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06/09/17 BNDES poderá devolver R$ 130 bi à União Por Edna Simão, Fábio Pupo e Ribamar Oliveira | De Brasília A antecipação de pagamento de empréstimos concedidos nos últimos anos pelo Tesouro ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) pode chegar a R$ 130 bilhões, segundo o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. "Apenas na negociação com o BNDES para antecipação dos empréstimos concedidos pelo Tesouro, só aí estamos falando de R$ 130 bilhões", disse Meirelles, durante apresentação do Plano de Recuperação Fiscal do Estado do Rio. O pagamento antecipado pelo BNDES tem como objetivo reduzir o crescimento da dívida bruta no próximo ano e permitir que o governo cumpra a chamada "regra de ouro" do Orçamento, que limita o montante de emissão de títulos públicos às despesas de capital (investimentos, inversões financeiras, juros e amortizações). Ou seja, as despesas correntes primárias não podem ser financiadas com a emissão de títulos. Prevista para ocorrer no próximo ano, a operação depende de aprovação do Conselho de Administração do BNDES, de acordo com fonte do governo. Caso decida favoravelmente, o conselho terá que definir também qual o valor que será antecipado, em que momento e de que forma. A área econômica já defendia que o montante fosse superior a R$ 100 bilhões. O assunto, no entanto, não encontra unanimidade dentro do BNDES. Alguns integrantes do banco consideram que neste momento de retomada da economia, o BNDES terá que aumentar consideravelmente os desembolsos. Por essa visão, não haveria espaço para uma forte antecipação de pagamento ao Tesouro. Recentemente, Meirelles disse que está sendo feita uma análise da procura por crédito do banco para saber até que ponto esses recursos precisam ficar no BNDES, ou se seria melhor serem devolvidos para o Tesouro com amortização da dívida pública. A operação seria nos moldes dos R$ 100 bilhões transferidos à União em 2016. O Tesouro ainda tem outros R$ 443 bilhões em créditos junto ao banco. A proposta orçamentária de 2018, encaminhada na semana passada pelo governo ao Congresso, não incluiu a antecipação, porque essa formalidade não havia sido cumprida. O governo vai enviar uma mensagem modificativa da proposta, mas, aguarda, entre outras coisas, a decisão do conselho do BNDES, cuja reunião não tem data definida. BRASIL Valor Econômico

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Page 1: Valor Econômico BRASIL · ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. "Apenas na negociação com o BNDES para antecipação dos empréstimos concedidos pelo Tesouro, só aí estamos

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BNDES poderá devolver R$ 130 bi à União

Por Edna Simão, Fábio Pupo eRibamar Oliveira | De Brasília

A antecipação de pagamento deempréstimos concedidos nos últimosanos pelo Tesouro ao BancoNacional de DesenvolvimentoEconômico e Social (BNDES) podechegar a R$ 130 bilhões, segundo oministro da Fazenda, HenriqueMeirelles.

"Apenas na negociação com oBNDES para antecipação dosempréstimos concedidos peloTesouro, só aí estamos falando deR$ 130 bilhões", disse Meirelles,durante apresentação do Plano deRecuperação Fiscal do Estado doRio.

O pagamento antecipado peloBNDES tem como objetivo reduziro crescimento da dívida bruta nopróximo ano e permitir que ogoverno cumpra a chamada "regrade ouro" do Orçamento, que limitao montante de emissão de títulospúblicos às despesas de capital(investimentos, inversões financeiras,juros e amortizações). Ou seja, asdespesas correntes primárias nãopodem ser financiadas com aemissão de títulos.

Prevista para ocorrer no próximoano, a operação depende deaprovação do Conselho deAdministração do BNDES, deacordo com fonte do governo. Caso

decida favoravelmente, o conselhoterá que definir também qual o valorque será antecipado, em quemomento e de que forma.

A área econômica já defendia queo montante fosse superior a R$ 100bilhões. O assunto, no entanto, nãoencontra unanimidade dentro doBNDES. Alguns integrantes dobanco consideram que nestemomento de retomada da economia,o BNDES terá que aumentarconsideravelmente os desembolsos.Por essa visão, não haveria espaçopara uma forte antecipação depagamento ao Tesouro.

Recentemente, Meirelles disseque está sendo feita uma análise daprocura por crédito do banco parasaber até que ponto esses recursosprecisam ficar no BNDES, ou seseria melhor serem devolvidos parao Tesouro com amortização da dívidapública. A operação seria nos moldesdos R$ 100 bilhões transferidos àUnião em 2016. O Tesouro aindatem outros R$ 443 bilhões emcréditos junto ao banco.

A proposta orçamentária de2018, encaminhada na semanapassada pelo governo ao Congresso,não incluiu a antecipação, porqueessa formalidade não havia sidocumprida. O governo vai enviar umamensagem modificativa da proposta,mas, aguarda, entre outras coisas, adecisão do conselho do BNDES,cuja reunião não tem data definida.

