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UTILIZAÇÃO DA GESTÃO DE CUSTOS PARA
TOMADA DE DECISÃO: ESTUDO DE CASO EM
UMA EMPRESA DE CALÇADOS NO INTERIOR
DO CEARÁ
Cicera Juscelia do Nascimento Santos (URCA )
FLAVIO MENDONCA BEZERRA (URCA )
Francisco Alexandre de Oliveira (UNESP )
Frederico Romel Maia Tavares (URCA )
Francisca Jeanne Sidrim de Figueiredo (URCA )
A Contabilidade de Custos é uma das especialidades da Contabilidade Geral e
precisa ser utilizada nas empresas, por sua importância, para que a empresa
conheça realmente os seus custos e assim possa ter um lucro real e não
apenas ilusório. Este trabalho foi formulado com o objetivo de propor um
sistema de custos fundamentado no custeio variável, onde se procurou
levantar as Margens de Contribuição, Margem de Segurança Operacional e
os Pontos de Equilíbrio de cada modelo fabricado por uma Indústria de
Calçados, localizada no interior do Ceará, para se disponibilizar informações
que contribuam para o processo de gestão e que auxiliem os administradores
na tomada de decisão. No início foi realizada uma discussão conceitual,
através de um levantamento bibliográfico a respeito dos conceitos e
ferramentas relacionados a Contabilidade de Custos. Na pesquisa de campo
foi realizada uma apuração de forma criteriosa nos custos da empresa, ou
seja, a demanda mensal de cada modelo, preço de venda, insumos gastos na
fabricação e os demais custos industriais, classificando-os em custos fixos e
variáveis. Com a finalização deste trabalho a empresa teve acesso a uma
analise dos dados onde se observa os modelos com maior e menor índice de
lucratividade e os que apresentam maiores e menores riscos de render
prejuízo para a organização. Dessa forma também pode direcionar o
XXXIV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
Engenharia de Produção, Infraestrutura e Desenvolvimento Sustentável: a Agenda Brasil+10
Curitiba, PR, Brasil, 07 a 10 de outubro de 2014.
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incentivo as vendas dos modelos mais rentáveis economicamente e fazer
uma pesquisa de mercado com o intuito de saber a aceitação do produto
menos rentável, a possibilidade de alteração no preço de oferta, tendo uma
maior segurança operacional, sem influenciar negativamente na
competitividade da empresa
Palavras-chaves: Custeio Variável. Margem de Contribuição. Ponto de
Equilíbrio. Margem de segurança Operacional. Tomada de Decisão.
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1 Introdução
A Contabilidade e Custos é uma das especialidades da Contabilidade Geral, a mesma é
utilizada no ambiente Industrial. Através dela o usuário tem a oportunidade de analisar cada
produto, bens ou serviços e valores a ele agregados, já que o enfoque dado aos custos
influencia diretamente no preço de venda e consequentemente na lucratividade da
organização.
A região do Cariri é o terceiro polo calçadista do Brasil (SEBRAE, 2011), tornando-se dessa
forma parte de um cenário altamente competitivo e exigente no mercado. Com o resultado
dessas pressões de mercado as empresas precisam ter mais ênfase ao controle de custos na
tentativa de manter seus produtos competitivos, pois só resistirá a essa concorrência àquele
que apresentar um produto com uma qualidade diferenciada e tiver uma ótima base de custos
para auxilio na tomada de decisão.
O presente trabalho evidencia a importância de adequação dessa metodologia nas empresas,
trazendo como enfoque principal a utilização da gestão de custos para tomada de decisão, com
o objetivo de promover um estudo nos custos de produção nos modelos mais representativos
economicamente na Empresa para uma melhor visualizar e entender os custos envolvidos na
fabricação. Para atingir este objetivo, tornou-se necessário: levantar dados acerca dos itens
necessários para realização dos custos; verificar todo o processo produtivo e certificar-se dos
consumos apresentados; aplicar o diagrama do ponto de equilíbrio para cada item; Determinar
as margens de contribuição dos modelos e analisando o mais rentável para a empresa.
