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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA
INSTITUTO DE QUÍMICA
José Wellison Lima Dantas
UTILIZAÇÃO DE ANTIOXIDANTE NATURAL EXTRAÍDO DA ROMÃ (PUNICA
GRANATUM) EM FORMULAÇÕES DE DIESEL/BIODIESEL E ESTUDO
QUIMIOMÉTRICO POR PCA
Natal, RN
2016
José Wellison Lima Dantas
UTILIZAÇÃO DE ANTIOXIDANTE NATURAL EXTRAÍDO DA ROMÃ (PUNICA
GRANATUM) EM FORMULAÇÕES DE DIESEL/BIODIESEL E ESTUDO
QUIMIOMÉTRICO POR PCA
Trabalho de conclusão de curso como parte integrante
dos requisitos necessários para a obtenção do grau de
bacharel em Química do Petróleo pela Universidade
Federal do Rio Grande do Norte.
Orientadora: Prof.ª Drª. Luciene da Silva Santos
Natal, RN
2016
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Sistema de Bibliotecas - SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Instituto de Química - IQ
Dantas, José Wellison Lima.
Utilização de antioxidante natural extraído da romã (punica granatum) em
formulações de diesel/biodiesel e estudo quimiométrico por PCA / José Wellison Lima Dantas. - 2016.
61 f.: il.
Trabalho de conclusão de curso (graduação) - Universidade Federal do Rio Grande do
Norte, Centro de Ciências Exatas e da Terra, Instituto de Química, Natal, 2016.
Orientador: Profª. Drª. Luciene da Silva Santos.
Coorientador: Me. José Alberto Batista da Silva.
1. Combustíveis diesel. 2. Biodiesel. 3. Antioxidantes - Romã. 4. Fourier,
Espectroscopia de infravermelho por transformada de. 5. Análise de componentes
principais. 6. Quimiometria. 7. Química. I. Santos, Luciene da Silva. II. Silva,
José Alberto Batista da. III. Título.
RN/UF/BS-IQ CDU 665.75
José Wellison Lima Dantas
UTILIZAÇÃO DE ANTIOXIDANTE NATURAL EXTRAÍDO DA ROMÃ (PUNICA
GRANATUM) EM FORMULAÇÕES DE DIESEL/BIODIESEL E ESTUDO
QUIMIOMÉTRICO POR PCA
Trabalho de conclusão de curso apresentado ao curso de
Química do Petróleo – Bacharelado, da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial
para obtenção do título de Bacharel em Química do
Petróleo.
Aprovado em: _____/_____/_____
Profª. Drª. Luciene da Silva Santos
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Orientadora
Me. José Alberto Batista da Silva
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Co-orientador
Prof. Dr. Eledir Vitor Sobrinho
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Membro
Este trabalho é dedicado ao Senhor Deus, à minha mãe
Verônica, à minha avó Maria, aos familiares, aos meus
amigos e todos que contribuíram nesta jornada.
AGRADECIMENTOS
A Deus o qual entrego minha vida, pela proteção e saúde, por iluminar meus
caminhos;
À minha família, por sempre ter me apoiado, em especial a minha mãe Verônica, pelo
seu amor, ensinamentos e orientações nos diversos momentos de minha vida, te amo mamãe;
À minha orientadora, Profª. Drª. Luciene da Silva Santos, pela dedicação e amor, pelos
ensinamentos, pelo crescimento proporcionado durante esta fase.
Ao meu coorientador, Me. José Alberto Batista da Silva pela contribuição, ajuda,
amizade e por compartilhar tudo o que pôde durante todo tempo.
À banca avaliadora, e ao Prof. Dr. Eledir Vitor Sobrinho por aceitar o convite e pelas
contribuições a este trabalho.
Aos meus amigos de graduação. Esse fase de graduação não seria tão boa se não fosse
com vocês, sou grato por tudo.
À todos os integrantes do Laboratório de Caracterização de Petróleo e Derivados –
LabPetrol, pelos ensinamentos, pela amizade e por tornar os dias de trabalho melhores.
À Katherine Carrilho, Leomir Lima e Camilo Morais, que contribuíram bastante neste
trabalho.
À Central Analítica do Instituto de Química – UFRN, pelas análises realizadas.
RESUMO
Nos dias atuais, tem-se buscado intensamente a incorporação de biocombustíveis nas
formulações de combustíveis derivados do petróleo, por questões ambientais e econômicas.
Entretanto por apresentarem insaturações ou grupos oxigenados na estrutura, adição desses
compostos intensificam os processos oxidativos, gerando produtos indesejáveis e afetando a
qualidade dos combustíveis, sendo imprescindível o uso de antioxidantes. Neste trabalho, foi
avaliada a eficiência de um antioxidante natural, extraído da romã (Punica granatum), em
misturas de diesel com biodiesel, nas concentrações de 8 e 15% (v/v). A caracterização das
misturas ocorreu com a obtenção de propriedades físico-químicas tais como pontos da curva
de destilação atmosférica, índice de cetano, viscosidade cinemática a 40 °C, massa específica
a 20 °C, estabilidade oxidativa pelo método PetroOXY e espectrometria na região do
infravermelho com transformada de Fourier (FTIR). O Método quimiométrico baseado na
Análise de Componentes Principais (PCA), utilizando dados dos espectros FTIR, possibilitou
classificação das amostras com case em suas composições. A adição do antioxidante natural e
de até 15% de biodiesel nas formulações de diesel, não alteraram significativamente as
propriedades físico-químicas do combustível. Os espectros de FTIR para as misturas, não
apresentaram alterações relevantes no perfil das amostras com diferentes concentrações do
biodiesel e do antioxidante natural. A PCA conseguiu classificar, em grupos distintos, as
amostras com 8 e 15% de biodiesel e as amostras contendo antioxidante natural ou comercial
em suas composições através dos escores de PC2 vs PC3. Os gráficos de loadings mostraram
que, PC1 considerou como importante na classificação das amostras, a existência da mistura
diesel/biodiesel. Já a PC2 identificou diferenças na concentração de biodiesel pela mudança
na intensidade de absorção, permitindo a separação das amostras em duas classes, contendo 8
e 15% de biodiesel. A PC3 diferenciou os grupos de amostras pelas bandas características do
antioxidante natural e do comercial, presentes nas formulações do diesel.
Palavras-chave: Diesel, Biodiesel, Antioxidante Natural, Antioxidante comercial,
Estabilidade Oxidativa, FTIR, PCA.
ABSTRACT
Nowadays, the incorporation of biofuels in formulations of petroleum-derived fuels
has been intensively pursued for environmental and economic reasons. However, due to the
presence of unsaturations or oxygen groups in the structure, addition of these compounds
intensify the oxidative processes, generating undesirable products and affecting the quality of
the fuels, being essential the use of antioxidants. In this work, the efficiency of a natural
antioxidant, extracted from pomegranate (Punica granatum), in biodiesel blends of 8 and 15%
(v / v) was evaluated. The characterization of the mixtures occurred with physicochemical
properties such as atmospheric distillation curve, cetane number, kinematic viscosity at 40 °
C, specific mass at 20 ° C, oxidative stability by the PetroOXY method and spectrometry in
the region of With Fourier transform (FTIR). Based on the Principal Components Analysis
(PCA), using the FTIR spectra, it was possible to classify the samples based on their
compositions. The addition of the natural antioxidant and up to 15% biodiesel in the diesel
formulations did not significantly alter the physicochemical properties of the fuel. The FTIR
spectra for the mixtures showed no relevant changes in the profile of the samples with
different concentrations of biodiesel and natural antioxidant. The PCA was able to classify the
samples with 8 and 15% of biodiesel and samples containing natural or commercial
antioxidant in their compositions by PC2 vs PC3 in different groups. The loadings graphs
showed that, PC1 considered as important in the classification of the samples, the existence of
the diesel / biodiesel mixture. However, PC2 identified differences in biodiesel concentration
due to the change in absorption intensity, allowing the separation of samples into two classes,
containing 8 and 15% biodiesel. PC3 differentiated the groups of samples by the characteristic
bands of the natural and commercial antioxidant present in the diesel formulations.
Keywords: Diesel, Biodiesel, Natural Antioxidant, Commercial Antioxidant, Oxidative
Stability, FTIR, PCA.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Reação de transesterificação para produção de biodiesel. ...................................... 200
Figura 2. Molécula do Butil-Hidroxitolueno (BHT) .............................................................. 233
Figura 3. Mecanismo de reação dos antioxidantes . ................................................................. 24
Figura 4. Estrutura molecular dos tocoferóis............................................................................ 24
Figura 5. Romã (Punica granatum). ........................................................................................ 34
Figura 6. Equipamentos utilizados para as análises de monitoramento. .............................. 3934
Figura 7. Curvas de destilação das amostras S10B8, S10B8AC e S10B8AN. .................... 3939
Figura 8. Curvas de destilação das amostras S10B15, S10B15AC e S10B15AN ............... 4139
Figura 9. Gráfico de Viscosidade Cinemática das amostras S10B8 isentas de antioxidante e
S10B8 com antioxidantes ..................................................................................................... 4142
Figura 10. Massa específica das amostras a 20 °C. .................................................................. 43
Figura 11. Índice de Cetano das amostras de diesel/biodiesel com antioxidantes e sem
antioxidantes. ............................................................................................................................ 44
Figura 12. Estabilidade oxidativa das misturas diesel/biodiesel (8%) e antioxidantes. ........... 45
Figura 13. Estabilidade oxidativa das misturas diesel/ biodiesel (15%) e antioxidantes. ........ 46
Figura 14. Espectros de FTIR para as amostras S10B8 e S10B15 isentas de antioxidantes e
com antioxidantes comercial e natural ..................................................................................... 48
Figura 15. Espectro de FTIR para o BHT ............................................................................ 4948
Figura 16. Espectro de FTIR para o extrato etanólico da romã. ........................................... 5149
Figura 17. Espectro de absorbância do conjunto de amostras .............................................. 5250
Figura 18. Scores de PC1 versus PC2 ...................................................................................... 53
Figura 19. Scores de PC2 versus PC3 ...................................................................................... 54
Figura 20. Loadings de PC1 ..................................................................................................... 55
Figura 21. Loadings de PC2 ..................................................................................................... 55
Figura 22. Loadings de PC3 ..................................................................................................... 55
LISTA DE TEBELAS
Tabela 1. Variação da concentração dos antioxidantes presentes nas respectivas amostras....
