utilização da relactação como método de transição alimentar em … · 2019. 10. 25. ·...

71
PAULA DA COSTA AZEVEDO Utilização da relactação como método de transição alimentar em recém-nascidos prematuros com ou sem morbidades perinatais Recife 2009

Upload: others

Post on 08-Mar-2021

1 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

PAULA DA COSTA AZEVEDO

Utilização da relactação como método de transição alimentar em recém-nascidos

prematuros com ou sem morbidades perinatais

Recife 2009

Paula da Costa Azevedo

Utilização da relactação como método de transição alimentar em recém-nascidos prematuros

como ou sem morbidades perinatais

Dissertação apresentada ao Colegiado da Pós-Graduação em Saúde da Criança e do Adolescente do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal de Pernambuco, como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Saúde da Criança e do Adolescente.

Orientadora Profa. Dra. Mônica Maria Osório

Co-orientadora Profa. Dra. Cláudia Marina Tavares de Araújo

RECIFE 2009

Azevedo, Paula da Costa

Utilização da relactação como método de transição alimentar em recém-nascidos prematuros com ou sem morbidades perinatais / Paula da Costa Azevedo. – Recife : O Autor, 2009.

70 folhas : Il.; fig., e tab.

Tese (mestrado) – Universidade Federal de

Pernambuco. CCS. Saúde da criança e do adolescente, 2009.

Inclui bibliografia e anexos.

1. Recém-nascido 2. Prematuro. 3. Morbidade Perinatal. 4. Aleitamento Materno I.Título.

612.648 CDU (2.ed.) UFPE 618.92011 CDD (22.ed.) CCS2009-104

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

REITOR

Prof. Dr. Amaro Henrique Pessoa Lins

VICE-REITOR

Prof. Dr. Gilson Edmar Gonçalves e Silva

PRÓ-REITOR DA PÓS-GRADUAÇÃO

Prof. Dr. Anísio Brasileiro de Freitas Dourado

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

DIRETOR Prof. Dr. José Thadeu Pinheiro

COORDENADOR DA COMISSÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO DO CCS

Profa. Dra. Célia Maria Machado Barbosa de Castro

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE ÁREA DE CONCENTRAÇÃO EM CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO

COLEGIADO

Profa. Dra. Gisélia Alves Pontes da Silva (Coordenadora) Profa. Dra. Luciane Soares de Lima (Vice-Coordenadora)

Profa. Dra. Marília de Carvalho Lima Profa. Dra. Sônia Bechara Coutinho Prof. Dr. Pedro Israel Cabral de Lira

Profa. Dra. Mônica Maria Osório de Cerqueira Prof. Dr. Emanuel Savio Cavalcanti Sarinho

Profa. Dra. Sílvia Wanick Sarinho Profa. Dra. Maria Clara Albuquerque Profa. Dra. Sophie Helena Eickmann

Profa. Dra. Ana Cláudia Vasconcelos Martins de Souza Lima Profa. Dra. Maria Eugênia Farias Almeida Motta

Prof. Dr. Alcides da Silva Diniz Profa Dra. Maria Gorete Lucena de Vasconcelos

Profa. Dra. Sílvia Regina Jamelli Profa. Dra. Cleide Maria Pontes

Adriana Azoubel Antunes (Representante Discente – Doutorado) Thaysa Maria Gama Albuquerque Leão de Menezes (Representante Discente – Mestrado)

SECRETARIA Paulo Sergio Oliveira do Nascimento

Juliene Gomes Brasileiro Clarissa Soares Nascimento

AZEVEDO, Paula da Costa Utilização da relactação como método de transição alimentar . . . Dedicatória

Dedicatória

Dedico esta dissertação a minha família e

especialmente ao meu sobrinho João

Guilherme; amor para toda vida...

AZEVEDO, Paula da Costa Utilização da relactação como método de transição alimentar . . . Agradecimentos

Agradecimentos

A Deus por ter me dado o presente da vida.

Aos meus pais, pelos sábios ensinamentos, pelo amor diário e

incentivo em todos os momentos de minha vida.

Ao meu irmão e minha cunhada pela participação em toda a

minha trajetória profissional.

À Mônica Osório, minha orientadora, pela paciência e

contribuições enriquecedoras no processo de elaboração desta dissertação.

A Cláudia Marina, minha co-orientadora, pela prontidão,

dedicação e palavras de incentivo.

A Rebeca Raposo, pela imprescindível colaboração para que esta

pesquisa se realizasse. Minha eterna gratidão...

Aos professores do programa da Pós-Graduação em Saúde da

Criança e do Adolescente, por transmitirem de forma maravilhosa seus

conhecimentos sobre o mundo científico.

AZEVEDO, Paula da Costa Utilização da relactação como método de transição alimentar . . . Agradecimentos

Às professoras Sônia Bechara Coutinho e Bianca Arruda

Manchester de Queiroga pelas críticas e sugestões bastante pertinentes,

desde a elaboração do projeto, até a finalização desta dissertação.

Aos companheiros e amigos de turma, pelo aprendizado

constante e momentos únicos e maravilhosos passados juntos.

A Clarissa e Julienne, secretárias da Pós-Graduação do Centro de

Saúde da Criança e do Adolescente, por toda disponibilidade.

A Paulo, secretário da Pós-Graduação do Centro de Saúde da

Criança e do Adolescente, pela amizade construída e pela constante

colaboração durante este mestrado.

Às minhas amigas, amigos e meu amor, obrigada por

entenderem minha ausência em muitos momentos e pela vibração por mais

esta conquista.

Agradecimento especial à CNPq, pela concessão da bolsa de

estudos.

AZEVEDO, Paula da Costa Utilização da relactação como método de transição alimentar . . . Epígrafe

“Há um tempo em que é preciso abandonar

as roupas usadas, que já tem a forma do

nosso corpo, e esquecer nossos caminhos,

que nos levam sempre aos mesmos lugares.

É o tempo de travessia: e, se não ousarmos

fazê-la, teremos ficado, para sempre, à

margem de nós mesmos".

Fernando Pessoa

AZEVEDO, Paula da Costa Utilização da relactação como método de transição alimentar . . . Resumo

Resumo

Alimentar o recém-nascido pré-termo e de baixo peso de forma adequada é de suma importância para um satisfatório crescimento e desenvolvimento. No entanto, o alto índice de morbidades clínicas perinatais, inerentes a esta população, interfere diretamente no estabelecimento do aleitamento materno exclusivo durante a internação hospitalar. Este estudo justifica-se então, por apresentar a técnica da relactação como auxílio no processo de transição alimentar da sonda orogástrica para o aleitamento materno. Tem por objetivo caracterizar os neonatos prematuros e de baixo peso, analisando suas morbidades, assim como sua influência quanto ao ganho de peso, tempo de transição alimentar e tempo para a alta hospitalar, durante a utilização da relactação como método para o estabelecimento do aleitamento materno exclusivo no período de hospitalização. A revisão da literatura foi baseada em pesquisa bibliográfica nas bases de dados Medline, Scielo, Lilacs e PubMed, utilizando os termos “recém-nascido pré-termo”, “baixo peso ao nascer”, “morbidade”, “transição alimentar” e “aleitamento materno”, além de pesquisa adicional em dissertações, teses e livros especializados. O artigo original foi elaborado a partir do banco de dados de um estudo retrospectivo, descritivo, do tipo série de casos, realizado no Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira – Imip, no período de agosto de 2002 a abril de 2005. A literatura refere que, apesar das morbidades clínicas perinatais comprometerem o início do período de transição alimentar, após estabilização clínica, um grande percentual de neonatos conseguem ser amamentados exclusivamente no peito materno no momento da alta hospitalar. Este estudo confirma estes resultados, ao constatar que, através da relactação, o estabelecimento do aleitamento materno exclusivo esteve presente em 70,2% dos recém-nascidos pré-termos com intercorrências. Não foi encontrada diferença estatisticamente significativa em relação ao ganho de peso e tempo de transição entre os grupos com e sem morbidade clínica perinatal. No entanto, a diferença quanto ao tempo até a alta hospitalar foi significativa, devido à gravidade das morbidades de alguns neonatos e o consequente atraso do início do processo de transição alimentar. Apesar da escassez de literatura científica, não há dúvida, nestes estudos, assim como no Serviço onde foi realizada esta pesquisa, acerca dos benefícios da prática da relactação em recém-nascidos prematuros de baixo peso e com morbidades clínicas perinatais. Contudo, não se pode afirmar se esta prática é realizada de forma sistemática pelas unidades de saúde, o que reforça a necessidade de um maior número de estudos abordando está temática. Palavras-chave: Recém-nascido, prematuro, baixo peso, morbidade, transição alimentar,

aleitamento materno.

AZEVEDO, Paula da Costa Utilização da relactação como método de transição alimentar . . . Abstract

Abstract

Feeding preterm and low birth weight infant adequately is very important to the satisfactory growth and development. However, the high level of perinatal morbidities in this population interferes directly on exclusive breastfeeding establishment during hospitalization. So, this research is justified to show the relactation as a method to aid on food transition of orogastric tube until breastfeeding. Also have the objective to characterize the premature and low birth weight neonate analysing their morbidities, and these influences on weight gain, time until food transition and time to hospital discharge, during the use of relactation as a method to increase exclusive breastfeeding in the period of hospitalization. A literature review based on bibliographic search of the Medline, Scielo, Lilacs and PubMed databases, using the terms “preterm infant”, “low birth weight infant”, “morbidity”, “feeding transition” and “breastfeeding”, as well as an additional research in dissertations, theses and specialized books. The original article was elaborated from a databank of retrospective, descriptive and observational study at the Integral Institute of Medicine Professor Fernando Figueira – Imip (Recife, Brazil) from, August 2002 to April 2005. The literature relate that in spite of the perinatal clinical morbidities implicate in the beginning of feeding transition time, after clinical establishment, a high percentage of neonates could be exclusively breastfeed at the hospital discharge. This study confirm this results when verify that through relactation the exclusive breastfeeding occurred in 70,2% of preterm with morbidity. It wasn’t found difference statistically significant between weight gain and transition period in the groups with or without clinical perinatal morbidities. However, the difference about the time until hospital discharge was significant because the gravidity of some intercurrence and also later begin of the feeding transition process. Spite the scarce number of scientific literature there are no doubt in this study about the relactation benefits with premature and low weight infant that had some perinatal morbidity. Nevertheless, it couldn’t be affirmed if this practice is used on systematic way by health centers. Thus, others publications with this subject are extremely necessary. Key-words: preterm infant, low birth weight infant, morbidity, feeding transition, breastfeeding.

AZEVEDO, Paula da Costa Utilização da relactação como método de transição alimentar . . . Lista de tabelas

Lista de tabelas

Artigo original

Tabela 1 Distribuição das morbidades perinatais apresentadas pelos recém-nascidos pré-termo do Imip. Recife-PE - 2005 .....................................

50

Tabela 2 Comparação das medianas dos grupos quanto ao peso, idade

gestacional e idade gestacional corrigida do nascimento até a alta do Imip. Recife-PE - 2005 ................................................................................

51

Tabela 3 Comparação da evolução dos recém-nascidos pré-termo em relactação internados no alojamento Mãe Canguru do Imip. Recife-PE - 2005 ..............................................................................................

52

Tabela 4 Tipo de alimentação dos recém-nascidos pré-termo no momento da alta do alojamento Mãe Canguru do Imip. Recife-PE - 2005 ...............

53

AZEVEDO, Paula da Costa Utilização da relactação como método de transição alimentar . . . Lista de abreviaturas

Lista de abreviaturas

RN − Recém-nascido

RNPT − Recém-nascido pré-termo

OMS

− Organização Mundial de Saúde

Unicef − Fundo das Nações Unidas da Infância

Imip − Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira

IG − Idade Gestacional

IGC − Idade Gestacional Corrigida

SDR − Síndrome do desconforto respiratório

DBP − Displasia broncopulmonar

TTRN − Taquipneia transitória do recém-nascido

HIC − Hemorragia intracraniana

SML − Seio Materno Livre

SM − Seio Materno

VO − Via oral

RL − Relactação

AZEVEDO, Paula da Costa Utilização da relactação como método de transição alimentar . . . Sumário

Sumário

RESUMO ................................................................................................................... 8

ABSTRACT .............................................................................................................. 9

LISTA DE TABELAS ............................................................................................... 10

LISTA DE ABREVIATURAS ................................................................................. 11

1 - APRESENTAÇÃO .................................................................................... 14

2 – CAPÍTULO DE REVISÃO ….................................................................. 18Morbidades perinatais e o processo de transição alimentar em recém-nascidos pré-termo

Resumo .................................................................................................………... 19Abstract ……………………………………………………………………….. 20Introdução ........................................................................................................... 21

Prematuridade e baixo peso: fatores de risco para morbidades perinatais ........ 22Transição alimentar: relactação como método facilitador para o estabelecimento do aleitamento materno ......................................……........ 26

Considerações finais …………...…………………………………………........ 32Referências ……………………………………………………………….......... 33

3 – ARTIGO ORIGINAL ............................................................................. 38

Influência das morbidades clínicas perinatais na evolução de recém-nascidos pré-termo que utilizaram a relactação como método de transição alimentar

Resumo ................................................................................................................. 39Abstract ................................................................................................................ 40Introdução .....................................................................................................…… 41Método .........................................................................................................……. 42Resultados .....................................................................................................…… 45Discussão ......................................................................................................…… 46Referências ...................................................................................................…… 54

AZEVEDO, Paula da Costa Utilização da relactação como método de transição alimentar . . . Sumário

4 – CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................. 58

ANEXO .......................................................................................................... 60ANEXO A - Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa ANEXO B - Instrução aos autores: Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil ANEXO C - Protocolo e Formulário

1 - APRESENTAÇÃO

AZEVEDO, Paula da Costa Utilização da relactação como método de transição alimentar . . . Apresentação

15

Apresentação

O recém-nascido a termo possui plenas condições de alimentação por via oral

logo ao nascimento. Os músculos dos lábios, mandíbula, língua, palato e faringe

desempenham adequadamente as funções de sucção e deglutição, o que garante ao neonato

condição importante para o estabelecimento do aleitamento materno.

