utilização da relactação como método de transição alimentar em … · 2019. 10. 25. ·...
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PAULA DA COSTA AZEVEDO
Utilização da relactação como método de transição alimentar em recém-nascidos
prematuros com ou sem morbidades perinatais
Recife 2009
Paula da Costa Azevedo
Utilização da relactação como método de transição alimentar em recém-nascidos prematuros
como ou sem morbidades perinatais
Dissertação apresentada ao Colegiado da Pós-Graduação em Saúde da Criança e do Adolescente do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal de Pernambuco, como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Saúde da Criança e do Adolescente.
Orientadora Profa. Dra. Mônica Maria Osório
Co-orientadora Profa. Dra. Cláudia Marina Tavares de Araújo
RECIFE 2009
Azevedo, Paula da Costa
Utilização da relactação como método de transição alimentar em recém-nascidos prematuros com ou sem morbidades perinatais / Paula da Costa Azevedo. – Recife : O Autor, 2009.
70 folhas : Il.; fig., e tab.
Tese (mestrado) – Universidade Federal de
Pernambuco. CCS. Saúde da criança e do adolescente, 2009.
Inclui bibliografia e anexos.
1. Recém-nascido 2. Prematuro. 3. Morbidade Perinatal. 4. Aleitamento Materno I.Título.
612.648 CDU (2.ed.) UFPE 618.92011 CDD (22.ed.) CCS2009-104
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
REITOR
Prof. Dr. Amaro Henrique Pessoa Lins
VICE-REITOR
Prof. Dr. Gilson Edmar Gonçalves e Silva
PRÓ-REITOR DA PÓS-GRADUAÇÃO
Prof. Dr. Anísio Brasileiro de Freitas Dourado
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
DIRETOR Prof. Dr. José Thadeu Pinheiro
COORDENADOR DA COMISSÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO DO CCS
Profa. Dra. Célia Maria Machado Barbosa de Castro
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE ÁREA DE CONCENTRAÇÃO EM CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO
COLEGIADO
Profa. Dra. Gisélia Alves Pontes da Silva (Coordenadora) Profa. Dra. Luciane Soares de Lima (Vice-Coordenadora)
Profa. Dra. Marília de Carvalho Lima Profa. Dra. Sônia Bechara Coutinho Prof. Dr. Pedro Israel Cabral de Lira
Profa. Dra. Mônica Maria Osório de Cerqueira Prof. Dr. Emanuel Savio Cavalcanti Sarinho
Profa. Dra. Sílvia Wanick Sarinho Profa. Dra. Maria Clara Albuquerque Profa. Dra. Sophie Helena Eickmann
Profa. Dra. Ana Cláudia Vasconcelos Martins de Souza Lima Profa. Dra. Maria Eugênia Farias Almeida Motta
Prof. Dr. Alcides da Silva Diniz Profa Dra. Maria Gorete Lucena de Vasconcelos
Profa. Dra. Sílvia Regina Jamelli Profa. Dra. Cleide Maria Pontes
Adriana Azoubel Antunes (Representante Discente – Doutorado) Thaysa Maria Gama Albuquerque Leão de Menezes (Representante Discente – Mestrado)
SECRETARIA Paulo Sergio Oliveira do Nascimento
Juliene Gomes Brasileiro Clarissa Soares Nascimento
AZEVEDO, Paula da Costa Utilização da relactação como método de transição alimentar . . . Dedicatória
Dedicatória
Dedico esta dissertação a minha família e
especialmente ao meu sobrinho João
Guilherme; amor para toda vida...
AZEVEDO, Paula da Costa Utilização da relactação como método de transição alimentar . . . Agradecimentos
Agradecimentos
A Deus por ter me dado o presente da vida.
Aos meus pais, pelos sábios ensinamentos, pelo amor diário e
incentivo em todos os momentos de minha vida.
Ao meu irmão e minha cunhada pela participação em toda a
minha trajetória profissional.
À Mônica Osório, minha orientadora, pela paciência e
contribuições enriquecedoras no processo de elaboração desta dissertação.
A Cláudia Marina, minha co-orientadora, pela prontidão,
dedicação e palavras de incentivo.
A Rebeca Raposo, pela imprescindível colaboração para que esta
pesquisa se realizasse. Minha eterna gratidão...
Aos professores do programa da Pós-Graduação em Saúde da
Criança e do Adolescente, por transmitirem de forma maravilhosa seus
conhecimentos sobre o mundo científico.
AZEVEDO, Paula da Costa Utilização da relactação como método de transição alimentar . . . Agradecimentos
Às professoras Sônia Bechara Coutinho e Bianca Arruda
Manchester de Queiroga pelas críticas e sugestões bastante pertinentes,
desde a elaboração do projeto, até a finalização desta dissertação.
Aos companheiros e amigos de turma, pelo aprendizado
constante e momentos únicos e maravilhosos passados juntos.
A Clarissa e Julienne, secretárias da Pós-Graduação do Centro de
Saúde da Criança e do Adolescente, por toda disponibilidade.
A Paulo, secretário da Pós-Graduação do Centro de Saúde da
Criança e do Adolescente, pela amizade construída e pela constante
colaboração durante este mestrado.
Às minhas amigas, amigos e meu amor, obrigada por
entenderem minha ausência em muitos momentos e pela vibração por mais
esta conquista.
Agradecimento especial à CNPq, pela concessão da bolsa de
estudos.
AZEVEDO, Paula da Costa Utilização da relactação como método de transição alimentar . . . Epígrafe
“Há um tempo em que é preciso abandonar
as roupas usadas, que já tem a forma do
nosso corpo, e esquecer nossos caminhos,
que nos levam sempre aos mesmos lugares.
É o tempo de travessia: e, se não ousarmos
fazê-la, teremos ficado, para sempre, à
margem de nós mesmos".
Fernando Pessoa
AZEVEDO, Paula da Costa Utilização da relactação como método de transição alimentar . . . Resumo
Resumo
Alimentar o recém-nascido pré-termo e de baixo peso de forma adequada é de suma importância para um satisfatório crescimento e desenvolvimento. No entanto, o alto índice de morbidades clínicas perinatais, inerentes a esta população, interfere diretamente no estabelecimento do aleitamento materno exclusivo durante a internação hospitalar. Este estudo justifica-se então, por apresentar a técnica da relactação como auxílio no processo de transição alimentar da sonda orogástrica para o aleitamento materno. Tem por objetivo caracterizar os neonatos prematuros e de baixo peso, analisando suas morbidades, assim como sua influência quanto ao ganho de peso, tempo de transição alimentar e tempo para a alta hospitalar, durante a utilização da relactação como método para o estabelecimento do aleitamento materno exclusivo no período de hospitalização. A revisão da literatura foi baseada em pesquisa bibliográfica nas bases de dados Medline, Scielo, Lilacs e PubMed, utilizando os termos “recém-nascido pré-termo”, “baixo peso ao nascer”, “morbidade”, “transição alimentar” e “aleitamento materno”, além de pesquisa adicional em dissertações, teses e livros especializados. O artigo original foi elaborado a partir do banco de dados de um estudo retrospectivo, descritivo, do tipo série de casos, realizado no Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira – Imip, no período de agosto de 2002 a abril de 2005. A literatura refere que, apesar das morbidades clínicas perinatais comprometerem o início do período de transição alimentar, após estabilização clínica, um grande percentual de neonatos conseguem ser amamentados exclusivamente no peito materno no momento da alta hospitalar. Este estudo confirma estes resultados, ao constatar que, através da relactação, o estabelecimento do aleitamento materno exclusivo esteve presente em 70,2% dos recém-nascidos pré-termos com intercorrências. Não foi encontrada diferença estatisticamente significativa em relação ao ganho de peso e tempo de transição entre os grupos com e sem morbidade clínica perinatal. No entanto, a diferença quanto ao tempo até a alta hospitalar foi significativa, devido à gravidade das morbidades de alguns neonatos e o consequente atraso do início do processo de transição alimentar. Apesar da escassez de literatura científica, não há dúvida, nestes estudos, assim como no Serviço onde foi realizada esta pesquisa, acerca dos benefícios da prática da relactação em recém-nascidos prematuros de baixo peso e com morbidades clínicas perinatais. Contudo, não se pode afirmar se esta prática é realizada de forma sistemática pelas unidades de saúde, o que reforça a necessidade de um maior número de estudos abordando está temática. Palavras-chave: Recém-nascido, prematuro, baixo peso, morbidade, transição alimentar,
aleitamento materno.
AZEVEDO, Paula da Costa Utilização da relactação como método de transição alimentar . . . Abstract
Abstract
Feeding preterm and low birth weight infant adequately is very important to the satisfactory growth and development. However, the high level of perinatal morbidities in this population interferes directly on exclusive breastfeeding establishment during hospitalization. So, this research is justified to show the relactation as a method to aid on food transition of orogastric tube until breastfeeding. Also have the objective to characterize the premature and low birth weight neonate analysing their morbidities, and these influences on weight gain, time until food transition and time to hospital discharge, during the use of relactation as a method to increase exclusive breastfeeding in the period of hospitalization. A literature review based on bibliographic search of the Medline, Scielo, Lilacs and PubMed databases, using the terms “preterm infant”, “low birth weight infant”, “morbidity”, “feeding transition” and “breastfeeding”, as well as an additional research in dissertations, theses and specialized books. The original article was elaborated from a databank of retrospective, descriptive and observational study at the Integral Institute of Medicine Professor Fernando Figueira – Imip (Recife, Brazil) from, August 2002 to April 2005. The literature relate that in spite of the perinatal clinical morbidities implicate in the beginning of feeding transition time, after clinical establishment, a high percentage of neonates could be exclusively breastfeed at the hospital discharge. This study confirm this results when verify that through relactation the exclusive breastfeeding occurred in 70,2% of preterm with morbidity. It wasn’t found difference statistically significant between weight gain and transition period in the groups with or without clinical perinatal morbidities. However, the difference about the time until hospital discharge was significant because the gravidity of some intercurrence and also later begin of the feeding transition process. Spite the scarce number of scientific literature there are no doubt in this study about the relactation benefits with premature and low weight infant that had some perinatal morbidity. Nevertheless, it couldn’t be affirmed if this practice is used on systematic way by health centers. Thus, others publications with this subject are extremely necessary. Key-words: preterm infant, low birth weight infant, morbidity, feeding transition, breastfeeding.
AZEVEDO, Paula da Costa Utilização da relactação como método de transição alimentar . . . Lista de tabelas
Lista de tabelas
Artigo original
Tabela 1 Distribuição das morbidades perinatais apresentadas pelos recém-nascidos pré-termo do Imip. Recife-PE - 2005 .....................................
50
Tabela 2 Comparação das medianas dos grupos quanto ao peso, idade
gestacional e idade gestacional corrigida do nascimento até a alta do Imip. Recife-PE - 2005 ................................................................................
51
Tabela 3 Comparação da evolução dos recém-nascidos pré-termo em relactação internados no alojamento Mãe Canguru do Imip. Recife-PE - 2005 ..............................................................................................
52
Tabela 4 Tipo de alimentação dos recém-nascidos pré-termo no momento da alta do alojamento Mãe Canguru do Imip. Recife-PE - 2005 ...............
