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VALE
Transcrição da teleconferência de
Resultados do 3 o trimestre 2012 25 de outubro
Português: 10:00 a.m. (RJ time)
Introdução Operadora: Bom dia senhoras e senhores. Sejam bem vindos à teleconferência da Vale, onde
serão discutidos os resultados do terceiro trimestre de 2012.
No momento, todos os participantes estão conectados apenas como ouvintes. Mais tarde será
aberta a sessão de perguntas e respostas, quando então serão dadas as instruções para
participarem desta sessão. Caso seja necessária a ajuda de um operador durante a
teleconferência, basta teclar asterisco zero.
Cabe lembrar que está teleconferência está sendo gravada. A gravação estará disponível no
website da empresa no endereço, www.vale.com, seção investidores. O replay desta
teleconferência estará disponível por meio do telefone (55 11) 4688-6312, código de acesso:
4704575#. Essa teleconferência está sendo transmitida simultaneamente pela internet, também
com acesso pelo site da empresa www.vale.com, seção investidores. Ou ainda pelo site
www.prnewswire.com.br.
Antes de prosseguir, gostaria de esclarecer que eventuais declarações que possam ser feitas
durante essa teleconferência, relativas às perspectivas e aos negócios da Companhia, bem
como projeções, constituem-se em previsões baseadas nas expectativas da administração em
relação ao futuro da Vale. Essas expectativas estão sujeitas às condições macroeconômicas,
riscos de mercado e outros fatores.
Conosco, hoje, estão:
• Sr. Luciano Siani Pires – Diretor Executivo de Finanças e Relações com Investidores;
• Sr. José Carlos Martins - Diretor Executivo de Ferrosos e Estratégia;
• Sr. Peter Popinga – Diretor Executivo de Metais Básicos e TI; e
• Sr. Galib Chaim – Diretor Executivo de Implantação de Projetos de Capital.
Inicialmente o Sr. Luciano Pires fará os comentários sobre o desempenho da Vale no terceiro
trimestre de 2012, logo após estará disponível para responder as questões que eventualmente
sejam formuladas.
Agora gostaria de passar a palavra ao Sr. Luciano Pires. Por favor, pode prosseguir.
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Luciano Siani: Bom dia a todos, muito obrigado presença de vocês. O terceiro trimestre como
vocês sabem foi um período com muitos desafios, muita volatilidade. Principalmente no
mercado do nosso principal produto. Mas, espero transmitir a vocês aqui, a ideia de que dentro
dos princípios de gestão que nos temos afirmado aí, a Vale reagiu bem a esses desafios. Eu
gostaria, para aqueles que têm em mãos a apresentação que foi disponibilizada em nosso site,
eu vou seguir aproximadamente a linha que está prevista na apresentação. Eu vou abrir
reafirmando alguns princípios que tem norteado as novas direções estratégicas da Vale.
Depois fazer comentários mais específicos sobre o nosso demonstrativo de resultados e o
balanço. E finalmente, gostaríamos também de passar algumas informações sobre como nós
estamos vendo o principal mercado para os nossos produtos, que é a China. Entendemos que
todos vocês tem opiniões sobre esse assunto, mas podemos contribuir com alguns elementos
para ajudar a formar essa opinião.
Bom, em termos da contextualização geral, eu gostaria de dizer que a Vale se mantem firme no
propósito de priorizar apenas o investimento e a operação de ativos de classe mundial. Com o
objetivo de maximizar o valor para os nossos acionistas. Ou seja, nós não estamos mais
perseguindo o crescimento ou a geração de volume sem a contrapartida de criação de valor.
Nesse sentido, a diversificação dos nossos negócios ela é mais uma consequência de termos
ativos de classe mundial em diferentes commodities, do que um objetivo a ser perseguido em
si. Nesse contexto também de queda de receitas, em função dos preços mais baixos. Nós
temos afirmado que vamos adequar o nosso fluxo de caixa, o nosso programa de
investimentos, ao nosso fluxo de caixa. E como vamos demonstrar mais a frente isso vem
sendo feito. 2012 será, provavelmente, o pico do nosso plano de investimentos. E nós
estamos fazendo esforços para reduzir o investimento total em relação ao que foi previsto no
ano passado, de US$ 21 bilhões. E 2013, certamente, o valor também será menor do que o
valor que nós vamos atingir em 2012. Também em função da nossa disciplina de capital, uma
vez que nós temos já um conjunto de opções de crescimento bastante diverso e variado, nós
estamos reduzindo os gastos com pesquisa e desenvolvimento. Entendemos que pesquisa e
desenvolvimento servem para criar opções de futuro. Uma vez que essas opções de futuro já
se encontram disponíveis, muitas delas, não faz sentido manter o mesmo ritmo de investimento
em pesquisa e desenvolvimento.
A gestão de caixa, como eu falei, ela prioriza adequar os investimentos e a geração de caixa e
a manutenção do grau de investimento. Nós entendemos que a volatilidade dos mercados, ela
requer um posicionamento mais conservador e cauteloso da Companhia. Nesse sentido nós
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estamos fazendo todo o nosso planejamento para frente, com base em premissas mais
conservadoras, esperamos que as surpresas sejam positivas em relação as nossas premissas.
O que vai nos permitir desalavancar a Companhia ou limitar a alavancagem, ou até retornar
mais recursos para os nossos acionistas.
Nesse sentido também, tudo aquilo que não se enquadra nessa filosofia está sendo reavaliado.
Nós estamos reavaliando todo o nosso portfólio de ativos non-core. E pretendemos, os
senhores podem esperar, ao longo dos próximos 6, 12, 18 meses, continuadas iniciativas de
vendas de ativos. Nesse trimestre vocês acompanharam, por exemplo, a venda de navios para
liberar capital do nosso balanço.
Um ponto importante também que eu gostaria de ressaltar, é que uma alavanca importante
também de gestão do nosso programa de investimentos, para que nós não deixemos de
perseguir oportunidades por conta de restrição de caixa. Nós, vamos buscar, sempre que
possível, parcerias para desenvolvermos muitos de nossos projetos. Isso é algo também que
nós estamos buscando de uma forma mais ampla do que foi feito no ano passado a busca de
parceiros para desenvolvimento de projetos. Nós vamos, inclusive, dar os detalhes no Vale
Day, nós vamos dar detalhes de como é que pretendemos, de forma concreta, implantar essas
parcerias em vários dos projetos emblemáticos da nossa empresa que vocês conhecem.
Com relação ao programa de investimento, nós já havíamos afirmado no ano passado que
nossa prioridade absoluta é o S11D. Para recuperar a nossa posição, o nosso market share no
mercado. É uma operação de custo muito baixo. Nós já adiantamos a nossa expectativa que o
minério seja colocado no porto a um custo de US$ 15,00 por tonelada. É um ativo de classe
mundial. Por tanto, poderemos recuperar os níveis de qualidade que sempre caracterizaram os
nossos produtos. E além do minério de ferro, temos aí Moatize. É o ativo de classe mundial
muito importante, que temos como prioridade absoluta a sua implantação.
Obviamente precisamos gastar recursos para concluir os projetos que estão em andamento.
