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1 O cinto de segurança como proteção contra queda em altura nas obras de estruturas metálicas MAICHEL TONIASSO, Universidade de Passo Fundo, [email protected] ADALBERTO PANDOLFO, Universidade de Passo Fundo, [email protected] ALINE PIMENTEL GOMES, Universidade de Passo Fundo, [email protected] MARCELE S. MARTINS, IMED - Complexo Ensino Superior Meridional, [email protected] PATRÍCIA DAL MORO, Universidade de Passo Fundo, [email protected] Resumo: A NR 35 veio regular o trabalho em altura que envolve grande risco de quedas e, consequentemente, é causa de muitos acidentes, na maioria fatais. Este estudo tem como objetivo avaliar o nível de comprometimento das empresas e estabelecer modelos para o cumprimento da NR 35, apontando o equipamento de proteção individual cinto de segurança tipo paraquedista para os processos de montagem de estruturas metálicas, visando a segurança e a integridade dos colaboradores e das empresas. O trabalho foi realizado com todas as empresas metalúrgicas que executam obras de pavilhões e galpões em estruturas metálicas no município de Sananduva, RS, num total de quatro empresas. A coleta de dados foi desenvolvida com a aplicação de um check list aos proprietários, elaborado a partir dos preceitos da NR 35. Concluiu-se que as empresas pesquisadas seguem em parte as normas de segurança e necessitam rever aspectos como: treinamento de funcionários admitidos para uso dos equipamentos de segurança; uso de equipamentos de proteção obrigatória como rede de proteção; utilização correta do cinto de segurança tipo paraquedista, do talabarte e absorvedor de energia, realização de análise de risco e permissão de trabalho. Palavras-chave: Trabalho em altura; NR 35; Cinto paraquedista. 1. Introdução Apesar do Brasil ser um país avançado em termos de legislação a respeito da prevenção e combate aos acidentes de trabalho na indústria da construção, verifica-se um alto índice de acidentes de trabalho. Esta contradição pode estar associada ao fato de que as ações preventivas não são de fato realizadas por empresas e trabalhadores, colocando em risco sua segurança, saúde e a própria vida. Uma das principais causas de acidentes de trabalho graves e fatais se deve a eventos envolvendo quedas de trabalhadores de diferentes níveis. Os riscos de queda em altura existem em vários ramos de atividades e em diversos tipos de tarefas. A criação de uma Norma Regulamentadora como a NR 35, que atenda a todos os ramos de atividade, tornou-se um importante instrumento de referência para que estes trabalhos sejam realizados de forma segura, priorizando a segurança e a vida dos trabalhadores. A criação de um instrumento para auxiliar as funções compreendidas no trabalho em altura não significa contemplar todas as situações existentes na realidade fática. No mundo do trabalho existem realidades complexas e dinâmicas e um manual regulamentador para

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O cinto de segurança como proteção contra queda em altura nas obras

de estruturas metálicas

MAICHEL TONIASSO, Universidade de Passo Fundo, [email protected]

ADALBERTO PANDOLFO, Universidade de Passo Fundo, [email protected]

ALINE PIMENTEL GOMES, Universidade de Passo Fundo, [email protected]

MARCELE S. MARTINS, IMED - Complexo Ensino Superior Meridional, [email protected]

PATRÍCIA DAL MORO, Universidade de Passo Fundo, [email protected]

Resumo: A NR 35 veio regular o trabalho em altura que envolve grande risco de quedas e,

consequentemente, é causa de muitos acidentes, na maioria fatais. Este estudo tem como

objetivo avaliar o nível de comprometimento das empresas e estabelecer modelos para o

cumprimento da NR 35, apontando o equipamento de proteção individual cinto de segurança

tipo paraquedista para os processos de montagem de estruturas metálicas, visando a

segurança e a integridade dos colaboradores e das empresas. O trabalho foi realizado com

todas as empresas metalúrgicas que executam obras de pavilhões e galpões em estruturas

metálicas no município de Sananduva, RS, num total de quatro empresas. A coleta de dados

foi desenvolvida com a aplicação de um check list aos proprietários, elaborado a partir dos

preceitos da NR 35. Concluiu-se que as empresas pesquisadas seguem em parte as normas de

segurança e necessitam rever aspectos como: treinamento de funcionários admitidos para

uso dos equipamentos de segurança; uso de equipamentos de proteção obrigatória como rede

de proteção; utilização correta do cinto de segurança tipo paraquedista, do talabarte e

absorvedor de energia, realização de análise de risco e permissão de trabalho.

Palavras-chave: Trabalho em altura; NR 35; Cinto paraquedista.

