utilizaÇÃo de trabalho em condiÇÕes anÁlogas À …
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE NUTRIÇÃO
UTILIZAÇÃO DE TRABALHO EM CONDIÇÕES
ANÁLOGAS À ESCRAVIDÃO ASSOCIADA COM A
PRODUÇÃO E PROCESSAMENTO DE ALIMENTOS
NO BRASIL E NO ESTADO DO RIO GRANDE DO
NORTE
ÁLIER ADLAR AQUINO DE OLIVEIRA
NATAL/RN
2018
ÁLIER ADLAR AQUINO DE OLIVEIRA
UTILIZAÇÃO DE TRABALHO EM CONDIÇÕES
ANÁLOGAS À ESCRAVIDÃO NA PRODUÇÃO E
PROCESSAMENTO DE ALIMENTOS NO BRASIL E
NO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE
Trabalho de Conclusão de Curso II apresentado ao Curso de Graduação em Nutrição da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito final para obtenção do grau de Nutricionista.
Orientadora: Prof.ª Drª Michelle Cristine Medeiros Jacob
NATAL-RN
2018
ÁLIER ADLAR AQUINO DE OLIVEIRA
UTILIZAÇÃO DE TRABALHO EM CONDIÇÕES
ANÁLOGAS À ESCRAVIDÃO NA PRODUÇÃO E
PROCESSAMENTO DE ALIMENTOS NO BRASIL E
NO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE
Trabalho de Conclusão de Curso II apresentado ao Curso de Graduação em Nutrição da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito final para obtenção do grau de
Nutricionista.
BANCA EXAMINADORA
Profa. Dra. Michelle Cristine Medeiros Jacob
Orientadora
Dr. Elias Jacob de Menezes Neto
2º membro
Me. Viviany Moura Chaves
3º membro
Natal, 11 de junho de 2018.
RESUMO
Um sistema alimentar sustentável é aquele que fornece segurança alimentar e nutricional
para todos seus atores. A que condições de trabalho estão submetidos aqueles que
produzem e processam os alimentos que consumimos? O objetivo deste estudo foi
analisar o trabalho em condições análogas à escravidão na produção e processamento de
alimentos entre 2014 e 2016 no Brasil e no estado do Rio Grande do Norte. É um estudo
descritivo quantitativo que buscou observar a frequência de eventos relacionados às
condições análogas à escravidão no Brasil, com base na Lista Suja, fruto de auditorias do
Ministério do Trabalho e Emprego, e no Rio Grande do Norte, a partir do relatório das
denúncias apuradas pela Procuradoria Regional do Trabalho da 21ª região. No Brasil, das
250 autuações, 124 (49,6%) eram relacionadas a produção de alimentos, sendo a região
mais afetada a região Norte e o alimento alvo a carne bovina. Das 32 denúncias no Rio
Grande do Norte, 8 (25,0%) eram relacionadas a alimentos, sobretudo de origem animal.
Sugere-se que, além de maior aplicação de recursos governamentais para fiscalização,
haja divulgação nos meios acadêmicos e em ações de Educação Alimentar e Nutricional
sobre o tema, com o fim de gerar análises que apoiem ações públicas visando a construção
de sistemas alimentares de base sustentável e saudável para todos.
Palavras-chave: Escravidão; Produção de alimentos; Segurança Alimentar e Nutricional.
ABSTRACT
A sustainable food system is one that provides food and nutritional security for all its agents.
What are the working conditions of those who produce and process the foods that we consume?
The objective of this study was to analyze and work in conditions analogous to food production
and processing between 2014 and 2016 in Brazil and the state of Rio Grande do Norte. This is
a quantitative descriptive study that observed the frequency of these activities in the country
from the “Lista Suja”, Ministry of Labor, and in Rio Grande do Norte from a report by Regional
Labor Prosecutor's Office of the 21st Region. In Brazil, of the 250 assessments, 124 (49.6%)
were related to food production, being North the region more affected and the beef the target
food. Of the 32 complaints in Rio Grande do Norte, 8 (25.0%) were related to food, mainly of
animal origin. It is suggested, in addition to greater application of resources for inspection, the
dissemination in the academic circles and in actions of Food and Nutrition Education on the
subject, in order to generate results that support the public actions towards a structure of
sustainable food systems and healthy for all.
Keywords: slavery; food production; food and nutrition security
SUMÁRIO
Apresentação .............................................................................................................. 7 Introdução .................................................................................................................. 8 Métodos ......................................................................................................................10
Tipo da pesquisa ......................................................................................................10 Seleção do corpus da pesquisa .................................................................................10 Análise de dados ......................................................................................................11
Considerações finais ..................................................................................................25 Referências .................................................................................................................26 Anexos ........................................................................................................................32
7
Apresentação
Este trabalho de conclusão de curso é resultado de uma pesquisa com fins
acadêmicos no âmbito da Nutrição e da Saúde Coletiva. A reflexão a respeito das
condições de trabalho associadas à produção e processamento de alimentos, é condição
para promoção de sistemas alimentares saudáveis e sustentáveis para todos, os que
produzem e consomem alimentos.
No Brasil, alguns autores apontam que esse setor conta com um
envolvimento direto com condições análogas à escravidão. Além de ferirem o princípio
da dignidade da pessoa humana, tais condições de trabalho, constituem-se também em
uma questão de Saúde Pública, pois despertam riscos ocupacionais de ordens psíquicas e
físicas nos trabalhadores ligados ao setor de produção e processamento de alimentos.
O presente estudo ainda expõe questões históricas e culturais que
circundam a problemática. Além disso, aponta quais alimentos estão relacionados com
denúncias dessa natureza, alertando sobre a necessidade de maior aplicação de recursos
governamentais para fiscalização, e da Nutrição, em promover ações de Educação
Alimentar e Nutricional que possam alertar os diversos atores do sistema alimentar sobre
esses fatos.
Este trabalho de conclusão de curso, defendido na forma de artigo, será
submetido após as considerações da banca ao periódico Ciência & Saúde Coletiva. Por
isso, encontra-se formatado já nas normas desta revista, que podem ser visualizadas no
anexo deste texto (Anexo 1).
8
Introdução
A produção de alimentos no mundo enfrenta um momento crítico. O
aumento populacional e a crescente exploração de recursos naturais trazem e continuarão
trazendo desafios para a Segurança Alimentar e Nutricional (SAN) nas próximas
décadas.(1) A agropecuária, por exemplo, imprime grande peso sobre os recursos naturais
e seus efeitos incluem mudanças climáticas, perda de biodiversidade e degradação de
terras e águas. Produzir alimentos, portanto, traz grandes custos ao meio ambiente. Sobre
este tópico há acordos e uma série de esforços sendo feitos no sentido de pensar
tecnologias de produção que sejam mais sustentáveis. (2)
Um sistema alimentar sustentável é aquele que fornece SAN, ou seja,
permite a todos o acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade
suficiente, sem comprometer outras necessidades essenciais, com base na promoção da
saúde, respeitando a diversidade cultural e sendo ambiental, cultural, econômico e
socialmente sustentável ao longo de gerações. (3)
Um sistema alimentar seguro e socialmente sustentável, por exemplo, deve
respeitar, proteger, promover e prover o direito à qualidade de vida, justo acesso à terra e
meios de produção, equidade, direitos trabalhistas, segurança, saúde humana e
desenvolvimento cultural não apenas daqueles que consomem alimentos, mas também
daqueles que o produzem. A ausência de qualquer tipo de relações de trabalho ilegais,
tais como aquelas análogas à escravidão deve ser característica de sistemas alimentares
dessa natureza.(4)
O Artigo 149 do Código Penal Brasileiro define cinco os elementos que
configuram a condição análoga a de escravo no trabalho: trabalho forçado ou jornada
exaustiva, condições degradantes, restrição da liberdade por dívida contraída, cerceio do
9
uso de meios de transporte e, ainda, vigilância ostensiva no local de trabalho ou posse de
documentos ou objetos pessoais do trabalhador. A Organização Internacional do Trabalho
estimou em 2012 que 20,9 milhões de pessoas estavam submetidas a esse tipo de trabalho.
