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O cinto de segurança como proteção contra queda em altura nas obras
de estruturas metálicas
MAICHEL TONIASSO, Universidade de Passo Fundo, [email protected]
ADALBERTO PANDOLFO, Universidade de Passo Fundo, [email protected]
ALINE PIMENTEL GOMES, Universidade de Passo Fundo, [email protected]
MARCELE S. MARTINS, IMED - Complexo Ensino Superior Meridional, [email protected]
PATRÍCIA DAL MORO, Universidade de Passo Fundo, [email protected]
Resumo: A NR 35 veio regular o trabalho em altura que envolve grande risco de quedas e,
consequentemente, é causa de muitos acidentes, na maioria fatais. Este estudo tem como
objetivo avaliar o nível de comprometimento das empresas e estabelecer modelos para o
cumprimento da NR 35, apontando o equipamento de proteção individual cinto de segurança
tipo paraquedista para os processos de montagem de estruturas metálicas, visando a
segurança e a integridade dos colaboradores e das empresas. O trabalho foi realizado com
todas as empresas metalúrgicas que executam obras de pavilhões e galpões em estruturas
metálicas no município de Sananduva, RS, num total de quatro empresas. A coleta de dados
foi desenvolvida com a aplicação de um check list aos proprietários, elaborado a partir dos
preceitos da NR 35. Concluiu-se que as empresas pesquisadas seguem em parte as normas de
segurança e necessitam rever aspectos como: treinamento de funcionários admitidos para
uso dos equipamentos de segurança; uso de equipamentos de proteção obrigatória como rede
de proteção; utilização correta do cinto de segurança tipo paraquedista, do talabarte e
absorvedor de energia, realização de análise de risco e permissão de trabalho.
Palavras-chave: Trabalho em altura; NR 35; Cinto paraquedista.
1. Introdução
Apesar do Brasil ser um país avançado em termos de legislação a respeito da
prevenção e combate aos acidentes de trabalho na indústria da construção, verifica-se um alto
índice de acidentes de trabalho.
Esta contradição pode estar associada ao fato de que as ações preventivas não são de
fato realizadas por empresas e trabalhadores, colocando em risco sua segurança, saúde e a
própria vida.
Uma das principais causas de acidentes de trabalho graves e fatais se deve a eventos
envolvendo quedas de trabalhadores de diferentes níveis. Os riscos de queda em altura
existem em vários ramos de atividades e em diversos tipos de tarefas. A criação de uma
Norma Regulamentadora como a NR 35, que atenda a todos os ramos de atividade, tornou-se
um importante instrumento de referência para que estes trabalhos sejam realizados de forma
segura, priorizando a segurança e a vida dos trabalhadores.
A criação de um instrumento para auxiliar as funções compreendidas no trabalho em
altura não significa contemplar todas as situações existentes na realidade fática. No mundo do
trabalho existem realidades complexas e dinâmicas e um manual regulamentador para
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trabalhos em altura não seria aplicável e precisaria contemplar a mais variada gama de
atividades.
Como citado na norma Regulamentadora NR 35, pode-se afirmar que o gerenciamento
como uma forma de prevenção de acidentes com quedas é um fator muito importante, pois
envolve o bem-estar do trabalhador e, consequentemente, sua vida. Porém, este trabalho é
frequentemente negligenciado nos ambientes produtivos da construção civil e indevidamente
citado como uma forma de obstáculo para a agilidade do trabalhador que está nas alturas.
Cabe ressaltar, então, a necessidade da conscientização de sua real importância por
parte dos responsáveis pela segurança dos funcionários nas organizações pertencentes à
construção civil. O grande problema é que muitas empresas ainda não perceberam que se a
importância dada ao capital humano não vier antes do capital financeiro, os prejuízos poderão
ir além do calculado, pois dinheiro perde-se e ganha, mas a vida não.
Este trabalho tem como objetivo avaliar o nível de comprometimento das empresas e
estabelecer modelos para o cumprimento da NR 35 - Trabalho em Altura – apontando o
equipamento de proteção individual cinto de segurança tipo paraquedista para os processos de
montagem de estruturas metálicas, visando a segurança e a integridade dos colaboradores e
das empresas do município de Sananduva.
