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10/08/17 Prazo para votação da MP da TLP fica mais apertado Por Eduardo Campos | De Brasília O governo cochilou e o relatório da Medida Provisória 777, que institui a Taxa de Longo Prazo (TLP) não foi lido ontem na comissão especial instalada para avaliar a matéria por falta de quórum. Assim, o cronograma de votação ficou mais apertado, aumentando o risco de a medida caducar, pois tem de ser apreciada nos plenários da Câmara e do Senado até 6 de setembro. Com o regimento embaixo do braço, o presidente da comissão, senador Lindbergh Farias (PT-RJ), encerrou a sessão poucos minutos após sua abertura, remarcando a leitura do voto do relator, deputado Betinho Gomes (PSDB-PE), para o dia 15. A ideia até então era votar em comissão no dia 15 e levar a medida ao plenário Câmara, no dia 23, e do Senado, no dia 30. Gomes, visivelmente contrariado com o cancelamento, pediu a Lindbergh para garantir o acordo que tinham fechado na semana passada, mas o presidente da comissão respondeu: "Fizemos um acordo, mas não passamos por cima do regimento". Lindbergh e o PT são contrários a medida. "O governo tem que trazer o quórum. Usamos o regimento e ganhamos uma semana", disse Lindbergh. A medida tem especial importância para a equipe econômica, principalmente para seus propositores, o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, e o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, pois faz parte da agenda de redução do gasto fiscal, via subsídios menores, aumento da potência da política monetária e redução do custo de crédito. A TLP vai substituir a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) nos empréstimos do BNDES a partir de janeiro de 2018. A ideia é aproximar o custo de captação do banco do Tesouro, atrelando a TLP à NTN-B de cinco anos. Atualmente a TJLP é definida pelo Conselho Monetário Nacional levando em conta a meta de inflação e um prêmio de risco arbitrado discricionariamente. Quanto maior a distância entre a TJLP e a Selic, maior o gasto com o subsídio implícito do Tesouro às operações de crédito. Nota técnica da Secretaria de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda mostra que o custo com subsídio implícito foi de R$ 240 bilhões entre 2007 e 2016. A medida é duramente criticada pelo setor produtivo, representado nas audiências públicas pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), que alega que isso representará o fim da indústria nacional. Para funcionários do BNDES, a medida pode representar o desmonte da instituição como banco de fomento. Já os defensores, como BC, Fazenda, alguns membros da academia e do mercado, sustentam que a TLP não acaba com a capacidade do banco de prover crédito subsidiado, apenas deixa isso mais claro, pois todo incentivo terá de passar pelo Orçamento, sendo debatido no Congresso, disputando prioridades com outros gastos. Gomes apresentou mais uma breve alteração no seu relatório, que é favorável à medida. O artigo 14 deixa explícito que o BNDES manterá, por ao menos cinco anos, linhas incentivadas para micro, pequenas e médias empresas. O BNDES sempre manteve condições especiais para essas empresas. A primeira mudança foi na fórmula de cálculo da parte prefixada da TLP, que passa a considerar a média de três meses da NTN-B de cinco anos do Tesouro e não mais a taxa da data de contratação da operação, apurada mensalmente. BRASIL Valor Econômico

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Prazo para votação da MP da TLP fica mais apertado

Por Eduardo Campos | DeBrasília

O governo cochilou e o relatórioda Medida Provisória 777, queinstitui a Taxa de Longo Prazo (TLP)não foi lido ontem na comissãoespecial instalada para avaliar amatéria por falta de quórum. Assim,o cronograma de votação ficou maisapertado, aumentando o risco de amedida caducar, pois tem de serapreciada nos plenários da Câmarae do Senado até 6 de setembro.

Com o regimento embaixo dobraço, o presidente da comissão,senador Lindbergh Farias (PT-RJ),encerrou a sessão poucos minutosapós sua abertura, remarcando aleitura do voto do relator, deputadoBetinho Gomes (PSDB-PE), para odia 15. A ideia até então era votarem comissão no dia 15 e levar amedida ao plenário Câmara, no dia23, e do Senado, no dia 30.

Gomes, visivelmente contrariadocom o cancelamento, pediu aLindbergh para garantir o acordoque tinham fechado na semanapassada, mas o presidente dacomissão respondeu: "Fizemos umacordo, mas não passamos por cimado regimento". Lindbergh e o PT sãocontrários a medida. "O governo temque trazer o quórum. Usamos oregimento e ganhamos uma semana",

disse Lindbergh.

A medida tem especialimportância para a equipeeconômica, principalmente para seuspropositores, o presidente do BancoCentral, Ilan Goldfajn, e o ministroda Fazenda, Henrique Meirelles,pois faz parte da agenda de reduçãodo gasto fiscal, via subsídiosmenores, aumento da potência dapolítica monetária e redução do custode crédito.

A TLP vai substituir a Taxa deJuros de Longo Prazo (TJLP) nosempréstimos do BNDES a partir dejaneiro de 2018. A ideia é aproximaro custo de captação do banco doTesouro, atrelando a TLP à NTN-Bde cinco anos. Atualmente a TJLP édefinida pelo Conselho MonetárioNacional levando em conta a metade inflação e um prêmio de riscoarbitrado discricionariamente.

Quanto maior a distância entre aTJLP e a Selic, maior o gasto com osubsídio implícito do Tesouro àsoperações de crédito. Nota técnicada Secretaria de AcompanhamentoEconômico do Ministério daFazenda mostra que o custo comsubsídio implícito foi de R$ 240bilhões entre 2007 e 2016.

A medida é duramente criticadapelo setor produtivo, representadonas audiências públicas pela

Confederação Nacional da Indústria(CNI) e Federação das Indústriasde São Paulo (Fiesp), que alega queisso representará o fim da indústrianacional. Para funcionários doBNDES, a medida pode representaro desmonte da instituição comobanco de fomento.

Já os defensores, como BC,Fazenda, alguns membros daacademia e do mercado, sustentamque a TLP não acaba com acapacidade do banco de provercrédito subsidiado, apenas deixa issomais claro, pois todo incentivo teráde passar pelo Orçamento, sendodebatido no Congresso, disputandoprioridades com outros gastos.

Gomes apresentou mais umabreve alteração no seu relatório, queé favorável à medida. O artigo 14deixa explícito que o BNDESmanterá, por ao menos cinco anos,linhas incentivadas para micro,pequenas e médias empresas. OBNDES sempre manteve condiçõesespeciais para essas empresas.

A primeira mudança foi na fórmulade cálculo da parte prefixada daTLP, que passa a considerar a médiade três meses da NTN-B de cincoanos do Tesouro e não mais a taxada data de contratação da operação,apurada mensalmente.

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Governo e base voltam a divergir por Refis

Por Raphael Di Cunto e CristianeBonfanti | De Brasília

A equipe econômica do governoe parlamentares se reuniram duasvezes ontem para tentar um acordoque permita votar a medidaprovisória (MP) do Refis(refinanciamento de dívidastributárias) sem comprometer aarrecadação esperada, de R$ 13bilhões, mas os dois encontros foraminfrutíferos, sem que a Fazendaqueira ceder em nada no projeto, eo impasse persiste.

Uma comissão de deputados esenadores que representam osmaiores partidos da base aliada(PMDB, PP, PSD, PR, PSDB, PSBe PTB) foi destacada para negociarcom o governo e fez uma propostaque a Fazenda, de antemão, já estácontra, mas que ficou de medir oimpacto orçamentário e dar retornoaté hoje.

Os parlamentares querem mantero desconto de multas e jurospropostos pelo relator, deputadoNewton Cardoso Júnior (PMDB-MG), em até 99%, caso depagamentos à vista, e elevar o que éconsiderado dívidas pequenas, e quepor isso tem tratamento diferenciado,de R$ 15 milhões para R$ 30

milhões - Cardoso propôs noparecer R$ 150 milhões. Em cimadesses débitos, a comissão sugeriureduzir o valor de entrada de 7,5%para 5,0%.