(5)
Este é um tema que merece ser mais problematizado no campo da Saúde
Pública, pois além de ferir o princípio da dignidade da pessoa humana, encontra-se
relacionado a riscos ocupacionais de ordens psíquicas e físicas nos trabalhadores ligados
ao setor de produção e processamento de alimentos, sendo esses um dos principais canais
pelos quais os sistemas alimentares impactam na saúde humana.(6) Há certa
invisibilidade dos problemas de saúde ocasionados nestes contextos, tais como:
sentimentos intensos de insegurança, transtornos mentais e comportamentais, estresse
pós-traumático, alto consumo de drogas, lesões físicas e traumatismos derivados de
acidentes.(7)
As condições sociais de trabalhadores que produzem alimentos, no âmbito
da discussão contemporânea sobre a produção de sistemas alimentares sustentáveis, ainda
é insipiente.(8) Impactos na saúde de trabalhadores envolvidos na produção de alimentos,
exposição a pesticidas, lesões na linha de produção, estresse, aliados à invisibilidade
desses sujeitos fazem com que esses problemas continuem os atingindo.(6)
Desta forma, o objetivo deste estudo foi analisar o trabalho em condições
análogas à escravidão na produção e processamento de alimentos entre 2014 e 2016 no
Brasil e no estado do Rio Grande do Norte (RN).
Com este fim, neste artigo serão apresentados os métodos traçados para
atingir este objetivo, bem como os resultados, estruturados para responder às seguintes
questões: Qual a frequência denúncias relacionadas especificamente à produção e
processamento de alimentos? Que região brasileira e tipo de alimento que se relacionam
10
com o maior número de eventos? Quais os procedimentos instaurados pela Procuradoria
Regional do Trabalho da 21ª região, no caso das denúncias do RN? Por fim, o trabalho
aponta alguns desdobramentos destes resultados para a área da Saúde Pública.
Métodos
Tipo da pesquisa
Trata-se de um estudo descritivo quantitativo. Estudos descritivos
objetivam descrever os fatos e fenômenos de uma realidade. São exemplos de pesquisas
descritivas: estudos de caso, análise documental, entre outras. A pesquisa quantitativa é
caracterizada pelo emprego da quantificação, tanto nas modalidades de coleta de
informações quanto no tratamento delas por meio de técnicas estatísticas.(9)
Seleção do corpus da pesquisa
Os materiais utilizados como corpus desta pesquisa foram: 1 - a Lista de
Transparência sobre Trabalho Escravo Contemporâneo no Brasil, fornecida pelo
Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), na qual constam os empregadores que foram
auditados e autuados entre dezembro de 2014 e dezembro de 2016 e 2- o Relatório de
trabalho escravo no RN, fornecido pela Procuradoria Regional do Trabalho da 21a
Região (PRT21) –, no mesmo período. O RN foi selecionado por critério de conveniência
dos pesquisadores. Em ambos os casos, os dados foram solicitados com base na Lei nº
12.527, de 18 de novembro de 2011 (Lei de Acesso à informação), que permite a qualquer
pessoa requerer e receber informações de toda a administração direta e indireta nas três
esferas de todos os Poderes da República (Executivo, Legislativo, Judiciário)
Na lista do MTE, há informações relativas a 250 empregadores onde foi
constatada a submissão de trabalhadores em condições análogas à escravidão (Anexo 2).
Constam, ainda, como informações: indicação do ano da ação fiscalizadora, UF, nome e
CPF/CNPJ dos autuados, estabelecimento fiscalizado, quantidade de trabalhadores
envolvidos, classificação nacional de atividades econômicas (CNAE) (quando
11
disponível), data de irrecorribilidade (trânsito em julgado administrativo) das decisões
finais dos autos de infração lavrados, cuja validade não tenha sido suspensa ou afastada
por decisão judicial.
No relatório da Procuradoria Regional do Trabalho da 21a Região há
informações de 27 processos de empregadores do RN a partir das 32 denúncias realizadas
(Anexo 3). Contam como informações no documento fornecido: o número do inquérito, o
denunciado, o denunciante e a acusação. Além disso, os 27 processos foram fornecidos
na íntegra no formato digital. Com fundamento Art. 7º, § 2º da Lei 12.527/11, foram
excluídos pela PRT21 os processos administrativos que tiveram sigilo decretado por
ordem da autoridade competente.
Análise de dados
Com fins de atingir o objetivo proposto neste trabalho, foram levantadas
informações sobre a Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE), versão
2.0, de todos os estabelecimentos auditados e denunciados, por meio da página eletrônica
do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE e, na sequência, foram
selecionados aqueles que desenvolviam atividade econômica relacionada à produção ou
processamento de alimentos, respectivamente dispostos nas seções A (Agricultura,
Pecuária, Produção Florestal, Pesca e Aquicultura), C (Indústrias de transformação) e I
(Alojamento e Alimentação) da classificação.
Na sequência, a partir da Lista do MTE os eventos relacionados com
alimentos foram organizados com bases em duas classificações: pelas regiões brasileiras
onde se localizam os estabelecimentos e pelo tipo de alimento, sejam eles de origem
animal, vegetal, mineral ou processados (tais como biscoitos e massas) e refeições
(lanches, almoço, dentre outros).
12
A situação do RN teve um enfoque de análise, tanto com base nos dados
da lista do MTE, como com base nos dados das denúncias apontadas no relatório
da PRT21, com a finalidade de destacar o papel do Ministério Público do Trabalho (MPT)
no combate ao problema do trabalho escravo, a partir dos desfechos de cada processo.
Resultados e discussão
A missão institucional do MTE o é promover o desenvolvimento da
cidadania nas relações de trabalho, executando ações de excelência mirando a justiça
social. É seu papel fiscalizar o cumprimento das normas de proteção ao trabalho. A Lista
Suja, parte do Sistema de Acompanhamento e Combate ao Trabalho Escravo, é uma das
medidas de fiscalização, combate e repressão ao trabalho análogo ao de escravo no país.
(10) Em uma síntese das autuações relacionadas à produção e processamento de alimentos
no Brasil entre 2014-2016 pelo MTE, dos 250 eventos, 124 (49,6%) tinham relação com
a produção de alimentos.
