usp - fflch - letras modernasdlm.fflch.usp.br/sites/dlm.fflch.usp.br/files/alessandro...

19
1 USP - FFLCH - Letras Modernas Aluno candidato a ingresso na Pós Graduação Alessandro Contessa Projeto de Pesquisa de Mestrado em Estudos da Tradução TRADUÇÃO COMENTADA DAS "POESIE FAMIGLIARI" DE GIOVANNI PASCOLI COM CONSIDERAÇÕES TEÓRICO-PRÁTICAS SOBRE O PROCESSO TRADUTÓRIO São Paulo, 24 de outubro de 2016

Upload: dangxuyen

Post on 08-Dec-2018

225 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: USP - FFLCH - Letras Modernasdlm.fflch.usp.br/sites/dlm.fflch.usp.br/files/Alessandro Contessa.pdf · Segundo o dicionário LITTRÉ 6, citado por Derrida em Carta a um amigo japonês

1

USP - FFLCH - Letras Modernas

Aluno candidato a ingresso na Pós Graduação

Alessandro Contessa

Projeto de Pesquisa de Mestrado em Estudos da Tradução

TRADUÇÃO COMENTADA DAS "POESIE FAMIGLIARI" DE GIOVANNI PASCOLI

COM CONSIDERAÇÕES TEÓRICO-PRÁTICAS SOBRE O PROCESSO TRADUTÓRIO

São Paulo, 24 de outubro de 2016

Page 2: USP - FFLCH - Letras Modernasdlm.fflch.usp.br/sites/dlm.fflch.usp.br/files/Alessandro Contessa.pdf · Segundo o dicionário LITTRÉ 6, citado por Derrida em Carta a um amigo japonês

2

USP - FFLCH - Letras Modernas PROJETO DE PESQUISA de Mestrado em ESTUDOS DA TRADUÇÂO

Aluno Alessandro Contessa

ÍNDICE Página

1. Título da Pesquisa 3

2. Formação anterior e interesse pelo tema 3

3. Objetivos 4

4. Pressupostos teóricos 5

4.1. O problema da tradução da poesia 5

4.2. Base teórica 6

5. Corpus considerado 9

5.1. O corpus 9

5.2. Breve notícia sobre Giovanni Pascoli, sua vida e sua obra 10

6. Exemplos de aplicação da Base Teórica 11

6.1. Exemplo 1 11

6.2. Exemplo 2 13

7. Cronograma dos trabalhos 15

8. Referências bibliográficas 16

8.1. Textos do corpus 16

8.2. Obras da base teórica e metodológica 16

8.2.1. Base teórica 16

8.2.2. Base metodológica 16

8.3. Obras de referência 17

8.3.1. Geral 17

8.3.2. Dicionários 17

8.4. Sítios Internet visitados 17

8.4.1. Geral 17

8.4.2. Dicionários on line 18

9. Complemento: Organização provisória da Dissertação de Mestrado 19

Page 3: USP - FFLCH - Letras Modernasdlm.fflch.usp.br/sites/dlm.fflch.usp.br/files/Alessandro Contessa.pdf · Segundo o dicionário LITTRÉ 6, citado por Derrida em Carta a um amigo japonês

3

1. Título da Pesquisa

O título da pesquisa é "Tradução comentada das "Poesie Famigliari" de Giovanni Pascoli, com considerações teórico-práticas sobre o processo tradutório".

Atendendo às Recomendações para a apresentação de Projetos de Pesquisa publicadas no sítio Internet http://dlm.fflch.usp.br, o título do trabalho

explicita o corpus adotado;

faz referência ao processo aplicado e ao quadro teórico-prático demonstrado;

menciona os resultados a serem alcançados, isto é, as próprias traduções comentadas.

2. Formação anterior e interesse pelo tema

2.1. Brasileiro nascido em Roma, o aluno é engenheiro eletricista e eletrônico pela Escola Politécnica da USP, formado em 1961, tendo sido professor do Depto. de Eletricidade daquela Escola de 1964 a 1993/94.

Paralelamente à vida acadêmica, exerceu a profissão como engenheiro de 1962 a 1996 e também como consultor independente de 1970 a 2012, encontrando-se atualmente aposentado.

Possui mestrado em Ciência de Computação pela University of California (Berkeley, USA, 1972) e doutorado em Informática pela ENSAE - École Nationale Supérieure de l´Aéronautique et de l´Espace (Toulouse, França, 1988).

Posteriormente adquiriu um bacharelado em Direito pela Faculdade de Direito da USP (São Paulo, 1991).

Entre os anos de 2005 e 2016 cursou, como aluno especial, várias disciplinas na FFLCH-USP, a saber:

Graduação

Língua chinesa I Elementos de Linguística I e II

Cultura Chinesa I e II Fonética e Acústica Articulatória

Semântica Fonética e Fonologia do Português

Sociolinguística Introdução aos Estudos Tradutológicos

Introdução ao Latim I e II Tradução Comentada do Inglês I e II

Tradução Comentada do Italiano Pós-graduação

Tópicos de Tradução (Prof. João Azenha)

A tradução, Modelo e Reflexões (Prof. Michel Riaudel)

Ensino de Línguas Estrangeiras para Contextos Específicos Profissionais e Acadêmicos (Profªs. Catherine Carras e Heloisa B. de Albuquerque Costa)

2.2. O interesse pela área de Estudos da Tradução deve-se ao conhecimento de línguas do requerente (que fala e escreve correntemente Inglês, Francês, Espanhol e Italiano) e ao fato de ter realizado, durante a sua vida profissional, vários trabalhos de tradução técnica e interpretação oral envolvendo tais línguas. Também ministrou aulas particulares dos idiomas em questão e foi professor de um curso de Inglês.

Especificamente na área literária, traduziu para o Português, em parceria com a Profª Lucia Guidicini da FFLCH (atualmente aposentada) o clássico italiano "Dei Delitti e delle Pene" 1, obra de 1764 de Cesare Beccaria, o primeiro grande precursor do Direito Penal moderno. Esse trabalho apresentou notáveis dificuldades em virtude da linguagem antiquada (de 250 anos atrás) e principalmente do estilo rebuscado e complicada sintaxe do autor, com extensos períodos repletos de orações subordinadas e "sub-subordinadas".

1 Cesare BECCARIA, "Dos Delitos e das Penas". São Paulo: Martins Fontes, 1ª Ed., 1991.

Page 4: USP - FFLCH - Letras Modernasdlm.fflch.usp.br/sites/dlm.fflch.usp.br/files/Alessandro Contessa.pdf · Segundo o dicionário LITTRÉ 6, citado por Derrida em Carta a um amigo japonês

4

2.3. O interesse do tema escolhido reside, em primeiro lugar, na elaboração de uma tradução inédita dessa parte da obra de Giovanni Pascoli, as mencionadas "Poesie Famigliari" – obra importante a ponto de acharem-se esgotadas, na própria Itália e nas livrarias e lojas de "sebos" brasileiras, as edições respectivas (o exemplar usado por este aluno é o existente na Biblioteca da FFLCH).

Ao mesmo tempo a pesquisa deverá contribuir para a cultura e estudos brasileiros na área da Lírica italiana; muito embora esse campo seja bastante cultivado no nosso país, traduções da poesia de Pascoli são virtualmente inexistentes2.

Além das traduções em si, parte que constitui o núcleo do trabalho, a pesquisa buscará tecer considerações sobre a arte e técnica da tradução de poesia; questões essas que, se passíveis de uma análise técnico-teórica, esquematização e racionalização, permanecem envoltas em grande desconhecimento quanto ao seu aspecto literário e artístico, que envolve um complexo e sofisticado processo mental.

Em caráter complementar serão abordados, em Apêndices, fatos relevantes sobre Pascoli, sua vida e sua obra.

3. Objetivos O trabalho da dissertação deverá inserir-se na vertente de Tradução de Poesia, mais especificamente da lírica italiana de Giovanni Pascoli ( 1855- 1912).

Constará na tradução comentada de 20 poesias do poeta italiano Giovanni Pascoli ( 1855- 1912) e mais uma tradução do conhecido "La Cavalla Storna" (de 1905)3, perfazendo um corpus de 21 poemas.