1.2 Método
A pesquisa é do Tipo descritiva, segundo Selltiz, et all. (1974) por descrever a situação
referente aos custos dos três produtos economicamente mais significativos para empresa e sua
participação real nos lucros.
Na Abordagem, a pesquisa é Quantitativa, onde o pesquisador não interfere nas variáveis que
são retiradas do processo de forma direta para serem analisadas e trabalhadas (MIGUEL,
2010).
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No Propósito, a pesquisa configura-se como Descritiva, por envolver levantamento em livros
e sites para maior conhecimento sobre o assunto, contato com as pessoas e descrição de todo
o processo da empresa.
No Procedimento, a pesquisa trata de um Estudo de caso único, com uso de instrumentos de
coleta de dados e uma interação entre o pesquisador e o objeto da pesquisa (MIGUEL, 2010).
A Coleta de dados foi estruturada, onde se procurou buscar dados realmente necessários ao
desenvolvimento da pesquisa. Aconteceu também a observação direta, e a procura de
informações de arquivos e documentos A pesquisa baseada em casos estará permitindo ao
pesquisador responder questões compreendendo o fenômeno como um todo (GANGA, 2012)
2Fundamentação teórica
2.1 Contabilidade de custos
A contabilidade surgiu em uma época muito antiga, onde não podemos dizer com precisão a
data de seu nascimento. Porém, basta saber que ela nasceu em um tempo onde já se exigia
uma maneira mais organizada e científica de se conduzir o patrimônio.
Para Matz; Curry; Frank (1978, p. 20) A contabilidade de custos,
instrumento da administração, é parte integrante do processo
administrativo, que proporciona a administração registros dos custos
dos produtos operações ou funções e compara aos custos reais e as
despesas com os orçamentos e padrões predeterminados. Também
prevê dados para estudos de custos especiais que envolvem escolhas
alternativas com relação aos produtos, operações e funções,
assistindo dessa forma a administração em suas decisões com
respeito às políticas de vendas, métodos de produção procedimentos
de compras, planos financeiros e estrutura do capital.
De acordo com Megliorini (2007, p. 2-3), as informações geradas pela contabilidade de custos
além de atingir os objetivos relacionados à determinação do lucro, o controle das operações e
à tomada de decisão, subsidiam: A determinação dos custos dos insumos aplicados na
produção.
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Dessa forma passou a ser de extrema importância a implantação de uma gestão de custos nas
organizações, determinando então, vários itens a serem priorizados e analisados com uma
função primordial que é a tomada de decisão.
2.2 Definições e classificações
A classificação dos custos pode ser analisada sob dois aspectos: quantos aos produtos e
quanto ao volume de produção. Quanto aos produtos, podemos classificar os custos em
diretos e indiretos. Quanto ao volume de produção podemos classificar como fixos e
variáveis, sendo este o objeto deste estudo.
Segundo MARTINS (2003), “um método de custeio é diferente do outro no que se refere ao
que é considerado como custo do produto em contraposição ao que é tratado como encargo
do período. Nesse sentido é necessário identificar quais são os custos fixos e variáveis”.
2.2.1 Custos fixos: são os custos que independem do volume de produção. Bezerra (2012),
amplia o debate acerca do tema, ao afirmar que saber separar os custos variáveis dos custos
fixos é a chave para entender os custos de modo geral.
2.2.2 Custos variáveis: são os custos que variam de acordo com o volume de produção, ou
seja, que depende do volume de negócio da empresa. Exemplo: matéria-prima e componentes
dos produtos.
2.2.3 Margem de contribuição
A partir do custeio variável é possível obter a margem de contribuição que segundo Bernardi
(1996), é a diferença entre o valor da receita e os custos variáveis de venda. Essa ferramenta
permite avaliar o quanto cada bem ou serviço contribui para pagar os encargos.