2033
Tabela 2. Dados de temperaturas de destilação das amostras de diesel S10 e das formulações
de diesel com biodiesel e antioxidante..... ............................................................................ 2338
Tabela 3. Viscosidades Cinemáticas das amostras.. ............................................................. 2440
Tabela 4. Resultados da estabilidade oxidativa das amostras isentas de antioxidante e das
amostras com antioxidante ................................................................................................... 2444
Tabela 5. Vibração e Número de onda dos grupos funcionais das amostras. ....................... 3448
Tabela 6. Vibração e Número de onda dos grupos funcionais presentes no BHT. .................. 39
Tabela 7. Vibração e Número de onda dos grupos funcionais presentes no extrato etanólico da
romã. ..................................................................................................................................... 3949
LISTA DE ABREVIATURA
ANP Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis
ASTM American Society for Testing and Materials
BHA Butil-Hidroxianisol
BHT Butil-Hidroxitolueno
FTIR Infravermelho com Transformada de Fourier
HDT Hidrotratamento
PCA Análise de Componentes Principais
PI Período de indução
PY Pirogalol
TBHQ
PG
PC1
PC2
PC3
Terc-Butil-hidroquinona
Propil galato
Componente Principal 1
Componente Principal 2
Componente Principal 3
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 14
2. OBJETIVOS .................................................................................................................... 17
2.1 OBJETIVO GERAL .................................................................................................. 17
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .................................................................................... 17
3. REFERENCIAL TEÓRICO .......................................................................................... 18
3.1 DIESEL ...................................................................................................................... 18
3.2 BIODIESEL ............................................................................................................... 20
3.3 ANTIOXIDANTES ................................................................................................... 21
3.3.1 Antioxidantes Sintéticos ................................................................................... 22
3.3.1.1 BHT ................................................................................................................... 22
3.3.2 Antioxidantes Naturais .................................................................................... 23
3.3.2.1 Romã (Punica granatum) .................................................................................. 24
3.4 ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS DO DIESEL ........................................................ 25
3.4.1 Estabilidade Oxidativa ..................................................................................... 25
3.4.2 Destilação atmosférica...................................................................................... 27
3.4.3 Viscosidade Cinemática a 40 °C ...................................................................... 28
3.4.4 Massa Específica a 20 °C ....................................................................................... 28
3.4.5 Índice de cetano (IC) ....................................................................................... 28
3.5 ESPECTROSCOPIA DE INFRAVERMELHO COM TRANSFORMADA DE
FOURIER (FTIR) ................................................................................................................. 29
3.6 QUIMIOMETRIA ..................................................................................................... 30
3.6.1 Análise de Componentes Principais (PCA) .................................................... 30
4. METODOLOGIA ........................................................................................................... 31
4.1 MATERIAIS .............................................................................................................. 31
4.1.1 Reagentes ........................................................................................................... 31
4.1.2 Equipamentos ................................................................................................... 31
4.2 FORMULAÇÕES DE DIESEL/BIODISEL/ANTIOXIDADES .............................. 31
4.2.1 Formulação de Diesel/Biodiesel/Antioxidante Comercial (Butil
hidroxitolueno).. .............................................................................................................. 32
4.2.2 Formulação de Diesel/Biodiesel/Antioxidante Natural (Romã) ................... 33
4.2.2.1 Preparação do Antioxidante Natural (Extrato Etanólico da Romã) ....... 33
4.3 ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS ............................................................................. 33
4.3.1 Determinação da Massa Específica a 20 °C ................................................... 35
4.3.2 Determinação da Viscosidade Cinemática a 40 ºC ........................................ 35
4.3.3 Obtenção da Curva de Destilação Atmosférica ............................................. 36
4.3.4 Estabilidade Oxidativa ..................................................................................... 36
4.4 ANÁLISES ESPECTROSCÓPICAS ........................................................................ 37
4.4.1 Espectroscopia de Infravermelho com Transformada de Fourier (FTIR) . 37
4.5 APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS QUIMIOMÉTRICAS – PCA ........................ 37
4.5.1 Pré-processamento do sinal analítico e aplicação da PCA ........................... 37
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES .................................................................................. 38
5.1 DESTILAÇÃO ATMOSFÉRICA ............................................................................. 38
5.2 VISCOSIDADE CINEMÁTICA A 40 °c ................................................................. 40
5.3 MASSA ESPECÍFICA A 20 °c ................................................................................. 41
5.4 ÍNDICE DE CETANO .............................................................................................. 42
5.5 ESTABILIDADE OXIDATIVA ............................................................................... 44
5.6 ESPECTROSCOPIA DE INFRAVERMELHO COM TRANSFORMADA DE
FOURIER (FTIR) ................................................................................................................. 46
5.7 ANÁLISE DE COMPONENTES PRINCIPAIS (PCA) ........................................... 49
6. CONCLUSÕES ............................................................................................................... 56
7. REFERÊNCIAS. ............................................................................................................. 56
14
1. INTRODUÇÃO
O petróleo é um produto natural gerado nas rochas sedimentares onde há deposição da
matéria orgânica. O processo de formação desta matéria prima só é possível quando se
atingem as condições ideais de pressão e temperatura. Ela apresenta em sua
composição hidrocarbonetos parafínicos, naftênicos e aromáticos, podendo ainda estar
presentes constituintes como oxigênio, nitrogênio, enxofre e metais (SPEIGHT, 2007). O
petróleo necessita passar por processos de refinamento para que sejam obtidos produtos que
apresentem utilidade. Nos produtos obtidos do refinamento do petróleo encontra-se o óleo
diesel que é um combustível bastante demandado para uso em motores do ciclo diesel assim
como na agricultura e indústria, o que o torna um destaque para a economia uma vez que é
altamente consumido (Empresa de Pesquisa Energética, 2013).
Atualmente, há uma preocupação crescente, em todo o mundo, sobre a poluição
ambiental em decorrência do uso excessivo dos combustíveis fósseis convencionais. Os
últimos dez anos têm sido marcados pelas observações das mudanças climáticas em um ritmo
cada vez maior. Estas preocupações têm suscitado intensos esforços à identificação e
desenvolvimento de combustíveis a partir de fontes renováveis que venham a substituir,
mesmo que parcialmente, os derivados do petróleo, contribuindo com a diminuição
dos impactos ambientais. O biodiesel tem se destacado como uma alternativa aos
combustíveis fósseis convencionais, uma vez que emite menos gases poluentes e perigosos, é
biodegradável, não é tóxico e é praticamente isento de enxofre (AGARWAL et al., 2007).
As misturas diesel/biodiesel estão sendo utilizadas em muitos países. O Brasil, através
da Agencia Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), vem
regulamentando o aumento do percentual de biodiesel no diesel, sendo hoje permitida a
adição de até 7% deste biocombustível. Na tentativa de diminuição dos impactos causados
pelo uso excessivo dos combustíveis fósseis, a mistura diesel/biodiesel é obrigatória no Brasil.
Desta forma, é importante o desenvolvimento e aperfeiçoamento de técnicas qualitativas e
quantitativas que possibilitem a certificação da qualidade das misturas de diesel/biodiesel com
rapidez, precisão e baixo custo. As técnicas ópticas como Espectroscopia de Infravermelho
com Transformada de Fourier (FTIR) estão, cada vez mais, sendo aplicadas como ferramenta
na caracterização de óleos e gorduras. Pesquisas recentes apontam que a
estabilidade oxidativa dos óleos vegetais pode ser analisada através dessas técnicas
(DANTAS et al., 2011). A quimiometria é uma ferramenta que, associada às técnicas
espectroscópicas, contribui com a análise dos resultados, uma vez que pode incrementar
15
informações não obtidas somente com o uso das demais técnicas como FTIR, fazendo com
que os resultados sejam bem mais explorados através dos modelos criados pelos métodos
quimiométricos (MATOS, 2003).
A matéria prima utilizada nos processos de produção de biocombustível deve ser bem
caracterizada, pois as propriedades físico-químicas do óleo básico produtor do biocombustível
reflete na qualidade e propriedades do produto final. O Brasil dispõe de uma grande
quantidade de espécies oleaginosas, dentre as quais está a soja, que tem sua produção bem
estabelecida no país, se destacando como a espécie oleaginosa mais produzida. Na produção
da maior parte do biodiesel brasileiro, é utilizado o óleo de soja. Tanto o óleo vegetal original,
quanto o biodiesel estão sujeitos a sofrerem processos oxidativos que interferem na qualidade
destes materiais, uma vez que possuem, em suas estruturas moleculares, insaturações que os
tornam vulneráveis à oxidação (DUNN,2005; DINKOV, 2009). A avaliação através dos
parâmetros físico-químicos demonstra que a estabilidade do biodiesel é afetada à medida que
ele sofre algum estresse térmico (CHEIKHOUSMAN et al., 2005)
A estabilidade oxidativa do biodiesel é grandemente afetada por fatores como
radiação ultravioleta, metais e pela elevação da temperatura (MITTELBACH,
2011). Os produtos formados durante as reações de oxidação e
degradação prejudicam seriamente a qualidade do óleo. A oxidação lipídica é um
processo inevitável que ocorre espontaneamente. Isto provoca alterações nas propriedades dos
combustíveis, fazendo com que deixem de atender as especificações regulamentadas nas
resoluções da ANP. A autoxidação é um mecanismo que se desenvolve ao longo do tempo e
desencadeia reações que se propagam dependendo de fatores influenciadores como pH, luz e
calor (SILVA et al., 1999). Considerando estes critérios é necessário o uso de
agentes antioxidantes, capazes de promover a prevenção e o retardo dos
processos oxidativos dos biocombustíveis. Os antioxidantes sintéticos, como o Butil-
hidroxitolueno (BHT), são utilizados na prevenção da degradação oxidativa dos
biocombustíveis, mas busca-se cada vez mais, o uso de substâncias antioxidantes naturais que
possam substituir as sintéticas trazendo benefícios como biodegradabilidade, baixo custo e
baixa emissão de agentes prejudiciais ao meio ambiente (GÜLÇIN et al., 2010).
Este trabalho tem como objetivo avaliar o desempenho do antioxidante natural
produzido a partir de extrato etanólico da romã (Punica granatum), em misturas
diesel/biodiesel, com teores de biodiesel acima do especificado, 8%v/v e 15%v/v, utilizando
para comparação um antioxidante sintético comercial, BHT, com ampla aplicação na
indústria, investigando a influência das misturas obtidas nas propriedades físico-químicas de
16
especificação do diesel comercial, através das técnicas de caracterização normatizadas pela
ASTM (American Society for Testing and Materials), definidos pela ANP, e por método
quimiométrico, baseado na Análise de Componentes Principais - PCA.
17
2. OBJETIVOS
2.1 OBJETIVO GERAL
Avaliar o desempenho do antioxidante natural extraído da romã (Punica granatum)
comparado ao antioxidante utilizado comercialmente, di-terc-butil metil fenol ou butil
hidroxitolueno (BHT), em função da concentração de biodiesel em misturas diesel/biodiesel,
com o auxílio de métodos instrumentais normatizados pelas ASTM (Americam Society for
Testing and Materials) e ferramentas quimiométricas.
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
• Isolamento dos compostos fenólicos presentes na romã, a fim de estudar seu potencial
como antioxidante;
• Avaliação do desempenho do extrato etanólico da romã como antioxidante natural em
comparação com o BHT em misturas de diesel/biodiesel;
• Produzir formulações de diesel com biodiesel em diferentes concentrações (8 e 15%
(v/v));
• Avaliar a ação dos antioxidantes natural e comercial, em concentrações de 0 a 2000
ppm na estabilidade oxidativa das diferentes misturas de diesel com biodiesel;
• Caracterizar as misturas de diesel com biodiesel através de propriedades físico-
químicas na presença dos antioxidantes, obtendo dados das curvas de destilação
atmosférica, ASTM D-86; viscosidade cinemática a 40 °C, massa específica a 20 °C;
estabilidade oxidativa (método PetroOXY) e FTIR.