Para as dívidas de valor superior,a entrada custaria 20% do valorconsolidado, sem abatimentos nosencargos ou uso de créditos fiscais,e poderiam ser parceladas em até175 meses. Os credores teriam queoptar ou pelo desconto nos juros emulta ou pelos créditos. As dívidasmenores poderiam acumular os doisbenefícios. Há outros três pontostambém em negociação, como quaiscréditos poderão ser utilizados pelasempresas.

Em almoço com parlamentares eos presidentes do Senado e daCâmara, o ministro da Fazenda,Henrique Meirelles, já discursoucontra qualquer alteração no textoencaminhado pelo governo.Meirelles reforçou que a expectativade mudanças no projeto, com aconcessão de mais benefícios, temreduzido a adesão das empresas eque recomendaria o veto presidencialcaso o texto seja muito alterado.

Deputados, contudo, reagiram."Acho que o governo não está nomomento ideal de fazer ameaças",afirmou o líder de um partido da base

aliada, lembrando que o governoprecisará de todos os votos possíveisquando a Procuradoria-Geral daRepública encaminhar até setembroa segunda denúncia criminal contrao presidente Michel Temer.

O presidente da Câmara,Rodrigo Maia (DEM-RJ), procurouminimizar a ameaça, mas defendeuum texto que garanta a arrecadação."Se o Congresso alterar o projeto eocorrer frustração de receita, oCongresso ficará com aresponsabilidade por isso. E tenhocerteza que nenhum parlamentar querser responsável por aumento deimposto", disse.

A segunda rodada denegociações com a Fazenda, à tarde,foi tensa, contudo. Meirelles nãoparticipou e mandou o secretário daReceita, Jorge Rachid, e osecretário-executivo do ministério,Eduardo Guardia. Um dos líderes dabase chegou a dizer parlamentaresda base chegou que, diante daresistência de não mudar a proposta,que tinha "até vontade de votar notexto do governo só para ver afrustração de receita" por causa dos20% de entrada para renegociar adívida. "Você vai pedir demissão senão alcançar os R$ 13 bilhões?",questionou esse deputado.

POLÍTICAValor Econômico

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A Fazenda alega que asalterações propostas por Cardosoreduzirão a arrecadação doprograma para R$ 500 milhões,obrigando à revisão da meta fiscal.Segundo o senador FernandoBezerra Coelho (PSB-PE), aFazenda informou que mais de 62 milcontribuintes já aderiram ao Refis eque a expectativa é chegar a 150 mil.

O prazo para renegociação dasdívidas acaba em 31 de agosto, masa votação da medida provisória podeocorrer até bem depois - e a MP sóperde a validade em outubro casonão seja votada. O projeto, contudo,já está na pauta de votações daCâmara e precisa ser analisado paraque os deputados possamencaminhar a análise de outrosprojetos. A expectativa de Maia éresolver o impasse até terça-feira.

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Concessões no Congressopioram o déficit fiscal

Deixado livre de amarras pela fraqueza do Executivo,o Congresso está minando os alicerces da "ponte para ofuturo" que o governo de Michel Temer pretendiaconstruir. Quando a força numérica da bancadagovernista é o que mais conta para preservar o presidente,acuado, como seu círculo palaciano, por denúncias, acoerência de um programa econômico sóbrio acabadesfigurada pela feira livre de interesses parlamentares.Como no passado, acumulam-se exemplos de projetoscriados ou alterados pelo Legislativo, que são nocivospara a economia, aos quais o Executivo não tem aintenção de se opor. A equipe econômica tem rumo ecorretos propósitos, mas a dependência política doPlanalto é o fato dominante ao qual a lógica da busca derecuperação da economia termina por se render.

A base de apoio governista, no geral, é de baixaqualidade, como era durante o mandato da petista eDilma Rousseff - na verdade, era a mesma turma,excluídos o PSDB e o DEM. Diante de um gravedesequilíbrio das contas públicas, a maior parte das siglasde aluguel não apenas eximem-se de qualquerresponsabilidade como comportam-se com o dinheiropúblico como se os tempos fossem normais. O poloaglutinador e que deveria dar a direção dos projetosprioritários é a coordenação política do Planalto. Masela gasta grande parte de seu tempo barganhando apoiose procurando assegurar a sobrevivência do governo.

A novela do novo Refis, um programa de alívio fiscalque se tornou anual, é só um exemplo entre vários. Abancada da dívida na Câmara, por meio do deputadomineiro Newton Cardoso Jr., do partido do presidenteTemer - que tem compromissos vencidos de R$ 67milhões -, produziu pela segunda vez mudanças quelevaram a expectativa de arrecadação imediata de R$

13 bilhões a minguar drasticamente para R$ 500 milhões,com perdão generoso de 99% de multas, juros eencargos em alguns casos e prazo de pagamentos deaté 20 anos. Em 2018, a expectativa de arrecadação doprograma, se aprovado, cairá cerca de R$ 20 bilhões.

Perdões generosos embalaram também o Refis rural,as dívidas dos ruralistas com o Funrural, destinado àPrevidência que o governo quer reformar. O governoaceitou na MP 793 abatimento de 25% das multas,perdão de 100% dos juros, prazo de 14 anos e 8 mesesde pagamento, com entrada de 4% parcelada em 4 vezes,correção dos débitos pelo IPCA, além da redução daalíquota do próprio tributo de 2% para 1,2%. Nospróximos três anos, a renúncia fiscal do projeto oficial éde R$ 5,44 bilhões. Os ruralistas querem condições aindamais favoráveis e pespegaram 743 emendas à MP (Valor,ontem). O que o Executivo não aceita no Refis urbano,o abatimento total dos juros, é dado de barato no Refisrural.

Como era esperado, a novela da convalidação dosbenefícios fiscais concedidos pelos Estados acabou mal.A equipe econômica jogou certo, exigiu corte paulatinodos incentivos ao longo dos 15 anos do prazo para suaextinção. Antes a convalidação era um passo vinculadoà redução e uniformização das alíquotas do ICMS, emum quadro coerente que poria fim à guerra fiscal. Oresultado agora pode ser o oposto. Não há unificaçãode alíquotas, admite-se o que se queria evitar, aconcessão de novos incentivos, com regras mais flexíveispara sua aprovação.

O rebaixamento da reforma da previdência a uma"atualização" terá efeitos no curto prazo. O secretárioda Previdência, Marcelo Caetano, vê um aumento do

EDITORIALValor Econômico

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déficit previdenciário de R$ 20 bilhões em 2018 naausência da aprovação do texto aprovado na comissãoespecial (O Estado de S. Paulo, ontem). Como essesgastos avançarão R$ 40 bilhões em 2018, e haveráelevação da folha de salários por força de reajustes jáconcedidos, estima-se que o teto de gastos seráexcedido em algo como R$ 10 bilhões (Valor, ontem).O governo cogita elevar impostos para conter o rombo.

Como fica óbvio pelos números, as benessesconcedidas no Congresso têm impacto importante nodéficit fiscal. Elevar impostos para permitir que opresidente Temer pague suas dívidas políticas é umexpediente ruim, danoso para as contas públicas. Seriaimportante que o presidente fizesse esforços junto aospartidos aliados, nesse momento de aguda crise fiscal,para barrar no Legislativo todas as iniciativas queimplicassem redução de receitas, e se empenhasse emum derradeiro mutirão pela aprovação integral da reformada previdência social.

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Não há saída sem corte de gastosCarlos Alberto Sardenberg

Um milhão de brasileirospagariam algo como R$ 16 bilhõesa mais no imposto de renda, no ano,caso a alíquota máxima fosse para35%. Sabem quanto o governofederal, incluindo Executivo,Legislativo e Judiciário, gastou noano passado pagando diversos tiposde auxílios e benefícios a seusfuncionários? Os mesmos R$ 16bilhões.