Destaca-se o fato de que das 21 seções do CNAE, 3 foram consideradas
por estarem relacionadas diretamente à produção e processamento de alimentos. O que
significa dizer que mesmo que essas seções correspondam a apenas 14,3% das atividades
econômicas classificadas, elas compreendem quase a metade dos eventos relacionados às
condições análogas à escravidão, ou seja, 49,6% das autuações.
Deve-se considerar que, segundo dados de maio de 2018 do Cadastro
Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), do MTE, os setores relacionados à
alimentação - agropecuário, de serviços de alimentos e de indústrias alimentícias - foram
responsáveis por 27% dos empregos formais do país.(11) Denotando que a leitura sobre
o alto percentual de denúncias desse setor deve ser feita em termos proporcionais, pois
ele também agrega um grande quantitativo de postos de trabalho.
13
Não só o Brasil, mas a maior parte da economia da América Latina é
fortemente ligada à produção e processamento de produtos agrícolas. (12) Cabe destacar,
todavia, que o aumento do número de empregos não tem relação direta e positiva com
bem-estar social. No contexto da economia do livre-mercado não há como garantir que
os lucros sejam gerados e distribuídos de maneira justa. O princípio econômico da
autorregulação e do progresso técnico não garantem que o sistema da economia de
mercado gere distribuição justa da renda e eficiência social.(13)
O setor agrícola, por exemplo, é um dos grandes responsáveis pelos
números relativos à escravidão moderna e tráfico de pessoas na América Latina
contemporânea e grande parte de seus lucros são relacionados com a agropecuária
escravagista. (12)
Tome-se como exemplo a indústria da cafeicultura. Nas folhas de
exportações do agronegócio brasileiro, o café, em 2014, representou 5,3% das receitas,
equivalentes a US$ 5,28 bilhões, fornecendo, o país, cerca de 35% de todo o café
consumido no mundo.(14) Santana (15), por outro lado, aponta as contradições que giram
em torno da produção da riqueza pela cafeicultura, que é sustentada na exploração dos
agricultores e precarização dos postos de trabalho. Em maio de 2018, por exemplo, o
MTE resgatou 60 homens em trabalho análogo ao escravo em lavouras de café no estado
do Espírito Santo.(16)
Com relação aos dados da pesquisa, a Tabela 1 sintetiza como as 124
autuações relacionadas a alimentos encontram-se distribuídas nas regiões brasileiras e
que tipo de alimentos são mais frequentes nesses eventos.
14
Tabela 1. Autuações relacionadas à produção e processamento de alimentos em condições
análogas à escravidão no Brasil entre 2014-2016
Regiões do Brasil
Tipo de alimento Norte Sudeste Nordeste Sul Centro-Oeste BRASIL
Animal 60 (89,6%) 13 (65,0%) 14 (77,8%) 2 (18,2%) 4 (50,0%) 93 (75,0%)
Vegetal 6 (9,0%) 4 (20,00%) 4 (22,2%) 9 (81,8%) 4 (50,0%) 27 (21,8%)
Mineral 0 1 (5,0%) 0 0 0 1 (0,8%)
Processados e refeições 1 (1,5%) 2 (10,0%) 0 0 0 3 (2,4%)
Total de alimentos 67 (54,0%) 20 (16,1%) 18 (14,5%) 11 (8,9%) 8 (6,5%) 124 (100,0%)
Fonte: dados da pesquisa
A região Norte do Brasil apresentou, com 67 eventos, o maior percentual
(54,0%) de autuações, seguida pela região Sudeste, com 20 (16,1%), Nordeste, com 18
(14,5%), Sul, com 11 (8,9%) e Centro-oeste com 8 (6,5%). Cabe ressaltar que nenhuma
das autuações da Lista Suja do MTE ocorreu no estado do RN.
Bochenek(17) ressalta que. além da massiva presença de latifúndios, o
incentivo fiscal, os créditos conferidos pelo governo, formas arcaicas de organização de
trabalho e a baixa fiscalização, conformam o cenário ideal para grandes empreendimentos
agropecuários com utilização de mão de obra forçada. A autora destaca o caso do estado
do Pará, “onde os trabalhadores, na maioria homens, são recrutados geralmente em
municípios pobres, muitas vezes do estado vizinho de Piauí, onde não há oferta de
trabalho, e estão ausentes o Estado e as instituições de proteção”. (p.37) Isolado pela
floresta e longe de sua comunidade os trabalhadores são submetidos a condições
degradantes de trabalho e a jornadas exaustivas em fazendas de café. Na Lista Suja, 26%
das 250 autuações foram relativas a este estado, um dos 27 das federações brasileiras.
15
Os alimentos de origem animal estão relacionados à maioria desses
eventos, sendo responsáveis por 75% das autuações no país. A carne bovina (criação de
gado reprodutor para corte) é o principal produto relacionado, 76,3% do total de produtos
de origem animal, seguida do leite e seus derivados.
Historicamente, as vantagens ambientais (clima, relevo) e econômicas
(subsídios fiscais, crédito) tornam essa região propícia ao negócio da pecuária.(18) Por
outro lado, os custos, sejam eles ambientais(19), - contaminação ambiental, emissão de
gases de efeito estufa, perda de biodiversidade relacionada ao desmatamento e mal uso
da água; econômicos(20) -concentração de terra, renda, poder e multiplicação de
desigualdades; e, sociais(21)(22)(23) -gêneses de doenças crônicas não transmissíveis
relacionadas ao consumo de carne, doenças relacionadas à exposição de agentes
patogénicos de origem animal - contaminação da água potável com nitratos, poluição
atmosférica, resistência antimicrobiana- maus-tratos aos animais- relacionados a essa
prática, quase sempre passam desapercebidos. Múltiplos aspectos da saúde humana são,
portanto, afetados pelos sistemas alimentares, os riscos ocupacionais daqueles que
produzem alimentos é um desses aspectos.(6)
Rocha(24) caracteriza tais condições como externalidades. Segundo a
autora externalidades são fatores relacionados com a insegurança alimentar e nutricional
dos sistemas alimentares contemporâneos, que geram um ônus social que é
desconsiderado no preço das mercadorias alimentares. Denotando a incapacidade de
mercados livres gerarem bens públicos de forma satisfatória e sustentável.
No Brasil, por exemplo, a criação de gado para corte, conta com emprego
de trabalho forçado, tráfico de pessoas e com a exploração de mão de obra infantil.(25)
Os trabalhadores, inclusive, dormem no mesmo curral que o gado. Silva (26), em estudo
16
sobre práticas contábeis do serviço de escravatura no Brasil colonial, aponta que escravos
eram classificados entre os bens pecuários das fazendas, na mesma lista em que
constavam o gado, burros e ovelhas.