1. Introdução

Apesar do Brasil ser um país avançado em termos de legislação a respeito da

prevenção e combate aos acidentes de trabalho na indústria da construção, verifica-se um alto

índice de acidentes de trabalho.

Esta contradição pode estar associada ao fato de que as ações preventivas não são de

fato realizadas por empresas e trabalhadores, colocando em risco sua segurança, saúde e a

própria vida.

Uma das principais causas de acidentes de trabalho graves e fatais se deve a eventos

envolvendo quedas de trabalhadores de diferentes níveis. Os riscos de queda em altura

existem em vários ramos de atividades e em diversos tipos de tarefas. A criação de uma

Norma Regulamentadora como a NR 35, que atenda a todos os ramos de atividade, tornou-se

um importante instrumento de referência para que estes trabalhos sejam realizados de forma

segura, priorizando a segurança e a vida dos trabalhadores.

A criação de um instrumento para auxiliar as funções compreendidas no trabalho em

altura não significa contemplar todas as situações existentes na realidade fática. No mundo do

trabalho existem realidades complexas e dinâmicas e um manual regulamentador para

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trabalhos em altura não seria aplicável e precisaria contemplar a mais variada gama de

atividades.

Como citado na norma Regulamentadora NR 35, pode-se afirmar que o gerenciamento

como uma forma de prevenção de acidentes com quedas é um fator muito importante, pois

envolve o bem-estar do trabalhador e, consequentemente, sua vida. Porém, este trabalho é

frequentemente negligenciado nos ambientes produtivos da construção civil e indevidamente

citado como uma forma de obstáculo para a agilidade do trabalhador que está nas alturas.

Cabe ressaltar, então, a necessidade da conscientização de sua real importância por

parte dos responsáveis pela segurança dos funcionários nas organizações pertencentes à

construção civil. O grande problema é que muitas empresas ainda não perceberam que se a

importância dada ao capital humano não vier antes do capital financeiro, os prejuízos poderão

ir além do calculado, pois dinheiro perde-se e ganha, mas a vida não.

Este trabalho tem como objetivo avaliar o nível de comprometimento das empresas e

estabelecer modelos para o cumprimento da NR 35 - Trabalho em Altura – apontando o

equipamento de proteção individual cinto de segurança tipo paraquedista para os processos de

montagem de estruturas metálicas, visando a segurança e a integridade dos colaboradores e

das empresas do município de Sananduva.

2. Segurança do trabalho na construção civil: o trabalho em alturas

Na construção civil, a segurança dos trabalhadores é um elemento fundamental tendo

em vista os diversos fatores de risco à saúde e à própria vida, existentes no exercício

profissional.

As normas e regulamentos estabelecidos pelos órgãos competentes, e aplicados pela

empresa, visam proteger o trabalhador dos possíveis riscos aos quais ele possa estar exposto.

Conforme a complexidade e riscos inerentes ao trabalho são adotadas as medidas necessárias

para eliminação e minimização dos fatores de riscos presentes no local e condições do

trabalho (SILVA, 2013).

Toda a preocupação da legislação brasileira com relação à segurança do trabalhador da

construção civil está relacionada ao fato de que neste segmento muitos são os agentes de risco

decorrentes das situações adversas nos ambientes e nos processos de trabalho que envolvem o

arranjo físico, o uso de máquinas, equipamentos e ferramentas, condições das vias de

circulação, organização dos ambientes, métodos e práticas de trabalho, entre outros (SESI,

2008).

Neste trabalho destaca-se especial atenção à segurança do trabalhador da construção

civil que exerce suas atividades em alturas, tendo em vista que esse tipo de atividade é muito

perigosa e concorre como uma das principais causas de acidentes fatais no trabalho. “As

quedas são as causas mais frequentes de fatalidades em locais de construção civil e

anualmente são responsáveis por uma de cada três mortes relacionadas à construção civil”

(BICKREST, 2013, p. 1).

Desse modo, um dos pilares da prevenção de acidentes de trabalhos em alturas é o uso

de equipamentos de proteção individual (EPI’s), conforme destaca-se a seguir.

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2.1 Equipamento de proteção individual (EPI): o cinto de segurança tipo paraquedista

O EPI é todo dispositivo ou produto, de uso individual utilizado pelo trabalhador,

destinado à sua proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde no trabalho,

como por exemplo, cinturão de segurança, talabarte de segurança, óculos, luvas, protetores

auditivos, botina, etc. (SESI, 2008).