53
AZEVEDO, Paula da Costa Utilização da relactação como método de transição alimentar . . . Lista de abreviaturas
Lista de abreviaturas
RN − Recém-nascido
RNPT − Recém-nascido pré-termo
OMS
− Organização Mundial de Saúde
Unicef − Fundo das Nações Unidas da Infância
Imip − Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira
IG − Idade Gestacional
IGC − Idade Gestacional Corrigida
SDR − Síndrome do desconforto respiratório
DBP − Displasia broncopulmonar
TTRN − Taquipneia transitória do recém-nascido
HIC − Hemorragia intracraniana
SML − Seio Materno Livre
SM − Seio Materno
VO − Via oral
RL − Relactação
AZEVEDO, Paula da Costa Utilização da relactação como método de transição alimentar . . . Sumário
Sumário
RESUMO ................................................................................................................... 8
ABSTRACT .............................................................................................................. 9
LISTA DE TABELAS ............................................................................................... 10
LISTA DE ABREVIATURAS ................................................................................. 11
1 - APRESENTAÇÃO .................................................................................... 14
2 – CAPÍTULO DE REVISÃO ….................................................................. 18Morbidades perinatais e o processo de transição alimentar em recém-nascidos pré-termo
Resumo .................................................................................................………... 19Abstract ……………………………………………………………………….. 20Introdução ........................................................................................................... 21
Prematuridade e baixo peso: fatores de risco para morbidades perinatais ........ 22Transição alimentar: relactação como método facilitador para o estabelecimento do aleitamento materno ......................................……........ 26
Considerações finais …………...…………………………………………........ 32Referências ……………………………………………………………….......... 33
3 – ARTIGO ORIGINAL ............................................................................. 38
Influência das morbidades clínicas perinatais na evolução de recém-nascidos pré-termo que utilizaram a relactação como método de transição alimentar
Resumo ................................................................................................................. 39Abstract ................................................................................................................ 40Introdução .....................................................................................................…… 41Método .........................................................................................................……. 42Resultados .....................................................................................................…… 45Discussão ......................................................................................................…… 46Referências ...................................................................................................…… 54
AZEVEDO, Paula da Costa Utilização da relactação como método de transição alimentar . . . Sumário
4 – CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................. 58
ANEXO .......................................................................................................... 60ANEXO A - Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa ANEXO B - Instrução aos autores: Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil ANEXO C - Protocolo e Formulário
AZEVEDO, Paula da Costa Utilização da relactação como método de transição alimentar . . . Apresentação
15
Apresentação
O recém-nascido a termo possui plenas condições de alimentação por via oral
logo ao nascimento. Os músculos dos lábios, mandíbula, língua, palato e faringe
desempenham adequadamente as funções de sucção e deglutição, o que garante ao neonato
condição importante para o estabelecimento do aleitamento materno.
No entanto, a interrupção precoce da gravidez e a consequente imaturidade
orgânica e funcional do recém-nascido pré-termo e de baixo peso fazem com que estes fiquem
mais susceptíveis à ocorrência de morbidades, as quais podem comprometer o crescimento e o
desenvolvimento infantil, implicando, consequentemente, em um maior tempo de internação
nas unidades de cuidados neonatais. Diante disso, a utilização de métodos alternativos de
alimentação torna-se muitas vezes necessária e o atraso para o início do aleitamento materno
uma realidade.
Neste sentido, a adoção de um adequado método de transição alimentar torna-
se parte fundamental no processo de recuperação destas intercorrências, assim como no início
mais rápido e seguro da prática da lactação.
Dentre as diversas técnicas de transição da sonda gástrica para alimentação por
via oral discutidas na literatura, a relactação tem se destacado por ser o método que mais se
aproxima da fisiologia natural da sucção do recém-nascido e por apresentar inúmeros
benefícios no que se refere ao adequado desenvolvimento orofacial, ganho ponderal,
diminuição do tempo de transição do uso da sonda até a amamentação, alta hospitalar mais
precoce e prática do aleitamento materno exclusivo no momento da alta hospitalar.
AZEVEDO, Paula da Costa Utilização da relactação como método de transição alimentar . . . Apresentação
16
Visando este mesmo propósito, diversas instituições nacionais e internacionais,
voltadas aos cuidados de recém-nascidos pré-termo, têm utilizado esta técnica, com a
finalidade de propiciar aos recém-nascidos pré-termo e de baixo peso, especialmente com
morbidades clínicas perinatais, a aquisição do aleitamento materno exclusivo durante o
período de hospitalização.
A partir destas considerações preliminares, fica existente o interesse em
abordar este tema, fruto do desejo em pesquisar a evolução clínica dos neonatos doentes e
suas dificuldades em estabelecer o aleitamento materno durante a internação hospitalar, assim
como divulgar a importância da prática da relactação como método facilitador para alcançar o
sucesso da amamentação.
A dissertação está dividida em um capítulo de revisão da literatura, e um artigo
original.
O capítulo de revisão, intitulado “Morbidades perinatais e o processo de
transição alimentar em recém-nascidos pré-termo”, aborda aspectos importantes a respeito das
características dos neonatos pré-termo e de baixo peso ao nascimento, dando ênfase às
morbidades perinatais presentes nesta população e às dificuldades durante o processo de
transição do uso da sonda gástrica para o estabelecimento do aleitamento materno durante a
utilização da relactação como método de transição alimentar. O artigo original, intitulado
“Influência das morbidades clínicas perinatais na evolução de recém-nascidos pré-termo que
utilizaram a relactação como método de transição alimentar”, traz uma análise dos aspectos
relacionados ao ganho ponderal dos neonatos, tempo de transição do uso da sonda orogástrica
para a alimentação por via oral, tempo de permanência hospitalar e estabelecimento do
aleitamento materno exclusivo em dois grupos de recém-nascidos pré-termo, os quais
apresentaram ou não morbidades clínicas perinatais e utilizaram a relactação como método de
transição.
O artigo original será enviado para a Revista Brasileira de Saúde Materno
Infantil e encontra-se formatado de acordo com as respectivas normas, as quais constituem o
anexo B desta dissertação.
AZEVEDO, Paula da Costa Utilização da relactação como método de transição alimentar . . . Apresentação
17
Espera-se que esta pesquisa possa contribuir de forma significativa na
qualidade assistencial dos recém-nascidos pré-termo com morbidades clínicas perinatais,
especialmente no que se refere ao método da relactação utilizado para transição alimentar,
propiciando assim maiores índices de amamentação no momento da alta hospitalar.
AZEVEDO, Paula da Costa Morbidades perinatais e o processo de transição alimentar . . . Capítulo de Revisão
19
Morbidades perinatais e o processo de transição alimentar em recém-nascidos pré-termo
RESUMO
Objetivo: Apresentar uma revisão bibliográfica acerca das morbidades perinatais em recém-
nascidos pré-termo no processo de transição alimentar, identificando os benefícios da prática
da relactação para o estabelecimento do aleitamento materno exclusivo durante a internação
hospitalar. Fonte de dados: Publicações sobre as intercorrências perinatais em recém-
nascidos pré-termo, processo de transição alimentar, relactação e aleitamento materno,
indexadas no Medline, Scielo, Lilacs e PubMed, assim como em livros e teses. Devido à
escassez de pesquisas recentes, especialmente sobre a relactação, foram selecionados todos os
artigos disponíveis na literatura para compor esta revisão, independente do ano de
publicação. Síntese dos dados: Após o nascimento, o recém-nascido pré-termo está sujeito a
morbidades perinatais que podem comprometer o início da alimentação via oral e,
consequentemente, o estabelecimento do aleitamento materno ainda nos hospitais. Desta
forma, o uso de técnicas alternativas de alimentação, como sonda oro ou nasogástrica, é
necessário. Diversas são as formas de transição da sonda para o peito, no entanto, poucas
contribuem de forma positiva para o adequado desenvolvimento fisiológico e motor oral do
prematuro. Assim, a relactação, juntamente com o método Mãe Canguru, têm o objetivo de
proporcionar ao neonato experiência precoce e adequada de sucção, viabilizando a
amamentação o quanto antes possível. Conclusões: Esta revisão demonstra que a técnica da
relactação contribui de forma significativa para o aumento ou início do fluxo de leite da
genitora de recém-nascido pré-termo, propiciando um índice maior do aleitamento materno
exclusivo antes da alta hospitalar.
Palavras–chave: recém-nascido pré-termo; morbidade perinatal; aleitamento materno;
métodos de alimentação.
AZEVEDO, Paula da Costa Morbidades perinatais e o processo de transição alimentar . . . Capítulo de Revisão
20
ABSTRACT
Objective: Introduce a bibliographic review about the perinatal morbidities in newborn
infants on feeding transition process, identifying the benefits of relactation in exclusive
breastfeeding establishment during hospitalization. Data sources: Publications survey about
preterm infant, feeding transition, relactation and breastfeeding, searched on Medline, Scielo,
Lilacs and PubMed, also in books and thesis. Because a few publications about relactation it
was selected all research available on literature to compose this review, independent of the
year of publication. Data synthesis: After birth the preterm infant have more chance to
develop perinatal morbidities. This intercurrences can implicate on begin of oral feeding and
as consequence, the breastfeeding establishment during hospitalization. In such case,
alternative feeding technique as oro or nasogastric tube is necessary. There are many ways to
reach the transition from tube to breast. However, few methods contribute for adequately
development of physiologic and oral motor of premature infant. So, the relactation during
Kangaroo Mother Care, have the objective to provide earlier and correctly experience of
sucking making feasible the breastfeeding as soon as possible. Conclusions: This review
demonstrates that relactation technique helps significantly to increase or begin the milk
production by the mother of newborn infant. It also contributes to reach the level of exclusive
breastfeeding before hospital discharge in preterm infant with or without morbidities.
Key-words: preterm infant, perinatal morbidity; breastfeeding; feeding methods.
AZEVEDO, Paula da Costa Morbidades perinatais e o processo de transição alimentar . . . Capítulo de Revisão
21
Introdução
Em todo o mundo, nascem anualmente 20 milhões de crianças com menos de
2.500 gramas, sendo que 95% dos nascimentos ocorrem em países em desenvolvimento.
Apesar dos avanços da perinatologia nos últimos anos, o baixo peso ao nascimento, assim
como a prematuridade, estão associados às principais morbidades neonatais. Desta forma,
visando à sobrevivência e o desenvolvimento satisfatório destes neonatos, são necessários
cuidados expressivos, envolvendo profissionais, equipamentos e, principalmente, uma
adequada forma de nutrição1,2.
Por apresentar características nutricionais ideais, balanceamento apropriado de
nutrientes, vantagens imunológicas e psicológicas importantes para a diminuição da
morbidade e mortalidade infantil, o leite materno, quando ofertado principalmente através da
amamentação, torna-se importante para a criança, para a mãe, assim como para a família e a
sociedade em geral3.
No entanto, a Organização Mundial de Saúde (OMS) identificou que
atualmente apenas 35% dos lactentes do mundo todo recebem o leite materno de forma
exclusiva nos primeiros meses de vida. No Brasil, este número vem aumentando nos últimos
anos, porém, ainda está aquém do recomendado. Segundo o Ministério da Saúde, a partir do
último estudo realizado em nível nacional, a mediana de duração do aleitamento materno
exclusivo nas capitais brasileiras foi de 23,4 dias4-6.
No que se refere aos recém-nascidos pré-termo e de baixo peso, estes números
tornam-se ainda mais alarmantes, ao se constatar que o risco de não iniciarem a amamentação
encontra-se aumentado em 67% nos prematuros com peso ao nascimento inferior a 2.500g7.
Esta dificuldade está diretamente relacionada à menor idade gestacional ao
nascimento, especialmente nos neonatos com menos de 34 semanas, e à imaturidade
neurológica, em relação aos recém-nascidos a termo, o que contribui para a incapacidade de
coordenar a sucção e a deglutição com a respiração8,9. Alguns destes recém-nascidos apenas
adquirem esta coordenação em torno de 37 semanas, outros não conseguem, devido às
intercorrências no período neonatal10.