Como por exemplo, Tubarão VIII, Salobo II, Long Harbour, e por tanto a fora completar o
projetos que estão em andamento. Perseguir os projetos de classe mundial, nós estamos
sendo muito cautelosos e não estamos no momento, estamos sendo muito cautelosos para
iniciar novos projetos afora a essa relação que eu mencionei.
Eu mencionei também já em alguns encontros com investidores que esperamos que o principal
negócio da empresa, que é o minério de ferro, dê boas noticias nos próximos anos.
Reconhecemos que a Vale não conseguiu acompanhar, perdeu market share nos últimos anos,
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por não ter conseguido crescer a produção. Nós estamos agora, no momento em que estamos
com um processo de licenciamento ambiental muito mais ajeitado. Tivemos cerca de 72,
licenças emitidas já esse ano contra um pouco mais de 20 no ano passado. Isso nos permite
abrir novas cavas, isso nos permite avançar com projetos, isso nos permite recuperar os
nossos níveis de produção. Projetos como +40, Serra Leste, vão garantir incrementos de
capacidade começando mais no segundo semestre de 2013. Mas, sendo mais nitidamente
observados em 2014. Projetos de Itabiritos no sistema sul e sudeste, vão permitir recuperar a
capacidade e qualidade no sul e sudeste, ainda permitindo um acréscimo marginal também
nessas minas. Então vocês podem esperar, aí depois a partir de 2016, segundo semestre de
2017, com a entrada de Serra Sul podemos esperar aí, então, um perfil de crescimento no
negócio principal da Vale retomando o market share que foi perdido. E esse crescimento será
lucrativo, como eu falei, porque mesmo com preços mais baixos as operações que virão são de
custo muito baixo.
Nós também estamos adaptando a nossa estratégia de venda e comercial às novas
circunstâncias de mercado. Notadamente a preponderância da Ásia e a forte importância que
vem ganhando o mercado spot. Temos como filosofia estar mais próximos dos clientes.
Estamos construindo centro de distribuição na Malásia. Mas, alguns impactos dessa estratégia
comercial de mais proximidade com os clientes vocês já podem perceber, inclusive nos
resultados do trimestre com uma melhoria do preço de realização importante que vamos
comentar mais a frente.
Há também uma outra ênfase da disciplina de capital que nós temos dado, fora do negócio do
minério de ferro, nós estamos sendo muito rigorosos ao avaliar as perspectivas dos demais
negócios da companhia. Um negócio que nós sabemos que é uma preocupação importante
dos investidores e dos acionistas, é o negócio de Base Metals. Vocês viram recentemente
anúncios de fechamentos de minas no Canadá, a mina de Frood que faz parte do complexo de
Stobie, e a mina de Birchtree em Thompson. São duas minas que marginalmente não estavam
agregando valor aos preços atuais do nosso portfólio, e por tanto elas estão sendo colocadas
em care maintenance. Nós estamos reavaliando todos os nossos ativos de Base Metals. Nós
temos aí uma perspectiva ligeiramente otimista para os ativos da Nova Caledônia, mais a frente
Peter Popinga vai dar alguns detalhes. Nós estamos indo bem no ramp-up do Salobo, já
atingindo 40% da capacidade, a linha dois partiu. Existem já no relatório de produção já um
pouco da produção de cobre do Salobo, já aparece na linha de outros. A produção de ouro, o
Salobo, tem o potencial, Salobo I e II de produzir mais de 300 mil Oz. de ouro por ano. Então
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os preços atuais, é um by-product muito interessante. Vocês já podem esperar também um
aumento continuado da produção de ouro da Vale pra frente.
Nós estamos comprometidos com o negocio de níquel, porque é um core business, precisamos
gerar valor com ele. Mas ele não é nesse momento uma prioridade para a expansão. E mesmo
dentro dos negócios de níquel e cobre, ativos que não estão adicionando valor serão
desinvestidos.
Muito bem, falando agora a respeito do resultado especificamente. No que diz respeito ao lado
da receita, vou falar primeiro de volumes, depois de preços.
Do ponto de vista de volumes vocês viram no relatório de produção, que a produção de minério
de ferro, apesar dela ter tido um acréscimo em relação ao segundo trimestre de 2012, ela teve
uma queda em relação ao mesmo período do ano passado. Tradicionalmente o terceiro
trimestre é um período muito bom. Mas nós não conseguimos manter o mesmo ritmo de
produção, principalmente no sistema norte.
Porém, nós, isso é muito importante que vocês tenham em mente, hoje a Vale tem, por estar
operando uma cadeia estendida, uma cadeia de suprimentos estendida até o seu cliente na
Ásia os nossos estoques inclusive de produtos acabados, nos permite absorver variações de
produção sem impacto nas vendas. E dessa forma, o volume de vendas no trimestre pode-se
manter relativamente dentro da previsão e continuamos então, olhando para o final do ano,
mirando no atingimento dos volumes tanto de produção quanto de vendas que nos
propusemos no início do ano. Isso significa que nós temos a capacidade, uma perda de
produção em um trimestre não significa necessariamente uma perda de vendas. Nós podemos
recuperar a produção mais a frente, porque nós temos então esses estoques na cadeia. Então
isso é importante vocês terem em mente.
Nós estamos adequando a produção de pelotas ao mercado, isso já foi informado, com o
fechamento das provisórias das plantas I e II em Tubarão, e com o fechamento da planta de
São Luís. É importante ressaltar, vocês já devem já, falando um pouquinho de preço, ter
reparado que o preço de pelotas em relação ao preço realizado em minério de ferro é muito
mais alto, porque, as vendas de pelotas como elas se dão muito mediante aos contratos e
principalmente para clientes na Europa e no Japão elas ainda foram fortemente impactadas
pelos preços do trimestre anterior devido as nossas formas contratuais. Isso explica uma boa
parte da diferença que alguns de vocês podem estar se perguntando, se com um prêmio dessa
magnitude, se faz sentido fechar as usinas. Não, na margem nós reafirmamos que os prêmios
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não são suficientes para remunerar, por exemplo, a operação dessas usinas de forma que nós
estamos fechando temporariamente.
No carvão, apesar da queda de produção no trimestre é importante ressaltar que estamos com
Carborough Downs fechada. Nós também conseguimos recuperar a produção, estamos
operando a mina agora de uma forma, recuperando ramp up de novo a capacidade da mina de
Carborough Downs. Estamos com um long-wall novo em Integra, estamos nos aproximando de
formações geológicas favoráveis em Carborough Downs. Portanto a previsão que a nossa
produção de carvão na Austrália se recupere. No que diz respeito a Moçambique, nosso ramp-
up está indo muito bem na mina. Estamos com algumas questões temporárias na ferrovia, que
não estão permitindo escoar nosso produto. Esperamos resolver isso, e já termos um melhor
resultado no quarto trimestre. Portanto nesse momento a nossa produção na mina de Moatize
está sendo limitada pela capacidade logística. Diferentemente do minério de ferro, o carvão é
um produto que se presta menos a estocagem, portanto não faz sentido produzirmos para
estoque na mina de Moatize. Mas não existem restrições operacionais na mina de Moatize que
nos impeçam de crescer a produção nesse momento.