No entanto, a interrupção precoce da gravidez e a consequente imaturidade

orgânica e funcional do recém-nascido pré-termo e de baixo peso fazem com que estes fiquem

mais susceptíveis à ocorrência de morbidades, as quais podem comprometer o crescimento e o

desenvolvimento infantil, implicando, consequentemente, em um maior tempo de internação

nas unidades de cuidados neonatais. Diante disso, a utilização de métodos alternativos de

alimentação torna-se muitas vezes necessária e o atraso para o início do aleitamento materno

uma realidade.

Neste sentido, a adoção de um adequado método de transição alimentar torna-

se parte fundamental no processo de recuperação destas intercorrências, assim como no início

mais rápido e seguro da prática da lactação.

Dentre as diversas técnicas de transição da sonda gástrica para alimentação por

via oral discutidas na literatura, a relactação tem se destacado por ser o método que mais se

aproxima da fisiologia natural da sucção do recém-nascido e por apresentar inúmeros

benefícios no que se refere ao adequado desenvolvimento orofacial, ganho ponderal,

diminuição do tempo de transição do uso da sonda até a amamentação, alta hospitalar mais

precoce e prática do aleitamento materno exclusivo no momento da alta hospitalar.

AZEVEDO, Paula da Costa Utilização da relactação como método de transição alimentar . . . Apresentação

16

Visando este mesmo propósito, diversas instituições nacionais e internacionais,

voltadas aos cuidados de recém-nascidos pré-termo, têm utilizado esta técnica, com a

finalidade de propiciar aos recém-nascidos pré-termo e de baixo peso, especialmente com

morbidades clínicas perinatais, a aquisição do aleitamento materno exclusivo durante o

período de hospitalização.

A partir destas considerações preliminares, fica existente o interesse em

abordar este tema, fruto do desejo em pesquisar a evolução clínica dos neonatos doentes e

suas dificuldades em estabelecer o aleitamento materno durante a internação hospitalar, assim

como divulgar a importância da prática da relactação como método facilitador para alcançar o

sucesso da amamentação.

A dissertação está dividida em um capítulo de revisão da literatura, e um artigo

original.

O capítulo de revisão, intitulado “Morbidades perinatais e o processo de

transição alimentar em recém-nascidos pré-termo”, aborda aspectos importantes a respeito das

características dos neonatos pré-termo e de baixo peso ao nascimento, dando ênfase às

morbidades perinatais presentes nesta população e às dificuldades durante o processo de

transição do uso da sonda gástrica para o estabelecimento do aleitamento materno durante a

utilização da relactação como método de transição alimentar. O artigo original, intitulado

“Influência das morbidades clínicas perinatais na evolução de recém-nascidos pré-termo que

utilizaram a relactação como método de transição alimentar”, traz uma análise dos aspectos

relacionados ao ganho ponderal dos neonatos, tempo de transição do uso da sonda orogástrica

para a alimentação por via oral, tempo de permanência hospitalar e estabelecimento do

aleitamento materno exclusivo em dois grupos de recém-nascidos pré-termo, os quais

apresentaram ou não morbidades clínicas perinatais e utilizaram a relactação como método de

transição.

O artigo original será enviado para a Revista Brasileira de Saúde Materno

Infantil e encontra-se formatado de acordo com as respectivas normas, as quais constituem o

anexo B desta dissertação.

AZEVEDO, Paula da Costa Utilização da relactação como método de transição alimentar . . . Apresentação

17

Espera-se que esta pesquisa possa contribuir de forma significativa na

qualidade assistencial dos recém-nascidos pré-termo com morbidades clínicas perinatais,

especialmente no que se refere ao método da relactação utilizado para transição alimentar,

propiciando assim maiores índices de amamentação no momento da alta hospitalar.

2 – CAPÍTULO DE REVISÃO

AZEVEDO, Paula da Costa Morbidades perinatais e o processo de transição alimentar . . . Capítulo de Revisão

19

Morbidades perinatais e o processo de transição alimentar em recém-nascidos pré-termo

RESUMO

Objetivo: Apresentar uma revisão bibliográfica acerca das morbidades perinatais em recém-

nascidos pré-termo no processo de transição alimentar, identificando os benefícios da prática

da relactação para o estabelecimento do aleitamento materno exclusivo durante a internação

hospitalar. Fonte de dados: Publicações sobre as intercorrências perinatais em recém-

nascidos pré-termo, processo de transição alimentar, relactação e aleitamento materno,

indexadas no Medline, Scielo, Lilacs e PubMed, assim como em livros e teses. Devido à

escassez de pesquisas recentes, especialmente sobre a relactação, foram selecionados todos os

artigos disponíveis na literatura para compor esta revisão, independente do ano de

publicação. Síntese dos dados: Após o nascimento, o recém-nascido pré-termo está sujeito a

morbidades perinatais que podem comprometer o início da alimentação via oral e,

consequentemente, o estabelecimento do aleitamento materno ainda nos hospitais. Desta

forma, o uso de técnicas alternativas de alimentação, como sonda oro ou nasogástrica, é

necessário. Diversas são as formas de transição da sonda para o peito, no entanto, poucas

contribuem de forma positiva para o adequado desenvolvimento fisiológico e motor oral do

prematuro. Assim, a relactação, juntamente com o método Mãe Canguru, têm o objetivo de

proporcionar ao neonato experiência precoce e adequada de sucção, viabilizando a

amamentação o quanto antes possível. Conclusões: Esta revisão demonstra que a técnica da

relactação contribui de forma significativa para o aumento ou início do fluxo de leite da

genitora de recém-nascido pré-termo, propiciando um índice maior do aleitamento materno

exclusivo antes da alta hospitalar.

Palavras–chave: recém-nascido pré-termo; morbidade perinatal; aleitamento materno;

métodos de alimentação.

AZEVEDO, Paula da Costa Morbidades perinatais e o processo de transição alimentar . . . Capítulo de Revisão

20

ABSTRACT

Objective: Introduce a bibliographic review about the perinatal morbidities in newborn

infants on feeding transition process, identifying the benefits of relactation in exclusive

breastfeeding establishment during hospitalization. Data sources: Publications survey about

preterm infant, feeding transition, relactation and breastfeeding, searched on Medline, Scielo,

Lilacs and PubMed, also in books and thesis. Because a few publications about relactation it

was selected all research available on literature to compose this review, independent of the

year of publication. Data synthesis: After birth the preterm infant have more chance to

develop perinatal morbidities. This intercurrences can implicate on begin of oral feeding and

as consequence, the breastfeeding establishment during hospitalization. In such case,

alternative feeding technique as oro or nasogastric tube is necessary. There are many ways to

reach the transition from tube to breast. However, few methods contribute for adequately

development of physiologic and oral motor of premature infant. So, the relactation during

Kangaroo Mother Care, have the objective to provide earlier and correctly experience of

sucking making feasible the breastfeeding as soon as possible. Conclusions: This review

demonstrates that relactation technique helps significantly to increase or begin the milk

production by the mother of newborn infant. It also contributes to reach the level of exclusive

breastfeeding before hospital discharge in preterm infant with or without morbidities.

Key-words: preterm infant, perinatal morbidity; breastfeeding; feeding methods.

AZEVEDO, Paula da Costa Morbidades perinatais e o processo de transição alimentar . . . Capítulo de Revisão

21

Introdução

Em todo o mundo, nascem anualmente 20 milhões de crianças com menos de

2.500 gramas, sendo que 95% dos nascimentos ocorrem em países em desenvolvimento.

Apesar dos avanços da perinatologia nos últimos anos, o baixo peso ao nascimento, assim

como a prematuridade, estão associados às principais morbidades neonatais. Desta forma,

visando à sobrevivência e o desenvolvimento satisfatório destes neonatos, são necessários

cuidados expressivos, envolvendo profissionais, equipamentos e, principalmente, uma

adequada forma de nutrição1,2.

Por apresentar características nutricionais ideais, balanceamento apropriado de

nutrientes, vantagens imunológicas e psicológicas importantes para a diminuição da

morbidade e mortalidade infantil, o leite materno, quando ofertado principalmente através da

amamentação, torna-se importante para a criança, para a mãe, assim como para a família e a

sociedade em geral3.

No entanto, a Organização Mundial de Saúde (OMS) identificou que

atualmente apenas 35% dos lactentes do mundo todo recebem o leite materno de forma

exclusiva nos primeiros meses de vida. No Brasil, este número vem aumentando nos últimos

anos, porém, ainda está aquém do recomendado. Segundo o Ministério da Saúde, a partir do

último estudo realizado em nível nacional, a mediana de duração do aleitamento materno

exclusivo nas capitais brasileiras foi de 23,4 dias4-6.

No que se refere aos recém-nascidos pré-termo e de baixo peso, estes números

tornam-se ainda mais alarmantes, ao se constatar que o risco de não iniciarem a amamentação

encontra-se aumentado em 67% nos prematuros com peso ao nascimento inferior a 2.500g7.

Esta dificuldade está diretamente relacionada à menor idade gestacional ao

nascimento, especialmente nos neonatos com menos de 34 semanas, e à imaturidade

neurológica, em relação aos recém-nascidos a termo, o que contribui para a incapacidade de

coordenar a sucção e a deglutição com a respiração8,9. Alguns destes recém-nascidos apenas

adquirem esta coordenação em torno de 37 semanas, outros não conseguem, devido às

intercorrências no período neonatal10.

AZEVEDO, Paula da Costa Morbidades perinatais e o processo de transição alimentar . . . Capítulo de Revisão

22

Além da idade gestacional reduzida e da incoordenação entre sucção,

deglutição e respiração, intercorrências clínicas perinatais, cardíacas, neurológicas,

metabólicas, respiratórias e digestivas, frequentes nestes neonatos, fazem com que o sucesso

do aleitamento materno seja ainda mais difícil de ser alcançado. Concomitante a estas

complicações, a separação entre mãe-bebê prejudica a formação do vínculo afetivo, fator

essencial para esta prática11.

Diante destas dificuldades, a nutrição do neonato muitas vezes só é possível

através de métodos alternativos de alimentação, como o uso da sonda oro ou nasogástrica.

Este período de transição até o estabelecimento do aleitamento materno é um momento de

grande dificuldade para o binômio mãe-filho, por constituir uma mudança importante para

este neonato frágil e que ainda não estava preparado para nascer12,13.

Portanto, na busca em evitar o desmame, ainda dentro do hospital, superando

as adversidades perinatais durante o período de transição alimentar da sonda gástrica para o

estabelecimento do aleitamento materno, técnicas de estímulo à amamentação, como a

relactação, vêm sendo utilizadas por algumas instituições que cuidam da saúde do recém-

nascido pré-termo e de baixo peso.

Desta forma, este capítulo tem por finalidade apresentar uma revisão

bibliográfica acerca das influências das intercorrências perinatais no processo de transição

alimentar, do uso da sonda oro ou nasogástrica até a aquisição da amamentação no peito,

identificando os benefícios da prática da relactação para o estabelecimento do aleitamento

materno exclusivo.

Prematuridade e baixo peso: fatores de risco para morbidades

perinatais

A evolução e o desenvolvimento de novas técnicas nas unidades de cuidados

intensivos neonatais têm promovido um aumento significativo da sobrevida de recém-

nascidos pré-termo, principalmente nas últimas duas décadas. O melhor conhecimento da

fisiologia e da patologia neonatal, a utilização rotineira de corticoterapia em gestantes em

AZEVEDO, Paula da Costa Morbidades perinatais e o processo de transição alimentar . . . Capítulo de Revisão

23

iminência de trabalho de parto prematuro, a introdução da terapêutica com surfactante

exógeno e de novas linhas de antimicrobianos, além de novos métodos de ventilação assistida,

fizeram com que prematuros cada vez mais extremos sobrevivessem14.

Pesquisas recentes relatam um aumento de até 80% na sobrevida de recém-

nascidos pré-termo com peso ao nascimento entre 500 e 750g. No entanto, a literatura indica

claramente que, apesar da melhoria com relação aos cuidados destes neonatos, quanto menor

a idade gestacional e o peso ao nascer, maiores são as taxas de intercorrências perinatais, sendo

necessários cuidados especializados, de acordo com as características de cada doença15,16.

Nos países em desenvolvimento, as intercorrências clínicas perinatais mais

frequentes nos recém-nascidos pré-termo são hipóxia, síndrome do desconforto respiratório

(SDR), hemorragia intra/periventricular, infecções e enterocolite necrosante. Contudo, devido

ao longo período de permanência hospitalar, associado à necessidade de assistência

respiratória, tempo prolongado de sonda enteral para alimentação e uso de medicações, estes

neonatos podem evoluir com outras complicações, como doença pulmonar crônica,

retinopatia da prematuridade, distúrbios do crescimento, sequelas neurológicas, assim como

atraso no desenvolvimento motor e motor oral17,18.

Tais alterações predispõem estes recém-nascidos a apresentarem limiares mais

baixos para o estresse, devido à complexidade de algumas morbidades, o que implica em um

maior número de intervenções e consequente aumento dos gastos energéticos e das

necessidades nutricionais19,20.

Estas reservas nutricionais são mais reduzidas quanto menor o peso ao

nascimento. Prematuros com menos de 1.000g chegam a perder 10% de seu peso e demoram

cerca de 11 dias para recuperar o peso ao nascimento, mesmo com a alimentação parenteral

iniciada no primeiro dia. Esta particularidade dos recém-nascidos de muito baixo peso

compromete o início da oferta alimentar por sonda orogástrica e, consequentemente, o

momento de iniciar a transição da sonda para a alimentação por via oral21,22.

Diante disso, além de tratamento e cuidados especiais para sua sobrevivência,

os recém-nascidos prematuros e/ou doentes demandam também especial atenção quanto à

AZEVEDO, Paula da Costa Morbidades perinatais e o processo de transição alimentar . . . Capítulo de Revisão

24

nutrição, no sentido de promover a recuperação clínica e a transição alimentar da sonda

gástrica para a alimentação por via oral o mais rápido e eficientemente possível. Todavia,

diversas são as barreiras para a introdução e o estabelecimento da alimentação por via oral

nesta população, sendo estas dificuldades diretamente proporcionais à gravidade das

morbidades de cada neonato.