• Aplicar um modelo quimiométrico para tratar os dados espectrais por meio da Análise
de Componentes Principais (PCA) obtendo o incremento de informações não
evidenciadas por outras análises.
18
3. REFERENCIAL TEÓRICO
3.1 DIESEL
O óleo diesel é um combustível fóssil derivado do petróleo que apresenta em sua
composição uma mistura complexa de hidrocarbonetos. Além de carbono e hidrogênio, o
diesel possui também compostos sulfurados e nitrogenados. É um produto límpido, isento de
material em suspensão, inflamável, volátil e com cheiro característico (CHRISTOFF, 2006).
A composição química do diesel é bastante diversificada, uma vez que dispõe
de moléculas de hidrocarbonetos com mais de 14 átomos de carbono que se enquadram em
uma das seguintes categorias: Parafinas, Olefinas, Naftênicos e Aromáticos, onde predomina
um percentual elevado de hidrocarbonetos parafínicos e naftênicos em relação aos outros
componentes. A faixa de temperatura na qual este combustível consegue ser destilado se
inicia em torno de 150 ºC e vai até 400 ºC (SOUZA, 2008; LAURO, 2006). As alterações
provocadas na composição deste derivado do petróleo refletem em variações nas suas
propriedades como faixa de destilação, densidade, poder calorífico, viscosidade, ponto de
fluidez e índice de cetano (TEIXEIRA, 2010).
O combustível diesel é obtido através do refino do petróleo, que passa incialmente
pelo processo de destilação atmosférica e têm incluídas em suas misturas, correntes como
nafta, diesel leve, diesel pesado e gasóleo, adquiridas das etapas de processamento do petróleo
(GALVÃO, 2007). O percentual ideal destes componentes presentes no diesel é aquele que
possibilita o enquadramento do produto final nas especificações previamente estabelecidas
que garantam um bom desempenho do produto (FROEHLICH, 2011).
A Resolução n° 50/2013 da APN classifica o óleo diesel em dois tipos; Óleo diesel
tipo A: O óleo combustível que é produzido através dos processos de refino de petróleo e
centrais de matérias-primas petroquímicas ou autorizadas nos termos desta resolução,
destinado ao uso em veículos com motores do ciclo diesel, de uso rodoviário, sem adição de
biodiesel; Óleo diesel B: óleo diesel A com adição de 7% de biodiesel, em v/v, estabelecido
pela legislação vigente. Esta resolução determina ainda a nomenclatura do diesel em se
tratando de teor de enxofre encontrado no combustível, sendo o S10 o diesel com teor de
enxofre máximo de 10 mg/Kg, o S500 diesel com máximo teor de 500 mg/Kg de enxofre e
s1800 o diesel com teor de enxofre máximo de 1800 mg/Kg. Para que o diesel venha atingir o
mais baixo nível de enxofre em sua formulação, deve passar pelo processamento mais eficaz
de remoção de enxofre, o Hidrotratamento (HDT), mas em virtude deste processamento ser
19
bastante oneroso, tem-se buscado a inserção de biodiesel, isento de enxofre, no diesel
contribuindo com a diminuição desta espécie, o que faz com que melhore as propriedades
deste combustível como o índice de cetano e ainda barateie seu processamento (BONFÁ,
2011). As especificações do diesel S10 podem ser visualizadas no Quadro 1.
Quadro 1 – Especificação do diesel S10 pela Resolução ANP n°50/2013.
Característica Unidade Limite Método
(Tipo A e B) ABNT
NBR
ASTM/EN
Aspecto - Límpido e Isento de
Impurezas
14954 D4176
Cor ASTM, máx. - 3,0 14483 D1500
D6045
Teor de biodiesel % volume 7 15568 EN 14078
Enxofre total, máx. mg/kg 10,0 - D2622
D5453
D7039
D7212
D7220
Destilação
10% de vol. recuperados, mín. ºC 180,0 9619 D86
50% de vol. recuperados 245,0 a 295,0
95% de vol. Recuperados, máx. 370,0
Massa específica a 20ºC Kg/m3 815,0 a 850,0 7148
14065
D1298
D4052
Ponto de fulgor, mín. ºC 38,0 7974
14598
D56
D93
D3828
D7094
Viscosidade Cinemática a 40ºC mm2/s 2,0 a 4,5 10441 D445
Número de cetano, mín. ou
Número de cetano derivado
(NCD), mín.
- 48 - D613
D6890
D7170
Resíduo de carbono Ramsbot-tom
no resíduo dos 10% finais da
destilação, máx.
%massa 0,25 14318 D524
Cinzas, máx. %massa 0,010 9842 D482
Corrosividade ao cobre, 3h a 50ºC,
máx.
- 1 14359 D130
Teor de água, máx. mg/kg 200 - D6304
EN ISSO 12937
Contaminação total, máx. mg/kg 24 - EM 12662
Hidrocarbonetos policíclicos
aromáticos, máx.
%massa 11 - D5186
D6591
EN 12916
Estabilidade à oxidação, máx. mg/100mL 2,5 14248 D2274
D5304
Índice de Acidez Mg KOH/g Anotar 14248 D664
D974
Lubricidade, máx. μm 520 µm - D6079
Condutividade elétrica, mín. pS/m 25 - D2624
D4308
Fonte: ANP, 2013.
20
3.2 BIODIESEL
O biodiesel é uma espécie de combustível composto de alquil-ésteres de ácidos graxos
de cadeia longa, derivado dos óleos vegetais e/ou gorduras animais. Dezenas de espécies
vegetais presentes no Brasil podem ser usadas na produção do biodiesel, entre elas soja,
dendê, girassol, babaçu, amendoim, mamona e pinhão manso. Entretanto, o óleo vegetal in
natura é bem diferente do biodiesel, que deve atender à especificação estabelecida pela
Resolução ANP n° 07/2008. Para se tornar compatível com os motores a diesel, o óleo vegetal
precisa passar por um processo químico chamado transesterificação. É possível, também, usar
mais de uma fonte vegetal no mesmo biodiesel. A mamona, por exemplo, se usada em mistura
com outros óleos, agrega propriedades positivas ao produto final, como a redução do ponto de
congelamento, sem alterar as especificações exigidas pela ANP (ANP, 2010).
Figura 1: Reação de transesterificação para produção de biodiesel.
Fonte: Mota et al, 2009
O emprego do biodiesel vem crescendo aceleradamente no mundo inteiro, uma vez que a
cadeia de produção deste biocombustível tem um potencial promissor em vários setores, como
o social, ambiental e tecnológico (SRISVASTAVA et al., 2000). Além disso, possui
características que o tornam uma alternativa interessante aos combustíveis fósseis; dentre elas,
a redução da emissão de CO2, SOX e hidrocarbonetos aromáticos durante o processo de
combustão embora seja observado um aumento de NOX, se comparado ao óleo diesel
(ABREU et al., 2004).
Com a elevação da demanda pelo biodiesel e da sua capacidade de produção, crescente
atenção vem sendo dada aos efeitos causados pela oxidação, durante o armazenamento, na
qualidade do biodiesel combustível. Ao longo da estocagem, o biodiesel se degrada. Esta
degradação acarreta alterações nas suas propriedades ao longo do tempo devido a reações de
natureza hidrolítica, microbiológica e oxidativa. Tais alterações são aceleradas pela exposição
21
ao ar, umidade, metais, luz e calor ou mesmo a ambientes contaminados por
microrganismos (BONDIOLI et al., 2003 e 2004).
O mecanismo de degradação oxidativa do biodiesel depende do grau
de insaturação dos ésteres que o compõem, do processo de produção adotado, da umidade, da
temperatura, da luz e da presença de antioxidantes. Dentre as suas implicações negativas,
pode-se destacar o aumento da viscosidade e a elevação da acidez, sendo esta capaz de
produzir compostos poliméricos indesejáveis. Não faltam registros na literatura técnica
relatando os inconvenientes causados pela formação de goma e pelo aumento da acidez do
biodiesel em decorrência dos processos de oxidação e demonstrações dos malefícios que a
oxidação do biodiesel traz para os sistemas de injeção de combustível. Considerando-se estes
aspectos, torna-se necessária a utilização de substâncias que possam evitar ou retardar os
processos de oxidação do biodiesel. Os antioxidantes comerciais já utilizados para este fim
têm desempenhado bem sua tarefa, mas a cada dia buscam-se novas substâncias produzidas a
partir de compostos naturais que venha a substituir os sintéticos, desempenhando a mesma
função e trazendo benefícios como o uso de fontes alternativas renováveis que diminuam os
impactos ambientais (BONDIOLI et al., 2003 e 2004).
3.3 ANTIOXIDANTES
Os antioxidantes são compostos químicos utilizados com o objetivo de agirem,
preventivamente, contra a degradação oxidativa, de modo que, são substâncias que têm a
capacidade de atuar minimizando ou retardando a velocidade das reações de oxidação. Os
antioxidantes atuam de diversas maneiras quando entram em contato com o biodiesel. Eles
podem interagir bloqueando a etapa de propagação, destruindo os hidroperóxidos, absorvendo
luz ultravioleta e minimizando os efeitos provocados pela ação dos metais. Desta forma,
ocorre um aumento no PI do biodiesel quando os antioxidantes entram em ação, pois acaba
interrompendo a sequência de propagação, o que leva a um aumento no período da etapa de
terminação (GUNSTONE, 1984). Os antioxidantes não influenciam na fase de iniciação. O
processo de oxidação acontece em virtude das cadeias hidrocarbônicas do biodiesel serem
ativadas por peróxidos pertencentes ao biodiesel ou mesmo próprios do óleo que lhe deu
origem. Os antioxidantes começam a interagir na etapa de propagação, à medida que os
peróxidos e hidroperóxidos vão aparecendo. Eles se ligam com os peróxidos formados na
etapa de iniciação e durante as reações da etapa de propagação, a formação de hidroperóxidos
é bloqueada ou retardada, elevando o aumento do período de indução. Os antioxidantes
22
podem ser classificados em naturais e sintéticos. Dentre os naturais estão os tocoferóis e os
tocotrienóis. Já o grupo dos sintéticos pode conter o butil-hidroxitolueno (BHT), butil-
hidroxianisol (BHA), terc-butilhidroquinona (TBHQ) e propil galato (PG). Eles se apresentam
como substâncias doadoras de elétrons, podendo ser extremamente eficazes no combate à
oxidação (KNOTHE, 2007).
A atividade desempenhada pelos compostos fenólicos antioxidantes se dá em função
de suas propriedades de óxido-redução, pois eles agem neutralizando ou absorvendo radicais
livres e decompondo peróxidos (RAMALHO & JORGE, 2006).
3.3.1 Antioxidantes Sintéticos
Os antioxidantes sintéticos mais utilizados na indústria são BHA, BHT, PG e TBHQ
(GONDIM, 2009). Estes antioxidantes são utilizados em pequenas concentrações,
apresentando diferentes solubilidades e efeitos. O efeito de um antioxidante pode depender de
uma variedade de fatores, incluindo os tipos de ácidos graxos proveniente do óleo ou gordura
onde o mesmo será empregado, a quantidade de antioxidantes presentes na matriz, o período
de estocagem, dentre outras condições (CALIXTO, 2011).