Além das jornadas exaustivas, a situação degradante a qual estão expostos
esses trabalhadores produzem riscos de natureza física e psíquica. Sabe-se, por exemplo,
que agricultores e trabalhadores agrícolas que lidam com o gado enfrentam grandes riscos
de exposição a doenças zoonóticas e à propagação de bactérias resistentes a agentes
antimicrobianos.(6) Além disso, quando comparados com a população, eles têm 1,6 mais
chances de cometer suicídio.(27)
Essa situação é agravada pelas nefastas relações de poder que se constroem
no interior se sistemas alimentares. Se por um lado há uma baixa visibilidade das pessoas
mais afetadas por esses problemas, por outro, falhas na governança Estatal ampliam o
poder dos agentes hegemônicos do agronegócio por meio da aprovação de projetos e leis
que atendam aos seus interesses. Na legislatura 2015-2018 brasileira, por exemplo, a
bancada ruralista possui 222 parlamentares, sendo 201 deputados e 11 senadores,
correspondendo a 39% da câmara e a 13% do Senado. (28)
Relações dessa natureza entre o Estado e interesses privados têm
profundas marcas históricas no país em relação ao setor de alimentos. Nos séculos XIX e
XX, a construção de estradas de ferro, que facilitavam o deslocamento do grão para o
interior da região Sudeste, remonta mais uma vez a tradição da aplicação de recursos
públicos no desenvolvimento de uma atividade privada, que instituiu a burguesia do café.
(29,30) Em um desdobramento recente relativo a este tipo de relação, o MTE editou a
Portaria n. 1.129, de 13 de outubro de 2017,(31) que define trabalho análogo à escravidão.
A alteração considera crime quando houver somente a restrição da liberdade de
17
locomoção do trabalhador. Essa alteração enfraqueceu o combate ao trabalho escravo no
país, ao limitar a fiscalização do trabalho, resultando o aumento da vulnerabilidade de
uma parte da população já fragilizada.
Fatos como esse colaboram para que nos últimos 30 anos os sistemas
alimentares estejam protagonizando uma crise global ligada à concentração de poder e de
recompensa financeira ao grande capital em detrimento do bem-estar social das pessoas,
dentre elas, aquelas que cultivam e processam alimentos.(32) O Estado, neste cenário,
não desempenha mais um papel de regulador, um árbitro, em benefício dos equilíbrios
territoriais e sociais, entre os interesses do capital privado e dos bens públicos. Milton
Santos(33) caracterizou esse papel como de facilitador, devido à primazia do econômico
sobre o político, do instrumental sobre a finalidade e do dinheiro sobre o homem. O
resultado é a contração empresarial de poder em um dos setores vitais à manutenção da
vida humana, o de produção e processamento de alimentos.(34)
Em se tratando de produtos alimentícios de origem vegetal, há um escopo
cada vez mais amplo de evidências científicas que relacionam sistemas alimentares e
dietas baseadas em vegetais com melhores indicadores de saúde humana e ambiental.(35)
Nos dados desta pesquisa, a classificação dos produtos de origem vegetal, com 21,8% das
autuações, em comparação com os 75,0% dos produtos de origem animal.
Todavia, os produtos vegetais que representam commodities merecem
destaque pelo ônus social que potencialmente geram. O termo commodity é definido como
um tipo de planta, produto vegetal, de interesse comercial, tais como soja, cana-de-açúcar,
milho e café, geralmente produzidos para exportação.(36) O café representa 58,7% do
total dos produtos de origem vegetal mencionados nesta pesquisa, seguido da soja com
18
22,2% e do abacaxi com 11,1%. A erva-mate, na região Sul, e o cacau, no Norte, também
foram alvo de autuação.
A tônica da produção de alimentos no Brasil historicamente é marcada por
commodities que ditam o que, quando produzir e para quem. Os ciclos das monoculturas
de cana-de-açúcar, cacau, café, soja, demarcam pontos de intersecção históricos evidentes
entre commodity e relações de trabalho análogas à escravidão.(37) Além disso, a produção
de commodities direcionada para o mercado internacional têm reflexos significativos
sobre o estado de Insegurança Alimentar e Nutricional da população, tais como falhas no
acesso da população local a alimentos, crescimento paralelo do uso de agroquímicos e de
alimentos geneticamente modificados.(38–40)
O Matopiba, que compreende os estados do Maranhão, Piauí, Tocantins e
Bahia, 337 municípios e uma área de 73.173.485 hectares, é um dos cenários onde, os
dados desta pesquisa, apontam a produção de soja relacionada a condições análogas à
escravidão. Nos últimos anos, essa porção do território brasileiro, habitada sobretudo
pelos remanescentes de povos e comunidades tradicionais, vêm sendo palco de diversos
conflitos políticos devido ao processo de territorizalização do capital transnacional na
região, sobretudo para a produção de commodities como algodão, cana-de-açúcar, milho
e soja. Atualmente há 26 empresas transnacionais atuando diretamente na
estrangeirização da terra dessas Unidades Federativas.(41) A produção de grãos nesta
área representa quase 10% da produção brasileira. Várias situações de trabalho análogo
ao de escravo foram constatadas no Matopiba, que é, para alguns pesquisadores, como
um arquipélago de ilhas de prosperidade num mar de pobreza e miséria rural.(42) A
inexistência de práticas de controle das relações de trabalho e de consolidação ao acesso
19
de garantias sociais, tais como à terra, reforça a construção do cenário de injustiça social.
(43)
Ainda de acordo com a Tabela 1, um estabelecimento dos constantes na
Lista Suja dedicava-se ao processamento de sal (origem mineral). Poucos estudos
dedicam-se a documentar as condições de trabalho às quais estão submetidos
trabalhadores que trabalham com a mineração de sal. Alguns riscos ocupacionais
incluem: contato direto com pó de sal inalável, cristais de sal e salmoura concentrada,
causando corrosão na pele e descoloração da íris, estresse físico devido à jornada de
trabalho exaustiva, luz direta do sol e de brilho intenso devido à luz do sol refletida pelos
cristais de sal.(44) Além disso, a Organização Internacional do Trabalho alerta para o
trabalho infantil relacionado à mineração de sal em diversos países do mundo.(45)
Por fim, três denúncias estiveram relacionadas a produtos alimentícios
processados na forma de biscoitos, lanches e refeições. Uma das faces da escravidão
moderna relaciona-se fortemente com o processamento de alimentos, por exemplo, em
indústrias e, sobretudo, com emprego de mão de obra de imigrantes, devido ao frequente
estado de vulnerabilidade social em que vivem.(32) O setor de restauração também é
reconhecido pelas condições insalubres às quais seus trabalhadores frequentemente são
submetidos e pela violação de obrigações sociais.(46)
Com relação às denúncias no Estado do RN, o MPT registrou, entre os
anos de 2014 e 2016, 32 eventos, sendo 8 (25%) delas relacionadas à produção de
alimentos. Tendo em visto que os dados sobre o trabalho escravo são baseados em denúncias
e fiscalizações, os números possivelmente subestimam a incidência do crime.
O MPT, ou Procuradoria Regional do Trabalho, é o ramo do Ministério
Público da União (MPU) competente em fiscalizar o cumprimento das leis trabalhistas,
20
regularizando e mediando as relações entre empregados e empregadores. Além de
promover a ação civil pública no âmbito da Justiça do Trabalho para defesa de interesses
coletivos, quando desrespeitados direitos sociais constitucionalmente garantidos aos
trabalhadores. Também exerce o papel na resolução administrativa de conflitos. A partir
do recebimento de denúncias, representações, ou por iniciativa própria, pode instaurar
inquéritos civis e outros procedimentos administrativos, notificar as partes envolvidas
para que compareçam a audiências, forneçam documentos e outras informações
necessárias. Para combater o trabalho análogo ao de escravo, pode utilizar: termos de
ajuste de condutas (TACs), ação civil pública, ação anulatória, inquérito civil público e
ação preventiva.(10)
O Quadro 1 sintetiza os resultados do relatório apontando os municípios
onde se localizam os estabelecimentos denunciados, o tipo de alimento relacionado, o
objeto da denúncia, o status do processo e o desfecho.