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Antecipação do BNDES ao Tesouro é imperativa CRISTIANO ROMERO

Quando, em dezembro de 2016,o Banco Nacional deDesenvolvimento Econômico eSocial (BNDES) antecipoupagamento de R$ 100 bilhões desua enorme dívida com o TesouroNacional, a despesa com subsídiosimplícitos e explícitos da Uniãodiminuiu de forma significativa. Antesdisso, em janeiro daquele ano, jáhavia antecipado R$ 13,22 bilhões.Estima-se que, neste momento, obanco estatal tenha em caixa algo emtorno de R$ 170 bilhões. Seprevalecer a opinião do Ministérioda Fazenda, o banco estatalantecipará pagamento de mais R$130 bilhões de sua dívida, o quepermitirá nova redução relevante daconta de subsídio projetada até2060.

Entre 2008 e 2015, quandoDilma Rousseff imperou em Brasília,primeiro como ministra da Casa Civildo governo Lula e depois comopresidente da República, o TesouroNacional emprestou ao BNDES, avalores da época, R$ 523,86bilhões, algo próximo de 10% doProduto Interno Bruto (PIB).Grosso modo, a equação era a

seguinte: o Tesouro captava recursosno mercado, via emissão de títulospúblicos, ao custo da taxa básica dejuros (Selic) e os emprestava aobanco estatal, cobrando a Taxa deJuros de Longo Prazo (TJLP), bemmenor que a Selic. A diferença entreuma taxa e outra é o subsídio implícitodessas operações.

Antes de começar a receber odinheiro do Tesouro, o BNDES jádispunha de uma fonte barata derecursos para amparar seusempréstimos a taxas inferiores às domercado: os recursos do Fundo deAmparo ao Trabalhador (FAT). Alémdisso, o banco sempre fez captaçõesno exterior, a um custo bem inferioraos do mercado doméstico, e,evidentemente, usou outrasdisponibilidades, como o retorno desuas operações de crédito e parte dolucro.

Antecipação do BNDES reduzbastante despesa com subsídios

Em 2007, quando a economiabrasileira começou a acelerar o ritmode crescimento, ficou claro que ademanda pelos recursos do BNDES

aumentaria de forma exponencial eque, portanto, o banco nãoconseguiria atender a todos ospedidos. Então presidente do banco,Luciano Coutinho foi inúmeras vezesa Brasília tratar dessa questão comos dois principais atores da políticaeconômica naquela ocasião: GuidoMantega (ministro da Fazenda) eNelson Barbosa (secretário dePolítica Econômica).

Coutinho sabia da restriçãoorçamentária e, por isso, propôs acombinação de duas alternativas: acriação de uma nova fonte derecursos para o BNDES e a adoçãode uma ambiciosa agenda financeiraque estimulasse o desenvolvimentodo mercado de capitais - uma formade diminuir a dependência dasempresas em relação ao banco.Mantega e Barbosa ignoraram osapelos de Coutinho. "Eu quero quetodo ano o BNDES venha aqui baterna porta do ministério para pedirdinheiro", disse Barbosa.

E assim foi feito. De 2008 a 2015,Coutinho ia à capital federal justificara necessidade de ampliar oorçamento do BNDES para fazer

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frente à demanda. A situação eraincômoda porque ele sabia que acapacidade do Tesouro de proverrecursos não era ilimitada. Por essarazão, insistiu, em vão, pela adoçãoda agenda financeira. Paralelamente,também em vão, tentou convenceros bancos a aumentar a liquidez detítulos privados, uma maneira detorná-los atraentes para osinvestidores e, portanto, uma fontecrucial de recursos para ascompanhias.

Em 2008, o Brasil vivia ummomento luminoso de sua históriaeconômica. A inflação e as contaspúblicas estavam sob controle, ascontas externas eram financiáveis, asempresas exibiam apetite incomumpara contratar trabalhadores einvestir na compra de máquinas e,assim, ampliar a produção e aprodutividade. Os empresários jánão duvidavam dos propósitos dogoverno do PT e isso estimulava osinvestimentos. Para completar o bommomento, o país ganhou, depois de26 anos desde a crise da dívidaexterna, o selo de bom pagador (ograu de investimento) das agênciasde classificação de risco.

Mas, em meados de setembro,após a quebra do banco americanoLehman Brothers, a crise financeirados países se espalhou pelo mundo,atingindo o Brasil. No entanto, pelaprimeira vez na história, o paísconseguiu enfrentar uma crise externasem cair. O pânico provocou uma

recessão "técnica", de apenas doistrimestres. Como os fundamentoseram saudáveis, foi possível adotarmedidas anticíclicas tanto na áreamonetária quanto na fiscal. Com isso,a economia se recuperourapidamente.

Dilma e seus aliados na equipeeconômica viram, na crise dos paísesricos, o fim do capitalismo como oconhecemos. Consideraram aquelemomento uma oportunidade parapromover mudanças nos pilares dapolítica econômica abraçada porLula em 2003. Havia, ainda, oprojeto de poder do PT - para elegerDilma em 2010, Mantega e Barbosabotaram a máquina para funcionar, aponto de o PIB expandir-se a 7,5%naquele ano, a maior taxa em 24anos! Claro, as consequências,como dizia o político pernambucanoMarco Maciel, vêm depois...