AZEVEDO, Paula da Costa Morbidades perinatais e o processo de transição alimentar . . . Capítulo de Revisão
22
Além da idade gestacional reduzida e da incoordenação entre sucção,
deglutição e respiração, intercorrências clínicas perinatais, cardíacas, neurológicas,
metabólicas, respiratórias e digestivas, frequentes nestes neonatos, fazem com que o sucesso
do aleitamento materno seja ainda mais difícil de ser alcançado. Concomitante a estas
complicações, a separação entre mãe-bebê prejudica a formação do vínculo afetivo, fator
essencial para esta prática11.
Diante destas dificuldades, a nutrição do neonato muitas vezes só é possível
através de métodos alternativos de alimentação, como o uso da sonda oro ou nasogástrica.
Este período de transição até o estabelecimento do aleitamento materno é um momento de
grande dificuldade para o binômio mãe-filho, por constituir uma mudança importante para
este neonato frágil e que ainda não estava preparado para nascer12,13.
Portanto, na busca em evitar o desmame, ainda dentro do hospital, superando
as adversidades perinatais durante o período de transição alimentar da sonda gástrica para o
estabelecimento do aleitamento materno, técnicas de estímulo à amamentação, como a
relactação, vêm sendo utilizadas por algumas instituições que cuidam da saúde do recém-
nascido pré-termo e de baixo peso.
Desta forma, este capítulo tem por finalidade apresentar uma revisão
bibliográfica acerca das influências das intercorrências perinatais no processo de transição
alimentar, do uso da sonda oro ou nasogástrica até a aquisição da amamentação no peito,
identificando os benefícios da prática da relactação para o estabelecimento do aleitamento
materno exclusivo.
Prematuridade e baixo peso: fatores de risco para morbidades
perinatais
A evolução e o desenvolvimento de novas técnicas nas unidades de cuidados
intensivos neonatais têm promovido um aumento significativo da sobrevida de recém-
nascidos pré-termo, principalmente nas últimas duas décadas. O melhor conhecimento da
fisiologia e da patologia neonatal, a utilização rotineira de corticoterapia em gestantes em
AZEVEDO, Paula da Costa Morbidades perinatais e o processo de transição alimentar . . . Capítulo de Revisão
23
iminência de trabalho de parto prematuro, a introdução da terapêutica com surfactante
exógeno e de novas linhas de antimicrobianos, além de novos métodos de ventilação assistida,
fizeram com que prematuros cada vez mais extremos sobrevivessem14.
Pesquisas recentes relatam um aumento de até 80% na sobrevida de recém-
nascidos pré-termo com peso ao nascimento entre 500 e 750g. No entanto, a literatura indica
claramente que, apesar da melhoria com relação aos cuidados destes neonatos, quanto menor
a idade gestacional e o peso ao nascer, maiores são as taxas de intercorrências perinatais, sendo
necessários cuidados especializados, de acordo com as características de cada doença15,16.
Nos países em desenvolvimento, as intercorrências clínicas perinatais mais
frequentes nos recém-nascidos pré-termo são hipóxia, síndrome do desconforto respiratório
(SDR), hemorragia intra/periventricular, infecções e enterocolite necrosante. Contudo, devido
ao longo período de permanência hospitalar, associado à necessidade de assistência
respiratória, tempo prolongado de sonda enteral para alimentação e uso de medicações, estes
neonatos podem evoluir com outras complicações, como doença pulmonar crônica,
retinopatia da prematuridade, distúrbios do crescimento, sequelas neurológicas, assim como
atraso no desenvolvimento motor e motor oral17,18.
Tais alterações predispõem estes recém-nascidos a apresentarem limiares mais
baixos para o estresse, devido à complexidade de algumas morbidades, o que implica em um
maior número de intervenções e consequente aumento dos gastos energéticos e das
necessidades nutricionais19,20.
Estas reservas nutricionais são mais reduzidas quanto menor o peso ao
nascimento. Prematuros com menos de 1.000g chegam a perder 10% de seu peso e demoram
cerca de 11 dias para recuperar o peso ao nascimento, mesmo com a alimentação parenteral
iniciada no primeiro dia. Esta particularidade dos recém-nascidos de muito baixo peso
compromete o início da oferta alimentar por sonda orogástrica e, consequentemente, o
momento de iniciar a transição da sonda para a alimentação por via oral21,22.
Diante disso, além de tratamento e cuidados especiais para sua sobrevivência,
os recém-nascidos prematuros e/ou doentes demandam também especial atenção quanto à
AZEVEDO, Paula da Costa Morbidades perinatais e o processo de transição alimentar . . . Capítulo de Revisão
24
nutrição, no sentido de promover a recuperação clínica e a transição alimentar da sonda
gástrica para a alimentação por via oral o mais rápido e eficientemente possível. Todavia,
diversas são as barreiras para a introdução e o estabelecimento da alimentação por via oral
nesta população, sendo estas dificuldades diretamente proporcionais à gravidade das
morbidades de cada neonato.
Esta problemática foi abordada em um estudo com 32 recém-nascidos pré-
termo divididos em dois grupos, com e sem displasia broncopulmonar. Foi comprovado que
esta morbidade interfere diretamente no tempo de transição alimentar, seja por seio materno,
relactação ou translactação, copo ou mamadeira, quando se observa que neonatos com
displasia broncopulmonar permaneceram em transição alimentar 11,7 dias a mais que o grupo
sem esta morbidade. Este achado ocorreu pelo início tardio da transição alimentar como
também devido a complicações durante este processo, como queda de saturação, esforço
respiratório, incoordenação da sucção e deglutição com a respiração, recusa alimentar, dentre
outras alterações menos significativas, as quais contribuíram também para que apenas 52,6%
destes neonatos doentes recebessem alta hospitalar em aleitamento materno exclusivo23.
Outro estudo com 65 recém-nascidos pré-termo, com idade gestacional entre
28 e 34 semanas, também constatou que a ocorrência de apneias contribuiu para um maior
tempo de transição da sonda gástrica para o estabelecimento da alimentação por via oral e
consequente aumento do período de permanência hospitalar, havendo diferença significativa
quando comparados aos recém-nascidos sem esta intercorrência24.
A doença pulmonar crônica e a sepse também são referidas como morbidades
associadas ao desenvolvimento clínico mais lento em recém-nascidos pré-termo. Igualmente
relevante, o tempo de ventilação mecânica e de oxigenioterapia também tem sido apontado
como responsável por dificultar o processo de transição, tanto da dieta parenteral quanto no
avanço da dieta enteral, até a alimentação por via oral25-27.
Estudos relatam que, quanto mais prematuro for o recém-nascido e maior o
período de ventilação mecânica, maiores serão as dificuldades destes neonatos de
coordenarem as funções de sucção, deglutição e respiração durante a oferta da dieta por via
oral. Referem também os autores que a alimentação por via oral só é considerada eficiente
AZEVEDO, Paula da Costa Morbidades perinatais e o processo de transição alimentar . . . Capítulo de Revisão
25
quando, além de proporcionar crescimento satisfatório ao recém-nascido, é capaz de evitar a
aspiração do alimento, preservando, assim, as condições respiratórias destes neonatos28,29.
Outras características relevantes na ocorrência de morbidades perinatais
também são observadas nos recém-nascidos pré-termo, como padrão postural desorganizado e
em extensão, devido ao tônus rebaixado; escassa estabilidade de pescoço, cintura escapular,
tronco e mandíbula; alteração da frequência respiratória e cardíaca; queda de saturação de
oxigênio com cianose e hipoxemia; ruídos pulmonares; hiper-reatividade ao estímulo
ambiental, e permanência em estado de alerta por períodos curtos. Acrescenta-se a isso o fato
de serem recém-nascidos que com muita frequência necessitaram de ventilação mecânica,
permanecendo com o tubo endotraqueal por vários dias, o que desencadeia a extensão de
cabeça, redução na estabilização da mandíbula e excessiva abertura de boca, comprometendo
o vedamento labial adequado. Estes fatores interferem durante a amamentação, ao dificultar a
preensão do mamilo e consequentemente, no desenvolvimento da sucção18,30.
Estas alterações clínicas implicam no mau desempenho da mamada,
dificultando o processo de transição da sonda gástrica para a alimentação por via oral devido à
desorganização global e incoordenação da sucção, deglutição com a respiração, o que
favorece um maior risco de aspiração pulmonar.
Hernandez, Giordan e Shiguematsu31 referem que dentre os fatores deletérios
que interferem no estabelecimento da amamentação, o tempo de internação prolongado, o
peso ao nascimento e a presença de doença pulmonar e hemorragia intracraniana são
influências negativas que comprometem de forma significativa a alimentação por via oral.
Apesar das dificuldades apontadas, o estabelecimento do aleitamento materno
em recém-nascidos pré-termo com morbidades perinatais deve ser uma meta constante dentro
dos hospitais, visto que os benefícios desta prática na recuperação das diversas morbidades
foram comprovados ao se constatar que os neonatos que estabeleceram o aleitamento materno
exclusivo apresentaram menor incidência de enterocolite necrosante, infecção (incluindo
sepse e meningite), diarreia e permaneceram em antibioticoterapia por menos tempo, quando
comparados aos alimentados com fórmulas lácteas32.
AZEVEDO, Paula da Costa Morbidades perinatais e o processo de transição alimentar . . . Capítulo de Revisão
26
Portanto, diante das limitações alimentares observadas em consequência das
intercorrências perinatais nos recém-nascidos pré-termo, a escolha do melhor método de
transição da sonda para alcançar o estabelecimento do aleitamento materno torna-se um
objetivo constante nas unidades de cuidados neonatais.
Transição alimentar: relactação como método facilitador para o
estabelecimento do aleitamento materno
Devido ao grande número de recém-nascidos pré-termo com morbidades
perinatais, a alimentação por sonda gástrica tem sido amplamente utilizada em neonatos que
ainda não coordenam a sucção, deglutição com a respiração. Estudo realizado em uma
unidade de terapia intensiva neonatal de Porto Alegre, com prematuros de peso menor que
1500g, constatou que 87,7% destes neonatos fizeram uso de sonda orogástrica33.
O desafio das equipes de saúde que assistem esses recém-nascidos é
possibilitar sua inserção na família e na sociedade, em condições cada vez melhores,
diminuindo ao máximo as sequelas advindas da sua condição de prematuros, como também
do longo tempo de tratamento intensivo a que tenham sido submetidos34. Nesta perspectiva, o
processo de transição da sonda gástrica para a alimentação por via oral constitui uma das
principais metas a serem alcançadas nos cuidados destes neonatos.
Alguns pesquisadores afirmam que o primeiro passo para o apropriado
desenvolvimento do processo de transição da sonda gástrica para a alimentação por via oral é
a estabilização dos padrões fisiológicos, incluindo frequência cardíaca, saturação e digestão.
A partir deste equilíbrio, e concomitante à eficiente coordenação da sucção, deglutição com a
respiração, estes prematuros estarão aptos a se alimentar por via oral35,36.
Assim, para alguns especialistas, a partir de 32 semanas de idade gestacional
corrigida o neonato tem condições de sugar e deglutir a dieta. Outros autores relatam que a
maturação da coordenação sucção, deglutição com a respiração é alcançada por volta da 34ª
semana de idade gestacional, acompanhada de condições respiratórias, cardiovasculares,
AZEVEDO, Paula da Costa Morbidades perinatais e o processo de transição alimentar . . . Capítulo de Revisão
27
metabólicas e gastrointestinais favoráveis. Porém, há consenso de que é na 37ª semana que a
coordenação sucção, deglutição com a respiração encontra-se bem estabelecida37,38.
Para que a função alimentar ocorra de forma eficaz também é imprescindível
que haja integração das atividades musculares dos lábios, bochechas, mandíbula, língua,
palato, faringe e laringe. Alteração na funcionalidade dessas estruturas compromete todo o
desempenho da função alimentar e, nos casos mais graves, o suporte nutricional destes
neonatos39.