Esta problemática foi abordada em um estudo com 32 recém-nascidos pré-

termo divididos em dois grupos, com e sem displasia broncopulmonar. Foi comprovado que

esta morbidade interfere diretamente no tempo de transição alimentar, seja por seio materno,

relactação ou translactação, copo ou mamadeira, quando se observa que neonatos com

displasia broncopulmonar permaneceram em transição alimentar 11,7 dias a mais que o grupo

sem esta morbidade. Este achado ocorreu pelo início tardio da transição alimentar como

também devido a complicações durante este processo, como queda de saturação, esforço

respiratório, incoordenação da sucção e deglutição com a respiração, recusa alimentar, dentre

outras alterações menos significativas, as quais contribuíram também para que apenas 52,6%

destes neonatos doentes recebessem alta hospitalar em aleitamento materno exclusivo23.

Outro estudo com 65 recém-nascidos pré-termo, com idade gestacional entre

28 e 34 semanas, também constatou que a ocorrência de apneias contribuiu para um maior

tempo de transição da sonda gástrica para o estabelecimento da alimentação por via oral e

consequente aumento do período de permanência hospitalar, havendo diferença significativa

quando comparados aos recém-nascidos sem esta intercorrência24.

A doença pulmonar crônica e a sepse também são referidas como morbidades

associadas ao desenvolvimento clínico mais lento em recém-nascidos pré-termo. Igualmente

relevante, o tempo de ventilação mecânica e de oxigenioterapia também tem sido apontado

como responsável por dificultar o processo de transição, tanto da dieta parenteral quanto no

avanço da dieta enteral, até a alimentação por via oral25-27.

Estudos relatam que, quanto mais prematuro for o recém-nascido e maior o

período de ventilação mecânica, maiores serão as dificuldades destes neonatos de

coordenarem as funções de sucção, deglutição e respiração durante a oferta da dieta por via

oral. Referem também os autores que a alimentação por via oral só é considerada eficiente

AZEVEDO, Paula da Costa Morbidades perinatais e o processo de transição alimentar . . . Capítulo de Revisão

25

quando, além de proporcionar crescimento satisfatório ao recém-nascido, é capaz de evitar a

aspiração do alimento, preservando, assim, as condições respiratórias destes neonatos28,29.

Outras características relevantes na ocorrência de morbidades perinatais

também são observadas nos recém-nascidos pré-termo, como padrão postural desorganizado e

em extensão, devido ao tônus rebaixado; escassa estabilidade de pescoço, cintura escapular,

tronco e mandíbula; alteração da frequência respiratória e cardíaca; queda de saturação de

oxigênio com cianose e hipoxemia; ruídos pulmonares; hiper-reatividade ao estímulo

ambiental, e permanência em estado de alerta por períodos curtos. Acrescenta-se a isso o fato

de serem recém-nascidos que com muita frequência necessitaram de ventilação mecânica,

permanecendo com o tubo endotraqueal por vários dias, o que desencadeia a extensão de

cabeça, redução na estabilização da mandíbula e excessiva abertura de boca, comprometendo

o vedamento labial adequado. Estes fatores interferem durante a amamentação, ao dificultar a

preensão do mamilo e consequentemente, no desenvolvimento da sucção18,30.

Estas alterações clínicas implicam no mau desempenho da mamada,

dificultando o processo de transição da sonda gástrica para a alimentação por via oral devido à

desorganização global e incoordenação da sucção, deglutição com a respiração, o que

favorece um maior risco de aspiração pulmonar.

Hernandez, Giordan e Shiguematsu31 referem que dentre os fatores deletérios

que interferem no estabelecimento da amamentação, o tempo de internação prolongado, o

peso ao nascimento e a presença de doença pulmonar e hemorragia intracraniana são

influências negativas que comprometem de forma significativa a alimentação por via oral.

Apesar das dificuldades apontadas, o estabelecimento do aleitamento materno

em recém-nascidos pré-termo com morbidades perinatais deve ser uma meta constante dentro

dos hospitais, visto que os benefícios desta prática na recuperação das diversas morbidades

foram comprovados ao se constatar que os neonatos que estabeleceram o aleitamento materno

exclusivo apresentaram menor incidência de enterocolite necrosante, infecção (incluindo

sepse e meningite), diarreia e permaneceram em antibioticoterapia por menos tempo, quando

comparados aos alimentados com fórmulas lácteas32.

AZEVEDO, Paula da Costa Morbidades perinatais e o processo de transição alimentar . . . Capítulo de Revisão

26

Portanto, diante das limitações alimentares observadas em consequência das

intercorrências perinatais nos recém-nascidos pré-termo, a escolha do melhor método de

transição da sonda para alcançar o estabelecimento do aleitamento materno torna-se um

objetivo constante nas unidades de cuidados neonatais.

Transição alimentar: relactação como método facilitador para o

estabelecimento do aleitamento materno

Devido ao grande número de recém-nascidos pré-termo com morbidades

perinatais, a alimentação por sonda gástrica tem sido amplamente utilizada em neonatos que

ainda não coordenam a sucção, deglutição com a respiração. Estudo realizado em uma

unidade de terapia intensiva neonatal de Porto Alegre, com prematuros de peso menor que

1500g, constatou que 87,7% destes neonatos fizeram uso de sonda orogástrica33.

O desafio das equipes de saúde que assistem esses recém-nascidos é

possibilitar sua inserção na família e na sociedade, em condições cada vez melhores,

diminuindo ao máximo as sequelas advindas da sua condição de prematuros, como também

do longo tempo de tratamento intensivo a que tenham sido submetidos34. Nesta perspectiva, o

processo de transição da sonda gástrica para a alimentação por via oral constitui uma das

principais metas a serem alcançadas nos cuidados destes neonatos.

Alguns pesquisadores afirmam que o primeiro passo para o apropriado

desenvolvimento do processo de transição da sonda gástrica para a alimentação por via oral é

a estabilização dos padrões fisiológicos, incluindo frequência cardíaca, saturação e digestão.

A partir deste equilíbrio, e concomitante à eficiente coordenação da sucção, deglutição com a

respiração, estes prematuros estarão aptos a se alimentar por via oral35,36.

Assim, para alguns especialistas, a partir de 32 semanas de idade gestacional

corrigida o neonato tem condições de sugar e deglutir a dieta. Outros autores relatam que a

maturação da coordenação sucção, deglutição com a respiração é alcançada por volta da 34ª

semana de idade gestacional, acompanhada de condições respiratórias, cardiovasculares,

AZEVEDO, Paula da Costa Morbidades perinatais e o processo de transição alimentar . . . Capítulo de Revisão

27

metabólicas e gastrointestinais favoráveis. Porém, há consenso de que é na 37ª semana que a

coordenação sucção, deglutição com a respiração encontra-se bem estabelecida37,38.

Para que a função alimentar ocorra de forma eficaz também é imprescindível

que haja integração das atividades musculares dos lábios, bochechas, mandíbula, língua,

palato, faringe e laringe. Alteração na funcionalidade dessas estruturas compromete todo o

desempenho da função alimentar e, nos casos mais graves, o suporte nutricional destes

neonatos39.

Na área de desenvolvimento alimentar, discute-se que as habilidades motoras

orais estão relacionadas com o tipo de alimentação do neonato, pois, é a partir dos reflexos

orais e, especialmente, da sucção, realizada nos primeiros meses de vida, que essas

habilidades se aprimoram. Assim, o tipo de alimentação recebida pelo prematuro e a forma

como é oferecida, através da sonda gástrica, do seio materno, utilização da mamadeira, copo

ou colher, e ainda, a qualidade do contato inicial da mãe e seu filho durante a alimentação

devem ser levados em consideração40,41.

A complexidade e a importância da questão alimentar, nos últimos anos, têm

sido alvo de muitas pesquisas, com o intuito de descobrir maneiras de proporcionar ao recém-

nascido pré-termo uma transição alimentar através do uso da sonda para a via oral de modo

eficiente e seguro, garantindo, em contrapartida, o estabelecimento do aleitamento materno42.

Por todas as suas vantagens, o aleitamento materno tem sido recomendado por

organizações nacionais e internacionais. Contudo, sua prevalência é reduzida, principalmente

no que se refere aos recém-nascidos pré-termo, pois, além da imaturidade fisiológica e

neurológica característica destes neonatos, dificuldades decorrentes da manutenção da

lactação, a falta de cuidados maternos e principalmente a separação mãe-bebê favorecem um

alto índice de desmame ainda durante o período de internação32,43.

No entanto, devido à diversidade de morbidades que acometem os recém-

nascidos pré-termo, com consequente aumento do tempo de internação nas unidades de

cuidados neonatais, associadas à ansiedade, ao estresse materno, à insegurança da mãe sobre a

AZEVEDO, Paula da Costa Morbidades perinatais e o processo de transição alimentar . . . Capítulo de Revisão

28

qualidade de seu leite e ao comportamento alimentar imaturo, muitas genitoras apresentam

ausência ou diminuição do fluxo de leite na entrada do alojamento conjunto.

Com o propósito de superar estas adversidades e na busca de uma forma mais

fisiológica e segura para realizar a transição da sonda para a dieta por via oral no peito,

estabelecendo o aleitamento materno exclusivo, a técnica da relactação tem sido utilizada por

diversas instituições de cuidados neonatais. Este método foi primeiramente relatado por

Wieschhoff44, que o denominou de estimulação artificial. O termo relactação passou a ser

utilizado por Waletzki e Herman45, sendo assim utilizado até os dias atuais.

Este método é utilizado com genitoras que apresentam ausência ou produção

insuficiente de leite para suprir as necessidades nutricionais de seus filhos. Tem a finalidade

de proporcionar a transição do uso da sonda gástrica para a alimentação por via oral, através

do estabelecimento do aleitamento materno. Consiste em fixar uma seringa de 20ml, sem o

êmbolo, no colo materno, acoplada a uma sonda gástrica de número 4, com a extremidade dos

furos colocada ao nível do mamilo. O leite materno pasteurizado de outra genitora ou a

fórmula láctea é colocado na seringa e, ao sugar o peito, o recém-nascido retira o leite do

peito e da seringa. A sonda é pinçada, nas pausas, para o neonato respirar46-48.

A relactação foi desenvolvida anteriormente à translactação. A diferença entre

os dois métodos consiste no tipo de leite utilizado. Na translactação, as mães têm uma

produção suficiente de leite para suprir as necessidades nutricionais de seus filhos, contudo

estes não estão aptos a serem amamentados exclusivamente no peito. O leite anterior da

própria mãe é ordenhado e colocado na seringa; assim, ao sugar o peito, o recém-nascido

retira o leite posterior concomitantemente à descida do leite anterior por gavagem48.

O que se pretende, com a relactação, é restabelecer o processo fisiológico da

amamentação e, com isso, proporcionar uma produção adequada de leite pela glândula

mamária, de modo a alimentar convenientemente o lactente. O seu sucesso depende

diretamente da estimulação do reflexo neuro-endócrino, que é iniciada no mamilo através da

sucção, sendo fundamental para a produção do leite materno46.

AZEVEDO, Paula da Costa Morbidades perinatais e o processo de transição alimentar . . . Capítulo de Revisão

29

O restabelecimento da lactação pode partir de uma situação em que o

aleitamento era parcial ou misto, ou da ausência da lactação. Em situações nas quais o lactente

nunca foi amamentado, o sucesso da relactação depende da idade da criança quando o

processo é iniciado. Quanto mais nova, maior a probabilidade de se estimular o reflexo da

sucção e a relactação ser bem sucedida. A lactação pode ser induzida em situações nas quais

nunca houve produção de leite, no entanto, a glândula mamária que sofreu a influência de

uma gravidez responde melhor à prolactina, produzindo leite mais rapidamente46.

A translactação e a relactação foram mais facilmente adotadas a partir da

inserção do método Mãe Canguru nos alojamentos conjuntos. O uso dessas novas técnicas foi

importante, por trazer um novo paradigma quanto à atenção humanizada para o binômio mãe-

bebê49.

O método Mãe Canguru foi implantado no Brasil em 1991, devido à frequente

separação entre mãe e filho durante a permanência do neonato no hospital. Através desta

proposta, pôde-se oferecer aos recém-nascidos pré-termo uma assistência adequada e de

qualidade, associada à humanização no processo de nascimento e transição alimentar deste

lactente prematuro e/ou de baixo peso. Tem como base o contato pele a pele contínuo e

prolongado, o incentivo ao aleitamento materno e a redução da permanência hospitalar

precoce, dando à mãe a possibilidade de assumir o papel de primeira provedora das

necessidades físicas e emocionais de seu filho pequeno e prematuro50,51.

Com esta aproximação entre mãe-filho, a estimulação da sucção no peito

passou a ser uma prática mais frequente, com o principal objetivo de fornecer um estímulo

positivo ao recém-nascido pré-termo, por possibilitar o processamento de informações

sensoriais, o desenvolvimento das funções psicológicas, fisiológicas e o crescimento físico.

Esta estimulação oral leva em conta o estado nutricional e o ganho de peso dos recém-

nascidos pré-termo, fatores essenciais para o adequado desenvolvimento e redução do tempo

de transição do uso da sonda para a alimentação por via oral, especialmente na ocorrência de

morbidades clínicas perinatais 52.

O ganho ponderal dos recém-nascidos pré-termo e de baixo peso, com ou sem

morbidades, implica em melhoria de sua qualidade de vida, aumentando, desta forma, a

perspectiva da alta hospitalar, reduzindo os efeitos adversos da internação e inserindo-os, o

AZEVEDO, Paula da Costa Morbidades perinatais e o processo de transição alimentar . . . Capítulo de Revisão

30

mais rapidamente possível, em seu núcleo familiar. Através da estimulação da sucção no

peito, estes adquirirem a capacidade de coordenar a sucção e a deglutição com a respiração,

possibilitando o estabelecimento do aleitamento materno de forma exclusiva e segura53.

Além dos objetivos citados anteriormente, a sucção no peito durante a

relactação facilita a digestão dos recém-nascidos pré-termo, pois o leite materno favorece o

rápido esvaziamento gástrico e tem propriedades laxativas, acelerando a passagem pelo

intestino. Para o sistema estomatognático, esta estimulação acelera a maturação do reflexo de

sucção, antecipa o início da transição do uso da sonda para via oral, bem como oferece

estímulos sensoriais e motores importantes para o crescimento e desenvolvimento das

estruturas orofaciais54,55.