No caso do cobre, eu já mencionei a respeito do Salobo, a produção de cobre foi impactada
também pela queda de produção de Sudbury. Nós fizemos um shutdown planejado no terceiro
trimestre desse ano. Quando a gente olha o acumulado do ano, o impacto maior na produção,
foi principalmente em Ontario, foi o safety shutdown que fizemos no segundo trimestre em
razão de alguns problemas de segurança e menos esse shutdown de manutenção que já
estava planejado.
Eu gostaria de chamar a atenção também para o início da produção de concentrado na mina
de Lubambe na Zâmbia. Que também pode do ponto de vista do cobre pode nos trazer um
volume adicional importante à medida que o ramp-up prossiga.
E, finalmente para o negocio de fertilizantes, o destaque para o continuado desempenho
positivo da mina de Bayóvar onde continuamos aí batendo o recorde de produção de rocha
fosfática no trimestre.
No ponto de vista dos preços, os preços do minério de ferro tiveram uma queda em mercado
de aproximadamente US$ 29,00. Nós, já falamos aqui em outras ocasiões a respeito da, existe
uma relação diferente entre preços em base seca, base úmida, que são os preços realizados
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pela Vale. Então mesmo após fazermos todos esses ajustes, nós de fato, tivemos uma melhor
realização de preços no trimestre na casa de US$ 8,00 ou US$ 9,00. Cujos responsáveis
foram as diversas estratégias comerciais adotadas à medida que o mercado spot ganha
importância, à medida que o lead time ganha importância. Nós estamos aí nos adaptando a
essas novas circunstancias de mercado, a desestocagem que ocorreu e nossas estratégias
comerciais foram bem sucedidas. Portanto, relativamente ao mercado tivemos um ganho
importante nos preços e a diferença entre o preço de realização pela Vale e o preço platts,
vocês acompanham ela, se reduziu. Obviamente o preço do níquel também acompanhou a
queda de preços de commodities no trimestre. E, agora no caso de fertilizantes, mostrando que
nos temos, esse é um negócio realmente mais contra cíclico, alguns dos nossos produtos
tiveram uma boa performance de preço, e nós inclusive, nos fosfatados fizemos algumas
mudanças no mix para atuar naquele segmento de maior rentabilidade.
Quando a gente olha a tradução desse desemprenho de volumes e preços no demonstrativo
de resultados, a gente percebe que a queda de receita foi aproximadamente US$ 1,2 bi e ela
se transfere quase que integralmente para a queda do EBITDA. O EBITDA de US$ 3,7 bi no
trimestre. Já considerando a provisão para a CFEM sobre a qual vou falar mais adiante. Mas é
importante dizer que, essa transferência imediata da receita para o EBITDA, se dá pela relativa
estabilidade das deduções à receita para a composição do EBITDA. Ou seja, os nossos custos
tiveram vários fatores influenciando para cima e para baixo vários dos seus componentes. Mas,
enfim, são variações pequenas que de certa forma se cancelaram. Os custos estão
relativamente estáveis. Nós ainda não queremos afirmar que estamos em uma trajetória
decrescente de custos, mas acho que podemos afirmar com tranquilidade que apesar de
estarmos ainda em um ambiente de escalada de custos, que os custos operacionais estão
contidos.
Por outro lado, do ponto de vista de pesquisa e desenvolvimento, que também é uma dedução
ao EBITDA nós temos a segurança e podemos antecipar para vocês que vocês verão uma
trajetória declinante dos custos de pesquisa e desenvolvimento. Nesse trimestre ainda ficamos
estáveis US$ 360 milhões, mas tradicionalmente existe uma sazonalidade o terceiro trimestre é
muito forte em gastos de CAPEX, de pesquisa e desenvolvimento na Vale, terceiro e quarto
trimestre. Se vocês compararem nove meses com o terceiro trimestre de 2011, existe uma
redução importante. Nós havíamos orçado no final do ano passado US$ 2,1 bilhões para gasto
em pesquisa e desenvolvimento e esse ano estamos aí em um ritmo que vocês podem
constatar que é muito mais baixo que isso, e ainda irá se reduzir. Nós, por exemplo, fechamos
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alguns escritórios de exploração mineral que nós consideramos que o valor adicionado não
correspondia mais ao previsto no plano de negócios. Então essas despesas com o fechamento
de alguns escritórios em alguns países elas vão, futuramente, se refletir em queda nos gastos
de pesquisas e desenvolvimento. As despesas gerais administrativas também mostraram
alguma estabilidade e também é uma conta que vocês podem esperar uma redução para os
próximos trimestres uma vez que a companhia montou uma infraestrutura nos últimos anos se
preparando para um crescimento, um plano de investimentos que está sendo, como vocês
sabem, readequado ao fluxo de caixa da Companhia e mais focado em ativos de classe
mundial. E, portanto, a infraestrutura administrativa e de apoio será readequada da mesma
forma. Eu destaco aqui a estabilidade desses custos, mas também sugiro aqui brevemente
sugiro uma tendência declinante.
Outro ponto importante que afeta o EBITDA, como nós já havíamos divulgado, o
provisionamento para o pagamento da CFEM, R$ 1,2 bilhão de reais adicionais, US$ 540
milhões. Porque a nossa avaliação de perda nesse segmento especifico se tornou provável.
Então nós fizemos essa provisão, isso impactou o EBITDA. Além disso, vocês podem perceber
também que nós estamos fazendo provisões para o pagamento das taxas da TFRM tanto no
estado de Minas Gerais, quando no estado do Pará. No caso especifico do Pará nós tivemos
um decreto recentemente que reduziu o valor da TFRM. O que significa que as despesas com
esse item, com essa taxa no Pará elas vão cair significativamente a partir, agora, do mês de
outubro. E também a Vale, que estava apenas provisionando os valores, mas não estava
fazendo os depósitos, passará então a fazer os pagamentos porque entende que esse é um
valor apropriado, que foi conversado junto ao governo do Pará.
Como mencionei, o EBITDA, vocês podem ver na página 17 alguns drivers que impactaram a
redução do EBITDA do segundo tri, com relação ao terceiro tri. E os efeitos de volumes, os
efeitos de custos e despesas, como eu mencionei, marginais, o efeito principal então, a CFEM
é isso aí.
Eu queria chamar muita atenção para a página 18 especificamente, e para aqueles que não
têm a apresentação eu vou descrever o que temos aqui. Nós tivemos uma geração de caixa
nos últimos nove meses que foi muito compatível com os usos do nosso caixa, e as fontes de
recursos estão bastante equilibradas. Nossa geração de caixa das operações foi de US$ 13,3
bilhões. Nós fizemos alguns desinvestimentos líquidos, tivemos algumas aquisições como
parcelas da MBR que ainda não tínhamos adquirido. Fizemos desinvestimentos, ativos na
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Colômbia, ativos de manganês e navios. Então tivemos um valor líquido, uma fonte liquida de
recursos de desinvestimentos. E tivemos um aumento da divida líquida relativamente pequeno,
de apenas US$ 1 bilhão de dólares esse ano. Por quê? Porque, nós conseguimos conter os
gastos em investimentos correntes e projetos. E de uma forma razoável, gastamos US$ 11,2
bilhões, nos primeiros noves meses do ano com projetos de capital e investimentos correntes.