2. Segurança do trabalho na construção civil: o trabalho em alturas
Na construção civil, a segurança dos trabalhadores é um elemento fundamental tendo
em vista os diversos fatores de risco à saúde e à própria vida, existentes no exercício
profissional.
As normas e regulamentos estabelecidos pelos órgãos competentes, e aplicados pela
empresa, visam proteger o trabalhador dos possíveis riscos aos quais ele possa estar exposto.
Conforme a complexidade e riscos inerentes ao trabalho são adotadas as medidas necessárias
para eliminação e minimização dos fatores de riscos presentes no local e condições do
trabalho (SILVA, 2013).
Toda a preocupação da legislação brasileira com relação à segurança do trabalhador da
construção civil está relacionada ao fato de que neste segmento muitos são os agentes de risco
decorrentes das situações adversas nos ambientes e nos processos de trabalho que envolvem o
arranjo físico, o uso de máquinas, equipamentos e ferramentas, condições das vias de
circulação, organização dos ambientes, métodos e práticas de trabalho, entre outros (SESI,
2008).
Neste trabalho destaca-se especial atenção à segurança do trabalhador da construção
civil que exerce suas atividades em alturas, tendo em vista que esse tipo de atividade é muito
perigosa e concorre como uma das principais causas de acidentes fatais no trabalho. “As
quedas são as causas mais frequentes de fatalidades em locais de construção civil e
anualmente são responsáveis por uma de cada três mortes relacionadas à construção civil”
(BICKREST, 2013, p. 1).
Desse modo, um dos pilares da prevenção de acidentes de trabalhos em alturas é o uso
de equipamentos de proteção individual (EPI’s), conforme destaca-se a seguir.
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2.1 Equipamento de proteção individual (EPI): o cinto de segurança tipo paraquedista
O EPI é todo dispositivo ou produto, de uso individual utilizado pelo trabalhador,
destinado à sua proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde no trabalho,
como por exemplo, cinturão de segurança, talabarte de segurança, óculos, luvas, protetores
auditivos, botina, etc. (SESI, 2008).
Cabe ao empregador fornecer, gratuitamente, aos empregados o EPI adequado ao
risco, sempre que as medidas de proteção coletivas necessárias forem tecnicamente inviáveis
ou enquanto estas estiverem sendo implantadas e para atender as situações de emergência;
adquirir o EPI adequado à atividade do trabalhador, com Certificado de Aprovação (CA),
além de orientar e treinar sobre seu uso, guarda e conservação. Já ao empregado cabe usar o
EPI, responsabilizando-se por sua guarda e conservação; usá-lo apenas para a finalidade a que
se destina; e cumprir as determinações do empregador sobre seu uso adequado (SESI, 2008).
O cinto de segurança tipo paraquedista é um tipo de EPI que tem a finalidade de
proteção contra quedas ao solo ou a outro nível inferior; confeccionado em material de nylon,
com grande resistência mecânica, dispositivos para fixação do talabarte e acessórios
necessários.
Junto com o cinto de segurança tipo paraquedista, o talabarte é um equipamento
fundamental, utilizado para proteção contra risco de queda no posicionamento e
movimentação nos trabalhos em altura. Já o trava-quedas é um dispositivo de segurança
utilizado para proteção do empregado contra quedas em operações com movimentação
vertical ou horizontal, quando utilizado com cinturão de segurança tipo paraquedista (SILVA,
2013).
2.2 Norma Regulamentadora NR 35
A NR 35 foi criada pelo Ministério do Trabalho e Emprego em 27 de setembro de
2012, tendo sido elaborada para proteger os trabalhadores dos riscos dos trabalhos realizados
em altura nos aspectos da prevenção dos riscos de quedas, estabelecendo os requisitos
mínimos e as medidas de proteção pra o trabalho em altura, envolvendo o planejamento, a
organização e a execução, de forma a garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores
envolvidos direta ou indiretamente com esta atividade (BRASIL, 2012).