Por que não se pensa antes emdiminuir essas pesadas despesas?Porque elas são consideradas"obrigatórias" — isso querendo dizerque não podem ser abolidas nemreduzidas nem sequer adiadas. Masessa é mais uma regra política —digamos assim. Se esses auxílios —alimentação, médico, transporte,moradia, pré-escolar e outros —foram introduzidos por lei ou, muitasvezes, por regulamentos internos dosdiversos órgãos, então podem seralterados pelos mesmosinstrumentos.

Por exemplo: leis ordinárias, de2016, concederam reajustesescalonados a diversas categorias dofuncionalismo federal. No ano quevem, esses reajustes custarão R$ 20bilhões — aliás, mais do que searrecadaria com a alíquota extra de35% no IR. Seria necessário que oCongresso aprovasse uma leiordinária para introduzir essaalíquota. Ora, uma lei do mesmo tipopoderia suspender os reajustessalariais, permitindo uma economia

maior.

Por que não se cogita disso?

Porque o governo, os partidos,as lideranças políticas não queremmexer com as corporações com asquais convivem e, falandofrancamente, da qual fazem parte. Ecomo ficaram com medo deaumentar o IR, dado o sinal de queisso teria enorme reação social,estamos na encruzilhada do combateao déficit público: sem aumento dereceita, porque a sociedade nãoaguenta mais, e sem corte de gastossignificativos na Previdência e nafolha de salários e benefícios.

Um estudo da Instituição FiscalIndependente (IFI), vinculada aoSenado (Nota Técnica n° 5, de 2 deagosto último), mostra com todos osnúmeros: as maiores despesas dosetor público federal são com opagamento de pensões,aposentadorias, salários e benefícios.

No Executivo, a principal despesaestá no INSS — 45% dos gastossujeitos à regra do teto. Depois vêmas despesas de pessoal, ativo einativo, com 22%. Ou seja, doisterços das despesas nesses doisitens. Não é cortando a emissão depassaportes que se vai fazereconomia.

No caso dos poderes Legislativo,Executivo e Judiciário, a principaldespesa, de longe, está no pagamento

de pessoal, de novo englobandoativos e inativos. Deveria ser emcontas separadas, mas como osinativos, em geral, ganham osmesmos reajustes e vantagens dosativos, faz sentido juntar as contas.

No Legislativo (Câmara eSenado), o gasto com pessoal é de82% do total; no Judiciário, 77%; noMinistério Público da União, 73%.Na Justiça do Trabalho em especial,o pagamento de salários eaposentadorias consome 84%.

Mas o estudo do IFI mostratambém o peso do gasto comaposentadoria dos servidores. NoExecutivo, equivale a 48% da folha.Nas Forças Armadas, o pagamentode inativos consome quase doisterços da despesa com pessoal.

A conclusão é óbvia: não temcomo ajustar as contas públicas semcortar na Previdência e no pessoal,o que exige emendas constitucionaise leis ordinárias.

Os demais gastos de custeio jáestão no osso. Cortar mais aí levariaa uma situação absurda: toda a receitaseria empregada no pagamento deservidores que não teriam recursospara prestar os serviços. Assimcomo se encaminha para outroabsurdo se não for feita a reformada Previdência, inclusive eespecialmente a do setor público:toda a receita federal acabaria sendodestinada ao pagamento deaposentadorias.

OPINIÃOO GLOBO

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E o que acontece no nível federalse repete nos estados e municípios.

Não é alarmismo. A despesaprevidenciária total da União jáconsome cerca de 60% das receitase é crescente. A dívida do governofederal aumenta ao ritmo de R$ 60bilhões ao mês.

Trata-se de uma perfeitatempestade fiscal. Mais grave aindaporque parece que não se percebeisso nos meios.

Uma das conversas noCongresso é como arrancar uns R$4 bilhões do Orçamento federal parafinanciar as campanhas de 2018.Precisa de uma lei para isso. E comoestá em vigor a regra do teto, osparlamentares precisarão indicar deonde vão subtrair aqueles bilhões.Por que não tiram de algumasvantagens pagas aos seusfuncionários? Também podem

reduzir suas assessorias emordomias. Ou cortar seus própriossalários. Ou tentarão uma"contribuição provisória para ademocracia"?

Em tempo: toda vez que tratamosdesse assunto, muitos servidoresdedicados e de boa-fé dizem queestamos colocando a "culpa da criseno funcionalismo". Reclamam maisaqueles que estão na escala inferiordas faixas salariais. E justamente.Porque há outro e grave problema:a desigualdade dentro dofuncionalismo. Tem uns que ganhamacima do teto constitucional. Outrosestão mais perto do salário mínimo.

A reforma tem que levar isso emconta. Mas o problema nacional é ogasto público e, dentro dele, adespesa previdenciária e de pessoal.

Carlos Alberto Sardenberg éjornalista

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Revisão de metas fiscais de 2017e 2018 cria impasse no governo

Resistência a aumento deimpostos dificulta fechar as contas

MARTHA BECK, BÁRBARANASCIMENTO

E CRISTIANE JUNGBLUT

BRASÍLIA- O governo aindanão conseguiu se entender sobre arevisão das metas fiscais de 2017 e2018. Em reunião realizada ontem àtarde, a equipe econômica e o núcleopolítico avaliaram que o quadro dascontas públicas se agravou depoisque o Congresso deu sinais de quenão aprovará medidas de aumentode impostos, mas adiaram a decisãofinal sobre alterações nas metas —de déficit primário de R$ 139bilhões para este ano e de rombode R$ 129 bilhões para o próximo.Uma nova reunião será realizadahoje. Segundo integrantes da áreaeconômica, o martelo sobre 2018tem de ser batido até o fim do mês,quando é preciso encaminhar aoCongresso a proposta de leiOrçamentária para 2018.

Já a meta de 2017 poderiaesperar até setembro, quandohaverá um quadro mais claro sobrereceitas extraordinárias, como onovo Refis e os leilões de usinas daCemig e de petróleo. Sem essesrecursos, o déficit de R$ 139 bilhõesterá de ser revisto. Isso porque ogoverno precisa não apenas atingira meta de 2017, mas afrouxar umpouco o contingenciamento doOrçamento de 2017, que foi cortado

em R$ 45 bilhões. Isso já paralisouparcialmente a máquina pública.Segundo os técnicos da áreaeconômica, é preciso encontrar umaforma de liberar, pelo menos, R$ 5bilhões até o fim do ano para que osórgãos públicos possam funcionar.

GOVERNO TENTA MANTERTEXTO DO REFIS

O Ministério da Fazenda defendenos bastidores que o rombo de 2017não poderia ser superior a R$ 159bilhões (mesmo resultado registradono ano passado), mas a ala políticajá fala até em algo próximo de R$170 bilhões. Para 2018, também estáprevisto um rombo. Os cálculosapontam que, para conseguir atingira meta de déficit primário de R$ 129bilhões, o governo precisa fechar um“buraco” entre R$ 40 bilhões e R$50 bilhões. É por isso que a equipeeconômica avalia medidas deredução de gastos e de aumentos deimpostos para o ano que vem. Mas,depois que o governo deixou ventilara ideia de que poderia aumentar aalíquota do Imposto de Renda (IR)das pessoas físicas e foi obrigado arecuar por causa da repercussãonegativa, a avaliação interna é quepode ser muito arriscado confiar emoutros aumentos de tributos paracompensar frustrações de receitas noano que vem.

Seria possível apenas fazermudanças na tributação do mercadofinanceiro. Para 2017, o governo

também não conseguiu resolver oimpasse envolvendo o novo Refis.Um grupo de trabalho formado porparlamentares se reuniu com a equipeeconômica ontem e listou uma sériede itens que, na opinião deles, sãoproblemáticos. Os parlamentaresadmitem que o formato como oprograma foi aprovado em comissãoespecial da Câmara, fruto do parecerdo relator, Newton Cardoso Jr.(PMDB-MG), foi generoso demaise esperam chegar a um novo meiotermo.