Em vista, porém, de tratar-se de um trabalho multidisciplinar, serão também abordados outros aspectos teórico-práticos da tradução de poesia, além de serem relatados, em Apêndices, a vida e obra de G. Pascoli, a inserção da sua obra na literatura italiana da época e os principais motivos das suas poesias; finalmente, em Anexos que não farão parte da Dissertação propriamente dita, serão dadas outras informações de interesse, como opiniões selecionadas de terceiros sobre o perfil e as motivações do grande poeta italiano.

Os objetivos centrais desta pesquisa com a preparação desse trabalho são:

Elaborar uma tradução das "Poesie Famigliari" de Giovanni Pascoli para o público brasileiro

Contribuir para o conhecimento da literatura italiana e particularmente da sua poesia, no Brasil

Aperfeiçoar-se na prática da tradução, especificamente de poesia

Aprofundar-se nas questões teóricas da Tradução

Exercitar-se intelectualmente em área humanística

Adquirir um título adicional no campo das Ciências Humanas

O produto da pesquisa serão as 21 traduções em si, que se apreciadas favoravelmente, poderão trazer o benefício adicional de uma sua publicação no Brasil.

2 Em pesquisa na Internet só foi possível encontrar uma tradução em https://viciodapoesia.com/2016/05/26/outrora-poema-

de-giovanni-pascoli/, a saber, do poema "Outrora", realizada pelo poeta português Jorge de Sena (1919 Lisboa - 1978

Santa Barbara, California), publicada pela Editora Fora do Texto, Coimbra, 1994. O título e texto do poema original não

são citados no sítio em questão.

3 Mais conhecido como "La cavallina storna".

Page 5: USP - FFLCH - Letras Modernasdlm.fflch.usp.br/sites/dlm.fflch.usp.br/files/Alessandro Contessa.pdf · Segundo o dicionário LITTRÉ 6, citado por Derrida em Carta a um amigo japonês

5

4. Pressupostos Teóricos

4.1. O problema da tradução de poesia

Ao se abordar o problema da tradução de poesia nota-se imediatamente que é um problema muito complexo.

Uma primeira questão que surge é se a poesia pode ou não ser traduzida.

Segundo os autores Baker & Saldanha (editors), Routledge Encyclopedia of Translation Studies, 2009, verbete Poetry (página. 194), aqui citado em tradução:

"A questão central .... é se a poesia pode ser [ou não] traduzida. Pode parecer óbvio que sim, dado que sempre foi amplamente traduzida .... De fato, a poesia em tradução tem um papel tão importante na maioria das literaturas que essa posição é tida quase como evidente" (Honig 1985:1).

O ponto de vista oposto - de que a tradução da poesia é difícil ou mesmo impossível, resultar de .... dois pressupostos:

(i) de que a poesia traduzida deveria, também, ser poesia por si mesma (Coleridge 1990:200)

(ii) de que a poesia é difícil, enigmática, ambígua, e manifesta uma relação especial entre significado (conteúdo) e forma (Furniss and Bath, 1966:13) 4 ... Estas ... premissas ... sugerem que a tradução da poesia ... requer habilidades especiais de crítica e de redação" [e, acrescentamos, requer o indispensável conhecimento das línguas-culturas de origem e de destino e mais criatividade, cultura geral, imaginação, etc.].

Para complicar ulteriormente a questão, alguns sustentam a posição de que o tradutor de poesia deva ser, ele mesmo, também um poeta [o que não é o caso deste aluno].

De fato, ocorre na prática da tradução de poesia "convencional", isto é, aquela contendo métrica e rimas –excluindo-se, pois, versos brancos e versos livres – , que o trabalho do tradutor é bem mais complexo do que na tradução de prosa; isto porque ele se defronta com o problema de como conciliar vários requisitos potencialmente conflitantes, a saber, aqueles de conservar ou recriar, no texto traduzido em língua de destino, a métrica, a rima, o ritmo, a sintaxe, a semântica e a poética do texto na língua de origem. Poder-se-ia daí concluir que um poeta, dado seu conhecimento e formação literária, sua capacidade de interpretação, seu sentimento e sensibilidade, sua poética enfim, estaria mais bem cotado para tal difícil tarefa.

Questão adicional, ainda mais difícil que as anteriores, é a do complexo "mecanismo" mental que o tradutor coloca em ação ao fazer o seu trabalho.

A esse respeito diz o autor J. S. Holmes em The Name and Nature of Translation Studies, in The Translation Studies Reader, ed. Venuti, Lawrence. London: Routledge, 2000, pp. 172-185 :

'The problem of what exactly takes place in the … translator´s mind as he creates a new, more or less matching text in another language has been the subject of much speculation on the part of translation´s theorists, but there has been very little attempt at systematic investigation of this process under laboratory conditions. Admittedly, the process is a very complex one. … But psychologists have developed and are developing highly sophisticated methods for analyzing and describing other complex mental processes, and it is hoped that in future this problem, too, will be given closer attention, leading to an area of study that might be called translation psychology or psycho- translation studies.'

No trabalho de preparação deste projeto de Pesquisa, foram formuladas algumas posições a respeito da problemática acima mencionada e de questões correlatas, afirmando-se preliminarmente e tentativamente que (a) a poesia pode, sim ser traduzida; (b) o tradutor não há que ser necessariamente um poeta; (c) uma pequena parte do complexo processo mental do tradutor de poesia pode ser analisada. Ainda, em termos práticos, as traduções aqui apresentadas deverão mostrar as soluções que se podem encontrar para essa problemática e de que modo podem elas ser postas em prática.

4 Também Haroldo de Campos em "Metalinguagem e Outras metas" explica, citando Albercht Fabri, que "a linguagem literária [e a poesia, como parte dela] ... não pode ser traduzida, porque isto suporia a possibilidade de separar sentido e palavra"; ressaltando porém que "disso resulta a possibilidade de recriação desses textos"

Page 6: USP - FFLCH - Letras Modernasdlm.fflch.usp.br/sites/dlm.fflch.usp.br/files/Alessandro Contessa.pdf · Segundo o dicionário LITTRÉ 6, citado por Derrida em Carta a um amigo japonês

6

4.2. Base teórica

A base teórica do trabalho a ser apresentado é o conceito de desconstrução do filósofo franco-algerino5 Jacques Derrida ( Alger 1930 - Paris 2004), que passamos a expor.

Segundo o dicionário LITTRÉ 6, citado por Derrida em Carta a um amigo japonês 7, "desconstrução" é ... ... A ação de desconstruir / Desorganização das palavras em uma frase.

Ainda conforme outra citação de Derrida (op. cit.), segundo LEMARE 8, "desconstrução" corresponde a ...

"... Desarticular as partes de um todo / Desconstruir uma máquina para transportá-la para outro lugar / Desconstruir os versos, torná-los, por supressão da medida [métrica] e da rima, semelhantes à prosa."

Segundo o dicionário Becherelle 9, citado por Paulo Ottoni na obra Tradução - A prática da diferença10,

"desconstrução" é ... A ação de desarticular as partes de um todo. A desconstrução de um edifício. A desconstrução de uma máquina. Deslocamento a que se faz submeter as palavras das quais se compõe uma frase escrita numa língua estrangeira, violando, é verdade, a sintaxe dessa língua, mas também se aproximando da sintaxe da língua moderna, no intuito de dominar melhor o sentido que as palavras apresentam na frase. .... pois, em um autor qualquer, todas as frases são construídas conforme a natureza da sua língua nacional .... [e] o que faz um estrangeiro que procura compreender, traduzir .... ? Ele desconstrói as frases, .... desarticula as palavras segundo a natureza da língua estrangeira; .... [tem-se aí] a Desconstrução em relação à língua do autor traduzido e [a reconstrução] em relação à língua do tradutor.

Apesar das muitas discussões sobre o Derrida e sua filosofia e dos ataques polêmicos à sua obra, o conceito de "desconstrução" revelou-se útil para a pesquisa proposta, independentemente de tais controvérsias.