Com relação às responsabilidades de empregadores e empregados que exercem
atividades em altura, a NR 35 estabelece:
Cabe ao empregador:
a) garantir a implementação das medidas de proteção estabelecidas nesta Norma;
b) assegurar a realização da Análise de Risco - AR e, quando aplicável, a emissão da
Permissão de Trabalho - PT;
c) desenvolver procedimento operacional para as atividades rotineiras de trabalho
em altura;
d) assegurar a realização de avaliação prévia das condições no local do trabalho em
altura, pelo estudo, planejamento e implementação das ações e das medidas
complementares de segurança aplicáveis;
e) adotar as providências necessárias para acompanhar o cumprimento das medidas
de proteção estabelecidas nesta Norma pelas empresas contratadas;
f) garantir aos trabalhadores informações atualizadas sobre os riscos e as medidas de
controle;
g) garantir que qualquer trabalho em altura só se inicie depois de adotadas as
medidas de proteção definidas nesta Norma;
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h) assegurar a suspensão dos trabalhos em altura quando verificar situação ou
condição de risco não prevista, cuja eliminação ou neutralização imediata não seja
possível;
i) estabelecer uma sistemática de autorização dos trabalhadores para trabalho em
altura;
j) assegurar que todo trabalho em altura seja realizado sob supervisão, cuja forma
será definida pela análise de riscos de acordo com as peculiaridades da atividade;
k) assegurar a organização e o arquivamento da documentação prevista nesta
Norma.
Cabe aos trabalhadores:
a) cumprir as disposições legais e regulamentares sobre trabalho em altura, inclusive
os procedimentos expedidos pelo empregador;
b) colaborar com o empregador na implementação das disposições contidas nesta
Norma;
c) interromper suas atividades exercendo o direito de recusa, sempre que
constatarem evidências de riscos graves e iminentes para sua segurança e saúde ou a
de outras pessoas, comunicando imediatamente o fato a seu superior hierárquico,
que diligenciará as medidas cabíveis;
d) zelar pela sua segurança e saúde e a de outras pessoas que possam ser afetadas
por suas ações ou omissões no trabalho (BRASIL, 2012).
Com relação à capacidade e ao treinamento, a NR 35 destaca a necessidade do
empregador promover programas de capacitação dos trabalhadores à realização de trabalho
em altura. Também é necessária a realização da análise de riscos e condições impeditivas.
Importante considerar que a adoção de medidas de controle deve ser precedida da
aplicação de técnicas de análise de risco. Análise de risco é um método sistemático de exame
e avaliação de todas as etapas e elementos de um determinado trabalho para desenvolver e
racionalizar toda a sequência de operações que o trabalhador executa; identificar os riscos
potenciais de acidentes físicos e materiais; identificar e corrigir problemas operacionais e
implementar a maneira correta para execução de cada etapa do trabalho com segurança. É,
portanto, uma ferramenta de exame crítico da atividade ou situação, com grande utilidade para
a identificação e antecipação dos eventos indesejáveis e acidentes possíveis de ocorrência,
possibilitando a adoção de medidas preventivas de segurança e de saúde do trabalhador, do
usuário e de terceiros, do meio ambiente e até mesmo evitar danos aos equipamentos e
interrupção dos processos produtivos. A análise de risco não pode prescindir de metodologia
científica de avaliação e procedimentos conhecidos, divulgados e praticados na organização e,
principalmente, aceitos pelo poder público, órgãos e entidades técnicas. As principais
metodologias e técnicas utilizadas no desenvolvimento de análise de risco são: Análise
Preliminar de Risco – APR; análise de modos de falha e efeitos – FMEA (AMFE); Hazard
and Operability Studies – HAZOP; Análise Risco de Tarefa – ART, Análise Preliminar de
Perigo – APP, dentre outras (BRASIL, 2012).
De acordo com a NR 35, os EPI’s, acessórios e sistemas de ancoragem devem ser
especificados e selecionados considerando-se a sua eficiência, o conforto, a carga aplicada aos
mesmos e o respectivo fator de segurança, em caso de eventual queda. Na seleção dos EPI’s
devem ser considerados, além dos riscos a que o trabalhador está exposto, os riscos
adicionais, sendo que o cinto de segurança do tipo paraquedista deve ser o dotado, contando
com dispositivo para conexão em sistema de ancoragem. Por sua vez, o sistema de ancoragem
deve ser estabelecido pela análise de risco, já o talabarte e o dispositivo trava quedas devem
estar fixados acima do nível da cintura do trabalhador, ajustados de modo a restringir a altura
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de queda e assegurar que, em caso de ocorrência, minimize as chances do trabalhador colidir
com estrutura inferior (BRASIL, 2012).