Esse valor não inclui pesquisa e desenvolvimento. Porque pesquisa e desenvolvimento já é um
dedutor do EBITDA. Retornamos aí no primeiro semestre US$ 3 bilhões de capital para os
acionistas. Tivemos aí uma variação liquida também de outras contas, por exemplo, capital de
giro consumiu um pouco de caixa. Mas a mensagem importante aqui é que num período de
queda de preços bastante visível nós conseguimos até aqui navegar por esse período com um
aumento muito moderado da nossa dívida.
Bom, eu acredito que nós teremos oportunidade de falar, talvez, sobre o alto lucro da China
mais a frente, no contexto das próprias perguntas. Dito isso, eu gostaria de passar a palavra já
a quem está acompanhado a conferência, para que sejam feitas as perguntas.
Sessão de perguntas e respostas
Operadora: Com licença, senhoras e senhores iniciaremos agora a sessão de perguntas e
respostas. Para fazer uma pergunta, por favor, digite asterisco (*) um (1). Para retirar a
pergunta da fila, digite asterisco (*) dois (2). As perguntas serão limitadas em duas por vez.
Operadora : Nossa primeira pergunta vem do Sr. Rodolfo de Angele do JP Morgan.
Rodolfo de Angele: Bom dia, minhas duas perguntas são primeiro em relação ao capital de
giro, nós vimos que a companhia reduziu bastante o capital de giro no trimestre. Queria saber
se vocês podem falar um pouquinho a respeito desse assunto? E se isso é uma tendência, o
que a gente poderia esperar para o futuro, se essa é uma das alavancas aí que o management
deve usar para enfrentar esse novo cenário da indústria? E segundo, em relação ao CAPEX, a
gente sabe que o budget é US$ 21,4 e vocês tem falado que vai ser abaixo disso. Se a gente
pegar o numero até agora e anualizar dá US$ 16,4 bi para o ano. Mas também olhando para
trás, geralmente o CAPEX no quarto tri é mais elevado. Então, eu queria perguntar para vocês,
se puder falar um pouquinho a respeito o que esperar em especial para o próximo tri, se
puderem adiantar um pouquinho para o próximo ano também, acho que seria bem
interessante. Só isso, obrigado.
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Luciano Siani: Bom, primeiramente eu queria fazer aqui uma, nosso presidente Murilo
Ferreira, pede desculpas ele teve um contratempo de última hora e não pode estar presente
aqui com vocês.
Mas endereçando primeiro a questão do capital de giro, de fato quando você olha para os
números do demonstrativo do fluxo de caixa ou pelo próprio balanço existiu uma liberação de
capital de giro. Ela foi influenciada por vários fatores, alguns que estão sob controle do
management, e outros que foram mais extemporâneos e temporários. Eu não diria que esta
redução que foi muito significativa, ela vai continuar nos próximos trimestres. Mas é verdadeiro
que o management está fazendo todos os seus esforços pra reduzir o capital de giro.
Particularmente nós estamos trabalhando nas alavancas de contas a receber, tentamos nos
financiar um pouco junto aos fornecedores. Tentando controlar mais os nossos estoques.
Então existe sim uma preocupação grande de liberar capital de giro através de uma gestão
efetiva. Nós estamos de fato gerindo isso ativamente. Alguns dos resultados você já pode
perceber no balanço desse trimestre. Mas nem tudo o que vocês estão vendo é resultado de
uma, para dar um exemplo para vocês, como nós não estávamos fazendo o pagamento da
TFRM no estado do Pará. Esses valores estavam sendo provisionados então existe um
aumento, por exemplo, dos impostos a pagar que é uma conta de capital de giro. Então nem
tudo que vocês observaram nesse trimestre vai ser recorrente, uma vez que esses impostos
serão pagos.
No que diz respeito ao CAPEX, a nossa intenção, como foi falado alguma vezes é manter o
CAPEX alinhado ao fluxo de caixa. Rodolfo, você mencionou muito bem que existe uma
tendência de aceleração no ultimo trimestre. Mas a gente certamente vai ter a geração de
caixa, o EBITDA da empresa superior ao CAPEX, mantendo esse perfil, essa trajetória de
pouca alavancagem no balanço. Então acho que a gente deve esperar, talvez, um quarto
trimestre com valor absoluto maior do que o terceiro trimestre. Mas uma aceleração mais
modesta do que anos anteriores.
No que diz respeito a 2013, como já vinha dizendo, vamos dar os detalhes no Vale Day. Nós
ainda estamos fechando os ajustes finais, mas a gente espera que o CAPEX 2013, seja inferior
a esse CAPEX de 2012 com essa tendência que eu mencionei. Sem precisar aqui um número
especifico, eu diria que a tendência é essa. Um aumento do ritmo no quarto trimestre de 2012,
mas um aumento não muito significativo. E um 2013, inferior ao 2012 acumulado.
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Operadora : Com licença, nossa próxima pergunta vem do Sr. Felipe Hirai do Bank of America.
Felipe Hirai : Olá, bom dia, boa tarde a todos. Eu tenho duas perguntas aqui. A primeira é
relacionada ao preço realizado de minério de ferro. Luciano, você falou dessa queda da
diferença entre o preço realizado de vocês e o preço platts. Eu queria saber se vocês poderiam
dar uma explicação um pouco melhor, um pouco mais detalhada do que é que aconteceu para
ter essa mudança aí de quase US$ 8,50? E o que a gente pode esperar pra frente, em termos
de descontos do preço realizado? E a minha segunda pergunta, é com relação aos projetos de
pelotas. Vocês pararam três pelotizadoras, mas continuam ainda fazendo investimentos em
Tubarão, e continuam fazendo investimento em Samarco. Eu queria saber se por acaso esses
investimentos em algum momento eles podem ser reavaliados também? Muito obrigado.
Luciano Siani : Felipe, obrigado por sua pergunta. Eu vou passar a palavra aqui ao nosso
diretor executivo de ferroso José Carlos Martins.
José Calos Martins: Bom Felipe, com relação a questão do preço. Você tem um efeito, que é
o efeito do frete. Nós tivemos uma performance de frete melhor a medida que a nossa frota vai
aumentando com os navios de grande porte entrando em operação. Temos uma pequena
redução no frete. E nós também tivemos aí um maior número de venda CIF. Isso nos permitiu
reduzir o impacto do frete, melhorar o preço FOB. Porque à medida que o IODEX, o preço de
mercado é CIF, você tem um frete menor, você melhora o preço FOB. O outro fator é o fator
relacionado ao VIU, no começo dos últimos meses aí, nós tivemos uma pressão muito forte na
questão de sílica. Na medida em que o mercado ele estava bastante ofertado e aí você tem o
demérito por sílica. Esse demérito por sílica, também se reduziu. Então tem uma combinação
aí de efeitos de mercado propriamente dito, com uma melhor performance nossa.