MC = R – (CV + DV)
MCu = PV – ( CVu + DVu)
Para obter-se a margem contribuição unitária de cada produto vendido pela empresa, deverão
ser apurados todos os custos variáveis relativos a cada um, com a absoluta confiabilidade para
que possa apurar assim a sua margem.
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2.2.4 Ponto de equilíbrio
É um dos indicadores contábeis que informa o volume necessário de vendas no período
considerado, para cobrir todas as despesas, fixas e variáveis, incluindo-se o custo da
mercadoria vendida. Para um nível abaixo desse ponto, a empresa estará na zona de prejuízo,
e acima dele na zona de lucratividade. É o mínimo que se deve alcançar com receitas para que
não amargue com prejuízo.
2.2.5 Margem de segurança operacional
Corresponde a quantidade de produtos ou valor de receita que opera acima do Ponto de
Equilíbrio. Segundo Megliorini (2007), a margem de segurança operacional (MSO) pode
contribuir nesse sentido, pois consiste na quantidade de produtos ou receita acima do ponto de
equilíbrio.
Quanto maior a MSO menor o risco de lucro nulo (MSO = 0) ou de prejuízo (MSO<0) e
maior a capacidade de geração de lucro.
2.3 Custo da mão de obra direta
De acordo com Matz; Curry; Frank; (1978) mão-de-obra é o trabalho despendido
diretamente nos materiais compreendidos no produto final. O custo de salários pagos a
operários, especializados ou não, que podem ser atribuídos a uma um unidade particular
produzida.
Megliorini (2007), no entanto, postula que somente o tempo trabalhado e apontado no
produto é considerado custo direto. O tempo em que os funcionários não trabalharam nele
constitui um custo que, para ser absorvido pela produção, deve ser agrupado nos custos
indiretos de fabricação.
A seguir vejamos alguns itens importantes para obtenção desses dados.
2.3.1 Cálculo dos dias do mês médio
Os dias úteis referentes a cada mês do ano é variável. Para fazer um cálculo anual para serem
identificados o número de dias úteis em cada mês, e não mês a mês, Bezerra (2009) Apud
Barreto 2012, utiliza o critério do mês médio.
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2.3.2 Cálculo do custo da Mão de Obra-Direta
Portanto, o custo da mão-de-obra corresponde aos salários dos funcionários acrescidos dos
encargos sociais e trabalhistas. A seguir temos a equação do custo hora da MOD.
Salário + Encargos Sociais
N° de Funcionários x Mês Médio x N° de Horas Disponíveis
2.3.3 Cálculo do custo da mão-obra-direta associado ao produto
Neste cálculo, considerando o tempo de fabricação do um produto, multiplica-se o custo pelo
tempo de fabricação de uma unidade do produto .
3 Estudo de caso
A indústria de calçados injetados, objeto deste estudo, fabrica as linhas adultos e infantis,
atendendo aos gêneros masculino e feminino, nos modelos rasteira, sapatilha adulta e infantil
e chinelos com palmilha adulta e infantil.
A empresa dispõe de uma capacidade produtiva variando de acordo com cada modelo a ser
produzido, sendo essa:
4.000 pares/dia..............................linha rasteira adulto e infantil;
3.000 pares/dia..............................sapatilha adulto e infantil;
5.000 pares/dia...............................chinelo adulto e infantil.
Pela classificação por número de empregados, definida pelo SEBRAE, trata-se de uma média
empresa com 48 funcionários.
3.1 Processo produtivo
Em uma breve descrição do processo, podemos relatar de forma simplificada o processo
produtivo dos modelos a serem estudados que configuram-se como os mais representativos
Custo Hora MOD =
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economicamente para a empresa, sendo eles a Sapatilha Adulta, Rasteira Adulta, Chinelo
Masculino Adulto com palmilha, para os quais os processos de fabricação possuem poucas
diferenças.