Na área de desenvolvimento alimentar, discute-se que as habilidades motoras
orais estão relacionadas com o tipo de alimentação do neonato, pois, é a partir dos reflexos
orais e, especialmente, da sucção, realizada nos primeiros meses de vida, que essas
habilidades se aprimoram. Assim, o tipo de alimentação recebida pelo prematuro e a forma
como é oferecida, através da sonda gástrica, do seio materno, utilização da mamadeira, copo
ou colher, e ainda, a qualidade do contato inicial da mãe e seu filho durante a alimentação
devem ser levados em consideração40,41.
A complexidade e a importância da questão alimentar, nos últimos anos, têm
sido alvo de muitas pesquisas, com o intuito de descobrir maneiras de proporcionar ao recém-
nascido pré-termo uma transição alimentar através do uso da sonda para a via oral de modo
eficiente e seguro, garantindo, em contrapartida, o estabelecimento do aleitamento materno42.
Por todas as suas vantagens, o aleitamento materno tem sido recomendado por
organizações nacionais e internacionais. Contudo, sua prevalência é reduzida, principalmente
no que se refere aos recém-nascidos pré-termo, pois, além da imaturidade fisiológica e
neurológica característica destes neonatos, dificuldades decorrentes da manutenção da
lactação, a falta de cuidados maternos e principalmente a separação mãe-bebê favorecem um
alto índice de desmame ainda durante o período de internação32,43.
No entanto, devido à diversidade de morbidades que acometem os recém-
nascidos pré-termo, com consequente aumento do tempo de internação nas unidades de
cuidados neonatais, associadas à ansiedade, ao estresse materno, à insegurança da mãe sobre a
AZEVEDO, Paula da Costa Morbidades perinatais e o processo de transição alimentar . . . Capítulo de Revisão
28
qualidade de seu leite e ao comportamento alimentar imaturo, muitas genitoras apresentam
ausência ou diminuição do fluxo de leite na entrada do alojamento conjunto.
Com o propósito de superar estas adversidades e na busca de uma forma mais
fisiológica e segura para realizar a transição da sonda para a dieta por via oral no peito,
estabelecendo o aleitamento materno exclusivo, a técnica da relactação tem sido utilizada por
diversas instituições de cuidados neonatais. Este método foi primeiramente relatado por
Wieschhoff44, que o denominou de estimulação artificial. O termo relactação passou a ser
utilizado por Waletzki e Herman45, sendo assim utilizado até os dias atuais.
Este método é utilizado com genitoras que apresentam ausência ou produção
insuficiente de leite para suprir as necessidades nutricionais de seus filhos. Tem a finalidade
de proporcionar a transição do uso da sonda gástrica para a alimentação por via oral, através
do estabelecimento do aleitamento materno. Consiste em fixar uma seringa de 20ml, sem o
êmbolo, no colo materno, acoplada a uma sonda gástrica de número 4, com a extremidade dos
furos colocada ao nível do mamilo. O leite materno pasteurizado de outra genitora ou a
fórmula láctea é colocado na seringa e, ao sugar o peito, o recém-nascido retira o leite do
peito e da seringa. A sonda é pinçada, nas pausas, para o neonato respirar46-48.
A relactação foi desenvolvida anteriormente à translactação. A diferença entre
os dois métodos consiste no tipo de leite utilizado. Na translactação, as mães têm uma
produção suficiente de leite para suprir as necessidades nutricionais de seus filhos, contudo
estes não estão aptos a serem amamentados exclusivamente no peito. O leite anterior da
própria mãe é ordenhado e colocado na seringa; assim, ao sugar o peito, o recém-nascido
retira o leite posterior concomitantemente à descida do leite anterior por gavagem48.
O que se pretende, com a relactação, é restabelecer o processo fisiológico da
amamentação e, com isso, proporcionar uma produção adequada de leite pela glândula
mamária, de modo a alimentar convenientemente o lactente. O seu sucesso depende
diretamente da estimulação do reflexo neuro-endócrino, que é iniciada no mamilo através da
sucção, sendo fundamental para a produção do leite materno46.
AZEVEDO, Paula da Costa Morbidades perinatais e o processo de transição alimentar . . . Capítulo de Revisão
29
O restabelecimento da lactação pode partir de uma situação em que o
aleitamento era parcial ou misto, ou da ausência da lactação. Em situações nas quais o lactente
nunca foi amamentado, o sucesso da relactação depende da idade da criança quando o
processo é iniciado. Quanto mais nova, maior a probabilidade de se estimular o reflexo da
sucção e a relactação ser bem sucedida. A lactação pode ser induzida em situações nas quais
nunca houve produção de leite, no entanto, a glândula mamária que sofreu a influência de
uma gravidez responde melhor à prolactina, produzindo leite mais rapidamente46.
A translactação e a relactação foram mais facilmente adotadas a partir da
inserção do método Mãe Canguru nos alojamentos conjuntos. O uso dessas novas técnicas foi
importante, por trazer um novo paradigma quanto à atenção humanizada para o binômio mãe-
bebê49.
O método Mãe Canguru foi implantado no Brasil em 1991, devido à frequente
separação entre mãe e filho durante a permanência do neonato no hospital. Através desta
proposta, pôde-se oferecer aos recém-nascidos pré-termo uma assistência adequada e de
qualidade, associada à humanização no processo de nascimento e transição alimentar deste
lactente prematuro e/ou de baixo peso. Tem como base o contato pele a pele contínuo e
prolongado, o incentivo ao aleitamento materno e a redução da permanência hospitalar
precoce, dando à mãe a possibilidade de assumir o papel de primeira provedora das
necessidades físicas e emocionais de seu filho pequeno e prematuro50,51.
Com esta aproximação entre mãe-filho, a estimulação da sucção no peito
passou a ser uma prática mais frequente, com o principal objetivo de fornecer um estímulo
positivo ao recém-nascido pré-termo, por possibilitar o processamento de informações
sensoriais, o desenvolvimento das funções psicológicas, fisiológicas e o crescimento físico.
Esta estimulação oral leva em conta o estado nutricional e o ganho de peso dos recém-
nascidos pré-termo, fatores essenciais para o adequado desenvolvimento e redução do tempo
de transição do uso da sonda para a alimentação por via oral, especialmente na ocorrência de
morbidades clínicas perinatais 52.
O ganho ponderal dos recém-nascidos pré-termo e de baixo peso, com ou sem
morbidades, implica em melhoria de sua qualidade de vida, aumentando, desta forma, a
perspectiva da alta hospitalar, reduzindo os efeitos adversos da internação e inserindo-os, o
AZEVEDO, Paula da Costa Morbidades perinatais e o processo de transição alimentar . . . Capítulo de Revisão
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mais rapidamente possível, em seu núcleo familiar. Através da estimulação da sucção no
peito, estes adquirirem a capacidade de coordenar a sucção e a deglutição com a respiração,
possibilitando o estabelecimento do aleitamento materno de forma exclusiva e segura53.
Além dos objetivos citados anteriormente, a sucção no peito durante a
relactação facilita a digestão dos recém-nascidos pré-termo, pois o leite materno favorece o
rápido esvaziamento gástrico e tem propriedades laxativas, acelerando a passagem pelo
intestino. Para o sistema estomatognático, esta estimulação acelera a maturação do reflexo de
sucção, antecipa o início da transição do uso da sonda para via oral, bem como oferece
estímulos sensoriais e motores importantes para o crescimento e desenvolvimento das
estruturas orofaciais54,55.
Os benefícios desta prática foram observados em um estudo randomizado,
realizado na Índia, envolvendo 50 mães e lactentes com até quatro meses de idade,
hospitalizados por distintas morbidades e que se encontravam em desmame parcial ou
completo. Todas as mães estavam dispostas a utilizar a relactação, receberam orientações
sobre a lactação, realizaram estimulação no mamilo e no seio e colocaram seus filhos no peito
de oito a dez vezes ao dia, com duração de 10 a 15 minutos cada. O sucesso da relactação
ocorreu em 49 mães (98%), sendo que 46 alcançaram o aleitamento materno exclusivo e três
o aleitamento parcial. Não houve diferença significativa entre primíparas e multíparas56.
Em outro estudo, com 15 genitoras que interromperam o aleitamento de seus
bebês prematuros por mais de duas semanas, estas foram estimuladas a reiniciar a lactação,
colocando o recém-nascido no peito 10 a 12 vezes por dia, mantendo-os por 10 a 15 minutos
em cada seio. O resultado demonstrou que 13 mães obtiveram sucesso através da relactação,
sendo observada uma média de 17,8 dias para o estabelecimento do aleitamento parcial e 29,7
dias para o aleitamento materno exclusivo. No entanto, os primeiros sinais de ejeção de leite
ocorreram em torno do terceiro dia, após iniciada a relactação57.
O sucesso da relactação também foi comprovado por Pandit et al58, ao
estudarem 139 recém-nascidos pré-termo com morbidades respiratórias, infecções e diarreia.
Após a estimulação no peito 10 vezes ao dia, em média, 83% dos neonatos receberam alta em
aleitamento materno, sendo 61% de forma exclusiva e 23% em aleitamento parcial. Este
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estudo também constatou ganho ponderal dentro da curva de normalidade para o peso, assim
como redução significativa dos episódios de morbidade após a utilização da relactação.
Do ponto de vista nutricional, uma pesquisa com 606 mães, realizada nos
Estados Unidos, Canadá e Inglaterra verificou que a secreção mamária das mulheres que
induziram a relactação mediante a estimulação da sucção tinha composição similar à das mães
com lactação normal. Observou-se também que os lactentes apresentaram um crescimento
normal, comprovando que o leite produzido através da relactação é adequado12.
Apesar da relactação contribuir de forma significativa para a melhor evolução
dos neonatos com morbidades perinatais, por favorecer o início ou aumento do fluxo de leite
das genitoras, as quais permaneceram separadas de seus filhos durante o processo de
recuperação destes nas unidades neonatais, esta é uma técnica utilizada de forma alternativa,
aplicada em situações especiais, quando o fluxo de leite materno não permite o
estabelecimento do aleitamento materno de forma exclusiva e direta no peito.
No entanto, é importante enfatizar que a necessidade de utilizar este método
demonstra uma possível lacuna quanto ao adequado apoio oferecido às mães no período de
afastamento mãe-filho. Isto porque se acredita que a qualidade da assistência oferecida ao
binômio mãe-filho no momento do parto, puerpério e unidade intensiva neonatal, assim como
as estratégias implantadas de incentivo à amamentação podem ser fatores determinantes para
a diminuição do desmame nos hospitais e da consequente necessidade em se utilizar a
relactação.
Portanto, são necessárias iniciativas com a finalidade de mobilizar os
profissionais de saúde para mudanças das condutas e rotinas responsáveis pelos elevados
índices de desmame dentro dos hospitais, com o objetivo de facilitar e manter a lactação das
genitoras, promovendo, assim, o aumento da frequência do aleitamento materno exclusivo,
especialmente na população de neonatos pós morbidades perinatais.
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Considerações finais
Inúmeros são os obstáculos para se alimentar de forma segura e eficiente o
recém-nascido pré-termo que sofreu morbidades perinatais, havendo necessidade de se
discutir os diversos métodos de alimentação mencionados na literatura. No entanto, devido às
intercorrências a que estes neonatos estão expostos, ao consequente afastamento de suas mães
por período prolongado e à falta de conhecimento ou de implementação de técnicas que
promovam a manutenção da lactação, o insucesso do aleitamento materno no momento da alta
hospitalar ainda é muito frequente.