Nós estamos hoje com praticamente 20% das nossas vendas no spot. E logicamente nós
estamos na medida em que vamos ganhando mais musculação aí nesse segmento a gente vai
aprendendo a trabalhar melhor. O Luciano mencionou no início da apresentação dele, a
questão da empresa estendida. Nós estamos retardando nosso momento de venda. Nós
percebemos que toda vez que a gente tenta vender o minério com uma certa antecipação no
mercado spot, como essa é uma antecipação aos nossos concorrentes que estão mais
próximos a gente acaba levando um desconto em cima de uma tentativa de venda mais cedo.
Porque quem compra tem uma incerteza maior. O sujeito compra hoje e na hora em que o
minério chega lá, ele pode estar com uma situação de preço diferente daquela que ele
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comprou. Então, nós retardamos um pouco o momento de venda, e isso ajudou bastante na
precificação. São vários fatores. Apenas para você ter uma ideia, hoje, acho importante
mencionar, nós estamos com 20% de vendas em contrato. Não, desculpe, 20% vendas em
spot, e 80% das vendas em contrato. As vendas em contrato tem uma distribuição diferente
com relação ao sistema de precificação. Nós temos aí aproximadamente 20% das vendas
contratadas na sistemática antiga, que era aquele trimestre com defasagem. Nós temos aí
aproximadamente 35% das vendas no próprio trimestre, ou seja, no trimestre corrente. Na
precificação mensal só a gente só 5% das vendas. E estamos com praticamente 40% das
vendas numa precificação diária. Se somados os 20% que são vendidos no spot, e os
restantes 20% que são vendidos em contratos, mas precificados diariamente. Então essa cesta
de contratos que nós temos ela acaba também acarretando uma diferença nessa precificação.
Como você está comparando com a media do trimestre, do IODEX, à medida que você vende
nessas diferentes formas de precificação, você tem um impacto. E nesse trimestre foi positivo.
Essa cesta de precificação acabou trazendo um impacto positivo para nossos preços. Então
temos aí uma série de fatores que eu diria que são fatores de mercado, fatores exógenos
ditados aí pela própria cesta de produtos. E também tem o trabalho da área comercial,
entendendo melhor essa realidade do mercado, e procurando realizar a venda no momento
mais adequado. Mas de uma maneira geral eu diria que as perspectivas para performance de
preço nosso, estão melhores hoje do que foram no trimestre anterior.
Com relação à pelotização nós fizemos a paralização da pelotização do norte, e duas
pelotizações antigas aqui de Tubarão. Basicamente em função de estrutura de custos, essas
pelotizadoras que foram paralisadas elas tem uma estrutura de custo menos favorável.
Com relação aos investimentos que foram feitos, que estão em andamento já atingiram um
nível irreversível. São investimentos que vão trazer pelotizadoras de custo mais baixo em
operação. E nós estamos aí constantemente monitorando o mercado. Se for necessário,
eventualmente, no futuro fazer mais algum ajuste na produção, nós faremos. E logicamente
não vamos preferir manter em operação as pelotizadoras que apresentam uma performance
melhor.
Com relação ao longo prazo, nossa visão das pelotas é uma visão positiva. Nós entendemos
que pelos aspectos de meio ambiente e de produtividade, de alto-forno que nesse momento
não é muito necessária as pelotas estão um pouco mais afetadas. Agora, no longo prazo a
questão de meio ambiente e também a questão do shale gas nos Estados Unidos, que nós
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acreditamos que haverá uma recuperação da produção americana no futuro com base em
redução direta onde as pelotas vão ser necessárias. Então a gente tem que se adaptar as
condições de momento. A Vale, como ela tem a opção de vender o feed a gente tem que estar
sempre olhando as relações de preço, porque o fato de eu não vender a pelota não significa
que eu possa vender o pellet feed, a matéria prima básica para pelota em uma situação de
preço melhor. Quando você compara a posição da Vale em relação aos outros fabricantes de
pelotas do mercado, eles não tem essa situação. Basicamente a situação dele é de vender a
pelota, nós temos a opção de vender o feed. E é o que estamos fazendo. Então a paralização
das pelotizadoras não significa perda de volume, apenas uma mudança no mix de produtos.
Operadora: Com licença, nossa próxima pergunta vem do Sr. Renato Antunes da Brasil Plural.
Renato Antunes : Bom dia a todos, obrigado pela pergunta. A primeira pergunta é com relação
a preço. Se vocês pudessem só, nessa explicação toda do José Carlos Martins, eu só queria
entender se houve algum componente de carry over de preços do último trimestre para esse
trimestre que talvez tenha ajudado também um pouquinho? E também com relação ao preço
spot, vocês mencionaram no release sobre a questão de desestocagem durante setembro. Se
estão vendo algum sinal de que a gente pode ver uma reestocagem ao longo do fim do ano?
Essa é a primeira pergunta. E a segunda pergunta é em relação à taxa de fiscalização em
Minas e no Pará, e vocês já mencionaram a questão de terem chegado a um valor menor no
Pará e ontem nós vimos a assembleia de Minas aprovando um projeto de lei permitindo um
desconto de até 70% na taxa de cobrança. Queria entender um pouco de vocês, como é que
está a cabeça, só para confirmar, a Vale, hoje, está deixando de contestar e está adotando
uma postura mais amigável de pagar essas taxas, eventualmente em valores menores. E
também queria entender os US$ 145 milhões, que vocês fizeram hoje, se vocês puderem abrir
mais um pouco em que nível de taxa de fiscalização que vocês provisionaram? Se é US$ 2,00
tanto para Minas e Pará, ou se foi um pouco menor, pouco maior que isso? Obrigado.
Luciano Siani : Obrigado pela pergunta. Vou começar pela taxa de fiscalização. Eu acho que é
importante vocês terem em mente o seguinte, nós estamos em conversas bastante amigáveis e
abrangentes com os governos tanto do Pará, quanto o de Minas Gerais, com vistas a um
acordo abrangente que envolva toda a situação fiscal da Vale nesses estados. A TRFM é
apenas um componente dessas conversas. Nós temos aí coisas que estão pra trás, coisas que
estão pra frente, ou seja, é uma relação bastante ampla que tem varias facetas, e estamos
endereçando todas elas. Nós queremos dar uma solução trabalhando em conjunto com os
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governos, uma solução definitiva para a situação fiscal da Vale nesses estados. Obviamente,
os normativos legais tem o seu curso, eles precisam ser, como você mencionou aí, a
assembleia legislativa de Minas aprovou uma possibilidade de parcelamento e redução da
TRFM em Minas Gerais. Mas existem outros componentes também dessas nossas conversas
que vão ter no seu curso devido também, esperamos aí, os normativos legais aprovados. Nós
podemos, inclusive, no momento em que chegarmos a um acordo mais abrangente com os
governos, até convocar um press release específico sobre o assunto.
No que diz respeito ao provisionamento, se eu entendi a pergunta. Temos provisionado de
acordo com aquilo que estava sendo cobrado. Então o provisionamento estava sendo feito nas
bases em que os estados estavam pretendendo receber antes desses acordos. E agora daqui
pra frente nós vamos nos adequar a nova realidade. É importante ressaltar que existem em
outras entidades, continuam talvez questionando a TRFM. Mas no que diz respeito a Vale
essas conversas estão sendo conduzidas em um escopo bem abrangente com ambos os
governos estaduais.