Uma nova reunião pode ocorrerhoje, tão logo os técnicos da Receitatenham uma avaliação. Os técnicosdo Ministério da Fazenda insistem naversão originalmente enviada aoCongresso e lembram que ela foiresultado de um acordo e que asadesões ao parcelamento estão emandamento. Os parlamentaresafirmaram que, segundo a Receita,62 mil pessoas já aderiram ao novoRefis. O governo já avisou que odesconto de 99% em multas e juros,incluído no texto pelo relator, é“inexequível”, segundo o líder dogoverno na Câmara, AguinaldoRibeiro (PP-PB), que participou dareunião. O projeto enviado pelaequipe econômica ao Congresso,que foi costurado em acordo com orelator, previa desconto de até 50%em multas e de 90% em juros, adepender da forma de pagamento.

Outro ponto elencado é aelevação do limite para os débitos

ECONOMIAO GLOBO

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que poderiam ter condiçõesmelhores de pagamento. No projetodo governo, esse teto era de R$ 15milhões. No do relator, R$ 150milhões. O pedido dos parlamentaresfoi para que a Receita fizesse umaavaliação de quanto seria possívelsubir esse teto. Como a MP já estáem plenário, o governo não podesimplesmente enviar um novoparecer. Por isso, vai ter que seutilizar de uma emenda aglutinativa.Isso quer dizer que qualquermudança só poderá ser feita combase em emendas que já foramapresentadas na comissão especial.Elas poderiam ser “puxadas” para oplenário para serem novamenteavaliadas.

RECEITA DE R$ 13 BILHÕESAMEAÇADA

O ministro da Fazenda, HenriqueMeirelles, se reuniu com ospresidentes do Senado, EunícioOliveira, e da Câmara, RodrigoMaia, além de parlamentares dasduas casas, para tentar convencer abase de que o parecer de CardosoJr. é inviável. O presidente daCâmara afirmou que o cenário idealé que o novo texto seja próximo doque foi enviado pelo governo ao

Congresso e que não quer que oLegislativo seja responsabilizado pelafrustração de receitas do governo: —Há uma expectativa de arrecadaçãode R$ 13 bilhões com o projeto (em2017) e, se nós mudarmos muito otexto e a arrecadação ficar longe dosR$ 13 bilhões, a responsabilidadeserá do Congresso. E eu tenhocerteza de que nem deputados nemsenadores estão dispostos aaumentar impostos — disse.

Opinião | COLCHA

DEPOIS DE recuar no plano deaumentar o Imposto de Rendasobre pessoas físicas de renda maisalta, o governo volta aos estudossobre taxações no âmbito daspessoas jurídicas e no campofinanceiro.

SE ESTE for o caminhoescolhido, a colcha de retalhos dosistema tributária deve ficar aindamais retalhada.

TUDO PORQUE, insista-se, ogoverno continua a se recusar aenxugar gastos excessivos nocusteio da máquina pública, o queo levaria a cortar privilégios.

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10/08/17 TENDÊNCIAS & DEBATESFOLHA DE SÃO PAULO

Proposta para a retomada do crescimentoMARTIN RAISER

Uma das reformas econômicasmais relevantes para a retomada docrescimento está em tramitação noCongresso. Trate-se da medidaprovisória 777 de 2017, que cria aTaxa de Longo Prazo (TLP), emsubstituição à TJLP.

A afirmação acima pode parecercontraintuitiva. Afinal, a TJLP foiconcebida para estimular ocrescimento por meio da criação deuma taxa de longo prazo que evitassea volatilidade do mercado e refletisseum custo de capital equilibrado.

Pela ideia inicial, os trabalhadoresobteriam um retorno justo para suapoupança, e os investidorestomariam empréstimos a uma taxade longo prazo estável e adequada.

Contudo, não foi isso o queocorreu. A TJLP foi regularmentefixada em níveis próximos ou atéinferiores ao índice de inflação,enviando sinais distorcidos aosinvestidores, que podiam obterretorno independentemente domérito dos negócios.

Há pouca evidência de que asempresas que tomaram empréstimosem TJLP tinham restrições decrédito ou que de fato usaram ofinanciamento para aumentar o

investimento, criar empregos e elevarsua produtividade.

Na prática, boa parte dofinanciamento em TJLP simplesmentesubstituiu outros mais onerosos domercado, transferindo o dinheiro doFundo de Amparo ao Trabalhador(FAT) para os investidores.

Eventualmente, os recursos doFAT deixaram de ser suficientes paraalimentar a demanda por crédito.Assim, o Ministério da Fazendaacabou transferindo verbasadicionais para o BNDES, o quepermitiu a expansão dosempréstimos.

Como o custo desses recursosera a taxa paga pelo governo em suasoperações de financiamento, bemsuperior à TJLP, isso resultou emsubsídios orçamentários implícitoscrescentes para o setor privado, quechegaram a 1% do PIB, ou doisorçamentos do programa BolsaFamília, em 2015.

A grande proporção do créditoem TJLP -quase 20% em março de2017- reduziu a eficácia da políticamonetária. Em tempos de aumentodo risco de inflação, o Banco Centralteve de elevar as taxas para induzir adesejada contração do crédito, da

mesma forma que, em um ambientebenigno, precisou ser mais agressivopara desbloquear a demanda porcrédito e fomentar o investimento.

Portanto, a TJLP não eliminou avolatilidade da taxa de juros -e atétornou-a maior para mutuários nomercado livre.

Por fim, a TJLP remunera o FATabaixo dos índices de mercado,impondo assim um custo a todos ostrabalhadores.

Em suma, uma medida quesupostamente reduziria avolatilidade, estimularia oinvestimento e ofereceria umtratamento justo aos trabalhadores einvestidores acabou por fazerexatamente o contrário.

A nova TLP corrige a maioriadesses problemas. Dá sinais clarosaos investidores, reduzindo os riscosde alocações indevidas eineficiências. Melhora a eficácia dapolítica monetária e aumenta atransparência do apoio público aosetor privado, que deverá ser feitopor meio do Orçamento.

A nova taxa também oferecemelhor retorno aos trabalhadores emtempos de alto desemprego, além de

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estabelecer as bases para que oBNDES possa se financiar a partirdos mercados de capitais,mobilizando os importantes fundoscomerciais disponíveis para odesenvolvimento nacional.

O Banco Mundial acaba depublicar uma nota técnica que analisao tema ("Entendendo os Efeitos daReforma da Taxa de Longo Prazo -TLP") e conclui que as mudançaspropostas no mercado financeiro sãoum dos pilares centrais do novomodelo de crescimento do Brasil.

Assim sendo, a MP777 está nocerne de uma estratégia de ajuste ecrescimento. Merece ser apoiada.

MARTIN RAISER, doutor emeconomia pela Universidade de Kiel(Alemanha), é diretor do BancoMundial para o Brasil

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Supremo barra proposta de reajuste salarial

PODERFOLHA DE SÃO PAULO

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Partidos aliados cobram cargos e ameaçam arrecadação de R$ 13 bi

BRUNO BOGHOSSIANDANIEL CARVALHOLAÍS ALEGRETTIDE BRASÍLIA

O Palácio do Planalto recebeunesta quarta (9) novo sinal de queenfrentará dificuldade para conduzira agenda econômica que defendecomo prioridade no Congresso.

Sem receber os cargosprometidos, partidos da base deMichel Temer ameaçam imporderrota ao governo na semana quevem, quando se espera que ocorraa primeira votação da pautaeconômica depois da rejeição dadenúncia contra o presidente.

A primeira demonstração deinsatisfação mais enfática deve vir navotação do Refis, texto no qual ogoverno já encontra dificuldadespara negociar com o Legislativo.