A mágica de transferir oequivalente a quase 10% do PIB aoBNDES sem que isso fosse vistocomo aumento da vulnerabilidadefiscal era pouco criativa: o Tesourocaptava recursos no mercado,elevando a dívida bruta, mas não alíquida, uma vez que os empréstimosdo BNDES às empresas são umativo que, em tese, compensa opassivo acumulado nas emissões detítulos públicos. O que afetava oresultado primário - e ainda afeta - éo subsídio explícito concedido pelobanco em suas operações por meiodo Programa de Sustentação do

Investimento.

A soma dos subsídios implícitose explícitos estava em R$ 133,8bilhões, em valores de dezembro doano passado. O número é umaprojeção que vai até 2060, prazodado ao BNDES para pagar a dívidaao Tesouro. Com as antecipações depagamento já feitas pelo banco,somando R$ 113,2 bilhões, adespesa com subsídio encolheu R$24,8 bilhões. Com a novaantecipação, agora de R$ 130bilhões - praticamente certa,segundo apurou esta coluna, apesarda resistência da instituição -, o gastoprojetado com subsídios terá novaqueda.

Quando o governo Lula iniciou oderrame da operação Tesouro-BNDES, a taxa de investimento daeconomia brasileira estava em quase20% do PIB. Em 2015, caíra abaixode 16% do PIB. "Crescimento doPIB ocorre quando a demandaaumenta e a taxa de retorno doinvestimento é superior à definanciamento. Apenas taxa de jurosbaixa não move o investimento eportanto o crescimento", observa umintegrante da equipe econômica.

Cristiano Romero é editor-executivo e escreve às quartas-feiras

E - m a i l :[email protected]

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Congresso conclui votação de novas metas fiscais

Após derrota da semanapassada, governo consegue aprovarrombo maior

CRISTIANE JUNGBLUT

-BRASÍLIA- O Congressoconcluiu ontem a votação daproposta da nova meta fiscal dogoverno. Com isso, o romboprevisto para este ano subiu de R$139 bilhões para R$ 159 bilhões. Jáa meta de 2018 passou de um déficitde R$ 129 bilhões para R$ 159bilhões. Agora, o projeto que mudaas metas dos dois anos vai à sançãodo presidente Michel Temer. O textoprincipal do projeto que altera a metatinha sido aprovado na semanapassada, mas ainda faltava votar doisdestaques apresentados ao textopela oposição e que foram rejeitadosontem. O projeto foi enviado pelogoverno para alterar a Lei deDiretrizes Orçamentárias (LDO) de2017 e de 2018.

As metas fiscais são fixadas naLDO, que estabelece os parâmetrosmacroeconômicos para aelaboração dos Orçamentos anuais

da União. Depois de uma sessão quevarou a madrugada na semanapassada, ontem a votação foi rápida.O presidente do Congresso e doSenado, Eunício Oliveira(PMDBCE), foi ágil noencaminhamento. O governoprecisava mudar a meta dos doisanos. Os partidos da base aliadaencaminharam contra os doisdestaques que queriam garantir maisverbas para Saúde e Educação. Oprimeiro destaque foi derrubado por223 votos a 39, além de suasabstenções. O segundo foiderrubado em votação simbólica.

" C O N S E G U I M O SENTREGAR TUDO"

O líder do governo na Câmara,deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-AL), comemorou o dia de vitóriapara o governo já que, tambémontem, o Senado aprovou a novataxa de juros do BNDES, a TLP: —Conseguimos entregar tudo. Aoposição, desta vez, não conseguiufazer prevalecer o chamado kitobstrução. O discurso de PT ePSOL foi o de que o governo quer

autorização para a "gastança". Nocaso de 2017, o governo precisapublicar no dia 22 um novo relatóriode execução orçamentária e, porisso, esperava a aprovação da novameta. No caso do Orçamento de2018, como a proposta foi enviadaao Congresso sem a meta atualizadapara o próximo ano, o governo teráque enviar uma mensagem aditiva. Oprazo é até o fim de outubro,segundo técnicos da Comissão Mistade Orçamento.

O governo queria ter aprovado oprojeto na semana passada, porquedesejava enviar a proposta doOrçamento de 2018, em 31 deagosto, já compatível com a novameta. Mas, na semana passada asessão foi interrompida durante amadrugada, depois de quase 12horas de discussão, impondo umaderrota ao governo. Com isso, oOrçamento foi enviado com cálculosdefasados. Agora, o governo tem atéoutubro para enviar uma mensagemretificando todo o Orçamento. Naverdade, será praticamente umasubstituição da proposta enviada,atualizando as receitas e despesas.

ECONOMIAO GLOBO

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Congresso autoriza aumento no rombo fiscal

MERCADOFOLHA DE SÃO PAULO

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Congresso aprova taxa doBNDES e novas metas fiscais

Depois de conseguir duasvitórias no mesmo dia, governoavalia que já é possível retomarnegociações para votação dareforma da Previdência

Adriana FernandesIgor GadelhaEduardo Rodrigues

No dia seguinte ao alíviopolítico proporcionado pelaameaça do procurador-geral daRepública, Rodrigo Janot, decancelar o acordo de delação deJoesley Batista, o governodestravou a agenda econômica queestava enfrentando resistência noCongresso. No mesmo dia,conseguiu aprovar a nova taxa quebaliza os financiamentos doBNDES e terminar a votação dasnovas metas fiscais de 2017 e2018 de R$ 159 bilhões.