O processo inicia no setor de reciclagem, onde é feito a separação do material que será
utilizado na obtenção da matéria-prima para fabricação do solado das chinelas e a moagem,.
O processo da sapatilha inicia na injetora com PVC virgem. Após a homogeneização dos
materiais no misturador, o reciclado moído e outros componentes seguem para as injetoras
rotativas. Paralelo a esse processo ocorre o corte do sintético e a serigrafia das alças, que em
seguida é levado ao balancim para realização do corte. Na sequência é realizada a injeção das
alças, sendo utilizados como matéria-prima PVC e pigmento, os dois são misturados e levados
até as injetoras convencionais para serem injetados. As alças e os solados são transportados
para as esteiras de montagem. Na esteira acontece a união das alças e da etiqueta com cola,
pois as mesmas são injetadas separadamente, depois acontece a prensagem das alças unidas,
montagem da alça no solado, a revisão do produto, a codificação e embalagem em cartuxo, e
finalizando o processo, embalagem nas caixas.
3.2 Averiguação e análise dos custos
No presente relatório, foram levantados todos os custos envolvidos na fabricação dos produtos
em estudo.
Na tabela 01, são apresentados os produtos a serem analisados, as demandas médias mensais,
o mix de produção e o preço de venda de cada produto.
Tabela 01 - Produtos, demanda media, mix de produção e preço de venda.
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Fonte: O Autor (Adaptado da Empresa), 2013.
3.2.1 Listagem dos custos variáveis
a) Mão de Obra Direta
Esta classificação dos custos abrange unicamente a mão de obra produtiva dos setores
produtivos, sendo eles: reciclado, injeção, montagem, e expedição (mão de obra operacional).
(Tabela 02):
Tabela 02 - averiguação dos custos de mão de obra direta.
Fonte: O Autor (Adaptado da Empresa), 2013.
Normalmente o custo da mão de obra direta é traduzido unitariamente pela unidade de medida
em que ela se relaciona com o processo de fabricação, usualmente em horas, assim como os
demais custos variáveis, para que sejam calculadas as margens de contribuição de cada
produto. Para chegarmos a esse valor é necessário o cálculo do custo dos dias do mês médio,
o cálculo do custo da hora.
Sabendo que a empresa detém de uma jornada de trabalho de 8 horas diárias de segunda a
sexta e aos sábados, 4 horas, veremos a seguir o cálculo dos dias trabalhados no ano de
2013(Tabela 03):
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Tabela 03 - cálculo do número de dias disponíveis de trabalho na Vitória em 2013,
Fonte: O Autor (Adaptado da Empresa), 2013.
Logo, o número de dias disponíveis de trabalho no mês médio é de: 274/12 = 22,83 dias
Considerando que o número de sábados disponíveis no ano de 2013, é de 49, dessa forma
calculemos o percentual de sábados disponíveis de trabalho.
N° de sábados – N° de feriados aos sábados 49 – 3
N° de dias no ano – N° de domingos – N° total de feriados 366 – 52 – (7+3)
= 18%.
Dessa forma o percentual de dias semanais disponíveis de trabalho em 2013 é de:
100% - 16,39% = 82%.
O número de sábados disponíveis de trabalho no mês médio é de:
22,83 * 18% = 4,10 dias
Então o número de dias disponíveis de trabalho semanal do mês médio é:
22,83 * 82% = 18,72 dias
Observando os cálculos feitos acima e considerando que o número de funcionários diretos é
de 36, podemos calcular o custo hora da mão de obra direta.
=
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Custo Hora MOD = R$ 33.425,98 = R$ 5,58 /horas
[36 * (4 * 4,10 + 8 * 18,72)]
Agora veremos os tempos padrões dos modelos produzidos na empresa. Os mesmos foram
colhidos através da cronoanálise, (Tabela 04):
Tabela 04 - Tempos padrões de fabricação em horas/unidade.
Fonte: O Autor (Adaptado da Empresa), 2013.
