

uma DaPM de R$ 7,88 por pessoa por ano versus uma população de 40.796 habitantes

pertencentes aos três municípios de abrangência: Mostardas, São José do Norte e Tavares

(BRAGA et al, 2003).

DaPM = [i=1∑y DaP (ni/N)] (X)

Page 106: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

106

É neste momento que se propõe uma reflexão e conseqüente proposição de novo

cálculo do valor econômico do PEIT, partindo do raciocínio de que o valor esteja subestimado

ao considerar as características demográficas e socioeconômicas, com a conseqüente

Disposição a Pagar da população de 120.689 habitantes pela preservação ambiental, com a

amostra reduzida de 114 visitantes. Sugere-se, assim, considerar no cálculo do valor

econômico duas variáveis ambientais: a capacidade nominal ou de carga do PEIT em

visitantes por ano e a área de abrangência em hectares.

Considerando que a área de abrangência do Parque Itacolomi é de 7.543 hectares, e

que a capacidade nominal ou de carga do PEIT é de aproximadamente 3.900 visitantes por

mês (IEF-MG, 2007), propõe-se estimar o valor econômico anual das benesses ambientais

em: R$ 5,60 / visitante.ano x 7.543 ha x 46.800 visitantes /ano = R$ 1.976.869.440,00.

Ou seja, R$ 1.976.869.440,00 representa o valor econômico anual das benesses

ambientais do Parque Estadual do Itacolomi. A uma taxa do Dólar de R$ 1,667, em 19 de

maio de 2008, o valor em Dólares é de: US$ 1.185.884.487,00.

Esta estimativa diferencia-se dos demais estudos, metodologicamente, no que tange ao

atendimento futuro da capacidade nominal do PEIT em receber os visitantes, uma vez que o

número atual de visitantes é inferior à sua capacidade. Conforme informado na Tabela 1, entre

os meses de abril de 2006 a março de 2007 o PEIT recebeu 3.119 visitantes. Nota-se,

portanto, que este número é bem inferior ao da capacidade atual de carga do PEIT, uma vez

que o que o PEIT recebeu em um ano teria capacidade de receber em um mês. Outro aspecto é

o incremento do fator anual, pois se entende que as funções ambientais contribuem

cotidianamente, e, desta forma, encerram em si, a importância essencial de existência

discutida, inclusive, por De Groot (1992) e Oliveira Júnior (2003). Portanto, o valor

econômico obtido e atribuído às benesses ambientais é em torno de R$ 2 bilhões, pois ocorre

em “tempo real” e de forma “ad eternum”. Por este motivo pode-se atribuir e justificar todos

os esforços em ações e programas para preservação de áreas naturais.

Ao multiplicar a DAP pelo número máximo de visitantes fixado pelo IEF (IEF-MG,

2007), adota-se, implicitamente, o conceito de capacidade suporte do meio como um

indicador na estimativa de seu valor. Trata-se de uma alternativa entre outras possíveis para

estimar uma população de referência no procedimento de valoração ambiental. No contexto

Page 107: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

107

da presente pesquisa, acredita-se que seja um instrumento de estimativa adequado, tendo em

conta que a pesquisa empírica centrou-se apenas em entrevistas com visitantes ao parque.

À medida que se obteve o valor estimado anual das benesses ambientais

proporcionadas pelo PEIT cabe uma discussão sobre a diferença entre o preço e o valor dos

recursos naturais. Enfatiza-se aqui que R$ 2 bilhões não é preço e não se trata de atribuir

preço de compra dos recursos naturais, propriamente ditos. O propósito principal é o de

atribuir importância à manutenção dos ecossistemas essenciais, constituindo seu valor de

suma relevância.

Conforme relatado por Mota (2001), a economia neoclássica parte do pressuposto que

o preço de uma mercadoria é igual ao seu valor e, para fundamentar essa igualdade, os

neoclássicos edificaram a economia do bem-estar e o conceito de eficiência alocativa de

recursos nos mercados.

O alicerce decisório da teoria neoclássica repousa na expressão “soberania do

consumidor”, que é autônomo no processo de decisão e para tanto usa os principais

fundamentos neoclássicos. Porém, toda essa soberania é muito relativa e Mota (2001)

apresenta alguns questionamentos: Como o consumidor é soberano se ele não detém

informação completa dos ativos naturais? Como tomar uma decisão, se lhe falta um preço-

base de comparação? Portanto, como os ativos naturais não têm mercado, eles não têm preços

comparativos e, conseqüentemente, essas limitações impedem que o consumidor exerça

plenamente a sua comparação.

Mota (2001) ressalta que os ativos naturais não podem ser vistos somente pela

abordagem utilitarista antropocêntrica. Na visão desse autor, a natureza também tem direitos,

a fauna tem direito à vida, a flora tem direito à existência e, conseqüentemente, preço e valor,

neste enfoque, não representam uma igualdade. Embora a opinião de Mota sobre os direitos

da natureza possa ser questionada, entende-se que o valor de qualquer ente natural tem uma

extensão que vai além do pensamento utilitarista antropocêntrico.

Em um raciocínio menos míope, segundo Mota (2001), o valor de um ativo natural é

expresso pela agregação denominada sinal de preço com uma parcela intangível. O sinal de

preço é uma expressão que capta o que as pessoas estão dispostas a pagar pelo recurso da

natureza. A parcela intangível representa o patrimônio natural, correspondendo ao que não se

conhece sobre o ativo natural, como funções ecológicas fornecidas.

Page 108: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

108

O método de valoração contingente aplicado ao PEIT assume o papel de quantificar o

sinal de preço, de acordo com as opiniões das pessoas, de suas atitudes e comportamentos, o

quanto estão dispostas a pagar pela preservação ambiental do recurso natural.

Esse raciocínio torna a teoria do bem-estar mais próxima da realidade na alocação dos

recursos da sociedade, já que trata a questão do valor de modo integrador e origina algumas

considerações acerca de sua aplicação e sua contribuição em termos de planejamento

ambiental do Parque Estadual do Itacolomi.

De Groot (1992) enfatiza que o turismo associado à natureza contribui como fonte de

oportunidades para o desenvolvimento sócio-econômico em que as atividades de recreação e

de turismo são atrações para os turistas com os quais geram recursos econômicos que poderão

ser aplicados na conservação, promovendo um turismo sustentável em áreas naturais.

Neste contexto, o ecoturismo realizado no Parque, principalmente através de

caminhadas interpretativas com abordagens históricas e educativas ambientais aliadas a

programas de caráter científico, demonstra ser um promotor de desenvolvimento sócio-

econômico abrindo novas frentes de trabalho, melhorando a qualidade de vida da população

local, o que já justificaria a elaboração de um planejamento voltado para a gestão do turismo,

considerando que o mesmo pode atuar como agente promotor do desenvolvimento

sustentável, ao mesmo tempo em que visa não só a manutenção do patrimônio cultural como a

promoção de atividades lucrativas e, consequentemente, a melhoria da qualidade de vida da

comunidade envolvida.

As conseqüências do fluxo crescente de pessoas nesses tipos de ambientes naturais

requerem um planejamento específico como demanda de espaços, de equipamentos e das

atividades turísticas no intuito de se evitar os danos sobre os ambientes visitados e manter as

funções ambientais fornecidos pela área natural para as gerações futuras. Portanto, é premente

que se elabore um planejamento ambiental com vistas para as atividades de ecoturismo para a

região de abrangência do Parque, notadamente os municípios de Ouro Preto e Mariana, pois

este se mostra como um instrumento de proteção dos recursos naturais assim como promotor

do desenvolvimento sustentável.

Ressalta-se, porém, que o envolvimento da população local no processo ecoturístico e

desenvolvimento dos municípios de Ouro Preto e Mariana é fundamental para o êxito das

tomadas de decisões para as esferas privada, pública e civil. Desta forma, as comunidades

Page 109: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

109

locais tornam-se parceiras e beneficiárias de programas de conservação dos recursos naturais,

em vez de concorrentes e/ou inimigas. E este envolvimento apóia projetos de proteção

ambiental e expressam um comportamento de defesa e proteção ao local contra invasões,

transgressões ou degradações ambientais, dentre outras pressões antrópicas.

No que concernem pressões antrópicas e degradações ambientais com conseqüente

comprometimento das funções ambientais fornecidas pelo Parque, chama-se a atenção para as

seguintes nuances:

a) Pressões antrópicas

O Plano de Manejo (IEF-MG, 2007) destaca alguns impactos e pressões antrópicas

identificados no Parque que, por sua vez, demandam não só recursos econômicos para o seu

combate como uma ação organizada das esferas privada, pública e civil, as quais poderão

estar relacionadas e justificadas no âmbito deste projeto de valoração ambiental. Os principais

pontos negativos e pressões identificadas no entorno no Parque do Itacolomi, já citadas neste

estudo, podem ser enumeradas em questões atuais e tendências que prometem ampliar a

pressão futura sobre o mesmo. No que concerne às questões atuais, há destaque para: a

questão fundiária, dada a falta de regularização da área do parque; a pressão urbana em boa

parte do entorno, incluindo problemas de saneamento básico, acúmulo de lixo, animais

domésticos, entre outros; a coleta de orquídeas, o roubo de candeia e outros recursos naturais;

incêndios causados pelas atividades de obtenção de lenha, em especial nas regiões de Cabanas

e Serrinha; soltura de animais domésticos para pastagem na área do Parque. Dentre as

tendências que prometem ampliar a pressão futura sobre o PEIT destacam-se: o desemprego e

aumento da violência; o aumento do fluxo de visitantes nos municípios e mesmo no PEIT,

com sua consolidação e conhecimento pela população; o aumento da demanda por lazer,

considerando que a população dos dois municípios tem perfil mais jovem que a média

mineira.

b) Funções ambientais fornecidas pelo Parque

A caracterização das funções ambientais fornecidas pelo ativo natural é de extrema

relevância, conforme Mota (2001) exemplifica como falhas da economia neoclássica: Como

os seres humanos podem atribuir valor ao meio ambiente, se não conhecem as funções

ambientais dos ativos naturais? Como se pode atribuir valor a algo que não tem cotação nos

mercados convencionais?

Page 110: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

110

Quanto às funções ou serviços ambientais que o PEIT fornece, há relato no Plano de

Manejo (IEF-MG, 2007), quando trata da visão da comunidade e relacionamento com o PEIT,

de que a maioria dos entrevistados (82%) avalia que o PEIT tem como função primordial a

preservação da natureza, do meio-ambiente, da mata atlântica, da fauna, da flora e das

nascentes. Entretanto, há muitos que realçam a importância do PEIT como ponto cultural e

histórico e como local para turismo, lazer e recreação da população. Além do mais, quando

questionados sobre os benefícios do PEIT para a região, as lideranças locais levantaram os

seguintes aspectos: preservação – questões ambientais em geral; abastecimento de água –

gratuito para a população; turismo; área de lazer; educação ambiental; controla e ordena a

ocupação do território; criação de grupo de escoteiros Defensores da Natureza, por ex-

funcionário do Parque.

Não obstante, muitos consideram que tais funções são adequadas, mas outros

entrevistados consideram que o PEIT deveria desempenhar outros papéis diferentes, quais

sejam: educação ambiental; conscientização; integração dos municípios, já que hoje existe

distanciamento entre o Parque e as prefeituras; visitação da comunidade; turismo; lazer e

esportes; preservação da história (Plano de Manejo, IEF-MG, 2007).

Ao confrontar estas funções ambientais supramencionadas com a caracterização

acadêmica sobre o tema, defendida por De Groot (1992), justifica-se a relevância das mesmas

para os usuários do Parque, a partir da análise das funções de regulação, funções de provisão

de espaço, funções de produção e funções de informação relacionadas. É premente salientar

que a maioria das 37 funções pode ser identificada no PEIT, como explicitado no Quadro 5 e

caracterizadas em seguida:

Page 111: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

111

QUADRO 5

Funções ambientais fornecidas pelo Parque Estadual do Itacolomi, embasadas no conceito

defendido por De Groot (1992)

Grupos de Funções Ambientais

defendidas por De Goot (1992)

Funções Ambientais fornecidas pelo PEIT

Funções de regulação (regulation

functions)

(1) Regulação do balanço de energia local; (2) Regulação da composição química da atmosfera; (3) Regulação do clima local, incluindo o ciclo hidrológico; (4) Regulação de água coletada em

bacia de drenagem e prevenção de inundações; (5) Coleta de água e recarga de aqüíferos; (6) Prevenção de erosão do solo e controle de sedimentos; (7) Formação do solo superficial e manutenção da

fertilidade do solo; (8) Fixação da energia solar e produção de biomassa; (9) Armazenagem e reciclagem de matéria orgânica; (10)

Armazenagem e reciclagem de nutrientes; (11) Regulação de mecanismos de controle biológico; (12) Manutenção da migração e

berçários naturais; (13) Manutenção da diversidade biológica e genética.

Funções de provisão de espaço (carrier

functions)

(14) Recreação e turismo; (15) Proteção da natureza.

Funções de produção (production

functions)

(16) Oxigênio; (17) água; (18) Recursos genéticos; (19) Recursos medicinais.

Funções de informação (information functions)

(20) Informação estética e harmonia; (21) Informação espiritual e religiosa; (22) Informação histórica; (23) Inspiração cultural e

artística; (24) Informação científica e educacional.

No que concernem as funções de regulação (regulation functions), ou seja, o grupo de

funções que se relacionam à capacidade de ecossistemas naturais de regularem os processos

ecológicos essenciais e sistemas de suporte de vida e, em troca, contribue para a manutenção

de um ambiente saudável ao prover ar puro, água e solo podem-se identificar: regulação do

balanço de energia local; regulação da composição química da atmosfera; regulação do clima

local, incluindo o ciclo hidrológico; regulação de água coletada em bacia de drenagem e

prevenção de inundações; coleta de água e recarga de aqüíferos; prevenção de erosão do solo

e controle de sedimentos; formação da camada superficial e manutenção da fertilidade do

solo; fixação da energia solar e produção de biomassa; armazenagem e reciclagem de matéria

orgânica; armazenagem e reciclagem de nutrientes; regulação de mecanismos de controle

biológico; manutenção da migração e berçários naturais; manutenção da diversidade biológica

e genética.

Page 112: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

112

A despeito da diversidade biológica e genética identificada no PEIT, por exemplo,

torna-se importante ressaltar que os estudos realizados durante a elaboração do Plano de

Manejo do PEIT identificaram 1.333 espécies, incluindo plantas vasculares, vertebrados (com

exceção de peixes) e invertebrados terrestres (apenas Hymenoptera - abelhas e Odonata). Os

grupos com maior número de espécies foram: Flora, Aves, Mamíferos, Anfíbios anuros,

Invertebrados terrestres e Répteis, respectivamente. O total de espécies registradas no PEIT, a

partir de dados primários e secundários, foi relacionado com o número de espécies

identificadas para o estado de Minas Gerais para facilitar a compreensão da importância do

PEIT na manutenção da biodiversidade do Estado (Quadro 6).

QUADRO 6:

Síntese dos resultados obtidos pelos grupos temáticos, incluindo dados primários e

secundários, durante a elaboração do Plano de Manejo do Parque Estadual do Itacolomi

(PEIT), Minas Gerais (Fonte: Plano de Manejo, IEF-MG, 2007).

