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USO DE MAPEAMENTO DE PROCESSO
NA ANÁLISE DA PRODUÇÃO DE UM
SUPORTE DE LUMINÁRIAS EM UMA
EMPRESA DO SETOR METAL -
MECÂNICO
Julia Barros dos Santos (UNIFEI )
Josiane Palma Lima (UNIFEI )
O objetivo deste trabalho é realizar a análise do processo de produção
de um produto de significativa importância para uma empresa do setor
metal - mecânico, por meio do mapeamento de processo, a fim de
verificar gargalos de produção e ativvidades que não agregam valor.
Espera-se como resultado deste estudo de caso contribuir para a
gestão e melhoria do processo, o que pode melhor a produtividade
futura da empresa. A coleta de dados para a pesquisa se deu através de
observação do processo e entrevistas com colaboradores e gestores da
empresa. A análise do mapeamento permitiu verificar que 75% das
atividades não agregam valor ao produto, principalmente os
transportes realizados internamente. Os setores de pintura e corte
foram os que apresentaram mais atividades consideradas
desperdícios.
Palavras-chave: Mapeamento de Processo; Processos Produtivos;
Desperdícios
XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil
João Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016.
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1. Introdução
O atual cenário competitivo empresarial exige que as organizações busquem, constantemente,
aperfeiçoar seus processos de produção e a qualidade de seus produtos. Para Ribeiro et al.
(2006) a competitividade das empresas na atualidade está associada à habilidade de gerar
valor ao cliente através de uma relação custo-qualidade-tempo.
Neste contexto, uma organização precisa conhecer profundamente suas atividades produtivas
para ter ciência de como as mesmas influenciam no resultado final do seu produto. Para tal,
existem ferramentas que auxiliam em uma melhor visualização do processo produtivo, como
por exemplo, o método de mapeamento. Ele não só permite enxergar a situação real do
processo, como também fornece informações importantes para a implementação de melhorias
no mesmo.
O mapeamento de processo é usado para compreender como o trabalho se desenvolve em uma
organização ou sistema e, utilizam-se diagramas de fluxo do processo que fornecem detalhes
sequenciais de como a tarefa é executada. Esta técnica gera um vocabulário que permite não
só estudar como o processo está acontecendo, como também, determinar problemas,
limitações e oportunidades de melhorias (O'BRIEN et al., 1994; ALVARENGA et al., 2013).
O objeto de estudo deste trabalho é uma empresa do setor metal – mecânico que possui linhas
de produção nas áreas de estamparia metálica, usinagem, pintura e serigrafia. A empresa está
localizada no município de Santa Rita do Sapucaí, Minas Gerais e suas atividades atendem as
demandas, principalmente, dos setores eletroeletrônicos, telecomunicações e energia.
O objetivo deste trabalho é realizar a análise do processo de produção de um produto de
significativa importância para uma empresa do setor metal – mecânico, por meio do
mapeamento de processo, a fim de verificar gargalos de produção e atividades que não
agregam valor. Espera-se como resultado deste estudo de caso contribuir para a gestão e
melhoria do processo, o que pode melhor a produtividade futura da empresa. A coleta de
dados para a pesquisa se deu através de observação do processo e entrevistas com
colaboradores e gestores da empresa.
2. Mapeamento de processo
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O gerenciamento de Processos fornece aos empresários uma melhoria contínua nos processos,
pois busca qualidade crescente para seus produtos e serviços (POSSAMAI et al.,1997). Os
mesmos autores dizem que o gerenciamento de processos faz com que haja redução dos
custos e dos refugos, aumento da produção e das vendas e um melhor aproveitamento dos
espaços e do pessoal. No âmbito de gerenciamento de processos, o mapeamento se caracteriza
com uma ferramenta base para tal.
Mapear o processo é uma técnica cujo principal objetivo é conhecer detalhadamente as
atividades produtivas e suas interações dentro das organizações. Conhecendo a fundo o
processo produtivo pode-se propor melhorias de forma sistêmica pois, o mapeamento nos
fornece uma visão do processo como um todo. Assim, é possível determinar quais atividades
que não agregam valor ao produto, podendo reduzi-las ou eliminá-las.
O conhecimento dos processos é essencial para o sucesso de uma organização. Para Muller et
al. (2010), uma organização é tão efetiva quanto o forem seus processos, pois estes são os
responsáveis pelo que será ofertado ao cliente. Neste contexto, existem várias definições para
processos. A maioria dessas definições encontradas na literatura levam em consideração as
entradas, as atividades e as saídas.