Cabe ao empregador fornecer, gratuitamente, aos empregados o EPI adequado ao

risco, sempre que as medidas de proteção coletivas necessárias forem tecnicamente inviáveis

ou enquanto estas estiverem sendo implantadas e para atender as situações de emergência;

adquirir o EPI adequado à atividade do trabalhador, com Certificado de Aprovação (CA),

além de orientar e treinar sobre seu uso, guarda e conservação. Já ao empregado cabe usar o

EPI, responsabilizando-se por sua guarda e conservação; usá-lo apenas para a finalidade a que

se destina; e cumprir as determinações do empregador sobre seu uso adequado (SESI, 2008).

O cinto de segurança tipo paraquedista é um tipo de EPI que tem a finalidade de

proteção contra quedas ao solo ou a outro nível inferior; confeccionado em material de nylon,

com grande resistência mecânica, dispositivos para fixação do talabarte e acessórios

necessários.

Junto com o cinto de segurança tipo paraquedista, o talabarte é um equipamento

fundamental, utilizado para proteção contra risco de queda no posicionamento e

movimentação nos trabalhos em altura. Já o trava-quedas é um dispositivo de segurança

utilizado para proteção do empregado contra quedas em operações com movimentação

vertical ou horizontal, quando utilizado com cinturão de segurança tipo paraquedista (SILVA,

2013).

2.2 Norma Regulamentadora NR 35

A NR 35 foi criada pelo Ministério do Trabalho e Emprego em 27 de setembro de

2012, tendo sido elaborada para proteger os trabalhadores dos riscos dos trabalhos realizados

em altura nos aspectos da prevenção dos riscos de quedas, estabelecendo os requisitos

mínimos e as medidas de proteção pra o trabalho em altura, envolvendo o planejamento, a

organização e a execução, de forma a garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores

envolvidos direta ou indiretamente com esta atividade (BRASIL, 2012).

Com relação às responsabilidades de empregadores e empregados que exercem

atividades em altura, a NR 35 estabelece:

Cabe ao empregador:

a) garantir a implementação das medidas de proteção estabelecidas nesta Norma;

b) assegurar a realização da Análise de Risco - AR e, quando aplicável, a emissão da

Permissão de Trabalho - PT;

c) desenvolver procedimento operacional para as atividades rotineiras de trabalho

em altura;

d) assegurar a realização de avaliação prévia das condições no local do trabalho em

altura, pelo estudo, planejamento e implementação das ações e das medidas

complementares de segurança aplicáveis;

e) adotar as providências necessárias para acompanhar o cumprimento das medidas

de proteção estabelecidas nesta Norma pelas empresas contratadas;

f) garantir aos trabalhadores informações atualizadas sobre os riscos e as medidas de

controle;

g) garantir que qualquer trabalho em altura só se inicie depois de adotadas as

medidas de proteção definidas nesta Norma;

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4

h) assegurar a suspensão dos trabalhos em altura quando verificar situação ou

condição de risco não prevista, cuja eliminação ou neutralização imediata não seja

possível;

i) estabelecer uma sistemática de autorização dos trabalhadores para trabalho em

altura;

j) assegurar que todo trabalho em altura seja realizado sob supervisão, cuja forma

será definida pela análise de riscos de acordo com as peculiaridades da atividade;

k) assegurar a organização e o arquivamento da documentação prevista nesta

Norma.

Cabe aos trabalhadores:

a) cumprir as disposições legais e regulamentares sobre trabalho em altura, inclusive

os procedimentos expedidos pelo empregador;

b) colaborar com o empregador na implementação das disposições contidas nesta

Norma;

c) interromper suas atividades exercendo o direito de recusa, sempre que

constatarem evidências de riscos graves e iminentes para sua segurança e saúde ou a

de outras pessoas, comunicando imediatamente o fato a seu superior hierárquico,

que diligenciará as medidas cabíveis;

d) zelar pela sua segurança e saúde e a de outras pessoas que possam ser afetadas

por suas ações ou omissões no trabalho (BRASIL, 2012).

Com relação à capacidade e ao treinamento, a NR 35 destaca a necessidade do

empregador promover programas de capacitação dos trabalhadores à realização de trabalho

em altura. Também é necessária a realização da análise de riscos e condições impeditivas.