21
Quadro 1. Denúncias relacionadas à produção e processamento de alimentos em condições análogas à escravidão no Rio Grande do Norte entre
2014-2016
Processo Municípios Tipo de alimento Objeto Status Desfecho
27.2015.21.002/2 Caicó Processados e refeições Jornada exaustiva
Condições degradantes Desativado
Inquérito civil
Termo de Ajustamento de Conduta
70.2015.21.002/2 Caicó Processados e refeições Jornada exaustiva
Condições degradantes Desativado
Inquérito civil
Termo de Ajustamento de Conduta
68.2015.21.002/2 Jardim do Seridó Animal Jornada exaustiva
Condições degradantes Arquivado com TAC
Inquérito civil
Termo de Ajustamento de Conduta
34.2015.21.002/9 Jucurutu Processados e refeições Jornada exaustiva
Condições degradantes Arquivado com TAC Inquérito civil
28.2016.21.002/3 Currais Novos Animal Jornada exaustiva Ativo Inquérito civil
1300.2015.21.000/0 Guamaré Vegetal Jornada exaustiva
Condições degradantes Ativo
Inquérito civil
Termo de Ajustamento de Conduta
1207.2014.21.000/0 Natal Vegetal Jornada exaustiva Arquivado Inquérito civil
329.2015.21.001/8 Mossoró Processados e refeições Jornada exaustiva
Condições degradantes Arquivado Inquérito civil
Fonte: dados da pesquisa
22
Metade das 8 denúncias relacionadas a alimentos referiam-se a
processados (frios, bolachas e refeições), sendo 2 de origem animal (carne e leite) e 2 de
origem vegetal (hortaliças e frutas). O fato de a maior parte das denúncias do RN estarem
relacionadas a produtos de origem animal, confirma a tese dos altos custos sociais
relacionados a esse tipo de produto. Ainda assim, em todo o país, as atividades da
pecuária, de produção de leite e laticínios, além da pscicultura e avinocultura são líderes
no ranking de trabalhadores em condições análogas à escravidão (47–49)
Mota et al.(50), em estudo no qual propõem uma ferramenta de avaliação
para o setor de alimentação coletiva para produção de refeições e cardápios sustentáveis,
destacam a importância da verificação da origem dos produtos utilizados na Unidade de
Alimentação e Nutrição, para que haja a garantia de que as matérias-primas não possuem
relação com trabalho escravo. Devido ao relevo das relações de trabalho injustas também
no setor de processamento, sugere-se que as autoras revisem a ferramenta para que aborde
não apenas a procedência dos produtos, mas as condições às quais os trabalhadores que
processam alimentos são submetidos.
O objeto das denúncias no RN foram jornadas exaustivas de trabalho e
condições degradantes, tanto relacionadas insalubridade como com assédio moral.
Algumas denúncias foram escritas pelos próprios empregados, valendo-se do anonimato,
em um tom de súplica e urgência. Em quatro casos foi firmado um Termo de Ajustamento
de Conduta, sendo dois deles descumpridos pelos empregadores, ferindo sucessivamente
os direitos dos trabalhadores.
Os dados desta pesquisa apontam que a abordagem da SAN deve
contemplar a alimentação de uma forma sistêmica, ou seja, pautando-se não apenas na
atividade de consumo, mas nas também naquelas de produção e processamento de
23
alimentos e, além disso, não apenas com foco nos consumidores, mas considerando outros
atores no sistema, como os trabalhadores. (24)
Em relação às vias de enfrentamento, a aplicação da tecnologia para o
desenvolvimento social é apontada como alternativa para reformar sistemas alimentares
gerando bem-estar social e SAN.(51) Todavia, o discurso da inovação e da tecnologia, na
história da SAN, foi sucessivamente utilizado como bandeira para o desenvolvimento de
modelos de negócios excludentes, tais como a Revolução Verde e a Biotecnologia
aplicada a alimentos, pautados exclusivamente na lógica do lucro particular e não na
concretização da alimentação como direito fundamental e na justiça social. Em todos os
casos, é preciso analisar em que pontos a inovação proposta têm potencial de
replicabilidade social.
O reforço da fiscalização do trabalho escravo é uma segunda via de
enfrentamento neste cenário. Faltam recursos humanos, não há novos concursos para
repor os quadros, nem medidas mais estruturais de enfrentamento do problema, como a
reforma agrária. Vale salientar que o número de trabalhadores resgatados ao longo dos
anos de 2010 a 2016 diminuiu, ainda que a quantidade de denúncias muitas vezes tenha
sido maior. Deve-se considerar, ainda, que a fiscalização das denúncias de trabalho
análogo à escravidão no país é feita por poucas equipes e que em 2015, houve uma
redução de 10 para 4 equipes. Em um país de dimensões continentais como o Brasil, essa
redução reflete a precarização das fiscalizações e, em alguns casos, a sua inviabilidade.
Outra análise é que no discurso de corte de gasto disseminado pelo governo de Michel
Temer, as ações do grupo móvel de fiscalização foram praticamente suspensas desde
julho de 2016.(15) No ano de 2017, por exemplo, nenhuma fiscalização foi realizada no
estado do RN.
24
A educação é um outro canal de enfrentamento deste cenário. As ações
educativas visam o esclarecimento das pessoas mais suscetíveis a essa situação, como
também, capacitação que viabilize a empregabilidade não só às populações mais
vulneráveis, mas de pessoas já resgatadas.(52)
Silva(53) relata uma experiência educativa para o combate ao trabalho
escravo em um projeto de ação integrada com indivíduos já resgatados em Mato Grosso,
visando romper com a reincidência. Foram desenvolvidas ações de qualificação
profissional, educação, assistência social, geração de trabalho, emprego e renda. Com
cursos profissionalizante e propostas de empregos dignos, esse projeto tem se destacado
como peça importante para introdução de pessoas no mercado de trabalho.
Dentre as ações de educação, destaca-se o papel da Educação Alimentar e
Nutricional (EAN). A Nutrição, neste contexto, tem a oportunidade de imprimir uma
mudança nas concepções tradicionais de EAN trazendo-a para um cenário que vai além
da orientação nutricional de consumo, e que busca o engajamento social e democrático
dos cidadãos em todas as fases do sistema.(54) No Brasil, essa ideia é reforçada pelo
Marco de Referência de EAN para as Políticas Públicas que tem como um dos seus nove
princípios a necessidade da abordagem do sistema alimentar na sua integralidade. (55)
A ab hegordagememônica da Nutrição desafia essa aproximação sistêmica
em SAN, pois ela enfoca o nutriente, concedendo pouca ênfase às perguntas do como,
onde e por quem alimentos são produzidos, processados e distribuídos e, ainda, se e como
se dá o acesso da população a eles, bem como sobre a qualidade das dietas e seus impactos
sociais e ambientais.(56) Apontar relações que certos grupos de alimentos estabelecem
com o trabalho análogo a escravidão é papel da EAN implicada com a SAN no âmbito da
Saúde Pública.