Grupo temático - Ciências Naturais

Total de espécies

registradas no PEI

No espécies ameaçadas

Espécies ameaçadasNo total de espécies em MG2

% de espécies do PEI em relação ao

total de MG

Flora (árvores, arbustos e ervas)

961 17

Dicksonia sellowiana, Guatteria odontopetala, G. villosissima, Araucaria angustifolia, Eremanthus capitatus, Lychnophora brunioides, Mikania glauca, Trichogonia martii, Vernonia gnaphalioides, Chamaecrista dentata, Melanoxylon brauna, Dalbergia nigra, Fri

10.000 9,61

Aves 251 1 Mergus octocetaceus. 785 31,97

Mamíferos (exceto Chiroptera) 39 10

Myrmecophaga tridactyla, Tamandua tetradactyla, Puma concolor, Panthera onca, Leopardus pardalis, L. tigrinus, Pecari tajacu, Chrysocyon brachyurus, Lontra longicaudis e Callicebus nigrifrons.

243 16,05

Anfíbios anuros (sapos, rãs e pererecas)

37 1 Phasmahyla jandaia. 200 18,50

Invertebrados terrestres (abelhas e libélulas)3 23 -- -- 718 3,20

Répteis (lagartos e serpentes) 22 -- -- 168 13,10

Peixes 354 --

Total de espécies registradas 4 1.333 29 (2,17%) -- 12.114 11,00

*** Espécie endêmica do Parque Estadual do Itacolomi segundo Machado et al. (1998) e Caramaschi et al . (2003).

** Espécies endêmicas da Floresta Atlântica (Fonseca et al ., 1996; Rylands et al ., 1996).* Espécies endêmicas do PE do Itacolomi, da Cadeia do Espinhaço e de Minas Gerais (Anemia imbricata ) e MG/Goiás (Anemia ouropretana ).

Grupo não contemplado pelo Plano de Manejo do PEI.

1 Espécies ameaçadas de extinção no Estado de Minas Gerais e/ou Brasil e/ou na lista da IUCN (ver detalhes nos respectivos relatórios técnicos)2 Número total de espécies por grupo extraído de Machado et al . (1998) e Drummond et al. (2005).3 Número de espécies de Odonata (218) e Abelhas (500) extraído de Machado et al . (1998) e Silveira et al. (2002).4 Para o cálculo do número total de espécies registradas em Minas Gerais não foram computadas as 354 espécies de peixes.

Relativas às funções de provisão de espaço (carrier functions), as quais ocorrem

quando ecossistemas proporcionam espaço e substrato acomodável para as variadas atividades

humanas, podem-se identificar no Parque: recreação e turismo; proteção da natureza.

Page 113: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

113

Através das funções de produção (production functions) a natureza fornece recursos

variados, desde comida e matérias primas para uso industrial a recursos energéticos e material

genético. Este grupo de funções se subdivide em 11 funções dentre as quais se relacionam ao

Parque: produção de oxigênio; água; recursos genéticos; recursos medicinais; recursos

ornamentais.

No que tange às funções de informação (information functions), através das quais os

ecossistemas naturais contribuem para a manutenção da saúde mental, podem-se identificar

no Parque: informação estética e harmonia; informação espiritual e religiosa; informação

histórica; inspiração cultural e artística; informação científica e educacional.

Quanto às funções de provisão de espaço e de informação, por exemplo, ressalta-se

que as principais atividades realizadas pelos visitantes são caminhadas pelas trilhas

interpretativas realizadas com acompanhamento de monitores do convênio entre

IEF/FEOP/UFOP. Tais expedições normalmente saem da Fazenda do Manso em direção à

Represa do Custódio, Lavras Novas, Morro do Cachorro e Mirante do Custódio. A visitação

atual no PEIT é dividida em visitas com abordagem histórica e caminhada com abordagens

educativas, que se concentram, primordialmente, na Fazenda São José do Manso. A UC

encontra-se aberta ao público desde 2004, operando de quarta a segunda, de 8 às 17 horas. A

visitação na parte histórica do Parque, especialmente na Fazenda do Manso, resume-se a Casa

Bandeirista, Museu do Chá e Capela São José do Manso. As atividades em trilhas oferecidas

são as Trilhas do Forno, da Lagoa e da Capela. As ações de Educação Ambiental e

Interpretação Ambiental na UC podem ser percebidas pelas trilhas interpretativas. Embora

não existam ações específicas com o entorno e a área de influência do PEIT abordando essas

questões o Parque possui experiência em cursos oferecidos para professores das escolas do

entorno (dez cursos realizados ao longo de dez anos) e em treinamentos para brigadas de

incêndio dos municípios da região onde está inserido.

A partir da caracterização das funções ambientais fornecidas pelo PEIT ressalta-se que

elas devem se refletir na percepção dos entrevistados, a qual origina a disposição a pagar dos

mesmos pela manutenção daquelas funções e, conseqüentemente, leva ao valor ambiental do

ativo natural.

Embora o questionário não tenha contemplado, por meio de questões específicas, a

percepção dos entrevistados sobre as funções ambientais do PEIT, a avaliação de seu

Page 114: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

114

conhecimento sobre a fauna e a flora bem como a sensação experimentada pelos visitantes ao

estar no Parque podem ser entendidas como uma avaliação indireta dessa percepção. Nesse

sentido, notou-se que aproximadamente 92% dos visitantes conhecem alguma espécie da

fauna e flora do PEIT. Mais da metade dos entrevistados conhece mais de 11 espécies e

aproximadamente 30% distinguem mais de 30 espécies. Quanto à diversidade biológica, mais

de 90% responderam de média e alta. Já a sensação experimentada ao estar no Parque foi

relatada como tranqüilidade, com aproximadamente 50% das respostas, seguida de prazer e

paz.

Reforçando o conceito de um ativo natural ser expresso pela agregação sinal de preço

com uma parcela intangível, nota-se a importância que a valoração contingente representa ao

assumir o papel de se captar a disposição dos visitantes a pagar pela preservação atrelada à

sensibilidade e conhecimento dos mesmos para com as funções ambientais fornecidas pelo

recurso natural.

Uma vez caracterizados os dois aspectos supramencionados, pressões antrópicas e o

comprometimento das funções ambientais fornecidas pelo PEIT, nota-se que é premente que

se elabore um planejamento ambiental com vistas para as atividades do ecoturismo, educação

ambiental e estudo científico para o Parque Estadual do Itacolomi, pois este se mostra como

um instrumento de proteção aos seus recursos naturais e também atua como um promotor do

desenvolvimento sustentável.

O planejamento ambiental é fundamental para que as ações promovidas no Parque

sejam bem sucedidas. É composto de prazos pré-determinados, metodologias, coordenação de

grupos delegando responsabilidades e atribuições. Além de seguir a legislação pertinente deve

reavaliar todas as medidas aplicadas, garantindo a sua concretização por meio de programas

integrados que incorporem políticas públicas nas esferas Federal, Estadual e Municipal.

No processo de elaboração do planejamento ambiental, estimar o Valor Ambiental

torna-se uma ferramenta para nortear os programas de proteção aos recursos naturais, pois

estes são complementares para a expansão do desenvolvimento sócio-econômico dos

municípios de Ouro Preto e Mariana.

Finalmente, sob a ótica do planejamento ambiental, relatam-se aqui duas sugestões de

ações a serem efetivadas a partir das discussões acerca do valor ambiental do Parque

supramencionadas.

Page 115: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

115

A primeira sugestão é o destino de recursos ao tratamento de uma série de impactos e

pressões identificadas no seu entorno pelo Plano de Manejo (IEF-MG, 2007), as quais já

foram mencionadas, sejam elas questões atuais e/ou tendências que prometem ampliar a

pressão futura sobre o mesmo que, por sua vez, demandam recursos econômicos no combate.

A degradação ambiental pelo uso antrópico impõe à sociedade custos elevados os

quais não são refletidos de maneira clara no mercado convencional, mas geram em curto

prazo um saldo negativo no orçamento público comprometendo outros setores.

Uma maneira de minimizar tais custos seria o incremento dos ativos ambientais na

contabilidade vigente. Esta inserção torna-se necessária, pois o modelo econômico atual não

leva em conta o déficit ambiental causado ao meio ambiente onde a prática exploratória dos

recursos naturais para obtenção de matérias primas para a manutenção do bem estar da

sociedade nem sempre se incomoda em restituir ao ambiente medidas para sua conservação. E

neste contexto surge a aplicação da valoração ambiental como um dos veículos para essa

inserção.

A segunda aplicabilidade dos resultados alcançados é a de considerar a Disposição a

Pagar (DaP) pela preservação ao plano de negócios futuro do Parque, com simulações de

cenários para o atingimento de sua capacidade de nominal, por exemplo, em 15 anos e 30

anos a taxas de desconto de 7% ao ano e 9% ao ano. A base metodológica é similar à utilizada

na viabilização de financiamento através de agências internacionais multilaterais de crédito

bem como outros aportes (ex: organizações não-governamentais) e o objetivo é o de

contribuir para a auto-sustentação ambiental e econômico-financeira do Parque Estadual do

Itacolomi.

7.1.7 Indicação de local substituto aos serviços do Parque Itacolomi

Como pode ser observada na Figura 33, a maioria dos entrevistados (57%) não soube

ou não quis indicar um local substituto ao Parque Itacolomi. Dentre aqueles que indicaram

algum lugar, a Área de Preservação Ambiental da Cachoeira das Andorinhas recebeu o maior

número de citações (14,9%) e, em seguida, a Estação Ecológica do Tripuí (9,6%). Outros

locais foram mencionados, mas com índices muito baixos e com pouca representatividade

estatística.

Page 116: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

116

57,0%

14,9%9,6%

5,3%3,5% 2,6%

7,0%

0,0%

10,0%

20,0%

30,0%

40,0%

50,0%

60,0%

Não tenho APA Cachoeiradas Andorinhas

Estação Ecológicado Tripuí

Parque Nacionaldo Cipó

Parque Estadualdo Rio Doce

Parque Estadual doIbitipoca

Outros

Figura 33 – Indicação de local substituto ao Parque

Para especificar quais foram os outros locais citados na pesquisa, foi construída a

Tabela 4. Como relatado anteriormente, foram agrupados no gráfico devido à baixa

representatividade.

Tabela 4 - Outros locais indicados como substituto ao Parque Itacolomi

Local Freqüência absoluta

Freqüência relativa (%)

Parque Estadual do Rio Preto 2 1,5%

Parque Caraça 2 1,5%

Área privada da Estalagem das Minas 1 0,7%

Parque do Uaimuí 1 0,7%

Serra da Canastra 1 0,7%

Passagem de Mariana 1 0,7%

Serra Rola Moça 1 0,7%

Não nomeado 1 0,7%

Total 10 7,3%

Não há referência específica no Plano de Manejo (IEF-MG, 2007) a respeito de

levantamentos de possíveis indicações de locais substitutos ao Parque Itacolomi. Porém, há a

observação de apenas um entrevistado, ao tratar da visão da comunidade e relacionamento

com o Parque através de entrevistas às lideranças locais, que disse que a comunidade do

Page 117: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

117

entorno usa mais a região que o PEIT em si, citando locais como Cidreira, Cibrão, Cachoeira

das Borboletas e Serrinha.

Uma vez caracterizado o perfil sócio-econômico do visitante ao Parque Estadual do

Itacolomi, ressalta-se a seguir algumas considerações acerca dos resultados obtidos e suas

respectivas comparações com outros dois estudos de casos sobre valoração de Unidades de

Conservação no Brasil, o Parque Nacional da Lagoa do Peixe – RS (PNLP) e o Parque

Estadual do Rio Doce – MG (PERD), na medida em que as metodologias empregadas

serviram de base para este projeto.

O Parque Nacional da Lagoa do Peixe (PNLP) foi criado em novembro de 1986 e tem

como objetivo principal preservar amostras de ecossistemas litorâneos, típicos de restinga

costeira, situado entre zonas subtropical e temperada, dos quais dependem milhares de aves

migratórias. O PNLP tem área total de 34.440 hectares e está situado em uma extensa

planície, formada pelo movimento das marés, situada entre a Lagoa dos Patos e o Oceano

Atlântico.

Pelo fato supramencionado de reunir uma enorme quantidade de vida aliada a pressões

antrópicas cada vez maiores, reside a importância de um estudo de valoração econômica do

PNLP e o método aplicado foi o Método de Valoração Contingente.

Ao confrontar estes resultados com os obtidos no Parque Estadual do Itacolomi

percebem-se características similares.

A primeira delas, relativa à origem dos visitantes ao Parque, em ambos os casos nota-

se que a maior parte dos visitantes reside na região. Enquanto no PNLP esse número é de

70%, no PEIT a maioria dos entrevistados (72,8%) está a uma distância igual ou menor que 5

km do Parque Itacolomi, que coincide com a proximidade do Parque de Ouro Preto, a cidade

de origem predominante entre os visitantes.

Quanto à renda mensal nota-se o predomínio de renda média a baixa. No PNLP 40%

dos entrevistados apresentam renda inferior a 3 salários mínimos (SM), demonstrando que a

região possui um baixo nível de renda. No caso do PEIT, 25,4% dos entrevistados possui

renda mensal de até 2 SM, seguidos de perto pela faixa salarial de 3 SM a 5 SM (29,8%). No

estudo do PNLP não há referência sobre o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal,

porém, no caso do PEIT, os municípios da região apresentam as piores condições no que

Page 118: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

118

tange à renda, originando reflexos diretos na ocupação do território e no adensamento

desordenado que vem ocorrendo em partes do seu entorno. Inclusive, esta é uma das

principais pressões antrópicas, entre atuais e futuras, que o PEIT deverá enfrentar para

garantir seu manejo adequado.

No que concerne o nível de escolaridade e faixa etária, as 130 entrevistas no PNLP

demonstraram que, aproximadamente, 42% dos usuários entrevistados possuem, no máximo,

o primeiro grau completo, mostrando um baixo nível de escolaridade e com idades entre 18 e

76 anos, sendo a média de 41 anos. Já no PEIT, a maioria dos visitantes é jovem (59,7%),

com idade variando entre 18 e 25 anos, sendo que a faixa de idade entre 41 a 47 anos

representa apenas 2,6% dos 114 visitantes entrevistados. Os resultados quanto à escolaridade

são divergentes também uma vez que aproximadamente 80% dos visitantes ao PEIT têm do 3º

grau incompleto ao grau de especialização. A área da educação é a que está mais vinculada à

visitação do PEIT e tem relevância na região. Inclusive, os dois municípios do entorno do

PEIT, Ouro Preto e Mariana, têm melhor desempenho que o estado no IDH Educação o que

sugere, conseqüentemente, destaque à área de educação por parte do órgão gestor dessa UC.

Na segunda etapa, ou seja, a estimativa do valor econômico do PNLP, constatou-se

que dos 130 entrevistados, 94% estariam dispostos a pagar certa quantia para evitar a

degradação do PNLP. Já para o PEIT constatou-se um porcentual de 70,2% sobre 114

entrevistados.

O Parque Estadual do Rio Doce (PERD) está situado na porção sudoeste do Estado de

Minas Gerais, a 248 km de Belo Horizonte, na região do Vale do Aço, inserido nos

municípios de Marliéria, Dionísio e Timóteo.

Alguns aspectos relevantes chamam a atenção a respeito do Parque Estadual do Rio

Doce.