De fato, segundo citam DELAS e FILLIOLET 11

em tradução ipsis litteris de texto original de Edgar Allan Poe12 "aquilo a que chamamos de um longo poema não é, basicamente, mais do que uma sequência de poemas breves, quer dizer, de efeitos poéticos breves"; em outras palavras, um poema seria uma sequência de blocos poéticos mais breves.

Tal concepção, aliada ao mencionado conceito de Derrida, permite vislumbrar a desconstrução de um poema escrito em uma Língua de Origem, em uma sequência desses blocos componentes e uma posterior reconstrução do conjunto, restituindo-lhe o mais possível, na Língua de Destino, a funcionalidade original; e, valendo-se dessa práxis, realizar a desejada tradução.

O mesmo Derrida esclarece, na tradução de P. Ottoni 13 “Fidelidade a Mais de Um":

"Apesar de tudo, parece que a tradução deve se esforçar para ser o mais fiel possível, não pela preocupação de exatidão calculável, mas porque ela nos lembra a lei do outro texto, a sua assinatura, esse outro acontecimento que já teve lugar antes de nós, e ao qual nós devemos responder como herdeiros."

Todavia manter tal fidelidade e respeitar tal assinatura não é fácil pois implica manter, no texto traduzido, as desejáveis características de métrica, rima, ritmo, sintaxe e semântica originais, isto sem falar na poética, sentimento e inspiração. Então os blocos em questão deverão ser objeto de um adequado processamento.

5 Conservam-se aqui as grafia tradicionais, a nosso ver mais corretas, "Alger" e "algerino", fiéis ao radical árabe L-G-R.

A grafia e a pronúncia "Argélia", "Argel" e "argelino" se generalizaram no Brasil nos últimos tempos em virtude de uma

questão fonética: ocorre que é mais fácil pronunciar /arg/ do que /alg/.

6 Do nome do seu autor Émile Littré; é um dicionário normativo da língua francesa.

7 Jacques DERRIDA, "Carta a um amigo japonês" (Psyché, Inventions de l´autre. Paris: Galilée, 1987, pp. 387-93),

em tradução de Érica Lima.

8 Pierre-Alexandre LEMARE, Manière d'apprendre les langues. Paris, 1817.

9 Dictionnaire Becherelle, 15ª Ed., Paris: Garnier, 1873.

10 Paulo OTTONI, "Tradução - A prática da diferença". Campinas: Editora Unicamp, 2005, p. 22-23.

11 Daniel DELAS, Jacques FILLIOLET. Linguistique et Poétique, p. 47. Larousse, 1973

12 Edgar Allan POE, “The Philosophy of Composition”, in Graham’s Magazine, vol. XXVIII, no. 4, April 1846, 28:163-167

[p. 163]: "What we term a long poem is, in fact, merely a succession of brief ones — that is to say, of brief poetical effects".

13 Paulo OTTONI, “Fidelidade a Mais de Um – Merecer Herdar Onde a Genealogia Falta, de Jacques Derrida”, in Tradução

Manifesta: Double Bind & Acontecimento. Campinas: UNICAMP, 2005.

Page 7: USP - FFLCH - Letras Modernasdlm.fflch.usp.br/sites/dlm.fflch.usp.br/files/Alessandro Contessa.pdf · Segundo o dicionário LITTRÉ 6, citado por Derrida em Carta a um amigo japonês

7

O artigo de J. C. Catford, “Translation Shifts”14, fornece uma pista sobre como efetuar esse processamento, ou melhor, uma parte dele: todavia, dado que a redação do artigo é algo confusa e sofre de uma certa falta de clareza, é preciso dar-lhe alguma interpretação e extrair do mesmo a essência do que é de interesse.

Explica Catford que o tradutor, na sua atividade, pratica desvios (deviations) em relação à correspondência formal dos textos original e traduzido, desvios esses que denomina de shifts. Destes, os que vêm ao caso são os category shifts, ou seja, desvios de categoria, que classifica subsequentemente em unit-shifts (ou rank-changes), structure-shifts e class-shifts. Destes desvios, apresentam interesse sobretudo os dois primeiros

Mas é preciso antes observar que Catford aparentemente se refere à tradução de prosa, de modo que a tradução de poesia, particularmente da poesia que mais atrás chamamos de 'convencional', não constitui a preocupação do seu artigo. E ocorre que uma tal correspondência formal é quase de todo impossível na tradução de poesia, pelas razões mencionadas mais atrás (somente é possível em raros casos de tradução entre línguas de um mesmo ramo e semelhantes, como português e espanhol ou então russo e ucraniano.

Em outras palavras, uma correspondência formal total só se obteria por uma tradução apenas léxica, "ao pé da letra", da obra em questão. Um trabalho dessa natureza mal pode ser chamado de tradução, pois com algum conhecimento ainda que escasso das duas línguas, qualquer um poderia fazê-lo com a ajuda de um dicionário. Uma tradução assim, na verdade nada teria de diferente do texto original a não ser a conversão dos vocábulos de um idioma para outro.

Porém uma tradução apenas léxico-formal tem uma importância teórica (e também, como veremos, uma aplicação prática), tanto que recebe uma, ou melhor, diversas denominações especiais por vários autores, sendo chamada de versão

descontruída (Derrida)

interlinear (vários autores)

desarticulada ou desmontada (Azenha)

desmantelada (Sayers Peden)

invariante intermediária (Toury)

tertium comparationis (Toury)

decodificada (A. C.) O interesse dessa versão, para a qual adotamos a denominação única de 'interlinear', é permitir a identificação, dentro de um poema, dos "efeitos poéticos breves" ou "poemas breves" mencionados por Edgar Allan POE e D. DELAS, J. FILLIOLET (ver Notas 11 e 12), que [já] denominamos de "blocos poéticos mais breves". Em termos concretos, os blocos serão partes de versos, versos inteiros, conjuntos de 2 ou mais versos, estrofes inteiras, etc.; no limite inferior serão palavras isoladas, e no limite superior (em casos muito raros), o poema inteiro.

Os blocos da versão interlinear do poema facilitam sobremaneira o trabalho de tradução porque ao estarem na Língua de destino, permitem que o tradutor jogue com eles e faça uma reconstrução do poema; tal reconstrução consiste em restituir o conteúdo funcional perdido na desconstrução, (isto é, na decomposição em blocos traduzidos só lexicamente) atribuindo-lhe as desejadas rimas, a métrica e ritmo, a sintaxe interna, o conteúdo semântico e na medida do possível o conteúdo poético.

Voltando ao artigo de Catford, tornamos a destacar que ele não se baseia na correspondência textual e sim na correspondência formal entre os textos original e traduzido; ora, nessas condições esse autor permite implicitamente que se faça referência à versão interlinear do texto (no nosso caso, do poema). Vale dizer que os desvios em questão se efetuam sobre os blocos do poema nessa versão interlinear.

Os desvios do tipo unit-shifts (ou rank-changes), segundo Catford, ocorrem quando "one cannot set up simple equal-rank equivalences between Source and Target texts, so that equivalences may shift up and down the rank (level) scale. For example, a group in the Source text may have a clause as equivalent in the Target text; this is an example of a unit shift (i.e. a shift to one rank, or level, up)".

Notar que esta definição deixa implícita a possibilidade de shifts não unitários, isto é, de 2 ou mais níveis.

14 in The Translation Studies Reader, ed. Venuti, Lawrence. London: Routledge, 2000, pp. 141-147.

Page 8: USP - FFLCH - Letras Modernasdlm.fflch.usp.br/sites/dlm.fflch.usp.br/files/Alessandro Contessa.pdf · Segundo o dicionário LITTRÉ 6, citado por Derrida em Carta a um amigo japonês

8

Assim sendo, denominamos estes rank-changes de desvios [ou mudanças] de nível; de forma mais genérica, definimos que consistem no deslocamento de um bloco em 1 ou mais níveis para cima ou para baixo na escala

– estrofe

– conjunto de versos

– período

– oração (sentença)

– verso inteiro

– parte de verso

– grupo de palavras

– palavra (lexema),

ao se passar da versão interlinear para a versão traduzida,

Notar que esta definição não é totalmente exata de um ponto de vista lógico, visto que mistura conceitos léxico-sintáticos como lexema, sentença, período, com conceitos da poética como verso e estrofe; além disso um bloco de um dado nível na escala proposta pode resultar com uma extensão maior do que um bloco de nível mais baixo, ou viceversa. Todavia isto não invalida o conceito e não deverá constituir um óbice à argumentação.