Tendo em vista a comprovada importância do leite materno na redução da
morbimortalidade infantil e que o leite da própria mãe é o mais adequado para a nutrição do
recém-nascido pré-termo, proporcionando uma melhor qualidade de vida destas crianças,
medidas de estímulo à amamentação, como a relactação, devem ser incentivadas na
ocorrência de dificuldades em se estabelecer a lactação e, consequentemente, o aleitamento
materno exclusivo ainda dentro do hospital.
A implementação desta técnica repercute de forma significativa na evolução
clínica destes neonatos, contribuindo, por conseguinte, para a redução do tempo de transição
alimentar, o período de permanência hospitalar e o aumento do índice de aleitamento materno
exclusivo no momento da alta hospitalar.
AZEVEDO, Paula da Costa Morbidades perinatais e o processo de transição alimentar . . . Capítulo de Revisão
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AZEVEDO, Paula da Costa Influência das morbidades clínicas perinatais na evolução de recém-nascidos . . . Artigo original
39
Influência das morbidades clínicas perinatais na evolução de recém-nascidos pré-termo que utilizaram a relactação como método de transição alimentar
Resumo
Objetivos: Analisar a influência das morbidades perinatais na evolução clínica dos recém-
nascidos pré-termo: ganho ponderal, tempo de transição alimentar e de alta hospitalar e o
estabelecimento do aleitamento materno, durante a utilização do método da relactação como
forma de transição da sonda orogástrica para o peito. Método: Estudo retrospectivo,
descritivo, do tipo série de casos, com 274 recém-nascidos com idade gestacional ao
nascimento < 37 semanas, divididos em dois grupos, com e sem morbidades perinatais,
internados na Unidade Mãe Canguru do Instituto de Medicina Integral Professor Fernando
Figueira –Imip, no período de agosto de 2002 a abril de 2005. Para a análise dos resultados
foram utilizados os testes estatísticos “t” Student e Qui-quadrado. Resultado: não foi
encontrada diferença estatisticamente significativa em relação ao ganho de peso e tempo de
transição entre os grupos com e sem intercorrência perinatal. No entanto, a diferença no
tempo de permanência até a alta hospitalar foi significante, sendo maior no grupo que
apresentou morbidades perinatais. O estabelecimento do aleitamento materno exclusivo
esteve presente em 70,2% dos bebês com intercorrência, sugerindo que a relactação também
pode ser eficaz em bebês que apresentam morbidades perinatais.
Palavras-chave: recém-nascido prematuro, morbidades, aleitamento materno.
AZEVEDO, Paula da Costa Influência das morbidades clínicas perinatais na evolução de recém-nascidos . . . Artigo original
40
Abstract
Objective: Analyze the influence of perinatal morbidities as the clinical evolution of preterm
infant: weight gain, time until feeding transition and hospital discharge and breastfeeding
establishment during relactation as a method of transition from orogastric tube to breast.
Method: Retrospective, descriptive and observational study with 274 preterm infants with
gestational age at birth < 37 weeks, separated in two groups, with and without morbidities in
the kangaroo mother care of the Integral Institute of Medicine Professor Fernando Figueira –
Imip (Recife, Brazil) between, august 2002 to april 2005. For statistical analyses “t” Student
and chi-square test was used. Results: It wasn’t found difference statistically significant
between weight and transition period in the groups with or without clinical perinatal
morbidities. However, the difference about the time until hospital discharge was significant
because the gravidity of some intercurrence and also later begin of the feeding transition
process. The exclusive breastfeeding was found in 70,2% of preterm infants with morbidities
suggesting that relactation also would be effective in newborn infants with perinatal
intercurrences.
Key-words: preterm infants, morbidities, breastfeeding.
AZEVEDO, Paula da Costa Influência das morbidades clínicas perinatais na evolução de recém-nascidos . . . Artigo original
41
Introdução
O período mais vulnerável do recém-nascido ocorre nos primeiros meses de
vida, sendo também a fase mais importante para o seu crescimento, desenvolvimento e o
estabelecimento de uma boa saúde. Dessa maneira, a nutrição desempenha um papel
primordial para a manutenção desta condição neste grupo etário, sendo o aleitamento materno
a melhor forma de alimentação, devido às propriedades nutritivas, antiinfecciosas e
imunológicas do leite materno1.
Em relação aos recém-nascidos pré-termo, com ou sem morbidades, os
benefícios da prática do aleitamento materno são ainda mais evidentes, uma vez que o leite de
mães de prematuros está adaptado à condição de imaturidade em que estes bebês se
encontram. É um leite de composição diferenciada, especialmente elaborado para as
necessidades do neonato, contendo maiores proporções de proteínas (principalmente as
imunoglobulinas), gorduras, calorias, vitaminas lipossolúveis, lactoferrina e vitamina A1,2.
Os recém-nascidos pré-termo que, além da idade gestacional reduzida
apresentam peso ao nascimento inferior a 2500g, caracterizam um grupo de risco elevado.
Estes bebês estão mais propensos às complicações infecciosas, neurológicas, problemas
respiratórios, distúrbios metabólicos, hemorragia periventricular, dentre outras patologias que
constituem fatores de risco3-5. Associadas a estas morbidades, frequentemente podem ocorrer
dificuldades alimentares e de deglutição, uma vez que estes neonatos apresentam imaturidade
global, a qual compromete a função motora oral, assim como a coordenação entre sucção,
deglutição e respiração, limitando a alimentação por via oral ou mesmo a amamentação5,6.
Portanto, considerando que recém-nascidos prematuros, doentes ou não, são
frequentemente afastados de suas mães para receber a assistência necessária e adequada à
manutenção de suas funções vitais, atrasando o início da amamentação, a Organização
Mundial de Saúde (OMS) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) ratificam a
importância de orientar a mãe sobre como iniciar e manter a lactação7.
Nesta perspectiva, diversas instituições nacionais e internacionais ratificam
este propósito e, através da técnica da relactação, buscam promover, nos recém-nascidos pré-
AZEVEDO, Paula da Costa Influência das morbidades clínicas perinatais na evolução de recém-nascidos . . . Artigo original
42
termo, com ou sem morbidades perinatais, uma transição mais rápida do uso da sonda
orogástrica para a alimentação por via oral, aumento do índice de aleitamento materno por
ocasião da alta hospitalar e, consequentemente, redução do tempo de internação, evitando
assim o desmame e os riscos de infecção durante o período de transição até a alta hospitalar.
A técnica da relactação tem o objetivo de restabelecer o processo fisiológico da
amamentação, além da sucção estimular a produção de leite na quantidade suficiente, de
modo a suprir as necessidades nutricionais do lactente, favorecendo um satisfatório ganho
ponderal8,9.
A literatura refere que o ganho diário de peso constitui importante variável
para a evolução do bebê prematuro e sua consequente alta hospitalar, sendo um dos fatores
primordiais para a estabilização clínica dos recém-nascidos doentes. Seu aumento interfere
diretamente na perspectiva de alta hospitalar, com consequente redução dos efeitos adversos
da internação e inserção deste recém-nascido pré-termo mais rapidamente no seu núcleo
familiar10,11.
Devido à limitação do conhecimento científico sobre as morbidades clínicas
perinatais no processo de relactação, principalmente nos recém-nascidos pré-termo, este
estudo tem como objetivo verificar a influência destas morbidades, considerando as variáveis
ganho de peso, tempo de duração da transição da sonda orogástrica para o peito, tempo de
permanência hospitalar e estabelecimento do aleitamento materno entre os neonatos que
utilizaram a relactação como método de transição alimentar.
Método
Este estudo faz parte de uma pesquisa intitulada “Alimentação do recém-
nascido pré-termo: métodos de transição da gavagem para o peito materno”, desenvolvida no
Alojamento Mãe Canguru do Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira -
Imip, Recife-PE12. O Imip é uma entidade de natureza pública, sem fins lucrativos. Possui
uma Unidade Neonatal de Alto-Risco, composta por 50 leitos, sendo 18 de cuidados
intensivos e 32 semi-intensivos. Atende anualmente cerca de dois mil bebês que apresentam
doenças complexas. A Unidade Mãe Canguru conta com uma enfermaria de 18 leitos.
AZEVEDO, Paula da Costa Influência das morbidades clínicas perinatais na evolução de recém-nascidos . . . Artigo original
43
O estudo foi retrospectivo, descritivo, do tipo série de casos, cujos dados foram
coletados dos prontuários dos recém-nascidos, no período de agosto de 2002 a abril de 2005.
Foram incluídos todos os recém-nascidos pré-termo, totalizando uma amostra de 432
prematuros. Esta amostra foi dividida em três grupos, de acordo com o método de transição da
alimentação por gavagem para o peito materno: translactação, relactação e sonda-peito.
No estudo original, ao entrar no Alojamento Mãe Canguru, todos os neonatos
estavam sendo alimentados por peito estímulo e sonda orogástrica; ou, peito estímulo e via
oral por copinho; ou apenas por sonda orogástrica. A dieta prescrita era preferencialmente o
leite materno da própria mãe; quando não era possível, utilizava-se o leite materno
pasteurizado e, por fim, como terceira alternativa, a fórmula láctea.
As variáveis analisadas foram: peso, idade gestacional e morbidades perinatais
por ocasião do nascimento e período de internação na unidade neonatal; idade, ganho de peso,
peso atual, idade gestacional corrigida e tipo de alimentação, na entrada no Alojamento Mãe
Canguru; idade, ganho de peso, peso atual e idade gestacional corrigida nas etapas
subsequentes de transição alimentar e alta hospitalar.
A idade gestacional corrigida foi descrita a partir da estimativa da idade
gestacional (em semanas), baseada nas características dos exames físicos e neurológicos e na
associação entre elas. No Serviço de Neonatologia do Imip são utilizados, como rotina, a
avaliação da idade gestacional através do método Capurro13 (na sala de parto) e o novo escore
proposto por Ballard14, no primeiro exame físico. Sendo assim, neste estudo os neonatos
foram avaliados pelos dois métodos. O peso do recém-nascido foi aferido diariamente, em
balança digital com precisão de cinco gramas.
A partir do banco de dados do estudo de Aquino e Osório12, foram
selecionados 274 recém-nascidos pré-termo que utilizaram apenas a relactação como método
de transição da alimentação por gavagem para o peito materno.
Considera-se relactação o processo de restabelecimento da produção de leite na
mulher que interrompeu a amamentação, com diminuição acentuada da produção de leite ou
mesmo que não amamentou após o parto15. Esta técnica destina-se, portanto, a repor ou a
AZEVEDO, Paula da Costa Influência das morbidades clínicas perinatais na evolução de recém-nascidos . . . Artigo original
44
reconstituir o reservatório de leite. É um processo lento, que necessita de esforço, dedicação e
perseverança. Consiste na utilização de uma sonda fixada no colo materno, com a
extremidade dos furos colocada ao nível do mamilo, sendo a outra extremidade acoplada a
uma seringa ou introduzida em um copo com leite materno pasteurizado ou fórmula láctea.
Quando colocado para mamar, o recém-nascido abocanha aréola e sonda. Ao sugar, estimula
a produção de leite, ao mesmo tempo em que é alimentado16.
Após o início da relactação, o volume por via oral prescrito pelo médico
diminui, de acordo com a aceitação e/ou ganho de peso do neonato. O processo de transição é
concluído com a retirada da sonda e a amamentação estabelecida, aumentando o número de
mamadas, sem a necessidade de complemento. Progride até a amamentação no peito de forma
exclusiva, sob livre demanda.