Siglas do chamado "centrão",grupo que reúne partidos médioscomo PP, PR, PSD e SD,pretendem boicotar as negociações

sobre a medida provisória do Refis,programa de renegociação dedívidas com o fisco.

Alegando falta de diálogo com oPlanalto, essas siglas afirmam que ogoverno se recusa a redistribuir oscargos hoje ocupados por indicaçõesde deputados que votaram contraTemer.

O Refis é a principal arma dogoverno para ampliar a arrecadaçãodeste ano, diminuir o rombo noOrçamento e amenizar a revisão dameta fiscal, estipulada em um deficitde R$ 139 bilhões.

A expectativa da área econômicado governo era arrecadar R$ 13bilhões com o programa, mas aCâmara alterou o texto, gerando maisbenefícios para os devedores, ereduziu essa projeção para menosde R$ 1 bilhão.

Com a lenta recuperação daeconomia e, consequentemente, dasreceitas, a expectativa é que nospróximos dias o governo Temer eleve

para mais de R$ 150 bilhões a metapara o rombo de 2017.

A quarta-feira foi de reuniões paratentar se chegar a um acordo sobreo Refis (parte importante doscálculos para a meta fiscal), mas nãohouve conclusão.

Integrantes de partidos como PP,PTB e PR dizem que, se não tiveremsuas demandas atendidas, poderãovotar a favor do texto costurado naCâmara, à revelia do Planalto, ousimplesmente não votar texto algum.Se o centrão barrar as negociaçõesaté outubro, a medida provisóriaperderá a validade.

O governo tem feito umaredistribuição pontual de cargos, maspromete aos parlamentares listar atéa semana que vem as vagasocupadas por traidores, em umadevassa mais significativa.

Fiadores da vitória de Temer nasemana passada, quando a denúnciacontra o presidente foi rejeitada por263 votos, os deputados do centrão

MERCADOFOLHA DE SÃO PAULO

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estão de olho não apenas em cargosdo primeiro escalão –como oMinistério das Cidades, hoje nasmãos do dividido PSDB.

Há interesse, principalmente, empostos de segundo e terceiroescalão. Um exemplo é a Codevasf(Companhia de Desenvolvimentodos Vales do São Francisco eParnaíba), comandada pelo PSB.Oficialmente, o partido está naoposição, mas ainda comanda oMinistério de Minas e Energia e suabancada na Câmara está rachada.

ALÉM DO CENTRÃO

As ameaças à pauta econômicado governo não estão restritas aocentrão. Como a Folha mostrou emjulho, partidos aliados de Temercomo PSDB, PR, DEM e PSD jádefendiam que ele abandonasse aideia de votar a reforma daPrevidência e que a proposta sófosse retomada no próximo governo,em 2019.

Diante da insatisfação com adistribuição de cargos, a insatisfaçãose alastrou.

"Neste momento, meu partidonão discute e não vota Previdência.Enquanto não houver engajamentodo governo de tratar quem é base

diferente de quem não é base, nãohá o que fazer", disse o líder do PP,Arthur Lira (AL).

O presidente da Câmara,Rodrigo Maia (DEM-RJ),reconheceu dificuldades para aprovara reforma da Previdência e disse queé "legítimo" que parlamentaresdeclarem que não há condições detocar a reforma.

AGENDA ECONÔMICA

Governo Temer atua em váriasfrentes

REONERAÇÃO DA FOLHA

Medida provisória atual, queentrou em vigor no mês passado, irácaducar nesta semana sem ter sidovotada. Um projeto de lei sobre otema será enviado ao CongressoNacional, provavelmente para valerno ano que vem. O governo contavacom receita de R$ 2,5 bilhões nesteano. Ainda não há estimativa para oano que vem

REFORMA DAPREVIDÊNCIA

Proposta do governo MichelTemer, com alterações, foi aprovadaem uma comissão do Congresso,mas ainda precisa passar por pelo

menos quatro votações nos plenáriosda Câmara dos Deputados e doSenado. Aliados avaliam que opresidente não tem mais os 308 votosnecessários para que a propostapara a Previdência passe pelaCâmara. Uma alternativa seriadesidratar o projeto, que teria comofoco ampliar a idade mínima paratodos os brasileiros

REFORMA TRIBUTÁRIA

Governo prometeu enviarproposta ao Congresso que começapela reforma do PIS/Cofins. Opasso seguinte da equipe econômicaé propor mudanças no ICMS(Imposto sobre Circulação deMercadorias e Serviços), principalfonte de receita dos Estados

JUROS DO BNDES

Tramita no Congresso medidaprovisória que, se convertida em lei,mudará a taxa de juros dosempréstimos do BNDES, de modoa reduzir gastos públicos comsubsídios. A TLP (Taxa de LongoPrazo) deverá substituir a atual TJLP(Taxa de Juros de Longo Prazo),hoje em 7% ao ano e fixadatrimestralmente pelo CMN(Conselho Monetário Nacional).Com a mudança, a taxa do bancode fomento tende a se aproximar dos

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juros praticados no mercadofinanceiro. A transição deverá ser feitaem cinco anos.

METAS FISCAIS

Governo pode pedir aoCongresso para alterar as metasfiscais deste ano e de 2018. Peloscálculos que estão na mesa, serápreciso ampliar a meta de deficitdeste ano de R$ 139 bilhões paraR$ 158 bilhões. A meta de deficitpara o ano que vem, que foi definidaem R$ 129 bilhões, pode passar paracerca de R$ 170 bilhões.

REFIS

A primeira medida provisóriasobre o assunto caducou. Outra, quetramita no Congresso Nacional,criou condições muito favoráveis adevedores do fisco. Agora, ogoverno quer elaborar uma terceiraproposta para o programa derenegociação de dívidas com aReceita, "mais equilibrada"

SERVIDORES

Governo estuda adiar reajusteprogramados para janeiro do anoque vem e corte de benefícios, alémde um PDV (programa de demissãovoluntária) para o qual se esperabaixa adesão

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Brasileiro critica campanha da Previdência

DA AGÊNCIA LUPADO LIVRE.JOR

A campanha publicitária emdefesa da reforma da Previdênciaque o governo federal colocou noar no fim do ano passado já custouR$ 59,1 milhões, segundo dados daSecretaria de Comunicação daPresidência (Secom) obtidos pormeio do Sistema de Acesso àInformação do governo federal. Maso investimento pode não ter surtidoo efeito esperado.

Com o objetivo de acompanhara recepção da população aos vídeosda campanha, o governo tambémencomendou pesquisas qualitativasa duas empresas entre fevereiro emarço deste ano.

A empresa Mood Pesquisa eEstratégia avaliou o material com 12grupos, quatro por localidade: SãoPaulo, Porto Alegre e Recife.

As pessoas que participaramdessa avaliação consideram acampanha "vaga" e com informações"genéricas demais, imprecisas,superficiais e, para alguns, atémesmo mentirosas".

Segundo eles, a campanha fala danecessidade e da urgência dareforma, mas não traz explicaçõessobre "como" ela vai acontecer, e isso"gera medo e desconforto".

Uma segunda pesquisa foirealizada pelo Instituto Análise comquatro grupos de até 12 pessoas,dois em São Paulo e dois em PortoAlegre. Esses participantesperceberam a campanha como"relevante neste momento, pois trata-se de utilidade pública".

Em ambas as localidades, noentanto, as pessoas tambémquestionaram a falta de explicaçãosobre como vão ocorrer asmudanças.

Em Porto Alegre, os participantesdisseram ainda que o governo querimpor "uma solução [a reforma] paraa população de um problema quenão foi a população que criou".

ORIGEM DOS RECURSOS

A origem dos recursos quefinanciaram a campanha também éoutro ponto de polêmica. Além daverba da Secom, a propaganda

também já consumiu verba de outrosdois ministérios.