Para a implantação da NR 35 pelas empresas, Campos (2013, p. 30) evidencia um
passo a passo que pode servir de sugestão:
1) Verificar os documentos do PCMAT (memorial, projeto de execução com as
etapas da obra, especificação técnica (proteções coletivas e individuais);
2) Listar todas as atividades em altura;
3) Avaliar o risco de cada atividade, fazendo o tratamento dos que não são aceitáveis
(tratar o risco: EPC, EPI, ...);
4) Realizar exames médicos e avaliar riscos psicossociais nos trabalhadores que irão
atuar em altura;
5) Especificar, comprar e montar EPC e EPI;
6) Separar as atividades rotineiras das não rotineiras;
7) Elaborar procedimento de trabalho para as atividades rotineiras, incluir
emergência;
8) Elaborar a Permissão de Trabalho para as atividades não rotineiras, incluir
emergência;
9) Capacitação dos trabalhadores (teórica e prática).
3. Procedimento Metodológico
Este estudo foi realizado nas quatro empresas metalúrgicas que realizam obras de
construção de pavilhões e galpões com estruturas metálicas no município de Sananduva.
Como procedimento metodológico optou-se pela aplicação de um check list aos
proprietários das empresas que compõem a amostra. Tomou-se por base o check list
preconizado pelo Programa de Avaliação das Condições de Trabalho da Indústria da
Construção Civil, criado pela Comissão Interinstitucional de Prevenção aos Acidentes de
Trabalho e Doenças Ocupacionais do Ministério do Trabalho (BRASIL, 2003). O
questionário foi adaptado com perguntas de acordo com as regras impostas pela NR 35
voltadas para o cinto de segurança tipo paraquedista solicitado pela norma para trabalhos em
altura (Apêndice A).
Conforme Beuren (2006, p. 133), apesar de não ser muito contemplado nas
bibliografias, o check list se enquadra como um instrumento de pesquisa utilizável na coleta
de dados, e complementa conceituando “entende-se por check list a técnica de verificar se a
população pesquisada dispõe de elementos necessários para aplicação de uma determinada
proposta teórica”.
Ressalta-se que na área de saúde e segurança, o check list vem se destacando e sendo
aceito pelo fato de ser uma ferramenta de fácil aplicação para quantificar e qualificar o local e
as condições de trabalho, além de servir como parâmetro comparativo para as melhorias e
avaliações futuras. Dessa forma, nesse trabalho foi usado o método de avaliação pelo
questionamento de SIM e NÃO, e pontuação pelas marcações afirmativas como índice de
qualidade na pesquisa, ou seja, quanto maior a pontuação de respostas SIM, melhores as
condições do trabalho da empresa avaliada. Quando um item não for aplicável, não contará
para a pontuação, sendo o resultado adaptado ao número de questões aplicáveis na forma de
percentual (BRASIL, 2003).
Os resultados tiveram 5 classificações: péssimo, ruim, regular, bom e ótimo; sendo o
percentual de cada um como segue:
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Péssimo - 0 a 20%
Ruim - 20,1 a 40%
Regular - 40,1 a 60%
Bom - 60,1 a 80%
Ótimo - 80,1 a 100%
As empresas onde foram aplicados os check list possuem as mesmas características de
atuação, uma vez que todas atuam no setor de fabricação e montagem de estruturas metálicas
do município. O questionário foi aplicado ao responsável pela empresa e seus proprietários,
pois nelas não existem profissionais designados apenas para a área de segurança do trabalho.
Após aplicação do questionário, os resultados obtidos foram para análise estatística
possibilitando caracterizar, segundo a Norma Regulamentadora, verificando se estas empresas
atendem às solicitações de segurança do trabalho junto ao atual mercado.
Adotou-se o método apresentado pela Comissão Interinstitucional de Prevenção de
Acidentes de Trabalho e Doenças Ocupacionais em seu Programa de Avaliação das
Condições de Trabalho da Indústria da Construção Civil (BRASIL, 2003), estabelecendo os
Coeficientes de Engenharia e Segurança.