A medida abre espaço para queo governo dê um “respiro” aosministérios e órgãos federais, coma liberação de parte do bloqueioatual em vigor, de R$ 45 bilhões(que era necessário para ocumprimento da meta antiga, de R$139 bilhões). A intenção inicial dogoverno, ao propor as novasmetas, era liberar entre R$ 8bilhões e R$ 10 bilhões até o fimdo ano. Mas diante de novas

frustrações de receitas, o valorpode ser menor.

O Orçamento de 2018 comdados fictícios, enviado na semanapassada, será adaptado aos novosobjetivos. Para cumprir a meta doano que vem, o governo aindaprecisa aprovar o pacote demedidas de redução de custos como funcionalismo e o aumento detributos para o os fundosexclusivos de investimentos, paraclientes de alta renda. Medidaainda mais sensível pelo confrontocom o BNDES e o setor produtivo,é a nova taxa do banco – chamadade TLP – porque reduzirá os gastosdo Tesouro com os subsídios dadosnessas operações.

Críticos dizem que, semsubsídios, a nova taxa encareceráempréstimos e desestimularáinvestimentos. Com o avanço daspautas, a avaliação da equipeeconômica é que há condições pararetomar de maneira maiscontundente as negociações dareforma da Previdência, queparalisaram depois de vir à tona adelação de Joesley Batista, um dosdonos do grupo J&F, controladorda JBS. Na visão de parlamentaresda base governista, a ameaça decancelamento do acordo

enfraquece uma provável segundadenúncia contra o presidenteMichel Temer.

O governo anunciou ontem umsocorro ao Estado do Rio, cujoprincipal patrocinador foi opresidente da Câmara, RodrigoMaia (DEM-RJ). A equipeeconômica espera que Maia – quepressionou pela aceleração doacordo – retribua agora com apoiodecisivo na agenda da Câmara ese empenhe na aprovação dareforma da Previdência. Apósassinar o acordo, Maia não deuprazo para a votação da reforma,mas disse que trabalha paraconvencer os deputados de que asmudanças “não tiram voto deninguém”.

Em entrevista ao Estado, oministro da Fazenda, HenriqueMeirelles, comemorou o diavitorioso do governo no Congressoe disse que a TLP vai garantirjuros mais baixos. “Hoje, o créditoque é relacionado à TJLP não éafetado pela Selic.” Para osecretário de AcompanhamentoEconômico, Mansueto Almeida, aagenda de reformas continua. “Vemmais coisas na área de crédito.Novas batalhas”, escreveu noTwitter.

ECONOMIAO ESTADO DE S. PAULO

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CONJUNTURA »Nova meta fiscal dá fôlego ao orçamento

Previsão de deficit maior nascontas do governo evitará aparalisação de órgãos como o INSSe universidades federais, segundo oExecutivo. Congresso rejeitou osúltimos destaques que pretendiammodificar o projeto

ROSANA HESSEL

Após quase duas horas de sessãoplenária, ontem à noite, o CongressoNacional concluiu a aprovação doprojeto de lei que altera as metasfiscais de 2017 e de 2018, o PLNnº 17/2017. O texto eleva a previsãode deficit para R$ 159 bilhões emcada um dos dois exercícios. Com

isso, o governo terá permissão paragastar mais R$ 20 bilhões neste anoe mais R$ 30 bilhões no ano quevem, após a sanção do projeto pelopresidente Michel Temer.

Na sessão de ontem, osparlamentares rejeitaram os doisúltimos destaques apresentados aoprojeto. O primeiro deles,encaminhado pelo PT com a intençãode modificar a proposta doExecutivo, foi rejeitado, na Câmarados Deputados, por 223 votos contra39. Houve duas abstenções. Não foipreciso fazer a votação no SenadoFederal porque o texto permaneceucomo havia sido aprovado nasemana passada. O segundo

destaque foi rejeitado peloCongresso em votação simbólica às21h37.

O líder do governo na Câmara,Agnaldo Ribeiro (PP-PB), disse quenão teve muito trabalho paraconseguir quórum e derrubar osúltimos destaques da oposição.Segundo ele, o clima ficou favorávelao governo após o procurador-geralda República, Rodrigo Janot, terdenunciado os ex-presidentes LuísInácio Lula da Silva e Dilma Rousseffe vários ex-ministros petistas porformação de quadrilha. “Hoje foimais tranquilo e a votação foi bemmais simples”, disse.

As metas fiscais para as contasdo governo federal previstas na Leide Diretrizes Orçamentárias (LDO)são de deficits primários de R$ 139bilhões, neste ano, e de R$ 129bilhões, no ano que vem. O PLN 17/2017 modifica esses números. Dessemodo, o Executivo pretende enviarao Congresso uma mensagemmodificativa para o Projeto de LeiOrçamentária Anual (Ploa) de 2018,entregue ao Legislativo em 31 deagosto. A expectativa é que issoocorra após o retorno do presidenteMichel Temer ao Brasil. A chegadadele a Brasília está prevista para as5h55.