Primeiramente, esta unidade de conservação abriga a maior floresta tropical do Estado

em seus 36.970 hectares e é a primeira unidade de conservação estadual criada em Minas

Gerais. O Decreto Lei nº 1.119, que criou oficialmente o Parque, foi assinado 14 de julho de

1944. As primeiras iniciativas no sentido de preservar o Parque Estadual do Rio Doce

surgiram no início da década de trinta, pelas mãos do arcebispo de Mariana, Dom Helvécio

Gomes de Oliveira, conhecido como bispo das matas virgens. Mas só em 1944 tornou-se

Page 119: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

119

oficialmente Parque, o primeiro de Minas Gerais. É administrado pelo Instituto Estadual de

Florestas desde 1962.

Em segundo lugar, o PERD constitui hoje a maior área preservada de Mata Atlântica

do Estado de Minas Gerais, sendo 23.000 hectares definidos como zona intangível. A Mata

Atlântica é um dos sistemas mais afetados pelas atividades antrópicas em Minas Gerais. Além

disso, o PERD (conjunto com seu entorno) é um dos três maiores sistemas de lagos que

ocorrem no Brasil, juntamente com o Pantanal Mato-grossense e o Sistema Amazônico. O

sistema de lagos tem sofrido algum tipo de impacto seja pelo uso da água ou pela modificação

da paisagem. Apenas na área onde se encontra o PERD, as lagoas estão, por enquanto,

preservadas, e a paisagem no entorno praticamente inalterada. A lagoa Dom Helvécio é a

maior de todo o sistema de lagos (MIKHAILOVA; BARBOSA, 2004).

No estudo de valoração do PERD adotou-se a lista das 37 funções ambientais

classificadas em quatro grupos de serviços ecológicos propostas por De Groot (1992), a saber:

serviços de regulação de processos ecológicos principais, serviços de provisão de espaço,

serviços de oferta de recursos para as atividades econômicas e serviços de informação.

A descrição das funções ambientais do PEIT seguiu a mesma linha conceitual,

podendo-se identificar características em comum relativas às funções ambientais prestadas

por ambos os ecossistemas.

Como no PEIT, o estudo do PERD constituiu numa primeira tentativa de atribuição de

valor econômico à maioria dos ecosserviços do Parque Estadual do Rio Doce e de avaliação

da composição de seu capital natural. Porém, em termos metodológicos, houve no caso do

PERD a aplicação de mais de um método de valoração ambiental. O resumo dos métodos para

avaliação de serviços ecológicos do PERD e outras unidades de conservação estão descritos

na Tabela 5.

Page 120: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

120

Tabela 5 – Os métodos propostos para avaliação de serviços ecológicos do Parque

Estadual do Rio Doce e outras unidades de conservação (MIKHAILOVA; BARBOSA, 2004)

Métodos Indicadores utilizados Ecosserviços possíveis a serem estimados Métodos de mercado direto Preços de recursos

Volume de extração

Custos de extração, de transporte e de tratamento (se tem)

Taxa de desconto

Oferta de recursos (se tem)

Ex. Oferta de água para abastecimento de visitantes

Oferta de plantas medicinais

Oferta de recursos genéticos Custos de Viagem Custos diretos e indiretos relacionados á

viagem.

Indicadores de demanda (taxa de visitação, número de visitas, etc.)

Serviços recreativos

(turismo e lazer)

Valoração Contingente Vários indicadores obtidos a partir de questionários, entrevistas e referendum

Serviços recreativos

Regulação de processos ecológicos principais Análise Energética Produtividade primária

Produção primária bruta de ecossistemas

Indicadores de conversão de energia

Regulação de processos ecológicos principais

Serviços de informação

Avaliação de ecossistema em todo

Quanto a Valoração Contingente utilizou-se no estudo do PERD a técnica do cálculo

direto dos valores de Disposição a Pagar (DaP). A justificativa para esta escolha reside no fato

de, apesar de ser simplificada, permite avaliar a racionalidade da aplicação de mercados

hipotéticos em relação aos visitantes do PERD, especificar as suas preferências e consciências

ecológicas. A aplicação da técnica propriamente dita, bem como as demais

supramencionadas, demandou a elaboração de questionário específico aplicado em fevereiro e

julho de 2002 (MIKHAILOVA; BARBOSA, 2004). Inclusive, foi embasado neste

questionário que se elaborou o questionário aplicado no estudo de valoração do PEIT

(Apêndice 1). As principais razões pela escolha foram simplicidade, objetividade e

abrangência dos questionamentos propostos, com o intuito não só de caracterizar o perfil

socioeconômico do visitante como a percepção das benesses ambientais pelos visitantes, a

identificação de espécies da fauna e flora, a Disposição a Pagar (DaP) pela preservação

ambiental, os motivos da não DaP caso houvesse e a indicação de outro lugar que substituísse

os serviços ecológicos do PEIT.

Uma vez aplicados os questionários, o estudo revelou os resultados relativos à

distribuição de turistas do ponto de vista da Disposição a Pagar e aos motivos alegados pelos

visitantes do PERD para sua não disposição a pagar pela conservação desta unidade de

conservação, conforme Tabela 6. Observa-se que no caso do estudo de valoração do PEIT não

houve a separação de serviços de regulação e recreativos como no caso do PERD, cuja infra-

Page 121: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

121

estrutura para estes últimos tipos de serviços é superior. Por exemplo, a principal lagoa do

parque é a Dom Helvécio, que tem 700 ha de espelho d'água, profundidade de 32 m, 6 km2 de

área e é a única liberada para o turismo. Nela, pode-se praticar: a pesca em barranco, a barco e

a remo; passeios ecológicos de barco; banhos na praia lacustre.

Tabela 6 – A distribuição de turistas do ponto de vista “disposição a apagar” (em %) obtidos

com questionários (MIKHAILOVA; BARBOSA, 2004)

Forma de pagamento e serviços ecológicos

correspondentes

Não dispostos a pagar Dispostos a pagar Total

Serviços de regulação (valor pago mensalmente a um

programa da preservação do PERD visando

conservar seu papel na regulação de processos

ecológicos principais)

78 22 100

Serviços recreativos (valor pago por uma visita

diária para usar os recursos recreativos do PERD)

54 46 100

A análise dos dados da tabela 13 demonstra que a maioria dos turistas não estava

disposta a pagar (78% no caso de serviços de regulação e 54% no caso de serviços

recreativos) pela preservação ambiental do PERD. O mesmo não ocorreu no estudo do PEIT,

onde, pelo contrário, se constatou um porcentual de 70,2% de entrevistados dispostos a pagar

pela preservação ambiental.

Os principais motivos alegados pelos visitantes do PERD para não pagar pela sua

conservação são similares aos resultados obtidos no estudo do PEIT. Dentre os motivos

alegados, o principal foi expresso como “acho que preservação ambiental é competência do

governo” (70%), e em seguida, seguido de razões econômicas (18%). No estudo do PEIT

estes valores foram de 88,2% e 8,8%, respectivamente.

O estudo salienta que as características dos visitantes do PERD tais como, nível da

consciência e de educação ecológica, mentalidade, padrões de pensamento tradicionais, entre

outros, não permitem ainda aplicar o mercado hipotético em relação aos serviços de

regulação, os quais são invisíveis diretamente pelos consumidores. Por isso, o valor destes

serviços calculados de acordo com a disposição a pagar dos visitantes do PERD,

provavelmente, não reflete o valor verdadeiro. A realidade encontrada pelo estudo do PEIT,

Page 122: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

122

em contrapartida, é diferente uma vez que aproximadamente 80% dos visitantes ao PEIT têm

do 3º grau incompleto ao grau de especialização, permitindo, consequentemente, a aplicação

de mercado hipotético. Além do mais a área da educação é a que está mais vinculada à

visitação do PEIT e tem relevância na região. Inclusive, os dois municípios do entorno do

PEIT, Ouro Preto e Mariana, têm melhor desempenho que o estado no IDH Educação.

O cálculo total de serviços ecológicos do PERD seguiu os valores seguintes: o valor de

serviços de regulação de acordo com método da extrapolação (sem a zona inatingível); o valor

de serviços recreativos de acordo com método Custos de Viagem; o valor de serviços da

oferta de recursos de acordo com método Mercado Direto e o valor de serviços de informação

de acordo com extrapolação (considerando ausência de outros dados sobre serviços de

informação). Somando essas partes, chegou-se ao valor de US$ 24.798 mil por ano. A partir

disso estimou-se um valor para o capital natural desta unidade de conservação de US$ 827

milhões considerando-se uma taxa de desconto de 3%. (MIKHAILOVA; BARBOSA, 2004)

7.2 CRUZAMENTO DE VARIÁVEIS

Nesta subseção 2 estão representadas tabelas de contingência, cujo objetivo principal é

verificar, por meio de cruzamento de variáveis, a possibilidade de haver alguma relação

significativa entre elas.

Para uma melhor análise e visualização das tabelas, algumas opções de respostas foram

unificadas, como:

Freqüência

de

visitas:

1ª visita ao Parque 1ª visita ao Parque

Esporadicamente

Esporadicamente 1 a 2 vezes ao ano

4 vezes ao ano

Muitas vezes ao ano

Muitas vezes ao ano Mensalmente

Quase todo fim de semana

Diária

Page 123: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

123

DAP:

R$0,00 Nada

R$1,00

De 1 a 3 reais R$2,00

R$3,00

R$5,00 De 5 a 7 reais

R$7,00

R$8,00 De 8 a 10 reais

R$10,00

7.2.1 Ocupação profissional x Freqüência de visitação ao Parque

Não se observa um comportamento definido de freqüência de visitação de acordo com

a ocupação dos visitantes ao Parque, como pode ser visto na Tabela 7. Tanto dentro do grupo

de estudantes quanto no de professores, há uma distribuição mais homogênea da freqüência

de visitas.

Tabela 7 - Cruzamento entre ocupação e freqüência de visitas

7.2.2 Número de espécies que conhece x Freqüência de visitação ao Parque

Pela Tabela 8, observa-se uma tendência de aumentar o número de espécies que o

visitante conhece à medida que a freqüência de sua visitação aumenta.

Observe-se, porém, que parcela significativa dos visitantes esporádicos conhece um

bom número de espécies do Parque. Talvez esse cenário seja decorrente da curiosidade maior

de algumas pessoas que mesmo não sendo freqüentadoras assíduas exploram ao máximo a

diversidade ambiental do Parque do Itacolomi quando o visitam.

Page 124: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

124

Tabela 8 - Cruzamento entre espécies que conhece e freqüência de visitas

7.2.3 Disposição a Pagar pela Preservação Ambiental x Freqüência de visitação ao

Parque

Dentre as pessoas que visitam o Parque pela 1ª vez, aproximadamente 40% delas não

tem DaP pela Preservação Ambiental e 31,6% dentre os freqüentam esporadicamente o

Parque citaram o valor nulo de DaP (Tabela 9).

Dentre as freqüências altas de visitação, 81,6% (50%+23,7%+7,9%) dos visitantes têm

alguma DaP pela Preservação Ambiental do Parque Itacolomi.

Os maiores valores de DaP estão relacionados à freqüência esporádica e muitas visitas

ao ano, correspondendo a 52,6% e 50,0% do total, respectivamente.

A faixa de valor de DaP que obteve menor freqüência foi a de R$ 1 a R$ 3, seguida da

faixa de R$ 5 a R$ 7, com 5 e 25 referências dentre os 114 indivíduos entrevistados.

Tabela 9 - Cruzamento entre DaP e freqüência de visitas

7.2.4 Número de espécies que conhece x Disposição a Pagar pela Preservação Ambiental

Apesar de não ser tão diferente, observa-se através da Tabela 10 uma tendência de

aumento percentual do conhecimento de espécies à medida que aumenta os valores de DaP.

Page 125: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

125

Tabela 10 - Cruzamento entre DaP e espécies que conhece

7.2.5 Renda per capita mensal x Disposição a Pagar pela Preservação Ambiental

Pela Tabela 11, observa-se que dentre as faixas de valores de DaP pela preservação

ambiental não existe um comportamento quanto à renda per capita mensal, como poderia ser

esperado (de que quanto maior a renda maior seria o valor de DaP).

Tabela 11 - Cruzamento entre DaP e renda per capita

7.2.6 Disposição a Pagar pela Preservação Ambiental x Escolaridade do visitante

Não se observa pela Tabela 12 que quanto maior a escolaridade maior é o valor de

DaP pela preservação ambiental do Parque Itacolomi. Não se percebe um comportamento

definido de DaP segundo a escolaridade.

Tabela 12 - Cruzamento entre DaP e escolaridade

Page 126: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

126

7.2.7 Faixa etária do visitante x Disposição a Pagar pela Preservação Ambiental

Dentro de cada faixa etária, aproximadamente um terço dos entrevistados não tem DaP

pela Preservação Ambiental do Parque Itacolomi, exceto na faixa de 18 a 25 anos, que 27,9%

dos visitantes não tem DaP segundo a Tabela 13 a seguir.

Tabela 13 - Cruzamento entre DaP e faixa etária

7.3 TESTE PARA VERIFICAR ASSOCIAÇÃO ENTRE VARIÁVEIS

Como relatado anteriormente, não foi possível realizar o teste Qui-Quadrado de

Pearson, pois os dados não atendiam a uma suposição do mesmo: o valor esperado de cada

casela deve ser superior a 5. Então, a alternativa foi realizar o teste Exato de Fisher, que pode

ser considerado como um substituto do Qui-Quadrado. No entanto, o teste Exato de Fisher é

destinado a tabelas 2x2. Por isso, algumas variáveis do estudo mais interessantes de serem

estudadas (devido ao resultado das tabelas de contingência construídas na subseção anterior)

foram recodificadas da seguinte maneira:

=Pósgraupara

técnicoegrauparadeEscolarida

/º3,2

º2/º1,1

=valoroutropara

RparaDAP

,2

00,0$,1

=SMdeacimapara

SMatéparanda

2,2

2,1Re

=anosdeacimapara

anosaparaIdade

25,2

2518,1

Page 127: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

127

7.3.1 Escolaridade x DaP

Utilizando a codificação citada anteriormente, foi realizado o teste Exato de Fisher

com o objetivo de verificar se a variável Escolaridade é independente da variável DaP.

Através do software Minitab, obteve-se um P-valor de 0,02. Isso significa que se deve rejeitar

a hipótese nula de que as duas variáveis são independentes, ou seja, a 5% de significância

têm-se evidências de que a escolaridade do visitante ao Parque Itacolomi possui algum

relacionamento com a Disposição a Pagar pela Preservação Ambiental.

7.3.2 Escolaridade x Conhecimento de espécies

Para verificar se o conhecimento de espécies da fauna e flora do Parque Itacolomi está

relacionado com a escolaridade do visitante, foi feito o teste Exato de Fisher. Através desse,

obteve-se um P-valor de 0,64, o que faz concluir que essas variáveis são independentes.

7.3.3 DaP x Conhecimento de espécies

Com o objetivo de verificar se a Disposição a Pagar pela preservação ambiental do

Parque Itacolomi é independente do conhecimento de espécies da fauna e flora do mesmo, foi

realizado o teste Exato de Fisher. A 5% de significância, conclui-se que essas variáveis são

independentes, visto que se obteve um P-valor de 0,19.