Em dezembro, a Secom realizouum termo de execuçãodescentralizada com o Ministério doEsporte para poder utilizar um totalde R$ 7,5 milhões.

Até o fim de junho, desse total, ogoverno já gastou R$ 6,6 milhões.Já do Turismo foram utilizados atéentão R$ 4,75 milhões.

Integrantes da oposição levarama questão à Procuradoria-Geral daRepública, que após avaliaçãodecidiu arquivar a denúncia porconsiderar que não ocorreuimprobidade administrativa.

Procurado para comentar osresultados das pesquisas e o uso daverba, o governo informou, por nota,que as "perguntas devem serencaminhadas via LAI (Lei deAcesso à Informação). O prazomáximo para retorno dessespedidos, porém, é de 20 dias.

(ALEXSANDRO RIBEIRO,JULIANA DAL PIVA)

MERCADOFOLHA DE SÃO PAULO

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Governo deve rever meta e projetarpara 2018 deficit maior que em 2017

MERCADOFOLHA DE SÃO PAULO

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10/08/17 NOTAS & INFORMAÇÕESO ESTADO DE S. PAULO

O jogo da inflação e do ajuste

Muito boa para os consumidores e inesperada até hápouco tempo, a inflação de 2,71% em 12 meses, a menorpara o período em mais de 18 anos, complicou a gestãodas finanças públicas. Será quase um escândalo se opresidente Michel Temer ou qualquer de seus ministrosse queixar da forte desaceleração dos preços. Afinal, ogoverno pode exibir a desinflação como um sinal deavanço na correção dos maiores desajustes nacionais.

Os dirigentes do Banco Central (BC) podem apontá-la como prova do acerto de sua política – e em seguida,como se espera no mercado, cortar mais um pontoporcentual dos juros básicos. Mas, apesar de todos essesregistros positivos, o sucesso na contenção da alta depreços prejudicou a arrecadação de impostos econtribuições e atrapalhou severamente o esforço deredução do déficit primário das contas públicas.

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, apontoua inflação baixa, recentemente, como um problema paraa execução da política orçamentária. Não se queixou dobom comportamento dos preços, é claro, mas foi clarona identificação do problema. Quando a propostaorçamentária foi elaborada, há um ano, esperavam- separa 2017 um crescimento econômico pouco acima de1% e uma inflação, medida pelo Índice Nacional dePreços ao Consumidor Amplo (IPCA), em torno de 5%.Os fatos desmentiram todas essas projeções e issocomeçou a ficar bem claro no começo do ano.

O economista-chefe da corretora Tullet Prebon,Fernando Montero, divulgou em nota um exercício sobreo efeito fiscal da forte desinflação. Comparando a inflaçãomédia projetada há um ano e aquela compatível com osnúmeros atuais, ele encontrou uma perda de R$ 29bilhões na arrecadação federal. Nessa comparação, avariação média do IPCA foi usada como base para aestimativa da receita nominal, isto é, em valores correntes.Um cálculo completo envolveria outras variáveis, mas oexercício divulgado é suficiente para que se tenha umaboa ideia da perda.

A inflação bem menor que a prevista há um anopreserva o poder de compra e isso é bom para os

consumidores e, de modo geral, para o funcionamentoda economia, mas a arrecadação do governo é baseadaem preços correntes. Num cenário mais próximo daqueleesperado quando se preparou a proposta orçamentária,seria bem mais fácil atingir a meta fiscal deste ano, umdéficit primário igual ou inferior a R$ 139 bilhões. Ficamfora do resultado primário os juros da dívida pública.

O baixo crescimento econômico e o alto desempregotambém dificultam, naturalmente, a obtenção da receitaprevista. Mas a principal surpresa negativa tem sidomesmo a desinflação. Em julho, o IPCA subiu 0,24%,voltando ao território positivo, depois de uma queda de0,23% em junho. Mesmo assim, a alta acumulada em 12meses foi a menor desde o período encerrado emfevereiro de 1999, quando ficou em 2,24%.

Mas o ligeiro repique mensal observado em julhoresultou de fatores pontuais, como o aumento doPISCofins cobrado sobre os combustíveis e a introduçãoda bandeira amarela na conta de luz. O encarecimentoda energia elétrica (6%) foi o principal fator de alta doIPCA. O item alimentação e bebidas, correspondente aum quarto das despesas familiares, recuou 0,47%, naterceira queda mensal consecutiva. Não se esperamgrandes pressões inflacionárias nos próximos meses. Masé preciso olhar bem adiante.

Hoje, a inflação baixa prejudica a arrecadação nominale dificulta o ajuste das contas públicas. À frente, pressõesinflacionárias poderão ressurgir, se a arrumação dasfinanças do governo continuar atrasada. Para manter ainflação controlada, e em níveis mais ou menoscivilizados, será preciso avançar na recuperação e, maisque isso, na reconstrução das contas fiscais.

Isso exigirá uma racionalização de gastos, muito difícilenquanto permanecer a rigidez orçamentária. Exigirátambém, como fator indispensável, a reforma daPrevidência. Cumpridas essas condições, será possívelmanter contas públicas saudáveis e inflação controlada,num ambiente muito mais propício ao crescimentoeconômico.

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10/08/17

Ação contra governador não precisa de aval

Rafael Moraes MouraBreno Pires / BRASÍLIA

O Supremo Tribunal Federal(STF) confirmou ontementendimento de que a abertura deação penal contra governadores noSuperior Tribunal de Justiça (STJ)não depende de autorização préviade Assembleias Legislativas. Emmaio, o STF já havia tomado essadecisão ao discutir casos sobre osEstados de Minas, Mato Grosso,Piauí e Acre. À época, a Cortetambém sinalizou que cadaministro poderia decidirmonocraticamente sobre ações desua relatoria que envolvessemoutros Estados. Desde então, osministros Edson Fachin eAlexandre de Moraes declararaminconstitucionais dispositivossemelhantes das Constituições doAmazonas e da Paraíba.

O tema voltou ao plenário coma retomada do julgamento sobreações diretas de

inconstitucionalidade ajuizadaspelo Conselho Federal da Ordemdos Advogados do Brasil e pelaProcuradoria-Geral da República(PGR) contra dispositivos daConstituição da Bahia, do RioGrande do Sul e da Lei Orgânicado Distrito Federal, que exigemautorização prévia do PoderLegislativo para processar e julgargovernadores por crimes comunse de responsabilidade. Esses trêscasos voltaram ao plenário depoisde o julgamento ter sidointerrompido em julho do anopassado, quando o ministro LuísRoberto Barros pediu vista (maistempo para análise).

Sem reajuste

O Supremo aprovou a propostaorçamentária de 2018 sem aprevisão de um reajuste de 16,38%no salário dos ministros. Aproposta será encaminhada agoraao Ministério do Planejamento.

POLÍTICAO ESTADO DE S. PAULO

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Saque do FGTS deve deixar PIB positivo

BRASÍLIA

A liberação do dinheirodepositado nas contas inativas doFundo de Garantia do Tempo deServiço (FGTS) vai contribuircom 0,61 ponto porcentual para oProduto Interno Bruto (PIB) em2017. A projeção do Ministério doPlanejamento indica que o saquedo dinheiro parado do trabalhadordeve livrar a economia brasileirade encerrar o terceiro ano seguidoem recessão.

Estudo apresentado ontem pelogoverno defende que o saque doFGTS teve reflexos positivos queforam da redução dainadimplência à diminuição doendividamento e docomprometimento de renda dosbrasileiros e passou pelo aumentoda confiança do consumidor e docomércio. O programa injetouR$44 bilhões na economia ebeneficiou 25,9 milhões detrabalhadores entre março e julho.

O argumento do estudo é queos trabalhadores usaram o dinheiropara pagar dívidas e, assim,conseguiram espaço paraconsumir. O planejamento citadados do Serviço de Proteção ao

Crédito (SPC) e da ConfederaçãoNacional de Dirigentes Lojistas(CNDL), que indicaram melhorado calote.