Os benefícios desta prática foram observados em um estudo randomizado,

realizado na Índia, envolvendo 50 mães e lactentes com até quatro meses de idade,

hospitalizados por distintas morbidades e que se encontravam em desmame parcial ou

completo. Todas as mães estavam dispostas a utilizar a relactação, receberam orientações

sobre a lactação, realizaram estimulação no mamilo e no seio e colocaram seus filhos no peito

de oito a dez vezes ao dia, com duração de 10 a 15 minutos cada. O sucesso da relactação

ocorreu em 49 mães (98%), sendo que 46 alcançaram o aleitamento materno exclusivo e três

o aleitamento parcial. Não houve diferença significativa entre primíparas e multíparas56.

Em outro estudo, com 15 genitoras que interromperam o aleitamento de seus

bebês prematuros por mais de duas semanas, estas foram estimuladas a reiniciar a lactação,

colocando o recém-nascido no peito 10 a 12 vezes por dia, mantendo-os por 10 a 15 minutos

em cada seio. O resultado demonstrou que 13 mães obtiveram sucesso através da relactação,

sendo observada uma média de 17,8 dias para o estabelecimento do aleitamento parcial e 29,7

dias para o aleitamento materno exclusivo. No entanto, os primeiros sinais de ejeção de leite

ocorreram em torno do terceiro dia, após iniciada a relactação57.

O sucesso da relactação também foi comprovado por Pandit et al58, ao

estudarem 139 recém-nascidos pré-termo com morbidades respiratórias, infecções e diarreia.

Após a estimulação no peito 10 vezes ao dia, em média, 83% dos neonatos receberam alta em

aleitamento materno, sendo 61% de forma exclusiva e 23% em aleitamento parcial. Este

AZEVEDO, Paula da Costa Morbidades perinatais e o processo de transição alimentar . . . Capítulo de Revisão

31

estudo também constatou ganho ponderal dentro da curva de normalidade para o peso, assim

como redução significativa dos episódios de morbidade após a utilização da relactação.

Do ponto de vista nutricional, uma pesquisa com 606 mães, realizada nos

Estados Unidos, Canadá e Inglaterra verificou que a secreção mamária das mulheres que

induziram a relactação mediante a estimulação da sucção tinha composição similar à das mães

com lactação normal. Observou-se também que os lactentes apresentaram um crescimento

normal, comprovando que o leite produzido através da relactação é adequado12.

Apesar da relactação contribuir de forma significativa para a melhor evolução

dos neonatos com morbidades perinatais, por favorecer o início ou aumento do fluxo de leite

das genitoras, as quais permaneceram separadas de seus filhos durante o processo de

recuperação destes nas unidades neonatais, esta é uma técnica utilizada de forma alternativa,

aplicada em situações especiais, quando o fluxo de leite materno não permite o

estabelecimento do aleitamento materno de forma exclusiva e direta no peito.

No entanto, é importante enfatizar que a necessidade de utilizar este método

demonstra uma possível lacuna quanto ao adequado apoio oferecido às mães no período de

afastamento mãe-filho. Isto porque se acredita que a qualidade da assistência oferecida ao

binômio mãe-filho no momento do parto, puerpério e unidade intensiva neonatal, assim como

as estratégias implantadas de incentivo à amamentação podem ser fatores determinantes para

a diminuição do desmame nos hospitais e da consequente necessidade em se utilizar a

relactação.

Portanto, são necessárias iniciativas com a finalidade de mobilizar os

profissionais de saúde para mudanças das condutas e rotinas responsáveis pelos elevados

índices de desmame dentro dos hospitais, com o objetivo de facilitar e manter a lactação das

genitoras, promovendo, assim, o aumento da frequência do aleitamento materno exclusivo,

especialmente na população de neonatos pós morbidades perinatais.

AZEVEDO, Paula da Costa Morbidades perinatais e o processo de transição alimentar . . . Capítulo de Revisão

32

Considerações finais

Inúmeros são os obstáculos para se alimentar de forma segura e eficiente o

recém-nascido pré-termo que sofreu morbidades perinatais, havendo necessidade de se

discutir os diversos métodos de alimentação mencionados na literatura. No entanto, devido às

intercorrências a que estes neonatos estão expostos, ao consequente afastamento de suas mães

por período prolongado e à falta de conhecimento ou de implementação de técnicas que

promovam a manutenção da lactação, o insucesso do aleitamento materno no momento da alta

hospitalar ainda é muito frequente.

Tendo em vista a comprovada importância do leite materno na redução da

morbimortalidade infantil e que o leite da própria mãe é o mais adequado para a nutrição do

recém-nascido pré-termo, proporcionando uma melhor qualidade de vida destas crianças,

medidas de estímulo à amamentação, como a relactação, devem ser incentivadas na

ocorrência de dificuldades em se estabelecer a lactação e, consequentemente, o aleitamento

materno exclusivo ainda dentro do hospital.

A implementação desta técnica repercute de forma significativa na evolução

clínica destes neonatos, contribuindo, por conseguinte, para a redução do tempo de transição

alimentar, o período de permanência hospitalar e o aumento do índice de aleitamento materno

exclusivo no momento da alta hospitalar.

AZEVEDO, Paula da Costa Morbidades perinatais e o processo de transição alimentar . . . Capítulo de Revisão

33

REFERÊNCIAS

1. CARDOSO, A.C.A.; ROMITI, R.; RAMOS, J.L.A.; ISSLER, H.; GRASSIOTTO, C.;

SANCHES, M.T.C. Método mãe canguru: aspectos atuais. Pediatria, v.28, n.2, p.128-134, 2006.

2. RODES, E.; BITTAR, R.E.; ZUGAIB, M. Direct determinants of elective preterm birth and

neonatal results. Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, v.26, n.8, p.655-662, 2004.

3. MARQUES, F.S.V.; LOPEZ, F.A.; BRAGA, J.A.P. Growth of exclusively breastfed

infants in the first 6 months of life. Pediatrics, v.80, n.2, p.99-105, 2004. 4. ABRÃO, A.C.F.V. Breastfeeding: a practice that needs to be learned. Pediatria, v.28, n.2,

p.79-80, 2006. 5. COUTINHO, S.B.; LIMA, M.C.; ASHWORTH, A.; LIRA, P.I.C. Impacto de treinamento

baseado na iniciativa hospital amigo da criança sobre práticas relacionadas à amamentação no interior do Nordeste. Jornal de Pediatria, v.81, n.6, p.471-477, 2005.

6. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas da Saúde. Área de Saúde da Criança.

Prevalência do aleitamento materno nas capitais brasileiras e Distrito Federal. Brasília, 2001.

7. MATUHARA, A.M.; NAGANUMA, M. Impact of an instructional manual to the maternal

breastfeeding of newborn babies. Pediatria, v.28, n.2, p.91-97, 2006. 8. KATSUMI, M.M.D.; AKI, U.B.S. The maturation and coordination of sucking, swallowing

and respiration in preterm infants. Pediatrics, v.142, p.36-40, 2003. 9. MC CAIN, G.C.; GARTSIDE, P.S.; GEENGERG, J.M.; LOTT, J.W. A feeding protocol

for health preterm infants that shortens time to oral feeding. Pediatrics, v.139, n.3, p.374-379,2001.

10. ROCHA, A.D.; MOREIRA, M.E.L.; RAMOS, J.R.M.; COSTA, A.M.; MALLET, N.R.

Efeitos da sucção não-nutritiva durante alimentação enteral nos parâmetros temporais da sucção de neonatos pré-termo. Jornal Brasileiro de Fonoaudiologia, v.3, n.13, p.298-303, 2002.

11. VANNUCHI, M.T.O.; MONTEIRO, C.A.; RÉA, M.F.; ANDRADE, S.M.; MATSUO, T.

The baby-friendly hospital initiative and breastfeeding in a neonatal unit. Revista de Saúde Pública, v.38, n.3, p.422-428, 2004.

12. BROCK, R. Recém-nascido prematuro, baixo peso e retardo do crescimento intra-uterino.

In: BASSETTO, MC. Neonatologia, um convite à atuação fonoaudiológica. São Paulo: Lovise, 1998. p.67-73.

13. AQUINO, R.R.; OSÓRIO, M.M. Alimentação do recém-nascido pré-termo: métodos

alternativos de transição da gavagem para o peito materno. Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil, v.8, n.1, p. 11-16, 2008.

AZEVEDO, Paula da Costa Morbidades perinatais e o processo de transição alimentar . . . Capítulo de Revisão

34

14. FRIEDRICH, L.; CORSO, A.L.; JONES. M.H. Prognóstico pulmonar em prematuros. Jornal de Pediatria, v.81, n.1, p.79-88, 2005.

15. WORLD HEALTH ORGANIZATION. Kangaroo mother care: a practical guide.

Geneva,2003. 16. OHLWEILER, L.; ROTTA, N.T. Prematuridade: importância do seguimento neurológico.

Revista do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, v.23, n.3, p.9-16, 2003. 17. CARVALHO, A.B.R.; BRITO, A.S.J.; MATSUO, T. Assistência à saúde e mortalidade

de recém-nascidos de muito baixo peso. Revista de Saúde Pública, v.41, n.6, p.1003-1012, 2007.

18. BÜHLER, K.E.B.; LIMONGI S.C.O. Fatores associados à transição da alimentação via

oral em recém-nascidos pré-termo. Pró-Fono Revista de Atualização Científica, v.16, n.3, p.301-310, 2004.

19. HERNANDEZ, A.M. O neonato de risco: proposta de intervenção global. In:

HERNANDEZ, A.M. Conhecimentos essenciais para atender bem o neonato. São José dos Campos: Pulso, 2003. p.15-23.

20. RUGOLO, L.M. Crescimento e desenvolvimento a longo prazo do prematuro extremo.

Jornal de Pediatria, v.81, supl. 1, p.101-110, 2005. 21. MARTINEZ, F.E.; CAMELO, J.J.S. Alimentação do recém-nascido pré-termo. Jornal de

Pediatria, v.77, supl. 1, p.32-40, 2001. 22. PAULS, J.; BAWER, K.; VERSMALD, H. Postnatal body weight curves for infant below

1.000g birth weight receiving early enteral and parenteral nutrition. European Journal of Pediatrics, v.157, p.416-421, 1998.

23. EVANGELISTA, D.; OLIVEIRA, A. Transição alimentar em recém-nascidos com

displasia broncopulmonar. Revista CEFAC, v.11, n.1, p.102-109, 2009. 24. MANDICH, M.B.; RITCHIE, S.K.; MULLETT, M. Transition times to oral feeding in

premature infants with and without apnea. Journal of Obstetric, Gynecologic and Neonatal Nursing, v.25, n.9, p.771-776, 2006.

25. CLARK, R.H.; THOMAS, P.; PEABODY, J. Extrauterine growth restriction remains a

serious problem in prematurely born neonates. Pediatrics, v.111, n.5, p.986-990, 2003. 26. KUZMA-O REILLY, B.; DUENAS M.L.; GREECHER, C.; KIMBERLIN, L.; MUJSCE;

MILLER, D. Evaluation , development, and implementation of potentially better practices in neonatal intensive care. Pediatrics, v.111, n.3, p.461-470, 2003.

27. LUCAS, A. Long-term programming effects of early nutrition. Implications for the

preterm infant. Journal of Perinatology, v.25, p.2-6, 2005. 28. ROSS, E.S.; BROWNE, J.V. Developmental progression of feeding skills: an approach to

supporting feeding in preterm infants. Seminars in Neonatology, v.7, p. 469-475, 2002.

AZEVEDO, Paula da Costa Morbidades perinatais e o processo de transição alimentar . . . Capítulo de Revisão

35

29. LAU, C.; SMITH, E.O.; SCHANLER, R.J. Coordination of suck-swallow respiration in preterm infants. Acta Paediátrica, v.92, p.721-727, 2003.

30. GARZI, R.P.; CERRUTI, V.Q. Importância da adequada respiração no processo de

alimentação do recém-nascido pré-termo: relato de caso. Revista CEFAC, v.5, p.63-67, 2003.

31. HERNANDEZ, A.M.; GIORDAN, C.R.; SHIGUEMATSU, R.A. A intervenção

fonoaudiológica em recém-nascidos de risco para distúrbios da deglutição e sua influência no aleitamento materno. Revista Brasileira de Nutrição Clínica, v.22, n.1, p.41-44, 2007.

32. SCOCHI, C.G.S.; FERREIRA, F.Y.; GÓES, F.S.N.; FUJINAGA, C.I.; FERECINI, G.M.;

LEITE, A.M. Alimentação láctea e prevalência do aleitamento materno em prematuros durante internação em um hospital amigo da criança de Ribeirão Preto-SP-Brasil. Ciência, Cuidado e Saúde, v.7, n.2, p.145-154, 2008.

33. DELGADO, S.E.; HALPERN, R. Amamentação de prematuros com menos de

1500gramas: funcionamento motor-oral e apego. Pró-Fono Revista de Atualização Científica, v.17, n.2, p.141-152, 2005.

34. RODRIGUES, M.A.G.; CANO, M.A.T. Estudo do ganho de peso e duração da internação

do recém-nascido pré-termo de baixo peso com a utilização do método canguru. Revista Eletrônica de Enfermagem, v.8, n.2, p.185-191, 2006.

35. MEDOFF-COOPER, B.; MC GRATH, J.; BILKER, W. Nutritive sucking and

neurobehavioral development in preterm infants from 34 weeks PCA to term. Maternal and Child Nursing, v.25, n.2, p.64–70, 2000.

36. ROSS, E.S.; BROWNE, J.V. Developmental progression of feeding skills: an approach to

supporting feeding in preterm infants. Seminars in Neonatology, v.7, p. 469-475, 2002. 37. MIZUNO, K.; UEDA, B.S. The maturation and coordination of sucking, swallowing and

respiration in preterm infant. Journal of Pediatrics, v.142, p.36-40, 2003. 38. NEIVA, F.C.B.; LEONE, C.R. Sucção em recém-nascidos pré-termo e estimulação da

sucção. Pró-fono Revista de Atualização Científica, v.18, n.2, p.141-150, 2006. 39. GEWOLB, I.H.; VICE, F.L.; SCHWEITZER-KENNY, E.L.; TACIAK, V.L.; BOSMA,

J.F. Developmental patterns of rhythmic suck and swallow in preterm infants. Developmental Medicine and Child Neurology, v.43, p.22-27, 2001.