3.3.1.1 Butil-hidroxitolueno (BHT)
O BHT é um antioxidante sintético. Ele é um derivado poliidroxifenol e desempenha
sua atividade antioxidante fornecendo elétrons ou prótons H+ lábeis aos radicais livres,
interrompendo a ocorrência das reações em cadeia (WELLS, 2005). O antioxidante BHT é
bastante utilizado nas indústrias de medicamentos e alimentos, inibindo ou retardando a
oxidação dos lipídeos, que é a maior causa de degradação em alimentos (GÜLÇIN et al.,
2010). Apesar de conferir ótimos resultados quando é aplicado como antioxidante, o BHT tem
seu uso questionado, pelo menos na indústria alimentícia, por causa da suspeita de serem
possíveis provocadores de processos carcinogênicos e danos hepáticos (PACIFICO et al.,
2008).
23
Figura 2: Molécula do Butil-Hidroxitolueno (BHT)
Fonte: RAMALHO, 2005.
Segundo Filho (2010), o BHT (butil-hidroxitolueno) apresenta uma boa ação
antioxidante devido à presença de grupos ativadores no anel aromático, orto e para
substituídos, contribuindo para a melhor deslocalização de elétrons e estabilização de radicais
livres, formados nos processos oxidativos.
A estrutura fenólica destes compostos permite a doação de um próton a um radical
livre, regenerando assim, a molécula do acilglicerol e interrompendo o mecanismo de
oxidação por radicais livres. Dessa maneira, os derivados fenólicos transformam-se em
radicais livres. Entretanto, estes radicais podem se estabilizar sem promover ou propagar
reações de oxidação (GALVÃO, 2007).
Figura 3: Mecanismo de reação dos antioxidantes, onde ROO* e R
* representam radicais livres; AH é
um antioxidante com um hidrogênio ativo e A* é um radical inerte.
ROO* + AH ROOH + A
*
R* + AH RH + A
*
Fonte: GALVÃO, 2007.
3.3.2 Antioxidantes Naturais
As substâncias antioxidantes presentes nas fontes naturais são as vitaminas, os
compostos fenólicos e nitrogenados (alcalóides, aminoácidos, peptídeos) que possuem a
capacidade de agir impedindo ou retardando os processos oxidativos. Dentre os que são
considerados como importantes estão: os tocoferóis, os ácidos ascórbico e cítrico (ácidos
orgânicos), os carotenóides e os flavonoides (CALIXTO, 2011). O tocoferol, por apresentar
24
um ótimo desempenho entre os antioxidantes naturais é largamente utilizado como inibidor
dos processos oxidativos dos óleos e gorduras comestíveis, impedindo a oxidação dos ácidos
graxos insaturados (Gondim, 2009).
Figura 4: Estrutura molecular dos tocoferóis.
Fonte: Gondim, 2009.
3.3.2.1 Romã (Punica granatum)
A Romã (Punicag ranatum) é um fruto que tem origem no Oriente Médio, da família
Punicaceae. Este fruto apresenta compostos fenólicos em sua composição como substâncias
que possuem funções antioxidantes. Estudos mostram os benefícios provocados pelo consumo
do suco da romã quando do controle de radicais livres a partir da prevenção dos processos de
oxidação provocada pelos compostos fenólicos presentes no fruto (NEWMAN; LANSKI,
2007; JURENKA, 2008).
Figura 5: Romã (Punica granatum)
Fonte. http://www2.aeserpa.pt/site/index.php/ementa-escolar.
Dentre os compostos fenólicos contidos na Romã estão os ácidos fenólicos (ácido
gálico e elágico), os flavonóides (rutina, quercetina), as antocianinas (cianidina,
25
pelargonidina) e taninos Hidrolisáveis (elagio e galotaninos) (JURENKA, 2008). O suco da
romã possui atividade antioxidante superior às atingidas pelo chá verde e vinho tinto que são
reconhecidos por possuírem alto poder antioxidante (MERTENS-TALCOT et al., 2006). Em
seu tabalho, Shubert, Lanski e Neeman (1999) mostraram que os flavonóides extraídos do
suco e das sementes de romã inibiram a atividade das enzimas oxidantes, lipooxigenase e
ciclooxigenase que são importantes nos processos inflamatórios.
3.4 ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS DO DIESEL
3.4.1 Estabilidade Oxidativa
O biodiesel tem recebido destaque em todo o mundo, nos últimos anos, uma vez que é
apresentado como um biocombustível alternativo, renovável e biodegradável.
A crescente aceitação do biodiesel é largamente atribuída às vantagens como maior ponto de
fulgor, maior índice de cetano, melhor lubrificação, biodegradabilidade, ser livre de enxofre e
aromáticos, baixa emissão de CO, material particulado e hidrocarbonetos embora a emissão
de NOx não siga este padrão, conferidas a este combustível para motores diesel em relação ao
combustível convencional à base de petróleo (DUNN, 2006; DUNN, 2008). No entanto, o
biodiesel é muito sensível à oxidação, devido ao seu alto teor de ésteres metílicos
insaturados. A resistência do biodiesel contra a oxidação tem sido sempre uma preocupação
para os fornecedores, distribuidores e potenciais utilizadores. Esta sensibilidade à oxidação é
devida não só a sua composição de ácidos graxos, mas também ao processo de produção e às
condições de armazenamento. Durante o armazenamento do biodiesel a longo prazo, devem
ser evitados vários fatores favoráveis à sua oxidação como temperatura elevada, incidência de
radiação luminosa e presença de metais uma vez que estes catalisam as reações de oxidação
(MITTELBACH; SCHOBER, 2003; DINKOV et al., 2015).
Os aditivos quando adicionados ao biodiesel podem provocar alterações nas suas
propriedades, como a estabilidade oxidativa, fazendo com que este biocombustível deixe de
ter suas especificações atendidas. A utilização de substâncias que possuem funções
antioxidantes para melhorar a estabilidade à oxidação do biodiesel é uma prática comumente
difundida e reconhecida no mundo inteiro (DUNN, 2008; FATTAH et al., 2014).
A autoxidação do biodiesel se processa por meio dos radicais livres onde ocorrem
reações em cadeia que se desenvolvem através do mecanismo com as etapas de iniciação,
26
propagação e terminação (CHEN; LUO, 2011). A partir da etapa de iniciação são formados,
em grande quantidade, os radicais livres de carbono que apresentam considerável reatividade,
em virtude da presença dos seguintes iniciadores: Luz, calor, íons metálicos e hidroperóxidos.
Estes radicais de carbono têm o poder de reagir fortemente com o oxigênio que está presente,
produzindo radicais peróxidos e podendo ainda contribuir com o aumento da quantidade
de hidroperóxidos (FLITSCH et al., 2014). A decomposição oxidativa destes hidroperóxidos
gera produtos com boa estabilidade tais como aldeídos, cetonas, ácidos e alguns
outros compostos oxigenados, que afetam as propriedades do biodiesel, e ainda contribuem
com o aparecimento de problemas relacionados ao mau funcionamento do motor, dos quais
podem ser citados o entupimento de filtros, a corrosão de peças metálicas e o ressecamento
dos componentes de borracha. Os antioxidantes são frequentemente utilizados para evitar a
iniciação e retardar ou reduzir a taxa de oxidação. Os antioxidantes sintéticos são geralmente
mais utilizados que os antioxidantes naturais devido à sua elevada eficiência (LAPUERTA et
al., 2012).
Os compostos fenólicos com hidroxilas substituídas no anel aromático constituem o
grupo de antioxidantes sintéticos mais utilizados. Nele estão presentes o Terc-Butil-
Hidroquinona (TBHQ), Butil-Hidroxianisol (BHA), Butil-Hidroxitolueno (BHT)
e Pirogalol (PY).
Estes compostos fenólicos interagem interrompendo a propagação da cadeia de radicais
livres por transferência de átomos de hidrogênio entre os grupos hidroxilo fenólicos para
radicais peróxido intermediários (MITTELBACH; SCHOBER, 2003; FATTAH et al., 2014;
KARAVALAKIS et al., 2011).
Dentre alguns métodos utilizadas no monitoramento da atividade antioxidante na
estabilidade oxidativa do biodiesel e das misturas com biodiesel podem ser citados
o Rancimat (EN 14112) e o PetroOXY (ASTM D7545). Embora estes métodos possam
fornecer resultados satisfatórios, não refletem verdadeiramente as condições reais de
armazenamento, mesmo assim são utilizados pois o estudo de estabilidade oxidativa levaria
muito tempo o que o torna inviável.
O Rancimat é o método padrão mais amplamente aceito para verificação da
estabilidade oxidativa de biodiesel tratado com antioxidantes (FOCKE; VAN;
OOSTHUYSEN, 2016; FOCKE et al., 2012). O período de indução (PI) antes do início de
uma oxidação rápida é determinado pela monitorização do aumento contínuo de
condutividade, que é causada pelos ácidos carboxílicos voláteis formados durante o processo
de oxidação acelerada (FLITSCH et al., 2014; DE CARVALHO et al., 2016). Contudo, este
27
método tem uma grande desvantagem que é o longo tempo de duração. Atualmente, busca-se
elevar a temperatura de ensaio de 10 °C a 130 °C, para encurtar o tempo de análise, mas
alguns antioxidantes tais como BHT pode facilmente volatilizar, o que acaba por alterar os
resultados da análise (LAPUERTA et al., 2012).
O PetroOXY oferece uma alternativa rápida, segura e um método fácil de usar para
medir a estabilidade oxidativa de biodiesel e das misturas de biodiesel, e mostra boa
repetitividade e reprodutibilidade entre as análises (NEUMANN; JEBENS; WIERZBICKI,
2008; MACHADO et al., 2013). Este método permite a determinação do período de indução
através da monitorização do consumo de oxigênio durante o processo de oxidação, e pode ser
utilizado para acompanhar a cinética de oxidação quando os testes são realizados em
diferentes temperaturas. A estabilidade à oxidação de uma amostra de combustível está
diretamente relacionada com o tempo necessário para conseguir uma pressão fixa solta. Neste
método, as amostras são submetidas a um ensaio com condições mais severas em comparação
com os parâmetros do método do Rancimat, podendo atingir uma pressão máxima de cerca de
1000 kPa quando a temperatura é aumentada para 140 °C de acordo com a ASTM D7545.
Este método pode proporcionar uma boa sensibilidade e discriminação entre as diferentes
amostras, bem como resultados homogêneos em comparação ao Rancimat, embora as
amostras não sigam o mesmo mecanismo de oxidação em ambos os métodos (MURTA;
LEONARDO; DWECK, 2014; BOTELLA et al., 2014; WIERZBICKI, 2010).