De acordo com Pinho (2007) o mapeamento ajuda a identificar fontes de desperdícios e
também fornece uma linguagem comum para tratar os processos de manufatura e serviços, o
que torna as decisões mais visíveis de modo que se possa discutí-las. Para Muller et al. (2010)
o mapa gerado não consiste em um fim. Mas sim em um meio para visualizar oportunidades e
subsidiar melhorias graduais e contínuas em uma operação. Alvarenga et al. (2013) define
mapeamento de processos como sendo uma ferramenta de auxílio visual para retratar relações
de processos de trabalho, ilustrando suas entradas, saídas e atividades. Também diz que o
método é utilizado para identificar, documentar, analisar e viabilizar melhorias em processos.
Em relação ao desenvolvimento de possíveis soluções de melhorias de processos, Pinho
(2007) cita quatro enfoques que devem ser considerados. Sendo estes: Eliminar todo trabalho
desnecessário; Combinar operações ou elementos; Modificar sequências das operações;
Simplificar operações essenciais. O processo de mapeamento deve passar por três etapas,
segundo Alvarenga et al. (2013), sendo elas:
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a) Identificação de produtos e serviços e de seus processos relacionados. Nesta etapa,
deve-se também identificar os pontos de início e fim de processos;
b) A coleta de dados e preparação;
c) Transformação de dados para representação visual, a fim de identificar gargalos,
atividades desperdiçadas, atrasos e duplicações de esforços.
2.2 Tipos de desperdícios
Um dos objetivos de se desenvolver um mapa de processo é identificar as atividades que
agregam e não agregam valor para o produto. Essas últimas são definidas como as atividades
pelas quais os clientes não estão dispostos a pagar e são consideradas desperdícios.
Para Hines e Taylor (2000) em uma empresa de manufatura, em média, apenas 5% das
atividades agregam valor ao produto, 35% das atividades não agregam valor, mas são
necessárias e, 60% das atividades não agregam valor ao produto. Esta distribuição pode ser
melhor visualizada na Figura 1.
Figura 1 - Distribuição das atividades
Fonte: Adaptado de Hines e Taylor (2000)
Leal (2003) aponta as consequências de cada um dos sete grupos de desperdícios encontrados
em uma organização:
Superprodução: produzir excessivamente ou cedo demais, o que resulta em um fluxo
pobre de peças e informações ou em inventário (SHINGO, 1996);
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Transporte: movimento excessivo de pessoas, informações e peças. Este tipo de
desperdício acarreta em despesa de capital, tempo e energia;
Inventário: armazenamento excessivo e falta de informação ou produto. Como
consequência tem-se custos excessivos e baixa performance do serviço prestado ao
cliente;
Ociosidade: período ocioso de pessoas, peças e informações. Consequentemente, têm-
se fluxos ruins e longos lead times.
Movimentação desnecessária: desorganização desnecessária, o que gera baixa
performance dos aspectos ergonômicos e perda de itens;
Retrabalho: problemas frequentes nas cartas de processo, problemas de qualidade ou
baixa performance na entrega;
Processos inadequados: utilização de ferramentas, sistemas e procedimentos de uma
forma não tão efetiva de como poderiam ser utilizados (SHINGO, 1996).
2.3 Técnicas de mapeamento
Existem várias técnicas para se gerar um mapa de processo. Segundo Pinho et al. (2006) e
MULLER et al. (2010) as técnicas de mapeamento de processo devem ser selecionadas
conforme as características do processo e os objetivos do trabalho. Alvarenga et al., (2013)
descreve em seu trabalho algumas técnicas de mapeamento citadas anteriormente por
Oliveira, Paiva e Almeida (2010) e Leal (2003). Segue abaixo a descrição de cada um destes
métodos:
Fluxograma de Processo: Utilização específica no registro de um processo de maneira
compacta, através do uso de símbolos padronizados. (BARNES, 2004);
Mapofluxograma: Adotado na representação de processos de uma planta de edifício ou
na própria área em que a atividade se desenvolve. ( BARNES, 2004);
Integrated Computer Aided Manufecturing Definition (IDEF): Refere-se a uma família
de linguagem para sistemas e engenharia de softwares. Esta técnica possibilita uma
análise completa e complexa dos processos através de suas entradas, saídas, restrições
e interações, empregando a “família" IDEFF, com suas variações e particularidades.