A ampliação do rombo deste anoera fundamental para o Executivoliberar R$ 10 bilhões dos R$ 45

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Legislativo ratificou proposta do Planalto para elevar rombo paraR$ 150 bilhões neste ano e no próximo

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bilhões que estão contingenciados noOrçamento. Essa autorização vaigarantir recursos para despesasemergenciais e, assim, evitar aparalisação de serviços essenciais deórgãos públicos como INSS euniversidades federais, de acordocom fontes do governo.

AtrasoO texto-base do PLN 17/2017,

relatado pelo deputado federalMarcus Pestana (PSDB-MG), foiaprovado na madrugada de quinta-feira passada, após uma extensasessão de quase 11 horas dediscursos. Quando o quarto doscinco destaques estava sendoapreciado, não houve quórum paraa conclusão da votação e opresidente do Congresso, senadorEunício Oliveira (PMDB-CE),marcou nova sessão para ontem às19h.

A demora obrigou o governo aenviar uma peça orçamentária fictíciaao Legislativo, que precisará seralterada. Na avaliação do consultorlegislativo Leonardo Rolim, noentanto, o atraso não pode ser vistocomo uma derrota para o Planalto.“O texto foi aprovado, e isso é o maisimportante”, resumiu.

A ampliação da meta fiscal, noentanto, não resolve o problema dascontas públicas, que registram deficitdesde 2014 e, pelas estimativas daequipe econômica, continuarão novermelho até 2020. Como asdespesas crescem em ritmo maisacelerado que o da receita, a margempara cortes só encolhe. Os gastosnão obrigatórios passarão de R$106,2 bilhões, neste ano, paraapenas R$ 65 bilhões, no ano quevem, o que agrava ainda mais amargem para o cumprimento dameta, mesmo ampliada.

O economista José Matias-Pereira, professor de AdministraçãoPública da Universidade de Brasília(UnB), lembrou que, se o governoTemer não conseguir avançar nasreformas básicas que estãoprometidas, principalmente, a daPrevidência Social, vai ser difícilequilibrar as contas públicas nospróximos anos. “Se chegarmos a2018 sem essas reformas aprovadas,quem for eleito vai ter dificuldadespara arrumar um ministro daFazenda, porque vai ser praticamenteimpossível fazer a economia girar navelocidade necessária para serecuperar”, alertou.

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Senado aprova TLP

ANTONIO TEMOTEORODOLFO COSTA

Em uma votação tensa, o Senadoaprovou ontem a Medida Provisórianº 777, que cria a nova taxa de jurosdo Banco Nacional doDesenvolvimento Econômico eSocial (BNDES), a Taxa de LongoPrazo (TLP). O texto segue agorapara sanção presidencial. Naavaliação do governo, a medidadiminuirá os subsídios implícitos nocrédito concedido pelo banco, queoneram o Tesouro, e dará maiseficiência à política monetária.

Atualmente, quando o TesouroNacional pega empréstimos, pagauma taxa mais alta do que cobraquando o BNDES concedeempréstimos para as empresas. Paraarcar com a diferença, precisa emitirtítulos, o que aumenta a dívidapública. A expectativa é que, emcinco anos, a TLP se iguale à taxabásica do mercado. A Taxa de Jurosde Longo Prazo (TJLP), usadaatualmente pelo BNDES, está em7% ao ano, enquanto a nova taxaficaria, nos próximos cinco anos, por

volta de 9% e 9,5%, mais perto dataxa básica de juros (Selic), hoje a9,25%.

Para o governo, a TLP tambémvai encorajar o desenvolvimento domercados de capitais e estimular oapetite dos bancos privados paraempréstimos de longo prazo. A novataxa será ancorada no rendimento deum título do Tesouro (NTN-B) maisa variação do Índice Nacional dePreços ao Consumidor Amplo(IPCA).

IndústriaUm dos principais clientes do

BNDES, o setor industrialapresentou aumento de 0,8% naprodução em julho, na comparaçãocom o mês anterior. Foi o quartoresultado mensal positivo, o que nãoacontecia desde 2012. Odesempenho surpreendeu omercado, que apostava numa alta de0,4%. Em relação a julho do anopassado, o avanço foi ainda maior:2,5%.

Os dados, divulgados ontem peloInstituto Brasileiro de Geografia e

Estatística (IBGE), mostram aindaque a alta da produção foidisseminada. Dos 24 segmentosindustriais pesquisados, 14 tiveramcrescimento. Entre os ramos quemais avançaram, destacaram-se o deprodutos alimentícios, que cresceu3%, e o de produtos eletrônicos eópticos (5,9%) .

Para o economista Rafael Cagnin,do Instituto de Estudos para oDesenvolvimento Industrial (Iedi), obom resultado é consequência dadesaceleração da inflação, daredução dos juros e dasexportações. “A melhora no acessoao crédito impulsionou o consumointernamente, e o câmbio tambémtem contribuído”, destacou.

Cagnin, porém, faz ressalvas.“Ainda é cedo para falar emrecuperação do setor”, alertou. Eleressalta que a produção industrialmostra queda de 1,1% no acumuladoem 12 meses. No ano, a alta é de0,8%. “O setor caminha para sair dacrise. Mas os resultados, por ora, sãode reação. Não de recuperação”,avaliou.