Importante considerar que a adoção de medidas de controle deve ser precedida da

aplicação de técnicas de análise de risco. Análise de risco é um método sistemático de exame

e avaliação de todas as etapas e elementos de um determinado trabalho para desenvolver e

racionalizar toda a sequência de operações que o trabalhador executa; identificar os riscos

potenciais de acidentes físicos e materiais; identificar e corrigir problemas operacionais e

implementar a maneira correta para execução de cada etapa do trabalho com segurança. É,

portanto, uma ferramenta de exame crítico da atividade ou situação, com grande utilidade para

a identificação e antecipação dos eventos indesejáveis e acidentes possíveis de ocorrência,

possibilitando a adoção de medidas preventivas de segurança e de saúde do trabalhador, do

usuário e de terceiros, do meio ambiente e até mesmo evitar danos aos equipamentos e

interrupção dos processos produtivos. A análise de risco não pode prescindir de metodologia

científica de avaliação e procedimentos conhecidos, divulgados e praticados na organização e,

principalmente, aceitos pelo poder público, órgãos e entidades técnicas. As principais

metodologias e técnicas utilizadas no desenvolvimento de análise de risco são: Análise

Preliminar de Risco – APR; análise de modos de falha e efeitos – FMEA (AMFE); Hazard

and Operability Studies – HAZOP; Análise Risco de Tarefa – ART, Análise Preliminar de

Perigo – APP, dentre outras (BRASIL, 2012).

De acordo com a NR 35, os EPI’s, acessórios e sistemas de ancoragem devem ser

especificados e selecionados considerando-se a sua eficiência, o conforto, a carga aplicada aos

mesmos e o respectivo fator de segurança, em caso de eventual queda. Na seleção dos EPI’s

devem ser considerados, além dos riscos a que o trabalhador está exposto, os riscos

adicionais, sendo que o cinto de segurança do tipo paraquedista deve ser o dotado, contando

com dispositivo para conexão em sistema de ancoragem. Por sua vez, o sistema de ancoragem

deve ser estabelecido pela análise de risco, já o talabarte e o dispositivo trava quedas devem

estar fixados acima do nível da cintura do trabalhador, ajustados de modo a restringir a altura

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de queda e assegurar que, em caso de ocorrência, minimize as chances do trabalhador colidir

com estrutura inferior (BRASIL, 2012).

Para a implantação da NR 35 pelas empresas, Campos (2013, p. 30) evidencia um

passo a passo que pode servir de sugestão:

1) Verificar os documentos do PCMAT (memorial, projeto de execução com as

etapas da obra, especificação técnica (proteções coletivas e individuais);

2) Listar todas as atividades em altura;

3) Avaliar o risco de cada atividade, fazendo o tratamento dos que não são aceitáveis

(tratar o risco: EPC, EPI, ...);

4) Realizar exames médicos e avaliar riscos psicossociais nos trabalhadores que irão

atuar em altura;

5) Especificar, comprar e montar EPC e EPI;

6) Separar as atividades rotineiras das não rotineiras;

7) Elaborar procedimento de trabalho para as atividades rotineiras, incluir

emergência;

8) Elaborar a Permissão de Trabalho para as atividades não rotineiras, incluir

emergência;

9) Capacitação dos trabalhadores (teórica e prática).

3. Procedimento Metodológico

Este estudo foi realizado nas quatro empresas metalúrgicas que realizam obras de

construção de pavilhões e galpões com estruturas metálicas no município de Sananduva.

Como procedimento metodológico optou-se pela aplicação de um check list aos

proprietários das empresas que compõem a amostra. Tomou-se por base o check list

preconizado pelo Programa de Avaliação das Condições de Trabalho da Indústria da

Construção Civil, criado pela Comissão Interinstitucional de Prevenção aos Acidentes de

Trabalho e Doenças Ocupacionais do Ministério do Trabalho (BRASIL, 2003). O

questionário foi adaptado com perguntas de acordo com as regras impostas pela NR 35

voltadas para o cinto de segurança tipo paraquedista solicitado pela norma para trabalhos em

altura (Apêndice A).

Conforme Beuren (2006, p. 133), apesar de não ser muito contemplado nas

bibliografias, o check list se enquadra como um instrumento de pesquisa utilizável na coleta

de dados, e complementa conceituando “entende-se por check list a técnica de verificar se a

população pesquisada dispõe de elementos necessários para aplicação de uma determinada

proposta teórica”.

Ressalta-se que na área de saúde e segurança, o check list vem se destacando e sendo

aceito pelo fato de ser uma ferramenta de fácil aplicação para quantificar e qualificar o local e

as condições de trabalho, além de servir como parâmetro comparativo para as melhorias e

avaliações futuras. Dessa forma, nesse trabalho foi usado o método de avaliação pelo

questionamento de SIM e NÃO, e pontuação pelas marcações afirmativas como índice de

qualidade na pesquisa, ou seja, quanto maior a pontuação de respostas SIM, melhores as

condições do trabalho da empresa avaliada. Quando um item não for aplicável, não contará

para a pontuação, sendo o resultado adaptado ao número de questões aplicáveis na forma de

percentual (BRASIL, 2003).