Quanto aos desvios do tipo structure-shifts, ou seja, desvios de estrutura, são aqueles que (a) mudam a ordem dos termos ou (b) mudam a estrutura sintática de um bloco, geralmente de uma oração ou também de um período. Exemplificando:

Caso (a): A oração "Measures were taken", ou seja, "Medidas foram tomadas" na versão interlinear, traduzida em bom português em "Foram tomadas medidas" ou "foram adotadas medidas"; ou a oração "All is well that ends well", classicamente traduzida como "Bem está [tudo] o que bem acaba".

Caso (b): A oração "Il s´est fait voler le portefeuille", isto é "Ele se fez roubar a carteira" na versão desconstruída, se traduz corretamente como "Ele teve a carteira roubada" ou alternativamente "Roubaram-lhe a carteira"; podendo-se ainda discutir, quanto ao léxico português da tradução, se a ocorrência real foi de carteira roubada (com violência) ou furtada (subtraída) – diferença que não é pequena em termos de situação fática e de Direito Penal.

Para completar operacionalmente a argumentação de Catford, permitimo-nos postular um terceiro tipo de desvio de estrutura, a saber, (c): desvio de rearranjo de blocos: seria, sempre na transição da versão interlinear para a traduzida,

– a separação de um bloco em duas ou mais partes – a operação inversa, de junção de dois ou mais blocos em um só – qualquer outra operação mais complexa consistindo na combinação das duas acima

Particularmente esta última técnica (c) resultará muito útil nas traduções objeto deste trabalho.

Cumpre observar que o processo acima está descrito com uma intenção de sistematização, mas que na prática o trabalho de tradução envolve um uso mais ou menos livre e inconsciente das técnicas mencionadas, inclusive misturando-as de uma forma que termina por não permitir uma análise mais formal. Esta operação de e rearranjo / reestruturação / reconstrução ou, se quisermos, "retradução" dos blocos é que vem a ser o trabalho do tradutor.

Resulta, pois, que o trabalho de tradução de poesia não é tão fácil, na prática, como parece indicar a esquematização acima. É oportuno pela sua importância, reiterar aqui em tradução o quanto afirma o autor J. S. Holmes em The Name and Nature of Translation Studies (texto já citado em original no item 4.1.):

"O problema de [saber-se] o que se passa exatamente na … mente do tradutor quando ele cria um texto mais ou menos correspondente em outra língua tem sido objeto de muita especulação por parte dos teóricos da tradução, mas tem havido muito poucas tentativas de uma investigação sistemática desse processo em condições de laboratório. Reconhecidamente, esse é um processo muito complexo. ... Mas os psicólogos desenvolveram e estão desenvolvendo métodos altamente sofisticados para a analisar e descrever outros processos mentais complexos, e se espera que no futuro também esse problema receba mais atenção, levando a uma área de estudo que se poderia chamar de psicologia da tradução ou estudos psico-tradutórios."

Page 9: USP - FFLCH - Letras Modernasdlm.fflch.usp.br/sites/dlm.fflch.usp.br/files/Alessandro Contessa.pdf · Segundo o dicionário LITTRÉ 6, citado por Derrida em Carta a um amigo japonês

9

Assim, ao fazer a reconstrução – ou seja, a verdadeira tradução / recriação do poema –, o tradutor terá pela frente os seguintes problemas a serem resolvidos na língua de destino:

1. Remodelar / readequar o léxico (já traduzido na versão interlinear, mas a ser melhorado) 15

2. Reconstituir a métrica e o ritmo do original

3. Buscar as rimas adequadas

4. Recriar a sintaxe dos blocos reconstruídos ou "reestruturados"

5. Recriar o conteúdo semântico dos blocos em questão

6. Restabelecer o conteúdo poético do bloco, retransmitindo na medida do possível o sentimento do autor da obra original – muito embora se coloque aí, como seria de se esperar, a questão da sua interpretação subjetiva.

Complementarmente, também nas ações (1) a (5) deverá o tradutor, na medida do possível, orientar-se de modo a manter o melhor possível a poética do original.

Resta uma observação importante: Embora o conceito de texto desconstruído tenha uma importância teórica e prática como invariante intermediária entre o texto de origem e o texto de destino, o tradutor não precisa necessariamente colocá-lo por escrito: com alguma prática tradutor a cria apenas mentalmente e daí, em um complexo procedimento intelectual de tentativas e aproximações sucessivas, rearranja e reelabora os blocos, até chegar à versão final do poema, como que diretamente da Língua de Origem para a Língua de Destino.

Mesmo que o texto descontruído venha a ser escrito, o tradutor não precisa descer a detalhes desnecessários como podem ocorrer, por exemplo, no caso de certas partículas que não existem em português:

there (inglês) como em there is y (francês) como em il y a ci (italiano) como em ci è ou c'è ,

todas significando aqui / ali / acolá, e que para evitar perda de tempo serão escritas diretamente e simplesmente em português como "há", ou "está", ou "existe", e não como "aqui/ali há", "aqui/ali está", ou "aqui/ali existe".

Analogamente com as partículas intraduzíveis en (do francês) e ne (do italiano).

Este aluno, nos esboços de traduções já realizados, vinha usando de maneira intuitiva o processo exposto na Base Teórica, tendo encontrado em seguida a confirmação da validade desta na literatura especializada, notadamente nos conceitos elaborados por Derrida e no mencionado artigo de Catford.

Na prática das traduções, resta mencionar o uso de recursos online (Internet): dicionários para a tradução de certos termos mais raros ou antiquados do italiano, assim como um dicionário de sinônimos do português.

5. Corpus considerado 5.1. O corpus

O corpus constará de poesias de Pascoli, grande poeta italiano e um especialista clássico; dele, foram escolhidas 21 composições; 20 delas são aqui abrangidas pela denominação de Poesias Familiares, a saber:

a) As 13 "Poesie famigliari e d´altro genere" 16 escritas por Giovanni Pascoli entre 1882 e 1895 e apresentadas na 1ª parte do volume "Poesie Famigliari" publicado em 1985 aos cuidados do crítico e ensaísta Cesare Garboli (sempre como autoria de Pascoli) - Disponível na Biblioteca da FFLCH;

15 Propositalmente, não incluímos a retradução literal do léxico como parte do trabalho de reconstrução, dado que se trataria

apenas de um trabalho mecânico com eventual consulta a dicionários no caso de termos mais difíceis ou raros; incluímos,

porém, o trabalho de "Remodelar / readequar" esse léxico de forma a favorecer as rimas, a métrica, a "área de significado"

dos vocábulos na Língua de destino e a poética da obra como um todo.

Pelas mesmas razões não incluímos em (1) a supressão de termos ou blocos ou a criação de novos, inexistentes no original.

16 Giovanni PASCOLI, Poesie Famigliari a cura di Cesare Garboli. Arnoido Mondadori, Milano 1985.

Contém a mencionada 1ª parte, uma 2ª parte com 9 poesias (Ritorno a San Mauro) e uma 3ª, com 8 poesias (Diario

Autunnale), totalizando 30. As partes 2ª e 3ª não constam do corpus considerado, por não serem de caráter familiar.

Page 10: USP - FFLCH - Letras Modernasdlm.fflch.usp.br/sites/dlm.fflch.usp.br/files/Alessandro Contessa.pdf · Segundo o dicionário LITTRÉ 6, citado por Derrida em Carta a um amigo japonês

10

b) Mais 7 composições do volume "POESIE VARIE di Giovanni Pascoli - Raccolte da Mari" 17, publicado em 1914 por Maria Pascoli, irmã do poeta - Volume não disponível na biblioteca da FFLCH e provavelmente só encontrado em bibliotecas italianas (as peças, por ora, foram obtidas na Internet);.

e adicionalmente

c) O conhecido poema "La Cavalla Storna" 18, publicado por Giovanni Pascoli em 1903 na coletânea "Canti di Castelvecchio.19

O corpus foi escolhido adotando-se o fio condutor do sentimento e da problemática psicológico-familiar de Pascoli , da sua vida atribulada e da sua morte prematura:

Quanto à parte (a), por sugestão do professor Mauricio Santana Dias (USP - FFLCH - Letras Modernas), especializado em literatura italiana e tradutor profissional de italiano;

Quanto à parte (b), por escolha pessoal deste aluno, em vista do caráter acentuadamente familiar das composições;

Quanto à parte (c), por iniciativa deste candidato, dado tratar-se de uma das peças mais famosas de Giovanni Pascoli e por ter, igualmente, um forte caráter familiar; este poema parece não ter recebido, até hoje, uma tradução em português.