Com os dados obtidos acima, podemos calcular o custo da mão de obra produtiva por par
produzido, multiplicando-se o custo hora da MOD. Na tabela a seguir são colocados os
valores dos custos por unidade.
Tabela05 - Custos de mão de obra direta produtiva por unidade produzida.
Fonte: O Autor (Adaptado da Empresa), 2013.
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Calculemos então a mão de obra improdutiva, a qual irá constituir os custos fixos. Dessa forma, será
necessário o valor mensal referente à mão de obra improdutiva. Lembrando que, esse custo não
compõe os custos variáveis, e sim os custos fixos. Veja na tabela 06:
Tabela 06 - Custo de mão obra direta improdutiva por unidade produzida.
Fonte: O Autor (Adaptado da Empresa), 2013.
b) Insumos utilizados na Fabricação dos Produtos
Classificamos nessa categoria a combinação de fatores de produção, a matéria prima,
compondo assim os materiais diretos de produção, como o PVC, pigmentos, cola, enfeites,
solventes, tintas, pastas serigráficas, óleos, azo de carbonamida, estopas, sintético, etc.
Fazendo parte também os matérias indiretos utilizados na fabricação, como energia, mão de
obra, tributos, etc.
A tabela 07 a seguir mostra os valores gastos com insumos na fabricação de cada
modelo de calçado.
Tabela 07 - Custos com insumos por par produzido.
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Fonte: O Autor (Adaptado da Empresa), 2013.
c) Energia Elétrica do Espaço Produtivo
O custo médio verificado do setor produtivo com energia elétrica foi de R$9.278, 86 ao mês.
Esse custo é integrado aos custos variáveis, por isso foi rateado aos produtos utilizando como
critério o tempo de produção.
A tabela 08 abaixo apresenta o cálculo dos custos de energia elétrica do setor produtivo por
par produzido.
Tabela 08 - Rateio da energia elétrica (setor produtivo) por par.
Fonte: O Autor (Adaptado da Empresa), 2013.
Explicando de que forma chegou-se a esses valores. O tempo de produção em horas foi
calculado multiplicando a demanda média pelos respectivos tempos padrões. Representando a
quantidade de horas que cada produto passou em processamento durante o mês. Ocusto/h de
energia por par foi calculado sendo o custo total de energia por modelo dividido pela demanda
média. O total do custo de energia por modelofoi calculado multiplicando o custo/hora de
energia por par pela demanda média.
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A coluna seguinte mostra o quanto o produto representa em percentual por modelo do
consumo total.
Dessa forma chegamos ao custo variável, somando os custos com mão de obra direta
produtiva, insumos e energia elétrica do setor produtivo. Veja na tabela 09, a seguir esse
somatório com os respectivos valores de cada modelo.
Tabela 09 - Custo variável por modelo
Fonte: O Autor (Adaptado da Empresa), 2013.
3.2.2 LISTAGEM DOS CUSTOS FIXOS
a) Mão de obra indireta
A mão de obra indireta foi classificada como custo fixo, pelo fato de fazer parte dos
departamentos auxiliares, e dificilmente interferem com o volume de produção. Podendo
encaixar-se nessa classificação os salários mais encargos da coordenação de RH, direção
industrial, coordenação de compras, e os demais setores de suporte.
Veremos na tabela 10 a seguir os valores referentes ao custo de mão de obra indireta.
Tabela 10 - Levantamento dos custos de mão de obra indireta
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Fonte: O Autor (Adaptado da Empresa), 2013.
b) Depreciação
De acordo com Padoveze (2003, p. 25), considera-se como insumo industrial de depreciação a
perda de valor dos ativos imobilizados utilizados no processo industrial. Normalmente a perda
de valor dá-se pelo uso e desgaste ou pela obsolescência. Assim a diferença entre o valor do
bem novo e o valor do bem usado é denominada depreciação. Essa perda de valor é um gasto,
e sendo da área industrial, é um custo de fabricação. A queda de valor do bem, quanto mais
usado ele é ou quanto mais transcorre o tempo, contabiliza-se um valor a título de
depreciação.