7.3.4 DaP x Renda Mensal

Como o relacionamento entre a Disposição a Pagar pela preservação ambiental do

Parque e a renda mensal per capita do visitante não ficou muito claro através da tabela

construída na subseção anterior, foi feito o teste Exato de Fisher, em que se obteve um P-valor

de 0,12. Adotando um nível de significância de 5%, conclui-se que essas variáveis são

independentes, considerando-se a codificação citada no início dessa subseção.

7.3.5 Faixa etária x DaP

Na tabela de contingência construída com essas variáveis houve evidências de que na

classe mais jovem, os entrevistados tinham uma maior DaP. Para verificar se esse

comportamento pode ser considerado como significativo, ou seja, se essa relação pode ser

considerada como de dependência, realizou-se o teste Exato de Fisher. No entanto, a 5% de

significância, conclui-se que elas são independentes, pois se obteve um P-valor de 0,52.

Page 128: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

128

8 CONCLUSÕES

Os objetivos propostos neste projeto de pesquisa foram atingidos. Caracterizou-se o

perfil sócio-econômico do visitante e o método de valoração ambiental foi identificado como

Valoração Contingente. O valor da Disposição a Pagar (DaP) pela manutenção de funções

ambientais do Parque foi definido a partir da aplicação de questionários aos visitantes.

O uso de métodos de valoração ambiental é ainda recente em projetos ambientais no

Brasil. Não obstante, por meio deste estudo, mostrou-se ser uma ferramenta eficiente na

comprovação de sua efetividade quanto a justificar a aplicação de programas de preservação

ambiental para maximizar os bens e serviços ambientais que este pode proporcionar.

Os valores dos serviços ambientais de unidades de conservação no Brasil e a

composição de seu capital natural podem constituir tanto indicadores importantes para o

aperfeiçoamento da gestão e planejamento ambiental como para se medir a sustentabilidade

de ecossistemas locais e regionais. As unidades de conservação no Brasil desempenham

funções ambientais importantes, destacando-se a manutenção da biodiversidade, fonte de

recreação e turismo, informação científica e educacional e muitos outros processos

ecológicos. A avaliação das funções ambientais do Parque Estadual do Itacolomi confirmou

que estes serviços geram uma parte predominante dos seus ativos ambientais.

O emprego da valoração ambiental junto ao PEIT é recomendado para justificar a

preservação do meio físico e seus recursos naturais. Somente quando se mensura o seu valor e

importância, podem-se empregar medidas para a manutenção das funções ambientais. Além

disso, a valoração ambiental pode ser uma ferramenta potencial para subsidiar decisões, em

base sustentável, do poder público, da iniciativa privada e da sociedade civil que visem o

desenvolvimento sócio-econômico dos municípios de Ouro Preto e Mariana.

O Parque Estadual do Itacolomi possui um plano de gestão com missão, visão de

futuro e objetivos estratégicos estabelecidos. Os resultados alcançados contribuem para o

fortalecimento do mesmo uma vez que contemplam questões até então não mensuradas.

Os resultados confirmam os diagnósticos apresentados pelo Plano de Manejo

principalmente pelo fato da maior parte dos visitantes serem acadêmicos, ressaltando a

principal vocação de o PEIT de estar relacionada à natureza, principalmente no que se refere à

Page 129: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

129

Educação Ambiental e a Interpretação Ambiental, atividades que já são executadas, mesmo

que de forma incipiente.

Considerando as discussões apresentadas esta pesquisa contribui a partir de um

método de valoração ambiental como forma de suporte à gestão pública no que concerne à

preservação dos recursos ambientais naturais do Parque Estadual do Itacolomi, bem como

orientação para o desenvolvimento sócio-econômico da região.

Há muito que fazer para preservar o meio ambiente. Este trabalho apresentou o uso de

um dos tipos de ferramentas para se alcançar este objetivo, no momento que tenta sensibilizar

a comunidade em geral, através da mensuração de funções ambientais que determinado

ecossistema fornece, de sua importância e necessidade, em se manter o meio físico do

ambiente como base para o desenvolvimento sustentável.

Contudo, há incertezas e imprecisões na abordagem econométrica, o que demonstra

ser uma ciência com abordagens amplas. No entanto, abre não só perspectivas para novas

proposições metodológicas em novos estudos com abordagens mais precisas como um leque

de possibilidades para reforçar a importância dos recursos naturais no cotitiano do ser humano

para o seu bem estar, seja na provisão de materiais, seja na disponibilidade do usofruto de

serviços naturais.

Reconhece-se que o método necessita de ajustes para aparar diferenças. O primeiro

ajuste seria considerar o intervalo de tempo específico para cada pesquisa de cálculo do valor

ambiental. O segundo basea-se na realização de maior número de trabalhos como pesquisas

qualitativas e quantitativas voltadas, por exemplo, ao possível viés causado pelo

comportamento da população frente às questões de restrições orçamentárias e à falta de

credibilidade do governo na questão do uso de recursos públicos e, portanto, de confiabilidade

na utilização de cobrança por serviços públicos como instrumentos de pagamento para estimar

a DaP. Outro tipo de pesquisa seria a construção de matriz de valoração sócio-econômica total

das funções ambientais identificadas para a PEIT. Por último, especificamente nesta pesquisa,

reconhece-se que uma das limitações existentes foi o fato desta ter sido conduzida dentro do

Parque. Logo, o valor social do Parque não foi determinado, mas apenas o valor de uso. Os

não-freqüentadores não fizeram parte da amostragem; possivelmente, as preferências desses

indivíduos são diferentes das dos freqüentadores.

Page 130: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

130

9 REFERÊNCIAS Ab`SABER, A. N. Os domínios morfoclimáticos na América do Sul. Bol. Inst. Geogr. USP, São Paulo, 52: 1-21, 1977.

AGRA FILHO, S. S. et al. Análise e proposição de um modelo de indicadores de sustentabilidade ambiental. REVISTA BAHIA ANÁLISE & DADOS. Salvador, v.14, n.4, p. 733-744, mar 2005.

BELLUZZO, W. Avaliação Contingente para a Valoração de Projetos de Conservação e Melhoria dos Recursos Hídricos. Pesquisa e Planejamento Econômico, vol. 29, nº 1, 1999. BOECHAT, C.B. Sustentabilidade no Brasil. HSM Management, n. 63, jul-ago. 2007.

BRAGA, P. L. S.; OLIVEIRA, C. R.; ABDALLAH, P. R. Aplicação do Método de Valoração Contingente no Parque Nacional da Lagoa do Peixe, RS, Brasil. In: III Seminário de Economia do Meio Ambiente. Campinas, 2003. Vol.único.

CIMA. Comissão Interministerial para Preparação da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento. O Desafio do Desenvolvimento Sustentável. Brasília: Secretaria de Imprensa/ Presidência da República, 1991.

De GROOT, R. S. Functions of Nature. Evaluation of nature in environmental planning, management and decision making. Amsterdam: Wolters-Noordhhoft, 1992, 315p.

DENARDIN, V.F. Abordagens econômicas sobre o meio ambiente e suas implicações quanto aos usos dos recursos naturais. Revista Teoria e Vivência Econômica: CEPEAC, 2003. Disponível na página <URL: http://www.upf.br/cepeac/download/rev_n21_2003_art5.pdf>. Acesso em 29 Jul.2007.

DESCUBRA MINAS. Parque Estadual do Rio Doce. Disponível na página <URL: Disponível na página <URL:http://www.descubraminas.com.br/destinosturisticos/hpg_municipio.asp?id_municipio=796> Acesso em 27 Jun. 2007.

DÍAZ, A. F. ¿Puede hablare de una economía de control?. Revista Española de Control Externo. V. I, n. 01, p. 35 – 37, Enero, 1999.

GOVERNO DO ESTADO DE MINAS GERAIS; SECRETARIA DE ESTADO DE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL – SEMAD; INSTITUTO ESTADUAL DE FLORESTAS – IEF; PROGRAMA DE PROTEÇÃO DA MATA ATLÂNTICA – PROMATA. Plano de Manejo do Parque Estadual do Itacolomi. Belo Horizonte: Outubro, 2007.

HANEMANN, W. M. Valuing the Environment through Contingent Valuation. The Journal of Economic Perspectives, vol. 8, nº 4, 1994.

Page 131: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

131

HOEVENAGEL, R. An assessment of the contigent valuation method. In: Pethig, R. Valuing the environment: methodological issues. Netherlands, Kluwer Academic Publishes, 1994.

INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS. Glossário: ecossistemas brasileiros. Disponível na página <URL:http://www.ibama.gov.br> Acesso em 10 Jun. 2007.

INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS. Roteiro metodológico para o planejamento de unidades de conservação de uso direto. Disponível na página <URL:http://www.ibama.gov.br/siucweb/guiadechefe/guia/anexos/anexo2/texto.htm> Acesso em 22 Jun. 2007.

INSTITUTO ESTADUAL DE FLORESTAS. Parque Estadual Itacolomi. Disponível na página <URL: http://www.ief.mg.gov.br/index.php?option=com_content&task=view&id=193&Itemid=130> Acesso em 10 Maio. 2007.

INSTITUTO ESTADUAL DE FLORESTAS. Parque Estadual do Rio Doce. Disponível na página <URL: http://www.ief.mg.gov.br/index.php?Itemid=17&id=195&option=com_content&task=view> Acesso em 27 Jun. 2007.

INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS DA USP. Disponível na página <URL: http://www.igc.usp.br/geologia/o_ciclo_das_rochas.php> Acesso em 1/6/2007.

IRSCHICK, D.J.; L.J. VITT; P.A. ZANI & J.B. LOSOS. 1997. A comparison of evolutionary radiations in mainland and caribbean Anolis lizards. Ecology, Washington, D.C., 78 (7): 2191-2203.

KNETSCH, J.; SINDEN, J. Willingness to pay and compensation demand: experimental evidence of an unexpected dispary in measures of value. Quarterly Journal of Economics 1984 (August): 507-521. MATTOS, K.; MATTOS, K. M.; MATTOS, A. Valoração econômica do meio ambiente dentro do contexto do desenvolvimento sustentável. XI SIMPEP - Simpósio de Engenharia da Produção - Bauru, SP, 2004. MAY, P. H.; LUSTOSA, M. C.; VINHA, V. Economia do meio ambiente: teoria e prática. 4ª. Reimpressão. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003.

MAY, P. H.; MOTTA, R.S. Valorando a natureza: analise econômica para o desenvolvimento sustentável. Rio de Janeiro: Campus, 1994, 195p.

MELO, F. Rodrigues de. Inventário da fauna de mamíferos no Parque Estadual do Itacolomi, Ouro Preto, Minas Gerais. Ouro Preto: Universidade Federal de Ouro Preto, 2006.

Page 132: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

132

MIKHAILOVA, I.; BARBOSA, F. A. R. Valorando o capital natural e os serviços ecológicos de unidades de conservação: o caso do Parque Estadual do Rio Doce – MG, sudeste do Brasil. Belo Horizonte: Universidade Federal de Minas Gerais / CEDEPLAR, 2004.

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Manual para valoração econômica de recursos ambientais. Disponível na página <URL: http://www.mma.gov.br > Acesso em 10 Dez. 2005. MINISTÉRIO DOS TRANSPORTES. Política ambiental: comissão permanente de meio ambiente. Disponível na página <URL: http://www.transportes.gov.br/CPMA/cap01.htm> Acesso em 10 Maio 2007. MOTA, J. A. O valor da natureza: Economia e política dos recursos ambientais. Rio de Janeiro: Garamond, 2001. 200p.

MOTTA, R.S. Economia ambiental. Rio de Janeiro: Editora FGV, 228p. 2006.

MYERS, N.; MITTERMEIER, R. A.; MITTERMEIER, C. G.; FONSECA, G. A. B. da & KENT, J. 2000. Biodiversity hotspots for conservation priorities. Nature 430: 853-858.

NOGUEIRA, M. J.; SOARES JR., P.R. A importância de se valorar o patrimônio ambiental. Brasília: Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Distrito Federal - SEMARH, 2004.Disponível na página <URL: http:// http://www.semarh.df.gov.br/semarh/site/cafuringa/Sec10/Sec_10_05.htm >. Acesso em 15 Maio 2007.

NORUEGA. O site oficial no Brasil – ganhadores do premio Nobel da Paz nos últimos anos. Disponível na pagina. <URL:http://www.noruega.org.br/policy/Nobel+Peace+Prize/prizes+since+1990.htm>. Acesso em 19 Dez. 2005.

OLIVEIRA JUNIOR, Arnaldo Freitas de. Valoração econômica da função ambiental de suporte relacionada às atividades de turismo, Brotas, SP. São Carlos: UFSCar, 2004. Tese de doutorado.

ORTIZ, R.A. Valoração Econômica Ambiental. In: MAY, Peter H. et al (orgs). Economia do meio ambiente: teoria e prática. 4ª. Reimpressão. Rio de Janeiro: Elsevier, cap 3, p. 81-99, 2003.

PEARCE, D.; TURNER, R. Economics of natural resources and the environment. Baltmore: The Johns Hopkins University Press, Inc., 1990.

PEARCE, D.; WARFORD, J. World without end: economics, environment and sustainable development. New York: Oxford University Press, Inc., 1993.

Page 133: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

133

PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O MEIO AMBIENTE - PNUMA; INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS - IBAMA; UNIVERSIDADE LIVRE DA MATA ATLÂ NTICA - UMA. Perspectivas do Meio Ambiente Mundial 2002 GEO-3. Salvador, BA: Uma Ed. <URL: http://www.wwiuma.org.br> 2004, 481p.

ROMEIRO, A. R. Valoração Econômica Ambiental. In: MAY, Peter H. et al (orgs). Economia do meio ambiente: teoria e prática. 4ª. Reimpressão. Rio de Janeiro: Elsevier, introdução, p. 1-29, 2003.

SERRA, M.A. et al. A Valoração Contingente como Ferramenta de Conservação Ambiental: o Caso da Estrada Parque Pantanal. Universidade Federal do Paraná, 2006.

SAWYER, J. Ecotourism. ́The New Road´ WWF-Bulletin No 18, March-April 1991:4-5.

SILVA, R.G. Valoração do parque ambiental “Chico Mnedes”, Rio Branco – Ac: Uma aplicação probabilística do método Referendum com bidding games. Viçosa: UFV, 2003. Dissertação de mestrado.

TOLMASQUIM, M.T. (1995). Economia do meio ambiente: forças e fraquezas. In: CAVALCANTI, C. Desenvolvimento e natureza: estudo para uma sociedade sustentável. São Paulo, Cortez. Recife, Fundação Joaquim Nabuco. Cap.17, p.323-341.

WORLDWATCH INSTITUTE / UMA – UNIVERSIDADE LIVRE DA MATA ATLÂNTICA. Estado do Mundo 2004 (Relatório do World Watch Institute sobre o avanço em direção a uma sociedade sustentável): estado do consumo e o consumo sustentável – Salvador, BA: Uma Ed. <URL: http://www.wwiuma.org.br> 2004, 326p.

WORLDWATCH INSTITUTE / UMA – UNIVERSIDADE LIVRE DA MATA ATLÂNTICA. Estado do Mundo 2005 (Relatório do World Watch Institute sobre o avanço em direção a uma sociedade sustentável): estado do consumo e o consumo sustentável – Salvador, BA: Uma Ed. <URL: http://www.wwiuma.org.br> 2005, 326p.