5.2. Breve notícia sobre Giovanni Pascoli, sua vida e sua obra

Giovanni Pascoli foi um grande poeta italiano e um especialista em letras clássicas. Nasceu na Toscana em 31 de Dezembro de 1855 em San Mauro (hoje San Mauro di Pascoli).

Após uma infância trágica, com o assassinato de seu pai Ruggero logo seguida pela morte prematura da mãe e de dois dos seus irmãos, ele se mudou de sua cidade natal para Rimini, onde começou a participar de manifestações socialistas, o que levou a uma breve prisão em Bolonha. Pascoli se formou na Universidade de Bolonha em 1882 e começou a lecionar em colégios de Matera e Massa. Enquanto isso, ele começou a colaborar com a revista Vita Nuova, que publicou seus primeiros poemas que mais tarde seriam reunidos no livro Myricae. Após trabalhar em várias outras cidades italianas ele adoeceu e morreu de cirrose hepática por abuso de bebida alcoólica, em Bolonha, em 6 de abril de 1912.

A obra de Pascoli é percorrida por uma constante tensão entre a velha tradição classicista herdada do mestre Giosuè Carducci, e as novas temáticas decadentes. Devido à sua infância trágica, seus poemas sempre eram pessimistas, mesmo estando-se numa época de positivismo e cientificismo. Entre suas obras, pode-se citar Myricae (1891), Canti di Castelvecchio (1903), Odi e inni (1906), Poemi del Risorgimento (1913) e Poesie Varie (1913).

É difícil compreender o verdadeiro significado das obras mais importantes de Pascoli, sem levar em conta os dolorosos e atormentados episódios biográficos e psicológicos que ele mesmo organizou por toda a vida, de forma obsessiva. Há grande controvérsia quanto à relação edipiana de Pascoli com a mãe em decorrência da perda do pai; e igualmente quanto ao estranho tipo de vida que ele levava com as irmãs Ida e Maria na casa em que os três passaram a viver bastante reclusos a partir da maioridade delas, casa que ele chamava de "ninho familiar", com o qual tentou reconstruir a família desfeita pelo crime20.

17 Maria Pascoli (organiz.), Poesie Varie di Giovanni Pascoli - Raccolte da Mari. Nicola Zanichelli, Bologna 1914.

18 O tema central desta composição não é a cavalla (égua) em si, mas sim a tragédia familiar. Quando o pai de Pascoli é

assassinado ao voltar para casa no seu caleche, a potranca cinza-manchada que puxava o veículo volta sozinha até a casa

trazendo o corpo de Ruggero. Na poesia, a mãe de Pascoli se dirige à potranquinha como a um ser humano membro da

família, pedindo-lhe que diga (ou melhor, que confirme) o nome do assassino, e é em torno desse diálogo que se

desenvolve o texto com toda sua dramaticidade poética,

19 Giovanni PASCOLI, Canti di Castelvecchio. Nicola Zanichelli, Bologna, 1907.

20 A esse respeito o psiquiatra italiano Vittorino Andreoli, no seu livro intitulado "I segreti di casa Pascoli" (Rizzoli 2006)

conduz uma análise da vida afetiva e familiar do poeta e afirma sem rodeios que "Giovanni ebbe una relazione carnale con

la sorella Ida e poi, perso per sempre l' amore incestuoso, si mise a bere come una spugna, fino a morire di cirrosi epatica

a cinquantasei anni".

Page 11: USP - FFLCH - Letras Modernasdlm.fflch.usp.br/sites/dlm.fflch.usp.br/files/Alessandro Contessa.pdf · Segundo o dicionário LITTRÉ 6, citado por Derrida em Carta a um amigo japonês

11

6. Exemplos de aplicação da Base Teórica

A seguir passa-se a ilustrar o processo com a tradução de dois poemas de Pascoli.

6.1. Exemplo 1

Tradução do soneto "A Maria" 21, nº 3 das "Poesie Famigliari" de Pascoli. As mudanças efetuadas na tradução do léxico, assim como vários outros detalhes, são explicadas nas notas de rodapé.

Versão Original

LÍNGUA DE ORIGEM: ITALIANO

Versão desconstruída

ou Interlinear

LÍNGUA DE DESTINO: PORTUGUÊS

BLOCOS

e desvios efetuados

Versão reconstruída /

/ traduzida

LÍNGUA DE DESTINO: PORTUGUÊS

Come nei libri delle tue preghiere,

libri che tutto il tuo segreto sanno,

i fior che tu ponesti, or è qualch’anno,

colti a Sogliano nelle rosee sere,

Como nos livros das tuas orações,

livros que todo o teu segredo sabem,

as flores que puseste, já há alguns anos,

colhidas em Sogliano nos róseos entardeceres22,

Como nos livros ... / livros que todo o

teu segredo ... / as flores que puseste .../ colhidas em Sogliano ...

Rearranjo de blocos e várias

mudanças de estrutura .

Logo que te depares ... / ... cinzas e

secas, te apanha ... / mas .. logo voltarão ... / fragrantes ao sol ...

Rearranjo de blocos e várias

mudanças de estrutura.

Ao reencontrar as flores que, em botão,

puseste anos atrás no cemitério23,

e que, como os teus livros de oração,

assaz conhecem todo o teu mistério,

appena che t’imbatti a rivedere

bigi e secchi, ti prende un muto affanno;

ma quelli tosto rinverzicheranno

olezzanti nel sol del tuo pensiere.

logo que te depares a [as] rever

cinzas e secas, te apanha um mudo afã;

mas aquelas logo voltarão a estar verdes

fragrantes no sol do teu pensamento.

com angústia as vês já fenecidas;

foram colhidas ao sol crepuscular:

de novo verdes, terão novas vidas,

belas, fragrantes ao sol do teu pensar.

21 Trata-se de poema triste, mórbido e desvairado escrito em 1885, no qual Pascoli se imagina morto e faz alusão ao seu próprio funeral; vê em Maria o pesar por encontrar no

túmulo as flores já cinzas e secas que a irmã havia lá deposto e lhe as devolve redivivas e de novo verdejantes em virtude do "sol do pensamento" dela.

Segundo Garboli [op. cit., p.189], este soneto é importante porque "... se lê com um calafrio; a vida de Maria, a [sua] longa 'viuvez' dedicada ao irmão, é aí prefigurada com

uns 30 anos de antecedência. ... A sequência do carro fúnebre [estrofes 3 e 4] faz entrar no soneto uma lufada de perfume ... [como nos] romances de D´Annunzio; pode ser

lido como um micro-roteiro de filme [de curta-metragem] ... A idéia central, a arquitetura: ... no interior, flores fenecidas e o carro [e a morte]; no exterior, campo [flórido e

exuberante] e flores frescas ... e, [já] afastado mas [ainda] ameaçador, o esquife.

22 Por exigências da métrica e das rimas, este 4º verso da 1ª estrofe foi transferido para o 2º verso da 2ª estrofe, suprimindo-se ainda a referência a Sogliano, que não é muito

relevante no contexto de chegada.

23 Por exigências da métrica e das rimas, foi introduzida a referência ao cemitério, inexistente no original mas que cabe muito bem: de fato Pascoli fala apenas de i fior che tu

ponesti (as flores que tu depuseste), evidentemente no túmulo do cemitério.

Page 12: USP - FFLCH - Letras Modernasdlm.fflch.usp.br/sites/dlm.fflch.usp.br/files/Alessandro Contessa.pdf · Segundo o dicionário LITTRÉ 6, citado por Derrida em Carta a um amigo japonês

12

– O verdi colli, o florida campagna!