40. DELGADO, S.E.; HALPERN, R. Breastfeeding of premature babies with less than

1500g: oral motor functioning and attachment. Pró-fono Revista de Atualização Científica, v.17, n.2, p.141-152, 2005.

41. HUFFMAN, S.L.; ZEHNER, E.R.; VICTORA, C. Can improvements in breast-feeding

practices reduce neonatal mortality in developing countries? Midwifery, v.17, p.80-92, 2001.

AZEVEDO, Paula da Costa Morbidades perinatais e o processo de transição alimentar . . . Capítulo de Revisão

36

42. THOYRE, S.M. Developmental transition from gavage to oral feeding in the preterm infant. Annual Review of Nursing Research, v.21, p.61-92, 2003.

43. NASCIMENTO, M.B.R.; ISSLER, H. Aleitamento materno em prematuros: manejo

clínico hospitalar. Jornal de Pediatria, v.80, n.5, p.163-172, 2004. 44. WIESCHHOFF, H.A. Artificial stimulation of lactation in primitive cultures. History of

Medicine, v.8, p.1403, 1940. 45. WALETZKY, L R.; HERMAN, E.H. Relactation. American Family Physicians

Journal, v.14, p.69, 1976. 46. LAWRENCE, R.A.; LAWRENCE, R.M. Breastfeeding: A guide for the medical

profession. Induced Lactation and relactation (including nursing the adopted baby) and cross-nursing. 2005. p.633-650.

47. RUGOLO, L.M. Crescimento e desenvolvimento a longo prazo do prematuro extreme.

Jornal de Pediatria, v.81, supl. 1, p.101-110, 2005. 48. WORLD HEALTH ORGANIZATION. Infant feeding in emergencies: a guide for

mothers. Copenhagen, 1997. 49. CATTANEO, A.; DAVANZO, R.; UXA, F.; TAMBURLINI, G. Recommendation for the

implementation of Kangaroo mother care for low birth weight infant. Acta Paediátrica, v.87, p.440-445, 1998.

50. CHARPAK, N.; RUIZ, J.G.; CALUME, Z.F. Humanizing neonatal care. Acta Pediátrica,

v.89, n.5, p.501-502, 2000. 51. CARDOSO, A.C.A.; ROMIT, R.; RAMOS, J.L.A.; ISSLER, H.; GRASSIOTTO, C.;

SANCHES, C.T.C. Método Mãe Canguru: aspectos atuais. Pediatria, v.28, n.2, p.128-134, 2006.

52. SALCEDO, P.H.T. Trabalho fonoaudiológico específico em berçário com estimulação

sensório-motor oral. In: OLIVEIRA, S.T. Fonoaudiologia hospitalar. São Paulo: Lovise, 2003. p.123-138.

53. CATTENEO, A. Kangaroo mother care for low birth weight infants: a randomized

controlled trial different settings. Acta Pediátrica, v.87, n.9, p.976-985, 1998. 54. LEVY, D.S. Atuação fonoaudiológica em recém-nascido de alto risco. In: RIBAS, L.P.

Anuário de fonoaudiologia. Novo Hamburgo: Feevale, 2003. p.115-129. 55. NEIVA, S.C.B. Neonatologia: papel do fonoaudiólogo no berçário. In: COMITÊ DE

MOTRICIDADE ORAL – SBFa. Motricidade orofacial: como atuam os especialistas. São José dos Campos: Pulso. 2004. p.225-234.

56. SEEMA, A.K.; PATWARI, L.; SATYANARAYANA. Relactation: an effective

intervention to promote exclusive breastfeeding. Journal of Tropical Pediatrics, v.43, p.213-216, 1997.

AZEVEDO, Paula da Costa Morbidades perinatais e o processo de transição alimentar . . . Capítulo de Revisão

37

57. BANAPURMATH, C.R.; BANAPURMATH, S.; KESAREE, N. Initiation of relactation. Indian Pediatrics, v.40, p.343-347, 2003.

58. PANDIT, B.N.C.; MISHRA, S.K.; PAPPU, K.; CHAUDHURI, S.N. Initiating the process

of relactation: an institute based study. Indian Pediatrics, v.39, p.173-178, 2002.

3 – ARTIGO ORIGINAL

AZEVEDO, Paula da Costa Influência das morbidades clínicas perinatais na evolução de recém-nascidos . . . Artigo original

39

Influência das morbidades clínicas perinatais na evolução de recém-nascidos pré-termo que utilizaram a relactação como método de transição alimentar

Resumo

Objetivos: Analisar a influência das morbidades perinatais na evolução clínica dos recém-

nascidos pré-termo: ganho ponderal, tempo de transição alimentar e de alta hospitalar e o

estabelecimento do aleitamento materno, durante a utilização do método da relactação como

forma de transição da sonda orogástrica para o peito. Método: Estudo retrospectivo,

descritivo, do tipo série de casos, com 274 recém-nascidos com idade gestacional ao

nascimento < 37 semanas, divididos em dois grupos, com e sem morbidades perinatais,

internados na Unidade Mãe Canguru do Instituto de Medicina Integral Professor Fernando

Figueira –Imip, no período de agosto de 2002 a abril de 2005. Para a análise dos resultados

foram utilizados os testes estatísticos “t” Student e Qui-quadrado. Resultado: não foi

encontrada diferença estatisticamente significativa em relação ao ganho de peso e tempo de

transição entre os grupos com e sem intercorrência perinatal. No entanto, a diferença no

tempo de permanência até a alta hospitalar foi significante, sendo maior no grupo que

apresentou morbidades perinatais. O estabelecimento do aleitamento materno exclusivo

esteve presente em 70,2% dos bebês com intercorrência, sugerindo que a relactação também

pode ser eficaz em bebês que apresentam morbidades perinatais.

Palavras-chave: recém-nascido prematuro, morbidades, aleitamento materno.

AZEVEDO, Paula da Costa Influência das morbidades clínicas perinatais na evolução de recém-nascidos . . . Artigo original

40

Abstract

Objective: Analyze the influence of perinatal morbidities as the clinical evolution of preterm

infant: weight gain, time until feeding transition and hospital discharge and breastfeeding

establishment during relactation as a method of transition from orogastric tube to breast.

Method: Retrospective, descriptive and observational study with 274 preterm infants with

gestational age at birth < 37 weeks, separated in two groups, with and without morbidities in

the kangaroo mother care of the Integral Institute of Medicine Professor Fernando Figueira –

Imip (Recife, Brazil) between, august 2002 to april 2005. For statistical analyses “t” Student

and chi-square test was used. Results: It wasn’t found difference statistically significant

between weight and transition period in the groups with or without clinical perinatal

morbidities. However, the difference about the time until hospital discharge was significant

because the gravidity of some intercurrence and also later begin of the feeding transition

process. The exclusive breastfeeding was found in 70,2% of preterm infants with morbidities

suggesting that relactation also would be effective in newborn infants with perinatal

intercurrences.

Key-words: preterm infants, morbidities, breastfeeding.

AZEVEDO, Paula da Costa Influência das morbidades clínicas perinatais na evolução de recém-nascidos . . . Artigo original

41

Introdução

O período mais vulnerável do recém-nascido ocorre nos primeiros meses de

vida, sendo também a fase mais importante para o seu crescimento, desenvolvimento e o

estabelecimento de uma boa saúde. Dessa maneira, a nutrição desempenha um papel

primordial para a manutenção desta condição neste grupo etário, sendo o aleitamento materno

a melhor forma de alimentação, devido às propriedades nutritivas, antiinfecciosas e

imunológicas do leite materno1.

Em relação aos recém-nascidos pré-termo, com ou sem morbidades, os

benefícios da prática do aleitamento materno são ainda mais evidentes, uma vez que o leite de

mães de prematuros está adaptado à condição de imaturidade em que estes bebês se

encontram. É um leite de composição diferenciada, especialmente elaborado para as

necessidades do neonato, contendo maiores proporções de proteínas (principalmente as

imunoglobulinas), gorduras, calorias, vitaminas lipossolúveis, lactoferrina e vitamina A1,2.

Os recém-nascidos pré-termo que, além da idade gestacional reduzida

apresentam peso ao nascimento inferior a 2500g, caracterizam um grupo de risco elevado.

Estes bebês estão mais propensos às complicações infecciosas, neurológicas, problemas

respiratórios, distúrbios metabólicos, hemorragia periventricular, dentre outras patologias que

constituem fatores de risco3-5. Associadas a estas morbidades, frequentemente podem ocorrer

dificuldades alimentares e de deglutição, uma vez que estes neonatos apresentam imaturidade

global, a qual compromete a função motora oral, assim como a coordenação entre sucção,

deglutição e respiração, limitando a alimentação por via oral ou mesmo a amamentação5,6.

Portanto, considerando que recém-nascidos prematuros, doentes ou não, são

frequentemente afastados de suas mães para receber a assistência necessária e adequada à

manutenção de suas funções vitais, atrasando o início da amamentação, a Organização

Mundial de Saúde (OMS) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) ratificam a

importância de orientar a mãe sobre como iniciar e manter a lactação7.

Nesta perspectiva, diversas instituições nacionais e internacionais ratificam

este propósito e, através da técnica da relactação, buscam promover, nos recém-nascidos pré-

AZEVEDO, Paula da Costa Influência das morbidades clínicas perinatais na evolução de recém-nascidos . . . Artigo original

42

termo, com ou sem morbidades perinatais, uma transição mais rápida do uso da sonda

orogástrica para a alimentação por via oral, aumento do índice de aleitamento materno por

ocasião da alta hospitalar e, consequentemente, redução do tempo de internação, evitando

assim o desmame e os riscos de infecção durante o período de transição até a alta hospitalar.

A técnica da relactação tem o objetivo de restabelecer o processo fisiológico da

amamentação, além da sucção estimular a produção de leite na quantidade suficiente, de

modo a suprir as necessidades nutricionais do lactente, favorecendo um satisfatório ganho

ponderal8,9.

A literatura refere que o ganho diário de peso constitui importante variável

para a evolução do bebê prematuro e sua consequente alta hospitalar, sendo um dos fatores

primordiais para a estabilização clínica dos recém-nascidos doentes. Seu aumento interfere

diretamente na perspectiva de alta hospitalar, com consequente redução dos efeitos adversos

da internação e inserção deste recém-nascido pré-termo mais rapidamente no seu núcleo

familiar10,11.

Devido à limitação do conhecimento científico sobre as morbidades clínicas

perinatais no processo de relactação, principalmente nos recém-nascidos pré-termo, este

estudo tem como objetivo verificar a influência destas morbidades, considerando as variáveis

ganho de peso, tempo de duração da transição da sonda orogástrica para o peito, tempo de

permanência hospitalar e estabelecimento do aleitamento materno entre os neonatos que

utilizaram a relactação como método de transição alimentar.

Método

Este estudo faz parte de uma pesquisa intitulada “Alimentação do recém-

nascido pré-termo: métodos de transição da gavagem para o peito materno”, desenvolvida no

Alojamento Mãe Canguru do Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira -

Imip, Recife-PE12. O Imip é uma entidade de natureza pública, sem fins lucrativos. Possui

uma Unidade Neonatal de Alto-Risco, composta por 50 leitos, sendo 18 de cuidados

intensivos e 32 semi-intensivos. Atende anualmente cerca de dois mil bebês que apresentam

doenças complexas. A Unidade Mãe Canguru conta com uma enfermaria de 18 leitos.

AZEVEDO, Paula da Costa Influência das morbidades clínicas perinatais na evolução de recém-nascidos . . . Artigo original

43

O estudo foi retrospectivo, descritivo, do tipo série de casos, cujos dados foram

coletados dos prontuários dos recém-nascidos, no período de agosto de 2002 a abril de 2005.

Foram incluídos todos os recém-nascidos pré-termo, totalizando uma amostra de 432

prematuros. Esta amostra foi dividida em três grupos, de acordo com o método de transição da

alimentação por gavagem para o peito materno: translactação, relactação e sonda-peito.

No estudo original, ao entrar no Alojamento Mãe Canguru, todos os neonatos

estavam sendo alimentados por peito estímulo e sonda orogástrica; ou, peito estímulo e via

oral por copinho; ou apenas por sonda orogástrica. A dieta prescrita era preferencialmente o

leite materno da própria mãe; quando não era possível, utilizava-se o leite materno

pasteurizado e, por fim, como terceira alternativa, a fórmula láctea.

As variáveis analisadas foram: peso, idade gestacional e morbidades perinatais

por ocasião do nascimento e período de internação na unidade neonatal; idade, ganho de peso,

peso atual, idade gestacional corrigida e tipo de alimentação, na entrada no Alojamento Mãe

Canguru; idade, ganho de peso, peso atual e idade gestacional corrigida nas etapas

subsequentes de transição alimentar e alta hospitalar.

A idade gestacional corrigida foi descrita a partir da estimativa da idade

gestacional (em semanas), baseada nas características dos exames físicos e neurológicos e na

associação entre elas. No Serviço de Neonatologia do Imip são utilizados, como rotina, a

avaliação da idade gestacional através do método Capurro13 (na sala de parto) e o novo escore

proposto por Ballard14, no primeiro exame físico. Sendo assim, neste estudo os neonatos

foram avaliados pelos dois métodos. O peso do recém-nascido foi aferido diariamente, em

balança digital com precisão de cinco gramas.

A partir do banco de dados do estudo de Aquino e Osório12, foram

selecionados 274 recém-nascidos pré-termo que utilizaram apenas a relactação como método

de transição da alimentação por gavagem para o peito materno.

Considera-se relactação o processo de restabelecimento da produção de leite na

mulher que interrompeu a amamentação, com diminuição acentuada da produção de leite ou

mesmo que não amamentou após o parto15. Esta técnica destina-se, portanto, a repor ou a

AZEVEDO, Paula da Costa Influência das morbidades clínicas perinatais na evolução de recém-nascidos . . . Artigo original

44

reconstituir o reservatório de leite. É um processo lento, que necessita de esforço, dedicação e

perseverança. Consiste na utilização de uma sonda fixada no colo materno, com a

extremidade dos furos colocada ao nível do mamilo, sendo a outra extremidade acoplada a

uma seringa ou introduzida em um copo com leite materno pasteurizado ou fórmula láctea.