Page 134: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

134

10 APÊNDICES

ANEXO 1: Questionário – Valoração Ambiental do Parque Estadual do Itacolomi

Projeto de Pesquisa:

Valoração Ambiental do Parque Estadual do Itacolomi, Ouro Preto, Minas Gerais.

Questionário • Identificação Controle: Cidade ( ) Turista ( ) no.____ Escolaridade: ______________________________________________ Faixa etária:________________________________________________ Profissão: _________________________________________________ Ocupação: ________________________________________________ • Freqüência aproximada de visitas ao Parque Estadual do Itacolomi: ( ) a minha primeira visita ao Parque ( ) quase todo fim de semana ( ) 1-2 vezes por ano ( ) outras respostas____________________________________ • Local de origem: _____________________________________ • Distância aproximada do Parque: ________________________ • Você conhece alguma espécie da fauna e flora do Parque: ( ) Sim ( ) Não • Caso afirmativo, quantas espécies da fauna e flora do Parque você conhece? ( ) 0-10 ( ) 11-20 ( ) 21-30 ( ) mais de 30 Obs.: vide relações anexas de fauna e flora do Parque. • Você acha que o Parque tem uma diversidade biológica: ( ) Baixa ( ) Média ( ) Alta • Quando você está no Parque, qual é a sua sensação? ( ) Tranqüilidade ( ) Paz ( ) Prazer ( ) Inquietação ( ) Medo Outros: ____________________________ • Qual é a renda mensal aproximada per capita (por pessoa) da sua família?

Page 135: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

135

( ) até 2 salários mínimos ( ) 2-3 salários mínimos ( ) 3-5 salários mínimos ( ) 5-7 salários mínimos ( ) 7-10 salários mínimos ( ) acima de 10 salários mínimos

• O Parque Estadual do Itacolomi foi criado em 14 de junho de 1967, pela Lei nº 4.495, ocupa uma área de 7.543 hectares de belezas naturais e abrange a maior parte da Serra do Itacolomi. O Pico do Itacolomi, o ponto mais elevado do Parque, com 1772m, destaca-se como ponto de referência. O patrimônio natural, com grande diversidade biológica é composto por campos de altitude, afloramentos rochosos nas partes mais altas da serra, onde predominam as gramíneas, sempre-vivas, orquídeas e canela-de-ema. A fauna do Parque é diversificada, podendo ser encontrados mamíferos, répteis, anfíbios e aves das mais variadas espécies, algumas ameaçadas de extinção como a lontra, a onça parda, a jaguatirica, o lobo-guará, o sauá e aves como pavó e o jacuaçu. Entre os monumentos históricos destacam-se a Fazenda São José do Manso, onde se localiza a Casa Bandeirista (restaurada através do convênio celebrado entre o IEPHA e o IEF), a Fazenda do Cibrão e as ruínas da Casa de Pedra, na Chácara do Cintra.

Sabendo que os sistemas ecológicos do Parque prestam os serviços importantes para sustentação da vida no nosso planeta (inclusive a preservação da biodiversidade e a regulação do clima global), você estaria disposto a pagar pela preservação ambiental do Parque através de um programa especial? Esse valor seria pago anualmente a uma Associação da preservação ambiental do Parque Estadual do Itacolomi. Se a sua resposta é “SIM”, a Disposição a Pagar uma vez ao ano poderia ser:

Em Reais (R$):

2,00 7,00 3,00 5,00 10,00

9,00 8,00 1,00 4,00 6,00 Se a sua resposta é “NÃO”, por quê? ( ) motivos econômicos ( ) não vejo a necessidade ( ) não tenho interesse ( ) não entendo o problema ( ) não acredito que um programa da preservação ambiental do Parque Estadual do Itacolomi vá funcionar

( ) acho que preservação ambiental é competência do governo • Se o Parque Estadual do Itacolomi fosse completamente fechado para visitas, você poderia

indicar qual outro lugar que substituísse os serviços ecológicos do Parque e que fosse disponível para seu acesso?

Page 136: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

136

Listagem Flora no PEI.

Nome Vulgar Afelandra Camarão Mijo-de-gato Ama Açucena Aroeira Pau pombo Pindaíba Pindaíba-preta Araticum-mirim Língua de tucano Peroba parda Caúna Congonha de campo alegre

Ccaúna-amargosa Antúrio Maria-mole Pau caixeta Araucária Palmeira Guaricanga Jarrinha da serra Cipó de leite Oficial de sala Macela branca Macela Erva de São João Alecrim do campo Erva de picão Candeia Candeião Pincel de estudante Margarida do brejo Arnica da serra Condurango Cipó cabeludo Canela pobre Flor das almas Candeião Chaveiro do campo Enxuga , Erva -preá Assa-peixe Botão de ouro Fel-da-terra Begônia Cipó de alho Cipó de São João Caroba branca Ipê-amarelo Cipó – cravo Urucum Paina amarela Paineira rosa Chá-de-bugre Erva baleeira Baunilha dos jardins Gravatá Abacaxi

Page 137: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

137

Bromélia Barbasco Cacto Canfístula Fedegoso Pau d’óleo, Copaíba Braúna Crista de peru Voadeira do Brejo Jaratataca Erva de soldado Pau-de-cinzas Pirá Colher Ipericão Juruvoca Pau de lacre Trapoeraba Trapoeraba rosa Cipó –chumbo Enrola-semana Ipoméia Campainha Cipó –azougue Guaperê Capiúva Samambaiaçú Capim-estrela Cipó caboclo Drosera Caqui Azálea Sempre-viva Licurana Mosquito Sangue de dragão Cambraia Sangue-de-drago Pau de leite Canudo-de-pito Mandioca-do-mato Filanto Pau-de-leite Sarandi Pata de vaca Calopogônio Camptosema Centrosema Xique-xique Jacarandá Jacarandá-preto Caviúna Carrapicho-beiço-de-boi

Anileira Jacarandá-de-espinho

Jacarandá-tâ Alcaçuz do Brasil Estilosantes Rabo de galo

Page 138: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

138

Língua-de-tiú Guaçatonga Pau de espinho Centáurea do Brasil Genciana da terra Gesnera Cachimbo Samambaia Conchalágua Carrapateira Macaé Canela ferrugem Canela Canela babona Austromélia Cará de caboclo Erva de passarinho Licopódio brasileiro Licopódio Sete sangrias Vassourinha Pacarí Murici Murici, canjica Flor de mariposa Cangica Guanxuma Malva do Campo Lavoisiera Pixirica, �butua do mato

Folha de bolo Capitiú Jacatirão branco Quaresmeira Quaresma mirim Quaresma do Campo Flor de lã Canjerana Canjerana-mirim Cedro Camboatá Catiguá Abútua Butua miúda Angico-branco Ingá Ingá-de-metro Malícia Angico vermelho Angico-jacaré Espinheiro bravo Sobreiro Barbatimão Nega-mina Embaúba branca Embaúba Espinheira-santa Azeitona do mato Capororoca-do-brejo Capororoca

Page 139: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

139

Eucalipto Cambuí-do-brejo Piúna Congonha do Campo Erva de São Martinho

Brinco-de-princesa Cruz de malta Orquídea Maracujá Carurú-de-Pomba Pinheiro Jaborandí manso Capim rabo de burro Bambuzinho Capim gordura Capim de prata Bambú Barba de São Pedro Gelol Roxinha Avenca Polipódio Carne de vaca Carvalho do Brasil

Carne de vaca Barba de velho Amora preta Quina do mato Falsa poaia Piririca Fruta de papagaio Folha miúda Don Bernardo Tinguí Mamica de porca Timbó Cipó timbó Esponja do Mato Hortênsia Samambaia Açafrão do mato Imbiri Manacá Erva de Santa Bárbara

Erva Moura Jurubeba Flor de viúva Vassourinha Chá preto Polipódio Urtiga-mansa Cansanção Barba de velho Canela de ema Tamanqueira Gervão Maria Preta Tarumã Cipó-suma

Page 140: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

140

Suma branca Pau-terra Pau de tucano Casca d'anta Botão de ouro Mariazinha-do-brejo

Espécies de pequenos mamíferos não voadores identificados no PEI.

Nome Vulgar Rato-d’água Rato-do-mato Rato-da-cana Rato-do-brejo Rato-do-chão Gambá Catita Cuíca

Cuíca-de-três-listas Cuíca-de-quatro-olhos

Espécies de mamíferos de médio e grande portes identificados no PEI.

Nome Vulgar Gambá-de-orelha-

branca

Tamanduá-bandeira Tamanduá-mirim

Tatu-galinha Tatuí

Tatu-testa-de-ferro Mico-estrela

Sauá Lobo-guará

Cachorro-do-mato Quati

Mão-pelada Jaritataca

Irara Furão Lontra

Gato-mourisco Onça-parda Jaguatirica

Gato-do-mato-pequeno

Onça-pintata Cateto

Veado-mateiro Esquilo

Ouriço-comum Capivara

Paca Cutia Tapeti

Page 141: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

141

ANEXO 2: Listagem das Espécies Vasculares Inventariadas no PEI

Tabela A. Listagem das espécies vasculares inventariadas no PEI.

F= Floresta CR= Campo Rupestre FAMÍLIA ESPÉCIE NOME

VULGAR HABITUS HABITAT

Acanthaceae Aphelandra prismatica N. ab. E. Afelandra subarbusto F Beloperone mollis N. ab. E. Camarão arbusto F B. monticola N. ab. E. Camarão subarbusto F Mendoncia coccinea Vell.

Mijo-de-gato arbusto

escandente F

Ruellia geminiflora Humb. erva CR R. macrantha Mart. Ama subarbusto F e CR Sericographis monticola Nees escandente CR Staurogyne minarum (Ness) Kuntze arbusto F Hippeastrum damazianum Beauv. Açucena erva CR Anacardiaceae Schinus terebinthifolius Raddi Aroeira árvore F Tapirira guianensis Aubl. Pau pombo árvore F Annonaceae Guatteria acutiflora Mart. Pindaíba árvore F G. nigrescens Mart. Pindaíba-preta árvore F G. odontopetala Mart. Pindaíba árvore F G. sellowiana Schltdl. árvore F G. villosissima St.Hill Pindaíba árvore F Rollinia ermaginata Schltdl. Araticum-

mirim árvore F

Xylopia brasiliensis Spreng Pindaíba árvore F Apiaceae Eryngium panniculatum Cav. Língua de

tucano erva CR

Hydrocotyle quinqueloba Cham. erva CR Apocynaceae Aspidosperma melanocalyx Muell.Arg. Peroba parda árvore F Dipladenia martiana A. Dc. escandente CR e F Laseguea acutiflora Muell. Arg. arbusto CR Rauwolfia sp. arbusto CR Stipecoma peltigera escandente F Aquifoliaceae Ilex grandis Reiss Caúna arbusto F I. loranthoides Mart. Congonha de

campo alegre arbusto CR

I. theezans Mart. Ccaúna-amargosa

árvore F

Ilex sp. árvore F Araceae Anthurium minarum Mayo Antúrio erva CR Anthurium scandens Engl. Antúrio erva epífita F A. sellowianum Kunth. Antúrio erva F e CR Anthurium sp. Antúrio erva F e CR Araliaceae Dendropanax cuneatum (DC.) Decne &

Planch. Maria-mole árvore F

Didymopanax macrocarpum (Cham. et Schl.) Seen.

Pau caixeta árvore CR e F

Araucariaceae Araucaria brasiliensis Rich. Araucária árvore F Arecaceae Attalea sp. Palmeira árvore F Euterpe sp. Palmeira árvore F Geonoma schottiana Mart. Guaricanga árvore F Aristolochiaceae Aristolochia smilacina Ducht. Jarrinha da

serra erva prostrada CR

Asclepiadaceae Amphistelma aphyllum Tourn. Cipó de leite trepadeira F Asclepias curassavica L. Oficial de sala subarbusto CR Ditassa mucronata Mart. Cipó de leite trepadeira F Oxypetalum appendiculatum Mart. et Zucc. Cipó de leite trepadeira CR Stipecoma peltigera Cipó de leite trepadeira F

Page 142: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

142

Asteraceae Achyrocline albicans Griesb. Macela branca erva CR A. satureoides Gardn. Macela erva CR Ageratum conyzoides DC. Erva de São

João erva CR

Baccharis dracunculifolia DC. Alecrim do campo

subarbusto CR

B. helychrysoides DC. arbusto CR B. ligustrina DC. árvore F B. cf. orgylae DC. árvore F B. platypoda DC. arbusto CR B. pseudomyriocephala arbusto CR B. vulneraria Baker arbusto CR Bidens rubifolius H.B.K. Erva de picão arbusto

escandente F

Calea clematidea Baker subarbusto CR C. lemmatiodes Schltz-Bip. subarbusto CR Clibadium sp. subarbusto CR Dasyphyllum orthacantha Baker arbusto

escandente CR

D. regnellii Baker arbusto CR Eremanthus erythropappus (DC.) MacLeish Candeia árvore CR e F E. incanus (Less.) Less.

Candeião arbusto CR

Emilia sonchifolia DC. Pincel de estudante

erva CR

Erigeron maximus Link et Otto Margarida do brejo

subarbusto CR

Eupatorium adamantium Gardn. subarbusto CR E. amygdalinum Lam. var. glandulosa Baker subarbusto CR E. angulicaule Sch. Bip. subarbusto CR E. amphidictyum DC. erva CR E. ascendens Mart. erva CR E. consanguineum DC. subarbusto CR E. conyzoides Vahl. subarbusto CR E. coriaceum Sch. subarbusto CR E. crenulatum Gomez arbusto CR E. decumbens Baker erva CR E. itacolumiense Schultz-Bip subarbusto CR E. laevigatum Lam. arbusto CR E. laxum Gardn. erva CR E. maximiliani Sch. subarbusto CR E. multiflosculosum DC. subarbusto CR E. neglectum Robinson arbusto CR E. pedale Schultz-Bip. subarbusto CR E. serratum Spreng. var. alpestris subarbusto CR E. squalidum DC. var. subvelutina Baker subarbusto CR E. squalidum DC. var. itacolumiense Lisboa subarbusto CR E. vauthierianum DC. var. glandulosum DC. subarbusto CR Eupatorium sp. erva CR Lucilia glomerata Baker erva CR Lychnophora brunioides Mart. Arnica da

serra arbusto CR

L. trichocarpha Spreng. Arnica da serra

arbusto CR

Mikania acuminata DC. trepadeira F M. candolleana Gardn. trepadeira CR M. capricorni Robinson trepadeira F M. duckei Barroso trepadeira CR M. estrellensis Baker trepadeira CR M. glauca Mart. Condurango subarbusto CR M. hirsutissima DC. Cipó cabeludo trepadeira CR