25
O Guia Alimentar para a População Brasileira é uma boa ferramenta para
orientar ações neste sentido. Nele, estimula-se o consumo de alimentos de origem vegetal,
em detrimento daqueles de origem animal, como forma de contribuir para um sistema
alimentar socialmente mais justo e menos degradante do ponto de vista social e ambiental.
(57)
De forma similar, neste trabalho, os alimentos de origem animal foram os
campeões em denúncias e autuações relacionadas a condições análogas à escravidão.
Evitar e desestimular o consumo desses alimentos, bem como exigir um papel ativo do
Estado em relação a esta falha, deve se tornar um exercício social no combate a essa
prática.(58)
No campo da Saúde Pública, existem redes de combate a condições
injustas de trabalho. É papel da Vigilância em Saúde identificar riscos e introduzir
melhorias nos processos de trabalho. Uma articulação entre a Nutrição, a Saúde Pública
e o Direito poderia apoiar a formação de redes de atenção visando observar a cadeia
produtiva e identificar situações irregulares de trabalho não facilmente identificadas pela
vigilância em saúde, viabilizando o melhor enfrentamento de riscos, danos sociais,
ambientais, sanitários e ocupacionais que colaboram com a etiologia dos problemas de
saúde relacionados à alimentação.(59)
Considerações finais
O presente estudo demonstrou a presença de condições de trabalho
análogo ao de escravo no setor de produção e processamento de alimentos, apontando
regiões mais vulneráveis no país a essa realidade e sua relação com sistemas
agroalimentares globais, sobretudo, aqueles implicados com produtos de origem animal.
26
A reflexão a respeito das condições de trabalho associadas à produção e
processamento de alimentos, é condição para promoção de sistemas alimentares
saudáveis e sustentáveis para todos, os que produzem e consomem alimentos.
No Brasil, além dos dados produzidos nesta pesquisa, diversos autores
apontam que esse setor conta com um envolvimento direto com condições análogas à
escravidão. Além de ferirem o princípio da dignidade da pessoa humana, tais condições
de trabalho, constituem-se também em uma questão de Saúde Pública, pois despertam
riscos ocupacionais de ordens psíquicas e físicas nos trabalhadores ligados ao setor de
produção e processamento de alimentos, ferindo a dignidade da pessoa humana.
O presente estudo alerta sobre a necessidade de maior aplicação de
recursos governamentais para fiscalização, e de articulação de ciências como a Nutrição
e a Saúde Pública, em seus campos de reflexão e prática, visando a promoção de ações
de EAN que possam alertar os diversos atores do sistema alimentar sobre esses fatos.
Recomenda-se que mais estudos que desenvolvam a relação entre sistemas
alimentares sustentáveis, produção de alimentos e condições análogas à escravidão sejam
desenvolvidos com o fim de apoiar as metas previstas para prossecução dos objetivos do
desenvolvimento sustentável relativas à promoção do trabalho decente para todos.
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32
Anexos
Anexo 1
Normas do periódico escolhido. Instruções para colaboradores
Ciência & Saúde Coletiva publica debates, análises e resultados de investigações sobre
um tema específico considerado relevante para a saúde coletiva; e artigos de discussão e
análise do estado da arte da área e das subáreas, mesmo que não versem sobre o assunto
do tema central. A revista, de periodicidade mensal, tem como propósitos enfrentar os
desafios, buscar a consolidação e promover uma permanente atualização das tendências
de pensamento e das práticas na saúde coletiva, em diálogo com a agenda contemporânea
da Ciência & Tecnologia.
Orientações para organização de números temáticos
A marca da Revista Ciência & Saúde Coletiva dentro da diversidade de Periódicos da
área é o seu foco temático, segundo o propósito da ABRASCO de promover, aprofundar
e socializar discussões acadêmicas e debates interpares sobre assuntos considerados
importantes e relevantes, acompanhando o desenvolvimento histórico da saúde pública
do país.
Os números temáticos entram na pauta em quatro modalidades de demanda:
• Por Termo de Referência enviado por professores/pesquisadores da área de saúde
coletiva (espontaneamente ou sugerido pelos editores-chefes) quando consideram
relevante o aprofundamento de determinado assunto.
• Por Termo de Referência enviado por coordenadores de pesquisa inédita e
abrangente, relevante para a área, sobre resultados apresentados em forma de
artigos, dentro dos moldes já descritos. Nessas duas primeiras modalidades, o
Termo de Referência é avaliado em seu mérito científico e relevância pelos
Editores Associados da Revista.
• Por Chamada Pública anunciada na página da Revista, e sob a coordenação de
Editores Convidados. Nesse caso, os Editores Convidados acumulam a tarefa de
selecionar os artigos conforme o escopo, para serem julgados em seu mérito por
pareceristas.
• Por Organização Interna dos próprios Editores-chefes, reunindo sob um título
pertinente, artigos de livre demanda, dentro dos critérios já descritos.
O Termo de Referência deve conter: (1) título (ainda que provisório) da proposta do
número temático; (2) nome (ou os nomes) do Editor Convidado; (3) justificativa resumida
em um ou dois parágrafos sobre a proposta do ponto de vista dos objetivos, contexto,
significado e relevância para a Saúde Coletiva; (4) listagem dos dez artigos propostos já
com nomes dos autores convidados; (5) proposta de texto de opinião ou de entrevista com
alguém que tenha relevância na discussão do assunto; (6) proposta de uma ou duas
resenhas de livros que tratem do tema.
Por decisão editorial o máximo de artigos assinados por um mesmo autor num número
temático não deve ultrapassar três, seja como primeiro autor ou não.
Sugere-se enfaticamente aos organizadores que apresentem contribuições de autores de
variadas instituições nacionais e de colaboradores estrangeiros. Como para qualquer outra
modalidade de apresentação, nesses números se aceita colaboração em espanhol, inglês e
francês.
Recomendações para submissão de artigos
Recomenda-se que os artigos submetidos não tratem apenas de questões de interesse
local, ou se situe apenas no plano descritivo. As discussões devem apresentar uma análise
ampliada que situe a especificidade dos achados de pesquisa ou revisão no cenário da
literatura nacional e internacional acerca do assunto, deixando claro o caráter inédito da
contribuição que o artigo traz.
A revista C&SC adota as “Normas para apresentação de artigos propostos para
publicação em revistas médicas”, da Comissão Internacional de Editores de Revistas
Médicas, cuja versão para o português encontra-se publicada na Rev Port Clin
Geral 1997; 14:159-174. O documento está disponível em vários sítios na World Wide
Web, como por
exemplo, www.icmje.org ouwww.apmcg.pt/document/71479/450062.pdf. Recomenda-
se aos autores a sua leitura atenta.
Seções da publicação
Editorial: de responsabilidade dos editores chefes ou dos editores convidados, deve ter no
máximo 4.000 caracteres com espaço.
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experimental, conceitual e de revisões sobre o assunto em pauta. Os textos de pesquisa
não deverão ultrapassar os 40.000 caracteres.
Artigos de Temas Livres: devem ser de interesse para a saúde coletiva por livre
apresentação dos autores através da página da revista. Devem ter as mesmas
características dos artigos temáticos: máximo de 40.000 caracteres com espaço,
resultarem de pesquisa e apresentarem análises e avaliações de tendências teórico-
metodológicas e conceituais da área.