Coeficiente de condições de Engenharia e Segurança = Nº de SIM encontrados x 100
Nº de quesitos aplicáveis
Com embasamento nestes resultados, foram elaborados indicadores gráficos que
permitem parâmetros comparativos para análise do nível de comprometimento das empresas
pesquisadas no município de Sananduva, com a norma regulamentadora NR 35.
4. Resultados
As empresas do ramo metal mecânico denominadas neste trabalho de empresas “A”,
“B”, “C” e “D”, foram avaliadas de acordo com o número de funcionários para poder
mensurar a capacidade econômica de aplicação dos requisitos de segurança avaliado, mesmo
sabendo-se que, independente das condições econômicas, todas devem cumprir as normas
regulamentadoras e outras leis exigidas pelo Ministério do Trabalho e Emprego.
Todas as empresas pesquisadas são de pequeno porte e estão organizadas em dois
departamentos básicos - administrativo e indústria. Na Tabela 1 pode-se visualizar o número
de funcionários em cada empresa.
TABELA 1 – Número de funcionários das empresas pesquisadas
Empresa Nº de funcionários no
setor administrativo
Nº de funcionários no
setor da indústria
Nº total de
funcionários
A 2 7 9
B 1 6 7
C 3 19 22
D 2 6 8
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Com base na aplicação do check list e considerando o método de avaliação pelo
questionamento de SIM e NÃO e a escala classificatória, pode-se observar na Tabela 2 os
resultados das avaliações de cada empresa, sendo que a empresa A e a empresa D aparecem
na classificação “regular” e as empresas B e C na classificação “bom”.
TABELA 2 – Classificação das avaliações das empresas pelo check list
Empresas Resultados das avaliações N° de Funcionários Classificação
1 A 41,67 % 9 Regular
2 B 75,00 % 7 Bom
3 C 66,67 % 22 Bom
4 D 41,67 % 8 Regular
A partir dos dados da Tabela 2, na Figura 1, é possível visualizar os resultados das
empresas pesquisadas, sendo que obtiveram um resultado entre REGULAR e BOM, sob a
ótica dos índices de segurança abordados no questionário que foi aplicado. Esses resultados
apontam para a necessidade de melhorias nas empresas, uma vez que o trabalho em altura
precisa ser gerenciado de forma correta, pois os acidentes com queda são, em sua grande
maioria, fatais aos trabalhadores.
FIGURA 1 – Classificação do índice de segurança x número de funcionários das empresas pesquisadas
Com base nos dados da Figura 1, obtida a partir da aplicação das equações
matemáticas propostas no Programa de Avaliação das Condições de Trabalho da Indústria da
Construção (BRASIL, 2003), verifica-se que não é a capacidade econômica de cada empresa,
de acordo com o número de funcionários, que determina o comprometimento com a
segurança no ambiente de trabalho e com a vida e saúde de seus trabalhadores.
Para melhor compreender os dados do trabalho, evidencia-se na Tabela 3 os resultados
de cada empresa com relação às doze questões apresentadas no check list.
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TABELA 3 – Respostas do check list
Empresas Questões
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
A Sim Sim Não Não Sim Sim Sim Não Não Não Não Não
B Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Não Sim Sim Não Não
C Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Não Sim Não Não Não
D Sim Sim Não Não Sim Sim Sim Não Não Não Não Não
Observando-se a Tabela 3, pode-se localizar os principais pontos onde as empresas
estão falhando no gerenciamento de risco de acordo com a NR 35. Observa-se que as falhas
são relativas às questões de 3, 8, 9, 10, 11 e 12.
A questão 3 refere-se ao treinamento para trabalho em altura do funcionário admitido
pela empresa, verificou-se que duas realizam o treinamento e outras duas não realizam.
Conforme a questão 8, todas as empresas pesquisadas não realizam a instalação de
algum tipo de proteção obrigatória, como por exemplo rede de proteção, quando há risco de
queda.
Já com relação à questão 9, duas empresa utilizam e duas não utilizam o talabarte do
tipo Y e, três empresas não utilizam o absorvedor de energia (ABS), conforme a questão 10.
A partir da pesquisa verifica-se que nenhuma das empresas realiza a análise de risco
(AR) (Questão 11) e não fazem a Permissão de Trabalho quando necessário (Questão 12).