Page 143: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

143

M. lasiandrae DC. trepadeira CR M. scandens Willd. trepadeira F M. selloi Spreng. trepadeira F M. sessilifolia DC. arbusto CR M. suborgyalis Lisboa et Badini subarbusto CR M. subverticillata Sch. Bip. subarbusto CR M. vismiaefolia DC. trepadeira CR Mutisia campanulata Less. trepadeira CR Piptocarpha axillaris Baker Canela pobre árvore F Piptocarpha cf. Tomentosa Baker árvore F Senecio brasiliensis Less. Flor das almas arbusto CR Stevia clausseni Sch. Bip. erva CR Trichogonia hirtiflora Sch. Bip. arbusto CR T. martii Baker subarbusto CR T. menthaefolia Sch. Bip. erva CR T. salviaefolia Gardn. subarbusto CR T. villosa Sch.Bip. subarbusto CR Trixis verbasciformis Less. erva CR Verbesina capitata Sch. Bip. Candeião arbusto CR V. glabrata Hook et Arn. Chaveiro do

campo arbusto CR

Vernonia araripensis Gardn. trepadeira CR V. chaptalia arbusto CR V. chionolaena V. cognata Less. V. cotoneaster Less. V. crotonoides Sch. Bip. arbusto CR V. discolor Less. árvore F V. eremophila Mart. arbusto F V. ferruginea Less. arbusto CR V. florida Gardn. subarbusto CR V. gnaphalioides Sch. Bip. erva CR V. holosericea Mart. erva CR V. lindbergii Baker V. linearifolia Less. V. linearis Spreng. V. obscura Less. V. pedunculata DC. arbusto CR V. scorpioides Pers. Enxuga , Erva

-preá subarbusto CR

V. syncephala Sch. Bip. erva CR V. tomentella Mart. subarbusto CR V. velutina Less. arbusto CR V. verbacifolia Less. subarbusto CR V. viscidula L. arbusto CR V. westiniana Less. Assa-peixe arbusto CR Wedelia paludosa DC. Botão de ouro erva CR Balanophoraceae Langsdorffia hipogaea Fel-da-terra erva parasita F Begoniaceae Begonia lobata Schott. Begônia erva CR Bignoniaceae Fredericia speciosa Mart. arbusto

escandente CR

Lundia umbrosa Bur. Cipó de alho trepadeira F Petastoma samyoides Miers. arepadeira CR e F Pyrostegia venusta Mart. Cipó de São

João trepadeira CR e F

Sparattosperma leucanthum (Vell.) Schum. Caroba branca árvore F Tabebuia alba (Cham.) Sandwith

Ipê-amarelo árvore F

Tinnanthus elegans Miers. Cipó – cravo liana F Bixaceae Bixa orellana L. Urucum arbusto F Bombacaceae Bombax sp. Paina amarela árvore F

Page 144: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

144

Chorisia sp. Paineira rosa árvore F Boraginaceae Cordia sellowiana Cham. Chá-de-bugre árvore F C. verbenacea DC. Erva baleeira subarbusto CR Heliotropium peruvianum L. Baunilha dos

jardins arbusto CR

Bromeliaceae Aechmea bromeliaefolia (Rudge) Baker Gravatá erva CR e F Ananas comosus Mill. Abacaxi erva CR Billbergia elegans Mart. Bromélia erva CR e F B. vittata Brogn. Bromélia erva CR e F Cryptanthus schwackeanus Mez. Bromélia erva CR Dyckia minarum Mez. Bromélia erva CR Nidularium sp. Bromélia erva CR F Quesnelia liboniana (De Jongle) Mez. Bromélia erva F Tillandsia stricta Lindl. Bromélia epífita F Vriesea atra Mez. Gravatá erva CR Buddlejaceae Buddleja brasiliensis Jacq. Barbasco subarbusto CR Burmaniaceae Burmania sp. erva Cactaceae Cacto erva CR e F Caesalpiniaceae Cassia. ferruginea (Schrad.) Schrad ex DC. Canfístula árvore F Cassia sp. subarbusto CR Chamaecrista dentata Vog. arbusto CR C. desvauxii var. langsdorfii arbusto CR C. hedysaroides Arbusto CR C. mucronata Spreng. Fedegoso arbusto CR C. multipennis (H.S. Irwin & Barneby) H.S.

Irwin & Barneby arbusto CR

C .ochnacea (Vogel) H.S. Irwin & Barneby arbusto CR C. rotundata var. grandistipula arbusto CR C. rotundata var. Rotundifolia arbusto CR C trichopoda arbusto CR Copaifera langsdorffii Desf. Pau d’óleo,

Copaíba árvore F

Melanoxylon brauna Schott Braúna árvore F Senna bacillaris L. arbusto CR S. macranthera (Collad) Irwin et Barn. Canafístula árvore F S. multijuga (Rich.) Irwin et Barn. Canafístula árvore F S. pendula var glabrata Arbusto CR S. .reniforme G.Don. arbusto CR e F arbusto CR Campanulaceae Centropogon surinansensis (L.) Presl. Crista de peru subarbusto CR Lobelia camporum Pohl. Voadeira do

Brejo erva CR

Siphocampylus nitidus Pohl. subarbusto CR S. verticillatus G. Don. Jaratataca subarbusto F Cariophyllaceae erva F Celastraceae Maytenus salicifolia Reissek subarbusto F Chloranthaceae Hedyosmum brasiliense Mart. Erva de

soldado arbusto F

Chrysobalanaceae Couepia sp. arbusto F Clethraceae Clethra brasiliensis Cham. Pau-de-cinzas árvore CR e F Clethra scabra Pers. Pau-de-cinzas árvore CR e F Clusiaceae Clusia ildefonsiana Rich. Pirá arbusto CR C. spathulaefolia Engl. Colher arbusto CR e F Hypericum brasiliense Choisy Ipericão erva CR H. polyanthemum Klotzch. erva CR e F Laplacea tomentosa Walp. Juruvoca arvore F Vismia magnoliaefolia Cham. Et Schl. Pau de lacre arbusto CR e F Vismia parviflora Cham. Et Schl. Pau de lacre arbusto CR e F Commelianaceae Commelina benghalensis L. Trapoeraba erva F Tradescantia elongata Meyer Trapoeraba

rosa erva F

Page 145: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

145

Convolvulaceae Cuscuta racemosa Mart. Cipó –chumbo trepadeira F Ipomoea cairica (L.) Sweet. Enrola-semana trepadeira CR I. polymorpha Riedel. Ipoméia trepadeira CR e F I. purpurea Roth. Ipoméia trepadeira CR e F Ipomoea sp. Ipoméia trepadeira F Jacquemontia densiflora (Meisn.) Hallier f. Campainha trepadeira F Merremia macrocalyx (Ruiz et Pav.)

O’Donnel Campainha trepadeira CR e F

Cucurbitaceae Melothrianthus smilacifolius (Cogn.) M. Crovetto

Cipó –azougue

trepadeira F

Cunoniaceae Lamanonia ternata Vell. Guaperê árvore F Weinmannia hirta Sw. Capiúva subarbusto CR Cyatheaceae Cyathea arborea Smith Samambaiaçú árvore F Cyathea phalerata árvore F Cyperaceae Cryptangium minarum erva CR C. nudipes Clark. erva CR Cyperus sp. erva CR Dichromena sp. erva CR Lagenocarpus rigidus N. ab E. erva CR Rhynchospora glauca Vahl. erva CR R. nervosa (Vahl.) Boeck. Capim-estrela erva CR Scirpus paradoxus erva CR Scleria sp. erva F Dicksoniaceae Dicksonia sellowiana Hook Samambaiaçú arbusto F e CR Dicksonia sp. arbusto Dilleniaceae Davilla angustifolia St. Hill. Cipó caboclo trepadeira CR D. rugosa Poir Cipó caboclo arbusto

escandente F

Droseraceae Drosera montana St. Hil. Drosera erva CR Ebenaceae Diospirus kaki Caqui arvore A Elaeocarpaceae Sloanea monosperma Vell. árvore F Ericaceae Leucothoe laxiflora Meiss. subarbusto F L. laxiflora Meiss. Var. Hookeriana arbusto CR Gaylussacia reticulata Mart. arbusto F e CR Rhododendron indicum Azálea subarbusto A Eriocaulaceae Leiothrix florescens (Bang.) Ruhl. erva CR Leiothrix cf. vivipara (Bang.) Ruhl. erva CR Paepalanthus aequalis (Vell.) J.C. March. Sempre-viva erva CR P. conduplicatus Kcke. Sempre-viva erva CR P. elongatus (Bang.) Koern. Sempre-viva erva CR P. exiguuos Kcke. Sempre-viva erva CR P. freyreissii Kcke. Sempre-viva erva CR P. planifolius Kcke Sempre-viva erva CR Paepalanthus plantagineus Kcke. Sempre-viva erva CR Syngonanthus caulescens Poir.) Ruhl. erva CR S. flaccidus Kth. Euphorbiaceae Alchornea ericurana Casar Licurana arbusto F A. triplinervia (Spreng.) Müll. Arg. Mosquito arvore CR e F Croton exuberans M. Arg. Sangue de

dragão árvore F e CR

C. geraesensis (Baill.) G.L. Webster C.salutaris Casar Cambraia árvore F C. urucurana Baill Sangue-de-

drago árvore F

Excaecaria marginata M. Arg. Pau de leite arbusto F Euphorbia sp. arbusto CR Mabea fistulifera Mart. Canudo-de-

pito árvore F

Manihot sp. Mandioca-do-mato

arbusto F

Pera sp. arvore F

Page 146: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

146

Phyllanthus klotzschianus M. Arg. Filanto subarbusto CR Phyllanthus sp. erva F Sapium glandulatum (Vell.) Pax. Pau-de-leite árvore F Sebastiania corniculata arbusto

escandente CR

S. salicifolia (Mart.) Pax. Sarandi subarbusto CR S. soteropolitana erva CR Sebastiania sp. arbusto CR árvore F Fabaceae Aeschynomene elegans var. Elegans erva CR Andira surinamensis árvore CR Bauhinia unguculata var. Cuiabensis Bauhinia rufa Stend. Pata de vaca arbusto F B. zurlei Lisboa et Badini Pata de vaca liana F Bauhinia sp. Pata de vaca arbusto F Calopogonium mucunoides Calopogônio erva CR Camptosema bellum Benth. trepadeira F C. scarlatinum var. pohlianum camptosema trepadeira CR Centrosema coriaceum Centrosema trepadeira CR C. virginianum Benth. Centrosema trepadeira F Clitoria falcata var. falcata trepadeira CR C. ruffescens Benth. trepadeira CR Crotalaria anagyroides H.B.K. Xique-xique arbusto CR C. micans Xique-xique erva CR C. nitens Xique-xique erva CR Dalbergia frutescens Jacarandá arbusto CR e F Dalbergia nigra (Vell.) Fr. All. Ex Benth. Jacarandá-

preto árvore CR F

D. villosa var. villosa Caviúna árvore CR e F Desmodium adscendensz Carrapicho-

beiço-de-boi erva CR

D. affine Carrapicho-beiço-de-boi

erva CR

D. barbatum Carrapicho-beiço-de-boi

erva CR

D. incanum Carrapicho-beiço-de-boi

erva CR

D. uncinatum Carrapicho-beiço-de-boi

erva CR

Indigofera suffruticosa Mill. Anileira arbusto CR Machaerium aculeatum Raddi Jacarandá-de-

espinho árvore CR e F

M. brasiliense Vogel. jacarandá arbusto CR M. nyctitans (Vell.) Benth. Jacarandá-tâ árvore F M. villosum Vogel. Jacarandá árvore F Periandra mediterrânea Mart. Alcaçuz do

Brasil arbusto CR

Rhynchosia reticulata trepadeira CR Sesbania virgata arbusto CR Stylosanthes montevidensis estilosantes erva CR S. viscosa Estilosantes subarbusto CR Swartzia oblata R. S. Cowan arbusto CR Vigna peduncularis var. Peduncularis trepadeira CR Zornia reticulata erva CR Flacourtiaceae Abatia tomentosa Mart. Rabo de galo arbusto F e CR Casearia arbórea Língua-de-tiú arbusto F e CR Casearia aff. selloana Eichler Língua-de-tiú arbusto F e CR Casearia sylvestris Sw. Guaçatonga árvore F Xylosma serratifolia Pau de

espinho arbusto CR

Gentianaceae Deianira nervosa Cham. Et Schl. Centáurea do erva CR

Page 147: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

147

Brasil Helia alpestris (Mart.) Kuntze Genciana da

terra erva CR

Irlbachia pedunculata (Cham. & Schltdl.) Maas

Genciana da terra

erva CR

I. pulcherrima (Mart.) Maas Genciana da terra

erva CR

Gesneriaceae Gesnera tribracteata Otto e Dietr. Gesnera erva CR Nematanthus dichrus (Spreng) Wichler arbusto

escandente F

Sinningia wífidayca Otto e Dietr. Cachimbo erva CR Paliavana dasyantha Wichler subarbusto CR Gleicheniaceae Gleichenia ífida (W.) Spr. Samambaia erva CR Iridaceae Crocosmia crocosmaeflora Ant. erva CR Sisyrinchium vaginatum Spreng. Conchalágua erva CR Trimezia martii (Baker) R.C. Foster erva CR Lamiaceae Eriope macrostachya Mart. arbusto CR Hyptidendron ybutuayay Elp. Carrapateira árvore CR e F Leonurus sibiricus L. Macaé erva CR Lacistemaceae Lacistema pubescens Mart. arbusto F Lauraceae Cassytha sp. trepadeira

parasita F

Nectandra ybutua (H.B.K.) Ness. Canela ferrugem

árvore F

N. nitidula Ness árvore F Ocotea spixiana Mez. Var. Macrantha

Lisboa Canela árvore F

O. tenuiflora (Ness) Mez. Canela babona árvore F O. tristis Mez. Canela arbusto CR Phoebe erythropus Mez. arbusto F Phoebe sp. arbusto F Liliaceae Alstroemeria haemantha Austromélia erva F Bomarea salsilloides Rom. Cará de

caboclo erva escandente

F

Hypoxys decumbens erva CR Loganiaceae Spigelia spartioides Cham. Et Schl. erva CR Loranthaceae Phrygilanthus eugenoides H.B.K. Erva de

passarinho arbusto parasita

F

Psittacanthus dichrous Mart. Erva de Passarinho

arbusto parasita

F

Lycopodiaceae Lycopodium cernuum L. Licopódio brasileiro

erva CR

L.clavatum L. Licopódio erva CR L.complanatum L. Licopódio erva CR Lycopodium sp. Licopódio erva CR Urostachys reflexus (Lam.) Hert. erva CR Lythraceae Cuphea ingrata Cham. Et Schl. Sete sangrias arbusto CR Diplusodon hirsutus DC. Vassourinha arbusto CR Lafoensia pacari St. Hil. Pacarí arbusto CR Magnoliaceae Michelia sp. arbusto CR Malpighiaceae Banisteria campestris Grisb. Murici arbusto

escandente CR

B. clausseniana Juss. arbusto escandente

CR e F

Byrsonima abutua A. Juss. Murici, canjica

arbusto CR

B. lancifolia Murici árvore F B. variabilis Juss. arbusto CR Heteropterys umbellata Juss. Flor de

mariposa arbusto F

Page 148: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

148

Peixotoa tomentosa Juss. Cangica subarbusto CR Tetrapteris sp. trepadeira F arbusto

escandente F

Malvaceae Abutilon inaequilaterum St. Hill. arbusto CR Gaya sp. arbusto F Pavonia sp. subarbusto F Peltae polymorpha St. Hill. arbusto F Sida rhombifolia L. Guanxuma subarbusto CR S.macrodon DC. Malva do

CAMPO erva CR

Melastomataceae Behuria glutinosa Cogn. arbusto CR Cambessedesia hilariana (Kunth.) DC. subarbusto CR Fritszchia anisostemon Cham et Schl. erva CR Lavoisiera bergii Cogn. subarbusto CR L. cataphracta DC. arbusto CR L. compta DC. subarbusto CR L. pulcherrima DC. Lavoisiera arbusto CR Leandra cancellata Cogn. arbusto CR L. scabra DC. Pixirica,