3.4.2 Destilação atmosférica
A destilação atmosférica é uma importantíssima técnica de caracterização utilizada
para analisar derivados do petróleo. Serve para monitorar o percentual volumétrico dos
componentes presentes nas amostras uma vez que estas possuem diversas moléculas de
hidrocarbonetos que apresentam pontos de ebulição característicos. Desta forma é possível a
construção de curva da destilação que consiga representar a volatilidade das amostras. A
importância da destilação é refletida quando dela se extrai informações que são utilizadas para
verificação da obediência das normas de legislação impostas pelos órgãos fiscalizadores de
segurança, transporte e armazenamento juntamente com as propriedades como a volatilidade
dos hidrocarbonetos que influencia no desempenho quando os combustíveis são utilizados.
Desta forma, são fornecidos dados a respeito da composição e de como este derivado do
petróleo se comporta quando submetida às condições preestabelecidas. A ANP regulamenta
28
os percentuais volumétricos que devem ser destilados para cada combustível derivado do
petróleo, o que controla a qualidade de cada combustível consumido.
3.4.3 Viscosidade Cinemática a 40 °C
A viscosidade cinemática representa o quanto um fluido resiste ao escoamento numa
dada temperatura e pressão. É representada pela razão da viscosidade absoluta e a massa
específica do fluido determinadas à pressão e temperatura iguais para as duas propriedades
(FERNÁNDEZ et al., 2009). Suas unidades são dimensionadas pelo sistema internacional
como mm2/s e segue os parâmetros da norma ASTM D 445. Esta propriedade é empregada no
monitoramento dos parâmetros especificados para combustíveis como o diesel (Resolução
ANP n° 50).
3.4.4 Massa Específica a 20 °C
A massa específica é uma propriedade física dos materiais que é determinada pela
razão da sua massa e o volume que ela ocupa a uma temperatura específica. Ela é utilizada no
monitoramento e caracterização de petróleo e derivados (ASTM D4052, 2011). A
determinação da massa específica do diesel a 20 °C é feita seguindo-se o proposto pela norma
ASTM D4052 e a utilização dos seus valores é imprescindível para a especificação deste
combustível de acordo com a Resolução N° 50 da ANP.
3.4.5 Índice de cetano (IC)
O Cetano pertence à classe dos hidrocarbonetos parafínicos (Alcanos). Possui a
seguinte fórmula molecular CH3(CH2)14CH3, mas geralmente é representada como C16H34. Este
composto é utilizado nas análises das propriedades de ignição do combustível diesel através
do número de Cetano.
O Número de Cetano (NC) refere-se ao percentual, em volume, dos seguintes
componentes padrões, o n-hexadecano (CETANO) e o Heptametilnonano (HMN) presentes
no combustível. O cetano pode conferir um elevado desempenho em um motor do ciclo
diesel. Sendo assim, é atribuído a ele um NC=100. O Heptametilnonano, por sua vez, está
relacionado a um baixo desempenho de um motor. Isto ocorre quando o NC=15. (QUELHAS,
2011, SZKLO; ULLER, 2008; SALDANA et al, 2011). O NC desejado para um motor do
29
ciclo diesel deve possuir valores entre 30 e 60, mas os valores que mais representam
ótima qualidade no desempenho, devem estar entre 45 e 50 (SZKLO; ULLER, 2008).
O índice de Cetano (IC) é uma propriedade do diesel que está diretamente ligada à
qualidade da ignição deste combustível. Ele se relaciona diretamente com a velocidade
na qual ocorre a ignição, desde o início da injeção de combustível até o início de
sua combustão. Isto indica se o combustível está adequado para que ocorra a combustão
espontânea à medida que ele é exposto a pressão e calor, quando um motor é acionado ao
trabalho. Uma combustão adequada ocorre quando a ignição é rápida e a combustão é suave e
completa (LU et al, 2004; SALDANA et al, 2011).
Os compostos parafínicos, naftênicos e olefínicos são os principais componentes
presentes no combustível diesel (CHEN; SHUAI; WANG, 2010). O IC varia em função do
tipo e quantidade de determinados hidrocarbonetos presentes. Os parafínicos são os
constituintes de maior influência nos processos de combustão com elevados IC.
Os compostos aromáticos são indesejáveis, por causa das moléculas que possuem mais de um
anel, refletindo em baixos IC. Os olefínicos e naftênicos conferem resultados intermediários,
o que faz com que seus teores não sejam fixados pontualmente. O óleo diesel com melhor
desempenho é encontrado em frações próximas às do querosene (QUELHAS, 2011, SZKLO;
ULLER, 2008).
3.5 ESPECTROSCOPIA DE INFRAVERMELHO COM TRANSFORMADA DE
FOURIER (FTIR)
A espectroscopia no infravermelho com transformada de Fourier (FTIR) é uma técnica
espectroscópica através da qual é possível analisar qualitativamente os compostos orgânicos,
pois os modos vibracionais, que são característicos de cada grupo, fazem aparecer bandas em
regiões de frequências específicas do espectro infravermelho. O aparecimento destas bandas
específicas pode também ser influenciado pela presença dos grupos funcionais próximos
(acoplamentos). Desta forma, um espectro de infravermelho pode conter informações além de
apenas valores de posição ou de absorção de determinados picos, funcionando assim, como
uma espécie de impressão digital de uma amostra quando utilizado integralmente. A
espectroscopia de FTIR é uma ótima ferramenta utilizada também na análise quantitativa uma
vez que a intensidade de absorção das bandas no espectro é função da concentração. A FTIR é
uma técnica que requer pouquíssimo tempo na análise, necessita de pouco preparo de
30
amostras e sua instrumentação pode estar facilmente disponível nos laboratórios (DE
SOUZA; POPPI, 2012).
A espectroscopia de infravermelho juntamente com as ferramentas da quimiometria,
são largamente utilizadas na análise e caracterização dos combustíveis e das matérias-primas
como os óleos vegetais, aplicados na produção de biocombustíveis, em decorrência da rapidez
em obter os dados, facilidade na interpretação dos espectros e baixo custo relativamente a
outras técnicas (GODOY, 2007). Poppi e de Souza fizeram uso da espectroscopia de
infravermelho médio, na avaliação de óleos vegetais comestíveis. Para estes pesquisadores, o
uso de espectroscopia no infravermelho com transformada de Fourier (FTIR) em combinação
com análise envolvendo quimiometria, é bastante utilizado nos estudos de reconhecimento de
óleos vegetais comestíveis, para análise físico-química de parâmetros de qualidade e no
estudo de identificação e adulteração dos óleos.
3.6 QUIMIOMETRIA
A Quimiometria é dentro da química uma das áreas que vem se destacando
recentemente, mostrando-se importantíssima para interpretação e análise de dados levantados
experimentalmente à medida que métodos instrumentais são executados no laboratório. Esta
área é baseada no desenvolvimento e utilização de diversos métodos que incorporam a
matemática e a estatística no momento de planejar e aperfeiçoar procedimentos que facilitem
a obtenção de informações importantes e que contribuam com as interpretações químicas por
meio da análise dos dados. A quimiometria teve início nos anos 70, entretanto somente após o
desenvolvimento e advento da computação e da incorporação dos métodos instrumentais em
laboratórios de química é que esta área ganhou importância e destaque. As informações
obtidas acerca de dados experimentais envolvem, geralmente, o estudo de uma grande
quantidade de variáveis, mas somente um pequeno número delas é importante, uma vez que
um conjunto de dados pode conter informações redundantes e irrelevantes para o objetivo do
estudo (NETO; SCARMINIO; BRUNS, 2006).
3.6.1 Análise de Componentes Principais (PCA)
A análise de componentes principais (PCA, do inglês Principal Component Analysis)
é um método bastante utilizado na quimiometria. A partir do seu uso é possível fazer a
redução do número de dimensões de um conjunto de dados sem a retirada de informações
31
importantes. Desta forma, a obtenção de um número menor de novas variáveis, as
componentes principais, faz com que a interpretação dos dados experimentais seja facilitada.
A partir do estudo utilizando PCA, é possível construir e interpretar gráficos que
identificam a existência de padrões de similaridade presentes nos dados de um grupo de
amostras analisado. O método proposto na PCA transforma as variáveis originais de uma
matriz de dados, na qual as amostras são depositadas nas linhas as e as variáveis nas colunas,
em novas variáveis não correlacionadas denominadas de componentes principais (PC, do
inglês Principal Components), que resultam das combinações lineares das variáveis originais.
Se o número de PC gerado for consideravelmente menor que o número inicial de variáveis,
significa que foi obtida uma grande redução de informação, o que provoca uma ótima
visualização do conjunto de dados por meio das PC. Desta forma o método da PCA pode ser
utilizado para reduzir informações, selecionar amostras, construir modelos para calibração
multivariada, entre outras aplicações (MATOS et al., 2003)
4. METODOLOGIA
4.1 MATERIAIS
4.1.1 Reagentes
• Diesel S10 (Petrobras – RPCC)
• Biodiesel (Petrobras – RPCC)
• Butil-Hidroxitolueno (BHT) (99% – SIGMA )
• Extrato etanólico de Romã (LabPetrol)
• Hexano (98% – VETEC)
4.1.2 Equipamentos
• Destilador atmosférico ADU 4+ (Petrotest)
• Viscodensímetro SVM 3000 (Anton Paar)
• Estabilidade oxidativa PetroOXY - Petrotest
• Espectrômetro de FTIR IRAffinity – 1 (Shimadzu)
• Software MATLAB
4.2 FORMULAÇÕES DE DIESEL/BIODISEL/ANTIOXIDADES
32
Para o desenvolvimento deste trabalho foram formulados dois tipos de misturas de
diesel S10 com biodiesel. Uma contendo 8% v/v de biodiesel em diesel, e a outra contendo
15% v/v A partir destas amostras "mães", foram preparadas misturas com quantidades
específicas dos antioxidantes. Foram utilizados o antioxidante BHT (comercial) e o extrato
etanólico da romã (natural), obtido no laboratório, a partir do fruto seco da romã. A partir das
misturas de diesel com 8% e 15% de biodiesel, foram preparados dois grupos de amostras
para cada teor de biodiesel. Em um dos grupos foi adicionado o antioxidante comercial BHT,
em variadas concentrações (0 a 2000 ppm) e no outro grupo foi adicionado o antioxidante
natural, extrato etanólico da romã (Punica granatum), nas concentrações anteriores. No
quadro 2 estão apresentadas as nomenclaturas das amostras utilizadas nets trabalho e suas
composições.
Quadro 2: Nomenclatura das amostras e suas composições.
Siglas Significados
S10B8 Diesel S10 com adição de8% de biodiesel
S10B15 Diesel S10 com adição de 15% de biodiesel
S10B8AC Diesel S10 com adição de 8% de biodiesel e antioxidante comercial
S10B15AC Diesel S10 com adição de 15% de biodiesel e antioxidante comercial
S10B8AN Diesel S10 com adição de 8% de biodiesel e antioxidante natural
S10B15AN Diesel S10 com adição de 15% de biodiesel e antioxidante natural
4.2.1 Formulação de Diesel/Biodiesel/Antioxidante Comercial (Butil hidroxitolueno)
O antioxidante BHT, por ser sólido e solúvel na mistura diesel/biodiesel, teve sua
massa pesado depois de se ter calculado a massa necessária para se formular uma solução de
concentração 2000 ppm para a mistura contendo 8% do biodiesel, assim como para a mistura
contendo 15% do biodiesel. Após a preparação das soluções de diesel/biodiesel (8%)/BHT
diesel/biodiesel (15%)/BHT, foram feitas diluições destas soluções na matriz de
diesel/biodiesel (8%)/BHT, assim como na matriz diesel/biodiesel (15%)/BHT
respectivamente a fim de obter dois grupos, cada um com 10 amostras, nos quais a
concentração do antioxidante comercial BHT variou de 0 a 2000 ppm. Estas concentrações as
respectivas amostras podem ser visualizadas na Tabela 1.