A empresa emite um relatório mensal da depreciação, considerando máquinas, equipamentos
dos setores produtivos e administrativos, o valor de R$ 9.041,77 ao mês.
c) Mão de Obra Direta Improdutiva
O mesmo já foi calculado anteriormente, e corresponde a um total de R$1.657,46.
d) Custos Fixos Diversos
Vejamos a seguir o levantamento dos demais custos fixos gerados pela empresa (Tabela 11).
Tabela 11 - Custos fixos diversos
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Fonte: O Autor (Adaptado da Empresa), 2013.
Fazendo o somatório dos custos fixos citados anteriormente, totalizam um valor deR$
38.723,46gastos ao mês.
3.3 Determinação das margens de contribuição
A margem de contribuição representa o quanto à empresa tem para pagar as despesas fixas e
gerar o lucro líquido. Na tabela 12,são apresentados os valores das margens de contribuição
por par de cada modelo de calçado em estudo.
Tabela 12:Margem de contribuição por pares
Fonte: O Autor (Adaptado da Empresa), 2013.
A Gráfico 01 a seguir mostra os valores referentes às margens de contribuição por modelo.
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Gráfico 01: Margens de contribuição por modelo
Fonte: O Autor (Adaptado da Empresa), 2013.
O modelo de decisão da margem de contribuição é o modelo decisório fundamental para a
gestão dos resultados da empresa, seja em termos de rentabilidade dos produtos, atividades,
divisões unidades de negócio ou da empresa como um todo, propiciando também o início para
chegarmos ao cálculo do ponto de equilíbrio.
Vimos que modelo chinelo masculino infantil com palmilha, concedeu a maior margem de
contribuição à empresa em relação aos outros modelos, sem considerar a demanda de vendas.
Se os demais modelos tivessem uma demanda superior ou igual a esse modelo e um
acréscimo no preço de venda teriam uma maior importância para a obtenção do lucro.
Dessa forma os produtos de maior margem de contribuição deve ter um máximo incentivo nas
vendas, pois contribuem de forma significativa para a empresa. Cada par vendido do Chinelo
masculino infantil com palmilha contribui com o valor de R$ 2,92, enquanto a sapatilha
adulta colabora com o valor de R$ 1,28, apenas, sem contar que a mesma possui o maior
custo variável em relação aos demais. Nesse caso, é necessárias analisar alguns itens, como:
aumento na demanda, pesquisa de mercado para verificar a possiblidade de aumento do preço
de venda, estudo de tempos e análise dos insumos consumidos na fabricação para possível
redução.
A tabela 13, mostra as margens de contribuição total de cada modelo, mostrando a
contribuição total no mês de acordo com a demanda de cada um.
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Tabela13: Margens de contribuição totais
Fonte: O Autor (Adaptado da Empresa), 2013.
A figura 02, mostra estes mesmos dados graficamente.
Figura 02: Margens de contribuição totais
Fonte: O Autor (Adaptado da Empresa), 2013.
3.4 Definição dos Pontos de Equilíbrio
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Para determinação dos pontos de equilíbrio, como já foi visto anteriormente, calculados para
empresas que possuem mais de um modelo, obtendo margens de contribuição diferentes,
como ocorre no presente trabalho.
Primeiramente é necessária a determinação da participação nas vendas de cada modelo de
calçado ou análise vertical da quantidade vendida, informações que já forram vistas
anteriormente. A tabela 14, mostra o cálculo da margem de contribuição por par média
ponderada.
Tabela 14: Margem de Contribuição média por par vendido.