�butua do mato

arbusto CR e F

Leandra sp 1 arbusto F Leandra sp 2 arbusto F Marcetia cordigera DC. subarbusto CR M. fastigiata Cogn. subarbusto CR Miconia chartacea Triana árvore F M. corallina Spreng. Folha de bolo arbusto F M. discolor DC árvore F M .macrophylla Triana Capitiú arbusto F M. pennipilis Cogn. arbusto F M. rubiginosa DC. subarbusto CR M. stelligera Cogn. arbusto F M. tentaculifera Naud. arbusto F M. theazeans Cogn. Jacatirão

branco arbusto F

Miconia sp 1 arbusto F Miconia sp 2 arbusto F Miconia sp 3 arbusto CR Microlicia carmitosa Naud. subarbusto CR M. carnosula Naud. subarbusto CR M. cordata Cham. subarbusto CR M. cordiophora Naud. subarbusto CR M. isophylla DC. erva CR M. fasciculata Mart. erva CR M. fulva Cham. erva CR Microlicia glazioviana Cogn. M. macrophylla Naud. subarbusto CR M. pulchella Cham. erva CR Rhynchanthera limosa DC. erva CR Siphanthera arenaria Cogn. erva CR S. villosa Cogn. erva CR Tibouchina adenostemon Cogn. Quaresmeira subarbusto CR T. canescens Cogn. Quaresmeira árvore F T. cardinalis Cogn. Quaresmeira arbusto CR T. cisplatensis Cogn. Quaresmeira árvore F T. dendroides Cogn. Quaresmeira arbusto CR T. estrellensis Cogn. Quaresmeira árvore F T. fortegillae (DC.) Gogn. árvore F T. frigidula Cogn. Quaresmeira subarbusto CR T. grandifolia Cogn. Quaresmeira árvore F

Page 149: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

149

T. ybutuaya Cogn. Quaresmeira erva CR T. martialis Cogn. Quaresma

mirim arbusto F

T. multiceps Cogn. Quaresmeira arbusto CR T. multiflora Cogn.. Quaresma do

CAMPO arbusto CR

T. ochypetala Baill. Quaresmeira árvore F T. semidecandra Cogn. Quaresmeira árvore F e CR Trembleya calicina Cham. arbusto CR T. laniflora Cogn. Flor de lã arbusto CR T. parviflora Cogn. arbusto F T. pentagona Naud. arbusto CR T.phlogiformis DC. arbusto CR Meliaceae Cabralea canjerana (Vell.) Mart. Subsp.

Canjerana Canjerana árvore CR e F

C. canjerana (Vell.) Mart. Subsp. Polytricha Canjerana-mirim

arbusto CR

Cedrela fissilis Vell. Cedro árvore F Guarea guidonia (L) Sleumer Camboatá árvore F Matayba sp. Camboatá árvore F Trichilia sp. Catiguá árvore F Menispermaceae Cissampelos andromorpha DC. Abútua trepadeira F Cocculus filipendula Mart. �butua miúda trepadeira F Mimosaceae Abarema langsdorffii (Benth.) Barneby &

J.W. Grimes arvore CR

Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan Angico-branco árvore F Ingá barbata Ingá arvore CR I. edulis Ingá-de-metro árvore CR I. sessilis Mart. Ingá árvore F I. vulpina Ingá árvore CR Mimosa aurivillus var.i aurivillus Malícia arbusto CR Mimosa aurivillus var. Calothamnos arbusto CR M.densa Benth. Malícia subarbusto CR M. dolens var. Dolens subarbusto CR M. ourobrancoensis arbusto CR M. pigra arbusto CR M.rixosa Mart. Malícia subarbusto CR Mimosa sp. arbusto CR Parapiptadenia rigida (Benth.) Brenan Angico

vermelho árvore F

Piptadenia gonoacantha (Mart.) Macbr. Angico-jacaré árvore F P. laxa Benth. Espinheiro

bravo arbusto F

P.micracantha Benth. Espinheiro bravo

arbusto F

Pithecolobium lusorium Benth. Sobreiro árvore F Stryphnodendron adstringens Mart. Barbatimão árvore F Monimiaceae Siparuna apiosyce (Mart) A. DC. Nega-mina arbusto F Molinedia sp. arbusto F Moraceae Dorstenia nervosa Desv. subarbusto F Cecropia hololeuca Miq. Embaúba

branca árvore F

Cecropia sp. Embaúba árvore F Ficus sp. árvore F Sorocea bonplandii (Baill.) W.C. Burger,

Lanj. & Wess. Boer Espinheira-santa

arvore F

Myrsinaceae Cybianthus itacolomiensis Lisboa et Badini arbusto F Rapanea ferruginea Mez. Azeitona do

mato arbusto F

Rapanea gardneriana A.DC Capororoca-do-brejo

árvore F

Page 150: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

150

R. lancifolia Mez. arbusto CR R. umbellata Mez. Capororoca arbusto CR e F R. villosissima (Mart.) Mart. arbusto F Rapanea sp. arbusto CR Myrtaceae Eucalyptus sp. Eucalipto árvore F Eugenia sp. arbusto CR Gomidesia affinis (Camb.) Legrand. árvore F Gomidesia sp. arbusto CR Marlierea obscura O. Berg árvore F Myrceugenia miersiana (Gadner) D.Legrand

& Kaus árvore F

Myrcia detergens Mer. árvore F M. loruotteana Cabess. Cambuí-do-

brejo árvore F

M. rufipes DC. árvore F M. splendens (Sw.) DC árvore F M. subverticularis (O. Berg) Kiaersk. árvore F M. venulosa DC. árvore F Rubachia antonia Berg. Piúna árvore F Siphoneugenia densiflora O. Berg árvore F S. kiaerskoviana (Buret) Kausel árvore F S. widgreniana O. Berg árvore F Nyctaginaceae Pisonia sp. arbusto F Ochnaceae Luxemburgia nobilis Eichl. arbusto CR L. octandra St.Hill. Congonha do

CAMPO arbusto CR

Ouratea floribunda Engl. árvore F O. semisserrata Engl. arbusto CR Ouratea sp. árvore F Sauvagesia erecta L. Erva de São

Martinho erva CR

Onagraceae Fuchsia integrifolia Camb. Brinco-de-princesa

arbusto escandente

CR e F

Jussiaea anastomosans DC. Cruz de malta arbusto CR Orchidaceae Anacheilium alemannioides (Hoehne) Pabst. Orquídea erva epífita F Bifrenaria thyrianthina Reichb. F. Orquídea erva CR Bulbophyllum weddellii Reichb. F. Orquídea erva CR Cleistes lepida (Reichb.F.) Schltr. Orquídea erva CR C. paranaensis (B. Rodr.) Schlt. Orquídea erva CR Comparettia coccinea Lindl. Orquídea erva CR Epidendrum aquaticum T. M. Orquídea erva CR E. campestre Lind. Orquídea erva CR E. ellipticum. Grah. Orquídea erva CR e F Epistephium praestans Hoehne Orquídea erva CR Habenaria corcovadensis Kraenzl. Orquídea erva CR H. itaculumia Garay Orquídea erva CR H. rupicola B. Rodr. Orquídea erva CR Isochilus linearis R. Br. Orquídea erva F Koellensteinia eburnea Schtr. Orquídea erva CR Laelia cinnabarina Batem. Orquídea erva CR L. flava Lindl. Orquídea erva CR L. rupestris Lindl. Orquídea erva CR Maxillaria madiola Lindl. Orquídea erva CR M. mosenii Kraenzl. M. valenzuelana (A. Rich.) Nash. Orquídea erva CR Oncidium batemanianum Parm. Orquídea erva CR e F O. gracile Lindl. Orquídea erva CR O. warmingii Reichb. F. Orquídea erva CR Pleurothallis limae Porto et Brade Orquídea erva CR P. teres Lindl. Orquídea erva CR Prescottia montana B. Rodr. Orquídea erva CR

Page 151: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

151

Sophronites coccinea Reichb. Orquídea erva CR e F Stenorrhynchus sp. Orquídea erva CR Zygopetalum mackayi Hook Orquídea erva CR e F Passifloraceae Passiflora haematostigma Mast. Maracujá trepadeira CR P. speciosa Gardn. Maracujá trepadeira F Passiflora sp. Maracujá trepadeira CR Phytolaccaceae Phytolacca thyrsiflora Carurú-de-

Pomba erva CR e F

Pinaceae Pinus sp. Pinheiro árvore F Piperaceae Artanthe superba Miq. arbusto F Ottonia corcovadensis Miq. Jaborandí

manso arbusto F

Piper cabralanum C.D.C. arbusto F P. klotzchiana Kunth. arbusto F Piper sp. arbusto F Plantaginaceae Plantago tomentosa L. erva CR Poaceae Andropogon bicornis Bth. Capim rabo de

burro erva CR

A. leucostachys H.B.K. Capim rabo de burro

erva CR

A. virginicus Trin. erva CR Aulonemia effusa (Hack.) McClure Bambuzinho arbusto CR Melinis minutiflora Beauv. Capim

gordura erva CR

Panicum cyanescens Ness. erva F Panicum sp. erva F Paspalum polyphyllum Ness. erva CR Pennisetum setosum (Swart) L.Rich. Capim de

prata erva CR

Phyllostachys sp. Bambú arbusto F Polygalaceae Polygala ligustroides St. Hill. erva CR P. paniculata L. Barba de São

Pedro erva CR

P. timotou Aubl. Gelol erva CR P. violacea Vahl. Roxinha erva CR Polygonaceae Polygonum sp. trepadeira F Adiantum subcordatum Sw. Avenca erva F Polypodiaceae Aspidium amplissimum Presl. Samambaia erva F Asplenium sp. Samambaia erva F Blechnum imperiale (Fee et Gl.) Ch. Samambaia erva F Elaphloglossum burschellii (Baker)C. Chr. erva CR Gymnogramma myriophylla Sw. Samambaia erva CR Lindsaya bothychoides St. Hill Avenca erva F L. guyanensis Dryana Avenca erva F Meniscium reticulatum Swartz Polipódio erva CR Polypodium angustifolium Swartz Polipódio erva CR P. fraxinifolium Jacq. Polipódio erva epífita F P. lanceolatum L. Polipódio erva epifita F P. paradiseae Langsd. Polipódio erva F Polypodium sp. Polipódio erva F Pteridaceae Adiantum subcordatum Sw. Avenca erva F Anogramma sp erva F Doryopteris crenulans (Fee) H. Christ D. ornithopus (M.) J. Sw. erva CR Eriosorus myriophyllus (SW) Copel. erva CR Pteridiium aquilinum erva CR Proteaceae Andripetalum multiflorum Schott árvore F Roupala martii Meissn. Carne de vaca

Carvalho do Brasil

árvore CR e F

R. brasiliensis Kl. Carne de vaca árvore F

Page 152: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

152

Ranunculaceae Clematis dioica L. Barba de velho

trepadeira F

Rhamnaceae Reissekia cordifolia Stend. trepadeira F Rosaceae Rubus brasiliensis Mart. Amora preta arbusto F R. erythroclados Mart. arbusto F Rubiaceae Alibertia elliptica (Cham.) K. Schum. árvore F Bathysa meridionalis Smith & Downs Quina do mato arbusto F Borreria verticillata Meyer Falsa poaia erva CR Cousarea sp. árvore F Coccocypselum erythrocephalum Paulíni

Schl. Piririca subarbusto CR e F

E. cuspidatum St. Hill. arbusto F Manettia yaulí-rubra Benth. Fruta de

papagaio trepadeira CR

Palicourea marcgravii St. Hil. arbusto F Psychotria sessilis Müll. Arg. Folha miúda arbusto CR P. tetraphylla Müll. Arg. Don Bernardo subarbusto F P. trichoneura Müll. Arg. subarbusto F P. vellosiana Benth. árvore F P. weddeliana Müll. Arg. arbusto F Relbunium sp. erva CR Rutaceae Dictyoloma vandellianum Adr. Juss. Tinguí árvore F Zanthoxylum rhoifolium Lam. Mamica de

porca árvore F

Sapindaceae Paulínia carpopodea Camb. Timbó trepadeira F Serjania elegans Camb. trepadeira F S. fuscifolia Rad. Cipó timbó trepadeira F Saxifragaceae Escallonia claussenii Mart. Esponja do

Mato arbusto CR

Hydrangea sp. Hortênsia subarbusto A Schizaeaceae Aneimia ahenobarba Christ. Samambaia erva CR A. ferruginea var ferruginea erva CR A. ferruginea var ahenobarba erva CR A. elegans erva CR A. phillitidis erva CR A. hirsuta erva CR A. humilis Sw. Samambaia erva CR A. imbricata erva CR A. oblongifolia erva CR A. ouropretana erva CR A. raddiana erva CR A. tomentosa var tomentosa erva CR A. tomentosa var anthriscifolia erva CR A. villosa erva CR Lygodium volubile erva CR Schizaea elegans erva CR Scrophulariaceae Escobedia scabrifolia R. Et P. Açafrão do

mato subarbusto CR

Esterhazya splendida Mik. Imbiri subarbusto CR Velloziella spathacea Oliver subarbusto CR Selaginellaceae Selaginella sp. erva CR Solanaceae Aureliana velutina Sendtn. arbusto F Brunfelsia ramosissima Benth. Manacá arbusto F Cestrum sp. arbusto F Dissochroma viridiflora arbusto CR e F Solanum argenteum Dun. Erva de Santa

Bárbara arbusto F

S. asperum Mart. Erva Moura arbusto CR S. erianthum D. Don. arbusto CR S. fastigiatum Willd Jurubeba arbusto CR S. jasminifolium Sendtn. Flor de viúva trepadeira F

Page 153: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

153

S. pseudo-quinaA. St. Hil. arvore F Solanum sp. subarbusto F Sterculiaceae Waltheria sp. Vassourinha subarbusto CR e F Styracaceae Panphilia aurea Mart. arbusto CR Styrax latifolium Pohl. arbusto F Theaceae Camellia sinensis (L.) Kuntze. Chá preto arbusto CR e F Thelipteridaceae Thelipteris reticulatum Swartz Polipódio erva CR Tiliaceae Luhea sp. árvore F Trigoniaceae Trigonia nivea Cambess. trepadeira F Ulmaceae Trema micrantha Urticaceae Urtica sp. Urtiga-mansa subarbusto F Urera baccifera Gaudich. Cansanção arbusto F Usneaceae Usnea strigosella (Stn.) Barba de

velho epífita F

Velloziaceae Ayltonia tomentosa (Mart.) N. Menezes erva CR Barbacenia flava Mart. erva CR Vellozia crassicaulis Mart. erva CR V.compacta Mart. Canela de ema subarbusto CR V.tenella Mart. erva CR Verbenaceae Aegiphyla sellowiana Cham. Tamanqueira árvore F Stachytarpheta jamaicensis (L.) Vahl Gervão erva CR S. glabra Cham. Gervão subarbusto CR Vitex polygama Cham. Maria Preta árvore CR e F V. sellowiana Cham. Tarumã arbusto F Violaceae Anchietea salutaris St. Hill. Cipó-suma trepadeira F Anchietea sp. Suma branca trepadeira F Vochysiaceae Qualea sp Pau-terra arvore F Vochysia dasyantha Warm. Pau de tucano árvore F V. emarginata Vahl. Pau de tucano arbusto CR V. tucanorum Mart. Pau de tucano árvore CR e F Vochysia sp. árvore F Winteraceae Drimys winteris Casca d'anta árvore F Xyridaceae Xyris laxifolia Mart. Botão de ouro erva CR Zingiberaceae Hedychium coronarium J. König Mariazinha-

do-brejo erva CR

ANEXO 3: Lista das espécies ameaçadas de extinção no Parque Estadual Itcolomi (Fonte: Plano de manejo. Tabela B - Lista das espécies ameaçadas de extinção no Parque Estadual Itacolomi (Fonte:

Plano de Manejo)

Família / Espécie Nome popular Categoria Sítio de ocorrência

Critério

DICKSONIACEAE Dicksonia sellowiana (C. Presl.) Hook

Samambaiaçu-imperial

vulnerável

Todos

Em perigo (IBAMA 1989)

LYCOPODIACEAE Huperzia rubra (Cham. & Schltdl.) Trevi

provavelmente extinta

Não ocorre mais

área de distribuição restrita, não há coleta recente (COPAM 1997)

ANNONACEAE Guatteria odontopetala Mart

Pindaíba

em perigo

Serrinha

destruição do habitat, populações isoladas e em declínio. (COPAM 1997)

Guatteria villosissima A. St.-Hil.