33
Tabela 1: Variação da concentração dos antioxidantes presentes nas respectivas amostras.
Amostras S10B8AC S10B15AC S10B8AN S10B15AN
Concentração
dos
antioxidantes,
em ppm, nas
respectivas
amostras
100 100 100 100
250 250 250 250
500 500 500 500
750 750 750 750
1000 1000 1000 1000
1250 1250 1250 1250
1500 1500 1500 1500
1750 1750 1750 1750
2000 2000 2000 2000
4.2.2 Formulação de Diesel/Biodiesel/Antioxidante Natural (Romã)
4.2.2.1 Preparação do Antioxidante Natural (Extrato Etanólico da Romã)
A preparação do antioxidante natural foi baseada no fruto da romã composto pela
casca e a semente que foram triturados e pesados em balança analítica. O material foi
depositado em um recipiente, onde foi adicionada 10 ml de uma solução etanólica, 96%
etanol, na proporção (m/v), de 1g do fruto da romã para 10 mL da solução. O sistema formado
foi colocado sob agitação, em temperatura ambiente, a 400 rpm por 24 horas, para a extração
dos compostos fenólicos presentes na matéria prima. Em seguida o sistema foi mantido em
repouso durante 4 dias antes da utilização.
Para a determinação da concentração, em g/L, do estrato etanólico da romã (Punica
granatum) contendo o antioxidante, foi medido o volume de 50 mL do extrato e colocado na
estufa a 80 ºC, em um becker previamente pesado para o cálculo da concentração comum do
extrato, que relaciona a massa do soluto e o volume da solução.
Após a determinação da concentração do extrato, foram feitas as adições nas amostras
dos grupos diesel/biodiesel 8% e diesel/biodiesel 15% de volumes necessários para obter
concentrações do extrato variando de 0 a 2000 ppm, como visto na Tabela 1.
4.3 ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS
As análises físico-químicas para o monitoramento das propriedades das amostras
foram: viscosidade cinemática, densidade, destilação atmosférica e estabilidade oxidativa.
34
A descrição de algumas das técnicas de especificação definidas pela ANP, para o
monitoramento do diesel comercial e as normas ASTM, que define essas propriedades, podem
ser visualizadas no Quadro 3. Na Figura 6, estão apresentados alguns equipamentos utilizados
na obtenção das propriedades físico-químicas no Laboratório de Caracterização de Petróleo e
Derivados da UFRN, LabPetrol. As metodologias aplicadas na determinação das propriedades
físico-químicas estão descritas neste capítulo.
Quadro 3: Análises físico-químicas e suas normas ASTM vigentes.
Análise Método
Massa Específica a 20
°C
ASTM D4052
(Standard Test Method for Density, Relative Density, and API
Gravity of Liquids by Digital Density Meter)
Viscosidade
Cinemática a 40 °C
ASTM D7042
(Standard Test Method for Dynamic Viscosity and Density of
Liquids by Stabinger Viscometer (and the Calculation of
Kinematic Viscosity)
Destilação
Atmosférica
ASTM D86
(Standard Test Method for Distillation of Petroleum Products
at Atmospheric Pressure)
Estabilidade
Oxidativa
(PetroOXY)
ASTM D7545
(Standard Test Method for Oxidation Stability of Middle
Distillate Fuels—Rapid Small Scale Oxidation Test (RSSOT)
Figura 6: Equipamentos utilizados para as análises de monitoramento.
Fonte: Autor, 2016
35
4.3.1 Determinação da Massa Específica a 20 °C
O ensaio para determinação da massa específica das amostras contendo 8 e 15% de
biodiesel, contendo os dois antioxidantes natural e comercial, nas concentrações média (1000
ppm) e máxima (2000 ppm), foi realizado no Viscodensímetro Stabinger SVM 3000
(Anton Paar). Este equipamento além de fornecer as medidas de viscosidade, também é capaz
de fornecer a massa específica (densidades) das amostras segundo a norma ASTM D4052. A
análise é ocorre utilizando em torno de 5mL que é inserido em um tubo oscilador com auxílio
de uma seringa, na temperatura estritamente controlada de 20 °C. A massa específica é
determinada pela frequência de oscilação do tubo em U, em conjunto com os dados de
ajustamento. A massa específica a 20ºC é exigida pela Resolução número 50 da ANP. A
determinação do valor desta mesma propriedade a 15 ºC é fundamental ao cálculo do índice
de cetano, sendo este dado importante na especificação do diesel.
4.3.2 Determinação da Viscosidade Cinemática a 40 ºC
A viscosidade cinemática na temperatura de 40 ºC foi obtida no equipamento
Viscodensímetro Stabinger SVM 3000 da Anton Paar (Figura X), seguindo a norma ASTM
D7042. O método selecionado equipamento para a análise foi o M0, que realiza os testes em
duplicatas com alta precisão. O volume de amostra necessário de aproximadamente 5 mL, e
as amostras selecionadas para o teste foram aquela com concentração média (1000 ppm) e
máxima (2000 ppm) de antioxidantes.
O ensaio é realizado utilizando-se uma seringa com 5 mL de amostra, observando-se
se não haja a presença de bolhas de ar, pois influencia nos resultados. Injeta-se 2 mL de
amostra para ambientação da célula. Aciona-se o equipamento para que a amostra passe pelo
oscilador de densidade e em seguida pela célula de medição, para que haja o pré-
umedecimento das células de medição e uma tensão de cisalhamento seja aplicada à amostra,
o que resulta numa melhor adesão do fluído às superfícies do rotor. Após um tempo médio de
10s o motor é pausado para que mais 1 mL de amostra seja injetada, tornando o fluido
homogêneo dentro da célula e as eventuais contaminações, assim como as bolhas de ar, sejam
arrastadas para fora do rotor e não gerem erros na medição. O motor é novamente acionado
para que a determinação na viscosidade cinemática seja finalmente medida. Os resultados
36
puderem ser vistos na tela do equipamento ao termino das análises. O mesmo procedimento
foi repetido para todas as amostras.
4.3.3 Obtenção da Curva de Destilação Atmosférica
O ensaio da destilação atmosférica foi realizado utilizando-se a Unidade de Destilação
Automática ADU 4+ que segue a norma ASTM D86 (Figura 5). Inicialmente, foram definidos
através do software do equipamento os parâmetros de análise, de acordo com as amostras
estudadas, que neste trabalho foi o diesel, e o método utilizado que correspondente ao grupo 4
para este derivado. Nesta metodologia o volume de amostra a ser utilizado no teste é de 100
mL, medido em proveta calibrada para o equipamento e, transferido para balão volumétrico
do destilador. Neste balão são colocadas as pedras pome para que não haja ebulição
turbulenta. O balão é encaixado no equipamento sobre a placa específica para a amostra em
questão, e para medição da temperatura é colocado o sensor de temperatura PT100, sobre
abertura central do balão. A mesma proveta que utilizada na medição do volume do
combustível, é também utilizada para conter o destilado. O ensaio tem início após acionar o
equipamento e a partir daí é possível obter a curva de destilação, que relaciona o percentual de
volume destilado do combustível às suas respectivas temperaturas de ebulição.
4.3.4 Estabilidade Oxidativa
O ensaio para a determinação da estabilidade oxidativa foi feito através do
equipamento Rapid Small Scale Oxidation Test (RSSOT) PetroOXY que segue a metodologia
proposta pela ASTM D 7545 sob condições aceleradas de oxidação, onde as amostras
selecionadas para este teste foram aquelas formuladas com concentração média 1000 PPM e
máxima 2000 PPM de antioxidantes nas misturas de 8 e 15% de biodiesel. O volume de
amostra necessário para o teste é 5 ml, que é colocado diretamente na célula do equipamento.
A célula é devidamente fechada e seleciona-se o método de análise para o de combustível
diesel. Inicia-se o teste, e a pressão atingida é 700 KPa sob atmosfera de oxigênio, a
temperatura de 140 ºC. O teste encerrado assim que a pressão de oxigênio registrada na célula
cai 10%.
37
4.4 ANÁLISES ESPECTROSCÓPICAS
4.4.1 Espectroscopia de Infravermelho com Transformada de Fourier (FTIR)
O equipamento utilizado na obtenção dos espectros das amostras utilizadas foi o
espectrômetro de infravermelho por transformada de Fourier, modelo IRAffinity - 1, marca
Shimadzu, acoplado a um módulo HATR MIRacle com prisma de ZnSe, produzido pela
PIKE technologies. Os espectros foram obtidos sob as seguintes condições, número de scans:
32; faixa: 700 – 4000 cm-1
e resolução: 4cm-1
.
4.5 APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS QUIMIOMÉTRICAS – PCA
4.5.1 Pré-processamento do sinal analítico e aplicação da PCA
Inicialmente, os dados espectrais obtidos na análise de FTIR das amostras foram
carregados no software MATLAB R2012b (MathWorks, EUA), os quais foram importados
para uma matriz X de dados originais. Após isto, foi aberta a plataforma analysis, onde matriz
X foi carregada com o número de onda versus transmitância das amostras. Os dados em
transmitância foram convertidos em absorbância, uma vez que esta se relaciona linearmente
com a concentração, criando-se uma nova matriz de dados (Xabs).Prosseguindo-se o modelo,
foi aplicada a primeira derivada, para corrigir a linha de base e evidenciar as diferenças entre
os esoectros. Foi então aplicado o PCA aos dados espectrais, que separou as amostras em
quatro grupos, contendo amostras com biodiesel nas concentrações de 8% ou 15% e também
amostras contendo o antioxidante natural ou o comerciale. Assim, os gráficos para análise do
comportamento dos scores e loadings em relação às componentes principais PC1, PC2 e PC3
foram plotados.
38
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES
5.1 DESTILAÇÃO ATMOSFÉRICA
Na Tabela 2, estão apresentados os dados das temperaturas relativos às curvas de
destilação das amostras de diesel S10B8, contendo 1000 ppm de antioxidante comercial
(BHT), S10B8 contendo 1000 ppm do antioxidante natural, S10B15 contendo 1000 ppm de
antioxidante comercial (BHT) e S10B15 contendo 1000 ppm de antioxidante natural.
Tabela 2- Dados de temperaturas de destilação das amostras de diesel S10 e das formulações de diesel com
biodiesel e antioxidante.