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Avança MP que ampliapoderes do BC

A Medida Provisória nº 784, de2017, que cria a possibilidade de oBanco Central (BC) e a Comissãode Valores Mobiliários (CVM)celebrarem acordos de leniência cominstituições financeiras eparticipantes do mercado decapitais, foi aprovada ontem pelacomissão especial que analisava otema. O texto segue para Câmarados Deputados e ainda precisa doaval do Senado Federal.

A proposta foi motivo dedesgaste entre o governo e oMinistério Público Federal (MPF).Diversos procuradores semanifestaram contra a MP, sob oargumento de que o texto erainconstitucional. Integrantes doMPF ainda avaliam se a medidapoderia impedi-los de apurar crimesidentificados pelo BC. Isso ocorrerianos casos de risco para o sistemafinanceiro, sem que as apuraçõesfossem sigilosas. Diretores do BCparticiparam de reuniões com osintegrantes do MPF para aparar asarestas e adequar a redução final.

Pelo texto acordado entre aspartes, a MP deixará claro que oescopo do acordo de leniênciacelebrado pelo BC e pela CVM estárestrito a infrações administrativas.Além disso, detalhará que acelebração não desobriga as duasautarquias de efetuarem,imediatamente, a comunicação deindícios de crime decorrentes dos

fatos objeto da leniênciaadministrativa ou do termo decompromisso.

O acordo entre os procuradorese o BC também definiu que tanto oacordo de leniência quanto o termode compromisso serão publicadosapós a assinatura, sendo mantido osigilo da proposta nos dois casos, naesfera do BC, e no primeiro caso,na esfera da CVM.

Além disso, a proposta prevê quea a celebração de acordo deleniência não afeta a atuação doMPF. O texto ainda garante apossibilidade de acesso dosprocuradores a informações e abancos de dados do BC e da CVMsobre acordos de leniência, regraessa que se aplica igualmente aostermos de compromisso celebradospelas autarquias.

EmendasDurante as votações, foram

aprovados três destaques, recriandofundos para o BC e a CVMinvestirem em educação financeira eo honorário de sucumbência (pagoà parte vencedora) para osprocuradores do BC. A senadoraLídice da Mata (PSB-BA) foifavorável à aprovação da proposta,aceitou integralmente cincoemendas, e parcialmente outras 28proposições feitas pelos colegas. Otexto tinha recebido, ao todo, 96emendas.(AT)

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CONJUNTURA »Governo não vai aumentar quadro

Assessor especial do Ministériodo Planejamento diz queconcursos vão apenas repor vagasgeradas por servidores que seaposentarem

O governo vai priorizar concursossó para substituir aposentados.Segundo Arnaldo Lima, assessorespecial do Ministério doPlanejamento, não há por queaumentar o quadro de pessoal dogoverno federal, que hoje gira emtorno de 650 mil servidores ativos.Ele disse que é preciso olhar para afrente. “Se 50 vagas ficarão abertas,não quer dizer que todas têm de serpreenchidas. O tamanho atual dogoverno está dentro do queconsideramos ideal”, afirmou, ementrevista ao CB.Poder, parceriaentre o Correio Braziliense e a TVBrasília.

Ele lembrou, ainda, que osservidores federais que negociaramreajustes salariais em quatro anos,até 2019, ganharam aumento real emtorno de 2%, enquanto ostrabalhadores da iniciativa privadativeram redução de renda. Essa éuma das justificativas do governopara adiar os reforços noscontracheques do funcionalismo por12 meses e levar a cabo medidas deajuste fiscal, como o aumento nacontribuição previdenciária de 11%para 14% e limitação dos saláriosde ingresso na administraçãopública.

Com a medida, os cargos de nívelmédio terão ganho inicial de R$2.800, e os de nível superior, de R$5 mil. “A formação dos nossosservidores é mais em administração,direito, economia e contabilidade. Eo salário inicial dessas pessoas nosetor privado é menos que R$ 5 mil.E no setor público há estabilidade noemprego e se trabalha quatro horassemanais a menos que no setorprivado: são 40 horas, em média,contra 44 horas”, disse Lima.

De acordo com o assessorespecial do Planejamento, a quedano ganho inicial não tornará o serviçopúblico menos atrativo aosconcurseiros. Em relação à

produtividade no setor público, Limadestacou que esse é um dos temasmais difíceis de ser mensurado. “Apopulação deixou claro que aeficiência dos nossos serviços nãocorresponde ao que ela paga detributo. E as nossas propostas sãopara aumentar a eficiência. O salárioinicial de R$ 5 mil fará com que essenovo servidor ingresse entre os 10%mais bem remunerados da populaçãobrasileira. Então, nossa propostacontinua sendo atrativa.”

As iniciativas da equipeeconômica vêm no sentido deincentivar outros poderes a fazeremo mesmo. De acordo com ArnaldoLima, o Executivo tem que dar o

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Segundo Lima, não há por que elevar o efetivo de 650 milfuncionários: %u201CNem todas as vagas têm de serpreenchidas%u201D

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exemplo porque é o que mais gastacom servidores. “Pelo princípio doequilíbrio dos poderes, não podemosmandar medidas para o Judiciário eo Legislativo em relação à gestão daforça de trabalho deles. Só que oexemplo contamina, é sempreimportante. A ideia é que eles acabamreplicando essa iniciativa”, disse.