A amostra de 274 crianças que utilizaram a relactação no processo de transição
da alimentação por sonda orogástrica para o peito materno foi dividida em dois grupos: 245
recém-nascidos pré-termo com morbidades perinatais e 29 recém-nascidos pré-termo sem
morbidades perinatais. Considerou-se como morbidade clínica perinatal qualquer distúrbio ou
processo infeccioso, respiratório, cardíaco, metabólico ou neurológico ocorrido após o
nascimento, até o sétimo dia de vida extrauterina. Para o registro das morbidades foram
utilizados os diagnósticos dos prontuários, estabelecidos pelos médicos, de acordo com as
definições do Manual de Neonatologia da instituição17.
As morbidades clínicas perinatais encontradas foram: tocotraumatismo,
hipóxia, taquipneia transitória do recém-nascido, síndrome do desconforto respiratório,
displasia broncopulmonar, infecção perinatal ou hospitalar, meningoencefalite, hemorragia
intracraniana, cardiopatia e icterícia não fisiológica. Outras alterações como: dispneia, apneia,
palidez ou cianose, percebida durante ou após a relactação, também foram consideradas e
analisadas.
A análise dos resultados foi realizada por meio dos testes estatísticos “t”
Student, para verificar as diferenças das medianas entre os grupos com e sem morbidades
perinatais. O teste qui-quadrado foi utilizado para análise estatística entre duas proporções.
Adotou-se como nível de significância o valor de p ≤ 0,05.
AZEVEDO, Paula da Costa Influência das morbidades clínicas perinatais na evolução de recém-nascidos . . . Artigo original
45
O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos
do Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira, em 26 de novembro de 2008,
sob o protocolo de no1300, estando de acordo com a Resolução 196/96 do Conselho Nacional
de Saúde.
Resultados
As morbidades clínicas perinatais estiveram presentes em 89,4% do total de
274 recém-nascidos pré-termo participantes deste estudo, podendo, alguns deles terem sido
acometidos por mais de uma intercorrência. Dentre estas morbidades, destacaram-se a
síndrome do desconforto respiratório, 58,6%; taquipnéia transitória do recém-nascido, 30,0%;
e hipóxia moderada, 14,3%. É importante salientar que as infecções perinatais (35,0%) foram
mais frequentes que a infecção hospitalar (24,7%), apesar de ambas terem apresentado índices
elevados, conforme exposto na tabela 1.
A tabela 2 demonstra as medianas de peso, idade gestacional e idade
gestacional corrigida ao nascimento, por ocasião do início da transição alimentar e no
momento da alta hospitalar. No que se refere ao peso e à idade gestacional ao nascimento,
foram encontradas medianas estatisticamente significativas entre os grupos com e sem
intercorrência perinatal, sendo observados menor peso e menor idade gestacional ao
nascimento nos recém-nascidos pré-termo que apresentaram morbidade perinatal. No início
da transição alimentar não foi observada diferença significativa quanto ao peso no grupo dos
recém-nascidos pré-termo que apresentaram intercorrência perinatal. No momento da alta
hospitalar, também não foi registrada diferença estatisticamente significativa entre as médias
de peso, considerando os dois grupos.
A tabela 3 compara o tempo até a completa transição da sonda para via oral, o
ganho de peso e o tempo de permanência hospitalar, entre os grupos. Dentre estas variáveis,
não houve diferença estatisticamente significativa quanto ao tempo de transição e ao ganho de
peso dos recém-nascidos pré-termo, entre os grupos com e sem presença de morbidades. No
entanto, com relação ao tempo de permanência hospitalar, foi observada diferença
estatisticamente significativa entre os dois grupos.
AZEVEDO, Paula da Costa Influência das morbidades clínicas perinatais na evolução de recém-nascidos . . . Artigo original
46
A tabela 4 descreve o tipo de alimentação no momento da alta hospitalar, entre
os grupos com e sem intercorrência perinatal. Ao se analisar o aleitamento materno exclusivo,
foi verificado o estabelecimento desta prática em 70,2% dos bebês com intercorrência
perinatal e em 86,2% no grupo sem morbidade. Dentre os recém-nascidos pré-termo que
receberam alta hospitalar em aleitamento parcial (seio materno mais complemento por
relactação), cinquenta e oito (23,7%) encontravam-se no grupo com morbidade e quatro
(13,8%) no grupo sem intercorrência perinatal. A ausência do aleitamento materno foi
observada em quinze neonatos (6,1%) no grupo com intercorrência e em nenhum no grupo
que não sofreu intercorrência perinatal.
Discussão
A saúde dos recém-nascidos pré-termo depende de diferentes fatores, como a
idade gestacional, o peso ao nascimento e a incidência de morbidades clínicas perinatais.
Todos esses aspectos podem interferir no processo de transição alimentar, ganho ponderal,
tempo de alta hospitalar e, principalmente, no estabelecimento do aleitamento materno,
variáveis relevantes nas unidades de cuidados neonatais. Neste contexto, a relactação surge
como um método facilitador no processo de recuperação destes recém-nascidos, tendo em
vista os benefícios da manutenção da produção do leite materno para a nutrição e a saúde dos
neonatos8,9.
As morbidades clínicas perinatais ocorrem com elevada incidência em recém-
nascidos pré-termo de muito baixo peso, também presentes neste estudo, sendo o número e a
gravidade destas diretamente proporcionais ao peso de nascimento, ou seja, quanto menor o
peso do recém-nascido maior a sua susceptibilidade às morbidades perinatais18,19. Dentre os
245 recém-nascidos pré-termo com morbidades, foram registradas 508 morbidades clínicas
perinatais, atestando o alto percentual de morbidade neste grupo.
Este resultado está de acordo com a literatura, ao afirmar que, não obstante
terem ocorrido melhores índices de sobrevivência dos recém-nascidos com peso inferior a
1500g, com o advento de novos recursos nas unidades de cuidados neonatais, ainda se
observa uma alta incidência de morbidades perinatais, como: infecções neonatais, síndrome
do desconforto respiratório, hipóxia perinatal, hemorragia peri ou intraventricular, distúrbio
AZEVEDO, Paula da Costa Influência das morbidades clínicas perinatais na evolução de recém-nascidos . . . Artigo original
47
metabólico e enterocolite necrosante. A infecção hospitalar constitui uma das complicações
mais frequentes em unidades neonatais, sobretudo entre os recém-nascidos de muito baixo peso20-22.
Neste estudo, o peso ao nascimento apresentou correlação com as morbidades
clínicas perinatais, tendo em vista que o peso mediano ao nascimento foi menor nos recém-
nascidos que apresentaram tais morbidades. No entanto, após o período de perda ponderal, em
que os neonatos atingem seu peso mínimo, estes recuperaram o peso de nascimento e
mantiveram suas taxas crescentes de ganho de peso, diante de condições clínicas e
nutricionais adequadas23-25. Sendo assim, não foi observada diferença de peso entre os
neonatos dos dois grupos ao iniciarem o processo de transição alimentar da sonda orogástrica
para o peito materno.
De fato, é notório que muitos neonatos, apesar de manterem condições clínicas
estáveis que lhes permitem ingressar no alojamento Mãe Canguru, ainda apresentam muito
baixo peso. Este fato foi observado em estudo realizado por Freitas e Camargo26, constatando
que 54,6% dos recém-nascidos que ingressaram no alojamento Mãe Canguru apresentaram
peso no percentil menor ou igual a 5. Este resultado ratifica a importância da presença
conjunta mãe-filho para a completa recuperação destes neonatos, por facilitar e promover o
aleitamento materno e contribuir sobremaneira para a rápida recuperação nutricional do
recém-nascido pré-termo.
O processo de transição foi determinado pelo aumento gradativo da dieta por
via oral, utilizando-se a técnica da relactação, após serem avaliadas as condições clínicas e a
coordenação da sucção e deglutição com a respiração. O volume oferecido por via oral foi
condicionado ao ganho de peso diário. Como o ganho de peso mínimo esperado para a alta é
de 15 g/dia e a média do tempo de transição em torno de 10 dias, pode-se considerar,
portanto, que o ganho de peso adequado durante a transição alimentar está em torno de
150g27.
Neste estudo, a média de ganho de peso diário foi de 18,5 e 20g, no período de
10 e 11 dias, respectivamente, para os grupos com e sem morbidades. Percebe-se então que,
apesar da presença de morbidades clínicas perinatais, o ganho ponderal satisfatório durante o
período de transição alimentar contribuiu para que o tempo até a retirada da sonda orogástrica
e o estabelecimento da alimentação por via oral fosse semelhante nos dois grupos.
AZEVEDO, Paula da Costa Influência das morbidades clínicas perinatais na evolução de recém-nascidos . . . Artigo original
48
Penalva e Schwartzman28, estudando recém-nascidos pré-termo submetidos ao
método Mãe Canguru após alta da unidade de cuidado neonatal, observaram que, apesar da
presença de algumas morbidades, os recém-nascidos atingiram um ganho ponderal, ao
término da transição alimentar, similar ao encontrado nesta pesquisa.
Por outro lado, com relação à mediana em dias de vida por ocasião da alta
hospitalar foi observada diferença entre os grupos. Devido à gravidade de algumas doenças
perinatais, o grupo com morbidades apresentou um maior tempo de permanência hospitalar.
Outros estudos, como o de Mandich et al29 e o de Evangelista e Oliveira30
confirmam estes resultados, ao constatarem a influência das morbidades perinatais quanto ao
início, duração da transição alimentar e consequente aumento do tempo de internação até a
alta hospitalar. Entre os recém-nascidos pré-termo, com e sem morbidades respiratórias
graves, o primeiro grupo apresentou um maior tempo de internação até a alta hospitalar com
dieta por via oral.
Outro fator que interferiu para um maior período de internação foi a
necessidade de alguns neonatos serem reinternados na unidade neonatal. Dos 245 recém-
nascidos com morbidades, 23 retornaram à unidade neonatal por complicações no período de
relactação, como cianose e/ou apneia. Destes, apenas seis apresentaram morbidades
relacionadas diretamente à alimentação, voltando ao processo de relactação após recuperação.
Semelhante aos achados do presente trabalho, Penalva e Schwartzman28 ratificam a
ocorrência de reinternações por complicações durante o processo de transição da sonda
orogástrica para o aleitamento materno em torno de 9%.
Alguns estudos demonstram percentual de aleitamento materno exclusivo em
mais de 80% de recém-nascidos pré-termo que utilizaram a relactação como método de
transição da alimentação por gavagem para o peito materno27,31, corroborando com o
resultado do presente estudo no grupo de recém-nascidos sem morbidades. No entanto, apesar
de 70% do grupo dos recém-nascidos pré-termo que apresentaram intercorrências ter recebido
alta hospitalar em aleitamento materno exclusivo, não houve diferença significante em relação
ao grupo sem morbidades.
AZEVEDO, Paula da Costa Influência das morbidades clínicas perinatais na evolução de recém-nascidos . . . Artigo original
49
Por este estudo ser retrospectivo, não se pode afirmar se as mães que
participaram da relactação não possuíam um bom fluxo de leite ou não foram orientadas a
ordenhar enquanto seus filhos estivessem na unidade de cuidado neonatal. Entretanto, um
percentual de 70% de aleitamento exclusivo em recém-nascido pré-termo pode ser
considerado satisfatório ao considerar que na literatura, foram apontados percentuais bem
mais baixos em recém-nascidos que não utilizaram a relactação32,33. Na ausência do método
da relactação, provavelmente um grande número de neonatos receberiam alta hospitalar
utilizando outros tipos de alimentação.
Outros estudos relatam os benefícios da técnica da relactação como método de
transição alimentar em neonatos com morbidades clínicas perinatais e a efetividade deste
método no estabelecimento do aleitamento materno exclusivo por ocasião da alta hospitalar34-36.