José Carlos Martins: Bom, com relação ao preço, como eu mencionei aí na pergunta anterior
do Felipe. Nós temos praticamente 20% das nossas vendas que são baseadas no trimestre
anterior defasadas de um mês. Então esse impacto tem sido positivo no resultado da
companhia, desde que o preço começou a cair. No primeiro trimestre esse impacto havia sido
positivo, e ele continua sendo positivo. A partir do momento que o preço reverta a tendência de
queda em relação à média, e passe a subir esse carry over terá um efeito negativo. Mas
trimestre especificamente, esse impacto foi em torno de US$ 1,20 sob o nosso preço praticado.
Ele melhorou o preço praticado em US$ 1,20. No trimestre anterior tinha sido US$ 0,60 então
esse impacto está aí embutido.
Luciano Siani: Então, ou seja, José Carlos, no estreitamento do gap de preços, é a diferença
entre US$ 1,20 e US$ 1,60.
José Carlos Martins : Exatamente! Se você comparar um trimestre contra o outro, esse carry
over ajudou o preço na faixa de US$ 0,60.
O grande impacto positivo no preço foi o frete. O frete foram quase US$ 2,00 de ganho em
relação ao custo que nos tínhamos de frete. Nossa cesta de frete do trimestre passado, em
relação a cesta de frete desse trimestre.
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Bom com relação à reestocagem acho que as informações estão todas aí disponíveis. Os
estoques de minérios nos portos chineses estão mais baixos que o histórico, os estoques nas
usinas também. O mercado de uma maneira geral está trabalhando com estoques mais baixos.
Mesmo o estoque de aço se reduziu bastante. Ainda não é possível avaliar o estoque de
produtos de aço na cadeia de distribuição, automóveis, prédios em construção, essa coisa
toda. Mas de uma maneira geral, o que a gente está vendo no estoque de minério de aço é
positivo no sentido de nós termos aí uma perspectiva de uma reestocagem do sistema.
E acho que o preço é o melhor indicador disso. O preço, hoje, por exemplo, fechou a US$
120,50 um pequeno crescimento em relação a ontem, que foi US$ 120,00. Então o cenário, é
um cenário que eu diria que não é brilhante, mas é positivo. Existem sinais bastante positivos
de recuperação de demanda na China, que é onde o preço se forma. O preço é formado na
China.
Mas eu volto a insistir que boa parte da queda que nós tivemos nos últimos meses, é muito
menos em função de demanda, e muito mais em função de oferta. Houve um crescimento
sensível de oferta de minério para o mercado chinês. E logicamente como lá é o mercado que
forma o preço, isso aí teve um impacto depressivo nos preços. Na medida em que essa oferta
agora já está se estabilizando em um nível mais alto e você já tem aí um deslocamento de
produtores locais de minério chinês. A tendência dos preços é evoluir para um patamar um
pouco mais alto. O que não significa muita coisa, na medida em que se esse preço continua a
subir, os produtores locais da China voltam ao mercado. Então você tem um processo de
regulação de preço aí, um processo de undershooting e overshooting, dependendo da
situação. Agora nós estamos em um processo um pouco mais positivo em relação aos preços,
mas que não admite grande entusiasmos na medida que existe um feeling aí para o pricing que
é o custo dos produtores locais da China. Se o preço começar a subir muito a tendência
desses produtores locais é voltarem ao mercado. Agora, você pode ter o fator exógeno que é o
crescimento mais forte da demanda na China. Por em quanto isso não se transformou em
produção de aço. O setor siderúrgico chinês deu uma paralisada de alguns altos-fornos nos
últimos dois ou três meses para manutenção, agora eles estão retornando a produção, esses
altos-fornos, mas ainda não é um movimento consolidado de recuperação de demanda.
Acredito que o impacto mais positivo em preços, só vamos sentir realmente se houver um
crescimento mais acentuado da produção de aço na China.
Operadora: Com licença, nossa próxima pergunta vem do Sr. Leonardo Corrêa do Barclays.
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Leonardo Corrêa : Bom dia a todos, obrigado. Minha primeira pergunta, eu tenho duas
perguntas na verdade para o Martins, ainda em tópicos relacionados. Primeiro ponto com
relação a produção de minero de ferro chinesa. Alguns dias atrás um grande competidor de
vocês disse publicamente que teria algumas indicações de cortes de capacidade de em torno
de 100 milhões de toneladas de minério de ferro ajustado. Eu queria ver um pouco da
inteligência de vocês, se vocês notam números similares, se tem algum numero que vocês
estão usando, ou algum data point interessante que vocês estão vendo? Porque os dados de
produção de minério de ferro bruto na China provavelmente dado de qualidade muito ruim.
Dado que isso é uma variável tão importante para a formação de preço e para o suporte do
preço do minério pra frente. Queria ter um pouco de, talvez, de update, de inteligência de vocês
sobre o que está acontecendo com o mercado de minério de ferro chinês, do produtor local? E
Martins, você acha razoável um cenário para 2013 de preço mais próximo a US$ 100,00 ou
mais próximo a US$ 130,00? Se você pudesse de forma qualitativa nos indicar um range mais
próximo de preço na sua opinião. Essa é a primeira pergunta. Com relação a segunda
pergunta, desculpa votar a um tema que você de certa forma já está debatendo nas ultimas
perguntas. Mas se você pudesse nomear de forma objetiva as iniciativas de vocês para a
redução de gap de preço realizado e preço de referência? Enfim, só para a gente tentar
entender um pouco melhor o que a gente pode esperar pra frente, se esse gap de preço de
referência e preço realizado pode continuar diminuindo. São essas minhas duas perguntas,
muito obrigado.
José Carlos Martins : Com relação a sua primeira pergunta, você pode facilmente calcular o
deslocamento de minério local chinês. Se você pegar a produção de ferro gusa na China, que é
um numero público. Você considera 1,5 tonelada de minério para cada tonelada, você chega
na quantidade de minério que foi consumido. Se você tirar o que eles importaram, que
basicamente é uma proxy do minério importado usado na estrutura deles, você tem o minério
local. Então, por essa conta, efetivamente, a redução das vendas de minério local é dessa
ordem mesmo que foi mencionado, 100 milhões de toneladas. Nós chegamos a esse mesmo
número. Por outro lado, os dados da produção de minério, até agora, indicam até um
crescimento da produção. Só que a produção de minério na China não é minério final, é
basicamente run-of-mine. É o minério bruto antes de ser processado. Os teores de ferro do
minério chinês estão caindo drasticamente. Não necessariamente a produção de run-of-mine
significa a produção de minério equivalente. Porque como os teores estão baixando você
acaba tendo menos minério.
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Outra coisa que temos observado é que os produtores locais de minério só vendem se o preço
chegar ao nível que é razoável pra eles. Então, acredito que possa estar havendo uma
estocagem de minério local dentro da China. Porque os clientes não estão vendendo se o
preço não for na faixa de US$ 120,00, US$ 125,00. Inclusive, o minério local até algum tempo
atrás estava sendo vendido a um preço acima do minério importado, justamente por isso.