Quando colocado para mamar, o recém-nascido abocanha aréola e sonda. Ao sugar, estimula

a produção de leite, ao mesmo tempo em que é alimentado16.

Após o início da relactação, o volume por via oral prescrito pelo médico

diminui, de acordo com a aceitação e/ou ganho de peso do neonato. O processo de transição é

concluído com a retirada da sonda e a amamentação estabelecida, aumentando o número de

mamadas, sem a necessidade de complemento. Progride até a amamentação no peito de forma

exclusiva, sob livre demanda.

A amostra de 274 crianças que utilizaram a relactação no processo de transição

da alimentação por sonda orogástrica para o peito materno foi dividida em dois grupos: 245

recém-nascidos pré-termo com morbidades perinatais e 29 recém-nascidos pré-termo sem

morbidades perinatais. Considerou-se como morbidade clínica perinatal qualquer distúrbio ou

processo infeccioso, respiratório, cardíaco, metabólico ou neurológico ocorrido após o

nascimento, até o sétimo dia de vida extrauterina. Para o registro das morbidades foram

utilizados os diagnósticos dos prontuários, estabelecidos pelos médicos, de acordo com as

definições do Manual de Neonatologia da instituição17.

As morbidades clínicas perinatais encontradas foram: tocotraumatismo,

hipóxia, taquipneia transitória do recém-nascido, síndrome do desconforto respiratório,

displasia broncopulmonar, infecção perinatal ou hospitalar, meningoencefalite, hemorragia

intracraniana, cardiopatia e icterícia não fisiológica. Outras alterações como: dispneia, apneia,

palidez ou cianose, percebida durante ou após a relactação, também foram consideradas e

analisadas.

A análise dos resultados foi realizada por meio dos testes estatísticos “t”

Student, para verificar as diferenças das medianas entre os grupos com e sem morbidades

perinatais. O teste qui-quadrado foi utilizado para análise estatística entre duas proporções.

Adotou-se como nível de significância o valor de p ≤ 0,05.

AZEVEDO, Paula da Costa Influência das morbidades clínicas perinatais na evolução de recém-nascidos . . . Artigo original

45

O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos

do Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira, em 26 de novembro de 2008,

sob o protocolo de no1300, estando de acordo com a Resolução 196/96 do Conselho Nacional

de Saúde.

Resultados

As morbidades clínicas perinatais estiveram presentes em 89,4% do total de

274 recém-nascidos pré-termo participantes deste estudo, podendo, alguns deles terem sido

acometidos por mais de uma intercorrência. Dentre estas morbidades, destacaram-se a

síndrome do desconforto respiratório, 58,6%; taquipnéia transitória do recém-nascido, 30,0%;

e hipóxia moderada, 14,3%. É importante salientar que as infecções perinatais (35,0%) foram

mais frequentes que a infecção hospitalar (24,7%), apesar de ambas terem apresentado índices

elevados, conforme exposto na tabela 1.

A tabela 2 demonstra as medianas de peso, idade gestacional e idade

gestacional corrigida ao nascimento, por ocasião do início da transição alimentar e no

momento da alta hospitalar. No que se refere ao peso e à idade gestacional ao nascimento,

foram encontradas medianas estatisticamente significativas entre os grupos com e sem

intercorrência perinatal, sendo observados menor peso e menor idade gestacional ao

nascimento nos recém-nascidos pré-termo que apresentaram morbidade perinatal. No início

da transição alimentar não foi observada diferença significativa quanto ao peso no grupo dos

recém-nascidos pré-termo que apresentaram intercorrência perinatal. No momento da alta

hospitalar, também não foi registrada diferença estatisticamente significativa entre as médias

de peso, considerando os dois grupos.

A tabela 3 compara o tempo até a completa transição da sonda para via oral, o

ganho de peso e o tempo de permanência hospitalar, entre os grupos. Dentre estas variáveis,

não houve diferença estatisticamente significativa quanto ao tempo de transição e ao ganho de

peso dos recém-nascidos pré-termo, entre os grupos com e sem presença de morbidades. No

entanto, com relação ao tempo de permanência hospitalar, foi observada diferença

estatisticamente significativa entre os dois grupos.

AZEVEDO, Paula da Costa Influência das morbidades clínicas perinatais na evolução de recém-nascidos . . . Artigo original

46

A tabela 4 descreve o tipo de alimentação no momento da alta hospitalar, entre

os grupos com e sem intercorrência perinatal. Ao se analisar o aleitamento materno exclusivo,

foi verificado o estabelecimento desta prática em 70,2% dos bebês com intercorrência

perinatal e em 86,2% no grupo sem morbidade. Dentre os recém-nascidos pré-termo que

receberam alta hospitalar em aleitamento parcial (seio materno mais complemento por

relactação), cinquenta e oito (23,7%) encontravam-se no grupo com morbidade e quatro

(13,8%) no grupo sem intercorrência perinatal. A ausência do aleitamento materno foi

observada em quinze neonatos (6,1%) no grupo com intercorrência e em nenhum no grupo

que não sofreu intercorrência perinatal.

Discussão

A saúde dos recém-nascidos pré-termo depende de diferentes fatores, como a

idade gestacional, o peso ao nascimento e a incidência de morbidades clínicas perinatais.

Todos esses aspectos podem interferir no processo de transição alimentar, ganho ponderal,

tempo de alta hospitalar e, principalmente, no estabelecimento do aleitamento materno,

variáveis relevantes nas unidades de cuidados neonatais. Neste contexto, a relactação surge

como um método facilitador no processo de recuperação destes recém-nascidos, tendo em

vista os benefícios da manutenção da produção do leite materno para a nutrição e a saúde dos

neonatos8,9.

As morbidades clínicas perinatais ocorrem com elevada incidência em recém-

nascidos pré-termo de muito baixo peso, também presentes neste estudo, sendo o número e a

gravidade destas diretamente proporcionais ao peso de nascimento, ou seja, quanto menor o

peso do recém-nascido maior a sua susceptibilidade às morbidades perinatais18,19. Dentre os

245 recém-nascidos pré-termo com morbidades, foram registradas 508 morbidades clínicas

perinatais, atestando o alto percentual de morbidade neste grupo.

Este resultado está de acordo com a literatura, ao afirmar que, não obstante

terem ocorrido melhores índices de sobrevivência dos recém-nascidos com peso inferior a

1500g, com o advento de novos recursos nas unidades de cuidados neonatais, ainda se

observa uma alta incidência de morbidades perinatais, como: infecções neonatais, síndrome

do desconforto respiratório, hipóxia perinatal, hemorragia peri ou intraventricular, distúrbio

AZEVEDO, Paula da Costa Influência das morbidades clínicas perinatais na evolução de recém-nascidos . . . Artigo original

47

metabólico e enterocolite necrosante. A infecção hospitalar constitui uma das complicações

mais frequentes em unidades neonatais, sobretudo entre os recém-nascidos de muito baixo peso20-22.

Neste estudo, o peso ao nascimento apresentou correlação com as morbidades

clínicas perinatais, tendo em vista que o peso mediano ao nascimento foi menor nos recém-

nascidos que apresentaram tais morbidades. No entanto, após o período de perda ponderal, em

que os neonatos atingem seu peso mínimo, estes recuperaram o peso de nascimento e

mantiveram suas taxas crescentes de ganho de peso, diante de condições clínicas e

nutricionais adequadas23-25. Sendo assim, não foi observada diferença de peso entre os

neonatos dos dois grupos ao iniciarem o processo de transição alimentar da sonda orogástrica

para o peito materno.

De fato, é notório que muitos neonatos, apesar de manterem condições clínicas

estáveis que lhes permitem ingressar no alojamento Mãe Canguru, ainda apresentam muito

baixo peso. Este fato foi observado em estudo realizado por Freitas e Camargo26, constatando

que 54,6% dos recém-nascidos que ingressaram no alojamento Mãe Canguru apresentaram

peso no percentil menor ou igual a 5. Este resultado ratifica a importância da presença

conjunta mãe-filho para a completa recuperação destes neonatos, por facilitar e promover o

aleitamento materno e contribuir sobremaneira para a rápida recuperação nutricional do

recém-nascido pré-termo.

O processo de transição foi determinado pelo aumento gradativo da dieta por

via oral, utilizando-se a técnica da relactação, após serem avaliadas as condições clínicas e a

coordenação da sucção e deglutição com a respiração. O volume oferecido por via oral foi

condicionado ao ganho de peso diário. Como o ganho de peso mínimo esperado para a alta é

de 15 g/dia e a média do tempo de transição em torno de 10 dias, pode-se considerar,

portanto, que o ganho de peso adequado durante a transição alimentar está em torno de

150g27.

Neste estudo, a média de ganho de peso diário foi de 18,5 e 20g, no período de

10 e 11 dias, respectivamente, para os grupos com e sem morbidades. Percebe-se então que,

apesar da presença de morbidades clínicas perinatais, o ganho ponderal satisfatório durante o

período de transição alimentar contribuiu para que o tempo até a retirada da sonda orogástrica

e o estabelecimento da alimentação por via oral fosse semelhante nos dois grupos.

AZEVEDO, Paula da Costa Influência das morbidades clínicas perinatais na evolução de recém-nascidos . . . Artigo original

48

Penalva e Schwartzman28, estudando recém-nascidos pré-termo submetidos ao

método Mãe Canguru após alta da unidade de cuidado neonatal, observaram que, apesar da

presença de algumas morbidades, os recém-nascidos atingiram um ganho ponderal, ao

término da transição alimentar, similar ao encontrado nesta pesquisa.

Por outro lado, com relação à mediana em dias de vida por ocasião da alta

hospitalar foi observada diferença entre os grupos. Devido à gravidade de algumas doenças

perinatais, o grupo com morbidades apresentou um maior tempo de permanência hospitalar.

Outros estudos, como o de Mandich et al29 e o de Evangelista e Oliveira30

confirmam estes resultados, ao constatarem a influência das morbidades perinatais quanto ao

início, duração da transição alimentar e consequente aumento do tempo de internação até a

alta hospitalar. Entre os recém-nascidos pré-termo, com e sem morbidades respiratórias

graves, o primeiro grupo apresentou um maior tempo de internação até a alta hospitalar com

dieta por via oral.

Outro fator que interferiu para um maior período de internação foi a

necessidade de alguns neonatos serem reinternados na unidade neonatal. Dos 245 recém-

nascidos com morbidades, 23 retornaram à unidade neonatal por complicações no período de

relactação, como cianose e/ou apneia. Destes, apenas seis apresentaram morbidades

relacionadas diretamente à alimentação, voltando ao processo de relactação após recuperação.

Semelhante aos achados do presente trabalho, Penalva e Schwartzman28 ratificam a

ocorrência de reinternações por complicações durante o processo de transição da sonda

orogástrica para o aleitamento materno em torno de 9%.

Alguns estudos demonstram percentual de aleitamento materno exclusivo em

mais de 80% de recém-nascidos pré-termo que utilizaram a relactação como método de

transição da alimentação por gavagem para o peito materno27,31, corroborando com o

resultado do presente estudo no grupo de recém-nascidos sem morbidades. No entanto, apesar

de 70% do grupo dos recém-nascidos pré-termo que apresentaram intercorrências ter recebido

alta hospitalar em aleitamento materno exclusivo, não houve diferença significante em relação

ao grupo sem morbidades.

AZEVEDO, Paula da Costa Influência das morbidades clínicas perinatais na evolução de recém-nascidos . . . Artigo original

49

Por este estudo ser retrospectivo, não se pode afirmar se as mães que

participaram da relactação não possuíam um bom fluxo de leite ou não foram orientadas a

ordenhar enquanto seus filhos estivessem na unidade de cuidado neonatal. Entretanto, um

percentual de 70% de aleitamento exclusivo em recém-nascido pré-termo pode ser

considerado satisfatório ao considerar que na literatura, foram apontados percentuais bem

mais baixos em recém-nascidos que não utilizaram a relactação32,33. Na ausência do método

da relactação, provavelmente um grande número de neonatos receberiam alta hospitalar

utilizando outros tipos de alimentação.

Outros estudos relatam os benefícios da técnica da relactação como método de

transição alimentar em neonatos com morbidades clínicas perinatais e a efetividade deste

método no estabelecimento do aleitamento materno exclusivo por ocasião da alta hospitalar34-36.

Assim, apesar de pouco estudada, a prática da relactação tem-se mostrado

importante no processo de recuperação dos recém-nascidos pré-termo com ou sem

morbidades, pois, além de ser um método facilitador para o estabelecimento do aleitamento

materno, contribui para o adequado ganho ponderal e redução do tempo de transição do uso

da sonda para o peito, favorecendo o vínculo afetivo mãe-bebê e a inserção mais rápida do

neonato no seu núcleo familiar.