Com o nome limpo ou menosdívidas, defende o estudo, maisbrasileiros conseguiram ir àscompras. O governo argumenta quehouve impacto no volume devendas nos supermercados e emsegmentos como telefonia celulare automóveis.

Pelas contas do Planejamento,essa injeção de dinheiro vai salvaro Brasil da recessão este ano. Aequipe econômica prevê que aeconomia deve crescer 0,5% em2017. Sem os saques do FGTS,portanto, a economia teriacontração de 0,11%, no terceiroano seguido de recessão. O bancoSantander previa impacto menosintenso, de 0,40 ponto no PIB entre2017 e 2018.

O presidente da Caixa, GilbertoOcchi, preferiu não comentar se oFGTS será o principalresponsável pela saída darecessão. "Deixo essa respostacom o pessoal da equipeeconômica", disse. / F.N.

ECONOMIAO ESTADO DE S. PAULO

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LDO estabelece salário mínimo emR$ 979

O presidente Michel Temer sancionouontem, com vetos, a Lei de DiretrizesOrçamentárias (LDO) para 2018. A LDOestabelece metas e prioridades dogoverno para o ano seguinte e orienta aelaboração da lei orçamentária anual. Otexto estipula o aumento do saláriomínimo de R$ 937 para R$ 979 e projetacrescimento real da economia brasileirade 2,5%, taxa básica de juros (Selic) em9%, Índice Nacional de Preços aoConsumidor Amplo (IPCA) de 4,5% noano e dólar a R$ 3,40 no fim de 2018. ALDO mantém a meta fiscal proposta pelogoverno e prevê déficit primário de R$131,3 bilhões para o setor públicoconsolidado, que engloba governofederal, Estados,municípios e empresasestatais.

ECONOMIAO ESTADO DE S. PAULO

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CONJUNTURA » País cria35,9 mil vagas formais em julho

Mercado de trabalho geraempregos com carteira assinadapelo quarto mês consecutivo. Nossete primeiros meses do ano, saldopositivo é de 103,3 mil postos.Analistas, contudo, advertem querecuperação ainda é lenta

MARLLA SABINOESPECIAL PARA O CORREIOANNA RUSSI*

Uílton Santos consegiu vaga naconstrução civil: %u201CA situaçãoestá melhorando de pouquinho empouquinho%u201D.

Pelo quarto mês consecutivo, aeconomia brasileira criou postosformais de trabalho. Em julho, foramabertas 35,9 mil vagas com carteiraassinada em todo o país, de acordocom o Cadastro Geral deEmpregados e Desempregados(Caged), divulgado pelo Ministériodo Trabalho e Emprego. A maiorparte dos empregos foi criada pelaindústria de transformação, que teveo melhor desempenho do mês, comsaldo positivo de 12,6 mil postos detrabalho entre admissões edesligamentos. Na avaliação doministro do Trabalho, Ronaldo

Nogueira, os números indicam queo país está no “rumo certo”. “Ogoverno federal está tomando asmedidas necessárias para colocarnovamente o Brasil no rumo docrescimento econômico e darecuperação do emprego”, afirmou.

Os resultados da indústria estãorelacionados ao aumento naprodução para atender à demandade fim de ano, segundo Bruno Otoni,pesquisador do Instituto Brasileiro deEconomia, da Fundação GetulioVargas (IBRE/FGV). “O setorprovoca efeito cascata nocrescimento de outros segmentos daeconomia, como comércio etransportes. O bom resultadoaumenta a confiança nasustentabilidade da recuperação daeconomia”, avaliou.

Ronaldo Nogueira afirmou que oaumento de poder de compra doconsumidor também pesou para queos setores de comércio e de serviçostivessem um bom desempenho,abrindo, respectivamente, 10,2 mil e7,7 mil vagas em julho. “Os R$ 44bilhões retirados das contas inativasdo Fundo de Garantia do Tempo deServiço permitiram que otrabalhador pagasse contasatrasadas, o que aumenta acapacidade de fazer novas comprase financiamentos”, observou.

RetomadaOutro destaque do mês foi para

o setor de construção civil, que gerou

724 vagas de empregos. Apesar derelativamente pequeno, o número foiimportante, pois caracterizou oprimeiro resultado positivo após 33meses consecutivos de fechamentode postos de trabalho. Ocoordenador de estatísticas doTrabalho do Ministério do Trabalho,Mário Magalhães, avaliou que oresultado sinaliza que a retomada daatividade está se generalizando entrediversos setores. “Ainda temos muitoo que recuperar”, apontou.

Quem comemorou a criação deoportunidades no setor foi o pedreiroUílton Santos, 30 anos. Há 15 anosexercendo a profissão, ele amargouo desemprego por dois meses nocomeço deste ano. “A situação estámelhorando de pouquinho empouquinho. Enquanto estava sememprego, consegui me manter comum bico ou outro, pois possuocontatos”, lembrou.

Apesar dos sinais de recuperaçãodo emprego no país, 13,5 milhõesde brasileiros ainda estão sememprego, de acordo com o InstitutoBrasileiro de Geografia e Estatística(IBGE). Lula Sampaio, 25 anos,conhece essa realidade de perto. Hádois meses sem emprego, ele nãoconsegue ver nenhuma melhoria nomercado de trabalho. Mesmoentregando currículos todos os diasem várias empresas, ele ainda nãoconseguiu ser chamado paranenhuma delas. “O contexto políticoe econômico do Brasil não favorece.

ECONOMIACORREIO BRAZILIENSE

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Eu faço serviços gerais e, aindaassim, está complicado. Não vejorepercussão dessa melhora nosurgimento de emprego não”,contou.

TendênciaDe janeiro a julho, o Brasil criou

103,3 mil oportunidades comcarteira assinada. No mesmo períododo ano passado, o país haviadestruído 623,5 mil vagas. Aexpectativa do ministro do Trabalhoé de que os resultados dos próximosmeses sigam a trajetória decrescimento. “O Brasil não terá maisnúmeros negativos até novembro”,vaticinou Ronaldo Nogueira. Oministro afirmou que, com as novasregras trabalhistas, que entram emvigor em novembro, o país terácapacidade de gerar 2 milhões deempregos em dois anos.

Na avaliação do pesquisadorBruno Otoni, é exagerado afirmarque o Brasil não voltará a fecharpostos de trabalho. “A tendência é ade que novos novos saldos positivossejam gerados, mas ainda não estoucompletamente convencido de quesaímos da recessão. É preciso tercautela”, argumentou.

De acordo com as projeções deOtoni, a expectativa é que o Brasilregistre saldo positivo de empregosno terceiro trimestre deste ano, coma criação de 92,8 mil postos. Masas demissões dos trabalhadorestemporários em dezembro podempuxar para baixo os resultados doquarto e último trimestre, com adestruição de 481,7 mil vagas. Oespecialista acredita, que o anofechará com 353,8 mil empregoscom carteira assinada destruídos,bem menos do que os 1,37 milhãofechados no ano passado. Não hádúvida de que estamos emrecuperação, mas isso acontece deforma lenta e gradual”, disse.

*Estagiária sob supervisão deOdail Figueiredo

CautelaPara o professor da Universidade

de Brasília (UnB) Carlos AlbertoRamos, especialista em mercado detrabalho, o saldo positivo verificadoneste ano, até agora, não significa queo Brasil tenha superado a recessão.“Os empregadores só contratamquando sentem que a recuperaçãoda economia está consolidada. Porisso, demora mais para termos umano positivo”, explicou.

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Contribuição terá teto

O ministro do Trabalho, RonaldoNogueira, confirmou ontem que ogoverno estuda uma novacontribuição a ser paga pelostrabalhadores para cobrir asdespesas dos sindicatos com asnegociações coletivas, mas garantiuque ela não será obrigatória e que ovalor não será maior que o do atualimposto sindical, que deixará deexistir em novembro, quando entraem vigor a reforma trabalhistaaprovada recentemente peloCongresso. O recolhimentoobrigatório atual corresponde a umdia de trabalho dos assalariados.