Temperatura de Destilação Especificação Diesel
S10
Amostra
S10B8AC
(1000ppm)
Amostra
S10B15AC
(1000ppm)
Amostra
S10B8AN
(1000ppm)
Amostra
S10B15AN
(1000ppm)
10% Recuperados, °C 180 185,2 191,5 195,1 189,4 195,3
50% Recuperados, °C 245-295 270,3 280,9 289,8 280,0 287,6
95% Recuperados, °C 370 362,2 363,6 359,7 363,8 361,7
Para o melhor acompanhamento do comportamento das curvas de destilação das
formulações de diesel/biodiesel/antioxidante, foi feito o plot dos gráficos, que relacionam os
percentuais de volumes recuperados nas respectivas temperaturas de destilação. Assim é
possível verificar se os perfis das curvas seguem o que determina a norma padrão ASTM-D86
juntamente com a Resolução nº 50 da ANP.
39
Figura 7: Curvas de destilação das amostras S10B8, S10B8AC e S10B8AN.
Figura 8: Curvas de destilação das amostras S10B15, S10B15AC e S10B15AN.
Analisando as curvas geradas da destilação (Figuras 7 e 8), observa-se que não há
mudanças significativas em seus perfis, quando se comparam as formulações compostas de
diesel e biodiesel (8 e 15%) isentas de antioxidantes, com as formulações que contém diesel,
biodiesel e antioxidantes.
Cada uma das curvas das Figuras 7 e 8, apesar de estarem sobrepostas, representa o
perfil de uma amostra. Pode-se perceber, que a adição de antioxidantes nas amostras com até
15% de biodiesel, não alteraram significativamente as características de destilação do
combustível, indicando, consequentemente, que as amostras de diesel S10, formuladas com
40
altos teores de biodiesel e antioxidantes obtidos neste trabalho, se mantiveram dentro das
especificações exigidas pela ANP.
5.2 VISCOSIDADE CINEMÁTICA A 40 °C
Na Tabela 3 estão apresentados os resultados obtidos no ensaio da viscosidade
cinemática a 40 °C, para as formulações S10B8AC, S10B8AN S10B15AC e S10B15AN.
Pode-se verificar que houve uma pequena tendência à elevação nos valores desta propriedade,
à medida que se aumentou o teor de biodiesel de 8 %v/v para 15 %v/v, uma vez que este
material apresenta em sua estrutura grupos com massa molar mais elevada que o diesel,
devido à cadeias carbônicas longas e de maior polaridade, devido a grupos oxigenados,
aumentando assim suas interações intermoleculares e, consequentemente, a viscosidade
cinemática das amostras. Observa-se ainda que o aumento da concentração de 0 a 2000 ppm
do antioxidante comercial nas amostras contendo 8% (v/v) e 15% (v/v) de biodiesel elevou os
valores da viscosidade cinemática, enquanto que o aumento da concentração de 0 a 2000 ppm
do antioxidante natural nas amostras contendo 8%(v/v) e 15%(v/v) do biodiesel diminuiu os
valores da viscosidade cinemática.
Tabela 3: Viscosidades Cinemáticas das amostras.
S10B8AC S10B8AN S10B15AC S10B15AN
[Ant. Ox]
(ppm)
Vis. Cine.
mm2/s
[Ant. Ox]
(ppm)
Vis. Cine.
mm2/s
[Ant. Ox]
(ppm)
Vis. Cine.
mm2/s
[Ant. Ox]
(ppm)
Vis. Cine.
mm2/s
0 2,9656 0 2,9656 0 3,0154 0 3,0154
1000 2,9729 1000 2,8677 1000 3,0413 1000 2,9084
2000 2,9792 2000 2,8472 2000 3,0762 2000 2,8995
A partir dos dados da Tabela 3, foi obtido o gráfico da viscosidade cinemática em
função das concentrações dos antioxidantes comercial e natural, como mostrado na Figura 9.
41
Figura 9: Gráfico de Viscosidade Cinemática das amostras S10B8 isentas de antioxidante e S10B8 com
antioxidantes.
Analisando-se o gráfico da Figura 9, percebe-se que todos os pontos referentes às
formulações com concentração 0 de antioxidantes, assim como as que possuem antioxidantes,
estão dentro da faixa limítrofe requerida pela resolução N° 50/2013 da ANP, que determina o
limite mínimo de 2,5 mm2/s e máximo de 4,0 mm
2/s da viscosidade cinemática para as
formulações de diesel. Desta forma, observa-se que s amostras de diesel contendo até 15 %v/v
de biodiesel podem ser utilizadas comercialmente, sem conferir prejuízos a esta propriedade.
5.3 MASSA ESPECÍFICA A 20 °C
Na Figura 10 estão apresentados os dados obtidos referentes à massa específica em
Kg/m3, à 20 °C, determinada para as amostras isentas de compostos antioxidantes, assim
como para aquelas que apresentam estes em sua composição. Pode-se perceber que os valores
dessa propriedade em cada uma das amostars, de A1 à A10, estão entre os intervalos
limítrofes permitidos pela especificação da ANP.
42
Figura 10: Massa específica das amostras a 20 °C
A partir do exposto, foi verificado que mesmo com o aumento da concentração de
biodiesel, que apresenta maior massa específica que o diesel e a adição dos compostos
antioxidantes nas formulações, os valores de massa específica referentes às respectivas
amostras, não apresentaram tendência a fugir dos limites mínimo (815Kg/m3) e máximo
(850Kg/m3) pré-estabelecidos pela ANP. Isto indica que o teor de biodiesel que é adicionado
ao diesel, pode ser utilizado até 15 % sem provocar alterações que comprometam a qualidade
do combustível.
5.4 ÍNDICE DE CETANO
Os dados apresentados na Figura 11 referentes ao Indice de Cetano, IC, foram obtidos
diretamente do software utilizado no equipamento para destilação ASTM D-86, no qual foram
inseridos os valores da densidade de cada amostra a 15 °C. O cálculo do IC é efetuado
utilizando a Equação 1:
Equação 1 - Equação de Índice de Cetano (Procedimento A)
IC = 45,2 + (0,0892)(T10N) + [0,131 + (0,901) (B)][T50N]+[0,0523 - (0,420)(B)[T90N] +
[0,00049][(T10N)2 - (T90N)2] + (107)(B) + (60)(B)2
Fonte: ASTM D4737
43
Para a equação acima, tem-se as seguintes variáveis:
o IC = Índice de Cetano;
o B = [e(-3,5)(DN)
] - 1;
o DN = D - 0,85;
o D = Densidade a 15 ºC, g/mL, determinada pelo método ASTM D4052;
o T10 = Temperatura de destilação de 10% recuperado, ºC, determinada pelo
método ASTM D86;
o T10N = T10 - 215;
o T50 = Temperatura de destilação de 50% recuperado, ºC, determinada pelo
método ASTM D86;
o T50N = T50 - 260;
o T90 = Temperatura de destilação de 90% recuperado, ºC, determinada pelo
método ASTM D86;
o T90N = T90 – 310
Figura 11: Índice de Cetano das amostras de diesel/biodiesel com antioxidantes e sem antioxidantes.
Na Figura 11, é possível perceber que os resultados estão dispostos numa faixa entre
50 e 52, indicando que houve pouca discrepância entre os valores de IC, apesar da aditivação
tanto com biodiesel quanto com antioxidantes. Os pontos, que são referentes às amostras com
8 %v/v de biodiesel, apresentaram menores diferenças de valores de IC em relação às
amostras com 15 v/v de biodiesel. Tal influência na elevação dos valores de IC, pode ser
justificada pela presença de compostos oxigenados que melhoram a ignição do diesel no
44
motor. Entretanto, os resultados obtidos estão dentro da faixa exigida pela ANP para esta
propriedade.
5.5 ESTABILIDADE OXIDATIVA
De acordo com os resultados de estabilidade oxidativa, foram obtidos os valores do
período de indução, à temperatura de 140 °C. Os dados obtidos podem ser visualizados na
Tabela 4.
Tabela 4: Resultados da estabilidade oxidativa das amostras isentas de antioxidante e das amostras com
antioxidante.
Amostra Conc.
Antioxidante.
(ppm)
P.I. (min) Conc.
Antioxidante.
(ppm)
P.I. (min)
S10B8 0 82 0 82
S10B15 0 66 0 66
S10B8 AC 1000 356 2000 486
S10B8 AN 1000 267 2000 345
S10B15 AC 1000 241 2000 327
S10B15 AN 1000 176 2000 229
A partir dos dados demonstrados na Tabela 4, foi possível fazer o plot dos gráficos do
período de indução (P.I.), em função das concentrações dos antioxidantes natural (NA) e
comercial, podendo assim avaliar o desempenho de ambos antioxidantes.
Figura 12: Estabilidade oxidativa das misturas diesel/biodiesel (8%) e antioxidantes.
45
Figura 13: Estabilidade oxidativa das misturas diesel/ biodiesel (15%) e antioxidantes.
Nas Figuras 12 e 13, as colunas azuis se referem às amostras isentas de antioxidantes,
as vermelhas ao antioxidante comercial e as verdes ao antioxidante natural. Comparando-se as
colunas em azul, nos dois gráficos, de amostras isentas de antioxidantes, observa-se que o
aumento da concentração do biodiesel de 8 %v/v para 15 %v/v nas formulações, diminui o
período de indução, o que sugere uma tendência maior à oxidação da amostra devido ao maior
teor de biodiesel, isto é justificado pela maior quantidade de compostos oxigenados e
insaturados com o aumento na concentração do biodiesel na mistura com diesel.
De uma maneira geral, existe uma tendência ao aumento do período de indução com a
adição dos antioxidantes. De acordo com o apresentado nas Figuras 12 e 13, as amostras com
8 % v/v e 15 % v/v de biodiesel, a eficiência para o antioxidante comercial (coluna vermelha),
assim como para o antioxidante natural (coluna verde) é elevada à medida que se aumenta sua
concentração de 1000 para 2000ppm. Entretanto, para o gráfico com 15 % de biodiesel, a
eficiência de ambos os antioxidantes é reduzida em função do aumento da concentração de
substâncias propícias à oxidação.
Percebe-se pelos resultados obtidos que o antioxidante natural apresenta uma
eficiência em torno de 70 % em relação ao comercial, o que sugere sua utilização na
substituição parcial ou até mesmo total do antioxidante comercial, uma vez que é produzido
por fontes naturais com baixo custo, é biodegradável, gerando menos resíduos ambientais, e
não altera as propriedades do combustível.
Segundo Carvalho (2010), a temperatura do teste de estabilidade oxidativa influencia
no tempo de indução, havendo um aumento de PI quando se reduz a temperatura. Em seu
46
trabalho, a análise foi feita em Rancimate nas temperaturas de 90 e 110 °C. O ensaio de
estabilidade oxidativa realizado neste trabalho, foi executado utilizando o PetroOXY, que é
operado à temperatura de 140 °C, o que pode ter influenciado os resultados, principalmente,
para o caso do antioxidante natural, uma vez que os compostos naturais podem sofrer
alterações nesta temperatura.
5.6 ESPECTROSCOPIA DE INFRAVERMELHO COM TRANSFORMADA DE
FOURIER (FTIR)
A espectroscopia de infravermelho com transformada de Fourier, FTIR, forneceu os
dados espectrais, a partir dos quais foi possível fazer o plot dos gráficos que relacionam os
percentuais de transmitância em função dos números de onda relativos às absorções dos
grupos funcionais ativos presentes nas misturas. As principais bandas de absorção ativas nas
amostras estão destacadas na Figura 14.