Va la carrozza e tentenna; l’aurora

sorge, ed hai freddo, ed il tuo vel si bagna... –

– Oh verdes colinas, oh flórido campo!

Vai o carro e vacila; a aurora

surge, e tens frio, e teu véu se molha...–

Oh verdes colina, oh ... campo ... /

Vai o carro e balança ... / surge, e

tens frio, e o teu véu ...

Desvio de estrutura: mudança da

ordem dos termos no verso 3.

– Colinas verdes, campo em desvario! 24

Vai o carro 25 e balança; já a aurora

surge, molha teu véu e tu tens frio...– 26

Così, morto ch’io sia, tornino vivi

della tua vita27, ed a me pensa allora,

questi poveri fiori fuggitivi.

Assim, morto que eu esteja, voltem vivas

da tua vida, e em mim pensa então,

essas pobres flores fugitivas28.

Assim, morto que eu esteja ... /

voltem vivas da tua vida .../ e em mim

pensa então ..../ essas pobres flores ...

Desvio de estrutura: rearranjo

total dos blocos e da ordem dos

versos.

E que essa pobres flores fugitivas

estando eu morto, pensa nessa hora:

da vida tua tornem a estar vivas 29.

24 Liberdade poética assumida pelo tradutor, a fim de ter-se uma rima com frio; ocorre que de certa forma, a poesia inteira é um desvario...

25 Alusão ao carro fúnebre no frio da manhã, no cemitério.

26 Variante para esta estrofe: "- Colinas verdes, campo florescente / ... ... / surge, tens frio, teu véu disso ressente... -"

27 Ainda segundo Garboli, este detalhe é espantoso: a vida de Maria e a longa "viuvez" dedicada ao irmão estariam aí previstas com uns trinta anos de antecipação.

28 Notar que esta estrofe tem uma sintaxe difícil já no original; em uma ordem direta resultaria "Assim, [uma vez estando] eu morto – essas flores humildes, fugitivas – tornem

a estar vivas da vida tua – e pensa em mim na hora".

29 Numa primeira versão, esta estrofe fora traduzida sem nenhum desvio, como "Assim, eu morto, tornem a estar vivas / da vida tua, e em mim pensa na hora, / essas flores

humildes, fugitivas.", mantendo-se a difícil a difícil sintaxe do original; a tradução definitiva proposta melhora a semântica por meio de uma melhor inteligibilidade e permite

ao mesmo tempo manter o estilo, a poética e o sentimento do autor.

Page 13: USP - FFLCH - Letras Modernasdlm.fflch.usp.br/sites/dlm.fflch.usp.br/files/Alessandro Contessa.pdf · Segundo o dicionário LITTRÉ 6, citado por Derrida em Carta a um amigo japonês

13

6.2. Exemplo 2 A seguir é mostrado o tratamento de outro item do corpus, a saber, a composição nº 1 das 13 "Poesie famigliari e d´altro genere", intitulada "Il Pellegrino".

Com exceção das explicações constantes das notas de rodapé, Intencionalmente não detalhamos os desvios efetuados, de maneira a ilustrar o processamento mental "direto" (ou "semi-direto") que ocorre na mente do tradutor a partir da versão desconstruída.

Versão Original Versão desconstruída Versão reconstruída / traduzida

(LÍNGUA DE ORIGEM) (LINGUA DE DESTINO) (LINGUA DE DESTINO)

ITALIANO PORTUGUÊS PORTUGUÊS

IL PELLEGRINO 30 O PEREGRINO O PEREGRINO

Narran le pie leggende

che ogni uomo è un pellegrin;

un angelo il difende

nei dubbi del cammin.

Narram as pias lendas

que cada homem é um peregrino

um anjo o defende

nas dúvidas do caminho

Narra uma lenda pia31

que todos somos viageiros32;

e um anjo nos custodia

nos percalços33 caminheiros34.

Io stanco e tribolato

ho due consolator;

me li trovavo a lato

dove che andassi, ognor.

Eu cansado e atribulado

tenho dois consoladores;

me os encontrava ao lado

onde que que fosse, sempre35.

Cansado e atribulado,

dois anjos36 a me cuidar

os tinha sempre a meu lado

por onde que eu fosse andar 37.

Tra i fantasmi interrotti

che in pianto il cuore finì,

nelle vegliate notti

e nei sudati dì!

Entre os fantasmas interrompidos

que em pranto o coração findou,

nas noites veladas

e nos suados dias!

Entre as visões38 quebradas

pelo coração em pranto

pelas noites acordadas,

pelos dias de quebranto! 39

Dentro le cupe scuole

per l´orrida città,

alla tempesta, al sole

rinchiuso e in libertà.

Dentro das sombrias escolas

pela horrível cidade,

na tempestade40, ao sol

recluso e em liberdade.

Quer nas escolas sombrias

quer na horrível cidade,

ao sol ou sob chuvas frias,

recluso41 ou em liberdade.

30 Escrita em 1892 por ocasião da primeira visita de Pascoli às irmãs apenas saídas do convento onde estavam alojadas

desde o falecimento do pai e da mãe até completarem a maioridade. Segundo Cesare Garboli (op. cit.) "o jogo tão inócuo e

sorridente de troca de mensagens familiares em rima, é traído, nestas estrofes, pela mágoa reprimida onde se encontra

represada uma 'ferida de amor'... Entre aquele (o peregrino) que lança de longe a mensagem e as duas irmãs que a

recebem como um pão consagrado, cria-se uma situação afetiva e de grau térmico superior às normais temperaturas

familiares... O Peregrino é uma mensagem de confissão em circuito fechado... e assim [Pascoli] organiza o fatal imbroglio

psicológico que determinará toda a sua vida".

31 Pias lendas foi passado para o singular e invertida a ordem entre o adjetivo e o substantivo (lenda pia),, de modo a

conseguir-se uma rima com custodia.

32 Entre as traduções possíveis para pellegrino (peregrino, viageiro , caminhante, caminheiro, andarilho, andante, viajante,

passante, viandante) escolhemos viageiro a fim de manter a métrica do verso e a rima com caminheiro, dois versos adiante.

33 Dubbi foi convertido em percalços, de modo a manter a métrica.

34 Possível variante: Narra uma lenda pia / que somos todos viajantes / e um anjo nos custodia / nos caminhos angustiantes.

35 A palavra sempre foi transferida do verso 4 para o verso 3.

36 Os anjos (as irmãs) que o consolavam.

37 Variante: Por onde eu fosse vagar. 38 Fantasmas foi convertido em visões de modo a manter a métrica.

39 A expressão original nei sudati dí, isto é, nos dias suados pelo cansaço, foi traduzida como nos dias de quebranto, com o

significado equivalente de "dias de extremo cansaço".

40 Tempestade foi convertido em chuvas frias, de modo a rimar com sombrias.

41 Pascoli chegou a ser preso como "subversivo socialista".

Page 14: USP - FFLCH - Letras Modernasdlm.fflch.usp.br/sites/dlm.fflch.usp.br/files/Alessandro Contessa.pdf · Segundo o dicionário LITTRÉ 6, citado por Derrida em Carta a um amigo japonês

14

Ma sol vederli in sogno

il mio destino sembrò

e aveva il cuor bisogno

di contemplarli un pò.

Mas apenas vê-los em sonho

o meu destino pareceu

e tinha no coração a necessidade

de contemplá-los um pouco.

Somente em sonho a visão

pôde o fado me brindar42

e queria meu coração

por um pouco os contemplar.

Volevo alzato il velo

quei volti contemplar;

essi spariano in cielo

siccome pioggia nel mar.

Queria levantado o véu

aqueles rostos contemplar;

eles desapareciam no céu

tal como chuva no mar.

Queria levantar o véu

e seus rostos contemplar 43;

mas eis que sumiam no céu

tal como chuva no mar.44

E disperai; ma intanto

degno mi fea di lor;

mi preparava il pianto

a quel celeste amor.

E desesperei; mas entrementes

digno me fazia deles;

preparava-me já o pranto

àquele celeste amor.

Desesperei; entretanto

fazia-me merecedor

preparava-me já o pranto

a tão celestial amor.