Os resultados tiveram 5 classificações: péssimo, ruim, regular, bom e ótimo; sendo o

percentual de cada um como segue:

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Péssimo - 0 a 20%

Ruim - 20,1 a 40%

Regular - 40,1 a 60%

Bom - 60,1 a 80%

Ótimo - 80,1 a 100%

As empresas onde foram aplicados os check list possuem as mesmas características de

atuação, uma vez que todas atuam no setor de fabricação e montagem de estruturas metálicas

do município. O questionário foi aplicado ao responsável pela empresa e seus proprietários,

pois nelas não existem profissionais designados apenas para a área de segurança do trabalho.

Após aplicação do questionário, os resultados obtidos foram para análise estatística

possibilitando caracterizar, segundo a Norma Regulamentadora, verificando se estas empresas

atendem às solicitações de segurança do trabalho junto ao atual mercado.

Adotou-se o método apresentado pela Comissão Interinstitucional de Prevenção de

Acidentes de Trabalho e Doenças Ocupacionais em seu Programa de Avaliação das

Condições de Trabalho da Indústria da Construção Civil (BRASIL, 2003), estabelecendo os

Coeficientes de Engenharia e Segurança.

Coeficiente de condições de Engenharia e Segurança = Nº de SIM encontrados x 100

Nº de quesitos aplicáveis

Com embasamento nestes resultados, foram elaborados indicadores gráficos que

permitem parâmetros comparativos para análise do nível de comprometimento das empresas

pesquisadas no município de Sananduva, com a norma regulamentadora NR 35.

4. Resultados

As empresas do ramo metal mecânico denominadas neste trabalho de empresas “A”,

“B”, “C” e “D”, foram avaliadas de acordo com o número de funcionários para poder

mensurar a capacidade econômica de aplicação dos requisitos de segurança avaliado, mesmo

sabendo-se que, independente das condições econômicas, todas devem cumprir as normas

regulamentadoras e outras leis exigidas pelo Ministério do Trabalho e Emprego.

Todas as empresas pesquisadas são de pequeno porte e estão organizadas em dois

departamentos básicos - administrativo e indústria. Na Tabela 1 pode-se visualizar o número

de funcionários em cada empresa.

TABELA 1 – Número de funcionários das empresas pesquisadas

Empresa Nº de funcionários no

setor administrativo

Nº de funcionários no

setor da indústria

Nº total de

funcionários

A 2 7 9

B 1 6 7

C 3 19 22

D 2 6 8

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Com base na aplicação do check list e considerando o método de avaliação pelo

questionamento de SIM e NÃO e a escala classificatória, pode-se observar na Tabela 2 os

resultados das avaliações de cada empresa, sendo que a empresa A e a empresa D aparecem

na classificação “regular” e as empresas B e C na classificação “bom”.

TABELA 2 – Classificação das avaliações das empresas pelo check list

Empresas Resultados das avaliações N° de Funcionários Classificação

1 A 41,67 % 9 Regular

2 B 75,00 % 7 Bom

3 C 66,67 % 22 Bom

4 D 41,67 % 8 Regular

A partir dos dados da Tabela 2, na Figura 1, é possível visualizar os resultados das

empresas pesquisadas, sendo que obtiveram um resultado entre REGULAR e BOM, sob a

ótica dos índices de segurança abordados no questionário que foi aplicado. Esses resultados

apontam para a necessidade de melhorias nas empresas, uma vez que o trabalho em altura

precisa ser gerenciado de forma correta, pois os acidentes com queda são, em sua grande

maioria, fatais aos trabalhadores.

FIGURA 1 – Classificação do índice de segurança x número de funcionários das empresas pesquisadas

Com base nos dados da Figura 1, obtida a partir da aplicação das equações

matemáticas propostas no Programa de Avaliação das Condições de Trabalho da Indústria da

Construção (BRASIL, 2003), verifica-se que não é a capacidade econômica de cada empresa,

de acordo com o número de funcionários, que determina o comprometimento com a

segurança no ambiente de trabalho e com a vida e saúde de seus trabalhadores.

Para melhor compreender os dados do trabalho, evidencia-se na Tabela 3 os resultados

de cada empresa com relação às doze questões apresentadas no check list.