Fonte: Autor (Adaptado de Megliorine, 2007)
Visto que o Custo Fixo mensal foi de R$ 38.723,46, dessa forma utilizaremos uma equação,
demonstrada a seguir, para calcular o Ponto de Equilíbrio Total:
PE = R$ 38.723,46 / 2,34 = 16.548,91 pares
A seguir veremos os cálculos dos pontos de equilíbrio em valores inteiros, dessa forma
saberemos a quantidade que precisa ser vendida de cada produto para atingir o ponto de
equilíbrio.
Tabela 15: Pontos de equilíbrio individuais
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Fonte: Autor (Adaptado de Megliorine, 2007)
É apresentado também a seguir o gráfico 03 dos pontos de equilíbrio individual.
O Ponto de Equilíbrio informa o faturamento mensal mínimo necessário para cobrir os custos
(fixos e variáveis), informação esta que muitas vezes é vital para a análise de viabilidade de
um empreendimento ou da adequação da empresa em relação ao mercado.
3.5 Margens de Segurança Operacional
Como foi visto, a margem de contribuição irá nos permitir saber à quantidade de produtos ou
valor de receita em que se opera acima do Ponto de Equilíbrio.
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A tabela 16 e a figura 04 mostram os valores das margens de segurança operacional de cada
modelo fabricado.
Tabela 16: Cálculo das margens de segurança operacional
Fonte: O Autor (Adaptado da Empresa), 2013.
Figura 04: Margens de segurança operacional
Fonte: O Autor (Adaptado da Empresa), 2013.
Quanto maior for a MSO, maior a capacidade de geração de lucro e também, maior a
segurança de que a empresa não incorrerá em prejuízos. Dessa forma observa-se que o
modelo que apresenta maior risco para a empresa é a Sapatilha Infantil, pois sua demanda de
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vendas está bem próxima do ponto de equilíbrio. Já o modelo Rasteira Adulta apresenta maior
segurança operacional e, como já foi analisado anteriormente através da observação da
margem de contribuição, o mesmo possui maior capacidade de geração de lucro para a
empresa.
4 Conclusão
O presente trabalho evidencia a importância da gestão de custos como apoio a tomada de
decisões na administração industrial.
De acordo com os objetivos estabelecidos, conclui-se que o trabalho possibilitou
desenvolvimento de uma proposta de um modelo de gestão de custos viável. Sendo uma
ferramenta de grande relevância para a empresa no que se refere a tomada de decisão, nesse
sentido a geração de informações atualizadas é necessária para a execução dos dados corretos.
Com a finalização deste trabalho a empresa tem uma analise dos dados obtidos, podendo
observar os modelos com maior e menor índice de lucratividade e os que apresentam maiores
e menores risco de cometer prejuízo para a organização. Dessa forma pode também incentivar
as vendas dos modelos mais rentáveis economicamente e fazer uma pesquisa de mercado com
o intuito de saber a aceitação do produto menos rentável,vendo a possibilidade de alteração no
preço de venda afim de que tenha uma segurança operacional desejada sem influenciar
negativamente na competitividade da empresa. Ou apontar minuciosamente custos nos
processos de produção que não agregam valor ao produto final, podendo utilizar as
ferramentas da Engenharia de Produção, como métodos e processos, para redução dos tempos
ociosos gerando assim um aumento exagerado nos custos variáveis. Foi obtido nesse estudo
de caso um valor monetário de mão de obra direta, oriundos de tempos ociosos, podendo ser
uma oportunidade de melhorar os métodos e processos da empresa a fim de eliminar ou
reduzir esses tempos improdutivos.
Este trabalho proporcionou adquirir muito conhecimento a respeito da contabilidade de
custos. É possível dizer que inúmeros deles servirão de aprendizado e proporcionarão a
XXXIV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Engenharia de Produção, Infraestrutura e Desenvolvimento Sustentável: a Agenda Brasil+10
Curitiba, PR, Brasil, 07 a 10 de outubro de 2014.
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empresa e aos alunos que tenham interesse pela área uma diversidade de informações e
atualidades para melhorar seus desempenhos e resultados.
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