Dopo affannosa via

gli45 angioli giunsi alfin;

o dolci Ida e Maria,

ridete al pellegrin!

Após afanosa via

aos anjos46 cheguei enfim;

oh doces Ida e Maria,

riam ao peregrino!

Após afanosa via

cheguei enfim ao destino;

oh anjos Ida e Maria,

vinde rir ao peregrino! 47

Al pellegrino vogliate

angioli, un pò di ben

il bacio a lui donate,

stringetevelo al sen! 48

Ao peregrino queiram

anjos49, um pouco de bem

um beijo a ele dêem,

apertai-o ao vosso seio!

Ao peregrino cansado

que do bem tem tanto anseio;

daí-lhe-lhe um beijo afeiçoado,50

um abraço junto ao seio!

Egli ha sofferto tanto

e tanto ei vi cercò,

che presso a voi soltanto

or vivere egli può.

Ele tem sofrido tanto

e tanto ele vos procurou,

que perto de vocês somente

agora viver ele pode.

Vos buscou incessantemente

e foi tanto o seu sofrer,51

que um convívio tão somente

com vocês pode ele ter.52 53 54

42 Neste verso foi feito um razoável rewording.

43 Variante: e os seus rostos admirar, tomando-se a liberade de "corrigir" a repetição existente no original.

44 Estrofe de tradução relativamente fácil.

45 Em gli angioli ao invés de agli angioli: não está claro tratar-se de licença poética de Pascoli ou de um erro tipográfico.

A dúvida desaparece na tradução.

46 O termo doces do verso 2 foi suprimido na tradução, para dar lugar ao termos anjos no verso 3, novamente por exigência

da métrica.

47 Estrofe de tradução fácil, bastando suprimir o termo anjos e introduzir destino para rimar com peregrino.

48 Em prol da rima e da métrica, foram introduzidos nesta estrofe alguns termos não existentes no original, a saber: cansado,

anseio, abraço, afeiçoado, mas sempre respeitando o contexto psicológico da composição. Isto pode ser considerado, por

analogia ao conceito de "licença poética", como uma "licença tradutológica".

49 Por exigência da métrica foi suprimido na tradução o termo anjos (referência às irmãs do poeta), já sobejamente usado

em estrofes anteriores.

50 Foram aqui introduzidos, de acordo com o contexto e a poética, os termos cansado, afeiçoado (rimando entre si) e anseio,

sendo que este último passou a rimar com seio.

51 Inversão dos versos 1 e 2.

52 Foram aqui introduzidos, de acordo com o contexto e a poética, os termos incessantemente e sofrer/ter.

53 Possível variante para os versos 3 e 4: que perto de vós somente / pode agora ele viver.

54 As notas de rodapé de nº 18 a 49 do item 6.1 deste trabalho (excetuando-se os cometários de Garboli sobre o conteúdo)

são uma indicação esquemática e parcial do mecanismo de descontrução e reconstrução da obra, devendo-se lembrar, como

já observado, que o real processo mental da tradução é bem mais complexo do que é exposto neste texto.

Page 15: USP - FFLCH - Letras Modernasdlm.fflch.usp.br/sites/dlm.fflch.usp.br/files/Alessandro Contessa.pdf · Segundo o dicionário LITTRÉ 6, citado por Derrida em Carta a um amigo japonês

15

7. Cronograma dos trabalhos

Como parte de preparação do presente Projeto de Pesquisa, o candidato já realizou a tradução comentada dos poemas nº 1, 2 e 3 das "Poesie Famigliari". O trabalho a realizar em seguida é:

3º Trimestre 2016 – Preparação para o exame escrito e oral de Seleção para Ingresso na Pós-graduação e realização do exame;

4º Trimestre 2016 – Finalização das traduções do corpus, totalizando 20 poemas, e mais a tradução do clássico "La cavalla storna".

1º Semestre 2017 – Elaboração e redação da Dissertação de Mestrado propriamente dita;

1º e 2º Semestre 2017 – Frequência às disciplinas requeridas para totalizar os créditos para o mestrado;

2º Semestre 2017 (tentativamente) - Depósito da Dissertação para qualificação para a defesa;

1º Semestre 2018 (tentativamente) - Defesa da Dissertação.

Page 16: USP - FFLCH - Letras Modernasdlm.fflch.usp.br/sites/dlm.fflch.usp.br/files/Alessandro Contessa.pdf · Segundo o dicionário LITTRÉ 6, citado por Derrida em Carta a um amigo japonês

16

8. Referências bibliográficas

8.1. Textos do corpus

As 13 "Poesie famigliari e d´altro genere", escritas por Giovanni Pascoli entre 1882 e 1895 e expostas na 1ª parte do volume "Poesie Famigliari" publicado em 1985 aos cuidados do crítico e ensaísta Cesare Garboli (sempre como autoria de Pascoli) - Disponível na Biblioteca da FFLCH.

Referência: Giovanni PASCOLI, Poesie Famigliari a cura di Cesare Garboli. Milano: Arnoldo Mondadori, 1985. O volume contém a mencionada 1ª parte (13 poesias), uma 2ª parte de 9 poesias (Ritorno a San Mauro) e uma 3ª, com 8 poesias (Diario Autunnale), totalizando 30. A 2ª e 3ª parte não se incluem do corpus considerado para este trabalho, por não serem de caráter familiar.

7 composições do volume "POESIE VARIE di Giovanni Pascoli - Raccolte da Mari", publicado em 1914 por Maria Pascoli, irmã do poeta - Volume não disponível na biblioteca da FFLCH e provavelmente só encontrado em bibliotecas italianas (as peças foram obtidas em um sítio italiano na Internet).

Referência: PASCOLI, Maria (organiz.). Poesie Varie di Giovanni Pascoli - Raccolte da Mari. Bologna: Nicola Zanichelli, 1914.

O conhecido poema "La Cavalla Storna", publicado por Giovanni Pascoli em "Canti di Castelvecchio (1903). Referência: PASCOLI, Giovanni. Canti di Castelvecchio, Poema nº 58. Milano: Rizzoli, 1983.

8.2. Obras da base teórica e metodológica 8.2.1. Base teórica

CAMPOS, Haroldo de. Da Tradução como Criação e como Crítica, in Campos, Haroldo de. Metalinguagem & Outras Metas. São Paulo: Perspectiva, 1992, pp, 31-48.

CATFORD, J. C..Translation Shifts, in The Translation Studies Reader, ed. Venuti, Lawrence. London: Routledge, 2000, pp. 141-147.

ECO, Umberto. Conceito de texto. São Paulo: Editora da USP / T. A Queiroz Editor, 1984.

ECO, Umberto. Dire quase La stessa cosa. Milano: Bompiani, 2003.

OTTONI, Paulo (organiz.). Tradução Manifesta. Campinas: Editora Unicamp / Edusp 2005

SARDIN, Pascale. De la note du traducteur comme commentaire: entre texte, paratexte et prétexte. Revue de Traduction Palimpsestes n° 20, pp. 121-136. Paris: Presses Sorbonne Nouvelle, 2007.

SILVA BOTELHO, José Rodrigo da. Um encontro com Anna Seghers: tradução, insubordinação, criatividade e a presença do fremd. Dissertação de Mestrado, USP-FFLCH: São Paulo, 2012.

SOUZA MOREIRA, Marcelo Victor de. Estudos funcionais de tradução: Rupturas e continuidades. Dissertação de Mestrado, USP-FFLCH: São Paulo, 2014.

WILLIAMS, Jenny, Andrew Chesterman. The Map: A Beginner’s Guide to Doing Research in Translation Studies. Manchester: St. Jerome, 2002/2007. Ch.1, pp. 6-27.6/2015.

8.2.2. Base metodológica

ECO, Umberto. Come si fa uma tesi di láurea - Le materie umanistiche. Milano: Bompiani, 1983 (2ª ed.)

LARANJEIRA, Mario. Poética da tradução. São Paulo: Editora da USP, 2003.

MITTMANN, Solange. Notas do Tradutor e Processo Tradutório - Análise e Reflexão sob uma Perspectiva Discursiva. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2003.

OTTONI, Paulo (organiz.). Tradução - A prática da diferença. Campinas: Editora Unicamp 2005.