AZEVEDO, Paula da Costa Influência das morbidades clínicas perinatais na evolução de recém-nascidos . . . Artigo original

50

TABELAS

Tabela 1- Distribuição das morbidades clínicas perinatais apresentadas pelos recém-nascidos pré-termo do Imip. Recife-PE - 2005

Morbidades N %

Tocotraumatismo

3 1.2

Hipóxia leve

29 11.9

Hipóxia moderada

35 14.3

Hipóxia grave

8 3.3

Taquipneia Transitória do recém-nascido

73 30.0

Síndrome do desconforto respiratório

143 58.6

Displasia broncopulmonar

5 2.1

Infecção perinatal

85 35.0

Infecção hospitalar

60 24.7

Meningoencefalite

14 5.8

Hemorragia intracraniana

13 5.3

Cardiopatia

24 9.9

Icterícia não fisiológica 16 6.6 TOTAL* 508

* Total maior que 245 casos, pela presença de mais de uma morbidade por recém-nascido pré-termo

AZEVEDO, Paula da Costa Influência das morbidades clínicas perinatais na evolução de recém-nascidos . . . Artigo original

51

Tabela 2 -Comparação das medianas dos grupos quanto ao peso, idade gestacional, e idade gestacional corrigida desde o nascimento até a alta do Imip. Recife-PE - 2005

Variáveis Morbidades Perinatais Presente

n=245 Ausente

n=29 P*

Nascimento Peso (g) (25-75)

1330 (1140-1520)

1590 (1395-1760) 0,000**

Idade gestacional (dias) (25-75)

227 (222-255)

238 (227-245) 0,000**

Transição Peso (g) (25-75)

1475 (1355-1600)

1560 (1395-1695) 0,100

Idade gestacional Corrigida (dias) (25-75)

250 (244-263)

247 (241-257) 0,043**

Idade (dias de vida) (25-75)

23 (15-28)

9 (7-17) 0,000**

Alta Peso (g) (25-75)

1760 (1630-1900)

1870 (1720 -1945) 0,122

Idade gestacional corrigida (dias) (25-75)

268 (258-278)

261 (255-271) 0,029**

* Teste “t” Student ** Significância p ≤ 0,05

AZEVEDO, Paula da Costa Influência das morbidades clínicas perinatais na evolução de recém-nascidos . . . Artigo original

52

Tabela 3 - Comparação da evolução dos recém-nascidos pré-termo em relactação internados no alojamento Mãe Canguru do Imip. Recife-PE - 2005

Variáveis Morbidades Perinatais

Presente n=245

Ausente n=29 p*

Tempo de transição (dias) (25-75)

10 (8-14)

11 (9-15) 0,718

Ganho de peso (g) (25-75)

185 (125-270)

220 (165-265)

0,257

Tempo permanência hospitalar (25-75)

40 (29-55)

23 (21-33) 0,000**

* Teste “t” Student ** Significância p ≤ 0,05

AZEVEDO, Paula da Costa Influência das morbidades clínicas perinatais na evolução de recém-nascidos . . . Artigo original

53

Tabela 4 - Tipo de alimentação dos recém-nascidos pré-termo no momento da alta do alojamento Mãe Canguru do Imip. Recife-PE - 2005

Alimentação Morbidades Perinatais

Presente n=245

Ausente n=29

Aleitamento materno exclusivo

172 (70,2%)

25 (86,2%)

Aleitamento materno e complemento por relactação

58 (23,7%)

4 (13,8%)

Via oral por relactação

15 (6,1%)

0 (0,0%)

O teste estatístico de Qui-quadrado foi utilizado apenas para comparação dos grupos em aleitamento materno exclusivo: p>0,05.

AZEVEDO, Paula da Costa Influência das morbidades clínicas perinatais na evolução de recém-nascidos . . . Artigo original

54

REFERÊNCIAS

1. Diniz EMA. Leite humano e o recém-nascido pré-termo. Pediatria 2000; 22(4):283-5. 2. Molina MCT. Composición de la leche humana. Lactancia materna: Guia para

profissionales. Comitê de lactancia materna de la Associación Española de Pediatria 2004; (5):59-76.

3. Lima EV, Oliveira DM, Draque CM, Mori H, Pinto FL, Guinsburg R et al. Sobrevida de

recém-nascidos de muito baixo peso em maternidade privada de nível terciário. Rev Paul Pediat 2006; 24(2):155-62.

4. Neiva FCB, Leone CR. Sucção em recém-nascidos pré-termo e estimulação da sucção. Pró-

Fono Rev Atual Cient 2006; 18(2):141-50. 5. Gamburgo LJL, Munhoz SRM, Amstalden LG. Alimentação do recém-nascido:

aleitamento natural, mamadeira e copinho. Fono Atual 2002; 20(2): 39-47. 6. Neiva FCB, Leone CR. Efeitos da estimulação da sucção não-nutritiva na idade de início da

alimentação via oral em recém-nascidos pré-termo. Rev Paul Pediat 2007; 25(2):129-34. 7. OMS/Unicef. Proteção, promoção e apoio ao aleitamento materno: o papel especial dos

serviços materno-infantis. Genebra;1989. 8. World Health Organization. Department of Child and Adolescent Health and Development.

Relactation: Review of experience and recommendations for practice. Geneva; 1998. 9. De NC, Mishra SK, Pappu K, Chaudhri. Initiating the process of relactation: an institute

based study. Indian Pediatr 2002; 39:173-8. 10. Rodrigues MAG, Cano MAT.Trial gain of weight and hospital length stay of low birth

weight preterm infant in assistance for kangaroo mother care. Rev. Enfermagem. 2006; 8(2):185-91.

11. Cattaneo A, et al. Kangaroo mother care for low birth weight infants: a randomized

controlled trial different setting. Acta Pediatr 1998; 87(9):976-85. 12. Aquino RR, Osório MM. Alimentação do recém-nascido pré-termo: métodos alternativos

de transição da gavagem para o peito materno. Rev Bras Saúde Matern Infant 2008; 8(1):11-6.

13. Lima GMS. Classificação e exame físico do recém-nascido. In: Alves JGB, Ferreira OS,

Maggi RS, Pediatria – Instituto Materno Infantil de Pernambuco. 3a ed. Rio de Janeiro: Medsi – Guanabara Koogan; 2004.p.221-8.

14. Ballard JL, Khoury JC, Wedig K, et al. New Ballard Score, expanded to include extremely

premature infants. J Pediatr. 1991; 119:417-23.

AZEVEDO, Paula da Costa Influência das morbidades clínicas perinatais na evolução de recém-nascidos . . . Artigo original

55

15. Lanwers J, Shinskie, D. Counseling the nursing mother. In: The lactation consultants reference. 3ª ed. 2000.p. 370-7.

16. Mohrbacher N, Stock, J. La leche league international: The breastfeeding answer book

2003, 3ª revised book. 17. Neonatologia. Instituto Materno Infantil. Recife: Guanabara; 2005. 18. Wood NS, Marlow N, Costeloe K. Neurologic and developmental disability after

extremely preterm birth. N Engl J Med 2000;343:378-84. 19. Perlman JM. Neurobehavioral deficits in premature graduates of intensive; potential

medical and neonatal environmental risk factors. Pediatrics 2001; 108(6):1339-48. 20. Schwartz RM, Luby AM, Scanlon JW. Effect of surfactant on morbidity, mortality and

resource use in newborn infants weighing 500 to 1500 g. N Engl J Med 1994; 330: 1476-80. 21. Malveira SS, Moraes AN, Chermont AG, Costa DLF, Silva TF. Recém-nascidos de muito

baixo peso em um hospital de referência. Rev Paraen Med 2006; 20(1):41-6. 22. Nascimento LFC, Gotlieb SLD. Fatores de risco para o baixo peso ao nascer com base em

informações da declaração de nascido vivo em Guaratinguetá, SP, no ano de 1998. Inf Epidemiol SUS 2001;10(3): 113-20.

23. Lim NL, Soosai AP, Cheah IG. Breastmilk feeding status and weight gain of low birth

weight infant in neonatal intensive care unit. Med J Malaysia 2001; 56(1):65-70. 24. Alexander GR, Kogan M, Bader D. US birth weight/gestational age- specific neonatal

mortality: rates for whites, hispanics, and blacks. Pediatrics 2003;111:61-6. 25. Anchieta LM, Xavier CC, Colosimo EA. Crescimento de recém-nascidos pré-termo nas

primeiras 12 semanas de vida. J Pediatr 2004; 80(4):267-76. 26. Freitas JO, Camargo CL. Método Mãe-Canguru: evolução ponderal de recém- nascidos.

Acta Paul Enferm 2007;20(1):75-81. 27. Ministério da Saúde. Secretarias de Políticas da Saúde. Área de Saúde da Criança.

Atenção ao recém-nascido de baixo peso – método mãe canguru: manual do curso. Brasília: 2002.

28. Penalva O, Schwartzman JS. Descriptive study of the clinical and nutritional profile and

follow-up of premature babies in a Kangaroo Mother Care Program. J Pediatr 2006;82(1):33-9.

29. Mandich MB, Ritchie SK, Mullett M. Transition times to oral feeding in premature infants

with and without apnea. J. Obst Ginec and Neonat Nurs 2006; 25(9): 771-6. 30. Evangelista D, Oliveira A. Transição alimentar em recém-nascidos com displasia

broncopulmonar. Rev Cefac 2009; 11(1):102-9.

AZEVEDO, Paula da Costa Influência das morbidades clínicas perinatais na evolução de recém-nascidos . . . Artigo original

56

31. Pandit BNC, Mishra SK, Pappu K, Chaudhuri SN. Initiating the process of relactation: an institute based study. Indian Pediatrics 2002;39:173-8.

32. Hernandez AM, Giordan CR, Shiguematsu RA. A intervenção fonoaudiológica em recém-

nascidos de risco para distúrbios da deglutição e sua influência no aleitamento materno. Rev Bras Nutr Clin 2007;22(1):41-4.

33. Scochi CGS, Ferreira FY, Góes FSN, Fujinaga CI, Ferecini GM, Leite AM. Alimentação

láctea e prevalência do aleitamento materno em prematuros durante internação em um hospital amigo da criança de Ribeirão Preto-SP, Brasil. Cienc Cuid Saude 2008;7(2):145-54.

34. Banapurmath CR, Banapurmath S, Kesaree N. Initiation of relactation. Indian Pediatr

1993; 30(11):1329-32. 35. Seema AK, Patwari L, Satyanarayana. Relactation: an effective intervention to promote

exclusive breastfeeding. J Trop Paediatr 1997; 43: 213-6. 36. Auerbach KG. Extraordinary breastfeeding: relactation/induced lactation. J Trop Paediatr

1981; 27:52-5.

4 – CONSIDERAÇÕES FINAIS

AZEVEDO, Paula da Costa Utilização da relactação como método de transição alimentar . . . Considerações finais

58

Considerações finais

A inclusão, neste estudo, de recém-nascidos com as mais diversas morbidades

clínicas perinatais demonstrou que estes bebês apresentam um grande potencial para receber

alta em aleitamento materno exclusivo.

Este elevado percentual pode ser creditado ao conhecimento prévio dos

profissionais de saúde da instituição na qual foi realizada a pesquisa, sobre a importância do

incentivo à manutenção e manejo da lactação às genitoras, enquanto aguardam a recuperação

dos seus filhos na unidade de cuidado intensivo neonatal.

Após este suporte, o contato da mãe com seu bebê no alojamento conjunto

contribuiu para que a técnica da relactação fosse bem sucedida. Estas se sentiram mais

confiantes e tranquilas quanto aos cuidados com seu filho, o que favoreceu a formação do

vínculo afetivo, diminuindo, portanto, os sentimentos de angústia e impotência frente ao seu

bebê.

No entanto, apesar dos resultados desta pesquisa serem satisfatórios, não se

pode afirmar se, especialmente na população dos recém-nascidos pré-termo que apresentaram

morbidades clínicas perinatais, o estabelecimento do aleitamento materno exclusivo, após

utilização da relactação, perdurou até o mínimo de seis meses, período recomendado pela

OMS.

AZEVEDO, Paula da Costa Utilização da relactação como método de transição alimentar . . . Considerações finais

59

Assim, devido à escassez de estudos abordando a técnica da relactação,

recomenda-se que novas pesquisas sobre esta temática sejam realizadas, através de métodos

prospectivos, a fim de que os profissionais que cuidam da saúde dos neonatos possam

aprofundar os conhecimentos sobre esta prática. Ademais, deve-se enfatizar os benefícios da

técnica da relactação no seguimento destes bebês, após alta hospitalar.

ANEXOS

AZEVEDO, Paula da Costa Utilização da relactação como método de transição alimentar . . . Anexo A

ANEXO A - Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa

AZEVEDO, Paula da Costa Utilização da relactação como método de transição alimentar . . . Anexo B

ANEXO B - Instrução aos autores: Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil

ISSN 1519-3829 versão impressa ISSN 1806-9304 versão online

INSTRUÇÕES AOS AUTORES

A Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil é uma publicação trimestral (março, junho, setembro e dezembro) cuja missão é a divulgação de artigos científicos englobando o campo da saúde materno infantil. As contribuições devem abordar os diferentes aspectos da saúde materna, saúde da mulher e saúde da criança, contemplando seus múltiplos determinantes biomédicos, socioculturais e epidemiológicos. São aceitos trabalhos nas seguintes línguas: português, espanhol e inglês. A seleção baseia-se no princípio da avaliação pelos pares (peer review) - especialistas nas diferentes áreas da saúde da mulher e da criança.

Direitos autorais

Os trabalhos publicados são propriedade da Revista, vedada a reprodução total ou parcial e a tradução para outros idiomas, sem a autorização da mesma. Os trabalhos deverão ser acompanhados da Declaração de Transferência dos Direitos Autorais, assinada pelos autores. Os conceitos emitidos nos trabalhos são de responsabilidade exclusiva dos autores.

Comitê de Ética

A declaração de Helsinki de 1975, em 2000 deve ser respeitada.

Também serão exigidos para os artigos nacionais a Declaração de Aprovação do Comitê de Ética conforme as diretrizes da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP) e, para os artigos do exterior a Declaração de Aprovação do Comitê de Ética do local onde a pesquisa tiver sido realizada.

Critérios para aprovação e publicação de artigo

Além da observação das condições éticas da pesquisa, a seleção de um manuscrito levará em consideração a sua originalidade, prioridade e oportunidade. O rationale deve ser exposto com clareza exigindo-se conhecimento da literatura relevante e adequada definição do problema estudado. Dois revisores externos serão consultados para avaliação do mérito científico. No caso de discordância entre eles, será solicitada a opinião de um terceiro revisor . A partir de seus pareceres e do julgamento do Comitê Editorial, o manuscrito receberá uma das seguintes classificações: 1) aceito; 2) recomendado, mas com alterações; 3) não aprovado. Na classificação 2 os pareceres serão enviados aos(s) autor(es), que terão oportunidades de

AZEVEDO, Paula da Costa Utilização da relactação como método de transição alimentar . . . Anexo B

revisão; na condição 3, o manuscrito será devolvido ao(s) autor(es); no caso de aceite, o artigo será publicado de acordo com o fluxo dos manuscritos e o cronograma editorial da Revista.

Seções da Revista

Editorial

Revisão apresentação do histórico da evolução científica e avaliação crítica de um tema, tendo como suporte para a investigação a literatura considerada relevante. Revisões sistemáticas são recomendadas quando oportunas e terão prioridade frente a revisões narrativas.