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TABELA 3 – Respostas do check list

Empresas Questões

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

A Sim Sim Não Não Sim Sim Sim Não Não Não Não Não

B Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Não Sim Sim Não Não

C Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Não Sim Não Não Não

D Sim Sim Não Não Sim Sim Sim Não Não Não Não Não

Observando-se a Tabela 3, pode-se localizar os principais pontos onde as empresas

estão falhando no gerenciamento de risco de acordo com a NR 35. Observa-se que as falhas

são relativas às questões de 3, 8, 9, 10, 11 e 12.

A questão 3 refere-se ao treinamento para trabalho em altura do funcionário admitido

pela empresa, verificou-se que duas realizam o treinamento e outras duas não realizam.

Conforme a questão 8, todas as empresas pesquisadas não realizam a instalação de

algum tipo de proteção obrigatória, como por exemplo rede de proteção, quando há risco de

queda.

Já com relação à questão 9, duas empresa utilizam e duas não utilizam o talabarte do

tipo Y e, três empresas não utilizam o absorvedor de energia (ABS), conforme a questão 10.

A partir da pesquisa verifica-se que nenhuma das empresas realiza a análise de risco

(AR) (Questão 11) e não fazem a Permissão de Trabalho quando necessário (Questão 12).

Tendo em vista aos resultados obtidos, pode-se destacar as seguintes sugestões e

recomendações:

O empregador deve promover a capacitação dos trabalhadores para a realização do

trabalho em altura sempre que necessário conforme itens 3.3 e 3.3.1 da NR 35.

Utilizar sistemas de proteção coletiva.

Utilizar talabarte tipo y conforme citado na NR 35.

Utilizar absorvedor de energia quando necessário.

Realizar a análise de risco (Apêndice B).

Sempre que necessário emitir permissão de trabalho (Apêndice C).

Realizar as inspeções e conservação dos EPI’s utilizados – cintos, talabarte, etc.

5. Considerações Finais

Com a elaboração deste trabalho foi possível investigar os procedimentos de utilização

do cinto de segurança tipo paraquedista e fazer um levantamento e avaliação das empresas do

setor metalúrgico que realizam obras de pavilhões e galpões de estruturas metálicas no

município de Sananduva.

Segundo dados obtidos através do check list e de acordo com a NR 35, foram obtidos

resultados regulares e bons entre as empresas, o que sugere uma prática irresponsável por

parte das mesmas, uma vez que não se pode esperar que acidentes ocorram, pois em muitos

casos eles são fatais.

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9

Assim, acredita-se que após tomadas as providências necessárias ao ambiente de

trabalho imposto pelos empregadores do setor metalúrgico da cidade de Sananduva, com base

nas sugestões e recomendações deste estudo, pode-se chegar a melhores resultados em relação

aos quesitos abordados no questionário.

Conclui-se que a conscientização sobre a segurança do trabalho e o trabalho em altura

é de suma importância, buscando com isso tomar todas as medidas preventivas para preservar

a saúde e a vida de trabalhadores. Os dados coletados mostram a necessidade de um maior

comprometimento por parte das empresas, incluindo a aquisição e o treinamento para o uso

correto dos equipamentos de proteção individual, além da adequação integral à NR 35.

Referências

BEUREN, Ilse Maria. Como elaborar trabalhos monográficos em contabilidade. São Paulo: Atlas, 2003.

BICKREST, Ed. Proteção contra queda: falha não é uma opção. Honeywell: produtos de segurança/EPI.

Disponível em: http://www.honeywellsafety.com/BR/Home.aspx ?LangType=1046. Acesso em: 03 mar. 2013.

BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Comissão Interinstitucional de Prevenção aos Acidentes de

Trabalho e Doenças Ocupacionais. Programa de Avaliação das Condições de Trabalho da Indústria da

Construção Civil. Metodologia Aplicada: check list. 2003.

BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. NR 35 – Trabalho em Altura. Disponível: http://www.mtb.gov.br

/Temas/SegSau/Legislacao/Normas/Download/NR35.zip. Acesso em: 27 out. 2012.

CAMPOS, Armando Augusto Martins. Implementação da NR 35 nos canteiros de obra. Disponível em:

http://www.sicepot-mg.com.br/imagensDin/arquivos/4960.pdf. Acesso em: 04 mar. 2013.

SESI. Divisão de Saúde e Segurança no Trabalho – DSST. Gerência de Segurança e Saúde no Trabalho – GSST.

Manual de segurança e saúde no trabalho: indústria da construção civil – edificações. São Paulo: SESI, 2008.

SILVA, Sérgio Roberto. Curso de Trabalho em Altura: NR 35. Disponível em:

http://profsergiorobertosilva.blogspot.com.br/2012/09/curso-de-trabalho-em-altura-nr35-ppt.html. Acesso em: 03

mar. 2013.