RIBEIRO PIRES VIEIRA, Else. Tradução Contrastiva. Faculdade de Letras da UFMG 1996.

Page 17: USP - FFLCH - Letras Modernasdlm.fflch.usp.br/sites/dlm.fflch.usp.br/files/Alessandro Contessa.pdf · Segundo o dicionário LITTRÉ 6, citado por Derrida em Carta a um amigo japonês

17

ROBINSON, Douglas. Construindo o tradutor. Bauru: EDUSC Editora da Univers. do Sagrado Coração 2002.

ROSENTHAL, Erwin Theodor. Tradução: ofício e arte. São Paulo: Cultrix / Editora da USP 1976.

SILVEIRA, Brenno. A arte de traduzir. São Paulo: Editora UNESP / Melhoramentos 2004.

8.3. Obras de referência

8.3.1. Geral

BAKER, Mona; SALDANHA, Gabriela. Enciclopedia of Translation Studies. New York: Routledge 2009

MUNDAY, Jeremy. Introducing Translation Studies: theories and applications. London, New York: Routledge 2008 (2nd Ed.)

8.3.2. Dicionários

ARISTOS. Diccionario Ilustrado de la lengua española. Barcelona: Ramon Sopena, 1978

BUARQUE DE HOLANDA FERREIRA, Aurélio. Novo dicionário da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1ª Ed. (data ?)

DEVOTO, Giacomo; OLI, Gian Carlo. Il dizionario della lingua italiana. Firenze: Le Monnier, 1990

HOEPLI, Ulrico (editor). Nuovo Dizionario Universale disposto in um único alfabeto. Milano: Hoepli (data ?)

ROZZOL, Arturo de. Novo Diccionario Portuguez-Italiano e Italiano-Portuguez. Rio de Janeiro: Garnier, 1897

8.4. Sítios Internet visitados

Data aproximada 8.4.1. Geral do último acesso

http://en.wikipedia.org/wiki/Poetry JAN 2015

http://it.wikipedia.org/wiki/Poesia '' "

https://www.google.com.br/#q=definition+of+poetry '' "

https://www.google.com.br/#q=definizione+di+poesia+wikipedia '' "

http://lnx.whipart.it/letteratura/3622/poesia-antonio-colecchia.html '' "

http://pt.wikipedia.org/wiki/Verso_alexandrino MAR 2015

http://it.wikipedia.org/wiki/Alessandrino_(metrica)] MAR 2015

http://contemporarylit.about.com/cs/literaryterms/g/poetry.htm JUN 2015

http://contemporarylit.about.com/cs/literaryterms/g/poetry.htm '' "

http://it.wikipedia.org/wiki/Teoria_della_traduzione OUT 2014

"http://pt.wikipedia.org/wiki/Verso_alexandrino '' "

https://musashop.wordpress.com/2012/01/15/poesia/ '' "

http://courses.logos.it/IT/4_26.html '' "

http://www.translationdirectory.com/articles/article1224.htm '' "

http://www.unisob.na.it/ateneo/annali/2004-2006_sommario.pdf '' "

https://pt.wikipedia.org/wiki/Giovanni_Pascoli MAR 2015

https://it.wikipedia.org/wiki/Giovanni_Pascoli '' "

https://www.youtube.com/watch?v=OPPl5Jm8Stk '' "

http://www.casapascoli.it/servizi/notizie/notizie_homepage_museo.aspx JUN 2015

https://viciodapoesia.com/2016/05/26/outrora-poema-de-giovanni-pascoli/ OUT 2016

Page 18: USP - FFLCH - Letras Modernasdlm.fflch.usp.br/sites/dlm.fflch.usp.br/files/Alessandro Contessa.pdf · Segundo o dicionário LITTRÉ 6, citado por Derrida em Carta a um amigo japonês

18

8.4.2. Dicionários on-line

a) Monolíngues

Dizionario Italiano Hoepli http://www.grandidizionari.it/Dizionario_Italiano.aspx

Dicionário Michaelis (português) http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.php

b) Multilíngues

Dizionario Linguee Italiano-Portoghese http://www.linguee.it/italiano-portoghese

Dicionário Infopedia (Ed. Porto) Italiano-Português e Português-Italiano

http://www.infopedia.pt/dicionarios/italiano-portugues/

http://www.infopedia.pt/dicionarios/portugues-italiano

Dicionário Italiano-Português Online Glosbe https://pt.glosbe.com/it/pt/

Dicionário Michaelis Italiano-Português e Português-Italiano

http://michaelis.uol.com.br/escolar/italiano/index.php

e http://michaelis.uol.com.br/escolar/italiano/index.php?languageText=portugues-italiano

c) Dicionário de Sinônimos Online (português) http://www.sinonimos.com.br/

Page 19: USP - FFLCH - Letras Modernasdlm.fflch.usp.br/sites/dlm.fflch.usp.br/files/Alessandro Contessa.pdf · Segundo o dicionário LITTRÉ 6, citado por Derrida em Carta a um amigo japonês

19

9. Complemento: Organização provisória da Dissertação de Mestrado 0. Título, abstract, apresentação, introdução, motivação, dedicatórias, agradecimentos, citações, etc. 1. Objetivos 2. O que é Poesia? 3. A problemática da tradução da poesia. 4. Pressupostos teóricos 5. Método empregado 6. Notícia sobre Giovanni Pascoli, sua vida e sua obra 7. Corpus considerado 8. As Poesias Familiares, em original, versão interlinear e tradução [núcleo do trabalho], com Notas

de Rodapé e Postilas Laterais (se permitidas) discutindo os blocos, apresentando possíveis variantes, apresentando comentários, etc.

9. Tradução de "La Cavallina Storna" de Giovanni Pascoli 10. Comentário / análise das técnicas usadas e dificuldades encontradas no trabalho. 11. Conclusão 12. Bibliografia

APÊNDICES (material de autoria parcial ou total do aluno)

I - Outras considerações sobre "La Cavallina Storna" II - Outras traduções de poesia efetuadas pelo aluno:

Italiano → português Bocca di Rosa, de Fabrizio de Andrè

Português → italiano Eu e o rio, de Luiz Antonio

Espanhol → italiano La barca, de Roberto Cantoral

Francês → português À une Passsante, de Charles Baudelaire Les Passantes, de Antoine Pohl

III - Considerações sobre as traduções do poema lírico 清 平 調 Qing ping diao

("Melodia pura e tranquila") de 太大白 Li T'ai Po (China, 701/705? - 762 A.D.)

ANEXOS (material de autoria de terceiros e de interesse no contexto do trabalho)

I - Notícia [mais completa] sobre Giovanni Pascoli, sua vida e sua obra II - Mapas da região e lugares onde viveu Pascoli (se possível incluindo um mapa da Itália

com as cidades assinaladas) III - A respeito de Jacques Derrida III - Coletânea de artigos sobre Giovanni Pascoli e o seu "Ninho familiar" (em italiano) 55 IV - O assassinato do pai de Giovanni Pascoli

55 Coletados nos seguintes sítios Internet:

http://it.wikipedia.org/wiki/Cesare_Garboli

https://www.google.com.br/#q=cesare+garboli+su+pascoli

http://archiviostorico.corriere.it/2000/marzo/20/Garboli_nido_doloroso_Pascoli_co_0_00032011718.shtml

http://archiviostorico.corriere.it/2003/agosto/08/Sorella_sposa_scandalo_del_fanciullino_co_0_030808108.shtml

http://archiviostorico.corriere.it/2006/giugno/17/Uno_psichiatra_nella_stanza_buia_co_9_060617054.shtml

http://guide.supereva.it/letteratura_italiana/interventi/2009/01/giovanni-pascoli-sul-lettino-dello-psichiatra

http://www.glialtrionline.it/2012/04/01/pascoli-e-se-il-fanciullino-fosse-cattivo/

http://www.leparoleelecose.it/?p=6478

http://dani69.altervista.org/download/Pascoli_Garboli.pdf

http://www.lpm.com.br/site/default.asp?Template=../livros/layout_produto.asp&CategoriaID=619066&ID=608170

http://www.italialibri.net/opere/trentapoesiefamiliaridigp.html