Pindaíba vulnerável Manso, Serrrinha, Maynart

destruição do habitat, populações isoladas e em declínio. (COPAM 1997)

ARAUCARIACEAE Araucaria angustifolia (Bertol.) Kuntze.

Pinheiro-do-paraná

vulnerável Manso presença na Lista Oficial do IBAMA (1989)

Page 154: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

154

ASTERACEAE Eremanthus capitatus (DC.) MacLeish

em perigo destruição do habitat, populações em declínio. (COPAM 1997)

Lychnophora brunioides Mart.

Arnica-da-serra criticamente em perigo

Itacolomi área de distribuição restrita, populações pequenas. (COPAM 1997)

Mikania glauca Mart. Ex Baker

em perigo área de distribuição restrita. (COPAM 1997)

Trichogonia martii Baker

provavelmente extinta

conhecida apenas do material tipo (IBAMA, 1989) Foi coletada em nosso levantamento

Vernonia gnaphalioides Sch. Bip

em perigo área de distribuição restrita, populações pequenas. (COPAM 1997)

CAESALPINIACEAE Chamaecrista dentata (Vogel) H. S. Irwin & Barneby

em perigo Pocinho área de distribuição restrita, populações pequenas. (COPAM 1997)

Melanoxylon brauna Schott

Braúna, braúna-preta

vulnerável Serrinha presença na Lista Oficial do IBAMA (1989)

FABACEAE Dalbergia nigra (Vell.) Allemão ex Benth

Jacarandá-da-bahia

vulneráveL Serrinha, Maynart

presença na Lista Oficial do IBAMA (1989)

MELASTOMATACEAE Fritzschia anisostemon Cham. & Schltdl.

em perigo Itacolomi área de distribuição restrita, populações em declínio. (COPAM 1997)

ORCHIDACEAE Oncidium warmingii Rchb. f.

vulnerável Itacolomi área de distribuição restrita, coleta predatória, populações pequenas. (COPAM 1997)

Sophronitis coccinea Rchb. f. (Figura 7)

vulnerável Itacolomi área de distribuição restrita, coleta predatória. (COPAM 1997)

STYRACACEAE Pamphilia aurea Mart.

Douradinha vulnerável destruição do habitat, populações isoladas. (COPAM 1997)

ANEXO 4: Espécies de pequenos mamíferos não voadores identificados no Parque Estadual do Itacolomi.

Tabela C - Espécies* de pequenos mamíferos não voadores identificadas no Parque Estadual do Itacolomi (Fonte: Plano de Manejo).

Espécie Nome Vulgar Tipo de

armadilha Sítio de Amostragem

Número de indivíduos

Ordem Rodentia Família Muridae Nectomys squamipes Rato-d’água Gancho Mainart 01 Oligoryzomys sp. Rato-do-mato Balde e

Gancho Serrinha e Mainart 02

Orizomys subflavus Rato-da-cana Oxymicterus sp. Rato-do-brejo Sherman Itacolomi 02 Thaptomys nigrita Rato-do-chão Balde e

Sherman Mainart 02

Ordem Didelphimorphia

Familia Didelphidae

Page 155: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

155

Didelphis aurita Gambá Gancho Mainart 01 Gracilinanus cf. agilis Catita Marmosops incanus Cuíca Sherman Mainart 01 Monodelphis americana

Cuíca-de-três-listas

Balde Serrinha e Custódio

14

Philander frenata Cuíca-de-quatro-olhos

Gancho Itacolomi e Mainart

04

* - 05 espécies de roedores de pequeno porte, todos da família Muridae encontram-se em fase de identificação taxonômica e não foram listadas aqui, somando, portanto, 15 morfoespécies capturadas no Parque Estadual do Itacolomi.

ANEXO 5: Espécies de mamíferos de médio e grande porte ident ificadas no Parque Estadual do Itacolomi através de censos, encontros fortuitos e entrevistas.

Tabela D - Espécies de mamíferos de médio e grande porte identificadas no Parque Estadual do Itacolomi através de censos, encontros fortuitos e entrevistas. Legenda: vis

(encontro visual); voc (vocalização); peg (pegada) e en (entrevista) (Fonte: Plano de Manejo).

Espécie Nome Vulgar Tipo de Registro

Ordem Didelphimorphia Família Didelphidae Didelphis albiventris gambá-de-orelha-branca vis; en; peg Ordem Xenarthra Família Myrmecophagidae Myrmecophaga tridactyla tamanduá-bandeira en Tamandua tetradactyla Tamanduá-mirim en Família Dasypodidae Dasypus novemcinctus tatu-galinha peg; en Dasypus septemcinctus tatuí en Euphractus sexcinctus tatu-testa-de-ferro en Ordem Primates Família Callitrichidae Callithrix penicillata mico-estrela vis; voc; en Família Pitheciidae Callicebus nigrifrons sauá voc; en Ordem Carnívora Família Canidae Chrysocyon brachyurus lobo-guará en Cerdocyon thous cachorro-do-mato en Família Procyonidae Nasua nasua quati vis; en Procyon cancrivorus mão-pelada en Família Mustelidae Conepatus sp. jaritataca en Eira bárbara irara vis; en Galictis sp. furão vis; en Lontra longicaudis lontra en

Page 156: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

156

Família Felidae

Espécie Nome Vulgar Tipo de Registro Puma yaguarondi gato-mourisco en Puma concolor onça-parda en; peg Leopardus pardalis jaguatirica en Leopardus tigrinus gato-do-mato-pequeno en Panthera onça onça-pintata en Ordem Artiodactyla Família Tayassuidae Pecari tajacu cateto en Família Cervidae Mazama americana veado-mateiro en Ordem Rodentia Família Sciuridae Sciurus aestuans esquilo en Família Erethizontidae Sphiggurus vilossus ouriço-comum en Família Hydrochaeridae Hidrochaeris hydrochaeris capivara peg; en Família Agoutidae Agouti paca paca peg; en Família Dasyproctidae Dasyprocta sp. cutia en Ordem Lagomorpha Família Leporidae Silvilagus brasiliensis tapeti vis; peg; en

ANEXO 6: Espécies de mamíferos de médio e grande porte ameaç ados de extinção no Parque Estadual do Itacolomi.

Tabela E - Espécies de mamíferos de médio e grande porte ameaçados de extinção* registradas no Parque Estadual do Itacolomi, segundo a IUCN1 (2006), IBAMA2 (2003) e a

lista estadual de MG3 (Fonte: Plano de Manejo).

Espécie Grau de Ameaça1, 2, 3 CITES*** Ordem Xenarthra Família Myrmecophagidae Myrmecophaga tridactyla QA1; Vu2; EP3 II Tamandua tetradactyla EP3 - Ordem Carnivora Família Canidae Chrysocyon brachyurus QA1; Vu2;Vu3 II Família Mustelidae Lontra longicaudis DD1; QA2; Vu3 I

Page 157: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

157

Família Felidae Puma concolor QA1; Vu2; CP3 I; II Leopardus pardalis Vu2; CP3 I; II Leopardus tigrinus QA1; Vu2; EP3 I; II Panthera onca QA1; Vu2; CP3 I Ordem Artiodactyla Família Tayassuidae Pecari tajacu EP3 II; III Ordem Primates Família Pitheciidae Callicebus nigrifrons QA1; QA2; Vu3** -

* - Categorias de ameaça: Criticamente em Perigo (CP); Em Perigo (EP); Vulnerável (Vu); Quase Ameaçada (QA); Deficiente em Dados (DD); ** - Era considerada subespécie de Callicebus personatus, validada por Kobayashi e Langguth (1999) e por Rylands et al. (2000) como Callicebus nigrifrons; *** - Conforme texto.

ANEXO 7: Lista das espécies de anfíbios e répteis registrada s nos sítios de amostragem no Parque Estadual do Itacolomi. Tabela F - Lista das espécies de anfíbios e répteis registradas nos sítios de amostragem no

Parque Estadual do Itacolomi (Fonte: Plano de Manejo).

I Manso, II Itacolomi, III Custódio, IV Serrinha, V Mainart, VI Lavras, VII Cachoeira do Bigode, VIII pocinho

Sítio Espécies registradas Observações Anfíbios Répteis Squamata

I Família Bufonidae Bufo pombali Família Centrolenidae Hyalinobatrachium uranoscopum Família Hylidae *Aplastodiscus arildae * Hypsiboas albopunctatus H. faber *H. pardalis * H. polytaenius Dendropsophus minutus *Phyllomedusa burmeisteri *Scinax x-signatus S. luizotavioi *S. fuscovarius *Physalaemus cuvieri Família Leptodactylidae *Leptodactylus ocellatus Eleutherodactylus. binotatus E. cf guentheri E. cf izecksohni *Proceratophrys boiei *Odontophrynus cultripes

Lagartos Família Polychrotidae Enyalius sp Família Tropiduridae Tropidurus torquatus Família Teiidae Ameiva ameiva Tupinambis merianae Família Viperidae Bothrops jararaca (*)Serpentes Família Viperidae Bothrops neuwiedii Família Colubridae Xenodon neuwiedii Echinanthera melanostigma Thamnodinastes hypoconia Chironius flavolineatus Philodryas patagoniensis Sibynomorphus mikanii Elapomorphus quinquelineatus Sibynomorphus neuwiedii

(*) Registros anteriores ao AER Xenodon neuwiedii 4 indivíduos pequenos (recém metamorfoseados) de E. guentheri encontrados nas armadilhas durante o AER, muito ressecados predados.

Page 158: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

158

II

Família Hylidae Bokermannohyla martinsi *Dendropsophus minutus *Phyllomedusa aff. Megacephala *Scinax curicica *S. squalirostris *S. sp do grupo ruber *Physalaemus erythros *P. cuvieri *P.evangelistai Família Leptodactylidae *Leptodactylus ocellatus *L. jolyi *L. fuscus *Eleutherodactylus. juipoca

Lagartos Família Scincidae Mabuya sp. Serpentes Família Viperidae B. neuwiedi

Durante o AER, girinos de B. martinsi foram encontrados com freqüência em riachos e corredeiras em altitudes entre 1400 e 1600m. Imagos dessa espécie foram avistados em áreas de sumidouros. Todos as demais registros de espécies para esse sítio, foram obtidos anteriormente ao AER por Leandro de Oliveira Drummond. B. neuwied observada em em área de campo rupestre.

III

Família Hylidae Aplastodiscus cavicola Bokermannohyla martinsi *B. circumdata B. nanuzae Scinax flavoguttatus Phasmahyla jandaia Família Leptodactylidae Eleutherodactylus cf. guentheri E. cf. izecksonhni Proceratophrys boiei

Registro de A.cavicola e B. nanuzae por meio de vocalização e observação direta. Scinax flavoguttatus foi coletada pela primeira vez após o trabalho de Pedralli et al. (2001) Coleta de girino de Phasmahyla jandaia e Proceratophrys boiei coletados em brejos na estrada do Manso ao Custódio.

IV Família Bufonidae Bufo pombali Família Hylidae Hylodes uai

Lagartos Família Tropiduridae Tropidurus gr. torquatus Família Polychrotidae Enyalius sp Serpentes Família Colubridae Elapomorhus quinquelineatus

E. quinquelineatus, T. gr torquatus e Enyalius sp, encontrados nas armadilhas.

V Família Leptodactylidae Eleutherodactylus binotatus E. cf. guentheri

E. binotatus encontrado no solo, no período de montagem das armadilhas.

VI

Serpentes Família Viperidae Bothrops jararaca B. neuwiedi Familia Elapidae Micrurus lemniscatus Familia Colubridae Liophis jaegeri Oxyrhopus clathratus Phylodryas patagoniensis Spilotes pullatus Tropidodryas striaticeps Xenodon neuwiedii

Serpentes coletadas antes do período do AER

Page 159: VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, OURO

______________________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

159

VII

VIII

Família Viperidae Bothrops neuwiedii

Estrada do Calais

Tabela G – Programa de Turismo do Parque Estadual do Itacolomi – PROTUR / PEIT

(Fonte: FEOP, 2008).

Tabela de Preços

INGRESSOS/ENTRADA

Adulto R$ 6,00

Adulto acima de 10 pax R$ 5,00

Estudante/acima de 65 anos R$ 3,00

COMUNIDADE Ouro Preto/Mariana R$ 3,00

Criança de 7 a 12 anos R$ 3,00

Passante R$ 1,00

ISENTOS criança até 6 anos/ guias *******

TRILHAS Capela, Lagoa e Forno R$ 3,00

EXPEDIÇÕES

Mirante, Custódio e Morro do Cachorro R$ 5,00

Pico do Itacolomi (ñ disponível ainda) R$ 5,00

ESTACIONAMENTO

Motocicleta R$ 2,00

Veículo Pequeno R$ 4,00

Veículo Grande R$ 10,00

TIROLESA

Uma descida R$ 4,00

Duas descidas R$ 6,00

AUDITÓRIO Aluguel/dia R$ 200,00

CHURRASQUEIRA

Aluguel/dia - visitante R$ 25,00

Aluguel/dia – CAMPISTA/ HÓSPEDE R$ 10,00

CAMPING

Terça à Quinta R$ 12,00

Finais de semana e feriados R$ 15,00 Obs:

- O valor da entrada inclui somente o passeio dos atrativos histórico-culturais ( Casa Bandeirista, Capela e Museu do Chá); - O valor da entrada da comunidade inclui a visita dos atrativos histórico-culturais e trilhas interpretativas. - Para acampar e utilizar as churrasqueiras é necessário agendamento prévio.

Fone: (31)8835-7260

E-mail: [email protected] Site: www.parquedoitacolomi.com.br

Horário das expedições

Morro do Cachorro (8km ida/volta) até às 13:30h

Mirante (10km ida/volta) até às 13:30h

Represa do Custódio (20km ida/volta) até 11:00h

Pico do Itacolomi (12Km ida/volta) às 09:00h Obs: Os horários correspondem ao tempo de duração dos passeios (ida e volta) e encerramento das atividades do parque, portanto, os visitantes com destino a Lavras Novas e outros, tem o horário limite até 15:30h.