APÊNDICE A – Check List Empresa: X

N° Funcionários: XX

Questionário adaptado na forma de um check list

Pergunta Sim Não N/A

1 A empresa possui PPRA, PCMAT, PCMSO?

2 Na admissão dos funcionários são realizados exames médicos?

3 Quando da admissão do funcionário existe treinamento de trabalho em altura?

4 Existe cabo de segurança para ser instalado como travamento do cinto? (vinha de vida)

5 A empresa fornece EPI´s a todos os funcionários?

6 Em trabalho acima de 2,00m de altura é utilizado cinto de segurança?

7 O cinto de segurança é do tipo paraquedista?

8 Quando há risco de queda existe a instalação de algum tipo de proteção obrigatória? (rede de proteção, etc.)

9 O talabarte é do tipo Y?

10 Existe o absorvedor de energia (ABS)?

11 Realizam a análise de risco AR?

12 É feita a Permissão de trabalho quando necessário?

Avaliação das pontuações

12 100

Total X %

Fonte: Adaptado do Programa de Avaliação das Condições de Trabalho da Indústria da Construção Civil

(BRASIL, 2003).

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APÊNDICE B – Análise de Risco

ÁNALISE DE RISCO AR

CAMPO 1

A NOME DA EMPRESA:

B N° FUNCIONÉRIOS ENVOLVIDOS:

C SUPERVISOR ENVOLVIDO:

D OBRA/SERVIÇO:

E APROVADO POR:

F DATA:

CAMPO 2

LISTAR OS EQUIPAMENTOS E FERRAMENTAS NECESSÁRIOS PARA EXECUÇÃO DOS TRABALHOS.

ANDAIMES LIXADEIRAS OUTROS

CAMINHÃO MUCK MAÇARICO

ESCADAS MÁQUINAS DE SOLDA

ESTENCÃO ELETRICA PARAFUSADEIRA

FURADEIRAS ELÉTRICAS PLATAFORMAS ELEVATÓRIA

CAMPO 3

EPC/EPI/EQUIPAMENTOS/SISTEMAS. LISTAR TODOS OS EQUIPAMENTOS PARA A EXECUÇÃO DO TRABALHO

CINTO TIPO PARAQUEDISTA ÓCULOS DE SEGURANÇA OUTROS

TALABARTE MÁSCARA DE SOLDA

ABSORVEDOR DE ENERGIA MASCARA CONTRA GASES

TRAVA QUEDA LUVA DE RASPA

LINHA DE VIDA ISOLAMENTO E SINALIZAÇÃO

VARA TELESCÓPIA AVENTAL DE COURO

SISTEMA DE ANCORAGEM BOTINA BICO DE FERRO

PROTETOR FACIAL CAPACETE

PROTETOR ADITIVO REDE DE PROTEÇÃO

CAMPO 4

PERMISSÕES/AUTORIZAÇÕES/LIBERAÇÕES

LISTA DE AUTORIZAÇÕES ESPECÍFICAS NECESSÁRIAS PARA EXECUÇÃO DOS TRABALHOS TRABALHO EM ALTURA PERFURAÇÃO OUTROS

GUINDASTE MUCK, GRUAS ESCAVAÇÃO

ANDAIMES DEMOLIÇÃO

TRABALHO A QUENTE TRABALHO COM ELETRICIDADE

ESPAÇO CONFINADO

CAMPO 5

SISTEMA DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL E COLETIVA CONTRA QUEDAS

Análise e seleção, inspeção e forma de utilização e limitação de uso dos sistemas de proteção atendendo ás normas técnicas, o projeto do equipamento, as orientações do fabricante e os princípios da redução de impactos e do fator de queda.

CAMPO 6

CONDIÇÕES METERIOLÓGICAS

INTERUPÇÃO IMEDIATA DO TRABALHO EM ALTURA EM CASO DE ILUMINAÇÕA INSUFICIENTE OU CONDIÇÕES

METERIOLÓGICAS ADVERSAS, COMO CHUVA E VENTOS SUPERIORES A INTENSIDADE MÁXIMA PERMITIDA EM NORMA.

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11

CAMPO 7

SISTEMAS DE ANCORAGEM

ANÁLISE, PROJETO E CERTIFICAÇÃO DOS PONTOS DE ANCORAGEM DEFINITIVOS E ANÁLISE DAS ANCORAGENS TEMPORÁRIAS.

