utilidade no sentido de viver

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(*) Nesta crônica tentamos encontrar - na própria vida - o sentido de viver!

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Parece-me que, entre nós,exatamente os mais cultos e eruditos

já não conseguem acreditar que possa ter existidouma forma de inteligência anterior ao nascimento humano.

Eles ainda pensam de maneira local, sem profundidade:“o estado de inteligência” não existe fora do homem,

pois é algo que não existe sem um cérebro eque, então, só se dá do estágio posteriorao nascimento humano até sua morte.

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Reconheço que é difícil contestá-los,pois “se nada surge do nada”, quando surge

origina-se de algo anterior: do cérebro humano,neste caso relacionado ao que chamamos de inteligência.

Mas eu me corrijo logo aqui, pois o que muitos deles falamé que não existe “pensamento” sem cérebro ou sem um cérebro.E é isto que, a meu ver, especialmente observando o que a Vidacriou neste mundo sem a participação do pensamento humano,

deixa uma margem de credulidade quanto à possívelexistência de alguma forma de inteligência

anterior à existência humana...

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Entretanto, por esta dificuldadeque sempre encontramos ao falar de inteligência

(sem personalizá-la ou sem estabelecê-la numa “personalidade”)fica clara a razão pela qual os nossos notáveis antigos filósofos

preferiram usar o termo “essência”, e não inteligência,ao definirem que “a essência antecede a existência”

e ainda a prossegue, numa seqüência natural.

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E vamos nos recorrer ao extraordináriofilósofo grego Aristóteles para

nos ajudar a compreender.

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De acordo com o filósofo,a verdadeira essência de qualquer coisa,

orgânica ou inorgânica, não está na matéria com que é feita,mas não função que desempenha, no que faz ou para o quê serve.

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E, para se explicar, Aristóteles se utilizou de um objeto feio(citado, talvez, como ironia), porém coerente e eficiente:

“Um machado, por exemplo, não tem sua essência nomaterial de ferro com que é feito...; sua essência estáem ‘cortar’, que é o seu propósito e a sua utilidade.”

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E eu mesmo diria que um machado que não “corta”não precisaria sequer existir...; aliás, nem seria “criado”.

Para quê?... Como enfeite?... Ora. Quem iria quererostentar um enfeite deste? O homem?...

E quanto a este? Teria sido criadosem um propósito e uma utilidade?... Para quê?

Como enfeite?... Quem iria querer ostentar um enfeite deste?Deus?... Ora. Ora. Por que um Deus iria querer ostentar

como enfeite um homem que, por sua vez,ostente na sua mão um machado?...

O homem e o seumachado!... Que belos enfeites!...

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Assim, a despeito do perigo que representoutocar no corte afiado do machado (esta velha peça

criada com várias de suas propostas contrárias à Vida),a primeira conclusão que se pode tirar daqui é esta:

o que é criado com um propósito e uma utilidadeé “planejado” — algo que se refere à essência

que antecede a existência..., e que, então,inegavelmente se refere à inteligência.

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Sendo assim, aqui seguramenteeu posso confirmar que a essência humananão está na sua existência em si mesma,

mas na importância de seu propósitoou, de um modo específico,

na sua utilidade.

“Utilidade”: é a palavra chave que conectaessência & existência, e ainda define

o conteúdo do que se encontra“no sentido de viver”.

Isto é claro, pois o sentido de viversó pode ser tirado daquilo que nos dá ou nos der

a sensação de “utilidade”, quando nos sentimos úteis.

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No geral, embora a fórmula anterior não defina qualé o propósito da existência humana, define,

claramente, que temos de ser úteis!

E para isso temos que estar vivos, existir!

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Então, se existimos, há um propósito para isto,e, se há um propósito, seja qual for,

está ligado a viver,não a morrer!

Portanto, agora neste mundo,o que nos cabe é o esforço para mudar

algumas concepções existenciais, ou espirituais,para enfim encontrarmos na própria Vida

o sentido de viver!

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Então, se existimos, há um propósito para isto,e, se há um propósito, seja qual for,

está ligado a viver,não a morrer!

Portanto, agora neste mundo,o que nos cabe é o esforço para mudar

algumas concepções existenciais, ou espirituais,para enfim encontrarmos na própria Vida

o sentido de viver!

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E para consolidarmos a importância disso,vamos rever a essência filosófica contida na

sabedoria do poeta e escritor francês Exupéry.

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Ele tentou mudar esta velha máxima conceitual:“só aquilo pelo qual estivermos dispostos a morrer

nos dará um (satisfatório) sentido para viver.” ...

Ao contrário, sabiamente, Saint-Exupéry escreveu:“só aquilo pelo qual estivermos dispostos a vivernos dará um (satisfatório) sentido para morrer!”

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Assim o poeta pôs a Vida antes da morte,ou, de uma maneira muito mais clara,

ele pôs a Vida no alto...,sobre a morte!

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Enfim, e a propósito, estou certo de queem tudo o que existe e em tudo o que se dá no Universoexiste um propósito — ligado não só à possibilidade de

existência da Vida, mas também à possibilidade deexistência de um Ser..., e então de seres,

relacionados à razão de existir,no sentido de viver.

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E quanto a vocês, leitores e leitoras,se acham que estas minhas palavras nunca irão acabar,

estão certos, porque elas se referem a coisas que não acabam.

E entre essas coisas, é claro, em especial eu incluo a Vida,esta que é mesmo finita em suas unidades individuais,

mas que universalmente não surgiu para morrer.

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Nada nasce destinado à inexistência.

Nada é criado para não existir ou para existir sozinho.

Ou até melhor dizem certas palavras de outro dos nossosimportantes filósofos, o brilhante inglês John Locke:

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Na natureza“nada é criado para o uso vil ou para nenhum uso.”

Isso retrata a inteligência da essência queantecede a existência.

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Assim, o que John Locke escreveutem tudo a ver com o que escrevemos aqui,

pois se inteligentemente tudo é criado para ter um uso— este que se refere direta e inegavelmente a ser útil —,

será a nossa “utilidade” que nos garantirá o futuro,

além de nos preencher plenamente,no sentido de viver.

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Então que fique claro:refiro-me à nossa utilidade

relacionada à Vida..., considerandoa importância dela para o próprio Universo,

este que, a despeito de sua natureza material, a criou.

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Enfim, recapitulando para encerrar,estou certo de que após encontrarmos a nossa utilidade(diretamente relacionada à natureza nativa do talento)

encontraremos incluído no sentido de vivero satisfatório sentido para morrer.

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Simples assim,estaremos satisfeitos.

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Lanier Wcr - cidade de Luz - Setembro de 2011