Artigos Originais divulgam os resultados de pesquisas inéditas e permitem a reprodução destes resultados dentro das condições citadas no mesmo. Para os artigos originais recomenda-se seguir a estrutura convencional: Introdução: onde se apresenta a relevância do tema, as hipóteses iniciais, a justificativa para a pesquisa e o objetivo, que deve ser claro e breve; Métodos: descreve a população estudada, os critérios de seleção e exclusão da amostra, define as variáveis utilizadas e informa a maneira que permite a reprodutividade do estudo, em relação a procedimentos técnicos e instrumentos utilizados, além da análise estatística; Resultados: são apresentados de forma concisa, clara e objetiva, em seqüência lógica e apoiados nas ilustrações: tabelas e figuras - gráficos, desenhos, fotografias; Discussão: interpreta os resultados obtidos e verifica a compatibilidade entre estes resultados e os citados na literatura, ressaltando aspectos novos e importantes, vinculando as conclusões aos objetivos do estudo. Aceitam-se outros formatos, quando pertinente, de acordo com a natureza do trabalho. Os trabalhos deverão ter no máximo 25 páginas e recomenda-se citar até 30 referências bibliográficas.

Notas de Pesquisa relatos concisos sobre um tema original (máximo de cinco páginas).

Ponto de Vista opinião qualificada sobre saúde materno-infantil (a convite dos editores).

Resenhas crítica de livro publicado nos últimos dois anos ou em redes de comunicação on line (máximo de cinco páginas).

Cartas crítica a trabalhos publicados recentemente na Revista (máximo de três páginas).

Artigos especiais textos cuja temática seja considerada de relevância pelos Editores e que não se enquadrem nas categorias acima mencionadas. Forma e preparação de manuscritos

Apresentação dos manuscritos

Os manuscritos encaminhados à Revista deverão ser digitados no programa Microsoft Word for Windows, em fonte Times New Roman, tamanho 12, em espaço duplo, impresso em duas vias, acompanhados por um CD-Rom; podem também, ser enviados via e-mail.

Por ocasião da submissão do manuscrito os autores devem declarar que o mesmo não foi publicado e não está sendo submetido a outro periódico, nem o será enquanto em processo de avaliação. Estrutura do manuscrito Página de identificação título do trabalho: em português ou no idioma do texto e em inglês, nome e endereço completo dos autores e respectivas instituições; indicação do autor

AZEVEDO, Paula da Costa Utilização da relactação como método de transição alimentar . . . Anexo B

responsável pela troca de correspondência; fontes de auxílio: citar o nome da agência financiadora e o tipo de auxílio recebido. Página dos Resumos deverão ser elaborados dois resumos para os Artigos Originais, Notas de Pesquisa e Artigos de Revisão sendo um em português ou no idioma do texto e outro em inglês, o abstract. Os resumos dos Artigos Originais e Notas de Pesquisa deverão ter no máximo 250 palavras e devem ser estruturados: Objetivos, Métodos, Resultados, Conclusões. Nos Artigos de Revisão o formato narrativo dispensa o uso de resumo estruturado o qual deverá ter no máximo 150 palavras.

Palavras-chave para identificar o conteúdo dos trabalhos os resumos deverão ser acompanhados de três a dez palavras-chave em português e inglês. A Revista utiliza os Descritores em Ciências da Saúde (DECS) da Metodologia LILACS, e o seu correspondente em inglês o Medical Subject Headings (MESH) do MEDLINE, adequando os termos designados pelos autores a estes vocabulários.

Página das Ilustrações as tabelas e figuras (gráficos, desenhos, mapas, fotografias) deverão ser inseridas em páginas à parte.

Página da Legenda as legendas das ilustrações deverão seguir a numeração designada pelas tabelas e figuras, e inseridas em folha à parte.

Agradecimentos à colaboração de pessoas, ao auxílio técnico e ao apoio econômico e material, especificando a natureza do apoio.

Referências devem ser organizadas na ordem em que são citadas no texto e numeradas consecutivamente; não devem ultrapassar o número de 30 referências. A Revista adota as normas do Committee of Medical Journals Editors (Grupo de Vancouver), com algumas alterações; siga o formato dos exemplos: Artigo de revista Lopes MCS, Ferreira LOC, Batista Filho M. Uso diário e semanal de sulfato ferroso no tratamento de anemia em mulheres no período reprodutivo. Cad Saúde Pública 1999; 15: 799-808. Livro Alves JGB, Figueira F. Doenças do adulto com raízes na infância. Recife: Bagaço; 1998. Editor ou Compilador como autor

Norman IJ, Redfern SJ, editors. Mental health care for elderly people. New York: Churchill Livingstone; 1996. Capítulo de livro Timmermans PBM. Centrally acting hipotensive drugs. In: Van Zwieten PA, editor. Pharmacology of antiihypertensive drugs. Amsterdam: Elservier; 1984. p. 102-53 Congresso considerado no todo Proceedings of the 7th World Congress on Medical Informatics; 1992 Sep 6-10; Geneva, Switzerland. Amsterdam: North Holland; 1992.

Trabalho apresentado em eventos

Bengtson S, Solheim BG. Enforcement of data protection, privacy and security in medical informatics. In: Lun KC, Degoulet P, Piemme TE, Rienhoff O, editors. MEDINFO 92.

AZEVEDO, Paula da Costa Utilização da relactação como método de transição alimentar . . . Anexo B

Proceedings of the 7th World Congress on Medical Informatics; 1992 Sep 6-10; Geneva, Switzerland. Amsterdam: North Holland; 1992. p. 1561-5

Dissertação e Tese

Pedrosa JIS. Ação dos autores institucionais na organização da saúde pública no Piauí: espaço e movimento [dissertação mestrado]. Campinas: Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas; 1997.

Diniz AS. Aspectos clínicos, subclínicos e epidemiológicos da hipovitaminose A no estado da Paraíba [tese doutorado]. Recife: Departamento de Nutrição, Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal de Pernambuco; 1997.

Documento em formato eletrônico

Pellegrini Filho A. La BVS y la democratización del conocimiento y la información en salud.1999. Disponível em URL: Http://www.bireme.br/bvs/reunião/doc/pellegrini.htm [2000 Jan 16]

Envio de manuscritos

Os trabalhos deverão ser encaminhados para:

Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil

Instituto Materno Infantil Prof. Fernando Figueira - IMIP

Secretaria Executiva Rua dos Coelhos, 300. Boa Vista Recife, PE, Brasil CEP 50.070-550 Tel / Fax: +55 +81 2122.4141 E mail: [email protected] Site: www.imip.org.br

AZEVEDO, Paula da Costa Utilização da relactação como método de transição alimentar . . . Anexo C

ANEXO C - Protocolo e Formulário

PROTOCOLO DE FONOAUDIOLOGIA

Elaborado pela pesquisadora Rebeca Raposo de Aquino Pesquisa intitulada: “Alimentação do recém-nascido pré-termo: métodos de transição da gavagem para o peito materno” Os tópicos em destaque foram utilizados nesta pesquisa

N.º_____ PRONTUÁRIO nº ____________

RN_______________________________________________________________________ RG:_______________ Mãe______________________________________________________________________ Idade:______________ Instrução: Analfab.( ) 1º grau inc.( ) Comp.( ) 2º grau( ) Sup. ( ) Endereço:__________________________________________________________________________________ Gesta________ Para________ Filhos vivos________ Filho mais novo________ PN_______consultas Patologias na gestação________________________ Data de nascimento:____/____/____ Sexo: Mas. ( ) Fem. ( ) Tipo de parto: Vaginal ( ) Fórceps ( ) Cesáreo ( ) Gemelar: S ( ) N ( ) Apgar: 1º_____ 5º_____ 10º_____ Peso ao Nascimento:______ g Idade Gestacional:________ semanas Diagnósticos e Condutas: _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ Data de entrada no Canguru:____/___/___ Idade em dias:_____ IGC:______ Tipo de alimentação:________________________ Peso:_______ g Início da transição da dieta: ____/____/____ Tipo:__________________

AZEVEDO, Paula da Costa Utilização da relactação como método de transição alimentar . . . Anexo C

Idade em dias:________ IGC:________ Peso:__________ g ___/___ __________________P______- ___/___ _______________P ______ ___/___ __________________P______- ___/___ _______________P ______ ___/___ __________________P______- ___/___ _______________P ______ ___/___ __________________P______- ___/___ _______________P ______ ___/___ __________________P______- ___/___ _______________P ______ ___/___ __________________P______- ___/___ _______________P ______ ___/___ __________________P______- ___/___ _______________P ______ Observações:_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Tempo de transição:_____________ dias Problemas apresentados: Apnéia ( ) Cianose ( ) Aspiração ( ) Causa:________________________________________________________________________________________ Transferido para o berçário: Sim ( ) Não ( ) Condutas:________________________________________________________________________________________________________________________ Retorno ao Canguru:_______ Peso:_______ g Dias no berçário:________ Data da alta:___/___/___ Idade:______ dias IGC______ Peso:_______ g Condições de alta: Boa ( ) Regular ( ) Ruim ( ) Alimentação:_________

AZEVEDO, Paula da Costa Utilização da relactação como método de transição alimentar . . . Anexo C

FORMULÁRIO DA PESQUISA

Elaborado pela pesquisadora Rebeca Raposo de Aquino Pesquisa intitulada: “Alimentação do recém-nascido pré-termo: métodos de transição da gavagem para o peito materno” Os tópicos em destaque foram utilizados nesta pesquisa N. º_______

Prontuário Nº________ RN de____________________________________________ IdadeMat: _________ Instrução: Analfab.(1) 1º grau inc.(2) 1º grau Comp.(3) 2º grau (4) Sup. (5) Gesta_______ Para___________ Filhos vivos________ Filho mais novo__________ Data de Nasc.: _____/_____/_____ Apgar: 1º____ 5º____ 10º____ Tipo de parto: Vaginal (1) Cesário (2) Fórceps (3) Gemelar: Sim (1) Não (2) Peso ao Nascimento: ______ g Id. Gestacional: ______ Intercorrências: (1) Sim (2) Não (9) Ignorado (1) Tocotraumatismo (1) S (2) N (8) Inf. Perinatal (1) S (2) N (2) Hipóxia leve (1) S (2) N (9) Inf. Hospitalar (1) S (2) N (3) Hipóxia Moderada (1) S (2) N (10) Meningoencefalite (1) S (2) N (4) Hipóxia Grave (1) S (2) N (11) HIC (1) S (2) N (5) TTRN (1) S (2) N (12) Cardiopatia (1) S (2) N (6) SDR (1) S (2) N (13) Icterícia Patológica (1) S (2) N 7) DBP (1) S (2) N Data entrada no Canguru: _____/_____/_____ Idade em dias: _____ IGC: ______ Peso: ________ g Tipo alimentação:

(1) SOG (2) SOG + VO (3) VO (4) PE + SOG (5) PE + VO

Nº ___ ___ ___ PRONTNº __ __ __ __ __ __ __ IDAMAT ___ ___ INSTMAT ___ GESTA ___ ___ ___ PARA ___ ___ FILHOVIV ___ ___ IDFILHON ___ ___ DATANASC __ __/ __ __/ __ __ __ __ APGAR1 ___ ___ APGAR5 ___ ___ APGAR10 ___ ___ TIPOPART ___ GEM ___ PESNASC ___ ___ ___ ___ IDAGEST ___ ___ ___ INTERC ___ 1 - ___ 8 - ___ 2 - ___ 9 - ___ 3 - ___ 10 - ___ 4 - ___ 11 - ___ 5 - ___ 12 - ___ 6 - ___ 13 - ___ 7- ___ DATENT __ __/ __ __/ __ __ __ __ IDADENT ___ ___ ___ IGCENT ___ ___ ___

AZEVEDO, Paula da Costa Utilização da relactação como método de transição alimentar . . . Anexo C

Data Início da transição: _____/_____/_____ Tipo: (1) TL (2) RL (3) SM + SOG Profissional que iniciou: (1) Fono (2) Médico Idade em dias: ________ IGC:________ Peso:__________ g ___/___ __________________P______- ___/___ _______________P ______ ___/___ __________________P______- ___/___ _______________P ______ ___/___ __________________P______- ___/___ _______________P ______ ___/___ __________________P______- ___/___ _______________P ______ ___/___ __________________P______- ___/___ _______________P ______ ___/___ __________________P______- ___/___ _______________P ______ ___/___ __________________P______- ___/___ _______________P ______ ___/___ __________________P______- ___/___ _______________P ______ ___/___ __________________P______- ___/___ _______________P ______ ___/___ __________________P______- ___/___ _______________P ______ Tempo de transição: _______ dias Idade em dias: ________ IGC:________ Peso:__________ g Problemas apresentados: (1) Sim (2) Não (9) Ignorado (1) Apnéia (1) S (2) N (8) NSA (2) Cianose (1) S (2) N (8) NSA (3) Aspiração (1) S (2) N (8) NSA Causa: (1) Anemia (3) Probl. Maternos

(2) Infecção (4) Outros Transferido para o berçário: (1) Sim (2) Não Data Trans. ___/___/___ Idade em dias: ________ IGC:________ Peso:________ g Retorno ao Canguru: __/___/___ Idade em dias: ________ IGC:________ Peso:________ g Data da alta: ___/___/___ Idade:______ dias IGC______ Peso:_______ g Alimentação: (1) SML (2) SM + VO (3) VO

DATINIC __ __/ __ __/ __ __ __ __ TIPOTRAN ___ PROFINI ___ IDAINIC ___ ___ ___ IGCINIC ___ ___ ___ PESINIC ___ ___ ___ ___ TEMPTRNS ___ ___ IDAFINAL ___ ___ ___ IGCFINAL ___ ___ ___ PESFINAL ___ ___ ___ ___ PROBTRAN ___ (1) APNÉIA ___ (2) CIANOSE ___ (3) ASPIRAÇ ___ CAUSA ___ TRANSFBE ___ DATATRAN __ __/ __ __/ __ __ __ _ IDADTRANS ___ ___ ___ IGCTRANS ___ ___ ___ PESTRANS ___ ___ ___ ___ DATARET __ __/ __ __/ __ __ IDADERET ___ ___ ___ IGCRET ___ ___ ___ PESORET ___ ___ ___ ___ DATALT __ __/ __ __/ __ __ IDADALT ___ ___ ___ IGCALT ___ ___ ___ PESALT ___ ___ ___ ___ ALIMENT ___