(MAYER et al., 1992; GROVER E KETTINGER, 1995; CHEUNG E BAL, 1998;
TSENG et al., 1999);
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Diagrama sistemático do Unified Modeling Language (UML): Esta técnica foi criada
para auxiliar no desenvolvimento de sistemas de softwares adaptados para modelar
sistemas diversos de origens que não sejam softwares (WILCOX E GURAU, 2003);
Service Blueprint: Esta técnica foi desenvolvida para o mapeamento dos processos de
serviços, e diferencia-se dos fluxogramas por levar em conta o aspecto da interação
com o cliente, representando todas as transações que constituem o processo de entrega
do serviço (FITZSIMMONS E FITZSIMMONS, 2000; FLIEB E
KLEINALTENKAMP, 2004);
Mapa do serviço: Derivado da técnica do Service Blueprint, porém envolve a gestão
do serviço como um todo, mais que apenas a entrega do serviço. Esta técnica gerencial
representa as tarefas e as atividades (em ordem cronologicamente) pelo cliente, pelo
pessoal de linha de frente e pelo desempenho de um serviço (KINGMAN
BRUNDAGE, 1995).
IDEF3: Diagramas que representam a rede de "comportamentos" do cliente (TSENG
et. al., 1999);
DFD: Fluxo de informações entre diferentes processos em um sistema (ALTER,
1999).
No presente trabalho, utilizou-se o SIPOC, que é uma técnica que mapea o processo de forma
macro, verificando fornecedores e clientes, internos e externos e, a técnica de fluxograma.
Pinho (2007) enfatiza a importância da utilização dessas ferramentas mencionando que a
técnica possibilita a padronização e posterior entendimento do processo. Outro benefício
citado pelo autor é que a técnica facilita a visualização ou identificação dos produtos
produzidos, dos clientes e fornecedores internos e externos do processo, das funções,
responsabilidades e dos pontos críticos. Rocha (1995) define fluxograma como sendo uma
representação gráfica de operações, transportes, inspeções e estoques na sequência em que
ocorre, o que define um fluxo de trabalho. Na Figura 2, estão representados os símbolos
utilizados na elaboração de um fluxograma com os seus respectivos significados.
Figura 2 – Símbolos utilizados em Fluxogramas
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Operação
Transporte
Figure 1:
Símbolos
Inspeção
Espera
Armazenamento
Operação e
Inspeção
Fonte: Adaptado de Barnes (1982)
3. Objeto e problema de estudo
A empresa objeto de estudo deste trabalho é do setor metal – mecânico e possui uma linha
produtiva composta de forma funcional pelos seguintes setores: corte, dobra, solda, usinagem,
pintura, serigrafia e montagem.
A organização foi criada com a finalidade de ser fornecedora de produtos para um cliente
específico. Porém, devido às oportunidades de expansão no mercado e à conquista de novos
clientes, a empresa necessitou expandir seus negócios e também a sua gama de produtos. Esta
rápida expansão foi feita sem um planejamento prévio e adequado o que gerou problemas
para o processo produtivo. A produção é feita de tal modo que não considera certos fatores
que, nos tempos atuais, são essenciais para a sobrevivência e sucesso de uma organização.
Outro aspecto a ser destacado é a localização da empresa analisada. A mesma situa-se no
município de Santa Rita do Sapucaí, no Sul de Minas Gerais. A região se destaca é conhecida
pelo setor eletrônico, o que faz com que a mão de obra seja especializada neste setor.
Portanto, a empresa em questão tem dificuldade em encontrar mão de obra qualificada no
setor mecânico. Este fato também faz com que aumente a rotatividade de funcionários na
empresa, uma vez que os mesmos são adaptados com um diferente ambiente e tipo de
trabalho.
4. Escolha do produto
A escolha do produto para o mapeamento do seu processo foi feita a partir de três análises. A
primeira é referente aos dados históricos de produção durante seis meses. A Figura 3 mostra a
porcentagem da produção por produto neste período. Para a construção deste gráfico
escolheu-se os produtos que somados representaram aproximadamente 80% da produção.
Figura 2 - Porcentagem da produção por produto dos últimos seis meses
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A segunda análise considerou a representação do cliente na produção da empresa, o que pode
ser observado na Figura 4. Foram considerados ainda os pedidos que estão em aberto para os
próximos meses. Os dados utilizados para tais análises foram obtidos no dia 09 de abril de
2015.
