uso off-label de medicamentos · 31/08/2012 · desaparecimento de placas beta‐amilóides , ......
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USO OFF-LABEL DE MEDICAMENTOSConsiderações Éticas
São Paulo, 28 de agosto de 2012
Flávio Dantas
Artigo publicado no New England Journal ofMedicine, em sua edição de 9 de agosto de 2012(LaFerla FM. Preclinical Success againstAlzheimer's Disease with an Old Drug. p.570‐572), mostrou que, em experimento laboratorialfeito em ratos usando modelo para estudo dedoença de Alzheimer, houve um rápidodesaparecimento de placas beta‐amilóides ,associadas ao desenvolvimento da doença. Omedicamento usado, bexarotene, foi aprovadopelo FDA para tratamento de uma forma cutâneade linfoma não‐Hodgkin.
USO OFF-LABEL DE MEDICAMENTOSMeSH / DeCS
Prática de prescrever ou usar um medicamentoalém do escopo indicado em sua bula oficialaprovada, conforme designado por uma agênciareguladora relativa ao tratamento de uma doençaou afecção em particular.
IdadeDoseVia de administração
Alta prevalênciaCriançasIdosos
A alta prevalência de prescrições de medicamentosoff-label e não licenciados em unidade de terapia
intensiva pediátrica brasileira
Lilian de Abreu Ferreira; Cássio da Cunha Ibiapina; Márcia Gomes Penido Machado; Eleonora Druve Tavares Fagundes. Rev. Assoc. Med. Bras. vol.58 no.1 São Paulo Jan./Feb. 2012
DESINTERESSE ?
35 artigos resgatados no PubMed“Off‐Label Use/ethics"[Mesh]
19 artigos resgatados no PubMed"Off‐Label Use/ethics"[Majr]
3 artigos na base Lilacs2009, 2011, 2012
Ausência de resolução específica do CFM sobre a questão
“The lancet was themagician's wand of the dark
ages of medicine.”Oliver Wendell Holmes
(1809‐1894)
“Sangria para febre amarela”
“Never before did I experiencesuch sublime joy as I now felt incontemplating the success ofmy remedies “Thank God” ofthe one hundred patients,whom I visited or prescribedthis day, I have lost none”
Benjamin Rush – 1794
EFEITOS DA SANGRIA NO TRATAMENTO DA PNEUMONIA
Dia de realização da sangria após diagnosticada
a pneumonia
Número de mortos
Número de sobreviventes
1 - 3 12 (50%)
12 (50%)
4 - 6 12 (35%)
22 (65%)
7 - 9 3 (16%)
16 (84%)
Fonte: Pierre-Charles-Alexandre Louis. Recherches sur les effects de la saignée dans quelques maladies inflammatoires et sur l’action de l’émétique et des vésicatoires dans la pneumonie. Paris, Librairie de l'Académie Royale de Médecine, 1835.
PACIENTES
INDÚSTRIA FARMACÊUTICA
MINISTÉRIO DA SAÚDESUSANS
PROFISSIONAIS MÉDICOS
CFMAMB
ANVISACNS (CONEP/CEPs)
MÍDIA
DEVERES DOS MÉDICOS
Art. 34. Deixar de informar ao paciente o diagnóstico, oprognóstico, os riscos e os objetivos do tratamento, salvoquando a comunicação direta possa lhe provocar dano,devendo, nesse caso, fazer a comunicação a seurepresentante legal.
É dever do médico:Art. 34. Informar ao paciente o diagnóstico, o prognóstico,os riscos e os objetivos do tratamento, salvo quando acomunicação direta possa lhe provocar dano, devendo,nesse caso, fazer a comunicação a seu representantelegal.
É vedado ao médico:
DEVERES DOS MÉDICOS
Art. 22. Deixar de obter consentimento do paciente oude seu representante legal após esclarecê‐lo sobre oprocedimento a ser realizado, salvo em caso de riscoiminente de morte.