GDFLima frisou que o governo não

quer brigar com o servidor. “É umdebate que temos que fazer com apopulação, com a sociedade quepaga os tributos. Ela precisa dizeronde quer alocar seus recursos, oque é prioritário e o que não é”,assinalou. Ele elogiou a reforma daPrevidência que está sendo discutidapelo Governo do Distrito Federal,com o estabelecimento de umaprevidência complementar. “Faztodo sentido. Na proposta dereforma da Previdência queencaminhamos ao Congresso,fortalecemos a complementaridadeentre nosso regime de repartiçãosimples com a previdênciacomplementar, saindo de um modelode benefício garantido para um decontribuição definida, que dá maissustentabilidade.”

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Projeto para medir produtividade

Vera Batista

O senador Lasier Martins (PSD/RS) apresentou, ontem, substitutivoao projeto original (PLS 116/2017)que trata da perda do cargo público,por insuficiência de desempenho, dofuncionário estável que nãoapresente conceitos satisfatórios deprodutividade e qualidade no serviçoprestado à população. O texto seráusado como parâmetro nas trêsesferas de governo (estadual,municipal e federal) e nos trêspoderes (Executivo, Legislativo eJudiciário).

Pelo texto, será exoneradoaquele que, em dois anos seguidos,não tiver nota acima de 2,9. Ou, emcinco anos, não ultrapasse 4,5pontos. O conceito “N” significa queo desempenho foi aquém dodesejado. O “P” indica que foramcumpridas as exigências deatendimento. E o “S” é para aquelesque superaram as expectativas.

No projeto, com 29 artigos e 7capítulos, o senador informa que oservidor será avaliado por comissãoformada pelo chefe imediato, porcolega do mesmo nível, a ser

sorteado, e por um representante dosetor de recursos humanos,“levando-se em conta metasmensuráveis e, o que é ainda maisimportante, alcançáveis”, com apossibilidade de o trabalhador pedira revisão do conceito que lhe foiatribuído. De acordo com Lasier, aestabilidade deve continuarexistindo, pois é direito do servidore garantia para a população contrao uso da máquina estatal parabenefício pessoal dos governantes.“Todavia, a estabilidade não pode serconsiderada uma franquia para aadoção de posturas negligentes oudesidiosas.”, lembra o parlamentar.

No entender de RudineiMarques, presidente do FórumNacional das Carreiras Típicas deEstado (Fonacate), o substitutivomelhorou um pouco o PLS 116/2017, “mas nem assim deixa de sersofrível”. “Em suma, é ruim e vamostrabalhar contra a sua aprovação.”De acordo com Marques, o projetotem um vício de iniciativa, quepersiste: não contempla a avaliaçãode chefias e não cria proteçãoadicional às carreiras de Estado, queficarão à mercê de dirigentes e deindicações políticas.

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Socorro ao Rio

HAMILTON FERRARIESPECIAL PARA O CORREIO

O governo assinou ontem oprograma de socorro financeiro aoEstado do Rio de Janeiro, que vaimobilizar R$ 63 bilhões, até 2020,com a adoção de medidas parareduzir despesas e aumentarreceitas. Além disso, a União deuaval para que o governo fluminensecontrate empréstimos de R$ 11,1bilhões até o fim de 2018.

Um dos principais articuladoresdo acordo, o presidente interino,deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ),chegou a chorar durante a cerimôniade homologação do plano, noPalácio do Planalto. “É uma emoçãomuito grande poder participar destemomento na defesa do estado”,afirmou. Com o acordo, o governo

do Rio deve pagar despesasurgentes, como os salários deservidores da ativa e de aposentados,que estão atrasados.

As primeiras transferênciasdevem ocorrer em até 30 dias. Oacordo terá duração de três anos,mas deve ser renovado por igualperíodo em 2020. Segundo oministro da Fazenda, HenriqueMeirelles, o estado só deve serecuperar plenamente em 2023. JoséMatias-Pereira, especialista emcontas públicas, disse que o acordocom o Rio deve permitir que outrosestados debilitados sigam o mesmocaminho, como Minas Gerais, RioGrande do Sul, além do DistritoFederal. “Porteira em que passa umboi passa uma boiada”, observou.(Colaboraram Rodolfo Costa eRosana Hessel)

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Baixo potencial de crescimento

“Considerando um crescimentopopulacional anual de 0,7% eexcluindo efeitos de taxa de câmbio,o Brasil levaria 66 anos para alcançaro nível atual da renda per capita dosEstados Unidos”

por Antonio Temóteo /[email protected]%u2014 Interino

As reformas podem elevar oProduto Interno Bruto (PIB)potencial do Brasil para 3,5%,conforme estudo do Itaú Unibanco.Os economistas Artur ManoelPassos e Alexandre Gomes daCunha avaliaram que um ajuste fiscalque aumente a poupança domésticae estabilize a dívida pública,combinado com a implementação demedidas microeconômicas, éessencial para que as projeções sematerializem. Sem o reequilíbrio dascontas públicas e a aprovação depropostas para aperfeiçoar alegislação brasileira, destacam osanalistas, o PIB potencial ficaria maispróximo de 1,5%.