CAMPO 8

ANÁLISE PRELIMINAR DE RISCO

OS SEGUINTES ASPECTOS DEVEM SER ANALISADOS

RISCO DE QUEDAS DE OBJETOS

TRABALHOS SIMULTÂNEOS COM RISCOS ESPECÍFICOS

ATENDIMENTOS AOS REQUISITOS DE SAÚDE E SEGURANÇA

CONDIÇÕES IMPEDITIVAS

FORMA DE SUPERVISÃO

TAREFA A SER EXECUTADA PERIGO/RISCOS ENVOLVIDOS MEDIDA DE CONTROLE DE RISCO

CAMPO 9

EMERGÊNCIA E RESGATE

ANALISAR AS POSSÍVEIS SITUAÇÕES DE EMERGÊNCIA, ESPECIALMENTE AS ROTAS DE FUGA, MEIOS DE ABANDONO E

ESTABELECER UM PLANO DE AÇÃO

PARTICIPANTES DA AR

NOME: ASSINATURA:

APÊNDICE C – Permissão de Trabalho

PERMISSÃO DE TRABALHO PT

LOCAL:

INTERNO PLATAFORM ELEVATÓRIA

EXTERNO ESPAÇO CONFINADO

TELHADO TRABALHO A QUENTE

ESTRUTURA ESCAVAÇÃO

ANDAIME OUTROS (QUAL?)

ESCADA PORTÁTIL

DESCRIÇÃO DO TRABALHO:

TRABALHADORES AUTORIZADOS:

NOME: ASSINATURAS

EQUIPE DE RESGATE:

NOME: ASSINATURAS

NATUREZA DOS RISCOS

QUEDA DE NÍVEL CONDIÇÕES CLIMATICAS PISO ESCORREGADIO

CHOQUE ELÉTRICO VAPORES TRAFEGO DE VEICULOS

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ALTAS TEMPERATURAS PRODUTOS CORROSIVOS RADIAÇÃO

FUMOS METÁLICOS PRODUTOS OXIDANTES OUTROS (QUAL)

QUEDAS DE OBJETOS DESMORONAMENTO

EQUIPAMENTOS A UTILIZAR

SOLDAS ESMERILHADEIRAS REBITADORAS

LIXADEIRAS PARAFUSADORAS MARTELO

FURADEIRAS

CHECK LIST DE CONDIÇÕES DO TRABALHO

PREPARATIVOS S N NA

O PROFISSIONAL ESTÁ APTO PELO SERVIÇO MÉDICO

O TRABALHADOR É QUALIFICADO PARA REALIZAR O SERVIÇO

OS TRABALHADORES RELACIONADOS ESTÃO TREINADOS

A ÁREA ESTA ISOLADA E SINALIZADA

CONDIÇÕES CLIMÁTICAS SATISFATÓRIAS

EQUIPAMENTOS /FERRAMENTAS ADEQUADOS E INSPECIONADOS

CINTO PARAQUEDISTA DOTADO DE DISPOSITIVO ANTIQUEDA E CONECTADO A CABO DE SEGURANÇA

TRABALHO AFASTADO DE RESDES ELETRICAS

CABO LINHA DE VIDA INSTALADO

ESCADA DE ACESSO COM TRAVA QUEDAS

ESCADA PORTATIL INSPECIONADA E LIBERADA

ANDAIMES ESTA INSPECIONADO E LIBERADO

VENTILAÇÃO NO LOCAL

ILUMINAÇÃO NO LOCAL

ANCORAGEM CERTIFICADA, LIBERADA E PROJETADA POR PROFISSIONAL LEGALMENTE HABILITADO.

OUTROS

SE ALGUM CAMPO ESTIVER MARCADO COM A COLUNA “NÃO” O MESMO DEVE SER JUSTIFICADO E SEGUIDO DE RECOMENDAÇÕES.

EPC/EPI

CINTO DE SEGURANÇA ÓCULOS DE PROTEÇÃO

TALABARTE COM ABSORVEDOR DE ENERGIA LINHA DE VIDA

TALABARTE SEM ABSORVEDOR DE ENERGIA ANCORAGEM TEMPORÁRIA

TRAVAQUEDAS CAPACETE C/ JUGULAR

LUVAS BOTAS

MASCARAS DE SOLDA

PROCEDIMENTOS DE EMERGÊNCIA E RESGATE:

LIBERADO SIM ( ) NÃO ( )

INICIO: TÉRMINO:

REVALIDAÇÃO:

DATA E HORA:

RESPONSÁVEL PELA PERMISSÃO DE TRABALHO:

NOME:

DEPARTAMENTO:

ASSINATURA:

Este documento deve ser preenchido em duas vias e assinados pelos trabalhadores envolvidos e responsável pela segurança do trabalho.