É dever do médico:
Art. 22. Obter consentimento do paciente ou de seurepresentante legal após esclarecê‐lo sobre oprocedimento a ser realizado, salvo em caso de riscoiminente de morte.
É vedado ao médico:
DEVERES DOS MÉDICOS
Art. 32. Deixar de usar todos os meios disponíveis de diagnóstico e tratamento, cientificamente reconhecidos e a seu alcance, em favor do paciente.
É dever do médico:Art. 32. Usar todos os meios disponíveis dediagnóstico e tratamento, cientificamentereconhecidos e a seu alcance, em favor dopaciente.
É vedado ao médico:
Responsabilidade Profissional
Art. 14. Praticar ou indicar atos médicosdesnecessários ou proibidos pela legislaçãovigente no País.
É vedado ao médico:
Responsabilidade Profissional
Art. 18. Desobedecer aos acórdãos e às resoluçõesdos Conselhos Federal e Regionais de Medicina oudesrespeitá‐los.
É vedado ao médico:
Responsabilidade Profissional
Art. 21. Deixar de colaborar com as autoridadessanitárias ou infringir a legislação pertinente.
É vedado ao médico:
Princípios Fundamentais - XXI
No processo de tomada de decisõesprofissionais, de acordo com seus ditames deconsciência e as previsões legais, o médicoaceitará as escolhas de seus pacientes,relativas aos procedimentos diagnósticos eterapêuticos por eles expressos, desde queadequadas ao caso e cientificamentereconhecidas.
Ensino e Pesquisa Médica
Art. 102. Deixar de utilizar a terapêutica correta, quando seu usoestiver liberado no País.
Parágrafo único. A utilização de terapêutica experimental épermitida quando aceita pelos órgãos competentes e com oconsentimento do paciente ou de seu representante legal,adequadamente esclarecidos da situação e das possíveisconsequências.
Art. 104. Deixar de manter independência profissional ecientífica em relação a financiadores de pesquisa médica,satisfazendo interesse comercial ou obtendo vantagenspessoais.
É vedado ao médico:
RESOLUÇÃO CFM nº 1.609/2000
Art. 1º ‐ Os procedimentos diagnósticos ou terapêuticos, para serem reconhecidos como válidos e utilizáveis na prática médica nacional, deverão ser submetidos à aprovação do Conselho Federal de Medicina.
Parágrafo único – A avaliação do procedimento será feita através de Câmaras Técnicas e homologada pelo Plenário do Conselho Federal de Medicina.
Art. 2º ‐ O procedimento que tiver o seu reconhecimento negado, será considerado experimental, ficando sua utilização condicionada às normas específicas que regem a matéria e somente poderá ser reavaliado após dois anos de estudos.
ETICIDADE DA PESQUISA(Res. CNS 196/96)
Consentimento livre e esclarecido dos indivíduos‐alvo + proteção a grupos vulneráveis e aos legalmente incapazes Ponderação entre riscos e benefícios, tanto atuais como potenciais, individuais ou coletivos
máximo de benefícios e mínimo de danos / riscos Garantia de que danos previsíveis serão evitados Relevância social da pesquisa
vantagens significativas para os sujeitos da pesquisaminimização do ônus para os sujeitos vulneráveisigual consideração dos interesses envolvidosdestinação sócio‐humanitária
VALOR CIENTÍFICO (Res. CNS 196/96)
III.3 ‐ A pesquisa em qualquer área do conhecimento, envolvendo seres humanos deverá observar as seguintes exigências:
a) ser adequada aos princípios científicos que a justifiquem e com possibilidades concretas de responder a incertezas;
b) estar fundamentada na experimentação prévia realizada em laboratórios, animais ou em outros fatos científicos;
e) obedecer a metodologia adequada
VI ‐ PROTOCOLO DE PESQUISA
VII.14 – a) a revisão ética de toda e qualquer proposta de pesquisa envolvendo seres humanos não poderá ser dissociada da sua análise científica. Pesquisa que não se faça acompanhar do respectivo protocolo não deve ser analisada pelo Comitê.