Artigos de Revisão: Devem ser textos baseados exclusivamente em fontes secundárias,
submetidas a métodos de análises já teoricamente consagrados, temáticos ou de livre
demanda, podendo alcançar até o máximo de 45.000 caracteres com espaço.
Opinião: texto que expresse posição qualificada de um ou vários autores ou entrevistas
realizadas com especialistas no assunto em debate na revista; deve ter, no máximo, 20.000
caracteres com espaço.
Resenhas: análise crítica de livros relacionados ao campo temático da saúde coletiva,
publicados nos últimos dois anos, cujo texto não deve ultrapassar 10.000 caracteres com
espaço. Os autores da resenha devem incluir no início do texto a referência completa do
livro. As referências citadas ao longo do texto devem seguir as mesmas regras dos artigos.
No momento da submissão da resenha os autores devem inserir em anexo no sistema uma
reprodução, em alta definição da capa do livro em formato jpeg.
Cartas: com apreciações e sugestões a respeito do que é publicado em números anteriores
da revista (máximo de 4.000 caracteres com espaço).
Observação: O limite máximo de caracteres leva em conta os espaços e inclui texto e
bibliografia. O resumo/abstract e as ilustrações (figuras e quadros) são considerados à
parte.
Apresentação de manuscritos
1. Os originais podem ser escritos em português, espanhol, francês e inglês. Os textos em
português e espanhol devem ter título, resumo e palavras-chave na língua original e em
inglês. Os textos em francês e inglês devem ter título, resumo e palavras-chave na língua
original e em português. Não serão aceitas notas de pé-de-página ou no final dos artigos.
2. Os textos têm de ser digitados em espaço duplo, na fonte Times New Roman, no corpo
12, margens de 2,5 cm, formato Word e encaminhados apenas pelo endereço eletrônico
(http://mc04.manuscriptcentral.com/csc-scielo) segundo as orientações do site.
3. Os artigos publicados serão de propriedade da revista C&SC, ficando proibida a
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5. As questões éticas referentes às publicações de pesquisa com seres humanos são de
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contidos na Declaração de Helsinque da Associação Médica Mundial (1964, reformulada
em 1975,1983, 1989, 1989, 1996 e 2000).
6. Os artigos devem ser encaminhados com as autorizações para reproduzir material
publicado anteriormente, para usar ilustrações que possam identificar pessoas e para
transferir direitos de autor e outros documentos.
7. Os conceitos e opiniões expressos nos artigos, bem como a exatidão e a procedência
das citações são de exclusiva responsabilidade dos autores.
8. Os textos são em geral (mas não necessariamente) divididos em seções com os títulos
Introdução, Métodos, Resultados e Discussão, às vezes, sendo necessária a inclusão de
subtítulos em algumas seções. Os títulos e subtítulos das seções não devem estar
organizados com numeração progressiva, mas com recursos gráficos (caixa alta, recuo na
margem etc.).
9. O título deve ter 120 caracteres com espaço e o resumo/abstract, com no máximo 1.400
caracteres com espaço (incluindo palavras-chave/key words), deve explicitar o objeto, os
objetivos, a metodologia, a abordagem teórica e os resultados do estudo ou investigação.
Logo abaixo do resumo os autores devem indicar até no máximo, cinco (5) palavras-
chave. palavras-chave/key words. Chamamos a atenção para a importância da clareza e
objetividade na redação do resumo, que certamente contribuirá no interesse do leitor pelo
artigo, e das palavras-chave, que auxiliarão a indexação múltipla do artigo. As palavras-
chaves na língua original e em inglês devem constar no DeCS/MeSH
(http://www.ncbi.nlm.nih.gov/mesh/e http://decs.bvs.br/).
Autoria
1. As pessoas designadas como autores devem ter participado na elaboração dos artigos
de modo que possam assumir publicamente a responsabilidade pelo seu conteúdo. A
qualificação como autor deve pressupor: a) a concepção e o delineamento ou a análise e
interpretação dos dados, b) redação do artigo ou a sua revisão crítica, e c) aprovação da
versão a ser publicada. As contribuições individuais de cada autor devem ser indicadas
no final do texto, apenas pelas iniciais (ex. LMF trabalhou na concepção e na redação
final e CMG, na pesquisa e na metodologia).
2. O limite de autores no início do artigo deve ser no máximo de oito. Os demais autores
serão incluídos no final do artigo.
Nomenclaturas
1. Devem ser observadas rigidamente as regras de nomenclatura de saúde pública/saúde
coletiva, assim como abreviaturas e convenções adotadas em disciplinas especializadas.
Devem ser evitadas abreviaturas no título e no resumo.
2. A designação completa à qual se refere uma abreviatura deve preceder a primeira
ocorrência desta no texto, a menos que se trate de uma unidade de medida padrão.
Ilustraçoes
1. O material ilustrativo da revista C&SC compreende tabela (elementos demonstrativos
como números, medidas, percentagens, etc.), quadro (elementos demonstrativos com
informações textuais), gráficos (demonstração esquemática de um fato e suas variações),
figura(demonstração esquemática de informações por meio de mapas, diagramas,
fluxogramas, como também por meio de desenhos ou fotografias). Vale lembrar que a
revista é impressa em apenas uma cor, o preto, e caso o material ilustrativo seja colorido,
será convertido para tons de cinza.
2. O número de material ilustrativo deve ser de, no máximo, cinco por artigo, salvo
exceções referentes a artigos de sistematização de áreas específicas do campo temático.
Nesse caso os autores devem negociar com os editores-chefes.
3. Todo o material ilustrativo deve ser numerado consecutivamente em algarismos
arábicos, com suas respectivas legendas e fontes, e a cada um deve ser atribuído um breve
título. Todas as ilustrações devem ser citadas no texto.
4. As tabelas e os quadros devem ser confeccionados no mesmo programa utilizado na
confecção do artigo (Word).
5. Os gráficos devem estar no programa Excel, e os dados numéricos devem ser enviados,
em separado no programa Word ou em outra planilha como texto, para facilitar o recurso
de copiar e colar. Os gráficos gerados em programa de imagem (Corel Draw ou
Photoshop) devem ser enviados em arquivo aberto com uma cópia em pdf.
6. Os arquivos das figuras (mapa, por ex.) devem ser salvos no (ou exportados para o)
formato Ilustrator ou Corel Draw com uma cópia em pdf. Estes formatos conservam a
informação vetorial, ou seja, conservam as linhas de desenho dos mapas. Se for
impossível salvar nesses formatos; os arquivos podem ser enviados nos formatos TIFF
ou BMP, que são formatos de imagem e não conservam sua informação vetorial, o que
prejudica a qualidade do resultado. Se usar o formato TIFF ou BMP, salvar na maior
resolução (300 ou mais DPI) e maior tamanho (lado maior = 18cm). O mesmo se aplica
para o material que estiver em fotografia. Caso não seja possível enviar as ilustrações no
meio digital, o material original deve ser mandado em boas condições para reprodução.
Agradecimentos
1. Quando existirem, devem ser colocados antes das referências bibliográficas.
2. Os autores são responsáveis pela obtenção de autorização escrita das pessoas nomeadas
nos agradecimentos, dado que os leitores podem inferir que tais pessoas subscrevem os
dados e as conclusões.