Assim, apesar de pouco estudada, a prática da relactação tem-se mostrado
importante no processo de recuperação dos recém-nascidos pré-termo com ou sem
morbidades, pois, além de ser um método facilitador para o estabelecimento do aleitamento
materno, contribui para o adequado ganho ponderal e redução do tempo de transição do uso
da sonda para o peito, favorecendo o vínculo afetivo mãe-bebê e a inserção mais rápida do
neonato no seu núcleo familiar.
AZEVEDO, Paula da Costa Influência das morbidades clínicas perinatais na evolução de recém-nascidos . . . Artigo original
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TABELAS
Tabela 1- Distribuição das morbidades clínicas perinatais apresentadas pelos recém-nascidos pré-termo do Imip. Recife-PE - 2005
Morbidades N %
Tocotraumatismo
3 1.2
Hipóxia leve
29 11.9
Hipóxia moderada
35 14.3
Hipóxia grave
8 3.3
Taquipneia Transitória do recém-nascido
73 30.0
Síndrome do desconforto respiratório
143 58.6
Displasia broncopulmonar
5 2.1
Infecção perinatal
85 35.0
Infecção hospitalar
60 24.7
Meningoencefalite
14 5.8
Hemorragia intracraniana
13 5.3
Cardiopatia
24 9.9
Icterícia não fisiológica 16 6.6 TOTAL* 508
* Total maior que 245 casos, pela presença de mais de uma morbidade por recém-nascido pré-termo
AZEVEDO, Paula da Costa Influência das morbidades clínicas perinatais na evolução de recém-nascidos . . . Artigo original
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Tabela 2 -Comparação das medianas dos grupos quanto ao peso, idade gestacional, e idade gestacional corrigida desde o nascimento até a alta do Imip. Recife-PE - 2005
Variáveis Morbidades Perinatais Presente
n=245 Ausente
n=29 P*
Nascimento Peso (g) (25-75)
1330 (1140-1520)
1590 (1395-1760) 0,000**
Idade gestacional (dias) (25-75)
227 (222-255)
238 (227-245) 0,000**
Transição Peso (g) (25-75)
1475 (1355-1600)
1560 (1395-1695) 0,100
Idade gestacional Corrigida (dias) (25-75)
250 (244-263)
247 (241-257) 0,043**
Idade (dias de vida) (25-75)
23 (15-28)
9 (7-17) 0,000**
Alta Peso (g) (25-75)
1760 (1630-1900)
1870 (1720 -1945) 0,122
Idade gestacional corrigida (dias) (25-75)
268 (258-278)
261 (255-271) 0,029**
* Teste “t” Student ** Significância p ≤ 0,05
AZEVEDO, Paula da Costa Influência das morbidades clínicas perinatais na evolução de recém-nascidos . . . Artigo original
52
Tabela 3 - Comparação da evolução dos recém-nascidos pré-termo em relactação internados no alojamento Mãe Canguru do Imip. Recife-PE - 2005
Variáveis Morbidades Perinatais
Presente n=245
Ausente n=29 p*
Tempo de transição (dias) (25-75)
10 (8-14)
11 (9-15) 0,718
Ganho de peso (g) (25-75)
185 (125-270)
220 (165-265)
0,257
Tempo permanência hospitalar (25-75)
40 (29-55)
23 (21-33) 0,000**
* Teste “t” Student ** Significância p ≤ 0,05
AZEVEDO, Paula da Costa Influência das morbidades clínicas perinatais na evolução de recém-nascidos . . . Artigo original
53
Tabela 4 - Tipo de alimentação dos recém-nascidos pré-termo no momento da alta do alojamento Mãe Canguru do Imip. Recife-PE - 2005
Alimentação Morbidades Perinatais
Presente n=245
Ausente n=29
Aleitamento materno exclusivo
172 (70,2%)
25 (86,2%)
Aleitamento materno e complemento por relactação
58 (23,7%)
4 (13,8%)
Via oral por relactação
15 (6,1%)
0 (0,0%)
O teste estatístico de Qui-quadrado foi utilizado apenas para comparação dos grupos em aleitamento materno exclusivo: p>0,05.
AZEVEDO, Paula da Costa Influência das morbidades clínicas perinatais na evolução de recém-nascidos . . . Artigo original
54
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AZEVEDO, Paula da Costa Utilização da relactação como método de transição alimentar . . . Considerações finais
58
Considerações finais
A inclusão, neste estudo, de recém-nascidos com as mais diversas morbidades
clínicas perinatais demonstrou que estes bebês apresentam um grande potencial para receber
alta em aleitamento materno exclusivo.
Este elevado percentual pode ser creditado ao conhecimento prévio dos
profissionais de saúde da instituição na qual foi realizada a pesquisa, sobre a importância do
incentivo à manutenção e manejo da lactação às genitoras, enquanto aguardam a recuperação
dos seus filhos na unidade de cuidado intensivo neonatal.
Após este suporte, o contato da mãe com seu bebê no alojamento conjunto
contribuiu para que a técnica da relactação fosse bem sucedida. Estas se sentiram mais
confiantes e tranquilas quanto aos cuidados com seu filho, o que favoreceu a formação do
vínculo afetivo, diminuindo, portanto, os sentimentos de angústia e impotência frente ao seu
bebê.
No entanto, apesar dos resultados desta pesquisa serem satisfatórios, não se
pode afirmar se, especialmente na população dos recém-nascidos pré-termo que apresentaram
morbidades clínicas perinatais, o estabelecimento do aleitamento materno exclusivo, após
utilização da relactação, perdurou até o mínimo de seis meses, período recomendado pela
OMS.
AZEVEDO, Paula da Costa Utilização da relactação como método de transição alimentar . . . Considerações finais
59
Assim, devido à escassez de estudos abordando a técnica da relactação,
recomenda-se que novas pesquisas sobre esta temática sejam realizadas, através de métodos
prospectivos, a fim de que os profissionais que cuidam da saúde dos neonatos possam
aprofundar os conhecimentos sobre esta prática. Ademais, deve-se enfatizar os benefícios da
técnica da relactação no seguimento destes bebês, após alta hospitalar.
AZEVEDO, Paula da Costa Utilização da relactação como método de transição alimentar . . . Anexo A
ANEXO A - Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa
AZEVEDO, Paula da Costa Utilização da relactação como método de transição alimentar . . . Anexo B
ANEXO B - Instrução aos autores: Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil
ISSN 1519-3829 versão impressa ISSN 1806-9304 versão online
INSTRUÇÕES AOS AUTORES
A Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil é uma publicação trimestral (março, junho, setembro e dezembro) cuja missão é a divulgação de artigos científicos englobando o campo da saúde materno infantil. As contribuições devem abordar os diferentes aspectos da saúde materna, saúde da mulher e saúde da criança, contemplando seus múltiplos determinantes biomédicos, socioculturais e epidemiológicos. São aceitos trabalhos nas seguintes línguas: português, espanhol e inglês. A seleção baseia-se no princípio da avaliação pelos pares (peer review) - especialistas nas diferentes áreas da saúde da mulher e da criança.
Direitos autorais
Os trabalhos publicados são propriedade da Revista, vedada a reprodução total ou parcial e a tradução para outros idiomas, sem a autorização da mesma. Os trabalhos deverão ser acompanhados da Declaração de Transferência dos Direitos Autorais, assinada pelos autores. Os conceitos emitidos nos trabalhos são de responsabilidade exclusiva dos autores.
Comitê de Ética
A declaração de Helsinki de 1975, em 2000 deve ser respeitada.
Também serão exigidos para os artigos nacionais a Declaração de Aprovação do Comitê de Ética conforme as diretrizes da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP) e, para os artigos do exterior a Declaração de Aprovação do Comitê de Ética do local onde a pesquisa tiver sido realizada.
Critérios para aprovação e publicação de artigo
Além da observação das condições éticas da pesquisa, a seleção de um manuscrito levará em consideração a sua originalidade, prioridade e oportunidade. O rationale deve ser exposto com clareza exigindo-se conhecimento da literatura relevante e adequada definição do problema estudado. Dois revisores externos serão consultados para avaliação do mérito científico. No caso de discordância entre eles, será solicitada a opinião de um terceiro revisor . A partir de seus pareceres e do julgamento do Comitê Editorial, o manuscrito receberá uma das seguintes classificações: 1) aceito; 2) recomendado, mas com alterações; 3) não aprovado. Na classificação 2 os pareceres serão enviados aos(s) autor(es), que terão oportunidades de
AZEVEDO, Paula da Costa Utilização da relactação como método de transição alimentar . . . Anexo B
revisão; na condição 3, o manuscrito será devolvido ao(s) autor(es); no caso de aceite, o artigo será publicado de acordo com o fluxo dos manuscritos e o cronograma editorial da Revista.
Seções da Revista
Editorial
Revisão apresentação do histórico da evolução científica e avaliação crítica de um tema, tendo como suporte para a investigação a literatura considerada relevante. Revisões sistemáticas são recomendadas quando oportunas e terão prioridade frente a revisões narrativas.
Artigos Originais divulgam os resultados de pesquisas inéditas e permitem a reprodução destes resultados dentro das condições citadas no mesmo. Para os artigos originais recomenda-se seguir a estrutura convencional: Introdução: onde se apresenta a relevância do tema, as hipóteses iniciais, a justificativa para a pesquisa e o objetivo, que deve ser claro e breve; Métodos: descreve a população estudada, os critérios de seleção e exclusão da amostra, define as variáveis utilizadas e informa a maneira que permite a reprodutividade do estudo, em relação a procedimentos técnicos e instrumentos utilizados, além da análise estatística; Resultados: são apresentados de forma concisa, clara e objetiva, em seqüência lógica e apoiados nas ilustrações: tabelas e figuras - gráficos, desenhos, fotografias; Discussão: interpreta os resultados obtidos e verifica a compatibilidade entre estes resultados e os citados na literatura, ressaltando aspectos novos e importantes, vinculando as conclusões aos objetivos do estudo. Aceitam-se outros formatos, quando pertinente, de acordo com a natureza do trabalho. Os trabalhos deverão ter no máximo 25 páginas e recomenda-se citar até 30 referências bibliográficas.
Notas de Pesquisa relatos concisos sobre um tema original (máximo de cinco páginas).
Ponto de Vista opinião qualificada sobre saúde materno-infantil (a convite dos editores).
Resenhas crítica de livro publicado nos últimos dois anos ou em redes de comunicação on line (máximo de cinco páginas).
Cartas crítica a trabalhos publicados recentemente na Revista (máximo de três páginas).
Artigos especiais textos cuja temática seja considerada de relevância pelos Editores e que não se enquadrem nas categorias acima mencionadas. Forma e preparação de manuscritos
Apresentação dos manuscritos
Os manuscritos encaminhados à Revista deverão ser digitados no programa Microsoft Word for Windows, em fonte Times New Roman, tamanho 12, em espaço duplo, impresso em duas vias, acompanhados por um CD-Rom; podem também, ser enviados via e-mail.
Por ocasião da submissão do manuscrito os autores devem declarar que o mesmo não foi publicado e não está sendo submetido a outro periódico, nem o será enquanto em processo de avaliação. Estrutura do manuscrito Página de identificação título do trabalho: em português ou no idioma do texto e em inglês, nome e endereço completo dos autores e respectivas instituições; indicação do autor
AZEVEDO, Paula da Costa Utilização da relactação como método de transição alimentar . . . Anexo B
responsável pela troca de correspondência; fontes de auxílio: citar o nome da agência financiadora e o tipo de auxílio recebido. Página dos Resumos deverão ser elaborados dois resumos para os Artigos Originais, Notas de Pesquisa e Artigos de Revisão sendo um em português ou no idioma do texto e outro em inglês, o abstract. Os resumos dos Artigos Originais e Notas de Pesquisa deverão ter no máximo 250 palavras e devem ser estruturados: Objetivos, Métodos, Resultados, Conclusões. Nos Artigos de Revisão o formato narrativo dispensa o uso de resumo estruturado o qual deverá ter no máximo 150 palavras.