Tendo em vista aos resultados obtidos, pode-se destacar as seguintes sugestões e
recomendações:
O empregador deve promover a capacitação dos trabalhadores para a realização do
trabalho em altura sempre que necessário conforme itens 3.3 e 3.3.1 da NR 35.
Utilizar sistemas de proteção coletiva.
Utilizar talabarte tipo y conforme citado na NR 35.
Utilizar absorvedor de energia quando necessário.
Realizar a análise de risco (Apêndice B).
Sempre que necessário emitir permissão de trabalho (Apêndice C).
Realizar as inspeções e conservação dos EPI’s utilizados – cintos, talabarte, etc.
5. Considerações Finais
Com a elaboração deste trabalho foi possível investigar os procedimentos de utilização
do cinto de segurança tipo paraquedista e fazer um levantamento e avaliação das empresas do
setor metalúrgico que realizam obras de pavilhões e galpões de estruturas metálicas no
município de Sananduva.
Segundo dados obtidos através do check list e de acordo com a NR 35, foram obtidos
resultados regulares e bons entre as empresas, o que sugere uma prática irresponsável por
parte das mesmas, uma vez que não se pode esperar que acidentes ocorram, pois em muitos
casos eles são fatais.
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Assim, acredita-se que após tomadas as providências necessárias ao ambiente de
trabalho imposto pelos empregadores do setor metalúrgico da cidade de Sananduva, com base
nas sugestões e recomendações deste estudo, pode-se chegar a melhores resultados em relação
aos quesitos abordados no questionário.
Conclui-se que a conscientização sobre a segurança do trabalho e o trabalho em altura
é de suma importância, buscando com isso tomar todas as medidas preventivas para preservar
a saúde e a vida de trabalhadores. Os dados coletados mostram a necessidade de um maior
comprometimento por parte das empresas, incluindo a aquisição e o treinamento para o uso
correto dos equipamentos de proteção individual, além da adequação integral à NR 35.
Referências
BEUREN, Ilse Maria. Como elaborar trabalhos monográficos em contabilidade. São Paulo: Atlas, 2003.
BICKREST, Ed. Proteção contra queda: falha não é uma opção. Honeywell: produtos de segurança/EPI.
Disponível em: http://www.honeywellsafety.com/BR/Home.aspx ?LangType=1046. Acesso em: 03 mar. 2013.
BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Comissão Interinstitucional de Prevenção aos Acidentes de
Trabalho e Doenças Ocupacionais. Programa de Avaliação das Condições de Trabalho da Indústria da
Construção Civil. Metodologia Aplicada: check list. 2003.
BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. NR 35 – Trabalho em Altura. Disponível: http://www.mtb.gov.br
/Temas/SegSau/Legislacao/Normas/Download/NR35.zip. Acesso em: 27 out. 2012.
CAMPOS, Armando Augusto Martins. Implementação da NR 35 nos canteiros de obra. Disponível em:
http://www.sicepot-mg.com.br/imagensDin/arquivos/4960.pdf. Acesso em: 04 mar. 2013.
SESI. Divisão de Saúde e Segurança no Trabalho – DSST. Gerência de Segurança e Saúde no Trabalho – GSST.
Manual de segurança e saúde no trabalho: indústria da construção civil – edificações. São Paulo: SESI, 2008.
SILVA, Sérgio Roberto. Curso de Trabalho em Altura: NR 35. Disponível em:
http://profsergiorobertosilva.blogspot.com.br/2012/09/curso-de-trabalho-em-altura-nr35-ppt.html. Acesso em: 03
mar. 2013.
APÊNDICE A – Check List Empresa: X
N° Funcionários: XX
Questionário adaptado na forma de um check list
Pergunta Sim Não N/A
1 A empresa possui PPRA, PCMAT, PCMSO?
2 Na admissão dos funcionários são realizados exames médicos?
3 Quando da admissão do funcionário existe treinamento de trabalho em altura?
4 Existe cabo de segurança para ser instalado como travamento do cinto? (vinha de vida)
5 A empresa fornece EPI´s a todos os funcionários?
6 Em trabalho acima de 2,00m de altura é utilizado cinto de segurança?
7 O cinto de segurança é do tipo paraquedista?
8 Quando há risco de queda existe a instalação de algum tipo de proteção obrigatória? (rede de proteção, etc.)
9 O talabarte é do tipo Y?
10 Existe o absorvedor de energia (ABS)?
11 Realizam a análise de risco AR?
12 É feita a Permissão de trabalho quando necessário?