Nas contas de Passos e Cunha,as diversas crises econômicas dosúltimos 55 anos implicaram altarelevante da inflação, o não

pagamento das obrigações dogoverno e a redução da renda percapita. Segundo eles, três fatoresexplicam o contido crescimento doBrasil. O primeiro é a baixa taxa depoupança doméstica, que limita osinvestimentos e diminui o ritmo deacúmulo de capital e de ganhos deprodutividade por meio do uso denovas tecnologias.

Além disso, as seguidas crisesmacroeconômicas reduziram o nívelda renda do país em pelo menos25%. Por último, a produtividadeacumulada no período ficou abaixodo observado por países emergentesdiante de diversos entravesregulatórios, tributários e nasrelações trabalhistas. Oseconomistas do Itaú Unibancoavaliam que o ajuste fiscal teriapotencial para elevar o nível depoupança doméstica, aumentando acapacidade do país de investir, alémde garantir a sustentabilidade dadívida pública, evitando crises fiscaisno futuro.

Do ponto de vistamicroeconômico, além da reformatrabalhista, eles destacam que háespaço para abertura da economiabrasileira, por meio do fortalecimentodas parcerias comerciais, para a

reforma tributária e para oinvestimento em educação. “Poroutro lado, na ausência de avançosdas reformas macroeconômicas emicroeconômicas, o crescimentopotencial ficaria ao redor de 1,5%.Esse crescimento baixo dificultaria aestabilização da dívida pública,aumentando a probabilidade dedesarranjos e degradaçãomacroeconômica, o que poderiatrazer o crescimento para valoresainda mais baixos”, alertam.

Apesar dos avanços que todasessas mudanças provocariam, umcrescimento de 3,5% levaria o paísa caminhar a passos lentos paraigualar os níveis de renda per capitados países avançados.“Considerando um crescimentopopulacional anual de 0,7% eexcluindo efeitos de taxa de câmbio,estimamos que o Brasil levaria 66anos para alcançar o nível atual darenda per capita dos EstadosUnidos.”

Passos lentosEnquanto o país engatinha para

sair do atoleiro e voltar a crescer demaneira sustentável, o mercado temse animado com a sucessão deimbróglios que tiram o presidenteMichel Temer do foco principal da

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crise. A Bolsa de Valores de SãoPaulo (B3) fechou ontem em alta de0,03%, aos 72.151 pontos e o dólarregistrou queda de 0,57%, a quintaconsecutiva, cotado a R$ 3,119.Mas o dado mais simbólico estáligado ao risco-país. O indicador, queleva em conta os Credit DefaultSwaps (CDS) brasileiros de cincoanos, uma espécie de seguro contracalotes, chegou aos 189 pontos, omenor nível da gestão Temer.

Um banqueiro, que preferiuanonimato, destacou que as novasrevelações dos áudios de executivosda J&F, que colocam em xeque acredibilidade de magistrados eprocuradores, dão munição para ochefe do Executivo. “Do ponto devista político, o presidente daRepública se fortalece e já há nomercado quem acredite que areforma da Previdência possa seraprovada”, comenta. Conforme ele,a sensação de melhora do ambientetambém leva em conta dadosdivulgados recentemente.

Além do crescimento de 0,2%do PIB no segundo trimestre, osanalistas se surpreenderam com a

alta de 0,8% da indústria, divulgadaontem pelo Instituto Brasileiro deGeografia e Estatística (IBGE). Oresultado superou as expectativasdos economistas, que previam, emmédia, um aumento de 0,4%. Noacumulado do ano, o índice teve altade 0,8%. Em comparação com julhode 2016, registrou elevação de2,5%, também acima dasestimativas, que previam expansãode 1,8%.

A semana que prometia fortesemoções para Temer, que chega aoBrasil após cumprir agenda na China,parece que terminará com notíciasfavoráveis ao chefe do Executivo.Para complementar a onda favorávelao peemedebista, o Banco Central(BC) reduzirá hoje a taxa básica dejuros (Selic) em um ponto percentual,para 8,25% ao ano. Será o menornível desde maio de 2013. “Ainda éimpossível debater as reformasnecessárias para que o país atinja umPIB potencial de 3,5%, mas, paraquem estava próximo do precipício,a situação mudou drasticamente.Brasília não é para amadores. Sãomudanças bruscas a cada semana”,ironizou um executivo de um bancopaulistano.

Eficiência energética» A péssima qualidade do serviço

prestado pela Companhia Energéticade Brasília (CEB) levou a Datapreva constatar 55 incidentes queimplicaram acionamento de bateriasde energia ou de geradorestermelétricos em 2016. Significa que,em todas as semanas do anopassado, houve registro de umproblema com o fornecimento deenergia. Em pelo menos seis casoshouve interrupção total dofornecimento de eletricidade.

Problemas históricos» A empresa de tecnologia criada

para prestar serviços para aPrevidência Social não atingirá o nívelquatro de uma certificaçãointernacional devido aos problemasda infraestrutura energética do país.Os avaliadores cobram que aempresa tenha à sua disposição duasgeradoras de energia para conquistara mais alta classificação. Entretanto,São Paulo, Rio de Janeiro e Brasíliatêm uma única geradora para atendê-las. As linhas de transmissãoexistentes só fornecem energia deuma empresa.