Figura 3 - Representação dos clientes na produção da empresa
Analisando os dados passados e também os futuros referentes à produção, optou-se para um
estudo do processo produtivo de um suporte para luminárias cujo código é 70M152.
Analisando a Figura 3, tem-se que o produto representou aproximadamente 9,25% da
produção da empresa nos seis meses analisados. Este valor é considerado alto levando em
consideração a variedade de produtos produzidos no período. Em relação à representação do
cliente na produção da empresa, o consumidor do produto representou 52% da produção,
como pode ser visto na Figura 4, sendo o principal cliente no período. Por último, existe um
pedido para a produção de 1800 peças deste produto o que torna possível o estudo de sua
produção. A estrutura do produto 70M152 é apresentada na figura 5.
Figura 4 - Estrutura do produto 70M152
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Em que:
70M152 - Produto final do suporte Hi-Light com furo Tyco embalado;
G7735 - Conjunto Dijuntor com Furo Tyco;
06CXP0010025- Caixa de Papelão 490 x 290 x 265
G7734- Base do Conjunto para Conector Tyco;
G7733- Base do Dissipador para Conector Tyco;
02REB0020002 - Rebite Pop Alumínio - ∅4 x 8mm;
01CHP0020006- Chapa aço pré-zincado Min. - 2,0mm;
01CHP0020006 - Chapa aço pré-zincado Min. - 1,5 mm.
5. Mapeamento do processo produtivo do produto 70M152
A sigla SIPOC é uma abreviação para os seguintes termos em inglês: Supplier, Input, Process,
Output e Customer (YAMAKA, 2013). Na figura 6, apresenta o SIPOC para o produto
70M152. A elaboração do diagrama foi feita para se ter, previamente, uma noção geral da
produção deste produto. Através desse diagrama, podem-se identificar quais os processos
pelos quais o produto passa e, também a ordem que esses processos ocorrem. Dessa forma, o
SIPOC contribui para a elaboração do mapa do processo produtivo do produto 70M152.
Figura 5 - SIPOC do produto 70M152
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A figura 7 apresenta o mapa obtido a partir de análises, discussões e observações do processo
em questão. O mapa foi elaborado com a finalidade de se tornar visíveis todas as atividades
envolvidas no processo. Assim, é possível classificar as atividades em dois grupos: as que
agregam valor e as que são consideradas desperdícios. Sabe-se que na literatura, dentro da
classificação de atividades que não agregam valor, existe uma subdivisão de atividades que,
apesar de não agregarem valor são necessárias para o processo.
Figura 6 - Mapa do processo produtivo do produto 70M152
No entanto, neste trabalho, optou-se por usar apenas a classificação de agregação de valor e
não agregação de valor. Isto se deve ao fato do layout da empresa e, também dos materiais e
equipamentos que a mesma possui. Estes fatores fazem com que a maioria das atividades se
façam necessárias para o processo não justificando, portanto, a utilização da classificação
citada anteriormente. Vale ressaltar que o mapa obtido foi analisado e validado pelo gestor da
empresa.
6. Diagnóstico e análise dos resultados
A primeira análise do mapa obtido é referente à classificação das atividades. No modelo
obtido do processo produtivo do produto 70M152, pode-se observar um total de 76 atividades
que estão distribuídas, por setor, da seguinte forma:
Corte – 25 atividades;
Dobra – 8 atividades;
Montagem – 20 atividades;
Pintura – 15 atividades;
Embalagem – 8 atividades.
De acordo com os conceitos de agregação de valor, o processo em questão possui 57
atividades que não agregam valor e 19 atividades que agregam. Isto representa,
respectivamente, 75% e 25% como pode ser observado na Figura 8. Estes valores se
diferenciam do apresentado na fundamentação teórica deste trabalho e comentado na Figura 1.
Figura 7 - Distribuição das atividades no processo do produto 70M152
Analogamente, a mesma análise é feita para cada setor envolvido no processo produtivo do
produto. Dessa forma, podem-se determinar os processos que são considerados mais críticos
por possuírem uma maior quantidade relativa de atividades que não agregam valor ao
produto. A Tabela 1 mostra a quantidade de atividades que agregam e que não agregam valor
por cada setor.