Avaliação das pontuações
12 100
Total X %
Fonte: Adaptado do Programa de Avaliação das Condições de Trabalho da Indústria da Construção Civil
(BRASIL, 2003).
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APÊNDICE B – Análise de Risco
ÁNALISE DE RISCO AR
CAMPO 1
A NOME DA EMPRESA:
B N° FUNCIONÉRIOS ENVOLVIDOS:
C SUPERVISOR ENVOLVIDO:
D OBRA/SERVIÇO:
E APROVADO POR:
F DATA:
CAMPO 2
LISTAR OS EQUIPAMENTOS E FERRAMENTAS NECESSÁRIOS PARA EXECUÇÃO DOS TRABALHOS.
ANDAIMES LIXADEIRAS OUTROS
CAMINHÃO MUCK MAÇARICO
ESCADAS MÁQUINAS DE SOLDA
ESTENCÃO ELETRICA PARAFUSADEIRA
FURADEIRAS ELÉTRICAS PLATAFORMAS ELEVATÓRIA
CAMPO 3
EPC/EPI/EQUIPAMENTOS/SISTEMAS. LISTAR TODOS OS EQUIPAMENTOS PARA A EXECUÇÃO DO TRABALHO
CINTO TIPO PARAQUEDISTA ÓCULOS DE SEGURANÇA OUTROS
TALABARTE MÁSCARA DE SOLDA
ABSORVEDOR DE ENERGIA MASCARA CONTRA GASES
TRAVA QUEDA LUVA DE RASPA
LINHA DE VIDA ISOLAMENTO E SINALIZAÇÃO
VARA TELESCÓPIA AVENTAL DE COURO
SISTEMA DE ANCORAGEM BOTINA BICO DE FERRO
PROTETOR FACIAL CAPACETE
PROTETOR ADITIVO REDE DE PROTEÇÃO
CAMPO 4
PERMISSÕES/AUTORIZAÇÕES/LIBERAÇÕES
LISTA DE AUTORIZAÇÕES ESPECÍFICAS NECESSÁRIAS PARA EXECUÇÃO DOS TRABALHOS TRABALHO EM ALTURA PERFURAÇÃO OUTROS
GUINDASTE MUCK, GRUAS ESCAVAÇÃO
ANDAIMES DEMOLIÇÃO
TRABALHO A QUENTE TRABALHO COM ELETRICIDADE
ESPAÇO CONFINADO
CAMPO 5
SISTEMA DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL E COLETIVA CONTRA QUEDAS
Análise e seleção, inspeção e forma de utilização e limitação de uso dos sistemas de proteção atendendo ás normas técnicas, o projeto do equipamento, as orientações do fabricante e os princípios da redução de impactos e do fator de queda.
CAMPO 6
CONDIÇÕES METERIOLÓGICAS
INTERUPÇÃO IMEDIATA DO TRABALHO EM ALTURA EM CASO DE ILUMINAÇÕA INSUFICIENTE OU CONDIÇÕES
METERIOLÓGICAS ADVERSAS, COMO CHUVA E VENTOS SUPERIORES A INTENSIDADE MÁXIMA PERMITIDA EM NORMA.
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CAMPO 7
SISTEMAS DE ANCORAGEM
ANÁLISE, PROJETO E CERTIFICAÇÃO DOS PONTOS DE ANCORAGEM DEFINITIVOS E ANÁLISE DAS ANCORAGENS TEMPORÁRIAS.