Palavras-chave para identificar o conteúdo dos trabalhos os resumos deverão ser acompanhados de três a dez palavras-chave em português e inglês. A Revista utiliza os Descritores em Ciências da Saúde (DECS) da Metodologia LILACS, e o seu correspondente em inglês o Medical Subject Headings (MESH) do MEDLINE, adequando os termos designados pelos autores a estes vocabulários.
Página das Ilustrações as tabelas e figuras (gráficos, desenhos, mapas, fotografias) deverão ser inseridas em páginas à parte.
Página da Legenda as legendas das ilustrações deverão seguir a numeração designada pelas tabelas e figuras, e inseridas em folha à parte.
Agradecimentos à colaboração de pessoas, ao auxílio técnico e ao apoio econômico e material, especificando a natureza do apoio.
Referências devem ser organizadas na ordem em que são citadas no texto e numeradas consecutivamente; não devem ultrapassar o número de 30 referências. A Revista adota as normas do Committee of Medical Journals Editors (Grupo de Vancouver), com algumas alterações; siga o formato dos exemplos: Artigo de revista Lopes MCS, Ferreira LOC, Batista Filho M. Uso diário e semanal de sulfato ferroso no tratamento de anemia em mulheres no período reprodutivo. Cad Saúde Pública 1999; 15: 799-808. Livro Alves JGB, Figueira F. Doenças do adulto com raízes na infância. Recife: Bagaço; 1998. Editor ou Compilador como autor
Norman IJ, Redfern SJ, editors. Mental health care for elderly people. New York: Churchill Livingstone; 1996. Capítulo de livro Timmermans PBM. Centrally acting hipotensive drugs. In: Van Zwieten PA, editor. Pharmacology of antiihypertensive drugs. Amsterdam: Elservier; 1984. p. 102-53 Congresso considerado no todo Proceedings of the 7th World Congress on Medical Informatics; 1992 Sep 6-10; Geneva, Switzerland. Amsterdam: North Holland; 1992.
Trabalho apresentado em eventos
Bengtson S, Solheim BG. Enforcement of data protection, privacy and security in medical informatics. In: Lun KC, Degoulet P, Piemme TE, Rienhoff O, editors. MEDINFO 92.
AZEVEDO, Paula da Costa Utilização da relactação como método de transição alimentar . . . Anexo B
Proceedings of the 7th World Congress on Medical Informatics; 1992 Sep 6-10; Geneva, Switzerland. Amsterdam: North Holland; 1992. p. 1561-5
Dissertação e Tese
Pedrosa JIS. Ação dos autores institucionais na organização da saúde pública no Piauí: espaço e movimento [dissertação mestrado]. Campinas: Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas; 1997.
Diniz AS. Aspectos clínicos, subclínicos e epidemiológicos da hipovitaminose A no estado da Paraíba [tese doutorado]. Recife: Departamento de Nutrição, Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal de Pernambuco; 1997.
Documento em formato eletrônico
Pellegrini Filho A. La BVS y la democratización del conocimiento y la información en salud.1999. Disponível em URL: Http://www.bireme.br/bvs/reunião/doc/pellegrini.htm [2000 Jan 16]
Envio de manuscritos
Os trabalhos deverão ser encaminhados para:
Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil
Instituto Materno Infantil Prof. Fernando Figueira - IMIP
Secretaria Executiva Rua dos Coelhos, 300. Boa Vista Recife, PE, Brasil CEP 50.070-550 Tel / Fax: +55 +81 2122.4141 E mail: [email protected] Site: www.imip.org.br
AZEVEDO, Paula da Costa Utilização da relactação como método de transição alimentar . . . Anexo C
ANEXO C - Protocolo e Formulário
PROTOCOLO DE FONOAUDIOLOGIA
Elaborado pela pesquisadora Rebeca Raposo de Aquino Pesquisa intitulada: “Alimentação do recém-nascido pré-termo: métodos de transição da gavagem para o peito materno” Os tópicos em destaque foram utilizados nesta pesquisa
N.º_____ PRONTUÁRIO nº ____________
RN_______________________________________________________________________ RG:_______________ Mãe______________________________________________________________________ Idade:______________ Instrução: Analfab.( ) 1º grau inc.( ) Comp.( ) 2º grau( ) Sup. ( ) Endereço:__________________________________________________________________________________ Gesta________ Para________ Filhos vivos________ Filho mais novo________ PN_______consultas Patologias na gestação________________________ Data de nascimento:____/____/____ Sexo: Mas. ( ) Fem. ( ) Tipo de parto: Vaginal ( ) Fórceps ( ) Cesáreo ( ) Gemelar: S ( ) N ( ) Apgar: 1º_____ 5º_____ 10º_____ Peso ao Nascimento:______ g Idade Gestacional:________ semanas Diagnósticos e Condutas: _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ Data de entrada no Canguru:____/___/___ Idade em dias:_____ IGC:______ Tipo de alimentação:________________________ Peso:_______ g Início da transição da dieta: ____/____/____ Tipo:__________________
AZEVEDO, Paula da Costa Utilização da relactação como método de transição alimentar . . . Anexo C
Idade em dias:________ IGC:________ Peso:__________ g ___/___ __________________P______- ___/___ _______________P ______ ___/___ __________________P______- ___/___ _______________P ______ ___/___ __________________P______- ___/___ _______________P ______ ___/___ __________________P______- ___/___ _______________P ______ ___/___ __________________P______- ___/___ _______________P ______ ___/___ __________________P______- ___/___ _______________P ______ ___/___ __________________P______- ___/___ _______________P ______ Observações:_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Tempo de transição:_____________ dias Problemas apresentados: Apnéia ( ) Cianose ( ) Aspiração ( ) Causa:________________________________________________________________________________________ Transferido para o berçário: Sim ( ) Não ( ) Condutas:________________________________________________________________________________________________________________________ Retorno ao Canguru:_______ Peso:_______ g Dias no berçário:________ Data da alta:___/___/___ Idade:______ dias IGC______ Peso:_______ g Condições de alta: Boa ( ) Regular ( ) Ruim ( ) Alimentação:_________
AZEVEDO, Paula da Costa Utilização da relactação como método de transição alimentar . . . Anexo C
FORMULÁRIO DA PESQUISA
Elaborado pela pesquisadora Rebeca Raposo de Aquino Pesquisa intitulada: “Alimentação do recém-nascido pré-termo: métodos de transição da gavagem para o peito materno” Os tópicos em destaque foram utilizados nesta pesquisa N. º_______
Prontuário Nº________ RN de____________________________________________ IdadeMat: _________ Instrução: Analfab.(1) 1º grau inc.(2) 1º grau Comp.(3) 2º grau (4) Sup. (5) Gesta_______ Para___________ Filhos vivos________ Filho mais novo__________ Data de Nasc.: _____/_____/_____ Apgar: 1º____ 5º____ 10º____ Tipo de parto: Vaginal (1) Cesário (2) Fórceps (3) Gemelar: Sim (1) Não (2) Peso ao Nascimento: ______ g Id. Gestacional: ______ Intercorrências: (1) Sim (2) Não (9) Ignorado (1) Tocotraumatismo (1) S (2) N (8) Inf. Perinatal (1) S (2) N (2) Hipóxia leve (1) S (2) N (9) Inf. Hospitalar (1) S (2) N (3) Hipóxia Moderada (1) S (2) N (10) Meningoencefalite (1) S (2) N (4) Hipóxia Grave (1) S (2) N (11) HIC (1) S (2) N (5) TTRN (1) S (2) N (12) Cardiopatia (1) S (2) N (6) SDR (1) S (2) N (13) Icterícia Patológica (1) S (2) N 7) DBP (1) S (2) N Data entrada no Canguru: _____/_____/_____ Idade em dias: _____ IGC: ______ Peso: ________ g Tipo alimentação:
(1) SOG (2) SOG + VO (3) VO (4) PE + SOG (5) PE + VO
Nº ___ ___ ___ PRONTNº __ __ __ __ __ __ __ IDAMAT ___ ___ INSTMAT ___ GESTA ___ ___ ___ PARA ___ ___ FILHOVIV ___ ___ IDFILHON ___ ___ DATANASC __ __/ __ __/ __ __ __ __ APGAR1 ___ ___ APGAR5 ___ ___ APGAR10 ___ ___ TIPOPART ___ GEM ___ PESNASC ___ ___ ___ ___ IDAGEST ___ ___ ___ INTERC ___ 1 - ___ 8 - ___ 2 - ___ 9 - ___ 3 - ___ 10 - ___ 4 - ___ 11 - ___ 5 - ___ 12 - ___ 6 - ___ 13 - ___ 7- ___ DATENT __ __/ __ __/ __ __ __ __ IDADENT ___ ___ ___ IGCENT ___ ___ ___
AZEVEDO, Paula da Costa Utilização da relactação como método de transição alimentar . . . Anexo C
Data Início da transição: _____/_____/_____ Tipo: (1) TL (2) RL (3) SM + SOG Profissional que iniciou: (1) Fono (2) Médico Idade em dias: ________ IGC:________ Peso:__________ g ___/___ __________________P______- ___/___ _______________P ______ ___/___ __________________P______- ___/___ _______________P ______ ___/___ __________________P______- ___/___ _______________P ______ ___/___ __________________P______- ___/___ _______________P ______ ___/___ __________________P______- ___/___ _______________P ______ ___/___ __________________P______- ___/___ _______________P ______ ___/___ __________________P______- ___/___ _______________P ______ ___/___ __________________P______- ___/___ _______________P ______ ___/___ __________________P______- ___/___ _______________P ______ ___/___ __________________P______- ___/___ _______________P ______ Tempo de transição: _______ dias Idade em dias: ________ IGC:________ Peso:__________ g Problemas apresentados: (1) Sim (2) Não (9) Ignorado (1) Apnéia (1) S (2) N (8) NSA (2) Cianose (1) S (2) N (8) NSA (3) Aspiração (1) S (2) N (8) NSA Causa: (1) Anemia (3) Probl. Maternos
(2) Infecção (4) Outros Transferido para o berçário: (1) Sim (2) Não Data Trans. ___/___/___ Idade em dias: ________ IGC:________ Peso:________ g Retorno ao Canguru: __/___/___ Idade em dias: ________ IGC:________ Peso:________ g Data da alta: ___/___/___ Idade:______ dias IGC______ Peso:_______ g Alimentação: (1) SML (2) SM + VO (3) VO
DATINIC __ __/ __ __/ __ __ __ __ TIPOTRAN ___ PROFINI ___ IDAINIC ___ ___ ___ IGCINIC ___ ___ ___ PESINIC ___ ___ ___ ___ TEMPTRNS ___ ___ IDAFINAL ___ ___ ___ IGCFINAL ___ ___ ___ PESFINAL ___ ___ ___ ___ PROBTRAN ___ (1) APNÉIA ___ (2) CIANOSE ___ (3) ASPIRAÇ ___ CAUSA ___ TRANSFBE ___ DATATRAN __ __/ __ __/ __ __ __ _ IDADTRANS ___ ___ ___ IGCTRANS ___ ___ ___ PESTRANS ___ ___ ___ ___ DATARET __ __/ __ __/ __ __ IDADERET ___ ___ ___ IGCRET ___ ___ ___ PESORET ___ ___ ___ ___ DATALT __ __/ __ __/ __ __ IDADALT ___ ___ ___ IGCALT ___ ___ ___ PESALT ___ ___ ___ ___ ALIMENT ___