Então a questão aí se essa situação vai se perdurar, para mim está muito relacionada ao nível
de preço. A medida que o nível de preço continue se recuperando, acredito que boa parte
desse minério chinês venha para o mercado. Então com isso estou respondendo aquela sua
outra questão, se eu acho se o preço vai ficar acima ou abaixo do nível atual. Eu acredito que
ele pode ter uma volatilidade grande dentro do período. Mas em termos médios não dever fugir
muito do nível de hoje. Se você olhar aí, apesar do preço do minério ter chegado a US$ 88,00
nos últimos dois trimestres, no terceiro trimestre o preço médio foi na faixa de US$ 113,00. E
nesse trimestre, agora, está na faixa de US$ 115,00. Quer dizer, nesse trimestre começado em
setembro. Então nós vamos ter um mecanismo de ajustes aí, realmente para que o preço vá a
um nível superior ao nível que nós estamos vendo atualmente e nós vamos depender de uma
recuperação mais forte da demanda chinesa, da produção de aço na China. Até o momento, há
sinais aí de recuperação, mas não da para afirmar que isso seja um movimento consolidado.
Eu preferia situar o preço para o ano que vem na faixa atual, com bastante volatilidade dentro
dos trimestres. Nós podemos ver o preço chegando, eventualmente, a US$ 140,00, US$
150,00, mas também podemos ver descendo abaixo de US$ 100,00. Porque como eu
mencionei, você tem a desestocagem de minério importado, está acontecendo e a
desestocagem de aço está acontecendo. Mas é muito provável que nós tenhamos um
crescimento da estocagem de minério local, nas próprias minas da China.
Com relação às medidas que a gente vem adotando aí na questão da precificação, a gente tem
observado uma série de fatores que tem afetado a precificação. Um fator importante, como eu
já mencionei é o time to market, se eu quiser vender o minério quando ele sai do Brasil, aqui,
como ele demora 45 dias para chegar lá, eu tenho que dar um desconto maior no preço. Quer
dizer, não um desconto, o mercado vai oferecer menos. Essa palavra desconto é uma palavra
que a gente não gosta muito de ouvir. Na realidade a gente não dá desconto, a gente vende a
mercado. Se o mercado paga mais ou menos é uma situação específica do momento. Então
nós reparamos que quando a gente tenta vender o minério, quando sai do nosso porto, por
exemplo, em uma condição FOB, o cliente está disposto a pagar um preço menor. Porque ele
tem o risco desse tempo. Então a gente está procurando vender esse minério mais tarde, mais
próximo ao momento que os nossos concorrentes vendem. Outra coisa que a gente verificou é
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o tamanho dos navios também. Porque nesse mercado você tem muitos clientes que por
problemas de caixa e de capital de giro, não querem comprar quantidades grandes de minério.
Então, você para otimizar o frete usa navios grandes, mas por outro lado na hora da venda o
cliente acaba oferecendo menos por um navio maior. Então tudo isso aí temos procurado
ajustar. Tanto a questão de tamanho de navio, tamanho do lote que é vendido, como também a
questão do time to market. E tem a questão da qualidade, temos procurado melhorar a
qualidade do material que a gente produz. A gente está conseguindo aí obter uma
homogeneização maior no nosso minério, isso aí também afeta. Quando o cliente sabe que
aquele minério de determinado sistema tem maior variabilidade de qualidade, ele procura
precificar menor esse minério. Então, é uma série de conjuntos, de medidas que estão
ajudando na melhoria do preço. Agora, fundamentalmente tem a questão de mercado, não
podemos desconhecer. Nós vínhamos de uma situação onde o iron unit, recebia um valor
muito maior do que recebe hoje. Se você olhar o valor do VIU, ele caiu muito mais do que caiu
o valor do minério a 62%, o minério base. Isso demonstra que quando o VIU cai, quando o
valor do ferro tem uma precificação menor, a influência dos outros contaminantes agem em
sentido inverso. E essa é uma situação que no sistema anterior que a gente tinha o preço
definido somente em função do ferro, isso aí não aparecia. É uma realidade de mercado que
nós também estamos nos adaptando a ela, e estamos procurando atuar do ponto de vista
produtivo para minimizar seu impacto. Então é uma série de medidas que dia a dia a gente
vem aplicando, vem aprendendo e ajustando. Mas uma coisa eu posso te assegurar, a
tendência da nossa performance com relação a isso tende a melhorar. Não só por performance
das minas, mas também pela performance no mercado, da performance comercial.
Operadora: Com licença, nossa próxima pergunta vem do Sr. Marcos Assumpção, do Itaú
BBA.
Marcos Assumpção : Oi, bom dia a todos. Primeira pergunta, com relação ao projeto do Rio
Colorado, se vocês puderem passar um update pra gente com relação ao projeto, a gente viu
que ainda teve o valor relevante investido agora no terceiro trimestre por lá. E como está a
visão de vocês com relação a este projeto? Os riscos que vocês ainda enxergam lá? Como
vocês estão enxergando esse mercado de fertilizantes? E quando é que vocês podem tomar
uma decisão de realmente ir a frente com esse projeto ou não? E uma segunda pergunta com
relação a iniciativa de corte de custos que vocês mencionaram no trimestre. Se vocês puderem
falar um pouco mais em detalhes, quais são as principais iniciativas e eventualmente quando é
que a gente pode começar a sentir algum resultado delas? O Luciano comentou anteriormente,
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no começo do call, que a parte de SG&A a gente já deve estar vendo uma pequena redução ou
uma estabilidade nessa conta. Mas olhando para outras iniciativas que vocês comentaram de
forma um pouco mais incisiva nesse trimestre, o que a gente pode esperar pra frente de corte
de custos? Muito obrigado.
Luciano Siani : Marcos, obrigado. Em primeiro lugar com relação ao projeto do Rio Colorado,
vocês vão ter uma avaliação definitiva no Vale Day. Nós vamos fazer reuniões com nossos
acionistas, internamente para tomar uma decisão. Nós estamos tentando mitigar todos os
aspectos do projeto, todos os riscos, institucionais e econômicos que ainda sobre existem.
Estamos ativamente buscando parceiros para o projeto. E a combinação de todos os fatores,
que é a viabilidade ou não de parcerias, mais a viabilidade ou não de mitigar todos os riscos
envolvidos no projeto é o que vai definir a decisão final. E essa decisão vai ser tomada agora
ao longo do mês de outubro, novembro. E nós vamos anunciá-la com toda a segurança no
Vale Day no inicio de dezembro.