CAMPO 8
ANÁLISE PRELIMINAR DE RISCO
OS SEGUINTES ASPECTOS DEVEM SER ANALISADOS
RISCO DE QUEDAS DE OBJETOS
TRABALHOS SIMULTÂNEOS COM RISCOS ESPECÍFICOS
ATENDIMENTOS AOS REQUISITOS DE SAÚDE E SEGURANÇA
CONDIÇÕES IMPEDITIVAS
FORMA DE SUPERVISÃO
TAREFA A SER EXECUTADA PERIGO/RISCOS ENVOLVIDOS MEDIDA DE CONTROLE DE RISCO
CAMPO 9
EMERGÊNCIA E RESGATE
ANALISAR AS POSSÍVEIS SITUAÇÕES DE EMERGÊNCIA, ESPECIALMENTE AS ROTAS DE FUGA, MEIOS DE ABANDONO E
ESTABELECER UM PLANO DE AÇÃO
PARTICIPANTES DA AR
NOME: ASSINATURA:
APÊNDICE C – Permissão de Trabalho
PERMISSÃO DE TRABALHO PT
LOCAL:
INTERNO PLATAFORM ELEVATÓRIA
EXTERNO ESPAÇO CONFINADO
TELHADO TRABALHO A QUENTE
ESTRUTURA ESCAVAÇÃO
ANDAIME OUTROS (QUAL?)
ESCADA PORTÁTIL
DESCRIÇÃO DO TRABALHO:
TRABALHADORES AUTORIZADOS:
NOME: ASSINATURAS
EQUIPE DE RESGATE:
NOME: ASSINATURAS
NATUREZA DOS RISCOS
QUEDA DE NÍVEL CONDIÇÕES CLIMATICAS PISO ESCORREGADIO
CHOQUE ELÉTRICO VAPORES TRAFEGO DE VEICULOS
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ALTAS TEMPERATURAS PRODUTOS CORROSIVOS RADIAÇÃO
FUMOS METÁLICOS PRODUTOS OXIDANTES OUTROS (QUAL)
QUEDAS DE OBJETOS DESMORONAMENTO
EQUIPAMENTOS A UTILIZAR
SOLDAS ESMERILHADEIRAS REBITADORAS
LIXADEIRAS PARAFUSADORAS MARTELO
FURADEIRAS
CHECK LIST DE CONDIÇÕES DO TRABALHO
PREPARATIVOS S N NA
O PROFISSIONAL ESTÁ APTO PELO SERVIÇO MÉDICO
O TRABALHADOR É QUALIFICADO PARA REALIZAR O SERVIÇO
OS TRABALHADORES RELACIONADOS ESTÃO TREINADOS
A ÁREA ESTA ISOLADA E SINALIZADA
CONDIÇÕES CLIMÁTICAS SATISFATÓRIAS
EQUIPAMENTOS /FERRAMENTAS ADEQUADOS E INSPECIONADOS
CINTO PARAQUEDISTA DOTADO DE DISPOSITIVO ANTIQUEDA E CONECTADO A CABO DE SEGURANÇA
TRABALHO AFASTADO DE RESDES ELETRICAS
CABO LINHA DE VIDA INSTALADO
ESCADA DE ACESSO COM TRAVA QUEDAS
ESCADA PORTATIL INSPECIONADA E LIBERADA
ANDAIMES ESTA INSPECIONADO E LIBERADO
VENTILAÇÃO NO LOCAL
ILUMINAÇÃO NO LOCAL
ANCORAGEM CERTIFICADA, LIBERADA E PROJETADA POR PROFISSIONAL LEGALMENTE HABILITADO.
OUTROS
SE ALGUM CAMPO ESTIVER MARCADO COM A COLUNA “NÃO” O MESMO DEVE SER JUSTIFICADO E SEGUIDO DE RECOMENDAÇÕES.
EPC/EPI
CINTO DE SEGURANÇA ÓCULOS DE PROTEÇÃO
TALABARTE COM ABSORVEDOR DE ENERGIA LINHA DE VIDA
TALABARTE SEM ABSORVEDOR DE ENERGIA ANCORAGEM TEMPORÁRIA
TRAVAQUEDAS CAPACETE C/ JUGULAR
LUVAS BOTAS
MASCARAS DE SOLDA
PROCEDIMENTOS DE EMERGÊNCIA E RESGATE:
LIBERADO SIM ( ) NÃO ( )
INICIO: TÉRMINO:
REVALIDAÇÃO:
DATA E HORA:
RESPONSÁVEL PELA PERMISSÃO DE TRABALHO:
NOME:
DEPARTAMENTO:
ASSINATURA:
Este documento deve ser preenchido em duas vias e assinados pelos trabalhadores envolvidos e responsável pela segurança do trabalho.