Figura 14: Espectros de FTIR para as amostras S10B8 e S10B15 isentas de antioxidantes e com antioxidantes
comercial e natural.
47
De acordo com os espectros obtidos, verifica-se que não há diferença significante
entre elas, mas é possível identificar a presença dos picos característicos dos grupos ativos,
em suas respectivas regiões de absorção no infravermelho.
Os espetros obtidos para as amostras que continham antioxidantes, assim como
aqueles obtidos para as amostras isentas destes compostos foram sobrepostos para a
verificação da interferência provocada pelo surgimento de novas bandas de absorção
características de cada substância. Uma vez que eles apresentaram uma significativa
similaridade, percebeu-se que a adição destas substâncias antioxidantes não afetou as
estruturas moleculares e consequentemente as propriedades das misturas diesel/biodiesel, pois
não foi evidenciado o surgimento de novas bandas espectrais que justificassem a presença
destes antioxidantes, uma vez que os espectros se mantiveram visivelmente similares.
A absorção de cada grupo funcional, evidenciada em cada região e seus respectivos
números de onda estão dispostos na Tabela 5:
48
Tabela 5: Vibração e Número de onda dos grupos funcionais das amostras.
Número de onda (cm-1
) Vibração
2952 Deformação axial assimétrica da ligação C-H do grupo CH3
2922 Deformação axial assimétrica de C-H do CH2
2854 Deformação axial simétrica de C-H do CH2
1745 Estiramento da ligação C=O de ésteres alifáticos saturados
1196 e 1168 Deformação axial C–O de ésteres
1462 Deformação angular de C-H CH2 e CH3
1377 Deformação angular assimétrica do grupamento CH3
722 Deformação angular assimétrica no plano de CH2, característico de cadeias longas
(CH2)n.
Fonte: Silverstein, 2016.
Na Figura 15, estão indicadas as principais bandas de absorção existentes no espetro
de FTIR para o antioxidante comercial puro (BHT) e na Tabela 6, estão indicadas as suas
principais regiões de absorção. Na Figura 16 estão indicadas as principais bandas de absorção
existentes no espetro de FTIR para o antioxidante natural (extrato etanólico da romã), e na
Tabela 7, estão indicadas as suas principais regiões de absorção.
Figura 15: Espectro de FTIR para o BHT
Tabela 6: Vibração e Número de onda dos grupos funcionais presentes no BHT.
Número de onda (cm-1
) Vibração
3635 Estiramento da ligação OH livre
3067 Deformação axial de C-H de aromáticos
2953, 2907 e 2868 Deformação axial de C-H de metila
49
1601, 1501, 1460 e 1453 Deformação axial de C=C do anel aromático
1378 Deformação angular no plano de O-H de fenol
1230, 1155 e 1142 Deformação axial de C-O de fenol
879 e 793 Deformação angular fora do plano de C-H
Fonte: Silverstein, 2016.
Figura 16: Espectro de FTIR para o extrato etanólico da romã.
Tabela 7: Vibração e Número de onda dos grupos funcionais presentes no extrato etanólico da romã.
Número de onda (cm-1
) Vibração
3329 Deformação Axial de O-H
3000 Deformação axial de C-H de aromáticos
1601 e 1460 Deformação axial de C=C do anel aromático
1375 Deformação angular no plano de O-H de fenol
1228 Deformação Axial de C-O
1050 Deformação Axial de C-O de alcoóis
815 e 745 Deformação angular fora do plano de C-H de Fenol
Fonte: Silverstein, 2016.
5.7 ANÁLISE DE COMPONENTES PRINCIPAIS (PCA)
O modelo de classificação desenvolvido – Análise de Componentes Principais – dos
dados espectrais levantados neste trabalho selecionou três componentes como sendo
representantes do todo o conjunto de dados, que é composto por 36 incógnitas (amostras) e
3300 variáveis (números de onda). As componentes principais são descritas como PC1, PC2 e
50
PC3 e computam uma variância total dos dados de 99,97%. O peso ou a influência que cada
componente possui na diferenciação dos grupos de amostras e também no agrupamento destas
amostras por similaridade ocorre em função das características comuns entre elas, utilizadas
no momento da classificação. A seguir é apresentado o espectro de absorbância de todo
conjunto de amostras (Figura 17).
Figura 17: Espectro de absorbância do conjunto de amostras.
Através da Figura 18 é possível fazer uma análise dos scores da PC1 versus PC2.
Observando-se a distribuição das amostras em relação ao eixo das abscissas (scores em PC1),
percebe-se que elas estão alinhadas verticalmente em uma posição muito próxima umas das
outras, indicando que as características das amostras utilizadas na classificação não
apresentaram diferenças significativas no eixo de PC1. Entretanto, analisando-se a
distribuição das amostras ao longo do eixo das ordenadas (scores em PC2), é evidente a
separação dos grupos de amostras, indicando que PC2 considerou uma característica que foi
capaz de diferenciá-las em classes distintas.
As amostras S10B8AN e S10B8AC, contendo 8% de biodiesel em sua composição, se
distribuíram nos quadrantes superiores do gráfico e as amostras S10B15AN e S10B15AC,
contendo 15% de biodiesel, se distribuíram nos quadrantes inferiores (Figura 17).
51
Figura 18: Scores de PC1 versus PC2.
A Figura 19 mostra os scores em PC2 versus PC3. Analisando-se esta imagem,
percebe-se que os grupos de amostras estão completamente separados entre si. Nesta figura,
por sua vez, além da separação das amostras relacionadas à PC2, há uma separação provocada
pela PC3 que encontrou uma nova característica capaz de diferenciar as amostras resultando
em quatro classes distintas. Observando-se a Figura 19 em relação ao eixo de PC2, os grupos
de amostras S10B8AN e S10B8AC se distribuíram do lado direito da mesma e os grupos
S10B15AN e S10B15AC do lado esquerdo. Já em relação ao eixo de PC3, os grupos de
amostras S10B8AN e S10B15AN se distribuíram nos quadrantes inferiores e os grupos das
amostras S10B8AC e S10B15AC nos quadrantes superiores.
52
Figura 19: Scores de PC2 versus PC3.
Na Figura 20, são apresentados os loadings de PC1, onde os picos de maiores
coeficientes, relativos às vibrações que ocorrem nas regiões de 2952 cm-1
, correspondente à
deformação axial assimétrica da ligação C-H do grupo CH3; 2922 cm-1
à deformação axial
assimétrica do C-H do CH2; 2854 cm-1
, à deformação axial simétrica do C-H de CH2 e 1462
cm-1
, à deformação angular da ligação C-H dos grupos CH2 e CH3, foram considerados como
características importantes na diferenciação das amostras.
Através da observação do gráfico dos loadings em PC1 (Figura 20), percebe-se que as
bandas de absorção selecionadas pelo modelo, como pesos importantes na diferenciação das
classes, são sugestivamente bandas características dos hidrocarbonetos do diesel e cadeias
alifáticas do biodiesel, as quais estão presentes nos quatro grupos de amostras como
observado em seus espectros individuais na seção anterior. Isto sugere que as características
utilizadas pela PC1 na diferenciação das classes, não foram suficientes para promover a
separação das amostras em grupos distintos como mostrado na Figura 16 no eixo dos scores
em PC1.
53
Figura 20: Loadings de PC1
Analisando-se a Figura 21 dos loadings em PC2, na qual há um pico de absorção
intenso na região de 1745 cm-1
, observado pelos altos valores dos coeficientes em relação aos
demais, é possível perceber que esta banda apresentou forte influência na diferenciação das
classes de amostras. Esta banda, característica do grupo C=O de ésteres, foi selecionada pelo
modelo como sendo importante na distinção dos grupos de amostras pela PC2 uma vez que se
destaca em relação às demais. Isto está de acordo com o esperado uma vez que os grupos de
amostras possuem em sua composição diferentes concentrações de biodiesel (8 e 15%). Desta
forma, à medida que a concentração de biodiesel, na composição dos grupos de amostras,
muda de 8 para 15%, a intensidade de absorção na região de 1745 cm-1
também é alterada, o
que propõe ao modelo que esta banda apresenta diferenças para as duas concentrações do
biodiesel, levando a PC2 a diferenciar estas classes, como visto no gráfico dos scores de PC1
versus PC2, em função da concentração de biodiesel na composição das amostras.
54
Figura 21: Loadings de PC2
Observando-se a Figura 22, na qual estão representados os loadings de PC3, é possível
encontrar picos de absorção em torno de 3067 e 3000 cm-1
da deformação axial de C-H
(possivelmente de aromáticos); 1400 cm-1
da deformação axial de C=C de anel aromático,
1155 cm-1
da deformação axial de C-O de fenol e 1050 cm-1
da deformação axial de C-O de
álcoois. Estão presentes ainda, alguns dos picos já vistos nas figuras dos loadings de PC1 e
PC2 das ligações C-H. Todos eles considerados pelo modelo de PCA como imprescindíveis
na separação das classes de amostras. Os picos destacados podem estar relacionados às
estruturas dos antioxidantes, uma vez que, o modelo conseguiu distinguir as classes com
antioxidante natural e com antioxidante comercial. Uma das principais diferenças está
supostamente ligada à absorção em 1050 cm-1
pela a presença de álcool no extrato do
antioxidante natural.
55
Figura 22: Loadings de PC3.
56
6. CONCLUSÕES
A partir dos resultados obtidos, referentes às propriedades físico-químicas utilizadas
neste trabalho, sendo destilação atmosférica, viscosidade cinemática, massa específica e
índice de cetano, pode-se concluir que o uso do antioxidante natural extraído do fruto da
romã, associado à adição de até 15% de biodiesel nas formulações de diesel, não provocaram
alterações comprometedoras nas amostras, uma vez que permaneceram dentro das
especificações instituídas pela ANP.
O antioxidante natural extraído da romã, apresentou desempenho satisfatório
comparado ao comercial, uma vez que há ótima relação de custo/benefício, observado na
análise da estabilidade oxidativa no PetroOXY. O antioxidante natural apresentou uma
atividade antioxidante em torno de 70 % em relaçãoo ao obtido para o antioxidante comercial
nas formulações de diesel/biodiesel.
A adição do antioxidante natural nas amostras não promoveu alterações nos espectros
de FTIR das formulações de diesel/biodiesel, indicando que seu uso não provocou alterações
perceptíveis nas estruturas moleculares e, consequentemente nas propriedades das misturas
diesel/biodiesel.
O modelo quimiométrico de PCA aplicado, utilizando os dados
espectroscópicos de FTIR, foi capaz de separar os grupos em classes distintas, através das
diferenças composicionais das amostras como visto no gráfico dos scores de PC2 vs PC3.
Através dos gráficos dos loadings, sugere-se que PC1 considera a presença dos grupos
funcionais do diesel como importante na classificação dos grupos de amostras, PC2 considera
a presença do grupo funcional C=O do biodiesel, que foi utilizado, em duas concentrações
distintas, como mais marcante na classificação dos grupos e PC3 considera a presença de
alguns grupos funcionais pertencentes aos antioxidantes natural e comercial com essencias
para diferenciação das classes de amostras.
57
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