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Tabela 1 - Quantidade de atividades que agregam e não agregam valor por setor
Setor Corte Dobra Montagem Pintura Embalagem
Atividades que não agregam valor 19 6 14 13 5
Atividades que agregam valor 6 2 6 2 3
Total de atividades 25 8 20 15 8
Figura 8 - Porcentagem das atividades que agregam e não agregam valor por setor
Tendo como base a figura 9, pode-se determinar quais os setores da empresa que necessitam
de uma maior atenção tendo em vista as atividades que ocorrem nos mesmos. De acordo com
a figura, todos os setores envolvidos no processo produtivo possuem uma quantidade maior
de atividades que não agregam valor se comparadas com as atividades que agregam valor.
Como pode-se observar, os setores de pintura e corte são os que apresentam uma maior
porcentagem de ativdades consideradas desperdícios com, respectivamente, 87% e 76%.
Foi verificada ainda, a distância percorrida durante o processo. Nota-se pelo mapa produtivo,
Figura 7, que ocorre uma elevada quantidade de atividades que não agregam valor se deve,
principalmente, pela quantidade de transportes, devido, sobretudo, a empresa possuir um
layout celular. No processo produtivo em questão, os transportes representam 46% das
atividades que não agregam valor. O restante dessas atividades são processos que não
modificam de fato o produto, estoques, esperas e inspeções. O total da distância percorrida no
processo é de 435,5 metros. A figura 10 mostra como essa distância percorrida está
distribuida por setor. Nota-se que a maior parte da distância total percorrida no processo está
concentrada no setor de corte com um total de 40%. Posteriormente, tem-se o setor de
montagem com 31% dos 435,5 metros percorridos.
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Figura 9 - Porcentagem da distância total percorrida por setor
Por último, vale ressaltar que a falta de padronização do processo dificultou a análise a ser
feita referente aos tempos das atividades. O processo não possui um tamanho de lote padrão e
também este valor não é constante para as atividades. Isto faz com que os tempos obtidos não
estejam em uma base única para serem comparados. Dessa forma, não foi possível fazer uma
análise profunda sobre os tempos de agregação e não agregação de valor para o processo em
questão. Recomenda-se que, para um trabalho futuro, utilize-se a técnica de simulação para a
análise dos tempos e também para a determinação do gargalo da produção.
A análise do processo permite concluir que há um desbalanceamento na produção do produto
em questão. Isto se deve ao fato do primeiro processo (corte) produzir uma grande quantidade
de peças que não conseguem ser processadas no mesmo ritmo pelos demais processos
subsequentes. Este fato pode ser comprovado pela formação de estoques de produtos em
processamento. No mapa obtido os estoques representaram 18% das atividades que não
agregam valor.
7. Conclusão
Este trabalho se propôs a realizar uma análise do processo de produção de um produto de
significativa importância para uma empresa do setor metal – mecânico, por meio do
mapeamento de processo, a fim de verificar gargalos de produção e atividades que não
agregam valor. Ficou evidenciado que a utilização da técnica de mapeamento de processos é
essencial para um melhor entendimento do processo produtivo. A técnica permitiu identificar
fontes de desperdícios e também forneceu uma linguagem comum possibilitando discutir a
forma com que ocorre o processo. Assim, o presente estudo de caso atingiu seu objetivo e, se
caracterizou como uma aplicação dessa ferramenta ao ser possível obter um diagnóstico do
processo produtivo do suporte de luminárias através da utilização do fluxograma.
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Observa-se que a maior parte das atividades presentes no processo são atividades que não
agregam valor ao produto. No geral, essas corresponderam a 75% das atividades. Este valor se
diferencia do previsto na literatura. Outra conclusão obtida através desta análise se refere aos
setores da empresa que necessitam de uma maior atenção devido às atividades presentes no
mesmo. Os setores de pintura e corte foram os que apresentaram maior quantidade relativa de
atividades consideradas desperdícios. Conclui-se também que os transportes presentes no
processo produtivo são os maiores responsáveis pelo alto índice de atividades que não
agregam valor ao produto.
Além do diagnóstico obtido do processo, pode-se dizer que o presente trabalho poderá servir
como base para a discussão de melhorias a serem implementadas, cumprindo mais uma
função da utilização da técnica prevista na literatura apresentada.
Recomenda-se, como estudo futuro, a utilização de simulação para análise dos tempos das
atividades e para determinação de gargalos e de um processo mais balanceado, evitando
estoques intermediários.
Agradecimento
Os autores agradecem ao CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) e à
FAPEMIG (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais) pelo apoio financeiro concedido aos
projetos que subsidiaram o desenvolvimento deste trabalho.
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