De acordo com o ministro, aprevisão é que o teto da cobrançafacultativa esteja definido na medidaprovisória que o governo vai editarpara fazer ajustes na modernizaçãodas regras trabalhistas. “O texto damedida provisória terá um teto, e acontribuição sindical não superaráum dia de trabalho”, garantiuNogueira, que afastou, ainda, apossibilidade de recriação do atualtributo. “O tempo do impostosindical passou no Brasil. Não haveráuma contribuição maior que oimposto”, afirmou.

Durante a tramitação da reformano Congresso, o presidente MichelTemer acenou a representantes decentrais sindicais com umacompensação pelo fim do impostosindical obrigatório, em troca deapoio à proposta. alguns sindicalistaschegaram a afirmar que a novacontribuição teria valor mais elevadoque o do imposto sindical, o queacabou sendo desmentido ontempelo ministro do Trabalho.

Setores que defenderam o fim doimposto, como a indústria, sãocontrários à criação de um novotributo.

“Está sendo estudada apossibilidade de que a convençãocoletiva defina uma contribuição parasuprir as despesas das negociações,com direito a oposição”, disse oministro. Questionado sobre apossibilidade de o trabalhador serecusar a pagar a nova contribuição,Ronaldo Nogueira foi evasivo. “É aconvenção coletiva que vai permitiro direito de oposição a partir da livremanifestação do trabalhador”, disse.(MS)

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Mínimo será de R$ 979 em 2018

A partir do ano que vem, o saláriomínimo passará para R$ 979, comaumento de 4,5% em relação aoatual. O novo valor está definido naLei de Diretrizes Orçamentárias(LDO) para 2018. O projeto foisancionado ontem pelo presidenteMichel Temer, com vetos. Além doaumento do mínimo, o documentomantém a meta fiscal proposta pelogoverno e prevê, para 2018, umdeficit primário de R$ 129 bilhões.Será a primeira LDO que entrará emvigor após a aprovação da emendaconstitucional que estabeleceu umteto para o aumento dos gastospúblicos a cada ano.

O rombo previsto na LDO é deR$ 131,3 bilhões, sendo R$ 129bilhões do Orçamento Fiscal e daSeguridade Social da União e R$ 3,5bilhões do Programa de DispêndiosGlobais. Além disso, o textoconcretiza as projeções do governosobre os principais indicadoreseconômicos. O Índice Nacional dePreços ao Consumidor Amplo(IPCA) deve ficar no centro meta,de 4,5%. O Produto Interno Bruto(PIB), que mede a atividadeeconômica do país, deve fechar2018 com um crescimento de 2,5%,pelos cálculos oficiais. As previsõesdo mercado financeiro sãodiferentes. Segundo o BoletimFocus, que compila projeções deeconomistas de bancos e corretoras,a economia deve ter expansão de2% e a inflação, de 4,2% no ano quevem.

A LDO prevê que a taxa Selicficará em 9% ao ano no fim dopróximo ano, bem acima dos 7.5%esperados pelos analistas privados.Governo e mercado, porém,concordam que o dólar deve fechar2018 em R$ 3,40.

Em mensagem enviada aoSenado, Temer explicou ter vetadoalguns pontos por “contrariedade aointeresse público einconstitucionalidade”. Foi rejeitadoo item que registrava que o Executivoadotaria providências e medidas,inclusive com o envio de proposiçõesao Legislativo, com objetivo dereduzir os incentivos e benefícios denaturezas tributária, financeira,creditícia ou patrimonial. “Odispositivo poderia tornar ilegalmedidas de caráter concessivo quese apresentem prementes ao longodo exercício”, justificou o governo.

Outro ponto vetado pelopresidente é o que previa queprojetos de lei e medidas provisóriasrelacionadas ao aumento de gastoscom pessoal e encargos sociais nãopoderiam ser usados para concederreajustes salariais posteriores aotérmino do mandato presidencial emcurso. “A limitação prejudica anegociação das estruturas salariaiscom os servidores dos três poderes,impondo um marco final curto paraa concessão de reajustes salariais”,argumentou o Planalto.

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10/08/17

Temer avalia nova meta fiscal

ROSANA HESSEL

Após quatro horas de reuniãocom os ministros Henrique Meirelles(Fazenda), Dyogo Oliveira(Planejamento), Eliseu Padilha(Casa Civil) e Moreira Franco(Secretaria-Geral da Presidência),na qual foram feitas inúmeras contas,o presidente Michel Temer nãoconseguiu bater o martelo sobre anova meta fiscal deste ano. Asdiscussões devem continuar hoje. Aexpectativa é que o anúncio na novameta saia ainda nesta semana.

A Lei de Diretrizes Orçamentárias(LDO) de 2017 permite um deficitprimário de até R$ 139 bilhões nascontas do governo federal, mas,diante da frustração de receitas, ameta não será cumprida. Aexpectativa é que o novo objetivoseja estabelecido entre R$ 150bilhões e R$ 155 bilhões.

Desde o início do ano,estimativas do mercado financeiromostravam que o governo nãoconseguiria cumprir a determinaçãoda LDO. A avaliação não mudoumesmo após a elevação de impostossobre os combustíveis e a ampliação,de R$ 39 bilhões para R$ 44,9bilhões, do bloqueio de verbas doorçamento. Os analistas esperam quea nova meta fiscal fique abaixo dodeficit de R$ 159 bilhões registradono ano passado, pelas contas doBanco Central. O mercado jáprecificou a mudança deste ano, mascontinua apreensivo com 2018.

Temer sancionou ontem a LDOdo próximo ano, com meta de deficitde até R$ 129 bilhões e saláriomínimo de R$ 979, com alta de4,5%. Especialistas acreditam queeste objetivo também dificilmenteserá cumprido, porque não haveráum volume de receitasextraordinárias semelhante ao desteano e as despesas tendem a crescerem ano eleitoral.

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10/08/2017http://agenciabrasil.ebc.com.br/

Agência Brasil

Planejamento prevê impacto de 0,6 pontopercentual no PIB com FGTS inativo

Mariana Branco - Repórter daAgência Brasil

O saque do saldo nas contasinativas do Fundo de Garantia doTempo de Serviço (FGTS) podeter impacto positivo de até 0,61ponto percentual no ProdutoInterno Bruto (PIB, soma dosbens e serviços produzidos em umpaís), segundo estimativadivulgada hoje (9) pelo Ministériodo Planejamento,Desenvolvimento e Gestão.

Segundo a pasta, houveredução da inadimplência,endividamento ecomprometimento da renda, alémde alta da confiança doconsumidor e do comércio noperíodo de liberação dosrecursos.

“Os trabalhadoresdiminuíram suas dívidas econseguiram consumir mais”,afirma nota do Planejamento,citando pesquisa do Serviço deProteção ao Crédito (SPC) eConfederação Nacional deDirigentes Lojistas (CNDL)como fonte da informação.

“O reflexo no consumo foiverificado por indicadores docomércio varejista, como ovolume de vendas desupermercados da AssociaçãoBrasileira de Supermercados(Abras), o volume de vendas decelulares da AssociaçãoBrasileira da Indústria deEletroeletrônicos (Abinee) e olicenciamento de veículos”,acrescenta o comunicado.

Caso se verifique, a projeçãode impacto de 0,61 pontopercentual no PIB ajudará o paísa evitar a retração da economiae atingir o crescimento de0,5%¨previsto para 2017, deacordo com a previsão da equipeeconômica do governo.

O mercado prevêcrescimento menor, de 0,34%,segundo o mais recente boletimFocus. O Focus é uma pesquisasemanal feita pelo Banco Central(BC) junto a um grupo deinstituições financeiras.

Edição: Maria Claudia