CIÊNCIA
INTERESSES
CUMULATIVA
SOCIAL
EXPECTATIVASCOMPLEXA
PRETO NO BRANCO?
“A medicina clínica parece consistir deumas poucas coisas que nósconhecemos, outras poucas coisasque nós pensamos que conhecemos(mas provavelmente nãoconhecemos) e muitas coisas que nósdesconhecemos completamente”
C. David Naylor. Grey zones of clinical practice: some limits to evidence‐based medicine. Lancet 1995; 345:840‐2
REFERENCIAIS TEÓRICOS
VIRTUDE
CASUÍSTICO
PRINCIPIALISTA
PERSPECTIVA DEONTOLÓGICA
PERSPECTIVA TELEOLÓGICA
INDICAÇÕES MÉDICAS
CRITÉRIOS ÉTICOS PARA DECISÕES MÉDICAS
PREFERÊNCIASDO
PACIENTE
QUALIDADEDE
VIDA
CONTEXTOSITUACIONAL- financeiro- familiar- cultural- legal
Patient Oriented Evidence that Matters... POEMs
85 revistas médicas de interesse para médicos com atuação na atenção básica
Artigos originais de pesquisa publicados ao longo de 6 (seis) meses
8.085 artigos selecionados
10 (dez) revistas médicas continham 50% dos POEMs
211 (2,6%) continham evidências relevantes que eram úteis para o tratamento dos pacientes
Ebell MH, Barry HC, Slawson DC, Shaughnessy AF. Finding POEMs in the medical literature. J Fam Pract. 1999 May;48(5):350-5
Table 1. A Hierarchy of Strength of Evidence for Treatment Decisions
Guyatt GH et al. For the Evidence-Based Medicine Group. Users' Guides to the Medical Literature. XXV: Evidence-Based Medicine: Principles for Applying the Users' Guides to Patient Care. JAMA 2000; 284: 1290-6.
Níveis de evidência e graus de recomendação - Brasil
Estudo Caso-ControleB
Observação de Resultados Terapêuticos (outcomes research) - Estudo EcológicoC
Estudo de Coorte (incluindo Ensaio Clínico Randomizado de Menor Qualidade)B
A
AC
B
A
Resultados Terapêuticos do tipo “tudo ou nada”
Ensaio Clínico Controlado e Randomizado com Intervalo de Confiança Estreito
Revisão Sistemática (com homogeneidade) de Ensaios Clínicos Controlados e Randomizados
DC
B
A
Grau de recomendação
Opinião desprovida de avaliação crítica ou baseada em matérias básicas (estudo fisiológico ou estudo com animais)
Relato de Casos (incluindo Coorte ou Caso-Controle de menor qualidade)
Revisão Sistemática (com homogeneidade) de Estudos Caso-Controle
Revisão Sistemática (com homogeneidade) de Estudos de Coorte
Desenho do estudo
5
4
3
2
1
Nível
http://www.projetodiretrizes.org.br/projeto_diretrizes/texto_introdutorio.pdf
ALTERNATIVAS À INÉRCIA
TRANSPARÊNCIARegistro em plataformas ou bancos específicos dos estudos prospectivos observacionais (randomizados ou não) Plataforma Brasil ? AMB / Associações de Especialidades CFM ANVISA
Decisão compartilhada com outro médicoANÁLISE CRÍTICA DAS INFORMAÇÕES
Pareceres de especialistas AMB / Câmaras Técnicas do CFM CONITEC / MS ANVISA
DiferentesSemelhantes
DECISÃO CLÍNICA DECISÃO ÉTICA
Respeito à dignidade do Ser Humano
Doenças são comuns
Ciência Arte
Decisão clínicaprudente
Cada doente é único
SERES HUMANOS
Medical practice and research withoutpersonalised care are unethical.
Dantas F. Are the clinical effects of homoeopathy placebo effects? [letter]. Lancet. 2005; 366:2083
Muito obrigado pela atenção !