3. O agradecimento ao apoio técnico deve estar em parágrafo diferente dos outros tipos
de contribuição.
Referências
1. As referências devem ser numeradas de forma consecutiva de acordo com a ordem em
que forem sendo citadas no texto. No caso de as referências serem de mais de dois autores,
no corpo do texto deve ser citado apenas o nome do primeiro autor seguido da
expressão et al.
2. Devem ser identificadas por números arábicos sobrescritos, conforme exemplos abai-
xo:
ex. 1: “Outro indicador analisado foi o de maturidade do PSF” 11 ...
ex. 2: “Como alerta Maria Adélia de Souza 4, a cidade...”
As referências citadas somente nos quadros e figuras devem ser numeradas a partir do
número da última referência citada no texto.
3. As referências citadas devem ser listadas ao final do artigo, em ordem numérica,
seguindo as normas gerais dos Requisitos uniformes para manuscritos apresentados a
periódicos biomédicos(http://www.nlm.nih.gov/bsd/uniform_requirements.html).
4. Os nomes das revistas devem ser abreviados de acordo com o estilo usado no Index
Medicus (http://www.nlm.nih.gov/).
5. O nome de pessoa, cidades e países devem ser citados na língua original da
publicação.
Exemplos de como citar referências
Artigos em periódicos
1. Artigo padrão (incluir todos os autores)
Pelegrini MLM, Castro JD, Drachler ML. Eqüidade na alocação de recursos para a
saúde: a experiência no Rio Grande do Sul, Brasil. Cien Saude Colet 2005; 10(2):275-
286.
Maximiano AA, Fernandes RO, Nunes FP, Assis MP, Matos RV, Barbosa CGS,
Oliveira-Filho EC. Utilização de drogas veterinárias, agrotóxicos e afins em ambientes
hídricos: demandas, regulamentação e considerações sobre riscos à saúde humana e
ambiental. Cien Saude Colet 2005; 10(2):483-491.
2. Instituição como autor
The Cardiac Society of Australia and New Zealand. Clinical exercise stress testing.
Safety and performance guidelines. Med J Aust 1996; 164(5):282-284
3. Sem indicação de autoria
Cancer in South Africa [editorial]. S Afr Med J 1994; 84:15.
4. Número com suplemento
Duarte MFS. Maturação física: uma revisão de literatura, com especial atenção à criança
brasileira. Cad Saude Publica 1993; 9(Supl. 1):71-84.
5. Indicação do tipo de texto, se necessário
Enzensberger W, Fischer PA. Metronome in Parkinson’s disease [carta]. Lancet 1996;
347:1337.
Livros e outras monografias
6. Indivíduo como autor
Cecchetto FR. Violência, cultura e poder. Rio de Janeiro: FGV; 2004.
Minayo MCS. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. 8ª Edição.
São Paulo, Rio de Janeiro: Hucitec, Abrasco; 2004.
7. Organizador ou compilador como autor
Bosi MLM, Mercado FJ, organizadores. Pesquisa qualitativa de serviços de
saúde. Petrópolis: Vozes; 2004.
8. Instituição como autor
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
(IBAMA). Controle de plantas aquáticas por meio de agrotóxicos e afins. Brasília:
DILIQ/IBAMA; 2001.
9. Capítulo de livro
Sarcinelli PN. A exposição de crianças e adolescentes a agrotóxicos. In: Peres F,
Moreira JC, organizadores. É veneno ou é remédio. Agrotóxicos, saúde e ambiente. Rio
de Janeiro: Fiocruz; 2003. p. 43-58.
10. Resumo em Anais de congressos
Kimura J, Shibasaki H, organizadores. Recent advances in clinical
neurophysiology. Proceedings of the 10th International Congress of EMG and Clinical
Neurophysiology; 1995 Oct 15-19; Kyoto, Japan. Amsterdam: Elsevier; 1996.
11. Trabalhos completos publicados em eventos científicos
Coates V, Correa MM. Características de 462 adolescentes grávidas em São Paulo.
In: Anais do V Congresso Brasileiro de adolescência; 1993; Belo Horizonte. p. 581-
582.
12. Dissertação e tese
Carvalho GCM. O financiamento público federal do Sistema Único de Saúde 1988-
2001 [tese]. São Paulo: Faculdade de Saúde Pública; 2002.
Gomes WA. Adolescência, desenvolvimento puberal e sexualidade: nível de informação
de adolescentes e professores das escolas municipais de Feira de Santana – BA
[dissertação]. Feira de Santana (BA): Universidade Estadual de Feira de Santana; 2001.
Outros trabalhos publicados
13. Artigo de jornal
Novas técnicas de reprodução assistida possibilitam a maternidade após os 40
anos. Jornal do Brasil; 2004 Jan 31; p. 12
Lee G. Hospitalizations tied to ozone pollution: study estimates 50,000 admissions
annually. The Washington Post 1996 Jun 21; Sect. A:3 (col. 5).
14. Material audiovisual
HIV+/AIDS: the facts and the future [videocassette]. St. Louis (MO): Mosby-Year
Book; 1995.
15. Documentos legais
Brasil. Lei nº 8.080 de 19 de Setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para a
promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos
serviços correspondentes e dá outras providências. Diário Oficial da União 1990; 19
set.
Material no prelo ou não publicado
Leshner AI. Molecular mechanisms of cocaine addiction. N Engl J Med. In press 1996.
Cronemberg S, Santos DVV, Ramos LFF, Oliveira ACM, Maestrini HA, Calixto N.
Trabeculectomia com mitomicina C em pacientes com glaucoma congênito
refratário. Arq Bras Oftalmol. No prelo 2004.
Material eletrônico
16. Artigo em formato eletrônico
Morse SS. Factors in the emergence of infectious diseases. Emerg Infect Dis [serial on
the Internet] 1995 Jan-Mar [cited 1996 Jun 5];1(1):[about 24 p.]. Available
from: http://www.cdc.gov/ncidod/EID/eid.htm
Lucena AR, Velasco e Cruz AA, Cavalcante R. Estudo epidemiológico do tracoma em
comunidade da Chapada do Araripe – PE – Brasil. Arq Bras Oftalmol [periódico na
Internet]. 2004 Mar-Abr [acessado 2004 Jul 12];67(2): [cerca de 4 p.]. Disponível
em: http://www.abonet.com.br/abo/672/197-200.pdf
17. Monografia em formato eletrônico
CDI, clinical dermatology illustrated [CD-ROM]. Reeves JRT, Maibach H. CMEA
Multimedia Group, producers. 2ª ed. Version 2.0. San Diego: CMEA; 1995.
18. Programa de computador
Hemodynamics III: the ups and downs of hemodynamics [computer program]. Version
2.2. Orlando (FL): Computerized Educational Systems; 1993.
Os artigos serão avaliados através da Revisão de pares por no mínimo três consultores
da área de conhecimento da pesquisa, de instituições de ensino e/ou pesquisa nacionais
e estrangeiras, de comprovada produção científica. Após as devidas correções e
possíveis sugestões, o artigo será aceito se tiver dois pareceres favoráveis e rejeitado
quando dois pareceres forem desfavoráveis.
Anexo 2
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Anexo 3
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