No que diz respeito a redução de custos, nós temos aí, como eu já falei sobre pesquisa e
desenvolvimento, inclusive, citei uma das alavancas, que é a redução da exploração mineral,
redução de inciativas de inovação tecnológica que não são necessárias nesse momento. Acho
que a redução do número de projetos é uma alavanca importante para a redução de P&D, uma
vez que o desenvolvimento de engenharia desses projetos é classificado como pesquisa e
desenvolvimento e ele tem um impacto significativo. Uma vez que a gente já tem o prato
bastante cheio com projetos para desenvolvimento, nós não temos a necessidade de avançar
tão rapidamente na engenharia de outras opções de crescimento. No que diz respeito a SG&A
eu mencionei a readequação da estrutura da Companhia à nova realidade. Mas a maior parte
dos custos, a gente sabe, vem dos custos operacionais. E nesse caso a gente tem aí algumas
alavancas. A primeira, que já foi abordada, são as iniciativas mais estruturais de redução de
custos, ou seja, estamos fazendo uma reavaliação de todas as nossas unidades e plantas e
ativos individuais, e desafiando aqueles que realmente não tenham uma performance de
custos adequada. Lá no Canadá isso já resultou no fechamento de duas minas. Aqui no Brasil,
nós fizemos a parada dessas usinas mais antigas aqui, de Tubarão, realmente por um
problema de performance de custos. Elas não são tão competitivas quanto as usinas mais
novas. Nós estamos fazendo algumas reavaliações também na área de fosfatados. Temos
algumas plantas antigas em que talvez uma otimização, você mudar o produto que está sendo
vendido, ou você tira a produção de um pedaço e joga pro outro. Os fluxos industriais são
bastante complexos e muitas vezes na busca por volume, por crescimento, você não se detém
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para analisar particularidades de cada caso. O que nós estamos fazendo hoje é mergulhando
em ativos individualmente para avaliar a competitividade estrutural desses ativos. Existe outra
mudança grande também, que deve dar frutos num prazo, mais talvez de médio a longo prazo.
Nós estamos revendo toda a nossa estratégia de suprimentos internamente. Então nós
detectamos que a Vale não tem sido competitiva as vezes na contratação, principalmente, de
serviços de menor valor. Sempre tivemos uma inteligência importante de suprimentos
dedicados aos itens de grande valor, as grandes negociações. Mas estamos atacando de uma
forma decisiva os itens de menor valor que são muito pulverizados, mas responde por uma
parcela muito expressiva do nosso gasto. Hoje cerca de 50% do que a Vale gasta nas suas
operações, são itens de pequeno valor que não tinham recebido até então uma abordagem
específica. Isso é outra iniciativa que está em curso também. E obviamente todas as operações
no seu dia a dia, os gestores de cada uma das unidades, estão com esse drive muito forte,
esse incentivo para perseguir a redução de custos. A gente está sempre olhando quais são
essas otimizações, onde a gente talvez tenha gorduras, ineficiências, em todos os detalhes. Eu
diria pra você que programas abrangentes de redução de custos em todos os níveis da
Companhia estão acontecendo nesse momento. Mas se eu pudesse destacar coisas de
natureza mais estrutural dentro dos custos operacionais, eu destacaria essa revisão de ativos
específicos e a melhoria do nosso perfil de suprimentos para compras de baixo valor, mas que
no agregado são muito expressivas.
Operadora : Com licença, nossa próxima pergunta vem do Sr. Humberto Meireles do Goldman Sachs.
Humberto Meireles : Boa tarde a todos. Minha pergunta é sobre a gestão dos portfólios de
ativos na venda dos 600 milhões referente aos 10 navios. Como isso vai transitar no
demonstrativo de vocês, olhando pra frente?
Luciano Siani : A gente busca, nós todos buscamos é tirar do ativo essa base de capital. Então
aí, tem duas situações do ponto de vista contábil que se impõe. Se você simplesmente, vamos
imaginar que eu pego um navio Valemax e vendo a um terceiro e arrendo ele de volta por um
período correspondente a vida útil do ativo, isso é uma troca de seis por meia dúzia. Ou seja,
eu recebo o valor da venda, mas eu registro esse meu arrendamento de longo prazo como se
fosse uma dívida. Porque o entendimento é que eu estou simplesmente me financiando com
base no ativo. Esse não é o nosso objetivo, essa é a razão porque no momento a gente não
consegue vender os navios Valemax. Porque como eles não têm um histórico no mercado, não
existem players dispostos a comprar os ativos e tê-los na mão e correr o risco de
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arrendamento. Ou seja, se eu fizer um contrato com um player que compra um navio ValeMax
por 10 anos, e esse navio tem uma vida útil de 30 anos, significa que após o décimo ano, o
comprador estaria correndo o risco de rearrendar esse navio em mercado. Como esse navio
não tem um histórico de utilização mais ampla, não existe uma contraparte nessa transação.
Então a única transação possível com um navio do tipo Valemax, seria fazer uma venda sale
lease back por um período muito longo de toda sua vida útil, o que configuraria uma dívida.
Então esse não é o nosso objetivo. Todavia, os navios que vocês viram nós vendermos, são
como se fossem um Boeing 737, eles têm grande aceitação no mercado e portando nós
podemos fazer a venda, fazer um contrato de arrendamento por um prazo inferior a vida útil do
navio.
José Carlos Martins : E não necessariamente dos mesmos navios.
Luciano Siani : E não necessariamente dos mesmos navios, isso é importante. E, portanto o
risco residual está todo com o armador. Então de fato isso é uma venda efetiva dos ativos e um
arrendamento que se classifica então como arrendamento operacional.
Então, no balanço você vai ter realmente uma baixa do ativo, uma entrada de caixa e você vai
ter um aumento da despesa do custo de produção correspondente ao arrendamento do ativo.
Lembrando que quando nós operamos o ativo, a gente paga pelo custo de operação. Quando
você arrenda você paga também, você acaba remunerando o capital investido naquele navio.
Encerramento:
Operadora: Com licença, eu gostaria de passar a palavra ao Sr. Luciano Pires, para as
considerações finais.
Luciano Siani : Muito bem, eu espero que vocês estejam de certa forma, que a gente esteja
sendo capaz de mostrar através de resultados pontuais, aqui e ali, mas já um movimento
consistente na direção do que a gente vem pregando, do ponto de vista de disciplina de capital
e do ponto de vista de estratégia. Vocês têm reparado que a gente tem tido uma postura mais
conservadora no sentido de disclose, o que está em andamento, as iniciativas, nós preferimos
dar as notícias a partir do momento em que elas se concretizam, mas eu acredito que já as
evidências são muitas e que a Vale está determinada a se adaptar de uma forma muito
consistente a um novo cenário de mercado. Privilegiar o valor para o acionista, em detrimento
de outros objetivos e equilibrar de certa forma esse “trilema” que vem se impondo entre a
remuneração caixa para os acionistas, a continuidade do programa de investimentos para a
geração de valor no longo prazo e uma alavancagem prudente. Nós queremos ser uma
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empresa segura. Nós queremos ser uma empresa que entrega resultados no curto prazo para
os acionistas. Mas uma empresa que também tenha um portfólio, desenvolve e cria valor
também para o longo prazo. Esse é o objetivo que nós estamos perseguindo. E como eu falei
vocês podem esperar um fluxo de notícias positivas, ainda que nós não antecipemos onde,
mas esperamos aí estar podendo demonstrar que estamos no caminho que estamos
prometendo.
Operadora : A teleconferência da Vale está encerrada. Agradecemos a participação de todos e
tenham um bom dia. Obrigada.